Plano
21 de junho de 2011 Ano 9 · Edição 98 · R$ 5,30
BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r
Doação de órgãos
Esperança para muitos
MESA REDONDA Liliane Roriz cotidiano Segurança nas escolas 98
PONTO DE VISTA Dr. Valter Xavier
Sumário
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10 Cartas
38 Cotidiano
62 Exposição
11 Mesa Redonda
40 Planos e Negócios
64 Mundo Animal
16 Brasília e Coisa & Tal
42 Automóvel
66 Jornalista Aprendiz
18 Panorama político
44 Vida Moderna
68 Propaganda e Marketing
20 Política Brasília
46 Esporte
70 Vinho
22 Dinheiro
48 Personagem
72 Tá Lendo o Quê?
24 Capa
50 Saúde
74 Frases
28 Cidadania
52 Vitrine
75 Justiça
30 Gente
54 Comportamento
76 Diz aí, Mané
32 Cidade
56 Música
78 Cresça e Apareça
34 Mercado de Trabalho
58 Arte
80 Ponto de Vista
36 Tecnologia
60 Gastronomia
82 Charge
Expediente
Carta ao leitor
DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br
Plano
BRASÍLIA CHEFIA DE REDAÇÃO Afrânio Pedreira EDITOR DE ARTE Werley Kröhling
DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr e Joana Nobrega ESTAGIÁRIA DE CRIAÇÃO Paula Alvim Fotografia Fábio Pinheiro, Victor Hugo Bonfim EQUIPE DE REPORTAGEM Ana Paula Resende, Michel Aleixo, Tássia Navarro, Veronica Soares e Yuri Achcar. Estagiária: Fernanda Azevedo COLABORADORES Adriana Marques, Antônio Matoso, Bohumil Med, Carlos Grillo, Cerino, Giulia Batelli, Mauro Castro, Mônica Ponte, Regina Ivete Lopes, Romário Schettino, Tarcísio Holanda e Valter Xavier IMPRESSÃO PROL Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1357 Administração: 61 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.
Prezado leitor, Cá estamos nós, com a edição 98, feita exclusivamente para você que sempre nos prestigia. A nossa matéria de capa, em quatro páginas, traz um assunto que acreditamos ser do interesse de muitos: doação de órgãos. Gesto classificado por muita gente como “esperança”. Esperança de uma nova vida, onde sonhos perdidos voltam a tomar forma e, como uma “fênix” (ave mitológica), ressurge das cinzas com força total. Doar... Há inúmeras significações para a palavra. A conjugação do verbo é sempre movida por algo de representação ímpar e pessoal, com razões diferenciadas e objetivo único: dar esperança de vida a alguém que, quase sempre não se conhece. Também não importa. O que vale é o ato em si. Uma expressão maior de amor ao próximo. E é com o peito recheado de esperanças que milhares de pessoas engrossam as filas de transplantes em todo o mundo. A doação de órgãos e tecidos no nosso país é de livre e espontânea vontade. Para doar, basta o interessado comunicar aos familiares sobre a sua intenção. Hoje, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende de autorização da família. Um único doador pode beneficiar mais de 20 pessoas. Os transplantes de órgãos sólidos mais comuns são os de coração, fígado, rim, pâncreas, pulmão, intestino e estômago. De tecidos e célula: sangue, córnea, pele e medula óssea. Segundo o Ministério da Saúde, o número de transplantes de órgãos sólidos cresceu em 7%, de 2009 para 2010. Totalizando 6.422 intervenções. Em 2010, o Brasil bateu recorde de doação de órgãos. Dados revelam que o efetivo de doadores cresceu 14% em apenas um ano. Foram registrados 1.896 doadores, 238 a mais do que em 2009. Com esse desempenho, o país atingiu a marca de 9,9 doadores por milhão de pessoas (pmp). A média de crescimento anual de doações de 2003 a 2010 tem sido de 7%. Vale a pena conferir. A matéria “Marcha das Vadias”, da editoria Cidades, retrata uma manifestação inusitada. O nome pode até soar estranho, mas o movimento teve uma causa nobre. Os manifestantes reivindicaram a igualdade de gêneros e o fim da violência sexual contra as mulheres. Cerca de mil pessoas, na maioria mulheres, atravessaram o Conjunto Nacional, Conic, Rodoviária e a Torre de Televisão para exigir que os direitos das mulheres fossem respeitados. De minissaias, meia arrastão, shorts curtos, burcas, vestidas de freiras e muitos cartazes de protestos em mãos, elas divulgaram mensagens contra o machismo e a favor da liberdade feminina. O movimento surgiu no Canadá em abril deste ano, depois que um policial canadense disse que os diversos casos de violência sexual na universidade ocorriam porque as mulheres se vestiam como “vagabundas”. Uma leitura imperdível. Outra reportagem que você não pode deixar de ler é sobre a “Paleografia”, o estudo da escrita antiga, surgida no séc. 18 para tentar descobrir a falsidade de documentos. É isso leitor. Nós da Revista Plano Brasília esperamos que você goste. Boa leitura e até a próxima edição.
Cartas
Fale conosco
Prezado editor, Em primeiro lugar gostaria de parabenizar essa revista pela qualidade que, a cada dia fica melhor. Em segundo pela matéria sobre a Shopping Popular que fica perto do Rodoferroviária. Eu não tiro a razão dos feirantes de reclamarem sobre a ausência de público no local. O lugar é muito longe mesmo e acredito que não seja tão bem abastecido de transportes. Por isso que tem feirante ali que deixa as bancas fechadas e vão se aventurar em vender suas mercadorias nas ruas. Maria Amélia - Cruzeiro Novo Caro editor, Parabéns. Gostei muito da matéria sobre bullying. Um assunto que sempre esteve presente na vida de muita gente, principalmente na fase escolar e que sempre (antigamente) foi visto por pais e responsáveis pelas crianças como um fator de desculpa para que o filho não fosse assistir as aulas. Hoje o assunto está ai pra quem quiser ver e discutir, embora eu ache que estão dando muita importância, claro sem desmerecer a atenção que o assunto requer. Parabéns pela revista que está muito boa. Carlos Eduardo - Asa Sul Caro editor, Conheci a Revista Plano Brasília em uma sala de espera de um Consultório Dentário na Asa Norte. Sou moradora de Taguatinga e gostaria de saber aonde posso encontrar a revista, já que gostei muito das reportagens diversificadas que ela traz. Parabéns pela publicação. Sônia Regina - Taguatinga Norte
Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.
Mesa Redonda
Liliane Roriz Equipe Plano Brasília: Romário Schettino, Edson Crisóstomo, Liana Alagemovits e Yuri Achcar | Fotos: Fábio Pinheiro
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deputada distrital Liliane Roriz (PRTB) é mais uma herdeira política do Rorizismo. Filha do ex-governador Joaquim Roriz, conseguiu a vaga na Câmara Legislativa logo na primeira disputa eleitoral. A irmã, Jaqueline, corre o risco de perder o mandato de deputada federal depois de estrelar mais um vídeo de Durval Barbosa, o delator do Mensalão do DF. Novata na política, Liliane espera se consolidar como um nome viável para,
em um futuro próximo, disputar o Palácio do Buriti. Por enquanto, na Câmara Legislativa, amarga a difícil posição de fazer parte de uma pequena oposição ao governo Agnelo. Como presidente da Comissão de Assuntos Sociais da Casa, afirma torcer para que o governo dê certo. E, para isso, não vai abrir mão de fiscalizar as atitudes de uma gestão que, na sua opinião, ainda não se encontrou. Confira os melhores trechos da mesa redonda com a parlamentar:
PB > Como foi a chegada à Câmara Legislativa e fazer oposição contra uma ampla base de apoio ao governo Agnelo, nem sempre tão fiel assim, que ora garante 19 votos, ora 13 votos? LR > Primeiramente, muito obrigada pelo convite. Obrigada por estar aqui com todos. Estou muito feliz. Brasília precisa de uma comunicação isenta. Nossa cidade cresceu muito e as pessoas têm que receber as informações corretas. É uma cidade muito política.
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Tenho certeza que vocês querem ajudar e colaborar com Brasília neste caminho certo. Com relação à minha oposição a este governo e a alguns colegas em dúvida se fazem oposição ou não, não posso responder por eles. Mas o que eu tenho a dizer é que a insatisfação é muito grande. Não só dos deputados, como da população do Distrito Federal. E como representante do povo, eu disse desde o começo que faria oposição a este governo. É óbvio que não concordo com a maneira de o PT governar. Porém, fui muito justa quando o governo apresentou projetos de lei que ajudavam a nossa cidade. Aprovei o pacote da saúde. Não aprovei o pacote do transporte porque tenho muitas dúvidas. E de todos os projetos de lei, eu votei a favor em 14, se não me falha a memória. No início da legislatura, eu disse que não faria oposição por fazer. Não faria o que o PT fez nos governos anteriores. Eu disse que seria muito responsável com a minha cidade, com as pessoas que me elegeram. Hoje, depois de seis meses de governo Agnelo, é geral a decepção com relação à gestão do governador. Como integrante da família Roriz, o pai da senhora enfrenta denúncias graves. A irmã também e a mãe ficou em uma posição ruim ao final da campanha para o GDF. Como é hoje a relação da deputada Liliane com a família Roriz? É bom deixar claro que meu pai, Roriz, das denúncias que fizeram contra ele, todas estão sendo respondidas e esclarecidas na Justiça. Hoje, a grande mídia brasileira diz que Roriz foi ficha suja, não poderia ser candidato. Não foi permitido a ele levar a candidatura até o final. Acho que a
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Minha mãe, de fato, não tinha preparo para ser candidata. Foi um enfrentamento que ela fez por amor ao marido, foi muito bonito isso população do DF deu uma resposta. A alternativa de colocar a minha mãe como candidata não foi uma decisão dele, sozinho. Foi dela também. Porque ela viu diante dela um homem
que queria voltar para a política para ajudar a população do DF, atento às questões da nossa cidade, como a saúde. Ela se comoveu com essa situação e teve a vontade de entrar no lugar dele, embora todos nós saibamos que ela não tinha nenhum conhecimento sobre como administrar uma cidade. Porém, ela tinha um coração. Coração amargurado, de ver um homem entristecido, que foi violentamente tirado do páreo político. Essa lei (Lei da Ficha Limpa) foi feita para julgá-lo. Tanto é que passou depois. Esse entendimento não é meu. É de toda a população. Minha mãe, de fato, não tinha preparo para ser candidata. Foi um enfrentamento que ela fez por amor ao marido, foi muito bonito isso. Nós entendemos que Brasília escolheu, com grande maioria, o governador Agnelo. Mas será que não seria melhor a Dona Weslian, mesmo despreparada, do que Agnelo? Tem pesquisas sendo feitas na cidade e as pessoas questionam, entre um homem que não faz gestão pública e uma dona de casa, o que seria melhor para o Distrito Federal? E sobre Jaqueline Roriz? No meu primeiro pronunciamento, eu disse que defendia a investigação, com o coração partido. Ela é minha irmã, não é fácil. Mas quando se entra na vida pública, você está sujeito a tudo, a se expor. Você tem que dar respostas. Dizer à população para quê que você veio. Não sou porta-voz dela. De fato, foi uma perseguição política, que não precisava chegar aonde chegou. Muitos políticos já passaram pelo que ela passou. Não é um caso isolado. Agora, meu futuro político depende da minha atuação.
Eu costumo dizer aos meus amigos e assessores que você é muito limitado quando é oposição. Então, basta não errar. É o que as pessoas buscam em um político. Dar as respostas que as pessoas precisam: ser honesto e fiel ao voto. Mas não tem como eu me desvincular do meu pai. Ele foi quatro vezes governador e 33% dessa cidade acredita na gestão Roriz, que governa para o povo que tem necessidade. Não quero fugir disso. Eu espero que as pessoas entendam que eu não tenho um novo caminho, ninguém mais acredita nesse novo caminho, mas tenho uma posição diferente, de ver a política de uma maneira diferente. A senhora afirmou que muitos políticos já foram vítimas do mesmo sistema que atingiu Jaqueline Roriz. A senhora se inclui entre esses políticos? Não. Eu tenho minhas contas todas declaradas. Acho que o meu projeto político não é só para estes quatro anos, é para o futuro. Posso dizer que minha campanha foi de muita luta. Eu gastei quatro sapatos! Estão lá, guardados no meu armário. Você tem que mostrar o seu projeto político. O que você pensa, o que espera, o que promete para a população. Então, você tem que se expor muito. E eu não tinha tempo de televisão: três segundos! A minha exposição foi em 100 quilômetros de caminhada. Pelo fato de eu ser filha do Roriz, de pessoas que queriam alguém que as representasse na Câmara Legislativa, com um perfil como o meu, uma pessoa mais clara, mais determinada. Eu conquistei essas pessoas e tive a ajuda de gente que acreditou em mim e de amigos. Então, não tive isso (caixa dois na campanha). As minhas contas foram as primeiras a serem aprovadas no TRE.
Mas não tem como eu me desvincular do meu pai. Ele foi quatro vezes governador e 33% dessa cidade acredita na gestão Roriz, que governa para o povo que tem necessidade A população rejeitou o rorizismo nas últimas eleições. Qual o trabalho da senhora na Câmara Legislativa e a perspectiva de futuro para Brasília?
A conjuntura da época permitiu que Agnelo vencesse a eleição. Ele tinha um presidente da República com uma aprovação enorme. O Lula pedindo voto pra ele. A Dilma também. E as pessoas não querem perder o voto delas, dão o voto útil. Mas o fato de Roriz ter saído do páreo, colocado a esposa dele e não ter perdido no primeiro turno, mostra que a população estava em dúvida. E antes de ser questionado na Justiça, pesquisas apontavam que Roriz estava 20pontos à frente de Agnelo. E o que vou fazer na Câmara? Muito simples: vigiar esse governo que promete e não cumpre. Estou esperando que o governador Agnelo faça gestão pública, deixe de transparecer que é o Paulo Tadeu (secretário de governo do DF) que manda no Governo do Distrito Federal. Vou cobrar as promessas de campanha de Agnelo. Tenho um projeto de lei que não foi aprovado por forças políticas que é o desconto do IPTU de 7,5% para pagamento à vista. Muitas pessoas fazem essa opção. Eu estou disposta a trabalhar. Amo o povo desta cidade, mas tenho muitos impedimentos porque sou oposição e eles são maioria. Qual é o seu projeto político? Vai ser candidata ao governo? Ainda é muito cedo para dizer isso. Gostaria muito. Vim para cá com um ano de idade, tenho 45. Vi essa cidade crescer. É um projeto político e ficaria muito feliz se algum dia pudesse realizar esse sonho. Mas vai depender da minha postura. A população espera que os políticos estejam, de fato, preocupados e comprometidos com a melhoria da qualidade de vida do ser humano. E é isso que eu quero.
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A Operação Caixa de Pandora atingiu o governo Arruda, mas respingou para todo lado, atingindo também a Jaqueline. Durval Barbosa era presidente da Codeplan no governo Roriz. Não é muito difícil que tenha feito o que fez sem que o governador soubesse de nada? Eu não sou porta-voz dele. Roriz está fora do processo político porque o tiraram. Jaqueline ainda vai ser julgada pela Câmara dos Deputados. A Caixa de Pandora respinga. Mas não vou
Eu não quero ser deputada distrital a vida inteira. Você tem que caminhar. Dar passos largos. Brasília tem muitas lideranças políticas responsáveis. E eu tenho muita vontade de ter uma carreira política onde eu possa mostrar para Brasília para que eu vim. Em setembro de 2009, Joaquim Roriz recebeu a Plano Brasília e pela primeira vez surgiu um sinal de que algo de muito estranho ocorreria nas eleições de 2010. Arruda não seria candidato a nada em 2010. Um mês e meio depois, estourou a Operação Caixa de Pandora. Soubemos de uma reunião com a participação de Roriz, Paulo Octávio, Luiz Estevão e outros dois ou três caciques da política local, há poucos dias. Aconteceu de fato essa reunião? Desconheço. Estou na casa dele todos os dias, temos uma abertura boa nas conversas. Fazendo parte do processo político da cidade, ele me diria. Ele sabe da minha verdadeira vocação, do meu comprometimento com a cidade. Eu posso dizer que não houve esse encontro.
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Eu tenho minhas contas todas declaradas. Acho que o meu projeto político não é só para estes quatro anos, é para o futuro dizer que meu pai conspirou contra as pessoas. Isso não é fato. Toda pessoa pública está sujeita a tudo. Tiveram muitas injustiças com relação à postura de Roriz, dizer que ele estava por trás disso. Ele está dando as respostas à Justiça. Eu não tenho medo. Não respinga em mim. Nunca encontrei Durval Barbosa. Apenas em festas de criança, sem filmadora! Eu não tenho problema com a Caixa de Pandora. As pessoas que tem um pré-conceito quanto à minha pessoa não me conhecem. Não sabem o que eu posso fazer.
Por que a oposição não consegue agregar mais deputados, se organizar? É muito fácil se juntar ao governo. Você tem emprego, administrações... O governo oferece facilidades aos deputados. Logo, a oposição é minoria. Hoje, acredito que somos eu, a Celina (Leão - PMN) e a Eliana (Pedrosa - DEM). À medida que o governo vai fracassando, a oposição vai aumentando. O político precisa estar do lado da população. É difícil eu não gostar das pessoas. Gosto de agregar, de ciscar para dentro. Quem tem preconceito contra mim, eu quebro. Porque elas não me conhecem. Sou Roriz com orgulho, mas sou diferente. Minha vontade é grande. Minha energia é grande. Eu queria que tirasse do coração essa coisa de “é filha do Roriz. Eu não gosto”. Dêem uma chance pra mim!.
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Brasília e Coisa & Tal
Romário Schettino
Jaqueline cassada no Conselho A Comissão de Ética da Câmara dos Deputados decidiu pela cassação da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF). Agora, cabe ao plenário, em votação secreta, manter ou não a decisão. Dificilmente Jaqueline escapará da punição máxima, mas há quem diga que essa situação é o mesmo que sair do espeto e cair na brasa. O suplente dela é o policial Laerte Bessa. Será que a troca vale a pena? É o que perguntam os brasilienses.
O garçom O ex-ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, era conhecido como o garçom, só anotava os pedidos, nunca trazia as respostas. “A Dilma disse que tem, mas acabou”. Era isso o que diziam dele.
Renato Araújo/Abr
Battisti solto Finalmente, o italiano Cesare Battisti sai da cadeia e fica no Brasil. Vai morar em São Paulo. A Itália fica irritada, ameaça ir ao Tribunal de Haia e chama seu embaixador para consultas. É o jogo de cena de sempre, necessário nos casos de interesse contrariado. Lula estava certo quando decidiu mantê-lo no Brasil, e o Supremo Tribunal Federal também acertou ao confirmar essa decisão. Na verdade, quem não gostou mesmo foi o que sobrou do Partido Comunista Italiano (PCI). A luta armada urbana nos anos 70, da qual Battisti participou, expôs os acordos secretos dos comunistas com a máfia italiana. O alto grau de corrupção naquela época contaminou os três poderes na Itália, que só se recuperaram com a Operação Mãos Limpas.
Gleisi no lugar de Palocci
Dança das cadeiras A ministra da Pesca, Ideli Salvatti, que nunca pescou um peixe, deixa o cargo para assumir a coordenação política do governo Dilma Rousseff. Luiz Sérgio vai para o lugar dela. A presidenta une, assim, o útil ao agradável, pelo menos para Luiz Sérgio que já estava desconfortável nas Relações Institucionais.
A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), ex-diretora financeira de Itaipu, substitui Antonio Palocci na Casa Civil. Foi uma decisão difícil para a presidenta Dilma Rousseff, que não queria contrariar a orientação de Lula. Mas não teve jeito, diante do sangramento público de Palocci arranjou-se a saída perfeita, o ministro pede demissão e não se fala mais nisso. Gleisi é casada com o ministro das Comunicações Paulo Bernardo.
Ao defender a descriminalização das drogas, FHC destaca a mais inofensiva delas, a maconha. A ideia de que o combate ao tráfico de drogas fracassou no mundo vem ganhando adeptos. Descriminalizar não significa legalizar, mas é um passo importante para dar o devido tratamento a quem é apenas usuário, a quem é viciado e precisa de tratamento e a quem faz parte do tráfico criminoso. O Brasil deveria fazer como a Espanha. Lá se combate o tráfico e, quem quer, planta a sua própria maconha.
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Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Legalize it!
Comunicando
Boibumbá Design Studio / Ilustração: Marceleza
Nota da CBPJ
Ópera no DF
Disco
Divulgação / 2a2 Design
O I Festival de Ópera de Brasília é dedicado ao maestro Sílvio Barbato, morto naquele acidente do avião da Air France que caiu no mar. Uma bela homenagem a quem tanto se dedicou ao gênero musical. A temporada está magnífica. A estreia contou com cantores líricos brasilienses do primeiro time: Janette Dornellas, Patricia Mello, Gabriela Correia, Ainda Kellen, Livia Bergo e Renata Dourado (sopranos), Rafael Ribeiro e Francisco Bento (tenores), o baixo-barítono Tobias Hagge, a contralto Valdenora Pereira e o baixo Thoroh de Souza. O maestro e regente titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, Cláudio Cohen, se esmerou na direção artística de várias árias das óperas Bodas de Fígaro, A Flauta Mágica, Don Giovanni, Cosi fan Tutte e Idomeneo. Na segunda parte do concerto foi executada a obra Requiem, de Wolfgang Mozart. Bravo!
O cantor Eduardo Rangel lançou o seu no CD “Estúdio”. O local escolhido foi a pracinha que fica entre o Armazém do Brás e o 2º Clichê, na 107 Norte. A noite de autógrafos foi acompanhada de um coquetel e um pocket show. O excelente disco mistura músicas antigas e novas. O zelo na produção inclui arranjos de Leo Gandelman, Ocelo Mendonça e Tom Capone. Destaque para as impagáveis “Copacabana blues” e “Bicicleta”. Quem não foi, perdeu. Mas ainda pode adquirir um disco falando com o próprio artista: 61-3367-1679 e pelo e-mail: contato@eduardorangel.com.br
Em nota divulgada no dia 10 de junho, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBPJ), vinculada à CNBB, manifestou apoio à imediata criação, nos estados e no Distrito Federal, dos conselhos de comunicação como forma democrática de ampliação da participação da sociedade na formulação e acompanhamento das políticas públicas regionais de comunicação. A íntegra da nota é a seguinte: “O tema da comunicação tem sido, nos últimos tempos, objeto de amplo debate e discussão na sociedade brasileira na perspectiva de assegurar a cada cidadão o amplo direito a uma comunicação livre, democrática e plural. Ratificando seu compromisso na defesa da comunicação como Direito Humano, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), soma-se às entidades e organizações que empunham a bandeira da democratização da comunicação em nosso país. Esta meta só será alcançada mediante um novo Marco Regulatório, que responda plenamente ao previsto na Constituição Federal e a revolução da comunicação provocada pelas novas tecnologias. O Estado não pode se furtar a essa responsabilidade que lhe compete. É urgente uma rigorosa observância de padrões éticos, estéticos e culturais no conteúdo veiculado pelos órgãos de comunicação, sobretudo, aqueles explorados pelo próprio Governo, assim como nas campanhas publicitárias financiadas com o dinheiro público, para que se diferenciem e sejam referência de qualidade na comunicação. Para atingir este objetivo, é imprescindível ainda que haja: 1) Condenação a qualquer tipo de censura prévia seja de caráter governamental, judicial ou empresarial; 2) Explicitação do impedimento de agentes públicos terem concessões de radiodifusão; 3) Imediata criação, nos estados e no Distrito Federal, dos conselhos de comunicação como forma democrática de ampliação da participação da sociedade na formulação e acompanhamento das políticas públicas regionais de comunicação. Nesta fase do debate público, a CBJP declara seu apoio ao ‘Manifesto da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação’, divulgado em 19 de abril de 2011. Brasília, 10 de junho de 2011”.
E-mail: romario@abordo.com.br
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Panorama Político
tarcísio holanda
Brasil imperialista? “Não queremos repetir com o Brasil o ditado mexicano que diz que a desgraça do México é estar tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos” – declarou o presidente eleito do Peru, Olanta Humala, a um jornal brasileiro.
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ão é segredo para ninguém que o nosso território representa mais da metade da América do Sul e que o Brasil assume posição dominadora em toda a América Latina. A expansão econômica do país no subcontinente já produziu um sentimento antibrasileiro na região. A política econômica conduzida aqui virou modelo que os países dessa região se empenham em imitar. Mas a presença crescente de empresas e corporações brasileiras nos países dessa área tem provocado uma crescente desconfiança de muitos de nossos vizinhos. E existe uma reação que parece orquestrada por um sentimento de desconfiança, enquanto se difunde a idéia de que o Brasil representa um novo tipo de imperialismo econômico e de dominação. A difusão desse sentimento antibrasileiro na região tem dado trabalho aos diplomatas brasileiros. O governo da província de Mendoza, na Argentina, em uma decisão aparentemente política, acaba de suspender um projeto de exploração de potássio da Vale do Rio Doce, cujo investimento seria de U$ 8 bilhões. O governo daquela província argentina acusa a mineradora de desrespeitar acordo para utilização de fornecedores e mão de obra local. Consoante os termos do contrato, 75% dos serviços terceirizados e funcionários devem ser de Mendoza. O governo do Peru também cancelou a licença para a construção da hidroelétrica de Inambari, a maior do país, que deveria ser feita pela OAS, Furnas e Eletrobras. A obra foi estimada em U$ 4,9 bilhões. Populações
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indígenas locais protestavam contra prováveis danos ambientais e acusavam o projeto de beneficiar unicamente o Brasil, que ficaria com 80% da energia gerada. Diante dessa onda, o governo do presidente Alan Garcia decidiu submeter a concessão a uma consulta popular. Outros investimentos da Eletrobras em projetos de energia no Peru ameaçam ser paralisados e submetidos a consulta popular. O congressista Daniel Abugattás, porta-voz do Gana Peru, o partido de Humala, líder popular peruano, declarou: “Hidrelétricas na selva podem ser prioridade para o Brasil, mas não são prioridade para o Peru”. O coordenador do Centro de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Matias Spektor disse que “existe uma percepção de que o Brasil vai se comportar da mesma maneira que as potências coloniais tradicionais, como os Estados Unidos e Espanha”. A difusão desse sentimento antibrasileiro pelos países da região é extremamente perigosa para os interesses das empresas brasileiras.
Coibir abusos “Esses países querem, sim, receber investimentos do Brasil, mas querem coibir abusos”, disse Spektor. O presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, disse em abril a um jornal brasileiro: “Não queremos repetir com o Brasil o ditado mexicano que diz que a desgraça do México é estar tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”. Matias Spektor pondera que o Brasil terá de ser muito mais cuidadoso para administrar as
reações à sua expansão no continente. Ele acredita que, para amenizar a hostilidade, é fundamental investir em cooperação técnica. “Precisamos convencê-los de que eles têm mais a ganhar juntando-se ao vagão brasileiro do que se opondo”, disse Spektor. Ele cita programas de concessão de bolsas de estudo no Brasil para estudantes da região, cooperação técnica em programas como Bolsa-Família e combate ao crime organizado. Trata-se de um modelo semelhante ao que é utilizado pelo governo da China Continental com os países que lhe são vizinhos. Na Ásia, com o ensino de língua e cultura chinesas como forma de tranqüilizar e conquistar os vizinhos. É bem diferente do tipo de expansão que a China emprega na África e na América Latina, quando exerce uma concorrência predatória, baseada na troca de crédito e investimentos por fornecimento de matérias primas. “Só assim (nossos vizinhos) vão entender que não existe um projeto megalomaníaco juntando empresas brasileiras e o Itamaraty para dominar a região”, afirmou Matias Spektor. A idéia é fazer com que o governo brasileiro convença os vizinhos de que o discurso de cooperação Sul-Sul é para valer.Ou seja, as iniciativas de cooperação técnica e de compartilhamento tecnológico não são medidas compensatórias para vencer resistências, mas passos de uma política de “desenvolvimento comum”.
EMBARAÇOS PARA O GOVERNO “A existência de frações, de tendências no PT está no seu DNA. As disputas
que tivemos dentro da Câmara fazem parte desta identidade do partido”, afirmou o presidente da Câmara, Marco Maia, do PT gaúcho, sobre as lutas internas em seu partido. O governo de Dilma começa a enfrentar dificuldades tanto na Câmara quanto no Senado, o que revela certa deficiência em sua articulação política com o Congresso. Projetos polêmicos, que o governo vinha evitando votar, como é natural, passaram a ter viabilidade. As propostas tornam-se viáveis graças a negociações que estão sendo promovidas à margem do Planalto e à revelia da presidente. No Senado, agora mesmo, parece próximo um acordo entre governistas e oposicionistas para votar a emenda que muda o rito de tramitação das Medidas Provisórias. Na Câmara, há consenso em torno da chamada Emenda 29, que aumenta consideravelmente os recursos para a saúde. O governo tomou conhecimento dos dois fatos quando eles já estavam consumados. No que diz respeito à emenda, o seu autor é o presidente do Senado, José Sarney e o relator designado para dar parecer sobre ela é o senador mineiro Aécio Neves. Participam das negociações lideranças do PSDB, PMDB e do PT, enquanto o governo não revela simpatia para a proposta. Dilma não aceitava que fossem alteradas regras que entraram em vigor no governo de Fernando Henrique Cardoso e vigem até hoje. No começo da semana que passou, o senador José Sarney disse, na qualidade de presidente do Senado, que não aceitará votar medidas provisórias sem tempo para examiná-las e debatê-las. Ameaçou devolver as MPs
que chagassem ao Senado às vésperas de expirar sua vigência. Renan avisou ao Planalto que Sarney não estava blefando. Fala sério. Levantou-se a hipótese de um acordo. Abordado, o senador Aécio Neves admitiu reformular o seu relatório. Vai modificar algo sobre o que já havia entendimento e que Dilma se nega a aceitar. Ficou acertado que deveria ser retirado da emenda dispositivo que criava uma comissão especial para decidir sobre as Medidas Provisórias antes que fossem submetidas a votação nos plenários das duas Casas do Congresso. As MPs são um diploma legal à parte, uma vez que entram em vigor logo que baixadas pelo Presidente da República, sem qualquer interferência do Legislativo. O presidente, no entanto, só pode editar MPs sobre matérias consideradas “urgentes” e “relevantes”. Ocorre que tais condições sempre foram desrespeitadas pelo Palácio do Planalto. E, não raro, o Congresso ratifica decisões do outro poder que não têm urgência e poderiam ser tratadas em projetos de leis. A comissão especial proposta pelo senador Aécio Neves teria poderes para negar tramitação às Medidas Provisórias que fossem consideradas irrelevantes. Consoante os termos do acordo em marcha, a intenção é transferir aquela atribuição às Comissões de Constituição e Justiça da Câmara e do Senado. A emenda formulada pelo senador mineiro deixa a Câmara em situação delicada, dando a essa Casa prazos exíguos que certamente provocarão a oposição dos deputados. O Palácio do Planalto está sendo aconselhado a negociar uma
fórmula que harmonize os interesses das duas Casas e não deixe a Câmara em situação inferior. Nas regras atuais, o Congresso tem prazo de 120 dias para votar uma Medida Provisória. A tramitação começa na Câmara, tendo os deputados mais tempo para examiná-la do que o Senado. Quando a MP chega ao Senado, está às vésperas de esgotar a sua vigência. Freqüentemente, os senadores são obrigados a votar depois de receber cópias das MPs. E isso justifica a ameaça do senador José Sarney. Segundo a negociação em curso no Senado, a Câmara terá 60 dias para votar as MPs. Se não o fizer dentro do prazo, elas perdem validade. Nas novas condições, o Senado teria apenas 40 dias para examiná-las e votá-las. Pelas alterações do Senado, os deputados teriam prazo de mais 20 dias para fazer nova votação. Os senadores praticamente já concluíram a negociação para votar a proposta que modifica as regras das Medidas Provisórias e estão agora pedindo a Dilma que consiga sensibilizar os deputados para as mudanças, através de uma articulação a ser conduzida pela ministra Ideli Salvatti, nova coordenadora política do Planalto. Quanto à Emenda 29, que aumenta os recursos para a saúde, Dilma foi informada de que já não há clima na Câmara para aditar a votação. Inconformado com o governo, o presidente da Câmara, Marco Maia, está querendo levar a matéria polêmica a votação antes de começar o recesso do meio do ano, que se inicia em 15 de julho. Para criar condições de acordo, o Planalto parece disposto a retirar do texto a Contribuição Social da Saúde, nova CPMF.
Política Brasília
Yuri Achcar
São Paulo não briga com Brasília pela abertura da Copa O secretário-executivo do Comitê Brasília 2014, Cláudio Monteiro, não se impressionou com o início das obras do novo estádio do Corinthians, o Itaquerão. Para ele, os paulistas que perderam a Copa das Confederações, em 2013, não terão condições de sediar a abertura dos jogos. “O torneio é para avaliar que cidade tem condições de receber a abertura da Copa do Mundo”. Quem não participa do teste não pode abrir os jogos. São regras da FIFA”, disse. Além do DF, com o Estádio Nacional de Brasília (foto), as outras sedes da Copa das Confederações são: RJ, BH, SSA e POA.
no governo; relator de comissão parlamentar de inquérito que investiga denúncias de corrupção no Pró-DF está no cargo com o objetivo de levar o programa suspeito aos empresários da cidade onde tem mais votos, e que, finalmente, nenhum embaixador dos Estados Unidos no Brasil tem o direito de falar que a Câmara Legislativa é um refúgio para canalhas. Essa Casa é ou não é um orgulho para os brasilienses?
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A Câmara Legislativa no WikiLeaks
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Graças ao site WikiLeaks, que divulga informações sigilosas pela internet com o apoio de colaboradores em todo o mundo, foi possível descobrir o que o ex-embaixador norte-americano, John Danilovich disse às autoridades dos EUA sobre a Câmara Legislativa. O telegrama, de 2004, comentava a primeira cassação de mandato na história da Câmara Legislativa, de Carlos Xavier, acusado de assassinato. O título? “Um trapaceiro a menos na galeria”.
Enfim, férias! Na hora de entrar em férias e descansar por um mês, vale um esforço extra, não? Como acontece todo ano, os deputados distritais trabalharam até a madrugada para encerrar o primeiro semestre de atividades e começar o recesso legislativo, com a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2012. Em dezembro, a situação se repete para aprovar o Orçamento 2012 e começar mais um período de descanso. A LDO recebeu emendas para garantir, no ano que vem , a contratação de cerca de dois mil professores concursados, técnicos do Detran e da Agência de Fiscalização. E, ainda, o pagamento de gratificações para os servidores públicos. Foram aprovados mais de 30 projetos nos três últimos dias de trabalho. Desde o início do ano, haviam sido apenas dez. Todos de autoria do Poder Executivo.
Triste resumo da ópera No balanço das atividades legislativas do primeiro semestre, os deputados distritais mostraram ao brasiliense que: trabalhar por apenas três dias em esforço concentrado é suficiente para receberem seis meses de salários; não existe imoralidade alguma em parentes de parlamentares dirigirem empresas que possuam contratos milionários com o GDF; deputado acusado de fraudes em licitação para beneficiar parentes não pode ser investigado até a conclusão do processo judicial; distrital com mandato cassado pelo Tribunal Regional Federal, que mantém o cargo graças a uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral, ainda é influente na Casa e
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The Best Of Danilovich Chamar a Câmara de “refúgio para canalhas” foi a azeitona da empada, recheada com outras considerações nada honrosas. No texto, o então embaixador dos EUA informa que, entre os 24 parlamentares, a Casa abriga “meia dúzia de deputados suspeitos de vários crimes”. E talvez a observação mais importante, quase messiânica: “Mas parece improvável que o caso seja a ponta do iceberg em termos de limpeza da Câmara. (...) Os eleitores de Brasília têm a memória extremamente curta quando o assunto é corrupção.” Depois de Carlos Xavier, Brasília acompanhou deputados renunciando ao cargo para evitar a cassação do mandato como Pedro Passos (PMDB), Leonardo Prudente (DEM) e Junior Brunelli (PSC), além de Eurides Brito (PMDB), que preferiu enfrentar o processo até o fim e acabou com o mandato cassado. Sem falar de Jaqueline Roriz (PMN)... Dá até para perder a conta!
Ressaca moral Ainda que a boca pequena os atuais deputados distritais concordem com tudo o que disse o ex-embaixador dos EUA, ninguém gostou do telegrama. “É como falar mal da sogra. A filha dela, pode. O genro, não”, disse um dos parlamentares, que apoiou a criação de uma comissão de deputados para se reunir com a cúpula do Itamaraty e exigir um pedido formal de desculpas do governo norte-americano. Outro distrital ficou preocupado com o que os estrangeiros vão pensar da população de Brasília: “Afinal, são os brasilienses que votam e elegem os representantes que trabalham na Câmara Legislativa.”
Repercussão zero O presidente da Casa, Patrício (PT), colocou panos quentes na tentativa de retaliação aos EUA. Para ele, o assunto é coisa do passado e já foi resolvido. Tudo o que a Câmara poderia ter feito na época ela fez, com a cassação do mandato de Carlos Xavier. A Embaixada dos Estados Unidos não comenta informações vazadas pelo WikiLeaks. E, claro, a turma de Barack Obama tem coisas mais importantes para se preocupar. No universo norte-americano, a Câmara Legislativa é um zero à esquerda.
Comissão de qual ética? O relator, Cristiano Araújo (PTB), considerou que é preciso aguardar a decisão da Justiça antes de abrir ou arquivar o processo, que foi sobrestado: “Não podemos condenar o deputado antes da matéria ser analisada pelo Poder Judiciário.” Pela mesma lógica, Carlos Xavier não teria perdido o mandato em 2004. Suspeito de ter mandado matar o suposto amante da ex-mulher, até hoje Xavier aguarda o julgamento. Idem para Eurides Brito, Leonardo Prudente e Junior Brunelli, que ainda não foram denunciados formalmente à Justiça. O mesmo vale para Jaqueline Roriz (PMN), condenada pelo Conselho de Ética da Câmara Federal. Além do relator, votaram a favor de Benedito os deputados Dr. Michel (PSL), Chico Vigilante (PT), Israel Batista (PDT) e Celina Leão (PMN). Com essa escalação, a Comissão de Ética decretou a própria morte.
Contratos do lixo cheiram mal Eleito para acabar com práticas adotadas por governos anteriores que sangravam os cofres públicos, Agnelo Queiroz mantém a limpeza do Distrito Federal com a mesma estratégia de Arruda. Só em 2011, três empresas do ramo já assinaram contratos emergenciais com o GDF. Foram gastos mais de R$ 6,9 milhões com o setor no período. As licitações prometidas ainda não vieram.
Três batidas na madeira...
V. Figueirêdo/CLDF
Para tentar encerrar os trabalhos do primeiro semestre de uma bela forma, a Câmara Legislativa recebeu a miss DF, Alessandra Baldini. No Plenário da Casa, os deputados Raad Massouh (DEM), Aylton Gomes (PR) e Liliane Roriz (PRTB) entregaram à representante brasiliense no concurso Miss Brasil uma moção de louvor assinada por todos os 24 distritais. Os deputados desejaram boa sorte a Alessandra, que vai encarar as representantes dos outros estados brasileiros no próximo dia 23, em São Paulo.
Benedito Domingos escapa de novo
Fábio Rivas/CLDF
Se existisse um torneio de resistência a processos na Comissão de Ética, o deputado Benedito Domingos (PP) seria bicampeão. Em 2009, teve o nome envolvido na Operação Caixa de Pandora. Foi salvo da investigação. Os integrantes da comissão consideraram mais importante dar prosseguimento aos processos contra os colegas flagrados em vídeos recebendo dinheiro. Neste ano, foi apontado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público como integrante de um esquema de favorecimento de parentes em contratos com o GDF, no período em que foi administrador de Taguatinga, durante o governo Arruda. Por unanimidade,deputados da Comissão de Ética decidiram aguardar o resultado das investigações, contrariando parecer do corregedor da Casa, Wellington Luiz (PSC), que recomendava a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar.
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Dinheiro
mauro castro
REVENDO
AS METAS P
ara aqueles que têm o hábito de fazer uma lista de metas para o ano novo fica a pergunta: terminado a metade do ano como andam os resultados? O mês de julho é um excelente período para uma virada naqueles casos em que as metas foram colocadas de lado, ou ao contrário, apenas as metas de COMPRAS que surtiram efeito. E, por conseqüência, aumentaram a dívida da família. Agora com o aperto financeiro que o governo aplica para reduzir o consumo, aliado à inflação que apenas dá sinais de queda, pode se dizer que é chegada a hora de uma revisão das metas ou, quem sabe, a adição de novas metas. A primeira regra é sanear a casa. Para entender melhor isso, significa tomar ações preventivas para não piorar a situação. Para a turma do cheque especial em pleno uso e para aqueles que fizeram dívidas de longo prazo – carros e imóveis – terão que colocar todas as dívidas no papel e buscar onde cortar. Por partes, no saneamento das dívidas, o primeiro alvo é o cheque especial ou a dívida do cartão de crédito. A receita tradicional é pegar um empréstimo pessoal e quitar a dívida. Mas, o que funciona mesmo é cortar gastos. Quanto a gastos não tem jeito, a pior luta é contra o
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hábito. Quem acostumou a gastar continuamente, sair nos finais de semana e deixar no shopping sua contribuição terá que mudar de vida. O corte tem que ocorrer em uma ou duas contas grandes e, também, nos pequenos gastos. Geralmente o vilão do cartão de crédito são as pequenas parcelas e as comprinhas de pequeno valor. O segundo alvo será a compra que não devia ter sido feita. Aquela que foi além dos limites. Um carro ou apartamento que ficou além da sua capacidade de pagamento. O argumento que vale o sacrifício para ter seu carro ou imóvel pode ser aplicado com uma grande dose de bom senso. Se o seu caso se reflete no desespero na hora de pagar a prestação de um desses bens, ou ainda, se você tem pesadelo quando sonha no valor das chaves na entrega do imóvel, desista. Para desistir é simples. Passe para frente o bem. Venda. Com certeza vai perder dinheiro, mas terá como se planejar melhor financeiramente para o futuro. A maioria das pessoas passa por situações inexplicáveis. Os fatos mudam diariamente os planos. O que parecia bom em um momento piora e se torna insustentável em outro. Tudo isso deve ser levado em consideração na hora de rever metas e ações.
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Capa
Por: Tássia Navarro | Fotos: Victor Hugo Bonfim | Ilustração: Werley Kröhling
Doação
de órgãos Gesto que significa “esperança”
D
oar, segundo o dicionário da língua portuguesa Houaiss, significa dar, transmitir gratuitamente e legalmente. Para o fundador do protestantismo, Martinho Lutero “deve-se doar com a alma livre, simples. Apenas por amor, espontaneamente”. Para a estudante Janaina Almeida, 22 anos e o auxiliar administrativo, Rafael Raoni, 23, doar é um ato que pode salvar vidas. Juliana Nascimento, 15 anos, um ato que salvou vidas. Para a dona de casa, Leid Aparecida, 70 anos, um ato que salvou a sua vida. Há inúmeras significações para a palavra doar. A conjugação do verbo é sempre movida por algo de representação ímpar e bastante pessoal. As razões são diferenciadas. O objetivo é sempre um só: dar esperança de vida a alguém que, quase sempre não se conhece. Mas isto pouco importa. O que vale é o ato em si. Uma expressão maior de amor ao próximo. Numa obediência divina a um dos 10 mandamentos da lei de Deus: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. A ação representa oportunidades, possibilidades de nova vida para outros. É com o peito recheado de esperanças que milhares de pessoas engrossam as filas de transplantes do mundo todo
à espera pelo ato que pode mudar suas vidas. A doação de órgãos e tecidos no Brasil é de livre e espontânea vontade. Para doar, basta o interessado comunicar aos familiares sobre a sua intenção. Conforme a Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que altera dispositivos da Lei n° 9.434, de quatro de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam nas carteiras de Identidade e de Habilitação, perderam a validade desde 22 de dezembro de 2000. Hoje, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende de autorização da família. Foi assim que a estudante, Juliana Araújo do Nascimento salvou a vida de outras pessoas quando foi a óbito. Antes de morrer, a estudante informou à família sobre a vontade de doar seus órgãos. A autorização para a retirada de coração, rins, córnea e tecidos, por exemplo, foi dada pela mãe da estudante, a gerente de Laboratório de Anatomia, Ana Marluce Araújo de Souza, 51 anos. Ela conta que no princípio foi doloroso, mas pelo fato de trabalhar na área de saúde e saber que era vontade da filha,
autorizou a doação com orgulho. “Foi um ato de amor na hora da dor”, define Ana Marluce. Juliana tinha um tumor na hipófise, glândula localizada no sistema nervoso central. E, segundo a mãe, a estudante, de certa forma, já vinha se despedindo da vida. “Ela havia pedido para que seu perfil no Orkut - página de relacionamentos da internet - fosse excluído, caso algo lhe acontecesse. Em seu blog, que alimentava com assuntos relacionados à moda e fotografia, havia comentado temas como o sofrimento, o infinito e lágrimas”, conta a mãe. Conforme Ana Marluce, todos sabiam que a cirurgia que resultou na morte da filha era de muito risco. Inclusive a estudante não desconhecia o fato. “Só decidi fazer a intervenção porque ela estava perdendo a visão. O tumor estava crescendo exatamente para o lado do nervo óptico”, lembra. Ao sair da cirurgia, a estudante passava bem. Devido a complicações pós cirúrgica, entrou em coma. “Os médicos tentavam me animar dizendo que era só um coma. Mas eu sabia que a coisa não estava bem”, recorda com pesar. Marluce diz que depois de um certo tempo, os médicos da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) informaram que tal-
Nº DE TRANSPLANTES DE CÓRNEAS 2010
a 2010 tem sido de 7%. Alguns estados, como Santa Catarina e São Paulo, cujos índices de doações são de 17 pmp e 21 pmp, respectivamente, mantêm índices 1.750 de doações próximos aos de países com 13% alto nível de desenvolvimento no setor como a Espanha e o Canadá. Ambos com médias acima de 20 doadores pmp. 7.959 SUS Encaixa-se no grupo de novos 3.214 62% PRIV doadores a estudante Janaina Almeida, CONV 25% 22 anos. Recentemente ela tomou a decisão de doar os órgãos quando vier a falecer. Para ela, vai ser um ato de solidariedade. Algo muito bonito e que vai salvar a vida de outras pessoas. A família, já informada da decisão da estudante, apoia e acha certa sua atitude. vez já tivesse ocorrido morte encefálica. número de transplantes subiu de 20.253 Além da intenção de doar os órgãos, Janaina já é doadora de sangue, há quatro “Então pedi para abrir o protocolo de para 21.040, no mesmo período. morte cerebral e foi quando vieram falar Em 2010, o Brasil bateu recorde de anos. “Doar sangue foi fundamental na Nºcomigo DE TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS SÓLIDOS a respeito da doação de órgãos”. doação de órgãos. De acordo com2010 dados hora de eu decidir ser doadora de órA experiência de lidar com a morte do MS, o número de doadores efetivos gãos. Pude ver o bem que é para quem 87 apenas um ano. Foram recebe”, garante. é algo que ninguém nunca quer ter, cresceu 14% em 167 Rafael Raoni divide a mesma decimas que infelizmente todos terão registrados 1.896 238 a mais 1%doadores, 3% que passar um dia. Marluce sempre do que em 2009. Com esse 60 desempenho, são. Há cerca de sete anos, assistiu a uma conversou a respeito com as filhas e o país atingiu a marca1% de 9,9 doadores palestra na escola sobre a importância isso foi fundamental na decisão de Por Milhão de Pessoas (pmp), quando em de ser doador. Depois disso, pesquisou mais sobre o assunto. Amadureceu a Juliana. “No trabalho vejo muitos casos 2009 eram 8,7 pmp. ideia e decidiu se tornar um doador. de pais chorando por bebezinhos que Para a Drª. Daniela Salomão, responCoração 1.404 4.660 morreram. Então, acabo levando essas sável pela Central de Transplantes Pulmão da “Já informei à minha mãe e esposa”, 22%do Distrito Federal, Fígado afirma. Segundo ele, falar sobre doação coisas72% para casa. Como eu sabia do risco Secretaria de Saúde Pâncreas de órgãos, que sempre requer tocar que Juliana corria, vivia conversando este aumento se deve a maiores recursos, Rim Rim/Pâncreas no assunto morte, gera certo desconcom ela sobre o assunto. Dizia que por treinamento de equipes, propagandas, ela podia doar tudo caso algo viesse incentivos e financiamentos. “É um forto. “Os familiares mais próximos se a lhe acontecer”. Segundo Marluce, processo que demanda muito esforço recusam a pensar no assunto. Mas é o pâncreas; os dois rins, o fígado e a por parte de todos os envolvidos. O necessário”, salienta. 44 Ele conta já ter ouvido pessoas criticórnea da filha foram doados. “Só não resultado é conseqüência natural de um 1% utilizaram o coração porque não foi trabalho que vem sendo feito há muito carem a doação de órgãos. Os motivos encontrado receptor compatível, o que tempo”, afirma. Em 2010, o Ministério são vários, inclusive religiosos. Nesses é uma pena”, lamenta a mãe. Coração da Saúde investiu quase R$ 1,2 bilhão casos, pesquisar a respeito é a melhor e pulmão só são transplantados quando na área. Levando em conta que em 2003 saída. Conforme o auxiliar administrahá compatibilidade sanguínea e anatô- esse número foi de R$ 327,85 milhões, o tivo, várias são as teorias sobre o assunmica entre doador e receptor. investimento mais do que triplicou nos to. “Ouvi coisas tipo: se o médico sabe que você é um doador em potencial, Um único doador pode beneficiar últimos sete anos. mais de 20 pessoas. Os transplantes de Ainda conforme o órgão, a média de ele não se esforça para lhe salvar. Eu órgãos sólidos mais comuns são os de crescimento anual de doações de 2003 duvido que isso possa acontecer, acredito no profissionalismo”, coração, fígado, rim, pâncreas, diz. Para ele, é certo que, pulmão, intestino e estômago. Janaina Almeida quer doar órgãos e sua família a apoia se por algum motivo não De tecidos e células são: sanpossa usufruir de um órgão, gue, córnea, pele e medula o melhor é ajudar a quem óssea. Segundo o Ministério precisa. “Enquanto uma da Saúde (MS), o número de família chora a perda de um transplantes de órgãos sólidos ente querido, outras podem cresceu em 7%, de 2009 para comemorar a recuperação 2010. Totalizando 6.422 interde um parente”, ressalta. venções. Considerando órgãos Na lista dos órgãos e sólidos, tecidos e células, o www.portal.saude.gov.br
nº de transplantes de córneas 2010
tecidos mais doados, a córnea está em primeiro lugar. Segundo a Drª. Daniela, isso se deve ao fato de que, até seis horas depois de declarada a morte encefálica da pessoa, as córneas podem ser retiradas. O Dr. Antônio Márcio, responsável pelo Departamento de Transplantes de Córneas do Hospital Pacini, com 18 anos de atuação na área oftalmológica, explica que é exatamente esta a facilidade. “A maior doação de córneas se deve ao fator tempo e à melhoria dos bancos de olhos e do Sistema Nacional de Transplantes, que fazem uma busca ativa do doador”, explica. A questão da conservação da córnea é outro fator a considerar. Conforme o oftalmologista, antigamente o meio de conservação do tecido só permitia que ele ficasse guardado por três dias. Atualmente, esse período aumentou para 15 dias. “Isso melhorou muito o aproveitamento dos tecidos. Em apenas três dias, era preciso realizar rapidamente o transplante. Hoje, isso pode ser feito com mais calma e qualidade”, assegura. Nos últimos anos, o especialista afirma ter havido um grande avanço nas cirurgias de transplante de córnea. Hoje, existe o transplante lamelar, onde não é necessário transplantar toda a espessura da córnea. É possível retirar apenas a parte central da córnea, o endotélio, que é a camada mais saudável e que diminui, em muito, o risco de rejeição. O que permitiu, inclusive, que uma só córnea atendesse a dois receptores. No Brasil e no mundo, a primeira causa dos transplantes de córnea é a ceratocone, doença não inflamatória e indolor, caracterizada pelo afinamento e perda da rigidez da parte central da córnea, que provoca distorção e embaçamento das imagens. Seguida de outras patologias de córnea como a Distrofia de Fuchs, ceratopatia bolhosa e os traumas oculares. Doar os órgãos, além de uma atitude honrosa para muitos, ainda é sinônimo de muitas dúvidas. Na lista das mais frequentes estão: idade indicada; problemas de visão passam do doador para o receptor e, um receptor pode receber órgão ou tecido de doadores mais velhos ou mais novos? O Dr. Antônio Márcio esclarece que não existe idades mínima e máxima, desde que se tenha
uma boa avaliação da córnea. De modo geral, conforme ele, o mais apropriado é dos dois aos 70 anos. Um doador mais novo pode, perfeitamente, doar algum órgão para um receptor mais velho e vice-versa. “Mas a gente tenta aproximar as idades, porque a contagem de células endoteliais, a vitalidade da córnea é mais aproximada à da idade do receptor”, explica. Quanto às deficiências visuais, o oftalmologista esclarece que o astigma-
A polêmica das filas de espera gira em torno da não garantia de que os candidatos a receptores serão atendidos tismo é localizado na córnea e que tanto a miopia, quanto a hipermetropia são resultados do tamanho do olho e da curvatura da córnea, entre outros. O que significa que esses problemas não são transmitidos de doador para receptor. Juliana Nascimento salvou seis vidas
Nem mesmo o astigmatismo que pode ser corrigido quando do transplante. A dona de casa Leid Aparecida Pinheiro Costa, 70 anos, em meio a milhares de pessoas que se encontram na fila de espera por um transplante de córnea, foi felizarda. Portadora de distrofia de Fuchs e catarata, só enxergando até dois metros de distância, no dia 14 de janeiro do ano passado foi submetida à cirurgia de transplante. “Agora ela está terminando de retirar os pontos e está tudo dando certo”, assegura Antônio Márcio. A máxima “a sorte é cega, quando bate prega”, faz todo o sentido na vida da simpática Dona Leid. Quando tentou o transplante pela primeira vez, devido a diabetes, precisou de cuidados. Teve uma inflamação na vista e não pôde fazer a cirurgia. Quando entrou na fila de espera pela segunda vez, não precisou esperar muito. “Em menos de um mês consegui um doador”, conta. Para ela, que quase não enxergava mais, o transplante salvou a sua vida. “Foi ótimo, porque se eu não tivesse feito esse transplante eu não estaria mais enxergando nada hoje. Para eu sair na rua era muito difícil. Agora não. Eu enxergo bem melhor”, garante. Em se falando de fila de espera por transplantes, o assunto é motivo de revolta para muitos. Quem fica na espera, logo imagina que levará anos para conseguir um doador. A Drª. Daniela Salomão explica que a demora depende muito do órgão a ser transplantado. A compatibilidade doador X receptor e os quadros clínicos dos pacientes também são levados em consideração e analisados. A polêmica das filas de espera gira em torno da não garantia de que os candidatos a receptores serão atendidos. Para que o transplante aconteça é necessário que existam órgãos para doação. O sistema de espera funciona por meio de lista única, organizado pela Secretaria de Saúde dos estados. O paciente inscrito recebe um comprovante expedido pela Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), no qual está explicitado o órgão ou o tecido a ser transplantado. Todos os órgãos ou tecidos de um doador só podem ser captados depois de declarada a morte encefálica do paciente e deverão
mos”, esclarece a Dra. Daniela Salomão. Conforme dados do Ministério da Saúde, em 31 de dezembro de 2010 existiam 47.373 pessoas na fila de espera. Em Brasília, para o transplante de córnea, o tempo de espera gira em torno de quatro a seis meses. O alto índice de óbito, ocasionado pela violência galopante da capital federal é o principal fator de diminuição do prazo de permanência nas filas. Segundo Daniela Salomão, o tempo de espera mais longo 1.750fica para quem precisa de um 13% rim. “Para o paciente que tem falência renal existe a hemodiálise. Então ele não morre, pode esperar mais tempo por uma doação. Quem tem falência de fígado,
por exemplo, dependendo do grau e se não for transplantado logo, morre. Não consegue esperar na fila”, explica. Marluce, mãe da doadora Juliana, além de trabalhar na área de saúde, aprendeu a duas penas, a importância do gesto da doação. “É muito triste a situação de quem está à espera. Essas pessoas estão correndo contra o tempo e, às vezes, não conseguem doador e tudo vai se complicando”, comenta. Ela não teve contato algum com nenhum dos receptores dos órgãos da filha Juliana, mas ligou para a Central de Transplantes para saber o que tinha ocorrido. “Graças a Deus ela conseguiu tirar seis pessoas da fila de espera. Isso é muito gratificante”, confessa.
Dr. Antônio Márcio afirma ter havido grande avanço nas cirurgias de transplante de córnea
ser distribuídos por meio do sistema de espera de cada estado. Uma vez captado, o implante do órgão se torna responsabilidade da equipe transplantadora responsável pelo primeiro 7.959 receptor selecionado. O procedimento, da capta62% ção do órgão à seleção do transplantado é comunicado à CNCDO que, por sua vez, autoriza o transplante. Caso um órgão captado não seja compatível com ninguém na fila do estado, a Central de Notificação checa a existência de um outro pretendente na região. Se persistir, o órgão é disponibilizado em nível nacional. A CNCDO e as equipes de transplantes é que decidem sobre quais órgãos são retirados para doação. “Dependendo da situação de urgência, a gente pode aceitar um órgão que em outras ocasiões não aceitaría-
SUS
3.214
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE DOADORES EFETIVOSPRIV
25%
CONV
DOADORES EFETIVOS
ÍNDICE DE DOADORES (PMP)
2003
893
5,00
2004
1.232
6,80
2005
1.078
5,88
2006
1.109
5,98
2007
1.150
6,13
2008
1.317
6,95
2009
1.658
8,70
2010
1.896
9,90
ANO
Nº DE TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS SÓLIDOS 2010
nº de transplantes de órgãos sólidos 2010
87
www.portal.saude.gov.br
1% 167 3% 60 1% 4.660
72%
1.404
22%
44
1%
Coração Pulmão Fígado Pâncreas Rim Rim/Pâncreas
www.portal.saude.gov.br
Nº DE TRANSPLANTES DE CÓRNEAS 2010
Cidadania
Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Divulgação
Solidariedade contra o câncer
Além de tratamento, apoio para enfrentar a doença
Q
uando se fala em câncer, para muitos, automaticamente, vem à cabeça imagem de pessoas em uma cama de hospital, passando por diversos tratamentos agressivos como a quimioterapia e radioterapia. O câncer é responsável por cerca de 13% de todos os óbitos
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no mundo. Mais de 7 milhões de pessoas morrem anualmente da doença, conforme o International Union Against Cancer (UICC), organização mundial não governamental dedicada ao controle da doença. Só no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), anu-
almente, o mal mata mais de 140 mil pessoas. Para o paciente, conviver com o fato de ter câncer, o tratamento e suas seqüelas chega ser devastador. O doente precisa do apoio incondicional da família, fora os recursos financeiros que são sempre necessários. Mas o mundo
não é perfeito. Muitas pessoas não têm dinheiro e nem família para recorrer. É aí que a solidariedade entra. Na forma de pessoas comuns que abrem mão de parte do seu tempo e bens materiais para ajudar a estranhos. E os motivos são os mais diversos possíveis. Há voluntários que perderam parentes para o câncer, tiveram a doença ou simplesmente desejam ajudar. Magdail Carvalho de Noronha é uma dessas pessoas. Ela não teve tempo de ajudar pessoalmente. Morreu de câncer de mama, mas deixou um legado. Após passar por inúmeros hospitais e constatar uma serie de deficiências referentes às unidades de tratamento da doença, como a falta de informação e apoio, Magdail idealizou a criação de uma entidade beneficente de prestação de apoio a portadores de câncer. Alguns anos depois de sua morte, a médica oncologista, Dra. Luci Ishii, que assistiu Magadail concretizou o seu sonho. Com apoio de pacientes, ex-pacientes, profissionais da área e familiares, Luci fundou a Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer (Abac-Luz). A entidade ajuda o doente na maioria das suas necessidades. Como por exemplo, assistência psicológica. Conforme a oncologista, é de suma importância auxiliar pacientes e familiares no processo de aceitação da doença com profissionais adequados e também assistência jurídica. “Muitos pacientes não sabem de seus direitos, como a retirada do FGTS e PIS- PASEP, por exemplo”, diz. Outros benefícios garantidos é que o doente que tem a renda menor que um salário mínimo, pode receber auxilio do governo e, para aqueles que possuem algum tipo de deficiência, a aquisição de carro tem desconto no imposto. Além de assistência psicológica e jurídica, a Abac-Luz disponibiliza uma biblioteca de acervo considerável para todos os doentes amantes da leitura. A instituição também oferece, a título de empréstimo, aparelhos e equipamentos médicos como macas e muletas e, caso necessário, ajuda com cestas básicas para pacientes carentes. “Tem pessoas que não tem dinheiro nem para comer, imagina para comprar equipamentos médicos”, ressalta. Outro benefício oferecido pela Abac-Luz é o banco de perucas para pacientes que perderam os cabelos em
virtude dos tratamentos. Para garantir o estoque, Luci informa que campanhas de doação de cabelos costumam ser feitas em salões de beleza. “Um cabelo pode fazer a felicidades de muitas mulheres”, assegura a médica. Além do espírito humanitário de ajuda a pessoas portadores de câncer, a Abac-Luz também ajuda na prevenção e na identificação prévia da doença, promovendo palestras educativas em escolas e comunidades carentes, inclusive com exames gratuitos. “Quanto mais rápido a identificação da doença, maiores são as chances de cura”, garante a especialista. E tudo isso é graças aos trabalhos voluntários de mais de 50 pessoas, entre aos quais estão incluídos médicos e enfermeiros. A Abac-Luz vive de doações e eventos como chás e festas promovidas para angariar recursos, quem puder ajudar, seja com doações ou apenas um pouquinho do seu tempo é muito bem vindo. Serviço Abac-Luz SCS, Quadra 01, Lote 30, Bloco M, Sobreloja 5/8, Ed. Gilberto Salomão (61) 3343- 2412 e 3343- 0321
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Gente
Por: Edson Crisóstomo
Valeska Tonet e Moema Leão
Ursula e Carlos Moura
Angela Borsoi e May Moura
Angela Senna
Sérgio Parada, Heloíza e Sóstenes Alcoforado
Política Ligado na Missão Não resta dúvida de que o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich pode ser classificado de visionário. Classificou a Câmara Legislativa do DF de “refúgio de canalhas”. Em 2004, com a cassação de Adão (Carlos) Xavier significava apenas menos um naquela casa. Em agosto do mesmo ano, ele também previu que outros nobres parlamentares ainda teriam problemas: Benício Tavares, Pedro Passos, Tatico, Gim Argello, Odilon Aires, José Edmar, Wigão e Brunelli. Naturalmente há exageros. Existem pessoas sérias na Câmara Legislativa. Fica claro, em 1ª hipótese, que ele era muito bem assessorado. Em 2ª hipótese, era apenas palpite. A nossa redação quer convidá-lo para o próximo bolão da Mega Sena!!!
Retaliação??? Será que a emenda, apresentada pelo dep. Chico Vigilante (PT) é o troco ao dep. Raad, que fez desfavor a toda a sociedade (exceto à quadrilha, digo, cartel dos Postos de Combustíveis)? Eu acho pouco...Pode retalhar mais. Mais, muito mais. A população não merece parlamentar que pede voto ao povo e trabalha contra os eleitores em benefício de meia dúzia de empresários cartelizados.
Fábio Pinheiro
Fábio Pinheiro
O casal José Junior e Rejane Valle
Adelmir Santana e Maria José Fábio Pinheiro
Arnaldo Pinho, Larissa Dias e Fabiana Matta
Fábio Pinheiro
Renato, Sérgio, Ricardo e Eduardo Gutfreund
Ângela Guimarães, Moema Leão e Eliane Martins
Caixa Rápido Benefícios Ano que vem, contribuintes em dia com a Secretaria de Fazenda do DF começam a ganhar descontos a partir de 5% sobre o IPTU e IPVA. A garantia foi dada mediante aprovação de projetos de lei complementares das deputadas Liliane Roriz (PRTB) e Celina Leão (PMN). As parlamentares previam o desconto logo no início do mandato. A bancada governista questionou a legalidade, já que o ano fiscal havia começado. Embora aprovados pela CL, os projetos tem de ser sancionados pelo governador Agnelo Queiroz.
César Serra e Poliana Abrita
Vicky Tavares
Geleia Geral Catetinho em reformas O Catetinho está fechado para restauração. A primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek em Brasília só será reaberta ao público no dia 10 de novembro. Data em que completa 55 anos. As reformas serão divididas em duas fases. Na primeira, o museu passará por uma total higienização onde todas as peças do acervo serão retiradas. Na segunda fase começa então uma restauração estrutural completa do local. O governo promete uma programação especial para a reinauguração. A conferir.
Cidade
Por: Veronica Soares | Fotos: Fábio Pinheiro
Marcha das
Vadias
Ato contra a culpa feminina em casos de violência sexual
Q
uando o assunto é protesto, Brasília já foi palco de grandes manifestações de relevância nacional. Mas, no último dia 18 de junho, a cidade recebeu uma manifestação inusitada: a Marcha das Vadias. O nome pode soar estranho, mas o movimento teve uma causa nobre. Os manifestantes reivindicaram a igualdade de gêneros e o fim da violência sexual contra as mulheres. O manifesto reuniu cerca de mil pessoas e as participantes saíram do Conjunto Nacional, passou pelo Conic, Rodoviária do Plano Piloto e depois seguiu em direção à Torre de TV, onde foi encerrada. Em posse de suas liberdades, as manifestantes abusaram da criatividade para exigir que os direitos das mulheres fossem respeitados. De minissaias, meia arrastão, shorts curtos, burcas, vestidas de freiras e muitos cartazes de protestos em mãos, elas divulgaram mensagens contra o machismo e a favor da liberdade feminina. Houve aquelas que foram mais ousadas ainda e tiraram o sutiã para pedir respeito. Mas não só as mulheres foram às ruas protestar. Em apoio aos direitos delas, muitos homens também marcaram presença no evento. Segundo uma das organizadoras da Marcha das Vadias, a antropólo-
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ga Júlia Simões Zamboni, 28 anos, a ideia e divulgação da marcha em Brasília são recentes. O convite foi feito nas redes sociais no início do mês de junho. E a simples ideia contagiou várias outras seguidoras: em apenas três semanas de divulgação da marcha, cerca de quatro mil pessoas haviam confirmado presença no evento pelo facebook. “Buscamos igualdade de gênero. Muitas vezes as mulheres são chamadas de vadias por vestir uma saia curta. A palavra vadia já é uma concepção errônea. Qualquer que seja a vestimenta de uma mulher, não dá o direito de um homem estuprá-la”, protesta. E o movimento ganhou mais força com as últimas notícias de violências contra mulheres no Distrito Federal. Apenas no início do mês de junho, duas foram estupradas em plena luz do dia no Plano Piloto. Os números da violência feminina são alarmantes. No Brasil, por ano, segundo a organização do evento, cerca de 15 mil mulheres são estupradas. Em Brasília, somente nos primeiros cinco meses do ano foram registrados 283 casos. Uma média de dois por por dia.
A marcha reuniu mais de mil pessoas.
Protesto e repúdio contra o ato sexual forçado foi o que não faltou em cartazes que muitos levam para o manifesto. Um deles dizia: “Roupas não justifica. Alcoolismo não justifica. Nada justifica o estupro”. Em outro: “Estupro é questão de poder. Feminismo para a igualdade de gênero”. Com megafones, as palavras de ordem chamando a atenção das pessoas que passavam nas ruas eram: “Cuidado, seu machista, a América Latina vai ser toda feminista”; “Quem manda no meu corpo sou eu” e “Mexeu com uma, mexeu com todas”. Segundo a agrônoma Lia Padilha, 27 anos, uma das organizadoras do evento, um dos fatores que a motivou participar da marcha foi o trote na faculdade de agronomia na Universidade de Brasília (UNB), realizado no início desse ano. No trote, as calouras foram obrigadas a lamberem leite condensado em uma linguiça que estava na altura da cintura dos veteranos. “É importante para chamar a atenção da sociedade para o tema. Queremos levantar a bandeira contra o machismo”, ressalta. “O nome tem caráter lúdico, mas é para chamar a atenção
da sociedade também. Queremos mostrar que a mulher tem o direito de ser livre”, enfatiza. A estudante Amanda Araújo, 23 anos, em meio a tantos modelitos, escolheu uma fantasia de freira para ir à passeata. Com hábito de uma legítima religiosa, o diferencial é que, da cintura para baixo a estudante estava vestida com uma minissaia que exibia as pernas. “As mulheres não são culpadas pelos estupros. Somos livres. Merecemos e exigimos respeito”, salienta. A aposentada Nádia Alves Massa, 65 anos, acompanhou a filha antropóloga Nathália Maria Alves, 24 anos, no protesto. Além das duas, outras integrantes da mesma família fizeram coro e pediram para que os direitos das mulheres fossem respeitados. “Sempre fui ativista social. Agora minha filha segue os meus passos. Só agora as mulheres aprenderam a lutar pelos seus direitos. E isso é muito importante para as nossas conquistas”, ressaltou. Nathalia também é ativista do movimento de mulheres negras. “Tivemos muitas conquistas, mas ainda falta muito para termos um mundo igualitário entre mulheres e homens”, enumera.
Saiba Mais A Marcha das Vadias - movimento mundial pelos direitos das mulheressurgiu no Canadá em abril deste ano e ficou conhecido como Slut Walk. As estudantes da Universidade de Toronto organizaram uma marcha depois que um policial canadense disse que os diversos casos de violência sexual na Universidade ocorriam porque as mulheres se vestiam como “vagabundas” - slut, em inglês. Desde então, a marcha está sendo realizada em várias partes do mundo. As mulheres vestidas de forma provocante, com roupas curtas, minissaias, meias arrastão ou calcinhas e sutiãs é presença marcante nos protestos. Aqui no Brasil, além de Brasília, a Marcha das Vadias já ocorreu em São Paulo e em Recife (PE).
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Mercado de trabalho
Por: Tássia Navarro | Foto: Fábio Pinheiro | Ilustração: Werley Kröhling
Paleografia
É
Estudo da Escrita Antiga
comum, quando ouvimos falar de paleografia, associarmos àqueles que estudam os fósseis para investigar como eram os organismos e ecossistemas do passado. O que é um equívoco, pois estes são os paleontólogos. Há quem confunda a paleontologia com a paleografia. São áreas distintas, mas que possuem em comum o estudo do que é antigo. Quem exerce a paleografia é o paleógrafo. De acordo com o historiador e paleógrafo, Deusdedith Alves Rocha Junior, mais conhecido como Zezeu, a paleontologia estuda vestígios materiais do passado como ossos de animais, já a paleografia estuda a escrita antiga. “Principalmente, mas não somente os manuscritos”,esclarece. Professor de história do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Deusdedith também ministra oficinas de paleografia. Autodidata, já trabalha há seis anos com o assunto. Segundo ele, o estudo da escrita surgiu no século 18. Final da idade média, quando começaram a surgir problemas com documentos falsos. A paleografia surgiu para tentar descobrir a falsidade de documentos. Hoje, a ciência que estuda a veracidade dos documentos chama-se
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diplomática. Mas para descobrir se o mesmo é verdadeiro ou falso é preciso saber lê-lo e é nesse momento que as duas se associam. Hoje, apesar da necessidade de utilizar a paleografia na ciência diplomática, é possível também aproveitá-la sozinha. “Nos casos de árvores genealógicas, é a paleografia que faz todas as pesquisas. Para isso, é preciso saber ler a grafia da época”, exemplifica. Para o especialista, a principal dificuldade da paleografia está em saber o modo como era a escrita em séculos passados, saber as abreviaturas usadas e entender a letra que, na maioria das vezes, é de difícil leitura. Além disso, a sujeira e o estado de conservação dos documentos tornamos mais difíceis de transcrever. “Ainda tem a questão histórica. Para transcrever um documento é fundamental que o pesquisador tenha uma base sobre aquele contexto para saber do que se trata e dar o devido valor ao documento”, esclarece o paleógrafo. Os manuscritos, instrumento principal do trabalho dos paleógrafos, grande parte dos que foram encontrados, estão digitalizados no Arquivo Histórico Ultramarino,
em Lisboa, a capital de Portugal. Lá, estão guardados mais de 150 mil documentos da história do Brasil desde o século 16. São 299 CD’s com arquivos que reúnem tratados comerciais e diários de viagens. A maioria, ainda não transcritos. No Brasil é possível encontrar documentos antigos no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro. De acordo com o paleógrafo, a digitalização dos manuscritos facilitou suas vidas, pois antigamente, era necessário ir até o Arquivo Ultramarino para fazer pesquisas. “A gente gastava muito tempo com isso tudo. Além do que, os documentos digitalizados trazem a facilidade que os computadores nos fornecem que é o aumento da imagem. Assim, não precisamos mais usar a lupa”, ressalta. Deusdedith trabalha com a documentação de Goiás, especificamente, a parte que diz respeito a Brasília. Em um de seus trabalhos, quando estudava um documento datado de 1734, o relato de um viajante chamado José da Costa Diogo, descobriu que ele havia passado pelo território do Distrito Federal antes mesmo dele existir. Consta em seu trajeto, a passagem por Sobradinho, que na época era a Fazenda Sobradinho. Locais como a Lagoa Feia, próximo a Formosa e Três Barras, um rio localizado dentro do Parque Nacional, também aparecem
no relato. Esta é a referência mais antiga a essas regiões. O documento deu origem ao livro “Viagem pela estrada real dos Goyazes”, publicado em 2006, por Deusdedith junto ao historiador Wilson Vieira Júnior e o geógrafo Rafael Carvalho Cirqueira Cardoso. O livro traz a transcrição do diário de viagem do tropeiro José Diogo e um mapa do trajeto percorrido. As escritas mais antigas datam do século 13 e, segundo Desdedith, são as mais fáceis, pois eram mais bem desenhadas. “Do século 14 para frente, os caras começam a complicar tudo”, comenta. Existem vários tipos de escritas como a gótica, as processuais, cortesãs, encadeadas e humanísticas. “Antigamente eles desenhavam muito a letra. Demorava de duas a três horas para escrever uma página. Quando eles começaram a escrever mais parecido com a nossa letra cursiva, escrever uma página passou a ser mais rápido”, explica. Para Deusdedith, a paleografia é importante para o historiador, pois um documento é sempre uma fonte histórica. Ele ainda atribui enorme importância à paleografia pelo fato da “possibilidade de dar a luz coisas que muitas pessoas não imaginavam”. Em Brasília existem apenas três profissionais dedicados à paleografia. “Além de mim e do Wilson Júnior só tem mais uma profissional aqui”, afirma.
Historiador e paleógrafo, Deusdedith Alves Rocha Junior, mais conhecido como Zezeu
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Riscos e vantagens do sistema virtual de armazenamento de dados
I
magine a inviabilidade se um gerador de energia elétrica e uma unidade de tratamento de água individual fossem necessários em cada residência. Foi com esse questionamento em mente que, ainda na década de 60, o cientista americano John McCarthy desenvolveu a teoria do “cloud computing”. Traduzido do inglês como computação em nuvem, a tecnologia se refere ao sistema de armazenamento de dados de usuários e escritórios que são terceirizados em grandes servidores de empresas especializadas. Dessa forma, as tarefas são executadas no computador pessoal, mas a máquina não precisa armazenar uma grande quantidade de programas e arquivos. O usuário tem acesso a eles através da internet. “Os maiores benefícios que eu vejo na computação em nuvem são a facilidade de acesso à informação e à portabilidade. É bem mais prático”, explica o analista de sistemas, José Bezerra Costa, 30 anos. Para ele, essa tecnologia é muito vantajosa para as empresas. Através de um único “login” é possível reunir em um servidor virtual todos os programas de computador necessários para o funcionamento da empresa. Eliminando assim, os altos valores de compra e atualização destes softwares e no upgrade dos hardwares. Os computadores só precisam ser capazes de rodar o programa de interface com a “nuvem” que armazena os dados. O que na prática, não passa de um navegador da internet. “Este é o futuro da computação. A tendência será adquirir computadores com baixa capacidade de armazenamento e alta velocidade de acesso à internet”, garante José.
POTENCIAL Os gigantes da tecnologia como a “Google” e a “Apple” apostam alto no potencial da computação em nuvem. Não por menos, elas estão lançando vários serviços, cada uma a seu estilo. A Google, que sempre aposta na gratuidade, apresentou ao mundo o Android, sistema operacional que permite que em qualquer dispositivo com o sistema ins-
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usuários
capacidade
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atualização software compartilhar conectar login internet software compartilhar unificação
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cloud computing ng ento Por: Michel Aleixo | Ilustração: Joana Nobrega armazename potencial po compra
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computadores
talado seja possível compartilhar informações em nuvem de qualquer lugar. Já Steve Jobs lançou, recentemente pela Apple, o iCloud. Nele, é possível sincronizar fotos, músicas e arquivos dos vários aparelhos da marca instantaneamente, através da nuvem. Além de funções como unificar o calendário, agenda de compromissos, emails e contatos de cada usuário. “Hoje, tiro uma foto no meu celular e ela já é compartilhada automaticamente para o meu tablet e notebook”, celebra José Bezerra. O analista conta que a tecnologia em nuvem é completa, justamente por facilitar não só a vida profissional como a pessoal. “Suas músicas favoritas, por exemplo, já passaram pelos discos, cd’s e mp3. Em breve, vão estar apenas na nuvem”, completa.
RISCOS Recentemente, hackers brasileiros foram pegos utilizando a hospedagem em nuvem da empresa Amazon para disseminar programas que roubam dados bancários. Para José Bezerra, todas as pessoas que estão conectadas à internet correm tais riscos. Isso não deve ser visto como ponto negativo para a utilização da tecnologia. “É importante que as empresas provedoras invistam em segurança”, avalia. Além disso, é possível que bancos e sites do governo criem nuvens privadas com seus dados internos. No Brasil, o governo federal já tem planos de democratização da internet banda larga. O que significa dizer que a computação em nuvem tem potencial para se tornar uma opção viável de armazenamento de dados. Prova maior de abrangência é que televisão, música e telefonia também estão migrando para a tecnologia. “Como profissional da área, posso garantir que em 10 anos, quase todo mundo vai estar na nuvem”, prevê José Bezerra.
Cotidiano
Por: Tássia Navarro | Fotos: Victor Hugo Bonfim
Segurança na
escola Torpedo é enviado para o celular dos pais informando horário de entrada do aluno.
Sistema controla presença de alunos
A
segurança nas escolas públicas do Distrito Federal é preocupação de pais e professores. Pensando em diminuir tal problema e, claro, aumentar a segurança dos alunos, os professores Martha Pfeffer e Alexandre Godói, do Núcleo de Tecnologia da Diretoria Regional de Ensino (DRE) do Guará desenvolveram, durante dois meses, um programa que coleta a digital dos alunos na hora da entrada na escola e, em seguida, envia torpedo para o celular dos pais avisando que seu filho entrou no estabelecimento. Ainda em fase de testes, o sistema utiliza um leitor de digital ligado a um computador central. O aluno chega à escola, encosta o dedo no leitor e no monitor aparecem sua foto, nome e o horário de sua chegada. De acordo com Martha Pfeffer, por
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abrigar o Núcleo de Tecnologia da DRE, o Centro Educacional nº 2 do Guará, mais conhecido como GG, foi o escolhido para a implantação do programa. “Muitas outras escolas já estão solicitando o programa”, conta. O sistema também atende aos alunos portadores de necessidades especiais como Pedro Henrique Cruz, 16 anos, que tem deficiência visual. Ao encostar seu dedo no leitor de digitais, o programa emite uma voz que diz seu nome e horário de entrada na escola. Para o estudante, a implantação do sistema foi um avanço muito grande e também uma surpresa positiva. “Não imaginava que em uma escola pública pudéssemos ter uma evolução dessas”, confessa. Segundo a idealizadora, o novo sistema agradou pais e alunos e já diminuiu o nú-
mero de atrasos. Ela conta que muitos pais já vieram conferir a novidade de perto e elogiam o trabalho. “É uma forma que eles têm de ficar mais seguros enquanto estão no trabalho. Tem a certeza de que seus filhos estão realmente na escola”, afirma. Um dos benefícios do programa é o controle de presença. Determinadas escolas que adotam a chamada tradicional, perdem de cinco a dez minutos para concluir a chamada em sala de aula. Com o novo sistema, professores e alunos ganham alguns minutos a mais de conteúdo na hora da aula. Além de eficiente é de baixo custo. Conforme Martha, o sistema custou R$ 800. Para
Idealizadora do projeto prevê implantação em outras escolas.
mandar as mensagens diárias para os pais dos 1,5 mil alunos, a escola vai pagar mais R$ 11 por mês para as operadoras. “Os estudantes não precisam arcar com nenhum gasto. É tudo por conta da escola”, esclarece. Como o programa ainda está em fase de testes, mudanças e aprimoramentos serão feitos para o futuro. Segundo Martha, a ideia é disponibilizar a lista de frequência do aluno, por exemplo, para o programa fácil, que exige determinado índice de assiduidade para que o estudante possa usufruir do passe livre. “Com isso na internet, o pessoal da fácil poderá ter acesso instantâneo à frequência do aluno”, explica.
Aluno, portador de deficiência visual apoia novidade tecnológica.
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Planos e Negócios
alex dias
SPA & CIA em Brasília A SPA & CIA acaba de chegar a Brasília. A empresa atuará em dois segmentos: cursos para capacitação de profissionais que desejam atuar no mercado de saúde e bem-estar (clínicas, SPAs, etc) e também na parte de consultoria. Um dos grandes diferenciais da empresa é a criação do 1º curso “Gestão e Técnicas de SPA” do Brasil. A idéia é preparar profissionais para atuarem com excelência em todas as áreas e serviços de um SPA. Consultoria - A empresa acompanha todas as fases de implantação, desde a concepção e planejamento até o recrutamento e formação completa de toda a equipe. Os sócios Gizelle Monteiro e Pedro Vasco possuem vasta experiência na Europa, onde atuaram por mais de dez anos. Em Brasília, a empresa foi responsável pela reestruturação do Spa Nuwa e já estão com outros projetos em andamento. Mercado - O Brasil está entre os dez maiores mercados de bem-estar do mundo. Segundo a Associação Brasileira de Clínicas e SPAs, estima-se que o setor tenha movimentado mais de U$ 8 milhões no país, só no ano passado.
Serviço SCRN 714/715, Bl. G, Loja 50 – Asa Norte (61) 3967.7005 – 3964.7006
Flor de Açafrão Restaurante O Setor Bancário Sul já tem o lugar ideal para aquele almoço rápido, na pausa do trabalho. É o Flor de Açafrão Restaurante, de propriedade da chef Patrícia Leão e da filha Gabriela Leão. E, assim como a planta que lhe originou o nome, o restaurante veio para dar cor ao almoço dos engravatados locais. Em tudo que serve no Flor de Açafrão, Patrícia imprime apuro de gourmet dentro do conceito de “comfort food” (comida do coração na qual, aroma e sabor remetem a algo prazeroso, como a infância ou a comida da avó). O Flor de Açafrão Restaurante oferece diariamente um mix de saladas orgânicas de legumes, verduras frescas e cereais, acompanhadas de uma mistura balanceada de molhos leves; pratos quentes, incluindo sempre uma opção de carne, uma de ave e uma de peixe - com seus respectivos acompanhamentos – e mais dois pratos vegetarianos, além de sobremesas exclusivas. O serviço é “self service” a quilo e os clientes não pagam 10%. O local tem capacidade para 150 pessoas e o atendimento vai de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h. Todos os cartões de créditos são aceitos no estabelecimento.
Serviço Flor de Açafrão Restaurante Setor Bancário Sul, Ed. João Carlos Saad – térreo (61) 3323.3396
CONCESSIONÁRIA NEWLAND AMPLIA Uma das cinco maiores redes de concessionárias Toyota do Brasil, a Newland abriu sua primeira loja em Brasília, na subida para o Colorado. Com um investimento de R$ 12 milhões e a geração de 150 empregos diretos, o espaço dispõe de 14 mil metros quadrados para oferecer os seguintes serviços ao cliente: lançamentos de veículos Toyota; venda de novos e semi-novos; oficina com funilaria; pintura e mecânica e pós-venda. Com a abertura da Newland, a Toyota expandiu sua presença no mercado de Brasília de 2,8% para 3,2% nos últimos meses. Para inaugurar oficialmente a concessionária, o presidente da Toyota do Brasil, Shunichi Nakanishi esteve na cidade no último dia 01.
Serviço NEWLAND Concessionária Toyota na subida para o Colorado (61) 3577.9000
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“Trabalhamos com a Toyota desde 1991. Nosso principal diferencial é a qualidade no atendimento ao público”, conta o presidente da empresa, Luiz Teixeira. A Newland é campeã de vendas do utilitário Hilux no Brasil. Detém todas as certificações de qualidade concedidas a uma revenda da marca japonesa no mundo, investe constantemente no treinamento e aperfeiçoamento de suas equipes e mantém o cliente como o foco principal do negócio. Em 2010, vendeu aproximadamente 8,5 mil carros em todo o país. Para Brasília, a projeção é alcançar a comercialização de até 200 veículos por mês.
Lifan inaugura segunda concessionária Centro de Orientação Educacional Após 13 anos trabalhando em escolas brasilienses, a orientadora educacional Bia Galvão, resolveu iniciar um trabalho personalizado e diferenciado. São reuniões realizadas com os pais, visitas às escolas, testes, relatórios, encaminhamento para outros profissionais, monitores para aulas de reforço, entre outras ações, com o objetivo de sanar todos os problemas escolares dos estudantes. O atendimento é feito em conjunto com os pais. Assim, é possível elaborar um programa especial para melhor atender o cliente.
Serviço Comércio do Condomínio Solar de Brasília - Lago Sul; (61) 3339.5863 / 9999.4247 biagalvao.educacao@gmail.com
O Grupo Suprema Veículos, representante exclusivo da Lifan em Brasília, acaba de abrir a segunda concessionária da marca. A nova unidade, localizada no SIA, ocupa uma área de dois mil metros quadrados e vai gerar 30 postos diretos de trabalho. Alexandre Vasconcelos, diretor do Grupo Suprema Veículos, está satisfeito com a aposta na marca e comemora os bons resultados. “A marca oferece carros de qualidade incontestável. O público tem recebido muito bem os veículos da marca Lifan. A segunda loja veio no momento certo e deve incrementar nossas vendas em até 50%”, destaca. A Suprema Lifan presta toda a assistência necessária aos proprietários dos modelos da marca chinesa. “As concessionárias contam com uma infraestrutura capaz de atender à crescente demanda que estamos recebendo. Temos profissionais treinados na própria montadora. Equipamentos de última geração, além de todas as peças e os acessórios necessários para fornecer aos clientes”, diz Alexandre. As duas unidades de Brasília irão comercializar os seguintes modelos: o Lifan 620 e o Lifan hatchback 320 – sucesso de vendas da marca até o momento. As peças vêm da China, mas os carros comercializados no mercado brasileiro serão montados em uma fábrica no Uruguai, em San José, há cerca de 40 quilômetros de Montevidéu. Os veículos entram no Brasil, via Mercosul, com um imposto de entrada menor, o que possibilita aos concessionários praticar preços bastante competitivos.
Papelaria Papel Presente Um local aconchegante que oferece mais do que serviços de papelaria. Lá, você pode sentar com os amigos para colocar o papo em dia. A Papelaria Papel Presente atua no Lago Norte há mais de 18 anos, oferecendo serviços de impressão e xerox (colorida e preto e branca), encadernação, fax, plastificação, material para escritório e artigos para presentes. Pioneira no ramo, oferece um serviço personalizado que prima sempre pela qualidade do atendimento. A variedade da linha de produtos de papelaria é enorme. São artigos para todas as idades, desde o simples lápis ao mais moderno caderno. Outro setor interessante é o de pequenos presentes e lembrancinhas. Variedade de presentes e lembrancinhas é o que não falta e o que é melhor, a excelentes preços. Vale a pena conferir!
Serviço QI 2, área do pão de açúcar – Lago Norte (61) 3468.2003
Até o final do ano, outros modelos da marca serão comercializados nas duas unidades. “O preço mais em conta do que os praticados nos carros populares, o fácil acesso às peças para a manutenção do veículo e o design e conforto dos carros Lifan tem atraído a atenção do público. Assim, percebemos que trazer mais opções para os consumidores é uma necessidade latente”, afirma Vasconcelos. O Grupo Effa - representante das marcas Effa e Lifan no Brasil - comercializou, no atacado, um volume total de 5.336 veículos entre janeiro e abril deste ano, o que representa um crescimento de 430,9% sobre o mesmo período de 2010, quando 1.005 veículos foram comercializados. O modelo mais vendido da Lifan é hatchback 320, com 1.044 veículos no primeiro quadrimestre do ano. A meta para 2011 é comercializar um total de 35 mil unidades no mercado brasileiro, sendo 20 mil unidades Effa e 15 mil carros da Lifan. Sua rede conta hoje com 84 concessionárias Effa Motors e 22 exclusivas da Lifan.
Serviço Loja 1 – SCIA Quadra 15, Conjunto 4 – Lote 8 (61) 3245.6060 Loja 2 – SIA Trecho 1/2, 390/400 (61) 3048.6600 www.supremalifan.com.br
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Automóvel
Da Redação | Fotos: Divulgação
Mercedes-Benz Classe C Motores CGI, com turbo e injeção direta
Com a chegada ao mercado dos sedãs C 180 CGI e C 200 CGI – modelos que se destacam pelo motor a gasolina de injeção direta – a Mercedes-Benz amplia ainda mais a oferta da Classe C no país. A partir de agora, essa linha de sedãs conta com os modelos C 180 Kompressor Classic Special, C 180 CGI Classic Special, C 200 CGI Avantgarde, C 200 CGI Sport, C 300 Sport e C 63 AMG. “Hoje, está cada vez mais evidente no Brasil o surgimento de novos consumidores para o segmento de carros de alto luxo. É para este público que estamos oferecendo a oportunidade de adquirir o seu primeiro Mercedes-Benz, trazendo uma linha de vanguarda na tecnologia automotiva”, afirma Dimitris Psillakis, diretor de Vendas e Pós-Vendas de Automóveis da Mercedes-Benz do Brasil.
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O sedan Classe C é um símbolo consagrado de dinamismo, conforto e qualidade de um Mercedes-Benz. Com design moderno e avançada tecnologia, é um automóvel para quem quer ficar em evidência. Um carro que atesta o êxito de seu proprietário e que o distingue nas cidades e nas estradas. O novo motor CGI (Charged Gasoline Injection) traz para o mercado brasileiro a tecnologia da injeção direta de gasolina da Mercedes-Benz, solução baseada no conceito Blue Efficiency da marca. Este sistema resulta numa queima mais eficiente, assegurando alto desempenho com redução no consumo de combustível e na emissão de poluentes. Esse motor 1.8 de 4 cilindros é oferecido no Brasil em duas versões: C 180 CGI (potência de 156 cv e torque de 250 Nm) e C 200 CGI (potência de 184 cv e torque de 270 Nm), ambos com turbo alimentação.
Para garantir um conforto ainda maior, a nova Classe C está equipada com o ar condicionado THERMATIC de 2 zonas (C 180 e C 200) ou Thermotronic de 3 zonas (C 300 e C 63 AMG), assentos dianteiros com ajustes semi-elétricos, entre outros itens. O automóvel também permite que seus passageiros mantenham-se conectados, graças ao sistema Bluetooth para celulares e ao rádio Audio 20 com CD player no painel.
A mais completa linha de automóveis A Mercedes-Benz tem hoje a mais completa linha de automóveis importados do Brasil. A marca oferece mais de 50 modelos e versões, estando presente em todos os segmentos de carros de passeio, desde monovolumes (como a Classe B), coupés (CL, CLS e CLC), sedans (Classes C, E e S), SUVs (G, GL, GLK e ML), até os sofisticados esportivos e os modelos exclusivos da linha AMG.
Serviço Brasília Motors Trecho EPIA, Setor de Áreas Isoladas Sul (61) 3301-9900 www.brasiliamotors.com.br O C180 CGI atinge uma velocidade máxima de 220 km/h, vai de 0 a 100 km/h em 9 segundos e oferece um consumo médio de 14,3 km/l. Por sua vez, o C 200 CGI chega a 232 km/h, indo de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos. Seu consumo médio é de 13,8 km/l.
Pacote generoso de equipamentos A Classe C destaca-se no mercado pela notável segurança, com itens de série como ESP® com as funções ABS, ASR e BAS, Active Brake Light, airbags frontais com dois níveis de ativação, airbags laterais, windowbags, apoios de cabeça NECK-PRO, limitador de velocidade e cruise control. Para garantir um elevado conforto aos ocupantes, o automóvel possui a suspensão AGILITY CONTROL. Esse sistema demonstra alto nível de flexibilidade ao controlar o amortecimento do veículo, dependendo das condições do piso e do estilo de pilotagem. Agilidade, conforto e dinamismo também estão presentes nas versões de transmissão da Classe C: câmbio automático sequencial de 5 velocidades (C 180 e C 200) ou 7G-Tronic (C 300 e C 63 AMG).
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Vida Moderna Moderna
Por: Virgínia Ana Paula Ciarlini Resende | Fotos: | Fotos: Jhenniffer Fábio Corrêa Pinheiro web designer e artista que pintava em seda. Já tivemos até um espetáculo teatral neste espaço”, enumera o dono do espaço, P.H. Caovilla, 34 anos. Há três anos, o empresário e a esposa, a artista plástica, Mariana Dap, 35 anos, partilham espaço e sinergia com profissionais modernos, de diferentes áreas. “Não se trata de sublocação de espaço. É aproveitamento de estrutura. Nosso escritório compartilhado oferece água luz, internet wireless, segurança, ponto comercial, interatividade e rede de relacionamentos. Tudo isso num preço fixo”, esclarece Mariana, que só vê vantagens na estratégia de coworking. Conforme ela, como é um vão livre e sem paredes, existe uma interação natural muito grande entre os parceiros. É também uma chance de o profissional se estabilizar mais rapidamente no mercado de trabalho. Casados há 18 anos, P.H. e Mariana abriram o negócio com o objetivo de expandir o ateliê da artista. Com outros empreendimentos em ascensão, o plano
Coworking A nova tendência do ramo empreendedor em Brasília
A
dvogados, fotógrafos, economistas, pesquisadores, publicitários, artistas, psicólogos, engenheiros e profissionais liberais das mais diversas áreas se juntam em uma troca de energia, compartilhando espaço de trabalho, valores, experiências e ideias. Conceito cooperativista? Não. Na verdade, os esforços resultam em um modelo colaborativo que traz somente vantagens ao pequeno e médio empresário. Nos espaços de coworking, os
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empreendedores, geralmente autônomos, buscam diminuir custos e alcançar benefícios, como por exemplo, ampliar seus contatos em networking. O Cobogó, localizado na quadra 704 da Asa Norte, abriga o primeiro espaço de coworking de Brasília. No térreo funciona um mercado de objetos e um café. No subsolo, o escritório colaborativo já foi ocupado por diversos profissionais. “Trabalhamos com uma arquiteta, editora de livros, promotor de cultura,
acabou ficando de lado por algum tempo, mas agora o casal pretende colocá-lo em prática através do espaço de coworking do Cobogó. “Estamos reestruturando o nosso escritório colaborativo. Até então, aceitavamos parceiros de quaisquer áreas profissionais. A partir de agora, vamos restringir o segmento de coworking em profissionais da área de criação, que possam diretamente colaborar com o estúdio Cobogó”, ressalva Mariana. Segundo ela e o marido, com o novo formato, o Cobogó vai ganhar também uma marca própria, uma etiqueta. “Queremos agora profissionais contemporâneos com visão, sem aquela paranóia de concorrência”, enfatiza P.H. Muitos profissionais optam por integrar um sistema de coworking para evitar o isolamento. É o caso de Ricardo Ferraz Borges, de 29 anos. O advogado partilha um escritório em São Paulo com mais 11 empresários de diferentes ramos. Segundo ele, no momento, prefire trabalhar com
outras pessoas a ter o seu próprio escritório. A troca de experiências, contatos e o rateamento dos custos são fatores que ele leva muito em conta. Na capital paulista, como em alguns outros lugares do país, a prática do coworking já é comum no mundo empreendedor. Os escritórios compartilhados estão em evidência a cada dia. “Este já é o segundo que eu integro”, conta Ricardo. No primeiro, o advogado precisou sair devido à localização. “Mudei de residência e mudei de escritório. Até nisso o sistema de coworking foi um facilitador”, garante. Mais informações sobre coworking no Brasil podem ser adquiridas pelo blog www.coworkingbrasil.ning.com. Serviço COBOGÓ mercado de objetos SCRN 704/705, Bl. “E” Loja 51/56 (61) 3039-6333
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Esporte
Por: Ana Paula Resende | Fotos: Fábio Pinheiro
Ginástica Rítmica,
o esporte-arte S
altos e giros impecáveis. Muita flexibilidade. Movimentos que parecem humanamente impossíveis de serem executados, mas que a “ginástica rítmica” proporciona com divindade aos nossos olhos. O esporte que nasceu no leste europeu encanta por agregar a arte expressiva do corpo com a utilização de aparelhos (bola, corda, massas, fita e arco), durante a interpretação de uma música. Ultimamente, o Brasil vem ganhando espaço dentro da ginástica, inovando, evoluindo e transformando a atividade em um esporte-arte, cheio de particularidades e cultura. A modalidade pode ser disputada individualmente ou por equipe. Em grupo, os quatro aparelhos podem ser utilizados. Já individualmente, a atleta usa apenas um por apresentação. As séries com bola devem
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mostrar essencialmente flexibilidade e saltos. As séries de corda – que devem ser eliminadas das séries individuais e que já não constam nas exigências do Troféu Brasil - exigem principalmente saltos. Nas séries de fita são executados principalmente pivôs (giros) e saltos. Para as séries com massas (aparelho que corresponde a dois bastões), a atleta deve se preocupar em expor exercícios que demonstrem equilíbrio e giros. Já para as séries de arco, todos esses elementos corporais são exigidos para uma boa pontuação. De dois a cinco de junho, Brasília vai sediar dois dos maiores torneios nacionais de ginástica. O Troféu Brasil e a primeira das três etapas do Circuito Caixa acontecem no Ginásio de Esportes do Cruzeiro. O evento vai reunir grandes nomes das ginásticas rítmica, artística femi-
nina e artística masculina, como Danielle Hipólito, Jade Barbosa, Diego Hipólito, Sérgio Sasaki, Angélica Kvieczynski, e Drielly Daltoé. A brasiliense Larissa Portela Evangelista, 23 anos, é uma das promessas para esse campeonato. “É um campeonato de nível nacional muito forte, com atletas muito bons. A expectativa é boa, principalmente pelo fato de podermos contar com o apoio e vibração da torcida daqui”, confia. A ginasta que já integrou a Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica, irá representar o Clube do Exército na categoria adulto. “É uma ginasta experiente. Isso conta muito na competição”, aposta a treinadora Natália Gondim Pereira da Costa, 31 anos.
Precisão, força e elasticidade são indispensáveis para uma competidora de ginástica rítmica. Mas não é o bastante. Segundo Natália, mais do que qualquer condicionamento físico, o principal atributo que uma ginasta precisa ter é disciplina. “Quanto a isso não tenho do que reclamar. Minhas três ginastas que irão disputar o Troféu Brasil são muito dedicadas e fazem tudo por conta própria. Elas sabem o que querem. Então, eu não preciso cobrar ou pressionar”, relata a técnica. As ginastas treinam todos os dias e nas vésperas das competições até em fins de semana e feriados. Mas, dedicação em excesso, pode se tornar um fator preocupante. Conforme Natália, que foi ginasta por 11 anos, há esportistas que passam dos limites. “Algumas ficam depois dos treinos ou fazem o aquecimento correndo, para treinar logo. A pressão, tanto física quanto psicológica, pode causar uma sobrecarga de estresse tão elevada que prejudica a atleta”, alerta a treinadora, que foi campeã brasileira e sul-americana. As outras duas atletas do Clube do Exército que irão participar do Troféu Brasil e do Circuito Caixa são Viviane Sobral Domingos dos Santos
e Isabella da Silva Sousa, ambas de 14 anos. “Como estamos subindo de categoria agora, este torneio vai servir para pegar experiência para os próximos anos”, ressalta Isabella. Elas sabem da dificuldade que irão encontrar, mas não abaixam a cabeça. “Dá medo competir com ginastas mais fortes, mais velhas e mais experientes. Mas também é um estímulo para treinarmos com mais garra para conseguirmos nosso objetivo que é de completar as quatro séries sem erros”, enfatiza Viviane. No ano passado, Larissa ocupou o quarto e o sexto lugar na competição. De acordo com a técnica, após um tempo parada, Larissa voltou a treinar agora, para o Troféu Brasil, mas ainda pode chegar ao pódio. “As três atletas são talentosas. Vamos ver como elas vão se sair. Acredito que as três devam ficar entre as dez primeiras, mas aposto firmemente na Isabella”, arrisca a treinadora. Uma das queixas das ginastas e do corpo técnico é a falta de apoio. “É um esporte tão bonito. Dedicamos nossas vidas a ele e não conseguimos um bom patrocínio”, reclama Larissa, que para se manter no esporte precisou contar com o apoio financeiro da mãe quando mais nova. Segundo ela, a vida de uma ginasta é completamente diferente da das outras garotas: “a alimentação muda. Os cuidados com o corpo. Quem quer
ser campeã tem que se dedicar integralmente”, aconselha. Hoje em dia, Larissa dá aulas de ginástica rítmica para poder pagar suas competições. “A maioria das ginastas não tem patrocínio e precisam bancar passagem, hospedagem, inscrições e todos os gastos do próprio bolso”, lamenta. De acordo com o calendário oficial da Confederação Brasileira de Ginástica, o Troféu Brasil e o Circuito Caixa são os primeiros campeonatos do ano de 2011 em nível nacional adulto. No dia dois de junho, haverá treinamento livre e um Congresso Técnico, no qual os técnicos e diretores de arbitragem se reúnem para definir os últimos ajustes da competição e para esclarecimentos gerais. No dia três, a programação segue com treinamento de pódio pela manhã, competição de Ginástica Rítmica às 16h e, a partir das 20h, a abertura oficial do evento. A disputa pelo Troféu Brasil acontece no dia quatro e a do Circuito Caixa no dia cinco.
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Personagem
Por: Veronica Soares | Fotos: Fábio Pinheiro
Luiz Barreto Foco e perseverança
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aposentado Luiz Ferreira Barreto, 85 anos, chegou a Brasília 13 anos depois da inauguração da capital do país. Hoje, 37 anos após sua chegada, esse cearense de Araripe dá exemplo de cidadania e serviço prestado à pátria. Dr. Barreto, como é conhecido, foi diretor-geral do Superior Tribunal Militar (STM), órgão responsável pelo julgamento de crimes em segunda estância dos militares, em Plena Ditadura Militar. Com certeza, a história de vida desse cearense, nunca caberia em apenas
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duas páginas de uma revista. Como ele mesmo diz, sua vida daria para escrever livros. Daqueles cheios de “conteúdos” e escritos em vários volumes. “Se eu for contar tudo, você terá que passar vários dias aqui comigo. Daria para escrever diversos livros”, brinca ele. Mas como toda história que se preza, deve se iniciada do começo. A do Dr. Luiz Ferreira Barreto começou no dia 9 de dezembro de 1926. Em Araripe interior do Ceará. Filho mais velho de 10 irmãos, de uma tradicional família nordestina do início do século passado.
Talvez Dr. Barreto tenha se destacado pela vontade de aprender a arte da escrita. De acordo com ele, só teve o primeiro contato com o mundo dos livros aos oito anos de idade. O pai, preocupado com a educação dos filhos, contratou um mestre escolar (professor) para ensinar os três filhos mais velhos na fazenda onde a família morava. Quase 80 anos depois, Barreto se recorda do primeiro dia em que viu o “tal” mestre. “Ele chegou montado num cavalo. Em suas coisas tinha uma palmatória. Meus irmãos correram de medo. Mas
eu não tive medo algum. Aprender ler e escrever era o meu grande sonho”, rememora. O professor contratado pelo pai ficou apenas um mês na fazenda. Tempo suficiente para o pequeno Luiz aprender o alfabeto, a tabuada e escrever pequenas coisas no caderno. “Recordo até hoje o dia em que o professor foi embora. Chorei muito. Aquele mês de aula foi muito importante. Eu queria aprender mais e mais”, conta. A ânsia por aprender e a preocupação do pai em dar estudo aos filhos, o levou a contratar uma outra professora. Esta, aposentada, definitivamente ensinou aos meninos a arte da leitura e da escrita. Depois de aprendida as primei-
ras noções de matemática e português, a fazenda ficou pequena demais para o primogênito que, aos 13 anos de idade, foi morar na vizinha cidade do Crato e assim, como ele sempre sonhou, entrar para o ginásio. Terminado o ciclo, Crato também ficara pequena para os sonhos do menino que sempre sonhara alto. E foi aí que decidiu estudar no Rio de Janeiro. A viagem foi longa e ele lembra como se fosse hoje. “Fui de Araripe até Petrolina em um caminhão. Depois peguei o trem até Salvador. O resto da viagem foi feita de navio”, recorda. A moderna capital fluminense, para Barreto, era a porta de entrada para a realização do seu grande sonho: cursar uma faculdade. Na cidade maravilhosa, o primeiro emprego foi em uma empresa de contabilidade. O trabalho lhe consumia o dia e boa parte da noite e, por isso, não lhe sobrava tempo para estudar. Mas como o objetivo primeiro da sua mudança para o Rio era a sua educação, foi obrigado a deixar o trabalho. Até que um amigo o indicou para trabalhar na auditoria militar. “Fiz uma teste e fui aprovado em primeiro lugar. Aí minha vida mudou. Reabri a matrícula para terminar o ensino médio”, conta. Daí para a faculdade foi um pulo. Formou-se em filosofia. Trabalhava, estudava e também lecionava. Casou com uma conterrânea de Crato na mesma época em que passou no concurso do Superior Tribunal Militar (STM), se classificando em oitavo lugar. Foi nomeado e convocado para tomar posse quando estava em plena lua de mel. “Não pensei duas vezes. Interrompi a lua de mel e tomei posse”, conta. Segundo ele, com o novo trabalho, portas se abriram para a concretização de outro grande sonho. O de se formar em Direito. E foi no STM que Barreto realizou seus sonhos de infância. Foi um funcionário dedicado. Exemplar. Para ele, um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi quando, chefe de gabinete, recebeu o ofício do então presidente Juscelino Kubistchek para a transfe-
rência do STM para Brasília. Como na época da construção da cidade não tinha uma sede definitiva, a transferência só foi possível quando o prédio do STM ficou pronto, em 1973. “Brasília era um sonho. Para mim, o presidente Juscelino foi um santo. Um homem que fez o que ele fez merece grande honrarias”, ressalta. Excelente funcionário, em 1973, já em Brasília, época do auge da ditadura militar no Brasil, foi nomeado diretor-geral do STM. Outro momento marcante para ele foi quando foi determinada a prisão do ex-deputado federal Tenório Cavalcante, conhecido como o Homem da Capa Preta. “Disseram que ele tinha um verdadeiro arsenal de guerra em sua casa no Rio de Janeiro. Ele foi preso, mas não encontramos as armas”, enfatiza. Além do caso Tenório Cavalcante, foi também na época em que Dr. Barreto era o diretor geral do STM, que foi julgado o processo contra o então sindicalista Luiz Inácio da Silva, que anos depois se tornou Lula e foi presidente do país por duas legislaturas. Dr. Barreto só conheceu Luiz Inácio Lula da Silva pessoalmente, quando o seu filho, Luiz Paulo Barreto foi nomeado Ministro da Justiça no seu governo. A foto da posse do filho junto com ele e o ex-presidente Lula decora um móvel de sua sala de estar. Fora a paixão pela leitura, a escrita, Brasília e o STM, a esposa Paulina e os quatro filhos foram os pilares que sustentaram a vida, empurraram para a concretização dos sonhos em busca de conquistas e fizeram com que Barreto desse os devidos valores a tudo que conseguiu. Embora atuando na linha de frente de um órgão militar em pleno ápice da ditadura, sempre primor por ter uma postura séria e acima de qualquer injustiça. Alheio a brigas e discórdias, sempre foi um pacato cidadão que colocou a família acima de tudo. Hoje, além dos 52 anos de casado, os quatro filhos, os oito netos, resta o sonho de ainda viver mais 15 anos. “Quero viver até os 100 anos e ser muito feliz”, ressalta.
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Saúde
Por: Veronica Soares | Fotos: Victor Hugo Bonfim
Ceratocone Transplante é curativo, mas existe tratamento para minimizar a evolução
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á quem diga que os olhos são as janelas da alma. São por eles que nos são apresentados as cores, as formas, as paisagens, as pessoas. Por ter tamanha importância para todos, os olhos merecem total atenção. E quando o assunto é a saúde deles, os cuidados devem ser redobrados ainda mais. Algumas doenças que atingem os olhos podem comprometer totalmente a visão. Em muitos casos, o transplante de córnea é a única solução. Hoje, o ceratocone lidera a lista como uma das principais causas de transplantes de córnea no Brasil e no mundo. A doença é definida como uma deformação coniforme da córnea, que provoca a percepção de imagens distorcidas. Indolor e não inflamatório, o ceratocone é caracterizado pelo afinamento progressivo e localizado da córnea. De acordo com o oftalmologista Henrique César Magalhães, do Hospital de Olhos (INOB), a medicina ainda não sabe as reais causas da doença. Mas, os dados são alarmantes. Agindo sempre silenciosamente, para cada grupo de duas mil pessoas, duas são diagnosticadas com o mal. Outro dado curioso é que a doença também não tem preferência por
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sexo. Normalmente o ceratocone começa na adolescência e progride até por volta dos 40 anos, quando costuma se estabilizar. Apesar de não saber a causa, os pacientes devem ficar atentos. Segundo o especialista, aquelas pessoas que tem o hábito de coçar os olhos com mais freqüência tem mais possibilidades de desenvolver a doença. A mudança freqüente na refração (grau dos óculos) causada
pelo aparecimento de um astigmatismo irregular pode ser o primeiro sinal de alerta para a doença. A evolução da mesma também pode variar caso a caso. Em muitos pacientes, a evolução é bastante lenta e o uso dos óculos pode possibilitar uma boa acuidade visual. A minoria dos casos apresenta uma evolução mais rápida. E são exatamente estes que merecem uma atenção maior.
O uso de lentes de contato rígidas ou mesmo, nos casos mais críticos, o transplante de córnea são as alternativas que restam. Embora o transplante de córnea seja o único procedimento curativo para a ceratocone, hoje já existem tratamentos para minimizar a sua evolução. Conforme Henrique César, hoje o tratamento mais adequado para evitar a progressão da doença é o cross-linking. Apesar de não curar definitivamente, o tratamento aumenta a resistência corneana, o que acaba retardando e estabilizando a sua progressão. O médico explica que o método consiste na instilação de uma substância chamada Riboflavina (vitamina B2) no olho do paciente. Em seguida, é feita a aplicação de radiação ultravioleta para criar novas ligações entre as moléculas de colágeno da córnea,
aumentando sua resistência em até 320%. “O tratamento aumenta a resistência corneana e, consequentemente, estabiliza a progressão da doença”, explica. Uma das vantagens do tratamento é que o procedimento é eficaz. Com baixo índice de complicações, pode ser indicado para pacientes com ceratocone progressivo e ectasia progressiva pós-cirurgia refrativa. Na opinião do especialista, o cross-linking como primeira escolha deve ser realizado apenas em córnea com capacidade refrativa, que podem ter uma boa acuidade visual com óculos ou lentes de contato. Caso contrário, pode ser associado a anéis intra corneanos, que vão aplanar a curvatura central e melhorar a acuidade visual. O cross-linking forneceria a estabilidade.
A técnica tem aproximadamente 15 anos de pesquisas e já é aplicada em todo o mundo. No Brasil, o cross-linking é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Fique por dentro O único procedimento curativo para ceratocone é o transplante de córnea, porém todo procedimento cirúrgico pode estar associado a complicações, dentre elas: alto astigmatismo, rejeição, infecção, glaucoma, catarata e doenças relacionadas à superfície ocular. Serviço Instituto de Olhos e Microcirurgia de Brasília (INOB) SHLS 716-Centro Clínico Sul Torre II (61) 3298.6060
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Vitrine Por: Camila Penha | Fotos: Divulgação
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No friozinho de Julho
Colete Basic Colletion
ara quem estava esperando a merecida folga das férias de meio do ano, é o momento perfeito para aproveitar o frio do inverno. A estação sempre traz roupas elegantes e as botas podem ser tiradas para passear depois de tanto tempo no armário. Escolha materiais mais pesados, como o veludo e a camurça. Os acessórios podem ser usados para levantar o look ao mesmo tempo que esquentam. Abuse dos cachecóis e das meias grossas com desenhos e cores diferentes.
Perfume Hypnotic Poison para Lord
Chemise Mozzita
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Comportamento
Por: Afrânio Pedreira | Fotos: Fábio Pinheiro
Piscinão do Lago Norte
Um lazer sem fronteira
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ma piscina a céu aberto e para todos. Sem demarcação aparente e vizinhos ao lado para incomodar. A vizinhança mais próxima fica uns 200 metros à esquerda de quem chega ao local. Alguns quilômetros à direita e uns 300 metros à frente. Todos abastados financeiramente e que têm suas próprias piscinas em casa. Assim é o “piscinão” do Lago Norte. Uma faixa da orla do Lago Paranoá, nas proximidades do Setor de Chácaras, às margens da Estrada Parque Paranoá (PPPR ou DF-005). É lá que, centenas de pessoas da região e do Paranoá costumam tomar banho, pegar um solzinho e cultivar amizades, sem se importar com a ausência total de estrutura do local. “A gente vem aqui mesmo por que gosta, mas falta tudo. Não tem ne-
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nhum banheiro”, relata o empreiteiro João Ferreira Neto, 48 anos. Morador do Paranoá, João diz que conta nos dedos os finais de semana que não reúne a família para visitar o local. “Também gosto muito daqui. O que eu acho ruim é não ter um banheiro. Nós, mulheres, temos que procurar algum matinho para poder fazer nossas necessidades. É uma vergonha”, desabafa a esposa do empreiteiro, Maria de Jesus Silva, 42 anos. Embora queixoso, o casal garante que o espairecimento, a beleza do local e o contato com a natureza são os principais motivos para frequentar o ambiente que, mesmo sem nenhuma estrutura, não deixa de ser um ponto de encontro certo de vários dos seus amigos. “Aqui a gente termina se conhecendo mutuamente e formando
um grande círculo de amizade”, salienta João. Mesmo faltando uma série de “coisas”, constantemente reclamadas e pedidas pelos frequentadores, o piscinão do Lago Norte já teve seus dias de glórias. Fundado em 2002, na administração de Marco Lima, o local pegou carona no sucesso da personagem Odete, da atriz Mara Manzan que freqüentava o Piscinão de Ramos no Rio de Janeiro e lançou o bordão “cada mergulho é um flash”. “No começo era muito bom. Tinha até trio elétrico que o administrador colocava”, lembra o piauiense de Pedro II, Mauro Bezerra da Silva, 38 anos, que tem um trailer de bebidas e espetinhos no local desde que o piscinão foi fundado. Segundo ele, que está no DF desde 1991, a freqüência
A equipe de bombeiros do local está sempre presente aos sábados, domingos e feriados
João Ferreira e Maria de Jesus gostam de ir ao local
no local é diária e os melhores movimentos acontecem aos sábados, domingos e feriados, quando as barracas que vendem cervejas, refrigerantes, coco, cachorro quente e doces ficam lotadas. “Nesses dias dá para se ter algum lucro”, celebra. Mas o local, que ainda persiste em existir devido à visitação dos moradores da região está, literalmente, abandonado. O mato cresceu às margens da rodovia e na beira do lago. Os carros são estacionados em meio a muita terra e areia. As barracas são montadas e desmontadas diariamente. E para evitar a lavagem de carros por parte dos visitantes, a administração do Lago Norte, responsável pelo local, mandou colocar enormes pedras próximas da água. “A água é boa. Melhor do que
isso estraga”, ressalta o funcionário público Francisco Pereira, 33 anos, freqüentador assíduo do local. Declarando ser conhecedor de todos os problemas que o piscinão atravessa, assegura que mergulhar nas águas do Lago Paranoá é uma das melhores coisas da sua vida e para qualquer ocasião. “Prá curar ressaca é uma maravilha”, garante. Se o funcionário público faz vista grossa aos problemas do Piscinão do Lago Norte, muita gente insiste em denunciar e apontar as falhas. “Para você ver, tem bombeiros, salva vidas. Mas eles não estão no ponto de observação certo”, denuncia a dona de casa Maria Bernadete, 39 anos. E a observação dela é pertinente. O observatório, que hoje serve como brinquedo para as crianças, está
Sábado e domingo tem mais gente, diz Mauro Bezerra
instalado a cerca de 160 metros de distância da água e muito depois das barracas, o que não deixa brecha alguma para visibilidade dos banhistas. “Não dá para a gente ficar lá. Não temos visão nenhuma do que está acontecendo na água”, defende-se a equipe de bombeiros do local, sempre presente aos sábados, domingos e feriados. Mas, se no Piscinão do Lago Norte faltam banheiros, estacionamento, chuveiro, bebedouro, posto de observação de salva vidas próximo da água e calçamento, no local é possível fazer um passeio de caiaque ao longo dos 48 quilômetros de extensão do lago artificial de Brasília. Tudo isto por R$ 12,0 a hora e R$ 6,0 a meia hora, com os devidos equipamentos de segurança.
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Música
Por: Ana Paula Resende | Fotos: Cadu Andrade
Novo
Rock Brasil O
Banda Outono 09 lança seu primeiro CD
frenesi não parou no inverno. Fez foi dar flores e frutos na primavera e esquentou ainda mais o calor do verão brasiliense. Mas foi no outono que nasceu uma das maiores bandas de rock da capital na atualidade. Estilo e irreverência são características marcantes da Outono 09, que vem conquistando cada vez mais seu espaço no cenário do rock brasileiro. Os rapazes de Brasília acabam de lançar o CD intitulado “Primeiro”, disponível no My Space da banda. Tudo começou com os amigos Paulo Victor e Matheus Valverde, que entre encontros e desencontros, tentativas frustradas, sucessos parciais, viagens e outras bandas e músicos no meio do caminho, puderam realizar o sonho de terem sua própria banda de rock quando, no outono de 2009, finalmente entraram em sintonia, acompanhados de mais dois integrantes. De lá para cá, os trabalhos não pararam. Foram mais de trinta shows, um teaser (prévia do clipe que deve ser lançado na MTV em agosto), um CD e um clipe produzidos.
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Paulinho (vocal), Matheus (guitarra), Pedro (baixo) e Dudu (bateria) já se apresentaram ao lado de bandas como Cine, Hevo84, Fresno e até Paramore, considerado um marco na carreira da Outono 09. “Foi demais abrir o show dos nossos ídolos”, diz o guitarista Matheus. Nos shows de lançamento do novo CD, a animação foi completada com o conjunto Strike. “Eles fazem um som que a gente curte. Logo, o público da Outono também se identifica”, opina o baixista Pedro Ratta, 21 anos. Para ele, a banda que prega alegria, amor e vida é inspiração. Músicas como “Camila” e “O tempo vai dizer”, já são tocadas nas rádios da capital. O público é frenético. Os fãs perdem a voz de tanto gritarem nos shows. Cada vídeo da banda na internet contabiliza centenas de acessos. Entretanto, não são esses fatos, nem as centenas de seguidores em redes sociais, que caracterizam o sucesso da banda. De acordo com o vocalista Paulinho, o sucesso está na concretização do sonho. “Ralamos muito para chegar até aqui. Há toda uma gestão organizacional fora dos palcos.
Grande parte saiu do nosso bolso, mas vejo isso como um investimento. Agora que temos nosso CD, o próximo passo da Outono é consagrar a marca que criamos”, idealiza. O baterista Dudu, acredita que nada se consegue sem esforço. Admite que os desgastes existem e que não dá para ignorar os estresses, os problemas financeiros e os ensaios de madrugada. Tudo faz parte da trajetória da banda. Conforme Matheus Valverde, a internet é um facilitador para a banda e por meio dela é feita a maior parte da divulgação do trabalho da Outono 09. Foi graças a essa tecnologia que a banda teve reconhecimento nacional. “Como nós, qualquer banda hoje em dia estoura primeiro na internet, porque o alcance que se tem é muito
grande. Abrange o Brasil todo ou mais”, reconhece. A amizade é visivelmente um dos valores de maior estima na banda. “Somos amigos acima de tudo. É aí que está a magia”, diz o baterista Dudu. O vocalista Paulinho ressalta que a Outono 09 é uma banda de não drogados e que o consumo de álcool é controlado. Num meio em que muitas vezes é apreciado o bordão “sexo, drogas e rock & roll”, o cantor garante que a banda tem sua fórmula da diversão: “Caretice? Não. Equilíbrio!” Serviço www.outono09.com.br www.myspace.com/outono09rock Twitter: @outono09rock
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Arte
Por: Michel Aleixo | Fotos: Fábio Pinheiro
Arte sem fronteiras Exposição virtual alerta sobre o desmatamento do cerrado Em algum dia do ano de 2008, o artista plástico pernambucano, radicado em Brasília, André Cerino, 46 anos, cometeu um pequeno acidente enquanto começava um quadro. “Errei a pincelada e, de repente, vi um filete de uma árvore. Uma vegetação qualquer...”, recorda. Segundo o artista, foi a partir daí, que nasceu a inspiração para a exposição que ele acredita que ficou encubada dentro de si durante vinte anos. A alusão se refere à exposição “Cores do Cerrado”, uma série de obras onde ele resgata a beleza do segundo maior bioma brasileiro, símbolo da vegetação de Brasília. “O mote desses trabalhos é conscientizar as pessoas da importância de salvar o que resta do cerrado”, garante. A princípio, o tema não chega a ser novidade, já que exposições que visam chamar atenção para problemas reais são bastante comuns. Mas “Cores do Cerrado” tem um diferencial. Ela evoluiu para um projeto mais ambicioso e inovador.
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Na exposição virtual “Cerino’s Artistic Performance”, o espectador tem acesso a vídeos onde tudo começa com uma tela em branco. O elemento criativo toma forma e se transforma em um quadro com imagens da flora do cerrado. Com o projeto multimídia, Cerino pretende transpor as barreiras do espaço geográfico de exposição. “Com o ritmo frenético dos tempos atuais, as pessoas não têm tempo de ir a museus e galerias de arte”, observa. Para Cerino, o artista deve estar sempre se atualizando e levar a arte aonde o público está. Por isso, ele tratou de colocar a sua exposição na internet e, de quebra, foi junto. “As pessoas passam a maior parte do tempo na frente do computador. Até mesmo a televisão está ficando em segundo plano”, ressalta. O processo da “Cerino’s Artistic Performance” acontece no conforto de seu estúdio de criação. No local, ele ajusta a câmera filmadora no tripé. Coloca uma música
as pessoas não têm tempo de ir amuseus e galerias de arte
clássica como pano de fundo inspirador. Fixa-se por alguns segundos na tela em branco e mergulha, literalmente, em um universo de tintas e cores totalmente seu e sem pincéis. O resultado são belíssimas obras, com DNAs carimbados e comprovados que atendem pelo nome de representações de um cerrado que ainda existe somente em sua imaginação. “Chamo os trabalhos de cerrado imaginário, porque o que você vê nas telas não são representações fiéis de lugares da cidade. Não utilizo nenhuma referência fotográfica. Não tenho nenhuma ideia pré concebida quando inicio os quadros. As pinturas remetem a um cerrado imaculado que enxergo dentro de mim. Fruto da minha vivência. De minhas lembranças”, justifica. As telas, em tinta acrílica, têm traços variados. Em algumas delas, flores e plantas nativas do planalto central são retratadas com riqueza de detalhes. Em outras, um compêndio de traços abstratos, onde uma aquarela de cores fazem jus à beleza da vegetação. Um cerrado utópico onde não existem queimadas ou devastação. Apenas a beleza que cativou o pernambucano à primeira vista, quando chegou a Brasília em 1983. “Como vim de uma cidade praiana, eu tenho uma necessidade premente de ser capaz de ver o horizonte. Quando o ser humano vê o horizonte ele se sente grande. Achei que em Brasília perderia isso. Mas não. Fiquei deslumbrado por esse céu infinito e esse horizonte de cerrado que pode ser visto do longe”, elogia. O crescimento desordenado da capital federal preocupa o artista. Apesar de não ser contra o progresso, Cerino acha que o concreto deve ser sempre pensado em harmonia com o verde. “Exatamente como Lúcio Costa planejou. Não podemos perder nosso horizonte”, salienta. A proposta de democratização da arte através da tecnologia da internet para o artista é interessante. Mas ele concorda que qualquer pessoa que já tenha apreciado um quadro de perto sabe que não se compara a visualização do mesmo através da tela do computador. Por isso afirma que as portas de seu ateliê estão abertas para qualquer um que queira conhecer as obras da maneira tradicional. “Em uma galeria de exposição, em média, 60 pessoas por dia viam meus trabalhos. No mesmo período, meu site chega a ter dois mil acessos. Acho que mais artistas deveriam apostar nessa democratização. A arte pertence a todos”, justifica. Com isto, Cerino acredita que o virtual não vai substituir o real. A exposição está apenas abrindo o leque. “Arte sem fronteiras”, assegura. O artista acredita que no fundo todos querem a preservação da natureza. No projeto, ele define como conscientização a transformação do que ainda resta do cerrado em áreas de preservação. “Pagamos o preço dessa agressão à natureza com uma saúde ruim. Até mesmo a mental. Quando nos afastamos da natureza nos afastamos de nós mesmos”, arremata. Serviço Cerino’s Artistic Performance www.cerino.com.br
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Gastronomia
Sorvete de hibisco
Divulgação
Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Fábio Pinheiro
Uma nova delicia da Sorbê
Serviço Sorbê www.sorbe.com.br
Sudoeste CLSW 103, Bloco A, Loja 74 (61) 3967-6727
SCLN 405, bloco C, loja 41 (61) 3447- 4158
SCLS 210, bloco B, loja 18 (61) 3244- 3164
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Divulgação
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á imaginou se deliciar com um sorvete sem culpa ou preocupação com aqueles quilinhos a mais?. Isso pode ser feito na Sorbê. Quem entrou para o cardápio da casa foi o sorvete de hibisco. Com grandes propriedades medicinais, o hibisco é uma planta com folhas e flores exuberantes de origem grega, uma referência a Ísis, que significa “deusa” , na língua helênica. Com um gostinho suave de framboesa, o sorvete é feito das flores e botões da planta e é capaz de realizar maravilhas com o corpo, uma vez que estimula a queima de gordura corporal, facilita a digestão, regulariza o intestino e combate a retenção de líquidos. Ou seja, é um aliado perfeito para a queima de calorias e perda de peso. Conforme Rita Medeiros, proprietária da Sorbê, a empresa se desta no mercado por investir em sabores exóticos e claro, em um sorvete de qualidade. Muito comum na culinária maranhense, o hibisco é conhecido na região como vinagreira e é também usado para fazer o famoso arroz de cuxá. Agora, a variedade é um dos mais novos dos 250 sabores da sorveteria. Entre os mais exóticos se destacam: mangaba, baru, jatobá, macaúba, araticum, cagaita, jenipapo, fruta do conde (conhecida também como pinha) e até o pequi. Para Rita, o importante é manter a qualidade de seus produtos e, assim, a satisfação de quem aprecia sorvete que é uma excelente opção para o clima seco de Brasília. “O cerrado é muito rico. E, unir essa diversidade ao sorvete é o melhor negócio para mim e para a cidade”, comenta.
Gula
Gelada Os apetitosos e inovadores sorvetes no palito
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remoso e vistoso como todo sorvete deve ser. Só de olhar já dá água na boca. Assim é o specialito. Uma gostosura que esta fazendo muito sucesso na Europa e nos Estados Unidos e que a sorveteria Gula Gelada trouxe para Brasília. A nova iguaria é um sorvete com cara de picolé em que o cliente pode adicionar cobertura e doces. Os sabores são diversos. Os clássicos coco e morango estão presentes e os inovadores tiramisu - milho verde e açaí - também. Mas o sempre badalado é o sorvete de chocolate com cobertura do mesmo sabor. Para quem gosta de um croc- croc, a cobertura de chocolate com castanhas e o chocolate granulado são deliciosas escolhas. O cliente também pode personalizar o doce adicionando a cobertura e os opcionais de acordo com a sua imaginação. Conforme a sócia proprietária da Gula Gelada, Maria Clara Silva, há mais de 20 anos no mercado, desde a inauguração, a sorveteria se preocupa em fornecer um doce de qualidade. O estabelecimento trabalha com o elevado padrão dos sorvetes italianos. De acordo com a proprietária, existe uma atenção especial na hora de fazer o sorvete que é artesanal. Para ela, cremosidade e substância são itens fundamentais. O specialito é uma amostra disso. “Os picolés tradicionais trabalham com aproximadamente 60g de sorvete, nós trabalhamos com 90g”, diz Maria Clara. Seja adultos, crianças ou adolescentes, o specialito agrada a todos. O produto é inovador e tem tudo para dar certo. Uma aposta de sucesso é também o specialito de groselha com calda de coco e chocolate, com o mix de chiclete por cima. Serviço Pier 21 - SCES Trecho 2/Asa Sul (61) 3323- 8234 www.gulagelada.com.br contato@gulagelada.com.br
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Exposição
Por: Ana Paula Resende | Fotos: Fábio Pinheiro
Invasão
pré-histórica
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té o dia 17 de julho, réplicas de fósseis de primitivos dinossauros que viveram na região da Patagônia argentina podem ser vistas no ParkShopping. Montada por paleontólogos argentinos, a exposição “Dinossauros da Patagônia”, traz para o público de Brasília réplicas originais das peças do Museu Paleontológico Egídio Feruglio, da província de Chubut , Argentina. Pela primeira vez em Brasília, a exposição, montada na praça central do shopping, apresenta dinossauros que habitaram a terra há mais de 240 milhões de anos. Feitas de fibras e poliuretano, as réplicas dos fósseis foram confeccionadas pelos próprios paleontólogos do museu, são cópias fieis das originais e que conservam os mesmos tamanhos e cores. Segundo o curador da mostra, Cláudio Nathan, 57 anos, os ossos pegam as cores dos minerais presentes nas terras da Patagônia, onde foram achados. “Lá, os fósseis são encontrados em quase 90% completos e sem precisar de muita escavação. É uma particularidade da região da Patagônia”. Extintos há 66 milhões de anos, os dinossauros fazem sucesso com pessoas de todas as idades. Enilde Ribeiro, 42 anos, fazia compras pelo shopping quando o maior e mais temido dinossauro carnívoro que habitou o nosso planeta, o Gigantossarus, chamou a atenção dela e do filho Ricardo Ribeiro, 5 anos. Com 15 metros de comprimento, cinco de altura e uma boca de dois metros, o dinossauro é réplica do maior fóssil da mostra. Tem cerca de 65 milhões de anos e foi encontrado em 1993. A mãe conta que o menino já havia se interessado por outra exposição sobre pré
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Dinossauros da Patagônia
história, mas ficou apenas na curiosidade. “Não é sempre que temos uma oportunidade como esta e ainda por cima gratuita”, disse. Enquanto o Gigantossarus é o maior e a atração principal da exposição, o mais antigo dinossauro é o pequeno Eoraptor Lurasis, que tem 230 milhões de anos. O curador da exposição, explica que os dinossauros que andam sobre quatro patas são herbívoros. Eles possuem cabeça pequena, pescoço e cauda longos. Já os carnívoros, bípedes, possuem mãos curtas e cabeça grande. Essas e outras informações podem ser encontradas na própria exposição ou com os guias no local. “As pessoas conhecem os dinossauros da TV e do cinema, mas a oportunidade de ter uma cópia fiel em tamanho e cores reais na sua frente é única”, garante Cláudio. Para ele que é profissional de marketing, o trabalho itinerante em shoppings tem uma responsabilidade social. “O propósito é levar a pré história a pessoas que não possuem a cultura de ir a museus”. Antes de chegar ao Brasil, a exposição percorreu toda a Colômbia. Para transportar as 1,2 mil peças que compõem a mostra, são precisos dois caminhões e mais de 50 caixas. “Um quebra-cabeças gigante”, apelidou Cláudio. A exposição “Dinossauros da Patagônia”, há oito anos percorre o mundo, sempre sendo montada em shoppings. No Brasil, a mostra já passou pelas cidades de São Paulo e Ribeirão Preto (SP) e na capital mineira Belo Horizonte (MG). Aqui em Brasília, quem quiser conferir, a exposição vai permanecer no ParkShopping até o dia 17 de julho. Depois ela segue para Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR) e outras cidades que ainda estão por ser confirmadas. A exibição Dinossauros da Patagônia fica aberta todos os dias de 10h às 22h e aos domingos de 12h às 20h. A entrada é franca. Serviço Park Shopping SAI/SO Área 6580 CCCV – Guará (61) 3362-1300
Música
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Bohumil Med*
ÓPERA EM BRASÍLIA
Secretaria de Cultura do DF anuncia para junho um festival de óperas, no Teatro Nacional. Depois de longo jejum, essa é uma boa notícia! Apresentações operísticas na capital federal é um fato raro, daí nossos aplausos ao maestro Cláudio Cohen e equipe por essa iniciativa. Oxalá Brasília entre para o seleto grupo de cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus e Belém que, freqüentemente, proporcionam esse prazer aos apreciadores da arte lírica.
PROGRAMAÇÃO A abertura será no dia 7 de junho, com obras (sem encenação) de Mozart árias, duos, trios e quartetos de óperas e parte do famoso Réquiem, Nos dias 17 e 18, será encenada a ópera I Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo (sob a regência de Emílio de César) e nos dias 23 e 24, Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni (sob a regência de Cláudio Cohen). O festival termina no dia 28, com um concerto de gala em tributo a Giacomo Puccini, As apresentações serão na Sala Villa-Lobos, sempre às 20 horas.
O QUE É ÓPERA? É uma obra dramática acompanhada por orquestra, que combina música cantada, poesia, ação, teatro, dança e artes visuais. As origens remontam há
cinco séculos a.C., na Grécia, quando as tragédias dos dramaturgos gregos Ésquilo, Sófocles e Eurípides eram encenadas com coros, monólogos e diálogos musicados, prelúdios instrumentais e figurações movimentadas. Mas foi só no final do século XVI, na Itália, que as óperas, como as que conhecemos hoje, começaram a ser compostas. Eurídes (1597) de Peri, e Orfeu (1607) de Monteverdi estão entre as primeiras. As encenações eram limitadas aos ambientes palacianos da aristocracia. Somente em 1637, com a inauguração do Teatro de San Cassiano em Veneza, as portas foram abertas para o grande público, provocando uma expansão extraordinária desse, então, novo gênero musical. Durante os séculos XVII e XVIII, foram compostas centenas, provavelmente milhares, de óperas e construídos inúmeros teatros específicos para suas execuções. Com o tempo, especialmente na Itália, as casas de óperas transformaram-se em centros sociais, onde as elites compareciam para jantar, jogar cartas, verem e serem vistas, enquanto os artistas encenavam. (Eventualmente assistiam às apresentações.) Apesar disso, nestes 400 anos, a ópera se firmou no cenário musical como uma forma complexa e de vitalidade permanente. Tornou-se um fenômeno globalizado cheio de admiradores e
impôs nova atitude para apreciação. Nada de jantares, nem jogos de cartas.
AS MAIS FAMOSAS Tantos são os compositores e óperas famosos, que neste artigo não há espaço para tal número de citações. Não podemos, entretanto, dispensar nomes como Gluck (Orfeu e Eurídice, 1762); Mozart (As Bodas de Fígaro, 1786 e Don Giovanni, 1787); Rossini (Guilherme Tell, 1829); Verdi (La Traviata, 1853 e Aída, 1871); Wagner (O Anel dos Nibelungos, 1876) e Puccini (La Bohème, 1896). O Brasil aparece com Carlos Gomes (Il Guarany, 1870), Villa-Lobos (Yerma, 1958) e o brasiliense Jorge Antunes (Olga 1997).
OPORTUNIDADE Embora raros os eventos aqui realizados, Brasília já conquistou fiéis apreciadores do bel canto. Quer como espetáculo encenado, quer como cortina lírica (quando não há cenário), o público sempre compareceu em peso. Se ainda não teve essa oportunidade, agora é a hora. No dia 7 a entrada é franca. Para os demais dias, serão vendidos ingressos por preços bastante acessíveis (R$ 15,00 e R$30). Não deixe de ir. Você vai gostar. *Bohumil Med Professor emérito da Universidade de Brasília. Com a colaboração de Regina Ivete Lopes
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Mundo Animal
Por: Veronica Soares | Fotos: Victor Hugo Bonfim
Acupuntura veterinária As agulhinhas que salvam os bichinhos
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écnica de tratamento da medicina tradicional chinesa, a acupuntura consiste em introduzir finas agulhas na pele com o objetivo de estimular pontos específicos relacionados a cada órgão do corpo. O método é usado há milhares de anos na China e ajuda no tratamento de várias doenças nos seres humanos. Nos últimos anos, a técnica vem sendo empregada também no auxilio ao tratamento das doenças nos animais. Conforme a médica veterinária Vanessa Carvalho, 30 anos, o processo de tratamento da acupuntura nos animais não diferencia tanto da
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que é empregada no homem. Usada para tratar distúrbios neurológicos e doenças ortopédicas nos bichinhos, a técnica também ajuda no equilíbrio da energia. “Para a medicina chinesa, toda doença é uma disfunção na energia”, ressalta. Usada comumente para curar doenças em cachorros, gatos, cavalos e roedores, nos eqüinos, por exemplo, a acupuntura auxilia no tratamento dos que participam de competições. Animais de pequenos portes como cachorros e gatos são os que mais comuns são tratados com o método das agulhinhas. Segundo a veterinária, muitos
animais que foram desenganados por médicos e que tinham a eutanásia (morte induzida) como a única alternativa que lhes restava, apresentam melhoras significativas depois de passarem pelo tratamento de acupuntura veterinária. Além de ajudar na melhoria das doenças mais graves, o tratamento é usado também no auxilio da recuperação de casos cirúrgicos. Vanessa explica que é comum o dono do animal só procurar a acupuntura como alternativa de tratamento quando não encontra mais opção de cura na medicina veterinária convencional. Mesmo
Vanessa garante que o método é indolor
assim, os resultados são animadores. “É uma técnica muito eficaz. Noventa por cento dos animais que passam pelo tratamento tem efetivas melhorias em seus quadros de saúde”, enfatiza. Além da saúde, o emprego da técnica milenar nos bichinhos também ajuda a melhorar seus comportamentos. A acupuntura é indicada para acalmar aqueles animais ansiosos como cachorros que latem demais e que são bastante agitados. Quem pensa que os animais ficam inquietos com as agulhinhas estão enganados. Vanessa Carvalho garante que o método é indolor e o animal tratado costuma ficar quietinho na hora das inserções das agulhas. “Normalmente quem fica apreensivo é o dono”, brinca. Apesar da eficácia da acupuntura para os animais, segundo a médica, muitos donos ainda desconhecem o método e desconfiam que o tratamento não irá dá certo. “Muitos não acreditam. Fazem muitas perguntas sobre a técnica. Mas, as depois do tratamento, saem daqui satisfeitos com os resultados obtidos”, salienta. Sem nenhuma dor, as agulhas utilizadas na acupuntura são descartáveis. Na maioria dos casos, a sessão que dura no máximo 30 minutos é feita uma vez por semana. Apenas nos casos mais graves, são necessárias duas sessões por semana. As aplicações mais comuns da acupuntura em animais são para as doenças de origem neurológicas como paralisias, convulsões, seqüelas de cinomose em cães e acidentes vasculares cerebrais. No caso de doenças do aparelho locomotor, as mais comuns são artroses, displasia coxofemoral, hérnia de disco e traumas agudos, além das doenças metabólicas. Conforme a veterinária, a única doença que não pode ser tratada com a acupuntura é o câncer. Serviço Animal Place SCLN 115, bloco D, loja 82 (61) 3202.4722
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Jornalista Aprendiz
Por: Giulia Batelli | Ilustração: Werley Kröhling
Campeões da terceira idade
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Entre treinos e competições eles mantém o ritmo
er jovem não é pré-requisito para um bom desempenho no esporte. Prova disso é o engenheiro civil aposentado Milton Almeida Soares, 74 anos, que começou a jogar tênis aos 40. “Mas foi a partir dos 60 anos que eu comecei a ganhar mesmo”, conta. O tenista, conquistou 36 títulos de campeão e 25 de vice-campeão na categoria simples nos campeonatos da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). Foi campeão sul americano de equipes em 2001 e vice-campeão da mesma categoria em 1999. Orgulhoso, guarda todos os troféus de suas vitórias no escritório da casa. Embaixo do vidro da escri-
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vaninha, ele exibe fotos de algumas competições. Nas estantes, além dos prêmios, álbuns de fotografia em que estão registrados momentos desde a época da faculdade, quando jogava futebol até às mais recentes, como a tirada em um coquetel com o tenista Guga em São Paulo. Hoje, o esportista reclama de dor nas costas e conta que o médico lhe recomendou natação. Milton diz que é difícil de curar, mas que segue jogando tênis cinco vezes por semana. “Se eu estou assim agora, imagina quando eu ficar velho”, comenta sorrindo. A rotina de Milton é jogar tênis pela manhã durante uma ou duas
horas. Depois disso, voltar para casa e almoçar. A tarde é só de descanso. “Sempre fiz esporte e nunca só aos fins de semana”, alega o atleta, que indica que para conseguir bons resultados só depende da dedicação. A história de sucesso de Milton não é única. Os economistas Carlos Henrique e Aurélio Mendes, 62 e 65 anos, respectivamente, o administrador Rafael Alves, 63, e o arquiteto José Mauro, 60, costumam jogar peteca juntos no Brasília Country Club. Carlos Henrique informa que não há um grupo necessariamente fixo, mas acrescenta que está sempre no clube jogando. Aurélio afirma ter ficado nas primeiras
Atletas de alma O aposentado Sebastião Santos, 70 anos, jogou peteca durante 30 anos e há três está sem pisar na quadra por uma lesãozinha na lombar. Nem por isso se afastou. “Venho ver meus amigos, porquê não dá para ficar longe”, conta. Além de prestigiar os companheiros, ele aproveita para lavar o carro e caminhar pelo clube nos finais de semana. O militar da cavalaria Eduardo Pereira, 70 anos, abandonou a
equitação há 24, mas sempre vai ao centro hípico apreciar os cavalos. Admite sentir falta do esporte, mas diz não querer se arriscar por medo de cair. Diz que a recuperação de uma pessoa idosa é mais demorada. “Eu sou daqueles velhos que são conscientes de que estão velhos”, conclui.
Divulgação
colocações em muitas competições, mas chegou ao topo do pódio uma única vez. Já José Mauro diz não se interessar muito pelos torneios. Já participou de alguns, mas não é o seu foco. Maior campeão brasileiro de peteca, Rafael já ganhou por volta de 150 a 200 competições em grupo e individual e procura sempre estar treinando.
Exercício saudável Integrante da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), a médica Luciana Louzada assegura que é importante o idoso fazer uma avaliação médica antes da liberação para a prática de algum esporte. E para quem quer chegar a essa idade como um esportista, a dica da geriatra é não parar de praticar atividade física ao longo da vida. “O acompanhamento médico periódico é importante para evitar lesões e acidentes”, enfatiza Luciana.
Serviço (*) Giulia Batelli é estudante do 5° semestre de jornalismo no IESB.
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Propaganda e Marketing
Carlos Grillo*
Romeu e Julieta em Cannes
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cordamos cedo e fomos fazer plantão no Palais du Festival. A ansiedade era enorme. A cada 30 segundos atualizávamos os sites do CCSP, do Blue Bus, do Propaganda e Marketing e do Meio e Mensagem em buscas de informações em primeira mão. A qualquer momento anunciariam os vencedores da categoria outdoor, na qual tínhamos uma peça finalista. Atualiza e nada. Atualiza e nada. Atualiza. Atualiza. Atualiza. A essa altura já estávamos cada um para um lado. Evanildo olhava as peças em exposição, Martha e Eduardo participavam de um workshop, Anderson foi correr na praia e eu conversava com amigos para sondar o que sabiam. Atualiza. Atualiza. Atualiza. E nada. Nenhuma notícia. Boatos davam conta de que o Brasil havia levado 15 leões em outdoor e que nenhum seria de ouro. Logo a fofoca ganhava contornos de notícia, devidamente publicada pela Lais Prado no CCSP. Nossa expectativa era incontrolável. Atualiza. Atualiza. Atualiza. Nada. Marthinha se lembrava de quando havia se trancado no carro do pai para ouvir, em paz, pelo rádio, o resultado do vestibular para a Federal do Pará. Eu agradecia minha esposa por ter me convencido a pagar o mico de ir à manicure e à pedicure antes de embarcar para Cannes, com direito a tirar as cutículas. Não fosse isso, não teria sobrado nada. Atualiza. Atualiza. Atualiza. Nada ainda. O Evanildo chega cabisbaixo e dispara sem dó: “Saiu o resultado e não deu”. Atualizo o site do CCSP e encontro a notícia: “Os 15 Leões Brasileiros em Outdoor”. O nome da Monumenta não estava lá. Confiro a lista. Conto para ver se a soma bate. Reconto. Confiro tudo uma última vez e dou-me por vencido. Os amigos que estavam por perto vieram ao meu consolo e pareciam ainda mais tristes do que eu. Agradeci, pedi licença e caminhei em direção à saída do Palais. Queria ficar sozinho e curtir minha fossa. No caminho, encontrei o Eduardo e, logo em seguida, o Anderson. Dei a notícia para os dois, acrescentando uma ou outra frase de consolo, como se eu acreditasse em cada palavra. Já do lado de fora, coloquei os óculos escuros para o caso de uma lágrima escapar. Eu havia internalizado a expectativa e a ansiedade de todos que desejavam esse prêmio. Sem contar a minha. Havíamos ganho o NY Festivals e o Clio, dois importantes prêmios internacio-
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nais. Entre os mais de 20 mil cases inscritos, o nosso estava entre os 40 selecionados pelo Cannes Predictions, uma espécie de bolsa de apostas do mais importante festival de criatividade do mundo. Tínhamos motivo para acreditar e a frustração era enorme. Acendi um cigarro e escrevi uma mensagem com as más notícias para o Pontual e o Frank, nossos diretores de criação. Depois escrevi para a Carol, minha esposa. No Brasil eram umas 4h da madrugada. Por fim, escolhi com cuidado 140 caracteres e postei no Twitter uma nota de agradecimento a todos que torceram por esse Leão. Sei lá porque raios lembrei de Shakespeare e seu Romeu e Julieta. O Leão de Cannes era a Julieta da nossa história e lamentávamos, naquele momento, a sua morte. Para quem trabalha em Brasília, conquistar um Leão em Cannes tinha todas as nuances da trágica história de amor impossível entre Montéquios e Capuletos. Essas conexões, um tanto esdrúxulas, me divertiam. Aos poucos, a frustração e a tristeza, davam lugar a uma estranha motivação. Só pensava em fazer mais e melhor. Queria voltar para Brasília e me atirar à labuta. De repente ouço uma barulheira. Parecia um grupo qualquer arrumando confusão. Eram brasileiros e estavam vindo em minha direção. Quando viro para entender o que estava acontecendo, Evanildo, Anderson e Eduardo atropelaram os seguranças aos berros de “ganhamos!” “ganhamos!”. A lista inicial não havia contabilizado dois leões. Um deles era nosso. A nossa Julieta estava viva. Muito viva. E, é claro, ao contrário de Romeu, nós também estávamos. Cannes é o Oscar da publicidade. Um prêmio significativo não só para a Monumenta, mas também para o mercado de Brasília. Coloca a cidade no mapa das mais criativas do mundo. Serve de estímulo para os profissionais das agências e para os clientes. E nos ajuda a trazer negócios para a região. Conheça, aqui, O Maior Abraço do Mundo: http://www. youtube.com/watch?v=G8Jori_uSSA&feature=youtube_ gdata_player
*Carlos Grillo Sócio Diretor da Monumenta Comunicação e Estratégias Sociais Email: grillo@monumenta.com.br Twitter: @carlosgrillo
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Vinho
Antônio matoso*
COMO E ONDE COMPRAR SEU VINHO
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corre com certa frequência alguém me perguntar onde habitualmente eu compro vinhos e a pessoa se surpreende quando respondo que não tenho um lugar fixo ou único, até porque Brasília não é lugar privilegiado para se comprar vinhos, ainda que esteja muito melhor do que há 20 anos atrás. Não é como os EUA ou Paris, onde se paga quase o preço justo por uma garrafa, o que equivale a se pagar quase dez vezes menos o que se paga aqui pelo mesmo vinho. Outro absurdo incompreensível é ver vinho brasileiro sendo vendido a preço mais barato na Europa do que no próprio Brasil. Mas enfim, sigo o conselho do amigo Ariovaldo Júnior, que tinha uma ótima loja de vinhos em Brasília e tempos atrás já nos aconselhava que o enófilo não deve ser fiel a um único revendedor. Isso porque, explicava ele com maestria e bom senso, é impossível um único revendedor ofertar toda a variedade imaginável de vinhos em um determinado mercado. Existirão sempre alguns rótulos que só se encontram em determinadas lojas e percorrê-las periodicamente torna-se um hábito inevitável e até prazeroso. Portanto, variar é preciso! Mas, com critério. É importante sabermos selecionar revendedores que conheçam bem os produtos que vendem, que os atendentes saibam orientar honestamente os clientes neófitos, que tenham conhecimento necessário para descrever as características dos vinhos que os compradores solicitam, que armazenem seus vinhos em condições apropriadas, que pratiquem preços honestos e, sobretudo, que não tentem empurrar aos clientes as suas premências de rotatividade de estoque, ou produtos que determinado importador ou representante lhes comissione “por fora”, em troca de um volume maior de vendas. Daí o cuidado necessário com as promoções de vinhos, que são tentadoras, mas que podem se tornar perigosas e às vezes traiçoeiras. Milagre e doação em negócio e comércio, não existem. É bom a gente verificar se os vinhos promocionais não estão além dos limites de suas safras, se não foram maltratados no transporte ou armazenamento, se já não estão decadentes ou se o revendedor se compromete a trocar a garrafa ou devolver a importância paga em caso de o produto estar ruim. Algumas pessoas me perguntam também se os vinhos de supermercado são de boa qualidade, se não são duvidosos quanto à conservação, etc. Como todo estabelecimento comercial, existem aqueles mais distraídos na conservação dos produtos e existem aqueles mais rigorosos e zelosos. Alguns poucos são primorosos, a maioria, nem tanto. Por mais cuidadoso que seja um supermercado, os vinhos ali normalmente ficam expostos à temperatura ambiente ou com ar condicio-
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nado a 22°C, quando a temperatura correta de conservação de vinhos é em torno de 14°C. Alguns supermercados até vendem rótulos de uma faixa de preços mais sofisticada e apontam a alta rotatividade dos produtos como justificativa para não se implantar adegas climatizadas. Enfim, vinhos bem mais caros e sofisticados, o mais seguro mesmo é comprar em lojas especializadas, com temperatura, umidade e exposição à luz sob controle, garrafas inclinadas ou na horizontal. E as dúvidas de alguns colegas em relação às compras de vinhos não se resumem aos locais de revenda. Às vezes a pessoa quer que se recomende a ela um bom vinho de determinado país, região ou casta, que já ouviu falar, etc. Aí fica mais difícil porque o que solicitante na verdade anseia é que “adivinhemos” o seu gosto e acertemos na mosca com um vinho que lhe agrade em todos os sentidos e a um preço que lhe seja acessível. E muitas vezes nem sabemos o gosto da pessoa e nem mesmo ela, quando não tem experiência suficiente para expressar tecnicamente esse desejo. E nesse “palheiro” de rótulos de vinhos disponível no mercado atualmente é difícil e às vezes impossível achar essa “agulha”. Eventualmente saímos pela alternativa daquele tipo que se convencionou chamar de “vinho fácil”, normalmente do Novo Mundo, que agrada à maioria das pessoas que não são tão experientes, exigentes ou restritivas com alguns tipos, origens e estilos de vinhos. Vários são os aspectos norteadores para se adquirir, mas o principal é o comprador saber bem qual é o propósito que se deseja alcançar. Presentear alguém? Um vinho para o dia-a-dia? Um vinho para um cardápio trivial em família? Um conjunto de vinhos para acompanhar as entradinhas, o primeiro prato, o segundo prato e as sobremesas de uma refeição mais longa? Um vinho para acompanhar unicamente determinado prato? Um vinho para celebrar uma conquista? Um vinho para marcar um momento especial a dois? Um vinho exclusivo para a sobremesa? Um vinho despretensioso para se saborear à beira da piscina ou num final de tarde ensolarado? As possibilidades de ocasiões e alternativas para cada propósito são inúmeras, muitas. Bom, já se pode restringir o universo a partir da disponibilidade orçamentária do interessado. Mas enfim, enquanto a solução mágica, a “panacéia enofílica” não é encontrada, o melhor é ir experimentando, experimentando, e assim identificar e definir o estilo do seu gosto pessoal. Já facilitará na próxima compra.
*Antônio matoso Engenheiro e enófilo, apreciador sistemático de vinhos desde 1982, monitor de grupos de degustação e professor da ABS - Brasília
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Boa leitura com um bom café
Tá lendo o quê?
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Ana Paula Garcia
Leandro Vaz
Mayanna Maia Dermatologista
Proprietário da Nutrifresch
Livro O poder de delegar
Livro O Segredo
Livro O livro negro do Açúcar
Autor Donna M. Genett
Livro O que seu médico não sabe sobre medicina nutricional pode estar matando você Autor Ray D. Strand
Autor Rhonda Byrne
Autor Fernando Carvalho
Editora Best Seller
Editora M Brooks
Editora Ediouro
Editora Via internet
Muitos profissionais acabam tomando para si atividades que, se delegadas de maneira correta, com objetividade e detalhamento necessários, renderiam grandes resultados, e mais: proporcionariam o tempo, a tranqüilidade e o distanciamento essenciais a uma gestão competente. O livro mostra como melhorar seu desempenho, diminuir as margens de erro, assegurar resultados sempre positivos e aliviar-se do estresse.
O livro fala sobre o papel que a medicina nutricional desempenha em retardar o processo de envelhecimento e em recuperar a saúde. Traz exemplos de medidas que podemos tomar para proteger o nosso corpo, tanto no presente como no futuro, como o uso de alguns suplementos que podem prevenir as doenças cardíacas e mesmo o câncer. Para o autor, todo médico deveria ter como prioridade no atendimento aos seus pacientes esse tipo de cuidado. Apesar do assunto complexo a linguagem é fácil, acessível, focada no publico leigo.
O livro é uma leitura leve, mas traz grandes valores. Ele se foca no poder que cada pessoa tem para mudar a sua própria vida, assumindo riscos e sendo uma pessoa positiva com relação ao que acontece em nossa volta. É uma filosofia interessante para se adotar no cotidiano.
O empresário é adepto da comida saudável e fez disso o seu negócio. Proprietário da empresa Nutrifreschsabor na medida, que faz comidas balanceadas para quem quer emagrecer ou apenas consumir alimentos de qualidade e sob a supervisão de uma nutricionista,Andre está lendo “O Livro Negro do Açúcar”, que conta a história do açúcar desde o surgimento e sua evolução através do tempo.A publicação mostra, com dados de pesquisa, a influência negativa na saúde dos humanos, que são conquistados pelo prazer imediato do açúcar.
Unidade Comunicação Grupo Labpr Nutrólogo e médico do esporte do Golden Spa
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Andre Aben Athar
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Frases Adversário quieto, inimigo dobrado.
As palavras soas; os exemplos retumbam.
Dito popular
Rui Barbosa
Coloque suas idéias nas estrelas, mesmo que você não consiga alcançar a metade do caminho.
Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor. Vladimir Maiakovski
Tolstoi
Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade. Gottfried Leibnitz
Começar já é metade de toda ação.
Ambiente limpo não é o que mais se limpa e sim que menos se suja. Chico Xavier
Amoldar-se à dor é vencê-la. Menotti Del Piccia
Provérbio grego
Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem. Millor Fernandes
Antes de começar o trabalho de mudar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa. Provérbio chinês
Justiça
Mônica Ponte *
ABORTO N
o Brasil, aborto é crime previsto no Código Penal, art. 124: “Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque”. O aborto não é punido se, praticado por médico, for necessário para salvar a vida da gestante ou quando a gravidez for resultado de estupro. A questão do aborto é tão polêmica quanto a questão da pena de morte e da eutanásia. É sem dúvida um assunto que deve ser evitado nas boas rodas de amigos (para que continuem bons amigos) juntamente com discussões sobre religião, futebol, política etc. Mas, tratar sobre o tema - aborto - é fundamental. Aqui não venho falar da criança. Venho falar da mãe. Muito se fala sobre o direito à vida do nascituro e pouco se comenta sobre as conseqüências do aborto para a mãe. Estudos mostram que o bebê percebe o que sente no ventre materno, sabe-se também que a guarda a memória de suas vivências na fase de formação, quando ainda desfruta do mesmo corpo da mãe, e ainda que a simples rejeição da mãe é motivo de sofrimento na fase adulta. O que se fala das mulheres que tem que dar um passo definitivo em suas vidas? Já ouvi falar de diversas mulheres que praticaram o aborto por questões particulares, diferentes das que a lei afasta a punição, e que hoje se arrependem amargamente. É um tormento que assombra suas vidas. Por outro lado, nunca ouvi falar de uma mãe que tenha se arrependido de não ter feito o aborto. Claro que em um instante de raiva ou quando o filho não corresponde à expectativa de perfeição, algumas mães podem bradar contra o dia que deram a luz. Mas em condições razoáveis, jamais ouvi falar de uma mãe que tenha um sentimento genuíno de arrependimento de ter enfrentado situações adversas em troca de sua cria.
Muitas vezes a gravidez é inesperada. A mãe julga ser a fase mais inoportuna de sua vida, seja por questões financeiras ou por estudos ou por idade ou por liberdade. A verdade é que nunca se sabe. É comum a sensação de que o momento que estamos passando é o mais importante e definitivo. Ilusão! Já cantava Mercedes Sosa, afirmando que tudo muda: Cambia lo superficial, Cambia también lo profundo, Cambia el modo de pensar, Cambia todo en este mundo. Às vezes é justamente a situação que se mostrará no futuro como ideal para a chegada de uma criança ou a única oportunidade da mulher vir a ser mãe. Compreendo quem já cometeu aborto por desesperança, normalmente é por não ver outra opção que nos afoitamos. É verdade que não precisamos ser heroínas e que fazemos o que achamos ser o melhor. Mas se você ainda está em fase de decisão entre abortar ou não, pense que suas duas alternativas serão para o resto da vida. Você pode ter que conviver de agora em diante com um filho e isso significa alegrias/tristezas ou pode conviver pra sempre com um sentimento de alívio/culpa. Na dúvida entre dois caminhos, lembre da regrinha de optar pela estrada que tem volta. Você pode não abortar e dar o bebe à adoção, por exemplo. Quem sabe sua gravidez não é a solução para o problema de alguém que não consegue engravidar. Desespero é um péssimo conselheiro. Vida e morte são incompreensíveis e, por isso, sabio é ter calma e deixar que o tempo mostre seus propósitos. O Poder Legislativo pode vir a legalizar o aborto no Brasil. Mas mesmo sem ser crime, será que vale a pena? (*) Mônica Ponte Advogada atuante em Brasília desde 1987. Pós graduada em Processo Civil, especialista em Direito do Consumidor. Sócia do escritório PONTE SOARES & FERRAZ - Advocacia Empresarial
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Diz Aí, Mané
“...provocando assim a desolação de grandes expécies raras”
“Parêntesis é o gráu da família que existe entre os pais e filhos, tios e sobrinhos, avós e netos, primos e primas, etc”
“Conjunção é a grafia que se usa quando se quer conjugar um verbo”
“Concordância é quando nós estamos de acordo com o que o outro disse”
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“Eles querem que nós nos matemos por eles a única solução é alugar o Brasil para os outros”
“Menos desmatamentos, mais florestas aborizadas”
“Um Sujeito é a pessoa com quem a gente fala”
“Ultimamente não se fala em outro assunto anonser sobre...”
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Cresça e Apareça
Adriana Marques*
Seja feliz! Você merece e é isso que importa
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chamado de hoje é bem simples: Seja feliz. De todas as opções que podem aparecer em relação às escolhas que você pode fazer na sua vida esta é, sem dúvidas, a mais inteligente. E quando eu falo da felicidade como escolha, estou colocando nas mãos de cada um a responsabilidade por esta busca. Ser feliz é uma opção. Não tão simples de ser entendida - como deveria ser - mas, ainda assim, é responsabilidade de cada um entender o que significa ser feliz e buscar o caminho que levará até lá. Ser feliz é uma decisão a cada manhã. É usar, ao longo do dia, a lente que te proponha enxergar tudo que te dá prazer, tudo que agrega valor, cada item que contribui para que sua trajetória tenha mais cor e brilho. É colocar como valendo o dobro de pontos desde o arroz com feijão bem temperados até o trânsito que, como mágica, parece funcionar melhor que nos outros dias. É perceber a sorte de ter a família que tem. É vibrar com a ideia de que, se você quiser, pode parar no meio do caminho para tomar um sorvete, visitar um amigo ou comprar um presente para expressar seu amor por alguém. Ser feliz não é esperar pelo dia em que o conto de fadas acontecerá e tudo será perfeito. Ser feliz é perceber como perfeito, para você, aquilo que é a sua história. A felicidade pode vir fantasiada de um pedacinho de chocolate (aliás, que fique bem claro; isso é felicidade autêntica!) ou
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uma música que toca no rádio e te faz recordar um momento especial. Ser feliz é perceber que entre vários sentimentos que podem habitar seu coração, alguns têm mais espaço, como a gratidão, o carinho, o senso de contribuição. Eles afloram com facilidade. Seja num encontro de longa data, na apresentação dos filhos na escola ou quando alguém diz que precisa da sua ajuda. Isso não significa que os outros sentimentos, digamos, menos nobres, não possam acontecer. Mas quando decide-se pela felicidade, encontra-se forças para adestrá-los. Ser feliz é arriscar entregar-se por inteiro. Seja a um projeto, uma ideia, um grupo de pessoas ou uma pessoa em particular. É não dar espaço para dúvidas quanto ao que é mais importante. É ter discernimento para não se arriscar desnecessariamente, mas curtir o friozinho que dá não ter tudo unicamente sob o seu controle. Ser feliz é definir que, por direito, todo ser humano é livre para tirar, pelo menos, trinta minutos de férias por dia. Ser feliz é, acima de tudo, fazer bom uso desses trinta minutos de férias. Seja tomando um café para colocar o papo em dia, seja saindo para dar uma caminhada ou assistindo a um programa bobo que te faz rir. É vibrar quando este curto tempo acabar e dizer para si mesmo: “Tive as melhores férias que alguém poderia ter hoje.” Ser feliz é se permitir. Se permitir errar para aprender, questionar para achar, se cansar para depois descansar. É poder dizer que o rojão está pesado,
que o trabalho já não é tão realizador e que você está, talvez, de saco cheio. Ser feliz é se sentir livre para assumir sua identidade. Não aquela que pintou durante a vida inteira, mas a que inclui expor quais são as pessoas que você realmente admira, a roupa que todo mundo usa mas você acha cafona e os programas que já não satisfazem só para fazer o social. A felicidade não mora ao lado. Ela mora dentro. E ela é tão fiel que basta um pequeno chamado para que ela apareça. Quer fazer um teste? Lembre-se de um dia bem feliz na sua vida. Um dia incrível, até pela sua simplicidade. Feche os olhos. Olhe para dentro de você. É você aí dentro, feliz, louco para sair avisando que a felicidade está presente. É a mesma vida, a mesma estrada, em momentos diferentes. Ser feliz também é se propor este encontro. No caminho, alguns sofrimentos serão inevitáveis. Alguns tropeços poderão abalar sua fé. A expectativa nem sempre será atendida. Ainda assim, olhe para tudo que sobra de bom. O dia que se renova, a saúde que nos faz levantar, o trabalho, a sensação de ser útil, o orgulho. Esta é a sua vida. Sua única vida. Você não está ensaiando. Precisa valer a pena hoje. Faça valer a pena. Viva para ser feliz. *Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.
Ponto de Vista
Valter Xavier *
CASO N
BATTISTI
o dia 08 de junho de 2011, o Supremo Tribunal Federal decidiu, publicamente e por maioria de votos, que estaria na conformidade da ordem jurídica brasileira o indeferimento do pedido de extradição formulado em desfavor de Cesare Battisti. De um lado, aplausos. Do outro, vaias. Argumentos jurídicos válidos para a extradição e a negativa existem. E foram expostos para ciência de quem realmente se interessou pelo caso. Como no Judiciário não há empate, um desses posicionamentos haveria mesmo de prevalecer. Essa é a regra do jogo, ainda que dela não se goste, especialmente porque a solução final pode não ser aquela que se haja entendido antecipadamente como a mais correta. Errou o Supremo, alguns dizem com absoluta convicção. E a título de argumento, encontro a notícia de se haver descumprido norma de direito internacional, o que colocaria o Brasil mal na foto, como se diz atualmente. Entretanto, se realmente isso ocorreu, creio que a parte interessada não precisa desistir de sua pretensão, pois lícito buscar a prevalência da regra que reputa violada perante aqueles que dão a última palavra em direito internacional. E isso sem demérito algum ao Supremo ou ao povo brasileiro,
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até porque sua jurisdição se limita ao nosso território, e aqui se decide apenas em nome da República Federativa do Brasil, ou grosso modo, em nome de uma das partes. Caso contrário, seria o mesmo de se considerar determinada autoridade do Executivo, do Legislativo ou mesmo da Justiça diminuída apenas porque seu posicionamento foi questionado ou desconstituído pelo Judiciário. Não é a primeira, nem será a última vez que isso acontece. O Brasil, a Itália, os Estados Unidos, a França e tantos outros países soberanos, constituíram e aceitam participar de órgãos internacionais de jurisdição, aos quais levam seus inconformismos quando entendem que os tratados ajustados entre eles, concebidos para evitar conflitos, teriam sido descumpridos sob a ótica de um ou de outro. Até entre os anjos pode haver diversidade de opinião, sem que isso lhes diminua a santidade, alertou o Padre Vieira há quase cinco séculos. Não sou o dono da verdade nem tenho essa intenção. Mas entendo merecerem aplausos tanto os ministros do Supremo quanto o Brasil. Não pelo conteúdo da decisão em si mesma, até porque considero isso irrelevante. Mas pela postura de expor publicamente os argumentos pelos quais entenderam como have-
ria de ser decidida a questão; de não se deixar seduzir pela vontade de resolver a portas fechadas, comunicando (ou não) apenas o resultado. O Brasil olhou de frente para o mundo e disse, olho no olho e sem nenhum subterfúgio, o que pensa sobre o caso. Quem não estiver satisfeito, que procure expor suas razões jurídicas ao órgão jurisdicional escolhido pelas partes prévia e livremente. Mas, vale frisar: razões jurídicas. Afinal, não teria cabimento, no atual nível de relacionamento entre os povos ditos civilizados, soluções de outro naipe, especialmente aquelas adotadas pelos que se consideram mais fortes, mais espertos, mais ricos ou mesmo mais democráticos. E que, por isso, acham não precisar olhar de frente para o mundo e esclarecer o quê, o porquê ou o como estão fazendo. Ou, como teria indagado Floriano, inconformado com a possibilidade de eventual decisão a ser proferida questionando ato seu, e indisfarçadamente buscando viciar esse julgamento com razões nada jurídicas: quem concede habeas corpus aos ministros do Supremo? (*) Valter Xavier Advogado, sócio da VX Advogados e Associados e presidente do Instituto dos Magistrados do Distrito Federal (IMAG – DF)
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Charge
Eixo Monumental
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