Egitania sciencia - Número 1

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Título Egii4hih: Sc’ie,n’iii Direclor Fernando Sã Neves dos Santos

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ConussCo Científica Ana Maria Jorge. Ascensão Marfins Braga. Carlos Correia (‘anelo, Consianlino Nlcndes Rei, César Rafael Goriçalves, Deolinda Auguslo de Casiro. Ezequici Ntadins Canondo. Fernando Canuino Marques. Fernando Sã Neves dos Santos. Fernando Pires Valenle, Jorge Fonseea e Trindade. Jorge Manuel Slendes, José Peres Monteiro. José Reinas André. Ladan Eflekliad. Luísa Mana Campos. Manuel Canalbo Prata. Manuela dos Santos Salário Maria Clara Silveira. Maria de Fátima David. Maria do Rosário Saniana. Regina Gomes Gouveia. Teresa Dias de Paiva. Rrsíão de pnisas (ela inglés) Maria dei Carmen 1< beijo Propriedade Instiltilo Politécnico da Guarda (IPG Av. Dr. Francisco Sà Carneiro n 50

63(1(1-559 Guatda

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Contactos TelE 271 220111 • Fas 271 222 690 Email: cap á n’Lp( itIIP: WWipupl rn l

GaataI

Edição gráfica e paginação M Comunicação limiprcssiio e Acalmanmcntos Sen iço de Reprognifla e Anes Grãflcas do IPG

1 000 eseinpbres

Tiragem

DL’púsiIo Legal

n° 200795/07 nI. 1 Setembro dc 2007

da

paiva ( irotie, e a Tee’,nilogia

Este número leve o apoio Fi,zn/açâo

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CqtafltasctCOcla

rDICE

Regina Gouveia

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IMPRENSA PERIÓDICA NA BEIRA INTERIOR (PORTUGAL, 19 1930)

José A. Alves e José Grilo Santos

1 INIBIÇÃO INTELECTUAL E NÍVEL CULTURAL DOS PAIS

Rosário Sanlana e Helena Santana

611 O SAGRADO E O PROFANO EM OLlVIER MESSIAN

[79

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j 99] TEORIAS EXPLICATIVAS DO INSUCESSO EDUCATIVO E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO UMA ANÁLISE EMPIRICA

Sussana Pinto e Francisco Tomé

[111] PERFIL PSICOSSOCIAL DE IDOSOS DO INTERIOR DE PORTUGAL: ESTUDÓS DE CASO NUMA FREGUESIA DO DISTRITO DA GUARDA

Constança Paúl, António M. Fonseca Ignácio Martin e João Amado

11211 UM SISTEMA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM TURlSMO: REOUISITO PARA O DESENVOLVIMENTO TURiSTICO Manuel Salgado e José Alexandre Madins

11331 CRESCIMENTO ECONÓMICO E DIMENSÃO DOS GOVERNOS: O CASO PORTUGUËS Constantino Mendes Rei

1149] A FORMAÇÃO DE TERRITÓRIOS INOVADORES: A ABORDAGEM AO MEIO INOVADOR Maria Manuela Santos Natário

1

[1 7 j UTILIZAÇÃO DE POLÍTICAS EM GESTÃO DE REDES E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Victor Roque, Rui Lopes e José Luis Oliveira [189

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A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NAS REGIÕES: EXPERIÊNCIA PILOTO Ascenção Braga

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Eatan1a

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UM NOVO DESAFIO EDITORIAL

O incremento da actividade editorial do Instituto Politécnico

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ao nível dos recursos humanos e financeiros

foi

como

da Guarda tem sido uma das nossas preocupações, ao longo dos últimos anos.

Apesar das inquestionáveis limitações nesta área noutras

equacionado um plano onde se tem integrado a edição de vários

trabalhos, com temáticas diferenciadas.

Contudo, partindo da experiência resultante da anterior

revista deste Instituto, entendemos que se justifica, dada a

actual realidade, uma nova publicação de carácter científico e pedagógico.

Assim, a Egitania Sciencia materializará a permanente

preocupação de apoiar, primordialmente, a actividade de

investigação desenvolvida no IPG e no interior do País.

Fomentar a investigação e a partilha de conhecimentos nos

domínios da didáctica, pedagogia, cultura e técnica é, pois, o

principal objectivo desta revista.

Esperamos que o empenho colocado nesta nova proposta

editorial seja correspondido, de forma a traduzir-se numa rápida

e crescente afirmação da Egitania Sciencia.

Presidente do P0

Jorge Manuel Mendes


uatanIasclcntia

IMPRENSA PERIÓDICA NA

BEIRA INTERIOR (PORTUGAL, 1900-1930)

PERIODIC PRESS OE BEIRA INTERIOR Regina Gouveia

Neste artigo confere-se a representatividade do movimento jornalístico da Beira Interior no espaço regional e nacional e em termos de filiação políticopartidária. As nossás principais fontes são, obviamente, os jornais que se publicaram na Beira, cujos dados procurámos confrontar e enquadrar com os já coligidos em historiografias e monografias locais. As pesquisas efectuadas permitiram-nos concluir que a história e a geografia da imprensa beirã carece de uma revisão séria, para o que queremos contribuir, corrigindo ao longo do nosso texto algumas imprecisões com que nos confrontámos. Pretendemos ainda salientar a riqueza do espólio em análise, a multiplicidade de estudos a que poderá servir de fonte, o quanto pode ajudar à compreensão da realidade doutros tempos, em inúmeros aspectos por demais justificativos de uma maior valorização como fontes e, consequentemente, de uma mais adequada preservação. Paiavra Chave: Beira Interior, imprensa periõdica. elites, pohtica

IBStRACJ

Docente da ESEG do Insti:uto Po!iIécncoda Guarda

Our proposal with this article is to conter the representativity of the Beira Interior journastic movement in the regional and national space and its political partisan filiations. Our main sources are, obviously, the newspapers pLlblished in Beira, whose facts we tried to compare and relate with the ones already gathered in historiographies and local monographies. The researches accomplished allowed us to conclude that the history and the geography of the Beiras press needs a serious revision, to which we want to contribute, correcting throughout our text some inaccuracies with which we have been faced. We still want to point out the wealth of the press in analysis, the multiplicity of studies for which it can be used as a source, how many ii can help lo understand lhe historical reality, that highly justify its value as source and, consequently, its better preservation. Keywords: Beira Interior, periodic press, elites, politic.

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£glanlasc j corja

1. INTRODUÇÃO A generalidade dos historiadores considera que, em Portugal, à semelhança de outros países’, a imprensa perlódica foi determinante em todo o processo que conduziu à implantação da República, que terá sido a grande força impulsionadora da génese e do desenvolvimento do republicanismo. A propaganda republicana veiculada pelos muitos jornais que foram sendo criados constituiu uma importante actividade de algumas elites nacionais em prol da mobilização das «massas» que viriam a cooperar na imposição do novo regime. Também os partidários de outras ideias políticas e o próprio governo depressa começariam a aperceber-se do poder da imprensa na sociedade, a usá-la a seu favor e, no caso das autoridades governamentais, a travar a todo o custo a influenciação política que os seus «inimigos» exerciam através dela. O përiodismo português havia começado a adquirir relevo durante a emergência do espaço público liberal, depois favorecido pela consignação

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Porque a ruprensa penódica é, gIobanente, um discurso de ccx1untura. V&u’a’ido e repercuthdo esi fluir de eventos e problemas ao mesma tempo continuas e ocasionais, fixõmos as baLzas atndógcas da nossa investigação em 19(1) e em 1 930. não numa perspectiva de nos dngirnos absolutamente ao peilodo entre e’as. mas de o termos corno referência prinopai. e apesar de estarmos conscientes do que ambos os io:tes podem suscitar étvios reparos. Assuw,ip-ida a impLani ação da RepubLca um 1910 como marco Ilislóris0, e ,teressaido-nos estudar o papel da imprensa no pedodo que a precedeu e lhe sucedeu não ignoramos que os indicadores das mudanças que vieram a processar se nas estmluras potilicas, sociais, económicas, religiosas e mentais da sociedade portuguesa se inser’rani numa campanha quo começou antes do século XX, que o republicanismo se enraizou em movimentos e conjunturas vários; não duvidamos também que a repressão ditatorial não acabou de todo com a acção simbólica de elites opositoras através da imprensa, mas sabemos que, cerca de quatro anos após o golpe militar de 28 de Maio de 1926, eram á muito poucos os lornais a desempenhar um papel pclitico. Por outro lado, sendo a designação Beira Interior utilizada para referir diferentes espaços geográticos uns defendem que ela deve englobar todos os concelhos dos distritos de Castelo Branco e Guarda, outros entendem excluir a zona do Pinha] Intecar SoU e os caicCnos de Acuiar da OeiraeVla Nova do Foz côa o fase ã destacada represenfaliodade de quatro mLn:op:os Castelo Branco, Covi!nã. Fundão e Guarda em rolação aos quais não existo quaiquer d’,.-da quanlo à sua inserção, decdimos prestar espoda] alenção aos amas que nestes foram publicados. Coroo José Teiganirdia, por exeopto Cl. Hstord da Imprensa Peri&ica Poduguesa. Edi:orial Can’ioho Lisboa. iosa p. 240. Como exemplo, retira-se a França, onde a Revolução de Ja’ho de 1830 toi o trkfl, dos jornais-. ‘-a pan de 1837, os r.nais irtciaram um combate de moRe contra C-irzol: a conjunção de todo o tipo de dificuldades econ&nlcas, sociais e financeiras eram acaloradamenfo comentadas pela imprensa...» {Nejandro Rzarroso Ouintero, História da Imprensa Planeta Editora, Lisboa, 1996, pp. 175-176). A República ena a ser prodamada em 1848.

Egtanlasr

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da liberdade de imprensa (Decreto de 4 de Julho de 1821 Constituição de 1822). O facto de se viver então um período de convulsões económicopolítico-sociais profundas facilitou o surgimento da Irimprensa de opinião», em interacção com a oralidade que materializava. A comunicação oral funcionava como uma espécie de travejamento da escrita e esta, por sua vez, tomava aquela como objecto para a teorizar. Com a emergência de novos actores sociais, nasceu um novo público, uma «massa» de leitores, essencialmente burguesa, mas também popular, já que os jornais e algumas obras literárias, de que o romance parece o género mais adequado, por alcançar uma população vasta e dispersa, eram lidos oralmente em círculos mais ou menos restritos. A ambição e empenho de elites burguesas, a ampliação dos espaços públicos e a elevação do nível cultural das populações, ainda que muito lenta e aquém da que o país necessitava, constituíram factores convergentes e interdependentes da expansão da imprensa periódica portuguesa, especialmente, com algumas quebras e retrocessos, a partir de 1834, graças à Lei de 22 de Dezembro, que instaurou a liberdade de imprensa. Com efeito, a década de 40 de Oitocentos revelou a expansão que a imprensa pehódica viria a ter em Portugal, com a saída do prelo de 273 novos títulos no período compreendido entre 1842 e 1850. Neste período, que José Tengarrinha ainda aceita enquadrado no «primeiro romantismo», a oratória e o jornalismo foram as principais formas de expressão que asseguraram a comunicação pública, constituindo-se como instrumentos de transformação política e social. O ano de 1851 significou a recessão do movimento jornalístico que, desde 1841, se tinha mantido bastante elevado, por ter sido promulgada a Carta de Lei que ficou conhecida como «Lei das Rolhas», mas a partir daquele até 1889, com a acalmia proporcionada pela Regeneração, o número médio de jornais voltou a aumentar, mais de cinco vezes (de 35 para 184). Em 1889, existiam 583 periódicos escritos em português no Continente, llhas, Ultramar e Estrangeiro, sendo que 82% circulavam no território continental e, destes, 31% em Usboae 13% no Porto6. O periodismo viria a ter um papel fundamental na dinâmica política que desembocou na instituição do regime republicano, nas últimas décadas do século XIX e primeiras do seguinte, que se prolongou até »

Ci. José Tenganintia, ,luid.. p. 182. id, ibid. BóIa &anha, dl. in A. H. de Oliveira Marques. Hísfóda de Ponngo/, vol. III: Das Revoluções Liberais aos Nossos Dias, Presença, Lisboa, 1998, PISO-


Eajtantac 1 envia

ao Estado Novo, num período que muito se demarcou dos anteriores e subsequentes, por ter sido especialmente caracterizado por alterações estruturais, sociopolíticas, e também por se terem proporcionado condições favoráveis ao desenvolvimento da imprensa, sobretudo ao nível do seu enquadramento legal e das vias de comunicação inter-regionais e internacionais. Em 1900, circulavam em Portugal 416 publicações periódicas, em 1910 eram 543 e no ano de 1930 perfaziam um total de 662 títulos. O período compreendido entre 1910 e 1932, ano em que Oliveira Salazar foi nomeado presidente do Conselho de Ministros, não terá sido, segundo Pizarroso Quintero, «muito brilhante para a imprensa, demasiado politizada e com intervenções do poder do Estado, que se viu mergulhado numa confusa sucessão de governos que atingiram os quarenta e cinco diferentes entres de Outubro de 1910 e 28 de Maio de 1926, quando ocorreu o golpe de Estado.»’. O rande centro da imprensa portuguesa, quase exclusivo durante muito tempo, foi Lisboa, mas a evolução cultural das comunidades e o desenvolvimento das ligações contribuíram para que a imprensa se desenvolvesse tora dos grandes centros urbanos nas últimas décadas de Oitocentos, atingindo as sedes dos concelhos mais remotos. «Longe do conflito dos grandes centros, onde os partidos mon’árquicos degladiam disputando entre si o poder para o exercerem em beneficio próprio, é na tranquilidade da vida de província que se acham actualmente as condições para que a imprensa jornalística se regenere subordinandose às indicações do seu destino. Compete-lhe desenvolver a autonomia local (..,); a propagação das claras doutrinas políticas a que a democracia europeia chegou (.. .); a vulgarização de conhecimentos úteis (...). E urgente que na pequena localidade a imprensa se torne esse poder consultivo, que vá libertando os indivíduos da dependência da autoridade

EGËNESE E DESENVOLVIMENTO DA MPRENSA PERIÕD CA NA BEIRA A primeira e única tentativa de lançamento de um jornal na Beira durante a década do arranque do periodismo em Portugal (40 de Oitocentos) ficou documentada no Sentinela da Liberdade, publicado Pieísndro Rzaroso Quintero, op. CIL. p 363. e Teófito Braga. Históda das Ideias Republic.ar,as em Portugal, Nova livraria Internadonal, Lisboa, 1880, p. 369.

ELCnIae 1 cii ela

num único número na cidade de Castelo Branco em 19 de Dezembro de 1846, com o objectivo de defender a Junta do Porto e divulgar o seu programa. O segundo, O Magriço, surgiu apenas no ano de 1861, em Trancoso, distrito da Guarda, como semanário político, literário e noticioso, tendo circulado até 1864 (172 números). Neste mesmo ano, iniciou-se a publicação de dois outros títulos: a 27 de Agosto, O Comércio da Covilhã, que circulou naquela ainda vila notável9 até 13 de Maio de 1865, como «aliado do partido clerical covilhanense»; e, em Alpedrinha, A Estrela da Beira, que apenas se publicou de 31 de Agosto a 25 de Maio. Em 1865, a Guarda teve o seu primeiro jornal, O Distrito da Guarda, um semanário político, literário e noticioso que se editou, com algumas interrupções e readaptações políticas, até 1938. No Fundão, o início do periodismo registou-se a 26 de Maio de 1870, com OApóstolo da Verdade, por iniciativa de um boticário espanhol que aí vivia, Francisco António Alburnau de Puga, e circulou como folha noticiosa até 28 de Julho de 1871. A lundação de novos títulos recrudesceu na Beira depois de 1880, durante a «verdadeira era do jornalismo em Portugal», segundo Tengarrinha. Poucos foram, porém, os que testemunharam a passagem para o século seguinte, principalmente devido ao facto de terem vidas efémeras. Ainda assim, na alvorada do século )O<, publicavam-se na Beira dezasseis pehódicos, nove dos quais no distrito de Castelo Branco, o mais representativo em termos de títulos em circulação ao longo de todo o período. Assim, ainda que consideremos apenas os jornais que circularam durante todo o ano de 1900’», não podemos concordar com Rui Ramos quando afirma ser o distrito de Castelo Branco, como o de Bragança, dos menos dotados de imprensa nesse período, por ter apenas cinco publicações, já que nele se mantiveram em circulação oito jornais. Numa outra obra de’ referência, os distritos de Castelo Branco e Guarda, além dos de Bragança e Santarém, são igualmente apontados como os mais pobres em jornais, com apenas 1,1% e 1,4%, respectivamente, do total de pehódicos existentes em Portugal no ano de 1923 631, dos quais 293 eram semanais, bissemanais e trissemanais. Pensamos que tal decorreu da circunstância de uma

Aco’,’gl,à foi eleada a cidade em 6 de jandrode 1811. Que aparecem no Quadro 1 em primeiro ftigar, destacados pr soriibreado, na respectiva coluna. Rui Ramos, «A Nação Intelectual-. ,n José Matoso (dir,l, História de Ponugal, vot 6, A Segunda Fundação. Editorial Estampa, Lisboa, 1993, p, 48.


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Ea,Itanlasciunria parte significativa dos jornais criados haverem usufruído de uma vida muito curta: no distrito de Castelo Branco, dos cerca de 223 periódicos criados até 1930, apenas 19% (43) terão circulado durante mais de três anos, enquanto no da Guarda, foram cerca de 20% (27 em 133) os que excederam esse tempo de vigência3. Além das restrições políticas, seriam as dificuldades económicas inerentes à manutenção das publicações que ditavam a extinção de muitas, deveras mais sentidas em regiões como a Beira Interior, nomeadamente, por nelas não estarem tão desenvolvidas as actividades comercial e industrial, que, através da publicidade e de outras formas, sustentavam em grande parte a edição dos periódicos nos grandes centros. A ordem cronológica do surgimento de títulos no espaço beirão respeitou a importãncia das respectivas localidades como factor principQl, e daí que em concelhos menores tenha sido mais tardio o arranque da imprensa periódica: Aguiar da Beira e Manteigas (distrito da Guarda) tiveram os seus primeiros e únicos jornais em 1918’ e 1925, respectivamente; o mesmo em Sarzedas, com O Sarzedense (19161920), e Cana, com O Agricultor (1921), no distrito de Castelo Branco. Aliás, a «hierarquia» relativa à ordem do aparecimento dos primeiros jornais na Beira coincide genericamente com a respeitante ao número total de títulos ali publicados até 1930: foi nas sedes distritais que nasceram os primeiros títulos - exceptuando Trancoso, que se antecipou à Guarda e naquelas circularam também mais jornais, não se considerando a Covilhã, que, sendo um importante centro manufactureiro, inigualável em todo o país, com mais habitantes do que Coimbra em finais do século XIX, em muito superou o movimento jornalístico da capital de distrito’.

Dados constantes em JonI Serrão & A. H. de Oliveira Marques (dir.). Da Monarquia para a Nova História de Portugal, vct. Xl: Portugal Repubuica, coerd. A. 1-]. de Oliveira Marques. Editorial Presença. bsboa, pp. 6-6Ol. Os resultados apresentados são aproximados e baseiam-se nos dados por nós recolhidos a partir de monogratias e antologias locais e em obras especificas sobro a imprensa dos dstrilos de Castelo Ranca e Guarda. que reierencansos na n/ Bih5oc,ata. Na que conserne ao concea,o de ‘t,seu, dos cata de sessenta pedód cos tundados aló 191)]. apenas 2Oa (aproximadamenle 12i tivemrn, uma existelicia igual ou supencw a três anos.

0 peri&tico4’eda. republicano e anrs:dcwi:sta. publcou-se em AgtÁ& da Bdra desde Jtnto de 1516 até 25 de Ju]’o de 1920, cunosameote. ded cada ao pratessaadc. -: Cota o titulo Estrela da Baía, este periódico serrano mereceu a colaboração de grandes republicanos amo Pvarc de Castro, Mtódo Josó de Almeida e Brito Camacho.

£aLanIasciencia

1910

Distrito de castelo Branco

- Noticias da Beira (castelo Branco)

- Gazeta da Beira (Castelo Branco)

- O Petiz (Castelo Branco) - Correspondãncia da Covilhã (Cov.) O Rebate (Covilhã) - O Sul da Beira (Covilhã) - A Covhã Nova (Covilhã) - Correo da Covlhã (Covhã) - Eco da Beira (Sertã) - O Zê Povo (Sertã) - voz do Povo (Sertã) - O Rodense ila velha de Rôdão)

1950

Li1

O A’meidense (Aimeida) &n:go da verdade (kme:da) O Correio (Celorico da

- O Trabalho (Covilhã) - A voz da Paróquia (Covilhã) - Folhas Soltas (Covnhã) - O Raio (COvilhã) - A covilhã (Covilhã) - Correspondãncia da covilhã (Cov.) cine-Jornal (Covilhã) Cova da Beira (Fundão)

(Castelo Branco)

- A Era Nova

(Castelo Branco)

- Acção Regional (Castelo Branco) Terra da Beira

-

QUADRO 1: Títulos em circulação nos distritos da Beira Interior no século XX qoc

Distrito de Castelo Branco (C. B.) A Defesa da Beira (Castelo Branco)

Retratos da Beira (castelo Branco) Tecido (Covilhã) Correspondência da Covilhã (Cov.) unhais da Serra (unhais da Serra) A Beira Baixa (Fundãol O Rodense ila velha de Ródão) O Çan-.deão (Fundão) A união (Fundão) O Riso (Fundão) Ecos da Gardunha (Fundão) Azul e Branco (Fundão) Jornal do Fundão (Fundão)

Os Ecos da Be:ra (Sertã)

Beira)

Gazeta das Provincias (Sertã) O Novo Rodense ta V de Rôdão)

O Herm:nio (Goos’e:a) O Trabalho (Gouveia) Evolução (Gouveia) D:slnto da Guarda

Distrito da Guarda

(Guarda)

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O Povo (Guarda)

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O Herminio (Gcirieia) O Trabalho (Gouveia) strito da Suarda (Guarda) O Comércio da Guarda (Guarda)

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A Folha de Trancoso Rrancoso) Jornal da Guarda (Guarda;

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e ee r-as espo: :

Jornal do Povo (Guarda) Noticias da Guarda (Guarda) A Actualidade (Guarda) Noticias de Seia (Seia) A Folha de Trancoso Çliancoso) A Democracia da Beira Rrancoso) Noticias de Fozcoa /. N. Foz Côo)

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O Hermnio (Gouveia) Noticias de Gouccia (Gouveia) Distrito da Guarda (Guarda) O Combate (Guarda) Boletim da Diocese da Guarda (G.) A Voz da Fé (Guarda) A Beira (Guarda) Noticias de Pinhel (Pinhel) A Folha de Trancoso Urrancoso)

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— . ã,a5 ctcs em rnrrr s-as e art .e Gaste? Ear:r e &arsii. e EVV : .sújcos :r.e


Cl. Regina Gouveia, A lntemcção entre o UnNe,so Político e o Campo ai Comunicaçio: A imprensa e as Fites Banis (1900- 7930), Tese de doutoramenlo em Ciênoas da Comunicação, uniers,dade da Deixa Intedor Covffhã. 2003. pp. 63-63

17

EaltaflIdst 1 corja o

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eactanlascIcorIa

A circulação de jornais na Beira manteve um certo equilíbrio ao longo das três primeiras décadas do século XX, uma vez que a média de títulos rondou sempre as duas dezenas, ainda que tenha diminuído a sua representatividade no todo nacional: 5.7% em 1900 (24 em 416), 4,2% em 1910 (23 em 543) e 3,5% em 1930 (23 em 662). A regularidade na criação de publicações locais manteve-se após os de Outubro de 1910 a 1930, período particularmente conturbado a nível político e social e, por isso, menos positivo para a imprensa nacional, como atrás referimos, tendo até sido superior ao precedente (1900 a 1910), exceptuando os anos de 1928, em que se lançaram apenas três títulos no distrito da Guarda, e 1930, em que não se iniciou qualquer publicação. Atendendo a que Portugal tinha no ano de 1897 um título para 6500 habitantes, detendo Lisboa 25% do total geral e 31% dos do Continente, e que em França e Inglaterra a relação era no mesmo ano de um título para 23 000 habitantes, a existência na Beira, em 1910/11, de um periód ico para 22 800 habitantes (aprox.) afigura-se-nos um indicador bastan te positivo do movimento jornalístico local, tanto mais se atende rmos às particularidades sócio-geográficas da região.

concelho da Zona do Pinhal, o da Sertã, onde circularam 17 peri6dicos. Entre os concelhos menos representativos figura Belmonte, que, fazendo, em 1852, parte do distrito da Guarda, careceu de um sistema económico suficientemente forte que lhe garantisse protagonismo como local de actividade política e viu sempre diluído ou ameaçado o seu valor histórico pela evidência de uma freguesia com uma maior dinâmica económica Cana o que terá condicionado de forma negativa o aparecimento de jornais. Também Sarzedas, por ter perdido a categoria de concelho em 1848, viu surgir no seu termo um único jornal no ano de 1916. Vila de Rei, em que não se publicou qualquer título, embora tivesse mantido sempre o estatuto de concelho, assim coftio Proença-a-Nova e Oleiros, em que apenas foram criados dois e três títulos, respectivamente, terão sido «cobertos» pelo da Sertã. O pouco significado editorial dos concelhos de Vila Velha de Ródão (3), Idanha-a-Nova (2), Penamacor (2) e Castelo Novo (1) pode dever-se à sua proximidade com Castelo Branco. Curiosamente, foi em Alpedrinha que surgiu, em 1864, um dos primeiros jornais do distrito, instrumento, tal como o segundo (1890), do movimento independentista que lutava pela recuperação do estatuto de concelho que lhe havia sido retirado em 1855. Dada a dimensão política da imprensa, o facto de constituir um meio para influenciar as opções daqueles de quem dependia a ascensão ao poder, os eleitores, ela seria tanto mais representativa a nível concelhio quanto mais determinante fosse cada concelho em termos de potenciais votantes. Efectivamente, se atentarmos aos dados do Censo Eleitoral da Metrópole (Câmaras Legislativas), relativ os ao ano intermédio de 1915”, verificamos significativa correspondência entre a hierarquia da importância dos principais concelhos de Castelo Branco em termos de indivíduos recenseados e do número de jornais que neles se publicaram. No respeitante ao distrito da Guarda, registou-se movimento jornalístico em todos os seus concelhos. Foi destacadissima a predominância do concelho-capital, cuja imprensa represe ntou quase 40°/b do total de pehódicos do distrito (50 em 133). Seguir am-se os concelhos de Pinhel, Gouveia e Seia, com treze, doze e onze periód icos, respectivamente. Os menos representativos foram os de Aguiar da REPRESENTATíVIDADE NO ESPAÇO BARÃO A distribuição geográfica da imprensa na Beira coincide, grosso modo, com a organização político-administrativa do pais, na medida em que existiram jornais em todas as sedes de concel ho e capitais de distrito e o seu surgimento e a consequente evolução respeitaram a hierarquia da sua importância como espaços de exercício polític o foi nas sedes distritais que apareceram os primeiros jornais e foi nestas que mais títulos se publicaram. Mas registaram-se algumas excepç ões. Relativamente ao distrito de Castelo Branco, a primei ra particularidade a salientar prende-se ao facto de o movimento jornalí stico registado no concelho da Covilhã ter supera do do o concel ho-cap ital: 81 títulos covilhanenses para 70 albicastrenses. Tal deveu-se, como atrás referimos, à circunstãncia de a cidade covilhanense constituir, na altura, um importante centro manufactureiro, único em densid ade em todo o território português, e de ter chegado a ter mais habitantes do que Coimbra’Z A seguir a estes, destacou-se o do Fundão, que teve um conjunto de jornais bastante representativo (35 títulos ); era então uma das vilas mais importantes do distrito, beneficiando porventura da sua proximidade com a Covilhà’. Notável, no contexto distrital, aparece-nos, curiosamente, um


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Beira e Manteigas, onde se publicou apenas um jornal. Comparando a representatividade em termos do número de recenseados2° e do total de jornais publicados até 1930, salienta-se a discrepância relativamente ao concelho do Sabugal, que, sendo o quarto em termos de eleitores, apenas teve três jornais, talvez por ai chegar a imprensa da capital, e, no sentido inverso, a do concelho de Pinhel, menos importante ao n[vel político do que em periodismo. Os concelhos de Penamacor (Castelo Branco) e Manteigas e Meda (Guarda) são apontados numa obra de referência1’ como não tendo beneficiado da imprensa periódica no período de 1900 a 1930, o que não corresponde de todo à realidade descrita por escritores da região e por nós comprovada in loco nalguns casos. No concelho de Penamacor, publicaram-se alguns títulos ainda no século XIX O Penamacorense (1885), semanário noticioso, literário, crítico e defensor dos interesses locais, e O Resumo (1888), folha quinzenal destinada a instruir e recrear, que acompanhou o Regimento de Infantaria 24 quando este foi transferido para Pinhel, passando a chamar-se Recreio e, posteriormente, Jornal de Pinhel, título ainda actual; já no século seguinte, circularam a Tesoura (1900), publicação humorística manuscrita, destinada ao pessoal da Guarnição Militar e às pessoas de família, o semanário monárquico O Talassa, de Março de 1913 a Outubro de 1914, e um quinzenário com o mesmo nome e também monárquico, de Fevereiro de 1923 a Abril do mesmo ano. Em Manteigas, iniciou-se, em 1 de Março de 1925, a publicação do seu único jornal, O Estrela da Beira, num total de 24 números22. Quanto a Meda, terão aí sido criados três jornais: em 1890, o Correio da Meda; em 1918, um quinzenário monárquico com o mesmo titulo; no ano de 1919, O Marcial, também quinzenário, «Orgão da

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Segundo os censos de 1890, a Covilhã contava conl 11.562 habitantes (população de facto) e coimbra com 16.985. A Covilhã era então a única cidade heirã com mais de 10000 hab/antes. Censos da População do Reino de Portugal No 1 de Dezembio de 1890. vol. 1. Imprensa Nacn,al. Lisboa. 191fl Dai que, após a nfraitaçào da República. tergia sido encada uma represent ação esoi:a. da odade ao Mia trc do Interior, elaL,orada pelo Dr. AntÕçto Mendes PJçada de bornes. eu que era pedda a elevação da cidade e capa ai da psa*ra da Beira Baaia Esta representação foi, sob proposta de João Alves da Siba, director do periódico CorTespondéncvi da Cov//hã enquanl o membro da Comissão Administrativa Municipal do concelho, que a aprovou por unanimidade, publicada com a notícia que justificava a pretensão e distnbtido gratuitamente po. lodo o pais. Pró Pátria A Covilhã Capita/da Proaiide da Rara Saira, T,pogra9a Bay.rd. Lisboa. 1911 p. 80. 2 Agous jornas fundanenses seriam compostos e impressos na Cov, como A Gardurdu. que o em na Rua Comendador Mendes Veiga, n.’ 12. obrante o seu segundo ano de existÊncia (a palir de 2.5/1517).

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Conjunção Republicana do Concelho da Meda e Defensor dos Interesses do Concelho». A nível distrital, constatámos que em Castelo Branco se publicaram mais jornais. No entanto, esta liderança não se verificou durante todo o período, uma vez que, de 1894 a 1900, tal como refere José Tengarrinha, mas não com os totais por nós apurados, o movimento jornalístico no distrito da Guarda foi ligeiramente superior ao registado no albicastrense catorze periódicos no primeiro e doze no segundo21. Tal predominância foi restrita àquele eixo temporal, uma vez que do inicio até 1900, assim como nas três décadas seguintes, registou-se um movimento jornalístico superior no distrito de Castelo Branco, ainda que os dados relativos ao número de periódicos em circulação nos anos de 1900, 1910 e 1930 revelem a perda de representatividade daquele em detrimento da ascensão do distrito guardense. Em termos do número de habitantes por jornal, o distrito de Castelo Branco manteve uma situação mais positiva (menos habitantes por jornal) durante as primeiras décadas, mas o da Guarda veio a sobrepor-se de 1920 a 1930.

EHUAÇÃO POUTiCO-PARTIDÁRIA É certo que, como atrás referimos, o movimento jornalístico beirão padeceu sempre de um certo atraso, como o comprova o facto de certas denominações mais comuns, como Correio de..., Jornal de Eco ou Ecos de..., aqui terem sido adoptadas com um hiato temporal de algumas décadas relativamente à sua origem nos grandes centros. Mas é a própria distribuição político-partidária dos jornais no tempo que o atesta também. Com efeito, os primeiros títulos perfilados como

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‘2 Para os dados relativos ao recenseamento, consultámos o Censo Dados referentes ao Eleitoral da Mel rôpole (Câmaras LeglblatWas Regane Absoluto, ao Regime Monárquico Conshludonat e ao Regime Repub?;car,o. Republica Porluguesa Mnistér/o das Faianças / Drecção GeraidaEsfsttstica, lmprensaNacieruaj, Lisboa, 1916 p4iReiat/iamente aos jornas ry.iblicados até 1930 tivemos por base o levantamento po n6s efectuado a partir de monografias e a9idogias locais e em obras espec,flcas dos distritos do Castelo Branco e Guarda, que referenciamos na Bibliografia. Censo Eleitora/da Metrópole (Câmaras Legis/ativas ‘Dados ,efemntes ao Regime Absoluto, ao Regime l.lonárqurro Constitucional e ao Regime Republicano, Republica Portuguesa Ministério das Finanças / Direcção Gera] da Estat(stica, Imprensa Nacorml. Lisboa. 1916, p. 47. ‘Estwnos areterir-nos àobradeJoséMattoso (diri. Histõna dePofluga’, 62 vel: A Segunda Fundação t1890’1926). Ed.toiia] Estampa, Lisboa. 1994


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regeneradores e progressistas surgiram tardiamente na última década de Oitocentos e, sobretudo, na primeira do século XX, a mais representativa da Imprensa da Regeneração na Beira. Em Castelo Branco, o primeiro título a assumir as características de um verdadeiro jornal foi a «folha progressista» O Correio da Beira (1884); o mesmo aconteceu, na Covilhã, com o regenerador O Comércio da Covilhã. Além destes, foram criados posteriormente muitos outros periódicos afectos àqueles dois partidos monárquicos, com uma maior representatividade do Regenerador, o de manifesta superioridade política a nível central, a julgar pelos títulos de um total de vinte seis periódicos, que conseguimos identificar dezasseis (61%) circularam como regeneradores, tendo sido dez (39%) os progressistas. Atente-se no caso do concelho da Guarda, onde se publicaram três pehódicos regeneradores e apenas um progressista, e no da Covilhã, onde se verificou o mesmo facto. Em 1900, a identidade da nação portuguesa manifestavase no conflito paradoxal entre a tradição de um país considerado «fervorosamente católico, intolerante e supersticioso, fanático e reaccionário» e um sentimento anti-clerical que começara a emergir nas últimas três décadas do século anterior entre as novas classes superiores, e que viria a estender-se a outras. A imprensa reflectia esta conflitualidade, coexistindo jornais, quer regeneradores, quer progressistas, que defendiam e que atacavam o clericalismo. Na Covilhã, por exemplo, O Comércio da Covilhã, fundado a 27 de Agosto de 1864, assumia-se «regenerador e aliado do partido clerical covilhanense»; já o Sentinela da Liberdade, bissemanário de que se publicaram 244 números, surgido provavelmente aquando da extinção daquele, em 23 de Julho de 1865, era afecto ao Partido Histórico, combatendo o clero. Na Guarda, publicou-se de 20 de Junho de 1902 a 8 de Outubro do mesmo ano um jornal ligado ao Partido Regenerador, que se assumia como católico O Apóstolo da Verdade. De resto, não temos dados que nos permitam concluir da posição que outros periódicos monárquicos mantiveram relativamente à Igreja. Alguns jornais claramente católicos surgiram no período que antecedeu a implantação do regime republicano, sobretudo na viragem do século e ao longo da primeira década de Novecentos, num jogo de forças com a imprensa que, aliando antimonarquismo e anticlericalismo, -

confirmámos que todos os números se encontram encadernados e cspoiveis para consu!ta na sua BibLoeca uunicipa E não dez o d:stto da Guarda par» d!o rio de Castelo Branco, c&mo refere José Tengarrinlia, op. cd., p. 233.

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defendia e exigia a nova ordem político-social. A Covilhã, cujo circulo católico se destacou a nível nacional, a par com os de Braga e Viana do Castelo, em termos do número de aderentes, dederto porque aí urgia recuperar os operários da «heresia» a que tinham começado a aderir, foi um dos concelhos beirões onde mais jornais católicos foram então criados. Há a destacar a forte influência da imprensa católica no meio operário covilhanense, no sentido do título A Religião e o Operário, publicado entre 1892 e 1894. Os circulos operários católicos colaboraram na expansão destes pehódicos. Após o 5 deOutubro de 1910, as preocupações do clero aumentaram, face às medidas que contra ele foram de imediato implementadas, passando então a apostar mais decididamente na edição de perlódicos. Dai que a segunda década do século XX tenha constituído o período em que mais publicações católicas surgiram na Beira. Alguns dos órgãos dos arciprestados, espalhados até aos concelhos mais recônditos, além dos da Diocese da Guarda, beneficiaram de vidas longas, facto pouco partilhado pela maioria dos jornais da época. Os anos de 1916, 1917 e 1918 foram de interregno para os líderes católicos, como praticamente para a imprensa em geral, devido aos constrangimentos impostos pela participação portuguesa na 1 .» Grande Guerra. Apesar do protagonismo da Guarda como sede de Diocese, foi o distrito de Castelo Branco que mais jornais católicos viu nascer, ainda que a centralização na cidade mais alta de Portugal possa também ter significado abrangência a todo o espaço distrïtal em termos da circulação dos pehódicos que nela se produziam, ao contrário do caso albicastrense, onde a produção jornalística se distribuiu por mais localidades. Grande parte das publicações católicas era ilustrada, quanto mais não fosse porque o imaginário religioso integrou sempre uma importante componente de simbolos visuais cuja eficácia comunicacional e mistificadora se baseia na reactualização da partilha dos mesmos.


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A Folha de (04/08/1890 a 24/12/1954)

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Correio dAlmeida (0110311903 a?) A Defesa da Beira’ (01/10/18938 10/01/1901?) Notícias da Beir& (29/0511904a 23/03/1926) O Jornal (01/1 0/1 905 a 30/09/1906) Gazeta da Beira (15/11/1867 a 28/01/1 886) O Comércio da Covilhã (27/08/1864 a.. ./ ‘1865) A Covilhã (/11904 a.,/09 de 1907) Notícias da Covilhã (06/06/1 909a 29/08/1909) Ecos da Gardunha (09/08/1900 a 01/11/1900?) A Civilização (04/02/1 882 a 17/01/1894) O Apóstolo da Verdade (20/06/1902 a 08/1 0/1 902?) Jornal do Povo (21/10/1902 a 25/10/1910) Notícias da Guard& (..../..../1906a_13/10/1910)

Titulos Regeneradores

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Jornal de Pinhel (15/05/1904 a_18/39/1904?) Correio de Seja (02/09/18748?) Jornal de Seja (29/01/1899 a?)

Distrito da Guarda3 (24/02/18788 13/11/1938)

A Beira Baixa (08/11/1903 a?)

O Covilhanens& (24/10/1886823/10/1892) Correspondência da Covilhãr (21/05/1899a 05/02/1 922)

O Cerro Rico (10/02/1904 a?)

O Correio da Beira (20/04/1 884 a 30/04/1893) Gazeta da Beira (08/07/1906 a 02/10/1910)

Títulos Progressistas

QUADRO 2: Imprensa Regeneradora e Progressista da Beira, por concelhos Concelho Almeida

Castelo Branco Celorico da Beira

Covilhã .

Fundão

Guarda

Pinhel Sela

Trancoso

O Novo Rodense O Rodense (15/10/1899 a 21/10/1900) Vila Velha de (01/09/18968 1/1910) Noticias de Ródão Ródão (06/01/1905 a 15/08/1907) Fonte: Dados obtidos em monografias e antologias locais e em obras especilicas sobre a imprensa dos distritos de Castelo Branco e Guarda, que referenciamos na n bibtiogratia. Foi inmcia!mente não partidário; depois de 11 de Julho de 1893, passou a órgão do Partido Regenerador. Foi regenerador até 1908, tendo sido depois republicano. °ó temporariamente toi publicado neste conceího: desde o nY 269 ao n9 302. evoltou a ser editado a partir de 1912 um semanário católico com o mesmo titulo. lniciatmente identificado corno ‘Folha comercial e noticiosa’, foi órgão do Centro Progressista Covilhanense do n.° 7am p9192, a partir do qual optou pda ideologia republicana. Voltou depois do n.” 2498 ser progressista. De semanário progressista passou a republicano. Afecto ao Partido Regenerador-Uberai. 3Apenas foi órgão do Centro Progressista aló 06/1111 910. Só depols de 19105/1907 foi semanA’ o regenerador. A partir do n.° 995. foi republicano.

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Na Guarda nasceu um dos mais importantes jornais católicos beirões: A Guarda, que se havia estreado em 15 de Maio de 1904, como boletim quinzenal com secções pastoral, homilética, religiosa, científica, literária e noticiosa, conseguiu ser, a partir do ano seguinte, provavelmente depois de ter surgido em Outubro o seu grande opositor, o republicano O Combate, já como semanário católico regionalista e ilustrado, ‘<cônsul da cidade e «modelo a quantos surgiram depois dele nas Várias dioceses do pais». Ainda hoje se publica, tal como um outro, dos mais importantes da Beira, que, lançado na Covilhã a 12 de Janeiro de 1913, com o título A Democracia e sob o lema «Deus, Pátria e Liberdade», ressurgiu após a sua suspensão em Fevereiro de 1919, por acção da censura25, contava então 310 edições, a 7 de Maio seguinte, como órgão da Comissão Concelhia do Centro Católico, sob o título com que actualmente circula:

Noticias da Covilhã.

Para o desenvolvimento da imprensa periódica em geral, muito terá contribuído a de feição republicana. Para alguns autores, esta terá nascido na clandestinidade em finais da primeira metade do século XIX26, mas terse-á desenvolvido particularmente depois de 1869, ano do triunfo da Revolução da Gloriosa em Espanha, que contagiou muitos intelectuais portugueses, e, mais ainda, em número e força, após a proclamação da República Espanhola (1873). Na Beira, a imprensa republicana despontou em 1 de Janeiro de 1882, na Guarda, com o título O Povo Poflu9uês, «Folha Republícana da Beira Baixa», que circulou até final de Outubro de 1884, a que se seguiu o lançamento de um outro na Covilhã, a 24 de Outubro de 1886, que, tendo circulado durante seis anos, se assumiu temporariamente como republicano: intitulado O Covilhanense, apresentou-se como «Folha política, comercial e noticiosa», mas logo se tornou órgão do Centro Progressista (depois do n.° 7), entretanto republicano (a partir do n° 192), até voltar a progressista. Em 1889, publicou-se a Folha de Trancoso, semanário do Partido Republicano Uberal e, entre 1893 e 1894, A Montanha, também na mesma vila de Trancoso. O Correspondência da Covilhã, estreado em 21 de Maio de 1899, evoluiu de semanário progressista Rara republicano, tendo terminado em 5 de Fevereiro de 1922 como «Orgão do Partido Republicano Português». Os restantes periódicos beirões de feição claramente republicana surgiram apenas no século XX, alguns (poucos) a partir de 1903, quando o Partido Republicano se reestruturava e os seus órgãos se tornavam mais definidos e dinâmicos, não obstante as duras medidas que vinham sendo tomadas desde 1890:7. Alguns periódicos repressivas


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republicanos são criados para combater os monárquicos e, sobretudo, enfrentar os católicos, acontecendo também o contrário: O Combate, semanário republicano que desde o seu início (Guarda, 4 de Outubro de 1904) denunciou os «pecados» da Igreja, motivou o surgimento do r»; «Semanário Católico e Regionalista» A Guarda (1905) o monárquico A Gazeta da Beira (Castelo Branco, 1905) terá feito frente ao republicano Notíc/as de Castelo Branco (1904); o republicano A Renovação (Fundão, 1915) foi criado anos mais tarde para se opor ao monárquico A Gardunha (Fundão, 1914), «Orgão do Integralismo Lusitano na Beira Baixa». Outros mudaram de feição, passando de regeneradores ou progressistas para republicanos, como, por exemplo, o Notícias da Beira (Castelo Branco), o D/str/to da Guarda e o Correspondência da Covilhã. Embora o Partido Republicano estivesse «profundamente implqntado no País mesmo antes de 5 de Outubro de 1910», dispondo «na Metrópole de 12 comissões distritais, 152 comissões municipais, 385 comissões paroquiais e 159 associações, centros e escolas’, a verdade é que nos distritos da Beira, além dos de Viana do Castelo, Vila Real e Bragança, não havia comissões distritais, e a sua representação municipal era mais fraca nos concelhos de Castelo Branco, onde também não existia qualquer comissão paroquial’. Daí que grande parte dos jornais republicanos, sobretudo como órgãos do Partido, tenha surgido na Beira ápenas depois da implantação da República, enquadrados por uma nova Lei de Imprensa que proibia a censura exercida por qualquer autoridade’. Num total de quarenta e seis periódicos, só nove (19,6%) foram criados antes do 5 de Outubro de 1910, alguns na última década de Oitocentos e outros já no inicio de Novecentos, trinta e cinco (76%) durante a 1» República e apenas dois (4,4%)” após o 28 de Maio de 1926, naquele que consideramos ter sido o terceiro período da imprensa republicana beirã, curiosamente no mesmo concelho Guarda. Não tivemos, pois, na Beira, a imprensa da génese do republicanismo, que nos anos quarenta do século XIX surgiu clandestinamente na capital do nosso país. Esta manteve-se sempre como dominante em termos do movimento republicano, o que terá levado Vasco Pulido Valente a sustentar que «‘o carácter democrático, anticlerical e igualitário da ideologia republicana exprimia fundamentalmente as frustrações e ambições da pequena burguesia de Lisboa. O PAR era o seu Partido. Ptaranda Cones, Memórias de Rbj coa e da San Sena A Imprensa da Guarda (Sobs:aos). p 101 CL A Democracia, n.° 310, co4lhã, Ode Fevereiro de 1919.

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-vozdoPãroco (celorico, 01/09/19138 15/10/1916) Acção catótca (Guarda, 01/19148 02/1914) Boletim da Docese da Guarda (06/1915 a 05/1936) Jornal da Guarda Guarda, 05/07/1919 a 19/07/1919) -AvozdaFésuarda, 10/1919al2J1961) O Semeador (Guarda, 28/12/191982)

Um partido lisboeta, não um partido poduguês’»33. QUADRO 3: Jornais católicos fundados na Beira durante a 2.° década do século XX, por distritos Distrito da Guarda castelo Branco

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cantjna dos Pobres (Fundão,01/07/1912a dm11918) A Democracia (covilhã, 12/01/1913 a 09/12/1914) voz do Pároco (Fundão, 0110/1913 a 3005/19201 -voz do Pároco (Aipedrita, 01/01. 1914 a 15/03/1914) Boa Nova (Sertã, 19/C7[914 a?) OBem (Oleiros, 03/0111915a28!03/1920) -NnigodoPovo (Proença. 08/05/1915 a 11/02/1916) O Semeador 30/05/1915808/04/1916) -

Noticias da colhã (covilhã, 07/05/1919)

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Castelo Branco e Guarda, que referendamos na a’ Bibliografia. O a’ apêndice.

Fale: Dedos detidos mi ni000grafias e antologias locais e em obras especificas sobre a imprensa dos dslr,los

A imprensa operária vinha cumprindo os seus propósitos desde a Regeneração. Associações de operários e diversos sectores profissionais da sociedade portuguesa tinham encetado a fundação de órgãos próprios, primeiro nos grandes centros e, um pouco mais tarde, na província. Nascida durante o início do desenvolvimento industrial e dos primeiros passos do associativismo, aquela propôs-se divulgar as ideias socialistas surgidas a partir do impulso dado pela Revolução Francesa de 1848. Ainda antes de ter sido criada a primeira Associação Internacional dos Trabalhadores, em França no ano de 1859, já se tinham iniciado,

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Segundo Rocha Marlins. o primeiro periódico republicano português lerá s:do O Colador criado em 1837 e que teve po redactor João Cândido de caraalho. locha MarEns, Pequeru Hisfôna da Imprensa Portuguesa. Lisboa. Lisboalnquênlo. 1941. p. i3) Ornesmoddaaindaa ptlicar OA.rarrague (8 de Agosto de 1836) e O Danocnta (12 de Jwrho de 1839 até 18-IS ou 1844), que continuou o pnmeiro, considerados por alguns hislonadores como os primeiros iorrlais republicanos criados em Portugal. José Tengarrinha ãfimia carecer de fundamento tais classificações, devendo antes ser considerados como defensores de uma posição de esquerda liberal, mas sem filiação pariidãna. No ver deste autor, O Tnbuno, cuja publicação se iniciou em Lrsboa ai de Julho de 1833. linha uma posição mais clara, ao afimiar logo no seu primeiro número ser defensor da oaria popuian. também A AAarada, O Regenerador e O Republicano, que sisgram clandes:inaniaslo em

Lisboa no ano de 1848, 5s os sucessos ,ovdudonàios cal vários pairas da [uropa. assumem uma fe:ção nilidamente relxjbl.cana (José Tengarnnha, op. cit., pp. 234-235).


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na capital portuguesa, esforços em prol da emancipação operária. Em 1839, surgira a Associação dos Artistas Lisbonenses, seguida por algumas associações de socorros mútuos, cujo grande objectivo era proteger os velhos e desempregados. Os sindicatos, ou associações de classe (designação oficial), foram legalmente enquadrados em 1891. Inicialmente de pendor sobretudo socialista, estes integraram, a partir do Congresso Operário de 1909, uma corrente libertária mais ofensiva, sob a liderança de anarquistas. O primeiro jornal assumidamente operário publicado ‘em Portugal saiu do prelo em Lisboa a 28 de Abril de 1850: o semanário Eco dos Operários, fundado e dirigido pelos socialistas Lopes de Mendonça e Sousa Brandão, com a preciosa colaboração do operário gráfico Vieira da Silva. A este, seguiram-se os semanários A Esmeralda, fundado no Porto por Marcelino de Matos, a 6 de Maio do mesmo ano, e A Península, que apareceu também no Porto em 1852, por iniciativa de Arnaldo Gama, Ribeiro da Costa, Delfim Maia e Coelho Lousada, tendo nele colaborado, tal como no anterior, Custódio José Vieira e Amorim Viana. Neste mesmo ano, saem várïos jornais operários nas duas principais cidades portuguesas. Outros periódicos surgiram ligados a associações a mais importante, o Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosas, teve o seu órgão a partir de 1853 (Usboa). Os primeiros sectores a disporem dos seus jornais foram: os metalúrgicos com O Eco Metalúrgico (Lisboa, 1850), os tipógrafos com A Tribuna (Lisboa, 1853) e A Voz do Operário (Porto, 1853), os professores com o Jornal da Associação dos Professores (Lisboa, 1856), os tecelões com a Associação Fraternal dos Fabricantes de Tecidos e Artes Correlativas (Lisboa, 1858). Em toda a década de 50 de Oitocentos, com algum sucesso, a imprensa operária faz ecoar o federalismo proudhoniano entre nós. No contexto beirão, a Covilhã afirmou-se como principal centro de expressão do operariado (quadro 7). Aqui, se publicou o primeiro jorna] da classe, o Eco Operário, deli de Abril de 1869 aiS de Maio de 1870.

O Decreto de 29 de Março de 1890 acabou com o regime de liberdade que a imprensa tinha gozado durante o periodo constitucional, especialmente depois de 1851 As leis gerais de 7 de Julho de 1898 e 11 de Abril de 1907 limitaram ainda mais essa liberdade. O semanário A Guarda vinha por sua vez substituir a revista quinzenai que já existia carn o mesmo nome e que, segundo alguns autores, terá motivado o aparecimento de O Combate. A. H. deOliveira Marques, História de Portugal, vai, til, p. 288.

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Já na última de Oitocentos, surgiu O Tecido, semanário afecto à União das Classes Têxteis em Portugal, que circulou de 2 de Novembro de 1895 a i8de Junho de 1905. Oterceiro, intitulado ORebate, apareceu em 1902, tendo sido criado e dirigido por um tipógrafo — Manuel Rodrigues da Costa. O Defensor, bissemanário, órgão de classe dos ferroviários, publicou-se em 1903. Nos anos imediatos, multiplicaramse estes periódicos: O Estrela (1907), semanário socialista ‘<destinado especialmente à defesa dos interesses da Covilhã e das classes laboriosas»”, dirigido pelos operários António Casimiro e José Bernardo Gíria, ajudados por Manuel Rodrigues Costa; O Tipógrafo (1908), que também contou com a colaboração do anterior e teve como director um jovem tipógrafo, José Ramalho. Este, na altura com apenas 18 anos de idade, sonhava organizar uma sociedade mútua com um pequeno jornal de notícias e de anúncios — <a composição e impressão seria feita nas horas vagas por todos os tipógrafos e a receita arrecadada serviria para auxiliar alguns dos que porfalta de saúde ou trabalho de tal carecessem»37.

Não obstante o predomWo das zonas próximas de Lisboa e do Vale do Tqo, veri9cou’se wr.a maz, dEspersâdgeocráticaapad dos meados da primeira década de Novecentos, com o furiciaw.ento de centros: -no no,Ie, para atõni do Porto, em Da-cetos. Gumarães, Chaves. Lamego e \Rseu; rama zona mais central. encontramo-los em Coimbra, Figueira da Foz, Gouve,a. ficando a rede mais numerosa a sul: Alcobaça, Alenquer, caMas da Partia, Oezas, Camax:de. PJha,dra. ‘fla Franca de Xira 12 centros), Constância, Aldegalega, Amada. Cova da Piedade’. Fernando Catroa, O Repub!.can-smo em Portugal: ai Formação ao 5 de Outubro de 1910. Gaboete de Piblicações da FLUO (Fac’Jdade de Letras da univerédade de Coimbra), coimbra. 1991 p. 58. com a nova Lei de Imprensa, não eram ‘proidos os mees de discussão e critica de diplomas legislativos, doutrtias politicas e reigiosas, actos do governo, das coiprrações e de todos os que exercem tunções publicas. com o rim de esclarecer e preparar a epnão para as reformas necess&ias pelos trâmites legais, e de zelar a execução das leis, as normas de administração pública e o respeito pelos direitos dos cidadãos.-. ãho do Govemo n.’ 21, de 29 do Outubro de 1910. Capitulo II, M.’ 13.’. Esta veio substituir o § tY doM.’ 4’, Capitulo, da anterior Lei de Imprensa (Abril de 1907). deque constava: «Os crimes de ofensa (,..) consistem na publicação de matéria em que haja falta de respeito ao Rei, aos membros da Famiia Real, soberanos, chefes e representantes de naçdes estrangeiras, ou cujo objecto seja excitar o ódio ou o desprezo das suas pessoas, ou censurar o Rei ou Regente do reino, por actos do Govemo, ou de quaisquer funcionários,», Valores aproximados. ‘:Apud Fernando Catroga, op. dl,, p. 58.

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A’ertaG./0a’l918a../07/1920

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Noticias da Beira (29/05/1904 a 23/03/1926) Beira Baixa (09/04/1911 a 13/12/1925) A Pátria Nova (23/11/1911 a 14/05/1915) O Futuro da Beira (24/12/1911 a 17/03/1912): A União (15/12/1912 a 26/03/1914): O Liberal (10/07/1915 a 11/03/1916) Besistência (21/04/1917 a 21:01/1918) Noticias de castelo Branco (08/08/1918 a 03/10/1918) Defesa de Caste’o Branco (07/08/1919 a 30/10/1919) A Provinca (28/11/1920 a 30/19/10931 Terra da Beira (21/08/1921 a 24 / 1 0/19261

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Distrito da Guarda (24/02/1678 a 13/11/1933): O Povo Português (01/11/1882 a 29/10/1884) a

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Folha de Trancoso (04/08/1890 a 24/1 2J1 954)’ Democracia da Beira

A Fratern:iaoe (1912 a’?) Seia Nova (1912 a?) AVozda5&a(O5/10/1919

Jornal de Pinhel (/06/1911 a ../../191e) A Beira (08/07/1914 a 18/06/1916)

Povo de Idanha (03/07/ 1915 n 21/07/191,1 O Marcial (1 0/08/1919 a 29/02/19201 O Heraldo de Oleiros (06/09/1924 a 15/01/19271

A Actualidade (01/11/1910 a 01/05/19122) o Português (01/02/1915 a 11/05/1917) O Cinco de 0.jtubto (20/11/1918 a 19/06/19207i A Be:ra (1 2/02/1928 a 04/09/1932?) A Ditadura (27/06/1929 a 05/12/19291

01/ll/193l)e

o combate (04/10/1904

/11917 a Ecos daB:ra / /10201

Trovão da Beira (25/01,1912 a 18/12/1913) ARenovação(OI’04;1915a 27/ny/19171 So..oariecade t28/01.19’27

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QUADRO 4: Principais periódicos republicanos da Beira por concelhos

Celorico Beira

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OPovodeFigumrafl4/07.1912a 15/oa1g141 (/03/1914 a ?3

Trancoso

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Coftespondênoa da Covilhã (21/05/1899 a 05/02/1922) A Covilhã Nova (05/12/1908 a 09/09/1911) correio da Covilhã (27/11/1910 a 12/05/1912) A Justiça 106/04/1913 a 20/12/1914) O Uberal(ll/04J920a 19/11/1922) O Raso (30/09/1925 a 24/05/1935)

FCas. Rodrigo

A Tribuna da Beira (25)õi1919 30104j 1922) AVoz do Povo (0112/1924 a 15/08/1926) -

Fornos de Algodres

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Fole: Dados oblidos em monografias e antologias locais e em obras espeoWicas sobre a imprensa dos delitos de Castelo Bxanco e Guarda, que referenciamos na n/ Bibliografia. ‘Só passou a republicano em 1910. Antes, seguiu a política regeneradora. continuou duianle algum tempo com a mesmo nome a partis do 24 de Dezembro de 1912. 1VdtouapuUicar-sea parfr de 28 do Maio de 1920 uni urna] com a niesnia designação e 00110 órgào da Unão Leral Repubtcana de Casl&c Branco .flnal de putlicação ir eguiar tende drcu’Jado apenas sala r,úmeios. ‘Mudou de Progress:sla para Repubcane a 6 de Novembra do 1910. Tai4n sÕ se assumiu Gemo -Orgão do PRP- apadirde 1910, mas tua desde oinicio republicano, já queo seu iector, José Augusto de Clro, professava o iepubican.smo pelo meros desdo o tempa da proclamação da Rep.Etlica Brasleira. a que assvstira. Cl. João Pessoa. JocéAnguelo de castro, O Poeta da República memória bogáfica. Guarda, 1933, s’rrjmaaçác de páginas. 1930, foi pubcado uni semanáro repub’icano reçara’:s?a como

De 7 de Julic de 1929 a 3 de Janeiro de nsrt lauta

5voftou a publicasse um jorna] com o mesmo titulo, como -Felha Republicana», de 20/06/1923 a 22/09/1921 Orgão do Partido Democrático de Figueira.. a partir do nY 23. Fui ‘Sernanãno Regenerador após 19/05,1907 e «Semanário Republicano’ a partir do n.° 995 o

O mesmo lançou ainda um outro periódico operário, O Intrépido, cujo início, a 1 de Maio de 1913, fez concentrar o ambiente festivo da data à porta das instalações onde se imprimiazi. Este apresentava já projecto editorial, com ideias a defender e uma proposta de intervenção política e social, mas teve uma existência curta, decerto porque a classe operária a quem se destinava não tinha nem poder de compra nem instrução que permitissem a sua leitura. Além de um número único de O Clarão, José Ramalho dirigiu ainda O Dever, um «Semanário Socialista, Defensor de todas as classes produtoras e oprimidas», publicado de 11 de Maio de 1919 a 16 de Novembro do mesmo ano em 23 números. Com efeito, assumiu papel decisivo no seio do operariado local até surgir O Trabalho. Este terá sido o jornal operário publicado na Covilhã de mais larga expansão, a julgar pelas referências que lhe são feitas em obras sobre o operariado em Portuga[1”. Orgão da Associação de Classe dos Operários da Indústria Têxtil, foi fundado em Junho de 1921 e teve como directores, primeiro, José Ramalho, depois, José Caetano Júnior, e, por último, António Quintela, que encontraremos mais adiante. O seu último número, o 581, foi publicado em 12 de Novembro de 1933. A 15 de Fevereiro de 1922, saiu o primeiro número do Avante, «Quinzenário Sindicalista de Defesa da Associação dos Empregados no Comércio e Indústria da Covilhã»4, que apresentou como editor! redactor António José Saraiva Júnior e como director Artur Nogueira, saído do prelo apenas treze números. José Ramalho reivindicou tendo

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Cl. José ‘fengarrinha, op. cit p. 241. Segundo José Ramalho, esle teria sido o jornal inidador da imprensa operária covilhanense, o que não conseguimos conlirmar.


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para a sua grande obra, O Raio, publicado desde 1923 a 1945 (753 números), o estatuto de jornal operário: «Algumas das notas enviadas a César Nogueira bornalista da revista portuense Pensamento], sobre a Covilhã, pertencem a José Bernardo Gíria. Por isso, O Raio, que outra coisa não tem feito senão defender os trabalhadores, ficou de fora. Que imporia isso? Os historiadores, felizmente, não são recrutados em todas as partes. »“ Surgiram ainda no meio covilhanense A União, jornal de orientação operária e socialista que vigorou de 7 de Janeiro de 1926 a 12 de Outubro de 1929(140 números) e O Têxtil, Orgão da Associação Classe dos Operários da Industria Têxtil, aderente à Associação Internacional dos Trabalhadores. Este apresentou como director António Quintela e circulou durante a suspensão do jornal O Trabalho: «Por determinação da Comissão de Censura à Imprensa desta cidade, foi suspenso ‘O Trabalho’, por dois meses. Em virtude de tal atitude, será O Têxtil’ que o substituirá durante a aludida suspensão.»44. Por último, iniciou-se a 15 de Maio de 1932 a publicação de A Voz dos Trabalhadores, propriedade do Sindicato de Empregados e Operários da Indústria de Lanifícios e Construção Civil. Sempre com José Lopes Duarte como director e editor e João C. Correia como Administrador, chegou às bancas até 1 de Janeiro de 1934 (40 números). Publicaram-se também jornais operários noutras localidades da região, sobretudo depois da implantação da República, de que destacamos: de Castelo Branco, O Rebate (1912), propriedade do núcleo do Partido Socialista, O Futuro (1912) e A voz da Razão (1919), publicação irregular defensora dos empregados de barbearia da cidade; da Guarda, A Voz do Povo (1924), quinzenário republicano-socialista, «Poria-Voz da Organização Operária das Beiras», e A Seta (1907), órgão dos empregados do comércio. Todavia, o seu número e âmbito não podem comparar-se ao que aconteceu na Covilhã, principalmente na primeira década do século )OC A década de 20 foi aquela em que mais jornais de temática geral saíram dos prelos, mas foram os primeiros

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-: DeLi’ção csIante no pu5ptio tomai. ORao, n°667, Coshà. 30 de Jutto de 1935. O sorgis- de José Rama’ho diaotj apenas o tempo de se piib!carem 18 nuawros de O Tipógrafo, tendo este deixado de existir Tipografia de Couespondência da CoWftl. Detirição constante no prójjro jorna!. ‘UmexanploéaderadeEdgarRo±-gues, 8re.eHistoódoPesan,er,to e das Lulas Sociais oni PO4UQaI, Lisboa, Assino e Alum, s. d.

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dez anos do século os mais representativos em termos de expressão operária O aparecimento de alguns títulos importantes na terceira década do século na Covilhã, ojá citado O Trabalho, e em Viseu, O Grito do Operário (1920-1929) e A Oficina (1922-1923), indicia um contexto de combate operário organizado. Os trabalhadores continuavam, afinal, a lutar por muitas das regalias por que se tinham debatido no século anterior, já que a implantação de uma República sem projecto definido em nada ajudou a que a sociedade adquirisse a estabilidade necessária ao progresso, à melhoria das respectivas condições de vida. A imprensa operária esteve ligada a anarquista, que, com menor representatividade, era especialmente violenta, tendo provocado a promulgação em 13 , Fevereiro de 1896. de uma das leis de imprensa de mais repressivas de Portugal a «lei dos anarquistas». Na Covilhã, publicou-se clandestinamente, em 1905, o periódico anarquista O Agitador, que terá continuado com o título O Lutador”. Em Gouveia, saiu a público, em 1909, o primeiro número de um jornal com idênticas características: A Barricada. Não obstante as distâncias, físicas e sócio-económico-culturais, que separavam a capital do resto português, o Litoral do Interior, também na Beira os jornais emergiam, na sua grande maioria, «alinhados partidariamente»46, assumindo-se como meios de influenciação política afectos a determinada facção ideológico-partidária, partilhada por todos os que neles cumpriam funções da direcção à redacção, pelo que a ligação a um jornal constituía um indicio da posição política escolhida. Mas alguns havia que se auto-intitulavam independentes, quer por pi’etenderem assim defender os interesses locais (regionalistas), quer por se assumirem de natureza literária ou científica. Antes do 5 de Outubro de 1910 muitos não explicitariam as sua feições políticas para se disfarçarem de apolíticos e/ou apartidários. Depois, a desilusão face à desordem política da 1 .» República terá porventura levado alguns à cisão, e o regime «apertado» instituído a partir do 28 de Maio de 1926 obrigou concerteza à camuflagem dos que não findaram.

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Definição constante no próprio jornal. Prd,ieL-o. existiu como resista, tendo s:& pubscados eito rinwros. A parfr do 1937, passou a ser apenas edtado uma vez por ano. sempre a 23 de JLntio, data da sua (undação. Raio, n.° 667, Coihã, 30 de Junho de 1935• O Têxtil. nYl, coeithã. 10 de Abri de 1927

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Titulo 23/07/1869 a 06/03/18707

Datas de publicação Semanário inslnativo, lilerário e noticioso (polilico, mais tarde).

Definição

QUADRO 5: Imprensa Operária da Covilhã(1 900-1930)

Eco Operáno

Orgão do operariado da Covilhã. Sernanai.

Defensor e órgão dos trabalhadores. Semanal.

Orgão da Federação das Associações Operárias da Cidade.

Semanário independente, literário e noticioso,

Socialista, destinado especial. à defesa dos interesses da Covilhã e das classes laboriosas» Semanal.

Órgão do circuilo católico dos operádos da Covilhã. Semanal.

Orgão de classe dos ferrovários. Bissemanal.

91/05/1 902 a 22i 11/1915

01/05/1915 a 28/04,1918

/1 0/1908 a .103/1909 14111,1908

./02/1 908

22/08/1 907 a

/02/1907 a 10/11/1907

.1. /1 903

Semanário’.

Semanário afecto à União das Classes Têxtes era Portugal.

Tecido

O Rebate

O Lidador

.0 Delensor

Eco da Beira

A Eslrela O Tipografo

Despertar O Intrépido

22/03/1921 a 12/11/1933

Sindicalista e defensor da Assoo. dos Empregados no Comércio e Indústria da covilhã. Ouinzenai.

1 1105/19 19 a 19/10/1919

O Trabalho

15/02/1922 a 15708/1922

Delensor de todas as classes produtoras e oprimidas. Socialista. Semanal. Orgão da Associaçao de Classe dos Operãnos da Industria Téxtil. Anarco

Avanle

O Dever

.

19/11/1903 a 04/06/19D4

02/1 1/1895 a 18/06/1905

.

Orgão da Associação de Classe dos Operários da Indústria Téxtil. Anarco sindicalista. Semanal.

Socialista, «Pela União Operária». Semanal. 10/04/1927 a 22/05:1 927

07/01/1926 a 2 1/09/1929 A União

O Tèxtil’

Municipal da Covilhã e em obras sebe Fonie: Dados obtidos em pesquisa electuada nos Arquivos da Biblioteca deste período. tinham à sido palilicados outite a imprensa da Bóia Baxa relorenciadas na a 8i,liogralla. A’ites iornais operános. Não temos absoluta certeza de se Iralar de um jornal operã-o. uma suspensão de dois meses. Publicado em substituição de O Trabalho, enquanto este foi obrigado a -

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Em Castelo Branco, circularam os «independentes» OAlbicastrense (1889), O Correio da Beira (1901), O Imparcial (191 2), A Madrugada (1917) e A Aurora (1923): na Covilhã, salientaram-se os periódicas Folha da Covilhã (1904), o Progresso da Covilhã (1907) e Questão Nacional (1927); no Fundão, publicaram-seA Beira Baixa (1899), Jornal do Fundão (1900), O Correio da Beira (1901), O Fundão (1907) e Cova da Beira (1929); na Guarda, destacaram-se o Farol da Beira (1865), A Reforma (1876), o Jornal do Povo (1878), O Académico (1884) e Noticias da Beira (1894)

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se manifestava uma maior capacidade financeira para os investimentos.

5. UM ESPÓLiO MAiS VALIOSO DO QUE VALORIZADO Dependendo os iornals da época quase sempre de partidos ou de outras associações e instituições, a publicidade e outros factores como as tiragens e o progresso técnico e tecnológico determinavam também L a viabilidade dos mesmos. As inovações tecnológicas chegavam do estrangeiro e eram geralmente primeiro introduzidas nos maiores centros3’, onde se produziam mais jornais, com tiragens superiores, e

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A melhor localização permitia contactos privilegiados com as novidades, mas também não podemos esquecer que o analfabetismo, manifesto no país em geral, grassava com mais intensidade em regiões como a Beira Interior48, o que ditava obviamente constrangimentos a um maior desenvolvimento da imprensa. ções periódicas Conquanto nos grandes centros a edição de publica já constituísse uma actividade profissional em 1881, havia 110 tipografias em Lisboa e Porto, que empregavam mais de 1000 operários, e, em 1890, só da Imprensa Nacional e da Companhia Editora Nacional dependiam mais de 100 trabalhadores, distribuídos em mestres, operários e aprendizes, na província não passava de uma ocupação pós-laboral, desempenhada por pessoas que normalmente exerciam outras activídades. Por outro lado, seria muito mais difícil suportar os custos de uma publicação na província do que nas principais cidades, onde se apuravam fundos superiores com a publicidade inserta. Apesar de todos os constrangimentos e dificuldades, certo é que, até 1930, foram postas a circular na Beira mais de três centenas e meia

O jorna! operáno O Trabalho, mencionado na página anterior, é também apontado como sendo do ideologia anarqusta. Rui Ramos, 0,0. cl., p. ão.


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de publicações periódicas (boletins, jornais e revistas), e muitas das personalidades que lhes deram existência chegaram a desempenhar cargos políticos importantes a nível nacional. Com umaexistência relevante em termos quantitativos e de distribuição geográfica e político-partidária, a imprensa pehódica beirã da época constitui uma fonte documental muito valiosa, não só para o entendimento dos discursos que veiculava, das formas, dos conteúdos e das estratégias que as elites locais realizavam através dela, mas igualmente para a reconstituição do contexto em que aqueles foram produzidos, das condições económicas, sociais e políticas que lhes estiveram subjacentes, e para a compreensão do impacto respectïvo. Para tal, terão de estar acessíveis aos investigadores do presente, mas deverá ser salvaguardada a sua integridade para os vindouros, só possível com a digitalização dos muitos jornais que se vão .desfazendo às mãos dos que os consultam, mercê também das condições a que o tempo e o espaço os vão submetendo. É urgente que se faça tal investimento, ou perder-se-ão fontes imprescindíveis à narração da história local e nacional.

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cr, Rui Ramos, op. cii., p. $9. Em 1890e 1900 havia 79% de anajiabetos, em 1919 diminuiram paia 75% em 1920 pala 71% e em 1930 representavam 68% da pwuIa toat. Em l9. a major pane dos strios ponucJeses t:nham taxa de anaWabetismo açedores a 60%. bdtndo-se nestes os de Cast% Branco e Guarda. cr césar Oveira. O ubera!ismo, os F.unicpios e a Poder Local-. lo César o:ivra (riri, H;slõda dos Munc’Ø’os e ai Local— LÀss Fina;s ai idade Média à Un’ão Eurupèa, Crcu!o de Lat* Lisboa, 1996, p. 253. Rui Ramos. oja. cli., p $9.

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A

-

CONCELHO Belmonle

CteIo Branco

A Serra

A Defesa

0Agn,cbo’

.

TÍTULO

Ou;rizenal.

Ouinzenãrio, polilico

Folha politica, literária e noticiosa. Favorável a Vaz Preto.

Órgão do Sindicalo Agrícola de Carb.(Caria)

CARACTERIZAÇÃO

14/02/1926 28/0211926 (2)

24/09/1925 23/09/1926(23)

05/06/1884 05/07/1884

25/01/1 921 25/03/1921 (3)

DATAS E

ANDKO 1 A imprensa do distrito de Castelo Branco (até 1930)

A Academia

. - / / 1924 20

Semanário independente.

02/08/1916 10/02/1918

10/07/1869 12/03/1890(36)

11/12/1924 21/12/1 930

CAlbicastrense

Fdha semanal. órgão dos aunos da Escola NomaI.

14/05/1916 11/10/1916

Semanário, propriedade do Grupo Acção Regional. Noticioso, . . . republicano_e_regionalista.

Jornal literário editado no liceu de Castelo Branco.

. Acçao Regional

O Ahtastrense

Folha quinzenal até ao n.° 9, semanário depois. Independente.

30/01/1909 20/02/1909

27/07/1 921 24/09/1921 (4)

A Alva

Jornal académico, trimensal.

O Albergue

C Átomo

01/10/1916

05/08/1917 26/10/1919

/02/1908

01/09/1923 27/03/1924 (22)

Manuscrito.

09/04/191 1 13/12/1925(302)

02/05/1912

Semanário derrocralico, que

visava ‘Defender os interesses da província e muno especialmente os do dLstdto».

/ /

Semanário, propriedade do grupo União Aibicastrense, tinha a legenda: «Paz e Progresso.

Ouinzenário recrealivo. Ilerário noticioso. «Defensor da cultura Semanal, humohsttco. critico, independente. .:a!Ile;o a politica (..) e defensor dos interesses da G.N.R. e...»

Oucnzenário recreativo.

«propaganda para a construção dum albergue para pobres e mend.gos. «

O Académico

/ /

A Aurora A Aurora

AA urora A Beira

.

A Beira

Beira SaLta


O Beirão

Semanário humorístico,

Jornal monárquico, catôlico. rinha por lema «Deus e Pátria». 111111915 25/1 1/1915(2)

081211912 10/0211917 (201)

24;12i1924

Semanário independente, defensor dos interesses da Beira Baixa.

0110/1893 1 /01/1 90

05/11/1901 17105/1903(59)

20/04/1834 30/03/1893 149’)

Inicialmente, não partidário, depois delldeJuihodel894,brgãodo Partido Regenerador

Folha proqress:sta.

O Casmurro O Centro sIist:co O Corre:o da Beira

.

O Correio da Beira

.

A Defesa da Beira

07/08/1919 30/10/1919 (1 2) 31/01/1889 /07/1906

Semanário republicano conseft’ador. Semanário, simpatizante do Partido Regeneradcr.

A Delesa de Castelo Branco O Distrito de Castelo Branco

.1.11915

Reisla quinzenal, Eterána, nahciosa e humoristica

Semanáno de defesa e propaganda do distrito de Castelo Branco. Catohco.

02,02/1913

01’01/1898 10/07/1898(12)

27/02/1 927 27/03/1937(506)

20/11/1919 2zjOo/1920 (6)

Semanário despaitvo.

-

Marquisfa, »gão dos Partidos Tesos, bananas, papistas, só para nós, da mesma panela...’. Irregular.

29/03/1912 24/12/1911 171 03/19 12 (12) 24/12/1912 17/03,’1913

.

Jornal repub’ cano, com o lema «Pelo Povoe ParaoPovc», .

Jornal monarquico, progressista.

06/07/1906 02/10/1910(207)

Semanário repubcano. regionaisla.

Õrgão da Classe Operária.

Orgao-proprisdade dos Aiuftos da Escola Privada Superior. Semanal,

.

O Eco

.

Eco Pedagogico

A Era Nova

Estrela D’Alva

A F a O Futuro

O Futuro da Eeira O Futuro da Beira

Gazeta da Beira

r

r

1 1’

[.

O /mparcial

o

Semanário independente, dizia-se ‘fora de ódios e de polticas, tendo por fim instruir e educar».

Quinzenal, recreativo (Monforte_da_Beiral.

. O Independente

Recreativo, «órgão de um grupo de rapazes amigos da instrução». Quinzenal.

.

A Infância

Semanário regenerador.

-

. Orgao da Mec.iade (uncal do Campo;. OLnnzenal.

.

O Jorna! OJornaI

Juvenil

.

-

29/0811 912

08/09/1918 25/1211918(8)

01/04/1914 18/07/1918(70)

01/10/ 1905 30/09/1906(52)

.1.11907

01 /05/1923 011J192a (28)

.106/1912 ../0’9/1912 (6)

08/08/1918 03/10/1918 8

././1904

29/05/1 904 23/03/1926

15/06/1919 22/11/1919 (8)

Quinzenário, natcioso, literário.

. .

A Juventude

.

. Quinzenario noticioso e lilerario,

. A Juventude

10/07/1915 11/03/1916

.

Semanano, democratico.

21/03/1904 21/04/1 904 (2)

.

..., . ro.ha rnensal Lterana, notic:osa e humonst.c. Orgao da Academ.a.

01/04/1917 23/10/1917(22)

. . O Libera!

Semanário independente, «Defensor dos interesses do distrito de_Castelo_Branco».

04/11/1915 27/07/1916(34) Mocidade

.

A Luta

Semanário, árgão da Academia Albicastrense.

09/1 1/1916 28/06/1 917 (35Gil

Orgão do Partioo Republcano Portugues

Folha semanal, seguiu a polílica regeneradora (1908), tornou-se jornal republicano (1910) e jornal do Partido Republicano Português (a partir de 13 de Abril de 1919).

-

A Madrugada

Semanário, árgão oficial da Academia Moicastrense.

.

Mocdade ‘ .

.

Noticias de Beira

Notíc:as de Castelo Branco

Noticias de Castelo Branco

Semanal. Propriedade da Comissão Municipal Republicana e orgao da Comissao. Nacional do Partido Republicano Português Democrálico.


o

-

Semanano republicano, evoluCiOnista.

23/111911 14/0511915 (175)

Jornal manuscrito, passado ao copiografo e depois impresso.

0206/1929

A Pstrn Nova

Opetiz

Jornal semanal. árgão do Partido Repubcano de Reconstituição Nacional.

.1.. 1910

A Prowncia Propriedade do Grupo «A Provincia».

19/1 2/1 846 (n.D único)

30/05/l95 08/04/1916(54)

06/05/1916 23/05’1920 çl5?)

08/1271900 24/02/1901 (6)

21/04/1917 21/0111918(6)

.1.11913

22/09,1912 28/03/1915 75

01/06/1916 21/08/1916(8)

28/1 11920 30/12/1923 (124)

A Provincia 0111 1 1927

Baleem dos arc:prestados de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha_de_Ródão. Visava defender a Junta do Porto e difundir o seu programa.

Semanário Sarzedas).

Revista quinzenal, ilustrada.

Irregular, republicano, ‘Pela Pátria, pela República, pela Legalidade»

‘Pela Pátria, pela República, pela Leqahdade»._Irregular. Õrgão da classe operária. Propriedade do Núcleo do Parudo Soo.±sla de Castelo Branco, Semanal. Órgão das classes trabalhadoras. Propriedade de um grupo de operános.

Cuinzenário, iepublicano.

.

Questão Nac,onal

O Radical

O Rebate

O Rebate

Resistência

Retratos da Beira

O Saqedense

O Semeador Sentina’a da Liberdade

01 /i2/93Q (24’ .

.

._

-

28/05/1926 22107/1926(8

15/12/1912 26/03/1914(65)

07/09/1914 05/10/1914(5)

Revista cultural, histórica e arlistica. Qu;nzena’. .

Terra da Beira

.

.

01/07’19z0

.

.

Quinzeeana.

‘..-

Semana, orgao da uncioLberal Repjb..cna de Cstlo B. nco,

Semanano, propnedade da Un:ao Republicana de_Cateln_Branco

SemanariDnottroso.literario e .

Terra da Beira. Pela Grei O Tipógrafo ...

A Uniao

A Un,ão

fr

ri

F t

1

E

Ooilhã

A Voz Académica

o

.

-

.

Semanal. Orgao oflc da Academa Abicastrunse.

.

.

Jornal rfianuscrito, de critica.

.

Irregular, de! ensora dos empregados de barbearia da cidade, «Pela Verdade, P1 Justiça. P1 Legalidade». O X P T O.

Marqu.sta.

A Voz da Razao

O Agitador

.

Mensal, anarquista, clandestino, Continuou com o titulo O Lutador. .

O Agitador

«Folha bissemanal independente e noticiosa», Sucessor do Nacional. ‘

O Amigo do Povo

09,12.1917 17/02/1919(15)

2710611919

/10/1895

10/1905 12/1905(2)

28/02/1 897 .//1899

01/05/1919 /09/1919(7)

05/03/1927

«Folha Quinzenal’; »jarnal de Di.»ulgação e Propaganda, Absolutamenle_Gratuito»,

24/07/1886 (n.° unto)

Õrgão da Liga dos Servos de Jesus, doutnnário.re%o:o. calolico.

Dedicado á Associação dos Artistas e Classes Laboriosas.

15/02/1 922 15/08/1922 (13)

Amigo da verdade

Arauto da Beira

Quinzenário Sindicalista e defensor da Assoc, dos empregados no Comércio e hidLjstha da ovihã. Sooalista.

.103/1897

Avante

.

O Artista

Publicação sem habilitação legal.

.1/1 865

O Barato .

,

Com que A Sentinela da Liberdade disputava.

19/01/1896

27/08/1 864 » 13/Oa/1865

03/09/1929 /11931 (IS)

Regenerador, «aliado do partido clencal covilhanense»,

.1.11907 (n.° unto)

.

Embora impresso, não foi distribuido completamente.

Propaganda c:nermtogra%ca e teatral.

.

Bem Publico

Sem habilitação legal.

23/06/1926 (n.° unico)

.

O Cáustico

‘Jornal de Classe’

.

-

.

A Cidade

.

Cine-Jornal .

O Comercio da 00w/ria

.

Comercio da Covilhã


.

-

Correio da Covilha -

Correio da_Covilha Correspondência da Covilhã ..

Corraspcnaencia da Cov::ha A Covilhã

A Covilhã

A Covilhã

A Covilhã

A Covilhã A Covilhã no Centenário de Rntn António A Covilhã Nova

O Covlihanense

O Covilhanense

O Covllhanense .

O Covilhanense

O Covllhanense

Semanário monárquico. Semanário republicano.

.

,.

..

Semanário progressista, depois, republicano e «Orgão do Partido Republicano PoduguSs’, por fim. .

12a

.

Semanario repub.;cano regiona!sla serle). .

Folha noticiosa que tinha por divisa «ser ulil a Covilha...

-

Semanário polilico. lilerádo e noucioso. Regenerador, opunha-se ao Correspondência da Covilhã. .

Semanano pohtico. literano, noticioso .

Independente: jornal de promoçao comercial e noicioso. Comercial: anúncios e propaganda da Covilhã. Os dois úit. números integraram O Raio.

Semanário republicano radical. Semanário de indústria, comércio, agricultura. literatura, ciências e artes. Folha politica. comercial e noticiosa. Órgão do centro progressista cavilhanense (o° 7). Republicano (n° 192). Voltou a progressista.

.

Semanario politico, noticioso. Propaganda regionalista (Grémio Colhanense). Irregular.

31/05/1 888 29/05/1890(105)

/189 2 os/022 (10921 07/07,1929 04/01/1 931 (70) 01/11/1891 04/06/1893(84) .1.11 15/09/1907 ././1905 06/10/1907 (147) 10/01/1915 .1/1921(301

25/06/1929 25/07/1933(4)

./07/1895 06/1 2./1 908 09/09/1911 1114) 09/07/187l ‘10/1871 15)

24/10/1 886 23/10/1 892 (305) 01/01/1 894 .1.11895 05/03/l 925 ././1928 170) 20/02/1 929 10/04/1929(9)

1

1 1

1

[

1

E

Publicado em homenagem ao director da Escola Campos MeIo.

Bissemanal. Órgão de classe dos ferrovanos.

O Debuxador O Defensor

-Deus, Pât4a e Liberdada,

903

18/07/1926 (n.° único)

.

12/01/1913 09/02/1919(310)

14/11/1908

A Estrela

O Entusiasta

O Eco dos Oparários

O Eco Operário

Eco da Beira

O Doméstico

O 19 de Setembro

DeSporte

Semanal. Independente, hteráno, nolicioso,

Socialista, «destinado especialmente à defesa dos interesses da Covilhã e das classes laboriosas.. Semanal.

‘Folha semanal. Õrgão dos Eqlusaslas Covlhanenses» Cnado pala pugnar pelo caminho-de-ferro.

Fundado por José Maria Moura Barata Feio Terenas, aos 17 anos.

Penód:co semanal, instrutivo, I±erár,o e not:croso. Pdihco ma:s tarde, ligado ao Partido Progressista.

Semanário, órgão do circuito católico dos operários da Covilhã.

Fdha semanal, literária e charadislica, Manuscrito.

Saiu para comemorar o anivsãrio de 9. Miguei.

Desportivo. Quinzenal.

01/1923 12/1945(231)

././1904 .1.11907

22/08/1907 /02/1908 (23)

11/04/1859 13/05/1 870

.10211907 i0/l1/I907 (39)

09/10/1892 (4)

l9/og/18g6

.

Socialista; Órgão da Federação das Associações Operárias da Cidade.

A Democracia Despertar

.

11/05/1919 1 9/10/1919 (29

Folha da Covilhã

Mensal. Católico, doutrináno, anti maçónico.

09/11/1913 31/05/1914(30)

Semanal. Centro sOCia.5ta, defensor de todas as classes ,,,,,,,,,,,,,produtoras e oprimidas».

Folhas Soltas

«Pela instrução..... Semanal.

2010211927 20/0511928(12)

O Dever

O Futuro

Jornal mensal, de propaganda, gratuito,

18/03/1 887 19/04/1837(3)

04/07/1926 21/11/1925(10)

O Guia

Revista bimensal, literária e cientifta, com o fim de divulgar a ciéncia.

01/05/19 15 28/04/1918

24/04/1886 02/12/1585(30)

.1.11887

O Heitor Pinto

Semanário defensor e árgão dos trabalhadores.


O Jornal

A Justiça

O Liberal

-b

24/02/1927 07’03/1929 (107)

O Raio

-

.1/1925 .1.71904

—,

.

Revista quinzenal de ‘apreciação aos actos dos homens...» Continuação da revista O Raio. Semana], durante algum tempo, bissemanal. Republicano, -pela Pairo, pela Repbbtica, pela Just;ça-.

..

24/06/1923 16/09/1923(7)

30/09/1925 24/06/1945(753)

31/01/1897 /11908

.

«Semanano Catolico e Legitimista-

01/05/1902 22/11/1915(334)

.

O Rebate

Semanário, órgáo do operariado da Covilhã.

-

O Rebat e

29/06/1893 03/12/1694 (77)

23/07/1865 16/04/1 868 (244)

07/01/1912

Semanário religioso, polilico e notic;oso.

A Sentinela da Liberdade

Bissemanal. Afecto ao partido histórico liberal, combatia o clericalismo. Saia aos domingos e quintas-feiras.

Sul da Betra

Semanal, religioso, tustradoe politico. Lema: «Deus e Pátna-.

././1923

26/01/1908 /10/1910 (130)

01/06/1922 01/08/1923 (13) .7,71590

1

OSiilda Beira

Ilustrado e politico.

-

‘-Publcaçao mensal literana».

1

O Sul da Beira

02/1 1/1895 18/06/1905(240) O Têxtü

Tecido

.

Semanal, alecto à União das Classes Têxteis em Portugal.

.

A Sena

Ridículos

A Religião e o Opwário

Semanário Regionalista’ (Tortozendo).

-.

O Ra’o

06/04/1913 20/1211914(88)

1 1

Semanário, árgão do Partido Republicano Portugués. 11/04,1920 19/11/1922 (99) 19/11/1903 04/08/1904(24)

Semanal. ‘Pelo Partido Republicano Liberal». Semanal. 01/07/1917 20/03/1918(27)

.

Tnmestral, «Õrgão da Mocidade Covilhanense, Regionalista.

O Lidador

A Manchester

06/09/1 886 04/09/1924 04/05/1925(18)

1886 Setembro 6

.

..-

Qucnzenario, independente. -

22/01/1925 28/0811927 18. 141)

06/06/1909 29/08/1909(13)

Serran-io, -Pela trac:çao, pea ordem...».

Semanário regenerador.

//1912

12/01/1896 21/02/1897(59)

Sematno informa1jo, católico.

Orgão do rMov;mento Católico Social Português--. Ligado ao prolecto da Uniao Catolica.

Destinado a comennar a inauguração do caminho-de-ferro e a visita dos eis.

A Mocidade

.

tv,oc,dade Portuguesa

li

Nacional

-

Notícias da Covilhã !qoticis

O Paulense

A Nova Covilhã

Not,bas da Covilhã

da Cov;tha

10/04/l°27 22/05/1927 (6)

/10/1908 ../03/1909(lg)

i,-

Semanárh, órgão da Associação de Classe dos Operários da Indústria Texli,. Semanário, independente, literário, noticioso.

06/02/1908 06/02/1909(22)

07/05/1919

Semanal, mensal, depois. Noticioso, literário, independente Çtortozendo).

22’03’1°21 12/11/1933 1581) .

Revista caoxa.

.

01/1901 06/1902(18)

,

Revista ilustrada, de teor reIigoso e cu.turaI. Mensal. .

Voz da Caridade

-

Todozendo

Irregular, semana], depois. Õrgão da Associação de Classe dos Operános de Industria Textil.

06/09/1900 08/03/1903

O Peregrino da Virgem

01/09/1 895

11/08/1927 05/01/1928(4)

, ipograo

O Trabalho

Semanário (Torlozendo, Unhais da Serra).

07/01 /1 926 21/09/1929 (140)

-j;;

Unhas da Sena

Semanário, socialista, «Pela União Operária».

.1.11908 (?)

Semanário catóico. regionalista, órgão da Comissão Concelhia do Centro Católico_(em_publicação).

A Uniao

Liberal.

.1. /1908

Ligado ao movimento anárquico.

01/04/1923

A Verdade

.

.

A Pilhéna

Propriedade da Firma Rosa & Irmão.

01/12/1907 15/12/1907)2) -

Quir.zenano, independente. -

Dedicava-se à propaganda e defesa local (Paul)

O Poda-Voz da Economia

Semanário, independente, ilustrado, dedicado aos interesses da Covlhã. ‘

L

O Progresso da Covilhã .

‘ Ouestao Naciora


Fundão

A Voz da Paróquia Jorna] «hig:énico, medicina!. comerciaj e iudic:al..

Mensal. Boletim paroquial (São MdflhG— Covbã). Boletim da Paróquia de S Macinho (Covilhã)

A Voz da Peró pua

OAnunc,ador da Beira O Apóstolo da Verdade Azul e Branco

/1922 oa’03/1942 192) 01109,1924 /1g35 .111/1878

26/05/1870 28/07/1 871 (54)

A Baía Eaia Semanário potica, tterãho, notic:oso.

Semanário independente. Defendia os interesses locas.

Jornal satírico clandestino (Aipedrinha)

08/11/1903

08/10/1699 11/02/1901 (70)

03/10/1891 08/11/1891 (6)

.1. /1 879 .//1883 4)

16/09/1900 25/12/1900(15)

A Beira Baixa

Semanário progressista.

.1.1 1897 (3)

Independente, p&tico, iiteráno, noticioso, defensor de interesses locais. Semana!. Semanal. Humoristico, literáno, noticioso, por fim, político e polémico (Alpedrinha).

A Beira Baixa

Alpedrinha)

12/11/1899 18/02/1900 (15)

O Bacalhoeiro

OBaío

Semanáno noticioso, mudava de cor em cada número (Alpedrinha).

12/08/1871 22/05/1873

O Campeão

O Camaleão

‘Combatia o duque de Ãvi]a e Bolama e Fontes Pereira de Meio

01/07/1912 /10/1 918 (44i

da Beira Cantina dos Pobres

17/07/1873 .//1871

/11918

Revista de propaganda de uma obra de caridade na vila do Fundão. «So pela República; anti-clencal» (Aideia de Joanes).

OCínco

•:Em oposição ao ministeno Fontes Pereira de Mdc»

de Outubro O Clamor Popular

06/11/1901

09/08/1900 01/1 1/1 900 (?)

06/09/19 16 01/09/1923(36)

19/03/192 9 28/05/1930(10)

Semanário independente, defensor dos interesses da Beira Barxa.

Semanário, regenerador.

Folha semanal, em defesa dos interesses vitais do Municip:o do Fundão’. Mensal. ‘Propaganda das belezas de Castelo Novo e da instáncia das águas_do Alardo»_(Castelo_Novo).

O Correio da Berra Cota da Beira

Ecos do Alardo

Ecos da Gardunha

O Escalpelho

da Beira

A Estreia

Semanário político, literário. not,ciose e humonstico,

LJ

08/09/1898

31/DE 1864 25/05/1867

-

.1.11900

06/02’lBga

-

O.,,O1/1902 2o/12/l 902

Semanário político, litera]io, nolictoso. humonstico.

16/05/1907 4/06/1907 5)

.

Folha do Fundao

Semanaria independente.

-

O Fundao

01/12/1927 21/04/1929

.

Semanano regionalista.

14/06/1 914 01/02/1918(38)

.

OFundao

Semanârio monárquico, órgãO do Integralismo Lusitano na B. Baixa.

.//1897 (3)

.

A Gardunha

(Alpedrinha)

O Garoto

18/11/1906 04/06/1916

.

Revista regionalista, noticiosa, hteiaria, ilustrada. Semanal. .

Horas de Oc,o Jorna] do Fundão

,

././1897 (4)

Semanár;o independente

Semanário livre e noticioso (Alpedrinha).

Jornal do Fundão OLoca,

02/05/1898

,

O Loca]

-

0ui,emo sem habiitação krga (Apedrjnha).

24/02/1922 (n. unico)

..I.,/189i (3)

Jornal humonstico,

//1 864

.

(Alpedrinha) A Mentira

Publicação humorística, manuscrita, Por não ter habilitação legal, só safa à_noite_(Alpedrinha).

12/1 1/1 871 (2)

.

O Morcego

Sem habilitação legal.

24/08/1923

,

Mensário Alpelriiiene

O Moscardo

«Verrim Humorístico Õrgão do Superiativismo»

.

ENaoAs Corta..,

(Alpedrinha)

28/11/1908 05/12/1909(2)

,

A Noitada

Qunzenãrio, independente (Aldeo Nova da Cabo).

/ /1805 .ún;o)

(n- unico)

“‘

(n.° unico)

Nova Farpa

(Atedrinha)

08/09/1 870 Imprensa O Pindão

A Pérola

Numero único, alusivo à suspensão de O Apóstolo da Verdade.

27/09/1925 (n.°único, mais um suplemento em 13/05/1928)

Perseguição À

Humorístico, feito por um grupo de estudantes do Fundão,


Nova

Idanha-a-

Oleiros

Penamacor

Proença-aNova

£atanIa s e e o e a

01/04/1915 22/0711917(74)

O Serrano

O Riso

Semanário democrático.

Semanário democrático, caligrafado e reproduzido pelo sistema «Rotary».

Irregular, semanal, depois, «critico, mordaz e atrevido» (Alpedrinha).

.701/1904 (n.° único)

19/11/1922 17/12/1922 (5) 25/01/1912 18/12/1913(38)

Semanário, árgão do Partido Republicano Português.

Trovão da Beira Jornal comemorativo de um sarau promovido pela Tuna de ASpedrinha.

04/0 1/1 900 18/10/1900

A Renovação

Trino Semanário católico,

11/02/1900 27/05/1900(10)

A União

01/01/1 922 20/11/1927 (290)

.

Quinzenal, religioso. Folha quinzenal, órgão do arciprestado (Pdpedrinlia). Publicação de propaganda republicana.

24/02/1923 09/04/1 923

»

Quinzenal, monárquico.

.//1900

1

‘1 O Talassa

Publicação humorística manuscrita.

08/05/1915 11/02/1916(19)

06/03/1913 01/10/1914(80)

.7/1888

.1.71885

06/09/1 924 15/01/1927(97)

03/01/1915 28/03/1920(238)

15/07/19 11 31/10/1911

03/07/1915 21/07/1917 (92)

.7.71911 (?)

01/01/1914 15/03/1914 (4)

01/10/1913 30/05/1920

Semanário regionalista, »defensor dos interesses do concelho do Fundão»,

A Verdade Voz do Pároco A Voz do Pároco Folhas Rurais Povo de /danha O Alvarense O Bem O Hera/do de Oleiros

Semanário do Partido Republicano Português. Noticioso, defensor dos interesses da região. Quinzenal. Publicado em Álvarn Boletim semanal do arciprestado de Oleiros. Semanãrio republicano, noticioso e defensor dos interesses do concelho rim_fllpirng Semanário noticioso, literário, critico e defensor dos interesses locais. O Resumo

Folha quinzenal, destinada a instruir e recrear

O Penamacorense

O Talassa

Semanal, monárquico, humoristico, caricaturista.

Tesoura

Boletim do arcipreslado.

15/01/1918 1 3/07/19 1 9(?) (12)1

.

Amigo do Povo

Quinzenãrio, independente e defensor dos interesses do concelho. .

A Nova Proença

1

F

r

,

.5

II.

-

.

:

Serta

Vila Velha de Rádão

1 e o e

a

19/07/1g14

Eotftn1a s e

Mensário do arciprestado.

-

Boa Nova

.

../04/1g20 .7. /1 925

.

Boletim do Instituto de Missoes Coloniais (Cernache de Bonjardim). .

.

Boletim das Missoes C,v,hzadoras

.

20/02/1910 20/05/1910(11)

.

Semanario republicano.

.

Eco da Beira

..

16/08/1914 11/08/1918(75)

.

Semanario, politico.

17/02/1896 25/05/1900(171)

.

Eco da Beira

«Defensor sereno, mas enérgico dos interesses do concelho...». Semanal.

.702/1927 .708/1927 (12)

.

Os Ecos da Beira

«Defensor dos interesses da freguesia’. (Carvalhal). Quinzenal.

.

Os Ecos do Carvalhal

04/02/1g17 21/08/1g21

.

Semanário, independente, «pela verdade e pelajustiça».

.

10/11/1898 27/og/1g00

.

07/04/1918 04/03/1920

1 1/1 0/1 925 08/11/1925(3)

11/10/1925 09/01/1 927

27/04/1913 12/10/1913(11)

.7.71908 30/08/1 909 (16?)

.

Semanário, defensor dos interesses regionais, «pela Pátria e pela República’.. Semanário politico, noticioso e literário, defensor dos interesses da comarca da Sertã.

Folha regionalista.

Órgão defensor dos interesses locais (Cernache de Bonlardim). Quinzenal. Ilustrado, noticioso e literário, Irregular.

.1/1888

Semanario independente.

Gazeta das Províncias

.

Jorna/da Sertã ,

Patua de Ce/inda O Povo de Cernache O Povo da Sena .

Progresso da Beira

Progresso Beirão

O Sedagenense

01/12/1910 30/11/1913(157)

Jornal republicano, semanal.

.

Voz do Povo

Semanário, independente, em «defesa dos interesses da comarca da Sertã».

05/04/1910 22/05/1910(6)

10/01/1g14 25/03/1917 (157) Voz da Beira

Irregular .

-

OZe Povo

.

06/01 /1 905 15/08/1907(51) .

Quinzenário, regenerador (Arneiro, Portas de Rodao). .

15/1 0/1 899 21/10/1900(44)

.

Noticias de Rodao

Semanário, regenerador, regionalista. . ONovoRodense


CCNCELHO

Aguiar da Be:ra

Aimeida

Ce!orico da Be:ra

EQt,LtaflIa s e i e o e 1

DATAS E NÚMEROS PUBLICADOS .706/19 IS

22/08/188?

25/07/1920 (5)

Semanário liberal e de tendência maçonica. 01/09/1912 05/04/1 913(7) 01/11/1925 2DM 1M933) 16/03/1930 10/03/1946 01/03/1903

01/09/1927 2o/02/1928

10/02/1904

18/10/1931(7)

12/08/1928

Semanário, servirá a Ditadura, porque a Ditadura serie a Naçao».

24/03/1927 29/07/1 928

Semanário regionalista, anti-

Semanário Progressista.

Cu:nzenano reg:onaiisla.

Semanário regeneradar.

Semanário.

Quinzenáno regionalista.

.

Quinzenáno republicano.

«Semanário Defensar dos Interesses Ioca,s»

Republicano e antisidonsta.

CARACTERIZAÇÃO

ANEXO 2 A imprensa no distrito da Guarda (até 1930) TiTULO

Aleita

OA!meidense

.

O Alme,dense

OA!meidense Amigo da Verdade Correio d’Afine/da ADefesado Concelho de Atme,da

O Cerro Rico .

O Correio .

democralico.

.1/1906

Correio da Serra

Semanáno.

11/07/1897

13/02/1 89?

Ecos da Beira

Semanário regionalista de evidente cariz maçónico.

16,09/1919 09/10/1919

04/09/1919

03/04/19 19 Semanário «Defensor da Repubilca e dos ln:eresses do Concelho-

24/10/1925 (181) 01/09/1913 15/10/1916

21/08/1921 Semanário Repubitarc. Orgão do Nucleo de Defesa do Ccncelho de Celorico da Beira. Quinzenário, católico.

Com devoçac aos inemsses da nacionaidade e da locaidade.

Semar,ãric sem Ideologia PoIit:ca

A Gleba

Jornal de Ce!erico

.

Noticias de Celcnco

Terra da Bera Voz do Pároco

Figueira do Castelo Rodrigo

Agodres

Fornos de

Goeia

O Cóa

Dominical.

Folha quinzenal, primeiro, e semanal, depois.

tLcI.nIa tIc

C Com&c,o d’Esca!hãc

Semanário. Õrgáo do Partido Repub’cano_Português

t

O Democrata

Revista Qu:nzenal de Instrução e Recreio.

06/05/1 889

30/04/1891(7)

07/01/1894

(número único?)

./03/1914

15/05/1903 01/01/1904 (7)

.7.71898 (número único)

08/10/1908

14/07/1912 15/03/1914

Semanário. Jornal Independente,

18/03/ 1928

16/12/1909(50)

03/04/1928 (2)

09/09/1926

31/05/1925

28/01/1886 (614)

15/11/1867

Social»

«Folha Po!á!ca e Noticiosa do

Ouinzenãrio «Defensor da Ordem

Ou1nzenáha republicano.

Noticioso, Literário e Agrícola.

Democrático de Figueira, a partir do n° 23.

Semanário. Õrgão do Partido

Ecos da Morota

Em Plena Festa

OPovodeRgueira

Vida Nova O Bezão A Defesa

Gazeta dá Safra

Guarda. Foi regeneradora.

Distrito da Guarda». Pubtou-se também em Celorico da Beira e

Defensor dos Interesses da Região.

25/06/1919

17/04/1 927 A Luz

Semanário Independente

01/01/1886

Semanário Republicano e

Opinião

Semanário Republicano Independente

05/06/1887(2)

.1.11909

.1.11913

15/08/1926

01/1 W1924

30/04/1922

28/10/1923

01/04/1 923

06/06/1927 (5)

A Tribuna da Beira

e noticioso.

Anarquista.

socialista. «Porta-Voz da Organização Operária das 8eiras.

Ouinzenário republicano-

Semanário. Jornal potitico A União

A Voz do Povo

O Agitador A Barricada


Guarda

.

O Correio de Sou veia Ecos da Beira .

Órgão do Partida Republicano Evolucionista. .

Semanarioregronalista.

-

A Evolução Semanário imparcial. .

Semanário. Evo’ucion:sla, defensor das interesses da região».

Semanano regionalista dominical.

-

Evolução .

O Herminio

Notíc,as de Gouveia

Semanãno repub:cano sociateta.

Labor

O Solidariedade B:mensár’o desportivo.

O Trabalho

Jornal académico.

Jornal politico.

Spading de Gouveia

A Abelha

.

Acção Católica

Revisla das Obras Religbsas e Sociais da Diocese da Guarda. Mensal. Semanal. Jornal Lilerário e Noticioso.

.

O Academ,co

Folha Republicana Semanal Senianá,ic NotcEaso.

A Actualidade Actualidade

Puwcação católica semanal. .

Órgão Académico EgEanense.

Semanaric, Jornal Regererador.

.

Amigo da Verdade O Apóstolo da Verdade Aurora Académica

.

A Beira

Semanário regionalista e democrático do Distrito da Guarda. Semanário republicano o n.° los). (desde

10/01/1901 Jj1917 .71920 ..I..!1909

09105/1910

13/12/1936

23/07/1893 21,12/1 902 12/0211914 30/1 2i1962 (2251)

‘1923

28/03/1907

...‘.

03/09/1899 IMOlO .1.11903

22/05/1 884 29/05/1884P) 01/11/1910 01/05/1912 (‘1) 01,01/1926 27/01/1927(2: 06/C3/1927 20/06/1902 08,I0M9021?, 05/11/1690

12/02/1928 04/09/1932(71

r 1

1

t

1P

Boletim da Diocese da Guarda Boletim Oficial do Distrito da Guarda

,.

-

O Cinco de Outubro

.

ACivihzaçao

.

OCombate

.

O Comercio da Guarda

Comércio da Guarda

.

Correio da Beira

.

.

O Distrito da Guarda

.

Distrito da Guarda

.

A D;Iadura

-

OEgitaniense .

O Egitaniense

Mensal, religioso, católico (substituiu o Acção Catôlica).

Semanário. «Só Pela República».

.

.

.

.

.

Bissemanário até ao n.° 415 e semanano depois deste. Orgão

.

do Partido Regenerador no Distrito da_Guarda. Semanário. Órgão do PR.P. (19101913); Órgão do RR.P na Guarda

-

(l9la-l92fl; Jornal Republ:cano (1927-1931). Semanário. Folha tmparcial, Literária, Agríco’a e Not:cosa (até

n.°4t4); Jornal Polilto, Nol. e Abso!ut. Independente (até n? 908): Polit._Ut._e_Not.

Semanário. Jornal Politico,

Literário, Noticioso, Agricola e Comercial.

Semanal. Folha Política, Literária e Noticiosa.

Órgão do Centro

Progressista, do Centró

Semanário.

Republicano Pátria(6/1 1/1910), do Centro Evolucionista da Guarda

Nac:ona:sta 14111,1923), das

...

(4/8/1912), das Comissões Poit:cas do Partido Repubicano

Com. Pol. da União Liberal Republicana (21/3/1926). Õrgão independente a partir de 7/1/1934.

Semanário Republcano do Dsthto

da Guarda.

.

Semanário, liberal.

.

‘Folha Ouinzenal Academica»

05/1936

06/1915

./07/1879

04/02/1 882

17/01/1894)?)

(9a9)

0—/10/1904 01/11/1931

30/11/1883

(970)

0,/07/1904

.//1906

1%)

30/04/1865

24/11/4867)’?)

24/02/1878

(2996)

-

13/11/1938

27/08/1929

(11)

08/12/1929

.7./1867

12/06/19 12

20M2M911


A Estreia Literária

Farol da Beira

Semanário Cientifico, Literário e Noticioso. Semanário, independente.

Semanõrio Independente.

Jornal salirico.

Folha da Guarda

O Fra gatinha

Boletim quinzenal, Católico.

23/01/1883 14/08/1 883(30) 15/05/1 865 25105/1 8ez) 06/02/1895 20/02/1895)?)

(c

único)

25/12/1886

/11/1905

15/05z 1903

1 1/04/1913

30í05/l 877 29/05/4876(53)

(n.° únic&

Semanário.

Católico, em substituição do semanário A Guarda.

Por Deus, pea Pátria e pela Fam)ia. Liberdade, Justiça. Amor e Paz. SubstdVu o bdetirn quinzenal com o mesmo nome.

Semanário católico e regionalista. Ilustrado.

A Guarda

A Guarda

A Guarda Avançada Jornal da Guarda Jornal da Guarda

21/10/1902

05/07/1919 19/07/1 919 (3)

21/02/1914

31/08/1913

04/03/1 899 10/03/1900(7) Semanário catolico, em substituição do jornal A Guarda.

Semanário, apartidário, na defesa dos interesses do distrito e do concelho.

Jornal da Guarda

Católico (Diocese da Guarda). Semanário. Dedicado aos

Jornal da Guarda

Jornal do Povo

«Folha Regeneradora’

28/01/1922 18/12/1927(99)

Interesses gerais do Distrito da Guarda e o Derramamento da Educação Popular.

Quinzenário. Jornal Republicano Regionalista.

/03/1912 26/06/19 12 .

25/10/1910 Lus,tano

Fundado por um grupo de estudantes da Escola Normal da Guarda. Pub: caçáo qu:nzenai.

Jornal do Povo

O Normalista

Manteigas

Meda

.

.

Notícias da Beira .

Noticias da Guarda

.

A Qpiniao

.

O Podugues

O Povo

,

OPovoPoflugues

Dezembro

Primeiro de

,

Semanário Independente.

13110,1910

.1/1906

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09/01/189cm (n.° unico)

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01/12/1894

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27/05/19021?)

13/11/1895

01/02/19 15 17/05/1917

03/03/1916

29/04/1915

Semanário. Regenerador’Uberal e

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monarquico.

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Folha Monurquica. Semanal.

Semanário Republicano.

.

Jornal semana], anti.clericat.

-

Semanal Folha Republicana da Beira Baixa.

.

Comemcratwo?

.

Semanário, Crónica imparcial dos Factos Contemporãneos.

28/12/1919

Comemorativo.

A Reforma

Boletim paroquial da Diocese da Guarda,

/ 1937 (7) 1/8/1907’p)

Quatro de Janeiro

O Semeador

Quinzenário Independente. «Pela Justiça’. Orgão dos Emp. do Comercio

-

06/01/1890

(24)

01/03/1 925 11/04/19126

12/1961

10/1919

12/Oo/191b

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28/04/1915

(n.° unico)

23/03/1913

08/07/1876)’?)

12/03/1876

A Seta

Católico, em substituição do semanário A Guarda (encerrado pelo Governo).

Bimensal. Õrgão defensor dos interesses regionalistas, sob a divisa «Trabalho. Honra e Dever».

.

Õrgão da Obra Diocesana dos Seminarios e Vocaçoes Sacerdota,s.

Publicação gratuita. Mensal.

Semanano republicano.

.

A Velha Guarda

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Voz da Beira

.

AVozdaFe

Estrelada Beira

Correio da Meda


Pinhel

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(9)

30/06/1918

62/03/1918

Quinzenário, Monárquico. «Defensor dos Interesses da Quinzenal. «Órgão da Conjunção

18/05/1916

08/07/1914

29/02/1320

Quirizenário Repub’Ecano (24) 15/08/19 18 (n.° 25) 03/04/199 (n.z20) 26/06/1924 22/09/1927

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15/12/1889

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(5)

Folha Republicana.

03/1 1/1 869 19/01189D (12)

Independente, Literário e Noticeso»,

«Hebdomadário de Politica

Semanal, noticioso, politico, comercial e literário. «Folha Imparcial».

Com conotação maçónica.

.

‘Hebdomadario cientifico, literário, noticioso e charad,stico»,

Õrgão do Professorado Pnmário do Circulo Escolar de Pinhel.

lmparciai, Defensor dos lneresses Locais, Conceho e Instrução.

Republicana do Concelho da Meda e D&ensor dos Interesses do Concelho»,

10/08/1919

Meda’.

Eatõn1a

Correio da Meda

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O Mrcial

ei.

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A Beira

A

A Be:’ra

OB:jou

O Comércio de Pinhe!

O Correio de Pinhel

Jornal da Beira

O Jornal de Pinhel

,

Jornal de Pinhel

Semanário Progressista. «Detensor dos Interesses do Concelho..

Semanário. Folha Democrática. Semanário tndependene.

O Jomal de Pinhel Not;cias de Piche!

.

Semanáno) .

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hte raria.

Publtcaçac quinzenal, recreativa e

.

O Pinhelense

Oflesumo

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Semanário. Jornal Regionalista.

(n° unico)

13/01/1891

A Estreia do Cãa

Semanário Bairrista Ôrgáo dos Lavradores do Concelho.

27/04/1927(7)

013 deianeiro

Gazeta do Sabugal

Semanário reobialista.

../../1918 .//1919

04/05/19 13 09/11/1913(28)

04/03/1928)?) 01/06/1925

18/04/1925

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O Sabugal

«Semanário de critica Cvre».

Alma Nova

0d09/ 1874

.

Centro Democrático de Ceia..

//1912

«Õrgão do

Semanário potitico, literário e noticoso. Progressista. .

Correto de Se’a .

Semanáno repubcano.

Folha de &ia A Fraternidade

29/01/1 899 .

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05/04/1914

08/09/1910(20)

21/04/1910

Jornal de Seta

,

Semanário politico, literário e noticioso. Progressista. .

Semanário independente, literário e noticioso. .

Gazeta independente republicana, defensora dos interesses do concelho.

Noticias de Seta

Seta Fraterna!

../../1912

.

Semanário republicano, « defensor dos interesses de Ceia»

05/10/1 895

«Jornal republicano e herminisla». Trimensal.

.

Seta Nova

Quinzenário literário e noticioso.

.

O Se,iense

Folha republicana unionista.

A Voz da Sorra

Ojinzenájio. «defensor e propagandista de Lcriga e Sega da Estrela».

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05/12/ 1925

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05/10/1919

01/05/1913(47)

01/04/1911

//1916

.//1915 A Serra

A Voz de Loriga

Jornal de pub:icação eventual.

O Trabalho

A Defesa


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Vila Nova de Foz coa

Beira

ADemocraciada

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A Folia de Trancoso

. OMagriço

A Montanha

.

Trancoso e Agu;ar

Orrancozense

Jornal de Fozcca

Semanano Republicano.

do n,° 995)

Publicação Semanal. Semanário Regeneradc- (apos 19/05/1907). Semanano Repubhcano (a partir

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Semanario po.it:co. Lterario e not:coso.

Semanário RepubUcano (continua O Trancozense).

.

-

Semanário político, literário e noticioso. Orgao dos Interesses dos concdhos de Trancoso e Agu5 da Beira .

Jornal Literário, Noticioso e charadshco.

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Trirnensano republcano.

01/12/1910

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O SAGRADO E O PROFANO EM OLIVIER MESSIAN

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THE SPIRITUAL AND THE SECULAR IN OLIVÍER MESSIAN

Rosário Sanlana e Helena Santana*

ISUMO Neste artigo pretendemos mostrar de que forma o sagrado e o profano se manifestam na obra de Olivier Messiaen. Sabendo que o autor é fortemente k-ifluenciado pela Natureza que, para ele, reflecte o Dvno, mostraremos de que forma os seus elementos se transmutam num universo de som que, próprio! reflecte uma mestria técnica, estlística e estélica incomparável. Sendo um dos maiores e mais inovadores compositores da História da Música, a sua obra contribui para a manifestação do Divino numa vivência ptena de fé e 1 contrastes. Palavras-chave: Olivier Messiaen, música! canto dos pássaros, Natureza, Divino

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ABSTRALCT In this article we want te show how lhe spiritual and the secular are used in the work ol Olivier Messiaen. This author employs the nature as an element that reflects the divine. These elements transform lhe sound and reflect his techniques, style and aesthetics. As a great composer of lhe 2Oth century, his wok contributes to the divino manitestations ot his failh. Key-words: Olivier Messiaen, music. bfrd’s songs, Nature, Divine

• Docente ESEG do Instituto Politécnico da Guasda Docente da universidade de Aveiro


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O SAGRADO E O PROFANO EM OLIVIER MESSIAN

THE SPIRITUAL AND lHE SECULAR IN OLIVIER MESSIAN

Rosário Santana e Helena Santana’

rEsuMo

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Neste artigo pretendemos mostrar de que forma o sagrado e o profano se manifestam na obra de Olivier Messiaen. Sabendo que o autor é fortemente influenciado pela Natureza que, para ele, reflecte o Divino, mostraremos de que forma os seus etementos se transmutam num universo de som que! próprio, uma mestria técnica, estilística e estética incomparável. Sendo um dos maiores e mais novadores compositores da História da Música, a sua obra contribui para a manifestação do Divino numa vivência plena de fé e contrastes. as-chave: Olivier Messaen, música! canto dos pássaros, Natureza! Djvtno

ISTRACT In this article we want to show how the spiritual and the secular are used in the work of Olivier Messiaen. This author employs the nature as an etement mal retiecis lhe divine. These elements transform lhe sound and reflect his -r leofiniques, style and aesthetics. As a great composer ot the 2Oth century, his work contributes to the divine manifestations of his faith.

F Key-words: Olivier Messiaen, music, bird’s songs, Nature, DMne

• Docen!e ESEG da Instituto Pe1écnico da Guarda Docente da universidade de Aveiro


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A música de Olivier Messiaen (1 908-1992) prima pela originalidade. As estruturas sonoras e linguísticas que integra fogem dos cânones mais convencionais desenvolvendo universos sonoros únicos e pioneiros. Qualquer som, acorde, vivência, quer se revele de natureza material, humana, animal ou outra, transforma-se em estruturas de som que o compositor utiliza na significação da obra de arte que, reconhecível ao primeiro som, acorde, ritmo ou intervalo, nos desnuda universos nunca imaginados. A influência de universos diversos do musical, permite-lhe conceber uma natureza sonora que, desenha e desmultiplica a forma de abordagem de um mesmo objecto. Olivier Messiaen, assim como todos os autores cuja formação, e produção musical, se materializa desde o início do século precedente, encontra-se frente a um volteface das formas de organização do universo sonoro e musica). Sedenta de inovação, a ‘nova” geração procura novas formas de expressão e organização do material musical. O cromatismo exacerbado, o uso de novos acordes, de agregados que podiam comportar em simultâneo várias tonalidades, o elevado número de dissonâncias não resolvidas, a suspensão do universo tonal, o vasto desenvolvimento rítmico, métrico e temporal que as novas estruturas musicais revelam, ou a influência de culturas extraeuropeias, desencadeiam, e presenteiam todos os músicos, com um caldo de factores que se revelarão primordiais para o incremento da nova música. No seu desenvolvimento enquanto músico e compositor, Olivier Messiaen sofrerá a influência não só da sua formação académica e musical, como das suas estruturas familiar e espiritual que se revelarão, de forma marcada, tanto na sua obra, como na maneira como estrutura e vivifica os seus universos de som. Neste sentido, diversos autores e compositores ai concorrem. De entre eles destacamos Claude Debussy (1862-1918). Para alguns autores, “L’impact de Debussy a été le plus fort de tous, et le plus durable, le plus fécond. En cela, Messiaen ne constitue nullement une exception, car aucun compositeur n’a exercé une influence plus vaste et plus bienfaisante [...] que l’auteur de PeI/éas, le plus grand Iibérateur de la musique occidentale» (Halbreich, 1980: 90). Esta libertação faz-se através de novas formas de formalização discursiva, nomeadamente através do abandono da tonalidade tradicional, do desenvolvimento rítmico, da criação de novas formas musicais, do uso -

No er.tantc, o timbre, a cor, encontra-se cor.d;c,onado pelas harmoi que, paraldas. or.ginam b!ccos soros cL4o iteresse se basela prec:sama-ze no cetrido de que se impwgnam. e r.ão na liarmora qie sustenta,r

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do modalismo e da mebdia de acordes, bem como, do reconhecimento da cor como elemento fundamental na definição e criação de uma obra musical. Debussy utiliza ainda diferentes acordes alterados como forma de abalar os suportes da tonalidade tradicional enunciando, e empregando, novas formas de elaborar o discurso, criar uma forma, uma arquitectura musical. Como cc Libérateur sur le plan de l’harmonie, affranchie de ses serviteurs fonctionnels, de ses ràgles scolaires, de la limitation au majeur et au mineur classiques [Debussy exerce uma forte influência sobre os jovens compositores.] Surtout, l’accord, ...] accêde à la dignité d’objet sonore autonome, se suffisant à lui-même» (Halbreich, 1980: 90). Outrossim, a sua concepção estática da harmonia influi de forma marcada Olivier Messiaen, sendo fundamental para a determinação do seu pensamento musical. No entanto, Messiaen não se satisfaz unicamente no estudo da harmonia, encontrando, na obra de Claude Debussy, “des intuitions géniales en matière d’harmonies-couleurs et d’harmonies-timbres» (Halbreich, 1980: 90)1, elementos estes que se anunciam fundamentais para o seu desenvolvimento, tanto linguístico, como musical.

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Contudo, para t.esoaen, Mozart é o compositor que mas ‘nova ntmica e lemporatmenle em Inda o produção musical pós Idade Média. Todavia. cesi sudoul le pbrasê et ladiculalion de la phrasé métodique qui tascinent Messiaen, qui y voit non sana raison une libedé ei une souplesse rappelanl celies de ses chers oiseaux (Halbreich, 1980: 91). O silêncio, enquanto elemento detin,dor dos fraseados discursivos na obra de Heitor Dertioz, eslará presente no discurso de Ot,v,er Messiaen. Lembramos que Otivier Messiaen foi prisioneiro nos campos de concenlraçio Nazis. Este facto. enlre oulros, leva-o o nianifeslar uma fé imensa, lã essa que, segundo efe. se manifesla a razão ullima da sua obra Enquanlo pemianece deUdo, enconlra rias mesmas flstédcias Irês eminentes músicos um vielirste. um clarLietisfa e u,11 viotor,cetista. Nestas coridções escreve para o grupo u,r.a pequena peça que inlecxarã fuluramonte a obra Qriatucrpourla 07 de Tampa, dera que marcará ama nova elapacriava. Neta. uli’iza. pela prinséra vez. o canto dos pássaros. Quatuor pour la tio du le’nps, poro violino, clarinete. violonceto e piano. conlêm oilo andamenlos conlraslantes nas suas dimensões, carácler e inslmmenlação: ‘Uturyie de Cristal; Vocalise, pour I’Mge qui annonce la fio du temps; Mime dos Oiseaux,’ Ioteunêde; Louange à l’Efemité do Jésus; Darise dela Furas pour sept trompettes. louillr’s d’arcs-eo-cid, pour l’Ange qu, a0000ce la fim du Temps e, Louonge á l’lmmoflaftté de Jésus. Em Lituryie do Cristal, OlMer Messiaen sobrepõe quatro estralos musicais diferentes, totalmente autônomos rilmicamento e composlos por cavos de pássanes no vir*no e no cladne’.e, sons Iiamórrcos em gtissasd.o no elonc&o e accrdes modos segnindo três lalas delintas, ràgvsrdhana. candrakaO elaksk’n:ça. ao piano. Harmonia e ritmo revelamse independentes. A um ciclo de li durações o composLlor conlrapõe um ciclo de 29 Iiannodas. A pede do violoncelo encontra-se concebda sobre ri:mos não retrogradávais que, quando tdos na sua bana odginal on reirogrado, são iguais.


Mais importante ainda é a ascendência que exerce a nível rítmico. Neste sentido, a sua estruturação liberta de simetrias periódicas, e da clausura da quadratura e regularidade impostas pela tradicional barra de compasso, redimensiona a frase musical que revela, agora, o encanto e mestria de um universo musical semelhante ao proposto pelo Canto Gregoriano. Única, a obra de Claude Debussy permite uma nova percepção do tempo musical, percepção essa que se encontra marcada por fortes influências da Cultura Oriental e por sistemas harmónicos diversos do tonal2. Determinando-se como corolário das liberdades supracitadas, estas influêncjas assumem para nós particular importância pois agem sobre a escrita para piano de Olivier Messiaen, nomeadamente na sua obra Catalogue d’Oiseaux (1956-58). Messiaen sofrerá não só estas influências, como aquelas que redimensionam uma forte liberdade formal. A nível rítmico Ludwing van Beethoven (1 7701827) produz obras de uma intensa actividade e riqueza como são os seus últirhos quartetos, nomeadamente a Grande Fuga do seu Opus 130, ou o seu Aliegretia do Sétimo Quarteto, onde é notória a intuição revolucionário decorrente do uso de um tema predominantemente rítmico. Messiaen não lhe ficará alheio. Heitor Berlioz (1803-1869) manifesta-se a nível tímbrico. Enquanto emancipador do timbre e do objecto sonoro, Berlioz anuncia as características sonoras dos objectos utilizados posteriormente na música electroacústica. Composta em 1964, Et exspecto ressurrectionem mortuorum (1964) é a obra que, para Harry Halbreich, dirige uma homenagem directa ao Requiem deste autor, manifestando as características técnicas e estilísticas de obras anteriores3. O autor desenvolve contudo uma obra subordinada a uma intenção: a obra foi uma encomenda do Ministério da Cultura

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Esta btje-dade. herenle à concepção e escolha dos materiais, á deFinição das tik2as dlsci.rsk,as e cauposlivas, enconlra-se peserte e diversa,eri5e manifesta ao longo de toda a ofil-a. Sendo a música um diogo perpÉtuo entre espaço e tempo, entre sonl e cor, alogo asse ‘qui aboutil ai une tulitication [sendo que.} le Taiips esi un espace. le sou est une couleur, lespace complexe de Tempe supeiposés (e que.] les cornpexes de sons existent simutlanérnait conime coiiplexes de couleurs, co.-ickiiios que.I Le muaidon epi pense, volt. entend. paris au rtoyen de ces retioris taidarnentaies, peol, dais u,e certame mesore, sapprocher de I’au-deiã. IPara 5. Tomás, a rrr3s)ca torna-se orna ade que nos deva a Deus] - par dêaut de vé,dê-. lusquau fle oà Lu-méme nous ébfcv!ra. - paz excês de vddté ». Td est peut-êlre le sais signiíiant ei aussi te sens directionnel de musique...-. (Hatbreich, 1960 59). Para George Eliot, te signe te plus maniteste de la joie est dans la vitesse. Segundo Jacques de \‘oragine :1 La tin de bule sainteté esl dans la de-. (Halbreich, 1980 90).

Francês, na pessoa de André Malraux, visando homenagear a memória de todas as vitimas das duas Grandes Guerras Mundiais4. Pela análise da obra constatamos que, à complexidade e heterogeneidade dos elementos técnicos, estilísticos e estéticos) se justapõe uma liberdade e flexibilidade de utilização magníficas5. A mestria técnica conseguida e atingida em Turangallla Symphon/e (1946-48) permitem-lhe atingir e desenvolver novos patamares organizativs, tanto a nível melódico e harmónico, como rítmico e tímbrico. A nível rítmico e temporal, Olivier Messiaen enceta uma cruzada das mais frutuosas. As suas tendências criativas e organizativas, fundamentais na concepção e organização da obra de arte, levam-no a profundos e determinados estudos do ritmo e do tempo musical, estudos estes que culminaram na redacção de um Tratado do Ritmo, obra fundamental da literatura teórica e musical da música .do século XX. Concomitante, podemos afirmar que Messiaen foi um dos compositores que mais se preocupou na sua estruturação e

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Ce dernier procédé poursuil, en Camptifiant. te dévefoppement (Samuel, beelhovénien type, ou - déve)oppement par õlimination 1901 204). Se por um lado, o estudo de diferentes autores e obras durante a adolescêncialhe transmitem universos diversos e distintos dos veicutados no meio musical predominante. não podemos esquecer que, no inicio do século, a atenção se fixava em compositores como Etic Satie (18661925) ou o Givupe des Síx. Neles, desenvolve-se um Neoclassicismo que se caracteriza fundamentalmente pela distorção de um modelo de base. Este modelo consiste num objecto sonoro, num material, numa forma, num estilo.., consiste, na sua essência, num olhar critico face ao objecto, prevalecendo no entanto o desejo de clareza e equitibrio. Este facto justifica a utilização das temias musicais mais antigas, termas de uma clareza e concisão eidremas como a suite, a sonata, o concedo, a sinfonia, ou o quadeto, empregues, nomeadamente, por Erancís Poulenc (1899-1963) em Suile eu ei pourpeino (1920), Mhur Honegger 1892-1955) em Sonalepour ato ei piano (1920) e alguns dos seus quazietos e sinfonias, e pei Gemiaine Tailteterpe 1892-1983) na sua obra co-cedo pour iiann (192$). Por outro lado, a representação da obra L’Homme ei sou Déslr(917) de Darius M?haud (1892-1973) e Pajt claudei 1866-1955) inttuenclorà a concepção formal da dera Coulau,s de &1 Olá cê/osre 1963) de Obter Messiaen, Em L’Hornme ei con Désir Mllhaud uti7za siiimttaneamenle a politonatidade. a pdinitmá e a independéncia de grupos instrumentais. Através destes recursos chena a uma conçtexkiade riscursiva bastante cle:ada. Senundo Messiaen deveremos ainda cita’ a intludicia dos espectáculos de Le Sacre de Pderemps, Les Noces (1923) e Pubn&a 1919) de tgor Stra’.-Sisky. R,tine’Si. interpretado sobre um cenário napd.lano do séui.o XVII desertado por Pabt Picasso, e escrito sobre temas de Gjnvaré Perodeu 1710-1736). Fedurialo Glieen e éJassan&o Parisotti (1835-191 3), marca um novo rumo composicionol na produção musical de Staainsky, rumo esse que culmina com obras como Concerhno (1920) para quadeto de cordas, Octour (1923) para instrumentos de sopro, concerto para piano e orquestra de harmonia (1924), Oedipus Rexf’ 927) e Rake’s Progress (1951).


organização. Nele, o tempo ganha um sentido espirituaL sendo «I’une des plus étranges créatures de Dieu que est éternel par essence, à Celui que est sans commencement, sans fin, sans succession » (Halbreich, 1980: 50). O tempo, no sentido espiritual do termo, ocupa lugar de destaque em numerosas das suas obras, nomeadamente na terceira das suas Trois Petites Liturgias (1943-44), no nono dos seus Vingt Regards sur I’Enfant Jésus (Regard du temps) (1944), e em Quatuor pour Ia fim du Temps (1940-41). O tempo encontra-se ainda adstrito à velocidade de execução, signo de alegria e contentamento. Poroutro lado, sabemos que Claude Debussy, Jean-Philippe Rameau (1683-1764), Domenico Scarlatti (1685-1757), lsaac Albéniz (18601909), Frédéric Chopin (1810-1849) ou Maurice Ravel (1875-1937) estão presentes de alguma forma na sua escrita para piano. A nível rítmico, Guillaume de Machaut (1300/1305-1377) e os seus sucessores daArs Nova tardia, nomeadamente da Escola de Avignon, estão presentes nos domínios da isohtmia e da combinatória de ritmos complexos e que, Igor Stravinsky (1882-1971) e a sua rítmica do Sacre du Printemps (1913) será fundamental na sua evolução enquanto compositor pois, segundo palavras suas, Stravinsky est d’une immense importance parce qu’il fut le premier à remettre l’accent sur e rythme: par l’emploi de thèmes uniquement rythmiques, d’ostinati rythmiques superposés, et surtout en

Hétor VEat.obos é hc,e uni nome maíor da História da Musa Brastídra. Sendo uma nação de inspirados fotclor.stas, o Brasil revea-w um país com um riquissimc fdclae alicerçado na confuÉncia de. p0’ uni lado. os amenindbs ird’genas. e por ofro, as inttnéncias ierentes à chegada dos Portugueses como calonizadores, dos escravos atncar e. posledonoenle. da vaga de emigrantes de vários países europets. Vila-Lobos, que começou por se lentar afirmar Como conipositer ( música emditade tradição europeia, éum herdc-iro natural deste ambiente miscígenado, repleto de ttnguagens muttitacetadas e ritmicamente protícuo. Indígena no carácter e tivre na atitude criativa. HeitorVitta-Lcb é hre um compositor contundido com a própria identidade musi lar asítos a.

Sindo na década de 70 do sécu!o xix. o Choro subcdina-, cano em mudos antros géneros popares. à tomia rondõ. em &t secções ABACA. 0ngnalniene. era uma terrrindog:a apicada a gr4XS de executantes de rua chamados Chorões. Estes agmpaTientos erati constójídos baoca’nense petos nstrrrr,estos flauta. id.ão. c.o’.oqirrtn aos quais se juntavam, postenonuente, outros instrumentos de somo. As suas actuaçõEs, a sua maneira pecutiar de tocai o repertório. r8 tosse a polca, o sctiolf/sch, o tango, a valsa, etc fez com que se passasse a denominar o que tocavam corno Choros, eo choro atgo qim os emprestavam aos temas que interpretavam. O uso do thènie-statue’ em TumngaíU-Syrnpíionse reveta-se rim homenagem às catacombes de TabIwtLv dune e’cposdion 1), sem r entanto perder de sta os ensinamentos retrados do estudo da nUa orquestr de Maurice Ravd.

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créant (consciemment ou inconsciemment) le procédé des « personnages rythmiques »e• Sabendo que Richard Wagner (1813-1883) se revela um compositor de primaz importância na caracterização técnica e estilística do autor, nomeadamente no seu gosto pela natureza revelada na sua Tetralogia, obra “qui le fascine [a ele, Olivier Messiaen] : c’est là que la nature est la plus présente, c’est là également que le systéme des Ieitmotive arrive à son plus grand épanouissement, systême oú il reconnaït un premier essai de « langage communicable » en musique, annonçant celui mis au point dans les Méditations sur le Mystàre de Ia Sainte Trinité (1969). [...j [Sabendo ainda que, a sua admiração incide igualmente sobre] cet amour de la nature qui tient compte des heures et des éclairages du jour et de la nuit, [...] oCi chaque pierre, chaque arbre, chaque oiseau sont typés par une esthétique particulière» (Halbreich, 1980: 92)°, como não produzir uma obra de inegável valor e riqueza imagética. Por outro lado, Edgard Varêse (1883-1965), para além de um notável estruturador rítmico, revela-se um percursor de novos sons, de sonoridades inusitadas características da música electroacústica, concebidos unicamente com meios puramente instrumentais. De Béla Bartók (1881-1945), de cuja obra é um inegável admirador, dará a conhecer, conjuntamente com Claire Delbos, as Sonates pour violon et piano. Todavia, é Heitor VilIa-Lobos (18871959)b0 que Olivier Messiaen atenta como um dos maiores orquestradores da História da Música, ao considerar os seus Choros como des plus grands chefs-d’uvre de l’oithestration’ [Para alguns,] il est certain que, de Turangafflâ-Symphonie aux Canyons, on retrouve plus d’une fois chez lui ce foisonnement sonore à la fois luxuriant et clair, ceife joie dionysiaque dela couleur et du rythme, qui font la beauté des grandes fresques orchestrales du maTtre brésilien aujourd’hui si méconnu» (Halbreich, 1980: 97). Modesto Moussorgsky (1839-1881) permite-lhe uma forte liberdade rítmica e modaP°. De Liszt, toma a sua grandiosa liberdade rítmica e formal, o uso da Cantochão, a livre integração de escalas modais numa tonalidade frequentemente suspensa, a beleza e pureza de certas inspirações religiosas, assim corno o redimensionamento de uma técnica pianística ímpar. Embora seja evidente e clara a simpatia que nutria pelas músicas extraeuropeías, nomeadamente da Índia, do Bali ou do Japão, pelo uso do Canto-Chão e pelo uso de elaboradas transcrições do canto dos pássaros, Olivier Messiaen trabalhará sempre, e no domínio das alturas sonoras, com o sistema cromático temperado. Parecendo contraditório, sabemos todavia que sempre que transcreve objectos sonoros, nomeadamente


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o canto dos pássaros, o faz à l’échelle humaine e dentro do sistema temperado. Por outro lado, os “constrangimentos” que Messiaen permite, e aplica, à criação e manipulação dos materiais sonoros, são aqueles inerentes ao que ele chama de “charme des /mpossibil/tés” (encanto das impossibilidades). Concomitante afirma que: J’ai toujours considéré qu’un procédé technique possédait d’autant plus de force et une force quasiment occulte, nous revenons à Ia magie qu’il se heudail

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f,lode de Valeurs et dlntensdés, composta em Darnistadt em 1949. cx interpretada em Paris no ano seguinte. Fundamental na deflniç e eslmturação de um novo pensamenlo criador, esta obra marca lorçosamente compositores mais jovens, nomeadamente Pierre Bodez (ri. 1525) ou Kadhe,nz SlocMxaosen (n. 1928). As suas formas de pensa o alma ned,t:cw-se- aquando do seu estudo, anã5se e aidção. Segundo Harnj Habreidl. ce fui la découverse commune et élé 1951 d’ti,, compos:leur belge. Rarel Goey.’aerls. eI du boi eune Kallav Sfockhausen, qui ai kst impressionné au põot de passaI hP,a de 1952 à Paris, à la classe de Messisen celui-ci, bien malgré lui, se Irouva dar êlre à origine du bref, mais rigoureux coorant de la musique séndle p?us stricte, celle des Kenfrnpunkte ei des premiem K(aviersfucke de Sfockhausen. mais aussi celte de Pofifonioa-Monodia-Rtmka de Lii Nono, ei suiloul cefe de Po)’ionia X cl do premier livre des SlmclLxes de Pieca Bodez. tornes reuaes de 1951 es 1952. Or le témd d’Anlaine Gelria esl formeI ce fui te disque 78 t&jrs de 1. cde de Valem ei dinlensilês quil poda à Darmsladl en 1951 qtÀ mii boI eu brark. lRaibrach. 1980 39) Destas arrnaçtes pe-cobemos a iipa1àrr e influência exercida por Otsier Messiaeo unto da jovem geração de compositores, e da relevânoa da sua dera enquanto formador. Chronocliro,nie. para grande orquestra, integra, segundo Mtoirm les reclierches r1hmiques, modales, ornilhelogiques doe Getéa, panitons prêcédentes dans une gênérosilê de l’inspiration qui na dégale que son ónergique concision lEda obra releva ainda] les rapIs sons-ccileurs [. J. lar.rjs que es préfextes orniedemenl re5aix de linspiration reuiennent au premier ptan. apràs ore ex:stcnce tnglemi p:us soulerraine lHaibreich. 1980: 31). Para Oivtes Messiaen, ‘Sai te p!ain-chanl possêde à la fcxs la pjreté, la de. la lêgerelé nécessaàee à lenvol de láme vera la Vérité reunindo as caraclerislicas de Ln verdadeira e srotcua música litúrgica. Para o cornposila, embora w releve de forma sistemática a componenlo melódica. nomeadarsialfe nas suas formas de organização base, os modos,l La chose merveitbj du plain-chant : ce soni les ‘Neumes”. (Messiaen, 1978 3). Para Olivier fl.lnss,aen os Neun,as são lórmutas melódicas anãloaas ao j. os trat&dos de larmotia charam de ornatos. pr1eltura. notas de passagem. embora com urna função e caracterização mais vasta. Esloe elementos encoolram-se. seguodo o autor, no canto dos pássa, desemvvendo uma Ilexibêdade demeca admirável. Segundo Messie ‘cofIe souptesse r4hmique qui deus sienl de (‘Asiacíase des vera ia1iq (niélrique greeque), du Candraka)ã et de ses ajouls du poini (deci-t de l’lnde), eI que Chopin a essayé de retro,sver dans son mbato, e sexprime ici de plusieurs façons : par le mêlange du binaire et du leme, par les groupes inégaux en durée, par les vaieurs doublées et fortes doe Ptessos. par les vatars dor,blées ei dates de i&iscus, par lo oyx caréondesflstropha ei h;s!mpfssi. par lextraordinaireraientiquiprL.,’ lo Oui’isssa. Toril cela engendre das vanatiais de rfhme ot de lama extriwmenl delicales -. Âessiaen, 1978 :3).

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davantage, dans son essence même, à un obstacle infranchissable [...] C’est lã le charme des impossibifités... Elles possêdent une puissance occulte, une emprise chiffrée, temporelie et sonore (Samuel, 1967 :4547). Este encanto das impossibilidades define as suas mais importantes inovações no campo musical, nomeadamente a criação dos modos de transposições limitadas, dos ritmos não-retrogradáveis e, mais tarde, o uso das chamadas permutações simétricas. Notamos todavia que, enquanto criador, Messiaen desenvolve objectivos claros e sucintos e o seu pensamento é fluido e coerente. “Qu’iI s’agisse de l’homme, de sa pensée, de son langage, de son évolution, de son ceuvre enfin, tout se présente avec une grande netteté, avec une clarté sans doute unique [...] (Halbreich, 1980: 9). Por outro lado, numa época em que a linguagem musical se reveste de um carácter fortemente abstracto e absoluto, questionamo-nos se Messiaen se poderá considerar um “compositor de programa”. Se analisarmos o catálogo das suas obras verificamos que, os Mulos que atribui às suas peças são bastante concretos, aludindo a universos específicos, nomeadamente aos que incidem sobre a natureza, as cores, os pássaros, ou a religião. Encontramos ainda, e a par de um conjunto de explicações técnicas e estilísticas de um rigor e clareza únicos, “un monde de sentiments et de sensations, un éblouissement de poésie et de couleurs, qui normalement devraient être extérieurs, ou du moins parallèles à la musique. Do ponto de vista técnico,] Les vérités de la foi, les chants d’oiseaux, les couleurs, les paysages, ne peuvent s’incarner que grâce aux modes, aux rythmes, aux timbres, patiemment élaborés par le compositeur. Mais faire de ces é4éments de hauteur, de durée, de timbre, d’intensité, d’affaque, autre chose que des moyens, que d’efficaces serviteurs de l’esprit, voilã qui r&êverait d’une conception essentiellement matérialiste de l’art, aux anfipodes dela spiritualité de l’esthétique de Messiaen (Halbreich, 1980: 1

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Da mesma teima, “Foul ml qui essaye d’exprimer lo Myslêre dMn peul àtre qieLlié deregieux (Messaecn, 1978 5). Na Teoria do Son-cou!eur. ce ne soaI pas les seus isotés qui engendrenl des couleurs, ce sonl les accords ou mieux les complexos de sons. Chaquecomplaxe de sais a une ccdeur b-en dêtirie. Celta caileur va se reproduire à bules les ectaves, mais elie sera nomiate dans le médium. dégradêe vers le blanc (c’esl-à’dire plus claite) en monlant wrs l’aigu, rabalsue par le nuir (cesl’à-dire plus sombre) en descendenl.vers lo grave. Au centraire, si nous transposons notre accord de demi-bon, à Messiaen. 1978 : 10). chague demi-ton il va changer de cajleut Resumindo, para fYMer Messaen, ‘iI n’y a qu’cne musique Ltcrrgique. ei cosi le p.’ain-cfunt. Par caMre. bule musique qrn sappreche avec révéreuce du Di’Ân. du Sacrõ, de lineflat!e, ess vralmenl une musique reIieuse dans toue la force do lerme’ fMessiaen, 1978:7).


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14). A sua obra relaciona-se ainda, e de forma directa, com a natureza e a humanidade, demonstrando afectos de alegria e generosidade, paz e serenidade, provenientes de uma alma plena de fé e clarividência. De entre as suas obras mais técnicas, e de cabal importância para o desenvolvimento da música do século XX, destacamos Modes des Valeurs et d’Intensités (1949)13 e Neumes rythmiques (1949). De uma complexidade técnica e expressiva única, revelam a sua mestria composicional. Revelando-se capitais para o desenvolvimento técnico e estilístico da nova música, são para o compositor, a par de Pièce en Trio e Soixante-quatre Durées, (insiridas no seu Livre d’or9ue (1951)), « ses plus grandes victoires rythmiques » (Halbreich, 1980: 16). Sem elas não teria desenvolvido os universos sonoros presentes em obras como Chronochromie (1 95960)14 e Couleurs de Ia Citá cá/este (1963). Estes, portadores de uma harmonia brilhante e funcional, ritmos de uma infinita variedade e criatividade, linhas melódicas de uma beleza plástica única, uma combinatória de timbres de uma impressionante clareza e efeito sonoros, relevam ainda uma mestria técnica, uma inovação estilística e estética que se prolonga para além de considerações, tanto místicas, como teológicas. A tradução de universos de cor em som, e de som em cor, único, revela uma tentativa de operar de, e para, Deus, sendo esta, a dimensão capital da sua obra. As características do sobrenatural transparecem. “Messiaen ne se lasse pas de répéter, émerveillé, les qualités des Corps g/orieux: clarté, force, agilité, subtilité. II les célèbre dans trois des pièces des Corps glorieux pour orgue [1939], y revient dans la troisième des Trois petites Liturgies, dans la quathème partie d’Et exspecto resurrectionem moduorum, dans les deuxième, troisième et sixième parties de la Transfiguration [1965-69] (tout padiculiérement le don de Clarté), enfin, dans la huitiême pièce de Des Canyons aux Etolles

A definição através da música dos caminhos de uma fé cat&m inabalável leva a inesgotáveis discussões, nomeadamente, stm se deve considerar ou não Messiaen, um milico. Para Roberi Sh&a,, Jobnson lo myslicisme cherche l’annihilation de l’élre, laquete, dans ia pe,lection, esl la conleniplalion dajis l’exlase ei unif l’homme à la Dis4fl Isegundo ele, Messiaen não é um mitico pois a sua criação e exisfêrwé apenas] caicernê par es vérités de la Foi calhofiquo qui fraiteni de rédempfeur de Dieu dans lo monde par I’fncamafion et le Sacdflce di Christ lo,] Cosi rexpression de ceife retal ion unissani Dieu à Fhaiime donne à sa ,nusrque son aienfatton fhéologique plulôt que mysfique fre torna Messiaen um músico ímpar]. (Shedaw-Johnson, 1975: 40). Mossiaen defino um sistema de cores para o seu universo tonGa Para ele, um acorde possui sempre uma cor que revela a sua ai mosfei particular. A sua análise e caracterização fécnica são, para ele, securx” Primordial é o facto de possuir uma cor caracteristica e única.

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(Les Ressuscités et le Chant de I’EtolleA/débaran) [1971 -74]. Et la dixième piéce du même cycle (La Orive des bois) célèbre l’homme nouveau, e lavé dans le sang de l’Agneau », pleinement réalisé après la Résurrection» (Halbreich, 1980: 48). Os mistérios da fé católica e os princípios que a regem, encontrando-se descritos em numerosas das suas obras, revelam uma fé sem limites. Assim, a celebração do Mistério da Omnipresença de Deus encontra-se descrito em Dieu parmi nous, nona peça de La Nativitá dii Seigner (1935) (descrevendo a sua Omnipresença entre nós). Quando descreve a sua Omnipresença em Ele-mesmo realiza a terceira das suas Méditations sur le Mystère de la Sainte-Trinité (1969). Quando foca a presença de Deus em todas as coisas, descreve os mistérios da criação de todas as coisas, nomeadamente a natureza que, revelando-se um tema de inspiração, traduz a grande paixão de Deus, e de seu Filho Jesus Cristo, por todas as coisas. Messiaen torna-se e e grand musicien de la Nature [para] la glorification de Dieu dans la splendeur de sa Création » Q-Ialbreich, 1980: 49). No entanto, o seu amor pela natureza, não é de natureza panteísta, segundo a qual Deus e o mundo constituem uma unidade e uma só substância, pois, como ele próprio afirma, « J’aime la nature pour elIe-même. Bien sôr, comme Saint Paul, je vois dans la nature une manifestation d’un des visages de la divinité, mais il est cedam que les créations de Dieu ne sont pas Dieu lui-même » (Samuel, 1967 : 26). A sua lucidez e distanciamento face às coisas são notáveis. A sua visão, e vivência dos mistérios da fé, não o limitam na percepção dos fenómenos e de todas as coisas. No texto decorrente da conferência proferida, em Notre-Dame, a 4 de Dezembro de 1977, distingue não só o que define por música litúrgica15 e música religiosao, como os conceitos de “son couleur” e “éblouissement”, ou seja, o acesso ao invisível e ao sublime, ao senhor de todas as coisa&°. Este ponto, fundamental, é revelador da aliança entre a terra e os céus, sendo através dela « qu’intervient la complémentarité des sons et des couleurs, la synesthésie, qui constitue

Não é de iodo estranho verificar que um dos mais originais criadores de toda a Hrstôria da Música se baseie no uso e exploração de modelos extramusicais, neste caso, da Natureza, pois ‘ii n’éxisi e pas d’opposition essentielte enire un produit de la Nature ei no produii de ‘ad ei co que nous eniendons par reuvre d’ad ei appelons ainsi n’est au fond aulre chose qu’un produit de la Nature universetie. O seu esf udo profundo, o seu vinculo á criação, são fmio de inumeráveis esiudos desde a ,õnhiguidade, na ânsia de explicar ianto o Humano corno o D’Moo. Neste senhdo, lani o as Ciências Exactas, como a Metafisica ou a Filosofia, possuem conlo objeciivo o estudo da Natureza, assim como a realização de uma reflexão profunda sobre as leis que e regem. Em relação a este assunto, devemos ler presenie oque nos determina, e confirma, nas enirovisi as tidas com Claude Samuel,


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le fondement de tout langage et de la pensée musicale de Messiaen, et qu’il met ici au service d’une quête de vérité, une conception unique en son genre de l’art musical» (Halbreich, 1980: 58). Contudo, como experiência espiritual, os sons-couleurs, ajudam-nos «à mieux vivre, à mieux préparer notre mort, à mieux préparer notre résurrection des morts et la vie nouveile qui nous aifend. lis sont un excellent « passage », un excellent «prélude» à l’indicible et à l’invisible » (Messiaen, 1978: 13), concluíndo que: «Ceife connaissance [aquela que nos permitirá atingir a vida eternal sera un éblouissement perpétuel, une éternelle musique de couleurs, une éternelle couleur de musiques » (Messiaen, 1978: 15). Todavia, encontramo-nos, e segundo ele, privados de uma fruição plena da realidade musical se nunca tivermos experimentado dois fenómenos: visualizado as cores complementares e ouvido a ressonância natural dos corpos sonoros. Para Messiaen, “ces deux phénomênes sont liés au sentiment du sacré, à l’éblouissement qui engendre la Révérence, l’Adoration, la Louange» (Messiaen, 1978 : 9). Sendo um compositor de uma fé inabalável’9, ao ponto de esta se revelar um aspecto fundamental da sua criatividade, aspecto este que engloba e circunscreve todos os outros “bien plus, qui les rend possibles et qui les valide [, a sua produção artística revelar-se-à um] fantastique édifice d’intelligence, de poésie, de sensualitê chatoyante, [que] n’a pour seule fim que de louer Dieu dans Ia splendeur de sa création. [.. .1 [Enquanto revelador das cores e forças da natureza, bem com& da existência física das coisas, a sua linguagem harmónica], premiw êlément de son langage musical à s’être dêfini en toute originalité dès les premiers essais de ses vingt ans, est entièrement conditionné par association (sur e plan dela vision intérieure) entre sons et couleurs20. [...] Et s’il s’est forgê d’abord un systême harmonique cohérent et « dos’, c’est pour pouvoir écrire une musique de couleurs. [Enquanto defcnid e criador de estruturas rítmicas novas, constatamos que,] Les toules premiêres wuvres [...] participaient déjà d’une notion neuve, et à vrai direi plus orientale qu’occidentale, du temps musical. La coïncidence de ce’ temps « expansif » et d’une harmonie de couleurs largement dépourvLr de la dynamique tension-détente propre à l’harmonie tonale fonctionne” classico-romantique fit rapidement apparaïtre des problèmes lagrande forme musicale. «(Halbreich, 1980: 17) Poroutro lado, enquan investigador de novos processos criativos, emerge num universo distinb dos demais, um universo natural e naturalista, um universo repleto d canto de pássaros. O seu estudo pormenorizado, a sua transcrição compositor encontre “des modèles de mélod. análise

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de Mhmes, de timbres d’une richesse et d’une vahété surpassant de Idn toute musique humaine. [A partir dos anos 40, nomeadamente depois do seu Quatuorpour la fim du Temps, de 1940-1941, o canto dos pássaros} ont ajouté à son langage musical un élément irremplaçable, et qui à lui seul le situerait déjà en marge de les tous autres compositeurs passés et présents. « (Halbreich, 1980: 18). O primeiro a realizar um estudo sistematizado do canto dos pássaros presentes na obra de Olivier Messiaen foi Robed Sherlaw-Johnson. Este estudo engloba não só o canto de cada um dos animais, como a sua descrição física detalhada. A obra do compositor, sendo uma representação de sons e cores, necessita de uma descrição detalhada da plumagem de cada animal. Esta, não aparecerá nunca destituída de um conjunto de outros factores que representam o seu habitat natural, « le plus souvent, les dseaux sont situés dans leur cadre naturel, évoqué par les sons-couleurs ei les divers Mhmes du langage de Messiaen (Catalogue d’Oiseaux, la Fauvette des jardins), ou alors ils viennent prêter le concours de leurs chants à ‘illustration de graves médiations théologiques (Couleurs de la Cité céleste Et exspecto resurrectionem moduorum la Trans figura tion; Meditations sur le Mystére de/a Sainte-Trinitá ; Des Canyons aux Etoiles), à moins que ces chants ne soient destinés à fac Witer la perception de structures rythmiques padicuhêrement complexes et abstraites (Soixante quatre Durées, septième pièce du Livre d’Orgue; Chronochromie) » (Halbreich, 1980: 82). Sendo um compositor maioritariamente sensitivo, um sensitivo de e cores, dotado de uma sensibilidade musical de contornos ímpares, OlMer Messiaen é, por excelência, “le musicien de la Nature” (Halbreích, 1980: 61)1. A natureza em todo o seu esplendor surge retratada de uma forma singular e em toda a sua magnitude. Representando a torça e a magnitude divinas, sendo alvo da sua particular atenção, cc le phénomêne de Ia nature est merveilleusement beau et pacifiant [...j un élément de

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:3 0k. (Goléa, 1960 226). 0k. (Samuel. 1967 : 109). 0ff. (Galé». 1960: 219). Paralelamento afirma ajnda que, Certains oiseaux san spécialisés dans la contrefaçon, mais cost une contrefaçn.i absolumenl «xlraordinaire, qui esi védlablement une retonte [ Ces orseaux. que lon appolle vulgairemeol des .. conlretajsants reproduisenl e chanl des nutres : ils le foni aveo des mélanges, des volte-lace, et une vfrluosité tellement étourdissanje que I’analyse en esl quasimenl cmpossible. Ce nest quavec ar. disque ei un enrogisiremen, passé au ralenli que I’on peul déceler les imilalions. Cest un peu comme s, l’oo entendail du Debussy réécrit par Stockhausen.,, «(Samuel, 1961’ 106-107).


réconfori [...] un facteur de santé» (Halbreich, 1980: 68), adquirindo um fundamento moral e psicológico22. Por outro lado, descobrindo um universo sonoro novo, de objectos sonoros de outra natureza que os considerados de musicais, afirma-nos que: « J’ai écouté avec passion les vagues de a mer, les cascades et les torrents de ‘montagne, et tous les bruits que font l’eau et le vent; et jajouterai que je ne fais aucune limitation entre e bruit et e son: tout cela représente toujours pour moi de la musique» (Samuel, 1967 : 28). « La nature, les chants d’oiseauxl Ce sont mes passions. Ce sont aussi mes refuges. Dans les heures sombres, quand mon inutilité m’est brutalement révélée, quand toutes les langues musicales: classiques, exotiques, antiques, modernes ei ultra-modernes, me semblent réduites au résultat admirable de patientes recherches, sans que rien derrière les notes justifte tant de travail que faire, sinon retrouver son visage véritable oublié quelque part dans la forêt, dans es champs, dans la montagne, au bord de la mer, au milieu des oiseaux ? C’est là que réside pour moi la musique. La musique libre, anonyme, improvisée pour e plaisir, pour saluer le soleil levant, pour séduire la bien-aimée, pour crier à tous que e pré ou la branche sont à vous, pour arrêter toute dispute, dissension, rivalité, pour dépenser le trop-plein d’énergie qui bouillonne avec l’amour et la joie de vivre, pour trouer lo temps et l’espace et faire avec ses voisins d’habitat de généreux et providentiels contrepoints, pour bercer sa fatigue et dire adieu à telie portion de vie quand descend le soit» (Halbreich, 1980: 76). A coexistência de vários cantos de pássaros numa mesma obra é Se a Estética Crássica submete a Natureza à supremacia da raz através de uso da tonalidade nascida das ‘harmonias naturais’, de IoiTnas simélricas ou de pedodicidades e proporções equilibradas, a Estética Morterna interessa-se, preterencialmente, pelo poder da imaginação procurando. lora da Natureza, as suas fontes de inspiraçt e organização discursiva, Todasia, En face dun proriuit des beaux-als

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on doil prendre conscience que c’est lá une production de Feri eI rui de a natura mais dons la forme de cc produil Ia tinaljté doil sena’, aussi libre de toute contrante par des régles arbilraires que sil s’agis duo produil de la simpre natura. c-est sur ce sentiment de la tiberté d; te eu de nos facultés de connailre, qui ddt être en mênle temps mia que raposa ce ptaisir. qui cci seul universellement communicable, p se fender cependant sur des concepts. La nature était beIra lersj’m même temps cIte avail I’apparence de l’ad Fart ne peul être dii b que lorsque obus sommes conscients qu’il sagu d’art eI que celtii nous apparaft cependant e” tant que nature Por outro lado, dotado de notáveis dons de improvisador, Mescian é convidado por Marcel Dupré (1886’1971j para desenvolver o estuda do Ôrgáo, obtendo, em 1929, enquanto aluno do Conseivatodo, Primaims Prémios Improvisação e Õrgáo, Pouco depois, em 1l, torna-se o mais jovem organista de França, tomando-se titular da Cavaitlé-coll da Igreja da Sanríssima Trindade em Paris.

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constante, surgindo, por vezes, o uso de canto de pássaros de regiões distintas tanto do planeta como do país ou região que representam. Para Olivier Messiaen “La coexistence dans une même ceuvre d’oiseaux d’origines différentes pose évidemment le probléme de l’authenticité du paysage ainsi reconstitué. [Messiaen distingue igualmente] les montages « vrais » (Réveil des Oiseaux, Catalogue d’O/seaux, Fauvette des jardins, Epode de Chronochromie, Sept Haï-Ka)Ç Pièces 4, 5, 7, et 8 de Des Canyons aux Etoiles) des cc faux» (O/seaux exotiques, Transfiguration, Méditations, les autres piêces de Des Canyons auxEtolles). Mais il lui arrive même d’utiliser un chant d’oiseux comme un matériau sonore semblable à d’autres (Couleurs de la Cité céleste; Chronochromie): « là, le chant d’oiseaux subit toutes sortes de manipulations à la façon des musiciens concrets et électroniques» (Samuel, 1967: 114). Sofrendo numerosas manipulações técnico-compositivas, o seu canto não será, no entanto, utilizado nunca como no original, pois a deformação dos materiais será sempre uma consequência do processo e da intencionalidade. Diversas contingências agem sobre a sua percepção e tradução, pois como nos afirma “II y a inévitablement déformation, même lorsque l’intention du compositeur est de reproduire lo chant de la manière la plus fidàle possible: c’est que d’une part notre perception sensorielle et notre rythme biologique no sont pas ceux de l’oiseau et que d’autre part nos instwments ont des ressources de timbre, de dynamique, d’articulation, de vélocité, également très différentes [...]. [A sua tradução, e à l’échelle humaine cria deformações inevitáveis, pois o acto de] les adapter à notretaille [...], ànotre tessiture auditivo [. . .], enfim ànotre rythmebiologique 1...] (Halbreich, 1980: 83-84), cria inevitáveis transformações ao original. Por outro lado, o facto de a exactidão tímbrica nunca ser alcançada, mesmo quando falamos de um Messiaen, faz com que o autor pense em complexos sonoros onde a harmonia se integra ao timbre criando « la couleur cherchée «. Todavia, “il faut souligner que les agrégats de sons complexes qui en résultent ont une fonction et d’ailleurs un effet tout à fali différents de ceux des accords colorés destinés à évoquer les teintes du plumage de l’oiseau ou du paysage dans lequel il vit «(Halbreich, 1980: 84). Neste sentido, utiliza combinatórias harmónicas próprias visando a tradução destas cores e timbres sendo que, cada som, possuindo um complexo harmónico próprio, traduz uma riqueza sonora e tímbrica difícil de igualar. Segundo o autor “Autant de notes, autant d’accords inventés, c’est-à-dire, pour une pièce d’oiseaux compodant mille ou deux mille notes, mille ou deux mille accords inventés. » (Samuel, 1967: 113). Na tradução dos seus cantos Messiaen conta, em entrevista


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concedida a Antoine Goléa, que encontra numerosas dificuldades. Sendo necessário perseguir “os seus cantores”, é necessário estar em condições limites durante longos períodos de tempo para captar o seu canto. Quando isto acontece, é necessário transcreve-lo rapidamente pois eles não esperam, não repetem, nem sequer facilitam o trabalho...23. Sabendo ainda que a melhor época para realizar este trabalho é a Primavera, a estação dos amores.. 24• Refere igualmente que cantam sempre num determinado modo e não diferenciam o intervalo de oitava; os seus contornos melódicos lembram, muitas vezes, as inflexões do Canto Gregoriano e que, os seus ritmos, de uma complexidade e variedade infinita, são de uma precisão e clareza absolutas15. A rítmica assim descoberta leva-o a realizar profundos estudos sobre o ritmo e o tempo traduzidos em numerosos trabalhos de investigação. Todavia, 1 o estudo do ritmo e da métrica grega não surge em consequência do estudo e sistematização do canto dos pássaros, mas, aquando dos estudos realizados na classe de História da Música de Maurice Emmanuel (1862-1938). Por outro lado, Marcel Dupré será o responsável de numerosas improvisações que acicatarão o gosto pelos materiais que agora descobre, e que, revelando-se de uma riqueza inigualável, serão transpostos e redimensionados ao longo da sua produção musical16. Se, porumlado,OlivierMessiaenprocurananatureza,nomeadamente no canto dos pássaros, a sua inspiração e realização, por outro, através da montanha, do vento, dos rios, dos pássaros, da luminosidade, busca a liberdade de um modelo e a estimulação do imaginário (Kant, 1979: 1 37)17. Através do seu poder imagético e musical, incarnam o Divino sendo que, para ele e muitos outros, o pássaro liberta uma rítmica livre e a certeza de uma improvisação proporcional. Os pássaros tornamse mensageiros de uma beleza indizível, uma beleza do Divino ao qu aspira. Tornando-se a cada ano mais rica e poderosa, a sua obra não nega nunca os seus primeiros traços. Assim, os modos e ritmos das suasj primeiras obras encontram-se nas suas últimas, embora desenvolvam universos sonoros bem mais complexos, ricos e formalizados. De uma liberdade adquirida, sobressai uma fidelidade e flexibilidade organizativas e musicais sem mácula. Definindo uma nova e marcante forma de abordar e pensar o musical, a ousadia da sua pesquisa, a mestria da sua técnica e a originalidade do seu pensamento, transmitindo uma fé inabalável quel dignifica e engrandece, fazem dele um dos maiores compositores clej toda a História da Música. O trabalho sobre a cor, a harmonia, o uso do canto dos pássaros, o desenvolvimento do ritmo e da duração coar

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parâmetros cuja função estrutural e estruturante se encontra ao mesmo nível da altura, tornam-no único. Nele a duração e estruturação rítmica de uma obra e do discurso musical desenvolvem-se de forma autónoma. A introdução de diversos elementos da natureza, nomeadamente o canto dos pássaros, e a descrição dos ambientes da natureza próprios ao seu habitat são uma constante. Messiaen não só utiliza o seu canto, como descreve do ponto de vista sonoroas regiões onde estes se encontram, as cores e sons desses lugares e, a montanha, elemento essencial na definição da sua personalidade. Assim sendo, e respondendo a um forte eIo criativo, desenvolve uma linguagem onde realiza a simbiose entre duas fortes componentes sensoriais o som e a cor dignificando e aspirando ao Divino. Nele, Sagrado e Profano fundem-se num universos sonoro único. Aspirando à união com Deus, revela uma profunda fé e misticismo, realizando um laborioso trabalho de artesão e artista, de crente e escravo, de uma vontade de união com o além, o Uno e Indizível. IBL!OGRAHA

GOLÉA, Mtoine, Rencontres aveo 01/vier Messiaen, Julhard, 1900. NALBREICH, Harry, 01/vier Messiaen, colecção Musicien d’auJourd’hui, Libraire Arthème Fayard, Fondation Sacem, Paris, 1980. KANT, Emmanuel, Critique dela Facultá de Juger (1790), Vrin, Paris, 1979, MÃCHE, François Bernard, Musique, Mythe, Nature ou les Dauphins d’Arion, Klincksieck, Paris, 1983.

MESSIAEN, Olivier, Conférence de Notre-Dame, Alphonse Leduc, Paris, 1978. SAMUEL, claude, Entretiens avec 0/ivier Messiaen, Pierre BeItond, Paris, 1967. SCHuMANN, Roberi, Surtes musiciens, Stock, Paris, 1979. 1ERLAW-JOHNSDN, Roberi, Messiaen, Deni, Londres, 1975.


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INIBIÇÃOINTELECTUAL E NÍVEL CULTURAL DOS PAIS

INTELLECTUAL INHIBITION AND PARENTS CULTURAL LEVEL

José A. Alves* e José Grilo Santos**

(ESUMO A classe social de origem contribui para inúmeras diferenças entre as cri anças. Este estudo comprova que essas dilerenças se verificam entre crianças portuguesas quanto ao nivel de inibição intelectual e de ansiedade ou instabi idade. Em consonância com outra literatura sobre o tema, também as nossas conclusões vão no sentido de que são as crianças de um meio familiar cultural mais baixo que apresentam maiores níveis de insegurança e instabilidade ‘te jeitando” o trabalho escolar e apresentando níveis de insucesso escolar mais elevado. Palavras-Chave: Crianças, escola, insucesso, família, Portugal.

EBSTRACT

Social classes account for many differences among children. luis study confirms that, among Portuguese children, these differences exist in terms of in teileclual inhibition and anxiety or instability. Corroborating other literature about this topic, these conclusions contirm lhe relation of a lower cultural family envi ronment to higher leveis of child insecurity and instability, rejecting school work and higher leveis of faiure in school. Keywords: Children, school, tailure, family, Portugal.

Docen:e da Escoa Supeici de Despado de R:o l!a,cr Descole da Escoa Básica dos 2’ e 3° Golos da Guarda-Seque;ra


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iNTRODUÇÃO A investigação já realizada aponta a inibição intelectual como causadora de comportamentos conducentes ao insucesso escolar. Vários investigadores são unãnimes em considerar que a inibição intelectual se manifesta sobretudo em determinada faixa etária e que ela pode ser provocada por vários factores, Estes estudos reforçaram em nós o desejo de saber se o nível cultural donde são oriundos os alunos, também se encontrará entre esses factores. De facto, as estatísticas de consumo de bens e serviços culturais são suficientes para nos lembrar que a herança de bens de cultura, acumulados e legados pelas gerações anteriores, só pertence realmente (embora seja pertença de todos) a quem possuir os meios de se apropriar dela. (Pierre Bourdieu in Sérgio Grácio, 1982, p. 327). Na verdade, se o capital cultural é transmitido mais facïlmente a quem possui bens e instrumentos para dele se poder apropriar e, partindo do princípio de que toda a estrutura do sistema educativo está concebida de acordo com o interesse da classe dominante, seremos levados a pensar que também a escola dificulta a apropriação dos bens culturais a um razoável grupo de alunos. E nosso entender que, desde os métodos comunicativos aos próprios conteúdos, até aos objectivos da escola, todos fazem parte de uma complexa estrutura que favorece alunos provenientes de determinados meios culturais, em detrimento de outros. “o à vontade”, a “desenvoltura” e as ‘pequenas audácias intelectuais” encontram-se entre os traços valorizados pelos professores e tidos como dons inatos para distinguir entre bons e maus alunos. Estamos pois em crer que, mesmo os alunos que por vezes suplantam as vantagens do meio familiar através da sua seriedade, aplicação e esforço, mesmo estes, não são, às vezes, compreendidos pela escola, que ao serviço da classe cultural dominante, lhes reconhece alguns méritos, mas que resultantes de um enorme esforço e não de capacidades. Assim, somos levados a pensar que o nível cultural dos pais influencia a inibição/desinibição dos filhos e que essa influência vai no sentido de uma maior desinibição intelectual. Deste modo, o objectivo do presente trabalho é o de analisar a relação existente entre nível cultural dos pais e a inibição intelectual dos filhos, no contexto escolar, a fim de melhor podermos conhecer algumas das

razões, mais profundas, do sucesso/insucesso escolar.

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INIBIÇÃO INTELECTUAL E SUCESSO ESCOLAR Inibição intelectual é aqui entendida como a restrição da actividade intelectual do indivíduo e que se desenvolve através de um processo activo e inconsciente, já que este se desencadeia por reacção do sujeito a vêncías dolorosas e ao defender-se destas, o faz de forma inconsciente. Para efeitos de avaliação, no presente estudo, são considerados 5 níveis, a saber: Inibição (1), tendência para inibição (Ti), equilíbrio (Eq), tendência para desinibição Çfd) e desinibição (De). Martinez (1980), vê a escola como um teste de adaptação à realidade ecomo um estádio de desenvolvimento. Sendo assim, ao chegar à escola, o aluno inicia um processo de adaptação importantíssimo procurando, na escola, uma identificação com o meio familiar No entanto a realidade escolar é bem diferente e muitas das vezes esta adaptação torna-se árdua e difícil. Procura então o aluno sair do anonimato e afirmar-se, mas a nova realidade impõe-lhe restrições verbais e físicas, bem como tarefas árduas e repetitivas, onde a separação temporal da família, cada vez mais distante, pressupõe o fortalecimento da sua personalidade. Daqui poderemos inferir que os alunos, com mais dificuldades em se adaptar, tenderão a subestimar-se, esconder os seus desejos, vontades e opiniões, entrando assim num processo que o poderia conduzir à inibição intelectual. A inibição intelectual pode ainda denunciar narcisismo (não correr risco, não se pôr em questão submetendo-se à aprendizagem e à concorrência dos colegas e julgamento dos adultos) “( Barros de Oliveira, 1993, p. 130). Outros autores também nos relerem que no processo de desenvolvimento intelectual pode estar muitas vezes presente a inibição intelectual. A inibição de cedas funções ou a inibição parcial da inteligência é bem nossa conhecida, como as inibições de aprendizagem na escola. (Hellman, 1954, p. 260, in Barros de Oliveira, 1g93, p. 134.). Interessa-nos saber pois qual a origem desta inibição, a fim de, como intervenientes no processo educativo, podermos ajudar o aluno a desenvolver-se harmoniosamente. Frequentemente encontramos pais e professores que dizem relativamente a alguns alunos ele pode mas não quer. Newman et ai., (1973), intitulam um seu artigo precisamente com estas palavras, jogando com elas do seguinte modo: Eu posso mas não quero; eu não quero, e por isso não o faço; eu não o faço e por isso não posso; eu


não posso, mas direi que não quero. (in Barros de Oliveira, 1993, p. 142). Desta forma alguns autores estudam a relação entre inteligência e personalidade, tentando explicar o insucesso de alunos capacitados, mas que por razões diversas se inibem de usar as suas capacidades e de as desenvolver. Estes alunos, embora dotados, acabam por cair em depressão. Além disso, geram-se, na criança dotada, mas sem sucesso, sentimentos ambivalentes de culpabilidade, hostilidade, vergonha e outros que complicam cada vez mais a situação. (Barros de Oliveira, 1993, p. 152.). Muitos outros autores falam da inibição intelectual ligada ao insucesso. A inibição intelectual põe gravemente em causa a criança ou o adolescente, porque atinge a sua actividade principal que é a escola. (Danon-Boileau e Lab, 1962, in Barros de Oliveira, 1993, p. 129). A inibição intelectual pode assim ser considerada um sintoma, mas também um síndroma que cobre uma vasta gama de perturbações afectivo-cognitivas, onde a inteligência se recusa a funcionar ou funciona mal. Entendemos por inhibicián intelectual la restriccón de la actividad intelectual de un sujeto. ( Baudilio Madinez, 1980, p. 35 Este mau ). funcionamento da inteligência é como que um mecanismo de defesa face às problemáticas que entretanto surgem no dia a dia da vida escolar, no adolescente. A inibição intelectual que se apresenta muitas vezes como um mecanismo de defesa e de adaptação (regressiva) do ego, denunciando uma desarmonia na personalidade, adquire significado diferente conforme a idade e a estrutura da personafidade”. (Barros de Oliveira, 1993, p. 130). Ora, de acordo com Bordieu (1970), a escola é um meio de reprodução cultural das famílias. O sistema de ensino reproduz tanto mais perfeitamente as estruturas da distribuição do capital cultural entre as classes (e entre fracções de uma classe) quanto mais a cultura que transmite estiver próxima da cultura dominante, e quanto menos afastado do modo de inculcação familiar estiver o seu próprio modo de inculca ção. (Grácio, 1982, pp. 332 e 333). Neste sentido a escola servirá os objectivos de determinado grupo social, que não será, certamente, o das classes culturalmente baixas nem, porventura, o do grupo social culturalmente muito elevado. Estaria então a escola preparada para responder às necessidades de adaptação e de aprendizagem dos alunos provenientes de estratos sociais culturalmente acima da média, já que a média do nível cultural é, no nosso país e em nosso entender, baixa. Deste modo e retomando a ideia atrás já enunciada, a escola tornar-se-ia num fardo que, os alunos de estratos

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culturais baixos, teriam de transportar ao longo da escolaridade. Estes alunos estariam, assim, desfavorecidos. Também, como já atrás dissemos, no nível etário por nós tratado, o jovem tem necessidade de se afirmar perante o grupo e perante ele próprio. Esta tarefa será tanto mais facilita da para o aluno, quanto mais os objectivos da escola se identificarem com os seus próprios objectivos. Como isto nem sempre acontece, princip almente para os alunos oriundos de famiias cuituraimente desfavorecida s, seríamos levados a pensar que estes terão necessidade de se afirma rem através de atitudes e/ou comportamentos distintos aos padronizados pela instituição escolar e que, porventura, irão no sentido da sua própria autodefesa. “Elniõo saIe de un ambiente muy person alizado (la familia), y ingressa en un ambiente en eI que hay un alto grado de despersonalización y anonimato. Tiene que construir su identid ad escolar a partir de una experiência familar muchas veces muy distinta y muy distante.” Baudilio Martinez, 1980, p55). Portanto na procura da sua identidade escolar e na tentativa de se afirmarem, os jovens gostarão de “dar nas vistas”, de se evidenciarem, não através do saber exigido pela escola, mas sim através de comportamentos que sugerem inibição intelectual. “Dada además la gran valoración que nuestra cultura atribuye ai intelecto, un fracaso de éste tiende a ser vivido en forma especialmente persecutório y deprimente. La angust ia asi venciada, crea un círculo vicioso, pues eI niflo para no verse tonto, finge más y más su vislón y hasta ilega a hacerjactancia de su fracaso , adoptando poses y actitudes depayaso, de cretino, etc.”( Luzuriga, 1972, p. 22, in Baudilio Martinez, 1980, p. 66) A escolaridade pode ser um estádio de desenvolvimento no qual o aluno mostra aspectos do seu passad o, organiza o seu futuro e onde a irbição intelectual o afecta no mais profundo da sua personalidade. A inibição intelectual mostra-se nas atitudes tidas na escola, nomeadamente na saia de aula, através de comportamen tos indicadores dessa mesma inibição. 7...] que se defiende con su conducta bizarra y extra,ia de una depresión probablernente muy profunda. (Baudilio Martin ). O aluno, face ao que não lhe interessa ou melhor ao ez, 1980, p. 19 que nada lhe diz, que não lhe dá prazer, porque não próxim o das suas vivências culturais, torna-se passivo e inibido. Os valores da escola não são os dele. O jovem, nestas condições, terá dificul dade em se concentrar, estar atento e, porque a situação escolar lhe provoca desprazer, tende a demonstrar o seu desinteresse de diversas formas, seja desde a apatia total ou parcial,


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seja demonstrando-se irrequieto, aborrecido ou ainda desinteressado nas causas distantes, diremos que eles evidenciam traços marcantes da tarefas escolares, chegando mesmo, em casos mais graves, a evitar lidar personalidade dos individuos. “Asimismo podemos considerar que com os próprios materiais escolares ou até com colegas cuja situação la inhibición intelectual actúa en forma de proceso circular sobre e? escolar lhe proporciona prazer. De acordo com Greemson, (1953), sobre desarroio de? sujeto acentuando las y desorganiza ciones 1 latentes.” (Baudilio Martinez, 1980, p.insuficiencias o aborrecimento, ao atribuir este estado de espírito à inibição da fantasia, 66). Assim, se podemos dizer que diz-nos que No aborrecimento estão presentes diversas componentes, um indivíduo com determinada personalidade é um potencial portador um estado de insatisfação e de desinteresse pela acção; um estado de inibição intelectual, também poderemos dizer que um indivíduo de anseio e uma incapacidade de designar o que realmente se espera; inibido intelectualmente desenvolverá uma personalidade característica uma sensação de vazio; uma atitude passiva de expectativa do mundo de indivíduos intelectualmente inibidos. exterior; um sentido perturbado do tempo, que parece não passar” (in Poderemos então dizer, que face às dificuldades encontradas na Barros de Oliveira, iggs, p. 165). escola, os jovens procurarão resolvê-las, mas caso o Mais adiante, e tentando explicar o comportamento da criança 1 fazer, criarão um sentimento de angústia e ansiedade. não consigam “A angústia, por escolar e seu aborrecimento face às tarefas escolares, Barros de Oliveira exemplo, está demonstrado que interfere, sob determinadas condições, diz-nos que “Podemos afirmar que a criança na escola se aborrece e no âmbito da atenção e na aprendizagem de matérias complexas.” por isso não aprende, não propriamente devido aos professores ou ao Qazarus, s.d., p. 31). Estas, angústia e ansiedade, conduzem o jovem ambiente, mas aos conflitos que a trabalham, provindos paflicularmente a situações de maior sofrimento. Este, accionando o seu mecanismo de prestações e fixações orais. No fundo, o aborrecido tem grande fome de defesa procura, em úitima anájise, negar a existência deste conflito. de sabeç mas encerra-se numa anorexia desesperante como defesa. Logo, sendo a escolandade um estádio de desenvolvimento onde c contra a prestação e angústia, provenientes de fixações primitivas.’ aluno mostra aspectos do seu passado e sabendo nós da importância (Barros de Oliveira, iggs, p. 165). dada pelas famílias culturalmente mais elevadas ao sucesso dos seus Neste sentido mais uma vez estamos perante alunos que se filhos, parece-nos que estes estão melhor apetrechados de destrezas inibem intelectualmente, têm insucesso escolar cuja causa se enraíza) linguísticas e culturais, iâo importantes para a obtenção do sucesso. na relação com a família, seja a presença vincada da mãe, a ausêncL. Inversamente, os alunos de famílias culturalmente deficitárias, nos do pai ou o nível cultural de ambos. As razões desta inibição estão pds ‘quais não foi incutida a importância da escola, não se apropriaram da na família. Interessa-nos contudo saber se em famílias de nível cultur [cultura a que não tiveram acesso, estariam pois, mais desprotegidos e alto, se baixo. Certamente que, através da nossa observação empíha menos preparados para o sucesso. da realidade, tenderíamos em crer que as famílias de nível cultural ma Por experiência própria sabemos que em situação de constante baixo, já que menos preparadas para ajudarem os seus filhos a adaptaraptação a novas realidades se gera em nós stress, angústia e se ao sistema educativo, seriam aquelas que transfeririam para os filhos upação. Dado estar o jovem em constante mutação física e comportamentos e atitudes geradoras de situações conducentes à pdquica, encontrar-se-á em condições de, com maior acuidade, sentir inibição intelectual. “A criança não se sente com uma multiplicidade cJeJ iesse mesmo stress, angústia e preocupação. “A adolescência iniciaopções para o seu futuro; as suas expectativas são as dos pais, nr se com a puberdade, com o aparecimento dos caracteres sexuais parecem mais influenciadas pelos modelos que eles fornecem do ncundárjos e da sexualidade. Na procura de uma identidade de um pelo desejo que exprimem.” (Celeste Malpique, 1986, p. 63). uiPhrjo, de um status, e de um reconhecimento, o adolescente Por seu turno as crianças ohundas de famílias de nível culturalme ilcontra-se confrontado com uma ansiedade significativa.” (Carvalho, alto, seriam habitualmente transportadoras de uma linguagem que [ 1995, p. 38). Deste modo o jovem oriundo de estratos culturalmente permitiria, não só exprimir-se com à vontade, em classe, mas tambá. 2iais baixos estará menos identificado com a escola e por conseguinte poder compreender os outros, sentindo-se como o peixe na água. ser-lhe-á pedido maior esforço na procura do seu equilíbrio emocional, o Porque os comportamentos próprios da inibição intelecK ‘queo conduzirá a uma situação de stress, de angústia, de depressão e, são reveladores de sentimentos profundos, gerados também ssivelmente à inibição intelectual.


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3, METODOLOGIA 3 1- Amostra

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Caracterização da amostra

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1:

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Instrumentos

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33

Quadro

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__________

A amostra foi constituída por alunos de duas turmas de quinto ano de escolaridade uma turma de sexto ano, uma turma de sétimo e uma turma de nono. Dos alunos que formavam estas turmas foram expurgados todos aqueles que não pertenciam à faixa etária em estudo e, ainda, alunos com reconhecidas dificuldades especiais. Após o preenchimento do inquérito cultural dividimos a amostra em duas classes culturais, alta (A) e a baixa (B). Integramos na classe cultural alta todas as famílias com habilitações literárias iguais ou superiores aol décimo ano de escolaridade ou equivalente e na classe cultural baixa todas as famílias possuidoras de habilitações literárias iguais ou inferiores ao nono ano de escolaridade ou equivalente, tendo os alunos ficado assim distribuídos (Quadro 1).

3.2

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32.1 Grelha de Observação Foi construída uma grelha especifica, com base na nossa experiêndr como educadores, bem como em várias teorias apresentadas pxi alguns autores, nomeadamente, Baudilio Martinez, (1980). Tal grelha é composta por 18 categorias comportamentais, sendo 9 relativas ai comportamentos de desinibição e 9 a comportamentos de inibição e que descrevemos de seguida: 1 CATEGORIAS COMPORTAMENTAIS DE DESIBINIÇÃO 1 Participa de forma válida ao participar de forma activa, o aiw fá-lo de acordo com os assuntos que estão a ser tratados na aula, de forma lógica, objectiva coerente e clara. 2 Participa de forma expontânea o aluno intervém para dai? sua opinião relativamente ao tema a tratar, sem que ninguém o soli&1 ou ainda quando for solicitado em conjunto com toda a turma. 3 Está atento através da forma física de estar na sala de au.

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conjugada com a forma como responde às questões e ainda se não se distrai facilmente com os colegas, materiais didá ctico s ou de qualquer outra forma, o aluno transmitir-nos-á a sua atenç ão ou desatenção 1relativamente ao tema proposto peio professor. 4 Demonstra interesse neste caso, o aluno, para além de estar atento, coloca dúvidas, intervém tentando acres centar algo ao assunto que está a ser tratado, empenhando-se, de form a activa, em se clarecer, compreender e adquirir conhecimentos. 5 É cuidadoso com o material escolar Ente ndem os por material escolar os cadernos diários, os livros, fichas de traba lho, réguas, 1 _squadros, esferográficas, lápis, borrachas e outros mate riais afins, que o aluno tem necessidade de utilizar com certa normalida de na sala de mAa. O aluno é cuidadoso com estes materiais quando os não suja, 1danifica, dobrando-os, rasgando-os ou partindo-os, os perde e mesmo [quando os não deixa em casa. 6 Participa de forma sistemática relat ivam ente aos assuntos tratados na sala de aula, o aluno, sempre que lhe é poss ível, emite a sua opinião, manifesta o seu sentir, interrogando e questiona ndo o professor ou os colegas. Não faz isto por acaso ou de vez em quando, mas sim sempre ou quase sempre que tem possibilidade. 7-Revela destreza linguística ao participar, o aluno fá-lo utilizando frases bem estruturadas linguisticamente e vocabulá rio próprio para o assunto, de acordo com o seu nível etário e ainda de acor do com o ano de escolaridade em que está inserido. 8 Mostra-se interessado nas tarefas escolares ao ser proposta qualquer actividade, seja de carácter prático ou teóri co, nomeadamente os trabalhos de casa, o aluno regista no seu caderno diário, toma notas e mostra satisfação em realizá-las. 9-Toma decisões adequadas com a situação os com portamentos manifestados, neste caso, vão de encontro ao que é proposto, [demonstrando sempre que está a dominar a situa ção, a compreender a matéria em estudo, sendo oportuno na sua forma de intervi r. 2- CATEGORIAS COMPORTAMENTAIS DE INIBIÇÃO 1 Tem dificuldade em se concentrar No deco rrer normal da aa, o aluno olha para a rua, para colegas que também estão distr aídos, com materiais didácticos, faz desenhos no papel ou nas mesas e, apesar de o professor o chamar à atenção, ele mantém-se distraído. Çdnca 2 Demonstra desinteresse para além de não estar atento, o uno não coloca dúvidas, não intervém no senti de acres do centar algo _Dassunto que está a ser tratado, não se empenha ndo, de forma activa,


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1

em se esclarecer, compreender e adquirir conhecimentos. Quando o professor lhe propõe qualquer actividade, rejeita-a e só a executa, quando a isso é obrigado. 3 Revela apatia neste caso o aluno mantém-se numa indolência permanente, sem que nada nem ninguém aguce a sua curiosidade, dando-nos a entender que nada do que se passa à sua volta lhe diz respeito. 4 Tem dificuldade em se fazer entender ao exprimir-se, fá-lo com frases estruturalmente incorrectas ao mesmo tempo que o seu raciocínio é menos lógico e incoerente com os contextos, comuns a todos os presentes. 5 Participa de forma descontrolada quando participa, o aluno não o faz na devida altura, mas fora de tempo, quando lhe vem qualquer coisa à cabeça, não respeitando as regras preestabelecidas por todos, interrompendo o professor ou os colegas. 6 Aborrece-se face às tarefas escolares Quando lhe é proposta qualquer actividade, seja individual ou em grupo, o aluno não só não mostra interesse como também resmunga, atira com os livros e outros materiais didácticos sobre a mesa de trabalho, dá pontapés nas cadeirase nas mesas, arrastando-as, mostrando assim o seu descontentamento. 7 Evita tomar decisões quando confrontado com determinadas atitudes ou propostas do professor e/ou dos colegas, o aluno não se manifesta, não dá a sua opinião, remetendo-se para o silêncio, deixando que outros decidam por ele. 8 Tem dúvidas mas não as expõe ao ser questionado, o aluno demonstra não ter compreendido o assunto ou assuntos que estão a ser estudados, nessa ou em outras aulas, mas que entretanto não foi capaz de o manifestar, na aula, a Fim de se esclarecer. 9 Não mostra interesse pelo material escolar quando lhe são apresentados materiais escolares novos, ou mesmo, na análise dos materiais já existentes, o aluno mostra-se indiferente, abandonando ainda o seu próprio material escolar, em qualquer lado, não se importando que 1 o mesmo se danifique e lhe seja retirado por colegas. Referiremos ainda que estes comportamentos não estavam identificados como sendb de inibição ou de desinibição, na referida grelha de comportamentos, a fim de não sermos, de algum modoi influenciados na nossa observação. -

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3.2.2 Teste de Personalidade de Eysenck O inventário de Personalidade de Eysenck (E.Rl.) destina-se a medir ckias dimensões principais da personalidade que Eysenck designou por extroversão-introversão (E) e neuroticismo (emotividade ou ansiedade) estabilidade (N). De acordo como mesmo autorofactor E está intimamente relacionado com o grau de excitação e de inibição prevalecente no sistema nervoso central e o factor N está intimamente relacionado com o grau herdado de labilidade do sistema nervoso autónomo. —

3.2.3 Inquérito No sentido de conhecer o nível cultural dos pais dos alunos que constituem a nossa amostra, elaborámos um pequeno inquérito.

Procedimentos

3.2.4 Outros instrumentos Foram, ainda, consultadas as fichas constantes no início dos livros de ponto, as quais contêm o nome, número de ordem e a respectiva idade cronológica do aluno. 3.3

A técnica utilizada foi a observação directa e sistemática, tendo as observações sido todas feitas na sala de aula, nas disciplinas consideradas como pertencentes à área cognitiva (Línguas, Matemática, Ciências e Física). Fizeram-se cinco sessões de observação, com uma duração mínima de 20 minutos cada uma, tendo em cada sessão sido observados 5 alunos. A ocorrência dos comportamentos era registada na grelha de observação. Os alunos eram identificados por um cartão, em que estava inscrito o respectivo número. Muito embora, nem todos os alunos fossem observados, a todos foi colocado o cartão identificativo, de modo a que só nós soubéssemos quem naquele momento estava a ser observado. Procurámos que o intervalo entre cada observação, ao mesmo grupo, fosse variável e que esta ocorresse em dias diferenciados da semana e em momentos diferentes da aula. Seguidamente, para cada aluno, procedemos à contagem do número de vezes que a categoria comportamental tinha ocorrido. Cada uno foi, então, classificado numa das seguintes classes, de acordo com o resultado obtido em cada uma das categorias comportamentais:


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2

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• Comportamento de equilíbho diferença de 4 ocorrências ou menos na categoria; • Comportamento de tendência diferença de quatro a sete; • Comportamento traço diferença de mais de sete. No que se refere ao questionário de Eysenck, foi utilizado o mesmo procedimento, sendo os sujeitos classificados em cinco classes de acordo com a tabela sugerida no respectivo manual: -

a) Dimensão Introversão/extroversão • Extrovertido (Ex); • Tendência para extrovertido (Te); • Equilibrado (Eq); • Tendência para introvertido (Ti); • Introvertido (1) —

b) Dimensão Neuroticismo/estabi/idade • Instável (1); • Tendência para instável (Ti); • Equilibrado (Eq); • Tendência para estável (Te); • Estável (Es).

Tratamento estatístico

Após a obtenção destes dados foi solicitado aos pais dos alunos, constituintes da amostra, que preenchessem o inquérito relativo ao nivd cultural. Classificamos, então, os alunos no grupo A ou no grupo S, conforme eram filhos de pais de nível cultural alto ou de nível cultural baixo, respectivamente. 3.4

Além das medidas de tendência central, para a comparação dos resultados foi utilizado o teste x1. em virtude de os dados serem de natureza nominal.

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fl4.1 -

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Apresentação dos resultados

Os resultados obtidos após o procedimento atrás referido são apresentados no gráfico n° 1, no que se refere aos comportamentos de inibição.

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1 23456789

Gráfico 1- Médias do número de comportamentos de inibição, nos grupos A e B.

Através deste gráfico, podemos visualizar as médias do número de comportamentos, nos grupos A e B, a nível de inibição intelectual. Assim, podemos verificar que a categoria número 1 (tem dificuldade em se concentrar) é a mais elevada nos dois grupos, enquanto que a categoria 9 (não mostra interesse pelo material escolar) é a mais baixa, igualmente nos dois grupos. Por outro lado, o gráfico mostra-nos, ainda, que os indivíduos do grupo B, apresentam, na generalidade das categorias comportamentais, maior número de comportamentos de inibição intelectual que o grupo A. No que se refere aos comportamentos de desinibição intelectual, podemos verificar pelo gráfico n° 2 que os dois grupos apresentam resultados muito idênticos, com algumas diferenças nas categorias 3, 5e7. O comportamento mais observado nos dois grupos é o 4 e o menos observado é 6.


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Grálico 2 - Gráfico das médias do número de comportamentos de desinibição, nos grupos A e B.

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Gráfico 4 - Resultados do Teste de Eysenck a nível da dimensão N, nos grupos A e B.

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40

50’

20

30

40

50

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B

A

No gráfico 4 podemos observar a distribuição percentual dos alunos dos dois grupos pelas categorias da dimensão N. É de salientar a elevada percentagem (superior a 50%), registada no grupo B na categoria Tendência para Introversão, bem como a inexistência de qualquer valor na categoria Estável, no grupo A.

20’

10

ã’sendo, os grupos em estudo, constituídos pelo mesmo número de indivíduos, (grupo A = 34 e grupo B = 58), apresentamos no gráfico 3 a distribuição desses individuos, pelas ciasses, anteriormente referidas, de forma percentual. A maior percentagem recai no grupo A, na categoria de Equilíbrio, com 41% dos individuos. No grupo B, a maior percentagem é de 36%, na categoria Tendência para inibição.

10%

o

GráficoS - Resultados do Teste de Eysenck a nível da dimensão E, nos grupos A e B.

0% Gráfico 3 - Distribuição percentual dos alunos, por categorias, nos grupos em estudo A partir dos resultados do teste de Eysenck para as dimensões E (extroversão e introversão) e N (neuroticismo e estabilidade), elaborámos os gráficos números 4 e 5 que seguidamente apresentamos.

No gráfico n° 5 ilustramos os resultados dos dois grupos na N que evidenciam a semelhança dos dois grupos. No sentido de verificarmos a significância das diferenças, nas são variáveis em estudo, entre o grupo A e o grupo B, aplicamos o Teste


Qui-quadrado quadro II.

(x2). tendo obtido os resultados que apresentamos no

Quadro II: probabilidade de erro, nos grupos A e B, Valor de e x2 nas três variáveis.

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Discussão e Conclusão

1

Verificamos, assim, que a diferença entre os dois grupos é significativa, (p>.02), no que se refere às categorias comportamentais, 1 bem como ao nível da dimensão estabilidade/instabilidade (p>.05), revelando os indivíduos de mais baixo nível sócio cultural valores superiortes em inibição e neuroticismo. 4.2

Os resultados acabados de apresentar revelam-nos diferenças entre os grupos em estudo, a nível de inibição intelectual. As diferenças das médias do número de comportamentos, principalmente, a nível dos comportamentos de inibição intelectual, evidenciam uma inibição mais acentuada (diferença significativa a pcO2). por parte do grupo de nível cultural baixo. Por outro lado, também, no teste de personalidade verificamos diferenças significativas (pcO5) entre os dois grupos na dimens:.1 neuroticismo/estabilidade, com o grupo de baixo nível cultural a apresentar maior índice de neuroticismo. Deste modo, os resultados do presente estudo estão consonância com a literatura produzida sobre o assunto. Hellman (195 (citado por Barros de Oliveira, 1993) refere que “a inibição parcial & inteligência” está patente no acto de aprender e acrescentaremos qt são os alunos, oriundos de meios culturais mais baixos, aqueles que têm tendência a enveredar por tal processo. Assim é que os alunos do gwp B, apresentam, comparativamente, mais comportamentos próprios d quem está inseguro, instável, de quem rejeita o trabalho e de quem podi mas não quer. A estes alunos, é normal os professores catalogarem di preguiçosos e desinteressados. Como diz Barros de Oliveira (1993), o insucesso gera, na criang dotada, sentimentos de culpabilidade e de vergonha que vão contribi.Á

1

1

nO

ii

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1

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para novos insucessos. Ora, se os alunos provenientes de meios familiares culturalmente baixos, estão, desde logo, em desvantagem em relação aos de meios familiares culturalmente altos, já que os objectivos destes são também os objectivos da escola, poderemos compreender os resultados deste estudo. O insucesso gera insucesso porque gera vergonha, porque gera frustração, sentimento de culpabilidade, hostilidade por tudo ou todos os que de algum modo contribuem para que o aluno se veja nesta situação. Os resultados verificados no teste de personalidade de Eysenck, nomeadamente, na dimensão neuroticismo, confirmam que os alunos do grupo cultural baixo são aqueles que mais se situam na dimensão instável. A experiência diz-nos que é neste grupo que se encontra também a grande percentagem de alunos com insucesso escolar. Como referimos mais atrás, quase tudo, na escola, é mais adverso aos alunos do grupo 8 que aos do grupo A. Sem estar em condições de o fazer, o aluno do grupo B tem de se adaptar e de se ajustar a situações novas, muito mais do que o aluno do grupo A. Este é portador de determinado nível cultural que lhe permite uma evolução social e escolar menos problemática e 1 menos esforçada. Daí a possibilidade de um maior desenvolvimento, naquele, de toda uma situação de stress, de angústia, de instabilidade, de desadaptação à escola, de inibição intelectual, de insucesso escolar, de abandono e, por fim, de desvalorização da escola. Estes alunos irão pois engrossar o número daqueles que, como futuros progenitores, kjrnecerão modelos aos seus futuros filhos de desvalorização da escola, mesmo que, como nos diz Celeste Malpique, (1986), eles tentem transmitir aos filhos outros valores. Este é na verdade o grande problema da escola de hoje. Como conseguir que o grupo culturalmente baixo se identifique com os valores da escola, sem que esta se desvalorize a si própria. E que o nosso estudo, poroutro lado, também nos aponta alguns casos (3) de inibição intelectual no grupo A. Será que o facto de a escola, com objectivos dirigidos aos grupos tradicionalmente designados por culturalmente médios ou Lmios altos, nada diz aos grupos culturalmente elevados e que por to mesmo está a contribuir, também deste modo, para conduzir esses unos para um processo de desadaptação? E que também no teste Cde personalidade de Eysenck, na dimensão N, acontece basicamente o mesmo. Percentualmente, no grupo A encontram-se 9% dos alunos na categoria comportamental instável, enquanto que no grupo B só se sentam 3%. Qual será a razão deste resultado, já que a tendência para a instabilidade é de 52% no grupo B, e de 41%, no grupo A? Será


o

que a pressão exercida, pelas familias, muito exigentes , sobr e os filhos, explicará estes resultados? A observação empírica levanos a crer que as fortes exigências por parte da família, alicerçadas na necessidade de médias elevadas, para prosseguir estudos, poderão cont ribuir para a instabilidade referida, nos alunos do grupo A. Podemos, assim, concluir que o nível cultural familia r tem uma forte influência no modo de comportamento do alun o, influência essa que poderá ser reforçada pela escola, já que verificamos que 50% dos alunos do grupo A e 55% do grupo 6, apresentam com portamentos de natureza neurótica. Já no que se refere a’ inibiçào, verificamos que os dois grupos

são completamente distintos, O grupo A apre senta resultados, essencialmente, na zona de equihbrio (41%) e da desin ibição (47%), enquanto que o grupo B se distribui uniformemente pelas três zonas (36%,,31% e 33%).

I]BUOGRAFÍA

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TEORIAS EXPLICATIVAS DO INSUCESSO EDUCATIVO E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO UMA ANÁLISE EMPÍRICA -

EDUCATIONAL FAILURE AND INTERVENTION STRATEGY THEORIES AN EMPIRICAL ANALYSIS *

Sussana Pinto (issusana@netvisaopt) e Francisco Tomõ” (tome@ipg.pt)

[su via

De forma a promover a igualdade de oportunidades democ ratizou -se o acesso ao ensino, e como consequência ó insucesso escolar atingiu níveis pre ocupantes. Neste contexto, o nosso objectivo foi procurar averiguar as princi pais explicações apontadas pelos professores para este fenóm eno estraté e gias de intervenção. Através de um inquérito a professores, foi possív el ordena r as causas e as estratégias de intervenção adoptadas para o combater. Os resul tados obtidos na explicação deste problema, puseram em evidên cia teorias de cariz essencialmente individualista centradas no handicap socïocultural do

aluno. No que concerne às estratégias promoloras de eficáci a adopta das pelos professores; estas deixam de estar predominantemente centrad as no aluno,

para se centrarem na pratica sócio-institucional e biogen ética. bem Se que os professores defendam que vale a pena lutar contra o insuce sso educat ivo utili zando estratégias sistémicas para recuperar os alunos, estas são ainda pouco utilizadas por eles. Palawas-Chave: Ensino Pedagogia, Investigação em Ciências da Educação, Insucesso Educativo;

ISTRACT To promote equal opportunity, access to educat ion was democ ratized , and as a result, failure and drop-out rates have reache d alarmi ng levels. In this contexi, this paper wifl try to define the concep t educat ot ional failure to then dscover the primary sources of this phenomenon as cited by teache rs and lhe lhitefvention strategies adopted. The results obtaine d show that the theorie s are tcntially individualistic, centred as they are lhe on social and cultura l handic ap I the student. As for the strategies lhat promo effecti te ve teachin g, these are rt predominantly centred on lhe studen t, bul ralher on social and institu tional well as biogenetic practice. While teachers protess that ii is worthwhiie lo fight

educational failure using systemic strategies to recover studen ts, these sarne

strategies are little used.

lwxds: Teaching, Pedagogy, Educational Faliure, Educabona] Sdence s research.


r —

NTRODUÇÃO

. . .. . . ...... . .... ..... .. .........

Muitos estudos têm vinda a demonstrar a importância do aumento dos níveis de escolaridade para o desenvolvimento das sociedades. Como consequência democratizou-se o acesso ao ensino, tornando-o obrigatório em muitos países e o insucesso tornou-se um problema preocupante. Aliado ao insucesso surge o abandono escolar com consequenciais muito negativas, para o país e a sociedade em geral. Segundo Silva (2004), esta situação “atira os jovens para empregos precário, situações de marginalidade e exclusão social, reproduzindo as desigualdades sociais e prejudicando os objectivos do pais em termos de produtividade da economia”. Segundo o EUROSTAT, em Portugal as saidas precoces do sistema de ensino são as mais elevadas da União Europeia (45°k, 52% para os Homens e 38% para as mulheres) e multiplicam por três a média dos 25 países. Para combater este problema há antes de mais nada que saber determinar as causas que se escondem por detrás dos problemas de aprendizagem e depois há que utilizar as ferramentas correctas para agir sobre essas causas. Sem conhecer as causas é impossível tratá-las. Da escola exige-se igualdade de oportunidades mas também sucesso escolar, pois todos os cidadãos têm direito à igualdade de oportunidades no que respeita ao acesso e ao sucesso na educação. As causas do sucesso escolar variam muito de pessoa para pessoa e de situação para situação, pois são instáveis no espaço, na pessoa e no tempo. Isto desconcerta os investigadores que acabam por não conseguirem dar respostas cabais nem apontar soluções únicas para o insucesso escolar Os problemas de aprendizagem tanto podem ter a ver com factores físicos como podem ter a ver com factores mentais, com factores genéticos, com factores emocionais bem corno de factores de contexto sócio-cultural, Previsíveis ou inesperados, estes problemas exigem soluções energéticas que requerem do professor uma constante maleabilidade e adaptação, em função da qual a escola e especialmente a sala de aula se transformam em contextos dinâmicos e interactivos, «Se bem que o insucesso escolar se não identifique com as dificuldades de aprendizagem, pois estas não conduzem necessariamente à reprovaç (..j» (Rebelo et ai., 1995, 43), o que é certo é que os dados estatístic

• Professora, icgicda &n F.:osoLa e Mestre n c&-cas da E1UOaÇ Professor licenoado em Econom3 e Mestre em Gestão da lnfomi nas Ofgan2ações

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1

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relativos às taxas de insucesso sugerem que há um elevado número de alunos que repro’’am devido a problemas de aprendizagem graves. Caso não usufruam de ajudas especiais, estes alunos ficam sem dúvida excessivamente expostos ao risco do insucesso, como aliás ressalta da enumeração das nsequêrcias dos problemas de aprendizagem realizada pelos autores acima citados: impedimento de o aluno atingir os objectivos propostos; nã obtenção dos diplomas escolares, reprovação ou abandono da escola, repetição de anos (atraso no plano temporal definido para a aprendizagem), obtenção dos diplomas em tempo normal mas com classificações inferiores relativamente ao desejado, e dependência relativamente a ajudas específicas (explicações, exercícios, técnicas e programas especializados). Acrescem ànda outras consequências no domínio psicológico (fraco auto-conceito, desmotivação, comportamento inadequado) ou relacionadas com a escolha vocacional ou à adaptação social e profissional, Na verdade o ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando apenas de estímulos externos e internos (motivação, necessidade). Daí que em muitos estudos se tenha constatado que os alunos provenientes de meios sócio-económicos mais desfavorecidos, são estatisticamente aqueles que apresentam logo à partida um Handicap de conhecimentos e aptidões acumulado no ensino secundário que vai favorecer o seu insucesso educativo e muitas vezes terminar no abandono do ensino superior. No momento em que se examina o futuro da Educação e se decide a orientação da política educativa, urge retiectir sobre o modo como os professores explicam o insucesso escolar e as estratégias adoptadas para o resolver. Questão sistémica por excelência, importa então analisar a epistemologia em função da qual os professores descrevem, explicam e, essencialmente, resolvem os problemas.

r

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A Corrente Biogenética

2 TEORLAS EXPUCATft/AS DO INSUCESSO EDUCATIVO Existem quatro teorias principais que se inserem em correntes de pensamento sócio-educativo muito bem estruturadas: a corrente Bogenética, a corrente do handicap sociocultural, a teoria sócio-institucional e finalmente a corrente sistémica, que passaremos a clarificar. 2.1

Sendo as necessidades humanas por natureza ilimitadas, a vontade c aprender é uma característica essencial do ser humano, pois somente


-

A Corrente do Handicap Sociocultural

este possui o carácter intencional de aprender. A aprendizagem é o processo de alteração de conduta, seja por condicionamento operante, experiência, ou ambos, de uma forma razoavelmente permanente. As primeiras explicações do insucesso inserem-se numa perspectiva analítica e individualista intrínseca ao aluno. Segundo Rey (1988) a explicação encontra-se nas deficiências inatas, quer sensoriais, quer de atenção ou de inteligência. Assim, entre as principais causas que o podem determinar, encontra-se a dislexia, a discalculia, e todo o tipo de deficiências sensoriais, atrasos na maturidade e mesmo bloqueios afectivos. Neste contexto teórico, os defensores desta corrente consideram qi. o desempenho escolar está dependente da inteligência inata ao aluno que intega a sua herança genética e que pode ser medida por intermédio cio quociente de inteligência (0. 1.). E com base neste 0. 1., cujo valor médio é de 100, com uma dispersão de valores ilustrada por uma curva de Gauss, que os representantes desta corrente, entre os quais se destaca o médico R Oebray-Rten, explicam o insucesso escolar (Bastin e Roosen, 1992). Alunos que manifestam um 0.1. inferior a 90, enfrentam dificuldades intransponíveis desde o 1 . Ciclo e dificilmente concluem a escolaridade obrigatória.. Este facto é especialmente válido para a faixa de 0. 1. entre 70 e 80 (pertencentes à faixa etária superior da deficiência ligeira). Os alunos que revelam um quociente intelectual entre 90 e 100 (25%) são dotados de uma inteligência que se pode denominar de «normal-média fraca». Os alunos que têm um 0.1. entre 100 e 110 são normalmente julgados como pouco capazes para terminar o ensino secundário. Se alguns atingirem os últimos anos, isso será no «esgotamento do corredor de Marathon» (Basfin e Roosen, 1992, 35), sempre como ponto de chegada e nunca de partida para a universidade. Na sua grande maioria, os alunos que integram a faixa de 0. 1. entm 110 e 140 (25% do total) são bem sucedidos no secundário e poderão aceder à universidade, ainda que seja necessário um 0. 1. superior a 120 para estar à altura das exigências deste nivel de ensino. Além do mais, é necessário ter em conta a natureza dos cursos: os estudos literários e as ciências experimentais são menos exigentes que as matemáticas puras que 1 requerem umO. 1. superior a 130. 2.2

Com base em estudos sociológicos, a parbr da década de 60, o insucesso escolar passa a ser explicado pelas diferenças entre os nív

o

sociais das famí]ias. Este ponto de vista apoia-se na forte correlação estatística entre ihsucesso (ou sucesso) e origem social. Neste contexto destacam-se os estudos de Bourdieu e Passeron que explicam o problema do insucesso em termos de sistemas de diferenças: «(...) às diferenças de posições sociais dos pais correspondem diferenças de posições escolares dos filhos e, mais tarde, diferenças de posições sociais entre estes filhos já adultos. Há reprodução das diferenças» (Charlot, 1997, 19-20). Segundo Pinto (2002) “a escola reproduz e legitima a hierarquia social, pois as normas que institui como normas escolares, e à luz das quais avalia as competências individuais, correspondem às normas culturais próprias das classes privilegiadas. Assim, os alunos originários destas classes são portadores de um capital cultural bastante próximo do da escola e de um habitus que mais facilmente os predispõe para o sucesso.” Todavia, a motivação tem um papel fundamental na aprendizagem e ninguém aprende se não estiver motivado, e se não desejar verdadeiramente aprender. -

2.3 A Teoria Sócio-Institucional

Segundo Afonso (1988) as últimas décadas tem-se assistido a uma metamorfose na explicação do insucesso. Se até aqui ele estava centrado rias diferenças individuais ou nas desigualdades sócio-familiares dos alunos desloca-se agora para a escola como instituição. Ana Benavente, em Insucesso escolar no contexto português (1990, 717), mostra bem esta nova alentação, quando afirma que, «a partïr dos anos 70, o trabalho de análise da produção do insucesso escolar (...) interessa-se pelos mecanismos que operam no interior da própria escola; interrogando o seu funcionamento e as suas práticas, a corrente sócio-institucional sublinha a necessidade da dferenciação pedagógica, pondo em evidência o carácter activo da escola na produção do insucesso (..j». O relatório de Coleman, de 1966, relativo à avaliação dos resultados das reformas introduzidas no sistema educativo americano, e os seus efeitos sobre grupos minoritários em situação de desvantagem escolar mostra que o insucesso deixa de ser fatalmente imputado a factores exteriores à instituição escola (meio, famiia), até agora considerado temtório neutro, passando a ser construído na malha das hteracções que quotidianamente se estabelecem entre alunos e práticas escolares.


-

2.4 A Corrente Sistémica Com o advento da cibernética, surge uma nova teria explicativa do insucesso. Segundo Evéquoz (1 987a, 35), a designação de abortlagem sistémica, pode ser definida como “uma orientação teórico-prática que se concentra essencialmente sobre o processo de interacção e de comunicação entre os membros de um sistema, mais do que sobre as dinâmicas intrapsíquicas ou a reconstrução psicogenética dos problemas individuais”. Esta orientação teórico-prática implica uma mutação epistemológica que se traduz na recusa de uma visão de causalidade, a favor de urra analise ponderada á complexidade das relações. Para expressar esta nova forma de ver e de actuar, Hosnay (1975) utiliza o conceito de macroscópio. Este é um instrumento simbólico que serve ‘para observar aquilo que é simultaneamente demasiado grande e por demais complexo para os nossos olhos (tal como a sociedade humana, esse organismo gigantesco que nos é totalmente invisível)» (Rosnay, 1975, 14). Segundo este autor, a abordagem sistémica constitui uma metodologia que, possibilita uma integração dos conhecimentos, e assim assegura uma maior eficácia. Esta análise recomp as suas componentes numa totalidade, contemplando a sua dinâmica, ou seja, as suas interacções e as suas interdependências. A noção de sistema corresponde a essa recomposição. Se bem que os modelos tradicionais centrados na dimensão intrapsíquica do aluno concebem o insucesso escda como doença e o aluno como paciente ao isolarem do seu ecossistema o aluno em dificuldade, desprezando os aspectos relacionais implicados no seu insucesso; nesta nova abordagem o aluno deixa de ser visto como a exteriorização de uma patologia, passando estar integrado num sistema. Assim o insucesso passa a servisto como um comportamento inadequado a uma determinada situação, marcada pela disfuncionalidade da comunicação sistémica. Para lutar contra ele vale a pena alargar o «leque das receitas» (Rey, 1988); e modificar a forma de o olhar. Sendo sempre sinal de crise, o insucesso pode converter-se numa ocasião de crescimento, pois activa as capacidades dos elementos do sistema e a descoberta de respostas na reorganização do seu funcionamento. Segundo esta abordagem o insucesso do aluno aumenta quando entra em ressonância com outros insucessos vividos pela famíba, pelos professores ou mesmo pela instituição. Sendo necessário estudar o sentido e a função do insucesso no sistema familia na relação alunos/professor/grupo-turma e no contexto institucional. Estes três eixos mostram claramente a diversidade e a riqueza com as quais a Sistémica concebe o tema do insucesso escolar.

‘1

METODOLOGIA, INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS Para compreender as estratégias postas em prática pelos votessores para recuperar alunos em situação de insucesso escolar, seguimos uma metodologia de investigação que recaiu sobre um questionário de administração directa a professores que leccionaram turmas com elevadas percentagens de reprovações’. A primeira parte deste inquérito refere-se a questões de representatividade teórica do insucesso escolar e modos de intervenção adoptados para recuperar os alunos. Numa segunda parte, procura-se averiguar a forma como os docentes representam o insucesso e a reprovação, bem como das estratégia por eles adoptadas e a eficácia que atribuem a tais estratégias. Finalmente na terceira parte, procura-se averiguar a visão fatalista ou não do combate ao insucesso escolar. Neste estudo obteve-se uma taxa de respostas de 55% do total de inquéritos enviados. A maioria dos alunos, 62,44%, era proveniente de freguesias urbanas. Identificaramse variáveis que respeitam à caracterização dos alunos e professores (sexo, idade, anos de serviço, profissionalização, habilitações, anos de docência, situação profissional) e construíram-se outras variáveis estratégicas especificamente ligadas ao assunto em estudo: teorias, práticas, causas do insucesso, estratégias de recuperação, eficácia, etc. Estas variáveis foram finalmente codificadas e as observações tratadas estatisticamente.

I-

ANÁLISE DISCUSSÃO E DE RESULTADOS Nesta secção analisa mos alguns dos resultados obtidos, com a finalidade de confro os ntar com os modelos explicativos do insucesso escolar. Em primeiro lugar, constatamos que os professores recorrem prefere ncialm ente à teoria do Handicap Sociocultural para explicar o insuce escolar, enquanto que a teoria socio-instituicional aparece em sso último lugar das preferências e não é escolhida por nenhum docente em conforme consta no quadro abaixo. Mmrn Ii nr

-

Esle tratal[ tee coir base o inquénto elabco po nlo 5. (2002), Insucesso escolar: fatalidade ou desafio? dos discursos den têcos à são dos prolessoes a reevãnDia s,stémica Factidade de Psicrogia e Ciências da Educação, Gombra.


c

Teorias

Quadro 1

-

Imporlânda das teorias por ordem decrescente 26061 1,7576 1,0308

0,5488

0,7918

09981

Desvio-padrão

2,000

3,6364

Teorias Explicativas do Insucesso Educativo Moda 3 1

Siogenética Handicap 4 1

Sócio-instituicional Sistémica

Desvio-padrao

ii

L1

Relativamente à teoria do Handfcap sócio-cultural, 84,4% dos inquiridos colocam esta variável em primeiro e segundo lugar. Já a teoria Sócio-instituicional, nunca é colocada em primeiro lugar, aparecendo em quarto lugar para 66,7 % dos inquiridos. A teoria Sistémica é colocada nos dois primeiros lugares por 72,7 % dos professores. A ordenação segundo o grau de importânciafoi aseguinte: 1 °lugar—Teoriado Handicap sociocpltural, 2° lugar Teoria Sistémica, 3° lugar Teoria Biogenética, 40 lugar Teoria Sócio-institucional. Estes resultados estão de acordo com resultados empíricos americanos sintetizados por Gosling (1992). No que concerne ás práticas para lutar contra o insucesso escolar; obtivemos os seguintes valores:

1,4381

Práticas Pedagógicas Importância por ordem decrescente

1,3491

2,5455

1,2755

Quadro 2

Biogenética

3,5152

1,7489

.

Handicap

4,4242

Praticas

Apoio Pedagógico

1,3679

2,3939

1,3106

Sócio-instituicional Sistémica

2,9393 5,0303

Reprovação

Os resultados obtidos revelam que as escolhas dos professores incidem prioritariamente, sobre o tipo de intervenção proposta pela teorial Sócio-Institucional, oquereforçaaideiadeumacertadesresponsabilização do professor perante o insucesso escolar. Uma pequena margem separa esta da prática proposta pela corrente Biogenética. O Apoio Pedagóg& e Reprovação com 4,4242 e 5,0303, respectivamente são colocadas em média em 5° e 6° lugares da ordenação de importância. Embora a Reprovação apareça aqui como medida positiva e não como medida punitiva, os professores inquiridos parecem não lhe reconhecer eficácia’ A ordenação segundo o grau de importância foi: 1° lugar Prática

F

sócio-institucional, 2° lugar Prática Biogenética, 30 lugar Práticas Sistémicas, 40 lugàr Práticas inerentes à teoria do Handicap, 5° lugar apoio pedagógico e 5° lugar Reprovação. • No que concerne às causas do insucesso escolar as que são mais frequentemente apontadas pelos professores estão relacionadas com o Handicap do aluno, que são por ordem de importância: 1° Falta de esforço/empenho/preservança dos alunos, 2° Falta de bases dos alunos, 3° Falta de motivação para os estudos, 4° Método de estudo desadequado. Relativamente às medidas adoptadas pelos professores para reduzir o insucesso educativo, foram classificadas em quatro categorias: Estratégias Promotoras de eficácia ( como por exemplo a adequação do ritmo de leccionação, a diversificação das metodologias de ensino, a adequação dos conteúdos à vida, ensinar a estudar, etc), Estratégias de individualização (individualizar o ensino, promover a auto-estima, motivação e responsabilização), Estratégias de compensação (apoio acrescido, marcação de trabalhos extra) e finalmente Estratégias Sistémicas (Promoção do diálogo, trabalhos em grupo, ambiente da aula, etc.). Neste estudo constatamos que as estratégias preferidas 1Pelos professores recaem predominantemente pelas Promotoras de eficácia (média 6,18), e de individualização (3,8). As Estratégias de compensação (1 ,24) e sistémicas (1,48) são as menos utilizadas pelos Inquiridos. . Da análise de correlação entre teorias eleitas e práticas adoptadas verificámos que existe uma forte relação entre a teoria sistémica e respectivas práticas (coeficiente de correlação de 0,665), Além disso t’a correlação linear existente entre estratégias e respectiva eficácia é [positiva em todas elas, no entanto os valores mais elevados observamse na teoria sistémica, como podemos observar no quadro n. 3.


P

T 1 C

Quadro 3 —

Matriz de Correlação entre as Teorias e Práticas Pedagógicas Handtap -0,2l

Sistérnica

Giogenética -0.335 -0404

Sócio -tnst.

0,004

0,345 -0,095 0,191 0665

0065 -0.328 0,154 -0-233 -0,208

0.350 0,356 0.207 -0,303 -0.028

Biogenélica

-0.445 -0.316 -0.053

0,208

Apoio Peda. Sócb-Inst. Sistémica 0.272

0,063

Reprovação

Handicap

0,6391

Est. de Individualização

0,2209

Est. de Compensação

0,3597

Est. Prometeras de Eficácia

0,9083

Est. sistémicas

Constatamos também que existe uma muito baixa correlação entre a teoria e práticas biogenéticas (0,350), o que indica que os professores que explicam o insucesso escolar por intermédio desta teoria, raramente tendem a resolver o problema pondo em prática as estratégias que esta teoria sugere. Em terceiro lugar verificamos que a leria do Handicap e as prática’s apresentam uma correlação geralmente baixa. Daqui se deduz que a importância atribuída às teorias Handicap e Sócio-Institucional não têm a respectiva correspondência em termos práticos. Para avaliar a eficácia atribuida às estratégias determinou-se a correlação existente entre as estratégias de compensação e a eficácia, que apresentam valores positivos, embora moderados para as estratégias de individualização e muito altos para as estratégias sistémicas. Quadro 4 Matriz de Correlação entre as Estratégias Utüizadas e a Eficácia Obtida Eficácia Estratégia Esi. de Indiv.dua!ização Est. de compensação

Est. Prometo, de Eficácia Esi. Sistémicas

,

No que concerne à questão controversa: ‘Será o insucesso educativo uma fatalidade?” 97% dos professores consideram que vale a pena lutar contra o insucesso escolar. Entretanto, colocados perante a opinião nem o melhor ensino pode colmatar a insuficiência de dons”, apenas 61% dos professores concordam, enquanto 29% estão desacordo. Dada a complexidade do fenómeno do insucesso escolar, consideramos pertinente a aplicação da analise factorial das

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,

,

e’

componentes principais pois permite realçar a estrutura latente de um fenómeno influenciado por um conjunto de múltiplas variáveis. Os dados obtidos demonstram que três componentes retidas explicam 57,8% da variância total, o que constitui uma proporção bastante significativa. Esta analise permitiu também confirmar que os modelos teóriocs-praticos sustentados pelos professores afectam as formas de lutar contra o insucesso escolar. A primeira componente retida (com um peso explicativo de 24,352%) refere-se aos modelos de representação teórico-prática deste problema, em particular ao que fazer? A segunda componente com uma capacidade explicativa de 18,24%, designa a forma de actuar dos professores perante as causas do insucesso escolar, em função dos modelos mentais de explicação do insucesso. Características pessoais relativas à experiência profissional e formação dentifico-pedagógica terceira componente, assumem também um peso importante na explicação da variação das respostas (15,3%)

fl-

CONCLUSÃO Podemos concluir que os problemas de aprendizagem são muitos e variados e raramente existe uma única causa para os explicar, dado ser um problema compléxo. Isto leva a que frequentemente se diga que não existem soluções ou que as que existem não são eficazes. Neste estudo os resultados obtidos permitem em primeiro lugar afirmar que a actuação dos professores perante situações de insucesso depende do modo como ele é explicado ou representado pelo seu sistema cognitivo. Funcionando como um conjunto de crenças teórico-práticas, estas representações funcionam como guias da praxis pedagógica, o que permite confirmar que existe uma consistência entre as estratégias utilizadas pelos professores e as representações por estes sustentadas, isto é uma coerência entre a teorias e práticas. Neste estudo as estratégias privilegiadas pelos professores, são as estratégias promotoras de eficácia e de individualização. Nas primeiras inclui-se, por exemplo, a adequação do ritmo de leccionação, a simplificação do processo de ensino, a diversificação dos métodos de ensino, o ensinar a estudar, etc.; nas segundas, a promoção da auto-estima, a motivação e a individualização do ensino. Estas estratégias são suportadas pelas Teorias Sócio-cultural e Biogenética, respectivamente. De facto quando se trata de recuperar alunos em situação de insucesso, os professores utilizam essencialmente as estratégias promotoras de eficácia que têm correspondência nas práticas sócio-culturais. Assim, os professores procuram a solução ao


rgtanla s r 1

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nível da actividade na sala de aula e prende-se com un dos maiores desafios da carreira docente: a capacidade de adaptação consta nte a diferentes públicos no sentido de responder às suas necessidades ou dificuldades específicas. [iBLIOGRAFIA

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LN

PERFIL PSICOSSOCIAL DE IDOSOS DO INTERIOR DE PORTUGAL: ESTUDO DE CASO NUMA FREGÜESIA DO DISTRITO DAGUARDA

e João Amado”’

PORTUGAL COUNTRY ELDERLY PSYCHOSOCIAL PROFILE: CASE STUDY OF AN VILLAGE OF GUARDA

Constança Paúl, António M. Fonseca”, Ignácio Martin’

Í ISUMO

Ser idoso é uma condição plural dos indivíduos que têm o privilégio de ter vidas longas. A condição de ser idoso, na aclualidade, corresponde a padrões diversificados de comportamentos e de contextos e podo ser devidamente compreendida na sequência da análise de histórias de vida. O envelhecimento em contexto rural adquire a especificidade que ilustramos com um estudo de caso efectuado na freguesia de Aldeia do Bispo (concelho do Sabugal, distrito da Guarda), abrangendo 117 idosos aí residentes, vivendo de forma

independente. Os resultados alcançados permitem constatar uma população numa condição psicológica não muito animadora, embora a sua resignação e as baixas expectativas relativamente ao tuturo acabem por dissimular esse estado. Palavras-Chave: Envelhecimento. Idosos, Meio rural, Condição psicológica.

Beng elderly is a plural condition of those who have thê privilege of having

[STRACT

a Iong life. The elderly condition nowadays reílects diversified behaviour patterns

ol different lifestyles that can besi be understood by analysing case studies. This case study of lhe village of Aldeia do Bispo (in the town of Sabugal, district of Guarda), with 117 elderly, independent residents, illustrates special characteristics of the aging process in rural areas. This population demonstrates a discouraged psychological condition, although resignation and Iow expectations about the

Keywords: Aging, Elderly, Life, Rural seffing, Psychological condilion.

Mure tend to dissimulate this state of mmd.

-

Docente do COAS un:versdado do Porto Docente da univers:dade catóhca Portuguesa Docente do 1555P Polo Docente do IOA5 unversidade do Polo


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Egtanta a e i

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1. INTRODUÇÃO Dada a imensa heterogeneidade do ser idoso (Shock, 1985), as investigações sobre os idosos e o processo de envelhecimento, mais do que chegarem à definição de padrões abrangentes, resultam em retratos datados de pessoas ou comunidades que num determinado tempo histórico vivem a sua condição de idosas, com necessidades que . se cruzam com os recursos existentes e promovem a criação de outros As realidades diversas que constatamos são o espelho das expectativas e papéis que reservamos aos cidadãos mais velhos, das políticas sociais e, sobretudo, da sociedade em que estão (estamos) inseridos. Só esse conhecimento permitirá definir objectivos de qualidade de vida e adequar políticas regionais, tendo em vista a optimização de recursos. A política relativa aos idosos deve basear-se num conhecimento aprofun6ado das suas realidades e condição psicológica, social e económica. Para isso, não basta sabermos quantos são os idosos e qual o valor das pensões de reforma, obviamente baixas, que recebem. Até mesmo esse índice objectivo tem um valor diferencial se nos estivermos a focar num idoso residente em Lisboa, num monte alentejano coloração? E a ou numa aldeia nortenha. E a solidão, terá a mesma 50 andar sem elevador capacidade de vida autónoma? Será igual num ou numa velha casa térrea? Seguramente que não, pela resposta a estas e inúmeras outras questões tem sempre uma validade ecológica (Paúl, 1997) que importa sublinhar e que nos obriga a observar criteriosamente os diferentes “reais” disponíveis para a compreensão das pessoas, nos seus contextos e subjectividades. ENVELHECIMENTO EM MEIO RURAL É difícil definir o que se entende por “idosos rurais” e é frequente utilizar-se esta expressão para denominar situações diversas, que vão desde idosos residentes em zonas não urbanas, em pequenas povoações de menos de 2500 habitantes, ou agricultores propríamile ditos vivendo em propriedades mais ou menos isoladas. No nosso estudo de caso, referimo-nos de facto a uma pequena comunidade remota, em que a maioria dos seus habitantes vive ou viveu da agricultura, pelo que o consenso relativo à denominação de população rural é fácil d9 obter. De qualquer forma, a questão da ruralidade é um dos extrema de um continuum de situações residenciais diversas em que os idosos envelhecem, todas elas tendo características e necessidades específi

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EUtanla a e 1 e ii e 1 a

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que devem ser consideradas. Krouts e Coward (1 998) referem os mitos existentes relativamente à velhice no campo para, depois, os analisarem na sua adequação à realidade presente e às políticas adoptadas para as regiões rurais. Os mitos por eles enumerados sobre os idosos rurais são os seguintes: reformam-se em pequenas comunidades bucólicas, onde os esperam anos de felicidade e contentamento com poucas preocupações ou cuidados; têm um forte apoio de redes familiares, que estão sempre disponíveis para lhes prestar os cuidados apropriados quando precisam; têm elevados níveis de saúde e satisfação; vivem em comunidades solidárias, que se preocupam especialmente com as necessidades dos idosos; têm pouca necessidade de serviços de apoio; embora não sejam ricos, conseguem suprir as suas necessidades de forma confortável porque os custos de vida no campo são mais baixos; são muito semelhantes enquanto pessoas e relativamente ao ambiente em que vivem. Porém, como referem os autores e nós próprios pudemos constatá lo estas crenças são muito distantes da realidade. As populações mrais debatem-se com inúmeras necessidades não preenchidas, como a ausência de serviços sociais e de saúde, de transportes, apresentam dificuldades económicas evidentes para aceder a serviços e equipamentos afastados da sua zona residencial e a migração do mundo rural para zonas urbanas despovoou as comunidades e afastou potenciais cuidadores familiares. Isto faz com que haja, frequentemente, uma dupla ou tripla sobrecarga da condição de idoso, ou seja, víve-se em zonas fracamente povoadas e com poucos recursos, a que se associam ainda por vezes problemas de saúde, de baixos rendimentos e de solidão. De facto, em Portugal, estas comunidades enfrentam fortes desvantagens, sobretudo nas áreas da saúde, habitação, rendimento e acesso aos serviços. A esta situação associa-se outra que também faz parte dos mitos sobre o viver nas comunidades rurais, já referida acima, fespeitante ao maior apoio familiar aos idosos. O fenómeno de migração do mundo rural para as zonas urbanas, comum à generalidade dos países e com a especificidade própria de Portugal, ajuda a tornar a vida dos


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arfamos de supor. O idosos rurais francamente menos idílica do que gost envelhecida e interior rural de Portugal é, na sua generalidade, uma zona etudo a partir da fracamente povoada, donde os mais novos saíram, sobr procura de uma década de ‘60, para as cidades e para o estrangeiro, à velhos”, onde se vida melhor. Muitas das nossas aldeias são ‘terras de . fecham as escolas primárias e se abrem lares de idosos ecem, É globalmente neste tipo de contextos que os idosos perman companheiros de ora entregues a si próprios, aos seus cônjuges e adores informais uma vida, ora institucionalizados. A figura dos cuid ção dos filhos e não tem expressão, porque não está presente a gera indo a divisão de o cuidado entre pares é mútuo dentro do casal, reflect os é sobretudo tarefas praticada ao longo da vida. O suporte dos vizinh uma troca habitual instrumental e também ele existente na sequência de proximidade. O que se estendeu ao longo dos anos de convivência e lar de idosos, só é cuidado formal, principalmente a entrada para o cionalização encarado geralmente como último recurso, podendo a institu casos, os não se verificar necessariamente no lar da aldeia. Em muitos nas cidades em idosos institucionalizados optam por lares existentes a por ter muitos que os filhos vivem e trabalham e o lar da aldeia acab obedecendo residentes oriundos de povoações limítrofes, provavelmente a uma lógica de existência de vagas. mento Aobservação destesfactos deixa-nos perplexosface ao planea s regiões deste dos recursos comunitários e à evolução social das vasta rurais e quais país. Qual a condição psicológica e social destes idosos questões que as suas necessidades e expectativas, foram algumas das vo realizado em quisemos ver respondidas através de um estudo intensi l, distrito Aldeia do Bispo, uma freguesia raiana do concelho do Sabuga A sua escolha da Guarda, com uma taxa de envelhecimento de 298,8%. entos da equipa foi de conveniência, pela ligação que um dos elem privilegiado à mantinha na comunidade, permitindo-nos um acesso população local. POPULAÇÃO E MÉFODO e tem uma Aldeia do Bispo estende-se por uma área de 12,7 Km2 395 habitantes1 população total, de acordo com os censos de 2001, de entes com mais (eram 433 em 1991), dos quais cerca de metade são resid casa dos 35%. de 65 anos. A taxa de analfabetismo geral situa-se na ulta médica, Nesta aldeia, a Farmácia abre uma vez por semana e há cons eamento1 também semanal, no Lar de Idosos. Com base no Recens

..........

Eleitoral de 2000 e em informações recolhidas no terreno, através da Junta de Freguesia, obtivemos um total de 119 idosos a viver em suas casas, dos quais foram entrevistados ii 7 (49 homens e 68 mulheres). A recepção aos entrevistadores foi boa, tendo-se registado apenas uma recusa e uma ausência. Todos os idosos foram entrevistados em suas casas, de acordo com as suas conveniências sendo que a entrevista durava em média uma hora. A população de ídosos estudada apresenta uma médía de idade de 74,5 anos, (DP=6), variando entre os 65 e os 93 anos. Para posteriores análises, dividimos os idosos em três grupos etários: o de idosos jovens (65-74 anos), com 59 sujeitos; o de idosos (75-84), com 51 sujeitos; o de muito idosos (com 85 ou mais anos) com 7 sujeitos. Relativamente ao estado civil, 4 são solteiros (3,4%), 85 casados (72,6%) e 28 viúvos (23,9%). Vivem na sua maioria com o conjugue, mas 22,2% vivem sós e 6% vivem com filhos. Os rendimentos são na generalidade baixos e oriundos de pensões de reforma ou subsistência, situando-se: para 84,6% dos idosos, abaixo dos 250 € mensais; para 10,2%, entre 250 e 500 € mensais; para 5,1%, entre 500 e 1000 € mensais. A taxa de analfabetismo no grupo entrevistado é de 76,9%, havendo 20,5% de idosos com a escolaridade básica e 2,5% com o ensino secundário. Os instrumentos utilizados no estudo foram, para além de questões socio-demográficas, uma medida das relações sociais (Lubben, 1988), uma escala de actividades instrumentais (Lawton e Brody (1969), uma escala de ânimo (Lawton, 1975; Paúl, 1992) e uma escala de qualidade de vida HOQOL, versão curta em português) (Fleck et ai., 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 RELAÇÕES SOCIAIS

A existência de uma rede social de apoio informal, constituída por familiares, vizinhos e amigos, é geralmente considerada como um bom indicador de saúde mental e um óptimo prognóstico de bem-estar, uma vez que serve para facilitar o confronto e resolução de acontecimentos de vida difíceis e/ou amortecem o seu impacto. A Escala de Relações Sociais de Lubben (1988) permite-nos obter informação sobre a quantidade, a periodicidade e a intimidade (proximidade) do contacto com elementos da rede de suporte. A média relativa a familiares é de 10,7 (DP=3,6).


o o

Quadro 1: Medidas Sociais

«i 16,96fr31 .961’

Aideia do Uispo

I(116,96)43,154’

J

9,9 dp. 3,0 14.Sdp. 3.7

( 10,7 dp. 3,6

Estudo Rioto

Relativamente aos amigos, fez-se o mesmo somatório, tendo-se obtido uma média de 14,8 (DP=3,7). Há ainda uma medida de relações de confiança mútua, cuja média é de 4,3 (DP=2,0). Estas medidas não sofrem qualquer variação com o sexo ou com a idade. Se atentarmos no Quadro 1 verificamos que estes valores são significativamente diferentes dos obtidos num estudo piloto, com sujeitos entre os 30 e os 85 anos, realizado em Portugal com esta mesma escala (Paúl et ai., no prelo). Assim, nas categorias família e sobretudo amigos, a população de Aldeia do Bispo tem uma rede mais alargada, mas no que concerne aos confidentes essa relação inverte-se, mostrando por um lado a maior extensão da rede de relações existente nesta pequena aldeia rural e, por outro lado, a provável parcimónia com que aqui são tratados os assuntos íntimos.

FamWa 7,Sdp. 3,0

Amigos

t(116,96=22,777

6,4 dp. 2,3 4,3 dp. 2.0

Ccnderites

4.2 CAPACIDADES INSTRUMENTAIS As capacidades que destacamos nos idosos dividem-se em primárias (básicas) e secundrins (inRtrl imentais). Referimo-nos às primeiras como actividades de vida diária (AVD), incluindo a alimentação, a higiene, o vestir-se, etc. Referimo-nos às segundas como as acções do dia-a-dia que não envolvem directamente o corpo próprio, nem as funções básicas, mas que estão indirectamente relacionadas com estas (ex. comer versus comprar ou cozinhar a comida, sendo o alimentar- se uma actividade de vida diária e as compras ou a confecção da comidaas correspondentes actividades instrumentais). A avaliação das capacidades instrumentais dos idosos é fundamental porque nos permite conhecer a sua possibilidade de vida autónoma, mesmo quando não se registam grandes dependências e antes de ficarem comprometidas as actividades de vida diária. A Escala de Lawton e Brody (1969) - EAIVD - considera 8 actividades como, por exemplo a utilização do telefone, fazer compras, cozinhar, tomar a medicação, entre outras.

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Se considerarmos, a autonomia máxima como o desempenho ao nivel mais elevado em cada uma das oito actividades, obteremos a pontuação máxima de 8. Na nossa população, a média obtida foi de 6,3 (DP=2,7), pelo que verificamos que se trata de idosos bastante autónomos, mas cuja capacidade instrumental declina significativamente com o grupo etário ( F(8,116) =4,749, p<.000 ). A capacidade instrumental destes idosos também varia signíficativamente na razão inversa da existência de apoio exterior ( E (8,11 6)= 5,501, p<.000), dos cuidados recebidos (F(8,1 16)= 8,198, p< .000) e da auto-avaliação da saúde (F(8,1 16)= 4,012, pc000 ). Como veremos posteriormente, a qualidade de vida também varia signiftativamente com a maior ou menor capacidade dos idosos em realizarem as suas actividades instrumentais de vida diária. 4.3 ÂNIMO DOS IDOSOS

O estado psicológico do idoso, ou o ânimo, é um indicador precioso do seu bem-estar A Escala de Animo (Lawton, 1976) é constituída por três sub-escalas: Solidão/Insatisfação, Atitudes Face ao Próprio Envelhecimento e Ansiedade/Depressão, as quis apresentam um bom poder discriminativo entre diferentes grupos de idosos (Paúl, 1992). A análise das médias destes idosos mostra que eles se sentem um pouco sozinhos e insatisfeitos, têm atitudes negativas face ao envelhecimento e estão ansiosos e deprimidos. No Quadro II podemos observar que são resultados que não apresentam diferenças significativas relativamente a outros idosos portugueses, com idénticas características sócioeconómicas mas residentes em meio urbano (Paúl, 1992). Os indicadores de ânimo destes idosos rurais não variam com o grupo etário, nem com o sexo. O sentimento de solidão varia significativamente com o estado civil, favorecendo os casados relativamente aos viúvos e solteiros (F(2,1 1 6)=5.1 64, p<0.Ol ). Osentimentodeansiedade/depressãotambém varia significativamente com o estado civil dos idosos ( F(2,116)=3.331, pcO.05 ), favorecendo mais uma vez os casados. As atitudes face ao próprio envelhecimento variam com a existência de confidentes na rede de suporte dos idosos (F(5,1 16) = 5,378, p< 0,000).


3.5 dp 1.9

3.0 dp 1.4

So::iao

3.2 dp 1.4

3.6 dp. 1.7 2.6 dp 1.6

2.6 dp 1.6

A1tude face cc Ansiedade Enve!hecimento

Quadro 2: Resultados da Escala de Ânimo em díferentes populações de idosos Bairro urbano camarário, com apoio domicilládo Aldeia do Bispo

4.4 QUALIDADE DE VIDA Avaliamos a Qualidade de Vida dos Idosos utilizando a versão reduzida e em português do WH000L (Fleck et aI., 1999), que separa quatro componentes de Qualidade de Vida (0V): 0V Física (saúde), QV Psicológica, 0V Social e 0V Ambiental. Estes indicadores, como se observa Ao Quadro III, variam com o grupo etário (diminuindo a qualidade de vida conforme a idade aumenta), variam com a auto-avaliação da saúde (os que se avaliam como tendo melhor saúde são os que têm melhor 0V) e variam ainda com todas as subescalas de ânimo, com as quais existem correlações positivas e significativas. A 0V Ambientai varia positivamente com todos os indicadores de relações sociais. A 0V Psicológica varia ainda com o sexo, favorecendo os homens, e com o estado civil, privilegiando os casados. A 0V Social varia ainda com a existência de maior número de amigos.

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CONCLUSÃO Concluindo, temos diante de uma aldeia de idosos, vivendo de forma independente embora com fraca capacidade económica, contando sobretudo com o seu cônjuge e com os vizinhos. Estes idosos não esperam muito da vida que lhes resta, rezam a Deus pela manutenção da sua saúde e autonomia e transmitem um sentimento de paz resignada, misturada com sentimentos de solidão apenas mitigada no dia-a-dia pelo(a) seu(sua) companheiro(a) de uma vida. Aparentemente, as redes sociais de apoio fornecem suporte emocional e algum suporte instrumental em fases de dependência ligeira, mas quando a saúde se deteriora, a institucionalização torna-se frequentemente necessária. Estes resultados mostram que estes idosos rurais, envelhecendo longe dos filhos e netos (com frequência a residir no estrangeiro) estão numa condição psicológica não muito animadora, embora a sua resignação e

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baixas expectativas relativamente ao futuro, dissimule um estado que nem uma rede sócial alargada parece colmatar. As noites solitárias, o filo do Inverno passado em casas com deficientes condições de habitabilidade, tornam dolorosa uma velhice que se impõe quase como uma vivência colectiva, partilhada por todos os que se encontram diariamente no café da povoação, semanalmente à porta da igreja ou simplesmente cruzando os caminhos da povoação. Há como que um sentimento de fim, não só de uma vida, mas de uma terra, da sua terra, sem que se vislumbre nenhum indicio de mudança, agora que os imigrantes já não pensam em voltar e os velhos, cada vez menos, encaram até a hipótese de acompanhar filhos e noras para terras estranhas. Para as raras crianças (havia 4 na Escola Primária), a vida na aldeia surge quase como uma moratória que desemboca bem longe dali. Nesta, como em outras aldeias do interior rural do país, a política para a Terceira Idade é um paliativo da desertificação do país rural e atrasado que fomos, que ainda somos e que provavelmente seremos. Melhorar a qualidade de vída destes ídosos é melhorar a qualidade de vida das populações do interior rural do país. Os programas de desenvolvimento rural integrado serão a forma mais adequada de intervir Isso passa por criar emprego e serviços, fixar e atrair os mais jovens e dinamizar as comunidades para o desenvolvimento das potencialidades locais. Neste contexto, os idosos podem ser alvo de sub-programas transversais específicos, mas que nunca funcionarão de forma eficaz se não integrarem uma perspectiva alargada de intervenção comunitária. Avaliar a qualidade de vida é um olhar sobre si mas também um olhar em volta, para o ambiente e os recursos que estão próximos, para o acesso a serviços e equipamentos, para o desenvolvimento de um país de costas voltadas para o seu interior rural, na espera absurda de que ele desapareça e deixe então de ser problema, sem se lembrarem que a perda é, seguramente, histórica e colectiva.


tugtanlasc

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UM SISTEMA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM TURISMO: REQUISITO PARA O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO

TOURISM EDUCATION AND TRAINING SYSTEM: REQUISITE FOR TOURISM DEVELOPMENT

MO

Manuel Salgado e José Alexandre Martíns

Isu

flSTRACT

Este artigo constitui uma reflexão sobre um sistema em rede de educa e formação para o sector do Turismo, estabelecida entre Portug al e os Pai Lusófonos. O objectivo principal é comprovar as vantagens da existên cia uma rede institucional de cooperação nos vários níveis formativos e educali no sentido de fomentar interlig a ação entre os interve nientes e as instituiç que implementam cursos de formação para o sector do turism o. Para justifi a análise proposta, em rede, salient a-se import a ância de quatro vectc essenciais para a sua consecução: crescen a te activid ade de investi g& científica no turismo; o maior envolvimento da comun idade académ ica e associações profissionais; a realização de diversas tipolog ias de fóruns debate e de partilha de experiências em torno da área científ ica do Turismo; inter-relação dos vários intervenientes no processo educativo e formativo ne área. Palavras-Chave: Turismo; Formação; Rede; Lusofonia.

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Ocen:es da ESU do (nsttulo Poióaco da Guarda

This article is a reflection on the educational and formation networ k syst 1 in lhe area ol Tourism established between Portugal and members ol 1 Lusophone Commonwealth. The main objecti ve is effecti to vely demon strate dvantages of an institutional networ k for educat ional or trainin g cooper ation improve relations between individuais and institu tions lhat conlrib ute to traini lhe Tourism sector. Justification for this analys is is based on four esseni dimensions: (1) growing scientific research activity in the area of Tourism; eater involvement of academia and protessional associa tion; (3) growii opportunities to share experiences in lhe area of Tourism via conferences ai [debate; and (4) the interconnectedness of lhe agents of lhe educational ai training process in this area. Kewords: Tourism; Training; Network; Lusophone Commonwea lth.

1


a

INTRODUÇÃO O presente artigo incide sobre a importância da concepção de um sistema de educação e formação em Turismo em rede, que se deseja ímplementar entre Portugal e os Estados Membros da Lusofonia. Ele constitui a componente escrita da comunicação apresentada no âmbito do Congresso Turismo Cultural, Luso fonia e Desenvolvimento, realizado em Cabo Verde em 8 e 9 de Novembro de 2001. O Congresso constituiu um importante fórum de debate e de reflexão sobre as tendências actuais deste importante sector da actividade económica, não esquecendo as suas amplas implicações sociais, culturais, ambientais, políticas, educativas e formativas, etc. Como é sabido, o turismo é uma indústria estratégica para o desenvolvimento de muitos países e regiões do globo. Este é, também, um .pressuposto inquestionável para todo o espaço lusófono, aqui equacionado. Porquanto, a nossa exposição procurou mostrar uma panorâmica geral da oferta educativa e formativa em turismo, em Portugal, para justificar a possibilidade de uma relação simbiótica com as instituições formativas em turismo, do espaço lusófono, visando o desenvolvimento integrado e sustentado do turismo, a longo prazo, nos Países de Língua Oficial Portuguesa. Para assumir a criação da rede institucional referida, como proposta de trabalho para os países do espaço lusófono, apresentam-se quatro pressupostos de enquadramento teórico: a actividade de investigação científica; a comunidade académica e as associações profissionais; a realização de seminários e conferências: e os agentes da educação e formação em turismo. Para complementar a exposição dos argumentos teóricos deste artigo, que suportam o triângulo formação, turismo e desenvolvimento refere-se a importância de se realizar um estudo às realidades dos vários sistemas formativos no Turismo. Esse trabaiho visa construir um modelo de interacção em rede entre os países da lusofonia. A EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM TURiSMO A importância do papel da educação e formação tem vindo a ser realçado pela função estratégica no desenvolvimento e consolidação do turismo, como factor essencial de desenvolvimento regional e nacional. Apesar desta afirmação ser aceite no seio académico, existe ainda uma certa falta de reconhecimento institucional, quer por parte da indústria

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do turismo, quer pela sua organização pública. Contudo, a educação e formação em turismo caminha no sentidc de firmar o seu corpo de conhecimento científico, ado consubstanci em: actividade crescente de investigação científica: no número de jornais e revistas de cariz académico; publicação de artigos, livros e manuais sobre o objecto dos estudos turísticos; criação de sociedades profissionais de turismo fomentando, te, inclusivamen a comunicação no interior da comunidade académica, através da realização de seminários conferências ou congressos sobre as problemáticas do turismo (sendo este Congresso, já na sua terceira realização, um dos melhores exemplos); e por fim, a análise às fontes de informação estatística, equacionando e permitindo o melhor conhecimento do sector do turismo sob o prisma quantitativo, exempio deste trabalho é a implementação da Conta Satélite do Turismo (promovida pela Organização Mundial de Turismo nos Estados Membros).

A ACTJVIDADE DE INVESTÍGAÇÃO CiENTÍFICA A investigação em turismo pode ser definida, de forma simples, como o processo de formulação de perguntas sobre o fenómeno turístico, a colecçâo sistemática, a organização e a análise de informação de natureza turística, com o fim de obter comportamentos tipificados, tendências e relações; para compreender o sistema turístico, permitindo a tomada de decisões e a construção de predições, que forneçam os cenários alternativos para o futuro do fenómeno turístico. A investigação sobre a actividade turística deve ser realizada em ligação com a actividade educativa. Os profissionais da educação turística devem desenvolver uma continua ïnvestigaçâo, a todos os níveis, do sistema educativo. Revela-se, assim, ser fundamental incentivar esta cultura nos departamentos educativos, por forma a gerarem as suas áreas de investigação nos vários níveis de formação, promovendo a friovação contínua junto da prática escolar. A importância da investigação em turismo tem sido muito valorizada nos últimos vinte anos ITTC, 1997), pois, a reconstrução económica está relacionada com o turismo e, o planeamento das estratégias de desenvolvimento turístico requer um constante input de dados qualitativos e quantitativos, que sejam relevantes e fiáveis. A investigação, no presente, constituirá a base do ensino do futuro. Esta constatação reafirma a importância estratégica do processo de investigação, para a qualificação do processo de ensino-aprendizagem


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no turismo e a aquisição das competências necessárias, por parte dos investigadores/docentes do ensino superior, no sentido de permitir o avanço da educação e formação em Turismo e a condução do processo de consolidação do seu corpo do conhecimento.

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A COMUNIDADE ACADËMICA E AS ASSOCIAÇÕES PROEISSIONAIS A comunidade académica que reflecte sobre o Turismo é ainda restrita, no entanto, as perspectivas de contínuo crescimento são justificadas pelas tendências de crescentes de provimento de educação e formação em Turismo. Neste sentido, têm-se desenvolvido sociedades profissionais com objectivos claros do estabelecimento de fóruns de debate e de permuta de ideias e experiências. Lawson (1974: 104) recomenda a criação de uma associação de representantes de instïtutos e universidades que ensinam Turismo, com os propósitos de: (i) troca de informação, de interesse comum; (ü) ligação entre escolas, gabinetes de carreira, organismos profissionais e indústria turística; (Ui) desenvolvimento de cursos; (iv) estabelecimento de contacto com cursos similares. Faulkner et ai. (1994: 391) sugerem a formação de uma comunidade de investigadores universitários em Turismo, com interesses comuns, que necessita de se organizar para promover e usar a investigação no desenvolvimento e articulação efectiva do sectordo turismo. A mobilização da comunidade de investigação pode prosseguir os objectivos de forma coordenada. Cooper et aI. (1994:56) referem o aumento da preocupação sobre a qualidade da educação em turismo, que se reflecte no número crescente de redes educacionais entre instituições, e entre educadores. pela causa comum da qualidade da educação em turismo. Apesar destas redes se implementarem, quer ao nível nacional, quer internacional, elas estão ainda na ‘sua infância”. Para Vilches (in OMT, 1997: 170), as associações profissionais do turismo espanhol enfrentam, actualmente, vários factores que influenciam o seu ambiente operacional: (i) a relativa juventude da indústria do turismo; (ii) o escasso prestígio e a baixa auto estima profissional; (iii) a limitada participação social e uma imagem associativa mal acolhida. O associativismo profissional na sua vertente turística, está praticamente a nascer, num dos fenómenos sociais mais importantes do século )0( o turismo. Vilches expõe as razões que justificam a existência de associações profissionais turísticas (idem; 173-175): (i) a “vertebração” da sociedade, pois as associações profissionais são chamadas a colaborw

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com outros agentes da sociedade civil e a uma maior participação nos centros de decisão do Estado; (ii) uma consciência de identidade, como objectivo prioritário para alcançar a maturidade e o prestígio social das profissões do turismo; (Ui) uma auto estima profissional, que se projecte para o exterior em forma de prestígio; (iv) um fórum de opinião, de plataforma de divulgação e comunicação, assim como de informação objectiva e independente, para a sociedade e o sector turístico; (v) as relações humanas e os serviços, pelo enriquecimento das relações humanas e sociais, proporcionando aos seus associados um melhor conhecimento da profissão; (vi) auto-exigência de qualidade e formação, tentando sensibilizar os associados para a colaboração activa na constante procura por maior qualidade. Soeldner enumera algumas das associações académicas e profissionais do sector do turismo (in Ritchie et ai., 1994: 86). Para Goeldner (in AIEST, 1990: 215), a constituição de associações no seio escolar, constitui um passo importante no estabelecimento da presença académica do Turismo. A título de exemplo, Fúster (1991: 690) refere que a sociedade científica AEIST foi fundada em 1951, com as principais finalidades de: (i) manter relações fraternas e amigas entre os membros; (ü) favorecer as actividades científicas dos membros, o contacto entre as pessoas, a procura de documentação e o intercâmbio de opiniões e experiências; (üi) promover a actividade dos estudos de carácter científico no Turismo e de outros centros de investigação e de instrução especializados, desenvolvendo as relações entre eles e os membros da associação; (iv) organizar congressos ou conferências e cursos de carácter científico no Turismo, colaborando nos mesmos. A AIEST deu origem a associações nacionais de turismo, como a francesa AFEST e a italiana ANIEST (1963). Sanz (1995: 71) descreve o papel que a ANESTUR (Federação Espanhola de Escolas de Turismo) tem na coordenação de esforços para manter a mesma linha de actuação, visando o estabelecimento de uma filosofia idêntica nas escolas de Turismo, promovendo a realização de congressos, assembleias, publicações, etc., e prestando uma atenção permanente ao ensino do Turismo. Os objectivos da AMFORT(Fúster, 1991: 691) são os seguintes: (i) proporcionar aos diplomados em Turismo uma rede de relações em todo o mundo; (U) pôr à disposição dos profissionais um fórum que lhes permita expor as necessidades em matéria de formação profissional; (iü) reunir os responsáveis de escolas de Turismo para efeitos de colaboração, harmonização de programas de ensino, de perspectivas de emprego de


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diplomados, etc.; (iv) informar os governos sobre as iniciativas tomadas no mundo em matéria de ensino do Turismo; (v) organizar um corpo de documentação básica para o ensino (manuais, exercícios, dicionários, instruções pedagógicas, materiais e documentos); (vi) cooperar com os organismos internacionais interessados nos problemas de formação prohssional. Os alunos e ex-alunos de escolas de Turismo e de Hotelaria, têm criado associações nacionais para a defesa dos seus interesses; algumas delas publicam as suas próprias revistas (idem; 693). A OMT (1995: 242) descreve o processo de criação da European Tourism Education Network (EFEN), com sede em Toledo (Espanha), e aponta as suasfinalidades: (i) desenvolver uma rede europeiade centros de educação e investigação turística; (ü) criar uma infra-estrutura de serviços, que: desenvolva níveis de qualidade em educação turística; facilite a coordenação e os intercâmbios; fomente a educação de educadores; desenvolva programas e materiais formativos; ofereça instalações para a investigação coordenada e as actividades especializadas para educadores e investigadores; promova a cooperação europeia colectiva em matéria de educação turística, investigação e desenvolvimento em turismo (l&D), em outras regiões do mundo; transfira de tecnologias e know-how europeu; realize investigação turística para o desenvolvimento dessas regiões; estabeleça programas e centros de educação turística; desenvolva programas de intercâmbios de estudantes; favoreça os vínculos entre o sector público (governo) e privado (indústria), para realçar a importância de acções coordenadas no desenvolvimento turístico; sensibilize as administrações e a sociedade sobre a importância do turismo e da educação turística; aconselhe a administração e a indústria; promová a reciclagem da “gestão superior” e dos funcionários públicos; fomente o desenvolvimento e o uso de novos métodos e tecnologias, na indústria turística; alcance a excelência da educação turística, da investigação e do desenvolvimento turístico, e da indústria turística em geral. Westlake et aLQn OMT, 1997: 285) referem que a ETEN inclui o projecto da Associação Internacional de Estudantes de Turismo (ITSA), como projecto inovador dedicado à melhoria da tradicional experiência da íormação, tanto para os estudantes participantes como para as empresas. Na sua essência, a lISA procura melhorar a relação entre a educação em Turismo e a indústria, através de formação de uma rede para lidar com questões reais do emprego em turismo, particularmente, as questões da motivação dos empregados e da qualidade do serviço. A OMT, por meio do Instituto para a Qualidade na Educação em Turismo (THEMIS), segundo Smith (2000: 106), promove a qualidade

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da educação em Turismo nos vários níveis, e a cooperação a nível global. A crescente tomada de consciência sobre a necessidade de maior ligação internacional em rede, sentida entre as instituições educativas e formativas, leva Smith a referir a criação de uma rede de investigação, a nível de doutoramento, com os seguintes objectivos: “O) fornecer a liderança na área do Turismo, através do desenvolvimento, da investigação e dos estudos de doutoramento; (ü) coordenar a interacção, a troca e a comunicação entre as universidades mais relevantes, bem como com a investigação em turismo, promovida pelas organizações governamentais e não governamentais; (hi) partilhar informação e metodologias de investigação, por forma a expandir e fomentar o conhecimento de base, do turismo; (iv) determinar os tópicos de investigação prioritáribs em turismo aos níveis internacional, regional e nacional, que devem ser estudados pelos candidatos a doutoramento; (iv) realizar conferências, workshops e seminários, sobre processos e resultados de investigação em turismo; (v) promover esforços de investigação e colaboração através da ínternet, incluindo a publicação de dissertações de doutoramento; (vi) aumentar o prestígio e a consciência sobre a investigação em turismo. Faulkner et ah (1994: 390) afirmam que a realização anual de conferências sobre investigação e educação em Turismo, constitui um catalisador válido para o desenvolvimento de uma comunidade cientifica, que: (i) fomente a cooperação, a unidade e a noção colectiva de desígnio; i) providencie oportunidades para a troca de informações acerca das actividades e de partilha de conhecimentos relativos às inovações da área; (iii) providencie um meio para os investigadores e educadores interagirem com os representantes da indústria e do governo, e assim se tornarem mais informados acerca das necessidades dos vários sectores.

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5 A REALIZAÇÃO DE SEMINÁRiOS E CONFERËNCIAS O aumento do número de seminários e conferências sob a temática do turismo, vem criando um importante fórum de debate, facilitando a comunicação dos educadores entre si, e entre estes e a indústria do turismo, no sentido de partilhar experiências, de identificar as falhas do corpo do conhecimento e, sobretudo, de estabelecer parcerias para a investigação conjunta. Segundo Cooper et ah (1996: 39), as conferências fornecem material que pode ser encontrado em jornais, relatórios e nas próprias actas. Eles referem o aumento de conferências organizadas para os educadores em Turismo, nomeadamente: “CHRIE annual conference;


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TIRA annual conference; WTO regional conferences; Conference of the Society of Travei and Tourism Educators; lhe Australian Tourism Research Conference”; e conferências organizadas pelas Universidades de Surrey e de Calgary, etc. A conferência internacional de profissões turísticas, que na sua primeira edição se denominou E/Capital Humano en Ia Industria Turística dei Si9Io XXI (OMT, 1997), visou analisar a situação actual dos recursos humanos no sector do turismo e avançar na procura de soluções, tão consensuais quanto possível, para os problemas da educação, formação e gestão, assim como alcançar uma crescente profissionalização no turismo. Dessa conferência resultou a Declaração de Madrid sobre o Desenvolvimento dos Recursos Humanos no Turismo (CMI, 1997), onde se refere que, nesta mudança de século, o turismo emerge como a maior força, na economia mundial. Muitas das nações desenvolvidas e em dese’nvolvimento, terão mais oportunidadeà de participar no turismo, como receptoras ou emissoras. No próximo milénio, muitas estratégias influirão qualitativaequantitativamente noturismo, eentreelas predominará o desenvolvimento dos recursos humanos. Os princípios resultantes da conferência são: (i) levar os parlicipantes a darem a máxima prioridade ao desenvolvimento dos recursos humanos; (ü) declarar que a educação e a formação constituem uma pedra angular do desenvolvimento da profissão turística; (iü) reconhecer a utilidade de novos paradigmas, que respondam melhor a um ambiente de mudança, concedendo um papel chave à educação geral e à formação especializada em Turismo; (iv) considerar necessário o desenvolvimento de normas, certificação e acreditação universal, para reforçar os programas existentes e orientar a formulação de novos sistemas de educação e formação em Turismo; (v) recomendar a aplicação de novas tecnologias e de sistemas de informação, à educação e formação em Turismo; (vi) apoiar a integração dos diversos elementos do Turismo numa área de estudo consolidada; (vii) reconhecer a importância da qualidade e do profissionalismo como factores essenciais na educação e na prestação de serviços.

OS AGENTES DA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM TURISMO O incremento das actividades promovidas pela comunidade académica da área da educação e formação em Turismo e as associações profissionais representativas do sector contribui de forma decisiva para o reconhecimento e a afirmação desta crescente comunidade, preocupada 1 com a investigação do fenómeno turístico. Esta realidade permite-lhes

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assumir um papel de representação mais activa na definição integral das políticas educativas e conciliar os esforços dos profissionais para se alcançarem as finalidades educativas pretendidas, nomeadamente o estabelecimento de um corpo de conhecimento consolidado para a disciplina do Turismo. De forma progressiva, tem-se assistido à consolidação do turismo como indústria e vector fundamental para o desenvolvimento de muitos países e regiões, em particular o espaço lusófono. No entanto, estando patente a relação de simbiose entre o desenvolvimento e o turismo, e para atingir os níveis de desenvolvimento pretendidos, é imprescindível olhar para a indústria do turismo de uma forma estratégica, estruturante, globalizante, integradora, planeada e sustentada. Assim, para o desenvolvimento baseado nas premissas referidas ser efectivo, é primordial que haja equilíbrio e funcionalidade no triângulo da qualidade educativa (tal como é apresentada pela OMT).

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Tenhamos em conta que os alunos têm o direito de esperar boa qualidade da educação recebida, mas, também, devem empenharse activamente no processo educativo e serem implicados no desenvolvimento da qualidade educativa; as empresas, que devem participar no desenvolvimento do sistema educativo, nomeadamente udando a fixar os objectivos e as orientações educativas gerais, a facilitar a realização de estágios aos alunos, a fornecer suporte financeiro às instituições educativas e controlar as necessidades de mão-deobra, por forma a serem satisfeitas pelos alunos que saem do sistema educativo; a administração deve contribuir para as orientações políticas do sistema educativo, reconhecer as qualificações obtidas nos diferentes níveis educativos, formar, empregar e controlar os outputs do sistema; finalmente, os profissionais da educação, que devem assumir o seu papel de protagonistas na qualidade educativa.


No funcionamento deste ciclo existe necessidade de melhorar e mudar mentalidades. Alguns dos aspectos que poderão ser considerados obstáculos ao eficaz incremento da qualidade educativa (essencial ao binómio turismo/desenvolvimento), são: Çi) dificuldades de comunicação formal e institucional, entre os vários intervenientes do processo; (ü) entraves financeiros às escolas, que poderão pôr em causa projectos essenciais para garantir a qualidade educativa preconizada; (iii) falta de instrumentos, a vários níveis, que permitam um maior conhecimento das diversas instituições e dos seus projectos, por forma a criar sinergias e a optimizar, de forma planeada, o sistema educativo na área da formação em Turismo; (iv) ausência de tentativas de harmonização dos curriculos dos cursos da área do Turismo e Hotelaria. Assim, este ciclo, que deveria serecientetem,no sistema educativo, a maisfavorável “mola” paraa inversãodasituação actual. Paraisso, o sistema 1 educativo deve potenciar as suas capacidades, aproveitando a sua visão global do processo, que o torna equidistante dos outros intervenientes, e apelar à sua massa crítica, que é capaz de pensar o futuro e estar sempre aberta às novas ideias e necessidades. tmbuído deste espírito e, com as imprescindíveis ajudas e empenhamento dos outros intervenientes, o sistema educativo deve sempre considerar a procura educativa e as competências requeridas pelos mercados laborais das indústrias do turismo. Além disso, nos seus vários elementos, os projectos devem t& como princípio orientador a apresentação dos indicadores necessários para a quantificação, qualificação, sustentabilidade e organicidade, de todos os projectos, em separado, e do grau de integração do projecto educativo como um todo.

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7 CONCLUSÃO A constituição da rede institucional de cooperação no espaço lusófono, nos vários níveis formativos e educativos, visando fomenta a interligação entre os intervenientes e as instituições com cursos de formação no sector do turismo, é, em nossa opinião, uma fórmula potenciadora do círculo virtuoso desejado para a qualidade educativa, através das sinergias resultantes do trabalho partilhado entre todos os intervenientes no processo educativo e formativo em Turismo. A educação e formação é condição ame qua non no desenvolvimento turístico. Para que esta verdade seja generalizada ao espaço lusófono, como esperamos ter mostrado pelos argumentos tecidos, é necessário verificarem-se as seguintes condições: (i) o fomento

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de uma cultura académica e empresarial baseada na actividade de investigação científica do fenómeno do turismo; (U) o estabelecimento de um forte compromisso entre os desígnios da comunidade académica e os das associações profissionais do sector; (iii) a concepção e concretização de acções conjuntas, traduzidas em seminários, confe rências e outras iniciativas de cooperação, especialmente, no âmbito do processo educativo em Turismo; (iv) enfim, colocando todos os intervenientes a desempenhar eficientemente as suas funções, sempre em complementaridade e cooperação. Assume-se, então, que o processo de planeamento e gestão do turismo depende, de entre outros parâmetros, da existência de um sistema integral e de qualidade total dos recursos humanos disponíveis no sector, de forma a alcançar o desenvolvimento integrado e sustentado, numa base económica diversificada. No contexto lusófono é fundamental, cada vez mais, a troca de experiências educativas de sucesso e a afirmação em rede das instituições, para a partilha das suas experiências de ensino e investigação, nas áreas do Turismo e Hotelaria. EBUOGRAFA

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CRESCIMENTO ECONÓMICO E DIMENSÃO DOS GOVERNOS: O CASO PORTUGUÊS

ECONQMIC GROWFH AND GOVERNMENT INTERVENTION: THE CASE OF PORTUGAL Constantino Mendes Rei

rEss\1O Em Portugal, impera a visão de que o sector público é ineficiente, causador

de má afectação de recursos! criando desincentivos vários e consequentemente, inibidor do crescimento económico. O objectivo deste trabalho é o de investigar, recorrendo à metodologia de cointegração e causalidade de Granger, até que ponto o papel do Estado em Portugal e em particular o peso do sector público (medido pelas despesas públicas) tem contribuído positiva ou negativamente para o crescimento económico português. Como primeira implicação destes resultados, resulta que os mesmos sustentam a linha de orientação da política económica dos últimos Governos, no sentido de reduzir o peso do Estado na economia portuguesa. Parece pois que as ineficiências do sector público português são importantes e que a inversão do ritmo de crescimento económico e a m&horia da produtividade podem de facto passar pela transferência de algumas actividades e funções do Estado para a iniciativa privada. Palavras-Chave: Crescimento, Economia, Governo, Portugal.

[BSTRACT In Portugal, the image of the public sector is associated with inefficiency and bad resource rnanagement, creating both a lack of concern and restraining economic growth. The aim of this paper, using co-integration and Granger causality tests, is to investigate lhe extent to which the Portuguese state and, in particular, the public sector have positively or negatively contributed to Portuguese economic growth, as measured by public expenses. lhe first implication of these results sustains the government’s policy of reducíng State involvement in the Portuguese economy. The inefficiency of the Portuguese public sector is revealed to be significant; inverting economic growth pallerns to improve productivity will likely be obtained by transferring part of the state’s role to the private sector. Keywords: Growth, Economie, Government. Portugal.

Docen!e da ESTG do Instituto Politécnico da Guarda


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[NTRODUÇÃO A existência de Governos é uma condição necessária ainda que um não suficiente, para a prosperidade de uma sociedade. Também é afectação facto que, nos países onde os governos monopolizaram a mesmas de recursos e outras decisões de carácter económico, essas sociedades não tiveram sucesso na obtenção de níveis de crescimento económico mais elevados. Poucas pessoas questionam a necessidade dos governos e a maioria concorda que uma economia em crescimento em geral está associada com uma maior dimensão desse mesmo governo. Contudo, a evidência mais recente sugere que a expansão da dimensão do governo crescimento ou do sector público de uma economia pode reduzir o económico (Peden and Bradley, 1989; Barro, 1991; Gwadney, Lawson suas and Holoombe, 1998). De tacto, à medida que Estado expande as a funções para além das suas funções tradicionais, como a defesa, começam política, a justiça, etc, os factores inibidores do crescimento a aparecer Em Portugal, impera a visão de que o sector público é ineficiente vários e causador de má afectação de recursos, criando desincentivos consequentemente. inibidor do crescimento económico. O obectLvo deste trabalho é pois o de investigar, recorrendo que à metodologia de cointegração e causalidade de Granger, até ponto o papel do Estado em Portugal e em particular o peso do sector público (medido pelas despesas públicas) tem contribuído positiva ou negativamente para o crescimento económico português. A metodologia a ser seguida neste trabalho seguida é similar à de testar Ghali (1999) e Cao e Li (2001), no sentido de que pretendemos e se existe alguma relação de causalidade entre as despesa públicas de o crescimento do produto, recorrendo às técnicas mais recentes análise de séries temporais que incluem testes de raiz unitária e cointegração. se O restante deste artigo é composto pela secção 2, onde apresentam algumas ideias teóricas e conclusões dos trabalhos ser empíricos existentes. Na secção 3, explicamos a metodologia a a seguida, caracterizando igualmente o caso português, enquanto secção 4 se ocupa dos resultados dos testes efectuados. As conclusões fazem parte da secção 5, a qual inclui ainda algumas observações sobre eo as implicações dos resultados obtidos sobre a política económica levantamento de alguns problemas e sugestões para estudos futuros.

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TEORIA E RESULTADOS EMR]COS A questão de saber se a dimensão do estado é um factor positivo ou negativo na economia agregada tem sido analisada com frequência’. Dado que as despesas da administração pública são uma componente do PIB, a consequência lógica é de que podemos esperar uma correlação positiva entre as duas variáveis. Contudo, tanto no campo conceptual como no campo empírico, a contribuição do sector público para o crescimento económico pode exceder ou ficar aquém da variação da dimensão do governo, medida pela proporção do consumo público no PIB. Um ponto de vista sustenta que maior Governo, provavelmente afecta o crescimento económico de uma forma positiva. O principal argumento é que o Governo pode corrigir efectivamente as imperfeições do mercado e reconcilia os interesses, geralmente conflituosos, entre o privado e o social. Também nos casos em que o Governo é mais eficiente que o sector privado, um maior governo pode proporcionar efeitos spi/Iovers significativos sobre este último. Por outro lado, quando a formação de capital público e a formação do capital privado são verdadeiramente complementares, os projectos públicos podem estimular os investidores e logo potenciar os investimentos privados e por consequência o crescimento económico. Posen e Weinberg (1998) fazem notar que os governos desempenham um papel mais significativo nos países industriais do que nos países em desenvolvimento, sugerindo assim que o aümento do nível de desenvolvimento e a dimensão do governo devem progredir em conjunto. Uma visão contrária, sustenta contudo que maior governo impede o crescimento económico. A principal razão é que muitas das funções dos governos são ineficientes e não estão em linha com os verdadeiros interesses públicos. A burocracia na tomada de decisão no sector público, as práticas públicas de promoção do interesse de coesão de minorias às custas do público em geral e o comportamento de grupos de interesse especiais que fazem /obby para desviar recursos de actividades lucrativas (monopólios, impostos, taxas) com o objectivo de redistribuição do rendimento em seu favor, todos têm o potencial de atribuir ineficiências na provisão do produto público. Adicionalmente,

• Para um survey sobre a flstôda da dimensão real do Governo desde 1970. ver Bocherding. Ferris and Gauoni (2C01).


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o efeito crowding-out das oportunidades de lucro dos investimentos privados e o efeito distorcionista de algumas políticas fiscais que resultam em menor produtividade, são vistas como substanciais. Como referem Vedder and Gallaway (1 998), 100 much government stifles the spirft of entreprise and Iowers the rate of economic growth”. Ambas proposições enunciadas são correctas e têm o seu próprio lugar, mas dependem da natureza particular de cada economia. Nos países caracterizados pela presença de monopólios, produtos e factores de mercado sub-desenvolvidos, a primeira visão pode ser aplicável, enquanto a segunda será mais aplicável nos países em que o investimento público na agricultura, indústria, energia, banca e serviços financeiros são altamente subsidiados e onde as empresas públicas ineficientes são em grande número. Bates (2001) and Diewert (2001) discutem os factores que promovem o crescimento económico através do crescimento da produtividade, distinguindo entre factores que apontam para uma menor dimensão do Estado (crescimento mais rápido do investimento; crescimento rápido dos inputs primários, maior especialização e crescimento do mercado) ou para uma maior dimensão do Estado (rápido crescimento dos investimentos em educação, formação e capital humano; melhoria no funcionamento dos mercados e acesso à inovação acerca do desenvolvimento de novos produtos e processos). Alguns contributos mais recentes tentam reconciliar estas duas visões conflituosas, propondo uma relação não linear que é positiva quando a percentagem das despesas públicas na actividade económica é baixa e muda de sinal quando a dimensão relativa do estado cresce. Este sinal reverso é encontrado nos modelos de crescimento endógeno de Easterly (1990) e Barro (1990), o qual sustenta que quando o governo é pequeno, o crescimento económico aumenta com o alargamento dos seus serviços e com os impostos, como efeito positivo de maiores bens públicos. Contudo, para além de um dado ponto, os efeitos prejudiciais de impostos elevados sobre a poupança e sobre o investimento reduzem a taxa de crescimento económico. Se é verdade que a teoria oferece poucas orientações, ao nível empírico os investigadores chegaram ao que Kweka and Morrissey (1999) designam por “four seemingly sty/ised facts”. O primeiro destes ‘factos estilizados” é o de que não existe evidência empírica consistente que sustente uma relação, seja ela positiva ou negativa, entre despesas públicas e crescimento: os resultados conhecidos diferem consoante os países ou regiões analisados, segundo os métodos analíticos usados e a

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classificação das despesas públicas, O segundo facto, é que a natureza do impacto das despesas públicas depende da sua forma. Em terceiro lugar, é difícil, nos trabalhos empíricos, classificar as despesas públicas em produtivas ou improdutivas e finalmente, não existe concordância acerca da direcção de causalidade entre despesa pública e crescimento económico, introduzindo o problema de simultaneidade nas regressões cross-countnj.

Geralmente distinguem-se duas grandes categorias de trabalhos empíricos nesta área: os estudos cross-section (Ram, 1986, Barro, 1991, Landau, 1997; Ghali, 1999) e estudos baseados em séries temporais (Cheng and Tin, 1997; Grossman, 1988; Dalamagas, 2000). No estudo do crescimento económico, a escolha da função de crescimento é importante, a qual assume duas abordagens distintas. A primeira uma é metodologia na qual o crescimento económico é especificado como ftinção de um conjunto de variáveis tais como o capital humano e físico, o nível de produto por capita, a estrutura da produção ou as despesas do governo (Cheng and Tin, 1997; Ghali, 1999). Na segunda abordagem, a relação crescimento/despesa pública deriva explicitamente da função de produção geral (Feder, 1982; Ram, 1986, Grossman, 1988; Dalamagas, 2000). Landau (1983), testa o efeito do consumo público sobre o crescimento económico em 96 países (não comunistas) no período 1961-76 e encontra um efeito negativo das despesas de consumo do governo sobre o crescimento económico. Idênticos resultados obtém autores como Kormendi e Meguire (1985) Peden e Bradley (1989), Peden (1991) e Barro (1991), embora neste, o efeito do investimento público não seja significativo. Outros resultados que concluem pela relação positiva incluem Gould (1983); Singh e Sahni (1984), Holmes e Hutton (1990), Rubinson (1997), Vedder and Gallaway (1998), Day, Strazicich and Lee (2001) e Bassanini, Scarpeta, e Hemmings (2001). Gwartney, Lawson e Holcombe (1998), estimam que quando a dimensão do Governo cresce para além das funções fundamentais (core functions) (cerca de 15-20% do PIB), o crescimento económico diminui. Grimes (2003), repete o trabalho daqueles autores e sugere que a dimensão do governo só por si, tem um efeito reduzido no crescimento de longo prazo. Contudo, outros estudos que examinam esta relação proporcionam resultados contraditórios: Grossman (1988) conclui que as despesas do Governo dos US tem um efeito positivo no crescimento do produto, e Karras (1996), centrando-se na estimação da dimensão óptima do governo, conclui que a dimensão óptima dos governos, é de


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cerca de 23% do P18 estimando ainda que as despesas de consumo dos governos são marginalmente produtivas. Outros autores que concluem pela relação negativa são Landau (1983), Barro (1991), Saunders (1985), Smith (1985) e Dalamagas (2000), entre outros. Ghali (1999) usando métodos de séries temporais, analisa a relação entre dimensão do governo e o crescimento económico em 10 países da OCDE, estimando que a dimensão do governo “causa à Granger” o crescimento do output na generalidade dos países, seja de uma forma directa, seja de forma indirecta. Por seu lado, Knoop (1999), usando um modelo de crescimento endógeno com acumulação de capital humano, mostra que o “emagrecimento” do estado não melhora necessariamente o crescimento económico ou o bem-estar. Sendo substanciais os benefícios da redução dos impostos, também o são os custos da redução dos investimentos públicos. Finalmente, de referir que Cheng e Tin (1997) encontram uma relação de causalidade bi-direccional entre despesa do governo e crescimento económico na Coreia do Sul. As implicações gerais da evidência empírica mais recente é pois a de que maiores impostos, transferências públicas mais elevadas e, em menor dimensão, maiores despesas públicas, estão associadas com menores níveis de crescimento e rendimento nacional. Por outro lado, o investimento público, sobretudo em infra-estruturas e educação contribui positivamente para a taxa de crescimento económico de um país, desde que esses investimentos sejam financiados por impostos não distorcionistas ou através de cortes nas despesas públicas improdutivas. Um inconveniente dos modelos de regressão do crescimento cross-section é que eles não captam a dinâmica do crescimento além de imporem restrições paramétricas entre países que frequentemente diferem fortemente em termos da sua estrutura económica. Ao contrário, as análises baseadas em séries temporais com dados de países individuais são mais significativas do que as médias das regressões cross-country. Por exemplo, Ghali (1999) mostra grande disparidade entre países no que diz respeito às suas estruturas económicas e aos -tipos de interacções que existem entre crescimento económico e outras variáveis.

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3, O CASO PORTUGUÊS: MEFODOLOGiA E DADOS Portugal é uma pequena economia aberta, com forte peso do sector público, e que tem registado nos últimos anos um forte movimento

-

-

twtan.a s c

e o e

a

-

de privatizações, sendo frequentes as acusações que apontam as ineficiências do sector público. Com efeito, nos anos mais recentes, as privatizações têm sido uma importante opção da política económica portuguesa com o objectivo de melhorar a afectação dos recursos e a redução do défice público. Impera pois em Portugal (sobretudo na classe política dominante) a visão de que o sector público é ineficiente, causador de má afectação de recursos, criando desincentivos vários e consequentemente, inibidor do crescimento económico. É igualmente reconhecido hoje em Portugal que a situação das finanças públicas portuguesas é grave e tem constituído um obstáculo ao projecto de desenvolvimento do País. De uma forma resumida, os grandes problemas com que Portugal se debate neste momento são: falta de controlo na despesa pública; falta de competitividade da economia e produtividade claramente inferior à média comunitária, o que dificulta o crescimento económico. Para combater estes problemas, os governantes políticos portugueses são de opinião que a “...fórmula para vencer o desafio da competitividade passa fundamentalmente por uma ideia simples: emagrecimento do Sector Público, restrição do Estado áquilo que são as funções fundamentais na Economia, essencialmente reguladoras, e aposta decisiva no desenvolvimento do Sector Privado”. (in programa de Governo do CDS/PP), corroborado pela anterior Ministra das Finanças, que afirmava “Queremos passar de um modelo baseado no Estado, para um modelo baseado na sociedade civil. Queremos que os portugueses se emancipem do Estado e sejam capazes de caminhar pelo seu próprio pé” (in, Discurso da Ministra das Finanças na Ordem dos Economistas em 17-01 -2004). O objectivo deste trabalho é pois o de investigar até que ponto o papel do Estado em Portugal e em particular o peso do sector público (medido pelas despesas públicas) tem contribuído positiva ou negativamente para o crescimento económico da economia portuguesa e daí retirar algumas conclusões quanto às expectativas que podem ser criadas com esta inversão de modelo de desenvolvimento, que retira protagonismo ao estado. Os trabalhos atrás citados, ou pelo menos grande parte deles, omitem as propriedades das séries temporais dos dados quando formulam os seus modelos. E bem conhecido que a inferência estatística assumindo séries temporais estacionárias pode proporcionar resultados enganadores quando a série não é estacionária.


1 11401

-

-

O teste da existência de relações estatísticas entre as variáveis é em geral feito em três passos. A análise inicial de qualquer série temporal deve passar pelos testes de estacionaridade (Dickey-Fuller, 1979,1981; Perron 1988, Phillips e Perron 1988;). Dada a natureza de cada série de dados, é pois necessário saber se cada uma das séries individualmente é ou não estacionária ou, dito de outra forma, saber qual a ordem de integração das variáveis. Se as séries forem inicialmente não estacionárias, então pode existir uma relação de longo prazo entre elas, o que pode ser averiguado através da análise de cointegração (segundo passo)- Os testes de cointegração (Engle Granger, 1987; Johansen, 1988, iohansen e Juselius, 1990, 1992), determinam pois se existe alguma relação estável entre as variáveis que, no nosso caso, possa ser usada para concluir se o crescimento da produtividade tem algum impacto na taxa de inflação em Portugal ou vice-versa. Os resultados da análise de cointegração permitirão igualmente definir a metodologia a ser usada na análise subsequente dos dados (terceiro passo). Geralmente, a ausência de cointegração necessita uma abordagem de teste usando modelos autoregressivos (como os testes de causalidade de Granger, 1969), enquanto que a presença da cointegração permite o recurso à abordagem dos ‘modelos de correcção de erros” (ECM) na análise subsequente. Tendo em conta as deficiências de especificação que um sistema bi-variável pode sofrer, investigaremos a possibilidade de cointegração das variáveis crescimento e despesas públicas no âmbito de um sistema “aumentado” com outras variáveis variáveis que tradicionalmente são usadas neste tipo de estudos, a saber: exportações, importações e investimento. A hipótese de cointegração entre séries macroeconõmicas é muito imporlante para a teoria económica. Se duas ou mais séries são cointegradas, ainda que cada uma delas seja não estacionária, e logo tenha variância inlinita, existe um equillbrio entre essas variáveis que se verifica no longo prazo. Assim, as séries em causa ainda que revelando um comportamento dinâmico e inter-relações de curto prazo muito diferentes e variadas, verificam entre elas uma forte ligação no longo prazo, no sentido de que não se podem afastar muito umas das outras nesse horizonte temporal; ou seja, o erro de equililjrio entre elas é estacionário. As variáveis em estudo, para o período 1960-2001, são pois: PIB= Produto Interno Bruto; 00V = proporção das despesas de consumo da administração pública (GOV/PIB); INV = proporção da Formação Bruta de Capital Fixo no PIB; EXPO = proporção das Exportações no PIB e

‘ b 1’

IMP= proporção das importações no PIB.

r

Dickey-Fuller AumentadosÁfl

1

W

Philfips-Perron

Quadro 1: Testes da raíz unitária de Dickey-Fuller (AD9 e Phi!ips-Perron (P-P)

4. RESUJADOS O quadro 1 resume o essencial da aplicação dos testes de Dickey e Fulier (ADF) e Phillips-Perron (P-P) às variáveis em estudo. As estatísticas ADF e P-P sugerem que todas as variáveis são não estacionárias, ou seja, que todas as séries temporais são integradas de ordem 1 (1), enquanto que os testes aplicados às primeiras diferenças das variáveis, mostram que elas são integradas de ordem zero, 1(0), ou seja, estacionárias nas primeiras diferenças2.

Variãveis

Z.

2 1

1(’

1

K

3,40 3,35

-,

q.

-2,50 -2,44

3,80

1

,

-2,76

1,60

t

1

-1,17

2 1

3,54

1

3,99 1 87 -2,62

2,83

-282 -193 FRCF

-1,40

P18 60V IMP

.

B(P -1,45 1,64 1 -1,40 2,13 1 Jotas: Us valores chticos a 5% e 1% para N=50 são —3,50 e —4,15 para t e —2,93 e —3,58 para T Para 4t, os valores críticos são 6,73 e 9,31 respectivamente (Hamilton, 1994). A dim&nsào dos destasamentos (k) foi determinada usando o critério “AIC- Akaike Infonnation Crllerion”.

Uma vez que, quer a variável produto (PIB), quer as Despesas Públicas (GOV) aparentam ser integradas de ordem 1, é razoável e admissível investigar, através da teoria da cointegração, a relação entre crescimento económico (medido pelo produto) e dimensão do governo (medido pelas despesas públicas), tal como aliás é sugerido por grande parte da análise teórica. Existem duas técnicas principais para testar a cointegração entre séries temporais: a abordagem de Engle-Granger (1987) e a técnica estimação de Johansen (1988). Como mostra Gonzalo (1994), o procedimento de Johansen tem propriedades que o tornam superior

1: Resultados não repodados


ci

s e 1 co e 1

aos outros métodos de testes de cointegração. Consequentemente, foi usada esta metodologia para testar a hipótese de cointegração entre as variáveis. Em primeiro lugar, procedemos á aplicação dos testes de Johansen no âmbito de um sistema bi-variado, ou seja, onde apenas entram as variáveis PIB e GOV, e posteriormente repetimos a mesma metodologia no âmbito de um sistema multivariado, ou seja no qual entram todas as variáveis. Os resultados ci teste de Johansen-Juselius constam dos quadros 2 e 3, e assentam na estimação de um modelo que inclui um termo relativo à tendência.

H,:

r>0 r>1 r>2 r>3 r>4

r=1 r=2 r=3 r=4 r=5

3:

25,32 12,25

16,85 10,49

22,76 10,49

Valor CrItico’ 10% 5%

18,96 12,25

93.75 40.98 22,01 6,04 0,19

33,46 27,07 20,97 14,07 3,76

08,52 47,21 29,68 15,41 3,76

30,90 24,73 18,60 12,07 2,69

64,84 43,95 26,79 13,33 2,69

1

52,77 18,97 15,97 5,85 0,19

1

43,04 23,85 10,38 5,91 0,00

1

72,17 36,69 16,08 5,14 0,00

35,47 20,61 10,94 5,14 0,00

1

Valor ).,,

1

83,19 40,16 16,30 5,92 0,00

Teste multi-variável de Juselius-Johansen (PIB; SOV; INV, IMP e EXPO) Valor crítico Lags 10% 5% 3 2 1 Valor 2.

Laqs 3 2 1 1 1 Valor 7,83 10.73 1380 057 0.78 0.80 Valor). 7,26 9,95 1380 0,57 0,78 0,80 Johansen e Juselius (1990)

Quadro 2: Teste Bivariado de Johansen (P13; 0-0V) Hz Teste ?!,, r>O >1

Lru.

‘Irsc

Hipótese Alternativa

Quadro

r=1 r=2

r=0 r1 Teste). r=0 r=1

Teste

Teste

Hipótese nula r=0 r<1 r<2 r<3 r<4

r=0 r=1 r=2 r3 r=4

N° vectores cointegrantes

Os resultados dos quadros anteriores mostram que não é possív concluir pela existência de cointegração quando apenas entram no

r

1

EWLanIa

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e o e Ia

ci

modelo as duas variáveis (P13 e GOV) cuja relação pretendemos testar. Contudo, a abordagem de Johansen é mais adequada para sistemas multivariados, através do qual podemos concluir que as variáveis são cointegradas. De facto, de acordo com o quadro 3, e utilizando quer a estatística do traço (?) quer a estatística da máxima raiz característica podemos (Àmj concluir que existe um Vector cointegrante Os resultados indicam assim a existência de uma relação de longo prazo entre as variáveis em estudo. Do ponto de vista estatístico, a obtenção de evidência da cointegração, também significa que pode ser especificado e estimado um “Modelo de Correcção de Erros” para investigar a dinâmica de curto prazo das relações testadas. Contudo, recordamos que o objectivo principal deste trabalho é determinar da existência de um nexo de causalidade entre o crescimento das despesas públicas e o crescimento económico, O teste e a determinação sistemática das relações de causalidade tornou-se possível com a metodologia desenvolvida por Granger (1969). Nesta abordagem a dimensão do governo causa o crescimento económico, dado um conjunto informacional que inclui as duas variáveis, se a previsão da taxa de crescimento do produto (DPIB)3 melhorar usando os últimos valores do crescimento das despesas públicas (DGOV). Quatro resultados são possíveis num teste de causalidade de Granger: i) nenhuma variável “causa à Granger” a outra; ii) causalidade unidireccional de x para y, isto é, x causa y mas não o contrário; iU) causalidade unidireccional de y para x; iv) causalidade bi-direccional Se este for o caso, então há um efeito de feedbaclç entre as duas variáveis. Como é bem conhecido, os resultados destes testes são altamente sensíveis ao número de Iags incluidos nos processos autoregressivos. Uma escolha inadequada dos desfasamentos leva a estimativas Inconsistentes dos modelos de tal forma que a inferência deles recolhida pode ser enganadora. Nesse sentido, o número de /ags a incluir para cada variável foi determinado seguindo o procedimento sequencial de Hsiao (1981) que se baseia no conceito de causalidade de Granger e no critério EPE (fina) prediction error)

-

Os testes de causatrcjade pressupõem es!acionaridade das vanáveis, o que significa testar as vadáveis ditelenciadas cii seja, as respectivas taxas de crescimento,


Eucitanla

-

a +

9 C

1

e ii

a1DPIB. ‘ii,

e 1 a

(1)

-

de Akaike. Assim, o procedimento de Hsiao para testar se o crescimento das despesas públicas (DGOV) causa, à Granger, o crescimento económico (DPIB) consiste no seguinte: i) Considera-se DPIB1 como um processo univariado autoregressivo: DP!B

+p

(2)

e calcula-se o seu FPE, com o número de Iags i variando de 1 a m. Escolhe-se o lag (m) correspondente ao menor FPE e representese este por FPE(m,O); H) Trata-se DPIB como uma variável controlada com m lags, adicionam-se laga de DGOV1 à equação (1) ficando:

DP)B,

e calculam-se os FPEs com os laga a variar de 1 a n. Escolhese o )ag (n) correspondente ao menor FPE e represente-se este por FPE0,6(m,n); üi) Compare-se FPEDJm,0) com EPE(m,n). Se FPED,(m,O) > FPE0.(m,n), então diz-se que DGOV1 causa) DPIB1 à Granger (no curto prazo), ao passo que se FPEJRB(m,O)l FPE3(m,n) então DPIB, não é causada por DGOV1. <

I 1

Finalmente, repetindo os passos (i) a (iii) com DGOV1 coma variável dependente, podemos concluir se DPIB causa ou não DGOV1. Os resultados da aplicação desta metodologia constam do quadro 4. Dado que os FPEs dos modelos “aumentados” são superioresaos FPEs dos modelos univariados, a conclusão é que não existe qualquer relação de causalidade no sentido do crescimento das despesas públicas para o crescimento do produto nem no sentido inverso, como por vezes também tem sido sugerido.

Variável Dependente: oPj Apenas lags de DPIB

Adicionando lags de DGDv Conclusão Variável Dependente: 000v Apenas laQs de 000v Adicionando a s de DPIB

Conclusão

EtanJa

1

e

ti

e

1

a

Finalmente, etendo em consideraçãoas deficiênciasde especificação de um sistema simples com apenas duas variáveis, repetimos os testes num modero “aumentado”, considerando as variáveis atrás especificadas: o investimento (INV), as importações (IMP) e as exportações (EXPO). Os resultados do procedimento de Hsiao neste modelo aumentado, os constantes no quadro 5, permitindo-nos confirmar novamente que não é possível afirmar que existe uma relação de causalidade entre as despesas públicas e o crescimento económico.

1

m=3, r=1;

-

FPE

0,00095

0,00100

000V não causa DPIB

s=3; t1

N° de lags

Quadro 5: Testes de causalidade de Granger modelo multi-variável

(mb DINV(r)

Variável Dependente: DPIB DAPís)

Adicionando lags de 000v

Conclusão

CONCLUSÕES Na actualidade em Portugal, a opinião dominante entre a classe [pdiuca dirigente, impera a opinião de que o sector público é ineficiente, causador de má afectação de recursos, criando desincentivos vários e consequentern inibidor da melhoria dá produtividade de do crescimento económico, Neste estudo, usando técnicas de análise de séries temporais mo a cointegração e a causalidade, primeiro no âmbito de um sistema bi-vahável (P18 vs GOV) e depois num sistema multi-variávei em Que


£tanIas ci co ci a

incluímos as variáveis Investimento, Importações e Exportações, no período 1960-2001 • concluímos que o crescimento da despesa pública portuguesa não tem contribuído para aumentar os níveis de crescimento económico do pais, já que os testes efectuados não permitiram provar a existência de uma relação de causalidade entre as variáveis. Como primeira implicação destes resultados, resulta que os mesmos sustentam a linha de orientação da política económica dos últimos Governos, no sentido de reduzir o peso do Estado na economia portuguesa, Parece pois que as ineficiências do sector público português são importantes e que a inversão do ritmo de crescimento econdmico e a melhoria da produtividade podem de tacto passar pela transferência de algumas actividades e funções do Estado para a iniciativa privada. Contudo, este estudo, inevitavelmente também comporta problemas e limitações: por um lado, seria conveniente fazer a distinção do tipo de despesa pública, ou seja, identificar as despesas “produtivas” e as ‘não produtivas”, da mesma forma que é desejável separar o investimento público do investimento privado e a medição do efeito de cada um sobre o crescimento económico.

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cada

FORMAÇÃO DE TERREFÓRIOS INOVADORES: A ABORDAGEM DO MEIO INOVADOR EDUCATION IN THE INNOVAITIVE TERRITORIES: INNOVATIVE MILLIEU APPRQACH A

Maria Manuela Santos Natário (rn.natario@ipg.pl)

rEESUMO

Nos últimos 30 anos, os aspectos regionais foram trazidos para a agenda das investigações em economia. Nas teorias económicas o espaço esteve sempre mais ou menos presente. Todavia, nas teorias tradicionais o espaço não tinha um papel activo na dinâmica da inovação, sendo remetido para segundo plano. A abordagem dos meios inovadores baseia-se na ideia de que o espaço, ou mais precisamente, o território tem um papel activo, fornecendo os meios para fomentar o desenvolvimento económico e que estes mecanismos económicos transformam o próprio território. Esta análise procura explicar porquê certas regiões tinham sucesso e eram mais dinâmicas que outras. Deste modo, o objectivo deste traba!ho é apresentar a abordagem dos meios inovadores na formação de territórios inovadores e na promoção da competitividade territorial. Pretende-se assim clarificar o conceito de meio inovador bem como a sua evolução e identificar os aspectos mais relevantes da dinâmica territorial de inovação, procurando relacionar o paradigma dos meios inovadores com o desenvolvimento dos territórios no sentido de promover a competitividade das regiões. Palavras-Chave: Inovação, Me!o Inovador, Território, Competitividade

SI A A CT In the last 30 years, regional aspects were translated into the agenda ol economic investigations. In the economic theories the space was always more or Iess present. Nevertheless, in the traditional theories the space did not have an active role in the dynamic innovation, being submitted into a 2nd plan. The innovative milieus approach is based on the idea that space or, more precisely, territory has an active role providng the means for the economic development and these economic mechanisms transíorm the territory. This analyse Ides lo expIam why certain regions were successful and more dynamic than lhe others. Thus, the aim of this paper is to present the approach ot innovative

Docerle da ESTG do InstIuto Potêcr.co da Sua-da


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milieu in promoting territorial innovation and competitiveness. This paper intends lo expiam the innovative milieu concept and its evolution and lo identily the relevant aspects o[ lhe dynamic territorial innovation. It also pretenda to relate the paradigrn innovative milieu with lhe development ol territories prornoting regional competitiveness. Key-Words: lnnovaton, innovative Milieu, Territory and CompetitivenesS

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NOTA NTRODUTÓRiA Na década de 80 do século )O<, a dimensão territorial’ foi reintroduzida na procura e explicação das diferentes dinâm icas locais de inovação surgindo o paradigma dos meios inovadores. Com efeito, a inovação, enquanto factor de competitividade, desenvolve-se num ambiente adequado, o meïo inovador e como elemento fundamental da articulação entre o meio e o processo de inovação emergem as redes de inovação. A abordagem do meio inovador, ao articular a dinâmica da inovação, a transfo rmação dos territór ios e as mudanças organizacionais vai fornecer as bases para fomentar compe a titivida de territor ial. Nesta perspectiva, a inovação é um processo fundamentalmente colecti vo que ocorre “através da troca entre interlocutores sociais e empres ários heróicos” (Bramanti, 1999, p641). Ela depend e perícia da da econom ia privada e pública e dos agentes cientificos, origina-se pela combi nação criativa de conhecimento e saber-fazer, em que a organização territor ial é uma componente dssencial do “processo de criação tecno-e conóm ico” (Mailial, Crevoisier e Lecoq, 1991, p.4O8), qualquer coisa específ ica do meio inovador. Face a estas considerações, o objectivo deste trabalh o aprese é ntar a abordagem dos meios inovadores na formaç ão territór de ios inovad ores e na promoção da competitividade territorial. Pretende-se, assim, realçar os elementos mais importantes no comportamento inovad or das regiões . Neste sentido, o ponto 2 começa por procur ar uma teoria explica tiva das dinâmicas locais de inovação, evidenciando o conceito de meio inovad or e a sua evolução. Posteriormente, no ponto 3 pretende-se relacio nar o paradigma dos meios inovadores com o desenvolvimento dos territór ios no sentido de promover a competitividade das regiões.

Note- se que esta questão á fo, abordada. senda que de Comia ,ndiect e. por Marshall. quando se refere às economias externas. Segundo, Reigado (2C00, p163) o fenitôrio compreende Iodo o tipo de actores e factos (íisicos. económ]cos, ambíentais, sociais, culturais e históricas). Pera um maior aprolundameoto. ver por exemplo Ayda!ot (19-30. 1985).


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O PARADJGMA DO MHO NOVADOR NA DINÂMICA DE INOVAÇÃO No início dos anos 80, do século XX, começaram a ser postas em causa as bases teóricas que até então conduziam a análise das disparidades dos territórios. As novas tecnologias, as novas empresas, os novos sectores, deram origem a lógicas territoriais que as teorias existentes não eram capazes de explicar. Surgem, assim, abordagens novas (ligadas à desurbanização ou urbanização), enquanto que, a teoria da convergência espacial de origem neoclássica e a teoria da divergência estruturalista de filiação marxista (análise centro-periferia, divisão espacial do trabalho...) parecem insuficientes para explicar as reestruturações espaciais que se haviam verificado. Neste período, em que se põe em causa os conceitos dominantes apresentam-se duas atitudes intelectuais: uma nova generalização da teoria ou a sua completa renovação. Aydalot (1980, 1985, 1986) teve um papel importante neste contexto. Na problemática e na procura das dinâmicas locais de inovação, adopta sucessivamente cada uma dessas atitudes. Nos seus artigos encontramos longos desnvolvimentos consagrados a discutir a pertinência das teorias dos pólos de crescimento e a Divisão Espacial do Trabalho3. “Nos anos 1950 e 1960, a teoria dos póios de crescimento adquiriu unia posição essencial na análise das desigualdades dos territórios. Com os anos 1970 e a constatação de forte crescimento industrial após II Grande Guerra, a divisão espacial do trabalho apresentou outros mecanismos, mais adaptados ao período 1950-1975. Com os desenvolvimentos resultantes do período de crise, poderíamos ser tentados a procurar uma terceira teoria. Melhor que substituir uma teoria por outra a cada modificação estrutural maior na organização industrial, é preferível procurar uma visão sintética mostrando o carácter parcial mas significativo de cada abordagem.” (Aydalot, 1987, p.15). Aydalot (1983) encara a existência de um terceiro processo: segundo o qual as regiões ricas se tornam pobres e simultaneamente as regiões pobres conhecem um novo dinamismo considerando haver um aspecto cíclico neste processo. As transformações estruturais das regiões que aconteceram nos anos 1970 são devidas à vitalidade dos meios. Face à crise, o motor do crescimento das regiões depende do dinamismo’

Que ele designa de retuumement (relemos).

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Eglanlascienci.

inovador e organizacional da empresa. “Se os mecanismos polarizadores tomam alguma amplitude nos sectores de ponta, associando o papel motor das grandes empresas e o dinamismo de numerosas criações industriais de pequena dimensão, uma dinâmica nova, resultante não mais das tecnologias de ponta mas dos meios fornecem, nos anos 1980, às regiões menos industrializadas as condições para a sua renovação.” (Aydalot, 1983, piO). É assim que, com a equipa GREMI (Groupe de Recherche Européen surtes Milleux tnnovateures), coordenada por Aydalot e relacionado com as novas dinâmicas espaciais da década de 1980, surge o conceito de meio inovador com o objectivo de relacionar a organização industrial com a dinâmica territorial. “Este acontecimen to fez nascer o conceito de meios inovadores» como um novo modelo de desenvolvimento regional” (Peyrache-Gadeau, 1999, p.622), em que a vitalidade dos meios locais contém as potencialidades de desenvolvim ento. E a atitude diferenciada dos meios que dá origem à inovação e à sua difusão. Trata-se, segundo Aydalot (1986), de procurar quais as condições exteriores à empresa que levam à criação de empresas e à inovação. A empresa (inovadora) não preexiste nos meios locais, está escondida dentro desses meios. Todavia, a empresa ou indústria modifica o meio onde está implantada, que por sua vez também é dinâmico. Mesmo quando ela não preexiste nos meios locais ela pode tornar-se o “principal actor do sistema territorial activando-o” (Carluer, 1999) através de estratégias (de investigação) e da dinâmica de criação de recursos. Deste modo, os meios são considerados como ninhos de inovação e de empresas inovadoras. Este facto implica que os comportamentos inovadores não sejam nacionais, mas dependem de variáveis definidas ao nível regional ou local. Aydalot (1986) considera, então, que a inovação tem um cunho territorial, um carácter local. Os meios inovadores não são nacionais mas dependem de variáveis definidas ao nível local e regional. O desenvolvimento endógeno é o resultado de uma sociedade inovadora. As novas tecnologias, a inovação devem ser adoptadas pelas novas empresas, que por sua vez são criadas dentro e pelos meios. Mas, o maior problema na adopção de inovações são os custos de ajustamento da nova tecnologia, que varia segundo os meios envolventes. Os meios, os tecidos industriais locais compreendem diferentes formas e ritmos de inovação tecnológica. Cada tipo de meio traduz um modelo de pehetração da tecnologia. Esta ideia contraria o carácter universal da inovação que passa a estar dependente do contexto do meio envolvente


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e que por conseguinte deve ser adaptada e formatado às necessidades e capacidades de absorção por parte do tecido empresarial da região. Assim, a inovação é função do meio que a produz e o motor do seu desenvolvimento. A concepção subjacente de inovação não é de uma mudança radical como Schumpeter (1934). A criatividade é específica de cada meio e está enraizada na experiência e na tradiçãb. As diferenças no comportamento inovador das regiões dependem da natureza do seu tecido industrial, do seu saber-fazer, por sua vez os meios inovadores favorecem as sinergias locais e os reencontros fortuitos e são meios abertos. Aydalot (1983, 1985) adopta ainda duas concepções de meio: meio-contexto e meio-actor como as duas faces de uma moeda, O meio é considerado como um contexto exterior, o suporte das relações da empresa com o meio envolvente. Contempla as teorias do espaço económico (quadro de contrastes e envolvente de recursos para a actividade económica) e da geografia humana (um contexto que conserva os traços do passado das sociedades, os seus modos de vida, os seus sistemas de valores e a sua cultura em geral). Mas se esta noção de meio reveste um carácter multidimensional, ela permanece fortemente ligada a uma problemática económica: é a actividade empresarial e inovadora que está no centro das dinâmicas do desenvolvimento espacial. Todavia, há que realçar que o processo territorial de inovação não é apanágio da j actividade empresarial, outros actores são importantes para promovera inovação territorial. Na concepção meio-actor, o espaço deixa de ser um lugar de localização, um espaço inerte onde as dotações de factores determin9 a atitude face ao desenvolvimento e passa a apoiar-se na concepção & 1 espaços actores do seu próprio desenvolvimento. Tendo em conta estas duas concepções, as renovações dosj §spaços dependem da atitude dos territórios face ao desenvolvimenti (Peyrache-Gadeau, 1999, pp.626-627): ‘1 Numa primeira atitude, os espaços acolhem novas actividad exógenas. Em termos neoclássicos, a dotação de factores, ou .seguni os marxistas as taxas de lucro, os proveitos, as pressões entre fracçõeL, do capital mostram as diferentes maneiras de integrar o progresw técnico. E, na escolha, o espaço é, sempre, nesta atitude, inerte, pa resultante das forças que não se situam no campo espacial. Numa outra perspectiva, os espaços como sistemas de produ locais produzem as capacidades necessárias ao desenvolvimdi9 Esta capacidade não depende da dotação de factores, mas é fruto ci

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passado, assenta nas capacidades de iniciativa, nas atitudes face à inovação e na criação de empresas novas, nos processos de tomada de decisão locais, nas formas locais de funcionamento do aparelho industrial. Nesta análise (mais directamente espacial que a primeira), os espaços são actores do seu próprio desenvolvimento através do saberfazer local, das qualificações, das capacidades de auto-organização dos comportamentos colectivos. Assim, a competitividade depende dos esforços da comunidade, e a inovação é o resultado da capacidade do meio para responder a um desafio local ou idade necess local utilizando para isso além da experiência local, os factores históricos, sócio-culturais, científicos e económicos, enraizados nas comunidades e instituições locais. É, portanto uma concepção onde a inovação é fruto da invenção do meio e de respon ás idades necess de desenvolvimento local para progredir, Neste quadro, aos actores públicos assumem um papel importante, quer como intermediários na iniciação e organização das acções do território, quer na tomada de consciência colectiva do seu destino. E este consenso é susceptível de facilitar o progresso de uma região.

O CONCEITO DE MEIO INOVADOR: UMA JOLUÇÁO DINÂMICA A interacção Inova ção-mefo inovador tem merecido a atenção de frnportantes investtgadores de entre os quais se destaca Aydalot (1986, 1987), Perrin (1991), Maillat et ai (1991, 1992, 1993), Camagni (1991, 1999), Maillat (1992, 1995, 1999), Camagni e Capello (1 g99), Camagni et ai (1999), PeyracheGadeau (1999), Camagni (2000) Crevoisier (2001,2005), Bramanti (1999), Crevoisier e entre outros. Nesta problemática os investigadores portugueses também não quiseram ficar alheios, e tem vindo a desenvolver importantes estudos nesta área destacandose entre outros Ferrão (1995, 2000), Reigado (1996, 2000), Costa (2002, 2003), iGama (2002). Assim, o conceito de meio inovador tornou-se um conceito palilhado pela comunidade cienffflca e vários são os autores ou escolas de pensamen0 que tem vindo a adoptá-lo ou então a desenvolver conceitos tinhos no sentido de explicar as dinãmjcas locais de inovação Desde a sua introdução, o conceito de meio inovador tem vindo a evoluir Inicialmente, era considerado uma cat’ca preta. Efectivamente, a

Até à data reahza,a,wse 6 cdôqu;os da GRE,t dos qus da’emc,s a as p’inÕp cwrtusõ


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hipótese de Aydalot, em meados da década de 1980, era que qualquer coisa, localizada ao nível regional, permitia compreender porquê certas regiões eram mais dinâmicas que outras. Desde então, o conceito foi pouco a pouco enriquecido pelas investigações empreendidas pelas equipas do GREMI5. Ao longo dos seus diversos inquéritos e colóquios, interessaram-se pelas relações das empresas com o seu território relativamente ao processo de inovação e pela maneira como as relações locais levam à criação de redes de inovação. Preocuparam-se em saber como estas redes transformam a natureza e intensidade das relações locais, quer pela articulação entre as redes locais e relações externas, quer pela evolução dos meios inovadores e pelos processos de aprendizagem colectiva e quer ainda pelos elos de ligação entre o contexto urbano e o meio inovador. No’ GREMI 1, Aydalot (1986), Aydalot e Keeble (1988) salientam que as empresas encontram na região os processos de inovação. Neste estudo, são evidenciadas as relações entre a empresa e o meio envolvente (meio local), e o impacto das estruturas e políticas territoriais sobre a dinâmica empresarial. O meio define um conjunto de relações territoriais, grupos para um completo e coerente sistema produtivo, diversos actores sociais, uma cultura especifica do próprio sistema de representação, dando origem a um processo dinâmico do saber que requer coordenação/integração do processo de produção e de inovação ambos no espaço e no tempo. Tal coordenação implica uma troca recíproca de informação e necessita de proximidade física. Assim, o meio opera em mercados organizados em que não somente os preços e as quantidades são trocadas mas também a informaçâo, códigos, linguagens, rotinas, perspectivas do mundo e estratégias. No quadro do colóquio GREMI II, com Camagni (1991), Maillat e Perrin (1992), procurou-se precisar as definições de meio e de redes bem como as suas relações. Além disso, procurou-se mostrar como— os meios contribuem para a inovação das empresas e modificam as relações com os territórios onde pertencem, e realçar porquê, nixu 1 processo de inovação, reforçar ou reestruturar o território pode contribuir para o destruir. De facto, ao longo deste processo, as empresas podem 1 utilizar ou criar redes territoriais e reforçar os seus laços de proximidade, ou pelo contrário, romper a existência lógica das redes territoriais e provocar ou acentuar a sua abertura a espaços extra-territoriais. Nestej caso, as empresas encontram fora da regiâo os processos de inovação como refere Crevoisier (2005). Este segundo grupo de investigações (GREMI II), debruçou-se1 —

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então sobre o processo de inovação, para demonstrar como ele pode estimular o tecido territorial. “Em qualquer fase do so proces â inovaç de produto, concepção desenvolvimento, ção fabrica ou ialização comerc a motivação da empresa para inovar tem origem quer a nível interno quer externo.” (Maillat, 1992, p11). A componente interna realça o conhecimento específico da empresa, o seu saber-fazer, a sua capacidade de investigação e nto olvime desenv (l&D), a preocupação com a tecnologia, a sua capacidade organizacionaj. A componente externa envolve factores exteriores ã empresa que contribuem para adear desenc um determinado tipo de inovação: clientes, fornecedores, consultores, revistas e programas especializados laboratórios de investigação, etc. A interdependência dos elementos no interior do meio não exclui os factores externos ao meio, são aços extra-territoriais. A peculiaridade do meio inovador é que ele é o gerador do processo organizacional e facilita o encontro entre formas de organizaçgo territoriais e práticas de redes extra-territoriais. No GREMI III, Maillat, Quévit e Sem (1993), prolongam a análise anterior e procuram indicar como as relações entre as forças ivas produt e o meio geram um Meio Inovador. Deste modo, centram a sua atenção na crucial articulação entre meio inovador e rede de inovação. Exploram as redes de inovação e mostram o seu funcionamento espacial, local e extra local. As redes extra-territoriais, que passam para o meio a experiência organizaconai e formas de saber, facilitam o processo de inovação. Posteriormente com o GREMI IV, Ratti, Bramanti n, (1997), e Gordo reconhecem completamente a presença simultânea das dimensões

E de salientar que fez pane deste grupo investigação. Ferrão (2000), com um estudo particular da cidade de Evora analisando dois o/esteta Patoulares o agro-ar,mentw e o cuttçfawismo cade conciuti que no primes-o não exstia qualquer meio inovador (embora existissem casos p0nuais de natureza inovadora) e que ocorrem &ementos e s:tuações que indiciam a possibilidade de se virem a constituir meios Inovadores no clusjer da cultura e turismo. Rã, no entanto, a realçar que neste grupo de estudos ÍGREMt vtj con stava uma uliáhse a unia região reatzada portuguesa por Costa (2002) aos efetos de rneo rxjm bano cuttura]: DalrroPJto-ch]o nosentdo de avaliara ex:stênc)a ou não de urna cultura oca] que peorda o dcsenvo]-,. monto de longo prazo e a susteniabitidade Em Portuga] enibora não fazendo parte das analises do GREMt. destacam.se ainda os estudos de Gama (2002). relativamente à existência de um meio inovador no tecido industflat de Águeda. o que foi comprovado e à Nea Metrcpalitana do Posto por (AMR wrnamppt). Apesar de Carnagni e Capeifo (1999. p. 200) se mferi’em à teoria do nico inovador.


local e global. Debruçaram-se sobre a comparação das trajectórias de regiões activas em sectores idênticos (sistemas de produção regionais) a longo prazo, que se devem aos factores ligados ao território. O GREMI V, com Crevoisier e Camagni (20W), mostra que o conceito de meio inovador é muito abrangente podendo aplicar-se aos meios urbanos. A abordagem dos meios inovadores, aplicados aos meios urbanos permite identificar e compreender as dinâmicas produtivas espaciais da problemática urbana. O meio e as cidades partilham elementos comuns: proximidade, capacidade de estar em rede com o exterior e o sistema de governância, O último GREMI VP’, realizado em 2002, debruçou-se sobre o desenvolvimento e criação de emprego a partir dos recursos territoriais (naturais e culturais). O objectivo era analisar como os meios ligados aos sistemas territoriais de produção, com características particulares em termos de recursos naturais (recursos turísticos, vitícolas, mineiros,...) e recursos áulturais (identidades históricas, saberes-fazeres tradicionais), se constituíram, evoluíram e geraram a transformação do sistema territorial de produção (criação de novos empregos, novas componentes de valor acrescentado, novas profissões, novos serviços e novos produtos). Em suma, procurou investigar a relação meio inovador/desenvolvimento durável, ou seja como a sua capacidade de acção e a sua competitividade aumenta ou diminui com a globalização. Face ao exposto podemos concluir, que o conceito de meio inovador desenvolvido pelo grupo GREMI interpreta o fenómeno do desenvolvimento territorial como o resultado do processo inovador e de sinergias que ocorrem num território muito limitado. O meio inovador é entendido como um conjunto de relações que unem o sistema de produção local, o conjunto de actores e de representações e uma cultura industrial e juntos geram um “processo dinâmico localizado de conhecimento colectivo” (Camagni, 1999, p. 597), Hoje, o paradigma dos meios inovadores sistematiza as principais questões relativas às dinâmicas económicas territoriais. Ela permite avaliar, por um lado, a evolução tecnológica e as interacções entre os actores e, por outro lado, as formas territoriais e temporais que estes processos adoptam. Deste modo, pod&nos constatar que, no plano teórico, o conceito de meio inovador, passou de uma “caixa preta” a um “corpo conceptual estabilizado” (Grevoisier, 2001, p.1 55). Não constitui uma teoria6 definitiva e formalizada, mas existe hoje consenso relativamente aos conceitos (de meio inovador e rede de inovação). Mas então quando é que o meio é inovador? De acordo com a Aydalot (1986, p.ll), podemos, concluir que

II!

“a empresa não é um agente inovador isolado, ela é parte do meio que a faz agir. O passado dos territórios, a sua organização, os seus comportamentos colectivos, o consenso que os estrutura, são importantes factores de inovação.” As especificidades culturais, históricas e a sua propria dinâmica inovadora permitem identificar a existência de um meio inovador. Na mesma linha de pensamento Courlet e Pecquer (1991) insistem que a empresa não é uma entidade isolada, nem os sistemas produtivos nacionais estão recortados e estruturados em ramos, sectores ou fileiras. São sistemas que se desenvolvem graças à capacidade de certos territórios para valorizar o potencial local e resulta das complexas identificações colectivas económicas, sociais e culturais. Assim, “inicialmente, a noção de meio inovador traduz a necessidade de interpretar o problema do desenvolvimento de novas tecnologias como um processo colectivo dentro da organização/região no qual a componente territorial pode ter um papel determinante. A inovação apela igualmente às competências avançadas e aos saberes-fazeres específicos que tem localizações próprias mais ou menos disseminadas no espaço.” (Courlet e Pecquer, 1991, p. 396). Deste modo, a inovação associa a lógica da territoralização com a da abertura. Com a noção de meio inovador, a análise encontra-se centrada na articulação entre as formas de organização territorializadas e as redes extra-territoriais. O fenómeno do meio está ligado à prática de comunicações interpessoaisqueosagenteseconómicosdesenvolvemespontaneamente, através de canais de relações institucionalizados, e caracterizamse sobretudo por propriedades organizacionais globais, que lhes são próprias, como refere Perhn (1991, p364). Ele qualifica meios inovadores os que possuem certas capacidades, isto é, para além dos factores habituais (fornecimentos, serviços, recursos humanos qualificados, externalidades públicas ) as práticas e os saberes-fazeres colectivos de criação tecnológica. Assim, a “inovação surge como resultado de um processo mais ou menos longo de investigação, avanço científico e progresso tecnológico, desenvolve-se num ambiente apropriado o meio inovador e, concretizase num conjunto de outputs constituídos por novos produtos, melhoria de produtos existentes, novas formas de embalagem, novos processos produtivos, novos métodos de gestão e organização, novas formas de penetração em novos mercados, etc.” (Reigado, 1996, p.1), levandonos a concluir que a inovação é inevitavelmente consequência do meio inovador de uma dada região ou pais.


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(2000), uma realidade O meio inovadoré, seguindo Quévite Van Doren es para a concretização pluridimensional que associa um conjunto de actor dimensão territorial e as dinâmica de sistemas produtivos, integra a : os paradigmas tecno mudanças estruturais do aparelho produtivo portamento dos actores, industriais, O peso do passado sobre o com ões, não somente participam o contexto de interdependência das decis unicação assegurando a nos processos de coordenação e de com tempo, mas sobretudo coerência e a estabilidade do sistema local no ador uma comunidade geram uma cultura comum fazendo do meio inov de interesses. conjunto de relações Um meio inovador pode ser definido como “um englobando até certo que ocorrem dentro de um território limitado, entes actores económicos ponto um coerente sistema de produção, difer processo dinâmico de e sociais, uma cultura específica e criando um 1999, p205). conhecimento colectivo”. (Camagni e Capello, considera o meio Por conseguinte, hoje, a comunidade científica ior, isto é, ao ambiente como uma unidade territorial, aberta ao exter saber-fazer, as regras, tecnológico e ao mercado, que integra e domina o Ele está ligado a um sistema as normas, os valores e o capital relacional. es, bem como recursos de produção localizado, a um conjunto de actor Bernady (2000, pp.271humanos e materiais. Além disso, e segundo De utores de serviços, de 272) é considerado como o encontro entre prod rsas, por vezes isoladas produtos, de saberes, de competências dive processo que acompanha na esfera sócio-cultural, aparece como um economia interna. Este todo o sistema vivo e que reconsidera a sua meios, indica que a construtivismo social aplicável à técnica como aos s, técnicos, culturais, inovação progride por diferentes canais (científico procede. sociais) tornando-a indissociável do meio do qual desenvolve as suas Por consequência, o meio é inovador quando as infomiações e recursos capacidades de abertura ao exterior para recolher localizado para inovar específicos necessários ao sistema de produção recursos exploráveis, do ou quando gera processos capazes de tornar os binações tecno-produtivas. sistema de produção localizado, em novas com

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que próximos. O mo Os ds concetos são diferentes se aprendizagem é um d’ eqdencia o processo de novação em que a uma concepção ro3 componente desse processo. a Leam;ng Region é pela aprendizagem. Es).] na economia orientada pelos çontrncimentos e o de /eau t ultimo conceito completa o Moio Inovador, O conc& cenho de um ctESW-! g:oi” é relativamente novo, mas h* está no al e lo, introduz1o t número de estratégias de desenvelelmento region Solda (1995).

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Um meio inovador interage com os outros meios locais. E, é graças á dinâmica da aprendizagem que os meios são capazes de se adaptar às transformações do seu meio envolvente e de lançar processos de inovação. Neste cenário, surge o conceito de Iearn/ng region°. Ambos os conceitos são contextos favoráveis à investigação e à procura de soluções locais para os problemas produtivos e inéditos de natureza global. Quer no meto inovador quer na learn/nQ region, os actores devem saber interagir, trabalhar em grupo, colaborar, transmitir conhecimentos, elaborar projectos comuns, mas também evoluir, dado que os actores deverão estar em situação de permanente aprendizagem. Assim, “a capacidade de aprendizagem colectiva surge preponderante para evitar o isolamento”. (De Bernady, 2000, p275). Neste contexto, seguindo Camagni e Capello (1999, p205), constatamos que o meio local tem um papel importante para fomentar e sustentar o processo de inovação influenciando o comportamento inovador sob duas formas: • Como mecanismo de conhecimento colectivo: o meio local, em particular o mercado de trabalho local especializado fornece as bases económicas, os elementos de continuidade de cada processo de conhecimento e a transferência de informação tácita intrínseca e acumulada ao longo dos tempos. Tem um papel semelhante para os departamentos de l&D e de cultura organizacional no caso das grandes empresas. O conhecimento colectivo melhora a criatividade local, a capacidade para produzir e criar inovação e tecnologia. • Como mecanismo dinãmico de redução da incerteza: a incerteza está intrinseca ao desenvolvimento tecnológico e ao processo de inovação, mas o meio com as suas sinergias e processos de imitação permite uma melhor avaliação da informação externa, facilita a previsão, ajuda a descodificação da informação tecnológica e controla as estratégias da empresas. A importância do conhecimento e do saber no processo de inovação, também é realçada com Bramanti (1999, p.637), que considera que “o meio inovador é o território no seu conjunto, onde as interacções dos agentes económicos e agentes locais desenvolvem, através do saber, transacções multilaterais e criam externalidades específicas para inovar, via convergência do saber, promovendo cada vez mais formas e recursos comuns de gestão.” Na verdade, na economia do conhecimento, o conhecimento, o saber e o saber-fazer tornou-se o principal recurso das modernas economias e fundamental para inovar.


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A dinâmica de aprendizagem local e de aprendizagem colectiva (Ferrão, 2001) vai influenciar a capacidade de inovação de uma região e traduz a capacidade para criar e se adaptar à novidade. Deste modo, o meio inovador é o resultado de um produto histórico formado pelo sistema de valores locais, pela cultura e pelos costumes, pelo espírito de risco dos empresários, conhecimento localizado e pela motivação das populações locais, como foi apresentado por Reigado (1996). Além disso, segundo Reigado (1999) e Reigado e Braga (2000), integra gradualmente o processo de endogeneização de elementos exteriores ao território e que actuam sobre ele. “O tempo e as dinâmicas sociais, culturais, económicas e científicas marcam o ritmo de assimilação desses novos elementos pelo território. Com este processo vai-se regenerando e enriquecendo o meio inovador. Enquanto determinados elementos (costumes, culturas populares, etc.) vão perdendo vitalidade devido à própria dinâmica social, outros elementos vâo-se integrando, articulando e endogeneizado no território, passando de elementos exógenos de inovação a elementos endógenos.” (Reigado e Braga, 2000, p8). A dinâmica inovadora, interactiva, cumulafiva e em rede do meio vai gerar procura e produção de inovação num processo dinâmico a cumulativo, como que em ciclo e em espiral, expandindo a criação de inovações e a dinâmica de inovação do território. Neste contexto, as principais condições para existir um meio inovador, seguindo Bramanti et ai. (2000) e Costa (2003) são: sistema de produção localizado; ligações intersectoriais ao nível local; cooperação e sinergia entre empresas locais; cooperação e sinergia com o sistema de governância; presença de actores associativos; representação interna, visibilidade externa; cooperação em rede com meios exteriores e aprendizagem colectiva localizada.

Barata (1990 p20) também refere trajectódas te nológicas para ape saltas a prctlernãiica dos novos olsternas iecndogccos, censidaa’ que esles não saiam mais do que um corçuno de novas traectai t ndógcas emaizadas nos recentes evarços da C&T. Em que o prOg tecnológico mais ou menos cu’dihuo dá-se no inierfl de unia trajed& tecnológica definida por um dado paradigma tecnológica

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4. A DINÂM:CA TERRITORIAL NA PERSPECTIVA DOS MEIOS INOVADORES O meio inovadorconstitui um “idealtpo’ (Crevoisier, 2001) quepermite confrontar as realidades das diferentes regiões e o seu posicionamento. Nem todas as regiões apresentam a mesma dinâmica de inovação: umas são organizadas em redes de /cooperação, concorrência mas não inovam; outras inovam sem que sejam identificáveis cooperações locais. “O meio inovador não tem por ambição esgotar a realidade, mas permitir a tradução dessa realidade num mundo marcado pela inovação e pela mudança estrutural, pela dialéctica local/global e pela economia de redes.” (Crevoisier, 2001, p159). Assim, sob a sua forma de ideal tipo, o meio inovador permite entender a maneira como o local dá forma ao global e, ainda, compreender a ausência de autonomia no desenvolvimento de uma região. O meio não é um simples reservatório no qual os actores retiram os recursos necessários para inovar É a dinâmica de cada meio que gera oportunidades de inovação e as respostas adequadas por parte dos diferentes actores. Nesta perspectiva, não se pode considerar a decisão da empresa como o ponto de partida do processo de inovação. A imagem de inventor isolado, de tradição na, schumpeteria que invade o tecido económico de uma ideia que lhe é comunicada pelos céus é fundamentalmente esquemática e está fora de uso. Além disso, os trâmites, as diligências da inovação não se efectuam da mesma forma em lisboa, na Guarda, em Paris, em Silicon Valley. Esta diferença é o resultado da especificidade dos meios, que metabolizam te diferentemen as técnicas, os mercados e os recursos, abrindo novas e originais oportunidades a uma região. A abordagem dos meios inovadores na dinâmica territorial foi estudada por Aydaiot (1986, pp.352-354), em termos de “trajectórias tecnológicas”lo considerando três processos espaciais ligados a três lógicas da inovação: “a ruptura-filiação” que representa a reconversão do tecido industrial: confrontados com riscos de maiores crises, os tecidos industriais antigos mostram-se frequentemente capazes de se adaptar às novas normas tecnológicas, de renovar a sua organização e as suas estruturas, de ultrapassar o atraso tecnológico e mesmo situar-se na linha da frente da evolução. Neste processo, a inovação é então a resposta obrigatória a uma situacão nova criada pelo exterior. Quando uma forma de organização está, ultrapassada, quando as empresas e


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os empregos diminuem, as resistências às mudanças diminuem, a inovação é aceite mesmo colocando em causa os interesses adquiridos. Nesta perspectiva, a inovação exige uma forte ruptura com o passado. E, quando existe um tecido industrial à base de empresas pequenas ou médias, com trabalhadores de elevado nível de qualificação, quando certas continuidades tecnológicas existem, úm impulso tecnológico absorvido e pode permitir relançar um novo desenvolvimento. pode ser “a atracção” que caracteriza o processo pelo qual certos meios inovam graças ao contributo criativo das grandes empresas exteriores; é um tipo de inovação particular que resulta da atracção de empresas exteriores num meio novo em formação ao lado do meio antigo em declínio que não aproveita a inovação. Este processo depende de grandes empresas que só procuram na região certos factores que possam permitir o exercício de uma das funções da empresa e que conservam noutro lugar os seus centros de decisão e investigação. Trata-se de um desenvolvimento tecnológico importado: as regiões sem tradição industrial oferecem elementos atractivos para as empresas inovadoras, quer grandes quer pequenas. “a polarização” que exprime as situações tecnopolitanas: as fases de emergência de novas tecnologias podem dar lugar ao aparecimento de formas espaciais polarizadas onde se desenvolvem um grande número de pequenas empresas seguindo o impulso dado por uma grande empresa. A renovação da PME depois dos anos 1970 foi originada pela concentração territorial de unidades que tinham um papel estratégico e centros de conhecimento: a Silicon Valley e a região de Cambridge são o fruto da formação de novo “enxame” iniciado por uma universidade. Quando a nova tecnologia corta radicalmente com as experiências anteriores, a ligação a um centro produtor de novos conhecimentos torna-se um factor determinante. Em tal situação, o desenvolvimento industrial não provêm de um mercado existente ou antecipado, nem das empresas existentes, ele provêm do conhecimento e assenta nas pequenas empresas e só elas podem tomar os riscos maiores da inovação radical. wDestes três processos de desenvolvimento regional apoiados na inovação tecnológica, é essencialmente o da “ruptura-filiação” que é uma verdadeira inovação.” (Peyrache-Gadeau, 1999, p629). O seu poder explicativo não se limita à análise dos processos de conversão

Onde apresenta um esquema do processo de wpiura-flhiação.

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dos tecidos industriais antigos. A sua lógica considera os fenómenos dependentes do passado e portanto susceptíveis de criação. A inovação resulta do tecido industrial já existente, dõnde emerge um processo de conversão graças à invenção ou à adopção de inovações. No entanto, não se deve esquecer que, a longo prazo, a tendéncia da concentração do capital e da divisão espacial do trabalho leva à diminuição da capacidade endógena dos meios inovadores em proveito de outros internacionalização das grandes empresas a-espaciais mecanismos: a e a exteriorização das instituições especializadas produtoras de conhecimentos. Efectivamente, outros autores reconhecem a importância do processo de ruptura e filiação no desenvolvimento de uma região. Courlet e Pecquer (1991, p395), reconhecem que a inovação é então o alimento de um meio para responder a um desafio ou a uma necessidade local pela utilização da experiência local; ela é o fruto da invenção do meio e responde à necessidade de desenvolvimento local. E referem que paradoxalmente a inovação tecnológica que à primeira vista significa ruptura com o passado deve extrair deste passado os elementos de continuidade que facilitarão a sua ïnserção, reduzirão as resistências e aumentarão as suas oportunidades de difusão. Na mesma linha de pensamento, De Bernady (2000, p.266) ao reflectir sobre o que confere a um território capacidades reactivas e próactivas, conclui que a inovação é o resultado do esforço de ajustamento num processo de rupturalf//iação. Saliente-se que a questão da próactividade e da antecipação é importante para dar ao território uma evolução menos descontinua com aposta nas performances mantidas a médio prazo. Do mesmo modo, para Crevoisier (2001)11 um meio permanece inovador pela mobilização dos recursos constituídos no passado, adaptados às novas técnicas e aos novos mercados e incorporados nos novos produtos, reflecte sobre a ruptura-filiação. ‘Este processo caracteriza-se pelo jogo entre o meio, que contém recursos (conhecimento, capital relacional, colectivo de actores) e redes de inovação que se mobilizam e actualizam através do processo de inovação. Ao longo deste processo, o território é alternativamente a

O paradgma tecnologico segundo Dosi (1988, p112?) pode ser definido como um padrão de soluções, para relacionar problemas iecno económicos baseados em elevados plincipios seleccionados, derivado das ciências nalurais, articulado com regras especificas para adquirir novo conhecimento e saivaguardá-lo, sempre que possível, conira a rápida difusão dos compelidores


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matriz a partir da qual se desenvolvem redes de inovação e a marca deixada por estas redes sobre os recursos do meio.” (Crevoisier, 2001. p.158). Sia,nas T’rndo

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Figura 1: O Paradigma do Meio Inovador Fonte: Adaptado de Crevoisier, 2001, p156

O meio inovador é então um conceito integrador, um instrumento sintético de anáiise e compreensão das transformações económicas actuais, articula a geografia, o tecno-económiCO e o organizacional com o desenvolvimento económico tenitorialisado. Neste sentido, para fomentar o desenvolvimento e a competitividade dos territórios, um meio inovador requer a articulação de três eixos paiticularmente importantes: “a dinâmica tecnológica, a transformação dos territórios e as mudanças organizacionais” (Crevoisier, 2005, p2), como se pode verificar na figura 1. O paradigma tecnológic&2 combina o papel das técnicas e da inovação nas transformações do sistema económico local. O desenvolvimento de novas técnicas e novos produtos, numa crescente concorrência pela diferenciação, é uma forma de preservar a competitividade dos territórios. A mobilização dos diferentes recursos e competências levará ao êxito económico. “Tecnicamente, a inovação pode entender-se como o resultado da articulação dos recursos da empresa com o seu ambiente: relações com empresas situadas a montante ou a jusante, dinâmica geral do sector, aparecimento de novas técnicas em outros sectores, relações com outros actores regionais ou

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fora da região, etc.” (Crevoisier, 2001, pp.156-157). Neste contexto, a inovação, é antes de mais um processo de diferenciação lace à concorrência: diferenciação do secto r relativamente aos outros sectores, diferenciação daempresafaceaos seus concorrentes, etc. Todavia, a diferenciação nos mercados não se pode fazer sem a subjacente diferenciação de recursos e da organização. Com o decorrer do tempo, inovação e especificação de recursos apar ecem como duas faces do mesmo processo. Assim, os processos de aprendizagem e de constituição de novos conhecimentos são a consequê ncia, a longo prazo, da colocação no mercado de novos prod utos e da criação de novas técnicas. Por sua vez, a criação de novos prod utos e de novas técnicas, provoca a diferenciação progressiva de sabe r-fazer e da cultura técnica do meio face à envolvente, o que torna a emp resa dependente do seu ambiente espacial. Cada paradigma tecnológico encerra um equilíbrio específico entre os factores exógenos da inovação (universidades, avan ços na ciência) e as determinantes particulares das empresas e indústrias que são endógenas ao processo de concorrência e ao processo de acumulação tecnológica. Além disso, cada paradigma tecnológic o envolve modos de investigação específicos, base de conhecimento e combinações entre formas privadas e públicas de conhecimento tecno lógico. O paradigma organizacional articula os mecanismos que, no interior do meio, facilitam ou dificultam a coordenação entre os actores. “Uma empresa, não é mais do que um elemento inserido num sistema de produção e num sistema territorial.” (Crevoisier, 2005 , p3). Esta inserção passa pelo estabelecimento de relações com outra s empresas do seu meio que lhe forneçam os seus recursos ou lhe comprem os seus produtos e serviços. Passa também pelo seu enraizam ento territorial que lhe permite mobilizar os recursos específicos e parti cipar em redes locais de inovação e pelo apoio do sistema de produção regio nal. Os mecanismos de coordenação articulam os aspe ctos funcionais e territoriais e estão no centro dos meios inovador es. As regras de concorrência/cooperação locais prendem-se com a com plementaridade frmncional e com a divisão do trabalho. A capacidad e de coordenação é essencial do ponto de vista da concorrência com outros sistemas produtivos. Assim, a competitividade resulta tanto da capacidade organizacional de adaptação como do conteúdo técni co de saber-fazer, dos produtos e dos processos. Para além da capacidade de coordenação, o func ionamento dos meios gera, ao longo do tempo, interdependên cias não comerciais,


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i.é., um colectivo que resulta da progressiva divisão do trabalho e das modalidades de cooperação. Os valores (empresariais, familiares, profissionais,...) que vigoram no meio conduzem os diferentes actores à inovação. Desta forma, a inovação não aparece de maneira uniforme no espaço. E é o paradigma territorial que justifica estas diferenças e mostra que o território, no que respeita à organização, pode conceber os recursos (conhecimento, competências, capital...) e os actores (empresas, inovadores, instituições de apoio,...) necessários à inovação. Os saberes-fazeres aparecem como recursos específicos inerentes a certos territórios, e são regularmente renovados pela actividade económica e pelas diferentes instituições de formação, de investigação e de apoio presentes na região. Deste modo, as capacidades locais de desenvolvimento, ou a adequada articulação entre os empresários, os sistemas de produção e as instituições de apoio, são consideradas como construções locais, baseadas em convenções locais particulares, que permitem ao meio responder da forma mais adequada às transformações dos mercados e das técnicas. Nesta perspectiva dos meios inovadores, o território é entendido como uma organização que une as empresas, instituições e populações locais com vista ao seu desenvolvimento económico. A abordagem acentua o confronto entre proximidade e distância. O que é próximo (no meio) é diferente (saber-fazer específico) e mobiliza-se diferentemente (concorrência/cooperação) do que é distante. Esta concepção de proximidade, não se reduz à distância física: indica as fronteiras entre o que está no meio e fora dele. As empresas locais e territoriais estão ligadas na renovação de recursos específicos locais e marcam a diferença entre uma região e outra, no plano da inovação. A concorrência dos territórios faz-se pela inovação na base de recursos específicos. Por conseguinte, e de acordo com Crevoisier (2001, 2005), a análise dos meios inovadores, considera que estes três paradigmas devem ser contemplados simultaneamente como sendo três planos indissociáveis da realidade e de igual importância. Além disso, propõe uma visão geral do desenvolvimento económico territorializado e da competitividade das regiões, em que o meio é dinâmico e se caracteriza por: uma concorrência pela inovação e não pelos custos de produção; uma organização do sistema produtivo em redes e não sobre mecanismos de mercados ou hierárquicos; a concorrência entre territórios e não entre empresas.

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5. A ORGANIZAÇÃO DO TERRLTÓRIO NA MELHORIA DA COMPETITIVIDADE Para promover a inovação e a competitividade dos territórios existem quatro elementos essenciais que estão interligados e que se reforçam mutuamente: inovação, conhecimento, redes e governância. A explicação e o ajustamento dinâmico dos agentes económicos, as suas competências organizacionais e os resultados colectivos positivos (territórios competitivos) requerem estes quatro conceitos em diagrama, fortemente interligados e influenciando-se mutuamente (figura 2).

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Figura 2: A Organização do Território na Melhoria da Competitividade BramanU (1999) e Natário, Reigado e Neto (2002) Fonte: Adaptado de

O motor do crescimento e da competitividade é a inovação. As vantagens competitivas dos territórios, não dependem apenas da sua dotação em recursos tradicionais (capital, trabalho e moeda), dependem fundamentalmente da sua dinâmica inovadora. Territórios com uma -

A palavra governâncla resuita em geral da combinação de diíemnies (ormas; hierarquia, sub-coniraiaçao, parce.ia, meio”, agências púbcas e não publicas.


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atitude pró-inovadora (assente em recursos intangíveis conhecimento e utihzação das TIOs), são sem dúvida territórios competitivos num mundo cada vez mais marcado pela internacionalização e globalização. Neste contexto, a base de conhecimento é fundamental para inovar. Os mecanismos de conhecimento: aprendizagem colectiva, são um meio de dar ao local o que há de irredutível e de difícil imitação, nomeadamente acumulação de experiências, culturas e saberes-fazeres ao longo de décadas: aprendizagem individual, em que o processo de conhecimento não é estático, mas um processo em espira]. Mas para a complexidade do processo de inovação e para enriquecer o meio (inovador) as redes de inovação são uma boa solução. Segundo Ravix e Torre (1991, p. 386) a força da rede reside na presença de rendimentos crescentes, uma vez que aumenta a adopção de tecnologia e aprendizagens comuns por intermédio do learning-by-doing, by-using, by-interacing (Lundvall, 1998, p. 414), e by-searching (Lundvall, 2000, p2). Além disso, as redes parecem ser uma condição necessária (mas insuficiente) para transferir perícias e competências heterogéneas, conhecimento e informação das fontes de inovação da região. Todavia, a capacidade de orientar e decidir a organização e regulamentação do território local, no sentido de fomentar as inovações e promover a competitividade depende de um eficaz e eficiente sistema de governáncia. O sistema de governáncia, ou seja o conjunto de actores institucionais e que tem capacidade de decidir no território, tem um papel central neste processo, através dos projectos que definem, da política regional e também do modo de organização e regulamentação das actividades locais. E ele quem define as regras do jogo dos procedimentos de decisão, as modalidades de compromissos e de concertação dos actores presentes no meio e, por conseguinte, deve-o fazer numa óptica de pró-inovação e pró-competitividade. Neste sentido, a governância’3 de um território, deve ser assegurada pelo funcionamento de redes de cooperação (formais ou informais) locais (a interacção e a partilha da cultura e da história facilitam o desenvolvimento da confiança nas comunidades locais) e transterritoriais, numa perspectiva sistémica. Relativamente à governância territorial, Lopes (2001, pp.131132) apresenta diferentes tipologias de redes: rede polarizada, que Assim, a êntase dada ao govemânda deve-se ao facto de que a ia acção e apanlha da cu!tlsae da Nsàdaiacitam o desemdineo cairança nas crxnursdades Iocás, Cocke (2003) considera que cc na] impcqlantes Upos de govemãnda são a liieraiquia. o mercado. redi cultura.

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configura um modelo hierarquizado do território: rede constelação, onde predomina as relações entre parceiros de tipo reticular e horizontal: e rede segmentada, que combina os dois tipos anteriores, sendo portanto um conjunto articulado de redes polarizadas coordenadas por uma rede constelação. A complexa interacção entre estes elementos (conhecimento, relações de redes e governância), induz a potencial inovação para inovação efectiva, permite melhorar a capacidade de inovação do meio e possibilita ao território (inovador) competir, crescer e reforçar a sua coesão interna. Assim, o território é capaz de explorar e harmonizar estes quatro blocos e de promover a competitividade e o desenvolvimento. Seguindo Bramanti (1999, p652) ‘o território sustenta a interacção regular entre público e privado, grupos, organizações e associações, é capaz de combinar linguagens locais e globais, bem como elementos flexíveis, com externalidades de redes.”

CONSiDEPAÇQ FiNAS O conceito de meio inovador tornou-se um conceito partilhado pela comunidade científica e permite sintetizar as principais questões relativas às dinâmicas dos territórios, A sua abordagem contempla o estudo e compreensão das actuais transformações econãmicas articulando a geografia, o tecno-económico e o organizacional e propõe uma visão geral da competitividade das ‘regiões. Um meio é inovador quando integra a história, os sistemas de valores locais, a cultura e os costumes, a motivação dos actores locais, o espírito de risco dos empresários e domina saberes-fazeres locais, regras, normas e valores e capital relacional. Além disso, está ligado a um sistema de produção localizado, interage e está aberto aos outros meios exteriores num processo de aprendizagem colectiva. A competitividade das nações, regiões, num contexto cada vez mais global depende da sua capacidade para explorar as suas vantagens competitivas territorialmente diferenciadas. Neste sentido, é fundamental que o território sustente a interacção entre o sector público e sector privado, grupos, organizações e associações, e seja capaz de combinar nguagens focais e globais, bem cpmo elementos de conhecimento, com externalidades de redes para fomentar a capacidade de inovação e prosseguir um caminho positivo de competitividade.


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UTILIZAÇÃO DE POLÍTICAS EM GESTÃO DE REDES E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

MANAGEMENT POUTICS IN NEIW ORKS AND INFORMATION SYSTEM Victor Roque, Rui Lopes e José Luis Oliveira,

IESUMO A gestão de redes torn ouse, nos últimos anos, uma tema de máxima importância para as empresas dado que a sua org aniz açã o, os fluxo s de informação e métodos de trabalho, quer interna, quer externamente, estão cad a vez mais dependentes do bom funciona mento de redes de comunicação O conceito de gestão por políticas surg iu nos últimos anos como o paradigma ideal’ para tratar este tipo de necessidades. A Gestão Bas —

eada em Políticas (PBM Policy Based Man agement) aprese ntase com uni o par adigma adequado, quer para gerir estas nova s redes de comunicação quer par a garantir segurança e, generïcamente, defin ir as políticas de utilização dos sist emas e infra-estrutura de comunicações de uma organização. Este artigo visa expor esta meto dologia, o estado de normas e de desenvolvimento, e discu tir a sua utiliz ação nos sistemas de informação actuais de forma a garantir uma administraç ão coordenad a con e sist ente . Palavras-Chave: Sistemas de Informaçã o; Gestão de Redes: Gestão de Rede s por Políticas: Especificação de Políticas.

[‘BSTRACT Network management system s have gained a hug e imp oda nce to corporations. The organization of institutions and ente rpri ses, inter nal and external information flows and work methods are more and more depend ents of their communication networks. The management by policies app ears in recent yea rs as an ideal to take care of this kind ol needs. Policy Bas ed Management (PBM ) is like lhe adequate paradigm to deal with lhe new com munication network sys tem PBM can s. provide the security and promote the correct utilization policies of the organization

Equipa rado a Prof esso Adjunt r o da Escola SLpedo de Turismo e Tetocom unic açõe de s Seja do Institu to Poft écnico da Guarda Professo. Adjunto da Escola Superi or de Tecndoga e Gestão do Insti tuto Poiitêcnto de 8ragança Professor Auxiliar do Depadamento de Electrónica e Telecomunicações da universidade de Aveiro


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communications. Ths paper tries to expiam this methodology, the norrns and development achieved and discussed the utilization and guaranties the coordinated and consistent admmnistration of the actual information systems. Keywords: information Syslems; Netwcrk management; Network Management by Pclilics; Specification ot PoMics.

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NTRODUÇÃÔ A evolução das redes de comunicação veio criar novas oportunidades e novas perspectivas de exploração dos SI (Sistema de Informação). Sendo a informação o principal componente dos sistemas de informação, é necessário que esta esteja disponível em qualquer hora e em qualquer lugar (any time, anyp/ace). No entanto, esta disponibilidade só é possível se houver uma infraestrutura de comunicação robusta que a suporte. Se os sistemas de informação são cada vez mais eficientes são-o também cada vez mais complexos. A eficiência e a complexidade reflectem-se também na rede de comunicação, sendo imperioso geri la de forma eficiente e em tempo útil para garantir a operacionalidade e estabilidade dos sistemas de informação. Pode afirmar-se que um bom desempenho do sistema de informáção está relacionado directamente com o bom desempenho da rede de comunicação e vice-versa, isto é, um mau desempenho da rede de comunicação implica obrigatoriamente um mau desempenho do sistema de informação. Relativamente às redes de comunicação, tem-se verificado nos últimos anos um grande crescimento em diferentes sentidos: Escala as redes possuem cada vez mais elementos, cada vez há maior diversidade de elementos e estes requerem cada vez mais recursos dos sistemas que os gerem. Funcionalidade os elementos de rede têm cada vez maior capacidade para desempenhar mais funções. Cada vez mais protocolos e níveis de rede são necessários para o desenvolvimento de novos serviços. Intervalo de alteração a natureza dos actuais serviços de rede requer intervalos de alteração (actualização, adição, remoção) da configuração da rede mais pequenos que num passado recente. Não é possível actualmente fazer-se a configuração da rede e pensar que a mesma se vai manter por muito tempo. Esta deverá ser alterada de acordo com as necessidades dos seus utilizadores. Complexidade devido à crescente complexidade dos equipamentos e respectiva gestão, novas tecnologias e novos serviços de rede, a gestão da rede é cada vez mais complexa. Eficiência/Desempenho novas tecnologias aplicadas a novos equipamentos de rede tornam as redes mais eficientes em termos de desempenho e fiabilidade. Se tivermos em consideração o dinamismo actual das redes de comunicação/sistemas de informação e das empresas necessitarem


impacto relativo Instalação/Administração 61.

Tempo

cada vez mais, de novos e melhores serviços de comunicação, a gestão de redes assume um papel fundamental no sentido de reduzir ao mínimo o tempo que a mesma se encontra inoperacional e consequentemente, de forma total ou parcial, o sistema de informação que sobre ela assenta. Na Figura 1 pode visualizar-se o impacto no tempo dos factores instalação e administração/gestão de uma rede de comunicações. A administração de redes deu inicialmente origem a sistemas de gestão proprietários para de seguida se passar a sistemas de gestão com base em normas, portanto abertos, promovidos por diferentes entidades de normalização ISO (Internationai Organization for Standardization), IETF (The Interna tional Organization for Standardization) e outras. Isto acontece no início da década de 90 e desde então diversas têm sido as propostas neste domínio: SNMP (Simple Network Management Protocol) [1], CMIP (Common Management Information Protocol) [2j, CORBA (Comman Object Request Broker Architecture) [3], WBEM (Web-Based Enterprise Management Initia tive) [4], COPS (Common Open Policy Service) [5], entre outros. impacto

Figura 1

Apesar desta diversidade a grande maioria dos sistemas de gestão continua bastante dependente de esforço humano. E duas abordagens tém sido privilegiadas. Urna, muito ligada às operações de monitorização, é efectuada essencialmente por SNMR Outra, mais ligada a operações de configuração, baseia-se na intervenção directa no equipamento de rede, por CLI (Command Line Intedace) por exemplo, ou através de interfaces baseadas em tecnologia Web. Este cenário,

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devïdo à forte dependência do operador, faz com que seja extremamente sensível a erros e consequentemente poder por em causa o correcto &incionamento da rede. Por outro lado a gestão dos SI tem sido arredada destas estratégias dando origem a diferentes soluções para diferentes operações (rede e sistemas) que, em muitos casos, são realizadas pelas mesmas pessoas. Tendo em conta este conjunto de requisitos e problemas, urge definir mecanismos de configuração que garantam uma gestão eficiente e homogénea dos diferentes equipamentos que fazem parte da rede de comunicação. Uma possível resposta a este problema é a Gestão Baseada em Políticas (PBM PoIicy-Based Mana gement).

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GESTÃO BASEADA EM POLÍTICAS Os gestores de redes têm tipicamente de configurar e manipular manualmente os elementos da rede através de um processo que é atrito a erros e consome muito tempo. Esta abordagem, traz também dificuldades ao nível do ajuste dos parâmetros da rede, mesmo se os padrões de utilização da rede forem razoavelmente previsíveis no tempo. Devido a estas complexidades, a configuração dinâmica da rede baseada nos requisitos de utilização pode ser obtida com a ajuda de PBM. A gestão por políticas fornece a capacidade de definir e distribuir políticas para gerir redes heterogéneas. Estas políticas controlam recursos críticos da rede tais como largura de banda, segurança, controlo de acessos, entre outros. De uma forma simplista, pode dizer-se que os gestores de redes criam políticas para definir como os recursos ou serviços na rede podem ou não ser utilizados. Os sistemas PBM transformam as políticas em instruções de configuração e aplicam essas mesmas instruções de configuração â rede (Figura 2). Desta forma, os sistemas PBM vão permitir que a configuração da rede seja feita de uma forma “automática” com base em regras de alto-nível 171. Por exemplo, o sistema de gestão deverá ser capaz de, para uma determinada situação, oferecer facilidades para reconfiguração do sistema na sua totalidade, se necessário, sem que o gestor da rede tenha que se preocupar com os detalhes de configuração dos diferentes equipamentos que constituem a rede.


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Gestão de Redes por Poflta N

Figura 2 Funcionamento básico de Sistemas de GesiJo por Politicas. Se se tiver em consideração que o termo “política’ pode ser utilizados nas mais diversas áreas de actividade podemos defini-lo no seu sentido mais abrangente como planos de uma organização para alcançar objectivos e metas. De uma forma geral, as políticas podem ser consideradas como uma ou mais regras que descrevem as acções que devem ocorrer quando se verificam determinadas condições específicas [8]. E támbém possível que a aplicação de políticas dependa de acontecimentos, sob a forma de eventos. Neste caso, as regras poderão incluir uma parte associada a eventos 9]: (po/icyEvent) causes (policyActiOn) if (policyCofldltiofl) Assim, as políticas são constituídas por regras que gerem a forma como os recursos podem ser utilizados, ou como as aplicações e utilizadores devem ser tratados. Estas regras especificam um conjunto de condições, que quando se verificam, provocam que sejam executadas acções. As soluções de PBM permitem criar, manter e aplicar estas regras na rede. Uma analogia possível de comparação entre PBM e a gestão tradicional de redes é a comparação de uma linguagem de alto nível com uma linguagem de baixo nível. Quer na PBM quer numa linguagem de alto nível, o mais importante é o resultado final e não os mecanismos que produzem esse resultado. Nos dispositivos actuais a informação de alto nivel é traduzida em instruções de baixo nível para que os dispositivos as consigam interpretar e executar. Assim, a gestão baseada em políticas apresenta várias vantagens nomeadamente: Redução do tempo, custo e problemas associados à configuração’ gestão individual de dispositivos, redes, sistemas e serviços. A rede passa a ser gerida de forma centralizada. Definição do comportamento da rede como um todo. Utilização de linguagem não técnica para a definição das políticas. Utiliza a visão de objectivos e metas de negócio para a configuração da rede.

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2.1 Políticas, Regras, Grupos e Papeis

Gomo definido anteriormente, politica é uma ou mais regras que descrevem as acções a ocorrer quando determinadas condições se verificam. As políticas podem ser simples ou resultarem da composição de duas ou mais regras ou mesmo da composição de várias políticas (política de políticas). As regras são os elementos mais simples (elementos atómicos) que constituem as políticas [8, 10]. Regras simples, são regras que são constituídas porduas expressões lógicas binárias. A primeira define o domínio de aplicabilidade da regra e a segunda o domínio de aceitabilidade da regra. Regras compostas, são regras resultantes da composição de regras simples ou regras compostas. As operações lógicas podem ser utilizadas na composição de regras nomeadamente as operações conjunção (and), disjunção (or) e negação (not). A definição de políticas simples e compostas é idêntica à definição de regras simples e compostas, isto é, uma política composta é o resultado da composição de políticas simples ou compostas. Grupos de políticas são a agrupamentos de políticas, podendo terse “grupos dentro de grupos dentro de grupos”. Gomo exemplo, um grupo de políticas que se aplicam a “Alunos” pode ser constituído por outros grupos “Alunos 1° ano”, “Alunos 2° ano” “Alunos 5° ano”. O conceito de papel/ro/e é utilizado para a selecção de pôlíticas. Assim, é atribuído um papel/ro/e a cada recurso e depois utilizado como selector do tipo: o router X é do tipo access router; aplicar a política Y a todos os access router. Quer em regras compostas, quer em políticas compostas, as regras ou políticas não devem entrar em conflito umas com as outras. Não deve ser possível, por exemplo, ter políticas a autorizar o acesso a um recurso e outra, na mesma política geral, a negar o acesso a esse mesmo recurso.


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Exemplo de uma política de QoS.

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Figura 3

2.2 Tradução das Pc!ftcas As políticas no seu sentido mais abrangente podem ser definidas como planos de uma organização para alcançar objectivos e meias. São portanto definições de alto nivel que necessitam ser traduzidas para instruções de baixo nível compreensíveis pelos dispositivos de rede. Este processo de tradução é denominado por pohcy continuum [11], onde os vários níveis de abstracção definem como a política é representada desde o nível de negócio até ao nível de dispositivo. Na Figura 4 pode

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ser visualizado o resultado da aplicação ao poficy continuum das normas definidas no IETF.

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Figura 4

Do ponto do utilizador, todo este processo de tradução deverás automático permitindo desta forma que a configuração da rede sa ft com base em regras de alto-nível.

2.3 Arquitectura dos Sstemas PAM para redes

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monitoüzaçõo

de rede

Consola

Arquitectura PBM para Redes,

DbpOdNVO

Oesforçodenormalizaçãodags0 porpolíticas partephncipalmente de organizações como o IEFF e o DMTF (Distributed Management Task Force) tendo resultado propostas como: COPS (Common Open Policy Setv/ce) [5] e SNMP for Configuration [12] no âmbito do EFE, e GIM (Common lnformat/on Modeô [13] e POIM (Policy Core lnformatjon Mode [8] dentro do DMTF (Distr/buted Management Task Force) (na realidade, o PCIM é resultado de ambas as organizações). Estes desenvolvimentos conduziram à definição de uma arquitectura para PBNM (PBM para redes) composta por quatro entidades funcionais (Figura 5): a Policy Mana gement Tool ou Policy Console, o PoI/cy Repository, o Pohcy Sen,er ou Pollcy Decision Point (PDP) e o Pollcy Enforcement Point (PEP). Este modelo descreve os componentes chave mas não faz qualquer referência a detalhes de implementação como por exemplo distribuição, plataforma ou linguagem. Como consequência a Policy Console é de todos os componentes o menos definido e as suas funcionalidades dependem grandemente das opções assumidas pelos programadores.

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Figura 5


e O PDP é a entidade responsável pela verificação de quando com base como as políticas podem ser aplicadas. Valida as decisões utilizadores, em medições de tráfego, análise da contabilidade, perfis de validação detecção de eventos e trata também da determinação e e funções de aplicabilidade de regras a nível de recursos especificas elemento de adaptação dos dispositivos. Do outro lado, o PEP é o devolvem o onde as decisões são aplicadas quando as condições acções valor lógico ‘verdade”. São os responsáveis pela execução das e validação podendo realizar operações adicionais como a verificação a res, de condições. Como exemplos de PEP’s temos routers, servido O sistemas, genericamente qualquer entidade passível de ser gerida. nada Repositório de Políticas é o local onde toda a informação relacio ve, entre com políticas é guardada. A informação aqui guardada descre tadores e outra informação, utilizadores autorizados, aplicações, compu serviço e os seus relacionamentos. da por A transferência de informação entre PDPs e PEPs é efectua ente intermédio de um protocolo de políticas. Uma das opções actualm disponíveis é o COPS [5, 14].

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1

CASO PTlCO: PBM NA GESTÃO DE SISTEMAS Políticas genéricas tem p& O cenário aqui apresentado como exemplo de aplicação ) do IPB base a ESTiG (Escola Superior de Tecnologia e de Gestão termos de (Instituto Politécnico de Bragança). Os recursos actuais em 1 sala de salas de formação incluem 4 salas de 12 PCs cada uma e iaturas 45 POs, para apoio aos diversos planos de estudo (8 Ucenc bietápicas), com um total aproximado de 2000 alunos. e de Considerando a diversidade de sistemas operativos erados conhecimentos informáticos dos utilizadores foram consid Conselho os seguintes objectivos e que vão de encontro à regra do Directivo: sw Todo o software, incluindo os 50 (Sistema Operativo), deve zação. obtido de um servidor de forma a facilitar a instalação e actuali obterj A configuração dos clientes deve ser mínima. Estes devem residir rxxn1 o IP e outros parãmetros de configuração do servidor e esta único ficheiro comum a todos os SO. Os utilizadores devem ser identificados por intermédio de um comum a e de uma palavra-chave e ter acesso a uma área de trabalho todos os 50.

1 1

Os computadores devem ser limpos e reinicializados no arranque. Todos os computadores devem estar protegidos de vírus informáticos Estes objectivos contribuem para que todos os PCs estejam em boa condição de funcionamento. Para der respon a tos, o estes requisi pessoal do CRi decide, de forma técnica, implementar um mecanismo de remofe boot, o que vem resolver os seguintes problemas: 1! [(ficheiro corrompido) ar (vírus detectado) or (confiQuração Inexistente)] then (restaurar todos OS ficheiros)

Além disso, foi também implementado um mecanismo de autenticação centralizado que pretende responder ao requisito de que todos os utilizadores devem ser reconhecidos antes de poderem ter acesso aos recursos: if (utilizador faz Jogin) then (autenticar utiilzador)

Remote Soof Talvez o maior obstáculo à implementação de um a deste sistem tipo seja a diversidade de computadores numa única rede. No caso presente da ESTiG esta situação normalmente não se coloca, uma vez que o concurso de aquisição de material incide sobre uma dade quanti suficiente para equipar uma ou mais salas de aula e do qual resulta todas as máquinas serem iguais, O processo de remote booting segue três fases:

Obtenção da configuração do . cliente Nesta fase o cliente estabelece uma ligação com o servidor por intermédio de SOOTP/DHCP (Bootstrap Pro toco! /Dynamic Host Confi’yuration ol) Protoc de forma a obter a informação necessária para as fases tes. seguin A ação inform contém o endereço i máscara de sub-rede, O encaminhador por defeito e o nome do programa de bootstrap. Carregamento do programa de ap. bootstr Este ma é o progra núcleo da operação de remote boot. E permanentemente armazenado ro servidor e transferido para o cliente por TER (Trivial File Transfer Protocol) Tem a responsabilidade de preparar o cliente para executar 080. Execução do programa de ap, bootstr Este passo leva à definição de partições e formatação do disco, à obtenção e ão execuç do SO. Estas fases são dirigidas por uma ROM Only (Readry) Memo frlstalada na placa de rede. A ROM interage directamente com a 6105


cia a conectividade IP/UDP (Bas!c InpuVOutput Systern) e providen necessária para concretizar (lnternet Protocol/User Datagram Pro toco!) os diversos passos. ent) para boot roma A norma PXE (Preboot Execution Env/ronm t (15] é a mais utilizada também conhecido por Lanuesk Service Agen de rede do mercado têm actualmente. Praticamente todas as placas ROMs compatíveis com esta norma. bo é um programa Para desempenhar funções debootstraping, Rem mbo.com). Ele assume o bastante versátil e poderoso (http://www.re nte no início do processo controlo do arranque do computador praticame ite manipular qualquer ainda antes do sistema operativo. Este facto perm ficheiro sem restrições de utilização. rom o nome do Em termos práticos, o DHGP indica à boot P para carregar o Rembo booffllename. Este usa, posteriormente, o TFF directarfiente do servidor servidor um scrpt Quando o Rembo é executado, este procura no se encontram definidas que será interpretado no cliente. E neste script que definir qual a imagem a as operações a realizar no cliente e que permitem ma é apresentado passo carregar localmente. O funcionamento do siste õe de sistema operativo 1 por passo em [16]. Depois disto o cliente disp pronto a utilizar lação remota de três Actualmente esta metodologia suporta a insta e Windows NT. A infratipos de sistemas operativos: Unux, Windows 98 estrutura de rede é baseada em Fast Ethernet. Autenticação dor de directoria com O processo de autenticação assenta num servi Protoco!). Este armazena base no LDAP (Lightweight Dfrectory Access adores, incluindo o nome, os atributos correspondentes a todos os utiliz passwords, endereço de correio electrónico, etc. OpenLDAP (http:/J O servidor de LDAP, instalado com base em servidor SAMBA (hftp:ll www.openldap.org), responde a pedidos de um uma estação de trabalhe www.samba.org) quando o utilizador recorre a o servidor de LDAP Windows. Se a estação de trabalho for Linux, (P)uggable Authenticalla:, comunica directamente com os módulos PAM ub/linux1libs/parh4. 1 Modules) correspondentes (http://www.kernel.org/p tenham o mesn1 Esta abordagem permite que os utilizador SO e da estação dei username e password independentemente do trabalho que ocupem.

1

RCONCLUSÕES

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A gestão por políticas é uma metodologia em que a informação de configuração é especificada segundo regras e objectivos que depois de distribuídos pelos diferentes elementos de rede irão assegurar um comportamento consistente da rede de comunicação e dos sistemas de informação. Esta forma de gerir a rede traz várias vantagens que indirectamente vão condicionar o desempenho do sistema de informação que nela assenta, nomeadamente: Simplificação da gestão de dispositivos, redes e serviços Possibilidade de rapidamente alterar as características da rede de forma a suprir necessidades imediatas do sistema de informação. Gomo exemplo, é facilmente alterável o comportamento da rede para que o tráfego de um determinado gmpo tenha prioridade sobre o de outros, Redução no esforço de configuração permite que com pouco esforço possam serefectuadas as modificações solicitadas, Possibilitando desta forma tornar o sistema de informação mais dinâmico. Definição do comportamento da rede como um todo sabe-se à paflida qual vai ser o comportamento da rede no final da aplicação da(s) Política(s) Se algo correr mal, o sistema PBM faz com que a rede volte ao seu estado anterior Garantese desta forma a operacionalidade da rede e do sistema de informação, pois mesmo no caso de uma eventual falha, os mecanismos de recuperação disponibilizados pelo sistema PSNM fazem com que a mesma volte ao seu estado de funcionamento anterior, não havendo Portanto quebras no seu funcionamento e dos serviços de sistema de informação dela dependentes

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Durham, 0., ei ai., The Copa (Commoo Open Poicy SeJce) Protocoi AFC2748 2EX30, lhe Internei Engineerjng Task Force (IETF)


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A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NAS REGIÕES: EXPERIÊNCIAS PILOTO

INFORMATION SOCIEW IN REGIONS: PILOT EXPERIENC ES Ascenção Braga

IESUMO

Nos últimos tempos as tecnologias de inform ação de comunicação têm e sido alvo de um profundo e rápido desenvolvimento que se materializou numa verdadeira revolução ao nível de infra-estruturas, serviço s e aplicações. Esta transformação aparece difundida por todas as sociedades, assenta sobre o hiper sector da informação e afecta todos os estado s, regiões e cidadãos. A Comissão Europeia, consciente desta realidade tem vindo a empenhar-se no desenvolvimento da Sociedade da informação, patente nos diversos documentos elaborados e no lançamento de iniciativas-piloto, Com este trabalho pretendese analisar alguns dos projectos-piloto e alcançar lições de experiê ncias. Palavras-chave: Sociedade; Informação; Tecnologia; Experi ências; Europa.

E’BSIRACT In the last years intormation and communication techno logies have been the objective of a deep and rapid development that has materia!ized ri a true revolution at a levei of infrastructures, seft’ices and applica tions. This transformation appears in ali societies; ii sits a on hyper sector of information and affects ali of the states, regions and citizens. The Europe an Commission, conscious of this reality Fias cometo pawn ri the develo pment of the Information Society throügh severai documents and initiatives. With this work we intend to analyze some of the projects-pilot and acquiri ng lessons of experie nce. Key Words: Society; Information; Technology; Experiences; Europe .

‘A Sociedade da Informação constitui uma chance real para

(Bam;er 2003)

o desenv olvime nto region al, permit indo mesmo regiões às mais distantes de se conectar com as outras regiões da união e do resto do mundo.”

Docente da ESTG do Instituto Politécnico da Guarda


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INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea é caracterizada por inovações tecnológicas e transformações sociais que afectam as formas de produção, os relacionamentos e a vida dos cidadãos, em resultado de um conjunto de mudanças que ocorreram ao longo das últimas décadas do século XX. Diversos factores têm contribuído para esta mutabilidade mas merece destaque o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e de Comunicação ÇFIC) que assumem um lugar fundamental no acesso rápido à informação, marcando presença em todos os aspectos da vida económica e social permitindo eliminar barreiras de tempo e espaço, assim como, promover a interactividade em diferentes formas. A ampla liberalização da economia mundial e o desenvolvimento acelerado das TIC impulsionaram a globalização das economias e a abertura a novos mercados que, por sua vez, requerem novas estruturas de negócio, nova mentalidade e cultura, bem como novas competências que exigem habilidade para aprender a adaptar e a desenvolver capacidades. Esta nova realidade incita os governos a um modelo de crescimento sLlstentado, baseado no objectivo socio-económico da criação da Sociedade da lnformação1(Sl). Esta apresenta-se como a possibilidade de aumentar a qualidade de vida, as competências, a competitividade internacional e a interacção, com relevo especial para a perspectiva humana que é mais importante do que a tecnologia e a sua aplicação, apesar de nem sempre produzir os resultados esperados. As regiões também não têm escapado aos impactos da mundialização onde a concorrência e o desenvolvimento das tecnologias crescem de dia para dia. Todas estas movimentações se inserem no contexto da SI, onde ao longo dos últimos anos a maioria dos países e das regiões não têm olvidado esforços para a realização de actividades relacionadas com o seu desenvolvimento, apesar de, com intensidade e resultados diferentes, originarem assimetrias de desenvolvimento. Merece realce, também, as actuações da União Europeia (UE) que fizeram da SI uma das suas políticas prioritárias criando um quadro favorável ao seu desenvolvimento. Os países têm uma responsabilidade primordial no desenvolvimento

Nos EUA BilI clinton e o vice-presciente Gere lançaram A Infra-estrutura Nacional do Informação’; no Japão uma ‘Sociedade Intelectueirneite cnatwa’ e na união Europe:a o üvro Branco sobre o crescimento, a competitividade e o Emprego na Europa e a Sociedade Global da Informação’.

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das suas regiões e a UE ocupa um papel crucial ao tentar ajudar cada estado-membro a agir mais e melhor do que se o fizesse isoladamente. Deste modo, a Comissão Europeia tem vindo, desde os anos noventa, a empenhar-se no desenvolvimento da SI em todos os países, pela sua importãncia estratégica para a Europa, o que está patente nos diversos documentos de orientação elaborados2, bem como no lançamento de projectos-pilot&. A Sociedade da Informação arrasta consigo todo um conjunto de transformações estruturais, económicas, sociais e culturais que juntamente com as TIC, vão ter fortes repercussões no potencial de desenvolvimento das regiões. Dentro da iniciativa eEurope, as acções inovadoras (do sector produtivo, dos serviços públicos ou dos próprios cidadãos) são uma importante contribuição para explorar de forma mais eficiente o potencial da SI, promovendo a oportunidade para as regiões participarem de forma pro-activa através das iniciativas inter-regionais e regionais da SI.

A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA As linhas estratégicas de uma política integrada para a SI na UE são relativamente recentes (2000). Até então, a Europa conhecia e regia-se por um conjunto de iniciativas políticas e legislativas dispersas mas que, à sua maneira, foram estruturantes para a construção do que é hoje a SI. Após o ano 2000 a política europeia segue uma nova orientação, patente nos Planos de Acção Integrados eEurope. Um olhar pelos seus antecedentes faz sobressair alguns marcos importantes. Foi no inicio da década de noventa que a SI começou a ser vista como a chave para o crescimento económico, a competitividade, a criação de emprego e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos europeus. No Livro Branco (1993): e no relatório de Bangemann, (1994), o potencial das tecnologias da informação surge como cataclismo do desenvolvimento europeu, apostando em novas infra-estruturas de

A coesão e a Sociedade da Informação’ (CE. 199/aI; V.ver e Trabalhar na Sociedade da Informação: Pnordades para as Pessoas’ (CE, 1996aI; ‘Perspectivas de emprego na sociedade da Infozmnação” (CE, 1998). No V Programa Ouadro a Sociedade da Informação é um dos temas centrais ocupando uma pane bastante significativa dos fundos estrutura:s.


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comunicação. No Conselho de Corfu (1994) surge o primeiro plano de acção: “A via Europeia para a Sociedade da Informação”0 que tinha como objectivos principais a plena liberalização dos serviços e infraestruturas de telecomunicações; o reforço e orientação dos programas de investimento em TIC; e a incorporação da nova dimensão da SI em todas as políticas comunitárias relevantes. No seguimento deste plano de acção, foi criado o Information Society Project Office7 para apoiar, promover e orientar as actividades públicas e privadas ligadas à SI. Em 1996, foi lançado o “Green Paper Uving and Working in the Information Society: People First” (CE, 1996d) que discute os principais desafios sociais derivados da transição para a SI. A rápida evolução das tecnologias e dos mercados exigiu um novo dinamismo à política comunitária. Na transição para o século )O(l assistiu-se à verdadeira adesão da UE à SI através dos Planos de Acção eEurope que são capazes de responder transversalmente aos desafios provocados pelo desenvolvimento desta sociedade, com a ajuda de uma coordenação aberta e complementar das iniciativas comunitárias, nacionais e regionais. A iniciativa “e-Europe- uma sociedade de informação para todos”(1 999)8 surge como forma de garantir que toda a União pudesse beneficiar da evolução da SI. As ideias subjacentes a esta iniciativa foram bem aceites no Conselho Europeu de Lisboa (2000) e, com intuito de acelerar a transição da Europa para a economia do conhecimento e garantir uma maior coesão entre os diferentes ritmos de desenvolvimento dos Estados-membros, foi definido um objectivo estratégico ambicioso para a década seguinte: “tornar-se na economia baseada no Conhecimento, mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social”9 ao que se seguiu o plano de acção “e-Europe 2002 uma sociedade de informação para todos”10. Para isso não bastava apenas investir nas tecnologias mas

t,vro Branco, Cresc)mento, CompettUv’dade e Omprego. Desa[cs e Pfls pala en1a, no sécuo )c(r COM (93) 700 [na. As crcçes2s dam apesatadas eram o deserivoaneoIo das redesT,anse’jrope-as irdiizt as de lranspDMe, de enero a e de t&eccrnjn cações. Eurepa e a Soc:ade gba! da Infoiniação; Reccinendaçã conse!Ic Eu’epeu {2&51 594) COL. (94) 347 [na. Baneas 19:7/1994 Desde 1998. adop:ou a desgnação de Inorma:an Soc.e:y Pr0TI 0ff cc (iSPO). • COM (1999)681 mal conse!ho Curopeu de Lisboa (Março de 2000) COM (2000) 330 fr.a

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também nas pessoas e nas qualificações, além de que seria necessário estimular o uso da internet e torná-la mais barata, mais rápida mais acessível e perceptível. Em 2002, baseado nos êxitos do plano anterior surgiu o “eEurope 2005. UmaSaciedadeda Informaçãoparao05»1 quevisavaproporcjonar um ambiente favorável ao investimento privado e à criação de emprego, incentivar à produtividade, modernizar os serviços públicos e facultar a todos a oportunidade de participar na sociedade da informação e do conhecimento. Os utilizadores vão ser os personagens centrais havendo um esforço da participação de todos, quer pelas novas oportunidades que vão surgindo quer pela melhoria das suas qualificações. Mais recentemente, as linhas de acção da Comissão Europeia para a SI até 2010 estão patentes no programa i201 O Sociedade de Informação europeia para o crescimento e emprego” 12, seguindo as directrizes do Conselho Europeu da Primavera de 2005 que considerou como essencial o desenvolvimento da SI de forma inclusiva, tendo por base a generalização da utilização das TIC nas empresas, nos serviços públicos e nos agregados familiares.

O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO AO NÍVEL REGIONAL Os impactos da mundialização, da concorrência e do rápido desenvolvimento tecnológico fazem-se sentir não só ao nível dos países mas também das suas regiões. A UE reconhece que as regiões desempenham uma função chave na transição para a SI, com implicações directas no seu potencial de desenvolvimento constituindo, simultaneamente, uma oportunidade e um desafio, na medida em que a utilização das TIC dão um contributo essencial para a competitividade regional e para a coesão social. A rápida difusão das TIC oferece novas oportunidades e perspectivas de desenvolvimento para as regiões

‘O 2010 sleqra as hibas de acção da Cornssão prna a scc,edade de infermação a:é 2010 Fe. aprovado a 1 de FeveseTo de 2005 nleorande corno pr;rc pa vec:ores de acção as meddas: cr.ação de um espaço de n’(esrnação• aumento do ulvesi.merilo e novação no seclcr das i1c; conscdação da soe edade de conhec.mano abejia, iransparenre e acessft,eI a iodos. Pe’a em nação de barre-ias contra a 1sleação das empresas tora dos centros urbanos e constitui um grande potencial para o desenvotv-.men:o de novas formas de emprego (por exerrJ’o: lcerabaho) e pos:os de trabalio mas QuatV.cadas


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mais isoladas e mais pobres se aproximarem das mais desenvolvidas, facilitando uma localização mais eficiente do investimento3. Neste sentido, as iniciativas oriundas das regiões são apreciadas como um potencial de desenvolvimento da UE conforme consta do relatório “Europa 2000 Uma visão de conjunto para o desenvolvimento do território da Cõmunidade” (CE, 1991) na medida em que podem fazer valer os seus atractivos em termos de localização e intensificar contactos com outras zonas da Europa através da utilização das TIC. De um ponto de vista estratégico, foi dada a oportunidade a algumas regiões europeia&4, de utilizar os fundos estruturais para o desenvolvimento da SI nos seus territórios, apresentando para isso um plano estratégico de acção, a incluir no Programa Operativo Regional5 que, conjuntamente, com um política regional seria um forte contributo para a redução de disparidades entre elas, mas sem esquecer as especificidades próprias de cada uma. E nesta perspectiva e tendo presente que aSI pode melhor responder às necessidades locais, considerando as condições de cada território e não partindo de um modelo abstracto, que surgiram as primeiras propostas da participação das regiões na SI através da iniciativa lRlSl Inter-Regional Information Society Initiative, a que se seguiu a iniciativa RISI Regional Information Society lnitiative10.

REGIONAL INFORMATION SOCIETY INITIATIVE (RISI) A percepção dos benefícios do desenvolvimento da SI e dos perigos da exclusão, bem como o êxito da iniciativa lRlSl levaram vinte e duas regiões menos favorecidas da UE a participar na iniciativa RISI (1996). Tratou-se de uma acção conjunta entre a DG V (assuntos sociais); DG XIII (telecomunicações e mercado de informação); e a DO XVI (política regional) da Comissão Europeia e que pretendia ajudar a tornar a SI e as suas aplicações num importante factor de desenvolvimento para zonas desfavorecidas, através da criação de iniciativas regionais que aumentassem aconsciêncialização dos cidadãos para a SI empreendendo demonstrações piloto, preparando a discussão à volta da entrada das TIO e procurando a incorporação da SI como um claro objectivo no plano No ámbito de artigo 10 do FEDER foram vadas a cabo dívs acções novadoras de desenvov:mento reg:onal na área da Soca da Informação. IS Esta iniciativa Irá ser objecto de uma anát:se mais aprofundada pa t constituido a base para o trabaho empir;co.

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4. Nata.1: Nandi [ngIaL Unir., Kinnkm ‘5. NnkmS: Flamh KnIi.. Finja.] Ia. Tdgpn,c Fnt,, li. 111051:: limara.. C,cinn,3 IS. ATIIIiss: Alma &m ‘9. StkND; Sai.], SIni nabal. “n’and 2w I:.,iman Marre. Spir 11. IT.BI ,aas Ifidinge, S,.a*n 22.WIS:W]aUna.]Ki,_

4. Ana. Lima4,,, Ljmçnmin F,ne. 3. Saia: Foilou.Çhnjt,*,n, Faina,. 6. mIoS,!: Sd,ks.jg.H,Ia,fr,. Oamnaj 7. BisiOS: BnsWa,bn. Ocamany. !. RlSr: Erâsa Orem,, 9. Shi,, Shj,m,. InIs.d lo. A,ia, (.bb,a.. Iiay II. ,r,d,: Lasemodan Spain 2. AU-Dano. Vr!nIn,ca S,n,*n,. 13. Campas. Ymtdui,, a..] lIastmni&. Orei,,] Kinp*re,

1. TI:LrkIs: S,nii Anti. 2. FASIL: Liqt. ScIfl.m. 3 Ir.dd,n, Wna Fi&.ed AIIj..ne Fiabani.

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de acção e desenvolvimento das autoridades regionais. Os principais objectivos do RlSl incluem: Desenvolvimento de consensos e parcerias entre os diversos actores regionais no desenvolvimento da estratégia regional da SI; Desenvolvimento de um plano de acção para implementar a estratégia regional da SI e contribuir para o desenvolvimento da região; Criação de uma plataforma comum de partilha de experiências, conhecimentos e outros projectos de regiões Ao conjunto dos vinte e dois projectos diferentes. RISI distribuídos por onze países (ver figura 1) está subjacente uma estrutura tripartida, de gestão e acompanhamento de todo o processo, composta por um Comité de Orientação Regional; uma Unidade de Gestãoia; e Grupos de Trabalho temáticos°.

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23. Carnal MnaoS.ria Orne,, 24. Nod.pas.dc 1.1L Frar, 23. Nmrh tIniwd Kinpk.n 26. Planam,. IreIy

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Figura 1 Projectos RISI

Fonte: hIIpJ/medlabcsuoigr/,ise,RlsEoff&RpsI

A metodologia que lhes está subjacente contém uma abordagem comum às diferentes regiões que procuram desenvolver uma estratégia e plano de acção para realizar a melhor e que passa por estimular, experimentar, representação regional da SI avaliar e difundir as melhores

Que representa os experis e principais agentes

regionais dos sectores pub!Fco e privado “Que apoia o Qom:té Reg:onal e executa as suas decisões Que estabotecem contacto com os põtos de competênc,as da reg:ão e ma:or participação


práticas tendentes ao desenvolvimento de serviços e aplicações da SI e por ajudar na formação de parcerias entre actores regionais chave, que culminam no desenvolvimento regional. Trata-se de um processo complexo, não linear, dinâmico, de carácter interactivo e muitas vezes simultâneo e repetitivo. Um processo de aprendizagem que permite realçar o valor das competências e das capacidades regionais onde, para as regiões participantes, tenha lugar a oportunidade da aprendizagem inter-regional e a partilha de boas práticas. Com efeito, o objectivo principal comum a todos os projectos consistia em preparar a região para a SI, incentivando o uso sistemático das TIC nos diversos sectores e dotar a região de infra-estruturas que tornassem as TIC acessíveis a todos os cidadãos e que melhorassem a sua qualidade de vida. A prossecução deste objectivo passava pela elaboração de uma estratégia e plano de acção para o desenvolvimento da SI na região e por um trabalho metodológico que passa por divwsas etapas que assim se apresentam de forma sucinta: Diagnóstico inicial da região, através de um inventário inicial das actividades existentes no âmbito da SI e do seu grau de desenvolvimento, tanto do lado da oferta como do lado da procura; Sensibilizar para a SI e seus impactos. Mais do que informar a população desses impactos (bons e menos bons), a sensibilização vai ocupar um papel essencial para identificar os principais intervenientes e parceiros e fomentar a sua participação; Avaliar os pontos fortes e fracos, oportunidades e riscos da região (análise SWQT). Deve ser uma análise tão objectiva quanto possível para criar um contexto onde possam ser elaborados cenários hipotéticos com opções de desenvolvimento20; Criar redes, desenvolver novas parcerias e alcançar o consenso entre os actores chave. A SI exige novas parcerias, pelo que, cabe às iniciativas identificar os parceiros considerados importantes e estabelecer e apoiar as relações entre eles. As regiões aprendem mais depressa se fizerem parte de uma rede de aprendizagem inter-regional que lhes permite, através da cooperação e da partilha de experiências desenvolver Se necessário, pode recoger-se a oonsutores externos á regiãa 22 A obtenção de consensos tende a ser mais facatada nas regiões onde a iniciata tem ligações ledes com o governo regonat e onde eIe uma liderança (ode. Neste sentido, a parceria mais importante é cria Comité Director Reg:onal. Mas não menos tmportante é obter o empertio do seotor privado, o que nem sempre é fácil e rápido, daí que o secter público tenha de assumir uma abordagem flexível, criando stuações vantajosas para ambos es lados.

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competências e consolidar progressos2; Acordar as prioridades de acção e assegurar o seu impacto sobre o Plano de Desenvolvimento Regional e respectiva integração. A partir de um debate regional aberto, devem ser tomadas em consideração as políticas e iniciativas nacionais e europeias; Reorientar os regimes de financiamento público (em especial os fundos estruturais) de acordo com as prioridades definidas. Perante o insuficiente investimento privado, cabe ás autoridades públicas desempenhar um papel catalisador. As iniciativas regionais devem influenciar e orientar a utilização dos fundos estruturais para assegurar a integração da estratégia e do plano de acção com o Plano de Desenvolvimento Regional; Determinar os critérios de selecção dos projectos22 e suportes financeiros, estudos de viabilidade, de controlo e de avaliação. Tem de haver consciência de que nem todos os projectos terão o mesmo desempenho e que com os erros também se aprende. A avaliação deve ser considerada como um instrumento de aprendizagem, garantindo a troca de Informação, experiências e fazendo comparações entre os objectivos e os resultados, bem como com outros projectos idênticos. A estas iniciativas está associada a ideia de que os modelos não podem ser de tipo ‘descendente”, sob pena de não darem resposta aos problemas específicos de determinada região e os actores locais não aproveitarem por completo as potencialidades tecnológicas. Por esse motivo, torna-se fundamental o conhecimento in oco e a participação dos actores locais num debate conjunto sobre os problemas e necessidades de cada região e a forma de os ultrapassar. As parcerias estabelecidas entre os diversos actores locais/regionais e os trabalhos conjuntos, em uníssono, são fulcrais na elaboração de uma estratégia e de um plano de acção para optimizar os benefícios da SI. Como resultado, o poder das regiões aparece reforçado, podendo orientar os planos de acção para as suas próprias prioridades, problemas e interesses. Trata-se de iniciativas que seguem as modernas abordagens do desenvolvimento regional apoiadas nos factores endógenos de uma região e a partir daí construir as estratégias de desenvolvimento. Da análise global dos projectos e apesar das especificidades de cada um foi possível identificar algumas áreas estratégicas de intervenção

22 A fim de ultrapassar problemas com objectiv;dade e neutralidade podem recorrer-se a peritos externos/avaliadores externos.


comuns, que visavam assegurar a igualdade de oportunidades no acesso à informação; favorecer a integração social dos grupos mais desfavorecidos: melhorar o acesso do cidadão à oferta de formação e laboral; aproximar a Administração Pública e as restantes instituições do cidadão; divulgar os benefícios da SI; aplicar as TIO às pequenas e médias empresas, à formação, à educação, à saúde, etc; criar infraestruturas de telecomunicações; e impulsionar a indústria regional de conteúdos23: Infra-estruturas e seu acesso Dotar as regiões com boas infra-estruturas de telecomunicações e redes de serviços capazes de suportar a procura tecnológica (empresas, instituições e cidadãos) actual e futura. Evitar a discriminação entre zonas rurais e centros urbanos e adaptar a política de preços das telecomunicações à situação específica das regiões desfavorecidas. Adçninistração Pública e serviços públicos Modernizar a Administração Pública com acesso a infra-estruturas e redes avançadas de telecomunicações. Melhorar os processos internos e procedimentos normativos; inter relação administração/cidadão, acções de fomento e divulgação das TIO (formação permanente aos funcionários, consciencialização das utilidade das TIO), disponibilizar serviços públicos acessíveis em linha, interactivos para incentivar os cidadãos a participar no governo local e nos serviços públicos utilizando as TIO, bem como usá-las para ajudar a descentralizar os serviços públicos e o emprego. Educação e Formação Dotar as escolas de todos os níveis com TIO (interligar centros educativos e as redes de centros a nível regional; intranet em bibliotecas regionais e em centros educativos) e desenvolver capacidades para a sua eficiente utilização quer da parte dos alunos quer da parte dos professores. Investir na formação e aprendizagem permanente. Apostar na formação dos formadores utilizando pedagogia adequada e adaptada às novas realidades (métodos de trabalho, conteúdos), essenciais para uma formação eficaz e de qualidade; dispor de metodologias apropriadas à pesquisa de informação. Apostar na formação do sector empresarial (formação de base e formação continua) com vista a alcançar novos mercados através de novas formas de fazer negócio, aproveitando o desenvolvimento das TIC,

Neto (2002) apresentou uín conjunto de domtnEos de nteve a promover na defnça de estratégEas reg’onaEs de promão Sociedade da Inroniiaçio

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que por sua vez permitem a aquisição de conhecimentos e competências de forma a atenuar o risco de dualização. Cuidados de Saúde e Medicina Ugação em rede de todas as instituições ligadas ao sector da saúde com sistemas de disseminação de informação baseados nas TIO, com garantias de segurança e confidencialidade Os profissionais de saúde deverão poder ter acesso a bases de dados especializadas, literatura científica e legislativa, registo de pacientes, fóruns de discussão, videoconferência telemedicina, etc., que contribuam para a melhoria de decisões clínicas. Os cidadãos deverão ter acesso aos cuidados de saúde sem terem de fazer grandes deslocações, os serviços de saúde primários devem estar disponíveis e a gestão de consultas, deve ser uma realidade, etc. Sector Empresarial Sensibilizar e consciencializar as empresas das oportunidades trazidas pela SI e capacitá-Ias para o máximo do uso das TIO para aumentar a competitividade e encorajar novas formas de trabalho negócio e cooperação (telecooperação) entre empresas para assim poderem entrar com sucesso nos mercados chave da SI e no mercado global.

Oriar um ambiente favorável à inovação para impulsionar o aparecimento de empresas e organizações flexíveis com capacidade de gerar novos produtos e serviços locais correspondentes às necessidades específicas (e-comerce, serviços turismo em linha, teletrabalho, web sites), industrias de conteúdos e formas de organização que encorajem a iniciativa individual e o desenvolvimento de capacidades de aprendizagem. Apostar na qualificação dos recursos humanos para o uso das TIO e sua inserção na organização e na estratégia das empresas e instituições1 para assim poderem responder às novas necessidades bem como também desenvolver novas aplicações sistémicas. Oidadãos Favorecer a segurança das infra-estruturas e a multiplicação de pontos de acesso a partir de casa, do trabalho, das escolas e outros lugares de formação, bem como permitir o acesso gratuito em espaços abertos ao grande publico, particularmente nas áreas rurais e para grupos desfavorecidos (bibliotecas, quioskes, espaços Internet, centros de conhecimento) por forma a que todos possam ficar mais próximos das TIO. Aos grupos de desfavorecidos, fomentar o acesso, o conhecimento e a familiarização com um conjunto básico de utilidades das TIO.


o Paralelamente a estas intervenções é necessário desencadear um conjunto diversificado de esforços em termos de sensibilização, explicando em todos os meios e a todos os níveis os benefícios e impactos da SI, bem como os riscos de ficar à margem deste processo. Apostar na consciencialização aos cidadãos, empresas e decisores económicos para a cultura das TIC e suas aplicações e aos poderes públicos as reais oportunidades da SI e os perigos da não adesão para a região. Esta consciencialização pode ser feita através de um conjunto de campanhas de sensibilização para os diversos sectores (económíco, publico, social, etc) e para públicos alvo (pais, crianças, professores, trabalhadores, agentes públicos de serviços, etc) através de diversos meios (seminários de sensibilização, conferências, convénios, publicações, debates, mass media, eventos culturais e desportivos regionais, bibliotecas públicas, associações locais, jornais, web sites, etc). Mas mais do que sensibilizar é necessário informar e formar.

‘2 R&alório sobre a coesão económica e sociei (2001)

AVALIAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS A tentativa de desenvolvimento da SI ao nível das regiões através da definição de estratégias adequadas obteve resultados positivos, mas por mais sucesso que uma estratégia alcance ela não pode constituir modelo a aplicar ipsis verbis pois, ao ser aplicada numa realidade diferente pode não dar os mesmos resultados. Neste sentido, o que se pode retirar das experiências de sucesso são as “boas práticas” e as linhas gerais que podem ser transmissíveis e adaptáveis a outras regiões com problemas semelhantes. Os resultados obtidos com os diversos projectos RlSl foram diversos e superaram as expectativas. Eles contribuíram ‘para impulsionar a criação de conhecimentos especializados e o emprego nas regiões”24 eJ para o estabelecimento de novas redes entre os principais actores cada região, bem como, contactos com outras regiões que se traduziri e vão traduzindo em benefícios; elaboraram-se documentos estratégicos e planos de acção da SI (para alguns foi a primeira experiência regionaQ;4 introduziram-se estas estratégias na Estratégia de Desenvolvimr’ Regional; e constatou-se que, apesar de serem diferentes, as regi têm muito a aprender umas com as outras. O RISI foi também um bom orocesso de aprendizagem e o aumento do conhecimento sobre o

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desenvolvimento da SI trouxe a experiência necessária para ajudar os outros a perceber o conceito e o conteúdo da SI. A partir da análise aos diversos projectos RISI e ao contacto com a realidade de dois deles foi possível tirar algumas lições sobre os factores que estiveram por detrás do sucesso desses projectos: Prioridade Regional Para conseguir alcançar os objectivos propostos, nomeadamente o da promoção do desenvolvimento sustentável e a coesão económica e social do território que se viesse a traduzir no ento do emprego e crescim na melhoria da qualidade devida, foi essencial encarar o desenvolvimento da SI nas regiões como uma prioridade regional e o apoio do governo regional para lançar e promover acções de desenvolvimento bem como o apoio da Comissão Europeia. Comité Directivo Foi importante a existência de um Comité Directivo uído por constit membros representantes dos principais actores chave da região do sector público e do sector privado (empregadores, representantes da comunidade, actividades regionais, comissão da SI, sector educativo, organizaçõ5 públicas e privadas, operadores unicações, telecom governo regional, federação municípios, eração confed empresários, sindicatos, organização de consumidores, organizações profissionais experts em cada matéria, etc) e ainda a criação de grupos de trabalho para as principais linhas de acção definidas. Campanha de Sensibilização O desenvolvimento de uma campanha de lização aos sensibi cidadãos actores públicos e privados para a mática proble da SI para saberem e perceberem como esta pede influenciar as suas vidas, foi &Jndamental. Os esforços de sensibilização devem abranger o maior número de pessoas possível, serem dirigidos a toda ção e a popula adaptada a grupos alvo (grande público, ão, educaç as, meios empres rurais, responsáveis políticos e pessoas chave, terceira idade, meios de comunicação, grupos desfavorecidos etc), pois só um movimento conjunto pode minimizar os riscos da dualização. Além de informar, vai servir para identificar os principais actores chave regionais e potenciais parceiros em todo o processo. Empenho e Cooperação Não se pode descurar a garantia e promoção do empenho e cooperação das autoridades públicas e privadas e dos agentes chave regionais para participarem activamente na definição da estratégia regional (bottom-up) e no processo de desenvolvimento regionaí;


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Debate Público Foi essencial o debate público alargado e aberto a todos os sectores da sociedade regional, a estratégia e prioridades, tendo presente as políticas e iniciativas nacionais e europeias que vão definir o documento estratégico. Nesta medida os intervenientes no debate podem sentir a sua participação no processo e a visão estratégica que lhe está subjacente e, por conseguinte, o processo de consenso na escolha das prioridades aparece facilitado. Consensos Regionais Encontrar consensos regionais é a chave para o êxito da negociação com o governo regional e com a União Europeia, do apoio socio económico nas acções do governo regional, do apoio dos cidadão em medidas difíceis, homologação de planos de actuação pela Comissão Europeia, etc. Redes e Parcerias O ponto central das estratégias das iniciativas regionais reside no desenvolvimento de redes e parcerias, locais e globais, estabelecidas entre os diversos agentes chave. Estas são importantes na transmissão de experiências de boas práticas e de conhecimentos e servem para criar uma rivalidade amigável e criativa entre as regiões, contribuindo para uma maior abertura de espírito e de redes de aprendizagem. Além das parcerias entre actores chave é, também, importante o apoio às relações entre eles. No geral todas as parcerias são importantes mas sobressaem em especial as existentes entre o sector público e o sector privado em que o sector público deve adoptar uma abordagem flexível de forma a criar situações vantajosas para o sector privado, eliminando a exagerada burocracia. O trabalho em rede com outras regiões da UE, a partilha de experiências (dificuldades, falhas e sucessos), de conclusões, de melhores práticas com outras regiões RISI torna-se benéfico na medida em que se aprende não só com os sucessos dos outros mas, também com os seus erros. A participação nas reuniões da Eris@15 foram úteis para ajudar a perceber o ponto de vista internacional do projecto e aumentar o seu progresso, quer em termos de comunicação e envolvimentoj quer em termos de construção de consciencialização, quer, ainda, na administração e gestão de tarefas. Estas iniciativas RISI contribuíram para elaborara estratégia da SI e começar com projectos-piloto, contribuindo para a inclusão da região numa dimensão Europeia. Os novos contactos e, consequentemente, as novas redes estabelecidas traduzem-se em benefícios pessoais que vão continuar

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no futuro. Os impactos e resultados vão ser vistos a longo prazo longo e é ao do tempo que se vão ‘limando arestas”, pois nem em todos os projectos se verificou o mesmo grau de envolvimento e colaboração, o que pode ser justificado pela falta de disseminação de informação dos objectivos dos projectos e problemas de linguagem25. Em alguns casos o grau de envolvimento variava em função dos fundos e das e, também, não era fácil encontrar distãncias a medida certa do envolvimento actores dos ou saber os impactos dos esforços feitos para tornar gente toda a envolvida, daí a necessidade de um contacto mais estreito a coordenação e os governos entre regionais para aumentar o interesse e o envolvimento de mais actores; a necessidade de mais publicidade comunicação e interna mais eficiente para aumentaro envolvimento; actores necessitam de mais muitos linhas de orientação e encorajamento do que actualmente durante o processo; é importante que os actores sejam envolvidos num processo de aprendizagem continuo. Mas pode que os dizer-se recursos humanos e o sucesso dos projectos estão fortemente interligados.

CONSIDEÇÕES FINAIS. A UE tem vindo a incentivar O Comunidade. As iniciativas regionais desenvolvimento da SI em toda a mais remotas e menos desenvolvidas deram a oportunidade às regiões de participarem de forma activa na construção da SI, colocando-as em pé de igualdade com outras regiões mais desenvolvidas. O desenvolvimento da SI é uma realidade em muitas regiões Europa independentemente da da sua localização geográfica, do desenvolvimento de através estratégias e planos de acção regionais coerentes com a realidade das regiões (identificadas pelos actores de desenvolvimento no terreno e que implicam parcerias entre actores regionais públicos e privados locais seguindo uma abordagem ascendente). Estas envolvem transformações aos níveis económico, social institucional com a presença das e TIO, que se repercutem na pessoas, variável segundo os vida das países e as regiões. A existência das TIO essencial para O desenvolvimento de sociedade no actual contexto uma da Nova Economia, sem desprezar a

:Fondada peras regiões PISI e RIS em 1998. Essenciarmente nas regiões onde se fala mais do que uma Iinçjua.


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catantacid0dIa

sua utilização e compreensão adequadas o nível de competências, a adequação dos formadores, as infra-estruturas, etc., que ajudam a SI a desenvolver-se de uma forma eficiente. Só assim se poderá criar um país moderno, com uma cultura forte, com elevados níveis de educação, com boas relações enire cidadãos e instituições e com elevado dinamismo em termos de desenvolvimento. A tentativa de desenvolvimento da SI ao nível das regiões através da definição de estratégias adequadas às respectivas realidades alcançou resultados positivos que deverão servir de exemplo com ‘boas práticas”, de apoio e orientação a outras regiões. IBIBLIQGRAFIA Barnier M. (2003). “Fonds siructureis: ihipact positit sur la société de l’informatiofl”. communiues de Presse (18/03/2003) . (http://europaeu.int/comm/re9ioflPibc W5our5oc9u0fhr0rhtt) CE (1991) ‘Europa 2000— Uma visão de conjunto para o desenvolvimento do território da Comunidade” (COM, 1991). CL (1993). “Livro branco crescimento, competitividade e Emprego: desafios e pistas para entrar no século )O(l”. COM (93)700 final, Bruxelas (5/12/93). CE (1 994a). “A Europa e a sociedade global da informação: recomendações do Conselt Europeu”. SPOCE Luxemburgo (26(5/94). CE (I994b). “A via europeia para a sociedade da informação”. COM (94) 347 final, SPOCE CL (1995). “Guia das acções inovadoras do desenvolvimento regional (artigo 10 do FEDER 1995-1999)”. SPOCE, Luxemburgo. CE (1996a). ‘Viver e trabalhar na sociedade da informação: prioridades para as pessoas”. COM (96) 389, SPOCE, Luxemburgo. CE (1996b). “Fundos estruturais e fundo de coesão, 1994-1999. SPOCE, Luxemburgo. CE (1996c). “Primeiro relatório sobre a coesão econômica e social”. SPOCE, Luxemburgo. CE (19USd). “Green paper living and working in the information society: people first’ (hUp://europe.eu.inUlSPOfinfosoc/legre9/doc5/PeoPJ st.htm) CE (1996e. “Da Corfu a Dublim, as Novas Prioridades (http:Heuropa.eu.int/scadPlu5/le9/Pt’i’1247l .htm) CE (1997a). “A coesão e a sociedade da informação” COM (97) 7. Comunicação È Comissão ao Parlamento, ao Conselho, ao Comité das Regôes e ao Comité EconÓn e Social, Bruxelas. CL (1997b). “Agenda 2000: por uma união mais forte e mais ampla”. COM (97), SPOCE. Luxemburgo (1 5/7/97),

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PERFIL DE COMPRA DA JUVENTUDE

YOUTHS SHOPRNG PROFILE

Fernando Augusto de Sã Neves dos Santos’

FESUMO

O mercado da Juventude é determinante em todas as sociedades, em resultado da independência que os jovens vão contin uar a conqui star face aos pais e o contínuo crescim ento da atençã o que popula a ção em geral coloca no conceito de jovem. O contínuo crescimento do rendimento dispon ível deste segmento da população assegu ra a sua vitalid ade do mercad o de consumo da juventude. O objectivo deste trabalho é reconhecer pedis e identiÍicar as diferenças de compo rtamen to entre os jovens através da análise de homogeneidade (HOMALS) com ajuda a da análise cluster de s. Este estudo confirma da preferência da maioria dos jovens por marcas e pela escolha dos mesmos locais de compr a, apesar de afirma rem que não fiéis a marcas e lojas. Optam preferencialmenle por compr ar em centros comerc iais e menos em hipermercados. O vestuário, os alimentos de conven iência e os livros constituem o tipo de artigos que mais relevância tem nas suas despesas e que mais condicionam a sua escolha por locais e marcas. Palavras-chave: Juventude, Consumo, Segmentação

I7BSTRACI

The youth market is extremely important in aU societi es, conseq in uence bom ot the independence thal youth is acquiring from parents and the continu ous growth of aflention that the population devotes the to concep t of youth. Also, the growing incorne of this segment ensures the vitality of youth markel. the The objective of this work is to identify similar behaviour protiles between young people in different countries and lo define differences using homogeneity analy sis (HOMALS) and cluster analysis. We concluded the majori young ty of people prefer brand products and buy in the same places despite they coníes s not fldelity to brands and stores. They prefer to buy in shoppi ng centres instead of supermarkets. Clothing snacks and books are lhe most relevan t articles in their expenses and subject their options for ditferent brands and shopping places. Key Words: Youth, Consumption, Segmentation

Oocente da ESTG do Instftuto Po!técnco da Guarda


INTRODUÇÃO Os individuos têm necessidades e desejos que pretendem satisfa zer e muitos deles são concretizados através do processo de compra ou pelo menos providenciam essa sensação de satisfação àqueles que realizam a aquisição de bens e serviços (Kahle e Kennedy, 1989). O acto de compra é reconhecido como um intrincado processo cognitivo e que as escolhas de locais e produtos exigem um processo complexo de de cisão (Sinha e Banerjee, 2004). A decisão e os comportamentos de compra resultam do processo de aprendizagem, da absorção da informação a que acedem e do conhecimento. Estes são transmitidos através dos mais diversos meios, a experiência pessoal (Sproles, Kendall, 1996: Sproles e Sproles, 1990; Walsh, Mitchell e Thurau, 2001), a informação e formação familiar (Alsop, 1988; Rindfleisch, Burroughs e Denton, 1997) e os media e os amigos, sobretu1o entre os jovens (Carlson, Grossbad e Walsh, 1990; John, 1999). Existem factores que determinam o comportamento de compra dos individuos, em função das condições envolventes dos locais, a geografia, a decoração, a luz, etc. Também a condição social dos indivíduos ou seus valores pessoais contribuem para definir os comportamentos de compra (Nicholls, Roslow e Comer, 2002). A apreciação ou valorização das escolhas é ainda feita em função do que os produtos e locais de compra lhe proporcionam, relativamente a um grupo sociai em que pretende estar integrado ou pela valorização social que os bens lhes proporcionam (Belk, 1985).

2. CONSUMO NA JUVENTUDE Os jovens revelam-se hoje como um dos mercados mais influentes e importantes (McNeal, 1992). O seu papel assumidamente de consu midor inicia-se aproximadamente com a adolescência, sofrendo uma alteração de características e de um ïncremento de importância a partir dos 16 anos “(...) substancial changes occur between late chlldhood and ear/y adofescence (ages 11 to 14) (...).“ (Boush, Friestad e Rose, 1994, p.l 66) e transforma-se num mercado ainda mais marcante a partir dos 19 até perto dos 30 anos (Speigler, 1998; Graham e Hamdan, 1981). Segundo Graham e Hamdan (1987) o mercado da juventude é constituído por 3 segmentos: os jovens “teenagers”, os estudantes universitários e os não estudantes ou jovens adultos, que se diferenciam com base nos rendimentos, nas expectativas que têm

T

t 1

O £ 1 a

o

da vida e na forma como a conduzem. A geração X” (Ritchie, 1995), geração Y” (Bainbridge, 1999) ou geração ‘7” Vellner, 2000), são classificações que nos explanam as diferenças que se vão encontrando na vivência dos jovens. Estas diferentes classificações traduzem um maior contacto por parte dos jovens com a tecnologia e que ocorre cada vez mais cedo. “(...) Gen Xers embraced com puters in high school and colle9e. Gen Y’s were introduced to them in primary and/or secondary schools. Gen Z may be computer literate even before they get to schoo).” ellner, 2000; p62). Cada vez mais os jovens, das gerações mais recentes, vão crescendo em ambientes familiares diferentes da estrutura tradicional, a coabitação com ambos os pais. Estas alterações contribuem para os tornar mais liberais relativamente às questões sociais e incutem-lhes sentimentos e maiores preocupações relacionados com as matérias ambientais (Ritchie, 1995; Sainbridge, 1999; Wellner, 2000). O desenvolvimento económico e social do mundo contemporãneo tem proporcionado uma melhoria sistemática das condições de vida e garante o crescimento do consumo. Um dos segmentos que mais aproveita os benefícios e que mais sente e convive com o impacto do aumento de consumo é o mercado da juventude. A independência que os jovens vão continuar a conquistar face aos pais, o aumento do nível de educação, a maior valorização do prazer e a apreciação da vida social em detrimento do trabalho (Speigler, 1998), tal como o continuo acréscimo de atenção que a população em geral coloca no conceito de jovem, asseguram o crescimento do mercado de consumo da juventude (Graham e Hamdam, 1981; Milier, 1999). Este processo tem contribuído para que a juventude e os adolescentes participem cada vez mais activamente no mercado de consumo, Reflecte-se esta numa crescente prevalência da sua vontade na escolha e até mesmo no pagamento dos bens pretendidos (Peters, 1989). Peters (1988) apresenta um padrão de prioridades dos jovens com as suas despesas e que são respectivamente o divertimento, as viagens, o vestuário, a instrução ou estudos, o alojamento e por último a alimentação. Para os jovens a escolha de uma marca é desprovida de qualquer geografia, contudo, a escolha de uma loja é muito influenciada pela localização (Fotheringham, 1988; Meyer e Eagle, 1982). A opção por determinada loja e por produtos específicos explica-se pelo nível de informação do consumidor (Dash, Schiffman e Berenson, 1976). Os objectos de compra resultam das tarefas de compra e das necessidades


de uma situação específica (Sinha e Banerjee, 2004; Kenhove, WuIf e Waterschoot, 1999). O objectivo deste estudo é identificar padrões de comportamento de compra da juventude e segmentar o mercado da juventude de acordo com esses hábitos de compra. Tabela 1: Amostra Grupo etádo lnq. 45,7

%

62

190

lnq.

36,2

65,2

33,7

39,1

%

53 7

22

74

hiq.

16,2

12,0

15,2

%

Sexo % 222 54,3

68

214

+23 anos

lnq. 62,3 100 18,6 60,1

21-23 anos

% 311 56,5 61 113

18-20 anos

iq. 37,7 104 64,8 67,5

Feminino

188 43,5 214

Masculino

Portugal 80 35,2 32,5

37,4

28,7

69

112

1

20,7

33,2

54,4

0,5

3,7

63

116

77

51,0

83

131

Macai

Bretanha Espanha

8,3 105

44,4

70.8

17 15,9

178

138

42,5 33 34,9

51,3

88 34,1 140

100

57,5 70 53,9

48,7

119 65,9 216

95

Alemanha 135 46,1

china

Moçambique 185

56

Quénia

MEFODOLOGh Conseguiram-se obter respostas em 8 países: Alemanha, China, Espanha, Grã-Bretanha, Macau, Moçambique, Portugal e Quénia. Os inquéritos válidos obtidos nos diferentes países são os que se apresentam na tabela 1, num total de 2215 inquéritos que se traduzem em amostras com dimensões diferentes por cada país conforme tabela 1. Com o objectivo de definir um padrão de comportamento entre os jovens, independentemente do pais de origem, efectuamos uma análise exploratória dos dados que permitisse associar os comportamentos e hábitos, por forma a alcançar características comuns entre os jovens, recorrendo à análise de homogeneidade (HOMALS), determinando os grupos que podem ser associados através de uma análise de clusters. A análise de homogeneidade (HOMALS) é um método que visa identificar as categorias partilhadas por cada indivíduo ou objecto, encontrar as relações de interdependência se estas existirem entre múltiplos indicadores, categorias de variáveis nominais ou outras tratadas como tal num espaço multidimensional (Aaker, Kumar e Day, 2001: Carvalho, 2001, 2004; Pestana e Gageiro, 2000). Desta forma através da

Lii

análise de homogeneidade (HOMALS) vamos encontrar um conjunto de características e categorias de variáveis que permitem definir subgrupos homogéneos (Carvalho, 2001). O recurso a uma análise de classificação, análise de c/usters, permite encontrar os grupos homogéneos de indivíduos que apresentem semelhanças de perfis de comportamento, distinguido-os de uma forma objectiva dos restantes grupos. Utilizou-se o método hierárquico Ward de formação de grupos com a escolha do quadrado da distância Euclidiana como medida de distância, para estabelecer a associação entre os membros do mesmo grupo. Com base nos hábitos de compra e nos gastos de consumo vamos tentar encontrar um padrão de comportamento, de opções ou preferências dos jovens. Para obter os dados relativos às despesas médias mensais havia sido utilizada uma escala de Lfkert de 5 níveis, pelo que procedemos à recodificação das variáveis relativas às despesas de consumo em 3 categorias de gastos, por forma a que se verificasse alguma representatividade e equilíbrio entre as categorias das despesas mensais (<12,48; 12,48 a 37,41; >37,41 euros; ver tabela 3) e para facilitar o tratamento e a interpretação decorrente da análise de homogeneidade. Depois de uma análise exploratória, considerámos apenas as despesas relativas a vestuário, a alimentos de conveniência (snacks) e a livros, por constituírem as que melhor diferenciam os comportamentos, que traduzem as preocupações dos jovens em estudo e nos proporcionaram uma interpretação mais compreensível dos resultados (Aaker, Kumar e Day, 2001; Hair et a!., 1998). A variável de despesa em vestuário é considerada porque constitui a despesa mais relevante para os jovens, porque é uma das variáveis que maior proporção de variância explica de cada dimensão, porque a integração desta variável extrema as posições de outras variáveis, torna-as mais adjacentes a uma única dimensão e ainda porque contribui para a coerêhcia temática das dimensões explicando os locais de compra. A fidelidade e os hábitos de compra quer de produtos quer de local permitiriam então caracterizar esses comportamentos

RESULTADOS O vestuário e os alimentos de conveniência são das preocupações mais relevantes da juventude porque são os bens visíveis que lhes proporcionam prazer e sensação de sucesso (John, 1999; McNeal,


—5-—---

em S,,perfl+pemwraios?

-

12,48-37,41 96 Freq. 792 37,2 622 29,3 643 30,2 628 32.2 344 19.5 639 31,5 627 31 .2 550 28,0 3,8 46 300 19,0 212 15.1 8.1 105

Respostas Sim

<12.48 96 Freg. 790 37,1 1370 64,5 439 20 i061 54.4 1217 69.1 771 38.0 1 145 56.9 1270 64.6 1 125 92 1132 71.5 763 54.5 1116 86.2

>37.41 % Freq. 547 251 133 6.3 1048 492 260 13.3 11,4 201 617 30,4 240 11,9 7.5 147 3.7 45 151 ._2L. 426 SOA 5 73

1987). As despesas em livros constituem uma necessidade para a maioria dos inquiridos, dado que são sobretudo estudantes (Peters, 1988) (tabela 2). Tabela 2: Gastos médios mensais dos jovens por escalão de despesa Despesas Vestuário Despesas Produtos Higiene Despesas Alimentação Despesas calçado Despesas Artigos Luxo DespesasDiversão Despesas Livros Despesas Aliment. Conveniõncia Despesas Roupa Criança Despesas Artigos para Lar Despesas Combustíveis Despesas Acess. Automóvel

Consrdera.se um consumiact fiel a ejas especificas?

Consdera-se um ccnsomda bel a marcas?

COITm5

Costuma tazcr compras no Gomôrc4o Local?

Cosluma fases

Cosluns fazer cnpras em Centres conte, cais?

Costuma lazer as ronrçras nos nwsnss ars?

Costuma corrprar adigos de marca?

Gráfico 1: Hábitos de Compra Em relação aos hábitos, sabemos que a generalidade destes jovens compra produtos de marca, gosta de se deslocar aos mesmos locais de compra, mas não se considera fiel a marcas. Preferem comprar em centros comerciais, mas na sua maioria não têm um tipo de loja como referência para efectuar as suas compras e daí também não se

-5-—---

“““Ia

confessem fiéis a lojas especificas (gráfico 1) A análise dos hábitos de compra permite então caracterizar ou identificar um perfil desses comportamentos e preferências Não existindo à partida maneira de optar por determinado número de dimensões, analisaram-se 05 resultados para duas, três e quatro dimensões. Optamos por 3 dimensões porque se conjuga um maior nível de informação com uma mais fácil interpretação (Carvalho, 2001, 2004). O output resultante permitiu a caracterização distintiva de cada uma das dimensões com os valores próprios respectivos para cada dimensão (dl =0,215, a d2= 0,145 e a d3=0,124)

Tabela 3: Medidas de inação discrim Dimensão

Despesas Vestuário

pesa Livros

Despesas Alimeni Conveniência Compra Artigos de Marca? Compra nos mesmos locais?

Compra em Centros Comerciais?

Compra em SuperIHiperm.Cados

Compra no Comércio Loca!? Consumidor fiel a marcas? Consumidor fiel a lojas específicas?

As medidas de discriminação de cada variável em cada dimensão são apresentadas na tabela 4 e permitem identificar e explicar cada uma das dimensões. Tendo então por base as variáveis com medidas de discriminação mais elevadas que os valores próprios de cada dimensão, assinaladas a negrito, podemos identificar as respectivas dimensões que mais explicam o comportamento destes jovens (tabela 3). A primeira dimensão como o principal eixo estruturador do espaço de consumo releva a fidelidade e hábitos de comprar artigos de marca e em lojas especificas em conjunto com as despesas efectuadas com o vestuário Esta dimensão representa Fidelidade a Marcas e Lojas e que está relacionada com o montante de despesas em vestuário, ou seja, como que reporta a um produto ciado diferen em lermos de marca e que surge associado à repetição de local de compra. A segunda dimensão Gastos em Super/HqJermQ[cados reflecte


-

-

-

-

>0 Gastas em vestuário M 1 2.48V Gompra artigos de marca (Marc&S) compra nos mesmos locais (MMlocais/S) consumidor fiel a marcas (Fmarca!S) consumidor fiel a lojas (FiojaIS)

-

Tabela 4: Descrição da primeira dimensão

os montantes de despesa associados dos diversos produtos com a compra em super/hipermercados, principalmente na compra de livros e alimentos de conveniência (snacks) e as compras de vestuário que se realizam em hipermercados.

-

-

-

-

<0 Gastos em vestuário dJ <12.48 Não compra artigos de marca (Marca/N) Não compra nos mesmos locais (MMlocais/N) consumidor não fiel a marcas (Fmarc&N) consumidor não fiel a lojas (Eloj&N)

-

A terceira dimensão, Local de Compra, combina a compra nos diversos locais com gastos em diferentes tipos de consumo, embora de uma forma mais ténue do que as anteriores dimensões. Estabelece a relação entre os jovens que se consideram fiéis a marcas, que compram habitualmente em retalhistas do comércio local e nos centros comerciais, com o montante de despesas efectuado em vestuário e em livros,

Gastos em vestuário M 12.48 Gastos em livros (L) >12.48 Gaslos em snacks IS) >1 2.48 Não compra em super/hipermercados (Hiper/N)

>0

Tabela 5: Descrição da segunda dimensão <o < 2.48 Gastos em vestuário Gastos em livros (L) <12.48 Gastos em snacks (S) <12.48 compra em superJhipermercados (Hiper/S)

4,1 ERFiS DE COMPRA DOS JOVENS Aferimos sobre o tipo de associações e oposições que existem entre as diferentes categorias das variáveis para cada dimensão, consoante as quantificações assumam o mesmo sinal ou o sinal oposto, respectivamente. Nesta análise privilegiaram-se as categohas das variáveis identificadas como as mais importantes em cada uma das dimensões e com as quantificações mais elevadas Na primeira dimensão (Tabela 4), opõem-se os indivíduos que se afiguram menos Vinculados aos produtos de marca, não compram habitualmente nos mesmos locais e têm despesas de vestuário mínimas,

4

1

<o

>0

Tabela 6: Descrição da terceira dimensão

aos que tendem a privilegiar a marca e manter a fidelidade a esta e ao local de compra e que apresentam níveis mais elevados no consumo de vestuário

.5

1.5

I.0

0,0

l,0

e Lojas

“O

as qualias gastas em vestuário em vestuário 12.48-3741 M Outras quantias gastas em livros Gastos mensais em livros 12.48* (L) 37.41 Não compra em centros comerciais compra em centros comerciais (ccom/s) Não compra no (com,N comércio local (cLocal/N) compra no comércio local (cLoc/s) nsumidor não fiel a mars (Frca/N) consumidor fiel a marcas_(FmarcS)

Lo

o

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Lo

6’)

Lo 4

0

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Oiro. 1 Fidelidade a Marcas

Gráfico 2: Primeira e segunda dimensões Na segunda dimensão a grande referência é o hábito de comprar em super e hipermercados (Tabela 5). Aqui opõem-se os indivíduos que efectuam habitualmente compras neste tipo de espaços comerciais e gastam menores quantias mensais no consumo dos bens identificados àqueles que têm maior poder de compra e que não escolhem estas


II

-1,0

-.4

.0

a

.6

.........—.........“.........“

superfícies comerciais para efectuar as suas compras. A terceira dimensão destaca os restantes locais de compra, os que compram nos centros comerciais que daqueles que compram no comércio local (Tabela 6). Verifica-se nesta dimensão que os individuos que compram em centros comerciais despendem uma quantia intermédia em vestuário e não se consideram fiéis a marcas, ao contrário dos outros jovens que optam pelo comércio local e que engloba todos os jovens que gastam mais e os que gastam menos por mês em vestuário e em livros.

o c a

8 o o

o

-J

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m. 1: Fidelidade a Marcas o Lojas

Gráfico 3: Primeira e terceira dimensões A observação do Gráfico 2 que conjuga as duas primeiras dírnensões num plano bidimensional, é possível identificar quatro perfis de comportamento dos jovens. São de assinalar as diferenças de comportamentos com base na compra de produtos de marca e pelo montante de despesas. Constata-se a existência de um grupo preocupado com as marcas, fiel a marcas e lojas que efectua as suas compras nos centros comerciais. Em oposição encontramos o grupo dos que não se dizem fiéis nem a marcas, nem a lojas e optam por comprar no comércio local. As mesmas duas dimensões constróem outros dois

1

.1.0

.11

.4

.0

.6

.:........................

modos de comportamento normalmente diferenójados Salientam-se os indivíduos que despendem menos em todos os artigos, por Oposição aos que apresentam gastos intermédios a mais elevados nas despesas em livros, em snacks e em vestuário. Podemos ainda considerar a proximidade da categoria relativa à não compra em centros comerciais e embora a categoria de compra nos super/hipermercados em esteja um pouco afastada, é fácil associá-lo aos menores montantes de compra. Da mesma forma, embora sobressaiam sobretudo no 2° quadrante é possível considerar as categorias de montantes intermédios em vestuário e livros associados com as compras de marcas e de fidelidade. A primeira (Fidelidade a marcas e lojas) e terceira dimensões (Local de compra) permitem identificar novos padrões de comportamento (gráfico 3). Verifica-se também neste plano uma diferença entre os maiores montantes de despesa e as Preocupações com as marcas em Oposição aos menores montantes de despesa nos diversos produtos e não fidelidade a marcas e lojas.

cv a E

8

0 t

1

-I.0

D;m. 2’ Gastos

Gráfico 4; Segunda e terceira dimensões

Salientam-se os comportamentos dos que compram artigos de marca, que se afirmam fiéis a marcas e a lojas, cujas despesas são de montante mais elevado em todos os artigos referenciados, em oposição,


8000 7000 6000

3

5

7

9

o

11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 Número de Clustere

natural, àqueles que não assumem estas fidelidades. Podemos ainda constatar um padrão daqueles que adquirem vestuário mais económico no comércio local em contrapartida dos que gastam quantias intermédias em vestuário, livros e snacks nos centros comerciais e que têm por hábito efectuar compras nos mesmos locais. Surgem ainda algumas indicações, pela proximidade, de que aqueles que gastam quantias intermédias nas diferentes despesas também realizam as suas compras nos super/hipermercados. Contudo, a relação destas duas dimensões sugerem também que serão estes que menos fidelidade assumem relativamente às marcas. Pressupondo a mesma relação entre dimensões podemos encontrar alguma associação entre a compra no comércio local e não compra nos super/hipermercados e a fidelidade às marcas. Considerando o plano que conjuga as dimensões 2 e 3 (gráfico 4), podemos diferenciar os consumos mais elevados e mais baixos com as preocupações com as marcas, dos consumos intermédios e não fiéis a marcas. Ambas as dimensões distinguem novamente entre o hábito de realizar compras em Super/Hipermercados e a frequência das mesmas lojas da compra no comércio local. Distinguem também a compra em centros comerciais do hábito de comprar marcas e ser fiel a lojas e marcas. a 5000

S 4000 2000

3000

o

o

IDUO

1

Gráfico 5: Representação gráfica dos coeficientes de fusão para as últimas agregações Sobressai assim um primeiro perfil, que confirma os resultados anteriores dos consumos intermédios ede compra nos centros comerciais. Em oposição a estes surgem os comportamentos de fidelidade a lojas e fiéis a marcas, mas que efectuam compras de menores montantes. O quarto quadrante traduz o comportamento dos consumidores que

compram em supermercados e que compram nos mesmos locais, O segundo quadrante representa o consumo de maiores montantes no comércio local.

4.2. SEGMENTAÇÃO DOS JOVENS Na tentativa de encontrar grupos de indivíduos através das variáveis em análise com a utilização dos scores resultantes da Homals, a média das quantificações das categorias a ela associadas, procedeu-se à análise de c/usters para identificar os grupos homogéneos (Churchill, 1995), que tendem a apresentar um perfil idêntico. Recorreu-se ao algoritmo hierárquico Ward utilizando como medida a Distância Euclidiana ao quadrado e não existindo um método que indique o número de grupos a reter, o recurso ao gráfico 5 sugere que se considerem de 3 a 5 grupos, resultado das maiores variações dos coeficientes de fusão (Chaffield, Collins, 1992; Reis, 2001). Por razões que se prendem com a simplicidade de interpretação e compreensão dos resultados, uma razão fundamental para determinar o número de grupos a considerar (Chaffield, Collins,1992; Aaker, Kumar, Day, 2001), vamos estudar 4 grupos, pelo que os jovens ficaram distribuídos de acordo com a tabela 7. Para a confirmação, procedemos a uma análise discriminante, verificando-se que a percentagem de indivíduos correctamente classificados por grupos de acordo com as variáveis originais, é de 98 % e também 98% para a validação cruzada. Podemos observar na tabela 8, o padrão de comportamentos que caracterizam os diferentes grupos de indivíduos. O Grupo 1 representa os jovens que compram produtos de marca preferindo adquirir os seus bens em centros comerciais e no comércio local e têm despesas de valor relativamente elevado para todos os produtos em estudo, O segundo grupo tem por hábito comprar habitualmente nos mesmos locais, grande parte destes adquirem produtos de marca em centros comerciais e muitos em hipermercados, caracterizam-se por ser fiéis a marcas e lojas e as suas despesas mensais são superiores à do grupo 1, excepto para as despesas com livros e a alimentação. O terceiro grupo


o é o que mais recorre ao comércio tradicional e caracteriza-se ainda por realizar as menores despesas de todos os restantes grupos. O último e quarto grupo cujos montantes despendidos com todas as rubdca’s é a mais levada, diz-se fiel a marcas e lojas e praticamente todos adquirem produtos de marca. Tabela 8: Número de casos por hábito e cluster

54 555

414

73

95

72

256

164

29

308

85

68

44

7,7

83

23

93

93

31

95

192

179

Ind

4

47

21

48

97

96

809

611

689

1236

1022

lnq

Total

45

34

49

69

58

Ward Method

28 430

19

46

69

64

796

202

706

73

56

30

7

166

176

36

89

92

532

859

787

31

49

35

3

334

51

110

286

362

22

2

181

19

22

126

392

1

C M’osdel7srca7

335

54

16

Ind

O mesmos locais?

121

143

22

Ind

O Centros Comerciais?

350

Cons. fiei a marcas?

133

99

ind

6. Comércioj.ocal?

C Super;Hperniercados

<12.43

cons fel a lojas especificas?

783

33

33

37

8?

17

68

8,8

930

537

97!

1096

520

692

56

32

56

6’

30

46

Gastos wens. Arnenta;ão

Gnstosmsnt.prodtrnp >3731

<12.49 507

385 50

57

63

17

65

7

21

35

62

6.0

75-1

396

TI

57

77

66

‘99

22

58

239

55

23

20

337

372

60

113

127

331

333

43

53

34

35

‘35

216

280

267

2.49

<l29

3741

Gasssrnens.Orversão

Gasios mentais VestuMo

Gostcsmens.Lr.ros

Masculino

317 5,4

1

242 2,3

148 -2,3

2

182 -0,4

143 0,4

3

210 4,6

96 -4,6

4

931

704

Grupos de Jovens (Clusler)

Tabela 9: Sexo dos individuos por custer

Inquildos Adjusted Residual Inquridos

297 5,4

Total

O resultado do teste de independência entre as variáveis sexo e grupo ou cluster de indivíduos (0,000), leva à rejeição desta. Assim, através da análise dos quadros seguintes podemos verificar o tipo de associação que existe entre as variáveis sexo, o grupo etário e os grupos de indivíduos.

Sexo • Feminino

Adjusted Residual

1 1 1 1

O grupo de jovens que mais valoriza a marca é aquele em que se enquadram um maior número de jovens do sexo masculino, o que reflecte a tendência dos jovens do sexo masculino para valorizar a marca não tanto por razões de quaiidade, mas porque servem de referência e permite realizar compras de forma rápida, sem muita demora ou necessidade de escolha (Fidalgo, 1999; Laroche et ai., 2000). As jovens do sexo feminino e são em número significativamente maior no segundo grupo, aquele mais frequenta os mesmos locais, o que reflecte o comportamento dos individuos do sexo feminino (Meyers-Levy e Peracchio, 1996).

Tabela 10: Grupo etário dos indivíduos por cluster

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Grupos de Jovens (cluster)

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Tal como sucede no quarto grupo, que representa os indivíduos com maior nível de fidelidade a lojas, o que caracteriza também as jovens do sexo feminino (Martinez e Polo, 1999). Ambos os grupos representam os indivíduos que estabelecem uma maior relação com os comerciantes, característico da preocupação do sexo feminino, em se afiliar, integrar e estabelecer relações harmoniosas (Meyers-Levy, 1988; Meyers-Levy e Sternthall, 1991). O terceiro grupo de jovens, que representa os que realizam as suas compras no comércio tradicional, estabelecendo um hábito de íocais de compra e que não se pode diferenciar de acordo com o sexo dos indivíduos. Relativamente ao grupo etário dos indivíduos podemos verificar que apenas o comportamento dos mais velhos apresenta uma maior fidelidade a lojas, relativamente aos mais jovens. Não se verificando mais qualquer diferença de comportamento de acordo com a idade. O mercado de consumo da juventude está em franco crescimento,


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criando oportunidades a todos os agentes económicos para fornecer respostas a este mercado e obtendo com essa respostas benefícios que se podem entender até como sociais dado que antecipam conflitos (Graham, Hamdam, 1987). O aumento do nível de educação, a maior valorização do prazer e a apreciação da vida social em detrimento do trabalho potenciam alterações no comportamento e fomentam o consumo, que as empresas devem aproveitar (Speigler, 1998).

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CONCLUSÕES Com este trabalho continuamos a poder concluir que a juventude está concentrada na sua aparência física e as suas maiores preocupações são com o vestuário, o divertimento e os alimentos de conveniência, influenciando e diferenciando os comportamentos dos jovens. A importância que estas preocupações ganham na vida dos jovens eleva a possibilidade de êxito das apostas dos agentes económicos que incidam sobre este mercados. A alimentação acompanhada com ambientes divertidos ou que constituam locais de entretenimento para juventude, tal como o sector do vestuário constituem mercados que vale a pena apostar para conquistar a juventude. Criar empatia de marcas neste segmento potencia e mesmo garante clientes a prazo, mas também facilita a entrada em diferentes mercados, produtos, serviços, etc., porque a simpatia granjeada pode permitir o alargar das actividades da empresa. O sexo dos jovens reflecte comportamentos diferenciados que têm de ser considerados na abordagem ao mercado. As senhoras gostam das actividades de compra e confiam nas suas escolhas, pelo que a esta indicia claramente a necessidade do comércio tradicional se ajustar de forma a permitir a escolha por das senhoras e aproveitar as características tradicionais de aconselhamento para criar uma maior empatia e conseguir maior fidelidade, como é do gosto do sexo feminino. Quando o comércio se dirige a indivíduos do sexo masculino a alternativa é oferecer diversas marcas que permitam a estes indivíduos decidir facilmente as suas compras. Verifica-se assim que apostar numa marca, constitui um investimento que tem retorno. E compensado quer pela referência que assume para os joveris do sexo masculino, quer pela referência que constitui para a maioria da juventude, na medida em que lhe permite integrar-se. Com este trabalho podemos também pensar que os hábitos de efectuar compras em determinadas lojas depende da estrutura comercial existente em cada país, mas sabemos que existem determinadas apostas que são do agrado dos jovens.

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As empresas que possuírem uma marca forte têm as condições para alcançar o êxito junto deste segmento. Devem optar por locais de venda em centros comerciais e a diversificação de lojas não implica perda de vendas. Sabemos ainda que as despesas relacionadas com vestuário são as mais importantes para os jovens e as que se referem a momentos de sociahzação têm neste segmento uma grande importância, pelo que os apelos e a introdução de novos produtos nesta área têm um potencial de êxito superior aos produtos relacionados com outros bens e mesmo a alimentação. Este estudo apresenta algumas limitações porque não aborda ou discute de forma sistemática as questões culturais especificas de cada pais considerado. Com base nos valores subjacentes a cada país, poderia ser possível identificar razões claras que justificassem as diferenças e permitissem antever as semelhanças ou tendência para a homogeneidade de comportamentos Assim, necessitamos de continuar a prosseguir com a investigação, de forma a encontrar as pontes de união ou os pontos que diferenciam o comportamento dos jovens de diferentes países. rE_BLIOGRAEA

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