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Plano

14 de Fevereiro de 2012 Ano 10 · Edição 110 · R$ 5,30

BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

EDITORA

Brasiliense que bicho é esse? MESA REDONDA Wilmar Lacerda Cultura Cinemas de arte de volta Cidade Brasiliense adora feira

110






Sumário

42

11

32

44

64

62 10 Cartas

38 Tecnologia

62 Gastronomia

11 Mesa Redonda

40 Planos e Negócios

64 Agenda Cultural

16 Brasília e Coisa & Tal

42 Automóvel

66 Meio Ambiente

18 Panorama Político

44 Vida Moderna

68 Propaganda e Marketing

20 Política Brasília

46 Esporte

70 Vinho

22 Dinheiro

48 Personagem

72 Tá Lendo o Quê?

24 Capa

50 Saúde

74 Frases

28 Cidadania

52 Boa Forma

75 Justiça

30 Gente

54 Moda

76 Diz aí, Mané

32 Cidade

56 Comportamento

78 Cresça e Apareça

34 Mercado de Trabalho

58 Cultura

80 Ponto de Vista

36 Educação

60 Cinema

82 Charge

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PLANO BRASÍLIA



Expediente

Carta ao leitor Qual é o perfil do brasiliense? O que pensa? Como age? Tem sotaque definido? É bem escolarizado? Dizem que é frio, distante. Assim o dizem alguns

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br

sociólogos, psicólogos e antropólogos. A repórter Djenane

DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br

Arraes foi às ruas conferir. Concluiu, com ajuda desses especialistas, mas também observando comportamentos, que se trata de um ser em formação. Os aqui nascidos

Plano

BRASÍLIA

deixaram de ter influência dos pais oriundos de outras ter-

Editora-Chefe Elisa de Alencar

porque o projeto urbanístico é diferente de todos os outros.

Chefe de Redação Joaquim Jodelle

Os moradores seriam, assim, voltados para dentro de si

DESIGN GRÁFICO Eward Bonasser Jr, Líbio Matni e Raphaela Christina CRIAÇÃO: Paula Alvim FOTOGRAFIA Fábio Pinheiro e Victor Hugo Bonfim EQUIPE DE REPORTAGEM Alexandra Dias, Caroline Aguiar, Djenane Arraes, Janaína Camelo, Lígia Moura, Pedro Wolff e Yuri Achcar COLABORADORES: Andréa Monteiro, Antônio Duarte, Bohumil Med, Carla Ribeiro, Carlos Grillo, Cerino, Deputado Patrício, Janaína Conceição Paschoal, Luciano Rêgo, Mohamad Ale Hasan Mahmoud, Romário Schettino e Tarcísio Holanda

ras. Começam a ter perfis próprios, sem esquecer que já começam a criar sua própria cara. O habitante é diferente

mesmos, individualistas. É uma tese. Mas o brasiliense pouco difere dos moradores do interior deste imenso país quando se refere às feiras, aqui tão tradicionais, e até regionais, quanto às das pequenas cidades de Minas Gerais, Goiás, Piauí, Ceará ou Bahia. Um personagem que se pode considerar como a cara

IMPRESSÃO D’ARTHY Editora e Gráfica LTDA.

de Brasília é Júlio Adnet, que está completando 70 anos,

TIRAGEM 60.000 exemplares

50 deles na cidade, onde chegou ainda jovem. Criou as

REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br

primeiras academias, ajudando a cultivar o esporte e a

AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1357 Administração: 61 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br 14 de fevereiro de 2012 Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

saúde. Ele é um Cidadão Brasiliense. Nesta edição, a mesa redonda traz uma entrevista com o secretário de Administração do GDF, Wilmar Lacerda, cuja atual motivação neste momento é modernizar a cidade, preparando-a para os grandes eventos da Copa do Mundo de 2014. Ele diz que uma das metas do atual governo é a valorização do servidor público. Os brasilienses voltados para o cinema e para a arte podem ficar exultantes: novas salas de cinema Cult reabrem-se. Leiam.

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PLANO BRASÍLIA


NESTE CARNAVAL, SEJA QUAL FOR SEU PARCEIRO, USE SEMPRE CAMISINHA. O GDF faz de tudo para você se prevenir. Vá ao Posto ou Centro de Saúde mais perto de sua casa e retire camisinhas sempre que precisar. É de graça. Lembre-se: com apenas uma relação sexual a pessoa pode se infectar com HIV, o vírus da Aids, hepatites B e C e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Siga corretamente as informações de uso e armazenamento.

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Cartas Gostaria de parabenizar o colunista Carlos Grillo pelos artigos que escreve. Não perco nenhum. Claro, conciso e pertinente. José Carlos Almeida 114 Sul Linda matéria e fotos sobre os fotógrafos de pássaros. Foi uma surpresa saber desse trabalho desenvolvido na Estação Águas Emendadas. Maria da Glória Lago Norte Parabéns a revista Plano Brasília pelos temas que traz a cada exemplar. Tenho um reparo, na edição 103 vocês falaram sobre longevidade e todos os entrevistados faziam exercícios físicos, mas tem muito longevo que não faz exercícios e vive muitos anos. Acho que tem a ver com viver de bem com a vida e também o fator genético e isso não foi abordado. De qualquer forma, a reportagem ficou muito boa. Parabéns também aos colunistas, muito bons. Raimundo Nonato Guará I

Fale conosco Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.


Mesa Redonda

Wilmar Lacerda Equipe Plano Brasília: Caroline Aguiar, Janaína Camelo, Romário Schettino e Yuri Achcar | Fotos: Victor Hugo Bonfim

S

ecretário de Administração Pública do governo Agnelo, Wilmar Lacerda, participa de todas as decisões que envolvem orçamento, finanças, planejamento e recursos humanos do Distrito Federal. Ex-presidente regional do PT, também atuou, nos primeiros meses de 2011, na coordenação política do Executivo com o Legislativo, como secretário de Relações Institucionais. Confira os principais trechos da mesa redonda com a equipe de jornalistas da Plano Brasília.

PB > Qual avaliação o senhor faz do primei-

profissionalização da gestão do GDF. Não

ro ano do governo Agnelo?

queríamos interromper nenhuma obra,

WL > Primeiro, é o início de um governo

mas queríamos dar cara nova ao governo.

que interrompe outro governo. Não é

Implementamos o primeiro ano do orça-

uma continuidade. Tivemos que recons-

mento participativo, neste ano já a gestão

truir secretarias, readequar o Estado

democrática, mas com foco na saúde e na

para o nosso programa de governo. E

mobilidade urbana. Isso demandou tam-

isso demandou uma série de situações.

bém uma relação com os trabalhadores

A primeira delas é a criação de novas

organizados. Contratamos 6,5 mil novos

secretarias e estruturas. A segunda,

servidores. Reestruturamos a administra-

focar nossa administração naquilo que o

ção pública com a criação das secretarias

governador entendeu como prioritário.

da Mulher, da Juventude, da Criança, do

Fundamentalmente, os programas na

Idoso, da Transparência Pública, de Meio

área de saúde, de mobilidade urbana,

Ambiente, de Administração, da Micro e

transparência absoluta do Estado e a

Pequena Empresa.

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E quais são as perspectivas para as nego-

Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo

ciações com o funcionalismo público ao

de Bombeiros. São despesas custeadas

longo deste ano?

pelo Fundo Constitucional do DF, não

É um diálogo permanente, com abso-

são despesas do GDF. A área de saúde é

luta transparência, para demonstrar

uma demanda extraordinária. Firmamos

que o GDF gastou tudo o que se tem

um termo de ajuste de conduta com

de possibilidade legal com pessoal. Nós

o Ministério Público para que a gente

podemos ficar um ano sem reajuste

possa

salarial para os servidores.

profissionais da área de saúde, à medida

contratar

temporariamente

os

que tiver necessidade, para um melhor O governo vai enfrentar diversos movimen-

atendimento à saúde pública do DF. Na

tos grevistas neste ano. O que fazer?

educação, autorizamos a contratação de

Primeiro, é manter um ambiente de

E as pessoas aprovadas nos últimos concursos

seis mil professores temporários para

absoluta transparência e democracia com

que ainda aguardam a nomeação, além daque-

cobrir o déficit do ano anterior.

relação aos representantes das categorias

las que estudam para os próximos editais?

profissionais. O GDF vai, a cada momento,

Vamos preparar todas as áreas. Saúde,

Não há recursos para novas contratações?

demonstrar suas contas de maneira muito

segurança, educação. O concurso público

Vamos continuar com os temporários, não

clara. É comum, em todos os governos, no

tem validade de quatro anos. As dificul-

vamos nomear professores nesse período,

primeiro ano de mandato, você arrochar

porque não temos disponibilidade de

salários e não nomear tantos cargos. Roriz

caixa para fazer as novas contratações. O

fez isso em 2004, Arruda fez isso em

governador anunciou uma série de medi-

2007. Baixaram o limite de despesa com pessoal a cerca de 30% da receita líquida do Estado. Quando assumimos o governo, 43% da receita do Estado era gasta com pessoal. Passamos, no primeiro ano, para 46,47%. Por determinação do governador Agnelo, nós assumimos todas as negociações feitas em 2010 para os servidores públicos. E fizemos outras negociações e outras contratações em diversas áreas para adequar essa nova gestão aos desafios que

Este ano teremos muita dificuldade na contratação de servidores públicos e na negociação dos reajustes salariais

das para não aumentar a despesa com pessoal e aumentar a receita do GDF. Neste momento, estamos impedidos legalmente de aumentar a despesa com pessoal. E como conseguir mais profissionais para a saúde? Nós vamos negociar na área da saúde a redução do número de horas-extras. A saúde pública do DF gastou R$ 100 milhões só em horas-extras em 2010. Reduzindo as

eram colocados para ela. Reajustamos os

horas-extras, controlando a frequência

salários de todas as categorias profissio-

dos servidores não apenas da saúde, mas

nais. Nenhuma ficou sem reajuste. Muitas

dades financeiras são temporárias. Vamos

de todo o GDF, pretendemos melhorar o

delas tiveram reajuste muito acima da

procurar reverter isso aumentando a re-

quantitativo e o qualitativo da prestação

inflação, que girou em torno de 6,5% no

ceita, combatendo a sonegação e fazendo

dos serviços públicos.

ano passado. E nomeamos 6,5 mil novos

uma administração mais profissionalizada

funcionários para o GDF, dos quais 4,5

na gestão do GDF. Fazer concurso público

Tão

mil foram para a área de saúde. Com isso,

não quer dizer que você vai aumentar

concursados é não dar aumento aos

alcançamos o limite prudencial (da Lei

a despesa com pessoal. Há todo um

servidores. Como a União banca parte das

de Responsabilidade Fiscal) e neste ano

processo de seleção. Fizemos concurso

despesas com o Fundo Constitucional do

teremos muita dificuldade na contratação

para a Polícia Civil, para escrivão, vamos

DF, como é que fica essa conta?

de servidores públicos e na negociação

fazer para a área de educação e segurança

Na área de segurança pública, a União

dos reajustes salariais que impliquem em

pública. À medida que tivermos recursos,

banca 100% dos salários. Na saúde e na

despesas com pessoal. Vamos ter muito

vamos contratar. A ideia é negociar com o

educação, hoje o GDF entra com 55% dos

diálogo com o movimento sindical.

governo federal o aumento do efetivo da

recursos pagos. A folha do GDF gira em

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PLANO BRASÍLIA

complicado

quanto

não

nomear


torno de R$ 1,2 bilhão por mês. Desses, R$

Brasília tem 131 mil servidores públicos,

300 milhões são para a área da saúde e R$

46 mil aposentados e 16 mil pensionistas.

420 milhões para a educação. As despesas

Um total de aproximadamente 190 mil.

nessas duas áreas chegam a quase R$ 720

Em comparação com os outros estados,

milhões mensais. Então, todo reajuste que

Brasília está um pouco acima da média

se dá para os profissionais de educação e

no número de servidores públicos em

saúde hoje é custeado pelo GDF.

relação à população. Mas nós temos uma demanda do Estado de Goiás que equi-

É possível avançar neste ano no remaneja-

vale a uma população de 1,6 milhão de

mento dos servidores? Há setores em que

habitantes, que é o Entorno do DF. É uma

faltam profissionais, como na Secretaria de

população que cresceu muito nos últimos

Cultura, enquanto sobram em outros.

anos. Na Capital da República, somos 2,6

Em algumas áreas temos profissionais

hora de uma greve no transporte coletivo,

milhões de habitantes. Então, estamos

sobrando e em outras, faltando. Neste

temos a TCB para atender a determinadas

atendendo a uma população de quatro

primeiro ano, fizemos o levantamento do

demandas essenciais. Todos os profissio-

milhões de habitantes. E esta demanda

quantitativo de pessoal civil, órgão a órgão.

nais da TCB que estavam fora da empresa

é concentrada no Distrito Federal não só

São 131 mil servidores públicos. E estamos

retornaram por uma determinação da

na prestação de serviços como também

terminando o quantitativo de todo o

Secretaria de Administração. Motoristas,

na oferta de empregos. Temos o desloca-

pessoal militar: Corpo de Bombeiros e

mento diário, de segunda a sexta-feira, de

Polícia Militar. Vamos identificar uma nova

1,2 milhão de pessoas que vêm ao Distrito

reestruturação do Estado, onde tem gente

Federal. Apesar de termos um grande

sobrando e onde falta. Vou dar alguns exemplos. A Codeplan, todos sabem, mudou o foco nos governos anteriores. Ela tem cerca de mil servidores de nível médio e fundamental, que, para o novo papel da instituição, não são necessários. A Codeplan ficava responsável pelos contratos de informática, o que não é mais papel dela. Precisamos de profissionais, como sociólogos, economistas, contadores, da mais alta qualidade, para fazer avaliação

Todo reajuste que se dá para os profissionais de educação e saúde hoje é custeado pelo governo do DF

quantitativo de servidores públicos, em algumas áreas não houve o crescimento adequado, conforme a demanda da prestação de serviço. No setor de mobilidade urbana, em todos os órgãos envolvidos neste setor – Detran, DFTrans, Secretaria de Transportes, TCB e Metrô – temos uma deficiência de pessoal para controle, acompanhamento e fiscalização. Temos também uma demanda muito clara pelo crescimento da área de saúde. Tanto na

e planejamento. Não são mais necessários

infraestrutura dos hospitais quanto na

profissionais para assinar contratos ter-

quantidade e

ceirizados ou prestar serviços em diversas

qualidade dos serviços,

a precariedade é muito grande. Outra

empresas. Portanto, há uma possibilidade

cobradores,

estavam

área que faltam servidores é a segurança

de remanejamento.

espalhados pelo GDF retornaram à TCB

pública. O quadro da Polícia Civil, por

no final do ano passado. A TCB já faz a

exemplo, é o mesmo desde 1993. De lá

Outro exemplo seria o Serviço de Limpeza

linha executiva do Aeroporto, vai fazer a

para cá, dobramos a população e o qua-

Urbana (SLU)?

da Esplanada e algumas linhas do Plano

dro de servidores continua o mesmo. Por-

Exatamente. Em função da terceirização do

Piloto e das cidades-satélites. Não pode-

tanto, também há uma precariedade na

serviço de coleta de lixo, temos uma série

mos ficar à mercê de dois empresários da

prestação desse serviço. O desafio é gerir

de servidores que não são mais necessários

iniciativa privada que detêm 80% da frota

o Estado com muito profissionalismo, re-

no SLU. Outro caso é o da TCB. É uma

dos ônibus do Distrito Federal.

adequar e avaliar a prestação de serviços,

mecânicos

que

empresa de transporte coletivo extinta nos

definir parâmetros de desempenho para

governos anteriores. Vamos restabelecer

Qual é a realidade do funcionalismo público

o alcance dos objetivos institucionais,

a TCB como uma empresa pública. Na

no DF? Faltam ou sobram servidores?

realocar pessoal, qualificar, aprimorar a

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profissionalizada foi aumentar o valor do

O que fazer para combater a pobreza no DF?

cargo comissionado para atrair médicos,

O DF tem 46 mil famílias na extrema

engenheiros,

profissionais

pobreza. É um número significativo de

que não tínhamos condições de manter,

pessoas que vivem com até R$ 70 por mês.

e aumentar o valor da comissão para que

Normalmente, elas estão na periferia, nas

o servidor público fosse também atraído

áreas mais pobres. Identificamos 38 locais

para a gestão. O servidor público quando

em Brasília onde se localiza a extrema

assumia um cargo comissionado era re-

pobreza. A Secretaria de Desenvolvimento

munerado em 55% do valor da comissão.

Social reavaliou os programas que o GDF

Nós passamos a remuneração para 80%

tinha no passado e os adequou aos progra-

do valor do cargo comissionado. Além

mas do governo federal. A lista dos pobres

jornalistas,

e extremos pobres do Distrito Federal foi toda refeita. E nós vamos, com recursos mão de obra do servidor público para os desafios que temos pela frente. O número de comissionados foi reduzido, mas ainda não é muito alto? De fato, encontramos o GDF com mais de 20 mil servidores comissionados. Na grande maioria, esses servidores não compareciam aos locais de trabalho. Eram cargos comissionados de baixa remuneração e localizados nas administrações regionais. Hoje, requalificamos o

Reduzimos o número de comissionados, aumentamos a remuneração e qualificamos a gestão

Estado para alcançar os objetivos de um

próprios, dar uma complementação para a retirada desse conjunto de famílias da extrema pobreza. É um trabalho enorme. É como procurar agulha no palheiro. Mas vamos ter ajuda da Secretaria de Educação, com uma equipe altamente profissionalizada, para que a gente possa erradicar a extrema pobreza do DF. O problema vem junto com outros, como o analfabetismo. Temos 16 mil analfabetos e queremos tornar o DF livre do analfabetismo até 2014. Os recursos já estão alocados este ano para isso.

programa eleito pela população, com foco prioritariamente na saúde, na educação,

disso, aumentamos o valor desse cargo.

Qual é o papel da Secretaria de Administração

na segurança pública, no combate à

Reduzimos o número de comissionados,

para a Copa do Mundo de 2014?

miséria e ao analfabetismo. Essa reestrutu-

aumentamos a remuneração e qualifica-

É administrar os principais recursos

ração do Estado fez com que, no primeiro

mos a gestão com uma maior participação

humanos do GDF, em todas as secretarias,

ano do nosso governo, criássemos várias

dos servidores públicos no quantitativo

para dar condições de preparação em

secretarias e readequássemos o trabalho

de cargos comissionados do GDF. Hoje,

todas as áreas.

de vários órgãos. Como o foco agora é

temos 12 mil servidores em cargos comis-

o cidadão, nós criamos as secretarias da

sionados, mas 53% são servidores públicos

O governo ainda planeja mudanças administra-

Criança, da Mulher, da Igualdade Racial,

concursados na gestão do Distrito Federal.

tivas para melhorar a composição política e a

do Idoso, da Transparência Pública, da

própria execução dos projetos?

Administração, de Meio Ambiente, de

O que mudou na qualificação dos servidores?

O governo é melhor do que aparente-

Micro e Pequena Empresa. Todas elas

O GDF possui uma Escola de Governo e

mente se apresenta para a sociedade. Os

com foco no desenvolvimento econômico

outras estruturas para que a gente possa

resultados são fantásticos. Não houve

e social e na pessoa humana. Isso fez o

aperfeiçoar a mão de obra do servidor

nenhuma crise administrativa no nosso

Estado ser remodelado para que pudés-

público. Ninguém pode se acomodar

governo no primeiro ano de mandato.

semos trabalhar diante desses objetivos.

na vida. É o significado de uma má

Com muita transparência e diálogo, os re-

Portanto, diminuímos o número de cargos

prestação do serviço. Então, o servidor

sultados evidentemente serão alcançados.

comissionados de 20 mil para 12 mil,

público tem que ter uma qualificação

O governo tem uma composição ampla,

dos quais 53% são servidores públicos.

e uma formação continuada para os

de 16 partidos, e teve que aperfeiçoar o

O que fizemos para ter uma gestão mais

novos desafios que ele enfrenta.

papel do Estado.

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Brasília e Coisa & Tal

Romário Schettino

No limite

Valter Campanato/ABR

Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest). Deixou lá o seu adjunto Daniel Seidel. Arlete tem tudo para ser a próxima presidente da Casa e ajudar Agnelo a deslanchar seu governo de tão ampla coalizão.

Elza Fiúza/ABr

O governador Agnelo Queiroz escalou o secretário de governo, Paulo Tadeu, para ler sua mensagem à Câmara Legislativa na abertura dos trabalhos deste ano no dia 1º de fevereiro. O principal recado dado aos distritais refere-se à impossibilidade de aumento para os servidores, e o motivo é que os gastos do governo já chegaram a 46% da receita líquida. Ultrapassado o limite legal, o governador torna-se inelegível, e isso é muito grave para quem pensa em reeleição. Fontes do governo criticam os “avanços” oferecidos por Agnelo no primeiro ano da gestão. Também, pudera, com tantos acordos políticos para sustentar a ampla maioria na CLDF, só podia dar nisso.

BRB de cara nova Ao assumir a presidência do Banco de Brasília, o petista Jaques Pena recebeu o seu crachá de funcionário. Animado, prometeu valorizar os servidores da casa. Ele mesmo é aposentado do Banco do Brasil, mas como ex-sindicalista sabe o que significa, para um quadro de pessoal, estar com a autoestima baixa. O BRB precisa de muita reza para sair do buraco em que se meteu com tantos governantes irresponsáveis sugando seus cofres.

Mais secretarias O GDF é a unidade da Federação que mais tem secretarias, são 34. A última anunciada é a chamada Secretaria da Regularização dos Condomínios. E o mais surpreendente é que ela foi oferecida ao famoso Agaciel Maia (amigo de Pedro Passos). Agora, a pergunta se existe a Secretaria de Habitação, para que mais essa? Tem muita gente que não está entendendo aonde quer chegar Agnelo.

Arlete de volta A deputada distrital Arlete Sampaio (PT) cumpriu a palavra e voltou à Câmara Legislativa depois de atuar na Secretaria de

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PLANO BRASÍLIA

O governador Agnelo Queiroz reinventou a figura do porta-voz e nomeou para o cargo, com status de secretário, o jornalista Ugo Braga. Agora são três: Abimael cuida da publicidade; Samanta Sallum, da comunicação institucional; e Ugo da relação com a imprensa. A ideia, como esse trio, é transformar o esforço técnico-político em mais pontos na aprovação do governo.

Dilvugação

Porta-voz


Comunicando Mercadante barra

Marcelo Casal/ ABr

Na tão esperada reforma ministerial da presidenta Dilma Rousseff estava incluída uma possibilidade de o senador Cristovam Buarque (PDT) assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia levando junto o ensino superior. O problema é que Aloizio Mercadante não aceitou a divisão do MEC e indicou o seu sucessor no MCT, Marco Antonio Raupp. Wilmar Lacerda, secretário de Administração do GDF e primeiro suplente de Cristovam, terá que descobrir outra forma de se tornar senador.

que respeita a autonomia do Estado cubano e não vai interferir em assuntos internos.

Nota legal A ideia seria genial, se funcionasse. A nota legal do GDF virou uma fantasia, ninguém consegue entrar no site para se beneficiar dos descontos obtidos pelo contribuinte ao exigir nota fiscal com CPF do consumidor. É tanta trapalhada que ninguém acredita que é mesmo pra valer. A Secretaria da Fazenda parece não ter muito interesse nesse desconto.

Festiarte O I Festival Internacional de Artes de Brasília (Festiarte), comandado na Secretaria de Cultura do DF pela subsecretária Fátima de Deus, trouxe para a cidade, nos meses de janeiro e fevereiro, uma extensa e excelente programação com baixo custo e de graça para a população. Gilberto Gil, Ney Matogrosso e o novato Filipe Catto são alguns exemplos da qualidade dos espetáculos. Exposições, cinema, teatro, música, um cardápio pra deixar qualquer um animado para sair de casa. Tem muita gente com inveja desse sucesso. Mauro Ferreira

Dilma acerta

Roberto Stuckert Filho/PR

Em Cuba, a presidenta Dilma Rousseff mandou um recado aos conservadores e reacionários: “Direitos humanos são um tema multilateral e não podem ser utilizados como arma para o combate político-ideológico”. Ao dizer que quem atira a primeira pedra tem o telhado de vidro, ela se referia aos EUA, que mantêm um campo de concentração em Guantánamo e vários cubanos presos em Miami. O Brasil nunca permitirá que o regime cubano seja tratado como querem os “cubanitos” entrincheirados na Flórida. A blogueira Yoani Sánchez já recebeu o visto brasileiro, mas sua saída de Cuba depende do governo local. Dilma já disse

Seminário A secretária de Comunicação Samanta Salum está tocando o projeto de convocação de um seminário de Comunicação em março deste ano. Na pauta, políticas públicas de comunicação, internet, redes sociais e o tão esperado Conselho de Comunicação Social, previsto na Lei Orgânica do DF há mais de 20 anos. Será?

E-mail: romario@abordo.com.br

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Panorama Político

tarcísio holanda

Decisão Histórica E

m decisão histórica, por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Conselho Nacional de Justiça para abrir investigações contra magistrados sem depender das corregedorias estaduais. A decisão anula a liminar do ministro Marco Aurélio Mello, concedida no final do ano passado, atendendo ao pedido feito pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), no sentido de que o CNJ só poderia investigar magistrados após a tramitação final dos processos nas corregedorias dos tribunais estaduais. O julgamento provocou intenso debate no plenário, tendo o ministro Gilmar Mendes dito: “Até as pedras sabem que as corregedorias locais não funcionam quando se trata de investigar seus próprios pares”. O ministro Gilmar Mendes votou a favor da chamada “competência concorrente” do CNJ. O Ministro Joaquim Barbosa concordou: “As decisões do Conselho (CNJ) passaram a expor situações escabrosas no seio do poder judiciário nacional”. Concordou o ministro Joaquim Barbosa, sustentando que, por essa razão, houve “uma reação corporativa contra o órgão, que vem produzindo resultados importantíssimos no sentido da correção das mazelas.” A discussão girou em torno de duas teses distintas. A primeira, que prevaleceu, sustenta que o CNJ deve manter amplo poder investigativo e, inclusive, deve decidir quando os processos devem ocorrer nos tribunais de origem. “Uma coisa é declinar

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PLANO BRASÍLIA

competência, outra é ser privado de sua competência”, disse o ministro Ayres Britto. Além de Ayres Britto, de Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, também votaram nesse sentido os ministros José Antonio Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber.

Tese e antítese A segunda tese, sustentada pelo ministro Marco Aurélio Mello – relator do processo e autor da liminar que suspendeu, no final de dezembro, os poderes originários de investigação da instituição –, afirmava que investigações contra magistrados devem ocorrer, prioritariamente, nas corregedorias estaduais. Votaram com o relator os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso. No decorrer do julgamento, os ministros analisaram, ponto por ponto, o que foi contestado na ação da AMB. Entre os itens, o STF conservou o entendimento de que todos os julgamentos de magistrados devem ocorrer em sessão pública. Também julgou constitucional a parte da resolução do CNJ que estabelece a publicidade de todas as sessões que julgam processos disciplinares. A Ação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que moveu a ação contra o CNJ, sustentava que, nos processos que pedem a punição de “advertência” e “censura” de juízes, as sessões deveriam ser secretas. Isso porque a Loman (Lei Orgânica da Magistratura Nacional) define

que essas duas sanções têm caráter sigiloso. Também sustentaram os ministros que o Conselho Nacional de Justiça não pode definir onde os magistrados devem responder administrativamente, quando processados em seus respectivos tribunais, o que significa que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu limites na competência atribuída àquele órgão do Judiciário brasileiro. Essa é, de fato, uma decisão realmente histórica do Supremo Tribunal Federal, que está fadada a ter grande repercussão no desempenho dos nossos tribunais estaduais.

Divisão de atribuições A AMB questionou o fato de o CNJ ter deixado claro em sua regulamentação que as corregedorias devem apurar irregularidades cometidas por juízes de primeiro grau, enquanto as presidências devem investigar os desembargadores e que ambos devem avisar o Conselho quando decidirem arquivar os processos. Nesse caso, os ministros afirmaram que cada tribunal deve realizar internamente essa “divisão de atribuições”. O STF, no entanto, não suspendeu os artigos questionados, mas proferiu a chamada “interpretação conforme”. Ou seja, definiu a resolução do CNJ e constitucional ao definir que os tribunais devem apurar as irregularidades e avisar o Conselho quando decidirem arquivar os casos, mas não poderia dizer que os corregedores atuarão em alguns casos e os presidentes em outro – referindo-


-se apenas ao ``órgão competente`` responsável pelo processo.

A FRAGILIDADE POLÍTICA Na sessão solene de abertura da sessão legislativa de 2012 no Senado, o presidente da Casa, senador José Sarney, criticou duramente a excessiva edição de medidas provisórias por parte do Poder Executivo que, em seu entender, perturba o processo legislativo e atrapalha o Poder Legislativo. Sarney argumentou que esse é o “problema mais grave do processo legislativo.” O senador sustentou, em discurso pronunciado nesta última quinta-feira, que a medida provisória, em alguns casos, representa “uma armadilha no aprofundamento da democracia, pela sua amplitude, pelo tempo exíguo para ser analis ada, sendo uma porta aberta à baixa qualidade das leis e invasão de dispositivos casuísticos e inoportunos.” O presidente do Senado também defendeu a necessidade de viabilizar uma reforma política que enfrente a “crise da democracia representativa”. Na opinião de Sarney, para se fortalecer, o Parlamento deve ser independente. “A harmonia (entre os poderes) não se confunde com submissão” – sustentou o experiente político. Lembrou, ainda, que o Poder Legislativo é fundamental para o fortalecimento da democracia representativa, porque exprime os interesses dos diferentes segmentos da sociedade. Mais do que ninguém,

Sarney sabe que as instituições estão em crise em todo o mundo, mas não ignora que, no Brasil, essa crise é mais grave, mesmo porque nossas instituições são muito frágeis. “A harmonia (entre os poderes) não se confunde com submissão” – disse o senador José Sarney, presidente do Senado, no importante discurso em que analisou a crise institucional brasileira.

falta reforma política Mas é impossível ignorar a gravidade do problema e fazer vista grossa para a necessidade dessa reforma tão importante para o Brasil. Por isso, Sarney advertiu: “Não estamos em uma corte de sábios ou santos. Muitas vezes, a opinião pública, por meio de seus canais de expressão, nos submete a julgamentos que priorizam e ampliam a visão dos problemas da instituição e não a sua importância para a Nação. É um fenômeno mundial, já hoje detectado como a crise da democracia representativa”. No caso brasileiro, destacou a necessidade de uma reforma política que enfrente o problema, argumentando que o voto proporcional em lista aberta, como o que praticamos desde a Constituição de 1946, está inteiramente desatualizado e reclama, há muito tempo, uma mudança.

voto uninominal superado “O voto proporcional uninominal esgotou-se e há muito deveria ter sido eliminado de nosso sistema político. É preciso que cheguemos

a um modelo em que o eleitor se sinta vinculado ao eleito – e este naturalmente conheça e respeite seu eleitor – em que as forças econômicas e corporativas tenham sua influência reduzida, em que os partidos possam se consolidar com a prática da democracia interna e tenham princípios programáticos, reduzindo-se o seu número para que se formem maiorias estáveis e politicamente coesas” – sustentou o senador José Sarney. O velho político começou a sua despedida da vida pública ao dizer que aquela solenidade foi a “oitava e última” presidida por ele.

Testemunha ocular “Aqui estou (na vida pública) desde 1955, testemunha privilegiada da história, muitas vezes como assistente, outras como participante, e até como protagonista” – lembrou o presidente do Senado e do Congresso, acrescentando: “Mas é um sacerdócio e um martírio que só sentem os bons políticos. Os maus a consideram uma festa e um meio de obter benesses e dividendos”. Sarney não está criando nenhuma fantasia quando diz que participou da vida pública deste país, desde 1955, seja como assistente, participante ou protagonista. Ele é, sem dúvida, o último político sobrevivente daquela grande elite que tivemos no Congresso Nacional. Não se trata de nenhum exagero fazer essa afirmação. É a mais pura verdade que qualquer estudioso constatará.


Política Brasília

Yuri Achcar

Durval no comando

Chantagem em video O vídeo gravado em junho do ano passado, na sala da casa de Sombra, mostra Onofre, então delegado da 3ª DP, no Cruzeiro, bem à vontade. Ele parece sugerir que, se não fosse nomeado diretor da Polícia Civil, Agnelo deixaria o governo preso em um camburão. Depois da divulgação da conversa, Onofre disse que desafiou Sombra a mostrar o material que teria contra ele para evitar chantagens, mas reconheceu que não sabia que aquela conversa tinha sido gravada. O jornalista, por sua vez, afirmou em depoimento à Polícia Federal que Onofre teria oferecido R$ 150 mil para que ele não publicasse matérias contra o governo.

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O que mais os vídeos de Sombra escondem? Onofre de Morais e Sombra quase se tornaram concunhados há 26 anos. O delegado namorou a irmã da esposa do jornalista. O fim do relacionamento não prejudicou a amizade entre os dois. Edson Sombra só divulgou os vídeos, porque se sentiu perseguido pela Polícia Civil, sob o comando do agora ex-amigo. Pouca coisa veio à tona. E muita gente importante sentou ali, no mesmo sofá em que estava Onofre...

Cláudio Monteiro chamuscado O “Buchinho”, interlocutor de Onofre no diálogo que ele contou a Sombra, é Cláudio Monteiro, chefe de gabinete de Agnelo Queiroz. O apelido é do tempo em que eram colegas na Polícia Civil. No vídeo revelado por Sombra, Onofre disse que avisou a Monteiro, por telefone: “Quando o seu governador tiver saindo do camburão da Polícia Federal e eu estiver aposentado e vendo, eu só vou falar: pede a diretora para tirar ele (sic)”. “Buchinho” foi quem mais trabalhou pela indicação de Onofre à direção-geral da corporação. Cinco meses depois da gravação do vídeo, ele assumiu o cargo no lugar de Mailine Alvarenga. Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Marcello Casal Jr / ABr

A queda do delegado Onofre de Morais da direção da Polícia Civil do DF mostra que Durval Barbosa ainda dita boa parte das regras do jogo político na Capital da República. Aos mais próximos, o governador Agnelo Queiroz comentou que ficou surpreso com a relação íntima que Onofre mantinha há 30 anos com o jornalista Edson dos Santos, o Sombra. Foi Sombra quem convenceu Durval a fazer um acordo com o Ministério Público e denunciar o escândalo que ficou conhecido como o Mensalão do DF. A Operação Caixa de Pandora, deflagrada em 2009, derrubou o governo Arruda, mas até hoje ninguém foi denunciado à Justiça. Em meio à discussão sobre quem assumiria o lugar de Onofre, a única certeza era que o novo diretor não poderia ter nenhum tipo de relacionamento com a dupla Durval e Sombra.

Medo do efeito Onofre Os deputados distritais da bancada da segurança pública – Aylton Gomes (PR), Patrício (PT), Cláudio Abrantes (PPS), Dr. Michel (PSL) e Wellington Luiz (PPL) – trabalharam nos bastidores para a queda de Mailine, mas não admitem responsabilidade alguma na nomeação de Onofre. O mesmo não poderá ser dito se os comandantes-gerais do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar saírem da linha. Eles foram nomeados no mês passado, depois de indicados, respectivamente, por Aylton e Patrício. Qualquer denúncia cairá no colo dos distritais. “Esse tipo de indicação individual é muito arriscada”, disse um parlamentar mais precavido.


A dura vida dos suplentes Na retomada dos trabalhos na Câmara Legislativa, todo suplente já sabe: ou vota com o governo ou está fora. Um exemplo é Paulo Roriz (DEM). Se votar conforme a orientação partidária, perde o posto para o dono da vaga, Raad Massouh, que trocou o DEM pelo PPL e assumiu a Secretaria de Micro e Pequenas Empresas. Sem muito entusiasmo, alguns distritais estudam mudar as regras para valorizar mais a atividade parlamentar dos suplentes. Como é hoje, o titular volta para o cargo quando quiser, de forma automática: sem anúncio prévio ou publicação no Diário Oficial.

Um porta-voz para Agnelo Demorou um ano para Agnelo perceber que precisava de um porta-voz. Assumiu o cargo, com status de secretário, o jornalista Ugo Braga, ex-assessor de imprensa do senador Gim Argello. A avaliação dos petistas é a de que o governo é bom, mas enfrenta problemas de comunicação. Muitos apostavam na queda da secretária de Comunicação, Samantha Sallum. Ela agora concentra o foco na comunicação institucional, enquanto Ugo cuida da relação com a imprensa.

Só faltou avisar a turma Mesmo depois de algumas semanas da chegada do porta-voz ao Palácio do Buriti, muitos assessores ainda não sabiam como seria a redistribuição das funções dentro do novo planejamento de comunicação do governo. De todo modo, Ugo não deve se tornar um novo Paulo Fona, o quase folclórico porta-voz de Joaquim Roriz. Nos últimos anos de governo Roriz, entre 2005 e 2006, Fona era o único responsável pelas entrevistas à imprensa. Falava de todos os temas do governo, sem dar espaço aos secretários.

Troca-troca Quem assumiu a vaga de Ugo Braga na assessoria de imprensa do senador Gim Argello foi o jornalista Tiago de Vasconcelos. Ele já foi o responsável pela comunicação da Secretaria de Saúde e também trabalhou na campanha de Agnelo Queiroz.

Terceirização é incompetência A declaração é do promotor Jairo Bisol, do Ministério Público, que rebateu a ideia do secretário de Saúde, Rafael Barbosa, de terceirizar a gestão das unidades de pronto-atendimento (UPAs). Das dez UPAs prometidas por

Agnelo Queiroz, apenas a de Samambaia está em funcionamento. Ainda assim, de forma precária. O gargalo é a falta de médicos. Para driblar o problema, o governo acena com a mesma solução defendida por Arruda, quando deixou a administração do Hospital Regional de Santa Maria sob o comando da Real Sociedade Espanhola.

Pane na nota legal Mal sabiam os contribuintes brasilienses que havia algo pior do que a lentidão no sistema do Programa Nota Legal. Depois do rompimento de um cabo de dados que atende a Secretaria de Fazenda, mais de 83 mil pessoas que já tinham registrado a transferência dos créditos para descontos no IPTU ou IPVA foram obrigadas a refazer o processo. Por conta disso, o prazo para a confirmação dos créditos foi estendido para o dia 29 de fevereiro. Mais de 390 mil pessoas estão cadastradas no programa. A estimativa da Secretaria de Fazenda é que o total de descontos alcance R$ 190 milhões.

Colapso internético Todos as páginas da internet com a extensão .df.gov.br ficaram fora do ar por mais de 48 horas no início de fevereiro. As interrupções para manutenção do sistema são rotineiras, mas não costumam demorar tanto tempo nem atingir todas as páginas de uma só vez.

A lentidão da indiferença Neste caso, não dá para culpar a lentidão do sistema. O Instituto de Identificação da Polícia Civil resolveu fazer um pente-fino no Albergue Conviver, entre Taguatinga e o Areal, para identificar se há foragidos da Justiça entre os frequentadores do local. A ação veio muito tarde, mais de 30 dias depois da descoberta de que o assassino de uma menina de nove anos, moradora do Areal, passou algumas noites hospedado ali. O abrigo da Secretaria de Desenvolvimento Social recebe gente de todo o País, que vem à capital em busca de emprego ou tratamento médico, sem dinheiro no bolso ou lugar para ficar. Mas, entre as pessoas que precisam de ajuda, escondem-se criminosos. O assassino de Beatriz estava com dois mandados de prisão em aberto. Ainda assim, não chegou a ser incomodado no período em que contou com o apoio do governo. Se tivesse sido identificado a tempo, uma inocente não teria morrido. E-mail: yuriachcar@gmail.com | Twitter: @yuriachcar

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Dinheiro

* lUCIANO rÊGO

E-mail próprio

Construindo a identidade da sua empresa na internet

A

Identidade é uma coisa importante, especialmente em negócios. Quando nascemos foi escolhido um nome para nós, normalmente com algum significado. Tudo de modo a ter uma simbologia que agrade aos criadores. Isto nos marca para o resto de nossas vidas, por vezes colaborando para o nosso sucesso ou atrapalhando-o. Por isso consideramos este momento muito importante. Com as empresas ocorre o mesmo. Um nome... Uma logomarca... E aos poucos vai se firmando uma “personalidade”. Fruto de muito trabalho e dedicação dos empresários, a marca da empresa pouco a pouco se firma, atingindo o reconhecimento dos clientes. Lembrada pelos clientes e temida pelos concorrentes!! Esta é a idéia. No mundo globalizado de hoje, há uma utilização cada vez maior da internet como ferramenta de negócios. Para os mais entusiastas, estima-se que no futuro existirão as empresas que estarão na internet (web) e as que estarão fora do mercado. Em alguns segmentos isto é a pura verdade, para outros, não com tanta ênfase. Mas as empresas têm de estar presentes, ainda que apenas de forma institucional.

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Registrar um domínio é algo simples. E uma vez com o domínio registrado, a empresa pode usar seu próprio nome nos e-mails. Afinal, usar e-mails que não sejam do seu domínio é como usar o sobrenome de outra pessoa. Por vezes vemos empresas que já tem domínio e ainda não implementaram e-mails próprios. Por quê? Provavelmente por falta de orientação. No processo de consultoria web são identificadas às oportunidades atuais e latentes na sua empresa, a fim de envolvê-la com recursos tecnológicos da cultura web. O passo seguinte é construir um website com os atributos que a empresa tem e os seus clientes buscam, reforçando e consolidando a marca. E possibilitando, através da utilização dos seus processos de gestão, de marketing e das ferramentas disponíveis na internet, potencializarem os negócios. Simples como isso: Mudar a atitude. Afinal, alguns detalhes podem fazer a diferença. (*) Luciano Rêgo finis art: Soluções integradas para negócios, agro3w: Estratégia e marketing para o agronegócio, agiste: Marketing digital, www.agiste.com www.agro3w. com www.finisart.com


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Capa

Por: Djenane Arraes | Fotos: Divulgação

Cosmopolita pela própria

natureza

Especialistas e jovens nascidos no DF ajudam a traçar o perfil do brasiliense, um povo ainda em formação, mas que mostra ter características únicas

“B

rasiliense é muito frio. Brasileiros de outros locais normalmente são mais acolhedores. Não sei exatamente se conta como aspecto cultural, mas é o que acho”, disse Leonardo de Moura Camelo (29), professor do Ensino Fundamental e brasiliense. As estruturas que formaram a capital federal não apenas moldaram uma cidade diferente de todas as outras. As peculiaridades encontradas aqui também contribuíram para a definição de um povo diferenciado. O brasiliense tem boa escolaridade, sem sotaque definido, às vezes é entendido como frio e viaja bastante. Mesmo convivendo com diversas formas culturais, ele ainda permite admirar com o jeito de ser de outros compatriotas. Trata-se de um sujeito ainda com características indefinidas. “O contato com falares diferentes, com culturas diferentes, está nos fazendo estabelecer um modo de ser que não se alinha majoritariamente com nenhum outro. Nem na fala, nem nas comidas, nem nos modos, nem nas festas”, afirmou a professora Stella Bortoni. Não se sabe ainda como traduzir este bicho-homem social que vive num quadradinho cercado de Goiás por quase todos os lados. Mas há pistas. Uma importante para entender o perfil dos nascidos no Distrito Federal é olhar para o próprio surgimento da cidade. “A cultura brasiliense é cosmopolita”, disse Stella. “É uma cultura urbana estabelecida dentro de uma época em que o Brasil ainda era essencialmente rural. As peculiaridades da língua e do

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jeito de ser da população começaram a ser moldadas desde o nascedouro.” Como Brasília não é uma cidade como as outras em sua concepção, os habitantes dela seguem a mesma lógica. Começa pela forma. O projeto urbanístico de Lúcio Costa casado com a visão modernista nos prédios e monumentos assinados por Oscar Niemeyer influenciaram a dinâmica da cidade. “Isso foi uma ruptura com o modelo Ibérico de cidade. O centro tradicional cresce em torno de uma igreja matriz, seguida de uma grande praça, onde a população se socializava”, contou Stella. Ao desenhar uma cidade que privilegiava deslocamentos rápidos, Lúcio Costa subverteu a lógica e foi um ponto que marcou a virada do Brasil rural para o urbano em plena década de 1960. Criou-se uma cidade de funcionários públicos, prestadores de serviços e comerciantes unidos numa espécie de faroeste caboclo em meio à terra vermelha. Qual foi o bicho que deu? Meio século depois, o Distrito Federal é habitado por mais de 2,6 milhões de pessoas, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma população que contribui em 3,8% no PIB brasileiro, escolarizada (14,2% da população tem 15 anos ou mais de estudo), goza de uma região que tem um dos índices de desenvolvimento humano mais elevados do Brasil. Famílias de maior renda per capita vivem no Lago Sul, no Jardim Botânico e no


Sudoeste/Octogonal. As mais pobres estão concentradas na Cidade Estrutural e no Itapoã. A maioria vive em casas, sendo que pouco mais de 60% tem residência própria. Só de veículos registrados no DF em 2010 são mais de 1,2 milhão: uma frota grande que causa congestionamentos rotineiros.

Somos tão jovens A população é jovem. A maioria está na faixa etária dos 15 aos 29 anos. “Os nascidos aqui têm uma forma de viver que criam hábitos de circulação que é do carro, das avenidas, dos parques e principalmente da música da diversão e dos bares que não existem da mesma maneira nas outras cidades”, observou o professor da UnB Vicente Faleiros. São pessoas como Anna Beatriz Lisboa (25), jornalista formada na UnB que passou a vida inteira morando na Asa Sul, mas que no ano passado mudou-se para a parte norte do Plano Piloto. Ela trabalha na mesma instituição em que se graduou e é uma das felizes pessoas que gozam de trânsito tranquilo para trabalhar. Da mesma sorte goza o professor Leonardo de Moura. Morador do Guará, ele trabalha em Taguatinga e pega o contra-fluxo do trânsito: enquanto uma parte expressiva da Leonardo de Moura tem prazer em morar no Guará

população do DF para o Plano Piloto, onde estão concentradas 45% das oportunidades de emprego. Leonardo pega o caminho contrário: vai para a segunda região administrativa do DF que mais emprega (10,7%). O único inconveniente que encontra, além da quilometragem, é a agitação quase caótica que caracteriza Taguatinga. A equipe de reportagem da rádio CBN costuma tuitar informações sobre os engarrafamentos nas principais vias do DF logo pela manhã. Mensagens que também têm autoria do jornalista e músico Brunno Melo (30), ex-morador do Núcleo Bandeirantes que atualmente vive em um condomínio de Arniqueiras. O fluxo complexo de automóveis também é cotidiano na vida da professora Leila Alves Medeiros Ribeiro (31). Ela é uma dos milhares do DF que tem no trânsito intenso do DF uma rotina: moradora de Ceilândia, circula por Taguatinga (onde trabalha), vai a Águas Claras e também à UnB. São quatro perfis diferentes que tem algumas coisas em comum: são brasilienses, gostam da cidade em que vivem, viajam, três deles conhecem o exterior, têm boa escolaridade, são antenados com o mundo virtual, são bons observadores e também possuem uma visão crítica do local em que vivem. “O Guará é um local relativamente tranquilo e de fácil acesso à maioria das demais localidades do DF”, disse Leonardo. “Podemos encontrar bons serviços, embora limitados em relação a cidades como Taguatinga, por exemplo, onde se pode encontrar de tudo: do pão ao automóvel, passando pelos móveis da casa, até o passaporte.” A menor quantidade de serviços não é problema para o professor de Ensino Fundamental, que prioriza e gosta da quietude da região administrativa em que vive. Mal maior, na perspectiva dele, é

testemunhar o avanço desenfreado do comércio. “Tem me incomodado bastante a transformação de residências (às vezes conjuntos inteiros) em estabelecimentos comerciais. Isso desconfigura a cidade e gera um fluxo maior de pessoas para bolsões específicos”, completou. Guará, cidade que abriga pouco mais de 125 mil pessoas, também é a cidade para onde Leila cogitaria viver pelas mesmas qualidades apontadas por Leonardo. “É uma cidade próxima ao centro de Brasilia, mas não perde a característica de cidade satélite, que gosto muito”, ressaltou Leila. A moradora da Ceilândia também reconhece coisas boas sobre onde vive. “É periferia, mas muito grande, com comércio local que abastece bem a cidade. A comunidade é bastante antiga e as pessoas amam aqui. Tem muitos nordestinos.” O censo de comunidade também é forte no Núcleo Bandeirante, onde viveu Brunno Melo. “Moro em Arniqueiras, que é um lugar relativamente novo. Não existe ali a força da vizinhança que há no Núcleo Bandeirante. O Núcleo, aliás, era como se fosse um subúrbio: as pessoas saiam às ruas, conversavam.” De casamento marcado, o músico vive a expectativa de uma nova mudança: desta vez para Águas Claras. Pela primeira vez ele terá a experiência de morar num apartamento, mas encara isso com muito otimismo. “As pessoas andam mais nas ruas, há uma vida noturna efervescente e o comércio é movimentado. O povo sai dos prédios e vive a cidade. Não há tanta necessidade de se sair para o Plano Piloto em busca de lazer.” Águas Claras chama atenção por ser uma região de perfil jovem: abriga, em geral, jovens casais, a classe média formada por muitos concursados. Mas não é a única com esse perfil. A Asa Norte, garante Anna Lisboa, também é assim. “Quem está fora de Brasília acha que existe uma homogeneidade de habitantes. Mas a

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Asa Sul tem moradores mais antigos e é mais tradicional”, garantiu Anna. “É curioso, você costuma ver mais pessoas idosas andando pelas calçadas. A renda por lá talvez seja um pouco maior porque os apartamentos por lá são mais antigos, maiores e mais caros. Na Asa Norte não. Tem muito estudante da UnB e pessoas que passaram em concursos. O perfil é mais jovem.”

Senso de Comunidade

disputa e também de mobilidade. Os nascidos no Plano têm uma forma de viver que criam hábitos de circulação que é do carro.” O perfil individualista de mobilidade se reflete não apenas na grande frota de automóveis que não consegue ser amenizado por causa de um sistema público de transporte deficiente. A própria Brasília nasceu para se andar de carro. “Lúcio Costa tinha um conceito de cidade diferente que privilegiou o automóvel, que naquela época [anos 1950] estava sendo introduzido. Até a era de Juscelino [Kubitschek] não havia montadoras de automóveis no Brasil. Elas são oriundas daquela época”, disse Stella Bortoni.

Leonardo não costuma perceber muitas diferenças entre as cidades e a cultura do DF quando visita outras cidades do país. A maior queixa é quanto a cordialidade, que aqui parece ser menor e mais glacial. O depoimento de Brunno não é tão diferente assim quando compara Cultura e sotaque o calor humano do Núcleo com a ausência de contato Leila e Anna são adeptas ao Twitter. As duas gostam com a vizinhança de Arniqueiras. “Quando saí de lá [do de checar as manchetes nesta rede social. Quando se trata Núcleo Bandeirante], houve certo estranhamento. Não de livros, cada uma delas procura aqueles que são foco de pelas pessoas serem mais hostis, como alguns amigos interesse profissional. Leila lê muito sobre coisas ligadas classificariam, mas por serem pessoas diferentes no modo à educação. Anna se informa sobre cinema e jornalismo. de tratar. Era coisa mais de cidade grande, podemos co- Brunno ultimamente leu muitas biografias, especialmente locar assim”, refletiu. de músicos como Tim Maia e Lobão. Leonardo é ligado em Para o sociólogo Vicente Faleiros, o senso de comuni- quadrinhos. É ávido interessado pelos autores europeus e dade mais apurado nas cidades mais afastadas do Plano americanos. Essas pessoas fazem parte de um município Piloto é uma herança de costumes de uma sociedade rural diferenciado e de boa escolaridade dentro de um país que ou provinda de pequenas cidades. Algo que pode ser bus- lê pouco – apenas 1,8 livro por habitante/ano. O Brasil é cada na origem da ocupação do território do DF. Afinal, apenas o 51° país no ranking de leitura segundo pesquisa foram nas antigas cidades-satélites que os trabalhadores divulgada em 2010 da Organização para Cooperação e braçais da nova capital se instalaram. Ao passo que o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Plano foi ocupado imediatamente pela classe média comOutra característica os jovens nascidos do DF que se posta por funcionários públicos e profissionais liberais, reflete nestes personagens reais é o deslocamento para as antigas satélites foram preenchidas pela parcela mais outros locais. “Como a renda per capita daqui é alta se pobre e rural que não conseguiu se sustentar num espaço comparada com a dos demais estados, o brasiliense concom custo de vida mais alto. Como bem lembrou Leila segue viajar muito”, disse Stella Bordoni. “Nas férias ele Ribeiro, foram nordestinos. costuma visitar parentes, os lugares de origem, ou então “O que a gente pode olhar no ponto de vista sociológico procura o mar. O brasiliense foge para o mar.” E para o é que as pessoas que moram fora do Plano Piloto têm mais exterior também. relações próximas e familiares que são semelhantes às da Leila conhece a Argentina e os Estados Unidos. zona rural ou das pequenas cidades”, explicou o sociólogo. Encantou-se com o respeito às leis, com a limpeza “Essas pessoas costumam se reunir mais. Vão à casa do outro para comer o tradicional churrasco.” O encontro Leila Ribeiro defende hábito estrangeiro de limpeza e respeito em Brasília na casa dos amigos para assar uma picanha e festas de famílias, aliás, foram opções de lazer ressaltadas por Leila Ribeiro. As pessoas conseguem andar à pé em cidades como Taguatinga, Ceilândia e Guará apesar do descuido com as calçadas. As próprias vias estreitas desfavorecem –embora não impeçam –, o tráfico intenso de veículos. E por serem lugares que nasceram de forma mais espontânea, são menos setorizados. A mistura e a integração dos indivíduos naturalmente tornam-se maior. “O Plano Piloto tem um perfil mais individualista. É a cultura do apartamento onde ninguém fala com o vizinho não ser para o bom dia e o boa tarde. As pessoas tem projetos mais individuais de carreiras, de

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das cidades e com a possibilidade real de consumo, pois os produtos são mais em conta. “É tudo maravilhoso. Mas sou brasileira e ainda acredito que isso possa ser possível no nosso país, afinal, sou uma educadora.” Anna Lisboa passou 20 dias em Brunno Melo vai viver uma nova experiência Nova York, coem Águas Claras nhece o Equador e estudou por alguns meses em Santiago, no Chile. Ficou impressionada com a eficiência do sistema de transporte urbano chileno. “É uma cidade menor do que São Paulo, por exemplo, mas o metrô é mil vezes mais efetivo e vai a todos os lugares. Existem as conexões certinhas com os ônibus. E é um transporte confortável também. Como estive lá estudando, pude entrar na rotina: ia para escola e saía à noite com os amigos. Sempre de transporte público, que era muito organizado.” Leonardo conhece a Espanha e gostou do que viu. “O povo é acolhedor, o transporte público e demais serviços funcionam de verdade, a comida é ótima e a cultura é fascinante”, elogiou. “Foi incrível, por exemplo, ver jovens do mundo todo em fila para ver obras de Goya e Velásquez no Museu do Prado. Isso mostra um tipo de pensamento que, infelizmente, não estamos acostumados a ver por aqui. Pude ver um povo que se preocupa com a coletividade em situações onde o famoso jeitinho brasileiro não teria vez.” Essa tendência para viagens dentro e fora do país é apenas um elemento de influencia e informação a mais que naturalmente se é submetido por simplesmente morar numa região de convergências. O brasiliense sofreu diversas influências regionais para no final anular todas elas. “Nós somos cercados por uma rica cultura rural sertaneja. Guimarães Rosa escreveu sobre isso. Mas isso não fincou aqui. Os adultos que vieram de outros estados tendem a conservar seus traços regionais, mas os filhos não”, disse Stella Bortoni. “Não existe uma preocupação no brasiliense comum em preservar a cultura regional. Ele vê isso como folclore, até porque é essencialmente um indivíduo urbano e cosmopolita.” Isso não se aplica nem ao gosto pela música sertaneja? Stella Bortoni garante que não. “O governo sempre contrata duplas do gênero para tocar nos

eventos públicos. Mas isso não é uma exclusividade. A música sertaneja é um fenômeno nacional e nós apenas refletimos isso. Da mesma forma pode-se falar do [Michel] Teló, que é do Paraná e faz sucesso aqui com o technobrega. Mas há de se considerar que ele virou fenômeno mundial.” O importante, diz a professora, é quando se identifica produções relevantes desses gêneros, o que não é o caso. Apesar da diversidade, a maior expressão musical brasiliense ainda gira em torno do rock, em especial por causa do legado deixado pela Legião Urbana e demais bandas dos anos 1980. E o rock é extremamente cosmopolita. A ausência dos traços que marcam outras regiões do país influencia também na construção de um sotaque. Leila percebeu isso. Uma das coisas que mais chamam a atenção dela quando viaja para outras cidades é a admiração pela pronuncia de certos fonemas e o cantar característico local. “Acho lindo porque não temos esse som lingüístico que marca o lugar. Mas, de acordo com algumas pessoas que conheci de outros lugares, nós temos sim.” A professora Stella Bortoni, que é lingüista especialista neste tipo de estudo, garante que o sotaque do brasiliense ainda não existe de fato, mas está em plena formação. “Brasília está consolidando um modo de falar que começa a ser identificado por pessoas que não moram aqui. Mas não há, no entanto, traços característicos em determinados fonemas que identificam uma determinada região. Há características no falar daqui. Só que isso ainda não foi estudado e contrastado com outros.” Sem sotaques, sem regionalismos, mas com os olhos voltados para o mundo por meio de uma cultura urbana e cosmopolita. Além do mais, somos (porque esta repórter se inclui no perfil) seres estranhos que tem no carro uma espécie de extensão do próprio corpo tamanha a dependência pelo transporte. Talvez Brasília tenha nos transformados em seres um pouco mais individualistas e frios que a média nacional. É apenas o jeito diferente de ser de nós, brasilienses, e não há nada de errado com isso.

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Cidadania

Por: Pedro Wolff | Fotos: Fábio Pinheiro

Projeto tira

jovens das ruas

Estratégia do Girarte propõe tirar meninos e meninas das ruas dando-lhes capacitação profissional

O

Girarte é um projeto desenvolvido pelo Movimento de Meninos e Meninas de Rua do DF e financiado pela Petrobras e tem como o objetivo a inclusão produtiva de adolescentes e jovens que estiveram ou estão em situação de rua. Ele possuí uma sede urbana e outra rural, na Ceilândia e Brazlândia respectivamente. A área rural combate a droga. A área urbana cuida do pós e a prevenção dos ex-meninos de rua. Em ambas as sedes a filosofia de trabalho é a inclusão produtiva por meio da capacitação para o mercado de trabalho. Na Ceilândia funcionam os pequenos negócios. Há a cozinha empresa, salão de beleza e serigrafia. Na zona rural os negócios

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são voltados para o agronegócios. O principal foco do Girarte é dar dignidade as crianças de rua e combater a drogadição entre eles. Porém, a frente do projeto, Eliene Francisca de Barros diz por experiência vivida nesses anos com os meninos de rua que o crack e as drogas não são e nunca será o maior problema. “Faltam aos excluídos é falta de educação, estrutura. O conjunto de ausência de garantias de direito de rede de políticas onde falha o estado”, diz Eliene. Ela argumenta de que adianta trancar um menino de rua em uma comunidade terapêutica e seis meses depois ele voltar às ruas e ficar novamente frustrado. Fica nesse discurso do crack, tem é que ter

emprego. Todo mundo quer ter vida própria.

Eliene: crack não é o maior problema


Ela afirma que um adolescente ganha cerca de R$ 300 em um fim de semana na exploração sexual na área central de Brasília. E estão envolvidos em várias redes de violência é um emaranhado e há dentro desta rede espaços que fortalecem essa rede. “Uma vez denunciamos um PM que fazia sexo com as crianças dentro do banheiro da rodoviária e não vimos uma ação efetiva de combate a isto”, denúncia. “Estou fora do crack e meus problemas continuam”, diz Gizele (nome fictício), 22 anos. Ela que é ex-menina de rua e hoje colabora com o Girarte diz que a droga começa a ser errado quando você ultrapassa as regras da sociedade, ou seja, quando você não está mais limpa ou está roubando. Ela diz isso baseado que todas as classes sociais estão envolvidas com as drogas. Ela conheceu o Girarte no gramado da rodoviária, quando fumava crack dentro de uma caixa de papelão e foi abordada. Ela se interessou pela conversa, porque estava acostumada somente “com as conversinhas”. “Eles vieram demonstrando que realmente queriam ajudar e na terceira abordagem resolvi entrar”, diz. Agora, diz Gizele, ela pretende lutar por aqueles estão nas mesmas condições que ela

estava. “Eu vou os abordar da mesma maneira que me ensinaram, tentando proteger e passando segurança”. A pior coisa que ela viveu nas ruas foi à exploração sexual e a corrupção policial. “Os traficantes pagavam de dois a cinco mil reais para os policias

Ana Luisa: maior dor é quando um menino morre

não o incomodarem. E de manhã os mesmo policiais abordavam os usuários”, denuncia. Porém, ela adianta que a violência sexual não está apenas nas ruas, aos oitos anos Gizele já era violentada pelo padrasto, época que

resolveu fugir. “Fui para a rodoviária sem rumo, para a droga e a exploração infantil. Hoje, com 22 anos, ela diz que não denunciaria seu padrasto para polícia porque quando eu o denunciei o estado não fez nada. E que resolveu sua situação com ele. “Hoje eu só denunciaria se repetisse”, diz ela. Gizele diz que sua irmã de sete anos vive o mesmo grave problema. Teve denúncia na época e nada foi feito. “Hoje com 11 anos ela aparece na casa dela com uma boneca nova, uma caixa de bombom ou uma nota de cinco ou dez reais. “E até hoje o estado não foi na minha casa”, diz. A ex-menina de rua diz que o peso de sua irmã está na suas costas. “Minha mãe faleceu vítima de HIV contraído com o mesmo homem que violentou e graças a Deus não contraí o vírus”. E hoje, ela diz que não traficaria nem para alimentar seus três filhos, que estão em um abrigo. Ana Luisa Andrade, 31 anos, educadora social do Girarte diz que há hoje um grande número de jovens nas escolas usando drogas e o estado só da importância a quem está em péssimas condições. “Esquece a prevenção, dá a impressão que estão esperando os adolescentes se viciarem”, diz. A maior felicidade para ela é ver o sorriso em um menino de rua e a maior tristeza é quando morrem, seja por acerto de conta de R$ 15, atropelado ou violência. “Teve uma vez dois irmãos. Um ficou cego cheirando thiner e o outro morreu. A drogadição é escape, falta de dignidade injustiça social”.

Salão de beleza é uma das oficinas oferecidas

Grupo de ex-meninos e meninas de rua que recebem assistência do Girarte

Serviço Girarte QNN 21 – conjunto L Casa 19 (61) 8622.9321 / 8260.2881

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Gente

Por: Edson Crisóstomo

Danilo Venturini, seu pai general Venturini e o jornalista Wilson Ibiapina

Charles Marar, general Venturini e o filho Danilo Venturini

Carlos Henrique, Maria Célia Barreto e Orlando Brito

Alceu da Gama e Orlando Brito

Política Brasília terá centro de operações especiais Em viagem oficial ao Rio de Janeiro, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, conheceu, na tarde da quarta-feira (08), as instalações do Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro. O centro de operações carioca reúne órgãos da Secretaria de Segurança Pública, Defesa Civil e concessionárias públicas, como distribuidoras de água e energia elétrica, concentrando os trabalhos de prevenção de emergências. A estrutura conta com equipamentos de última geração, como câmeras de monitoramento, também são montados os esquemas operacionais dos grandes eventos realizados na cidade.

Recursos do BNDES para infraestrutura no DF Ainda no Rio de Janeiro, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, esteve reunido, na manhã da quarta-feira (08), com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. O objetivo do encontro foi garantir recursos federais para a melhoria da qualidade de vida no Distrito Federal. Agnelo Queiroz apresentou quatro projetos de financiamento. Um deles prevê o empréstimo pelo GDF de aproximadamente R$ 600 milhões a serem aplicados integralmente no saneamento das finanças e na recuperação da capacidade de investimento da Companhia Energética de Brasília (CEB).


Antonio Testa, Orlando Brito e o diplomata Pedro Luiz Rodrigues

Hermínio Oliveira e Orlando Brito

Caixa Rápido Exportações do DF batem recorde As exportações do Distrito Federal em 2011 cresceram 20% em relação a 2010, passando de US$ 152 milhões para US$ 184 milhões. Os números são recordes, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O melhor desempenho até então tinha sido em 2008, no período anterior à crise financeira mundial, quando o DF negociou cerca de US$ 166 milhões com o mercado exterior. Os principais produtos de exportação da região foram cortes de frango, grãos (como soja triturada e milho para semeadura), combustíveis e lubrificantes para aviões e outras mercadorias para consumo a bordo de aeronaves.

O aniversariante Orlando Brito e o general Venturini

Alex, Danilo, general Venturini, Orlando Brito, Junior Ramalho, Liliane Roriz e Samanta Sallum Ibiapina, Charles Marar, Orlando e José Mário Fonseca

Geleia Geral Campanha estimula uso da camisinha O Governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Saúde (SES), lançou nesta quinta-feira (9) a Campanha de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e HIV, com o tema “Neste carnaval, seja qual for o seu parceiro, use sempre camisinha”. O foco este ano são os jovens do sexo masculino entre 15 e 24 anos. O grupo teve um aumento de 10% no número de infectados por DSTs, nos últimos 12 anos. A Secretaria anunciou, ainda, que, durante o período que compreende o carnaval, serão distribuídos cerca de 1,5 milhões de preservativos para foliões, empresas e entidades – 400 mil a mais do que é disponibilizado mensalmente.


Cidade

Por: Ligia Moura | Fotos: Fábio Pinheiro

Nas feiras de Brasília

Você gosta de roupas, comidas e atrações culturais?

H

oje em dia podemos fazer compras em diversos locais, sejam eles novos, tradicionais ou em ambientes virtuais. Mas há lugares que resistem ao tempo e ainda são apontados como referência. Quem não gosta de andar devagar pelos corredores, olhar os produtos e decidir em qual banca comprar? E, depois de andar bastante, comer algo delicioso em uma das barracas de comida? Se você se identificou, então seja bem vindo às tradicionais feiras de Brasília, que têm espaço conquistando perante os brasilienses e até mesmo turistas. Vamos conhecer algumas feiras.

Feira tradicional A Feira do Guará, fundada em 1969, tem um leque de variedades que vão desde roupas, frutas, verduras, peixes,

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bijuterias entre tantas outras opções. Nos 11 mil metros, ela abriga 645 boxes e tem como atrativo peixes e frutos do mar fresquinhos. A Associação dos Feirantes da Feira do Guará (ASCOFEG) trata das questões relacionadas às ações internas e externas dos feirantes. De quinta a domingo, a feira recebe a visita de oito a dez mil pessoas. Antônio Marcos é vendedor de uma tradicional banca de peixes e frutos do mar. Ele está no ramo há 35 anos e diz que gosta muito do que faz. “Eu já conheço os clientes, o que eles gostam, quais são os peixes preferidos”, relata. O proprietário de pastelarias, Eitor Morás, diz que observa o mercado para inovar. Hoje, a loja tem mais de 30 opções de pastéis, feitos na hora e na frente do cliente, procurando agradar cada vez mais sua clientela. “As pessoas

do Guará e do Entorno são fiéis a essa massa, pastel e criatividade”, ressalta. Gil Braz, diretor de serviços da Administração do Guará, afirma que a Feira virou uma referência turística e, quem é cidadão do Guará, sabe que ela percorreu cerca de quatro quadras até obter o ponto definitivo. Ela ainda possui uma característica folclórica e cultural na questão da alimentação. “Eu tenho amigos do Lago Sul e Norte que se deslocam até a feira para comer um bom caldo de mocotó”. Braz complementa que o Guará é uma cidade estratégica pois, esta perto do Plano Piloto, Cruzeiro, Núcleo Bandeirante e Taguatinga. Outra facilidade é a presença do metrô na porta. “A nossa clientela é a mais diversificada possível. Para se ter idéia, é comum ver carro de embaixada e ônibus de


turismo de alto nível frequentando a feira”, comenta.

Escolhendo onde comprar Já a cidade de Taguatinga, conta com nove feiras. As permanentes são: QNL/QNJ, “M” norte (EQNM), Feira dos Importados de Taguatinga e o Shopping Popular. As outras cinco são feiras livres: Praça do Bicalho, Feira da QND 5/6, QSB 12 (Clube dos 200), QSD (Praça do Cine Rex) e a Praça da Vila Dimas. Em Taguatinga, existe também o famoso Centro Comercial Norte, mais conhecido por Mercadão Norte. O local abriga lojas de bijuterias, quiosques de alimentação, armarinhos, tecidos e utilidades domésticas em geral. Uma característica é que algumas lojas vendem por atacado. Tânia Borba, moradora da cidade, faz compras todo final de semana. Ela diz que sempre consegue levar o que procura e ainda encontra os amigos. “Na feira eu tenho a opção de escolher produtos variados e volto para casa satisfeita”, comemora. O Diretor Gleidson Araújo da Gerência de Serviços Públicos (Gesep) disse que, em breve, terão o controle total das feiras, tornando-as melhores para os visitantes. As nossas feiras permanentes poderão ser citadas como modelo daqui uns dois meses. “Fiscalização, policiamento, atendimento ao público e todos os permissionários cadastrados são alguns aspectos a serem destacados” afirma Araújo. Ele ainda citou que a Lei 639/2011 foi sancionada no último dia 2 pelo governador Agnelo Queiroz, no Shopping Popular da Ceilândia. A lei vai passar a reger, organizar e dar critérios às feiras da cidade. Ela substitui o decreto 29.311/08. A lei garante a permissão do uso das bancas por um período de 15 anos e pode ser prorrogado por igual período. O administrador de Taguatinga, Carlos Jales, conta que as feiras são tradicionais e elas não são de agora. “Desde que a cidade começou sempre existiram as feiras em volta, principalmente da cidade de Taguatinga. Elas trazem a unidade da comunidade, é o local onde

as pessoas se reúnem, compram alimentos e conseguem se encontrar num dia de domingo. Então a feira fica sendo quase um lazer”, explica. Jales enfatiza que é uma questão de rever as pessoas e os amigos, tanto é que os feirantes costumam olhar para o cliente e já saber o nome da pessoa, tratá-la como alguém íntimo da família, já sabe qual é o gosto que o freguês tem. “Taguatinga, por si só, por ser uma cidade mãe, traz essa peculiaridade. Deter pessoas muito antigas, vivendo dentro de Taguatinga há mais de 40 anos”, completa. Ana Maria Carvalho, 42 anos, é uma moradora que data longo tempo em Taguatinga e viu a cidade crescer. Muito simpática e sorridente diz que sempre frequenta a Praça do Bicalho aos domingos e confessa que vem passear na feira com o pretexto de sair de casa para ver as pessoas.

passado e presente

A Feira Permanente do Cruzeiro, fundada no inicio dos anos 70, é uma ótima opção para os moradores da cidade. Ponto de encontro principalmente dos moradores do Cruzeiro, o local possui os atrativos que toda boa feira deve ter: bate-papo descontraído, cerveja gelada entre amigos, caldos variados, temperos diversos e uma boa galinha caipira são alguns dos destaques. Em dias movimentados, a feira chega a receber uma média de 1.500 pessoas no local. Outro ponto de encontro em Brasília que não pode ser esquecida é a Feira Permanente da Candangolândia, em frente à Paróquia São José Operário, que teve sua origem no inicio da cidade. Uma curiosidade é que, mesmo antes do começo de Brasília, as pessoas se reuniam para vender produtos no local. Contudo, a feira se tornou permanente apenas em 1986. Essas são apenas algumas das feiras existentes em Brasília. Se você não costuma freqüentá-las, então o que acha de passear no próximo final de semana em alguma delas! Nelas você pode andar pelos corredores, sentir o aroma dos temperos, encontrar pessoas amigas e ainda pechinchar por um bom desconto.

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Mercado de Trabalho

Por: Caroline Aguiar | Fotos: Fábio Pinheiro

Faz-tudo

profissional

No lugar dos maridos oficiais, os maridos de aluguel fazem consertos em residências

P

equenos vazamentos, paredes por pintar, problemas na fiação elétrica e equipamentos por instalar são comuns em várias residências. Quem nunca deixou aquele quadro ou espelho escorado num canto da sala por falta de alguém que furasse um prego na parede? O acúmulo de pequenos acertos na casa acabou por estimular o surgimento de uma nova profissão: o marido de aluguel. Apesar do nome instigante, nada de segundas intenções. O marido de aluguel é uma espécie de faz-tudo. Quando chamado, ele resolve o que está por fazer. Desde pequenos reparos, como vazamentos e instalações de móveis e equipamentos, à pintura de paredes e grandes reformas. A figura do homem que cuida da estrutura da casa e se encarrega de consertar qualquer equipamento está em extinção. Enquanto o trabalho exige mais e mais, os chefes da casa acabam não tendo tempo para tomar conta dos detalhes da residência. A correria diária do mundo moderno, obrigações profissionais e compromissos familiares fazem

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com que a espera por pequenos reparos se arraste por tempo indeterminado. Quando os consertos se acumulam, é hora de chamar o marido de aluguel. Eles são prestadores de serviço com conhecimento de todas as áreas de manutenção de residência. Trabalham com elétrica, hidráulica, pintura, montagem, jardinagem e desentupimento. Para os clientes, é uma mão na roda. Para os trabalhadores, é um cotidiano bastante diversificado. Quando os serviços são pequenos, eles chegam a visitar de cinco a seis residências por dia. E o melhor, nunca sabem o que vão encontrar. Numa hora incorpora o papel de bombeiro hidráulico, noutra de eletricista e assim por diante. José Bezerra, 38 anos, é prestador de serviço da Dr. Marido, empresa de reparos e consertos, e vê a falta de rotina como um dos pontos fortes da profissão. “Fazer a mesma coisa todo dia cansa. E não é um cansaço físico, é mental mesmo. O nosso dia a dia não. A gente nunca sabe o que vai fazer. Cada dia é uma coisa, um trabalho e um cliente diferente. Não enjoa e nem cansa a cabeça”, relata.

Bezerra se lançou no ramo há quatro meses e está gostando muito do trabalho. Antes de se tornar marido de aluguel, ele trabalhou em construtoras e chegou a fazer um curso de marceneiro com duração de quatro anos. Também fez aulas voltadas para o setor elétrico e hidráulico.

Quero ser um marido de aluguel Não existe um curso específico para se tornar marido de aluguel. Muito pelo contrário, é preciso ter conhecimento de várias áreas, daí a necessidade de procurar formação nos mais diversos ramos. As empresas prestadoras de serviço que oferecem a ajuda dos maridos de aluguel geralmente dão cursos aos seus funcionários antes de eles irem para a rua. Mas as aulas são apenas um reforço e um preparo de acordo com as diretrizes da empresa, o funcionário já precisa ter conhecimento na área e experiência. Uma opção para quem quer entrar no mercado de trabalho mas não deseja fazer vários cursos, um em cada área, é optar pelas aulas para técnico em edificações. O currículo é bastante abrangente e prepara o aluno para desenvolver


várias atividades. A formação dura, em média, dois anos, e a maioria das instituições exige o ensino médio dos candidatos. As aulas para os técnicos em edificações incluem noções de engenharia, leitura de projetos, segurança no trabalho e elaboração de orçamentos. No Distrito Federal, vários institutos oferecem os cursos, mas, antes de se matricular, é importante verificar se a instituição possui o reconhecimento do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). Também é possível fazer o curso ou distância. Por ser uma profissão tão abrangente, ainda não existe um sindicato ou associação desses trabalhadores. Há sindicatos específicos, como de pedreiros, encanadores e etc., os maridos de aluguel acabam perdidos nesse meio. Na Dr. Marido, por exemplo, cada prestador de serviço é cadastrado como um micro empreendedor.

Mercado de trabalho Gente procurando marido de aluguel é o que não falta. De acordo com relatos dos empresários do setor, a demanda não para de crescer. Lin Anderson da Silva, 40 anos, é criador da Dr. Marido e estima que 20 mil pessoas já tenham sido atendidas, apenas em Brasília, durante os quatro anos de existência da franquia. Um fator que veio para dar um empurrãozinho foi a novela Fina Estampa, da Rede Globo. A personagem da atriz Lilia Cabral, que é conhecida como Pereirão, popularizou a profissão. “Antes, muita gente não conhecia o nosso trabalho. Com a novela, se informaram e começaram a procurar”, afirma Silva. No entanto, ele faz uma ressalva. “A novela trouxe para o mercado muitos aventureiros, que não têm experiência, não são bons profissionais e querem se aproveitar do bom momento. Isso traz risco para os clientes e para o próprio trabalhador”, observa. Leandro Barros, 21 anos, responsável pela filial brasiliense da Praquemarido, conta que a novela ajudou muito. “Estamos no mercado há quatro meses e sentimos a diferença depois da novela. O pessoal liga aqui perguntando se é o Pereirão”, conta. A procura está tão grande, que Barros tem planos de expandir o negócio, contratar mais pessoas e adquirir mais veículos. Apesar do crescimento, o incentivo ainda não foi suficiente para colocar as mulheres nesse mercado. Em Brasília, não há mulheres trabalhando com reparos em residências. Além das empresas que oferecem os maridos de aluguel, há aqueles que trabalham como autônomos. Márcio Santos, 48 anos, é um desses profissionais que trabalha por conta própria. Ele era mecânico e desistiu da função para entrar no ramo de serviços gerais. “Na oficina, o pessoal reclama muito e não quer pagar pelo serviço. Como marido de aluguel, meu trabalho é mais valorizado”, relata. Santos aprendeu a fazer reparos com o pai, que já trabalhava com serviços gerais, e aproveita para visitar as casas à noite, já que muitas pessoas não ficam na residência durante o dia. Mas, às vezes, recebe ligações um pouco estranhas. “Pelo telefone, as pessoas confundem qual tipo de serviço que presto e acabam fazendo perguntas indiscretas. Mas explico e fica tudo certo”, conta sorrindo.

Casos e histórias Santos não é o único que tem histórias engraçadas para contar. Silva, o criador da Dr. Marido, se intitula o primeiro marido de aluguel do DF e diz ter enfrentado várias barreiras até se consolidar. “No início, as pessoas não sabiam do que se tratava. Chegou a acontecer de eu chegar às casas, e as mulheres ficarem dando em cima de mim”, relembra. Outra barreira a derrubar era o preconceito dos maridos. “Muitas vezes, a esposa nos chamava escondido, quando o marido estava no trabalho, para ele não achar ruim. Um dia cheguei antes do horário combinado e o esposo ainda não tinha saído para trabalhar. Foi a maior confusão, fiquei esperando os dois brigarem por mais de meia hora. Ele só aceitou depois que a mulher mostrou presentes de casamento que estavam há 14 anos à espera para serem instalados”, conta Silva. Para profissionalizar o serviço e acabar com as confusões, Silva abriu a empresa e, para deixar tudo muito claro, colocou mulheres para atender os clientes que ligavam, assim não havia margem para dúvidas. Tudo começou em 1997, mas a franquia Dr. Marido só surgiu em 2007, criada pelo próprio brasiliense. Hoje, são 12 equipes apenas no DF e mais 27 unidades em sete Estados - Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará e São Paulo. Mas não é só o assédio que rende histórias engraçadas. É comum os maridos de aluguel acabarem se transformando em terapeutas. “Tem gente que gosta de conversar, desabafar, acaba contando a vida toda”, relata José Bezerra. “A vantagem é que, na maioria das vezes, as pessoas nos recebem muito bem. 90% dos clientes são muito simpáticos. Alguns não deixam a gente ir embora enquanto não sentamos e tomamos um café”, lembra Bezerra.

Lin Anderson começou a trabalhar como marido de aluguel em 1997. Hoje, tem lojas no país inteiro

Serviço Marido de Aluguel: (61) 4141.4006 Praquemarido: (61) 3242.2003 Doutor Resolve (61) 3036.4446

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Educação

Da Redação | Fotos: Divulgação

Queijo e iogurte no café da manhã A

Estudantes de escolas públicas terão alimentação reforçada

s escolas serão beneficiadas com alimentos produzidos pelos agricultores familiares do Distrito Federal. Tudo graças ao programa PAPA-DF, que permite a compra direta pelo GDF, de alimentos e produtos artesanais de pequenos agricultores rurais e organizações sociais do setor agrícola. Inicialmente, 78 escolas públicas do DF (75 em áreas rurais) foram escolhidas para receber café da manhã. A meta é contemplar todas as unidades da rede gradativamente. Os produtos adquiridos por meio do Papa-DF também são utilizados na preparação do almoço e do lanche da tarde dessas escolas. Para o secretário de Educação do DF, Denílson Bento da Costa, a distribuição de novas refeições nas escolas é uma forma de aprimorar a educação no Distrito Federal. “Oferecer mais esse complemento alimentar às escolas não é apenas cuidar da saúde

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física dos alunos. É, principalmente, prepará-los para melhor desenvolver o processo de aprendizagem”, avalia. Alimentação e aprendizado – Somente na Escola Classe 10, 325 crianças da Vila DNOCS (região formada no Departamento Nacional de Obras contra as Secas), de condomínios do Grande Colorado e de Sobradinho são beneficiadas com cardápio variado elaborado pela Secretaria de Educação. Destes 325, 165 alunos recebem café da manhã e almoço no turno matutino, e 160 recebem almoço e lanche à tarde. Para o diretor da Escola Classe 10 de Sobradinho, Marcílio Lacerda, a compra de alimentos dos pequenos produtores representa não apenas uma estratégia de inclusão social da categoria, mas também uma forma de promover melhorias no ensino. “Essa alimentação balanceada diminui muito a evasão escolar, além de me-

lhorar o desempenho dos alunos em sala de aula. Nossa expectativa é que, com o cardápio variado, a frequência e o interesse das crianças aumentem ainda mais”, destaca Marcílio. A professora do 4º ano Tânia Lúcia Franklin percebe a evolução de seus alunos com a nova dieta. “Muitos vêm de casa sem tomar café da manhã e, para outros, as refeições feitas na escola são as únicas do dia. Sem uma alimentação correta, as crianças ficam mais lentas, têm seu desenvolvimento prejudicado e não rendem. Mas quando comem bem, ganham mais energia e disposição para aprender”, conta a educadora. O cardápio diversificado e controlado da escola também é uma oportunidade de incentivo aos hábitos alimentares saudáveis. “Sempre alertamos os alunos sobre a importância de uma alimentação balanceada, com frutas, saladas e leite”, afirma Tânia.


A dona de casa Alciléia Santos, 30 anos, concorda e diz estar satisfeita com os cuidados dedicados à alimentação da filha de 10 anos na escola. “A Milene sempre fala sobre o que comeu: biscoito, leite, galinhada, frutas. Qualquer pessoa aprende melhor quando está bem alimentada”, pondera. Dieta balanceada – O cardápio das escolas públicas do DF é planejado por nutricionistas da Secretaria de Educação (SES). Entre os critérios de escolha dos alimentos está o valor nutricional das refeições e a dificuldade de acesso das famílias aos produtos. Com o Programa, as escolas rurais ganharam mais uma refeição (o café da manhã e o lanche da tarde), além de variedade no cardápio. “Antes oferecíamos biscoito, leite. Agora temos mais opções, como iogurte, manteiga, bebidas lácteas e queijo”, enumera a gerente de Alimentação Escolar da SES, Eliene Sousa. Uma das metas da Secretaria de Educação é aumentar a quantidade

de frutas no cardápio de todas as 652 escolas públicas do DF. As instituições com maior vulnerabilidade social terão café da manhã, almoço e lanche da tarde. Nas demais o lanche será servido no meio da manhã ou da tarde, com grande variedade de frutas. A ideia é reduzir o índice de obesidade e sobrepeso nesse público. Dos campos para as escolas – O iogurte e o queijo consumidos pelos alunos da Escola Classe 10 de Sobradinho e de outras 12 escolas são feitos pela Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), que também fornece achocolatado e manteiga para a Secretaria de Agricultura do DF por meio do Papa-DF. Para o gerente geral da entidade, Marcos Sampaio, o incentivo do Papa-DF é uma oportunidade para o crescimento de toda a cadeia produtiva. “Além de favorecer as crianças com uma alimentação melhor, o programa favorece o

outro lado da cadeia. Porque produzir é fácil, mas comercializar é difícil. Com o Papa-DF, podemos produzir de janeiro a dezembro sem preocupação, pois temos para quem vender a um preço justo”, ressalta Marcos. A matéria-prima dos produtos fabricados pela Copas, o leite, é fornecida por 126 cooperados, entre eles está o produtor Rivaldo José Gonçalves, que em 2005 trocou a carreira militar na zona urbana pela vida no campo ao comprar seis animais para ordenha. Hoje, Rivaldo conta com 21 animais e coleta, sozinho, cerca de 170 litros de leite por dia em sua chácara na área rural de São Sebastião. “Antes eu produzia muito e não tinha para quem vender. Com isso minha renda era reduzida. Esse programa é uma possibilidade de crescimento no campo e geração de empregos”, diz Rivaldo.

Fonte: Agência Brasília

Que tipo de

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A proposta do método Kumon é tornar os seus alunos autodidatas, respeitando o ritmo e a capacidade e aprendizagem de cada um. O aluno passa a ter mais facilidade para entender o conteúdo trabalhado na escola e, a medida que avança na execução do material didático, poderá se adiantar, destacando-se em conteúdos ainda não desenvolvidos em sala.

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Profª. Márcia Mª P. Giacomazzo SHIS QI 09 Bl. B | Salas 102/103 - Lago Sul

Educação que surpreende

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Tecnologia

Por: Djenane Arraes | Fotos: Divulgação

Enxerga até no escuro

Novas tecnologias permitem que câmeras fotográficas enxerguem no escuro, sejam mais rápidas e resistam até a temperaturas abaixo de zero

A

pontar e disparar. Hoje em dia, qualquer celular que tira foto consegue registrar imagens, mesmo que a qualidade não seja tão boa assim. Apesar da praticidade, eles ainda estão muito distantes da qualidade e da tecnologia desenvolvidas para uma câmera fotográfica. Um celular, por exemplo, ainda não tira fotos embaixo d’água e muito menos enxerga no escuro. Mas todos esses recursos estão presentes nas câmeras, que estão cada vez mais refinadas e em sintonia com os mais diferentes perfis de fotógrafos profissionais e amadores. A Nikon, por exemplo, lançou no mercado a Coolpix AW100, boa opção para aventureiros, alpinistas e afins. O diferencial neste modelo é o sistema anticongelamento – resiste a temperaturas até -10°C – e a resistência a choques. A máquina grava vídeos em full HD com som estéreo – recurso obrigatório nos modelos atuais – possui modo de cena subaquático e ainda captura três fotos em 1 segundo na resolução máxima. Outro atraente é a bússola eletrônica embutida e o sistema GPS. Tudo isso por uma “bagatela” de R$ 1,7 mil em média. O sistema GPS virou um opcional na Canon 1DX, que deve chegar ao mercado em março deste ano. Essa câmera destinada aos fotógrafos profissionais é um modelo considerado inteligente e muito veloz. Tudo graças ao duplo processador Digic V, tecnologia que faz o modelo ser 17 vezes mais rápido do que os modelos anteriores desenvolvidos pela Canon com processador Digic IV. Isso garante desde a gravação em full HD com 30, 25 ou 24 quadros por segundo, até a transferência mais rápida de dados por meio de conexões LAN e USB. O preço médio do corpo da Canon 1DX é de R$ 7 mil. Mas, se o consumidor é um ávido por fotografias que deseja qualidade profissional em uma máquina mais simples e de fácil manejo e mais barato, é provável que o modelo D5100 da Nikon satisfaça. O grande diferencial é o modo de visão noturna. A D5100 enxerga no escuro graças ao ISO expandido em até 102.400. Isso significa que é necessária pouquíssima luz para que a máquina consiga registrar uma foto com razoável qualidade. A tela LCD é de 3’’, móvel e exis-

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te conector para microfone externo, o que também permite à pessoa usar a máquina para produzir filmes com boa qualidade de som. O preço médio da Nikon D5100 é de R$ 1,8 mil.

Nikon Coolpix AW100 - zoom ótico de 5x de 28 a 140mm - sensor CMOS de 16 MP - Full HD 1080p - LCD 3’’ - GPS

Nikon D5100 - zoom ótico de 3x - sensor CMOS de 16,2 MP - Full HD 1080p - LCD 3’’ giratória - GPS

Canon 1DX - zoom ótico de - sensor CMOS de 18.1 MP - Full HD 1080p - LCD 3.2’’ - GPS opcional



Planos e Negócios biolúdica Criada pela bióloga e engenheira florestal Nurit Bensusan, a oficina de criação de jogos Biolúdica chegou ao mercado brasileiro no final do ano passado com a proposta de oferecer a crianças e adultos jogos interessantes, instigantes e divertidos, que fazem com que os jogadores aprendam sobre temas biológicos brincando. A oficina inaugurou sua linha com “Bioquê?” e “Tsunami”, jogos de cartas com desafios que despertam a curiosidade para temas como a biodiversidade brasileira, o meio ambiente marinho, os parques nacionais e as relações biológicas entre os seres vivos. Os jogos foram desenvolvidos por Nurit e ajustados de acordo com testes feitos por crianças e adultos. Mesmo com a carga de conhecimento científico embutida nos temas e a preocupação com a qualidade das informações, o que a Biolúdica apresenta não são passatempos didáticos ou educativos, mas jogos que entretêm de forma inteligente. Em meio à brincadeira, os participantes entram em contato com o universo da ciência e aplicam a cada nova partida o que aprenderam na anterior. Com níveis de dificuldade flexíveis, que tornam os jogos menos ou mais complexos de acordo com o recorte de regras adotado, “Bioquê?” e “Tsunami” são também criações que estimulam a interação social afinal, jogos ajudam a superar sentimentos de frustração ao perder e a vontade de tripudiar ao vencer. Os jogos poderão ser comprados a partir da primeira quinzena de dezembro pelo site da Biolúdica e em pontos de venda em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

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Fastrackids Há uma fase da vida infantil que é muito importante para o desenvolvimento, a primeira infância. Nos primeiros oito anos de vida, a criança desenvolve diversos recursos sensoriais, motores, de compreensão, consciência e define sua personalidade. Neste período, 80% das conexões neurais são formadas, por isso, é um momento riquíssimo que deve ser aproveitado para estimular a capacidade de desenvolvimento da criança. O FasTracKids é um método educacional norte-americano que visa aflorar exatamente o desenvolvimento cognitivo infantil e o prazer por aprender nesta etapa. Por meio de atividades extracurriculares que atendem crianças entre seis meses e oito anos, no medito FasTracKids são transmitidas informações que abrangem desde astronomia a lições de vida. Todo o conteúdo é trabalhado respeitando a percepção da criança e seu tempo de concentração. O método proporciona uma vantagem educacional ao estimular as crianças a descobrirem o amor por aprender.

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toalhas que viram bicho Quando uma pessoa bate o olho pela primeira vez, vai até pensar que alguém deixou um bicho de pelúcia sobre a cama. É só ter um pouco mais de atenção para entender que ali existe um elefante, um cachorro, um cisne e até uma rosa. Só que tudo é esculpido com toalhas. Esses são alguns mimos criados por camareiras para surpreender e encantar os hóspedes de hotéis em várias partes do Brasil. A cada dia é possível encontrar uma figura diferente. O tempo para fazer as esculturas de toalhas não leva mais de 40 segundos e faz parte de programas de treinamento. A tarefa de confeccioná-las é a última realizada pelas camareiras nos aposentos, que antes lavam as mãos para que não haja contaminação nas toalhas.

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Que tal aprender a fazer esses “bichinhos”? Camareiras de diversos hotéis espalhados pelo Brasil podem ensinar passo a passo. Basta entrar em contato.

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parlando italiano Depois do sucesso do ano passado, o Curso Parlando Italiano organiza mais um tour para a edição 2012 (de 16 a 21 de abril) da Feira do Móvel de Milão, a mais importante do mundo neste setor. Com a visita a Brasília do professor Venanzio Arquilla (Pesquisador do Politécnico de Milão - coordenador da unidade de pesquisa DeST Design Strategy), se consolida a parceria entre o Curso Parlando Italiano e o Politécnico, para que os participantes do tour façam uma visita à Instituição e participem de um intercâmbio em ocasião do “Fuori Salone” no espaço próprio na “Zona Tortona” de Milão. A estadia de 7 dias (seis noites) será dividida entre a cidade de Milão e Desenzano no Lago de Garda, com visita à maravilhosa Veneza, para assim, além das visitas técnicas, poder aproveitar os lugares bonitos que a Itália oferece.

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JUMP JOY Para quem procura diversão e alegria a casa de festas Jump Joy é a escolha certa. Com o objetivo de tornar todas as comemorações em algo inesquecível, a Jump Joy disponibiliza uma estrutura ampla, moderna, bem localizada e elegante. Sua especialidade é proporcionar tudo o que for preciso para tornar um evento memorável. A empresa tem como meta oferecer muita diversão e alegria, tanto para as crianças como para aqueles que nunca deixaram de ser crianças. A Jump Joy organiza festas infantis, de 15 anos, aniversários, bodas, formaturas, batizados, corporativos e eventos em geral. Com vários ambientes, todos muito divertidos, coloridos e equipados com brinquedos de última geração. O ambiente é perfeito para qualquer tipo de festa. Além da área baby, destinada aos pequeninos, a enorme parte dedicada aos games faz a cabeça da garotada se divertir com os jogos eletrônicos mais modernos do mercado. A equipe especializada fica responsável por animar quem estiver pela festa. E monitores ficam responsáveis por garantir segurança, auxiliar nos brinquedos e atender ao cliente com todo o melhor profissionalismo. Especializada em temas, a Jump Joy tem um catálogo com festas dos mais variados tipos. Desde Alice no país das maravilhas, a joaninhas, bonecas e ursos, branca de neve, adulto temático, bodas de turquesa, star wars e tudo mais que a imaginação permitir. A casa de festas também oferece o Buffet Jump Joy. Com entrada, bebidas e doces é de dar água na boca. Tudo é feito com o maior asseio e qualidade para a satisfação do cliente.

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Automóvel

Da Redação | Fotos: Divulgação

Hyundai

Elantra

Com design moderno, amplo espaço interno, maior segurança e economia de combustível, o novo Elantra se destaca. O veículo é o primeiro compacto da linha a receber uma transmissão automática de seis velocidades

O

mercado de automóveis no Brasil ficará agitado com a chegada do mais recente lançamento da Hyundai Caoa, o moderno sedã compacto Elantra 2012. O veículo foi apresentado ao público mundialmente pela primeira vez na última edição do Salão do Automóvel de Los Angeles, sendo que o modelo acaba de aportar nas terras brasileiras e já está disponível para os consumidores de todo o País. A nova versão do Elantra possui as últimas tendências da Hyundai, incluindo o design em “Escultura Fluida”, segurança reforçada e economia de combustível. O novo Elantra faz parte do programa da Hyundai 07/24 (sete novos modelos nos próximos 24 meses), vindo logo atrás dos modelos Tucson, Sonata e Equus. A mais nova versão do carro apresenta um visual moderno para o tradicional segmento de sedãs compactos, apresentando um design emocionante e funcionalidades luxuosas, seguindo os valores marcantes da Hyundai. O Elantra (chamado de ‘Avante’ em alguns mercados) já alcançou vendas acumuladas de seis milhões de unidades no mundo todo e recebeu altas notas de várias agências de classificação de veículos de renome mundial desde que o modelo da primeira geração foi lançado em 1990.

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O estilo, a potência, a economia de combustível, o conforto e as funcionalidades de segurança da quinta geração do Elantra foram aperfeiçoados uma imagem mais esportiva e até mesmo mais moderna que a versão anterior, o novíssimo sedã compacto Elantra continuará sua tradição de sucesso, oferecendo o melhor desempenho e economia de combustível do segmento, tudo isso graças a sua tecnologia e ao conjunto propulsor de ponta. Para obter tamanha qualidade no produto, a Hyundai começou a desenvolver o novo Elantra em 2008, sob o codinome MD. O projeto durou 33 meses, custando 300 bilhões de wons (US $277 milhões a taxas de câmbio de hoje) para chegar do conceito ao consumidor.

LINGUAGEM DE DESIGN WIND CRAFT Baseada na filosofia de design chamada de “Escultura Fluida”, que visa refletir sofisticação e linhas dinâmicas na forma de seus veículos, a Hyundai aplicou um conceito de design específico chamado “Wind Craft”, algo como “Arte do Vento”, ao novo Elantra, evocando uma peça de escultura literalmente feita pelo vento.


Ao abaixar a linha do teto, criar robustos arcos nas rodas e adicionar linhas de caráter forte vincado que fluem da coluna dianteira, passam pelo capô e terminam no para-choque dianteiro, a equipe de design do Elantra da Hyundai Motor concedeu a este sedã compacto uma postura potente e assertiva. A charmosa e sofisticada grade hexagonal estabelece de forma clara a identidade do novo Elantra como um membro da família Hyundai. Os faróis de linhas em formato de curvas puxadas para trás completam seu elegante exterior. O aspecto refinado continua no interior do veículo. Em particular, os detalhes prateados que começam no painel e vão até o console apresentam uma forma ondulada que projeta uma imagem refinada e dinâmica. As cores metálicas e o preto usados no gabinete sugerem, com seu alto brilho, um aspecto futurista e de alta tecnologia ao interior do modelo. A exclusiva grade dianteira hexagonal e os detalhes curvados nos faróis da Hyundai dão ao novo Elantra uma face esportiva e compacta. Sua marcante postura é complementada pelas rodas de liga leve de 17 polegadas em estilo esportivo. A disponibilidade de luzes de neblina e retrovisores laterais com pisca completam o design distinto. O Elantra 2012 foi projetado no Centro de Design da Hyundai em Namyang R&D Center, Coréia do Sul.

INTERIOR MODERNO E SOFISTICADO Dentro do Elantra, os consumidores encontrarão a alta qualidade da Hyundai nos quesitos acabamento, iluminação, design de ponta e sofisticação. Esses aspectos são visíveis na claridade dos instrumentos e no volante inclinável e telescópico. Por serem feitos de espuma leve e materiais ecologicamente corretos, os assentos ajudam a economizar combustível, visando à preservação ambiental. Os assentos aquecidos encontram-se pela primeira vez nesse segmento de carros e estão disponíveis tanto nos bancos da frente e como nos de trás. Além disso, outro importante diferencial do carro é seu generoso espaço interno. Todos os modelos do Elantra vêm com colunas revestidas de tecido fibroso que oferecem uma sensação de conforto e exclusividade, utilizando materiais da mais alta qualidade. Além disso, o Elantra disponibiliza um sistema de áudio com Rádio AM/FM/CD/MP3 de 172 Watts com quatro alto-falantes e entradas para iPod®/ USB/auxiliar. Existe também a opção de um sistema de 360 Watts com amplificador externo. O carro ainda conta com um sistema de navegação com tela touch screen que inclui tela de alta resolução de 7.0 polegadas e ativação de voz através de um microfone montado no revestimento do teto. O sistema de som toca CDs compactos, acessa arquivos digitais de música via fluxo de áudio Bluetooth, ou permite que o motorista e o passageiro acessem seus dispositivos pessoais através de entradas para iPod/USB/auxiliar.

O áudio Bluetooth direciona música a partir de fones móveis selecionados até a unidade de ouvido. O sistema também possui câmera de visualização traseira, item não disponível nos concorrentes. Os usuários podem até carregar suas imagens pessoais a partir de um USB em vez de um CD, para que sejam exibidas na tela do sistema. Além disso, esse interior moderno e sofisticado também é muito silencioso, pois os engenheiros da Hyundai Motor trabalharam intensamente na redução de ruído e vibrações dentro da cabine.

AERODINÂMICA Com sua linha de teto mais baixa e tampa traseira também baixa, o Elantra possui um perfil mais dinâmico, insinuante, elegante e esportivo com um coeficiente de resistência aerodinâmica (Cd) de somente 0,28, o que reduz a resistência do ar e aumenta a economia de combustível. A charmosa tampa do capô e as cuidadosamente esculpidas lanternas traseiras permitem um fluxo de ar mais uniforme. Um defletor central no piso e superfícies de escoamento na parte de baixo do carro também ajudam a minimizar a turbulência do ar.

DIMENSÕES GERAIS O novo Elantra tem distância entre eixos de 2.700mm, 50mm a mais do que a geração anterior. Seu comprimento total também ultrapassa o tamanho da versão antiga do carro em 25mm, indo a 4.530mm, mas a largura de 1.775mm permanece a mesma. A altura diminuiu em 35mm, indo a 1.445mm sem afetar a altura livre. O espaço da cabine aumentou em 18 litros. Com isso, quanto ao quesito espaço interno,w o novo Elantra mantém seu status de “acima da sua classe” em comparação com seus concorrentes.

Serviço Hyundai CAOA www.hyundai-motor.com.br

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Vida Moderna

Por: Caroline Aguiar | Fotos: Fábio Pinheiro e Victor Hugo Bonfim | Ilustração: Eward Bonasser Jr.

De

olho no

visual

Ensinar a vestir, comprar peças básicas e usar acessórios e cores corretamente. Essa é a missão do personal stylist

E

scolher a roupa adequada para uma festa especial, para o trabalho ou mesmo para malhar nem sempre é uma tarefa simples. Quem nunca se pegou parado em frente ao armário sem saber o que vestir? Para solucionar essas dúvidas e facilitar o dia a dia, uma boa opção é procurar a ajuda de um personal stylist. Também conhecido como consultor de moda, o personal stylist é o profissional especializado em avaliar estilo, biotipo e formato de rosto para dizer o que cai melhor em cada pessoa. Além do modelo da roupa, o personal irá dar dicas de cores, acessórios, maquiagem e até corte de cabelo. Ainda está inclusa no pacote uma arrumação no guarda-roupa, tirando o que o cliente não usa mais, abrindo espaço para as roupas novas e montando looks variados. A consultora Cintia Taira explica que a consultoria de moda possui várias

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etapas e cada pessoa pode optar até onde quer seguir. A primeira fase é um bate-papo. O consultor vai até a casa da pessoa para saber sobre o dia a dia, trabalho e como ela se diverte. O objetivo é conhecer o cliente para traçar seu estilo de vida e conhecer suas necessidades. Cintia ainda aproveita para tirar medidas e fazer fotos. Assim, ela vai poder dizer qual o tipo de corpo e de rosto e também avaliar a cor da pele e dos cabelos. Com essas informações em mãos, ela monta um pequeno manual que vai guiar o cliente em todas as ocasiões. O livreto é composto por fotos e informações, todas voltadas especificamente para aquela pessoa, levando em

consideração seu corpo e estilo. A tabela de cores é uma das partes mais importantes do manual. Ali estão as cores que vão esconder os defeitos e ressaltar as qualidades. “Uma cor errada pode apagar a pessoa ou chamar a atenção pelo lado negativo”, explica Cintia. Entre as lições também está a diferenciação entre cada tipo de traje. Assim, chega de dilema sobre o que vestir quando receber aquele convite exigindo traje social completo ou esporte fino. O manual detalha o que cabe e o que não é adequado para cada ocasião. Além disso, opções de acessórios e maquiagem estão inclusas. Passada a fase de levantamento de informações, é hora de arrumar o armá-


Cintia Taira trabalha com consultoria de moda há três anos

Rafaela Figueiredo resolveu dar uma renovada no visual e fez uma faxina no guarda-roupa

rio. O consultor separa quais as peças se adequam à pessoa e quais devem ser descartadas. Os consultores recomendam que aquela peça comprada e nunca usada ou as que estão no fundo da gaveta, há mais de seis meses, saiam para dar espaço a novos looks. “É muito comum algumas pessoas esconderem uma peça ou outra porque gostam muito e não querem se desfazer. Mas a arrumação do guarda-roupa não quer dizer que a gente vai jogar tudo fora, como fazem naqueles programas de televisão. Muito pelo contrário, é o momento em que vamos ver como podemos combinar as roupas que a pessoa já têm, de um jeito que fique melhor”, explica Cintia.

Hora de renovar Com o armário mais espaçoso, é chegado o momento preferido de muitas mulheres: a hora das compras. O personal stylist acompanha o cliente nas lojas. Mas o passeio não é sinônimo de sair do shopping cheio de sacolas. “O importante não é comprar muito, mas sim ter as peças-chave. Vamos comprar o necessário, e não sair por aí levando tudo que é bonito”, ressalta a personal. Depois da mudança de visual feita, basta seguir os conselhos. A consulto-

ria toda dura aproximadamente um mês, e os preços variam. “As pessoas têm que entender que consultoria de moda não é para quem tem muito dinheiro ou para elite. Consultoria é um investimento que você leva para toda a vida. É uma necessidade, muda a vida das pessoas e a visão que os outros têm dela”, defende Cintia. A analista de sistemas Rafaela Figueiredo, 27 anos, decidiu experimentar a consultoria de moda e não se arrependeu. “Descobri meu tipo de corpo, as cores que me caem bem e, acima de tudo, fiz economia. O que não quer dizer comprar roupa barata, mas sim comprar as coisas certas, sejam elas de marca ou não”, contou Rafaela. A consultoria fez com que Rafaela traçasse uma nova resolução para 2012: ter o guarda-roupa certo. Ainda na metade do processo, a analista já vê os resultados. “Já tem o selo marido de qualidade. Não só pela melhora no visual, mas também pela economia”, conta aos risos. As principais dúvidas dela eram com relação a trajes mais formais. “Sempre tive um estilo mais esportivo e, por isso, tinha mais facilidade de comprar esse tipo de roupa. Quando me via numa

situação em que precisava de algo mais formal, ficava desesperada. Agora não, sei o que vestir sem deixar meu ar esportivo de lado”, explicou. Além de analista de sistemas, Rafaela é blogueira. Sempre antenada nas questões de moda, ela mantém o blog Beleza sem Padrão (www.belezasempadrão.com). E os efeitos da consultoria também deram resultado na web. “Depois de ter as dicas da Cintia, os looks que sugeri no blog foram mais elogiados que antes”, comentou. Fernanda Amorim, 27 anos, também entrou na onda do personal stylist. “Queria mudar várias coisas na minha vida, resolvi começar pelo visual”, conta a servidora pública. Ela se impressionou com as novidades que descobriu. “Fiquei surpresa, porque ela me mostrou coisas que eu nunca tinha parado para observar e que acabei gostando muito”, comentou. Fernanda aproveitou para cortar o cabelo e o próximo passo será pintá-lo. “Estou fazendo as mudanças aos poucos. Mas as pessoas repararam que estou mais bonita, mais arrumada. Eu era descuidada agora estou me arrumando mais”. Serviço Cintia Taira contato@cintiataira.com.br (61) 8112.3016

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Esporte

Por: Djenane Arraes | Fotos: Victor Hugo Bonfim | Ilustração: Raphaela Christina

Não precisa de

gasolina Prática do kitesurf cresce em Brasília embalada pela boa publicidade e beleza plástica do esporte

Q

uando você estiver está à beira do Lago Paranoá, ob- atingiu status de honra para qualquer modalidade: tornou-se serve linhas escuras se formando no espelho d’água. olímpico. Vai estrear em 2016, no Rio de Janeiro. Os kitesurNuma época em que a temporada de ventos ainda fistas invadiram Brasília há 12 anos, época em que pessoas está por vir – período este que vai de julho a setembro –, como o preparador físico Cristiano Montes foram às praias observar essas linhas é uma dica importante para os que de Florianópolis (SC) e do Nordeste aprender as técnicas do praticantes o do kitesurf. Estes são sinais que indicam que esporte com instrutores estrangeiros. O Google também teve está se aproximando a força essencial para erguer as imen- parcela importante no processo. “A gente pesquisou bastante sas pipas que mais parecem paraquedas. “Nesta época, na internet sobre equipamentos e tudo mais que poderia existem muitas rajadas de ventos característicos”, disse nos ajudar a entender melhor o kite. Depois começamos a Josué Victor, o mais antigo instrutor do esporte na cidade. viajar mais para o litoral a fim de ganhar mais experiência”, “Você precisa ser muito técnico para praticar este esporte lembrou Cristiano. Pelas estimativas de Cristiano, cerca de 300 pessoas foram em Brasília, e saber ler esses sinais é importantíssimo: eles formadas pelos instrutores mais antigos de Brasília: ele próservem tanto no lago quanto no mar.” Quando o vento vem, a “pipa” é empinada. São geral- prio e Josué são alguns deles. Existem outros mais que treimente enormes, com mais de cinco metros, por causa das naram nos litorais do País. Foi o caso de Leonardo Porto, que características locais. “Tudo é uma questão de configuração”, integra o Movimento dos Sem-Praia, que existe há 12 anos e explicou Josué. “Pouco vento, kite grande. Se você usa um des- agrega vários outros esportes, como wakeboard e surf . “De ses em Fortaleza, onde venta muito, vai decolar. Nas condições todos, o kitesurf é o mais viciante e mágico”, disse Leonardo. de lá, o kite precisa ser pequeno.” Para se ter a sensação do “Envolve a água, o ar e não precisa de gasolina, só da força da natureza.” A teoria de que o kite é um que é velejar em ventos fortes, como no litoral, o melhor ponto, segundo Leonardo Porto garante que os ventos na Lagoa esporte sedutor é corroborada por Formosa são tão bons quanto os de Fortaleza Josué. “Vicia tanto que tenho alunos os praticantes, é a Lagoa Formosa, lode 60 anos que não conseguem largar. calizada em Planaltina de Goiás (GO) É um ótimo refresco para a cabeça. a 80 km de Brasilia. De acordo com Até porque quando você levanta o Leonardo Porto, os ventos que passam kite, não há espaço para pensar em por ali no período de julho a setembro mais nada. Todos os problemas ficam são tão fortes quanto os de Fortaleza, o do lado de fora.” que proporciona a aliança da técnica Ainda não existe um campeonato com manobras radicais. profissional organizado na cidade e O kitesurf é um esporte patenteanão há um atleta de alto-desempenho do pelos irmãos franceses Legaignoix que se formou nas marolas do Paraem meados dos anos 1980. Não denoá. Mas os kitesurfistas promovem morou a ganhar milhares de adeptos e juntamente com empresários da importância em todo globo. Hoje, ele 46

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cidade pequenos eventos amadores. O mais tradicional, no entanto, ocorre a pouco mais de 2.400 km daqui. Trata-se do Downwind da Independência, realizado no feriado de 7 de setembro. Neste evento, os brasilienses percorrem cerca de 70 km do litoral cearense em três dias de velejo com o kite. “Existe uma equipe de apoio que acompanha por terra para qualquer eventualidade e paramos para descansar em determinadas praias”, explicou Leonardo. “Mas é um circuito muito complicado de se concluir. Com o tempo, os braços não respondem mais, os olhos ardem. Das 30 pessoas que participaram no ano passado, apenas 12 concluíram.”

Princípios do kite Os pré-requisitos para a prática do kitesurf são relativamente simples: é recomendado que se tenha mais de 40 kg e saiba nadar. O curso para colocar a prancha nos pés e sair por aí é de, no mínimo, 6 horas/vento. “Cobra-se por hora/vento, porque este é um esporte que depende das previsões climáticas. Não adianta fazer um calendário com dia e hora fixos, se não houver vento para fazer a aula”, explicou Josué. Quem também ouviu essas palavras foi Leonardo Miranda – jovem corretor de imóveis que estava interessado em aderir ao novo esporte. Ele que é ciclista, atleta amador do montain bike, conheceu o kite na internet. “O crescimento dele me chamou a atenção. Entre os esportes radicais daqui de Brasília, este foi o que mais chamou a minha atenção.” O corretor de imóveis também ouviu palavras mais assustadoras de Josué. “Este é um esporte que mata.” As palavras não são para assustar, mas sim para alertar sobre a necessidade de respeitar certas condutas e normas de segurança, como o uso de colete e do capacete. “Você pode perder o controle do kite, por exemplo, e vir a bater contra uma árvore. Não é difícil o impacto provocar lesões como um traumatismo craniano”, alertou Josué.

Outro ponto que o instrutor chama atenção é para o que ele chama de “etiqueta do kite”. Nada mais do que a necessidade de se ter boas maneiras e ser polido e cordial no trato com curiosos e outras pessoas. “Muitas vezes, numa conversa com um local, por exemplo, você pode obter dicas de pontos de rocha, corais, troncos e até mesmo de picos de vento”, disse. “A questão é que você costuma estar em posição vulnerável e em risco. Daí a necessidade de se ter etiqueta. É preciso manter a calma até com a pessoa que vem ao seu resgate, tamanhas são as peculiaridades do equipamento.” No mais, o bom é aproveitar os ventos e velejar pelas águas do Lago Paranoá. E quando a força da natureza não aparece: “A gente faz wakeboard ou anda de skate”, finalizou Leonardo Porto.

Josué Victor é o instrutor de kitesurf mais antigo de Brasília

Serviço Kite Brasília www.kitebrasilia.com.br Instrutor Josué Victor Preço: R$ 200 hora/vento

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Personagem

Por: Caroline Aguiar | Fotos: Fábio Pinheiro

50 anos

em prol do

esporte Lutador de judô, bancário e desbravador do cerrado. Essas são algumas facetas de Júlio Adnet, pioneiro do esporte em Brasília

H

á 50 anos, poucos eram os que se aventuravam em desbravar o Planalto Central. Junto com o sonho de Juscelino Kubitschek de construir uma nova capital para o país, nasceu o desafio de Júlio César Simões Adnet, então com 27 anos. Ao pousar em Brasília, Adnet não imaginava que se tornaria um dos pioneiros da geração saúde na cidade recém inaugurada. Quando começaram os primeiros boatos de que JK construiria uma nova capital, Adnet era um jovem bancário, no Rio de Janeiro. Trabalhava em uma agência do Banco do Brasil, em Copacabana, estudava Educação Física e lutava judô, já com a faixa preta em mãos. “Comecei a acompanhar todo o noticiário sobre a construção da cidade, lia tudo. A iniciativa de JK vinha a calhar

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com meus anseios. Desde muito jovem, desejava minha independência financeira, e Brasília era o lugar ideal para eu correr atrás disso”, relembrou Adnet. A primeira visita à cidade aconteceria em 1961. “Era tanta, mas tanta terra que tinha redemoinho o tempo inteiro. Era tudo marrom, Brasília parecia uma fazenda”, descreveu Adnet. Mas a paisagem, que afastaria a grande maioria, encantou o jovem judoca. “Quando vim pela primeira vez, tive certeza de que queria morar aqui”. Meses depois, Adnet deixaria para trás as praias cariocas para enfrentar o calor do cerrado. Os funcionários do Banco do Brasil que se aventurassem na mudança receberiam o dobro do salário, o que era mais um incentivo para o aventureiro. “Meu plano era vir e ficar

dois anos, tempo suficiente para juntar o dinheiro que eu queria, comprar um apartamento e voltar ao Rio. No primeiro ano, já tinha o montante que planejava, mas a vontade de ficar era muito maior que a de voltar. Resultado: nunca mais voltei”. Quando se mudou, Adnet morou em um acampamento dos servidores do banco, na 303 Sul. A pintura laminada das placas que cobriam os barracos acabou por dar o apelido de Acampamento Lâmina ao local. No mesmo ano, começou a dar aulas de judô e foi à França pedir a mão de Ana, sua esposa até hoje. Depois de um ano de dificuldades, as coisas começaram a melhorar. Júlio foi beneficiado por um enorme apartamento funcional na 114 Sul. “Coloquei meus dez irmãos como dependentes meus.


Acabei recebendo um local enorme, com vários quartos e salas. Foi bom porque queria dar conforto a minha esposa, não ia tirá-la da França para colocar em um acampamento”, relembra Adnet.

A moda pegou Mas a ampla casa lhe traria muito mais do que comodidade. O judoca começou a dar aulas de ginástica para as senhoras que tinham se mudado para acompanhar os maridos. “De manhã trabalhava no banco, à tarde dava aulas de ginástica. Eram três turmas, cada uma com mais ou menos 20 senhoras. Elas vinham cobertas com uma malha da cabeça aos pés, todas iguais. Não mostravam o corpo, afinal de contas, um homem ensiná-las a se exercitar era no mínimo estranho naquela época”, relembra o professor. Meses depois, Adnet foi chamado para uma reunião com a diretoria do

Banco do Brasil. “Entrei na sala e tinha diretor de tudo quanto era coisa. Eles me chamaram para falar que havia um abaixo-assinado contra a minha presença no prédio. As pessoas estranhavam o entra-e-sai de tanta mulher”. Depois de explicado o motivo da movimentação, o que era para ser uma punição acabou virando propaganda. O número de alunas aumentou tanto que ele teve que passar as aulas para a Escola Rosário, onde já dava lições de judô. O envolvimento com as aulas começou a ficar tão grande que Adnet acabou deixando o Banco do Brasil. “Depois de 16 anos de casa, comecei a ver que aquilo não tinha nada a ver comigo. São poucos os que têm coragem de abrir mão da estabilidade, mas eu fiz. Morria de medo de acontecer alguma coisa, perder as condições físicas de dar aula e ficar a ver navios, mas não dava mais”, conta o judoca.

Condecorações recebidas por Adnet Mérito Desportivo Nacional – Presidência da República Mérito Alvorada - Governo do Distrito Federal Oficial da Ordem do Mérito de Brasília Moção de Louvor – Câmara Legislativa do DF Mérito Santos Dumont – Ministério da Aeronáutica Mercador Candango – Sistema Fecomércio do DF Notável Saber – Conselho Regional de Educação Física Cidadão Honorário de Brasília – Câmara Legislativa do DF Honra ao Mérito – Clube dos Pioneiros de Brasília

Adnet não abre mão de acompanhar de perto tudo o que acontece na academia

Em 1970, foi inaugurada a primeira academia da cidade com a marca Julio Adnet. Na 709 Sul, o prédio de arquitetura japonesa chamava atenção. Com o tempo, o local ficou pequeno, e as atividades foram transferidas para a 110/111 Sul. A nova estrutura abriga várias modalidades de esporte, além da musculação.

Comemoração Para a família Adnet, 2012 é ano de festa, afinal de contas, a academia completa 50 anos. “Não foi fácil vencer as dificuldades. Imagina um cara sair de uma capital, vir para o interior, implantar uma ideia que era completamente nova”, observa o professor. Aos 77 anos, Adnet não dá mais aulas de judô, mesmo sendo faixa vermelha, o nível mais alto do esporte. “Se eu tiver uma queda daquela, não levanto”, conta aos risos. Mas ele não abre mão da ginástica e da musculação e dá a dica: “Quer envelhecer com qualidade? Faça ginástica”. Mesmo cuidando da administração da academia, juntamente com a esposa Ana, Adnet quer aproveitar. “A gente chega numa idade em que tem que fazer coisas diferentes. Eu e Ana vivemos viajando, aproveitamos para conhecer vários lugares”. Para não ficar parado no tempo, ele estuda informática. “É muito chato, mas não tem jeito, a gente tem que aprender esse negócio”, reclama. O judoca tem dois filhos, Alexandre e Adriana, e dois netos, Juliana e Gabriel. E admite ser um avô para lá de ciumento. “A minha neta é linda, até evito sair com ela na rua para não arrumar confusão. E, quando saio, fico olhando para baixo para não ver os marmanjos olhando para ela”, explica. Mesmo gostando de Brasília e sendo grato por tudo que a cidade lhe ofereceu, Adnet se queixa. “Para estudar, trabalhar e criar os filhos, é uma cidade maravilhosa. Mas Brasília perdeu o sentimento, esqueceram a essência”. Para o judoca, as pessoas pouco conversam e mal se olham, o que empobrece as relações e dificulta o dia a dia.

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Saúde

Por: Pedro Wolff | Fotos: Victor Hugo Bonfim

Acupuntura:

medicina oriental para o

organismo A

filosofia milenar da acupuntura é velha conhecida. Mas o que muita gente não sabe é que a abrangência de prevenção e da cura de enfermidades pode se estender também para fins estéticos. E que ela age em nosso organismo por meio do sistema nervoso. A acupuntura pode “corrigir” aspectos da beleza. Segundo o acupunturista Marcelo Sartório, a milenar ciência chinesa promove saúde quando se combate as rugas e outros fatores que geram desconforto nas pessoas. “Quando restabelecemos a face, o fazemos de dentro para fora”, explica. Sartório diz que é diferente dos tratamentos médicos convencionais “em que as pessoas ficam com uma aparência plastificada. Se a acupuntura lhe faz parecer mais jovem é porque realmente você está mais jovem”. No caso de rugas, as agulhas são utilizadas para relaxar o excesso de movimento de determinados músculos da face. “Tem o mesmo efeito do botox, só que sem o uso de toxinas”. De acordo com Sartório, diferente das técnicas ocidentais que pretendem mascarar os sinais de envelhecimento, a acupuntura estimula o afloramento das energias vitais saudáveis e melhora a circulação do sangue e da energia. O terapeuta complementa que tem resultados muitos bons para emagrecimento por meio de redução do apetite, aceleramento do metabolismo e aumento do funcionamento dos órgãos de excreção. A técnica atua também na gordura localizada, estimulando a linfa do organismo. Outro uso pouco conhecido da acupuntura é na alimentação. A filosofia oriental classifica os alimentos pela sua qualidade energética. Dessa forma, explica Sartório, se uma pessoa tem

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muito calor interno, deve optar por alimentos de qualidade fresca, como folhas verdes claras, pera, hortelã e alecrim. “Se o organismo apresentar muito frio interno, é recomendado consumir alimentos de qualidade quente - carnes ensopada, gengibre e curry”, diz Marcelo Satório.

Ciência pura A acupuntura é um sistema concebido e desenvolvido na China há mais de cinco mil anos, que procura restabelecer a saúde através da harmonização do indivíduo com seu ambiente. Ela trata dos estímulos sobre pontos específicos do corpo, a fim de conciliar a fisiologia como o corpo emocional. A acupuntura foi reconhecida pela medicina brasileira em 1984. O coordenador de acupuntura da Secretária de Saúde do Distrito Federal, o médico Fernando Genschow, comenta aspectos importantes para se levar em consideração. Primeiro essa visão nossa ocidental de considerar as leis que regem a filosofia oriental com suas conhecidas terminologias chamadas Chi (energia), Yin Yang, meridianos não são esotéricos nem tampouco poéticos. “São apenas a linguagem da época. Hoje nossa linguagem médica é outra. Todo o conhecimento chamado de filosofia oriental é bastante racional e descritivo dos fenômenos orgânicos e neurológicos. Sendo ciência pura, apenas no contexto da época”, diz. O médico, que estudou acupuntura na China, diz que esta ciência é praticada como especialização médica e que as duas linguagens são conciliadas: a milenar e a contemporânea. É possível conciliar esses dois mundos. Segundo Fernando Genschow, o princípio científico que rege a ciência milenar das agulhas é o da inervação ou integridade neurológica dos tecidos. “Quando aplicamos uma agulha, o acupunturista não visa à pele e sim aos neuroreceptores”, diz. Fernando prossegue afirmando que no passado foram realizados experimentos científico em que foi tirada a inervação de animais, literalmente cortaram os nervos. Sem a condução nervosa, a acupuntura não tinha efeito. Dessa forma, na visão de Fernando Genschow, a acupuntura é a aplicação

prática dos conhecimentos da neurologia. “Por isso esse profissional tem que conhecer bem a neurologia médica para aplicar bem a milenar ciência das agulhas”, opina. Dessa maneira, o campo de atuação é baseado na estrutura neuro-imuno-endócrino do nosso organismo. Referindo a ligação direta que o sistema nervoso tem sobre os sistemas imunológicos e endocrinológicos. A acupuntura segue o caminho do sistema nervoso periférico até o central que está irradiado ao endocrinológico e imunológico. Com esta forma de atuação, ela pode tratar de diferentes mazelas no organismo. Desde lesões neurológicas, aos órgãos internos, perfil imunológico. E diferentes funções do ser dentro da neurologia, como sono, humor. Porém não trata de tudo, como por exemplo, câncer, gravidez tubária rota, intervenções cirúrgicas como apendicite, entre outros.

Prática Milenar Para aprofundar na acupuntura dentro da filosofia oriental, a primeira coisa é conhecer o conceito do Chi (pronuncia-se ti). Marcelo Sartório explica que para a filosofia oriental, ele é a manifestação da energia intrínseca a todas as coisas. Os diferentes níveis de concentração de energia dão a definição a tudo que existe. Em uma tradução mais simples do chinês para o português, o Chi seria energia. Em sânscrito é “prana” e “ki” na linguagem japonesa. O Chi compõe tudo, seja nosso organismo, objetos imateriais seja o meio ambiente. Ele, dentro dos preceitos do taoísmo, é formado por duas essências básicas, norteiam sua concentração: o yin e yang. Para explicar essa lei que rege o universo do Tao, é só compreender o desenho mundialmente conhecido que o representa. São duas forças opostas em movimento circular, porém uma pequena parte da energia oposta está contida dentro da outra. Dessa forma, são energias opostas e complementares. Entre inúmeros exemplos, o yin (preto) pode compreender como a energia mais densa, material e palpável. O yang (branco) é o mais móvel, imaterial e invisível. De acordo com a filosofia

oriental, todo o universo é dividido nessas duas manifestações. No corpo humano, a parte yin é a pele mais clara protegida, as partes internas do corpo como a das cochas e dos braços. O yang é o dorso e peitoral. A energia Chi corre por nosso corpo por meio 12 linhas de energias comuns em oito meridianos. A acupuntura age nesse “circuito”. Ela é a parte que trata dos estímulos sobre pontos específicos do corpo a fim de harmonizar a fisiologia assim como o corpo emocional. Por meio dessa corrente de energia yin yang que passa por nosso corpo por pressão em 365 pontos ordinários e mais de 1.200 pontos específicos ou extras. Na medicina tradicional chinesa, uma enfermidade é causada pelo estancamento de energia, ou desequilíbrio da energia entre um órgão e outro. A acupuntura busca a harmonização dessa energia, ou seja, para um corpo funcionar com saúde, deve haver circulação de energia. Marcelo Sartório explica que, se um indivíduo apresenta distúrbios dos excessos, a intervenção por meio das agulhas é feita para acalmar ou sedar. Se o paciente estiver com pouca energia, o acupunturista atuará tonificando a sua energia. “É possível atrair energia para aquela parte do corpo desvitalizada eliminando a dor e restabelecendo o movimento correto”, comenta. Ele explica que independentemente do problema que a pessoa tenha de saúde, a acupuntura pode ser um eficaz meio para o alívio de dores e para acalmar sistema nervoso. Ela estimula o funcionamento correto dos órgãos internos e promove, entre outras coisas, a melhor qualidade do sono, movimentos intestinais satisfatórios, assim como um bom estímulo regulatório de todas as glândulas do corpo. O mais importante é não deixar doenças que só podem ser detectadas por exames laboratórios ou radiológicos passarem despercebida. Serviço Instituto Tai 705/905 Sul Edifício Mont Blant Sala 522 (61) 3244.9511

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Boa Forma

Por: Djenane Arraes | Fotos: Djenane Arraes

Emagrecer

é atitude

Atividades físicas personalizadas com 30 minutos de duração trazem sucesso em 80% dos casos

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explicou longe de ter tons esotéricos. “O seu corpo faz de tudo brasileiro passou a brigar com a balança. De acordo para conservar a gordura, que é a energia. Por exemplo, se com dados divulgados pelo Ministério da Saúde em você passa a comer menos, o metabolismo se altera e o seu dezembro passado, 50,1% dos homens e 48% das mucorpo vai começar a consumir massa muscular em vez da lheres estão acima do peso. Os números assustadores soaram gordura.” A solução é encontrar a margem de emagrecimento o alerta e, hoje, o Ministério da Saúde classifica a obesidade de cada organismo e trabalhar em cima. Daí a necessidade de como uma doença epidêmica. Mesmo com toda a informação uma avaliação física adequada para tal. e estímulos para que a população mude hábitos, a briga com a O método de exercícios personalizados por 30 minutos balança parece um sofrimento sem fim. Mas o embate contra vem sendo desenvolvido há cerca de 20 anos. Guilherme os quilos a mais não precisa ser um martírio. Tudo pode ser graduou-se em Educação Física pela Universidade de Brasília uma questão de disciplina mental aliado às atividades físicas. numa época em que o regime militar influenciava até na “O emagrecimento começa no cérebro”, defende Guimaneira de se exercitar. “Éramos submetidos a avaliações lherme Pontes, educador físico e sócio da Fit 30 Min. “A baseadas em desempenho: se eu corresse mais, ganhava uma obesidade também está associada a componentes culturais. nota melhor.” O pensamento do professor modificou-se ao Estamos numa sociedade em que associa culto ao corpo como longo do tempo, principalmente ao procurar informações comportamento de uma pessoa fútil.” O professor se refere interdisciplinares. Estudos e teóricos da Administração também às celebridades que frequentam especialmente sites forneceram grande ajuda em particular. “Aprendi a ouvir a e revistas de fofocas. São, em geral, pessoas que pouco tem demanda das pessoas”, disse. Guilherme a acrescentar, e garantem a fama com a entende que depois de alcançar e manajuda de um corpo perfeito e beleza natuter as necessidades básicas, o indivíduo ral. “Não se pode pensar por aí. Eu prefiro parte para a conquistas de outros valores acreditar em um corpo saudável para um como a segurança e a auto-realização. intelecto bonito. Não se pode sentir culpa “Isso também passa pela imagem do por buscar saúde, afinal, nosso corpo é a próprio corpo.” nossa casa e precisamos cuidar bem dele.” No desejo de se ter um corpo pelo menos magro, há quem apele para as Programa personalizado mais bizarras fórmulas. As pessoas estão “O que vendemos aqui é emapré-dispostas a se submeterem as dietas de grecimento, flexibilidade e aptidão sopas com case nas fases da lua, outras vão física”, disse Guilherme se referindo as para uma academia de ginástica para se atividades desenvolvidas dentro da Fit exercitar até a exaustão. Guilherme Pon30 Min. O objetivo é fazer com que o tes tem outra linha de pensamento. Ele indivíduo tenha autonomia física. Uma desenvolveu uma metodologia em que 30 academia comum procura proporcionar minutos de atividade física personificada um ambiente de socialização. Guilherme pode trazer resultados positivos. “A coisa acredita que o ambiente social está em mais importante do universo é a energia”, Guilherme Pontes, sócio da Fit 30 outros lugares: em casa, no trabalho, na

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igreja, em eventos. “Nossos clientes tendem a ser pessoas mais reservadas. Aqui eles vêm para fazer exercícios orientados pelos professores. Depois se arrumam e vão embora, aí sim para os lugares onde devem se socializar”, explicou. “Somos mais caros que uma academia comum e mais baratos que pagar um personal trainer.” Tudo começa pela avaliação física e a partir daí são definidas as metas dentro do que é possível alcançar naquele dado momento. “Muitas vezes uma pessoa chega numa academia disposta a fazer sacrifícios para poder curtir a praia. Ela acaba se frustrando quando não consegue. É por isso que nós ressaltamos que o plano de treinamento é elaborado em cima daquilo que é possível”, disse. Além do treinamento, a pessoa ainda tem à disposição o acompanhamento de uma equipe interdisciplinar com nutricionistas, médico e fisioterapeuta. Antes de cada aula, por exemplo, os alunos têm a pressão medida para saber se é possível realizar as atividades. “Houve vários casos do aluno não estar apto. Certa vez uma aluna teve a pressão medida e foi barrada em uma, duas aulas. Ela saiu irritada, mas quando fez a consulta, o médico nos deu razão.” Os resultados, garante Guilherme, são alcançados em 80% dos casos. E quando não dá certo? Neste caso é preciso verificar se existiu real comprometimento. “O maior sabotador deste método é o próprio indivíduo.” É também um sinal de que o cérebro ainda pensa “gordo”. De fato, o emagrecimento começa na cabeça.

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Moda

Por: Andréa Monteiro

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or que não arrasar, garimpando roupas em liquidaçao? Carnaval, festa, sol e praia pedem roupas frescas, irreverentes, com muita cor e brilho! Além dos acessórios, arranjos, colares e pulseiras, que não podem faltar! Afinal, no carnaval, podemos ser tudo!

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Comportamento

Por: Caroline Aguiar | Fotos: Jailton Gomes

Soltando as feras Letícia Teles

Janaína Alacoque

Grupo de 24 mulheres ilustra calendário para ajudar vítimas de violência e acaba se redescobrindo

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rofessoras, empresárias, vendedoras, donas de casa, mães. Mulheres comuns, que se desdobram para trabalhar, cuidar da casa e educar os filhos. Foram elas que ocuparam as páginas de um calendário, espaço frequentado, até então, pelo padrão das modelos altas, magras e de corpos sarados. A ideia foi de um estúdio de fotografia, já ganhou as ruas e até se transformou em documentário. Para 24 mulheres, o calendário de 2012 deixou de ser um mero enfeite para se transformar em um troféu. Elas foram fotografadas por Jailton Gomes, que tem 49 anos, dos quais 22 foram dedicados à profissão. Mais do que posar para fotos, as modelos criaram personagens e descobriram facetas que nem elas mesmas conheciam. Lançado no dia 13 de dezembro, o calendário foi intitulado de Árvore da Vida. O sucesso foi tanto que foi filmado um documentário, de mesmo nome, com as mulheres fotografadas. Além da realização pessoal de cada modelo, a folhinha teve outro papel importante. Metade da verba arrecadada com as vendas será doada para a Casa Abrigo, instituição que acolhe mulheres vítimas de violência. 56

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O cunho social da iniciativa acabou trazendo para perto da equipe de produção uma realidade que parecia distante. Das 24 mulheres que participaram, seis admitiram ter sofrido com a violência dos maridos. “No meio da produção tive que ir à delegacia com uma das participantes, porque ela tinha sofrido violência. Isso abre os nossos olhos, porque parece uma coisa distante, de classes mais baixas, mas não é. Todas as mulheres aqui têm uma situação financeira boa, são bem sucedidas no trabalho e várias delas foram violentadas, seja física ou psicologicamente”, relatou Eloia Gomes, produtora do projeto. A doação da verba também foi um dos motivos que estimulou a vendedora, Dardja Rubem, 41 anos. “Ser convidada foi um privilégio, mas poder ajudar foi o que mais me incentivou. A gente vive achando que faz alguma coisa por essas pessoas, dá dinheiro, mas na verdade não faz nada, isso não tem efeito algum. Me encantou o que havia por trás projeto”, explicou.

Redescoberta

Quando a ideia surgiu, o objetivo era mostrar a beleza que havia no dia

a dia, nas mulheres que estão andando pelas ruas e nem sempre são valorizadas ou reconhecidas como mereciam. Mas, a partir do momento que os ensaios começaram a ser produzidos, os efeitos extrapolaram as expectativas. Cada uma começou a se descobrir e se ver de outra forma. Encararam realidades que não queriam encarar, enfrentaram o espelho e acabaram dando de cara com frustrações e desejos que estavam escondidos. Do seu próprio jeito, elas retrataram essa descoberta nas fotos. Sensualidade, raiva, delicadeza, agressividade e charme se misturam às novas personalidades que surgiram. Letícia Teles, 43 anos, descobriu uma beleza que não sabia que existia. “Cheguei para o ensaio pedindo que ele editasse as imagens e me deixasse com 20 anos. Só depois fui perceber que meus 40 anos também têm a sua beleza e ela não é pior ou melhor do que a dos 20, é simplesmente bela”, reflete a professora. Ela conta que o ensaio fez com que ela se encarasse. “A lente só para mim me fez olhar para o espelho, me ver como eu sou. Me senti única, valorizada. É algo que sai de dentro da gente e que não dá para explicar”, relembra Letícia. Isso tudo fez com que ela começasse a se cuidar melhor. “Sempre fui muito vaidosa mas, depois do ensaio, resolvi olhar mais para mim. Mudei um pouco meu estilo, estou usando roupas e maquiagem mais colorida. Não preciso esconder meu corpo. A violência muitas vezes é


Dardja Rubem

pessoal, a gente tem que se tratar bem”, afirma. Letícia aproveitou a revigorada na autoestima para fazer lipoaspiração e colocar silicone nos seios. O armário da empresária Rosângela Vieira, 38 anos, também sofreu os reflexos da experiência. O colorido tomou conta, e os tamanhos encurtaram. “Não usava peças que deixassem os braços ou pernas de fora. Meu estilo era muito inspirado em uma madrinha minha. Aí meu figurino era todo de uma cor só. Se o terno era azul, a roupa toda era azul”, lembra. Depois do ensaio, as mangas longas deram espaço às alcinhas e ao tomara-que-caia. “Saí comprando tudo quanto foi roupa. Troquei meu armário quase todo”, acrescenta. Rosângela se mostrou uma fera durante o ensaio. As fotos super sensuais mostraram o mulherão que estava escondido. “Sempre fui muito retraída, tinha vergonha de fazer o que eu queria. Sempre me via pequenininha, miúda. Só nas fotos fui perceber como sou grande e bonita. Até travei a hora que vi as imagens”, conta. O autoconhecimento mudou a relação da empresária com o próprio corpo. “Sempre gostei de lingerie, tenho gavetas cheias delas. Mas nunca vestia para me ver, às vezes comprava e nem usava. Hoje, eu visto para me olhar no espelho e me apreciar”. O fotógrafo Jailton Gomes acompanhou todo o processo de reconstrução dessas mulheres. “Até aquelas que queriam se conter não conseguiram. Se foi bom para elas, imagina para mim”, comentou.

Família Janaína Alacoque, 35 anos, chegou à conclusão de que nem mesmo anos de terapia teriam o mesmo resultado. “Foi muito difícil aceitar o convite e começar. Estava justamente no início do processo de divórcio, com os sentimentos à flor da pele. Mas foi muito bom, porque me ajudou a colocar para fora”, relembra a professora. Um dos receios de Janaína era a reação do casal de filhos. “Quando a gente é mãe, sempre imagina o que eles vão pensar, afinal de contas, nós somos exemplos e não queremos decepcionar”, admite. Mas o resultado não poderia ter sido melhor, quando viu as fotos, o filho de cinco anos exclamou: “Mamãe, tenho tanto orgulho de você!”. A repercussão entre os familiares foi ótima. Mães, pais e filhos elogiaram. Mas ninguém ficou mais satisfeito do que os maridos. “Meu marido sempre me olhava e eu achava que ele estava observando meus defeitos. Ele estava apenas me admirando e eu aprendi a enxergar isso. Ele reparou que eu mudei, disse que tem um brilho diferente nos meus olhos”, conta Letícia. “Todas as mulheres são desejadas por alguém. A mulher que não é desejada é porque tem problemas de autoestima. Não existe mais ou menos belo, todas têm uma beleza”, concluiu Jailton. Serviço Foto e Filmagem Art Digital SCRS 509 W3 Sul Bloco C Loja 55 Shopping Galeria (61) 3242-0163

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Cultura

Rosa Por: Djenane Arraes | Fotos: Vitor Sá

encontra a

Divina

Sob as bênçãos de Elizeth Cardoso, a cantora Rosa Passos lança “É Luxo Só”.

C

erto dia, Rosa Passos recebeu de um amigo o acervo completo da obra de Elizeth Cardoso, também conhecida como “Divina”. Junto com o presente veio um bilhete: “Elizeth está esquecida e você poderia ser a pessoa que a traria de volta à lembrança do público”. Desafio feito, desafio cumprido. Depois de dois meses de pesquisa de repertório e cinco dias de gravação no formato ao vivo no estúdio, Rosa Passos rememorou a ídolo de gerações por meio do disco “É Luxo Só”, lançado pela Biscoito Fino. Em vez de um repertório óbvio que marcou a carreira da Divina – canções como “Barracão” e “Naquela Mesa” –, Rosa preferiu seguir um caminho inusitado. Incluiu no disco clássicos como “Diz que Fui Por Aí”, imortalizado pela voz miúda de Nara Leão, ou “As Rosas Não Falam”, de Cartola. “Mas o que pouca gente sabe é que Elizeth foi a primeira a gravar essas músicas”, explicou. “Eu também não me vejo cantando ‘Barracão’ ou ‘Canção do Amor Demais’”. A canção título foi um presente que Elizeth recebeu de Ary Barroso. Ele estava acompanhando um ensaio e achou que o show carecia de um final mais virtuoso. Então pediu para que Elizeth passasse à noite na casa dele. A cantora atendeu ao pedido do compositor e foi surpreendida com “É Luxo Só”. Adorou. “Inclusive, já havia gravado essa música. Eu a incluí no CD ‘Pano Para Manga’. Essa agora foi a minha segunda leitura e o nome do disco foi escolhido propositadamente por causa desta história”, disse.

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“É Luxo Só” chama a atenção pela interpretação que Rosa Passos imprime ao repertório. Está aí um cuidado especial que ela procura ter não apenas neste disco, mas em toda a obra dela. Afinal, são 16 discos de carreira onde ela apresenta as próprias composições e também faz um trabalho peculiar como intérprete de grandes mestres do cancioneiro popular brasileiro. “É um desafio sempre você fazer uma homenagem a uma cantora como Elizeth Cardoso. Foi a mãe de todas as cantoras, como disse Chico Buarque. E é verdade”, afirmou. “Você precisa imprimir a sua personalidade numa música que já foi interpretada por outros cantores. É aí que você tem que ter um diferencial, senão vai cair num lugar comum e tende a cantar igual a outra pessoa. Isso não é uma homenagem. É um cover.” “É Luxo Só” foi gravado em cinco dias no esquema ao vivo no estúdio. “Gosto mais assim porque a gente pega toda energia e emoção junto com os músicos. Fica aquela coisa boa, quente”, explicou. “Nem tudo mundo faz isso, porque é muito difícil. Você precisa estar firme e ter afinidade com os músicos. Mas eu já faço isso há muito tempo e gosto de gravar assim. Essa coisa de você procurar cabelo em ovo não é comigo.”

Carreira Internacional Além do timbre único da baiana erradicada em Brasília, o disco tem forte base jazzística e, ao mesmo tempo, fácil de cair no gosto popular. Está aí uma mistura não muito fácil de


conseguir, o que só aumenta os méritos da obra. O resultado está nas boas vendagens. É um dos mais populares lançados por Rosa. Está aí mais uma vitória para uma carreira iniciada de forma peculiar. Ela tornou-se uma das artistas brasileiras atuais mais respeitadas no exterior. Atraiu o público ao apresentar uma música brasileira e internacionalizada, ao mesmo tempo. Não demorou a ser convidada aos maiores festivais de jazz da Europa e dos Estados Unidos. Rosa Passos é doutora honoris causas da Berkeley Jazz School, que é uma das maiores e mais importantes do mundo. Para completar, ela foi atração no Lincoln Center no Carnegie Hall, em Nova York. “Toquei em 35 países do mundo, passei 18 anos viajando para o exterior junto com grandes músicos. A imprensa estrangeira dizia que meu jeito lembrava Ella Fitzgerald. Mesmo assim passei cinco anos sem tocar no meu país por falta de convites. Tem gente que achava que eu morava em Nova York, ao passo que sempre estive aqui em Brasilia”, justificou. Mas esta realidade começa a mudar. Embora ainda seja um nome brasileiro forte no cenário internacional, o santo de caso começa a fazer milagre e Rosa Passos não é mais um nome distante para as pessoas do próprio país. São Paulo, por exemplo, é uma das praças que a recebe na atualidade, em especial por causa do circuito formado pela rede de teatros SESC. Ainda não é suficiente. Rosa ainda almeja tocar mais no Rio de Janeiro. “Os fãs querem que eu vá para lá, mas as propostas não são apropriadas. Não é arrogância

minha, mas eu tenho uma carreira e idade que me permite não entrar em um esquema qualquer. Não posso sair tocando em qualquer lugar e de qualquer jeito. Mas soube que não é algo comigo: é uma dificuldade da própria cidade por causa da falta de espaços.” Mas e Brasília? Rosa escolheu justo a capital para o lançamento de “É Luxo Só”, que acontece nos dias 2 e 3 de março, no Teatro Oi Brasilia. Além dos clássicos de Elizeth Cardoso (serão nove faixas do disco), a cantora promete interpretar clássicos de Djavan. Aliás, este é o próximo projeto de Rosa: gravar só canções do compositor alagoano. “Adoro ele. Gostaria muito, inclusive, que ele cantasse uma faixa comigo”. Depois da capital, os possíveis destinos de Rosa são Belo Horizonte, Salvador e São Paulo. Quanto ao resto do Brasil, tudo que ela precisa para comparecer e ecoar sucessos da Divina, além de outras grandes canções, é de um bom convite. Serviço Rosa Passos É Luxo Só www.biscoitofino.com.br

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Cinema

Por: Caroline Aguiar | Fotos: Fábio Pinheiro

Bons ventos no cinema da capital

O cinema de arte volta às telas de Brasília. Depois de ficarem sem espaço, os admiradores da sétima arte ganham duas novas opções

O

s tempos difíceis para os cinéfilos de Brasília parecem ter chegado ao fim. Depois de terem perdido as salas da Academia de Tênis e da Embracine Casapark, os apreciadores do cinema de arte podem comemorar a inauguração de dois novos empreendimentos voltados para esse segmento. O Cine Cultura, no Liberty Mall, e o Espaço Itaú de Cinema, no CasaPark, vieram com a proposta de apresentar ao público as películas que não estão inclusas no circuito comercial. Em maio de 2010, as salas da Academia de Tênis foram fechadas. Logo elas que eram as mais freqüentadas pelo caráter alternativo da programação. A causa foi um incêndio provocado por material usado na reforma das salas. Três delas foram atingidas, mas todo o espaço foi interditado para perícia e nunca mais reabriu. Em 2009, o cinema teve o alvará de funcionamento negado pelo Corpo de Bombeiros, que encontrou 39 irregularidades. Mas continuava funcionando por causa de liminares na justiça. Sem o espaço aconchegante da Academia de Tênis, restou aos cinéfilos a programação mais limitada e comercial oferecida pela Embracine, no CasaPark. O último reduto foi fechado em maio de 2011 por dificuldades no pagamento dos aluguéis do espaço no shopping. Os cinéfilos ficaram por quase um ano sem opções de cinema alternativo nas grandes salas. A espera terminou em dezembro do ano passado, com a abertura do Espaço Itaú. Com capacidade para receber até 1.157 pessoas, a

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iniciativa é um sucesso. As filas se estendem cinema afora aos finais de semana, e os corredores do shopping ficam movimentados pelos espectadores que aguardam o horário da sessão. O Cine Cultura foi reaberto no início de janeiro com decoração charmosa. Na entrada destacam-se frases e imagens de personagens famosos. A luz baixa nos corredores conduz os espectadores às quatro salas de 110 lugares cada. Todo o ambiente é apropriado ao clima introspectivo que caracteriza o cinema alternativo. À frente do Cine Cultura, o produtor de cultura e ex diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Nilson Rodrigues, explica qual o intuito do novo empreendimento. “Vamos ter em cartaz filmes que estão fora do circuito comercial, com dificuldade de penetração no mercado, aqueles que não são os hollywoodianos. As produtoras têm uma oferta razoável desses filmes. Eles são apresentados nos grandes festivais, mas não conseguem chegar aos cinemas”, detalha o novo proprietário, que teve empreendimento semelhante em Cuiabá, capital de Mato Grosso. Rodrigues comemora a boa aceitação do público nos primeiros dias e acredita no potencial do cinema de arte em Brasília. “Aqui tem uma parcela significativa de espectadores que apreciam esse tipo de produção, por isso quis investir nesse negócio, acho que tem tudo para dar certo”, afirma. Ele ainda lembra que esse público sempre existiu. “Não há uma retomada do público. O que existe é


uma retomada do próprio cinema. O público sempre esteve aí, mas estava sem opções por questões circunstanciais”. Segundo Rodrigues, de 2.300 salas existentes no Brasil, aproximadamente 300 são destinadas ao cinema de arte. O cineasta e professor de audiovisual, Sérgio Moriconi, acredita que a pressão das produtoras de filmes alternativos teve forte influência sobre a reabertura das salas destinadas ao segmento em Brasília. “As próprias distribuidoras ficaram preocupadas com a falta de espaço para vender seus filmes. Eles chegavam a ligar para o antigo dono da Academia de Tênis perguntando se ele não abria um novo cinema. Os filmes menos populares ficavam sem pai nem mãe”, conta Moriconi. Ele ainda afirma que essa retomada era inevitável, pois, além da pressão das distribuidoras, havia a demanda do público que, em Brasília, é muito fiel. “Estamos de parabéns por termos reconquistado esse espaço. O público cinéfilo estava desesperado, eles não conseguiam ver os filmes que estavam em cartaz no Rio e São Paulo. E as pessoas que gostam de cinema de arte são muito fiéis, chegam a assistir filmes cinco vezes por semana”.

co menor. Até pagar as contas, tem que lançar filmes de imediato apelo popular. É uma tática para iniciar o empreendimento”, avalia. Independente da motivação, roteiros como “Aventuras de Tintim”, “Alvin e os Esquilos” e “Sherlock Holmes” passaram pelas salas de cinema cult brasilienses. Outros tantos devem continuar dividindo espaço com obras de diretores como Lars Von Trier, Terrence Malick e Daren Aronofsky.

Cine Brasília Em 1960, juntamente com todo o conjunto arquitetônico da nova capital federal, foi inaugurado o Cine Brasília, na 106/107 Sul. Com desenho de Oscar Niemeyer, foi concebido para ser a casa da sétima arte na cidade e, desde o lançamento, abriga o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

O Festival de Brasília do ano passado trouxe uma boa nova: o espaço não fecharia depois do evento. De fato ele continuou aberto, reprisando clássicos e dando lugar a outros festivais. No entanto, depois de cinco meses de funcionamento, as portas vão voltar a fechar. A partir do dia 5 de fevereiro, as programações seriam interrompidas para reforma. Como é de costume, os defeitos da estrutura serão maquiados para receber o Festival de Brasília, que acontece em setembro. As paredes serão pintadas e a iluminação melhorada. De acordo com Cibele Amaral, administradora do cinema, a proposta é continuar as atividades depois do Festival, como em 2011. “O funcionamento constante está dando muito certo. O cinema está sempre cheio, principalmente aos finais de semana. Brasília tem essa sorte de ter

Diversidade No entanto, o sonho dos cinéfilos de terem uma sala exclusiva para eles ainda está longe de ser realizado. Os dois cinemas inaugurados dão prioridade à vertente alternativa, mas também exibem filmes comerciais. É uma abertura que dá margem a diferentes justificativas. Para Nilson Rodrigues, os filmes comerciais entram em cartaz para oferecer opções aos espectadores. “É sempre bom manter esses filmes, porque eles também têm as suas qualidades”, defende. Já Sérgio Moriconi vê a questão por outro ângulo. “Os aluguéis nos shoppings são caríssimos. O proprietário de um cinema não consegue ter lucros apenas com os filmes alternativos. Não se pode apostar num públi-

Nilson Rodrigues aposta no sucesso do cinema de arte sem deixar de lado os holywoodianos

Com capacidade para 600 pessoas, o espaço passou por períodos de abandono interrompidos apenas pelas reformas e efervescência trazidas pelo festival. Quando está em funcionamento, o Cine Brasília também é uma das opções para os adoradores do cinema de arte. Além das sessões, ele recebe mostras, outros festivais, seminários e debates.

um público de cinema de arte”, avalia Cibele. A programação para depois do festival será elaborada durante o período de reforma. Serviço Cine Cultura Programação no site www.cinecultura.com.br Espaço Itaú de Cinema Programação no site www.itaucinemas.com.br

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Fabio Pinheiro

Gastronomia Por: Pedro Wolff e Lígia Moura

Pit Stop

Fabio Pinheiro

Fabio Pinheiro

Fabio Pinheiro

24 horas

A franquia Quizno escolheu Brasília para começar suas atividades no Brasil

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eliciosa novidade em Brasília. A franquia estadunidense de sanduíches submarinos Quizno escolheu Brasília para iniciar suas atividades no Brasil. Desde dezembro, o público brasiliense está frquentando as três unidades da loja em Brasília, na 409 Sul, 311 Norte e na ST SIA, Trecho 1, Lotes 10/40. Às margens da EPTG. Todas ela são abertas 24h e a rede pretende trazer mais duas para a cidade. O Quizno segue uma linha saudável de sanduíches submarinos, tendo como concorrente direto o Subway. Mas o diferencial é o conceito de sanduíche gourmet. É o que garante Luiz Antonelli. “É o recheio. Todas as nossas opções são elaboradas por nosso cheff de cozinha. Dessa forma, a combinação de sabores é harmoniosa”. Ainda no conceito gourmet, Antonelli fala que o Quizno trabalha para dar o mesmo sabor da primeira até a última mordida. A casa oferece como opção de carnes premium, frango, especiais da casa e tem também alternativas para vegetarianos. O ranch clássico feito com espécie de manteiga de leite, maionese especiarias, ervas suaves. O zesty que é um molho agridoce com um toque de pimenta do reino. E o molho de vinagre balsâmico com alho parmesão. O Quizno oferece também sopas de queijos, brócolis e palmito e saladas. Quem experimentou a franquia do Quizno adora o pão tostado, mas sem gosto de queimado. É o que assegura Pedro Neto, o diretor executivo da franquia. Essa textura é graças ao forno patenteado da franquia que permite o pão ficar dourado e tostado na borda, derrete o queijo e deixa a carne quente. Pedro completa que a salada é posta logo depois para completar o sabor. Demorou seis meses de estudos para o Quizno se adaptar ao cardápio brasileiro. E teve que mudar 30% dele para agradar ao paladar brasileiro. O cheff Zach Calkins, responsável pela franquia, viajou por todo o Brasil para elaborar o cardápio nacional. Serviço SQS 409, Bloco D, Loja 30; SQN 311 (uma loja piloto no posto de gasolina, em parceria com a BR), ST SIA, Trecho 1, Lotes 10/40. Às margens da EPTG

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Victor Hugo Bonfim

Victor Hugo Bonfim

Na esquina de

Victor Hugo Bonfim

Brasília,

Q

um pedacinho de

Minas Gerais

Amantes da culinária mineira podem matar a saudade da terrinha

uem é mineiro legítimo não deixa a tradição culinária para trás. Vendo essa oportunidade, o mineiro Clayton Machado começou sua história em Brasília e criou o restaurante “Esquina Mineira”, em 1982, para aqueles que apreciam a boa comida mineira. Reinaugurado há mais de três meses, o local ganhou mais conforto e qualidade em suas instalações. A arquiteta Tatiana Rodriguez foi a responsável pelo projeto que Clayton idealizou. Com uma área de cerca de 1.400m², espaço Gourmet, salão de festas e uma equipe de 26 funcionários, o restaurante pode receber até 600 pessoas no total. O local é repleto de objetos que remetem à cultura mineira, sendo que o acervo pessoal de Clayton dá o toque pessoal. A decoração não foi simplesmente comprada, foi adquirida em anos e viagens que ele fez. “Eu sabia que um dia eu poderia usar tudo o que comprei em um restaurante desse porte. Estou realizando um sonho de anos”, afirma. O buffet é variado contendo mais de 30 opções de pratos quentes, 20 tipos de salada e 20 saborosas sobremesas. A carta de vinhos está sendo montada em parceria com a Super Adega e deve ficar neste mês. O local vai oferecer de 30 a 40 rótulos em torno de R$ 50,00, podendo chegar a R$ 110,00 para clientes mais exigentes, atendendo todos os gostos e bolsos. Com relação à cachaça, Clayton informa que tem novidades. O restaurante vai oferecer um cardápio exclusivo de cachaças premiadas com

a certificação da qualidade da bebida pelo selo da Associação Mineira de Produtores de Aguardente de Qualidade (AMPAQ), único no mercado. O projeto para 2012 reserva grandes surpresas. Clayton idealiza realizar a noite do Galope (pé de frango com joelho de porco), o CAOL (cachaça, arroz, ovo e linguiça). Ainda no espaço Gourmet, vão acontecer encontros toda primeira segunda-feira do mês para as pessoas matarem saudade da terra com um prato mineiro, em um clima descontraído, sempre lembrando uma cidade mineira a cada encontro, de acordo com a demanda. Outro grande projeto do empresário é realizar um encontro de amigos no Espaço Gourmet. O que tem de diferente até aí? Bem, para aqueles que querem tudo pronto ou semi-pronto, com garçom ou sem garçom, escolher levar um violão ou um pen drive, vai poder optar e ter o prazer de reunir os amigos em um ambiente familiar, fora de sua casa, em um lugar privativo. O local está aberto às exigências do cliente que ainda poderá dar um toque pessoal às preparações das comidas. Não é perfeito? Esse espaço funciona de 19hs a meia-noite, aos sábados, domingos e feriados com preços variados, dependendo do que o cliente desejar. Serviço

Esquina Mineira 704/705 Norte, Bloco D, loja 42 (61) 3273.7373

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Agenda Cultural Da redação | Fotos: Divulgação

Visão irreverente CCBB reproduz ambientes do Clube dos Artistas Modernos para contar a vida e a obra de Flávio de Carvalho

Q

uais são os modernistas que você conhece? O público brasileiro está familiarizado com nomes como Oswald e Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Heitor Villa-Lobos. Estes são artistas cujas obras são facilmente reconhecíveis pelo brasileiro. Mas a turma dos modernos do século 20 foi muito maior. Você sabia que um dos maiores expoentes do movimento artístico iniciado em São Paulo foi o fluminense Flávio de Carvalho (1899 – 1973)? A artista e engenheiro foi considerado um dos mais completos e complexos daquela geração. Foi um agitador cultural, arquiteto inventivo, poeta. Mas foi na pintura que Flávio foi tido como um virtuoso, de um traço forte e conciso capaz de impressionar os colegas de geração. As telas do artista, entre outras peças artísticas, estão disponíveis à visitação na mostra “Flávio de Carvalho: a Revolução Modernista no Brasil”, com curadoria de Luiza Portinari. A exposição fica aberta até o dia 29 de abril no Centro Cultural Banco do Brasil. São 60 obras que dão ênfase principalmente à carreira de retratista. De traço forte e peculiar, Flávio de Carvalho impressionava amigos de geração. Certa vez, Mário de Andrade comentou que se sentia muito bem ao olhar o próprio retrato desenhado por Lasar Segall, por exemplo. Mas a história era outra quando se olhava nos traços de Flávio. “Sinto-me assustado, pois vejo nele o lado tenebroso da minha pessoa, o lado que escondo dos outros”, comentou Mário de Andrade depois de se deparar com a obra do amigo. A exposição reproduz partes do Clube dos Artistas Modernos. Na sala multiuso é reproduzido o bar e o palco do Teatro da Experiência. É lá onde estão painéis com reproduções e textos que revelam a faceta de agitador cultural. Flávio teve uma grande importância para o cenário artístico, não só pelas obras, mas por ter proporcionado a muitos o contrato com o que estava sendo produzido na Europa”, disse Luiza Portinari. “Isso aconteceu numa época em que os museus eram muito focados na produção acadêmica, daí a importância deste associativismo.”

Clube dos Artistas Modernos (CAM) como resposta à Sociedade Pró-Arte Moderna, de Lasar Segall. Flávio considerava a Sociedade um meio elitista, ao passo que ele procurava uma arte autônoma e irreverente. “Detestamos elites”, costumava dizer. “Não temos sócios doadores.” O CAM foi considerado um refúgio da vanguarda artística freqüentado por pessoas como Tarsila do Amaral e a cantora Elsie Houston. Foi também no CAM que Osório César, psquiatra e diretor do Hospício do Juquery, organizou no Brasil as primeiras exposições de arte dos alienados.

Vida e obra Flávio de Carvalho veio de uma família abastarda. Foi estudar na França aos 12 anos e, depois, ingressou na Universidade de Durham, na cidade inglesa de Newcastle. Foi onde cursou Arquitetura e Artes. Retornou ao Brasil em 1924, e foi mais outro que trouxe o frescor das discussões européias ao efervescente cenário nacional. Dez anos depois, ele abre o

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Serviço Exposição Flávio de Carvalho: a Revolução Modernista no Brasil Até o dia 29 de abril Centro Cultural Banco do Brasil SCES, Trecho 02, lote 22


Música

Bohumil Med*

A Páscoa na música erudita M

uito antes de Cristo, ainda no período pré-mosaico (anterior a Moisés), já se festejava a Páscoa. Era uma folia pagã de pastores nômades, em comemoração à chegada da primavera. Tem grande significado para o povo judeu. Eles comemoram a conquista da liberdade dos hebreus que, mais de três mil anos atrás, viviam escravizados no Egito. No mundo cristão, a Páscoa é a principal festa religiosa. Celebra-se a ressurreição de Cristo, morto em sacrifício pela humanidade que nem sempre reconhece os verdadeiros heróis. Para o comércio, a época é propícia a bons negócios. E, para muita gente, é simplesmente um feriado prolongado para descansar, viajar, praticar esportes, ler um bom livro.

CULTOs A música é parte inseparável dos rituais religiosos, quer sejam de cristãos, quer sejam de pagãos. Muitas vezes, ela tem mais força de convencimento e doutrinação do que as palavras.

Há várias formas de música litúrgica especialmente destinada aos autos de culto. São oratórios, missas, cantatas de igreja e similares. Para os cultos da Páscoa, a forma é conhecida como paixão (em inglês, passion). É um gênero da cantata ou oratório que se executa durante a Semana Santa, cujo tema é a paixão de Cristo tal como relatam os quatro evangelhos. Tem origem em representações litúrgicas medievais, nas quais prevalecia o texto. Com o tempo, a música foi gradualmente adquirindo primazia. A mais antiga paixão inteiramente musicada foi composta por um protestante e remonta, provavelmente, ao século XVI. O fato curioso é que o gênero paixão ficou especialmente ligado ao culto protestante na Alemanha. O período áureo dessa forma musical transcorreu durante os séculos XVII e XVIII, quando a maioria dos compositores expressava a fé (alguns menos fervorosos simplesmente atendiam encomendas de nobres ou de igrejas), concebendo grandes obras em louvor a Cristo, morto e ressuscitado como salvador. Entre eles, o

genial J. S. Bach (l685/1750) marcou o auge da música luterana alemã com duas paixões: a Paixão segundo São João e a Paixão segundo São Mateus. Da geração posterior de compositores, Josef Haydn (1732/1809) escreveu As Sete Palavras do Salvador na Cruz, e Beethoven (1770/1827), Cristo no Monte das Oliveiras. Entre os compositores modernos, a peça mais expressiva é a Paixão Segundo São Lucas do polonês Penderecki (1933). Em muitas partes do mundo, igrejas e catedrais comemoram a Páscoa apresentando as obras da paixão interpretadas por orquestras completas, solistas e grandes coros. Esse prazer musical e espiritual, nós, moradores de Brasília, infelizmente, não temos. No máximo, ouvimos pequenos grupos acompanhando cantos litúrgicos musicalmente bem simples e parecidos entre si, e sem característica alguma que distinga igrejas e cultos diferentes. *Bohumil Med Professor emérito da Universidade de Brasília. Com a colaboração de Regina Ivete Lopes

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Meio Ambiente

Da Redação | Fotos: Divulgação

PARACATU Polícia ambiental reprime pesca ilegal nos rios

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ma rápida e sigilosa operação da 16ª Companhia de Meio Ambiente da Polícia Militar de Minas Gerais colheu de chofre pescadores irregulares no rio Paracatu, prendendo e enquadrando criminalmente muitos deles. A operação foi tão eficaz que nenhum dos predadores, surpresos, teve tempo de fugir. Farto material de pesca, e também de caça, foi apreendido. A operação resultou em cinco prisões de chamados “profissionais irregulares”; apreensão de 2.400 metros de rede, oito tarrafas, três espinhéis, 179 pindas, dois coros, 12 fisgas e três armas de fogo. As multas aplicadas ultrapassaram R$ 20 mil. Os associados que estiveram no DPN no final do mês de setembro foram surpreendidos pela presença

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de uma tropa da 16ª Companhia de Meio Ambiente alojada no departamento. Surpresa agradável, já que todos nós conhecemos – e temos denunciado – as agressões constantes sofridas pela ictiofauna do Paracatu e de seus afluentes. Explica-se o sigilo na operação perpetrada pela 16ª Companhia do Meio Ambiente e comandada pelo tenente Paulo Vidal: em ocasiões anteriores a rede de informações existente, não só na região de Paracatu como na bacia do rio da Prata, funcionou de forma a quase inviabilizar a fiscalização – ninguém era flagrado, assim como nenhum dos apetrechos de pesca ou de caça era apreendido. A par dessa operação, é importante – e lastimável – constatar ainda que é um dos poucos estados brasilei-

ros que permite a pesca profissional em águas interiores O contingente comandado pelo tenente Vidal e integrado por três sargentos, cinco cabos e quatro soldados – altamente qualificados, inclusive com cursos de sobrevivência na selva – chegou de surpresa, à noite, DPN/Brasília Country Club, começando ainda de madrugada a operação.

COOPERAÇÃO E PARCERIA O Brasília Country Clube (BCC) tem história na defesa do rio Paracatu. Já realizou vários mutirões para a limpeza do rio, sediando por três anos o Projeto Peixe Vivo, em parceria com a Codevasf e a prefeitura municipal de Paracatu. Organizou palestras sobre preservacionismo e meio ambiente em todas as escolas


A captura de Pirás é crime ambiental

Material apreendido pela operação da polícia

da região, envolvendo mais de 5 mil jovens estudantes. Associados do BCC foram reiteradamente à imprensa – em Minas Gerais e em Brasília – denunciar a pesca predatória na bacia do São Francisco e, em especial

no Paracatu e no rio da Prata. Recentemente, a cooperação BCC/ Polícia Militar Florestal ganhou laços mais estreitos: a corporação tem realizado seus seminários e encontros internos nas instalações do DPN. Está em estudos a possibilidade de oferecer à 16ª Cia. a instalação de um posto avançado das fiscalização

dentro do DPN. Isso poderia ser feito com a utilização de um alojamento ao lado da antiga fábrica de gelo, que está ociosa, sendo utilizada apenas – e eventualmente – durante os torneios de pesca, quando funciona como dormitório para motoristas de ônibus ou vans que transportam associados para tais eventos. A ideia é facilitar a fiscalização, assegurando-lhe uma base às margens mesmo do rio.

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Propaganda e Marketing

Carlos Grillo*

Brasiliense

desonesto

é pleonasmo A

página é sobre propaganda e marketing, mas permita-me usá-la para um desabafo. Quero falar hoje sobre os pequenos preconceitos. Aqueles que aceitamos como parte da nossa cultura, julgamos inofensivos e, em geral, deixamos para lá. Nas noites de quinta, depois do Big Brother Brasil, a Rede Globo tem exibido uma série chamada “As Brasileiras”. E o capítulo do dia 09/02 foi “A Inocente de Brasília”. O título já havia me deixado um pouco desconfortável, pois trazia nas entrelinhas a sugestão de que encontrar um inocente na capital federal é ponto fora da curva. Preconceito muito comum fora dos eixos desenhados por Lúcio Costa, além de ser o mote de inúmeras piadinhas Brasil afora, que aprendi a ignorar com um sorriso amarelo. A abertura do episódio até continha uma boa surpresa. Imagens lindas, pontuadas por um texto quase poético. Parecia uma ode à cidade. Talvez até fosse mesmo. Mas, logo entendi que a edição fazia a linha “bate e assopra”. Algo como: Brasília é linda, já as pessoas que vivem lá... No primeiro bloco, o roteirista nos apresentou a “inocente” do título, interpretada pela Cláudia Jimenes. Uma mulher insegura, cheia de complexos e, segundo o programa, ingênua. Ela chega à empresa onde trabalha e uma colega dá o recado de que o “chefe bonitão” e mal intencionado, conduzido pelo Edson Celulari, aguarda por ela. Ao chegar à sala do patrão - por quem ela nutria uma paixão platônica - a tal inocente de Brasília leva

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um tremendo pito. Haviam descoberto que ela roubava dinheiro da empresa. Durante os oito anos em que trabalhou ali, a coitadinha deu aumentos de salários e bônus para si mesma, sem a anuência de outras pessoas. Tudo devidamente disfarçado nos balanços que ela mesma produzia. Só faltou a legenda: até os inocentes de Brasília cometem seus crimes. O valor em questão, de acordo com a trama, somava pouco mais de 28 mil. E, claro, o deslize era justificado por um ato de bondade. Afinal, ela desviava o dinheiro para ajudar uma amiga idosa com problemas de saúde (na verdade, uma senhorinha mau caráter que usava o dinheiro em jogatinas de bingo). Sei que não havia a intenção de ofender os brasilienses. Sei que é dramaturgia. E não sou a favor de censura alguma. Também não acho que a Rede Globo seja um Leviatã dos tempos modernos. Tampouco desejo incitar outras manifestações de intolerância. Mas, chega uma hora que esse tipo de preconceito velado, baseado em generalizações, cansa um pouco. É chato chegar ao aeroporto JK e ver um painel da revista Veja com o título “Seja Honesto”. É chato ver a Daniela Cicarelli dizer em tom de chacota que aprendeu a “roubar” (salvo engano no jogo de buraco) em Brasília.

*Carlos Grillo Sócio-Diretor da Fermento Soluções em Comunicação E-mail: grillo@fermentopromo.com.br Twitter: @carlosgrillo


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Vinho

Antônio Duarte *

A Borgonha II R

egião de pequenas propriedades, situada no centro-leste da França, estende-se por uma faixa de 300 km, desde Chablis, ao norte, junto à região de Champagne, até Beaujolais no sul. Seus vinhedos são verdadeira colcha de pequenos retalhos, onde as propriedades em geral não passam dos 4 hectares, produzindo 300 milhões de garrafas dos melhores Pinot Noir e Chardonnay do mundo. Seu vinho mais famoso é o da Domaine de la Romanée-Conti, mas em geral torna-se difícil a seleção de bons vinhos pela imensa quantidade de produtores. Suas cinco grandes sub-regiões são: Chablis, Côte d’Or que engloba Côte de Nuits e Côte de Beaune, Côte Chalonnaise e Beaujolais, temos ainda Irancy, Coteaux du Lyonnais, St Véran, St Bris, Mâconnais e Pouilly. Suas uvas principais são o Pinot Noir, Chardonnay e em Beaujolais a tinta Gamay. Saindo de Vienne por Ampuis, vilarejo no Centro de Côte Rótie (encosta tostada) vamos conhecer os interessantes vinhos das castas Syrah e Viognier. Seu mais famoso vinho é o Château d’Ampuis, comprado pelo conhecido e famoso produtor Marcel Guigal. O Syrah tem aqui seu melhor habitat, produzindo vinhos de extrema complexidade. La Landonne é uma vinícola a ser visitada. Os vinhedos das encostas íngremes de Ampuis são a ponte entre a Borgonha, ao norte, e o Vale do Rhône, ao sul. Na Borgonha, o solo se caracteriza pela extrema diversidade, pois até mesmo dentro de uma mesma microrregião, a diversidade do terreno é, por vezes, dramática, e consequentemente vinhedos próximos produzem vinhos com diferenças significativas. Como exemplo, citamos o vinhedo do Romanée-Conti, que produz, segundo os mais renomados especialistas, um dos melhores vinhos do mundo e onde os vinhedos ao redor não alcançam a mesma qualidade. Isso significa dizer que na Borgonha o vinhedo é mais importante do que propriamente a comuna ao qual pertença e, portanto, referir-se a um vinho so-

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mente pelo nome da região não é muito significativo. Outro fator complicador é que um mesmo vinhedo, via de regra, apresenta mais que um proprietário, cada um com sua parcela do terreno, podendo existir diferenças nos vinhos produzidos. Quando um vinhedo pertence 100% a um único proprietário, ostenta no rótulo a palavra ”Monopole”. Deste modo, o trinômio produtor-vinhedo-safra, determina a qualidade do vinho, principalmente o vinhedo. Acontece frequentemente de um vinhedo possuir qualidade excepcional e seu vizinho produzir apenas um vinho razoável. O “terroir” é fundamental. Nas sub-regiões de maior qualidade, o único fator comum são as uvas autorizadas, sendo a Pinot Noir para os tintos e a Chardonnay para as os brancos. Existem outras uvas, como a Aligoté, que produzem um vinho branco de qualidade inferior normalmente conhecido como Bourgogne Aligoté. Ainda a Pinot Blanc é plantada mais raramente. A diversidade dos solos descrita acima, permite ainda que certos locais sejam mais favoráveis ao plantio da Chardonnay, enquanto outros são mais favoravéis a da Pinot Noir, formando portanto, mais uma variável neste complexo mosaico. Os bons e excelentes Borgonha apresentam um finesse de aromas e gosto muito distintos, sendo que os tintos ficam prontos para beber muito mais cedo do que os de Bordeaux. Considera-se que os melhores vinhos brancos do mundo são da Borgonha, como os Grand Cru de Chablis, Le Montrachet, Puligny Montrachet, Chassagne-Montrachet, Mersault, e Corton Charlemagne, e que normalmente ganham qualidade com um pouco de envelhecimento. Nestes locais a Chardonnay oferece estrutura suficiente para que os brancos tenham corpo e longevidade. Continua na próxima revista *Antônio Duarte Presidente da Associação Brasileira de Sommelier


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Boa leitura com um bom café

Tá lendo o quê?

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Fotos: Divulgação

Prof. Israel Batista

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Luciana Nóbrega

Mônica Cova Gama

Vanessa Lacombe

Deputado Distrital

Economista e empresária

Professora e assessora parlamentar

Psicóloga e franqueada da FasTracKids

Livro Os últimos passos de um vencedor

Livro Trem Noturno para Lisboa

Livro O livro das citações

Autor José Roberto Burnier

Autor Pascal Mercier

Autor Eduardo Giannetti

Livro Inteligências Múltiplas - A teoria na prática Autor Howard Gardner

Editora Globo

Editora Record

Editora Companhia das Letras

Editora Artes Médicas Sul

O jornalista José Roberto Burnier consegue fazer um belo relato da história de José de Alencar, por meio de sua experiência como correspondente. Entre os duros capítulos dos últimos anos de luta contra o câncer, o autor revela um passado singelo e, aos poucos, o jovem Zezé se torna um dos empresários mais importantes do Brasil e é eleito vice-presidente da nação. Recomendo a leitura porque a narrativa é uma verdadeira aula de superação.

O livro é uma verdadeira aventura moderna. Eletrizante e apaixonante. Uma história de ruptura, busca pelo novo e de amor á vida. Tudo isso recheado por reflexões e filosofias que provocam nosso pensamento. O roteiro de uma viagem de trem fascina qualquer leitor, além do mais quando se trata de uma viagem pela magnífica Europa. Uma delícia de leitura!

Estou lendo O livro das citações que é instigante e provocativo. Não se trata de uma simples coletânea de provérbios, aforismos ou ditos espirituosos. São citações sobre a busca do conhecimento por meio da reflexão e não por meio da leitura, por isto eu posso perambular ao acaso. Está estruturado em quatro grandes temas: o uso da linguagem; a busca do saber; a conduta individual e a ética cívica. Passe numa livraria perca uns minutos com o livro e será difícil você sair de lá sem ele debaixo do braço.

A teoria das inteligências múltiplas foi proposta por Howard Gardner em 1983 para analisar e descrever melhor o conceito de inteligência. O autor afirma que o conceito de inteligência como tradicionalmente definido em psicometria não é suficiente para descrever a grande variedade de habilidades cognitivas humanas. Esse livro revolucionou o entendimento no que tange às áreas de aprendizagem, inspirando o FasTracKids em sua essência.

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Frases Eu vejo-me como um ser humano sensível e inteligente, mas com um coração de palhaço que me obrigar a estragar tudo nos momentos mais importantes.

A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade. Arthur Schopenhauer

Jim Morrison

Case com alguém com quem você goste de conversar. Ao envelhecerem, suas aptidões de conversação serão tão importantes quanto qualquer outra coisa. Dalai Lama

A minha musa inspiradora é o meu prazo de entrega.

O otimista erra tanto quanto o pessimista, mas não sofre por antecipação. Fernando Sabino

Todo homem que se vende recebe mais do que vale. Aparício Torelly - Barão de Itararé

Luís Fernando Veríssimo

O artista é sempre um provinciano. Ele vive entre um mundo tangível e um intangível - essas são as fronteiras da sua província. Frederico Fellini

O começo é a parte mais difícil do trabalho. Lao Tse


Justiça

Mohamad Ale Hasan Mahmoud* e Janaina Conceição Paschoal

O Big Brother M

e a Democracia

uito se discute o papel e o limite de atuação do Estado, sobretudo no Brasil, que é uma democracia adolescente, em que ainda não se respeitam plenamente as liberdades individuais e não há fronteiras nítidas entre o público e o privado. Por mais que os diplomas normativos sejam avançados, vigora certo saudosismo da ditadura, que se revela no estrondoso sucesso dereality shows, como o Big Brother, o qual consagra termos como paredão e eliminação, em uma espécie de culto do que temos de pior. Recentemente, a criatura ganhou vida própria, ultrapassando as cercanias da participação do público pelos meios convencionais, ganhando outros foros, como o twitter, culminando por transmudar o relacionamento de dois participantes em caso de Polícia, pois os telespectadores ficaram chocados diante de um suposto estupro. Os crimes sexuais, em regra, dependem da autorização da vítima para que seja iniciada a atuação estatal. Nada mais natural, porquanto o ato sexual é pautado por um elastério de práticas que somente os parceiros têm a exata dimensão do que é, ou não, lícito. Na hipótese, contudo, em razão da possibilidade de a moça estar inconsciente, entendeu-se tratar de um quadro de vulnerabilidade, cabendo à Polícia, então, agir prontamente. Todavia, uma vez que a moça esclareceu ter concordado com o comportamento do rapaz, não há que se falar em crime. O Big Brother tem estimulado juízos sumários, julgamentos açodados, em que pessoas são sacadas, eventualmente substituídas, como verdadeiras peças. No caso de Monique e Daniel, houve até mesmo o encaminhamento deste último participante à Delegacia, sem que a suposta vítima tivesse manifestado o interesse respectivo. Mesmo após a expressa manifestação da moça, no sentido de que não sofrera qualquer crime, o rapaz foi proibido de deixar o país, tendo as vestes íntimas do casal sido remetidas à perícia. Não houve a preocupação em investigar se, realmente, teria ocorrido, na tal ocasião, falta de consciência ou dissenso. Aliás, a última preocupação foi com a liberdade sexual da mulher. Sob a desculpa de que o estupro praticado contra vulneráveis deve ser apurado independentemente da vontade da vítima, a palavra de Monique fora simplesmente desconsiderada.

Se Monique estivesse realmente inconsciente e alheia aos atos de Daniel, seria possível falar em vulnerabilidade, para fins de caracterizar o crime. Entretanto, tratando-se de pessoa capaz, uma vez consciente, sua manifestação no sentido de que não tem interesse em ver o agressor processado haveria de ser soberana. Não só a palavra de Monique vem sendo desrespeitada. A lei também parece ser irrelevante para o espetáculo que se estabeleceu. De fato, o artigo 225 do Código Penal é claro ao estabelecer que a ação penal não depende da vontade da vítima se se tratar de menor de 18 anos, ou de pessoa vulnerável, sendo certo que, no caso, a moça é capaz. Incrivelmente, pessoas que se apresentam como defensoras dos direitos da mulher vêm sustentando a necessidade de punir-se Daniel, em absoluta afronta à vontade de Monique, como se esta precisasse de tutela. Não é menos estapafúrdia a tese de que a moça estaria vulnerável pelo interesse em permanecer na casa, para obter o prêmio. Proteger a mulher também está relacionado à necessidade de ouvi-la e respeitar sua vontade. O caso do suposto estupro está servindo para que os intolerantes de plantão exijam censura e retaliação à emissora de Televisão, que sempre foi tida como o grande satã. É bem verdade que o ocorrido deveria servir para os responsáveis pelo programa reverem o crescente incentivo ao abuso de bebidas dentro da casa, pois é sabido que o álcool é a droga mais relacionada a diversas mazelas sociais. No entanto, todos nós poderíamos aproveitar o fato para rever este inegável gosto pelo grotesco e mesmo pelo crime. Uma Democracia real limita a atuação do Estado, mas também incentiva os indivíduos a cuidarem de suas próprias vidas e a respeitarem a liberdade e a manifestação de vontade dos outros indivíduos. Talvez seja o momento de perceber que não precisamos mais de Big Brothers. (*) Mohamad Ale Hasan Mahmoud, Professor do IDP - Instituto Brasiliense de Direito Público, mestre e doutor em Direito Penal pela USP Janaina Conceição Paschoal Professora Livre Docente de Direito Penal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Advogada

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Diz Aí, Mané

“O batismo é uma espécie de detergente do pecado original.”

“Na Grécia, a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo se envenenavam”

“A harpa é uma asa que toca”

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“Os ruminantes se distinguem dos outros animais porque o que comem, comem por duas vezes.”

“Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia”

“O problema fundamental do terceiro mundo é superabundância de necessidades.”

“Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto”

“Bigamia era uma espécie de carroça dos gladiadores, puchada por dois cavalos”

“A unidade de força é o Newton, que significa a força que se tem que realizar em um metro da unidade de tempo, no sentido contrário”


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Cresça e Apareça

carla ribeiro*

Fotos: Divulgação

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Motivar a equipe

empre elogiar o progresso, acentuar o lado positivo, incentivar as pessoas são atitudes indicadas para o líder que deseja motivar sua equipe. A questão básica do bom gerenciamento é influenciar as pessoas para que elas façam a coisa certa também quando você não está por perto. Por essa razão, prestar atenção no que elas estão fazendo certo para poder elogiá-las é uma estratégia positiva que gerará resultados positivos. Isso ocorre porque os seres humanos naturalmente querem aprovação dos outros. Essa proposta behavorista pode ser um caminho até a meta final de ajudar os indivíduos a identificarem suas competências e a serem automotivados. O líder atua como um observador perspicaz: observa a equipe para apoiar seus acertos e minimizar seus resultados medíocres. O cuidado deve ser

não negligenciar os acertos e redirecionar os erros. Concentrar a atenção no que se quer alcançar para conseguir os resultados desejados. O problema é quando o líder precisa administrar uma equipe medíocre. Profissionais tecnicamente inabilitados, e, pior, irresponsáveis. É como tirar água de pedra! Só com o bordão de Moisés! As teorias motivacionais, todas elas, vão para o espaço quando a equipe é composta por pessoas incompetentes. Urg! Diriam uns. Nada que uma boa orientação e treinamento não corrija. Lamento discordar. O treinamento institucional visa aperfeiçoamento. Eliminar a brecha entre o conhecimento do treinando e a necessidade da empresa. Mas, quando o buraco é muito grande, esqueça! Nesse caso, descrever o erro, sem apontar culpados; assumir a culpa por não ter sido clara; repassar a tarefa e garantir que esta sendo compreendida e, mesmo, expressar sua confiança na pessoa, não resolverão. É preciso, com urgência, substituir o colaborador. Especialmente - atenção! - se esse colaborador tiver algum parentesco com você, for indicação de amigo ou tiver relação de amizade com a família. Fuja! No mais, a proposta de elogiar os acertos é excepcional tanto na empresa, como na vida pessoal. É um ótimo começo, e pode ser excelente ferramenta quando se sabe especificamente o que motiva e compele cada pessoa. *Carla Ribeiro é advogada, doutoranda em psicologia organizacional, mestra em sociologia, tetracampeã mundial de caratê e presidente do projeto Formando Campeões

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Ponto de Vista

Deputado Patrício (PT)*

Um novo tempo na Câmara Legislativa I

niciamos o terceiro ano após a maior crise política e institucional vivida Capital da República. Depois de um ano – 2010 – de turbulência, o Distrito Federal voltou a respirar ares de normalidade em 2011. E nos orgulhamos, com o apoio da população do Distrito Federal, de ter colaborado sobremaneira com essa normalidade, política, institucional e administrativa, garantida com o esforço e o trabalho incansável da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Trabalhamos arduamente para garantir um processo político isento transparente e eficaz que passou pela apuração de graves denúncias feitas na operação Caixa de Pandora, com a punição inclusive de deputados distritais, e todo o trâmite que culminou na primeira eleição indireta da história da Capital do Brasil. Coordenamos com rigor todas as ações que dependiam do Poder Legislativo para trazer de volta a Brasília o funcionamento da máquina administrativa e a continuidade na prestação de serviços essenciais que afastaram a possibilidade de intervenção federal. Com um Poder Executivo novamente em pleno funcionamento, depois de eleições diretas onde a vontade popular prevaleceu no ordenamento político da cidade, voltamos a nos concentrar em nossa principal tarefa: a feitura de leis e ações sem prol de uma melhor qualidade de vida não só da população do Distrito Federal, mas também do Entorno que convive dia após dia e participa ativamente da nossa realidade. Antes do início dos trabalhos legislativos de 2012, previstos para fevereiro, proponho uma reflexão acerca do papel que a Câmara Legislativa desempenhou em todo esse processo de busca da normalidade em nossa Capital. Hoje, quase 70% dos brasilienses consideram a Câmara importante para a capital, mas percentual próximo não sabe qual é a atribuição do Legislativo local. Outro número importante é que 60% dos brasilienses não consideram mais a Câmara Legislativa uma instituição negativa para a cidade. Esses dados são importantes para ressaltar o quanto ainda é preciso mudar. Mas destacam que essa mudança, iniciada com a 6ª Legislatura da Casa em 1º de janeiro de 2011, marca um novo tempo na Câmara Legislativa. O resgate da imagem de um poder já acostumado a viver sempre cercado de críticas negativas de todos os setores da sociedade foi determinante nessa quebra de paradigma. Agora vivemos em um novo tempo de proposições mais preparadas para serem votadas, em respeito à regra inaugurada no início dessa legislatura, que prevê a tramitação em todas as comissões da Casa. Assim, o cidadão tem a garantia de que estão sendo votados projetos cada vez mais qualificados e com menor risco de serem contestados, como no passado. 80

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Os parlamentares também passam a ter amplo conhecimento de todas as matérias e ficam mais embasados para apreciá-las em Plenário. Com essa receita, o DF ganha projetos mais consistentes e eficientes na prática. Um novo tempo de debates exaustivos entre deputados, membros do Governo do Distrito Federal e diversos segmentos da sociedade, seja na tramitação dos projetos ou na discussão de temas pontuais e importantes para o desenvolvimento da nossa cidade. Temas como redução de impostos e incentivos fiscais, regulamentação de áreas públicas e feiras, regularização de condomínios, desenvolvimento econômico, urbano e social e tantos outros foram pauta no Poder Legislativo local durante todo o ano de 2011. Um novo tempo com recorde de votações. Tivemos em 2011 uma produção 30% maior do que em 2010, com727 proposições de autoria dos deputados distritais e do Poder Executivo. Se a comparação for feita apenas com o número de projetos de lei apreciados este ano, o número chega a 50% a mais de produtividade. A Câmara Legislativa fez a sua parte, apreciando temas polêmicos e não se atendo às adversidades. Demos ao GDF condições de mudanças estruturantes na saúde, educação, segurança, geração de empregos, redução da pobreza, investimentos sociais, entre outros. Um novo tempo de maior participação popular. Com a sede definitiva do Poder Legislativo, mais ampla e melhor localizada, aumentamos em quatro vezes o número de visitantes, passando de dois mil para oito mil pessoas por mês. Recebemos mais de 15 mil visitantes na primeira exposição que inauguramos este ano na Casa, aberta a manifestações culturais e artísticas da nossa cidade. Um novo tempo de economia revertida para o desenvolvimento da cidade. Com redução de 10% em gastos com a manutenção da Câmara Legislativa em todos os seus departamentos, conquistamos, em 2011, uma economia de R$ 110 milhões. Desses recursos, R$ 80,2 milhões foram devolvidos aos cofres do GDF, numa iniciativa inédita do Poder Legislativo, e propiciou investimentos em áreas prioritárias, como a saúde pública. Um novo tempo de transparência, austeridade e esperança, que sintetiza o nosso compromisso na importante tarefa de consolidar, cada dia mais verdadeiramente, a Casa do Povo e de contribuir com ações concretas e eficazes para a melhoria da qualidade de vida da nossa cidade.

*Deputado Patrício (PT) Presidente da Câmara Legislativa do DF


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