Fanzine - Semper Fidelis #14

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SOBRE A FUNÇÃO DOS GRUPOS ULTRAS Para a Torcida Verde, a questão central sempre esteve na (in)definição da função dos Adeptos organizados. A generalidade dos “adeptos” considera a ação das “claques” como meros grupos de fanáticos, uma mescla de “acéfalos / mercenários”. Uma consideração demasiado conveniente aos donos da bola para os quais os adeptos em geral são meros clientes e “as claques” em particular, cumprem a função de tropas de choque ao serviço das suas eternas guerras. Neste contexto, os donos da bola, procuram evitar no limite, quaisquer vínculos formais com as “claques”, que dessa forma serão sempre “descartáveis”. Às “claques” cumpre a função de idiotas úteis, enquanto não causarem episódios de “alarme social”, em que caso aconteça, os donos da bola, facilmente se descartam, alegando não existir qualquer “reconhecimento oficial”.

Na Torcida Verde nunca nos rendemos a esta visão redutora dos adeptos organizados. A nossa identidade afirma-se desde há décadas pelo carácter participativo e interventivo, sobretudo na defesa da identidade do clube e da integridade dos adeptos como património do futebol como fenómeno popular! Como detalhámos na edição de outubro da Fanzine digital “Semper Fidelis”, dedicada ao “Cartão do Adepto”, a Torcida Verde luta desde há décadas pela institucionalização do fenómeno dos GOA (grupo de adeptos organizados), como forma de combate às repetidas instrumentalizações que têm desvirtuado a integridade do genuíno movimento Ultras, centrado em valores e códigos de conduta que jamais abdicaremos. Neste sentido, desde os anos 80 enfrentamos o tema da violência organizada de forma objetiva. A violência organizada nunca foi, para a Torcida Verde, um tema tabu.

2 O NOSSO INIMIGO É AQUELE Q TORCIDA VERDE - SEMPER FIDELIS


SOBRE AS MANIPULAÇÕES Na referida edição da fanzine “Semper Fidelis”, dedicada ao “Cartão do Adepto”, referimos que as manipulações do movimento tinham diversas origens e motivações. Desde os dirigentes dos clubes até a infiltração de grupos do ódio, que ao longo das últimas décadas, transformaram um fenómeno, inicialmente (anos 80) direcionado para a festa nos estádios e pavilhões, numa espécie bizarra de moderna “guerrilha urbana”, protagonizada por tropas de choque a coberto dos dirigentes dos clubes / SADs com a cumplicidade ativa do Sistema. Foi neste sentido que em 2008, na comissão do desporto, ciência e cultura da AR apresentámos como proposta, a criminalização dos presidentes das SADs / Clubes. “Muitos presidentes usam esses grupos como tropas de choque para as suas guerras. Esperar que sejam os donos da bola a intervir nesta questão é ridículo. Os dirigentes não querem assumir quaisquer responsabilidades sobre a ação desses grupos, por isso também não querem qualquer lei e preferem os apoios por debaixo da mesa.”

O CARTÃO DO ADEPTO A longa luta da Torcida Verde na denúncia da grotesca portaria 159/2020, conhecida por “Cartão do Adepto”, iniciou-se ainda em 2018, quando se desenhava uma nova alteração legislativa, à boleia do hipócrita “argumento” do mediatizado episódio de maio 2018, ocorrido em Alcochete. Foi à boleia desse episódio que o sistema sem qualquer pudor, apresentou o modelo do CA, baseado em pressupostos discriminatórios que cobriam a generalidade dos GOA, envolvendo-os na infame manta da delinquência.

QUE AJUDAMOS A CONSTRUIR! 3 TORCIDA VERDE - SEMPER FIDELIS


De mediatização em mediatização... Tornou-se mais cómodo, contrapor a mediatização do suprarreferido episódio, com um mediático modelo despudoradamente populista, perante o clamor do senso comum e o alarme social que alastrava na sociedade tuga. As autoridades, ao invés de assumir a coragem para aplacar a raiz desta problemática, aprofundando a sua complexidade, optaram por um modelo falhado em toda a Europa. O modelo do CA, foi servido aos parlamentares como “A solução final” para resolver o problema “das claques”. A interdição do acesso de menores de 16 anos, a exigência de um “cartão especial” (a troco de 20 euros) e a criação de uma “Zona especial” eram tenebrosas características com evidentes semelhanças (salvaguardadas as óbvias diferenças) com a construção dos infames Guetos nazis na Europa dos anos 40. Também nesses tempos a população judaica era obrigada a ter uma ”identificação especial”, para

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além do uso da cruz de David e nesses tempos foi criada uma “Zona especial” para enfiar os judeus, os “Guetos”. O objetivo começou por separar a população judia dos outros povos, segregando-a em Guetos. Já o modelo do CA, tem por objetivo separar-nos dos demais adeptos. Quiçá por sermos delinquentes... Quiçá por sermos portadores de algum perigoso vírus... Quiçá pelo inconfesso objetivo dos agentes do sistema e dos donos da bola, em segregar-nos, obcecados em transformar adeptos em meros espetadores de cinema/teatro com as suas pipocas e telemóveis 5G. O objetivo final dos Guetos nazis, foram os campos de extermínio onde foram assassinados milhões de humanos. O objetivo do CA passa por esvaziar o movimento dos adeptos organizados. Em comum, está presente o mesmo espírito segregacionista. Uma realidade inaceitável que não podíamos silenciar, sob pena de sermos cúmplices e coniventes com esta monstruosa hipocrisia dos agentes do sistema.


“Não podemos obrigar ninguém a respeitarnos, mas podemos e devemos dar-nos ao respeito!” Na edição da nossa revista digital “Semper Fidelis” dedicada ao tema do CA, podia ler-se:

“O amor tem um limite chamado, dignidade!“ Uma frase que traduz de forma clara, uma tomada de posição, complicada, mas a única compatível com as quase quatro décadas de Ação.

EM NOME DA IDENTIDADE A Torcida Verde optou pelo único caminho que a nossa dignidade exigia, não frequentando os recintos desportivos no contexto da pandemia e da Portaria 159/2020 que impõem restrições, incompatíveis com a identidade Ultras. Neste particular, a posição da Torcida Verde acompanha o posicionamento do que resta da identidade Ultras em Itália, Alemanha, Áustria entre outros que não aceitam imposições autocráticas dos tecnocratas que desprezam a condição dos adeptos organizados e o carácter popular do futebol. Num dos inúmeros comunicados do movimento Ultras europeu sobre as restrições aos Grupos de adeptos, podia-se ler:

Esse é o caminho mais difícil e penoso, quando o contrário seria o mais cómodo, numa época de avassalador sucesso do futebol e das modalidades do SCP. Foi uma decisão que colocou em cima da mesa os nossos valores e convicções.

A “TORCER POR FORA” Após quase quatro décadas de presença constante nos estádios e pavilhões, estarmos na nossa sede a 20 metros do estádio José Avalade, ouvir os golos, torna-se numa experiência penosa, quase no campo do masoquismo. Nunca a expressão “Torcer por fora” fez tanto sentido.

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O INCONFESSO FALHANÇO DO SISTEMA O modelo do “Cartão do Adepto” foi plagiado de outras anteriores experiências europeias que haviam resultado num clamoroso falhanço. A implementação deste modelo Europeu em Portugal, revelou o insucesso dos órgãos oficiais que nunca conseguiram implementar os anteriores enquadramentos legais, publicados no diário da República desde 4 agosto 1998! Acreditamos que para as autoridades, tenha sido penoso, verem revertidas de forma sucessiva, as penas de interdições dos estádios aplicadas aos clubes organizadores dos jogos, pelos apoios a grupos de adeptos afetos a suas cores, alguns tidos como informais. Desde maio de 2004, data da lei que de forma idílica se afirmava como “Prevenção e combate da violência, racismo, xenofobia, blablabla...” foram levantados incontáveis autos, processos e demais procedimentos regulamentares a Clubes / SADs por suportarem grupos de adeptos “informais” sem que nunca tenham advindo quaisquer consequências práticas. Desde 2004 ocorreram zero interdições dos estádios dos organizadores dos jogos, como resultado dos velados apoios prestados a “grupos de adeptos”.

ZERO!

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UM NÚMERO MEDIÁTICO Frustrados com a impotência de fazer cumprir o enquadramento legal dos GOAs, qual foi a reação dos agentes do sistema? Inventaram um número mediático para mascarar a sua reiterada incapacidade de atuação sobre os clubes / SADs que sistematicamente recusaram cumprir a legislação. Parece evidente que a alteração legislativa, deveria focar-se na responsabilização efetiva (criminal) dos dirigentes desportivos que alimentaram esses seus adeptos “informais”! Como os sucessivos episódios que, desde 2004, demonstram as penas de interdição serem revertidas. Foi-lhes mais fácil, inventar um número mediático para impressionar a opinião pública e publicada, nem que para isso tivessem de usar a

discriminação, os estigmas e a segregação sobre todos os outros grupos, inclusive aqueles que sempre cumpriram as disposições legais, em vigor que desde 4 agosto 1998. Enquanto isso, em termos reais, o modelo do CA, revelou-se igualmente incapaz de impedir a continuação dos mecanismos de apoio “invisível” das SADs / Clubes aos seus grupos de adeptos informais, cujos aderentes continuaram a cumprir a mesma ação nos estádios, ainda que noutros sectores. Este numero mediático revela o eterno jogo de “ping-pong” entre poder político e “os donos da bola” na assunção de responsabilidades.

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QUEM RESPONSABILIZAR, NO CASO DE...

As diversas intervenções da Torcida Verde na AR, de denúncia do anacronismo desse modelo, são publicas, podem ser consultadas no site da AR em: https://canal.parlamento. pt/?cid=5068&title=audiencia-da- torcida-verde Nos anos de 2020 e 2021, as nossas intervenções continuaram, na vã esperança de conseguirmos reverter a referida portaria. Nas duas Comissões da AR em que participámos no ano de 2021, deixámos uma inconveniente pergunta aos parlamentares; No caso do “Cartão do Adepto” falhar quem será responsabilizado? A quem poderemos assacar responsabilidades no caso de se revelar contraproducente e, poder ter efeitos contrários aqueles que se propõe combater, nomeadamente “Combate à violência, racismo, xenofobia, blablabla?” Tivemos como resposta um “harmonioso silencio”!

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DOS MURAIS ÁS MEGABANDEIRAS Ainda na época 2019, apareceram os nossos primeiros murais contra o CA. Na impossibilidade de intervirmos nos estádios e pavilhões, motivadas pela pandemia, a nossa intervenção continuou. A rua foi o espaço onde manifestámos o nosso inconformismo com a realização de quase duas dezenas de intervenções. A nossa luta contra a estigmatização dos adeptos organizados, passou por relevar quão injusta era a portaria 159/2020, derivada da imposição de um modelo que discrimina e generaliza de forma redutora esses adeptos, reduzindo a sua ação no campo da delinquência. Para essa batalha tivemos diversos “aliados” que nos inspiraram com as suas reflexões e tomadas de posição em tempos idos. Foi assim que replicámos míticas frases, com as quais nos identificamos e que se adaptam na luta contra o CA. De Galileu, requisitámos a frase:

“A verdade é filha do tempo e não da autoridade”

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O que viria a ser confirmado com a revogação do CA, apenas 17 meses após a sua aprovação (em plena pandemia, junho de 2020). De Bertold Brecht :

“Aquele que desconhece a verdade é apenas um ignorante. Aquele que a conhece e a ignora, esse não é um ignorante. Esse é um criminoso!”

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Uma frase do dramaturgo alemão Bertold Brecht com uma aderência imediata com a portaria do CA. Os ideólogos dessa portaria, apesar de terem a consciência da origem dos fenómenos que a lei se propõe combater, estar claramente centrada no acesso à bilhética, cuja emissão é da responsabilidade exclusiva dos dirigentes dos clubes / SAD’s, em momento algum se preocuparam em centrar o foco nesta realidade. Nesse sentido os dirigentes, continuam a passar entre os pingos da chuva.

O acesso aos bilhetes pelos fundamentalistas de ontem, continuou de vento em popa. Os sucessivos episódios que aconteceram no período de vigência do CA, evidenciam quão obsoleto é o modelo dos CA. Demagogicamente, os parlamentares “compraram” uma solução segregativa, burocrática, apostando no seu impacto mediático para impressionar a opinião pública, deixando os principais protagonistas incólumes.

De Platão:

“A obra-mestra da injustiça, é parecer justa sem o ser!”

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O frenesim mediático em torno do CA, com uma “argumentação” demagógica e populista, com o único objetivo de impressionar a opinião pública, ao invés de combater a raiz da problemática. De Voltaire:

“É perigoso ter razão quando o poder está equivocado!”

De Thomas Jeferson:

Uma frase que revela a força da nossa convicção no combate a um modelo infame, ainda que tal possa significar a “resposta” do sistema. Seja pela censura, seja pelos diversos obstáculos, ou pelas vãs tentativas de aliciamento, posteriormente transformadas em veladas chantagens. Basta para isso lembrar que o sector da Torcida Verde no EJA foi destinado aos portadores do CA.

De Mahatma Gandhi:

“Quando a injustiça se “Quando uma lei é torna lei, a resistência injusta, o correto é desobedecer!” é um dever!”

Duas míticas frases de duas personalidades intemporais.

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Em comum, o inapto sentimento de Justiça que o nosso dever de cidadania reclama.


De Diego Armando Maradona:

“Antes de retirar os delinquentes dos estádios, primeiro haja coragem de tira-los da FIFA, UEFA... e Governos!”

Uma frase do intemporal futebolista pé descalço que nunca renegou as suas origens, levando-o a, inevitáveis “crashs” com os poderes instituídos. Diego Armando Maradona, não silenciava o seu inconformismo, fossem os órgãos do futebol institucional ou os poderes governamentais, comodamente instalados e capturados pelos mesmos interesses. A frase de Diego, denunciava a gritante hipocrisia dos poderes instituídos e da opinião pública e publicada.

Uma frase que pode ter outra tradução. O sistema especializou-se em ser forte com os fracos e ser fraco com os fortes. Lamentavelmente, o senso comum também adota esta “máxima do sistema” perante os seus iguais. Iguais enquanto condição, seja condição social ou condição como adepto. Perante o impiedoso assalto do cartel de interesses que capturou o futebol negócio, torna-se óbvio que “os adeptos de todas as cores têm o dever de estarem conscientes que existe muito mais a uni-los, que a separá-los”, conforme a Torcida Verde declarou numa entrevista à RTP... em 1993!

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“O colonialismo era “Legal”. A escravatura era “Legal”. O Apartheid era “Legal”. A “Legalidade” é uma questão de poder. Não de Justiça!”

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A IMPUNE MANIPULAÇÃO DOS DONOS DA BOLA A intervenção da Torcida Verde visou o fundo da questão que passa pela impunidade de que continuam a gozar os donos da bola no grotesco modelo do CA. Três imagens (cada qual com dimensão 8ms por 5ms) retratavam a impunidade dos “donos da bola” no papel de financiadores dos agentes que (apenas) em tese a lei se propõe combater. Imagens que retratam a hipocrisia de uma lei que deixa impune os principais manipuladores dos GOAs / Claques. A sugestiva frase “Mudar para continuar tudo na mesma!” resumia este conceito.

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O PODER POLÍTICO E OS DONOS DA BOLA... E OS ULTRAS! Neste contexto, também o poder político foi alvo da nossa intervenção. Três eloquentes estandartes, explanaram a cúmplice relação do poder político com os “donos da bola”, onde o “chupa-chupa do vil metal” acaba com toda e qualquer “choradeira”. Por outro lado, para os “Ultras”, todo o peso do ónus pelos epifenómenos que se propõem combater.

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Ultras, o único alvo! A portaria 159/ 2020 teve como principal defensor um insólito protagonista. As sucessivas declarações desse representante do poder político, contribuíram para ridicularizar o modelo CA. Não esquecemos esse ilustre “Boy” do establishment, nem as sucessivas afirmações que colocavam os adeptos organizados como alvo privilegiado. Como o conveniente bode expiatório, deixando impunes os donos da bola!

Guetos de 1941, Guetos 2021 No início de 2019, ao conhecermos, os contornos que se desenhavam para a futura portaria 159/2020,de junho, numa audiência na SEDJ, manifestámos a nossa indignação perante um modelo segregacionista. Nessa primeira audiência fizemos a comparação com os milhares de Guetos nazis que segregaram milhões de judeus, com o objetivo da sua exterminação. Acrescentámos que a mera existência de um cartão “especial” para os adeptos organizados, tinha similitude com a imposição do uso da cruz de David aos judeus nos Guetos da Europa de Leste. Uma comparação que causou alarido, nos nossos interlocutores. Mais tarde na (AR), repetimos essa comparação e novo alarido nos deputados. “Nos anos 40 existiam os Guetos nazis na Europa” “Agora, com este modelo os estádios serão os novos Guetos do século XXI”

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Com as óbvias diferenças perante o holocausto nazi, transmitimos a nossa indignação pela presença do mesmo espírito segregacionista. Foi com esta convicção que avançámos para a denúncia desta analogia dos infames modelo do CA com os Guetos que aglomeraram judeus para os campos de extermínio. Três imagens complementares. A faixa “EUROPA GUETTOS 1941” com uma imagem representativa de um “GUETTO NAZI” onde nem faltava o soldado e o feroz canino. A imagem do mapa da Europa com inúmeros pontos que representavam locais onde pululavam os Guettos onde vegetavam milhões de judeus, sob o jugo da suástica. Esse foi o modelo nazi, apresentado como “A solução final”.

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Na Torcida Verde, sentíamos, uma terrível analogia desse modelo nazi com o modelo do CA, o qual víamos como “A solução final” do poder político em relação aos adeptos organizados! O conceito, que se esconde na sombra do modelo do CA, visa exterminar os adeptos organizados. Ainda que sem a brutalidade dos nazis, o conceito está lá. Não nos iludamos A faixa “EUROPA GUETTOS 2021” com uma imagem representativa de um “GUETTO 2021”. Neste caso, um estádio de futebol. A imagem de um mapa de Portugal com inúmeros pontos que representavam os estádios Portugueses com as zonas guetos para os GOA.

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“Cartão Adepto, Segregação!” Uma mega faixa como expressão máxima da portaria 159/2020

“A vida é Filha da PuTa A PuTa é Filha da Vida, Nunca vi tanto Filho da PuTa Na PuTa da Minha Vida !!!” O mítico Bocage foi convocado para a nossa denúncia do hipócrita modelo do CA. Requisitámos este mítico poema do irreverente poeta sadino, como dedicatória aos ideólogos da portaria 159/2020 e os seus acólitos.

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OUTRAS IMAGENS E SLOGANS

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SE M P E R F I D E L I S

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Revista Digital Em setembro 2021, publicámos uma revista digital com 62 paginas dedicado exclusivamente à problemática do modelo do “Cartão do Adepto” que continua disponível....

UTC, VOLTAREMOS Poucas horas volvidas da publicação dessa revista digital, o histórico Grupo Ultras italiano UTC, tomava posição em relação às restrições que eram impostas aos Grupos Ultras italianos “Aproveitam a pandemia..... para nos imporem, uma nova “Tessera...” (Cartão do Adepto italiano) em versão 2.0”. A recusa da entrada nos estádios dos UTC, acompanhada por diversos outros grupos Ultras europeus, reforçaram a legitimidade desta nossa luta. Também as mensagens solidárias de grupos Ultras, participantes na iniciativa mundial “Football Belongs To The People” foram um importante estímulo para uma luta que se revelaria tão desigual como marcante. A Torcida Verde disponibilizou a histórica publicação da fanzine digital “Semper Fidelis” dedicada ao “Cartão do Adepto” às entidades da nossa república, numa manifestação de frontalidade e coerência.

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SEDJ, Comissão Ciência, Desporto e Cultura da AR e Comissão Direitos, Liberdades e Garantias daAReANPVD foram as instituições que enviámos a nossa publicação relativa ao anacrónico modelo CA.


Os “IMPROVÁVEIS” ALIADOS DO CA A “EVOLUÇÃO” DO ENQUADRAMENTO LEGAL DESDE

Mas, em nome da verdade não é exagerado concluir que o anacrónico modelo do CA, também é o resultado dos inúmeros episódios causadores de “alarme social” que servem de “argumento” para que os agentes do sistema atuem sobre a generalidade dos Grupos organizados, transformando-os em convenientes bodes expiatórios de um fenómeno com raízes profundas no próprio sistema.

2004

A “evolução” do enquadramento legal, iniciado em agosto de 1998, e do importante impulso de maio de 2004, para o infame modelo do CA, por outro lado, revela o total desfasamento (e alheamento) do poder político com a realidade. A resposta do poder político/sistema, perante os episódios causadores de alarme social, repetidamente protagonizados pelas tropas de choque presidenciais, ao invés de recair sobre os agentes financiadores, isto é os dirigentes “desportivos” ; coloca todo o ónus sobre a generalidade dos adeptos organizados. O sistema, com o modelo do CA, criou um número mediático, ainda que conscientes que dessa forma jamais conseguiriam aplacar a violência, o racismo e a xenofobia que se propunham combater, no papel.

O ACESSO AOS BILHETES...

Há mais de uma década, a Torcida Verde desafiou os parlamentares da Comissão Desporto, Ciência e Cultura a criminalizar os presidentes dos clubes / SAD’s, como a única forma de combater de forma eficaz os fenómenos que a lei “Combate violência, ... blablablabla” se propõe combater. Depois dessa mítica audiência da época 2008/09, nunca deixámos cair esta nossa convicção junto dos parlamentares e também de forma pública. Para a Torcida Verde, torna-se óbvio que no acesso aos bilhetes se encontra o centro da problemática.

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ERGUE-SE UM MURO EM TORNO DOS DIRIGENTES DESPORTIVOS Era evidente a insensibilidade da generalidade dos parlamentares, na responsabilizaçã o dos dirigentes clubistas, como propagadores de um discurso de ódio.

Esta seria mais uma vã proposta, expondo a indisponibilidade do poder político para combater a raiz da problemática que como “alternativa”, implementaram o modelo do CA.

Parecia erguer-se um muro invisível protetor dos intocáveis dirigentes desportivos.

Posteriormente, à entrada do CA, que se propunha acabar com a candonga dos bilhetes, viria a revelar-se um fiasco, como a disseminação da venda de bilhetes nas redes sociais, o demonstra.

No ano de 2018, na mesma Comissão parlamentar abordámos de forma objetiva a questão do acesso aos bilhetes. Confrontados com a falta de responsabilização de tais “vacas sagradas”, apresentámos em alternativa o modelo dos “bilhetes nominais para todos os sectores dos estádios” (modelo que existia noutros países).

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E mais elucidativo, o acesso às zonas Gueto demonstrou ser uma prerrogativa, facilmente manipulável pelos organizadores de jogo, independentemente da aquisição do tal cartão, como alguns jogos de alto risco, o demonstraram, expondo o modelo ao expoente máximo do ridículo.


OS NÚMEROS OFICIAIS SOBRE EPISÓDIOS CAUSADORES DE ALARME SOCIAL

No que diz respeito aos episódios que a ANPV, divulgou em 2021, estes falam por si. Aumentaram os episódios de violência e de interditos, o que foi apresentado como uma estranha vitória do modelo do CA. De novo, o que merece relevo na “intervenção do sistema”... são os números, ainda que estes possam ter uma outra leitura. Esses dados, em contexto das restrições da pandemia, revelam que os episódios ocorreram... fora dos estádios! Como temos alertado desde há muito, a natureza da violência no contexto do fenómeno desportivo, ultrapassou os recintos desportivos. Invadiu o quotidiano. Nos bairros, nas escolas, nos locais públicos. Esta realidade, contou com a inação das instituições que colocaram o combate a esse fenómeno nas mãos dos “donos da bola”. Ao longo da última década, a Torcida Verde tem insistido para a criação de um Observatório Nacional sobre os episódios referidos na lei que pretensamente se propõe combater “... a violência, a xenofobia e o racismo ... ” nos recintos desportivos.

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UM INCONVENIENTE OBSERVATÓRIO Esse observatório poderia ser um instrumento multidisciplinar onde as “autoridades” poderiam fornecer dados às Universidades que dessa forma poderiam trabalhar esses dados e fornecer em tempo real a evolução do fenómeno. Parece óbvio que o sistema não se apercebeu das transformações operadas no fenómeno, cuja natureza se modificou. Para isso terão contribuído a impunidade, a cumplicidade e o habitual deixa andar. Como resposta, o sistema limita- se a “apresentar números”. Números de episódios de alarme social. Números de interdições de adeptos. Ainda que esses números revelem a ineficácia do modelo do CA.

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FORA DA REALIDADE

Os doutos ideólogos do modelo do CA não entenderam que os fundamentalistas dos estádios e pavilhões, mudaram o “modus operandi”, desde há muito. Esses fundamentalistas, fogem de qualquer responsabilização. De qualquer “fichagem”. Jamais iriam para os tais Guetos, desenhados pelos ideólogos do CA. Em 2021, os episódios do tal alarme social, não têm lugar nos estádios. Como os números da ANPVD o revelam. É uma imbecilidade arbitrária e discriminatória, fazer Guetos para enjaular a generalidade dos adeptos dos grupos organizados que aceitam ser responsabilizados. Estes são adeptos que tem os seus nomes nos ficheiros dos seus clubes (muitos desde 2004) são obrigados a frequentar uma jaula, ao contrário da generalidade dos adeptos tidos como normais. Enquanto isso, entre os adeptos tidos como normais, movimentam-se impunemente os tais fundamentalistas, avessos à responsabilização.

SER CONTRA A “FICHAGEM” E CEDER VOLUNTARIAMENTE OS DADOS Com a lei de maio 2004, tornou-se obrigatório a entrega dos dados pessoais dos membros dos GOA. Os grupos informais, sempre fizeram disso, o principal cavalo-de-batalha como “argumento” contra qualquer responsabilização. A ineficácia da lei e os apoios por debaixo da mesa dos presidentes das SADs / Clubes, permitiulhes vender a imagem de “rebeldes ilegais” e continuarem a ter sectores reservados nos estádios.

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CONTRA OS FICHEIROS E CEDER VOLUNTARIAMENTE OS PRECIOSOS DADOS PESSOAIS O caricato emergiu aquando das exigências impostas pelas restrições da Covid 19,com a cedência obrigatória dos preciosos dados pessoais. O que até então parecia um imperativo de consciência irrevogável, foi esquecido... revelando quão fortes “convicções” animam os fundamentalistas dos estádios tugas.

UMA FALSA QUESTÃO

Fosse para “marcar o território” ou pela cassete da “fidelidade”, a realidade tuga demonstrou quão flexíveis são as convicções.

Com o desastroso modelo do CA, emergiu de novo a questão dos dados pessoais.

Enquanto isso, os donos da bola e os seus afins assistem de camarote no remanso dos seus lugares VIP, para os quais não existe qualquer restrição ou cartão.

Uma falsa questão, uma vez que para adquirirem os cartões anuais, os dados pessoais são cedidos aos organizadores dos jogos. Para além dos milionários sistemas de vigilância que operam nos estádios, permitirem a identificação em tempo real dos adeptos.

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O lado imediatista, consumista fala mais alto.


ESTADO, ALVISSARAS... A demissão do estado das suas responsabilidades, passando a ideia de que o futebol negócio vive num permanente regime de exceção, onde os dirigentes são intocáveis, impede que se combata a raiz da violência organizada e financiada nos estádios e pavilhões em Portugal. Os clamorosos falhanços dos sucessivos enquadramentos legais da lei que deveria regular a relação dos clubes / SADs com os Goas, transmite a ideia do estado se revelar na prática anti estado, tais as reiteradas omissões e inações.

A CAÇA À MULTA Exemplo disso, são as multas que a LIGA e a FPF “impõem” aos clubes , os seus filiados. A caça à multa(imposta pela LIGA e FPF) substitui o inapto sentido de justiça que o estado tem o dever de cumprir. Essa são as “terríveis consequências“ para os agentes dos desacatos. Considerando que as faturas recaem sobre as SADs / Clubes, é de fácil entendimento que é um convite à impunidade. A lei dos Goa, na prática, não tem consequências práticas. Neste sentido, assistimos a uma escondida privatização da lei (que se resume às multas da Liga e da FPF) que na realidade, regra geral nunca se abate sobre os verdadeiros ideólogos.

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BANNER ORDER Por outro lado, assistimos a uma degradação na (In)ação das autoridades, originando situações grotescas de gritante arbitrariedade. No que diz respeito à introdução das banner orders, torna-se visível a degradação e a disparidade na aplicação nas medidas aplicadas. É por demais evidente, a insensibilidade dos decisores perante casos de natureza diversa. A aplicação das Banner Orders, exemplifica “per si”, a total ineficácia do modelo. O pináculo do grotesco ocorre quando se impõe uma interdição por colagem de um autocolante num torniquete de um estádio “5 estrelas”, e esse terrível ato de desordem pública é equiparado à participação em rixas ou esperas, do que resultam hospitalizações. Emergem os julgamentos sumários, que flagelam sobretudo as classes desfavorecidas, sem possibilidade de pagar advogados. Neste contexto, estamos convictos que a justiça fica a perder, para gáudio dos fundamentalistas que, invariavelmente continuam impunes.

Um Novo Filão Turístico A entrada da portaria 159/2020, a todo o vapor coincidiu com a proliferação de episódios que, antes da entrada em vigor do modelo do CA, seriam considerados como causadores de “alarme social”. Nos últimos meses de 2021, repetiram-se os animados convívios entre fundamentalistas pan europeus, com os seus homólogos lusos na condição de cicerones. Das mais diversas proveniências, protagonizaram episódios que colocaram Portugal no primeiro lugar de um novíssimo filão do turismo europeu.

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Holandeses, Turcos, alemães, Croatas, Sérvios, Gregos, com o inestimável patrocínio dos seus cicerones, puseram à prova a comprovada eficácia da máquina que sustenta o modelo do CA.


O FIASCO DA SOLUÇÃO FINAL O mediatizado modelo do “Cartão do Adepto”, foi apresentado como “A solução final” para combater o racismo, a xenofobia e a violência associada ao desporto, precisamente por aqueles que nunca se preocuparam com os sucessivos alertas da Torcida Verde ao longo de quase três décadas. Os ideólogos do CA, limitaram- se a plagiar um modelo que se revelara impraticável nos países onde o tentaram implementar, denunciando uma confrangedora mediocridade. O modelo do CA, “made in” FPF (com a chancela parlamentar) tinha ainda a particularidade de “ir mais longe” que os modelos similares europeus. A imposição do sistema dos Guetos para os adeptos organizados lusos, alargava-se aos jogos na condição de visitado.

REVOGAÇÃO, UM EXERCÍCIO DE “SHOW OFF” Como explicitámos na revista digital, dedicada ao “Cartão do Adepto”, a revogação da portaria 159/2020 seria uma realidade caso ocorressem episódios de mediatizado alarme social, evidenciando o carácter grotesco de uma iniciativa totalmente desfasada da realidade. Por outro lado, a pressão dos Clubes / SADs sobre o poder político, em resultado dos prejuízos causados pelo facto das zonas/Gueto estarem desertas poderia ser o outro motivo que apresentámos para a revogação do CA.

Em Itália, por exemplo, na “Tessera del Tifoso” os Guetos eram impostos exclusivamente para os adeptos na condição de visitante.

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O PRIMADO DOS NÚMEROS, AINDA E SEMPRE... Seriam os prejuízos financeiros dos principais emblemas lusos a serem decisivos para as manobras de bastidores e os golpes de rins que levaram os malabaristas parlamentares à revogação do CA, sob a pressão dos “donos da bola”, não o espírito segregacionista do modelo do CA.

A revogação da portaria 159/2020, vulgarmente conhecida por “Cartão do Adepto”, longe de ser uma vitória dos Grupos Organizados de Adeptos é, na ótica da Torcida Verde, uma etapa na longa batalha da afirmação dos adeptos como parceiros de pleno direito na realidade sócio desportiva que acompanha a sua ação.

O espírito segregacionista, presente no infame modelo do CA, foi também, usado na discussão que antecedeu a sua revogação, o que não passou de mais um exercício de pura retórica, por vezes a roçar a demagogia, do que declarações de profunda convicção.

O degradante episódio da revogação do cartão, tão instrumentalizada e mediatizada, antes de tudo demonstra uma gritante insensibilidade dos decisores políticos.

Na anterior aprovação parlamentar, sem contestação, do modelo do CA em junho de 2020, não aconteceram quaisquer declarações inflamadas sobre o tal espírito segregacionista. As dúvidas serão desfeitas com o “novo modelo de substituição do CA” Veremos então se o discurso em redor da segregação dos parlamentares irá denunciar a continuação dos Guetos, por exemplo.

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Em junho de 2020, a AR aprovou a introdução da portaria 159/2020 sem votos contra, mas, em outubro 2021, o líder governamental, confessou com uma desconcertante descontração, a sua total ignorância em relação ao tema do “Cartão do Adepto”. Uma comovente sinceridade não usual no hipócrita mundo da alta política que poderá ser explicado pela total irrelevância dos adeptos organizados. Não seria crível, que o referido líder governamental, revelasse o mesmo desconhecimento em relação a qualquer outro relevante tema, sem esperar um tsunami transversal no espectro parlamentar, naquele caso, a reação do tal espectro parlamentar foi transversalmente... inexistente.


QUANTA “CONVICÇÃO” A revogação da infame portaria 159/2020, revela antes de tudo uma total falta de convicção nos deputados que em pouco mais de um ano, mudaram o seu sentido de voto.

JUNHO DE 2020

Desta vez, não se registaram votos contra a revogação!!!! Quem nos garante que daqui a uns tempos, não teremos novo volte face???? Deste cenário, emerge uma conclusão plausível: O tema dos Adeptos Organizados não é minimamente relevante para o poder político. Trata-se de um tema fora da agenda política, emergindo aquando dos episódios de infame violência gratuita que causam alarme social.

NOVEMBRO 202 1

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A MONTANHA E O RATO A mediatização da revogação do CA, propaga a falsa ideia de que o CA, acabou! Após tanto alarido, tanto festejo, estéril e não fundamentado, a realidade mostra que se tratou de uma operação de cosmética, onde emerge a máxima: “Mudar para continuar tudo na mesma”. Na Torcida Verde, estávamos expectantes para o que iria acontecer no terreno, após a revogação do CA. Atualmente o que irá substituir o modelo e que já é publico assistimos à eterna fábula da montanha e do rato. Na realidade dura e crua do terreno (estádios e pavilhões) a propagandeada (e festejada) revogação do CA, não passou de uma farsa, continuando a imperar um modelo baseado na discriminação do adeptos organizados.

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Saudamos o desaparecimento da obrigatoriedade de aquisição (a troco de 20 euros) de um cartão “especial” e o fim da interdição dos adeptos menores de 16 anos.

Sobrevive o conceito de zona / Gueto Sobrevive a discriminação dos GOA no acesso aos bilhetes, que serão “eletrónicos” e “nominais”, ao contrário dos outros sectores dos estádios.


NO FINAL DE 2021, FAZER A MESMA PERGUNTA DO INICIO DE 2021: A QUEM PEDIR RESPONSABILIDADES? Com a propalada revogação do CA, exige-se-nos colocar a mesma questão que logo em janeiro de 2021, deixámos na AR:

Para o efeito, os portadores do CA teriam obrigatoriamente de ter um Telemóvel e uma aplicação especifica.

No caso do modelo do CA se revelar contraproducente em relação aos objetivos presentes na lei sobre os GOA, a quem exigir responsabilidades?

Em termos práticos, a sua natureza revelou-se em eloquentes episódios.

A experiência do modelo CA, evidenciou:

1 Violência Aumento dos episódios em tempo das restrições da pandemia. A mudança na natureza da violência que se transformou num fenómeno essencialmente exógeno aos recintos desportivos.

2 Bilhética A questão da bilhética foi apresentada como uma prioridade presente no modelo do CA, propondo-se acabar com a “candonga” com a centralização por venda eletrónica dos ingressos.

Por exemplo, na jornada do embate Sp. BragaSCP, os adeptos leoninos tiveram de adquirir os ingressos, com a imposição de terem de aceder a uma aplicação de uma operadora, perita na revenda de bilhetes. Conclusão, o modelo do CA, obrigou o detentor do cartão a pagar uma taxa a essa empresa agiota sobre o preço do bilhete que custava noventa e dois euros! Uma espécie de “legalização da candonga”??? Este foi um mero exemplo do espírito do modelo do CA. Ao longo do tempo de vigência do CA, a disseminação da venda de ingressos nas redes sociais continuou de vento em popa. Por outro lado, como alertámos na fanzine digital “Semper Fidelis” de setembro 2021 dedicado ao “Cartão do Adepto” (e na AR), o acesso aos tais Guetos poderia ser facilmente manipulada pelos organizadores do jogo, uma vez que têm a “responsabilidade” da emissão dos bilhetes.

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O acesso aos códigos que dão acesso aos sectores está nos clubes organizadores do jogo.

3 Zonas especiais para os GOAs

No derradeiro mês de 2021, o despudor atingiu o clímax com a “surpreendente” lotação do sector Gueto em jogos de alto risco.

Os Guetos estão desertificados, com exceção de alguns jogos mediáticos, de grande procura, nos quais como se percebe, os organizadores do jogo “maribaram-se” para o estado que em termos práticos lhes faculta a possibilidade de forjar a própria lei, oferecendo-lhes a “responsabilidade da emissão de bilhetes”.

Das duas uma: Ou o modelo do CA teve um exponencial aumento, por coincidência, nesses jogos mediáticos. Ou o organizador de jogo, emitiu bilhetes para a zona Gueto. Entretanto, de permeio, nos jogos sem “impacto mediático” a lotação do sector / Gueto normalizouse, conforme evidência a desertificação desse sector demonstrou. Como conclusão óbvia, o modelo revelou-se impotente para controlar o acesso aos tais Guetos e sobretudo ineficaz para confrontar os organizadores do jogo perante tão gritante incumprimento. Reafirmando: Se estão tão preocupados com a bilhética... o estado que assuma a emissão dos bilhetes, de preferência com bilhetes nominais para TODOS os sectores dos estádios como a Torcida Verde propõe desde há muito.

Por outro lado, o incumprimento do modelo do CA foi uma realidade com a inexistência de BARES e WC em inúmeros recintos desportivos (estádios e pavilhões).

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Responsabilização Clubes /SADs / Dirigentes e Sistema de multas O sistema de multas, impostas pelos organismos, dominados pelos “donos da Bola” continuam a ser a consequência mais visível, um negócio para FPF e LIGA. Ao contrário os apoios velados parecem continuar de vento em popa como evidenciaram as caravanas de autocarros nas deslocações. A quem não interessa estas nossas propostas? Reiteramos que a eficácia da lei sobre esta temática apenas poderá ter alguns efeitos se centrar o foco na responsabilização dos presidentes dos Clubes /SAD e se intervir na questão da emissão dos bilhetes. Neste particular, na impossibilidade da bilhética ser da responsabilidade do estado, em alternativa

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deverá ser implementado o modelo do bilhete nominal e intransmissível para todos os sectores dos recintos desportivos. Nunca apenas para os adeptos dos GOA. Tal seria a continuação do espírito discriminatório. Para além disso permitiria a continuação do tráfico da bilhética nos restantes sectores dos estádios. Acreditamos que enquanto não se considerarem estas propostas, poderão fazer novas portarias que nunca irão combater o fundo da questão. Na AR, finalmente caí o tabu sobre a criminalização dos dirigentes desportivos! No dia da revogação da portaria 159/2020, pela primeira vez surgiram duas declarações parlamentares de diferentes espectros políticos que deram voz à proposta da Torcida Verde sobre a criminalização dos presidentes das SADs /Clubes. O que saudamos, apesar de terem ocorrido mais de uma década da primeira proposta da Torcida Verde na AR...

COMISSÃO PARLAMENTAR... A Torcida Verde continua disponível para continuar a luta pela dignificação dos adeptos organizados, assumindo as suas responsabilidades. Neste sentido reiteramos o desafio que propusemos na AR em junho 2021, sobre a criação duma Comissão Parlamentar que possa historiar objetivamente o processo evolutivo da relação entre os grupos de adeptos organizados e os seus clubes / SADs, nomeadamente no que se refere à natureza dos apoios. Pela nossa parte, já nos disponibilizamos para fazer essa análise desde 1984, o ano da fundação da Torcida Verde e disso já informámos os potenciais responsáveis institucionais.

r i a c m e d o p s n e m o h s o s o d s “To a t o i d i s o ó s s a m , o r r e m nu ” . e l e n m a r e v e pers

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FAÇAM O MEDO TER MEDO A experiência do modelo do “Cartão do Adepto” deverá ser um alerta para os grupos de adeptos em Portugal. Este é o tempo para tirar ilações. É tempo de conseguirmos ver para além do olhar com as nossas cores clubistas que alimentam os ódios e nos afastam do essencial. Tempo de contestar a segregação, a discriminação sobre os adeptos de todas as cores que em comum têm a mesma paixão pelos seus clubes. Tempo de contestar com a mesma indignação a manipulação dessa paixão, seja ela manipulada pelos donos da bola ou pelos donos do ódio, ainda que possam estar travestidos com diferentes cores, ou com as mesmas cores. Entre o silêncio avassalador perante os episódios que estigmatizam os grupos organizados e o “manadismo” que milita sob o anonimato das redes sociais, prosperam os mesmos fundamentalistas que fazem do ódio o seu “argumento”. Este é o tempo de ter “a coragem de ser diferente”, parafraseando o nosso manifesto, publicado em 2000. Será mais cómodo continuar a seguir o “manadismo” que vomita o ódio, e que também discrimina e segrega, aqueles que nunca lhe capitularam, criando um artificial “unanimismo” que se “autocensura” na hora de se demarcar os

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episódios do tal “alarme social”, os grandes aliados de modelos como o CA. Esse “unanimismo” funciona como uma triunfante coação que se alimenta do “medo” de estar desalinhado com as hordas dominantes. Façam o medo ter medo, digam não ao “manadismo”. Esta nossa posição está plasmada em diversas ações ao longo das últimas décadas. Basta para isso evocar um Tifo com mais de uma década: “Enquanto adeptos lutam entre si, os donos da bola lucram para si.” Consideramos como verdadeiros “inimigos” aqueles que transformaram o desporto popular num cartel de interesses, nos quais os adeptos têm uma função decorativa, enquanto meros consumidores. Os “inimigos” dos adeptos são aqueles que transformaram o futebol popular num negócio. Os que nos impõem Horários Jogos indigestos, preços bilhetes pornográficos, são os interesses

da Pay TV, os agentes dos futebolistas, os fundos agiotas. São os donos da bola. Ao longo dos anos, o movimento Ultras tem protagonizado veementes denúncias do desvirtuamento do fenómeno, as quais têm sido “silenciadas” pela horda dominante, e pela mediatização dos confrontos. Mais recentemente, o que sobrevive da verdadeira identidade Ultras, tem oferecido episódios de inconformismo perante a resignação e o conformismo que afirma o protagonismo dos grupos do ódio como “uma inevitabilidade”. A iniciativa mundial “Football Belongs To The People” que em 2020, agregou 154 grupos Ultras e Torcidas dos 4 continentes, foi uma demonstração de grande consciência do movimento dos Grupos Organizados de adeptos à escala mundial. Mais recentemente, em dezembro de 2021, em Marrocos os grupos Ultras rivais do Raja Casablaca e do Wydad emitiram um comunicado conjunto onde auto suspenderam sua ação como forma de combater e denunciar o ódio exponencial que transformou a Curva e as ruas num infame campo de batalha.

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APELO DOS APELOS Para as autoridades, importa reiterar o apelo para fazerem cumprir o “estatuto de utilidade pública” dos clubes, através da chamada dos seus dirigentes à sua responsabilização. O ambiente irrespirável no futebol Português, exige a intervenção estatal. Do sentimento de impunidade de que os dirigentes gozam, transparece o conceito de gritante promiscuidade destes com o poder político. Nesse sentido renovamos o desafio que, desde há muito, enviamos aos parlamentares: “Não tenham medo dos dirigentes desportivos, ainda que escudados na força social dos seus emblemas, muitos dos seus atos, visam exclusivamente os seus interesses pessoais, não os do clube como relevante interveniente, desprezando as suas responsabilidades sociais”.

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Parece óbvio que, a generalidade dos adeptos, não misturam a intervenção dos decisores políticos com eventuais episódios em que os “seus dirigentes” estejam em conflito, ainda que estes possam cavalgar a demagógica perseguição clubística. Fica também o apelo para o enquadramento dos GOA como legítimos parceiros do fenómeno desportivo, parceiros com voz, com direitos, parceiros com estatuto em paridade com os demais agentes do fenómeno desportivo. Que o legislador conquiste a capacidade de ver os GOA para além dos estigmas! Que lhes imponha responsabilidades, que não podem resumir- se em restrições, limitações, imposições, muito para além das estritas responsabilidades. Não pretendemos ensinar autoridades legitimadas e capacitadas para combater fenómenos que se situam no campo da delinquência.


Simplesmente não podemos aceitar que o sistema na impossibilidade, incapacidade ou coragem de conter muitos desses fenómenos, e de punir os seus protagonistas nos imponha restrições atentatórias à nossa identidade e aos nossos direitos de cidadania. Ironizando, poderemos repescar uma nossa mítica intervenção na AR: “Apoiem ou permitam o apoio aos grupos “informais” como quiserem, permitindo o acesso aos estádios, financiando os transportes, ou os materiais. Promovam os episódios de alarme social, elevando os seus protagonistas à condição de “Pop Stars”..., mas depois não nos reprimam, como medida de último recurso para se limparem perante a opinião pública e publicada.

Recusamos termos de pagar pela intemporal fábula do criador e a criatura, interpretado pelos dirigentes e claquistas “Pop Stars” sob o olhar tão complacente quanto cúmplice das autoridades, num ambiente dominado pela cultura mediática de tabloide que vende o conceito de sucesso garantido “O homem que mordeu o cão”. Não aceitamos sermos estigmatizados, atingidos na nossa identidade, proibidos de usar bandeiras, faixas por não aceitarmos entrar num gueto e termos imposições diferentes dos outros adeptos, emanados por tecnocratas que nunca entraram numa curva, nunca entraram num estádio. Ou por aqueles que frequentando os estádios, partilham os camarotes... com os dirigentes desportivos!

“Quando tudo for proibido, todos seremos delinquentes.” 43 TORCIDA VERDE - SEMPER FIDELIS



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