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Publicação da Fraternidade de Aliança- Toca de Assis- Agosto de 2012

Revista de

AssiS

TOCA ENTREVISTA CONFIRA O NOSSO BATE PAPO COM O CANTOR CATÓLICO DUNGA!

TOCARTE “SUPERE-SE A SI MESMO!”

O SACERDÓCIO

POR QUE ESSA VOCAÇÃO É TÃO IMPORTÂNTE? QUAL É O PAPEL DO PADRE NA SOCIEDADE? O QUE ELE FAZ? DESCUBRA ESSAS E OUTRAS CURIOSIDADES NO ARTIGO ESPECIAL DESTE MÊS


ÍNDICE

A

mados irmãos e irmãs, chegamos ao mês de agosto! A Igreja celebra, neste mês, as vocações. Entenderemos sobre o surgimento dessa comemoração na coluna TOCA PARA IGREJA, com a Irmã Táfinis. Sabemos que a vocação à santidade é um chamado universal. E, é quando respondemos a esse chamado, que as vocações específicas vão acontecendo. Em nossa editoria de FORMAÇÃO, conheceremos, auxiliados pela Irmã Verônica Maria, um pouco mais da vida e espiritualidade de Santa Clara (lembrada por toda a Igreja no dia 11 deste mês). E não há como não deixar de mencionar o grande amor que essa santa, cuja vocação é tão especial, tem a Jesus eucarístico, assim como São Francisco. Este Amor, no qual só Deus sabe como amar, também tocou o coração da noviça Luciana Rodrigues Vieira que expressa o “Querer perder tudo só por ti, Jesus!”. Vamos conhecre este belo testemunho vocacional na editoria CORAÇÃO DA TOCA. Assim, veremos que precisamos advogar o Amor de Deus neste mundo. Na seção TOCA ENTREVISTA, o nosso amigo e cantor católico, Dunga, contará sobre a sua história. Ainda sobre vocações, em nosso ARTIGO ESPECIAL, o seminarista Vitor Junior vai dedilhar para nós, com muita clareza e com palavras bem acertadas, a importância singular do mistério que é a vida sacerdotal. Já na coluna TOCA EM RETALHOS, veremos um fruto da entrega das irmãs da missão de Santos/SP. Depois de 25 anos, a acolhida Neusa Maria Magalhães reencontrou a sua irmã Neide. Demos graças a Deus por este emocionante reencontro! TOCA EM PALAVRAS traz um pouco da experiência de vida do nosso querido leigo, o Seo Antônio Casarini. É bom saber que a busca da santidade deve estar encarnada no cotidiano. Neste mundo de tanta intolerância, veremos na seção TOCA KIDS, a grande importância da gentiliza. Santidade encarnada é a verdade do amor em atos que pela fé, é uma arte de ver além. O Irmão Tarcísio vai nos mostrar essa arte de ver além na editoria TOCARTE, através de uma ótica artística e com um grande apelo à criatividade. Vocação é chamado! Um chamado à santidade de vida! Devemos buscar, na luta de cada dia, a vontade de Deus. Para nossas buscas e lutas, peçamos a grande intercessão de Nossa Senhora Desatadora dos nós, Irmão Gabriel para que possamos melhor crescer na integração do do Verbo de Deus, FPSS. Ministro Geral dos Filhos da Amor e Vontade de Deus. Um santo mês a todos!!! Pobreza do Santíssimo Sacramento Paz e Bem!

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TOCA EM PALAVRAS

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TOCA EM RETALHOS

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ARTIGO ESPECIAL

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TOCA E QUALIDADE DE VIDA

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TOCA ENTREVISTA

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Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87 www.tocadeassis.org.br Central São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 benfeitoria@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086

TOCARTE

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SAV- Serviço de Animação Vocavional vocacionalmasc@tocadeassis.org.br vocacionalfem@tocadeassis.org.br

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Revista Toca de Assis Publicação mensal e interna da Fraternidade Presidente: Ir. Gabriel do Verbo de Deus Vice: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz

TOCA LOJA

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EDITORIAL

Agosto/ 2012

EXPEDIENTE Departamento de Captação de recursos: Cláudia Moraes, Gabriela Saldanha, Fernando Zanin, Leonardo Souza, Maria do Carmo Pereira. Editor chefe: Ir. Tarcísio de Jesus Jornalista: Gabriela Saldanha Projeto gráfico: Gabriela Saldanha Diagramação: Gabriela Saldanha Revisão ortográfica: Luciana Marcolino Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Irmã Táfinis Maria; Irmã Verônica Maria; Antônio Casarini; Leonardo de Souza; Luciana Rodrigues Vieira; Vitor Gomes Coelho Júnior; Felipe Aquino; Irmã Maria da Misericórdia; Dunga; Irmão Tarcísio e Jânio Garcia.


Vocação: você já pensou nisso? O mês vocacional teve a sua origem logo após o Concílio Vaticano II. No Brasil, a primeira experiência desta realidade aconteceu no ano de 1970 com Dom Aloísio Lorscheider, então Bispo de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Sendo instituído oficialmente em todo território nacional em 1981 na Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Dessa forma, toda a Igreja do Brasil celebra em agosto, o mês vocacional. Muitos podem estar se perguntando o que este tema tem de tão importante para dedicarmos um mês ou um ano como já aconteceu no Brasil em 1983 e 2003? A Igreja nos chama para o despertar de uma consciência vocacional! Todos nós somos chamados, pois todos nós temos a responsabilidade de assumirmos o nosso Batismo, fonte de todas as vocações. A finalidade de toda vocação consiste em continuar a missão de Jesus no mundo. E como ele, fazer da nossa vida um dom para a salvação dos outros. A Igreja necessita de cristãos que tenham influência na sociedade e façam ressoar os valores evangélicos. Na cultura consumista e hedonista em que vivemos, não temos muito tempo para buscar a vontade de Deus ou até de pensar que Ele tem algo para nós.

TOCA PARA A IGREJA

Deus tem muito para nós! Ele quer nossa felicidade plena. E essa felicidade vem da doação. Mas, por que da doação? Porque temos como essência o dom de amar! Só seremos completamente felizes se amarmos. Depois de chamar o homem à vida, Deus torna a chamá-lo à santidade pelo Batismo. Chama-o assumir o seu papel de filho e filha de Deus. Filhos e filhas chamados à comunhão com a Trindade e participação na vida divina. Assim, nos impele para que comuniquemos o Amor de Deus por meio do anúncio da Boa Nova e do testemunho de vida. A Igreja se utiliza de um serviço específico para o trabalho com as vocações: o SAV(Serviço de Animação Vocacional). Esse serviço tem como missão orientar o cristão na sua opção vocacional em qualquer dos estados de sua vida, seja o estado sacerdotal, de vida consagrada ou o de vida cristã leiga. O SAV, no Instituto das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, tem como responsabilidade organizar, preparar e coordenar uma equipe de Animação Voca-

Nossa Senhora Desatadora dos nós

cional formada por algumas Irmãs. Essa equipe é distribuída pelas regiões do Brasil e desenvolve o trabalho de acompanhar, diretamente, as jovens que nos procuram para um discernimento vocacional. Esse trabalho se dá através de encontros, retiros, formação e partilhas. De forma semelhante, o SAV do Instituto dos Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento tem a missão de colocar-se lado a lado e acompanhar os jovens que buscam discernir a vontade de Deus em suas vidas. Buscam apresentar, além do nosso carisma e espiritualidade, a beleza do chamado de Deus na vida do ser humano e o imenso desejo de santidade que Ele implanta no coração de cada homem. Além do contato via e-mail, telefone e/ou carta, possibilitam visitas familiares e realizam encontros vocacionais. Neste período o jovem é acompanhado por um orientador, tendo a graça de partilhar suas dúvidas, anseios e alegrias que Deus vai proporcionando na sua vida vocacional e cristã. Louvemos ao Senhor por esse dom que é a nossa vocação. Como nos assegura São Paulo, esse dom é irrevogável (Rm 11,28). Façamos ressoar o chamado de Deus em todas as pessoas e em todo lugar! Irmã Táfinis Maria, FPSS vocacionalfem@tocadeassis.org.br (Filhas da Pobreza) vocacionalmasc@tocadeassis.org.br (Filhos da Pobreza)

MÃE DA IGREJA

Santa Maria Mãe de Deus, Virgem cheia de graça, vós sois nossa desatadora de nós. Com vossas mãos cheias do amor de Deus, vós desatais os obstáculos de nosso caminho, como um nó que sob vossas mãos perde todos os obstáculos e se torna uma fita do amor de Deus! Desatai Virgem Mãe, santa e admirável, todos os nós que nós mesmos nos causamos por nossa vontade própria, e todos aqueles que, diante de nós, impedem nosso caminho. Lançai nossos olhos de luz sobre eles, para que todos os nós tornem-se transparente e, cheios de gratidão, possamos, com vossas mãos, desatar aquilo que nos parece impossível. Nossa Senhora Desatadora de Nós, rogai por nós! Amém. Em 15 de agosto a Igreja celebra o dia de Nossa Senhora Desatadora dos nós Agosto/ 2012

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FORMAÇÃO

“São Francisco e Santa Clara são dois círculos concêntricos e perfeitos, duas rosas de fogo no mesmo caule, uma à sombra da outra.”

Santa Clara de Assis

C

lara nasceu em 1194 e morreu em 1253, com sessenta anos. Entrou na vida franciscana em 1212, com 18 anos de idade. Foi viver em São Damião, a igrejinha, fora da cidade de Assis, na qual São Francisco tivera um encontro com Jesus crucificado. Desde 1216, teve que se submeter à Regra de São Bento. Foi a primeira mulher a escrever sua própria Regra de Vida na Igreja e o Privilégio da Pobreza para suas irmãs em São Damião e para o Mosteiro de Praga. Sempre obediente a Igreja, seus escritos receberam a aprovação do Papa um dia antes de sua morte. Não foi meramente uma seguidora de Francisco. Seguiu os passos de seu Pai Seráfico, sim. Contudo, possuía uma grande inteligência, era determinada e forte, sabia ouvir a Cristo Crucificado, e lutou por sua Regra de Vida. E, conseguiu algo inédito naquela época ter sua regra aprovada. Ela queria seguir Cristo Pobre e Crucificado. Nasceu em uma família de Cavaleiros, de origens lombarda e

A espiritualidade

O que caracteriza Clara de Assis e sua espiritualidade é o entusiasmo. Entusiasmo significa etimologicamente “transporte Divino”. E podemos dizer que Clara foi transportada, levada por Deus durante toda a sua vida.

germânica. Seu pai se chamava Favarone. Sua mãe, Hortolana, era uma nobre muito piedosa, mas independente e ativa (como Clara). Santa Clara teve mais duas irmãs Inês (Catarina) e Beatriz. As duas também se tornaram irmãs pobres em São Damião. Inês morreu duas semanas depois de Clara, em 1253. Beatriz ainda teve a oportunidade de depor no processo de canonização da irmã. Santa Inês de Praga era uma grande amiga de Clara. Ela era princesa da Boêmia e foi prometida em casamento a um Rei.Entretanto, Santa Inês decidiu entrar para o Mosteiro de Praga(que ela mesma mandou construir). Santa Clara escreveu quatro cartas a Santa Inês. Elas não se conheciam pessoalmente, mas eram unidas pelo mesmo Esposo, pelo mesmo Amor e pela mesma Pobreza. Só uma amizade extraordinária com Francisco pode explicar que os dois apresentem uma espiritualidade que, além de riquíssima, é essencialmente a mesma, ainda que cada um deles tenha sua maneira pessoal de expressar-se. Eles realmente viveram uma experiência ímpar de Jesus Cristo e souberam encontrar esse mesmo Jesus Cristo um no outro. Sabemos que Santa Clara foi uma mulher carinhosa e profundamente feminina, mas firme e equilibrada. Ela criou um mundo renovado em seu mosteiro e irradiou-o mundo para fora. Surpreende constatar como podia ser humana e santa, simples e profunda, mostrando uma vida de fraternidade que, para nós, ainda é um sonho. Mas, um sonho que pode ser realizado.

A alegria

A espiritualidade de Clara, e, mais tarde, a de todas as Clarissas, é uma espiritualidade de alegria, de uma alegria inefável, uma alegria que vem de Cristo. E é essa alegria que hoje como ontem, Clara de Assis pode trazer ao mundo.

A Eucaristia

São Francisco e Santa Clara tinham uma espiritualidade eucarística em uma época em que a Eucaristia não era muito valorizada. Os fiéis iam à missa somente para adorar o Corpo de Cristo na hora da sua elevação. Depois iam embora... Eles não se achavam dignos de recebê-Lo. Recebiam-No somente na hora da morte, depois da confissão e do batismo. Porque, assim, iriam direto para o Céu, já que, o Batismo apaga todo pecado. São Francisco inventou o presépio. Ele e Santa Clara gostavam muito do tempo do Advento e do Natal! Eles gostavam de experimentar, fazer experiências da vida de Jesus. Um dia, São Francisco ao passar por Gréccio, com seus frades, em uma noite de Natal, fez um presépio com os próprios moradores da vila. Juntos meditaram a noite de Natal. Foi São Francisco, também, que inventou o sacrário! Ele dizia que Jesus, assim como nós, devia ter uma casinha... E fez uma pequena de madeira. Ali, trancada, guardava a Eucaristia. Antes, a Eucaristia era guardada em sacolinhas feitas de pano. Infelizmente, não conseguimos colocar muitas coisas sobre Clara e Francisco, somente as principais. Eles foram Santos que contribuíram muito com a Igreja de sua época. Há muito mais coisas para se dizer. Contudo esperamos que esse pouco crie o entusiasmo necessário para que você se aprofunde mais nas vidas de Santa Clara e São Francisco. 4

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(Henri Ghéon).

O sentido da pobreza

É a imitação de Cristo, que sendo Deus, se fez pequeno, se fez um de nós. Nasceu pobre em uma manjedoura, viveu pobre como filho de marceneiro. E, em sua vida pública, morreu pobre em uma cruz. A espiritualidade de Francisco e Clara está fundamentada nas três Kenôsis (descidas) de Jesus. Clara gostava muito da passagem de São Paulo (Fl 2, 5-7). Ela desejava que suas irmãs se alimentassem de forma frugal, mas correta, e que seu vestuário fosse pobre, mas confortável. Clara nunca disse: “vamos viver ao relento”. Ela aceitou um teto fixo, uma casa para si e suas irmãs. Aceitou, também, um certo espaço em volta do Mosteiro (não muito grande), que desse para elas plantarem o que comeriam. Nisso consistia o Privilégio da Pobreza: não aceitar grandes propriedades, mas espaços suficiente para sobreviverem. Irmã Verônica Maria da Face Eucarística de Cristo Deus Missão de Osasco/SP

Fontes utilizadas: O Cristo de Clara ( Frei José Carlos Corrêa Pedroso.OFC ); Clara de Assis ou a alegria de existir ( IsabellePrête)


TOCA EM PALAVRAS

O caminho para o Céu...

T

oda a sabedoria vem do Senhor Deus. Ela sempre esteve com Ele. Ela existe antes de todos os séculos. Quem pode contar os grãos de areia do mar, as gotas de chuva, e os dias do tempo? Quem pode medir a altura do céu, a extensão da terra, e a profundidade do abismo? Quem pode penetrar a sabedoria divina, anterior a tudo, a não ser Deus? A sabedoria foi criada antes de todas as coisas. A inteligência prudente existe antes dos séculos! O verbo de Deus nos céus é fonte de sabedoria. Seus caminhos são os mandamentos eternos. (verbo Jesus Cristo).

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Temer o Senhor é o início da sabedoria! (Eclesiástico) Temor é, na verdade, sinônimo de reverência ou adoração. O que faz supor que a sabedoria começa quando reconhecemos devidamente quem Deus é e lhe prestamos a adoração que merece. Faz-nos lembrar que descobrimos a verdadeira relevância da vida ao nos aproximarmos de Deus numa atitude de humildade e de reverente temor, não com pavor ou medo. Deus nos dá várias indicações com muita simplicidade para chegarmos até o céu. Mas, nenhuma é mais completa do que o simples versículo:“Tudo que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que fizeste!” (Mt 25,40). O que mais precisamos ouvir de Jesus para aprender o caminho do céu? Todo o resto que a Bíblia nos mostra são histórias para entendermos o projeto salvífico de Deus. As parábolas e os milagres nos ensinam como fazer o bem ao próprio Jesus Cristo: amando incondicionalmente o menor de todos os irmãos.

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Como aplicar isso dentro da Igreja? Quando Jesus diz “...tive fome e sede, estive nu, estive preso ou doente...”

Quem são os famintos e sedentos, os nus, os presos e doentes, que estão todos os domingos dentro de nossas igrejas e nunca saem saciados? Será que os alimentos servidos a esses famintos são suficientes para saciarem a sua fome? Talvez falte um pouco mais de tempero ou um pouco mais de variedade, aprofundando mais na verdade de Deus! Talvez a água servida em nossas paróquias e capelas, não tem sido aquela água viva que o próprio Jesus diz ser. Ou a roupagem dos nossos eventos e celebrações tem deixado todos um pouco nus diante de uma sociedade que só ostenta o mal. Os presos, muito presos dentro de si mesmo. E os doentes muito doentes tentando seguir uma sociedade consumista e deteriorada pelo ter e, nunca, pelo ser. Às vezes dói saber que estas pessoas estão aqui dentro de nossa igreja e não temos a menor ideia do que fazer. Agindo com caridade em nossas comunidades , estaremos fazendo o que Jesus pede a seus apóstolos, após anunciar que não haverá pedra sobre pedra, no templo de Jerusalém: “Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lucas 12:14-18). Jesus deixa claro as dificuldades. Porém, deixa mais claro ainda, que não nos abandonou. E promete a Sua grande recompensa: o Céu. Escrevi tudo isso e poderia ter escrito somente uma palavra: AMOR! Paz e Bem! Antônio Casarini Leigo da Toca de Assis

LITURGIA “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei vocês.” Mt 28,19-20

Dando continuidade a essa nossa partilha sobre a Sagrada Liturgia, vamos falar agora sobre a Saudação. A Saudação do “único e eterno sacrifício” (Hb 10,10) começa com uma invocação do sacerdote sobre ele mesmo e sobre assembleia: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, traçando o sinal de nossa salvação, a Cruz! Lembremos que a Santa Missa é o maior culto de adoração a Deus que existe, porque é o próprio Filho que se entrega ao Pai por meio do Espirito Santo, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica no §1083: “Na liturgia, o Pai enche-nos das suas bênçãos no Filho encarnado, morto e ressuscitado por nós, e derrama o Espírito Santo nos nossos corações. Ao mesmo tempo a Igreja bendiz o Pai, mediante a adoração, o louvor e a ação de graças, e implora o dom do seu Filho e do Espírito Santo”. Ao fim dessa invocação a assembleia responde Amém que quer dizer: Sim eu acredito! Eu aceito! A saudação é baseada no início dos textos sagrados do Apóstolo Paulo: “Que a Graça e a Paz da parte de Deus nosso Pai, e do Nosso Senhor Jesus Cristo estejam sempre com vocês” (Rm 1,7), respondida logo em seguida por “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”, ou seja, foi o próprio Deus que nos proporcionou esse encontro especial e único com o seu Filho que nos amou até o fim (Jo 13,1). Na próxima edição, meditaremos sobre o Ato Penitencial! Agosto/ 2012

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ORAÇÃO Mãe nossa, protegei a família brasileira e latino-americana! Amparai, sob o vosso manto protetor, os filhos dessa Pátria querida que nos acolhe, vós que sois a Advogada junto ao vosso Filho Jesus, dai ao Povo brasileiro paz constante e prosperidade completa, concedei aos nossos irmãos de toda o continente latino-americano um verdadeiro ardor missionário irradiador de fé e de esperança, fazei que o vosso clamor de Fátima pela conversão dos pecadores, seja realidade, e transforme a vida da nossa sociedade, e vós que, do Santuário de Guadalupe, intercedeis pelo povo do Continente da esperança, abençoai as suas terras e os seus lares. Amém. Bento XVI, Basílica do Santuário da Aparecida, 12 de maio de 2007. Agosto/ 2012 6

CORAÇÃO DA TOCA

“Querer perder tudo só por Ti...” Meu nome é Luciana, tenho 28 anos, sou noviça das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento em Santos/SP. Nasci e fui criada no interior de Minas, em São Francisco. Sou filha de pai fazendeiro e mãe professora e a única mulher entre três irmãos. Minha mãe me pediu a Deus e, depois, me deu para Nossa Senhora como sua propriedade diante do sacrário, no dia do meu nascimento, por causa de um acidente de carro que poderia ter me tirado a vida. Fui criada na Igreja Católica, participan- ao Santíssimo Sacramento. Diante dEle tido ativamente com minha mãe dos mo- nha certeza de que nada no mundo tinha vimentos da Paróquia desde criança. Na valor em vista da presença de Deus neste adolescência conheci a RCC e tive uma Sacramento... Tão próximo, tão acessível forte experiência pessoal com o mistério e tão simples! De fato, todas as coisas fodo Amor de Deus. Participei, então, mais ram se tornando “lixo” diante do desejo intensamente na Igreja e buscava a Santa de FICAR com Jesus Eucarístico. Conheci Missa diária e o serviço de evangelização. o Instituto das Filhas da Pobreza em MonPensei em ser freira, mas as pessoas em tes Claros e tudo se encaixou dentro de volta (inclusive eu) julgaram ser empol- mim: meus anseios e o carisma de adoragação de adolescente. Fui morar em Belo ção e serviço aos sofredores de rua. Horizonte para estudar em um colégio Em uma solenidade de Corpus Christi, particular e ter melhores chances no ves- senti forte apelo em buscar a vida consatibular. Morava sem meus pais (só com grada como caminho escolhido por Deus meus irmãos) e, nessa época, fui perdendo para mim. Daí em diante, Sua infinita saos valores e a vida na Igreja e descobrindo bedoria conduziu todas as coisas e, foi os “encantos” (falsos) e prazeres do mun- com grande alegria, que deixei tudo após do. Afastei-me de Deus. terminar a faculdade e passar em concurso Era uma jovem “normal”, mas inquie- do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. ta interiormente, sempre com a sensação No coração, trago sempre a certeza de de estar fugindo de algo. Fugia da voz de que “a figura deste mundo passa” e que Deus que gritava em meu coração para minha maior riqueza é a presença de Jesus não me afastar dEle. Fiz vestibular para no Santíssimo Sacramento e nos pobres. Direito e fui morar em Montes Claros/ Vivo hoje a alegria de devolver a Deus a MG. Amava o curso. Queria ser Promo- minha vida (que Lhe foi entregue desde tora de Justiça. Namorava há quatro anos o primeiro dia de nascimento) através da e trabalhava em um Tribunal. Mas, conti- espera pela profissão dos conselhos evannuava afastada da Igreja. Em uma Semana gélicos de Pobreza, Castidade e ObediênSanta a voz de Deus gritou forte em meu cia. Cumpro, ainda, o juramento que fiz de coração para voltar, para refletir profun- defender a justiça através da aplicação dos damente sobre o sentido da vida. Voltei conhecimentos adquiridos na faculdade sem hesitar para o seio da Igreja, confiante em favor dos pequeninos do Senhor. “Por que Deus me acolhia de volta com imensa Ele eu perdi tudo e tudo tenho como esterco, para alegria. Voltei a participar ativamente da ganhar a Cristo e ser achado nEle, não tendo Igreja e, redescobri, feliz, a paz que ha- como minha justiça aquela que vem da Lei, mas via perdido em quase oito anos afastada. aquela pela fé em Cristo, aquela que vem de Deus Sentia-me novamente atraída de forma es- e se apóia na fé.” (Fl 3, 8b-9) pecial para a Santa Missa e para a adoração Testemunho da noviça Luciana Rodrigues Vieira, da Missão de Santos/SP


Reencontro! N o mês de março deste ano, a casa de acolhimento feminino de Santos/SP teve a alegria de promover o reencontro de uma de suas acolhidas, Neusa (63 anos), com seus familiares. Ela não os que há mais de 25 anos. Neusa ficava na Praça da Sé, em São Paulo, como moradora de rua, e foi acolhida em nossa Obra há cerca de quatro anos. Desde então, foram realizadas diversas buscas no sentido de encontrar seus familiares, resgatar sua história... Ajudá-la de forma mais eficaz... Achar seus documentos e devolver a ela a cidadania perdida nos longos anos que passou sobrevivendo em condições subumanas pelas ruas de São Paulo. Durante quase quatro anos de busca , nada havia sido encontrado. Em nova tentativa de retirar seus documentos, guiadas e assistidas pela Providência Divina, as religiosas descobriram um possível endereço da irmã de Neusa em São Paulo. Já

A acolhida Neusa Maria Magalhães, reencontrou sua irmã Neide após 25 anos...

no dia seguinte, partiram para a capital em busca de seus familiares. Chegando ao endereço, encontraram um prédio no lugar da casa (que havia sido demolida há 10 anos). Ainda com grande esperança, bateram de porta em porta, em busca de alguém antigo no bairro que conhecesse a sua irmã. Após diversas tentativas conseguiram chegar ao local. Quem abriu a porta foi um sobrinho dela que a reconheceu, mesmo tendo a visto pela última vez quando ele ainda era uma criança. O reencontro de Neusa com sua irmã foi um momento inesquecível! Uma enorme alegria! Apesar de tanto tempo separadas pelas circunstâncias da vida, foi uma grande graça observar o quanto elas se parecem fisicamente e também no “jeito” de falar, rir e brincar.

Missão de Santos/SP

A cidade de Santos/SP conta com uma casa de acolhimento feminino da Toca de Assis que assiste atualmente 12 senhoras ex-moradoras de rua. Algumas são bem dependentes e necessitam do auxílio das irmãs para higiene pessoal e até para a alimentação. Outras, apesar das deficiências (física ou mental), ajudam dentro de suas possibilidades, nos trabalhos simples da casa.. A Toca começou a atuar em Santos através da Pastoral de Rua. Em 1997, após participarem de um retiro pregado por religiosos do Instituto, alguns jovens se reuniram para distribuir alimentação nos sábados a noite pelas ruas da cidade. A casa feminina foi criada em 2002 e, em dezembro deste ano, completará 10 anos de serviço na Baixada Santista. Com o auxílio dos leigos, bem presentes e ativos na missão, a pastoral de rua atualmente é realizada às sextas-feiras e leva conforto e alegria aos pobres da cidade, que se sentem como uma “família” na companhia dos leigos e das irmãs.

TOCA EM RETALHOS

No último sábado de cada mês, com a finalidade de alimentar espiritualmente os amigos, leigos e benfeitores, é realizado o “Vinde e Vede”, em que há a oração do santo terço, seguido da Santa Missa e adoração com benção do Santíssimo Sacramento. É um momento de muita graça e de feliz convívio entre todos que ajudam a missão. Desde maio do ano passado é realizado semanalmente, com a mesma finalidade, o cenáculo na casa dos leigos com a imagem da Virgem Peregrina de Fátima. A cada três meses ocorre ainda, também através da ajuda e forte participação dos leigos, um jantar beneficente na Paróquia da Pompéia para auxiliar nas necessidades financeiras da casa.

Endereço: R. Xavier Pinheiro, 238, Encruzilhada-Santos/SP. CEP: 11015-090Tel: (13) 3223-0535

Bendito seja o grande amor de Deus que devolveu vida e alegria ao coração desta sua filha amada que tanto sofreu na vida. “O amor tem o incrível poder de transformar o passado ‘congelado’ em um presente ‘que avança’.” (Amedeo Cencini) Testemunho da acolhida Neusa Maria Magalhãoes, Missão de Santos/SP

TOCA EM AÇÃO É assim, em comunhão com a Igreja e vivendo uma profunda fraternidade com todos que ajudam e frequentam a Toca em Santos, que as irmãs têm cumprido a missão de fazer com que Jesus Sacramentado seja conhecido e amado e de revelar ao mundo a presença escondida de Jesus nos pobres.

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ARTIGO ESPECIAL

O sacerdote: presença de

!

Cristo

Quando alguém se avizinha de sua morte e tem consciência disso, é comum que escreva um testamento, legando seus bens, riquezas e posses às pessoas que lhe são mais caras. O testamento de um homem é a sua última vontade. Nosso Senhor, estando para ser entregue, na última noite de sua vida terrena, reuniu-se com os discípulos. Por seu próprio teor e gravidade, era presumível que esta noite testemunhasse mistérios estrondosos. De fato, nela Jesus institui a Eucaristia (o Seu testamento de amor) e o sacerdócio (que garante a continuidade deste grande acontecimento). O sacerdote é, portanto, guarda dos tesouros de Deus. Ele mesmo é presença de Deus em meio ao seu povo. Por intermédio dele, o próprio Jesus Cristo continua a caminhar pelas estradas deste mundo, convidando os homens e as mulheres de todos os tempos e lugares para uma amizade com Ele, para a mesa do banquete eucarístico, para o arrependimento verdadeiro e reconciliação com Ele. Enfim, para a vida eterna. Segundo afirma o Papa Bento XVI, o sacerdócio é “uma transferência de propriedade, um ser tirado do mundo e dado a Deus”. É dom de Deus aos homens que escolhe e capacita cada um daqueles que chamou. E dom dos homens que retornam a Deus. O sacerdócio exige de cada homem que recebeu a vocação, o abandono de inúmeros projetos pessoais para dedicar-se por inteiro ao Reino de Deus. Desta forma, encontra na doação generosa de si mesmo, a própria felicidade. Pois, cumprir a vontade de Deus é o maior bem da vida!


O

padre, homem do absoluto, do eterno, do que não passa, estará ao nosso lado desde o nascimento até o dia da partida definitiva. Ele abençoa, até mesmo, o nosso lugar de descanso no cemitério. Ele será o amigo fiel e cuidador da alma, conselheiro nas decisões mais difíceis, comunicador da graça e da vida de Deus, verdadeiro guia e pai espiritual. Vivendo o celibato, o sacerdote brilha no mundo como um sinal do amor eterno (visto que todos os outros amores são reflexos passageiros). Ele é uma imagem da solidão e da saudade de Deus que todos os homens ainda sentem. Contudo, trata-se de uma solidão acompanhada. Nos dizeres de Paulo VI: “o padre é um homem para quem a vida consiste em embriagar-se de Deus”. A vida sacerdotal não é, contudo, uma alienação. Estar com Deus não é evasão da realidade, mas invasão do divino na realidade. A presença de um sacerdote na sociedade é algo que a plenifica, fazendo-a recordar-se de seu destino eterno. É de suma importância para a humanidade que não se fale só do dinheiro e da guerra, do poder e do lucro; que não exista só o falatório de cada dia, mas que se fale de Deus e de nós mesmos, daquilo que faz o homem ser homem.

Um ambiente no qual isso já não acontece torna-se enfadonho, vazio, desolado e insalubre. O mundo hodierno exige do padre uma polivalência. Os desafios são imensos e, a cada dia, se renovam. Dessa necessidade surge, também, a tentação para que o padre se comprometa pessoalmente em todos os assuntos (desde a psicologia até a política). Com isso, corre-se o grande risco de que os sacerdotes deixem de lado aquilo que é o mais importante e específico de sua vocação: a vida sacramental e o cuidado das almas. “Deus é a única riqueza que os homens desejam encontrar em um sacerdote”, recorda o Papa Bento. Em muitos espaços eclesiais, tem sido frequente a inversão de papéis entre sacerdotes e leigos. O padre é visto como um mero funcionário do povo, enquanto os leigos ocupam o seu lugar nas celebrações. Este é só um exemplo entre tantos outros desvios. Por essa razão, é urgente que distingamos bem a competência do clero e do laicato. Há muito trabalho para

todos na Igreja, desde que cada um tome consciência do seu lugar e de sua função neste grande corpo. Os padres não podem perder de vista a sacralidade de sua vocação e o mistério que carregam consigo. É esta a primeira fidelidade que se espera deles. Infelizmente, muitos abandonam a Cristo por causa de um contra-testemunho de um sacerdote que vive levianamente. Não nos espantemos com isso. Quem deixa de amar a Igreja por causa dos defeitos de seus membros, mostra-se indisposto a amar qualquer ser humano! O padre não é um super-homem. Ele é, conforme expressão de Henri Nowen, um ferido que cura, alguém que é portador do perdão divino, do qual ele também necessita. Amemos os nossos padres! Procuremos perdoá-los por suas fraquezas! Oremos por eles! Incentivemos os jovens que sentem o chamado de Deus a serem fiéis até o fim! Sobretudo, amemos a Cristo nos sacerdotes, pois é esta a sublime missão que eles possuem: fazê-Lo conhecido e amado entre os homens.

“Deus é a única riqueza que os homens desejam encontrar em um sacerdote!” Vitor Gomes Coelho Júnior Seminarista; Seminário Arquidiocesano São José de Niterói/RJ


TOCA E QUALIDADE DE VIDA

A missão de educar!

Os pensadores deram muitas respostas a esta importante pergunta. Ghandi dizia que “a verdadeira educação consiste em pôr a descoberto o melhor de uma pessoa”. Nisto é preciso a arte de educar, a mais difícil e mais bela de todas. Coelho Neto dizia que “educar é colaborar com Deus”, e que “é na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”. Também ensinava que a educação não pode ser feita pelo medo, já que “a educação pelo medo deforma a alma”. É preciso preparar os filhos para que entendam que a própria pessoa é a principal responsável por sua educação, e que, quem cultiva as suas qualidades sente a própria dignidade e valor da sua vida. De fato, educar é promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa humana em todas as suas dimensões: material, intelectual, moral e religiosa. Por isso, educação não se aprende só na escola, mas principalmente em casa. Às vezes se ouve dizer: “ele é analfabeto, mas é muito educado”. Não adianta ser doutor e não saber tratar os outros; não cumprir com a palavra dada; não se comportar bem; trair a esposa e os filhos; não ser gentil; não ser afável, etc. Sem dúvida, a educação é a melhor herança que os pais devem deixar aos filhos; esta ninguém pode lhes roubar nem destruir. É através da educação que a pessoa vai se apropriando da herança da humanidade, aprende a ler as palavras e a realidade que a circunda, torna-se cidadão deste mundo e apto a dar a sua parcela na construção desta obra de Deus, para que o mundo seja um lugar agradável para viver, como irmãos. É pela educação que o homem deve aprender que o progresso não pode sacrificar a natureza (água, terra, ar, matas, rios, oceanos...), nem pode violar as leis da ética e da moral. Quando isto não acontece, o homem acaba temendo “aquilo que ele mesmo construiu com as suas mãos e com a sua inteligência”, como disse o Papa João Paulo II, na Redemptor Hominis (15). Ao falar da educação, na Carta às Famílias, o Papa João Paulo II, assim se expressou: “Em que consiste a educação? Para responder a esta questão, há que recordar duas verdades fundamentais: a primeira é que o homem é chamado a viver na verdade e no amor; a segunda é que cada homem realiza-se através do dom sincero de si. Isto vale tanto para quem educa como para quem é educado... O educador é uma pessoa que ´gera´ no sentido espiritual. Nesta perspectiva, a educação pode ser considerada um verdadeiro e próprio apostolado.” (CF, 16). Sobre esta missão dos pais, diz o Papa: “Se os pais ao darem a vida, tomam parte na obra criadora de Deus, pela educação tornam-se participantes da sua pedagogia conjuntamente paterna e materna.” “ Os pais são os primeiros e principais educadores dos filhos e têm também neste campo uma competência fundamental: são educadores porque são pais.” Falando de educação, não podemos deixar de dizer claramente uma grande verdade: Não é possível educar sem Deus e sem a Religião. A educação depende das normas morais, e estas vêm da Religião. Na hierarquia dos valores da pessoa humana, acima de todos está a vida espiritual, eterna , transcendente. Sem isto, a educação fica mutilada. Por que o mundo de hoje se apresenta diante dos nossos olhos tão macabro? Por que tantos crimes? Por que tanta violência? Por 10

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que tanto estupro, que não se ouvia falar antes? Por que tanta droga? Por que tanto alcoolismo? Por que tanto assalto, homicídio, sequestro, corrupção, fraudes, suicídios, ‘trombadinhas’? A resposta é fácil: Porque a educação moderna, ateia, materialista, consumista, hedonista, tirou Deus do coração das crianças, dos jovens e dos adultos. O Criador foi expulso da terra! Eis, meus amigos, a dura realidade. Enquanto este triste quadro não for revertido, enquanto Deus, o único e verdadeiro, não voltar ao coração das famílias e das escolas, como antes, não será possível acabar com todas essas mazelas que atormentam a nossa vida hoje. Sem isto não será suficiente encher as ruas de policiais e os códigos de leis. Enquanto o coração do homem não for transformado por Deus, nada mudará na sociedade. Lamentavelmente, a educação de hoje deixou de lado os valores espirituais e adotou um sistema que apenas valoriza as capacidades pragmáticas, em vista da produção e do consumo imediatos. Esta filosofia educacional passa por cima dos valores morais, eternos, que dão harmonia e equilíbrio ao homem. Desta forma o educando passa a ser apenas uma peça na gigantesca máquina de produção. Precisamos de uma nova educação, que dê privilégio ao homem e não à produção, ao consumo e ao prazer. E esta é uma guerra que passa por dentro de cada família. É aí, sobretudo, que está lançada a sorte da sociedade. Pelo que foi dito acima, torna-se super importante a missão educadora e evangelizadora dos pais cristãos hoje. São Tomás de Aquino disse que “a missão dos pais é uma tarefa até certo ponto paralela ao sacerdócio dos padres.” (Contra Gent. 4, 58). A tarefa de educar, como dizia D. Bosco, “é obra do coração”, é obra do amor. Exige dedicação, renúncia, sacrifício, esquecer-se de si mesmo. Se o jovem não tem um lar acolhedor, então, acaba indo buscar na rua o carinho e o amor que não encontrou na própria casa. É necessário descer até as raízes do problema, que são os pais e a moral familiar destruída: divórcio, amor livre, uniões ilícitas, alcoolismo, drogas, etc. O Catecismo afirma que: “O lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano (GS,52,§ 1). É daí que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino pela oração Prof. Felipe Aquino, e oferenda de sua vida.”(CIC, doutor em Física pela UNESP 1657). felipeaquino@cancaonova.com Site do autor: www.cleofas.com.br


Dunga

TOCA ENTREVISTA

Esse é o apelido de Francisco José dos Santos! Aos 48 anos, o conhecido cantor católico é apaixonado por futebol! No Toca Entrevista deste mês, Dunga nos conta que leu “Jesus de Nazaré”, um livro que mudou a sua vida, escrito por um padre que se livrou de muitos atentados vivendo na Rússia. Outra curiosidade revelada é a afinidade com a canção “É preciso saber viver”, de Erasmo Carlos. “Acredito que essa música curta, simples, popular, nos ensina muito. As pedras, os espinhos estão aí, mas diante de tudo isso, é preciso saber viver!”. Esse grande evangelizador traz como marca de sua vida o lema PHN (Por Hoje Não vou mais pecar). A luta diária pela santidade arrasta cada vez mais a juventude que quer seguir esse mesmo caminho. Conheça agora um pouco mais da história desse homem de Deus...

“A“A mai maioorr alaleegrigriaa dede Deus Deus éé verver acontecer acontecer nana vividdaa dede seus seus fifillhhosos aqui aquilloo queque ElElee sonhou sonhou para para cada cada umum deldelees!”s!” Quando você começou a frequentar a Igreja Católica?

Em 1983, recém-saído das drogas, conheci a Renovação Carismática Católica em Pindamonhangaba/SP, minha cidade. Consequentemente, conheci a Canção Nova, que é muito forte aqui no Vale do Paraíba. Encontrei-me com aquela explosão do batismo no Espírito Santo, e em poucos meses, eu já estava testemunhando, pregando, cantando, me envolvendo “até a cabeça” naquilo que era minha nova vida! De que forma você serve a Deus?

Bom, primeiro sendo membro consagrado da Comunidade Canção Nova, onde eu atuo, há 21 anos (ao lado da minha esposa e do meu filho). Atuo de maneira especial na música, na pregação e também com retiros, além dos programas de rádio, na webtv, na tvCN... Na verdade, estamos aqui para sermos instrumentos naquilo que nos pedem e tentamos fazer o melhor possível! Quando nos consagramos, nós realmente nos entregamos... Faremos o que for necessário com muita alegria. Mas, não posso negar, que a música e a pregação são o “carro forte”. Qual é o papel que você exerce na Comunidade?

Meu papel é o de ser missionário. Hoje, com a graça de Deus, sou um dos que estão à frente... Com o passar dos anos, nós, aqui da Canção Nova, somos uma referência! Temos responsabilidade ao sermos identificados com esse nome! Quais são seus projetos como artista?

Como artista de Deus, é ficar na expectativa de que, a cada ano, eu seja solicitado pela Canção Nova para gravar um DVD, um CD, um novo programa, um novo projeto. Ou seja, eu não traço planos não... Não tenho nenhum projeto formado na minha cabeça. Isso eu não faço, nunca fiz e pretendo não fazer. Mas, assim que sou solicitado para algo... Pronto! Faço com o maior carinho!

Como você conheceu a Fraternidade Toca de Assis?

Conheci através do seminarista Roberto, em Campinas/SP. Foi no 1º Tocão realizado no Ginásio da Ponte Preta. Eu já estava lá animando e pregando junto dos irmãos(ãs)! Foi amor à primeira vista! Depois, pude ter a graça de gravar o Programa Resgate Já (muito importante para mim), no qual estive com a Toca de uma forma bem bacana. Documentei várias missões. E foi aí que realmente o Brasil veio conhecer, pra valer, a Toca de Assis! O que mais te chama a atenção no carisma vivido pelos “toqueiros”?

A alegria, sem dúvida! Eu também sou um franciscano, pois sou devoto de Francisco! A alegria, misturada ao empenho, ao comprometimento em atender os mais necessitados, os menos favorecidos... Isso realmente é um desafio nos dias de hoje. Então, a alegria misturada com essa maneira santa de atender àqueles que o mundo esqueceu, realmente, é um espetáculo para todos nós! Qual foi a experiência marcante você já viveu com a Toca?

A maior experiência que vivi com a Toca foi ter visitado uma missão em Campinas. Lá conheci vários ex-artistas de teatro que foram morar na rua e foram acolhidos. Pude ver que cada um tem uma história linda. Eles encontraram um lugar onde poderiam ser o que sempre foram. E, de uma maneira especial, serem muito respeitados.

Você exerce algum trabalho voluntário?

Eu não exerço metodicamente nenhum trabalho voluntário... Mas, sempre estou unido com todas as pessoas que têm esse tipo de trabalho para dar a visibilidade a todos eles. Como trabalhamos com os meios de comunicação, é nosso dever detectar onde estão essas pessoas... Seja no meio paroquial ou, até mesmo, mundialmente. E fazer com que, ao mostrarmos o trabalho dessas pessoas, possamos, cada vez, mais contagiar o Brasil e o mundo com o bem! 11 Agosto/ 2012


U

TOCARTE

ma coisa muito cativante é a capacidade que as pessoas têm de ver além. É impressionante notar que para algumas pessoas o atual não é determinante, mas trabalham com tal afinco para alcançarem algo que já vêem em suas mentes. Acredito que assim são os bons diretores. Quando se produz um espetáculo, seja um show ou uma peça teatral, se quem dirige não é capaz de ver além das condições atuais de seus instrumentos, esse show ou teatro estão condenados ao fracasso. Mesmo que não fracassem, estão condenados à mesmice. Que tristeza quando vemos diretores e produtores presos ao roteiro ou ao trivial, fazendo cópias das cópias de algo já marcado pela mídia. Meu pai é um homem ímpar. Um dia, estavámos sentados na sala de casa assistindo a um programa católico. Sem pensar duas vezes, ele disse: “Eu não assisto a esse tipo de programa!” Perguntei por que... Ele respondeu: “Isso é cópia de qualquer programa secular. Se quero um programa assim, vou ver em uma tv que faça com melhor qualidade”. Pensei uns instantes e vi que ele estava cheio de razão. Essa lei do “ver além” vale para qualquer área da nossa vida, mas aqui quero ater-me à arte.

A arte de ver além

É muito comum irmos aos shows de boas bandas e cantores católicos e não nos impressionarmos com nada. Alguns são iguais há anos. As mesmas músicas... E muito pouca criatividade. Sonho com um ambiente da arte católica, onde não se tem medo de abusar da criatividade e dos efeitos. Tais como aqueles shows seculares que exploram ao máximo o impressionar a platéia. Eu penso que esse impacto que se dá no público através dos efeitos e movimentos diferenciados é muito eficaz para destravar os corações. Com isso, a mensagem que se quer passar atinge muito mais rapidamente os corações.Talvez você nunca tenha assistido a um bom espetáculo, onde o previsível não tem lugar. É bom se surpreender a cada movimento no palco. O artista que surpreende, prende o espectador e tem grande domínio sobre suas emoções. Assistir a um bom espetáculo do Cirque du Soleil nos proporciona esse sentimento. A gente não consegue desgrudar o olho da tela, querendo saber o que vem depois. Quem dera nosso entretenimento católico fosse assim. Shows dinâmicos e cheios de efeitos, musicais equiparados aos bons espetáculos da Broadway... Programas de televisão com conteúdo cativante e criação diferenciada, sem se prender à escravidão imposta pelos ditadores de cultura dos meios seculares.

Aos músicos um conselho: se reciclem ou cairão no esquecimento. Deus precisa do seu ministério, mas você precisa fazer lucrar esse talento. Não caia no engano de dizer: “Pra Deus tá bom!”. Não está, não! Você pode mais! E não chore quando Ele suscitar alguém que te supere. Se não quer ser superado, supere-se a si mesmo! Aos diretores e produtores o conselho é esse: não percam a alegria da criatividade. Olhem sempre além das coisas atuais. Sonhem. Imaginem. Projetem. Olhe além das cascas das pessoas que você dirige ou produz. O artista é um diamante, mas é você quem vai lapidar e fazer uma bela joia. Seu papel é um dos mais importantes nesse meio. E mesmo sem aparecer ou receber os méritos, você pode fazer grandes coisas pelo reino dos céus. Abuse da criatividade, e anote seus projetos e seus sonhos. Não tenha medo de desejar grandes coisas. Deus precisa de pessoas ousadas. Seja você! Que Deus nos encha de santa ousadia para fazermos uma arte cada vez mais qualificada, diferenciada, cativante e eficaz. Chega de brincar de “estrelinha”. Os católicos não precisam de estrelas ou popstars. Eles precisam de setas que lhes indique o caminho que é Jesus. Se sua arte não mostra além e não conduz os corações a verem além de você mesmo, então repense seus conceitos. Irmão Tarcísio, FPSS ministrosp@tocadeassis.org.br

Aqui fica minha indicação: no filme “Um sonho possível”, Michael Oher (Quinton Aaron) era um jovem negro, filho de uma mãe viciada e não tinha onde morar. Com boa vocação para os esportes, um dia ele foi avistado pela família de Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock), andando em direção ao estádio da escola para poder dormir longe da chuva. Ao ser convidado para passar uma noite na casa dos milionários, Michael não tinha ideia que aquele dia iria mudar para sempre a sua vida, tornando-se mais tarde um astro do futebol americano.


Recado da nossa benfeitora Valéria Chagas Renovação de votos Irmãs Região São Francisco em Teresópolis/RJ

A todos da Toca de os Assis: Que Deus abençõe e guarde nesta missão tão bela: a de se doar para evangelizar e ajudar os irmãos de rua

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Não se e visitar squeça de o noss Há ma is fotos o site! e muit novida as des po r lá:

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Jantar da Toca na Pompéia/SP

Pastoral de rua com os leigos em Santos/SP

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Pandora Escola de Artes

A convers達o do homem rico

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