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S K AT E
JHONY MELHADO • MANOEL MARTINS • DEB AND THE MENTALS • RATONES • PERFECCT LINE • BRASIL SKATE CAMP
Skatistas que fazem parte de nossa história
LUZ ESPECIAL 26 ANOS
MURILO, NAVA E SÉRGIO ‘pretextos’ pra conhecer Salvador
JOÃO VITOR GALVÃO conheça o raçudo skatista de Juiz de Fora, MG
ARACAJU DAYS Thiago Garcia em dias de turista do skate R$ 12,90
WWW.TRIBOSKATE.ATIVO.COM
EDIÇÃO 255 SETEMBRO E OUTUBRO
TIAGOLEMOS NOLLIE F\S CROOK BLABAC PHOTO
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ÍNDICE
S K AT E ANO 26 • SETEMBRO/OUTUBRO DE 2017 • NÚMERO 255
ESPECIAIS 26. Perfecct Line 32. Salvador 42. Entrevista AM 50. Aracajú 56. Luz 26 Anos SEÇÕES Editorial.................................................................... 10 Zap............................................................................. 14 Casa Nova............................................................. 68 Traços e Rabiscos..............................................70 Hot Stuff..................................................................72 Áudio (Deb and The Mentals)......................74 Coluna Visual.......................................................76 Coluna Saúde.......................................................78 Coluna 2020......................................................... 80 Skateboarding Militant................................... 82
CAPA: Lucas Xaparral tem passagens importantes pelas capas da Tribo Skate e confirma sua boa fase com mais uma pra conta: bs noseblunt em Miami. FOTO: Rodrigo K-b-ça
BIANO BIANCHIN, POR RAFAEL WEBBER
Bs bean plant em um DIY de São Leopoldo, construído por skatistas locais que absorveram e levam adiante o espírito de manobrar em lugares nunca antes explorados.
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EDITOR IAL
BOB BURNQUIST PRESIDENTE
N
em sempre é fácil agradar a gregos e troianos,
essência, mas este é apenas o primeiro capítulo de um novo livro
mas o nome do Bob Burnquist para presidente da
que será escrito daqui para a frente. Antes mesmo que Marcelo dos
Confederação Brasileira de Skate é o fato novo que
Santos e Ed Scander divulgassem suas renúncias da presidência e
mexeu com o segmento na virada de agosto para
vice-presidência da CBSk, algumas lideranças do mercado se reuni-
setembro de 2017. Ele é um dos heróis nacionais,
ram para discutir o futuro da nossa cultura e valorizar os pilares que
como retratamos em capa e entrevista de 23 páginas em nossa
construíram a reputação do skate brasileiro no mundo, ou seja, uma
edição de número 91, de maio de 2003. Suas conquistas esporti-
indústria vigorosa e uma organização esportiva que ajudaram a
vas já eram superlativas, até então. Mas, depois disso, nos 14 anos
formar um cenário forte e estrelas que brilham no mundo todo. Está
seguintes, ele acumulou muito mais estandartes em sua carreira
sendo criado um grande volume de negócios sobre os interesses
profissional internacional, transcendendo o mundo particular do
das grandes redes de comunicação e dessa nova organização
skate para o universo do esporte em geral. Primeiro representante
esportiva no mundo que visa as Olimpíadas, mas o skate do dia a
brasileiro das modalidades radicais a ser condecorado com o título
dia continuará sendo regado, mantido e cuidado pelas autênticas
Laureaus Sports Awards, recebeu a condecoração das mãos do
marcas de skate nacionais e as internacionais que investem no país.
jogador-mito do basquete, Michael Jordan. Maior medalhista dos
É hora de reforçar os valores e os profissionais que fizeram o skate
XGames, personagem de video game, estrela de quadros e progra-
crescer a ponto de impactar a vida de tantas pessoas, mas para
mas em TVs por assinatura e figura constante na TV aberta, Robert
isso é necessário que haja um equilíbrio entre o “skate espetáculo”,
Dean Silva Burnquist é um nome pesado para assumir a primeira
que será bancado por grandes corporações e o “skate real”, aquele
real confederação de skateboarding no mundo, neste momento em
que foi construído ao longo de tantos anos por skatistas e marcas
que a modalidade foi incluída nas Olimpíadas do Japão em 2020.
que os patrocinam, bem como as organizações que lidam com suas
Com o recente lançamento na China da World Skate, a entidade
necessidades esportivas e pessoais.
mundial que une FIRS (Fédération Internationale Roller Sports) e ISF (International Skateboarding Federation), é questão de poucos dias para que o COI (Comitê Olímpico Internacional) atribua ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) que reconheça a CBSk como legítima representante do skate no processo olímpico, em detrimento da CBHP (Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação). A entrada do Bob neste jogo reforça a campanha iniciada este ano para que nosso esporte seja representado por quem vive sua 10
CÉSAR GYRÃO
Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991
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AQ U EC IMEN TO
S K AT E ANO 26 • SETEMBRO / OUTUBRO DE 2017 • NÚMERO 255 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER
Felipe Telles
DIRETORA DE CRIAÇÃO
Ana Notte
GERENTE DE CONTEÚDO
Renato Pazikas EDITOR
Junior Lemos SITE
Sidney Arakaki DIRETOR DE ARTE
Huan Gomes
EDITORA DE ARTE
Renata Piai Montanhana EDITOR DE FOTOGRAFIA
Ricardo Soares PRODUTORA
Carol Medeiros CONSELHO EDITORIAL
Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO
triboskate@triboskate.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO
Aguinaldo Melo, Cecília Mãe, Diogo Andrade, Edu Andrade, Eduardo Ribeiro, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Sidney Arakaki e Thiago Pino. FOTO
Adriano Rebelo, Allan Schmidt, Ana Paula Negrão, Cesar Matos, Diogo Andrade, Eduardo Braz, Fernando Gomes, Francisco Chavez, Heverton Ribeiro, Ivan Shupikov, João Eduardo Pat, Manoel Martins, Marcelo Mug, Pablo Vaz, Pedro Alves, Pedro Macedo, Pedro Margherito, Pedro Vieira, Rafael Webber, Rodrigo K-b-ça, Thomas Teixeira e Wanderley Vieira COMERCIAL
Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES
PATRIK MAZZUCHINI, SS BS WALLRIDE É DAQUELAS MANOBRAS QUE O PICO FICA NO QUINTAL DE CASA E A GENTE TRABALHA A IDEIA DE VOLTAR UMA CABREIRA, VAI LÁ E ACERTA.
Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio de Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS
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A revista Tribo Skate é uma publicação bimestral da Norte Marketing Esportivo As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.
FOTO WANDERLEY VIEIRA
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TRIBOSK ATE. ATIVO.CO M
WHAT'S UP
KELVIN, FAKIE FS FEEBLE
O skatista amador Lucas Alves é um dos protagonistas do documentário “Motivation 3” e agora também faz parte do time da Urgh.
A G-Shock ampliou seu time de skatistas no Brasil com mais um cara da hora:
O BRASIL É OURO NOS XGAMES Kelvin Hoefler realizou um grande sonho nesse ano, que foi participar dos X Games. O skatista nunca havia sido convidado e já estreou no evento ganhando a medalha de ouro no street. Leticia Bufoni ficou com o bronze no street feminino. No Big Air, Ítalo Penarrubia não ganhou nenhuma medalha mas bateu o recorde de altura do evento. Ele acertou um backside 540 de 7 metros de altura. A competição nesse ano aconteceu em Mineápolis, EUA, e foi marcada pela despedida surpresa de Bob Burnquist, único participante de todas edições do evento desde 1995 e recordista de medalhas. Bob teve 30 medalhas, sendo 14 de ouro.
A edição 2017 do King of da DC Shoes aconteceu em Campinas. A competição foi vendida pelo cearense Vinicius Costa.
VINICIUS MANCINI
ANA PAULA NEGRÃO
Ítalo Penarrubia.
Fábio Castilho agora veste as roupas da Asphalt Yatch Club. O amador Renan Espinha, da mesma área que Castilho, também assinou para fazer
HOUSE OF VANS BRASIL
MARCELO MUG
A segunda edição HOUSE OF VANS aconteceu dentro do maior festival de hardcore no Brasil, o Oxigênio. Uma minirrampa foi montada para que os skatistas da marca fizessem apresentações durante e entre os shows de bandas como Questions, Garage Fuzz, Dead Fish, Gritando HC, etc.
parte da equipe.
Fabio Pen é o mais novo skatista veterano que ganha um modelo assinado de meias pela Gnarly Foot.
A Tupode agora conta com o potiguar Leo Fagundes no seu time. A marca também promete um vídeo com todos skatistas para 2018.
Yndi Asp, boneless 14
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MADEIRA E CONCRETO,
A s m e ta s da fogueira são oito pistas no acampamento
POR CESAR GYRÃO X FOTOS ARQUIVO
DIVERSÃO,
Uma das grandes preocupações dos pais nas férias do início ou meio do ano é onde estarão seus filhos enquanto têm que trabalhar, quando a programação das partes não bate. Por que não entregar suas crias para uma equipe especializada cuidar delas, com uma experiência que será marcante em suas vidas? Sim, se a família se programar, há boas alternativas para os pequenos e uma delas é o Brasil Skate Camp, criado pelo skatista profissional Cris Fernandes em 2006. Comecei meu texto como se fosse um jornal ou revista de turismo, daqueles que servem 16
visita de equipe, gincanas e interação
para o planejamento familiar, justamente para evidenciar uma situação corriqueira, mas que já faz parte regularmente de nosso universo nestes 11 anos. Cris juntou sua experiência com recreação com o que viu no antigo vídeo-revista americano, o 411 VM, sobre o Woodward Camp, em uma de suas unidades nos Estados Unidos. O desejo de criar o primeiro acampamento especializado em skate no Brasil encontrou apoio
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em alguns empresários de marcas nacionais que resolveram apostar na sua ideia. Com ajuda da esposa Betina, Cris preparou a primeira temporada com alguns obstáculos montados pelo Fabrício, uma minirrampa emprestada e uma programação com diversões, jogos, competições, regras e vivências do sítio onde seria realizado, na região de Sorocaba. Inicialmente foram 38 crianças, o suficiente para que numa daquelas poucas horas de descanso, olhando para a fogueira, Cris vislumbrasse as enormes potencialidades que o Brasil Skate Camp estava começando a criar, percebendo que era este o caminho a seguir. Os anos passaram e o mentor continua tendo boas ideias nos momentos de ócio criativo, além de contar com boas sugestões de sua equipe e das marcas parceiras. Após a temporada de número 23, nas férias deste meio do ano, Cris calcula que cerca de 5.000 crianças, adolescentes e adultos foram atingidos pelo BSC. Ano após ano as atrações são aprimoradas, como os estúdios de música e digital (edição de vídeos e fotografia), as oficinas de graffiti e o tingimento de roupas no estilo “tye dye”, as visitas das equipes de marcas parceiras, as opções de pistas (street coberta, street ao ar livre, minirrampas de dois tamanhos, park, mini mega), oficina de reciclagem de shapes, gincanas. Um dos orgulhos do criador do
Brasil Skate Camp é ver um de seus acampantes tornando-se profissional este ano, o Yuri Facchini. Cris já apostava nisso em 2010, em entrevista para o site Skate Saúde, do atual colunista da revista Tribo Skate, Thiago Pino. É também desde o início que sua preocupação com a mensagem passada para os acampantes é apresentar a cultura do skate como algo muito maior que campeonatos, enfatizando a boa convivência, a aceitação das diferenças e o fortalecimento do mercado brasileiro do segmento. Quem passa uma temporada no sítio acaba entendendo que há toda uma estrutura por trás dos produtos que usam, dos campeonatos que assistem ou participam, como melhor se informar e principalmente saber dividir o espaço. O Brasil Skate Camp se diversificou e conta com sua pista com escolinha e loja em São Paulo e eventualmente com ativações de marcas tanto ali quanto no sítio, com algumas experiências de acampamentos com adultos. Embora esta vigésima-terceira temporada tenha tido apenas 150 inscritos, devido ao momento do país, Cris está otimista com novos projetos que estão surgindo e há uma grande possibilidade de absorver até 600 meninos e meninas por temporada. Se lá no começo, ele enxergou os grandes momentos vividos no decorrer dos anos, essa meta será alcançada daqui pra frente.
MARCELINHO, varial
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DOUBLE TAP POR @MANOELAMNETO
TERRA, ÁGUA, ASFALTO OU GELO. SEJA QUAL FOR O TERRENO, O RESULTADO DOS CLIQUES DESTE FOTÓGRAFO BRASILEIRO RADICADO NA NOVA ZELÂNDIA É SEMPRE MARCANTE. SUAS FOTOS FREQUENTAM AS MAIS NOBRES PUBLICAÇÕES EM REVISTAS E DE MARCAS, MUNDIAIS E NACIONAIS, DE SKATE E DE SNOWBOARD.
1 @ALEXCAROLINO
2 @EVANDROMARTINS
3 @LINDOLFOOLIVEIRA
4 @RAFAELGOMES
5 @SAMCHRIST
6 @WILLIANNUTRIX
PE RFIL
MANOEL MARTINS Desde a infância em sua cidade natal no interior paulista, Manoel Martins já se interessava pela arte e por fotografia, mas a primeira paixão foi a mais intensa no começo já que ele ainda não tinha seu próprio equipamento. E foi seu pouco talento com o skate que o levou a começar na prática da fotografia de skate, quando pegava uma câmera emprestada 18
para registrar as manobras dos amigos. Anos depois, ao cursar a faculdade de Artes Visuais e já com uma câmera própria, as fotos de skate passaram a ficar mais constantes, momento em que se especializou na fotografia de esportes de ação, aplicando diferentes pontos de vista que vieram de práticas fotográficas em assuntos diversos. Para ele “a fotografia é uma extensão da arte, quando utilizo a câmera como um aparato tecnológico para o registro, como se fosse um pincel para uma tela! E a edição da fotografia é o toque final do artista quando ele está finalizando a sua obra”.
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ADIDAS COPA COURT LIMA POR CESAR GYRÃO X FOTOS FRANCISCO CHAVEZ
Nos seus 26 anos de atividades, a Tribo Skate procurou mostrar o skatista brasileiro no mundo e o mundo desta cultura para o skatista brasileiro conhecer. Viagens para a Europa, EUA, Japão e países mais próximos, como Argentina, Chile, Uruguai e o Peru. A primeira reportagem sobre este país foi registrada pelo
ACIMA: O chileno Willy Muñoz, crooked. À direita, limusine da chegada ao evento. Christian Dawson e Dohdoh
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fotógrafo Shin Shikuma, com o título de Kids de Miraflores, na edição 25, de 1997. Quando este material do evento Skate Copa Court chegou a nossas mãos, a lembrança foi inevitável. Desta vez o profissional Marcelo “Dohdoh” Garcia participou com skatistas latinos da adidas Skateboarding em Lima da ação que
LUCIANO "LUCHI" CRISTÓBAL:o argentino explora a pirâmide clássica de Lima
está acontecendo em diversas cidades do mundo e que aporta em São Paulo em setembro. Além dele, o Skate Copa peruano contou com participação dos chilenos Christian Dawson e Willy Muñoz, o argentino Luciano Cristobal e os peruanos Joakin Goto e Anthony Morales. Um evento para o público com obstáculos inspirados
em picos peruanos e cinco dias nas ruas de Lima, incluindo a pirâmide que inspirou o obstáculo principal do Skate Copa Court. A versão de São Paulo será em 16 de setembro com obstáculos desenvolvidos por Rodrigo TX e os skatistas do time global da adidas. Acompanhe no triboskate.ativo.com
AO LADO: O brasileiro Marcelo Garcia, bs noseslide 270 out. Acima o peruano Joakin Goto, fs bluntslide
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LIN H A VE R M ELH A
PIRACICABA TEM CAPÍTULO ESPECIAL NA HISTÓRIA DO SKATE. TALVEZ POR CAUSA DA POPULAR MINIRRAMPA DO PORTO, REDUTO DE MUITOS NA ÉPOCA EM QUE POUCO SE TINHA DE PISTAS PELO PAÍS, OU PELOS SKATISTAS DE LÁ QUE DEIXARAM SEUS NOMES E MANOBRAS CRAVADOS NA MEMÓRIA COLETIVA NACIONAL. JHONY MELHADO ACRESCENTA A TODA ESSA HISTÓRICA INFLUÊNCIA DA CIDADE UM IMPECÁVEL CARTEADO DE MANOBRAS DE BASE TROCA E UMA PERSONALIDADE COM MUITO ESTILO E SEGURANÇA EM CIMA DO SKATE.
JHONY MELHADO FOTO JUNIOR LEMOS
(FERNANDO GOMES) Entre o momento em que você começou a andar e
o que você vive hoje, o que mudou na sua relação com o skate?
Quando conheci o skate, não sabia que iria mudar minha vida e minha forma de pensar, então na verdade as coisas só evoluíram. O amor pelo skate e a vontade de evoluir só foram aumentando. Hoje eu respeito o skate e me sinto bem mais maduro, é claro. 22•TRIBO SKATE
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(JOVANI PROCHNOV) Estamos atravessando um momento econômico
sinistro no país, e isso tem afetado muito as marcas de skate em geral, tanto nacionais quanto internacionais, e consequentemente afetando skatistas e todo o mercado. Isso está interferindo em seus projetos de 2017? Como fazer para dar a volta nisso e seguir adiante para pôr em prática o que planejamos?
Pois é, infelizmente de uns anos pra cá eu percebi que várias marcas fecharam, outras internacionais mal chegaram no Brasil e já sumiram. De longe dá pra ver que as coisas apertaram, porém acredito numa melhora. Eu sigo meu plano porque minha vontade de andar de skate só aumentou! O amor que tenho pelo skate e o suporte que tenho me faz seguir em frente, firme e forte.
(ADRIANO REBELO) Como você encara este momento "olímpico" do skate? Você participaria de uma Olimpíada?
Então, acho que de certa forma é uma conquista pro skate pela visibilidade e tal, mas pra mim, no pessoal, não muda nada porque foge da realidade do skate. O skate não se encaixa nos padrões de uma Olimpíada! Não gostaria de ser um skatista olímpico (risos), mas nada contra quem curte essa idea. Acho que cada um cada um; temos que pensar no que isso vai ser bom pro skate, se vai ser bom ou ruim. Enfim, prefiro o skate de uma forma mais natural, livre na rua.
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JOÃO EDUARDO PAT
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JHONY MELHADO
27 anos, 17 de skate Piracicaba, SP (Blaze Supply e Sobrenome)
“EU ACHO QUE O SEGREDO PARA SE MANTER NO GAME É BUSCAR SEMPRE A EVOLUÇÃO, ANDANDO E INOVANDO NOS PICOS CLÁSSICOS, FILMANDO DIRETO." (THIAGO PINO) Cada vez os skatistas têm se preocupado em preparar o corpo para andar de skate. Treino funcional, pilates, quiropraxia, entre outras técnicas, são alguns exemplos. O que você costuma fazer para estar com a saúde em dia e o skate sempre em baixo dos pés?
Salve Thiago! Então, hoje em dia eu faço meu próprio funcional, em casa. Tenho um elástico e um disco de equilíbrio, para alguns exercícios que aprendi quando cheguei a fazer pilates e funcional com ajuda de um profissional e tals. Além de andar de skate praticamente sete dias por semana, o que mantém o corpo bem no ritmo! Acho que cada dia que passa fica mais importante cuidar do corpo pra poder andar de skate por mais tempo e sem dor, essa é a meta.
(JUNIOR LEMOS) Qual foi a maior trip de skate que você já participou e
por que?
Em 2013 eu fiquei três meses em Los Angeles, foi muito corre e muito aprendizado. Foi minha primeira vez na América. Eu já tinha ido duas vezes para Europa antes mas foi completamente diferente de tudo que já tinha vivenciado. Foram três meses de muito skate. Essa trip foi a maior em todos os sentidos. Valeu Blaze Supply, por ter realizado mais esse sonho. (AGUINALDO MELO) Qual segredo pra se manter no game? Se fosse para
dar uma dica pra molecada que sonha em ser profissional, o que diria?
Eu acho que o segredo para se manter no game é buscar sempre a evolução, andando e inovando nos picos clássicos, filmando direto. Mas acredito que tudo acontece de uma forma natural e pra molecada que pensa em ser profissional um dia, o segredo é andar de skate sem pensar muito nisso. Agora as coisas realmente acontecem se você anda de skate, se dedica e faz com amor. Escutar um pouco as pessoas mais velhas e respeitar sempre os outros também é muito importante. (RODRIGO K-B-ÇA) Você é de uma cidade que, apesar de ser do interior,
sempre foi celeiro de grandes skatistas e muitos profissionais. Skatistas como Danilo Diehl, Cristiano Pira, Stanley Inácio e Rafael Cabral te influenciaram de alguma forma?
Pois é, Pira é foda! Sou fã desses caras. Tem muito a ver com toda minha evolução e minha história com skate! Crescer andando de skate em um lugar onde tem profissionais com uma bagagem enorme de skate foi foda. Os cara sempre me incentivaram e me direcionaram quando eu era mais moleque. Até hoje me inspiro nos caras que fizeram pelo skate em Pira. E tem uma molecada foda chegando; aguardem.
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HISTÓR IA
os 26 an os da Perfecc t L in e BRASIL, 2017. COMO EM TODO BOM INFERNO, O DIABO REINA SOBERANO E TODOS OS SÚDITOS ESTÃO MORRENDO DE MEDO E/ OU ÓDIO. UNS DOS OUTROS, NÃO DO DEMO. O EMPRESARIADO SUFOCA SOB UMA TONELADA DE IMPOSTOS, SOFRE BOICOTE DE LOJISTAS E AINDA QUER APOIAR O SKATISTA. COMO? CONHEÇA A HISTÓRIA DA PERFECCT LINE, MARCA DE SHAPES QUE ESTÁ COMEMORANDO 26 ANOS, CONTADA POR SEU ATUAL FRONTMAN, LUCAS PUPO. POR CECÍLIA MÃE FOTOS: REPRODUÇÃO E LUCAS PUPO Por falar em crise... A Perfecct Line foi criada em 91 por Ricardo Pilekas, skatista que é um gênio da engenharia e do design, que projetou os shapes, as máquinas e a fábrica inteira. Começou na casa da mãe dele e, cinco anos depois, já alugava o galpão do meu pai, onde a marca está até hoje. Mas ela faleceu e o Ricardo se afastou. A partir de 2000, foi tocada com seriedade por Seu Airton, ótimo administrador, que manteve a qualidade, fez comércio honesto. Só que ele tem outros negócios da família, estava sentindo uma canibalização do mercado, cansou de lidar com crítica, com altos e baixos e resolveu fechar, ano passado. Passou um cadeado, pagou 6 meses de aluguel adiantado e ligou pro seu Galeno, meu pai.
Ele nem tentou vender pra alguém do skate?
Estampas de shapes
Seu Airton disse “Não tenho nenhum interesse em vender, apareceram interessados nas máquinas, na marca, nas prensas”... Ele não pensou em dinheiro, manteve o espírito da coisa. Meu pai pensou: “Eu ajudei a montar esse negócio, trouxe o Ricardo pra cá, com as máquinas dentro”. Nos 13 anos do PT os seis galpões estavam alugados e agora, só tinha sobrado o Galpão 4, da Perfecct. Meu pai ficou preocupado, disse que ia fechar. Eu tinha acabado de sofrer um acidente. Tenho três filhos, 41 anos. Foi uma conjunção de fatores. Fizemos uma proposta pro seu Airton e ele topou na hora. Falou: “É óbvio! Tava esperando vocês criarem coragem!”. É uma relação de 15 anos. Foi natural, “toca isso aí”!
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PEDRO VIEIRA
Zikkzira, Galeno e Lucas
OLLIE: Julio Rodrigues "Gotinha"
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HISTÓRIA E como você “toca isso aí”? Meu pai cuida do operacional e do financeiro. Eu passei o último ano pesquisando, na rua, nos distribuidores, conhecendo a história da marca, visitando lojas, indo a eventos, para me localizar. Daí, voltei pra linha de produção, atualizei o processo, fui afinando o equipamento, troquei a resina por uma mais transparente, mais maleável, com qualidades mecânicas, de acabamento e estruturais. Ela penetra mais nos poros da madeira. Eu dou prejuízo: troco as brocas a cada 300 furações e não 3.000 e troco as lixas com mais frequência. Se você tiver uma visão muito comercial, vai prejudicar o produto, barateando, economizando. Todo mundo fala que os shapes eram foda, então tenho que manter a qualidade. Por exemplo, o tingimento envolve álcool. Se for equivocado, pode estragar as fibras e transformar madeira nobre em vagabunda. Não pode ter pressa.
Bem diferente do esquema gringo.
IVAN SHUPIKOV
O governo aqui não é protecionista, não temos benefícios, nem linha de crédito. É difícil competir com multinacionais. Uma das coisas mais importantes é que a gente é uma fábrica de skate, é um atelier, uma oficina de projeto de skate, de desenvolvimento. Vamos matar pra comprar modelo pronto? Do México, Estados Unidos, China? Vem container cheio e temos que encarar; não vamos fugir. A gente quer vender shape e tem a liberdade de escolher como fazer isto. Que caminho vou escolher pra sobreviver se todo mundo faz desta maneira? Assumi a postura “foda-se o que todo mundo tá fazendo”. Vou fazer do meu jeito.
Aleluia! E do jeito do skatista. Isso é o legal da indústria: você poder fazer o que cada skatista quer. Mais concave, mais curto. Por exemplo, o Zikk quer shape com everslick, vamos fazer já uma linha pra testar. Fizemos 30 shapes com as fotos do Ivan Shupikov para uma exposição. A primeira coisa que fiz, em outubro de 2016, foi lançar uma linha para meninas. Temos a Isabelle Menezes em nosso time e fizemos uma linha de seis shapes para as meninas. Todo mundo pergunta se tem pro model. Nossos modelos são todos profissionais. Em que skateboard a gente acredita?
O que você faz com os shapes rejeitados? Dou pro Alex Lobo Colin, que é ótimo marceneiro e ele faz uma linha de móveis com os shapes, que vai vender pelo site. Tem também o Thiago, de Sumaré, que quebra shapes velhos e faz chaveiros. Chama Reciclados de Skate. Conheci pelo Instagram e já encomendei 100 pra dar de presente.
Você quer agregar as diversas vertentes da Arte. Tem vários projetos, como programa de TV, comprar uma Kombi, viajar, filmar. Vamos fazer!
E o passado com o futuro. DE CIMA PARA BAIXO:Tribo Skate número 21, de 97. Isabelle Menezes. O criador da marcar, Ricardo Pilekas. José Henrique
A Perfecct tem vida própria. Teve uma fase de criação muito forte com o Ricardo, depois seu Airton com uma administração rígida e agora é pós guerra. Minha sina é tentar unificar o caminho em cima da lâmina do samurai. A primeira coisa que eu fiz foi ir atrás da história da marca. Vi que patrocinava grandes skatistas, como Alexandre Tizil, Wagner Profeta e Alexandre Zikkzira e resolvi falar com eles. Acabei chamando o Zikk pra trabalhar comigo. Me identifiquei com ele, porque não é nada comercial, quer fazer pelo skate e pelos skatistas. Uma preocupação muito honesta com o skate. O Pilekas é embaixador da Perfecct e sempre vai
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ALLAN SCHMIDT
FS TUCKNEE: Rafael Penna
ser. Já o Gotinha, de Salto, anda há um tempão, tem 28 anos, é super gentil, tem postura, anda super bem, com uma vibe de determinação. Tem uma dupla que chama “Skate Podre”, o Vitor e o Jefferson, do Guarujá. O Vitor construiu a casa com as próprias mãos, trabalha de segurança à noite, rala pra cacete, anda muito bem, adora fotografia e faz um canal de vídeo. Estou apoiando a dupla. A pessoa pode andar de fim de semana, ser videomaker, artista gráfico... O Rafael Pena de Ilhabela que é do vert, gosta de bowl. O Gabriel Cruz, 12, do Guarujá, anda muito. Edir, o pai dele, estava atrás de um apoio que não fosse comercial. O moleque ganhou um shape nosso num campeonato, gostou e pronto. É isso que eu quero, cultivar a vibe.
Afinal, quando você conheceu skate? Comecei a andar de skate com 8 anos, em 1984. Na frente da minha casa tinha uma praça. A gente abria a garagem, jogava as ferramentas na rua, puxava extensões e construía rampas com meia dúzia de madeirites.
Depois de descansar, os decks estão prontos para seguir para as lojas
Roubados... Claro! “Mas na juventude a fotografia me seduziu e então saí de cima da tábua. Estou muito feliz do skate ter voltado a minha vida, e com uma missão tão importante pro skate nacional”. TRIBO SKATE•29
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V IA GE M
SERGIO SANTORO, feeble tailgrab
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M N S E
U R IL O, AVA E ÉRGIO M
SSA
ALÉM DO ABSURDO DOMÍNIO DA ARTE DO MANUAL E DOS COMBOS,
OS SKATISTAS MURILO ROMÃO, MAURÍCIO NAVA E SÉRGIO SANTORO
TAMBÉM TÊM EM COMUM O FATO DE, RECENTEMENTE, TEREM VISITADO A CAPITAL BAIANA PARA DESBRAVAR SEUS PICOS, BELEZAS NATURAIS E COMPARTILHAR A ENERGIA DO SKATE LOCAL. RIQUEZAS QUE, COMO ELES BEM SABEM, SÃO CONQUISTADAS DA MELHOR FORMA QUANDO VIAJAMOS E SAÍMOS DE NOSSA ZONA DE CONFORTO. TRÊS SKATISTAS QUE JÁ MANOBRARAM JUNTOS EM DIVERSOS OUTROS MOMENTOS E VIAGENS E QUE, EM PERÍODOS DIFERENTES E COM PRETEXTOS DIFERENTES, GASTARAM SEUS TRUCKS NOS MÁRMORES SOTEROPOLITANOS E ADICIONARAM NOVAS MANOBRAS À LISTA DE "JÁ DERAM ESSA” NOS SPOTS DA CIDADE. “PRETEXTOS” PORQUE A REAL MOTIVAÇÃO DOS TRÊS PARA A TRIP FOI E SERÁ SEMPRE A MESMA: ANDAR DE SKATE E FAZER NOVOS AMIGOS NAS SESSÕES. TEXTO E FOTOS FERNANDO GOMES
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E
Em que lugar do mundo você está nesse momento? MURILO: Terra da garoa, na garoa infinita. NAVA: Estados Unidos, próximo de San Francisco, Califórnia. SÉRGIO: Rio de Janeiro, recém-chegado de Aracaju.
Qual foi o motivo da sua viagem a Salvador?
M: Queria conhecer o Pelourinho e tudo mais. N: Andar de skate ao máximo, conhecer a galera local, filmar um vídeo pra minha série Roots Trip e rever amigos. S: Andar e gravar com a galera de Salvador para o próximo episódio do meu programa "Nicest Life", veiculado pelo Ride Channel.
Passou por alguma bad durante a trip? M: Talvez a sensação de sol do meio dia já às 7 da manhã, mas longe disso ser uma bad (bad seria se rolasse chuva a semana inteira). N: Passei sim. Roubaram meu equipamento de filmagem no buzão. Eu nunca tinha sido assaltado, não sabia qual seria minha reação mas fiquei tranquilo e consegui salvar o celular e o cartão de memória da câmera. S: Não, graças a Deus ocorreu tudo bem.
Qual pico que você mais curtiu andar? M: Gostei do Campo Grande. Voltei a Salvador em outra ocasião e deu pra dar um rolê no resto da praça, bem style. N: Os famosos wallrides da praça da Luz, na Pituba, é bem desafiador andar ali. O Rio Vermelho também tá massa pra andar. S: As ramponas e wallrides na praça da Luz. Pico muito divertido!
O que você está produzindo atualmente? M: Flanights. N: Vou fazer um vídeo em San Francisco, mantendo a ideia de sempre mostrar mais do que manobras, e talvez saia mais uma video parte até o final do ano. S: No momento eu estou viajando bastante gravando novos episódios do Nicest Life e também finalizando a minha parte para o vídeo novo da Quadra Supply, que vai sair esse ano.
Como você acha que as viagens ajudam no seu crescimento como skatista e pessoa? M: Como pessoa skatista (risos), as viagens ajudam muito, dão aquela motivação na busca do novo, do desconhecido, e isso proporciona alteridades que enriquecem muito nossa bagagem cultural. Inspiração mesmo dos novos ares. N: Eu sou um pouco de cada experiência que eu tenho nas viagens. Sou muito curioso pra saber o que tem nas outras cidades e penso que só terei minha impressão real quando viver algo naquele lugar. Como skatista, meu olho brilha quando chego num lugar e vejo as novas possibilidades, me incentiva a tentar algo novo, e sair da zona de conforto é sempre bom. S: Toda viagem te dá oportunidades de aprender coisas novas para a vida. É incrível poder conhecer diferentes culturas e lugares fazendo muitas amizades em cada lugar que você visita. Eu sinto que meu skate evolui bastante durante as viagens. Sempre procuro aproveitar o máximo possível e isso me dá muita motivação. Para mim não existe nada melhor.
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MURILO ROMÃO, nose manual TRIBO SKATE•35
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PRAÇA DA LUZ As rampas e wallrides da Praça da Luz, no bairro da Pituba, foram manobradas pelos três skatistas e já fizeram desse um pico clássico do Brasil, com aparição em diversos vídeos e fotos. À esquerda, Nava veio de ollie blindside de uma rampa passando o gap e encaixou esse disaster na outra. Já Serginho, deixou registrado esse flip wallride em poucas tentativas.
Além dos picos, o que mais te marcou na trip em Salvador? M: O aspecto histórico e cultural dos lugares. Deu pra sentir que aqueles lugares por onde passamos são muito antigos. Eu acho que devemos respeitar e sempre relembrar essas histórias que foram marcadas por muito sofrimento, mas o que marca também é o tratamento do pessoal local, muito hospitaleiro e com uns rangos muitos bons, quentes que só. N: A galera sempre receptiva e ver a cena local crescendo junto com os novos picos que estão brotando. É uma energia única. Nordeste é sempre irado. S: Em Salvador, todos que conheci foram muito receptivos e amigáveis. Posso afirmar que a vibe por lá é muito boa e isso com certeza vai me deixar boas recordações. TRIBO SKATE•37
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MURILO ROMÃO, hurricane TRIBO SKATE•39
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É O JOÃO VITOR GALVÃO, MANÉ! TEXTO E FOTOS DIOGO ANDRADE
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Bs overcrooked
DOS GAPS MAIS SINISTROS AOS CORRIMÃOS MAIS CABREIROS, JOÃO VITOR É UM SKATISTA RAÇUDO QUE NÃO ARREGA PRA OBSTÁCULOS, SEJA DA VIDA OU DO SKATE. CONHEÇA UM DOS AMADORES DE MINAS GERAIS MAIS EXPRESSIVOS NA ATUALIDADE.
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Tsunami ou João Mané? Explica essa bagunça pra gente aí. Então, o Tsunami é culpa sua, presidente, né? (obs: um dos meus apelidos é presidente porque presidi a Associação Juizforana de Skate). Quando eu era menor, num campeonato na Marechal, tinha o cabelo comprido e estava todo bagunçado, suado, andando de skate igual um doido; aí você falou que eu estava igual um sobrevivente da Tsunami (tinha rolado na Indonésia naquele ano). Agora o João Mané surgiu porque toda vez que eu ia na casa do Xim, o André Viana, eu tocava o interfone e quando perguntavam quem era eu falava: “é o João Mané”. Aí depois eu fui criar um e-mail coloquei eojaomane e aí todo mundo achou massa. Acabei lançando no meu insta também mas não é apelido não, é só uma zoeira mesmo. (risos)
Fs crooked
Conta um pouco sobre seu início no skate, sobre sua proximidade com o Vitu e o que isto te influenciou No começo, o skate para mim era tipo jogar futebol, pique esconde, soltar pipa; era uma brincadeira, até porque eu nem morava aqui, eu morava em Volta Redonda. Quando mudei pra Juiz de Fora, comecei a andar de skate com mais frequência e, também, por morar do lado da pista do Vitu. Mas quando eu tinha uns 11 anos, já tinha decidido que eu queria usar as roupas que os skatistas usam, ver vídeo de skate, viajar com meus amigos, filmar, tirar foto e essa virou minha brincadeira de verdade. E esse processo todo aconteceu no Vitorino, que é a pista que é do lado da minha casa. Foi onde peguei a base das manobras, corria campeonatos, comecei a viajar, conhecer outros lugares e pessoas. Mas o skate te dá essa chave para você se libertar desse lance de que o skate está dentro de um lugar, aquele lance bem quadradão que a gente está imposto. Dentro mesmo da minha cidade me descobri muito mais na rua; achei o movimento da rua bem mais intenso do que aquele que fica dentro de um quadrado.
Fs bluntslide
Ollie one foot
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O que te motiva a andar de skate? Muita coisa me motiva a andar de skate, principalmente minha família e meus amigos. Sempre vai existir um mercado que faz o skate sobreviver e também sempre vai existir esse lado underground de uma galera que vai filmar pela rua independente de ter peça, de ter pico ou não; sempre vai ter a galera que vai produzir. Isso que é o maneiro de ver no skate: a coletividade da galera, sempre uma pessoa tentando fortalecer a outra. Claro também que a evolução pessoal é muito motivadora, né? Mas muito mais do que isso, é importante ver a evolução que o skate causa nas pessoas. Quando o skate entra na vida de alguém, ele transforma a vida da pessoa, ela deixa de ser alguém comum e passar a ser um skatista com um pensamento autêntico e muitas vezes não conformado com o que acontece. O skate te tira dessa zona de conforto, e isso me motiva a andar mais.
O que mudou na sua vida depois de ter participado do Make It Count? Mudou que eu ganhei um pé que está torcido, que está difícil de sarar e estou andando por cima dessa dor; além de um cotovelo inchado. (risos) Tô zoando! Mudou que eu conheci um montão de neguinho em São Paulo, que vai me abrir vários caminhos. Não na minha vida no skate, mas na minha vida em conhecimento, em maturidade; é isso que eu ganhei mano.
Além de andar de skate o que você faz? Eu terminei o ensino médio e acabou que não passei em nenhuma faculdade, porque não me dediquei mesmo. Mas pretendo sim fazer alguma faculdade na área de artes visuais ou design, alguma coisa que vá agregar ao skate. Não estou estudando tanto, pois estou no meu momento do skate. Atualmente ajudo meu avô lá em casa; ele tem uma estamparia, então eu fico de frente com ele lá. Eu gosto também de desenhar umas tipografias, tenho até estudado isso, não tanto quanto eu gostaria, mas tenho estudado. Eu sempre vou pro
21 anos, 12 de skate De Juiz de Fora, MG (So High e Hazehomies)
Hardflip
mato também, gosto de acampar, cachoeira e também de ver uns filmes, fazer umas críticas lá no Netflix.
Você se prepara para ter alguma experiência fora do país? Eu deixo acontecer, tá ligado? Creio que vai ter a melhor hora para chegar e fazer uma coisa realmente articulada. Poder ir para tal lugar e chegar lá e ter um videomaker que a gente já tenha algum projeto junto, algum fotógrafo que já seja meu conhecido. Tento agrupar tudo na minha vida junto com as pessoas que eu convivo, as pessoas que eu acredito. Eu quero ir para fora do país, mas eu quero ir pronto.
Comente sobre a produção de vídeos de skate em Juiz de Fora. Eu gosto muito do jeito que caminha esse movimento undergroundezera de Jufas, é o que deixa o skate mais vivo na cidade para mim. Não dizendo que outras formas que as pessoas fazem acontecer não sejam reais para mim, é tudo verdadeiro. Mas esse lance da produção independente de Juiz de Fora tomou um caminho dinâmico, as
pessoas sempre estão querendo produzir uma parada, sempre tendo ideias e não fixadas só em skate, skate e skate; o pessoal é envolvidão com arte. Não me recordo de cabeça, mas se for pegar todos os vídeos da rapaziada em um ano e meio, dois anos, a galera produziu uns cinco full videos. Tem que ser um movimento muito itinerante para isso acontecer porque é um movimento independente, todos tiram os custos do bolso para a parada acontecer, muito maneiro, muito legal viver essa história que está sendo escrita. E o maneiro também que é uma geração que está influenciando a outra muito rápido! Ao mesmo tempo em que tem o Xim, que tem 27 anos, produzindo um vídeo, tem também o João Vitor Fourax que fez um vídeo com 15 anos; o vídeo Momentos. Vamos dizer que ele entrou no movimento vendo tudo aquilo acontecer e já produziu um vídeo em seguida, é muito rico isto.
Cite alguns para galera poder procurar e conhecer. Casual, Vernissage, Exaustos, Momentos.
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Fs crooked arrancando
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Aracaju Days ARACAJU PODE SER PARA TURISTAS COMUNS SINÔNIMO DE PRAIA, MAR, SOL E CALOR. MAS O PROFISSIONAL THIAGO GARCIA E O FOTÓGRAFO THOMAS TEIXEIRA DESPENCARAM DE SÃO PAULO ATÉ LÁ PARA CONFERIR DE PERTO UMAS PARADAS QUE SÓ QUEM ANDA DE SKATE VAI ENTENDER. VIAGEM DE SKATISTA É ASSIM MESMO!
TEXTO JUNIOR LEMOS FOTOS THOMAS TEIXEIRA
THIAGO, fs noseslide 50 • TRIBO SKATE
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ADELMO JR., wallride to pivot
MAIS NATURE Z A , MENOS SELVA DE PEDRA . Talvez esta pode ser a motivação de muitos que moram na cidade grande e seguem pra passar um tempinho no paradisíaco Nordeste brasileiro. Mas a regra sempre tem exceção, ainda mais quando o ‘turista’ em questão é um skatista profissional e com o foco justamente ao contrário: mais concreto e asfalto, por favor! Paulistano da zona sul, Thiago sempre tentou encontrar uma brecha no corre do dia a dia frenético na capital paulista para conhecer e andar de skate na pacata Aracaju, terra natal de grandes nomes do skate brasileiro como Adelmo Jr., Fabrizio Santos, Lucio Mosquito e de seu chegado e parceiro de equipe na Future, o JN Charles. “Há algum tempo já conversava com o JN sobre ir pra Aracaju. Ele sempre falou que tem vários picos por lá e tal, mas nunca tinha coincidido datas de uma época em que ele estaria com tempo de fazer a trip e ainda casada com uma ação da Tesla, um dos meus patrocinadores”, adianta Thiago. A ideia estava fechada mas ainda faltava um elemento importante para que fosse completa: o fotógrafo pra registrar tudo isso. Eis que uma conversa com o Thomas Teixeira sobre a viagem fez acender o flash em sua imaginação e despertou nele a vontade de também poder conhecer o solo do qual vieram lendas do skate nacional e, acima de tudo, poder fotografá-los. “Eu e o TG ficamos um tempo produzindo material para lançar seu pro model de tênis, aí acabamos com uma sintonia boa nas sessões. Um dia, trocando ideia no Bar do Pat, ele comentou que estava com viagem marcada pra Aracaju. Na mesma hora perguntei se não rolava de colar
MAIS CONCRETO E ASFALTO, POR FAVOR! 52•TRIBO SKATE
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CHARLINHO STARRETT, fs rockslide
ALISON ROSENDO, rockão cravado
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THIAGO GARCIA, fs grind 54•TRIBO SKATE
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nesse trip e, depois de dois dia, achei uma passagem barata e comprei. Era o mesmo voo que o dele!” explica Thomas. “Foi a tal da coincidência que eu tanto queria que acontecesse pra aproveitar a trip ao máximo” acrescenta TG. Orla de Atalaia e Cara de Sapo Skatepark são alguns dos picos de skate em Aracaju mais conhecidos pelos skatistas do mundo todo, por
"ARACAJU JÁ É UMA CENA BEM FORTE DE SKATE"
acompanharem nos antigos vídeos de
pessoas pode até soar estranho, mas só quem vive o skateboard vai entender o que estou falando.” explica Thiago. “E o mais engraçado é quando você volta de viagem, seus amigos e os parentes que não vivem o skate life perguntam: ‘Você foi à praia todo dia, né?’ Aí você responde: ‘não’. (risos)” comenta Toddy. Mas se não voltaram pra casa com aquelas fotos de turistas pra postar no Insta, os cartões de memória vieram
skate e atualmente nas mídias sociais
carregados de muitas imagens que
dos skatistas de lá. Mas a lista de lugares
espremido, um rolê turístico pra conhecer
mostram como é o skate local. Skatistas,
skatáveis na capital do estado de Sergipe
praias, a Catedral Metropolitana, os
lugares e situações que só uma trip
é gigantesca e foi justamente este o foco
palácios, quartéis e monumentos
de skate vai te levar a conhecer. “Pude
da viagem de TG e Thomas. A questão
históricos não estava nos planos. A não
perceber que a cena lá é muito forte e
seria conhecer o máximo deles em
ser que em algum deles tivesse um pico
tem um legado já deixado por outras
apenas cinco dias. “Foi aquela correria
style pra se andar de skate, o que não
gerações que fizeram e fazem até hoje
típica de qualquer trip de skate: 24 por 48
acontece nestes casos. “Era sempre
acontecer. Hoje em dia tem o JN Charles
só pensado em skate, pra aproveitar ao
missão de acordar cedo e ir praquele
e o Charlinho, que mantém essa essência
máximo os cinco dias que a gente tinha
lugar e tal. Confesso que como skater
de pé. E, apesar de ser uma cena afastada
na cidade. E mesmo assim conseguimos
em uma trip não me incomodo nenhum
dos polos de skate que já tradicionalmente
render fotos de todos” adianta o fotógrafo
pouco de ir pra conhecer uma cidade e
conhecemos, Aracaju já é uma cena
paulistano da zona leste.
não fazer turismo. Trip de skate é conhecer
bem forte de skate e um grande polo no
os picos de skate e não a praia. Pra muitas
Nordeste” finaliza Thiago.
Com o foco definido e o cronograma
JN CHARLES, bs 180 fakie nosegrind TRIBO SKATE•55
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PEDRO MACEDO
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LEONARDO SPANGHERO, NOLLIE FLIP TRIBO SKATE • 57
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RODRIGO K-B-ÇA
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ZEZINHO MARTINS, SWITCH FLIP 58 • TRIBO SKATE
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JUNIOR LEMOS MANOEL MARTINS
VINICIUS COSTA, BS GRIND
WILLIAN NUTRIX, NOLLIE HEEL TRIBO SKATE • 59
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PABLO VAZ
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GUILHERME TRAKINAS, OLLIE INTO BANK 60 • TRIBO SKATE
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RODRIGO K-B-ÇA
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PEDRO BARROS, FS OLLIE 360 62 • TRIBO SKATE
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JUNIOR LEMOS PEDRO ALVES
GIAN NACCARATO, FS PIVOT
RAPHAEL ÍNDIO, BS TAIL TRIBO SKATE • 63
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HEVERTON RIBEIRO
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FABIO CASTILHO, BS OLLIE FAKIE NOSEGRIND 64 • TRIBO SKATE
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C A SA NOVA FS CRAIL AIR
ANTONIO GABRIEL SILVA VIEIRA ‘TONHO’
17 ANOS, 5 DE SKATE DE FLORIANÓPOLIS, SC FOTOS ADRIANO REBELO
Skate e roupas atuais: Shape 4ever, rodas Charger, rolamentos Bronson, eixos Crail, boné Globe, camiseta Onze e tênis Qix. O que não suporta mais ver no skate: Pessoas querendo imitar os outros. Manobra que ainda pretende acertar: 540. Principal rede social que usa: Insta (@antonhoskt) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Transporte caro e falta de pico coberto. Skatista profissional em quem se espelha: Milton Martinez. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Atual melhor equipe de skate brasileira: Vans. Amador que gostaria de ver pro: João Vitor (Bito). (Patrocínio: Onze Skate Shop)
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THÍBOR CALDAS 24 ANOS, 5 DE SKATE DE NATAL, RN FOTOS CESAR MATOS
Skate e roupas atuais: Shape Foundation, rodas Type-S, rolamentos Everlong, eixos Bullet, touca Bro Style, camiseta Lee Boards e tênis Öus. O que não suporta mais ver no skate: O modismo que está se tornando para alguns. Manobra que ainda pretende acertar: Impossible tail grab. Principal rede social que usa: Insta (@thiborcaldas) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Uma cena fraca por não ter bons lugares pra se andar. Skatista profissional em quem se espelha: Dylan Rieder. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Banco do Brasil. Atual melhor equipe de skate brasileira: Nike SB. Amador que gostaria de ver pro: Gabriel Carlos. (Apoio: Lee Boards)
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PER F IL D O A RTISTA
R ATO N E S COM O SEU ESTILO ÚNICO E DE MUITA PROPRIEDADE, EVERALDO MARQUES AKA RATONES É UM DOS PRINCIPAIS ILUSTRADORES DO MERCADO BRASILEIRO DE SKATE. ELE ANDA DE SKATE DESDE 1985, É FUNDADOR DO GRUPO SKATE DAS ANTIGAS, PAI DE FAMÍLIA. CONFIRA LOGO ABAIXO UM POUCO MAIS DESTA GRANDE PESSOA.
RATONES realiza oficinas de customização de shapes em eventos de skate e em unidades do SESC
FOTOS EDUARDO BRAZ
Como você entrou no mundo da arte/skate? Foi como toda criança que gosta de desenhar desde pequeno. Gostava de ver o mestre Daniel Azulay desenhando em seu programa, tive um grande influenciador que foi um tio meu, que pintava. Já o skate eu conheci em 1979, me lembro de uns caras da minha rua descendo de skate, achava demais, mas só comecei a andar mesmo em 1985. Fiz minhas primeiras pinturas na rua mais ou menos em 84, ainda no "fim" da ditadura, era a maior treta. Mas antes de começar a andar eu era meio radicalzão e achava que skate "era coisa de boy", mas quando conheci Grinders, Dead Kennedys, JFA, eu vi que o skate era bacana e também tinha um lado de protesto e se posicionar na sociedade.
Pra quais marcas de skate já trabalhou? Para uma boa parte das marcas, entre elas: Lifestyle, Narina, Diet, Sick Mind, Skate até Morrer, Freedom Fog, Juice, Sims, Yourface, 1968, Adio, Fallen, Zero, Vertical, Flying, Perfect Line, Superior Skateboards (USA), entre outras. 70
Você é o fundador da página Skate das antigas, qual é a finalidade? Criei há um pouco mais de três anos. Até mais ou menos o fim dos anos 90 ainda andava forte, pensando em filmar e tal, mas de 2000 pra cá só for fun mesmo. Agora, mais velho, a gente percebe que o skate mudou e uma coisa que sempre senti falta era ver a valorização do skate nacional. Tive ideia de fazer um grupo juntando a galera que andou de skate nos anos 70, 80. Aí começou a entrar gente todo dia e os amigos voltaram a se reencontrar, andar de skate, falar sobre nossa história e não parou mais. Já fizemos dois Encontros e estão me pedindo o terceiro. Hoje, com mais de 10 mil membros, é gratificante demais fazer esse trabalho, ainda mais ouvir direto que membros voltaram a andar de skate depois que conheceram o grupo.
fluencia muito, as pessoas, o dia a dia, eterna observação de tudo que está à volta. Na arte, Daniel Azulay na forma de desenhar, Maurício de Souza, Walt Disney, nossas influências de época. Já na adolescência, muita coisa, mas o mais marcante pra mim acho que foi Keith Haring, a capa do disco do Malcolm Mclaren foi algo expressivo na formação artística, cultura de rua e suas influências.
Viver de arte no Brasil é pra poucos, pra quem está começando o que você aconselha?
Quais são as suas maiores influências tanto no skate quanto na arte?
Arte é observação. Observe tudo a sua volta, estude, pratique, desenvolva seu próprio estilo, não copie nada, não é legal. Desenvolver uma identidade do seu trabalho, dá trabalho (risos). Autenticidade é tudo. Pode ser influenciado por algum artista, ok, todos somos. Mas crie a sua arte, procure conhecer outros artistas, como trabalham, e faça tudo diferente. Trabalhe honestamente, seja correto, profis-
Influência é algo muito legal, porque às vezes uma coisa nada a ver te influencia. Tanto pelo lado artístico quanto pelo lado de skatista, a rua in-
→ VISITE: RATONESART.COM
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ALGUNS de seus trabalhos estampam shapes das principais marcas nacionais, com alguns desenhos indo parar em marcas gringas também A IDEIA dos desenhos surge no papel e só depois eles ganham vida e cores com a aplicação do trabalho nas madeiras ou no material que servirá de suporte para a arte
sional, valorize a profissão, e tudo dará certo. Reconhecimento vem de bons trabalhos, postura como artista e como pessoa. E de muito empenho. Desenhe ou pinte todo dia.
Qual o maior skatista de todos os tempos e por que? Rodney Mullen para mim é o maior de todos os tempos. Tantos outros, brasileiros e de fora, são ótimos também, mas RM transformou o skate em arte, inovou demais, mudou a forma de andar em todas as modalidades, sem palavras.
Projetos futuros? São muitos. Alguns em processo e outros em andamento. No momento faço um projeto muito legal de oficinas de customização de shapes e algumas unidades do Sesc já me convidaram a desenvolver este trabalho. Tive a honra de ser convidado pelo Gyrão para fazer a arte do shape comemora-
tivo de 26 anos da Tribo Skate, estou trabalhando nisso e em mais um monte de coisa (risos). Apesar do tempo apertado, continuo com o projeto Skate das Antigas, que é muito legal. Estou sempre pintando, andando de skate e cuidando da minha família. É isso aí, obrigado Tribo Skate, grande abraço a todos!
EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK
Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE• 71
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CAMISETA BLUNT / R$ 100 TRIBO SKATE•73
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Á UDIO
E NTR EVISTA
DEB AND THE MENTALS
GARAGEIRA NOVENTISTA TEXTO EDUARDO RIBEIRO
// FOTO PEDRO MARGHERITO
DEB AND THE MENTALS É UM GRUPO DE ROCK ALTERNATIVO QUE FAZ UM SOM AO MESMO TEMPO POTENTE E REPLETO DE MELODIA. DEBORAH BABILÔNIA (VOZ), GIULIANO DI MARTINO (BATERIA), GUILHERME HYPOLITHO E STANISLAW TCHAICK (BAIXO) RETOMAM AQUELE ESPÍRITO DEBOCHADO QUE MARCOU O GRUNGE E A SECOND WAVE DO PUNK AMERICANO. A TRIBO SKATE CONVERSOU COM O SIMPÁTICO BATERISTA GIULIANO.
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O que os motivou a montar a banda? DEB AND THE MENTALS: Giuliano Di Martino: O Deb and The Mentals surgiu meio que do nada. Já nos conhecíamos fazia algum tempo. Gravamos um EP (Feel The Mantra, 2015) de quatro músicas, produzido pelo Capilé, no Costella, e deu uma boa repercussão. Depois de uns tempos a gente tava rodando o Brasil com um único EP. Uma doidera. Ninguém esperava nada disso em tão pouco tempo! Ainda mais fazendo esse tipo de som e em inglês. Aí, depois de um ano começamos a preparar Mess. Sem pressa alguma. Tudo bem relax, pra deixar do jeito que a gente queria. E rolou! Ficamos muito contentes com o resultado. Mozine também, tanto que lançamos pela Läjä Records. A proposta foi sempre a mesma: se divertir.
O nome da banda é um dos mais legais dos últimos tempos. Em que ocasião ele surgiu? DEB AND THE MENTALS: WOW! Que demais saber disso! Foi um nome que saiu de um trocadilho. A gente tem essa mania de ficar fazendo trocadilho com tudo, juntando palavra, falando de trás-pra-frente. Queríamos um nome composto tipo, Iggy and The Stooges, Johnny Thunders and The Heartbreakers. Nessas de ficar falando “Deb and The qualquer-coisa”, o Bi [baixista] soltou Deb and The Mentals. Pronto. Temos um nome. Acho que o jeito como ele surgiu e o próprio trocadilho explicam muito sobre a gente. É o tempo inteiro assim.
Vocês já tocaram em outras bandas juntos antes do Deb and The Mentals? DEB AND THE MENTALS: Conheço a Deborah de quando ela tocava no Rocketeers, há uns cinco anos. Na época eu tocava no Veronica Kills e conheci o Guilherme nessa época, por causa do irmão dele, o Chuck Hipolitho. Deborah tocou em outras bandas antes disso (End Hits, PUS). O Bi toca no Water Rats e tocava no Swallow the Waffle também.
Qual foi o rolê mais engraçado em que já tocaram? DEB AND THE MENTALS: Uma história doida foi o que rolou em Pouso Alegre, MG. Quando chegamos lá, era uma casa de bairro, dessas com portão e garagem, família da galera, oito cachorros... O show era numa garagem dentro da casa. Com vista pra um quarto! Na hora do show, olhei pra trás e tinha uma janela de um quarto, atrás da bateria, com uma galera assistindo ao show, em cima de uma cama! Tipo camarote. No final, foi um dos shows mais legais que toquei. O som era o mais simples possível. Não tinha retorno nem nada. Tinha tudo pra ser uma merda, mas foi maravilhoso. Galera incrível. Muito amor envolvido. A galera de Pouso Alegre é realmente crust-punk.
Como pintou a ideia de fazer aquele clipe de “Bleeding” mandando um style fingerboard? DEB AND THE MENTALS: “Bleeding” veio da minha pira estética com skate old school. Ainda dou um rolê, mas sempre fui muito prego. Mas minha pegada é essa estética do skate 80’s. Sempre comprei revista de skate (tenho uma pilha de Tribo Skate aqui em casa. [risos]), isso me influenciou muito. E sou doido com vídeos de skate antigos, os VHS da Powell Peralta (The Search for Animal Chin é uma obra-prima). Quando eu era mais novo rolou essa febre de fingerboard teck deck, eu tinha alguns e recentemente, achei. Aí pirei de fazer um clipe como se fosse um vídeo de skate, só que de dedo.
Vi que fizeram até um skatinho da banda, né?
ACHO QUE O JEITO COMO ELE SURGIU E O PRÓPRIO TROCADILHO EXPLICAM MUITO SOBRE A GENTE
DEB AND THE MENTALS: Comentei isso com o Rapha da Lodo Boards – que só fazem skates cruiser, uns tubarões com concave e todo o tipo de coisas lindas nessa pegada old school, em casa – e ele fez um shape de fingerboard do Deb and The Mentals pra filmar! Saí filmando em todo canto. Bowl de comida, pia de banheiro, borda de açougue... E ficou essa doidera aí. Se não bastasse ele fazer um shape, quis fabricar uma série limitada de 140 shapinhos, que ele cola, corta, lixa e serigrafa, igual aos shapes de verdade. A Lodo colaborou muito pra esse clipe rolar.
→ VEJA E OUÇA: G OO.GL/SUCCHG
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COLUNA VIS UAL
D I SF R O ME Que nosso jeito de vestir (e viver) continue sempre avesso aos padrões de vestiários de ginásios olímpicos.
SKATISTAS (POR DESORDEM DE APARIÇÃO) Alex Cardoso Sérgio Santoro Hélder Pinto Fábio Pimentel Marcelo Batista Luis Moschioni Andy Shady Pedro Lima Alvaro Koringa Jojo Ducrois Lucas Kislanski Adelmo Jr Rafael Oliveira Marcelo Black
FERNANDO GOMES
Vivedor do skate soteropolitano, fotógrafo e jornalista 76 • TRIBO SKATE
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COLUNA S K AT E S AÚ DE
T H I AGO PI NO
CHECK-UP REGULAR: POR QUE DEVEMOS FAZER Gostaria de começar esta coluna parabenizando a revista
da vascularização capilar e aumento da volemia. Com o
Tribo Skate pelos seus 26 anos, mantendo a chama sempre
objetivo de verificar como essas adaptações do organismo
acesa. Me lembro perfeitamente, quando comecei a andar, a
comportam-se perante a função do coração, faz-se necessária
dificuldade que era para encontrar informação sobre skate.
a avaliação funcional do mesmo.
Uma época sem celular, sem internet, na qual conseguir uma
A avaliação clínica do check-up cardiovascular consiste
edição da revista era algo tão valioso quanto acertar uma
na realização dos seguintes exames: laboratoriais voltados a
manobra nova.
praticantes de atividades físicas, eletrocardiograma de repouso,
Lia todos os textos, admirava as fotos e quando vinha um
radiografia de tórax nas projeções póstero anterior e perfil,
pôster ou um adesivo então, iam direto para a parede do
ecocardiograma com doppler, teste ergoespirométrico, avaliação
quarto. Jamais imaginei que um dia apareceria em uma revista
do hábito alimentar, avaliação de características esportivas.
de skate e hoje poder escrever para a que me influenciou e me motivou a seguir no skate é uma satisfação incrível.
Os testes de aptidão física são os responsáveis por definir o perfil atlético ou as características esportivas dos indivíduos avaliados, definindo a capacidade do organismo em realizar trabalho muscular de forma satisfatória. Os testes físicos
SÃO EXAMES PREVENTIVOS QUE O SKATISTA FARÁ QUANDO NÃO ESTIVER SENTINDO NADA
devem ser compostos por avaliações de limiar anaeróbio, através de ergoespirometria ou dosimetria láctica, testes de flexibilidade, antropometria e composição corporal, teste de força através de protocolos pré-definidos, como por exemplo o teste de flexão e extensão de cotovelos, ou ainda através de dinamometria ou testes isocinéticos. Para a interpretação dos resultados e emissão dos laudos, faz-se imprescindível a presença do médico assinando os laudos clínicos enquanto que o Fisiologista, professor de educação física, irá descrever os indicadores de treinamento a
Hoje tenho 34 anos e acompanho a revista há pelo menos 20 anos e se você, assim como eu e a maioria dos skatistas da
serem seguidos posteriormente. Este tipo de avaliação é de fundamental importância para a
década de 90, tem vontade de continuar se divertindo com o
sua saúde e consequentemente para seguir andando de skate,
skate é de extrema importância que você faça um check-up
sem riscos, com um melhor desempenho e minimizando o
anualmente.
surgimento de possíveis lesões. Que daqui 24 anos possamos
O check-up consiste em exames preventivos. Ou seja, é algo
estar todos aqui comemorando as bodas de ouro da Tribo com
que o skatista fará quando não estiver sentindo nada, para
o skate, com o carrinho em baixo dos pés, o sorriso no rosto,
dessa forma descobrir se há algum processo ou doença que
aproveitando o que a vida tem de melhor.
precise de um tratamento e orientação específica. A atividade física regular como o skate promove adaptações fisiológicas, anatômicas e histológicas. Como resultado, surge a hipertrofia e a hiperplasia das células musculares, aumento da atividade enzimática celular, além do aumento
THIAGO ZANONI: Skatista, pai de gêmeos, educador físico, idealizador do Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício
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COLUNA AGU IN AL DO ME LO
TÓ Q UI O 2020
O FIM DO SKATE COMO CONHECEMOS HOJE Skatistas sempre foram conhecidos por serem pessoas dinâmicas,
mos dois anos. O vídeo de equipe está se tornando cada vez mais
criativas e inovadoras. Se olharmos para a história do skateboard
raro. Skatistas lançam vídeos com suas manobras todos os meses,
passamos por dezenas de mudanças radicais.
mas isso não é uma vídeo-parte. Afinal ela não é parte de nada, e
Muito disso aconteceu somente após a explosão dos vídeos de
sim um vídeo daquele skatista.
skate. As manobras e o estilo dos skatistas passaram a rodar o mundo,
Estes vídeos estão se tornando os novos vídeo de skate. É muito
e para nós, aquela “Parte” filmada em dois anos dava a impressão que
mais simples mobilizar um skatista para lançar um projeto de 3,
o skate era fácil e mudou nossa maneira de ver o skateboard.
4 minutos do que mobilizar uma equipe inteira para produzir um
Até pouco tempo, o sonho de dez entre dez skatistas era um dia
vídeo de 30 minutos.
poder andar nos picos dos vídeos gringos e, quem sabe, acertar
Skate na era do Instagram - Em 2016, durante uma etapa da Street
uma manobra lá, como o ídolo. Tive a oportunidade de conversar com muitos dos skatistas que
League, Tiago Lemos acertou um Switch Back Tail Bigspin no best
hoje fazem parte da Street League antes dela existir. Para todos
trick. A manobra foi vista mais de 1 milhão de vezes na internet, só no
eles, a vídeo-parte era uma prioridade. Para alguns, os campeona-
Instagram foram 300 mil visualizações. O número não chega nem na
tos sequer eram uma opção. O lance era andar na rua todos os dias
metade do vídeo mais visto do Tiago disponível na internet.
e filmar boas manobras.
Hoje, a inspiração para o rolê chega em pílulas, direto no timeline da
Rapidamente isso mudou. Hoje o campeonato é uma forma de
nossa rede social favorita. Como em todas as outras revoluções que o
exposição, de poder tornar o sonho de ser skatista profissional uma
skate passou, a era do Instagram não matará o vídeo de skate como
realidade. A molecada acompanhou essa mudança e hoje sonha
expressão artística. Mas não podemos negar que o skate está se trans-
muito mais em andar no Berrics do que marretar um pico em al-
formando, assim como a forma que consumimos ele e os seus valores.
gum lugar do mundo.
O fim ou começo? - Na última grande revolução que o skate passou, O fim dos vídeos de skate - Silenciosamente os vídeos de skate estão
muitos skatistas preferiram continuar andando com os shapes sem
desaparecendo. Um dos pilares mais sagrados do skateboard ain-
nose, mas a nova geração absorveu aquele movimento e a revolução
da não encontrou o seu lugar na era digital. Para produzir um vídeo
nas manobras como uma esponja.
de qualidade é necessário um ano de trabalho e uma quantidade
O skate de 2017 não poderia ser igual ao de 2007. Hoje podemos ver
considerável de investimento. Apesar disso, ele desaparecerá em
nossos ídolos manobrando em real time, do outro lado do mundo. Os
questão de horas nos timelines dos skatistas.
campeonatos permitiram que o público de fora do skate entendesse
Veja a quantidade de grandes produções que tivemos nos últi-
o movimento da forma que a cabeça deles funciona. As redes sociais transformaram cada skatista profissional em uma mídia independente. Assim o skate vai se transformando. Mas acredito que ele nunca
SKATISTA Leticia Bufoni Luan Oliveira Felipe Gustavo Carlos Ribeiro Pedro Barros Rony Gomes Tiago Lemos Kelvin Hoefler Rodrigo TX
perderá sua essência, pois na rua todos os skatistas são iguais, inde-
1.3 milhão 1.1 milhão 470 mil 201 mil 199 mil 45 mil 171 mil 165 mil 143 mil
1.5 milhão 832 mil 332 mil 51 mil 375 mil 321 mil 38 mil 210 mil 139 mil
pendente das manobras e de números de seguidores no Instagram. Na verdade, todo este movimento é apenas só o começo de uma nova vertente. Isso parece o fim dos tempos. Mas a mudança sempre é o que ajudará o skateboard a continuar vivo, revolucionário e inovador, como sempre.
AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas; é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida
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SK ATE BOA RD I NG M I LI TANT
VIVA A TRIBO... E FORA HAOLES! Pela primeira vez na minha longa carreira jornalística, corri o risco
maior parte das vezes não trazem nenhum benefício ao skate em
de perder o prazo de entregar um texto – no caso, esse que você
si. Entende-se muito sobre o interesse repentino dos dirigentes
está lendo agora. Eu deixei pra última hora porque precisava da
de patinação quando se analisa a diferença abissal de número
confirmação de um fato que se desenhava ridículo já em sua
de praticantes e de fatia de mercado existente entre o skate e os
concepção, o de dirigentes de patinação tentando organizar
esportes deles lá, é uma comparação que beira até à covardia...
um evento internacional de skate. Essa palhaçada atendeu pelo
Ao mesmo tempo em que defendo que o skate seja
nome de Campeonato Latino-Americano de Skate, aconteceu em
organizado e desenvolvido por gente do ramo, sou radicalmente
meados de agosto na Colômbia – e, como já era esperado por
contra a qualquer tentativa de punição aos skatistas que
quase todos, foi um gigantesco mico.
resolverem participar desses eventos caça-níqueis. Não acho
Imagine a cena: uma área de street que parecia ter sido
que punir seja a alternativa, mas sim educar os possíveis alvos
projetada no início desse século somada a skatistas com pouca
desse pessoal e alertar quanto às reais intenções desses
expressão em seus países de origem disputando uma premiação
dirigentes que mal cuidam de seus próprios esportes. Caso
total de US$ 1.000. Como se não bastasse, foi organizado por
seja inútil, nenhum tipo de rancor deve ser demonstrado contra
entidades de patinação dos países participantes, com o apoio da
os skatistas participantes; afinal, de alguma forma, a alternativa
confederação nacional local e da própria prefeitura da cidade, já
oferecida pode ter sido mais atraente pra quem compete e pra
que o campeonato fez parte dos eventos de comemoração do
sua família de alguma forma.
local. Um amigo meu esteve presente por motivos profissionais e resumiu o ocorrido com uma única palavra: “patético”.
A GENTE QUE É DA BATALHA SABE QUEM É DE VERDADE E QUEM SÓ ESTÁ QUERENDO CAIR DE PARAQUEDAS NA CENA
Num debate que se seguiu ao tal campeonato tacanho e as suas repercussões, uma frase dita ficou marcada por sua simplicidade e profundidade: “skatista só quer saber de andar de skate”. É bem por aí! Todos nós já tivemos as nossas fases de maior envolvimento com o carrinho, às vezes de tal maneira que a gente acaba não se ligando que existem vários outros fatores ao redor que ajudam a compor o cenário ao qual fazemos parte. O mais importante de tudo é você ter a consciência de que tudo isso que está a sua volta foi fruto de muita luta, muita dedicação e muito suor de gente envolvida até o talo com o skate. Gente que, muitas vezes, começou do zero e ajudou a termos o cenário da atualidade. Gente como nós daqui da Tribo Skate, há 26 anos na missão
É importante que a verdade seja dita sem rodeios. Todo
de informar e divertir. Antes de divulgar, apoiar ou até mesmo
e qualquer evento de skate que não tenha skatistas em sua
participar de algum evento, veja antes se saiu alguma nota no site
participação, seja organizando ou na área técnica, corre o sério
ou nas redes sociais da Tribo Skate; se saiu, vai fundo porque
risco de não ser considerado como uma disputa legítima. Quando
é coisa de skatistas. A gente que é da batalha sabe quem é de
falo em legitimidade, não me refiro a uma eventual chancela de
verdade e quem só está querendo cair de paraquedas na cena, faz
uma entidade de classe de skatistas, seja de uma associação,
parte da nossa missão de informar. Quanto à diversão, aí é bem
federação ou da CBSk; falo aqui em ter aquela moral que só se
mais simples: basta andar de skate. É satisfação garantida!
adquire quando se tem experiência comprovada em campeonatos e um longo conhecimento do que envolve a nossa cultura pra ser entendido como autêntico. Qualquer coisa fora disso é usar o skate como uma plataforma a intenções oportunistas, que na
GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra desde 1962 e sobre o skate desde 1975
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