Tribo Skate #257

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S K AT E ALEXANDRE MASSOTTI Conexões, simplicidade e boa energia

JN CHARLES • RAMON RIBEIRO • A CRECHE • NOVOS PROS • HARA DANI

30 anos de idade, 20 de skate e 10 de pro

DANILO DO ROSÁRIO

FRANCO POLONI Streeteiragem com agressividade

NATAL 48 horas de skate na capital do RN

SILAS RIBEIRO Como ocupar os espaços WWW.TRIBOSKATE.ATIVO.COM

CAIQUE SILVA FRONTSIDE BLUNT

R$ 12,90

EDIÇÃO 257 MARÇO E ABRIL


DONEYPH / HAVELOCKPANT BAHWAYBLOCK / WORKERRELAXED ANUNCIOS.indd dc_tribo_tiago.indd2 1

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ÍNDICE

ANO 27 • MARÇO/ABRIL DE 2018 • NÚMERO 257

ESPECIAIS 18. Franco Poloni 26. Silas Ribeiro 36. Viagem Natal 42. Alex Massotti 50. Luz 58. Danilo do Rosário SEÇÕES Editorial......................................................................8 Zap............................................................................. 12 Casa Nova............................................................. 68 Traços e Rabiscos..............................................72 Áudio (A Creche)................................................74 Coluna Visual.......................................................76 Coluna Saúde.......................................................78 Coluna 2020......................................................... 80 Skateboarding Militant................................... 82

CAPA: Com seu vertical imenso, o paredão da Praça Roosevelt, em São Paulo, é um desafio para poucos. Caique Silva lançou um degrau a mais com seu frontside blunt que mereceu capa e vídeo no triboskate.com.br Wow! Foto: Jovani Prochnov

FABIO BITÃO

S K AT E


FABIO CRISTIANO, BS OLLIE TO DROP As formas urbanas estão aí para ser exploradas com movimentos nos objetos imóveis. O parkour do FC no Centro de Esportes Radicais de SP

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JUNIOR LEMOS

EDITOR IAL

MARCOS HIROSHI, WALLRIDE

ETERNAS CRIANÇAS

C

omo primeira edição impressa de 2018, sua Tribo Skate

chegada do skate no país: 1968/1998/2008/2018. Estas páginas com

257 traz uma reflexão sobre os rumos que nosso es-

o Danilo estão pesadas, com um texto que traduz bem a evolução de

porte vai tomando, fruto de uma história de cerca de 50

uma criança que cresceu e já leva sua filha para correr campeonatos.

anos desde que se teve notícia dos primeiros carrinhos

Todos os dias surgem novos talentos que começam muito novos e

circulando no Brasil. Os registros iniciais da criação do

amadurecem andando de skate, como o amador Franco Poloni, o pro

skate no mundo remetem à década de 20 do século passado, mas foi

Alex Massotti que pela primeira vez têm espaço de destaque aqui na

no final dos anos 50 que ele se tornou comercial e logo absorvido por

Tribo Skate e outro pro um pouco mais antigo, o Silas Ribeiro, que

surfistas, que o divulgaram para todos com aquela velha lenda de que

tem renovada sua entrevista de 2013 nestas páginas. Cada vez mais

o skate “foi criado por surfistas entediados com a falta de ondas”. Nos

vimos personagens diferentes vindo contribuir para o desenvolvimento

ciclos que compõem a história, personagens como Cesinha Chaves

do esporte cada vez mais cedo com a hora de parar cada vez mais

formam as pedras fundamentais do esporte em nosso país. Em 1968,

tarde! O mais legal disso tudo, é saber que não há receita determi-

portanto há cinco décadas, ele dava seus primeiros passos no surf de

nada para que o skate seja tão legal para quem pratica ou trabalhe

asfalto, com a até então novidade trazida por militares americanos do

em seu mercado, pois sua essência continua sendo a diversão e a

bairro da Urca, no Rio de Janeiro. Alguns relatos de outros estados,

criatividade e assim sempre será. Por mais sério e comprometido

como o Rio Grande do Sul, apontam o surgimento do skate por lá em

que seja como esporte olímpico ou como indústria e comércio, o

1969, com os irmãos Sefton e em São Paulo, em 1970 com Charles Putz

skate é feito por eternas crianças que querem o melhor da vida.

tendo contato de primeira mão na Escola Americana no Morumbi. Em todos estes casos, os desbravadores eram bem jovens, crianças, até. Nesta edição, me chamou atenção o fato de um dos entrevistados profissionais, o Danilo do Rosário, ser um skatista que despontou para o mundo das competições ainda adolescente e estar comemorando os 30 anos de idade, sendo 10 como profissional e somando 20 desde que começou a andar. Logo eu associei com os prováveis 50 anos da 8

CESAR GYRÃO

Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991

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AQ U EC IMEN TO

S K AT E ANO 27 • MARÇO/ABRIL DE 2018 • NÚMERO 257 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER

Felipe Telles

DIRETORA DE CRIAÇÃO

Ana Notte

GERENTE DE CONTEÚDO

Renato Pazikas EDITOR

Junior Lemos SITE

Sidney Arakaki DIRETOR DE ARTE

Huan Gomes

EDITORA DE ARTE

Renata Piai Montanhana EDITOR DE FOTOGRAFIA

Ricardo Soares PRODUTORA

Carol Medeiros CONSELHO EDITORIAL

Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO

triboskate@triboskate.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO

Aguinaldo Melo, Cesar Gyrão, Edu Andrade, Eduardo Ribeiro, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Rafael Webber, Rodrigo K-b-ça, Sidney Arakaki e Thiago Pino. FOTO

Alberto Polo, Ale Mercado, Alex Brandão, Andre Calvão, Camilo Neres, Carlos Taparelli, Charles Martins, Fabio Bitão, Fernando Gomes, Jeferson Pereira, João Eduardo Pat, Jovani Prochniv, Leandro Moska, Luiza Longhi, Marcelo Jacob, Martin Fehrer, Moabe Danilo, Octavio Scholz, Oliver Barton, Pedro Kremer, Rafael Webber, Ramon Ribeiro, Renan Castagnaro, Rodrigo K-b-ça, Ruy Fraga, Thiago da Luz, Thomas Teixeira, Vinicius Branca, Wanderley Vieira e Washington Teixeira. COMERCIAL

Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) TELEFONES

SERGIO SANTORO, NO COMPLY FLIP SIMPLES MOBILIÁRIOS URBANOS SERVEM PARA INFINITAS POSSIBILIDADES DE EXPRESSÕES, COM A ASSINATURA DO SKATISTA, EM UMA SESSÃO LIVRE E SEM COMPROMISSO

Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS

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Endereço: R. Estela Borges Morato, 336 Limão – CEP 02722-000 – São Paulo – SP IMPRESSÃO

Leograf

www.triboskate.com.br

A revista Tribo Skate é uma publicação bimestral da Norte Marketing Esportivo

FOTO RAMON RIBEIRO

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As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.

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TRIBOSK ATE.CO M .BR

WHAT'S UP

DIVULGAÇÃO/COB

O prédio mais icônico de São Paulo, o edifício Altino Arantes, conhecido como prédio do Banespa, foi reformado e rebatizado de Farol Santander. Uma das grandes atrações é a pista de skate no 21º andar, projetada por Bob Burnquist e construída pela Rio Ramp Design.

CBSK RECONHECIDA

O Comitê Olímpico do Brasil reconheceu a Confederação Brasileira de Skate como representante oficial do skate no país.

Yndiara Asp foi promovida ao time principal da Vans Brasil. A catarinense era apoiada pela marca e se tornou a primeira skatista profissional da Vans no país.

Em 2016 o COB, sob gestão de Carlos Arthur Nuzman, rejeitou o pedido de filiação da Confederação Brasileira de Skate e reconheceu a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação como representante do skate no país. O fato gerou revolta dentro da comunidade do skate brasileiro, criando repercussão internacional com ameaças de boicote por parte de skatistas com chances de medalhas nas Olimpíadas. O Comitê Olímpico Internacional exigiu a Federação Internacional de Rollers Sports, órgão que gere o skate no mundo, uma solução e foi decidida a fusão da FIRS com Federação Internacional do Skate, nascendo a World Skate. “É um passo importante para a modalidade e para o Movimento Olímpico. Nós, COB e CBSk, vamos caminhar juntos. Estou satisfeito. O skate do país conta com grandes atletas, que terão todo o apoio do COB para a sua preparação em busca de bons resultados em Tóquio“, disse Paulo Wanderley, presidente do COB. “Estamos contentes com essa filiação e mais com o ‘skate no chão’. Temos dois anos pela frente para trabalhar as modalidades olímpicas e não olímpicas e a própria Confederação. Temos muito a fazer, mas estamos felizes“, comemorou Bob Burnquist.

Luciano Kid, o primeiro campeão brasileiro de street, foi homenageado na Câmara Municipal de São Vicente, litoral de São Paulo. Kid recebeu a medalha de Mérito Esportivo da sua cidade pela conquista do título em 1986.

LETÍCIA BUFONI

Leticia Bufuni acima e Eliana Sosco à direita

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

BRASILEIRAS Apesar de competirem profissionalmente há algumas temporadas, as paulistanas ELIANA SOSCO e LETICIA BUFONI só foram reconhecidas oficialmente como skatistas profissionais pelos seus patrocinadores no final de 2017. A Autonomy lançou o promodel de Sosco e a Plan B de Leticia. Ambas as marcas prepararam festas surpresas para celebrar os modelos assinados.

A CBSk anunciou a lista dos 24 skatistas que poderão competir em eventos profissionais homologados pela entidade a partir de 2018. Confira lista completa no site!

Oitava edição do Matriz Skate Pro teve mais uma vez Luan Oliveira como campeão. Em 2017, foi a quinta vez que a cria da pista ganhou o evento. Rodrigo TX ficou em segundo e Rogério Febem em terceiro

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DOUBLE TAP POR @RIBEIRO_RAMON

COM SUA INSEPARÁVEL CÂMERA DE MÉDIO FORMATO, RAMON RIBEIRO FAZ FOTOS DO SKATE E DO COTIDIANO AO SEU REDOR COM TODO O SENTIMENTO QUE SÓ A PELÍCULA CONSEGUE TRANSMITIR

1 JN CHARLES, 360 FLIP

2 BIANO BIANCHIN

3 INFÂNCIA DIVERTIDA

4 OBRIGADO SKATEBOARD!

5 @WACSONMASS

6 SÜSSEKIND, HC FLIP 180 OUT

PE R FIL

RAMON RIBEIRO Eterno amante da fotografia analógica e de seus processos alternativos, do skate, da cultura, da natureza e dos esportes ao ar livre, Ramon é fotógrafo independente e freelancer. Cursou design gráfico em 2004, quando aprendeu a unir essas suas paixões,

e se especializou em fotografia de skate e de esportes outdoor. Natural de Aracaju, atualmente desenvolve o projeto autoral de skate aliado à história, arquitetura e arte chamado #Monumental, com o amigo e profissional de skate Adelmo Jr. TRIBO SKATE•13

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ZAP

(THIAGO PINO) Você vem de uma região no Brasil que já revelou grandes skatistas, mas que ainda é de certa forma “distante” em relação à mercado, mídias, e por isso o corre para mostrar seu skate de certa forma foi muito maior para conseguir bons patrocínios e se profissionalizar. Hoje, com a evolução tecnológica, você acredita que é mais fácil para qualquer skatista que está buscando um lugar ao sol mostrar serviço através das redes sociais, campeonatos on-line entre outras ferramentas, ou a dificuldade segue a mesma?

bastante bem recepcionado por ser da mesma área; e isso foi bom pra mim. Acredito que hoje a internet consegue chegar mais longe e mais rápido, de alguma forma a história vai ficar registrada; por mais ‘distante’ que a pessoa esteja, com a internet ela está ‘próxima’!

No início, pra mim, foi bem difícil porque estava no momento da transição da evolução tecnológica das redes dos internautas. Mas como os grandes nomes do Nordeste já haviam levado a nossa região para o mundo, eu era

Pra mim, como pra qualquer pessoa, é uma satisfação realizar um sonho de viajar para esses lugares. De todas que fiz, nunca tinha imaginado que isso um dia iria ser possível ir pra China! A ficha só caiu quando já estava

(CESAR GYRÃO) O skate já lhe levou para lugares muito distantes e

inimagináveis, como a China e Manaus. Qual foi a melhor trip de sua vida?

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LIN H A VE R M ELH A

JN CHARLES QUANDO UMA SIGLA VIRA NOME PRÓPRIO, É PORQUE O SUJEITO EM QUESTÃO REPRESENTA MUITO ENTRE SEUS PARES. SE LHE PERGUNTAREM QUE É JOSÉ NIVALDO, PODE SER QUE NÃO FAÇA A ASSOCIAÇÃO COM O PODEROSO PRO DE ARACAJU, O JN CHARLES. OUTRO ÍCONE DO SKATE DE SERGIPE. OLLIE SOBRE O CANO, VINDO DE OUTRO OLLIE SOBRE MURETA

pisando lá e fiz de tudo pra aproveitar da melhor forma. Às vezes nem dormia, pra aproveitar até a noite em claro (risos). Foi a mais louca até agora porque era tudo diferente. Estávamos lá e tudo era difícil: a comunicação, as comidas, o comportamento. A educação, me surpreendi também por ver as pessoas simples e honestas que estavam ali pra servir os turistas. Os seguranças dos lugares se preocupavam se tínhamos nos machucado e tudo mais, só porque estávamos lá pra andar de skate; até onde talvez não se poderia andar. Eles eram muito curiosos e sempre ficavam nos observando sempre abaixados, de cócoras. Eu me larguei na cultura deles de

FOTOS JOÃO EDUARDO PAT

coração, só tenho a agradecer o conhecimento vivido e a oportunidade de estar lá. Obrigado a todos! (RODRIGO K-B-ÇA) Aracaju tem a galera mais boa vibe do Brasil. Acha

que ser um skatista que nasceu e se criou por lá faz te ver o mundo com outros olhos? Como levar essa vibe para o seu skate? Pô, então, acredito que sim! A maioria das pessoas que vem de cidades menos favorecidas são assim por não terem tanto acessos às coisas, por mais pequenas que sejam. Por isso somos gratos e damos maior valor às coisas simples e amizades que fazemos, e sempre nos juntamos com pessoas que curtem as mesmas coisas. A gente nunca TRIBO SKATE • 15

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ZAP

“POR MAIS QUE A GENTE FIQUE BRAVO, NÃO ACERTE A MANOBRA, VAMOS QUE VAMOS COM SORRISO NO ROSTO! SÓ DE SAIR, DAR UMAS RISADAS JÁ VALEU O DIA." JOSÉ NIVALDO DOS SANTOS JÚNIOR

31 anos, 19 de skate Aracaju, SE (Future, Crail, Viva, Ras Bearings, Ras Skate Shop, Coco Caps)

demonstra que está com problema, que está triste ou difícil; a gente sempre tenta mostrar que está tudo beleza. Acho que se o ser humano mostrar seu ponto fraco, é onde as pessoas más intencionadas conseguem atingi-lo. Por isso que eu quero dar risada e andar de skate sempre. Por mais que a gente fique bravo, não acerte a manobra, vamos que vamos com sorriso no rosto! Só de sair, dar umas risadas já valeu o dia. (JOVANI PROCHNOV) O skate nordestino sempre teve grandes

nomes que se destacaram na cena nacional e internacional, mas percebemos que em anos atrás os eventos, circuitos e oportunidades para as novas gerações eram maiores que hoje em dia. Como você vê a situação atual do skate no Nordeste? O que está bom e o que pode melhorar para que a região continue formando grandes skatistas? Acho que era outra época, os caras abriram as portas do Nordeste pro mundo. Era mais difícil, havia mais preconceito e eles meio que quebraram os cadeados e as correntes dessas portas, com os eventos que tinham na época. Hoje em dia meio que acabou o preconceito, mas ainda existe! Pra melhorar a situação acho que é preciso que a população tenha poder aquisitivo, que a situação financeira melhore. É corrupção, roubalheira e isso só sobra pros menores que somos nós. O que

precisa pra melhorar é isso, investimento, mais eventos, mais oportunidade de patrocínios. O país é gigante mas as marcas grandes precisavam fazer mais eventos espalhados pelo Brasil. Tem uma nova safra aí querendo explodir e só falta isso. (FABIO BRANDÃO) De todas as vezes que você veio para SP, qual foi a

maior roubada que já passou? Talvez tenha sido umas, mas sempre superei todas elas. Quem nunca teve momentos difíceis? Numa dessas vezes me vi doido (risos)! Estava ficando na casa de Alexandre Zikkzira, em São Paulo, eu e um amigo de Aracaju; o Sandro Bico. Fomos pra andar de skate e pegamos só uns materiais pra andar, não conseguimos pegar grana. Na época eu tinha saído de uma marca de roupa e de uma marca de shape aqui de Aracaju e chegamos ao ponto de não ter grana nem pra comer. Saímos na rua vendendo roupas e peças de skate por mixaria e ninguém comprava. Fomos dormir com fome, mas no outro dia caiu uma ajuda do céu; quem tem amigo tem tudo! O Rogério Chipan tinha acabado de chegar e salvou nosso rolê. Aí tínhamos garantido pelo menos a grana do restaurante, rangamos no Bom Prato. Foi uma experiência que nunca contei assim. Mesmo assim, só tenho a agradecer porque as coisas chegavam na hora certa. Por isso a gente tem sempre que agradecer porque Deus tarda mas não falha!

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JEFERSON PEREIRA

ENT R E VISTA A M

FRANCO

POLONI

ENTRE MUNDOS TEXTO RAFAEL WEBBER / FOTOS WANDERLEY VIEIRA

FRANCO É DAQUELA GERAÇÃO DE SKATISTAS QUE INICIOU NO FIM DOS ANOS 90 E COMEÇO DOS 2000. TEM ALGO PECULIAR NESSES CARAS, UMA MISTURA DE STREETEIRAGEM COM UM LEVE RESQUÍCIO DA AGRESSIVIDADE DE ÉPOCAS PASSADAS, O QUE NOS LEVA A NUNCA SABER O TIPO DE PICO QUE VEREMOS ELE ANDANDO E COMO ELE VAI ANDAR. MAS UMA COISA É CERTA: ELE VAI TRAZER ALGO INUSITADO E VAI SER UMA BOMBA. NO FINAL, A DIVERSIDADE DO SEU ESTILO ACABA SENDO A SUA DEFINIÇÃO. ESSA É A IMPRESSÃO QUE TENHO ASSISTINDO QUALQUER VÍDEO PARTE DELE, E NESSA ENTREVISTA VOCÊ VAI VER O MESMO 18 • TRIBO SKATE

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FS FIFTY TRIBO SKATE•19

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ENTRE V ISTA A M

V

SS SHOVIT CAINDO NA RAMPA

Você é natural e residente de Caxias do Sul (RS), certo? Pensa em se mudar ou está firme nessa localização? Sim, mas já passei um tempo morando em Porto Alegre e tenho vontade de repetir a experiência em outras cidades.

Mesmo não tendo muito contato contigo, acompanho seu corre há anos, lembro de ver materiais da Vulgo Family. Pode nos contar um pouco do que foi essa parada? Nossa, você lembra? Que style! Vulgo Family era uma marca original e autêntica que estava surgindo em 2007. Idealizada pelo skatista caxiense Carlos Pezzi; fazia roupas diferenciadas e únicas. Fiz parte da marca, junto com Patrick Vidal, Diego Mattos e outros manos. Me influenciou muito, era da hora! Infelizmente a marca logo teve de parar suas atividades. Incrível como marcou, mesmo sendo do interior e há tantos anos. #VoltaVulgo

E a Levita Skateboards, quando e por quê começou? Foi justamente enquanto me recuperava de uma lesão na perna. Sempre tive vontade de ter algum negócio relacionado ao skate. Seria uma forma a mais de me conectar com o skate e poder influenciar ativamente o mercado de forma positiva, fazendo aquilo que sempre esperamos das marcas. Mesmo não estando preparado, pesquisei e imaginei vários cenários, então achei que era hora de começar, sem pressa. Deduzi que

shapes nacionais de qualidade eram uma carência. Então me aprofundei na ideia e acabei comprando uma prensa. Depois descobri que precisava de muito mais (risos), mas no fim consegui fazer um shape aceitável e vi que era possível fazer shapes bons no Brasil.

Quando penso em skatista correria, logo me vem sua imagem. Como é levar uma carreira de skatista que viaja tanto e ainda tocar uma marca? É uma experiência e tanto. Viver o skate de dois pontos de vista diferentes, vai amadurecendo sua visão. E é bem corrido mesmo, estou me adaptando constantemente pra dar a atenção devida pra cada coisa.

Nesse ponto temos algo em comum: também passei uma fase da minha vida fabricando shapes. Você ainda mete a mão em tudo ou tem funcionários ajudando? Sim eu lembro, da hora! A produção é bem artesanal ainda. Já tive ajuda por um período, mas no momento sou só eu mesmo.

E essa lesão que você mencionou, como foi essa fita? E como tem sido seu retorno e os cuidados? Foi durante o DC King em São Paulo, em 2012. Quebrei a perna tentando um ss fifty no corrimão em Itaquera, fui logo levado pelo pessoal do evento a um hospital próximo e lá esperei até descobrir que teria que fazer cirurgia. Então o médico se ofereceu no lugar da enfermeira pra me levar e fazer a imobilização. E no meio do caminho ele me

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convenceu que seria melhor eu sair do hospital por conta própria e procurar o SUS na minha cidade, senão todo o tratamento seria em São Paulo, ou a transferência seria burocrática e demorada. Depois de ser ignorado várias vezes pelos enfermeiros (que estavam na maior correria), consegui me comunicar com o Patrick Vidal e o Lucas Pacífico (da Legitime), então saí pulando da emergência até a portaria onde eles me esperavam. Fomos para um hotel e consegui uma passagem pra Caxias no dia seguinte. Chegando aqui, fui ao hospital e deu tudo certo, fiz a cirurgia quatro dias depois, bem no dia do meu aniversário (risos). A recuperação foi boa. Fiz bastante fisioterapia e cuidei da alimentação. Em 6 meses comecei a dar umas remadas; então foi um processo natural pra recuperar força e confiança. Hoje em dia ando normal, mas busco sempre fortalecer com exercícios e cuidados com o corpo de várias formas, pra continuar andando e evoluindo.

Acabei de assistir IDEIAS 2 e estou de cara com tantos combos e manobras que até então nunca havia visto. Como foi filmar para este projeto? Style que curtiu, mano! Nós já tínhamos algumas manobras filmadas e surgiu a oportunidade de fazer a parte, através de Leo Coutinho e Julian Eduardo. Então eu e o Julian focamos nas sessões até a deadline. Como ele mora há cerca de 90 km de Caxias, fomos filmando aos poucos, por Porto Alegre e no interior do RS, e fizemos algumas trips em SC, SP e RJ. Também filmei algumas manobras com o Tulio Lahm, que cola conosco na missão aqui na Serra.

E o orgulho de estar num projeto dessa amplitude, dividindo espaço com skatistas como Paulo Galera, Alex Carolino e tantos outros nomes? Realmente arrepia quando assisto! Foi uma grande honra pra mim, fazer parte da continuação de um vídeo que eu sempre curti e que já tinha participações pesadas na

CROOKED TO CROOKED

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ENTRE V ISTA A M

primeira edição. Tanto de skatistas como na produção, só monstros. Sou grato ao Olho de Peixe, Léo Coutinho e Marco Savino pela oportunidade e fé. E ao Julian Eduardo pelo empenho, dedicação e paciência pra deixar a parte visualmente redonda. Obrigado, manos!

Você tem parte também no vídeo da Dyzen e algumas aparições em vídeos como Simplesmente e Entre Estações: é um skatista de imagem. Qual sua opinião quanto a campeonatos e a tal da Olimpíada? Sobre competições, eu gosto mais de competir comigo mesmo (risos), mas valorizo os bons eventos; ali rola uma energia especial. Vejo que hoje em dia a grande massa é atraída pela competição e o skate está aí, despertou interesses. Olimpíadas são um processo que estamos passando e o grande detalhe é a imagem que vamos passar. Acho que devemos usar isso a nosso favor e propagar a cultura. Aproveitar a atenção e mostrar nas entrelinhas o que o skate pode ser.

Quando veremos uma madeira com seu nome nela? Então, acredito que isso é algo que pode acontecer naturalmente conforme a marca e meu corre se desenvolverem, mas não tenho pressa pra fazer um shape com meu próprio nome. Sinceramente acho até estranho (risos). Gostaria que fosse um complemento e não depender disso a profissionalização, saca?

Talvez o segredo de ter um nome estabelecido no mercado não seja ser “o conhecidão” na grande esfera, mas sim orbitar em vários pequenos mundos e fazer a diferença lá. Quais são os planos para 2018? Simplesmente 5! E como você disse, orbitar em alguns outros mundos, projetos e continentes (risos). Mas principalmente, continuar me divertindo em cima do skate!

“S O B R E C O M PETIÇ Õ E S? E U G O STO M AIS D E C O M PETIR C O MIG O M E S M O.”

FRANCO POLONI

28 anos, 16 anos de skate Caxias do Sul, RS (Levita Skateboards) 22•TRIBO SKATE

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BS FLIP TRIBO SKATE • 23

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THIAGO DA LUZ

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OCUPA O ESPAÇO

ESTE É O SEGUNDO ARTIGO DE PORTE COM O SILAS NA TRIBO SKATE. O PRIMEIRO, FOI NA EDIÇÃO 213 EM JULHO DE 2013. QUASE CINCO ANOS DEPOIS, ELE VOLTA A ESTAS PÁGINAS COM UM QUADRO BEM DIFERENTE, PLANOS CONSOLIDADOS E CONQUISTANDO NOVOS TERRITÓRIOS

POR CESAR GYRÃO

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PRO R E VIS ITADO

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THIAGO DA LUZ

NO FINAL DE 2012 era

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entregue pelo governo do Estado de São Paulo uma grande área de lazer em Carapicuíba, com vários picos de skate dentro dele. De lá pra cá, Silas se tornou uma espécie de zelador do denominado Parque Gabriel Chucre. Não, ele é mais do que isso. É uma referência, uma inspiração para os skatistas da Zona Oeste da Grande São Paulo. Silas dedica boa parte dos dias em sua cidade a manter o precioso espaço do skate e a grande superfície de concreto conquistada como um ambiente em que se possa desenvolver habilidades, treinar e se divertir nas melhores condições possíveis. O local tem uma pista estranha de boas dimensões, mas é numa extensa área plana de cimento que o street skate tomou conta na sua essência, onde foram construídos palquinhos, instalados canos/corrimãos e cantoneiras nas bordas, onde se pintou trechos do chão para ficar mais liso. Tudo isso sob comando do Silas, seu amigo Rodrigo Leal e outros poucos que colocam a mão na massa. No outro lado da Avenida Consolação, bem em frente ao parque, há três anos Silas montou a Park Skateshop, um ponto de partida para as missões de skate e um lugar onde se encontra uma boa gama de produtos para quem pratica ou é simpatizante da causa. Em 2013, na época da primeira entrevista na Tribo Skate, Bisteca ainda acordava duas vezes por semana de madrugada para ajudar sua esposa com as tarefas de uma banca de roupas que eles tinham no Centro de Carapicuíba. Hoje, as coisas mudaram bastante: há a loja especializada e Silas e Neia criam o filho Isaque Ribeiro

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LEANDRO MOSKA

Gaio, que aos três anos já gosta de tirar fotografias e fuçar aparelhos eletrônicos. Silas segue seu vínculo de quase oito anos com a Alfa Skates e desenvolve um novo trabalho com a Hondar, desdobrando-se agora para as novas marcas do grupo, a Chaze e a Brats. Chase pode ser traduzido como “correr atrás”. Para diferenciar, a marca está sendo registrada com z e será encabeçada pelo Silas. Sua especialidade serão decks de maple e já no lançamento, no meio deste ano, Silas terá cinco pro models lançados. Essa foi a primeira oportunidade que o Roberto Souza, team manager da Hondar lançou na mão do Silas. “É como eu queria”, diz ele apresentando parte dos gráficos dos shapes, um deles encomendado para o Fela, artista de Floripa, SC. Um pôr do Sol minimalista, uma homenagem ao café brasileiro, uma série baseada em desenhos do Run DMC, colagens com um guarda-chuva imenso sobre nuvens na “Terra da Garoa”, são a cara desta coleção de largada. Na companhia do colega Alfa e Hondar, Roberto Souza, ambos se empolgam

RENAN CASTAGNARO

PRO R E VIS ITADO

SS BS WALLRIDE

com a boa perspectiva da Chaze e também da Brats Wheels, como o nome diz, marca direcionada para rodas. Assim como os espaços foram sendo ocupados pelo dia a dia de prática de skate desde a época da primeira e bizarra pista de Barueri (construída praticamente na calçada de uma descida íngreme), município

vizinho de Carapicuíba, os negócios vão evoluindo. A produção de vídeos e fotografias para as campanhas das marcas é em total comprometimento com os melhores resultados. Entre os vídeos da Alfa, o “Happening” tem algumas de suas filmagens em fotos selecionadas para este artigo. Em 2017, a primeira trip para Barcelona,

FAKIE SHOVIT

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CARLOS TAPARELLI

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CARLOS TAPARELLI

PRO R E VIS ITADO

na Espanha, refletiu num belo vídeo junto com o Roberto. A edição do Jesué Tomé, proprietário da Alfa desde que a marca se lançou como video-magazine, é muito caprichada e faz valer o rolê dos profissionais. Silas também participa direto do “Vida de Um Skatista”, canal de Youtube do amigo Rodrigo Maizena e Renan Castagnaro, pois já era parceiro desde os primeiros vídeos do Transfusão, criado pelo Maizena. Aos 32 anos, as coisas funcionam bem diferentes de como eram nos anos iniciais. “Chegava com fome, saía em jejum.” O começo da carreria de muitos skatistas é um sacrifício danado, que depois passa a fazer parte da história de profissionais bem sucedidos. A frase entre aspas surgiu quando Silas lembrou da fase do Skatepark de Jandira, uma boa pista pública e uma das escolas que passou na sua região. O município de Barueri teve um histórico de vínculo ao skate que foi muito legal para a Zona Oeste, pois foram construídas cerca de dez pistas, havia um circuito de eventos e os skatistas chegaram a ter por um período um ônibus que fazia tours por estas pistas, o “skatebus”. Tudo isso ficou no passado e a situação hoje é bem diferente, beirando o abandono que “até cego está vendo”. Pistas como as do Jardim São Pedro e Parque dos Camargos estão bem deterioradas, algumas com muito lixo e restos de drogas. Por motivos como este, alguns skatistas de Barueri estão indo para o Parque Gabriel Chucre, este sim cuidado por Silas e seus brothers e em ótimo estado. “Os caras vem de lá pra cá. Fizemos as reformas para ocupar o espaço, porque se a gente não faz nada, tudo fica a mesma coisa. Não foi por causa da loja, mas para deixar o lugar mais na vibe.” Com

360 FLIP

o tempo a administração do parque restringiu o uso de alguns dos picos ali dentro para não atrapalhar os outros frequentadores, mas através do Silas a gestora tem autorizado sessões de fotos e vídeos nestes lugares. Ali no horizonte do parque, de um lado você enxerga o skyline

dos belos edifícios de Alphaville e do outro lado, o pessoal brinca, fica a “Alphavela”, mas deste microcosmos de Carapicuíba ao mundo todo, o trabalho segue com intenção global. A Hondar, por exemplo, já está no Chile, Peru, México e Estados Unidos, além do Brasil, e os mercados vão sendo

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SILAS RIBEIRO FERREIRA trabalhados com cada produto e cada skatista envolvido. Como sempre, o foco segue sendo filmar e fotografar em diferentes cidades e ocupar os espaços em eventos e campeonatos, em campanhas na mídia especializada e no dia a dia do zelo de cada cantinho que beneficie os parceiros do skate.

32 anos, 24 de skate De Barueri, mora em Carapicuíba (Alfa Skates, Hondar, Chaze, Park Skateshop)

→ LEIA ONLINE A PRIMEIRA ENTREVISTA COM O SILAS:

BIT.LY/SILAS213

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V IA GE M

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horas em Natal

A VIVÊNCIA DE DOIS DIAS DE MUITO SKATEBOARD NA CAPITAL DO RIO GRANDE DO NORTE

TEXTO E FOTOS FERNANDO GOMES 36 • TRIBO SKATE

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RICARDO GONÇALVES, OLLIE GAP TRIBO SKATE • 37

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V IA GE M

É SEMPRE GRATIFICANTE E ENRIQUECEDOR vivenciar o skate das cidades

sustentável e sonhos não fiquem pelo caminho. “A cena do skate por

brasileiras que estão distantes (nem sempre geograficamente) dos

aqui já foi mais movimentada, tinha campeonatos com mais frequência,

centros de mercado. Quando isso é somado às belezas e energia do

a galera animava mais de filmar na rua. Tem muita gente que anda bem

povo nordestino, a experiência se torna ainda mais marcante.

por aqui, mas não tem incentivo nenhum”, afirma Ricardo Gonçalves,

Recentemente, numa passagem rápida por Natal, capital do Rio

Porém, falta uma estrutura mínima pra que tudo isso se torne

um desses talentos do skate potiguar que rende até na chuva.

Grande do Norte, não pude deixar de fazer aquela opção que nós

A cidade nunca teve um skatepark público e o efeito colateral

skatistas frequentemente fazemos, a de trocar mergulhos na praia

disso foi a união dos locais na construção de espaços pra manobrar.

por horas de sessão e caminhadas nas ruas em busca de sentir um

“Acho que a parte mais legal é que começaram a acontecer ações

pouco do que é o skate potiguar. Foram apenas dois dias de sessão,

DIY (do it yourself/faça você mesmo) que foram crescendo e hoje

com uma chuva forte pelo meio, mas que já foram suficientes pra

tem a Barcelona, Praça do Disco, Floca, o parquinho da Zona Norte...

sentir a disposição e registrar um pouco do muito que os skatistas

por causa dessas iniciativas da própria comunidade”, conta Daniel-

locais têm pra mostrar.

Nec, skatista e artista local.

Natal é uma terra fértil para o skateboard! Vários picos

Durante as conversas nas sessões e caminhadas pelas ruas era

inexplorados, grande parte deles em ladeiras que poderiam fazer

perceptível a injeção de ânimo na galera local apenas pelo fato de

da cidade a São Francisco brasileira e uma geração nova de

algo estar acontecendo e sendo devidamente registrado. Ouvi de

skatistas talentosos, com aquela disposição característica de quem

alguns skatistas o quanto era boa aquela sensação de sair na missão

está acostumado a andar apenas pelo prazer de voltar as tricks e

de fotografar e filmar em picos que andavam esquecidos pelas

encontrar os amigos.

sessões cotidianas.

LUIS MARCELO, FLIP

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PAULO PAKITO, WALLRIDE INDY

B A R C E L O N A é o apelido que os skatistas deram ao oficialmente intitulado Presépio de Natal. O espaço faz parte de um complexo de três obras projetadas por Oscar Niemeyer e foi construído com o intuito de sediar apresentações culturais, esportivas e de lazer. “Já no primeiro ano, ela ficou abandonada, usada apenas como lar por alguns moradores de rua e sem iluminação”, revela Daniel. Graças ao chão liso e aos wallrides de Niemeyer, os skatistas passaram a ocupar o local, construindo obstáculos e transformando o espaço num pico

BARCELONA PELA NOITE

clássico da cidade. Hoje também marcam presença por lá os patinadores, crianças, famílias, batalhas de rima e rodas de violão.

DANIEL NEC, BERT SLIDE

Com muito pouco o skate transforma vidas e espaços em diversas partes do mundo. Em Natal, bastaram um solo bom e alguns graus de inclinação nas paredes para que um ambiente abandonado pelo poder público passasse a servir de maneira mais fértil às pessoas.

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VIA GE M

MATEUS BARROS, FS TAILSLIDE

LUCAS BODINHO, WALLIE ROCKS

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RICARDO GONÇALVES, FS FLIP TRIBO SKATE•41

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ENTRE V ISTA P RO

a l e x m a s s ot t i

sobre co n e xõ e s TEXTO JUNIOR LEMOS FOTOS ALBERTO POLO, BART JONES, MARTIN FEHRER E LUIZA LONGHI

FLIP FS BOARD

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ALBERTO POLO

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ALBERTO POLO

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JUNIOR LEMOS

DAS SITUAÇÕES QUE O SKATE NOS PROPORCIONA, FAZER NOVAS AMIZADES E CONHECER LUGARES INÉDITOS PODEM TORNAR AINDA MAIS COMPLETAS A EXPERIÊNCIA DE VIDA DE QUALQUER UM. MAS É PRECISO TER DISPOSIÇÃO PRA ENXERGAR ISSO! ALEX MASSOTTI É UM CARA QUE TEM A VISÃO. SUA SIMPLICIDADE DE VIDA E AS CONEXÕES QUE O SKATE LHE PROPORCIONA O FAZEM ESPALHAR NATURALMENTE ESSA BOA ENERGIA PARA OS QUE ESTÃO AO REDOR. COMPARTILHE UMA SESSÃO COM ELE E ENTENDA!

SS SHOVIT

Todo mundo te conhece por Massotti, qual a origem do seu sobrenome? De um tataravô que imigrou para o Brasil da Itália em 1895.

Como foi que o skate passou a fazer parte da família? Comecei a andar em Cascavel com 10 anos, subindo meio fio e andando na rua da frente de casa com a vizinhança. Ia bastante na pista da Aerial também, ali fiz muitas amizades! Todo mundo se juntava pra ir em competições nas outras cidades e era muito da hora essa vivência. Assistia sempre aos vídeos da Transworld, Matriz, 411VM, Chiclé, Crailtap, The Firm e sou muito grato pela TRIBO SKATE•45

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ENTRE V ISTA P RO

E sua profissionalização no skate, quando e como aconteceu? Em 2010 quando uma marca de shape da França me contratou como profissional.

O que te leva a conhecer outros países? Tenho ido bastante para o exterior desde 2005, sempre com aquela vontade de filmar para as vídeo partes e participar dos eventos. Conheci muita gente, fiz amizades verdadeiras para toda a vida e sou muito grato por isso. Também gosto de entender mais sobre culturas diferentes, cada uma do seu jeito sempre tendo um lado bom para tirar como exemplo e aprendizado para a vida.

E qual foi o lugar que morou por mais tempo? Por que? Barcelona, por uns 8 anos. Os motivos foram as amizades, o lifestyle, ver ídolos que só via em vídeos; ter a oportunidade de conhecê-los pessoalmente, andar junto e trocar ideia. Antes de ir pra lá, fiquei assistindo quase todos os dias o vídeo “A Time to Shine”, da Transworld, que tem muitas imagens de lá e vários picos que eu sonhava em conhecer. Logo no começo o Fernando Cano, Erison "Tracks", Fabio Anderson "Galo" , Rafael Petersen "Charli b" , Leandro "Gaspar", Gabriel "Farago", Guilherme "Preza", Kayo "Yoka", Leo Reali, Eduardo Gomes, Giovani Oliveira, Tony Anderson e mais uma galera já estavam fazendo o vídeo “La Bruja BCN” e isso me motivou bastante; por eles abrirem as portas pra mim, fazer parte do vídeo e sair em missão com eles. Mais pra frente, quando eu o Neverton Casella "Socado", Carlos Ribeiro "Dudu", Gabriel Moreto e o Marcos de Souza "Rasta" começamos a fazer o vídeo “A Place for Everybody”, foi a hora que a gente focou mesmo em ficar lá e finalizar esse projeto da melhor forma possível. Muita gente se juntou ao vídeo: o Marcos Aurélio "Mamá", Juliano Guimarães, Selio Soleman, Claudinei Jr e Leandro Fisher do Brasil, o Cristian Huerta e Polo May do México, três espanhóis e um da Dinamarca. Logo depois do vídeo foi surgindo mais oportunidades de patrocínios e isso foi muito bom pra poder viver do skate. LUIZA LONGHI

influência e inspiração que esses vídeos, as revistas de skate e todos de Cascavel me passaram. Vários aprendizados com a galera das antigas.

ALEXANDRE MARCON MASSOTTI

30 anos, 20 de skate De Porto Velho, RO, mora em Balneário Camboriú, SC (Plural Skateboards, Stance Socks, OJ Wheels, adidas, Krux Trucks, Bones Bearings, 3rdfloor Hardware e Subspace Skateshop) MARTIN FEHRER

BS BOARDSLIDE

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MARTIN FEHRER

“FELICIDADE, SIMPLICIDADE, RESPEITO AO PRÓXIMO E AO NOSSO MUNDO, TODOS PODEMOS SER PESSOAS MELHORES A CADA DIA, FÉ EM DEUS. "

Qual foi roubada mais pesada da sua vida com o skate? Não sei se foi a maior, mas em 2015 eu estava há cinco meses nos EUA e queria sair do país para renovar o visto. Aí tive que ficar dois meses na Cidade do México até a data do meu voo de volta pra LA! O plano era passar esse tempo no corre de filmar com os camaradas que vivem lá. Só que me machuquei antes de ir e tive que me recuperar nessa viagem; foi o maior corre mas também foi bom. Tudo é experiência e o povo mexicano é bem receptivo. Quando voltei pra gringa, fui direto em uma tour da Imperial Motion no Colorado e Utah, foi style 15 dias de muito skate.

SS FS BOARDSLIDE

Você foi anunciado no time principal da Plural no final de 2017. Como foi seu envolvimento com a marca para que isso acontecesse? O Adelmo me chamou para fazer parte da Plural desde o começo da marca, pouco a pouco fui pegando os shapes com ele e tudo foi fluindo. Me senti muito honrado pelo convite; o Fabio Cristiano e o Adelmo Jr sempre foram grandes influências pra mim no skate desde criança e acho muito style o rolê do Felipe Oliveira, Luiz Moschioni, Alison Rosendo e Vitor Süssekind; são pessoas que têm uma energia muito boa.

E agora em março sai o primeiro full video da marca, o que podemos esperar da sua participação? Faz dois anos que eu e o Cuong Lieng (team mannager da Imperial) começamos a filmar uma parte para a marca mas como a gente saiu da equipe, nós juntamos boa parte desse material com o que venho filmando ultimamente para a parte da Plural.

Você está sempre com o sorriso no rosto, mesmo quando não volta a manobra desejada. O que considera importante como valores de vida? Felicidade, simplicidade, respeito ao próximo e ao nosso mundo, todos podemos ser pessoas melhores a cada dia, fé em Deus. TRIBO SKATE•47

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ENTRE V ISTA P RO FS TAILSLIDE TO SS BS TAISLIDE

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OLIVER BARTON

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ALE MERCADO

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YURI FACCHINI, SS WALLRIDE TRIBO SKATE • 51

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RODRIGO K-B-ÇA

YNDIARA ASP, BS SMITH 52 • TRIBO SKATE

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CAMILO NERES

ALEX BRANDÃO

JUAN MARTINEZ, FS BOARD

RAFAEL WEBBER

AUGUSTO AKIO, MADONNA

MICAEL DOS PASSOS, WALLRIDE BS GRAB TRIBO SKATE • 53

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ANDRE CALVÃO

LUZ GUILHERME TRAKINAS, BS SMITH

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OCTAVIO SCHOLZ

FELIPE RIBEIRO, NOSEBLUNT DROP

PEDRO KREMER

LUIS FRANCISCO, FS BOARD

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JUNIOR LEMOS

LUZ

WASHINGTON TEIXEIRA

YTALO FARIA, OLLIE GAP

MÁRCIO ROBERTO, FS BOARDSLIDE 56 • TRIBO SKATE

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VINICIUS BRANCA

LEHI LEITE, NOLLIE BS NOSE

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ENTRE V ISTA P RO

DANILO D O R O SÁRIO

30/20/10 QUANDO AS COINCIDÊNCIAS ALINHAM OS NÚMEROS, SEGUNDO

ALGUMAS SUPERSTIÇÕES, ISSO SÓ PODE SER SINÔNIMO DE ALGO MAIOR. EM 2018 DANILO DO ROSÁRIO COMPLETA 30 ANOS DE IDADE, 20 ANOS DE SKATE E 10 COMO PROFISSIONAL. EM SUA PRIMEIRA ENTREVISTA NA TRIBO SKATE, DANILO REPASSA UM POUCO DA SUA HISTÓRIA, DESDE AS PRIMEIRAS MANOBRAS EM CURITIBA, OS TEMPOS DE AMADOR E DOS INÚMEROS CIRCUITOS ESTADUAIS, SUA PARTICIPAÇÃO NO DEW TOUR, SUA EXPERIÊNCIA COM O MERCADO AMERICANO E A ATUAL FASE, MORANDO EM SÃO PAULO. CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE O PAI DA CLARA LUA, O MARIDO DA CAROL E UM DOS PRINCIPAIS SKATISTAS BRASILEIROS DE COMPETIÇÃO, MAS QUE SOUBE ADAPTAR-SE E LEVAR TODO O SEU TALENTO PARA AS RUAS. TEXTO E FOTOS: RODRIGO “K-B-ÇA” LIMA

VARIAL HEELFLIP

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ENTRE V ISTA P RO Neste ano você faz 30 anos de idade, 20 de skate e 10 como pro. 30, 20, 10. Dá para jogar no bicho? Danilo do Rosário: Numa dessa, né? (risos) Orra, K-b-ça! Às vezez pode dar na cabeça ali. Vai que cola... Mas é... Acho que 2018 vai ser um ano bem, bem diferente pra mim, pois faço 10 anos de profissional. Passei para pro em 2008 e o primeiro campeonato que eu corri como pro aqui no Brasil foi em Madre de Deus, nesse mesmo ano. Comecei a andar de skate em 98 com o skate dos outros e aí meu pai me deu um skate no Natal daquele ano.

Qual a lembrança mais importante de quando começou a andar? Foi a primeira vez que pisei num skate, que era de um amigo meu, do Testa. Foi a primeira vez que meu irmão também pisou num skate e ele já deu um ollie. A gente antes ficava descendo a rua de carrinho de rolimã, só que com skate dava muito mais gás. Foi aí que peguei esta paixão, vendo a galera andando de skate...

E São Brás, teu bairro lá em Curitiba? São Brás é um bairro legal, bem família. A galera veste a camisa do São Brás e eu também. Comecei a andar de skate na rua do Gui. Praticamente todo mundo andava de skate e a piazada não gostava que eu tentasse subir o caixote, no começo. O caixote era de madeira e, como eu não conseguia subir, quebrava as bordas. Todo mundo parou de andar e eu continuei, mas seguimos sendo amigos. A gente tem aquela amizade do tipo “Um defende o outro no bairro, meu amigo é meu amigo”. A galera do São Brás é assim. Quando começou a sair do São Brás para andar de skate em outros lugares de Curitiba, quem te inspirava? Muita gente! O Rafael Pingo era um cara que eu via na pista da Drop e ele já dava uns bs board, switch bs board. Na primeira vez que eu pisei ali eu era bem criancinha, minha mãe conversou com o Felipe Nagano para ele ficar de olho em mim. Lembro dele dando hardflip varando o spine e caindo no chão. Tinha o Gustavo Linhares, que andava muito, o Sapão e

o Júlio Japa, que dava aqueles kickflips gigantes na 45. O Rafael Braciak “Ursão” e seu nollie heel de back. Tem também o Diogo, meu padrinho no skate e também de crisma. Todo dia de manhã ele ia lá em casa e colocava uma trave na rua e a gente ficava andando de skate juntos. Sem esquecer o Danilo Cerezini. Porra, eu era criancinha e ele também. Via seus flip crookeds, tanto que é uma das minhas manobras favoritas. Aprendi o flip crooked vendo ele acertar.

Na minha cabeça, você surgiu bem antes do Cerezini. Não... Ele veio antes, já era “O Cara”. Tinha patrocínio da Qix. O Bruno Cerezini também. Ele surgiu um ou dois anos antes. O Rodrigo Lima também. Switeiro master desde criança. Meu irmão também era uma inspiração. Enquanto eu dava flip rock de front na travinha, ele já acertava de switch! Acho que aí foi o começo.

E o gosto por campeonatos? Curitiba não era muito conhecida pela galera que andava na rua, né? Acho que o circuito Drop Dead fez eu ter essa vontade, essa gana; foi aí que eu peguei o gosto... Tem os campeonateiros master ali, o Daniel (Vieira), o (Rodil) Ferrugem e o (Carlos) Piolho também. Ricardinho de Carvalho também sempre foi inspiração. A gente só via o cara em vídeo. Um dia ele colou na pista, vinha e dava um switch tail de back descendo o corrimão. Achava bem louco. Sei lá... acho que por causa do circuito Drop Dead surgiram muitos campeonateiros mesmo. O Ferrugem, o Daniel e o Piolho foram até antes dessa época aí... Mas eu acho que tinha muito streeteiro ali em Curitiba. O Ursão eu vejo como referência das antigas de skate de rua.

Eu acho que eles foram bem antes. Na verdade acho que eles foram os precursores de tornar o skate de street em Curitiba famoso pela competição. Pela competição é... Hoje em dia se perdeu um pouco. Curitiba perdeu um pouco essa pegada de campeonatos. Acabou o Circuito Drop Dead, não acontecem mais eventos, não tem nenhuma pista

pública legal lá. A PAB (Praça Afonso Botelho) é a melhor que a gente tem. Tem o Gaúcho, que é uma pista que faz parte da história do skate, mas não é um lugar onde você vai evoluir. A galera está andando mais na rua, nas quadrinhas, fazendo os próprios obstáculos e dando um rolê diferente.

A cena de Curitiba mudou muito? Mudou. Está bem diferente mesmo. Posso estar errado, mas acho que está meio apagada. Você não vê muita coisa de Curitiba, você não vê mais nada acontecendo lá. Nem o Circuito Paranaense quer mais fazer campeonato em Curitiba porque não vale a pena. Não tem público e não tem competidor querendo participar. Você vê alguma coisa acontecer? Curitiba está um pouco devagar, mas não está estagnada. Tem muita gente começando a andar. Existe uma cena nova, tem uma galera que anda em transição, o que não é uma novidade pois nos anos 80 e 90, uma galera de vertical que foi referência no Brasil inteiro saiu de lá, mas a nova geração é muito diferente A gente pode ver pelo Miguel Oliveira. Ele é um moleque de Curitiba totalmente underground. Não está nem aí, anda muito. Maior estiloso e não liga para essa parada de campeonato. Ele se importa em andar de skate. Vai para a pista e sai rasgando. Acho que os Tropicalients são os únicos que ainda estão na pegada. Eles têm uma visão totalmente diferente do que a gente está falando de campeonato. Eles estão na rua, eles estão filmando e fazendo as coisas acontecerem de uma forma totalmente diferente do que na minha geração. Tanto que o Filipe Ortiz, o Guilherme Trakinas, o JP Souza, o Yuri Facchini colam nos eventos, mas faz tempo estão na transição de campeonato para rua... Aparecer mais na rua é o futuro.

Com que idade você foi morar nos EUA? A primeira vez que fui tinha uns 13 anos. Fui com outras duas referências para mim, o Rodrigo Lima e o Alex Carolino. Fui, corri só o campeonato

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FS SHOVIT CROOKED

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ENTRE V ISTA P RO

BS FLIP

RA “ PA MEUS

M I M, TE N H O 18 A N O S AIN D A. C O NTIN U O A N D A N D O D E S K ATE IG U AL" DANILO DO ROSÁRIO

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e voltei para o Brasa. Com 14 anos fui para o Tampa, cheguei um mês antes e a gente ia para Tampa toda a semana, tanto que eu fiquei em terceiro lugar naquele ano. Tipo estava “comendo” a pista. Estava local mesmo. Depois que o campeonato acabou, voltei para o Brasa e fiz a correria para voltar para os EUA pra ficar na casa do Edsinho.

E como que é para um pai e para uma mãe largar um moleque de 14 anos, que não tinha nem pelo embaixo do sovaco ainda? Pelo no saco demorou muito para crescer! (risos) Fui naquele negócio, em busca do sonho americano. Na verdade, nem pensei, só fui. Acho que desde criança eu tenho esse negócio de não pensar muito, tá ligado? Você tem vontade de fazer, você pega, vai e faz. Meu pai confiou bastante em mim desde criança; e confia até hoje. Mesma coisa a minha filha. O que ela quiser fazer da vida dela, terei que apoiar. Não terei como fugir disso.

Você foi para lá basicamente para competir e tentar entrar nas marcas ou nem chegou a pensar nisso? Eu tinha um plano. Como fiquei em terceiro em Tampa, acabei fazendo alguns contatos, só que não conseguia mandar um email em inglês pra galera. Hoje em dia eu troco ideia que nem cachorro, mas pelo menos a gente sai latindo e a galera entende um pouco. Graças a Deus apareceu o Edsinho na minha vida. Ele me colocou na Oakley e na Expedition One. Só que ter entrado na Oakley quando cheguei lá fez com que algumas portas se fechassem, mesmo que eu tivesse ficado em terceiro em Tampa e em segundo no DamAm. Hoje em dia é bem diferente. Você vê os caras com adesivinho no shape, usando a roupinha, usando óculos. Você vê por aí como o mercado americano mudou. Passaram alguns anos e me mandaram fazer contatos aqui no Brasa porque estava naquela época da crise, mas o cidadão que cuidava da Oakley aqui tinha alguma rixa com o Edsinho e aí miou. Nessa época estava na Expedition e ia para todos os tours. Eu estava no Dew Tour e estava bem, tanto que nem precisava

da grana de patrocínio. Só que aí começaram a colar muitos brasileiros e eles tinham que cortar algumas pessoas, aí eu fiquei em 20º num campeonato e os caras me cortaram.

mais? Paul Rodriguez. Hoje em dia você vai ver a Street League, quem está lá são os caras que andavam comigo, tá ligado? Você vê como mudou?

Mudou o game... Eles costumavam trocar os nomes dos convidados? Era como se fosse o STU. Os 30 primeiros do ranking vão continuar, quatro caem, entram quatros novos. Tipo Street League hoje em dia. Era o que o Dew Tour fazia. Eu acho que eu fiquei em quarto em um ano, em terceiro... Não lembro bem e aí, cortaram. Então saí da Oakley e me mantinha andando de skate. Aí o Dew Tour também cortou, foi quando conheci a Carol, minha esposa. E, pô, ela também segurava minhas broncas nessas vezes. A Japa me ajudou bastante. Só que em 2009, 2010 quando ela decidiu voltar para o Brasil descobriu que estava grávida. E aí já não estava tão legal nos Estados Unidos. Estava ok, mas não estava bom. Saí da Expedition, fui para a Sugar, uma marca menor que fez o meu primeiro pro-model, mas não cumpriu algumas coisas que a gente tinha combinado, e assim não rolou de me manter lá só andando de skate. Isso foi me desmotivando. Estar longe do Brasa, que eu gosto, longe da minha família. Decidi por mim mesmo: vou pro Brasa, ficar com a Carol, ficar com a minha família, ter minha filha. Isso que vai me fazer feliz.

Então você passou a profissional nos EUA antes de você chegar aqui como pro no Brasil? Não. Em 2008 já tinha corrido campeonato aqui, já tinha corrido na Europa...

No final, você ficou quanto tempo ao todo nos EUA? Fiquei uns seis, sete anos nesse vai e vem. Tinha ano que acabava nem conseguindo colar no Brasa. Ia para a Europa; da Europa voltava pros EUA; dos EUA, China...

Você estava meio lado a lado com os caras grandes da época. Com quem você costumava dar rolê ou competir? Mano, todos esses caras de hoje, era Chris Cole, Nyjah, Sheckler, Decenzo, quem

Mudou o game, game’s changed, que nem eles falam lá. Não sei se eu fui numa época ruim ou errada. Pode ter sido, tá ligado?

Mas você chegou a viver o sonho americano por um tempo, né? Ahãm. A pergunta que fica é: o sonho americano é para todo mundo? Não. A gente pode ir lá e andar de skate, mas ser um TX, um Luan, um Tiago Lemos, um Carlos Ribeiro, um Felipe Gustavo é complicado. Não é só andar bem de skate. Tem que ter carisma, tem que ter algo a mais. Você pode ir lá e viver o seu momento, mas não é bem assim que funciona. Você tem que estar ali, dando risada... Só que sou tímido para caramba. Quando estava lá, entendia tudo e não conseguia falar porque eu não queria falar, tá ligado? Eu não conseguia... Pura timidez. Só não era tímido na hora de zoar.

Brazilian style... Sou tímido ainda, mas é o que eu quero, então tem que tentar botar a cara e ir pra cima. Hoje em dia, quando vou lá, eu tento falar com os caras de qualquer jeito. Se os caras quiserem entender, entendem. Se não quiserem, não entendem. Perdi um pouco esse negócio, de chegar ali, ficar pedindo licença... Porra, não devo nada pra ninguém.

Não está ali de favor também, né? É. Eu estou ali porque eu quero. Quero andar de skate e fazer meu corre. Antigamente não... Talvez o meu jeito tenha feito com que eu não estourasse, mas sei lá, posso estar errado. Você volta ao Brasil em 2010 sem patrocínio nenhum... Como é sair dos EUA, onde você tinha uma certa situação e chegar no Brasil na roubada? Assim... Vou falar que a gente se sujeita a várias coisas, tanto... não estou TRIBO SKATE•63

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ENTRE V ISTA P RO querendo criticar nada. Posso falar?

A entrevista é sua... A minha mina estava grávida, minha filha estava para nascer e eu sem patrocínio, sem nada. Foi aí que entrei na Myllys. Foi um salário que me ajudou na situação que estava no momento. Trabalhei bastante, mas não tive muita escolha, tive que entrar na primeira marca que me fez uma oferta. Foi um negócio muito rápido, tanto que fiquei lá por uns 8 meses só. Gostei de trabalhar com a galera. Todo dia a gente estava na rua, todo dia a gente tinha uma ação, todo dia estava acontecendo alguma coisa... Filmando e gravando, só que foi muito decepcionante a maneira como eles me mandaram embora. Eu estava num momento bom, ganhando os campeonatos no Brasa, andando bastante de skate, uma época boa, com aquela pegada do Dew Tour, quando praticamente todo mês tinha campeonato. Fui mandado embora porque não tinha saído nada em revistas depois que entrei na Myllys e acabou saindo uma foto em uma revista que foi feita um ano antes de eu entrar na marca, dando um switch mayday. Recebi um texto gigante me mandando embora. Fiquei muito triste com isso, muito chateado. Mas bem na sequência, eu já estava na Posible, com o Marreco e logo depois já estava na Vans. Em 2011 comecei meu contato com Vans e entrei oficialmente em 2012. O Gus lá dos EUA trocou uma ideia com a galera da distribuidora na época. Parece que saí da Myllys e o mundo abriu muitas portas pra mim naquele momento. Eu abracei a causa e fui pra cima com tudo!

E como que era o cenário do Brasil nessa época que você voltou? Estava rolando uma cena no Brasil? Estava. Tinha o Circuito Brasileiro, com o Mundial em Fortaleza. Aí na semana seguinte era o campeonato de Sobral, campeonato em João Pessoa. Tinha o Matriz... Tinha de onde eu tirar dinheiro, tá ligado? A galera pode falar o que for de campeonato, mas se você é dedicado, consegue se dar bem mesmo sem

um patrocínio. Vou falar, eu acho os campeonatos muito importantes para o skate. Na rua é onde você mostra seus skills. Não é fácil andar na rua eu que o diga, só que também tem os caras que andam muito na rua, mas não se dão bem em campeonatos. É tipo vice-versa, tá ligado? Ser muito bom nos dois assim é complicado. É muito difícil. Chegar num pico e falar: eu vou dar essa... aí você fica lá 3, 4 horas tentando e não volta a porra da manobra que na pista você volta de primeira. Gosto de andar na rua, mas acho complicado. Tive que mudar meu skate a partir do momento em que decidi viver em São Paulo, pensar mais em andar na rua mesmo, porque não tem mais nada acontecendo no Brasil.

Foi o final dos circuitos brasileiros que te fez ver que Curitiba tinha ficado pequena para você, para o teu skate e para a tua família? Conversando com o Detefon, ele me disse: “Quero te dar uma pá, para você se enterrar em Curitiba!”. Foi nesse momento que a Carol falou: “Vou arrumar um trabalho em São Paulo com a minha irmã e a gente vai prá lá.” Graças a Deus, tá ligado? O Det falou isso pra eu me tocar que ali não estava acontecendo nada. Andava de skate todos os dias, mas e aí? Não acontecia nada. Em Curitiba estava com o skate muito mais no pé do que estou hoje em dia, porque eu estava todo dia andando ali na Drop. Era mais fácil colar na pista. Aqui em São Paulo, para você ir numa pista é complicado. Se locomover em São Paulo é difícil. Para colar na pista do Brasil Skate Camp é muito gasto. De tempo, de grana com combustível, até porque acho que se vai andar em pista privada, nada mais justo que pagar. No final, a decisão de morar em São Paulo foi mais da Carol, mas eu também queria mudar. Ela também se deu conta que meu skate não era visto em Curitiba. “Você não está saindo numa revista, você não está filmando para porra nenhuma, não tem campeonato...”. Nessa conversa com o Detefon, ele também me falou isso “Você está

ficando estagnado aí. Não tem nada... Cadê você? O que está acontecendo? Você posta uns Instas legais, mas, e aí? Cadê o Danilo?” Eu, a Carol e a Clara mudamos para São Paulo e parece que o mundo brilhou. Já saiu entrevista, saiu capa, consegui fazer uma parte para o vídeo “Na Missão”, estou finalizando esta entrevista agora aqui na Tribo Skate com vocês e estou contando a minha história.

É outro tipo de trabalho, né? É. Totalmente diferente, tanto que quando vou para um campeonato agora, demoro mais para me soltar. Quando era amador, tinha campeonato todo final de semana. Tenho mais de 200 troféus em casa. Todo final de semana viajava, meu pai me levava. Tinha circuito em Santa Catarina, da Qix, Paranaense, Drop Dead, Mineiro, Paulista. Tinha campeonato todo final de semana e isso quando não tinha campeonatinhos menores. Na época que passei a Pro, até rolavam eventos, mas os eventos de skate acontecem com menos frequência. Hoje em dia, vou a um campeonato de skate e já fico meio travado. Você quer ir na pegada, mas às vezes não está naquela vibe. Você ainda fica muito adrenado quando vai correr um campeonato? Dá até dor de barriga! Na verdade fico mó nervoso. Sou meio ansioso, não consigo dormir à noite antes de campeonato. Se ando na pista, fodeu. Se vou na pista treinar fico a noite toda pensando no que tenho que fazer para melhorar, qual manobra fazer, mas gosto dessa sensação. Mesma coisa que voltar aquela manobra na rua que está tentando há três horas. É parecido com acertar a linha do campeonato. É aquela sensação de que fiz o que queria; deu certo!

Nessa transição do Danilo curitibano e campeonateiro para o Danilo que mora em São Paulo e anda na rua, no que que você acha que amadureceu? Acho que em muitas coisas. Ver o skate de outra forma, porque a gente tem que

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se adaptar. Tento fazer da melhor maneira o meu trabalho. Tento estar sempre na mídia, tento aparecer de alguma forma andando de skate e fazendo coisas relevantes e que marquem. Em campeonato você não tem isso. Você vai lá, anda de skate, dá o seu rolê, passa para a final, se dá bem e, eventualmente, ganha o campeonato. Em três ou quatro dias ninguém lembra. Agora, quando você faz uma vídeo parte legal ou faz uma manobra legal na rua, pode passar meses e as pessoas vão se lembrar e falar: “Que da hora, mano, assisti sua vídeo parte, vi sua entrevista na revista”. Eu sinto isso. Tipo... No campeonato a galera vai lembrar ali, recebe uma graninha, recebe os parabéns. Legal, mas isso passa. Agora quando você faz um negócio na rua fica marcado. Tipo “Fulano foi naquele pico e fez tal manobra”, tá ligado? Os caras vão lá e não vão dar a mesma manobra, eles vão lá e tentam outra, mas sempre você vai ser lembrado, de uma forma ou de outra.

BS GRIND

Você acha que as pessoas passaram a respeitar você mais nessa nova fase? Não sei. Na verdade eu não gosto de pagar pau para ninguém... “Se é meu amigo, é meu amigo!”, tipo “tamo junto”. Se não está, beleza. Então não ligo muito para isso. Tem uma parada que eu vejo em São Paulo que é a galera, o grupinho, a galerinha tal... Pô, eu tento me dar bem com todo mundo para não ter mimimi. Mesmo assim, com certeza tem a galera do guiguigui guiguigui, que é o que mais tem; pessoas que gostam de falar. Eu respeito todo mundo, acho que cada um tem sua opinião.

DANILO DO ROSÁRIO

30 anos, 19 anos de skate De Curitiba, mora em São Paulo (Vans e Everlong)

Você acha que consegue ser um cara reconhecido sem precisar dos eventos? Acho que sim. Antes tinha aquele negócio de o campeonateiro, Danilinho pistola e não-sei-o-quê, mas eu nunca liguei. Acho que por isso que nunca tive um apelido. Já tentaram falar e algumas coisas me deixaram triste, mas nada que tirasse o meu sono... Na verdade o meu sonho TRIBO SKATE•65

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ENTRE V ISTA P RO

FS TAIL FLIP OUT

é estar andando de skate e fazendo o que eu gosto. Estou aparecendo de outras formas mesmo com poucos campeonatos e continuo tentando fazer o corre de estar no meio do skate; tentando fazer de tudo para estar no game do nosso Brasa.

Há 20 anos, quando você começou a andar de skate, um cara que tivesse 30 anos seria um tiozinho que colava na pista. Como é sua visão hoje em relação aos 30 anos? Exatamente... Acho que o tempo passa muito rápido. Tipo, lembro como se fosse ontem, quando dei o primeiro flip e o tempo passou e a gente parece que não percebeu. No fundo a gente não muda. Continuo andando de skate igual, às vezes eu consigo me sentir um moleque. Para mim, tenho meus 18 anos ainda. Não percebi que muitas

coisas mudaram. Não é que não curto sair, até curto, mas não tenho aquela vontade. Prefiro ter um dia de skate do que uma noite de balada.

Você está com 30 anos e você mesmo falou que o tempo passa voando. Existe um Plano B para o teu futuro? Sei que você seguirá andando de skate, pois é algo que define quem você é, mas o que você acha que estará fazendo daqui a 10, 20 anos? Não sei se eu quero estar no meio do skate como negócio. Penso em várias coisas. Sei que ainda estou no meu tempo de andar de skate, mas tenho meus planos , se nada der certo, terei outros planos. Quero estar andando de skate, com 40, 50, 60. Tomara que até o dia em que eu morrer eu esteja andando de skate. Só que trabalhar com skate não sei se é algo que quero. Tive minha marca e fiquei meio

chateado, assim, com algumas coisas...

Foi menos fácil do que você imaginava? Na verdade, o mercado de skate é fácil. O problema é lidar com as pessoas do mercado de skate. É muito amador mesmo. É complicado lidar com maus pagadores, inadimplentes e trambiqueiros. Não sei se vou querer estar mexendo com skate, mas estarei andando de skate.

Faz pouco tempo, a Clara competiu o primeiro campeonato dela e terminou na 7ª posição, qual a sensação? Fiquei até com falta de ar. Só senti isso quando a Carol e a Clara ficaram presas no elevador no 12º andar. Eu nem pensei... subi correndo. Quando chegou no oitavo andar, o ar ficou meio pesado. Você sai correndo e nem pensa, então, porra, só de ela dropar ali, parei de respirar.

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Quando ela foi buscar a medalha, porra, saiu uma lágrima. Ela tem dado muito "vale" em mim, me chama pra andar de skate desde que sejamos só nós dois. Se vou com alguém, ela já sabe que ficarei andando e vou deixá-la de lado. Quero que ela faça o que queira fazer. Se neste momento ela quer andar de skate, estou com ela. Se no futuro ela quiser fazer outras coisas, vou estar junto também. Vou levar e dar toda força. Todo aquele apoio que meu pai me deu no skate.

coisas. Como disse, andar na rua, para mim, não é a coisa mais fácil do mundo, mas estou me dedicando em fazer uma vídeo parte com um documentário... Contar a minha história desde o início do skate, porque é uma data totalmente diferente, então nada mais justo do que a gente tentar contar essa história.

Deixa um recado pra molecada. Conhecendo você do jeito que conheço, se eu falar agradece a quem quiser, você vai ficar 5 horas falando nomes... Bom, Que a molecada se

30/20/10 é uma marca importante, existe algo planejado para comemorar estas datas? Pô, quero fazer um documentário

Né, Miguel?

e estou filmando uma vídeo parte com as manobras que eu quero. Estou me dedicando ao máximo e espero que ela seja marcante mesmo. O “Na Missão” foi legal, mas acho que faltaram algumas

Né, Miguel? Ó! Para você ver! Tive a oportunidade de estudar em Newport e eu, burro, criança na época, falei: “Não... eu quero andar de skate”. É o meu arrependimento. O Newport High

dedique ao skate e não pare de estudar...

School me aceitou e eu falei não. Se arrependimento matasse, eu estaria morto. Então, molecada, não perca oportunidade de estudar e se dedicar ao skate. Dá para conciliar as duas coisas. Tipo, você não vai deixar de aprender uma manobra porque você foi para o colégio. Sempre mantenha o estudo em primeiro lugar e o skate em segundo, porque não dá para saber o dia de amanhã. A gente não pode se iludir com o skate.

É isso, então... Bom, quero mandar um abraço para o Marcos Bollmann... (risos). Ele que também sempre me ajudou, pro seu Ângelo, para a dona Ivone. Quem mais, K-b-ça? O Salzão da Drop. O Sal me aturou muitos anos... bastante tempo lá na Drop. Acho que é isso. Está bom. TRIBO SKATE•67

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C A SA NOVA

Skate e roupas atuais: Shape, rodas, rolamentos e eixos Hondar. Boné, camiseta e calça Narina, tênis Öus. O que não suporta mais ver no skate: Skatistas que não sabem nada sobre o skate nacional e sua vivência. Manobra que ainda pretende acertar: Nollie fs heel ss fs 5-0 bs 180 out. Principal rede social que usa: Insta (@gabrielsantos.skt) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Poucas marcas e eventos que promovam o skate. Skatista profissional em quem se espelha: Alex Carolino. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Atual melhor equipe de skate brasileira: DC Shoes Brasil. Amador que gostaria de ver pro: Kaue Cossa. (apoios: Hondar, Narina e Trilha Pilates)

SS HEEL

GABRIEL SANTOS “NIGGA”

19 ANOS, 8 DE SKATE PORTO ALEGRE, RS FOTOS CHARLES MARTINS

“SKATE SEM AMIGOS NÃO É SKATE” casanova_257_V1.indd 68

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MOABE DANILO

JONATAS OLIVEIRA FREITAS “AMENDOIN” 16 ANOS, 4 DE SKATE SALVADOR, BA FOTOS FERNANDO GOMES

BS CROOKED Skate e roupas atuais: Shape, rodas e rolamentos Hondar e trucks Azo. Tênis Libra, camiseta Soberanus, calça Globe e boné Fellas. O que não suporta mais ver no skate: Perdermos tantos amigos para as drogas. Manobra que ainda pretende acertar: Flip. Principal rede social que usa: Instagram @jonatasfreitasoliveira. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: As marcas de skate estão mais concentradas no Sul e Sudeste e esquecem da cena local. Skatista profissional em quem se espelha: Boo Johnson. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Seaway. Atual melhor equipe de skate brasileira: Soberanus Skateshop. Amador que gostaria de ver pro: Jeferson Santos. (Hondar e Azo Trucks, apoios: Soberanus Skateshop)

“A VIDA É DESAFIO. VAMOS ACORDAR QUE O SOL NÃO ESPERA!” casanova_257_V1.indd 69

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C A SA NOVA

VINICIUS SANTOS “JESUS” 26 ANOS, 13 DE SKATE PORTO ALEGRE, RS FOTO RAFAEL WEBBER

Skate e roupas atuais: Shape Safari, trucks Independent, rodas Primitive e rolamentos Minilogo. Qualquer roupa preta, boné Wayward e tênis Urbann Boards. O que não suporta mais ver no skate: Skatista sofrendo preconceito e os mesmos tendo preconceito. Manobra que ainda pretende acertar: Fakie pivot fakie flip. Principal rede social que usa: Instagram @vulgojesus, segue nóis. Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Se chove, não tem pico pra andar. Skatista profissional em quem se espelha: Dylan Rieder. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Gol. Atual melhor equipe de skate brasileira: Plural, sem dúvida. Amador que gostaria de ver pro: Dwayne Fagundes. (Apoio: Urbann Boards)

FS BLUNT

“A CONSCIÊNCIA TRAZ RESPONSABILIDADE” casanova_257_V1.indd 70

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Skate e roupas atuais: Shape Plural, trucks Crail, rodas Bones e rolamentos Ras. Camiseta Cocaju, boné Moana e tênis Tesla. O que não suporta mais ver no skate: Pessoas que dizem fazer algo pelo skate quando realmente só querem beneficiar a si próprio deixando de colaborar como deveriam. Manobra que ainda pretende acertar: Ss fs heel bigspin em um gap. Principal rede social que usa: Instagram (@rodrigosantos_skate) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de incentivo. Skatista profissional em quem se espelha: JN Charles. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Red Bull. Atual melhor equipe de skate brasileira: Future. Amador que gostaria de ver pro: Franklin Morales. (Apoio: Cocaju)

SS HEEL VINDO DA MURETA

IRAN RODRIGO SANTOS 23 ANOS, 7 DE SKATE ARACAJU, SE FOTOS THOMAS TEIXEIRA

“ACREDITA QUE VAI DAR CERTO” casanova_257_V1.indd 71

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T R A ÇOS E R ABISCOS

PER F IL D O A RTISTA

HAR A DAN I PAULISTANA QUE TRABALHA HÁ 15 ANOS COM DESIGN GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTE, HARA DANI É UMA ARTISTA TALENTOSA. PINTURA, DESENHO E ESCRITA COMO PREDILEÇÃO E COMPLEMENTO PARA A SUA VIDA.

TEXTO EDU REVOLBACK X FOTOS RUY FRAGA

AUTORRETRATO Desenho com as principais paixões da artista

Quando você começou a se interessar por arte? Desde a infância sempre gostei de desenhar e escrever histórias. Na casa dos meus avós havia muitas revistas; eu escolhia algumas, rabiscava por cima das fotos e criava personagens. Meus cadernos da escola eram cheios de desenhos nos cantos das páginas e eu usava qualquer papel para fazer f lipbook. Achava divertido ver os bonecos de palito se movimentarem. Assim começou meu interesse por arte: lendo gibi, garimpando livros, revistas e enciclopédias.

Quais suas grandes influências e por quê? Como cresci em São Paulo, a cidade sempre foi inspiração para meus trabalhos. Geralmente gosto de ilustrar personagens introspectivos e cenas cotidianas. Tudo influencia, pintura, quadrinhos, grafite, música e literatura. Alguns nomes: Marjane Satrapi,

Hayao Miyazaki, Egon Schiele, Kent Williams, Patti Smith, Sonic Youth, Ella Fitzgerald, Motown, Craig Thompson, Will Eisner, Jamie Hewlett, Julia Bax, Charles Schultz, Art Spielgman, Chimamanda Ngozi Adichie e muitos outros. A música tem grande presença nos meus trabalhos, e por isso, gosto de retratar cantores e bandas; em especial do R&B, rock, rap e soul.

Um sonho a ser realizado? Ser ilustradora em tempo integral.

Você já fez alguma exposição? Já participei de algumas exposições coletivas e feiras, como a expo “Eu e Etc”, na inauguração da galeria Emma Thomas, Projeto “4SP” no extinto Lady Hell, “Area 51” da Storvo Inc.

Palavras finais, planos futuros? Notei que você tem algumas artes que envolvem o skate... Embora parte dos meus amigos na adolescência andassem de skate, eu só fui tentar minhas primeiras remadas um pouco mais tarde, por volta dos 22 anos. Mas sempre gostei de assistir o movimento do corpo nas manobras, a interação de skatistas com a paisagem e a arquitetura urbana. Acabo levando isso para minha arte, porque o skate é ótimo para o desenho de observação e gestual.

Estudar arte cada vez mais, tentar ampliar meus conhecimentos em pintura, expandir essa vontade para trabalhos em muros e paredes, voltar a colar lambes, como eu fazia 10 anos atrás.

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MÚSICA Aquarelas homenagens a Syd da Kyd, Nina Simone e Jimmy Hendrix

SKATE Pintura de Davi Theobaldo manobrando

EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK

Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 73

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Á UDIO

E NTR EVISTA

A CRECHE

BEBENDO COROTE E LOUVANDO O DIABO TEXTO EDUARDO RIBEIRO

// FOTO MARCELO JACOB

A CRECHE, UMA DAS BANDAS MAIS DIVERTIDAS DA NOVA SAFRA HC/PUNK DE SÃO PAULO, FOI BUSCAR EM NOMES COMO RDP, DEAD KENNEDYS, NOFX E MUDHONEY SUAS REFERÊNCIAS. ESSA TURMINHA É MUITO ANSIOSA, POR ISSO AS MÚSICAS ACABAM SAINDO BEM RÁPIDAS E CURTAS. NO MOMENTO, O GRUPO, COM UM EP LANÇADO, SE DEDICA A COMPOR PELO MENOS VINTE FAIXAS PARA TENTAR CONSOLIDAR O PRIMEIRO ÁLBUM.

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NOSSO PROPÓSITO COM A BANDA É SIMPLESMENTE NOS DIVERTIR, DESABAFAR E TIRAR O STRESS DA VIDA INFERNAL Da última vez que entrevistei vocês a banda estava lançando o primeiro clipe... CÉSAR PASSA-MAL (GUITARRA): O tempo voa veloz e feroz! A gente lançou o clipe de “Merenda Maldita” no comecinho do ano, um pouco antes de divulgar nosso primeiro EP (Geração Zero). Aí, de lá pra cá, fizemos até que bastante shows por aqui e em algumas cidades além de São Paulo, como Jundiaí, Marília e Garça. Foi um começo legal de divulgação do nosso podre trabalho, e a resposta da galera também tem sido bem massa. Tem muita gente doida por aí, ainda bem!

Como foram as filmagens de “Esculacho”? Vocês curtem gravar umas paradas na rua, né? A CRECHE: O clipe da “Esculacho” foi filmado numa pracinha onde jovens do reggae sempre fazem um certo ritual. A gente levou uns corotes e filmou com ajuda do nosso amigo Marcelo Jacob, mas foi tudo caseiro demais. Uma coisa engraçada foi quando filmamos a cena que estamos vestidos de roupa social e espumando pela boca. Pra espumar, tivemos que tomar bicarbonato de sódio, só que, rapaz... pensa num lance que queima a boca toda e você não tem controle nenhum de quando ou quanto vai espumar. Foi muito bonito.

Qual é a fita mais inusitada de situação de show pela qual vocês já passaram? A CRECHE: Foi quando chamaram a gente pra tocar num festival em Garça (interior de SP). Era um festival familiar, três dias de festa e várias atrações de tudo que é tipo. Teve até um cover do Psy, pra você ter ideia. Faltando um dia pra tocarmos, recebemos uma notificação de que iam cancelar nosso show porque acharam que íamos falar de louvar o capeta no palco. Mudamos a letra de uma música (“Merenda Maldita” virou “Que Festa Bonita”) e liberaram pra gente tocar. No fim das contas tocamos para um público gigantesco (que certamente não queria ver a gente), e acabou sendo um dos nossos melhores shows. Foi até um monte de criança e família pra tirar fotos com a gente. Doidera!

Vocês são satanistas ou aquele lance de “louvar a Satanás” escrito no CD é só pra encher o saco dos crentes? A CRECHE: A gente usou como brincadeira em uma das

letras e acabou meio que pegando essa fama (que até que é boa), mas poxa... cada um acredita no que quiser, ao meu ver qualquer religião é burrice e muleta. Falamos disso (e de quase tudo) na ironia mesmo, jamais degolaria um bode, são animais tão belos e tão próximos do Deus supremo: Satanás.

Uma banda chamada A Creche já nasce com uma previsão de tempo de vida? Afinal, um dia vocês envelhecerão... Apesar de que os caras do Adolescents são tipo vovôs e ainda tocam com esse nome [risos]... A CRECHE: Aí está uma excelente observação! Vamos ficar ridículos se essa banda chegar na terceira idade com esse nome, mas acho que estamos mais que acostumados com o ridículo. E você deu um bom exemplo, se o Adolescents pode, a gente pode também! Agora se vai durar tudo isso, aí é outra história. Na real, acho que nenhum de nós achou que a banda fosse durar nem um ano, por ter começado tão na brincadeira, então já estamos no lucro.

De onde vem esse senso de humor de vocês de sempre se apresentarem como algo “terrível”, falando que o disco é uma “maratona de sofrimento musical”? A CRECHE: Temos muita preguiça de bandas que se acham artistas demais, cheias de conteúdo e que ficam naquela de competição ou de superioridade. A gente já diz logo a real pra todo mundo. Nós gostamos das músicas (e clipes) que fazemos, mas sabemos que são simples, meio toscas, e que não vão realmente mudar a vida de ninguém. Nosso propósito com a banda é simplesmente nos divertir, desabafar e tirar o stress da vida infernal. De uma forma (muito) dramática eu diria que a banda é uma válvula de escape pra ninguém se matar.

Já arrumaram um lugar melhor pra beber que não seja a padaria? A CRECHE: Ainda bem que sim! E esse lugar se chama pizzaria!

→ VEJA E OUÇA: A CRECHE.BANDCAMP.COM

GOO.GL/1AMZHR

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COLUNA VIS UAL

SOBR E ADR ENALINA E CONE XÕE S Durante uma temporada no Rio de Janeiro, conheci o skatista

o moment e sabe que o skatista iria voltar a trick, tomar pau

aí da foto. Marcelo Batista, também conhecido nas ruas

de segurança e por aí vai. Mas nenhum desses riscos supera a

como Shrek, é um pernambucano que se jogou pra Cidade

adrenalina e vontade de fotografar o acerto e comemorar junto

Maravilhosa com 17 anos pra andar e viver o skate carioca. Em

com o skatista e os amigos presentes. Nesse dia, Maurício

pouco tempo por lá fez história descendo o temido e inédito

Nava e Vitor Colibri nos acompanhavam e viram o acerto desse

corrimão da Rocinha e mostrando em sessões cotidianas ser

overcrooked, antecedido ainda por um board de front.

dono de um rolé que impressiona logo de cara. Com um estilo

As tricks estarão no vídeo Religare, parte de um projeto que

que é ao mesmo tempo agressivo e limpo, o cara é corrimãozeiro

também conta com uma série de imagens da qual essa aqui

e bom de linhas, manobra como adulto e faz piada igual criança

faz parte - relacionando fotografia de natureza e de skate - e

na sessão. Talentoso, cheio de disposição e, como a maioria dos

que é fruto do entendimento do skate como forma de conexão

skatistas nordestinos, ainda longe de ter a visibilidade merecida.

com nós mesmos. Exatamente como Shrek fez nesse momento,

Nesse dia, Marcelo me fez matar a saudade da adrenalina de fotografar corrimão em locais de segurança privada, ainda

colocando pra fora toda sua energia e apetite de se expressar através de manobras.

mais nesse pico que ficava dentro de um shopping, com clientes e funcionários passando sem entender que porra que esses caras estariam fazendo ali. Essa é provavelmente uma das sensações mais viciantes da fotografia de skate, a mistura da adrenalina com o prazer de estar fugindo dos padrões de uma sociedade doente. Os riscos são vários: skatada na lente (rolou nesse dia), o skatista se machucar, ser expulso a qualquer momento, ser colocado pra fora quando você já fez

FERNANDO GOMES

Vivedor do skate soteropolitano, fotógrafo e jornalista

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MARCELO BATISTA

Adrenalina e conexões que tornaram possível o fs overcrooked neste corrimão de um shopping carioca

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COLUNA S K AT E S AÚ DE

T H I AGO PI NO

A LIBERAÇÃO MIOFASCIAL ENTRA EM CENA O skate é uma atividade física de alta intensidade, que

O uso exagerado da musculatura nas sessões de skate,

exige demais do corpo do skatista, e nos últimos anos vem

maus hábitos posturais, padrões de movimento incorretos

crescendo bastante a preocupação deles com as questões

e até mesmo desgastes emocionais e estresse podem levar

físicas que envolvem sua prática, principalmente no que diz

a uma alteração prejudicial da fáscia, resultando em uma

respeito à prevenção de lesões.

pressão excessiva sobre os nervos e músculos. Isso faz com

Essa conscientização dos skatistas fica cada vez mais visível

que o nosso corpo reaja formando nódulos, que são chamamos

e alguns fatos até pouco tempo tidos como "estranhos" se

de pontos gatilhos (trigger points). Esses pontos acumulam

tornaram comuns. Um grande exemplo disso está na liberação

toxinas e prejudicam o bom funcionamento do sistema

miofascial; hoje é muito comum vermos skatistas com seus

musculoesquelético, alteram a coordenação, a flexibilidade e a

rolos, bolinhas e sticks antes e depois de andarem de skate.

força muscular, facilitando o surgimento de lesões e impedindo o

Mas afinal, o que vem a ser esta liberação miofascial?

skatista de aproveitar ao máximo o que o skate tem de melhor. É nesse momento que entram em cena os rolos, sticks e bolinhas de liberação miofascial. Eles são os responsáveis por exercer uma pressão sobre estes pontos gatilhos, liberando os mesmos e devolvendo a liberdade e a mobilidade que o corpo precisa para executar as manobras com precisão. A pressão da liberação é uma “dor boa”, pois está efetivamente liberando a fáscia dos pontos de tensão, estimulando a circulação local e ofertando oxigênio para a mesma. E pode ter certeza que, quando finalizada, provoca um grande alívio e uma melhora notável no padrão de movimento. A liberação miofascial pode ser feita antes de andar, para aumentar a mobilidade articular, favorecendo uma melhor execução dos movimentos e diminuindo sobrecarga e tensão

BOLINHA libera os pontos que acumulam toxinas e prejudicam o bom funcionamento da musculatura

músculo-articular. Ou após a sessão, para ajudar a relaxar a musculatura e preparar o corpo para os próximos desafios. Cuidar do seu corpo é cuidar de você e do seu futuro sobre o skate, fazendo valer cada vez mais aquela velha frase "vou andar de skate enquanto as pernas aguentarem".

A fáscia é uma lâmina de tecido, extremamente resistente e elástica, que recobre todos os músculos do corpo, logo abaixo da pele, e permite o deslizamento perfeito dos músculos durante os movimentos. A liberação miofascial consiste em um método de aplicação de pressão em alguns pontos do corpo, com o intuito de amassá-los, literalmente, buscando uma maior liberdade entre o músculo e a fáscia.

THIAGO ZANONI: Skatista, pai de gêmeos, educador físico, idealizador do Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício

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COLUNA AGU IN AL DO ME LO

TÓ Q UI O 2020

TÓQUIO É BEM ALI. Estamos a pouco mais de dois anos para a estreia do skateboard

Patrocínios. A indústria do skate fez ele chegar onde está hoje,

nas Olímpiadas em Tóquio e, apesar do pouco tempo, quase nada

mas as chances são grandes dos skatistas não poderem honrar

foi respondido ou explicado sobre como será esta estreia. Quem

seus patrocinadores nas Olimpíadas. Se o skateboard seguir o

serão os nossos representantes, como funcionará a seleção dos

modelo do snowboard, os skatistas em Tóquio sequer poderão

skatistas, quais serão as regras e onde serão as competições são

ter um adesivo daquela marca de rolamentos ou lixas colado em

algumas das perguntas que ainda precisam ser completamente

seu skate. Tradicionalmente o Comitê Olímpico pega pesado com

respondidas. Vamos ver se consigo responder algumas aqui, além

patrocinadores que não estejam associados aos jogos.

de levantar algumas lebres.

Se seguirmos o modelo do snowboard o que será permitido? Usar Nossos representantes. Apesar de estarmos falando de

shape com gráfico do seu patrocinador de decks. Mas este shape

skateboard, os cenários do street e do park são muito diferentes.

precisa estar a venda nos últimos 12 meses no mercado. Não é

Vejo no park uma tendência a termos como representantes os

permitido o lançamento de um model “olímpico” ou algo assim.

nomes que já estão no game hoje, mas no street a concorrência

Usar tênis, capacete e óculos de sol do seu patrocinador. Todo

será gigante. Imagine uma final da Street League, só que em Tóquio.

o resto é proibido, isso significa que aquela marca de energético

Essa deverá ser a competição do Street nas Olímpiadas, mas os nomes

e todos os seus patrocinadores de roupa não teriam espaço nos

que veremos lá ainda são uma incógnita. A evolução está acontecendo

jogos. Seguindo este caminho, a CBSk provavelmente fecharia um

numa velocidade impressionante, certamente teremos nesta lista

acordo com alguma empresa que produziria os “uniformes” dos

alguns nomes que ainda competem entre os amadores hoje.

skatistas. Esta logomarca também teria que ser pequena (máximo

Damn Am, Tampa Am, duas competições que funcionam

20 centímetros quadrados). Só este último item já gera discussão

como porta de entrada na Street League, ambas têm presença

para um mês. Como fica o estilo do skatista dentro deste modelo?

maciça de brasileiros. Em 2017, os nomes que entraram por estas competições deram trabalho, acredito que não será diferente de

As pistas. Já se sabe onde serão as pistas do skateboard nos

2018 para frente. Além dessas competições, novas deverão se abrir

jogos. A plaza do street e o park serão construídas na cidade de

para os brasileiros chegarem na Street League. Vejo esta seleção

Koto, em um local que levará o nome de Arena Aomi de Esportes

para os jogos sendo feita através de um ranking internacional, em

Urbanos. Neste pico serão construídas também as pistas do BMX.

que teremos competições com pontuações diferentes. Se levarmos

Aqui fica outra pergunta: Será que o Park será compartilhado

em conta o que acontece hoje no ciclismo em que cada competição

com o BMX? Isso no passado já gerou muita reclamação. Se você

possui uma pontuação, o streeteiro para estar nas Olimpíadas

estiver por Tóquio durante os jogos poderá andar nas pistas

precisaria metralhar na Street League e ainda marcar alguns pontos

olímpicas sem pagar nada. Pela primeira vez na história dos

em etapas da CBSk para ficar bem no ranking global.

jogos, as arenas serão abertas para o público. O lado triste é que

No Park não será diferente, o Vans Park Series provavelmente

tudo indica que estas pistas serão destruídas após os jogos. Vejo

será o caminho para os jogos, mas para isso eles precisarão fazer

que, apesar de apenas dois anos, estes serão dois anos muito

uma porta para que novos skatistas conquistem o seu espaço.

animados. Nenhum skatista estará feliz de ver o skate sendo mal

Neste ponto que entram a competições regionais. O que já

representado em uma competição deste porte. O skateboard

temos certeza é que seis brasileiros competirão no Street e seis

possui seu universo e suas particularidades. Assim como os jogos

competirão no Park, sendo três homens e três mulhere, totalizando

possuem suas particularidades.

12 brasileiros. Quem serão? Eu não faço a mínima ideia. Todos os dias refaço a minha lista. Os amadores que estão chegando me

Será divertido ver até onde os cartolas das Olimpíadas toparão ceder para ver o skateboard colocando sangue novo nos jogos.

impressionaram pela capacidade de lidar com a pressão e por conseguirem manobrar em todo tipo de obstáculos. Esse será o grande desafio para os skatistas que já competem na Street League: ser versátil e lidar com a pressão.

AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas; é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida

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SK ATE BOA RD I NG M I LI TANT

O GRANDE DILEMA Ao longo de sua história, o skate foi se dividindo em diferentes

sem ídolos”, tentando convencer o grande público de que “o

modalidades. Slalom, freestyle, downhill speed, vertical, street,

barato sairia muito caro pra todos nós”. Eles só se esqueceram

downhill slide, longboard classic, long distance pushing e freestyle

de dizer que a qualidade de seus próprios produtos havia caído

longboard (também conhecida como dancing) foram atraindo

bastante, tornando muito difícil de convencer a galera a pagar

praticantes em todo o mundo. Toda essa gente andando de skate

mais caro por um produto de qualidade similar só porque era um

criou a demanda por uma indústria especializada, cujas origens

pro model.

estão no final da década de 50 e que na atualidade atingiu o seu maior nível de qualidade em todos os tempos. As marcas de modo geral sempre colocaram as necessidades

• Corta pra 2015, quando a ESPN organizou o evento chamado

“Real Street”. Eles convidaram nove pros – entre eles, Silas Baxter-Neal, Mike Mo Capaldi e Mike Vallely – e cada um deles

dos skatistas em primeiro lugar, fabricando tudo aquilo que

deveria produzir um vídeo de um minuto. Duas medalhas de ouro

o mercado exige e introduzindo inovações que vão desde o

foram premiadas a dois skatistas, um deles escolhido pelo público

uso do poliuretano nas rodas (lá nos anos 70) até os trucks de

e outro por um grupo de cinco juízes, formados por “ex-pros” e

precisão de angulações diferentes do downhill atual. Não é à

veteranos da indústria, todos eles muito respeitados no ramo. Os

toa que o skate atingiu o seu mais alto nível técnico em todas as

juízes escolheram a técnica de Capaldi e sequer consideraram

modalidades nos dias de hoje, quando não existem mais picos

a parte de Vallely, que remetia aos tempos dos vídeos da Powell Peralta. Pois bem: o público escolheu Vallely com mais de 37%

É PRECISO ENTENDER AS MENSAGENS ENVIADAS DAS RUAS, PISTAS E LADEIRAS ANTES QUE SEJA TARDE

dos votos, quase o dobro dos cerca de 21% de Capaldi.

• Em 2017, outro sinal dessa diferença de linguagem. A CBSk

lançou a campanha “Somos Todos CBSk”, um abaixo-assinado online solicitando o reconhecimento da entidade pelo COB como a legítima representante do skate brasileiro, em oposição a alguns oportunistas de outra entidade ligada à patinação que tinham o mesmo objetivo. Não havia causa mais justa do que essa e não faltou divulgação nas mídias especializadas e até mesmo na grande mídia, portanto os skatistas sabiam muito

impossíveis de serem dominados, e a melhor prova disso pode

bem do que se tratava. A petição conseguiu pouco mais de

ser vista nos campeonatos de qualquer nível de competição;

17.000 assinaturas, um número sem dúvidas bem significativo,

hoje em dia, meninos e meninas já executam manobras e andam

mas que representou cerca de 0,2% do total de skatistas do

em velocidades que somente os mais experientes dominavam

Brasil de acordo com pesquisa realizada em 2015, que nos

há duas décadas, por exemplo. Quem acompanha os circuitos

estimou em 8,5 milhões em nosso país.

brasileiro e mundial pode testemunhar isso em quase todos os eventos realizados por aí. Sendo assim, por que se tem a impressão de que os skatistas

Três histórias diferentes com a mesma conclusão: a cúpula não está entendendo a linguagem das bases. Isso se torna mais grave quando vemos o interesse crescente de corporações diversas

falam uma língua diferente das marcas e entidades? Não é

sobre o skate nos últimos anos, ainda maior desde que virou

exagero meu, pois já ocorreram fatos que corroboram essa visão.

esporte olímpico. É preciso entender as mensagens enviadas das

Acompanhe comigo:

ruas, pistas e ladeiras antes que seja tarde demais. Depois, não

• Há pouco mais de 10 anos, a IASC (Associação Internacional

de Companhias de Skate, em inglês) lançou uma campanha

vai adiantar chorar sobre o leite derramado – leite esse criado e desenvolvido por nós. Fiquem ligados!

chamada “A World Without Pros” na qual alertava aos “perigos” que os decks lançados por skateshops ou sem a assinatura de um skatista profissional poderiam trazer ao cenário. Eles disseram com razão que “não há como construir as bases de um esporte

GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra desde 1962 e sobre o skate desde 1975

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