O esquema
de THIAGO PINED
Prólogo – dormindo Ele já estava com o pé na escada quando se lembrou de uma coisa. O céu estava lindo; muito azul. E ele estava doido para que chegasse o dia seguinte para poder ir à escola e contar á sua namorada que o pai dele tinha deixado ele ir de carro para o baile de formatura. Ele voltou para a sala de jantar,. Onde sua mãe e seu pai ainda estavam sentados conversando e disse: — Boa noite, pia. Boa noite, mãe. O sorriso dele foi encantador. — Boa noite, querido — a mãe dele disse. O pai deu um aceno de cabeça e isso significava que ele podia ir para sua cama. Correu para seu quarto, mudou a roupa para dormir e deitou-se. Mas antes pegou o seu iPhone com, os fones de ouvido e colocou-os para ouvir sua musica preferida mais uma vez. Ele pensava em como iria falar com ela sobre o carro e a ida ao baile de formatura. Ele iria comprar umas flores entes de ir para o colégio e chamá-la para o baile de formatura. Estava tudo em sua cabeça, e tudo daria certo – ele tinha certeza. Ele sentia algo no sue peito; uma pontada súbita de vertigem e vontade de fazer tudo aquilo agora. Mas então ele teve que voltar para a sala de jantas porque esqueceu de contar alguma coisa para o seu pai. O problema era que ele nem ia conseguir chegar até a sala de estar. Bem na escada ele sente uma pontada mais forte e não consegue mais ficar em pé. Então ele desaba no chão. No hospital os médicos dizem que ele vai ficar bem, mas alguma coisa está errada. Primeiro porque ele não conhece os médicos, segundo porque ele ainda está sentindo aquela dor insuportável vinda de algum lugar que ele não sabia. — Como está? — uma médica de cabelos loiros presos num coque perfeito falou. — Bem melhor — era um pouco de mentira, mas ele queria voltar logo para casa com os pais. — Você vai ter que passar a noite aqui, ok? — ela continuou. — Por quê? O que eu tenho? Será que minha mãe já ligou para minha namorada para avisar que estava tudo bem?, ele pensou. — Vou te dar um sedativo para você dormir um pouco — ela disse sem perguntar se ele queria ou não.
A mulher tirou algo que o ligava ao soro e, com uma seringa, no mesmo lugar, ela colocou um líquido verde e estranho – ele nunca tinha visto um sedativo daquela cor. Mas mesmo assim deu certo. Ele dormiu por um longo tempo.
capítulo dois – a ideia Eu podia sentir o sorriso em meus lábios, olhando para três pessoas que estavam na minha frente. Eu conhecia todo mundo, Sam - O nome dela era Samantha, mas todos a chamávamos de Sam - May, John e Mary. O estranho é que eu não sabia chamar Mary e John com seus respectivos nomes, eu chamava de 'mãe' e 'papai' - Eu não sabia o porquê. Nós estávamos na cozinha. Eu estava ajudando minha mãe a cozinhar espaguete para nós, e Sam e May estavam com o meu pai na sala de jantar, ajudando-o a fazer a mesa. Eu estava tão feliz ali, olhando para a minha mãe - mesmo que fosse por apenas alguns minutos. Eu respirei fundo antes de dizer: "Você quer mais alguma coisa, mãe?" Essa palavra — mãe — saindo da minha boca foi música para meus ouvidos. Eu gostei, mas eu não sei por que eu gostava. "Não, obrigada." Minha mãe me disse. "Vá para a sala de jantar e espere." "Obrigado." Fui para a sala de jantar sorrindo. Minha vida era maravilhosa - a vida que todo mundo quer. Eu jogava futebol na escola, eu era uma pessoa popular.E eu adorava. Antes de ir para a sala de jantar, fui para a janela da sala de visitas. Minha casa era em Nova York e eu gostava dessas pessoas que andavam na frente do meu apartamento, caminhando para uma Discoteca, para dançar e falar. Fui depois para onde os meus pais já estavam: a sala de jantar. Todo mundo já estava sentado em lugares apropriados dela: o meu pai na cadeira da frente - na frente de todos - a minha mãe sempre estava sentada ao lado do meu pai, minhas irmãs estavam sentadas em frente uma da outra e eu sempre estava sentado ao lado das minhas irmãs. É porque o ar era purificado e para que meu pai não brigasse com ninguém. Minha mãe sempre disse: 'A hora do jantar é uma hora sagrada ", e era respeitada a sua vontade. Meu pai respirou fundo - como fazia sempre antes de dizer alguma coisa - e disse: "Então, como foi a escola hoje?" Sabíamos que eram as meninas primeiro para responder, e depois eu que responderia. Esperei que elas respondessem à pergunta. "Foi bom." May disse. "Eu aprendi a letra 'F'" May tinha 5 anos de idade e Sam tinha 10 anos de idade. Sam iria à quinta série no próximo ano e nós estávamos esperando por isso. "E você, Sam?" Nosso pai continuou olhando para seu prato de espaguete. Sam procurou no pensamento, olhando também para seu prato. "Eu tirei A em matemática." "Sério?" Sabíamos que o meu pai gostava que alguém gostava de Matemática; e Sam foi agraciada com este dom.
"Sim", ela continuou à dizer. "E meu professor, senhorita Sandra, disse que eu vou ser uma das maiores matemáticas do mundo.” “Isso é bom." Meu pai disse. E então ele olhou para mim. Senti uma dor insuportável no estômago, e essa sensação não passava. Rosto dele era incompreensível. O que era compreensível era a minha sensação de nostalgia. "E você, Fred? Quais são as notícias que você tem a dizer a mim?", Disse ele. Eu podia sentir uma ponta de cansaço em sua voz. “Eu?" Eu comecei a olhar para a meu prato, como todo mundo. "Estou estudando muito e treinando muito, também." "Hmm ... e quando é que vai entrar para os Yankees?” “Pai, para entrar para os Yankees eu preciso fazer mais testes. E eles só aceitam pessoas com 18 anos ou mais. Como na escola, falta um ano para isso.” Ele me deu um sorriso um pouco falso – pelo menos eu achei que era falso – e disse: “Ok, eu espero.” E eu sei que você vai esperar, eu pensei. Mas eu não estava com a mínima vontade de entrar para aquele time de Baseball, alem do mais eu estava fazendo futebol na escola. Mas também não eram nem por cause disso. Era porque eu não queria ser um jogador para toda a vida. Eu queria fazer uma faculdade boa e ser alguém na vida; coisa que meu pai não era. Eu queria me casar com minha namorada, ter filhos, mas com mais condições do que meu pai me teve. Minha mãe engravidou quando ela estava com 18 anos e meu pai teve que trabalhar para que eu, minha mãe e ele não morrêssemos de fome. “E você querida, como foi na escola?” meu pai perguntou. Minha mãe conseguiu terminar o Ensino Médio e foi ser professora, isso era legal para ela – uma alto-estima. “Querido,” minha mãe começou “um menino da minha classe xingou um outro menino e os dois foram levados para a secretaria!” “E isso é porque eles têm a idade de May!” eu observei e todos assentiram. Mas era verdade; aquele mundo estava ficando horrível. Um dia desses eu vi no noticiário local que um menino levou uma arma para a escola e, sem querer, matou o colega – e esse menino devia ter uns… 12, 13 anos. Acabamos de comer sossegados, meu pai se levantou e falou para que todos fossemos dormir; tínhamos aula no dia seguinte. Enquanto íamos para a cama eu senti uma pontada súbita de dor no meu peito e caí na escada, quase rolando para baixo. Todos correram para me ver deitado sentindo a dor muito forte no coração. “O que ouve, querido?” minha mãe perguntou. Meu pai com aquele jeito carrancudo dele também estava perto. Seus olhos de raiva pareciam preocupados agora. “Vou pegar o carro.” Ele disse levantando-se rapidamente e indo para a garagem. “O que ouve?” minha mãe continuava. Eu tentava falar alguma coisa, mas minha voz era abafada por uma dor insuportável que ia do meu peito até minha garganta. Eu nem conseguia me mexer de tanta dor que eu sentia. “Dor… aqui…” eu consegui dizer colocando a mãe em cima de onde eu sentia a dor.
May a Sam estavam sentadas no chão aos prantos. Eu queria fazê-las se acalmarem, mas parecia que nada ia fazer efeito naquela hora. Meu Deus!, eu aclamei. Eu estou morrendo? Mas eu não ouvi nenhuma resposta. A única coisa que eu pude ouvir foram as batidas do pé de alguém no chão de madeira chegando perto de mim. Meu pai sentou-se colocando as mãos no meu pescoço e em baixo do meu joelho, para poder me segurar. “Vamos levá-lo ao médico” ele disse me puxando. “Calma, querido.” Minha mãe vinha logo atrás. “Tudo vai ficar bem.” Eu engoli em seco, sem saber o que falar – sem conseguir falar. Quando estávamos dentro do carro a dor estava passando e eu consegui apenas falar: “Mãe, eu te amo.” Minha mãe se virou para mim, deu aquele seu belo sorriso reconhecível em qualquer lugar e disse… Acordo pulando da cama. Eu não sei onde estou primeiramente e fico com medo de ver aquela escuridão em volta de mim. Eu engulo em seco, com a garganta seca pedindo água. Levanto-me da cama abrindo as cortinas e olhando para aquela fraca luz no horizonte, atrás das montanhas que cercam o vilarejo. Ainda está amanhecendo e um galo canta em algum lugar. Saio calmamente do meu quarto descendo a escada em caracol que me leva para o primeiro andar. Minha casa é pequena e eu consigo me locomover muito rápido. É muito estranho, mas é legal. A minha casa não era igual a casa daquele sonho: aquela casa era muito grande e espaçosa onde eu conseguiria me locomover bem mais lentamente. Naquele sonho… Eu não podia pensar no meu sonho, porque eu começava à sentir uma dor insuportável no meu peito; como o personagem principal. Espera aí! Eu era o personagem principal e era EU quem estava sentindo a dor no peito. Eu me lembro de ter visto o meu rosto na colher, como sempre aquele personagem principal fazia, e o rosto era idêntico ao meu. Abri a geladeira e peguei uma garrafa d’água. Do gargalo, bebi incansavelmente a água mineral que estava armazenada dentro daquela garrafa de plástico que era vendida todo o dia na loja do senhor Tominaga – ele é um senhor japonês que tem uma mulher, mas os dois não têm filhos. Depois lavei meu rosto na pia da cozinha mesmo, para ver se eu acordava. Eu precisava sair para acalmar minha mente. Talvez eu até ia ao templo rezar um pouco e ter mais paz de espírito; era o que eu estava precisando. Voltei, como sempre, muito rápido para o meu quarto e peguei a primeira roupa que eu vi no meu armário. Como eu era a única pessoa que morava naquela casa, por isso minha melhor amiga, Wilma, que lavava as minhas roupas. E eu não havia agradecido à ela fazia muito tempo. Eu teria que passa na loja Tominaga’s e comprar uma caixa de bombons para ela. Eu tinha dinheiro de sobra no meu cofre e dava para o que eu queria comprar. Wilma, não era só uma melhor amiga, ela também era minha psicóloga. Mas eu não queria mais fazê-la quebrar a cabeça com os meus sonhos malucos. Era estranho, mas eu pressentia que aquele sonho não era literalmente um sonho… Parecia mais uma lembrança de alguma coisa. Bobagem, lembrança de que? Se eu nunca saí daquele vilarejo?
Eu estava ficando mesmo maluco; eu tinha que pedia ajuda à Wilma, mas depois de tudo que eu estava com vontade de fazer naquele dia. Fui para o banheiro e tomei um belo banho, lavando todas as impurezas da noite que prendiam e mim. Quando me olhei no espelho, percebi que eu tinha mudado mesmo: eu estava mais velho e os meus 22 anos estavam perfeitamente aparecendo no meu rosto – não que 22 anos de idade fossem muitos anos. Mas o estranho era que eu ainda não tinha encontrado ninguém legal para que eu ficasse junto – como os meninos dali falavam. Quer dizer, eu não tinha me apaixonado por ninguém. Wilma uma vez falou isso para mim: “Você não encontrou ninguém ainda?”. — Não — eu respondi. O que, ao contrario dela, eu não tinha encontrado ninguém mesmo. Ela sim; ela namorava um cara que Ra filho do banqueiro da cidadezinha – ela se deu bem. E eu? Nada. Nem uma moça filha de um pescador. Nem nada; eu estava sozinho e sentia que eu ia ficar sozinho durante muito, e muito tempo. Abro a porta da minha asa e a deixo encostada; não há perigo de roubo nem nada na vila – e isso era bom para sua reputação. Mas eu também não estou interessado em nenhuma outra vila. Aliás, nunca se ouvi falar em nenhuma outra vila, cidade ou qualquer lugar que seja, depois daqueles portões e daqueles muros. Mas não é necessário. Aquela vila é o essencial para que uma pessoa possa morar em paz e feliz. Lá tem de tudo e não é necessário mais nada. Desço as escadas que vão direto para a rua principal. A vila é como se fosse um buraco no meio de morros. As casas ficam uma em cima da outra – mas perfeitamente arrumadas – nesses morros. E no centro existem as lojas, o lago para o peixes, um lugar onde ficar o gado para o abatedouro, a prefeitura e as ruas principais que é onde dão para todos os lugares da vila. Wilma mora do outro lado, perto do muro. Por isso é necessário descer as escadas e ir para o outro lado da vila, passando por muitos lugares no caminho. Mas naquele dia deu queria ir ao templo que ficava também bem longe. Eu tinha que subir mais escadas por isso eu teria que passar na loja Tominaga’s e comprar uma garrafa de um litro de água. Estou andando pela rua principal falando “bom-dia” para todos que passávamos; éramos sempre bem educados na vila e todos nós falávamos com todos. — Olá senhor Rupert — eu disse para um menino que tinha uns 10 anos de idade. — Como está a sua avó? Eu ouvi dizer que ela pegou algum tipo de virose. — Há, sim — o menino russo respondeu. — A levamos ao médico e eles já deram o remédio. Ela está quase melhorando. — Que bom! — eu exclamei. Viroses assim eram comuns naquele lugar por causa do tempo que mudava muito. Mas eram bem fracas e quando se ia ao médico tudo estava bem. Continuo à andar agora chegando mais perto de onde eu queria. Quando passo pela porta de vidro que tem um sino grudado nela que faz “plim” sempre que uma pessoa entra, olho para o dono da loja: senhor Tominaga. Ele me dá um sorriso e me cumprimenta com a cabeça enquanto eu falo: — Olá, senhor. Como está? — Muito bem, obrigado — ele diz.
Eu já estou no lugar onde eu queria: o freezer da loja pegando pelo menos umas três garrafas de um litro de água. Como eu disse, a caminhada era longa, para subia e descer. Pego também algumas barras de cereais e coloco na frente dele para pagar. Já estou com o dinheiro na mão, mas ele ainda nem cadastrou nenhum produto. — Vai á algum lugar? — ele pergunta agora começando à cadastrar a primeira garrafa e água. — Há, vou sim — respondo. — Vou dar uma passadinha no templo para rezar. — Que bom, estou vendo que você já está melhor. — Sim, eu estou — sorrio O meu sorriso é verdadeiro, mas não deixa transparecer também a raiva que eu sinto quando as pessoas se metem na minha vida. Infelizmente naquela vila todos sabiam sobre todos, e todos sabiam que eu estava passando momento difíceis tomando sustos com os meus sonhos. — Muito obrigado, senhor — eu continuo indo para a porta. — Não há de quê — ele diz. — Quando precisar, estou aqui! Eu sorrio saindo da loja e olhando na direção que eu tenho que ir. Respiro fundo pensando que eu tenho que seguir reto até chegar à primeira entrada de escadas que eu vejo. Depois é subir nela toda que eu chego direto ao templo. Abro minha primeira garrafa d’água e bebo alguns goles: eu tenho que arranjar forças para subir ali, por isso como uma da minhas cinco barras de cereais que eu comprei e começo à andar na direção certa, claro.
capítulo três – a lembrança Coloco o meu primeiro pé no templo sentindo o cheiro de incenso que o dono coloca todo o dia. O tempo lá está um azul muito forte, sem nenhuma nuvem – o que foi um problema para subir aquela escadaria toda. Viro para ver toda a vila: dava para ver todas as casinhas de cimento e telha – um pouco fraquinhas – amontoadas uma em cima da outra para dar espaço no meio para as lojinhas que precisamos. O hospital médico fica no lado esquerdo da vila, no começo da montanha. Dela se pode ver o grande monumento de três andares branco. A prefeitura também ficava perto, mas ela era redonda e ficava num lugar mais reto. Respiro fundo sentindo a brisa do vento que passa por mim. Está um sol forte, mas também está tendo um vento muito bom. Fecho os olhos, pois eu já vou começar com o meu pensamento. Depois abro os olhos e me deparo com a visão do portão da vila bem em frente. Não sei por que, mas eu começo a sentir vontade de abrir aquele portão e descobrir o que tem do outro lado. Uma vez eu já vi esse portão sendo aberto, mas não prestei atenção no que tinha depois. Mas é claro que esse portão tinha que ser aberto, porque como nós iríamos viver? Só de peixes e carnes? Alguém vem para perto de mim colocando sua mão fria em um ombro. Levo um susto, mas olhe quem é e fico aliviado de ser o dono/chama daquele lugar; Mestre Gart. Mestre Gart é um senhor com mais ou menos oitenta anos de idade e um senhor Espírita que nos ajuda mais á encontrarmos a paz do espírito e sermos mais calmos sermos nos preocupar com nada. — Olá Fred. Como Está? — ele fala com seu sorriso fraco, mas que nos alivia de um peso nas costas. — Muito bem, e o senhor? — eu respondo tentando fazer o mesmo sorriso; que eu sei que é impossível. Ficamos sem falar por um bom tempo, eu ainda olhando para o horizonte vendo pássaros voando e as naves também junto com elas. Essas naves pareciam mais um balões a gás, mas muito mais estruturados e não tão grandes – pois a vila não era muito grande para uma estrutura tão grande dessas naves. — Então, porque veio para cá? — ele continua. Agora voltamos à olhar para o templo vermelho e preto. É um templo meio japonês – mesmo que o dono não fosse japonês – e sem nenhuma porta nem janela. Ou seja, era um templo livre, onde todos podiam entrar e sair a hora que quisesse. E aquilo era bom para a nossa sociedade. — Vim respirar e apaziguar o meu eu interior — eu respondo dando uma forte respirada no ar a minha volta. O ar ali era mais fresco do que lá embaixo, e muito melhor. — Por quê? — ele continua interessado. — Algum conflito?
Eu me contraio, sem saber se posso eu não falar com ele. Mas ele está ali para saber de tudo que acontece com todos da vila e eu posso confiar nele. Mesmo assim olho para um lado e para outro antes de dizer: — Podemos ir à um lugar mais reservado? Ele assente com a cabeça, mas não fala nada apenas apontando para a pequena casa no caminho. Ele tem uma casa perto do templo, onde ele mora e tem sua vida – como todos os moradores de lá. E casa tem a mesma estrutura de qualquer casa dali; não era muito grande, tinha dois andares, era feita e cimento e telhas frágeis. Mas ele preferiu pintá-la de verde, enquanto alguns pintavam de azul, rosa, branco apenas… Mestre Gart abre a porta me deixando passar primeiro. Entramos em uma sala onde há uma televisão em cima de um móvel rústico e um sofá não muito novo (todo ano os moveis das casas são trocados para melhor comodidade dos moradores. Tudo feito pela prefeitura). — Sente-se — mestre Gart me mostra o sofá em verde com uns desenhos meio… indianos era a palavra. Mas eu não sabia de onde eu tinha tirado aquela palavra; eu nunca ouvi ninguém ali falando essa palavra: indiano. — Obrigado — eu agradeço sentando-me. Ele senta-se ao meu lado olhando pela janela de sua casa que dava para o pico da montanha e o muro que divide a nossa vila com o lugar-de-niguém; como eu comecei à chamar daquele dia em diante. — Pode me contar o que está acontecendo. Se eu souber uma solução, com certeza Le falarei — ele continua enquanto eu ainda olho pela janela. — Eu não sei por onde começar… — falo olhando para minhas mãos nervosas em cima do meu colo. — Por que você não começa me falando o que está acontecendo em sua cabeça? Mas eu não falo nada ainda; fico pensando em minha vida. Tenho vinte e dois anos e estou sozinho. Como Wilma me disse; eu vou ficar para a titia porque não encontro nenhum amor da minha vida. Lembro-me muito bem de quando eu acordei NBA cama do hospital e a primeira pessoa que eu vi foi ela: Wilma. Ela estava com um sorriso forte para mim e passando algo na minha cabeça que eu não sabia o que era… Eu estava meio assustado, não sabia como começar á falar. Tentei falar um ‘a’, mas nada saia da minha boca. Foi quando eu ouvi a voz dela no meu ouvido: “Calma” ela disse. “Eu estou aqui e nada de mal vai acontecer com você.” Mas eu ainda não sabia quem era ela e o que eu estava fazendo ali. “Quem é você?” eu perguntei. Ela tinha um olhar forte com seus olhos azuis brilhantes, um cabelo meio loiro e com ondas tão superficiais que parecia uma boneca de pano do que um humano de carne e osso. “Me chamo Wilma e serei sua amiga e sua confidente.” Ela disse aquilo tão rápido que eu quase não pesquei. “Mas…” eu continuei. “Onde eu estou?” Eu tentei pegar algo da minha mente – qualquer coisa que me fizesse lembrar quem eu era o onde eu estava –, mas ela estava vazia. Eu não sabia dizer por quê. Então, quando mexi minha mão esquerda para poder colocá-la em cima de mim, eu senti algo preso no meu pulso. Quando olhei levei um susto: parecia
uma etiqueta amarrada numa corda envolvendo o meu pulso, como quando se etiquetam mortos. “O que é… ISSO?” eu perguntei sabendo que eu fiquei assustado demais. Mas aquela menina – ela não era menina, devia ter a mesma idade que a mina(se eu soubesse que idade eu tinha) – colocou suas mãs no meu ombro e disse: “Calma! Isso é só para sabermos o seu nome.” Mas era estranho: como ela sabia meu nome se nem eu mesmo sabia? Eu ainda estava com medo, mas olhando para seus olhos me dava uma coragem melhor. “Quando você estava dormindo você falou sue nome e sua idade, mas apenas isso.” Ela continuou. “Então nós escrevemos para marcá-lo.” “Hmm…” eu disse agora olhando para a etiqueta em mim. Nome: Fred Idade: 22 anos. “Não se preocupe”, ela continuou “estamos aqui para ajudar. Você não tem família nem parentes. Agora aqui é a sua família.” Quando olhei para ela senti uma tristeza profunda por eu não ter família nenhum. Mas olhando para seus olhos eu me sentia mas seguro, e eu acreditava nela. — Lembrar esse dia me faz ter um arrepio na espinha — eu digo para Mestre Gart. Estamos sentados sua mesa na cozinha, onde ele fez um chá de erva Cidreira (uma erva que nasce muito naquela montanha, e tem um gosto de limão) para que nós bebêssemos. Ele ouvia tudo que eu estava dizendo sobre o meu primeiro dia naquele lugar. Eu me lembrava muito bem, mas ficava com medo de falar qualquer coisa com alguém. Eu sabia que com ele eu podia me confessar. E eu disse tudo que estava na minha mente sobre aquele lugar. — Eu não sei — continuo, olhando para a minha xícara de chá. — Parece que há uma mentira em tudo que eu me lembro, algo por trás do lençol. Ele respira fundo sabendo o que eu estava falando: como se Wilma estivesse mentindo para mim. — Não acho nada de errado — ele diz. — Não há nada por trás dos lençóis, você vai procurar, e procurar, mas só vai achar um buraco negro que o sugará para o nada. — O senhor tem certeza? — eu continuo, agora depois de um gole no meu chá. — Fred, confie em mim. Eu sempre tenho certeza. Estou vendo que mesmo eu falando sobre meus sonhos ninguém iria acreditar. Se eu falasse para ele com o que eu estava sonhando ele iria me levar para um hospício… outra palavra estranha, que não era do meu vocabulário comum. — Mas… — ele continua travando, então eu sinto algo muito estranho em sua voz. — Você pode me contar o que você está sonhando? Mas como ele sabe disso?, penso. Eu não tinha falado que eu estava sonhando com nada. Uma coisa eu tinha certeza: eles conseguiam ler mentes. Tento na mesma hora absorver alguma coisa de sua mente, mas é como se eu tivesse em mais um buraco negro. — Eu não sei… — eu continuo tentando mentir, mas sabendo que não iria adiantar nada. — Eu… não me lembro.
Tento guarda todos os pensamentos do meu sonho para ele não ver. E vejo que isso dá certo; ele fica com uma cara meio assustada, como se não estivesse entendendo nada do que estava se passando. Levanto-me rapidamente da cadeira, olhando meio assustado para aquele chama que eu achava que era uma pessoa confiável. Mas agora eu vejo que ele é ainda menos confiável que Wilma, eu será que não? — Tenho que ir — digo. — tenho muita coisa para fazer hoje e ainda tenho que passar… na loja do senhor Tominaga. — Novamente? — ele pergunta. — Tominaga me ligou e disse que você estava vindo para cá depois de passar em sua casa. Esse era o problema dali: todos querem saber da vida de todos; isso era um problema para mim. — É? — eu apenas digo. — Mesmo assim tenho que comprar algo para Wilma, para agradecer por ela ter me ajudado nesses tempos difíceis. Ele assente com a cabeça e levanta-se. Quando eu já estou na porta ouço: — Fred, lembre-se: somos todos uma família. Eu sabia porque ele tinha falado aquilo porque ele tinha visto em minha mente o que eu achava sobre as pessoas tomarem conta da minha vida. Mas, mesmo assim, eu finjo não ter ouvido e continuo pelo caminho, passando um pouco pelo templo e rezando um pouco. Mas eu não queria que ninguém viesse me falar nada, então volto pelo caminho e começo à andar pela escada de volta para baixo. O estranho era que uma imagem sempre vinha na minha cabeça: a etiqueta em meu pulso me falando o meu nome e minha idade. Coloco a mão em cima do meu pulso esquerdo e sinto um arrepio só de pensar naquilo – como se eu tivesse morto, mas voltasse a vida. Será?