Tribo Skate Edição 201

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RENATO TAROBA * MANOEL COIMBRA * MARCIO TAROBINHA * ANJO DOS BECOS

PROTEC POOL PARTY

DOSE DUPLA DE PEDRO E CABALLERO

CRIS FERNANDES

O CRIADOR DO BRASIL SKATE CAMP

STREET LEAGUE A FÁBRICA DE ÍCONES

CONSTRUINDO DIVERSÃO NA PENUMBRA DA NOITE

Carlos Iqui, transfer crooked reverse Ano 21 • 2012 • # 201 • R$ 8,90

www.triboskate.com.br












índice // julho 2012 // Edição 201

EspEciais>

042. protEc pool party pEdro barros E stEvE CaballEro novaMEntE nas CabEças 050. cris FErnandEs o Criador do brasil skatE CaMp 062. strEEt lEaguE skatEboarding EspECial: a fÁbriCa dos íConEs 068. construindo divErsão a dEadlEss na pEnuMbra da noitE sEçõEs>

Editorial...................................................................... 014 Zap ................................................................................... 022 luZ (rio dE janEiro) ................................................ 076 Casa nova ................................................................... 084 intErvEnção.............................................................. 090 Hot stuff ..................................................................... 092 Áudio - anjo dos bECos ....................................... 094 Manobra do bEM .................................................... 096 skatEboarding Militant.................................... 098 Capa: Carlos Iqui é considerado por criar situações respeitáveis quando se trata de street. Muretas finas, canteiros, bordas estreitas não são obstáculos para cravar belas manobras. Transfer crooked reverse. Foto: René Junior ÍndiCe: Outra manobra com o eixo da frente, num cano alto que apenas caras como Mario Romario chegam com facilidade. Fs nosegrind. Foto: Marcelo Mug

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Marcelo Mug

editorial //

Foto produzida no outono, com cores fortes ressaltadas por aquele solzinho, de lado… Ricardo Pires flutua com seu big ollie, em qualquer época do ano.

Aqueça o seu inverno

P

or mais que esfrie, andar de skate no Brasil é viável praticamente o ano todo. Nos dias mais frios, aquela canelada pode doer mais, mas não é nada que não possa ser resolvido com um bom aquecimento, mesmo que seja em cima do skate. Nesta época do ano, quando as pessoas se voltam mais para si mesmas, se encolhem em cobertas e edredons para dormir, muitas vezes ficam mais em casa e as conversas são mais pelo Facebook do que ao vivo, muitos aproveitam para organizar as coisas e se preparar para os dias de Sol. Alguns poucos privilegiados, aqueles que estão no “game” do mercado e do esporte, como profissionais ou amadores de ponta, viajam para a temporada europeia para marcar alguns pontos no ranking mundial, colher imagens para vídeos e revistas, representar seus patrocinadores ou mesmo tentar alguma visibilidade para atrair marcas que os ajudem a bancar as contas… Uma parcela deles, vai, inclusive, trazer uma boa grana em premiações, como o Kelvin Hoefler e o Diego Fiorese no campeonato de Roma, na Itália. Kelvin está em sua segunda temporada e em busca de um segundo título mundial a partir

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da Europa. Esta vitória, com certeza contará muito em seu objetivo. Esta época é verão na Europa e o skate costuma ser quente nos principais pólos do esporte. Voltando aqui ao inverno brasileiro, onde a neve é quase insignificante e não altera a rotina de quem anda de skate, você pode praticar seu skate quase que diariamente, mesmo que tenha que ser “encapotado”, com muita roupa para enfrentar o friozinho. O fato de o Brasil ser um país tropical, com Sol praticamente o ano inteiro, é uma característica que favorece muito o desenvolvimento do esporte. E isso pode ser medido mensalmente aqui na Tribo Skate, nas páginas que refletem o movimento de pessoas e entidades, de marcas e conexões, de tecnologias e projetos, de ações e repercussões. Nesta edição, apontamos nossas luzes para alguns dos eventos que marcam este período da história, como o Protec Pool Party e o Street League Skateboarding; para o criador do Brasil Skate Camp, Cris Fernandes; para a união de amigos que montam um circo particular e efêmero dentro de um galpão… Faça calor ou frio, assim é que se mantém a chama acesa: com skate em todas as estações do ano! (Gyrão)





ANO 21 • JULHO DE 2012 • NÚMERO 201

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Chefe de redação: Junior Lemos Marcelo Mug, Guto Jimenez Colaboradores Texto: Sandro Soares, Helinho Suzuki, Antonio dos Passos Thronn, Flavio Nascimento, Sidney Arakaki, Denise Chiara Fotografia: Shin Shikuma Marcelo Mug, Junior Lemos Colaboradores Foto: René Junior, Flavio Nascimento, Ana Paula Negrão, Pedro Macedo, Sidney Arakaki, Jonca, Leandro Mantovani, Bruno Mendes, Flavio Schilipack, Allan Carvalho, Ronaldo Franco

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (danielaribeiro@triboskate.com.br) Fone: 55 (11) 3583 0097 www.patriaeditora.com.br Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Ibep Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





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[03] Flavio Samelo/Canal oFF

para skate. Fabricada em Franca/SP, desenvolvida e representada pelo profissional Kleber Silva, o iniciante Wellington Oliveira (Pão) e os amadores Rafael Lourenço, Thomas Henrique e Rafael Eduardo, a marca chega às skateshops de todo Brasil em cinco modelos: Crew, Virgo, Grunge, Dockslide e Jeca. Saiba mais aqui: www.facebook.com/CelulaSkate1 • [02] A praça da boa e velha pista de Búzios, litoral fluminense, acaba de passar por uma reforma depois de mais de 30 anos de sua construção. O gramado ao redor do enorme banks foi reurbanizado, ganhando minirrampa e área de street. No local da pista era pra ser construído um conjunto habitacional nos anos 70, mas o empreendimento faliu, a área foi erguida e está lá até hoje. Agora, graças aos esforços da ASKB (Associação de Skate de Búzios), o local ficou ainda melhor! • [03] Durante o Vans ProTec Pool Party, as garotas da All Girls Skate Jam (organização dos eventos de skate femininos dos EUA) presentearam a Tribo Skate com um par de tênis colab delas com a Vans. Tá aí o trabalho, congrats! • [04] A marca americana LRG, que patrocina os brasileiros Adelmo Jr., Rodrigo Gerdal Petersen, entre outros, oficializou em grande estilo a chegada de outro brasileiro à marca, o possuído Carlos Ribeiro. E para mostrar o alto nível do cara, um vídeo matador está disponível na net (http://l-r-g.com). Vale a pena conferir! Lembre que a marca está presente nas lojas brasileiras. • A todo vapor, Rodil Ferrugem está com sua fábrica de shapes produzindo para sua marca (Ferrugem Skates) e também faccionando para outras, como a Alterna. • [05] Durante os meses de maio e junho, o programa Pela Rua (canal Off) realizou várias filmagens na Califórnia com o trio parada dura Flavio Samelo, Anderson Tuca e Carlinhos Zodi. Muita coisa nova foi coletada para a segunda temporada do programa. • B.O. na área! Durante uma session no Museu do Ipiranga, todos os equipamentos fotográficos do Hélio Greco (fotógrafo, old-school e criador do site Long Brasil) foram furtados à luz do dia. Fiquem espertos! • [06] Conhecido pelo ótimo nível de seus trabalhos, o grafiteiro, apresentador e skatista Chivitz participou de uma exposição que rolou no Salisbury International Arts Festival, (Salisbury Arts Centre) na Inglaterra. Seu grafite com skate foi destaque durante o evento. • [07] Após passar cinco anos na prisão por porte de drogas, se converter à religião e virar pastor, Christian Hosoi viu sua história de vida se transformar no filme Rising Sun. Agora, Hosoi acaba de lançar um livro chamado “My Life As A Skateboarder Junkie Inmate Pastor”, relatando seu sucesso como skatista profissional, falando também de fama, fortuna, queda e como fez para se recuperar através da fé. O prefácio do livro foi escrito por ninguém menos que a lenda Tony Hawk. • [08] Brinquedo para uns, coleção para outros, os fingerboards (também conhecidos como Tech Decks) continuam sendo objetos de desejo entre entusiastas e colecionadores de réplicas dos skates “grandões”. Entre os vários modelos disponíveis de skatistas profissionais de todo mundo, dois deles são de brasileiros e podem ser encontrados nas lojas: Adelmo Junior e Alex Carolino. • [09] André Genovesi fechou definitivamente com a Öus para andar de skate usando os tênis da marca. • [10] Pra quem acompanha os esforços para manter o skatista Temístocles “Teco” Jumonji longe do vício das drogas, a boa notícia é que ele está se recuperando bem na cliníca onde tem feito o tratamento e essa recuperação se deve muito também à própria força de vontade em retomar uma vida normal.

Saba/aSKb

[01] Célula é o nome da mais nova marca brasileira de tênis

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Suicidal Tendencies... Possuídos pelo skate! PoR DeniSe Chiara // FoToS JonCa

Yuppie e Shin.

Vinicius evaristo.

Next Up Foundation Durante o Vans ProTec Pool Party 2012, a entidade Next Up Foundation, comandada pelo brasileiro Vinicius Tinoco, apresentou seus trabalhos para o público através de um stand. E é o próprio Vinicius que nos fala a respeito desse importante trabalho: “A Next Up Foundation é uma organização não governamental e sem fins lucrativos que tem por objetivo utilizar o skate para ajudar crianças e jovens carentes a alcançar seu potencial máximo como seres humanos. Ensinamos lições de vida pra cerca de 70 crianças nas cidades de Anaheim e Santa Ana, ambas no estado da Califórnia. A meta é constituir cidadãos formadores de opinião, pessoas que influenciarão outras e não serão influenciadas pela grande massa. A Next Up iniciou seu primeiro programa em agosto de 2010. Em fevereiro de 2012 expandimos para Santa Ana e a meta agora é levar o projeto para uma terceira cidade. Todos podem doar pelo site www.nextupfoundation. com e o total arrecadado é investido na própria fundação”. (Bolota)

Fotos leanDro Mantovani

Divulgação

Fabio bolota

Foi um super evento no Clash Club em São Paulo! Referências do skate brasileiro estavam por toda parte, para conferir uma das bandas mais influentes do skate punk, o Suicidal Tendencies. A banda Anjo dos Becos abriu a noite, com um show empolgante que esquentou a plateia ansiosa para ver o Suicidal. Diferentes tribos curtiam juntas. A galera old school se misturou com gente que nem havia nascido em 1981, quando o Suicidal Tendencies se formou em Venice, Califórnia, berço do skateboard. A banda foi uma das pioneiras ao misturar punk/hardcore e trash metal (o crossover) com hip hop e funk. Virou inspiração para skatistas e admiradores de muitos estilos musicais. Mike Muir, ou “Cyco Miko”, vocalista do Suicidal Tendencies e do Infectious Grooves, apareceu com sua famosa bandana, assim como boa parte da banda e do público. Mike Clark, da formação mais conhecida do grupo, deu um show à parte. Completaram a banda: Dean Pleasants (guitarra), Eric Moore (bateria) e Steve Brunner (baixo). A plateia enlouquecida gritava “ST” entre moshes, pulos e cotoveladas. O descontrole total veio com a música “Possessed to skate”. O espírito skate/punk dominava o ambiente embalado por músicas como “I want more” e “Cyco vision”. A integração entre o público brasileiro e a banda era evidente. Não por acaso, o Suicidal Tendencies escolheu o Brasil para gravar seu próximo videoclipe em parceria com a Sumemo, marca do Ibiraboy Pois é! A vocalista do Kissing Blood, Agata Kissa, estava extasiada. A sensação era de estar vivendo um legítimo momento criativo dos anos 90. De fato, todos nós estávamos contentes, revivendo essa experiência única e que comprova: realmente o skate punk estende a nossa juventude!

Birinha Batman e Urso.

Shin Shikuma & Xilogravuras Ao longo de mais de 30 anos, o fotógrafo da Tribo Skate Shin Shikuma vem traçando desenhos e xilogravuras de experiências vividas em caminhadas solitárias por ruas e becos escondidos de São Paulo. Inspirados na literatura de cordel, em HQ e nos trabalhos de Emilio Goeldi, os desenhos inéditos do Shin estampam agora a exclusiva série de decks “Olho da Rua”, da marca Curva de Hill. As madeiras foram apresentadas ao público em primeira mão durante lançamento na loja SecretSpot, que contou também com uma puta demo do Sergio Yuppie na ladeira do Museu do Ipiranga, com participação mais do que especial de Urso, Fernandinho Batman, Hélio Greco, Cristiano Mateus, Birinha e Reine Oliveira. E ao final da session, é claro que rolou ainda aquela “happy hour” bem típica das reuniões da Curva.

Renegades Skateshop Você se lembra da Renegades? Pois então, a crew composta pelos skatistas do interior paulista Nei, Natan, Haroldo Carabetti e Alexandre Tizil retorna de uma vez por todas ao cenário do skate nacional. O primeiro passo foi a abertura em maio da Renegades Skateshop em Catanduva (Rua Recife, 571, centro). E o profissional Tizil (Foton, Sepya e Renegades) está passando uma temporada por lá, dedicando seu tempo ao skate e aos projetos que vem desenvolvendo. www.facebook.com/pages/Renegades-Skateshop/457753560920156

Fachada da loja.

natan, Tizil e Bruno.

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DEPOIS DE SER COMPRADO PELO FACEBOOK PELA MIXARIA DE UM BILHÃO DE DÓLARES, O INSTAGRAM SEGUE FIRME E FORTE NO CRUEL MUNDÃO VIRTUAL. AINDA MAIS AGORA COM A AMPLIAÇÃO DO APLICATIVO PARA OS APARELHOS MÓVEIS EQUIPADOS COM O SISTEMA ANDROID! E NÓS CONTINUAMOS A SAGA DE CAÇAR AS MELHORES FOTOS/FRASES POSTADAS PELOS SERES QUE CIRCULAM O UNIVERSO DO SKATEBOARD, PARA MAIS UMA EDIÇÃO ESPECIAL INSTAGRAM DO TALK SHOW, QUE DESTA VEZ CONTA COM OS MELHORES CLICKS E DECLARAÇÕES DE PERSONAS COMO: FILIPE ORTIZ, RODRIGO TX, RONY GOMES E CEZAR GORDO. // POR MARCELO MUG

‘‘Treinando backflips... segura Daiane! Hahaha’’

‘‘É o que tem para hoje!’’ FILIPE ORTIZ (@porks)

‘‘Bolso de skatista’’ J.P. DANTAS (@jpdantas)

RONY GOMES (@ronygomes)

Luan pequeno assim já ‘‘No rolê com meu truta ‘‘Duelo de five-o @porks ‘‘dava trabalho! Kkkkk! E Anderson Tuca! Ele foi @yurifacchini’’ o cabelo?’’ o primeiro videomaker a me dar a oportunidade BILL WEISS (@bilweiss)

CEZAR GORDO (@gordomatriz)

de filmar uma parte no vídeo chamado Videofobia! Obrigado Tuca, eu nunca vou esquecer disso’’ RODRIGO TX (@rodrigotx)

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maNoel coimbRa me LemBro Bem Da éPoCa em qUe a granDe maioria USaVa PeçaS naCionaiS e Ter DeTerminaDa marCa era oBJeTo De DeSeJo enTre oS SkaTiSTaS, não Só PeLa qUaLiDaDe DoS ProDUToS, maS TamBém PeLoS nomeS enVoLViDoS naS eqUiPeS qUe DaVam SUPorTe à marCa. e FUnCionaVa aSSim Com ToDo maTeriaL aPreSenTaDo Por eSSaS eqUiPeS eXPreSSiVaS. enTre oS ProFiSSionaiS qUe Deram iDenTiDaDe e manTinham em aLTa o STaTUS DaS marCaS Da éPoCa eSTaVa manoeL CoimBra, De maringá/Pr, Um DoS PrimeiroS a Ser reConheCiDo Como De eSTiLo TéCniCo no STreeT naCionaL, Dono DaS VariaçõeS De noLLie maiS CaBreiraS Da DéCaDa De 90 e TamBém Um DoS reSPonSáVeiS PeLo eYeS oUT, ViDeo magazine qUe marCoU éPoCa, FeiTo na raça e na Coragem. o TemPo PaSSoU, aS ParaDaS eVoLUíram ainDa maiS e CoimBra ConTinUa manoBranDo SkaTe e CâmeraS De VíDeo, aComPanhanDo TUDo qUe aConTeCe no Cenário naCionaL. PoR JUnior LemoS // FoTo BrUno menDeS Pra situar a galera! Quais foram as marcas que você representou na década de 90? Crail, Qix e Magra. Depois, no novo milênio, vieram Agacê e Recap, entre outras. Você se profissionalizou quanto tempo depois de começar a andar? Comecei a andar de skate por volta de 1986, na modalidade vertical. No início da década de 90 já me destacava como amador no street, período em que meus amigos já estavam se profissionalizando. Eu me profissionalizei em 1996! Qual era essa galera de amigos profissionais? Era uma galera muito boa! Alexandre Ribeiro, Marcelo Just, Ari Bason, Marcelo Barnero, Wilson Neguinho, Daniel Arnoni, Mauricio Xixo, Renato Cupim, entre outros. Depois surgiram caras como: Rodil Ferrugem, Carlos de Andrade, Fabio Cristiano, Nilton Neves, Marcio Tarobinha, Robson Reco, André Qui e por aí vai! Foi o skate que lhe levou a morar em São Paulo um tempo? Foi sim! Fui para trabalhar como team manager da Crail Trucks e fiquei por lá 3 anos. Foi um tempo muito bom porque virei local da praça da Sé. Hahahah! Você continua com o nollie flip no pé? Rapaz, isso é uma questão de muito orgulho pra mim. Nollieflipo, logo existo (reeditando uma frase do Castilho “flipo, logo existo”). Desempenha qual profissão hoje? Sou formado em Design e trabalho como produtor de vídeo. Trabalho como editor e cinegrafista, com um diferencial de ser operador de steadicam. Trouxe algum ensinamento do skate para essa nova profissão? Lógico! Foi minha primeira escola, primeira edição. Por isso agradeço ao (Anderson) Tuca pelos toques, ao Xico Loco nas emergências e ao Fujita pela parceria incondicional, na época do Eyes Out. Qual foi a maior dificuldade na época? É a mesma de hoje: estrutura. Eu tirava a grana do meu bolso e o que retornava mal pagava o custo das cópias em VHS. E quais as dificuldades de um produtor de vídeo hoje? Hoje, além de ainda ter pouca estrutura, os equipamentos estão cada vez mais acessíveis, o que faz muita gente despreparada meter a cara, forçando os bons profissionais a se prostituírem, em termos de valores.

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o patenteado nollie flip.

Fs smith, 1993.

// Manoel CoiMbra 38 anos apoios: MT3 skaTeshop e FasT Grind Londrina/pr Casado CoM MiCheLLe Munhoz produTor de vídeo

Continua produzindo vídeo de skate? Só por prazer mesmo. E por conveniência, claro! Hehehehe... Skatista brasileiro é sinônimo de superação. Qual foi a volta por cima no skate que você mais se orgulha? Em 1997, recém profissionalizado, tive uma lesão muito séria na inauguração de uma pista aqui em Londrina, mas dei a volta por cima e depois de 12 anos operei o tornozelo novamente. Hoje, dois anos depois, continuo satisfeito com meu desempenho andando de skate. Qual a recompensa de ter passado por isso? O reconhecimento que eu tenho, por parte dos skatistas, é a maior recompensa! E sei que tenho, com toda humildade, porque recebo muitas manifestações através das redes sociais. Mas o que de melhor o skate pode dar a alguém, ele me dá até hoje: a satisfação e o prazer. Isso sim é recompensa para um skatista! É demais chegar perto dos 40 e, por mais técnico que sempre fui, continuar aprendendo manobras novas. Você vivenciou muita coisa no skate e até hoje acompanha o que está rolando. Sente falta do que no cenário atual? Sinto falta de estar com pessoas maravilhosas que conheci no skate! Uma pessoa que me ajudou muito a evoluir no street foi o Qui. O Fabio Cristiano me ensinou muito sobre espiritualidade e serei eternamente grato a ele. O Nilton Urina me dá muita força, mesmo distante. Até hoje a Dona Geni (mãe dele) e o seu Jaime (pai dele), bem como o Nil (irmão dele), jamais saíram da minha memória. O Taro e o Reco, bem como seu familiares, também moram no meu coração. Pô, melhor eu parar de falar porque esquecerei de muitas pessoas, como: Tuca, Shigueto, Plínio, Coelho, Caldas, Morcego, Detefon, Tiago Amorim, Dentinho, Marcos ET, Garb, Hiena, Joca, Nietzsche, Neto, Anjinho, Léo Grau e muitos outros, que graças a Deus encontrei na minha caminhada. Pra finalizar, é hora de agradecer! Sou grato aos meus pais e minhas irmãs, que sempre estiveram ao meu lado, minha esposa que me dá muita força e à família dela, que me acolheu aqui em Londrina. Aos amigos e seus familiares que me acolheram em suas casas, aos que me ajudaram de alguma forma, aos que incentivaram, à revista Tribo Skate e a Deus, por cada amanhecer. Obrigah.

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renaTo Taroba Com eSTiLo inConFUnDíVeL, BorDõeS qUe São SUa marCa regiSTraDa e oS óCULoS BaSTanTe DiFerenTeS qUe PenDem em SeU roSTo, renaTo TaroBa não PaSSa DeSPerCeBiDo PeLo LUgareS onDe ComParTiLha SUa VaLioSa PreSença. TamBém não Seria Por menoS: o Cara aPreSenTa ProgramaS De TV, emPreSTa Com FreqUênCia SeU PerSonagem Para ComerCiaiS e ViDeoCLiPeS, Com aTUação em FiLmeS naiPeS Como “o magnaTa” e “CaranDirU”, aLém De Ser FigUra FoLCLóriCa no SkaTe naCionaL Por memoráVeiS LoCUçõeS em eVenToS e ToUrS FeiTaS PeLo BraSiL. PoR JUnior LemoS // FoTo marCeLo mUg Onde você buscou inspiração para criar o personagem Taroba? Eu nasci assim! Sempre fui de dar muita risada e de conversar com todo mundo. É claro que a gente absorve um pouco das pessoas que admiramos e posso dizer que no skate foram Thronn, Bolota, Wilson Neguinho, Fernandinho Batman, Beto or Die, entre muitos outros da minha época que me inspiraram e fazem isso até hoje. Quando você percebeu que seu barato era trabalhar com comunicação? Foi em um evento de skate. O (Rogério) Lance estava na locução mas também ia participar, então jogou o mic na minha mão, pra fazer a volta dele. Fiz a locução de um jeito diferente e bem humorado, todo mundo gostou! Daí uma galera me incentivou, dizendo pra investir na carreira de locutor. Depois disso, você fez algum curso? Fiz sim! Curso de locução, oficina de rádio e também TV. Até curso de ator eu fiz. Tudo por causa do Jorge Kuge, que me deu os principais toques. Se lembra da primeiro evento de skate que realmente te chamaram pra trampar com locução? Lembro sim, foi mil grau! Se não me engano era um evento que o Toshiro fazia nas unidades do SESC de São Paulo. Eu ia pra correr e também ajudava na locução. Qual foi o mais style deles até hoje? Poxa, Man! O evento da Nescau foi demais, marcou bastante a época. E hoje, por que não faz mais eventos de skate? Faço a locução do mundial de wakeboard, carverboard e até de peteca. Mas não me chamam pra fazer mundial de skate! Hoje o organizador se preocupa mais em saber quem tem o

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umbigo que combina com o dele. Não leva em consideração a história e o que a pessoa fez pelo skate! Mas o tempo vai mostrar quem é verdadeiro, quem está nessa para fazer o skate se desenvolver realmente. O tempo é infalível nesse sentido! E o que você já fez pelo skate? Participei da fundação da Federação Paulista de Skate, em 2000. O Daniel Arnoni era o presidente e nós mudamos um monte de coisa que hoje é obrigatório em eventos de skate. Regulamentamos, fizemos ranking paulista e fomos os primeiros a oferecer o bolsa atleta federal. Ajudei também a criar a CBSk. Trabalhávamos pelo skate e com isso incentivamos a galera de todo Brasil a fazer o mesmo. Na minha época de skatistas não tinha nada disso, era só borrachada do Jânio Quadros. Qual foi o primeiro programa de TV? Foi o Shopping Tour do Turco Loco. Ele fazia umas vendas pela TV Gazeta e eu fazia a apresentação do programa. Era tipo assim: “Bermudas e camisetas, apenas 10 reais” e terminava jogando a peça na câmera. Hehehe! Foi muito louco. Foi aí que eu vi que tinha jeito pra televisão. Apresenta quantos programas hoje? Tenho três programas na AllTV. Abusados Boards, toda segunda das 15h00 às 16h00. É só skate, skate, skate! O Tchurru, que é para o universo boardrider, toda terça das 14h00 às 15h00. E sábado faço o Black TV, que fala do terceiro setor, sustentabilidade, música e entretenimento. Quem são seus parceiros de bancada? O Lobão, da banda Móh, Wilson Neguinho e Alê Fumaça. São todos irmão e estão comigo nessa! Quais figuras do skate já entrevistou? Foi tanta gente, que agora você me pegou de calça curta. Vou citar alguns: Bob, Sandro Dias, Vovô, Castilho, Daniel Vieira. São sete anos de Abusados, é muito tempo, é muita gente! Já fez alguma parada em rede nacional que se arrepende até hoje? Era um comercial de pinga, mas eu não bebo álcool! Isso me queimou porque estou ligado ao esporte e não combina com o exemplo que passo pras pessoas. Era uma inserção curta com uma frase tipo assim: “O que é uma boa ideia pra você?”. Eu nem colocava a bebida na boca, mas pegou muito mal na época. É nessas horas que você vê o tanto que a TV tem poder no Brasil. Quais foram os principais filmes que você já participou? Fiz o Magnata e o filme Cartão Vermelho, que foi muito premiado na Europa e América Latina. Também fiz o Carandiru do Hector Babenco, foi o Sabotage quem me convidou pra participar.

Fiz também O Homem Nu, junto com Carlos Moreno, aquele do comercial da Bombril. Já trabalhei com muito artistas! Também trabalhei seis meses na novela Turma do Gueto. E os videoclipes, quais foram? Já fiz Pavilhão 9, Sepultura, Charlie Brown, DMN e até do Fiuk já participei. Hahaha. Eu era motorista do busão que levava a galera pra sessão. Nunca pensei que faria alga assim mas as paradas caem tudo no Taroba. A galera realmente gosta do estilo dele! De onde você tira fôlego pra acompanhar o Taroba? Hoje vejo que é Jesus Cristo no meu coração! É ele quem me dá luz e incentivo pra dar conta de tudo isso. E também tem meu pai e minha mãe, que me educaram e me incentivam a continuar. Quais os planos para o futuro do Taroba? Vou continuar trabalhando na Alltv, em alguns filmes que vão pintar e que são muito bacanas. O futuro pertence ao Criador e eu vou sempre fazer coisas boas e fazer pelo certo, pra receber coisas boas! // renato taroba 42 anos são pauLo, brasiL www.FaCebook.CoM/renaToTaroba


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Família Santos e amigos. Claudio da Selva, fs rock.

ari Bason, fs grind. bolota

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Todo skatista nato sonha algum dia em ter uma pista no quintal de casa, no playground do prédio ou onde for mais prático para fazer as sessions na hora que achar melhor. Fabrizio Cara de Sapo está concretizando esse sonho, ou melhor, transformando madeira em obstáculos! Depois de morar alguns anos em Orange County, região de Los Angeles, ele agora está na cidade de Lake Elsinore, mais ao sul da Califórnia. Com boa disponibilidade de espaço no terreno, Cara de Sapo incorporou o melhor espírito de carpinteiro e mandou ver na sua mais nova minirrampa, que conta com corner, coping block e um caixote móvel como extensão. Pra completar o serviço, também fez uma “casa na árvore” para as filhas com uma transição em uma das paredes, bem no meio das árvores! O complexo ainda está em construção já que um over-vert e outros obstáculos estão sendo executados. Durante nossa visita, as sessions rolaram pesadas com o próprio Fabrizio, Ari Bason, Claúdio da Selva, Yura, etc, contando também com a ótima hospitalidade da família. Se depender do Fabrizio e o material disponível, a casa logo vai virar um verdadeiro skatepark. Parabéns Cara e obrigado pela recepção, em especial pela comida típica com ótimo tempero “inspirador” feita pela sua mulher, Janaína. (Fabio Bolota)

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Skate no quintal do Cara de Sapo

Fabrizio, wall to fakie.

Duarte Yura, fs grind.


FotoS Fabio SChiliPaCK

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área.

Carlos de andrade, fs boardslide.

Família.

Claudio Secco, fs boneless.

boom bastic by Claudio Secco

Pódio.

// TexTo e FoToS JUnior LemoS

arquivo PeSSoal

Osasco tem entre seus ilustres moradores o skatista Claudio Secco, figura marcante nos capítulos da história escrita pelo skate brasileiro a partir dos anos 80. E agora Secco fez em sua cidade uma manobra que vai elevar ainda mais sua importância para o skate local: inaugurou no começo de junho o Boom Bastic Skatepark, ao lado da loja de mesmo nome que tem em Osasco há 13 anos. Localizada na avenida Antônio Carlos Costa, nº 420, a pista é coberta, conta com infraestrutura (banheiros, bebedouro e lanchonete) e tem como obstáculos uma minirrampa com extensões e de transições suaves, mais fun box central com rampa reta e wallride no fundo. E além da revista Tribo Skate, representada pelo editor Gyrão, também estiveram presentes na inauguração Jorge Kuge da Urgh, Mauro da Lifestyle, Wilson Neguinho, o vereador local Fábio Yamato e mais uma galera de Osasco representando as gerações de skatistas locais. Fica aí nossa dica para a galera se divertir em mais esse pico de skate estiloso em Osasco!

mureta’s ramp: + de 30 anos de história! Entra ano, sai ano e uma das mais clássicas rampas brasileiras de fundo de quintal não se abala, permanecendo firme e forte, proporcionando sessions e muita diversão. A rampa na casa do Mauro Mureta, assim como ele, atravessou as três últimas décadas não se importando muito com o que acontece fora dos muros da propriedade. O quintal há tempos é domínio do skate e a rampa sempre vai estar lá para reafirmar isso! Ela passou por várias reformas e quem conhece ou teve a oportunidade de andar nesse paraíso particular sabe que estar ali é como vivenciar a verdadeira história do skate nacional, edificada pelas transições de concreto. Essas fotos, reproduzidas pelo próprio Mureta, representam bem esse pedaço de história que transpira o verdadeiro skate na veia! Vida longa, Mureta’s ramp! (Fabio Bolota)

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Piolho mata o Curitiba Skate Jam Um dos pontos turísticos mais estilosos da capital paranaense, o Jardim Botânico, foi cenário do Curitiba Skate Jam, evento que reuniu amadores e profissionais brasileiros e alguns estrangeiros. A disputa de minirrampa valendo R$ 35 mil em premiação aconteceu no final do mês de maio apenas para convidados em uma rampa desenhada pelo Allan Mesquita e construída especialmente para a ocasião. Participaram 44 skatistas, mas foi Carlos de Andrade “Piolho” que despontou na frente, das eliminatórias à final, e deixou em Curitiba o troféu personalizado de campeão mais a gorda premiação. E o evento também teve seu lado social pois a entrada para o público era a doação de agasalho e alimento não perecível. Classificação: 1º Carlos de Andrade “Piolho”, Curitiba/PR 2º Allan Mesquita, Esteio/RS 3º Gonzalo Rodrigues, Mar del Plata/Argentina 4º Milton Martinez, Mar del Plata/Argentina 5º Lucas Diniz “Cofrinho”, Rio de Janeiro/RJ 6º Mizael Simão, Curitiba/PR 7º Dan Cezar, Santo André/SP 8º Giancarlo Naccarato, São Paulo/SP 9º Marcos Gabriel, Florianópolis/SC 10º Marlon Silva, Porto Alegre/RS

Resultado da Promoção “Por que mereço um Bantam?” “Quero sentir o vento do globo terrestre batendo na cara e ter o mais verdadeiro e puro espírito da essência do skate, que um Globe Bantam pode proporcionar.” Tiago Felipe / Mogi das Cruzes - SP



zap //

MarCio Tarobinha o Linha VermeLha SUrgiU na eDição #185 Da TriBo SkaTe e DeSDe enTão Se TornoU Uma DaS SeçõeS maiS noBreS e ComenTaDaS Da reViSTa. aqUi é o SeU eSPaço, meU Caro LeiTor! é o momenTo De VoCê Se eXPreSSar e Tirar aqUeLa DÚViDa SoBre SkaTiSTaS qUe Fazem o SkaTeBoarD aConTeCer em ToDoS oS CanToS Do mUnDo. DePoiS De enFoCar CaraS Do CaLiBre De FaBio CriSTiano, Biano BianChin e maUro mUreTa, ChegoU a eSPeraDa hora De ConFerir aS PergUnTaS DoS LeiToreS Para ningUém menoS qUe marCio LUiz PinTo. DiVirTa-Se Com aS reSPoSTaS Do Taro e Já ComeCe a FormULar SUaS inDagaçõeS Para o noSSo PróXimo enTreViSTaDo, gian naCCaraTo.

allan Carvalho

• Durante um tempo você foi skatista da gringa e esteve em marcas estilosas, como Spitfire, Stereo, Independent e depois voltou ao Brasil. Por que não continuou sua carreira internacional? (Carlos Eduardo Clementino, São Caetano do Sul/SP) – Porque eu vi que todo mundo estava saindo fora do Brasil e indo para a gringa. Eu quis fazer diferente e valorizar o meu país. E também já tinha vivido um tempo lá e vivenciado o que eu queria na época, então fiz minha melhor escolha de ter voltado. • Hoje em dia você tem a loja Good Times. É possível um skater viver atualmente só de patrocínios? Ou ele tem que montar marca ou ter uma loja para viver de skate? (Felipe Thiago, Mogi/SP) – Tem sim, como viver só de patrocínio, hoje em dia principalmente, pois o skate tem crescido muito. Na minha época era muito mais difícil e mesmo assim eu vivia de patrocínio. Agora, com 36 anos, tenho a loja por opção, mas vivo dos meus patrocinadores, que graças a Deus continuam acreditando e investindo em mim. • Certa vez você criticou o switchstance. Qual a sua opinião sobre isso hoje em dia? Aproveito para dizer que você é um grande skatista, uma pena que está sumido. Lembro bem do programa “Sk8” que você fazia na Sportv, era muito bacana! (Tiago, Barreiras/BA) – Hahahhaha. Critiquei porque naquela época eu não sabia andar de switch, rsrsrs!!!! Mas hoje considero muito, é uma evolução do skate que não tem fim. Obrigado pelo grande skatista, mas não sumi não! Tamo aí andando sempre, mas aparecendo menos em revistas e campeonatos. A época do SK8 foi muito boa, muita gente lembra ainda desse programa porque tinha um formato bem legal, para quem andava e quem não andava. Viajamos o Brasil inteiro, fizemos uma coisa bem diferente na época!!! Saudades!!! • Fala Marcio, tudo beleza? Você tem um estilo de skate que considero dos mais legais, com muita base, criativo, radical, espontâneo, fluído e preciso. Consegue como poucos acertar manobras muito cabreiras em lugares que muitos não conseguiriam sequer fazer uma simples trick. Quero saber de você algumas coisas: 1) O que faz a diferença nessas horas? 2) Qual o tipo de material que você usa: // MarCio lUiZ Pinto “tarobinHa” 36 anos, 26 de skaTe. paTroCínios: oakLeY, eFa, Good TiMes, Live, Conexion wheeLs, bLess skaTe shop Cidade: sanTa isabeL/sp

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nacional ou importado? 3) Pistas, trips e inspirações? O que você incluiria na lista de coisas que fizeram a diferença para você se destacar e chegar a ter uma foto publicada na Thrasher? (tenho uma aqui que me parece um 180º fakie nose grind no champ da Alemanha) (Gustavo Castro (CS Team), São Paulo/SP) – Primeiro, muito obrigado pelos elogios Gustavo!! É muito bom saber que você gosta do meu skate, Deus te abençoe! 1) A diferença foi a escola do skate que eu vim, com caras conceituados que forçavam a gente a andar em todos os tipos de terrenos. Agradeço muito a eles (Thronn, Taroba, Lance e outros). Tem também uma galera que eu gostava e me inspirava vê-los andando, como o John Cardiel. 2) Uso os dois, tanto nacional, como Live (shape) e importado (Venture trucks e rodas Connexion). 3) Tudo isso me serve de inspiração. Rsrsrs... Pistas, viagens, campeonatos, amigos, lugares diferentes e por aí vai! Além do meu amor pelo skate e o Brazilian style, que me fizeram sair na Thrasher. • Qual o segredo para mandar uns frontside bluntslides tão bonitos iguais aos que você manda? (Thiago Laércio de Jesus, Porto Alegre, RS) – Hahahahhaa! Esse é um segredo muito bem guardado! Brincadeira! Para falar a verdade, eu aprendi a dar na guia de casa e depois fui aperfeiçoando nas pistas. • Como é ser um cara gente fina, como você é, ter bons patrocínios e agora ser dono de uma skateshop? (Kleber Santos Evangelista, Osasco/SP) – Rsrsrsrs, obrigado Kleber!!! Tudo isso é Jesus na minha vida, sem Ele eu não teria nada disso. • Quem acompanha sua trajetória mais de perto sabe que você mudou bastante de uns tempos para cá. Qual o papel da religião nessa sua nova fase da vida? (Arthur Rodrigues, São Paulo/SP.) – Arthur! Eu mudei graças a Deus, que me convenceu das coisas erradas que fazia, e mudou meu caráter. Essa foi a melhor transformação que poderia acontecer comigo e a manobra mais irada que eu fiz até hoje na minha vida. • Lembro quando você apresentava um programa muito louco no canal Sportv, ao lado da gata da Diana Bouth. Seus tempos de apresentador de TV já foram ou você ainda quer trabalhar na frente das câmeras? (Rodrigo Paixão, Rio de Janeiro/RJ)



zap //

MarCio Tarobinha

Fs boardslide fs big spin out.

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allan Carvalho

// zap

– Ainda gosto muito de televisão. Se aparecer alguma coisa da hora eu faço! Tenho feito transmissão na Sportv e na Megarrampa pela internet. • Qual a maior felicidade que o skate já te proporcionou? (Aline Almeida, Aracaju/SE) – Oi Aline! Além de poder viajar o mundo inteiro e conhecer pessoas diferentes, agora eu falo de Jesus para pessoas através do skate. Essa é a maior felicidade que o skate continua me dando. • Você já correu campeonatos mundo afora, já foi campeão brasileiro de street e sempre se deu bem nas competições, desde a época de amador. O que você acha da atual escassez de competições profissionais no Brasil? (Marcos Sola, Curitiba/PR) – Deprê total! Infelizmente o skate cresceu muito em alguma áreas, mas não em todas. É triste ver o skate brasileiro como segunda maior potência e não ter um circuito brasileiro. Vamos tentar incentivar mais o nosso país e fazer com que tenha mais campeonatos e que a Confederação seja mais forte e ativa.

próxiMo enFoCado: gian naCCarato envie suas perGunTas para triboskate@triboskate.CoM.br, CoM o TeMa Linha VermeLha – gian naCCarato. CoLoque noMe CoMpLeTo, Cidade e esTado. Manda ver!

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evento // wcs 2012

Vans Brasil apresenta:

Por Fabio bolota // Fotos Fabio bolota e antonio dos Passos “thronn”

B

em vindo ao Protec Pool Party 2012! É incontestável que esse importante evento anual é um dos responsáveis pelo resgate de grandes nomes e antigas gerações do skate mundial. Desde o primeiro campeonato realizado em 2005, mais e mais skatistas que fizeram o skate chegar ao que é hoje - e tiveram contribuição fundamental para a evolução do esporte - retornaram mais fortes ao cenário ou voltaram a andar de skate. E nesse caso o terreno não poderia ser mais atrativo, pois a pista da Vans, localizada em Orange County, na Califórnia, tem em seu espaço uma réplica do antigo bowl de Upland, a Combi Pool. Famosa por ter uma parte redonda e outra quadrada, interligadas por uma parte shallow end, sempre foi uma pista cabulosa pela dificuldade de andar e realizar linhas longas em toda sua extensão. De 2005 até hoje, o nível da competição aumentou muito, tanto na categoria master, que concentra vários skatistas dos anos 70 e 80, quanto na profissional, que reúne os nomes de peso do vertical e uma nova geração que vem com muita força e que não se intimida com a enorme piscina de concreto e coping block em toda extensão. Esse alto nível se deve também à reforma que a Combi Pool recebeu em 2010, que a deixou mais perfeita e sem ondulações. Houve também a retirada do canyon que tinha na parte rasa e o resultado foram linhas mais fluidas, rápidas e contínuas. O brasileiro Cris Mateus, que correu na primeira versão do evento, deixou claro o quanto o terreno era difícil de andar. “A pista tem muita ondulação e escorrega demais. É difícil controlar o skate!...”, disse ele na ocasião. Mas agora tudo mudou pra melhor.

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steve Van doren.


Uma final de alto nĂ­vel no profissional e entre "new guns" e "experienced", Pedro barros leva o bicampeonato andando rĂĄpido (muito) e alto (muito). blast fs tail grab no talo!

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evento // wcs 2012 O nome “Pool Party” (festa na piscina) é com certeza a definição mais apropriada para o acontecimento. Além de ser o verdadeiro encontro da velha e nova gerações do skate mundial, o clima do evento é totalmente descontraído e relaxado. E isso fica ainda mais evidente com o anfitrião Steve Van Doren, filho do fundador da marca Vans, pilotando a churrasqueira o dia inteiro, fazendo hamburgueres e cachorros-quentes para todos os visitantes. Pessoalmente ele faz e entrega os lanches, brinca e conversa com todos de uma maneira muito simples, deixando a galera ainda mais à vontade. Isso reflete diretamente no bom andamento das competições e na ótima atmosfera de diversão que o skate proporciona.

omar hassan, no foot to fakie. Fellipe Francisco

Jeff Grosso, invert.

Mike owen, mute to fakie.

thronn, stacy Peralta e rodney Mullen.

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Pedro barros, fs air.

lance Mountain e Vinicius.

Mike McGill, grind.

ari bason e Christian hosoi.

steve alba e Mike "agent orange" Palm.


segunda participação nessa competição e aos 44 anos, comemorados no dia do evento, tony hawk mostra porque ainda é a lenda. Plant contorcido ao máximo!

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evento // wcs 2012 Vários brasileiros, residentes nos EUA ou não, estavam por lá prestigiando e dando força aos competidores: Duarte Yura, Thronn, Ari Bason, Claudio da Selva, Luiz Herzberg, Frederico Naroga, Rudinaldo Narina, Fabrizio Cara de Sapo, Luan de Oliveira, Haroldo Carabetti, André “Pig Pool” Benine, Grazi Oliveira, Rene Shigueto, Tai Tai, Evandro Mancha, Vinicius Tinoco (da Next Up Foundation, que estava com stand no local), entre vários outros. E esse ano rolaram novamente diferenciais em relação aos eventos de anos anteriores. Logo de cara um enorme motor home estacionado em frente à pista, com as imagens dos “meninos-de-ouro” da lendária equipe Bones Brigade, já dava sinais evidentes de que eles estariam quase que em peso no local. Dito e feito! Tony Hawk voltou a competir neste evento em 2011, mas Mike Mcgill competiu pela primeira vez esse ano. Lance Mountain e Steve Caballero já são presenças confirmadas desde o começo. Completando o time, Rodney “the Mutt” Mullen estava lá prestigiando, completando assim o “dream team” com a presença do mentor disso tudo: Stacy Peralta. Ops, Tommy Guerrero não deu as caras na área. Outros nomes de peso estavam entre os ilustres participantes da categoria master. Eddie “El Gato” Elguera era um dos novos-velhos competidores. Responsável também por criar inúmeras manobras de vertical nos anos 70/80, ele estava andando muito, assim como Lester Kasai, Nick Guerrero, Eric Nash, Tony Magnusson, Chris Miller, Jeff Grosso, Rob Sluggo Boyce, entre outros. Chris Miller, o maior campeão das oito versões do Vans Protec Pool Party, ficou invicto nos seis primeiros anos. Mas em 2011 e 2012 ele perdeu o posto para Steve Caballero, que vem assumindo a invencibilidade com seu estilo conhecido há mais de três décadas. Andando sempre muito leve e com o particular pescoço torto, Cab parecia ter parado no tempo: caballerials, fs handplants, enormes rock e boardslides, heel flip indys e mais uma tonelada de manobras sem erros. Sem sombra de dúvidas, era o melhor do dia. Tony Hawk chegou a passar em primeiro nas semi finais, parecendo que retomaria sua época de ganhar quase todas as competições que participava. Andou muito, com suas habituais manobras técnicas. Foi engraçado ver Hawk novamente na plataforma ao lado do seu arquirrival dos anos 80, o Christian Hosoi, que andou no seu estilo “homes” de sempre, com aéreos, laybacks, corridos rockslides e passeando por todas as partes dos bowls. Por coincidência, os quatro primeiros colocados foram membros da Bones Brigade: Caballero, Hawk, Lance Mountain e Mike McGill! No profissional, era evidente o alto nível que estava sendo apresentado. Como não poderia deixar de ser, Pedro Barros vem puxando pro alto o grau da competição com o skate explosivo que vem apresentando. E esse ano todos estavam correndo atrás do que seria a repetição de 2011, quando Pedro faturou a competição. Mas não estava tão fácil assim! Entre profissionais experientes, como Rune Glifberg, Omar Hassan, Andy Macdonald, Bucky Lasek, estava a nova safra de poderosos verticaleiros que vêm andando em piscina como não se via antes. Andando alto e rápido, Pedro com certeza é o mais constante e consegue dominar o espaço áereo de uma forma inédita, sem falar na velocidade dos seus

Fluído, constante e seguro. steve Caballero atravessa os mais de 30 anos de skate e 20 de pro model de seu tênis, com o skate impecável... bs air campeão no Master.

brazilians in tha house: Frabizio Cara de sapo, luis herzberg, ari bason, Vinicius tinoco, renato Caballero, Claudio da selva, duarte Yura, Frederico naroga, antonio thronn e Grazi oliveira.

tony hawk.

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dave duncan.


Fellipe Francisco

wcs 2012 // evento

bucky lasek com toda sua experiência, stale fish.

quilométricos grinds e 50-50s que tiravam o fôlego de quem assistia. Não tem como explicar a velocidade e o aproveitamento da pista que ele tem, passando de um bowl para outro, seja de grinds, seja de aéreos. Mas Rune estava inspirado como não se via há vários campeonatos e quase ofuscou a vitória que Pedro já havia traçado nas suas velozes linhas. Destaque também para a nova safra, como Zach Miller, filho do Chris Miller, Nolan Munroe, Steve Pineiro, Mike Owen, etc. Uma nova geração que, com certeza, vai dar muito mais trabalho no ano que vem. Então que venha o próximo! Pra completar a festa, rolou ainda comemoração para dois aniversariantes, com direito a bolo e sopro de velinhas para Tony Hawk e o mestre de cerimônia Dave “Mais Cerveja!” Duncan, com sua sempre enfática narração dos campeonatos. O Vans Pro Tec Pool Party é tudo isso e muito mais! É uma enorme festa, uma confraternização do melhor que há no skate mundial em bowl. Mas vai além de ser uma mera competição! É o resgate, a valorização e o respeito para com os que fizeram muito pelo skate, que ajudaram a criar, evoluir e progredir o skate além do imaginado. Quebraram barreiras e o limite da imaginação, com manobras inimagináveis há 20 ou 30 anos atrás. E alguns desses gurus e idealizadores estavam ali, andando com a mesma vontade de sempre. E isso o skate sempre vai proporcionar, o resgate da diversão! Obrigado Vans e Protec por esse evento mágico!

resultado: Masters 1º Steve Caballero $14.000,00 2º Tony Hawk $7.000,00 3º Lance Mountain $4.000,00 4º Mike McGill $2.000,00 5º Eric Nash $1.750,00 6º Tony Mag $1.500,00 7º Christian Hosoi $1.250,00 8º Nicky Guerrero $1,200.00 9º Chris Miller $1,100.00 10º Lester Kasai $1,100.00 11º Justin Lynch $1,000.00 12º Pat Ngoho $1,000.00 13º Eddie Elguera $1,000.00 14º Mike Barnes $1,000.00 15º Darin Jenkins $1,000.00 16º Mick Mulhall $1,000.00 17º Jeff Hedges $1,000.00 18º Jeff Grosso $1,000.00 19º Josh Nelson $1,000.00 20º Rob Sluggo Boyce $1,000.00 21º Paul Wisniewski 22º Steve Alba 23º Brian Pennington 24º Sergie Ventura 25º Aaron Astorga Pros 1º Pedro Barros $28,000.00 2º Rune Glifberg $14,000.00 3º Bucky Lasek $7,000.00 4º Andy Macdonald $3,500.00 5º Nolan Munroe $2,500.00 6º Steve Pineiro $2,000.00 7º Zach Miller $1,500.00 8º Mike Owen $1,000.00 9º Austin Poynter $1,000.00 10º Ben Hatchell $1,000.00 11º Alex Sorgente $1,000.00 12º Joshua Rodriguez $1,000.00 13º Joshua Borden $1,000.00 14º Brad McClain $1,000.00 15º Kalani David $1,000.00 16º Tom Schaar 17º Daniel Cuervo

apoio Cultural:

www.vansdobrasil.com.br

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entrevista pro // cris fernandes

cris fernandes por Junior Lemos // fotos AnA PAuLA negr達o e mArceLo mug

Bean plant to fakie no Brasil skate camp.

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Marcelo Mug

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entrevista pro // cris fernandes cris FernAndes tem umA históriA de vidA em cimA do skAte que é PArecidA com A de muitos skAtistAs BrAsiLeiros e se resume em suPerAr As diFicuLdAdes AtrAvés do esPorte! vindo de FAmíLiA humiLde, começou A trABALhAr AindA criAnçA PrA reForçAr o orçAmento nA cAsA dos PAis. e grAnA PrA comPrAr seu Primeiro skAte eLe não tinhA, que nA verdAde veio como “Presente” do vizinho, ForçAdo PeLo PAi A Jogá-Lo ForA Por cAusA dos Primeiros tomBos. mAs o roteiro começA A mudAr quAndo cris APostou que PoderiA trABALhAr com o skAte, ALiAndo suA ocuPAção ProFissionAL de recreAdor Ao mundo de PossiBiLidAdes que o cArrinho Lhe APresentou. começou oFerecendo ProJetos de AuLAs PArA cLuBes e escoLAs em são PAuLo Até AcreditAr que seriA PossíveL FAzer Por Aqui um AcAmPAmento PArA Jovens excLusivo de skAte, criAndo Assim o BrAsiL skAte cAmP, que chegA à suA décimA terceirA temPorAdA em 2012.

Q

ual foi seu primeiro contato com o skate? Tinha um vizinho que andava de skate mas não emprestava pra ninguém na rua. Eu e meu irmão ficávamos loucos pra dar uma volta! Até que um certo dia ele levou um tombo e seu pai jogou o skate no lixo. Eu e meu irmão vimos, pegamos e começamos a andar no skate de fibra vermelho bem fininho com rodas de patins e bilhas. Alguns dias depois o menino pediu o skate de volta, mas eu e meu irmão dissemos: “achado não é roubado” rsrsr. Aí o moleque acabou deixando o skate pra gente, depois de umas brigas, é claro! Tinha alguma turma específica que você fazia parte nesse início? Era bem legal porque tínhamos turmas nos bairros. Me lembro de fazer parte da Nóis, tinha a Ratus Suicidal, que era uns caras que andavam bem de skate e tinha também a Zona Pirata. Era muito engraçada essa época porque a galera era meio fechada com as turmas, mas eu era bem aceito em todos os picos que ia porque nunca tive essa coisa de localismo. Quando percebeu que o skate poderia mudar sua vida? No começo a gente quer só andar de skate e aprender as manobras, mas quando eu tinha uns 19 anos percebi que queria viver do skate, ser profissional. Aí foi quando entendi que o skate era mais do que somente quatro rodas e uma tábua

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pra essa geração que ‘‘Nóselesmostramos podem ser graNdes pessoas No

meio do skate, mesmo Não acertaNdo maNobras ou gaNhaNdo campeoNatos.

’’

Backside smith grind, Woodward, euA.


ana Paula negr達o

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entrevista pro // cris fernandes

de madeira. Era algo muito maior e que poderia mudar minha vida. Hoje, tudo que tenho veio do skate. Nunca fui de ganhar campeonatos, mas sempre trabalhei para que o esporte fosse visto da melhor forma e acho que consegui fazer minha parte. Tenho o maior orgulho de falar que sou skatista de alma e coração! Paralelamente você tinha que fazer seu corre pra se sustentar? Sim! Trabalho desde meus 12 anos. Venho de uma família pobre, que não tinha nada e eu precisava ajudar nas contas de casa. Já trabalhei em lojas de shopping, vendi cachorro-quente, doces de loja em loja; fui até motoboy na Tribo Skate (rsrsrsr). Depois passei a trabalhar na área de recreação, onde me identifiquei porque sou comunicativo e gosto muito de lidar com as pessoas. Como você foi trabalhar nessa área? Trabalhei três anos em um hotel em Atibaia, aos finais de semana e feriados. De segunda a sexta trabalhava em agências que levavam escolas para passear em sítios. Eu também fazia show de palhaço em festas de aniversário, era bom demais (rsrsrs)! E com essa experiência, acabei indo trabalhar na Hebraica, clube da comunidade judaica em São Paulo. Foi aí que surgiu a oportunidade de oferecer aulas de skate? Conheci minha esposa Betina quando já trabalhava na Hebraica. Ela me ajudou a elaborar um projeto para oferecer aulas de skate e logo em seguida

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o apresentei ao assessor da presidência, que me perguntou: “O skate não é coisa de moleque de rua?”. Respondi que não e pedi uma chance para mostrar como ele pode ser uma excelente ferramenta para educar os jovens. Depois de três meses de curso estávamos lotados, com crianças em todos os horários e uma lista de espera. A partir daí, as portas se abriram em várias outras escolas e clubes. E quando veio a ideia do Brasil Skate Camp? A ideia veio quando eu vi o acampamento Woodward no vídeo 411; aí pensei que seria demais fazer no Brasil um camp exclusivo para skate. Conversei com alguns amigos e também com minha esposa. Todos me apoiaram dizendo que ia dar certo pela minha experiência em acampamentos e também no skate. Coloquei tudo no papel e mostrei pra Snoway, Crail, Flow e Nike. Apresentei a ideia e disse que trabalharia muito pra fazer dar certo e, em troca, pagaria o investimento deles com mídia. Todos apostaram no meu trabalho, me apoiaram e o projeto deu certo! Qual era a estrutura da primeira temporada? Nós começamos com 42 crianças, uma pista e o ginásio. O Fabrício Fusca me ajudou a fazer os obstáculos por um preço mais em conta e eu usei uma minirrampa emprestada da Hebraica. Me lembro como se fosse hoje! E quando foi que caiu a ficha pra você?


Marcelo Mug

Estávamos na fogueira que eu sempre faço nos acampamentos, me emocionei quando comecei a falar e também ao ver tudo aquilo acontecendo. Pensei então que não podia parar ali e que tinha que fazer o Brasil Skate Camp ser o primeiro acampamento de skate do nosso país. Qual o principal objetivo do acampamento? Nossa missão no Brasil Skate Camp é fazer as crianças aprenderem que o skate é muito mais que dar manobras ou ganhar campeonatos. Nós queremos que eles levem o skate como um estilo de vida mesmo. E fazemos com que eles vejam também as possibilidades que há dentro do nosso universo, como ser video maker, fotógrafo, editor, construtor de rampas, empresário, entre outras profissões que o skate oferece. Nós mostramos pra essa geração que eles podem ser grandes pessoas no meio do skate, mesmo não acertando manobras ou ganhando campeonatos. Quantos jovens já passaram por lá? Em cinco anos e meio já passaram pelo acampamento 1.340 crianças. Desenvolve algum projeto social? Já trabalhei com o Gilberto Dimenstein na Ong Aprendiz. Foi uma experiência muito positiva. Hoje temos um projeto dentro do acampamento onde levamos para a temporada de férias algumas crianças que não podem pagar por isso. Mas nossa intenção é fazer um projeto em São Paulo, com nossa pista de skate e cursos profissionalizantes para o mercado em geral.

Marcelo Mug

Blunt flip to fakie, são Paulo.

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ana Paula negrão

Frontside tailslide, com túlio tocha filmando. califórnia, euA.

Você agora também é um empresário do skate. Como vê esse mercado no Brasil? Acho que os empresários do skate no Brasil são poucos. Dá pra contar nos dedos os que realmente se importam com o skate de uma forma correta, aqueles que têm vontade de trabalhar e fazer o nosso mercado crescer. A matemática é simples: quanto mais eventos, atletas, revistas e simpatizantes tivermos, mais as marcas venderão seus produtos. Mas não! Eles querem só ganhar e deixam de investir no mercado o que deveria ser para fomentá-lo cada dia mais. Quando falamos de um evento, todos correm ou já vem com a frase: “Está ruim! Não estou vendendo nada.”. Acredita que isso pode mudar? Está mudando! Tem muitos skatistas indo trabalhar em marcas e fazendo as coisas acontecerem. Vejo empresários assustados com as ações desses skatistas em pequenas marcas porque eles sabem trabalhar. Nós entendemos do nosso mercado e com esses pequenos atos conseguimos fazer muito mais que as grandes empresas. Hoje não adianta ter grana e fazer uma marca de skate sem conceito, apodrecendo o mercado com produtos baratos e vagabundos. O skatista atual é bem mais exigente, ele sabe o que quer! Diferente das gerações dos anos 70 e 80, a geração anos 90 está trabalhando com skate e isso faz diferença, porque a linguagem é feita por quem entende do assunto. Como surgiu a oportunidade de visitar a Woodward? A Ana Paula Negrão mora na Califórnia e em uma das vezes que fui pra lá, deixei alguns DVDs. Ela os apresentou ao Neal Hendrix, que trabalha no Woodward, para que o pessoal de lá pudesse conhecer o que é feito por aqui. O Neal entregou os DVDs para o boss dele, que é o Gary. Ele então fez o convite para ir ver os X Games e conhecê-lo. Mas eu não pude, porque estava em temporada no acampamento. Quando respondi que não poderia ir, me disseram então pra ir até a Filadélfia e conhecer pessoalmente o Woodward. Foi uma experiência muito boa! O Gary é um grande empresário e foi ótimo falar com ele. Voltei de lá com ideias novas e com a certeza de que estou no caminho certo com o Brasil Skate Camp.

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Frontside feeble, ditch californiano.

ana Paula negrão

de lá (WoodWard) com ideias NoVas ‘‘Voltei e com a certeza de que estou No camiNho certo com o brasil skate camp.’’


Fotos ana Paula negrão

cris fernandes // entrevista pro

O que trouxe dessa experiência? Muitas coisas, principalmente saber que podemos fazer as coisas acontecerem no Brasil. Só temos que ter muito foco e trabalhar sério pra acontecer. O Gary me mostrou que tudo tem um trabalho árduo e que às vezes temos que abrir mão de algumas coisa pra termos outras. E, principalmente, que as dificuldades são para nos ensinar algo, por pior que elas sejam. E o que levou pra eles? O Gary ficou surpreso com nosso trabalho aqui! Uma das coisas que ele curtiu muito foi a parte educacional e a integração que fazemos entre as crianças, utilizando jogos e brincadeiras com o skate. Nós temos o jeito brasileiro de integrar as pessoas. Isso, só aqui no Brasil mesmo! Quais os planos futuros para o Brasil Skate Camp? Estamos em fase de crescimento pensando em abrir o acampamento para outros eventos, como o skate Camp Family e um evento profissional de street e minirrampa. Agradecimentos! Quero agradecer a toda minha família, Betina, Dália e David. Minha mãe, que sempre me ensinou a andar pelo caminho certo; Thiago Arruda, Thyago

Ribeiro, Sunab e Dinho. Meus amigos e parceiros. Não só os de hoje, mas todos que sempre me ajudaram e faço aqui questão de dizer: Serginho da Crail, Totó da Flow, Skate Plus, Sr. Luiz da Snoway, Alê da Nike, Diego e toda família, Gus da Red Bull, Helga do Skate Paradise e ESPN, parceira de sempre, Cerezini Skateshop, Cezar Gordo e Cida da Matriz, Elpillo Filmes, Ana Paula Negrão, Túlio Oliveira e todos os que sempre estão do meu lado. Obrigado!

// cristiano Fernandes Idade: 38 anos Casado Com: BetIna PaI de: dálIa (4 anos) e davId (1 ano e seIs meses) oCuPação: skatIsta ProfIssIonal, emPresárIo, Construtor de ramPas, Coordenador de aulas de skate em esColas e organIzador de eventos de skate PatroCínIo: BrasIl skate CamP são Paulo/sP

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entrevista pro // cris fernandes

gary (WoodWard) ficou surpreso com Nosso ‘‘otrabalho aqui! uma das coisas que ele curtiu

muito foi a parte educacioNal e a iNtegração que fazemos eNtre as criaNças, utilizaNdo jogos e briNcadeiras com o skate.

’’

Pico difícil, manobra clássica. may day, euA.

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ana Paula negr達o

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street league skateboarding // especial

A fábricA

dos ícones Em 2012 a StrEEt LEaguE SkatEboarding chEga à Sua tErcEira tEmporada. criada para aLcançar grandE audiência E popuLaridadE do SkatE noS Eua, ELa Lota gináSioS E atrai púbLico na intErnEt E tV, ofErEcEndo maiS dE 1,6 miLhão dE dóLarES dE prEmiação por ano. a compEtição conta com grandES nomES da atuaLidadE como chriS coLE, Eric koSton, pauL rodriguEz, mark appLEyard, nyjah huSton, Luan dE oLiVEira, mikE mo capaLdi, SEan maLto, baStiEn SaLabanzi, pEtEr ramondEtta, torEy pudwiLL, biLLy markS, daVid gonzaLEz, dyLan riEdEr, tommy SandoVaL, tom aSta, ryan ShEckLEr, iShod wair, ShanE o’nEiLL, mikE tayLor, matt miLLEr, auStin giLLEttE, jimmy carLin E chaz ortiz, SEndo quE um doS objEtiVoS é tranSformá-LoS Em aStroS íconES, como da nba, nfL E outraS LigaS popuLarES doS Eua. // TexTo e foTos SidnEy arakaki

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street league skateboarding // especial // A criAção dA LigA Em 2010 o skatista norte-americano Rob Dyrdek anunciou a criação de uma liga com 24 dos principais skatistas profissionais de rua do mundo, a Street League Skateboarding. Todos integrantes assinaram contrato de exclusividade com Dyrdek e não poderiam participar de outros eventos grandes dentro dos EUA. As únicas exceções foram o Tampa Pro, por ser o evento mais tradicional, e os X Games, por causa da parceria da ESPN (A Street League é transmitida ao vivo pela ESPN, detentora da franquia dos X Games). A grande motivação para os skatistas quererem fazer parte da elite da elite do skate foi a premiação e geração de recursos extras da Street League. O campeão de cada etapa recebe em dinheiro 150 mil dólares. E os skatistas também recebem royalties pelos produtos da SLS comercializados. Tantos seus produtos assinados pelas marcas patrocinadoras quanto merchandising da SLS. Pois nos eventos há lojas que vendem shapes, camisetas, bonés e vários outros produtos relacionados aos skatistas e à Street League.

// NyjAh hustoN O grande nome da Street League Skateboarding é o jovem Nyjah Huston. Das oito competições realizadas até hoje ele venceu cinco. Mas o interessante é que antes da criação da Street League ele nunca havia ganhado um campeonato profissional e ficava sempre em segundo lugar. Nyjah não fazia parte da primeira lista de competidores da Street League, mas uma semana antes da Liga estrear Geoff Rowley decidiu sair e abrir uma vaga para um skatista mais novo. Daí Dyrdek convidou o moleque, então com 15 anos de idade, que surpreendeu logo de cara ganhando o evento. A partir daí foi uma sequência de cheques de 150 mil dólares caindo na sua conta bancária. As únicas pedras no sapato até agora foram o australiano Shane O’Neill e o norte-americano Sean Malto, que ganhou duas competições, inclusive o título de campeão da temporada 2011, com a maior premiação da história, 200 mil dólares. // os obstácuLos Todas as pistas da Street League são projeta-

Esse "joystick" é onde os juízes usam para fazer a pontuação do iSX.

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das e construídas exclusivamente para as etapas dentro de ginásios que costumam receber jogos de esportes tradicionais nos EUA, como basquete e hóquei no gelo. Elas são montadas todas em concreto e demolidas minutos após o ginásio ser esvaziado. Mas alguns obstáculos são reaproveitados em pistas de skate locais. Esse legado da Street League para as comunidades é um dos principais pontos positivos da Fundação Rob Dyrdek. Além dos skatistas se sentirem estimulados a andar, ainda ganham uma pista. // o represeNtANte brAsiLeiro O único brasileiro integrante da Liga é o gaúcho Luan de Oliveira, que já é um grande ídolo na cena norte-americana. Luan se encaixa perfeitamente no perfil exigido na Liga: skate incontestável com nível de manobras e constância, fluência na língua e opiniões pertinentes para dar entrevistas, popularidade, frequência de exposição em revistas e vídeos, patrocinadores de peso e produtos assinados com seu nome. Para Luan, o brasiliense Felipe Gustavo é o


Luan de oliveira, frontside flip.

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street league skateboarding // especial nome mais indicado para lhe fazer companhia representando o Brasil na Street League. “Ele tem um nível muito sinistro, muito cabreiro mesmo. Entra de flip, sai de flip. Então ele é um dos caras que poderiam ganhar o campeonato”, profetiza. Felipe só não pode tentar uma das cinco vagas abertas nessa temporada porque seu pro-model pela Plan B ainda não foi lançado. O produto está programado para chegar às lojas no segundo semestre de 2012. // o formAto de competição dA temporAdA 2012 No primeiro dia, na fase eliminatória, os 24 skatistas são divididos em seis baterias de seis skatistas. Primeiro eles fazem duas apresentações de 45 segundos podendo usar todos os obstáculos da pista. A maior nota é validada. A seguir, eles passam para a fase da melhor manobra na seção grande da pista. Nessa parte os obstáculos costumam ser grandes de verdade. Geralmente é um conjunto de corrimãos, escadas, gap e hubbas. Os skatistas têm seis chances e as quatro maiores notas são validadas. A soma dessas quatro manobras mais a melhor volta de 45 segundos é a nota final da eliminatória e os seis maiores pontuadores vão direto para a final. Do 7° ao 12° lugar disputam a semifinal, que abre o segundo e último dia de competições. Os seis semifinalistas disputam duas vagas na final. Eles fazem duas voltas de 45 segundos na pista e os dois que mais pontuarem avançam para a final. Os oito finalistas começam com duas voltas de 45 segundos e agora o que menos pontua é eliminado da competição. Os sete remanescentes seguem para a segunda fase. Agora eles têm seis tentativas para fazer uma manobra em qualquer obstáculo que não seja na seção grande. A melhor manobra de cada skatista é validada e quem pontua menos também é eliminado. Na grande final os seis skatistas duelam na seção grande. Todos têm seis tentativas para usar os obstáculos e a soma das quatro melhores manobras dessa seção, mais a melhor volta de 45 segundos e a melhor manobra da pista elegem o campeão. // isX, o sistemA de poNtuAção iNstANtâNeA O sistema de pontuação de notas da Street League Skateboarding foi uma ideia de Rob Dyrdek que ele desenvolveu junto com uma empresa e patenteou com o nome ISX, Instant Scoring eXperience. Apesar de utilizar cinco juízes – todos devidamente qualificados e com reputação incontestável – é um sistema de computador que analisa as manobras. Esse sistema acumula estatísticas e identifica situações como manobra concretizada perfeitamente, manobra acertada na primeira tentativa, etc. Ou seja, manobras muito repetidas e com mesmas características são identificadas, se o skatista acerta um grind, mas o tail relou na borda, a pontuação não é tão grande quanto um grind raspando apenas o eixo. E isso faz uma tremenda diferença no resultado geral e eleva o nível da competição, forçando os competidores a darem o melhor de si tanto para o campeonato como sessões diárias. Assista as etapas ao vivo da Street League Skateboarding no www.streetleague.com

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Eric koston é o skatista mais velho da Liga. Sua participação é essencial, por aliar skate de alto nível e carisma. frontside ollie to fakie 5-0 grind transfer reverse, do quarter para a rampa reta.


paul rodriguez é um dos skatistas mais técnicos da SLS. nollie frontside nosegrind leve e equilibrado durante uma linha. a perfeição faz a diferença na somatória final das notas.

ryan Sheckler e ishod wair.

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Alan Resende, ollie to fs smith grind.

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na penumbra da noite // for fun

Por FlAvio NAscimeNto // Fotos shiN shikumA 2012/julho TRIBO SKATE | 69


for fun // na penumbra da noite

o

skate sempre teve na sua essência a evolução, a quebra de regras, a inovação e a atitude de fazer algo diferente com nossas próprias mãos. Simplesmente pela diversão e pelo prazer de andar de skate. Quem já pulou muro para “pegar” madeirite e construir rampas sabe o que é isso. Além de uma autêntica marca de skatista, a Deadless é uma skate crew que mantém essa essência, valorizando o talento individual, o skate criativo, as descompromissadas e memoráveis sessões entre amigos. Os skatistas Rafael Sevilha e Eduardo Braz idealizaram e realizaram uma sessão num galpão da prefeitura de SBC, gentilmente cedido para esse dia. Também participaram os skatistas Alan Resende, Marcos Noveline, Wagner Preto, Flavio Nascimento e o videomaker Rogério Assis.

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Flavio Nascimento, crooked.

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for fun // na penumbra da noite

marcos Noveline, transfer bs ollie.

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edurdo Braz, Andretch handplant.

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Flavio NascimeNto

na penumbra da noite // for fun

Rafael sevilha, fs air e eduardo Braz, fs boneless.

Deadless crew.

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LUZ/RJ // hUmberto peres, tre fLip rio das ostras/rj foto pedRo macedo

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LUZ/RJ // ademar LUcas, crooks Lagoa foto pedRo macedo

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LUZ/RJ // pedro macedo, bs fLip mĂŠier foto clissa Raiany 80 | TRIBO SKATE julho/2012


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LUZ/RJ // yan feLipe, fs smith gUapimirim foto pedRo macedo

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5 C L A S S I F I C AT Ó R I A S , 2 0 0 S K AT I S TA S E 1 0 F I N A L I S TA S . A P E N A S U M I R Á PA R A N O VA Y O R K . V E N H A V E R Q U E M S E R Á .

VENHA VER OS SKATISTAS MAIS TÉCNICOS DO BRASIL QUEBRAREM TUDO NA FINAL NACIONAL DO RED BULL MANNY MANIA, EM BELO HORIZONTE. DEPOIS DAS CLASSIFICATÓRIAS DISPUTADÍSSIMAS QUE PASSARAM POR SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO, CURITIBA E BRASÍLIA, FINALMENTE CHEGAMOS À ÚLTIMA ETAPA DA BUSCA PELO SKATISTA AMADOR QUE IRÁ REPRESENTAR O BRASIL EM NOVA YORK.

NÃO PERCA A CHANCE DE VER ESSA GRANDE FINAL.

FI NA I S J U L H O / F I N A L N AC I O N A L B E LO H O R I ZO N T E

18 D E AG O S TO / F I N A L M U N D I A L N OVA YO R K

CLASSIFICATÓRIA J U L H O / B E LO H O R I ZO N T E

REDBULL. CO M. B R

E N V I E S E U V Í D E O P E LO S I T E E PA RT I C I P E DA C L ASS I F I C ATÓ R I A .


casanova //

Fabinho Junqueira // fotos Marcelo Mug Onde nasceu: Guaratinguetá, SP. Onde mora atualmente: Guaratinguetá, SP. Primeiro skate: Um skate usado que ganhei em uma rifa! Skate atual: Shape Drop Dead, trucks Independent, rodas Type-s e rolamentos Reds. Som pra ouvir na sessão: Face to Face, Bad Religion, Agent Orange, entre outros. Uma parte de vídeo de skate: Rune Glifberg, no Extremelly Sorry da Flip. Três amigos pra compartilhar a sessão: Gustavo Sorriso, Eduardo Yndyo e Felipe Pimbola. Comida: Strogonoff. Bebida: Coca-Cola. Balada: Prefiro andar de skate. Melhor pista: Bowl do Itaguará Club e Vert in Roça. Sonho: Conhecer o mundo através do skate! Para ler: skatecuriosidade.com. Viagem: Florianópolis, para o RedBull Sk8 Generation 2012. Um salve: Para todos os meus amigos que me apoiam e especialmente aos meus pais! // Fábio Monteiro Junqueira reis 19 anos, 6 de skate

chanel stalefish.

‘‘o impossível é só uma questão de opinião.’’ 84 | TRIBO SKATE julho/2012







ilton Tatá na cola de ricardo mikima e seu bs noseslide.

michele, Luciano PT, mikima e Dani ribeiro.

Luciano PT, jump.

Dieguinho, fs nose one foot.

Intervenção Iv

MikiMa e PT na ladeira do Museu Por Junior Lemos // Fotos shin shikuma

A tradicional ladeira do Museu do Ipiranga foi o palco da quarta edição da Intervenção Tribo Skate, que rolou no final do mês de maio com a participação dos profissionais Ricardo Mikima (Boca de Shaolin, Board Rider, Curva de Hill, Tracker e Nype do Ghetho) e Luciano PT (La Muerte, Crazynboard, Skate Mundo, Skate até Morrer, Board House, Stand Up, Jumping, Slide TV, Karnaza, Shock e Weird), além da equipe Tribo Skate, composta pelo fotógrafo Shin Shikuma, pela tribete Michele e a Dani Ribeiro representando a revista. O evento começou pontualmente às 10 da manhã e seguiu até o começo da tarde. Foi um sábado lindo de muito sol e descidas alucinantes de tirar o fôlego, onde os profissionais convidados eram acompanhados pela galera presente, com destaque para os “sangue nos olhos” Ilton Tatá e Dieguinho Downhill. Agradecemos a presença de todos e o apoio do Tadeu Ferreira. E pra galera que nos acompanha, fiquem espertos porque a próxima parada da Intervenção Tribo Skate pode ser em alguma pista de skate perto da sua casa!



hot stuff // 201

// BLACK SHEEP Boné é um acessório indispensável no kit de qualquer skatista! Seja para manter o estilo, ou simplesmente para proteção contra o sol, os bonés Black Sheep se encaixam perfeitamente no perfil do skatista que transita pelas ruas da cidade. Com variedade de cores e estampas, a marca acaba de revelar um lote exclusivo de bonés modelo aba reta que logo estarão em skateshops de todo Brasil. E com esse frio que anda fazendo, o lance é vestir boné Black Sheep que o naipe nas sessões e baladas está garantido. Black Sheep - (11) 5071-8850 / www.blacksheep.com.br

// ÖUS Todo mundo merece um momento de folga, até os skatistas! E foi pensando no relax da nossa principal ferramenta de diversão e trabalho que a Öus criou a linha OAMF (Ocupação Agradável em Momento de Folga), que colocará em agosto nas ruas o segundo modelo colaboração com o skatista multimídia Parteum, intitulado 19:46. Ele menciona o horário em que Parteum tinha que sair correndo do Conjunto Nacional para chegar à Cásper Líbero a tempo de assinar a lista de chamada. Öus Parteum 19:46 não é tênis de corrida, mas ajuda na correria! Öus - http://ous.com.br

// POSSO! A Posso acaba de lançar uma coleção de camisetas com estampas de personalidades do skate e da música que recebem o suporte da marca. Com variedade de cores, as peitas são ideias pra galera que curte usar peças exclusivas, ou seja, quem não quer correr o risco de encontrar outra pessoa na sessão vestindo a mesma camiseta. Posso - www.posso.com.br

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// HURLEY A coleção inverno 2012 da Hurley invade as ruas e praias de todo Brasil com peças que vestem com bastante conforto e mobilidade, seja para manobrar o skate ou apenas curtir o dia a dia numa boa. Contando com Bob Burnquist, Lincoln Ueda e Wagner Ramos como os skatistas brasileiros responsáveis por testar e aprovar as camisetas, moletons e calças da marca, é garantia de que o inverno 2012 será bem mais estiloso e confortável para quem usa os produtos Hurley. Hurley - (11) 3226-2233 / www.hurley.com.br

// THRONN SK8BRDS INC. Responsável pelo model de shape brasileiro mais vendido nos anos 80, o skatista Thronn desenvolve da Califórnia sua própria marca e acaba de lançar seu segundo pro model. Com estampa que representa a “pata de leão de Ras”, o shape tem fabricação gringa e conta com dois tamanhos: bowl (9x33,5) ou street (7,75x33,5). Além de ser um material assinado por uma lenda do skate nacional, a frase replicada no deck “SP to LA” é o selo que garante a qualidade nas sessões de quem usa os shapes Thronn. Thronn Sk8brds Inc. http://www.thronnsk8mag.com/

// VANS O Vans TNT 5, pro model do profissional norte-americano Tony Trujillo, é semelhante aos clássicos originais old school da marca e foi desenvolvido pelo skatista para ser retirado da caixa, calçado no pé e ir direto pra sessão, sem se preocupar em laceá-lo antes. Feito em camurça e reforçado com revestimento extra, pra maior resistência na hora das tricks, o modelo também conta com o autêntico solado Vans Waffle, pra melhor grip na lixa. Com visual clássico, o TNT 5 traz o verdadeiro espírito da Vans para seu skate! Vans - (11) 3337–2567 / contato.vans@since66.com

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áudio //

Anjo dos Becos por HelinHo Suzuki // foto Ronaldo FRanco

Com mais de 20 anos de banda, o Anjo dos Becos já tocou em grandes festivais, lançou disco por uma grande gravadora e até chegou a trocar de nome. Qual o balanço que você faz de tudo o que já rolou com a banda? [Pirata] Somos a única banda dos anos 90 que toca até hoje, porque nossa grande vibe é fazer música. Se não fosse o Anjo dos Becos, não existiria o Pirata. Essa banda me ensinou tudo o que sei: os corres de produção, shows, viagens, etc. Por isso sou fiel ao Anjo dos Becos há 22 anos of my life. Já tive várias propostas para deixar a banda e entrar em outras fakes, de empresários que só pensam na grana. Anjo forever, funny fluxo sempre! Vivo a rua até hoje com verdade, ajudo os verdadeiros guerreiros de estrada que eu sei quem são. 4.5 no veludo. Vem comigo! O fluxo é doido, hahahahahaha, “Onde está o palhaço”. Você e o Carlão foram o embrião da banda no final dos anos 80 e compuseram a maioria das músicas. Sente falta dele no que diz respeito a compor músicas? [Pirata] Carlão é meu parceiro eterno. Ele será sempre do Anjo dos Becos. Sua alma está na banda, mesmo não tocando mais. E continuamos compondo juntos. Metade desse último cd é de composição dele. Parceiro sempre e família funny fluxo. Da formação original são você e o Xixa. Certo? Quem mais está acompanhando vocês? [Pirata] Sim! Da formação original só o Xixa, meu parceiro de balada e tudo mais. Funnny fluxo total Mr. Xixa! Rsrs. E contamos hoje com um belo time, bem família mesmo: Danilo na guitarra, Davi no baixo, Guilherme Roque na batera, Alê no trompete (o maestro do sopro) e o dj Rodrigo Silva (ex Choldra Grande, banda do ABC). Estamos em grande sintonia, fazemos música por prazer. Depois de muito tempo, vocês lançaram recentemente o disco OverallRockDelic. Por que demorou tanto para sair um novo cd? [Pirata] Muito corre individual de cada um, falta de grana, etc. Mas foi legal ter demorado! Foi feito sem pressa, do jeito que tinha que ser e com a parceria especial do grande amigo Marcão, guitarrista do Charlie Brown. O Anjo dos Becos sempre foi uma banda em constante renovação musical, pesquisando novos ritmos e agregando na banda. Quais as novidades para este novo cd? [Pirata] Um dos motivos de fazer o cd em parceria com o Carlão foi manter a originalidade da banda, fugindo dos modismos fonográficos. Tivemos também alguns presentes, a gravação da bateria pelo Ricardo Mix, nosso primeiro baterista (hoje toca com Falamansa e Mickey Junkies) e do trompete por Paulinho, também da primeira formação do Anjo. O OverallRockDelic é resultado das experiências de estrada com a soma de novos instrumentos que sempre testamos, como: barítono (sopro tocado por Kiko Maleducados), lepstil por Bebeco Garcia (lenda dos anos 70, integrante do Garoto de Rua), percussão e dj. O cd é também resultado de novas parcerias com o produtor norte-americano Roy Cicala, que gravou Kiss, John Lennon, Elton John e hoje reside no Brasil, com Apollo 9, Zeca Lemos e Marcão. Com alguns detalhes atualizados, é o mais puro Anjo dos Becos funny fluxo, tudo misturado e divertido. Essa é a pegada: diversão. Do contrário, não tem sentido continuar! Com o lançamento deste cd, a banda voltou à estrada, fez uma tour com o Fishbone, Sublime e diversos shows pelo Brasil. Como tem sido esses shows? [Pirata] Realmente o disco está nos levando a lugares que jamais estivemos, tocando com bandas que nos influenciaram, como Fishbone e Suicidal Tendencies,

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além de tours com bandas tchecas. Mas tudo é sempre um recomeço! Hoje tocamos para uma nova geração que não nos conhecia, mas, como sempre, após as primeiras músicas, tudo se torna uma grande festa: o funny fluxo está vivo! Em novembro vamos para uma tour pela América Latina com apoio da Puma e em agosto participamos de um grande festival no México. Homes funny fluxo total! Fantástico! Rolou recentemente na Oca, no Ibirapuera, a exposição Let's Rock com diversos fotógrafos e lá estava a famosa foto do seu mosh no Festival Contra Fome (Era isso ou agasalho? Me corrige aí, homes.). Conte um pouco da história dessa foto. [Pirata] Campanha do agasalho... hahaha. Isso foi demais! Foto do grande homes Marcelo Rossi. Ela foi contracapa do primeiro cd Funny Fluxo e capa do livro da 89fm, em comemoração ao Dia do Rock. Tenho uma história muito louca desse dia, quando dei o mosh: só sobrou a calça e um tênis! Quando voltei ao palco, joguei o outro pé que sobrou. Na mesma hora acendeu a luz do ginásio e a primeira pessoa que vi foi meu apoiador de tênis, o Yura da Isnaú. Pensei: “Vixi, mancada! Joguei o tênis do cara fora. Vou buscar!”. Só consegui achar um dos pés com a galera. Tudo bem, saí na noite com um tênis e um saco de plástico no outro pé. Se passaram dez anos, estava eu atrás de uma gráfica para imprimir flyers. Fui até o Capão Redondo, indicação de um amigo! Chegando lá o homes que me atendeu pergunta: “você é o Pirata, do Anjo dos Becos?”. Respondi que sim e ele: “espera aí, cara”. Qual não foi minha surpresa quando ele voltou com o pé do tênis que não tinha achado e completou: “dá pra você assinar? Eu que peguei!”. Foi muito louco, não acreditei que depois de tanto tempo estava vivenciando aquilo: o paradeiro do tênis. E o mais louco é que o cara guardou! Hahaha. Só a música nos proporciona isso. Fantástico! Total funny fluxo. Vou lembrar sempre. A banda sempre foi muito envolvida com o skate desde os primórdios. Já tocaram em inúmeros campeonatos, foram trilha de vídeos como Silly Society e tiveram patrocínio de diversas marcas. A banda ainda continua com esse envolvimento? [Pirata] A música e o skate me deram tudo que tenho, estou sempre ligado a estes dois movimentos, vivo deles. Mas em 90 tínhamos bem mais campeonatos (profissionais), era outra cena! Mesmo assim estou sempre tocando nos eventos das marcas, mas nada se compara a tocar num grande campeonato, com a molecada na vibe, a fim de se divertir. Skaterock forever! Salve a todos que sempre nos apoiaram: Urgh, Maha, Sims, Hurley, Billabong, Mcd, Lost, Globe, Isnaú, Black Flys, Puma, Evoke, Cover Your Bones (Argentina), Meteoro. Salve, salve a família funny fluxo, do skate, grafite, circo, música. A verdadeira arte de rua! Espaço aberto, Homes! [Pirata] São 22 anos de banda, 30 de noite. O que tenho a dizer é acredite sempre! Uma hora chega e você só dá risada. Não estou falando de sucesso e sim de realização. É bem diferente viver o prazer da conquista pessoal. Não é grana, é bem mais do que isso. É o que você leva na sua trajetória de vida. E o mais importante, não fazemos nada sozinhos. Tenha sempre parceiros e divida com eles. Ajude. O coletivo é o futuro, para todos darem risada! Funny fluxo, acredite sempre! facebook.com/anjodosbecos youtube.com/anjodosbecos myspace.com/anjodosbecos anjodosbecos.com.br



manobra do bem // por sandro soares "testinha"*

Manobra do Bem skate, imagina alguém para nos ensinar! Hoje a diversão é tanta que acaba contagiando quem está por perto. Mesmo assim, algumas pessoas relutam contra essa energia positiva que o skate transmite. Pessoas assim acabam colocando obstáculos no nosso caminho. Mil cobranças são feitas e nós corremos atrás das soluções, mas chega uma hora que percebemos que quem nos cobra não gosta de skate; não querem a continuidade do skate e sim que ele esteja bem longe. Não observam os resultados positivos que o skate traz para os alunos que se dedicam e o amam de verdade. Pessoas assim nunca irão admitir que o skate é multidisciplinar. Que ele eleva a autoestima, que traz percepção, controle motor, equilíbrio, autonomia e muitos outros benefícios. Esta visão de alguns “educadores” é aquela antiga e superultrapassada. O skate para eles é algo negativo ou não passa de um pedaço de tábua com rodas. Um brinquedo, para ser mais preciso. Sim, um brinquedo. Mas esperem aí, educadores! Vocês não sabem que o aprendizado ocorre mais fácil quando os alunos se divertem e brincam, ajudando seus colegas a superar seus limites? Saltar, correr, pular, mudar de direção, cair e levantar são palavras chaves para ampliar o vocabulário motor dos alunos. Não é preciso pesquisar para saber que andando de skate os alunos conseguem desenvolver tais habilidades. Mas nem mesmo um argumento como esse pode mudar a visão de educadores que não acreditam nele! Cabe a nós - que andamos e ensinamos skate - ter coragem, humildade, fé e muita paciência para não desistir nunca, pois temos a oportunidade que pouquíssimos skatistas têm, passar adiante tudo aquilo que aprendemos em cima do carrinho.” MARCELO MUG

O

lá amigos leitores da nossa Tribo Skate! Como a maior parte de vocês já deve saber, a coluna “Manobra do Bem” é um espaço reservado há alguns anos pela revista para a divulgação de ações sociais envolvendo o skate. Sempre que recebemos notícias de promoção da inclusão social através do nosso carrinho, publicamos aqui com muito orgulho e satisfação. E sempre que posso, também divulgo as ações que desenvolvo para que sirvam de inspiração a todos em nosso grande Brasil. E assim tem sido, ano após ano! Já publicamos aqui ações que duraram pouco tempo e outras que continuam até hoje. Ao longo do tempo, vimos que uma das maiores dificuldades de nossos soldados do bem está em conseguir apoio público ou privado para custear as “manobras” espalhadas por aí, tendo em vista que o custo dessas ações pode ser considerado de médio para alto. Em se tratando de apoio através do poder público, existe uma série de exigências que nossos guerreiros do skate estão tentando se adequar cada vez mais, tais como formar uma entidade legalizada do tipo Ong, Oscip ou Associação com CNPJ, etc. Vou usar como exemplo o caso do skatista Anderson de Jesus, conhecido como Anderson Geleia, hoje professor formado em educação física, além de locutor de eventos de skate com curso pela CBSK (Confederação Brasileira de Skate). Já tem algum tempo, noticiei por aqui que o jovem Anderson de Jesus demonstrava vontade de promover em seu município – Atibaia, no interior de São Paulo - a inclusão através do skate. Para tanto, nosso guerreiro superou as dificuldades e cumpriu todas as condições para desenvolver seu sonho e seu trabalho: concluiu a faculdade de educação física e até fez o curso de locutor de skate, que já mencionei aqui. Seguiu também nossos passos e chegou a levar atividades de skate para a unidade da fundação CASA de Atibaia, coisa que eu fiz durante 11 anos em SP. Porém, recentemente recebi um email do Anderson lamentando a falta de compreensão de alguns setores do município em relação ao seu trabalho, me confessando até mesmo a vontade de desistir de todo nosso ideal: quanto o skate pode ser positivo na vida de nossas crianças. Segue abaixo o “desabafo” do Anderson. E já adianto aqui que espero, através dessa matéria em nossa coluna, que ele possa mostrar para todos em seu município que se a revista com mais tempo de publicação na história do Brasil reconhece o trabalho dele como sendo essencial para a formação dos jovens de Atibaia, os órgãos responsáveis devem sim incentivar tais ações. Boa Sorte Anderson de Jesus e conte com a Tribo Skate sempre que precisar. E isso vale para todos em todo o Brasil. Grato sempre, Sandro Skate Social “Faço pelo skate! No Brasil o skate cresce e se expande a cada dia, mas ele também passa por mudanças que aparecem juntamente com as oportunidades, o que para alguns skatistas pode ser montar marca ou loja, ter uma video part, viajar, conseguir um patrô ou andar e ensinar skate, como no nosso caso. A partir daí, passamos a lidar com vários outros desafios! Isso é comum na vida dos skatistas, mas às vezes, as dificuldades aparecem e persistem em atormentar nossos dias. Acordamos e saímos de nossas casas para fazer, quase que espontaneamente, crianças se divertirem ao máximo andando e aprendendo skate. Na nossa época difícil era ter um

* Sandro Soares “Testinha”, agora com 34 anos de idade e 20 junto do skate.

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Quem está iniciando o aprendizado se espelha nos mestres, sejam eles skatistas ou educadores. Professores de skate devem ser valorizados. O brasileiro Homero Telles e seu aluno em Israel.

APOIO CULTURAL



PETRÔNIO VILELA

skateboarding militant // por guto jimenez*

Eduardo Dias está naquela fase da vida que a superação está também na diversão.

Os limites e você

D

esde a primeira vez que subimos num skate na vida, somos confrontados com limites a serem superados a todo momento. Basta que você se equilibre pela primeira vez numa tábua com dois eixos de metal e quatro rodas de uretano, pronto: sem perceber, você já está ultrapassando uma barreira que existia há poucos minutos em sua vida. Todo o delicioso processo inicial – dar impulso, controlar o skate, pegar velocidade – nos leva a aprender nossas primeiras manobras, seja no terreno que for. A partir daí, começamos a aprender manobras e é nesse momento que nos surpreendemos com nosso próprio desempenho. Aprendemos a posicionar nosso corpo pra realizar movimentos rápidos e precisos, seguindo nesse processo de aprender cada vez mais manobras, até que a ideia de disputar um campeonato pela primeira vez passa pelas nossas cabeças. Todo um futuro aparece à nossa frente, ainda mais aqui no Brasil onde as oportunidades de mercado estão ligadas diretamente à performance em eventos. Nesse momento, costuma-se cometer um erro de avaliação bastante comum entre nós, skatistas: muitos de nós acabamos confundindo o ato de andar de skate com o de superar os limites de performance o tempo todo. Tudo bem, superamos nossos próprios limites a toda hora quando estamos sobre nossos skates, mas essa não é e nem nunca será a essência de andar de carrinho ou carrão. Essas novas manobras que “precisam” ser aprendidas com certeza nos permitirão

ter um desempenho superior ao que se tinha antes, mas não podemos nos iludir e achar que a graça de andar de skate reside apenas nisso. Evoluir andando de skate não é só aprender novas manobras a todo momento, mas sim aprender a ter prazer com o seu rolê, com o passar dos anos. Em um determinado momento de nossas vidas enquanto skatistas, aprender e executar manobras já não é mais a grande curtição. Aprendemos que nosso corpo é quem manda, muito embora a mente ainda nos enxergue como jovens de corpos sarados e que curam rápido de seus machucados... Muitas vezes, fazer uma sessão onde simplesmente se consegue completar as manobras que sempre se soube, ou simplesmente voltar inteiro pra casa, torna-se um desafio bem mais gratificante e compensador do que entrar numa de evoluir a qualquer custo. Todo skatista veterano convive com algum tipo de limitação física, provocada por anos de abuso sobre as articulações e também por alguns inevitáveis acidentes de percurso. Com isso, o próprio jeito de se relacionar com o skate muda, adquirindo um ar bem mais leve do que pirar no conceito de “evolução a qualquer custo”. A graça em andar de skate é a de se divertir em primeiro lugar, pra somente depois pensar na própria performance ou nos limites que ainda podem ser batidos. Portanto, a mensagem que fica é uma só: diversão é também evolução. Depois de aprender a andar e de fazer tantas manobras quanto for possível, o momento de voltar a se divertir sobre o skate compensa qualquer coisa. E, como dizia aquela antiga propaganda, não tem preço!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

98 | TRIBO SKATE julho/2012




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