Plano
outubro de 2010 · 2ª semana Ano 8 · Edição 76 · R$ 5,30
BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r
EDITORA
Disputa acirrada na reta final Candidatos tentam conquistar o apoio dos vencidos, mas cientistas políticos alertam que não há garantia de transferência de votos
Entrevista Tadeu Filippelli Personagem Lourivaldo Marques PONTO DE VISTA Iroíto Nakao 76
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Sumário
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56
62
13 Entrevista
40 Planos e Negócios
64 Mundo Animal
16 Panorama Político
42 Automóvel
66 Jornalista Aprendiz
18 Brasília e Coisa & Tal
44 Vida Moderna
68 Opinião
20 Política Brasília
46 Esporte
70 Propaganda e Marketing
22 Dinheiro
48 Personagem
72 Tá Lendo o Quê?
24 Capa
50 Saúde
74 Frases
28 Cidadania
52 Nutrição
75 Justiça
30 Gente
54 Moda
76 Diz aí, Mané
32 Cidade
56 Comportamento
78 Ponto de Vista
34 Educação
58 Cultura
80 Cresça e Apareça
36 Tecnologia
60 Gastronomia
82 Charge
12 Cartas
38 Cotidiano
62 Cinema
Expediente
Carta ao leitor
DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br
Plano
BRASÍLIA CHEFE DE REDEÇÃO Alessandra Germano PROJETO GRÁFICO Sandra Crivellaro DIRETOR DE ARTE Theo Speciale
DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr e Theo Speciale Fotografia Gustavo Lima EQUIPE DE REPORTAGEM Alessandra Germano, Anna Paula Falcão, Daniela Lima, Juliana Mendes e Tássia Navarro COLABORADORES Adriana Marques, Cecília Garcia, Cerino, Clara Campoli, Clarice Gulyas, Fernando Portela, Flávia Umpierre, Guilherme Pera, Iroíto Nakao, Luciana Vasconcelos Reis, Luis Turiba, Marcus Lacerda, Mauro Castro, Moreno, Natasha Dal Molin, Raio Gomes, Romário Schettino, Talita Viana, Tarcísio Holanda, Wilson Granjeiro e Wilson Sampaio DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS Distribuidora Jardim MAILING Vip Logística IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Administração: 61 3202.1257 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.
Mais um duelo entre vermelhos e azuis. Em cinco eleições no Distrito Federal, esta é a quarta vez em que a disputa das duas cores chega ao segundo turno na capital Federal. E haja fôlego para correr em busca dos votos perdidos, durante esses 28 dias de campanha. Além de tentar convencer o eleitorado com suas propostas, novas alianças são formadas e os candidatos garantem que todo apoio é bem-vindo. Tanto no DF, quanto em todo o país, o alvo principal é o apoio dos candidatos derrotados. No entanto, na opinião de alguns especialistas em política pública, essa pode ser uma tentativa frustrada. Eles não acreditam na transferência de votos. Para você saber mais sobre este assunto, leia a matéria de capa, intitulada “Candidato não é dono do voto de ninguém”. Nesta edição, apresentamos o perfil dos dez estreantes na Câmara Legislativa, eleitos no dia 3 de outubro. O que chama a atenção é que a maioria deles não tem intimidade com a política ou é alvo de denúncias. Eles saem do anonimato, com direito a muita regalia e uma conta bancária de dar inveja a muita gente. Não foi à toa que 871 candidatos concorreram ao cobiçado cargo de deputado distrital. Confira mais detalhes em Política Brasília. A Plano Brasília faz uma abordagem sobre os poucos programas direcionados às necessidades dos superdotados e ao seu desenvolvimento. A reportagem conversou com Denise de Sousa Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ela, o número de superdotados no país pode ser maior que o apresentado nas estatísticas do censo escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Mais informações na página de Educação. Em Saúde, a revista traz um alerta sobre o perigo da automedicação. O Brasil é um dos maiores consumidores de medicamentos no mundo e, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 30 mil remédios disponíveis no mercado brasileiro, que podem ter movimentado, em 2008, cerca de R$ 30 bilhões. Essa quantidade de opções com o hábito do brasileiro de se automedicar pode ser prejudicial à saúde. Para se ter uma ideia, em 2008, o uso de medicamentos por conta própria foi responsável por 30,72% dos casos registrados de intoxicação humana no Centro-Oeste. Só em Brasília foram 750 casos. Boa leitura. Até próxima!!!
Cartas
Fale conosco
Excelente artigo para o Ponto de Vista do advogado Roberto Caldas com o título “Ficha Limpa e o Senso Comum”. Ele disse tudo o que eu gostaria de dizer. Tomara que um dia os eleitores brasileiros escolham seus representantes de forma correta e não se arrependam do voto. Espero também que, no futuro, os TREs aprovem, antes do registro dos candidatos a habilitação em provas de conhecimento gerais e política. Não é possível continuarmos com “Tiriricas” pelo Brasil afora. Além de ser brasileiro maior de 21 anos, alfabetizado, os candidatos devem ser aprovados previamente pelos Tribunais Regionais Eleitorais. É o mínimo que se espera de uma possível reforma política. Roberto Freire Asa Sul
Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.
A matéria da edição 75, sobre deformidades torácicas, me chamou bastante atenção. Fiquei surpresa ao saber que, de cada cem alunos da rede pública, um tem deformidade no tórax. Tenho uma amiga com a mesma lesão e a matéria nos ajudou a esclarecer muitas dúvidas. Espero que a Plano Brasília traga mais conteúdos de qualidade como esse. Espero ansiosa a próxima edição. Parabéns! Isabella Marques Tonaro Taguatinga – DF
Entrevista
Por: Natasha Dal Molin | Fotos: Gustavo Lima
“O PMDB atravessou a sua maior transformação:
o afastamento de Joaquim Roriz” Candidato a vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDF) acredita na reforma política de seu partido por meio da renovação dos membros da legenda
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candidato a vice-governador de Agnelo Queiroz (PT), Tadeu Filippelli (PMDB), é uma figura importante na campanha da coligação que lidera nas pesquisas de intenção de voto. Trabalhando mais internamente, o engenheiro é mestre quando o assunto é articulação política, função que assumiu ainda com mais afinco no segundo turno da disputa. Figura importante no tabuleiro político da capital, ele foi secretário de Obras do governo de Joaquim Roriz, e hoje enfrenta a mulher do ex-governador na disputa ao Buriti. Filippelli rejeita o rótulo de traidor e acusa o ex-aliado: “Quem mudou de lado foi ele”. Nessa “batalha com ares de guerra”, segundo ele próprio, não há como saber o que esperar. Nesta entrevista exclusiva para a Plano Brasília, Filippelli evita comentar sobre a substituição de Roriz pela esposa, Weslian (PSC). Mas não poupa críticas ao governador do Distrito Federal, Rogério Rosso (PMDB), que chegou ao mandato-tampão por intermédio de suas articulações, e assumiu publicamente apoio à coligação adversária. Plano Brasília - Qual a sua avaliação da campanha na reta final? Tadeu Filippelli - É um trabalho completamente diferente da campanha do turno anterior. Enquanto o primeiro turno é uma grande exposição de rua, um grande corpo a corpo, uma grande popularização do nome, um grande contato direto com a comunidade, no segundo turno cessa essa atividade intensa dos candidatos proporcionais, por um lado. Por outro lado, eles ficam mais livres, grande parte deles, para poder contribuir com a campanha e o seu trabalho passa a ser muito mais de articulação política do que na forma daquele que foi no primeiro turno. É um trabalho extremamente exaustivo também. É um trabalho mais interno? Não, continua sendo na rua também. Mas exige um trabalho interno muito grande, com atenção e cuidado muito fortes na busca do equilíbrio. Isso é fundamental e acaba demandando muito esforço, o que faz desse trabalho bem cansativo. Como avalia o PMDB nas eleições de primeiro turno? Acho que o PMDB, apesar de ter perdido uma cadeira de deputado distrital e uma de deputado federal, acabou saindo extremamente vitorioso nessa eleição. Porque o
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PMDB, nos últimos quatro anos, atravessou sua maior transformação. A maior que poderia ter havido: o afastamento de Joaquim Roriz, que era um nome de envergadura no partido. Além disso, sete membros do PMDB, que eram ou foram deputados federais e distritais nas últimas eleições, como Pedro Passos, Eurides Brito, Ivelise Longhi, Roberto Lucena, Vigão, Odilon Aires, Daniel Marques, não conseguiram a reeleição. Mas, mesmo com a saída desses sete grandes nomes e concorrendo com candidatos novos, elegemos dois deputados distritais e um deputado federal. Vocês negam a discussão da divisão de cargos ou de espaço no governo, caso haja a vitória de sua coligação. Mas isso não pode vir a ser um problema após as eleições? É verdade, isso seria impossível manter em segredo. Com certeza, se tivesse havido essa discussão, teria vazado e nós teríamos implodido uma campanha que tem sido feita com um cuidado muito grande. Uma belíssima campanha que tem sido ética, correta e, sobretudo, se Deus quiser, vitoriosa. Nós conseguimos até o momento, não só entre PT e PMDB, mas entre PT, PMDB e os outros 11 partidos, manter um clima, um foco principal em busca da vitória. Posteriormente, qualquer entendimento possível com certeza vai resultar na governabilidade. Mas o senhor não acha que isso depois pode vir a ser um problema? Um problema muito mais simples após ser montada a governabilidade, por meio de uma série de critérios que possam ser acatados e do resultado da própria eleição. Se fizermos isso hoje, apenas por brigas pelo espaço político, poderia implodir essa campanha que vem sendo feita de forma muito cuidadosa. Acho que a principal demonstração foi conseguir manter a coligação de 11 partidos sem briga por espaço político e sim por uma clareza de um projeto por Brasília.
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longo dos próximos quatro anos, uma profunda revisão e renovação de seus quadros, assim como um cuidado muito grande na formação da próxima nominata, que dentro de dois anos e 11 meses deverá estar pronta.
O PMDB, graças a Deus, está vivendo um período de grande renovação O PT e o PMDB eram ideologicamente opostos. Hoje vocês dizem que as diferenças foram superadas e que houve uma boa aceitação por parte dos correligionários. Mas, na forma de campanha, isso fica evidente? O senhor é uma pessoa muito articuladora, já Agnelo tem outro perfil. Como vocês administram internamente isso, há uma divisão de tarefas? Cada um tem uma obrigação e um trabalho nessa campanha. Acho que posso contribuir de forma muito importante com esse trabalho de articulação e de conversa com os demais partidos, até porque esses fazem parte da base no governo federal, por serem histórica e politicamente muito próximos da proposta do PMDB. Poder proporcionar esse tipo de trabalho é muito importante. Como avalia que o eleitor vê o PMDB? O PMDB, graças a Deus, está vivendo um período de grande renovação. Será o grande esforço do partido ao
Cientistas políticos afirmam que, depois das eleições, muitos partidos passarão por grandes mudanças e terão que se renovar, como o Democratas e o PSDB, que tiveram a saída de membros importantes. É isso que vai ocorrer com o PMDB? O que está ocorrendo com essa eleição é a demonstração, na prática, de uma reforma política. A reforma política que aqui não foi feita por leis, que não foi feita no Congresso. Pelo menos em termos de reacomodação dos partidos e das forças, a reforma é clara, notória e sai das urnas. Em grande parte das unidades da Federação, o PMDB sai junto com o PT e alguns outros partidos que fazem parte da base federal. Uma formulação, um fortalecimento e a consolidação de duas vertentes políticas passam a ficar muito claros a partir dessa eleição. Como avalia a Lei da Ficha Limpa e seus efeitos nestas eleições? Foi a melhor coisa que poderia acontecer na política do país. Defendo e tenho insistido muito nesse aspecto na nossa caminhada, que na formação do governo como um todo seja um governo de Ficha Limpa. Todos os cargos de direção, de primeiro escalão e os demais, devem ser lotados por pessoas de ficha limpa. Quero aplicar a Lei da Ficha Limpa em outras esferas, não só nas candidaturas, mas, sobretudo, na composição do governo. A substituição de Roriz pela esposa, Weslian, facilitou ou dificultou a campanha para vocês? São campanhas diferentes. Não quero, de forma alguma, tecer comentários muito contundentes sobre isso. A nossa campanha tem sido rigorosamente cuidadosa, ética, correta e decente. Não existe um só panfleto ou matéria produzidos de forma apócrifa e que possam constranger a campanha de
estamos preparados a cada dia para qualquer tipo de maquinação, qualquer tipo de articulação equivocada e que podem, sem dúvida nenhuma, desmerecer esse processo, essa verdadeira festa democrática, que é uma eleição.
nossos adversários. Enquanto isso, nós estamos sendo atacados de todas as formas possíveis por impressos apócrifos, de forma violenta, com ameaças e com produção de dossiês falsos por compra de testemunhas. É lamentável a postura dos nossos adversários. O senhor foi um dos principais articuladores para a eleição indireta de Rogério Rosso ao GDF. Depois, o governador lançou a própria candidatura, contrariando a decisão do partido e, recentemente, anunciou oficialmente o apoio à Weslian Roriz. O que tem a dizer sobre as atitudes de Rosso? Eu já manifestei meu pensamento: a única vitória que ele obteve até hoje na vida foi uma eleição de 13 votos, dos quais ele não conseguiu articular nenhum. Portanto, nesse momento, ele não é levado em conta em qualquer estratégia que a gente trace para a nossa caminhada política. Rosso vem sendo acusado de utilizar a máquina pública a favor de Weslian e pode instituir ponto facultativo no GDF no dia 1º de novembro – um dia após as eleições –, emendando com o feriado do dia 2, prejudicando teoricamente a campanha de Agnelo. Ele pode atrapalhar a disputa? Vocês temem isso? Sim, ele tem usado de formas absurda e criminosa a máquina do governo. São diversos os depoimentos de várias pessoas ligadas ao governo que são ameaçadas e constrangidas. Segundo me relatam, essas pessoas recebem ligações telefônicas e ameaças de forma pessoal. Portanto, é um gesto muito pequeno de um governante que tinha como missão entrar para a história do Distrito Federal como um governador tampão que trouxesse Brasília para a normalidade. O que nós estamos vendo é a saúde se agravando muito mais, o transporte se agravando muito mais, a segurança se agravando muito mais. Um verdadeiro desgoverno. A cada dia mais há o envolvimento dele, que deixou de ser de caráter pessoal, mas sim na própria liturgia do cargo na campanha política.
O que está ocorrendo com essa eleição é a demonstração, na prática, de uma reforma política Como o senhor acha que vai ficar a situação política dele se Weslian Roriz não for eleita? Eu não perderia um minuto com isso. Não perderia um minuto da minha vida, absolutamente nada das minhas energias nesse momento de campanha pensando em Rogério Rosso. Em compromissos públicos, algumas pessoas já chamaram o senhor de traidor. Como o senhor encara isso? Quem saiu do PMDB foi o Roriz, não fui eu. Eu continuo no PMDB. E, nacionalmente, o PT está junto do PMDB. Eu entendo que quem tenha traído o PMDB são aqueles que deixaram a legenda e foram para o lado contrário do posicionamento nacional do partido. O senhor ainda espera mais surpresas até o fim da campanha? Claro, essa tem sido a postura dos nossos adversários. É claro que nós
Vocês estão preparados para o que possa vir? Nós estamos tranquilos. O importante é estarmos tranquilos, não é estarmos preparados ou não. A gente nunca pode imaginar o que virá da outra trincheira. Principalmente sabendo das pessoas que estão envolvidas na coordenação da outra campanha, que são pessoas notoriamente conhecidas com uma história de vida triste em relação à história da nossa cidade. Não que estejamos preparados ou não, nós estamos com a nossa consciência tranquila, pronta para enfrentar a nossa caminhada política e confiantes na vitória. O que faltou para a vitória em primeiro turno? Isso daí é um resultado que eu acho extremamente vitorioso. É claro que gostaríamos de ter levado no primeiro turno, mas imaginar uma caminhada que fez dois senadores, a primeira vez na história de Brasília, os dois senadores do mesmo campo, fez a maioria da bancada federal, a maioria da bancada distrital e de onde nós saímos de nove pontos e chegamos a 49 pontos, isso é uma caminhada vitoriosa. É uma belíssima caminhada. Ainda sobre a adversária, ela assumiu recentemente que desconhecia o próprio programa de governo. Como é lidar com uma adversária que não tem uma trajetória política anterior, com uma candidatura tão peculiar? A nossa chapa escolheu nossos candidatos. Nós temos responsabilidade pela nossa chapa majoritária, com nomes da envergadura de Cristovam Buarque, Rodrigo Rollemberg e de Agnelo. Não somos responsáveis por nomes que vão na outra chapa.
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Panorama Político
tarcísio holanda
Um áspero e arriscado
caminho
O
s dois lados que travarão uma acirrada disputa pelo poder central neste segundo turno estão envolvidos em um intenso e terrível jogo de sedução tentando atrair, cada um para o seu lado, Marina Silva, a candidata do PV. Afinal de contas, ela é dona de quase 20 milhões de votos, um patrimônio de valor inestimável para Dilma Rousseff e José Serra, que só pensam em vencer a disputa nesta nova fase do duelo. Depois da batalha do primeiro turno, cujos resultados exibiram gritantes diferenças em relação às pesquisas, vamos para um segundo turno que representa uma nova eleição. Vitoriosa no 1º turno, com 47% dos votos, contra 33% de José Serra, e 20% de Marina Silva, Dilma Rousseff é a favorita. Um acurado observador, ligado a Lula e a Dilma, me chama a atenção para um aspecto importante dessa guerra. Se, de cada quatro votos de Marina, um migrar para Dilma, ela ganhará a eleição. Para que José Serra seja o vitorioso, seria necessário que, de cada quatro votos de Marina, três fossem destinados ao tucano. Convenhamos que dificilmente Serra seria dono de 75% do contingente de 20 milhões de votos da candidata do Partido Verde.
Uma guerra de denúncias Essa disputa se assemelha a uma guerra. Dilma terá que se preparar para ela, afiando seu discurso, tornando mais simples e objetiva sua comunicação. Mas Lula também precisa mudar, evitando provocar uma guerra com a parcela mais poderosa e influente da mídia brasileira. Ele já provocou os Estados Unidos e Israel, ao se aproximar, demasiadamente, do isolado e sectário regime teocrático do Irã. Uma revista brasileira
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importante criou um núcleo de investigação destinado a investigar denúncias de corrupção dentro do governo que já abalou a candidatura de Dilma. Não é preciso muita perspicácia para saber que aquela denúncia envolvendo atos de corrupção na Chefia da Casa Civil, para favorecer a parentela de Erenice Guerra, foi responsável por uma perda substancial de votos de Dilma. Denúncias de atos indiscutíveis de corrupção, como aqueles, podem ser abaladores e causar danos irreparáveis. Nessa nova fase eleitoral da disputa do poder central, estamos entrando em um vale-tudo. José Serra já advertiu que não tem cofre em casa, fazendo uma notória indireta a Dilma, face à notícia de que ela tinha 100 mil reais guardados em casa. O que queremos dizer claramente é que, se a candidata do PT e de Lula é a favorita, isso não significa dizer que o resultado favorável já está garantido. Dilma, Lula e seus amigos e aliados terão um áspero e arriscado caminho a percorrer. O Brasil, como o próprio Lula não se cansa de dizer e repetir, mudou de patamar na economia mundial. É um país hoje importante, tanto que já desperta interesse das maiores publicações estrangeiras. É natural que núcleos importantes do poder político e econômico mundial revelem interesse pelo desfecho dessa disputa eleitoral.
Respaldo parlamentar E isso pode fazer uma grande diferença. É verdade que os partidos que constituem a base de sustentação parlamentar do governo aumentaram suas forças em 13%, nas eleições do último dia 3 de outubro: serão 402, na legislatura que começa em 2011,
bem mais do que os 380 que somam hoje. O PT passa a deter a maior bancada, uma vez que elegeu 88 deputados, ultrapassando o PMDB, que contabilizou 79 eleitos. A oposição, representada pelo PSDB, DEM, PPS e PSOL, diminuiu seus quadros – saiu da eleição de 2006 com 156 deputados, diminuiu para os atuais 133, e terá 111 parlamentares, a partir da legislatura que se inicia em 2011. Ultrapassado pelo PT, o PMDB vê se enfraquecer o seu projeto de indicar o futuro presidente da Câmara para o biênio (2011/2013). O atual líder da bancada peemedebista na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), pleiteava para si o lugar hoje muito bem ocupado pelo deputado Michel Temer. Como o PMDB era majoritário, o pleito era legítimo. O PT será a bancada majoritária na Câmara. Por isso, o deputado petista Cândido Vacarezza já se considera o nome certo para o cargo. Se for eleita, Dilma contará com uma base parlamentar indiscutivelmente forte, mas, para isso, precisa se cercar de cuidados, tanto quanto o presidente Lula, que já teve oportunidade de verificar que seus 80% de popularidade não lhe permitem ultrapassar todos os limites. Tratar de criar uma atmosfera de coexistência pacífica com aquela parcela poderosa da mídia impressa e eletrônica é um trabalho que só o próprio Lula poderá fazer. A menos que ele esteja interessado em aumentar o ódio de um setor que tem indiscutível poder de fazer mal a ele, à sua candidata e a seu governo.
DISPUTA SE ACIRRA Na primeira pesquisa do Datafolha anunciada após o primeiro turno das
eleições, Dilma Rousseff tem apenas 7% de vantagem sobre o candidato do PSDB, José Serra – 48% da petista contra 41% do tucano. Se considerarmos os votos válidos, Dilma teria 54% e Serra 46%. A diferença diminuiu, o que acena para uma disputa apertada nas eleições do segundo turno (31 de outubro). O resultado da eleição no primeiro, deu a Dilma Rousseff 46,9% dos votos contra 32,6% de Serra. Se Dilma teve crescimento de 7,1 pontos percentuais, Serra avançou 13,4 pontos quanto ao que teve no 1º turno. O crescimento maior de Serra do que de Dilma parece relacionado com a distribuição dos 19,6 milhões de votos de Marina Silva, a candidata do PV. Pesquisa do Datafolha mostra que Serra herda a maior parte desse fabuloso contingente eleitoral de Marina: 51% dos eleitores verdes prometem votar no tucano. Só 22% desses eleitores prometem apoiar Dilma Rousseff. Uma parcela de 18% dos eleitores de Marina está indecisa e poderá decidir a eleição. Na pesquisa divulgada pouco antes da eleição do primeiro turno, o Datafolha previa o 2º turno: Dilma com 52%, Serra com 40%.
Ainda há muita água para passar... O segundo turno é uma nova eleição, como já dissemos. O eleitor tende a fazer novo julgamento à base da polarização entre dois. Ainda estamos a duas semanas das eleições do 2° turno. Até lá, muita água passará debaixo dessa
ponte. É preciso observar a marcha do processo e verificar se o crescimento de Serra é uma tendência que persiste ou se o eleitor ainda está refletindo sobre o que fazer nesse novo estágio da eleição. Com 78% de popularidade no Datafolha, com 80% e mais em outros institutos, o presidente Lula é um eleitor de grande peso nesse 2° turno. Na própria pesquisa do Datafolha, o papel influente que Lula teve no desempenho de Dilma no 1° turno continua importante no segundo para 39% dos eleitores. Mas 41% julgam com indiferença o apoio de Lula e 16% não votariam em candidato indicado pelo petista. No Sudeste, onde se concentra o maior contingente eleitoral do país, Serra ganha de Dilma, tendo 44% e a candidata do PT 41%. O tucano também ganha da petista no Norte-CentroOeste: 46% contra 44% da ex-ministra. Entre os que ganham até dois salários mínimos, Dilma tem 52% contra 37% do tucano. A mais importante base eleitoral de Dilma Rousseff continua sendo o Nordeste, onde ela obtém 62% dos votos, o dobro do que tem José Serra, situação que reflete a altíssima popularidade de Lula na região, com 80% e até mais. Na faixa dos que ganham entre dois a cinco salários mínimos (de R$ 1.021 a 2.550), Dilma chega a obter 47% contra 41% de Serra. Mas entre os que ganham de cinco a dez salários mínimos (R$ 2.551 a R$ 5.100), José Serra ganha de Dilma Rousseff, tendo o tucano 48% dos votos contra 40% da candidata de Lula e do PT.
Defensoria Pública O deputado Mauro Benevides, do PMDB cearense, lembra que há exatamente um ano, o presidente Lula sancionou o autógrafo de que se originou a Lei Complementar nº 132, de interesse da Defensoria Pública do País. Designado para relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça, Mauro diz que procurou aprimorar o texto elaborado, certo de que se fazia necessário e urgente “garantir àquela carreira jurídica uma maior abrangência em seus objetivos institucionais”. Afirma ainda o parlamentar peemdebista do Ceará que, durante os debates travados na CCJ e no plenário da Câmara, ele acolheu algumas sugestões formuladas, “capazes de propiciar amplitude às atribuições de uma categoria tão importante, decorrente do artigo 134 da Constituição, que assim prescreve: “A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV (EC45/2004)”. Mauro observa, ainda, que “no instante em que sancionava a lei, o presidente Lula enalteceu a relevância daquele momento, levando em conta os serviços inestimáveis já prestados por essa importante categoria do serviço público aos carentes e necessitados”. “A lado do Ministério Público, da Advocacia-Geral da União, a Defensoria Pública situa-se num patamar elevado, contemplando postulações junto a Juízos e Tribunais” – declara Mauro Benevides.
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Brasília e Coisa & Tal
Romário Schettino
Em busca dos votos
Senado à esquerda A vitória acachapante dos senadores eleitos Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) deixou Alberto Fraga desorientado. Maria Abadia, nem se fala, foi cassada antes. Esse resultado eleitoral é fruto de uma aliança tão ampla quanto capaz de juntar alhos com bugalhos. Mas ainda é cedo para dizer que caldo sairá de tudo isso. O fato é que se for Dilma a eleita, terá maioria no Senado e na Câmara. Agnelo idem. Ter maioria no Legislativo não deixa de ser um bom sinal.
seff. ”Não era para ser isso, mas o segundo turno pode se tornar uma batalha do esclarecimento contra o obscurantismo. Voltamos ao século 18. É lá que os setores elitistas ultraconservadores insistem em querer manter o Brasil, em inúmeras questões”, disse Arlete. A questão do aborto é uma delas.
Weslian fora do Youtube? As gafes de Weslian Roriz foram parar no Youtube. A montagem musical com suas frases soltas fez sucesso absoluto no ciberespaço. O seu partido tentou suspender a veiculação, mas já era tarde. Os milhares de usuários gravaram o hit e o enviaram para uma corrente incalculável de e-mails. Além disso, a musiquinha continua lá no Youtube. foto: Moreno
Toninho do PSOL está para o Distrito Federal assim como Marina Silva, do PV, está para o Brasil. Ambos contribuíram com o segundo turno entre Agnelo Queiroz (PT) e Weslian Roriz (PSC) e José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), respectivamente. Como os votos dados ao PSOL e ao PV não pertencem completamente a eles, é possível que parte decida votar nulo e parte, a maioria, votará em Agnelo e Dilma. Ainda há outras condicionantes em jogo, tudo depende de como as coligações do PT tratem o falso problema da legalização do aborto e a questão do combate à corrupção.
Terra treme em Brasília
Bancada petista Além do deputado mais votado proporcionalmente no Brasil – Antonio Reguffe (PDT) –, a coligação PT-PDT elegeu três deputados petistas: Paulo Tadeu, Geraldo Magela e Erika Kokay. Isso significa que a responsabilidade dessa bancada cresce e chama a atenção para a tão sonhada e desejada reforma política.
Campanha ou guerra? A deputada distrital eleita Arlete Sampaio (PT) escreveu artigo para o site Carta Maior com o título: ”Campanha ou guerra?”. A deputada está preocupada com o nível dos ataques à candidata Dilma Rous-
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Só faltava essa: a terra treme em Brasília. O Observatório de Sismologia da UnB registrou um terremoto de 4.6 na escala Richter, que atingiu o Centro-Oeste e teve seu epicentro na cidade de Mara Rosa (483km de Brasília), na divisa de Goiás e Tocantins. Um primeiro tremor foi registrado às 17h17 e um segundo às 17h30. O tremor foi sentido por moradores do Plano Piloto, área central de Brasília. Os prédios do Ministério das Cidades e o Tribunal de Justiça do DF foram evacuados. Ninguém se feriu, mas o susto foi grande. Seca, abalo sísmico, incêndios e escândalos de corrupção... está ficando difícil viver em Brasília. Só os eleitores podem salvar parte da tragédia. A propósito, a poeta Amneres escreveu no seu Facebook: “Acho realmente que é uma reação cósmica a uma possibilidade trágica”.
Comunicando Ribondi premiado A peça Cru, de Alexandre Ribondi, ganha prêmios no Rio de Janeiro. Dirigida por Alexandre Ribondi e Sérgio Sartório, Cru saiu do Festival de Teatro do Rio de Janeiro com os prêmios de melhor texto (Ribondi), melhor ator (Chico Sant’Anna) e melhor figurino (Cynthia Carla). E foi indicado para melhor direção, melhor ator (Sérgio) e melhor ator-coadjuvante (Marcos Vinicius). “Caramba, dá até pra ficar feliz”, disse Ribondi.
7 x Hugo Rodas
foto: Gustavo Lima
Aliás, Alexandre Ribondi, que tem 40 anos de teatro em Brasília, faz parte do grupo de nove diretores que homenageiam o 71º aniversário de Hugo Rodas. O espetáculo “7 x Rodas”, apresentado no Pavilhão de Vidro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) reconta os 56 anos do artista vividos no teatro.
resolveram encerrar as atividades. O “Falha de São Paulo” foi proibido, mas a Folha vai ter muito trabalho se quiser censurar a internet. Para mostrar que se trata de uma missão impossível, veja o endereço: http://falhadespaulo.tumblr.com
Demissão no Estadão - I “Fui demitida por um ‘delito’ de opinião”, diz a ex-colunista de O Estado de S.Paulo Maria Rita Kehl. A psicanalista, que escrevia para o “Caderno 2”, classificou como um “absurdo” sua demissão ter sido motivada pelo artigo “Dois Pesos”, em que questionava a “elite” que desqualificava os votos das classes D e E, e ainda se dizia favorável ao programa Bolsa Família. “Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um ‘delito’ de opinião”, declarou em entrevista ao jornalista Bob Fernandes, do Terra Magazine. Segundo a colunista, o jornal “estava examinando as reações ao que escrevi e escrevia, e que por causa da repercussão (na internet) a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram”.
Demissão no Estadão - II Censura a blog Censura a blog que satirizava o jornal Folha de S.Paulo gerou reação na web. Muitos blogueiros iniciaram o movimento “censura eu, Folha” contra a medida que fechou o site Falha de São Paulo. A ideia dos irmãos Lino e Mario Bocchini era satirizar a cobertura que o jornal Folha de S.Paulo tem feito das eleições presidenciais. A criação do site “Falha de São Paulo”, com montagens de capas do jornal e outras sátiras, rendeu um processo movido pelos advogados da Folha. “Fizemos, por exemplo, uma montagem de Otavinho Frias como Darth Vader”, diz Lino. “A Folha colocou seu escritório de advocacia para abrir um processo e censurar um pequeno blog”, disse o idealizador da paródia. Sob a pena de multa diária de R$ 1 mil caso o blog continuasse no ar, os donos
A psicanalista ironizou o fato de o Estadão ter sido censurado no caso de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney, e ainda dessa forma demiti-la por sua opinião. “Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite a mim, pelo que considera um ‘delito’ de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (Senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal O Estado de S. Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que anuncia estar sob censura toma uma atitude desta?”, disse Maria Rita ao site Terra Magazine e reproduzido pelo Comunique-se.É de se constatar que a imprensa brasileira tem mesmo dois pesos e duas medidas. Quem perde é o leitor.
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Política Brasília
Por: Redação Raio Gomes | Fotos: | Fotos: Divulgação Divulgação
Do anonimato para o poder Dos 24 deputados distritais eleitos, dez são estreantes tanto no Legislativo como na vida política local
A
renovação de aproximadamente 60% das cadeiras da Câmara Legislativa do DF não foi surpresa para ninguém. A população clamava por mudanças, por conta das denúncias de corrupção que vieram à tona com a Operação Caixa de Pandora. O que chamou a atenção foram os dez novatos que vão representar os brasilienses nos próximos quatro anos naquela Casa. Falta de intimidade com a política, polêmica, alvo de denúncias e pivô de escândalos moldam o perfil da maioria dos parlamentares estreantes. Quando tomarem posse, ano que vem, novato será sinônimo de poder na Câmara Legislativa. Eles saem do anonimato para encarar os holofotes. E com direito a muita, muita regalia e uma conta bancária de dar inveja a muita gente. Não foi à toa que 871 candidatos correram enlouquecidos atrás do tão cobiçado cargo de deputado distrital. Para começar, a remuneração mensal de cada parlamentar é de R$ 12,4 mil, mais o 13º salário e ainda dois extras, a título de comparecimento nas sessões. Há também uma verba indenizatória de R$ 11,5 mil disponibilizada a cada um para gastos com atividade parlamentar. Tem mais: os deputados têm direito a uma verba de R$ 108,8 mil, por mês, para contratar servidores para os seus gabinetes.
Liliane Roriz (PRTB) Dos dez estreantes na Câmara Legislativa, Liliane Roriz, a filha caçula de Joaquim e Weslian Roriz, foi a candidata mais votada, com 21.999
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votos. Apesar da proximidade com o poder, nunca atuou na política. Ela tem 44 anos, é administradora de empresas e jornalista. Foi apresentadora de programa de variedades cultural, de moda, culinária e outros nas TVs Apoio, Brasília e Record. Também atuou em duas produções do cineasta Afonso Brazza (in memoriam). Atualmente, desenvolve um trabalho de colunista em uma revista local. Liliane também participou da implantação do Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep/DF). Trata-se de um comitê nacional, criado em 1993, pelo sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, com o objetivo de minimizar os efeitos causados pela fome e miséria do país.
ele se surpreendeu com o resultado, pois atuava apenas nos bastidores do partido, como militante. Atribui a sua vitória à necessidade de renovação na política local.
Joe Valle (PSB) O engenheiro florestal e ambientalista Joe Valle, 46 anos, ficou conhecido por seu trabalho na área de agricultura orgânica. Foi secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia do governo Lula e assumiu a Emater-DF poucos dias antes do escândalo Caixa de Pandora, quando deixou o posto. Nasceu em Caicó/RN, mas cresceu em Brasília, onde mora desde 1973. Foi eleito com 13.876 votos.
Dr. Michel (PSL)
Evandro Garla (PRB) O paulista Evandro Garla, 32 anos, é radialista e cursa Ciência Política. Participou da fundação do PRB, em 2005. Três anos depois, foi designado para o cargo de secretário nacional da legenda, posto que tem até hoje. Eleito com 15.867 votos,
Ex-cobrador de ônibus e delegado de polícia, Márcio Michel Alves de Oliveira, 46 anos, tem seu nome ligado à segurança pública. Eleito com 13.256 votos, os seus principais redutos eleitorais são Planaltina, Paranoá, Sobradinho I e II. Foi alvo de uma denúncia sobre tortura no exercício de sua profissão, mas acabou absolvido. Como plataforma, o candidato se comprometeu a lutar contra a prostituição infantil, o narcotráfico, o crime organizado e a lavagem de dinheiro.
Wellington (PSC)
Israel Batista (PDT) O mais jovem deputado distrital eleito, com 11.349 votos, tem 28 anos e é brasiliense. Em 2007, o professor Israel Batista atuou na Assessoria de Juventude do GDF. Em seguida, coordenou o Departamento de Pesquisas em Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego. E, em 2008, assumiu o cargo de secretário adjunto de Trabalho do GDF. Ano passado tornou-se titular da past, deixando o cargo assim que as denúncias de corrupção vieram à tona. Ele é apresentado como o parlamentar que pode resgatar a dignidade e o caminho da ética no Legislativo do DF.
Presidente do Sindicato dos Agentes da Polícia Civil há 11 anos, Wellington Luiz de Souza Silva nasceu em Brasília há 43 anos. Começou a vida profissional como bancário e, em 1988, ingressou no Corpo de Bombeiros. Três anos depois, foi aprovado em concurso como agente da Polícia Civil e desde o fim dos anos de 1990 comanda o Sinpol. Eleito com 10.333 votos. Wellington defende que, de nada adianta alcançar objetivos pessoais ou profissionais, se isso causar algum prejuízo em seu lar.
Washington Mesquita (PSDB) Aos 45 anos, filho de pais nordestinos, Washington Mesquita nasceu e foi criado no Núcleo Bandeirante. Passou a adolescência e completou os seus estudos em Sobradinho, até estabelecer-se em Taguatinga, onde já reside há mais de 20 anos. Durante oito anos foi comerciante no Recanto das Emas, dono de um supermercado. Há dez anos é responsável pela Coordenação Geral de Pentecostes, considerado o maior evento paroquial do mundo. Na área social, há mais de cinco anos, Washington contribui com várias famílias carentes. Hoje, também ajuda a manter mais de seis instituições de caridade. Venceu com 10.333 votos.
Celina Leão (PMN)
Olair Francisco (PT doB) Natural de Goiás, dono da rede Agittus Calçados e ex-administrador de Águas Claras, Olair Francisco tem 42 anos. Eleito com 12.477 votos, ele trabalhou como camelô, vendedor, assistente administrativo e gerente de loja. Já foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (ACIT) e suplente de Aylton Gomes (PR). Atualmente, ele tem mais de 40 lojas no DF e em Goiânia. Quando pode, gosta de voltar ao balcão e relembrar a época em que era vendedor.
A goiana Celina Leão, 33 anos, chegou a Brasília em 2000. Antes disso, formou-se em administração de empresas e fez parte do movimento estudantil. Trabalhou em indústrias de sua família e, nas horas vagas, dedicava-se ao hipismo. Trabalhou no Procon e, em 2006, foi nomeada secretária da Juventude, durante o governo Roriz, no qual implantou projetos voltados para a juventude, entre eles a Casa da Menina Moça, Amigo do Turista e Juventude em Ação. A secretaria foi extinta em 2007, pelo então governador Arruda. Também já foi chefe de gabinete de Jaqueline Roriz, eleita deputada federal. Conquistou 7.771 votos.
Agaciel Maia (PTC) Economista, 52 anos, Agaciel Maia foi pivô do escândalo dos atos secretos no Senado, onde foi diretorgeral. Ele foi acusado por ter participado da ocultação de mais de 600 atos administrativos que diziam respeito, entre outras coisas, à contratação e gratificação de apadrinhados daquela casa. Entrou no Legislativo como auxiliar de escritório, foi promovido a técnico de planejamento e, depois, a analista legislativo. Após campanha polêmica, na qual rebateu acusações e pediu votos por meio de carta endereçada a servidores do Senado, Agaciel recebeu 14.073 votos.
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Dinheiro
mauro castro
Interoperabilidade e
o transcredibilidade
O
primeiro palavrão acima representa uma mudança que muita gente ainda não sabe, ou esqueceu. Trata-se da capacidade das máquinas de cartão de crédito, colocadas nos pontos de venda, de realizarem operações de débito e crédito para qualquer tipo de operadora. O fim da exclusividade das operações de cartões entre bandeiras e credenciadoras, chamada de interoperabilidade, teve início no dia 1º de julho de 2010. Uma coisa legal, se pensarmos que muitas vezes as pessoas ficam com a carteira abarrotada de cartões com medo de um deles não ser aceito em uma loja. Agora o consumidor pode pagar suas compras com cartão de débito ou crédito em qualquer estabelecimento que possua uma máquina POS (Point of Sale), independente da bandeira. Muito mais liberdade com um bom potencial para redução de custos do varejista e, portanto, redução de preço final dos produtos. Isto vai acontecer porque
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o lojista não terá mais que alugar diversas máquinas para passar cartões. É normal encontrar lojas que têm no caixa diversas maquinetas, com diversas bandeiras de cartões. O perigo ficou transferido para as carteiras e as bolsas dos cidadãos. O endividamento dos brasileiros está parado nos cartões de crédito. Mais de 70% dos brasileiros endividados estão completamente perdidos nas contas da fatura do cartão. Quase uma viagem sem volta. Muitas pessoas adotam um antídoto contra o consumo desenfreado via cartão: deixá-lo em casa. O endividamento só não é pior porque a operadora do cartão bloqueia as compras após um determinado limite. Uma boa notícia para muitos descontrolados. O problema é que nem sempre este limite é pequeno. A verdade é que os bancos e operadoras de cartão de crédito não têm qualquer pudor em dar um crédito exagerado para seus clientes, algumas vezes duas ou três vezes maior do que a renda. Tudo isso leva a um final infeliz. Com as facilidades aumentando, crédito avançando e economia
crescendo, muita gente vai acabar perdendo a noção do limite. Com dívidas elevadas e, em alguns casos, inadimplência nos pagamentos, a pressão dos bancos vai aumentar. Para as pessoas que ultrapassarem o limite e não conseguirem quitar suas obrigações financeiras o destino é único e inevitável: a falta de crédito no mercado. Geralmente a necessidade de mais crédito vem acompanhada de uma necessidade real, dessas que só aparecem quando não tem dinheiro em caixa. Se a pessoa já estiver com o crédito esgotado poucas são as chances de conseguir mais crédito. Se a interoperabilidade apareceu para facilitar a vida de quem usa cartão, fica o alerta para aumentar o cuidado. Use parcimoniosamente. O mercado não está oferecendo crédito para quem está pendurado. Não há em vista nenhuma ação de transcredibilidade, para dar mais crédito para quem já esgotou todas as fontes.
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Capa
Da Redação | Ilustração: Cerino
“Candidato não é dono do voto de ninguém”
Com o PV neutro, independente ou em cima do muro, nada muda para os eleitores. O alerta é de cientistas políticos que consideram uma tentativa frustrada a busca por alianças com os candidatos derrotados, uma vez que não acreditam na transferência de votos
N
a reta final para o segundo turno das eleições, partidos e candidatos ainda costuram apoios políticos para reforçar e assegurar a vitória, tanto à Presidência da República quanto
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para governadores. O triângulo que envolvia Marina Silva, José Serra e Dilma Rousseff, após a declaração da neutralidade do Partido Verde, foi desfeito, o que azedou o paladar das lideranças
petistas e peessedebistas. Agora, o receio é de que os reais eleitores de uma terceira via possam acabar atormentando o sono das executivas nacionais do PT, PSDB e do próprio PV.
No Distrito Federal, não é diferente. Esta é a quarta eleição em que o duelo das cores vermelha e azul chega ao segundo turno na capital federal. Alianças continuam sendo feitas com os derrotados do primeiro turno. A briga é para conquistar os 35% dos votos – parte dos candidatos vencidos e dos que deixaram de votar no dia 3 de outubro. No entanto, especialistas alertam: “Candidato não é dono do voto de ninguém”. Para o cientista político e exprofessor da Universidade de Brasília (UnB), Taciano Nogueira, a tentativa de transferir votos por meio de lideranças partidárias não funciona. “A palavra de Marina, por exemplo, tem um peso enorme, mas não garante transferência de votos. Uma pequena parcela do eleitorado pode se influenciar, mas é uma tentativa frustrada”, observa. O especialista em políticas públicas e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), Emerson Masullo, concorda. Segundo ele, a pujança da expressiva votação no primeiro turno de Marina Silva, com certeza, não se deve somente à trajetória política da candidata ou de seu partido. Em sua opinião, isso ocorreu, fundamentalmente, devido a uma terceira via de muitos brasileiros cansados dos sucessivos escândalos políticos no cenário nacional e à falta de políticas públicas permanentes e estrategicamente voltadas aos maiores problemas nacionais – saúde, saneamento e educação. “Assim, não há garantias de que o coeficiente ‘verdemarino’ efetivamente desembarque, seja em favor de Serra ou Dilma, pois o grito por uma terceira via foi dado nas urnas”, avalia Masullo. Ele acredita que, Ele acredita que a ex-candidata do PV não arriscou pender por um dos lados (PT ou PSDB) porque poderia comprometer a credibilidade de seus futuros planos políticos, fato que “denota a neutralidade com liberação dos eleitores às suas próprias consciências”.
Recentes desentendimentos entre Marina e a executiva de seu partido quanto ao espaço que o PV poderá desfrutar no próximo governo, já provocaram um possível racha. A decisão da legenda, que seria tomada no dia 13 de outubro, foi adiada em quatro dias. O que só veio a acontecer no dia 17, após a reunião da Executiva Nacional do PV, quando a ex-candidata e seu partido anunciaram sua neutralidade, ou “independência”, como preferem chamar. A plenária contou com 88 votantes a favor da neutralidade. Apenas quatro defenderam o posicionamento do partido sobre que candidatura apoiar.
Marola política
do partido – subdivididos em 42 propostas – para negociar o apoio à Dilma ou Serra no segundo turno. Não adotar nenhum mecanismo de cerceamento à mídia é a primeira exigência do texto. Além da adesão ao documento por Dilma e Serra, o PV pretendia ouvir o Movimento Marina Silva e setores da sociedade civil. Marina Silva obteve quase 20 milhões de votos e é apontada como fiel da balança no segundo turno da corrida presidencial entre os candidatos, que agora se mobilizam para atrair o apoio dela. Marina explicou que o documento, denominado Agenda por um Brasil Justo e Sustentável,
Na opinião de Masullo, o melhor para os eleitores “marinistas”, diante de tanta marola política, é abrir bem os olhos nas propostas de governo de cada candidato neste segundo turno. “Talvez, a transferência de eleitores `marinistas` se dê muito aquém da fulanização de sua pessoa nas convicções dos eleitores brasileiros, pois como a própria candidata define, “os votos são do eleitor”. Ele lembra as últimas declarações da candidata sobre as campanhas de primeiro turno de seus adversários: “Os candidatos que tinham tempo de televisão, não tinham programa (de governo) e quem tinha programa, não tinha tempo de televisão. Os velhos partidos viraram máquinas de poder pelo poder”. Apesar de continuar se esquivando a assumir quem vai apoiar para a corrida presidencial, e embora seu discurso e suas declarações sinalizem para a neutralidade, a candidata derrotada do PV à Presidência, apresentou na sexta-feira (08), dez tópicos
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sintetiza os itens que a coordenação da campanha considerou mais importantes em sua plataforma de governo. “Espero que seja uma contribuição generosa para este segundo turno”. Enquanto ainda se esquivava a assumir quem apoiaria para a corrida presidencial, e embora seu discurso e suas declarações já sinalizassem para a neutralidade, a candidata derrotada do PV à Presidência, apresentou na sexta-feira (08), dez tópicos do partido – subdividos em 42 propostas – para negociar o apoio a Dilma ou Serra no segundo turno. Não adotar nenhum mecanismo de cerceamento à mídia é a primeira exigência do texto.
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Os dez itens são: transparência e ética; reforma eleitoral; educação para a sociedade do conhecimento; segurança pública; mudanças climáticas, energia e infraestrutura; seguridade social: saúde, assistência social e previdência; proteção dos biomas brasileiros; gasto público de custeio e reforma tributária; política externa; e fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural.
Confusão na cabeça do eleitor No DF, o apoio do PV ao candidato petista ao governo do DF acendeu a luz amarela no eleitorado nacional, conforme explica Masullo. “Contudo, provoca confusão na cabeça do eleitor leigo, visto que o namoro PV – PSDB parece estar sendo sacramentado nos bastidores de Brasília: a cúpula verde supostamente ameaçava boicotar a convenção marcada para o dia 17 e anunciar apoio a José Serra, à revelia da expresidenciável”, adianta. Um ferrenho crítico do PT, Eduardo Brandão (PV) mudou de posição ao fechar aliança com o seu ex-adversário Agnelo Queiroz. O ex-candidato conquistou 6% dos votos válidos no primeiro turno, o que representa cerca de 78 mil votos. Naquele momento, a ex-candidata voltou a admitir que poderia eventualmente ter posição divergente do partido sobre o rumo a ser tomado no segundo turno, mas não foi isso o que aconteceu. Brandão, que sempre criticou as alianças feitas pelo petista, agora defende a amplitude da união partidária. A Coligação Um Novo Caminho, antes chamada por ele de “sopa de letrinhas” - por conta da composição com 11 partidos e que hoje já soma 14 siglas -, agora parece ser considerada por
ele como a melhor saída para os problemas no DF. A aproximação do ex-candidato do PV com o PT foi concretizada com o aval do presidente nacional do partido, José Luiz de França Penna. A adesão também passou pelo crivo da ex-candidata Marina Silva. Foram 78,8 mil votos conquistados por Brandão – o equivalente a 5,65% do total apurado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no dia 3 de outubro. Agora, a expectativa é de que parte desses votos seja transferida para Agnelo. Porém, os especialistas voltam a alertar: “Os candidatos não são donos dos votos. Eles (os votos) são secretos”. Brandão assegura que a aliança não foi acertada mediante negociação de cargos ou participação no eventual governo do PT. Mas não esconde que espera que as propostas do PV voltadas para o meio ambiente sejam acopladas ao plano de governo do petista.
PSol sai pela tangente Enquanto prosseguem as negociações em busca de aliados para o segundo turno, Toninho do PSOL preferiu sair pela tangente e decretar que vai votar nulo no dia 31 de outubro. O tão cobiçado apoio do ex-candidato, que no primeiro turno surpreendeu com 199.095 votos – ficou em terceiro lugar -, não vai para nenhum dos dois concorrentes ao Governo do DF. Ele continua mantendo a posição, já anunciada antes do pleito, de que ficará neutro. Não vai declarar apoio a Agnelo, tampouco a Weslian. O ex-candidato socialista, que recebeu 14,24% dos votos válidos no primeiro turno das eleições, garante que pretende votar nulo. E esclarece que sua posição não é um arroubo infantojuvenil. Segundo ele, é uma questão de coerência com seu discurso, que criticou a aliança que Agnelo fez com o PMDB e que também não tem nenhuma identidade com Weslian Roriz. Mas, avisou que os seus eleitores estão livres para decidirem como
quiser no segundo turno. Enquanto isso, a candidata do PSC, Weslian Roriz, apesar de ficar sem o apoio do PV e do PSOL, prossegue confiante na vitória no dia 31 de outubro. Recentemente, ela recebeu um apoio de peso do governador do DF, Rogério Rosso. A justificativa foi de que a família Roriz sempre o apoiou na sua trajetória política, “portanto, seria natural que neste momento a candidata contasse com a sua ajuda na campanha”. Rosso disse tratarse de um posicionamento pessoal, uma vez que sempre manteve uma relação estreita e cordial com a ex-primeira-dama. E ressaltou que o apoio é pessoal e que o GDF continua pluripartidário. Outro apoio recebido por Weslian foi do ex-candidato Paulo Vasconcelos, que é presidente regional do PTN. Vale lembrar que, no primeiro turno, ele era vice na chama de Newton Lins (PSL) e ambos se apresentavam como uma terceira via às candidaturas de Agnelo e Weslian.
O jingle deles na campanha dizia que “chega de vermelho e de azul também”. Porém, dois dias antes das eleições, Lins renunciou a candidatura e declarou apoio a Queiroz. Vasconcelos preferiu apoiar a coligação Esperança Renovada. A mulher de Joaquim Roriz destaca que qualquer apoio à sua campanha e a de José Serra será “bem-vindo”. A campanha de Weslian, segundo Masullo, tenta resgatar uma estratégia piedosa, já praticada pelo marketing rorizista no passado recente das eleições no DF, “para quem se lembra da disputa Roriz x Cristovam”. Para o cientista político, o verdadeiro desafio talvez seja desvendar se a cabeça do eleitorado candango mudou de lá para cá, sem conotações para qualquer dos lados. Masullo analisa que a novidade ficará por conta da participação crescente do vice Jofran Frejat, que, diferentemente do primeiro turno, vem emprestando sua imagem e discurso progressista em favor de Weslian na propaganda eleitoral. Também será fundamental a decisão do diretório do PSC quanto à participação ou não da candidata nos debates políticos de TV e rádio nos próximos dias. “Surpresa mesmo vai ocorrer se, a exemplo do cenário nacional, os eleitores de Toninho forem na verdade optantes de uma terceira
via e acabarem por engrossar o caldo dos que votam nulo”. Na opinião de Taciano Nogueira, a política do DF é totalmente paroquial. “Aqui todo mundo conhece todo mundo. A política é muito ruim”, detona. O cientista político atribui esse fator à falta de tradição política da cidade. Como exemplo, cita o caso do deputado José Antônio Reguffe (PDT), “que teve uma atuação apagada na Câmara Legislativa, mas por ser um defensor da ética e da moralidade na política, foi o candidato a deputado federal com a maior votação proporcional do país, com 18,95% dos votos válidos (266.465 mil) no DF”. E conclui: “Tudo pode acontecer no dia 31 de outubro. O voto é secreto. Portanto, nesses últimos dias, tudo pode mudar”.
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Cidadania
Por: Anna Paula Falcão | Fotos: Divulgação
Acolhendo os menos favorecidos A solidariedade e conscientização da sociedade vêm ajudando cada vez mais crianças a terem uma infância digna
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Creche Comunitária Anjo da Guarda, fundada em 2004, está localizada em São Sebastião, uma das regiões mais carentes do Distrito Federal. A fundadora Mirian Paula Araújo é formada em pedagogia pela Universidade de Brasília, e tinha o sonho de realizar um projeto social com crianças carentes em estado de risco. Ela conseguiu realizar o sonho, mas admite que ainda tem muita coisa a ser feita. A creche é uma organização sem fins lucrativos que atende 150 crianças de zero a cinco anos de idade. Conta com uma equipe de 38 funcionários em um espaço físico de 500 m2. As crianças são filhos de mães carentes, que precisam trabalhar para sustentar
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a família de detentos do Complexo Penitenciário da Papuda e de famílias destruídas pelas drogas. Além dos critérios próprios que a creche utiliza para matrícula, são feitos encaminhamentos do Conselho Tutelar, Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e por assistentes sociais da saúde. Para garantir as necessidades básicas dessas crianças, cujos vínculos familiares são tão frágeis, a creche depende da sociedade civil, empresariado, instituições não governamentais e órgãos estatais. Recebem assistência odontológica, médica, psicológica e todos os profissionais são voluntários. Diariamente, são servidas quatro refeições e, por mês, é fornecida uma cesta básica às famílias. A diretora da
creche, Mirian Paula Araújo, relata que “não adianta as crianças terem uma boa alimentação durante a semana e nos finais de semana não terem o que comer”. Existe um doador anônimo, que fornece leite para as crianças há dois anos. O leite que ele doa chega a durar cerca de 20 dias e é o que ajuda a manter a creche. Juliana Ferreira, de quatro anos, frequenta a creche há três. Ela é uma criança superinterativa e dá bastante trabalho no fim do dia para ir embora. “Não tenho preguiça de vir para a creche, gosto muito de ficar aqui. Aqui eu desenho, vejo TV, ajudo a tia colocando os pratos para almoçar. A hora que mais gosto é a do almoço, como tudinho”, relata sorridente.
Muitas mães são encaminhadas para o mercado de trabalho e conseguem o seu primeiro emprego com a ajuda da creche. Mas a realidade de algumas crianças que saem de lá é difícil. Duas crianças que frequentaram a creche há cinco anos, atualmente são aviõezinhos (menores que repassam as drogas).
Apadrinhamento e doações Apadrinhar uma criança também é um método utilizado pela creche que consiste em doações mensais, que podem ser de remédios, mantimentos, materiais de limpeza e higiene pessoal, roupas, ajuda de custo e demais itens que a entidade julga necessários. O padrinho ou madrinha de uma criança pode escolher aquela que deseja afilhar, por meio de fotos e dados ou visitando a creche. O apadrinhamento não tem o intuito de colocar a criança para a adoção.
Um caso comoveu uma madrinha, moradora do Lago Sul, que soube que a mãe de uma criança com menos de dois anos era usuária e traficante de drogas e o pai estava com câncer em estágio terminal. Antes de o pai da criança falecer, a madrinha pediu a sua guarda. Atualmente, ela recebe todo o suporte necessário para o seu desenvolvimento. Esta foi a única adoção que a entidade ajudou a realizar. As doações são feitas com mais frequência na época do Natal e Dia das Crianças, pois as pessoas estão mais sensíveis nessas datas comemorativas. Mas para a creche manter suas atividades precisa de dinheiro para compra de alimentos, fazer pagamentos de salário, água, luz e telefone. O administrador Hamilton Carvalho diz que “o desafio maior é manter as portas abertas”. O supermercado Santa Felicidade faz doações diárias de pão, biscoito e frutas que não sevem mais para comercializa-
ção. Cerca de 70% desses produtos são aproveitados. A comunidade ajuda a creche com doações, desde sofás até roupas usadas. Com os produtos, são realizados bazares, com intuito de arrecadar fundos para o pagamento de despesas.
Segundo o estatuto da criança Toda criança deve crescer em um ambiente de amor, segurança e compreensão. Para fazer doações Banco do Brasil Agência: 3129 – 9 Operação: 001 Conta: 13582 – 8
Serviço Creche Comunitária Anjo da Guarda Av. São Sebastião - N° 210 - Centro São Sebastião www.crecheanjodaguarda.com.br (61) 3339.1392
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Gente
Por: Edson Crisóstomo foto: Paulo Negreiros
O velejador Rodrigo Mendonça
Carlos Frossard, Jaqueline Roriz, Joel Jorge e Celina Leão foto: Léleu
foto: Léleu
O casal Ana Paula e Alex Dias recebendo os amigos no barco happy day
Suellen e Marcos Antonio Oliveira juntos ao aniversariante e Ana Paula
Política É Serra, digo é guerra Pensar que fogo amigo é coisa de petista trata-se de grave erro. Os tucanos mineiros, paulistas, o arrecadador Paulo Preto e o apresentador de colunismo social Amaury Jr. que o digam. O último apaga a luz Com o apoio declarado da vice-govenadora, Ivelise Longhi ao candidato Agnelo Queiros, ficou sozinho o governador Rogério Rosso. Entre tapas e beijos Nem mesmo definido o próximo governador, já encontra-se em acelerado processo de negociação e definição de cargos na câmara legislativa do DF
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Caixa Rápido Biomóvel Extra De olho na responsabilidade ambiental o Extra começa a vender em sua rede de hipermercados, linha de móveis para jardim com selo Biomóvel. O selo comprova que os produtos são fabricados seguindo os princípios da sustentabilidade.
foto: Moreno
foto: Wildna
Renata Queiroz no espaço gourmet e cultural do Park Way
Valentina Crisóstomo comemorou 4 anos na Dames
foto: Léleu
foto: Léleu
Sebastião Fernandes e o amigo Alex
Caio Dias, Alex e Giovana Ribeiro
Geleia Geral A todo vapor O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostrou a força da construção civil no Distrito Federal. Das 19.210 vagas de empregos formais criadas no DF até setembro deste ano, 38,34% estão no setor. As construções na capital do Brasil estão a todo vapor.
Sinta-se Inn Casa De Obelix a Asterix, agora passa a se chamar Bar e Adega Inn Casa. Fabiano Monteiro inaugura o novo point dos brasilienses dia 27 de outubro e abre as portas ao público a partir do dia 28 na QL 6/8 do Lago Sul, com ambiente agradável e espaçoso. Solidariedade sem fronteiras Estará à mostra no Shopping Conjunto Nacional até dia 12 de novembro, a exposição “Experiências de Vida”, dos Médicos Sem Fronteiras com fotos e vídeos de profissionais brasileiros que levam ajuda humanitária a países arrasados por catástrofes, fome e guerras.
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Cidade
Por: Redação Raio Gomes | Fotos: | Fotos: Divulgação Gustavo Lima
Coleta seletiva à espera de boa vontade Apesar de sancionada em agosto, pelo presidente Lula, a Lei 12.305 não sai do papel e dificulta recolhimento do lixo reciclável
A
falta de vontade política continua emperrando o funcionamento da Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada pelo presidente da República, no início de agosto. Atualmente, a coleta seletiva só chega a 1% de todo o Distrito Federal. A média mensal de resíduo reciclável coletado pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) é de 1,2 mil toneladas, enquanto o lixo domiciliar e comercial totaliza 55 mil. Das 29 cooperativas existentes no DF, apenas cinco têm convênio com o órgão. O principal problema identificado na coletiva seletiva é o funcionamento provisório em áreas do SLU, devido à falta de investimentos no setor. “Realmente, falta a execução do projeto e infraestrutura adequada”, admite a assessora de Planejamento do órgão, Juliane Berber. Porém, ela informa que há a previsão de construção de sete centros de triagem, com recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a fim de propor-
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cionar melhores condições de trabalho às cooperativas/associações, para manuseio dos materiais recicláveis. A coleta seletiva do lixo reciclável só acontece hoje nas asas Norte e Sul - nas quadras 100, 200, 300 e 400. A separação dos resíduos em reciclável e orgânico também ocorre no Lago Norte (Península), Setor Tradicional (quadras 1 a 29), Setor Norte (quadras 1,3 e 5), Setor Sul (quadras 1, 2 e 4) de Brazlândia, e na QI 17 do Lago Sul. O caminhão do SLU passa nesses locais três vezes por semana. De acordo com Juliane, na realidade, existe coleta seletiva não oficial em todo o DF, devido à atuação das cooperativas de catadores de materiais recicláveis. O SLU alerta sobre a importância de que todos adquiram o hábito de separar o lixo em casa e no trabalho. Muitos são os benefícios de encaminhar os materiais recicláveis para a coleta seletiva. Entre eles, conforme enumera a assessora de Planejamento, estão a melhoria da qualidade de vida, redução da quantidade de lixo
depositado no aterro sanitário/ lixão e em áreas clandestinas, economia de energia e recursos naturais, geração de novos empregos e inclusão social de catadores de materiais recicláveis.
Alternativa de renda A coleta seletiva tem se tornado uma alternativa de geração de renda para a manutenção e sobrevivência de muitas famílias. É o caso, por exemplo, da cooperativa 100 Dimensão, criada há dez anos no Riacho Fundo, por um grupo de mulheres desempregadas, sob a liderança da diretora-presidente, Sônia Maria da Silva. Hoje, é referência internacional e conta com 200 cooperados. Catadores independentes recolhem materiais recicláveis em órgãos públicos, empresas, escolas e residências. Por mês, a cooperativa recolhe cerca de 30 toneladas de resíduos secos. A triagem é feita por 30 pessoas, que se revezam em três turnos. O que será aproveitado é separado e tratado e o restante e abandonado em aterros sanitários.
Na opinião do cooperado Walter Josimar de Oliveira, a coleta seletiva só será uma realidade em todo o DF, quando o governo tiver vontade política e os órgãos responsáveis pela limpeza urbana ganharem autonomia para agir. “Também é importante que a população tenha consciência do lixo produzido diariamente”, observa.
Material reciclável A coleta seletiva é a coleta diferenciada — pós-separação do lixo — do material reciclável, o que facilita a sua reutilização ou reciclagem. Para isso, de acordo com o SLU, é necessário que haja estrutura, ou seja, caminhões diferentes dos veículos que levam os resíduos não recicláveis aos centros de triagem, onde catadores separarão os produtos. A participação da população é fundamental, despejando em lixeiras diferentes o lixo seco do orgânico. Para separar o lixo seco do orgânico, basta ter em casa dois recipientes apropriados. Com a iniciativa da coleta seletiva, os catadores independentes e aqueles que trabalham nos aterros sanitários conseguem coletar mais materiais, que, em seguida, serão vendidos às empresas de reciclagem. Colaborando com a separação do lixo, a pessoa ainda cuida da própria saúde, evitando o acúmulo desnecessário de restos, o surgimento de doenças e a atração de animais perigosos. De acordo com o SLU, a comunidade pode dar sua contribuição ao meio ambiente. Com uma simples mudança de hábito, a coleta seletiva pode começar dentro de casa. Por exemplo, os potes de maionese, azeitona, doces, latinhas de refrigerantes, caixinha de leite, entre outros, podem ser lavados antes de serem jogados fora. Isso, com certeza, vai facilitar a vida dos trabalhadores das cooperativas de reciclagem. A coleta domiciliar é feita por empresas contratadas. Todo lixo é misturado e vai para o aterro da Estrutural e, às vezes, para as usinas. Além de reduzir o impacto ambiental, o tratamento do lixo traz benefícios sociais.
Identificando o nosso Lixo: Orgânicos MARROM Papéis AZUL Plásticos VERMELHO Metais AMARELO Vidros VERDE
Por que reciclar? * Diminuição da quantidade de lixo a ser aterrado; * Preservação dos recursos naturais; * Economia de energia; * Diminuição da poluição; * Geração de Empregos;
Lixo orgânico: Restos de alimentos, legumes e ovos, flores, caules, folhas de árvores e hortaliças, cascas de frutas, sacos de chá e café, aparas de madeira, cinzas, resíduos de banheiro (papel higiênico e absorventes usados). Lixo seco: Papel, papelão, jornais, revistas, cadernos e embalagens tipo longa vida, alumínio, bronze, cobre, sucatas de ferro, latas, panelas, fios e correntes, vidro (inteiro ou quebrado), vasilhames de produtos de higiene e limpeza, copos descartáveis, sacos, sacolas, caixas e tubos de PVC, garrafas e embalagens plásticas, brinquedos e utensílios quebrados.
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Educação
Por: Daniela Lima | Fotos: Gustavo Lima | Ilustração: Eward Bonasser Jr.
Superdotação, uma alta habilidade desperdiçada no Brasil Especialistas alertam sobre a importância de se investir em alunos superdotados
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o Brasil, ainda são poucos os programas direcionados para atender às necessidades dos superdotados e favorecer o seu desenvolvimento. Segundo Denise de Sousa Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), o número de superdotados no país pode ser maior que o apresentado nas estatísticas do censo escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). “Apesar de muitas dessas crianças terem sido identificadas, há ainda um quadro maior de superdotados que não foram devidamente avaliados e que, por isso, não aparecem nos dados”, explica.
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Segundo a especialista em psicologia congnitiva Elizabeth Carvalho da Veiga, isso acontece porque, no Brasil, a maioria das escolas ainda não está preparada para detectar o superdotado. A concepção é muitas vezes relacionada somente à inteligência acadêmica (linguística e lógica matemática), enquanto que o diagnóstico exige uma observação mais detalhada. Essa restrição na educação acaba excluindo as crianças que apresentam diferentes expressões da superdotação, não aproveitando os diversos potenciais na construção de novos conhecimentos em benefício da sociedade. Os especialistas alertam que a superdotação, ou altas habilidades, é pouco compreendida pela sociedade e governo brasileiros. Contrário ao que muitos pensam, a superdotação não está ligada somente à genialidade ou intelectualidade. A compreensão de superdotação vai além da natureza multidimensional da inteligência humana. É na realidade, aquele que naturalmente tem uma habilidade superior à média da população, cujo diagnóstico se dá pela observação das características cognitivas da criança. Entre vários conceitos estabelecidos por autores, a Secretaria de Educação do DF (SEDF) tem como referência os estudos do cientista americano Joseph Rensulli, nos quais a identificação do superdotado segue a partir da “concep-
ção dos três anéis”, ou seja, o indivíduo apresenta a intersecção de três fatores de comportamento: habilidade acima da média, detectado por meio do teste de QI; motivação e envolvimento com habilidades vinculadas a seu dom em alguma tarefa ou área específica; bem como traços fortes de criatividade, que envolvem fluência, originalidade e flexibilidade de pensamento, curiosidade, sensibilidade e gosto por desafios. “No exercício diário em sala de aula e no convívio direto com as instituições voltadas à educação, percebe-se a urgente necessidade de mudanças, no sentido de adequar o desenvolvimento dessas crianças”, alerta Mari Ângela Oliveira, especialista em psicopedagogia. A superdotação é um desafio não só para as crianças, como para familiares, pedagogos e psicólogos. Há uma interpretação equivocada no que diz respeito à superdotação ligada a outros termos como genialidade, autodidatismo e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Uma criança hiperativa, por exemplo, não necessariamente é uma criança superdotada, as semelhanças estão nas características de ambos. “Esta confusão ocorre em função de que indivíduos superdotados podem apresentar algumas características semelhantes àqueles com distúrbios de aprendizagem, como, por exemplo, alto nível de energia, dificuldade de concentração e de seguir regras”, explica Fleith.
O país precisa acordar Mais uma vez o Brasil deixa a desejar na área da educação. Os alunos superdotados têm uma capacidade natural de serem futuros líderes culturais, econômicos, intelectuais e
Trabalhos de crianças com altas habilidades
sociais. Seu aprimoramento não pode ser deixado de lado. Especialistas alertam que para um país desenvolvido é importante que se tenham líderes com alto nível de competência e criatividade em áreas específicas, para uma melhor solução dos problemas da humanidade. A técnica já não responde de forma adequada à demanda do universo globalizado, será preciso inteligência, perspicácia e pensamento divergente. “É preciso que a área governamental, incluindo a educação, deem conta da existência desses estudantes e da urgente necessidade de atendê-los em suas especificidades”, alerta Olzeni Ribeiro, chefe do Núcleo de Programas Especiais do DF. Caso contrário, essas crianças ficam expostas a riscos psicossociais e emocionais causando mais para frente infelicidade, revolta e violência.
Identificação A listagem abaixo, descrita pelo Ministério da Educação (MEC), demonstra as diferentes características de um indivíduo superdotado. Familiares e profissionais podem fazer associações e a criança que exibir vários desses comportamentos tem grandes chances de apresentar superdotação/altas habilidades. É original, imaginativo, criativo, não convencional. Pensa de forma incomum para resolver problemas. É persistente, independente, autodirecionado. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho). Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo). Aprende facilmente novas línguas. Tem bom julgamento, é lógico. É flexível e aberto. Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros. Resiste à rotina e à repetição.
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Tecnologia
Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Marcus Lacerda
Tijolo feito de papel é uma realidade
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Nova tecnologia ajuda na preservação do meio ambiente e barateia custos na construção civil
papel kraft, utilizado para embalar cimento, é um não cai. Buson completa dizendo: “A técnica de compactação produto com alto poder de contaminação e de difícil é versátil porque permite a modificação das características do escoamento sustentável, exatamente por não ter material por meio da adição de outras substâncias”. “Era difícil remover aquela massa de lá, percebi que quem processe o entulho – já que normalmente os sacos são descartados com o lixo urbano. Mas, pesquisa realizada a presença do papel kraft era o motivo da resistência”, pelo professor Márcio Buson, da Faculdade de Arquitetura destacou Buson relembrando a descoberta, que nasceu e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU/UnB), de um projeto de extensão no Varjão, em meio à bagunça comprova que essa inicial desvantagem se transforma em do canteiro de obras. “Percebi um amontoado de terra, cimento e sacos de cimento de grande resistência. Vi que alternativa para edificações ecologicamente corretas. Buson desenvolveu um bloco compactado que mistura além de organizar o terreno, poderia encontrar uma boa terra, cimento e também o papel utilizado nas embalagens aplicação para o material”. A nova tecnologia é aprovada por profissionais da de cimento (6% da fibra de papel kraft). O tijolo, batizado construção civil. Segundo de “Krafterra”, passou por Carlos Prata, empresário por cinco fases até sua prodo ramo de construção dução e aprovação final. sustentável e revendedor de Entre as características máquinas para a produção que mais chamaram a atende BTC, as vantagens são ção do pesquisador estão a muitas, entre elas o uso resistência a impactos e ao sustentável. “Tanto o BTC fogo. Enquanto o Bloco de como o Krafterra; além de Terra Compactada (BTC) poderem ser fabricados na comum utiliza em sua comprópria construção, podem posição 12% de cimento e ser reutilizados.” Para se ter 88% de terra, o Krafterra uma ideia do ganho para usa apenas 6% de cimento, o meio ambiente, os 740 o que abaixa significativamilhões de sacos de cimento mente o preço do material, distribuídos no Brasil, só beneficiando muitas famílias Buson desenvolveu tijolo que não contamina solo nem lençol freático em 2008, poderiam ter sido na construção de casas populares. “A substituição garante uma economia na fabricação transformados em moradias e não em mais lixo. Para a professora Raquel Blumenschein, vicedo bloco”, afirmou Buson. Outra vantagem observada no tijolo é sua durabilidade presidente da Comissão de Meio Ambiente do Sindicato e flexibilidade, já que ao sofrer pressão o tijolo deforma, das Indústrias de Construção Civil (Sinduscon-DF) e mas não rompe sua estrutura como nos BTCs. Segundo o participante da banca de avaliação do trabalho de Buson, pesquisador, os testes de resistência ao fogo provaram que os sacos de cimento, que são um problema ambiental, o Krafterra pode ser classificado até como um material acabam se tornando uma alternativa à adoção de macorta-fogo, já que ao ser submetido às chamas durante teriais de uso sustentável na construção civil: “o uso de duas horas, sua temperatura não passou de 150º enquanto tijolos de cimento e de cerâmica representam uma parte expressiva nas obras no Distrito Federal, essa é uma nova no BTC foi a 180º. No BTC, as ligações internas são frágeis. Os tijolos se sol- alternativa e não polui o meio ambiente, mas é preciso tam e a parede cai. Com o Krafterra, as ligações entre os tijolos verificar como o Krafterra dialoga com outras tecnolosão fortes, a parede é mais homogênea e, mesmo rachada, gias de construção”, concluiu.
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Cotidiano
Por: Flávia Umpierre | Fotos: Moreno
Feirinha do Park Way C
Um momento para encontrar a família, os amigos e os vizinhos
riada inicialmente para o escoamento da produção local de verduras e legumes, a Feirinha do Park Way é hoje um tradicional ponto de encontro dos moradores do bairro nobre de Brasília. Localizada no final da quadra 14, funciona toda quinta e sexta-feira, das 18h às 22h, e oferece grande variedade de cardápios e artesanatos. O que começou como uma feira de talentos, agora com 11 anos, se tornou uma respeitada feira gastronômica. Lá encontramos comida chinesa, árabe, nordestina, pizzas, pastéis, doces e bolos, salgados, entre outros. Durante a semana, cerca de 800 pessoas passam pelo local, a maioria é moradora do bairro. São 22 barracas fixas, que movimentam por volta de R$ 30 mil por mês. Dessas, duas são destinadas a feirantes visitantes. Quem tiver interesse em participar pode se inscrever para as barracas abertas à comunidade uma vez por mês.
Happy hour Cássio Rabelo, 49 anos, morador do Park Way desde 1999, é um frequentador assíduo desde o começo. “A gente vem depois do trabalho e tem espaço de encontro com a família no caminho de casa”, afirma. Pai de duas filhas, ele aproveita os dias
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de feira para encontrar os vizinhos, enquanto as meninas brincam em segurança no parquinho ao lado. Segundo Rabelo, a feira melhora a cada dia, e vem aumentando a variedade e a qualidade dos produtos oferecidos. “Esse crescimento no número de pessoas que frequentam a feira estimula os feirantes a incrementar o cardápio e a contratar mais funcionários”, observa. E resume: “Isso aqui foi um grande acerto”. Aos poucos, o número de feirantes foi aumentando e com isso surgiu a necessidade de se organizarem e criar um estatuto próprio, independente da Administração do Park Way. Dentre as regras para expor na feira, é necessário ter um produto diferente dos que já são vendidos. É restrita a venda de produtos industrializados e é proibida outra bebida alcoólica, que não cerveja e vinho. Salo Maia é um grande incentivador da feira e insiste na importância de fomentar a cultura, trazendo artistas e músicos para se apresentarem às sextas-feiras. Para ele, que mora ali desde 1991, é importante aumentar o interesse dos feirantes em investir em manifestações artísticas. “Esse tipo de atitude propicia a criação de uma identidade dos moradores com o bairro, com uma
filosofia de qualidade de vida, de vida bucólica que faz parte do que é o Park Way”, declara. Foi esse ritmo de vida que salvou Antônio Godoy Garcia, 51 anos, conhecido como Toninho Nacib. Presidente da Associação dos Feirantes do Park Way, há seis anos, ele abriu a barraca de comidas árabes pouco depois que se mudou para o bairro, em 2000. Levou toda a família para trabalhar. “Eu estava prestes a morrer de infarto e pressão alta. Essa tranquilidade e paz para viver e trabalhar salvou a mim e a minha família”, conta o ex-analista de sistemas, que largou tudo depois de 20 anos para se dedicar à gastronomia.
Ponto de integração Praticamente todas as barracas são formadas por famílias que fazem e vendem o que produzem. Toninho Nacib defende a feira como um importante ponto de integração e diz que é fundamental manter a rusticidade e o padrão familiar. Para ele, a feira tem por função servir à comunidade. “Esse clima de interior é o que a torna gostosa”. E completa: “É a cara do Park Way”. Uma das barracas mais movimentadas da feira é a de pastel e carne de sol, de Kenji Yamaoka, que está lá há
quatro anos, junto com toda a família que leva para ajudálo. Ele mora no Park Way desde 1994 e começou a frequentar a feira dois anos antes de abrir sua própria barraca. O empresário tinha cinco restaurantes, há 20 anos, mas largou tudo para viver uma vida mais tranquila, comandada apenas por sua própria rotina, sem muito estresse. Os feirantes têm a intenção de fixar a feira, para que não seja necessário montar e desmontar toda a estrutura todas as semanas. O intuito é criar um centro de convivência, com parque e praça para ginástica. Tal estrutura também propiciaria a expansão da feira. Porém, eles encontram resistência por parte da Administração do Park Way, que acredita que a criação de tal espaço contraria a proposta ecológica do bairro.
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Planos e Negócios
alex dias
IE - Intercâmbio no Exterior A IE, Intercâmbio no Exterior, é uma empresa que se dedica à realização de intercâmbios culturais desde 1998, quando foi enviado o primeiro grupo de 40 jovens para fazer o Work Experience USA®. A Intercâmbio no Exterior é pioneira no Brasil em programas de trabalho no exterior e está entre as mais experientes empresas deste segmento no mundo. Conta com 22 agências no Brasil e um conceito amplo, que proporciona a troca e aquisição de experiências e valores. A empresa trabalha com entretenimento, estudo, cultura e trabalho, visando sempre o desenvolvimento humano e a integração entre os povos. Tem parceria firmada com mais de 60 escolas especializadas no ensino de línguas para estudantes internacionais, o que nos permite oferecer ensino de oito idiomas, em todos os níveis e em mais de 30 países. Além dos cursos regulares de idiomas, oferece também cursos instrumentais para profissionais de diversas áreas, preparatórios para exames de proficiência linguística, cursos profissionalizantes – graduações e pós-graduações –, programas de férias para jovens com curso e atividades de lazer, programas de High School para estudantes do Ensino Médio, cursos com possibilidade de trabalho remunerado em vários países nos programas Study & Work, programas de trainee e de trabalho voluntário e remunerado. Oferece também atendimento especializado, com uma equipe de consultores com vivência internacional e familiaridade com os produtos e serviços IE, prontos para oferecer a melhor opção de intercâmbio cultural e compartilhar experiências.
Serviço SHCNCL Qd. 204 - Bl. C - Lj. 59 - Térreo (61) 3327.1160
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Sebba A Sebba está completando 50 anos em 2010 e traz uma novidade para o cliente. Em setembro inaugurou a Mostra Sebba de Decoração, que funciona como uma espécie de exposição dos trabalhos de alguns arquitetos de Brasília. Uma ideia inusitada que promove tanto o trabalho dos arquitetos da cidade como os produtos e a empresa. Os arquitetos montaram espaços com dedicação exclusiva para a Sebba que ficarão por cerca de um ano e meio na loja para que os clientes possam se inspirar e até mesmo fazer igual em sua residência. Quando a empresa começou, era apenas uma pequena loja na avenida W3 Sul, a Sebba trabalhava com material básico de construção, como telhas, madeiras e tábuas. Com o passar do tempo foram migrando para material de decoração, atualmente trabalham com acabamentos, pisos, azulejos, louças, metais, marcenaria, entre outros. Ainda possuem uma indústria de armários de cozinha.
Serviço SIA Trecho 3 - Lt. 250/280 (61) 3233.2211
Clínica Andros
OdontoCare A OdontoCare é uma clínica de implantes e estética dental com quase dez anos no Brasil. Atuando em Brasília desde 2005. Marco Teixeira, responsável técnico da OdontoCare, recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília por seu desempenho profissional. O carro chefe da clínica está no atendimento a pacientes da melhor idade, e aqueles que perderam de um a todos os dentes. De forma rápida, segura e dinâmica, os pacientes da OndontoCare, em sua maioria empresários, senhoras da sociedade e políticos, são reabilitados em um curto espaço de tempo. Em média três a quatro dias, o que torna o tratamento mais convidativo àqueles que têm uma vida agitada e corrida. Implantes, estética, periodontia e tratamentos com sedação têm sido procurados com frequência. Comodidade, tradição e valores compatíveis com uma odontologia moderna tem destacado a Empresa.
Há 10 anos em Brasília, a Clínica de Urologia e Laparoscopia Andros disponibiliza modernas e confortáveis instalações para o atendimento com qualidade e humanização das patologias que acontecem no trato urinário do homem e da mulher. Para tanto, conta com uma equipe multidisciplinar completa, que permite um tratamento eficiente desde o diagnóstico da patologia até o restabelecimento das atividades. A Andros é referência nacional em cirurgia minimamente invasiva. Nos últimos anos, a urologia sofreu um processo de sofisticação e evolução tecnológica que levou ao desaparecimento das grandes incisões cirúrgicas. Em linha com este processo de evolução, os profissionais da ANDROS, que contam com especialização na Cleveland Clinic Foundation – USA, tornaram-se referência no Brasil na realização de procedimentos cirúrgicos de uma forma minimamente invasiva.
Serviço SHLN Bl. F, 3º andar, Sl. 304/305 Ed. Primo Crosara (61) 3340.7191
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SkinJam! A SkinJam!, marca chinesa presente no Brasil desde 2009, é especializada em aplicar artes e figuras em aparelhos eletrônicos de forma artesanal. Desde sua chegada, tem atraído a atenção dos consumidores com seus produtos inovadores, feitos sob encomenda, de longa duração e fino acabamento. A customização ajuda os clientes a economizar, pois a moldura que enfeita os eletrônicos pode ser sempre mudada, dando uma aparência diferente ao equipamento.
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Automóvel
Da Redação | Fotos: Divulgação
Chineses ganham as ruas de Br A
Dali, concessionária da maior fabricante de veículos independente da China – Chery Automobile –, mal abriu as portas em Brasília e já é campeã de vendas. Segundo os empresários Gilmar Farias e Marcos Cardoso, antes mesmo da inauguração, mais de 20 unidades já haviam sido vendidas. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou que a Chery Brasil registrou 72,5% de crescimento nas vendas em
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agosto, totalizando 695 emplacamentos, 292 a mais que no mês de julho. O maior responsável por alavancar as vendas foi o recém-lançado Chery Face, somando 360 veículos vendidos no varejo. Em segundo e terceiro lugares ficaram o Tiggo (278) e o Cielo (123). O Chery Face levou menos de três anos para ser desenvolvido, tempo no qual foram investidos US$ 150 milhões em pesquisa e concepção. O design do veículo ficou a cargo dos profissionais da Bertone, empresa italiana especializada há quase um século na fabricação de carrocerias e no projeto de automóveis. Talvez por isso, o carro tenha herdado características claramente europeias, mas “sem deixar
rasília de marcar a presença da tradição chinesa em algumas particularidades de sua linha, concentrando ainda fatores inovadores, hi-tech e práticos”, como afirma a montadora. Com bom espaço interno e distância entre eixos de 2,39 m, o Chery Face possui configurações de um top de linha, como motor de alta performance de 1.300 cc, ar condicionado, direção hidráulica, freios dotados de ABS e EBD, além da proteção de airbag duplo. Essas particularidades fazem dele um carro muito mais adequado aos objetivos tanto de uso familiar, como para trabalho e lazer. Conta ainda com muitos outros equipamentos, como farol com altura regulável, vidros elétricos, computador de
bordo, sensor de marcha ré, entrada USB em seu som, que reproduz arquivos em MP3, e vários espaços de armazenamento no painel de instrumentos ou sob os bancos. O Chery Face é um carro compacto, ou um hatckback, mas seu teto de linhas suaves tem dimensões amplas. As rodas largas dão ao veículo ares de esportividade. Uma de suas características mais marcantes é o design do painel, criado especialmente por renomados designers britânicos. Os instrumentos circulares em forma de tubo, o display redondo com iluminação azul e branca e o visor de LCD para informações complementares, garantem estilo moderno, prático e leitura extremamente fácil e objetiva. As linhas marcantes de sua carroceria envolvem de forma integrada o conjunto do capô, parabrisas, teto e vidro traseiro, que, além de emprestar a modernidade desejada, também auxilia na redução da resistência aerodinâmica na área frontal. Sua frente em formato de “U”, bastante atual, compõe parte da dianteira arredondada, harmonizando todo o conjunto e proporcionando elegância ao veículo. O spoiler traseiro, item de série, além de conduzir corretamente o fluxo de ar, reduzindo o arrasto, reforça ainda mais as suas características esportivas. O Chery Cielo custa R$ 31,9, mais o frete, que pode chegar até R$ 1,5 mil, de acordo com a região. Serviço Dali SIA Tr. 02 – Lt. 650/680 (61) 2108.0808
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Vida Moderna
Por: Clarice Gulyas e Alessandra Germano | Fotos: Divulgação | Ilustração: Theo Speciale
justiça também pode considerar o
alcoolismo
como doença crônica
PLS que defende trabalhadores alcoólicos da demissão por justa causa poderá reduzir assédio moral e acidente de trabalho
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Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 48/2010, que tramita na Câmara dos Deputados, tem o objetivo de acabar com a demissão por justa causa de trabalhadores dependentes de bebida alcoólica. O vício, já classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Síndrome da Dependência do Álcool, passa a ser considerado uma doença crônica também para a Justiça e para a Previdência Social. Com isso, o PLS garante a permanência no emprego ao trabalhador que fizer
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tratamento médico. A proposta, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), poderá contribuir ainda com a redução do número de ocorrências de assédio moral e acidentes de trabalho no país. Decisão recente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em julgamento de recurso do município de Guaratinguetá (SP), determinou a reintegração de um trabalhador demitido por dormir durante o expediente, se embriagar e faltar constantemente ao serviço. O enten-
dimento da 7ª turma do TST reforça a aprovação do Projeto de Lei do Senado (PLS) nº48/10 que tramita na Câmara dos Deputados. A advogada trabalhista, Eryka De Negri, acredita que com a aprovação da lei, os trabalhadores alcoólatras terão mais dignidade e menos chances de sofrer assédio moral. “O tratamento a esse trabalhador poderá mudar radicalmente, pois retirará do rol da justa causa a embriaguez habitual. E valorizará um cidadão que é duramente marginalizado pela
sociedade, oferecendo tratamento médico ao invés da demissão”, diz. Os empregadores também poderão sair ganhando. Eryka explica que dependentes de bebida alcoólica têm maiores chances de se acidentar no trabalho, já que o álcool afeta sentidos como a atenção e a concentração. O tratamento médico incentivado nesses casos irá garantir ainda a integridade física do empregado. “Esta é uma doença incapacitante. Assim como a depressão e a síndrome do pânico, ainda não é encarada por todos como uma doença, precisa de atenção para que se evite a ocorrência de acidentes de trabalho”, diz.
Tratamento obrigatório No entanto, o trabalhador que recusar a se tratar poderá ser demitido por justa causa e não terá direito ao auxílio-doença. De acordo com a psicóloga, Magaly Muniz, conflitos familiares, conjugais e profissionais são algumas situações que levam o indivíduo a desenvolver problemas como a depressão, baixa autoestima e ansiedade, que contribuem com a dependência da bebida. "O tratamento baseia-se principalmente na mudança de comportamento com incentivo ao abandono do vício um dia de cada vez, com forte acolhimento de pessoas próximas e a parceria com a família. Muitos desses indivíduos não se veem alcoólatras. Por isso é necessário que haja motivação para a mudança de hábito", explica. De acordo com um dos diretores dos Alcoólicos Anônimos (AA), que não quis se identificar, mesmo ao incentivar o combate ao vício, é necessária a conscientização dos próprios alcoólatras para que o tratamento seja eficaz. “Esse PL poderá se tornar uma lei importante porque protege o dependente, que é uma pessoa que não bebe porque quer. Mas a lei quer ajudar quem quer ser ajudado. Por isso, o AA trabalha na reformulação da vida de cada um”, diz.
cialmente a injustiça e a ilegalidade da justa causa aplicada”, adverte.
Homens correm mais risco
Eryka De Negri, advogada trabalhista
Esta é uma doença incapacitante. Assim como a depressão e a síndrome do pânico
Mesmo ao deixar de ser encarado como falha moral, o alcoolismo no ambiente de trabalho poderá provocar faltas que remetem à justa causa como, por exemplo, dormir, atrasar e ter má vontade na realização de tarefas. A advogada alerta para que o trabalhador busque apoio jurídico em sua defesa em caso de demissão. “Infelizmente a lei não pode impedir algumas condutas patronais que chamamos de criticáveis. Se, no lugar de encaminhá-lo ao tratamento, o empregador demitir o dependente alcoólico por outra alínea da lei, caberá ao trabalhador discutir judi-
Entre 2000 e 2006, a maior parte das mortes diretamente relacionadas ao abuso do álcool ocorreu entre homens. A publicação Saúde Brasil 2007 revelou que dos 92.919 óbitos – relacionados a acidentes de trânsito, quedas, afogamentos, entre outros, por ingestão de álcool –, 89,1% envolveram pessoas do sexo masculino (82.834) e 10,9% de pessoas do sexo feminino (10.085). Nesse mesmo período, 1.483 pessoas morreram de causas relacionadas ao álcool, no DF. Do total, 1.354 homens (91,2%) e 129 mulheres (8,7%). De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID, 2006), a maior prevalência de dependentes de álcool também está entre os homens, que somam 19,5%, e as mulheres, 6,9%. A cada seis homens que ingerem bebida alcoólica, um fica dependente. A cada dez mulheres, uma fica dependente. No entanto, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2009, do Ministério da Saúde, divulgou este ano que, entre as 27 unidades da Federação pesquisadas, o Distrito Federal apresenta o segundo maior número de mulheres que consomem álcool. Em primeiro lugar ficaram as soteropolitanas. NoDF, somaram 16,5% aquelas que admitiram ter tomado, no último mês (junho/2010), quatro ou mais latas de cerveja ou doses de destilados em apenas um dia. Serviço DeNegri Advogados (61) 3224-5725 www.denegri.adv.br Magaly Muniz (61) 9113-6094 AA DF (61) 3226-0091 www.aaareadodf.org/
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Esporte
Por: Juliana Mendes | Fotos: Gustavo Lima
Alvinegro candango investe no basquete de Brasília A novidade anunciada pelo Botafogo-DF é uma equipe de jovens talentos do basquete, que promete unir forças para alcançar grandes objetivos e mostrar o potencial dos atletas da cidade
H
á pouco mais de um ano surgiu em Brasília o Botafogo de Futebol e Regatas do Distrito Federal. Um clube que tem com seu presidente, Walter Teodoro, a vontade de ascender no campeonato brasileiro. Os alvinegros candangos vão poder torcer pertinho de casa. Mas não para por aí. Ambicioso, o Botafogo-DF já está investindo em outras modalidades como natação, polo aquático, remo e um time de peso no basquete. Um contato entre Teodoro e a escola de esportes Lance Livre deu origem, no início deste ano, ao time de basquete do BotafogoDF. A ideia era unir a formação realizada pela Lance Livre com o nome forte do alvinegro. Deu certo, e em junho começaram os treinos de um time que promete grandes conquistas, sob o comando de Ronaldo Pacheco e o auxílio de Rodrigo Leonardo de Matos e Michael Swioklo. Formou-se uma equipe juvenil e uma adulta. Apesar de a maioria dos jogadores terem menos de 20 anos, são garotos que já têm um bom desempenho em nível nacional pela categoria juvenil. Alguns, inclusive, já trazem uma experiência que poderá ajudar na ascensão do Botafogo-DF, adquiridas no atual campeão do
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Novo Basquete Brasil (NBB), o antigo Universo, agora UniCeub, e outros que chegaram a ser convocados pela seleção brasileira.
Futuro Convidado para comandar a comissão técnica, Ronaldo, que já trabalhou com a equipe do antigo Universo, chegou com a ideia de valorizar os jogadores da cidade, e já demonstra satisfação com a equipe formada. “Eu trabalho com basquete em Brasília há 32 anos e sempre tive o sonho de montar uma equipe com jogadores exclusivamente da cidade. E como temos um grupo jovem O técnico Ronaldo Pacheco acredita na equipe formada
O ala-pivô Ronald traz a experiência adquirida no antigo Universo
com muito potencial, acho que será uma ótima oportunidade de mostrar o bom trabalho de Brasília”, afirma. Os jogadores estão bem entrosados e garantem que irão se esforçar para desenvolver um bom trabalho no alvinegro candango. O ala-pivô, Ronald Rudson, que veio do antigo Universo, se diz satisfeito e motivado com o convite para integrar a equipe, na qual está tendo oportunidades de mostrar seu potencial. “Aqui eu tenho mais chances de jogar. No Universo, não estava tendo muitas chances. A equipe é nova, os meninos são novos, mas são bons. Eu quero passar a experiência que adquiri para eles. Acho que esse time vai crescer bastante”, acredita. A ideia inicial era montar um time para disputar o NBB da próxima temporada, porém, a Liga Nacional de Basquete (LNB) não aceitou novas inscrições. Eles terão de trabalhar para conquistar a vaga por meio da Copa do Brasil, em que os dois primeiros colo-
O marcador Pitoco (na frente) sonha com a vaga para o NBB
cados serão classificados. Começaram treinando forte para ganhar o campeonato local, no qual a equipe juvenil está invicta e a adulta bem colocada. Os jogadores têm consciência de que precisarão trabalhar para conquistar bons resultados que, pelo potencial e garra demonstrados em treino, há grandes possibilidades de surgirem em breve. O armador Marcos Fernandes tem baixa estatura, tanto que é mais conhecido como Pitoco, mas esse jovem que teve breve passagem pela seleção brasileira tem grande potencial. Ele, assim como os colegas, sabe que precisarão se destacar agora para alcançar objetivos maiores. “O NBB é o objetivo maior, é mais um sonho que a gente vai conquistar, se Deus quiser, com muito trabalho. Mas não é algo imediato, a gente vai ter que trabalhar um ou dois anos para conseguir essa vaga”. Todos têm consciência de que, para o time crescer e conquistar
melhores condições, o esforço deve partir de todos os lados. “Os jogadores recebem uma remuneração ainda pequena, mas é o que no momento o Botafogo dispõe como investimento. Eles têm se empenhado muito no seu trabalho e o Botafogo está buscando novos parceiros. Todos os nossos jogadores estudam e uma das metas é não tirar isso deles”, informa Ronaldo. Para que o alvinegro candango avance e se torne um time de peso em Brasília, o ala Breno Araujo avisa que estão treinando forte para vencer, mas também adquirir experiência com as possíveis derrotas. “Primeiro a gente quer fazer um bom campeonato em Brasília. Jogar bem contra o UniCeub. A gente nem pensa muito em ganhar, mas jogar um jogo duro, pau a pau com eles. Se ganharmos, bom. Se perdermos, adquirimos experiência”, diz empolgado. E isso é só o começo do que promete o alvinegro para os brasilienses apaixonados por basquete.
PLANO PLANO BRASÍLIA BRASÍLIA 1ª QUINZENA 1ª 2ª QUINZENA SEMANASETEMBRO OUTUBRO AGOSTO 2010
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Personagem
Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima
Jornaleiro é
parte da história
de Brasília
Dono da primeira banca de jornal da capital é atração turística na cidade
J
ornaleiro, agente de turismo, poeta, pintor, contador de histórias, pai de nove filhos, avô de 17 netos, bisavô de um e inúmeros outros adjetivos. Quem conhece a primeira banca de jornal de Brasília sabe muito bem a quem pertence todas essas denominações. O senhor Lourivaldo Soares Marques, 73 anos, dono da banca de jornal da 108 sul, fundada em 1960. Locadora, banca de jornal e uma pequena agência de turismo, é assim que seu Lourivaldo define seu negócio. Ele coordena pacotes de viagem para Caldas Novas, pois acha que é uma área promissora. Ponto turístico em Brasília, ao lado da banca, não há quem passe por ali e nunca tenha reparado na árvore gigante que forma uma espécie de “portal energético”, como denomina seu Lourivaldo. Foi em setembro de 1963, às 15h, data que ele mantém bem viva na memória, que o jornaleiro resolveu plantar duas árvores para que fizessem sombra em sua banca. Como elas cresceram muito próximas, resolveu unir as raízes das duas árvores para que se
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tornassem uma só, o que resultou no “portal energético”. São muitas as histórias a respeito da árvore, a mais conhecida é contada pelo próprio cultivador. “Quem passa pelo portal e faz um pedido, três vezes, em três dias diferentes, realiza seu pedido. Eu realizei o meu”, afirma seu Lourivaldo. O jornaleiro que era pintor de parede e morava em São Paulo, conta que em uma certa madrugada sonhou com Brasília. Pela manhã foi tomar café com um amigo e resolveu contar-lhe o sonho. Mas não foi preciso, pois seu amigo adivinhara antes mesmo de ele contar. Foi então que seu Lourivaldo resolveu que sairia de São Paulo para tentar a sorte em Brasília. “Então, em 1960, eu arrumei as malas. Em 13 de fevereiro vim pintar as paredes da capital”, conta. Recém-chegado na cidade, precisando de emprego, resolveu vender jornais. “E pintei na tela da Globo”, ele brinca ao lembrar que apareceu na televisão três vezes. Uma delas foi em 1992, quando expôs uma réplica de
sua banca na entrada da Feira do Livro, que na época acontecia no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O que chamava atenção do público era a faixa feita pelo jornaleiro, que dizia: “Tome ‘vinho produtor’ com Lourival, compre livro e ganhe jornal”. Quem entrava na feira já passava pela banca e degustava o vinho que seu Lourivaldo tinha conseguido em uma parceria feita com um produtor de vinho. Depois de ver como a ideia deu certo, as promoções da banca não pararam. Sempre criativas, são até hoje uma forma de chamar a atenção dos antigos e novos clientes. A mais recente é “Palavra cruzada grátis! Comprando aqui agora, você ajuda o jornaleiro e ativa sua memória. A cada R$13,00, o brinde é na hora”. Na banca de seu Lourivaldo quem gastar R$ 13,00 leva de brinde palavras cruzadas. Aos 17 anos, seu Lourivaldo sonhava em montar uma quitanda no centro de São Paulo, mas não sabia que seria algo cultural. “O sonho me trouxe mais longe, hoje eu vendo desde doces caseiros, ovos caipiras, ração humana, até livros, jornais e dvd’s”, afirma. Levando uma vida muito saudável, seu Lourivaldo anda de bicicleta pela cidade todos os dias. “Quem paga as contas da loja no banco sou eu e faço tudo de bicicleta”, conta orgulhoso. Pioneiro, o jornaleiro fez um poema em homenagem à cidade. “Brasília é amada por ti, por eles, por elas. Por aquela multidão de fãs. Por todos nós, eu declaro em uma só voz meu amor por essa cidade e por aqueles que partiram deixando muitas saudades com muitas emoções”.
Hoje, seu Lourivaldo conhece quase todos os seus clientes. “Muitos deles que cresceram por aqui, já formaram família e moram em outros lugares, mas fazem questão de voltar. Trazem seus filhos e me apresentam como se fossem meus netos”, conta. Dona Esmeralda Monteiro, conta que veio para Brasília antes da inauguração. Desde criança frequenta a banca. “Só tinha o Clube Vizinhança e todo mundo que ia para o clube ou morava nas redondezas passava pela banca para comprar jornal e ficar conversando”, relembra.
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Saúde
Por: Juliana Mendes e Alessandra Germano | Ilustração: Eward Bonasser Jr.
A automedicação oferece riscos e benefícios Arraigado na nossa cultura, o hábito de consumir medicamentos sem prescrição médica oferece riscos à saúde, mas em casos simples o consumo de remédios de venda livre pode ajudar, mas requer cuidados
O
Brasil é um dos maiores consumidores de medicamentos no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) são mais de 30 mil remédios disponíveis no mercado brasileiro, que pode ter movimentado, em 2008, cerca de R$ 30 bilhões. Essa quantidade de opções com o hábito do brasileiro de se automedicar pode ser prejudicial à saúde. Segundo informações do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (Sinitox), do Ministério da Saúde, em 2008, o uso de medicamentos foi responsável por 30,72% dos casos registrados de intoxicação humana no Centro-Oeste. Só em Brasília foram registrados 750 casos. E causou 21,43% das mortes pelo mesmo motivo na região. A automedicação foi responsável por 2,24% dos casos de intoxicação por medicamento em 2008, com 591 casos registrados no país. Segundo a farmacêutica e professora da Universidade de Brasília (UnB), Janeth Naves, há vários fatores que levam à prática da automedicação, como a falta de barreiras para acesso a medicamentos, o excesso de propagandas da indústria farmacêutica na televisão e até em consultórios e farmácias que incentivam o uso desses produtos, a crença popular no uso de ervas medicinais, a vontade do ser humano em ter autonomia sobre si. “Outra questão que influencia a automedicação já comprovado em estudos, é a demora do acesso ao serviço de saúde pública. Então a pessoa vai à farmácia que é de fácil acesso, rápido, porque se
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for ao SUS (Sistema Único de Saúde), por causa da sobrecarga do sistema pode ocorrer demora ou atendimento não satisfatório”, diz. Em três drogarias visitadas na rua das farmácias, 102 Sul, os funcionários foram unânimes: os remédios mais procurados pelos clientes são antibióticos, analgésicos e antialérgicos, nesta ordem, a maioria sem receita. De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2009, o consumo de antibióticos pelos brasileiros alcançou o montante de R$ 1,6 bilhão. A Anvisa determina que todo antibiótico só pode ser vendido com a apresentação de receita médica. Mesmo com a nova regra, que libera a permanência em gôndolas de livre acesso, apenas a fitoterápicos – remédios a base de plantas e ervas – os consumidores continuam escolhendo os medicamentos que querem comprar e as farmácias não dificultam a venda, sem prescrição médica, mesmo daqueles de tarja vermelha. Outro remédio citado pelos funcionários das farmácias foi o anti-
concepcional. A maioria das clientes não apresenta a receita para a compra do medicamento de tarja vermelha. Algumas mulheres são induzidas a consumir marcas específicas, sendo presenteadas por seus ginecologistas com amostras grátis. “Minha médica não fez qualquer tipo de exame para saber se o remédio era compatível com o meu organismo. Paguei a consulta e ganhei três caixas de uma determinada marca de anticoncepcional. Eu sentia muitas dores nos seios e
fortíssimas oscilações de humor. Até que resolvi trocar de marca, quando esses problemas deixaram de existir”, conta a bancária Janaína Cunha. Essa facilidade para aquisição de medicamentos pode prejudicar ao invés de curar. Os riscos da automedicação são vários, dentre eles está o mascaramento de sintomas, o que pode retardar o diagnóstico pelo médico ou, em casos de doenças infecciosas, a pessoa acreditar que está curada, mas continuar transmitindo a doença. E para quem já faz uso de algum medicamento receitado por um médico, ao tomar outro sem prescrição podem ocorrer interações medicamentosas com aumento ou diminuição do efeito de um dos medicamentos ou mesmo causar um efeito adverso indesejável. Mas, segundo Janeth, nem tudo tem só o lado ruim. A automedicação, segundo ela, também tem vantagens. Em casos de medicamentos sem tarja que são de venda livre, como analgésicos, podem tratar um problema simples e passageiro, além de que, pode ajudar a não sobrecarregar os serviços de saúde. Mas, mesmo esses medicamentos de venda livre requerem cuidados. O consumidor deve procurar um farmacêutico para que ele indique se aquele remédio é adequado ou se será necessário procurar um médico. Além da importância de ler a bula para verificar se não se encaixa no grupo de pessoas que não podem fazer uso daquela substância, afinal, todo medicamento tem contraindicações. Mas Janeth alerta que o consumidor precisa saber até onde pode ir nessa prática. É necessário estar atento para os sinais que mostram a partir de que ponto a automedicação passa a ser perigosa. “Existem sinais que nos mostram que a automedicação está ultrapassando os limites, como usar remédios de tarja vermelha ou preta, e quando um sintoma está persistindo por muito tempo ou é muito forte. E se tem doenças crônicas e já usa outros medicamentos”, informa. Esses cuidados para evitar os riscos da automedicação servem inclusive para remédios naturais e fitoterápicos, que
por fazerem parte da cultura brasileira, herdada dos índios, levam as pessoas a acreditarem que são inofensivos. “Todo produto que é capaz de alterar um sintoma, curar uma doença ou mudar alguma função fisiológica também tem o poder de causar algum dano à saúde se não for corretamente utilizado. Dizer que o que é natural não faz mal, é um mito”, alerta Janeth. O Ministério da Saúde e a Anvisa promovem campanhas para conscientizar a população sobre riscos e cuidados que devem ser tomados em relação ao consumo inadequado de medicamentos, mas bate de frente com as inúmeras propagandas da indústria farmacêutica. Há necessidade de ações mais intensas para combater a automedicação no Brasil, como a busca pelo controle de acesso a produtos farmacêuticos que agora têm outra facilidade com o avanço da internet. Há sites que vendem, inclusive, remédios de tarja vermelha. “Seriam necessários medidas mais rigorosas e mecanismos de controle mais eficazes para combater. E isso não acontece. As campanhas contra a automedicação estão mais frágeis que as campanhas pró-automedicação”, alerta Janeth que cita também a questão da remuneração de balconistas de farmácias e drogarias que, geralmente, recebem comissões pelas vendas, o que os levam a induzir o consumidor a comprar. campanhas contra automedicação ainda são frágeis
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Nutrição
Da Redação | Ilustração: Eward Bonasser Jr.
Guerra contra o açúcar Além de atrapalhar quem deseja emagrecer, o consumo excessivo de carboidratos pode causar o envelhecimento precoce. Farmacotécnica oferece produtos que prometem amenizar os efeitos do açúcar na pele
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hocolates, doces e biscoitos ficam fora da lista de compras de quem está de dieta. E não é para menos. O açúcar é um dos grandes vilões de quem está de olho na balança. O que se descobriu é que, além das muitas calorias, o consumo excessivo de açúcar e de outros carboidratos também contribui para o aparecimento de rugas e flacidez da pele. A glicação é um dos fatores de envelhecimento, sem contar os raios ultravioletas, o estresse e os radicais livres. O processo ocorre quando uma molécula de açúcar em excesso adere a uma molécula de proteína, como o colágeno e a elastina, responsáveis pela firmeza e elasticidade da pele. A partir daí são formados os AGEs, rígido complexo de açúcar e proteína que altera as estruturas das mesmas e impedem o bom desempenho no organismo. Na pele, o resultado é o aparecimento de rugas. Para combater os danos do açúcar, chega ao Brasil
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um novo ingrediente funcional: a carcinina, derivado da carnosina, aminoácido presente em nosso organismo que possui ação antiaçúcar. O nome comercial do produto é Glycoxil®. Em Brasília, o produto pode ser encontrado em todas as unidades da Farmacotécnica.
Evitando o envelhecimento “O Glycoxil® impede a glicação de proteínas como a elastina e o colágeno que, por consequência, causariam o envelhecimento precoce”, explica a farmacêutica da Farmacotécnica, Leandra de Sá. O produto apresenta propriedades antiglicantes e deglicantes, ou seja, atua na prevenção e redução de rugas, revitalizando os tecidos do organismo. A carcinina também pode ser aplicada diretamente na pele por meio de formulação tópica. Estudos demonstraram que a carcinina tópica (também conhecida como Alistin) é mais potente que a vitamina E
comumente prescrita para tratamentos antienvelhecimento. “A ingestão de carboidratos faz parte da dieta do brasileiro. Ninguém pode viver sem açúcar, que é uma fonte de energia. Mas é preciso consumir com moderação. Ao ser metabolizado, o carboidrato também se transforma em açúcar, que fica livre na corrente sanguínea e pode se juntar a proteínas como o colágeno - acelerando o processo de envelhecimento”, recorda Leandra de Sá. Serviço Lojas Farmacotécnica Matriz 716 Sul 102 Sul 302 Sul Centro Clínico Sul Centro Clínico Norte Taguatinga Centro Taguatinga Norte 316 Norte Teleatendimento - (61) 3245-7667
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Moda
Por: Camila Penha | Fotos: Divulgação
Colora-se!!!
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este clima quente de verão, podemos aproveitar roupas que amenizem o calor. É o caso dos tecidos leves e, principalmente, de uma cartela super colorida. Os tons pastéis dominam as araras para a próxima estação. Escolha peças que iluminem e deixem as produções mais divertidas. Óculos Aloha
Looks Cantão
Blusa Bobstore
Perfume Ralph Lauren n3
Calça Fernanda Lima para Cantão
Prendedores de Cabelo Accessorize
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Cardigan Bobstore
Pulseira Accessorize
Blusa Avanzzo
Camiseta Los Dos
Relógio Oakley Saia Avanzzo Macacão Cantão
Óculos Aloha
Pulseira Accessorize
Perfume Ralph Lauren n4 Serviço Accessorize Avanzzo Aloha Shopping Iguatemi Taguatinga Shopping ParkShopping (61) 3577.5101 (61) 3361.0331 (61) 3562.5428
Look Ortiga
Bobstore ParShopping (61) 3361.8187
Cantão ParkShopping (61) 3234.9077
Lord Brasília Shopping (61)3328.3710
Los Dos Parkshopping (61) 3361.8300
Oakley (11) 4003.7822 www.oakley.com
Ortiga SCLN 309 - bloco D (61) 3349.3036
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Comportamento
Por: Raio Gomes | Fotos: Cecília Garcia
Assistentes sociais ajudam pacientes a reencontrarem suas famílias
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omo encontrar a família de alguém que mal se lembra da última vez que esteve em casa? Existem vários caminhos: procurar um detetive, a polícia e até mesmo programas de televisão. Quando as pessoas que precisam reencontrar suas famílias são pacientes em hospitais como o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e o Hospital de Base, uma equipe de “detetives” de jaleco está pronta para realizar essa missão. A empreitada não é nada simples, já que os principais interessados em reencontrar as famílias poucas vezes se lembram da última vez que viram seus parentes. São homens e mulheres desgarrados do convívio familiar e que têm o emaranhado da vida destrinchado pelas mãos de profissionais que se dedicam diariamente a encontrar o fio escondido da meada.
UMA MULHER DE FAMÍLIA Edna Moraes, 48, oculta em pouco mais de 1,50 m de altura uma
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grandeza sem limites. Assistente social do HRAN, Edna desenvolve o trabalho de localização de familiares de pacientes que, por vezes, alegam ser “sem família”. “Todo mundo tem uma família”, afirma. É acreditando nisso que a pequena Sherlock de cabelos ruivos percorre caminhos tortuosos na busca por parentes que possam ajudar os pacientes a passar de uma maneira mais agradável pelos tratamentos de saúde. “O problema maior é quando o paciente não consegue se comunicar direito”, explica Edna. Foi nesse estado que José Bezerra, 45, deu entrada, em abril, no HRAN. Com sérias complicações neurológicas decorrentes do uso excessivo de álcool. Bezerra não conseguia falar e se alimentava por sonda. Sem documentos e nenhuma possibilidade de se comunicar, o jeito foi torcer para o tempo ajudar. “Tivemos que esperar um pouco até o tratamento fazer algum efeito nele”, conta Edna. O problema é que, em um hospital com número
crescente de pacientes, esperar muito tempo não é opção. Edna precisava encontrar um local que recebesse Bezerra. “Os abrigos são sempre a nossa última alternativa e, no estado dele, não tinha mesmo como ir a abrigo nenhum”, explica. O tempo passou. Com a melhora do estado de saúde, Bezerra começou a se lembrar da cidade de onde viera. “Ele me falou que vinha de um lugar chamado Livramento, no município de Ipueiras, Ceará.” Essa informação era tudo o que o espírito de investigação de Edna precisava. “Entrei na internet e procurei os telefones dos cartórios desse município para saber se ele tinha registro lá.” Edna ligou para vários cartórios sem sucesso. “Aí, me deu um estalo. Em cidade pequena todo mundo ouve rádio. Achei uma e liguei.” O telefonema para a rádio Macambira foi o que possibilitou o reencontro de Bezerra com a família. “Entrei ao vivo na emissora e no final da tarde recebi uma ligação da irmã dele.”
Eliane, Randerson, Jocyane, Hermogênia e Tânia fazem parte da equipe do Hospital de Base
Detetives de Jaleco
Hildo Tavares e Rosália, sua sobrinha
Tony França, locutor da rádio, foi quem atendeu a ligação de Edna e disponibilizou o telefone para que a família ligasse para Brasília. “A rádio tem que prestar esse serviço ao público”, afirma o locutor, garantindo não ter sido esse o único reencontro proporcionado pela emissora. Com o contato restabelecido, Edna conseguiu reunir a família afastada por um vão de 20 anos. Tanto tempo havia apagado esperanças. “Eu já dava ele como morto”, confessa Expedito, irmão de Bezerra, que não esconde a gratidão a Edna. “Ela é um instrumento de Deus. Agradeço a Ele todos os dias pela vida dela”, diz, emocionado. A atuação de Edna não fica restrita ao ambiente hospitalar, como no caso de Paulo*, um paciente que chegou ao hospital vítima de um derrame e inconsciente. “Pedi aos bombeiros que me levassem até a casa dele.” Foi num veículo usado para apagar incêndio que Edna chegou ao prédio onde Paulo morava, numa quadra da W3 Norte. “Ele era sozinho, com seus 50 anos, e alugava um quartinho para morar.” Edna entrou no quarto e vasculhou as coisas do paciente à procura de documentos, agendas, ou qualquer coisa que desse
pistas sobre quem ele era. “Encontrei uma pasta cheia de papéis com timbre de uma imobiliária. Deduzi que ele era um corretor de imóveis”, conta. Deduziu certo. Na Associação de Corretores, ela descobriu que o paciente tinha um filho distante e conseguiu reunir mais uma família. O gosto por esse tipo de investigação, Edna não sabe de onde vem. Quando questionada sobre suas habilidades, responde prontamente: “Não sou detetive, apenas acredito na importância da família”.
A EQUIPE DE INVESTIGAÇÃO Jocyane da Silva Esmeralda, 36, é a chefe do Serviço Social do Hospital de Base. Decidiu aos dez anos de idade que queria ser assistente social “para reduzir as desigualdades sociais”. Nascida em Juazeiro do Norte, a cearense de voz delicada e firme comanda uma equipe de 11 assistentes sociais que já se autonomearam “Equipe de Investigação”. Todos os dias eles recebem casos de pacientes que estão de algum modo desorientados e sem vínculo familiar. Jocyane conta que a jornada para encontrar as famílias é longa e que, nem sempre, elas querem ser encontradas. Esse foi o caso de Marcela*. Ela chegou
ao Hospital de Base sem saber ao certo quem era. Com o quadro de saúde estabilizado, conseguiu se lembrar de um número de telefone. “Era lá de Vitória, no Espírito Santo”, lembra-se Jocyane. Com o primeiro contato feito com a família, o fim da procura parecia certo. “Liguei pra lá e os pais dela informaram que viriam buscá-la.” Os dias foram passando, e Marcela continuava no hospital sem nenhum contato dos familiares. Jocyane não se resignou e entrou em contato por mais duas vezes com a família. Na última ligação, o pai de Marcela pediu para não ser mais incomodado por Jocyane e que ela desse “outro destino” à filha. O destino que Jocyane e sua equipe queriam dar a Marcela era um lar com uma família. Inconformada com a resposta dada pelo pai, Jocyane pesquisou e procurou por aliados que pudessem ajudar a encontrar outros familiares de Marcela. “Falei com uma assistente social de Vitória e descobrimos que Marcela tinha um filho.” Sabendo que o laço que ela procurava agora existia, a chefe da “Equipe de Investigação” conseguiu o contato do rapaz, que esperava por notícias da mãe havia mais de seis anos. “Quando consegui falar com ele, expliquei toda a situação e ele me disse que o avô não havia contado a ele que a mãe tinha sido localizada. Em menos de uma semana, ele buscou a mãe”, conta Jocyane, com a satisfação pelo resultado do trabalho transparecendo aos olhos. “É um trabalho extremamente gratificante”, completa, sem se dar conta de que seus olhos já deixavam isso claro. *Nome fictício
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Cultura
luis turiba
Fotos: Gustavo Lima
Poetas lançam coleção
num verdadeiro happening
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lançamento da coleção de livros de poesia OIPoema ocorrido no final de setembro, no Espaço Cultural Renato Russo, foi um verdadeiro happening que bem lembrou os lançamentos da finada, mas sempre lembrada, revista BRIC-A-BRAC, no início dos anos 90. Foram sete livros - seis de poemas escritos e um, de Luis Eduardo Resende, Resa, com poemas visuais - que atraiu para o histórico espaço cultural quase mil pessoas que celebraram uma noitada totalmente dedicada à literatura. Angélica Torres Lima lançou "Luzidianas"; Amneres, "Diário da Poesia em Combustão"; Bic Prado, "Poemas de um livro verde"; Cris-
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tiane Sobral, "Não vou mais lavar os pratos"; Luis Turiba, "Meiaoito"; Resa, "Miserere Nobis" e Nicolas Behr, "Bagaço da Laranja". Eles autografaram das seis da tarde até às 22h sem parar, mostrando a força da poesia de Brasília, com quase 600 livros vendidos. Um mesa farta, montada por Cristina Roberto, do "Bom Demais", não deixou faltar os tradicionais petiscos para os convidados. O chope gelado rolou redondo por conta do patrocínio da Ambev. Muita gente literariamente bonita e ligada. Poetas e malucos, embaixadores e candidatos, só faltou uma "drag" que o grupo OIPoema contratou, mas deu um bolo. Seria a glória.
Assim, o grupo OIPoema fecha mais uma jornada poética. Antes do lançamento, os poetas visitaram sete escolas em áreas carentes do Distrito Federal, onde fizeram recitais, inauguraram salas de leituras e ajudaram a fundar pequenas bibliotecas. Graças a essa movimentação, os poetas do grupo firmaram uma parceria com o Movimento Maria Cláudia pela Paz e, juntos, abriram a Feira do Livro de Brasília com lançamentos e mais um recital. Na noite do lançamento foram vendidos cerca de 600 livros, um verdadeiro recorde de lançamento em Brasília. A média por autor ficou em torno de 70 livros, mas Angélica vendeu 80 e Luis Turiba 88 dos "Meiaoito", mais uns 10 do "Luísa Lulusa". Isso, fora os livros distribuídos ou trocados. Bom mesmo é saber que a poesia ultrapassou a fronteira dos grupinhos e temos um bom número de leitores em Brasília. O OIPoema pretende agora realizar novos lançamentos no Rio de Janeiro e São Paulo ainda este ano. A meta é ir com os livros a Portugal e também aos países de língua portuguesa, como Angola, Cabo Verde, Moçambique e Timor Leste. Serviço Os livros do oipoema estão à venda na livraria Café com Letras, na 203 Sul e no quiosque do Ivan Presença, no Conic. Individualmente, os livros custam R$ 20,00, a coleção completa sai por R$ 70,00.
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Gastronomia Por: Alessandra Germano
Praça de alimentação recheada de novidades Brasília Shopping amplia suas operações gastronômicas para conquistar paladar variado dos brasilienses
O
Espaço Gourmet, que antes comportava 29 estabelecimentos, ganhou mais seis restaurantes. Para a chegada do Coco Bambu, Jin Jin Wok, Kopenhagen Gourmet Station, Mercado 153, Salad Creations e Zacks – que ocupam uma área de 2 mil metros quadrados –, foram investidos R$ 3 milhões.
Comida arretada Vindo de Pernambuco, o Mercado 153 – inspirado no conceito do Mercado Municipal de São Paulo – tem a proposta de levar para dentro de shoppings um ambiente de mercado público, mas com o conforto e a segurança que esses centros comerciais oferecem. Como uma de
alho, acompanhadas de arroz, macaxeira frita, vinagrete e farofa de parmesão. A casa também tem uma enorme variedade de cervejas nacionais e internacionais. O também nordestino Coco Bambu, veio do Ceará para a praça de alimentação do Brasília Shopping. Além de pizzaria, creperia e tapiocaria, o restaurante oferece pratos das cozinhas contemporânea e japonesa, esta com os tradicionais sushis e sashimis. As pizzas são preparadas no forno à lenha. O cliente pode escolher entre massa fina e crocante, ou a tradicional da casa, que leva farinha de trigo e massa de milho. As opções de sobremesa também merecem destaque, como o pavê de chocolate crocante, o petit gateau e a famosa torta de banana.
“Wok” é o nome da peculiar panela asiática de formato côncavo na qual são preparados os pratos do restaurante. O utensílio que lembra uma frigideira permite que os alimentos sejam cozidos uniformemente usando pouquíssimo óleo. Além disso, uma das melhores qualidades do Jin Jin Wok, é que a refeição é preparada na hora e na frente do cliente. A chef Regina Kubo viaja por cinco países, oferecendo pratos chineses, coreanos, indianos, japoneses e tailandeses, como entradas, saladas, massas, carnes, frango, suínos, frutos do mar e sobremesas. Destaque para a Costela Chinesa – costela bovina e molho de soja – e o Foto: Divulgação
suas principais características é a exposição dos produtos, a loja é projetada para ocupar espaços abertos. Foram investidos cerca de R$ 500 mil, e o faturamento mensal esperado é de R$ 200 mil, segundo o sócio Fabiano Bergamo. O carro chefe da casa é o tradicional sanduíche de mortadela ceratti. O cardápio também traz frios, queijos, petiscos, sanduíches, saladas, carnes, massas e risotos, peixes e frutos do mar. Destaque para o Box 16: fatias de picanha grelhada regadas no molho de chope, orégano e
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Foto: Gustavo Lima
Oriente
Carne Seca
Foto: Gustavo Lima
Beef Thai - carne bovina, salsão, cebola, brócolis, pimentões verde e vermelho, gengibre, manjericão e molho à base de peixe. A sobremesa Tempurá de Sorvete – sorvete de creme, casquinha crocante e calda de chocolate – fica melhor a cada mordida.
Bistrô Três anos após o lançamento do projeto piloto Gourmet Station, iniciado em 22 de outubro de 2007, em Campinas, que foi muito bem sucedido, a Kopenhagen abre, em Brasília, mais uma loja no conceito bistrô. O espaço interno e a varanda somam 180 m2. Segundo a informação da marca, o Gourmet Station pode agregar até 30% do faturamento total de uma loja Kopenhagen. As criações do cardápio são Orlando Glingani, gerente de Inovações e Marketing da em-
Taco Salad
que chegou ao Brasil em 2007, Brasília é a segunda cidade de maior importância para a marca no Brasil. A proprietária da loja, Simone Silva, diz acreditar que o principal diferencial da Salad Creations “é o cardápio variado, com ingredientes gostosos e atrativos”. Além de 40 opções de ingredientes frescos, a casa oferece 15 variedades de molhos artesanais exclusivos, como os tradicionais e os com baixo teor de carboidratos e baixa quantidade de gordura. Mas o cardápio não se restringe às saladas, há também sete opções de wraps, seis variedades de sopas, três sabores de quiches, três tipos de carne para o recheio do Salad Hot Burrito, entre outras tantas delícias.
Hamburgueria
Brownie Kopenhagen
presa, que é responsável também pela linha de chocolates finos. A carta traz os sucessos da grife com nova roupagem, como o milk shake de Nhá Benta, croissant de mousse de chocolate e o badalado pão de cacau, que é a base de vários outros pratos da casa. Entre os salgados, destaque para os sanduíches acompanhados de batata ou salada de folhas, quiches e wraps. A proposta da Kopenhagen Gourmet Station é ser o oposto de uma fast food, servindo refeições saudáveis e preparadas na hora.
Em forma Outra franquia que desembarca no Brasília Shopping é a Salad Creations, esta é a terceira loja aberta no DF. Para isso, foram investidos R$ 250 mil. Concebida em 2004, na Flórida, sua proposta é oferecer “refeições com excelência em nutrição, frescor, e, principalmente sabor delicioso” para aqueles que se preocupam com a saúde e o bem-estar. Segundo a empresa,
Fechando a lista dos seis novos empreendimentos gastronômicos do Brasília Shopping, está a Zacks – The Finest Grill and Burger, que foi destaque da edição anterior da Plano Brasília. A especialidade da Zacks são os hambúrgueres gourmet, que são bastante generosos e seguem o estilo americano – todos acompanham fritas ou salada verde e um molho à escolha do cliente. O cardápio também conta com 11 opções de aperitivos, como nachos e quesadillas, dez tipos de saladas, 14 pratos de grelhados, entre carne, frango e peixe, com direito a dois acompanhamentos, como caponata de legumes e penne ao molho branco com queijo, e sobremesas como o James Brownie, com uma bola de sorvete foto: Thopson de creme e calda de chocolate. Sorvete missão impossível
Serviço Brasília Shopping SCN Qd. 5 – Bl. A (61) 2109.2122
Tempurá de legumes com camarão PLANO BRASÍLIA 2ª SEMANA OUTUBRO 2010
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Cinema
Por: Alessandra Germano | Fotos: Gustavo Lima e divulgação
Cine Brasília será maquiado para receber festival
T
A reforma não aconteceu, mas o dinheiro para o maior evento do cinema está garantido
odo ano, a mesma novela. Abandono e descaso são sinônimos do Cine Brasília – obra projetada por Oscar Niemeyer para ser referência do cinema brasileiro. A primeira sala de projeções cinematográficas da capital, inaugurada em 22 de abril de 1960, era vista como marco do modernismo de sua época. A dois meses do 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – mais antigo e um dos mais respeitados festivais de cinema do país –, o estado atual do Cine Brasília não lembra em nada seu passado áureo. Teto tomado por infiltrações, piso quebrado, cadeiras velhas e rasgadas, portas dos banheiros quebradas: é assim que a Secretaria de Cultura mantém o Patrimônio Cultural e Turístico do Distrito Federal. Essa total falta de cuidados tem até cheiro. Na verdade, mau cheiro. Jogado às traças, o cinema também
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não oferece sequer uma lanchonete para seus visitantes. Não é de se estranhar que a média de público diária não ultrapasse dez pessoas – o que não soma nem 2% da capacidade total de 607 lugares –, apesar de o Cine Brasília ter o ingresso mais barato da cidade, R$ 6 a inteira. A Secretaria de Cultura garantiu que uma reforma seria feita. Sob esse argumento, fechou as portas do cinema no final de dezembro do ano passado, quando seria elaborado um orçamento das obras necessárias. O espaço só reabriria após a reforma, com entrega estimada para o segundo semestre de 2010. Nada aconteceu. Até abril deste ano, nenhum filme foi exibido. A Secretaria de Cultura culpa os escândalos políticos pelo não cumprimento da reforma. De fato, em janeiro, vários funcionários do cinema deixaram seus cargos, como,
por exemplo, Fernando Adolfo, que era diretor de programação do Cine Brasília. No entanto, com ou sem escândalos no Palácio do Buriti, o cinema já vinha sendo negligenciado há tempos. A criação da Diretoria de Cinema e Vídeo – que abarca o Cine Brasília, o Polo de Cinema e Vídeo e a coordenação do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro –, por meio de decreto, foi o que reavivou a sala, trazendo, inclusive, novo diretor, Sérgio Fidalgo. Com o fechamento do cinema da Academia de Tênis de Brasília, depois que um incêndio consumiu três de suas dez salas no dia 3 de maio, a expectativa era que o movimento no Cine Brasília aumentasse. Visto que os dois cinemas têm como filão os filmes de arte. Mas nem isso adiantou. Pois, além da prometida e não cumprida reforma, a programação do Cine Brasília não está bem na
fita, sendo, em sua maioria, reprises de filmes. Do dia 04 de outubro até 20 de outubro, são exibidos os filmes “Teia de chocolate” (2000), de Claude Chabrol, e “Segunda-feira ao sol” (2002), de Fernando León de Aranoa.
O problema é dinheiro Segundo o diretor de Cinema e Vídeo da Secretaria de Cultura, Sérgio Fidalgo, não é possível negociar com as distribuidoras de filmes, para oferecer programação com lançamentos diversificados, por falta de verba. Fidalgo diz que com o pouco dinheiro de que dispõem, podem apenas optar por filmes antigos e, para arcar com os custos das exibições, são obrigados a manter os filmes em cartaz, no mínimo, por um mês. “Por ser um órgão do governo, o Cine Brasília não é um cinema comercial. A receita é insuficiente para competir com o circuito comercial. As distribuidoras nos oferecem vários filmes, mas não os lançamentos”, explica. Por enquanto, pensar em melhorias é pura utopia. “O problema é que
não existe recurso. Não sei se é uma questão política. Mas não consigo entender por que um órgão público tem dinheiro para fazer algumas coisas e não tem para fazer outras”, desabafa Fidalgo. A única solução para tirar o mofo do Cine Brasília é assinar um convênio de cooperação entre Minc, Secretaria de Cultura e Cinemateca Brasileira, de acordo o diretor. “Se o convênio for assinado, o Cine Brasília vai fechar no fim do ano para uma reforma completa, estrutural, e voltará a abrir só em novembro de 2011, para o próximo festival. Com o apoio da Cinemateca, vamos ter mais recursos para mudar a programação do cinema. É uma grande reforma, não é a maquiagem que a cada ano se faz”, sonha Fidalgo.
O Festival Entre os dias 23 e 30 de novembro acontece a 43ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro que, mesmo sendo “a prioridade do momento”, segundo Sérgio Fidalgo, será realizada num cinema decrépito.
“Vamos deixar o cinema pronto para receber o festival, mas a reforma que vamos fazer será uma maquiagem”, diz o diretor do Cine Brasília. Fidalgo explica que cerca de 50% dos recursos para o evento partem da Petrobras e da Terracap, e que o restante fica a cargo do GDF. Segundo Fidalgo, do governo são necessários R$ 1,2 milhão, mas até o momento só têm R$ 135 mil. Mas a assessoria de comunicação da Secretaria de Cultura confirma que a premiação do festival está garantida. Mais de meio milhão de reais devem ser distribuídos entre os vencedores: R$ 220 mil para longas-metragens em 35 mm, R$ 70 mil para curtas ou médias-metragens em 35 mm, R$ 65 mil para os curtas em formato digital, R$ 30 mil para melhor longa-metragem e R$ 20 mil para melhor curta ou médiametragem. A Câmara Legislativa do DF também distribuirá R$ 150 mil para filmes produzidos em Brasília. Infere-se assim, que quando o assunto é festival, os recursos chegam mais perto do Cine Brasíla.
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Mundo Animal
Por: Anna Paula Falcão e Alessandra Germano | Ilustração: Theo Speciale
Faça do
seu bichinho
um
herói
Doar sangue é um gesto de solidariedade que pode salvar muitas vidas
A
maioria dos donos de animais de estimação só pensam em doação de sangue quando seus amigos peludos passam por alguma situação de emergência ou precisam de cirurgia. Além disso, são poucos os hospitais e clínicas veterinárias no país que realizam esse tipo de procedimento. Em Brasília não existe banco de sangue animal. O motivo, segundo a médica veterinária da Universidade de Brasília (UnB), Christine Souza Martins, é que “o custo para manter um banco de sangue é alto e o prazo de armazenamento é de apenas 20 dias”. O processo é semelhante à coleta de sangue humano. Assim como acontece com a gente, nem a mais alta tecnologia é capaz de compensar a falta de doadores. A dificuldade é maior porque os cães possuem 13 diferentes tipos de sangue e os gatos possuem três já catalogados. No caso
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dos cães, são sete os principais tipos sanguíneos que compõem o Sistema DEA (Antígeno Eritrocitário Canino), como o DEA 1, que tem os subtipos DEA 1.1, 1.2 e 1.3, o DEA 3, DEA 4, DEA 5 e DEA 7. Quanto maior a variação, maior a dificuldade de encontrar um doador compatível. Os tipos sanguíneos não estão relacionados às raças. Animais de raças diferentes podem ser compatíveis, assim como outros de mesma raça podem ter tipos sanguíneos diversos. Bancos de sangue atendem às necessidades de transfusão de sangue – também conhecida como hemoterapia – para serviços de urgência, assim como cirurgias em consultórios, clínicas e hospitais veterinários. De acordo com Christine, nas regiões onde não existem bancos, os proprietários interessados cadastram os animais que atendam os pré-requisitos e, se selecio-
nados, passam por exames para confirmar que estão aptos. “Quando não encontrado um doador apto, os alunos da UnB trazem seus próprios animais para fazer a doação. O sangue colhido é armazenado para os pacientes que precisam de atendimento rápido”, conclui a veterinária. Em temperatura ambiente, o sangue mantém sua qualidade por cerca de seis horas. Cães e gatos vítimas de atropelamento, intoxicação, câncer, anemia, erlichiose (doença de carrapato), entre outros, têm na transfusão de sangue uma esperança de sobreviver. Mas, muitos animais vão a óbito pela falta desse elemento essencial para a vida. Essa escassez se deve principalmente à falta de informação, pois pouca gente conhece esse método. Quanto mais o proprietário se preocupa com a vida de seu animal, mais ele poderá ajudar a salvar outras vidas.
“Eu, sinceramente, nunca pensei a respeito da doação de sangue animal. Hoje, minha cadela tem pouco mais de dois anos. Aos seis meses, ela passou por uma histerectomia (cirurgia de retirada do útero). Mesmo naquela época, nem passou pela minha cabeça a necessidade de transfusão de sangue. Somente depois de assistir a uma matéria jornalística sobre maus tratos a animais que me toquei da importância dos bancos de sangue”, declara a jornalista Alessandra Machado. A secretária Luana Frabetti, atualmente, tem oito gatos e dois cachorros, mas já chegou a ter 18 felinos. Ela conta que alguns de seus animais já precisaram passar por cirurgias, mas que nunca pensou na importância da transfusão de sangue. “Eu não sabia que havia a possibilidade de levar meus bichos para fazer doação de sangue. Mas acho muito legal essa iniciativa.”
Procedimento Antes da transfusão, o sangue é preparado em laboratório com equipamentos que separam os componentes, sanguíneos: concentrado de hemácias, plaquetas e plasma. Uma única bolsa coletada permite ajudar até três animais. Mas se esses equipamentos não estiverem à disposição do veterinário, existem kits que auxiliam na análise do material. A seleção é rigorosa. Os exames são feitos para certificar se o animal está livre de qualquer doença. O tempo de retirada do sangue é de 10 a 20 minutos. O organismo leva 21 dias para repor o sangue doado. A doação pode ser repetida a cada dois meses pelos machos e três meses para as fêmeas. A quantidade de sangue retirada não prejudica o animal e o procedimento é simples, imediato e indolor. Nas clínicas e hospitais especializados, é costume fornecer
um exame de sangue completo ao doador. Sendo uma ótima oportunidade para ganhar um famoso “check-up” em seu amigo peludo. É contraindicada transfusão entre doador e receptor incompatíveis. Mas em caso de animais com hemorragia aguda e risco de morte, se houver apenas tipos de sangue incompatíveis, o procedimento deve ser feito como recurso de emergência.
Pré-requisitos: Cães - A primeira exigência é o temperamento dócil. Ter entre um e oito anos, estar acima de 27 quilos, ser vacinado, vermifugado e saudável. A fêmea não pode estar prenhe. Coleta de 450 ml a 500 ml. Felinos - Os mesmos critérios para os cães são adotados para os gatos, exceto o peso que deve ser no mínimo de 4,5 quilos. Os felinos, no entanto, precisam ser sedados, pois dificilmente ficam parados por conta própria. Coleta de até 50 ml.
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Jornalista Aprendiz
Por: Clara Campoli | Fotos: Guilherme Pera/Campus Online
Bons árbitros podem melhorar
o ambiente esportivo
Curso busca qualidade e inclusão social na arbitragem
O
curso de arbitragem da Escola Internacional de Futebol da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (EIF-CPLP) surgiu no começo deste ano para melhorar a imagem e a qualidade do esporte praticado nos países onde se fala português. O professor da Faculdade de Educação Física da UnB (FEF) e coordenador do curso da EIF-CPLP, Paulo Henrique Azevedo, explica: “A essência da boa arbitragem é a formação. Nossa intenção, no curso, é disseminar qualidade no ambiente esportivo, melhorar o esporte como um todo”. Azevedo acredita que um árbitro bem formado consegue conduzir bem a partida e contribuir para que o futebol jogado tenha qualidade. A ideia do curso não é apenas formar um jovem que, em dez anos, tenha condições de representar o seu país ao apitar uma Copa do Mundo, mas que também transmita o conhecimento a uma comunidade de baixa renda. O professor afirma que o curso “vai possibilitar que esses árbitros e técnicos apitem jogos e treinem times nas favelas, tirem a meninada da rua
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e coloquem para praticar o esporte, reduzindo a violência do local”. Com o objetivo de dar a melhor formação possível para os alunos, o curso ultrapassou o mínimo de 250 horas-aula estipulado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Sua duração foi de 430 horas, mais extensa que uma pós-graduação. Também na busca pela qualidade, houve um limite de idade para os participantes: eles poderiam ter até 30 anos. A carreira de árbitro é curta, a idade máxima para apitar é de 35 anos. “Se um árbitro começa a profissão com 28 anos, até que ele passe pelo estágio de apitar jogos de bairro, e depois jogos de categoria de base, ele estará com a idade muito avançada, o que inviabiliza a continuidade da carreira”, comenta Azevedo. A segunda edição do curso ainda não tem data para começar, mas a coordenação já fez planos para melhorar o rendimento dos futuros árbitros. Será exigido o diploma do Ensino Médio, e a seleção por idade será mais rigorosa. Azevedo explica: “Eu priorizo a carreira do árbitro, para que, em alguns anos, ele esteja apitando a Copa do Mundo”. Outro plano é o levantamento de
fundos suficientes para que o curso seja gratuito. De acordo com o coordenador da EIF-CPLP, isso vai permitir que os professores exijam melhores resultados dos seus alunos.
Vida de juiz Quando perguntado para qual time torce, o árbito recém-formado João Vitor Domingues desconversa: “Ninguém nunca mais vai saber disso”. Ele e o assistente de arbitragem Lucas Modesto concluíram o curso no começo do ano e já apitam jogos das categorias de base. Os dois são do quinto semestre de Educação Física da UnB e dão o mesmo motivo para a escolha da profissão: a paixão pelo futebol. Os dois consideram que a formação do curso da EIF-CPLP – constituída basicamente por conhecimento de regra, legislação, direito e sociologia desportiva, nutrição e prática – é muito importante, mas que um bom árbitro não deve parar por aí. “Tem que ter línguas, curso superior, mestrado”, observa Modesto. Domingues também ressalta a necessidade do preparo físico para a profissão: “Acho que 70% da arbitragem é o físico”.
A preparação que os alunos receberam no curso está de acordo com a exigência da Federação Internacional de Futebol (FIFA), mas o caminho até lá é bem longo. Existe um tempo de preparação nos jogos de base, para então o árbitro começar a apitar os regionais. Domingues explica o que o espera: “Quero ser um árbitro da FIFA. Mas para isso tenho que passar dois anos no Campeonato Brasiliense, para depois
chegar à CBF e, quem sabe, apitar uma Copa do Mundo”. É necessário ganhar respeito no Sindicato dos Árbitros, e muitos buscam apadrinhamento como forma de se erguer na profissão. O salário do árbitro é baixo, e a norma da FIFA é que ele exerça outra profissão, reduzindo as chances de corrupção. Nas categorias de base e nas segunda e terceira divisões, é geralmente ele quem leva todo o equipamento do jogo. Por fazer seu trabalho, o árbitro é a pessoa mais odiada em campo. O professor Azevedo atribui à mídia a má fama da profissão: “Os comentaristas são os responsáveis pelas mazelas dos árbitros, porque eles só falam mal”. Modesto, por sua vez, acredita que a arbitragem de qualidade e a união entre os profissionais podem acabar com o preconceito do torcedor. “Os árbitros formam uma família, mesmo sendo criticados e xingados com frequência. Espero acabar com esta concepção que o pessoal tem”, afirma.
Serviço Clara Campoli é aluna da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Brasília (UnB) Campus Universitário Darcy Ribeiro Diretor do curso: Davi Renault Tel.: (61) 3307.2461
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Opinião
Por J. W. GRANJEIRO*
Aos mestres, com carinho Não se é professor por acaso
S
ou professor e quero dedicar este artigo aos meus colegas que, em 15 de outubro, comemoram o seu dia. Essa é uma das datas mais justas do nosso calendário, entre tantas que celebramos ao longo do ano. A data traz-me à memória um dos filmes mais famosos de todos os tempos: “Ao mestre, com carinho” (Londres, 1967). A história, que inspirou o título deste artigo, retrata com fidelidade a luta de um professor – na verdade, engenheiro desempregado – que se viu obrigado a lecionar para jovens problemáticos. Com habilidade, força de vontade, garra e determinação, o mestre conseguiu conquistar a admiração de todos os alunos e despertar em cada um deles o interesse pelo estudo. Ele foi tão bem-sucedido como professor que, mais tarde, embora recebesse o convite para retomar a carreira de engenheiro, optou por continuar no magistério, que descobriu ser sua verdadeira vocação. Trata-se de um filme belíssimo, cujo protagonista, Mark Thackeray (Sidney Poitier), despertou a admiração de milhões de pessoas em todo o mundo e até hoje serve de referência para a missão do educador. É claro que, na vida real, aqui, no Brasil, temos muitos outros modelos em que os professores de hoje podem inspirar-se, exemplos de mestres como Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Abgar Renault e Monteiro Lobato, que deram uma grande contribuição para o progresso da educação brasileira. No dia a dia do nosso Gran Cursos, eu poderia citar centenas de pessoas que fazem da educação não um mero ganha-pão, mas, sim, sem exagero, um verdadeiro sacerdócio. Essas pessoas são motivo de orgulho para mim, que, há mais de 22 anos, abracei a mesma profissão e comando esta maravilhosa equipe. O magistério é, mesmo, mais
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do que vocação; é uma missão. E, para cumpri-la, é preciso ter qualidades muito especiais, como desprendimento, energia, humildade, tolerância e – o mais importante – amor ao próximo. De todos os professores que devem ser lembrados no dia 15 de outubro, quero homenagear, em especial, os colegas que se dedicam, como é o meu caso, a preparar candidatos para concursos públicos. Se o professor em geral precisa ser dotado de qualidades muitíssimo especiais, aquele que ensina para concursos públicos precisa ainda mais. Esse professor enfrenta desafios que outros que lecionam nos cursos regulares e/ou tradicionais não encontram, como, por exemplo, resumir todo o conteúdo programático de um curso para um público heterogêneo em horas/aula, e não em dias e meses, como ocorre nos cursos regulares. Um professor de escola preparatória, por isso mesmo, precisa ter extraordinária sensibilidade e capacidade de síntese. Ao mesmo tempo, ele deve perceber que seu público é constituído não por jovens indecisos sobre o futuro, mas por pessoas adultas, muitas delas já vitoriosas em suas atividades, donas de empregos/cargos públicos, mas em busca de novas oportunidades que lhes assegurem melhores condições de vida. Portanto, a clientela é muito seleta e exigente. Em outras palavras, esse professor trabalha com sonhos e expectativas das mais importantes, o que aumenta bastante a responsabilidade que ele tem. Diante da necessidade de tamanho comprometimento, esse professor precisa ser dotado também de energia fora do comum, para se atualizar diariamente em relação aos temas, aos editais e aos conteúdos; para conhecer profundamente as bancas; para estar atento a tudo e elaborar dicas e truques úteis para o sucesso nas provas. É como
disputar uma olimpíada do conhecimento, na qual o professor exerce o papel de treinador de um maratonista olímpico, que, por sua vez, corre 42.195 metros para cruzar a linha de chegada, não importa a colocação na prova. Além de tudo isso, os nossos mestres precisam ter o domínio absoluto da matéria que lecionam, da didática e da dinâmica de aula, bem como dos dons da oratória. Só assim conseguem manter a atenção de, às vezes, mais de cem alunos. Precisam, ainda, ter bom preparo físico, para permanecer em sala de aula por até quatro horas seguidas; para enfrentar os aulões especiais e as "luaulas", que duram uma madrugada inteira; para encarar as dificuldades do pós-prova, elaborando gabaritos extraoficiais logo depois do concurso e preparando recursos contra questões duvidosas. Mas não é só isso: o nosso professor deve entender que assiduidade é ingrediente fundamental no trabalho que desenvolvemos. Não se trata apenas de ganhar dinheiro como em outra atividade qualquer; é preciso ter consciência do compromisso com o sucesso do aluno e com a missão da empresa onde trabalha. A todos vocês, Mestres do Gran Cursos, os meus parabéns pelo nosso dia; a minha gratidão por vocês fazerem parte de nossa equipe. Desejo, de coração, que no dia 15 de outubro de 2011 estejamos juntos para comemorar mais um Dia do Professor. Ao encerrar, permito-me citar uma frase da escritora goiana Cora Coralina. O pensamento da poetisa exprime grande sabedoria sobre a função de educar: “Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.” *Wilson Granjeiro é diretor-presidente do Gran Cursos
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Propaganda e Marketing
Fernando Portela*
Ilustração: Eward Bonasser Jr.
O
Mugido
ntem, revi Abril Despedaçado, ótimo filme do diretor Walter Salles. Sempre torço para os bois da moenda estraçalharem aquele maquinário bestial. Que saiam pela tangente, ou voltem, ou pulem. Tudo, menos continuar naquele “vai e vai” sem fim. Acho que minha apreensão é por sentir que, às vezes, somos aqueles bois. O boi-planejamento, o boi-redator, o boi-mídia. Todos esperando as últimas novidades da moenda – seja digital, offline, indoor, sem door – e continuando o mesmo círculo vicioso. Claro que estamos passando por uma revolução, experimentando novas mídias, novas ferramentas de mensuração. Mas a questão é criar novos caminhos, deixar o garantido de lado e ser mais caprichoso. É fazer com que o consumidor não apenas fique exposto ao conceito da campanha, e sim, ajude na construção da marca e tenha vontade de vivenciá-la. Um bom exemplo é a campanha israelense da Yellow Pages, que transforma um outdoor em reality show, no qual os dois maiores vencedores desse tipo de programa no país – Big Brother e Survivor – disputam um novo show ao vivo. A dinâmica é simples: o público vota e os competidores ganham ou perdem espaço no outdoor até alguém ser eliminado. Tudo registrado por seis câmeras e exibido em tempo real no site app.d.co.il e com informações extras em outras interfaces da marca como Facebook, Twitter e mensagens de texto.
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Que tal dar vida a uma peça impressa? No anúncio de revista da companhia de seguros belga AXA, a imagem indica um acidente de carro, e para entender o que aconteceu é necessário colocar sobre a peça um iPhone com o aplicativo da empresa instalado. Automaticamente é iniciado um vídeo integrado visualmente ao anúncio que demonstra toda a história e o consumidor ainda recebe informações sobre os serviços diferenciados da seguradora. Podemos citar ações nem tão recentes – um ano é quase uma eternidade, como a HBO. Imagine, campanha integrada institucional que envolvia 37 vídeos que formavam um curta, no qual cada clipe podia mudar a percepção do espectador em relação à história. Assim como uma narrativa não linear, o usuário podia acompanhar cada perspectiva do ponto que desejasse. Mesmo com tudo disponível online, um cubo no qual eram projetadas quatro histórias foi instalado em locais estratégicos de grandes cidades americanas estimulando a curiosidade do público. Também não precisa ser uma superprodução. Podemos fazer a diferença em pequenas pastagens. Repensar o folheto, o ponto de venda, o cartão de visita. Repensar como o público de hoje interage com eles, como tudo se integra e ao mesmo tempo cada peça tem vida própria. De repente criamos uma nova lei, artigo primeiro, parágrafo único: toda vez que uma nova mídia for criada, criamos uma melhor para a antiga. Vamos deixar legalizado nosso esforço em não aceitar a mesmice de discursos pré-fabricados para o meio e planejamentos que camuflam a essência da publicidade. Quem sabe um dia acordamos sem aceitar as amarras que nos prendem à moenda e poderemos conversar “fuça a fuça” com o consumidor e dizer “mudamos nosso caminho para falar melhor com você”.
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Tá lendo o quê?
Angela Cristina Pullig Salgado
Cloves Nunes
Tatiana Gonçalves Ferreira de Moura
Camila Nunes
Empresária
Mídia da Agência Prospecting
Livro A menina que roubava livros
Livro 48 Leis do poder
Livro Segredos e mistérios da humanidade
Autor Janes C.Hunter
Autor Markus Zusak
Autor Robert Greene
Autor Sylvia Brownie
“Liderar é servir.” Esse é o principal ensinamento do livro. Através da história de John Daily, um bemsucedido executivo acossado pelo temor de iminentes fracassos, busca uma mudança em seu estilo de vida matriculando-se em um curso de liderança. A característica fundamental de um líder: servir, ou seja, fornecer todos os recursos e meios para que seus liderados atinjam seu máximo desempenho. Para liderança, basta um ato: decidir-se por ser. Mas a jornada não será fácil, porém, certamente, compensatória. Liderar é bem mais do que comandar. É influenciar pessoas de forma positiva e harmoniosa.
Sou uma pessoa curiosa e estou curtindo essa leitura, na qual o narrador do livro é a morte, o que provoca catarse nesse fascinante romance. A protagonista, Liesel Meminger, se encontrou com a morte três vezes, entre 1939 e 1943. Escapando das artimanhas da ceifadora de almas. Liesel Meminger, após ver a morte de seu irmão, precisou achar formas de se convencer e assim dar sentido a sua existência. A narrativa se passa na Alemanha nazista, dando cada vez mais trabalho à morte. O gosto de roubar livros deu a Liesel, uma ocupação e o conhecimento ao contexto de sua própria vida.
O livro é fascinante, até mesmo para quem não acredita na corrida pelo poder. Relata as grandes estratégias usadas por líderes da história mundial. Ensina que cada “lei” descrita leva em consideração um fato que aconteceu em algum momento histórico com uma linguagem abrangente e autoexplicativa. Descreve situações do dia a dia das lideranças e mostra maquiavélicos planos usados até hoje. “O mundo é como um imenso e dissimulado cassino e todos nós fazemos parte dele. Quanto mais rápido você descobrir as regras do jogo, maiores serão as suas chances de sucesso.”
Atualmente, estou lendo “Segredos e mistérios da humanidade”, da escritora Sylvia Brownie. O livro oferece uma visão geral sobre os segredos e mistérios do mundo, apresentados através das interpretações mediúnicas da autora. Sylvia não tem a intenção de fazer com que o leitor acredite ou não nos relatos, que muitas vezes não podem ser provados. Ela tenta passar para o público o conhecimento teórico e prático que adquiriu por longos anos de estudo. A obra permite que cada um tire suas próprias conclusões.
Superintendente do Alameda Shopping
Cabeleireiro
Livro O monge e o executivo
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Frases Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. Charles Chaplin
Os obstáculos são aquelas coisas terríveis que você vê quando desvia os olhos do seu objetivo. Henry Ford
Não paramos de brincar porque envelhecemos; envelhecemos porque paramos de brincar. George Bernard Shaw
A perseverança é mais eficaz do que a violência, e muitas coisas que, quando reunidas, são invencíveis, cedem a quem as enfrenta um pouco de cada vez. Plutarco
O Brasil precisa explorar com urgência a sua riqueza, porque a pobreza não aguenta mais ser explorada. Max Nunes
Qualquer pessoa pode começar, mas apenas os ousados terminarão. Napoleon Hill
Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira.
Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons, mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.
Che Guevara
Bertold Brecht
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Justiça
*dr. wilson sampaio
AVISO AOS CONDÔMINOS: O STJ entendeu ser possível que o condomínio fixe juros superiores aos previstos no Código Civil
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esde 10 de janeiro de 2003, os encargos de inadimplência referentes às despesas condominiais são reguladas pelo atual Código Civil, que prevê em seu artigo 1.336 os deveres do condomínio. Com isso, incontáveis disputas judiciais ocorreram em face da redação do parágrafo primeiro desse artigo, eis que, de um lado, os condomínios sustentavam que, se a convenção fixasse encargos mais elevados, esses haveriam de prevalecer, e, de outro lado, os condôminos, pugnavam pela limitação dos encargos conforme redação desse dispositivo: “§ 1º - O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito”. Ou seja, muitas vezes o condomínio deixava de aplicar juros superiores ao percentual de 1% ao mês, e multa superior a 2%, uma vez que, em muitos casos, prevalecia o entendimento de que às parcelas condominiais devidas após a entrada em vigor do Código Civil somente poderiam ser aplicadas os juros moratórios e a multa nos termos nesse supracitado §1º do art. 1.336. Tanto é que esse foi o entendimento inicial da ministra Nancy Andrighi do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em agosto de 2009, na ocasião em que recebera o caso trazido no momento (nos autos do Recurso Especial 1.002.525- DF), senão vejamos o trecho da referida decisão:
“O TJDFT, ao determinar que às parcelas condominiais, devidas após a entrada em vigor do CC/02, devem ser aplicados os juros moratórios e a multa nos termos do art. 1.336, § 1º, do referido diploma legal, alinhou-se ao entendimento do STJ. Nesse sentido: REsp 781.894/ RS, 3ª Turma, de minha relatoria, DJ de 20/11/2006 e REsp 746.589/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJ de 18/09/2006.” Acontece, entretanto, que o Condomínio Jardim Botânico VI, de Brasília, recorreu desta decisão, sob o argumento de que não poderia haver limitação dos juros moratórios após a vigência do Código Civil, quando a convenção de condomínio expressamente previsse percentual maior. Com isso, os juros acordados na Convenção tornar-se-iam regra, e os juros legais de 1% à exceção na falta daqueles. Assim, em 16 de setembro passado, os ministros da 3ª Turma do STJ, decidiram por unanimidade, dar provimento ao Recurso Especial, conforme conclusão final da relatora do processo, ministra Nancy Andrighi, que entendeu ter legitimidade a tese apresentada pelo condomínio. Conforme se observará após a leitura da decisão abaixo transcrita, pode-se concluir que na vigência do atual Código Civil, devem ser aplicados os juros previstos no supramencionado art. 1.336 sempre que não houver previsão em contrário, haja vista que prevalecem os juros moratórios convencionados, ainda
que superiores a 1% ao mês, para os casos de inadimplemento das taxas condominiais, senão vejamos: “CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONFLITO DE LEIS NO TEMPO. TAXAS CONDOMINIAIS. JUROS MORATÓRIOS ACIMA DE 1% AO MÊS. PREVISÃO NA CONVENÇÃO DO CONDOMÍNIO. POSSIBILIDADE. 1. Em face do conflito de leis no tempo e, conforme prevê o art. 2º, § 1º, da LICC, os encargos de inadimplência referentes às despesas condominiais devem ser reguladas pela Lei 4.591/64 até 10 de janeiro de 2003 e, a partir dessa data, pelo Código Civil/02. 2. Após o advento do Código Civil de 2002, é possível fixar na convenção do condomínio juros moratórios acima de 1% (um por cento) ao mês em caso de inadimplemento das taxas condominiais. 3. Recurso especial provido. (REsp Nº 1.002.525-DF, relatora MINISTRA NANCY ANDRIGHI, DJ 22/09/2010 – g.n.) Por oportuno, é importante ressaltar que não há qualquer efeito vinculativo desta decisão aos demais casos, mas é inequívoco que tal posicionamento do STJ, ganha destaque, seja pela forma que interpretou o citado dispositivo de lei, seja pela importância desta norma nas relações condominiais. (*)Wilson Sampaio é advogado e assessor jurídico da Federação das Indústrias do DF (Fibra)
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Diz Aí, Mané Pérolas do ENEM 2009
O Brasil tá mudando: antes tudo acabava em pizza, agora acaba em panetone. É por isso que tem tanto gordo no Senado.
A plausível autoridade e responsabilidade dos políticos é incondicionalmente atrelada às possibilidades possíveis, plausíveis e passíveis de corrupção que o povo digere sentado no sofá.
Temos que criar leis legais contra isso.
Na época da eleição os candidatos ficam vistosos e argumentativos. A gente liga a TV e vemos os políticos só envolvidos em pitssas.
Hoje em dia, a taxa de corrupção cresce 80%, a taxa de honestidade cai 20% e a taxa de incredulidade aumenta 100%. E ninguém faz nada.
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Eu acho que vieram os extraterrestres e abduziram a ética nacional.
O Senado, habitat dos políticos, está corrupto.
Nós brasileiro temos que ter nossas opinações.
O brasileiro tira o dinheiro do seu próprio bolso para pagar os impostos.
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Ponto de Vista
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Desaceleração do setor de TIC
ão se pode negar que o setor de TIC (Tecnologia da Informação e da Comunicação) é um relevante direcionador do crescimento econômico da sociedade, mas seu poder vai muito além, o dinamismo e a velocidade na criação de novas tecnologias promovem também o desenvolvimento em diversas áreas, gerando empregos e facilitando a vida dos cidadãos. Apesar de mundialmente conhecida a demanda por serviços e equipamentos, as empresas de TIC têm encontrado significativa dificuldade em oferecer serviços a preços competitivos. Afetadas pela crise que teve início em 2008, pela redução da renda real do consumidor e principalmente pela introdução da modalidade “pregão” nas licitações, as empresas têm feito uma verdadeira ginástica para não mexer no quadro de funcionários. A verdade é que esta modalidade nivela por baixo os valores do serviço, sem observar a qualidade na execução dos mesmos. Este fato tem trazido para o mercado brasiliense “empresas oportunistas” que além de não conhecerem o mercado da capital, muitas delas não têm estrutura e nem experiência para manter o serviço, logo, o primeiro sintoma que a sociedade sente é a queda dos salários dos profissionais da área de TIC, que automaticamente trabalham insatisfeitos ou migram para outros setores. Os meios de comunicação e a tecnologia estão numa trajetória ascendente que alavanca a produção do capital intelectual, da produção de bens e serviços e do emprego formal. É um dos resultados da globalização, que tem aproximado os povos. Um exemplo de
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Iroíto Nakao*
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enorme crescimento e popularização é a telefonia móvel e a banda larga, que sem dúvida, têm um potencial muito maior, já que entraram para o rol das necessidades consideradas básicas e seus preços tendem a cair mais ainda ao longo do tempo. Não sou contra a livre concorrência, mas acredito que qualquer negócio que envolva trabalhadores requer cautela. A modalidade “pregão” oferece riscos não só para o governo que contrata o serviço, mas para empresas que têm anos de experiência no DF e mantêm milhares de empregados. Este tipo de contrato, na maioria das vezes, é fechado por um valor tão baixo que inviabiliza a execução das tarefas prometidas, além de desvalorizar o profissional de TIC que tanto tem se empenhado na atualização de seus conhecimentos Só para se ter uma ideia, o terceiro relatório setorial de 2009, mostrou que o crescimento do emprego formal, das importações do setor e da produção, diminuiu depois do terceiro trimestre de 2008, evidenciando uma queda expressiva da produção física, correspondente a 7% no efetivo de empregados e redução acentuada do comércio exterior da indústria de TIC, com diminuição ainda mais expressiva das importações. Toda essa movimentação e diminuição no ativo das empresas do segmento, trouxe mais do que especulação, reduziu também o nível de atividades do setor que tem vocação natural para o desenvolvimento e geração de renda e empregos. Principalmente em Brasília, que possui o projeto da Cidade Digital, que pretende criar 80 mil empregos diretos. A implantação da Cidade Digital
viabilizará entre outras coisas, o atendimento da demanda interna, gerando crédito, aumentando as fontes de financiamento externo e o aumento da concorrência limpa e igualitária. Este sim é um desafio que deve ser enfrentado por todos, não só do setor de TIC, mas por toda a sociedade. Pois é necessário fortalecer nossas capacidades competitivas, tanto em âmbito do Distrito Federal e nacional quanto no internacional. Assim como diversos setores da indústria tiveram seus níveis de atividade bastante reduzidos pela crise financeira internacional, os que são mais dependentes do comportamento dos gastos de consumo e da oferta de crédito, como no segmento de TIC, sofreram relativa alteração em sua dinâmica econômica por todo o país. Dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Industrial Mensal revelam que para os setores de material eletrônico, máquinas para escritório e equipamentos de informática e de aparelhos e equipamentos de comunicação ocorreram as maiores quedas na produção física. Segundo a sondagem industrial da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE, 2009), na área de informática, a solução para a variação negativa da produção física, foi ajustar o estoque do varejo, de forma que as encomendas na indústria aos poucos voltem a ser realizadas. E assim, as empresas e setores envolvidos com TIC, vão se adaptando e encontrando saídas para as crises e mudanças de governo. *Iroíto Nakao é diretor da Poliedro Informática, Consultoria e Serviços
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Cresça e Apareça
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Faça a sua parte
oje cheguei a uma conclusão bárbara durante uma conversa com uma amiga: Nós não somos preparados para viver em sociedade. Isso mesmo. Somos milhões de indivíduos tentando achar a fórmula de não nos sentirmos tão sós no meio de tanta gente. Por mais estranho que pareça, crescemos sabendo da necessidade de respeitarmos uns aos outros, alimentarmos boas amizades e plantarmos sementes de carinho por onde passamos. A questão é que, mesmo com a consciência de que isso é o que esperam de nós, ninguém aprende como fazer isso na escola. Nos dias atuais, com pais cada vez mais ausentes e filhos cada vez mais distantes, não aprendemos isso em casa também. Isso quer dizer que gastamos muito tempo aprendendo como resolver problemas matemáticos, mas não aprendemos como resolver problemas interpessoais. Ficamos horas raciocinando em cima de questões sobre física, mas não sobre como devemos agir com aqueles que estão mais próximos. E se já é difícil entender assuntos abordados estruturadamente durante nossos anos escolares, imagine sobre aqueles que temos que aprender por nossa conta! Sinceramente, não acho que exista uma verdade absoluta sobre regras para se construir boa convivência e bons relacionamentos. Acho apenas que algumas questões já foram estudadas o suficiente para pensarmos a respeito delas com carinho.
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Adriana Marques*
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Um dos pontos mais abordados quando o assunto é a construção de bons relacionamentos refere-se ao respeito às escolhas individuais. Temos uma tendência enorme a achar que sabemos quais são as escolhas que as pessoas deveriam fazer. É involuntário. Um amigo conta sobre um problema e nós, automaticamente, julgamos se o que ele fez foi certo ou errado. Mas quem somos nós para sabermos qual a melhor opção para a vida das pessoas? Até quando falamos das mais próximas! Sua irmã é sua irmã, e isso quer dizer que vocês são duas pessoas diferentes. Quem vai viver eternamente nos sapatos dela é ela. O julgamento e a interferência nas opiniões vêm justamente da vontade de ajudar, mas isso não quer dizer que será o melhor para ela. Ao invés de impormos nossa opinião, que tal explorarmos opções de ação? Mesmo que a pessoa não faça exatamente o que você acha que ela deveria fazer. Em seguida, eu diria que poderíamos falar sobre o exercício de reconhecermos as pessoas que são importantes para nós. É claro que sabemos quem são essas pessoas, mas não paramos para pensar se elas sabem o quanto as valorizamos. Quem garante que seu filho se sente amado na intensidade que você realmente o ama? Ofereça-se um momento de reflexão. Vamos começar pelos relacionamentos mais próximos. Sua esposa sabe do seu reconhecimento pelo trabalho duro que é acompanhar dever
de casa, deixar os comandos do dia feitos antes de sair pela manhã, conciliar amigos, jantares e compromissos profissionais e ainda se preocupar com o salão de beleza, a academia e a roupa nova para que você se sinta feliz? E quanto à funcionária que limpa a sua sala todos os dias? E quanto a sua mãe, que já não tem tanto espaço na sua vida? E seus amigos que parecem longe geograficamente, mas que moram no seu coração? Sinta e demonstre seu reconhecimento. As pessoas irão se sentir presenteadas – e você também! Por último, farei uma apologia à terapia do elogio. Uma vez li uma frase belíssima de MasaharuTaniguchi: “Seu filho crescerá na direção dos elogios que você o fizer”. Não estamos falando de camuflarmos pontos fracos ou falhas – é por meio de feedbacks que também crescemos –, mas de valorizarmos o que percebemos ser bom. Isso quer dizer que um elogio sincero, na medida certa, que mencione as reais virtudes e habilidades individuais pode contribuir muito para o enriquecimento dos relacionamentos. Viemos ao mundo sós e vamos embora desta vida sós. Mas, enquanto estivermos aqui, devemos fazer amigos e influenciar positivamente a vida das pessoas. *Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching. Master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.
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