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Novidades Nacionais
MC CAROL: TODAS AS MINAS
A cantora lançou o clipe de “Levanta Mina”, uma prévia de seu próximo álbum, “Borogodó”, previsto para o primeiro semestre de 2021. O vídeo é uma celebração da pluralidade de belezas de mulheres, sejam cis ou trans, e pessoas que também se identificam com o gênero feminino, como as bigênero. É o primeiro trabalho da MC Carol dentro do projeto internacional YouTube Black Voices, para o qual foi selecionada. “É uma música que fiz para mim mesma. Eu precisava ouvir isso, sabe? As pessoas conhecem a Carol Bandida, que fala putaria nas músicas, mas também sou frágil. Durante toda a minha vida, ouvi pessoas falando coisas horríveis sobre mim. Às vezes, ficava sozinha, triste, queria fugir de tudo. Essa música eu fiz pensando no que gostaria de ouvir, pois sei que alguém agora está precisando também”, diz. “Queria que pessoas que não se veem na TV, nas revistas, como eu, se vissem (refletidas).”
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DAVI E MORAES
Em abril de 2020, o Brasil chorou a partida de Moraes Moreira. Mas o ano continuou sendo implacável com Davi Moraes: meses depois, ele perdeu a mãe, Marília Mattos, e a avó, Cândida. Da saudade, nasceu o EP “Todos Nós”, uma homenagem a Moraes, com Davi criança abraçado ao pai na capa — a foto foi feita ao final de um show da turnê “Coisa Acesa” (1982). Produzido por Kassin, o disco tem quatro faixas, sendo três delas inéditas. “É uma explosão de gratidão no meu peito. Eu quero ainda fazer muita coisa com a obra dele, muita coisa bonita tem aí pela frente para fazer, para manter essa chama dessa obra linda viva. Mas [quis] começar com um EP, então procurei tocar com a maior excelência que eu podia, a gente caprichou realmente nas gravações, na sonoridade, eu cantei com uma emoção diferente”, conta Davi.
ALINE CALIXTO X 10
“10 anos Aline Calixto - Ao vivo em BH” é o DVD e álbum digital lançado pelo LAB 344 que marca a primeira década de carreira da cantora nascida no Rio e criada em Minas. Além de trazer o último registro visual de Beth Carvalho, conta com as participações de mais bambas, como Monarco, Mauricio Tizumba e a Velha Guarda da Portela, entre muitos outros. “Trago canções que permearam a minha vida, como ‘Enfeitiçado’, ‘Oxossi’ e ‘Flor Morena’”, diz ela sobre o trabalho filmado em meados de 2018.
MC CABELINHO, VOLTA AO MORRO
MC Cabelinho lança o clipe de “Minha Favela”, em parceria com Long Beatz, no canal da Warner. Dirigido por Mateus Alves, o trabalho teve imagens captadas no final do ano passado, dentro do complexo PPG (dos morros Pavão/Pavãozinho e Cantagalo), na Zona Sul do Rio de Janeiro. Nascido e criado no lugar, Cabelinho, autor da letra, aproveitou para visitar lugares e reencontrar amigos — alguns deles, inclusive, participaram do vídeo. Vitor Hugo Nascimento, seu nome verdadeiro, viu sua carreira deslanchar em 2019, quando gravou um feat com Anitta, “Até o Céu”, que ganhou clipe em 2020. Agora, o artista anunciou um novo álbum para 2021, “Little Hair”, que já tem participações já confirmadas de Orochi, Xamã e Felp.
INTENÇÕES DE SILVA
O nome dá a dica: “Cinco” é o quinto álbum de estúdio de inéditas de Silva. O cantor e compositor capixaba conta que fazer esse álbum o ajudou a ocupar a cabeça e o salvou na quarentena. “Sei que fui muito privilegiado por ter isso pra me ocupar e, além de tudo, estar com saúde e poder proporcionar também trabalho à minha equipe. Nunca gastei tanto tempo em um disco, ao todo foram 580 horas no estúdio, algo que provavelmente não seria possível em ‘tempos normais’, já que teria outros compromissos. Então acho que consegui chegar a todas as intenções que queria”, analisa. As 14 faixas são assinadas em parceria com o irmão, Lucas Silva, e três delas têm um terceiro autor, que participa da respectiva música: “Facinho” (com Anitta), “Soprou” (Criolo) e “Quem disse”(João Donato).
LUIZ CALDAS, SEM PARAR
O cantor e compositor baiano chega à incrível marca do 107º disco mensal lançado, num projeto sem data para acabar. Em janeiro, ele lançou “Pedrada!”, debruçando-se sobre o hip hop. Das dez faixas, nove são assinadas pelo artista, que também é produtor do álbum, e “O Poder Um Dia Acaba” é uma parceria com Antônio Romero. “Em Nome de Tupã” traz a participação de André Ambujamra, e “O Mundo é de Todo Mundo” conta com Felupz, conterrâneo de Luiz Caldas. Ele foi fiel à tradição do rap de trazer consciência social nas letras e trata de temas como desrespeito aos povos originários, abuso de poder, desigualdade social, corrupção e racismo, entre outros. “A pesquisa histórica para escrever as músicas foi fascinante, e eu mergulhei fundo, amei fazê-la e transformá-la em hip hop”, conta. Em fevereiro, claro, tem mais: um álbum todo de ijexá.
OUÇA MAIS | As 10 canções de “Pedrada!” | ubc.vc/LCPedrada
THEO LUSTOSA E AS SERRAS
O álbum “Serranias”, do sanfoneiro mineiro Theo Lustosa, busca fazer uma união imaginária da Serra Mineira com as serras nordestinas por meio da música. “Sugeri essa conexão porque eu entendo que ela acontece naturalmente na música. Se você pegar na história, a gente tem músicas de Minas em ritmos nordestinos, em baião, por exemplo. Temos isso no Clube da Esquina, no Milton. Não está explícito, mas a base musical está ali”, explica. O destaque fica por conta de “Menino Angola” (de Lustosa e Paulinho Motta), que traz um dueto de Zeca Baleiro e Dominguinhos. A parte do artista pernambucano foi gravada em 2004, mas ficou parada. Com sua morte, em 2013, Theo Lustosa tentou recuperá-la, mas só conseguiu achar os arquivos em 2019.
OUTROS FEVEREIROS
Dois anos depois da estreia nos cinemas, o documentário “Fevereiros”, de Marcio Debelian, ganha edição em DVD. O diretor partiu do desfile da Mangueira de 2016, “Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá”, e seus preparativos para mostrar pontes entre o Rio e a Bahia, desvendando a relação do samba carioca com o samba de roda do Recôncavo e com o candomblé. “Acho que o documentário preserva um Brasil anterior a essas mazelas todas que a gente está vivendo e que é como ‘Adalgisa’ [música de Caymmi]: tá viva lá na Bahia”, diz o diretor. “Quando eu revi o filme, pensei nesse Brasil bonito, forte, que existe em muitos de nós e tem condições de seguir adiante e levar um bastão melhor para as próximas gerações.”
BETO GUEDES, ENQUANTO A VACINA NÃO VEM
Desde 2004 sem lançar um álbum de inéditas, o cantor e compositor mineiro Beto Guedes publicou uma música em seu canal do YouTube no último dia de 2020. “Toda Vida Quer Paz” é uma adaptação de “Jesus, Alegria dos Homens”, tema de Bach que ganhou letra de Chico Amaral. “Eu estava com essa música na cabeça, veio não sei como. E pensei no Chiquinho para escrever. Mandei a canção lá pelas três da tarde. Sete da noite estava pronta. Gravei com celular e câmera fotográfica. A ideia foi mandar um presente para Laura Camarani, minha cara-metade”, derrete-se o artista, que pretende lançar um novo disco: “Tenho algumas músicas aqui. Talvez se chame ‘Frugal’. Vamos esperar a vacina, que já está iniciando, as coisas começarem a voltar.”
JOTA.PÊ: CHUVA DE GÊNEROS
O cantor, compositor e músico Jota.pê lançou o clipe oficial de “Garoa”, faixa-título do EP que ele entregou ano passado, um amálgama de gêneros que o cantor, músico e compositor combina com graça. Tem do afoxé de “Garoa” ao maracatu de “Errata Perfeita”, passando pela MPB de sabor acústico de “Uns Cafuné a Domicílio”. Com participações especiais das cantoras Anna Tréa e Bruna Black, o trabalho contou com produção de Lucas Mayer e um bom time de músicos, que inclui Marcelo Mariano (baixo), Kabê Pinheiro (bateria e percussão), o próprio Jota.pê no violão, Beto Mejia e Nahor Gomes nos sopros e Silvinho Erne nos teclados.
JODELE, FAWCETT E AGNELLI
Jodele Larcher, produtor e pioneiro do videoclipe no Brasil, se uniu ao músico e fundador do AD Studio Jarbas Agnelli para abrir uma nova produtora de conteúdos musicais e audiovisuais. Sediada em São Paulo, a Birds on the Wires estreia lançando um novo projeto de Fausto Fawcett, “Favelost” (mesmo nome de um livro que ele lançou em 2012), que reúne nove faixas e ainda a peça ‘Ó, Coração de Jesus’, derivada de uma partitura de Furio Franceschini, bisavó de Jarbas e responsável pela implantação do órgão da Catedral da Sé, em São Paulo.” É um turbilhão de informação, que navegamos com magia caótica”, define Larcher sobre o projeto.
MANAS DE TALENTO
Uma iniciativa que selecionou 12 cantoras e compositoras de Niterói (RJ) para participar de um projeto de aceleração, imersão, profissionalização e criação coletivas dá frutos: saiu o EP “Lugar da Mulher”, com quatro das canções que elas compuseram no processo. O nome do projeto, MANA, significa Mulheres Artistas de Niterói Apresentam e é toda uma declaração de intenções. “As carreiras das cantoras mais bem-sucedidas da indústria brasileira ainda estão majoritariamente nas mãos de homens. Das mais ouvidas em 2017, apenas a Anitta não tinha um empresário homem. Esse movimento de pesquisa e fomento a mulheres é tendência mundial”, diz Flávia Salles, produtora do projeto MANA. “Ficamos extremamente impressionadas com a qualidade artística e a força criativa que brotou a partir da união delas. A próxima edição já está em fase de pré-produção e deve começar ano que vem. Também queremos criar uma grande rede de mulheres artistas para fortalecer o mercado musical.”
GUSTAVO GALO, DO QUARTO
Gustavo Galo não tinha planos de lançar um disco em 2020, mas aceitou a chamada do produtor Otávio Carvalho. Isolado por conta da pandemia, não via sentido em renunciar a uma premissa básica. “Faço música, em especial, pelos afetos, pelos encontros. Sempre gostei desse aspecto caloroso e coletivo que uma banda constrói. A maior dificuldade desse disco era essa: como fazer sozinho, somente voz e o violão, algo que dá tanto prazer fazer junto?”, indaga. Repleto de experimentações, feito a partir do seu quarto, esse quarto disco só poderia ganhar um nome, polissêmico: “Quarto”. “Gravar fora do estúdio, incorporar os barulhos da casa e da rua e tocar sem arranjos pré-definidos me trouxeram mais liberdade, inclusive para errar e descobrir possibilidades novas. Em um ano tão difícil, abrir o quarto ao mundo e fazê-lo crescer foi uma maneira de seguir adiante e muito vivo. Agradeço”, resume.
OUÇA MAIS | As cinco faixas de “Quarto” | ubc.vc/GGalo
OS ÚLTIMOS ANOS DE BELCHIOR
Em 2007, Antônio Carlos Belchior deixou tudo para trás e, acompanhado de sua companheira e produtora, Edna Assunção de Araujo, conhecida como Edna Prometheu, viveu uma vida nômade e longe dos holofotes, numa espécie de autoexílio, até sua morte, em 2017, em Santa Cruz do Sul (RS). No livro “Viver é melhor que sonhar — Os últimos caminhos de Belchior” (Sonora Editora), os jornalistas Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti percorrem mais de dez cidades para tentar desvendar esse período envolto em mistério. “É um livro que pretende mostrar um Belchior heroico e, ao mesmo tempo, humano, com todas as suas complexidades. Porque o ser humano é muito complexo, e o Belchior não era diferente disso”, comenta Fuscaldo. “Ele tem uma simbologia antissistêmica, anticapitalista”, completa Bortoloti, “acho que tudo isso está envolvido nas razões que o levaram a fugir, a sair.”