Plano Brasilia ed80

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Plano

17 de janeiro de 2011 Ano 9 · Edição 80 · R$ 5,30

BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

EDITORA

Solidariedade Gesto de amor ao próximo

Entrevista Luiz Navarro JUSTIÇA Vetuval Martins

80

Personagem Manoel Francisco




O MELHOR DO MUNDO NO SEU Rテ.IO.


93,7 Fm


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BrasĂ­lia (61) 3038 - 3200 / Belo Horizonte (31) 2129 - 0550


Sumário

44 38 62

13 46 12 Cartas

48

38 Cotidiano

62 Artes Plásticas

13 Entrevista

40 Planos e Negócios

64 Mundo Animal

16 Panorama Político

42 Automóvel

66 Jornalista Aprendiz

18 Brasília e Coisa & Tal

44 Vida Moderna

68 Mercado Imobiliário

20 Política Brasília

46 Esporte

70 Propaganda e Marketing

22 Dinheiro

48 Personagem

72 Tá Lendo o Quê?

24 Capa

50 Saúde

74 Frases

28 Cidadania

52 Moda

75 Justiça

30 Gente

54 Comportamento

76 Diz aí, Mané

32 Cidade

56 Cultura

78 Cresça e Apareça

34 Educação

58 Gastronomia

80 Ponto de Vista

36 Tecnologia

60 Música

82 Charge



Expediente

Carta ao leitor

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br

Plano

BRASÍLIA CHEFIA DE REDAÇÃO Afrânio Pedreira DIRETOR DE ARTE Theo Speciale

DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr. e Monique Valente Fotografia Gustavo Lima EQUIPE DE REPORTAGEM Alessandra Bacelar, Anna Paula Falcão, Fernanda Azevedo, Larissa Galvão, Maíra Elluké, Michel Aleixo, Natasha Dal Molin e Tássia Navarro COLABORADORES Adriana Marques, Bohumil Med, Cerino, Júlio Cesar Peres, Liz Mendes, Luis Turiba, Luiz Fernando Rocha, Marco Lobo, Mauro Castro, Regina Ivete Lopes, Romário Schettino, Tarcísio Holanda, Vetuval Martins Vasconcelos IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1357 Administração: 61 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

O significado da palavra solidariedade, segundo os dicionaristas tem sentido amplo. Mas, como resultado final, a palavra que mais cabe e que tem peso mesmo, nada mais é do que “ajuda”. E é justamente essa ajuda, conjugada em todos os tempos e modos verbais por uma infinidade e diferentes tipos de pessoas é que resultam nos maravilhosos gestos que fazem uma “tremenda diferença”. Parafraseando o chavão de que, se “todos fizerem a sua parte”, a grande obra do Criador, certamente, ficaria completa. Um mundo minorado de sofrimentos e dores teríamos. Pois, mãos estendidas seriam alcançadas a cada pedido de socorro. Mas, conceitos de lado, o certo é que nos últimos tempos, muita gente, principalmente nas épocas de finais de ano, talvez embaladas pelo espírito fraterno do natal que costuma pairar no ar e os constantes votos de feliz ano novo que são expressados, se sensibilizam com a necessidade de pessoas menos desprovidas e praticam gestos que vão da ajuda financeira à prática de serviços comunitários voluntários. Essa ajuda que faz a diferença é a matéria de capa desta nossa primeira edição do ano de 2011. Em quatro páginas, mostramos onde e como a solidariedade pode ser praticada e quem são os principais beneficiários. Especialistas asseguram que o senso comum da solidariedade está ligado ao campo das emoções. Uma sensibilidade para com os menos favorecidos que leva a atitudes de caridade. Seguramente, práticas que devem ser seguidas. Na coluna “Ponto de Vista”, o deputado distrital reeleito e presidente da Câmara Legislativa do DF escreve sobre o necessário trabalho que ele terá para resgatar imagem que a casa teve antes do operação da Caixa de Pandora, o pior escândalo político na história de Brasília. E, falando em escândalo político em que a tônica sempre terminada regada a muitas cifras de propina, o secretário-executivo da Controladoria Geral da União (CGU), Luiz Navarro, em entrevista exclusiva à Plano Brasília fala sobre a abertura da temporada de caça à corrupção que está instalada no país, principalmente na capital federal e as ações que aquele órgão vem empreendendo para combater a prática que tanto mal faz ao povo brasileiro. Na matéria “Magnésio: a energia do corpo”, o leitor vai ficar sabendo sobre os benefícios e prejuízos que o nutriente pode causar. Nas mulheres, o mineral ajuda na reposição hormonal, evita tromboses e previne a osteoporose, além de aliviar as tensões pré menstruais. Em duas páginas, o especialista Arnoldo Velloso, autor do livro “Magnésio – O que pode fazer por você”, explica tudo sobre o assunto. E quando o assunto é saúde, na editoria “Vida Moderna” fomos atrás do que há de inovador em aparelhagem nas academias de Brasília. Um exemplo é o Power Plate, desenvolvido pela Nasa para proporcionar maior rendimento nas atividades físicas praticadas. Espero que todos aproveitem bem a leitura. Nos falamos na próxima edição.



Cartas

Fale conosco

Gostaria de parabenizar a revista pela reportagem sobre bipolaridade. Fiquei impressionada com os sintomas da doença e foi muito bom o alerta que as duas psicólogas fizeram. As pessoas têm o direito de ficar alegre e triste. Essas variações não podem ser consideradas bipolaridade. Parabéns pela reportagem esclarecedora. Joana D’Arc Lago Sul Fiquei maravilhada com a matéria “Paixão Felina”. Adoro gatos e tenho três que eu considero como meus filhos. Estou muito feliz por saber que a criação desses bichinhos tão dóceis está crescendo. Tomara que o número de pessoas que cuidam e criam gatos cresça a cada dia. Tenho certeza de que elas vão se sentir mais felizes no seu dia a dia. Maria Vitória Asa Norte Parabéns pela Revista que no último número trouxe muitas reportagens interessantes. Gostei muitas das reportagens sobre a verdadeira via sacra que os pobres dos brasileiros fazem para poder ir aos Estados Unidos e a do Amigo de Aluguel. Fiquei me perguntando como é que uma mulher tem coragem de pagar a um rapaz só para se passar como namorado dela. Acho que é muita carência. Mas, é aquele ditado: cada um sabe onde o sapato lhe aperta, né? Sheila Abreu Park Way

Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.


Entrevista

Por: Natasha Da Molin | Fotos: Gustavo Lima

Luiz Navarro Secretário-Executivo da CGU

O

assunto corrupção nunca esteve tão em foco. E, no início de um novo ano, com novos governantes, é grande a expectativa de que o tema não volte a assombrar a política local e nacional. Em entrevista exclusiva à Plano Brasília, o Secretário-Executivo da Controladoria Geral da União (CGU), Luiz Navarro, fala sobre os índices de corrupção no país e os mecanismos de luta contra o mal. Plano Brasília - O senhor acha que a corrupção de uma maneira geral diminuiu ou aumentou nos últimos anos? Luiz Navarro - Não acho que seja possível a avaliação. O que demonstram algumas pesquisas mais recentes é que as pessoas estão percebendo mais a corrupção. No mundo, nós tivemos grandes problemas na crise econômica do ano passado. Então eu não tenho dúvidas de que a percepção realmente tenha aumentado, mas eu não diria que a corrupção está maior do que esteve no passado.

Essa divulgação maior dos casos de corrupção não traz para a sociedade uma sensação de que há mais casos de corrupção? Sim. Nessa pesquisa específica do barômetro, os índices de percepção nos países mais desenvolvidos é bem elevados, inclusive no Brasil. Nos países onde têm ditaduras, o índice de percepção é muito baixo. A corrupção nesses lugares não é baixa. Em países onde há percepção maior, menos pessoas dizem que pagaram propina. Enquanto que nos outros países, não. As pessoas que foram vítimas da

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da investigação, de punição administrativa, de transparência, o Brasil está na vanguarda. Quando a coisa vai para a Justiça, devido à morosidade, o processo atrasa e as pessoas começam a ter a sensação de impunidade. Por isso, precisamos mudar o Código de Processo Penal. O Senado acaba de aprovar uma modificação no mesmo.

corrupção, dizem que pagaram. Nesse quesito, o Brasil está muito bem. O que está acontecendo é que a pequena corrupção, de pagar fiscal e guarda, está diminuindo. Mas não significa que a corrupção diminuiu. Mas tem também a questão da honestidade das pessoas ao responderem o questionário, não é? Todas essas pesquisas de percepção admitem erros. Não existe uma forma perfeita de medição, um corruptômetro. Existem três metodologias utilizadas: percepção, vitimização e terceira é a avaliação do sistema de integridade se o país está melhorando ou piorando. E isso é feito vendo todas as instituições de combate à corrupção. E podemos dizer que o Brasil está bem no combate à corrupção? Está melhor do que no passado. Então podemos dizer que a percepção da corrupção estar em nível elevado? Não se pode avaliar isso isoladamente. Se há uma forte percepção da corrupção é porque os meios de comunicação têm liberdade. Mas, se por outro lado não existe nenhuma política de combate à corrupção, não podemos dizer que aquele país está bem. Como a Controladoria Geral da União (CGU) tem contribuído no combate à corrupção? Em três frentes: prevenção da corrupção, que é ampliar a transparência pública, promover a ética, fomentar o controle social, cuidar de questões como a prevenção de conflitos de interesse. Depois nós temos nossa atividade de fiscalização, que é verificar se o recurso está sendo bem aplicado e chegando ao seu destino certo. E a terceira frente é a da punição. Se um servidor público federal se envolve em algum esquema de corrupção, cuidamos para que ele seja processado e punido. É claro que existem recursos: um é a punição administrativa, que essa cabe a nós e a punição por via

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O que está acontecendo é que a pequena corrupção está diminuindo judicial. Na via administrativa, nos últimos oito anos, o sistema de proteção do Poder Executivo Federal demitiu 2500 pessoas. Na via judicial, temos uma infinidade de recursos que vão adiando uma decisão definitiva. E isso se verifica mais com as pessoas que têm dinheiro e pagam a bons advogados que vão tentar todos os recursos para adiar uma decisão que possa levar uma pessoa para a cadeia. E todo esse complexo funcionamento da Justiça faz com que as pessoas tenham a impressão e a percepção de que a coisa não se resolve, de que não adianta denunciar, pois ninguém acaba punido? Sem dúvida. Eu participo e já participei de vários encontros internacionais onde o nosso sistema de combate à corrupção é avaliado e comparado por outros países. Digo: o Brasil não deve nada a nenhum outro país até o momento da judicialização, até o momento de o processo ir para a Justiça. O aspecto de prevenção, de adoção

O senhor acredita que a reforma política pode contribuir com os avanços contra a corrupção? E acha que ela será aprovada nessa legislatura? Eu não tenho dúvida de que esse é outro ponto que tem que ser atacado. É a reforma política e a reforma do processo penal. São dois calcanhares de Aquiles no combate à corrupção. Mas eu não consigo fazer uma previsão se isso poderá ser ou não votado agora na nova legislatura que se inicia. Mas afirmo que, sem dúvida seria um passo importantíssimo votar uma reforma política que trouxesse uma forma mais transparente e leal de financiamento de campanha. A corrupção, a primeira associação que se faz é com a política, mas ela está em todos os níveis da sociedade. Como mudar isso? O senhor acha que é uma coisa cultural, ou um ensinamento que cabe às escolas ou à família? Eu acho que as escolas deveriam ter uma atenção maior, talvez mesmo uma disciplina de ética e cidadania. Assim como as crianças nas escolas são ensinadas a respeitar as leis de trânsito, a respeitar o meio ambiente, deveriam também tocar em assuntos ligados à ética, aquela coisa de furar fila, deixa de pagar imposto, não dá o recibo de compra, então essa atmosfera tem que ser alterada. Não se pode cair na acomodação de achar que tudo é um problema cultural e que não vai mudar. Cultura se muda. Existe alguma espécie de ranking ou comparação dos índices de corrupção entre os Estados? Não tem. Já houve Estado que fez pesquisa no âmbito do seu pró-


prio Estado. São Paulo já fez uma pesquisa dessas, mas não comparando a outro. Aliás, esse é outro problema desses índices de corrupção. É preciso ter consciência que esse índice é nacional. Ele não distingue se a propina é paga ao servidor público federal, municipal ou estadual. Se é no Judiciário, no Executivo ou no Legislativo. Não há como fazer essa distinção. Quando você tem um índice geral para o país inteiro, não tem jeito. Às vezes, esse índice faz uma pergunta assim: qual o setor que você menos confia? Daí vem os políticos, mas você tem deputado distrital, estadual, federal, senador, prefeito, governador. Mais na Polícia. Mas é Polícia Federal, Civil ou Militar? Então, desagregar esses índices é que permitiria você fazer um trabalho mais direcionado. E dizer assim: o problema maior está aqui, nesse órgão. O senhor considera esses levantamentos importantes? Eu acredito mais nas análises que são feitas a partir de várias avaliações por organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização dos Estados Americanos (OEA), porque os índices de percepção agregam a vitimização e essa evolução da percepção. Embora possa haver problema na vitimização, porque a pessoa pode ocultar ou inventar, ou pode até não considerar que aquilo que ela fez foi uma corrupção, mas só uma facilitação. Como você esta lidando com o ser humano, assim como qualquer pesquisa, que existe uma margem de erro. Eu preferia uma análise consistente do estado real. Se eu tenho um índice alto de percepção é porque os mecanismos de transparência estão funcionando ou porque a corrupção está aumentando? Eu desejava que esse índice no início crescesse, mas com o tempo, diminuísse. E depois de um

corrupção em Brasília do que em outros Estados, que têm centenas de municípios. É muito mais complicado inclusive em termos de transparência e é muito mais difícil as pessoas acompanharem e fiscalizarem a aplicação dos recursos. Isso não é um momento bom que nós tivemos, por causa da Caixa de Pandora. Mas, novamente: melhor que a Caixa de Pandora tenha eclodido do que ficar por debaixo dos panos, sem ninguém tomar conhecimento.

Acho até que é mais fácil resolver o problema da corrupção em Brasília do que em outros Estados tempo, deveria diminuir porque as pessoas não estão mais praticando tantos atos de corrupção. É possível avaliar se a corrupção está mais presente nos grotões, nos lugares mais afastados ou nas grandes capitais? São duas questões: uma é a questão de volume. É claro que em um município muito pobre, que recebe poucos recursos, o volume da corrupção vai ser bem menor, do que se de um grande centro com muitos recursos. Brasília, por abrigar o Congresso Nacional, sempre levou a fama de ser um lugar de corrupção. É possível reverter essa imagem? Eu acho que sim. Acho até que é mais fácil resolver o problema da

O senhor acha que a Ficha Limpa já fez diferença nestas eleições? Eu acho que já fez, mas vai fazer ainda mais. Todo o processo da Ficha Limpa é um processo louvável. Com ela, político vai ficar muito mais preocupado porque vai ficar inelegível e não vai ter mais discussão. É um dos maiores avanços que tivemos nos últimos tempos. Brasília recebeu a Corrida Contra a Corrupção. Eventos como esse podem ajudar como um simbolismo no combate a corrupção? É uma simbologia importante. No dia internacional contra a corrupção (9 de dezembro) foi realizada a corrida para homenagear a data, proposta pela delegação brasileira quando da assinatura da convenção de Mérida, realizada pela ONU contra a corrupção. Nessa data, nós celebramos o dia internacional contra a corrupção em todos os Estados brasileiros. Pode ser uma corrida, um espetáculo ou qualquer iniciativa que lembre à sociedade dessa data tem um caráter simbólico, mas é real. As pessoas têm dúvida em como denunciar casos de corrupção? A quem procurar? Nós temos no nosso site (www.cgu. gov.br) um ícone que, clicando nele, ali já aparece um formulário para fazer a denúncia. Basta preencher todos os dados. Não precisa de identificação. É só colocar um e-mail, não necessariamente identificado.

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Panorama Político

tarcísio holanda

LULA E SUAS CONTRADIÇÕES E

m cerimônia para comemorar o sucesso do programa Topa (Todos pela Alfabetização), na Bahia, ao lado do governador Jacques Wagner, o ex-presidente Lula destacou a façanha política do mesmo, que derrotou a velha oligarquia comandada pelo falecido Antonio Carlos Magalhães naquele Estado. “Já imaginou? Um cara galego, lá do Rio de Janeiro, vir aqui pra Bahia e ser eleito no primeiro turno. Derrotar a oligarquia que governava esse Estado”. É por isso que eu acredito em Deus. Eu acredito em Deus, porque essas coisas acontecem e não têm explicação sociológica, filosófica”. Oligarquia é um fenômeno que acompanha a história política, não só da Bahia, mas de todo o Nordeste, com as variações e características que cada Estado guarda. Já foi pior, em outros tempos. Os Estados do Nordeste também têm acompanhado a evolução que se verificou na maior parte do país, embora de forma mais vagarosa. E Lula, naqueles seus rompantes tão característicos e que ficaram famosos no Brasil e lá fora, completou: “O Estado não existe para atender aos senhores que sempre se serviram do Estado”. E eu acrescento, como se fora propriedade privada.

O sucesso de Macunaíma?... Na Bahia, Lula não se esquivou nem de comentar o que lhe está reservado, agora que deixou o poder e voltou à planície. Ele se diz disposto a “continuar na vida política, agora muito mais à vontade”. E acrescentou: “Quando chegar aqui na Bahia, sem compromissos, sem segurança, sem protocolo, sem cerimonial para encher o saco... Sozinho, como nos velhos tempos, vou poder tomar um negocinho qualquer – não vou dizer o

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que é – sem preocupação com a imprensa. Sem preocupação com a fotografia, vamos conversar mais livremente, sem preocupação com as palavras”. O presidente soltou o verbo, já imaginando a vida que agora pretende levar, já que está fora do poder. Imaginação pura, pois não vai se acabar, como por milagre, o interesse jornalístico que cerca a sua figura, aqui e alhures. Portanto, não deverá acabar a sua preocupação em não aparecer numa fotografia tomando uma cachacinha... Pelo contrário, esse interesse da parte dos jornalistas deve aumentar. Pode se orgulhar de ter deixado o poder com a economia do país se expandindo a uma taxa que alguns previram nos 8%, em 2010, e com o mais alto nível de popularidade da história. Lula teve um desempenho brilhante no governo, a tal ponto que o Brasil acumula reservas cambiais que se aproximam dos 300 bilhões de dólares e que são uma das principais causas da segurança que o país inspira aos investidores internacionais. E fez tudo isso com as contradições que são inerentes ao protagonista polêmico que encarna, que o senador Tasso Jereissati, em seu discurso de despedida, comparou ao personagem de Mário de Andrade, o famoso Macunaíma. Assim mesmo, é impossível recusar os seus méritos, sobretudo quando nos lembramos de sua origem humilde.

Ciro no Ministério Como Ciro ficou sem um lugar no governo federal, uma vez que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, decidiu nomear Fernando Bezerra Coelho para ministro da Integração Nacional, restou uma alternativa para o

ex-ministro e ex-governador. Seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes, anunciou que vai nomear Ciro Gomes para gestor de um projeto especial no porto de Pecém, o superporto que o Estado tem na sua costa, próximo de Fortaleza. Trata-se da forma encontrada por Cid Gomes para dar ao irmão a oportunidade de ganhar alguns trocados e não ficar sem fazer nada. Vale a pena lembrar que o lançamento da candidatura de Dilma Rousseff levou Lula a pressionar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para tirar o tapete de Ciro, quando este anunciara a disposição de ser candidato a presidente da República pelo PSB. Eduardo Campos que é neto do velho Miguel Arraes, não teve dúvida em tirar a legenda do PSDB de Ciro. Agora, Dilma demonstra sua gratidão ao governador de Pernambuco, entregando o Ministério da Integração Nacional para um de seus secretários de Estado, o pernambucano Fernando Bezerra Coelho. A presidente Dilma Rousseff não deu satisfação a Ciro e nem a seu irmão, o governador do Ceará. O presidente Lula também não tomou a iniciativa nem de dar um telefonema para consolar Ciro, ele que retirou sua candidatura do páreo, de forma pouco convencional. O ato do governador do Ceará pode levar muitos a supor que ele está criando condições para que seu irmão seja candidato à sua sucessão. Ciro continua pensando alto, talvez não ligado na realidade que o cerca.

Presidência da Câmara divide o PT Acabaram-se as divisões internas no PMDB por conta da presidência da Câmara dos Deputados. Para surpresa geral, o 1º vice-presidente da Casa, o


deputado petista gaúcho Marco Maia, impôs-se como o candidato, obrigando o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza a renunciar a sua candidatura. Livre e desembaraçado, Marco Maia está empenhado agora em garantir que será candidato único ao cargo. Mas o parlamentar gaúcho tem um obstáculo pela frente, que é a candidatura do deputado Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara e que está sendo incensado pela oposição. Marco Maia precisa se cercar de cuidados para evitar um crescimento de Aldo à sua sombra. As disputas pela presidência da Câmara, não raro, se tornam surpreendentes. Nos tempos do regime militar, a ditadura teve que suar para vencer a candidatura do respeitado deputado Djalma Marinho. Para isso, distribuiu favores sem limites, pois a hora já era de abertura democrática, usando Paulo Maluf e o então ministro da Previdência Social, Jair Soares, que distribuía favores da Previdência generosamente. Não se pode dizer, a essa altura, que o deputado Aldo Rebelo constitua uma ameaça para o petista Marco Maia. Mas não há dúvida que seu trabalho de articulação junto com as oposições já assusta o deputado gaúcho e lideranças importantes do PT.

Um novo Severino Cavalcanti? Aldo Rebelo tem mágoas de Lula, que o deixou sozinho, sem base, quando ele tentou se reeleger na presidência da Câmara. A eleição para escolha do futuro presidente da Câmara realiza-se no dia 2 de fevereiro, quando começa a nova legislatura. Em algo tão delicado

quanto é a disputa pela presidência da Câmara, a presidente Dilma Rousseff deve estar pisando em ovos. Não lhe interessa assumir posições de desafio a deputados que depois poderão se vingar, votando contra o seu governo. Recém eleita, Dilma tem todo interesse de estabelecer um clima de harmonia nas relações com a Câmara. Apenas 24 horas depois de o presidente Lula ter conclamado os deputados e senadores do PT a se empenharem pela unidade interna, o PT de Minas Gerais anunciou que, com seus oito votos, não vai apoiar a candidatura do líder do governo Cândido Vaccarezza, se essa candidatura se sustentar. Preferido pela direção partidária e pelo próprio governo, Cândido Vaccarezza era encarado como favorito. Mas a luta interna na bancada contribuiu para enfraquecer a sua candidatura e poderá criar condições para que se repita fenômeno parecido com a eleição de Severino Cavalcanti. Quem vai colocar o guizo no pescoço do gato, acabando com essa briga na bancada governista e impondo a candidatura única? O ex-presidente Lula, cujos apelos pela unidade interna do PT não foram ouvidos? Ou a presidente eleita, que poderia chamar os pretensos candidatos e fazer-lhes um apelo para que retirem suas candidaturas em favor, agora, do deputado Marco Maia? Não se acredita que a presidente eleita se disponha a assumir esses desgastes correndo os riscos de fazer semelhante apelo. Até por que os preteridos se julgariam no direito de obter cargos no futuro governo.

Briga de poder Em algumas conversas que teve com figuras importantes do PT e do governo, Dilma Rousseff deixou claro que não pretende se envolver na disputa que se verifica na bancada governista quanto à indicação do futuro presidente da Câmara. É óbvio que a presidente eleita não quer assumir o risco de desgastes. Acha que a bancada do PT é que terá de resolver as suas dissensões internas para indicar o candidato a presidente da Câmara. Mas Dilma Rousseff sabe que não poderá ignorar uma eleição tão importante quanto a que é realizada para definir o presidente da Câmara dos Deputados. Não se pode fazer prognósticos quando se trata de uma eleição que só vai ser realizada no dia 2 de fevereiro, a data oficial de reabertura dos trabalhos do Congresso. Porém, é preciso ficar advertido, como os que conhecem aquela Casa há longo tempo, de que poderão ocorrer turbulências mais à frente. A presidente Dilma Rousseff tem alguns articuladores políticos naturais como o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, além do presidente do PT, José Eduardo Dutra. Porém, em se tratando de disputa pela presidência da Câmara, qualquer observador experiente sabe que é preciso ficar de olhos bem abertos. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, reconhece: “Acomodar o PT é quase tão difícil quanto acomodar o PMDB. Agora, estamos tentando resolver o problema da Articulação de Esquerda, que perdeu o ministério da Pesca. Se a Iriny Lopes for para a secretaria das Mulheres, resolve”.

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Brasília e Coisa & Tal

Romário Schettino

Embaixada da Palestina A diplomacia brasileira deu mais um passo corajoso ao reconhecer a existência de um Estado Palestino nas fronteiras fixadas antes da Guerra dos Seis Dias, de junho de 1967. Esse anúncio certamente vai contribuir para estimular as paralisadas negociações de paz na região. Desta forma, a Palestina ganha o direito de construir em Brasília a sua embaixada. O primeiro passo já foi dado: a Secretaria do Patrimônio da União (SPU-DF) entregou o lote nº 46, situado no Setor de Embaixadas Norte, aos representantes palestinos na Capital da República. Essa foi uma boa maneira de Celso Amorim se despedir do cargo de ministro das Relações Exteriores do governo Lula. Uma gestão primorosa.

e “Somos todos ateus, com os deuses dos outros”. Em todos, uma frase: “Diga não ao preconceito contra as ateus”. A Atea afirma que a campanha “não procura fazer desconversões em massa, apenas tem o objetivo de conseguir um espaço na sociedade que seja proporcional aos números, diminuindo o enorme preconceito que existe contra ateus, e caminhar rumo à igualdade plena entre ateus e teístas, que só existe quando o Estado é verdadeiramente laico – o que está muito, muito longe de acontecer”.

Ateus em ação - III

Ateus em ação - I A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) tentou veicular nos ônibus de Salvador e Porto Alegre uma campanha composta de quatro peças que contestariam a existência de Deus. A empresa responsável pela veiculação na capital baiana entrou em contato com a Atea e informou que não iria cumprir o contrato por temer ação do Estado e dos empresários de ônibus. A Agência de Transportes Públicos em Porto Alegre vetou a campanha local sob o argumento de que infringe uma lei municipal que veta temas religiosos na publicidade de ônibus.

Ateus em ação – II Esses vetos tiveram grande repercussão na internet. As peças passaram a circular informando que “Religião não define caráter”, ao lado de fotos de Chaplin (ateu) e Hitler (crente em Deus); “A fé não dá respostas, só impede perguntas”; “Se Deus existe, tudo é permitido”, ao lado de uma foto do avião antes de atingir uma das torres gêmeas

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O lançamento da campanha ocorreu depois de o Ministério Público Federal ajuizar ação civil pública contra o jornalista José Datena pedindo retratação de suas afirmações ofensivas contra ateus. Datena é alvo de um inquérito civil aberto pelo Ministério Publico Estadual e uma investigação criminal na Delegacia de Crimes de Racismo e Discriminação, em São Paulo, requerida pela Atea. As iniciativas de autoridades públicas em defesa dos ateus, embora tenham sido provocadas pela Atea e outros ateus, são inéditas no país e, segundo a Atea, “constituem marcos importantes na luta por direitos”. Recentemente a Atea exerceu direito de resposta em dois grandes jornais do país com relação a um par de artigos de Frei Betto, relacionando tortura a ateísmo militante.

PM repórter A utilização de Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro (Bope), pela TV Globo na função de repórter provocou a indignação do Sindicato de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro. A direção da entidade considerou um "grave erro" a emissora transformar Pimentel em jornalista. O PM fez reportagens no Morro do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, durante dois dias da ocupação pelas forças policiais e militares. A principal critica do sindicato se baseia no fato de que a presença do "policial Pimentel" colocou em risco a segurança dos outros jornalistas. "A figura de um policial no mesmo local que outros repórteres expõe a riscos


ainda maiores os profissionais da imprensa em geral que cobrem a violência na cidade, e não apenas os daquela emissora, tornando-os alvos em potencial de bandidos", alegou a direção do sindicato. A TV Globo se recusou a responder à crítica, preferindo continuar fazendo o que bem entende.

Governador não aprova O governador Cid Gomes, não aprovou o Conselho de Comunicação no Ceará. A decisão é um banho de água fria no movimento pela democratização da comunicação no Brasil. No entendimento do governador, cabe à União decidir sobre questões relacionadas à comunicação. "Não tenho competência para aprovar este conselho. Cabe sim ao governo federal este assunto", afirmou Cid Gomes. O projeto, de autoria da deputada petista Raquel Marques, aprovado em outubro pela Assembleia Legislativa do Ceará, previa a fiscalização dos meios de comunicação com participação do Poder Público. O governador está certo quanto à constitucionalidade, mas um conselho estadual tem funções que não tem nada a ver com o governo federal e pode sim, muito bem ser implantado pelo governo estadual, é só ter vontade política e resistir à pressão dos poderosos proprietários dos meios de comunicação no Brasil.

WikiLeaks O maior ataque aos chamados documentos secretos da diplomacia mundial aconteceu na internet por intermédio do site WikiLeaks, do australiano Julian Assange. Por causa disso, ele foi preso em Londres por uma denúncia de um suposto crime sexual por ele praticado na

Suécia. O então presidente Lula considerou a perseguição a Assange um atentado à liberdade de expressão e pediu que a imprensa brasileira protestasse contra a prisão. Lula foi o primeiro chefe de Estado a se manifestar em favor de Assange, depois veio Vladimir Putin, da Rússia. Pelo sim, pelo não, o mundo não é mais o mesmo depois do WikiLeaks. O compartilhamento universal da informação revoluciona o que se costumou chamar até aqui de jornalismo. O leitor pode ler a matéria sobre o fato e, ao mesmo tempo, ler o documento original na íntegra. Tiremos nossas conclusões sobre o futuro da profissão de jornalista, com ou sem diploma.

Rádios comunitárias A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, aprovou mudanças na regulamentação para a operação de rádios comunitárias. O relator, deputado Fernando Marroni (PT-RS), que apresentou substitutivo ao Projeto de Lei 4549/98, do ex-deputado Salvador Zimbaldi, argumenta que, “apesar de a legislação sobre as rádios comunitárias garantir o exercício do direito, não conseguiu romper as dificuldades que essas estações enfrentam desde a década de 70, que são a clandestinidade, a perda de identidade decorrente do risco de apropriação indevida por partidos políticos, problemas técnicos, burocráticos, criminais e legislativos, além da lentidão na obtenção da licença de funcionamento”. Para Marroni, “é necessário mudar as normas para não criminalizar as rádios que operam observando os critérios estabelecidos por lei, mas que ainda apresentam processo de autorização em tramitação porque o Estado tem dificuldades para responder à demanda do setor no processamento das licenças”.

Wasny no TCDF O deputado distrital eleito Wasny de Roure (PT) tem uma missão a cumprir no Tribunal de Contas do DF. Em meados do ano que vem, Wasny deixará a Câmara Legislativa para se dedicar ao cargo de conselheiro do TCDF. Assim, a primeira suplente petista Rejane Pitanga terá um gabinete inteirinho para ela.

Um excelente 2011 para nossos leitores e amigos colaboradores! email: romario@abordo.com.br

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Política Brasília

Natasha Dal Molin

Foto: Gustavo Lima

O time

do governador Agnelo São eles que vão estar no comando

I

niciado o ano, a população do Distrito Federal já sabe qual o primeiro e segundo escalão do governo de Agnelo Queiroz (PT) e Tadeu Filippelli (PMDB) para os próximos quatro anos – ou para o comecinho deles. O anúncio foi feito em blocos, conforme prometera Agnelo desde o anúncio da vitória, no fim de outubro. Das especulações feitas, algumas se confirmaram, enquanto outras surpreenderam. Paulo Tadeu (PT), como secretário de Governo, era a aposta mais concreta – e se firmou. Arlete Sampaio (PT), na secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, também. Na Saúde, Rafael Aguiar, que coordenou a transição na complexa e difícil área, também já era previsto. Mas houve quem estivesse na lista e ficasse de fora das nomeações. É o caso do petista Chico Leite, cotado para a pasta da Justiça, que acabou indo para Alírio Neto (PPS),

reeleito distrital. No Meio Ambiente, Joe Valle (PSB) era a aposta desta coluna, mas a pasta acabou indo para Eduardo Brandão (PV), que havia concorrido na corrida pelo Buriti, mas no segundo turno acabou se aliando a Agnelo. Joe Valle foi eleito distrital. Para a segurança, também foi um nome que não estava nas listas de apostas dos que acompanham a movimentação política. Daniel Lorenz acabou ficando com a pasta. Na Comunicação, assumiu Samanta Sallum, que foi assessora de imprensa de Agnelo durante a disputa pelo Palácio do Buriti. Foram criadas nove secretarias novas, dentre elas a da Transparência, a da Micro e Pequena Empresa e da Juventude. Uma pasta para a publicidade do governo também foi criada, cabendo ao petista Abimael Nunes, que cuidou de aspectos da transição de governo.

Confira a lista dos secretários, diretores de estatais e administradores regionais. Secretariado e Diretoria de Estatatais

Publicidade Abimael Nunes de Carvalho

Saúde Rafael de Aguiar Barbosa

Casa Civil Jaques Pena

Cultura Hamilton Pereira

Segurança Pública Daniel Lorenz de Azevedo

Casa Militar Rogério Leão

Desenvolvimento Social e Transferência de Renda Arlete Sampaio (PT)

Trabalho Glauco Rojas

Secretaria de Transparência e Controle Carlos Higino Ribeiro de Alencar

Educação Regina Vinhaes Gracindo

Agricultura, Pecuária e Abastecimento Lúcio Taveira Valadão

Fazenda Valdir Moysés Simão

Comunicação Samanta Sallum

Obras Luiz Carlos Pitiman (PMDB)

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Governo Paulo Tadeu (PT) Transporte José Walter Vazquez Desenvolvimento Urbano e Habitação Geraldo Magela (PT)


Meio Ambiente Eduardo Brandão (PV)

Procurador-geral do DF Rogério Leite Chaves

Paranoá Carlos Antoneto de Souza Lima

Orçamento e Planejamento Edson Ronaldo Nascimento

Consultor Jurídico Paulo Machado Guimarães

Núcleo Bandeirante Bruno Bonetti

Administração Denílson Bento da Costa

Diretora Geral da Polícia Civil Mailene Alvarenga

Ceilândia Ari de Almeida

Esportes Célio René Trindade Vieira

Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Marcio de Souza Matos

Guará Carlos Nogueira da Costa

Justiça, Direitos Humanos e Cidadania Alírio Neto (PPS) Ordem Pública e Social Agrício da Silva Mulher Olgamir Amância Ferreira Juventude Fernando Nascimento Silva Neto Criança Dioclécio Campos Júnior Micro e Pequena Empresa e Economia Solidária Dirsomar Chaves Ciência e Tecnologia Gastão Ramos (PSB)

Comandante Geral da Polícia Militar Paulo Roberto Rosback Diretor Geral do Detran José Alves Bezerra Presidente do Banco de Brasília (BRB) Edmilson Gama da Silva Diretor DFTrans Marco Antônio Campanella Emater Reinaldo Pena Lopes SLU João Monteiro CEB Rubem Fonseca Filho

Cruzeiro Salin Siddartha Samambaia Risomar Carvalho Santa Maria Márcio Gonçalves Ferreira São Sebastião Janine Rodrigues Barbosa Recanto das Emas Izaudete Carneiro de Souza Abrantes Lago Sul Abdon Henrique de Araújo Riacho Fundo Arthur Nogueira

Assuntos Estratégicos Newton Lins (PSL)

Administrações Regionais:

Lago Norte Marcos Woortmann

Desenvolvimento Econômico José Moacir de Sousa Vieira

Brasília José Messias de Souza (PCdoB)

Candangolândia João Hermeto de Oliveira

Entorno Renato Andrade dos Santos

Gama Adauto de Almeida Rodrigues

Águas Claras José Júlio de Oliveira

Turismo Luís Otávio Neves

Taguatinga Daniel de Castro

Riacho Fundo II Geralda Godinho Sales

Defesa Civil Paulo Roberto Matos

Brazlândia José Luiz Ramos

Sudoeste/Octogonal Marcelo Sisiliano

Chefe de gabinete do governador Cláudio Monteiro

Sobradinho Maria América Menezes Bomfim

Varjão José Maria Martins dos Santos

Secretário Particular do governador Bolivar da Rocha (PT)

Planaltina Nilvan Pereira de Vasconcelos

Park Way José Benevonuto Estrela

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Dinheiro

mauro castro

Ano novo com receita antiga T

odo ano a história é a mesma. Promessas para utilizar o 13º para quitar as dívidas e implementar projetos para a família. Depois que o dinheiro entra na conta, as coisas mudam de direção. Parece o milagre da multiplicação. Fartura e prosperidade. As pessoas ficam mais suscetíveis para gastar e fazer compras. Quanto às dívidas e os planos de fim de ano são solenemente adiados para as promessas de ano novo. Em uma perspectiva alucinante o dinheiro do 13º desaparece e fica a impressão de que o valor nem era tão grande assim. Quase que em uma atitude automática as pessoas apostam que no ano seguinte poderão colocar a vida financeira em dia, com uma proposta mais disciplinada. Já para aqueles que tiveram a felicidade de encontrar dinheiro na conta após natal e férias, devem se preparar para investir. A sugestão para este início de ano são investimentos mais conservadores. Sempre o investidor deve lembrar que os ganhos obtidos no passado não garantem os mesmos rendimentos no futuro. Cuidado neste início de ano com ações, investimentos multimercado e câmbio. Poupança ainda continua segura, mas limitada no rendimento real. A aplicação deve estar alinhada com o tempo de duração em perspectiva. Uma das realidades em curto prazo que todos devem cuidar é o conjunto de despesa que ocorre no início de ano. Desde compra de material escolar, passando por tributos, e mais, as famosas contas das férias que vem no cartão de crédito. Por tudo isso é bastante recomendado uma dose de atenção com o uso do dinheiro. Do que estiver disponível, divida em três partes. Uma para investimento para aumentar seu capital. A segunda parte para as despesas de início de ano. E a outra parte para seu futuro, por isso, não se esqueça de sua previdência privada, em longo prazo pode ser interessante pelo pagamento parcelado dos benefícios. Converse com o gerente do seu banco e verifique como estão os resultados dos principais fundos. Diversifique e controle seus investimentos. O ano é novo, mas a receita é antiga. E funciona.

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PLANO PLANO BRASÍLIA BRASÍLIA 4ª SEMANA 17 DE JANEIRO OUTUBRO DE 2010 2011

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Capa

Por: Afrânio Pedreira | Fotos: Divulgação | Ilustração: Theo Speciale

Solida


ariedade Gesto que faz a diferença

F

amosos dicionaristas como Aurélio Buarque de Holanda conceituam a palavra solidariedade com sentido amplo. “Dependência mútua entre os homens. Sentimento que leva os homens a se auxiliarem mutuamente. Relação mútua entre coisas dependentes”. Significação à parte, certo mesmo é que nos últimos tempos, muita gente, principalmente políticos, marketeiros e outros afins, elegeram a palavra como a preferida para quase todas as suas ações e projetos. Afinal, não é raro o uso de expressões assim caírem no gosto popular. Houve tempo em que as bolas da vez foram palavras como: amor, fraternidade, paz, igualdade e outras. Foi na década de 80, que “solidariedade” se tornou popularizada, em virtude da criação do forte sindicato polonês Solidarnosc (solidariedade), liderado por Lech Walesa que chegou a governar aquele país. Para especialistas, o senso comum da solidariedade está fortemente ligado ao campo das emoções. “Uma sensibilidade para com os menos favorecidos que leva a uma atitude de caridade. A fragilidade desta concepção está em sua unilateralidade. Os ricos deveriam ser solidários com os pobres”, é o que afirma o religioso João Carlos Almeida, em sua tese de doutorado em Filosofia da Educação pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção do estado de São Paulo. Conjecturas à parte é fato de que as atividades solidárias fazem parte da cultura

brasileira. Cada vez mais, o gesto vem diminuindo ou amenizando algumas carências da população de menor poder aquisitivo. “Essa capacidade de compartilhar, ajudar aquelas pessoas menos desprovidas é muito gratificante”, confessa a médica pediatra Neide Albuquerque que, de forma solitária, há anos recolhe medicamentos e doa para pessoas carentes em comunidades pobres do Distrito Federal. Segundo ela, o gesto solidário que desenvolve, aconteceu por acaso, quando se encontrava no trabalho, em um hospital da rede pública do DF e o telefone tocava insistentemente. Ela atendeu e a pessoa do outro lado da linha perguntou se no local recebia remédios para doação já que ela estava com vários em estoque. A médica respondeu que não e informou que toda a medicação do local era somente recebida da Secretaria de Saúde. Devido à insistência da pessoa, Neide então se propôs a receber os medicamentos e fazer a distribuição dos mesmos para quem não podia comprar em uma comunidade carente de Brasília. “E ai a história se espalhou e sempre que alguém tem e quer doar os remédios, eu os busco e faço a distribuição. Não custa nada. Fazer o bem faz muito bem“, diz ela. “Gesto bonito” é o que muita gente diz. Essa capacidade de compartilhar dos sofrimentos e dores dos outros,

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Projeto “De olho no social de 2010” da Voriques Optica

realmente comprova a solidariedade que muita gente tem. E essa vontade de compartilhamento é mais acentuada na época do natal e início do ano. Prova disso são as constantes e crescentes campanhas solidárias que são desenvolvidas por instituições criadas exclusivamente para esse fim e outras que se desenvolvem por motivos variados. E isso acontece no mundo todo. Em Brasília não é diferente. Além da arrecadação e distribuição propriamente ditas, as ações geralmente são focadas em benefícios de crianças carentes ou em situações de risco, idosos e moradores de rua. Ainda conforme a tese de doutorado do religioso José Carlos, tais atitudes não chegam a resolver definitivamente os problemas sociais já que, em última análise, a origem do problema está na distribuição de renda do país. Para ele, a prática da solidariedade serve apenas para amenizar a situação de calamidade de muita gente. E existem várias formas e maneiras de se ser solidário. Quer ajudando financeiramente, quer trabalhando como voluntário em ações de cidadania e quer aconselhando e promovendo socialização. A Organização Não Governamental Sonhar Acordado, fundada no México em 1998, no Brasil em 2000 e que existe em Brasília desde 2004, prima por trabalhar o desenvolvimento dos valores humanos entre crianças e adolescentes carentes. Na organização, levar palavra de conforto, dar carinho e oferecer mãos e ombro amigo são palavras de peso e de medida. Para isto, a instituição estabeleceu a atuação em quatro programas distintos: Amigos para sempre, Sonhan-

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Consultas oftalmológicas gratuitas

Se para os pais das crianças a doação dos óculos é motivo de festa, para nós, fica a gratificação e a certeza de que ajudamos a minorar seus sofrimentos do juntos, SuperAção e Preparando o futuro. O primeiro consiste na criação e estabelecimento de laços de amizade entre a criança e o voluntário para que seja acentuado o fator confiança mútua. O segundo programa, que é feito com crianças carentes com doença terminal, em geral câncer, visa a realização de sonhos de crianças como ganhar uma bicicleta, uma boneca ou um carrinho. A SuperAção é a realização de obras como reformas, pinturas e construção de novos e pequenos ambientes em creches e orfanatos. Preparar o futuro é traçar perspectivas em busca de

melhores mundos para que a criança de hoje possa viver quando adulto amanhã. O projeto “Sonhar Acordado”, que conta com 20 jovens na direção, 80 com atuações mensais e mais de 350 em atividades esporádicas, é presidido pelo engenheiro elétrico Rafael Amorim, 23 anos. Indagado sobre a satisfação do trabalho, Rafael não soube mensurar. “Eu simplesmente me sinto impelido a fazer algo mais pelo próximo e fico feliz ao final de cada atividade realizada com sucesso”, comemora. E depois de cada ação ou gesto solidário, comemorações é o que não faltam. Tanto para quem executa quanto para quem se beneficia. É o caso da garota Vitória Régia Ramos, de seis aninhos, que recebeu o sonhado óculos durante a campanha “De olho no social de 2010” da Voriques Optica, realizada em novembro do ano passado no Centro de Aprendizagem e Integração de Cursos (Caic) de São Sebastião. Durante o evento, 86 crianças com autorefração - procedimento para determinar o erro refracional do olho como miopia, hipermetropia e astigmatismo – foram atendidas. Destas, 38 foram encaminhadas para consultas mais detalhadas e 23 óculos foram doados. Com a entrega dos óculos de 15 X 7 graus da pequena Vitória, a alegria maior foi da mãe que, conforme os médicos do projeto, nem desconfiava que a filha fosse quase cega. “Se para os pais das crianças a doação dos óculos é motivo de festa, para nós, fica a gratificação e a certeza de que ajudamos a minorar seus sofrimentos”, assegura Alceu Justino de Sá, presidente do Rotary Club de Taguatinga Oeste,


Onde e como

ajudar:

Doação computadores CDI - Centro de Democratização da Informática. www.cdi.org.br Doação de bicicletas Rodas da Paz. www.rodasdapaz.org.br Doação de brinquedos

entidade responsável pela seleção das comunidades que são beneficiadas. Assim como a menina Vitória Régia, cerca de seis mil pessoas, entre crianças e adultos carentes, também tiveram seu problema de visão solucionado nos sete anos de existência da campanha que, além da distribuição de óculos, realiza consultas oftalmológicas totalmente grátis. Para o empresário Voriques Oliveira, idealizador da campanha, pessoas que não enxergam direito enfrentam problemas sérios, como baixo rendimento escolar. A “De olho no social”, tem a parceria da Clinica Inob que oferece os atendimentos oftalmológicos, dos laboratórios Essilor e Comprol na doação das lentes e o Rotary Club de Taguatinga Oeste. Outra ação solidária que arranca aplausos e tem a simpatia de vários brasilienses é o Rodas da Paz, fundada em 2003 como forma de reação ao crescente número de acidentes e mortes no trânsito do DF. Além da distribuição de bicicletas em comunidades carentes, a ONG, formada por pessoas de diversos segmentos sociais, promove palestras educativas de conscientização e protestos com passeios ciclísticos para garantir a todos, o direito de transitar em segurança pelas ruas da capital. Todos, no Rodas da Paz, se intitulam “fiéis representantes” dos usuários das duas rodas. Para quem quer ser solidário, pelo menos de vez em quando, não precisa ir muito longe. Em muitas das vezes, a mão fraterna e amiga pode ser estendida ao seu vizinho de porta, o colega de trabalho ou a faxineira de sua casa.

Existem ocasiões na vida em que todos precisam de ajuda. Quer uma palavra amiga. Uma roupa velha para agasalhar no frio. Uma cesta básica quando a geladeira e dispensa esvaziaram. Um livro para distrair. Um remédio para curar uma dor. “Dado de coração é o que basta. Desse jeito Deus se satisfaz”, assegurou a aposentada Maria do Socorro, 83 anos. Para ela, gestos desprovidos de qualquer segunda intenção são que dão sentido à verdadeira significação da palavra solidariedade. Pensando assim e por ser sabedor de que um país se faz com homens e livros, como já dizia o escritor Monteiro Lobato, foi que o proprietário do Açougue Cultural T-Bone, Luiz Amorim, resolveu juntar carne com livros. Mistura que, à primeira impressão não daria nunca certo. Ledo engano. O casamento foi perfeito e já dura três anos, coroado de sucesso. Além da facilidade de se lê ou pegar emprestado uma obra literária no local, enquanto compra carnes, a iniciativa foi bem sucedida e resultou no projeto Parada Cultural. Uma biblioteca popular desenvolvida em 36 pontos de ônibus das avenidas W3 e L2 Norte. Os livros ficam espalhados nas paradas e qualquer passageiro pode levá-lo para casa a título de empréstimo e devolver após o uso. Conforme o auxiliar de cozinha e organizador do projeto, Hélio Vitorino da Silva, 29 anos, a média de empréstimo mensal ultrapassa a marca dos 10 mil livros. “É uma pena que ainda exista gente que danifica ou não devolve os exemplares. Mas nós estamos fazendo o nosso papel, dentro da nossa proposta”, lamenta.

Pessoas com câncer Presidente: Maria José - 8442.9091 Lílian - 9219.3998 Doação de óculos Voriques Óptica. voriquesoptica.com.br Doação eletrodomésticos 100 Dimensão. QN 16 conj. 5, lote 2 - Riacho Fundo II (na entrada) Sônia, Ângela 8442.3275 Doação de roupas, alimentos e brinquedos Aldeias SOS – 913 Norte. www.aldeiasinfantis.org.br Doação de remédios Dra. Neide Albuquerque www.neide.brasilia@brturbo.com.br Doação de quimonos de judô tranquillini@abordo.com.br Tel: 3224.7728 Doação potes de vidro e leite materno: Berçário do Hospital Santa Helena. Acima de 30 vidros, eles buscam em casa. Tel.: 3215.0029 Doação de livros Açougue Cultural T-Bone. www.t-bone.org.br Endereço: SCLN 312 Bl. B Lj 27 Brasília-DF CEP 70.765-520. Tel.: (61) 3274.1665 Ajudando animais ProAnima - Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal. SCLN 116 - Bloco I - Loja 31 - Subsolo Ed. Cedro Tel.: (61)3032-3583 e-mail: proanima@proanima.org.br Ajudando o próximo ONG Sonhar Acordado. www.sonharbrasilia.com.br Doação de Sangue Hospital de Base. Tel.: 3325-4050 Fundação Hemocentro de Brasília pr@fhb.df.gov.br. Tel.: 3327.4462/64

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Cidadania

Por: Anna Paula Falcão | Fotos e colaboração: Maíra Elluké Indígenas da etnia Manoki, do Mato Grosso

Onde estão os índios do Brasil? Q

Atualmente, a população indígena é de cerca 500 mil pessoas. O que representa pouco mais de 0,25% da população brasileira.

uando os portugueses chegaram às terras brasileiras a população indígena era dominante. Por não serem maioria na sociedade, os povos da floresta lutam para manter viva a tradição de seus antepassados. Hoje existem cerca de 240 povos indígenas em todo o país. Cada um com seus costumes, características culturais, línguas e religiosidade diferenciadas. A maior parte das terras indígenas está localizada nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Tocantins. Nesses estados vivem mais de 50% da população indígena do Brasil. O que corresponde a cerca de 90% do território indígena legalmente regularizado. Com a criação do Serviço de Proteção ao Índio em 1910, pelo Marechal Cândido Rondon, os índios conquistaram o direito de viver conforme suas tradições e costumes, a garantia da posse coletiva de suas terras e dos direitos dos cidadãos comuns. Já com a Constituição Federal do

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Brasil de 1988, a primeira a constar um capítulo sobre a raça indígena, a população nativa conquistou de vez o direito de vida conforme suas culturas e tradições, com respeito e valorização das mesmas, utilização do ensino bilíngüe com respeito aos processos próprios da aprendizagem e a demarcação e projeção de suas terras. O documento também estabelece tratamento diferenciado à saúde do índio. Com isso, os povos indígenas foram reconhecidos oficialmente como culturalmente diferentes e que essa diversidade teria de ser respeitada, sem a exigência da adequação aos hábitos dos homens brancos. Nos dias atuais, o mais importante colegiado para o debate sobre as questões relacionadas aos povos indígenas e o Estado brasileiro é a Comissão Nacional de Políticas Indígenas (CNPI), composta por representantes indígenas de todas as regiões do país, órgãos do governo que desenvolvem políticas indigenistas e segmentos da sociedade civil. Para o representante do Comitê Intertribal Memória e

Ciência Indígena e idealizador dos Jogos dos Povos Indígenas, Carlos Terena, a tendência é que os povos indígenas ocupem cada vez mais lugares na política e na sociedade brasileira. “Temos opinião formada e não precisamos que ninguém fale por nós. Sabemos o que queremos e onde queremos chegar”, enfatizou. Entre as principais atribuições da FUNAI, que é o órgão responsável pela execução da política indigenista, está a demarcação, promoção e fiscalização de terras indígenas, assim como zelar pela questão adequada do meio ambiente. Além disso, cabe também a entidade, a promoção da educação e saúde dos índios, a garantia da preservação e organização dos acervos documentais e a realização de estudos e pesquisas nas comunidades indígenas.

O infanticídio indígena Reconhecida internacionalmente por sua atuação pioneira na defesa do direito das crianças indígenas, a ONG ATINI – Uma Voz Pela Vida trabalha,


desde a sua criação em 2006, para que políticas públicas que atendam as necessidades dos povos tradicionais sejam estabelecidas e cumpridas de forma severa. Formada por advogados, religiosos, políticos e educadores que nutrem um profundo respeito pelas culturas indígenas, tem a proposta de dar voz aos indígenas que não concordam com a prática do infanticídio em suas comunidades de origem. A luta dos indígenas, considerados “desviantes” pelo seu grupo étnico de origem, foi o estopim para a criação da ATINI. A declaração do agente de saúde da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ayato Kuikuro, durante as gravações do documentário “Quebrando o Silêncio”, em março do ano passado, retrata muito bem a real prática do infanticídio indígena no país: “Toda vez que eu via uma criança nativa embaixo da terra, ficava triste. Mas ficava feliz quando a via em pé, brincando”.

Indígenas da etnia Assuriní, do Pará

VALORES DA ATINI • Priorização da criança e defesa do seu direito inalienável à vida • Participação de indígenas em todas as etapas de planejamento e execução dos objetivos • Respeito e valorização da cultura e das práticas tradicionais indígenas, desde que em conformidade com os direitos humanos reconhecidos no âmbito nacional e internacional • Respeito e valorização da dignidade do indivíduo, sem discriminação de natureza alguma • Transparência na prestação de contas em todas as áreas de atuação Indígenas durante os X Jogos dos Povos Indígenas, em Paragominas-PA

Serviço ONG ATINI Voz pela vida recebe doações e recursos financeiros. Além disso, quem tiver interesse pode apadrinhar uma criança sobrevivente do infanticídio das comunidades indígenas. SCRN 714/715 - Bloco F - Loja 18 (61) 3272-3035 / 3202-7626

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Gente

Por: Edson Crisóstomo | Fotos: Tak Eventos

O casal Elton e Eliana Crisóstomo

Hugo e Andreia Crisóstomo com Marina Gomes

O poeta Turiba, Amauri Pessoa, Elaine Pessoa e Vânia Pinheiro

Política

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Caixa Rápido

Jabá O hit do momento na Rádio Nativa é Gim & Gello

prisões de gente graúda do empresariado local, membros do antigo governo e de mais um ou dois parlamentares distritais.

Pandora 2 É questão de pouco tempo, mas MUITO pouco mesmo, o retorno a mídia de um dos maiores escândalos políticos da história de Brasília. Agora com novas

Dúvida Cruel O distrital Dr. Michel ficou indignado ao saber que teria que optar entre o salário de delegado de polícia e o de deputado distrital. Por alguns reais, quase frustra seus eleitores.

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Nayara e Lucas Crisóstomo

Foco nas pequenas empresas O Sebrae oferece, de janeiro a maio, o Programa Verão Empreendedor, com cursos, palestras, consultorias e oficinas. O atendimento, gratuito, oferece orientações sobre como melhorar algum aspecto da gestão. Programação completa no site www.df.sebrae.com.br. Agendamento e informações: 0800 570 0800 ou nos postos de atendimento do Sebrae em todo Distrito Federal.


Cleyde Xavier e o netinho Eduardo

Gabriella Silva e Mayko Chaves Foto: Gustavo Lima

Equipe Plano Brasília

Milena Lima e Marcelo Mesquita na festa de associação à ANER

Geleia Geral Sustentabilidade Após ter sido pioneiro em adotar uma postura de responsabilidade ambiental, o que rendeu a certificação ISO 14001, o Pátio Brasil Shopping almeja, agora, o certificado OHSAS 18001 – Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. Trata-se de uma norma para permitir que qualquer tipo de organização controle de forma mais eficaz seus riscos de acidentes e doenças ocupacionais.

“Vida Acolchoada” e “Adaptação” O Espaço Cultural Contemporâneo apresenta duas exposições individuais “Vida Acolchoada” e “Adaptação”, dos artistas Aline Ogliari (Brasília), Gustav Liliequist (Suécia), com curadoria de Karla Osorio Netto. Aline explora sua técnica única para trabalhar a pintura fazendo uso de materiais alternativos como isopor e tecido, e Gustav, que faz

uso da fotografia para explorar questões de identidade enfatizando o processo de adaptação em meios urbanos. Local: Espaço Cultural Contemporâneo – ECCO Endereço: SCN Quadra 3 Lote 5 Tel: 3327 2027 www.eccobrasilia.com.br

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Cidade

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Gustavo Lima

Queima de

estoque

A prática é comum no pós festas de fim de ano

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uantas vezes em dezembro, por ocasião do natal e chegada do ano novo, passeando pelo shopping, você ficou namorando aquela bolsa ou aquele sapato expostos na vitrine e não teve coragem de comprar devido ao elevado custo e orçamento apertado? Pois bem. A época de festa passou e os lojistas, com vistas a zerar o estoque, resolvem abrir as portas com liquidações que chegam a atingir percentuais de até 50% de desconto. Fato que costuma ser comemorado pelos consumidores de plantão que, sabendo da costumeira prática do comércio, ficam à espreita para comprar aquela peça de roupa ou acessório que foi e ficou no seu agrado. Foi o caso da funcionaria publica, Cristina Pierri. Ela conta que costuma deixar para fazer suas compras em janeiro quando a temporada de descontos costuma estar aberta. Para ela, que foi às compras na loja Colcci do shopping Iguatemi do Lago Norte e que está oferecendo descontos de até 50% é muito mais vantajoso esperar por estas liquidações de começo do ano. “Eu sempre procuro promoções. É certo que, às vezes, a gente perde aquilo que queremos de verdade, mas compensa porque você perde uma peça e leva duas ou três na promoção”, assegura. Com propriedade, Cristina aconselha para que as compras sejam efetuadas em dinheiro, pois os descontos são sempre bem maiores. Carlos Rodrigues, gerente da Colcci do Iguatemi, diz que os meses de janeiro e fevereiro são bons também para os clientes aproveitarem para comprar aquilo que não foi adquirido na época do natal. Segundo ele, para o comercio, a temporada de descontos é uma continuidade da época festiva de dezembro, já que os consumidores costumam voltar para levar as peças que gostaram e com preços bem mais em conta do que estava apreçado no mês anterior. “O cliente acaba encontrando saldos que ele não levou, não interessou muito e hoje, devido ao preço, se interessa muito. É a oportunidade para levar pra casa o que ficou namorando só pela vitrine”, ressalta o experiente gerente. A advertência que

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Cristina Pierri costuma aproveitar as liquidações


Entre as promoções da Colcci e da Alphorria, destacamos dois looks completos de cada loja faz é a de que, como a loja é exclusiva, pode acontecer da peça que o cliente ficou de olho em dezembro não tenha mais no estoque. Já a gerente da loja Alphorria, também localizada no Iguatemi, Fabiana Quaresma acredita que compensa mais para o cliente comprar em janeiro e fevereiro quando todas as lojas entram em promoção. “É queima de estoque. O cliente aproveita para comprar peças que ele queria muito adquirir em dezembro e, por algum motivo, principalmente financeiro, não pode”, ressalta. No momento, a Alphorria está concedendo descontos de 30% em várias de suas peças e, em breve, a promessa é de que, em toda a loja, os descontos cheguem a 50% . Para quem ainda tenciona adquirir peças da Alphorria, Fabiana garante que ainda existem no estoque todas as numerações das roupas que foram comercializadas no natal. Se você ficou de olho e sonha com alguma peça de roupa ou acessório, o conselho é dar uma passadinha na loja. Quem sabe os preços estão em baixa e cabem no seu bolso?

Colcci A calça que antes era R$ 242 está saindo por R$ 169. A blusa antes R$ 195 sai por R$ 139. A sandália e a bolsa, antes R$ 460 e R$ 599, respectivamente, estão saindo por R$ 349 e R$ 529. Nesse look, a economia é de R$ 310. Alphorria O short que antes custava R$ 249,90 está saindo por R$ 174,93. A blusa combinando, era R$ 172,30, agora custa R$ 120,61. A sandália e o cinto, antes era R$ 342,70 e R$ 295, respectivamente. Na promoção a sandália está por R$ 239,89 e o cinto a R$ 206,50. Nesse look, a economia é de R$ 207,75.

Serviço Colcci Shopping Iguatemi SHIN CA 4, Lt. A lj. 76, térreo - Lago Norte (61) 3468.6541 Alphorria Shopping Iguatemi SHIA CA 4, Lt. A lj. 50, térreo - Lago Norte (61) 3468.2926

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Educação

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Gustavo Lima

Materiais escolares super poderosos Eles são novos, lindos e atrativos. Como seu filho pode resistir?

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ápis, caneta, caderno, tesoura, borracha. Uma lista de material escolar que parece não ter fim. E todo ano é a mesma coisa. Ir à papelaria se tornou rotina. Porém, persiste a duvida: diante de tantas marcas, inúmeras opções do mesmo produto, qual escolher? E quando o seu filho insiste naquela marca que traz algo novo e conseqüentemente é mais cara? Qual a melhor forma de lidar com a situação quando de um lado da balança pesa o bolso. E, do outro lado, a necessidade de comprar um material de qualidade, e que dure o ano inteiro? Mochilas de três rodinhas. Giz de cera em

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forma de canetinha. Cadernos com estampas do Ben 10, da Hello Kity, do Justin Bieber e até do Luan Santana. Perfeitos para chamar a atenção dos amigos na escola. Mas será que esses objetos são a melhor opção na hora de comprar o material escolar do seu filho? O proprietário da papelaria Risk, Edésio da Silva Gontijo, acredita que sim. Para ele os lançamentos são mais resistentes e duradouros. “Essa mochila de três rodinhas, por exemplo, bate e não quebra a roda, enquanto que as outras geralmente quebram”, explica. Segundo ele, é financeiramente mais compensador comprar um material novo no mercado, pois sua durabilidade vai garantir que os pais não precisarão comprar o mesmo material na metade do ano. Para o gerente da papelaria ABC, Altair Rover, todo ano as indústrias lançam produtos com personagens novos. Segundo ele, trata-se de um paralelo com o que aparece na televisão. “As indústrias normalmente utilizam programas infantis e personalizam o material escolar na intenção de fidelizar a criança que passa a querer Tesoura e conjunto de canetas Ben 10

o produto para seu uso diário”, justifica. Conforme ele, como esses materiais são da moda, mais caros e muito pedidos pelos filhos, os pais estão preferindo deixá-los em casa na hora das compras. Viviane Alves Martins, que precisa comprar o material escolar de sua filha que vai ingressar no 5° período escolar, acredita que comprar um material de qualidade é a melhor opção. “Eu vou muito pela qualidade. Não adianta comprar um negócio bonitinho que daqui a pouco quebra”, diz. Adriana de Sousa Morais Rodrigues, mãe do estudante Isaac Junior, sempre opta pelo material de preço mais em conta, visando qualidade. “Vou muito pelo preço. Essas questões das decorações, das novidades, às vezes atraem muito ele. Mas eu, como mãe, procuro olhar o preço, a qualidade do material”, assegura ela, que diz acreditar que nem sempre os lançamentos são os melhores. Devido à experiência, Viviane e Adriana dão a dica de como administrar a situação do desejo que as crianças têm de ter um material escolar da moda, que implica um alto custo e às vezes, baixa qualidade. Elas negociam com as crianças. Por exemplo, Viviane tem que comprar seis cadernos para a filha. Ela escolhe quatro e a menina dois. Já Adriana estabelece que o filho


Caneta borracha Ben 10 vai poder escolher três produtos e o restante fica ao critério dela. Paulo Cesar Felipe, funcionário do Inmetro responsável pela fiscalização do setor de materiais escolares do centro oeste, diz que os lançamentos geralmente são produtos melhores. Segundo ele, são produtos que evoluem a cada ano e que são fiscalizados quanto à qualidade. “Antigamente era uma correria em janeiro para autuar fábricas infratoras. Hoje, é muito tranqüilo. A qualidade dos produtos brasileiros melhorou muito”, conta. Felipe adverte que os materiais importados costumam dar problema. Segundo ele, Produtos “da China” lideram o ranking das infrações emitidas. Os campeões são a tinta guache e a massinha de modelar, por provocarem intoxicação e alergia. Ele aconselha a compra de produtos que tenham o selo do Inmetro, pois são objetos com a qualidade testada.

Calculadora Ben 10 Caderno Justin Bieber

Cadernos Luan Santana

Serviço Papelaria ABC SIG Qd. 2, Lt. 668 (61) 2103.1515 Papelaria Risk QNC 10, s/n, Lt. 1, Lj. 3 - Taguatinga (61) 3351.2126 Kit escolar Ben 10 PLANO BRASÍLIA 17 DE JANEIRO DE 2011

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Tecnologia

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Divulgação

Ipad

Computador móvel é sucesso de vendas no país

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elulares, computadores, câmeras. Produtos que perderam a vez. Eles não ocupam mais o primeiro lugar na lista de desejos de consumo. Em cima do pódio está o Ipad, computador móvel de nove polegadas recém lançado no mercado nacional. O ipad é mais fino e mais leve que qualquer laptop ou net book. Permite ao usuário navegar na web, ler e enviar e-mails, curtir e compartilhar fotos, assistir vídeos em alta definição, ouvir música, jogar games, ler livros e etc. A Ctis, rede de produtos de informática, iniciou as vendas do Ipad em Brasília na noite do dia dois para o dia três de dezembro, com opção de compra também pelo correio eletrônico da loja. Segundo a assessora de comunicação da empresa, Emanuela Carvalho, o volume de venda do aparelho logo no primeiro dia deu sinais significativos de aceitação. “Alguns clientes chegaram às 21h do dia 2 de dezembro para aguardar a chegada do produto. Senhas foram distribuídas. Na primeira hora, foram vendidos mais de 40 Ipads”, conta ela. O Diretor Regional de Varejo da Ctis, Mário Arruda, acredita que o sucesso se deve aos fatores da portabilidade e mobilidade do produto. “É um produto leve, pequeno, de fácil manuseio, do tamanho de um livro tradicional. Você pode usar ele como se fosse um livro mesmo. Tem até o recurso de folhear se você quiser”, diz. Segundo ele, o ipad é um produto que foi bastante esperado, graças à mídia e as noticias das pessoas que compraram o equipamento fora do país. “Nós esperávamos que o produto fosse um

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sucesso, mas não da forma que está sendo”, comemora. Conforme Arruda, o produto é procurado por pessoas de todas as idades, entre entendidos, e curiosos que nem sabiam o que era um ipad. “Existe uma predominância de compradores jovens, universitários. Mas não é a regra”, relata. “O ipad tem até 300 softwares (programas) distintos. Recursos que suprem as várias necessidades que os compradores tenham. Por exemplo, você está gravando essa entrevista comigo. Você poderia estar gravando e anotando ao mesmo tempo. Assim fica simples de conviver com o ipad”, diz Rodrigo Silveira, representante dos produtos da Apple da Ctis. Segundo ele, as funções que mais interessam ao publico são a internet, a visualização de livros, a facilidade de acessar os arquivos offices e documentos que as pessoas podem ver e editar. “Eu não saio sem o meu Ipod. Eu ouço musica, tiro fotos, vejo filmes, falo com meus filhos. Imagine fazer tudo isso em uma tela de nove polegadas? O Ipad é maravilhoso”, confessa o jornalista aposentado Mozart de Carvalho, que é consumidor fiel dos produtos da Apple, um tipo aficcionado em tecnologia. Lincoln Bruno, amigo de Mozart, também jornalista aposentado, diz que sempre teve resistência a produtos ele-

trônicos. Porém, se deixou seduzir pela propaganda do amigo sobre o ipad e foi conferir a novidade na loja. Um tanto tímido, mirava o produto meio desconfiado e admirado ao mesmo tempo. A universitária Patrícia Reda, depois de conhecer o equipamento resolveu que quer um. Para ela, o ipad facilitará muito o seu dia a dia. “Você pode levar para a faculdade. Apresentar um trabalho. É ótimo para usar em casa. É leve e mais pratico”, diz ela. Patrícia que estuda pedagogia, acredita que o ipad seria uma ótima ferramenta para o professor. “Se surge uma duvida, o professor pode pesquisar no ipad. Poderia até mesmo ensinar através do equipamento, sem precisar utilizar o quadro negro”, pontua. Futuramente, Patrícia tenciona aplicar a ferramenta na sala de aula e, quem sabe, criar um novo jeito de ensinar. Serviço CTIS SEPMQ 511 Norte, Cj. A, Térreo (61) 3448.9026


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Cotidiano

Por: Larissa Galvão | Fotos: Divulgação

Cão-guia: Os olhos de quem não enxerga

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ntegrar o portador de necessidades especiais à sociedade, facilitando a locomoção e estimulando a sua independência. Essa é a proposta maior do Projeto Cão-guia, criado em 2001 pelo Instituto de Integração Social e de Promoção Social à Cidadania, o Integra. Pioneiro no país, o projeto objetiva beneficiar deficientes que possuam capacitação para se adaptar a andar com um cão-guia. O treinador de animais, Frankilim Amorim conta que o processo até que o animal esteja prontinho para se tornar guia de deficientes visuais é demorado e exige muito treinamento. Primeiro, os filhotes têm de ser acolhidos por famílias, chamadas de hospedeiras. Por sua vez, essas famílias devem submeter os animais ao maior número de experiências caseiras possíveis, como buscar objetos que foram lançados, dar a patinha e obedecer a comandos de chamamento, ficar quieto e calado, sair e outros, até que ele complete um ano de vida. Depois disso, o animal é submetido a uma bateria de exames clínicos no Centro de Treinamento da Academia do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal para avaliação. E, uma vez apto é que os treinamentos são iniciados, com acompanhamento técnico e com duração, em média, de seis meses. Após isso, estão aptos para serem entregues aos seus donos deficientes. Mas, para que o animal possa ser oficialmente chamado de cão-guia tem que enfrentar um treinamento rigoroso. Os

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adestradores simulam situações reais para preparar os cães para a rotina dos deficientes visuais. Durante o treinamento, os animais têm que “ralar” muito e enfrentar circuitos com múltiplos obstáculos e simulações de como atravessar ruas e de concentração para ocasiões com muito barulho. A família do funcionário público Paulo Osório, já tem no currículo a experiência de hospedar dois cães-guia, o Eros e a Ohana. Agora, a hóspede da família é a cadela Zaara. “Este é o meu terceiro cachorro. Acho que todos deveriam conhecer e ajudar um projeto tão importante como este”, aconselha. Com dificuldades, principalmente financeiras, o Projeto Cão-Guia segue treinando animais para que deficientes visuais possam ter uma segunda visão, já que a primeira lhes foi tirada por determinação divina. Marcela Leite, assessora da coordenação do Integra conta que, por falta de apoio, até o quadro de pessoal está deficitário. “Não temos condições nem de sustentar o corpo de funcionários do projeto”, desabafa. Sem ajuda financeira e a escassez de pessoal qualificado, o Projeto encontra no voluntariado a ajuda fraterna de mãos que gostam de animais e pensam no ser humano que precisa ser ajudado. É o caso da voluntária Musa Lepletier, que dedica parte de seu tempo para cuidar desses animais que vão ter a missão sublime de emprestar seus


olhos para quem precisa ver. “Eu dou banho, escovo, brinco e converso com os bichinhos. Faço esse trabalho com muito carinho. Precisamos de mais voluntários aqui”, apela. A situação atual no canil do Integra revela que a falta de apoio atrasa o processo da entrega dos cães para os deficientes visuais. No momento, quatro cães estão em processo de socialização. Existem cerca de 300 pessoas na fila de espera por um. No ano passado, foram entregues somente dois cães, quando a estimativa era para que seis animais fossem distribuídos. Para este ano, a expectativa é de melhoras. “Se conseguirmos apoio financeiro, entregaremos oito cães-guia. Já estamos realizando o primeiro curso de adaptação deste ano”, entusiasma-se Michelle Pöttker, coordenadora do projeto. Conforme o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), no Brasil existe 1,4 milhão de deficientes visuais.

Serviço Interessados em obter um cão-guia, patrocinar ou ser voluntário nos projetos podem entrar em contato com as instituições: Escola de Cães-Guia Helen Keller www.caoguia.org.br Projeto Cão-Guia - ONG Integra (61) 3345-5585/ 3443-0005 caoguiadf@gmail.com www.projetocaoguia.com.br

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Planos e Negócios

alex dias

Bloomp A casa de festas foi criada em novembro de 2006. Foram seis anos de idéias, projetos, dedicação e muito trabalho até sua inauguração. Com pouco mais de quatro anos de mercado, a casa já é referência em atendimento e qualidade nos serviços. O trabalho realizado tem um diferencial no envolvimento de toda a equipe da empresa que se empenha em tornar os eventos a cara do aniversariante.

FazProcê

A Casa Bloomp tem três ambientes projetados para festas infantis e teens. O que possibilita a realização de dois acontecimentos ao mesmo tempo e com entradas individualizadas. O local, hoje, recebe grupos escolares, colônias de férias e realiza eventos e festas para o público adulto. A capacidade da casa é de até 130 pessoas e a equipe de logística conta com gerente de festas, monitores, garçons, copeiras, seguranças e animadores.

A FazProcê é uma empresa especializada em serviços do lar. Oferece consertos em roupas, faxinas, organizações de armários, costura, tingimento e sapataria, além de lavanderia e passadoria. Totalmente empenhada em fornecer comodidade ao cliente, a FazProcê visa acompanhar a modernidade em equipamentos e excelência em atendimento.

A Bloomp ainda oferece um espaço baby para atender as crianças até dois anos com brinquedos adequados. Os ambientes são seguros, climatizados, confortáveis e equipados com brinquedos divertidos e modernos como cama-elástica, casinha de boneca, máquina de dança, mini-lanchonete, camarim, simulador, telão, máquina de frozem, pista de dança e DJ.

Atuando no mercado de Brasília há três anos, devido à grande aceitação por parte dos clientes, a empresa estuda a possibilidade para abrir novas unidades para melhor atender a demanda de serviços.

Serviço SCRN 714/15 Bl. C, Lj. 34 (61) 3034.6335 www.bloompfestas.com.br

Inauguração Móvel da Dior A Lord Perfumaria do ParkShopping acaba de inaugurar um móvel de luxo da Dior. Um coquetel concorrido marcou a apresentação do espaço para os clientes da loja, que a partir de agora contam com uma estrutura que contém todos os lançamentos de maquiagem, perfumes e tratamentos da marca francesa. Desta forma, a Dior coloca ao alcance de seus consumidores um universo de beleza absoluta: a textura e tecnologia do tratamento, a sedução da cor e o encanto das fragrâncias que seguem a proposta de alinhamento mundial da grife. Um momento tão importante para Brasília que contou com a presença de Renato Rabbat, diretor geral do grupo LVMH – divisão de perfumes e cosméticos da Dior no Brasil. Rabbat comemorou o momento ao lado dos empresários Ennius e Adriana Muniz, administradores da Lord Perfumaria.

Serviço www.lordperfumaria.com.br

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Com um amplo ambiente e funcionários muito bem capacitados, a FazProcê funciona das 8h às 19h, de segunda-feira a sábado, para melhor atender a seu publico.

Serviço QMSW 05, Lt. 06, Lj. 12 Edifício Boulevard 1 (61) 3202.7682


Unique Fitness

Lord A Lord atua em Brasília há mais de 46 anos, oferecendo produtos de alta qualidade e serviços especializados na área de estética. Tradição e ética rende à Lord, a fidelidade de seus clientes. Nos seus dez pontos de vendas espalhados por toda a cidade é possível encontrar perfumes e cosméticos de marcas renomadas, reconhecidas internacionalmente e serviços estéticos especializados. Sua missão é comercializar produtos e serviços que contribuam para a beleza e saúde das pessoas, permitindo sua perfeita integração na sociedade. Oferecem aos clientes um atendimento personalizado e grande variedade de produtos e serviços.

Serviço www.lordperfumaria.com.br

Localizada em um ponto privilegiado do Sudoeste, um dos bairros mais valorizados do Distrito Federal na atualidade, a Unique Fitness foi concebida para atender a toda família do brasiliense. A academia é a primeira da região inserida no conceito “clube”. O espaço oferece serviços para todos os tipos de público, com programas exclusivos para gestantes, idosos, jovens, bebês de zero a três anos de idade e crianças. A proximidade com o Parque da Cidade, permite que os alunos pratiquem atividades físicas ao ar livre, com orientação adequada. Dentre as várias modalidades oferecidas pela Unique estão judô, natação, basquete, ginástica localizada, hidroginástica, musculação, kinesis e cycling door. O empreendimento possui restaurante, loja de roupas, área de descanso com duchas e banheiras de ofurô e um solarium de 1.200 metros quadrados. Tudo para proporcionar conforto e sensação de bem estar.

Serviço Academia Unique Fitness Family Club SIG Qd. 08 Lote 2045 (61) 3343.2002 www.uniquefitness.com.br

Sra. Oferta Estando à caça das melhores ofertas de Brasília, o melhor caminho é acessar o web site Sra. Oferta. Lá, é possível fazer as melhores compras com preços imbatíveis e de forma segura, inteligente e divertida. A empresa explora Brasília ao máximo para encontrar lugares da moda e bem antenados. O compromisso é oferecer ao público opções de lazer em ambientes agradáveis com preços imperdíveis. Na contrapartida, os parceiros do Sra. Oferta têm a garantia da ampla divulgação e a facilidade da compra de seus produtos com comodidade e ao alcance da mão. Num simples clique. Diariamente, a empresa mantém todo o seu cadastro de usuários atualizado com ofertas que valem a pena conferir. Com a preocupação de proporcionar total segurança ao seu publico, as ofertas de compras ficam disponíveis no site por um curto período de tempo e só são válidas quando atingem o número limitado de compradores.

Serviço www.sraoferta.com.br

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Automóvel

Da Redação | Fotos: Divulgação

Velocidade Camaro

Alta tecnologia esportiva e design diferenciado

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s apaixonados por carro podem comemorar o novo lançamento da Chevrolet. Chega ao Brasil o Camaro, com o motor mais potente da categoria. Ao contrário de seus concorrentes em outros mercados, o Chevrolet Camaro vem equipado com suspensões independentes nos dois eixos. Tanto na dianteira quanto na traseira, tipo Multilink, com barras estabilizadoras, além de molas helicoidais e amortecedores. Também pode receber gasolina (com adição de etanol). Com altura de 15,6 cm em relação ao solo, que permite trafegar sem problemas por ruas ou estradas. O esportivo tem a melhor relação custo/beneficio do mercado. Chega a custar R$ 185.000, com garantia de dois anos e sem limite de quilometragem. O pacote que oferece troca de óleo, filtro e até as pastilhas do limpador, inteiramente grátis. "O Camaro, ao mesmo tempo em que remete a um ícone, também mostra todo o design e a tecnologia da Chevrolet. Suas linhas transmitem a sensação de velocidade no olhar. São fluídas e transpiram esportividade", afirma Carlos Barba, diretor geral de design da General Motors América do Sul.

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Itens de série Para assegurar a estabilidade superior, o Camaro vem equipado de série com rodas de alumínio de 20 polegadas – de tala 8’ na dianteira e 9’ na traseira. Calçando as rodas estão os pneus de medida 245/45 ZR20 na dianteira e 275/40 ZR20 na traseira. Trata-se de um V8 de 6.2 litros, que tem bloco e cabeçotes feitos em alumínio e que desenvolve 406 cv de potência a 5.900 rpm e impressionantes 56,7 kgfm e de torque, a 4.200 rpm. Números que o credenciam para um distinto clube que reúne esportivos como Corvette, Ferrari, Lamborghini e alguns modelos da Porsche. O Camaro acelera de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos e tem velocidade máxima limitada eletronicamente em 250 km/h.

Design Além do potente V8 sob o capô, o Camaro agrada pelo design surpreendente. Com um visual que é muito próximo ao concept car de 2006. Ele retrata a herança de sua primeira geração, produzida de 1966 a 1969. A


frente conta com a “agressividade” necessária por ter a grade e os faróis “escondidos” na abertura frontal. Completam o visual os paralamas salientes e altos, que continuam pela elevada linha de cintura do esportivo. Uma característica típica dos muscle cars, culminando na traseira com quatro lanternas retangulares e com o parachoque que aloca as luzes de ré e os sensores de estacionamento, que são item de série. O esportivo da Chevrolet está disponível no Brasil em cinco diferentes cores: amarelo, branco, prata, preto e vermelho. Desenhado para abrigar quatro passageiros, seu interior consegue equilibrar um design moderno. O volante de três raios é revestido em couro e conta com ajuste de altura e profundidade. A iluminação em “Ice Blue”, encontrada no Malibu e no Agile. No mostrador da esquerda fica o velocímetro e o marcador de temperatura do motor. No centro está a tela de

cristal líquido, com as informações do computador de bordo com sete funções. À direita fica o conta-giros, com o indicador do nível de combustível. Na parte inferior do console central vão quatro outros marcadores em formato retangular que medem a pressão e temperatura do óleo, a voltagem da bateria e a temperatura do fluido da transmissão de marchas.

Tecnologia O motor do Camaro oferece muita tecnologia. É equipado com o AFM (Active Fuel Management) - desligamento automático dos cilindros. Em velocidades de cruzeiro, como por exemplo, viagem em estradas, o sistema de injeção desliga os quatros cilindros, reduzindo o consumo de combustível – que pode ser aferido pelo computador de bordo aumentando significativamente a autonomia do esportivo. Em conjunto com os mais de 400 cv de potência, trabalha a transmissão sequencial/automática de seis velocidades, exclusiva da versão SS (super

esporte). Com ela, o motorista pode desfrutar do conforto da transmissão automática ou trocar as marchas conforme a sua necessidade por meio de botões atrás do volante. Permitindo que o condutor pilote da maneira mais esportiva possível: sem tirar as mãos da direção. Conforme o diretor geral de Vendas e Marketing da General Motors do Brasil, Ronaldo Znidarsis, é unânime que os carros apresentem a opção do câmbio com troca no volante. “Praticamente todos os superesportivos e os carros de corrida utilizam esta tecnologia. É um item fundamental para conseguir aliar, em um único carro, a agressividade de condução com mais de 400 cv de potência, ao conforto necessário para se rodar também nas grandes cidades”, afirma. Serviço Loja Tork Chevrolet SHIS - Saída do Aeroporto Telefone (61) 2103-0303

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Vida Moderna

Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima

Academias investem em alta

tecnologia Equipamentos que prometem maior desempenho para melhorar a saúde ocupam lugar em academias de Brasília

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correria do cotidiano diminui o tempo e, às vezes, a vontade de praticar exercícios físicos, mesmo que haja a necessidade de se exercitar. Pensando nisso e na agilidade em fornecer para os interessados um resultado satisfatório, algumas academias estão investindo em equipamentos com alta tecnologia. Um exemplo é o Power Plate, um aparelho desenvolvido com tecnologia especial da National Aeronautics and Space Administration (NASA), que tem virado moda em academias por todo o Brasil. Acelerar a queima de calorias, intensificar a eliminação de gorduras corporais e fortalecer a musculatura e a estrutura óssea. Esses são alguns dos benefícios prometidos pela plataforma vibratória. A academia Fit 30min foi uma das que optaram por adquirir o aparelho. De acordo com a personal

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Sr. Geraldo Barbosa se exercitando no Power Plate

trainer, que está há dois anos na academia, Milena Fernandes, 24 anos, o Power Plate ainda combate celulite, ajuda a trabalhar os grupos musculares de pernas, braços, costas e abdominais. O equipamento possui local de apoio para as mãos e uma base ampla, que fica a cerca de 30 centímetros do chão. Um motor gera uma vibração intensa, que pode variar de 30 a 60 hertz, intensidade que otimiza o tempo da malhação. No Power Plate é possível realizar exercícios como abdominais, flexões, agachamentos, alongamento e massagens de relaxamento. Além desse aparelho, outros como o Ab Coaster, que permite a prática de abdominais sem que as costas sejam forçadas estão disponíveis na academia para uma prática mais saudável e eficaz de exercícios. Segundo Milena, o equipamento é realmente eficaz. “Não é falação. O Power Plate com sua vibração ativa fibras do corpo humano que não


são ativadas com outros tipos de exercícios, isso que proporciona um resultado mais ágil do treinamento e pode ser usado por pessoas de qualquer idade”, explica. A Fit 30min prepara para todos os seus alunos, um treinamento personalizado de 30 minutos e de acordo com as limitações de cada um. Antes de iniciar os treinamentos, cada pessoa recebe acompanhamento nutricional e de um fisioterapeuta em um consultório na própria academia. Assim, o aluno tem uma avaliação física e postural de si antes de iniciar o treinamento. “Sempre antes de cada atividade física é feita uma avaliação medindo a pressão, o peso e a circunferência abdominal de cada pessoa para certificar o estado de saúde atual da pessoa”, conta Milena. Para o funcionário público aposentado Geraldo Barbosa dos Santos, 86 anos, os equipamentos de alta tecnologia que ele utiliza em seu treinamento na Fit 30min e o acompanhamento individual são os diferenciais. “Realmente senti certa melhora por causa do aparelho, como a minha flexibilidade e disposição. O monitoramento também é muito importante e tudo ajuda a não ficar na ociosidade”, conta. Serviço Fit 30 Min SCLS 115, Bl. C, Lj. 6 (61) 3248.0460 / 7815.3520

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Esporte

Por: Anna Paula Falcão | Fotos: Divulgação

Golfe A paixão pelas tacadas

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esfrutar dos benefícios da caminhada ao ar livre, distrair-se com uma paisagem exuberante, fazer amigos e novos negócios. São esses os principais atrativos para quem pratica o golfe, um esporte saudável e relaxante. Considerado rentável e praticado no mundo inteiro, o esporte passa por um período de expansão no país. A taxa de crescimento, em média, é de 15% ao ano. Segundo dados da Federação de Golfe do Centro Oeste, atualmente existem 210 praticantes do esporte registrados e com carteirinhas na capital federal. Conforme Rodrigo Ribeiro, 42 anos, presidente da Federação de

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Golfe do Centro Oeste, a prática do golfe costuma agradar pessoas de todas as idades. Traz bastantes benefícios para a saúde. O jogador respira ar puro, exercita o corpo, a mente e também tem a oportunidade de fazer amigos. “Aqui em Brasília, somos privilegiados por ter um dos melhores campos da América Latina. O Clube de Golfe de Brasília tem um desenho lindo,” comenta. Segundo o médico Marcelo Lobo, praticante do esporte, jogar uma partida de golfe é algo bastante agradável e um excelente método de fazer uma atividade física. “O golfe permite que a pessoa mantenha uma essência

competitiva, apesar de ser um esporte muito relaxante. Fazer exercícios físicos é uma das coisas mais importantes para quem quer ter uma vida saudável”, assegura ele. Para Lobo, a alimentação é também importante para quem deseja ter uma boa saúde e um bom desempenho nos campos de golfe. Outro ponto importante apontado pelo médico e que é constantemente deixado de lado é a suplementação. “Uma boa suplementação ajuda no tempo de recuperação muscular entre as partidas. Dá mais força e resistência nas tacadas e o praticante se sente mais disposto, já que o seu


Dicas para um melhor rendimento físico • A principal característica que influencia no jogo de golfe é a flexibilidade. O swing no golfe requer uma movimentação conjunta de quadris, espinha e ombros. Qualquer limitação de alguma dessas três partes irá causar uma compensação de alguma outra parte do corpo. Portanto, é essencial que o golfista utilize apenas esses três membros para praticar o swing com o taco de golfe. • É importante que o praticante de golfe realize exercícios de flexibilidade para melhorar o desempenho atlético e físico durante a partida ou treino.

Surgimento A palavra golfe provém do inglês golf que, por sua vez, vem do alemão kolb, que significa taco. A origem desse esporte tem algumas versões. A primeira é de que os escoceses o criaram em 1400. O esporte chegou a ser proibido por volta de 1457, pelo rei James II, por considerá-lo um divertimento que afetava os interesses do país devido à dedicação e ao tempo que exigia. Outra versão é a de que o golfe foi inspirado num antigo jogo francês muito semelhante, mas praticado em espaços fechados, o chamado Jeu De Mail. As atuais regras do golfe foram definidas em 1744, na cidade de Edimburgo, na Escócia.

Entenda o esporte

sistema imunológico também fica mais resistente,” orienta. José Antonio Ribeiro Filho, 71 anos, também é médico e pratica golfe há 58 anos. Conforme ele, a maioria dos praticantes em Brasília é de classe média, como funcionários públicos. “As pessoas acham que o golfe é um esporte caro, mas não é. Só falta popularizar. Gasto R$400 mensais. Todos os campos que visitei são lindos, tendo bastante contato com os pássaros e o ar é puro. Com o golfe, nunca se está sozinho”, ressalta. Para José Antônio, a prática do esporte lhe oportunizou ampliar seu ciclo de grandes e boas amizades, inclusive do exterior.

Para se jogar golfe é necessário possuir uma taqueira – sacola com conjunto de 14 tacos, bolas, sapatos com solado de travas para dar firmeza no posicionamento e luvas para evitar que o taco escorregue das mãos. A dinâmica é simples: a partida acontece em campo aberto e consiste em sair de um local determinado, chamado Tee. Ganha quem completa o percurso de 18 buracos com menos tacadas. Se a bola cair na água, o jogador levará uma tacada de penalidade e baterá novamente num local próximo da margem do lago. Quando a bola sai dos limites do campo, marcados por estacas brancas, o jogador é penalizado e terá que repetir a tacada do lugar original. Caso a bola caia num banco de areia, ele terá uma dificuldade extra: não poderá repousar o taco até a hora da tacada.

Curiosidades • O golfe profissional feminino só teve início em 1944; • Uma partida demora cerca de 4 horas; • Os jogadores caminham até o próximo buraco ou utilizam carrinhos elétricos.

Benefícios • É recomendado para pessoas de todas as idades, já que é jogado enquanto se caminha. • Não exige explosão muscular, e sim o domínio do jogador sobre os seus movimentos. • Auxilia no combate do estresse e faz bem para a saúde. O esporte, que pode ser praticado individualmente ou em grupos de dois a quatro jogadores, tem uma particularidade: o principal adversário é o campo, uma vez que não há nada que ele possa fazer no sentido de dificultar o desempenho de outros jogadores. O resultado depende do esforço individual e da sorte. Diferentemente de muitos esportes, o golfe, na maioria das vezes, não possui a supervisão de árbitro. Por isso, depende da integridade do indivíduo em mostrar consideração aos companheiros e obedecer às regras. Em competições oficiais é proibido um golfista falar com outros jogadores sobre o jogo. Serviço Clube de Golfe de Brasília Setor de Clubes Esportivos Sul Tr 2 Lote 17 (61) 3224.2718 www.golfebrasilia.com.br

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Personagem

Por: Afrânio Pedreira | Fotos: Gustavo Lima

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Fotógrafo da Torre

número de pessoas que já foram clicadas e enquadradas pela sua retina são incontáveis. A estimativa é de milhares. Só no mirante da Torre de Televisão de Brasília, onde é conhecido por freqüentadores, artesãos e turistas, foram 36 anos de exercício da profissão de fotógrafo que, desde novembro do ano passado, está proibido de executá-la no local. A determinação foi da Secretaria de Cultura do DF, sob a alegação de se tratar de um espaço público e por isso, não ser permitido qualquer tipo de comercialização. Por incrível que pareça, se tornar fotógrafo nunca tinha passado pela cabeça do pernambucano de São José do Egito, Manoel Francisco da Silva, 62 anos. Ele se transformou em fotógrafo da noite para o dia. “Foi num estalar de dedos”, diz ele que é casado, pai de dois filhos, duas netas e morador de Ceilândia. Por ter sido marcante, ainda hoje ele lembra e, com riqueza de detalhes, como o ofício apareceu e se instalou na sua vida. “Foi em novembro de 1973, enquanto vendia monóculos em frente à Catedral de Brasília” recorda. Hoje, essa prática fotográfica de monóculos persistente em espetáculos circenses e em pouquíssimas lojas de souvenires do país.

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“Foi o fotógrafo Genival, que trabalhava no local, que me perguntou se eu queria alugar a sua máquina fotográfica Polaroid. Ele estava indo passar uns meses no Ceará”, recorda. Manoel pediu um tempo para pensar. Tinha que se desfazer da tão suada poupança, conquistada com muito esforço e trabalho. Depois de muito pensar, disse sim à proposta. A moeda corrente na época era o cruzeiro e ele alugou a máquina por Cr$ 1.370 mil. A partir daí, mesmo sem dominar a arte da fotografia, resolveu sair por ai clicando. “O difícil era o enquadramento. Passei alguns meses cortando a cabeça e os pés das pessoas. Depois aprendi e não parei mais”, orgulha-se. Diante disso, Manoel teve que acompanhar a evolução tecnológica e, à medida que a profissão prosperava, máquinas mais modernas tinham que ser compradas para justificar a qualidade do serviço. “Penei um bocado no começo. Mas hoje eu dou aula”, assegura Manoel que, embora sem poder exercer a profissão no seu tradicional ponto, o mirante da torre de TV, é bastante procurado por aqueles que fazem questão de registrar suas presenças em Brasília lá de cima. “As pessoas gostam que eu as enquadrem direitinho. De forma que Brasília seja vista de cima pra baixo né?, diz.


Por estar sempre em contato com turistas do mundo inteiro, o fotógrafo Manoel não se intimida nunca em soltar o verbo em inglês, francês, portunhol e pernambuquês. Para os ingleses: “color print Polaroid?”. Para os espanhóis: “una foto senõr?” e para as outras nacionalidades ele usa a linguagem gestual. “Sempre dá certo. Eu faço meu serviço. É uma pena que depois de todos esses anos eu não possa mais ficar aqui no mirante”, lamenta. Foi exercendo a profissão de fotógrafo no local que ele conseguiu criar e dar educação aos filhos, comprar duas casinhas na Ceilândia e mandar buscar para cá os 10 irmãos que moravam no nordeste. Por cada fotografia, Manoel cobra R$ 10. Indagada pela equipe da Revista Plano Brasília sobre o fato do fotógrafo não poder ficar mais no local, Gustavo Artur, assessor do subsecretário de Cultura do DF, diz que a proibição está em conformidade com a lei 8.666/93, por o mirante ser espaço público e não caber qualquer tipo de comercialização no local. “Seu Manoel esteve aqui e foi instruído a procurar a Coordenadoria das Cidades da Secretaria de Governo do DF para resolver o problema”, contou Gustavo. Segundo ele, devido ao tempo de serviço do fotógrafo no local, a Coordenadoria vai arrumar uma banca no térreo da Torre para que o fotógrafo possa exercer o seu ofício. A possível solução não agradou muito ao Sr. Manoel. “Eu sou conhecido por todos é no mirante. Lá é onde ganho dinheiro”, ressaltou. Pelas lentes do “fotógrafo da torre” foram clicadas milhares de pessoas que moram ou que visitam Brasília. Anônimas e até públicas como o atual presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “Foi ele que pediu para que eu o fotografasse”, disse orgulhoso. Mas não é difícil se deixar fotografar por Manoel Gelato, como é

conhecido no mundo da fotografia. O sorriso largo estampado no rosto serve como cartão de visita. Se hoje Manoel exerce a profissão da sua paixão, o antes foi de muito trabalho e batalhas. Quando chegou em Brasília em 1970, teve que trabalhar por dois anos como mordomo em uma chácara para poder sobreviver. “Aqui em Brasília eu só tinha um primo que fazia geologia na UnB e tive que me virar”, diz ele, que até então só tinha feito trabalhos de agropecuária na fazenda do pai no sertão pernambucano. “A vida nos ensina muitas coisas.” ressalta. Embora amando a profissão, Manoel sonha com a merecida aposentadoria e com a compra de uma chácara para criar galinha, gado e descansar.

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Saúde Por: Alessandra Bacelar | Fotos: Gustavo Lima

MAGNÉSIO: A ENERGIA DO CORPO U

m dos minerais mais importantes para o organismo humano vem sendo estudado por diversos especialistas. Dr. Arnoldo Velloso explica em seu livro “Magnésio – O que pode fazer por você?”, os benefícios e prejuízos do mineral para a saúde. Nas mulheres, o magnésio é utilizado para reposição hormonal e, junto com o cálcio, evita riscos de trombose e previne a osteoporose. Além de aliviar as tensões e cólicas menstruais, a necessidade do magnésio é bem maior para gestantes e lactantes, pois ajuda no funcionamento do corpo da mulher e na formação óssea do feto. Para a lactante Samira Tribodoapré, 25 anos, a falta do mineral no seu corpo gerou complicações. “Desde a minha gestação não sentia vontade de comer nenhuma verdura. Não tomava leite, nem cereais. Então me senti muito fraca e meu leite não vinha, prejudicando a amamentação do meu filho”, conta. Já a bancária Suzana Tobias, 32 anos, que teve acompanhamento de uma nutricionista no pré-natal, diz que, o enjôo da gestação quando comia legumes e verduras foi compensado com o consumo de magnésio por meio do leite e cereais. Aos sete meses de gravidez, a bancária diz sentir a importância

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Os benefícios do nutriente do nutriente no desenvolvimento do seu bebê. O benefício do magnésio também é de suma importância na vida dos idosos. O seu consumo, combinado com o cálcio tem ação imprescindível em tratamentos ósseos. Terezinha Raposo, 79 anos, afirma que depois que começou seu tratamento de reumatismo, por meio de reposição de magnésio, sente-se com mais disposição física e mental. “Hoje me sinto mais bem disposta em atividades cotidianas como cozinhar e limpar a casa. Além de melhorar minha memória”, relata. Como os idosos possuem menor absorção intestinal e maior excreção urinária, o magnésio torna-se indispensável para regular o funcionamento do corpo. O nutriente é um excelente agente regulador e de prevenção de doenças crônicas como a diabetes e a hipoglicemia. Alimentos como verduras em geral, cereais integrais como o pão e a soja, leite, frutas oleogenosas como a castanha e a amêndoa, frutos do mar e em sementes são fontes de riqueza do magnésio. Formar e manter ossos e dentes saudáveis, ativar a circulação, controlar a transmissão dos impulsos nervosos e as contrações musculares são as principais funções do nutriente. Pesquisas do Dr. Arnoldo revelam que, o nutriente também regula o aproveitamento dos

outros minerais, organizando todas as proteínas do nosso organismo. Além da sensação de bem estar, o mineral contribui para uma vida mais longa. “Quanto mais magnésio no organismo, maior longevidade de vida. Cuide da saúde para não cuidar da doença.” aconselha o especialista. Conforme ele, o nutriente faz parte da molécula de energia celular e corporal, o ATP e que o mesmo atua em cerca de 300 reações bioquímicas que o corpo realiza por dia. Aumentando a capacidade de defesa do organismo. A necessidade de consumo diário do mineral varia de pessoa para pessoa. Gestantes, lactantes e idosos precisam de 10 ml para cada quilo de seu peso, enquanto que homens e mulheres, em geral, necessitam de seis a sete ml do nutriente para cada quilo do peso. No caso de equilíbrio no uso do magnésio, o resultado é mais energia, aumento das capacidades física e mental e melhoria na qualidade do sono. Já a falta do mineral ocasiona problemas como dores de cabeça e musculares, depressão, insônia, cansaço físico e mental, hipertensão, perda de memória, problemas respiratórios como sinusite e renite, e doenças cardiovasculares, podendo ocorrer ataques cardíacos.


Nesta gestação enjoei ao comer legumes e verduras, então fui orientada a compensar o magnésio com leite e cereais para sair da anemia Suzana Tobias, 32 anos, bancária

Quanto mais magnésio no organismo, maior longevidade de vida. Cuide da saúde para não cuidar da doença Dr. Arnoldo Velloso, nutricionista A necessidade do magnésio no organismo é tamanha que, nutricionistas de todo o mundo vêm receitando suplementos alimentares desse mineral para uso no cotidiano. O alerta é para os casos de excessos no consumo, pois o nutriente costumar acelerar o metabolismo do corpo, atacando o sistema nervoso. É aconselhável evitar a associação do magnésio a doses generosas de álcool e açúcar devido a dificuldade de absorção. Alimentos com alto teor de magnésio devem ser combinados com aqueles ricos em vitaminas e sais minerais que tem melhor efeito na digestão. O magnésio não deve ser associado a nenhum tipo de medicamento. O ideal é manter um intervalo de no mínimo duas horas entre seu consumo e o de qualquer medicação, principalmente os antibióticos, laxantes e diuréticos. No entanto, para assimilar todos os benefícios que o magnésio possui, assim

como os demais nutrientes que organismo precisa, é necessário que haja equilíbrio na escolha dos alimentos. Importante lembrarmos que cuidar da saúde vai além de hábitos alimentares, também está ligado ao estilo de vida. Exercícios físicos, boa alimentação e atividades que exercitem a mente são fatores que devem andar juntos para um melhor resultado físico e mental. Serviço Clínica nutricional Prof. Dr. Arnoldo Velloso Ed. Medical Center, SHLS 716 Bl. A Conj. N Sala 104 (61) 3245 1768 Farmacotécnica SHLS 716 Conj. B Bloco 5 Lojas 1 a 4 (61) 3245 7667

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Moda

Por: Camila Penha | Fotos: Divulgação

Chuvas de verão

S

Foto: StockholmStreetStyle

empre somos surpreendidos no verão pelas chuvas fortes e que, muitas vezes, duram todo o dia. Para evitar barras e pés molhados, invista em galochas. São botas feitas de materiais impermeáveis, que hoje, são vistas cada vez mais estilosas. Com cores e estampas diferentes ou imitanto formatos de outros calçados como botas de montaria, de cowboy e tênis. Grandes marcas de luxo já possuem galochas assinadas há algum tempo, tornando-as verdadeiros objetos de desejo. Combine com vestidos delicados, trench-coats e calças sequinhas para dar contraste com o pesado da bota.

Imitanto renda da Valentino na Net-a-Porter

Matelassê Cosse Couture

O xadrez inconfundível da Burberry na Net-a-Porter

Com pêlo Cosse Couture

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Colorida Cosse Couture


Imitanto tênis Bonitas Galochas

Imitanto píton Cosse Couture Estilo montaria da Cosse Couture

Xadrez colorido Cosse Couture

Hunter by Jimmy Choo na Net-a-Porter

Xadrez da Cosse Couture

Estilo cowboy da Bonitas Galochas

Serviço Cosse Couture www.cosse.com.br Bonitas Galochas www.bonitagalocha.blogspot.com Net-a-Porter www.net-a-porter.com

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Comportamento

Por: Maíra Elluké | Foto: Divulgação

Música de Transforma Projeto transforma realidade de jovens da Estrutural

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á cinco anos ele conheceu o Instituto dos Sons durante um período de férias. Na época, deixou o trabalho no setor atacadista para se dedicar somente às aulas de canto. Apaixonou-se pela música e, desde então, vive para ela. Bruno Feitosa de Araújo, 26 anos, é um dos alunos que se destacaram durante as oficinas e hoje coordena o trabalho em duas turmas no projeto. A entidade, sem fins lucrativos, vai muito além de apenas ensinar música para crianças e adolescentes. É um verdadeiro projeto de transformação da realidade, que tem como base quatro pilares de sustentação: Educação, profissionalização, apoio social e divulgação cultural. Inspirada por um projeto desenvolvido pela professora de música Roberta Guaspari, nos EUA e contado no filme

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“Música do Coração”, a pianista Rejane Pacheco, diretora do Instituto dos Sons iniciou, sozinha, essa jornada que já dura nove anos. “Sempre acreditei no potencial de transformação social que a música pode oferecer”, destaca. Movida pela crença de que o ensino musical pode mudar o destino de crianças de comunidades carentes, foi no segundo semestre de 2001 que ela decidiu colocar em prática o que tinha em mente. Com ajuda de empresas privadas e voluntários, conseguiu doações para a compra de instrumentos musicais, equipamentos e materiais didáticos. Reuniu um grupo de cerca de vinte professores para ensinar teoria e prática de canto-coral e de diversos instrumentos. A partir do trabalho, que tem a música como foco, o Instituto restaura a rotina de jovens e adolescentes que


Monitores e professores Rejane Pacheco, coordenadora do instituto Apresentação do musical “O Rei Leão”

Grupo durante ensaio

ação não tem opção de lazer na localidade onde residem e muitas vezes se encontram em situação de risco. Rejane enfatiza que existe um grupo de pessoas responsáveis por essas mudanças. Dentre elas, “os professores que fazem toda a capacitação e buscam sempre apoiar as ações educacionais, culturais e assistenciais do Instituto”, diz. Com o apoio de empresas como a Bancorbrás e Memora, dos comitês SOS Cidadania - Banco do Brasil e Câmara dos Deputados Cidadania, hoje, o projeto que atende a cerca de 90 alunos - não só moradores da Estrutural, mas também de outras cidades satélites - conta com a ajuda dos professores Maria Alice Braga, Kátia Almeida e Mário Romanini. Quem atesta e avaliza a importância do projeto é a monitora Elcielma dos Santos Nascimento, 26 anos. As aulas de reforço escolar ficaram no passado. Há quatro anos ela é bolsista no projeto, como professora de violino.

Questionada sobre as principais necessidades do Instituto, que não conta com verba governamental, Elcielma foi enfática. “Precisamos de um local maior para atender a população com mais qualidade”, diz. Conforme a diretora do Instituto, Rejane Pacheco, para aumentar o valor das bolsas de estudo, a entidade precisa de mais recursos financeiros. Inclusive para a compra de um automóvel para facilitar o desenvolvimento do projeto educacional em instituições onde parcerias foram firmadas.

Quer ajudar? O Instituto Reciclando Sons recebe doações de materiais didáticos, instrumentos musicais e alimentos. Endereço: Quadra 05 Conjunto C lote 06 - Cidade Estrutural-DF CEP: 71.3000-000 - Contato: Rejane Pacheco (61) 9982-2250 e-mail: reciclandosons@yahoo.com.br

A Cidade Estrutural Longe dos famosos monumentos da capital, a Estrutural é uma das centenas de favelas brasileiras que teve como núcleo de sua formação dois fatores que desestruturam inúmeras cidades brasileiras: a péssima distribuição de renda e a falta de políticas públicas para geração de emprego. Foi ocupada inicialmente por imigrantes que buscavam no lixo uma fonte de renda, os quais se estabeleceram no chamado “Lixão”, com moradias precárias. Hoje, a Estrutural é a segunda maior favela do DF, com cerca de 38 mil habitantes.

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Cultura

luis turiba

Tempestade de neurônios, a vez dos artistas N

ão que a cultura de Brasília estivesse totalmente paralisada. Por mais tacanho e obscurantista que tenha sido o governo e/ou seus dirigentes culturais, ela não pára de pulsar. Cultura é algo que independe dos poderes, pois faz parte da magia humana. Artistas sempre se movimentam, tentam, fazem coisas mesmo contra a maré. Aliás, o que não é natureza é cultura, costumava proclamar o inesquecível ministro-cantor Gilberto Gil para simplificar a conversa. Mas que o governo do DF estava atrapalhando, estava. E não era pouco. Daí ter sido de grande significado para os artistas e a produção cultural brasiliense as posses do secretário Hamilton Pereira e também da nova ministra da Cultura, Ana de Hollanda; ambas ocorridas no dia 3 de janeiro, uma em seguida da outra, construindo logo de cara uma imaginável ponte de cultura até então inexistente entre a capital e o país. O secretário Hamilton anunciou um pacote de urgentes medidas culturais que chamou de “FestFac” e terminou seu discurso citando uma fala guerreira do personagem Riobaldo em “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa : “o sol procura é a ponta dos astros”, para em seguida conclamar os artistas de Brasília: “Bem vindos à tempestade”. Raios e trovoadas sacudiram o Teatro Nacional Claudio Santoro nesse invernico de janeiro. Junte-se a esse inebriante convite, o finalzinho do discurso feminino, delicado e absolutamente mântrico da ministra-cantora Ana de Hollanda. Disse ela, quase que como música para nossos ouvidos: “A criação será o centro do sistema solar de nossas políticas culturais e do nosso fazer cotidiano. Por uma razão muito simples: não existe arte sem artista.”

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Antes, a ministra já havia dado um “tapa de luvas” na burocracia cultural ao garantir que “visões gerais da questão cultura brasileira, discutindo estruturas e sistemas, muitas vezes obscurecem – e parecem até anular – a figura do criador e do processo criativo. Se há um pecado que não vou cometer é este. Pelo contrário: o Ministério vai ceder a todas as tentações da criatividade cultural brasileira.” Caramba, gente! Será que entendemos bem?! Um nos convida para uma tempestade de neurônios, de idéias, de ações, de atitudes. A outra, mansamente, nos garante que nossas criações estarão no centro do sistema solar das políticas públicas do MinC. Ou seja, parece estar em formação um clima propenso para uma verdadeira revolução cultural brasileira e Brasília dessa vez não ficará de fora. Uma revolução cultural que deseja também entrar “na corrente sanguínea da educação” e frequentar as escolas, conforme propôs o secretário do DF. Nesse ponto vale frisar que Dilma e Agnelo devem estar conscientes e preparados para o que foi anunciado. De que valem obras, se essas não atingem a sensibilidade dos homens. O material com o espiritual. Verbas e estruturas não poderão faltar para a empreeitada que fomos convocados. Portanto, artistas: mãos à obra. Vamos consagrar projetos à altura da tempestade que vem por aí. Parrei, Oiá!!! Tudo isso ao som de muitos batuques, tambores e cores. Foram cerimônias festivas, musicais, carnavalescas, ritualizadas, repletas de significados e significantes. Foram posses sem poses, posses expostas e percussivas - percuposses. Uniram obras de Oscar Niemeyer dos dois lados da Esplanada, pois em ambas estava lá a força musical e visual

do Boi do Seu Teodoro representando o boi-bumba do nordeste brasileiro. Depois, o chamamento do toque do berimbau que fez o ex-ministro Juca Ferreira chorar; o hip-hop de luxo do rap Gog; a bateria e as passistas da ARUC – escola de samba do Cruzeiro – que fizeram o senador Suplicy cair no samba e quase perder a cabeça; o axé das mães de santo com seu povo do candomblé; a batida suingada do samba-reggea do bloco feminino Batalá; a voz emocionante e emocionada da cantora Célia Porto no Hino Nacional; o balanço contagiante do samba de Renata Jambeiro e o mágico calango alado do grupo Seu Estrelo. Foram também posses poéticas, regadas a versos de Carlos Drummond e com direito até às bençãos do crítico e pensador Antônio Cândido, que enviou uma linda carta felicitando Ana de Hollanda e lembrando seu pai, o grande historiador Sérgio Buarque de Hollanda, fato que a emocionou às lágrimas. Tudo bem, tudo certo. Mas a festa poderia ser bem mais completa se o laureado escritor e compositor Chico Buarque, irmão da ministra e o ex-ministro-cantor Gilberto Gil tivessem dado o ar de suas graças. Mas aí, cá pra nós, seria graça demais e o santo cultural poderia até desconfiar. Foi de bom tamanho e valeu.... Ministra da cultura Ana de Hollanda


“Deixo que a brisa toque / O sino em mim no tempo

O vento sabe quanto é tempo / E quando é silêncio entendo”

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primeira surpresa cultural que me causou emoção em 2011 foi o CD “eu venho vagando no ar” de Túlio Borges, um brasiliense de 29 anos que canta e compõe maravilhosamente canções esquisitas. Conheci a maneira ímpar de Túlio tocar e cantar suas canções em 2007, quando participei como júri do Festival de Música do SESC/DF. Naquele ano, ele ganhou o festival com a música “Shirley”, uma “doidivana bacana, que estampa, que cor, que cheiro tem a sua cama”. Na ocasião, a música me encantou deveras pela maneira paulistanamente atonal de sua levada, aquelas coisas geniais que a poesia tem de correr atrás da música e no final dá tudo certo. Presidia o júri do festival SESC o performático Eduardo Duzek, que também se convenceu que “Shirley” era mesmo a tal.

Sobre o CD de Túlio, o mago da MPB, Zuza Homem de Mello, histórico organizador de festivais, simplesmente disse o seguinte: “proponho aos ouvidos atentos prestarem bastante atenção ao trabalho musical de Túlio Borges. Depois a gente conversa”.

Quer dica mais sábia. A apresentação de “eu venho vagando no ar” fica por conta de outro fera dos textos de MPB, Tárik de Souza. Escreve ele: “O tradutor brasiliense Túlio Borges cultua a musa como no tempo da delicadeza. “Nunca quis trabalhar com música com medo de perder o prazer de tocar”, confessa ele que estreia com um belo e multifacetado disco. Estudou piano na Escola de Música de Brasília, gravou jingles, integrou uma jazz band e um grupo

vocal escolar quando morou nos EUA, onde excursionou e ganhou festivais. Embora compusesse desde a infância, só aos 23 anos, morando em Londres, começou a compilar a obra (tinha quase 50 canções) que gravaria na volta ao Brasil. Aqui passou a participar de festivais e, dentre outros prêmios, ficou em primeiro lugar no SESC de Brasília e em segundo na Semana da Canção Brasileira em SP, num júri que contava com Dante Ozzetti e Alice Ruiz.” Lá pelas tantas, depois da apresentação e comentar as músicas do CD, Tárik de Souza dá seu veredicto sobre a música que dá título ao álbum: “prefaciada por um pífano suspenso, a letra (versos que estão no início desse texto) brilha como uma joia reluzente, um manifesto deste novo artista singular.”

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Gastronomia

Por: Afrânio Pedreira e Larissa Galvão | Fotos: Divulgação

Dona Lenha

Criações contemporâneas para receitas da culinária mediterrânea

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ara quem é chegado a uma saborosa e apetitosa carne, o filé à parmegiana do Restaurante Dona Lenha é uma pedida que não ficar a desejar a nenhum amante da boa culinária. Além do prato, que é uma das grandes saídas para o gosto da clientela, no local, famoso pelo capricho na confecção e apresentação dos pratos que costumam ser regados com pitadas generosas de carinho por parte do chefe Paulo Mello, é possível se saborear excelentes pizzas, deliciosas paejas com frutos do mar e um peixe amalfitano (robalo) feito com alcachofras e azeite de limão siciliano, acompanhado de arroz negro que é de se comer rezando. Isso sem contar com as opções do risoto de camarão com queijo brie e o filé de cordeiro. Se a culinária do Dona Lenha já fala por si só, o ambiente convidativo é um caso à parte. Apresenta elementos de ambientação que lembram charmosas vilas mediterrâneas com paredes decoradas por azulejos e mapas multicoloridos e lampiões de gás pendurados no teto.

Filé à parmegiana

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Peixe Amalfitano

E esse “leque de sabores”, em versões contemporâneas para tradicionais receitas da culinária mediterrânea, assinado por Paulo Mello que faz questão de estar na linha de frente da confecção do cardápio, prima pela variação de pratos cada vez mais saborosos, bem decorados e preparados com alimentos frescos, legumes, ervas, muito azeite e frutos do mar. A franquia Dona Lenha já está em Brasília há 14 anos e conta com seis lojas com funcionamento de segundas a segundas-feiras para almoço e jantar. Serviço Dona Lenha Gilberto Salomão, SHIS QI 5, Bl A, Lj 15 (61) 3364-0404 Deck Brasil, SHIS QI 11, Lj 2 (61) 3364-3400 CLN 413, Bl. D, Lt. 1, 3 e 5 (61) 3349.2323 CLS 201, Bl. A, Lj 01 (61) 3322-1234 Terraço Shopping, AOS, Lt 164/5 AE, 2/8 (61) 3363-2424 Shopping Quê de Águas Claras, Rua 36, Lote 05, Bl. 05, Loja 34/5 (61) 4141.4446


Dom Francisco: tradição e modernidade Rótulo de vinho é lançado em homenagem aos 22 anos da rede

O

restaurante Dom Francisco faz 22 anos e comemora em grande estilo. A celebração aconteceu no restaurante do ParkShopping e os proprietários, Francisco Ansiliero e o casal Giuliana Ansiliero e Edson Monteschio prepararam especialmente para a noite, uma mesa de frios regada ao vinho “Dom Francisco”. Alem disso, pratos do Festival de Massas tradicional da

Vinho Dom Francisco

casa estavam abertos a todos. A vedete da noite, o vinho com rótulo Dom Francisco é o Crianza privado, 100% Tempranillo, da vinícola espanhola Marqués de Tomares. A bebida, escolhida por Francisco e Edson, foi baseada em sugestões dos clientes. “A intenção é aumentar o prazer. Dar opções para os clientes num valor acessível”, diz Francisco. Ao longo desses 22 anos, as casas “Dom Francisco” conquistou clientes fiéis, mantendo a tradição de oferecer pratos elaborados e saborosos com uma renomada carta de vinhos. A satisfação da clientela é motivo de orgulho para o chef de cozinha Edinho, que não cabia em si de contentamento quando dos 22 anos da casa em que ele assina o cardápio. Ainda mais agora com a combinação saborosa dos vinhos da Marqués de Tomares, de rótulo comemorativo às mais de duas décadas de existência do restaurante. Francisco Ansiliero afirma que a parceria deu certo porque “o vinho convenceu pela qualidade”. Edinho explica que Marqués de Tomares tem venda mundial. “Apenas o rótulo é exclusivo para nós”, diz. O restaurante Dom Francisco é um dos mais clássicos e admirados pelos brasilienses. Conhecido por apreciar e preparar com maestria carnes tanto convencionais como com as raras. E todas elas, segundo Francisco, tem combinação perfeita

com o vinho de rótulo Dom Francisco. “É um vinho super gastronômico. Adequado a todo tipo de carnes e molhos”, conta. Serviço Dom Francisco SAI/SO - Qd. 1 ar. 6580 lj. 246j Praça de Alimentação – ParkShopping (61)3363.3079

Mesa de frios

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Música Por: Lucas Soares e Luciana Andrade | Fotos: Estúdio Dephot

Música e cultura para todas as idades S

em dúvida, Brasília é sinônimo de pluralização. Com pessoas de todos os cantos do Brasil, gostos, raças, culturas e estilos musicais diferentes. Filha de descendentes franceses e alemães, Valéria Levay Lehmann da Silva, 26 anos, é uma das milhares de artistas que a capital da república gerou em seus 50 anos. Graduada e mestre em música pela Universidade de Brasília, a musicista não para nunca. Quando o assunto é a sua arte, ela está sempre procurando crescer. Um doutorado está em seus planos. Em 2006, viajou com a orquestra da UnB para a Alemanha e nomes como Villa-Lobos, Claúdio Santoro e até Jorge Antunes foram lembrados. Projetos musicais não faltam na vida da compositora multiinstrumentalista. O principal é o “Mestre Zé do Pife e as Juvelinas”. Um grupo de cultura popular, coordenado pelo próprio Zé do Pife. Um pernambucano de 69 anos que é um verdadeiro “doutor” na arte de acordes sonoros harmoniosos na flauta (pife). O projeto é patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do DF. Como em tudo que faz, a musicista também flerta e se dá muito bem com o público infantil. No momento, para agradar a garotada começou a fazer uma espécie de “cover” (imitação) do “Palavra Cantada”. Projeto desenvolvido pelos músicos Sandra Peres e Paulo Tatit há 16 anos e que é sucesso no eixo São Paulo. “Aprendi algumas canções deles com um professor

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meu na UnB. Faço a coisa muito amadoristicamente”, conta ela. A música sempre esteve no sangue de Valéria. Aos 10 anos, ela começou a compor e a tocar instrumentos como violoncelo, pífano, escabeta e violão. Talvez devido à precoce entrada no mundo da música, ela tenha tanta facilidade para lidar com o público infantil. “Gosto muito de trabalhar com a criatividade infantil. Gosto da interação de fazê-los cantar e compor”, confidencia. Para aguçar e incentivar a todos no universo musical, além dos pequenos, a musicista dá aulas para o público adulto. A versatilidade e as multifacetas da artista vai além da execução, composição e apresentações musicais. Ela é professora de música da turma de dramaturgia da Faculdade Dulcina e já trabalhou com os diretores teatrais Marcelo Diaz (argentino) e Chico Acioli, de Brasília. Além do cinema, Valéria fez trilhas sonoras para espetáculos e desfiles. No Park Fashion, no ano passado, ela fez percussão para o desfile Brasil Contemporâneo Rural. “Foi uma experiência interessante e gratificante. Gostei muito do resultado”, conta. As parcerias também recheiam o currículo de Valéria. Exemplos são os duetos realizados com Gabriel Preusse (viola caipira, violão e

voz) e Andressa Ferreira (percussionista e voz). Tenho muita vontade de estender a parceria para outros projetos”, ressalta. Para a profissional, o mais importante na vida é ser feliz. “Poder ter reconhecimento e trabalhar com o que gosto, música e arte, sem essa correria, é o meu maior sonho profissional”, enfatiza. Serviço Valeria Lehmann valerialevaylehmann@gmail.com www.myspace.com/valerialehmann www.myspace.com/zedopifeejuvelinas


Bohumil Med

Música erudita em Brasília M

uita gente imagina a música erudita, de concerto ou clássica - que nesse caso se confunde com o estilo do período clássico, representado por três gênios da música: Haydn, Mozart e Beethoven – como o oposto da música popular que é de fácil compreensão, agradável, leve e divertida, e música erudita, considerada de difícil compreensão, desagradável, pesada e pouco divertida. Mas não é nada disso. Vejamos:

Wolfgang Mozart 1756 - 1791

Música Erudita X Música Popular Antes, é necessário esclarecer que essa diversificação da música entre erudita e popular é uma invenção do século XX. Mozart, por exemplo, compôs muitos minuetos. Danças tão populares quanto é o samba brasileiro. Como outros compositores, Chopin com as valsas e Gershwin com os recursos jazzísticos, nem imaginavam que no futuro alguém iria taxá-los de eruditos ou populares. Mas o jazz, especialmente o moderno, seria erudito ou popular? É uma questão tão complicada que nem os especialistas chegaram a uma conclusão definitiva. Então, porque essa distinção? O que as diferencia? Seria a curta duração? Mas várias obras chamadas eruditas também são curtas! Seria o uso de dissonâncias, bastante comuns na música

popular? Mas na música de Bach já existiam dissonâncias! Isso sem falar sobre a dificuldade de definir o que é consonância e o que é dissonância. Poderíamos dizer que uma das diferenças que caracteriza a música erudita está nas formas mais complexas e elaboradas como as sonatas, as sinfonias, os oratórios, as óperas e outras.

Apreciação Musical E para apreciar, há diferença entre os dois gêneros? Sem dúvida. Curtir uma canção de poucos minutos de duração de Roberto Carlos é mais fácil do que ouvir uma sinfonia de Mahler, de cerca de uma hora. Para ouvir Roberto Carlos o apreciador não precisa ter conhecimento técnico nenhum. E para ouvir a tal sinfonia? Também não. Entretanto, um ouvinte musicalmente instruído aproveitará muito mais os requintes da obra. É como apreciar um bom vinho: um somelier com cursos de apreciação, que participa de degustações e lê livros específicos é capaz de encontrar mais nuances numa taça de vinho do que um leigo. Mas, o prazer do amador também pode ser grande. É assim com a música erudita. Um leigo pode ter imenso prazer ouvindo uma boa composição, talvez até maior do que o de um especialista, porque se deixa levar pelas melodias, ritmos e combinações sonoras sem se prender a detalhes técnicos como identificação dos temas, das modulações, dos instrumentos ou outras particularidades que, às vezes, prejudicam a percepção da beleza da obra em sua totalidade.

Bicho de Sete Cabeças A prática de concertos didáticos destinados a estudantes ou a formação de platéias prova que a música erudita

não é um bicho de sete cabeças. Todos têm capacidade de se transformar em apreciador. Basta verificar a grande presença de pessoas nas apresentações públicas, ao ar livre. É só servir-se do primeiro gole desse néctar musical e deixar o sabor fluir. Cabe aos meios de comunicação, que têm o poder de influenciar a opinião pública o papel fundamental de ajudar a divulgar e popularizar a música de concerto. Infelizmente, isso falta em Brasília. Enquanto a música popular goza de muita abertura na mídia, os concertos eruditos não são divulgados e relacionados nas colunas de agenda cultural.

Minueto de dança

Música Erudita em Brasília A Revista Plano Brasília tomou a iniciativa de preencher o espaço vazio, criando esta coluna periódica. A finalidade, além de deixar os leitores informados sobre a programação na cidade, é publicar comentários de músicos, críticas dos concertos realizados, notícias do mundo musical e lembrar datas importantes do universo erudito. Assim sendo, até breve.

*Bohumil MeD professor emérito da Universidade de Brasília COLABORAÇÃO: Regina Ivete Lopes

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Artes Plásticas

Por: Maíra Elluké | Fotos: Gustavo Lima

Criatividade sem limite Nemm Soares aguça os sentidos

O

inesgotável senso criativo do artista continua rendendo ótimos frutos. A sua mais nova coleção de quadros, batizada de Cem Obras Sem Limites, foi criada a partir de um sonho em que artista plástico Nemm Soares sentiu-se desafiado a saber até onde poderia chegar com sua criatividade. “Queria saber até onde eu podia ir. Desejava testar os meus limites enquanto artista”, confessa. E, a partir daí, o mundo e o imaginário criativo de Nemm foi povoado por telas, pincéis e ideias onde a aquarela das cores foi instalada e definitivou sua morada. Apesar de não se lembrar do sonho inspirador, o que era de apenas um delírio onírico, virou realidade es-

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tampada em cem obras de colorido marcante – identidade já registrada do artista. Nemm se refugiou durante o processo criativo em seu curioso e alegórico ateliê, localizado no final da Asa Norte. O artista não sossegou enquanto toda a coleção estivesse pronta. Para se ter uma idéia do trabalho produtivo do artista, a execução de uma tela de 2,60m x 1,70m, com textura acrílica - técnica desenvolvida pelo próprio Nemm - são necessários dois dias de incansável trabalho. Com base nisso, já dá para se ter uma ideia da verdadeira maratona enfrentada pelo artista durante a concepção da nova coleção. A estimativa é de que foram cerca de 600 horas de trabalho,

durante 45 dias ininterruptos de criação. “Enquanto pintava essa coleção, cheguei a trabalhar durante 18 horas por dia”, afirmou Nemm. O resultado são telas que, juntas, formam um verdadeiro paredão multicolorido, com dimensão de cerca de 235m².

O artista por trás das obras Dono de uma sensibilidade artística incomparável, Nemm Soares se diz artista desde sempre. Vivendo em Brasília desde 1977, há quase quinze anos que Nem se dedica e vive só da sua arte. Com mais de 25 mil peças produzidas e catalogadas, transfere a ousadia de sua personalidade para seus trabalhos. Produz desde paredes de taipa até revestimentos sofisticados


de texturas com os mais diferentes materiais e estilos. São telas, esculturas em madeira, metal, aço, peças decorativas como luminárias, mesas, cadeiras e o que mais vier à mente. Para ele, seu único limite é não ter nunca limites nos processos de criação irreverente, traço marcante do artista.

O material usado na confecção dos quadros de “Cem Obras sem limite” • 180 litros de massa acrílica • 180 litros de tinta acrílica • 135 bisnagas de corante • 250 pincéis • 32 chapas de compensado de 3mm • 10 chapas de compensado de 15mm • 10m de lixa Serviço Ateliê Nemm Soares CLN 413 bl. E Lj. 1 – Subsolo (61) 3349-4383 / 8141-2069

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Mundo Animal

Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima | Ilustração: Eward Bonasser Jr.

Adote um bichinho! S d oa-se O H N I R CA S doa-se ARINHO TIS

GRAS GRATI

C

Amor Amor

Quem está à procura de um animalzinho para criar e não quer gastar, a opção é adotar. O animal vai saber agradecer

A

nimais que foram abandonados, estão nas ruas à espera de um novo lar, de uma família. É comum ver por aí gatos e cachorros desamparados e em estado crítico de saúde remexendo lixo atrás de comida e água. Uma solução encontrada para diminuir o número de animais desabrigados é a adoção. O processo é simples e pode até se concretizar no mesmo dia. Na maioria das vezes, basta preencher um questionário para avaliar motivações e condições do pretendente à adoção para alojar o animal e assinar um termo de responsabilidade junto ao canil ou ao órgão onde o animal se encontra. “É preciso que a pessoa tenha condições materiais e humanas para adotar os bichinhos. Tem que ter tempo para poder dar uma atenção especial a eles, pois eles necessitam de carinho”, afirma a vendedora Mariana Lima, 24 anos, que adotou um gatinho no início de 2010.

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“Fui a uma feira de adoção de animais e me apaixonei por ele. O Tuty é todo carinhosinho e faz toda a diferença no meu dia a dia”, conta ela. No caso da Associação Protetora dos Animais (ProAnima), além do questionário “fazemos questão de visitar o espaço onde o animal irá morar, conhecer a família e acompanhar adoção” explica Simone Lima diretora geral da ProAnima. De acordo com Simone, não há dados oficiais de quantos animais domésticos são abandonados, mas estima-se que há cerca de 30 mil animais vagando nas ruas do DF. “Diariamente recebemos uma média de 10 contatos sobre animais que estão nas ruas porque foram perdidos ou abandonados, muitos em situações de sofrimento avançado, maus tratos, atropelamentos”, conta. Simone ressalta que, ao contrário da representação da maior parte das pessoas, não há uma população auto-

-perpetuante de cães de rua. A maioria dos cães que se encontram nas ruas de Brasília teve um lar e foi abandonado em algum momento da vida. Mas adotar um animal requer muito mais do que tempo e disposição para dar atenção, amor e carinho. É preciso saber que um cão vive em média 14 anos e um gato, 20 anos. Não é justo que se desfaça do animal exatamente na fase em que ele mais vai precisar de atenção, que é quando estará velhinho. Os bichinhos também precisam ser alimentados com ração adequada para sua raça e espécie. Precisam de água várias vezes ao dia e um local apropriado para que possam conviver em total harmonia com as pessoas da residência. Eles também precisam de banho para ficar cheirosos e evitar carrapatos e pulgas. A dona de casa Maria Rodrigues, 46 anos, por influência da filha,


adotou duas cadelas. “Eu já tinha um macho e aí peguei mais duas fêmeas, a Donna e a Branquinha”, conta. Segundo ela, a adoção da cadela Branquinha teve uma espécie de forçação de barra por parte do animal. A cadela, muito magra e sarnenta, passou a seguir a sua filha por vários dias seguidos como se estivesse pedindo que a levasse pra casa. Hoje, conforme Maria Rodrigues, a cadela faz parte da família. “Comprei tudo para poder cuidar dela: shampoo e comida adequada. Ela é uma das cadelas mais educadas que eu tenho. A Donna já é o oposto. Uma pestinha. Super sapeca. Eu as amo muito”, afirma. É importante lembrar que manter um animal em casa traz gastos e a pessoa que pretende adotar tem que estar disposta a arcar com as despesas. Todo animal deve ser vermifugado e vacinado quando filhote e essa vacinação têm que ser feita anualmente. Maria Rodrigues conta que gasta em média com seus cachorros, tirando a ração, cerca de R$100,00, para cada, com banho, tosa e vacinas. “Mas é gratificante.

Eles aprendem tudo que ensinamos. A Branca age como se tivesse muita gratidão por termos adotado-a”, conta. Ao adotar um animal esteja disposto a ter paciência com as travessuras que ele poderá aprontar. Veterinários afirmam que a punição física não resolve e não corrige comportamentos indesejados. Além de um ato covarde, bater no bichinho pode torná-lo medroso, inseguro e até agressivo. Serviço ProAnima SHCN CL 214, Bl. C, Lj. 56, Subsolo (61) 3032.3583

Antes de adotar pense: - As pessoas que moram com você estão de acordo com a adoção? - Se mora em apartamento, é permitido ter animais de estimação no local? - Quem vai cuidar do animal durante as férias ou situações de emergência? - A espécie de animal escolhida se adaptará ao seu estilo de vida? - Cuidará dele, dando banhos, alimentando-o corretamente e levando-o para passear regularmente?

como cuidar bem do seu novo amiguinho: - Nunca deixe-o ao relento, com frio ou na chuva. Deixe-o em local seco e arejado; - Acostume-o a dormir em uma almofada, uma casinha, um colchonete; - Não coloque a comida perto de onde ele faz xixi. - Não deixe-o passear sozinho pela rua, ele pode ser atropelado ou envenenado - Coloque uma plaquinha de identificação na coleira do bichinho; - Se mora em apartamento, coloque redes de proteção; - Nunca deixe o seu animal acorrentado ou preso em uma gaiola. Gato adotado, encontrado na rua

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Jornalista Aprendiz Por: Liz Mendes

Download de músicas

é crime?

As mudanças que a música digital está gerando na cultura, na economia, na legislação e na forma de pensar das pessoas

A

cena é cotidiana: uma pessoa liga o computador, acessa a internet e, enquanto navega, “baixa” a nova música daquele artista que está em todas as paradas de sucesso. Em seguida, transfere o arquivo para o mp3 player. Dificilmente ela pensará em quem ganha e quem perde com o que acabou de fazer ou estará preocupada com uma batida policial. Esse comportamento se deve ao fato de que o Brasil, diferentemente de outros países como a França, não possui leis que definam até que ponto o download deve ser considerado pirataria. Inclusive, este é um conceito que divide opiniões. “Se pirataria é caracterizada como a cópia de arquivo, a internet é puramente pirata. Ela nada mais é do que uma cópia de arquivos: a cada vez que você abre uma tela, ela está copiando para um computador todos aqueles arquivos que estão em um outro lugar, armazenados”, explica o baixista da banda Móveis Coloniais de Acaju, Fábio Pedroza. Alguns entusiastas da discussão dizem que o download é considerado pirataria, pois infringe a lei dos direitos autorais. É o caso do jornalista de tecnologia, Henrique Martin: “O conceito de pirataria se baseia na questão dos direitos autorais que precisam ser modificados”. Da mesma forma, Eduardo Borém, também integrante do Móveis, afirma que “a questão da perda do direito autoral em si é um grande mito”. O pensamento que desencadeia a briga vem de muito antes. Com o crescimento dos downloads (ilegais ou não), as vendas de CDs e DVDs têm diminuído insistentemente e as gravadoras começam a tomar partido na briga. Em geral, são elas quem mais lutam por leis que condenem quem faça o download ilegal. “Elas culparam, na década de 70, o K7 pela queda do vinil. Veio o CD e, com ele, a mesma discussão”, comenta Fábio Pedroza. O sociólogo Sergio Amadeu da Silveira, um dos autores do livro “O Futuro da Música Depois da Morte do CD” [disponível gratuitamente em www.futurodamusica.com. br], apresenta o pensamento de imoralidade da pirataria que, segundo ele, a indústria intermediária procura intro-

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duzir nas pessoas. Silveira menciona os vídeos que acompanham o início dos DVDs, em que comparam a pirataria com o roubo de um carro, de uma bolsa, e de qualquer bem material. Para levantar uma reflexão, no texto o sociólogo questiona “Como, repentinamente, milhões de pessoas no mundo tornaram-se criminosas e imorais?”. Há, ainda, quem culpe os preços e a disponibilidade dos produtos pela queda nas vendas. Desde a gravação de um CD até a venda, diversas pessoas estão envolvidas no processo. O que acaba resultando em um preço muito mais alto. Com a eliminação de intermediários, o preço de uma música digital pode ser menor. Márcio Monteiro, mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco, atenta para um outro problema: “Hoje em dia, as pessoas tem poucas opções de lugares para comprar CDs. A ganância das gravadoras em concentrar a venda de discos nas grandes redes de lojas (Americanas, Walmart etc.), desestabilizou o comércio de discos em lojas tradicionais”. Dessa forma, os downloads servem, principalmente, para aumentar o público. “Para o artista, quanto mais músicas suas forem baixadas, mais sua produção será conhecida”, explica.

Indústria da adaptação Seguindo a máxima que diz “se não pode vencê-los, junte-se a eles”, a gravadora Trama criou uma vertente para trabalhar com o novo formato musical, o projeto Trama Virtual. Os diretores da gravadora deixam claro, no chamado Manifesto Trama que a música deve estar acima de tudo. O investimento do site se dá por patrocinadores que compram espaços publicitários e, com isso, financiam o trabalho de qualquer artista inscrito que tiver arquivos disponíveis para download. Surge, assim, o chamado download remunerado: o usuário não paga e o artista recebe da mesma forma. De contrato assinado com a gravadora Universal Records, a cantora Mariana Aydar acredita que “a internet mais ajuda do que atrapalha”. Para ela, o problema é que as pessoas ainda não aprenderam a lidar direito com a nova


ferramenta. Segundo ela, foi a partir do momento em que disponibilizaram as músicas na internet, que a banda tornou-se mais conhecida. “A internet é boa para as bandas pequenas, porque ela iguala o artista conhecido a quem está começando”, comenta o violonista Marcelo Lima, do grupo instrumental Marambaia. Para ele, a não-distinção costuma incomodar os artistas que possuem carreiras consolidadas. Marcelo afirma que quem perde dinheiro são as gravadoras e os grandes artistas, enquanto o artista independente consegue um espaço para se lançar.

O futuro resgatando o passado? Muitos artistas, como Lenine, que lançou seu mais recente álbum, Labiata, em CD, pen drive e LP, apostam na volta do disco de vinil. O

violonista Marcelo Lima conta que se entusiasma na hora de comprar um LP, abri-lo e olhar seu encarte, comenta a possibilidade de o vinil voltar “por conta da dificuldade de copiar” o material. A comunicadora Simone Pereira de Sá, também autora do livro “O Futuro da Música Depois da Morte do CD”, diz ser curioso que ao mesmo tempo em que o download de músicas na internet cresce, o consumo do disco de vinil também aumenta. Segundo ela, o crescimento se deve a três fatores: o tocador de discos ter se tornado um instrumento musical para os DJs; a difusão do Sleeveface (ato de tirar fotos da composição do cenário de um encarte ou de uma imagem, em geral utilizando-se de LPs); e, principalmente, porque o disco de vinil está voltando a ser visto como objeto de desejo.

Serviço Liz Mendes Estudante do 4° semestre de jornalismo do IESB.

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Mercado Imobiliário

Júlio Cesar Peres*

Crescimento

econômico

Setor necessita da superação dos entraves burocráticos para melhorar ainda mais a produção

O

mercado imobiliário do Distrito Federal tem avançado a passos largos, acompanhando o crescimento econômico e da renda da população. Mas essa expansão poderia ser ainda maior se não fossem entraves que atrasam o lançamento de novos empreendimentos, a geração de mais emprego e de arrecadação de impostos. O problema é que, atualmente, o governo não acompanha o ritmo do crescimento do setor, na hora de conceder alvarás, fazer vistorias, aprovar projetos e emitir habite-se. Para se ter uma ideia da dinâmica do segmento, somente em 2009 os lançamentos de imóveis no DF movimentaram R$ 4,3 bilhões em vendas de unidades. O DF ocupa o segundo lugar no país em faturamento, atrás de São Paulo, que é bem maior que a capital federal. Esse desenvolvimento pode ser observado também no crescimento dos investimentos das construtoras em habitação para todas as classes sociais. Além de atender Águas Claras, Lago Sul e Norte, Noroeste e outras localidades da região central, nos últimos três anos, as incorporadoras têm investido também em cidades como Ceilândia, Samambaia e Gama. E esse avanço na construção de moradias com qualidade precisa continuar, uma vez que o DF ainda enfrenta déficit habitacional estimado em mais de 100 mil moradias. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal

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(Sinduscon-DF) tem procurado colaborar para que haja agilidade em atividades que dependem do governo. O sindicato envia à Companhia Energética de Brasília (CEB), com antecedência de um ano, a relação de empreendimentos que vão precisar de ligação definitiva de energia, com dados sobre localização e data de término da construção. A CEB, por sua vez, depende da transferência de recursos da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) para que sejam feitas as ligações definitivas. Mesmo com o envio das informações pelo Sinduscon-DF, com antecedência, a Terracap chega a acumular de 20 a 30 processos, sem liberação. Com isso, há registros de atrasos de até quatro meses para que se tenha a ligação definitiva de energia elétrica no empreendimento. Outra situação que mostra a lentidão da administração pública está na entrega de laudos de vistorias pelas concessionárias. A espera por uma vistoria pode chegar a até 30 dias. A execução da obra de ligação definitiva de energia, assim como liberação de documentos, como laudos de vistorias, alvarás, habite-se e outros, são essenciais para que se tenha continuidade e conclusão de empreendimento e também mais lançamentos no mercado. Essa demora da administração pública para a aprovação de projetos e emissão de alvarás pode ser explicada pela reduzida equipe

técnica qualificada e também pelos baixos salários dos profissionais que executam essas atividades. É preciso investir em melhorias de gestão, qualificação dos trabalhadores e ampliação do número de servidores das administrações, secretarias, concessionárias públicas e demais setores do governo. A eliminação, ou ao menos redução, desses entraves trará benefícios para toda a sociedade. Ganha o consumidor que não terá que adiar sonhos devido a atrasos na entrega de obras, gerado pela burocracia da administração pública. Ganham também os profissionais do setor que vêem na expansão do mercado imobiliário portas abertas para mais vagas no mercado de trabalho. Para se ter uma ideia, um prédio de 18 andares gera cerca de 200 empregos diretos. Entre os beneficiados com a expansão do setor está ainda o governo. O mesmo empreendimento que gera postos de trabalho leva à arrecadação de, por exemplo, cerca de R$ 1 milhão em ITBI (Imposto sobre a transmissão de bens imóveis). Temos certeza que o novo governo terá a sensibilidade e a rapidez para resolver esses problemas. E o mercado imobiliário responderá com mais obras e mais empregos.

*Júlio Cesar Peres Vice-presidente do Sinduscon-DF


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Propaganda e Marketing

Luiz Fernando Rocha*

Só ganho se você ganhar Assim se passaram 15 anos de sucesso da Percepttiva

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á 15 anos nascia na cidade do Rio de Janeiro uma agência disposta a fazer a publicidade de produtos imobiliários com a mesma eficácia, tanto criativa como de resultados, presente nos mais diversos segmentos do mercado. Era raro, ou praticamente impossível, termos campanhas publicitárias realmente impactantes, e que tratassem a venda de casas, apartamentos, salas comerciais e condomínios com a devida atenção criativa. Não levou muito tempo para a Percepttiva perceber, na vanguarda do mercado publicitário, que tal nicho carecia, e merecia, um tratamento realmente adequado. Porque tão fundamental quanto vender as unidades comerciais ou residenciais era tratá-las como reais produtos de marketing. Nas campanhas, o que é vendido são a qualidade de vida, a realização do sonho de ter a tão desejada casa própria, a alegria de se viver em um lugar privilegiado, além da segurança de se conquistar um patrimônio que, desde as priscas eras da humanidade, sempre foi o verdadeiro ícone de um investimento seguro e rentável. Logo, tudo que se refere a uma campanha de comunicação no setor imobiliário deve ser cuidadosamente planejado, criado e realizado. Desde o nome, a logomarca, até a seleção das peças, das mídias, e, da cada vez mais importante, promoção. E, hoje, as peças de comunicação “bellow the line” também já fazem parte dessa realidade. Na hora de vender um imóvel é preciso estar onde o target está. Os desafios constantes encarados pela Percepttiva sempre abrangeram todas as classes sociais, nas mais diferentes regiões de diversos estados do nosso tão contrastante país (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Pará, Maranhão, Rondônia). Todos os esforços criativos são igualmente investidos em todas as campanhas. Seja em um condomínio de alto luxo, como em um novo bairro popular planejado.

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E foi graças a este trabalho de sucesso que só vem evoluindo e se consagrando ao longo dos anos, que a Percepttiva pode criar o modelo de negócios “success fee”. No português simples, leia-se: “só ganho se você ganhar”. Neste caso, ganhar significa vender. Logo, a inovação e a ousadia viraram sinônimos de resultados. E com campanhas de comunicação cada vez mais impactantes e criativas, a Percepttiva contabiliza hoje, no auge de seus primeiros 15 anos, números invejáveis: são mais de 180 empreendimentos e 21.000 unidades lançadas. A matriz carioca possui duas filiais, em Belo Horizonte e Brasília. A Percepttiva entendeu que o VENDE-SE era, na verdade, um espaço em branco deixado para um trabalho consistente. Tanto no planejamento como na criação. Hoje, o mercado imobiliário é um dos que mais cresce em volumes de negócios em várias regiões do Brasil. E, como largou na frente, a Percepttiva anseia encarar ainda mais desafios neste campo tão vasto e com imenso potencial.

Que venham mais 15 anos. *Luiz Fernando Rocha Supervisor de Criação da Percepttiva de Brasília


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Boa leitura com um bom café

Tá lendo o quê?

Locação, venda e assistência técnica de máquinas para café espresso Brasília: 106 Norte Bl.C Lj. 52 | Tel: 61.3033-1010 Goiânia: Rua 17 nº 64 - St Oeste | Tel: 62.3942 4588

Fotos: Divulgação

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Ana Paula Guedes Franco

Deputada distrital Celina Leão (PMN) Deputada distrital

Diretor da Proativa Comunicação

Proprietária da Empório Bijux

Livro Sabedoria para Vencer

Livro Constituição Federal e a Lei Orgânica do DF

Livro O Livro do Perdão – O Caminho para o Coração Tranquilo Autor Robin Casarjian

Livro Ninguém é de Ninguém

Fui presenteado com a publicação. Melhor presente, impossível. O que fica marcado no livro é que o perdão é o elemento fundamental para a cura de todos os problemas de relacionamento. Repito: todos. Consciente de que perdoar ainda é um caminho de traçado estranho à humanidade, Casarjian discute não só os benefícios milenarmente louvados do perdão, mas o seu próprio conceito. Partindo da análise do que o perdão não é, descreve os mecanismos do medo e da raiva. Fala das ligações profundas entre saber perdoar e a cura de doenças como o câncer. Alerta pais e educadores sobre a importância transformadora do perdão na vida das crianças.

O livro vai de encontro às necessidades e curiosidades que temos a respeito das vidas passadas. A história é psicografada pelo espírito Lúcius. Ele narra a vida de um homem que não consegue controlar seu ciúme para com a pessoa amada, desconfiando de todas as suas atitudes. Há quem não acredite em vida após a morte, mas esse livro retrata muito bem a vida espiritual e nos mostra que Ninguém e de Ninguém. A possessividade só atrapalha uma relação, mas essa atitude pode estar relacionada a acontecimentos passados. Vale a pena ler!

Gerente de Contas - Vivo Empresas/DF

Autor Mike Murdock

Por gostar muito de trabalhar e ler nas poucas horas livres como forma de relaxamento, o livro que recomendo a todos é Sabedoria para Vencer de Mike Murdock, o orador mais dinâmico dos Estados unidos. A obra, fala sobre superação de desafios, de como ser uma pessoa motivada, de como alcançar a felicidade no trabalho. Ou seja, tudo a ver com a minha vida. Vale a pena ler, se deliciar com as dicas e confirmar que tudo vale a pena. Espero que gostem da dica!

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Já diz o ditado que quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê. Ler se tornou um hábito na minha vida. Nos últimos meses, minha dedicação foi focada em duas obras importantes para o compromisso que assumi. Li a Constituição Federal e a Lei Orgânica do Distrito Federal. Como deputada distrital eleita, não poderia me furtar de conhecer cada detalhe da nossa Carta Magna e das regras da nossa capital. Assim, conhecer a fundo essas duas obras me dá suporte para que eu possa fiscalizar o Executivo, criar leis e zelar pela cidade nos próximos quatro anos com a certeza de que cumprirei meu papel de cidadã e de representante do povo.

PLANO BRASÍLIA 2ª SEMANA DEZEMBRO 2010

Flávio Resende

Camila Chagas

Autor Zibia Gasparetto



Frases No deserto do mundo a única terra fértil é o coração do homem

Um herói é um indivíduo com um que encontra a força para perseverar e resistir apesar dos obstáculos devastadores

Dom Hélder Câmara

Christopher Reeve

Plante amor e paz e a vida lhe trará colheita de paz e amor

A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro

Chico Xavier

John Kennedy

O sucesso é um professor perverso. Ele seduz as pessoas inteligentes e as faz pensar que jamais vão cair

Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras

Bill Gates

Sigmund Freud

No meio de qualquer dificuldade encontra-se a oportunidade Albert Einstein

Certas derrotas preparam-nos para grandes vitórias Voltaire

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Eu tenho esperança no homem. Espero que ele, racionalizando, sentindo melhor a responsabilidade de viver e respeitar a vida alheia - os seres, as plantas -, com um pouquinho de boa vontade e paciência, consiga caminhar no sentido da paz Carlos Drummond de Andrade


Justiça

Vetuval Martins Vasconcelos*

Criminalização da conduta de omissão Na inclusão no orçamento e do pagamento de precatório judicial

T

ramita no Congresso Nacional proposta legislativa que pretende tipificar como crime de prevaricação a conduta do administrador público que deixa de incluir no orçamento da entidade de direito público que administra a verba necessária ao pagamento de débitos da entidade, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constante de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho. Ou não realiza o pagamento dos precatórios até o final do exercício seguinte. Justifica-se tal pretensão sob fundamento de que apesar das inovações, trazidas recentemente à matéria em decorrência de emendas constitucionais aprovadas no Congresso Nacional, o que se verifica, ainda hoje, é que parte dos entes públicos deixa de cumprir os precatórios emitidos pelo Poder Judiciário. Em claro desrespeito àquele poder e ao princípio do Estado Democrático de Direito. Notadamente, Estados e Municípios não pagam os valores devidos, sob o argumento de falta de recursos e a rubrica do “princípio da reserva do possível”. Mas, ao mesmo tempo, gastam com obras, muitas delas desnecessárias à população. Pois bem, a reiterada inadimplência das pessoas jurídicas de direito público no que se refere ao pagamento de precatórios judiciais é assunto de magnânima relevância e motiva calorosa indignação das pessoas que não conseguem, tempestivamente, receber os créditos fazendários a que

têm direito. Na maior parte dos casos, a demora é motivada pela ausência de vontade política do administrador, pois, ordinariamente tal encargo constitui obrigação herdada do antecessor e, nesse passo, transparece como manifesto o desinteresse no cumprimento da imposição legal, razão pela quais os recursos financeiros correspondentes acabam sendo desviados para atividades em que se alcançam maiores e melhores dividendos políticos, quase sempre os de índole eleitoral, em benefício de determinadas pessoas, grupo de pessoas ou legendas partidárias. Neste ponto, razão assiste ao autor da proposta legislativa, porquanto absolutamente injustificável o comportamento da autoridade pública ao adotar comportamento dessa estirpe. Entretanto, em que pese a pertinente preocupação com a questão ora analisada, advoga-se que os mecanismos repressores a tais comportamentos devem ser diligenciados em outras esferas ou ramos do nosso sistema jurídico. Posto que o Direito Penal deve interferir o menos possível na vida em sociedade, de modo que somente deve ser reclamada a sua atuação se e quando os demais instrumentos jurídicos não forem capazes de proteger o bem jurídico socialmente relevante. Assim, o princípio da intervenção mínima do direito penal deve orientar não apenas o aplicador do direito. Mas, sobretudo, o legislador que deve levá-lo em conta ao proceder a seleção, bem como estabelecer os mecanismos

de proteção aos bens jurídicos necessários ao convívio em sociedade. Neste sentido, são os ensinamentos dos mais autorizados doutrinadores nacionais, como por exemplo, Cezar Roberto Bitencourt, Luiz Regis Prado, Antonio Henrique Graciano Suxberger e Maura Roberti. Desta feita, criminalizar condutas da espécie não será suficiente para inibir ações dos administradores públicos no tocante ao não pagamento dos precatórios judiciários. Mais eficaz será a busca de outras soluções nas searas do direito administrativo e civil, como por exemplo no âmbito da improbidade administrativa e da reparação pecuniária civil, cujas sanções revestem-se de natureza não penal, mas que se mostram eficazes na luta contra os atos que atentam contra os princípios da Administração Pública. Ademais, conforme já ressaltado, o Direito Penal é o mais violento instrumento normativo de regulação social, cuja veemência decorre da aplicação da pena privativa de liberdade, a qual, por interferir diretamente no direito de ir e vir dos indivíduos, deve ser ela minimamente aplicada. Por fim, numa perspectiva político-jurídica, deve-se dar preferência a todos os modos extrapenais de solução de conflitos. A repressão penal deve ser o último instrumento utilizado, quando já não houver mais alternativas disponíveis. *Vetuval Martins Vasconcelos é Promotor de Justiça/DF

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Diz Aí, Mané Pérolas do ENEM 2010

O serigueiro tira borracha das árvores, mas nunca derrubam as seringas.

Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas dotrinas e tiveram a idéia de eliminá-lo da face do céu.

A prinssipal função da raiz é se enterrar no chão.

Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais.

Animais vegetarianos comem animais não-vegetarianos.”

Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs.

Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam. Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas.”

Os anaufabetos nunca tiveram chance de voltar outra vez para a escola. Isso tudo é devido aos raios ultra-violentos que recebemos todo dia.

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Cresça e Apareça

Adriana Marques*

Tempo de resolver pendências e aparar arestas é agora O

ntem, eu voltava para casa tarde da noite e me deu uma vontade enorme de ligar para um amigo que há muito tempo eu não falava. Queria saber como estavam as coisas, se o ano foi bom, se ele estava feliz. Não me lembro o porque de termos nos afastado nos últimos tempos, mas a verdade é que me deu saudade. Então liguei. Por ele não ter atendido, deixei um breve recado. Cheguei em casa, fui tomar banho, colocar os meninos na cama, resolver algumas pendências e não vi que ele tinha me retornado. Como já era tarde, resolvi deixar para ligar na manhã seguinte. Não eram 8h30 quando meu telefone tocou. Ele me disse que estava com muita saudade de todos nós, que a vida dele estava difícil, que várias coisas tinham acontecido, mas que ele lamentava por ter deixado que a vida nos afastasse. Neste momento, agradeci o ímpeto de ligar. Agradeci a chance de poder fazer diferente, de mudar o andar da carruagem. O motivo pelo qual estou contando esta história é simples. Não sei ao certo se o que me abateu foi o espírito natalino. Pode também ter sido a necessidade de celebrar e querer compartilhar minhas alegrias com pessoas queridas. O fato é que esta é uma época do ano

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propícia para encurtar as distâncias geográficas e emocionais. A gente passa o ano inteiro com tanto trabalho! O nosso dia a dia nos engole! Quando chega a época de natal e ano novo a gente se pergunta: -“Mas já?” A sensação pode ser de não pertencer ao grupo que adora os cartões, que acha que nada é mais importante que as confraternizações, que se emociona com a propaganda aonde duas pessoas se abraçam. Se este é o seu caso, relaxe. Eu, todos os anos, penso que a vida está tão corrida que não vai dar tempo de entrar no clima das festas. Mesmo assim, sempre é tempo de deixar brotar sentimentos positivos em nossos corações. Independentemente de você ser mais introspectivo ou extrovertido; de ser mais discreto ou ostensivo; de ser essencialmente social ou gostar da sua individualidade, aproveite o que o clima que ainda resta das festas de fim de ano. Ligue para as pessoas com quem quer se reconectar. Escreva uma carta, mande um e-mail ou depoimento no Facebook para que as pessoas importantes na sua vida saibam disso. Ofereça demonstrações de carinho, cuidado e atenção. Se você é do tipo que não gosta de

falar, esta é uma forma excelente de fazer a diferença. Ajudar a organizar a festa, ir ao encontro da família e amigos, oferecer uma carona ou simplesmente participar das reuniões propostas são bons exemplos disso. Defina o que você vai querer alcançar nos próximos meses. Isso vai te criar um senso de urgência para o que realmente importa. Pense em relação a bens materiais, viagens, trabalho e também relacionamentos. Se dê a chance de viver um sentimento positivo. Deseje amor, paz, felicidade, sucesso e saúde. Faça isso verbalmente. Deposite palavras especiais nas vidas que estão ao seu redor. Esta é a hora. O mundo continua tendo várias coisas feias. Pessoas podem ser rudes, cruéis e insensíveis. Mesmo assim, opte pelo bem. Escolha o sorriso. Escolha emanar boas energias. Faça as pessoas felizes. Busque ser feliz. No final das contas, se fizer tudo isso, o maior presenteado será você. Que 2011 seja recheado de super conquistas! Crescendo e aparecendo! *Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching. Master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.


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Ponto de Vista

*Deputado Patrício

Câmara Legislativa Pelo resgate da confiança dos brasilienses

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esmo tendo assumido a presidência da Câmara Legislativa por cinco meses durante a crise da Caixa de Pandora - pior momento político pelo qual o DF passou avalio que meu maior desafio está começando agora, com a eleição para a presidência da Casa, por unanimidade pelos meus pares. A função que se inicia dura dois anos e está repleta de missões. A principal delas é resgatar a confiança da população no Poder Legislativo. Me entristece ver que muitos brasilienses preferem o fechamento da Câmara. Mas, entendo que isso é o reflexo de tudo o que aconteceu na Casa. Com o início da nova legislatura, em um momento político de renovação no DF, o Poder Legislativo precisa desempenhar com competência muito acima da média suas principais atribuições: legislar e fiscalizar. Dessa forma ele irá representar a população e marcar sua posição, fundamental para a democracia plena, onde funcionam com harmonia os três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Episódios ruins aconteceram. Muitos. Mas Brasília não pode abrir mão de ter sua própria representação política. Não podemos nos esquecer de como era antes, quando uma comissão formada por senadores decidia sobre os temas da cidade. Por

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pior que seja o histórico da Casa, temos que destacar as importantes contribuições e a possibilidade de participação de movimentos sindicais, representativos de grupos, entre outros. Para atingir o objetivo de termos novamente o respeito dos cidadãos serão necessárias medidas duras. Algumas delas já estão em prática, no sentido de reduzir os gastos da Casa. Para tanto, cortaremos na carne. E precisaremos da colaboração de todos: parlamentares e servidores. Há excessos que precisam ser cortados, como valores muito altos pagos por gratificações, com uma disparidade muito grande em relação às mesmas funções desempenhadas na Câmara Federal e no Senado. A médio prazo, a solução é uma reestruturação administrativa, que já começou a ser elaborada. O fortalecimento da Câmara Legislativa passa pela valorização dos seus servidores efetivos. Isso ocorrerá com a reforma dos quadros para que a Casa possa afastar de vez a ameaça de extrapolar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Afinal, uma Casa de leis, não pode, de forma nenhuma, descumprir a lei. Outra maneira de resgatarmos a imagem da Câmara Legislativa é estar próximo da sociedade. A população precisa ver que a Casa é parceira, que ela existe

para defender seus interesses, para representá-la. Uma aproximação com a comunidade é fundamental para isso. Só assim, inclusive, os brasilienses poderão entender de fato quais são as atribuições do Poder Legislativo. Ainda há muita confusão entre as funções do Executivo e do Legislativo. O projeto “A Câmara Mais Perto de Você”, desenvolvido ao longo de 2009, nos mostrou que a população não compreende bem quais são as prerrogativas do Legislativo e quais são as do Executivo. Colocar asfalto, luz e esgoto, por exemplo, são atividades desenvolvidas pelo Executivo, por exemplo. A nós, legisladores, cabe melhorar a vida da população por meio de leis e através da fiscalização do bom uso do dinheiro público. Para atingirmos esse objetivo de aproximação, uma das sugestões é focar nos jovens. Levar a Câmara às escolas de Ensino Médio é uma idéia que trará não apenas a aproximação desejada, como uma oportunidade aos estudantes de exerceram sua cidadania. Assim, ganha nossa sociedade de hoje e a do futuro.

* Deputado Patrício Presidente da Câmara Legislativa


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Charge

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Eixo Monumental

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