JP DANTAS / RONI CARLOS / JULIANO GUIMARÃES
R$ 12,90
WWW.TRIBOSKATE.ATIVO.COM
KLAUS BOHMS / FLÁVIO GRÃO / RPW /
S K AT E
EDIÇÃO 251 / DEZ - 2016
PÁG. 44
DE CORAÇÃO Essa é pra quem faz! PÁG. 18
JOHN ROGER NORDESTE
Gian e Febem explorando a exuberante região tropical
PÁG.26
WILLIAM SECO
Do alto de seus 32 anos, 13 como skatista profissional
PÁG. 52
DIET PÉ VERMEIO
Em tour pelo interior do estado do Paraná
ÍN DICE
TRIBO S K AT E
ANO 26 • DEZEMBRO DE 2016 • NÚMERO 251
ESPECIAIS 18. John Roger Trip 26. William Seco 34. Luz 44. De Coração 52. Diet Tour SEÇÕES Editorial......................................................................6 Zap............................................................................. 10 Casa Nova............................................................. 64 Traços e Rabiscos..............................................70 Hot Stuff..................................................................72 Áudio (RPW).........................................................74 Playlist (Felipe de Carvalho).........................76 Coluna Visual.......................................................78 Coluna Saúde...................................................... 80 Coluna 2020.......................................................... 81 Skateboarding Militant................................... 82
CAPA: Juliano Guimarães adotou Barcelona para morar há muitos anos, por razões óbvias: viver o street skate de maneira intensa. E foi na intensidade da rua que lesionou gravemente o joelho, tendo que voltar ao Brasil para fazer duas cirurgias e retomar seu espaço em Barça. Mais de um ano depois deste sufoco, é recompensado com esta capa. Ss bs tailslide. FOTO: Gerard Riera
RODRIGO GONZALES, POR LEANDRO MOSKA
O verão chega ao hemisfério sul e com o céu azul e as altas temperaturas aumentam as chances dos skatistas fazerem os melhores takes e frames de suas vidas, como este despretensioso fs grind na Costa Brava, região norte da Espanha. Vá pra rua, faça a sua!
TRIBO SKATE • 5
PAULO TAVARES
E D ITOR IAL
MATEUS BUTTOWSKI, DROP
O ANO DOS 25
2
016 se despede com a marca do primeiro quarto de século
folheando... Edição 244, capa com Rodrigo TX. Edição 245, junho, Fábio
da Tribo Skate. Uma das grandes características de uma
Castilho. Edição, 246, a primeira de Ricardo Dexter, inaugurando o novo
revista é ser um objeto físico, que você manuseia e cole-
projeto gráfico. Agosto, 247, Paulo Galera conquista mais uma capa, nos
ciona, utilizando seus sentidos e imaginação e acumulando
reflexos das tradicionais temporadas europeias. Número, 248, agora
conhecimento, além do puro entretenimento. A apreensão
sim, a marca dos 25 anos com o amador Marcelo Profeta fazendo a
do conteúdo é muito diferente da sobrecarga de informações digitais,
proeza de executar um 360 flip sobre a escadaria monstra da Catedral
mais eficaz para a construção de imagens, marcas (branding) e registros
da Sé, em São Paulo. Com o editorial “A mágica continua”, 100 páginas
históricos. Quando aportamos nas bancas com a edição 240, em janeiro,
com um pouco do nosso caldo cultural, acumulado na experiência e
capa do Henrique Siqueira, o editorial fazia contagem regressiva para os
na renovação do carrinho. Em outubro, na 249, a Tribo Skate parece
25 anos que viriam em setembro: “Vamos aquecendo, mês a mês, com
homenagear a grande revista que virou canal de TV, National Geo-
as atualizações de nossas plataformas, eventos e reinvenções, como
graphic. Juan Martinez é o cara da vez. Quanto prazer proporcionar
o bom e velho skate sempre faz, desde o início.” Em fevereiro, a capa
novamente uma primeira capa para um grande profissional do skate,
com um skatista de raiz, JM (João Batista Machado Rodrigues), foi mais
que em novembro foi o Jefferson Bill. Para fecharmos o ano dos 25,
um marco com a cara da Tribo Skate, no mês em que o personagem
agradecemos ao empenho do Juliano Guimarães, que nos brinda com
completava 50 anos de idade e uma produção fantástica com a clássica
sua arte neste switch backside tailslide que resume o prazer de fazer o
Ponte Hercílio Luz ao fundo. O símbolo de Florianópolis sob aquela
que se gosta. Como na pauta “Pra quem faz de coração”, que você cur-
luz de final de tarde que os bons fotógrafos sabem esperar (obrigado,
tirá nas próximas páginas, brindemos o conteúdo fino de cada mês.
Adriano Rebelo). Felipe Oliveira foi a capa da 242, em março. No editorial, comemoramos o início do Centro de Esportes Radicais de São Paulo, com seus pump tracks de asfalto divertidos. Em sua terceira capa na história da Tribo Skate, Filipe Ortiz chega com tudo para referendar a divulgação dos novos e impressionantes números da mais recente pesquisa Datafolha sobre o universo do skate brasileiro: 8.500.000 (oito milhões e quinhentos mil) praticantes em território nacional! Seguimos 6 • TRIBO SKATE
CESAR GYRÃO
Skatista desde 1975, fez fanzines, associações, correu campeonatos, atuou na Overall de 88 a 90 até comandar a criação da Tribo Skate em 1991
AQ U EC IMEN TO
S K AT E
ANO 26 • DEZEMBRO DE 2016 • NÚMERO 251 DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER
Felipe Telles
DIRETORA DE CRIAÇÃO
Ana Notte
GERENTE DE CONTEÚDO
Renato Pezzotti EDITOR
Junior Lemos SITE
Sidney Arakaki
DIRETOR DE ARTE
Fernando Pires
EDITORA DE ARTE
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EDITOR DE FOTOGRAFIA
Ricardo Soares PRODUTORA
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CONSELHO EDITORIAL
Cesar Gyrão e Fabio Bolota REDAÇÃO
triboskate@triboskate.com.br COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: TEXTO
Aguinaldo Melo, Diogo Andrade, Edu Andrade, Eduardo Ribeiro, Fernando Gomes, Guto Jimenez, Sidney Arakaki e Thiago Pino. FOTO
Andre Calvão, André Cardoso, Bruno Rocha, Cesar Matos, Cristina Sá, Diogo Andrade, Felippe Lacerda, Fernando Gomes, Gerard Riera, Jerri Rossato, João Eduardo Pat, Leandro Moska, Marcelo Mug, Mauricio Pokemon, Michel Almeida, Pablo Vaz, Paulo Tavares, Pedro Iti, Pedro Macedo, Raphael Kumbrevicius, Rodrigo K-b-ça, Sergio Veríssimo, Thiago da Luz e Washington Teixeira. COMERCIAL
Fabio Bolota (fabio.bolota@nortemkt.com) Cezar Toledo (cezar.toledo@nortemkt.com) DISTRIBUIÇÃO: DINAP TELEFONES
SAMUEL JIMMY, FS NOSEGRIND ESTICAR O COURO ASSIM EM UM CORRIMÃO, LOGO DE CARA E SEM AQUECER, ELE TRAÇA TODOS OS DIAS PELA MANHÃ. COM O ACRÉSCIMO DE FAZER PARECER FÁCIL SEM PERDER O ESTILO!
Belo Horizonte: 31 4063-9044 Brasília: 61 4063-9986 Curitiba: 41 4063-9509 Florianópolis: 48 4052-9714 Porto Alegre: 51 4063-9023 Rio De Janeiro: 21 4063-9346 Salvador: 71 4062-9448 São Paulo: 11 3522-1008 ASSINATURAS
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A revista Tribo Skate é uma publicação mensal da Norte Marketing Esportivo
FOTO RAPHAEL KUMBREVICIUS As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.
TRIBOSK ATE.CO M .BR
MATRIZ
15 ANOS
JUNIOR LEMOS
Carlos Iqui se sagrou campeão do Matriz Skate Pro 2016, que comemorou 15 anos de vida da skateshop. O gaúcho frequenta o IAPI, local da competição, desde que foi inaugurado e esse foi seu primeiro ano competindo como profissional. O pódio da 8ª edição do evento foi completado com Lucas Xaparral em segundo e Luan Oliveira em terceiro.
SWITCH FLIP
ANDRE CALVÃO/CORTESIA ELEMENT
PROMODEL KLAUS BOHMS
10•TRIBO SKATE
A Element Skateboards lançou o aguardado pro-model do Klaus Bohms. A marca fez uma festa na 2Hype, loja/ pico no bairro da Mooca, na capital paulistana. Veja no site a entrevista com Klaus falando sobre o modelo e assista ao vídeo produzido para celebrar a conquista.
WHAT'S UP
SK8 ZONE
SIDNEY ARAKAKI
MARCELO MUG/CORTESIA CBER
Informe-se e tenha argumentos para discutir nas redes sociais!
A Biscoito Skateboards surpreendeu o guarulhense Marcos Morto com um pro-
A primeira edição do SK8 ZONE teve Gabriel Siqueira como campeão da competição amadora de street. O festival aconteceu no primeiro final de semana de dezembro, no Parque Villa Lobos, zona oeste da capital paulista, com diversas atrações unindo skate, arte e música. Além de competições e clínicas nas áreas de street e minirrampa, rolaram atividades culturais nos stands da Decathlon e Oi, patrocinadoras do SK8 ZONE. A Cup Noodles montou uma minirrampa e levou Pedro Barros (fs flip) para fazer uma apresentação. Durante todo final de semana foi distribuído macarrão instantâneo para os visitantes do evento e a marca também promoveu campeonatos de melhor manobra na pista de street e na sua rampa exclusiva.
model. O detentor do recorde brasileiro de ollie (101,5cm foi registrado em 2000) foi homenageado pelos amigos no lançamento do vídeo GRUemHD, em Guarulhos. A produção do vídeo é de Diogo “Gema” Ramos e os DVDs podem ser encomendados pelo biscoitoskateboards @outlook.com
A Oddz Skateboards apresentou seus skatistas com
MICHEL ALMEIDA
POOL BATTLE PRO Murilo Peres venceu a primeira edição do Pool Battle Pro, competição profissional de skate em piscina. O evento aconteceu na Cave Pool, pista em formato de piscina no bairro do Butantã, em São Paulo. A segunda colocação ficou com Caique Silva e em terceiro ficou Rony Gomes.
vídeos de boas-vindas. Murilo Peres, Rony Gomes, Ítalo Penarrubia, Edgard Vovô e o amador Pedro Duarte fazem parte da família Oddz.
A Treer Skateboards lançou o pro-model de rodas do curitibano Alex Carolino. O skatista profissional assina um modelo com duas variações de medidas e durezas, para diferentes situações de terrenos.
TRIBO SKATE•11
ZAP
LIN H A VE R M ELH A
KLAUS BOHMS
ELE REPRESENTA O SKATE PAULISTA COMO LEGÍTIMO PRATA DA CASA. É DE SÃO BERNARDO DO CAMPO, MAS FOI A PARTIR DE SÃO PAULO QUE CONQUISTOU RESPEITO NO MUNDO TORNANDO-SE, POR EXEMPLO, O PRIMEIRO BRASILEIRO A TER UM TÊNIS ASSINADO PELA ADIDAS SKATEBOARDING, COMO MEMBRO DO TIME INTERNACIONAL. PARA CONQUISTAR TAMANHA CONSIDERAÇÃO, TODA UMA VISÃO GLOBAL DO MUNDO AJUDOU MUITO E KLAUS TEM ESSE VIÉS CULTURAL ELEVADO.
FOTOS ANDRE CALVÃO
(RODRIGO K-B-ÇA) Você, além de skate, se interessa por um monte
de outras coisas, como literatura e música. Você já curtia desde pequeno ou isso veio junto com o skate ou até mesmo para fazer outras coisas além dele? Acho que desde pequeno tenho interesse por qualquer forma de criação, literatura, cinema, fotografia, música. Sou meio voltado pra isso, e talvez até por isso tenha me interessado por skate. O que aconteceu foi que o skate me abriu uma outra dimensão disso tudo, foi o que me fez ver arte com mais proximidade, algo diretamente relacionado a mim, sem a distância do ‘intocável’ que geralmente temos com as artes. Me deu essa outra perspectiva. E tudo que eu absorvo, relaciono com skate. Consigo perceber, às 12 • TRIBO SKATE
vezes, uma ideia de manobra ou abordagem de pico como consequência de algum entendimento que tive através de um texto ou um filme, ou qualquer outra coisa. Virou um círculo vicioso do qual não quero sair. (FERNANDO GOMES) Você acredita que o skate hoje caminha para
um maior reconhecimento como expressão artística, assim como a dança e a performance? No geral, se skate está tomando algum caminho hoje, é pro lado oposto de expressão artística. Apesar de sempre existirem exemplos que reforcem a ideia de skate como arte, essa não é a abordagem da grande maioria, e justamente por isso a ideia de skate como expressão
é mais interessante pra mim. Fato é que skate cresceu exponencialmente no mundo todo, então todas as suas vertentes de interpretações também cresceram, inclusive as mais artísticas. Não seria nem legal se essa ideia de skate como arte fosse ‘reconhecida’. Reconhecida por quem? Uma coisa que eu acho que skate não precisa é de buscar reconhecimento. A tal da ‘maioria’ é sempre o que limita e banaliza, pra tornar tudo etiquetado e de entendimento imediato. Esse lance de ter reconhecimento é como se nós próprios entendêssemos skate como um poodle de coleirinha, faminto, perdido pela cidade e que precisa de ajuda, quando a parada é um vira-lata ligeiro, bem alimentado e até meio traiçoeiro que sabe se virar. Enfim, existe o lado artístico, o lado competitivo, o lado fim de semana, o lado hammer, o lado lifestyle, tem espaço pra todos e acho que o skate praticado com verdade não precisa de reconhecimento de fora. Não que precisemos lutar contra isso, é inevitável e algumas interpretações de fora até me agradam, só não vejo sentido em almejar tal coisa.
(AGUINALDO MELO) Ao se profissionalizar, lentamente fez a transição para o skate de rua, focado totalmente em vídeopartes em um estilo único. Como encontrou este caminho? Como foi este processo? Bateu dúvidas se seria o caminho certo a seguir? Ando em qualquer espaço até hoje. Pistas, bowls, minirrampas; se as rodas passam eu tento andar, mas skate de rua sempre foi mais forte, não tive dúvidas. Eu andava de skate de casa pra escola, da escola pra outra rua, da outra rua pra alguma pista. No caminho ia tentando encaixar manobras nos degraus de escada, tentando usar as rampas da calçada, um dia vi uma revista de skate e foi como se eu tivesse encontrado Deus (risos) e todos estavam descendo corrimãos, pulando escadas, andando em banquinho. Foi o estalo necessário; a partir de então eu queria fazer aquilo tudo, poder sair manobrando naquele nível pela cidade e seria um playground infinito. Foi uma revelação, a melhor ideia que já me passou pela cabeça até hoje, não tinha nem escolha, estava totalmente tomado por ela.
TRIBO SKATE • 13
ZAP
SWITCH FLIP
14 • TRIBO SKATE
“UM DIA VI UMA REVISTA DE SKATE E FOI COMO SE TIVESSE ENCONTRADO DEUS" (RISOS)
(THIAGO PINO) Qual a sensação em ver pronto seu model de shape
pela Element, como foi o processo de desenvolvimento dele e qual a sensação em vê-lo pronto? O processo de desenvolvimento foi longo, principalmente porque as medidas do shape que eu sempre quis usar eram complicadas. Wheel base grande não é algo simples de mudar numa máquina de shapes e a Element (e quase nenhuma marca no mercado) tinha essa medida que eu curto. Tentar alterar algo dessa magnitude numa marca americana estando no Brasil não é simples nem rápido, demorou uns dois anos. A partir daí a ideia do pro model (que existe, inevitavelmente, desde 2007 na minha cabeça, que foi quando virei pro no Brasil) já ficou mais plausível. Começamos a trabalhar no desenho. Algumas pessoas diferentes passaram por essa função, entra um sai outro e começa novamente, mais um ano. Problemas econômicos no país, dólar, importação, produção, pegamos momentos complicados pra fazer tudo isso acontecer. E aconteceu! Então você pode imaginar a sensação. E tem a sensação mais profunda/filosófica, que é a ideia de ter seu nome estampado num shape de uma marca que tem uma história admirável no skate mundial, uma sensação de reconhecimento e respeito que ninguém te tira. Sou muito grato por isso. (ELIÉZER DANTAS) Persistência é algo essencial na vida das pessoas
e, para quem anda de skate, essa palavra tem uma importância ainda maior. Suas aparições na mídia demonstram um absoluto perfeccionismo, fruto da sua responsabilidade com a própria imagem e a de seus patrocinadores. Somado ao seu talento, acredita que essa característica foi essencial para uma carreira sólida e internacional? Legal essa observação. Talvez eu tenha uma pré-disposição a ser um pouco perfeccionista, mas acredito que o que tenha causado isso foi ter 'começado do começo', ter sido de
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ZAP
marcas brasileiras pequenas, humildes, onde os caras não têm o senso crítico mais refinado do mundo e você precisa dar ideias pra evitar uma catástrofe num anúncio. Assim comecei com esse costume de ser um pouco diretor de si próprio, quando é uma marca que está vinculando sua imagem, com a ideia de que o mais importante é a marca te procurar porque você representa o que ela busca e não você adaptar sua imagem ao que uma marca precisa. Acho que isso constrói algo sólido como ao que você se referiu. No caso da mídia de skate, é um pouco diferente. Acho que a mídia é responsável por contar uma história à maneira dela, com a intenção de fortalecer a cena, não acho que faria muito sentido o skater ter muito controle, a mídia é o olhar do outro sobre você, mas esse ‘outro’ não é qualquer um, é alguém em quem você confia e respeita por zelar pela mesma coisa que você. (GUTO GIMENEZ) Você já está há um bom tempo com a adidas,
uma marca conhecida por seu tratamento diferenciado aos skatistas de sua equipe. Como é o relacionamento de uma das maiores corporações de material esportivo do planeta com seus patrocinados? Eu não poderia imaginar melhor. O team manager global é skatista dos bons, skatenerd, e super sangue bom. O TM americano é o Skin Phillips, dinossauro do skate mundial, viu tudo, é uma personalidade do meio. Paul Shier e Pete Eldridge também ajudam com isso, só estilera. Eu também ajudo a dar uma direcionada nas coisas aqui pelo Brasil, além de skater. Então é uma configuração harmoniosa. Nos entendemos, rola amizade. A adidas skateboarding preza pela originalidade de cada um da equipe e acho que isso é o principal quanto ao tratamento, faz tudo fluir melhor e evita vários desgastes e pressões desnecessárias. (ADRIANO REBELO) Se você fosse professor de skate dentro de uma escola, quais matérias o aluno deveria estar acima da média para poder participar das aulas de skate? Acho que eu não adaptaria esse critério seletivo. Seria
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KLAUS BOHMS
29 anos, 19 de skate São Bernardo do Campo, SP (Element Skateboards, adidas Skateboarding, apoio: Independent Trucks
pra quem quisesse, quem demonstrasse mais interesse eu daria mais atenção. Acredito que assim o caminho seria o oposto dessa lógica, a criança que estivesse tendo prazer andando de skate teria mais chance de melhorar sua capacidade cognitiva e talvez pudesse melhorar em alguma matéria que não estivesse indo bem. Através do skate, também daria pra gerar interesse a respeito de algumas matérias na criança. Mostrar um vídeo de skate na Europa, aponta a Europa no mapa, conta a história, já estaríamos tocando geografia e história. Mostrar uma trick em slow, tenta decifrar a relação velocidade/altura/ distância, matemática. Só pelos nomes das manobras já poderíamos estar estudando inglês.
DOUBLE TAP POR @DALUZPHOTO
SKATISTAS, PICOS E PISTAS DA REGIÃO SUL DO PAÍS SÃO OS PRINCIPAIS ASSUNTOS QUE VOCÊ CONFERE NO INSTA DESTE NOSSO COLABORADOR. BASTA PRESTAR ATENÇÃO NO PERFIL DO FOTÓGRAFO PARA SE ATUALIZAR SOBRE OS NOMES E LUGARES QUE ESTÃO EM ALTA NAQUELA DIVERSIFICADA CENA DO SKATE BRASILEIRO!
1 FINALIZANDO O ROLÊ NA PREFA
2 APENAS SEJA GENTIL
3 VIAJAR É MUDAR A ROUPA DA ALMA
4 DOMINGO PRODUTIVO
5 SKATE E ARTE
6 COM MEU PARÇA @RICARDOPORVA
PE R FIL
THIAGO DA LUZ Não é por acaso que Thiago da Luz se tornou fotógrafo de skate. Além de ter luz em seu sobrenome, o skate faz parte de seu dia a dia desde 1999 e foi em 2008 que ele passou a ir para a rua também com sua câmera fotográfica. Desde então não parou mais! Conterrâneo de Cesar Gyrão (um dos fundadores da revista), Thiago é natural de Criciúma, Santa
Catarina, e suas imagens já estamparam colabs com marcas daquela região e no começo deste ano lançou com a Libra uma linha de tênis que leva sua assinatura, com direito a palmilha estampada com suas fotos. Seu primeiro trabalho impresso na revista é uma das seis fotos acima, a do Porva, e foi feita em sua terra natal. TRIBO SKATE • 17
VI A GE M
A L T
TEMPERATURA
JOHN ROGER TOUR NORDESTE
TEXTO JUNIOR LEMOS | FOTOS CESAR MATOS
18 • TRIBO SKATE
A NICHOLAS DIAS, FS OLLIE
GIAN NACCARATO E ROGERIO FEBEM PARTIRAM PARA O NORDESTE E JUNTOS DE YURI DEYVISON E EMANUEL BOLINHA (LOCAIS DE JOÃO PESSOA, NA PARAÍBA) SENTIRAM O ALTÍSSIMO GRAU DE CALOR DO SKATE DESTA RICA E EXUBERANTE REGIÃO TROPICAL BRASILEIRA. YURI DEYVISON, NOSE BUMP
TRIBO SKATE • 19
SERGIO VERÍSSIMO
VI A GE M
CONTABILIZ AR UMA TOUR com abrangência tão ampla
da equipe também registravam pelo
como a John Roger Tour Nordeste é tratar
aos seus olhos. Ali mesmo da estrada,
de números na casa dos quatro dígitos e
entre uma viagem e outra, Febem, que é
alguns unitários que também expressam
acostumado a filmar e editar suas próprias
a complexidade de se pegar a estrada
sessões de skate, se incumbiu de editar
com uma equipe de skate! Ao todo foram
um vídeo por dia, também através de um
mais de três mil quilômetros rodados, dois
celular. Uma espécie de "diário de bordo"
pneus furados, uma CNH apreendida e
que levou o nome de "Registros Celulares".
alguns perrengues comuns e inevitáveis
Os vídeos podem ser facilmente encon-
em qualquer skate trip. Situações que
trados nas redes sociais John Roger e
poderiam estressar a qualquer um, mas
demonstram bem o dia a dia da tour.
que acabam se transformando em motivos
celular aquilo que mais chamava atenção
Além do skate no chão propriamente
de diversão quando se está bem acom-
dito, outras missões acabaram sendo
panhado e convivendo com alguns dos
os pontos fortes da viagem. Por onde
cenários mais incríveis do Brasil.
a tour passou houve a preocupação de
Ao longo de 15 dias, a principal preocu-
deixar algo para o skate local, que fosse
pação dos skatistas foi vivenciar a essência
realmente significativo para a evolução
do skate de rua e o lifestyle singulares da
da cena, como a realização de best tricks
região. Na barca estavam também Rodrigo
em locais públicos, visita a projeto social e
Cavalinho, o fotógrafo e guia local Cesar
aquele talentinho em picos que mereciam
Matos e o manager Sergio Veríssimo. A
uma atenção (leia-se cimento e massa
equipe fixou base em João Pessoa e de lá
plástica). Este sim, com certeza foi o maior
partiu para diversas cidades de três estados:
legado da viagem.
Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Em toda a viagem, além de captar imagens para o vídeo oficial da tour, todos 20•TRIBO SKATE
Para ver estas e outras cenas em movimento, acesse triboskate.com.br e assista ao vídeo da tour. Boa viagem!
ROGERIO FEBEM, HURRICANE
TRIBO TRIBOSKATE SKATE••21
VI A GE M EMANUEL BOLINHA, FEEBLE
22•TRIBO SKATE
SERGIO VERÍSSIMO
POR ONDE A TOUR PASSOU HOUVE PREOCUPAÇÃO DE DEIXAR ALGO QUE FOSSE REALMENTE SIGNIFICATIVO PARA A EVOLUÇÃO DA CENA LOCAL
BOLINHA E FAMÍLIA
O MAIS JOVEM DA TOUR Você ainda vai ouvir falar deste jovem talento de 12 anos do skate nordestino, de nome completo Emanuel Barros Santos e apelido Bolinha, carinhosamente dado ainda quando bebê por uma prima. Ele começou a andar de skate com 5 anos de idade por influência do irmão William, com quem divide as sessões até hoje. Garoto aplicado, no skate e nos estudos, que tem como ídolos dois heróis internacionais do skate brasileiro: Tiago Lemos e Marcelo Formiga. Bolinha era o mais novo da barca, absorvendo experiência dos mais velhos, e já demonstra consciência de gente grande uma vez que seu sonho é viajar o mundo com seu skate e também conseguir ajudar as pessoas que vivem como ele, além de poder dar uma melhor condição à família. Anote aí, Bolinha é a nossa aposta!
TRIBO SKATE•23
VI A GE M
A PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO FOI VIVENCIAR A ESSÊNCIA DO SKATE DE RUA E O LIFESTYLE SINGULARES DA REGIÃO
GIAN NACCARATO, OLLIE TO NOSE STOP 24•TRIBO SKATE
TRIBO SKATE•25
PERFIL PRO
OLLIE
26 • TRIBO SKATE
DO ALTO DOS 32
WILLIAM SECO:
A CAMINHADA DE WILLIAM SECO NO SKATE PASSA POR UMA CAPA E DUAS BELAS ENTREVISTAS NA TRIBO SKATE, ALÉM DE DIVERSAS APARIÇÕES IMPORTANTES POR AQUI. E ELE VOLTA ÀS NOSSAS PÁGINAS PARA ATUALIZAR SEUS 13 ANOS DA MAIS APLICADA DEDICAÇÃO COMO PROFISSIONAL DO STREET SKATE BRASILEIRO, COM FOTOS FEITAS EM BARCELONA!
FOTOS ANDRÉ CARDOSO
TRIBO SKATE • 27
P PERFIL PRO
rimeira vez em Barcelona
Sou profissional há 13 anos e vou para a Europa há 14 e em todos esses anos passei por Barcelona. A minha primeira vez por lá foi no meu primeiro ano de Euro Tour, junto com uma das marcas que me patrocinava na época, quando passamos por vários países, filmando e participando de campeonatos. Finalizamos a tour na Espanha e ali foi meu primeiro contato com Barça e depois disso passei a descartar várias cidades nas minhas idas à Europa, mas não descarto Barcelona. Foi a primeira e uma das melhores viagens que já fiz até hoje para o Velho Continente, mas em todos estes anos já passei pela França, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Suíça, República Tcheca, Turquia, Itália, Espanha e Portugal, por isso me sinto feliz e contente com tantas oportunidades de conhecer lugares inacreditáveis que consegui conhecer e que, se não fosse o skate, eu não teria viajado nem a metade do que viajei.
WILLIAM SECO
32 anos, 13 de skate De Botucatu, SP (Make Skateboards, Freedom Fog, Lion Roots caps, Footprint Insoles e Clínica Vitalidade)
Por que Barça? Barcelona sempre foi um dos lugares mais cogitados para se andar de skate e quando estive lá a primeira vez, vi que não é só bom para isso e sim para passear, também. Além de ter muitos picos espalhados pela cidade, tem fácil acesso para chegar neles e isso ajuda bastante no rendimento de material. Às vezes me perguntam por que fui tantas vezes pra lá e eu respondo porque já faz parte do meu cotidiano. Me comunicar em espanhol é fácil, consigo conversar bem! Já o catalão, me atrapalha um pouco. Mas, mesmo assim, é possível entender e a maioria do pessoal que vive em Barcelona é bem atencioso. Alimentar-se e chegar nos picos para andar de skate nunca foi dificuldade por lá.
O que já foi feito! Quando falo do que já tive publicado nas mídias impressas brasileiras, me sinto realizado! É difícil recordar exatamente tudo, mas tive cinco entrevistas, quatro partes e tour de vídeos, fotos em editoriais, fotos em índice e também foram várias fotos em matérias de viagens. Acho que todo o trabalho produzido foi importante para minha carreira porque cada material que coletei foi feito com muito esforço e dedicação, mas tenho que destacar a primeira entrevista de 12 páginas que saiu na matéria No Foco, a capa da Tribo Skate, que saiu em um momento muito legal na minha carreira, e a vídeo parte no Seleção Natural, um vídeo que mostra os principais picos do mundo e que tive oportunidade de andar. 28 • TRIBO SKATE
FLIP
TENHO 32 E VEJO QUE COM A PREPARAÇÃO FÍSICA AINDA DÁ PARA CONTINUAR NA PEGADA POR UM BOM TEMPO! TRIBO SKATE • 29
PERFIL PRO TRANSFER BS TAIL
MORAR FORA DOS GRANDES CENTROS NÃO ME AT R A P A L H O U , M A S I S S O V A I M U I T O D E C A D A S K AT I S TA 30 • TRIBO SKATE
FS FLIP
SWITCH CROOKED
TRIBO SKATE • 31
PERFIL PRO
13 anos como profissional É uma conquista! Ser skatista profissional no Brasil não é fácil e viver do skate menos fácil ainda. Continuar fazendo o que mais se gosta na vida é como uma realização inexplicável e sempre será! Por isso tento levar minha profissão muito a sério, sei que nada cai do céu a não ser chuva, então se não trabalhar corretamente, não procurar sempre estar em evidência e em contato direto com seus patrocinadores, as coisas não caminham. Morar fora dos grandes centros não me atrapalhou, mas isso vai muito de cada skatista. Durante esses anos já morei nas grandes capitais e próximo dos principais polos do skate, mas sempre voltei para minha base no interior porque vejo possibilidade de fazer os corres do skate independente de onde residir. Claro que morando no interior as coisas são mais difíceis, mas viajando sempre à procura de produzir fotos, vídeos e participando das ações de marketing junto aos patrocinadores, é possível fazer um bom trabalho. Basta olhar para os promodels que já tive, o que mostra o quanto eu batalhei.
Sua assinatura Quando me tornei profissional, lancei junto à marca de shape FLH meu primeiro produto assinado, isso foi muito importante para mim e logo depois tive outros como rodas, shapes e camisetas lançadas pela Snoway. Atualmente, tenho meu pro model de boné pela marca Lionroots e recentemente vi se materializar meu
32 • TRIBO SKATE
novo promodel de tênis pela Freedom Fog, que foi um dos meus principais sonhos realizados. E mesmo assim, por mais experiências que a gente tenha, sempre vai faltar alguma coisa para aprendermos. Por isso hoje, com o lançamento do meu tênis, vejo o quanto os skatistas valorizam as marcas que fazem pro models e quanto tem força essa união entre o skatista e a marca! Esse é o primeiro tênis com meu nome e espero ter outros durante minha trajetória.
O futuro Com certeza hoje em dia a gente se preocupa mais com nossa saúde, principalmente agora que tem diversas opções de treinamento para fortalecer o corpo e ajuda a prolongar o ritmo por mais tempo andando de skate. Tenho 32 e vejo que com a preparação física ainda dá para continuar na pegada por um bom tempo! Por isso continuo confiante nos projetos que estão em andamento, como o lançamento do tênis e da minha viagem pela China, que logo sai o vídeo, além de querer continuar viajando pelo mundo atrás de picos para produzir fotos e vídeos. E quando me perguntam sobre os nomes aqui no interior paulista, tirando o Tiago Lemos que explodiu (risos), torço para que o Sergio André, de Botucatu, e o Higor Conte, de Bauru, sejam as próximas promessas. Eles são da minha região e vem na caminhada legal. Por isso, sempre que posso fazer as coisas por eles para continuarem no corre certo, eu faço!
360 FLIP
TRIBO SKATE • 33
LU Z
34 • TRIBO SKATE
PABLO VAZ
LUZ LUAN OLIVEIRA, BS FLIP TRIBO SKATE • 35
JUNIOR LEMOS
LUZ
RUAN FELIPE, BS TAIL 36 • TRIBO SKATE
JUNIOR LEMOS JOÃO EDUARDO PAT
BRUNO PLACCA, NOLLIE HEEL
DAVID THEOBALDO, CROOKED
TRIBO SKATE • 37
LUZ
38 • TRIBO SKATE
LEANDRO MOSKA
THIAGO LIMA, SS FS HEELFLIP TRIBO SKATE • 39
RODRIGO K-B-ÇA
LUZ
LUCAS XAPARRAL, BS GRIND 40 • TRIBO SKATE
RODRIGO K-B-ÇA PABLO VAZ
ALEXANDRE MAIA, WALLIE
GABRIEL BILA, BS SMITH
TRIBO SKATE • 41
LUZ
PATRICK VIDAL, NOLLIE BS HEEL 42 • TRIBO SKATE
BRUNO ROCHA
TRIBO SKATE • 43
PRINCÍPIOS
44 • TRIBO SKATE
Pra Quem Faz de
Coração JP DANTAS, JULIANO GUIMARÃES E RONI CARLOS RESUMEM EM POUCAS PALAVRAS E MUITA AÇÃO O QUANTO ESTA SIMPLES FRASE SIGNIFICA TANTO PARA ALGUNS DE NÓS.
FOTOS WASHINGTON TEIXEIRA
TRIBO SKATE • 45
PRINCÍPIOS
JP DANTAS Porque acredito que você faz isso sem esperar reconhecimento, social ou financeiro. E o skate não é um ‘negócio’ que você entra pra ganhar dinheiro, ser famoso ou algo do tipo; é muito difícil mesmo andar de skate e mais difícil ainda é conseguir conquistar algum espaço dentro dele. E isso leva anos e anos! Não é como um plano de carreira empresarial que, se você der o sangue (porque no skate não há quem não dê o sangue de verdade), em poucos anos você tá no topo da empresa. Ao longo desses anos andando de skate, já vi muita gente deixá-lo de lado só porque não teve algum reconhecimento, mas ainda sim tenho bons exemplos de amigos que fazem de coração e, mesmo trabalhando ou com vidas paralelas ao tal dito ‘game’, ainda arrumam tempo pra fazer aquele rolê de coração com um sorrisão na cara. E por isso que o skate é pra quem faz de coração, porque esses nunca vão largar mesmo o carrinho, isso porque eles não buscam nada em troca, apenas essa satisfação pessoal! Fazer de coração em Barcelona parece ser tão simples com toda aquela energia boa do verão da cidade e todos os amigos que estão ali; andar de skate e curtir a cidade também ficam mais fáceis. E por mais que você esteja motivado a fazer o trampo (filmar, fotografar, etc), não se sente esse lance da pressão de um prazo de entrega ou algo assim. Talvez porque você tenha muito tempo e muitos picos pra produzir, a mente do skatista fica mais leve e livre pra viver o que realmente é o skate. Se divertir em algum lugar com os amigos, seja lá qual for, você vai se sentir em casa e se estiver confortável no pico, vai render alguma trick e tal, ainda mais com esses manos ao redor de energia monstra. Um exemplo foi o ss flip do Roni, que está nessa matéria! Ele acertou um dia antes mas não conseguiram filmar na hora e eu diria que foi mais naipe ainda que o divulgado e ele também, mas a gente curtiu tanto a trick; foi tanta energia que nem lembramos o que tinha rolado na imagem porque eu tenho certeza que aquele ss flip foi de coração!
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SWITCH FS CROOKED
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PRINCÍPIOS
SWITCH FLIP
RONI CARLOS Andar de skate, já é difícil! Manobrar é difícil, manter o skate é difícil, chegar nos lugares que a gente sempre viu nos vídeos, pra poder andar, conhecer, saber realmente se foi difícil aquela pessoa dar aquela manobra, é difícil. Normalmente a gente olha uma manobra no vídeo e fala que vai dar tal manobra, mas só chegando lá que a gente vai saber se podemos dar tal manobra lá. Chegando lá o pico é completamente diferente do que a gente tinha visto, já se torna mais difícil. Daqui a pouco a polícia chega e coloca a gente pra correr, volta no outro dia tá chovendo. Skate é uma missão nervosa, não tem nada fácil! E se não fosse de coração, a gente já tinha arredado o pé, né? A gente já tinha pulado fora, só sendo de coração mesmo. E por esse e vários outros motivos que skate é pra quem faz de coração, se não fosse a gente já teria pulado fora. De coração é de coração. Em qualquer lugar é igual! A diferença é o corre, que pra fazer em Barcelona tem um a mais, que é o corre de conseguir chegar até lá!
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PRINCÍPIOS
SWITCH VARIAL
JULIANO GUIMARÃES Skate é pra quem faz de coração porque é um estilo de vida que você se dedica muitas horas e nem sempre é reconhecido e nem remunerado, só as pessoas que amam de verdade seguem esse caminho. A única diferença em fazer de coração em Barcelona é que te permite inovar todos os dias!
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TOUR
PÉ
VERMEIO TOUR A TERRA AVERMELHADA CARACTERÍSTICA DO INTERIOR DO ESTADO DO PARANÁ É A ORIGEM DA CONHECIDA EXPRESSÃO ‘PÉ VERMEIO’ E FOI NESTE SOLO PRODUTIVO QUE A DIET ESTEVE EM TOUR PARA DAR AS BOAS-VINDAS AOS DOIS NOVOS INTEGRANTES DA EQUIPE E CELEBRAR A PROFISSIONALIZAÇÃO DE UM DELES, ALÉM DE ANDAR MUITO DE SKATE.
TEXTO JUNIOR LEMOS FOTOS PEDRO MACEDO
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PEDRO ITI
TO UR
VITOR SAGAZ, WALLIE (FOZ DO IGUAÇU)
Sem dúvida nenhuma pegar estrada com a equipe é uma boa ocasião para agregar sangue novo à família, ainda mais por se tratar de uma marca #worldfamous como a Diet! Os profissionais Marcos Camazano, Pedro Iti, Anderson Camargo e Vitor Sagaz, mais os amadores Danilo Vermont e Pedro Macedo, fizeram o tradicional batismo do norte-americano boas vibrações Matt Avilla e do pé vermeio de pop absurdo Lindolfo Oliveira, os novos nomes a compor o seleto time Diet. “Mesmo eu tendo acabado de entrar na marca, fui muito bem recebido. Os manos são todos sangue bons e total skateboarding! Cada um tem seu estilo e aprendi muita 54•TRIBO SKATE
coisa com todos eles. Demos risadas, trocamos ideias, acho que experiência é isso; dá saudades! Obrigado família Diet, por essa experiência", resume o skatista que se profissionaliza em 2017. Nos nove dias de skate na estrada, os oito skatistas passaram por dez cidades, algumas com cenas de skate tradicionais no estado como Londrina, Maringá, Cianorte, Campo Mourão, Francisco Beltrão, Cascavel e Foz do Iguaçu, mas a marca também deu atenção pra locais que não estão acostumados a receber esse tipo de ação, como Goioerê, Engenheiro Beltrão e Pato Branco, experiência positiva vivida pelos skatistas locais. "A tour foi muito importante por
proporcionar um contato da nova geração de Campo Mourão com os skatistas da Diet. Eles puderam trocar uma ideia pessoalmente, que nem sempre é possível, além de verem de perto o trabalho que a marca e seus skatistas realizam em prol do skate", explica Claudimar Freitas proprietário da NKT Skateshop. E não precisa nem dizer que o corre dos caras foi dobrado porque além de se empenharem para captar clipes e fotos por onde passaram, ainda cumpriram uma agenda com compromissos que passavam por visitas a skateshops (com tarde de autógrafos, distribuição de cartazes, banners e brindes), sessões na
DANILO VERMONT, HARDFLIP (GOIOERÊ)
NOS NOVE DIAS DE SKATE NA ESTRADA, OS OITO SKATISTAS PASSARAM POR DEZ CIDADES rua e realização de best tricks em spots tradicionais como no Banks, em Maringá, onde o rolê contou a presença do pro local Rafael Gomes. A tour também trombou com nomes influentes do skate paranaense, como Murilo Toma (skatista e empresário pioneiro do skate no estado) e os profissionais Marcos Soninho e Manoel Coimbra. "A tour foi feita com muita vontade e dedicação! Visitamos lojas,
MATT AVILA, HALFCAB OLLIE (CASCAVEL)
andamos de skate nas ruas e pistas, juntos com os irmãos. Foram poucos dias para muitas cidades, mas valeu a oportunidade de conhecer esse lado do nosso país, foi tão bom que deixou saudades" relembra Vitor Sagaz. E o resumo foi esse para um dos pros da equipe que esteve pela primeira vez em território pé vermeio, também foi grande o sentimento de satisfação do profissional que recebeu a todos em
seu estado. "Foi um sonho realizado! Esperava fazer uma tour pela Diet no meu estado desde que entrei na marca em 2009, e tive o prazer de compartilhar o skate com amigos de quando comecei a andar e também conheci novos skatistas. E o melhor foi poder fazer uma foto em pico clássico da minha cidade natal, que andava nos anos 90 quando morava em Cascavel; foi realmente emocionante" finaliza Anderson Camargo. TRIBO SKATE•55
TO UR
LINDOLFO OLIVEIRA, FAKIE FLIP SS CROOKED (LONDRINA)
56•TRIBO SKATE
SEM DÚVIDA NENHUMA PEGAR ESTRADA COM A EQUIPE É UMA BOA OCASIÃO PARA AGREGAR SANGUE NOVO À FAMÍLIA
TRIBO SKATE•57
TO UR
ANDERSON CAMARGO, NOLLIE FS HEEL (CASCAVEL)
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TO UR
60•TRIBO SKATE
PEDRO ITI, SWITCH FLIP (CASCAVEL)
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C A SA NOVA
CLAUDIOSMAR JOSÉ 24 ANOS, 9 DE SKATE DE ARACAJU, MORA EM GUARULHOS FOTOS ANDRE CALVÃO
Skate e roupas atuais: Rodas Gold, trucks Independent, shape Explode, rolamentos Mini Logo e lixa Sigilo. O que não suporta mais ver no skate: Gente querendo ser melhor que a outra. Manobra que ainda pretende acertar: Fakie heel tail fakie flip out. Principal rede social que usa: Insta (@claudiosmar__jose) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Amador não ter salário pra investir nele mesmo. Skatista profissional em quem se espelha: Tiago Lemos. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Honda motos. Atual melhor equipe de skate brasileira: Matriz. Amador que gostaria de ver pro: Nicholas Dias. (Apoio: Explode Skate Company e Moose
FLIP
Skate Rua)
"SUA INVEJA É A VELOCIDADE DO MEU SUCESSO"
FS FEEBLE
JÉFERSON SANTOS DA SILVA
22 ANOS, 15 DE SKATE DE SALVADOR, BA FOTOS FERNANDO GOMES
Skate e roupas atuais: Shape Fellas, rodas Type-S, rolamentos Reds e eixos Osloh. Boné e camiseta Fellas, calça da C&A e tênis Nike. O que não suporta mais ver no skate: Desigualdade. Manobra que ainda pretende acertar: 360 fs feeble. Rede social que usa: Insta (@jefinhoskt) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de locais para a prática, carência de marcas e lojas na cidade. Skatista profissional em quem se espelha: Rodrigo TX. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: GoPro. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: Alex Cardoso. (Apoio: Zenga Skateshop; apoios: Fellas Skateboard e Marfim Skateshop)
"NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS, SIGA SEMPRE FOCADO EM SEUS OBJETIVOS"
C A SA NOVA HARDFLIP
MARIANO DOS SANTOS NUNES
FELIPPE LACERDA
18 ANOS, 6 DE SKATE DE PELOTAS, RS, MORA EM FLORIANÓPOLIS, SC FOTO JERRI ROSSATO
Skate e roupas atuais: Shape, lixa e rolamentos Hondar, rodas Moska e eixos Gobby. Boné, calça e camiseta Mess Lifestyle. O que não suporta mais ver no skate: Arrogância, ninguém é melhor que ninguém. Manobra que ainda pretende acertar: Hardflip nosegrind reverse. Rede social que usa: Insta (@marianonunes)
Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Poucas oportunidades. Skatista profissional em quem se espelha: Roberto Souza. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: JBL. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: Djorge Oliveira. (Patrôs: Mess Lifestyle e Mercado Skate Shop; apoios: Hondar Skateboards, Moska Wheels e Orla Bardot)
"PERSISTA EM BUSCA DOS SEUS SONHOS"
FS FIFTY
WANLENYO GLUNO DE JESUS PAZ 24 ANOS, 13 DE SKATE DE TERESINA, PI FOTOS MAURICIO POKEMON
O que não suporta mais ver no skate: O espírito competitivo exacerbado. Manobra que ainda pretende acertar: Bs 270 boardslide em um corrimão de escada. Principal rede social que usa: Facebook. Dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de um patrô firme que tenha um olhar mais aberto sobre o skate. Skatista profissional em quem se espelha: Jim Greco. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Fender. Atual melhor equipe de skate brasileira: Plural. Amador que gostaria de ver pro: Emanuel Messias. (Apoio: Umana e Urban 13)
"A VIDA É UMA GRANDE ARTE CUJO AUTOR É DEUS QUE ESTÁ ESCULPINDO CADA MOMENTO DE NOSSA BREVE PASSAGEM"
RAFAEL ARAÚJO DE ALMEIDA 20 ANOS, 6 DE SKATE DE BELO HORIZONTE, MG FOTOS DIOGO ANDRADE
Skate e roupas atuais: Shape Nanuk, rodas Emex, rolamentos Sphera, trucks Silver, boné LRG, camiseta e tênis Nike. O que não suporta mais ver no skate: No-comply. Manobra que ainda pretende acertar: 360 flip noseslide nollie flip out. Rede social que usa: Insta (@rafael_ aaraujo) Maior dificuldade em ser skatista na sua área: Falta de apoio ao skate. Skatista profissional em quem se espelha: Javier Sarmiento. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Apple. Atual melhor equipe de skate brasileira: Öus. Amador que gostaria de ver pro: Lorena Fernanda. (Apoio: Nanuk SB)
"AQUELE QUE NÃO TEM CORAGEM DE ASSUMIR RISCOS NÃO ALCANÇARÁ NADA NA VIDA"
SS FLIP
PRO MODEL
Foto: Daniel Nunes Flip Fs Nose Slide
JUNIOR LEMOS
TR A ÇOS E R ABISCOS
PER F I L D O A RT ISTA
FL ÁVIO GR ÃO ARTISTA PIONEIRO NA CULTURA UNDERGROUND, PROLÍFICO, INQUIETO E ENVOLVIDO EM VÁRIAS VERTENTES, AS PINTURAS DE FLÁVIO GRÃO OCUPAM GALERIAS, CAPAS DE DISCOS E MUSEUS.
TEXTO EDU REVOLBACK Defina sua arte e seu processo de criação? Minha arte é uma linguagem ou processo de comunicação que começou quando tinha por volta de três anos e que dá vazão a uma série de sentimentos, conflitos, pensamentos e reflexões ligados à existência humana e sociedade. Meu processo de criação começa quando me deparo com alguma situação ou fato que me faz pensar, o desenho surge como uma forma de tentar entender isso. Geralmente faço desenhos e esboços em um caderno (sketchbook), acompanhados de anotações sobre as impressões que tenho do tema. Depois, estes desenhos podem ser passados para uma tela, papel ou outro suporte. Há também vezes que faço o trabalho direto no papel, sem passar pelo sketchbook, mas isto é mais raro.
E o papel da arte na sociedade? Creio que arte cumpre funções importantes. A primeira é fazer pensar, refletir, resolver questões ou sentimentos. Isso se dá quando entramos em contato com 70 • TRIBO SKATE
a música, quadrinhos, literatura, teatro, cinema e também, é claro, com as artes plásticas. Outra função importante é a de libertação individual para quem a faz. O processo é muito libertador na medida em que você está refletindo sobre si e sobre questões do mundo. O processo de fazer arte é mais importante do que o produto. Tome por exemplo a questão de ter uma banda, isto envolve encontrar amigos para ensaiar, coletivamente produzir e depois viajar o mundo com suas ideias. O som especificamente é uma parte de um processo todo muito rico.
Destaque capas de disco feitas por você! “Faces do Terceiro Mundo”, coletânea de 2002 de hardcore melódico que, na minha opinião, foi lançada no auge deste tipo de som no Brasil e até hoje tem gente que me procura por este trabalho. O “Sobre a Vida em Comunidade” de 2014, da banda potiguar Mahmed, cujo nome do disco é o nome de uma pintura minha que eles usaram como capa. E está pra
sair um split de duas bandas punks que gosto muito e que tive a oportunidade de fazer a arte: “Renegades of Punk” e “Tuna”. Ambas, além de um som que me cativa, têm posturas ativistas com filosofias que adoto e simpatizo como vegetarianismo, anarquismo, combate à preconceitos (homofobia e machismo). O EP chama-se Grão por uma coincidência, pois o tema do disco gira em torno das amizades e relações forjadas dentro do punk, como germinam, florescem etc.
E skatistas, artistas plásticos ou bandas que ajudaram na sua formação? O skate é um esporte de certa forma libertário porque abre possibilidades infinitas na sua relação com a cidade, então é natural que muitos skatistas absorvam este espírito e acabem se expressando através da música, artes plásticas e etc. Um artista que é contemporâneo e faz isso tudo ao mesmo tempo é o Sesper, ou Farofa, que toca em diversas bandas e tem um trabalho de artes plásticas fantástico. Meu amigo Fábio Luiz, ou Parteum, é um cara também que veio do skate e tem um trabalho como músico que admiro muito. Ouvir o que ele faz é se lançar no futuro. Do skate contemporâneo, gosto muito do Klaus Bohms, pois consegue trazer consigo um conceito visual e de atitude que conduz para um outro caminho. Acho importante que as novas gerações tenham referências boas, ele é uma. Tem muitos artistas também com os quais eu convivo e com quem aprendo sempre e troco muita informação como o Fábio Gava, Brunno Balco, Rogério Geo, Robinho Santana e Daniel Melim, entre outros.
→ CONHEÇA MAIS:
FLICKR.COM/PHOTOS/FLAVIOGRAO
JUNIOR LEMOS
ANTIGRAVIDADE A aplicação de um dos desenhos do sketchbook, pintura em tela finalizada
DO SKETCHBOOK PRA TELA O processo de criação do artista começa com esboços em um caderno
EDU ANDRADE, AKA REVOLBACK
Vegetariano, vocalista da banda Questions e um dos mais conceituados artistas urbanos da cena brasileira TRIBO SKATE • 71
HOT STUF F
2017
OS ITENS MAIS DESEJADOS PARA PASSAR O NATAL, PRESENTEAR O AMIGO OCULTO OU COMEÇAR MUITO BEM O ANO NOVO
PRODUÇÃO CAROL MEDEIROS X FOTOS RICARDO SOARES RELÓGIO G-SHOCK / R$ 950 TÊNIS VIBE PRETO E VERMELHO / R$ 150
CINTO NEW ERA / R$ 65
CAMISETA RENNER / R$ 40
BERMUDA RENNER / R$ 70
BONÉ VIBE / R$ 140
TÊNIS SUPRA / R$ 450 72 • TRIBO SKATE
ÓCULOS ARNETTE JUNCTURE / R$ 440
CAMISETA MAZE / R$ 100
TRUCK INDEPENDENT NA MAZE / R$ 440
TRUCK THUNDER NA MAZE / R$ 260 CAMISETA MAZE / R$ 100
TÊNIS OAKLEY PRO SKATEBOARDING / R$ 400
REGATA NEW ERA / R$ 120
ÓCULOS ARNETTE WITCH DOCTOR / R$ 340
RELÓGIO CHILLI BEANS / R$ 370
BERMUDA ADIDAS ORIGINALS / R$ 200
ADIDAS ORIGINALS ADIDAS.COM.BR ARNETTE LUXOTTICA.COM CHILLI BEANS CHILLIBEANS.COM.BR G SHOCK GSHOCKBRASIL.COM MAZE MAZESHOP.COM.BR/ NEW ERA NEWERACAP.COM.BR OAKLEY OAKLEY.COM.BR RENNER LOJASRENNER.COM.BR SUPRA TRENDSPOT.COM.BR VIBE VIBESHOES.COM
TÊNIS VIBE POR RAFAEL GOMES 4.5 / R$ 300
BONÉ NEW ERA / R$ 190 TRIBO SKATE • 73
ÁUDIO
E NTR EVISTA
RPW
OS REIS DO BATE CABEÇA TEXTO EDUARDO RIBEIRO
// FOTO CRISTINA SÁ
NUMA ÉPOCA EM QUE O RAP NACIONAL ERA PAUTADO POR BATIDAS LENTAS E AQUELA POSTURA SISUDA, O TRIO PAULISTANO RPW TROUXE PARA A CENA UMA ABORDAGEM MAIS AGITADA, POSITIVA E ALEGRE. O ALTO ASTRAL DO GRUPO FORMADO POR RUBIA, PAUL E W-YO AJUDOU A ESTREITAR OS LAÇOS DO MOVIMENTO HIP HOP COM AS CULTURAS DO SKATE E DO HARDCORE. ISSO FOI HÁ 25 ANOS. E A HISTÓRIA AINDA NÃO ACABOU.
74 • TRIBO SKATE
NOVOS ELEMENTOS SÃO SEMPRE IMPORTANTES, SÓ ESPERAMOS QUE A REAL INTENÇÃO DO RAP NÃO SE PERCA NA CAMINHADA Vocês pegaram os anos de ascensão do hip hop, a "Golden Era", nos anos 90, e também os seus desdobramentos. O que acham dos novos elementos que estão transformando o rap? RPW: O RPW nos anos 90 já estava à frente do tempo. O padrão das bpms (batidas por minuto) na época, por exemplo era de 78, em sua maioria, e o nosso primeiro clássico, "Pule ou Empurre", de 1993, vinha com 110 bpms (risos). Nossa missão é sempre nos reciclarmos, porém mantendo a essência. Novos elementos são sempre importantes, só esperamos que a real intenção do rap não se perca na caminhada.
Aquele lance de "pular ou empurrar" foi um jeito de agitar que vocês inventaram? Ou o movimento já estava rolando e vocês acabaram fazendo a música pra representar a parada? RPW: Em meados de 1992/93, no programa Yo! MTV Raps, apareceu o clipe do grupo Onyx, com a música "Slam". A identificação do W-Yo com aquilo foi instantânea, pois combinava o mosh [roda de pogo na pista] com os stage divings [saltos de cima do palco], coisas com as quais ele já estava acostumado no metal, mas que, no rap, era um lance totalmente inédito. Ele compôs a letra de "Pule ou Empurre" e a mostrou num ensaio. Demos o nome ao estilo de “bate cabeça”, e começamos ali, entre um show e outro, a conquistar diferentes públicos, não só do rap, como pixadores, skatistas, punks e headbangers.
no Vale do Anhangabaú, no evento em celebração aos 300 anos de Zumbi. Só os grupos de rap ponta da época tocaram. Estava lotado até a Praça do Correio e, mesmo com chuva, ninguém arredou o pé. Certa vez, no extinto clube Sra. Krawitz, como num passe de mágica, os cabos dos microfones sumiram, e resolvemos fazer o show na garganta pura mesmo: três sons com a base no volume mais baixo e o público pirando (risos)! Outra experiência louca foi tocar na extinta Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru, Pavilhão 2. Era uma festa de dia das crianças, e teve shows com Verbo Pesado, RPW e Detentos do Rap, cujos integrantes estavam cumprindo pena lá mesmo.
O skate ainda ocupa o mesmo espaço que ocupava antigamente na vida do RPW? RPW: O W-Yo é quem anda de skate no grupo. Somos apreciadores por causa dele. Como ele mesmo diz, antes eram três horas de sessão e meia hora tomando refrigerante (detalhe, ele era menor de idade (risos)!). Hoje, ele fala que é meia hora de sessão e três horas de cerveja (risos!). O skate será sempre uma das essências do RPW. Os skatistas foram os primeiros a assimilarem a ideia do bate cabeça e sempre nos apoiaram em todos os champs onde tocamos pelo Brasil. A ligação está registrada em nosso slogan, que também é uma música: "Sexo, Cerveja, Skate, Rap e Hardcore".
Como anda a cena do bate cabeça atualmente? RPW: Virou uma tendência dentro do rap daqui. Hoje, ainda existe a U.B.C. (União Bate Cabeça), que começou com uns quatro moleques na zona norte, tomou força, se organizou, espalhou-se pelo Braza inteiro, e está sempre em nossos shows. Quando o bate cabeça começou, nossas referências eram principalmente Onyx, Cypress Hill, House of Pain, Body Count, Lords of The Underground, Da Bush Babees e Da Youngstas, entre outros...
Além de terem aberto pro Cypress Hill e pro Wu Tang Clan nas fases em que esses grupos estavam bombando por aqui, que outros momentos foram marcantes na história do RPW? RPW: Um bem importante foi o show no extinto palco
Tem alguma novidade do RPW que vocês já possam adiantar aos leitores? RPW: Bom, agora em outubro nós comemoramos, numa festa da pesada, as nossas bodas de prata. Com 25 anos de carreira, sentimos a necessidade lançar um play inédito ou algo assim. Também lançaremos a confecção RPW Wear, e pretendemos tocar menos para tocar melhor.
→ VEJA E OUÇA: F ACEBOOK.COM/RPWOFICIAL
YOUTUBE.COM/GRUPORPW
TRIBO SKATE • 75
PL A YLIST OLLIE TO FS CROOKED
FELIPE DE CARVALHO FOTO LEANDRO MOSKA
SWITCH FS NOSE GRIND
EM RECUPERAÇÃO DE MAIS UMA CIRURGIA NO OMBRO, DESTA VEZ NO DIREITO, O PROFISSIONAI CONTA OS DIAS PARA VOLTAR A ANDAR DE SKATE E INDICA AS 10 MÚSICAS QUE MAIS O FAZEM LEMBRAR OS MEMORÁVEIS ROLÊS PELAS CALLES.
Wu tang Clan, C.R.E.A.M Moob Deep, Get it Forever Dexter, Tamo Junto Toni Tornado, Me Libertei RZO, O Trem Marreta Records, A Rua Vai Cobrar Big Pun, Whatcha Gonna Do Edi Rock, Estrela Davi Sabotage, Cabeça de Nego Notorious B.I.G., Just Playing
Escuta som andando de skate? Nem sempre.
Ouve música quando? Quando quero energizar a mente.
Usa algum fone especial para isso? O fone que tiver no momento.
Felipe de Carvalho (Dealer Official, Hot Buttered, Your Face Skateboard e C-vida Skateshop) 76
•TRIBO SKATE
BAIXE O APP QR CODE READER E OUÇA A PLAYLIST NO YOUTUBE.COM/ TRIBOSKATEMAG
CO LUNA V ISUAL
R E ALIZANDO SONHOS COTIDIANOS Sabe quando você imagina uma manobra e na sessão seguinte
praieiro. Diversas vezes já o tinha visto mandar esse wallie,
consegue voltá-la? Com a foto ao lado foi mais ou menos a
sempre com seu estilão dogtown baiano.
mesma coisa. Essa sensação não é novidade para fotógrafos
O skate e a fotografia são duas atividades que me
nem para skatistas. Com a maioria das fotos que eu faço é
proporcionam essa dádiva que é a realização de sonhos
dessa forma: primeiro, ela se forma em minha mente e só depois
simples. Há um tempo, sonhei dormindo que acertava mayday
no visor da câmera. Escolhi essa em especial porque há muito
e alguns dias depois realizei esse sonho; manobra simples,
tempo já a tinha em pensamento, bem próximo do que você vê
sensação de realização indescritível. Sonhei acordado por uns
agora, mas levei alguns meses para transformá-la em pixels na
meses com essa fotografia e agora ela está materializada aqui
minha câmera, mesmo se tratando de um pico que visito com
numa revista. Uma sessão cotidiana com amigos de quem
frequência e de um skatista que quase sempre está nos rolês
sou fã, aquela sensação da volta de uma trick no pico em que
que faço. Ângulo, luz, enquadramento, tratamento... a foto já
sempre quis acertá-la, fotografar skatistas que são minhas
estava feita mentalmente, faltava só estar na hora certa, com o
referências, manobrar num pico clássico que sempre vi nos
skatista certo e com a ferramenta para levá-la de minha mente
vídeos... São muitos os “troféus” e “prêmios” que existem além
a outras pessoas. Como nem tudo está sob nosso controle,
dos pódios de campeonatos e eles têm formatos e momentos
eu não contava com o susto que a câmera me deu nesse dia,
diversos de chegar as nossas vidas. Cabe a nós continuar
parando de funcionar do nada e voltando quando restavam só
sonhando e saber vivenciá-los da melhor forma.
alguns minutos da luz que eu queria. Rodolfo Gabriel (também conhecido pelas ruas como Bode, Bigod, Dolfo, Air Bigod...) é o cara certo pra essa foto, não dava pra ser outro skatista. Local master do Rio Vermelho (bairro onde a foto foi feita), também é um surfista cabreiro com uma relação forte com as praias dessa região de Salvador. Além disso, o pixo na parede ao fundo é dele, tem um coco e um coqueiro tatuados e desde sempre vive o lifestyle urbano78 • TRIBO SKATE
FERNANDO GOMES
Vivedor do skate soteropolitano, é fotógrafo e jornalista
RODOLFO GABRIEL, WALLIE
TRIBO SKATE • 79
CO LUNA SK A T E S AÚ DE
T H I AGO PI NO
SKATE PARALÍMPICO JÁ! 2016, apesar da crise, foi um ano bom para o skate brasileiro!
Em tempos de Street League, Park Series, Berrics e muitos
Grandes partes de vídeos, como a do Rodrigo TX para a adidas,
outros grandes eventos de skate, é difícil entender porque
Tiago Lemos para a Thrasher e o vídeo da Blaze, são apenas
não temos um evento para skatistas especiais, e talvez a
alguns bons exemplos disso. Mas o ano também foi polêmico e
Paralimpíada seja o ponto de partida para uma nova página
o tema que tomou conta de grande parte das conversas entre os
dentro do skate
skatistas foi a entrada do skate nos Jogos Olímpicos. Uma variedade gigantesca de prós e contras foi levantada e
Uma forma de homenagear alguns ícones do skate e também de criar uma nova geração de skatistas que conseguem superar
muitos pontos de vista foram discutidos. Mas, este que quero
suas limitações físicas através do carrinho, com muito amor
abordar agora, não vi nenhum comentário ou opinião a respeito.
e determinação. Acho que este seria o maior benefício que
Nem dos skatistas, tampouco das entidades que estão por trás
esta história toda de skate nas Olimpíadas poderia trazer para
de toda esta grande confusão, que é a participação do skate nos
ambos os lados, afinal os que querem e os que não querem ver
Jogos Paralímpicos.
o skate lá em Tóquio, têm que concordar que ele é uma grande
Acredito que os Jogos Olímpicos precisem muito mais do skate do que o contrário e, mesmo reconhecendo que isso pode
ferramenta de inclusão e sociabilização. Ver skatistas especiais andando juntos em um mesmo pico,
ser bom para o atual momento de transição que o skate vem
com toda infraestrutura necessária, regras próprias para eles
passando, acho que pode trazer prejuízos incalculáveis para o
durante a “competição”, conseguir ver estes skatistas “vivendo
futuro do esporte.
do skate”, através de possíveis patrocinadores que possam
Mas no meio de toda essa enxurrada de informações e opiniões, o que ficou na minha cabeça foi o quanto o skate
surgir com um mega evento como este e, principalmente, ver o nome do skate como um esporte inclusivo que desde o início acolhe diferentes tipos de pessoas sem nenhum tipo de
SERIA O MAIOR BENEFÍCIO QUE AS OLIMPÍADAS PODERIAM TRAZER PARA AMBOS OS LADOS
restrição, seria mais importante que qualquer medalha de ouro. Seria muito bom também ver o skate e sua alegria adentrando novos lugares como a AACD e outros centros de reabilitação por todo o Brasil, trazendo muitos benefícios a todos os praticantes que com certeza vão se interessar pela novidade e isso aconteceria de forma muito mais fácil com a superexposição que o skate teria nos jogos Paralímpicos. Torço para que as associações e entidades responsáveis por esta situação pensem desta mesma forma e se esforcem
seria importante dentro dos Jogos Paralímpicos. Sim, o lado
ao máximo para o skate estar presente nas Paralimpíadas. E
inclusivo e de liberdade que o carrinho sempre proporcionou
que com isso nossos skatistas heróis da vida real tenham mais
poderia ajudar um número gigantesco de pessoas com algum
respeito e reconhecimento, por parte de toda a sociedade, e que
tipo de deficiência ao redor do globo.
também possam ter uma qualidade de vida muito melhor com
Colocar nomes como Og de Souza, Ítalo Romano, David
todos os benefícios que o skate proporciona.
Soares, Jhow Rodrigues, Ruan Felipe e muitos outros skatistas que acompanhamos através das redes sociais e que servem de motivação e inspiração para todos nós que amamos o skate, em um patamar jamais imaginado antes. Skatistas de alma e coração que, mesmo sem nenhum tipo de, seguem no skate pelo simples prazer de manobrar e sentir a liberdade que o skate pode proporcionar. 80 • TRIBO SKATE
THIAGO ZANONI: Skatista, pai de gêmeos, educador físico, idealizador do Skate Saúde e fisioterapeuta especialista em fisiologia do esporte e do exercício
CO LU NA A G UI NAL D O M E LO
TÓ Q UI O 2020
COMPETIÇÕES: UM PILAR PARA O FUTURO DO SKATE Já pensou quantos esportes tradicionais não possuem sequer
torno de promover um evento do concorrente. Mas, antes dele ser
10% da nossa força? O skate dita modas, atrai novos adeptos
um evento do concorrente, ele é um evento de skate. Nos Estados
e, apesar disso, um dos pilares do esporte anda com as pernas
Unidos a Street League, uma organização privada com investimento
bambas. Tivemos algumas competições em 2016, mas nenhuma
de banqueiros, faz este papel de união. Circulam por todo o país
delas fez parte do circuito brasileiro profissional, tão pouco foi
promovendo o esporte, suas imagens percorrem o mundo.
estruturada de forma a reverberar por todo o país. A crise econômica que o país atravessa foi um obstáculo do
Não estaria na hora do skate brasileiro se organizar e criar um circuito relevante, que percorresse o país e que gerasse
porte de uma Megarrampa para a realização de competições,
aquele barulho que tanto faz bem para mercado e atletas? Que
com isso ficou na mão de alguns heróis a tarefa de manter acesa
uma etapa fosse paga por uma empresa, e que a próxima fosse
a chama das competições de skate. Todas estas iniciativas são,
custeada por sua concorrente? Os orçamentos e premiação
e foram, extremamente valiosas. Mas pecam gravemente por
poderiam ter o tamanho da realidade econômica atual. O mais
não estarem ligadas umas às outras. Os eventos hoje possuem
importante seria o resultado que esse movimento poderia
padrões que atendem à vontade de seus organizadores, alguns
gerar. Em 2008, um dos anos mais sombrios da economia dos
são somente para convidados, outros acontecem em apenas
Estados Unidos, foi o ano que nasceu o The Berrics. Uma pista
um dia. A CBSk (Confederação Brasileira de Skate) estabeleceu
que uniu marcas e skatistas, salvou o skate daquela tempestade
padrões para uma competição ser chamada de ‘Brasileiro’ e a
econômica e o transformou para sempre.
maioria dos eventos recentes não cumpre estes requisitos.
Hoje o sonho da molecada é ir pra Califórnia andar em uma pista.
Apesar de milhões de praticantes, o skate ainda é pequeno
No The Berrics, todos os dias, a chama do skate é acesa. O Brasil
para brigarmos por uma fatia do bolo. Estamos falando aqui de,
precisa ter sua própria chama e as competições são parte disso.
no máximo, apenas algumas migalhas de um biscoito. Quando
Há luz no fim do túnel no skate competitivo. A CBSk está trabalhando duro para viabilizar em 2017 competições, a Matriz
NÃO ESTARIA NA HORA DO SKATE BRASILEIRO SE ORGANIZAR E CRIAR UM CIRCUITO RELEVANTE?
também trabalha em um circuito passando por Porto Alegre,
vejo o quanto o skate é incrível, cheio de personalidade e estilo,
do seu concorrente irá sempre lhe beneficiar, assim como irá
não me conformo com o tamanho e as limitações que nossos
beneficiar todo o skate brasileiro. Me pergunto todos os dias por
eventos enfrentam. Somente unindo forças, resolveremos de
que não temos nossa Street League. Não estou falando aqui
uma vez por todas as fragilidades do skate brasileiro. Durante
de um evento milionário, mas de um evento relevante para os
anos, ouvi que a solução das competições estava nas empresas
skatistas. Algo que nos una, que permita que o skate chegue em
de fora do nosso meio. Isso é uma grande besteira, pois elas só
outros lugares e atraia novos fãs.
Curitiba e São Paulo, certamente a chancela Olímpica irá nos ajudar a conseguir financiamento de fora do universo do skate. Mas não podemos esquecer: o sucesso e o futuro do skate dependem de nós skatistas. Está na hora, de uma vez por todas, de pararmos de brigar pela migalha da bolacha. Somente de mãos dadas poderemos transformar o skateboard em algo maior que permita aos profissionais um salário estável, e às marcas um futuro melhor. Antes de concorrentes, somos todos skatistas. Um evento
irão investir se o skate for um produto interessante. Nós o transformamos em um produto interessante! Eles investirão somente se influenciarmos pessoas e atrairmos multidões. Compreendo as questões comerciais e existenciais que giram em
AGUINALDO MELO: Jornalista, skatista e alguns outros istas;
é apaixonado por esportes de ação e curioso pela vida
TRIBO SKATE• 81
CO LUNA GUTO J IMEN E Z
SK A TE BOA RD I NG M I LI TANT
DO CHÃO, NÃO PASSA Independente da modalidade que se pratique, existem duas
dependendo de inúmeros fatores pessoais como idade, tônus
realidades no skate às quais todos nós passamos quando
muscular ou estrutura óssea. Resumindo, não é o medo que
subimos em nossos carrinhos ou longboards. A primeira é
vai te impedir de tentar, pois os medos existem pra serem
aquela mais importante de todas: divertir-se enquanto se anda.
superados. O medo é bom, desde que você tenha o controle
É aquela coisa toda do vento no rosto, da forma mais divertida
dele, mas não é esse o foco do texto.
em ir de um ponto ao outro, da satisfação pessoal que se
Vamos imaginar uma realidade alternativa na qual nenhuma
alcança quando se acerta uma manobra... Seja nas sessões com
queda pudesse causar algum dano físico ao skatista – ou, no caso,
a sua galera ou em eventos, o mais importante é estar com um
se “passasse do chão”. Imagine que você errou uma manobra
sorriso na alma por causa da satisfação que só um rolé pode
onde quer que seja e que a superfície se transformasse em algo
trazer. Adaptando-se aquele antigo axioma, não há nada que
macio, ao invés de asfalto, concreto, madeira ou metal de sempre.
uma boa sessão de skate não cure.
Por um lado, é inevitável que se pense algo do tipo “que coisa boa,
A outra verdade a qual nos submetemos é bem menos
vou poder me jogar à vontade sem correr o menor risco de me
prazerosa, mas igualmente presente em nossas vidas de skatistas:
machucar!” Afinal, as quedas nos provocam machucados, ralados,
todos nós vamos cair do skate uma hora ou outra, independente
cortes e até quebra de ossos, então o skate teria uma realidade
do tempo de prática, da dedicação ou do talento que tenhamos.
bem mais prazerosa do que já existe na verdade, não é mesmo?
Essa resistência provocada por nossa insistência é o que nos faz
Desculpe, mas discordo completamente. Andar de skate envolve
progredir, tanto como praticantes quanto como seres humanos.
desenvolver e desempenhar nossas habilidades nos mais variados
Já imaginou se os primeiros skatistas tivessem desistido quando
tipos de terrenos, e essas habilidades são suscitadas justamente porque temos que encarar terrenos mais duros e resistentes do que
É O DRIBLE QUE DAMOS NOS RISCOS QUE FAZ COM QUE O SKATE SEJA TÃO MARAVILHOSO
nossos corpos. Desafiamos o perigo em cada rolé, independente do lugar onde seja realizado, e é o drible que damos nos riscos que faz com que o skate seja tão maravilhoso e, ao mesmo tempo, não seja pra qualquer um. Qual desafio existiria se soubéssemos que não há possíveis consequências negativas? Nenhum. Qual emoção se consegue de algo que é fácil demais? Nenhuma. A vida é uma sequência de adaptações que precisamos fazer em nossas rotinas diariamente, e isso não seria diferente com o skate. Da mesma forma, a vida não é do jeito que queremos todo o tempo, e igualmente é assim com o skate. Descobrir e explorar
encararam suas primeiras dificuldades? Provavelmente nós
nossos limites, sabendo que transitamos sempre naquela linha
ainda estaríamos tentando sobreviver em cima do skate, sem
que separa o sublime do fracasso, e ainda se divertir um bocado:
executarmos manobras nem andarmos com velocidade, não
isso sim dá toda a graça a tudo, sejamos skatistas ou não.
haveria modalidades, disputas, cenário, mercado e nada.
A quem quer tudo bem fácil, tenho uma dica: tente jogar
Em relação às quedas, quem nunca escutou a expressão “do
dominós. O maior risco e a maior emoção que você vai ter são o
chão, não passa”? Geralmente é usada quando se quer estimular
de não conseguir montar uma estratégia eficiente que te permita
alguém a andar de skate pela primeira vez, ou então quando
ganhar a partida, nada mais... Só não reclame do tédio!
surgem dúvidas em relação ao sucesso de uma tentativa de manobra que está demorando a sair. Nela, esconde-se uma interpretação de que você só pode chegar até o chão mesmo, não vai cair pra sempre; caso se machuque, vai se recuperar 82 • TRIBO SKATE
GUTO JIMENEZ: Carioca que está no Planeta Terra
desde 1962 e sobre o skate desde 1975
Foto: Helge
PEDRO
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•Resistente a choques •Resistente à água (200m)
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