Os It - Thiago Pined (capítulo 2)

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2 O carro de Sofia chegava mais perto à frente do hotel. Ela estava agitada e, ao mesmo tempo, com um tipo de medo em seu corpo… principalmente quando ela pensava que ela e Marcos iriam ficar sozinhos em um daqueles quartos. Mas ela não tinha que pensar naquilo. Não porque ela queria esquecer — porque ela não queria —, mas porque tinha alguma coisa que a fazia temer. Ela não sabia o que era e não queria saber. O mar na praia fazia um barulho meio medonho, principalmente porque a rua do Copacabana Palace tinha sido fechada só para que o carro das pessoas da festa passassem. Como era bom ser importante. Qualquer pessoa que passasse perto dela tinha que cumprimentá-la. Mas ela não conhecia todas; alguns podiam estar lá de “penetras” porque estão doidos para entrar no high society como ela. Mas, como sua mãe um dia disse, entrar nesse mundo é muito complicado. Mas ela não se importava com ninguém que não fosse seu amigo, muito importante na sociedade ou conhecido. Na verdade, ela só se importava em festejar… e ela sabia que aquela noite seria a melhor noite que ela teria.


Olhando para todos os lados, ela tentava achar alguém conhecido, mas nada. De repente, alguém a segurou pelo ombro. Ela morria de medo de ficar parada fora do Copacabana Palace, ali havia muitos pivetes que os roubavam à toda hora. Porém, quando ela se virou, nção era nenhum pivete que queria suas jóias Tifanny; era o Sr. Cartner; um homem muito rico que era amigo da família dela desde que ela se conhecia como gente. Ela deu um largo sorriso para ele, e ele a beijou nas mãos; como se eles estivessem no século XVI. — Boa noite, senhorita von Hudsen — ele disse —, como está? — Bem, obrigada. — Respondeu Sofia. Sofia admirava aquele homem com quem ela estava falando; ela era tão… elegante. Usava um lindo e impecável terno feito sob medida da Levi‟s e tinha uma gentileza tão diferente dos outros homens. Bem, ela não podia falar tanto dele assim, pois Mark era tão elegante e gentil como aquele homem com quem estava falando. Ela podia achá-lo um bom partido (ela até mesmo tinha pensado que sua mãe para casar-se com ele), mas ele nunca tinha namorado ninguém — pelo que ela sabia. Ela achava isso meio estranho. — Onde está sua mãe? — ele continuou, olhando com seus lindos olhos azuis diretamente para dentro dos olhos de Sofia. — Ela está vindo por aí — ela respondeu. — Vocè sabe; minha mãe sempre gosta de chagar um pouco atrasada. Ela sempre diz que… — “O atraso mostra o quanto você é compromissada, aliás, todos falam de você durante a festa inteira” — ele a interrompeu, falando tudo o que a mãe dela sempre falava e o que ela ia dizer. — Certo? — Isso mesmo! — ela disse. — Bem — ele continuou —, não vai entrar? — Não, senhor. Agora não. Estou esperando pelos meus amigos que já devem estar chegando. Eles já deviam ter chegado. Ela estava muito nervosa pela chegada de uma pessoal em especial: Mark. Na verdade, seu nome era Marcos, mas todos os seus amigos o chamavam de Mark, pois era um modo melhor como eles o chamavam e achavam bem mais ele-


gante o nome Mark do que Marcos. — Ok, eu vou. — disse Sr. Cartner. — Está bem — ela respondeu —, tchau. — Até loguinho. Sr. Cartner foi andando para dentro do Copacabana Palace enquanto Sofia olhava para seu celular as horas — eles estavam mesmo atrasados, ela observou, batendo com o seu tamanco naquele chão imundo e esperando seus amigos. Bianca estava aproveitando para passar mais uma camada de gloss nos seus lábios enquanto Edgar terminava de tomar o seu gole de champanhe, limpando sua boca com um guardanapo de pano, sua mãe terminava de arrumar seu cabelo mais uma vez — “cabelos bonitos é melhor que tudo!”, ela sempre dizia — e seu pai desligava o telefone, depois de falar com milhões de pessoas só na viajem que eles estava fazendo da casa deles até a festa em Copacabana. Pronto, ela pensou, voltando-se para seu lugar entre sua mãe e seu namorado. Aquela Limo (que era como ela chamava uma limosine — depois de ver uma porção de gente falando daquele jeito) estava muito apertada para os cinco; ela não conseguia nem conversar com Ed em paz — que bom que ela e Ed iriam para casa sozinhos, talvez em um taxi, menos junto com os chatos dos seus pais. Foi fácil reparar no amontoado de cabelo loiro parado na frente do hotel enquanto eles estavam chegando. Era estranho, mas ela sentia um frio na barriga só de chegar perto daquele lugar, principalmente quando ela estivera pensando que eles podiam chegar a qualquer momento. Ou já podiam estar lá dentro! Aquilo fez a cabeça dela rodar e rodar só de pensar que tudo podia desmoronar em cima dela. Isso não poderia estar acontecnedo novamente; não com ela. Ela nçao ia voltar para quando ela tinha uns dez anos e usava aparelho e era um pouco mais gordinha do que todas as meninas da sua classe e muito mais feia do que elas, que — mesmo naquela idade — elas se pareciam como modelos. E quando ela olhava para Sofia como se ela fosse uma deusa gre-


ga e que queria fazer tudo que Sofia fazia. E sentia inveja deles que andavam com Sofia e não ela! Toda vez que ela pensava naquilo, seu estômago embrulhava. E ela soube naquela hora que essa sensação não era só dentro dela porque, quando ela sentiu uma mão em seu braço esquerdo, ela percebeu que era sua mãe olhando-a e perguntando: — Querida, algum problema? Você está tão branca! — Nada, mãe… — ela respondeu, mesmo querendo falar que queria sair daquele carro para vomitar em paz. Mas aquilo não seria digno do que ela era. — Eu estou bem. — Ela acrescentou para que sua mãe soubesse que nada estava errado. — Tem certeza? — agora era a voz de Ed no seu ouvido e a mão dele em seu braço direito. — Tenho, absoluta. — ela disse. Agora ela tentava chegar suas narinas para perto da janela do carro, para tentar pegar um pouco de ar puro. Mas era tarde de mais. Quando a Limo parou, não havia nenhum vento para que ela pegasse um pouco. Mas ela estava feliz, também, pelo carro ter parado e ela poder sair daquele lugar quente e infernal. Ela foi a primeira a sair, saindo por cima de Edgar e abrindo a porta, tentando sair o mais calmamente possível para que nenhum paparazzi pegasse alguma coisa dela, como o título da revista da escola que ela estudava, que dizia “Jenna estava bêbada sábado à noite?”. Jenna era uma menina do terceiro ano que não era tão importante na escola quanto ela e seus amigos que ainda estavam no segundo ano. — Olá! — foi a primeira coisa que ela ouviu ao sair. Sofia estava bem na frente dela, abrindo seu largo sorriso que ela sempre fazia o que significava olá-porque-não-falou-comigo?-eu-soua-mais-importante! que todos conheciam. — Oi — a voz de Bianca não era a voz que ela queria ter falado. Sofia passou seus braços finos de magreza e sem nenhuma amostra de que ela foi gorda quando tinha 13 anos (como ela), porque ela não tinha sido. Mas não importava: Bianca não guardava mágoas. — Algum problema? — perguntou Sofia, sabendo que havia sim


um problema com Bianca. — Não — ela mentiu, olhando para os pais e o namorada saindo da Limo. — Só uma tontura por causa da viajem de carro. Mas ela não iria falar a verdade, de jeito nenhum. Ela não poderia falar que estava com uma pouco de raiva e medo porque ela apenas ACHAVA que eles iriam voltar e que ela não queria que eles voltasse, porque eles já estragaram coisas demais com ela e Sofia, mas que ela não queria que eles estragassem novamente. — Hum… — Sofia disse quando percebeu realmente que Bianca estava melhor; que foi bem quando a menina começou a voltar com a cor no rosto. — Muito bem — ela continuou dando um largo sorriso —, estão todos aqui menos… bem, como sempre, o Mark. — Ele ainda não chegou? — Perguntou Ed, que era um dos melhores amigos de Marcos e que sabia muito o que aquele menino costumava fazer. — Talvez ele esteja lá dentro. — Eu duvido, senão ele já me mandaria uma mensagem — Respondeu Sofia. Todos estavam olhando para o mesmo lugar: a pista que ficava entra a calçada e a praia. Bianca naquela hora pensou que eles poderiam, depois da festa, ficar um pouco na praia, olhando para o mar, porém, depois se lembrou que Sofia e Mark já tinham um ótimo plano para aquela noite e que não gostariam de ir. Ela também não queria ficar com Edgar sozinhos na praia àquela hora; primeiro porque ela não achava seguro, segundo porque ela não iria se segurar a fazer uma coisa com seu namorado, que ela não achava legal fazer na praia. Mark tinha acabado de entrar no carro para ir a festa. Ele estava meio atrasado… quer dizer, ele estava muito atrasado; Sofia ia brigar com ela. Ele, na verdade, tinha chegado um pouco antes de… bem, entes demais! Ninguém havia chegado na frente do CP (símbolo de Copacabana Palace que ele inventou para ele mesmo), então ele mandou que eu motorista voltasse por uma rua que o fazia chegar a um bar que o seu pai costumava ir e que ele pegou essa mania. Ao descer do carro, ele encontrou com um dos colegas dele do co-


légio que fazia ala de futebol com ele à tarde. Ele sentou-se junto com seu colega e começaram a beber um Martini, quando ele saiu de lá, ele iam para um uisky, mas sua namorada não ia gostar nada de que ele chegasse lá bêbado — ela não ia nem gostar de vê-lo daquele estado: apenas com um cheiro forte de álcool na boca. Ela ia falar para caramba. Ele mandou que seu motorista parasse primeiro em uma loja de doces, comprou um chiclete de canela que dava uma sensação estranha mas empolgante na boca e o mandou ir para a festa. Mesmo assim, ele estava com um pouco de medo; Sofia era muito esperta e não deixar passar um chicletezinho de canela para fazer com que o bafo de álcool sumisse. Talvez se ele comprasse um maço de cigarros… Mas seria mesmo certo fumar? Quer dizer, ele já havia fumado — é claro. Todos os amigos dele já haviam fumado. Até Sofia (que era a pessoa mais certinha que ele já viu na vida) deu uma tragada num cigarro um dia. Foi muito engraçado; ele nunca ia se esquecer desse dia. Ele estava passando por um dos enormes corredores da sua escola quando ela percebeu aquela menina loira num canto com um cigarro na mão e jogando a fumaça para cima. Ele chegou perto dela e disse: — Seus pais sabem disso? Ela se assustou, jogando o cigarro no chão e sem saber mais o que fazer. Quando ela percebeu quem era, olhou para o cigarro, depois olhou para ele com cara de quem iria matar alguém e disse: — Você não devia estar assustando as pessoas por aí; é proibido. — Não existe lei sobre isso. — ele a intercedeu. — Tanto faz — ela deu de ombros. — E eu sei que você não vai falar com ninguém sobre isso porque eu tenho um segredo muito pior sobre você. — Há, é? Então você pode me contar? — ele disse, chegando tão perto que dava para sentir perfeitamente o perfume dela, doce como rosas. — Bem, o que seus pais diriam se eles te vissem pegando um pacote muito suspeito na esquina da escola com uma pessoa malencarada? — Como assim? — ele perguntou. Ele sabia que ela estava ble-


fando. — Errei? — ela perguntou, dando seu sorriso cuja faíscas sempre voavam de tão brilhante que era. — Não chegou nem perto. — ele riu. — É impossível que você não tenha nenhum defeito;. Até eu tenho, como pode ver! — Sofia apontou para o chão. — Mas é claro que eu tenho! — ele chegou tão perto dela que encostou seus lábios nos ouvidos dela, sussurrando: — Eu também, às vezes, dou uma tragada em algum cigarro. Ela riu do que ele disse. Bem, era mais ou menos o que ela fazia. Então os dois estavam untos nessa — pelo que ele pensara. Agora, ele estava chegando bem perto do CP, porém, ele também estava bem atrasado. Trinta minutos atrasado significa que você perdeu a festa de entrada e a abertura. Infelizmente, pelo que ele vira, por causa dele, todos os outro seus amigos estavam atrasados também. Ele vira Bianca com os braços em volta de Ed, que estava com os braços cruzados e olhando para Bianca, rindo — como sempre — e, o pior de tudo, Sofia estava com uma cara um pouco emburrada, batendo com seu salto que ele achou que, com certeza, era Manolo Blahink. Ele engoliu em seco; com certeza, pela cara dele, ela não ia deixar passar o cheiro da bebida em sua boca, o que seria uma vergonha na frente de seus amigos. Mas ele teria que tentar. Seu motorista parou bem na frente de seus amigos, com a porta de onde ele estava bem na frente de Sofia. Ele respirou fundo, pensando se Sofia estava mesmo emburrada porque ele estava atrasado ou se era porque os pais dela tinham brigado, de novo. Mas ele tinha quase certeza que era por causa dele. Ele abriu a porta esperando que ela brigasse e exclamasse alguma coisa para ele. Mas ele devia conhecer muito bem Sofia, ele saberia que ela não era pessoa de fazer escândalo — ela não era uma favelada. Ele percebeu que ela tinha respirado fundo e olhado para ele com Uma raiva absurda. Mas depois sua feição tinha mudado para alguém que estava dentro de um desenha animado, era bom e estava cheirado a flor mais cheirosa que tinha visto na face da terra


— tudo isso era o que ele pode perceber com um simples meiosorriso que Sofia colocou nos lábios. — Não diga nada. — ela disse, simplesmente virando-se e olhando para os colegas. — Eu não quero estragar essa noite. Depois ela acenou com a cabeça para a porta do hotel, para que todos fossem. Apenas Bianca viu o que Sofia tinha feito, porque Edgar estava tentando beijá-la de qualquer jeito na frente com o monte de paparazzi que podiam estar escondidos naquele lugar. E ela estava certa. Depois, os quatro entraram na festa e foram acompanhados por um homem de terno de porte elegante que os levou para o salão do Copacabana Palace; um lugar grande e ais elegante ainda, onde já havia muita gente dançando na pista de dança e algumas semgraça sentadas em seus lugares. Os quatro estariam no quesito “sem-graça” por pouco tempo; para se acostumarem. Pois depois eles iriam se divertir. E aquela noite seria a noite em que todos iriam se divertir e tudo seria especial. Se fosse ver, Sofia contava com aquela festa semanas e semanas atrás. E lá estava ela dassando pelos elegantes corredores do hotel decorados pelos melhores decoradores da cidade, e indo para a festa mais esperada do ano. Mas havia alguma coisa mais importante que Sofia queria fazer. Ela olhou para Mark, mas não queria falar exatamente sobre isso na frente de seus amigos; era algo um tanto que… pessoal. O problema era que ela já sabia que eles sabiam: Marcos não era o tipo de pessoa que guarda segredos. Antes de se sentar, Sofia parou um garçom e foi pegando taças de champanhe — dos mais caros, é claro — e passando para seus amigos. Depois virou-se de costas para o garçom e sentou-se. — Muito bem — ela começou, como sempre ela fazia, e virou-se para Mark —, onde é que o senhor estava? — Bem — ele começou. Seus olhos estavam ardendo e ele se sentia enforcado. Ele teria que falar alguma coisa para ela, mas o que? Ele não sabia mesmo —, eu estava chegando aqui quando minha mãe me ligou para que eu fosse o mais rápido possível na Maria Filó comprar uma bolsa que ela queria… então, eu tive que


ir. — Hum! — ela disse. Ela sempre soltava isso quando fingia não acreditar, mas no fundo ela acreditava. — Mudando de assunto… — disse Bianca que detestava aquele clima estou-com-raiva-de-você-mas-também-não-estou que muitas vezes existia entre Sofia e Mark. — O que vocês vão fazer hoje à noite, depois da festa? Aquela era uma pergunta que Sofia estava torcendo para que ninguém perguntasse, assim ela não precisaria responder. Mas ela estava enganada; logo Bianca que perguntou isso. Será que ela sabia mesmo? Ou ela podia não saber, ou talvez… ela estava fazendo isso só para ouvir da boca dela que ela e seu namorado, Marcos, iriam para a cama juntos naquela noite. — Nada de mais — ela respondeu —, não é, Mark? Ela olhou diretamente para os olhos dele. Mark soube bem naquela hora que ela ia sim fazer aquilo com ele, mas que não queria que ninguém soubesse. O problema era que ele já tinha contado para Edgar, que já devia ter contado para Bianca. Mas se Sofia não queria que ele contasse, então ele não ia contar. — É. — ele respondeu seriamente, tentando mentir o melhor possível. — Hum… — Bianca disse, olhando descaradamente para dentro dos olhos de Sofia; ela estava mentindo! Bianca sabia o que ela e seu namorado iam fazer naquela noite, que havia um quarto ali preparado para a noite deles e tudo mais. Mas ela não sabia que Sofia queria guardar segredo, até porque ela achava que Bianca também era virgem. Mas Bianca também estava feliz. Ao olhar à sua volta, ela não conseguia ver nenhum sinal deles em nenhum lugar. Talvez o que tinham falado não se passasse de uma mera mentira e tudo seria normal como antes. Porém, ela tinha que pensar o outro lado também: eles poderiam chegar naquela festa atrasados e eles podiam fazer uma entrada triunfante — como eles sempre faziam. Mas também havia uma esperança… Se eles não viessem para aquela festa, ela pensava, então eles não iriam mesmo vir. Aquela festa era tudo que pessoas com estilo e que querem se dar bem na mídia e na vida, como nossa querida


Sofia que estava naquela hora, segurando na mão de Mark e olhando-o com um sorriso lindo no rosto. — Vamos dançar? — ela continuava a olhar para Marcos. Bianca percebe que ele também a olhava. — Vamos. — ele levantou-se, puxando-a para seus braços. O perfume cheiroso de marca que ele estava usando foi direto para as narinas de Edgar, que estava ao lado dele. Ele achava muito estranho olhar para aquele homem quase formado e lembrar-se de quando eles eram pequenos e suas mães, enquanto estavam conversando e tomando champanhe, eles brincavam, correndo de um lado para o outro, deixando suas babás-empregadas loucas. E Sofia também estava junto, sempre com aquela cara debochada e irônica. O problema era que Bianca era a única pessoa que ele não se lembrava quando eram pequenos — mesmo que ela dissesse milhões de vezes (como ela fez) que ela sempre estudou com eles, mas ela não se destacava tanto. Ela era a única pessoa que ele não conseguia MESMO, de jeito nenhum, se lembrar. Mas aquilo não importava. Agora, ele estava com ela e isso era o que importava e estava tudo certo. Seus olhos brilharam quando ele olhou para sua namorada perfeita que estava ao seu lado. Ela sorriu para ele, brilhando todo o seu lugar à sua volta. Bebericou um pouco de champanhe e continuou a sorrir. — Muito bem, está tudo certo? Sofia estava terminando de dar a pirueta, quase voando (aquelas aulas de balé enfim serviram para alguma coisa) e olhou diretamente nos olhos de Mark. Ela ainda estava com um pouco de raiva dele, mas aquilo estava passando de uma forma estranhamente rápida. Todos falavam o quão estranho ela era que esquecia das coisas muito rápido — pois era sempre ela que começava as brigas e deixava de lado. Ao ver dela, aquilo se mostrava um dom fantástico, um dom de uma pessoa que seria boa para comandar um grupo de pessoas e que não têm sentimentos fracos; alguém que sabe dar ordens. — Tudo pronto. — Marcos respondeu, mostrando o meio-sorriso


que só ele sabia fazer. — Quando começarem a ir embora, vamos nos despedir de Ed e Bianca e vamos nos esgueirar para o quarto. — Está com as chaves aí? — Estou sim! — ele colocou a mão no bolso e, mesmo com o alto som da festa, Sofia conseguiu ouvir o barulho das chaves batendo umas nas outras. — Ótimo — ela disse, sorrindo com uma felicidade espontânea; ela já tinha se esquecido que ele havia demorado para a festa. — Estou doida para ficar sozinha com você. — Eu também. Na verdade, Marcos estava mesmo muito nervoso. Ele estava com medo de que alguma coisa acontecesse errado e que tudo fosse por água abaixo. Mas ele tinha que pensar positivo: esse era o problema. — Agora… — Sofia continuou, cortando os pensamentos de Mark. — Me diz uma coisa: você contou à Edgar o que íamos fazer? Marcos engoliu em seco. Ele não sabia o que fazer; ela tinha descoberto. Ele sabia; Sofia era muito esperta. — Bem… — ele começou, arranjando alguma coisa para mentir, mas ele não era bom em mentiras. — Eu… eu não disse nada… — Eu já sabia! — ela atirou, quase apontando o dedo no rosto dele. Eles estavam dançando, ela não ia parar de dançar para fazer isso. — Está muito na minha cara? — ele perguntou, querendo um espelho para ver se estava mesmo. Mas ele sabia que não havia nada em seu rosto, será? — Com certeza. — Ela respondeu, rindo. — E eu sabia que você ia, com certeza, contar para o Ed; é inevitável. — Sofia, você me descul… — Não tem problema nenhum. Eu queria uma surpresa, mas já que você contou… bem, vamos fingir que nada aconteceu, porque não dissemos nada ainda para eles e ter nossa noite. Amanhã eu conto. — Tudo bem. Foi a única coisa que ele disse mesmo sabendo que ela tinha o perdoado. Sofia não era fácil de perdoar as pessoas, mas ela estava


apaixonada por ele. Talvez, ela faria tudo por ele. De repente, alguma coisa muito horrível aconteceu, e foi tudo tão rápido que Sofia não teve tempo nem de pensar o que fazer. Num momento ela estava rondando com Mark pelo salão, dançando uma música conhecida, lenta e pensando na noite deles quando ela ouviu um “Sofia, cuidado!” vindo de alguém na „platéia‟ e, do nda, havia uma menina de mais ou menos uns doze anos de idade entre ela e Marcus, pegando a roupa dela e falando algo como: — Que roupa linda! Queria usá-la! Mas ela não teve tempo de falar nada, pois a mesma menina puxou o tecido do vestido dela desenhado pela mãe que ela adorava e a jogou no chão. Quando deu por si, ela estava no chão, todos estavam olhando para ela, a menina estava com um pedaço do vestido dela na mão, passando pelo rosto. — Sofia! — Mark, Bianca, Edgar e sua mãe estavam já ao lado dela, puxando-a para cima, afim de colocá-la para sentar-se em algum lugar. — O-o que… ac-conteceu? — Sofia perguntou, chorando. Bianca sabia de tudo o que tinha acontecido, mas não achava certo dizer que ela estava sentada, olhando sua amiga dançando, quando uma menina de camisola (a maluca que morava naquele hotel com a babá porque a mãe viaja muito) passear por entre as pessoas. Mas quando ela deu por si, quer dizer, soube o que a menina tinha a intenção de fazer, já era tarde demais. — Essa menina puxou o seu vestido, aí você caiu e… — Mark começou, mas foi interrompido pela própria Sofia. — Ok, isso eu já sei. — ela disse um pouco com raiva. — Eu quero ir embora. — Mas, amor — começou Mark, com a voz mais doce que ele podia fazer —, e a coisa? — Eu. Quero. Ir. Embora. — ela continuou. — Ok, querida. — a Sra. Von Hudsen. — Vamos levá-la para casa. A mãe de Sofia puxou-a pelo braço para fora. Todos foram juntos, fazendo um campo em volta dela para que ninguém a visse.


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