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Plano

novembro de 2010 · 2ª semana Ano 8 · Edição 77 · R$ 5,30

BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

EDITORA

Desigualdade Brasília, o lugar mais desigual do país 77

Entrevista Cristovam Buarque PONTO DE VISTA Arlete Sampaio

comportamento Prostituição Internacional




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Sumário

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48

56

13 Entrevista

40 Planos e Negócios

64 Mundo Animal

16 Panorama Político

42 Automóvel

66 Jornalista Aprendiz

18 Brasília e Coisa & Tal

44 Vida Moderna

68 Propaganda e Marketing

20 Política Brasília

46 Esporte

70 Opinião

22 Dinheiro

48 Diversão

72 Tá Lendo o Quê?

24 Capa

50 Saúde

74 Frases

28 Cidadania

52 Moda

75 Justiça

30 Gente

54 Comportamento

76 Diz aí, Mané

32 Mercado Imobiliário

56 Cultura

78 Cresça e Apareça

34 Educação

58 Gastronomia

80 Ponto de Vista

36 Tecnologia

60 Música

82 Charge

12 Cartas

38 Cotidiano

64

62 Nutrição



Expediente

Carta ao leitor O Distrito Federal é a única unidade da federação em que a distância entre pobres e ricos continua aumentando. O índice que mede a desigualdade de renda aumentou de

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br

0,58% para 0,63%, no período de 1998 a 2008. Foi o que revelou a pesquisa realizada do Instituto de Planejamento Econômico Aplicado (Ipea), no final deste semestre. A justificativa, conforme o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, é de que nos últimos anos houve crescimento na renda das classes média e média alta. Mas, paralelo a isto, o número de pessoas de renda baixa e extremamente baixa também

Plano

BRASÍLIA

CHEFIA DE REDAÇÃO Afrânio Pedreira e Mariluce Fernandes PROJETO GRÁFICO Sandra Crivellaro DIRETOR DE ARTE Theo Speciale DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr. e Theo Speciale Fotografia Gustavo Lima EQUIPE DE REPORTAGEM Afrânio Pedreira, Anna Paula Falcão, Daniela Lima, Mariluce Fernandes, Juliana Mendes, Talita Viana e Tássia Navarro COLABORADORES Adriana Marques, Andreia Ceregatto, Arlete Sampaio, Cerino, Clarice Gulyas, Domingos Di Lello, Flávio Resende, Jéssica Germano, Luis Turiba, Luiz Humberto Del’Isola, Mauro Castro, Natasha Dal Molin, Renato França, Romário Schettino, Tarcísio Holanda e Wilson Sampaio IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Administração: 61 3202.1257 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

aumentou (migrantes). Mais detalhes na matéria de capa. A entrevista desta edição é com o senador mais bem votado do DF, Cristovam Buarque (PDT), uma das pessoas mais atuantes na campanha de Agnelo Queiroz (PT). Ele fala sobre os desafios que o novo governo petista deverá enfrentar e sobre o Congresso Nacional, onde ele vai atuar por mais oito anos. Cristovam está em fase de comemorações. Pela segunda vez consecutiva, ele sagrou-se o senador do ano, recebendo o prêmio “Congresso em Foco”. Na página de Comportamento, a Plano Brasília traz uma matéria sobre prostituição internacional. O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck passou a ser o principal ponto de partida para esta prática no exterior. De acordo com a Assessoria Especial para Assuntos Internacionais do governo de Goiás , desde 2004, cerca de três mil goianas atuam ou atuaram na prostituição. E uma triste constatação: atualmente, 20 brasileiras são mortas fora do país, por conta das máfias internacionais de exploração sexual. O assunto é bastante interessante. Não deixe de conferir! Você, leitor, sabia que o aprendizado precoce de um outro idioma traz grandes vantagens? É o que garante o mestre em Educação, Domingos Di Lello. Ele aborda este assunto, revelando que a espontaneidade, a curiosidade para o novo, a falta de censura e a atenção voltada para a funcionalidade linguística e não para a forma, são qualidades que fazem da criança um grande aprendiz em potencial. Maiores informações na pág. 35. Boa leitura!!



Cartas

Fale conosco

Quero parabenizar as equipes de redação e diagramação da Plano Brasília. Recebo a revista já há algum tempo e tenho notado que há cerca de seis meses a qualidade dos textos e o layout das páginas só tem melhorado, principalmente na editoria de Gastronomia. Janaína Ribas Lago Sul

Nesta época de eleições é comum vermos a cara de políticos por todos os lados. Na verdade, só nesta época mesmo é que eles dão a cara. Mas achei péssima a divulgação de santinhos ao lado das matérias. Isso deixou a revista muito feia. João Cunha Asa Norte Parabéns à revista Plano Brasília pela matéria intitulada Disputa Acirrada na Reta Final, onde a reportagem conseguiu produzir uma informação objetiva e bastante útil ao cidadão brasiliense. Emerson Masullo Especialista em Políticas Públicas

Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas. Erramos A Plano Brasília se desculpa por alguns erros visualizados na edição 76. Entre eles, ressaltamos que Fernando Portela, autor do artigo de Propaganda e Marketing, é diretor de criação da FullDesign Comunicação Integrada. Na matéria “Do Anonimato para o Poder”, página 21, Edição 76, no trecho do deputado distrital eleito Washington Mesquita, ao final do texto, onde se lê: “Venceu com 10.333 votos”, leia-se: “Venceu com 21.111 votos”.


Entrevista

Por: Natasha Dal Molin | Fotos: Lecino Filho

Cristovam Buarque Senador reeleito com o maior número de votos pede menos intromissão do governo federal no Congresso Nacional e diz acreditar no sucesso do próximo governo do Distrito Federal

C

om o título de senador mais bem votado do Distrito Federal, com 833.480 votos, Cristovam Buarque (PDT) tem vários motivos para comemoração. Além do reconhecimento do eleitor do DF, o pernambucano, nascido na cidade de Recife também ganhou, pela segunda vez, o título do senador do ano pelo renomado Prêmio Congresso em Foco. Com disposição e ânimo de sobra para enfrentar os próximos oito anos de mandato no Senado Federal, fala nesta entrevista exclusiva à Revista Plano Brasília dos desafios que o Governo do Distrito Federal (GDF) e o Congresso Nacional terão que enfrentar no próximo ano; sobre a atuação crítica que continuará tendo e sobre uma de suas maiores paixões: o ofício de ser professor, uma profissão que ele sempre considerou como um verdadeiro sacerdócio. Nesta entrevista, Cristovam Buarque tece comentários sobre a atuação do governo Lula e esconde o jogo sobre a sua provável atuação direta no processo de transição do governo local.

Plano Brasília>Vamos começar pelo assunto mais recente: A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Felicidade. O que o senhor achou disso? Cristovam Buarque>Não, o que é PEC da felicidade? O que foi aprovado e que está sendo chamando pejorativamente de Proposta de Emenda Constitucional da Felicidade é uma PEC que acrescenta três palavras no Artigo VI da Constituição Federal, o artigo que trata dos Direitos Sociais. Esse artigo diz o seguinte: são Direitos Sociais a educação, saúde, segurança, habitação, etc. Com essa PEC, esse artigo passa a ser da seguinte forma: São Direitos Sociais, essenciais à busca da felicidade, educação, saúde, segurança, etc. Só isso. Não é a PEC da Felicidade. PB> E o senhor acha que isso está sendo explorado de uma maneira negativa? CB> Não é explorado. Caiu na imagem negativa. E isso provavelmente fará com que ele não seja aprovado quan-

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PB> E o senhor acha que, pelos primeiros passos que o governador eleito tem dado, ele conseguirá encarar os desafios que virão? CB> Sim. Ele tem agido corretamente, desde as eleições e nessas primeiras ações de transição.

do for para o Plenário. Porque no plenário, nós políticos votamos no que cai no gosto do povo. Por exemplo, a Ficha Limpa. Caiu no gosto do povo. Todos votaram a favor. Até mesmo os que eram contra. E assim está acontecendo nesse caso: por chamar de PEC da Felicidade, está caindo. Hoje eu vi um senador dizendo na televisão: “quero ser feliz, mas não por decreto”. Mas não tem nenhum decreto dizendo que as pessoas têm que ser felizes. Na verdade, é um projeto. É uma PEC dos Direitos Sociais. Está até no meu Twitter, explicando. PB> O Twitter foi utilizado na campanha e o senhor pretende continuar usando essa ferramenta? CB> Para falar a verdade, eu usei pouco como ferramenta eleitoral. Eu pretendo continuar usando o meu twitter como ferramenta de comunicação, porque hoje eu tenho quase 90 mil seguidores. Aliás, 90 mil não, quase cem mil seguidores. É claro que eu vou continuar usando isso como instrumento de comunicação. PB> E é o senhor mesmo quem posta as informações ou as passa para algum assessor atualizar? CB> Sou eu mesmo. De vez em quando, quando tenho que colocar alguma matéria, peço para alguém fazer pra mim. Mas, apenas quando tem que usar códigos mais complexos. PB> O senhor foi eleito mais uma vez senador do ano pelo Prêmio Congresso em Foco. Na época da campanha, antes de sair o resultado da edição deste ano do prêmio, o senhor comentou que essa é uma área em que não dá para pedir voto, fazer campanha. Agora começa uma nova legislatura e o senhor tem mais oito anos pela frente. Espera ter esse reconhecimento novamente? CB> Sim. Eu fiquei muito feliz e, na verdade, ainda estou indo às ruas, agradecendo os votos que tive e a confiança da população do Distrito Federal.

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PB> O senhor foi uma das pessoas mais ativas nessa campanha, sempre presente ao lado de Agnelo, mesmo depois de ter se reelegido como senador. O senhor já descansou do período de campanha? CB> Não. Não descansei, porque não cheguei a me cansar. Iremos descansar agora só daqui a quatro anos. Mas se bem que daí começa tudo novamente (risos). PB> Como será o seu relacionamento com o senador eleito Rodrigo Rollemberg (PSB)? CB> A minha relação com o Rodrigo Rollemberg é tão boa, que ele está aqui ao meu lado agora.

O aborto não tem nada a ver com o presidente. Nada a ver. É uma questão do Congresso, do povo, plebiscito

PB> A sua coligação saiu vitoriosa nestas eleições, com a vitória de Agnelo Queiroz e Dilma Roussef, além dos dois senadores e uma ampla bancada na Câmara Legislativa e na Câmara dos Deputados. Isso será melhor para o Distrito Federal? CB> Sim. Sem dúvidas tivemos uma ampla vitória nessas eleições e isso será revertido para a sociedade.

PB> E quais são os principais desafios que o Congresso Nacional terá nos próximos anos? CB> Recuperar a credibilidade junto à população. PB> E o como o senhor acha que a Dilma Roussef conseguirá superar a boa marca do presidente Lula? CB> Eu não tenho duvidas de que ela tem todas as condições para isso. Agora em relação ao Congresso, a primeira coisa que ela tem que fazer é não se intrometer no Congresso. PB> Na sua avaliação, teve muita intromissão desse último governo? CB> Teve sim. O governo federal se intrometeu aqui na eleição do presidente do Senado. Teve uma intromissão direta nesse sentido. PB> Esse posicionamento crítico será mantido na próxima legislatura, mesmo diante de pessoas que são da sua coligação? CB> Eu só fui crítico naquelas horas que eu achei que dava para criticar. É claro que eu continuarei nisso. Mas eu


CB> Sim, continuam. Ainda estou indo nas áreas, circulando, agradecendo.

fui tão pouco crítico ao governo... Eu só critiquei a educação de base, que realmente não avançou como deveria no governo Lula. Fora isso, eu nem fiz crítica. E se for olhar bem, eu fiz muitos elogios à política externa. Defendi a política econômica. Defendi o programa de transferência de renda. O Bolsa Família. Mas é claro que eu disse que era um programa que não transformava a sociedade. PB> Nessa campanha, a discussão religiosa tomou conta dos programas do horário eleitoral e dos debates. Foi um bom debate ou não houve profundidade na abordagem dos temas? CB> Eu lamentei muito que a gente tenha caído nesse debate em vez de debater coisas mais importantes para o país e que tenha a ver com o presidente. O aborto não tem nada a ver com o presidente. Nada a ver. É uma questão do Congresso, do povo, plebiscito. Presidente nenhum consegue fazer com que o aborto seja descriminalizado ou criminalizado, isso é uma coisa que não tem que ser discutida por presidente. O que tem que ser discutido por um presidente, por exemplo, é como fazer com que o Brasil não precise mais de Bolsa Família? Ninguém discutiu isso. Como fazer para que o Brasil tenha uma economia baseada no conhecimento? Ninguém discutiu isso. Não se discutiu o substancial e se discutiu um negócio como esse, que não tema ver com a Presidência e se fez críticas, críticas, críticas, denúncias. O Brasil não avançou um milímetro no debate nacional graças à campanha eleitoral. Nem um milímetro, não avançamos nada no debate para o futuro do Brasil. PB> O governador de sua coligação foi eleito, mas por que o senhor acha que não foi possível vencer no primeiro turno? CB> Não sei. Não teve os votos suficientes. Eleição não é para ser definida em primeiro turno. Isso é muito raro.

PB> Uma vez, ainda na campanha, um eleitor se dirigiu ao senhor lhe chamando de governador. O senhor o corrigiu, dizendo: Governador não, professor. É um título que lhe deixa mais à vontade? CB> É, mas não foi desse jeito que eu disse, foi brincando. Qualquer um eu me sinto à vontade. Ali foi uma brincadeira. PB> E o senhor continua dando aulas, não é? CB> Continuo sim. É uma atividade que gosto muito e que não pretendo deixar de exercê-la tão cedo. PB> E essa é uma atividade que vai continuar, em paralelo à vida política? CB> Vou. Eu nunca parei. Eu dei aula quando era governador, quando era reitor, apenas quando era Ministro não dei, porque viajava muito.

eu fui tão pouco crítico ao governo... Eu só critiquei a educação de base, que realmente não avançou como deveria no governo Lula PB> As pessoas nas ruas demonstram um carinho grande pelo senhor. As visitas de agradecimento pelos votos continuam?

PB> Muitos políticos vão passar a virada do ano em Brasília por causa da posse no dia primeiro? O senhor e sua família também ficarão na cidade? CB> Devo ficar. Tudo indica. Pode mudar, mas tudo indica que eu vou ficar. PB> E qual tem sido o seu papel na transição de governo? CB> Eu estou junto do Agnelo, do Rodrigo, Filippelli (Tadeu Filipelli, PMDB, vice-governador eleito), presidentes dos partidos, discutindo duas coisas: o que é que vamos fazer claramente, quais são os princípios que vão nortear nossa ação e quem é que vai ajudar nisso. Ou seja, quais são os administradores e secretários. PB> E o senhor não pode adiantar nomes? CB> Não. Quem vai definir é o Agnelo e nem ele tem os nomes ainda. Teremos os nomes só lá para o dia 20 de dezembro.

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Panorama Político

tarcísio holanda

VIRTUDES DE ESTADISTA? “Dilma terá de convencer os céticos de que não é apenas o Lula de batom” – revista inglesa “The Economist”, em artigo sobre a presidenta da República eleita do Brasil.

E

scolhida candidata e eleita graças ao empenho pessoal de Lula, o maior problema de Dilma Rousseff será fazer um governo que não seja mera cópia da gestão de seu patrono. Durante a campanha, aliás, muito se falou a respeito do maior ou menor grau de influência que Lula teria sobre Dilma. E não poucos analistas experientes lembraram a crônica da velha emulação em que se envolveram criatura e criador ao longo da história política brasileira. A revista inglesa “The Economist” acaba de advertir que “Dilma terá de convencer os céticos de que não é apenas o Lula de batom”. Proclamada vencedora, na acirrada disputa que manteve com o tucano José Serra, Dilma teve oportunidade de se manifestar sobre os mais variados assuntos, demonstrando segurança e pleno conhecimento dos grandes problemas nacionais. A tal ponto que, pessoas de maior nível de informação, acabaram admitindo que ela reúne condições para fazer um bom governo. Uma única dúvida persiste: além da formação técnica, ela possuirá a habilidade necessária para fazer as escolhas certas e, ao mesmo tempo, garantir uma maioria parlamentar que dê estabilidade a seu governo?

Uma lupa nas nomeações Convém lembrar que, em seu primeiro mandato, a popularidade de Lula, hoje em 83%, segundo o Datafolha, caiu para percentual preocupante, após o escândalo do Mensalão. Lula esteve sob o risco da deposição. Salvou-o a sorte e a ausência de uma oposição mais

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competente e agressiva. No primeiro mandato, teve a ventura de contar com o hábil desempenho de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda, que não só manteve a estabilidade, como abriu caminho para que a economia brasileira voltasse a experimentar crescimento a taxas mais do que razoáveis. A proeza de Palocci haveria de repercutir positivamente até no segundo mandato, quando livre do polêmico ex-deputado José Dirceu, Lula contou com o empenho firme e diuturno de Dilma Rousseff na Chefia da Casa Civil, onde ela acabou exercendo papel de coordenadora das ações de todo o seu governo. Desincumbiu-se dessa tarefa com tanta competência que animou Lula a escolhê-la candidata à sua sucessão, tendo que vencer resistências dentro do governo e principalmente do PT. Abriu-se o caminho para que o partido aceitasse a nova filiada como se fora uma petista veterana. Na entrevista coletiva que concedeu, após a proclamação de sua vitória, Dilma falou de juros, de crescimento econômico e até da guerra cambial, procurando tranqüilizar o complexo mundo da economia. Mas o investidor estrangeiro preocupa-se com o seu passado de militante de organização armada, que combateu a ditadura militar, preparando-se para exercer o papel de severo fiscal no exame de suas nomeações para pontos estratégicos do setor econômico. Esses investidores vão usar uma lupa para perscrutar a vida de quem for nomeado para a presidência do Banco Central.

Palocci ou a sombra sobre Dilma No mercado financeiro, consolidou-se a impressão de que Dilma despertaria confiança na área se nomeasse o ex-ministro Antonio Palocci para a Chefia da Casa Civil. Se, ao contrário, Palocci for designado para ministro da Educação ou da Saúde, o mercado deverá manter a desconfiança. Em meio às especulações sobre a formação do futuro governo, atribuiu-se a Lula um conselho dado a Dilma: não nomear Palocci para a Chefia da Casa Civil a fim de evitar que ele projetasse uma sombra sobre a presidenta. Que presidenta frágil é essa que ficaria emparedada por um chefe da Casa Civil? Há outras questões importantes que se projetam sobre a nova presidenta da República. Durante a campanha, ela se comprometeu a promover a reforma tributária. Agora, se forma um poderoso corpo de pressão, comandado por vários governadores, com apoio do oposicionista de Minas Gerais, Antonio Anastasia, em favor da recriação da CPMF, o controvertido imposto sobre o cheque, como ficou conhecido, que acabou derrubado no Senado, em dezembro de 2007. Dilma não se comprometeu a enviar a proposta ao Congresso, mas aceitou a sua recriação, por decisão dos parlamentares. Há uma ansiosa expectativa sobre o que será o futuro governo. Não se duvida da competência de Dilma. A ansiedade é maior por que não se sabe se ela tem ou não aquelas virtudes que ornam a personalidade do estadista.


Um Preço Muito Alto O governo já cogita de adiar a votação do Orçamento de 2011 para fevereiro de 2011, na nova legislatura e com novos congressistas empossados. Já se antecipam as dificuldades para uma negociação com o atual Congresso, incluindo uma expressiva parcela de derrotados. Os membros da equipe de transição do novo governo estimam que os projetos em tramitação no Congresso envolvam gastos de mais de R$ 120 bilhões. A presidenta eleita viajou para a Coréia com o presidente Lula a fim de participar da reunião do G-20, os 20 mais ricos países do mundo, em Seul, a capital. Porém, mostrou-se inclinada a adiar a votação do Orçamento para um Congresso que foi legitimado pelas urnas e certamente será mais compreensivo com o interesse da nova administração em impor política de austeridade nos gastos. O relator-geral do Orçamento de 2011, senador Gim Argello (PTBDF), superestimou a receita e reservou uma verba de 17 bilhões para custear despesas. Claro que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo e o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, do grupo de transição do novo governo, não encaram essa gastança com simpatia.

Dificuldades do pré-sal A presidenta eleita quer preservar a sua política de contenção de gastos, isentando apenas o Bolsa-Família, que deverá ser ampliado e os gastos sociais, de modo geral. Porém, Dilma Rousseff revela-se disposta a aumentar o salário-

mínimo para além do que está previsto (R$ 540). As centrais sindicais estão pleiteando um reajuste para R$ 580. Não se sabe se a presidenta eleita chegará a tanto. No mais, a ordem é cortar gastos para evitar seus fatais impactos sobre o equilíbrio das contas públicas e o comportamento do processo inflacionário, em 2011. O governo Lula tem suas próprias prioridades. Agora, os seus articuladores no Congresso parecem dispostos a concluir a votação dos projetos que criam novas regras no que diz respeito à exploração das grandes jazidas de petróleo que estão abaixo da camada do pré-sal. A proposta foi aprovada pela Câmara, mas alterada no Senado, o que obriga uma nova votação na Câmara, para manter ou eliminar as alterações feitas pelos senadores. Como os partidos de Oposição, PSDB, DEM e PPS, anunciaram o propósito de obstruir a votação, o governo precisa mobilizar sua maioria. Não se pode dar como certa a votação dos projetos relacionados ao pré-sal só porque o governo decidiu patrocinar a sua votação na Câmara. Já estamos em novembro, devendose lembrar que a sessão legislativa se acaba no dia 18 de dezembro, quando tem início o recesso legislativo. É muito pouco tempo para votar matéria polêmica. Se o novo governo já se convenceu de que será mais conveniente adiar a votação do Orçamento de 2011 para fevereiro do próximo ano, fugindo do alto custo da negociação com o velho Congresso, como acreditar na votação dos projetos do pré-sal?

Saco de bondades A equipe de transição do novo governo, presidida pelo vice-presidente Michel Temer e que tem, entre seus integrantes, o presidente do PT, José Eduardo Dutra e os deputados petistas de São Paulo, Antonio Palocci e José Eduardo Cardozo, levou suas preocupações a Dilma Rousseff sobre um custo estimado em R$ 126 bilhões para o Orçamento de 2011 de projetos que tramitam no Congresso. São proposições que concedem aumento para as polícias militares e os bombeiros de todos os Estados, o que preocupa os governadores. Há projeto aumentando os vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal e dos servidores do Judiciário, que são os mais altos de todos os servidores públicos federais. O saco de bondades inclui a proposta que extingue a contribuição previdenciária, cobrada dos funcionários inativos que continuam trabalhando após a aposentadoria. Além de tudo isso, as emendas dos congressistas, muitos dos quais derrotados nas urnas, incluíram, no Orçamento de 2011, verbas que somam R$ 30 bilhões. Por isso é que o relator-geral do Orçamento, senador Gim Argello, através do velho expediente de superestimativa de receitas, reservou uma verba extra de R$ 17,7 bilhões, que não é suficiente para cobrir as despesas com as emendas dos parlamentares. Não se pode, todavia, afastar a hipótese de que o Orçamento de 2011 seja votado ainda na sessão legislativa de 2010.

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Brasília e Coisa & Tal

Romário Schettino

Guerra pela imprensa A grande imprensa brasileira está perdida. Trocou “tiros” a esmo com o governo Lula durante a campanha e não aceita ser criticada. A qualquer proposta de controle social sobre a mídia chama de fascismo, censura e alerta para o “perigo do chavismo”. Agora, estão chamando o controle social de sofisma. Alguns jornais, revistas e TVs se utilizam do direito constitucional ao sigilo da fonte para denunciar “irregularidades”, “crimes” e “falcatruas”, mas se esquecem de que esse direito não significa que pode ser usado para sustentar mentiras. Vamos com calma, a credibilidade da imprensa é tão importante quanto o combate à censura.

quer saber parte de seus 266 mil eleitores e os partidos aliados, afinal o PDT, partido ao qual é filiado, é da base aliada.

Desafio de Abramovay Em nota oficial, Pedro Vieira Abramovay, secretário Nacional de Justiça desafiou a revista Veja a mostrar a suposta gravação telefônica que envolve seu nome em atos ilegais ou irregulares. “Nego peremptoriamente ter recebido, de qualquer autoridade da República, em qualquer circunstância, pedido para confeccionar, elaborar ou auxiliar na confecção de supostos dossiês partidários. Não participei de supostos grupos de inteligência em nenhuma campanha eleitoral. A revista Veja diz possuir o áudio de uma gravação clandestina entre mim e um ex-colega de trabalho. Infelizmente a revista se recusou a fornecer o conteúdo da suposta conversa ou mesmo a íntegra de sua transcrição”, afirma Pedro. A história dessa fita da Veja se parece com aquela do grampo do Gilmar Mendes, à época presidente do Supremo Tribunal Federal. Ninguém viu, ninguém ouviu, só a revista. Jornalistas, cuidado!

Reguffe indeciso - I A experiência mostrou a Cristovam Buarque, senador de Brasília reeleito pelo PDT, que é preciso fazer política o tempo todo. Foi assim que ele mudou seu rumo em relação ao PT e ao Palácio do Planalto ao apoiar Dilma. Com toda a independência que lhe é peculiar, Cristovam conseguiu uma brilhante vitória nas urnas. Já o seu companheiro de partido Antonio Reguffe, deputado distrital eleito federal, igualmente com resultado eleitoral admirável, andou claudicando. No segundo turno, Reguffe se deu o direito de apoiar explicitamente apenas Agnelo Queiroz, governador eleito pelo PT ao GDF. Reguffe não disse em quem votou no pra Presidente da República “em respeito ao compromisso assumido com seus eleitores”. Reguffe declarou à imprensa que não se identifica nem com o PSDB nem com o PT. Ora, que futuro político espera o deputado federal Reguffe diante de tais declarações? É o que

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Reguffe indeciso - II Reguffe ficou conhecido por se dedicar à fiscalização dos atos do governo e por economizar cerca de R$ 3 milhões dos cofres públicos ao deixar de gastar o que a Câmara Legislativa permite aos deputados distritais. Dos seis projetos de sua autoria que foram aprovados, três foram destacados pelo deputado, um que dá 20% de bônus a quem economizar água no DF; outro que exige instalação de bicicletários em todos os centros comerciais, bancos e órgãos públicos e mais um que incentiva a leitura de jornais nas escolas. Pode parecer pouco para quem teve um mandato de quatro anos, mas não deixa de ser relevante. Muito bem. E agora, José Reguffe? Quer ser governador? Se esse for um objetivo, precisa aprender com o Cristovam como contar com o apoio do PT. A terceira via não existe, está provado.

Voto pró-Serra Os estudantes da UnB produziram uma série de vídeos bem humorados com depoimentos irônicos “pró-Serra”. O “voto” do senador eleito pelo PDT do DF, Cristovam Buarque também foi postado no Youtube pra quem quiser ver e ouvir: “Eu voto(ei) Serra porque ele é forte. Quando alguma coisa acerta a cabeça dele, só percebe quando o marqueteiro avisa.”

O desespero de Weslian A candidata derrotada Weslian Roriz (PSC) – leia-se Joaquim Roriz –, que tem duas filhas eleitas, uma na Câmara Legislativa e outra na Câmara Federal, já disse como será na oposição: “Seremos implacáveis”. Será?


Comunicando Mentiras do Serra No debate entre José Serra e Dilma Rousseff, na Rede TV!, uma mentira ficou no ar, sem resposta. Não é verdade que o Brasil seria o país do orelhão se não tivessemos privatizado as telecomunicações. Todos os privatistas do governo FHC sabiam que as novas tecnologias estavam chegando a passos largos. As nossas estatais da telefonia poderiam sim ter colocado no mercado os telefones celulares, com tarifas bem mais baratas do que as atuais. Aliás, a tarifa da telefonia celular brasileira é a mais cara da América Latina. Muita gente “boa” da academia de comunicação apoiou a privataria nas teles sob o argumento neoliberal de que o Estado é incompetente. Tenha paciência!

Delegado na Cultura É o cúmulo! O governador Rogério Rosso pisou na bola, de novo. Aceitou o pedido de demissão de Silvestre Gorgulho e nomeou um delegado da Polícia Civil, Carlos Alberto de Oliveira, para o cargo de secretário de Cultura. Estranha mudança. Até agora ninguém entendeu o que ocorreu com o governador. Será que ele pensa que Cultura é caso de polícia? Ou será que Rosso, como Goebels, “puxa a sua Mauser quando alguém fala de cultura?”. O substituto do delegado no governo Agnelo Queiroz terá a missão de recolocar a Cultura no seu lugar.

Tomografia nas escolas Nunca uma bolinha de papel ficou tão famosa. A diversão das crianças do ensino fundamental ganhou notoriedade porque José Serra abriu uma frente de batalha contra o PT por causa de um ato solitário de alguém que decidiu jogar bolinha de papel em sua careca. As piadas na internet foram inúmeras e implacáveis. Uma delas dizia que Serra, se fosse eleito, mandaria implantar exame de tomografia em todas as escolas públicas.

Comunicação no Ceará Os deputados estaduais do Ceará aprovaram, por unanimidade, a criação do Conselho Estadual de Comunicação. O Movimento pela Democratização da Comunicação obteve essa importante vitória no dia 19 de outubro.Essa é uma das deliberações da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e foi proposta pela deputada estadual Rachel Marques (PT). A pressão contra a sanção do governador Cid Gomes (PSB) está crescendo. A acusação principal é que a proposta é fascista. Conforme o texto aprovado, o Conselho integrará a Secretaria da Casa Civil do Estado, tendo por finalidade formular e acompanhar a execução da política estadual de comunicação, exercendo funções consultivas, normativas, fiscalizadoras e deliberativas. O Conselho será composto por 25 membros, sendo sete integrantes do poder

público, oito da sociedade civil (Produtores e Difusores) e dez dos trabalhadores e consumidores. Entre os últimos, um será indicado pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado do Ceará (Sindjorce). Dezenas de entidades emitiram manifesto em apoio ao Conselho do Ceará contra a reação da Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), porta-voz dos magnatas da comunicação na América Latina e no Brasil.

Cultura pede socorro Com um recado ao futuro governador do DF, representantes da área cultural foram à Câmara Legislativa entregar um abaixo-assinado com propostas em defesa do Patrimônio Histórico e Cultural. A bancada do PT se comprometeu a levar o documento em consideração na hora de discutir o orçamento de 2011. Os manifestantes chamam a atenção para a situação de abandono de alguns dos principais centros culturais da cidade, entre eles o Cine Brasília, Casa do Cantador, Concha Acústica, Espaço Cultural 508 Sul, Teatro Nacional e Torre de TV. Para colocar todos esses espaços em funcionamento será preciso recursos extras e esse será o papel dos senadores, deputados distritais e federais do DF. O deputado Paulo Tadeu, disse que a bancada petista “se empenhará para tratar a cultura com o carinho e sensibilidade que ela merece”.

TV Câmara premiada A TV Câmara recebeu prêmios em duas categorias no 32º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Na categoria documentário, “Raça humana”, de Dulce Queiroz e equipe, foi o grande vencedor. A reportagem especial “Combate à tortura”, de Hanna Costa, Adson Palma, Fábio Pedrosa, Luciana César Cordeiro Couto e Sebastião Vicente,recebeu menção honrosa na categoria TV. A premiação ocorreu no dia 25 de outubro, dia que marcou mais um ano da morte do jornalista Vladimir Herzog, torturado nas dependências do DOICODI paulista em 1975.

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Política Brasília

Por: Natasha Dal Molin | Fotos: Gustavo Lima e Divulgação

Na pauta:

transição de gov Há menos de dois meses para assumir o mandato, o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) assume a coordenação de transição para definir a governabilidade de Brasília

A

inda não começou para valer o próximo governo, que será empossado apenas em janeiro de 2011, mas o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) preferiu não perder tempo e utilizar os dois meses que tem até lá para se inteirar sobre a situação real do DF. Além disso, ele pretende garantir o recebimento de recursos federais e também adequar o orçamento do próximo ano, que ainda será discutido e votado na Câmara Legislativa. Na função, tem contado com o apoio do governador Rogério Rosso (PMDB) que, se antes representava um calo, agora se mostra um aliado, oferecendo estrutura, informações e boa-vontade para garantir a governabilidade para Brasília. Após a vitória, no dia 31/10, Agnelo comemorou com os militantes e apoiadores e tirou alguns merecidos dias de descanso. Findo o pequeno período de repouso em Muro Alto (PE), retornou à cidade e assumiu, ele próprio, a coordenação da transição de governo. “Eu serei o coordenador da transição”, foram suas primeiras palavras. Ele, assim como outros políticos mais

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experientes, sabia desde cedo a responsabilidade que lhe recaía, afinal, a cidade passa por um período de recuperação do crédito político após os escândalos e reviravoltas surgidos com a Caixa de Pandora. E como gato escaldado tem medo até de água fria, foi só vir à tona os burburinhos sobre as acusações que recaem sobre Raimundo Júnior, um dos coordenadores da campanha e um dos nomes que surgiram como uma possibilidade para coordenar a transição, Agnelo tomou para si a responsabilidade e assumiu a transição. Raimundo Júnior é dos quadros do PT-DF e um profundo conhecedor de eleições aqui no DF, tendo trabalhado já em sete campanhas políticas petistas. Apesar da experiência, algumas máculas na imagem do petista andaram pesando, como o fato de ele ter sido mencionado por Marcos Valério no Mensalão do PT e por ele ter pendências – que está respondendo – no Tribunal de Contas do DF (TCDF). Não há nenhuma condenação ou qualquer tipo de indiciamento contra ele, no entanto,


Dinheiro no caixa

verno a afirmação categórica de Agnelo que não aceitaria fichas-sujas no seu governo soa estranha quando, como primeira ação, ele nomeia justamente alguém não tão ilibado. Foi o nome de Raimundo Júnior que Agnelo mencionou na entrevista coletiva realizada um dia após as eleições, como alguém que coordenaria inicialmente a questão da transição. Depois, houve um ajuste na mensagem. “Eu falei que ele cuidaria da questão do espaço da transição”, afirmou o governador eleito. Para a escolha da sede da equipe de transição, além de Raimundo Júnior, atuaram Chico Floresta e Abimael Nunes, ambos petistas. Floresta foi um dos nomes fortes na criação do programa de governo de Agnelo. “Nosso mandato é bem curto: vamos ajudar na escolha do local que vai abrigar a equipe de transição”, expli-

cou Floresta, quando participou de reunião com o governador Rogério Rosso (PMDB) e o secretariado, no Palácio do Buriti. E cumpriram bem a missão: o local escolhido foi um território neutro, a Biblioteca Nacional de Brasília. Bem localizada, no Complexo da República, ao lado da Rodoviária do Plano Piloto, a área recebeu, já na terça-feira, Agnelo e os assessores próximos. Junto com a sala nova, o governador eleito recebeu os cumprimentos pelos 52 anos de vida, completados e comemorados ali, entre uma reunião e outra. Agnelo e a equipe ocupam o primeiro andar do prédio, que é espaçoso e bem mobiliado. O ar condicionado do local não estava funcionando nos primeiros dias, assim como os relógios internos do prédio, que marcavam um horário com diferença em cerca de uma hora e meia do real.

Preocupado com o orçamento para o próximo ano, Agnelo recebeu técnicos da Câmara Legislativa para se inteirar melhor da proposta, que deve ser votada até o dia 20 de dezembro. Ele e o atual governador evitam fazer alarde sobre o suposto rombo de R$ 800 milhões, que preferem chamar de “contingenciamento”, e sobre o qual prometem se pronunciar quando tiverem mais informações. A parte política da transição foi assumida também pelo vice, Tadeu Filippelli (PMDB), pelos senadores eleitos Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) e pelo presidente do PT-DF, Roberto Policarpo. Aos presidentes dos 13 partidos da coligação, coube a função de apresentarem nomes para a equipe técnica da transição, processo que deve continuar ocorrendo nos próximos dias. “Estamos contribuindo com sugestões, mas a decisão é do governador”, explicou o presidente do PRB-DF, Roberto Wagner, ao entregar uma lista com seis possíveis indicações. Para atuar, Agnelo dividiu as equipes de transição em áreas temáticas. A saúde foi a primeira a ser estruturada. Uma reunião foi realizada na tarde de quarta-feira na Associação Médica de Brasília para que fossem discutidas as ações necessárias para a transição nesta área, que promete ser um dos focos do próximo governo, tanto que Agnelo já deixou claro que assumirá, junto com o governo, a Secretaria de Saúde. Até o momento ainda não surgiram nomes de possíveis secretários de governo ou administradores. O assunto, que é quase um tabu, ainda não entrou na pauta de discussões, segundo Agnelo. Com os partidos também não houve nenhuma conversa nesse sentido, da divisão de cargos e espaço. Como a coligação é ampla, o bolo deve ser bem dividido, para evitar disputas internas. Mas isso é só em outra etapa do processo...

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Dinheiro

mauro castro

Economia em banho maria P

oderíamos falar aqui sobre economia relacionando o aspecto relevante das eleições. Como nossa futura presidenta poderá conduzir assuntos relevantes para o Brasil. O fato é que até janeiro estaremos em banho Maria. Um sistema de aquecimento leve, sem grandes impactos em qualquer setor. Algumas perspectivas mostram que qualquer coisa que o governo faça agora pode acarretar um risco para o futuro governo. Existem diversas variáveis que hoje não estão sendo tratadas de forma estratégica, mas antes, de forma operacional como a compra de dólar para segurar a desvalorização dessa moeda. Outros ingredientes entram neste sopão da economia, os juros que não baixam para segurar a inflação em limites toleráveis indicam uma ação ingênua, porém coerente, de quem não está preocupado com alinhamentos de longo prazo. Acontece que a inflação não está acomodada. Mostra disso é que a economia força para crescimento, apontado pelo crescente número de empregos que são formados. Outro significante indicador, a bolsa de valores apresenta um quadro de insegurança, sempre com indícios de crescimento, porém sem grandes projeções. Juros altos, inflação batendo a porta, desvalorização do dólar tem um significado interessante para os próximos meses, leia-se janeiro de 2011. O novo governo já aponta algumas ações. Mas, por mais que se tenha dito na campanha eleitoral ou mais recentemente, economia é algo bem mais complexo e sistêmico, que possa ser manipulado pelo desejo de um governante. O mais provável é que tudo que foi dito pela candidata Dilma seja brevemente reorientado pela Presidenta Dilma. Para os investidores de plantão, ou ainda para as pessoas que pretendem planos desafiantes para 2011, devem colocar o motor em compasso de espera. Nada acontecerá tão forte, mas para quem tem pouco e muito a perder, a hora é de cautela. Algumas dicas são fundamentais. A primeira é evitar investimentos em ações de empresas estatais

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ou que tenham capital do Estado. A segunda é fugir de financiamentos de longo prazo, como imóveis ou veículos. A terceira dica é tratar de pagar as contas com o 13º salário e fazer reservas estratégicas. Garantir um início de ano tranqüilo, com um novo governo é a mais sábia das ações. Lembrando que a tendência é o Brasil ter uma presidência razoável, equilibrada e com poucas surpresas – mesmo não tendo acesso a adivinhos e futurólogos. Toda e qualquer atitude que você quiser tomar agora, pode esperar até janeiro. Longe de esperar qualquer crise, o povo brasileiro não deve esquecer o trauma que foi na posse do nosso ex-presidente Fernando Collor, quando as regras mais tradicionais da economia foram quebradas e o País ficou de cabeça para baixo.


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Capa

Por: Daniela Lima e Raio Gomes | Ilustração: Theo Speciale Colaborou: Alessandra Germano

O problem

de Brasília

do país Pesquisa destaca a importância das políticas de descentralização e mostra que Brasília é o estado mais desigual do país, por também concentrar o maior número de renda

E

studo publicado no final do primeiro semestre de 2010 pelo Instituto de Planejamento Econômico Aplicado (Ipea) – Comunicado nº 44, Brasília: impactos econômicos da capital no Centro-Oeste e no país –, realizado por ocasião do aniversário de 50 anos da cidade, que analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1978, 1988, 1998 e 2008, mostra que a distância entre pobres e ricos, no período de 1998 a 2008 diminuiu em praticamente todas as unidades da federação. Com exceção do Distrito Federal, nesse período o índice que mede a desigualdade de renda aumentou de 0,58 para 0,63. Conforme o comunicado do Ipea, ao longo dos últimos 30 anos, o Distrito Federal apresentou um crescimento no coeficiente de Gini (medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Conrado Gini), intensificando, assim, o grau de desigualdade da distribuição de renda. Em 1978, quase 20 anos após a inauguração da nova capital, o melhor índice de distribuição de renda estava no DF (0,55), quando comparado com todo o país (0,60). No entanto, em 2008, o coeficiente passou para 0,63 no DF, contra 0,55 no Brasil. Nesse período, Brasília teve o poder público ausente, governada e administrada fortemente por interesses privados, como foi o caso da permissão de loteamentos de terras públicas. O problema de Brasília está ligado também ao abismo existente entre o topo e a base da pirâmide social. Márcio Pochmann, presidente do Ipea, destaca que a desigualdade aumenta porque o crescimento populacional se dá na base da pirâmide. Nos últimos anos, houve um crescimento na renda das classes média e média-alta, mas, paralelo a isso, o número de pessoas de rendas baixa e extrema-

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ma social

a é reflexo como um

todo mente baixa também aumentou (migrantes). Quando se relaciona o fluxo migratório à população residente, o Centro-Oeste é a região que apresenta a maior proporção de migrantes (3,7%), conforme dados do Comunicado do Ipea nº 61 – Migração Interna no Brasil. É fato que o número da população aumentou em um curto período de tempo. A prova disso está no atual trânsito do DF, no aumento de condomínios e de regiões administrativas ao redor do Plano Piloto. De 1960 a 2007, a população do DF saltou de cerca de 64 mil para mais de 2,5 milhões de habitantes, o que representa um crescimento de aproximadamente 3.700%. Tal aumento, que tomou uma proporção notável, deixa Brasília ainda mais próxima da situação das grandes metrópoles brasileiras, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, assim como de suas mazelas. Segundo Pochmann, o Distrito Federal não tem estratégias para enfrentar a desigualdade social. A cidade carece de um projeto a longo prazo, no sentido de retornar Brasília à sua lógica de planejamento, para que seja uma cidade mais organizada e menos devastadora, tanto em recursos naturais como no prisma social. Quem vive em Brasília sabe o quanto a cidade cresceu nesse período, de forma desenfreada e sem os cuidados de planejamento necessários. Diminuindo, assim, a qualidade de vida de seus moradores e sem a garantia de direitos básicos, como saneamento, educação, saúde e segurança. “Temos uma sociedade heterogênea em todo o DF e com níveis de fragilidade preocupantes. Temos uma criminalidade crescente e uma constante falta de planejamento”, alerta Milko Matijascic, chefe da Assessoria Técnica da Presidência do Ipea.

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O micro do macro Marcel Bursztyn, sociólogo do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/ UnB), diz “a capital federal é um retrato caricatural da desigualdade existente em todo país”. Para entender melhor a distribuição de renda, não só de Brasília como também de todo o Brasil, é importante destacar que a renda do país é mais concentrada quando as pesquisas analisam por espaço geográfico e territorial, do que pura e simplesmente a distribuição de renda por pessoa. Assim como o Brasil, a capital cresce em todas as direções. Seja pela atração de melhores oportunidades, maior concentração de concursos públicos, melhor qualidade na educação e promessas de moradia. Em todo caso, o que era bom, ficou ruim. Em âmbito nacional, o que não difere muito da capital, são as causas da desigualdade que estão relacionadas ao fato de a maioria dos projetos de desenvolvimento terem sido fortemente concentrados no espaço territorial. “É fundamental que o Brasil reveja essa visão de concentração e passe a ter uma política nacional de desenvolvimento das regiões e das localidades”, explica Pochmann. Essa cultura da concentração de renda levou Brasília a ter os piores indicadores em termos de desigualdade de renda. “Brasília é tão boa que vem gente de fora. O fato da cidade ser um oásis para o Brasil é na verdade uma armadilha”, destaca o sociólogo Bursztyn. Segundo ele, Brasília está se tornando uma espécie de “refúgio” para aqueles insatisfeitos com seus estados, já caóticos no que diz respeito às políticas públicas e sociais e destaca que, enquanto Brasília representar, no imaginário das pessoas, um oásis de prosperidade, o DF será o destino de migrantes, vindos de outros cantos do país. Fora a crescente construção de condomínios e cidades-bairros, visto

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que Brasília está sendo atrativa não só para migrantes de baixa renda, mas também para os das classes A e B, que contribuem para a crescente demanda de condomínios de luxo. A pressão demográfica só vai acabar, segundo Bursztyn, quando o local de origem desses migrantes oferecer oportunidades mais dignas, como investimentos na política de abrangência nacional – habitação, emprego,

É fundamental que o Brasil reveja essa visão de concentração e passe a ter uma política nacional de desenvolvimento das regiões e das localidades

ção. Na década de 1960, o país coreano encontrava-se arrasado devido a inúmeras invasões ao longo de sua história e uma guerra recém-acabada. Naquela época, o Banco Mundial comparou a economia da Coreia do Sul ao país africano Gana, cuja renda per capita era de U$ 900 dólares. O Brasil apareceu na lista como “um país promissor”, com o dobro de renda per capita, U$ 1,8 mil. No entanto, em 20 anos, a Coreia do Sul igualou sua renda a do Brasil, e nos 20 anos seguintes, ultrapassou nosso país, somando, em 1998, U$ 8,6 mil de renda per capita. Com a reforma da educação, a economia coreana cresceu, em média, 9% ao ano, em mais de três décadas. Nesse período, o país asiático cresceu 9,5 vezes, enquanto o Brasil cresceu apenas 3,8 vezes. Em 1998, a renda per capita brasileira era de U$ 7 mil. “Ou o Brasil acorda e vai investir em educação, sabendo que, quem vai colher o fruto não é o presidente atual, será o terceiro ou quarto sucessor dele, ou o pior pode acontecer”, garante Bursztyn. A desigualdade não se resolve apenas com investimentos voltados para economia e infraestrutura, mas com esses investimentos aliados à educação

Desigualdade tem cor e lugar saneamento, educação, segurança e saúde –, para além da simples transferência de renda. É importante destacar que isso vale para todas as classes. “A solução, ao nosso modo de ver, é aprofundar investimentos públicos e privados, em termos econômico e social, e de infraestrutura, em quantos municípios possíveis”, afirma Pochmann. A maioria dos países que conseguiu superar a desigualdade social, investiu em políticas públicas de conscientização. A Coreia do Sul é um exemplo clássico que superou o Brasil por meio do investimento na educa-

Para Marcel Sant'Ana, mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (UnB), é possível observar padrões de semelhança entre as maiores vítimas das desigualdades sociais. Bairros periféricos e cidades satélites de Brasília são segregados por conta das desigualdades sociais. Conforme ele, isso não é uma via de mão única. As desigualdades sociais também são causadas pela segregação dos espaços e a solução pode existir, mas não é simples. “Reverter o quadro das nossas cidades com seus territórios segregados requer repensar a desigualdade social e, reverter a desigualdade social requer atuar sobre nossas mazelas urbanas,


redistribuindo, equitativamente, o que chamamos de ônus e bônus do processo de urbanização”, aponta. Embora muitos considerem Brasília uma cidade diferenciada, uma vez que a pobreza não está ao alcance direto dos olhos dos brasilienses, diferentemente de outras capitais brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, Sant'Ana não acredita numa diferença significativa entre a prática da sociedade brasiliense e as outras, mas aponta algumas especificidades da capital que demonstram que a segregação social não é apenas uma mera questão acidental. “As terras mais bem localizadas e que dispõem de acesso fácil ao sistema de infraestrutura e serviços urbanos, aos equipamentos de educação, de saúde, e mesmo de transporte público, são levadas a leilão que alcançam preços altíssimos, impossíveis de serem pagos pela população pobre e acabam por alimentar o sistema de especulação imobiliária que nesta cidade é realmente perverso”, conta. “Assim, temos o Governo do Distrito Federal atuando como especulador imobiliário”, completa. Mas o que falta em Brasília para torná-la uma cidade mais acessível a todos os moradores do Entorno e das cidades satélites? Para muitos, a falta de interesse político é a resposta mais coerente, uma vez que durante a semana, para trabalhar e manter a economia do DF ativa, os moradores de fora do Plano Piloto têm condições de acessar a cidade. Mas de acordo com Sant'Ana, o importante não é pensar em como tornar Brasília acessível. “É necessário garantir aos outros espaços do Distrito Federal a mesma qualidade de vida urbana que Brasília disponibiliza à sua população”, explica. Outro ponto importante no entendimento das desigualdades sociais no DF é observar que em cidades onde a presença do Estado é menor, como Recanto das Emas, Estrutural e Itapoã, a população negra chega à pro-

porção de 67%. Enquanto em regiões como Sudoeste e Lagos Sul e Norte, que contam com maior aparato de saneamento básico e educação, por exemplo, a quantidade de brancos é da ordem de 85%, de acordo com a Pequisa Distrital por Amostra de Domicílios de 2004. “É claro que não podemos falar em uma segregação motivada pela questão racial, vivendo numa sociedade de economia de

Regiões com menor presença do Estado

67% população negra

É necessário garantir aos outros espaços do Distrito Federal a mesma qualidade de vida urbana que Brasília Regiões com disponibiliza à maior presença sua população do Estado mercado, altamente desigual, temos sim pobres brancos que habitam tais locais de menor presença do Estado”, pondera o arquiteto. Para Marcel, a questão racial não pode ser relegada ao segundo plano na análise das desigualdades sociais, nem em Brasília, nem em nenhuma outra cidade. “As questões sociais acabam caindo na tábula rasa de um reducionismo das análises sobre as disparidades de acesso ao capital financeiro, relegando assim questões importantes na formação da sociedade, como o capital social, o cultural e o racial”, afirma.

85%

população branca

PLANO BRASÍLIA SEMANA NOVEMBRO 2010 27de 2004 Pequisa Distrital2ªpor Amostra de Domicílios


Cidadania

Por: Anna Paula Falcão | Fotos: Divulgação

Tecnologia

é ferramenta para

combater a desigualdade Organização não governamental promove a inclusão digital em comunidades de baixa renda e penitenciárias

O

Comitê de Democratização da Informática (CDI) é uma ONG que se tornou pioneira no movimento de inclusão digital na América Latina. Fundada em 1995, é um dos principais empreendimentos sociais no mundo, com uma abordagem socioeducativa diferenciada e um modelo único de gestão. Atua em 13 países e tem 37 instituições associadas no Distrito Federal. Os espaços informais de ensino, chamados de CDIs Comunidade, são centros de aprendizagem de informática, que oferecem cursos até o nível avançado. Também proporcionam emprego para a população local e do Entorno.

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Segundo o comitê, os conteúdos rígidos restringem-se à criatividade e não trazem respostas para contextos sociais específicos. Portanto, procuram investir na formação de lideranças locais, reforçando comunidades na luta pelos seus objetivos. No Brasil, cerca de 60% das crianças de cinco a nove anos de idade já usaram computador. Mesmo assim, é muito inferior ao acesso observado em pessoas na faixa etária de dez a 24 anos, que atinge 85%. Para a equipe do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic), responsável pela pesquisa, seria conveniente aumentar a inclusão digital na infância.

Os números mostram que o Brasil ainda não conseguiu integrar as ferramentas digitais no cotidiano das escolas públicas. Na zona rural, a escola desempenha um papel mais importante para a inclusão digital: 50% das crianças costumam utilizar o equipamento no estabelecimento de ensino, contra 38% na zona urbana. O CDI utiliza a tecnologia como uma ferramenta para combater a pobreza e a desigualdade, estimular e criar novas gerações de empreendedores sociais. O que possibilita ao individuo de baixa renda, a criação de sua identidade social, discutindo e enfrentando os desafios que suas comunidades vivem. Ajuda a criar


meios de sustentabilidade em seu próprio ambiente. O comitê está presente nas comunidades de baixa renda, penitenciárias, instituições psiquiátricas e de atendimento a portadores de deficiência, aldeias indígenas e ribeirinhas, centros de ressocialização de jovens privados de liberdade, hospitais e empresas, entre outros locais, seja na cidade ou em zonas rurais. Beneficia pessoas de diferentes faixas etárias, culturas, raças e etnias. Maria Nilda, de 34 anos, está sendo alfabetizada de forma digital por uma das instituições associadas ao CDI. Ela é uma exceção, pois os alunos que vão para as instituições são alfabetizados. “No meu primeiro dia de aula, fiquei com um pouco de vergonha e ninguém sabia que eu não sabia ler. Me ajudaram muito. Já entendo as palavras. Mudei muito a minha mente depois que entrei no

curso e até fiz matrícula no colégio para estudar. Aprender informática sem saber ler, foi um desafio, mas depois que pequei o ritmo, amoleci meus dedinhos e já faço muita coisa. Estou muito feliz “, relata Maria Nilda, sorridente. A coordenadora de projetos sociais, Andrea Portugal, diz que “os empresários investem pouco em causas sociais. Sem os patrocinadores, fica difícil manter esse projeto com boa qualidade. Trabalhamos com pessoas de baixa renda e com riscos sociais. São depoimentos como o da Nilda, que nos motiva a trabalhar cada vez mais. Sinto-me orgulhosa de ver tantas pessoas alcançando seus objetivos e crescendo cada vez mais”, conclui.

Conscientização O plantio de árvores também faz parte do projeto. Diversas atividades

são desenvolvidas sobre a importância da preservação do cerrado. Os alunos também aprendem como fazer a reciclagem consciente dos equipamentos de informática sem condições de uso.

Os riscos tóxicos que esses equipamentos proporcionam, quando não descartados corretamente, são graves: Chumbo: Danos ao sistema nervoso e sanguíneo, podendo levar à morte. Cádmio: Envenenamento, danos ao coração, ossos, rins e pulmões. Mercúrio: Danos cerebrais e ao fígado, entre outros. Serviço CDI SDS Conic – Ed. Venâncio VI – Lj. 9 – Bl. O (61) 3322.7233 cdi.cdidf@gmail.com

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Gente

Por: Edson Crisóstomo foto: Paulo Negreiros

Ana Cristina Silva, Joel, Antônio Carvalho, Telma Jorge e José Eustaquio Carvalho foto: Léleu

Juliana Guedes, Joel, Fernanda Villela e Sani Peixoto

Delfim Moreira, Joel, Solange Moreira e Rogerio Avelar foto: Léleu

José Armando Jr, Joel Jorge, Mara Dal Negro e Roberto Carvalho

Política Sensualidade X decoro parlamentar A revista Playboy descobriu o que o brasiliense já sabia: a beleza da deputada distrital Celina Leão. O eleitorado espera para ver se vai ficar só na constatação ou se rola um ensaio fotográfico. Somente Notícia Não é carro blindado o sonho de consumo. Era mesmo blindagem contra a Lei da Ficha Limpa ou ficha suja. Não importa, o tempo não volta.

Caixa Rápido Para não perder o costume Pela oitava vez consecutiva, o presidente da Via Engenharia, Fernado Márcio Queiroz foi escolhido pelo fórum dos lideres empresariais, como o principal líder empresarial do Distrito Federal em todos os segmentos empresariais. A escolha foi feita junto com 18 mil leitores da Revista Líderes. Aprendendo a empreender O Groupe Excelenzia trará a Brasília o jornalista

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foto: FotosMoreno Telmo Ximenes

A família Tokarski com o perfumista Jean-Luc Morineau Fotos Telmo Ximenes foto: Wildna

foto: Léleu

Tânia Franco, Moema Leão, Rogério e Romelita Torkarski e Eliane Martins

Alexandre Jorge e Agnelo Queiroz

Geleia Geral e empresário João Doria Júnior para ministrar a palestra “Como construir projetos vencedores”. Sabendo usar não vai errar Muito interessante a proposta do cartão BRB, em lançar um guia de uso consciente do seu cartão.

CORPOS – A exposição Uma exposição educativa que apresenta corpos reais para que o público possa conhecer melhor a anatomia humana. - Ingressos na bilheteria oficial do evento ou podem ser adquiridos pelo site Ticketsforfun nos diversos pontos de venda espalhados pelo país e também pelo telefone 4003-5588.

Exposição Segredos De Siron Franco, um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira. Estará em cartaz na Caixa Cultural até o dia 28 de novembro.

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Mercado Imobiliário Por: Redação | Fotos: Divulgação

Venda de unidades imobiliárias cresceu 74% Brasília já ultrapassou o Rio de Janeiro e perde apenas para São Paulo, ficando em segundo lugar como mercado imobiliário que mais cresce no país

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esmo com a pouca oferta e os preços de imóveis nas alturas, o mercado imobiliário de Brasília cresceu 80% nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Associação do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi). Segundo o presidente da Ademi, Alberto Valadão, o incremento esperado para este ano é de mais 20%. Os preços também vão seguir o mesmo caminho ascendente, como acredita Miguel Setembrino, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (FecomércioDF): “Haverá um dia em que os preços chegarão a

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um limite. Mas o certo é que, por enquanto, não há investimento melhor do que imóvel”. As limitações urbanísticas do centro de Brasília e a escassez de ofertas, além de elevar os preços dos imóveis, muda também o itinerário das construtoras. Atualmente, essas empresas têm atacado fortemente o Entorno e as cidades satélites, como Ceilândia, Gama, Samambaia e Sobradinho. Em 2009, a venda de unidades de novos empreendimentos imobiliários movimentou R$ 4,3 bilhões. Somente no primeiro semestre deste ano, os números chegaram a R$ 3,2


bilhões, um crescimento de mais de 74%. A estimativa até dezembro é de R$ 6 bilhões.

Mais um lançamento Nada como unir o útil ao agradável. A JCGontijo Engenharia parece ter pensado nesse ditado quando investiu em seu novo empreendimento a 23 quilômetros do centro de Brasília. O Reserva by Santa Monica, localizado no Setor Habitacional Jardim Botânico, oferece em um condomínio fechado um espaço para morar e se divertir. O nome, segundo os idealizadores, foi inspirado na cidade norteamericana do condado de Los Angeles, Santa Monica, conhecida como uma das principais cidades sustentáveis dos Estados Unidos. E famosa pelo clima agradável e ótima qualidade de vida. Com os altos índices de violência nos grandes centros urbanos, que infelizmente, inclui Brasília, a população está em busca de locais seguros onde seja possível viver com conforto e segurança. Os empresários da construção civil estão investindo nesses condomínios em bairros planejados que abrigam minicidades dentro de Brasília. O condomínio de luxo Santa Monica é um exemplo, oferece segurança e conforto em uma área total de 1.500.000 m², rodeada de mais de 500.000 m² de reserva ambiental. Lugar ideal para se viver e criar os filhos com tranquilidade e

em contato com a natureza. Além de possuir um clube particular com piscina adulta com raia de 20 m, piscina infantil, vestiários, saunas, quiosques, bar, quadra poliesportiva, salão social e uma imensa área verde para garantir o direito ao lazer. O projeto atende a todas as exigências urbanísticas e ambientais e foi realizado por arquitetos conceituados que projetaram a topografia e a vegetação desse paraíso, como Denise Zuba, que possui projetos espalhados pelo Brasil e exterior, além de George Zardo, Eduardo Lima, André Alf e David Bastos. Todos com vasta experiência. A Santa Monica brasiliense, que já está com sua infraestrutura concluída, contará com iluminação pública e rede elétrica, pavimentação asfáltica, abastecimento de água, estação de tratamento de esgoto, calçadas, heliponto, posto de gasolina e terrenos residenciais e comerciais. Tudo isso monitorado 24 horas por câmeras, ronda motorizada e controle de entrada e saída de moradores e visitantes para garantir a segurança dos moradores. Os terrenos a partir de 1000 m² já estão prontos para construção e custam em média R$ 380 o metro quadrado, sendo o preço médio de um lote R$ 380 mil, chega a ser mais barato que um apartamento nos locais mais valorizados de Brasília, como o Sudoeste.

Perspectiva ilustrativa de uma fachada

Interior ilustrativo de uma casa JCG

Perspectiva para o terreno de canto visto de cima

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Educação

Por: Domingos Di Lello* | Fotos: Divulgação

O aprendizado precoce de outro idioma traz grandes vantagens Entre elas, o aumento da autoconfiança e do desejo pela busca de novas descobertas

A

aprendizagem de uma nova língua será sempre uma experiência enriquecedora e valiosa em qualquer idade. Para as crianças, essa experiência se torna uma incrível aventura. O interesse pela aprendizagem de uma língua estrangeira quando criança tem crescido rapidamente nos últimos anos. Começar mais cedo traz, muitas vezes, grandes benefícios e oportunidades. Há algumas características que tornam esse aprendizado mais fácil desde que o professor tenha habilidades específicas e conhecimentos necessários para conduzir uma aula com êxito. A espontaneidade, a curiosidade para o novo, a falta de censura e a atenção voltada para a funcionalidade linguística, e não para a forma, são qualidades que fazem da criança um grande aprendiz. Intuitivamente, a criança percebe que a língua estrangeira é algo a ser explorado de forma lúdica e prazerosa.

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A abordagem usada especificamente no ensino de inglês para crianças deve ser totalmente diferente daquela usada com adolescentes e adultos. Há vários fatores, tais como o desenvolvimento cognitivo, a atenção, a afetividade e a sociabilidade, que interferem diretamente no aprendizado. A criança consegue lidar muito bem com conceitos concretos, a curiosidade, a diversidade de tarefas, a autenticidade linguística, a construção positiva da autoestima e os instrumentos sensoriais. As principais vantagens dessa experiência são, entre outras, o aumento da autoconfiança e do desejo por novas descobertas, a construção de novas relações culturais, o incremento da bagagem lexical, além da aprendizagem de novos conceitos, a maior acuidade e naturalidade na pronúncia e entonação, bem como a oportunidade de exercitar as funções cerebrais em outros contextos.


O cérebro humano possui uma capacidade de adaptação enorme, o que é conhecido como plasticidade cerebral, e pode aprender qualquer idioma que lhe seja apresentado. Pesquisadores defendem a ideia de que quanto mais cedo começar a aprendizagem de um idioma, mais rapidamente acontecerá a aquisição dessa língua, sempre respeitando a sequência natural do desenvolvimento linguístico: ouvir, falar, ler e escrever. Os mecanismos fisiológicos propiciam essa aprendizagem principalmente na tenra idade. O inglês, por exemplo, já faz parte do universo infantil em várias situações, como os jogos de computador, as propagandas em outdoor, as músicas de seus ídolos e os programas de TV a cabo. Toda essa bagagem, já incorporada na criança, se apresenta, na maioria das vezes, como uma facilitadora da aprendizagem. No entanto, vale ressaltar que, conforme demonstram algumas pesquisas, o aprendizado de uma segunda língua em idade precoce, por si só, não garante automaticamente o sucesso do processo. Outros fatores, como a qualidade do ensino e o tempo dedicado à aprendizagem, também devem ser levados em consideração. A Casa Thomas Jefferson tem tido um aumento no número de matrículas nos cursos para crianças de quatro a dez anos a cada semestre. Isso com-

prova que os pais estão interessados em proporcionar aos seus filhos, cada vez mais cedo, a oportunidade de aprendizagem do inglês, certos de que isso contribuirá efetivamente para o maior crescimento pessoal e a melhor qualificação profissional no futuro. Aprender um idioma tornouse, para muitos, um importante e poderoso instrumento de pertencimento ao mundo globalizado. Ser monolíngue tem representado uma ameaça à crescente necessidade de participarmos da esfera de convívio social e de atuação profissional. Começar a aprendizagem do inglês mais cedo não implica terminar a aprendizagem mais cedo. Cada etapa dos diversos cursos desenvolve e aborda habilidades linguísticas relacionadas a diferentes faixas etárias. Por meio da aprendizagem de uma segunda língua, as crianças têm a oportunidade de expandir seu repertório cognitivo e linguístico, adquirir uma conscientização global e alcançar um maior nível de proficiência no idioma e acesso às oportunidades profissionais. Os pais, educadores e gestores devem encontrar nesses motivos os maiores benefícios da aprendizagem precoce de uma língua estrangeira. *Domingos Di Lello é mestre em Educação e supervisor dos cursos infantis da Casa Thomas Jefferson

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Tecnologia

Por: Da Redação | Fotos: Divulgação

Tecnologia Zebra auxilia Polícia Rodoviária Federal a fiscalizar o tráfego de veículos nas rodovias brasileiras

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ara cumprir suas missões diárias, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) precisa consultar inúmeras bases de dados, como o Alerta de Veículos Roubados, RENACH – Informações sobre Condutores, RENAVAM – Informações sobre Veículos, e preencher formulários – como Boletins de Acidentes de Trânsito (BAT) e talonários de multas. A quantidade de trabalho é proporcional à extensão da malha viária fiscalizada: 66 mil quilômetros de rodovias federais. Antes, para realizar a autuação de veículos por infração de trânsito era utilizado formulários em talão para preenchimento manual. Com isto a PRF gastava um tempo considerável. O processo não era ágil e demorava muito para ser concluído. Ficava clara a necessidade de automação do processo. “A partir da percepção de que o sistema precisava ser mais ágil, a Polícia Rodoviária Federal optou pela impressora portátil Zebra RW420. O modelo é ideal para imprimir recibos no próprio local, graças a tecnologia sem fio”, afirma Carlos Levenstein, diretor-geral da Zebra no Brasil. O custo-benefício foi apontado como ponto crucial na escolha da impressora Zebra pela PRF. Além disso, a marca possui a mais completa rede de distribuição de insumos e assistência técnica do produto em todo o país. A implementação do projeto de informatização pela PRF aconteceu primeiramente nas rodovias que cortam a capital paranaense. “Desde 2008, a utilização de 800 impressoras para a emissão de notificações de trânsito já ocorre em todo o território nacional”, afirma o inspetor Marcus Vinícius Moreira, da Divisão de Mo-

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dernização e Tecnologia do Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Com cerca de sete mil autos de infração de trânsito emitidos por dia, a Polícia Rodoviária Federal moderniza seu sistema ao utilizar soluções da Zebra Technologies. Com a impressora Zebra RW420, atualmente a infração é emitida instantaneamente, auxiliando a instituição a organizar e controlar o tráfego nas rodovias brasileiras. “A adoção de uma plataforma de comunicação móvel pela Polícia Rodoviária Federal demonstra a capacidade do órgão de se renovar, apresentando soluções inovadoras aos cidadãos brasileiros”, relata Carlos Levenstein, da Zebra no Brasil.

Sobre a Zebra Technologies A empresa oferece uma ampla gama de soluções inovadoras de tecnologia para identificar, rastrear e gerenciar ativos, transações e pessoas para uma melhor eficiência nas empresas. O portfólio da Zebra Technologies inclui impressões sob demanda, soluções de hardware e software com tecnologia de ponta. Ao permitir melhorias no abastecimento, visibilidade, segurança e precisão, a Zebra ajuda seus clientes a implementarem a melhor solução no lugar certo e na hora exata. A Zebra atende mais de 90% das companhias listadas no Fortune 500 em todo o mundo. Mais informações podem ser obtidas no site www.zebra.com. A Zebra Technologies do Brasil fica localizada na Rua Bela Cintra nº. 904 – 7º andar – São Paulo - telefone: 55 11 3138-1455


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Cotidiano

Por: Clarice Gulyas e Alessandra Germano

É proibido

xingar muito no Twitter

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Trabalhador que publicar ofensas ao empregador ou à empresa na internet pode ser demitido por justa causa

a era da comunicação, empregados devem ficar cada vez mais atentos aos conteúdos que publicam em redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter e tantas outras ferramentas de interação. Falar mal do empregador ou da empresa em que trabalha pode gerar demissão por justa causa. A advogada trabalhista, Andreia Ceregatto, avalia que apesar da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ter sido criada antes da popularização da internet e das redes sociais, em 1943, há como relacionar o mau comportamento na rede com a demissão por justa causa. “A justa causa é aplicada por meio do artigo 482, alínea ‘k’, o qual prevê que todo ato lesivo da honra ou da boa

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fama ou ofensas contra o empregador e superiores hierárquicos constitui demissão. Nesses casos, faz-se uma analogia, pois a lei é genérica e cabe tanto à crítica verbal, manuscrita, ou publicada na internet”, explica Ceregatto. De acordo com Andreia, publicar ofensas indiretas ou em anonimato contra a empresa ou empregador também pode incorrer em demissão com base em inquérito administrativo. “Se o empregador achar que aquela ofensa é para ele, deve abrir inquérito na empresa para apuração da falta e, dependendo da situação, aplicar advertência, suspensão ou demissão direta por falta grave.” O estudante de jornalismo, Lucas Vieira, 22 anos, estagia em uma empre-

sa de comunicação há dez meses. Após um desentendimento pessoal com outros funcionários, resolveu postar recados em sua página pessoal do Twitter com agressões indiretas aos colegas de trabalho. “Sem citar nomes, eu falava sobre erros de português e estilos de roupas dos outros. Uma das coordenadoras leu e todos ficaram sabendo. O clima ficou pesado até que meu chefe conversou comigo. Não fui demitido, mas aprendi a lição”, diz. A advogada explica ainda que quem deverá avaliar o grau da falta do trabalhador é o próprio empregador. Criticar ou ofender a vida particular do superior hierárquico são alguns exemplos de faltas graves que


podem gerar a demissão direta ou suspensão sem direito ao pagamento. O empregador que sofrer difamação ou injúria deverá recorrer a um inquérito policial e registrar ocorrência na delegacia. Quanto aos direitos de defesa dos trabalhadores em caso de acusação não comprovada, a advogada alerta que os empregados fiquem atentos ao recebimento de advertências antes de qualquer pena ser aplicada pelo empregador, salvo em algumas exceções. “Para caracterizar justa causa, o empregador deve gerar até três advertências que o empregado deverá assinar ou ser assinado por duas testemunhas, caso haja a sua recusa em receber o documento. Ele só pode ser suspenso uma vez (sem direito a pagamento) ou demitido diretamente em casos de falta grave”, explica.

Assédio Moral Mesmo depois de 67 anos da criação da CLT, muitos trabalhadores ainda não conhecem todos os seus direitos e aque-

les que sabem das leis que os amparam têm receio de entrar na Justiça e ficarem “queimados” no mercado de trabalho e impossibilitados de serem admitidos por outros empregadores. Isso acontece porque algumas empresas que não cumprem com seus deveres trabalhistas, como a assinatura da carteira de trabalho, salários em dia, depósito de FGTS, pagamento de rescisão contratual, entre outros, costumam ameaçar seus funcionários de não passarem boas referências às empresas, às quais eles venham se candidatar no futuro. Tais ameaças são enquadradas pela Lei nº 2.949/2002 como assédio moral. “Às vezes, buscar a Justiça Trabalhista para fazer valer nossos direitos acaba fechando muitas portas para próximas contratações”, declara a fisioterapeuta Carina Rocha que entrou com uma ação trabalhista para conseguir a quitação de sua multa rescisória. “Eu trabalhava em uma clínica de estética. Fiquei quase um ano sem conseguir outro emprego porque minha ex-chefe entrou em

contato com outras empresas do ramo e passou péssimas referências sobre mim”, desabafa. Quando perguntada sobre a possibilidade de demissão por justa causa devido à difamação da empresa ou empregador na internet, ela responde: “O funcionário não pode difamar o patrão, mas o contrário acontece, e muito. Tenho certeza que sou uma ótima profissional. Não é justo ficar com o nome sujo na praça por ir atrás dos meus direitos. Passei meses com dificuldades para arranjar outro emprego porque fui difamada pela minha ex-chefe. Mas com ela nada aconteceu”. A advogada Eryka De Negri afirma que, se o assediador for o superior hierárquico, dependendo do grau das agressões, “essas podem ser tipificadas como um dos crimes contra a honra, previstos no Código Penal, como calúnia, injúria e difamação”. Serviço DeNegri Advogados (61) 3224-5725 www.denegri.adv.br

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Planos e Negócios

alex dias

Badulake A Badulake, da mineira Renata Barbosa, inaugurou sua segunda loja na Asa Norte. E tem sido motivo de muito buchicho. O estabelecimento oferece peças artesanais exclusivas como colares, assinados por uma designer mineira, pulseiras, objetos decorativos, roupas e toda uma linha de acessórios super diferenciados. Enfim, muita coisa bonita e que deve agradar em cheio a mulher brasiliense. A principal característica da loja é a ousadia nas cores e na mistura de estilos da decoração. Quem foi ao coquetel de inauguração pôde conferir o bom gosto e a variedade de peças, que segundo a proprietária, é fruto de muita pesquisa. Conforme ela, o maior objetivo da loja é fazer com que as mulheres, além de encontrar peças diferenciadas, se sintam à vontade para experimentá-las. E acrescenta que a loja é um parque de diversões. “Tem tudo para a mulherada se divertir”. O bom gosto que cerca a Badulake pode ser comprovado a todo momento. Desde o flyer de divulgação - uma belíssima pin-up com asas - apimentado com o seguinte texto: “Transforme-se! Acrescente magia à sua vida, voe nas asas dos seus sonhos e desejos. Produza-se! Sinta-se esplêndida! Viva o jeito Badulake de ser: Ousada, confiante, independente, MULHER”, até à montagem do provador de roupas, que segundo algumas convidadas da inauguração, parece um sonho. Vale a pena conferir o blog da loja, sempre com novos posts, imagens de produtos e das decorações. Serviço CLN 107, bl B, lj 7 & 115, bl C, lj 69

Fone: (61) 3041-7416/ (61) 3964 - 7416 e-mail: badulakedf@gmail.com www.badulakedf.blogspot.com Twitter: @lojabadulake

Aloha Eyewear Criada em dezembro de 2007, a Aloha Eyewear foi fundada com a intenção de tornar mais acessível os óculos escuros. Acessório necessário no dia a dia das pessoas e que influencia no estilo de cada indivíduo. Atualmente, a marca possui nove lojas franqueadas, localizadas no Distrito Federal e nos estados de Goiás e Amazonas. Recentemente, a empresa inaugurou uma unidade no shopping Pátio Brasil. Hoje, a Aloha Eyewear trabalha para divulgar sua nova campanha de marketing, como a atualização do site com a temática de Natal, investimento em publicidade e participação em eventos na capital da República. Este ano, a ação promocional trabalha com o slogan “Entre nesse clima!”, estreladas pelas modelos Juliana Salimeni e Lizzi Benites. A empresa realiza um trabalho de consultoria com o objetivo de identificar os melhores locais de comercialização para expandir o nome da marca. A proposta é fazer com que, em cinco anos, a Aloha atinja o número de 157 franquias. Em médio prazo, até o final de 2010, pretende espalhar 20 lojas por todo o Brasil, gerando mais de 100 empregos diretos e um faturamento anual de R$ 7 milhões.

Serviço Shopping Pátio Brasil, 2º andar (61) 3041.5953 www.alohaeyewear.com.br

CNI Geradores Fundada em 2007, a CNI Geradores é voltada exclusivamente para a locação de grupos geradores silenciados em eventos, indústrias, feiras, entretenimento, empresas de serviços e demais segmentos do mercado, que necessitem de soluções temporárias de energia. Uma empresa progressista, de pensamento futurístico e que está sempre investindo na aquisição de novos equipamentos. É uma empresa compromissada com a agilidade e qualidade de seus serviços. Por isso, oferece atendimento 24 horas, ininterruptas. A CNI Geradores é uma empresa com responsabilidade social. Seus equipamentos são montados em containeres acústicos para que não produzam ruídos superiores a 75 DBA, podendo ser instalados a céu aberto ou abrigados.

Serviço (61) 3356.6096/8408.3013 cnigeradores@gmail.com

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premier construtora e consultoria

Via Brasil A Via Brasil Promoção e Consultoria de Eventos é uma empresa com larga experiência em eventos de pequeno, médio e grande portes. Sua infra-estrutura permite atender aos mais variados tipos de clientes tais como: buffets, clubes, casas de eventos, entre outros. Seus profissionais são altamente preparados para oferecer o melhor em termos de promoção de eventos, organização, coordenação, recepção, manobristas, brigadistas e segurança. A Via Brasil proporciona qualidade, reconhecimento, segurança e prestígio, afim de provocar e oportunizar conforto e satisfação aos seus mais variados clientes.

Serviço (61) 7815-5221/7812-5617 viabrasil.df@hotmail.com

Fundada em Brasília, a Premier, construtora e consultoria, nasceu para despontar no ramo de Construção Civil. Buscando, sempre, agregar em seus serviços a solidez e a segurança de empreendimentos bem planejados com a sofisticação necessária para transformar o sonho de cada cliente em realidade. Tem por atividade, reformas comerciais e residenciais, pintura, instalação de revestimento, manutenção de telhados e ar condicionados, impermeabilização, instalação de ofendículos, rede elétrica e lógica. A Premier também conta com consultores capacitados a auxiliar seus clientes no planejamento, criação e melhoria de seus processos operacionais nas seguintes áreas: Tecnologia da Informação, Segurança do Trabalho, Segurança Privada, Gestão Ambiental, Comércio Exterior e Logística.

Serviço Edifício Varig - SCN Qd. 4 - Bl. B - nº 100 - Sl. 1201 (61)3533.6574 www.premiercc.com.br

Instituto de Arte Amílcar Mendes O Instituto de Arte Amílcar Mendes (IAAM), fundado em 2003, é uma escola de arte e criatividade com uma linguagem dinâmica e método objetivo. Baseado na técnica da manchação, foi desenvolvida há 15 anos pelo artista plástico Amílcar Mendes. O atendimento prevê o acompanhamento individualizado, baseado na prática de exercícios que visam o desenvolvimento do olhar e da transcrição deste para o suporte (papel, tela ou outros). O IAMM oferece cursos de desenho e pintura com técnicas variadas e preparatório para cursos específicos da UnB como artes plásticas, designer, arquitetura e mangá. A escola atende jovens, adultos e crianças a partir dos seis anos de idade. As turmas são sempre de até 10 alunos. Anualmente, por ocasião do final do ano, a escola promove a “EXPIAAM”, uma exposição de apresentação de trabalhos criados pelos estudantes, como resultado da metodologia aplicada nos cursos. O evento é tradicional e sempre acontece na sede da escola no Sudoeste. Este ano, o tema da exposição são os 50 anos de Brasília. A abertura da mostra acontece no dia 18 de novembro e ela pode ser visitada até o próximo dia 26, com entrada gratuita.

Serviço CLSW 104 Bl. B nº 73 Ed. Sudoeste Shopping (61) 3964.1850/8114.9381 www.iaam.com.br

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Automóvel

Da Redação | Fotos: Divulgação

Marca chinesa Lifan

atrai consumidores do DF Grupo Suprema comercializa novos modelos 620 e 320, oferecendo garantia de qualidade e atendimento técnico pós-venda

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s consumidores que estão à procura de conforto, sonham em ter um carro completo como os de luxo japoneses e com preço acessível já podem concretizar o seu sonho. O Grupo Suprema comercializa novas opções de veículos zero quilômetro da marca chinesa Lifan como os modelos 620 e 320, que têm atraído olhares de cobiça. Os novos modelos realmente chamam a atenção. O 620, com mo-

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torização 1.6, estão sendo comercializados com freios ABS, bancos de couro, airbag duplo, ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, coluna de direção com absorção de impacto e lanternas dianteiras com Led, além de várias outras vantagens. O valor inicial é de R$ 39.990,00, mais o frete. Mas o melhor são os três anos de garantia oferecidos pela fábrica. O 320, que lembra o Mini Cooper, também vem com ar, direção e travas elétricas, além de oferecer maçanetas internas e externas cromadas, parachoque da cor do veículo, indicador de portas abertas, entre outros itens de série. Além de todos esses itens, o consumidor pode persona-


lizar seu carro com cores diferentes, formatos e listras. O valor inicial do veículo é de R$ 29.990, mais frete. A Suprema Lifan está com uma concessionária nova, espaço de oficina todo montado e mão-deobra especializada para realizar um atendimento personalizado no pósvenda. Segundo o diretor Alexandre Vasconcelos, a empresa não só oferece um carro a baixo custo, mas também qualidade. “O mercado chinês vai ser um forte competidor para as grandes montadoras e concessionárias, dominando o mercado com o baixo preço e passando a ser competitivo com vantagem tecnológica”, afirma. De acordo com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil e China, desde 2001, o Brasil teve lucros de mais de US$ 7 bilhões nas suas trocas comerciais com aquele país. Agora, a China planeja investir outros bilhões em projetos de interesse do Brasil. Isso não é apenas no campo do agronegócio, mas no automotivo, como já ocorre com a entrada da Lifan no país. Na opinião do diretor da Lifan, o que atrai o negócio com a China é o capital de custo baixo e de longo

prazo em abundância; produtos de boa qualidade e experiência de comércio internacional. As peças vêm da China, mas os carros comercializados no mercado brasileiro são montados em uma fábrica no Uruguai, na cidade de San José, a cerca de 40 quilômetros de Montevidéu. Os veículos entram no Brasil, via Mercosul, com um imposto de entrada menor, o que possibilita aos concessionários praticarem preços bastante competitivos. A marca já atua em 43 países e está em franco crescimento no mundo.

Ranking Fundada em 1992, o grupo Lifan se tornou um dos maiores conglomerados privados da China. Conta hoje com mais de 13 mil colaboradores. Presente no ranking “Top Enterprises in China”, da revista Forbes, a marca foi a primeira a entrar no mercado da União Europeia. Sua rede de vendas está presente em 167 países da Ásia, Europa, África e América do Sul.

Missão Há 19 anos no mercado, o Grupo Suprema conquistou a missão de

montar a primeira concessionária da Lifan em Brasília. A marca Lifan começa as suas atividades com infraestrutura necessária para prestar um atendimento diferenciado nos setores de vendas, reposição de peças e assistência técnica. Conceituado no mercado de automóveis, o grupo apostou na força da marca chinesa, para investir em veículos que oferecem conforto, segurança e um ótimo custo-benefício. Serviço Loja Suprema Lifan SCIA – Quadra 15 – conj.04 – lote 08 (61) 3245-6060

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Vida Moderna

Por: Tássia Navarro | Fotos: Divulgação

Originalidade faz toda diferença na hora de presentear Presentes diferenciados são nova tendência para festas de fim de ano

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essa época, há sempre a dúvida do que dar de presente nas festas de final de ano e confraternizações de trabalho. Opções não faltam, porém o que está na moda é usar a criatividade. Hoje, há no mercado uma infinidade de lojas especializadas em presentes originais. Também existem os sites que disponibilizam ideias para confeccionar seu próprio presente. A loja Marcantte, especializada em presentes exclusivos e adesivos decorativos para ambientes, tendência que já ganhou força entre arquitetos e decoradores, dispõe de um catálogo que é renovado com frequência. Presentear e decorar com personalidade e criatividade são especialidades da loja. Uma das sócias da Marcantte Andreia Rego participou, em 2008, do programa “O Aprendiz”, comandado por Roberto Justus, na Rede Record. Ela e os sócios Alessandro e Danilo Marques apostam em artigos que fogem do lugar comum. As prateleiras estão cheias de opções criativas, como almofadas, bolsas, tapetes, relógios, camisetas, bonecos e jogos, em um universo de muitas cores, com mensagens positivas e bem humoradas. Para Andreia, fim de ano é uma data muito interessante por conta do Natal, das festas de encerramento em empresas e de eventos como amigo oculto. Um dos presentes mais procurados em sua loja é o fotopresente. “É sempre buscado como forma de dar algo especial, diferente, fazer uma brincadeira, transformar o presente em uma história que carrega em si um significado muito maior. É uma forma de dizer ‘achei um presente que é a sua cara’. Literalmente”, afirma. Ana Clara Sousa, estudante, 20 anos, já começou a pensar no presente de Natal que vai dar para o namo-

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rado. Ela quer algum presente que emocione e marque. “Estou procurando o que há de mais criativo e atual em presentes, algo que seja diferente e realmente agrade meu namorado”, conta.


Escolher a sua foto favorita ou a de um amigo, parente, namorado e colocar em canecas, almofadas, mousepads, bolsas, caixas, havaianas, camisetas, bandejas, quebra-cabeças, são opções de fotopresentes. O publicitário Renato Oliveira, conta que adora fotopresentes e que com certeza são uma ótima opção de presentes originais. “Mandei fazer no Dia das Mães uma almofada com uma foto minha e do meu irmão para minha mãe, ela amou e hoje não deixa ninguém encostar no presente dela”, diz sorridente e completa, “para o Natal, já estou pensado em algo parecido”. Os presentes diferenciados encantam pessoas de todas as idades, com cores vivas, mensagens positivas e engraçadas. O militar Alberto Rezende, ganhou em seu aniversário um porta-retrato de sua filha. Nele tinha uma foto da menina e outra da família, na moldura o seu nome e mensagens de carinho da filha. “Foi um presente lindo, fiquei emocionado”, conta.

Serviço Marcantte CLSW 103 - Bl. B - Lj. 9 Galeria (61) 3341.2299 SCLN 310 - Bl. E - Lj. 10 (61) 3034.8051 www.marcantte.com.br www.marcantte.blogspot.com

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Esporte

Luiz Humberto de Faria Del’Isola

Fotos: Gustavo Lima

Tá nervoso?

Vá pescar... 37° Torneio de Pesca do Brasília Country Club

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sabedoria popular do Extremo Oriente criou a afirmativa de que “os deuses descontam do tempo de vida do homem os dias em que ele passou pescando”. Os adesivos com o conselho “Tá nervoso? Vá pescar...” circulam em carrões de luxo, em velhas kombis, em inacreditáveis latas-velhas que desfilam por ruas de Brasília e do Brasil. Somos uma nação de pescadores apaixonados. Isso talvez explique a nossa incrível capacidade de resistir às chateações, cotidianas uma, sazonais outras. Hospitais sem remédios e leitos, ônibus imundos e superlotados, metrô

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que não cumpre horário, filas de bancos e de visto em passaporte, assaltos, furtos e roubos, sequestros (relâmpagos ou demorados), salário que acaba antes de o mês se acabar, a Voz do Brasil, “senhores ouvintes boa noite”, são aporrinhações cotidianas. Isso sem falar de Faustões, Ratinhos, Gugus, duplas sertanejas e baile funk. As aporrinhações sazonais não são menos chatas: umidade relativa do ar abaixo de 15%, inundação quando chegam as primeiras chuvas, eleições e horário eleitoral gratuito a cada quatro anos, com direito a tiriricas e fichas sujas, caos aéreo

nas férias, renovação de matrículas dos filhos, IPVA, IPTU, Imposto de Renda. Com tantos motivos de aborrecimento, o brasileiro pesca quase que em terapia. E nós, candangos, pescamos muito, talvez porque tenhamos maiores razões de aborrecimento, seja cotidiano, seja sazonal... é só lembrar a Caixa de Pandora! Os pioneiros candangos pescaram freneticamente no Lago Paranoá: tilápias e carás lançados pela Novacap. A Prefeitura promovia Concursos de Pesca com direito a prêmios, notas em coluna social e fotografias no Correio Braziliense e na UH- Brasília.


A tradição de torneios de pesca tem sido mantida pelo Brasília Country Club (BCC), em sua sede às margens do rio Paracatu. Entre os dias 9 e 12 de outubro, realizou-se a 37ª edição do evento. Como sempre, o torneio homenageou um associado ilustre. Nessa edição a honraria foi para o engenheiro Ricardo Castanheira, secretário-geral do Conselho Deliberativo da entidade. A comissão organizadora registrou a participação de 64 concorrentes e de mais de 30 convidados. Os participantes fisgaram dourados, piranhas, matrinxãs, pacamãos, piaus e mandis. Até um surubim foi capturado, mas não pode ser considerado para efeito de premiação já que ele foi fisgado antes do início do torneio. O resultado final da disputa foi o seguinte:

O homenageado, Ricardo Castanheira e o diretor do DPN Alcindo Camargo Filho

DOURADO 1° Lugar: Maurício Monteiro/ 2° Lugar: Luiz Humberto “Jacaré” PIRANHA 1° Lugar: Roberto Guimarães/ 2° Lugar: Godofredo Diniz MATRINXÃ 1° Lugar: Roberto De Lima/ 2° Lugar: Wellington Simioni PACAMÃO 1° Lugar: Armando Serejo/ 2° Lugar: Fabiano Nóbrega PACU 1° Lugar: Wellington Simioni/ 2° Lugar: Thélio D’azevedo PIAU 1° Lugar: Wellington Simioni/ 2° Lugar: Luís Carlos Campelo MANDI 1° Lugar: Wellington Simioni/ 2° Lugar: Solange Lima

A família Castanheira esteve presente em massa e a cerimônia de encerramento foi repleta de emoções, com a lembrança de tantas outras pescarias, de tantos outros pescadores já desembarcados, de tantas esperanças a cevar e de um futuro pleno de peixes, de amigos e de felicidades. A equipe de reportagem da Plano Brasília esteve presente no

local e o fotógrafo Gustavo Lima registrou o flagrante. No dia 12, pescadores e convidados voltaram a Brasília e às aporrinhações cotidianas e sazonais. Entretanto, os três dias que passaram pescando no Rio Paracatu serão com certeza descontados da conta do total do tempo de vida de cada um deles. E no ano que vem, haverá a 38ª edição do Torneio de Pesca do BCC.

Maurício Monteiro com o Dourado campeão

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Diversão Por: Talita Viana

foto Nicolas Gomes

Vem aí o Festiv Rolla Pedra Música de Bra Uma homenagem à música independente e aos 50 anos da capital

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os dias 13,14 e 15 de novembro, o Complexo Cultural da República na Esplanada dos Ministérios, será palco do Festival Rolla Pedra Música de Brasília. Cerca de 50 bandas de rock, de várias localidades do Distrito Federal como Plebe Rude, Vai Thomaz no Acaju, Lobotomia e Madame Satan, prometem levar o público a curtir o que há de melhor do estilo musical que é e foi tão celebrado na cidade, principalmente na década de 80, quando Brasília ficou conhecida como a cidade nacional do rock. Para isto, dois palcos vão ser montados no local. Os shows serão sem intervalos e sempre começarão por volta das 17h. “O público não vai esperar. Acaba um show e começa outro”, afirmou Kennedy Bittencourt, um dos organizadores do evento. Bandas e artistas convidados são representações das diversas vertentes do

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rock, que vão do metal leve às modernas fusões musicais. O principal intuito do festival, segundo Bittencourt, é valorizar e resgatar a música brasiliense. “É preciso provocar o consumo e o conhecimento das bandas e músicos locais’, disse.

O Teatro Rolla Pedra O festival recebe o nome do Teatro Rolla Pedra, local que na década de 80, ajudou a revelar alguns grandes nomes da música brasileira como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Bandas que nasceram aqui e ajudaram a Brasília a receber o título de capital do rock no país. O Rolla Pedra foi inaugurado em de abril de 1984, na cidade de Taguatinga. Idealizado por José Fernandez, professor e ativista cultural que dirigiu o Teatro da Praça, com a parceria de Marco Antonio e José Maria. Fernandez acreditava que a cena artística do Distrito Federal necessitava de um espaço que pudesse dar vazão à intensidade e criatividade de uma geração de artistas sem muitas oportunidades. O lugar tornou-se um verdadeiro caldeirão cultural. Além de abrigar bandas em início de carreira, era um espaço que abraçava também grupos teatrais, artes plásticas, cinema e artistas dos mais diversos ramos. A democracia e a interatividade do Rolla Pedra foram alguns dos fatores que propiciaram a união de tantos artistas brasilienses. O que gerou intercâmbio de ideias e revelação de grandes talentos. O teatro foi um marco na vida de muitas pessoas que descobriram sua verdadeira vocação e se decidiram pela profissionalização nas artes. O Teatro oferecia divulgação, instalações, sonorização e iluminação profis-


foto Bruna Mereu

val

asília sionais e tinha uma programação de shows musicais de sexta a domingo, sempre a partir das 21h. Como o lugar foi o primeiro a oferecer esse tipo de produção com qualidade, o Rolla Pedra rapidamente ganhou destaque em todo o Distrito Federal. Em 2002, o nome Rolla Pedra foi resgatado e lançado na internet. Um portal no qual as bandas de todo o Brasil têm a oportunidade de se inscreverem para mostrar o seu trabalho. No site, essas bandas podem participar de concursos, eventos e até mesmo ganhar a oportunidade de gravar um disco. “É preciso valorizar a ação e o trabalho dos músicos locais, gerar oportunidade e espaço para que eles possam ocupar um lugar na mídia e no mercado brasileiro”, afirma Kennedy Bittencourt. O Festival Rolla Pedra Música de Brasília está em sua terceira edição e a expectativa de público, por parte dos seus organizadores é de cerca de 15 mi pessoas. A entrada é gratuita.

foto Gabriel Thomaz

Divulgação

Dia 13 de Novembro (Sábado) Soulspell Metal Opera (SP) Khallice Lobotomia (SP) Galinha Preta e Convidados Deceivers Optical Faze Madame Satan (PA) Dynahead Camarones Orquestra Guitarrística (RN) Johnny Suxxx and The Fucking Boys (GO) Elffus Flashover Red Old Snake Underpain Estamira Os Maltrapilhos The Squintz Rebel Shot Party

Dia 14 de Novembro (Domingo) Plebe Rude Little Quail and The Mad Birds Lucy and The Popsonics Os Gramofocas Sapatos Bicolores Os Dinamites Dissônicos Pedrinho Grana e Os Trocados Los Torrones Suíte Super Luxo Watson Orgânica (SP) Trampa Etno 10Zer04 Janicedoll Brown Há Tiro Willians Darshan Valdez

Dia 15 de Novembro (Segunda-feira) Vai Thomaz no Acaju Porcas Borboletas (MG) Ellen Oléria Bossafunk César de Paula e Projeto S.A.mbalance Brazilian Blues Band Sacassaia Two Dub Nonato Dente de Ouro & O Esquadrão de Ébano Besouro do Rabo Branco Os The Los Electrodomesticks

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Saúde

Por: Alessandra Germano | Ilustração: Theo Speciale

Exces

contribui par Um terço das mortes de mulheres grávidas está relacionado à obesidade

O

ganho de peso excessivo em mulheres grávidas é um grande fator de risco tanto para a mãe quanto para o bebê. Pesquisa realizada pela Universidade de Edimburgo (Escócia) concluiu que a obesidade gestacional aumenta em dez vezes o índice de grávidas com infecções respiratórias. As dores de cabeça e azia também têm seu risco duplicado. Outro problema é a propensão a doenças cardíacas. As complicações mais comuns ligadas à obesidade gestacional são diabetes, trombose venosa profunda, hipertensão e préeclâmpsia, patologias que afetam as mães mais intensamente no final da gestação. O desenvolvimento da síndrome do túnel do carpo (STC) – edema no pulso, dor, dormência, fraqueza e falta de coordenação nas mãos – é aumentado em três vezes. A obesidade também está ligada a um maior índice de mortalidade dos recém-nascidos, visto que bebês de mães obesas costumam ter a média de peso maior que o normal, complicações que podem aumentar o número de cesáreas e provocar riscos obstétricos ao parto normal. Além disso, comparados aos tratamentos feitos em pacientes dentro do peso normal, os procedimentos para aqueles que não estão bem com a balança custam até três vezes mais. Segundo o médico obstetra Petrus Sanchez, o ganho de peso ideal ao

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sso de peso

ra gravidez de risco longo dos nove meses de gestação é de nove a 14 quilos. Sendo o adequado de dois a três quilos no primeiro trimestre, e de 300 a 500 gramas por semana ao longo da gestação. “O ideal é que a mulher esteja dentro do peso saudável, com índice de massa corpórea (IMC) abaixo de 25, antes de engravidar. Mas, caso esteja acima do peso, o recomendável é associar o acompanhamento com um nutricionista à prática de exercícios aeróbicos”, explica Sanchez. Ainda segundo o médico, a alimentação diária da gestante obesa deve estar entre 1600 e 1800 calorias. Os exercícios físicos devem ser feitos pelo menos três vezes por semana, de 30 a 40 minutos cada dia. “Não há problema algum para a gestante obesa praticar exercícios aeróbicos. Na verdade é até muito recomendado para evitar o risco de diabetes gestacional que aumenta muito nesses casos”, afirma o médico.

Fator de risco As doenças cardiovasculares estão no primeiro lugar do ranking das que mais matam no Brasil, superando o câncer e a aids. No ano de 2006, foram registradas cerca de 300 mil mortes por essas doenças, 30% do total registrado no ano. Alguns dos fatores de risco para essas doenças são níveis altos de colesterol ruim no sangue, pressão alta, diabetes mellitus, fumo, sedentarismo, obesidade e o consumo de álcool. Vale ressaltar que as medidas da saúde pública brasileira contra o tabagismo vêm se intensificando a cada ano, como a proibição

do fumo em lugares públicos fechados e a veiculação de propagandas desses produtos. A maior fiscalização gerada pela Lei Seca também ajuda a diminuir o consumo de álcool, porém essa norma não está ligada à prevenção de outras doenças, como as cardiovasculares, mas à diminuição de acidentes de trânsito. O mais interessante é que a obesidade – um dos fatores de riscos mais comuns ligados às doenças cardiovasculares – que contribui para o colesterol ruim e para hipertensão arterial, geralmente causada pelo sedentarismo, não é combatida com a mesma força que o tabagismo e o abuso de álcool. Na verdade, todas as pessoas são livres para comer quantos fast foods quiserem, assim como os demais alimentos gordurosos que conseguirem abocanhar. O que existem são tímidas campanhas de educação alimentar. Segundo informações do Ministério da Saúde, aproximadamente 38 milhões de brasileiros com mais de 20 anos estão acima do peso. Desses, 10 milhões de pessoas, mais de 26% do total, são consideradas obesas, de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO). O sobrepeso afeta 41,1% dos homens e 40% das mulheres. Por outro lado, quando o assunto é obesidade, são as mulheres que estão na frente, com 13,1% contra 8,9% dos homens, segundo informações da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2003.

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Moda

Por: Camila Penha | Fotos: Divulgação

A democracia dos comprimentos N

em só de vestidos curtíssimos viverá o Verão 2011. Os longos aparecem como a tendência forte nas passarelas. Nas ruas, as mais antenadas já os desfilam com muito charme. Saindo das festas de gala para ser a grande pedida no dia a dia. Aposte naqueles vestidos que traduzem frescor e com tecidos esvoaçantes. O melhor é que a peça não precisa de muitos complementos para ficar superelegante. Mas, para quem gosta, também há a possibilidade de brincar com vários acessórios. Desfile D&G, coleção de primavera 2011 Carteira Accessorize Colar Accessorize Vestido Alphorria

Pulseiras Accessorize

Bolsa Accessorize

Look Ortiga

Vestido Avanzzo

Óculos Aloha 52

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Chapéu UVLine

Óculos Aloha

Vestido Cantão

Bolsa Accessorize Brincos Accessorize

Look Ortiga Bolsa Accessorize

Vestido Alphorria

Óculos Aloha

Serviço Accessorize Avanzzo Aloha Shopping Iguatemi Taguatinga Shopping ParkShopping (61) 3577.5101 (61) 3361.0331 (61) 3562.5428

Vestido Avanzzo

Cantão ParkShopping (61) 3234.9077

Ortiga SCLN 309 - bloco D (61) 3349.3036

UV Line www.uvline.com.br

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Comportamento

Por: Anna Paula Falcão e Alessandra Germano | Fotos: Divulgação

Brasília é porta de saída para prostituição internacional Em países como Alemanha e Holanda, a prostituição virou uma carreira com registro profissional, com direitos trabalhistas e até sindicato

B

rasília passou São Paulo, a grande metrópole brasileira. Mas o motivo não é de orgulho: o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck passou a ser o principal ponto de partida para a prostituição internacional. A constatação é baseada em um levantamento feito pela Assessoria Especial para Assuntos Internacionais do governo de Goiás que concluiu, também, que desde 2004, aproximadamente três mil goianas atuam ou atuaram na prostituição. Conforme o levantamento, anualmente, 20 brasileiras são mortas fora do país por conta das máfias internacionais de exploração sexual. No Brasil, não existe legislação trabalhista que regulamente a profissão. No entanto, essa atividade é citada na Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) como um ofício legal. Ou seja, cada indivíduo é dono de seu corpo, podendo usá-lo da ma-

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neira que quiser e entender. Sendo assim, a prostituição não é crime. Contudo, a exploração sexual é dessa forma tipificada. De acordo com art. 229 do Código Penal, “manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente” é crime punido com reclusão de dois a cinco anos e multa.

Prostituição infantil Nos últimos dois anos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) monitorou por todo o país mais de 66 mil quilômetros de rodovias e apontou em seu último levantamento 1.820 locais vulneráveis à prática de prostituição adulta, tráfico de drogas, consumo de bebida alcoólica e exploração sexual infantojuvenil. O número de pontos de risco, comparado ao último levan-

tamento de 2007, não sofreu grandes alterações. Por outro lado, no Distrito Federal, a PRF localizou dez pontos de riscos, 33 locais a menos que no ano passado. Desses, dois são pontos críticos de exploração sexual infantil e oito lugares com alto grau de risco de exploração, sendo um ponto a cada 95 quilômetros de rodovia. A situação mais crítica encontrase na região Nordeste (545 locais), que ultrapassa o número de pontos de risco das regiões Norte (224) e Centro-Oeste (281) juntas. Os estados da Bahia e Paraíba também aparecem no topo do ranking, com 24,9% do total nacional. Minas Gerais (66), São Paulo (51) e Rio Grande do Sul (75) também são citados como estados críticos. Na tentativa de coibir a exploração sexual infantil, o Ministério Público Estadual (MPE) fez uma lista de recomendações às empresas de ônibus


interestaduais, postos de combustível e motéis em beira de estrada. A afixação de placas visíveis proibindo a permanência de menores nesses estabelecimentos no período noturno; a divulgação do Disque 100 para denúncias de prostituição infantil, a exigência de documentação para a entrada em motéis e a proibição de menores viajarem desacompanhados dos responsáveis, são algumas das recomendações.

Movimentando a economia A prostituição é um negócio milionário. No Brasil, a atividade movimenta R$ 500 milhões por ano e R$ 700 bilhões no mundo inteiro. Atualmente, são 1,5 milhões de trabalhadores sexuais que atuam no país. Sendo que 78% são mulheres, 15% travestis e 7% homens. Estatísticas mostram que 87% dos profissionais do sexo atuam nas ruas, 9% em boates e 5% em meios de comunicação (internet e anúncios de jornal). No entanto, 90% das pessoas que se prostituem dizem que gostariam de fazer outra coisa para viver. No Rio de Janeiro, Vila Mimosa é a maior vitrine do sexo do país. São aproximadamente três mil garotas de programa. Em Brasília, a atuação é mais intensa em boates e hotéis de luxo. Os dias de maior movimento são segundas e sextas-feiras e sábado, sem horário determinado. O que mantém esse mercado aquecido é a descarga de tensão sexual. Segundo a terapeuta sexual Ruth Carneiro do Hospial Dia, “a prostituição sempre foi uma fantasia, por ser praticada por um grupo marginalizado. Muitos vivem o dilema da culpa e a luta pela sobrevivência. As próprias mulheres têm a fantasia de ‘brincar’ de prostituta com os seus parceiros. Os homens têm a fantasia de saber como é estar com uma profissional do sexo”. As acompanhantes de luxo têm um grupo de clientes seleto. Por noite, ganham a partir de R$ 400. Por final de semana, os lucros podem chegar a R$ 12 mil. Na maioria das vezes, recebem presentes como joias, perfumes e aparelhos celulares. O publicitário Thiago* conta que escolheu a profissional do sexo por meio de um site na internet. Segundo o rapaz, pessoalmente a moça era ainda mais bonita. Os dois passaram três horas num motel e os serviços da acompanhante custaram R$ 200. “Assim como toda menina sonha com uma boneca Barbie, os homens sonham em ter uma experiência como essa”, afirma. Muitas garotas, a maioria de origem nordestina, optam por morar em Brasília por ser uma das áreas mais ricas do Brasil, buscando na prostituição uma forma de sustentar suas famílias. Estando mais perto de quem pode pagar valores altos por esse tipo de serviço. Nesse universo, bons profissionais têm a agenda cheia. Existe até a opção de parcelamento no cartão de crédito. Para atrair os clientes, os acompanhantes de luxo investem na própria imagem e precisam manter a ferramenta de trabalho sempre impecável. Nesse caminho oculto, a maquiagem e um corpo bem definido é recurso de sedução.

Lara*, 26 anos “Trabalho há dois anos e cobro, em média, R$70 por 20 minutos e R$600 por noite. Já fiquei com seis pessoas em uma noite. Meu contato é com a classe média alta. Vários políticos já me procuraram. Chego a ganhar em um mês R$7 mil. Meus familiares não sabem, por isso mudei de estado. Não quero largar a minha profissão. Sou universitária, tenho um padrão de vida estável, apartamento e carro. Não faço isso porque gosto e sim por dinheiro. É um vício.” Prata*, 29 anos “Trabalhei durante sete anos como garoto de programa. Quem mais me procurava eram homossexuais e casais. Nunca tinha tido contato com homens, mas hoje me considero bissexual. Cheguei a ganhar em um mês R$4 mil de uma única pessoa. Já ganhei muito dinheiro, mas gastei com roupas, festas e viagens. Meus pais desconfiavam, mas nunca comentaram nada. Há dois anos parei com a prostituição e não quero voltar. Trabalho atualmente como técnico de informática e ganho menos de R$1.200 por mês, mas me sinto melhor.” *Nome fictício

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Cultura

luis turiba

Fotos: Divulgação

Quase três mil pessoas tiraram fotos com JK, inclusive yo. Por que não?

J

K ainda é uma imagem no inconsciente coletivo brasileiro que limpa a barra de Brasília. Foi o que se sentiu (e viu) na 38ª Feira da ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens) que reuniu milhares de agentes e produtores de turismo do Brasil e do mundo no Riocentro, zona Oeste do RJ, por três dias – de 20 a 22 de outubro. Não sabemos se sua carismática imagem está ligada ao turismo cívico, ético ou patriótico. O certo é que nessa época em que políticos estão mais sujos do que pau de galinheiro, a figura do fundador de Brasília foi um hit à parte no estande da Secretaria de Turismo (Setur) que o GDF montou na feira da ABAV. A bem da verdade, os traços e as

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figuras de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa ajudaram um bocado na construção dessa Brasília histórica. O estande oficial do DF na feira foi todo montado com base em históricas fotos da época da construção da nova capital. A convite da Setur e da ABAV, o empresário Jorge Ferreira, dono do Feitiço Mineiro (e outros dez restaurantes da capital) montou no local o Bar do Nonô, onde uma figura de JK recebia os convidados e até tirava fotografia com eles –com o fraque que vestiu para inaugurar a cidade que inventou. Durante a feira, quase quatro mil pessoas entraram na fila para “sacar uma foto” com JK. O Bar do Nonô recebeu a animação da Brasília Big Band que não

deixava ninguém parado – era jazz, bossa nova, baladas, sambas e até frevos. Aos convidados, era servida uma cachacinha “do ministro” pelo extraordinário e animado garçom “Tampinha”, sempre se equilibrando por trás de uma bandeja de quitutes e salgadinhos gostosíssimos.

Comissão da emissão de bilhetes O presidente da ABAV-DF, Carlos Alberto de Sá, esteve presente na abertura da feira e concordou plenamente com o pronunciamento do presidente da ABAV nacional, Carlos Alberto Amorim, o Kaká, que na ocasião garantiu que a instituição “responderá à altura” à imposição da IATA (Internacional Air


Transport Association) que permite processar os valores cobrados pela emissão de bilhetes ou por outros serviços prestados pelas agências. “Os agentes repudiam a forma como a gerência IATA Brasil conduziu as negociações relativas à TASF, se utilizando do poderio econômico de suas associadas para oprimir os agentes”, afirmou o presidente. Após ouvir o pronunciamento, Alberto de Sá disse esperar “que ações efetivas nesse sentido venham a ser implementadas imediatamente”. Outro brasiliense que curtiu bastante a feira foi o produtor cultural Nei Bastos, autor do livro “História de Viagens”, editado pelo SENACDF, que foi vendido na livraria que a instituição montou com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Por sinal, o estande da CNC foi considerado um dos mais bonitos da feira. Baseado no turismo do pantanal matogrossense, onde o SESC possui um hotel exemplar,

o estande foi montado como um borboletário cercado por desenhos naiff e letras rústicas. Do lado de fora do borboletário, bancos de madeira permitiam que os visitantes ouvissem sons de pássaros e outros animais do pantanal. Uma delícia.

A Poesia como levitação “A outra orelha de Van Gogh” é o livro de poemas que José Roberto da Silva lançou no final de outubro. Reúne fragmentos de uma militância poética de quase 40 anos. São 150 páginas de delírios e provocações. Portanto, não se trata de nenhuma surda estreia, embora esse possa ser seu primeiro verdadeiro livro. Mas pode tirar seu cavalinho da chuva: não há inocência nos poemas desse velho militante, andarilho de labirintos. É puro carnegão de linguagem. Da orelha do livro (e não da que sobrou de Van Gogh) há algumas dicas que ajudarão o leitor na tra-

vessia das armadilhas e labirintos que a obra nos proporciona. “Como muitos de sua geração pós-guerra, JRS foi marcado pelas experiências formais do concretismo e pela palavra libertária praticada por ícones como Lindolf Bell, Neruda e Ievtuchenko. Ou seja, a expressão subjetiva que se concretiza por entre as arestas da realidade social comum aos que praticam o jornalismo como âncora e farol existência.” Sua outra orelha, é um brado de conclamação nesse mundo, que, às vezes se parece cinzento, mas está mais para cinzeiro. Diz ele: “conclamo a todos os poetas do amor e do desengano a esses vales de lágrimas e prados de sorrisos a todo esse húmus humano, conclamo à mais pura levitação da poesia”. Serviço Contato do poeta para obter o livro: joserobertobsb@hotmail.com

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Gastronomia Por: Alessandra Germano | Fotos: Gustavo Lima

Restaurantes conceituados desembarcam na cidade Iguatemi Brasília se prepara para conquistar os clientes pelo estômago

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praça de alimentação do shopping Iguatemi Brasília atualmente conta com 16 empreendimentos gastronômicos. Entre esses, destaque para o Suplicy Cafés Especiais, Galeto’s, Viena Express e Capital Steak House que são operações exclusivas da casa e inéditas em Brasília. A boa notícia para os amantes da boa comida é que a ala gastronômica será ampliada em mais dois restaurantes: o Gero e Pobre Juan. A inauguração dos dois está prevista para acontecer no final deste mês. O projeto luminotécnico da praça de alimentação, que permite a entrada de luz natural através de sky lights e uma grande janela proporcionando a sensação de total integração à área externa, foi desenvolvido em parceria com a Iguatemi Empresa de Shopping Centers, a primeira a implantar o conceito praça de alimentação no país.

Galeto’s – Tradicional e Contemporâneo Inaugurado em 1971, ao longo de quase quatro décadas promovendo a inovação gastronômica sempre aliada à tradição, o Galeto’s tornou-se um dos restaurantes mais conceituados de São Paulo. Tal reconhecimento deve-se principalmente à formação de profissionais e aos serviços de primeira qualidade. A especialidade da casa, o Galeto Clássico – carne macia, delicada e de pouca gordura –, que mantém a mesma receita desde a abertura do

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restaurante, “é assado na brasa Galeto desossado com nhoque de mandioquinha e servido bem crocante”. O restaurante também oferece uma grande variedade de massas e grelhados, assim como um farto e fresco bufê de saladas. Entre as opções de entrada, destaque para os Coraçõezinhos Grelhados, com farofinha e vinagrete, e para o Creme de Zucca – abóbora com miniravióli de mussarela de búfala. O Risoto de Champignons também é uma ótima pedida entre as massas. Da grelha pode-se escolher entre carnes – como picanha, bife de chorizo e costeletas de cordeiro –, peixes e linguiças, com direito a um acompanhamento. O molho também fica à escolha do cliente. Além de bebidas, drinks e caipirinhas, o Galeto’s oferece uma extensa e consistente carta de vinhos nacionais e importados.

Gero O ponto de partida do Gero aconteceu em 1995, quando abriu suas portas no Jardins, um dos bairros mais nobres e elegantes de São Paulo. A proposta do Gero era ser “o filhote mais informal do sofisticado Fasano”, res-


Suplicy Cafés

taurante que mais ganhou premiações e títulos na capital paulista. Como afirma o restauranteur Rogério Fasano, “todo restaurante do mundo tem seu bistrô à coté, ou seja, uma versão simplificada e mais informal”. Quem assina o cardápio recheado de clássicos da culinária italiana é Salvatore Loi. A carta traz deliciosas perfeições como a codorna grelhada com toucinho fresco da Toscana acompanhada de risoto de cevada, o filé de badejo ao molho de manjericão fresco e legumes grelhados. Para fazer jus ao título de legítima culinária italiana não poderia faltar o tiramisu como sobremesa.

Pobre Juan – Parrilla, Cervezas & Música Legítima parrilla argentina e grande variedade de carnes importadas. Isso é o que promete o restaurante Pobre Juan ao público brasiliense. Vindo também de São Paulo, o restaurante oferece dez opções de saladas e 11 variedades de entradas, como as famosas empanadas – pastéis de carne picantes geralmente assados – e as deliciosas costillas de cordero. Entre as 12 opções de parrilla, destaque para o T-Bone, o Ojo de Bife e o Bife Pobre Juan. O cardápio também conta com vários acompanhamentos, como Arroz Biro Biro, Cebola Rellena e Papas Assadas com a la Crema de Gorgonzola, entre mais oito opções. A casa ainda oferece peixes, massas e risotos, como o Abadejo Puerto Madero e o Risoto de Funghi Chileno. Para fechar, a clássica sobremesa Panqueque de Dulche de Leche.

Suplicy Cafés Especiais A cafeteria que trabalha apenas com grãos brasileiros, produzidos pela Associação Brasileira de Cafés Especiais, tem seu produto certificado pela QUALICAFEX, empresa especializada na seleção e avaliação de cafés. O motivo para dar preferência ao produto nacional é o frescor do grão, pois os cafés importados, mesmo sendo de ótima qualidade, só podem entrar no país já torrados. A Suplicy, que trouxe para Brasília máquinas exclusivas, como a italiana Victoria Arduino – usada em campeonatos mundiais de baristas –,

oferece grãos 100% arábicos, moídos na hora, de torra média, escuros ou claros. “O Suplicy Cafés chega também para atender uma demanda de nossos clientes que, sempre estão à procura de um espaço para degustar chás, cafés, sucos, em refeições rápidas, práticas e saborosas. Isso só reflete a nossa preocupação de agradar os clientes e com o melhor”, afirma a gerente de marketing do Iguatemi Brasília, Iara Rocha.

Viena Express Um dos mais tradicionais grupos de restaurantes do Rio de Janeiro e São Paulo, o Viena está há 35 anos no mercado e conta com mais de 90 unidades. A marca ainda agrupa V.Café, que tem o conceito de café gourmet, Viena Café que são quiosques que oferecem salgados e doces, Viena Snacks, uma versão para lanches rápidos dos restaurantes. O Viena Express, como o próprio sobrenome sugere, é uma versão de comida rápida do restaurante Viena que funciona no sistema self-service. A casa oferece uma extensa variedade de bufês de saladas, pratos quentes e grelhados que variam diariamente. Serviço Iguatemi Brasília SHIN CA 4 – Lt. A – Lago Norte (61) 3577.5000

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Música Por: Talita Viana | Fotos: Divulgação

Música popular brasiliense

de qualidade

Carisma e simpatia tomam conta das tardes de domingo no Pontão

A

cantora Adriana Samartini é destaque de um dos cartões postais de Brasília, o pontão do Lago Sul. No restaurante Bier Fass, a cantora comanda as tardes de domingo do “Bier Festa”, evento que já entrou no roteiro de diversão dos brasilienses e não está fazendo feio. Há quase dois meses, desde a primeira edição, não sobra uma cadeira ou mesa vazia no estabelecimento. Adriana teve seu primeiro contato com a música ainda no colégio. Com seis anos de idade dava seus primeiros passos tocando flauta doce. Aos 18, iniciava sua carreira como cantora em bares na Asa Norte e Lago Sul, com um repertório que incluía de Tom Jobim a clássicos da música popular brasileira e regional como o Axé de Daniela Mercury e Ivete Sangalo. Começou nos palcos de brincadeira, a convite dos amigos da Banda Squema Seis, que sempre a chamavam para dar uma palhinha do seu talento em todas as suas apresentações. Em 2005, Adriana já liderava a Banda Baquetada e assumia de vez os palcos. À frente do grupo, ganhava destaque, sendo uma das poucas cantoras da cidade a levar o Axé Music pelas satélites do Distrito Federal e cidades próximas da capital. Em 2008, a cantora já não fazia mais parte da Banda e iniciou, assim, sua carreira solo. Adriana acredita que a música seja um alimento para a alma e escuta canções todos os dias. Seu pai também é músico. Tinha um conjunto e foi muito influente na musicalidade da cantora. “Na minha casa nós todos sempre consumimos muita música. Lembro que quando eu e minhas irmãs éramos

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pequenas, o programa de semana da minha família era ficar em casa ouvindo um bom LP que meu pai havia comprado”, afirma. Com o projeto que leva seu próprio nome e a formação que reúne seis músicos (guitarra, teclado, baixo, bateria e dois percussionistas) do cenário musical brasiliense, Adriana ganhou a capital e continua a se apresentar em vários eventos como casamentos, aniversários, casas de shows, entre outros. Mostrando que é possível construir um repertório diferenciado e de sucesso, com criação de novos arranjos e uma mistura harmoniosa entre clássicos e novas tendências musicais. Samartini não fica parada. Já esteve à frente de trios elétricos em várias cidades do DF, como Paranoá, Candangolândia, Guará e Taguatinga. Nessas apresentações já chegou a cantar para

cerca de 15 mil pessoas. Seus shows são marcados pela sua energia, pelo charme do seu timbre de voz contralto e pela interação com os músicos e público. Em suas apresentações, Adriana garante alegria, entretenimento, versatilidade e muita música. A cantora ressalta que o público brasiliense é muito exigente e para que a festa seja agradável, não basta uma grande estrutura no local, é preciso música de qualidade. “O público observa tudo isso e o meu projeto é levar alegria e música boa para essas pessoas.” Adriana diz se identificar com vários estilos musicais e não se atenta a rótulos. “Eu sou observadora. Se o artista é de um estilo completamente diferente do que eu faço, mas ele interpreta ou se expressa muito bem, prende a minha atenção. Observo muito o jeito de cada um de fazer sua música, a sensibilidade.” Adriana tenciona lançar um CD para registrar a sua nova fase e já tem até algumas composições próprias. Mas ressalta a dificuldade que o artista encontra no cenário brasiliense. “Há falta de incentivo na capital federal, que infelizmente não atinge só a música. Se você quer assistir a um show ou a um espetáculo, tem que desembolsar uma grande quantia na compra do ingresso. E as pessoas reclamam disso. Não é muito animador saber que o paulista ou o carioca paga metade ou até menos da metade para o mesmo espetáculo”, diz. Mas a cantora não desanima. Considerada uma referência na interpretação de músicas populares, Adriana Samartini é sinônimo de musicalidade na capital federal.


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Nutrição

Renato França*

Uso indiscriminado

de suplementos alimentares

O

nível de estresse, a prática de atividades físicas e a falta de tempo para ter uma alimentação equilibrada criam uma demanda maior por nutrientes específicos. Por isso, muitas pessoas recorrem ao uso de suplementos alimentares frequentemente sem orientação de um nutricionista ou médico. Dependendo da situação, o uso de suplementos é altamente recomendável e se torna um artifício muito bom para auxiliar a alcançar os objetivos almejados, desde que aliado a uma dieta equilibrada. Porém, o uso indiscriminado de alguns suplementos pode trazer riscos à saúde. Vamos a alguns exemplos práticos:

1. Suplementos à base de proteína Obtidos principalmente a partir da clara de ovo, soja e leite de vaca. Possuem baixo ou nenhum teor de carboidrato ou gordura, o que pode ser útil de acordo com o horário do dia em que serão consumidos. Via alimentação, para se obter o equivalente a 30g (1 dose) de “whey protein” (proteína do soro do leite) são necessários 6360 litros de leite de vaca, o que justifica o uso do suplemento. Seu consumo excessivo pode sobrecarregar a função hepática e renal, podendo acarretar aumento nas taxas de ácido úrico.

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2. Suplementos precursores de óxido nítrico

4. Multiminerais e multivitamínicos

O óxido nítrico é um gás produzido naturalmente no corpo através do aminoácido arginina obtido pelo consumo de proteínas. Hoje em dia, estão entre os suplementos mais consumidos por praticantes de musculação com o intuito de melhorar o rendimento nos treinos, vascularização e hipertrofia muscular. Porém, na maioria das vezes, esses suplementos são a combinação da arginina e outros compostos como cafeína e creatina, visando melhorar a disposição, ou como se diz “dar mais gás”, nos treinos. Quando tomado de forma errada pode promover sobrecarga renal e hepática e uma hiperestimulação do sistema cardiovascular, resultando em taquicardia, tremores, elevação na pressão arterial e dores de cabeça. Não deve ser consumido por hipertensos ou portadores de arritmia cardíaca.

3. Creatina

Devem ser avaliadas as dosagens de vitaminas e minerais que compõem o produto para que esse seja utilizado apenas para complementar uma possível carência da dieta. Muitas vezes, os suplementos da classe dos “packs” possuem dosagens extremamente altas e não irão trazer benefícios adicionais por isso. Alguns produtos no mercado chegam a conter 4000% da recomendação de ingestão diária de vitaminas. É importante lembrar que a carência de vitaminas e minerais traz malefícios à saúde, mas seu consumo excessivo pode gerar problemas. Então, para acelerar o alcance dos seus objetivos de forma segura e não gastar dinheiro à toa, a melhor forma de utilizar os suplementos alimentares é procurar auxílio de um nutricionista, para avaliar a necessidade da inclusão dos mesmos em um dieta equilibrada e individualizada.

Antes de iniciar seu consumo é importante avaliar sua função renal por meio de exames de sangue. Seu consumo excessivo pode trazer sobrecarga ao funcionamento dos rins. Não deve ser tomado ininterruptamente e é recomendável monitorar possíveis alterações no exame de sangue durante seu consumo.

(*)Dr. Renato França CRN/15340 Nutricionista Funcional e Esportivo Diplomado pelo The Institute for Functional Medicine – EUA Clínica Renato França STN Lt. N – Sl. 117 – Ed. Jaime Leal (61) 3349.1101/ 8152.6767 renatonutricao@gmail.com


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Mundo Animal

Por: Alessandra Germano | Foto: Divulgação

Como proceder a acidentes com animais domésticos O que fazer quando seu bichinho ingere uma substância tóxica? Provocar o vômito? Como reagir a uma parada respiratória? Soprar pela boca do animal? Poucos são os donos que sabem como prestar os primeiros socorros

O

s acidentes mais frequentes com animais domésticos são atropelamento, intoxicação, choque elétrico, asfixia, quedas e queimaduras. O maior número de ocorrências envolve filhotes, que são mais enérgicos e curiosos que os animais adultos. Para evitar possíveis acidentes, o melhor remédio ainda é a prevenção.

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A veterinária Patrícia Checchi recomenda manter produtos de limpeza, venenos, materiais cortantes e pontiagudos, objetos pequenos, entre outros, fora do alcance dos bichos. Para quem tem gatos, acondicionar os produtos em lugares altos não é o bastante. Esses devem ser guardados em armários ou outros móveis que possam ser fechados.

A estudante de Artes Cênicas, Luana Tiomi, lembra que um dia em que faltou luz em casa, seu gato Polidoro curioso com o fogo da vela que iluminava o ambiente, resolveu descobrir do que se tratava. “Ele bateu com a patinha no copo onde estava a vela, esta caiu sobre ele queimando todo o seu pelo. Em outra ocasião, ele se machucou com a cera derretida da vela”, conta.


Fios de aparelhos elétricos precisam de atenção redobrada. Filhotes de cães costumam se divertir roendo tudo que veem pela frente e fios conectados a tomadas perto do rodapé são um prato cheio para esses bichanos. O analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Gilberto Werneck, conta que sua cadela vira-lata Panqueca, quando tinha um mês de vida, roeu o fio do carregador do seu celular até parti-lo ao meio. “Ainda bem que foi o fio do carregador, que tem output (voltagem de saída) de apenas 5 volts. Acredito que se tivesse sido o fio de um outro eletrônico ela teria levado um choque muito forte”, recorda. Quando a prevenção não surte efeito e o animal precisa ser cuidado na hora do acidente, poucas são as pessoas que sabem como proceder. A maioria nem tem em casa um kit de primeiros socorros para seus bichinhos. A médica veterinária Patrícia Checchi dá dicas do que fazer em cada situação:

Queimaduras (elétrica, química e por calor) O local deve ser hidratado com grande quantidade de água corrente fria, além do uso de uma bolsa de gelo – enrolada em tecido – sobre o ferimento de 15 a 20 minutos. Depois, se a queimadura for por produto químico, com uma escova, suavemente, retire os resquícios secos da pele; Choque Se o animal não sofrer parada respiratória, o mantenha preso, sem machucar, quieto e aquecido. Parada respiratória Primeiramente, verifique se há algum objeto na boca que esteja obstruindo a respiração. Se houver, tente, delicadamente, sem empurrar o objeto, extraí-lo com o uso de um alicate ou pinça. Se o animal não estiver respirando, deite-o sobre uma superfície plana com o lado esquerdo para cima. Sobre a área onde o cotovelo toca o tórax, verifique os batimentos cardíacos. Se houver batimentos, mas não a respiração, feche a boca e sopre diretamente no focinho do animal até que o peito se expanda, de 12

a 15 vezes por minuto. Se não houver pulso, deve ser feita a massagem cardíaca. O coração fica na metade inferior do tórax atrás do cotovelo da pata dianteira esquerda. Coloque uma mão abaixo do coração para sustentar o tórax. Coloque a outra mão acima do coração e comprima gentilmente, de 100 a 150 vezes por minuto. A massagem em gatos e animais pequenos deve ser feita do mesmo jeito, mas com polegar e indicador de uma das mãos, de 80 a 120 vezes. Alterne massagem cardíaca com respiratória. Envenamento Não induza o vômito. Ligue imediatamente para o veterinário e informe o quanto e o que foi ingerido. Para os donos que costumar dar porções de tudo que comem para seus bichinhos, é bom saber que chocolate e cebola podem intoxicar os animais, e mandioca causa prisão de ventre. Sangramento Pressione direta e firmemente, por até dez minutos, a área machucada até que pare de sangrar. Evite bandagens que cortem a circulação e leve o animal imediatamente ao veterinário.

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Jornalista Aprendiz Por: Jéssica de Melo Germano

Brasileiros gastam quase 50% a mais em viagens internacionais Devido ao crescimento da economia brasileira e ao dólar em baixa, cada vez mais brasileiros viajam para o exterior enquanto turistas estrangeiros desaceleram o fluxo no país

C

om o bom desempenho da economia brasileira e o câmbio flutuante valorizando o real, aumentou em 47,1% a taxa de gastos efetuados por brasileiros no exterior. Diretamente proporcional à baixa cotação do dólar, cada vez mais pessoas optam pela viagem internacional, promovendo um déficit na conta de viagens nacionais. A moeda caiu 9,1% de agosto do ano passado para a atual cotação, de quase R$ 1,80 (valor comercial). Segundo dados do Banco Central, enquanto o fluxo de pessoas indo para o exterior continua crescendo, a taxa de despesas por turistas estrangeiros em terras brasileiras caiu 1,5%, em relação a julho do ano passado. Por conta da alta quantidade de investimentos e financiamentos no Brasil por elementos estrangeiros, a conta de capital - movimentação feita

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por terceiros envolvendo financiamentos ou empréstimos - apresenta superávit na economia brasileira. Com o reconhecimento da atuação do país no exterior, a tendência é que se invista mais aqui dentro e que a taxa de câmbio nacional aumente, valorizando a moeda brasileira, e desvalorizando o dólar. Por outro lado, as transações correntes - contas que refletem bens e serviços, como importações e exportações - apresentam déficit. Ou seja, têm entrado investimentos estrangeiros, mas quantias referentes a exportações têm operado abaixo do esperado, reduzindo as garantias fixas de valores que permanecem no país. As contas de viagem do Brasil enquadram-se também em situação semelhante. Devido à valorização de moedas no mercado, a baixa cotação da moeda

americana é natural, pois o câmbio atua de acordo com a lei de oferta e procura: com mais dólar no Brasil, há uma baixa demanda, fazendo com que a moeda valha menos. Dessa forma, o valor mais alto do real alimenta a pouca procura de turistas por países como o Brasil, que apresentam despesas maiores do que em anos anteriores.

Cursos no exterior: brasileiros querem mais Para a auxiliar administrativa e financeira da agência de intercâmbios World Study, Karitta Rosa, o aumento na procura por cursos no exterior é nítido. Segundo ela, só na primeira quinzena de setembro a procura por escolas de idiomas em países estrangeiros dobrou, em relação ao mesmo período do ano passado.


Até 14 de setembro, 80% dos alunos já inscritos em algum dos cursos oferecidos pela empresa decidiram aumentar a duração da estada no exterior. “Muitos estudantes prolongam a viagem por conta do dólar barato”, explica, mencionando que R$ 1,82, atual valor da moeda comercial, é a quantia mais barata que ela já presenciou em quase dois anos na agência. Porém, conforme a funcionária indica, apesar dos custos com viagens internacionais terem diminuído nos últimos nove meses, são ainda as classes A e B que movimentam este setor. “Intercâmbio ainda é uma escolha muito elitista”, afirma. Com a recuperação da crise americana e a tranquilidade pós gripe H1N1, as empresas apostam na continuação do crescimento de vendas.

Mercado promissor De acordo com a Brazilian Education & Travel Association (Belta) - associação de agências de intercâmbio no Brasil -, de 2008 para

2009, o país migrou do 17º para o 13º lugar no ranking de nações que mais enviam estudantes para graduação e pós-graduação nos Estados Unidos. O efeito no mercado por essas empresas chega a um valor estimado de US$ 8 bilhões por ano na economia local. Com os números em crescimento, estima-se que o fluxo de brasileiros indo estudar fora do Brasil aumente em 15%, em relação aos 120 mil estudantes que viajaram no ano passado. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o número de pessoas de todo o mundo realizando estudos no exterior atualmente é de três milhões de estudantes, representando um crescimento dobrado nos últimos 16 anos. O economista Jarbas Falcão analisa que a cotação da moeda americana deve manter-se estável nos próximos meses, com possíveis flutuações. “Isso devido ao expressivo volume da reserva

internacional no Brasil”, aponta. Segundo ele, esse crescimento na saída de pessoas para países estrangeiros devese também ao momento econômico que o Brasil vive. “O acesso ao mercado financeiro está muito promissor, mas ainda assim a poupança nacional está abaixo das necessidades”, opina.

Serviço Jéssica Germano é aluna do Instituto de Ensino Superior de Brasília - IESB SGAS Qd. 613/614 - Av. L2 Sul Cordenadora responsável: Daniella Goulart Rodrigues

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Propaganda e Marketing

Flávio Resende*

Comunicação sindical no

caminho da profissionalização

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uem nunca ouviu alguém dizer que não existe nada mais simples na vida do que se comunicar? Que nascemos comunicadores natos? Conceitualmente, também parece simplório: um emissor produz uma mensagem para um receptor. Certo? Na verdade, não é bem assim. Mas, em se tratando de comunicação sindical, o tema adquire mais importância ainda na contemporaneidade, acompanhando o revigoramento do sindicalismo brasileiro do final dos anos 70 para cá. Foi-se o tempo em que a comunicação sindical resumia-se ao “jornalzinho” produzido todo mês para prestar contas do que foi feito pela entidade. O desenvolvimento acelerado deste setor tem revelado dificuldades para estabelecer um diálogo eficiente entre as entidades, o público representado (que pode ser composto de trabalhadores, empresários, funcionários públicos) e a sociedade. Mas, adianto, não se trata de nenhum bicho-desete-cabeças. Declaradamente unilateral, a mídia produzida pelo sindicalismo vem buscando o formato ideal para falar bem com associados e potenciais associados. Na prática, ela busca sensibilizar e, de certa forma, mobilizar o público representado para a defesa dos seus direitos, repercutindo suas lutas e conquistas junto à classe política, imprensa e formadores de opinião. Mas ainda há muito que caminhar! O surgimento de mídias alternativas – e cada vez mais relevantes – como a internet, por exemplo, representa uma quebra de paradigma para o meio sindical, embora a escolha do

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tipo de mídia a ser adotada precise, necessariamente, estar atrelada ao comportamento e à percepção do público a ser atingido com a mensagem. Mas as perguntas básicas, ao definirmos o melhor tipo de mídia para atingirmos nossos objetivos, do ponto de vista da comunicação, seriam: como o meu público se comporta? De que forma ele prefere receber a informação? O que é realmente importante para ele? Que meio seria mais eficiente para atingir este objetivo? Que linguagem utilizar? É exatamente neste ponto que entra o profissional de Comunicação, em especial os jornalistas especializados. Identificar as respostas para os questionamentos acima talvez seja um bom caminho para que se consiga fazer com que a mensagem chegue ao receptor com o menor grau de entropia possível. Historicamente, o país tem uma larga tradição na área da comunicação sindical - um mercado que no Brasil apresenta produção de 12 milhões de exemplares mensais no que diz respeito à comunicação impressa -, destacando-se, sobretudo, nas últimas décadas, a experiência e a competência comunicacional de alguns sindicatos, especialmente os dos bancários, metalúrgicos e petroleiros. No Brasil, há uma tradição própria de sindicalismo oficial, o sindicalismo ministerialista, como era chamado logo que Getúlio Vargas o criou, na década de 30. É de se pasmar, mas, concomitantemente com tantas ações inovadoras e modelos de gestão de comunicação exemplares, sobretudo nas maiores cidades brasileiras, dos cerca

de vinte mil sindicatos existentes hoje no país, a imensa maioria ainda está neste estágio. Ou não tem nenhum tipo de comunicação com o associado ou possuem um informativo qualquer, sem periodicidade definida, elaborado de forma empírica e desalinhado com os propósitos da organização. O crescimento das redações sindicais - seja no que diz respeito a programas de televisão, de rádio, a materiais impressos como jornais e revistas - trouxe o conceito de profissionalização como algo essencial na comunicação dos sindicatos. A prova disso é que a comunicação sindical assumiu tamanha importância que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu o item “imprensa sindical” em seus levantamentos. Isso não significa, contudo, que essa comunicação não apresente problemas. Infelizmente, essa “profissionalização”, em muitos casos, restringiu-se à utilização das novas tecnologias, à contratação de profissionais com formação na área de Comunicação Social ou ainda à terceirização do serviço para empresas especializadas. Diante do exposto, fica a certeza de que sem profissionalização, a comunicação sindical sucumbe ao descrédito, reforçando a imagem – preconizada durante tantos anos no Brasil – de que “os sindicatos são todos iguais. Só mudam de endereço”. * Jornalista, com especialização em “Gestão da Comunicação nas Organizações”. Atualmente, dirige a Proativa Comunicação, agência brasiliense especializada em Assessoria de Comunicação para entidades de classe.


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Opinião

* Jacques Veloso

O fim da Guerra Fiscal nas mãos do Supremo

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ncontra-se em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) uma das mais relevantes causas em matéria tributária dos últimos anos. Trata-se da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF – nº 198. A ADPF debate a validade do quórum unânime de deliberação no Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) imposto pela Lei Complementar 24/75. Melhor explicando, a Constituição Federal determina que todas as deliberações dos Estados que tratem de isenção, benefícios ou incentivos fiscais, em matéria de ICMS, devem obedecer ao rito estabelecido em lei complementar, função atualmente exercida pela LC 24/75. A referida norma prevê como requisito de validade das referidas deliberações estaduais que elas antes sejam aprovadas pelo CONFAZ – órgão formado pelos secretários de Fazenda dos estados e Distrito Federal. Acontece que o quórum de votação no CONFAZ para aprovação de normas de concessão de incentivo fiscal é unânime, ou seja, nenhuma concessão de benefício é admitida senão a unanimidade. Todos os estados e o Distrito Federal concordam ou há a rejeição da norma concessiva do benefício; ou seja, prevalece a vontade da minoria, quiçá o veto de um único estado. Não há democracia no CONFAZ, apesar do Princípio Democrático ser consagrado na Constituição Federal e ser o informador de toda a estrutura de poder no Brasil. Diante da imposição da unanimidade nas votações, tornou-se uma prática no Brasil a concessão de benefícios fiscais à margem do CONFAZ. Quase todos os Estados, senão todos, possuem normas de incentivo ao setor produtivo que foram implementadas sem a aprovação do CONFAZ e, portanto, ao arrepio da

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Constituição Federal. A tal prática se convencionou nominar: Guerra Fiscal. O que se pede na ADPF é que o STF afaste a necessidade do prévio consentimento unânime do CONFAZ na edição de benefícios fiscais, conforme § 2º do artigo 2º da LC 24/75. Julgado procedente o pedido pelo STF, a aprovação de benefícios no CONFAZ se submeterá ao quórum simples, ou seja, 50% mais 1, o que alteraria toda sistemática atual para edição de benefícios no Brasil e, provavelmente, poria fim à Guerra Fiscal, pois seria possível o debate entre os estados e a aprovação de todas as normas que visem o desenvolvimento regional. A verdade é que a Guerra Fiscal é fruto da reação dos estados aos vetos, muitas vezes injustificados, e às normas que visam o incremento da atividade empresarial local, principalmente nos estados mais pobres da Federação que buscavam conceder incentivos fiscais ao setor produtivo para atraí-lo ao seu território. Parece insólito dar tanta importância para uma demanda que discute a validade de uma norma vigente há mais de 30 anos, mas a realidade é que esta discussão já deveria ter sido travada há muito tempo, pois os argumentos apresentados na Arguição nos parecem irrefutáveis. Tendo a Constituição Federal de 1988 consagrado a Democracia, não podemos admitir que continue válida tão flagrante ofensa à mesma. O julgamento de procedência da ADPF e a consequente queda do quórum unânime de deliberações no CONFAZ importaria numa verdadeira reforma fiscal no Brasil, pois toda a legislação do ICMS seria fatalmente revista mediante intenso debate entre os estados, que seriam obrigados a analisar profundamente o sistema tributário para uma negociação ampla nas votações vin-

douras e não mais simplesmente exercer o atual direito de veto. O Brasil, por conta deste sistema arcaico e ineficaz, possui uma legislação tributária desarmônica, que impede a livre circulação dos bens de produção e assim prejudica o crescimento integrado da economia. A título de comparação, a legislação tributária dos diversos países integrantes da União Europeia é mais harmonizada do que a legislação tributária dos estados que compõem o nosso país. Na Europa, Estados soberanos conseguiram conciliar seus interesses e editar normas tributárias que possibilitem a circulação dos bens de produção. Nós não temos isto dentro do nosso próprio país. Ouso atribuir boa parte da culpa de tal mazela à resistência injustificada dos estados mais desenvolvidos em colaborar com o desenvolvimento econômico das regiões mais pobres do país, fazendo tal resistência com o uso desenfreado do absurdo direito de veto nas deliberações do CONFAZ e gerando, por conseguinte, a edição inconstitucional de diversos regimes especiais de tributação, prática atualmente utilizada por quase todos estados da Federação. Logo, pode se afirmar que a Guerra Fiscal é fruto da falência da democracia no CONFAZ, a qual pode ser reestabelecida pela Suprema Corte no julgamento da ADPF nº 198, o que certamente seria salutar para o nosso país. *Advogado especialista em Direito Tributário, sócio do escritório de Advocacia Fernandes Melo, mestrando em Direito Internacional Econômico pela Universidade Católica de Brasília. Jacques Veloso foi Conselheiro e presidente da Comissão de Assuntos Tributários da OAB/DF.


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Tá lendo o quê?

Mário Sampaio Jr.

Eliane Rocha

Dra. Patrícia Torsani

Regina Trindade

Nutricionista

Diretora da RP1 Comunicação

Livro Cisnes selvagens – Três filhas da China Autor Jung Chang

Livro Alimentação Desintoxicante Para Ativar o Sistema Imunológico Autor Conceição Trucom

Livro Comer, rezar e amar

“O livro relata, por meio de uma narrativa rica e fascinante a saga da família da autora. Ao longo de três gerações, Jung Chang desvenda uma China como nunca fora revelada. Sua avó Yu Fang – que quando criança teve os pés enfaixados para que não crescessem, foi vendida aos 15 anos como concubina de um senhor de guerra. Sua mãe Bao Qin passou por todas as transformações políticas da China e foi funcionária do Partido Comunista chinês. Jung Chang militou na “Guarda Vermelha”, trabalhou no campo, em fábricas e metalúrgicas. Hoje leciona na Universidade de Londres”.

“Faço parte do comitê científico do BSB INLUX, encontro de bem-estar, saúde e beleza que será realizado em setembro em Brasília e estou me preparando ainda mais com obras que falam de saúde e alimentação. Envelhecer com vitalidade e energia é uma realidade possível para todos. Esta obra “Alimentação Desintoxicante para ativar o sistema imunológico” é uma abordagem inovadora e bastante motivadora na busca de reverter os processos de intoxicação humana, revelando novas perspectivas para a conquista de um corpo e mente mais saudáveis e produtivos”.

“Deixando de lado qualquer preconceito contra best sellers, descobri que precisava de uma leitura leve e despretensiosa, do tipo que faz sair da rotina. Foi aí que descobri em Liz Gilbert uma companhia perfeita, com vários pontos em comum com a história de qualquer mulher madura. Acompanhar as descobertas gastronômicas pela Itália, enfrentar com ela as dificuldades e a persistência que descobriu na Índia e ainda poder mergulhar no romance vivido na Indonésia, foi realmente uma delícia. Quando o livro acabou, ficou aquele gostinho de quero mais e, confesso, uma pontinha de saudade da nova “amiga”, Liz”.

Proprietário do Keb

Diretora Executiva da Uma Comunicação

Livro Twitter - Influenciando pessoas & conquistando o mercado Autor Anderson Vieira

“O livro é focado no universo corporativo. Orienta a melhor maneira para trabalhar numa promoção do seu produto, marca ou serviço. E quando se tem um perfil pessoal, também é uma excelente ferramenta para a promoção da imagem. O Twitter é uma ferramenta que está conectada com o mundo inteiro e permite atingir diretamente o seu cliente a custo zero, trabalhando apenas o tempo que é gasto com a divulgação. Não o vejo como uma nova mania na internet e acredito que tivemos a sorte em poder contar com essa ferramenta tão eficaz e dinâmica”.

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Autor Elizabeth Gilbert


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Frases Aquilo que persistimos em fazer, torna-se mais fácil. Não porque a natureza da coisa muda, mas porque a nossa capacidade de executá-la aumenta. Harber J. Grant

A diferença fundamental entre o homem comum e o guerreiro é que o guerreiro encara tudo como desafio, enquanto o homem comum encara tudo como bênção ou maldição. Carlos Castâneda

Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente aonde outros já foram. Alexander Graham Bell

A sabedoria da vida não consiste em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar do que se faz. Leonardo da Vinci

Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero.

A vida é um eco. Se você não está gostando do que está recebendo, observe o que está emitindo.

Nelson Mandela

Lair Ribeiro

O que somos é um presente que a vida nos dá. O que seremos é um presente que daremos à vida. Herbert de Souza

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Me deixe vencer. Mas se eu não puder, me deixe ser corajoso na tentativa. Arnold Schwarzenegger


Justiça

Andreia Ceregatto*

Indenização por dano moral pela mora salarial N

a celebração do contrato de trabalho são estabelecidos direitos e obrigações de cada parte, empregado e empregador. Ocorre, contudo, que alguns empregadores atrasam reiteradamente o pagamento do salário de seus funcionários, não honrando com sua obrigação principal. O parágrafo único do artigo 459 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dispõe que o pagamento do salário mensal deverá ser efetuado até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido. Se este prazo é extrapolado pelo empregador, gera a possibilidade de o empregado pleitear indenização por dano moral. Isso porque uma das características do salário é a alteridade, sendo devido, independentemente do sucesso, ou não, da atividade empresarial, uma vez que cabe ao empregador e não ao empregado suportar os riscos do empreendimento, à luz do que estabelece o artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho. Vários permissivos legais e constitucionais protegem o empregado contra a inadimplência patronal, pois salário é fruto de sua força de trabalho que já foi prestada em prol do empregador e não se restabelece no tempo. O trabalho tem que ser sempre remunerado, sob pena de se ter que indenizar o trabalhador. A Constituição Federal prevê em seu artigo 5º, inciso X, que: “Art. 5º. (...) X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou

moral decorrente de sua violação;” Por sua vez, o artigo 7º da Carta Magna prevê: “Art. 7º. (...) X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;” Nos termos do artigo 186 do Código Civil, “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”, norma alçada à categoria constitucional desde 1988, conforme previsão do supracitado artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, que consagrou expressamente a reparabilidade do dano moral. Sabe-se que os salários têm natureza alimentar, constituindo, na maioria das vezes, a única forma de subsistência do empregado e de sua família. Assim, o atraso no seu pagamento impede que o trabalhador honre os seus compromissos, possuindo, inclusive, o risco de ter o seu nome incluído no rol de inadimplentes junto aos órgãos de proteção ao crédito, como por exemplo, SPC e SERASA. Ora, o contrato de trabalho é uma relação bilateral, contendo direitos e obrigações recíprocas. Se o empregado prestou serviços para seu empregador deveria receber seus salários no prazo legal. Se o empregador não o fez, deve assumir os riscos decorrentes do seu ato, pois causou prejuízos ao seu empregado, devendo repará-los. Isso porque, a indenização por dano moral é devida quando o trabalhador sofre, em razão de ato

patronal, dor, angústia e tristeza, que são formas pelas quais o dano moral se exterioriza. A cobrança sistemática e a sabida impossibilidade de quitação, dado o atraso no pagamento dos valores que lhe são devidos podem conduzir o obreiro àqueles sentimentos. Existem recentes julgados dos Egrégios Tribunais Regionais do Trabalho de todo o país que decidiram por condenar as empresas devedoras ao pagamento de indenização por danos morais em razão da mora salarial. As verbas remuneratórias destinam-se à sobrevivência do trabalhador e de seus familiares e o atraso reiterado no pagamento dos seus salários causa desequilíbrio financeiro, emocional e familiar. O não pagamento dos valores gera, no empregado, angústia e incerteza frente à sua necessidade básica de subsistência, não sendo demasia frisar o caráter alimentar da parcela inadimplida, a par do constrangimento decorrente da dificuldade ou mesmo da impossibilidade de o trabalhador honrar seus compromissos. Portanto, a conduta ilícita patronal em atrasar reiteradamente o pagamento dos salários de seus empregados gera o direito de se pleitear judicialmente o pagamento de indenização por danos morais. *ANDREIA CEREGATTO é advogada trabalhista Serviço SBS Qd. 2, Bl. Q, Sl 508/509 Ed. João Carlos Saad (61) 3224.5725 www.denegriadv.br

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Diz Aí, Mané Pérolas do ENEM 2009

O Brasil tá mudando: antes tudo acabava em pizza, agora acaba em panetone. É por isso que tem tanto gordo no Senado.

A plausível autoridade e responsabilidade dos políticos é incondicionalmente atrelada às possibilidades possíveis, plausíveis e passíveis de corrupção que o povo digere sentado no sofá.

Temos que criar leis legais contra isso.

Na época da eleição os candidatos ficam vistosos e argumentativos. A gente liga a TV e vemos os políticos só envolvidos em pitssas.

Hoje em dia, a taxa de corrupção cresce 80%, a taxa de honestidade cai 20% e a taxa de incredulidade aumenta 100%. E ninguém faz nada.

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Eu acho que vieram os extraterrestres e abduziram a ética nacional.

O Senado, habitat dos políticos, está corrupto.

Nós brasileiro temos que ter nossas opinações.

O brasileiro tira o dinheiro do seu próprio bolso para pagar os impostos.


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Cresça e Apareça

Adriana Marques*

Desvendando o coaching Um processo que visa trazer impacto positivo para a vida das pessoas, dos times de trabalho e das empresas

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uem já ouviu falar de coaching? Se a resposta for positiva, você deve ter ouvido alguma coisa a respeito nos últimos tempos. Se você nunca ouviu falar, vamos esclarecer alguns aspectos sobre o assunto para que este não seja mais um ponto de interrogação quando a palavra surgir do nada em conversas ou leituras. Se você já é um especialista em coaching, esta é uma boa oportunidade de conhecer um outro ponto de vista. Pois bem, o coaching já existe nos Estados Unidos e Europa há mais de cinco décadas nos formatos que hoje aplicamos no Brasil. Por aqui, esta metodologia poderosa chegou em meados dos anos 80 e vem tomando força a cada dia. Grandes empresas já fazem uso desse conjunto de ferramentas para que seus gestores e colaboradores tragam mais resultados à empresa, por meio do desenvolvimento de novas habilidades, valorização dos relacionamentos interpessoais e sendo mais assertivos nas análises de cenários e tomadas de decisão. Fora das empresas, pessoas interessadas em obter mais resultados em suas vidas fazem uso do coaching para mudar seus comportamentos, melhorar seus relacionamentos, ganhar mais dinheiro, se realizar profissionalmente ou ainda estabelecer metas claras, emagrecer ou ser mais organizado e dinâmico. Resumindo, o coaching é um processo que visa trazer impacto positivo para a vida das pessoas, dos times de trabalho e das empresas. E como isso acontece? Por meio de ferramentas estruturadas que levam as pessoas a se conhecerem

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melhor, enxergarem suas habilidades, suas barreiras e o cenário atual, desejado de forma inteligente. Os princípios deste processo são muito poderosos e, se pudermos aplicá-los em nossas vidas, mesmo sem nenhum conhecimento mais profundo sobre a metodologia, veremos nossos resultados se multiplicarem dia após dia. O primeiro princípio é o foco no presente e no futuro. Isso significa que não pesquisamos as causas dos nossos problemas, falhas ou antigos insucessos. Focar no presente e futuro significa trabalhar o que pode ser mudado. Pensar e agir sobre o que temos o poder de ação nas mãos. O segundo princípio é o foco na solução. Em coaching, trabalhamos com cenários altamente positivos. Não perdemos tempo com as justificativas e desculpas. Focar na solução é conhecer o problema mas não se apaixonar por ele. É escolher um caminho que te leve a superar os desafios. O terceiro princípio é o não julgamento. Não existem escolhas certas e erradas, boas e ruins, positivas e negativas. O respeito às decisões pessoais significa aceitar o preço que cada um paga pelas escolhas que individualmente faz. O quarto princípio é a entrada em ação. Toda sessão de coaching termina com um mini planejamento estratégico de ações a serem executadas rumo ao seu objetivo. Por isso, após avaliarmos o que realmente queremos e o quanto é importante chegarmos lá, é imprescindível que façamos alguma coisa a respeito! O quinto princípio é o foco no estabelecimento de metas. Parece simples mas é impressionante o quanto

desperdiçamos tempo, energia e dinheiro por não determinarmos aonde queremos chegar antes de entrar em ação. Quantas vezes nos pegamos em rotinas de 10, 12 horas de trabalho diários e, ainda assim, temos a impressão de não estarmos saindo do lugar. Parece que estamos patinando, com nossos processos e resultados travados. Isso acontece porque perdemos de vista o que realmente importa. Consequentemente, elegemos outras prioridades ao longo do caminho que nos afastam do nosso objetivo, dando a impressão que investimos mais do que obtivemos de retorno nos nossos projetos. O sexto princípio é o auto conhecimento. Tanto em relação a você mesmo, quanto em relação à empresa em que você trabalha. Quando paramos para entender quais são nossos verdadeiros anseios, nossas verdadeiras necessidades, fica mais fácil nos posicionar em relação às nossas escolhas. Respeitando-se, torna-se prazeroso analisar cenários, tomar decisões e entrar em ação! O sétimo princípio é a autorresponsabilidade e o compromisso com nossas escolhas. Não se esquivar da parte que nos cabe e assumir nosso papel faz com que nos demos conta do raio de nossa ação, e aí, as coisas acontecem naturalmente. Seja qual for a sua atuação, suas experiências e seus conhecimentos, os fundamentos do coaching te levarão mais longe, pode ter certeza!

*Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching Master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.


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Ponto de Vista

*Arlete sampaio

FELIZ 2011, BRASíLIA E

screvo para Plano Brasília com muita alegria: os resultados eleitorais de 31 de outubro confirmaram Dilma, Presidente e Agnelo, Governador. A vitória da Dilma comprova a aprovação da população brasileira às ações e políticas desenvolvidas pelo Governo do Presidente Lula. Tem para nós, mulheres brasileiras, um sabor especial: pela primeira vez teremos uma Presidenta. Presidenta, sim. Alguns insistem em chamá-la de Presidente. Fazemos questão: será Presidenta. É uma forma gramaticalmente correta e tem o sentido de demarcar esse avanço civilizatório do povo brasileiro: uma mulher elegeu-se Presidenta. Mais felizes ainda, estamos nós, brasilienses. Pela oportunidade de fechar um ciclo de desastres que os últimos doze anos representaram para o Distrito Federal. Com a eleição de Agnelo podemos respirar novos ares. Podemos refundar a política no Distrito Federal em bases republicanas e transformar nossa cidade em um modelo de administração pública para todo o Brasil. As eleições no 1º turno nos trouxeram importantes vitórias: eleição de dois (02) senadores, cinco (05) deputados federais e quatorze (14) deputados distritais. Esse foi o resultado da nossa co-

ligação. Para o Partido dos Trabalhadores (PT), em particular, elegemos três (03) deputados federais, cinco (05) distritais. Tenho a honra de estar entre os cinco (05) eleitos, com uma expressiva votação, a despeito de ter estado ausente da política local nos últimos três (03) anos. Sabemos dos enormes desafios que teremos que enfrentar pela frente. Colocar Brasília nos eixos não vai ser uma tarefa fácil. A desconstrução dos serviços públicos é grave, a desorganização da máquina administrativa é profunda e a rede de corrupção envolve diversos escalões da administração do DF. Na Câmara Legislativa nossa missão também não será fácil. Depois do maior escândalo de que se tem notícia, restaurar a credibilidade daquela casa não será simples. Além dos abalos morais, a Câmara vive uma crise administrativa muito séria, que vai exigir de nós posicionamento até antes mesmo de tomarmos posse. Nossa vontade e nosso compromisso, porém, nos empolgam e nos dão o ânimo necessário para enfrentar as adversidades. Temos um propósito: restabelecer a república (respublica) no DF: os recursos públicos deverão ser utilizados exclusivamente para o bem comum. Os interesses públicos deverão estar, sempre, acima dos interesses particulares. Portanto, temos boas perspectivas para 2011.

Feliz 2011, Brasília. Estaremos trilhando um novo caminho!

*ARLETE SAMPAIO – Deputada distrital eleita pelo PT

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