Plano
setembro de 2010 · 3ª semana Ano 8 · Edição 75 · R$ 5,30
BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r
EDITORA
Eleitores desestimulados com o atual cenário político querem anular o voto para contestar contra os fichas sujas e a obrigatoriedade.
Mas, especialistas alertam sobre o risco dessa decisão
Entrevista Agnelo Queiroz Personagem Hugo Rodas PONTO DE VISTA Roberto Caldas
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O MELHOR DO MUNDO NO SEU Rテ.IO.
93,7 Fm
Sumário
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13 Entrevista
40 Planos e Negócios
64 Artes Plásticas
16 Panorama Político
42 Automóvel
66 Jornalista Aprendiz
18 Brasília e Coisa & Tal
44 Vida Moderna
68 Acessibilidade
20 Política Brasília
46 Esporte
70 Propaganda e Marketing
22 Dinheiro
48 Personagem
72 Tá Lendo o Quê?
24 Capa
50 Saúde
74 Frases
28 Cidadania
52 Nutrição
75 Opinião
30 Gente
54 Moda
76 Diz aí, Mané
32 Cidade
56 Comportamento
78 Ponto de Vista
34 Educação
58 Cultura
80 Cresça e Apareça
36 Tecnologia
60 Gastronomia
82 Charge
12 Cartas
38 Cotidiano
62 Mundo Animal
Expediente
Carta ao leitor
DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br
Plano
BRASÍLIA CHEFE DE REDEÇÃO Alessandra Germano PROJETO GRÁFICO Sandra Crivellaro DIRETOR DE ARTE Theo Speciale
DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr e Theo Speciale Fotografia Estúdio Dephot e Gustavo Lima EQUIPE DE REPORTAGEM Alessandra Germano, Anna Paula Falcão, Daniela Lima, Flávia Umpierre, Juliana Mendes, Raio Gomes e Tássia Navarro COLABORADORES Adriana Marques, Cerino, Flávio Resende, Gláucia Almeida, Isabela Andrade, Joelma Gomes, Luis Turiba, Mauro Castro, Monique Malaquias, Moreno, Renato França, Roberto Caldas, Romário Schettino, Tarcísio Holanda e Wilson Sampaio DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS Distribuidora Jardim MAILING Vip Logística IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Administração: 61 3202.1257 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.
Contagem regressiva para que nós, brasileiros, possamos exercer a cidadania e o direito de escolher os nossos representantes para o Executivo e o Legislativo. É chegada a hora de decidir o futuro de nosso país e de nossa cidade pelos próximos quatro anos. Para se fazer uma boa escolha, é fundamental conhecer o passado de cada candidato, além das propostas apresentadas por eles, como melhorias na saúde, educação, segurança, esportes, cultura, emprego, obras, transportes, entre outros. O eleitor está cansado e insatisfeito com os políticos que não cumprem o seu pretenso papel de representantes da população. Por isso, a poucos dias das eleições, quando a maioria já deveria ter escolhido o seu candidato, muitos estão mesmo é querendo anular o voto. Mas, será que isso resolve a situação? Para especialistas no assunto, essa não é uma boa solução. As opiniões se dividem entre os eleitores ouvidos pela revista Plano Brasília. Para alguns é protesto, para outros, omissão. Vale a pena conferir a reportagem que fala sobre este assunto na matéria de capa. Barrado pelo STF, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) recorreu ao plano B e desistiu de concorrer ao Governo do Distrito Federal, lançando, em seu lugar, sua esposa, Weslian Roriz. Caso seja eleita, Weslian admite que vai fazer o mesmo trabalho do ex-governador. Ela assegura: “Quem vai mandar no meu governo sou eu, mas a experiência quem tem é o meu marido”. Confira mais detalhes na página de Política Brasília. Em Cidades, o leitor poderá verificar que, mesmo com a internet liberada para as campanhas eleitorais, os candidatos preferem continuar com o velho hábito de sujar as ruas da cidade com cartazes, faixas e pinturas. O TRE-DF está fiscalizando candidatos, partidos e coligações que burlam as regras e fazem campanhas irregulares. Ainda dá tempo. Vamos denunciar os “sujões”, por meio do site www.tre-df.gov.br, pelo telefone 3441.1000 ou por escrito na sede do TRE, no Eixo Monumental, ao lado da nova Câmara Legislativa. Para sair um pouco de política e manter o leitor bem informado, a Plano Brasília traz uma matéria sobre doulas. O nome soa estranho. Mas é uma profissão, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, que cresce significativamente no Brasil. As doulas auxiliam as mulheres gestantes que aderem ao parto fisiológico, natural e humanizado, antes, durante e depois do nascimento do bebê. Em Comportamento, o leitor poderá conhecer um pouco mais sobre essas assistentes, que a cada dia são mais requisitadas pelas gestantes. Boa leitura e até a próxima!
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Me sinto orgulhoso em saber que temos uma revista da qualidade da Plano Brasília em nossa cidade. As matérias são interessantes, dinâmicas e o mix de assuntos é muito bacana. A revista consegue atrair um público que gosta de ler, busca a revista e sente falta dela. Parabéns à equipe Plano Brasília. Evaldo Bazeggio Brasília/DF Quero parabenizar a revista pela reportagem de capa "Eleitor ficha limpa". Trabalho todos os anos na eleição de representante e vice-representante de turma com meus alunos e já vou utilizar a reportagem no próximo ano para sensibilizá-los sobre a importância de se conhecer a vida pregresssa de seus candidatos. Só senti falta da indicação de um site no qual pudéssemos nos informar sobre os candidatos ficha suja. A matéria até informa sobre os pedidos de registro de candidatura negados, mas não informa o local onde obter esses dados. Fica para uma próxima vez. O importante é que a cada edição vocês têm se empenhado mais para informar e formar a opiniões públicas responsáveis no DF. Mais uma vez, PARABÉNS! Jeane Santos Águas Claras/DF
Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.
Erramos A Plano Brasília se desculpa por alguns erros visualizados na edição 74. Entre eles, ressaltamos que as fotos publicadas na coluna Gente da edição passada são do fotógrafo Jailton Gomes da Art Digital, assim como esta ao lado.
Entrevista
Por: Flávia Umpierre e Romário Schettino | Fotos: Gustavo Lima
“Eleição se ganha com humildade
e muito
trabalho” Agnelo Queiroz, candidato do PT ao governo do DF, está à frente nas pesquisas de intenção de voto e acredita que será eleito no 1° turno
O
Distrito Federal elegerá nos próximos dias seu novo governador. Para assumir o cargo de maior importância do Executivo local, é necessário que o pretendente tenha pleno conhecimento da atual situação em que se encontram os serviços prestados pelo governo e as necessidades e anseios da população. Além disso, é fundamental que este apresente soluções executáveis para questões como habitação, transporte, saúde, segurança e educação. O candidato ao governo pelo PT, Agnelo Queiroz, falou à Plano Brasília sobre propostas e suas intenções para Brasília e as 29 Regiões Administrativas. O novo governador, ao assumir, responderá por diversas obras e projetos do governo anterior que foram paralisadas por suspeitas de irregularidades, após a deflagração do escândalo da Operação Caixa de Pandora no final do ano passado, dentre elas, as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), sem falar no Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), que está sendo questionado pelo Ministério Público. O sistema público de saúde do DF é apontado por Agnelo como uma de suas prioridades. O candidato prometeu, caso seja eleito, assumir a Secretaria de Saúde durante os primeiros meses de governo. “Entrarei com a minha equipe, detalhando o diagnóstico que fizemos para tomar medidas emergenciais. Colocaremos nossa saúde pública de pé novamente”, declarou.
A questão do lixão é apontada por ambientalistas como sendo um dos graves problemas das grandes cidades. O atual governador, Rogério Rosso, anunciou recentemente a compra de um incinerador de lixo, que gerou uma reação por parte da sociedade, inclusive dos catadores de lixo. Como solução, Agnelo prometeu por fim ao lixão e tomar medidas para dar dignidade aos homens e mulheres que vivem da reciclagem. A primeira pesquisa realizada pelo instituto Exata após a desistência de Joaquim Roriz (PSC), seu principal opositor nesta eleição, confirmou a liderança de Agnelo com 44,2% das intenções de voto, contra 30,1% da coligação encabeçada, agora, por Weslian Roriz, esposa do candidato que renunciou para escapar da Lei da Ficha Limpa. Com isso, o petista tem se mostrado confiante e acredita que vencerá ainda em 1° turno. Dentre as questões que não poderiam estar de fora desta entrevista, a escolha do vice de Agnelo foi bastante questionada, até mesmo por aliados. Tadeu Filipelli, que foi aliado do excandidato Joaquim Roriz, que esteve ao lado do ex-governador Arruda e que trouxe para sua coligação pessoas envolvidas no escândalo da Caixa de Pandora. Sobre isso, o candidato afirmou: “Ele fez uma opção pelo novo caminho. Isso é motivo de elogio. Uma atitude corajosa, correta e digna”. Esta entrevista que segue abaixo também poderá ser vista no site da Plano Brasília www.planobrasilia.com.br
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Plano Brasília: Qual será o seu primeiro feito como governador caso o senhor seja eleito? Agnelo Queiroz: A primeira medida que tomarei ao assumir é ocupar a Secretaria de Saúde pessoalmente. Serei secretário e governador ao mesmo tempo. Não é comum, mas já me comprometi publicamente com a nossa população. Entrarei com a minha equipe produzindo um diagnóstico detalhado, para tomar medidas emergenciais. Colocaremos nossa saúde pública de pé novamente. Repondo os medicamentos, equipamentos, realizando uma série de pequenas obras e mudanças para que o serviço volte a funcionar com eficiência. Em seguida, faremos uma mudança mais estrutural. Por isso, pretendo ficar três meses no máximo frente a essa secretaria. Nesse primeiro dia, já irei anunciar a contratação de novos profissionais para o programa Saúde da Família. Serão 400 equipes em todo DF. Vou anunciar a criação das UPAs em todas as cidades de tal maneira que o cidadão terá atendimento 24 horas por dia, para qualquer necessidade de baixa e média complexibilidade. Com essas medidas, nós vamos diminuir o fluxo para o hospital que atenderá apenas os casos mais graves. Uma das principais promessas da coligação adversária (Roriz) é a criação de novas cidades no DF, absorvendo municípios do Entorno e regularizando bairros que estão em situação irregular. Qual a proposta do senhor para resolver o problema de falta de habitação no DF? Meu plano para a habitação é construir 100 mil unidades e atender toda a demanda reprimida hoje no DF. Implantar o programa “Minha Casa, Minha Vida” do governo federal, para que o cidadão receba sua moradia, com infra estrutura, água e esgoto e transporte perto de casa. Não adianta prosseguir com a política de habitação do meu adversário, de estimular a ilegalidade, a irresponsabilidade, a corrupção e a superpopulação. Essa fase já passou. A gente quer construir um novo caminho para o DF, de maneira que as políticas públicas façam parte da política central do nosso governo.
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Eu vou concluir essas obras. Porque há um enorme investimento do governo e se não for entregue, ficará um prejuízo grande para a população. Mas isso não quer dizer que não vamos fiscalizar todas elas, rigorosamente, para atendermos rapidamente nossa população. Dentre essas obras, nós daremos prioridade para a melhoria do transporte no DF, sobretudo o transporte público. Vias exclusivas para ônibus para aumentar a velocidade e o conforto, faremos também com que os ônibus sejam confortáveis e pontuais e a tão esperada integração do sistema com o metrô e com o VLT.
O poder público tem que ser implacável. E eu serei O apoio que o governador Rogério Rosso declarou à candidata Weslian Roriz modifica alguma coisa na aliança com o PMDB? Não modifica nada porque ele já estava com uma relação de hostilidade com o PMDB. Não cumpriu nenhum compromisso que ele assinou quando assumiu o governo tampão. Ele se comprometeu em não ser candidato e tentou se candidatar. Comprometeu-se em dar lisura e não apoiar nenhuma candidatura para garantir um pleito com estabilidade, mas já vinha apoiando de forma subreptícia e agora de forma declarada. E não tem feito o que é o mais importante, que é garantir o funcionamento de nossa cidade nessa transição. Caso assuma o governo, quais medidas tomará em relação às obras e projetos do governo Arruda que estão paradas?
O seu vice é motivo de constrangimento para o senhor? E, se eleito, o senhor não tem receio que ele mude de lado novamente? O meu vice, Tadeu Filipelli, teve um papel fundamental na formação dessa aliança. Ele rompeu com o grupo do Joaquim Roriz, e praticamente tirou o Roriz do PMDB. E fez uma opção pelo novo caminho junto aos setores progressistas. Isso é motivo de elogio. Uma atitude corajosa, correta e digna. Sabemos que não há nenhum processo contra ele. A nossa aliança tem princípios, tem propostas. Tem um projeto e uma forma de governar que é de concordância de todos que estão na aliança. Por isso, não há nenhum constrangimento. Pelo contrário, estamos unindo 11 partidos para tirar nossa cidade da crise. O Brasil está mudando porque teve essa visão. Se continuasse com uma visão estreita, sectária, de que um partido pode mudar o país, hoje estaríamos em uma grave crise política em vez de ser a bola da vez do mundo. Nós temos um problema grave em Brasília que são as empresas que controlam o transporte coletivo. O senhor não acha que é o momento de rever essas concessões e exigir que se ofereça um serviço de qualidade? Como estimular o uso do transporte alternativo? Nós só podemos desestimular o uso do carro particular se tivermos um transporte público de qualidade. Essa
relação é direta. Vamos cuidar primeiro de ter um transporte de qualidade. Quem tem que controlar o sistema de transporte é o poder público e não as empresas. As concessionárias do transporte terão que cumprir aquilo que for determinado e a fiscalização do poder público tem que ser rigorosa. Isso só acontece aqui porque há desgoverno, falta de compromisso e seriedade do poder público. E digo mais, se não fizermos isso agora, daqui a dez anos estaremos inviabilizando a capital do Brasil. Estamos emplacando 100 mil carros novos por ano, e temos hoje 1,1 milhão. Em nove anos nós teremos dois milhões de carros nas ruas, e aí ninguém vai andar nessa cidade. O meu governo tem o compromisso com a retomada do planejamento e com o desenvolvimento sustentável. Vamos fazer a maior e melhor malha cicloviária do país. São medidas simples, viáveis para uma cidade toda plana, que garante segurança para a pessoa circular. Será uma grande novidade para a qualidade de vida. Sobre o problema das drogas no DF, em especial a chamada por alguns especialistas, de “epidemia do crack”. Nós temos ouvido muito sobre a dimensão e as causas do problema, mas pouco se tem apresentado de ações concretas para que seja solucionado. Como o senhor vai resolver este problema? Fala-se muito e não se resolve porque falta uma política, isto é, uma série de medidas integradas e correlacionadas que de fato resolvam. Nós vamos começar com uma ação preventiva fortíssima. Não uma campanha de uma semana. É preciso esclarecer a juventude para convencer o jovem e a família do risco dessa tragédia. Depois, tratar os que são dependentes. É caso de saúde pública. Tem que ter instituição pública ou parceira para oferecer tratamento. E por último, uma repressão implacável ao tráfico. Se nós temos uma boa polícia, inteligente, por que deixamos o tráfico na porta das escolas? O poder público tem que ser implacável. E eu serei.
Como o senhor vai tratar a questão do lixo e da coleta seletiva? Eu vou acabar com o lixão. Para isso, vamos implantar uma coleta seletiva eficiente. Essa é a cidade da civilidade. Grande parte da população que hoje já faz a coleta seletiva, entrega o lixo em sacos separados ao caminhão de coleta, e eles misturam tudo. Isso é um absurdo. Nós vamos fazer a coleta seletiva chegar a todo o DF, e fazer com que toda a parte passível de reciclagem seja aproveitada, dando oportunidade e prosperidade para os catadores. Além disso, é necessário recuperar toda aquela área degrada do lixão e discutir um formato alternativo de aterro sanitário para a destinação dos resíduos orgânicos. É possível pensar numa vitória no primeiro turno? O senhor tem medo de uma reviravolta nas pesquisas eleitorais após a substituição de Roriz pela esposa na reta final da campanha? O Roriz mais uma vez renunciou. Só que dessa vez com certo ardil e malandragem. Ele correu da Justiça e das urnas. Porque não passaria em nehuma. Eu já estou com uma vantagem substancial sobre ele há muito tempo. Como ele quer manter o poder político na mão dele, manter um poder familiar, ele está usando de forma lamentável sua própria esposa para isso. Um golpe para tentar enganar a população como se fosse outra candidatura. Quando na verdade é a mesma com outro nome. Mas o nosso povo é esclarecido e atento, e compreende esse tipo de manobra. Eu tenho convicção de que nós vamos ganhar essa competição em primeiro turno. É o apelo que eu faço à nossa militância, aos nossos apoiadores e a todo povo do DF. Vamos nos manter unidos. Não podemos manter esse projeto que está aí há 14 anos, da bagunça, da instabilidade e da corrupção. Chega de desmoralizar a nossa capital. Nós não podemos permitir que isso continue acontecendo. Eleição se ganha com humildade e muito trabalho.
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Panorama Político
tarcísio holanda
QUADRO SUCESSÓRIO INALTERADO A
última pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 16 de setembro, mostra um quadro de tranquila estabilidade na cotidiana disputa de votos entre os dois principais candidatos: Dilma subiu de 50% para 51%, enquanto José Serra conservou os mesmos 27% e Marina os 11% da sondagem anterior. Se a eleição fosse realizada hoje, Dilma venceria o primeiro turno com 57% dos votos válidos. Isso significa que o eleitorado deu de ombros para os dois escândalos tão explorados pela oposição: a quebra do sigilo fiscal da filha de Serra e o suposto tráfico de influência envolvendo a chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e seu filho, Israel. Curioso é que essa pesquisa do Datafolha preocupou-se em conhecer a opinião dos eleitores sobre esses escândalos, envolvendo o governo: 57% tomaram conhecimento do fato, mas apenas 12% se consideraram bem informados a respeito dos temas. O que o levantamento demonstra é que a esmagadora maioria do eleitorado não se mostra sensível às denúncias que o candidato do PSDB e da oposição, José Serra, tem explorado com tanta regularidade. O que significa que a sua estratégia de tomar votos de Dilma e crescer nas pesquisas não está produzindo resultados. Pelo contrário, Dilma cresce, ainda que moderadamente, enquanto percentual do tucano se estabiliza.
Em time que está ganhando... Continua a prevalecer no espírito da grande massa do eleitorado aquele ditado futebolístico, tão caro a Lula, de que em time que está ganhando não se mexe. A economia brasileira terá
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crescimento, neste ano de graça de 2010, de 6% a 7%, como o admitem os próprios analistas do mercado financeiro, a maioria dos quais não morre de amores por Lula e nem pelo PT. O bolso costuma ter influência eleitoral decisiva, aqui como em qualquer lugar do mundo, o que já foi demonstrado em tantas eleições. O alto nível de popularidade do presidente Lula é o segundo fator determinante no comportamento do eleitorado: 78% consideram seu governo ótimo/bom. Para se entender a pesquisa, no pequeno universo dos 12% que se dizem bem informados sobre as denúncias da quebra do sigilo de Verônica Serra e do escândalo envolvendo a Casa Civil, Dilma cai de 51% para 46% e Serra sobe de 27% para 33%, enquanto Marina vai de 11% para 14%. Com Dilma tendo 46%, haveria chance de segundo turno. Mas na faixa dos que nunca ouviram falar desses escândalos, que são a esmagadora maioria, Dilma sobe para 53%, enquanto o candidato da oposição, José Serra, cai para 24%, e Marina fica em 8%. Nesse último caso, que é a realidade da massa do eleitorado, Dilma ganharia ainda mais facilmente. Não há, portanto, novidade a registrar na disputa eleitoral entre os dois principais candidatos, a julgar pelos resultados das pesquisas do Datafolha, divulgada anteontem, e do Sensus/CNT, que foi anunciada anteriormente (Dilma 50,5% e José Serra 26,4%). Vai ficando cada vez mais claro que este panorama poderá se manter inalterado até as eleições do dia 3 de outubro próximo. Os esforços de José Serra e da oposição em mudar o quadro não estão produzindo resultados.
O PT À FRENTE DO PMDB Esperava-se que, nas eleições deste ano, o PMDB manteria a maioria na Câmara e no Senado. O Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) acaba de fazer um novo prognóstico, baseado nas projeções de estudo que acaba de realizar. E calcula que o PT elegerá um mínimo de 85 e um máximo de 110 deputados. Se for confirmada tal projeção, o PT arrebatará do PMDB a condição de detentor da bancada majoritária na Câmara dos Deputados. Essa mudança na correlação de forças na Câmara, deverá influir na eleição do novo presidente daquela Casa. Com essa alteração, é provável que um petista se eleja presidente da Câmara dos Deputados. PT e PMDB firmaram um pacto, pelo qual um dos dois presidirá agora e o outro terá um representante no cargo dentro de dois anos. O petista mais forte é o deputado Cândido Vacarezza, atual líder do governo. O peemedebista que está desejando o cargo é o atual líder da bancada, Henrique Eduardo Alves. Se o PT ganhar a posição de partido majoritário, se fortalece para pleitear o cargo, entregando-o para o deputado Henrique Eduardo Alves dentro de dois anos. Nas eleições de 2006, o PT elegeu 83 deputados. Como perdeu quatro no curso da legislatura, sua bancada reduziu-se para 79. No mesmo pleito, o PMDB elegeu 89 deputados e sua bancada soma, hoje, 90 parlamentares.
UM DEBATE AGRESSIVO O debate entre os presidenciáveis, realizado às 21h de domingo (dia 5/09),
na Rede TV, associada à Folha de S. Paulo, foi um duelo de três contra um: José Serra, do PSDB, Marina Silva, do PV, e Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, se esmeraram em atacar a candidata do PT, Dilma Rousseff, utilizando, sobretudo, as denúncias que têm aparecido, ultimamente. Porém, é preciso reconhecer que Dilma Rousseff se saiu muito bem nas respostas, sobretudo quando se dirigiu a Serra para censurar sua presunção e cobrar mais humildade do candidato tucano. Usou-se, principalmente, a quebra do sigilo fiscal da filha de Serra, Verônica, e de seu marido, assim como de mais de outras duas mil pessoas, e a denúncia feita por um diretor dos Correios de que o filho de Erenice Guerra, Israel Guerra, teria feito tráfico de influência junto à Chefia da Casa Civil. No caso da Receita Federal, defendeu uma apuração rigorosa. Quanto ao anunciado lobby, disse que, até hoje, Erenice merece sua confiança, mas defendeu “medidas mais drásticas”, se foi realmente praticada qualquer irregularidade à sombra da chefe da Casa Civil.
Queixa contra a presunção “Não vou aceitar que se julgue a minha pessoa com o que aconteceu com o filho de uma ex-assessora minha. Isso cheira à manobra eleitoreira, sistematicamente feita contra mim e a minha campanha” – bradou Dilma, cercada pelos seus adversários, sobretudo Serra, que aproveitou a oportunidade para atacar: “As pessoas sabem que eu não sou nem caluniador, nem evasivo. Minha vida pública é bem
conhecida. No seu caso, realmente, não dá para dizer. Está ficando claro que é evasiva. Não responde”. Dilma ficou indignada e retrucou, ofensiva: “As pessoas não podem ser pretensiosas e acharem que são a dona da verdade. Lamento a tentativa sistemática do meu adversário de tentar me desqualificar. Não subestime ninguém, candidato. O senhor não é dono da verdade. O senhor não é melhor do que ninguém”. A agressiva postura de Serra tem a ver com o receio de ser derrotado no primeiro turno, cavando trincheira para forçar o segundo turno. Uma análise fria das campanhas presidenciais, desde Collor, revela que uma posição ofensiva e até agressiva provoca rejeição da maior parte do eleitorado.
Cada um fala o que interessa...
No debate da Rede TV, Serra insistiu: “Quebraram o sigilo fiscal da minha filha, de uma maneira ilegal, inconstitucional. Fizeram a mesma coisa com meu genro. Esse trabalho todo foi trazido a Brasília pelo Fernando Pimentel” (ex-prefeito de Belo Horizonte e candidato ao Senado). Serra disse que “o Vargas, secretário de Comunicação do PT, atribuíra o começo do processo ao Fernando Pimentel, que é homem de confiança de Dilma”... Serra não disse o que Vargas dissera em uma nota pela internet, parte comprometendo sua filha e o marido.
Cada um fala o que interessa... “O Aécio (Neves) contrata o Amaury (Júnior), através do Diário de
Minas (Estado de Minas) para detonar o Serra e contar a verdadeira história das privatizações do FHC”. E mais adiante, mais agressivo, Vargas acrescenta: “Amaury levanta documentos que mostram a filha de Serra e seu esposo com contas suspeitas no exterior”. André Vargas disse que, no auge da disputa pela candidatura a presidente da República, tanto José Serra quanto Aécio levantavam informações negativas contra o outro. O jornalista Amaury Júnior, do Estado de Minas, esteve a serviço de Aécio. Nessa guerra cada lado divulga o que lhe interessa. Daí por que Serra não contou tudo o que dissera o secretário de Comunicação do PT, o deputado federal André Vargas, que chegou a censurar seu companheiro de partido, Fernando Pimentel, por se aliar a Aécio Neves, quando este era governador de Minas Gerais. “Não disse nada contra o Pimentel… Acho apenas que ele caiu no conto do Aécio. De boa fé, mas caiu. Adversário é adversário. Olha o Itamar (Franco) aí”. Cada um se preocupa em difundir a versão que interessa a seu lado. E isso faz parte do jogo. Fernando Pimentel considerou equivocada a análise de Vargas, “motivada pela circulação de denúncias e acusações sem prova, que, hoje, infelizmente, poluem o noticiário da mídia nacional”. Mas relevou o que dissera Vargas sobre ele, o que levou este a moderar: “A grande imprensa quer me jogar contra o companheiro Fernando Pimentel”. E passou a defender as relações do petista Pimentel com Aécio.
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Brasília e Coisa & Tal
Romário Schettino
O golpe de Roriz Diante do empate no Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Roriz procurou, horas depois, uma saída “esperta”. Indicou a esposa Weslian para substituí-lo. A surpresa atingiu até o seu vice, Jofran Frejat, que preferia o contrário - ele seria o candidato a governador e ela a vice. Pelo sim, pelo não, Roriz aposta todas as suas fichas em sua mulher. Há quem diga que esta eleição é de Agnelo Queiroz ainda no primeiro turno, com uma bancada na Câmara Legislativa amplamente governista. Vamos aguardar a abertura das urnas.
documentos “que têm como único propósito levantar uma cortina de fumaça no debate de projetos para o país e beneficiar o retorno dos neoliberais ao governo federal”. Assinada por dezenas de pastores e encabeçada pela presidente da Aliança de Batistas, Odja Barros Santos, a nota afirma que esse tipo de discurso não representa o que se poderia conceber como o pensamento dos batistas brasileiros.
Nova jornada Estudo do Dieese descreve o processo de mudança da jornada de trabalho em alguns países. Diversas nações já realizaram alterações para melhorar as condições de vida de seus trabalhadores, distribuir renda ou para se aproximar da jornada mais usual nos países desenvolvidos. Esse é o caso da África do Sul, Chile, China, Coreia do Sul, Japão, Portugal e França. A resistência de alguns setores produtivos brasileiros só pode ser vista como o atraso do atraso.
Dia sem carro
Vitória do Reitor O Reitor da UnB, José Geraldo, ganhou mais uma batalha. Graças à sua atuação junto ao Supremo Tribunal Federal e à Advocacia Geral da União, os servidores da UnB também terão direito à URP, retirada pelo ministério do Planejamento há quatro meses. Com isso, a greve dos servidores, uma das mais longas da história teve fim. No dia 28 de Setembro os servidores voltaram à paralisação porque a AGU roeu a corda e pôs tudo a perder.
Exorcismo A Aliança de Batistas do Brasil e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiram notas de esclarecimento à população condenando o pastor Paschoal Piragine Júnior e o bispo de Guarulhos (SP), que tentaram “demonizar o Partido dos Trabalhadores” em vídeos e
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Foi comovente a mobilização em torno do Dia Mundial Sem Carro. Muita gente saiu às ruas a pé ou de bicicleta. Foi exigido respeito aos pedestres e aos ciclistas e o GDF liberou o uso do metrô para os manifestantes. Até o governador Rogério Rosso pedalou numa faixa exclusiva para as bikes. Nada disso terá valido a pena se não houver profundas mudanças na política de transporte coletivo e na mobilidade urbana. A ciclovia no Eixo Monumental tem que ser permanente, pô! Assim como nas L4 Norte e Sul. A integração metrô-ônibus é mais do que necessária. E por aí vai. A festa foi boa, mas a gestão pública precisa ser mais responsável e definitiva.
Vox Populi e os tucanos Em artigo publicado no Correio Braziliense, Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, foi muito claro: “Quem acompanhou a cobertura que a ‘grande imprensa’ fez destas eleições viu, do fim de 2009 até agora, uma sucessão de análises erradas, hipóteses furadas, teses sem pé nem cabeça. Todas inventadas para justificar o ‘favoritismo’ de Serra, que só existia no desejo de quem as elaborava. Se não fossem tão ineptas, essas pessoas poderiam, talvez, ter impulsionado as oposições na direção de projetos menos equivocados. Se não fossem tão arrogantes, teriam, quem sabe, poupado seus amigos políticos do fracasso quase inevitável que os espera”. Falou e disse.
Comunicando TRE censura jornal O Tribunal Regional Eleitoral do DF mandou recolher o “Jornal da Quadra”, a pedido do candidato Joaquim Roriz por supostos ataques à sua pessoa. O desembargador Mário Machado atendeu, em parte, liminar solicitada pela Coligação Esperança Renovada, de Roriz. De acordo com os autores da ação, a edição nº 2 do jornal contém matérias com o intuito de depreciar a candidatura de Roriz e promover a de Agnelo Queiroz, do PT. Machado admite que, embora não esteja comprovado, o jornal estaria fazendo campanha eleitoral para Agnelo. Na dúvida, o desembargador optou pela censura à imprensa. Decisão inadmissível no regime democrático.
Resgate histórico I Um convênio assinado entre a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o Instituto João Goulart permitiu a classificação de documentos históricos relativos ao período que antecedeu o Golpe Militar de 1964. Agora, o IJG vai digitalizar a documentação para colocá-la à disposição do público no site www. institutojoaogoulart.org.br
Resgate histórico II No site do IJG, presidido por João Goulart Filho, estarão acessíveis documentos que provam a participação da CIA e do embaixador estadunidense Lincoln Gordon na distribuição de milhares de dólares nas eleições de 1962 e na campanha contra a esquerda brasileira patrocinada pelo Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), coordenado pelo general Golbery do Couto e Silva. Todos os documentos foram entregues ao Instituto pelo presidente da Câmara, Michel Temer, e se referem à CPI inconclusa que apurava a intervenção da CIA na vida política brasileira.
Circula na internet Quem é a baixinha, gorducha, brava, dentuça, que usa vestido vermelho e tem um amigo que fala errado? A Mônica? Não, a Dilma.
Modelo em questão O que está em questão no momento é o modelo de comunicação social existente no Brasil. O oligopólio e a propriedade cruzada dos meios de comunicação são dois aspectos que necessitam de regulamentação compatível com a modernidade democrática. Sem uma efetiva democratização dos meios, estaremos sempre expostos a golpes brancos com balas de prata.
Infraestrutura A Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura encaminhou aos candidatos e candidatas à presidência da República uma carta com sugestões para o enfrentamento dos problemas de infraestrutura que atrasam o desenvolvimento nacional. A íntegra do documento está no site www.aneinfra.org.br
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Política Brasília
Por: Raio Gomes | Ilustração: Eward Bonasser Jr.
Horário eleitoral
invade a rede Inspirados no processo eleitoral norte-americano e no uso crescente das redes sociais na internet, candidatos a vários cargos eletivos no Distrito Federal, apostam na rede para atrair eleitores.
A
modernidade chegou e, depois de muita polêmica, as campanhas eleitorais ganharam ao mundo virtual. As maiores vantagens apontadas pelos candidatos são a interatividade com o eleitorado e o dinamismo, além do retorno dado pelos eleitores A maior democratização de espaços e igualdade de condições na internet atraem muitos candidatos para a rede, especialmente aqueles com menos tempo de televisão para expor as suas propostas. As maiores ferramentas utilizadas para difundir as ideias dos candidatos são o Twitter, Facebook, Youtube, Orkut e os já tradicionais portais na internet.
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Candidatos à Presidência da República também aderiram às redes, mesmo antes do processo eleitoral começar, como foi o caso do tucano José Serra. Marina Silva e Dilma Rousseff também utilizam a rede para falar sobre compromissos de campanha e interagir com o eleitorado. O candidato do PSDC, Eymael, utiliza a internet como maior difusor de sua campanha. Durante o seu curto horário na televisão, convoca os eleitores a conversarem com ele, ao vivo, no seu site, para falar de propostas que não tem tempo de expor no horário eleitoral. Rejane Pitanga, do Partido dos Trabalhadores, é candidata a deputada distrital e possui, além de um site na internet, no qual divulga fotos e vídeos de sua campanha, uma conta no Twitter, na qual posta diariamente mensagens sobre a campanha e ações em tempo real. Como foi o caso do último dia 28, quando chamou os eleitores a participarem da caminha-
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da com Dilma Ro u s s e f f na Rodoviária do Plano Piloto.“A internet é um meio muito barato e moderno e tem um retorno impressionante”, afirma a candidata, que possui 105 seguidores no Twitter. Rafa Madeira é candidato a distrital pelo PSOL e também é adepto das redes sociais. “Utilizamos muito o Facebook na nossa campanha”, conta o candidato. Mas a prioridade, segundo ele, é o contato mais direto com o eleitorado. “O número de pessoas com acesso à internet ainda é muito limitado no Brasil, por isso eu não acredito que a rede seja definidora nas eleições”, afirma o candidato que contou com 70 segundos na televisão durante todo o período de campanha. Candidatos com mais tempo de televisão também usam as redes sociais, como o aspirante a deputado federal Adelmir Santana, do Democratas. Com horário extenso de propaganda na televisão, ele é
Divulgação
Adelmir Santana se diz um entusiasta da internet
usuário das redes sociais mesmo antes da campanha ter começado, ainda durante o seu mandato de senador. “Sou um entusiasta dessa ideia”, afirma o candidato quando questionado sobre o uso das redes nas campanhas. “Se um candidato não usa as redes sociais ele mostra que não é uma pessoa inovadora”, completa.
O olhar dos eleitores Jeronimo Calorio é estudante, usuário do Twitter e aprova a participação dos candidatos na rede. “Eu acho que é muito bom que os candidatos tenham Twitter, pois é uma forma de se comunicar diretamente com os eleitores”, afirma. A visão de Calorio é compartilhada pelos candidatos. “Eu sempre respondo os questionamentos dos meus eleitores e isso é fundamental”, afirma Adelmir.
Mas o retorno por parte dos não é regra. Segundo Calorio, são poucos os candidatos que interagem diretamente com os eleitores. “Eu sigo todos os presidenciáveis e alguns deputados do DF e de fora. Já perguntei algumas coisas para eles, e o único que me respondeu foi o Renato Cinco, candidato a deputado federal do Rio de Janeiro, em um comício virtual pela twitcam”, afirma o estudante se referindo a uma das ferramentas do Twitter, que permite que as pessoas façam exibições e sejam assistidas ao vivo no mundo todo. Para Adelmir Santana, outro fator muito importante na utilização de redes sociais é a aproximação com um eleitorado que nem sempre é ligado à eleição. “A internet serve para aproximar os arredios à política”, atesta.
Gustavo Lima
Rejane Pitanga: “A internet dá um retorno maravilhoso”
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Dinheiro
mauro castro
Quer uma pós-graduação? N
ão faltam estudantes universitários fazendo planos para um curso de pós-graduação. Muitos falam em fazer um mestrado, como se fosse fazer um curso simples de língua estrangeira perto de casa. Um ambiente típico de quem acredita que tudo isso se tornou uma coisa simples e obrigatória. Uma boa parte dos egressos de curso superior não tem qualquer critério para escolher uma instituição de forma mais segura. Quase ao acaso, os alunos vão se matriculando pelos motivos mais variados, que vão da indicação de um colega, ou o fato de fazer na mesma instituição que está cursando faculdade ou, que se deve lamentar, a questão preço. E é a questão financeira que não permite a existência de mais candidatos a cursos de pós. Os cursos são caros para a maioria da população. As ofertas de cursos de pós-graduação somam centenas na cidade, com as mais diferentes origens e preços. Diversas instituições de ensino superior, ou não, oferecem variados nomes de cursos que surpreendem pela criatividade. Alguns desses nomes fantasia são verdadeiras armadilhas para o dinheiro do cidadão brasiliense. Nome bonito, preço baixo e local obscuro, podem configurar um risco ao currículo e formação profissional de uma pessoa bem intencionada. Os bons cursos são caros. Se o problema for dinheiro, a pós-graduação pode estar mais próxima.
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Já existe no mercado financiamento específico para esses cursos. Pode ser um mestrado, doutorado ou uma especialização. Com prazos de 36 meses para pagar e taxa próximo a 2%, ficou mais fácil de enfrentar o desafio da pós. É importante notar que para o financiamento é necessário que a instituição de ensino esteja credenciada e seja devidamente autorizada. O cuidado que se deve ter é com a capacidade de pagamento. Todos devem lembrar que um financiamento sempre deve ser a segunda opção em um plano de aquisição. Melhor para o futuro aluno é fazer uma poupança programada para o curso. O caminho é simples, primeiro pesquise um bom curso que atenda sua área; avalie o custo real, matrícula, parcelas, taxas, certific a d o s etc; em terceiro l u g a r veja quanto é possível depositar todo mês para fazer o curso; por último
visite seu banco e converse com o gerente informando o quanto pode disponibilizar por mês e o total que deseja poupar. Normalmente você terá como sugestão um plano de VGBL, uma forma programada para guardar e render seu investimento. Pode demorar, mas é um sinal de planejamento e maturidade. Cuidado. Tem muito curso de pós que tem preço acessível e não passa de uma revisão barata e mal feita da graduação. Portanto, entenda que a pós é um investimento sério na formação de um profissional e não apenas mais uma linha de informação no currículo. Pensando na questão da formação e ligando isso diretamente à questão do investimento, uma pós-graduação, pode apenas virar uma grande despesa.
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Capa
Da Redação | Fotos: Divulgação
Eleitores
indignados pretendem
anular o voto
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Eles alegam descrença com os candidatos e discordam da obrigatoriedade de ir às urnas
O
voto é a principal instituição da democracia liberal. É por meio dele que são escolhidos e legitimados aqueles que comporão o governo – Executivo e Legislativo. No entanto, em Brasília, uma considerável parcela do eleitorado parece disposta a anular o voto nessas eleições de 3 de outubro. A poucos dias do pleito, a reportagem da revista Plano Brasília conversou com especialistas em políticas públicas e foi às ruas ouvir a opinião dos eleitores. A descrença nos candidatos – considerados oportunistas e despreparados para assumirem cargos importantes que representam os cidadãos – e protesto contra a obrigatoriedade do voto. Estes são os principais fatores alegados pelo brasiliense para justificar o desânimo de ir às urnas e a crescente campanha pelo voto nulo. De um lado, os que pacientemente pesquisam os chamados “fichas limpas” e, de outro, aqueles que só acreditam existir politicagem, sem esperança. É o caso, por exemplo, da funcionária pública Claudiane Sales. “Estou, realmente, em uma fase cética com relação à política no Brasil. Não vou negar, não acredito em boas intenções dos políticos. A propaganda política em si é um verdadeiro escárnio”, afirma. E assume: “Eu vou anular meus votos”. Assim como Claudiane, muitos eleitores se manifestam descrentes com os políticos que não cumprem o seu pretenso papel de representante da população. “Vou votar nulo para protestar contra essa enxurrada de denúncias de corrupção e, também, porque a maioria dos candidatos nem sabe o que está falando. São todos oportunistas”, desabafa a recepcionista Ana Gabriela dos Santos, 25 anos. Ela reconhece que essa atitude não vai resolver a situação, mas diz estar completamente “desiludida” com os políticos. O escritor e ambientalista Pedro Lusz, diz que é a favor do voto nulo, a partir do momento em que o eleitor não tenha uma consciência formada do que pretende sobre o futuro e quando não tem candidato que atenda essa sua pretensão. “Eu sempre votei nulo, esse é o voto mais consciente quando não há candidatos que respondam a suas pretensões”, assinala. Para Lusz, esse negócio de votar no menos pior, não funciona. “Mas, pela primeira vez na vida, eu não vou votar nulo, desta vez tenho minha candidata, que é a Dilma”, conta.
Demonstrando revolta, a secretária Maria Clara Ribeiro, 30 anos, afirma: “Não tem nenhum candidato que mereça o meu voto. São todos iguais. Não fazem nada pelo povo. Só querem o poder e só pensam neles mesmos. Por isso, pretendo anular meu voto”.
Eu sempre votei nulo, esse é o voto mais consciente quando não há candidatos que respondam a suas pretensões “A conquista da democracia e do voto direto na década de 1980 foi uma vitória para a sociedade brasileira. Muitas pessoas foram torturadas e morreram lutando por isso. Mas, de mandato em mandato, o que vemos é que os políticos estão cada vez mais parecidos uns com os outros”, observa a jornalista Alessandra Machado, 27 anos. Na avaliação da jornalista, isto acontece, em parte, pela necessidade de alianças para se alcançar interesses. “Mas, apesar de eu acreditar na importância do voto, me vejo sem opções de candidatos”.
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Como exemplo, Alessandra cita os postulantes do DF ao Senado. “Dos quatro mais conhecidos, somente um merece meu voto, Cristovam Buarque. Mas, temos que escolher dois. Eu não posso votar em Maria Abadia que, além de ter tido a candidatura impugnada pelo TSE, apoia e é apoiada por Roriz, também ficha suja. Fraga e Rollemberg também não me convencem. Para mim, não há um ‘menos pior’. Por isso, não vejo outra alternativa a não ser anular o meu voto para o segundo senador”, explica. Na contramão dos adeptos do voto nulo, está a analista legislativo, Sara Teixeira. Ela revela ser totalmente contrária a essa atitude. “Acho um absurdo porque, ao votar nulo, o cidadão omite a sua opinião, deixando a decisão nas mãos de outra pessoa”. Conforme avalia, quem vota nulo não pode nem reclamar do governo. “Costumam falar que é um voto de protesto, mas eu acho que é um voto de omissão”. A dentista Amália Bicudo concorda com Sara. Na opinião da analista, por pior que sejam as opções, é necessário escolher um `menos ruim´. “Hoje está todo mundo desacreditado e o voto nulo pode até ser uma forma de protesto, mas acaba favorecendo outros candidatos não merecedores”, alerta. Outra recomendação para se evitar anular o voto é da pedagoga Suely Chan. “O voto nulo não isenta o eleitor e é uma forma da pessoa se manifestar, mas não é efetivamente uma negação”, explica.
Direito democrático O voto nulo é parte do sistema eleitoral brasileiro e, portanto, um direito democrático. O ex-ministro do TSE, Walter Porto, explica: “É considerado voto nulo quando o eleitor manifesta sua vontade de anular, digitando na urna eletrônica um número que não seja correspondente a nenhum candidato ou partido político oficialmente registrados”. Ele acrescenta que o voto nulo é apenas
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tempo, está havendo um envolvimento muito grande das redes sociais e da camada da população que realmente deseja mudanças e não vai deixar de fazer a sua escolha”, ressalta.
Obrigatoriedade
Emerson Masullo, especialista em políticas públicas
O voto facultativo é uma faca de dois gumes. Só vai favorecer àqueles grupos que querem se manter no poder registrado para fins de estatísticas e não é computado como voto válido, ou seja, não vai para nenhum candidato, partido político ou coligação. Embora admita que a população votará “com enfado”, Porto não acredita que o índice de votos nulos será tão elevado nessas eleições. A mesma opinião é compartilhada pelo advogado especialista em Políticas Públicas e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), Emerson Masullo. “Realmente, há uma tendência para que o eleitorado vote nulo, por conta do atual cenário político, recheado de muitos escândalos. Mas, ao mesmo
Uma parcela considerável do eleitorado se mantém resistente à obrigatoriedade de voto, optando pela anulação como forma de protesto. “Tentar impor aos cidadãos a ideia de que se deve votar em qualquer candidato apenas porque anular o voto é negativo é uma atitude totalmente despolitizada”, analisa o estudante Carlos José Teixeira, 22 anos. Ele garante: “Vou votar nulo por discordar da obrigação. O voto deveria ser facultativo”, opina. O professor da Universidade Católica não vê essa atitude com bons olhos. Para Emerson Masullo, a saída não é essa. “O voto facultativo é uma faca de dois gumes. Só vai favorecer àqueles grupos que querem se manter no poder”. Como exemplo, cita o caso da família Bush, que por anos comandou os Estados Unidos. Levantamento realizado pelo Instituto FSB Pesquisa, na semana passada, revela que 45% dos moradores da capital federal não votariam se o voto não fosse obrigatório. O instituto ouviu 1.006 pessoas, entre 9 e 12 de setembro, ou seja, a menos de um mês das eleições. Foram abordados adultos entre 26 a 35 anos, casados e com ensino médio completo. Em tempos de Ficha Limpa, o exministro e o especialista em Políticas Públicas fazem suas ponderações. “É preciso deixar de votar nesses aloprados”, analisa Porto, embora reconheça que isso, por si só, não resolveria a situação. “Teríamos que preparar cidadãos para um voto mais consciente”, analisa. “Realmente, a Ficha Limpa é um bom sinal e um grande passo”, concorda Masullo. Mas, segundo ele, é preciso ir mais além. “É necessário que se faça uma reforma política eleitoral dialogada e profunda”.
Na opinião do especialista, o primeiro passo para substituir efetivamente a politicagem pelo exercício da boa política, é a alteração da LDB - Lei 9394/96, por meio da instituição de disciplina sobre Direitos e Garantias Fundamentais no ensino regular (inserindo noções de Direito constitucional, eleitoral e consumerista); além da veiculação não sazonal (só nas eleições) de propaganda pública educativa à população, e não aquela propaganda que só exalta os feitos do “Estado” mas não informa e educa sobre o exercício da cidadania. “É fundamental a criação de uma política nacional de propaganda pública, com regras claras, para mudar a consciência do brasileiro a médio e longo prazo. Infelizmente, o que ainda prevalece, principalmente no Norte e Nordeste, é o voto como moeda de troca – por um lote, remédio, cargo”.
Exercitando o voto Enquanto muitos não querem ir às urnas, estudantes do Riacho Fundo I não perdem tempo e exercitam o voto. A eleição faz parte das atividades escolares do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 03, por meio do projeto Eleitor do Futuro, uma parceria com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e a Alunos do CEFO3, Riacho Fundo I
Secretaria de Educação, com objetivo de estimular a participação de jovens e adolescentes no processo eleitoral. Durante quatro meses – de março a julho –, cerca de 350 alunos do CEF se prepararam para ir às urnas escolher uma das cinco chapas que participaram das eleições. Eles também foram orientados sobre os vícios que descaracterizam e contaminam o objetivo e essência do voto e, também, o de conscientizar sobre a ética na política e no exercício do voto. A coordenadora do projeto na escola e orientadora educacional, Tânia Bicho, esclarece que o processo de eleição do CEF 03 obedece às principais etapas de uma eleição normal – inscrição das chapas, campanhas, comício, treinamento de mesários, sufrágio, apuração, divulgação de resultados e diplomação. Ela informa que os alunos se empenharam e estudaram bastante os temas – drogas, violência escolar, direitos humanos, esporte e lazer.
Candidaturas bizarras Em um país, no qual a política é vista como um “circo armado”, o humorista Tiririca (PR) encabeça as pesquisas de intenção de votos. O candidato, que disputa uma vaga a deputado federal pelo estado de São Paulo, superou os presidenciáveis Dilma Rousself (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) no número de buscas no Google. Em uma escala de zero a 100, o comediante aparece com 100 pontos, Dilma com 35, Marina com 22 e Serra com 10. É mais um indicador de que o descontentamento do brasileiro, com a política, está à flor da pele. Com o slogan “Vote Tiririca, pior que tá não fica”, Francisco Everaldo Oliveira Silva, a cada dia ganha mais adeptos, principalmente após a publicação de seus vídeos no YouTube. Um deles já ultrapassou três milhões de acesso. “O que é que faz um deputado federal?”. “Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te
conto”, ironiza ele. Tem mais. Os outros candidatos hilários que concorrem a um cargo público, o que também revela que a política virou brincadeira, são os jogadores Romário, Marcelinho Carioca, Túlio Maravilha, Vampeta e Bebeto; as mulheres frutas Suellen Silva (Mulher Pêra) e Cristina Célia Batista (Mulher Melão); o costureiro Ronaldo Esper; os cantores Reginaldo Rossi, Tati Quebra Barraco, Kiko e Leandro (KLB); o humorista Batoré e os pujilistas Popó e Maguila.
Diferença entre voto nulo e voto em branco Na prática, não há mais diferença entre um e outro. Nenhum deles conta na hora de fazer a soma oficial dos votos de cada candidato. De acordo com a lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, tanto o voto em branco como o voto nulo são registrados apenas para fins estatísticos, não sendo mais computados para nenhum candidato ou partido político. Assim, voto branco e voto nulo, além de não serem votos válidos, não possuem mais qualquer distinção prática entre si, ou seja, diferente do que muitos e-mails na Internet apregoam, tais opções do eleitor “não ajudam nem atrapalham as eleições; só que como muita gente ainda não sabe que a lei em 1997 mudou, a confusão ainda faz adeptos totalmente equivocados.
O voto nulo ocorre quando o eleitor digita, de propósito, um número errado na urna eletrônica e confirma o voto. Para votar em branco, o eleitor aperta o botão branco do aparelho. Antes de existir urna eletrônica, quem quisesse anular o voto rasurava a cédula de papel, escrevendo besteira ou até mesmo xingamentos. Os que optavam por votar em branco, simplesmente deixavam de preencher os campos de cédula. De acordo com recentes interpretações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é um completo engano o eleitor achar que, se houver mais de 50% de votos nulos e brancos a eleição será cancelada e uma nova eleição terá de ser marcada, com candidatos diferentes dos atuais. O que pode realmente ocorrer por exemplo, no caso dos candidatos “sujões”, é que caso a Lei do Ficha Limpa venha a valer a partir destas eleições, os candidatos que tiverem suas candidaturas canceladas acabarão com seus votos anulados, e por consequência, a legislação eleitoral prevê a recontagem geral de todos os votos: aí sim, muita gente que se julgava eleita pode ficar de fora e muitos “azarões” podem definitivamente entrar no páreo. PLANO BRASÍLIA 3ª SEMANA SETEMBRO 2010
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Cidadania
Da Redação | Fotos: Divulgação
Projeto Preservar 2010 comemora mais um
ano de sucesso
Ao todo, cerca de 1,5 mil visitantes passaram pela chácara da Farmacotécnica para conhecer mais sobre a iniciativa
O
Projeto Preservar, desenvolvido pela Farmacotécnica, completa nove anos com um saldo positivo. Desde sua criação, mais de 1,5 mil visitantes passaram pela chácara, localizada no Núcleo Rural de Vargem Bonita, onde as pessoas têm a oportunidade de conhecer um pouco sobre a tradição do uso de plantas medicinais. Este ano, estudantes e professores de diversas instituições de ensino, além do público em geral, puderam ver de perto as diferentes espécies das ervas cultivadas pela empresa. As visitas foram guiadas por alunos do Centro de Ensino Fundamental de Vargem Bonita (CEFVB), treinados como monitores. Em 2003, a iniciativa recebeu o Prêmio Candango de Excelência em Recursos Humanos, conferido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-DF). “O grande diferencial deste projeto é que trabalhamos
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respeitando as peculiaridades de cada planta, principalmente no que se refere ao plantio e à colheita”, destaca a farmacêutica Andréa Saboya. Segundo ela, o fato de não utilizar agrotóxicos em nenhum dos processos, permite que as plantas medicinais sejam ricas em princípios ativos que colaboram com a promoção da saúde. A farmacêutica capacitou, desde o início de agosto, 20 crianças – de 11 a 15 anos –, da escola pública local, para repassarem o conhecimento aos interessados. Ao longo desses nove anos, mais de 200 alunos já foram treinados. “Desta vez, durante os passeios, os visitantes puderam conhecer as plantas medicinais, desde seu plantio até o processo de secagem para produção de xampus, condicionadores, xaropes e cápsulas”, informa Andréa. Todo o trabalho da Farmacotécnica é realizado em parceria com o CEFVB. A unidade de ensino, atualmente,
possui estrutura física moderna, além de profissionais qualificados. Tudo isso, para fazer com que os alunos sejam capazes de acompanhar todos os processos de mudança da sociedade, estimulando o desenvolvimento e a capacidade de cada um. “O Projeto Preservar, além de oferecer a oportunidade do trabalho em equipe, põe o estudante em contato direto com a sociedade e os familiares, pois o que eles aprendem durante a ação é levado para as outras pessoas da comunidade”, esclarece o diretor da escola, Mauro Nunes Rocha.
Reconhecimento Matheus, aluno da 8ª série da escola pública local, reconhece a importância do trabalho da Farmacotécnica. “Os conhecimentos que adquiri aqui serão levados para a vida toda. Agora me sinto mais seguro em poder falar para às pessoas a serventia de
cada planta medicinal”. Ele conta que, em conversa com outros colegas, percebeu que o projeto estimula o estudante “a pensar em seguir carreira na área de ciências”. Outro visitante que parabenizou o Projeto Preservar foi o secretário de Educação do DF, Marcelo Aguiar. “O trabalho desenvolvido pela Farmacotécnica está fazendo a diferença na vida desses alunos. Aqui eles têm a oportunidade de por em prática o que aprendem em sala e, mais do que isso, têm a chance de adquirir novos conhecimentos”, assinala. A Farmacotécnica – Instituto de Manipulações Farmacêuticas, empresa genuinamente brasiliense, oferece assistência farmacêutica há mais de 34 anos, com o objetivo de dar opções ao médico de prescrever o medicamento sob medida e na dose certa para cada paciente. Para isso, a rede trabalha com farmacêuticos especializados em
manipulação, credenciados pela Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag). A missão da empresa é manipular medicamentos com precisão, produzir e comercializar produtos diferenciados no mercado. Atualmente, conta com oito farmácias equipadas com laboratórios de última geração. Sua estrutura compreende laboratórios de sólidos, semi-sólidos e de líquidos, laboratórios de controle de qualidade, e uma chácara de cultivo de ervas medicinais. Serviço Farmacotécnica Matriz 716 Sul – (61) 3245.7656 102 Sul – (61) 3226.2032 302 Sul – (61) 3223.2838 Centro Clínico Sul – (61) 3245.1018 Centro Clínico Norte – (61) 3272.4833 Taguatinga Centro – (61) 3351.3044 Taguatinga Norte – (61) 3351.7161
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Gente
Por: Edson Crisóstomo
Foto Ademir Rodrigues
A arquiteta Viviane Dománico com Guilherme Blumm, da Newland Brasília Foto Ademir Rodrigues
O joalheiro Antônio Henrique Abinave e Tâmara Almeida
Foto Gustavo Lima
Maurício Sebba e Fabiano Cunha Campos
Foto Ademir Rodrigues
Bárbara Heliodora e Sônia Gontijo
Política Tá ruim e pode piorar... O palhaço Tiririca que usa o slogan “Pior do que ta não fica”, não tem ideia do tanto que pode piorar. Não só pelo fato dele mesmo admitir que não sabe ler e, naturalmente, não sabe escrever. O pior é o simples fato de que seus votos elegerão algo em torno de cinco a seis deputados de sua coligação. Esses, naturalmente, bem preparados, já experimentados parlamentares que fazem o eleitor querer vê-los bem longe, por envolvimento em escândalos. Mas enquanto não acontecer uma reforma política o palhaço e o eleitor analfabeto político terão exatamente essa situação. Pode ficar pior? Claro que sim.
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Caixa Rápido Dormindo com a candidata Com a indefinição da Lei da Ficha Limpa, digo, ficha suja, Joaquim Roriz colocou o plano B em ação. Jogou sua amada esposa, Dona Weslian Roriz, no fogo cruzado. Mas os adversários estão sedentos por encerrar o ciclo Roriz na capital.
É preciso criar novas fontes Nunca se construiu tantos imóveis no Brasil como nos últimos anos. Isso é ótimo, porém, especialistas ligados ao setor da construção civil estão preocupados, temendo um esgotamento dos recursos para esse fim dentro de três anos. Será necessário pensar em novas fontes de recursos para que o sonho da casa própria continue em expansão.
Foto Gustavo Lima
Vanessa Mendonça e Marco Antônio Menezes Foto Ademir Rodrigues
Foto Ademir Rodrigues
Antônio Henrique Abinave entre Jane Carol Azevedo (esq.) e Janete Vaz (dir.)
Francisco Marinho com Danielle Moreira, presidente da associação comercial do DF
Geleia Geral Com a cara na porta Os bancos anunciaram greve por todo o país por tempo indeterminado. A Federação Nacional dos Bancos anunciou proposta de 4,29%, mas os bancários querem mais. Eles exigem aumento de 11%, participação nos lucros, segurança contra assaltos e sequestros, etc. Parece que os brasileiros, que ainda não esqueceram os 15 dias de greve no ano passado, terão de esperar sentados nas portas das agências novamente.
O fotógrafo Fernando Bizerra foi um dos escolhidos para receber o prêmio Mercador Candango, uma homenagem da Fecomércio-DF aos pioneiros que chegaram à Brasília na época de sua fundação e evoluíram com a cidade. A 29ª Feira do Livro de Brasília acontecerá de 8 a 17 de outubro no ExpoBrasília, no Parque da Cidade. Serão, ao todo, mais de 157 expositores, comercializando obras dos mais variados gêneros literários. É esperado um público de mais de 300 mil pessoas durante os dez dias de feira. São presenças confirmadas: Patu Fu, Elba Ramalho, MP4, Toquinho, Diogo Nogueira, Alceu Valença, entre outros. Entrada franca.
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Cidade
Por: Juliana Mendes | Fotos: Gustavo Lima
Campanha eleitoral muda a cara de Brasília
Dinheiro arrecadado com as multas por propaganda irregular vai para o Fundo Partidário e, posteriormente, volta para o caixa dos partidos dos mesmos políticos infratores
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novidade dessas eleições é o uso da internet para a divulgação da campanha. O que não é novidade é que Brasília sofre com a poluição visual nessa época, pois a maioria dos candidatos prefere continuar com o velho hábito de sujar as ruas da cidade. São faixas, cartazes, cavaletes e santinhos espalhados pelos gramados, calçadas, e até vias de grande movimento como o Eixão e a BR-020, que liga Brasília a Sobradinho. Nem os canteiros de obras que tomaram conta da cidade escapam.
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As regras para propaganda eleitoral são claras, mas alguns candidatos preferem correr o risco de perder o material de campanha e pagar altas multas. O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) está fiscalizando candidatos, partidos e coligações que burlam as regras e fazem campanhas irregulares. O TRE-DF criou um canal para que a população possa fazer denúncias no site www. tre-df.gov.br, pelo telefone 3441.1000 ou por escrito na sede do tribunal localizado no Eixo Monumental, ao lado da nova Câmara Legislativa.
Segundo o juiz da coordenação de Organização e Fiscalização de Propaganda Eleitoral do TRE-DF, Júlio Roberto Reis, os partidos e coligações também fazem as denúncias, mas os próprios eleitores estão de olho nos candidatos. “O canal tem sido muito utilizado pelo cidadão, principalmente a internet. A média é de 100 denúncias por dia. Chegamos a receber 150 em um dia”, afirma. Ao receberem a denúncia, os juízes responsáveis encaminham uma equipe, e quando percebem locais com maior índice de reclamações fiscalizam com frequência em parceria com a Polícia
Militar (PM) e o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) que já possui uma legislação para coibir propagandas irregulares. “Temos parceria com o DER que tem sido muito ativo no recolhimento. A legislação eleitoral não possui uma regra própria para material colocado próximo a vias e pistas, já o DER sim, o que ajuda a limpar as vias de maior movimento e BRs”, informa Júlio. Para candidatos, coligações e partidos que fazem propagandas irregulares a Lei Eleitoral nº 9.504/97 prevê multa de R$ 2 a R$ 8 mil, além disso o material é apreendido. O Ministério Público, portando fotos tiradas pelas equipes de fiscalização, faz a representação e o TRE fixa a multa. Já foram recebidas mais de quatro mil denúncias, cerca de três mil materiais foram apreendidos e o total de multas pagas até o momento chega ao exorbitante valor de R$ 309,6 mil, segundo levantamento do TRE-DF. Valor que contraditoriamente vai para o Fundo Partidário, distribuído entre os partidos políticos para custeio de despesas, inclusive para propaganda política e campanhas eleitorais conforme a Lei n° 9.096/95. Segundo informações do TRE, entre 6 de julho e 9 de setembro, mais de 150 representações foram feitas contra propaganda eleitoral irregular. Mais de R$ 100 mil foram pagos em multa. Liderando o ranking dessa lista de irregularidade está o candidato a deputado distrital, Paulo Roriz, com 16 representações, das quais, 11 lhe renderam R$ 56 mil em multa, uma foi arquivada e as outras quatro ainda aguardavam decisão. As regras atingem a todos os candidatos, independente de partido ou coligação. No período citado acima, representações contra os postulantes ao Palácio do Buriti também aparecem. O candidato que desistiu da corrida e às vésperas das eleições lançou sua esposa para ocupar seu lugar no GDF, Joaquim Roriz, aparece em segundo lugar com 14 representações, e Agnelo Queiroz foi multado em R$ 2 mil. Uma das regras para combater a propaganda irregular e a poluição visual é o limite de quatro metros para faixas e car-
tazes, mas não é impossível ver alguém arriscando pagar uma multa como o candidato ao Senado, Alberto Fraga. Ele terá de arcar com despesas da apreensão de um caminhão que desfilava pelas ruas com uma faixa de sua campanha que ultrapassava o limite permitido, além de que poderá pagar multa. Outra regra determina que cavaletes, cartazes e bandeiras móveis são permitidos, desde que não atrapalhe o trânsito e devem ser colocados e retirados diariamente entre 6h e 22h. Segundo o Júlio, os candidatos têm cumprido essa regra. Mas na BR-020 e no Eixão, o que vemos são cavaletes próximos às pistas, o que pode atrapalhar a visão e a atenção dos motoristas. “Na BR-020, próximo ao Colorado, já fizemos várias apreensões, porém como está se aproximando o dia das eleições esse tipo de propaganda tem se intensificado”, informa Julio. Alguns candidatos aderiram à novidade das eleições deste ano e estão focando na campanha online, através de redes sociais, blogs e microblogs, como Orkut e Twitter, colaborando para a redução da poluição visual. É o caso do candidato a deputado federal pelo PT, Paulo Tadeu, que garante seguir as regras do TRE e não sujar a cidade. Poucas faixas que estampam o candidato são vistas pelas ruas de Brasília. “No caso do DF, sigo a Cartilha da Propaganda Eleitoral 2010 distribuída pelo TRE-DF, e, assim, os cavaletes vinculados à minha campanha encontramse colocados nos locais autorizados pela Justiça Eleitoral”, afirma. Outro velho hábito que neste ano foi proibido pelas regras eleitorais é a pintura em muros dos imóveis de eleitores. Mas sempre tem alguém para burlar as regras. As pinturas espalhadas pelos muros em diversos locais de Brasília como no Itapoã e Paranoá deverão ser apagadas pelos candidatos a que fazem referência. Os eleitores devem ficar atentos aos candidatos que extrapolam em suas campanhas, pois se sujam a cidade agora, será que terão a responsabilidade e a consciência para limpá-la e mantê-la limpa, inclusive eticamente, caso eleitos?
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Educação
Por: Raio Gomes | Fotos: Gustavo Lima
Experiência
sobre rodas
A realidade de uma professora cadeirante reflete as dificuldades enfrentadas por deficientes no DF e reafirma a necessidade de se aprender com as diferenças
Q
uantos professores com deficiência física você teve ao longo da sua vida escolar e acadêmica? Para a maioria das pessoas, a resposta, infelizmente, é zero. Ioni Pinheiro é professora há 27 anos. Deu aula em escolas particulares do Distrito Federal antes de prestar concurso para fazer parte da rede de ensino público. Há cinco anos, após passar por uma cirurgia na medula, ela perdeu os movimentos das pernas. Apesar da vontade de parar, ela persistiu. “Eu pedia a Deus todos os dias que não deixasse a minha cabeça adoecer”, conta a professora.
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No esforço pessoal de não se deixar abater, Ioni tirou novamente a carteira de habilitação e resolveu fazer concurso público para ser professora da rede pública de ensino. Estudou, se inscreveu, e passou em vigésimo sétimo lugar. A excelente colocação da professora não foi suficiente para que ela assumisse o cargo. No dia do exame médico que ratificaria a sua posse, nem tudo correu como o esperado. “O perito me disse que eu não tinha perfil de professora. Mesmo após 25 anos de profissão”, relembra. “Ele afirmou que eu só seria admitida por ato
superior ou ação judicial, mas que se dependesse dele, não.” Então Ioni foi atrás do ato superior necessário para a sua admissão. Mobilizou o governador e o secretário de Educação da época, que solicitaram ao médico que a reavaliasse. “Tudo isso é muito estranho, porque ninguém me disse que eu não poderia fazer o concurso. Eu fui apta para pagar, apta para fazer a prova, mas não era apta para trabalhar”, desabafa a professora. No dia seguinte, Ioni foi admitida, mas no laudo, o médico do trabalho frisou que a admissão era consequência de um ato superior, e
não da vontade dele. “Naquele dia eu me senti incapaz de ser gente”, conta. O estresse causado pelas dificuldades na admissão foram compensados quando a professora começou a dar aula no Centro de Ensino Fundamental 308 de Santa Maria. “Fui muito bem recebida pela coordenadora da escola, e pelo diretor”, conta. A escola ainda não estava com a estrutura física pronta para atender pessoas com deficiência. Mas obras como rampas e banheiros adaptados foram concluídas em tempo recorde. “Eu cheguei na escola e o banheiro ainda não estava pronto. No dia seguinte, me entregaram a chave do banheiro. Acho que fizeram os pedreiros trabalharem de madrugada”, brinca a professora. A escola é um ótimo exemplo de inclusão. Conta com uma professora intérprete para alunos com deficiência auditiva e de fala, rampas e barras de apoio pelos corredores, as portas são largas para que cadeirantes possam passar sem maiores dificuldades. Um ambiente que contribui realmente para a formação de seres humanos ligados pela pluralidade. O convívio com as crianças na escola é revigorante para a professora, que acredita que sua deficiência ajuda no crescimento pessoal dos alunos. “Para eles é importante, não apenas conviver com pessoas deficientes, como ver que podem aprender com essas pessoas”, afirma.“Eles mesmos dizem que achavam que pessoas como eu não poderiam dar aula, mas que sabem que sou uma boa professora”, completa.
“Eles perguntam várias coisas. Por que eu estou na cadeira, o que aconteceu comigo. E na hora de irmos fazer atividades fora da sala de aula, a briga é pra saber quem vai me empurrar”, afirma entre risos.
Quando o Estado não ajuda Algumas campanhas vêm, ao longo dos anos, reafirmando a importância da inclusão de crianças e adolescentes com deficiência. No entanto, a quantidade de profissionais com deficiência com os quais as pessoas se deparam durante a vida é muito pequena. “Além de incluir essa criança, é necessário que se faça todo um trabalho com a autoestima dela, para que o isolamento não se prolongue”, ensina Ioni. “Tenho certeza que se isso for feito, encontraremos muitos profissionais com deficiência. Sejam professores, médicos ou advogados. Além, é claro, da eficiência na contratação dessas pessoas”, aposta. Outra dificuldade, segundo Ioni, é que muitas mães têm medo de que suas crianças sejam discriminadas na escola, e acabam nem fazendo a matrícula. “Mas eu tenho certeza que quando elas souberem que
existem escolas preparadas e que existe, inclusive, uma professora que tem necessidades especiais, elas vão ter mais coragem para matricular os filhos”, assegura. Um episódio da vida de Ioni mostra o quanto as pessoas com deficiência são relegadas a segundo plano, inclusive pelas instituições que deveriam estar mais preocupadas com a acessibilidade. “Fui a um curso na Direção Regional de Ensino e passei a manhã inteira sem poder ir ao banheiro. Se de lá saem as leis para as escolas, como pensam um espaço de inclusão onde eu não estou inclusa?”, questiona. Como de costume, a professora foi exigir seus direitos diretamente ao diretor da regional, que confessou simplesmente não ter imaginado que passariam por essa situação. “Mas o diretor foi de muito bom senso. Uma semana depois o banheiro estava pronto”, conta orgulhosa. E deixa uma dica. “Espero que os governantes pensem as leis, imaginando que um dia eles podem, também, se tornarem deficientes. Não é o meu desejo pra ninguém, mas pode acontecer”, completa.
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Tecnologia
Por: Gláucia Almeida | Fotos: Divulgação
Aparelhos auxiliam na comunicação dos deficientes auditivos A
Siemens lança aparelhos digitais de amplificação sonora individual (AASIs) em miniatura. O equipamento, que é resistente à umidade, vem com redutor de ruídos, microfones direcionais, comunicação wireless entre os aparelhos (um lado se comunica com o outro) e Bluetooth via controle remoto que se comunica com telefone fixo, celular e outros equipamentos de áudio, inclusive com a televisão. Essas próteses auditivas têm a função de aumentar os sons para melhorar a percepção dos usuários. A empresa tem mais de 130 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias para aparelhos auditivos e possui diversas patentes de melhoria de qualidade, como a linha Siemens Life, que dispõe, entre outros, de equipamentos com gerador de som para tratamento de zumbido, tanto para casos de hiperacusia (hipersensibilidade a sons) como para casos de audição normal. A fonoaudióloga e especialista em audiologia Jovana Marteletto diz: “Nossos aparelhos aprendem as pre-
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ferências do usuário. Possuem gerenciador de ruído e fala, suavização de sons abruptos e ‘TruEar’, tecnologia que simula as características da orelha humana”. A especialista trabalha exclusivamente com seleção e adaptação de aparelhos auditivos na Seemed Aparelhos Auditivos Siemens.
Novidades A Linha Siemens Life oferece aparelhos totalmente automáticos, o usuário nunca precisará fazer ajustes de volume ou de programas. No entanto, é possível fazer ajustes manuais com controle remoto, o ePen. O Life, além de confortável, é bastante discreto. Os dispositivos são pequenos e têm 15 opções de cores, das mais discretas às mais vivas, assim como tubos ultrafinos e sondas substituíveis. Outra novidade é o Siemens Tek, que permite a conexão com o celular, a televisão e com o MP3 ou aparelho de som. O Tek Connect faz a comunicação com o aparelho auditivo, sem o uso de fios, e alerta quando o usuário recebe uma ligação telefônica. Com ele também é possível fazer ligações
para celular e para telefone fixo com Bluetooth. Para ouvir música e o som da televisão, o Tek Connect transforma o aparelho auditivo em fones de estéreo, por meio do Tek Transmitter, que é uma base de transmissão de alta performance com alcance de até dez metros. Mesmo com o desenvolvimento de todas essas tecnologias, é importante que os pacientes apresentem indicação médica. É indispensável, a realização de exames auditivos com fonoaudiólogo, além de teste domiciliar antes de adquirir o aparelho. “Nos casos de perdas auditivas profundas, a indicação pode ser o implante Coclear. Dispositivo eletrônico em que uma parte é implantada dentro da orelha interna por meio de uma cirurgia e outra parte fica por trás da orelha externa”, explica Jovana. Serviço APARELHOS AUDITIVOS SIEMENS SEPS 710/910 – Cj. D Lj. 42/44 – Térreo Ed. Via Brasil Asa sul (61)3442.8042
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Cotidiano
Por: Monique Malaquias | Ilustração: Theo Speciale
Nota Legal ainda gera desconfiança entre
os consumidores
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riado em 2008, o programa Nota Legal ainda causa controvérsias. Ao mesmo tempo em que muitos consumidores se cadastram para conseguir o desconto, muitos ainda desconfiam da iniciativa do GDF. Para eles, o programa é uma forma que o governo arrumou para controlar os gastos dos brasilienses e depois comparar com as declarações feitas à Receita Federal. Principalmente as pessoas que não possuem renda fixa têm essa visão, recusando-se a colocar o CPF na nota fiscal, medida que não é obrigatória. Na opinião do economista Alessandro Ximenes, esse é um assunto muito polêmico e que poderia
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desencadear várias discussões. Segundo ele, o GDF sairia sempre ganhando mais com o programa, pois a porcentagem dos impostos devolvida ao consumidor é uma parcela mínima do montante. O restante deveria ser investido na melhoria da cidade. “Claro que olhando do ponto de vista do desconto é um programa muito bom, pois retorna para o contribuinte parte do que ele já gastou no consumo de produtos e serviços. Ou seja, ele recebe de volta os impostos que já estão incluídos no valor do produto ou serviço, sem que a grande maioria dos consumidores saiba disso, como o ICMS e o IPI”, avalia.
A Secretaria Dalton Lira é assistente do Núcleo de Execução de Projetos Especiais da Secretaria de Fazenda, departamento responsável pela gestão do Nota Legal. Ele afirma que a secretaria ainda está se adaptando ao programa. “Nossa preocupação agora é divulgá-lo. Estamos fazendo muitas reuniões com grandes redes de supermercados, lojas e sindicatos para aderirem ao programa”. Lira considera que o programa tem dado o retorno esperado. “Estamos todos muito satisfeitos com os avanços obtidos. A cada dia temos mais pessoas se cadastrando no site. Como a sua divulgação foi tardia, ainda não fizemos um balanço. Só no ano que vem, quando teremos um exercício completo, é que poderemos saber o real avanço que tivemos”, conclui.
verno espera assim diminuir a sonegação de impostos e aumentar a arrecadação tributária da capital federal. O cidadão que quiser participar do programa conseguirá um abatimento no pagamento do IPTU e do IPVA do ano seguinte. O consumidor, seja pessoa física ou jurídica, deve primeiramente se cadastrar no site www.notalegal.df.gov.br. Depois, sempre que for fazer uma compra nas empresas participantes deve exigir que o CPF ou CNPJ seja colocado na nota fiscal. Em seguida, o estabelecimento ou prestador de serviço deve enviar essas informações para a Secretaria de Fazenda do DF e pagar o imposto devido. Cada compra gera para o consumidor um determinado crédito. Na verdade, o governo está apenas devolvendo ao consumidor uma parte do imposto pago na compra efetuada. O acompanhamento desses créditos é feito pelo site da secretaria. As notas fiscais válidas para o programa são aquelas emitidas de janeiro a novembro de cada ano. No início do ano seguinte, o cidadão deve indicar no site um veículo ou um imóvel, assim conseguirá desconto no pagamento do imposto. Não há um limite para esse desconto, podendo chegar até mesmo a 100%. O crédito referente a cada nota poderá ser verificado no site depois de dois meses após a compra. O Nota Legal foi criado em 2008, mas somente no segundo semestre de 2009, é que foi iniciada a sua divulgação. A Secretaria de Fazenda do DF ainda não tem um balanço completo do programa, mas afirma que já cedeu mais de R$ 33 milhões de créditos aos consumidores.
Ao cobrar nota fiscal, o consumidor motiva os estabelecimentos que ainda atuam na ilegalidade a Os comerciantes A Fecomércio/DF possui um insti- pagar impostos. tuto responsável por fazer pesquisas Isso é muito de assuntos relacionados ao comércio. Com relação ao Nota Legal, o positivo para a presidente da federação, Miguel Setembrino, declarou: “Não temos concorrência uma pesquisa oficial que mensure o entre as lojas impacto do programa no comércio do DF. Entretanto, desde a sua implementação, vimos a iniciativa com bastante otimismo. Ao cobrar nota fiscal, o consumidor motiva os estabelecimentos que ainda atuam na ilegalidade a pagar impostos. Isso é muito positivo para a concorrência entre as lojas”.
Iniciativa A iniciativa do GDF, ao criar o programa Nota Legal teve por objetivo diminuir o mercado informal e obrigar os comerciantes a emitirem nota fiscal. O go-
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Planos e Negócios
alex dias
Café Fontenelle A plantação do Café Fontenelle existe em Brasília há 15 anos. Há aproximadamente um ano foi iniciada a Torrefação Fontenelle, com o intuito de classificar rigorosamente os grãos do café arábica, tornando-o mais saboroso. Com todas essas características o Café Fontenelle pode ser encontrado nos melhores supermercados e restaurantes de Brasília.
Rota 360 Graus
Plantado, classificado e torrado exclusivamente na fazenda Santa Rosa, há mil metros de altitude, por meio de rigorosa seleção dos mais perfeitos grãos, o Café Fontenelle é triplamente selecionado por tamanho, peso e leitura óptica-eletrônica. Atendendo assim, os mais exigentes padrões do mercado mundial. É um produto classificado como café gourmet, digno de ser apreciado pelos mais requintados paladares.
A Rota 360 Graus é o resultado da união de experiências de profissionais das diversas áreas do turismo. Há mais de cinco anos no mercado, a empresa atua nos segmentos de ecoturismo, receptivo nacional e internacional, viagens corporativas, organização de eventos e congressos, treinamento empresarial e turismo como um todo.
A procura por cafés especiais, sejam eles cafés do sul de Minas, Mogiana ou do cerrado, vem aumentando no Brasil em torno de 15%. Por esse motivo o Café Fontenelle está sempre aperfeiçoando sua classificação para agradar clientelas muito exigentes.
Uma empresa reconhecida por seus próprios clientes, fornecedores e parceiros como uma das mais criativas e confiáveis do mercado. Tem como diferencial atendimento personalizado, seguro, responsável e equipe operacional altamente qualificada e preparada para responder a todas as situações com soluções rápidas e eficientes.
serviço Fazenda Santa Rosa BR 51, Km 55, Rodovia Unaí (61) 3501.1119 www.cafefontenelle.com.br
A empresa oferece excelente diversidade de serviços e busca sempre se adequar aos interesses individuais de seus clientes. Proporciona qualidade com tarifas competitivas.
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ARFRIO A Arfrio Ar Condicionado, desde sua fundação, em outubro de 1988, é especializada em climatização de ambiente residenciais, comerciais e industriais, sendo líder no mercado do Distrito Federal, conquistado com bons atendimentos prestados aos seus clientes, soluções técnicas inteligentes e Comercializando os produtos Springer Carrier líder mundial condicionadores de ar.
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Algodão Tropical Natural Cotton A Algodão Tropical Natural Cotton traz em suas roupas a qualidade do algodão naturalmente colorido desenvolvido pela Embrapa. Esse tipo de algodão tem a vantagem de não conter tinta em sua composição, pois já nasce colorido. O que significa para o meio ambiente uma grande economia de água, já que cada peça de roupa tingida consome 80 litros. Oferece também uma maior preservação das águas, pois grande parte dos resíduos químicos das indústrias de tingimento é despejada, sem tratamento, nos rios. O algodão é produzido nas cores verde, marrom, creme e rubi. Plantado, colhido e transformado pela Algodão Tropical Natural Cotton em produtos, como roupas, bolsas, bonecas e sandálias. Quase tudo o que é feito com o algodão colorido é de maneira artesanal. Isso faz com que a inclusão social seja um dos pontos fortes do trabalho. Por esses motivos o algodão naturalmente colorido é considerado inovador e importante na preservação da natureza.
Serviço Boulevard Shopping - 1° Piso Asa Norte (61) 3273.8898
FitCorpus Fundada no Distrito Federal, a FitCorpus, clínica de cirurgia plástica e tratamentos estéticos, vai inaugurar sua nona franquia, desta vez em Ceilândia. Com equipamentos estéticos de última geração e profissionais altamente qualificados, a clínica oferece o Spa Day e Dia da Noiva. Em novembro, os clientes contarão também com uma academia personalizada completa. A FitCorpus busca agregar serviços de beleza à estética, já que uma área complementa a outra. O cliente tem a oportunidade de aliar os tratamentos estéticos aos físicos, com apoio de fisioterapeutas e nutricionistas, e ainda relaxar no spa ou melhorar o visual no centro de beleza. Possui os mais modernos equipamentos do mercado, voltados para o bem-estar e emagrecimento, como o power plate, o New Shape, o Laser ND: YAG e Laser de Diodo, utilizados para depilação. A FitCorpus é hoje uma das maiores e mais premiadas empresas do segmento. Com 18 lojas espalhadas por todo o Brasil, o próximo passo da empresa é conquistar o mercado europeu e norte-americano.
Serviço Centro Clínico Sudoeste - Sl. 102 Sudoeste (61) 3234.0102
Jambrosia A banda de jazz Jambrosia formada por Eduardo Belo (baixo acústico), Marcus Moraes (guitarra), Rafael dos Anjos (violão), Rafael dos Santos (bateria), Serge Frasunkiewicz (órgão, piano e teclados) e Ted Falcon (violino e bandolim) faz o lançamento de seu primeiro CD, que leva o mesmo nome da banda, no dia 2 de outubro, no Clube do Choro, a partir das 21h. O álbum traz dez faixas instrumentais, todas composições do norte-americano Ted Falcon – grande incentivador da cena do jazz brasiliense, cujas maiores influências são John Coltrane, Jean-Luc Ponty, Mahavishnu Orchestra, Pat Metheny e Chick Corea. Falcon, líder da banda, é bacharel em música pela Universidade de Pittsburgh e mestre em jazz pela Universidade de Indiana, é professor de violino na Escola de Choro Raphael Rabello.
Serviço Saravah Produções (61) 7814.0372 / 8407.6707
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Automóvel
Por: Alessandra Germano | Fotos: Divulgação
Citröen Aircr Uma mistura de station wagon com sport utility
U
ma versão off-road do C3 Picasso – minivan lançada na Europa em 2008 –, assim pode ser definido o Citröen Aircross, que começou a ser fabricado no Brasil em julho deste ano, na cidade fluminense de Porto Real. A fabricante investiu 180 mil euros para garantir que a nova linha de carros aumente seu market share no país, de 2,5% para 3,4%. As três versões (GL, GLX e Exclusive) chegaram às concessionárias este mês, e seus valores – que vão de R$ 53,9 mil a R$ 61,9 mil – estão na média dos principais concorrentes.
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Todas as versões são equipadas com motor 1.6 16 V Flex, quatro cilindros e têm desempenho de 113 cv de potência e direção elétrica. Entre os itens de série estão travamento de portas e porta-malas, regulagem de retrovisores e vidros dianteiros elétricos, ar-condicionado, banco traseiro com encosto fracionável rebatível, computador de bordo e parachoque na cor do veículo. Mas peca pela única opção de câmbio mecânico. No entanto, a fábrica garante que já está trabalhando a transmissão automática para os próximos veículos. A Citröen ainda oferece três anos de garantia, sendo as três primeiras revisões gratuitas. A considerável distância entre os eixos, pouco mais de 2,5 m, proporciona maior espaço interno. Sua altura de 1,7 m e seu parabrisa panorâmico – acústico com camada antirruído que confere isolamento sonoro – oferecem maior visibilidade e segurança. É possível escolher entre sete variedades de cores, como as belas e vivas hickory, gris manitoba e rouge. A versão top de linha, Exclusive, traz ABS com EBD – que controla a distribuição da força de frenagem –, rodas de liga leve, vidros traseiros elétricos,
ross
alarme com abertura das portas à distância, faróis de neblina dianteiros, bancos em couro, airbag duplo, piloto automático e limitador de velocidade, banco do motorista com regulagem manual de altura, ar-condicionado digital, revestimento do volante com couro e detalhes cromados, rádio Pioneer for Citröen com CD Player MP3, comandos no volante, entrada USB e iPod, Bluetooth, efeito HiFi-Like – que promove a espacialização das ondas sonoras – e seis alto-falantes. Sem abrir mão do conceito Créative Technologie, o veículo traz o sistema de navegação MyWay, que dispõe de tela colorida de 7 polegadas integrada ao painel, com mais de 1,3 mil cidades mapeadas e um milhão de pontos de interesse, como postos de gasolina e concessionárias Citröen. O acabamento do Aircross, como o estepe preso à parte externa do portamalas, as barras de teto longitudinais e os adesivos laterais, confere um visual esportivo e aventureiro. O porta-malas também é bem generoso. O assoalho rebaixado comporta até 403 litros, alcançando 1,5 mil litros com os bancos rebatidos. Enquanto seus concorrentes Ecosport e Idea carregam 292 e 383 litros, respectivamente. Para quem se preocupa com o meio ambiente, segundo a fabricante, 85% dos materiais componentes do Aircross são recicláveis, tendo sido utilizados, em sua produção, 20 quilos de materiais que não agridem o meio ambiente.
Para o ano que vem, a fabricante trará o C3 Picasso (que deu origem ao Aircross) europeu convencional à linha de montagem de Porto Real (RJ). Ainda este ano, a fabricante promete o lançamento da nova grife da marca, o Citröen DS3, no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, entre os dias 27 de outubro e 7 de novembro. A versão convencional, de uma série de três, vem com motor 1.6, turbocompressor, mais de 38 combinações de cores e opções de rodas diferentes. No mercado europeu, o veículo custa o equivalente a R$ 30 mil. Serviço Concessionária Saint Moritz SIA Tr. 1 - Lt. 290/320 (61) 3035.4300
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Vida Moderna
Por: Juliana Mendes | Ilustração: Eward Bonasser Jr. | Fotos: Gustavo Lima
O velho chá de panelas dá espaço à sensualidade dos lingeries
O casamento é um dos momentos mais esperados e especiais na vida de algumas mulheres. Nada como uma reunião entre amigas para comemorar, se divertir e aprender alguns truques para usar a sensualidade
P
ara as mulheres que ainda pensam em se casar, é tradição fazer o famoso chá de panelas, reunir a família e os amigos para comemorar a chegada de uma data especial e ganhar presentes que consistem em utensílios de cozinha e artigos para o lar. E assim foi durante décadas. A mulher fazia essas reuniões para montar a casa, enquanto que os homens faziam a famosa despedida de solteiros, um verdadeiro clube do bolinha, no qual reuniam os amigos e, em alguns casos, lindas mulheres para dançar e elevar o ego dos marmanjos presentes. O tempo passou, as coisas mudaram e hoje a moda é a despedida de solteira. Isso mesmo, o tradicional chá de panelas deu espaço ao moderno chá de lingerie. Geralmente oferecido pela madrinha de casamento da noiva que organiza uma reunião entre amigas para algumas horas de muita diversão e descontração.
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A servidora pública Ângela D’Arc, ao ouvir comentários machistas dos amigos de que, as mulheres não foram orientadas a gostar de sexo e a oferecer ao parceiro um ambiente romântico e sensual como foram ensinadas a cozinhar e costurar, resolveu ir a fundo para mudar esse cenário. Fez cursos e juntou sua experiência com a de Suelene Sousa, proprietária da Donna Moda Íntima e Sex Shop, para promover eventos para o público feminino. Surgiu então, a empresa Donna Sensual. E está dando certo. Um dos eventos mais procurados pelas mulheres é o chá de lingerie. “A ideia surgiu para acompanhar a exigência do mercado. Ninguém mais quer chá de panela. E tem tudo a ver com o nosso mercado de sex shop. As pessoas querem se divertir no chá. A gente faz uns quatro por fim de semana, e a nossa intenção é aumentar”, afirma Suelene.
A Donna Sensual vai ao local escolhido para o chá de lingerie e proporciona animação com dinâmicas, palestra sobre como usar a sensualidade feminina para apimentar o relacionamento, incluindo a exposição dos acessórios e cosméticos do sex shop e minicursos de pompoarismo, massagem tailandesa e strip-tease, bufê, bar girl e até gogo boys. Para Suelene, ainda há certo pudor por parte das mulheres em expor seus desejos mais íntimos, mas isso está mudando. Ela afirma que até o público do sex shop que antes era basicamente masculino, agora tem como maioria as mulheres. No chá, até as mães, sogras e avós das noivas se divertem com as brincadeiras. A organizadora da despedida de solteira tem a opção de fechar o pacote com a empresa que leva também as lingeries e dá desconto de 20% na compra, ou pode deixar as convidadas
Vela comestivel para as mulheres acenderem o fogo do casamento logo na primeira noite
livres para comprar em outros lugares e contratar só a animação. “O pacote completo com bar girl, gogo boy, lembrancinhas, docinhos eróticos, animação, palestras, fica em torno de mil reais”, informa Suelene. A noiva ainda ganha um brinde especial. Ivianie Pinheiro participou de alguns chás de amigas e gostou da ideia, não pensou duas vezes quando chegou o seu momento. “Não fugi da ideia do chá de panelas, fiz um com homens e mulheres juntos e só para as meninas fiz o chá de lingerie. Foi um momento maravilhoso, inesquecível. Todas as minhas amigas reunidas e festejando um dos momentos mais importantes da minha vida”, lembra. Além de se divertirem com as amigas e aprenderem alguns truques para serem mais sensuais, as noivas saem com o guarda-roupa cheio de belas lingeries que incluem de baby doll a fantasias para esquentar o clima. E quem faz, garante que o parceiro sai ganhando. “O marido gostou muito e ficou super ansioso para ver o que tinha ganhado, o que tinha acontecido. Ele com certeza foi o mais beneficiado com o chá”, afirma Ivianie. Outras empresas em Brasília estão aderindo a essa novidade que promete esquentar os casamentos dos brasilienses. Mas Suelene deixa claro qual o diferencial da Donna Sensual: “A grande diferença é que não trabalhamos só por dinheiro. Trabalhamos por prazer, literalmente”, brinca.
Os cosméticos do sex shop são apresentados no chá
O convite para o chá de lingerie é personalizado
As noivas ganham de lingeries a fantasias sensuais para esquentar o clima
Serviço Donna Sensual (61) 3381.3161 / 8429.5512 Donna Moda Intima QI 27 – Bl. A – Lj. 128 – Ed. Guará Shopping II , Guará www.donnamodaintima.com.br
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Esporte
Por: Raio TássiaGomes Navarro| Fotos: | Fotos: Gustavo Gustavo Lima Lima
Muito mais que bombeiros durões A equipe de atletas do Corpo de Bombeiros Militar do DF levou representantes em várias modalidades para os Jogos Mundiais de Bombeiros na Coreia do Sul e voltou com resultados positivos
A
equipe que representou o Brasil nos Jogos Mundiais de Bombeiros em Daegu, Coreia do Sul, trouxe, além de muitas histórias para contar, um somatório de 58 medalhas em várias modalidades esportivas e várias delas com histórias de superação e dedicação ao esporte. Os atletas passam por uma seletiva interna para fazerem parte das equipes que representam os bombeiros brasileiros. Uma das provas mais peculiares da competição, o Bombeiro Durão, contou com poucos inscritos para a seletiva. “De um universo de seis mil bombeiros, apenas 15 se inscreveram”, conta tenente Leal, que sabe a razão das poucas inscrições. “A prova é muito difícil e a maioria dos bombeiros já a conhece, então muita gente nem chega a se inscrever”, completa. O bombeiro e atleta tenente Leal, faz parte da equipe do Bombeiro Durão, prova que simula atividades do dia a dia das atividades de resgate
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realizadas pela corporação. Arrastar mangueiras, transpor obstáculos e simular o resgate de uma vítima (um boneco de 90kg) são algumas das atividades desenvolvidas na prova. A corporação brasileira, que contou com duas equipes nesse mundial, provou que nossos bombeiros realmente são durões. Competindo com países com um número de atletas muito maior, como a República Tcheca, que levou oito equipes, os bombeiros brasileiros conquistaram a segunda colocação na prova, superando as dificuldades climáticas de uma das cidades mais quentes da Ásia. Além do Bombeiro Durão, também foram para Daegu atletas de natação,
taekwondo, judô e atletismo, como é o caso da sargento Josilene de Souza, que trouxe para casa nada menos que sete medalhas de ouro nas provas de 400m, 800m, 1500m, 5km, 10km, 12 km e meia maratona. Mas não é apenas nas provas militares que a sargento se destaca. Ela ficou em segundo lugar na corrida de Tiradentes, repetiu a mesma colocação na Fila Night Run, e foi campeã na corrida de sete quilômetros da meia maratona de Brasília. “Eu treino para ficar à altura dos atletas que competem em nível nacional”, revela Josilene. “Agora eu quero treinar para melhorar o meu tempo e ganhar a corrida Gonzaguinha”, conta a sargento se referindo à corrida militar.
É uma unanimidade entre os atletas-bombeiros que a prática de esportes ajuda no desempenho de suas funções, mas para Josilene não é só isso. “Vou trabalhar melhor porque isso me faz sentir bem comigo mesma. Eu estou ficando mais velha, mas a cada dia que passa, a corrida se torna a minha vida”, revela a atleta de sorriso aberto. A natação também foi um esporte de destaque nos Jogos. O sargento Ernesto ganhou medalhas tanto individuais como por equipes. A mais expressiva, segundo ele, foi a medalha de primeiro lugar nos 100m com nadadeira. Um saldo muito positivo, especialmente considerando que foi sua primeira participação em jogos mundiais. Outra atleta que representou muito bem a natação foi a sargento Diana, que trouxe seis medalhas para casa. Incluindo duas de ouro. “A gente sai daqui sem saber muito o que esperar, mas quando percebemos que estamos em nível de competir, ficamos muito mais estimulados”, conta.
Golpes de superação As artes marciais também levaram representantes do judô e taekwondo para os jogos na Coreia do Sul, terra natal do taekwondo. O cabo Paulo Domingos, atual vice-campeão mundial, já participou três vezes dos Jogos Mundiais de Bombeiros. “O judô de Brasília sempre traz medalhas”, afirma o atleta que está muito contente com os resultados obtidos. O representante do taekwondo, o bombeiro Genivaldo, representa o Corpo de Bombeiros há 15 anos. Após um período de desânimo com o esporte, o atleta se tornou um homem obeso e sem autoestima. “Eu procurei forças de onde não mais existiam para voltar ao esporte, e en-
contrei apoio no Corpo de Bombeiros”, conta. O processo de recuperação da autoestima culminou com a seletiva realizada na corporação para a escolha dos atletas que representariam o Brasil na cidade de Daegu. “Eu resolvi participar e ganhei a seletiva. Mas ao ganhar, fui muito criticado por alguns que questionavam como o Corpo de Bombeiros levaria um atleta gordo e fora de forma para os jogos”, relembra. Foi então que o processo de recuperação se tornou ainda mais forte. “Perdi 12 quilos em alguns meses”. Mas o mais importante aconteceu em terras orientais. Genivaldo trouxe um título inédito para o Corpo de Bombeiros brasileiro: a conquista da medalha de ouro no taekwondo, esporte que nasceu no país que sediou os jogos. “Fui o primeiro brasileiro a ganhar esse prêmio na Coreia. Na hora, foi muito emocionante porque além de ser campeão mundial, eu ganhei no berço do taekwondo”, conta orgulhoso. A família de Genivaldo ficou muito feliz com a recuperação, e os filhos são um motivo a mais para ele continuar praticando o esporte. “Meus filhos me fizeram voltar a treinar”, afirma. Mas o sentimento de gratidão de Genivaldo não é apenas para a família. “Eu era um homem doente, e hoje sou um homem novo, graças ao Centro de Educação Física do Corpo de Bombeiros”, afirma. O tenente-coronel Maciel, responsável pelas equipes de atletas, tanto nos jogos quanto no quartel, relembra que a vitória de Genivaldo foi um dos momentos mais emocionantes da competição. “Todos nós sabíamos que aquela vitória não era apenas uma medalha, tinha uma história de superação que todos nós acompanhamos, então foi muito emocionante”, conta.
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Personagem
Por: Flávia Umpierre | Fotos: Diego Bresani
Toda a euforia de um gênio Hugo Rodas: ator, coreógrafo, diretor, figurinista e professor
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le arrasta os móveis, tira o tapete e, de pijama e meias, se diverte feito criança. Na hora da inspiração, a explosão do gênio se faz ali mesmo, criando coreografias e cenas no meio da sala de estar, de madrugada. E é assim desde sempre. O mundo em sua volta tem que estar em perfeita ordem, mesmo que sua cabeça esteja com ideias a mil, borbulhando e saindo desorganizadas em meio a frases e ordens descompassadas e atropeladas por um forte sotaque castelhano. Em 1976, Hugo Rodas assinou a direção e coreografia de um dos maiores espetáculos de sua carreia, “João Sem Nome”, de Oswaldo Montenegro. Desenvolveu diversos projetos com grupos de teatro de Brasília, o Tucan (Teatro Universitário Candango) e com grandes nomes do
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cenário nacional, como Antonio Abujamra e José Celso Martinez Correa. Hugo Rodas não consegue explicar de onde veio a vitalidade para encarar mais de cinco anos de uma incessante rotina. Em meados dos anos 2000, dava aulas em Brasília e Goiânia ao mesmo tempo, e ainda dirigia um espetáculo em São Paulo. Eram cinco dias aqui, sábados na capital vizinha e domingos em solo paulistano. “Minha vida é assim, como um vulcão. Os trabalhos aparecem todos ao mesmo tempo. Nessa época, era muita energia e não muita sabedoria pra frear”, confessa. Recebeu inúmeros prêmios como coreógrafo e diretor, além de participar como ator de vários filmes brasileiros. Suas encenações mais recentes foram “Rosanegra”, um mergulho no universo de Guimarães Rosa e o projeto que dirigiu baseado em uma compilação de textos sobre a morte, chamado “Adubo”. Hugo deu aulas no Departamento de Artes Cênicas da UnB durante 22 anos. Nasceu no Uruguai, na cidade de Juan Lacaze, em 1939, e veio para o Brasil nos anos 1970, trazendo seu trabalho e se tornando um dos mais re n o m a d o s coreógrafos e diretores do país. Dar aulas foi consequência do que vinha desempenhando com projetos
inovadores no campo da coreografia e do teatro. Hugo Rodas foi pioneiro no seu trabalho com os primeiros grupos de teatro de Brasília. Na época, havia seis grupos produzindo espetáculos na cidade. “Eu sou de uma geração que já vinha quebrando fortemente as barreiras do teatro tradicional dos anos 80. Era uma geração que falava de seus problemas, e quando falávamos de qualquer outra coisa, era sempre desse ponto de vista”, explica. É o que o diferencia dos outros, suas vivências e seu sotaque. Um professor rígido e disciplinado em seus ensinamentos, porém apaixonado pelo ofício de ensinar e reconhecido pelos alunos que por suas aulas passaram. “Fui muito duro porque foram muito duros comigo”, argumenta. “Sou sempre muito forte e isso acabou por me transformar num monstro para alguns.” Não mais dando aulas na UnB, Hugo Rodas, hoje, coordena um projeto de extensão na universidade com um grupo de alunos de teatro e de audiovisual, uma videografia sobre a sua carreira e ministra curso na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. É fácil perceber que Hugo Rodas tem mania de limpeza e organização. No apartamento onde mora na Colina, dentro da Universidade de Brasília (UnB), mantém todos os quatro tapetes da sala perfeitamente alinhados. Assim como as telas, quadros, molduras, espelhos e arranjos espalhados pelas paredes e as almofadas nos sofás e poltronas. As criações de Rodas vêm muitas vezes ao acaso, em sonhos. Para ele,
a inspiração surge do exercício de observar o mundo, e que por isso, nada é puramente invenção, e sim cópia de tudo aquilo que vê a sua volta. “Às vezes me sinto psicografando”, brinca, tentando explicar seu processo de criação. Hugo Rodas é um homem que cria terapia para suas próprias loucuras, como por exemplo, andar de táxi. “O fato de sentar-me num táxi e ficar algumas horas observando o horizonte passando, me parece genial. É quando acontece muita coisa. É um momento de descanso muito grande. Sou eu comigo mesmo. Você tem uma visão de 360°”, confessa enquanto ri de si mesmo. Essa observação é fundamental para as artes que Hugo produz. Mesmo sua mania inconsciente de imitar as pessoas enquanto conversa, e até mesmo a capacidade de refletir as atitudes e comportamentos de quem está por perto. “Sou como um camaleão”, se auto define. Dirigir pra realizar um sonho, uma coisa comum. “Não dirigir pra mim é uma terapia.” Por isso mesmo, é difícil para ele, esbravejante como é, conviver com alguém mal-humorado. “Eu sou terrível, estou conversando com você e em pouco tempo estou te imitando. Por isso não é muito bom me encontrar quando você estiver mal. Eu absorvo muito fácil a energia, e respondo no mesmo instante. Coitada da Maria. Cuida de mim há 25 anos”, brinca. Hugo Rodas estréia no próximo dia 12 de outubro no Centro
Cultural Banco do Brasil (CCBB) o espetáculo “7x Rodas”. Uma homenagem à vida teatral de Rodas, em que foi reservada uma cena para cada diretor que participou de períodos de sua história, um total de sete cenas. O próprio Hugo Rodas assina o roteiro final, assim como a cenografia e o figurino. Os textos são assinados por Adriana Lagomarsino, encenadora consagrada no Uruguai e amiga dos primeiros tempos; Adriano e Fernando Guimarães, companheiros de cena, que já dividiram com Hugo Rodas a encenação de espetáculos como “Dorotéia” (vencedor do Shell de melhor direção) e “Viúva, porém honesta”; Alexandre Ribondi (que divide a direção com Sérgio Sartório), um de seus primeiros companheiros de cena e diretor de “No verão de 62”, em que Hugo atuava como ator; Fernando Villar, um dos primeiros alunos de Hugo na UnB e amigo de todas as horas; Guilherme Reis, ator do primeiro grupo criado por Hugo no Brasil, o Grupo Pitu, ainda na década de 70; José Celso Martinez Corrêa, amigo e parceiro desde 1980; e Miriam Virna, ex-aluna e, segundo o diretor, “mais que filha”. “Todos eles eu sinto que são como carne da minha carne, um pouco de mim também, como diria Macunaíma”. O espetáculo fica em cartaz até o dia 7 de novembro, com sessões de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h.
Gustavo Lima
Hugo Rodas e uma de suas mais antigas paixões, o piano. Essencial em seu trabalho na dramaturgia
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Saúde
Por: Alessandra Germano | Ilustração: Eward Bonasser Jr.
Cirurgia colabora para livre expressão sexual r
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Depois de 29 anos, desde a primeira redesignação sexual realizada no Brasil, as mulheres conseguem o direito de mudar de sexo
A
mudança do sexo feminino para o masculino deixou de ser taxada como mutilação. No dia 2 de setembro último, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou, por meio da Resolução nº 1955/2010, a cirurgia de transgenitalismo de adequação do fenótipo feminino para masculino. Os procedimentos podem ser realizados tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como também por clínicas e hospitais particulares, desde que todas as exigências da resolução sejam seguidas. Contudo, a neofaloplastia, cirurgia de construção do pênis, não foi liberada. Estando ainda em estágio experimental. Segundo Edvard Araújo, relator da resolução e conselheiro federal, “o procedimento é de resultados estéticos e funcionais ainda questionáveis, e por isso deve ser mantido como experimental”. Até então, estão autorizadas apenas as cirurgias de retirada de mamas, útero e ovários.
Pré-requisitos O tratamento de transgenitalismo aplica-se somente aos maiores de 21 anos, desde que a pessoa tenha características físicas apropriadas para a cirurgia, além
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de diagnóstico médico específico. Os candidatos ao tratamento ainda precisam passar pela avaliação de uma equipe multidisciplinar, formada por psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social, cujo acompanhamento deve durar no mínimo dois anos. Edvard Araújo explica que esse tempo mínimo é imprescindível para o paciente esteja certo de sua decisão. “Não pode haver arrependimento. Por isso, todo o procedimento dura cerca de dois anos”, afirma.
Transgenerismo É fácil confundir sexo com gênero. O primeiro diz respeito às diferenças anátomo-fisiológicas entre homens e mulheres. O segundo se refere aos papéis que homens e mulheres assumem na sociedade, intimamente ligados à noção de sexo biológico. O transgenerismo é a ruptura desses papéis sociais tradicionalmente estabelecidos. Em outras palavras, espera-se que uma pessoa se comporte de determinada maneira em função dos órgãos genitais com que nasceu, segundo informações da Agência de Notícias sobre Diversidade Sexual (Anodis).
Homossexualidade e transgenerismo também são definições que se confundem bastante. Enquanto o transgenerismo se refere a quem sentimos que somos, a homossexualidade diz respeito a quem sentimos atração sexual – nesse caso, pessoas do mesmo sexo. Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a transexualidade como um tipo de transtorno de identidade de gênero, uma desordem psicológica e médica, em que pessoas de determinado sexo biológico, identificam-se como do sexo oposto.
Preconceito A estudante de psicologia Raphaely Luz, que feminizou sua aparência, conta que a descoberta das diferenças acontece já nos primeiros anos de vida, quando a socialização com amigos e parentes deixa claro que os desejos e vontades não batem com a “heteronormatividade” imposta pela sociedade. Mas admite que o auxílio psicológico é primordial para esclarecer as dúvidas com a sexualidade. Pois, em alguns casos, a repulsa pelo corpo pode levar à automutilação. “No início, é tudo muito complicado. Pensamos que somos simplesmente homossexuais. Porém, ao me rotular assim, vi que meus desejos não eram por homens gays e sim por homens heterossexuais. Isso me deixava frustrada. Até que busquei um terapeuta e me descobri transexual. Mas nunca tive repulsa ao meu corpo. Sentia vergonha, mas desde que me aceitei sou muito mais feliz”. Raphaely explica que, apesar de as mudanças estéticas serem um desejo inicial, a falta de apoio médico e psicológico torna o processo muito demorado. “A maioria de nós não tem apoio familiar, o que acaba nos levando a procurar tratamentos estéticos alternativos e perigosos. O mais usado é o silicone industrial, que é um perigo para a saúde. Além do uso de hormônios sem prescrição médica”, explica. Mas, na verdade,
para ela o grande empecilho para a livre expressão da transexualidade é o preconceito. “A maior dificuldade é com relação à ignorância da sociedade que é retrógrada e não discute casos como a transexualidade. Tive muitas frustrações, como um homem com quem me relacionei anos atrás que disse ‘se você fosse mulher, me casaria com você’. Imagine você se sentir uma mulher, estar com um homem que ama e ouvir uma coisa dessas”, desabafa. Segundo a estudante, muitos transexuais abandonam os estudos por causa do preconceito, “a maioria é estereotipado como prostitutas e drogados”. Estou tendo dificuldades para conseguir meu nome social no Iesb. O advogado da faculdade não dá a permissão e diz desconhecer qualquer tipo de lei. Ainda bem que a coordenação do curso de psicologia compreende a vergonha que sentiria ao ser chamada pelo meu nome de batismo, me poupando e evitando que o preconceito seja maior”. Desde que passou a entender melhor e assumiu sua sexualidade, Raphaely se sente muito mais feliz. Mas diz não se sentir completa ainda, pois espera na fila do SUS a cirurgia de troca de sexo. “A burocracia é muito grande e não tenho dinheiro para fazer todas as cirurgias que gostaria para me sentir satisfeita. No HUB, há um grupo de convivência trans que apoia todos que passam por essa situação. Esse é outro motivo que me torna uma pessoa feliz e, apesar de todas as dificuldades, me ajuda a levar uma vida ‘normal’. Tenho marido e o filho dele é bastante querido por mim. Não quero viver à margem da sociedade como algumas de nós fazem. Para mim é fundamental ter uma família. Infelizmente nem todos têm essa facilidade de lidar com a vida e encarar tudo isso. Outra maneira de evitar seria informando as pessoas sobre as diversidades sexuais, desde o ensino escolar”.
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Nutrição
Renato França*
Atividade física em jejum M
uitos praticantes de exercícios físicos ou até mesmo atletas preferem fazer seus treinos logo de manhã, ao acordar. São inúmeros os motivos que levam as pessoas a fazer essa opção, mas são inúmeros também, os erros alimentares cometidos por elas. O mais clássico e frequente é acordar e treinar em jejum ou comer pouco antes do treino. Não é raro ver em academias os professores de musculação auxiliando alunos que sofrem desmaios ou sentem tontura durante o treino. Isso ocorre, pois ao acordarmos as reservas de glicogênio (forma de armazenamento de carboidratos no músculo e fígado) estão baixas em virtude de terem sido consumidas durante toda a noite de sono. No sono, o metabolismo corporal é reduzido, porém o consumo de energia continua para manutenção das funções vitais (respiração, circulação sanguínea, atividade cerebral) e representa em torno de 500 kcal por noite. Por isso, treinar em jejum irá levar o corpo a liberar hormônios responsáveis por estimular a produção de glicose a partir de proteínas musculares, processo denominado gliconeogênese. Quando a produção de glicose, por meio da gliconeogênese, é mais demorada
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do que o seu consumo durante o exercício, a glicose sanguínea vai reduzindo, podendo ocasionar episódios de hipoglicemias. Mesmo que a hipoglicemia em decorrência do treino em jejum não seja tão severa a ponto de levar a desmaios ou vômito, ela resultará em perda de massa muscular, principalmente se a refeição pós-treino não for adequada. Além disso, a performance durante o treino também é reduzida e a recuperação muscular será mais demorada. Entretanto, o correto não é fazer uma grande refeição imediatamente antes do treino para garantir o suprimento energético ao exercício. Uma grande quantidade de alimentos irá demandar mais tempo para ser digerida. E se você for treinar e a digestão não tiver terminado, poderão surgir alguns inconvenientes. Durante a atividade física o fluxo sanguíneo deve ser voltado para os músculos, para que estes tenham o suprimento de nutrientes e oxigênio adequados. Porém, durante a digestão, o fluxo sanguíneo é voltado para o sistema digestivo. Assim, parte do fluxo sanguíneo que deveria estar atendendo aos músculos estará dando conta do processo digestivo. Isso resultará na queda do rendimento no exercício, e também tornará
a digestão e a absorção dos alimentos mais demorada, o que pode levar a enjoos e flatulência (produção de gases). O ideal é adequar a quantidade de alimentos ao tempo disponível para a digestão antes do início do treino. Se for por volta de 30 minutos, pode-se optar por bebidas energéticas, géis de carboidratos, soluções de maltodextrina, sucos de frutas. Se for uma hora, pode-se optar por pães, torradas, biscoitos de água e sal, frutas, cereais, mel, queijos magros (minas frescal, ricota) e iogurtes desnatados. É importante lembrar que essa refeição deve ser rica em carboidratos, moderada em proteína e baixa em fibras e gorduras. O melhor a fazer é procurar um nutricionista para orientá-lo não só sobre a refeição pré-treino, mas também sobre o restante da dieta auxiliando assim a alcançar seus objetivos de forma mais rápida e sem trazer riscos a sua saúde. (*)Dr. Renato França CRN/15340 Nutricionista Funcional e Esportivo Diplomado pelo The Institute for Functional Medicine – EUA Clínica Renato França STN Lt. N – Sl. 117 – Ed. Jaime Leal (61) 3349.1101/ 8152.6767 renatonutricao@gmail.com
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Moda
Por: Isabela Andrade | Fotos: Isabela Andrade
True Blue O
Divulgação
desfile de abertura do Minas Trend Preview 2010 foi marcado pelo azul “avatar” de Ronaldo Fraga, o tema era a água. O São Paulo Fashion Week (SPFW) Primavera/Verão 2011 também mostrou diversas coleções, como, por exemplo, a da Osklen, nas quais o azul foi ponto de destaque na cartela de cores. Afinal de contas, o que isso quer dizer? Devemos todas usar muito azul porque agora é tendência? Não, mesmo! Porém, é interessante notar a versatilidade da cor e o seu efeito natural que tanto combinam com o verão. As peças azuis, assim como seu principal representante, o jeans, permitem composições com as mais variadas cores. São básicas e marcantes ao mesmo tempo. É hora de aproveitar o frisson em volta da cor, se abastecer de peças interessantes e criar looks incríveis com o seu próprio estilo. O céu, nesse caso, é apenas o ponto de partida. Confira algumas dicas.
Bolsa Espaço Fashion
Short Cronic
Sapatilha Espaço Fashion
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Cardigan Espaço Fashion
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Serviço Cronic ParkShopping Nível Superior – 2º Piso Fone: (61) 3234.1263
Espaço Fashion www.espacofashion.com.br ParkShopping Nível Superior – 2º Piso Fone: (61) 3233.3154
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Comportamento
Por: Anna Paula Falcão | Fotos: Gustavo Lima
Doulas ajudam a humanizar o parto
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“Ter o Rafael foi a coisa mais linda que já vivemos”
nome soa estranho, poucas pessoas ouvem falar, mas a presença de uma doula pode fazer toda a diferença na hora do parto. A palavra “doula” vem do grego “mulher que serve”. Atualmente, é uma profissão que cresce significativamente no Brasil. Elas auxiliam as mulheres gestantes que aderem ao parto fisiológico, natural e humanizado, antes, durante e depois do nascimento do bebê. A médica obstetra Raquel Reis relata que “médicos e doulas trabalham em equipe. O acompanhamento da doula com a gestante é excelente, trazendo segurança e um preparo emocional para o casal. É fundamen-
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tal também que, após o nascimento da criança, durante um período, o contato permaneça para esclarecimentos e ensinamentos”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, reconhecem a presença das doulas no cenário atual e sua importância. As vantagens ocorrem para o Sistema de Saúde, que além de oferecer um seviço de maior qualidade, tem uma significativa redução nos custos, dada a diminuição das intervenções médicas e do tempo de internação das mães e dos bebês. O trabalho de uma doula particular em Brasília varia de R$ 800 a R$ 2 mil.
Clarissa Kahn, 30 anos, é psicóloga e doula há dez anos. “Muitos pais vêm ansiosos, muitas vezes sem nenhuma informação sobre como agir. Depois do acompanhamento do pré-natal psicológico e da oficina de preparação para o parto, ficam mais seguros com relação ao parto e com a maternidade e paternidade. Todos os partos são únicos, sempre aprendo muito com cada um deles”, conclui. As doulas contribuem para que o parto natural evolua com mais tranquilidade e rapidez, amenizando as dores e complicações tanto maternas como fetais. Ensinam formas eficientes de respiração, novas posturas, massagens e
Depoimento do casal: Carlena Upiati e João Carneiro Vantagens do parto normal: “Conhecemos o trabalho das doulas em nosso círculo de amizades. Sempre foi o nosso sonho ter parto normal e a doula nos apresentou como funcionava o seu trabalho, deixando claro que se, na hora o parto não pudesse ser normal, o cesariano seria indicado. Passamos por um curso, vimos os benefícios, assistimos vídeos reais, estudamos em apostilas e fomos perdendo o medo da saída do bebê. O parto cesáreo nos deixou chocados. Nossa maior preocupação era que a doula e o médico tivessem algum tipo de conflito, mas ela não interfere em nenhum procedimento médico ou cirúrgico, dando todo o apoio necessário. Sentimos mais segurança em fazer o parto no hospital, por causa de alguma provável complicação, mas tudo ocorreu bem. A maior vantagem de ter uma doula por perto é que ela proporciona segurança, principalmente para nós que somos pais pela primeira vez. Quando vimos o Rafael nascer, foi muito emocionante, a melhor experiência das nossas vidas. E fazer o parto acompanhado de uma doula foi excelente. ”
formas de relaxamento. Tornando uma experiência gratificante, fortalecedora e favorecedora para a mãe e para o bebê. O local ideal para o parto é aquele que proporcione acolhimento, silêncio, tranquilidade e segurança. A escolha de onde será feito é da ges-
tante, podendo ser em um ambiente hospitalar ou caseiro. O mais indicado é que o parto seja feito no hospital. Sendo monitorado pelos médicos ou pelos enfermeiros obstetras durante todo o tempo para avaliações. Se qualquer problema acontecer, o médico poderá indicar uma cesárea.
• Permite a natureza seguir deixando o bebê nascer no tempo certo; • Favorece a expulsão dos líquidos pulmonares do bebê, havendo menos risco de desconforto pulmonar após o parto; • A mãe retorna às atividades normais com mais rapidez, andando normalmente. Podendo sentir apenas algumas cólicas devido à contração e diminuição do útero; • O útero volta mais rápido ao tamanho normal, evitando hemorragias; • A mãe pode abraçar e amamentar o filho logo ao nascer. Serviço Acalanto - Clínica de Psicologia Clarissa Kahn SRTVS - Qd 701 - Sl. 425 Ed. Embassy Tower Tel: (61) 3201.0069 / 8139.0099 clarissa@eacalanto.com.br
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Cultura
luis turiba
Brasília vista da Europa
encanta e apaixona Brasília tem uma mística planetária. É, ainda hoje, uma lenda brasileira de alcance internacional. Sempre foi, traz isso do berço e do barro de onde se ergueu
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a época da sua construção, a ousadia do gesto assombrou o mundo inteiro: surgia do nada, do cerrado, como um lance de magia inconcebível, uma moderna cidade com arquitetura de traços, curvas e levezas flutuantes nunca dantes imagináveis. No centro de tudo, o homem, o trabalhador, o candango anônimo – milhares deles. Era um tempo de delicadezas e descobertas. Consciente desse encantamento, o presidente Juscelino Kubitschek dava corda. Trouxe para a cidade em construção as melhores cabeças planetárias. O astronauta russo Yuri Gagarin, por exemplo, o primeiro a rodar no espaço sideral, ao chegar aqui ficou boquiaberto com o que viu e exclamou: “Tenho a sensação de estar pousando num planeta diferente”. O intelectual francês Jean Paul Sartre trouxe junto a libertária mulher
Simone de Beauvoir, que também se impressionou com a construção de Brasília, mas foi gélida e ácida: “Essa cidade nunca terá alma”. Veio também Fidel Castro, revolucionário que libertara Cuba; o imperador da Etiópia, Hailê Salassiê; a duquesa de Kent, que foi esnobada por Niemeyer; o filósofo inglês Aldous Huxley; o presidente de Portugal, Craveiro Lopes; e o ministro da Cultura do governo do marechal De Gaulle, André Malraux, para quem a cidade era “contemporânea do futuro”. Foi ele, aliás, que esculpiu a clássica frase “Brasília, capital da esperança.” Mas, segundo meu amigo e historiador Miguel Setembrino, presidente da Fecomércio/DF, as considerações mais significativas foram feitas pelo então presidente italiano Giovanni Gronchi, que visitou as obras da futura capital no dia 8 de setembro de
Banners com fotos de Mário Fontenelle na calçada da Arqueria do Ministério das Vivendas.
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Foto: Mariana Santos
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1958.“Na civilização moderna, Brasília é o espaço que mais se assemelha a Roma pelo seu espírito de monumentalidade e perenidade.” Ou seja, não se fala de Brasília impunemente, pois o mundo ainda a olha com respeito da monumentalidade e um toque encantatório da perenidade. A obra de JK, Lucio Costa e Oscar Niemeyer e todos os seus candangos seguidores é realmente eterna e está acima de factoides políticos de maus administradores. Tive a oportunidade de comprovar esse veredicto agora, em Madrid, por ocasião da exposição “Brasília, 50 anos: meio século da capital do Brasil”. Uma exposição belissimamente montada em três diferentes ambientes da elegante Arqueria de Nuevos Ministerios, na área central e moderna de Madrid. Com produção e curadoria de Danielle Athayde, que trabalhou duro por quase dois anos para reunir farto material histórico e estético sobre esses primeiros 50 anos de Brasília. Pode não ter sido o mais chamativo de uma Brasília contemporânea, mas foi o possível e suficiente e isso já é muito significativo. Na exposição, por exemplo, os espanhóis verão peças fundamentais na história da cidade, como os rascunhos iniciais do Plano Piloto de Lúcio Costa; desenhos originais de Oscar Niemeyer e uma sala especial para Athos Bulcão, com painéis de seus azulejos. As fotos históricas de Fontenelle, a superma-
Foto: Turiba
quete do arquiteto Antonio José Pereira e as fotos “quase vivas” de cores e luzes de Fabio Colombini, impressas magistralmente em papel de algodão fineart com durabilidade de 200 anos ou mais. É a Brasília século 21 se dizendo presente, “Cá estou viva e gloriosa”. Danielle conseguiu juntar a Brasília de dois tempos. Bom mesmo é ver e curtir as fotos, sempre originais, do histórico e pioneiro Mário Fontenelle retrabalhadas em gigantescos banners pendurados nos arcos da galeria dos Novos Ministérios de Espanha. É a vitória de Brasília sobre o grande mundo tremulando numa das mais movimentadas e culturais capitais europeias. Demais ver o brilho da nossa cidade a oito mil quilômetros de distância. A vice-governadora de Brasília, Ivelise Longhi, que abriu a exposição que teve patrocínio da Cartão-BRB, ficou tão encantada que prometeu buscar recursos para levá-la a Lisboa e trazê-la também a Brasília no início do próximo ano.“Aí, não serei mais vice-governadora, mas vou conversar com o futuro governador para trazer essa linda exposição para os festejos do 51º aniversário de Brasília", garantiu Ivelise. Depois de Madrid, "Brasília 50 anos" irá a Lisboa, Milão e uma cidade na Alemanha. Em 2011, quem sabe, Paris. A vice-governadora estava acompanhada dos presidentes do BRB, Nilban de Melo Júnior, e da Terracap, Dalmo Alexandre Costa.
A vice-governadora, Evelise Longhi, o presidente do BRB Nilban de Melo Júnior e o presidente da Terracap Dalmo Alexandre Costa
Uma pequena biblioteca foi montada no andar térreo com centenas de livros para os visitantes fazerem suas consultas sobre Brasília. Lá, poderão encontrar "Brasília abstrata e concreta", histórica antologia de textos, visualidades e poemas organizada por Wagner Hermuche, "Brasília: do Cerrado, a capital da República", de Lucilia Garsez e Jo Oliveira, "Brasília, que cidade é essa", de Beth Cataldo; "La Brasilíadas", poemas de Nicolas Behr; e muitos outros como o grande catálogo de Athos Bulcão. Ah, realmente é maravilhosa a sensação ver Brasília de longe, sentir que a cidade inventada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer deu certo, é planetária e humanista, sobreviveu e sobrevive a todas tormentas políticas e tentativas de violentá-la do ponto de vista político e moral.
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Gustavo Lima
Gastronomia Por: Alessandra Germano
Galeto a primo canto A
Restaurante com sabor de nostalgia
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ão param de chegar novos restaurantes à cidade. Depois da Keb, sanduicheria de kebabs, mais uma franquia carioca abre as portas em Brasília: a Zacks – The Finest Grill and Burger, localizada na praça de alimentação do Brasília Shopping. Com decoração inspirada nos ícones do cinema, da música e dos programas de TV das décadas de 50 e 60, a casa tem suas paredes forradas por pôsteres de James Dean, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Jimmy Hendrix, Beatles, além dos clássicos Jornada nas Estrelas, Jeannie é um Gênio, Mr. Magoo, entre outros. As
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Galeto
ço para confraternizações, eventos sociais e reuniões empresariais. No total, a Galeteria Beira Lago conta com cinco ambientes e capacidade para 400 pessoas. Lembre-se de conferir a famosa Cachaça Galeteria Beira Lago.
Divulgação
salada de maionese e molho de ervas, este, receita exclusiva da casa. Ainda há a opção de substituir o galeto por duas fatias de picanha, à la carte. No jantar, o cardápio é diferenciado. Pode-se escolher pratos ou porções, como a picanha à la carte, liguiça calabresa com mandioca, costelinha suína com mandioca. Entre os pratos, há o filé mignon e a picanha completa, os dois acompanhados por farofa de ovos, arroz e batata frita, e o filé de surubim com farofa de ovos, arroz e maionese. Ainda no jantar, o músico Felício Boccomino comanda o piano, dando à casa ares de romantismo e sofisticação. Além de amplo estacionamento interno e externo, com serviço gratuito de manobrista, rede wi-fi em todos os ambientes, e cardápio em Braille, a casa dispõe de espa-
mesas e cadeiras também seguem o tema e, para garantir o clima nostálgico, vídeos da época são exibidos nos telões. A especialidade da Zacks são os hambúrgueres gourmet. Os sanduíches são bastante generosos e seguem o estilo americano, todos acompanham fritas ou salada verde e um molho à escolha do cliente. Destaque para o Apollo 11 – que leva dois hambúrgueres de picanha Burger Classic (300g), finíssimos anéis de cebola, duas fatias de queijo prato, tomate e alface –, o Mastroianni – recheado de hambúrguer de fraldinha (200g), queijo provolone, pasta de tomate seco, bacon crocante e alface crespa – e para o Marino – que traz hambúrguer de salmão (200g) recheado com cream cheese, molho de alcaparras, tomate e alface americana. Também há opções de wraps, como o Sir Lawrence (escalopes de filé, queijo derreBruno de Lima
berta há três anos, a Galeteria Beira Lago serve um dos melhores galetos de Brasília. O galeto tem um sabor bastante diferente do frango comum. Engordado a partir dos 15 dias de vida, a ave é abatida com apenas um mês, quando seu peso atinge 500 g. Conhecido também por “frango de leite” e “primo canto”, essa iguaria é sempre assada na brasa. Na Itália, o galeto recebe o nome de passarinhada. No Brasil, o prato teve origem em Caxias do Sul (RS), e acredita-se que foram os primeiros colonizadores italianos que trouxeram a receita ao país. Na Galeteria Beira Lago, a especialidade da casa é servida somente no almoço. O rodízio de galeto tem uma mesa farta de acompanhamentos, entre eles, arroz, farofa, polenta frita, massa caseira, salada verde,
Bruno de Lima
Wrap América
Comer bem para viver melhor I
Talharim Integral
Serviço Galeteria Beira Lago SCES Tr. 2 – Cj. 32/33 Clube Ases (61) 3223.7700 / 3226.1448
Estúdio Dephot
naugurado há seis meses, a proposta do Ômega 3 é ser uma lanchonete com opções de pratos saudáveis. O que não poderia ser diferente, visto que os idealizadores da casa, os irmãos Rafael e Tatiana dos Anjos, são, respectivamente, nutricionista e personal trainer. Além de promoverem uma alimentação saudável, os irmãos ainda oferecem pratos para pessoas com restrições a determinados alimentos e também àqueles que são alérgicos. A lanchonete dispõe de mais de 30 tipos de sucos de frutas, como, os simples, os vivos e os exóticos e tera-
Estúdio Dephot
tido, pepino agridoce, tomate e alface), e de sanduíches no pão ciabata, como o Creamy Shrimp (mistura gourmet de camarão, cream cheese, requeijão, cogumelos frescos e cebolinha picada). Mas o cardápio não se restringe a essas delícias no pão. Além de 11 opções de aperitivos, como nachos e quesadillas, também são oferecidos dez tipos de saladas, como a belíssima Oriental (atum levemente grelhado envolto em gergelim, mix de folhas, nirá e shitake ao molho teriaky) que dá água na boca só de olhar. O restaurante também serve 14 pratos de grelhados, entre carne, frango e peixe, com direito a dois acompanhamentos, como caponata de legumes e penne ao molho branco com queijo. A carta ainda conta com sobremesas como o James Brownie com uma bola de sorvete de creme e calda de chocolate. Os preços são um pouquinho salgados, mas vale cada mordida. Sanduíche Master
pêuticos. Entre os terapêuticos, estão o antioxidante (laranja, cenoura, couve e mel), o carotenóides (beterraba, cenoura e laranja), o digestivo (abacaxi com hortelã, gengibre e mel) e o depurador (abacaxi, rúcula, gengibre, laranja e hortelã), entre outros. Há também o leite de grãos: de castanha-do-pará, que atua no equilíbrio da tireóide, evitando oscilações de peso, e de amêndoas, que acelera o processo de emagrecimento. O açaí na tigela também não ficou de fora. Entre as 11 opções, a casa oferece desde o Basicão, com banana e xarope de guaraná, até o Vale-Tudo, com castanha-do-pará, uva passa, polpa de coco, semente de linhaça, aveia, mel, maltodextrina, Amino Fuel, NOX2 e glutamina, este indicado somente para atletas. O cardápio ainda traz dez tipos de vitaminas, além de 12 preparações para atletas, como o Tri-Olímpico, que leva abacate, banana, semente de linhaça, suco da vida verde e creatina. Para comer, a carta traz sanduíches prontos, como o Apetitoso (pão de
abóbora, pasta de berinjela, azeitona preta com manjericão, tomate seco, queijo minas, mix de folhas, semente de linhaça e molho de limão com azeite – R$ 21,70) e outros a serem montados pelos próprios clientes. As saladas também são montadas ao gosto do cliente, com cinco itens de salada, um grão, uma fruta, uma proteína, uma pasta e um molho. A casa ainda oferece sete variedades de entradas e cinco opções de pratos quentes, como o ravióli ao pesto (massa de espinafre ao molho pesto, recheada com peru defumado, ricota e nozes – R$ 18,20) e o talharim integral ao funghi (massa multigrãos ao molho funghi – R$ 25,20). Ainda pensando na saúde e bem-estar de seus clientes, o Ômega 3 prepara para outubro um programa de refeições prontas para emagrecimento e para a manutenção de um padrão alimentar saudável.
Ômega 3 CLN 413 – Bl. D – Lj. 19 Asa Norte (61) 3273.1671
Zacks – The Finest Grill and Burger SCN Qd. 05 - Bl. A - Brasília Shopping Asa Norte (61) 2109-2122
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Mundo Animal
Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima
Maltratar animais é crime
Aqueles que subjugam e tratam animais como objetos facilmente descartáveis incorrem pena de detenção
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ituações evidentes de maus tratos contra animais domésticos ou domesticados ainda são comuns de serem vistas, como gatos e cachorros presos o dia inteiro em correntes curtas, que recebem alimentação de forma precária, proprietários que batem com chinelos, chicotes e até pedaços de madeira em seus animais, lojas que mantêm os animais em gaiolas pequenas, apertadas e sem devidas condições higiênicas. No Distrito Federal, a Associação Protetora dos Animais (ProAnima), uma organização não governamental (ONG) de proteção animal, exerce, voluntariamente, papel importante no combate a maus tratos. Procura sempre divulgar a legislação de proteção animal, que estabelece que maltratar animais é crime e que é dever do Estado fazer cumprir a legislação. A médica veterinária e diretora administrativa voluntária da ProAnima, Renata Guina, explica que toda denúncia de maus tratos a animais pode e deve ser encaminhada, por qualquer cidadão, às autoridades policiais que têm como dever investigar o caso. “Infelizmente maltratar
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animais domésticos é uma situação muito frequente e a atitude de cada um como cidadão é muito importante para combater o problema”, afirma Renata. De acordo com o capitão Senna, do 3° Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, em casos de denúncia de maus tratos a animais, feitas a PM, é enviada a viatura que estiver disponível e mais próxima do local. Depois, o procedimento da polícia é verificar o que aconteceu. “Caso realmente exista agressão a algum animal, o agressor é encaminhado para a delegacia e autuado de acordo com a gravidade do crime”, explica. Isso é o que deveria ser feito em regra, mas existem relatos de pessoas que fizeram denúncia à polícia e nenhuma providência foi tomada. A dona de casa Maria Madalena Torres, moradora de cidade satélite, indigna-se ao lembrar da negligência por parte dos policiais militares. “Há um ano, vi meu vizinho cortar a orelha de seu pastor alemão, que estava machucada, por conta própria e sem anestesia, a sangue frio. Para impedir que o cachorro se coçasse, ele
amarrou o corpo, as patas e o pescoço do animal a um mastro de madeira no quintal. Deixou o cachorro ao sol com a orelha sangrando. Liguei para a polícia, e eles me disseram: ‘Minha senhora, a gente prende é bandido, não é cachorro, não’. Morri de dó, mas não podia bater na porta e brigar com o vizinho. Fiquei com medo de represálias”. Segundo Maria Madalena, casos de maus tratos são muito comuns no bairro onde mora. Ela relata que conhece pessoas que, em vez de levarem seus bichos de estimação ao veterinário, ‘sacrificam-nos’ a pauladas. Renata, da ProAnima, se sente triste com essa situação ainda frequente. “Gostaríamos de ter condições para acompanhar esses casos de perto, mas somos poucos voluntários, e temos diversas obrigações como qualquer outra pessoa, o que impossibilita esse tipo de ação”, relata. As orientações da ProAnima quanto a denunciar maus tratos é que, em primeiro lugar, a pessoa tem que analisar se o caso é de agressão intencional ou trata-se de ignorância. Em segundo lugar, escolher a melhor
Animais também têm seus direitos assegurados por lei A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9605/98) define em seu artigo 32 que: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. Já a Lei Distrital n. 4060/2007 dispõe sobre o que é considerado maus tratos. Entre outras hipóteses, consta na referida lei: I – praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal; II – manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz; V – abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo o que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária;
maneira de proceder. Uma simples conversa pode contornar várias situações. Às vezes os donos não sabem que a forma como estão tratando seus animais é considerada crime, e quando são alertados mudam de atitude. Existem casos em que a intervenção policial e jurídica são necessárias e qualquer pessoa pode registrar uma ocorrência. Sendo caso de maus tratos, o relato deve ser feito pessoalmente ou por telefone, nas delegacias civis (197 ou 3323.8855) ou na Delegacia Ambiental (3234.5481 / 3362.5818). Em último caso, é possível recorrer ao Ministério Público - 4ª Promotoria de Defesa do Meio Ambiente (3343.9500). Para que obtenha maior sucesso em sua denúncia junte fotografias, se possível. Não Serviço é necessário se ProAnima identificar. SHCN CL 214 - Bl. C - Lj. 56 - Subsolo Asa Norte (61) 3032.3583
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Artes Plásticas
Por: Daniela Lima | Fotos: Gustavo Lima
O universo imaginário
através da arte
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artista plástico André Cerino nasceu em Recife (PE), lugar onde se respira história e cultura. Mudou-se para Brasília, em 1983, e presenteou a cidade com sua bagagem artística e cultural rica em criatividade, personalidade e sentimento. Hoje é um dos mais produtivos e criativos artistas de Brasília. Há 25 anos, Cerino dedica-se inteiramente à arte versátil e original. Além de dominar as artes plásticas, é artista gráfico, web designer, cartunista e chargista. Atualmente está com seus dois últimos trabalhos, “Universo Imaginário” e “Cores do Cerrado” – acrílicos em telas – expostos na Artefix, galeria recém-inaugurada do artista. Em suas obras, Cerino traz a energia criativa e infinita de sua cidade natal mesclada ao moderno de Brasília, que o inspirou a coisas novas. Conseguindo assim, traçar a ponte entre o tradicional e o contemporâneo. “Quando chego em Recife, tenho medo até das árvores. Elas são mais velhas do que eu. Em Brasília, eu não tenho medo de árvore nenhuma”, brinca ao falar da diferença que sente entre essas duas culturas.
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O real e o imaginário Na pintura, André Cerino traz inspirações das obras do espanhol Joan Miró e do russo Kandinsky, pintores com aspectos ligados ao surrealismo. Como é o caso das obras “Pesadelo de Peixe” e “Segredo”, nelas evidencia uma linguagem cujos símbolos remetem a mensagens subjetivas atreladas ao inconsciente coletivo. “Desorganizando o pensamento e sentindo os movimentos” ,é a maneira como o artista constrói sua pintura. “Não conduzo a arte, deixo que ela me conduza”, explica. Na exposição, “Universo Imaginário” tenta ultrapassar o óbvio e o espaço limite do quadrado da tela, indo além da realidade através de sua criação. "O olhar sobre as coisas é o que nos diferencia uns dos outros", ressalta. Dessa forma, Cerino trabalha de forma abstrata e subjetiva, mantendo um constante diálogo com o público. Retratando a cidade e o caos, registra desenhos pictóricos de criança, a infância perdida, a esperança, a alegria e abstrações simbólicas bem definidas. O que faz parte do mundo real já está bem claro, o que importa na arte de Cerino é o que transparece
Pesadelo de Peixe - 100x120cm - acrílico sobre tela
Brincar em Paris - 100x120cm - acrílico sobre tela
dentro de seu universo, seja ele lúdico ou não. "Minhas obras pertencem a todos os que buscam, através do olhar, a liberdade de ver o mundo com olhos de criança". As imagens captadas pelo artista, de certa forma passam a fazer parte do universo pessoal e assim coloca para fora o que está dentro de si. A maneira como retrata a cidade em suas telas, por exemplo, desperta a curiosidade de quem observa os detalhes nas composições de cores e traços. O artista define o caos de forma harmônica e abstrata, como é o caso de “Cidade Amarela” e “Litoral”.
Cores do Cerrado A referência para a exposição “Cores do Cerrado” é a vida em constante movimento. Nessa exposição,
Cerino apresenta o seu ponto de vista sobre o cerrado. Com um estilete, o artista retira o excesso de tinta na tela com riscos que dão efeitos de profundidade e movimento, características marcantes em seu trabalho. Mesmo se tratando da criação de imagens, como é o caso das telas de “Cores do Cerrado”, Cerino mostra nos quadros a poesia existente nas características do bioma, por meio das cores, traços e detalhes característicos do cerrado. “Até nos trabalhos figurativos, eu procuro não copiar a natureza e sim o meu olhar, a minha interpretação do mundo externo”, explica. Do verde ao ocre, como é o caso das telas “Florescência” e “Calmaria”, o artista destaca o colorido no cerrado, tão surpreendente quanto na real vegetação. E o movimento toma conta de todos os detalhes na sequência de um quadro a outro.
Vento de Outono - 90x90cm - acrílico sobre tela
Paisagem Urbana - 100x100cm - acrílico sobre tela
Serviço Artefix Galeria SIG 01 – Lt. 495 – Sl. 309 Ed. Barão do Rio Branco (61) 3344.0330/ 8437.8315
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Jornalista Aprendiz
Por: Joelma Gomes | Fotos: Gustavo Lima
Salve a Si resgatando vidas
“Experiência comprovada em recuperação de adictos” de construção, móveis, roupas, equipamentos de informática – é destinada para o tratamento dos residentes e para manter os espaços destinados às mudas de plantas exóticas e medicinais, à granja, à piscicultura e à produção de agricultura orgânica. Sem a ajuda do governo e de empresários, as contribuições são insuficientes, pois apenas 11 famílias conseguem ajudar com doações. Os gastos da SAS giram em torno de R$ 5,5 mil mensais, mas as contribuições chegam a apenas cerca R$ 2,5 mil.
O Tratamento
A
ONG Salve a Si (SAS) é um centro de tratamento para dependentes químicos, sem fins lucrativos, que tem o objetivo de promover a recuperação e a inclusão social de homens dependentes de álcool e entorpecentes. Localizado em um sítio próximo ao Jardim ABC, na Cidade Ocidental, que fica a 58 quilômetros do centro de Brasília, a SAS atende, atualmente, 24 pessoas. A missão da ONG não se restringe apenas ao tratamento dos internados, ajudando-os a vencer as dificuldades da fase de abstinência e da reinserção na sociedade, mas também dá apoio a seus familiares. Desde a abertura, 267 pessoas já se trataram na Salve a Si. O espaço físico da entidade – registrada e regularizada junto aos órgãos competentes – foi cedido pelo casal Adriana e Hugo Studart, que são também colaboradores. Fundada
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em 2000, só foi efetivada oito anos mais tarde por José Henrique França e sua mãe Elisabeth Cascão França. José Henrique, atual administrador da ONG, é terapeuta holístico e conselheiro da entidade, e também foi viciado em drogas. A casa que servia de lazer para a família Studart, nos fins de semana, foi remodelada e transformada em abrigo. Inicialmente, atendia 12 dependentes. Hoje, o número dobrou para 24. Porém, sua capacidade está saturada, acima do que pode comportar. Logo, prejudicando o papel social da entidade. José Henrique ressalta que um fator preocupante é o fornecimento de água, mesmo com a construção de uma nova cisterna, o fornecimento está no limite. O centro sobrevive de doações feitas pelos familiares dos dependentes, sendo que toda a contribuição – doações de alimentos, restos de material
O primeiro passo é o trabalho de conscientização da pessoa acerca de sua doença e de seus mecanismos de defesa, como aqueles ocasionados pelo uso abusivo de drogas, que geram o egocentrismo, a obsessão e a compulsão. Os dependentes são motivados a descobrirem os bloqueios que podem atrapalhar a recuperação. O tratamento promovido pela SAS é inspirado no modelo Minnesota (64 tarefas), nos 12 passos dos alcoólicos anônimos e narcóticos anônimos, além de abordar as terapias Racional Emotiva e Comportamental Cognitiva, assim como na espiritualidade e na laborterapia. As técnicas são modernas e atualizadas, sendo averiguado diariamente o quadro do dependente, como o acompanhamento de seus avanços. Segundo José Henrique a reabilitação social, familiar, profissional e cultural tem duração mínima de seis meses. A família precisa estar inserida no trabalho com o dependente químico, tornando-se um fator relevante para sua recuperação. Para José Henrique,
Henrique França faz terapia com os residentes
seu trabalho está focado nas questões comportamentais, visando alcançar a recuperação mental, emocional e espiritual, principalmente quando se trata da prevenção de recaída. Em consequência ao uso de drogas, o indivíduo se torna fragilizado e insano, então, necessita de apoio, carinho, amparo para se valorizar e crescer dentro de um ambiente harmonioso. As técnicas usadas no centro preparam os residentes para o mundo lá fora, conscientizando e preparando para uma nova vida.
Parceria A entidade está com um projeto junto a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) e ao Conselho de Entorpecentes do Distrito Federal (CONEN/DF) para ampliar as instalações e aumentar a capacidade para receber entre 40 e 50 residentes, assim como a construção de um poço artesiano. Parceria mais que necessária, pois a grande demanda por tratamento do DF e Entorno, já ultrapassa a capacidade de aten-
dimento do centro. “A Salve a Si, porém, pode crescer e consolidarse ainda mais como importante instituição na área de recuperação de dependentes químicos. Além de ser uma experiência comprovada em recuperação de adictos. Por isso pedimos que venham conhecer de perto nossos projetos. Estamos abertos para toda ajuda. Lembrando apenas que a Salve a Si é de todos, desde que a usem com sabedoria”, ressalta o coordenador Henrique França.
Para saber mais sobre a ONG Salve a Si: (61) 9997.5010 / 7815.9673 Serviço Joelma Gomes é estudante do Centro Universitário UniEuro Av. das Nações – Tr. 0 – Cj. 5 Professor responsável: Nelson Penteado (61) 3445.5888 / 3445.5700 / 3445.5701
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Acessibilidade
Da Redação | Fotos: Divulgação
Deficientes físicos
são excluídos do
acesso ao lazer
Falta de rampas, banheiros em andar superior ou subsolo sem adaptações, portas estreitas, pisos com desníveis, essas são características que várias casas noturnas têm em comum
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data de 21 de setembro marca o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Somente no Distrito Federal, estima-se que cerca de 15% dos habitantes têm algum tipo de deficiência. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Seduma), várias obras estão previstas para promover uma melhor acessibilidade aos deficientes físicos. Como exemplo, a secretaria cita as obras já entregues da nova Rodoviária Interestadual e a Fonte da Torre de TV. A Secretaria de Transportes promete adaptar 950 ônibus. Mas enquanto nada se concretiza, o problema ainda é se locomover para chegar aos itinerários desejados.
Lazer Ronald de Carvalho é empresário do entretenimento há 19 anos e tem como preocupação primordial de seus trabalhos a questão da acessibilidade. Como sócio de casas noturnas de Brasília e também de grande produtora de eventos, produz inúmeros shows na cidade. Saiu do interior e veio para Brasília com a família com 12 anos.
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Pouco antes de completar 29 anos, descobriu que tinha esclerose múltipla, o que deixou com dificuldades graves na locomoção. Hoje, seu foco é melhorar a qualidade de vida daqueles que possuem algum tipo de deficiência. “Nesta busca por melhorar a minha vida e de outras pessoas, descobri uma nova paixão, a causa da acessibilidade. No meu caso, a acessibilidade ao entretenimento”, afirma Ronald. Tornou-se referência na cidade por seus eventos e por sua luta pela mobilidade dos deficientes físicos. “A questão da acessibilidade no entretenimento é minha maior preocupação, visto que muitos problemas são recorrentes da falta de acesso ao divertimento. Muitos não atentam para isso, mas a pessoa com deficiência é excluída da diversão”, observa. Ronald chama a atenção para o fato de que os empresários do entretenimento precisam se preocupar com o acesso a bares, restaurantes e shows, promovendo segurança e mobilidade. “A principal queixa é a falta de banheiros adaptados. Ocorre muito em Brasília, locais com banheiros no andar de cima ou no subsolo, sem qualquer acessibilidade para deficientes”, explica. Apesar de a falta de rampa
Ronald de Carvalho
Ônibus equipado com elevador para cadeirantes
ser algo até superado, ele diz que o ideal é não ter que precisar da ajuda de outras pessoas para se movimentar no ambientes. “Tenho visto que os empresários da noite de Brasília estão sendo solidários à causa, mas ainda há muito que se fazer para que o deficiente circule pela noite sem restrição a determinados ambientes”, comenta. Para isso, Ronald defende que todos os bares só consigam alvará se tiverem acesso para deficientes e idosos. E os shows, áreas adaptadas. O empresário atenta para a necessidade de um projeto de lei que “determine que qualquer evento aberto ao público apresente condições básicas de acessibilidade sob pena da não emissão de alvarás”. Além disso, é preciso criar incentivos fiscais para que os produtores de eventos cumpram a lei. Outra sugestão apontada por Ronald é a criação de cursos de capacitação para pessoas com deficiência, que sejam voltados para o mercado de trabalho na área do entretenimento. Treinando assim, profissionais para atuar em teatros, shows e cinemas. “Dessa forma geramos empregos que aumentam a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Além de criar uma demanda”. Ronald acredita que é possível transformar Brasília em uma cidade vitrine de acessibilidade, que sirva de modelo para as demais cidades
brasileiras. Para isso, é necessário, segundo ele, promover na sociedade a convivência e o respeito pelos deficientes, reforçando as campanhas educativas pelo respeito às vagas especiais para deficientes e idosos, e de conscientização sobre a necessidade de se fazer adaptações nas casas e estabelecimentos comerciais.
Transporte Também preocupada com o acesso de pessoas com deficiência a eventos culturais em Brasília, a Mobi é uma das poucas empresas que promove a acessibilidade em Brasília com transporte para eventos. Eles possuem veículos adaptados para deficientes físicos. São dois ônibus equipados com entrada especial para cadeirantes. Uma espécie de elevador que move o cadeirante para dentro do ônibus. A gerente comercial da Mobi, Geruza Aguiar, conta que fazem poucos eventos que necessitam de tratamento especial para deficientes, mas que já atenderam eventos específicos como as para-olimpíadas. “É importante atender essas pessoas, eles são normais para gente e não fazemos distinção de público”, afirma Geruza. Serviço Mobi SAAN Qd. 2 – Lt. 625 (61) 3202.0218
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Propaganda e Marketing
Flávio Resende*
Endobranding:
transformando funcionários em embaixadores da marca
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cena é clássica: a empresa resolve investir em novas instalações; contrata o melhor arquiteto; cria uma recepção de dar inveja; compra os equipamentos mais modernos do mercado; e, depois de tudo pronto, promove aquela festa de inauguração. No meio do evento, surge um comentário maldoso aqui, outro acolá de quem menos se esperaria: dos próprios colaboradores. Na pauta do “tititi”, as deficiências e problemas daquela organização. E o pior: entre os interlocutores estão clientes, parceiros e fornecedores da anfitriã. Mais danoso para a marca, impossível. Endobranding tem sido, portanto, a denominação dada por especialistas em Comunicação e Marketing para o trabalho de branding específico para os empregados. Afinal, quando uma marca se preocupa em construir relacionamentos com as pessoas, ela passa a ter mais do que consumidores. Contará com defensores. O objetivo, então, é contaminar colaboradores da empresa com a marca que é por eles representada; fazer com que entendam a filosofia, a missão e os valores da organização, que são elementares no relacionamento com o mercado e uma das mais importantes peças do quebra-cabeça, que é a construção e a manutenção da marca. Nessa perspectiva, o desafio lançado às empresas tem sido mudar percepções, reforçar atitudes, criar relacionamentos fortalecidos, além de fomentar estratégias para que funcionários tenham o que falar (bem, é claro) sobre a marca. Um dos caminhos pode ser motivar as pessoas a olharem para a mesma direção, em termos de crescimento e competitividade; assim como dar a oportunidade para
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que funcionários se mobilizem e sugiram estratégias para potencializar a cooperação interna e melhorar a competitividade externa. Peter Drucker fundamentou em um de seus artigos que “liderança não é uma personalidade magnética, com o dom da palavra. Não é fazer amizades ou influenciar pessoas. Isso é bajulação. Liderança é conduzir a visão de uma pessoa a níveis mais altos; é levar o desempenho de uma pessoa a um padrão mais elevado; é a construção da personalidade além das suas limitações normais”. Talvez seja por isso que empresas modernas não controlem mais as pessoas, por meio de regras ortodoxas e hierarquia no comando, mas sim pelo compromisso com a visão e os valores compartilhados. Cabe, para início de conversa, a você leitor, que é empresário e que enxerga na gestão de pessoas o seu maior desafio enquanto empreendedor, perguntar-se: qual a imagem que o meu funcionário faz da minha empresa? A imagem que a empresa passa para o público externo está interiorizada pelos funcionários? Existe um grau de conhecimento por parte dos funcionários sobre o posicionamento da marca? Nossas condições físicas, tecnológicas, materiais e psicológicas nos ajudam na conquista do público interno? Começar por aí talvez seja um direcionamento interessante para mudar o desfecho da cena contada no início deste artigo. E como se pôde perceber, há muito que se fazer... Então, mãos à obra! *Flávio Resende é jornalista, pós-graduado em Gestão da Comunicação nas Organizações e Marketing, e diretor executivo da Proativa Comunicação
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Tá lendo o quê?
Wilson Granjeiro
Ronaldo Lao
Diretor-presidente do Gran Cursos Gerente comercial da PSN Tecnologia
Livro Transformando suor em ouro
Professor Israel
Renata Monnerat
Cientista político
Gerente de Marketing do Terraço Shopping
Livro 1808
Livro Uma breve história do mundo
Autor Bernardinho
Livro Virtudes para um outro mundo possível Autor Leonardo Boff
Autor Laurentino Gomes
Autor Geoffrey Blainey
O segredo do sucesso é uma fórmula simples: trabalho + talento = sucesso. Não por acaso, o trabalho vem antes do talento. Para Bernardinho, vitorioso técnico do vôlei brasileiro, campeão, várias vezes, dos mais importantes torneios do mundo, a ordem desses fatores altera o produto. Apoiado em seu exemplo como jogador, apenas um levantador reserva na seleção dos anos 80, aposta na perseverança, na disciplina e na obstinação. É um palestrante de sucesso e os aplausos frequentes têm uma explicação: suas lições se aplicam a qualquer setor da atividade humana. Ele é ícone da liderança moderna: democrático, franco, aberto e seguro no momento de decidir.
Convivência, respeito e tolerância. Este é o segundo livro de uma série de três: o primeiro “A hospitalidade: direito e dever de todos” e o terceiro “Comer e beber juntos e viver em paz – comensalidade”. O volume 2 trata das virtudes que são imprescindíveis para os povos da Terra que agora têm que morar na mesma casa comum. Todos dependem uns dos outros para levarem uma vida minimamente pacífica, além de garantirem também um futuro juntos. Essas virtudes exigem um aprendizado de todos que estão se descobrindo membros da grande família humana, e como isso influencia no cotidiano de macro e micro sociedades e refletem nas empresas de um modo geral.
A vinda da Família Real para o Brasil é cheia de fatos inusitados e pitorescos. Na obra “1808”, o escritor Laurentino Gomes, demonstra isso com muita clareza em um texto bem leve. Apesar de o príncipe regente Dom João VI ser uma das figuras que os brasileiros mais ironizam por sua forma rechonchuda, pela sua feiura e por sua indecisão, ele é tido, nos dias atuais, como uma das personalidades mais importantes da História Europeia, por sua perspicácia política. Com riqueza de detalhes, o livro mostra como a chegada da Família Real modificou os costumes e transformou nossa cultura levando à independência do Brasil.
“Há 2 milhões de anos, eles viviam na África e eram poucos. Eram quase seres humanos, embora tendessem a ser menores que seus descendentes que hoje povoam o planeta.” Por indicação de um amigo, conheci a obra “Uma breve história do mundo”, de Geoffrey Blainey, um dos mais aclamados historiadores da atualidade. O livro faz um balanço da fantástica saga da humanidade, compilada desde seus primórdios até os dias atuais. O leitor deve se preparar para uma viagem inesquecível pela história e geografia das civilizações, de forma didática e vibrante. Indico para aqueles que gostam de interpretar melhor os fatos que nos levaram aos dias de hoje.
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Informe Publicitário
Lançamento de novos produtos agitam o mercado de Planos de Saúde O mês de setembro começou com novidades no mercado de Planos de Saúde. Dia 2 foi escolhido para o lançamento da nova empresa que compõe o GRUPO PREVQUALI, a FAPES Administradora de Benefícios, que atua exclusivamente com planos/seguros de assistência à saúde (assistência médica e odontológica) e está devidamente registrada na Agência Nacional de Saúde sob o número 41745-9. Mais de 300 pessoas, entre corretores, operadoras de assistência médica, clientes e outros parceiros estiveram presentes no lançamento da empresa, que contou com o palestrante Eduardo Rocha, especialista em apresentações corporativas.
Farias Sousa, presidente Prevquali.
Thiago Dias, presidente da UMESB, Farias Sousa e Marcos Mourão, presidente da FEUBE.
Roberta Lima e Charles Lindberg, gestores da Prevquali.
Domingo Sales, diretor do Sincor/DF, Farias Sousa, Eduardo Rocha, palestrante, Dorival Alves, presidente da Sincor/DF e Faranio Sousa, diretor financeiro da Prevquali.
A FAPES Administradora de Benefícios foi constituída e estruturada para atuar em âmbito nacional, ofertando as melhores soluções para empresas e entidades de classe com infra-estrutura adequada e profissionais experientes, respeitando sempre a regulamentação vigente. Na ocasião, foi lançado também um novo produto, que mexeu com todos os corretores presentes, um plano de saúde para estudantes, totalmente em conformidade com a Resolução Normativa da ANS 196/2009. Os presidentes da UMESB/ FEUBE também estiveram presentes no evento, reafirmando a parceria com a Prevquali. Embora seja nova, a empresa é composta por uma equipe de profissionais experientes, tendo seu diretorpresidente por mais de 12 anos atuando com seguros diversos, benefícios e planos de saúde.
Frases Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro Clarice Lispector
Não basta dar os passos que nos devem levar um dia ao objetivo, cada passo deve ser ele próprio um objetivo em si mesmo, ao mesmo tempo em que nos leva para adiante Johann Goethe
O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam Eça de Queiroz
O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação Oscar Wilde
O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso
Aprendi que um homem só tem o direito de olhar outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se
Ariano Suassuna
Gabriel Garcia Marquez
Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento
Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos problemas
Érico Veríssimo
Charles Chaplin
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Opinião
*José Luiz Valente
Razões para se ter orgulho da educação pública do DF
A
escola pública é o retrato da desigualdade brasileira. Dentro de uma mesma rede há escolas menos iguais do que outras. As consequências atingem a todos, a quem sabe e a quem não conhece a realidade, porque são reveladas pelas avaliações nacionais produzidas pelo MEC. Em 2007, essa situação foi diagnosticada no Distrito Federal e a solução encontrada para resolvê-la foi um choque de gestão. Os resultados do IDEB/MEC2009 revelaram: a decisão foi correta e Brasília voltou a ter melhor educação pública do Brasil. Resta muito a fazer para tornar as oportunidades iguais para todos os alunos; para criar condições ainda melhores para que o professor ensine bem e o aluno aprenda melhor; e, sim, o cuidado para que não haja retrocesso. O chamado choque de gestão deve ser permanente. Os alunos merecem o melhor. A boa escola para todos deve ser uma meta a ser perseguida pelo governo. O centralismo de decisões e o apadrinhamento político na nomeação das direções escolares foram os motivos que mais contribuíram para a progressiva perda de qualidade da educação pública no DF. Além do mais, Brasília conheceu uma expansão alucinante e desorganizada nas últimas décadas, o que prejudicou de forma dramática a confecção e execução de planos de desenvolvimento que priorizassem as condições ideais para garantir uma educação de qualidade. Explica, mas não justifica a situação que encontrada. Descentralizar a gestão, valorizar os profissionais da educação, investir na capacitação dos profissionais e em projetos pedagógicos, foram os instrumentos
fundamentais utilizados na busca da recuperação da qualidade do ensino. Foi processo difícil, muitas vezes lento, mas amplamente democrático. Discussões envolveram todas as correntes interessadas, incluídos os sindicatos. Descentralização não combina com decisões solitárias. Se todos participam, ganha-se em consistência. O choque de gestão, compartilhado, teve três eixos, cada um com medidas adjacentes fundamentais, como o melhor plano da carreira magistério do país e a oferta permanente da formação continuada, por meio da Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação-EAPE, que tem todas as condições para ser transformada em uma universidade especializada na formação complementar dos profissionais da educação. Com o Projeto da Gestão Compartilhada, aprovado pela CLDF em outubro de 2007, foi dada a largada para uma nova forma de gestão. Para ser diretor e vice-diretor de escola, o professor deve tirar nota igual ou superior a 7 em uma prova de conhecimentos em gestão escolar. Se passar, deve submeter uma proposta de trabalho à comunidade escolar que, pelo voto universal (votos de professores, funcionários e pais de alunos têm o mesmo peso), elege democraticamente os novos dirigentes da escola. A nova modalidade de gestão compartilhada proporciona aos eleitos novas condições para administrar e um maior envolvimento dos pais e de toda a comunidade escolar. Uma vez escolhido pela comunidade escolar, o diretor assina um termo de compromisso com metas a serem atingidas, passa a dirigir orçamento próprio, por meio de recursos repassados pelo PDAF (Programa de Descentralização Administrativa
e Financeira). Entre outras coisas, o programa torna as escolas responsáveis pelas suas contas de água, luz, telefone e gás. O que for economizado, elas podem investir em outras despesas para melhor desenvolver a proposta pedagógica da escola. Nunca se viu tanta consciência e economia na rede. Equacionada a escolha dos diretores, agora por mérito, e proporcionadas condições para que trabalhem melhor, com recursos próprios, era necessário garantir uma solução para que os alunos aprendessem melhor. Assim, foi instituído o SIADE (Sistema de Avaliação de Desempenho das Escolas), um sistema próprio de avaliação que identifica os problemas que possam estar atrapalhando o bom andamento de cada turma em cada escola e oferece aos gestores e professores subsídios para as correções necessárias. O resultado desse trabalho é o IDEB-2009, recém-divulgado pelo MEC: a melhor educação pública do Brasil está do Distrito Federal. No entanto, nem tudo são flores: as contas de água, luz, telefone e gás voltaram a ter seu pagamento centralizado na Secretaria de Educação e o PDAF não foi repassado às escolas em 2010. Além disso, há fortes indícios de que pode ser proposta alteração na escolha dos dirigentes escolares, ou mesmo, não haver o processo democrático de escolha dos novos diretores em 2010, o que significa um enorme retrocesso, tudo comandado por aqueles que querem a volta do centralismo do poder, muito bom para os dirigentes de plantão, mas péssimo para a qualidade da educação.
(*) José Luiz Valente é ex-secretário de Educação do DF
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Diz Aí, Mané
FRASES IDIOTAS DE FAMOSOS
Acho que o casamento gay é algo que deve ser mantido entre um homem e uma mulher. (Arnold Shwarzenegger)
Se Jesus Cristo não agradou todo mundo, não é eu que vai agradar! (Carla Perez)
Fumar mata. E se você é morto, perde uma importante parte de sua vida. (Brooke Shields)
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Escrever ficção é demais. Você pode inventar quase qualquer coisa. (Ivana Trump)
Eu acho que o filme “As Patricinhas de Beverly Hills” era muito profundo. Eu acho que era profundo no sentido de que era bem leve. Eu acho que a leveza vem de um lugar bem profundo se é a verdadeira leveza. (Alicia Silverstone)
- Diga-me um planeta do sistema solar. - O SOL ( Silvio Santos perguntando para Helen Ganzarolli, no programa Silvio Santos)
“Você é de Áries? Não sou do Piauí” (Cantora Stefanny a Absoluta da Internet – respondendo ao Esquadrão da Moda quando perguntaram o signo da cantora).
Quando morrer, quero ser enterrada de bruços, para as pessoas me reconhecerem. (Rita Cadillac)
A carreira artística é difícil porque tem muitas dificuldades. (Tiazinha)
Então, onde será o Festival de Cinema de Cannes este ano? (Christina Aguilera)
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Ponto de Vista
Roberto Caldas*
FICHA LIMPA E O SENSO COMUM É
o assunto do momento. Nos lares, nos escritórios, na padaria, no clube, nas escolas, em todos os lugares só se fala na tal Ficha Limpa e de como o Supremo Tribunal Federal deverá decidir a questão. A votação, segundo a imprensa, está empatada em quatro a quatro, um nono voto deverá resolver a questão e o presidente da Corte votará, para desempatar, se necessário. A questão é de grande relevância, especialmente, para nós brasilienses, pois vários candidatos do Distrito Federal poderão ser impugnados e não concorrerão ao pleito de outubro. Desnecessário dizer o quanto é importante essa lei, o avanço democrático que ela propõe e a conscientização do povo para que vote em pessoas que preenchem os critérios de lisura no trato da coisa pública, para bem representá-lo no Executivo e no Legislativo. Sofremos de uma herança maldita que concede às elites o direito de se perpetuarem no poder, como se donos fossem das nossas cidades, dos nossos estados e do nosso país. Esse estado cartorial tem que acabar e cabe aos cidadãos a obrigação de lutar para mudar esse nosso destino. Os aspectos técnicos do julgamento do Supremo, sem dúvida, são importantes e a população passou a entender um pouco mais sobre irretroatividade das leis, sobre o direito adquirido, sobre o fato de o indivíduo não sofrer consequências por atos praticados antes da existência da lei. Esses aspectos didáticos, contudo, não impressionam o senso comum de o
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candidato ter ou não Ficha Limpa e não interessa ao cidadão comum se a lei retroagirá para atingir esse ou aquele candidato. O fato verdadeiro e que interessa à maioria das pessoas, àquelas que não são parentes do candidato ou que não têm um interesse direto na vitória dele, é que o ato negativo praticado no exercício da vida política invalida a tentativa de se eleger ou de se reeleger. Os aspectos jurídicos, logicamente, serão considerados pelos ministros do Supremo e terão peso para decidir por um ou outro lado.Porém, não devemos esquecer que a Corte Suprema também é um tribunal político e que dita as regras não somente para os casos concretos, mas elabora e formata os caminhos que a nação pretende trilhar – se do bem, da honestidade, da ética, ou se das entrelinhas da lei que continuarão a livrar os mais espertos e os endinheirados. Importante registrar que a retroatividade das leis ocorre a todo o instante, em todos os tribunais, como por exemplo, no próprio Supremo que, com uma única canetada, deixou de julgar milhares de agravos de instrumento por faltar uma certidão, que, até então, não era exigida. Claro que os juristas dirão que essa é uma questão processual e que poderia retroagir como realmente aconteceu. Contudo, essa decisão acarretou prejuízo a milhares de cidadãos que aviaram os seus recursos na forma estabelecida pela lei e que foram surpreendidos por uma nova orientação. Os Tribunais levam anos para interpretar determinada lei e ao con-
solidarem o entendimento aplicamno a todos os processos, pretéritos e futuros. A Justiça do Trabalho, por exemplo, levou anos para definir que o adicional de periculosidade do empregado do setor de energia elétrica deveria incidir sobre a remuneração e não sobre o salário básico, conforme jurisprudência pacífica até então prevalente. Essa decisão fez retroagir o direito em, pelo menos, cinco anos, e o patrão, que vinha pagando corretamente esse percentual, se viu premido por uma dívida de cinco anos e que não dera causa, ao contrário, apenas cumprira a lei e seguira a interpretação dos tribunais. Outros tantos exemplos existem a esse respeito e os conhecedores do Direito terão argumentos para os diferenciarem do caso da Ficha Limpa, mas o que interessa mesmo é que o Supremo Tribunal decida, não para atender aos anseios dos cidadãos, já cansados de tantas artimanhas e desmandos, mas para estabelecer um norte de dignidade, ética e respeito à política. Dependemos da política e dos políticos para vivermos em sociedade, para estudarmos, para crescermos profissionalmente, para desfrutarmos de lazer e, finalmente, para morrermos. A política é a razão da existência de um povo e de um país e deve ser praticada por pessoas dignas que tenham como único objetivo o bem público e não o seu interesse pessoal. O país espera de nós a escolha certa, a escolha do político Ficha Limpa. (*)Roberto Caldas Alvim de Oliveira é advogado
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Cresça e Apareça
Adriana Marques*
Faça a sua parte O
cenário é corriqueiro. A situação se repete, pelo menos, meia dúzia de vezes por dia. Você encontra alguém que não vê desde a semana passada no meio da rua e ela te pergunta: "E aí, como andam as coisas?" e você, instintivamente, responde: "Tudo bem!" Isso nos leva a uma reflexão básica: O que realmente queremos dizer quando fazemos essa pergunta a alguém e quando damos essa resposta? Dificilmente, quando perguntamos se a pessoa está bem, temos tempo e disposição para ouvir a resposta verdadeira. Igualmente difícil é perceber que respondemos que está tudo bem quando raramente está. Convenhamos, não debateremos sobre a primeira parte dessa reflexão – raramente alguém quer arriscar começar a ser taxado de chato ou inoportuno. Daquele tipo que responde: "Já que você perguntou, tem umas coisinhas que estão me incomodando horrores!” A nossa intenção é provocar uma autorreflexão na próxima vez que responder que está tudo bem com você. Quando a resposta é que está tudo bem, isso significa que esta é a nossa meta, a nossa busca. Queremos que tudo esteja bem. Trabalhamos, vivemos em sociedade, conservamos nossos relacionamentos e assumimos riscos para que isso aconteça. E se TUDO significa nossa vida, podemos dividir esse todo em partes – chamaremos essas partes de papéis.
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Para que se alcance um “tudo bem” é imprescindível que seus papéis estejam sendo desempenhados de forma eficaz. O primeiro exercício para reflexão é detectar e elencar quais são os papéis que você desempenha atualmente (sim, atualmente, porque, ao longo da vida, eles vão mudar). Comece pelos mais fáceis e incontestáveis como: filho, irmão, marido, pai, mãe, neta. Depois passe para os papéis situacionais, como profissional, colega de trabalho, líder, amigo e até cidadão. Terminada a primeira parte, estabeleça o que seria o ideal de desempenho em cada um dos seus papéis. Por exemplo, para que meu desempenho como mãe seja maravilhoso, preciso saber que meus filhos se sentem seguros e amados. Isso significa fazer a pergunta direta: O que é ser uma boa mãe? O que é ser um bom colega de trabalho? Faça isso com todos. Preste atenção, seu critério é único. Não existe critério melhor ou pior, bom ou ruim, certo ou errado. Sabendo disso, atente-se ao que realmente é importante para você, e não ao que convencionalmente dizem ser. Boa parte das decepções que temos em relação a nossa performance é que, muitas vezes, não somos nós que decidimos aonde realmente queremos chegar e quem nós realmente queremos ser. Ao estabelecermos o nosso próprio ideal – único, exclusivo, pessoal – estamos nos comprometendo com uma meta razoável sob o
nosso ponto de vista e não o que diz o senso comum. Se queremos nos sentir completos, realizados e plenos, devemos perceber qual é o papel que devemos prestar mais atenção, aquele que deixamos de lado porque, temporariamente, precisávamos focar nossa energia em outro lugar. E isso não significa que ser pai é menos ou mais importante que ser profissional, apenas que no momento, é o que demanda mais ou menos atenção e cuidado. A terceira parte significa a entrada em ação efetiva. Uma vez que você tenha se dado conta de quais são todos os seus papéis (Ufa!) e tenha definido quais são os seus critérios individuais em relação a cada um deles, resta definir o que fazer para que eles sejam desempenhados com louvor. Isso significa decidir o que será colocado em prática para que, além de só um grande amigo ou só um ótimo pai, você também seja um líder inspirador, um filho zeloso, um marido companheiro e, acima de tudo isso, uma pessoa muito feliz e realizada. A última parte é a recompensa que se ganha quando se vive uma vida de realizações: felicidade, plenitude e sucesso.
Faça sua parte - Você merece!
*Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching. Master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.
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Charge
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