As lições de uma terra chamada Loulé

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ID: 61035366

19-09-2015 | Revista E

Tiragem: 100925

Pág: 92

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Semanal

Área: 23,50 x 29,69 cm²

Âmbito: Lazer

Corte: 1 de 1

Maria de Jesus Dias (em baixo)e Sílvia Miranda (à esquerda) contam histórias da região enquanto ensinam a fazer receitas

FOTOGRAFIAS LUÍS COELHO

O QUE AÍ VEM

As lições de uma terra chamada Loulé Há um novo tipo de turismo a ganhar espaço, que junta a criatividade com a cultura e o lazer. No Algarve dão-se os primeiros passos

A

os 58 anos, Maria de Jesus Dias já perdeu a conta à quantidade de doces de frutos secos que enrolou. Sabe de cor as quantidades e a melhor maneira de as medir, caso não haja uma balança por perto. Sabe de onde vêm os produtos e a melhor forma de os combinar. E, apesar de fazer isto há muito tempo, volta e meia consegue sempre inventar qualquer coisa. Desta vez, os doces saem espetados num pau, como se fossem os cake pops que viu em revistas. “Desde menina que me pendeu a mão para a cozinha. Este é o doce que todas as famílias faziam”, conta enquanto explica a um grupo de visitantes como se fazem os doces típicos de Loulé. Em pleno Polo Museológico dos Frutos Secos, no centro da cidade, Maria de Jesus conta a história da terra com as lições que aprendeu da mãe e da avó. O workshop que está a dar insere-se no mais recente projeto desta cidade algarvia, o Loulé Criativo. Além da beleza, da cor, da praia e dos monumentos históricos (onde se destacam os banhos árabes), Loulé está a diversificar a oferta turística, convidando os que chegam a ficar mais um pouco e, com calma, a aprender. O programa é diversificado e inclui workshops, fins de semana temáticos, passeios e várias atividades, da arte

à gastronomia, passando pelo artesanato, o património e o desporto. É uma resposta aos ciclos de turismo habituais que se concentram no pico do verão. Mais do que receber, integrar é o objetivo pretendido. À medida que o conceito de viajante — aquele que vai e experimenta, vive e interage com o local — ganha popularidade, surgem novas ofertas de turismo. Primeiro foram as rotas e guias com sugestões fora do circuito turístico; depois vieram o

turismo de aventura e o de natureza. Este ano, Loulé, abriu um novo ciclo. Integrado numa rede europeia, o turismo criativo permite fazer coisas tão diversas como Dons Rodrigos, pintar azulejos, fazer entrelaçados de palma, ou descobri as receitas de tibornas e salada mediterrâneas. Nascido no ano 2000, o conceito é definido pela UNESCO como “a nova geração de turismo”. E chegou um bocado por acaso ao Algarve. “Trabalhei muitos anos no turismo de natureza, no início da Via Algarviana, e fui-me apercebendo de que havia pessoas que gostavam de vir a Portugal, ao Algarve, para fazer mais do que praia e sol. Um dia, na internet, descobri o turismo criativo e percebi que havia uma rede internacional”, explica João Ministro, dono de uma consultora de turismo responsável e sustentável. Além de aumentar a oferta, a ideia é também atrair à região outros fluxos de visitantes e impulsionar a dinamização da economia, que fora do estio se encontra mais parada. “É um acréscimo à oferta da região que, durante muitos anos, se vocacionou apenas para o verão. Agora, os hoteleiros já não vendem só o quarto, vendem o quarto e algo mais associado”, frisa José Desidério, presidente da Região de Turismo do Algarve. / CAROLINA REIS LOULÉ CRIATIVO Mais informações em www.loulecriativo.pt


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