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10 estratégias mais comuns de manipulação através dos meios de comunicação de massa 25 de junho de 2013 às 09:13 O linguista Noam Chomsky elaborou a lista das "10 estratégias mais comuns de manipulação através dos meios de comunicação de massa"
A seguir veremos em que consistem estas 10 estratégias de maneira detalhada, como influem na hora de manipular as massas, e em que são baseadas. 1. A estratégia da Distração:O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio, ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se por conhecimentos essenciais, nas áreas da ciência, economia, psicologia, neurobiologia e cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais" 2. Criar problemas e depois oferecer soluções.Este método também é chamado "problema-reação-solução". Se cria um problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou que se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas desfavoráveis à liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos. 3. A estratégia da gradualidade.Para fazer que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Foi dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez. 4. A estratégia de diferir.Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais difícil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato.Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Depois, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "amanhã tudo irá melhorar" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegue o momento. 5. Dirigir-se ao público como crianças.A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criança de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como as de uma pessoa 3
de 12 anos ou menos de idade." 6. Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão.Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e finalmente no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos. 7. Manter o público na ignorância e na mediocridade.Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser revertida por estas classes mais baixas. 8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.Promover ao público a crer que é moda o ato de ser estúpido, vulgar e inculto. 9. Reforçar a autoculpabilidadeFazer com que o indivíduo acredite que somente ele é culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, no lugar de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se auto desvaloriza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E, sem ação, não há revolução! 10. Conhecer aos indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, a neurobiologia a psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto em sua forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos.
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Em geral, nós gostamos da ideia de sermos donos de nossas próprias escolhas. Mas será que somos mesmo? Jay Olson, pesquisador do Departamento de Psiquiatria da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, acredita que não. “O que a Psicologia está descobrindo cada vez mais é que muitas decisões que tomamos são influenciadas por fatores dos quais não temos consciência”, explica. Recentemente, Olson desenvolveu um engenhoso experimento que demonstra como é fácil manipular alguém mesmo com uma persuasão quase imperceptível. Praticante de truques de mágica desde os 7 anos, Olson notou, quando começou a estudar Psicologia, que muito do que aprendia sobre a mente humana casava com aquilo que seu hobby já o tinha ensinado, principalmente no que se refere à atenção e à memória. Em seu mestrado, ele realizou vários truques com voluntários, mas um em particular o ajudou a concluir 5
fatos importantes sobre a influência e a persuasão. A mágica consiste em rapidamente manipular um baralho na frente de um voluntário e depois pedir para que ele escolha uma carta qualquer. O ilusionista, então, tira uma carta idêntica de seu bolso – para a surpresa e deleite da plateia. O segredo do mágico é já escolher ele mesmo uma carta e passar alguns milésimos de segundo a mais com ela na mão enquanto o baralho é manipulado. Isso influencia o voluntário a pegar justamente aquela carta. Olson percebeu que conseguiu direcionar 103 de 105 participantes. Mas foi a segunda parte da experiência que mais surpreendeu o psicólogo. Quando interrogou os voluntários depois, viu que 92% deles não tinham ideia de que estavam sendo manipulados e acharam que estavam no total controle de suas próprias decisões. O pesquisador também descobriu que aspectos como a personalidade do voluntário não tinham relação com o quanto ele pode ser influenciado – todos pareciam igualmente vulneráveis. As implicações dessa experiência vão muito além do palco e deveriam servir para reconsiderarmos nossas percepções sobre nossa vontade própria. Apesar de termos uma grande sensação de liberdade, nossa capacidade de tomar decisões deliberadas pode ser uma ilusão. “A liberdade de escolha é só um sentimento – não está ligada à decisão em si”, afirma Olson. Não acredita nele? Lembre-se quando você for a um restaurante. Segundo Olson, o cliente tem mais chances de pedir o prato que está no topo ou na parte de baixo do cardápio porque essas são as áreas que mais atraem o olhar. “Mas se alguém perguntar o porquê da sua escolha, você dirá que está com vontade de comer aquilo, sem perceber que o restaurante deu uma forcinha”, diz. A psicóloga Jennifer McKendrick, da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, concluiu, em um estudo, que o simples fato de um supermercado tocar uma música ambiente francesa ou alemã fazia as pessoas comprarem vinhos desses países. Segundo membros da campanha de Al Gore à Presidência dos Estados Unidos em 2000, seus rivais republicanos faziam a palavra “RATS” (“ratazanas”) aparecer por milésimos de segundos em anúncios que traziam imagens do democrata, o que teria espantado muitos de seus eleitores. O psicólogo Drew Westen, da Emory University, em Atlanta, criou um candidato fictício e inseriu a suposta mensagem subliminar em seus anúncios, notando que voluntários o avaliavam negativamente. Outra experiência mostrou ainda que representantes de vendas por telefone registraram uma performance melhor apenas por ter visto a foto de um atleta ganhando uma corrida – mesmo sem se lembrarem dela depois. Evidentemente, esse tipo de conhecimento pode ser usado para a coerção se cair nas mãos erradas. Por isso, é importante saber quando outras pessoas estão tentando convencê-lo de algo sem que você perceba. Com base em artigos científicos, aqui estão quatro atitudes manipuladoras fáceis de identificar: 1 – O poder do toque Um tapinha nas costas seguido por um contato visual pode levar uma pessoa a baixar mais a guarda. É uma técnica que Olson usa em seus truques, mas que pode funcionar no cotidiano. 2 – A velocidade da fala Olson diz que mágicos sempre tentam apressar seus voluntários para que eles escolham a primeira coisa que vem à sua mente – em geral a ideia que ele plantou. Uma vez que a pessoa fez sua opção, o performer passa a falar de maneira mais relaxada. Ao se lembrar da experiência, o voluntário tende a pensar que o tempo todo foi livre para tomar suas próprias decisões, em seu ritmo. 3 – Atenção a seu campo de visão Ao passar mais tempo manipulando uma determinada carta de baralho, Olson a torna mais “saliente”, fazendo-a se fixar na mente do voluntário sem que este perceba. Há muitas outras maneiras de fazer coisas semelhantes: colocar um objeto na linha do olhar da outra pessoa ou mover algo ligeiramente mais perto de um alvo, por exemplo. Pelos mesmos motivos, acabamos escolhendo a primeira coisa que nos é oferecida. 4 – Algumas perguntas plantam ideias Quando alguém faz uma sugestão e pergunta aos demais coisas como “Por que você acha que isso é uma boa ideia?” ou “Na sua opinião, quais as vantagens disso?”, está, na realidade, deixando os outros se convencerem 6
a respeito de certas questões por conta própria. Pode parecer óbvio, mas fazer com que as pessoas reflitam a partir de ideias embutidas nas perguntas significa que elas ficarão mais confiantes em tomar decisões de longo prazo – mesmo não tendo sido ideia delas. Leia mais: Como despertar seu espírito de liderança Leia mais: É possível emagrecer com a força do pensamento? Leia a versão original em inglês dessa reportagem no site BBC Future.
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A fogueira de Simone de Beauvoir a partir da questão do ENEM mostrou que a burrice se tornou um problema estrutural do Brasil. Se não for enfrentada, não há chance. Hordas e hordas de burros que ocupam espaços institucionais, burros que ocupam bancadas de TV, burros pagos por dinheiro público, burros pagos por dinheiro privado, burros em lugares privilegiados, atacaram a filósofa francesa porque o Exame Nacional de Ensino Médio colocou na prova um trecho de uma de suas obras, O Segundo Sexo, começando pela 8
frase célebre: “Uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher”. Bastou para os burros levantarem as orelhas e relincharem sua ignorância em volumes constrangedores. Debater com seriedade a burrice nacional é mais urgente do que discutir a crise econômica e o baixo crescimento do país. A burrice está na raiz da crise política mais ampla. A burrice corrompe a vida, a privada e a pública. Dia após dia. Recapitulando alguns espasmos do mais recente surto de burrice. O verbete de Simone de Beauvoir (1908-1986) na Wikipedia, conforme mostrou uma reportagem da BBC, foi invadido para tachar a escritora de “pedófila” e “nazista”. A Câmara de Vereadores de Campinas, no estado de São Paulo, aprovou uma “moção de repúdio” à filósofa. O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), da Bancada da Bíblia, descobriu na frase “uma escolha adrede, ardilosa e discrepante do que se tem decidido sobre o que se deve ensinar aos nossos jovens”. Em sua página no Facebook, o promotor de justiça do município paulista de Sorocaba, Jorge Alberto de Oliveira Marum, chamou Beauvoir de “baranga francesa que não toma banho, não usa sutiã e não se depila”. Como o tema da redação do ENEM era “a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, houve gente que estudou em colégios caros afirmando que este era um tema de esquerda, e portanto um sinal inequívoco de uma conspiração ideológica por parte do governo federal. Como sugeriu o crítico de cinema Inácio Araújo em seu blog, se defender que a mulher tenha o direito de andar sem ser perturbada, agredida e chutada é tema de esquerda, isso só pode significar que a direita vai muito mal. Está cada vez mais difícil fazer humor no Brasil. Como nada do que foi relatado acima é piada, somos submetidos cotidianamente a uma experiência de perversão. Também não tem sido fácil escrever quando não se é humorista, por que o que se pode dizer, seriamente, diante de uma moção de repúdio à Simone de Beauvoir? Mas é preciso tratar com seriedade, porque talvez não exista nada mais sério do que a boçalidade que atravessa o país. Torna-se urgente, prioritário, fazer um esforço coletivo e enfrentar a burrice com o único instrumento capaz de derrotá-la: o pensamento. Esta é a potência e a generosidade de um livro lançado pela filósofa Marcia Tiburi, escritora e professora universitária. O título vai direto ao ponto, afinal os tempos são graves demais para papinhos de salão: Como conversar com um fascista – reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro (Record). Nas 194 páginas, Marcia enfrenta as várias faces do cotidiano atual com profundidade, mas de forma acessível a quem não está familiarizado com os conceitos. Faz o mais difícil: escrever simples sem simplificar. É um livro que se pretende para todos, e não para os seus pares. Quem acompanha a trajetória da filósofa conhece a sua coragem. E este é um livro de coragem, já que é tão difícil quanto arriscado escrever sobre o que está em movimento, sem a proteção assegurada pelo distanciamento histórico. Poucos são os intelectuais que se arriscam a sair do conforto de seus feudos para enfrentar o debate público com suas dúvidas. E por isso aqueles que se arriscam de forma honesta, sem ficar arrotando suas certezas e suas credenciais, ou usando-as para massacrar aqueles que já são massacrados, são tão preciosos. “Eu queria saber por que dialogar é impossível”, conta Marcia Tiburi, sobre a pergunta que a moveu nessa busca. Para enfrentar a ausência do pensamento, a filósofa propõe a resistência pelo diálogo. Este é um esforço de cada um –e de todos. Arriscar-se a deixar o “isolamento em comunidade”, a forma atual da vida social e política, para confrontar o que ela chama de “consumismo da linguagem”. Compreender o confronto atual como um confronto entre direita e esquerda, desenvolvimentistas e ecologistas, governistas e oposicionistas, machistas e feministas é, segundo ela, uma redução. O confronto atual seria mais profundo e também mais dramático: entre os que pensam e os que não pensam. O exercício que faço, deste parágrafo em diante, é buscar compreender a fogueira em que Simone de Beauvoir foi jogada nos últimos dias, entre outros fatos recentes, a partir das ideias deste livro. Para começar, a seriedade do episódio do ENEM pode ser demonstrada neste trecho tão agudo: “Se levarmos em conta que falar qualquer coisa está muito fácil, que falamos em excesso e falamos coisas desnecessárias, um novo consumismo emerge entre nós, o consumismo da linguagem. O problema é que ele produz, como qualquer consumismo, muito lixo. E o problema de qualquer lixo é que ele não retorna à natureza como se nada tivesse acontecido. Ele altera profundamente nossas vidas em um sentido físico e mental. O que se come, o que se vê, o que se ouve, numa palavra, o que se introjeta, vira corpo, se torna existência”. 9
Vale perguntar. Num país em que a preocupação com a educação é uma flatulência, em que a não educação é a regra, para onde vai o lixo e que tipo de impacto ele produz na tessitura do cotidiano, nos corações e mentes de quem o consome? O que acontece com a fogueira de Simone de Beauvoir num contexto em que aqueles que a jogaram no fogo possivelmente sequer a leram? Que restos dos discursos vazios sobre a filósofa permanecerão na memória de uma população que não tem seus livros na estante e que tipo de eco produzirão? Como dimensionar a gravidade de um vereador eleito, pago com dinheiro público para legislar e, portanto, para decidir destinos coletivos, dizer que a escolha da frase de Simone de Beauvoir para uma prova do ENEM é algo “demoníaco”, como afirmou Campos Filho (DEM)? E como enfrentá-la com a seriedade necessária? Com a palavra, o autor da “moção de repúdio”: “Foram buscar lá Simone de Beauvoir, lá pro ano de mil trocentos e pôco.... (...) A grande maioria é favorável à lei da natureza. Homem é homem. Mulher é mulher. (...) Cuidado com essa pulsão, essa pulsão pode levar à cadeia. O senhor pode passar na frente do caixa eletrônico e ter uma pulsão de vontade de roubar e vai preso. Pode ter uma pulsão de vontade de estuprar e vai preso. Então, tomem cuidado com essa pulsão, ah, hoje de manhã sou menina, agora à noite eu sou homem....”. O vereador nem sequer sabe em que século Simone de Beauvoir nasceu, viveu e produziu pensamento – “mil trocentos e pôco”. Nem sequer tentou compreender o que a frase citada no ENEM significa. Não é engraçado. É a ruína causando mais ruína. O que interessa é fazer barulho, porque o barulho encobre o vazio de ideias. O que importa é perverter a palavra, usando o que sequer tentou entender para enclausurar o pensamento e reafirmar a certeza em nome de uma suposta “lei da natureza” que jamais existiu. A perversão do fascista é a de acusar o outro de manipulação ideológica quando é ele o manipulador. É acusar o outro de impor um pensamento quando é ele que empreende todo os esforços para barrar qualquer pensamento. É impedir o diálogo denunciando o outro pelo ato que ele próprio cometeu. É nessa repetição de boçalidades que seguem os discursos de outros vereadores, invocando clichês bíblicos, lembrando de Sodoma e Gomorra e Adão e Eva, abusando de Deus. Para perverter a realidade, o fascista conta com o consumismo da linguagem. Trata-se, como aponta Marcia Tiburi, de um vazio repleto de falas prontas. Não é um vazio silencioso, espaço aberto para buscar o outro, o inusitado, o surpreendente. Mas sim um vazio barulhento, abarrotado de clichês, de frases repetidas e repetitivas, usadas para se proteger do pensamento. Os lugares-comuns, neste caso específico a constante invocação de Deus e de leis bíblicas, são usados como um escudo contra a reflexão. Todo o esforço é empreendido para não existir qualquer chance de pensamento, ainda que um bem pequenino. Neste vazio, a filósofa acredita que os meios tecnológicos e a mídia desempenham um papel crucial. Repete-se o que é dito na TV, no rádio. Fala-se, muito, sem pensar no que se diz. No gesto do mero “compartilhar” sem ler, tão fácil quanto comprar com um clique pela internet, foge-se do pensamento analítico e crítico, trocando-o pelo vazio consumista da linguagem e da ação repetitiva. É assim que a burrice se multiplica em cliques, propagando-se em rede. O título deste artigo é esperançoso, mas não corresponde à realidade: a burrice não tem limites, ela sempre pode atingir patamares ainda mais extremos. Episódios semelhantes à “moção de repúdio” à Simone de Beauvoir ocorriam esporadicamente em rincões afastados, e logo eram ridicularizados. Hoje, acontecem na Câmara de Vereadores de uma das maiores e mais ricas cidades do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil, uma cidade que abriga várias universidades, entre elas a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), uma das mais respeitadas do país. E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias? Será? Não era de se esperar mais iniciativas de busca do diálogo, de criação de oportunidades para explicar quem é Simone de Beauvoir e refletir sobre sua obra, ou mesmo a ocupação da Câmara, para produzir reação e movimento que permitisse o conhecimento e combatesse a ignorância?
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Talvez o polêmico livro Submisssão (Alfaguara), do francês Michel Houellebecq, possa ter alguma ressonância maior por aqui. Nele, só para lembrar, o protagonista é um acadêmico desencantado que se depara com a vitória de um partido islâmico nas eleições da França. Depois de assistir ao desenrolar dos acontecimentos pela TV, já que não se sente motivado a participar de nenhum debate que não seja sobre a sua própria tese acadêmica (ou nem mesmo sobre ela), se choca com o resultado eleitoral. É o protagonista que não protagoniza –ou só protagoniza por omissão (ou submissão). Aos poucos, os novos donos do poder lhe acenam não só com a manutenção dos privilégios, mas com uma considerável ampliação dos privilégios. E ele, afinal, conclui que aderir pode não ser tão ruim assim. Os burros estão por toda parte e muitos deles estudaram nas melhores escolas e, o pior, muitos ensinam nas melhores escolas. A “moção de repúdio” à Simone de Beauvoir foi aprovada pela Câmara de Campinas por 25 votos a cinco. Assim, os burros são a maioria. É preciso enfrentá-los com pensamento, fazer a resistência pelo diálogo. Ou, como diz Marcia Tiburi: “Sem pensamento não há diálogo possível nem emancipação em nível algum. Se não houver limites para a idiotice, resta isolar-se e estocar alimentos”. O promotor e professor universitário que reduziu Simone de Beauvoir a “uma baranga”, ao comentar a questão do ENEM em sua página no Facebook, fez o seguinte comentário: “Exame Nacional-Socialista da Doutrinação Sub-Marxista. Aprendam jovens: mulher não nasce mulher, nasce uma baranga francesa que não toma banho, não usa sutiã e não se depila. Só depois é pervertida pelo capitalismo opressor e se torna mulher que toma banho, usa sutiã e se depila”. Depois da repercussão negativa, o que incluiu uma nota de repúdio por parte da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Jorge Alberto de Oliveira Marum apagou os posts e defendeu-se, em outra postagem, alegando que pretendia ter sido irônico: “Ironia, para quem não sabe, é uma figura de linguagem que consiste em afirmar o contrário do que se pensa”. Interprete-se. “Distorcer é poder” é o título de um dos capítulos do livro em que a filósofa enfrenta a prática amplamente difundida de esvaziar as palavras pela distorção. Como transformar a vítima em culpada, como se faz rotineiramente com as mulheres no falso debate do aborto, por exemplo, ou no tratamento do estupro. Ou distorcer para que aquele que detém os privilégios pareça ser o que têm seus direitos ameaçados: o branco, por exemplo, quando se apresenta como prejudicado pelo sistema de cotas raciais que busca reparar injustiças históricas cometidas contra os negros, ocultando assim que sempre foi o privilegiado; ou quando se invoca um suposto “orgulho heterossexual” na tentativa de mascarar a violência contra os homossexuais, alegando que querem privilégios, quando todos sabem que a heterossexualidade jamais foi contestada ou atacada, nem em sua expressão nem em seus direitos. E também é por essa conversão que os manifestantes de junho de 2013 foram tachados de “vândalos” por parte da mídia e, hoje, uma lei em discussão no Congresso ameaça converter quem protesta em “terrorista”. A própria “democracia” pode ser vista a partir da prática da distorção, já que há aquela, mais difundida, que é vendida pelo mercado. “De um lado, há uma democracia que deve parecer como realizada, contra outra democracia, que está na ordem do desejo e do sonho e que não teria preço”. O capitalismo sequestra a democracia também como palavra, que passa a ser consumida, junto com outras: felicidade, ética, liberdade, oportunidade, mérito. Palavras que a filósofa chama de “mágicas”, invocadas a serviço do ocultamento da opressão. “Antidemocrático, o capitalismo precisaria ocultar sua única democracia verdadeira: a partilha da miséria e, hoje em dia, cada vez mais, a matabilidade”, afirma Marcia Tiburi. Quando se invade o verbete de Simone de Beauvoir na Wikipedia é também disso que se trata: distorcer e replicar até virar “verdade”. Aliena-se os fatos de seu contexto histórico para produzir rótulos. Assim, após o ENEM, a filósofa foi tachada de “pedófila” e de “nazista”. Ambas as afirmações já foram retiradas da página pelo responsável, avisando que a manteria fechada até “que o furor acabasse e as pessoas perdessem o interesse em danificar o artigo”. Entre as dezenas de distorções do verbete, segundo a matéria da BBC, um usuário disse que a filósofa havia escrito um “livro de estupro”. Outro informou que Beauvoir era uma “antifeminista”. Um terceiro disse ainda que ela era “muito conhecida por seu comodismo e pela luta na justiça por uma lei que proibia o trabalho das mulheres fora de casa”. 11
As distorções servem à reprodutibilidade da burrice. Ao converter a filósofa no que é interpretado como o mais monstruoso – “pedófila” e “nazista” – o objetivo é tornar impossível refletir sobre o que ela escreveu: “uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher”. A ampla distorção das palavras serve, de novo, ao vazio do pensamento. Pede-se aos burros que a repliquem à exaustão em cliques histéricos. A linguagem, como escreve Marcia Tiburi, tem sido rebaixada à distribuição da violência – também pelos meios de comunicação e pelas redes sociais. “Vivemos no império da canalhice, onde a burrice, tanto como categoria cognitiva quanto moral, venceu”, afirma. “Ela se transformou no todo do poder.” Aderir é viver. Esta parece ser a frase deste momento de orgulho da ignorância e exaltação da burrice. Aqui, a pergunta se impõe: “se a linguagem nos tornou seres políticos, a destruição da linguagem nos tornará o quê?”. Na semana passada, foi divulgado na página da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República um estudo que reuniu pesquisadores de diversas instituições, apresentado como o mais completo já feito no Brasil sobre os efeitos da mudança climática. Refletir seriamente sobre a mudança climática é urgente, mas há muito menos pensamento e ação do que o momento exigiria, apesar de estarmos às vésperas da Conferência do Clima em Paris. Assim, a divulgação de um estudo com as conclusões a que se chegou poderia ser uma oportunidade excelente para promover participação e diálogo. Mas, entre as tantas previsões que apontaram para um possível drama climático daqui a 25 anos, em 2040 – doenças, calor extremo, falta d’água e de energia etc –, uma foi destacada por diferentes veículos da imprensa: a possível perda de uma área imobiliária avaliada em R$ 109 bilhões no Rio de Janeiro, devido à elevação do nível do mar causada pelo aquecimento global. Não as perdas humanas, não a corrosão da vida, não o aniquilamento dos mais pobres e dos mais frágeis. Não. O que se destaca é aquilo que se monetariza, é a perda do patrimônio material, no caso imobiliário. O que merece título é o cifrão. O episódio evoca um dos capítulos mais interessantes de Como conversar com um fascista: “O capitalismo é a redução da vida ao plano econômico. (...) O pensamento está minado pela lógica do ‘rendimento’. Viver torna-se uma questão apenas econômica. A economia torna-se uma forma de vida administrada com regras próprias, tais como o consumo, o endividamento, a segurança pela qual se pode pagar. Tudo isso é sistêmico e, ao mesmo tempo, algo histérico. (...) As palavras funcionam como estigmas ou como dogmas que sustentam ideias orientadoras de práticas”. Se a ordem do discurso capitalista é basicamente teológica, é porque ele funciona como uma religião no âmbito das escrituras e das pregações (em geral no púlpito tecnológico da televisão)”. Se depois de tanto calarmos sobre a mudança climática, falarmos dela a partir da lógica monetária, estamos todos (mais) perdidos. Mas é em outro episódio destes últimos dias que a perversão do Brasil atual se revelou em toda a sua monstruosidade: a Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu em inquérito que o policial que matou um menino de dez anos agiu em “legítima defesa”. Eduardo de Jesus brincava na porta da sua casa, numa das favelas do Complexo do Alemão, quando teve a cabeça atingida por um tiro de fuzil. Sua mãe encontrou parte do seu cérebro na sala. O inquérito isentou de qualquer responsabilidade os policiais envolvidos, por estarem supostamente em confronto com narcotraficantes. Eles teriam apenas “errado” o tiro. Eduardo estava a cinco metros do policial que o matou. Terezinha de Jesus, a mãe do menino, afirma que não havia tiroteio naquele dia. “Eu parti para cima do policial. Gritei que tinha matado meu filho e ele me respondeu, com seu fuzil na minha cabeça, que igual que tinha matado ele poderia também me matar, porque o menino era filho de bandido. Nunca vou esquecer aquilo. Posso estar em qualquer lugar do mundo, que nunca esquecerei a cara daquele policial”. Ao ser informada por jornalistas que a polícia concluiu que seu filho foi morto em legítima defesa, Terezinha disse que sentia vontade “de quebrar tudo”. Quando a perversão supera tal limite é porque estamos quase no ponto de não retorno. “Não acabaremos com o ódio pregando o amor”, diz Marcia Tiburi. “Mas agindo em nome de um diálogo que não apenas mostre que o ódio é impotente, mas que o torne impotente.” 12
Em Como conversar com um fascista, a filósofa defende a necessidade de começar a tentar falar de outro modo. O diálogo não como salvação, mas como experimento, como ativismo filosófico para enfrentar a antipolítica. A política, lembra a autora, “é laço amoroso entre pessoas que podem falar e se escutar não porque sejam iguais, mas porque deixaram de lado suas carapaças de ódio e quebraram o muro de cimento onde suas subjetividades estão enterradas”. Num país de antipolítica e antieducação generalizada como o Brasil é preciso se mover. É urgente aprender a conversar com um fascista, mesmo que pareça impossível. Expor ao outro aquele que não suporta a diferença. Revelar suas contradições e confrontá-lo pelo diálogo é um ato de resistência. Enfrentar a burrice com a única arma que ela teme: o pensamento. É isso ou não vai adiantar nem estocar alimentos. Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebru
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São Paulo – Em debate realizado pelo Fórum 21 na manhã de hoje (12), na série “Seminários para o Avanço Social”, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, da Unicamp, e doutor em Ciências da Informação pela Universidade de Paris VII, afirmou que a realidade atual, com o monopólio da informação pela mídia tradicional, é “desesperadora”. Para ele, a sociedade está “enfeitiçada” pela manipulação. “Só as versões se tornam realidade, ao ponto de as pessoas não saberem mais o que é real e o que não é.” Segundo Laymert, exemplo esclarecedor a respeito é a operação midiática de transformar a presidenta Dilma Rousseff no objeto de ataques sistemáticos e culpada de tudo o que de ruim acontece ou pode acontecer no país. A operação, lembra, começou na Copa do Mundo de 2014. “Trinta ou quarenta mil pessoas na Avenida Paulista (manifestação da esquerda em 13 de março de 2015) debaixo de chuva não é notícia. Porque para os meios de comunicação é preciso manter no ar a ideia do golpe. É preciso manter no ar permanentemente alguma coisa.” O sociólogo lembra que o início da deslegitimação de Dilma, na Copa, partiu do camarote do Banco Itaú no estádio, onde estava a colunista Sonia Racy. “Não foi à toa que foi escolhido esse local.” Na ocasião da abertura da Copa, no Itaquerão, em São Paulo, o blogueiro Luiz Carlos Azenha registrou em seu blog: “Uma 14
importante colunista social do Estadão, sentada no camarote do Banco Itaú, gritou a plenos pulmões – aparentemente entusiasmada – ‘Ei, Dilma, VTNC’”. Diante da sistemática ofensiva do oligopólio de comunicação, “não existe mais” cobertura (jornalística), no sentido de processar informações reais. “A mídia é parte ativa na criação de versões e ficções sobre o que acontece. O que é de fato real soçobra.” Entre os veículos de comunicação que fazem parte da campanha contra o governo petista de Dilma Rousseff, Laymert considera a Folha de S. Paulo o mais sofisticado e eficiente na construção do discurso da negatividade. “A Folha é a mais elaborada, porque eles estão há mais de 30 anos elaborando o discurso do ressentimento. Sempre, em qualquer momento em que há uma positividade, o discurso é negativo. Se a notícia é boa, existe o recurso: ‘mas...’” A operação que se desenvolveu nos últimos meses para proteger o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que poderia ser o condutor do impeachment desejado pela direita do país, para o sociólogo, é absurda. “Ele (Cunha) está apodrecendo todos os dias e não cai. Como é possível construir essas redes de proteção? Os ladrões estão gritando ‘pega ladrão’ para quem não é ladrão.” O grande problema, para Laymert, é que “o outro lado não consiga responder”. Segundo a análise, “estamos vivendo um fenômeno complicado para o qual a esquerda não tem respostas”. Ele diz que desde os anos 1980 observa a dificuldade da esquerda em compreender a questão midiática. Um dos principais erros de líderes petistas foi acreditar que, quando o PT chegasse ao poder, haveria uma “troca de sinal” e os meios de comunicação passariam a ser mais benevolentes com os esquerdistas. Mas o que se viu foi o contrário. “Uma vez no poder, a esquerda tem uma atitude ao mesmo tempo de submissão e fascínio pelos meios de comunicação.”
Snowden e Assange Laymert acredita que nem mesmo setores da mídia de esquerda, como os chamados “blogueiros sujos”, entendem o processo midiático atual. “Os ‘blogueiros sujos’ não entendem, embora estejam mais perto de entender, que a política hoje não é mais a política, mas a tecnopolítica. Quem entendeu isso foram homens como Julian Assange (do Wikileaks) e Edward Snowden”, disse o professor da Unicamp. Ex-funcionário da agência de inteligência americana, a NSA, Snowden tornou público que o governo dos Estados Unidos opera um sistema de vigilância que abrange cidadãos e governos em todos os lugares do mundo que lhe interessem. “Há uma dimensão totalitária quanto à linguagem e a instrumentalização da linguagem política. Não vejo como a esquerda possa reagir diante dessa ofensiva totalitária da mídia”, diz Laymert. “Snowden e Assange entenderam que o poder está na informação. Mais do que isso, entenderam que, ao contrário do Facebook, que fornece mais do mesmo e satisfaz o narcisismo das pessoas, o que importa é a informação que não se vê, que está oculta. No mundo atual, a informação real é a que não é exposta.” O último debate da série promovida pelo Fórum 21 será realizado nesta sexta-feira (13), às 9h, na Assembleia Legislativa, com o tema “Impeachment e golpe”, com a participação do ex-candidato ao governo de São Paulo pelo Psol, em 2014, Gilberto Maringoni.
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“A mídia não cobre mais os acontecimentos. Ela gera versões e tenta transformá-las em verdade”, alertou o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, professor titular do Departamento de Sociologia da Unicamp e membro do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da USP, que participou da mesa Comunicação e Novas Tecnologias, durante os “Seminários para o avanço social”, promovido pelo Fórum 21, em São Paulo de 9 a 13 de novembro. De acordo com ele, mesmo após o advento das redes sociais e dos 13 anos de governos petistas, o sistema da comunicação no Brasil é ainda extremamente concentrador e preocupante porque, historicamente, o PT não soube avaliar o real poder da mídia e a esquerda não conseguiu formular uma análise crítica do seu potencial de formação de consensos. Santos afirma que, desde a década de 80, o PT já contava que, quando chegasse ao poder, teria a velha mídia brasileira ao seu lado, devido à postura dos oligopólios, como as Organizações Globo, de sempre se posicionarem a serviço dos governos de plantão. Mas não foi o que aconteceu. Para agravar, as redes sociais amplificaram o potencial da mídia de repetir versões para transformar fatos em verdade, o que gerou o quadro atual. “A esquerda não tem uma visão crítica em relação aos meios de comunicação. E se ela não consegue ter essa relação em relação à velha mídia - se o máximo que consegue é propor a democratização e ponto - imagina com as novas mídias”, criticou. Para o professor, o quadro é de tamanha gravidade que a relação entre verdade e mentira, entre verdade e ficção, está completamente abalada. “Nós chegamos a um ponto em que os ladrões gritam ‘pega ladrão’ para os não-ladrões. E isso cola! É uma inversão de valores gigantesca”, ironizou. Linguagens totalitárias O sociólogo sustenta que a dimensão totalitária que a linguagem da velha mídia, reverberada pelas redes sociais, adquiriu no país só encontra precedentes no período pré-nazista e na Guerra Fria. “A mídia é uma parte não só ativa na definição do que acontece, mas é parte ativa na criação de ficções, de versões do que ocorre”, ressaltou. Para piorar o quadro, a esquerda não consegue sequer reagir aos sucessivos ataques, porque seus instrumentos são poucos e de curto alcance, enquanto os dos oligopólios que dominam a mídia no país vão longe e promovem uma espécie de “enfeitiçamento” contínuo. “Se você coloca só um pouquinho de voz de um lado, não é suficiente para fazer contraponto. A assimetria é enorme”, destacou. O resultado, conforme ele, portanto, é um campo de versões e mentiras deliberadas, programadas por uma máquina poderosa, que tem uma capacidade de mobilização das mentes das pessoas bastante importante. “Não só a classe média já foi ganha, como também existe a uma capilaridade em setores beneficiados pelas políticas desse governo que começam a se submeter a este enfeitiçamento. Há uma operação de enfeitiçamento em curso”, denunciou. Como exemplo, Santos cita as pequenas manifestações por impeachment ou a favor de “intervenção militar” que reúnem meia dúzia de manifestantes e um boneco, mas ganham um espaço enorme no noticiário e na agenda política do país, em detrimento de outras muito maiores organizadas pelos movimentos sociais. “Há todo um encadeamento de redes de transmissão que fazem com que não-acontecimentos se tornem acontecimentos, com o objetivo de manter no ar permanentemente a perspectiva de golpe”, alertou. O não-diálogo Para o professor, este enfeitiçamento está na base da falta de diálogo que domina o país. “Todo mundo aqui já tentou argumentar com uma dessas pessoas de direita, no sentido de demonstrar os absurdos que ela está 17
dizendo, e bateu em um muro. O esclarecimento não resolve. Não há possibilidade de diálogo nem de discussão, porque o irracional surge. Elas não querem ser esclarecidas. São movidas pelo ódio e o ódio é visceral. E esse ódio é alimentado o tempo todo pela mídia e pelas redes sociais”, argumentou. Para o professor, o mais grave é que o governo sequer reage a essa ofensiva, tratando essa explosão da linguagem totalitária no país como natural ou próprio da democracia. “Nem corte de grana para emissoras houve. A reação do governo é de submissão e isso estimula o avanço conservador”, acrescentou. Santos sustenta que as forças de esquerda precisam compreender os sinais de perigo e agir. “A linguagem não é só sentido e produção de conteúdo. A linguagem também é ação. E a ação da linguagem totalitária é mobilizar o negativo das pessoas”, denunciou. O mercado da atenção Professor de Sistemas de Informação da USP, Mário Moreto Ribeiro, fez uma comparação entre o ambiente do mundo do trabalho e o das redes sociais, que hoje exigem a atenção total do trabalhador/internauta, em uma desgastante briga por sua atenção. “Na internet hoje, o que está em disputa é essa atenção total. Não só o tempo [do internauta], mas a atenção”, afirmou. Segundo ele, o capital se apropriou do que deveria ser espaço de interação e lazer para os trabalhadores e o transformou em mais uma mercadoria. É por isso que ele classifica o esforço exercido por milhares de usuários das redes sociais para formularem comentários e disputar a atenção de seus seguidores, gratuitamente, é um tipo de trabalho voluntário que contribui para valorizar a marca da empresa, e gerar lucro para o capital. “Escrever no facebook também é um trabalho. Você gasta tempo, valoriza a empresa. E disputa a atenção dos colegas. Existe um mercado da atenção nas redes sociais. E a gente está disputando esse mercado quando escreve no Facebook. Mas não é um mercado aberto. Ele é controlado por uma empresa”, alertou.
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Por Najla Passos Da Carta Maior A presidenta Dilma Rousseff sancionou na noite desta quarta (12) a lei que regulamenta o direito de resposta, uma conquista democrática da sociedade civil brasileira prevista na Constituição de 1988, mas suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2009, quando a corte cassou a Lei de Imprensa. Mas não sem antes abrir mais uma concessão aos grandes oligopólios de mídia do país, em especial àquele que detém a maior emissora de TV da América Latina: Dilma vetou o artigo que permitia ao ofendido requerer o direito de fazer a retificação pessoalmente ou delegá-la a pessoa de sua escolha, quando se tratar de rádio ou TV. Na prática, isso quer dizer que quando uma TV, como a Globo, veicular uma notícia falsa contra alguém ou alguma coisa, em uma reportagem calcada em belas imagens, áudios e infográficos, a correção posterior se restringirá àquela cansativa telinha azul em que os caracteres do texto vão subindo lentamente. Parece coisa pouca. Mas se analisada do âmbito do que vem sendo a política de comunicação dos governos petistas nos últimos 13 anos, ajuda até mesmo a explicar porque a onda conservadora caminha a passos tão largos no país. No Brasil de Lula e Dilma, o direito à informação correta e de qualidade ainda é um bem precioso, restrito a uns poucos incluídos e interessados. Em artigo publicado na edição do New York Times desta última quarta, a jornalista Vanessa Bárbara, colunista do Estadão que não deve ter encontrado espaço em casa para a pauta, questiona tanto a qualidade da informação jornalística quanto dos valores repassados pelos programas de entretenimento da emissora. Ela lembra que, embora com a audiência em declínio há décadas, a Globo ainda arrebata 34% dos telespectadores, enquanto a segunda emissora no ranking, a TV Record, não passa dos 15%. A jornalista também alerta para o perigo que tal ‘presença onipresente’ pode significar. “Em um país onde a educação deixa a desejar (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico classificou o Brasil recentemente em 60º lugar entre 76 países em desempenho médio nos testes internacionais de avaliação de estudantes), implica que um conjunto de valores e pontos de vista sociais é amplamente compartilhado. Além disso, por ser a maior empresa de mídia da América Latina, a Globo pode exercer influência considerável sobre nossa política”, diz o texto.
Concessões e engavetamentos Apesar da democratização da mídia ser uma bandeira histórica das esquerdas, os governos Lula e Dilma muito pouco – ou quase nada – fizeram por ela. Criada em 2007, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a rede pública de jornalismo do país que poderia fazer frente aos conglomerados privados, ainda tateia. Neste momento, seus jornalistas estão em greve, por reajuste salarial, melhores condições de trabalho e em defesa da comunicação pública de qualidade. Os governos petistas também não avançaram nada na configuração de uma legislação capaz de regular e, assim, reduzir os abusos e garantir espaço democrático a um maior número de vozes. O assunto chegou 19
a ser discutido quando o jornalista Franklin Martins assumiu a Secretaria de Comunicação, ainda no governo do ex-presidente Lula, mas voltou para a gaveta com a chegada de Dilma ao Planalto, de onde nunca mais saiu.
A falácia da mídia técnica Até mesmo o critério de distribuição de verbas publicitárias adotado favorece os grandes oligopólios. Em especial, à Globo. Com a desculpa de definir um critério técnico, os governos petistas optaram por uma espécie de “ditadura da audiência”, como se não houvesse outros critérios possíveis, como a própria qualidade do produto jornalístico e/ou de entretenimento, ou mesmo argumentos jurídicos, como a previsão constitucional da pluralidade de meios. Um estudo realizado por Antônio Lassance, doutor em Ciências Políticas e especialista em Comunicação e Políticas Públicas, mostra que o problema é ainda mais grave, porque até mesmo o cálculo feito pelo governo para contemplar esse critério de audiência não encontra lastro na realidade. A mesma Globo que perde audiência anualmente, conforme retratou o New York Times, recebe verbas publicitárias cada vez mais polpudas. A última Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada pela Secom em 2014, mostra que, de cada 100 brasileiros, 95 têm o hábito de assistir tevê; 55 ouvem rádio, 48 navegam pela internet, 21 leem jornais impressos e 13, as revistas impressas. Em decorrência disso, Lassance calcula que, como os brasileiros têm o costume de consumir mais de uma mídia, uma divisão verdadeiramente técnica da verba publicitária destinaria 40,95% paras as TVs, 23,75% para as rádios, 20,69% para a internet, 9,05% para os jornais impressos e 5,60¨para as revistas. Entretanto, em 2014, o governo federal destinou 72,20% da verba para as TVs, 9,09% para a internet, 6,90% para as rádios, 6,73% aos jornais e 5,09% às revistas. Uma distorção considerável que beneficiou sobremaneira as emissoras de TV. E, dentre elas, claro, a Globo. “Portanto, com base em dados técnicos; dados de audiência; dados de pesquisa; dados oficiais; a mídia técnica do Governo Federal, de técnica, só tem o nome. Desrespeita os dados que a própria Secom tem em mãos, pelo menos, desde 2011”, escreveu ele no artigo Governo Federal financia mídia cartelizada, mais cara e menos plural, publicado no Observatório da Imprensa.
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Por Sandro Ari Andrade de Miranda O crescimento dos crimes de ódio é um fenômeno global! Sustentada por preconceitos e por valores fundamentalistas, temos observado uma onda de violência desmedida em diversos lugares do planeta, exatamente no momento em que explodem os meios de comunicação, o que, em tese, deveria garantir maior acesso à informação. 21
O ataque a igrejas das comunidades negras nos Estados Unidos, o espancamento de casais homoafetivos nas metrópoles brasileiras ou, simplesmente, de pessoas que se acredita serem homoafetivos (como num caso recente onde pai e filho foram espancados por simples manifestação de carinho), o incêndio criminoso de mesquitas na França, o massacre diário de palestinos pelo governo de Israel, são apenas alguns exemplos de aberrações que vivenciamos todos os dias. Pior do que isto, o simples ato de ser levantada opinião contrária à dos ofensores ou dos grandes meios de comunicação também acaba resultando em ameaças, perseguições e agressões. A internet, que deveria ser o caminho da disseminação das informações transformadoras, tem sido canal de propaganda da violência moral, da étnica, da sexual e da simbólica. Se durante o Iluminismo a luta por liberdade de imprensa e de opinião resultou numa conquista sem precedentes para a humanidade, criando os alicerces para a derrubada de impérios absolutistas, no mundo contemporâneo, na maior parte das vezes, os meios de comunicação não oferecem suporte à democratização da sociedade. Infelizmente, não são raros os exemplos onde a mídia de massa funciona como elemento de fomento a ódios, preconceitos e violência desmedida, como no caso do nazismo, do fascismo, e da islamofobia instaurada depois de 11 de setembro. Os meios de comunicação, especialmente os canais de televisão, cumprem um papel decisivo no fomento ao preconceito, especialmente através da construção de arquétipos, de personagens onde o oprimido é sempre objeto de piadas. Portanto, os grandes meios de comunicação, dominados por oligopólios e grupos conservadores, também são o ponto de partida para vários crimes de ódio. Num evento pré-campanha eleitoral em 2014, a novela Meu Pedacinho de Chão da Rede Globo de televisão, direcionada a um público infanto-juvenil, com primoroso trabalho estético e com rara qualidade de direção e interpretação, mesmo com sua projeção atemporal, apresentou todos os personagens negros como empregados, criticou o direito de voto dado aos analfabetos, uma conquista democrática de 1988, sem questionar a origem do problema, transformando trabalhadores analfabetos em pessoas desinteressadas na aprendizagem e converteu o Coronel, vilão da história, em herói redimido, num gritante retrocesso em relação ao roteiro da novela original, que foi construída sobre o alicerce da crítica social. O que era para ser uma obra de arte, nos momentos citados foi palco para a disseminação de preconceitos de forma subliminar, e reforço para a campanha de ódio contra formas de pensar democráticas que é exercitado no dia a dia pelos telejornais da emissora. Por sinal, as novelas da Rede Globo, com raras exceções, sempre foram instrumentos de construção de arquétipos destinados ao controle dos avanços sociais. Vejam o exemplo “do bom e do mau sem-terra” no péssimo roteiro da reprisada novela O Rei do Gado, uma “obra-prima do preconceito”. E aqui nem falo de uma recente novela das 18 horas (Buggy Uggy) ambientada na década de setenta, que tinha um militar moralista como “pai de família exemplar”, e não fez qualquer referência aos crimes praticados durante a “ditadura verde oliva” exercitados na mesma época. Também nem falo da reiterada imposição da “ditadura da maternidade” pelas novelas como única forma concreta de realização feminina. Normalmente as personagens que não sonham em ser mães são apresentadas como vilãs ou satirizadas, em síntese: mais uma forma de preconceito propagandeado. Nesses folhetins televisivos vemos a construção de “bons políticos” que pregam discursos de um moralismo lamentável, enquanto passam o tempo todo convivendo de forma pacífica com seus parceiros e “bons correligionários”: latifundiários, grandes empresários, jornalistas com condutas duvidosas e famílias tradicionais. Ou seja, “nas novelas globais, o bom político é sempre aquele que defende o ideário e os interesses da emissora, mesmo que estes estejam em conflitos com o avanço da Democracia”. No ano de 2011 os canais da Discovery divulgaram um interessante documentário sobre o “perfilhamento 22
racial” nos Estados Unidos e a forma como a polícia, mesmo em Illinois, reduto eleitoral de Barak Obama, continua prendendo pessoas de forma indiscriminada e sem justificativa com base em elementos étnicos, muitos dos quais terminam na morte dos acusados, sempre negros, pela ação policial. Em algumas situações observamos a autovitimização do opressor como instrumento de pregação do preconceito e de perpetuação do poder dominante, como nos discursos inflamados de brancos contra as políticas de quotas e de ação afirmativa, ou a patética conduta de alguns parlamentares e religiosos brasileiros defendendo o “orgulho hetero”, num claro ato de homofobia. Aliás, enquanto o direito civil caminhou durante milhares de anos, desde a sua matriz romano-germânica, para reconhecer que não existe direito “de família”, mas “de famílias”, em suas diversas formas, observamos a lamentável tentativa de retrocesso, com a tramitação no Congresso Nacional brasileiro, do projeto de Lei do Estatuto da Família, mais um arremedo de fundamentalismo, sexismo e homofobia. O uso de símbolos opressivos ainda é pouco enfrentado na sociedade brasileira, mesmo que a violência simbólica seja criminalizada na “Lei Maria da Penha”. Este tipo de violência ainda é visto por determinados setores da sociedade como não violência, como algo que afeta apenas a subjetividade das vítimas. Assim, a violência simbólica segue servindo como ponte para diversos tipos de preconceitos, ou como porta de passagem para a violência física sem nenhum tipo de controle. Portanto, se formos buscar a fonte da disseminação inconsequente dos crimes de ódio, não poderemos deixar de questionar o papel dos meios de comunicação de massa, ou da ação de alguns ocupantes de assentos nos Parlamentos. Enquanto aceitarmos de forma acrítica que valores conservadores sejam impostos às nossas casas todos os dias pelo rádio, televisão ou internet, ou que o presidente da Câmara vá ao púlpito do Congresso para ofender minorias, ou negarmos a violência simbólica, ainda continuaremos convivendo com a chaga do preconceito!
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Um artigo publicado no jornal New York Times, e reproduzido por aqui no site UOL, é de causar constrangimento a todo brasileiro mais crítico. Nele, Vanessa Bárbara revela com contundente precisão o quanto a TV Globo historicamente interfere no cotidiano de um país que figura entre os de mais baixa qualificação de ensino do planeta. Lembrar que William Bonner comparou o telespectador médio de TV do país com Homer Simpson chega a ser obrigatório. Gigante da mídia cativa os telespectadores com novelas vazias e comentários ineptos no noticiário. Vanessa Barbara, no International New York Times, via Conexão Jornalismo No ano passado, a revista “The Economist” publicou um artigo sobre a Rede Globo, a maior emissora do Brasil. Ela relatou que “91 milhões de pessoas, pouco menos da metade da população, a assistem todo dia: o tipo de audiência que, nos Estados Unidos, só se tem uma vez por ano, e apenas para a emissora detentora dos direitos naquele ano de transmitir a partida do Super Bowl, a final do futebol americano”. Esse número pode parecer exagerado, mas basta andar por uma quadra para que pareça conservador. Em todo lugar aonde vou há um televisor ligado, geralmente na Globo, e todo mundo a está assistindo hipnoticamente. Sem causar surpresa, um estudo de 2011 apoiado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o percentual de lares com um aparelho de televisão em 2011 (96,9) era maior do que o percentual de lares com um refrigerador (95,8) e que 64% tinham mais de um televisor. Outros pesquisadores relataram que os brasileiros assistem em média quatro horas e 31 minutos de TV por dia útil, e quatro horas e 14 minutos nos fins de semana; 73% assistem TV todo dia e apenas 4% nunca assistem televisão regularmente (eu sou uma destes últimos). Entre eles, a Globo é ubíqua. Apesar de sua audiência estar em declínio há décadas, sua fatia ainda é de cerca de 34%. Sua concorrente mais próxima, a Record, tem 15%. Assim, o que essa presença onipenetrante significa? Em um país onde a educação deixa a desejar (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico classificou o Brasil recentemente em 60º lugar entre 76 países em desempenho médio nos testes internacionais de avaliação de estudantes), implica que um conjunto de valores e pontos de vista sociais é amplamente compartilhado. Além disso, por ser a maior empresa de mídia da América Latina, a Globo pode exercer influência considerável sobre nossa política. Um exemplo: há dois anos, em um leve pedido de desculpas, o grupo Globo confessou ter apoiado a ditadura militar do Brasil entre 1964 e 1985. “À luz da História, contudo”, o grupo disse, “não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original”. 24
Com esses riscos em mente, e em nome do bom jornalismo, eu assisti a um dia inteiro de programação da Globo em uma terça-feira recente, para ver o que podia aprender sobre os valores e ideias que ela promove. A primeira coisa que a maioria das pessoas assiste toda manhã é o noticiário local, depois o noticiário nacional. A partir desses, é possível inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrentar um sério risco de impeachment e que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, está sendo investigado por receber propina, recebe menos tempo no ar do que os detalhes dos congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes por dia, com os âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na hora do chá, sobre o calor ou a chuva. A partir dos talk shows matinais e outros programas, eu aprendi que o segredo da vida é ser famoso, rico, vagamente religioso e “do bem”. Todo mundo no ar ama todo mundo e sorri o tempo todo. Histórias maravilhosas foram contadas de pessoas com deficiência que tiveram a força de vontade para serem bem-sucedidas em seus empregos. Especialistas e celebridades discutiam isso e outros assuntos com notável superficialidade. Eu decidi pular os programas da tarde -a maioria reprises de novelas e filmes de Hollywood- e ir direto ao noticiário do horário nobre. Há dez anos, um âncora da Globo, William Bonner, comparou o telespectador médio do noticiário “Jornal Nacional” a Homer Simpson -incapaz de entender notícias complexas. Pelo que vi, esse padrão ainda se aplica. Um segmento sobre a escassez de água em São Paulo, por exemplo, foi destacado por um repórter, presente no jardim zoológico local, que disse ironicamente “É possível ver a expressão preocupada do leão com a crise da água”. Assistir à Globo significa se acostumar a chavões e fórmulas cansadas: muitos textos de notícias incluem pequenos trocadilhos no final ou uma futilidade dita por um transeunte. “Dunga disse que gosta de sorrir”, disse um repórter sobre o técnico da seleção brasileira. Com frequência, alguns poucos segundos são dedicados a notícias perturbadoras, como a revelação de que São Paulo manteria dados operacionais sobre a gestão de águas do Estado em segredo por 25 anos, enquanto minutos inteiros são gastos em assuntos como “o resgate de um homem que se afogava causa espanto e surpresa em uma pequena cidade”. O restante da noite foi preenchido com novelas, a partir das quais se pode aprender que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos enormes, unhas esmaltadas, saias justas, salto alto e cabelo liso. (Com base nisso, acho que não sou uma mulher.) As personagens femininas são boas ou ruins, mas unanimemente magras. Elas lutam umas com as outras pelos homens. Seu propósito supremo na vida é vestir um vestido de noiva, dar à luz a um bebê loiro ou aparecer na televisão, ou todas as opções anteriores. Pessoas normais têm mordomos em suas casas, que são visitadas por encanadores atraentes que seduzem donas de casa entediadas. Duas das três atuais novelas falam sobre favelas, mas há pouca semelhança com a realidade. Politicamente, elas têm uma inclinação conservadora. “A Regra do Jogo”, por exemplo, tem um personagem que, em um episódio, alega ser um advogado de direitos humanos que trabalha para a Anistia Internacional visando contrabandear para dentro dos presídios materiais para fabricação de bombas para os presos. A organização de defesa se queixou publicamente disso, acusando a Globo de tentar difamar os trabalhadores de direitos humanos por todo o Brasil. Apesar do nível técnico elevado da produção, as novelas foram dolorosas de assistir, com suas altas doses de preconceito, melodrama, diálogo ruim e clichês. Mas elas tiveram seu efeito. Ao final do dia, eu me senti menos preocupada com a crise da água ou com a possibilidade de outro golpe militar -assim como o leão apático e as mulheres vazias das novelas. * Vanessa Barbara é uma colunista do jornal “O Estado de São Paulo” e editora do site literário “A Hortaliça”. Tags: Comunicação · Globo · jornalismo Leia a matéria completa em: New York Times diz que a Globo é a TV que ilude o Brasil - Geledés http:// www.geledes.org.br/new-york-times-diz-que-a-globo-e-a-tv-que-ilude-o-brasil/#ixzz3tBAZgpUz Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook 25
Fundador do Wikileaks, Julian Assange diz que um dos grandes problemas do Brasil e da América Latina é a concentração da mídia; ele defende o presidente equatoriano Rafael Correa, que lhe deu asilo, aprofunde a disputa com a imprensa local. “Deveria atacar mais”, diz ele. “Quando falamos em liberdade de expressão, temos de incluir a liberdade de distribuição, uma das coisas mais importantes que a internet nos deu”, afirma 4 DE FEVEREIRO DE 2013 ÀS 07:02 247 - Refugiado na embaixada do Equador em Londres, Julian Assange, fundador do Wikileaks, recebeu o jornalista Jamil Chade, correspondente do Estado de S. Paulo, para falar sobre sei livro Cypherpunks, Liberdade e o Futuro da Internet, que está sendo lançado no Brasil pela Boitempo Editorial. Na entrevista, ele disse que um dos principais problemas da América Latina é a concentração da mídia. “No Brasil, seis famílias controlam 70% da informação”. Leia, a seguir, os principais trechos da conversa: A web como arma Tecnologia produz poder, a ponto de a história da civilização humana ser a história do desenvolvimento de diferentes armas de diferentes tipos. Por exemplo, quando rifles eram as armas dominantes ou navios de guerra ou bombas atômicas. Desde 1945, a relação entre as superpotências era definida por quem tinha acesso a armas atômicas. Hoje, a internet redefiniu as relações de força antes definidas pelas armas. Todas 26
as sociedades que têm qualquer desenvolvimento tecnológico, que são as sociedades influentes, se fundiram com a internet. Portanto, não há uma separação entre sociedade, indivíduos, Estados e internet. A internet é hoje o alicerce da sociedade e conecta os Estados além das fronteiras. Conhecimento é poder. Vigilância global A comunicação entre indivíduos ocorre pela internet. Sistemas de telefone estão na internet, bancos e transações usam a internet. Colocamos nossos pensamentos mais íntimos na internet, detalhes, como diálogos entre marido e mulher e até nossa posição geográfica. Enfim, tudo é exposto na internet. Isso significa que grupos envolvidos na vigilância em massa realizam uma apropriação enorme de conhecimento. Esse é o maior roubo da história. Google e Facebook O Google sabe o que você estava pensando. E sabe o que você pensou no passado, porque quando você quer saber algum detalhe, busca no Google. Sites que têm Google Adds, ou seja, todos os sites, registram sua visita. O Google sabe todos os sites que você visitou, tudo o que você buscou. Ele te conhece melhor que você. Você sabe o que você buscou há dois dias? Não. Mas o Google sabe. Alguém pode dizer: o Google só quer vender publicidade. Mas, na realidade, todas as agências de inteligência dos EUA têm acesso ao material do Google. Eles acessaram isso em nosso caso.(…) Países como a Islândia têm uma penetração no Facebook de 88%. Mesmo que você não esteja no Facebook, seu irmão está e está relatando sobre você. Uso pela CIA Pessoas querem compartilhar algo com meus amigos e amigos de meus amigos, mas não com meus amigos e com a CIA. As pessoas estão sendo enganadas. Concentração de mídia [Rafael Correa, presidente do Equador] deveria atacar mais. A primeira responsabilidade da imprensa é a precisão e a verdade. O grande problema na América Latina é a concentração na mídia. Há seis famílias que controlam 70% da imprensa no Brasil, mas o problema é muito pior em vários países. Na Suécia, 60% da imprensa é controlada por uma editora. Na Austrália, 60% da imprensa escrita é controlada por (Rupert) Murdoch. Portanto, quando falamos em liberdade de expressão, temos de incluir a liberdade de distribuição, uma das coisas mais importantes que a internet nos deu. Revelações sobre o Brasil Sim. Publicaremos muito sobre o Brasil neste ano.
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Novos documentos vazados pela organização WikiLeaks trazem à tona detalhes e provas da estreita relação do USA com o monopólio dos meios de comunicação no Brasil semicolonial. Um despacho diplomático de 2005, por exemplo, assinado pelo então cônsul de São Paulo, Patrick Dennis Duddy, narra o encontro em Porto Alegre do então embaixador John Danilovich com representantes do grupo RBS, descrito como “o maior grupo regional de comunicação da América Latina“, ligado às organizações Globo. O encontro é descrito como “um almoço ‘off the record’ [cujo teor da conversa não pode ser divulgado], e uma nota complementar do despacho diz: “Nós temos tradicionalmente tido acesso e relações excelentes com o grupo”. 28
Outro despacho diplomático datado de 2005 descreve um encontro entre Danilovich e Abraham Goldstein, líder judeu de São Paulo, no qual a conversa girou em torno de uma campanha de imprensa pró-sionista no monopólio da imprensa no Brasil que antecedesse a Cúpula América do Sul-Países Árabes daquele ano, no que o jornalão O Estado de S.Paulo se prontificou a ajudar, prometendo uma cobertura “positiva” para Israel. Os documentos revelados pelo WikiLeaks mostram ainda que nomes proeminentes do monopólio da imprensa são sistematicamente convocados por diplomatas ianques para lhes passar informações sobre a política partidária e o cenário econômico da semicolônia ou para ouvir recomendações. Um deles é o jornalista William Waack, apresentador de telejornais e de programas de entrevistas das Organizações Globo. Os despachos diplomáticos enviados a Washington pelas representações consulares ianques no Brasil citam três encontros de Waack com emissários da administração do USA. O primeiro deles foi em abril de 2008 (junto com outros jornalistas) com o almirante Philip Cullom, que estava no Brasil para acompanhar exercícios conjuntos entre as marinhas do USA, do Brasil e da Argentina. O segundo encontro aconteceu em 2009, quando Waack foi chamado para dar informações sobre as conformações das facções partidárias visando o processo eleitoral de 2010. O terceiro foi em 2010, com o atual embaixador ianque, Thomas Shannon, quando o jornalista novamente abasteceu os ianques com informações detalhadas sobre os então candidatos a gerente da semicolônia Brasil. Outro nome proeminente muito requisitado pelos ianques é do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, d’A Folha de S.Paulo. Os documentos revelados pelo WikiLeaks dão conta de quatro participações do jornalista (ou “ex-jornalista e consultor político”, como é descrito) em reuniões de brasileiros com representantes da administração ianque: um membro do Departamento de Estado, um senador, o cônsul-geral no Brasil e um secretário para assuntos do hemisfério ocidental. Na pauta, o repasse de informações sobre os partidos eleitoreiros no Brasil e sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal. Fernando Rodrigues, repórter especial de política da Folha de S.Paulo, chegou a dar explicações aos ianques sobre o funcionamento do Tribunal de Contas da União. Outro assunto que veio à tona com documentos revelados pelo WikiLeaks são os interesses do imperialismo ianque no estado brasileiro do Piauí. Um documento datado de 2 de fevereiro de 2010 mostra que representantes do USA participaram de uma conferência organizada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), na capital Teresina, a fim de requisitar a implementação de obras de infra-estrutura que poderiam favorecer a exploração pelos monopólios ianques das imensas riquezas em matérias-primas do segundo estado mais pobre do Nordeste. A representante do WikiLeaks no Brasil, a jornalista Natália Viana, adiantou que a organização divulgará em breve milhares de documentos inéditos da diplomacia ianque sobre o Brasil produzidos durante o gerenciamento Lula, incluindo alguns que desnudam a estreita relação do USA com o treinamento do aparato repressivo do velho Estado brasileiro. A ver.
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Uma série de ilegalidades se embrenham na base do sistema de rádios e TVs no Brasil, afrontando a Constituição e gerando prejuízos para a liberdade de imprensa, conforme aponta o relatório da ONG internacional Repórter Sem Fronteiras. A lista de ilegalidades combinada com a frouxa fiscalização por parte do governo federal resulta no surgimento de oligopólios e em uma situação de pouca diversidade de vozes e ideias, algo danoso à democracia e à representação dos diversos grupos que compõem a sociedade. Segundo a Constituição, cabe à União, por meio do Ministério das Comunicações, conceder a empresas privadas, por meio de concessões, o direito de possuir um canal de rádio ou televisão no Brasil. Essas regras existem porque, ao contrário de jornais, revistas e sites, cuja existência é, em tese, ilimitada, há um limite físico para a existência de emissoras de rádio e televisão, determinado pelo espectro das faixas de frequência. Para ter o direito à concessão, as emissoras devem vencer um processo licitatório e cumprir uma série de regras em relação a seu conteúdo e programação, a fim de garantir a pluralidade e a diversidade da sociedade brasileira. A fiscalização do cumprimento destas regras, no entanto, nem sempre é realizada pelo Ministério das Comunicações, conforme aponta o relatório do Repórter Sem Fronteiras, o que contribui para falta de representação de minorias nas telas nacionais. Diante do descaso do governo, o setor de rádio e televisão no Brasil é praticamente uma terra sem lei, realidade que o Ministério Público Federal e organizações da sociedade civil, como o Intervozes, parceiro de CartaCapital, tentam mudar. A seguir, conheça e entenda alguns dos principais problemas nos quais estão envolvidas as emissoras de rádio e televisão brasileiras.
1 - Concentração de mídia e a falta de conteúdo local Em conjunto, a Constituição e o Decreto-Lei 236, de 1967, proíbem a formação de oligopólios na radiodifusão e colocam barreiras na veiculação de conteúdo unificado em todas as regiões brasileiras, como maneira de garantir a produção local e diversificada de conteúdo. A realidade mostra que essas exigências não são cumpridas. Atualmente, os grupos Globo, SBT, Record e Band dominam 69,4% da audiência televisiva. Os números derivam do fato de esses canais terem empresas afiliadas que, em sua maioria, retransmitem e reproduzem a grade de programação das empresas sede, as chamadas cabeças-de-rede. Por meio das afiliadas, a Globo, maior cabeças-de-rede do Brasil, transmite sua programação para 98,6% do território nacional, seguida por SBT (85,7%), Record (79,3%) e Band (64,1%). Apesar da proibição de que concessionárias estejam “subordinadas a outras entidades que se constituem com a finalidade de estabelecer direção ou orientação única”, as cabeças-de-rede têm um significativo domínio sobre a produção de conteúdo. Um estudo do Observatório do Direito à Comunicação, de 2009, mostrou que 90% dos conteúdos veiculados pelas afiliadas são produzidos pela cabeça-de-rede. Na prática, o domínio se dá por meio de contratos entre as cabeças-de-rede e as afiliadas que driblam as regras sobre a quantidade de geradoras de sinal de grande alcance permitidos por empresa de televisão: são cinco por proprietário em todo o País, sendo no máximo duas por Estado. Como o Ministério das Comunicações não estabeleceu regulações a respeito da propriedade por pessoas físicas e jurídicas, há casos de pessoas e empresas que extrapolam o limite do decreto de 1967, controlando mais de cinco geradoras nacionalmente e mais de duas por estado.
2 - Posse de veículos de mídia por políticos O artigo 54 da Constituição Federal proíbe deputados e senadores de possuírem empresas que firmem ou mantenham contratos com autarquias, empresas públicas ou concessionárias de serviço público. O último caso enquadra as emissoras de rádio e televisão, mas ainda assim mais de 40 deputados federais e senadores controlam diretamente pelo menos uma emissora de rádio ou televisão em seu estado de origem, fenômeno conhecido como coronelismo eletrônico. 31
Desde 2011, tramita no Supremo Tribunal Federal uma ação, elaborada pelo Intervozes e pelo PSOL, que pede a declaração de inconstitucionalidade à concessão de outorgas de radiofusão a emissoras controladas por políticos. Além do artigo 54 da Constituição, a ação também entende que a prática do coronelismo eletrônico viola o direito à informação (artigos 5º e 220); a separação entre os sistemas público, estatal e privado de comunicação (art. 223); o direito à realização de eleições livres (art. 60); o princípio da isonomia (art. 5º); e o pluralismo político e o direito à cidadania (art. 1º).
3 - Vendas de concessão: o caso MTV A Lei 4.117/62 e o Decreto 52.795/63 proíbem, segundo entendimento do Ministério Público Federal, que uma concessão pública de radiodifusão seja repassada a terceiros sem uma nova licitação. Isso porque canais abertos são um serviço público e, por isso, o uso das frequências deve ser disputado em concorrência aberta. Ainda assim, em dezembro de 2013, o grupo Abril vendeu a frequência que abrigava a MTV Brasil para a empresa Spring por 290 mil reais. Sob novo comando, o canal aberto tem toda a sua programação ocupada por conteúdo produzido pela Igreja Mundial do Poder de Deus. Para o MPF, tratou-se de uma negociação inconstitucional. “Uma empresa que é concessionária de um serviço público possui duas opções: explorar o serviço ou restitui-lo para a União. Neste caso, o grupo Abril vendeu o direito de explorar o serviço para outra empresa, o que entendemos ser inconstitucional”, afirma o procurador Pedro Antonio de Oliveira Machado, do MPF-SP. Segundo ele, a controvérsia envolve o uso da frequência, e não a venda da marca MTV, que já foi devolvida à empresa proprietária e continua sendo usada na TV fechada. Atualmente, o MPF recorre de um parecer negativo da Justiça a respeito de uma ação cautelar sobre o caso. Outra ação que visa anular a venda da concessão ainda está em desenvolvimento. 32
4 - Subconcessão A venda de espaço de programação para terceiros, a chamada subconcessão, é outra ilegalidade. O arrendamento de parte da programação é prática comum entre as emissoras de tevê e ocorre sob a vista grossa do Ministério de Comunicações. De acordo com o mais recente levantamento sobre o tema, feito pelo Intervozes em 2014, a Band vendia 19% de sua programação, a Record, 21%, a Gazeta, 23%, RedeTV, 50% e Rede 21, quase toda sua programação: 92%. A maioria destes espaços são vendidos para igrejas, prática que é alvo de uma ação do MPF. As emissoras alegam que a venda de espaço em sua programação não se caracteriza como subconcessão, mas como uma forma de publicidade. Entidades da sociedade civil, contudo, refutam este argumento afirmando que mesmo a publicidade, com estas proporções de ocupação da programação, seria ilegal. O fundamento para isso está no Código Brasileiro de Telecomunicações, que estabelece um limite à publicidade comercial em cada canal de televisão. Segundo a lei, o tempo destinado à publicidade comercial não pode ultrapassar 25% da duração total da programação diária.
5 - Descumprimento do percentual de conteúdo educativo na programação
O Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT) determina que as emissoras de radiodifusão destinem ao menos 5% de sua programação para a transmissão de notícias e reservem 5 horas semanais para programas educacionais. Muitas empresas, contudo, não respeitam esses parâmetros. Produzido em 2014 pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), o Informe de Acompanhamento do Mercado da TV Aberta revelou que a categoria Entretenimento ocupou 49,4% das grades de programação da TV aberta de São Paulo, seguida pelos grupos Outros (20,1%), que engloba os programas religiosos; Informação (19,3%), e Publicidade (7,7%, sem considerar comerciais e chamadas). O grupo Educação aparece 33
com 3,5%. O mesmo levantamento apontou a inexistência de programas educativos na Record e no SBT. Na Band e na Rede TV!, menos de 1% da programação era dedicada à educação. Na Rede CNT e na TV Gazeta, eram menos de 2%. De acordo com a Ancine, o percentual mínimo era respeitado somente pela Globo (5,6%) e pelas emissoras públicas: Cultura (9,2%) e TV Brasil (12,5%).
6 - Emprego do veículo para a prática de crime ou contravenção Uma pesquisa da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), realizada em 2015, em parceria com o Intervozes, a Artigo 19 e Ministério Público Federal, verificou que o conteúdo de programas policialescos, veiculados pelas principais emissoras do País, violam pelo menos 12 leis brasileiras e 7 dispositivos multilaterais em vigor no país, como a Constituição e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Apesar das diversas e reincidentes infrações, o Ministério das Comunicações adota uma postura omissa em relação à fiscalização destes programas. O exemplo mais recente é a denúncia, encaminhada pelo coletivo Intervozes ao ministério, sobre a transmissão, ao vivo, de uma perseguição policial a dois suspeitos, que terminou com um deles sendo alvejado pela PM. As imagens foram veiculadas pela Rede Record e pela TV Bandeirantes de São Paulo. No programa Cidade Alerta, da Rede Record, o apresentador Marcelo Rezende fez declarações que afrontam os Direitos Humanos e a legislação brasileira, como “atira, meu filho; é bandido”. Apesar disso, o Ministério das Comunicações limitou-se a dizer que analisa a denúncia, mas que o Poder Judiciário deveria ser procurado em busca de reparação. *Com informações da cartilha Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil, produzida pelo Intervozes Conteúdo Cartilha Intervozes — by Marcelo Pellegrini — last modified 09/11/2015 17h46
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Ex Bispo e Líder Nacional da Igreja Universal do Reino de Deus, Carlos Magno de Miranda dá uma entrevista corajosa ao Blog Vini Silva, contando como foram parte dos anos que viveu na IURD e sua convivência com Edir Macedo, a compra de Rede Record de Televisão, o dinheiro do Narcotráfico, Renato Suhett, Valdemiro Santiago,Silas Malafaia, entre outras coisas.
Quem é Carlos Magno de Miranda? “Eu nasci num lar católico, fui praticante da religião católica, a ponto de me tornar coroinha e ajudar em todas as missas do colégio Salesiano em Natal, isso nos anos de 1966-69. Mudei-me para o Rio de Janeiro e continuei católico praticante. Um dia fui convidado pelo namorado (bispo Renato maduro) da prima da minha namorada (atual esposa) a ir num culto da Igreja da Bênção (atual Universal). Era o primeiro templo. Gostei demais de ver aquele homem se mostrando poderoso para enfrentar os guias, ressalve-se que frequentei também umbanda e Kardecismo e nutria respeito e medo pelas entidades. Aquilo me fascinou. Observe que não foi a Palavra que me encantou. Na época o Edir Macedo era apenas o obreiro do R.R Soares e logo adiante numa jogada politica, conseguiu passar a perna no missionário e assumiu o movimento, que nesse momento já havia sido trocado o nome para Universal. Comecei a frequentar as correntes, e como sempre fui voltado para as coisas espirituais sentia um desejo muito grande de ser um pastor. Isso só veio ocorrer quatro anos depois quando eu já trabalhava na Nuclep, subsidiária da Nuclebras em Itaguaí, estado do Rio. Larguei tudo, um emprego onde eu tinha um alto salario e fui ser pastor ganhado um salario mínimo e o pagamento do aluguel de um pequeno apartamento. Eu fui um fiel imitador do Edir Macedo, que era meu ídolo, e o resultado foi espetacular, eu me tornei uma 35
maquina de arrecadar dinheiro. Em um ano fui mandado para o Nordeste para liderar o estado de Pernambuco. Na época em todo nordeste só existia a IURD em Recife com três pequenos templos. Vendo o sucesso que eu fazia em conseguir atrair multidões, logo fui colocado como bispo do Norte e Nordeste. Ingloriamente o confesso, acabei abrindo cerca de 108 templos em toda região. Diante disso tudo, quando o Edir decidiu ir para Nova Iorque, para surpresa de todos, fui o escolhido para substitui-lo como bispo do Brasil. Fui para São Paulo, e tão logo cheguei fui responsável em conduzir toda compra da Tv Record. Eu conheço todos os detalhes dessa negociação imoral onde a politica e as religiões dos homens se misturam e acabaram dando todo esse poder que o Edir possui hoje. Poder financeiro e politico. No momento que estava no auge da Ascenção na seita, Deus começa a me tirar das trevas para luz. Foi um processo muito rápido, em quatro meses eu passei a tomar conhecimento de coisas que jamais imaginei existir num lugar que se denominava igreja de Jesus. Filmes pornográficos sendo exibidos para pastores lideres e esposas. Compra de imóveis de um milhão de dólares quando todos os pastores ficaram sem salario devido à compra da Record. Envolvimento com o mundo sujo da politica (Collor, Quércia, Renan Calheiros etc..) A remessa semanal de dinheiro para o exterior via doleiros. O ouro derretido e transformado em barras e levado pessoalmente para ser entregue na casa do Edir nos estados unidos. Finalmente o pote encheu com a ida a Colômbia para pegar dinheiro sujo de sangue do narcotráfico. Bom, hoje eu sei que foi Deus que me tirou, na época achava que eu era que havia saído. Ledo engano, pois ninguém, humanamente falando, renuncia ao poder politico e financeiro que eu desfrutava. Tem que ser uma ação sobrenatural de Deus. Hoje sei que tudo isso faz parte dos desígnios de Deus para minha vida. Minha profissão secular é Técnico especializado em Fabricação Nuclear. Meu ministério atual teve inicio com a minha saída da IURD quando veio à revelação do Evangelho da Graça de Deus que é o único para a igreja, e que foi revelado a Paulo e está nas suas quatorze epistolas. Somos uma igreja reformada. A minha conversão se deu quando sai da IURD e ao ouvir uma pregação sobre a verdade de que Deus é soberano, cri e me converti e Deus me tornou aquilo que ele já havia designado desde o ventre materno, um pregador do Evangelho da Graça de Deus. Temos 16 anos de pregação desse evangelho, e apenas três templos, sendo um em Natal, outro em Recife e outro em Fortaleza. Um ministério pobre financeiramente, mas rico em conhecimento e verdade. É coisa muito difícil ter pastores segundo o coração de Deus. O único titulo que possuo é o de pastor. Diploma apenas o do primeiro grau, o segundo não completei. Nunca cursei nenhum seminário e nenhuma faculdade teológica. Tudo que sei e prego foi absoluta Graça de Deus que ele me revelou e iluminou os meus olhos espirituais.”
PERGUNTAS: O senhor foi um bom tempo Bispo da Universal, conte como era sua relação com seus Líderes e outros Bispos e como foi sua entrada na Universal? “Acima já contei a minha entrada na IURD. Minha relação com os outros bispos era muito boa enquanto eu não fui ordenando bispo. A partir do momento que me fizeram bispo o relacionamento já não era o mesmo. Havia muita inveja, disputa pelo poder e isso me enojava. Na época a cúpula era formada por Bispo Paulo Roberto Guimarães, bispo Rodrigues (aquele deputado do sangue suga), bispo Honorilton Gonçalves e o próprio Edir Macedo. Pra mim foi uma surpresa descobrir que havia disputa entre eles. É realmente de causar nojo o puxa saquismo. Mas exatamente por não ter esse comportamento pequeno, servil, foi que acabei me tornando uma pessoa 36
próxima do Edir. Ele mesmo dizia que eu era o único amigo que ele tinha, pois tinha a coragem de lhe falar a verdade. Realmente, falei da minha indignação com os filmes pornô, me posicionei contra o envolvimento político, e tomei muitas outras atitudes que não sei por que agradaram a ele. É bem verdade que quando assumi a liderança Nacional ele tentou me corromper com dinheiro, exigindo minha mudança de pensamento, alegando que agora eu fazia parte da cúpula, que agora eu não podia mais pensar como antes, como nordestino tinha que pensar grande.” O senhor declarou em site de relacionamento que o Bispo Macedo era um homem depravado, e que cometia atos ilícitos, o senhor confirma? “Confirmo sim. Digo que ele era imoral porque era comum nas reuniões de liderança ele provocar assuntos que falasse de sexo. Os bispos para lhe agradar contavam o que faziam com suas esposas, suas preferencias pessoais etc. Filmes pornos eram passado para os Pastores e esposas. Como eu nunca abri a boca para falar nada era chamado pelos demais de Santa Madre Teresa de Calcutá. Eu não me incomodava. Mas mantinha minha dignidade, pois mesmo no tempo de catolicismo nunca vi nada igual.” O senhor também afirmou que foi um dos Bispos que foi a Colômbia trazer dinheiro do Tráfico para compra da rede Record. Como foi isso? Quais eram os outros Bispos que trouxeram dinheiro? Como se dava a relação do Edir Macedo com o narcotráfico? “Não só afirmei como dei depoimento de mais de 12 horas na policia federal apresentado todas as provas. Infelizmente, a IURD teve todo apoio do governo Collor e não deu em nada as minhas denuncias Fizemos uma viagem à Colômbia, éramos uns cinco casais, e a justificativa para a viagem era de conhecer a cidade para colocar um templo da seita. Só no hotel em Bogotá foi que o bispo Gonçalves nos reuniu e contou a verdade. Segundo ele um traficante que estava foragido no Rio de janeiro por ter assassinado um coronel na Colômbia, assistiu o programa de Tv, se sensibilizou com a campanha da compra da Record, e se ofereceu para emprestar um milhão de dólares e uma quantia que não sei calcular em pedras de diamante. Neguei-me categoricamente a participar e isso causou um mal estar muito grande. Edir tentou me convencer pelo telefone argumentando que para Jesus “até gol de mão vale”. Não adiantou. Fui o único a ficar fora do esquema. Minha esposa participou alegando que se estava errado, ele daria conta a Deus. Veja, eu podia esconder esse detalhe, todavia, mesmo no meu depoimento na Federal eu o expus. “ Conte realmente como se deu a compra da TV Record pela Universal “Eu vou gravar um vídeo contando a verdade sobre a compra da Record que foi feita pessoalmente por mim, que na época era o “bispo” que liderava toda seita Universal no Brasil. Em primeiro lugar o Edir Macedo estava morando nos Estados Unidos quando iniciei as negociações com o Grupo Silvio Santos e a família Machado de Carvalho, que detinham cada um deles 50% das ações da Record. A Record foi comprada pelo valor de 45 milhões de dólares, e a igreja assumia as dividas, sabendo que o patrimônio tecnológico era zero. Tudo sucateado, o que implicava em ter que comprar tudo novo. Foi dado um sinal de 15 milhões de dólares e o saldo restante deveria ser pago em 10 parcelas mensais de 4,5 milhões de dólares. Entretanto, antes de começar a pagar as parcelas, a IURD deveria em 90 dias apresentar fiança bancaria de um banco de primeira linha, e o contrato dizia que se isso não fosse cumprido a venda estaria desfeita, e pasmem os senhores, até o sinal de 15 milhões de dólares seria perdido. Eu tentei em todos os bancos a fiança, e mesmo a IURD possuindo patrimônio para garantir a divida, nenhum banco se prestou a financiar. Fiquei então sabendo que era regra na época as instituições bancarias não serem fiadoras de instituições como igrejas, creches, asilos e outros semelhantes a essas. Depois de passado os noventa dias, tivemos uma reunião na sede do SBT em São Paulo, onde estava presente Eu, Edir Macedo, Honorilton Gonçalves, Sandoval que era o braço direito do Grupo do Baú da Felici37
dade e o próprio Silvio Santos. A reunião foi rápida e objetiva. O Silvio iniciou dizendo: “Edir eu tenho aqui o contrato, vocês não apresentaram a fiança bancaria, e o contrato diz que vocês perdem o sinal dado e o negócio está desfeito. Mas eu não vou fazer isso, eu nunca fiquei com nada de ninguém, mas o problema é que já gastamos os 15 milhões de dólares. Então vocês vão ter que esperar aparecer outro comprador para Record e aí nós devolvemos esse dinheiro. O Edir Macedo ficou branco, e só dizia tudo bem, tudo bem, nós aguardamos. Eu falei com ele baixinho e perguntei se ele me dava carta branca para negociar essa situação e ele disse: TUDO BEM CARLOS, METE BRONCA. Eu pedi a palavra e fui direto e contundente: “Silvio, eu não sou advogado, mas tenho certeza que em nenhum lugar do mundo alguém possa perder um sinal de 15 milhões de dólares. Eu sou o líder da IURD no Brasil e posso afirmar que isso é um golpe do Baú. Só que amanhã eu vou convocar o povo e vamos colocar cem mil pessoas na frente do SBT gritando “queremos nosso dinheiro, isso é golpe do baú”. “O Silvio Santos empalideceu e disse: ”Calma rapaz, você não é louco de fazer uma coisa dessas”. Eu disse: “Vou fazer sim porque esse dinheiro é de Deus (eu ainda acreditava nisso), é dinheiro do povo sofrido, isso é o sangue da igreja”. Falei com voz alta, bastante nervoso e irritado. O Silvio teve medo e disse: “Os ânimos estão alterados, vamos esfriar a cabeça e faremos uma reunião na segunda feira junto com os Machado de Carvalho”. Era uma quinta feira por volta das 16 horas. E assim ficou combinado. Saímos dali e na sexta de manha e eu disse: Se a IURD apoiou o Collor, por que não pedir ajuda a ele? Eu mesmo liguei para Brasília, falei com Renan Calheiros, expus a situação e pedi ajuda. Ele disse: ”O presidente tem hoje uma recepção para os governadores eleitos que lhe apoiaram aqui na casa da Dinda, e meia noite ele vai para um jantar na casa de Paulo Otávio, Procurem chegar aqui antes de ele sair”. Parece incrível, mas não havia passagem em avião comercial para Brasília, os vôos lotados. Procuramos alugar um jato particular e por incrível que pareça não havia nenhum disponível. Isso mostra a Grandeza dessa metrópole que é São Paulo. Só no final da tarde foi que o Sr. Demerval, um dos diretores da Record representante de Silvio Santos, conseguiu com um empresário amigo o aluguel de um jatinho. Partimos para Brasília, eu Edir Macedo, Honorilton Gonçalves, Alberto Hadad ( que foi quem trouxe a Record para ser comprada), e seu primo Jorge Hadad. Na frente da casa da Dinda uma multidão de curioso e muita imprensa. Falamos com a segurança que por sua vez contatou Renan Calheiros, e a ordem dada foi para entrar apenas Edir Macedo. Edir recusou e disse que só entraria se entrassem todos. Meia hora depois veio a autorização para todos entrarem e entramos. Havia uma grande festa nos jardins da casa da Dinda. Ficamos em pé na varanda esperando e sendo ciceroneados pelo Claudio Humberto, o porta voz do Collor. Conversou bastante e deu uma dica: “Quando vocês cumprimentarem o presidente, somente aperte sua mão, não dêem tapinhas nas costas, pois ele detesta”. Depois de mais de 1 hora de espera, finalmente vem o Collor cercado de uma dúzia de pessoas e parou cumprimentando a todos nós depois da apresentação do Claudio Humberto, identificando cada um de nós. Collor disse: “Muito obrigado pelo apoio de Vocês. Inclusive eu vi na Veja o bispo na igreja com a minha camiseta de campanha e vi como voces tem apanhado do PT”. Nesse momento o Edir Macedo disse: “Presidente, o senhor poderia nos atender particular por cinco minutos?”. O Collor hesitou por uns segundos, e disse: Tudo bem, cinco minutos. Entramos na sala e durante uns 10 minutos ouvindo o presidente falar dos seus planos e em seguida foi abordado o problema da Record. O presidente disse: Eu ainda não tomei posse mesmo que tivesse tomado não sei se poderia usar o banco do Brasil para dar essa fiança. 38
Pensou e pediu a sua esposa que estava numa mesa em uma sala ao lado com a Claudia Raia que chamasse o PC Farias. Para nós era um ilustre desconhecido. Veio aquele senhor baixinho, usando sandálias e o Collor disse: “PC o pessoal do SBT está querendo passar a perna neles, Resolva isso pra mim”. O PC perguntou: “Agora?”. O presidente retrucou: “Não, amanhã você resolve. E assim nos despedimos. Saímos da casa da Dinda para o aeroporto revoltados, achávamos que aquele foi uma maneira do presidente nos descartar. Na segunda feira as 11 da manhã fomos a reunião no SBT e lá estavam todos , esperando apenas o Silvio chegar. Silvio chega e o sobrinho Guilherme Estoliar diz: “Silvio, preciso falar com você antes de começar a reunião. Silvio disse: Fale logo, pode falar aqui mesmo”. Para surpresa de todos o Guilherme Estoliar diz: “O PC me ligou no sábado e disse que a Record é do Presidente, que o bispo é apenas o testa de ferro. Silvio arregala os olhos e diz: “Edir Macedo, porque você não me disse isso? Rapaz, se eu contrariar o presidente ele me cassa a concessão do SBT, esse pessoa é uma máfia”. Edir Macedo entendeu de imediato o que estava acontecendo e disse: “Silvio, você me desculpe mais o presidente queria segredo, eu não podia revelar nada”. Silvio se dirige aos demais e diz: “Então está tudo resolvido, não precisa fiança nenhuma”. Edir Macedo aproveita e mentindo diz: “Outra coisa, ele pediu para dividir o saldo em mais vezes”. Resultado, o que era para ser pago em 10 parcelas ficou de ser decidido parcelar em mais vezes. Essa é a verdade da compra da Record. Fico enojado ao ver o Edir Macedo enganando as pessoas e contando uma versão mentirosa, fantasiosa, e os bestas dizendo amém. E o que é pior, ainda dizendo que foi um milagre de Deus. Deus não usa dinheiro de tráfico, não sonega impostos e não faz negócios com homens impuros. Só Edir Macedo Bezerra mesmo para contar suas pilantragens e roubos como se fosse testemunho. O que ele se esqueceu de dizer foi que foram buscar dinheiro de tráfico de drogas na Colômbia e que os membros da IURD faziam sacrifícios sem igual para arranjarem dinheiro para pagar as prestações da Record, pessoas deram todo o seu dinheiro, venderam casas, móveis, eletrodomésticos, aliança, bicicleta, carro e etc. para dar o dinheiro na IURD, pois o safado do Edir Macedo e seus comparsas mentiam e diziam que a RECORD ia ser da igreja e seria usada para pregar o Evangelho de Jesus Cristo 24 horas por dia. Ele se esqueceu de dizer que os pastores pequenos, os auxiliares e suas famílias passavam fome, porque não recebiam salários. Naquela época só os grandalhões continuavam na vida boa, sem lhes faltar nada. O que Edir Macedo se esqueceu foi de dizer que ele aplicou o maior golpe e a maior fraude já acontecida em uma igreja dita evangélica, Comprou Canais de TV e rádio com dinheiro suado que o povo, sob pressão e manipulação doava para a igreja, pois acreditavam nas mentiras do Macedo, depois ele surrupiou tudo passando para o nome dele e da sua esposa. Hoje a TV Record é usada para divulgar o “evangelho¨ de satanás 24 horas por dia. Como é que pode ainda haver gente que acredita neste Edir Macedo e sua quadrilha?” Quais foram às ordens mais escusas que o senhor recebeu de seus líderes? “Bom ele tinha um respeito muito grande por mim, sabia do meu caráter, e costumava dizer a minha esposa que eu era o único pastor que ele pisava em ovos antes de falar qualquer coisa. Recusei-me, por exemplo, a obrigar os pastores do Norte e Nordeste a fazerem cinco reuniões diárias para aumentar a arrecadação. Eu achei uma desumanidade. Só deixei que fizessem três, e as outras duas o pastor auxiliar fazia. Recusei-me a trazer material para radio e Tv dos Estados unidos, mesmo sabendo que havia um acordo com a alfandega em São Paulo para a entrada de tais equipamentos. Só numa viagem foram trazidas 32 malas. Parece conto de fadas, mas é verdade.” 39
Os Bispos são “sócios” do Edir Macedo, participam do “lucro” da Igreja? “O esquema é de comissão. Os lideres de estado tem uma comissão sobre o liquido da arrecadação que for enviada para ele. Os pastores de cada templo têm uma comissão sobre o que for arrecadado. É muito dinheiro a comissão dos bispos, eu, por exemplo, ganhava 5% do liquido que arrecadava todo Norte e Nordeste. Algo na época, algo em torno de 100 mil reais. Achei um absurdo, e ele sugeriu que fizesse uma retirada de 10 mil reais e o restante ficavam como uma poupança para quando quisesse comprar uma casa na Europa ou em outro lugar. Quando sai tinha aproximadamente um milhão de dólares na “poupança”. Saímos com uma mão na frente e outra atrás, e um dia minha esposa ligou e pediu para ele liberar esse dinheiro e a resposta dele foi: “Isso é para quando está na igreja, saiu não tem direito a nada”. Veja como Deus é bom, ele não permitiu que eu usufruísse disso, hoje tenho orgulho de dizer que não tenho nenhum palito de fósforo comprado com o dinheiro sujo da IURD.” O senhor falou neste mesmo site de uma maneira muito contundente sobre o ex Bispo Líder no Brasil da Universal, Renato Suhett hoje Padre, o que o senhor teria a revelar sobre ele e seus atos? “O Renato sempre foi um individuo extremamente puxa saco do Edir. Aliás, observe que a característica de todos esses falsos pastores é se cercar de gente sem personalidade, gente servil, pois assim ele os manipula com muita facilidade. Saiu da IURD depois que sai e dizia pregar o Evangelho da Graça de Deus. Uma deslavada mentira, ele pregava um evangelho pervertido, logo abriu mais de 5º templos no Brasil e para quem prega a verdade isso é inconcebível. Na realidade ele sempre foi um dissimulado, hipócrita, se envolveu em escanda-los sexuais, adulterou, se prostituiu, o império desabou, fechou todos os templos, e um dia aparece dando testemunho na sede da IURD em São Paulo, dizendo estar arrependido, que o Edir Macedo é que era o verdadeiro profeta de Deus e ainda fazendo apelo para que os pastores que saíram da IURD voltassem que seriam muito bem recebidos. Um nojo! Isso está no You Tube. Foi enganado pelos homens perversos e maus, que como Paulo disse seguiriam enganando e sendo enganados. Depois disso o colocaram numa igrejinha do interior e não era essa a recompensa que ele esperava. Qual foi o resultado? Saiu outra vez e agora está ai em outro puleiro.” Renato Suhett foi quem consagrou o ex Bispo Valdemiro Santiago, hoje líder da IMPD, o que o senhor tem a falar sobre Valdemiro Santiago? “Ele foi meu subordinado em São Paulo, a primeira coisa que fiz foi proibi-lo de fazer as extravagâncias que fazia tipo distribuir o sabonete ungido, a arruda da vitória, e outras barbaridades mais. Depois foi mandado para o Nordeste e fez um grande sucesso com essas praticas. Um dia resolveu se rebelar e abrir a sua própria seita, e como bom aluno, está aí uma réplica do Edir Macedo no seu inicio. Tal pai, tal filho. Um cafajeste espiritual!” O senhor o considera um homem de Deus ou mais um enganador que olha para o dinheiro do povo, como disse Silas Malafaia que ele e Edir Macedo são farinha do mesmo saco? “Edir Macedo, Waldemiro, Silas Malafaia, R.R.Soares, Estevão Hernandes, Rodovalho e outros menos votados são todos da descendência da serpente, lobos vestidos de ovelhas, falsos mestres que movidos por avareza fazem comércio com o povo de Deus (1 Pe 2:1-3). Malafaia durante muito tempo foi um empregado do Edir, encarregado de agenciar os programas da IURD em todo brasil. Claro que ele ganhava das emissoras 10% como contato publicitário. Ele ganhava mensal40
mente em torno de 100 mil reais. Com a compra da Record, a IURD decidiu cancelar os programas, ele fez um apelo ao Edir para deixar pelo menos um ano para ele se preparar, mas não foi atendido. O resultado foi o rompimento, as brigas, e hoje são desafetos. Tudo por grana.” Como o senhor vê esses líderes televisivos e a briga por espaço entre eles na televisão? A briga é só por espaço? Em sua opinião existe algum líder sério? “Deve haver alguns lideres sérios sem duvida nenhuma, o problema é que não tive o prazer de conhecer nenhum até hoje. Desses que aí estão se degladiando por espaço na televisão, nenhum deles é sério, são todos lobos vestidos de ovelhas, a briga por espaço é porque isso aumenta a possibilidade de atrair incautos para suas arapucas, o que traduzindo significa o aumento assustador da arrecadação. Por favor, leia Jeremias 5:26-28 que é o retrato fiel dessa gente. Líder sério nunca estará com uma visão mercantilista, não terá como alvo enriquecer nem tão pouco induzir as pessoas a quererem ficar ricas, esse perfil faz parte obrigatória do caráter de um líder sério.” Como o senhor vê o momento atual das Igrejas Evangélicas? Na sua visão o que precisa ser mudado? “Há 15 anos que deixei de ser evangélico para ser cristão. Ser evangélico se tornou como ser católico, todo mundo é. Virou moda. Ninguém apresenta o fruto do Espirito o que é a prova de que tem o Espirito de Cristo, e não esqueça que a Bíblia diz que se alguém não tem o Espirito de Cristo esse tal não é dele. O que temos visto é um povo nascido da carne, gente que se acha convertido porque atendeu a um apelo, ou porque batizou nas aguas, e isso é contrario a Bíblia. Tem que nascer da água (A palavra) e do Espirito. Quando isso ocorre não se apresenta mais as obras da carne, não se fanatiza por denominação, mas abraça a verdade da Palavra e nada mais. O sistema religioso que está ai estabelecido em nada difere daquele sistema religioso judaico do tempo de Jesus. Hoje espiritualidade é medida por números, pela quantidade de membros e pelo valor arrecadado. Na verdade o que vejo é um movimento onde há animais limpos e animais impuros e isso é coisa da arca de Noé, nunca da Igreja de Jesus. Não há crescimento qualitativo e sim quantitativo, um anomalia, um inchaço”. “Só há um jeito de reverter isso, à volta a Palavra, a verdade sendo proclamada como Deus quer que ela seja.” Pr. Carlos Magno de Miranda _____________________________________ Carlos Magno de Miranda, professor do seminário teológico da graça de Deus, Pastor presidente da Igreja Cristo é Vida com filiais em Natal, Fortaleza e Recife. Escritor, professor, radialista, e um profundo estudioso das verdades inerentes ao cristianismo, um combatente duro daqueles que usam a religião para fazer comércio com as pessoas. http://www.radiosoverdade.com.br/ Vídeos do Pastor Carlos Magno de Miranda no YouTube. http://www.youtube.com/user/rodrigoeru
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Entidades provocam MPF contra coronéis da mídia Escrito por: Redação/Foto: MPF-SP Ministério Público Federal recebeu, nesta segunda (23/11), representação assinada por 13 entidades da sociedade civil contra 40 deputados e senadores donos de emissoras de rádio e TV Treze organizações da sociedade civil protocolaram, nesta segunda (23/11), representação no Ministério Público Federal (MPF) contra 32 deputados e oito senadores sócios de emissoras de rádio e TV. A representação se baseia no Art. 54, I e II da Constituição Federal, que proíbe a políticos titulares de mandato eletivo possuírem ou controlarem empresas de radiodifusão e empresas que gozem de favor decorrente de contrato com a União. Além de pedir o cancelamento das concessões, permissões e autorizações de funcionamento dessas emissoras, as signatárias também pedem a responsabilização do Ministério das Comunicações pela falta de fiscalização do serviço público de radiodifusão. A representação foi feita à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Estado de São Paulo. A partir dela, o MPF deverá entrar com ações em 17 estados. Na semana passada, o MPF já havia protocolado ação contra veículos de radiodifusão associados aos deputados federais Antônio Bulhões (PRB); Beto Mansur (PRB) e Baleia Rossi (PMDB), todos de São Paulo. Além da CF, a representação se baseia, ainda, em jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e em entendimento anterior da própria Procuradoria Geral da República (PGR). O documento destaca trechos dos votos dos ministros Luís Roberto Barroso e Rosa Weber no julgamento da Ação Penal 530. Para ambos, a proibição da propriedade ou sociedade em emissoras de rádio e TV por deputados e senadores tem por objetivo prevenir abusos decorrentes do poder político e do controle de veículos de comunicação de massa. 46
Na representação, as entidades lembram, ainda, que a própria Procuradoria Geral da República (PGR) afirmou a inconstitucionalidade da participação de políticos como sócios de emissoras de rádio e TV em parecer emitido nos autos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 246, de autoria do PSol.
Signatárias Além do FNDC, assinam a representação as seguintes entidades: Artigo 19, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Andi – Comunicação e Direitos, Associação Juízes para a Democracia (AJD), Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. A representação é uma articulação das organizações da sociedade civil que compõe o Fórum Interinstitucional pelo Direito à Comunicação (Findac), que reúne procuradores federais, entidades da sociedade civil e institutos de pesquisa e recebeu, este ano, o Prêmio República 2015 de Valorização do Ministério Público Federal, promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Confira abaixo a lista dos parlamentares denunciados Deputados Federais: 1. Adalberto Cavalcanti Rodrigues, PTB-PE 2. Afonso Antunes da Motta, PDT-RS 3. Aníbal Ferreira Gomes, PMDB-CE 4. Antônio Carlos Martins de Bulhões, PRB-SP 5. Átila Freitas Lira, PSB-PI 6. Bonifácio José Tamm de Andrada, PSDB-MG 7. Carlos Victor Guterres Mendes, PMB-MA 8. César Hanna Halum, PRB-TO 9. Damião Feliciano da Silva, PDT-PB 10. Dâmina de Carvalho Pereira, PMN-MG 11. Domingos Gomes de Aguiar Neto, PMB-CE 12. Elcione Therezinha Zahluth Barbalho, PMDB-PA 13. Fábio Salustino Mesquita de Faria, PSD-RN 14. Felipe Catalão Maia, DEM-RN 15. Felix de Almeida Mendonça Júnior, PDT-BA 16. Jaime Martins Filho, PSD-MG 17. João Henrique Holanda Caldas, PSB-AL 18. João Rodrigues, PSD-SC 19. Jorginho dos Santos Mello, PR-SC 20. José Alves Rocha, PR-BA 21. José Nunes Soares, PSD-BA 22. José Sarney Filho, PV-MA 23. Júlio César de Carvalho Lima, PSD-PI 24. Luiz Felipe Baleia Tenuto Rossi, PMDB-SP 25. Luiz Gionilson Pinheiro Borges, PMDB – AP 26. Luiz Gonzaga Patriota, PSB-PE 27. Magda Mofatto Hon, PR-GO 28. Paulo Roberto Gomes Mansur, PRB-SP 29. Ricardo José Magalhães Barros, PP-PR 30. Rodrigo Batista de Castro, PSDB-MG 31. Rubens Bueno, PPS-PR 32. Soraya Alencar dos Santos, PMDB-RJ
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Senadores: 33. Acir Marcos Gurgacz, PDT-RO 34. Aécio Neves da Cunha, PSDB-MG 35. Edison Lobão, PMDB-MA 36. Fernando Affonso Collor de Mello, PTB-AL 37. Jader Fontenelle Barbalho, PMDB-PA 38. José Agripino Maia, DEM-RN 39. Roberto Coelho Rocha, PSB-MA 40. Tasso Ribeiro Jereissati, PSDB-CE
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Há exatamente uma semana, o executivo Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril e ex-presidente da Febraban, foi a Brasília com uma missão: impedir a convocação do chefe Roberto Civita pela CPI sobre as atividades de Carlos Cachoeira (leia mais aqui). Jeitoso e muito querido em Brasília, Barbosa foi bem-sucedido, até agora. Dos mais de 170 requerimentos já apresentados, não constam o nome de Civita nem do jornalista Policarpo Júnior, ponto de ligação entre a revista Veja e o contraventor Carlos Cachoeira. O silêncio do PT em relação ao tema também impressiona. Surgem, aos poucos, novas informações sobre o engavetamento da chamada “CPI da Veja” ou “CPI da mídia”. João Roberto Marinho, da Globo, fez chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que o governo seria retaliado se fossem convocados jornalistas ou empresários de comunicação. Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo, também aderiu ao pacto de não agressão. E este grupo já tem até um representante na CPI. Trata-se do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). “O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) vai argumentar na CPI, com base no artigo 207 do Código de Processo Penal, que é vedado o depoimento de testemunha que por ofício tenha de manter sigilo, como jornalistas. O PT tenta levar parte da mídia para o foco da investigação”. O argumento de Miro Teixeira é o de que jornalistas não poderão ser forçados a quebrar o sigilo da fonte, uma garantia constitucional. Ocorre que este sigilo já foi quebrado pelas investigações da Polícia Federal, que revelaram mais de 200 ligações entre Policarpo Júnior e Carlos Cachoeira. Além disso, vários países discutem se o sigilo da fonte pode ser usado como biombo para a proteção de crimes, como a realização de grampos ilegais.
Inglaterra, um país livre Pessoas que acompanham o caso de perto estão convencidas de que Civita e Policarpo só serão convocados se algum veículo da mídia tradicional decidir publicar detalhes do relacionamento entre Veja e Cachoeira. Avalia-se, nos grandes veículos, que a chamada blogosfera ainda não tem força suficiente para mover a opinião pública e pressionar os parlamentares. Talvez seja verdade, mas, dias atrás, a hashtag #vejabandida se tornou o assunto mais comentado do Twitter no mundo. 49
Um indício do pacto de não agressão diz respeito à forma como veículos tradicionais de comunicação noticiaram nesta manhã o depoimento de Rupert Murdoch, no parlamento inglês. Sim, Murdoch foi forçado a depor numa CPI na Inglaterra para se explicar sobre a prática de grampos ilegais publicados pelo jornal News of the World. Nenhum jornalista, nem mesmo funcionário de Murdoch, levantou argumentos de um possível cerceamento à liberdade de expressão. Afinal, como todos sabem, a Inglaterra é um país livre. O Brasil se vê hoje diante de uma encruzilhada: ou opta pela liberdade ou se submete ao coronelismo midiático. Brasil 247
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Todos já sabiam sobre a manipulação de imagens por parte do jornalismo da Rede Globo, no Jornal Nacional, um dia depois do debate do dia 14 de dezembro de 1989 entre os candidatos à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello. Agora, no entanto, 22 anos após o ocorrido, o homem que formatou o “Padrão Globo de Qualidade” simula uma “revelação bombástica” para lançar sua nova obra, “O Livro do Boni”: a Globo manipulou o debate. Em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, transmitida pela Globo News, José Bonifácio Sobrinho, o Boni, dá detalhes da noite do debate, cuja repercussão foi considerada fundamental para a vitória no segundo turno de Collor de Mello, uma vez que antes do acontecimento os dois políticos estavam em situação de empate técnico. 51
Boni admitiu que a emissora assumiu o lado de Fernando Collor de Mello. Segundo ele, após ser procurado pela assessoria do ex-presidente, o superintendente executivo da Globo, Miguel Pires Gonçalves, pediu que ele palpitasse no evento. “Eu achei que a briga do Collor com o Lula nos debates estava desigual, porque o Lula era o povo e o Collor era a autoridade”, contou. “Então nós conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de suor com uma ‘glicerinazinha’ e colocamos as pastas todas que estavam ali com supostas denúncias contra o Lula – mas as pastas estavam inteiramente vazias ou com papéis em branco”, disse Boni. “Todo aquele debate foi [produzido] – não o conteúdo, o conteúdo era do Collor mesmo -, mas a parte formal nós é que fizemos”. Ao contar algo que todos já sabiam, fazendo questão de acrescentar detalhes picantes, para ter mais repercussão – trechos de sua entrevista já foram replicados por diversos veículos e portais de comunicação – o ex-chefão da Globo conseguiu protagonizar um dos maiores eventos literários do ano. Pragmatismo Politico
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Não é à toa que o jornal dos Marinho foi empastelado pelo povo carioca, em 1954, logo após o estadista gaúcho e presidente trabalhista, Getúlio Dornelles Vargas, ter se matado, e, com efeito, adiado o golpe de estado da direita brasileira, dentre ela a famiglia Marinho, que até nos tempos atuais continua em sua luta insana, desleal e violenta contra a independência do Brasil e a emancipação social e econômica do povo brasileiro. As Organizações(?) Globo são assim: até seus aliados quando são presos passam a ser tratados como “amigos” ou “cúmplices” ou “apoiadores” de seus adversários e inimigos. Surreal! Patético! Mas não tem jeito... E por quê? Porque a família Marinho é empresária, e, como tal, defende apenas seus interesses econômicos, sendo que, por ser muito poderosa, tornou-se há muito tempo a principal porta-voz da plutocracia nacional e internacional neste País. 53
De índole golpista e sem limites éticos para concretizar seus interesses, que jamais coadunam com os interesses e as necessidades do povo brasileiro, a famiglia Marinho, liderada por três irmãos bilionários, continua a fazer perversidades, a construir armadilhas e a moer reputações de partidos, empresas e cidadãos. Não importa se depois nada fique comprovado, como ocorreu incontáveis vezes, até porque tal famiglia midiática é também, como os tucanos, inimputável. A verdade o que importa aos plutocratas e proprietários de um dos maiores e mais poderosos oligopólios do mundo se resume a implementar suas agendas e pautas doa a quem doer, porque para esta famiglia, que inferniza a vida brasileira desde 1925, ou seja, há quase cem anos e a despeito de quaisquer questões, é realizar seus meganegócios e defender os interesses das oligarquias e aristocracias internacionais, que controlam o dinheiro e a máquina de guerra, que serve como polícia do mundo e dos interesses da plutocracia. Não há movimento político brasileiro de apelo e essência popular que não foi combatido pela famiglia Marinho em quase um século. Desde 1930. Ponto. Agora, os irmãos se mobilizam para descartar o banqueiro de seus quadrados, bem como de seus aliados, a exemplo de Aécio Neves. De repente, não mais do que de repente, o banqueiro, André Esteves, dono do BTG Pactual e preso na Operação Lava Jato virou “amigo” do Partido dos Trabalhadores. É isto mesmo, minha gente! O banqueiro financiador de campanhas tucanas, amigo e padrinho de casamento do senador tucano, Aécio Neves, além de ter sido feroz opositor ao PT, ao Lula e à Dilma na campanha presidencial de 2014, conforme comprovam inúmeras matérias da imprensa de negócios privados deste País, hoje está no limbo, a beber o cálice de fel ofertado pelos Marinho, com notícias e manchetes no jornal fundado por Irineu Marinho, pai do Roberto e avô dos irmãos plutocratas. Coisas de O Globo, o jornal destruído (empastelado) pelo povo em 1954 por considerá-lo golpista, insidioso e mentiroso, além de ser um dos culpados pela morte do grande estadista Getúlio Vargas, o político que honrou o trabalhador brasileiro e civilizou o empresariado selvagem deste País, de índole escravocrata, por meio da criação do Ministério do Trabalho, das leis trabalhistas — CLT, do salário mínimo, além das férias, do repouso remunerado e do 13º salário, conquistas estas que se transformaram nas principais razões, até os dias de hoje, do ódio brutal da casa grande contra os governantes trabalhistas do Brasil e de qualquer país do mundo, principalmente da América Latina. Contudo, voltemos ao assunto. O Globo, na maior desfaçatez e cara de pau possíveis, quer desvincular o garoto “prodígio” do mercado, o banqueiro aliado do PSDB, André Esteves, de Aécio Neves, porque não é de bom alvitre o playboy mineiro ser visto como amigo de uma pessoa presa e acusada de se beneficiar com a corrupção na Petrobras. O tucano das Minas Gerais e morador do Rio de Janeiro, que há 13 meses, por ser um péssimo perdedor, demonstra ódio, intolerância e inconformismo com a derrota para a petista Dilma Rousseff. O mesmo ódio niilista, ao tempo que vingativo das burguesias, que não abrem mão de fazer do Estado uma ferramenta para servi-las e manter intactos seus benefícios e privilégios por tempo indeterminado. O Estado ideal para a burguesia é o Estado patrimonialista, bem como dotado de forças de repressão para defender seus interesses perante os trabalhadores por intermédio da força bruta e de demissões. A mesma burguesia do golpe do impeachment contra a presidenta eleita pela vontade das urnas e pela maioria do povo. O Globo é arrivista, inclusive com seus aliados, sejam eles antigos ou novos por causa de interesses comuns e circunstanciais. É exatamente o caso de André Esteves, que acabou de levar um chute bem forte na bunda por parte da famiglia Marinho. Agora e sempre foi assim: O Globo mente descaradamente sem se importar com a mentira, a credibilidade e a verdade. O diário não precisa dessas coisinhas “irrelevantes”, porque a maioria de seus leitores é igual. Como afirmou certa vez Malcolm X: “A imprensa é tão poderosa no seu papel de construção de imagem, 54
que pode fazer um criminoso parecer que ele é a vítima e fazer a vítima parecer que ela é o criminoso. Esta é a imprensa, uma imprensa irresponsável. Se você não for cuidadoso, os jornais terão você odiando as pessoas que estão sendo oprimidas e amando as pessoas que estão fazendo a opressão”. E completo com as palavras de Millôr Fernandes: “A imprensa brasileira sempre foi canalha. Uma das grandes culpadas das condições do País, mais do que as forças que o dominam politicamente, é a nossa imprensa. Nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu covarde!” Exatamente isto que O Globo e suas Organizações(?) fazem. Há muitos anos eu combato e critico a imprensa meramente de mercado, de péssima qualidade editorial e completamente divorciada dos interesses do País. A conheci profundamente no Correio Braziliense, no Jornal de Brasília e no TJ Brasil do SBT, comandado por Boris Casoy, no fim dos anos 1980 até meados dos anos 1990. Uma sujeira só. Putrefação pura em forma de jornalismo. Manipulações, distorções e mentiras diretamente aplicadas nas veias dos leitores, principalmente aqueles incautos, geralmente pessoas de classe média, incrivelmente de origem universitária, que se deixam envenenar pelo sibilar da serpente até se tornarem drones bípedes, ideologicamente e politicamente radicalizados à direita, prestes a explodirem como se fossem bombas, como acontece nas redes sociais e nos lugares públicos, como restaurantes e até mesmo hospitais. Coxinhas pit bulls que acampam armados em frente ao Congresso Nacional em defesa de golpe de estado contra uma mandatária eleita legalmente e constitucionalmente. Coxinhas que se aproveitam da democracia e da liberdade de expressão para pregarem, de forma surreal e irresponsável, a volta da ditadura, que tanto prejudicou e entristeceu a sociedade brasileira, que tem vocação democrática. Trata-se dos coxinhas e da casa grande com a cara e a alma da imprensa golpista e que inferniza, literalmente, o Brasil porque é antidemocrática e casuística, além de ter uma enorme dificuldade para tolerar o contraditório, o contraponto e tudo o que é antagônico às suas causas e crenças elitistas e sectárias. É assim que atua e age O Globo e todos seus congêneres com outros nomes e nomenclaturas, que tem como paradigma o jornalismo de engodo repercutido pelos empregados dos irmãos Marinho. Agora é a vez de o banqueiro André Esteves ser, ridiculamente, “acusado” de ser amigo do PT, quando, na verdade, ele é inimigo, pois aliado do PSDB, como demonstrou, sem sombra de dúvida, por intermédio de suas ações, de seus atos e de seus pronunciamentos, a participar e financiar reuniões, almoços, jantares e viagens ao candidato a presidente pelo PSDB, o tucano Aécio Neves. Notícias, fotos e filmagens estão aí para comprovar o envolvimento do banqueiro abandonado às traças pelo O Globo. Basta o cidadão ir à internet e verificar. Só isto. Simples assim... André Esteves contratou Persio Arida, economista tucano famoso e um dos ícones das privatizações piratas efetivadas pelo governo do tucano Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — para presidir o Banco BTG Pactual. Esteves ainda controla parte do Banco Panamericano, que era de Silvio Santos e quebrou, em 2010. O apresentador de televisão afirmou, na época, à Justiça: “Diziam {diretoria} que o banco era uma maravilha!” Quanta ingenuidade. Todavia, o dono do SBT e do Baú da Felicidade, que se saiba, também nunca foi amigo do PT. Persio Arida, o economista privatista é tucano. Ele não é petista. Além disso, o preso André Esteves realizou seminário em Nova York quando “descascou” o PT, o Governo e sua candidata, Dilma Rousseff. Aécio Neves foi ao seminário, além de ser “premiado” pelo banqueiro com o pagamento de sua lula de mel em um dos hotéis mais caros do mundo — o Waldorf Astoria. Ninguém faz isto de graça, e muito menos para um desconhecido, o que não é o caso de Aécio em relação ao Esteves. Pois é, cara pálida, e O Globo diz que o banqueiro preso é amigo do PT. A verdade é a seguinte: O Globo mente, porque a mentira é seu DNA. É isso aí. 55
http://tinyurl.com/gv5mjnh
Por Bruno Barbosa, com informações do Wikileaks Promovida pela TV Globo em parceria com o Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância -, a campanha já arrecadou R$ 122 milhões, em 18 anos, investidos integralmente no Brasil. O Show do Criança Esperança completou 18 anos de alegria. Sob o comando de Renato Aragão, a festa de solidariedade teve a sempre presente Xuxa e muitos outros convidados como Sandy & Junior, Caetano, Angélica e Maurício Mattar WikiLeaks divulga documento que mostraria que a Globo fica com 90% do dinheiro do Criança Esperança. Confira abaixo o link para o documento e confira você mesmo.
Wikileaks
Um documento publicado pelo site WikiLeaks, famoso por divulgar materiais e informações confidenciais de governos e empresas, registra uma investigação sobre o recebimento de verbas da campanha Criança Esperança da Rede Globo pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Unesco
O documento, de 15 de setembro de 2006, revela um telegrama que teria sido enviado do escritório da Unesco em Paris, na França, para Washington, capital dos EUA. O material relata uma solicitação de reunião do então embaixador brasileiro na capital francesa, Luiz Filipe de Macedo Soares, com lideranças da entidade da ONU para discutir irregularidades ocorridas no escritório da Unesco em Brasília. 56
Documento Um dos problemas a serem discutidos, mencionados no documento, seria a manipulação do dinheiro movimentado pela campanha Criança Esperança, que já teria levantado US$ 40 milhões (cerca de R$ 94,8 milhões) desde 1986. Segundo o texto, teriam sido repassados à Unesco 10% desse total, por conta de uma “taxa de serviço”. O documento não faz referência sobre o destino dos 90% do montante arrecadado, mas informa que um terço do orçamento dos fundos extraorçamentais da Unesco (cerca de US$ 124 milhões, ou R$ 291,4 milhões) tem origem do escritório de campo do Brasil . No site oficial da campanha, a Rede Globo informa que “todo o dinheiro arrecadado pela campanha é depositado diretamente na conta da Unesco”.
Material, de 2006, menciona o então embaixador do Brasil na França, que teria informado diretoria da Unesco sobre irregularidades no escritório brasileiro da entidade Impostos Em uma nota divulgada no dia 8 de junho de 2011 para esclarecer rumores sobre possíveis benefícios fiscais que a emissora teria com a campanha, a Rede Globo informou que nenhuma doação do Criança Esperança passa pela emissora. De acordo com dados da própria emissora, já foram arrecadados mais de R$ 270 milhões até a última campanha. A emissora carioca respondeu, em nota, que “desconhece os documentos citados [do WikiLeaks]”, e informa que a parceria com a Unesco, que não traz nenhuma cláusula referente a pagamento de “taxa de serviço”, teve início apenas em 2004.
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Leia a nota da Rede Globo na íntegra: “A Globo desconhece os documentos citados. Mas esclarece que não mantém parceria com a Unesco desde 1986, ano do lançamento do projeto Criança Esperança. A parceira com a Unesco começou apenas em 2004. Neste acordo, não existe qualquer cláusula prevendo pagamento de taxa de administração. Todos os custos referentes à gestão e administração do fundo Criança Esperança, a cargo da Unesco, são integralmente pagos pela TV Globo com recursos próprios. Há 28 anos o Criança Esperança contribui para a mobilização da sociedade brasileira para a garantia dos direitos de crianças e jovens e já beneficiou mais de 4 milhões de brasileiros.”
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http://tinyurl.com/ou9azle
A investigação do FBI americano sobre pagamento de propinas nos negócios envolvendo compra de direito televisivos dos principais torneios de futebol do Planeta gerou uma crise interna na Rede Globo que estourou, ontem, em reunião de diretores da emissora com o executivo Marcelo Campos Pinto.
O clima foi tenso. Responsável pela ligação da Globo com o mundo da cartolagem (CBF, Federações e clubes), Pinto foi pressionado a pedir demissão, mas o dirigente retrucou, ameaçando “botar a boca no trombone”. É grande o temor que os detidos, em delação premiada, possam, de alguma maneira, comprometer a emissora. Demitir Campos Pinto seria a maneira de expor publicamente que a Globo teria sido vítima de negócios realizados pelo executivo à margem do conhecimento dos diretores. Mas como explicar a origem dos pagamentos mensais (que, evidentemente, não saíram dos bolsos do funcionário), milionários, aos dirigentes ? Se para o público a solução imaginada é colocar a culpa no “bode expiatório”, internamente, o executivo, já com poderes diminuídos, é acusado de jogar para os dois lados, por vezes, em benefício maior da cartolagem. A maior rede de televisão do pais vive um drama que nem mesmo seus melhores roteiristas de novelas poderiam imaginar. Do Blog do Paulinho Francisco Castro 59
http://tinyurl.com/opo5lou
Gigante da mídia cativa os telespectadores com novelas vazias e comentários ineptos no noticiário. No ano passado, a revista “The Economist” publicou um artigo sobre a Rede Globo, a maior emissora do Brasil. Ela relatou que “91 milhões de pessoas, pouco menos da metade da população, a assistem todo dia: o tipo de audiência que, nos Estados Unidos, só se tem uma vez por ano, e apenas para a emissora detentora dos direitos naquele ano de transmitir a partida do Super Bowl, a final do futebol americano”. Esse número pode parecer exagerado, mas basta andar por uma quadra para que pareça conservador. Em todo lugar aonde vou há um televisor ligado, geralmente na Globo, e todo mundo a está assistindo hipnoticamente. Sem causar surpresa, um estudo de 2011 apoiado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o percentual de lares com um aparelho de televisão em 2011 (96,9) era maior do que o percentual de lares com um refrigerador (95,8) e que 64% tinham mais de um televisor. Outros pesquisadores 60
relataram que os brasileiros assistem em média quatro horas e 31 minutos de TV por dia útil, e quatro horas e 14 minutos nos fins de semana; 73% assistem TV todo dia e apenas 4% nunca assistem televisão regularmente (eu sou uma destes últimos). Entre eles, a Globo é ubíqua. Apesar de sua audiência estar em declínio há décadas, sua fatia ainda é de cerca de 34%. Sua concorrente mais próxima, a Record, tem 15%. Assim, o que essa presença onipenetrante significa? Em um país onde a educação deixa a desejar (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico classificou o Brasil recentemente em 60º lugar entre 76 países em desempenho médio nos testes internacionais de avaliação de estudantes), implica que um conjunto de valores e pontos de vista sociais é amplamente compartilhado. Além disso, por ser a maior empresa de mídia da América Latina, a Globo pode exercer influência considerável sobre nossa política. Um exemplo: há dois anos, em um leve pedido de desculpas, o grupo Globo confessou ter apoiado a ditadura militar do Brasil entre 1964 e 1985. “À luz da História, contudo”, o grupo disse, “não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original”. Com esses riscos em mente, e em nome do bom jornalismo, eu assisti a um dia inteiro de programação da Globo em uma terça-feira recente, para ver o que podia aprender sobre os valores e ideias que ela promove. A primeira coisa que a maioria das pessoas assiste toda manhã é o noticiário local, depois o noticiário nacional. A partir desses, é possível inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrentar um sério risco de impeachment e que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, está sendo investigado por receber propina, recebe menos tempo no ar do que os detalhes dos congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes por dia, com os âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na hora do chá, sobre o calor ou a chuva. A partir dos talk shows matinais e outros programas, eu aprendi que o segredo da vida é ser famoso, rico, vagamente religioso e “do bem”. Todo mundo no ar ama todo mundo e sorri o tempo todo. Histórias maravilhosas foram contadas de pessoas com deficiência que tiveram a força de vontade para serem bem-sucedidas em seus empregos. Especialistas e celebridades discutiam isso e outros assuntos com notável superficialidade. Eu decidi pular os programas da tarde –a maioria reprises de novelas e filmes de Hollywood– e ir direto ao noticiário do horário nobre. Há dez anos, um âncora da Globo, William Bonner, comparou o telespectador médio do noticiário “Jornal Nacional” a Homer Simpson –incapaz de entender notícias complexas. Pelo que vi, esse padrão ainda se aplica. Um segmento sobre a escassez de água em São Paulo, por exemplo, foi destacado por um repórter, presente no jardim zoológico local, que disse ironicamente “É possível ver a expressão preocupada do leão com a crise da água”. Assistir à Globo significa se acostumar a chavões e fórmulas cansadas: muitos textos de notícias incluem pequenos trocadilhos no final ou uma futilidade dita por um transeunte. “Dunga disse que gosta de sorrir”, disse um repórter sobre o técnico da seleção brasileira. Com frequência, alguns poucos segundos são dedicados a notícias perturbadoras, como a revelação de que São Paulo manteria dados operacionais sobre a gestão de águas do Estado em segredo por 25 anos, enquanto minutos inteiros são gastos em assuntos como “o resgate de um homem que se afogava causa espanto e surpresa em uma pequena cidade”. O restante da noite foi preenchido com novelas, a partir das quais se pode aprender que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos enormes, unhas esmaltadas, saias justas, salto alto e cabelo liso. (Com 61
base nisso, acho que não sou uma mulher.) As personagens femininas são boas ou ruins, mas unanimemente magras. Elas lutam umas com as outras pelos homens. Seu propósito supremo na vida é vestir um vestido de noiva, dar à luz a um bebê loiro ou aparecer na televisão, ou todas as opções anteriores. Pessoas normais têm mordomos em suas casas, que são visitadas por encanadores atraentes que seduzem donas de casa entediadas. Duas das três atuais novelas falam sobre favelas, mas há pouca semelhança com a realidade. Politicamente, elas têm uma inclinação conservadora. “A Regra do Jogo”, por exemplo, tem um personagem que, em um episódio, alega ser um advogado de direitos humanos que trabalha para a Anistia Internacional visando contrabandear para dentro dos presídios materiais para fabricação de bombas para os presos. A organização de defesa se queixou publicamente disso, acusando a Globo de tentar difamar os trabalhadores de direitos humanos por todo o Brasil. Apesar do nível técnico elevado da produção, as novelas foram dolorosas de assistir, com suas altas doses de preconceito, melodrama, diálogo ruim e clichês. Mas elas tiveram seu efeito. Ao final do dia, eu me senti menos preocupada com a crise da água ou com a possibilidade de outro golpe militar –assim como o leão apático e as mulheres vazias das novelas. *(Vanessa Barbara é uma colunista do jornal “O Estado de São Paulo” e editora do site literário “A Hortaliça”.)
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Por Mônica Mourão e Helena Martins* Nos últimos dias, diversas tragédias assolaram o mundo. Aqueles que, como nós, não vivenciaram os acontecimentos diretamente, tomaram conhecimento deles a partir do recorte e da construção midiática dos fatos: dos atentados em Paris, passando pelo crime ambiental em Minas Gerais e a chacina em Fortaleza. A história se repete: um desastre em algum lugar do mundo gera manifestações de solidariedade, hashtags e avatares nas redes sociais. De imediato, um grupo reage lembrando outros casos de atentados, mortos e desabrigados em lugares em guerra, famílias vivendo em situações insalubres. 63
Casos, às vezes, acontecidos em dias muito próximos. “Indignação seletiva!” – acusam de um lado. “Minha indignação não é seletiva!” – respondem de outro. “Somos todos (e todas) Paris, Síria, Mariana, Fortaleza”. Não, não somos. Somos diversos, com diversas experiências e bagagens afetivas e culturais, que influenciam na forma como reagimos a cada tragédia. Parte significativa dessa bagagem, do conhecimento que temos dos lugares, povos e tragédias vem de um lugar comum: os grandes meios de comunicação. Não se trata, aqui, de pesar qual fato é mais doloroso ou digno de cobertura ou solidariedade. Todas as vidas ceifadas, assim como toda destruição e violência deve nos indignar e atravessar profundamente, inclusive aquelas que ganham, quando muito, um mínimo espaço nas páginas policiais. Mas para compreender como a seleção dos acontecimentos, a abordagem e a comoção gerada por eles são feitas, precisamos desnudar o modus operandi dos meios de comunicação. E perceber que não é difícil concluir que a violência já começa na invisibilidade imposta aos que não são considerados relevantes. A decisão do que é e do que não é notícia, além de que notícia é mais importante que outra, é baseada em diversos critérios, sistematizados por diferentes autores, ensinados nas escolas de jornalismo e incorporados ao cotidiano das redações. Apenas para usar como exemplo o elenco mais conciso deles, dá-se mais relevância aos acontecimentos de acordo com: novidade, proximidade geográfica, proeminência e negativismo. Ou seja, o que acontece hoje é uma notícia mais importante do que o que se passou anteontem; um jornal do Ceará colocará em destaque notícias da periferia de Fortaleza, não de Paris; porém, caso morra um camelô na feira da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, ou a apresentadora Angélica sofra um acidente, O Globo dará a manchete para ela; uma má notícia ganha mais destaque que um acontecimento positivo. Esses critérios obviamente não são naturais. Foram pensados a partir do que toca mais o público, sim, mas também estão fortemente ligados a valores econômicos e culturais. A vida de um parisiense vale mais do que a de um sírio? Pessoalmente podemos achar que não – e defendemos que não. Para a imprensa brasileira tradicional, no entanto, a resposta é sim. Ao nos apresentar o mundo que nem sempre conhecemos de perto – ou, mesmo quando o fazemos, estamos já atravessados por todas as informações e imagens que nos chegaram de forma midiatizada –, a mídia também colabora para que tenhamos mais familiaridade com certos povos e lugares. Cenários que já vimos tanto no cinema e na televisão. Na geografia dos afetos, o Rio de Janeiro é muito mais próximo de Paris do que de Fortaleza. Além disso, o tipo de tragédia que assolou Fortaleza na última semana, com a chacina de doze pessoas – em especial jovens negros –, é a tragédia cotidiana nas periferias, morros e favelas. O critério da novidade aí também se esvazia. E o que é uma tragédia passa a ser banal, sem merecer qualquer destaque. Até mesmo o lugar social dos envolvidos é usado para justificar ou não suas mortes. Ter ou não passagem pela polícia tornou-se, assim, uma das primeiras perguntas feitas e reportadas na apuração dos assassinatos. Afinal, a tão propagada narrativa policialesca tem fixado na sociedade que “bandido bom é bandido morto”. Foi assim em Cabula, em Salvador, e tem sido assim agora, no Ceará. Mas a própria lógica da noticiabilidade é subvertida quando segui-la prejudica interesses políticos e econômicos dos veículos de comunicação. O caso do rompimento da barragem do Rio Doce, obra da Samarco, controlada pela Vale, em Mariana/MG, é emblemático. Novidade, proximidade, proeminência, negatividade. São dezenas de mortos e desabrigados, cidadãs e cidadãos sem água potável e um prejuízo humano e ambiental cujas consequências afetarão por anos uma extensão territorial significativa de nosso país. O crime, no entanto, que tem responsáveis muito claros, vem sendo reportado como desastre ambiental. Tampouco se discute a fundo a questão das privatizações e da responsabilidade do poder público no acompanhamento das ações das mineradoras. 64
A própria presidenta da República só foi à região, sobrevoando a área de helicóptero, uma semana depois do rompimento da barragem. O fato de nossa autoridade política não ter dado a devida importância ao acontecimento em Minas sem dúvida contribui para o não-destaque nas pautas dos telejornais e veículos impressos. Mas chamar a atenção de autoridades e cobrar a responsabilização dos envolvidos também é papel da imprensa, por meio da definição do que ganha e do que não ganha as manchetes. O que versões pouco críticas da teoria do jornalismo que ensina tradicionais valores-notícia como fundamentais para que um fato ganhe repercussão pública ignoram é o impacto dessa padronização. Ela faz com que agora, em todos os portais noticiosos da grande imprensa, uma narrativa (na qual estão incluídas motivações e supostas soluções para os conflitos) muito semelhante seja distribuída para grande parte da população. Isso nos impede de perceber também a perversidade dessa construção, que escamoteia os interesses que rondam – e muitas vezes determinam – aquilo que lemos, vemos ou escutamos por meio na mídia. Por isso, em vez de apontarmos o dedo uns aos outros, principalmente nas redes sociais, acusando-nos mutuamente de indignação seletiva, cabe entender como é construída tal seleção no nosso próprio imaginário. Qual o papel da mídia nesse processo, mesmo entre quem busca coberturas e veículos alternativos ao mainstream. Quais as consequências da grande concentração num setor que deveria ser regido pela pluralidade e pela diversidade de ideias, como preza qualquer boa democracia. E a quem serve a fragmentação da nossa indignação, que tem como pano de fundo, por mais clichê que seja a afirmação, um sistema mundial de opressões que pune e invisibiliza “minorias” sociais do Ocidente ao Oriente, nas grandes cidades, periferias, morros e favelas; no campo e nas reservas indígenas e ambientais; na esquina da nossa casa. * Mônica Mourão e Helena Martins são jornalistas e integrantes do Intervozes.
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Assistir séries em excesso pode dizer muito sobre você http://tinyurl.com/za7srbx Não há quem diga ser ruim assistir diversos episódios da série favorita, mesmo que isso leve a diminuirmos nossas horas de sono, parece valer a pena, no entanto, o excesso de dias em que você opta por assistir seriados, pode dizer muito sobre o que está acontecendo com você. Um estudo realizado recentemente por pesquisadores Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos indica que quanto mais solitário e deprimido você é, maior a probabilidade de você ser alguém que dedica muito tempo para séries. A equipe realizou a pesquisa com 316 pessoas com idades entre 18 e 29 anos. Os participantes tiveram que responder perguntas relacionadas a frequência com a qual assistiam a televisão, que se sentiam sozinhos e que faziam maratonas. Eles descobriram que aqueles ditos mais solitários e deprimidos, eram mais propícios a fazer maratonas em excesso, usando esta atividade para afastar-se de sentimentos negativos. Além disso, os resultados apontaram que os voluntários que tinham mais sentimentos negativos com os quais não queriam lidar e que não dominavam o controle próprio tinham maior propensão a apertar o botão de “próximo” no Netflix sem nem pensar nas tarefas pendentes. As pessoas parecem se envolvem em comportamentos de dependência para esquecer temporariamente a realidade que envolve a solidão e depressão. Além disso, a falta de autocontrole de um indivíduo é susceptível de influenciar o nível de seu comportamento viciante. “Mesmo que algumas pessoas digam que o ‘binge watching’ (maratonas) é um vício inofensivo, nosso estudo sugere que essa prática não deveria ser vista dessa forma”, diz Yoon Hi Sung, um dos cientistas que conduziu a pesquisa. “Fatiga física e vários problemas de saúde estão relacionados com esse tipo de prática. Mesmo sabendo que não deveriam, as pessoas não conseguem resistir a assistir mais e mais episódios seguidos e, dessa forma, começam a negligenciar suas relações pessoais e de trabalho. Nossa pesquisa é o passo inicial para explorar o ‘binge watching’ e aprender mais sobre os efeitos desse fenômeno.” Referências Eurekalert, Feelings of loneliness and depression linked to binge-watching television
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http://tinyurl.com/jzp4n57
A TV é ligada e vemos um retrato fiel do nosso mundo, um retrato das relações sociais, um show da realidade. Talvez. Creio que o termo Teatro da Vida Real é melhor colocado, afinal, ao saber que há câmeras vigiando qualquer ato durante todo o dia e que cada ato construirá uma imagem, uma figura, de um potencial vencedor, então cada indivíduo dentro de um reality show representa a si mesmo. Representa-se como não-representação. Tudo se passa como se fosse a coisa mais natural. É claro que se o programa existe, é porque há algo nele que possibilita sua existência. Não falo do público que assiste, mas da possibilidade da criação de um programa como este. O que pode fazer de um programa como um reality show algo que possa existir? Aqui, Bauman articula a noção da exclusão como categoria fundamental para existência do sujeito na modernidade líquida. A exclusão é estruturante. Num sentido de que, se não há a certeza de uma relação, se não há a confiança que a certeza passaria, se não há regras minimamente rígidas para dar suporte a uma confiança nas relações recíprocas, então uma vida – que é pautada num medo de tudo e todos, já que, num estado de constante perigo, tudo e todos podem ser perigosos – líquida e baseada nas próprias satisfações, se transforma numa vida de evitação das relações mais rígidas, das relações que fazem do indivíduo um sujeito frágil, um sujeito à mercê da incerteza. A única segurança está na exclusão. O reality show, assim, é um modelo da sociedade. Nele, as pessoas se relacionam e lutam para se excluírem. Nada é verdadeiro, a não ser a certeza de que, no fim, todos serão excluídos menos o vencedor. O que isso significa? Não dá pra sair ileso, é necessário tomar uma posição e excluir para não ser excluído. No reality 67
show a exclusão chega a ser obrigatória – o sujeito precisa votar em alguém, não pode deixar de votar. Alguém precisa ser excluído. É importante, também, saber que programas de TV, mais do que serem o reflexo de algum ponto da sociedade, também são aparelho de reprodução deste ponto refletido. Ou seja, esse caráter de exclusão é reproduzido incessantemente, num fluxo infinito de estímulos que estruturam o espectador. É nessa reprodução infinita onde um conjunto de maneiras de ser e de agir são propagadas e inculcadas, assim como, são nestes programas que os estereótipos são firmados. Não se trata só de estabelecer como a vida deve ser vivida, mas de estabelecer quem pode viver a vida legitimamente. Os participantes de reality show não são escolhidos ao acaso. São escolhidos por categorias de consumo. Qual propulsionará identificação? Não há liberdade nisso, nem todos podem participar de um reality show. A seleção é um processo de exclusão prévio dos não adequados e de inclusão de alguns grupos minoritários para manter a aparência de democrático no programa. Não adianta, o programa não deixara de ser um desdobramento de uma cultura elitista, machista e racista só porque tem algumas pessoas com “cara de pobre”, “cara de gordo”, participação de homossexuais ou transexuais. Isso não faz a menor diferença, já que a participação de grupos minoritários ainda é pensada mecanicamente. O reality show funciona, ainda, como parte do dispositivo – que é a sociedade – para fazer a vida com medo ser tolerável. Ali se banaliza a exclusão (tida como uma experiência de morte de terceiro grau), é ali que a exclusão é explicitamente colocado como parte integrante da vida cotidiana. Exclusão é a vida corrente.
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´ DOCUMENTARIOS https://www.youtube.com/watch?v=wU5W4vkINkY
https://www.youtube.com/watch?v=j9vYJ74JGzg
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