Plano Brasília (edição 116)

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Plano

Ano 10 · Edição 116 · R$ 5,30

BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

Em Colapso Até Quando? 116

MESA REDONDA Jacques Pena COMPORTAMENTO ONG Rodas da Paz PONTO DE VISTA Creomar Souza






Sumário

38

11 46 44

24

10 Cartas

42 Plano e negócios

66 Meio ambiente

11 Mesa Redonda

44 Automóvel

68 Educação

16 Brasília e Coisa & Tal

46 Vida Moderna

70 Vinho

18 Panorama Político

48 Esporte

20 Política Brasília

50 Personagem

22 Visão de Brasília

52 Saúde

24 Capa

54 Moda

30 Gente

56 Comportamento

32 Cidade

58 Cultura

36 Mercado de trabalho

60 Artes Cênicas

79 Creça e Apareça

38 Tecnologia

62 Gastronomia

80 Ponto de Vista

40 Cotidiano

64 Fotografia

82 Charge

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72 Tá Lendo o quê? 74 Frases 75 Justiça 76 Diz aí, Mané 78 Tá rindo à Toa

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Expediente

Editorial Só quem anda de ônibus pela capital federal entende a situação degradante do transporte público no DF. A maioria da população padece diariamente com o caos na hora de ir e

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br

vir, este aliás um direito constitucional que parece só ter valia

DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br

as horas de espera nos pontos de ônibus, má conservação

se os brasilienses praticarem a caminhada. Indignados com dos carros, falta de limpeza e o descumprimento das escalas de circulação, uma equipe da Plano Brasília embarcou

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em vários ônibus responsáveis pelos piores percursos, de acordo com a opinião de nossos entrevistados. Depois de uma semana a cumprir a tarefa de observar in loco a situação, a equipe teve a ideia de convidar o Secretário de Transportes do GDF, José Walter Vazquez Filho, para viajar

Editora-Chefe Carla Andrade

num dos carros da frota do DF. O contato foi feito através

EQUIPE DE REPORTAGEM Ananda Moura, Camila Maxi, Cristiane Ferreira, Giuliana Soares, Thiago de Mello e Yuri Achcar

da assessoria de imprensa da Secretaria, mas até a data de

COLABORADORES: Antônio Duarte, Antônio Testa, Bohumil Med, Carla Ribeiro, Carlos Grillo, Cerino, Fádua Faraj, Anna Paula Ramalho, Romário Schetino e Tarcísio Holanda

fechamento dessa edição, não recebemos a resposta. O Presidente do BRB, Jacques Pena, é o entrevistado da nossa editoria Mesa Redonda e aproveitou para falar sobre

DESIGN GRÁFICO Alan de Carvalho e Zelito Rodrigues

os ciclos econômicos do banco e os planos para o futuro.

CRIAÇÃO: Paula Alvim

“Reconhecidos os problemas com impacto em dívida, temos

FOTOGRAFIA Fábio Pinheiro e Gustavo Serrate

uma projeção de lucro líquido de R$ 261 milhões”, acredita.

REVISÃO: Lígia Dib Carneiro IMPRESSÃO RR DONNELLEY TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br

E Luiz Amorim, dono do Espaço Cultural T-Bone, ataca de novo e coloca à disposição da população mais um serviço gratuito: computadores e Internet wireless em três pontos de ônibus da Asa Norte. Para esse amante das artes “mais um passo para a democratização da informação”. Após cinco anos da inauguração das minibibliotecas nas paradas,

AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br

o Açougue Cultural T-Bone oferece mais um serviço, com-

PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1357 Administração: 61 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br

as parcerias da Fundação Banco do Brasil e a Petrobrás, e

07 de julho de 2012

roteiro uniu duas de suas paixões: os zumbis e a arquitetura

Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

da cidade: “tem uma fotografia maravilhosa e tudo que é

pletamente gratuito, para a população. O projeto contou com com apoio do Governo do Distrito Federal. E Brasília foi o cenário escolhido pelo diretor de filmes trash de terror, Thiago Belloti para filmar sua obra intitulada A Capital dos Mortos, que ganhou projeção internacional. O

muito clássico na cidade combina com um monte de zumbis”, resume o artista. É ler para crer.

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Cartas

Fale conosco

De 2a. a 6a. feira, entre 12:30 e 14:00 horas vou e volto, do Plano Piloto até Águas Claras, onde pego meus netos para levá-los a escola. Tanto na ida como na volta, não vejo nenhum ônibus circulando na faixa destinada ao transporte coletivo. Antes, era só na EPTG, agora também no Setor Policial Sul existe a tal faixa para circulação de ônibus fantasmas... Seria ótimo se tivesse ônibus, como não tem, melhor seria estabelecer horários de funcionamento, sem aplicação de multa. É difícil entender o GDF: se as autoridades sabem que o edital de licitação para o transporte coletivo foi embargado pelo TCDF, para que demarcar faixas exclusivas para ônibus?. Por outro lado, se o objetivo é para homenagear o Executivo local, acertou na mosca, pois o trânsito está a passos de tartaruga... Gostaria de sugerir ao Diretor do DFTRANS, Diretor do DER e Secretário de Transporte para circularem por esses locais e constatarem o que estou afirmando. Quem sabe eles reconheçam o erro e estabeleçam horários de funcionamento das faixas exclusivas para ônibus. Darlene Cardoso dos Santos - Sudoeste

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Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.


Mesa Redonda

Jacques Pena Equipe Plano Brasília: Liana Alagemovits , Edson Crisóstomo, Carlos Campbel, Yuri Achcar, Romário Schettino e Cristiane Ferreira | Fotos: Fábio Pinheiro

D

iretor-presidente do BRB, Jacques de Oliveira Pena nasceu em Caratinga, Minas Gerais. Mora há 32 anos na capital federal. É formado em História pela Universidade de Brasília (UnB). Antes de assumir o comando do banco, neste ano, ocupou dois cargos no governo Agnelo: foi secretário de Desenvolvimento Ecônomico e chefe da Casa Civil. No governo Cristovam, entre 1995 e 1998, foi administrador de Samambaia. Funcionário aposentado do Banco do Brasil, Pena assumiu a presidência da Fundação Banco do Brasil em 2004. Deixou o cargo seis anos depois para coordenar a campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Confira os principais trechos da entrevista à equipe da Plano Brasília.

PB > Quando o senhor tomou posse no BRB, anunciou que houve operações de crédito inadequadas que causaram prejuízo ao banco. Esse prejuízo foi recuperado? JP > Nós temos, no exercício de 2011, três

origens diferentes de impactos negativos ao resultado do banco. A maior delas, divulgada com a conclusão do balanço de 2011, já em 2012, é relativa ao FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais). Foram impactos da ordem de 130, 140 milhões de reais. Outra são as operações com as cooperativas de transporte. E ainda as classificações de operações de crédito, que, conforme a classificação, impõem um volume de capital para garantir essas operações. Pela ordem das três, a de maior impacto e que demonstra a natureza de negócios sem as boas práticas bancárias foi o

FCVS. Por que foi tomada a decisão de contabilizar essa operação ao final de 2011, ainda na gestão anterior? Porque no processo de novação, de validação na Caixa Econômica Federal de um papel que você compra no mercado, tivemos a resposta de que aqueles papéis não tinham nenhum valor. Por isso, foi feita a provisão que trouxe a diminuição do nosso resultado do segundo semestre. No decorrer do ano, tivemos um resultado de 244 milhões de reais levado a próximo de R$ 90 milhões. Como é uma operação em que gestores do banco tomaram decisões que não foram em cumprimento a decisões colegiadas, que partam das áreas técnicas, então a diretoria do BRB levou ao Conselho de Administração a proposta de que fossem tomadas medidas judiciais contra os administradores

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da época, sejam funcionários decarreira sejam aqueles que ocuparam os espaços de diretor-presidente e diretor-financeiro do banco. Para que isso fosse levado a efeito, foi necessário ser aprovado em uma assembleia geral de acionistas do banco. Foram três passos: uma decisão da diretoria, uma decisão do conselho de administração e uma decisão da assembleia geral de acionistas. Aguardamos, desde janeiro, o julgamento do procedimento administrativo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para entrarmos na Justiça contra os vendedores dos papéis e conta quem tomou a decisão de comprá-los no final de 2009.

consignado para o BRB. O que acontece é que algumas empresas desenvolvem a estratégia de compra de dívida – uma forma de penetrar em parte dessa clientela do consignado. E algumas empresas que têm atuação na área federal também atuam junto a quem recebe via Ministério do Planejamento. Então, é exclusivo do BRB, exceto os que recebem recursos do governo federal, ou seja, as áreas de saúde, educação e segurança. Não são poucos. É uma disputa de mercado. E como resistir a essa pressão?

Será possível recuperar as perdas com as cooperativas de transporte?

Uma das cooperativas vem cumprindo com as obrigações, pagando ao banco. Outra cooperativa está em situação judicial avançada, com a tomada e o sequestro de bens para recuperar parte do prejuízo. Há de convir que emprestar dinheiro para comprar um ônibus e recuperar esse veículo três, quatro anos depois... Parte dos nossos ativos está sendo recuperada com a venda de bens em leilão, mas é bastante parcial. E há uma das cooperativas cuja negociação está em andamento – portanto eu não queria dar detalhes. Mas temos uma expectativa bem positiva de que podemos recuperar parte dos recursos desses empréstimos. Como está a disputa pelo mercado do crédito consignado para os servidores do GDF?

O BRB concentrou-se muito no crédito consignado. É um dos grandes negócios do banco. Com certeza, outros setores, inclusive as cooperativas, têm muito interesse nesse mercado. Na minha posse, eu disse que um governo de Estado que decide ter um banco e mantê-lo tem que

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“O BRB tem uma mão de obra muito permanente, os funcionários conhecem bem a clientela. Temos as nossas vantagens.” prestigiá-lo com os negócios do governo e de seus funcionários. Ou então vende o banco! É preciso privilegiar o banco como agente financeiro do governo, inclusive na questão do crédito consignado. Diversas instituições bancárias, privadas e públicas, têm uma grande atuação no funcionalismo público federal e buscam esse espaço. Mas o GDF tem uma decisão até então mantida de exclusividade do

O BRB é um banco muito bem posicionado em Brasília. Como banco público de uma unidade da federação em que houve a crise generalizada de gestão, credibilidade e ética na gestão pública, ele tem problemas decorrentes desse período. Entretanto, o banco tem agências nos melhores pontos da cidade, que foram instaladas ao longo de 40 anos. O BRB tem um corpo funcional profissional da área, que conhece o campo em que trabalha. Como temos uma mão de obra muito permanente, os funcionários conhecem bem a clientela. Temos as nossas vantagens. É possível, então, ampliar a participação do banco no mercado?

O BRB tem um conjunto de setores do mercado em que ele atua. Qual é o principal? O segmento de pessoas físicas. E, dentro dele, qual é o principal? Os funcionários do Governo do Distrito Federal. Além disso, há uma clientela de pessoas físicas além GDF. Historicamente, o BRB tem presença nos financiamentos rural, industrial, imobiliário e de pessoas jurídicas. No início deste governo, houve um esforço de retomar a ênfase no financiamento imobiliário de pessoa jurídica. Em 2011, tivemos um crescimento de quatro ou cinco vezes acima do mercado.


O que significa isso? Que estávamos bem pequeninos em pessoa jurídica e retomamos principalmente no financiamento, do setor imobiliário. No financiamento estamos crescendo em 2012 mais do que nos últimos três ou quatro anos juntos. Conscientes de que somos muito dependentes da clientela pessoa jurídica e funcionários do GDF, o atual movimento feito pelo banco é de crescer nessas áreas muito mais do que nas outras.

desatualização tecnológica. Temos uma previsão de investimento em tecnologia da ordem de R$ 150 milhões neste e no próximo ano, além do concurso. Foram aprovadas por volta de 90 pessoas, e estamos dando posse. É muito importante para o banco se atualizar tecnologicamente, investir, implantar um novo modelo de gestão, ter um plano diretor de tecnologia e contratar funcionários. Há poucos bancos públicos hoje. Por que resistir

Qual o impacto dos recentes prejuízos nas

à privatização?

contas do BRB?

Hoje nós temos um banco público em cada uma das macrorregiões do País. O governo pode ter no BRB um banco lucrativo. Quando se aprova o orçamento anual, o acionista tem uma expectativa de receber o lucro. O GDF vai ter lucro esse ano e teria no ano passado se não fossem aquelas operações. Com o banco funcionando, o Tesouro do GDF recebe recursos. O BRB pode ser útil à sociedade e ao governo com a participação nas políticas de desenvolvimento da cidade. É um banco que atrai recursos do BNDES para financiar o setor produtivo. É um dos principais investidores no segmento do agronegócio local. Quais políticas de desenvolvimento o banco deverá adotar ao longo da sua história? É um papel do governo, como acionista, definir o que ele quer do banco. Há uma discussão dentro do governo de uma proposta muito defendida pelo secretário da Fazenda, que é fazer equalização da taxa de juros. Por exemplo, teremos em Brasília, nos próximos anos, a consolidação do Parque Tecnológico Cidade Digital. Se o governo quiser fortalecer a proposta do Parque Tecnológico e estimular a oferta de crédito para atrair empresas, ele pode colocar recursos no BRB para atender esse segmento.

Nós suportamos os prejuízos registrados no ano passado, inclusive na empresa de cartão de crédito. É preciso aqui abrir um parênteses: o que é o conglomerado BRB? É o banco comercial, uma financeira, a DTVM Distribuidora de Títulos, a Cartão BRB, a Corretora BRB e a BSB Ativos. Além disso, o BRB tem um fundo de pensão e um plano de saúde. Na verdade, somos oito organizações vinculadas ao BRB. E tem o clube das empresas, a AABR. Mas o resultado dessa gestão pouco ética é que registramos, em 2011, os prejuízos de correções que estamos fazendo de mal feitos de anos anteriores. Para sanar os problemas, os reconhecemos e os jogamos na contabilidade. Com o resultado desse quadrimestre, o banco tem uma projeção de lucro líquido de R$ 261 milhões. A convocação dos aprovados no concurso para analistas de Tecnologia da Informação (TI) pode ser afetada devido ao limite de gastos do GDF previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal?

A nossa empresa é de economia mista. Nossa despesa de pessoal não impacta no número que o governo está tentando segurar. Foram 19 anos sem concurso

“Registramos, em 2011, os prejuízos de correções que estamos fazendo de mal feitos de anos anteriores.”

público. Não estavam preocupados em modernizar o banco, porque, afinal, queriam vendê-lo. E houve um momento que quiseram fazer a área de TI funcionar terceirizada dentro do conglomerado do banco. O pressuposto é que isso traria agilidade, já que as empresas não estariam sujeitas à Lei 8666. As empresas se enrolaram em um emaranhado de operações da Polícia Federal e da Polícia Civil, e restou ao banco o prejuízo da

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baixamos cinco linhas de crédito de pessoa jurídica. No dia seguinte a uma outra reunião do Copom, baixamos mais linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas.

O BRB pode ser um agente de transformação da economia local?

Brasília precisa de políticas de desenvolvimento. Não pode mais se sustentar em dois pilares históricos da cidade que, com certeza, não durarão décadas. Temos uma cidade com uma atividade econômica em altíssimo nível de concentração em comércio e serviços. Temos que desenvolver uma economia que gere um volume de caixa para o Estado. Senão, quando houver uma pressão maior dos estados para diminuir o volume de repasses, vamos ver que somos insustentáveis.

A portabilidade fez o BRB perder clientes?

E, privatizado, o banco não incentivaria essa nova economia?

O modelo de tudo privatizar a qualquer custo andou sendo questionado na sua efetividade. Quando enfrentamos no Brasil a crise mundial, em que os principais atores, detonada a crise, foram os bancos privados americanos e europeus, o governo brasileiro buscou incrementar a atividade produtiva, a ampliação do crédito, intervindo na economia com os bancos públicos. Não sou economista com pós-graduação em Harvard, mas eles estão tendo as teorias questionadas. O BRB está acompanhando a redução das

“O Brasil avançou nos últimos anos. Mas o nosso sistema financeiro é tradicional, conservador. ”

Temos experimentado uma clientela fiel. Há uma defasagem de modernização do banco, mas, no momento da portabilidade, sofremos uma perda muito pequena de segmentos que já vinham operando o seu direito de retirada de recursos do banco. Todo mês ele tirava. Agora ele tem um modelo que manda o dinheiro todo mês para outra conta. Nós fomos verificar quem eram essas pessoas e descobrimos que eram pessoas que já faziam isso anteriormente. Só tinham a conta no BRB, recebendo salário, mas não tinham cartão, cheque, poupança. Não estamos satisfeitos em perder esses clientes, vamos tentar trazê-los de volta. Mas uma parte dessa clientela quer mexer com o banco apenas pelo telefone. Não quer nem fazer transação no computador, quer direto no telefone. E nós estamos implantando, neste ano, as soluções de mobile banking. A TI dos outros bancos não hospedou quadrilhas como o nosso.

taxas de juros e do spread bancário?

O banco já se adequou à Lei da Transparência?

As taxas de juros são formadas por “n” fatores. Há uma discussão no momento que gera uma explicação simplista: caiu a Selic, cai o juro bancário. A Selic é uma taxa que regula determinadas aplicações. Quando você vai somar os recursos que os bancos têm para emprestar, eles são oriundos de diversos lugares. Os recursos do crédito imobiliário, por exemplo, vêm da poupança. Os bancos, nos últimos 40 anos, ganharam muito dinheiro. Uma grande questão que havia sido minimizada é o crédito. Os

Temos um volume razoável de exigências da lei já funcionando. Estamos trabalhando bastante na ouvidoria e na comunicação para cumprir tudo o que está previsto na lei. A quantidade de informações, de contratos, é muito grande. Não é que não temos condições de publicar essas informações. Mas há um detalhamento de exigências, inclusive no formato da publicação dessas informações. E onde é que isso pega? Na estrutura de TI. Em banco, TI não é tudo, mas é muita coisa.

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bancos, originalmente, surgiram como empresas de intermediação financeira. Aí, passaram a vender produtos de várias naturezas. E, ao longo dos nossos ciclos econômicos, pacotes e perdas de receita, os bancos foram buscar resultados em outras atividades que não a intermediação de crédito. Qualquer economia, para crescer, precisa saber qual é o índice do seu PIB e o seu crédito. O BRB está reduzindo os juros. O Copom se reuniu no dia oito de março e, no dia nove,


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Brasília e Coisa & Tal

Romário Schettino

Wilson Dias-ABr

CPMI do nada

Imprensa

A atual Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) é uma natimorta. É filha da confusão em que se meteram os políticos brasileiros ao se relacionarem com contraventores e financiadores de campanhas ilegais. Muitos, à direita e à esquerda, lambuzaram-se na pior espécie de caixa dois e agora estão com os respectivos rabos presos. É difícil separar o joio do trigo nessa política brasileira. A sem-vergonhice e a falta de coragem são as responsáveis pela ausência de uma reforma política, mínima que fosse. Nessa esculhambada democracia nacional, misturada com a desonestidade política, está a grande imprensa brasileira, que vê golpismo toda vez que alguém propõe mudanças que incluem financiamento público de campanha, voto em lista e fidelidade partidária.

Imprensa – II

A disputa pelo mercado de leitores e telespectadores anima a imprensa brasileira. De um lado, Veja, O Globo, TV Globo, Folha, Estadão. De outro, Carta Capital, TV Record e os chamados blogueiros, sujos e limpos. Mesmo considerando a distância econômica (faturamento) que separam esses atores, podemos dizer que a briga é boa, pois ajudará na crítica e na autocrítica. Só haverá grandes mudanças, porque a concentração, a propriedade cruzada dos meios e a falta de regulação do setor continuam intocáveis.

Um aspecto do debate que se estabeleceu na imprensa brasileira merece destaque: o do festejado jornalismo investigativo. É lícito um repórter receber de uma fonte inidônea denúncias contra seus inimigos no poder público? Sim, desde que a fonte marginal também seja denunciada. Ainda mais quando se sabe que o sigilo constitucional da fonte vem sendo usado para proteger bandidos procurados pela polícia.

Antonio Cruz-ABr

Imprensa - III

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A propósito do debate sobre o escândalo inglês e autorregulação da mídia, a ombudsman da Folha de s. Paulo, Suzana Singer, participou de um encontro no reino da Dinamarca. Eram 40 ombudsmans de 21 países. A discussão era sobre o escândalo que envolveu o império Murdoch no Reino Unido – com o fechamento do News of the World, que vendia 2,7 milhões de exemplares – e suas consequências para a liberdade de expressão. Os repórteres de mister Murdoch faziam grampos ilegais, chantageavam entrevistados, subornavam policiais e eram muito próximos de políticos. E é a própria Suzana quem diz: “A imprensa britânica é muito diferente da nossa. A começar pela competição, que é feroz – são dez jornais


Comunicando nacionais disputando terreno, o que torna mais tentador desobedecer a regras... No Brasil, os principais órgãos de comunicação são contra qualquer proposta de conselho jornalístico, principalmente se houver participação do governo. É compreensível, mas não aceitável. Ao mesmo tempo, porém, pouquíssimos levam a sério a necessidade de transparência, imparcialidade, precisão e de "prestar contas" do que se faz. Quantos têm um código de ética de conhecimento do público? Quantos admitem seus erros e abrem espaço generoso ao "outro lado"? De tantas iniciativas copiadas da Folha, por que justamente o ombudsman não pegou? Até onde se sabe, são apenas três (a Folha, O Povo e a TV Brasil). Em alguns países, como a Colômbia e Portugal, leis exigem que as televisões, por serem concessões, tenham a figura do defensor do espectador. Se nas democracias recentes, como a nossa, o melhor é deixar os braços do Estado longe da mídia, cabe a ela mostrar que merece a confiança do seu público”. Raciocínio interessante!

Trânsito empacado

Marcello Casal Jr-ABr

A quantidade de carros novos que entra no trânsito diariamente é impressionante – de cada dois brasilienses, pelo menos um tem carro – o restante anda de ônibus de péssima qualidade, metrô insuficiente, sem ciclovias. Ou seja, a engenharia de trânsito não existe no Detran-DF. A previsão de que em 2020 Brasília vai parar não é uma piada.

Plano decenal A Secretaria de Cultura do DF inicia um amplo debate com a sociedade sobre a nova lei que cria o Sistema de Cultura do DF e o Plano Decenal de Cultura. Essa discussão será feita em seis regiões do Distrito Federal, com a participação do Conselho de Cultura, e se encerrará na 4ª Conferência de Cultura do DF, a ser realizada em abril de 2013. Com essa iniciativa, o secretário de Cultura Hamilton Pereira pretende envolver a cidade no debate cultural dos próximos dez anos.

Livro de memória O livro O Sonho Candango – memória afetiva dos anos 980 pode ser encontrado nas seguintes livrarias: Don Quixote (CCBB e Gilberto Salomão) e Café com Letras (203 Sul). Informações no site: www. osonhocandango.com.br ou ligar para a Élida (4063-8989) ou para Jussara (3315-8715) e encomendar o seu.

Juros baixos A queda dos juros no Brasil vem sendo defendida com unhas e dentes por todos que querem uma sociedade livre da ditadura financeira. O mundo clama por isso. Quem está preocupado com a queda dos juros são os Fundos de Pensão, que vinham prometendo rendimentos com base nos generosos juros pagos pelo governo brasileiros. Com essa redução, os fundos estão procurando novas formas diversificadas de investimento que não sejam apenas em títulos públicos. Mesmo assim, os economistas prevêem que o brasileiro terá que aumentar contribuição mensal da previdência privada para garantir a mesma renda no futuro. Ou seja, não existe milagre no mercado e o poupador precisa pesquisar mais na hora de fazer o seu plano de aposentadoria e procurar aquele que oferecer melhores condições no presente.

Fiat lux Os postes da CEB acenderam depois de várias reclamações. Os moradores da 215 Norte agradecem. A escuridão deu lugar à luz. E-mail: romario@abordo.com.br

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Panorama Político

tarcísio holanda

Ruralistas desafiam Dilma “Algumas coisas amadureceram durante a tramitação do Código Florestal. Não queríamos o texto do Senado. Mas o da Câmara também já não satisfazia. Infelizmente, o Regimento não nos permitiu alterar o texto” – declarou o deputado Henrique Eduardo Alves.

O

s parlamentares que são produtores rurais ou representam seus interesses redigiram um projeto de lei e o apresentaram na Câmara refazendo trechos do Código Florestal, aprovado há algumas semanas. Na verdade, eles estão se antecipando aos vetos que a presidenta Dilma Rousseff pretende apor ao projeto aprovado com a presença ostensiva dos ruralistas. O novo Código Florestal contou com o apoio do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), e a solidariedade de mais 12 partidos, que representam 308 votos. Mas o deputado Henrique Eduardo Alves acredita que a adesão vá bem além, chegando aos 340, muito acima dos 274 que o aprovaram. Antes de ser protocolado na Câmara, o projeto foi submetido a uma última revisão, no dia 11 de agosto, da qual participaram, além do líder Henrique Eduardo Alves, os deputados Jerônimo Gorgergen (PP-RS) e Moreira Mendes (PSD-RO), coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Ruralistas contra

O que é substantivo no projeto são as chamadas APPs (Áreas de Preservação Permanente), matas assentadas nas beiras dos rios, em torno das quais existe uma divergência insuperável entre os produtores rurais e os defensores do meio ambiente. O projeto de lei aprovado pelo Senado foi classificado de demasiadamente severo e irrealista pelos ruralistas. Para rios com até 10 metros de largura, os donos das propriedades seriam obrigados a manter 30 metros de matas ciliares em suas margens. Nessa hipótese, abriu-se uma exceção: nos casos em que houvesse atividade produtiva, onde houvesse árvores, a largura da mata a ser recomposta seria reduzida para 15

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metros. O projeto aprovado no Senado estabelecia que, para rios com largura de 50 a 200 metros, pelo menos, deveria haver 50 metros de mata nas suas margens; para rios com mais de 600 metros, obrigatória a existência de mata de, no mínimo, 500 metros nas beiras. Quando a matéria voltou à Câmara, os deputados reconstituíram o projeto tal como o haviam aprovado, antes que ele seguisse para o Senado. A Câmara havia decidido então que os donos de propriedades cujas terras fossem cortadas por rios com mais de 10 metros seriam obrigados a recompor 15 metros de mata em cada margem. Como não concordou com tal dispositivo, a presidenta Dilma deu sinais de que não só irá vetá-lo, como deverá editar uma Medida Provisória preenchendo a lacuna causada pela eliminação desse trecho. Como não podem evitar o veto, que é prerrogativa de Dilma, os deputados ruralistas se preparam para defender os seus interesses nesse aspecto. Já informaram à presidenta Dilma que não estarão dispostos a aceitar a revalidação de dispositivos do texto aprovado no Senado. Para não repetir a versão vetada, sugerem a adoção de quatro faixas para a recomposição das matas nas APPs.

2008. Na proposta que se acha à disposição de Dilma, são anistiados os produtores já registrados no CAR (Cadastro Ambiental Rural). De acordo com a nova versão do projeto, a anistia vale a partir da publicação da lei, independentemente de haver ou não registro no CAR. Prevê que o governo terá que indenizar os pequenos produtores que tiverem de renunciar a atividades produtivas para replantar trechos de matas. Por pequeno produtor entende-se o dono de propriedade com até quatro módulos fiscais. Tais módulos variam de acordo com a região do país, entre 20 a 400 hectares. Henrique Eduardo Alves adverte que os deputados gostariam de ter promovido as alterações na votação de duas semanas atrás. Mas, consoante o Regimento da Câmara, só restava aos deputados duas alternativas: aprovar o texto que veio do Senado ou eliminar as alterações promovidas pelos senadores, restabelecendo a versão original aprovada anteriormente pela Câmara. “Algumas coisas amadureceram durante a tramitação do Código Florestal. Não queríamos o texto do Senado. Mas o da Câmara também já não satisfazia. Infelizmente, o Regimento não nos permitiu alterar o texto” – disse Henrique.

Replantio de matas

Cachoeira caiu nas gravações

O novo projeto exige, para rios que tenham até cinco metros de largura, cinco metros de mata. Para lâminas d’água de até 10 metros, 7,5 metros de floresta; Para rios com largura de até 30 metros, 10 metros de árvores. E para cursos d’água com mais de 30 metros de largura, no mínimo 15 metros de mata e no máximo 100 metros. O Código Florestal aprovado amplia a anistia a desmatamentos ilegais registrados até junho de

Um relatório reservado da Polícia Federal revela que os diálogos transcritos no inquérito da Operação Monte Carlo constituem uma pequena parcela das inúmeras escutas telefônicas captadas por aquela instituição ao longo dessa ruidosa investigação. Um ofício da PF datado de 16 de março de 2011 registra: “Seria humanamente impossível transcrever todos os diálogos. Para transcrever integralmente essa investigação, precisaría-


mos de todo o Departamento de Polícia Federal do Brasil inteiro e mesmo assim demoraria anos.” Esse documento está sob “segredo de justiça” e foi endereçado à 1ª Vara Judicial da Comarca de Valparaíso, cidade goiana onde se iniciou aquela operação, contendo as peças colecionadas até aquele momento. O relatório deixa claro que os agentes da Polícia Federal fizeram a investigação sobre os tentáculos do bicheiro Carlinhos Cachoeira utilizando tão somente os grampos telefônicos. A própria Polícia Federal explicou porque assim agiu, argumentando que a limitada investigação no local se deveu ao fato de a “organização criminosa possuir quase toda a força policial de Goiás à sua disposição.” As escutas telefônicas mostraram que “qualquer veículo ou pessoa suspeita que circule pelas redondezas da pequena cidade de Valparaíso é imediatamente investigada pelos policiais” cooptados pela quadrilha.

A PF captou quase 300 mil diálogos

A título de exemplo, a PF menciona algo que ficou sabendo graças aos grampos: “Uma de nossas viaturas teve a placa anotada e imediatamente os policiais a serviço da organização criminosa se comunicam e atuam visando descobrir maiores detalhes.” A Operação Monte Carlo começou no final de 2010 e se encerrou no dia 29 de fevereiro de 2012, tendo como sal-

do a prisão de Carlinhos Cachoeira e os integrantes de sua quadrilha. A Monte Carlo teve condições de captar 259.949 diálogos telefônicos. Calcula-se que, desse total, apenas cerca de 16.600 foram passados para o papel. Aquele documento datado de 16 de março de 2011 revela que a quadrilha de Cachoeira começou a ser investigada pela operação Guardião – o sistema de escutas da Polícia Federal – no dia 17 de novembro de 2010, o que significa que, até o dia em que esse relatório foi redigido, foram colecionados os diálogos gravados em quatro meses de grampos. Esses diálogos foram guardados em sete DVDs, que logo foram enviados para a comarca de Valparaíso, fazendo-se a seguinte advertência: “Consigne-se que, como praxe processual adaptada no Brasil, são transcritas (sob a forma de resumo ou fala literal) somente as conversas pertinentes à investigação.”

Demóstenes e o bicheiro

As escutas captaram a voz do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Ainda que não fosse alvo da investigação, o senador acabou sendo flagrado, porque conversava frequentemente com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. E isso ficara claro já em 2008, quando começou a Operação Vegas, da Polícia Federal, que prece-

deu a Monte Carlo e chegara à Procuradoria da República em setembro de 2009. A Polícia Federal deixou de se referir a Demóstenes de forma deliberada quando relatou sobre Valparaíso, porque se o citasse ficaria obrigada a enviar o processo, novamente, à Procuradoria-Geral da República, uma vez que, como senador, ele tem prerrogativa de foro e só pode ser investigado mediante autorização do Supremo Tribunal Federal. Só em março de 2012, ou seja, um ano depois, o processo da Operação Monte Carlo seria enviado ao Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. Depois de fazer as prisões e promover as operações policiais de busca e apreensões de documentos e computadores, a Polícia Federal revelou ao Procurador Roberto Gurgel que escutara de forma fortuita Demóstenes e os deputados que compõem o grupo de Cachoeira. Ao mesmo tempo, começaram a vazar para a imprensa os diálogos telefônicos sigilosos. Pressionado pelo noticiário dos jornais, Gurgel foi levado a transmitir o processo ao Supremo Tribunal Federal. No documento com que encaminhou os autos, anexou os grampos mais recentes aos 22 diálogos que constavam da Operação Vegas, que três anos antes fora considerada sem subsistência pela própria Procuradoria-Geral da República.

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Valter Campanato/ABr

Política Brasília

Até policial é sem teto

O governador Agnelo Queiroz continua inaugurando obras, entregando veículos e destacando as melhorias do sistema público de saúde do DF. Difícil é percebê-las na prática. Um exemplo é a entrega do Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPS) do Itapoã. Voltado para atender dependentes de drogas e bebidas alcoólicas, é o décimo terceiro no DF. Mas o próprio secretário de Saúde, Rafael Barbosa, acredita que o ideal seriam 45. Sem falar que os pronto-socorros, lotados e sem médicos, ainda são a porta de entrada da maioria dos pacientes, que não encontram suporte nos postos de saúde.

Um Perillo por um Agnelo Parlamentares governistas da CPI do Cachoeira desistiram de convocar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), para explicar as relações dele com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Montecarlo, da Polícia Federal. A culpa é de Agnelo Queiroz (PT). Explico. A oposição aceita a convocação, desde que o governador do Distrito Federal seja incluído também. A leitura de alguns petistas é que a presença dos dois na CPI nivelaria por baixo a situação. As escutas da PF sugerem que o bicheiro seria próximo de Perillo e tinha influência no governo goiano. Em Brasília, buscava se aproximar também de Agnelo. Para isso, alguns servidores do GDF foram cooptados pela quadrilha, mas nada indica que Cachoeira conseguiu o que queria.

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Entre os “integrantes” do Movimento dos Trabalhores Sem Teto (MTST) que invadiram área da Terracap em Ceilândia, estão policiais civis e militares. Uma das maiores dificuldades durante os estudos de como cumprir o mandado de reintegração de posse era convencer os policiais da tropa de choque a partirem para o confronto com os próprios colegas. Líderes do MTST admitem que a maior parte das pessoas que está acampada não tem direito a um lote de acordo com os critérios da Secretaria de Habitação, mas incentivam a participação de qualquer um para dar mais visibilidade à causa. E o que fazer quando oportunistas e (alguns) policiais estão do mesmo lado?

Ele já sabe! O presidente da Comissão de Meio Ambiente, Rôney Nemer (PMDB), disse que ia levar as queixas dos produtores ao governador Agnelo Queiroz. Bobagem. O governador já conhece a situação. Tanto que a regularização das terras dos produtores rurais foi um compromisso assumido durante a campanha eleitoral, em encontro em uma churrascaria no Lago Norte.

Antônio Cruz/ABr

Agenda positiva

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Yuri Achcar


Agronegócio bate recorde

Nem tudo são flores Apesar do bom desempenho do setor, os produtores rurais cobram a titulação das terras. Audiência pública na Câmara Legislativa reuniu dezenas de agricultores. Hiroshi Kimura é um deles. Ele contou que chegou a Brasília em 1959 atraído pela promessa de que teria terra para produzir: “Nesses anos, fomos responsáveis pelo alimento que chega à mesa dos brasilienses. Hoje, somos tratados como grileiros.”

Antônio Cruz/ABr

Foto Maurício Sousa

A Exposição Agrobrasília 2012 movimentou mais de R$ 300 milhões e cresceu 50% em relação ao ano anterior. Os números de público, expositores e registro de pequenos agricultores também bateram recorde. Até comitivas estrangeiras vieram conferir a produção rural do DF. Passaram por aqui cooperativas do Paraguai, do Chile, do Uruguai e da Argentina.

Qualificopa desqualificado

Antônio Cruz/ABr

Pergunte a um taxista que já tenha passado pelo curso de inglês o que ele aprendeu para se comunicar com os turistas que vêm para a Copa do Mundo. Grande chance de ouvir a mesma resposta dada à coluna: nada. E as aulas de webdesign? Alunos que participaram do curso denunciam que DVDs piratas foram usados durante o aprendizado.

Bicheiro recebe aluguel do GDF A unidade do Na Hora do Riacho Fundo I, inaugurada no ano passado, funciona em um shopping que pertence a uma empresa acusada pela Polícia Federal de lavar dinheiro da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Ela está no nome de familiares de um dos homens apontado como braço direito do bicheiro. O contrato de aluguel do espaço é de quase R$ 500 mil por ano. Foi assinado no final do governo Rogério Rosso e prorrogado por Agnelo, que passou o imóvel para a Secretaria de Justiça instalar o Na Hora. O titular da pasta, Alírio Neto, destaca que conseguiu ampliar a área e reduzir o valor do aluguel. Pelo sim, pelo não, o contrato e a prorrogação já estão sendo investigados pela Secretaria de Transparência. Até a conclusão do trabalho, o pagamento do aluguel está suspenso.

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Visão de Brasília

Antonio Testa

Questões

de Brasília

INSEGURANÇA

Vivemos tempos interessantes, e alguns acontecimentos merecem detida reflexão. No fundo, há muita dúvida entre o que é real e o que é editado. Há, de fato, muita coisa que precisa ser mais bem explicada para que todos possam entender. As contradições da justiça com suas interpretações das leis e sua aplicação nem sempre permite ao cidadão aceitar determinadas decisões. Esse é o caso da assassina da menina Maria Claudia, que está em vias de ser posta em liberdade. Mesmo tendo participado ativamente de um crime hediondo e inaceitável. Mas... Fazer o quê?

PERPLEXIDADE

Ainda sobre a justiça brasileira, chega a ser hilário o fato de o grande empresário bicheiro, financiador de políticos e multi investidor, debochar da CPI, alegando direito constitucional (legítimo) de ficar calado, para não se incriminar, como se já não fosse um criminoso profissional. Ao seu lado, um ex-ministro da justiça, defensor de pobres e oprimidos banqueiros, políticos e outros magnatas do crime do colarinho branco. Esse Brasil é mesmo muito interessante. Entre os membros da CPI, há um embate visível entre aqueles que querem investigar e a maioria que quer apenas preparar a massa de uma pizza molhada,

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regada a champanhe francesa em Paris, com guardanapos e danças exóticas. Mas, como disse um ilustre deputado: tu és nosso e nós somos teu! Pervertida declaração de amor entre figuras impolutas. Argh!!!. Mas, pelo menos, em nível de discurso, alguém disse, com propriedade: Cachoeira, nós não somos teu. Preste atenção, muita água vai rolar cachoeira abaixo! Houve quem sorriu com o canto da boca, como se pensasse: será mesmo?!!!

MOBILIDADE URBANA

A capital do País terá sérios problemas de mobilidade dentro de alguns anos, como se já os não tivesse. Mas serão agravados substancialmente devido ao crescente congestionamento e ao interesse do governo em manter crescente o consumo e o acesso a veículos populares sem os devidos e adequados investimentos em infraestrutura. Mas surge, no meio do caos, uma dúvida atroz: por que não investir em transporte coletivo de qualidade e capaz de dar vazão à demanda? Entretanto, sabemos que a cultura gerencial brasileira prima pela ação emergencial e não pela preventiva.

CAIXA DE PANDORA

Três anos depois, a denúncia foi feita. Mantido esse ritmo da justiça, os brasilienses podem colocar na sua agenda mais, pelo

menos, duas décadas de postergações e recursos. Talvez os netos dessa geração possam ter notícias pré-históricas do que acontecera algum dia na capital.

ENSINO

É inegável a solidariedade entre professores. Nem bem acabou a greve dos professores do GDF, os da UNB, solidariamente, também entraram em greve. É, realmente, uma vergonha o que se paga a professores no Brasil, mas não justifica fazer greve como fazem. O sistema de ensino brasileiro está cada vez mais desacreditado. Falando da UnB, alunos reclamam que falta papel higiênico nos banheiros, que nunca estão limpos. E é verdade. Mas há décadas que isso é verdadeiro. O desleixo com a limpeza do campus, dos banheiros e das salas é um traço cultural da universidade desde sua fundação. É terrível, mas real. Agora, muitos alunos poderiam contribuir um pouco e não usar a UnB como lixão, como muitos fazem.

IMPOSTOS

Brasileiros, não podemos esquecer que trabalhamos 5 meses só para pagar impostos. E olha o que recebemos em troca: péssimos serviços públicos. ACORDA BRASIL!

*ANTONIO TESTA Cientista político.


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Capa

Por: Carla Andrade e Thiago de Mello | Fotos: Gustavo Serrate

Transporte Público:

o algoz debochado

O brasiliense é obrigado a conviver com atrasos constantes, más condições de conservação, filas intermináveis, preço aviltante das passagens, além do tempo perdido dentro das conduções

S

ilvia de Maia Torres, ou Silvinha, como ela prefere, pega o ônibus 136-7 (Varjão – L2 Norte/Sul) há um ano. Teve que vender a moto ao perder o emprego e desde então se locomove de casa para o trabalho de ônibus. De acordo com os horários disponibilizados no site do Transporte Urbano do Distrito Federal – DFTRANS –, o veículo sai às 6h10. Na terça-feira, dia 8 de maio, enquanto dava a entrevista, já passava de 6h30 e o ônibus ainda não havia chegado. “Não é novidade. Não

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atrasa sempre, mas quando atrasa não é nenhuma surpresa”, pondera Silvinha. Aos 24 anos, secretária de um consultório odontológico, Silvinha não tem perspectiva de comprar um carro ou moto. Já diz, resignada: “Fazer o que, né? Todo mundo reclama, todo mundo sabe do problema, eles prometem, mas tudo continua o mesmo”. De acordo com o DFTRANS, o Distrito Federal possui uma média de 14.470.623 passageiros por mês, e um total de 2.337 veículos. Ou seja, no DF, há algo em torno

de 6192 passageiros por ônibus. Um número bastante alto, mas não inacreditável, quando se anda de ônibus nos horários de pico. O ônibus que Silvinha esperava chegou por volta das 6h40. No ponto, havia mais ou menos 30 pessoas. Quase todas se aglomeraram na porta tentando entrar. As mulheres abraçavam com força as bolsas, enquanto o veículo permanecia parado, esperando todos entrarem. Ainda não estava completamente cheio e muitas das pessoas conseguiram assento. Algumas ficaram em pé, com espaço.


No ônibus há um sentimento de familiaridade entre seus usuários fixos. Alguns conhecem o motorista e o cobrador pelo nome, desejam bom dia, fazem piadas rápidas e comentários sobre o tempo, sobre futebol ou histórias curiosas. Passada a catraca, encontram um colega de trabalho, vizinho ou um conhecido de ônibus. Outros entram pensando apenas em dormir mais um pouco. Abrem-se livros ou folhas soltas. E alguns fones de ouvido fazem uma trilha sonora particular para começar o dia. Na parada seguinte, aproximadamente 20 pessoas entram. O espaço de quem estava em pé diminui. Começam os esbarrões, empurradas de demarcação de território. A alguns idosos que estavam de pé, são oferecidos acentos. Mas não a todos. O motorista acelera, fazendo curvas que são sentidas pelos passageiros. Acostumados, deixam o corpo ir e vir com o balanço do veículo. Surgem barulhos cada vez mais altos e mais constantes. Parafusos? Bancos soltos? Janelas sem a vedação apropriada? Não dá para saber, mas estão lá, sonoros e evidentes. De ponto em ponto, o ônibus perde o ar de familiaridade. Mais entram passageiros do que descem, e a disputa por um espaço em pé se torna constante. O motorista passa reto por uma parada onde algumas pessoas pediam pelo transporte.

Alguns reclamam para um motorista aparentemente surdo. Ao ser perguntado sobre por que não parou aos pedidos, foi objetivo: “Está cheio”. Ao ver a sua parada, Silvinha começa a se deslocar até a porta de descida. Demora um pouco, sofre uns empurrões e empurra de volta. A bolsa está segura nos braços magros da secretária, que usa o ombro para abrir caminho, já que o outro braço segura com força a barra. Para que ela possa descer, outras quatro pessoas saem do ônibus, para dar espaço. Voltam e, antes mesmo de fechar a porta, o motorista acelera e deixa a parada.

Criada a Comissão Especial de Transporte da Câmara Legislativa A recém-criada Comissão Especial de Transportes da Câmara Legislativa apresentou dados de uma pesquisa inédita realizada com o intuito de saber a opinião da população sobre o transporte público na cidade. Um grupo de profissionais qualificados ouviu 3.878 pessoas, e a maioria esmagadora destacou problemas de segurança, de tempo, de superlotação e de falta de conforto nas estações do Distrito Federal. O levantamento apresentou um perfil dos que dependem dos meios coletivos para sua locomoção básica, como ir e vir do trabalho.

Praticamente 70% dos moradores usam, em algum momento do dia, o ônibus, o micro-ônibus, o metrô ou mesmo o transporte pirata. Muitos destes passageiros utilizam o transporte público contrariado e por pura falta de opção. A cada 10 usuários, nove se dizem insatisfeitos e classificam o serviço como ruim ou péssimo. A Câmara Legislativa criou uma Comissão Especial do Transporte Público Coletivo, com o objetivo de acompanhar estudos e projetos voltados para acompanhar o sistema de transporte público, propor soluções para a área e fiscalizar a concorrência de concessão do serviço básico rodoviário do DF.

Serviço de má qualidade O analista de sistemas, Henrique Meira Lima, mora na Asa Norte e trabalha no SIA. Para evitar atrasos na chegada a seu local de trabalho, ele cumpre um ritual diário. Acorda por volta das cinco e meia, organiza suas coisas e parte rumo ao ponto, com o objetivo de chegar à rodoviária. Lá ele se depara com uma imensa fila de pessoas que aguardam o 158-1. “Nunca encontro um ônibus estacionado no ponto. Geralmente, sou obrigado a esperar uma meia hora pelo carro, que, mesmo depois da demora, permanece estacionado pelo menos por uns vinte

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e cinco minutos”, declara. E esse carro sai da rodoviária com todos os assentos ocupados e com muitos passageiros em pé. A situação piora ao longo do trajeto, que passa pela W3 Sul. “O motorista para em todas as paradas para atender aos pedidos de muitos trabalhadores e isso faz com que o ônibus fique abarrotado de pessoas, quando chegamos ao final da W3”, relata. Com tanta demora, Henrique leva aproximadamente uma hora e quarenta para chegar ao trabalho. “Todo dia, a história se repete e isso me causa uma indignação absurda. Passar por todo esse estresse me deixa irritado e, com certeza, isso influi de maneira negativa no meu rendimento, principalmente quando minha jornada de trabalho é maior”, conta. E o que deixa Henrique mais indignado? “Os carros são velhos, sujos e, mesmo assim, a população paga por um serviço de péssima qualidade”, protesta.

Novo serviço de transporte no Distrito Federal O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, anunciou em março que o Distrito Federal terá um novo modelo de transporte coletivo implantado na cidade no primeiro semestre de 2013. O modelo consiste em dividir o transporte público por áreas de atuação, em vez de linhas, como é feito hoje. No novo modelo, o DF foi dividido em cinco grandes regiões, e a empresa que vencer o processo ganhará o direito de explorar o serviço por dez anos.

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Com a mudança do novo sistema de transporte público, haverá uma substituição de quase toda a frota de ônibus da capital, exceto as da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) e das cooperativas de microônibus, que continuarão a atuar. Além disso, o novo sistema extinguirá o duopólio existente no transporte público, em que nenhuma das companhias e consórcios vencedores terá mais de 20% do mercado. O sistema que será implantado parece ter entendido as reclamações dos usuários do transporte público. Entre as exigências, por exemplo, a nova frota deverá ter acesso a pessoas com deficiência, bancos com encosto para cabeça, piso antiderrapante, ar-condicionado, sistema de localização por satélite (GPS), TV, cestas de lixos e direção hidráulica. E além da renovação da frota, a substituição dos veículos deverá ser feita, no máximo, a cada sete anos. Porém a promessa de melhorias já caiu em um impasse. Na metade de maio, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) suspendeu o processo licitatório para a renovação da frota. De acordo com o subsecre-

tário de Políticas de Transporte do DF, Luiz Fernando Messina, a suspensão da licitação “não decorre de nenhuma irregularidade, são recomendações de caráter técnico. O Tribunal determinou que ajustássemos ou apresentássemos justificativas consistentes a alguns questionamentos”. A equipe de jornalismo entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Transportes do Distrito Federal para obter informações sobre o transporte público no DF, mas até a fechamento dessa edição, não obteve resposta.

Frota velha “Uma vez eu desci do ônibus, porque o motorista não parava de deixar mais gente subir. Já não conseguia nem respirar direito. E olha que eu estava sentando”, lembra Franklin Coutinho Motta, estudante. “Eu sei que as pessoas que chamam o ônibus estão precisando do transporte. Mas


não havia mais condições de ninguém subir. Estava abarrotado. Eu desci em qualquer parada e fiquei esperando outro. Sem condições”, completa. Franklin pega ônibus desde criança, para ir e voltar do colégio. Está acostumado com o transporte e tem muitas histórias. Mas a “favorita” é de quando teve que pegar quatros ônibus em apenas um dia, “era pra ter pego apenas dois. Mas na ida quebrou um e na volta, outro”, explica. Segundo o estudante, a demora em chegar o ônibus substituto é enorme. E ainda passível de novos problemas. “Nunca aconteceu comigo, mas já ouvi amigos dizerem que até o ônibus que vem pra resgatar já quebrou com eles. É cada um mais velho do que o outro”.

Ruas do DF a caminho do colapso O levantamento foi realizado no âmbito do Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do DF e Entorno (PDTU) por consultores contratados no fim

de 2009 e vem sendo usado pelo atual governo como parâmetro para as soluções discutidas pela Secretaria de Transportes do GDF. De acordo com o levantamento, a cada 10 pessoas que moram em Brasília e nos arredores, oito se locomovem por veículos motorizados, como carros, motos, ônibus, vans e metrô. A falta de um transporte público eficiente, atrelado à melhoria da renda ao longo dos últimos anos, estimulou a compra e uso do transporte individual. Da área observada no estudo que integra o PDTU, 75% dizem respeito à situação no Distrito Federal e outros 25% referem-se às circunstâncias do tráfego de veículos no Entorno. Há uma diferença marcante entre as duas regiões. No DF, a grande maioria dos moradores (77,4%) usa modos motorizados para ir e vir. No Entorno, esse índice cai para 53%. A diferença também se mantém no tipo de veículo usado na locomoção. Nas áreas centrais da capital, metade da população anda de carro e 42%, de ônibus, micro-ônibus, van ou metrô. Nas cidades vizinhas a Brasília, a situação se inverte. Nesse caso, 67% das pessoas usam transporte coletivo, contra apenas 22% que andam de carro. De acordo com o levantamento do PDTU, se não

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forem tomadas providências objetivas para aumentar o acesso ao transporte público, em 2020, o trânsito de Brasília entrará em colapso. Esse estudo leva em conta o volume (crescente) de veículos e a capacidade das ruas e avenidas.

Seis horas de ônibus por dia A rotina semanal adotada pela empregada doméstica Ercília Ribeiro dos Santos é bastante cansativa. A moradora do Varjão trabalha há quinze anos com uma família que até o ano passado morava na Asa Norte e agora mudou-se para o Lago Sul. “Eles são pessoas muito queridas e me tratam com muito respeito. Por isso, resolvi continuar com eles apesar da distância”, explica ela. Para chegar na hora ao local de trabalho, ela acorda pontualmente às 5 da manhã, arruma-se rápido e corre para a parada, a fim de embarcar num carro com destino à Rodoviária. Lá chegando, Ercília é obrigada a aguardar, por volta de meia hora, numa fila para entrar no ônibus com destino ao Lago Sul. Com isso, essa trabalhadora perde aproximadamente três horas para ir e três horas para voltar para sua casa. Seis horas gastas com a espera da condução e para percorrer o trajeto. “É um sacrifício que faço para complementar a renda mensal de minha família”, pondera Ercília.

Volta para casa Foi numa parada de ônibus na L2 Norte que o auxiliar de escritório Wesley Alves, morador do Varjão, encontrou o seu amor. Ele conta que sentiu borboletas no estômago no exato momento em que avistou a garçonete Lydiane Cristine dos Santos. “Naquela quinta-feira, fiz hora extra e cheguei um pouco mais tarde ao ponto. Ao atravessar a rua, notei aquela bela mulher, linda, sentada no banco, e meu coração bateu forte. Foi amor à primeira vista. Naquele momento, foi impossível desviar meu olhar e, quando ela me sorriu, senti meu coração acelerar”, relembra o rapaz. E foi a força deste sentimento que levou o rapaz a puxar conversa com a moça tímida que, por acaso do destino, aguardava sua condução. “Pela primeira vez, torci para que o ônibus demorasse muito a passar. Tudo o que queria, era ficar ao lado daquele homem interessante”,revelou a moça. E com o passar dos dias, os dois se encontraram na mesma parada e, depois de muitas conversas, o namoro engatou. De uma hora para a outra, o casal passou a considerar o tempo de espera como um privilégio divino, já que aguardavam juntinhos um ônibus para a casa. “Acho engraçado ter conhecido o meu amor num lugar que odeio e onde só sabia reclamar por causa da demora de uma condução. Depois daquele

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dia, nunca mais voltei para casa sozinha, pois o Wesley tornou-se o melhor companheiro para estar comigo na volta para casa”, declara Lydiane. Dizem que o amor é cego. No entanto, cabe ressaltar que os jovens apaixonados preservam a mesma opinião crítica à respeito do sistema rodoviário que mal os serve. Eles apenas encontraram uma maneira gostosa de contornar as falhas evidentes no setor do transporte público na cidade de Brasília.

Enquanto isso... No início das apurações para esta matéria, a equipe da Plano Brasília acessou o site da Secretaria de Estado de Transporte do Distrito Federal (http://www. st.df.gov.br/), em busca de informações pertinentes, e deparou-se com a matéria “HORÁRIO ESPECIAL PARA O CARNAVAL”, como manchete do portal. O texto tem como data de publicação, o dia 16/02/2012, no horário das 16:35 (veja o print da página eletrônica ao lado). Apesar de constatar a falta de novas informações importantes e úteis para os brasilienses que enfrentam diariamente a situação precária do transporte público, a equipe entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do órgão e convidou o Secretário José Walter Vazquez Filho para uma agradável viagem num dos ônibus da frota do DF. Os meios de transporte que a secretaria oferta à população de Brasília não foram capazes de convencê-lo a embarcar. Até a data de fechamento desta edição, a Ascom da Secretaria de Transporte não respondeu ao pedido. Uma pena, já que a viagem seria uma bela oportunidade para que o este notório economista, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialização em Políticas Públicas pelo Banco Mundial e Mestrado em Desenvolvimento Econômico na UnB, ouvisse as mesmas queixas feitas aos jornalistas da revista.

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Gente

Por: Edson Crisóstomo

Maria Helena Prill e Luis Henry Boffy

Antonello Monardo

Messias de Souza e Abdon Henrique Araújo

Maria Luiza Matias e Janete Vaz

Política PIB não, Pibinho! Mesmo com previsões otimistas do governo, que afirma que o Produto Interno Bruto brasileiro vai crescer entre 2,7%, número atingido no ano passado, e 3%, em 2012, os economistas se mostram descrentes e dizem que a realidade pode não ultrapassar o índice mínimoou nem mesmo passar de 2%. Frente a este balde de água fria, uma boa notícia para os bolsos da população foi mais uma queda na SELIC, de mais 0,5%, na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, e foi fixada em 7,5%. Porém, o cenário já não parece mais ser o mesmo e requer cuidado, os economistas alertam que é hora de pisar no freio do consumo. Sinal vermelho aceso, gente!

Turma do Funil Um balanço da Operação Funil, coordenada pela Secretaria de Segurança Pública, aponta que as vias do DF estão ficando mais seguras. Em dezembro de 2011 a maio deste ano, foram registradas ao menos 35 mortes em relação ao mesmo período do ano anterior. Resultado do trabalho conjunto de órgãos de policiamento e fiscalização. Desde que foi criada, há quase seis meses, a operação já foi acionada 26 vezes. Quase nove mil veículos foram abordados, 812 foram recolhidos ao depósito do Detran, 363 carteiras de habilitação foram apreendidas e 313 motoristas foram autuados por dirigirem sob efeito de álcool.


Marco Antonio Lomanto, Patrícia Garrote e Jocelito Soares

Gabriela Porto, Ana Claudia Leão e Nat Pires

Caixa Rápido IPI e IOF reduzidos Logo após o anúncio do Governo sobre a queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis até 31 de agosto e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos financiamentos, os consumidores correram às concessionárias em busca do carro dos sonhos. Para os carros com motores de mil a duas mil cilindradas, o IPI passou de 11% para 6,5%. Os veículos de até mil cilindradas tiveram a alíquota reduzida de 7% para zero; e os utilitários, de 4% para 1%. A expectativa da Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea) é de que as novas medidas reaqueçam o mercado, cujas previsões iniciais para este ano são de vendas de 3,8 milhões de veículos, com produção de 3,49 milhões.

Suzana Leste e o filho Flavio

Geraldo Vasconcelos, o procurador-geral da República Liliane Roriz e SamantaRoberto Sallum Gurgel, e Osmar Alves de Melo

Geleia Geral Floresta Viajante chega a Brasília Em junho, Brasília receberá a obra do alemão Thomas Neumaier intitulada Travelling Forest, um projeto internacional em processo constante que depende da interação do público com os objetos da instalação. O grande atrativo é que qualquer pessoa pode levar um objeto da instalação consigo, mas deve comprometer-se a enviar uma foto (em alta resolução) em que interaja com a peça em locais diversos (meios de transporte, lugares públicos, residências, local de trabalho, etc). A floresta está mudando, qualquer um pode carregá-la por aí. Ela é móvel e portátil.


Cidade

Por: Carla Andrade e Camila Maxi Fotos: Carla Cardoso

Mexeu com uma

mexeu com

todas

Segunda edição da Marcha das Vadias reúne centenas em Brasília

A

s jornalistas da Plano Brasília se encontraram em plena Rodoviária, bem em frente à Pastelaria Viçosa, e rapidamente partiram em direção à concentração da Marcha das Vadias, na Praça Zumbi dos Palmares em frente ao Conic. No breve percurso, devido às roupas ou ao vermelho do batom, comentários não tardaram a ser feitos. “Vai lá, vadia. Vai lá fazer de conta que é santa”, foi um deles. Um pastor evangélico também fez uma participação especial. Ele apareceu justo na hora em que a equipe subia a escada rolante e, logo que avistou as jornalistas, disparou uma ladainha preconceituosa para finalmente afirmar que “a prevaricadora jamais encontrará seu lugar no reino dos céus”. Assim que a equipe atravessou a rua, a universitária Marina Alves se aproximou e pediu para caminhar em conjunto. Ao ser indagada sobre as razões que a levaram a pedir ajuda, ela fez um relato sobre as piadas machistas que ouviu desde que saiu de sua casa. “Acredito na emancipação da mulher e,

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quando penso no que mais me incomoda quando sou vítima desse machismo idiota, a palavra ideal para traduzir o que sinto é repressão. Temos o direito de ser livres. O machismo interfere em tudo. Porque somos julgadas por usarmos uma roupa diferente?”, argumenta. Marina convive com o preconceito contra a mulher dentro casa. “Posso dar como exemplo o caso do meu irmão menor, com 12 anos, que já usufruiu de privilégios que eu nunca tive. Imagina quando ele crescer?“, questiona.

O Movimento

O grupo de mulheres a segurar balões e faixas como forma de pedir igualdade de gêneros, respeito e liberdade de escolha é responsável pela organização dos eventos, além de cuidar da manutenção das páginas nas redes sociais. E são muitas as guerreiras que erguem com força essa bandeira. A engenheira agrônoma Lia Padilha é uma das mentoras da marcha e conta que um dos principais diferenciais deste ano é que, na segunda edição, o even-

to acontece de forma simultânea em 15 cidades brasileiras, além de outras cidades no mundo. O aumento do número de organizadores para a marcha também é motivo de orgulho. “Fizemos a marcha com o apoio de 140 pessoas adoráveis que se identificaram com a causa e resolveram cooperar, cada um com seu talento particular”, elogia Lia. Mulheres educadas é sinônimo de nenhuma ocorrência registrada. Os dados foram divulgados pelos responsáveis pelo efetivo da Polícia Militar responsável pela segurança dos participantes da manifestação. Constava no registro policial que a marcha “estava bastante pacífica, sem nenhuma ocorrência registrada”. Um policial que não quis se identificar disse que a Marcha das Vadias costuma ocorrer sem problemas. “As meninas são organizadas e sabem falar com a gente, sem usar aquele tom arrogante. Elas entendem que precisamos fazer a segurança de todos durante o percurso, até porque ele é feito dentro de vias centrais da cidade. Elas estão de parabéns”, diz.


Na contramão da paz, veio um distinto rapaz com a tentativa de chamar a atenção. Ele gritou frases ofensivas, xingou e até abaixou as calças. Mas logo foi detido e encaminhado para a 5ª Delegacia de Polícia.

Mulheres de luta

A equipe da Plano Brasília conversou com uma moça, descedente de árabes, que trabalha num dos Juizados de Violência Doméstica espalhados pelo DF e prefere não se identificar. “Uso um lenço para esconder meu rosto por questão de segurança. Várias amigas minhas já foram vítimas de ameaças de pessoas que nunca viram, principalmente através das Redes Sociais. E tudo isso pelo simples fato de participarem das manifestações”, explica. Como convive diretamente com casos delicados e que envolvem meninas, a partir dos 8 anos, vítimas de abusos e violência doméstica, tem muitos casos a contar. “A história de uma menina, de oito anos, abusada por um tio e seu avô, ao mesmo tempo. Detalhe é que um não sabia das ações do outro. Ela ficou calada por medo. Medo de contar para a mãe o que acontecia e ser mal interpretada. Medo de se expor, e de ser castigada pela mãe. Esse tipo de violência destrói a autoestima, o lado emocional dessas crianças, e isso é perverso. Com isso, precisamos fazer um trabalho sério de

conscientização de toda a sociedade. Estamos aqui para fazer barulho e lutar pela nossa bandeira”, pondera. A mobilização nasceu em Toronto, no Canadá, em maio de 2011, depois que um policial sugeriu, durante uma palestra sobre prevenção do estupro, que as mulheres evitassem se vestir como vadias para não se tornarem vítimas. A manifestação está sendo realizada simultaneamente em 20 cidades no mundo. No Brasil, há protestos no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em São Paulo. Arthur Machado e Pérola Pereira, mestrandos em Relações Internacionais na UnB, são um belo exemplo quando se fala na equidade dos gêneros. O rapaz fez questão de acompanhar a namorada e contribuir com a causa. Para isso, lançou mão de uma camiseta branca, antes de ajeitar a parte de cima do biquíni da bela e dar um belo laço. “Aprovei o modelito desde o início”, diz a namorada. “Ela sempre participou de movimentos a favor de conquistas pelas quais as mulheres batalham há tempos. Sou contra a violência doméstica, contra os abusos de menores e estupros e me orgulho por ter uma mulher ‘vadia’ como companheira”, relata Arthur. A namorada não contém o sorriso e se apressa a declarar que a criação, o ambiente familiar e a educação que as crian-

ças recebem são peças fundamentais e que devem ser debatidas. “Muitos desses homens que violam os direitos das mulheres e cometem agressões absurdas têm problemas gritantes em sua base. A sociedade e os órgãos responsáveis precisam promover debates constantes sobre o tema, a fim de conclusões imprescindíveis”, argumenta. Pessoas de idades variadas estiveram presentes na luta pela causa em prol da mulher. As amigas Beatriz Moreira e Juliana Moreira, ambas com quinze anos, foram deixadas no ponto de concentração da marcha pela mãe de uma delas, com o objetivo de fazer uma análise do contexto social do movimento, para um trabalho da escola. “Não estamos aqui só por isso. Apesar da pouca idade, somos a favor desta luta que a mulher trava em busca de conquistas fundamentais para o sexo feminino”, apressa-se a dizer Beatriz. “Odeio essas letras com conteúdo machista e que tratam a mulher como se fossem descartáveis, com tom pejorativo”, revela Juliana. E mesmo com pouca idade, essa menina mulher já passou por uma situação difícil com o namorado. “Comentei com ele minhas duas opções para esportes na escola, balé e Jiu Jitsu, e sem me esperar terminar ele disse que era óbvia a minha escolha, já que esportes de luta não foram feitos para as mulheres. Escolhi o Jiu Jitsu e nosso namoro terminou pouco

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tempo depois. Achei o comentário dele extremamente machista e me sinto livre hoje. Por que não podemos fazer ‘coisas de meninos’?”, pergunta. E Daniel Rodrigues não está nem aí para os rótulos e, com a intenção de ser livre, cultiva com naturalidade a alma feminina que carrega dentro de si. Ao ser convidado pela prima, a publicitária Malu Rodrigues, para participar da marcha, ele não pensou duas vezes e usou um batom vermelho nos lábios como forma de afirmar a sua condição. “Sou uma mulher e estou aqui para reafirmar o meu direito de ser quem sou e ter o respeito dos demais. Resolvi usar a minha voz e aumentar o coro que todas essas mulheres maravilhosas cantam durante o trajeto”, declara.

A prima Malu engrossa o coro. “Viemos ajudar a fazer barulho dentro dessa luta contra o machismo. Acredito na equidade e, para conquistá-la, é preciso que a questão seja discutida com seriedade. Chega de ouvir piadinhas ridículas no trabalho por ser mais competente e produtiva. O machismo não tem nada de engraçado, pelo contrário, ele machuca, fere e entrava nossos avanços com a repressão”, diz ela.

A Musa Parlamentar

A vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Érika Kokay (PT-DF), esteve na manifestação e explicou que o principal efeito do protesto é dar visibi-

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lidade à questão, que deve ser discutida nas escolas para evitar que as mulheres vítimas de abuso e violência sofram da chamada “revitimização”. “Queremos direitos iguais. Se ser vadia é ser livre, então somos todas vadias! Essas mulheres maravilhosas estão aqui para gritar um “com licença, vou à luta, pois sou um ser humano e mereço respeito”. Uma sociedade plena só se constitui através do respeito mútuo. É preciso reconhecer que as principais diretrizes de nossa sociedade só podem ser definidas baseadas no conceito da diversidade de suas famílias, casais e sujeitos de direito. Desejo que homens e mulheres tenham os mesmos direitos.” Érika contou que fez questão de participar e apoiar a manifestação “estruturante e de extrema valia para nossas tão sonhadas conquistas. Brasília precisa entender de uma vez que a democracia só será construída quando a mulher conquistar o direito de ser dona de seu corpo”, pondera. Na página do protesto da Marcha das Vadias, questões, como a dignidade das mulheres, a divisão de tarefas domésticas, o direito à amamentação em público, a transexualidade e a homossexualidade feminina foram enfatizadas. “Essa marcha luta pelo fim da violência física, sexual, psicológica e simbólica contra as mulheres”, disse a antropóloga Júlia Zamboni, 29 anos, que participou da organização da marcha desde a primeira edição, no ano passado. O grupo iniciou a caminhada próximo à Rodoviária de Brasília, por volta das 14h30. Os participantes ocuparam as plataformas superior e inferior do terminal de ônibus da cidade, seguiram pelo Eixo Monumental até o acesso à W3 Norte, uma das principais vias de acesso ao Plano Piloto, indo à W3 Sul, zona central de Brasília e por

fim ao Museu Nacional, onde aconteceu um topless coletivo ao som da batucada feminista. O trânsito foi brevemente prejudicado pela ocupação das ruas ao longo do trajeto.

Mapa da Violência 2012 Instituto Sangari (abril de 2012)

Recente pesquisa, realizada pelo Instituto Sangari, resultou no chamado Mapa da Violência 2012. No viés “violência doméstica - mulheres assassinadas“, o percentual de mulheres agredidas em sua própria casa, geralmente, pelos maridos, namorados ou companheiros, chega a 69%. Um vexame para o Brasil, assim como a conquista do sétimo maior índice de homicídios entre as mulheres, em estudo realizado entre 84 países. De acordo com a pesquisa, a taxa de homicídio no Brasil ficou em torno de 4,4 vítimas para cada 100 mil mulheres. A atenção à mulher é algo que deve ser encarado como um direito fundamental. Não é concebível a ideia de ainda, num estágio de desenvolvimento em que nos encontramos, falar em desigualdade da mulher. Serviço Denúncias de casos de violência podem ser feitas pelo número 180, na Central de Atendimento à Mulher. A ligação é gratuita e quem faz a denúncia não precisa se identificar. O serviço também está disponível para as mulheres que queiram ter orientações sobre o enfrentamento à violência.


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Mercado de trabalho

Por: Cristiane Ferreira l Ilustração: Zelito Rodrigues

Home office

É crescente o número de empresas que procuram profissionais gabaritados para fazer parte de um time muito peculiar: o dos funcionários que trabalham em casa

a nova tendência entre as empresas

O

chamado home office, ou escritório em casa, em tradução livre, é uma forma de manter o funcionário trabalhando e produzindo, mas sem que ele tenha que ir até a empresa para isso. Segundo uma pesquisa feita pela recrutadora HAYS, cerca de 31,2 % das empresas têm procurado contratar bons funcionários que atendam ao perfil. Os principais motivos dados pelas empresas para justificar a busca por este tipo de profissional são a retenção de revelações de mercado, a opção de proporcionar maior qualidade de vida e trabalho, busca pelo aumento da produtividade e redução de custos. Outro fator bastante citado é a diminuição do estresse, já que os funcionários não precisam sofrer, por exemplo, com o trânsito para chegar até o escritório. Mesmo com a modernização no re­ cru­ tamento de colaboradores, as empresas ainda se preocupam em se resguardar, já que o exercício da função em domicílio é previsto na Consolidação das Leis do Trabalho e, recentemente, a presidenta Dilma Rousseff sancionou uma lei que retira a distinção feita entre o trabalho in loco e o realizado em casa. Segundo o advogado Eduardo Máximo Patrício, o cuidado que tanto empresas quanto funcionários devem ter é o controle do horário de trabalho e contagem de horas extras. “Normalmen­te, as

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empresas fazem um contrato de trabalho para definir regras em relação a metas e horários, mas a questão das horas extras é sempre um ponto mais difícil para monitorar. Usar o login no sistema é apenas uma ferramenta para o controle, mas não garante que o funcionário não estava trabalhando quando não está conectado à rede. O fato é: precisa haver confiança de ambas as partes para que não haja má-fé neste controle”,

afirma. Ainda de acordo com Máximo, não deve haver nenhuma forma de diferenciação no tratamento dado ao funcionário que trabalha em casa, ou seja, ele deve possuir os mesmos direitos, como assistência médica e respeito a todas as normas coletivas e deveres, como o cumprimento de tarefas e obediência aos ho-


CIA.

rários preestabelecidos e atendimento de metas, da mesma forma daquele colaborador que está dentro da empresa. A tendência do home office surgiu na Europa e nos Estados Unidos, onde a prática já está consolidada. No Brasil, a vertente ainda não compete com a forma convencional de trabalho, mas já tem abertura no mercado, principalmente em empresas de tecnologia, marketing, vendas e atendimento ao consumidor. De acordo com Bruno Goytisolo Pires, sócio diretor da Véli, consultoria especializada em seleção de profissionais, as empresas que procuram por colaboradores que trabalhem em casa costumam impor certas condições, como a presença do funcionário em reuniões e encontros externos. Já a respeito da remuneração, ele afirma não haver discrepâncias, pois o desempenho e o cumprimento das ordens é o que é levado

em consideração. “Geralmente a remuneração varia de acordo com os resultados gerados e com a produtividade. Os modelos de remuneração variam bastante, e não é possível afirmar que são maiores ou menores que os padrões de mercado de quem trabalha in loco”, completa. Do ponto de vista de quem trabalha em casa, a escolha é um desafio, pois separar as obrigações dos afazeres do dia a dia requer jogo de cintura e muito profissionalismo. “Para fazer este tipo de trabalho, a pessoa precisa ser muito centrada, ter foco e disciplina. Cada horário é um horário, o trabalho não tem nada a ver com a casa e vice-versa, senão tudo é perdido e os prazos não serão cumpridos, assim, a qualidade de vida piora, pois aí já não existirá mais controle de horário,” diz o gerente de projetos Eduardo Negri, que tem o home office como fonte de renda secundária. No mundo moderno, tudo é altamente mutável, e o mercado de trabalho não seria diferente, são muitas faces, diferentes tendências, diferentes níveis profissionais e tudo isso requer preparo e atenção. Quem estiver interessado em galgar cada vez mais degraus tem que estar preparado para os desafios. O home office é uma facilidade tanto para as empresas quanto para os funcionários, mas sem preparo ou capacidade de adaptação, nenhum dos dois pode sair ganhando. Serviço Veli Soluções em RH (61) 3251-0101

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Tecnologia

Da: Redação | Fotos: DIvulgação

O que a

Internet esconde de

você?

Buscadores e redes sociais determinam o que é relevante para o usuário

V

ocê sabia que a Internet tem o poder de manipular o resultado das buscas? O Facebook determina quem será seu amigo, sugere pessoas que você possa conhecer, mesmo que seja de vista, ou que apenas tenham se cumprimentado na noite anterior. Em seu feed de notícias, o Facebook determina o que é do seu interesse e mostra as postagens dos usuários que mais interagem com você. É possível anular essa edição automática, basta clicar no link “Mais recentes” e o Facebook mostrará, em ordem cronológica, todas as mensagens de todos os seus contatos. O que acarreta em poluição da sua timeline, dependendo de quantos contatos você tem e a frequência que eles atualizam suas postagens. A rede social decide também quem fica e quem é excluído dos seus amigos. O processo é automático, aqueles com quem você não possui contato são eliminados do seu círculo de contatos. A principal empresa de buscas online, o Google, também manipula seus resultados de pesquisa. O site possui critérios, como o histórico das páginas que o usuário visitou e o navegador que é utilizado. Num total, o buscador aplica cerca de 100 variáveis, mantidas sob sigilo, para determinar os resultados buscados.

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Numa experiência feita pela Universidade de Londres, os cientistas criaram 3 personagens fictícios, que foram batizados de Immanuel Kant, Friedrich Nietzsche e Michel Foucault – 3 dos maiores filósofos de todos os tempos. Cada personagem usava o Google para fazer pesquisas sobre os próprios livros. A intenção era induzir o site a traçar um perfil psicológico de cada um deles. Deu certo. Depois de alguns dias, o Google começou a gerar resultados completamente diferentes para as mesmas buscas. E isso acontece com todo mundo, todos os dias. Estima-se que o Google e os demais buscadores só consigam acessar 0,2% de toda a informação realmente contida na rede. A cada site que você pode visitar, existem pelo menos 400 outros que não consegue acessar, são invisíveis. As informações estão distribuídas na Internet de maneira caótica, e encontrá-las é como descobrir uma agulha no palheiro. Se o Google conseguisse desbravar a web profunda, ter acesso a todos os sítios e informações, a vida ficaria bem diferente. Seria o fim dos sites especializados em buscas. E as pesquisas teriam seus resultados mais simples, direcionadas e objetivas.


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Cotidiano

Por: Camila Maxi | Fotos: Divulgação

Everton em uma sessão de fisioterapia

Força, esperança e

rock’n roll

“Tente, levante sua mão sedenta e recomece a andar, não pense que a cabeça aguenta se você parar. Nada acabou”

“N

ão vou negar que há momentos difíceis, mas é lutando e vencendo um dia de cada vez, com o apoio, a força dos amigos e vontade de me recuperar e, quem sabe um dia, até voltar a andar, que sigo o meu caminho”, esse é o pensamento de Everton Freitas sobre sua vida. Há cinco anos, durante um passeio de férias, no estado de Goiás, o rapaz fraturou a quinta vértebra C5 ao dar um mergulho. Sua cabeça atingiu o fundo de uma represa, no estado de Goiás, e o impacto lhe resultou em tetraplegia. Para ajudar Everton, os amigos se uniram. E começaram a promover shows e eventos para arrecadar fundos e dar continuidade ao tratamento do amigo.

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A iniciativa foi do músico Bruno Siqueira, que está sempre em busca de bandas que estejam dispostas a se apresentar sem cobrar cachê, e também de casas de shows que abram mão de sua porcentagem, para reverter a renda diretamente ao projeto, denominado de Everton Keep Walking. “No começo, foi difícil, poucas casas possuem a disposição de abrir mão da renda de uma noite em benefício de um projeto que quase ninguém ouviu falar. Hoje é diferente, o pessoal nos procura avisando as datas disponíveis para shows”, comenta Everton. Antes das realizações dos shows, os amigos se uniram e montaram um blog, em que contam a história


de Everton, como aconteceu o acidente, dão notícias sobre o tratamento e os eventos realizados, e também informações de como ajudá-lo. “Começamos com o blog, que foi ideia da Sanae Watanabe, para arrecadarmos o dinheiro necessário para iniciar o tratamento, que a princípio seria em São Paulo. Ainda não existia a franquia do Project Walk em Brasília”, diz. O projeto é mais atuante na área musical, com shows que carregam o nome de Rock ForEverton, mas já foram realizados eventos gastronômicos e vendas de camisetas. Diretamente estão ligadas ao Everton Keep Walking 56 pessoas. E ele afirma “A galera do rock é muito unida, sempre tem alguém que conhece outro alguém. Hoje as bandas nos procuram a fim de participarem do projeto ou ajudar de alguma forma. Estamos realizando a décima edição do evento”. Com o acidente, a mudança radical na vida de Everton foi evidente. “Sempre fui bastante ativo e independente. Saí cedo da casa dos meus pais. Trabalhei no comércio. Gosto de ver gente, da correria. Hoje estou desempregado, então tenho como minha principal ocupação a fisioterapia, e me dedico também a buscar bandas e casas que abram suas portas para ajudar o projeto a conseguir o dinheiro da fisioterapia, que tem um custo alto”, conta. O tratamento de Everton é realizado através do método Dardzinski, desenvolvido por Ted e Tammy Dardzinki, há cerca de 10 anos, no Project Walk – EUA, é usado exclusivamente para recuperação da lesão medular. Visa aumentar a força muscular, dar amplitude e coordenação aos movimentos, não importando a altura da lesão, se foi completa ou incompleta, o que foi perdido de funcionalidade, nem quanto tempo pós-lesão. Todos os tipos de lesão medular são abrangidos pelo método, que utiliza exercícios físicos intensos com o objetivo de promover a reorganização do sistema nervoso. Reativa-se o sistema nervoso com o objetivo de torná-lo mais funcional, auxiliando o sistema nervoso lesionado a recuperar funções perdidas. É baseado em exercícios intensos mesclados entre aeróbicos e

Árduo treino para estimulação dos músculos anaeróbicos, posicionamentos e orientações, facilitando a ativação e reconexão das funções/atividades dos músculos afetados pela lesão. O método Dardzinski é dividido em cinco etapas: reativação, desenvolvimento e estabilização, força: contrações musculares excêntricas / concêntricas, função e coordenação e treino de marcha. Como exemplo de força e superação, Everton conclui: “Não desistam, existe recuperação, mas ela tem que começar na sua cabeça. Acredite, lute, vá atrás dos seus sonhos”.

Serviço Quem quiser contribuir com o projeto, pode doar qualquer quantia na conta: Caixa Econômica Federal Agência: 2399 Conta: 737767-1 Operação: 013

CPF do proprietário: 64620743100 Everton: 9204-8670 evertonkeepwalking.blogspot.com.br

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Planos e Negócios Ecocartoon Depois de uma seleção difícil, que escolheu 100 dos mais de 700 desenhos enviados por cartunistas de 63 países, o público poderá, enfim, conhecer os trabalhos que participarão da exposição do 5º Ecocartoon – Salão Internacional Pátio Brasil de Humor sobre Meio Ambiente. O evento começa no dia 1º e fica até dia 15 de junho na Praça Central do Pátio Brasil. Com o tema O futuro da água, a mostra tem entrada franca e ficará aberta ao público de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos e feriados, de 14h às 20h. Os três melhores trabalhos também serão conhecidos na exposição e ganharão prêmios em dinheiro: R$ 4 mil para o primeiro, R$ 2 mil para o segundo e 1,5 mil para o terceiro. O ganhador do voto popular, escolhido pelos visitantes da mostra na Praça Central do shopping, será contemplado com R$ 750,00.

Hair Brasília and Beauty O Hair Brasília and Beauty 2012, que ocorre entre os dias 1 e 3 de julho, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, está repleto de atrações irresistíveis. Uma delas é o SPA Vivo, da marca Spa&Cia. Em uma área de 200m², o visitante terá acesso a vários espaços de relaxamento. O ambiente é um projeto da arquiteta Julieta Rodrigues. Nele, o público encontrará salas de massagem, suítes com banheiras e ofurôs, salão de beleza e SPA Capilar, sala de relaxamento, loja com produtos de beleza e vários outros atrativos. Segundo Erika Lobo, coordenadora geral do Hair Brasília and Beauty, a ideia é reunir conceitos de bem-estar e qualidade de vida, oferecendo vários tipos de serviços. Em sua terceira edição, o Hair Brasília & Beauty tem como público-alvo profissionais da beleza, que também recebe leigos, curiosos e todos que curtem as tendências da área. Para participar, é necessário se inscrever pelo site www.hairbrasilia.com.br.

Serviço 5º Ecocartoon – Salão Internacional Pátio Brasil de Humor sobre Meio Ambiente Data: De 1º a 15 de junho de 2012 Horário: Segunda a sábado, de 10h às 22h. Domingos e feriados, de 14h às 20h Local: Praça Central do Pátio Brasil Entrada franca Site: www.ecocartoon.com.br Informações: (61) 4003 7780

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Serviço Hair Brasília and Beauty 2012 Data: 1, 2 e 3 de julho Horário: 12h às 21h Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães Entrada: Franca, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível (exceto sal)


Sindiatacadista/DF A cada ano, o Sindicato do Comércio Atacadista do Distrito Federal (Sindiatacadista/DF) organiza uma programação de qualidade e em consonância com os objetivos do público que participa do Encontro Brasiliense de Vendas – Brasvendas. Como o tema deste ano é “Brasvendas sem limites – para vendedores de alta performance”, o time de palestrantes não poderia ser melhor. Um dos convidados é o especialista em Vendas para Mercados Competitivos César Frazão. O palestrante é formado em Administração de RH e possui formação de Instrutores de Treinamento pela Universidade de São Paulo (USP). Hoje, é um dos palestrantes mais requisitados do País quando o assunto é vendas e consultor de corporações dos mais diversos segmentos empresariais.

Anna Pegova

Considerada o cartão de visitas mais apreciado, a pele do rosto é a preferida no mundo da estética. A procura por uma fisionomia agradável está cada vez maior. Mulheres e homens não só pretendem eliminar os aspectos desagradáveis, como destacar-se na lista dos esteticamente saudáveis. Por se tratar de uma pele sensível, está propensa a riscos externos, tais como: linhas de expressão, manchas e rugas. Nos tempos de calor, a tendência é que o rosto fique mais oleoso. Por isso, a marca francesa Anna Pegova aposta no tratamento de peeling Dermasoft. O peeling é um método terapêutico moderno, avançado e não agressivo, que contribui na renovação e no aumento da resistência da derme. Sendo responsável por uma pele mais lisa, clara e uniforme, contribuindo no crescimento mais rápido das células.

Além das palestras e shows motivacionais, os participantes também podem visitar estandes que oferecem novos produtos e oportunidades destinados aos vendedores do atacado.

Serviço Encontro Brasiliense de Vendas - Brasvendas 16 de junho, sábado, das 8h às 17h Auditório do Colégio Militar de Brasília (CMB) Informações: (61) 3561-6064/65

Serviço Anna Pegova - Asa Sul SCLS 307 Bloco C Loja 15 Tel: (61) 3443-1182 Anna Pegova – Asa Norte SCLN 313 Bl. C loja 4 Tel.: (61) 3273-3557

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Automóvel

Da Redação | Fotos: Divulgação

Volvo V60 2012

Modelo é a versão Station Wagon baseada no sedã S60 Até a metade de 2012, a Volvo Car terá mais um produto no mercado brasileiro. O V60 competirá em um segmento que possui poucos representantes no Brasil, o das peruas médias e, por ser um Volvo, no ramo premium, é ainda mais escasso. É uma área cujos principais atrativos são o tamanho do porta-malas e a versatilidade do interior, afinal trata-se de um veículo voltado principalmente para famílias. Derivado do sedã S60, a perua V60 leva 430 litros de volume de bagagem no porta-malas e o banco traseiro pode ser rebatido de diversas formas para carregar diferentes objetos. Outro ponto são os equipamentos de segurança, que vão além

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dos triviais airbags e freios ABS, como é de praxe nos carros da Volvo. Não só esses recursos, o V60 também traz os sistemas BLIS, que avisa sobre a presença de obstáculos em pontos cegos da carroceria, e o City Safety, equipamento capaz de realizar frenagens de emergência com o carro a até 35 km/h, evitando (ou diminuindo os danos) uma colisão típica de trânsito pesado. A divisão nacional da fabricante sueca, porém, ainda não confirmou quais versões do carro serão oferecidas ao público brasileiro. Todavia, por ser uma derivação do S60, a perua pode chegar com as mesmas especificações mecânicas do sedã: T4, T5 e T6 AWD. Os preços, por enquanto, também são mantidos em sigilo.

O chassis perfeito O V60 é uma perua dinâmica. Possui duas definições de chassis, a sua marcha pode ser adaptada às necessidades do condutor, gerando mais conforto e esportividade.

Segurança O City Safety é um equipamento que monitora o tráfego à frente e usa travas para ajudar a evitar colisão. A tecnologia de detecção alerta sobre a presença de obstáculos que atravessem o caminho.

O prazer da potência Independentemente do motor, a perua V60 foi construída para oferecer máxima performance. Possui opções de motores a diesel e a gasolina.


Autonomia do tanque de combustível Graças a pequenas e inovadoras mudanças, a V60 alcança eficiência no nível de combustível, percorrendo até 1.500 Km com um tanque.

Design em todos os ângulos A excelente aparência desportiva da V60 foi pensada para ser o centro das atenções – seja qual for o ângulo de observação.

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Vida moderna

Por: Thiago de Mello | Fotos: Fábio Pinheiro

Internet gratuita em paradas de ônibus 46

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O Açougue Cultural T-Bone, em parceria com a Fundação Banco do Brasil e a Petrobrás, instalou computadores e wi-fi em três pontos de ônibus da Asa Norte

N

o dia 15 de maio, terça-feira, o Açougue Cultural T-Bone inaugurou o projeto Estação Cultural. A nova ação do Açougue prevê livros disponíveis para empréstimos, organizados em uma estante com iluminação interna; um computador com tela touch screen funcionando 24h; e wi-fi com capacidade de 10 megas no raio de um quilômetro. O projeto Estação Cultural está disponível em três pontos de ônibus da Asa Norte (da 712/713 norte, 512/513 norte e no ponto do Setor Bancário Sul, localizado na 201 norte) e contou com a parceria da Fundação Banco do Brasil e a Petrobrás, e com apoio do Governo do Distrito Federal nas obras. Todos os serviços são gratuitos. Após cinco anos da inauguração das minibibliotecas nas paradas, o T-Bone oferece mais um serviço para a população. Para Luiz Amorim, fundador do T-Bone, esse novo serviço é: “mais passo para a democratização da informação”. Além das bibliotecas, o Açougue Cultural realiza frequentemente eventos culturais para a população brasiliense. E, segundo Luiz, o livre acesso à Internet era o passo que faltava para o T-Bone ajudar nessa democratização da informação: “disponibilizar Internet de graça para qualquer pessoa era o que faltava para o Açougue Cultural. Apesar de o número de usuários da web crescer a cada dia, a ferramenta ainda não chegou à casa de todos”, afirma. De acordo com Luiz, o momento é de observar a resposta da comunidade para avaliar a instalação dos computadores em outros pontos. “Isso é um ato de cidadania. A ideia é ajudar aqueles que andam de ônibus. Vamos observar, ver se a resposta está sendo positiva para ver se iremos colocar os computadores e wi-fi em outras paradas”, afirma Luiz. Uma das questões de observação é quanto ao vandalismo, tal como foi na época de lançamento das minibibliotecas. As estantes de leitura começaram em 2007, em apenas algumas paradas. Na época do lançamento, havia certo receio na população que achava que elas seriam alvos constantes de roubos e vandalismo. Porém, felizmente, o projeto vingou. Atualmente, 40 pontos de ônibus possuem as estantes. No total, a biblioteca do Açougue Cultural espalhada pela cidade conta com um acervo de mais de 40 mil livros, todos doados pela comunidade. O fundador do T-Bone afirma que o vandalismo é, de fato, uma preocupação. Mas não acredita que terá

muitos problemas com isso. “A empresa que instalou os computadores fez um trabalho maravilhoso. Está tudo bem seguro e reforçado. Tudo feito com a maior segurança. Claro que a gente pensa no vandalismo. Mas não acho que terá problema”. Ao todo foram gastos cerca de R$ 120 mil nas três paradas. Além do fácil e gratuito acesso à Internet entre um ônibus e outro, Luiz completa que mais do que um serviço à comunidade, os novos computadores e Internet wi-fi serão uma atração turística, “já pensando na Copa do Mundo”. Mais do que um açougue, T-Bone oferece acesso à informação. Graças a Luiz, aos poucos, pegar um ônibus deixa de ser um trabalho tão árduo.

Para Luiz Amorim: “disponibilizar Internet de graça para qualquer pessoa era o que faltava para o Açougue Cultural”

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Esporte

Da Redação | Fotos: Divulgação

l a c i d a r ia

l í s a Br

A capital federal se consolida a cada dia como um dos lugares mais apropriados para a prática dos esportes radicais

O

ar puro, os grandes espaços e a variedade de trilhas e cachoeiras dão aos adeptos das aventuras esportivas razão de sobra para vir a Brasília. Tanto na terra quando na água ou no ar, o cardápio de atrações da cidade é enorme. Os esportes aquáticos também têm espaço assegurado em Brasília, o Lago Paranoá, onde são realizadas regatas e competições náuticas, concentra a maior variedade de opções, como a canoagem, jet ski, wind surf, esqui aquático e outras modalidades. Os esportes radicais trabalham a baixa autoestima, o poder de decisão, o autocontrole, a superação de limite, estimula o trabalho em equipe, melhora o condicionamento físico e proporciona contato intenso com a natureza. Trilhas ecológicas não faltam em Brasília e seus arredores. O próprio traçado do Plano Piloto é um convite às caminhadas, já que todas as super quadras são arborizadas e apresentam o colorido característico

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do Centro Oeste. Para os percursos fora da cidade, são muitas as alternativas. Os parques da Cidade e da Água Mineral, por concentrarem ambientes inteiramente acolhedores, são os preferidos daqueles que gostam de percursos a pé. Motoqueiros e jipeiros têm terreno de sobra para sua diversão: veredas e sinuosos caminhos entre riachos e cachoeiras garantem a satisfação em suas aventuras. Perto da cidade satélite de Sobradinho, o Caminho do Delírio, na pedreira da Fercal, é o ponto garantido para as manobras mais radicais em motos, jipes e bicicletas. Outras alternativas são o Buraco das Andorinhas, o Jardim Botânico e a Trilha do Lenhador, no Varjão, no Lago Norte. O advogado Marcello Freitas explica a sensação que tem ao praticar seu esporte preferido: “Brasília é uma cidade linda. Estar nela e fazer o que se gosta é maravilhoso. Sou praticante assíduo de trilhas e me sinto completamente livre a


partir do momento em que começo a explorar esse outro lado da cidade. É uma sensação ótima de estar em contato com a natureza”. A 110 quilômetros do centro do poder, o Vale do Paranã é de onde decolam asas delta para voos panorâmicos sobre o verde do Planalto Central. A topografia variada, com predominância do Cerrado, e os ventos constantes fazem da região o lugar ideal para a prática do voo livre. Por reunir tais condições, a capital do Brasil foi o cenário eleito para realizar, no último mês de agosto, o 14º campeonato mundial da modalidade, que reuniu participantes do mundo inteiro. Ao fim da viagem pelo céu sempre azul de Brasília, os participantes puderam sentir a emoção de pousar no gramado do Eixo Monumental, em frente à Catedral. Já nas cachoeiras do Distrito Federal, como a Gruta Azul, Buraco das Andorinhas e a Cascata do Tororó, concentram-se os praticantes do rapel, os montanhistas e os trilheiros, que buscam na beleza da natureza o outro lado da capital. “Pratico canoagem há pouco tempo, mas estou adorando. Aprendi com meu namorado. A visão que se tem de Brasília quando está no meio do Lago Paranoá é inacreditável. Passei a apreciar a paisagem bem mais”, comenta a socióloga Amanda Ribeiro.

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Personagem

Por: Thiago de Mello | Fotos: Divulgação

Thiago Belotti na contramão do

cinema nacional

O sonho de infância do diretor tomou forma e fez jorrar sangue dos “zumbis” pelos corredores do Congresso Nacional

T

udo começou com o famoso clipe Thriller, de Michael Jackson, o rei do Pop. Corpos putrefatos brotavam da terra, à noite, de um sombrio cemitério coberto por densa camada de névoa. Surgiam criaturas com roupas puídas, expressões maléficas, com partes de seus membros penduradas, doidas para alcançar a garota indefesa, que gritava e corria. De passos lentos, arrastados, os zumbis cercavam a casa onde se escondeu a futura vítima, desesperada, enquanto os monstros gemiam em protesto. Foi isso que chamou a atenção de Tiago Belotti, ainda menino, quando o clipe foi exibido no Brasil. O terror sobrenatural... As histórias de zumbis são muito antigas, vindas de lendas do vodu afro-caribenho em que uma pessoa morta poderia ser trazida de volta à vida por um feiticeiro. Os zumbis atuais, no entanto, são contaminados através de mordidas, principalmente. O pai do gênero é o cineasta americano George A. Romero, que escreveu e dirigiu o clássico independente A Noite dos Mortos Vivos, de 1968, que influenciou o arquétipo moderno de zumbis na cultura popular. Os zumbis, desde então, têm espaço nas produções cinematográficas. E ainda há os livros, os videogames e as peças de teatro que exploram esse tema. O mundo sempre consome histórias de zumbis, sejam elas mais ou menos

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trash. O Brasil, inclusive, é um dos países que mais acompanha esse tipo de universo. Mas e as produções nacionais? “Eu gosto de fazer tudo que o cinema brasileiro não investe”. Tiago Belotti é filho de pai diplomata, ou seja, “mudava de três em três anos”, explica. Apesar de ter nascido em São Paulo, Tiago, hoje com 32 anos, viveu mais tempo em Brasília do que em qualquer outra cidade, estando aqui desde o ano 2000. Antes de começar a trabalhar com cinema, rodou por vários cursos – “estudei de tudo. Já fiz letras, direito, turismo, inglês e comunicação” –, até começar a estudar artes cênicas na Faculdade Dulcina de Morais. Aproximou-se mais da arte, embora não tenha gostado tanto do teatro, já que “ele não imita a realidade. A falta de elementos técnicos me incomodava”, explica. Anos depois, se formou em produção em audiovisual, pela Unicesp. O sobrenatural é a temática predominante no estilo do cineasta, que começou escrevendo, dirigindo e atuando em curtas metragens, disponíveis no Youtube. Kaíra, por exemplo, uma das produções favoritas de Tiago, foi eleito o melhor curta amador na 2° Mostra Espantomania de Curtas de Horror/Fantástico do Grajaú, em 2001. A Festa, outro curta, mostra o casal Renata e Marcelo discutindo, enquanto se preparam para ir a uma festa. Sem

apelo sobrenatural, A Festa foi rodado todo em plano-sequência (uma filmagem de uma cena inteira, sem cortes), o estilo favorito de Tiago. Recebeu o prêmio de melhor roteiro no Festival IESB de Cinema Universitário de 2009. A Festa é um bom exemplo de como Tiago gosta de fazer cinema: cenas longas, com tempo de planejamento para poder trabalhar bem os atores, e com diálogos afiados. Mas nem sempre isso é possível no cinema independente. Tiago possui uma empresa em São Paulo, que é com o que se mantém financeiramente – “Coisa bem burocrática, mas que dá dinheiro, ajuda nas contas” – além de dar aulas de inglês, “quando empolgo”, afirma. “Mas cinema é minha única atividade fixa. Mas não dá dinheiro. Acaba virando um passatempo de luxo”, lamenta. O roteiro do A Capital dos Mortos começou em 2004 ou 2005, diz Tiago, sem lembrar o ano exato. Era um média-metragem focado em Brasília, chamado Brasília dos Mortos – “foi a aquela coisa que você escreve pensando, ‘quem sabe um dia? ’”. O roteiro final foi a soma da paixão por zumbis e pela arquitetura da cidade: “acho que Brasília tem uma fotografia muito boa pra cinema”, elogia Tiago, acrescentando: “Acho que tudo


que é muito clássico em Brasília, combinaria com um monte de zumbis atrás”. Mesmo com o desejo de ver Brasília dominada pelos mortos-vivos, Tiago só começou a desenvolver quando encontrou o “parceiro no crime”, como diz, Rodrigo Luiz Martins. Outro entusiasta na ideia de fazer um filme de zumbis, Rodrigo foi, segundo Tiago, a outra metade do filme. “Ele produziu o longa e estava lá em quase todo o processo do filme. Me ajudava com posicionamento de câmera, luz, continuidade, maquiagem dos zumbis. E, quando as filmagens terminavam, éramos nós dois para guardar tudo. Foi um processo exaustivo, e sou muito grato a ele pela ajuda”. O processo realmente foi cansativo – “A vontade de lagar tudo era constante”. A Capital dos Mortos foi gravado em dois anos e meio. Além do longo tempo de trabalho, há o custo, que foi, talvez, a maior das dificuldades na hora da gravação. Sem apoio algum, Tiago calcula que gastou do próprio bolso cerca de R$ 30 mil reais. “Inicialmente calculei que tinha 3 mil reais para fazer, mas perdi a conta pois foram quase três anos envolvido com o projeto. Calculando nesse período de tempo coisas, como gasolina, fitas para a câmera, mais de 60, ingredientes para fazer sangue cenográfico, lanche para os atores, objetos de cena, como armas de plástico e manequins, usados, nas cenas gore, cartazes do filme, mil cópias do DVD, etc”. Mas a parceria com Rodrigo pareceu ter sido fundamental para a conclusão do filme. Logo no começo da parceria, eles haviam decidido que: “a gente vai ter um filme de zumbi. Nem que seja muito trash”. O roteiro da sequência, A Capital dos Mortos 2, está pronto e é muito mais ambicioso. Exatamente por isso, não há qualquer previsão de rodar o filme. A ideia do diretor é fazer um filme maior, com mais investimento. Mas a já conhecida falta de apoio continua atrapalhando: “A gente sempre tenta edital. Mas o tipo de cinema que eu gosto de fazer não faz muito sucesso com editais, já que são filmes de gênero como o terror, com sangue, violência etc. No cinema independente nacional não é muito valoriza-

do, como o filme de zumbi”, lamenta o diretor. O que é uma pena, pois o roteiro teria uma premissa bastante interessante. “A ideia do filme é o Jair Bolsonaro como presidente, o que é uma coisa extremamente assustadora, na minha opinião”, explica.

“Desde o Thriller do Michael Jackson, fantasio com zumbis brasileiros” Apesar da falta de apoio, não faltam planos para mais filmes. Além da continuação, há o A Vingança do Caboclo, um slasher (filme de assassino serial) e a continuação de Kaíra – “que é um filme de monstro, esse sim é bem ambicioso, e custaria muito dinheiro”. Anos depois e com milhares de reais a menos, A Capital dos Mortos ficou pronto. Aquele sonho de infância tomou forma e zumbis invadiram Brasília, arrastaram-se pelo Congresso Nacional. Durante e ao final desse longo trabalho, Tiago pensou que colheria frutos, em vão. O diretor notou, mais uma vez, a dificuldade de fazer um filme do gênero no País. E acabou por admitir que foi ingênuo. “A gente teve a inocência de achar que se a gente conseguir fazer um longa de zumbis sem dinheiro, fazer o DVD, vender, colocar em festival, as pessoas vão ver e pensar: ‘cara, eles fizeram isso sem dinheiro? Então vamos dar dinheiro para eles fazerem outro e melhor’. Mas não. Na prática isso não se aplica”. Lançado em 2008, A Capital dos Mortos vendeu apenas cerca de 60 DVDs. O baixo número de vendas tem uma explicação: pirataria. Mesmo se tratando de um filme independente, amador, a produção caiu no mercado de DVDs falsificados, tendo chegado

até a Bahia, por exemplo. O próprio Tiago comprou uma cópia pirata de seu filme, na Feira dos Importados. E esse fato acaba trazendo um sentimento meio paradoxal para ele. Acaba sendo uma mistura de amor e ódio. Já me falaram: ‘olha, achei seu filme numa feira de pirataria na Bahia’. Aí você pensa: ‘isso é legal. Um filme feito aqui ter sido espalhado pelo mercado pirata, é legal’. Mas, por outro lado, as pessoas podiam falar: ‘já que é um filme nacional, sem recurso, poderiam pelo menos apoiar um pouco mais e comprar o original’”, desabafa o diretor. A Capital dos Mortos conta a história de um grupo de jovens que é fanático por histórias de zumbis. Essa é uma nova abordagem dada por Tiago, já que, geralmente, os protagonistas não sabem com o que estão lidando. É uma visão nova que torna o filme mais interessante. Porém, pouca gente sabe disso. E sabe menos ainda sobre a existência desse filme. Na pirataria, quem procura o longa metragem já está familiarizado com o universo dos mortos-vivos. Mas e quem não conhece, como fazê-los conhecer? Não havia muito dinheiro destinado à publicidade. A publicidade viria com o Festival de Cinema de Brasília. Porém, a projeção do filme recebeu como resposta a seguinte frase do coordenador: “Esse filme eu não passo nem no metrô”. Tiago não esconde a decepção. “O Festival de Brasília não quis mostrar o filme. Isso é um absurdo. É um filme brasiliense. Eu não nasci em Brasília, mas eu sou mais brasiliense do que paulista. Só não nasci aqui. Se passa em Brasília, toda a produção é brasiliense. Banda de Brasília, atores de Brasília, produtor de Brasília, sobre Brasília, e o festival de Brasília não quis exibir. O preconceito chega a esse ponto. É um festival muito elitista. A gente realmente imaginou que haveria interesse. Mas foi o completo oposto disso. Foi bem decepcionante”. Tiago classifica a produção do filme como “um espírito bem Ed Wood de fazer cinema”. Pra quem sabe quem é Ed Wood, isso já é o suficiente para correr atrás da sua cópia. E original, de preferência.

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Saúde

Por: Redação | Ilustração: Alan de Carvalho

Academias de

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no

DF


Espaços para a prática de atividade física, orientação nutricional e demais atividades promovem modos de vida saudável

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Governo do Distrito Federal e o Ministério da Saúde anunciaram a construção de cinco Academias da Saúde no DF. As unidades custarão ao todo R$ 900 mil e serão instaladas em Sobradinho, Planaltina, Recanto das Emas, Santa Maria e Ceilândia. A iniciativa, parte do Programa Academia da Saúde, lançado em abril de 2011 pelo governo federal, visa estimular a criação de espaços adequados para a prática de atividade física, orientação nutricional e demais atividades que promovam modos de vida saudáveis. De acordo com o secretário de Saúde do DF, Rafael Barbosa, o programa é um importante aliado na melhoria da qualidade de vida da população. “O fortalecimento das ações de Atenção Básica, com o aumento da cobertura do Programa Saúde da Família em todas as cidades, reflete o compromisso governamental de recuperar a saúde do DF”, completou. O programa contempla também a prevenção e redução de mortes prematuras por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), sedentarismo e obesidade. Segundo o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, é importante que a população tenha espaços públicos para cuidar do corpo “Estamos organizando um movimento nacional para a produção de saúde, nossa população está envelhecendo, mas é necessário envelhecer com saúde, e as academias da saúde serão uma ferramenta muito importante para que a população viva melhor”, disse o secretário. A intenção do Ministério da Saúde é instalar, até 2015, 4 mil academias da saúde no Brasil. A respeito deste fato, o secretário

de Vigilância à Saúde, Jarbas Barbosa, observou que o tema da Organização Mundial de Saúde para 2012 é “envelhecer com saúde”. “A população precisa aproveitar os anos de vida com saúde”, disse Jarbas, acrescentando que, nessas academias, o usuário contará com a orientação de profissionais qualificados, resultando em bem-estar, melhora da autoestima e uma vida mais saudável. A população das áreas beneficiadas pelo programa agradece. A dona de casa Wilma Rocha Cardoso, moradora de Sobradinho, não vê a hora de poder usufruir dos serviços das novas Academias de Saúde. “Nada melhor do que poder fazer ginástica para relaxar, afinal trabalho o dia todo cuidando da casa e das crianças. Bom ter um tempo para dedicar ao lazer e para me divertir”, comenta. A vizinha, Marli da Silva engrossa o coro. “Vai ser ótimo. Nem todos podem pagar um plano de saúde ou comprar medicamentos mais caros para fazer determinados tratamentos. Creio que o projeto vai ajudar muito a comunidade e fazer com que todos possam cuidar melhor de sua saúde, que precisa estar sempre em primeiro lugar”, acrescenta. A prática de atividade física é um dos indicadores pesquisados pelo Vigitel, inquérito telefônico realizado pelo Ministério da Saúde anualmente desde 2006, com aproximadamente 54 mil adultos residentes nas 26 capitais e no Distrito Federal. De acordo com os últimos dados, 16,4% dos adultos são sedentários, ou seja, pessoas que não fazem nenhuma atividade, física no tempo livre, no deslocamento diário ou em atividades como a limpeza da casa e trabalho, pesa-

do. A pesquisa também mostrou que, nos períodos de lazer, 25,8% dos brasileiros passam três ou mais horas em frente à TV, cinco vezes ou mais na semana. Além disso, apenas 15% dos adultos são ativos no tempo livre, com maior proporção nos homens (18,5%) em relação às mulheres (12%). A Organização Mundial de Saúde recomenda a prática de 30 minutos de atividade física, em cinco ou mais dias por semana.

Diretrizes da Saúde O Programa Academia da Saúde, criado pela Portaria nº 719, de 07 de abril de 2011, tem como principal objetivo contribuir para a promoção da saúde da população a partir da implantação de polos com infraestrutura, equipamentos e quadro de pessoal qualificado para a orientação de práticas corporais e atividade física e de lazer e modos de vida saudáveis. Os polos do Programa Academia da Saúde são espaços públicos construídos para o desenvolvimento de atividades, como orientação para a prática de atividade física; promoção de atividades de segurança alimentar e nutricional e de educação alimentar; práticas artísticas (teatro, música, pintura e artesanato) e organização do planejamento das ações do Programa em conjunto com a equipe de APS e usuários. As atividades serão desenvolvidas por profissionais de saúde da atenção primária em saúde, especialmente dos Núcleos de Saúde da Família (NASF), podendo ser agregados profissionais de outras áreas do setor público.

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Moda

Da Redação | Fotos: Divulgação

A MODA VINTAGE V

ocê com certeza já deve ter ouvido a palavra vintage, mas será que conhece seu significado? Uma peça vintage é um item antigo, mas que continua em perfeito estado de conservação e ainda é atual para ser usada nos dias de hoje. Para ser considerada vintage a peça precisa ter mais de duas décadas. Ex.: a bolsa Chanel da sua avó ou um vestido que você encontra num brechó dos anos 50. O valor de uma peça vintage não é apenas avaliado pela idade, mas também por outros fatores, como o material, a conservação e o design. E onde posso encontrar uma peça vintage? Um dos melhores lugares são os brechós, mas é preciso ter paciência para garimpar peças que podem ser preciosas para dar uma diferenciada no visual. Em muitos países, os brechós já fazem parte do circuito chique da moda. Celebridades, como Gisele Bündchen, Sarah Jessica Parker, Nicole Kidman, Angelina Jolie, entre outras, declaram em suas entrevistas, que adoram se vestir com roupas compradas em brechós. Sem contar que, além de única, uma peça vintage reforça a questão da sustentabilidade, ou seja, assim como economizar sacolas de plástico e ter sua eco-bag, comprar roupas usadas ajuda a preservar o ambiente. Que tal experimentar?

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Comportamento

Por: Cristiane Ferreira | Fotos: Divulgação

Duas rodas, um objetivo Passeio Ciclístico Anual da Rodas da Paz

A ONG Rodas da Paz trabalha pela segurança e pelo bem-estar do ciclista

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edalar pela paz, seja no sentido literal, seja pela paz de estilo, este é o objetivo da Organização Não Governamental Rodas da Paz. Em tempos de acidentes com mortes de muitos ciclistas no trânsito caótico da cidade, a ONG, que, além de realizar trabalhos voltados à segurança de quem anda de bicicleta, também prega a preservação do meio ambiente, realiza ações de educação e elabora propostas de humanização de vias. Foi criada em 2003, como resposta à violência crescente nas ruas da cidade. De acordo com o presidente da ONG, Uirá Lourenço, o diálogo com o governo é uma ferramenta importante para o cumprimento dos objetivos, já que

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a intenção é tornar cada vez menor o número de acidentes envolvendo ciclistas. “A Rodas da Paz procura sempre o diálogo com o governo, para apresentar propostas de ações condizentes com os objetivos da entidade. Participamos também de ações de educação no trânsito desenvolvidas pelo governo”, afirma. Além do trabalho de conscientização, a organização elabora documentos contendo sugestões de melhorias na infraestrutura das pistas, de redução de velocidade nas vias, moderação de tráfego e ações educativas. A prevenção também é uma das bandeiras erguidas pelo grupo, que defende o uso de equipamentos de segurança para aqueles que estejam

interessados em aderir o novo estilo de vida. Em números, os acidentes de trânsito envolvendo ciclistas assustam. Somente entre 2007 e 2010, foram 205 ciclistas mortos e 3922 feridos nas rodovias federais do Distrito Federal. Outro ponto trabalhado pela Rodas da Paz é a valorização dos benefícios proporcionados pelo hábito de pedalar, além da saúde, há também o benefício monetário, já que não é necessário gastar com combustíveis e estacionamento. A ONG defende que a maior vantagem trazida pelo hábito de pedalar é a qualidade de vida. Segundo estatísticas fornecidas por ela, cidades como Amsterdã e Copenhague con-


Palestra sobre como pedalar em segurança a alunos da rede pública de ensino

seguem isso, pois cerca de 40% de sua população trocou o carro pelas duas rodas, tanto para o lazer, quanto para realizar tarefas cotidianas.

Ciclovias

O Governo do Distrito Federal lançou, em 2012, um plano de construção de ciclovias em várias cidades satélites. São 600 quilômetros de percursos pavimentados distribuídos entre Sobradinho, Colorado, Lago Norte, Varjão, Condomínio RK, Itapoã, Asa Norte, Asa Sul, Samambaia, Taguatinga, Sudoeste, Guará, Ceilândia, Lago Sul, ESAF, São Sebastião, Jardim Botânico, Condomínio Dom Bosco, Recanto das Emas, Park Way, Gama, Santa Maria e Águas Claras. De acordo com o GDF, cerca de 90 quilômetros já foram construídos e outros 86 já estão em andamento. A previsão de conclusão das obras é para 2014.

Minutos pela Paz

A Rodas da Paz realiza muitos eventos voltados ao público em geral, não se retendo somente aos ciclistas. A semana da mobilidade, realizada em setembro, traz as comemorações do Dia Mundial sem Carro. Outras iniciativas da ONG são a realização de passeios ciclísticos, nos quais a população é conscientizada da importância de se deixar de lado o carro, palestras e campanhas de arrecadação e doação de bicicletas para crianças carentes. “A cidade não comporta mais tantos carros, já são mais de 1 milhão e 300 mil, e as pessoas vão se dar conta de que o tempo gasto nos congestionamentos pode ser utilizado para pedalar, caminhar ou mesmo ler um livro no interior do ônibus ou metrô”, conclui Uirá. A preocupação com a mobilidade urbana e o bom fluxo de pessoas é

considerado o norte dessa ONG, que conta com sócios e voluntários que fazem uso consciente do carro quando precisam dele, mas que priorizam a bicicleta como forma de fazer um pouco a diferença. No próximo dia 3 de junho, a Rodas da Paz vai promover seu 10º Passeio Ciclístico, marcado para acontecer na Praça do Museu da República, na Esplanada dos Ministérios. No dia 6, acontece o Rodas no Eixo – “Desacelerando pela Paz”. O passeio, que está marcado para as nove horas da manhã, terá oficinas, performances, exposições e música.

Serviço ONG Rodas da Paz Uirá Felipe - Presidente (61) 8126-5153

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Cultura

Por: Cristiane Ferreira | Fotos: Divulgação

Duckjay e DJ Bolatribo em apresentação

Tribo da Periferia

canta a realidade do subúrbio do DF “Desde pequeno na luta por uma vida melhor. Vida de sofredor, quis mostrar seu valor.”

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om letras, vezes ácidas, vezes provocantes ou até divertidas, o grupo de hip hop Tribo da Periferia está há quatorze anos na estrada. Formado por Duckjay e DJ Bolatribo, em Planaltina, o grupo já lançou três CD’s: Verdadeiro Brasileiro, Tudo Nosso e 1º Último. As rimas fáceis e que grudam na cabeça são fruto da convivência entre os “manos” e, também, um retrato do cotidiano vivido por Bolatribo e Duckjay. Segundo a dupla, os raps de seu repertório começaram a ser compostos como passatempo, mas, após isso, surgiu a consciência social daquilo que faziam. “A princípio foi apenas como diversão e foi tomando uma dimensão que nos fez notar que fazíamos parte de um movimento que lutava por igualda-

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de e liberdade de expressão. Hoje temos o objetivo de informar e, ao mesmo tempo, divertir mostrando a realidade atual de uma forma diferente”, afirma Bolatribo. O Tribo da Periferia acredita realizar um trabalho popular nas cidades satélites, que ajuda as pessoas a compreender que têm que correr atrás daquilo que desejam. Para eles, não basta somente dar auxílio às pessoas, mas também compartilhar ideias, porém de uma forma mais chamativa, com canções. “Quando você entrega uma cesta básica, você está provando para aquela pessoa que ela não é capaz de conquistar uma vida digna. E as palavras têm poder, então usamos a música para chegar onde outras formas de expressão não alcançam, mostrando que a periferia não é simplesmente lugar

de pessoas incapazes de chegar a seus objetivos”, decretam. Para eles, a Internet só acelera a difusão dessa mensagem, já que atualmente conectar-se à rede é algo muito fácil. Além de creditar parte de seu sucesso à web, tanto Duckjay quanto Bolatribo são enfáticos ao falar que é mais fácil chegar ao grande público através de uma música difundida na Internet, do que por uma palestra, por exemplo. “Pessoas do mundo inteiro têm acesso ao nosso trabalho e isso é importante, pois, com pessoas de várias partes do País conhecendo nosso trabalho, fica mais viável realizar apresentações e shows”, diz Duckjay. Quando o assunto é preconceito, muita gente acredita que foi-se o tempo em que rappers e MC’s sofriam com o problema, infeliz-


mente, o fato de essas músicas terem se tornado populares e possuírem cunho social que se adequa a qualquer pessoa e realidade não mudou muito o distanciamento que algumas parcelas da sociedade preferem ter Tribo da Periferia dessa vertente da música que, segundo eles, sofre com uma visão negativa, de violência e drogas. Para a dupla, isso não faz para o primeiro semestre, e a fundação da Indústria seus objetivos retrocederem. “Com certeza, existe pre- Kamika-Z, marca que vai cuidar de outros grupos de conceito sim, por uma parte da sociedade, mas o rap rap no Distrito Federal com produção musical e artísse tornou uma música muito popular fazendo com que tica, produção fonográfica, agenciamento e promoção o preconceito não abale a ideologia e o ritmo que o de eventos. Enquanto o novo CD não sai, podemos esperá-lo ao originaliza”, encerram. Para 2012, o Tribo da Periferia guarda algumas sur- som dos sucessos mais antigos do grupo, Carro de Malanpresas, como o lançamento de seu quarto CD, ainda dro, My House e Doutor Advogado.

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Livro

Da: Redação | Fotos: Fábio Pinheiro

Memória dos anos 80 Livro relata a ousadia do movimento cultural de Brasília

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livro O Sonho Candango – Memórias afetivas dos anos 80 reúne entrevistas feitas pelo jornalista e escritor Alexandre Ribondi e textos assinados por Cláudia Pereira e Romário Schettino. A obra, que recupera histórias e vivências dos projetos realizados pela Candango Promoções Artísticas, foi lançada em maio no Foyer da Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro e está à venda nas melhores casas do ramo (veja serviço na página ao lado). O que pode acontecer no curto prazo de cinco anos? A julgar pela história da Candango Promoções (19821986), muita coisa: produção executiva de seis curtas-metragens, quatro espetáculos teatrais, três mostras de cinema, o primeiro festival de bandas de rock da capital brasileira e criação e administração do primeiro teatro de bolso de Brasília, o Teatro da ABO. Um currículo invejável para empresas que atuam há décadas na área no Brasil. Agora, toda esta história pode ser conhecida por meio do relato de quem participou pessoalmente dela. O Sonho Candango – Memória afetiva dos anos 80 nasceu da iniciativa da antropóloga e diretora de criação Cláudia Pereira, uma das sócias da Candango Promoções, que confessa ter sentido saudade da época em que “tudo era feito com a cara e coragem de uma geração que, tendo nascido nos anos 50, carregava na bagagem o sonho de liberdade dos anos 1960 e os horrores da repressão política que se alastrou pelos anos 1970. Foi a partir desta nostalgia que Cláudia chamou seus dois ex-sócios, o jornalista Romário Schettino e o produtor Cleber Loureiro, e convocou o jornalista Alexandre Ribondi para participarem de uma empreitada: escavar os arquivos da produtora e trazer à luz uma história que é feita de determinação e de muita arte. O resultado é uma obra que tem tiragem inicial de 1.000 exemplares e que pode ser referencial para o estudo da produção cultural em Brasília. Ao longo do livro, desfilam textos assinados pela própria Cláudia Pereira, por Romário Schettino e Alexandre Ribondi. O ator, diretor, dramaturgo e jornalista Ribondi também assina uma série de entrevistas com figuras que marcaram o

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período e mantiveram alguma relação com os projetos realizados pela Candango Promoções. São conversas divertidas, soltas, confessionais com os diretores de teatro Hugo Rodas, B. de Paiva, Guilherme Reis, Humberto Pedrancini, Dimer Monteiro, Fernando Villar, Nielson Menão, com os autores Chico Sant’Anna (responsável também pela pesquisa de imagem do livro), Marcos Bagno e Gê Martu, as atrizes Iara Pietricovsky e Carmem Moretzsohn, o fotógrafo Jacques Cheuíche, os cineastas Zuleica Porto, Armando Lacerda, Sérgio Bazi e João Lanari, o roqueiro Phillipe Seabra, a punkeca (as meninas da turma punk) Patrícia Miranda, o jornalista Irlam Rocha Lima, o ator e diretor João Antonio e a arte-educadora Maria Duarte. Um grupo diverso e representativo do que se produziu na década de 80, em termos de teatro, cinema, música e produção cultural em Brasília. Além de livro, Sonho Candango é um projeto que vai agregar blog, programa de rádio e de televisão. A partir do dia 24 de abril, o blog com trechos do livro já estará no ar. Em breve também o projeto poderá ser acessado pelo rádio e, no segundo semestre, Sonho Candango ganhará as telas da televisão, com apresentação do jornalista Alexandre Ribondi.

Para lembrar e resgatar

O livro O Sonho Candango é dividido em capítulos que respeitam as áreas de atuação da produtora: teatro, cinema, música. Afinal, a Candango Promoções foi responsável por algumas das obras artísticas mais emblemáticas do período. Em teatro, por exemplo, foram produzidos os es-


Alexandre Ribondi, Cláudia Pereira e Romário Schetino

petáculos Crêpe Suzette, o Beijo da Grapette, com Alexandre Ribondi e Marcos Bagno, Rapazes da Banda, direção de Dimer Monteiro, Besame Mucho, de Hugo Rodas, e também a coordenação em Brasília de Poleiro dos Anjos, de Buza Ferraz. O Teatro da ABO ainda acolheu a antológica encenação de Pedro e o Lobo, de Guilherme Reis, que marcou a despedida do ator Aluísio Batata dos palcos (ele viria a falecer pouco tempo depois). Em cinema, as produções da Candango se confundem com a própria história do cinema brasiliense. A produtora assina Cruviana, de José Acioli, Taguatinga em Pé de Guerra, de Armando Lacerda, Guerra Santa na Avenida, de Miguel Freire, Brasília, de Antônio Carlos Fontoura, Mínima Cidade, de João Lanari, e Brasiliários, de Zuleica Porto e Sérgio Bazi, premiado em vários festivais. A Candango ainda produziu duas edições da memorável mostra Curta Brasília e coordenou a Mostra do Filme Angolano. E na área musical, a Candango fez história ao acolher a Semana do Rock de Brasília, o primeiro festival de bandas de rock da cidade, numa época em que o gênero ainda sofria muito preconceito. Ainda hoje, o evento é citado pelos músicos como divisor de águas. Passaram pelo palco do Teatro da ABO Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial... “Todo mundo participou daquela Semana. Quem não era músico, ajudava montando equipamento, vendendo camiseta. Tinha até uns picaretas que montaram barraca de vinho aguado”, conta Phillippe Seabra, revelando que

o release foi feito por um roqueiro que também era jornalista nas horas vagas, Renato Russo. O jornalista Alexandre Ribondi captou com precisão o clima de cada entrevista. É possível rir junto quando Hugo Rodas conta a queda do ator/diretor Fernando Villar, em cena de Besame Mucho – “Ele caiu mesmo, vestido de Marilyn Monroe” –, sentir um certo frisson com o relato de Patrícia Miranda sobre a rotina da Turma da Colina – “Todo mundo gritava. Éramos punks, afinal de contas, com os cintos cheios de pregos. A gente batia a cabeça nas coisas” – e se emocionar com o testemunho de Zuleica Porto sobre o filme Brasiliários – “Foram duas paixões: Clarice e Brasília (...) Ficamos encantados com o forte impacto que Brasília tinha causado nela. Era pura perplexidade e encanto”. Um livro para degustação. Nas páginas de O Sonho Candango, o leitor vai descobrir uma Brasília criativa, inquieta, gregária. Uma cidade diferente, com gente diferente, numa época em que, como escreve Schettino, “a solidariedade, o companheirismo, a ética eram valores culturais elevados e cultivados. Era a cultura à flor da pele, pura emoção”. Serviço O livro O Sonho Candango pode ser encontrado nas seguintes livrarias: Don Quixote (CCBB e Gilberto Salomão) e Café com Letras (203 Sul). Informações no site:www.osonhocandango. com.br ou ligar para o Romário (4063-8989, 9942-5338) ou para Jussara (3315-8715).

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Gastronomia

Da Redação | Fotos: Telmo Ximenes

American Prime em Brasília

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uem aprecia a tradicional culinária norte-americana vai gostar muito do American Prime. A primeira franquia da rede está localizada no Shopping Quê, em Águas Claras e iniciou as operações no final de abril com a proposta de ser um dos melhores restaurantes em steakhouse. Com ambiente elegante, requintado e de qualidade, o American Prime possui mais de 700m² de área construída. Segundo o proprietário, Ricardo Mohry, a casa surgiu de uma combinação de esforços e experiências. “O American Prime veio do resultado da associação e organização de conhecimentos empresariais desenvolvidos em empreendimentos diversos, ao conhecimento específico de profissionais notadamente reconhecidos no segmento Casual Dinner”, explica.

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A primeira casa da franquia destaca-se por oferecer um perfil de steakhouse diferenciado

Para a comodidade e a satisfação do cliente, a casa oferece algumas facilidades, como conexão wi-fi gratuita e extrema atenção ao público infantil, que pode se deliciar com um menu especial feito para a criançada, com seis diferentes opções. A casa oferece ainda almoço executivo de segunda à sexta, das 12h às 17h e Happy Hour todos os dias das 18h às 20h em todo o restaurante, e de 20h até às 22h, no bar e nas varandas – áreas que garantem a possibilidade de unir mesas para as confraternizações mais animadas.

Sabor Norte-Americano

Focado no que há de melhor na culinária dos Estados Unidos, o American Prime tem como especialidade


os deliciosos cortes certificados de gado Angus. Outra tentação da casa são as sobremesas especiais, como o Messy Brownie Sundae (brownie quente, servido em exclusiva taça banhada com chocolate quente e duas bolas de sorvete e chantilly), ou as Big Tortas American Prime, nos sabores profiteroles e o tradicional limão. As opções de bebidas são bem diversificadas, como o chopp Brahma, servido na caneca congelada. Para os mais exigentes, são servidos whiskys especiais de 21, 18, 12 e 8 anos, além de vodcas premium. Uma atração à parte são os drinks internacionais elaborados e assinados pelo consagrado barman Júlio Romário. Para os amantes do bom vinho, o American Prime disponibiliza uma carta especial com tintos, brancos, sobremesa e champagnes, servidos em taça de cristal. Seguindo a cultura dos restaurantes de Casual Dinner norte-americanos, a casa disponibiliza free refill (consumo livre de refil) de refrigerantes e chá gelado, nos sabores cramberry, morango, maçã verde, pêssego e limão.

Arquitetura Diferenciada

Criado para ser um ambiente moderno e acolhedor, o projeto desenvolvido pela arquiteta Alessandra Leite, da Lucena Arquitetos, foge completamente do tradicional padrão saloon de casas do gênero Steakhouse. O American Prime, tem como inspiração traços retos e contemporâneos. A fachada, por exemplo, possui grandes pórticos frontais e laterais que trazem imponência à casa. Os materiais usados na composição foram pesquisados nos principais eventos de decoração do País, como o tijolo inglês, o viroc (um painel de cimento, de superfícies planas e duras), o vidro e o aço inox. Já o bar é composto por uma linha mais despojada com balcão em silestone branco polido, e móveis design, como as banquetas Tulipa Pierre Paulin e mesas bistrô Ero Saarinen, em mármore carrara. O restaurante conta também com linda adega para vinhos e uma grande câmara fria ao lado do bar com capacidade de congelamento de quase 2 mil canecas, investimento que garante chopp extremamente gelado a qualquer momento do dia. A casa conta ainda com um projeto de iluminação que a torna moderna e acolhedora. A sonorização ambiente permite conversas tranquilas, e as televisões em Led distribuídas por todo o restaurante, inclusive varandas, transmitem programação selecionada de shows e VTs da marca. Nas varandas, a programação esportiva será a grande atração, com a transmissão de grandes eventos em esportes, como futebol, MMA, super bowl, tênis, Fórmula 1, basquete, entre outros. Serviço

American Prime - Shopping Quê, piso térreo, Águas Claras 61 3042.0888 www.americanprime.com.br Todos os dias, das 12h à 0h Acesso e instalações para portadores de necessidades especiais Cartões crédito: todos; cartões débito: todos; tickets restaurante: visa vale.

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Fotografia Da: Redação | Fotos: Divulgação

Obras de Arte no Mercado Artefoto A

Exposição e venda de trabalhos em fotografia, pintura e desenhos a preços acessíveis

segunda edição do Mercado Artefoto traz ao público de Brasília uma seleção de trabalhos em fotografia, pintura, desenho e colagem de artistas que têm uma trajetória ascendente e continuada em suas carreiras. Essa fina curadoria da produção contemporânea de artes visuais da cidade poderá ser conferida nos dias 16 e 17 de junho. A fim de oportunizar diversos artistas com trabalhos em diferentes técnicas e temáticas, o Mercado ARTEFOTO abriu convocatória pública para seleção dos trabalhos a serem comercializados. “Temos uma grande produção artística na cidade que está em fase de crescimento quantitativo e, principalmente qualitativo, que entretanto tem poucos espaços e canais de relação com o público, e o Mercado vem responder a esta demanda, fazer uma ponte entre o artista e seu público”, afirma Dani Estrella, curadora e idealizadora do projeto. Do universo de mais de 500 trabalhos de 56 artistas, foram selecionados 30 artistas que convergem para a proposta do Mercado, com trabalhos de estética e conceitualmente diversos e acessíveis. O Mercado Artefoto atende aos anseios da cidade e amplia a relação das pessoas com as artes. “A primeira edição do evento nos deu uma melhor perspectiva do interesse do brasiliense, confirmando a missão do Mercado, que é reunir artistas e oportunizar o público a conhecer e adquirir essa recente produção, fortalecendo a indústria criativa”, analisa Anderson Lira, produtor do projeto. A parceria com a chef Dani Vereza do Café Festim garantirá a apreciação não só das obras, mas também de uma gastronomia leve e saborosa. Uma oportunidade única para se divertir, apreciar e comprar o melhor da arte de Brasília. Serviço

Mercado ARTEFOTO SCLN 205– Bloco C 16 e 17 de junho (sábado e domingo), Horá: 10h às 20h Entrada franca.

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Música

Bohumil Med*

Música, uma arte

democrática

A

música é uma das artes mais democráticas que existe. Atinge qualquer pessoa e chega aos mais diversos e improváveis lugares. Vestida de gala, comparece a ricos teatros, famosas salas de concertos, igrejas monumentais, salões de castelos. Singela, vai a hospitais, fábricas, escolas. E, despojada, apresenta-se em estádios, esquinas, vielas. Em tempos idos, vestida de plebeia, animava festas exclusivamente ao ar livre. De rituais religiosos a festas profanas, comemorava de tudo. Na Idade Média, mais elitista, ela se especializou. Erudita, trocou as vestimentas e mudou-se de malas e cuias para dentro das igrejas e dos salões da nobreza. Uma corrente permaneceu popular e continuou nas ruas, praças ou tabernas. Os músicos dessa corrente caíram na escala social. Em geral, apresentavam-se nos subúrbios e até fora dos muros das cidades. No século 18, o músico de rua teve um upgrade. Pequenos conjuntos passaram a tocar tanto em ambientes fechados como ao ar livre. E, para engrossar as merrecas, compunham peças divertidas, apresentadas em jardins privados para a nobreza e os ricos comerciantes nos banquetes oferecidos a governantes e outros Vips da época.

A MÚSICA NAS RUAS

No mundo de hoje, liberada, a música chegou a todos os níveis da sociedade. Erudita ou popular, dominou espaços inimagináveis. Eclética, rendeu-se aos diversos gostos (alguns até bastante duvidosos) e tratou de alcançar o maior número possível de ouvintes. Procurou grandes espaços que pudessem abrigar apresentações como as do Projeto Aquarius e dos Concertos de Vinólia, que pipocam pelo planeta popularizando o estilo clássico entre multidões. Em Brasília, já vimos vários espetáculos na Torre de Televisão e na Esplanada dos Ministérios. Citamos também outras atrações de rua, propriamente ditas. As apresentações promovidas pelo Luiz Amorim,

do Açougue Cultural T-Bone, na 312 Norte, e o mais recente e polêmico evento do compositor brasiliense Jorge Antunes. Ele escreveu uma ópera em estilo medieval de cunho satírico, que critica a corrupção no governo local, e a apresentou com grande sucesso nas ruas e praças do DF. Nas grandes metrópoles do mundo, são frequentes as apresentações individuais ou de pequenos grupos em locais de grande circulação como estações de metrô e de trens, pontes famosas, esquinas movimentadas. De Paris a Nova Iorque, de Londres ao Japão passando por Praga, Viena e tantas outras cidades, estão eles lá, fazendo um bico. São estudantes de música, profissionais desempregados ou mesmo instrumentistas que optaram por essa forma de ganha-pão. Abrem a caixa de instrumentos e contam com a boa vontade e o reconhecimento dos passantes. O nível das apresentações, em geral, vai de médio a excelente, (isso mesmo! Alguns são realmente excelentes!).

EM BRASÍLIA

Em todos os lugares, as interpretações de rua são autorizadas e até estimuladas pelas autoridades locais, interessadas no fluxo de turistas e na distração de seus cidadãos. Brasília está na contramão. Proíbe esse trabalho. Um exemplo: tocando na plataforma superior da Rodoviária de Brasília, o saxofonista João Filho, entusiasta dessa prática, foi expulso por um policial da PM sob a alegação de que lá não era lugar para camelôs. Por que a implicância? Um músico na esquina poderia abalar o nível moral e cultural da nossa cidade? Ou poderia perturbar a ordem e a segurança na capital do país? Se muralhas houvesse, seria ele levado para trás, como era costume na Idade Média? *Bohumil Med Professor emérito da Universidade de Brasília. Com a colaboração de Regina Ivete Lopes

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Meio Ambiente

Por: Camila Maxi | Fotos: Pedro França

Repensar faz bem

Projeto ajuda na conscientização com dicas e alertas sobre o meio ambiente

Fundadora May Alves na festa de 1 ano do Projeto Repensar

E

la se chama Mayara Alves, é conhecida como May, tem 21 anos, e é lacto vegetariana. Foi voluntária e ativista do Greenpeace por 1 ano, e da 350.org. Trabalha de 9h às 18h, à noite cursa Ciências Ambientais na Universidade de Brasília e, aos finais de semana, presta serviço voluntário. “Interessei-me pelo vegetarianismo, conheci pessoas que lutam pela causa e me aprofundei em alguns outros assuntos. Desde então, levanto as bandeiras que considero importantes. Foi tudo bem natural”, explica Mayara Alves. Em meio a tantas atividades, May fundou o Projeto Repensar, que mostra as coisas dentro de outras perspectivas, levando questionamento, reflexão e reação ao público. “Eu queria ir além, queria uma ferramenta de conscientização pra tudo que eu achasse importante. Queria um nome que refletisse a ideia principal do projeto, algo que fosse simples e impactante. Pensei, pensei, pensei... E repensei (risos)”, comenta. O projeto não recebe apoio financeiro, mas quem conhece e acredita acaba ajudando de alguma forma a mantê-lo de pé, sempre agindo pela forma da conscientização. “O Repensar é um projeto aberto, toda e qualquer luta digna

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tem nosso apoio. Mas, nos focamos em: meio ambiente, vegetarianismo, arte social, feminismo, sustentabilidade, ativismo e lutas locais, como a do Santuário dos Pajés”. Para transformar o Repensar em realidade, foi preciso muita luta, garra e persistência. “Passei 7 meses montando a ideia, identidade visual, estrutura do site, divulgação e festa de lançamento. Desde o começo, o Repensar foi bem aceito e contou com a parceria de projetos que já atuavam na área, como o Hábitos e Habitat da Gabi Veiga e o Vista-se do Fabio Chaves. Às vezes, aparecem pessoas ou organizações querendo parceria, como o PhotoMedia Press, que nos ajudou a montar 4 documentários sobre o Santuário dos Pajés”, diz. Após tirar o Repensar do papel, o próximo passo era levá-lo ao conhecimento do público. O lançamento do projeto aconteceu no centro cultural Goiânia Ouro. “Planejei a festa, comida, cadeiras e recepção, tudo pra no máximo 40 pessoas. No ápice da noite, contei 96 pessoas! Tinha gente em pé nas escadas pra poder ver e ouvir do que aquele ‘Projeto Repensar’ se tratava. E ainda transmitimos via twitcam pra mais de 500 pessoas. Foi uma noite única”, lembra.


O projeto se expandiu e chegou às universidades. Foi tema de 2 trabalhos de conclusão de curso, ganhando assim uma nova identidade visual, um vídeo de divulgação e resultando em documentos acadêmicos. “Esse ano já somos tema de mais 2 TCCs”, afirma. Além de dicas e alertas, o Repensar também produz campanhas. Por exemplo, a Segunda sem Carne. Ocorriam divulgações via Internet, para que as pessoas deixassem de comer carne ao menos um dia da semana. E valia tirar foto do prato colorido com certa variedade de verduras e legumes, as fotos eram divulgadas no site e redes sociais. “Criamos campanhas em cima de temas que estão em evidência. As últimas feitas foram sobre Belo Monte e a aprovação do Código Florestal. Agora estamos trabalhando em divulgação da Marcha das Vadias”, relata. Manter o site e as redes sociais funcionando é corrido, as tarefas são dividas entre voluntários e amigos. “Eu e mais 2 amigos queridos (que ajudam voluntariamente) cuidamos de tudo: site, Twitter, Facebook e emails. Nossa equipe não é fechada. Conheci os dois pela Internet, a Marlise por uma amiga em comum, e o Maurício ganhou nosso primeiro concurso pra redator do site. E contamos com apoio de colaboradores externos, qualquer um pode escrever e nos mandar sua ideia, trabalhamos em cima e publicamos” explica. Essa luta ocasiona mudanças de atitudes, conduta e pensamento. May mudou toda sua rotina e alimentação em prol de sua causa, saúde e bem-estar. Luta pelos seus direitos e causas em que acredita. E faz sua parte, contribuindo, alertando e repensando para viver em um planeta melhor. “A necessidade de um plano de preservação é emergencial. Torço muito pra que a Rio+20 não seja uma conferência de decepções. Algo precisa ser feito, e a hora é agora”, diz. O blog já ganhou 2 prêmios como melhor blog ambiental. May também entrou nessa, e ganhou como melhor blogueira. “O Repensar só consegue se manter e cres-

Projeto repensar cer com a força e o carinho de cada um que entra no site, lê, comenta e até de quem não lê nada, mas torce pra dar certo”, ressalta. A luta continua, é preciso alertar a população sobre a atual realidade do meio ambiente. Somente quando o mundo trabalhar em conjunto, a sustentabilidade e o verdadeiro progresso serão alcançados. A natureza possui suas próprias leis e é de interesse do ser humano entendê-las e, de acordo com elas, alinhar o comportamento. É preciso estar preparado para entender que no que se acredita hoje será atualizado amanhã. Essa é a natureza emergente do conhecimento. O ser humano aprende com os próprios erros. Assim podendo levar a um nível mais elevado de entendimento. A única constante da vida é a mudança. Não existem utopias. Por isso, para crescer produtivamente enquanto espécie é preciso “repensar ideias” a respeito de tudo. “Acreditem-se. Acreditar em seu potencial, na sua capacidade de transformar sonhos em realidade é o que faz o mundo andar pra um futuro melhor”, conclui.

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Educação

Da: Redação | Fotos: DIvulgação

Três rapazes com muito Almir Gomes, Hudson Douglas e Lucas Joshuah

talento

Estudantes da rede pública de ensino unem suas habilidades artísticas e lançam primeiro livro

A

importância da educação no desenvolvimento de O livro conta a história da menina Tica, adotada todo ser humano é fundamental. É de grande valia pela Mãe Preta, moradora do morro, que ganha a vida introduzir a alfabetização correta desde a infância. lavando roupas no rio. Para que a pequena Tica não Crianças que aprendem a ler corretamente têm mais ficasse sozinha em casa, em cada uma das descidas do chances de lançar suas ideias no cotidiano social. morro, rumo ao trabalho, acompanhava a mãe e a partir Prova disso são três estudantes da rede pública de en- daí, fez uma bela e interessante amizade com o rio. O sino, unidos pelo amor à arte. Almir Gomes final da história, só para quem quiser ler, da Silva, 19 anos, estudante do Centro de pois além do lindo texto, os livros possuem Ensino Fundamental 01 da capas de material reciclado, Estrutural; Hudson Douglas pintadas uma a uma, pelos Ferreira Mendes, 15 anos, “A educação é um dos pilares ilustradores da editora. E do Centro Educacional 01 quem são eles? Almir, Douglas fundamentais no combate à pobreza e e Lucas. Os três meninos do Guará II e Lucas Joshuah Teixeira Mendes, 13 anos, do recebem os miolos impressos Centro de Ensino Fundamen- para a capacitação das pessoas. É, sem e copiados e encadernam nas tal 01 do Guará, encontram-se que confeccionam. Cada dúvida, através do conhecimento que capas sem querer, e a amizade renuma com a sua singularidade, deu frutos. as crianças e adolescentes constroem e todas elas com a mesma exO talento deste trio os pressão artística e amor pelo levou a escrever, desenhar e um futuro melhor”, ressalta um dos que fazem. diagramar o livro A Menina e o Rio, que ganhou espaço relatórios sobre o tema feito pela Origens e talentos no estande dos Escritores Os três moram na Cidade UNESCO - órgão das Nações Unidas Estrutural e, além disso, têm Independentes dentro da 1ª Bienal Brasil do Livro e da em comum a participação no para educação, ciência e cultura. Leitura, realizada na cidade. Programa de Atendimento a Destinado ao público infanAlunos com Altas Habilidades/ tojuvenil, a publicação esgotou-se logo no Superdotação, da Secretaria de Educação do primeiro dia. “Tivemos que preparar novos DF. Em um encontro semanal, desenvolvem exemplares da edição às pressas, pois, no dia seguinte, desenhos que estimulam a aptidão artística que possuem. tinha que ter mais livros para vender. Foi uma oportuni- A participação no programa foi possível, a partir da perdade única”, conta Almir. cepção de professores das disciplinas curriculares, que,

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no caminhar das atividades escolares dos três estudantes, verificaram a sensibilidade que os meninos possuíam. A publicação e participação na Bienal foram possíveis por meio do apoio dado pela Editora Popular Abadia Catadora, uma das atividades do Ponto de Memória da Estrutural. A ideia foi trazida da Argentina, por Deuzani Noleto, que foi apresentada ao grupo Eloisa Cartonera, pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Na cidade portenha, em bairro carente de Buenos Aires, foi montada uma cooperativa de edição de livros com material reciclado e textos em domínio público ou doados por escritores. Deuzani gostou da proposta e apostou que o formato podia funcionar na Estrutural. Os jovens creditam o sucesso do livro, não só pelo texto e ilustrações, mas pelo apoio dado por Deuzanir, responsável pelo Ponto de Memória da Estrutural. “É ela quem nos incentiva e ensina muitas coisas. Além da minha mãe e meu pai, a Deuzanir é uma das pessoas com quem mais posso contar”, exclama Almir. A história dos três estudantes da rede pública de ensino vem sendo trilhada com muito esforço e empenho, mas concordam que os caminhos vêm sendo abertos. “Nosso tempo é curto. Fazemos muitas coisas e todas elas nós gostamos muito”, explica Douglas. Segundo Lucas, a escola é a atividade primordial, pois é ela que irá levá-los a conquistar

todos os sonhos. “Eu gosto de estudar e me interesso em aprender. Penso no meu futuro”, completa.

Serviço Ponto de Memória da Estrutural Editora Popular Abadia Catadora Telefone: 3465-4933

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Vinho

ANTÔNIO dUARTE *

Descubra o que fica

melhor com o quê

E

ncontrar o vinho ideal para cada prato é um grande desafio para a maioria dos mortais. É necessário um bom tempo de “litragem” para descobrir os segredos guardados em cada garrafa. Temos que ter tempo para fazer cursos, estudar, viajar para que possamos entender um pouco o que cada região vinícola, cada safra e afinal o que cada casta (uva) tem para nos oferecer. Dentro do espírito de apresentar novas ideias de maridage, gosto muito desse termo espanhol, entre vinho e comida, vamos publicar nesta e nas próximas edições algumas ideias para harmonizarmos vinho e comida. Para começar, vamos falar de uma comida que tem muitos adeptos que são as massas, que é um alimento neutro. Quem vai ditar o vinho a ser harmonizado com a comida é o molho. O carbonara e outros molhos cremosos vão bem com Soave (italiano), Pinot Branco ou um Chardonnay italiano ou chileno. Uma alternativa mais arrojada é combinar com um Viognier de preferência francês. Espaguete ao Vongole e outros molhos com peixes ou frutos do mar, podemos acompanhar com um Frascati, Pinot Grigio, um Chardonnay ou Sauvignon Blanc chileno, argentino ou californiano. Outra opção é um vinho branco grego sem passagem por carvalho que combina excelentemente com os sabores do peixe. Molhos com tomate podemos harmonizar com Merlot brasileiro, chileno, argentino ou indo para a Itália um Montepulciano d’Abruzzo ou Barbera. Molho pesto (verde) podemos ir com um Soave, um Chardonnay leve, Alvariño espanhol ou um Alvarinho português ou um Chardonnay sem carvalho. Se o pesto for vermelho, nossa sugestão é um tinto suave medianamente encorpado como um Merlot brasileiro ou argentino. Massas com molho à bolonhesa e outras pastas com molho de carne podemos fazer a maridage com Chianti simples e decente, um bom Valpolicella, Zinfandel da California, um Tempranillo Crianza espanhol ou um Côtes du Roussillon. Massas com limão, pode ser um espaguette, vão casar bem com um Orvieto, um do Languedoc, um Grenache Blanc, Sauvignon Blanc chileno, de prefe-

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rência da região de San Antonio, onde a acidez do vinho vai combinar excelentemente com o limão. A Putanesca e outros molhos com anchovas ou azeitonas, a melhor alternativa é um Negroamaro ou um Syrah argentino ou chileno. Para as massas de forno, como lasanha, canelone e etc. vai também depender do recheio, que, se for de carne, vai obedecer ao mesmo critério sugerido no caso das massas com molho à bolonhesa. Caso seja de espinafre com ricotta temos várias alternativas, e nossa sugestão é um branco seco como o Soave, Frascati, Torrontés argentino, um espanhol branco novo. Se o recheio contiver cogumelos um Dolcetto é a recomendação, ou então Albariño (espanhol) ou um Pinot Noir da Nova Zelândia. Os raviólis e demais massas recheadas dependem do recheio, e você deverá seguir o mesmo critério das massas secas. Um capítulo à parte são as comidas asiáticas. Temos diversos preparados com carne, camarão, frango, acompanhados de vegetais. Nossa sugestão é para frango e camarão um Torrontés argentino, mas, se você quiser ser diferente e ousado, um bom espumante Rosé combina com os três pratos. Por último, ficando na Itália, temos a polenta e a pizza. Neste caso podemos escolher para a polenta entre um Nebbiolo, um Dolcetto ou um Carménère ou Merlot chileno. O Merlot brasileiro também harmoniza com sucesso. Para a pizza, que também é neutra, quem vai ditar o vinho a ser harmonizado é a cobertura. Se não contiver carne, nossa opção deverá ser um branco como Sauvignon Blanc, chileno, argentino, sul africano e, se a cobertura for de carne ou embutidos, podemos harmonizar com um Carménère, Merlot (chileno, argentino, uruguaio ou brasileiro). Outras opções seriam vinhos das castas Pinot Noir ou Malbec do Novo Mundo.

*Antônio Duarte Presidente da Associação Brasileira de Sommelier


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Boa leitura com um bom café

Tá lendo o quê?

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Fotos: Divulgação

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Juliana Lasneaux

Jefferson Sousa

Bruno Aguiar

Oftalmologista - Hospital Pacini

Livro Ágape

Livro Quando o Céu Invade a Terra

Livro O último adeus de Sherlock Holmes

Autor Padre Marcelo Rossi

Autor Bill Johnson

Autor Arthur Conan Doyle

Editora Globo

Editora Vida

Editora L&PM

No momento, leio Ágape, escrito pelo Padre Marcelo Rossi. Leio porque sou católica e gosto de leituras religiosas. A obra traz algumas passagens dos evangelhos com explicações bem interessantes que mostram que o amor de Deus é ilimitado. Por ser um livro bem escrito e de leitura prazerosa, recomendo a leitura para todas as pessoas, independentemente do credo.”

O livro intitula-se um “guia prático para uma vida de milagres”, e não deixa por menos. Através de princípios da Palavra de Deus, o autor mostra como o cristão pode ter os milagres de Deus diariamente em sua vida. Bill Johnson confronta o cristianismo a que estamos habituados, nos desafiando a crescer na fé e na oração. É um livro ótimo para uma leitura pós-bíblia. Recomendo!”

Marcus Vinícius Corrêa

Estudante de Direito

Jornalista

Nesse compilado livro de oito contos, é mostrado um Sherlock mais velho, que não tem mais como companheiro de apartamento o fiel Watson. Por serem contos, é fácil, para quem viu os filmes, conseguir se situar ao ler o livro, ressaltando que, para um entendimento amplo, é necessário ler pelo menos um estudo em vermelho, o primeiro romance.”

Professor Letras Inglês

Livro Florbela Espanca - Coletânea Melhores Poemas Autor Zina C. Bellodi Editora Editora Global

A coletânea relata um pouco da história dessa escritora, uma verdadeira dama da poesia. Acho que devido sua vida sofrida e seus amores não correspondidos, Florbela conseguiu passar um pouco disso através de suas obras. Fantástico, simplesmente.”

Ki-Filé Cavalcante

Sabores Brasileiros 72

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Frases Sempre perdoe os seus inimigos, mas nunca esqueça o nome deles.

A paciência é amarga, mas seu fruto é doce. Jean Jacques Rousseau

Robert Kennedy

A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns. Abraham Lincoln

Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens. Pitágoras

Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão. Eça de Queiroz

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Nada de grande se realizou no mundo sem paixão. Hegel

A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia. Foucault

Ame muitas coisas, porque em amar está a verdadeira força. Quem ama muito conquistará muito, e o que for feito com amor estará bem feito. Van Gogh


Justiça

VETUVAL MARTINS VASCONCELOS*

Responsabilidade Patrimonial

do Executado e do Terceiro

S

egundo conceito de Fux (FUX, Luiz. O novo processo de execução: o cumprimento da sentença e a execução extrajudicial. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 75), a responsabilidade patrimonial é a sujeição dos bens do devedor ou de terceiros ao pagamento da prestação, submetendo-os aos desígnios da expropriação até a completa extinção da dívida (arts. 591 e 592, todos do CPC). A responsabilidade patrimonial decorre da assunção de dívida contraída pelo devedor, em que aquela se traduz na sombra desta e, no caso de inadimplemento da prestação, o patrimônio do devedor ou do terceiro fica automaticamente vinculado ao pagamento do crédito, aí incluídos os bens existentes no momento da constituição da dívida, bem como todos aqueles adquiridos posteriormente, salvo em relação aos bens do terceiro, em que, em situações específicas, a responsabilidade se restringe a bem específico (art. 592, incisos I e IV, CPC), além daqueles considerados impenhoráveis, como, por exemplo, o bem de família obrigatório, o voluntário (arts. 1711-1722 do CC/02) e os previstos nos arts. 649 e 650 do CPC. Em síntese, a dívida é vínculo de índole pessoal, enquanto a responsabilidade recai sobre os bens do próprio obrigado ou de terceira pessoa sem que esta tenha assumido a dívida, pois se trata de situação ou hipótese de responsabilidade sem dívida (DIDIER JR, Fredie et al. Curso de direito processual civil: execução. Vol. 5, 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2010, p. 248). Ademais, para os fins preconizados neste trabalho, entende-se que a responsabilidade patrimonial brota desde o momento da constituição da dívida pelo obrigado, pois, ainda que o direito de crédito não possa imediatamente ser exercido por meio da tutela judicial de conhecimento ou executória, mesmo assim o credor poderá valer-se de medidas cautelares para assegurar a efetividade de possível e futura prestação jurisdicional, sem prejuízo do manejo da ação pauliana ou revocatória, no caso, se configurada a fraude contra credores (art. 158 do CC/02). Quanto à natureza jurídica, Moacyr Amaral Santos (Primeiras linhas de direito processual civil. Vol. 3, 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 275) indica que a dívida se insere na alma do Direito material, enquanto a responsabilidade patrimonial se inclui no Direito processual. Desse modo, a responsabilidade patrimonial será principal ou secundária (DIDIER JR, Curso de direito processual civil: execução. Vol. 5, 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2010, p. 256-263). A responsabilidade patrimonial principal recai sobre os bens do legitimado ordinário originário (art. 568, inciso I, CPC), superveniente (art.

568, incisos II e III, CPC) e extraordinário (art. 568, inciso V, CPC). Nessa hipótese, “[...] o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes ou futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei” (art. 591 do CPC). Quanto à responsabilidade patrimonial secundária (art. 592 do CPC), os bens do terceiro, mesmo sem a constituição do vínculo obrigacional de direito material (dívida) em relação ao credor-exequente e sem o terceiro se qualificar como sujeito passivo da relação processual executória constituída entre o exequente e executado, por força daquelas relações, respondem no todo ou em parte e são abrangidos para a satisfação do credor do executado (art. 592 do CPC)”. Observam-se traços distintivos entre a responsabilidade patrimonial principal ou secundária, sobretudo sob os enfoques orgânico, quantitativo e qualitativo. A questão é sistematizada de modo peculiar: a) o responsável patrimonial principal é legitimado para figurar no polo passivo da ação de execução (art. 568 do CPC); b) o responsável patrimonial principal deve ser citado para a ação de execução, ainda que seu nome não esteja vinculado ao título executivo (art. 568, incisos II a V, c/c o 614 do CPC); c) a responsabilidade patrimonial principal abrange todos os bens do executado existentes quando da constituição do vínculo obrigacional, bem como todos os demais adquiridos até a completa extinção da dívida, salvo aqueles sem conteúdo econômico, os qualificados de impenhoráveis (art. 649 do CPC, Lei 8009/90 e CC/02, arts. 1.711-1.722) – no caso de herdeiro ou sucessor a título universal, até o limite dos bens herdados ou sucedidos. Além disso, citam-se: d) a responsabilidade patrimonial secundária recai sobre bens de terceiros, sem transformá-los em parte legítima para figurar no polo passivo da ação de execução; e) é obrigação puramente processual, sem a constituição do vínculo obrigacional-material entre o exequente e o proprietário dos bens objeto da expropriação, do desapossamento e da transformação; f) apesar da constrição levada a efeito sobre os bens, o terceiro não precisa ser citado para a ação de execução e a sua eventual defesa deverá ser efetivada por meio de embargos de terceiros (art. 592 incisos I, II, IV e V); g) a responsabilidade patrimonial secundária pode recair sobre bem específico (art. 592, incisos I e V, CPC) ou sobre todos os bens do patrimônio do terceiro (art. 592, incisos II e IV, CPC). (*) VETUVAL MARTINS VASCONCELOS Promotor de Justiça/DF e professor do curso de direito do UNICEUB.

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Diz Aí, Mané “A pior hora pra se ter um ataque cardíaco é durante um jogo de mímica”

“Tem muito pano de chão por aí se achando edredom” “Malandro é o Canguru que já nasce com o Bolsa Família”

“Tem que destruir os destruidores por que o destruimento salva a floresta”

“O maior matrimônio do País é a educação”

“Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que almenta” “A principal função da raiz é se enterrar”

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“As constelações servem para esclarecer a noite”


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Rindo à Toa Por: Fádua Faraj

Sogra é como onça: todos temos que preservar mas ninguém quer ter em casa.

Ginecologista é que nem porteiro de boate, trabalha onde os outros se divertem.

Diferença entre a mulher decidida e o homem mulherengo é que a mulher decidida está sempre pronta para o que der e vier, e o homem mulherengo está sempre pronto para quem vier e der.

HOMEM TIPO CIMENTO: depois que se espalha... demora um pouco para ficar duro.

O chifre é como um consórcio: quando menos espera voce é contemplado! Os problemas da vida são como um tarado bem dotado: é melhor enfrentá-los...porque se voce virar as costas...créuuuuu... vai ser bem pior!!!!! Espermatozóide e ficha de fliperama: Se você colocar no lugar certo, ganha uma vida.

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HOMEM TIPO TEMPESTADE DE NEVE: nunca sabe quando vem, quantos centímetros terá e quanto tempo irá durar. A carne é fraca, a alma é safada e o diabo ainda atenta!


Cresça e Apareça

uma geração narcisista CARLA RIBEIRO*

Geração Facebook: D

iz a lenda que Narciso, amaldiçoado por ter rejeitado o amor de uma mulher, apaixonou-se pelo reflexo de sua imagem nas águas e acabou sucumbido nesse amor impossível, morrendo afogado. Esse tema há anos é estudado pela psicanálise. Reconhece-se que o narcisismo faz parte da personalidade humana. Porém, há os casos patológicos e os normais. Estes, os normais, são experimentados por aqueles que possuem grande sentimento de autoestima e se sentem gratos pelas suas realizações. O problema, foco da nossa discussão, é o patológico, percebido naquele que parece alternar entre mirar-se no espelho ou se exibir para que outro o observe. A necessidade de aceitação, o medo de não agradar atormenta tanto que ele veste a máscara que julga torná-lo aceitável. A maneira de falar, as gírias, as crenças, as vestimentas, tudo é adotado com o objetivo de ser aceito pelo grupo. A sociologia estuda isso com muita competência. Na Era atual, esse componente tomou uma dimensão nova: a universalização. As redes sociais tornaram-se instrumento de grande utilidade para as figuras com transtorno de personalidade narcisista, com uma característica inusitada, porém: o alcance. Ou seja, a imensa possibilidade que tem a Internet de divulgar as informações em questão de segundos e para um público de milhares de pessoas. A necessidade de admiração e aprovação de outros tem movimentado o Facebook. A criatura chega a ficar 24horas conectada, informando detalhes de sua normalmente entediante rotina. Para tentar torná-la mais interessante, fala de supostos desejos e, como todos, mente a respeito da vida sexual, especialmente a respeito do desempenho sexual, vende-se como deusa ou deus do sexo. Não admitem, os coitados, que deixam suas esposas carentes em casa, enquanto se esforçam para satisfazer a ninfeta na rua. De outro lado, esquecem-se as madames que a relação a dois requer entrega de ambos os lados, o que significa muito mais do que se deixar penetrar.

Este parece ser o século do narcisismo. Houvéssemos hoje que desbravar territórios indígenas, o escambo não seria com o espelho. Este vale mais do que o ouro. A proliferação de fotos eróticas, nus de celebridades televisivas que “caem” na rede, strip-teases nos levam a concluir que a atual geração não sai da frente do espelho e não resiste às oportunidades de se exibir uns para os outros. A outra faceta é o voyerismo. Protagonizado por indivíduos viciados, que padecem do transtorno de observar compulsivamente a vida alheia, enquanto propõem a si mesmos o isolamento e a distância que anula sua própria intimidade. Isso porque muitos não resistem a assistir aos big brotheres – nome inspirado no livro “1984” de George Orwell – e despendem muitas horas admirando a rotina de outros. Alguns se sentem encorajados – com a aparente impessoalidade dos computadores – e revelam informações íntimas. Muitas vezes sem se dar conta de que seu anonimato ficou ameaçado. Depois se surpreendem quando são reconhecidos na rua ou citados por colegas. Lembro-me de um episódio curioso de uma mulher que vestia a máscara de religiosa para os amigos próximos, mas, para os supostos anônimos, anunciava interesse em participar de encontros íntimos com casais. Chocou-se quando foi descoberta. É fato que as novas tecnologias podem ser um aliado para novas formas de relacionamento, mas o convívio não pode prescindir do toque, do comprometimento, da sinceridade e da fidelidade. Claro, refiro-me a um nível idealizado de relacionamento. É isso aí, relacione-se e seja feliz!

*CARLA RIBEIRO Advogada, doutoranda em psicologia organizacional, mestra em sociologia, tetracampeã mundial de caratê e presidente do projeto Formando Campeões

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Ponto de Vista

CREOMAR LIMA DE CARVALHO SOUZA*

Temos os corredores, onde estão os ônibus? Q

ualquer reflexão sobre nossa cidade necessariamente envolve um olhar sobre seus problemas. E na percepção disso de forma efetiva, surge o transporte público como um elemento central desta reflexão. E qual a importância do transporte para uma cidade? Basicamente, em se tratando de uma cidade que a cada dia se torna mais e mais cosmopolita, pode-se afirmar que a locomoção é um elemento central para a vida urbana naquilo que ela tem de melhor em dois aspectos: sendo o primeiro o bom desenvolvimento das atividades econômicas que são essenciais para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e o segundo a possibilidade de exercer, de maneira clara, a cidadania via locomoção. Sem hierarquizar os dois pontos tratados, a reflexão se inicia aqui pela ideia de locomoção livre como um exercício de liberdade cidadã. Seguindo essa premissa, pode-se afirmar que a possibilidade de o indivíduo circular pelos espaços urbanos sem grandes constrangimentos de ordem logística fazendo uso de um sistema de transporte coletivo eficiente gera uma série de vantagens para a cidade, em termos gerais, e para os cidadãos individualmente. Elencando tais elementos, pode-se citar, por exemplo, a redução da poluição atmosférica via redução do número de automóveis nas ruas. Outra resultante fundamental deste processo é a expansão de uma percepção social de que a cidade não possui espaços de segregação. No caso específico de Brasília, é bastante interessante visualizar o fato de que alguns espaços públicos bastante agradáveis, como os jardins e fontes do eixo monumental, sejam simplesmente ignorados como possibilidade de lazer e congraçamento entre os cidadãos. E quais são as consequências de tal situação? Em certa medida, é possível afirmar que, no caso de Brasília, pode ocorrer no tempo aquilo que é comum em outras cidades nas quais se construiu uma dicotomia entre espaços de indivíduos mais e menos abastados. A resultante desse processo é a diminuição da sensação de pertencimento e consequentemente uma degradação dos espaços urbanos. Pois bem, a ideia aqui defendida é a de que se faz necessário que os gestores da cidade – governo – assumam a postura de definir o espaço público como ambiente democrático no qual as pessoas possam desenvolver, de maneira plena, suas interações sociais e consequentemente gerar dinamismo econômico. Seguindo

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essa linha, portanto, é inevitável não criticar o sistema de transporte coletivo que serve a população do Distrito Federal. Marcado pela sinergia de baixa qualidade entre ônibus, micro-ônibus e sistema metroviário, o cidadão da capital federal torna-se refém de uma lógica perversa que o condena a impossibilidade de transitar pelos espaços urbanos sem nenhum tipo de qualidade. A inoperância do sistema em termos materiais se soma a outros problemas, tais como, ineficiência continuada de gestão e a incapacidade de construção de um marco regulatório eficaz. Dessa forma, tem-se a continuidade de um processo no qual a qualidade vai se esvaziando no tempo sem que o cidadão possa nem ao menos se posicionar sobre o problema. A resultante mais evidente de tal dinâmica é o inchaço das vias públicas com veículos individuais e os seus efeitos diretos, como, por exemplo, aumento no número de acidentes trânsito, congestionamentos e poluição do ar. Diante deste quadro surge uma nova questão: é possível solucionar o problema do transporte público na capital federal? A resposta aqui partilhada é sim. Porém, se em termos de escrita a resposta parece fácil em termos de ação a tarefa se torna um pouco mais complexa. Sobretudo, pelo fato de que não parece existir até o presente momento um interesse real em alterar o panorama. As iniciativas tomadas até aqui, destacando-se, por exemplo, os corredores exclusivos para ônibus urbanos, não se somam a um aspecto óbvio da equação a disponibilização destes veículos em quantidade suficiente e em periodicidade confiável. Brasília será palco de eventos de grande envergadura e tal constatação torna-se preocupante não só do ponto de vista dos serviços oferecidos aos visitantes, bem como do legado que será deixado para a população local. Não basta a construção de uma bela arena multiuso se os cidadãos de todas as regiões da cidade não puderem chegar a ela com o mínimo de conforto, segurança e comodidade. Tal reflexão gera como resultado a necessidade de pensarmos que a mudança no sistema de transporte público passa por soluções mais elaboradas que a simples pintura de uma faixa exclusiva no asfalto. CREOMAR LIMA DE CARVALHO SOUZA* * Professor e Consultor de Políticas e Relações Internacionais


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Charge

Eixo Monumental

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