Egitania sciencia - Número 4

Page 1

4 4

2

0

0

9


A Revista EGITANIA SCIENCIA, propriedade do Instituto Politécnico da Guarda, é uma publicação periódica que materializa a permanente preocupação de apoiar, primordialmente, a actividade de investigação desenvolvida no IPG e no interior do País. Fomentar a investigação nos domínios da didáctica, pedagogia, cultura e técnica é o principal objectivo desta revista de divulgação científica. La Revista EGITANIA SCIENCIA, es propiedad do Instituto Politécnico da Guarda, es una publicación periódica que materializa la permanente preocupación de apoyar, primordialmente, la actividad de investigación desenvolta en el IPG e en lo interior del País. Fomentar a investigación nos dominios da didáctica, pedagogía, cultura e técnica é o principal objetivo de la revista de divulgación científica. The academic journal Egitania Sciencia, property of the Instituto Politécnico da Guarda (IPG), is a periodic publication that represents a constant commitment to support research activity carried out at the IPG and the inland regions of Portugal. Its foremost objective is to give incentive to research in the areas of didactics & pedagogy, culture and technology.


Título Egitânia Sciencia Director: Fernando Augusto de Sá Neves dos Santos. Conselho Editorial: Jorge Manuel Mendes, Fernando Sá Neves dos Santos, Helder Luís Rebelo Sequeira, Manuel Carvalho Prata, Constantino Mendes Rei (Instituto Politécnico da Guarda -IPG). Comissão Científica: Alberto Trindade Martinho, Amândio Pereira Baía, Ana Maria de Morais Caldas Antão, Ana Maria Jorge, Ascensão Maria Martins Braga, Carlos Alberto Correia Carreto, Carlos Francisco de Sousa Reis, Constantino Mendes Rei, Ezequiel Martins Carrondo, Fernanda Maria Trindade Lopes, Fernando Carmino da Silva Marques, Fernando Augusto de Sá Neves dos Santos, Helena Maria da Silva Santana, Joaquim João Quadrado Gil, José Gonçalves Peres Monteiro, José Manuel Mayor Gonzalez, Luísa Maria Lucas Queiroz de Campos, Manuel Alberto Carvalho Prata, Manuel António Brites Salgado, Maria Clara dos Santos Pinto Silveira, Maria Eduarda Cunha Ferreira, Maria de Fátima dos Santos David, Maria Manuela Santos Natário, Maria Regina Gomes Gouveia, Maria Rosário da Silva Santana, Paula Isabel T.G. C. Borges, Pedro Miguel dos Santos Melo Rodrigues, Teresa Dias de Paiva, Samuel Walter Best (Elementos do IPG). Revisão Técnica: Álvaro Augusto da Rosa (ISCTE); António Sérgio Araújo de Almeida (ESTTMIPL); Carlos Alberto Correia Carreto (ESTG-IPG); Constantino Mendes Rei (ESTG-IPG); Elisabete Mendes Duarte (ESTG-IPL); José Manuel Silva (ESECDS-IPL); Luís Filipe Fernandes Silva Marcelino (ESTG-IPL); Maria Graça Poça Santos (ESECDS-IPL); Maria Leopoldina Mendes Ribeiro Sousa Alves (ESTG-IPL); Maria Regina Gomes Gouveia (ESECD-IPG); Raul Manuel da Silva Laureano (ISCTE); Teresa Dias de Paiva (ESTG-IPG); Revisão de provas: Carlos Reinas Caldeira, Guadalupe Arias Mendez, Maria del Carmen Ribeiro. Propriedade: Instituto Politécnico da Guarda Av. Dr. Francisco Sá Carneiro nº 50 * 6300-559 Guarda Contactos: Telf. 271 220 111 * Fax 271 222 690, Email: cap@ipg.pt Endereço Web: http://www.ipg.pt/revistaipg/ Composição gráfica: M Comunicação Impressão e Acabamentos: Maria de La Salete Venâncio, Daniel Ferreira, José Neves da Costa e Francisco Leite Depósito Legal: nº 260795/07 ISSN: 1646-8848 Vol. IV, Maio de 2009 Periodicidade: Semestral Tiragem: 1 000 exemplares Proibida a reprodução total ou parcial desta Revista sem autorização expressa da Direcção de “Egitania Sciencia”. Todos os direitos reservados. Forbidden the total or partial reproduction of this Review without express authorization of the Direction Board of “Egitania Sciencia”. All rights reserved. Apoio a este número:

Fundação para a Ciência e a Tecnologia Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior (UDI/IPG) Nota: Os artigos são da responsabilidade dos autores, não reflectindo necessariamente os pontos de vista da direcção ou dos revisores. Articles are responsibility of their authors, they don’t reflect the point of view of Review Direction or Reviewers.


3

Qualidade, rigor e interacção A propósito da recente realização das II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde, promovidas por este Instituto Politécnico, defendemos que é extremamente importante estabelecer um diálogo entre investigadores e profissionais de saúde, bem com as estruturas/instituições a que estão ligados. Como tivemos ensejo de realçar, é fundamental a divulgação de projectos, de soluções informáticas concebidas nas instituições de ensino superior, de forma a aprofundar-se a desejada interacção entre este nível de ensino e as empresas vocacionadas para a área das tecnologias aplicadas à saúde; cooperação da qual podem resultar inúmeros benefícios. A nossa Revista tem materializado, através de diversos artigos, essa cooperação; alguns desses trabalhos tiveram já reflexo prático no evento atrás referenciado traduzindo, assim, uma interessante e oportuna complementaridade que importa incrementar em diversas áreas. Por outro lado, é também com particular satisfação que vemos este projecto editorial projectar-se além fronteiras e suscitar a colaboração de novos autores, como aliás é visível no presente número de “Egitania Sciencia”. Na senda de novos desafios, reforçamos o nosso empenho numa progressiva afirmação desta revista, orientada por cuidados critérios de qualidade e rigor científico.

Jorge Manuel Mendes Presidente do IPG



5

ÍNDICE [7]

GOVERNANÇA EM ESPAÇOS PARTICIPATIVOS – MODELO DE GESTÃO POSSÍVEL PARA ORGANIZAÇÕES EDUCACIONAIS Adriana Rivoire Menelli de Oliveira

[23]

CONSIDERAÇÕES SOBRE TELEVISÃO E CULTURA Filomena Antunes Sobral

[41]

BOOM FESTIVAL – UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS HABITANTES LOCAIS Ana Rita Garcia e Sara Morgado Nunes

[69]

A IMPORTÂNCIA DA PROCURA TURÍSTICA E O SEU IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DE GOUVEIA Aida Brito e Elsa Martins

[91]

ADEQUACY BETWEEN HIGHER EDUCATION SUPPLY AND EMPLOYERS’ NEEDS (IN THE RURAL AREA) Fernando Alberto F. Ferreira, Maria do Sacramento B. Basílio e Fernando J. C. e Silva N. Teixeira

[119]

COMPORTAMIENTO DE ELECCIÓN DE MARCA: UNA APLICACIÓN DE UN MODELO DE CLASES LATENTES Begoña Peral Peral e Encarnación Ramos Hidalgo

[141]

IDENTIFICACIÓN Y ANÁLISIS DEL PERFORMANCE DE LOS GRUPOS ESTRATÉGICOS EN EL SISTEMA DE FRANQUICIA ESPAÑOL: UNA PERSPECTIVA MULTISECTORIAL Carlos Javier R. Rad, Antonio Navarro García, Enrique C. Díez de Castro e Francisco J. Rondán Cataluña

[175]

DETERMINANT FACTORS OF CAPITAL STRUCTURE NA APPLICATION TO THE PORTUGUESE MARKET Gualter Couto e Victor Chissingui

[197]

CONCEPTIONS OF PARADIGMS EVOLUTION IN SCIENCE – TOWARDS THE COMPLEX SYSTEM APPROACH Franciszek Grabowski e Dominik Strzalka

[211]

FRACTURA FRÁGIL E DÚCTIL DE JUNTAS SOLDADAS Arlindo Ferreira e Awf Al-Kassir



7

GOVERNANÇA EM ESPAÇOS PARTICIPATIVOS – MODELO DE GESTÃO POSSÍVEL PARA ORGANIZAÇÕES EDUCACIONAIS PARTICIPATORY GOVERNANCE – A POSSIBLE MANAGEMENT MODEL FOR EDUCATIONAL ORGANIZATIONS PARTICIPACIÓN EN ESPACIOS DE GOBIERNO - POSIBLE MODELO DE GESTIÓN EN LAS ORGANIZACIONES EDUCATIVAS Adriana Rivoire Menelli de Oliveira * (adriana@via-rs.net; adriana.menelli@hotmail.com)

RESUMO O artigo aborda sobre governança para instituições de educação superior, a partir de práticas de gestão transparentes e participativas como novo caminho para a sua sustentabilidade. O objetivo do estudo foi desenvolver uma análise crítica, tendo como cenário a realidade da educação superior no País, as tendências atuais de governança, além de observar experiências de governança adotadas em algumas organizações. A investigação deu-se por um estudo de caso em uma universidade que passou por grandes transformações organizacionais nos últimos anos. Por fim, a partir dos resultados obtidos, por meio da análise de documentos, observações da organização acadêmica e depoimentos, o artigo propõe que as instituições de educação superior busquem modelos de gestão participativos que garantam maior sucesso para um futuro seguro e sustentável, diante das adversidades e do cenário atual da educação no Brasil. Palavras-chave: Governança universidade, participação.

Corporativa,

educação

superior,

organização,

ABSTRACT The article focuses on governance in higher education institutions, through transparent and participatory management practices as a new approach to sustainability. The objective was to develop a critical analysis, within the reality of higher education in the country, of the current trends in governance and governance experience as observed in some


8

organizations. The research is part of a case study in a university that has undergone major organizational changes in recent years. Finally, based on the results obtained through analysis of documents, comments and statements on the academic organization, the article proposes that institutions of higher education seek models of management to ensure greater success for a safe and sustainable future in the face of adversity and the current state of education in Brazil. Keywords: Corporative Governance, Hhgher education, organization, university, participation.

RESUMEN El artículo se centra en la gobernanza en las instituciones de educación superior, de las prácticas de gestión transparente y participativa como un nuevo camino para su sostenibilidad. El objetivo era desarrollar un análisis crítico, y como la realidad de la educación superior en el país, las tendencias actuales en materia de gobernanza, la gobernanza y la experiencia de observación adoptadas en algunas organizaciones. La investigación fue realizada por un caso de estudio en una universidad que pasó por grandes cambios de organización en los últimos años. Por último, a partir de los resultados obtenidos mediante el análisis de los documentos, comentarios y declaraciones de la organización académica, el artículo propone que las instituciones de educación superior buscan modelos de gestión para garantizar un mayor éxito para un futuro seguro y sostenible, frente a la adversidad y el escenario actual de la educación en Brasil. Palabras-clave: Gobierno Corporativo, la educación, la organización, la participación de la universidad.

* Doutora em Educação, Mestre em Educação e Graduada em Letras, pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS – Brasil. Diretora de várias instituições de Ensino Superior, Reitora do Centro Universitário Metodista - IPA e Professora da educação superior do Centro Universitário Metodista - IPA. Experiência na área de Educação, com ênfase em Administração de Unidades Educativas. Linhas de Pesquisa: Administração Educacional e Avaliação Institucional.


9

1. INTRODUÇÃO Uma possibilidade para a mudança a ser considerada nas instituições de educação superior, atualmente, é a chamada governança que trata do conjunto de práticas e de conceitos para melhorar o relacionamento entre as partes envolvidas em um empreendimento e que representa fase decisiva na conquista de investidores ou na abertura de capital. Este tema tem sido novo para as universidades, mas não tão distante que não seja utilizado como modelo para as instituições de educação superior. O tema da governança vem ampliando os espaços de discussão acadêmicos, a partir de experiências bem sucedidas em instituições de educação que, buscando alternativas sustentáveis, abrem seu capital na Bolsa de Valores, aumentando seus ativos, e incorpora em suas práticas de gestão a participação como forma de ampliação do conhecimento e do compartilhamento das decisões. O texto em sua primeira etapa aborda o conceito de Governança Corporativa, sua trajetória no Brasil e possibilidades de aplicação como modelo de gestão para universidades. Em um segundo momento, trata do tema da participação como principal fator para a transparência nas relações, a gestão dos processos nas organizações, a importância do processo de construção coletiva e a tomada de decisão responsável, a partir de um estudo de caso sobre uma universidade privada no Brasil em fase de expansão e mudança organizacional. Aborda sobre os caminhos para a educação proposta pelo atual Governo Federal e como a educação está sendo pensada e desenvolvida em países do bloco emergente como Índia e China e, por fim, analisa o cenário educacional brasileiro da educação superior, sugerindo possíveis caminhos para as IES, a partir de governança adaptada as suas necessidades e dos novos processos de gestão que devem pautar a educação superior no País.

2. EDUCAÇÃO E GOVERNANÇA Conforme o Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, lançado pelo Instituto Brasileiro de


10

Governança Corporativa – IBGC (2001), define-se pela primeira vez a expressão que vem a ser o conceito que retrata a governança corporativa no Brasil. Já com a atualização conceitual o IBGC baseou-se em documentos e fontes sobre a Lei das Sociedades Anônimas, o estudo de Holly J. Gregory, de 1997, sob a supervisão de Ira Millstein e, por fim, as recomendações de Roberto Teixeira da Costa, em 1996, ao IBGC (IBGC, 2005). Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade (IBGC, 2005, p. 37).

A criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC no Brasil, criado há 10 anos, teve como objetivo principal desenvolver a cultura da governança corporativa, assuntos estratégicos e a gestão das empresas e de seus conselhos de administração. A partir da tendência dos novos modelos de gestão adotados na Inglaterra e Estados Unidos da América, com a filosofia de uma administração profissionalizada, transparente e com abertura de capital, em 1991, surge então, pela primeira vez, na fala do ativista estadunidense Robert A. G. Monks, a expressão Corporate Governance, como título de um livro de sua autoria. Como é referido por Monks e Minow (2001), as empresas que adotassem uma “democracia corporativa” poderiam viver muito tempo e se tornariam mais resistentes aos impactos das crises e recessões da economia por estar muito próximas dos investidores. A Governança Corporativa desenvolveu-se rapidamente entre as organizações, pois estas começaram a vislumbrar as vantagens de tal concepção para o seu desenvolvimento. De acordo com Ronaldo Veirano (apud IBGC, 2005), ex-vice-presidente do conselho de administração do IBGC, os conselhos de administração passaram a adotar regras claras e observaram as vantagens da maior transparência e democracia das decisões. Entenderam que o desperdício de recursos deveria ser superado pela percepção de que o capital é estratégico e sua utilização precisa ser seriamente monitorada.


11

[...] fazer da governança um motor de mudanças, pelo que se tem de construtivo, pela ruptura com os padrões tradicionais de rejeição ao dirigente, pelo que assegura na formação de valor e respeito à ética e aos compromissos corporativos. Equidade, transparência, e responsabilidade pelos resultados, sustentabilidade: foi dessas fontes que nasceu a governança corporativa (MONFORTE apud IBGC, 2005, p. 37).

Com práticas de governança, as organizações buscaram nesse modelo soluções para os conflitos de interesses, caminhos para a perpetuação das instituições e aproveitaram para agregar valor na sociedade. Tornou-se evidente estabelecer condutas transparentes e de confiabilidade para os sócios ou investidores. Com isso, o modelo de governança corporativa alcançou proteção aos gestores, além de maior garantia de sustentabilidade e perenidade da organização. A forma democrática de agir e de envolver pessoas nas decisões da organização estabelece diferentes níveis de responsabilidade, horizontaliza relações e promove crescimento e desenvolvimento para todos os envolvidos no processo da gestão. Portanto, agir de forma a compor uma governança compromete os que fazem parte do processo, pois, à medida que são chamados a tomar decisões estratégicas, sentem-se gestores, administradores e dirigentes. Para as universidades brasileiras, o modelo de governança ainda não tem sido aplicado de forma generalizada, conforme o fizeram as empresas de capital aberto, porque o conceito ainda se encontra em estágio inicial para a educação. Algumas iniciativas, a partir do modelo de governança corporativa, tomam como base a realidade de seu grupo associativo, dirigentes e mantenedores. Gerir um processo universitário no beneficiamento dos processos acadêmicos de uma instituição de educação superior, que pensa seu projeto acadêmico de forma aberta, democrática e a partir de resultados, reflete diretamente os padrões de gestão, avaliação, currículo, pesquisa e pós-graduação, principalmente em uma realidade de universidade pública, onde os processos burocráticos estatais são empecilhos para a melhoria das condições


12

de trabalho, agilidade e eficácia, bem como da autonomia institucional.

3. CULTURA E PARTICIPAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Os autores Beyer e Trice (1986 apud FLEURY, 1992, p. 19) afirmam que “a cultura organizacional é tratada como rede de concepções, normas e valores, submersos na vida organizacional, entendidos como corretos e passados a todos os membros da organização através de ritos, rituais, mitos, estórias, gestos e artefatos”. Nesse sentido, Shein (1986 apud FLEURY, 1992, p. 20) destaca que a cultura organizacional “é um conjunto de pressupostos básicos, criado ou desenvolvido por um determinado grupo”. A realidade mostra que toda a organização tem a sua cultura que faz funcionar a rede de relações que se estabelece. Uma cultura “forma-se a partir do consenso geral que ocorre no cotidiano das ações e relações e é repassada de geração a geração ao longo da sua vida organizacional” (SHEIN, 1986 apud FLEURY, 1992, p. 19). Em se tratando de uma instituição educacional, multicultural, isto é, que abrange todos os grupos sociais e está em constante processo de mudança, o que ocorre segundo Carvalho (1994, p. 94), “é uma contínua re-apropriação dos padrões de comportamento segundo interesses, necessidades ou debilidades dos grupos e dos indivíduos na vida cotidiana e, portanto, uma constante re-interpretação cultural”. A instituição educacional, enquanto organização que gerencia relações entre indivíduos e saberes, produz um sistema de redes que são interligadas entre si e que busca a unidade através da sua multiplicidade cultural. Estas redes estabelecem forças que se encontram e buscam orientar uma prática organizacional que pode ser estabelecida através das relações de poder entre os diferentes grupos. Estas relações podem ser por níveis de participação ou não, dependendo do modelo institucional adotado pela organização. Muitas vezes, a participação é periférica e não interfere diretamente na substância política do sistema. Os modelos organizacionais, em sua maioria centralizadores, não permitem um espaço de participação maior, caracterizando-se dentro do


13

referencial comportamentalista, no qual a ênfase ocorre de forma condicionada sobre as contribuições individuais e o rígido controle de gerenciamento; porém, há estudos e experiências que já modificaram suas concepções em relação às práticas participativas e colegiadas, abrindo maior espaço para a participação e para a escuta, o que vem a beneficiar esta rede de relações complexas, onde todos fazem e constroem coletivamente os objetivos e as metas a serem alcançadas. Nas organizações em que o nível de participação é mais amplo, há maior oxigenação nas relações, o que facilita o processo de crescimento institucional. É nestes espaços que os sujeitos experimentam exercícios de reflexão e auto-reflexão sobre as ações. Geralmente, esta participação realiza-se por intermédio de colegiados que estabelecem relações de co-responsabilidade, além da contínua aplicação de negociação em busca de soluções. Funcionam como instâncias democráticas para a promoção dos processos na organização. Desse modo, quanto mais participativo, solidário e democrático o processo se estabelecer, maiores são as possibilidades para a promoção da qualidade de vida necessária e o desenvolvimento da organização. Historicamente, as práticas de gestão escolar e acadêmica têm se caracterizado por serem burocráticas, isto é, por darem mais valor aos meios, enrijecendo-os, ao invés de colocá-los a serviço dos fins. A instituição educacional, como organização, requer harmonia entre seus meios e fins. Para que a ação participativa e democrática se estabeleça em uma organização, o sistema de colegiados, ou conselhos, é uma alternativa que propicia a democracia. Um exemplo são os Conselhos Escolares, no caso da educação superior os Conselhos Acadêmicos, considerados modelos de inclusão, de gerência e de tomadas de decisão, como propõe a Lei de Diretrizes e Bases – LDB/96 (DUTRA, 2007). Constituem-se como espaços privilegiados para a efetivação de um processo formativo e de uma prática democrática. Assim, pode-se afirmar que o Conselho Escolar é um processo e um produto de construção coletiva, cotidiana e particular que pode auxiliar e contribuir em processos de construção e de crescimento coletivo. Possibilita que a democracia deixe de ser, meramente, um conceito e passe a ser vivida como uma prática que lida com as diferenças


14

entre os segmentos da comunidade – pais, alunos, professores e funcionários. Dessa forma, os Conselhos Escolares constituem o espaço ideal no qual a aprendizagem prática da democracia e a descentralização da gestão escolar podem ter lugar (WERLE, 1998, p. 77).

Hoje, a dinâmica da prática democrática exige a constituição de conselhos de representantes nas instituições educacionais, e é nesta configuração que organizações de educação superior têm promovido a formação de colegiados para a elaboração e discussão do seu projeto de futuro, o que tem facilitado o entrosamento e a aproximação entre os colaboradores, dirigentes e comunidade acadêmica. A democratização da gestão da educação no Brasil é uma exigência da Constituição Brasileira de 1988, que refere em seu Artigo 206, Inciso VI, “gestão democrática do ensino público” (BRASIL, 2004). Esta democratização aponta para alternativas de gestão compartilhada, para o exercício e para a construção da cidadania a partir da instituição escolar. Os processos participativos não são um objetivo em si mesmo, mas são entendidos como um meio de efetivação de mudanças e de melhorias para a educação. Conforme Werle (1999, p. 86), a “participação age como um processo de constante desenvolvimento da organização e seus indivíduos, como avaliadores permanentes dos caminhos pelos quais a participação se faz, por isso, cada vez mais, o caminho participativo está sendo relevante na superação dos problemas educacionais”. Administrar uma organização educacional requer uma ação diferenciada em seus procedimentos, em suas metas e em seus objetivos, pois se trata de uma instituição que educa pessoas, que transmite valores e conceitos para a formação e estrutura de vida para cada sujeito. A responsabilidade e o compromisso dos dirigentes e educadores é a formação, que ocorre por meio das relações e do conhecimento de pessoas capazes de enfrentar um mundo e de estabelecer espaços de vida no ambiente em que vivem e convivem. Portanto, no meio educacional, entende-se que todos que compõem este espaço são responsáveis pela formação integral de todos que fazem parte deste meio; considerando que a ética e a moral devem permear todos os níveis de relações que se querem autênticos e verdadeiros.


15

Este sistema funciona em rede, onde os seus organismos se relacionam entre si em busca de um mesmo objetivo. Por isso, os fios dessa teia, ou rede, devem estar interligados, buscando as interseções e encontros nas relações. Assim, toda organização educacional faz parte de um sistema maior de ligações e interrelações que compõem uma rede. Diante do exemplo acima, acredita-se que administrar uma organização não pode ser considerado uma tarefa fácil, principalmente em se tratando da administração e da gestão da educação, que tem por objetivo principal coordenar a ação de diferentes componentes de um sistema, sem perder de vista a especificidade de suas características e de seus valores. Quando a referência de uma organização é uma instituição de educação superior, esta remete a questões mais complexas, pois não se caracteriza por ser uma empresa comum, mas altamente diferenciada, complexa e específica porque é responsável por formar pessoas e promover educação. Nessa mesma abordagem de participação, Morosini (2004) propõe a análise das políticas públicas de qualidade universitária e de construção dos espaços de participação. Para a pesquisadora, o tema é muito pertinente à administração destas duas questões, que estão diretamente relacionadas à vida das universidades. A relação das pessoas, os processos institucionais internos e a avaliação convergem para uma determinada ação institucional, por isso o processo de abertura e de participação que ocorre em cada IES é importante, pois evita o abuso de regulação do Estado, o que, certamente, pode vir a consolidar um caminho para a eqüidade de um projeto social e educativo. O que se constata em todo este processo são as dificuldades encontradas pelos governos brasileiros em definir prioridades e rumos para a educação no País e o quanto a situação política tem interferido no processo de emancipação da educação superior, das universidades e na sua qualidade acadêmica. Esta atitude revela uma descontinuidade nos planejamentos e na possibilidade da consolidação de um projeto de futuro para a Nação. Iniciativas de criar leis que orientem as políticas públicas são importantes, porém, quando estas não são consideradas prioridade, esvaziam-se rapidamente.


16

4. CONTEXTO EDUCACIONAL ATUAL E POLÍTICAS PÚBLICAS O Governo Federal tem buscado alternativas para a melhoria e a qualidade do ensino no País ao longo das últimas décadas. Todavia, as políticas públicas nacionais têm-se revelado ineficazes em relação ao desenvolvimento e ao fortalecimento de uma educação superior de qualidade e de acesso amplo. As experiências confirmam que o Estado brasileiro, mesmo com as suas iniciativas inovadoras, não tem conseguido criar mecanismos de desenvolvimento para o crescimento e para a autonomia das instituições de educação superior no País, pois o papel de Estado regulador e autoritário ainda é uma realidade concreta que engessa de tal forma as universidades que as mesmas precisam buscar mecanismos de autogerência dentro dos espaços que lhes restam. O atual governo popular tem criado alguns destes mecanismos para romper com a cristalização e com o peso de um processo que perdura na história administrativa das IES. O fato é que, pela trajetória histórica do Brasil, a educação sempre foi um assunto de difícil solução no País. É necessário seguir adiante, pensar em uma reforma educacional que atenda às necessidades do povo brasileiro; entretanto, primeiro há que se construir um Projeto de Nação. Mesmo com todas as iniciativas, ainda registram-se nos índices estatísticos do INEP, de 2004, que o Brasil possuía uma das menores taxas de jovens na universidade em relação aos países desenvolvidos – sendo apenas 9%, entre 18 e 24 anos de idade, constatado no Censo da educação superior de 2004 (INEP, 2005). Apesar da situação em que se encontra a educação, um desafio para o atual Governo é ver o país entre os de maior desenvolvimento e que estão despontando no cenário mundial, como a Índia e a China. Com as potencialidades que os países asiáticos vêm apresentando para este início de milênio, a China, no período de 2002 a 2006, foi responsável por 29% do crescimento da economia mundial. Como economia milenar, os chineses têm se tornado os grandes exportadores de produtos industrializados a preços baixos, o que tem elevado seu patamar competitivo e colocado o país no eixo industrial (CHINA, Beijing, 2007, p. 725). O certo é que a economia volta-se para a Ásia e propõe o surgimento de novas tendências e oportunidades. A Índia vem aquecendo sua economia


17

de mercado, principalmente, na área dos serviços; entretanto, há problemas a serem administrados como a superpopulação e a falta de infra-estrutura do País (ÍNDIA, Ministry Of Human Resource Development, 2008). Na área da educação, a China, em 2005, aumentou seu número de matrículas nas universidades em 23 milhões, enquanto a Taxa Bruta de matrículas alcançou 21%. Esse rápido crescimento, desde 1999, foi a grande variação na qualidade acadêmica e na criação de universidades (CHINA, Beijing, 2007, p. 725-735). Para a Índia, os objetivos do 11º Plano para a educação superior, do Ministério de Desenvolvimento Humano, estão direcionados para o aumento da Taxa Bruta de matrícula (taxa de acesso) de 10% para 15% até 2012, ao mesmo tempo assegurando a melhoria em qualidade e aumento de equidade (ÍNDIA, Ministry Of Human Resource Development, 2008). No contexto brasileiro, o Governo propôs uma política de incentivo para a expansão da educação superior e a abertura de mais vagas nas instituições federais e em novas universidades. A cada ano, as vagas no ensino superior têm sido acrescidas sem a definição de critérios claros que garantam uma expansão acadêmica de qualidade, pela intensa e descontrolada expansão de instituições de educação superior. Em decorrência disso, o ensino superior privado aumentou as vagas nos cursos de graduação, multiplicando instituições, cursos e triplicando o número de matrículas, como se registra nos índices declarados pelo MEC no período de 1993 a 2003, de acordo com os dados do Censo da educação superior de 2003 (INEP, 2004). Com isso, a disputa de vagas, entre as instituições, avançou em algumas regiões, em especial no Sudeste e Sul, e desencadeou um desordenamento do sistema educacional brasileiro, que oportunizou a instalação de um cenário mercantil e altamente competitivo. A realidade tem mostrado muitos fatores que esta nova política de expansão tem ocasionado no sistema educacional superior brasileiro, pois, com o aumento da oferta de vagas em determinadas regiões de forma descontrolada, tem ocasionado o inchaço do mercado educacional, que acaba desencadeando uma concorrência desleal entre as instituições de ensino. A educação privada no Brasil demonstrou, entre 1997 e 2003, uma constante redistribuição de vagas, totalizando 3,9 milhões de alunos na educação superior, sendo 2,7 milhões


18

somente nas instituições de ensino privadas, o que corresponde a 71% do total de alunos matriculados, conforme Censo da educação superior de 2003 (INEP, 2004). Apesar desta corrida desenfreada e sem critérios para a abertura de IES e da expansão de vagas na educação superior, o presidente do Conselho Nacional de Educação - CNE, professor Cláudio Frota Bezerra (apud TAQUARI, 2004), declara que a expansão do ensino superior é uma das exigências do Plano Nacional de Educação - PNE e que este projeta uma meta que corresponde a uma oferta de aproximadamente 6 milhões de matrículas nesse nível de ensino em 2010. O cenário educacional privado no Brasil, pelo Censo da educação superior de 2005 (INEP, 2006) e das estatísticas do IBGE de 2006 (IBGE, 2007), registrou um total de 2000 instituições de ensino privadas, com percentual de 88% das IES em todos os estados brasileiros. Este significativo número de instituições atendeu 2/3 da população de alunos, 18% da população entre 18 e 24 anos, 3,5 milhões de pessoas, representando 70% dos acadêmicos da educação superior no País. A meta do atual Governo é situar o Brasil entre os países emergentes deste século. Para isso, há que se estabelecer um sistema de educação forte, sustentável e coerente. Há que se construir um projeto de Estado que privilegie a educação em todas as suas etapas e a coloque no patamar das necessidades básicas da população. Para um projeto desta envergadura, necessita-se de um Governo que assuma e defenda um Projeto de Educação para a Nação que esteja acima de ideologias e de partidos políticos e que tenha como meta uma educação inclusiva e de qualidade como fatores principais para o crescimento e desenvolvimento do País. Segundo Morosini (2001, p. 301), para que se construa um futuro de educação, o importante é reafirmar: [...] a necessidade de conciliar a expansão do Sistema Superior com sua crescente necessidade de qualificação; o compromisso da sociedade e de seus dirigentes com a inversão no conhecimento, na ciência e na tecnologia; o gerenciamento das tensões advindas pela imposição abrupta, sobre um modelo nato, de universidade pública, autônoma e com liberdade acadêmica, de um modelo “novo”, único, externo e com parâmetros internacionais de avaliação, e a busca da coesão social através da


19

construção/consolidação da comunidade latinoamericana.

Para que o País cresça e melhore seus índices em relação aos demais em desenvolvimento, é preciso haver forte investimento, o que, ainda hoje, é um problema, apesar de o Brasil destinar 4,5% do seu Produto Interno Bruto - PIB em educação, o que é considerado baixo para um projeto ousado de crescimento, de acordo com o levantamento de 2004, sobre o percentual do investimento total em educação em relação ao seu PIB (INEP, 2007). O ideal definido pelo Ministério da Educação seria um investimento de 8%, como o fazem os países desenvolvidos da União Européia e os Estados Unidos. No Brasil, há uma acentuada desigualdade na distribuição deste montante entre as regiões, fato que gera o crescimento das desigualdades sociais, já que existem regiões mais desenvolvidas e ricas no país que permitem um investimento maior em educação, como se registra nos estados do Sul e do Sudeste, registrado no estudo sobre a educação superior no Brasil entre 1991 e 2004 (INEP, 2006). Uma educação de qualidade exige planejamento em longo prazo e é esse um dos problemas para um País como o Brasil, cujas políticas públicas mudam ao sabor da alternância de quem assume o poder. De caráter importantíssimo para o desenvolvimento de uma Nação, a educação não deveria ser exclusiva da política dos governos, sujeita às opiniões e aos temperamentos transitórios. Precisaria, sim, ser uma Política de Estado, com prioridade nacional e estabelecida ao longo de um horizonte de tempo mais amplo. Felipe González (2004 apud VILLELA, 2005), ex-primeiro ministro espanhol e secretário-geral do Partido Socialista Espanhol, quando esteve presente perante uma platéia de empresários brasileiros, no ano de 2004, reafirmou que a educação é a única variável estratégica que nunca falta para o desenvolvimento de um país e completou que “o projeto educacional de um país que deseja vencer suas desigualdades deve ter, no mínimo, 20 anos”. A realidade tem mostrado muitos fatores que esta nova política de expansão tem ocasionado no sistema educacional superior brasileiro, pois, com o aumento da oferta de vagas em determinadas regiões de forma descontrolada, tem ocasionado o


20

inchaço do mercado educacional, que acaba desencadeando uma concorrência desleal entre as instituições de ensino. As experiências administrativo-organizacionais das Universidades, dos Centros Universitários e das Faculdades Isoladas confirmam a difícil situação em que as instituições se encontram, pois, além de se submeterem à instabilidade econômico-financeira do País, submetem-se às mudanças de governos e planos para a educação nacional, quando cada Ministro da Educação assume um novo mandato. Também estão sujeitas a administrações frágeis e inconsistentes, provenientes das políticas internas de cada organização e que resultam na falência e na dissolução de muitas delas. Além disso, muitas das IES adotam modelos organizacionais baseados nas Universidades Federais, com quadros onerosos de docentes e funcionários administrativos; além disso, mantêm relações burocratizadas baseadas na concentração e na centralização de poder, conforme modelo instituído desde a sua criação. Esta realidade do ensino superior no Brasil não é privilégio apenas das universidades privadas brasileiras, pois este contexto é percebido, também, nas universidades européias e norte-americanas, que se obrigam a buscar novas formas de organização e de gestão para a sua sobrevivência, principalmente pela necessidade da busca da sustentabilidade econômico-financeira para a viabilização de um projeto de futuro.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS As organizações de educação têm se caracterizado pela sua complexidade e desafios. A razão que a leva a ser complexa é sua peculiaridade inerente à natureza socioeconômica e política como formadora de pessoas e profissionais, além de produtora de novos conhecimentos. A dinâmica gerencial que envolve o nível de interação, de exigência e de participação no desenvolvimento nacional e regional é fator fundamental para o desenvolvimento de um País, por isso o alto nível de complexidade e de responsabilidade de uma instituição de ensino superior como organização para a evolução e desenvolvimento da sociedade. A complexidade da organização define-se pelas suas relações e interfaces criadas em relação às demais microorganizações que fazem parte do todo. Assim, neste universo, deve


21

haver uma sinergia qualificada entre os integrantes para que as relações se estabeleçam em diferentes níveis, de forma a dar unidade às ações e, assim, haver crescimento em toda a organização. O rigor, o acompanhamento sistemático e criterioso, a participação de seus membros e o foco definido no desenvolvimento da organização definirão seu futuro no contexto diverso da sociedade. Uma alternativa para a educação das organizações educacionais brasileiras, de acordo com as necessidades de expansão de vagas e de melhoria da qualidade de ensino, é o modelo de governança adotado à realidade da educação. Com este modelo, uma organização educacional tem possibilidades de estabelecer parâmetros de avaliação e de qualidade capazes de favorecer o crescimento e o desenvolvimento das instituições de educação superior para enfrentar o cenário competitivo e aberto que se instalou nos últimos anos no País. Somente assim, cuidando da qualidade do ensino oferecida, da qualificação profissional e do rigor administrativo, com profissionais competentes, qualificados e focados para decisões da organização, o Brasil poderá chegar aos parâmetros de desenvolvimento internacionais e galgar espaços políticos, econômicos e sociais ainda utópicos.

REFERÊNCIAS BRASIL (2004); Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; Ed. Saraiva, São Paulo. CARVALHO, José (1994); “Imaginário e cultura escolar: um estudo culturanalítico de grupos de alunos em etno-escolas e numa escola urbana”; Revista de Educação Pública; 3; 4; UFMT, Cuiabá; 39-103. CHINA (2007); Economics of education review; Beijing; cap. 26; 725-735. DUTRA, Cláudio (2007); Guia de referência da LDB/96 com atualizações; Ed. Avercamp; 2ª edição, São Paulo. FLEURY, Maria (1992); “O desvendar da cultura de uma organização”. In Cultura e poder nas organizações; FICHER, Rosa Maria (Coord.);; Atlas, São Paulo; cap.1, 1527. GREGORY, Holy (2000); International comparison of corporate governance guidelines and codes of best practice in developed markets; 2ª ed; Weil, Gotshal & Manges, New York, NY. INDIA (2008); Ministry of Human Resource Development; Access, equity and quality are

focus of new initiatives in higher education: consultative committee of HRD meets today; www.pib.nic.in/release.asp?relid=317358kwd; 18 jun., 2008.


22 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (2007); Pesquisa nacional por amostra de domicílios : síntese de indicadores 2006; IBGE, Brasília. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (2005); Uma década de governança : história do IBGC, marcos e lições da experiência; 1ª ed; Ed. Saraiva, São

Paulo, 224 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (2001); Código das melhores práticas de governança corporativa; IBGC, São Paulo. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (2004); Censo da educação superior: sinopse estatística 2003; INEP, Brasília. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (2005); Censo da educação superior: sinopse estatística 2004; INEP, Brasília. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (2006); Educação superior brasileira: 1991 – 2004; INEP, Brasília. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (2006); Censo da educação superior: sinopse estatística 2005; INEP, Brasília. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (2007); Estimativa do percentual do investimento total em educação por esfera de Governo, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) - Brasil 2000 – 2006; INEP, Brasília. MONKS, Robert; MINOW, Nell (2001); Corporate governance; 2th ed.; Blackwell Busines, Massachusetts. MOROSINI, Marília Costa (2001); “Docência universitária e o futuro: desafios e possibilidades”. In: FERNANDES, Cleoni M. B.; GRILLO, Marlene (Org.). Educação superior: travessias e atravessamentos; ULBRA, Canoas; 11-31. MOROSINI, Marília Costa (2004); “Enciclopédia de pedagogia universitária: a construção de saberes”. In: V ANPED SUL : Seminário se pesquisa em educação da região Sul; PUCPR, v. 1; Curitiba; 163. TAQUARI, Carlos (2004); “Crescimento necessário – novo presidente do CNE defende a expansão do ensino superior e alerta para os riscos existentes no sistema de cotas”. In: Revista Ensino Superior; SEMESP, edição 69, ano 6, São Paulo; 34-37. VILLELA, Milú (2005); “Educação,instrumento contra desigualdade”; América Latina en movimiento – ALAI; http://alainet.org/active/9265&lang=es; 30 out, 2006. WERLE, Flávia (1999); “Papel dos especialistas nos conselhos escolares”; Cadernos CEDAE, ANPAE; nº 4; Porto Alegre; 77-102.


23

CONSIDERAÇÕES SOBRE TELEVISÃO E CULTURA CONSIDERATIONS ON TELEVISION AND CULTURE CONSIDERACIONES SOBRE TELEVISIÓN Filomena Antunes Sobral * (filomena@esev.ipv.pt)

RESUMO

Numa conjuntura sociocultural em que a televisão assume um importante papel no espaço de recepção dos media, sendo um dispositivo técnico-comunicacional de reconhecido impacto à escala global, parece-nos importante analisar e produzir juízos críticos sobre a televisão, sobretudo porque ela continua a suscitar, anos após o seu aparecimento, posições dicotómicas em termos de investigação. Por outro lado, e num nível efectivamente mais complexo, a televisão está implicada num processo social e cultural mais amplo do que o simples visionamento. Deste modo, o objectivo deste artigo é reflectir sobre estas questões, procurando evidenciar que há uma relação de reciprocidade entre a televisão, a construção de identidades culturais e a forma como a sociedade funciona. Palavras-chave: Televisão; Cultura; Sociedade.

ABSTRACT

In a social and cultural universe in which television assumes an important role in the area of media reception, as a technical and communicational device of recognized impact on a global scale, it seems important to analyse and produce critical considerations about television, especially because, years after its appearance, television continues to elicit conflicting research results. Moreover, on a more complex level, television is involved in a more profound social and cultural process than the simple act of watching TV. Subsequently, the purpose of this paper is to consider these issues, revealing the relationship of reciprocity between television, the construction of cultural identities and the way society works. Key-words: Television; Culture; Society.


24

RESUMEN

En una conjuntura sociocultural en que la televisión asume un importante papel en el espacio de recepción de los medía, como un dispositivo técnico-comunicacional de reconocido impacto a la escala global, nos parece importante analizar e producir juicios críticos sobre la televisión, sobretodo porque ella continua a suscitar, anos después de su aparecimiento, opiniones dicotómicas en termos de investigación. Por otro lado, en un nível efectivamente más complexo, la televisión está implicada en un proceso social y cultural más amplio do que de lo simples visionamento. Diste modo, lo objetivo diste articulo es reflectar sobre estas cuestiones, procurando evidenciar que hay una relación de reciprocidades entre la televisión, la construcción de identidades culturales y la forma como la sociedad funciona. Palabras-clave: Televisión; Cultura; Sociedad.

* Doutoranda em Artes/Tecnologias e Ciências das Artes – Universidade Católica Portuguesa (UCP) – Porto. Bolseira de Doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pesquisadora do Centro de Investigação em Ciências e Tecnologias das Artes (CITAR) da UCP. Mestre em Som e Imagem pela Escola das Artes da UCP. Docente na Escola Superior de Educação de Viseu.


25

1. INTRODUÇÃO Partindo do estabelecido por Giovanni Sartori (2000: 28) de

que ”A televisão não é apenas instrumento de comunicação; é

também, ao mesmo tempo, «paideia», um instrumento «antropogenético», um «media» gerador de um novo «anthropos», de um novo tipo de ser humano”, podemos entender que esta

janela aberta para o mundo, ou mais objectivamente, a televisão, é encarada hoje, no universo nacional português, assim como no panorama transfronteiriço, como um meio que adquiriu um lugar de destaque na esfera do social e que influencia, de forma contínua, a vida dos cidadãos. Na perspectiva de Pierre Bourdieu (2001: 10), a caixa televisiva monopoliza a formação do pensamento de grande parte dos indivíduos, sendo este fenómeno motivado, sobretudo, pelo ambiente íntimo no qual a televisão é visionada: o lar, centro nevrálgico da intimidade das famílias. No que concerne especificamente a Portugal, podemos observar, num recente estudo da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que sobressai ”a dominação da televisão” (Rebelo et al., 2008: 287) no espaço de recepção dos media e que este domínio revela um enorme impacto ”na estruturação do espaço público” (Idem: 288). Assim, é, actualmente, inegável o facto de que a televisão não só exerce influências culturais como também reflecte a identidade cultural das sociedades.”A era sócio-civilizacional em que vivemos” é ”marcada pela emergência e pela proliferação de uma

série de novas práticas estético-semióticas de configuração tecnológica” (Sousa, 2001: 15). Numa conjuntura multimediática em

que os ecrãs televisivos continuam a assumir um importante papel no âmbito dos meios de comunicação de massas (Wolton, 2000; Rebelo et al., 2008), influenciando sociedades e culturas, julgamos que é pertinente pensar e reflectir sobre a televisão. Esta nossa pretensão é fortemente determinada pela afirmação de Carlos Reis (2004), que, no prefácio do estudo de Laura Bulger (2004), A Imagem da Escrita no Pequeno Ecrã, defende a ideia de que ”a

televisão, a sua linguagem e os seus efeitos socioculturais são hoje matéria com uma densidade que bem justifica a atenção que na universidade lhes é consagrada” (Bulger, 2004: 6). Esta ideia assume particular relevância se a inserirmos numa conjuntura em que os meios de comunicação tradicionais, nos quais se insere a


26

televisão, estão imersos numa revolução comunicacional que se caracteriza pela convergência entre diversas ”áreas tecnológicas, de

conteúdos e de negócio, e entre os meios clássicos e os seus híbridos” (Cádima, 1999: 109).

Ora, esta realidade implica alterações significativas não só aos níveis social e cultural, mas também na forma de se pensar e analisar a televisão, uma vez que evoluímos de uma sociedade massmediática para uma sociedade onde predominam os self e cyber media e onde há cada vez mais imperativos de uma comunicação bilateral.

2. PENSAR E ANALISAR A TELEVISÃO A investigação sobre os media e a televisão é uma realidade “relativamente recente” no nosso país, o que levou Isabel Ferin Cunha a escrever que ”São recentes os estudos e investigações sobre os Media em Portugal” 1 . Esta situação contrasta com o panorama internacional, pois, segundo entendimento de Reis (apud Bulger, 2004: 6), ”noutros países, designadamente anglo-saxónicos,

a realidade é bem diferente e baseia-se em várias décadas de experiência adquirida”. Da mesma forma, também Dominique

Wolton (1994) partilha a excepção atribuída à Grã-Bretanha, mas lembra que, no resto da Europa, “Os trabalhos sobre os media

começaram aí com um atraso em relação aos Estados Unidos, onde, existia uma grande tradição de pesquisa empírica sobre os efeitos da rádio, e depois da televisão a partir dos anos 40” (Wolton,

1994: 51). Em termos históricos, o interesse em teorizar sobre a televisão fez sobressair, nos anos 60 do século XX, os Cultural Studies, que apresentam as teses defendidas pelo grupo de Birmingham. Efectivamente, o Centre for Contemporary Cultural Studies, do qual se destacam nomes como Richard Hoggart, Stuart Hall ou Raymond Williams, desenvolveu uma interessante investigação onde procura salientar o lado activo dos consumidores de televisão, ou seja, estes autores defendem que, na verdade, os telespectadores ”não poderão aceitar necessariamente as mensagens sem negociação” (Cruz, 2002: 394). Isto quer significar 1

In http://www.bocc.ubi.pt/pag/cunha-isabel-ferin-telenovelasbrasileiras.pdf, p. 2.


27

que, para esta corrente de investigação, a ênfase é colocada no trabalho de descodificação encetado pelos diferentes públicos, pondo de parte teorias anteriores sobre a influência decisiva e absoluta dos media sobre o comportamento dos indivíduos. Também nesta época merece destaque o trabalho de Marshall McLuhan (1969), cujos estudos se revelaram fundamentais para o avanço da teorização sobre os media em geral e, mais especificamente, sobre a televisão, tornando-se, assim, este autor uma referência emblemática no âmbito dos estudos televisivos. O essencial da tese de McLuhan é perceber que os meios de comunicação electrónicos, e a televisão em especial, afectam a forma como os indivíduos e as sociedades percepcionam o mundo. Sendo assim, de acordo com McLuhan (1969) os media, para além de contribuírem para a “retribalização” e unificação da raça humana, modificam também as formas de pensar e agir, assim como o modo como os seres humanos interpretam a realidade. A televisão, em particular, implica participação e descodificação porque ”envolve todos os sentidos simultaneamente” (McLuhan, 1969: 153) e é, para McLuhan, o grande paradigma da “aldeia global”. Diríamos, então, nos principais eixos desta temática, que o trabalho de McLuhan e os Cultural Studies se revelaram um estímulo essencial para o desenvolvimento dos Estudos Televisivos, que, segundo convicção de Bulger (2004: 15), tiveram a sua grande evolução por volta dos anos 70 do século XX, vindo a centrar-se posteriormente, na década de 80, na análise do consumo que as audiências fazem dos media. Dito de outra forma, a ênfase é colocada na recepção ou, como sustenta João Cruz (2002: 395), no ”que fazem as pessoas dos media, em vez do que os media fazem às pessoas”. Já nos anos 90 do século XX, destaca-se a investigação de David Morley (1992), que pretende manter a atenção focalizada no trabalho de recepção e interpretação que o público faz dos diversos géneros televisivos. Também para Rui Cádima (1999: 57) “é na leitura e recepção do discurso dos media que, hoje, tudo se joga”. Todavia, a verdade é que na década de 90, apesar de a televisão ser uma realidade inultrapassável que veio alterar a vivência na intimidade e na sociedade, ela permanece, no entender de Wolton (1994: 21), “meio século depois do seu aparecimento, um objecto não pensado”, ou, nos termos de Arlindo Machado (2000: 16), ”o mais desconhecido dos sistemas de expressão do nosso


28

tempo”. Colin MacCabe (1986: VII) corrobora esta linha de pensamento afirmando que ”The justification of the study of television in both schools and universities is still remarkably defensive and is usually couched in terms of relevance or necessity”.

Este estado do conhecimento deve-se, de acordo com Wolton (1994), ao facto de constantemente terem sido produzidos, acerca da televisão, clichés e estereótipos que têm impedido uma análise mais séria e profunda. A este propósito o autor adverte que todos se sentem livres para falar de televisão, mas muito poucos para reflectirem sobre ela (Wolton, 1994: 14). Também Machado (2000: 16) considera que todos têm argumentos para apresentar acerca da televisão, mas sem terem a noção exacta do que estão a falar. E isto acontece porque a televisão se tornou um objecto familiar, íntimo, um meio de evasão sobre o qual se vulgarizou que não é necessário despender esforço a pensar. Por outro lado, é significativo notar que, a par de uma tendência para formular juízos de valor estereotipados e superficiais acerca da caixa televisiva, emergem, também, as vozes de alguns críticos que conotam a televisão como um objecto de ”estandardização e de homogeneização culturais” (Wolton, 1994: 21). Esta posição é, no entanto, refutada por outros autores, como Machado (2000), que defende que a televisão não é a única responsável pela “mercantilização” e banalização da cultura, já que, para Machado (2000: 9), ”O fenómeno da banalização é resultado

de uma apropriação industrial da cultura e pode ser hoje estendido a toda e qualquer forma de produção intelectual do homem”2. Numa mesma linha de raciocínio, Horace Newcomb (apud Bulger, 2004:

15) vem defender que os Estudos Televisivos enfrentam questões semelhantes às que foram outrora colocadas à literatura e ao cinema, não se devendo, por isso, desvalorizar de imediato a televisão. No entanto, apesar de todas as vicissitudes, a verdade é que no panorama internacional a tendência tem sido no sentido de dar mais atenção ao instrumento televisual, desenvolvendo investigações acerca da televisão e da recepção dos conteúdos televisivos, bem como dos seus efeitos sociais e culturais, pois as 2 O autor dá o exemplo das livrarias, que, outrora, locais de encontro das camadas intelectuais, são agora espaços de venda de todo o tipo de literatura, inclusive subliteratura; e também o cinema, «hoje infectado pelos blockbusters de Hollywood e voltado prioritariamente para a produção de descartáveis para as salas de exibição em shopping centers» (Machado, 2000: 10).


29

questões ligadas à televisão e aos media são de uma grande actualidade para as sociedades contemporâneas, sobretudo se tivermos em conta o ambiente multimédia e multicanal em que nos movemos. Resulta de tal empreendimento que, também em território português, há um maior interesse em termos de investigação, embora ”relativamente recente” (Bulger: 2004: 6), como, aliás, já referimos. Assim, é certo que, num contexto pós-moderno, cada vez mais determinado pelos meios electrónicos, a televisão é um objecto central (Wolton, 2000), não só pelo alcance e impacto que possui, mas também pela familiaridade com que coabita no interior de milhões de espaços. É justamente isto que, no entender de John Fiske e John Hartley (1994), a torna ao mesmo tempo fascinante e difícil de analisar. Com efeito, para estes pensadores, seguramente, o facto de a televisão ser associada a um objecto de entretenimento familiar levou a subestimar a necessidade de se reflectir e pensar sobre ela, ou seja, de acordo com Fiske e Hartley (1994: 16), “The

medium itself is both familiar and entertaining, but this should not blind us to its singularity”. Machado (2000: 10), por sua vez,

defende que, tal como em alguns géneros literários ou cinematográficos, ”existe também vida inteligente na televisão”. O autor justifica a sua posição recorrendo a exemplos paradigmáticos, como Jean-Luc Godard, Robert Altman, Rainer Werner Fassbinder, Sandra Kogut ou Samuel Beckett, que, entre muitos outros, “ajudaram a construir uma ética e uma estética da televisão” (Machado, Idem, Ibidem). No entanto, falar de televisão não é algo consensual. Se, nos anos 50, a televisão se pretendia cultural, cedo se percebeu que a sua rápida penetração e influência sobre a formação das mentes do público espectador podia ser uma arma decisiva e polémica (Bourdieu, 2001). Essencialmente, a constatação acerca do poder televisivo para alterar mentalidades e comportamentos, bem como patrocinar a miscigenação e aculturação, levou alguns analistas mais críticos a alertarem para a influência negativa da caixa televisiva. É o caso de Karl Popper e John Condry (1999), com o alerta do perigo para a democracia ou Jerry Mander (1978), que numa posição extremada, apresentou quatro argumentos para acabar com a televisão, considerando que a televisão é de tal forma perigosa, não só a nível individual como para a própria democracia, que devia ser eliminada. Da mesma forma, Neil Postman (1985), em


30

Amusing Ourselves to Death, alega que a televisão concorre para a

degradação humana. Outro olhar crítico, mas não tão radical, é o de Noam Chomsky (2003), para quem a televisão fabrica consensos, desenvolvendo, assim, uma forma de controlo sobre as sociedades. Num sentido idêntico, Armand Mattelart (2005) alerta para o perigo do monopólio mundial dos media e da indústria cultural. Assim, no panorama televisual actual, marcado essencialmente pela globalização e pelo ”reinado da Internet” (Wolton, 2000: 8), coexistem posições divergentes, umas mais críticas, assumidas por uma elite intelectual, que se procura distanciar de um divertimento popular que nada poderá ter a ver com arte e cultura, outras que procuram chamar a atenção para a necessidade de se continuar a investigar sobre o medium. Esta segunda posição é sobretudo importante em Portugal, onde se verifica uma “fragilidade da produção académica sobre o tema televisão” (Cunha, 2008: 7) e onde, segundo dados da sondagem nacional realizada em 2008 pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social, ”a televisão é transversal” (Rebelo et al., 2008: 18), ou seja, ”é o meio de comunicação social mais utilizado pelos residentes em Portugal” (Idem: 67). Seguindo esta linha de raciocínio e, para melhor compreendermos a importância de elaborar teorias críticas sobre a televisão, é, então, forçoso entender o papel social e cultural da televisão no espaço alargado da comunicação, bem como conhecer as características próprias deste médium, que é simultaneamente sistema de comunicação e objecto estético.

3. CARACTERIZAÇÃO DO DISPOSITIVO TELEVISIVO Numa tentativa de precisão terminológica, podemos definir televisão como um meio de comunicação audiovisual, que faz uso de signos visuais e efeitos sonoros articulados em planos, transmitindo uma mensagem à distância para muitos ou para um só, em simultâneo, com impacto sensorial imediato sobre a visão e a audição, após transmissão por um sistema técnico (Campos, 1994: 56). Estamos, portanto, a reportar-nos a um “sistema de realidade sonora”, a um “sistema visual” e a um “sistema de transformação técnico-retórica audiovisual” que regula os dois anteriores, ou seja,


31

estamos perante um ”sistema audiovisual cinético” que comporta os três sistemas acima referidos (Idem: 56-57). Apesar de o elemento principal em televisão ser, claramente, o ver, pois a própria essência da televisão é “ver de longe” (Sartori, 2000: 22), o que faz com que sem imagens se torne difícil pensar em telever, a sua linguagem integra igualmente a palavra falada3 ou escrita. Deste modo, som e imagem completam-se, mas, sem dúvida que, como defende Sartori (Idem, Ibidem), “na televisão o

«ver» prevalece sobre o falar, no sentido em que a voz «off», ou de um falante, é secundária, está em função da «imagem», comenta a imagem”. No que concerne à linguagem escrita, também esta

secundária em relação à imagem, tem como principal missão reforçar o sentido da imagem ou dar informação adicional. Portanto, a televisão constitui-se de diversos sistemas, tornando-se assim um sistema semiótico de comunicação. Deste modo, estamos perante uma linguagem completa e complexa, que assume contornos múltiplos e que, em última instância, permite o fluir da narrativa audiovisual e o ”empenhamento de todo o ser” (Campos, 1994: 85). Esta observação de que a linguagem televisiva permite o “empenhamento de todo o ser” remete-nos, novamente, para o pensamento de McLuhan (1969), que caracterizava a televisão como um meio frio, que envolve o espectador de uma forma profunda e, como tal, exige a sua participação na descodificação da mensagem. Para além disso, torna-se importante frisar que este exercício de entendimento está relacionado com códigos culturalmente aprendidos, ou, nas palavras de Fiske e Hartley (1994: 69), ”our

culturally learnt codes and conventions transform what we watch from mere external stimuli into actual communication, where the message is not only received but also decoded, understood and responded to”. Numa linha decorrente desta perspectiva, julgamos pertinente referir que a recepção televisual surgiu inserida num contexto de tradição escrita e que isso condicionou a forma de receber a informação. Daí que, segundo Jorge Campos (1994: 48), ”é mais fácil ao telespectador descodificar a mensagem contida

no texto escrito (lido) ou falado, do que decifrar o conjunto de signos 3 Para além dos outros elementos que podem compor a realidade sonora, como ruídos, música ou efeitos sonoros, que por vezes ajudam a pautar a acção e a criar ambientes.


32

visuais inscritos na composição e articulação dos planos”. Numa linha de pensamento idêntica, Steven Johnson (2006: 28) corrobora esta ideia, afirmando que “O alimento intelectual proveniente da

leitura está tão profundamente arreigado nas nossas convicções que é difícil equacionar um ponto de vista diferente”.

Também Umberto Eco (1991) abordou esta temática fazendo uma comparação interessante entre a comunicação de uma palavra e a comunicação de uma imagem. Observa o autor que, quando uma palavra é comunicada, o cérebro procura, num vasto campo semântico, possíveis acepções que o termo possa ter e selecciona a que lhe parece mais indicada. No que diz respeito à imagem, sendo esta mais concreta, obriga à recepção imediata de todo um conjunto de significados, sem se proceder a um acto de individualização daquilo que é o necessário. Diríamos, então, que temos, por um lado, um saber lógico que provoca comportamentos e, por outro lado, um visionamento de comportamentos que provoca um esforço de descodificação. Contudo, apesar de a televisão comunicar através de uma linguagem áudio-scripto-visual (Cloutier, 1975), dando-nos a sensação de cópia do real, a verdade é que se trata sempre de um realidade seleccionada, ou seja, a realidade proporcionada pela caixa televisiva é uma “realidade outra” motivada pelas escolhas de quem “fabrica” esse novo real. Esta especificidade do instrumento televisual é, no fundo, aquilo que Bourdieu (2001) designa por ”efeito de real”, ou seja, a imagem tem a particularidade de “poder fazer ver e fazer crer no que faz ver” (Bourdieu, 2001: 14). Trata-se, por conseguinte, de uma realidade ”seleccionada, estruturada, codificada”, segundo palavras de Campos (1994: 56), às quais acrescentaríamos, em jeito de síntese, mediada, pois é convicção de Fiske e Hartley (1994: 17) que “Both language and television mediate reality”. Para além disso, há ainda a salientar, no âmago desta temática, a inevitável manipulação inerente a todo o dispositivo técnico de captação e edição audiovisual, isto é, uma mesma realidade pode ser captada e tratada de diferentes maneiras por entidades diversas, conduzindo, inevitavelmente, a uma manipulação, ainda que esta possa ser mais ou menos consciente. Consequentemente e procurando resumir esta questão, entendemos que a televisão coloca em cena, através de signos imagéticos e sonoros, uma realidade fabricada que assume o papel de substituição do real, fazendo emergir, desta forma, a narrativa


33

audiovisual, que, no entender de Campos (1994: 58), “é

indissociável do conceito de encenação”.

Ora, avançando nesta linha de pensamento, a narrativa audiovisual que “coloca em cena” faz também emergir as funções da linguagem “massmediática”, na qual se integra a gramática televisiva. No entender de Adriano Duarte Rodrigues (1980), a linguagem dos media tem um papel fundamental, não só no asseverar da “democratização da cultura clássica ou erudita”, mas também no garantir da ”vulgarização-aclimatizaçãocondicionamento” dessa mesma cultura (Rodrigues, 1980: 67). Para o autor, estas são funções essenciais ao funcionamento das sociedades democráticas. Assim, para Rodrigues (1980), a televisão tem um importante papel na divulgação e propagação da cultura, ao mesmo tempo que condiciona e influencia os que tomam contacto com ela. Por outro lado, a linguagem televisiva também simplifica a mensagem, promovendo desta forma, a homogeneização cultural; impulsiona uma interpretação maniqueísta do mundo e recorre frequentemente à actualização e à modernização, pois só desta maneira consegue provocar no público receptor um sentimento de identificação e de motivação (Rodrigues, Idem: 67). Neste sentido, sobressai que a caixa televisiva serve de referência, permite estabelecer vínculos emocionais e atribuir significados, preenchendo, desta forma, o imaginário social. No que concerne à organização dos conteúdos televisivos, sublinhamos aqui, de acordo com o sugerido por Jane Feuer (1986), na obra de reconhecido valor High Theory/Low Culture, editada por MacCabe (1986), que a estrutura narrativa televisiva não funciona de acordo com noções de linearidade e causalidade, o que equivale a dizer, segundo a autora, que “all television narrative is «serial» rather than linear” (Feuer, 1986: 102). Também Fiske e Hartley (1994) partilham esta posição, dizendo que a televisão é “ephemeral, episodic, specific, concrete and dramatic in mode”, o que faz com que o seu significado seja alcançado através da justaposição de signos (Fiske e Hartley, 1994: 15). Essencialmente, o discurso do instrumento televisual pode ser caracterizado por uma justaposição de blocos significantes que, por exibição sucessiva, mas intercalada com anúncios publicitários e promoções, dá origem a um quadro de programas. Por isso, Cádima (1999: 68) fala do conceito de rede códica para se referir “à


34

pluralidade

de discursos e ao fluxo contínuo televisivo”. Compreende-se, segundo o autor, que “do que se trata em

televisão é de fazer «séries», repetir modelos, respeitar códigos, de forma a manter e assegurar o contrato de visibilidade com as audiências” (Cádima, Idem: 69). Estamos, portanto, perante aquilo que Janet Thumim (2004: 3) apelida de formato magazine, que se

caracteriza pela apresentação ininterrupta e em continuidade de vários programas e que, por isso mesmo, se torna previsível e habitual. Este aspecto contribui, seguramente, para entender a globalização da televisão, já que ela funciona de forma semelhante um pouco por todo o mundo, além de exibir conteúdos facilmente identificáveis pela generalidade das audiências. Ora, este estratagema de exibição fragmentária torna, também, difícil pensar em diegese, no sentido tradicional do termo, uma vez que há uma constante interrupção para anúncios publicitários (Feuer, 1986). Ainda assim, visionar através da televisão parece ser, como sugerem Fiske e Hartley (1994: 17), um modo natural de ver o mundo, pois ”the television medium presents us with a continuous

stream of images almost all of which are deeply familiar in structure and form. It uses codes which are closely related to those by which we perceive reality itself”. Tudo isto está relacionado com o facto de, como defende Cruz (2002: 485), sermos seres participantes de uma cultura televisiva, ou seja, os indivíduos crescem com a televisão, familiarizam-se com ela e participam na chamada cultura televisiva; ganha, assim, preponderância um conteúdo cultural específico designado por cultura de massas4.

4. O PAPEL SOCIAL E CULTURAL DA TELEVISÃO O que atrás ficou exposto demonstra a complexidade do dispositivo televisivo como instrumento de comunicação que aglutina várias linguagens. Numa dimensão que ultrapassa a sua componente meramente técnica, pois, como sustenta Bulger (2004: 4 Usando a terminologia de João Cruz (2002: 385), podemos definir cultura de massas, como: «o conjunto dos efeitos de ordem intelectual produzidos e difundidos directa ou indirectamente pelos media, entre o público que os utiliza em grande escala. Sob esta forma cultural pretende-se designar o substrato de conhecimento difundido pelos media».


35

21), “A televisão é um meio cuja complexidade transcende o âmbito

do tecnológico por envolver múltiplas codificações e descodificações – linguísticas, visuais, sonoras, sociais, culturais, literárias, políticas, ideológicas, económicas”. Vamos agora

debruçamo-nos mais especificamente sobre o impacto da presença televisiva em termos de sociedade e de cultura. A passagem do século XX para o século XXI caracteriza-se essencialmente pela transformação das relações pessoais em relações virtuais. O crescimento da Internet, inserida num movimento de convergência dos media, da informática e das telecomunicações (Cádima, 1999), cria uma dinâmica comunicacional ímpar e implica uma mutação inevitável nos meios de comunicação tradicionais, em especial na televisão (Cardoso et al., 2006). É sobretudo no sector da televisão que as alterações se têm feito sentir com grande impacto, desde a fragmentação das audiências à ampliação da oferta televisiva e à digitalização ou ao surgimento de novas plataformas de difusão (Idem). Assim, numa paisagem audiovisual fortemente marcada pela inovação tecnológica e pela Internet, a televisão continua a ter um importante papel social e cultural, pois segundo Jacques Piette (2006: 20), existe uma ”coabitação sem expropriação” no sector dos media. Deste modo, no seio da sociedade da informação, a televisão continua a exercer uma influência decisiva sobre as mentes dos indivíduos, justamente porque, como defende Wolton (2000), ela permite uma aliança entre uma dimensão mais técnica e uma dimensão social, ou entre as imagens e a sociedade, permitindo, deste modo, um vínculo social extremamente importante. Também para Cádima (1999: 55) “Esta televisão da intimidade revela-se assim como vínculo social, como o único vínculo social”, dando origem a uma cultura saturada de imagens. Por isso mesmo, num sentido idêntico, quando Wolton (1994) questiona o que é a televisão, a única resposta possível é, segundo a mesma fonte, “Imagens e vínculo social” (Wolton, 1994: 15), ou seja, a televisão associa a dimensão técnica das imagens, com a dimensão social da comunicação. Tal ideia é consonante com a afirmação de Chris Barker (1999: 7), de que “television allows us all to be armchair

travellers and experience something of the lives and cultural identities of others even as we stay at home”. Adoptando uma posição concomitante, Bulger (2004: 12) frisa que a televisão é o “meio electrónico com mais força na aproximação de espaços geográficos,


36

culturais e humanos”, promovendo influências sociais globalizantes,

bem como construção de identidades culturais. Na verdade, ao vermos representados na televisão usos e costumes, padrões de comportamento ou formas de falar, identificamos o tipo de cultura que retrata. Aprendemos sobre os outros ao visionar as suas produções, assim como os outros aprendem sobre a nossa cultura ao terem contacto com os nossos produtos televisionais, e constatamos que o dispositivo televisivo é maioritariamente responsável pela edificação e alteração das representações que temos do mundo (Wolton, 1994), afectando, sem dúvida, sociedades e culturas. João Santos (2000: 11) afirma, realisticamente, que a televisão é um facto social incontornável. Também nas vias de análise propostas por Alexandra Laranjeira (2003: 63), sobressai a ideia de que a caixa televisiva promove nos indivíduos “um

sentimento de pertença a uma comunidade imaginada e criada através dos media: uma comunidade sem lugar”. Esta comunidade mass mediática vem, no entender da autora, preencher o vazio

contemporâneo deixado pela falta dos mitos e pelo papel das instituições da modernidade. Constatamos assim, de acordo com o exposto por Fiske e Hartley (1994), que há uma relação directa entre o funcionamento da televisão e a própria sociedade, pois para estes autores, “an

understanding of the way in which television structures and presents its pictures of reality can go a long way towards helping us to understand the way in which our society Works” (Fiske e Hartley,

1994: 17). Como todos estes aspectos se processam à escala global, estamo, deste modo, numa situação de viragem que pode ser apelidada de “postmodern cultural turn” (Barker, 1999: 56), onde se valoriza uma cultura essencialmente visual, que se caracteriza fundamentalmente pelo atenuar da incompatibilidade entre aquilo que MacCabe (1986: 20) designa por high culture e mass culture. É o que Cruz (2002: 485) entende ser a transformação da cultura comum motivada pela revolução electrónica encetada pela televisão. Contudo, se esta transformação permitiu, por um lado, a democratização da cultura, por outro lado é importante que esta cultura de todos não conduza ao nivelamento por baixo (Sartori, 2000). No centro de toda esta temática, é sobretudo de salientar, de acordo com Laranjeira (2003: 63), na esteira de Giddens, que os media “geram novos mecanismos de identidade ao promover a


37

partilha do conhecimento comum e, portanto, tornando-se o reflexo da nossa identidade cultural na actualidade”.

Num mesmo sentido, Fiske e Hartley (1994: 34), observam que a televisão «reflects, symbolically, the structure of values and relationsships beneath the surface», o que equivale a dizer que o sistema comunicacional televisivo é um sistema de indicadores culturais através do qual os valores estruturantes da sociedade são simbolicamente representados. A televisão fornece os principais recursos (representações) que permitem proceder à construção e disseminação da identidade (Barker, 1999: 33). Por outro lado, de acordo com Dominique Pasquier (2006) a televisão cria muitas interacções, não só no interior da família, como também fora dela e, segundo o autor, “por detrás destas interacções joga-se uma experiência de identidade” (Pasquier, 2006: 41). Num âmbito mais alargado, e numa conjuntura de convergência que se caracteriza pelo fascínio técnico, Wolton (2000) defende que quanto mais caminhamos para a abertura permitida pelo online e para a homogeneização motivada pela globalização, mais os media nacionais desempenham um papel fulcral como factor de identidade colectiva e laço social, não só pela língua, mas também pela memória e pela cultura. Portanto, parece-nos de especial relevância salientar que o discurso televisivo induz à integração de novos valores na esfera social, isto porque ler uma mensagem televisiva faz parte de um processo cultural mais amplo do que o simples visionamento.

5. CONCLUSÃO Vimos que a televisão é um meio de comunicação central das sociedades contemporâneas, porque satisfaz uma panóplia de necessidades, como sejam as cognitivas, afectivas, pessoais, sociais ou culturais, sem se sair de uma atmosfera íntima. Por outro lado, a evolução tecnológica faz com que o medium se tenha de adaptar aos novos tempos, procurando formas de se articular com a linguagem online, bem como com públicos interactivos, e disseminando-se também, por novas plataformas de divulgação, não perdendo, todavia, o seu papel dominante no espaço da comunicação.


38

Metaforicamente, podemos entende-la como um polvo gigante com múltiplos tentáculos, ou, nos termos de D. J. Enright (1990: 4), como “the great homogenizer”, ou, se quisermos, de uma forma mais poética, segundo Gene Phillips (1995), como um poder imperialista, cujas colónias se estendem pelo mundo inteiro. A estas convicções vem juntar-se o diagnóstico feito por Wolton (1994: 46), para quem a televisão “ocupa um lugar determinante na vida de

cada um, tanto pela informação como pela distracção que nos proporciona, constituindo assim a principal janela aberta sobre um mundo diferente do da vida de todos os dias” e, para além disso,

segundo a mesma fonte, a televisão continua a ser o meio de comunicação social essencial à democracia (Wolton, 2000). Também em Portugal a televisão se assume como dominante no espaço de recepção dos media (Rebelo et al., 2008). Paralelamente a este enraizamento e impacto, verificamos, de acordo com o ponto de vista de vários autores (Barker, 1999; Enright, 1990), que a televisão está implicada na construção do conhecimento, bem como do imaginário social, promovendo, desta forma, a criação e divulgação de identidades culturais. Contudo, apesar de a televisão continuar a ser um meio privilegiado de comunicação e transmissão de conteúdos, no que diz respeito à sua abordagem como objecto de estudo, não há posições consensuais, uma vez que, para uns, a televisão ainda não foi suficientemente “levada a sério” (Machado, 2000; Wolton, 2000; MacCabe, 1986), enquanto outros deitam sobre ela o seu olhar crítico (Bourdieu, 2001; Chomsky, 2003; Mattelard, 2005). Daí que, para Cádima (1999: 50), a questão formulada no início da televisão, que opõe a ideia de progresso civilizacional à ideia de decadência, ainda se mantém actual na era do digital. Para terminar, o que nos parece importante frisar é que, independentemente do ponto de vista adoptado acerca da televisão, o seu impacto social e cultural justifica que a investigação se continue a debruçar sobre ela, especialmente em Portugal, onde os estudos sobre o medium não se avolumam.


39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARKER, Chris (1999); Television, Globalization and Cultural identities; Buckingham: Open University Press. BOURDIEU, Pierre (2001); Sobre a Televisão, Oeiras; Celta Editora. BULGER, Laura Fernanda, A imagem da escrita no pequeno ecrã, Coimbra: Minerva. 2004. CÁDIMA, Francisco Rui, Desafios dos Novos Media, a nova ordem política e comunicacional, Lisboa: Editorial Notícias. 1999. CAMPOS, Jorge, A Caixa Negra, Porto: Edições da Universidade Fernando Pessoa. 1994. CARDOSO, Luís Landerset (Coord.), Portugal Audiovisual: Base de Dados Intersectorial da Convergência Audiovisual/ Multimédia em Portugal, Lisboa: Obercom. 2006. CEIA, Carlos, Normas para apresentação de trabalhos científicos, Lisboa: Editorial Presença. 1997. CHOMSKY, Noam, Manipulação do Público: Política e Poder Económico no uso da Mídia. São Paulo: Editora Futura. 2003. CLOUTIER, Jean, A Era de EMEREC ou a Comunicação audio-scripto-visual na hora dos self-media, Lisboa: Instituto de Tecnologia Educativa. 1975. CRUZ, João Cardoso da, Introdução ao Estudo da Comunicação: Imprensa, Cinema, Rádio, Televisão, Redes Multimédia, Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa. 2002. CUNHA, Isabel Ferin, As telenovelas Brasileiras em Portugal. Biblioteca on-line de Ciências da Comunicação. Covilhã: Universidade da Beira Interior. ISSN 1646-3137. In http://www.bocc.ubi.pt/pag/cunha-isabel-ferin-telenovelas-brasileiras.pdf (2007/11/16; 15h), pp. 1-21. CUNHA, Isabel Ferin, Ficção Televisiva e Entretenimento. Actas do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Natal, Brasil: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, Setembro de 2008 (ISBN 978-85-88537-43-9), versão CD-ROM. ECO, Umberto, Apocalípticos e integrados, Lisboa: Difel. 1991. ENRIGHT, Dennis Joseph, Fields of Vision: essays on literature, language and television, Oxford: Oxford University Press. 1990. FEUER, Jane, Narrative Form in American Network Television In MACCABE, Colin (ed.), High Theory/ Low Culture. Manchester: Manchester University Press. 1986. FISKE, John; HARTLEY, John, Reading Television. Nova Iorque: Routledge. 1994. JOHNSON, Steven, Tudo o que é mau faz bem. Lisboa: ASA. 2006. LARANJEIRA, Alexandra, Mediatização Da Vida Privada, Azeitão: Autonomia 27. 2003. MACCABE, Colin (ed.), High Theory/ Low Culture, Manchester: Manchester University Press. 1986. MACHADO, Arlindo, A Televisão Levada a Sério, São Paulo: Senac. 2000. MANDER, Jerry, Four Arguments for the Elimination of Television. Londres: Harper Perennial. 1978. MATTELART, Armand, La Diversité Culturelle et Mondialization. Paris : Le Monde Diplomatique. 2005. MCLUHAN, Marshall, Understanding Media: The extensions of man, Londres: Routledge. 1964. MCLUHAN, Marshall; FIORE, Quentin, O Meio são as massa-gens, Rio de Janeiro: Record. 1969. MORLEY, David, Television, Audiences and Cultural Studies, Londres: Routledge. 1992.


40 PASQUIER, Dominique, Públicos e comunidades sociais: o papel dos Media nas sociabilidades juvenis. In ABRANTES, José Carlos (Coord.) – Ecrãs em Mudança: Dos jovens na Internet ao Provedor da Televisão. Lisboa: Livros Horizonte. 2006. pp. 39-49. PHILLIPS, Gene D., Conrad and Cinema: the art of adaptation, Nova Iorque: Peter Lang Publishing. 1995. PIETTE, Jacques, Públicos Os Jovens e a Internet: De que “Público” Se Trata? In ABRANTES, José Carlos (Coord.) – Ecrãs em Mudança: Dos jovens na Internet ao Provedor da Televisão. Lisboa: Livros Horizonte. 2006. pp. 13-24. POPPER, Karl; CONDRY, John, Televisão: Um Perigo para a Democracia. Lisboa: Gradiva. 1999. POSTMAN, Neil, Amusing Ourselves to Death. Nova Iorque: Penguin. 1985. REBELO, José (coord.), Os Públicos dos Meios de Comunicação Social Portugueses. Lisboa: Entidade Reguladora para a Comunicação Social. 2008. RODRIGUES, Adriano Duarte, A Comunicação Social. Noção, História, Linguagem, Lisboa: Editorial Veja. 1980. SANTOS, João de Almeida, Homo Zappiens: o feitiço da televisão, Lisboa: Editorial Notícias. 2000. SARTORI, Giovanni, Homo Videns: Televisão e Pós-Pensamento, Lisboa: Terramar. 2000. SOUSA, Sérgio Paulo Guimarães de, Relações intersemióticas entre o cinema e a literatura: a adaptação cinematográfica e a recepção literária do cinema, Braga: Tese de Mestrado. Universidade do Minho. 2001. THUMIM, Janet, Inventing Television Culture, Oxford: Oxford University Press. 2004. WOLTON, Dominique, Elogio do Grande Público. Uma Teoria Crítica da Televisão, Porto: Edições Asa. 1994. WOLTON, Dominique, E depois da Internet? Lisboa: Difel. 2000.


41

BOOM FESTIVAL – UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS HABITANTES LOCAIS BOOM FESTIVAL - A STUDY OF THE PERCEPTION OF LOCAL INHABITANTS BOOM FESTIVAL – UNO ESTUDO SOBRE LA PERCEPCIÓN DE LOS HABITANTES LOCAIS Ana Rita Garcia* (arita@esg.ipcb.pt) Sara Morgado Nunes** (sara@esg.ipcb.pt)

RESUMO O Turismo e um vasto leque de actividades com ele relacionadas, assumem-se cada vez mais como motor de desenvolvimento de muitas regiões do interior que vão diversificando a sua oferta. Muitas destas regiões reúnem condições excelentes para a realização de eventos culturais pelo clima, pela diversidade que oferecem e pela hospitalidade que as caracteriza. A atracção de eventos internacionais para Portugal tem aumentado nos últimos anos, assumindo os festivais uma importância crescente no Turismo e na Economia destas regiões. Nos últimos anos Idanha-a-Nova tem sido palco do Boom Festival. A chegada de milhares de jovens de todo o mundo com diferentes valores e estilos de vida a esta pacata vila do interior é muitas vezes geradora de choques culturais e ao mesmo tempo motor de desenvolvimento e impulso económico. Com o objectivo de avaliar a percepção que possuem os idanhenses acerca do Boom Festival, aplicou-se um inquérito, cuja análise revelou que, de um modo geral, este evento é percebido como positivo para a economia local na medida em que atrai muitos visitantes e divulga a região a nível internacional. Não obstante, são também referidos aspectos menos positivos como o consumo de drogas e de álcool, o acréscimo dos preços dos bens e serviços e o congestionamento do trânsito. Palavras-Chave: Turismo; Festivais de Música; Boom Festival

ABSTRACT Tourism and a wide range of related activities act increasingly as instruments of development in many regions of the interior that offer a


42

diverse range of possibilities. Many of these regions present excellent conditions for hosting cultural events, due to their characteristic climate, diversity and hospitality. The attraction of international events to Portugal has grown in recent years. Summer Festivals assume an increasing importance in the Tourism and Economy of these regions. In recent years Idanha-a-Nova has been the setting of the Boom Festival. The arrival of thousands of young people from around the world and with different values and lifestyles to this quiet village generates culture shock while assuming a great importance in local economic development. In order to evaluate the local inhabitants’ perception of the Boom Festival, a survey was carried out, the results of which show that, in general, this event is perceived as positive for the local economy because it attracts many visitors and promotes the region internationally. However, they also point out some negative aspects, such as drugs and alcohol, higher prices for goods and services, and traffic. Key-Words: Tourism; Music Festivals; Boom Festival.

RESUMEN El Turismo y un amplio conjunto de actividades con él relacionadas, se asumen cada vez más importantes como motor de desarrollo de muchas regiones del interior que van diversificando su oferta. Muchas de estas regiones, reúnen condiciones excelentes para la realización de eventos culturales por su clima, por la diversidad que ofrecen y por la hospitalidad que las caracteriza. La atracción de eventos internacionales para Portugal, ha aumentado en los últimos años, asumiendo los festivales una importancia creciente en el Turismo e Economía de estas regiones. En los últimos años, Idanha-a-Nova ha sido el escenario del Boom Festival. La llegada de miles de jóvenes de todo el mundo, con diferentes valores e estilos de vida a este pacato pueblo del interior es muchas veces generadora de choques culturales e, a la vez, motor de desarrollo e impulso económico. Con el objetivo de evaluar la percepción que poseen los habitantes locales sobre el Boom Festival, se ha aplicado una encuesta, cuyo análisis ha revelado que, de una forma general, este evento es percibido como positivo para la economía local en la medida que atrae muchos visitantes e divulga la región al nivel internacional. No obstante, son también referidos aspectos menos positivos como el consumo de drogas y alcohol, el aumento de los precios de bienes y servicios y el congestionamiento del transito. Palabras-Clave: Turismo; Festivales de Música; Boom Festival


43

* Professora Adjunta da Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Castelo Branco. É licenciada em Sociologia pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa e doutoranda em Sociologia e Comunicação na FCS da Universidade de Salamanca. Tem publicações em revistas nacionais e internacionais. ** Professora Adjunta da Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Castelo Branco. É licenciada em Ensino da Matemática e Ciências da Natureza pela Escola Superior de Educação de Castelo Branco, possui o Mestrado em Matemática Aplicada pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, é doutoranda em Estatística Aplicada Multivariante na Universidade de Salamanca. Tem publicações em revistas nacionais e internacionais.


44

1. INTRODUÇÃO De dois em dois anos, Idanha-a-Nova vive um momento extraordinário. Na verdade, uma comunidade semi-rural, garante de tradições ancestrais, detentora de património rico, vê-se “invadida” por um grupo de visitantes que, por certo, não deixam indiferentes os habitantes da localidade. De todo o mundo chegam jovens (de idade e de espírito) que identificamos como heterodoxos face ao comum. É gente que aposta na diferença exterior e, pelo que se sabe, interior. Vestem-se de forma inédita, colorida, a aproximar-se das comunidades Hippies dos anos sessenta do século XX. A defesa do ambiente, uma vida próxima da Natureza, o menosprezo por regras, um anarquismo vivido em plenitude, da alimentação à relação entre as pessoas, surpreende; os comentários da população oscilam entre o riso, a rejeição e do aproveitamento económico que favorece o aparecimento, em Agosto, na primeira lua cheia, de gente que enriquece o mosaico cultural humano. São turistas e movimentam Idanha-a-Nova. Ora, sabemos que o turismo é motor de desenvolvimento dos territórios na medida em que ao aproveitar o potencial das regiões diversifica e configura novos produtos. A procura e a oferta de eventos culturais, nomeadamente, festivais, têm crescido por todo o país renovando e revitalizando lugares quer a nível económico, quer paisagístico, ao mesmo tempo que preservam o património cultural e histórico (Ribeiro, Vareiro, Fabeiro & de Blas, 2005). Quisemos com esta investigação, conhecer a percepção dos residentes em Idanha-a-Nova relativamente ao Boom Festival. Idanha-a-Nova é um concelho periférico, situado no centro de Portugal; o evento traz participantes de várias nacionalidades; as práticas de libertação e de transgressão, em termos comportamentais colidem, como dissemos, com as vivências habituais dos idanhenses. Questionamos: Será que a população local se distancia emocionalmente do Boom Festival? Considerará o evento positivo em termos económicos e em termos de divulgação do local? Será que apontam efeitos negativos associados a este tipo de acontecimentos? Responder a estas questões é o nosso objectivo. Nesse sentido, iniciaremos a pesquisa com uma descrição do concelho de Idanha-a-Nova, a localidade que acolhe o evento. Exploramos, depois, o que podemos encontrar no Boom Festival. Por fim, apresentam-se os resultados de um inquérito


45

efectuado à população residente em Idanha-a-Nova, com o intuito de conhecer a percepção das pessoas no que respeita ao acolhimento do evento em terras raianas.

2. OS FESTIVAIS DE MÚSICA DE VERÃO Os Festivais de Música de Verão são “períodos formais ou programas de actividades de fruição, de entretenimento, ou de eventos que têm um carácter festivo e que celebram publicamente algum conceito, acontecimento ou facto” (Janiskee, 1980: 97). A duração é curta, ocorrem num espaço geralmente delimitado; com objectivos bem definidos, apresentam, tendencialmente, uma extensa programação musical (Abreu, 2004). Rolfe afirma que “Alguns festivais concentram-se apenas numa forma de arte. Outros incluem actividades em muitas formas de arte. Para além de quase todos os géneros de música, existem festivais de dança, drama, cinema, literatura, poesia, etc… e um sem número de combinações inovadoras de formas de arte” (cit in Gratton & Taylor, 1995: 226). O êxito destes eventos depende, em grande medida, do entusiasmo das comunidades locais e da capacidade dos organizadores, mais do que do património natural e construído do local (Getz, 1997). No entanto, ao passo que a produção, distribuição e consumo de certo tipo de culturas registadas ou gravadas se desmaterializam e desterritorializam (Sarmento, 2007), a cultura performativa, depende largamente de espaços e lugares particulares (Breland, 1992). Os festivais que se sediam em áreas rurais podem desempenhar um papel importante em termos económicos (Calado, 2007). Na verdade, o desenvolvimento e a organização de eventos estão normalmente associados ao turismo e às oportunidades económicas que podem gerar num local. O impacto económico resulta do consumo de produtos turísticos numa determinada área geográfica; as unidades de alojamento, as transportadoras, os restaurantes, o comércio são os principais beneficiários do evento. Ao atraírem um vasto número de visitantes, por um determinado período de tempo, os festivais favorecem o aumento da despesa média e podem gerar emprego, ainda que temporariamente. Em suma, os eventos são “construtores da imagem” do destino, ajudam à criação de um perfil, posicionam o destino no mercado e


46

fornecem-lhe uma vantagem competitiva em termos de marketing (Getz, 1997). As comunidades receptoras têm um papel relevante no desenvolvimento e no seu bom resultado. É também verdade, que associados sobretudo a festivais a que aderem muitas pessoas, se geram efeitos menos positivos, que resultam do congestionamento de tráfego, do aumento dos preços dos bens e serviços, do problema de parqueamento, do vandalismo ou de factores que podem dificultar o relacionamento entre hóspedes e hospedeiros (Ferreira & Martins, 2007). Não se pode esquecer também que o turismo pode ser uma indústria fortemente poluidora, depredadora do espaço, da cultura autóctone e, frequentemente, constitui um canal de comunicação com a especulação do solo e da paisagem. Dias (2003) identifica oito categorias de impactos sociais resultantes do tipo de turismo que analisamos: a) ressentimento local resultante do choque de culturas; b) transformação da estrutura de trabalho; c) a saturação da infra-estrutura, que afecta instalações e equipamentos; d) transformação dos valores e condutas morais; e) modificação dos padrões de consumo; f) problemas de saúde; g) etnocentrismo; h) excesso de padronização. Na verdade, os grandes festivais envolvem movimentos de pessoas de diferentes e distantes localidades, provocando o estabelecimento de relações sociais entre indivíduos que, de outro modo, não se encontrariam. Os choques culturais decorrentes da diferença radicam em valores, estilos de vida, crenças religiosas, línguas, níveis de prosperidade diferentes; tendem a aumentar em função do comportamento dos visitantes. Muitas vezes, por ignorância, por descuido, desrespeitam costumes e valores locais. Quando acontecem, podem desencadear reacções violentas; na verdade, as populações do local de destino tendem a desenvolver estereótipos das diferentes comunidades que os visitam, adoptando depois um comportamento padronizado no relacionamento com cada uma. Acresce que, apesar do turismo oferecer oportunidades de trabalho, os postos são, de modo geral, sazonais, e os níveis salariais são baixos. De qualquer modo, a renovação das actividades artesanais tradicionais passa a exigir uma maior profissionalização para responder à procura na época alta. Em muitos casos, a profissionalização induz a industrialização de


47

produtos que, antes, eram elaborados artesanalmente; cria-se, assim, uma distorção relativamente à lembrança típica do local. Pelo facto de ser comum a turistas e residentes o uso das instalações e recursos pode causar impactos sérios na vida diária, aumentando a rejeição e a irritabilidade da população local em relação aos visitantes. A saturação do destino ocorre, em geral, quando um ritmo rápido de desenvolvimento ou sazonalidade do mercado provoca a coexistência, num mesmo espaço, de um número superior de turistas comparado com a população local. Ao atingir o ponto de saturação, podem gerar-se problemas a nível do preço das habitações, emprego (sazonalidade), transporte (congestionamento do trânsito), população (densidade de turistas). Estes factores provocam, pois, conflitos no uso dos recursos locais, aumentam as críticas relativas à deterioração do património cultural, altera-se o uso tradicional do território. A presença de turistas provoca mudanças nos valores sociais das comunidades receptoras, altera comportamentos. É muito comum atribuir-se ao turismo o desenvolvimento de comportamentos considerados negativos; a prostituição, o jogo, o crime, as drogas, o álcool resultariam da presença de certos visitantes. Todavia, estas opções individuais estão presentes em quase todas as sociedades, com ou sem turismo. É certo que o turismo pode criar condições necessárias – aumento do número de pessoas e de circulação de dinheiro – que propiciam o aumento de actividades consideradas negativas. O contacto entre residentes e turistas pode originar a mudança nos padrões de consumo. A maioria das vezes, o visitante não é o que parece; em tempo de lazer adopta padrões de consumo e comportamentos que não pratica nos restantes dias do ano. Acusa-se, também, o turismo de estar na origem de problemas sanitários; a movimentação por diferentes lugares, ao redor do mundo, pode ocasionar o contágio de doenças (sida, a cólera e a malária). As faltas de água potável, a incapacidade de absorção dos dejectos pela rede de esgoto, a dificuldade na recolha do lixo são, também, realidades que se somam aos problemas focados. A atitude etnocêntrica, quando se confrontam duas culturas diferentes, marca normalmente, presença. Na verdade, a comunidade local tende a julgar as culturas de outras comunidades a partir dos valores e critérios da sua cultura de pertença. Nessa avaliação entre “Nós” e “Eles” os últimos tendem a ser


48

desfavorecidos; o diferente é analisado a partir do referente, da cultura local. O turismo gera, porém, vários benefícios a quem o pratica e para as comunidades que recebem. Entre os vários aspectos sociais e culturais positivos do turismo, destacamos: a) aumento da informação, da aceitação e da integração entre diferentes culturas promovido pelo contacto social entre visitantes e visitados; b) circulação de novas ideias e valores na comunidade receptora; c) a cultura local pode ser renovada pelo interesse despertado nos turistas; d) a presença dos visitantes leva à criação e desenvolvimento de muitos serviços úteis que facilitam a vida da população local; e) ocorre a valorização do património histórico; f) a troca intercultural entre diferentes povos, aumenta o diálogo, a tolerância e a compreensão (Dias, 2003).

3. BREVE CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE IDANHA-A-NOVA O concelho de Idanha-a-Nova pertence ao distrito de Castelo Branco; apresenta uma área total de 1 412,7 km2, confinando com Espanha a Sul e a Este, a Norte com o concelho de Penamacor, e a Oeste com o concelho de Castelo Branco. É um dos concelhos da Região com maior extensão territorial, possui património natural e paisagístico de interesse nacional. É membro do Geo-Park Naturtejo que integra a rede mundial de parques naturais da UNESCO. O património cultural e etnológico é de grande valor; as lendas e tradições surgem associadas a heróis, romarias e festividades locais. Na verdade, as romarias são o lugar privilegiado das manifestações de cultura popular, de religiosidade mágica e de fundo mítico, constituindo manifestações de uma grande importância social e efectivamente reveladora das estruturas colectivas (Mattoso, 1985). A Senhora do Almurtão, romaria de maior importância no concelho, realiza-se anualmente, quinze dias depois da Páscoa. Também, as celebrações da Semana Santa atraem muitos visitantes ao concelho. Todavia, em termos turísticos, a primeira procura relaciona-se com o turismo de natureza (Naturtejo e a componente cinegética), com o turismo cultural (Semana Santa, Romarias e Adufe), com a Feira Raiana, com o Boom Festival. Este


49

último, no ano de 2008, atraiu a Idanha-a-Nova cerca de 30 mil participantes. Segundo o recenseamento de 2001, Idanha-a-Nova conta com 11 659 indivíduos, distribuídos por 17 freguesias; 22% da população do concelho reside em Idanha-a-Nova. Com uma dinâmica populacional extremamente recessiva, este espaço caracteriza-se pelo isolamento, pela ruralidade, pela baixa demografia. O fenómeno migratório que atingiu toda a Região nas últimas décadas, ao abranger sobretudo indivíduos na faixa etária dos 15-49 anos, resultou numa forte diminuição dos escalões etários da população em idade fértil e activa. Este facto acabou por determinar, nos últimos anos, uma evolução marcada por um duplo processo de envelhecimento demográfico: aumento da proporção da população idosa e a diminuição da proporção da população jovem. Os grupos etários com maior número de pessoas são: os indivíduos com idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos (4766 pessoas) e os que têm mais de 65 anos de idade (4743 indivíduos), que representam, globalmente, cerca de 82% da população residente. As tendências de envelhecimento do concelho têm vindo a acentuar-se, a um ritmo superior ao de Portugal e ao da própria Região onde está inserido. Os índices de envelhecimento situam-se nos 473,2% no concelho de Idanha-a-Nova; 234,1% na Beira Interior Sul e 102,3% em Portugal. Estes valores afectam como é evidente, a capacidade de rejuvenescimento; o concelho de Idanha-a-Nova tem uma taxa de natalidade (6,0%) inferior à da Região da Beira Interior Sul (7,7%) e à de Portugal (11,7%); a taxa de mortalidade é superior (22,8%) à da região (16,2%) e à do país (10,3%). Entre a população residente apenas 38,8% do total da população completou o 1º Ciclo do Ensino Básico; a taxa de analfabetismo situa-se nos 32,1% (2001); verifica-se uma diminuição em relação à década anterior, que registava um valor de 37,4% (1991). Do total de analfabetos, cerca de 30% têm 10 ou mais anos. Apenas 3,8% da população residente possui habilitações académicas superiores. Sabe-se que os membros da comunidade local podem entender os eventos como importantes momentos, se gerados pela própria comunidade local; estes permitem a coesão social através do reforço de laços com a comunidade. As festas da Semana Santa, a Romaria da Senhora do Almurtão trazem à localidade todos


50

os anos, muitos visitantes. A celebração social em grupo pode constituir um momento de comemoração da própria comunidade contribuindo para a construção e reforço da identidade local (Turner, 1982). Ora a construção de uma identidade cultural processa-se através da procura de uma afirmação de uma diferença e de uma semelhança. O turista aparece como o “diferente”, em relação aos que são semelhantes entre si, aos que pertencem ao mesmo grupo social. Na presença dos turistas, com hábitos e costumes diferentes, os traços culturais que caracterizam a comunidade receptora ficam mais claros, estabelecendo-se uma linha nítida de quem somos “Nós” e quem são “Eles”. Também, o turista compreenderá a relatividade da sua cultura perante as outras. A interacção folclore e turismo pode levar a uma revitalização das práticas tradicionais da comunidade, num processo de renascimento das actividades culturais vocacionadas para o turista, mantendo uma funcionalidade local fortemente associada à construção identitária (Dias, 2003). Como percepciona, pois, a população de Idanha-a-Nova estes acontecimentos no que respeita à atracção de visitantes? Que pensa sobre a realização do Boom Festival? Na verdade, com grande frequência os organizadores dos eventos apenas têm em consideração as implicações económicas e ignoram a percepção dos residentes, que vivenciam uma dimensão “não económica”, fundamental para a comunidade receptora (Hall, 1992). A dimensão social destes acontecimentos é menos tangível e mensurável, revela maior dificuldade de avaliação e de recolha de dados objectivos. Todavia é essa a intenção: conhecer a percepção que os residentes em Idanha-a-Nova têm sobre a organização deste evento.

4. O BOOM FESTIVAL Para conhecer o Boom Festival procedeu-se inicialmente à análise de press-release do Boom Festival de 2008, das notícias vindas a lume aquando da sua realização, e do Boom Book. O Boom Festival é um festival de cultura visionáriai que ocorre a cada dois anos, durante a lua cheia de Agosto, na


51

Herdade do Torrão no concelho de Idanha-a-Nova. A primeira edição teve lugar no ano de 1997, na Herdade da Azambuja, no concelho de Setúbal; evoluiu, ao longo das suas edições, de um evento musical para uma celebração de cultura alternativa. O Boom foi, na sétima edição, um festival multidisciplinar, transgeracional e intercultural; cruzou diversas correntes artísticas, como pintura, escultura, land art, instalações interactivas, música, vídeo arte, galeria de artes plásticas ou graffiti (Boom Festival Team, 2008a). A multidisciplinaridade do evento é sustentada pelo cartaz de conferências, de workshops, de tertúlias e de apresentações de temas. Constam abordagens relativas a metodologias de ciência alternativa, exobiologia, cultura visionária, culturas ancestrais, espiritualidade, gnosticismo, antropologia, psicologia da consciência, paganismo ou inteligência emocional. É transgeracional porque acolhe um público diversificado em termos etários; além dos jovens, à faixa etária que mais participa neste tipo de eventos, crianças e adultos deslocam-se, também, ao festival, em grande número (Boom Festival Team, 2008b). Esta diversidade é conseguida, de acordo com os organizadores, pelas propostas artísticas e culturais vanguardistas pela inclusão do hedonismo e do conhecimento num mesmo evento (Boom Festival Team, 2008b). A interculturalidade do festival advém de uma vasta rede mundial de embaixadores que atrai público de todos os continentes. O contacto entre pessoas de diversas matrizes culturais está garantido; a interacção num contexto rodeado de artes e cultura diferentes, sustentam os organizadores, pode diminuir diferenças ou mesmo favorecer o derrube de estereótipos inter-étnicos (Boom Festival Team, 2008b). O Boom é logofree, ou seja, é independente face ao sistema comercial. Com efeito, ao contrário do que acontece noutros festivais de Verão (SuperBock SuperRock, TMN, Optimus, Rock in Rio entre outros), o festival não aceita qualquer sponsoring; os organizadores pretendem manter o seu espaço livre de poluição visual advinda de logótipos; dizem que a ética do Boom assenta num clima de contacto com a natureza em que o público está defendido de qualquer estratégia de marketing (Boom Festival Team, 2008b). Mas à semelhança de outros festivais (Øya, na Noruega; Roskilde, na Dinamarca; The Green Gathering, em Inglaterra; Burning Man, nos Estados Unidos da América) tem preocupações ambientais. Em 2004, o Boom começou a


52

desenvolver projectos para se tornar auto-sustentável; pretendia a não contaminação da natureza e a educação para a consciência ecológica. A criação de casas de banho que não usam químicos, o tratamento das águas do festival, através de biotecnologias, a utilização de energias solar e eólica, a reciclagem, segundo os princípios da Permacultura, são práticas utilizadas no evento que garantem a sustentabilidade ambiental. Na sétima edição, em 2008, endereçou à comunidade, em parceria com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, o desafio de recolher o óleo vegetal usado em domicílios e organismos públicos nas dezassete freguesias do concelho com o intuito de alimentarem os geradores do Boom com esta energia. O projecto denominou-se “O seu Óleo é música”. A preocupação ambiental do Boom Festival valeu-lhe o prémio internacional "The Greener Festival Award 2008". Trata-se do único prémio mundial que avalia o desempenho ambiental de festivais, premiando aqueles que são mais "amigos" do ambiente. O Boom foi o único, em toda a Península Ibérica Interior, a receber este galardão. Os critérios de avaliação que o júri internacional utilizou foram: a) os planos de viagem e transporte, b) as emissões de CO2 e de outros gases com efeito de estufa, c) o comércio justo, d) as gestão de resíduos e de águas, e) a reciclagem e a compostagem a reutilização de materiais e energia limpa. Entre as práticas que levaram à distinção do Boom conta-se a distribuição gratuita de 20 mil cinzeiros de bolso à entrada; o uso de 45 mil litros de óleo vegetal usado – o que implica uma redução na emissão de CO2 em 117 mil quilos; o tratamento de águas de chuveiro, que originou a evaporação (intencional) de 200 mil litros de água. Paralelamente, foram colectadas 42 toneladas de material orgânico dos restaurantes e a utilização de 106,5 metros cúbicos de excrementos, o que evitou o tratamento em ETAR com produtos químicos. O Boom Festival integrou, em 2008, um conjunto variado de espaços. Enquanto evento de dança e música estavam definidas quatro áreas de música. Apesar do circuito do trance-psicadélico ter paragem obrigatória neste festival, não é o único estilo de música que se pôde ouvir. No Groovy Beach, um espaço à beira da água, pode assistir-se a funk, reggae, dub, dubstep, breackbeat, house, techno e minimal. No Dance Floor, o trance-psicadélico integrou actuações de dj’s e live acts. O Sacred Fire possuia jardins que pretendiam ser espaços de sociabilidade e de contacto com a natureza; ali pode encontrar-se géneros musicais como a rumba,


53

afro-beat, funk, reggae e folk. O Ambient Forest tinha, no centro, uma zona de música para concertos e actuações de dj’s; o espaço era ladeado por instalações, esculturas e performers. A Liminal Village foi o espaço de conferências, de workshops, de uma galeria de arte e de um jardim permacultural. A Healing Área reuniu especialistas em massagens, actividades

holísticas, terapias de relaxamento; esta zona tinha uma estrutura de mandala, jardins e uma galeria de arte. O Baby Boom, espaço dedicado a todas as crianças, foi um local de jogos, aventuras e actividades orientadas para a educação biológica, sob a supervisão de educadores de infância. O Boom Flea Area foi outro espaço criado com o intuito de convidar e apoiar grupos de artesãos, possibilitando lançar novos talentos no mercado; o objectivo era gerar riqueza de intercâmbio cultural, de comércio justo e de capacidade artística. Em 2008, contou, ainda, com peformances itinerantes, instalações performativas e teatro. Neste Festival, as infra-estruturas são, geralmente, pintadas por vários artistas convidados pelos organizadores com o intuito de “embelezar o espaço através das artes plásticas”, sendo bastante utilizada a land art (Boom Festival Team, 2008a). Em suma, o Boom Festival pretende garantir para além de momentos artísticos importantes, actividades de lazer, com o objectivo de atrair visitantes e turistas, projectando uma imagem de dinamismo a escalas regionais, nacionais e internacionais. Na verdade, o sucesso futuro destes eventos, atendendo ao cenário concorrencial existente, depende, em larga medida, do potencial inovador e da criatividade dos seus programas e organizações.

5. O BOOM FESTIVAL E OS COMPORTAMENTOS DESVIANTES Na verdade, quem procura os Festivais de Verão, fá-lo pela cultura da música de dança que está, habitualmente associada a contextos recreativos, a estilos de vida colectivos e a formas de sociabilidade próprias (Hitzler, 2002). Victor Silva (2005), num estudo sobre a cultura de dança em Portugal, divide este movimento juvenil em três subculturas: a) os adeptos de techno, b)


54

os de house, c) os do trance. Embora partilhem o essencial, cada uma tem o seu próprio conjunto de práticas e normas. O movimento trancer assume um conjunto de valores e princípios ideológicos que, intencionalmente, se opõem ao modelo de sociedade actual; tem também a particularidade de realizar as suas festas nocturnas ao ar livre em zonas não urbanizadas, no campo, em florestas, em suma, em zonas afastadas dos locais habitados (Calado, 2007). A festa trance pode ser vista como uma celebração colectiva de uma subcultura, que celebra um ritual com elementos místicos e em comunhão com a natureza, na forma de dança e “transe” lúdico. Para este sentimento colectivo contribui o facto dos participantes estarem entre pares, junto de outros indivíduos que partilham os mesmos valores, longe dos olhares públicos. A festa trance funciona como um “contraquotidiano”, um evento delimitado no tempo e no espaço. A noção de “escape” ao dia a dia, ao mundo real, perpassa todo o discurso dos trancers e tem o seu culminar na festa nocturna. Este escape é, a todo o momento, instigado das mais variadas maneiras, sob forma de um hedonismo exacerbado (Calado, 2007). Como têm realçado alguns autores (Horta, 1997; Carvalho, 2003), a subcultura trance assenta num repescar do psicadelismo de outras décadas, actualizando o ideário Hippie e outras utopias pacifistas. Ao mesmo tempo, funde elementos místicos, esotéricos, ambientalistas, New Age e outros. O resultado é uma subcultura que à semelhança de outras, procura ser um movimento de “contracultura”. Da fusão de influências resultou uma sigla – PLUR (Peace, Love, Unity, Respect) – que pode ser entendido como princípio unificador e orientador dos seus membros. No entanto, ao contrário de outros movimentos, a subcultura trance não procura mudar o mundo; quer antes libertar-se de comportamentos isolando-se, nem que seja durante o tempo que dura a festa. Este isolamento, não obstante, é colectivo e feito sob forma de viagem sensorial e expansão dos sentidos. O hedonismo parece ser, nestes contextos, um fim em si mesmo, um valor absoluto que explica o consumo de substâncias que sustentam a dança uma noite inteira, que fazem desaparecer o medo e aumentam a sociabilidade. A valorização do psicadelismo explica o consumo de produtos que originam alucinações várias, deturpam os sentidos, encenam a libertação de serotonina ou dopamina. A fuga ao quotidiano, a procura de paraísos artificiais sensoriais e a alteração


55

intencional dos sentidos são, nestes casos, fins em si mesmo (Calado, 2007). Como percepcionaram os residentes em Idanha-a-Nova, este choque entre estilos de vida? Uma comunidade rural confrontase com um conjunto de visitantes que revela práticas irreverentes, heterodoxas, de transgressão e libertadoras. Qual é a reacção? Assim, analisámos os resultados de um inquérito sobre as percepções dos idanhenses relativamente ao Boom Festival.

6. MÉTODO, INSTRUMENTO E RESULTADOS OBTIDOS 6.1. Método e Instrumento O estudo realizou-se a partir de uma amostra de 140 residentes na vila de Idanha-a-Nova. A população contava com 2519 residentes, em Dezembro de 2008. Os inquiridos responderam ao questionário sob a forma de entrevista, na rua, após terem sido informados sobre o objectivo do estudo, a liberdade de participação e ter sido garantida a confidencialidade da informação solicitada. A amostra em estudo era constituída maioritariamente por mulheres (51,3%). A média das idades foi de 39,71 anos com desvio padrão de 20,32. Em particular, 7,3% dos inquiridos tinha menos de 18 anos; 27,3% entre 18 e 25 anos; 19,3% entre 26 e 35 anos; 15,3% entre 36 e 49 anos; os restantes situavam-se na faixa etária dos 50 anos ou mais. Além disso, 41,3% dos inquiridos conta no seu agregado familiar com pelo menos uma pessoa com idade compreendida entre os 14 e os 25 anos. A maioria dos inquiridos tem emprego (49,3%), 28% são estudantes, estando os restantes desempregados ou aposentados. A maioria dos inquiridos completou Ensino Secundário (28,2%) e 8,9% tem habilitação superior, 9,5% completou o 3º Ciclo do Ensino Básico, 8,1% completou o 2º Ciclo do Ensino Básico, 14,9% completou o 1º Ciclo do Ensino Básico e 16,2% não frequentou a escola ou possui o 1º Ciclo incompleto. O instrumento de recolha de dados utilizado foi especialmente desenvolvido para o efeito, sendo constituído por 17 questões, além das questões de natureza sócio-demográfica (sexo, idade, composição do agregado familiar, actividade e habilitações


56

literárias dos respondentes). As questões estavam organizadas em dois grupos com os quais se pretendia conhecer a percepção dos inquiridos relativamente a dois aspectos distintos: 1) o turismo e eventos no concelho de Idanha-a-Nova; 2) o Boom Festival.

6.2. Resultados A análise estatística dos dados obtidos realizou-se com a versão 15.0 do software SPSS. Quando questionados sobre a actividade que traz mais visitantes ao concelho de Idanha-a-Nova, a maioria dos inquiridos menciona as Festas Religiosas (38,7%). A Caça e os Festivais de Música são actividades mencionadas por 27% e 18% dos respondentes, respectivamente. Relativamente ao mês que, normalmente, reúne maior número de visitantes no concelho, 66,7% dos inquiridos considera ser Agosto e 27,3% Abril. À questão “Quais as festas, festivais ou eventos que conhece no concelho de Idanhaa-Nova?”, a maioria dos inquiridos foca em primeiro lugar a Romaria da Senhora do Almurtão (40,7%); segue-se o Boom Festival (36%) e a Feira Raiana (13,3%). Como segunda opção, os eventos mais referidos são a Feira Raiana (38,7%), o Boom Festival (15,6%), a Romaria da Senhora do Almurtão (11,3%) e os Santos Populares (9,3%). Dos eventos mencionados, a maior parte dos respondentes (56,7%) considera ser o Boom Festival aquele que traz mais visitantes ao concelho, seguido da Romaria da Senhora do Almurtão (30%). Os dados obtidos sustentam a importância que o fenómeno emigratório assume no concelho de Idanha-a-Nova; os meses de Agosto e de Abril são tempo de encontro entre os que ficaram e os que partiram. Durante o primeiro, em pleno Verão, chegam os veraneantes; em Abril vêm os que procuram, na maior romaria do concelho, reforçar as raízes, estreitar os laços de coesão com a terra-mãe. Constatou-se que 78,1% dos inquiridos já ouviu falar no Boom Festival e 36% já assistiu a este evento. Dos que participaram no Boom Festival, a maioria fê-lo na qualidade de visitante (77,8%); 18,5% participaram por motivos profissionais; 3,7% era detentor de uma tenda no espaço. Da análise subsequente foram excluídos os inquiridos que afirmaram nunca ter ouvido falar do evento (e que perfaziam um total de 21 indivíduos). Ao serem questionados acerca da forma como tiveram conhecimento do Boom Festival, 45,8% menciona como veículo de informação a família ou amigos; 20,3% teve conhecimento através


57

de um cartaz/outdoor; 10,2% através da Internet; 5,1% por observação do movimento na vila. A esmagadora maioria dos inquiridos (95,8%) revela possuir conhecimento de que o Boom Festival é um evento de carácter internacional. Quando questionados sobre o pensam poder encontrar-se no Boom Festival, a totalidade destes respondentes refere a Música; mencionam também a Dança (42,7%); Workshops (29,3%); Restauração (28%); Artes Plásticas (22,7%); Venda de Produtos (22,7%); Exposições (21,3%); Artes Performativas/Teatro (17,3%); Medicinas Alternativas (12%); Vídeo/Cinema (10,7%); apenas 4% não sabem ou não respondem.

Pediu-se aos inquiridos que atribuíssem uma pontuação global ao Boom Festival numa escala de 1 a 10, sendo 1 a pontuação mínima e 10 a pontuação máxima. Obteve-se uma pontuação média de 7,79 com um desvio padrão de 1,83. Curiosamente, verificou-se que apenas dois inquiridos atribuem pontuações inferiores a 5. O diagrama de barras relativo às pontuações obtidas encontra-se na Fig.1. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas (p=0,002) entre as


58

pontuações médias atribuídas pelos respondentes que já visitaram o Boom Festival (valor médio=8,22 e desvio padrão=1,79) e os que o não visitaram (valor médio=7,33 e desvio padrão=1,77). Ao solicitar-se-lhes que referissem duas palavras que sintetizassem a imagem transmitida pelo Boom Festival, 22,3% dos inquiridos menciona “música”; 11,6% “divertido”; 10,7% “cultura”. São referidas ainda ideias como “diferente” ou “alternativo” (8,9%); “positivo” (8%); “droga” (8%); “natureza” (7,1%); “convívio” (7,1%); “arte” (7,1%). Observou-se, ainda, que as palavras mais referidas por quem já visitou o Boom Festival foram “música” (22,2%); “conhecimento” (14,8%); “diferente” (14,8%); “positivo” (11,1%). Os não visitantes privilegiaram a “música” (23,2%); “droga” (12,5%); “divertido” (12,5%); “arte” (10,7%). Pediu-se aos respondentes que exprimissem a sua concordância com 13 afirmações sobre o Boom Festival, sendo a resposta dada numa escala de Likert de 1 a 5, em que 5 exprimia concordância máxima com a afirmação apresentada e 1 discordância total. Os resultados obtidos apresentam-se na Fig.2. 100

80

80

60

Percent

Percent

60

40 72,03%

84,75%

40

20 20 22,03%

5,93%

9,32%

0 3

4

Traz muitos visitantes ao concelho.

5

0

1,69%

1

4,24%

3

4

É positivo para a economia da vila.

5


59

50

60

40

67,24%

30

Percent

Percent

40

48,28%

20 34,48%

20

10

22,41%

11,21% 3,45%

3,45%

3,45%

1

2

3

4,31%

0 4

0

5

1,72%

1

Permite o contacto e conhecimento de outras culturas.

2

3

4

5

Mostra preocupação com a natureza e com o ambiente.

80

60

50 60

Percent

Percent

40

40

30

58,77%

71,19%

20 20

10

19,30%

17,80%

14,04%

7,63%

4,39%

3,51%

3,39%

0

0 1

3

4

5

1

Divulga a região a nível internacional.

2

3

4

5

Associa-se ao consumo de drogas.

30

50

40

Percent

Percent

20

30

27,12%

41,96%

20

23,73%

10

20,34%

19,49%

24,11%

10

17,86%

9,32%

8,93% 7,14%

0

0

1

1

2

3

4

Associa-se ao consumo de álcool.

5

2

3

Traz mais barulho à vila.

4

5


60

60

60

50

30 54,39%

Percent

Percent

40

40

62,07%

20

20

21,93%

10 12,28%

14,66%

12,93%

7,02%

6,90%

4,39%

3,45%

0

0 1

2

3

4

5

1

Faz com que os preços dos bens e serviços aumentem.

2

3

4

5

Provoca congestionamento no trânsito.

30

40

30

Percent

Percent

20

20

25,86% 23,28%

30,51%

10

18,97% 17,24% 14,66%

22,03%

10

19,49% 14,41%

13,56%

0 1

0 1

2

3

4

5

2

3

4

5

Torna a vila mais insegura.

Provoca mais poluição na vila.

50

Percent

40

30

46,55%

20

10

19,83%

12,93% 10,34%

10,34%

4

5

0 1

2

3

Altera a identidade dos idanhenses.

Figura 2. Distribuição da pontuação atribuída a 13 afirmações sobre o Boom Festival, onde 5 exprime concordância máxima e 1 discordância total.

Foram detectadas diferenças estatisticamente significativas entre as pontuações atribuídas por quem já tinha assistido ao Boom Festival para os itens “O Boom Festival traz muitos visitantes ao concelho” (p=0.04), “O Boom Festival mostra preocupação com a


61

natureza e com o ambiente” (p=0.005) e “Divulga a região a nível internacional” (p=0.042); os indivíduos que já visitaram o Boom Festival tendem a atribuir pontuações mais elevadas e mais homogéneas entre si. Apesar das diferenças encontradas, relativamente aos restantes itens não serem estatisticamente significativas, verifica-se que os visitantes do Boom Festival atribuem pontuações médias mais elevadas aos itens “O Boom Festival é positivo para a economia da vila”, “O Boom Festival permite o contacto com outras culturas”, “O Boom Festival divulga a região a nível internacional”, “O Boom Festival faz com que os preços dos bens e serviços aumentem” e “O Boom Festival provoca congestionamento no trânsito”; evidenciam, ao mesmo tempo, menor variabilidade das respostas (Fig.3). Por outro lado, são os residentes que nunca visitaram o Boom Festival que atribuem pontuações médias mais elevadas aos itens “O Boom Festival associa-se ao consumo de álcool”, “O Boom Festival traz mais barulho à vila”, “O Boom Festival provoca mais poluição na vila”, “O Boom Festival torna a vila mais insegura”, “O Boom Festival altera a identidade dos idanhenses”. Curiosamente, relativamente ao item “O Boom Festival associa-se ao consumo de drogas”, são os visitantes que atribuem uma pontuação média mais elevada. Solicitou-se aos inquiridos que explicitassem dois aspectos positivos e dois aspectos negativos do Boom Festival. Como primeiro aspecto positivo subjacente a este evento é referido o seu efeito benéfico na economia da vila (34%); em segundo lugar regista-se o seu contributo para a divulgação de Idanha-a-Nova (24,5%). O “convívio”, a “cultura” e o “turismo” também são aspectos valorizados pelos respondentes. Como segundo aspecto positivo, volta a ser a “economia” que recolhe a maior parte das opiniões (Fig.4). Como primeiro aspecto negativo associado ao Boom Festival, os respondentes referem a circulação de droga (47,9%). Em menor escala, são também mencionados aspectos como o congestionamento de trânsito, a subida dos preços, a poluição, a ocorrência de distúrbios e o barulho. O segundo aspecto negativo é o álcool; recolhe a maioria das opiniões (27,3%); segue-se o trânsito (25,8%) e distúrbios (13,6%), como se pode observar na Fig.5. Ainda assim, a esmagadora maioria dos indivíduos (96,5%) considera que o Boom Festival é bem-vindo à vila de Idanha-a-Nova. Por outro lado, ao serem questionados sobre se gostariam que o Boom Festival se mantivesse na localidade,


62

89,6% dos inquiridos responde afirmativamente, enquanto 5,2% não sabe ou não responde.

A “economia” é o factor mais frequentemente referido como positivo pelos visitantes do Boom Festival (37%); segue-se “cultura” (25,9%). Os não visitantes apontam como factor mais positivo a “divulgação da Idanha” (32%) seguindo-se a “economia” (23,3%). Relativamente aos aspectos negativos associados a este evento, as opiniões dividem-se entre o “trânsito” (33,3%) e os distúrbios


63

40

40

30

30

Percent

Percent

(22,2%) para os visitantes, e o consumo de álcool (46,7%) e os congestionamentos de trânsito (16,7%) para os não visitantes.

20

20

33,96%

32,35%

26,47%

24,53%

23,53%

10

10 16,98%

16,98%

8,82%

8,82%

7,55%

0

0 Economia

Turismo

Divulgação da Idanha

Convívio

Economia

Cultura

Turismo

Divulgação da Idanha

Convívio

Cultura

2º aspecto positivo associado ao Boom Festival

1º aspecto positivo associado ao Boom Festival

Figura 4. Aspectos positivos associados ao Boom Festival

50

30

40

Percent

Percent

20 30

47,87%

27,27% 25,76%

20

10

13,64%

10 15,96%

9,09%

9,09%

9,09%

10,64% 8,51%

8,51% 6,38%

3,03%

3,03%

2,13%

0

0 Trânsito

Preços

Distúrbios

Poluição

Droga

Alcool

1º aspecto negativo associado ao Boom Festival

Barulho

Trânsito

Preços

Distúrbios

Poluição

Droga

Alcool

Barulho

2º aspecto negativo associado ao Boom Festival

Figura 5. Aspectos negativos associados ao Boom Festival

Finalmente, pediu-se aos respondentes que se pronunciassem sobre a imagem do Boom Festival, e em que medida tem vindo a melhorar de ano para ano. A resposta era dada numa escala de 1 a 10, em que 1 significa “nada” e 10 “muito” Obteve-se uma pontuação média de 6,56 com um desvio padrão de 2,48. O diagrama de barras relativo às pontuações obtidas encontra-se na Fig.6.

Roubos


64

25

Percent

20

15

22,52%

10 16,22%

16,22%

16,22%

5

9,91% 7,21% 6,31% 3,60% 1,80%

0 1

2

4

5

6

7

8

9

10

Figura 6. Distribuição das respostas à pergunta “Em que medida a imagem do Boom Festival tem vindo a melhorar de ano para ano para as pessoas que residem no concelho de Idanha-a-Nova?”, onde 1 significa “nada” e 10 “muito”.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em suma, o Boom Festival, em Idanha-a-Nova, promoveu o encontro entre vários indivíduos com culturas diversas, sob o lema “We are one”. O principal motivo desta reunião é a cultura da música e da dança na percepção dos idanhenses. Trata-se de um evento com preocupações ecológicas, 82,74% dos inquiridos referem-no. Sublinhamos, porém, a importância dos meios de comunicação social na construção da representação sobre o Boom; o número de notícias veiculado sobre a campanha “O seu óleo é música” (slogan identificativo da preocupação do Boom Festival 2008), foi notório. Tendencialmente, os residentes na localidade encaram o acontecimento como positivo para a economia da vila na medida em que atrai muitos visitantes e divulga a região a nível internacional. Focam como aspectos menos positivos: o consumo de drogas


65

(72,82%) e de álcool (59,84%); o acréscimo de preços dos bens e serviços (76,32%); o congestionamento do trânsito (76,73%). Entre os inquiridos, 59,48% considera que o Festival não altera a identidade dos idanhenses; aliás, são os indivíduos que nunca participaram no Boom os que mais percepcionam esta alteração. Porém, 89,6% quer que o evento se mantenha em Idanha-a-Nova. Cremos ser relevante, na análise que efectuámos, o facto de se perceber uma alteração nas respostas, durante o inquérito. Assim, quando interrogados sobre as actividades que trazem maior número de visitantes ao concelho, a resposta situa-se nos momentos de festas tradicionais. As Senhora do Almurtão, as Festas da Semana Santa são mencionadas; pensamos que a valorização da cultura local transparece neste resultado. As raízes de pertença, o reforço dos lugares com coração e alma, entre os que vivenciam os espaços míticos, revela encantos e afectos dos habitantes. Porém, quando perguntámos sobre se o Boom traz muitos visitantes a Idanha-a-Nova, 94,07% dos inquiridos que tinham conhecimento do evento, responderam afirmativamente. Um evento “produzido” pelo Outro tem, em termos de memória, expressão menor. O certo é que a presença de trinta mil pessoas na localidade não pode apagar-se para ninguém. No que se refere a aspectos totalmente negativos, apenas 36,44% acha que cresce a poluição no local e 39,1% considera que Idanha-a-Nova fica mais insegura. Na verdade, estes dados são pouco relevantes e procedem, sobretudo, dos que menos conhecem o Boom.

BIBLIOGRAFIA Abreu, P. (2004); “Músicas em movimento. Dos contextos, tempos e geografias da performance musical em Portugal”, Revista Crítica de Ciências Sociais; Vol. 70; Dezembro; 159-181. Boom Festival Team (2008a). Boom Festival08 - Press Release; retirado de http://www.boomfestival.org/boom2008/press/PressRelease_print.pdf a 10 de Fevereiro de 2009. Boom Festival Team (2008b); Boom Book; Good Mood. Breland, J. (1992); “Angels Dancing: cultural technologies and the production of space” in L. Grossberg, C. Nelson & P. A. Treicher (Eds.) Cultural Studies. London, Routledge.


66 Calado, V. G. (2007); “Trance Psicadélico, Drogas Sintéticas e Paraísos Artificiais. Representações. Uma Análise a partir do Ciberespaço”; Toxicodependências; 13 (1); 21-28. Carvalho, M. C. “Expressões Psicadélicas Juvenis” in G. I. Cordeiro, L. V. Baptista & A. Firmino da Costa (Coord.). Etnografias Urbanas. Oeiras: Celta, 2003. Dias, R. Sociologia do Turismo. São Paulo: Editora Atlas, 2003. Ferreira, A. M. & Martins, A I. O Evento FCNC 2005 e o Turismo. Faro: Universidade do Algarve, 2007. Getz, D. Event Management & Event Tourism. New York: Cognizant Communication Corporation, 1997. Gratton, C. & Taylor, P. D. “Impacts of festival events: a case study of Edinburgh” in G. Asworth & A. Dietvorst (Ed.), Tourism and special transformations for policy and planning. London: CAB International, 1995. Hall, C. (1992); Hallmark Tourist Events; Impacts, Management & Planning. London: Belhaven. Hitzler, R. (2002); “Pill Kick: The Pursuit of “Ecstasy” at Techno-Events”. Journal of Drug Issues, 32(2), 459-465. Horta, H. (1997); “As Dinâmicas Sócio-Culturais das Re-Uniões Associadas à Música Trance”. Tese de Licenciatura, Lisboa: Universidade Autónoma de Lisboa. INE (2001); Censos da População. Lisboa: INE. Janiskee, R. “South Carolina’s harvest festivals: rural delights for day tripping urbanities”, Journal of Cultural Geography, Vol 1 (Fall/Winter), 1980, 96 – 104. Ribeiro, J. C., Vareiro, C.P. & de Blas, X. P. Importância da celebração de Eventos Culturais para o Turismo do Minho-Lima: um estudo de caso retirado de http://www3.eeg.uminho.pt/economia/nipe/docs/Publicacoes_Outras_Revistas/Com% 20Arbitragem/2006/Ribeiro_Vareiro_Fabeiro_Blas_2006_RPER.pdf a 10 de Fevereiro de 2008. Mattoso, J. O essencial sobre a formação da nacionalidade. Lisboa: INCM, 1985. Sarmento, J. “Festivais de Música de Verão: artes performativas, turismo e território”. Geo-Working Pappers. Núcleo de Investigação em Geografia e Planeamento da Universidade do Minho retirado de http://jsar.geo.googlepages.com/Gwp-Investign13.pdf a 7 de Fevereiro de 2008. Silva, V. “Techno, House e Trance. Uma Incursão pelas Culturas da “Dance Music”. Toxicodependências, 11 (2), 2005, 11-19. Tosun, C. “Host perceptions of impacts: A comparative tourism study”, Annals of Tourism Research, Vol 29 (1), 2002, 231–245. Turner V. “Introduction” in V. Turner (Ed.) Celebration: Studies in festivity and ritual. Washington: Smithsonian Institution Press, 1982.


67

A Arte Visionária é o resultado de experiências de expansão de consciência retratadas plasticamente. Existe desde o tempo das cavernas, passou por artistas como Paolo Ucello, Arcimboldo ou Bosch no Renascimento, na arte de William Blake, esteve presente no Simbolismo, Surrealismo, Realismo Fantástico, Psicadelismo. Actualmente os artistas dedicam-se a retratar visões e experiências em Estados Não Ordinários de Consciência (ENOC). Os ENOC podem ser conseguidos de diversas formas. Segundo Miksoz, os Enoc podem ser observados em algumas situações e práticas: a) nas pessoas que possuem estados particulares mentais adquiridos ou herdados como psicoses e esquizofrenias; b) em certas práticas místico-religiosas com longas meditações, ioga, jejuns, nas técnicas respiratórias, no entoar mantras, ouvir músicas específicas, batidas rítmicas de tambores, danças e movimentos corporais específicos; c) em experiências emocionais extremas como acidentes, sustos, proximidade com a morte, situações de emergência em geral, ou mesmo situações positivas de intensa alegria, amor, recompensa e reconhecimento, actos de abnegação e heroísmo; d) experiências de privação dos sentidos como ficar num quarto escuro e isolado acusticamente, provocando em questão de horas algumas alucinações; e) em algumas doenças, como febre alta; e) autoflagelo, como as técnicas dos faquires; f) estados de excitação sexual, onde odores, sensibilidade à dor, temperatura e outras sensações associadas à consciência ficam temporariamente alteradas; g)em pessoas sob efeito de psicoactivos. A Arte Visionária conduz a uma existência marginal. A busca espiritual da maioria dos artistas impossibilita-os de um interesse maior pelo valor material de seu trabalho. Os artistas ocupam-se sobretudo com a exploração do mundo interior. In Mikosz, J. E.. Estados Não Ordinários de Consciência e a Arte retirado de http://www.scribd.com/doc/3540583/ESTADOS-NAOORDINARIOS-DE-CONSCIENCIA-E-A-ARTE, a 10 de Fevereiro de 2008. i



69

A IMPORTÂNCIA DA PROCURA TURÍSTICA E O SEU IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DE GOUVEIA THE IMPORTANCE OF THE TOURIST SEEK AND ITS IMPACT IN THE DEVELOPMENT OF GOUVEIA CITY LA IMPORTANCIA DE LA DEMANDA TURÍSTICA Y DE SU IMPACTO EN EL DESARROLLO DEL MUNICIPIO DE GOUVEIA Aida Brito * (aida.brito@ipg.pt) Elsa Martins ** (elsaclbm@hotmail.com)

RESUMO

O principal objectivo deste trabalho consiste na análise da importância da procura turística no Município de Gouveia, assim como na determinação do impacto no desenvolvimento do mesmo. Após a revisão bibliográfica procedeu-se à inventariação da oferta existente dos recursos do Município, os quais são relevantes e de extrema importância na definição das estratégias de desenvolvimento do Município. Consequentemente foi realizada uma investigação empírica a qual contemplou um questionário aplicado aos turistas, bem como uma entrevista à responsável da área do turismo da Câmara Municipal de Gouveia. Os resultados obtidos demonstraram que a procura turística é, na maioria, composta por turistas nacionais, com idades compreendidas entre os 31 e 45 anos, pertencentes, ao sexo masculino, os quais possuem, como qualificações literárias, o nível secundário ou superior, e sendo a sua actividade principal a liberal. Quando questionados sobre a sua satisfação em relação à visita ao Município de Gouveia, a sua resposta é satisfatória, demonstrando, na sua maioria, intenção de regressar no futuro, facto que poderá contribuir para o desenvolvimento sustentável do Município. Palavras chave: Procura, Município de Gouveia, Oferta, Turismo.

ABSTRACT

The principal aim of this work consists on analyse of the importance of the touristic demand in the Municipality of Gouveia, as well as to inquire its impact on the development of the same. After the bibliographical revision was made an inventorying of the existent offer of the municipality’s resources, which are relevant and importance extreme in the definition of the strategies of


70

the municipality’s development. Subsequently an empiric investigation was realised which contemplated a questionnaire at tourists as well as an interview by the responsible of the Town Council of Gouveia. The obtained results demonstrate that the touristic demand is in the majority national, comprehending the ages between 31 and 45 years old, of the male sex, having literary qualifications in the secondary or superior educational level, whose principal professional activity is liberal. In relation to satisfaction of the visit of the Municipality Gouveia, their answer is agreeable, and they pretend, majority, to return in the future, fact that may contribute for the sustainable development of the Municipality. Keywords: Demand, Municipality of Gouveia, Offer, Tourism.

RESUMEN

El principal objetivo de este trabajo consiste en analizar de la importancia de la demanda de turística en el Municipio de Gouveia, así como determinar su impacto en el desarrollo del mismo. Tras una revisión bibliográfica se procedió al inventario de la oferta existente en los recursos del Municipio, datos pertinentes y extremamente importantes en la definición de las estrategias del desarrollo del Municipio. Se realizó, pues, una investigación empírica basada en la recogida de datos a través de una encuesta realizada a turistas, así como se llevó a cabo una entrevista al responsable del Ayuntamiento de Gouveia. Los resultados obtenidos demostraron que la demanda de turística está mayoritariamente compuesta por turistas nacionales, con edades entre 31 y de 45 años, de sexo masculino y con estudios secundarios o superiores, cuya principal actividad profesional es una profesión liberal. En relación al nivel de satisfacción en relación a la visita al Municipio de Gouveia, su respuesta es satisfactoria, demostrando, en la mayoría de los casos, intención de volver en el futuro, hecho que podrá contribuir para el desarrollo sostenible del Municipio. Palabras clave: Demanda, Municipio de Gouveia, Oferta, Turismo.

* Mestre em Gestão, pela Universidade da Beira Interior – Covilhã, Professora Adjunta na Escola Superior de Turismo e Hotelaria, do Instituto Politécnico da Guarda ** Licenciada em Turismo e Lazer - vertente de Desporto, Animação e Lazer, pela Escola Superior de Turismo e Hotelaria, do Instituto Politécnico da Guarda, Técnica Superior de Turismo, a exercer funções na Turisgouveia - Viagens e Turismo, Lda.


71

1. INTRODUÇÃO O turismo constitui um dos sectores económicos mais importantes, não só em termos mundiais, mas também em termos nacionais. O aumento do número de turistas e a importância estratégica deste sector, traduzida nas receitas que gera, na mão-deobra que ocupa e nos efeitos multiplicadores que induz em várias áreas, tem levado os agentes económicos, a adoptar um conjunto de medidas dinamizadoras, especialmente no âmbito da oferta. De igual forma, o turismo é, também, um poderoso instrumento no desenvolvimento das regiões, contribuindo para atenuar os desequilíbrios entre as mesmas. A melhor forma de alcançar tal objectivo passa pela implementação e desenvolvimento de estratégias devidamente planeadas, as quais tenham em consideração os recursos existentes que devem ser valorizados. Contudo, o conjunto de medidas dinamizadoras não deve ter em conta, apenas, o lado da oferta, mas também a procura turística; conhecer os seus factores determinantes é essencial, de forma a poder satisfazer as suas necessidades e desejos. Neste contexto, o presente trabalho pretende evidenciar a importância da procura turística no desenvolvimento regional, com base na oferta existente e potencial da região. Para além da revisão bibliográfica, a qual realça os pontos: a importância do turismo no desenvolvimento regional; e o concelho de Gouveia – apresentação como produto turístico, o ponto 4 descreve a metodologia utilizada. No ponto 5 é feita a análise dos resultados do inquérito e da entrevista, e no ponto 6 são apresentadas as conclusões.

2. A IMPORTÂNCIA DO TURISMO NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL Em 1994 a Organização Mundial do Turismo 1 (OMT. 1998, p.44) definiu turismo como “as actividades que as pessoas realizam durante as suas viagens e estadas em lugares distintos ao de seu ambiente habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, com finalidades de lazer, negócios e outros”. 1

World Tourism Organization (WTO).


72

Considerar apenas os benefícios económicos e os melhoramentos das infra-estruturas 2 e superestruturas 3 provocados pelo desenvolvimento do turismo torna-se insuficiente. Além disso, é preciso que o turismo seja considerado como um todo e que haja uma melhor compreensão dos diferentes tipos de turismo para que este seja gerido eficazmente para benefício mútuo do país anfitrião e dos turistas (Foster, 1992). O turismo é uma actividade económica mundial extremamente importante, provocando “fenómenos de consumo e criação de rendimentos e de mercados, onde se conjugam a oferta e a procura” (Cabugueira, 2005, p.97). Do relacionamento destes dois elementos, procura e oferta, resulta o desenvolvimento e dinamização da actividade turística, não advindo a sua importância apenas de si próprio, dos serviços que comporta, do emprego que gera, dos rendimentos que produz, mas também da interacção com outros sectores da sociedade. Considerando o turismo como “uma indústria baseada em serviços” (Cooper et Al, 2001, p.159), esta tem crescido substancialmente, facto que se reflecte nas receitas, por si geradas, as quais têm registado um acréscimo nos últimos anos, tendo chegado a 6,3 mil milhões de euros em Portugal, no ano de 2004, segundo o Instituto das Empresas para os Mercados Externos (ICEP). A importância do turismo reside, também, segundo Cooper et Al. (2001), na capacidade de combater desequilíbrios regionais nos países industrializados e de gerar um fluxo de moeda estrangeira ou fornecer meios para a criação de uma maior flexibilidade de preços nas indústrias exportadoras dos países em desenvolvimento. Outro indicador da crescente importância económica do turismo é o facto de este ser considerado como a actividade económica que mais emprego oferece a nível mundial. “O turismo é interpretado como uma riqueza regional, (...), como actividade de futuro ou alavanca para a promoção do desenvolvimento regional” (Rebollo e Gómez, citado por Cabugueira, 2005, p.102).

2 Representam o conjunto de obras e instalações de estrutura física, tais como sistema de comunicações, transportes, rede de abastecimento de água, energia, saneamento básico, limpeza urbana, serviços de saúde e de segurança. 3 Constituem o conjunto de instalações, edifícios e serviços indispensáveis ao desenvolvimento da actividade turística, incluindo meios de alojamento, estabelecimentos de refeições e bebidas, estruturas de entretenimento, agências de viagens, postos de informação e outros serviços voltados para o atendimento aos turistas.


73

Para além dos benefícios directos, o turismo acarreta um conjunto de impactos económicos para a economia de um país, através do seu efeito multiplicador, podendo representar uma série de oportunidades que estimulem o desenvolvimento económico de uma região ou local. É igualmente de salientar o contributo deste sector no atenuar das assimetrias existentes entre países desenvolvidos e menos desenvolvidos. Assim, para determinadas regiões, o turismo surge como a única alternativa real para o seu crescimento económico, tal como refere Cabugueira (2005, p.103), “o turismo é visto como um motor de desenvolvimento regional, contribuindo para atenuar os desequilíbrios regionais, dentro de um determinado país desenvolvido (...)”. Um outro aspecto relevante na questão do desenvolvimento regional, é o meio de difusão dentro da própria economia regional, defende Ablas (citado por Cabugueira, 2005, p.102). Para o referido autor “uma vez descoberta, implantada ou desenvolvida, a atracção turística, funcionando como actividade motora, irá projectar sobre a região uma série de efeitos que terão por base a complementaridade com as actividades locais, constituindo-se essas últimas no meio de difusão”. No entanto, as possibilidades de desenvolvimento que o turismo oferece não são idênticas para todas as regiões e nem todas podem basear o seu desenvolvimento naquele. Para algumas, na perspectiva de desenvolvimento regional, o turismo constitui a base económica fundamental, enquanto para outras o mesmo não passa de uma mera actividade adjuvante na economia local. O mercado turístico constitui “um local onde a procura e a oferta turística se encontram; é, por isso, de uma elevada complexidade, já que quer a procura, quer a oferta são realidades cada vez mais fragmentadas, sofisticadas e complexas” (CTP, 2005, p.595). Quantificar e qualificar a procura de um determinado destino é de suma importância para o profissional do sector turístico. A procura turística pode ser expressa de múltiplas formas, nomeadamente: pelo número de turistas que chegam a uma região, pelo número de bens e serviços que consomem; pelo número de noites que pernoitam num hotel; e pelo número de estrangeiros que são transportados de uma região para outra. A definição de procura não é linear, alterando-se de acordo com a perspectiva dos autores. Na óptica dos psicólogos, a procura é


74

vista na perspectiva da motivação e comportamento; examinam a interacção da personalidade, ambiente e procura turística (Cooper et Al., 2001). Por outro lado, os geógrafos definem procura turística como o número total de pessoas que viajam ou desejam viajar e usam as ofertas turísticas em lugares distantes do local de residência e de trabalho, segundo Mathieson e Wall, citados por Cooper et Al. (2001). Ao estudar a procura turística importa, ainda, considerar determinadas características que lhe são inerentes, designadamente a: elasticidade, sensibilidade e sazonalidade. Além disso, aquela pode-se dividir em efectiva ou real e potencial. Middleton (2002) salienta a existência de um conjunto de factores económicos, tecnológicos, sociais, culturais e políticos que positiva ou negativamente influenciam a procura turística global. Estes factores determinam e estabelecem limites ao volume daquela, sendo fundamentais para analisar a natureza e o potencial da mesma e comuns a todos os países. Para o referido autor os principais determinantes da procura turística são: os factores económicos e preços comparativos; os demográficos; os geográficos; as atitudes sócio - culturais em relação ao turismo; a mobilidade; o governo/regulamentação; os meios de comunicação; e a tecnologia de informação e comunicação. Desta forma pode-se concluir que a procura turística é influenciada por múltiplos factores que tiveram particularmente origem na industrialização e no progresso tecnológico, como o desenvolvimento dos transportes, o aumento dos tempos livres, a melhoria das condições de vida, o acréscimo da permanência nas cidades devido à melhoria dos meios e dos recursos, às necessidades psicológicas e às motivações sociológicas. Também a oferta turística incrementou a procura, principalmente os empreendimentos turísticos, através da sua localização, dos preços que praticam, da qualidade dos serviços que prestam e da sua comunicação com o exterior. Assim, na acepção de Cunha (1997, p.150) oferta turística é “o conjunto dos factores naturais, equipamentos, bens e serviços que provoquem a deslocação de visitantes, satisfaçam as suas necessidades de deslocação e de permanência e sejam exigidos por estas necessidades”. O que distingue a oferta turística da oferta de outras actividades é um conjunto de características peculiares que, Sarmento (2003) sumaria nos seguintes pontos: perecibilidade, na medida em que não pode ser armazenada; é condicionada pela procura turística; a


75

produção e o consumo são simultâneos; a volatilidade após o consumo do produto turístico; inexistência de elasticidade e pouca adaptabilidade quando há modificações da procura. Cunha (2001) complementa esta classificação com outras características, tais como: imobilidade; intangibilidade e compósita. Segundo Ansarah (2001), a oferta turística pode-se classificar em: oferta primária – diz respeito ao clima da região, à paisagem, ao património histórico e cultural, assim como o folclore, o artesanato e as tradições; e oferta derivada – abarca os operadores turísticos, as unidades de alojamento, a restauração, os equipamentos, a animação, os museus e as infra-estruturas, tais como segurança, saneamento básico, saúde, telecomunicações, aeroportos, transportes, recolha de lixo e distribuição de energia eléctrica.

3. O CONCELHO DE GOUVEIA – APRESENTAÇÃO COMO PRODUTO TURÍSTICO O Município de Gouveia é um dos catorze Municípios pertencentes ao distrito da Guarda, situado a cerca de 700m de altitude, edificado na vertente norte da Serra da Estrela, usufruindo de um belo panorama sobre o vale do Mondego. Sede de um concelho, com cerca de 300 Km2 e 22 freguesias, está integrado numa das mais antigas áreas protegidas do País – o Parque Natural da Serra da Estrela.

3.1. IDENTIFICAÇÃO DA OFERTA E RECURSOS Do ponto de vista de Middleton (2002) constituem as principais componentes do produto turístico: atracções no destino e meio ambiente - elementos que determinam em grande parte a opção dos consumidores e influenciam as motivações dos potenciais compradores e incluem as atracções: naturais, construídas, culturais e sociais; instalações e serviços de destino - integram as superestruturas; acessibilidades ao destino, incluem as infra-estruturas de estradas, estacionamento, aeroportos, marinas, etc.; imagens do destino – constituem um poderoso motivador na indústria turística; e preço para o consumidor – resulta da soma do custo dos vários serviços da viagem (transporte, alojamento, refeições, e outros serviços).


76

3.1.1. Atracções no Destino e Meio Ambiente Relativamente às atracções naturais, a diversidade de tipos de paisagem, de locais panorâmicos, a riqueza de recursos hídricos, as espécies de fauna e flora únicas no país, fazem parte de um património natural inesgotável que o concelho de Gouveia urge valorizar. De entre muitos recursos naturais destacam-se: Penedo Oscilante, Penhas Douradas, Cabeça do Velho, e Vale do Rossim. No contexto das atracções construídas destaca-se, neste Concelho, pelo seu valor histórico e artístico, o património edificado; alguns desses monumentos apresentam-se classificados como imóveis de interesse público. Deste tipo de atracções destaca-se, ainda, a arqueologia, parques e jardins, e outras infra-estruturas do turismo do concelho de Gouveia, assumindo particular importância: igrejas; capelas; cruzeiros; pelourinhos; moinhos de água; casas senhoriais; solares; conventos; alminhas; pontes; fontes; arqueologia; parques e jardins; hipodrómo; piscinas fluviais; outros tipos de atracções como: “Tronco do Ferrador”4; Castelo de Folgosinho; Casais de Folgosinho5; “Pedra da Forca”6; Para além do património edificado, o concelho de Gouveia apresenta um número considerável de manifestações culturais e sociais que relatam os modos de vida, hábitos e costumes dos residentes, através de: artesanato, gastronomia, museus e outros espaços; bibliotecas; folclore; grupos musicais e bandas filarmónicas. Outras atracções socioculturais do concelho são uma constante ao longo do ano; são exemplo as feiras, festas e romarias, bem como os eventos de natureza desportiva. Gouveia, “Capital da Aventura”, oferece também manifestações tão radicais como as competições para a Taça do Mundo em Snowboard, que aqui têm lugar desde 2002, ou para o Maxxis Cup International Downhiil, 7 no domínio da BTT (Bicicletas Todo Terreno).

4

Antiga estrutura de madeira onde se fazia entrar os bois, os cavalos e os asnos, de modo a serem ferrados. 5 Pequenas quintas de montanha dispersas ao longo de um planalto fértil, onde se cultiva o centeio e por onde deambulam, de pasto em pasto, os rebanhos. 6 Conjunto formado por três megalíticos, onde eram executados os condenados à morte. 7 Maxxis Cup International Downhill – evento desportivo que promove o gosto pela aventura, na montanha, através de duas rodas sem motor. Caracteriza-se por ser um dos certames com maior projecção a nível mundial no domínio da BTT.


77

3.1.2. Instalações e Serviços do Destino Estes constituem os elementos localizados no destino ou ligados a ele que, por si só não geram fluxos turísticos; porém, as instalações e serviços existentes no destino, possibilitam aos visitantes permanecer no local e desfrutar das atracções. Em suma não são mais que as superestruturas do turismo, apresentando o concelho de Gouveia as seguintes: estabelecimentos hoteleiros; parques de campismo; turismo no espaço rural (TER); estabelecimentos de restauração e bebidas; pontos de informação turística; pontos de venda; adegas; agências de viagens; outras instalações de cariz desportivo e de lazer. 3.1.3. Acessibilidades ao Destino Esta componente relaciona-se com as vias e os meios de transporte disponíveis para que o turista possa chegar ao destino escolhido. Estes fazem parte integrante das infra-estruturas do núcleo receptor. Desta forma, o concelho de Gouveia apresenta as seguintes infra-estruturas de acessibilidades: Central de camionagem; Mini-bus urbano; Central de táxis; A25 (Auto-estrada n.º 25); EN17 8 (Estrada Nacional n.º 17); EN2329; EN33010. Para além das infra-estruturas em questão existem outras que, não devem ser descoradas e que, tendo como objectivo principal servir a população local, prestam também apoio ao sector do turismo.

4. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA O presente estudo tem como principal objectivo analisar a importância da procura turística no concelho de Gouveia, bem como averiguar o seu impacto no desenvolvimento daquele. Neste contexto formularam-se as seguintes hipóteses: Hipótese.1: A oferta existente no concelho de Gouveia adequase à procura efectiva;

8

Importante eixo viário, tanto no acesso a Coimbra, como no acesso à Guarda através da sua ligação à A25.

9 Constitui-se como a principal via de ligação à A25, pelo lado poente do concelho, e como via que atravessa o Maciço Central da Serra da Estrela. 10 Permite aceder à A25, mas pelo lado norte do concelho.


78

Hipótese.2: O concelho mostra pertinência e relevância no turismo para o desenvolvimento da região. Com vista a atingir o referido objectivo procedeu-se à recolha de dados primários através de duas vias: inquérito por questionário aplicado a turistas e entrevista à responsável pela área do Turismo, da Câmara Municipal de Gouveia. Relativamente ao inquérito por questionário definiu-se como população de estudo todos os visitantes que se deslocaram ao concelho de Gouveia durante o período de 15 de Julho a 31 de Agosto de 2006. O método de amostragem utilizado é do tipo cluster via multi-etapas 11 O inquérito foi aplicado em várias freguesias do concelho e em três tipos de pontos de inquirição (unidades de alojamento, infra-estruturas e atracções turísticas), sendo o processo de administração misto, ou seja, abordagem pessoal e impessoal via intermediário. Do total de 170 inquéritos recolhidos, 12 foram anulados pelo facto da maioria das respostas não ser dada, revelar falta de seriedade ou incompreensão por parte do inquirido. Posteriormente procedeu-se ao registo informático das variáveis no software SPSS. No processo de tratamento da informação foram feitas análises descritivas e cruzamento de variáveis, tendo esta última como objectivo verificar a existência de relações de dependência; para o efeito utilizaram-se crosstabs e testes de Qui-quadrado. Para além da realização do inquérito, optou-se também por se efectuar uma entrevista à responsável do Turismo do Município de Gouveia, sendo as questões realizadas abertas.

11

Também designada por multistage cluster. De acordo com Vicente et Al. (2001, p. 69), a técnica de cluster permite obter estimativas mais precisas para os parâmetros estabelecidos; e o processo multi-etapas é tido como uma extensão do conceito de amostragem por clusters, que consiste em “seleccionar a amostra em fases sucessivas até alcançar uma amostra de unidades elementares”, apresentando-se mais flexível.


79

5. ANÁLISE DE RESULTADOS 5.1. INQUÉRITO 5.1.1. Caracterização do Visitante Relativamente à nacionalidade dos inquiridos, a maioria é de nacionalidade Portuguesa, os quais representam 73,4%, seguindo-se os Franceses, com 12,0%, os Holandeses, com 8,2% e os Ingleses, com 2,5%. Dos restantes visitantes, apenas, 1,9% são de nacionalidade Belga, e 0,6% de nacionalidade Brasileira, Chinesa e Sueca, respectivamente. Relativamente à idade, o grupo de visitantes com idades compreendidas entre os 31 e os 45 anos apresenta a maior percentagem, com 41,8%, seguindo-se, por ordem decrescente, o grupo com idades compreendidas entre 16-30 anos, com 29,7% e o grupo dos 46-60 anos, com 20,3%. Quanto à distribuição de visitantes segundo o sexo, 91 dos visitantes inquiridos são do sexo masculino, contrapondo-se com os 67 do sexo feminino.

Estudante 16%

Reformado 6%

Funcionário Público 4% Profissão Liberal 28%

Trab. da Indústria 8% Trab. do Comércio e Serviços 20%

Quadro Superior 18%

Fig. 1 Distribuição dos visitantes segundo a profissão

De acordo com fig.1 pode-se concluir que os visitantes que escolhem o concelho de Gouveia são, na sua maioria, profissionais de sectores economicamente melhor remunerados, cabendo à profissão liberal a maior fatia (27,8%), a qual é seguida pelos trabalhadores do comércio e serviços (20%) e quadro superior (18%). Do total dos inquiridos, 41,1% possuem o ensino secundário; 39,9%, um curso superior; 10,8%, o ensino básico e 8,2% têm um curso pós graduado.


80

5.1.2. Comportamento do Visitante em Relação à Organização da Viagem A análise dos resultados permitiu concluir que a maior parte dos inquiridos optou pela viagem individual, sendo, maioritariamente, o tempo de decisão para realizar aquela, menos de um mês. Relativamente à consideração de destinos alternativos, a maior parte dos inquiridos (61,4%) não teve em atenção outros destinos; porém, dos inquiridos que ponderaram destinos alternativos (38,6%), as suas escolhas preferenciais, de forma decrescente, incidiram sobre: Lisboa; Algarve; outras zonas do país; Manteigas; Guarda; Litoral Português; Valhelhas; e estrangeiro. Quanto à fonte de informação utilizada na escolha do concelho de Gouveia, 31,0% dos inquiridos fizeram-no tendo por base a experiência pessoal, indicador importante, na medida que indicia a repetição da visita por parte daqueles a este destino. As recomendações de familiares e amigos foram referidas por 24,7% dos inquiridos, seguindo-se a internet com 24,1%, revistas com 7,0%, agências e guias de viagens com 6,3%, respectivamente, e por último os artigos e documentários não publicitários e jornais com 0,6% de ponderação. Tabela 1 – Importância atribuída a cada uma das características consideradas na escolha do destino N Religião Fama como local de lazer Locais Históricos Prática de Desporto Cultura Custo Segurança Clima Ambiente Calmo Natureza Valid N (listwise)

158 158 158 158 158 158 158 158 158 158 158

Média 1,56 2,69 2,73 2,73 2,80 3,07 3,35 3,72 4,09 4,16

Desvio Padrão ,899 1,161 1,171 1,284 1,081 1,141 1,173 ,963 ,956 ,974

No que respeita às características que os turistas mais valorizaram na escolha do destino, foram apontadas: a natureza, o ambiente calmo, o clima, a segurança e o custo. A religião, com uma média de 1.56, é a que apresenta menor interesse. Numa posição intermédia apresentam-se características como: fama como local de lazer, locais históricos, prática de desporto e cultura, com médias entre os 2,69 e 2,80.


81

Das características acima referidas com melhores indicadores e com uma média entre 3,07% a 4,16%, a natureza foi avaliada por 46,2% e o ambiente calmo por 40,5% dos inquiridos como “da maior importância”. Quanto ao clima, 22,2% dos inquiridos classificaram-no “da maior importância”, sendo 38,6% a maior percentagem a considerá-lo de “muito importante”. O mesmo acontece com a segurança, em que 34,2% dos inquiridos a encaram como “importante” e 16,5% “da maior importância”. Relativamente ao custo, apenas 9,5% o classificam como “da maior importância”, no entanto uma considerável percentagem de inquiridos (40,5%) considera-o como “importante”. Estes resultados vêm atestar algumas das considerações destacadas na parte da apresentação do concelho de Gouveia como potencial turístico. 5.1.3. Caracterização do Tipo de Visita Do total dos inquiridos, 34,2% referiu que é a primeira vez que visita o concelho, ao passo que 65,8% já o fez pelo menos uma vez. Destes últimos, verificou-se que: 25,9% dos inquiridos já o tinha feito mais de 10 vezes; 15,8% entre 3 a 4 vezes; 10,1% entre 1 a 2 vezes; 8,2% entre 5 a 6; 3,8% entre 9 a 10, e 1,9% entre 7 a 8 vezes, facto que poderá demonstrar a atractividade do concelho de Gouveia. Relativamente ao motivo principal da viagem, 79,1% dos inquiridos fê-lo por férias/lazer, 7,6% para visitar familiares ou amigos, 5,7% por motivos de saúde, 4,4% para a prática de desportos, 1,9% visitaram o concelho a negócio e/ou trabalho e 1,3% por motivos religiosos e /ou peregrinação. O meio de transporte mais utilizado foi o automóvel próprio, tendo sido apontado por 80,4% do total dos inquiridos; e o menos utilizado foi a mota, com apenas 0,6%. A maior percentagem de inquiridos (39,9%) ficou hospedada em parques de campismo, seguindo-se o hotel e as casas de turismo em espaço rural com a mesma percentagem (15,2%). Dos restantes, os que apresentaram menor percentagem foi o alojamento em pensão (3,2%) e em residencial (3,8%). O facto da maior frequência se verificar nos parques de campismo deve-se à considerável quantidade e qualidade da oferta deste meio de alojamento no concelho de Gouveia. Do total dos inquiridos, 46,8% caracterizaram a visita como sendo o destino principal da viagem, 36,7% indicaram o concelho como um destino importante mas não o principal, e 16,5 consideraram-no como sendo apenas um local de passagem


82

Relativamente à duração da estada/visita, 57% dos inquiridos permaneceram no concelho entre 2 a 8 dias, 19% fizeram-no apenas por um dia, 14% continuaram no concelho entre 9 a 15 dias e 10% ficaram mais de 16 dias. Tabela 2 - Actividades levadas a cabo durante a estada Visita a Museus

Sim 32,3%

Não 67,7%

Visita a Monumentos

46,2%

53,8%

Participação em Actividades Desportivas

27,8%

72,2%

Eventos Culturais

17,7%

82,3%

Eventos Religiosos

5,7%

94,3%

Circuitos Turísticos organizados por AV e EAT

8,9%

91,1%

Percursos a pé

57,0%

43,0%

Pesca Desportiva

3,8%

96,2%

Provas de Gastronomia

32,9%

67,1%

Outras actividades

22,2%

77,8%

De acordo com a Tabela 2 verifica-se que a maior parte dos inquiridos (57,0%) realizou percursos a pé, realidade muito frequente no concelho de Gouveia devido há existência da Rede Municipal de Percursos Pedestres. Para além desta actividade destacam-se: a visita a monumentos, 46,2%; provas de gastronomia, com 32,9%; visita a museus, com 32,3%; prática de actividades desportivas, com 27,8%; e eventos culturais, com 17,7%. A actividade a apresentar menos percentagem (3,8%) foi a pesca desportiva; no entanto ao cruzar-se esta variável com a variável gastos efectuados por pessoa/dia constatou-se que 66,7% do total dos inquiridos que pratica este desporto se enquadra no grupo dos que gastaram por dia 25-49€, facto que poderá revelar estar-se perante um tipo de turista com algumas potencialidades para o destino. Além das actividades já referidas, os inquiridos levaram a cabo outras, das quais se destacam: convívio, circuitos organizados pelos próprios, e montanhismo (1,9% cada); compras (4,4%); e somente descanso (12,0%). A maioria dos inquiridos (35,4%) gastou diariamente entre 2549€, ao passo que apenas 0,6% gastou entre 200-299€; aos restantes grupos de gastos (300-399€; >400€) não se verificou nenhuma resposta.


83

5.1.4. Avaliação do Destino pelo Visitante Clima

4,10

Gastronomia Local

4,09

Segurança

3,91

Hospitalidades dos Residentes

3,85

Serviços Prestados pelos Empreendimentos Turísticos

3,68

Serviços Prestados pelos Restaurantes

3,62

Custo

3,54

Cultura Desportos Acessos Apoio ao Turista Estradas, Sinalização, Estacionamento

3,46 3,32 3,23 3,07 2,94

Fig. 2 Classificação das características mais evidenciadas no destino

Das 12 características apontadas no questionário, classificadas de “péssimo” (1), “mau” (2), “satisfatório” (3), “bom” (4) e “excelente” (5), verificou-se que o clima e a gastronomia são as mais referenciadas, com uma média superior a 4, o que indica que as opiniões oscilam entre o “bom” e o “excelente”. As mesmas apresentam também o menor desvio padrão, o que torna mais significativo o valor da média apresentada. Das respostas obtidas, e no que se refere ao clima e gastronomia, foram atribuídas a classificação de “bom”, com 57,6% e 52,5%, respectivamente. Características como: segurança; hospitalidade dos residentes; serviços prestados pelos empreendimentos e restaurantes; custo; cultura; desportos; acessos; e apoio ao turista, apresentam uma média superior a 3, mas inferior a 4, apresentando um maior desvio-padrão que as características referidas anteriormente. Daquelas, particularmente, as seis primeiras apresentam uma percentagem de 57,6%, 48,7%, 52,5%, 53,8%, 49,4% e 47,5% respectivamente, para o item “bom”. As restantes revelam uma percentagem de 51,9%, 47,5% e 50,0% respectivamente, para a classificação de “satisfatório”. A característica estradas, sinalização e estacionamento é a única a apresentar uma média abaixo de 3, apresentando o desviopadrão mais elevado de todas as especificidades, manifestando uma percentagem de 47,5% correspondente à classificação de “satisfatório”


84

Assim pode-se concluir que, de uma forma geral, não foi considerado nenhum atributo com percentagem muito elevada nas classificações mais baixas, o que acentua a ideia de que a maior parte dos visitantes ficou satisfeita com a visita e com a oferta do destino, resultado que se pode comprovar através do nível de satisfação da visita ao concelho em que, 58,2% classificaram-na de boa, seguindose 22,8%, com classificação de muito boa, 17,1% de média, 1,3% de má e apenas 0,6% de muito má. Do total dos inquiridos, apenas 25 responderam à questão aberta onde se pedia que indicassem observações que considerassem importantes acerca da viagem. Assim obtiveram-se os seguintes resultados: 11 dos inquiridos consideram o destino com grandes potencialidades ao nível da oferta, especialmente em recursos naturais, no entanto aquele não tem a valorização e o aproveitamento devido; 7 referiram que o concelho necessita de mais infra-estruturas e apoio ao turista, mas distribuído de forma descentralizada; 3 disseram que o concelho necessita de mais apoio ao turista e mais divulgação, especialmente nos mercados estrangeiros; 2 proferiram que o local é muito aprazível e acolhedor com produtos típicos e serviços muito bons; 1 considerou -o propício para o convívio e a descontracção; e 1 referiu-o como destino óptimo para combater o stress. 5.1.5. Relação entre a Oferta Existente e a Procura Efectiva Com o objectivo de se testar a hipótese 1 levantaram-se as seguintes questões: o que é que levou os visitantes a escolher o concelho de Gouveia; o que é que encontraram; e qual foi o grau de satisfação/insatisfação. Com base na análise das características que o visitante teve em conta na escolha deste destino verificaram-se como principais: a natureza, classificada com o valor 5 (da maior importância) e uma percentagem de 46,2%; o ambiente calmo, com classificação 5 e percentagem 40,5%; o clima, com classificação 4 (muito importante) e percentagem 38,6%; a segurança, com classificação 4 e percentagem 31,6%; e o custo, com classificação 3 e percentagem 40,5%. Assim pode-se afirmar que a procura efectiva vai de encontro à oferta existente, o que está de acordo com o levantamento efectuado das diversas componentes da oferta do concelho de Gouveia. Através do cruzamento da variável custo, considerada como importante na escolha do destino, e a variável custo incluída na classificação das características mais evidenciadas no concelho de Gouveia, pode-se concluir que a maioria dos indivíduos teve, na escolha do destino, esta variável como importante, facto comprovado,


85

posteriormente à visita, classificando-a os mesmos de bom (4). Isto significa que Gouveia é um destino com preços acessíveis, onde as pessoas podem desfrutar do seu tempo de lazer sem despenderem de muito dinheiro. Tabela 3 - Cruzamento das variáveis: custo, incluída nas características tidas em conta na escolha do destino, e custo, incluída nas características mais evidenciadas no concelho Custo

Custo

Total

Total

Péss.

Mau

Satisf.

Bom

Excel.

Sem importância

1

3

8

10

0

22

Pouco importante

0

1

4

11

0

16

Importante

0

3

22

33

6

64

Muito importante

1

1

18

17

4

41

Da maior importância

0

1

7

7

0

15

2

9

59

78

10

158

Da resposta à questão quais as características mais evidenciadas no concelho de Gouveia realça-se o facto do clima, a gastronomia, a segurança; a hospitalidade dos residentes; os serviços prestados pelos empreendimentos turísticos e restaurantes; o custo; a cultura; os desportos; os acessos; e apoio ao turista serem as características mais referenciadas, com uma média superior a 3, o que indica que as opiniões oscilam entre o “satisfatório”, o “bom” e o “excelente. Neste sentido pode-se concluir que relativamente à oferta existente, a grande maioria dos inquiridos ficou satisfeita, facto comprovado por algumas das observações feitas pelos visitantes acerca da viagem, em que a maioria referencia o concelho de Gouveia como um destino de grandes potencialidades ao nível da oferta, nomeadamente em atracções naturais; no entanto, estas deviam ser mais valorizadas pela população endógena, permitindo-lhes um melhor aproveitamento, de forma a cativar e a trazer a Gouveia uma maior procura potencial, e diminuir assim o problema da sazonalidade Da análise ao nível de satisfação do visitante relativamente à visita, pode-se concluir que, de uma forma geral, o grau é de satisfação e não de insatisfação, com 58,2% dos inquiridos a considerarem-na de boa, e 22,8% de muito boa. Em suma pode-se concluir que o concelho de Gouveia é um destino turístico com grandes potencialidades ao nível da oferta, nomeadamente em recursos naturais, com óptimo clima, natureza e


86

ambiente, o que permite desenvolver uma grande diversidade de tipos de turismo, durante todo o ano. Para além disso, a nível cultural, o concelho possui, também, uma riqueza invejável a nível de gastronomia, artesanato, bem como um grande património museológico. 5.1.6. Importância da Actividade Turística no Desenvolvimento da Região Para analisar o fenómeno da importância da actividade turística no desenvolvimento da região tomou-se em consideração, de forma a responder à hipóteses II desta investigação: o número de repetições na visita ao concelho de Gouveia; os gastos efectuados durante a estada e o número médio de dias de estada; utilizando-se o cruzamento entre aquelas variáveis, bem como o cruzamento daquelas variáveis com outras, nomeadamente o tipo de alojamento. Tabela 4 - Cruzamento das variáveis: n.º de vezes de visita ao concelho e gastos por pessoa/dia Gastos por Pessoa/Dia - Aproximadadmente, Incluíndo todas as Despesas 25-49€ 50-99€ 100-199€ 5 5 6 0 4,8% 4,8% 5,8% ,0% 4 10 9 2 3,8% 9,6% 8,7% 1,9% 5 3 3 2 4,8% 2,9% 2,9% 1,9% 2 0 1 0 1,9% ,0% 1,0% ,0% 3 2 1 0 2,9% 1,9% 1,0% ,0% 20 15 6 0 19,2% 14,4% 5,8% ,0% 39 35 26 4 37,5% 33,7% 25,0% 3,8%

<25€ Número de vezes que visitou o concelho

1-2 3-4 5-6 7-8 9-10 >10

Total

Frequência % do total Frequência % do total Frequência % do total Frequência % do total Frequência % do total Frequência % do total Frequência % do total

Total 16 15,4% 25 24,0% 13 12,5% 3 2,9% 6 5,8% 41 39,4% 104 100,0%

Do total dos inquiridos 65,8% já visitaram o concelho pelo menos uma vez e desses, 41 já o fizeram mais de 10 vezes. Além disso, cruzando as variáveis: número de vezes que visitou o concelho, com os gastos por pessoa/dia, verificou-se que a maior percentagem de gastos resultou dos indivíduos que já tinham visitado o concelho mais de 10 vezes, com 39,4%. No entanto, destes, 19,2% gastaram em média menos de 25€, 14,4% gastaram entre 25-49€ e 5,8 % entre 50-99€. Destes resultados pode-se aferir que, no período de inquirição, o concelho é visitado maioritariamente por turistas fidelizados. Verifica-se, também, que nos grupos com números de visitas intercalares, ou seja, na classe de 7-8, e na classe dos 9-10, os


87

gastou são menores e com percentagens mais elevadas nos gastos diários de menos de 25€. Resultados significantes apresentam as classes com inferior número de visitas ao concelho com uma distribuição de gastos pelas diferentes classes, verificando-se os maiores valores, na classe de 1-2 visitas com 5,8%, com gastos entre 50-99€; 9,6% na classe de 3-4 visitas ao concelho, com gastos entre os 25-49€, 8,7% entre 50-99€ e 1,9% entre 100-199€; e a classe de 5-6 visitas, com 2,9% a gastarem entre 25-49€ e 50-99€, respectivamente, e 1,9% entre 100-199€. Em suma, os visitantes que vêm a Gouveia menos vezes gastam mais Ao cruzar-se a variável tipos de alojamento com a variável gastos conclui-se, também, que o facto de a maioria das frequências relativas aos gastos se inserir nas classes de gastos mais baixos, está relacionado com o tipo de alojamento onde o turista fica hospedado. Para se averiguar se de facto as variáveis estão relacionadas aplicouse o teste de independência do Qui-Quadrado, o que apesar de 23 das células (65,7%) apresentarem valores nulos (0), a sua utilização é justificável de forma a testar a independência das variáveis. Assim verificou-se que o nível de significância é inferior a 0,05, o que permite concluir que as variáveis são dependentes, ou seja, os gastos estão relacionados com o tipo de alojamento. Tabela 5 - Cruzamento das variáveis alojamento e gastos por pessoa/dia

Tipo de alojamento

Total

Gastos por Pessoa/Dia - Aproximadadmente, Incluíndo todas as Despesas <25€ 25-49€ 50-99€ 100-199€ 200-299€ Total hotel Frequência 1 5 13 5 0 24 % do Total ,6% 3,2% 8,2% 3,2% ,0% 15,2% pensão Frequência 1 1 2 1 0 5 % do Total ,6% ,6% 1,3% ,6% ,0% 3,2% residêncial Frequência 0 2 3 1 0 6 % do Total ,0% 1,3% 1,9% ,6% ,0% 3,8% parque de campismo Frequência 29 29 3 2 0 63 % do Total 18,4% 18,4% 1,9% 1,3% ,0% 39,9% TER Frequência 4 8 10 2 0 24 % do Total 2,5% 5,1% 6,3% 1,3% ,0% 15,2% turismo de natureza Frequência 1 2 5 0 1 9 % do Total ,6% 1,3% 3,2% ,0% ,6% 5,7% casa de amigos ou Frequência 16 9 2 0 0 27 familiares % do Total 10,1% 5,7% 1,3% ,0% ,0% 17,1% Frequência 52 56 38 11 1 158 % do Total 32,9% 35,4% 24,1% 7,0% ,6% 100,0%

Neste caso e de acordo com a tabela acima representada verificou-se que o tipo de alojamento que abarcou a maior percentagem foi o parque de campismo, com 39,9% distribuindo-se por: 18,4% nas classes de gastos de <25€ e de 25-49€, respectivamente. A percentagem daqueles que ficou hospedada em


88

casa de amigos ou familiares, também, é considerável; no entanto, foram aqueles que menos gastaram. Sendo o parque de campismo o tipo de alojamento mais económico é compreensível que os gastos efectuados no concelho sejam de menor valor. Por outro lado, estes resultados compreendem outro aspecto, na medida em que se verifica a existência de um segmento de mercado com características peculiares. Conclui-se, ainda, que quanto menor é a duração da estada, maior são os gastos e maior é a dispersão dos mesmos pelas diferentes classes, sendo a estada com duração entre 2 a 8 dias a melhor classe a apresentar essa variação, seguindo-se a classe de estada com duração de apenas 1 dia. O que significa que, em termos de desenvolvimento para a região, fica aquém das expectativas, tornando necessário tomar medidas, de forma a passar de um turismo de passagem a um turismo permanente, com duração de estadas mais longas e se possível com mais gastos. 5.2. ENTREVISTA Relativamente à existência de um plano estratégico de desenvolvimento do concelho, foi confirmada, pela responsável pelo pelouro do Turismo do Município de Gouveia, a sua existência, o qual se tenta cumprir, apesar das limitações financeiras existentes. A mesma refere, também, que o turismo assume pertinência no concelho, reflectindo-se através de eventos e acontecimentos que a Autarquia promove, principalmente, na época de Outono/Inverno, como por exemplo: a Feira do Queijo; o Gouveia Arte Rock, as Montarias; entre outros. No Verão, e segundo a entrevistada, não se justifica a realização de um maior número de eventos, efectuando-se contudo anualmente as Festas da Cidade (Agosto). Quanto à questão do rendimento gerado pelo turismo ser reinvestido no concelho de Gouveia, a responsável pelo pelouro considera que tal se verifica, essencialmente, na melhoria das instalações e serviços existentes e, na criação de novos serviços, nomeadamente de lazer. No que se refere à possibilidade da população endógena se fixar no concelho através da actividade turística, a entrevistada refere que tal facto não é possível de afirmar, na medida em que a oferta de emprego ao nível do turismo não é muito relevante. Além disso, a desertificação neste concelho é uma realidade, ainda que se efectue de forma lenta e pouco notória.


89

A responsável pelo pelouro do turismo refere que, em relação à procura efectiva, a oferta existente suprime as necessidades daquela.

6. CONCLUSÃO Através da análise da investigação empírica pode-se definir o visitante – tipo do concelho de Gouveia como sendo: maioritariamente, de nacionalidade portuguesa; com idade compreendida entre os 3145 anos; na maioria, do sexo masculino; possuindo, como habilitações literárias, o ensino secundário; e sendo, principalmente, um profissional liberal. Quanto ao comportamento do visitante em relação à organização da viagem observou-se que a maioria: optou pela viagem individual, sendo a tomada de decisão relativa à sua realização feita em menos de um mês; e não considerou destinos alternativos, baseandose na experiência própria na escolha do concelho de Gouveia como destino turístico. É de salientar, também, que o mesmo concelho é tido como um destino de natureza e de montanha, na medida em que as características mais consideradas na sua escolha foram a natureza, o ambiente calmo e o clima. Relativamente ao tipo de visita conclui-se que a maior parte dos inquiridos já visitaram o concelho mais de dez vezes, sendo o motivo principal as férias/lazer, preferindo, maioritariamente o parque de campismo para se alojar e o conforto do seu próprio automóvel para viajar. Por outro lado pode-se atestar que a actividade turística é um agente poderoso no desenvolvimento do concelho. Neste sentido é necessário desenvolver estratégias para que o concelho se liberte da sazonalidade, diversificando os segmentos de mercado, e proporcionando condições que levem a aumentar os fluxos turísticos e o tempo médio de estada. Nesta perspectiva defende-se que a imagem do destino, baseada num turismo de natureza, deverá ser complementada com outros tipos de turismo, particularmente, o turismo ambiental, de aventura e cultural. A cativação do turista – cultural, na medida em que se trata de um segmento de mercado com características muito peculiares e poderoso economicamente, constituiria uma aposta muito interessante, pois Gouveia “viu” nascer


90

dois grandes vultos da cultura portuguesa, Abel Manta, na pintura, e Vergílio Ferreira, na literatura, podendo-se criar, por exemplo uma rota cultural. Quanto à oferta do concelho de Gouveia como destino turístico afigura-se que o mesmo apresenta uma diversidade e riqueza de atracções, pelo que a maior parte dos visitantes levam da visita/estada uma boa imagem. No entanto algumas questões precisam de ser melhoradas, nomeadamente: as infra-estruturas relativas às estradas, sinalização e estacionamento; e as superestruturas, na medida em que, devido ao reduzido número de estabelecimentos hoteleiros, a implementação de uma oferta mais diversificada torna-se imprescindível, de forma a fixar os turistas e a aumentar os rendimentos gerados por aqueles. Em suma, pode-se afirmar que os objectivos da investigação foram atingidos e as hipóteses estabelecidas verificadas.

REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS ANSARAH, M.G. (2001); Turismo – Como Aprender, Como Ensinar; Editorial Senac; São Paulo. CABUGUEIRA, A. (2005); A Importância Económica do Turismo – RT&D; Volume II; Aveiro. Confederação do Turismo Português (2005); Reinventando o Turismo em Portugal – Estratégia de Desenvolvimento Turístico Português no I Quartel do Século XXI, 1.ª Edição; Lisboa. COOPER, C. et AL. (2001); Turismo – Princípios e Práticas; 2.ª Edição; Bookman; Porto Alegre. CUNHA, L. (1997); Economia e Política do Turismo; Editora MCGRAW – HILL de Portugal, Lda.; Alfragide. CUNHA, L. (2001); Introdução ao Turismo; Editorial Verbo; Lisboa. FOSTER, D. (1992); Viagens e Turismo – Manual de Gestão; Edições CETOP (Centro Ensino Técnico e Profissional à Distância) Lda; Mem Martins. MIDDLETON, V.T. (2002); Marketing de Turismo: teoria e prática; Editora Campus; 3ª Edição; Rio de Janeiro. SARMENTO, M. (2003); Gestão da Qualidade Total na Indústria do Alojamento Turístico; Escolar Editora, Lisboa.


91

ADEQUACY BETWEEN HIGHER EDUCATION SUPPLY AND EMPLOYERS’ NEEDS (IN THE RURAL AREA) ADEQUAÇÃO DA OFERTA FORMATIVA SUPERIOR ÀS NECESSIDADES DOS AGENTES EMPREGADORES (NO ESPAÇO RURAL) LA ADECUACION ENTRE SUMINISTRO DE EDUCACION SUPERIOR Y NECESIDA DE EMPLEADORES' (EN EL AREA RURAL) Fernando Alberto Freitas Ferreira * (fernando.ferreira@estig.ipbeja.pt) Maria do Sacramento Bombaça Basílio ** (maria.basilio@estig.ipbeja.pt) e Fernando José Calado e Silva Nunes Teixeira *** (fernando.teixeira@estig.ipbeja.pt)

RESUMO

Contemplando o actual enquadramento contextual e as exigências introduzidas pelo Processo de Bolonha, o móbil principal do presente estudo consiste em apurar se a presente oferta formativa, ao nível do ensino superior ministrado no Baixo Alentejo, vai ao encontro das necessidades e/ou dos interesses laborais dos agentes empregadores afectos à Região. Numa primeira fase do estudo, e com base em técnicas de inquisição directa, torna-se fundamental caracterizar as verdadeiras necessidades, em termos de postos de trabalho, dos agentes empregadores. Posteriormente, proceder-se-á ao confronto dos resultados obtidos, de modo a serem identificadas medidas correctivas ou, simplesmente, serem formuladas orientações de reestruturação e sugestões de melhoria. Palavras-chave: Adequação Formativa; Bolonha; Espaço Rural; Baixo Alentejo.

ABSTRACT

Based on the present economic context and considering the Bologna Process requisites, the main goal of this study is to determine whether the higher education training offered, in Lower Alentejo, meets the employers’ needs and/or technical interests. In the first phase of the study, inquisition techniques are used to characterize the technical needs of the


92

Region’s employers. Subsequently, the results obtained are compared to identify corrective actions and/or to formulate restructuring guidelines and suggestions for improvement. Key-words: Educational Adequacy; Bologna; Rural Area; Lower Alentejo.

RESUMEN

Contemplando enmarcar del contexto actual y los requisitos introducidos para el proceso de Bolonia, el móvil principal del actual estudio consiste en el seleccionar si el actual ofrece elemento formativo, al nivel de la educación superior dada en el Alentejo bajo, va a la reunión de las necesidades y/o a los intereses de trabajo de los patrones de los afectos del agente a la región. En una primera fase del estudio, y en base directa de las técnicas de la inquisición, llega a ser básico para caracterizar las necesidades verdaderas, en términos de filas del trabajo, de los patrones del agente. Más adelante, será procedido la confrontación de los resultados conseguidos, para ser identificado midió correctivo o, simplemente, para sejam orientaciones formuladas de la reorganización y sugerencias de la mejora. Palabras-clave: Adecuación Formativa; Bolonia; Espacio Rural; Bajo Alentejo.

* PhD in Quantitative Methods Applied to Economics and Management (2008), MSc in Economic Sciences (2002) and degree in Business Administration (1998). Presently, he is a Post-Doctoral Research Fellow at the Centre for Advanced Studies in Economics and Econometrics (CASEE, Faculty of Economics, University of Algarve). Since 1999, is lecturer at the School of Technology and Management of Beja. has published almost 40 papers and won the 2002 Best Student Award of the Faculty of Economics of the University of Algarve. ** Concluding her PhD in Management at the Lisbon Technical University (ISEG/UTL), she has a Master’s in Management (2002) and an undergraduate degree in Business Administration (1995). Currently, she is an Adjunct Professor and Vice-Dean of the School of Technology and Management of Beja. *** PhD student at the Faculty of Economics of the University of Algarve, he has an MBA from INDEG/ISCTE (2001) and an undergraduate degree in Business Administration (1996). He is a lecturer in Management Studies in the Department of Finance at the School of Technology and Management of Beja and author of more than 20 papers. His current research interests include IPOs and the Banking System.


93

1. INTRODUÇÃO The Bologna Process was informally initiated in May 1998, with the Sorbonne declaration. In June 1999, in an official context, the Bologna declaration stated a series of stages that the systems of European higher education should undertake in order to build what it is called as "a globally harmonized area of higher education" (MCTES, 2007). In practical terms, and safeguarding the specificity of each country, one of the major objectives of the Bologna Process is to guarantee any student from any higher education institution, the possibility of receiving training and of getting into any university in any European member state. However, in order for such opportunities of transition and mobility to become a reality, a homogeneous training system is necessary, reflecting the need for uniformity of both the educational and organizational structures in an increasingly larger Europe. According to the Portuguese Ministry for Science, Technology and Higher Education, the advantages resulting from the adoption of the Bologna Process are obvious, as it contributes to the provision of courses and specializations that are similar and comparable in terms of content and duration (MCTES, 2007). In practice, and not forgetting all the obstacles likely to arise from this strategic deep restructuring process, these advantages seem to be accepted by the majority of the existing universities and polytechnics. As an example of this finding, the text posted online by the New University of Lisbon (UNL, 2007) indicates the three main benefits introduced by the Bologna Process: (1) greater flexibility, (2) increased mobility and (3) widely recognized diplomas. Bearing in mind that: (1) the Portuguese higher education has been affected by profound changes related to the Bologna Process and (2) the specificity of (almost) all of the Lower Alentejo territory (i.e. the rural area) leads to very specific labour needs (cf. Ferreira and Basílio, 2008), this framework aims at serving as a diagnostic tool as to whether the training offered matches the technical needs and/or the interests of the labour employers of the Region under study. To pursue this main objective, this study will also fulfill other more specific goals, such as: To characterize the level of the offered training in the Region; To identify the labour employers’ technical needs; To stimulate innovation capacity and critical analysis;


94

To publish the results of this study on paper and online.

Given the objectives outlined under this framework, it is considered that the associated research assumes a quantitative descriptive nature. Therefore, quantitative tools (e.g. questionnaires and forms that employ sampling procedures) will be used to assess the labour employers’ technical needs (for further details, see Ghiglione and Matalon, 1991). Figure 1 outlines the methodology adopted during the study.

Figure 1 – Adopted Methodology

According to Figure 1, the Diverging Stage is considered essential for the pursuit of the stated objectives. At this stage, a questionnaire will be administered to a sample of employers, within the selected geographical area. Indeed, by reaching a considerable percentage of the population (and independent indices of geographical dispersion), by ensuring the anonymity and by providing the economy of time and uniformity of answers, it seems clear that a research by questionnaire fits perfectly in the context of this study (Ghiglione and Matalon, 1991). In terms of statistical treatment of the collected data, the research process will use the computer application SPSS – Statistical Package for the Social Sciences. In broad terms, the overall outcome is expected to determine whether the results could serve to address any gaps between the existing education guidelines and the identified technical needs. Considering the objectives that guide this study, beneficiaries will be


95

the higher education institutions that are ministering in the Region, as well as the employers that are operating in the selected geographical area.

2. THE BOLOGNA PROCESS: A BRIEF APPROACH The Bologna Process, materialized in the Bologna Declaration (signed on 19th June 1999), is an agreement between the European Ministers of Education, which denotes a deep strategic change in policies related to higher education, and seeks to establish a European Higher Education Area. While not being a treaty, the Declaration of Bologna (and the whole process itself) materialized a commitment on the part of the signatory countries, to promote reforms in the education systems in order to standardize those systems and focus a cohesive and competitive European education space (IST, 2005 and IPS, 2007). In practice, the Bologna Declaration considers Education as a variable of great importance in the development of sustainable, democratic and tolerant societies. As previously mentioned, the Bologna Process aims at adopting policies and at taking joint action in order to ensure the international competitiveness of the European higher education system, while raising the level of excellence and global attraction. As stated by MCTES (2007), “the Bologna Process is the purpose of building the European Higher Education Area, cohesive, competitive and attractive to teachers and students of European and third countries”. However, under the umbrella of this broader goal, other targets are to be achieved, namely: To promote employability and competitiveness in the European area; To achieve convergence in the organization of higher education and in the recognition of academic degrees; To adopt a system based on three levels of study (i.e. Bachelor’s, MSc and PhD); To establish a common system of transferable and cumulative credits (i.e. ECTS – European Credit Transfer System), which promotes a wider mobility of students; To implement the Diploma Supplement;


96

To promote equality in access to opportunities to study and/or training for students, teachers, researchers and administrative staff; To stimulate European cooperation in the field of quality and the definition of comparable criteria and methodologies; To promote curriculum development and the establishment of integrated programmes of study, training and/or research. Given these objectives, it seems clear that the Bologna Process represents “a new model of education” (IPS, 2007). Thus, education and training necessarily aim at creating more and better jobs (IPB, 2005). However, this new model, based on design capabilities and on the development of students’ skills, should not be considered a mere mechanism for the transmission of knowledge. In fact, the process represents a radical break, in higher education, from the more traditional forms of teaching and/or learning. Based on this, the restructuring of the training courses reflects the most visible face of the Bologna Process. Indeed, the most visible difference is, precisely, the reduction of the courses’ duration (i.e. three years for undergraduate degrees and two to four semesters for a Master’s) (IPS, 2007). Moreover, as quoted by MCTES (2007), “the adoption of measures to reduce the rates of school dropouts is, of course, of great importance”. Therefore, to create the conditions for the widespread taste for knowledge is also an outcome to be achieved at short term (Ary, 2006). Given the above, reforms are necessary in order to achieve a greater efficiency, modernization and simplification of procedures, to a desirable level of excellence and that, by itself, are guided by profiles of increasing competitiveness. Thus, collective efforts have been made to intensify the state of convergence as a “centre of excellence and engine of development” (MCTES, 2007). Nonetheless, the process is still far from being completed and, of course, requires that governments, higher education institutions and business associations assume a shared responsibility.

3. RECENT DEVELOPMENTS IN LOWER ALENTEJO Following other European countries, Portugal has also been working to become an integral part of the European Higher Education Area. In that sense, regulation 74/2006 of March 24th


97

establishes the legal framework that allows institutions to adopt the Bologna assumptions. Indeed, the higher education system in Portugal should be organized and operated under the new paradigm of education by the year 2010 (see MCTES, 2007). Nevertheless, according to the stated deadlines, most of these institutions shall be offering new courses of study before that date (DGEP, 2007). In practical terms, the demands for convergence between Portugal and the other countries that signed the Agreement are contained in the reprogramming of Science and Innovation Program 2010, which advocates measures to support the adoption of procedures and necessary practices for the implementation of Bologna within the various Portuguese higher education institutions. Under the adoption of the Bologna Process and following the example of what is happening in the rest of the country, higher education institutions in Lower Alentejo have been submitting to the authorities a set of proposals for courses’ adequacy, as well as series of new courses of one and two cycles (i.e. Graduations and Masters). Some of these proposals received approval and came into operation during the academic year of 2006/2007. Figure 2 outlines the present higher education supply in the region under analysis. According to Figure 2, Social Services, Health, Engineering, Business Management and Education are among the most representative areas of study in the region (for further developments, see Ferreira and Basílio, 2008).


98

Security Services Environment Protection Personal Services Social Services Health Agriculture and Fishing Architecture and Construction Transforming Industries Engineering Informatics Law Business Management Journalism Social Sciences Arts Education 0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Figure 2 – Region’s Present Higher Education Supply (Number of Students currently being trained in the region, Source: INE, 2007: 95, adap.)

4. THE IMPORTANCE OF TRAINING ADEQUACY In a period when competition, at a European level has become an important and multifaceted success factor for organizations, Portuguese firms need to adopt quality standards in order to be able to participate in the “European area” and compete with companies from the other European countries (Vilhena, 2007). On this basis, one of the areas of action consists on the recruitment and selection of qualified labour (Chiavenato, 1993 and Bancaleiro, 2006), and neglecting the role of higher education institutions is omitting one of the most important vehicles to achieve excellence.


99

Indeed, regardless of their size and/or their geographical location, universities and polytechnic institutes are designed to contribute to the development of the community in which they operate, promoting excellence in higher education and fostering and developing research activities that are essential to quality education (IPB, 2005). Furthermore, it must be clearly understood that students (i.e. future collaborators) should be encouraged to leave the traditional attitude of “knowledge recipients” to become the leading actors in the construction of their capabilities (IST, 2005). Following this logic, it seems to make sense to question whether the higher education institutions in Lower Alentejo have provided proper training for the employers’ labour needs. In practical terms, this question assumes a mounting importance considering the Lower Alentejo’s economic, social and cultural characteristics, and that these characteristics heavily influence the type of companies operating in the region (for further details, see Ferreira and Basílio, 2008). The geographical, economic, social and technological characteristics of the Lower Alentejo are very specific. This, the largest region of Portugal, is simultaneously one of its poorest (INE, 2006 and Ferreira et al., 2008). As a result of the rural exodus of recent decades, the region has born witness to a decline in the population density index, the ageing of residents and a significant weakening of business, with a clear impact on the local working population. Moreover, with this rural environment, most companies are predominantly oriented toward Agriculture or Tourism, which leads to an unbalanced economic structure, with the added weight of the primary sector and a near absence of extractive and transforming industries (for a more in-depth characterization of the region, see Santos, 2005, and INE, 2006). In this regard and, as mentioned earlier, higher education institutions should also play an important role through the stimulus of entrepreneurship (Drucker, 1985, and CEDVG, 2007). The specificity of the environment brings, as a consequence, the specification of business (Sousa, 1996). In order to respond to that specificity, it is particularly important to provide employees with a basic knowledge and with a spirit of initiative that may reverse the trend of economic cycles in recent years. Indeed, it is precisely this spirit of initiative that should be implemented by the Bologna Process, which aims at improving working conditions, the widespread sharing of knowledge and improved human resource. In fact, one of the


100

objectives of Bologna is, precisely, to promote employability and competitiveness in the European area (see Point 2 of this study). These issues justify this enquiry into whether higher education institutions in the Lower Alentejo have provided proper training.

5. THE QUESTIONNAIRE 5.1 GOALS AND STRUCTURE Basically, the questionnaire used in this study aims at gathering information to: (1) examine the adequacy of higher education training in the Lower Alentejo; (2) detect the main technical needs of potential employers; and (3) ask about the importance of teaching foreign languages with a view to possible strategic alliances with foreign companies. Based on these goals, the questionnaire that was designed for data collection (see Appendix), which benefitted greatly from the expertise obtained in interviews with managers and other skilled technicians, visits to workplaces and, of course, from literature (Ghiglione and Matalon, 1991, and Monteiro Barata, 1996). The questionnaire was organised in three sections: the first, composed of issues related to the Bologna Process, aimed at obtaining the respondents’ perceptions on the process and/or the implications arising from it; the second aimed at ascertaining the technical needs of employers and staff; and, finally, the third section aimed at characterizing the institutions surveyed. As for the questionnaire’s validity, Ghiglione and Matalon’s orientations have been followed (see Ghiglione and Matalon, 1991). Besides, several researchers assessed the adequacy of the instrument for reaching the defined objectives. To this purpose, valuable assistance was obtained from the researchers of the Departmental Areas of Mathematics and Statistics and Management of the School of Technology and Management of Beja (ESTIG – Escola Superior de Tecnologia e Gestão). As for the sample, the geographical area of the Lower Alentejo (with the highest incidence in the District of Beja) and the highest levels of concentration and convenience revealed by entities that collaborate regularly with the ESTIG constituted the selection criteria used to define the sample.


101

5.2 LIMITATIONS Given the established objectives, the limited availability revealed by some of the respondents in completing their questionnaires was among the factors that limited the scope of this study. Moreover, given the need for the sample to be composed of managers and/or qualified technicians from business, another major obstacle has been access to those individuals. Underlying the limitations are also delays in completing and mailing the questionnaires on the part of some of the respondents. Moreover, the resistance of some respondents to sharing information was a strong barrier to the study despite the fact that questions were qualitative and that guarantees were given that data would be used exclusively for academic purposes and under a code of strict confidentiality.

6. EMPIRICAL RESULTS AND ANALYSIS 6.1 SAMPLE CHARACTERISTICS As previously mentioned, the sample in this study is a convenience or accidental sample. However, this does not invalidate the results achieved and cannot challenge their interpretation because, according to Bryman, in Monteiro Barata (1996: 429), if we take into consideration that the percentage of responses from an opinion survey is often low, we will see that the gap between research based on random samples and on samples of convenience is not as great as could be expected. Accordingly, the sample is composed of one hundred companies based in the Lower Alentejo and with greater incidence in the District of Beja. Charts 1 and 2 illustrate the types of companies surveyed, according to their dimension and type of economic activity.


102

16%

20%

64% Micro-Enterprise (< 9 employees) Small and Medium Size Enterprise ([9-49] employees) Large (> 49 employees)

Chart 1 – Company Dimension (% Values, N=100)

2% 28% 70%

Productive

Commercial

Services

Chart 2 – Type of Company by Economic Sector (% Values, N=92)

Careful analysis of charts 1 and 2 concludes that the sample used for this study is composed mostly of micro-enterprises (64%) allocated to the Tertiary Sector (i.e. Trade and Services) (28% and 70%, respectively). Based on this, this sample reflects the very general characterization of the business environment in the region of the Lower Alentejo (and in the District of Beja, in particular). In terms of international economic transactions, only 24% of the companies surveyed revealed that they are engaged in international trade (chart 3).


103

24% 76%

Yes

No

Chart 3 – International Trade Practice (% Values, N=100)

In fact, this 24% figure clearly shows the low representation of international trade in the region under study. Moreover, its expression is even lower if we consider that the main source of international partnerships is Spain (57%). The information illustrated in chart 4 indicates that Germany represents the second highest expression in strategic partnerships with European countries (16%).

16%

16% 10%

58% Germany

USA

Spain

Other

Chart 4 – Origin of the Commercial Affairs (% Values, N=38)

With regard to the age of the companies, most (74%) have been operating for more than three years. However, some of the businesses in the region are very recent (chart 5).


104

4%

8% 8% 6%

74% 0

1

2

3

>3

Chart 5 – Companies’ Age (% Values, N=100)

In short, with regard to the characterization of the sample, it is mainly composed of micro-enterprises (64%), allocated to the Tertiary Sector (i.e. Trade and Services) (28% and 70% respectively), operating for more than three years (74%) and, despite its small expression, trade is focused on Spain as a strategic partner.

6.2 MAIN RESULTS REACHED The analysis and interpretation of the results of the direct enquiry will be presented based on the two major thematic components aggregated in the questionnaire. 6.2.1 Degree Of Knowledge Of The Bologna Process And Its Implications The first issue of the questionnaire sought to identify the companies’ degree of knowledge of the Bologna Process. With no apparent surprise, it was found that 88% of the sample is aware of this new reality for higher education (Chart 6). Following the results obtained, great merit should be attributed to the authorities, since there appears to be adequate dissemination of information on the problem and its consequences to economic agents. Accordingly, the subsequent two questions of the questionnaire aimed at establishing whether the employers (i.e. surveyed companies) are aware of the impact that the Bologna Process could have (or not) on the reduction of regional asymmetries, and the advantages that may arise from its adoption. Charts 7 and 8 expose the perception of this new reality by the surveyed companies.


105

12%

88%

Yes

No

Chart 6 – Awareness of the Bologna Process (% Values, N=100)

25%

75%

Yes

No

Chart 7 – Impact of the Bologna Process on the Reduction of Regional Asymmetries (% Values, N=88)

Based on the results illustrated in Chart 7, it appears that 75% of the companies agreed with the fact that the changes arising from the adoption of the Bologna Process can contribute to the reduction of the existing regional asymmetries, which confirms the ideas expressed by Ferreira and Teixeira (2008). Following Chart 8, this reduction of asymmetries can be materialised through the assimilation of certain advantages that have arisen, including: a higher degree of convergence among European Union member states (3,750); an increased supply of qualified labour (3,614); and


106

reduction of courses’ duration (e.g. 3 years for an undergraduate degree) (3,721). It seems to be worth recalling that the averages of the responses are associated to a Lickert scale from 1 to 5 (1=total disagreement and 5=total agreement) (for further methodological details on the scales, see Monteiro Barata, 1996). 5,000 4,000

3,750 3,143

3,000

3,227

3,614

3,250

3,000

3,721 3,182

2,250

2,000 1,000 0,000

Chart 8 – Apparent Advantages Arising From the Adoption of the Bologna Process (Lickert Average Values, N=88)

The analysis of chart 8 also shows that there is not a great discrepancy between the attractiveness rates of the items allocated to this issue. This occurrence is justified by the fact that these advantages may be strongly correlated with each other (see Ghiglione and Matalon, 1991). 20%

30%

39% 11% Worse Situation than the Previous One Similar Situation than the Previous One Better Situation than the Previous One Without a Formulated Conclusion

Chart 9 – Confrontation Analysis (% Values, N=88)


107

The fourth issue of the survey aimed at establishing a comparative perception of the top employers before and after joining the Bologna Process. It is worth recording the division of opinion, because 39% characterized the current situation as better than before and 30% reported that the current situation is worse than the previous one. 20% of the companies are in doubt or without a formulated conclusion. Chart 9 illustrates this division of opinions, where 11% considered that the situation is still the same as before. 6.2.2 Employers’ Technical Needs The second group of the questionnaire aimed at characterizing employers’ labour needs too determine the adequacy of the training given in the region. Accordingly, the first question of the second part of the questionnaire sought to characterize the perception of the companies as to the sufficiency of three years of schooling for technical training. Chart 10 illustrates that perception, where 66% of the sample stated that 3-year degrees are sufficient to meet their daily needs. Chart 11 shows the potential supply of labour.

34%

66%

Yes

No

Chart 10 – Sufficiency of a 3 Years degree (% Values, N=88)

Indeed, when confronted with the potential labour supply, 35% of the agents declared their willingness to hire a recent graduate under Bologna. According to chart 11, 36% (i.e. 18% + 18%) of agents are willing to employ two and even more than three graduates, respectively.


108

18%

28%

2%

18% 34% 0

1

2

3

>3

Chart 11 – Potential Labour Supply (% Values, N=88)

The third issue of the second group of the questionnaire sought to identify the real needs faced by employers in the region. To some extent, this issue has also been important to draw conclusions about the adequacy of the higher education ministered in the region (considering the information presented in Figure 2). Indeed, based on a Likert scale from 1 to 5 (1 = nothing receptive and 5 = very receptive), it was found that areas with greater supply of jobs are: Finance and Accounting (3,400); Computers (2,964); Sales (2,828) and Producing Areas (2,667). Chart 12 illustrates the preferences of companies on the labour supply. In practical terms, two conclusions seem to be immediate: (1) on one hand, there is a clear convergence of interests in labour areas related to Business Management (i.e. Finance and Accounting); (2) on the other hand, there seems to be some discrepancy between the interests of available training and employment with regard to areas such as Information Technology (with a high labour supply but with low levels of student interest) and Social Services, Engineering and Science Education (with high rates of student interest, but with a reduced supply of labour in the region under study). The fourth issue of the second group of questions focused on the influence of the origin of the degree of engagement in the hiring decision. In other words, the aim was to ascertain to what extent the nationality of the graduate might be a differentiation factor in the hiring process. In this regard, it should be noted that one of


109

the objectives of the Bologna Process is to promote employability and competitiveness in the European area (see Point 2 of this study). Chart 13 illustrates the division of opinions and points to 48% of respondents undecided (or hesitant) in response.

5 ,0 00

4 ,0 00

3 ,0 00

3 ,4 00 2 ,8 28

2 ,9 64 2,6 67 2,3 21

2,4 64

2,4 64

Reception

Human R esources

After-Sale Services

2 ,0 00

1 ,0 00

0 ,0 00

Commercial F inance and Informatics Accounting

Production

Chart 12 – Labour Supply Needs and Preferences (Lickert Average Values, N=62)

The fifth issue of the second group aimed at analysing the employers’ perception regarding the technical expertise that is expected from recent graduates, in order to meet the requirements of the Region’s economic structure. Chart 14 illustrates the preferences registered, which are: Informatics and New Technologies (4,204); Health (4,143); Tourism (4,000); Agriculture, Forestry and Fishing (3,957) and Business Management (3,755).


110

13% 48%

39% Yes

No

Maybe / It Depends

Chart 13 – Relevance of Country of Origin in the Hiring Decision (% Values, N= 62)

5 ,0 00

4 ,20 4

3 ,959 4 ,0 00

3 ,75 5

3,46 9

4,14 3

3,5 10 3,12 2

3 ,0 00

2 ,7 55 2 ,1 88

4 ,000 3,4 79

2,6 94

2 ,8 78

2,38 8

2 ,0 00 1 ,0 00 0 ,0 00

Chart 14 – Technical Knowledge required for the Region (Lickert Average Values, N=98)

Based on a Likert scale from 1 to 5 (1=no relevance and 5=very important), the agents’ preferences seem to give some sustainability to the following conclusions (see again Figure 2): (1) once again, there seems to be some convergence of interests in areas associated with Business Management (e.g. Finance and Accounting), (2) there seems to be, again, some mismatch of interests in areas such as Informatics and New Technologies (with a high labour supply but with low rates of interest as areas of study) and (3) areas like Health and Tourism, while relatively relegated to


111

second plan as areas of study, are identified as highly sought after by the employers of the region.

5,000

4,920 4,220 3,520

4,000 3,000

2,388 2,200

2,000 1,000 0,000

Chart 15 – Languages’ Degree of Relevance (Lickert Average Values, N=100)

The last issue of the second group (i.e. the tenth question) aimed at clarifying the need for languages taught in higher education. Indeed, based on a Likert scale from 1 to 5 (1=no relevance and 5=very important), the agents’ preferences seem to give some priority to Portuguese (4,920) and English (4,220). Chart 15 illustrates the degree of relevance of the different languages identified. Based on a comparison of chart 4 and 15, a clear contradiction in the collected responses arises. On one hand, Germany has been considered one of the Alentejo’s most important strategic partners (see Chart 4); on the other hand, reduced importance has been given to the German language. Of course, given the relevance of the English language (4,220) (see Chart 15), a substitution relationship between languages can be ascribed (i.e. the English language may replace the German language in the course of different trade relations). However, it seems important to note the projection of the German language, especially in light of the information illustrated in Chart 4. Moreover, the projection of the Spanish language seems equally clear, which reinforces the importance of Spain as a key strategic partner in the Alentejo’s international business relations. From this point of view, there is a


112

significant need to strengthen the emphasis on foreign language teaching, including English, Spanish and German.

6.3 SUGGESTIONS Despite the previously presented limitations, the results of this empirical application seem to reinforce the need for a greater reflection on the strategic guidelines that have been adopted by the Region’s higher education institutions. Indeed, matters as: (1) existing gaps between employment supply and people’s indifference for some areas of study and (2) linguistic shortcomings in international business relations are just some of the aspects that seem to warrant a more thorough and careful analysis. Given the risks inherent to the adoption of a new education system, and given the duration of the effects of some variables, there is a clear opportunity to apply, in addition, other qualitative analyses (e.g. benchmarks). This measure aims at helping the estimation of the most indirect or intangible strategic and structural impacts. Finally, it seems equally relevant to recommend the use of longitudinal analyses to assess, for example, the changing duration and how factors change. The longitudinal analyses will meet the changing trends of these factors and examine the different results and constraints involved in a dimension of an ever-wider analysis.

7.

CONCLUSIONS

In this study, it has been possible to observe that, given the implications arising from the adoption of the Bologna Process, a more formalised planning requires the involvement of the academic and the business communities. Indeed, it is necessary to integrate this complementary relationship in the higher education strategic system. Therefore, the growing importance of the relationship between academia and the labour market seems to be considerably strengthened by this application. In practical terms, it has been possible to see that, although the existence of some convergence points between the areas of study taught in the Region and the labour needs of the employers (e.g. the strong correlation between study interest and labour supply


113

in some areas as Finance and Accounting), some mismatches are also taking place. Indeed, these differences are particularly evident in areas such as Information Technology (with high labour supply but with low rates of interest as study area) and Social Services, Engineering and Education (with high rates of interest as study areas, but with reduced labour supply in the Region under analysis). Moreover, the present study has yet to follow up the incipient line of existing research on the adoption of the Bologna Process and its impacts on the Lower Alentejo Region. Being an exploratory study, and limited in time, it would be interesting to renew the research and deepen its analysis taking a more dilated sample.

Acknowledgement This paper is part of the ADD-FORM project (OTIC-IPBeja) (see Ferreira and Basílio, 2008).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARY, P. (2006), “A Inovação Aprende-se”, Negócios e Franchising, March/April. BANCALEIRO, J. (2006), Scorecard de Capital Humano, Editora RH, Lisbon. CEDVG – Centro de Estudos e Desenvolvimento Vasco da Gama (2007), Projecto

FIRME – Factores de Influência Relevantes na Motivação para o Empreendedorismo – Resultados do Inquérito aos Alunos do Ensino Superior da Cidade de Beja, CEDVG,

Beja. CHIAVENATO, I. (1993), Introdução à Teoria da Administração, Mac-Graw Hill, 4th Edition, São Paulo. DGEP – Direcção Geral de Estudos e Previsão – Ministério das Finanças (2007), available online at www.dgep.pt [12/Dec/2007]. DRUCKER, P. (1985), Innovation and Entrepreneurship: Practice and Principles, Editorial Presença. FERREIRA, F. and Basílio, M. (2008), Projecto ADD-FORM – Adequação da Oferta Formativa Superior às Necessidades dos Agentes Empregadores (no Espaço Rural), OTIC-IPBeja, Beja. FERREIRA, F. and Teixeira, F. (2008), Projecto ONLINE JOB – Detecção de

Oportunidades de Emprego nas Empresas Utilizadoras de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (no Espaço Rural), OTIC-IPBeja, Beja.

FERREIRA, F.; Basílio, M. and Teixeira, F. (2008), “Technological Labour Opportunities in Alentejo: A Preliminary Perspective”, Proceedings of the IASK International Conference Global Management 2008, October, Porto, pp. 436-445. GHIGLIONE, R. and Matalon, B. (1991), O Inquérito, Ed. Celta, Lisbon.


114 INE – Instituto Nacional de Estatística (2007), Anuário Estatístico da Região do Alentejo 2006, available online at http://www.ine.pt [22/Jan/2008]. IPB – Instituto Politécnico de Beja (2005), Projecto PROFINSERTION – Empregabilidade,

Competências e Percursos de Inserção Profissional dos Diplomados do Instituto Politécnico de Beja, IPB, Beja. IPS – Instituto Politécnico de Setúbal (2007), Processo de Bolonha, available online at

http://www.ips.pt/bolonha/bolonha.html [03/Dec/2007]. IST – Instituto Superior Técnico (2005), O Processo de Bolonha e a Organização da Formação Superior no IST, IST, November, Lisbon. MCTES – Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2007), Processo de Bolonha. BARATA, J. Monteiro (1996), Inovação nos Serviços: Sistemas e Tecnologias de Informação e Competitividade no Sector Bancário em Portugal, PhD Thesis in Economics, ISEG/UTL. SANTOS, L. (2005), Caracterização Socio-Económica dos Concelhos: Concelho de Beja, Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, Direcção de Serviços de Estudos e Planeamento Estratégico, Divisão de Estudos e Planeamento, May. Sousa, A. (1996), Introdução à Gestão – Uma Abordagem Sistémica, Editorial Verbo, Lisbon. UNL – Universidade Nova de Lisboa (2007), available online at www.unl.pt [12/Dec/2007]. VILHENA, P. (2007), “A Mentalidade do Empresário de Sucesso”, Negócios e Franchising, March/April.


115

ANEXO Obs.: This survey has academic objectives and the confidentiality of the answers will be naturally ensured. The document ends with the expression “End of the Survey”. Filling Instructions: Correct:

Incorrect: 4

5

I – Degree of Knowledge on the Bologna Process and its Implications

1.

Do you know what the Bologna Process consists of? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions) Ye (If you answered No, move to question 7)

2.

Do you consider that the adoption of common education policies, in the European Space, contributes to the reduction of the regional asymmetries? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions) Ye

3.

Which are the main advantages at the labour market’s level, that in your opinion result from the adoption of the Bologna Process? (Tick your preferred answer for each item, considering a scale from 1 to 5 (1= total disagreement e 5= total agreement)) c d e f g Increase of labour competencies c d e f g Increase of the number of foreign employees c d e f g Increase of the index of labour competitiveness c d e f g Higher exigency from the employers c d e f g Higher degree of convergence among EU member states c d e f g Increased supply of unqualified labour c d e f g Increased supply of qualified labour c d e f g Promotion of Employability c d e f g Reduction of courses’ duration (e.g. 3 years graduation)

4.

In comparison to the previous higher education system, and in a perspective of labour competencies, how do you describe the “new situation” resulting from the introduction of the Bologna Process in our country? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions)

Worse situation than the previous one Similar situation to the previous one Better situation than the previous one


116

Without a formulated conclusion

II – Employers’ Labour Needs 5.

Do you consider the 3 years graduations sufficient to meet the needs of the labour market of the Region where you operate? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions) Ye

6.

How many recent graduates, through the Bologna system, would you be willing to employ? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions) 3 (If you answered 0, move to question 9)

7.

In which department (or with which functions) would you be more willing to employ a recent graduate? (Tick your preferred answer for each item, considering a scale from 1 to 5 (1= nothing receptive e 5= very receptive)) c d e f g Commercial c d e f g Finance and Accounting c d e f g Informatics c d e f g Production c d e f g Reception c d e f g Human Resources c d e f g After-Sale Services

8.

Would the origin of that recent graduate (i.e., national or foreigner) influence your decision to hire? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions) Ye

9.

N

May

be/It

What technical knowledge do you consider more relevant within the scope of the present economic structure of the Region? (Tick your preferred answer for each item, considering a scale from 1 to 5 (1= no relevance e 5= very important)) c d e f g Agriculture, Forestry and Fishing c d e f g Architecture and Construction c d e f g Arts c d e f g Business Management (e.g. Finance and Accounting) c d e f g Veterinarian Sciences


117

c d e f g Law c d e f g Humanities c d e f g Information and Journalism c d e f g Informatics and New Technologies c d e f g Languages c d e f g Mathematics and Statistics c d e f g Health c d e f g Social Services c d e f g Tourism 10. Which is the degree of relevance you attribute to each of the following languages in the performance of your activity? (Tick your preferred answer for each item, considering a scale from 1 to 5 (1= no relevance e 5= very important)) c d e f g Portuguese c d e f g English c d e f g French c d e f g German c d e f g Spanish III – Characterisation of the Answering Agent 11. What kind of enterprise do you lead? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions)

Micro-Enterprise (< 9 employees) Small-Medium Sized Enterprise ([9-49] employees) Large (> 49 employees) Multinational

12. What is the kind of activity developed by your enterprise? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions)

Productive Commercial Services

13. Does your enterprise participate in international transactions on a regular basis? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions)

Yes No

(If you answered No, move to question 15) 14. With which country are those international transactions more often established? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions)

Germany


118

U.S.A. Spain Morocco Portuguese Speaking African Countries United Kingdom Others

15. What age is your enterprise? (Tick your preferred answer, according to the filling instructions)

0 1 2 3 >3


119

COMPORTAMIENTO DE ELECCIÓN DE MARCA: UNA APLICACIÓN DE UN MODELO DE CLASES LATENTES COMPORTAMENTO DE ELEIÇÃO DE MARCA: UMA APLICAÇÃO DE UM MODELO DE CLASSES LATENTES BRAND CHOICE BEHAVIOUR: AN APPLICATION OF A LATENT CLASS MODEL Begoña Peral Peral *(bperal@us.es) Encarnación Ramos Hidalgo ** (chon@us.es)

RESUMEN El objetivo de este trabajo es estudiar si las familias son consistentes en su comportamiento de elección de marca, independientemente de la categoría de producto que adquieren. Para ello, analizamos el efecto que tienen sobre el comportamiento de compra de dos categorías de producto variables como las preferencias intrínsecas por las marcas, el precio y la dependencia del estado inicial, así como poner de manifiesto cómo influyen de forma diferente en distintos segmentos de consumidores. En concreto, analizamos si la sensibilidad al precio es independiente del producto que se adquiera. Para alcanzar los objetivos de este trabajo, y dentro del marco de los modelos de elección discreta de utilidad aleatoria, optamos por un modelo de mezcla finita o de clases latentes. Palabras clave: comportamiento del consumidor, datos de panel, modelos de elección discreta.

ABSTRACT The objective of this study is to analyse whether households demonstrate homogeneous behaviour in their brand choice, independent of the product category acquired. To do so, we analyse the effect of intrinsic brand preferences, price and initial state dependence over their purchase behaviour in two variable product categories to determine the differing influences of these attributes in distinct consumer segments.


120

Specifically, we analyze whether price sensitivity is independent of the product purchased. To fulfil the objectives of this study, within the framework of discrete choice models of random utility, we opted for a latent class or finite mixture model. Keywords: consumer behaviour, panel data, discrete choice models.

RESUMO O objectivo deste trabalho é averiguar se as famílias são consistentes no seu comportamento de escolha de marca independentemente da categoria de produto que adquirem. Para tal, analisamos o efeito que produzem, sobre o comportamento de compra de duas categorias de produto, variáveis como as preferências intrínsecas pelas marcas, o preço e a dependência do estado inicial. Ao mesmo tempo, enunciamos as diferenças na forma como influenciam distintos segmentos de consumidores. Em concreto, procuramos saber se a sensibilidade ao preço é independente do produto que se adquire. Para alcançar os objectivos deste trabalho, e no âmbito dos modelos de escolha discreta de utilidade aleatória, optamos por um modelo de mistura finita ou de classes latentes. Palavras-chave: comportamento do consumidor, dados de painel, modelos de escolha discreta.

* Profesora del Departamento de Administración de Empresas y Marketing de la Universidad de Sevilla y doctora en Administración y Dirección de Empresas por la misma universidad, donde imparte las asignaturas de distribución comercial, dirección de ventas y merchandising. Pertenece al grupo del Plan Andaluz de Investigación, Desarrollo e Innovación (PAIDI) “E-Business: Empresa, Administración y Ciudadano”. ** Profesora titular del Departamento de Administración de Empresas y Marketing de la Universidad de Sevilla, donde leyó su Tesis Doctoral que versa sobre la Etica del Marketing. Sus publicaciones aparecen en Business Ethics: A European Review, Journal of Business Ethics and Journal of World Business, así como en las actas de diversos congresos de reconocido prestigio a nivel internacional dentro del área.


121

1. INTRODUCCIÓN El comportamiento de elección de marca de los consumidores constituye uno de los campos con gran tradición en la literatura de marketing (Guadagni y Little, 1983; Lattin y Bucklin, 1989; Bucklin y Gupta, 1992; Gupta et al., 1996). Conocer qué factores influyen en las tomas de decisiones de los individuos ha sido el objeto de investigaciones que se basan en modelos de elección discreta, y que revelan que las preferencias intrínsecas de los consumidores por las marcas y las variables de marketing (precio, promociones, …) influyen sobre el comportamiento de compra de los consumidores. Igualmente, la dependencia del estado inicial (Gupta et al., 1997; Moshkin y Shachar, 2002; Seetharaman, 2003; 2004) esto es, el efecto de una elección sobre las decisiones futuras del consumidor, afecta en el comportamiento de compra, sobre todo en el caso de categorías de productos de compra frecuente, en los que las familias pueden actuar por rutina (Howard y Sheth, 1969). En dicho caso, la marca elegida en un momento anterior puede presentar mayor probabilidad de ser elegida en el futuro que otras marcas. Dentro de este marco, el interés se ha mostrado en el análisis del comportamiento de elección de una categoría de productos. Sin embargo, recientemente algunas investigaciones analizan el caso de elecciones de varias categorías de productos, bien la incidencia de compra (Manchanda et al., 1997; Russell y Petersen, 2000; Duvvuri et al., 2007), bien la elección de marca (Russell y Kamakura, 1997; Ainslie y Rossi, 1998; Singh et al., 2005), bien la incidencia de compra y la elección de marca (Metha, 2007) o la incidencia de compra, la elección de marca y la cantidad comprada (Song y Chintagunta, 2007). El objetivo de este trabajo es analizar si las familias son consistentes en su comportamiento de elección de marca, independientemente de la categoría de producto que adquiere. En concreto analizamos si la sensibilidad al precio es independiente del producto que se adquiera. Para ello, optamos por un modelo de mezcla finita o de clases latentes, en el que se incluye las preferencias por las marcas, el precio y el efecto de la última marca comprada, así como un conjunto de covariables sociodemográficas. Los datos empleados


122

provienen de un panel de hogares que adquieren las categorías de café y tomate frito. El estudio que proponemos es útil para los fabricantes que produzcan artículos en distintas categorías a la hora de gestionar sus marcas, así como para la maximización de los beneficios de los detallistas mediante la coordinación de las actividades de marketing entre categorías de productos. El resto del artículo se organiza como sigue. En primer lugar, revisamos las investigaciones que estudian la similitud en el comportamiento de elección de los consumidores en distintas categorías de productos de compra frecuente. A continuación describimos el modelo de investigación propuesto, y especificamos los datos empleados y el procedimiento seguido para su depuración. Posteriormente exponemos los resultados obtenidos y la discusión de los mismos, para finalmente concluir el trabajo con las limitaciones encontradas.

2. REVISIÓN TEÓRICA La mayoría de las investigaciones realizadas sobre modelos de elección discreta han analizado como las familias1 eligen una alternativa de entre las disponibles dentro de una categoría de producto. Sin embargo, es interesante analizar si éstas presentan comportamientos similares o respuestas parecidas a las variables del modelo para diferentes categorías en su elección de marca. A pesar de la dificultad del análisis conjunto o simultáneo de datos de varias categorías, algunos trabajos (Seetharaman et al. 2005) investigan si las familias exhiben comportamientos similares, generalmente analizando las correlaciones entre las categorías para distintas variables. Así, con respecto a las preferencias por las marcas, Russell y Kamakura (1997) analizan las correlaciones entre cuatro categorías, encontrando que las familias muestran preferencias similares por las marcas de distribuidores, pero no se observa el mismo comportamiento para las marcas de fabricantes. 1 Empleamos el término familias por que la información que se emplea en los modelos de elección discreta suelen provenir de paneles de datos, en los que se define la unidad muestral como un hogar o una familia, que puede estar formada por uno o varios individuos.


123

De la misma forma, Hansen et al. (2006), encuentran correlación significativa entre las preferencias de las familias por las marcas de distribuidor en diez categorías, alcanzando valores más altos en las categorías de no alimentación que en categorías alimenticias. Singh et al. (2005) también obtienen este resultado, así como correlaciones entre las preferencias por marcas de fabricantes y por la característica de producto (ej. libre de grasa), sobre todo para tres de las cinco categorías analizadas. El interés por analizar si las familias son sensibles al precio en distintas categorías es otro objetivo de Singh et al. (2005), encontrando que existe alta correlación, al igual que Ainslie y Rossi (1998), Kim et al. (1999), Seetharaman et al. (1999), Iyengar et al. (2003) y Metha (2007), es decir, los consumidores que son sensibles al precio en una categoría también lo son en otras. No obstante, Ainslie (1998) establece una distinción respecto a la sensibilidad al precio: si bien los compradores frecuentes de una categoría son menos sensibles al precio de dicho producto, las familias que presentan, en general, una mayor frecuencia de compra son más sensibles al precio en las cinco categorías analizadas. El trabajo de Ainslie y Rossi (1998) es uno de los pioneros en analizar si la elección de compra de una familia está influida porque ésta exhiba sensibilidad común a las variables de marketing en las distintas categorías de producto. A pesar de que hay heterogeneidad en la respuesta de las familias a las variables de marketing, se obtienen altas correlaciones entre las cinco categorías en cuanto a la sensibilidad que cada familia tiene al precio y en la respuesta a los folletos, incluso entre categorías de productos con baja capacidad de sustitución o complementariedad. Seetharaman et al. (1999), además de analizar la sensibilidad al precio, a los folletos y a las presentaciones especiales de los productos en los establecimientos, investigan si el comportamiento debido a la dependencia del estado inicial esta correlacionada entre categorías. Los resultados indican que en tres de las cinco categorías analizadas la dependencia del estado inicial mostrada por las familias no es significativamente diferente, revelando que las familias actúan por rutina independiente de la categoría de producto. Andrews y Currim (2002) y Heilman y Bowman (2002) desarrollan un modelo de mezcla finita o clases latentes para el análisis de comportamientos idénticos entre categorías de productos. Estiman un modelo independiente para cada categoría,


124

así como un modelo conjunto, encontrando que éste refleja un rendimiento ligeramente mejor, al contrario de lo descubierto por Ainslie (1998). Andrews y Currim (2002) emplean datos de tres categorías no relacionadas y encuentran que el 32% de las familias de su muestra tienen comportamientos de elección que son idénticos entre categorías, al menos en dos de las categorías analizadas, mientras que las familias restantes muestran comportamientos independientes entre las tres categorías. El segmento que tiene comportamiento idéntico es sensible al precio, no sensible a los folletos y no muy leal a la marca ni al tamaño. Heilman y Bowman (2002) emplean datos de tres categorías relacionadas y analizan las preferencias por las marcas, la sensibilidad al precio y la dependencia del estado inicial, identificando las clases latentes mediante el análisis conjunto de la elección de las tres categorías. Sus resultados muestran que el análisis individual no facilita la toma de decisiones, así por ejemplo, encuentran que un grupo de consumidores que es altamente sensible al precio en dos categorías no presentan un único descriptor sociodemográfico que permita la identificación de dichas familias. En esta investigación nos proponemos analizar si la respuesta al precio es una característica propia de la familia, es similar en las dos categorías analizadas. En concreto, nos preguntamos si las familias que son sensibles al precio en sus compras, ¿lo son en las compras de los dos tipos de producto analizados?

3. MODELO DE INVESTIGACIÓN Para alcanzar los objetivos de este trabajo, y dentro del marco de los modelos de elección discreta de utilidad aleatoria, optamos por un modelo de mezcla finita. Si bien existen otras especificaciones para la inclusión de la heterogeneidad en los modelos de elección, como los modelos de efectos fijos o los modelos de efectos aleatorios paramétricos, los modelos de mezcla finita o modelos de efectos aleatorios semiparamétricos presentan ciertas ventajas. Profundizar al máximo en el comportamiento heterogéneo del consumidor, incluso estimando un parámetro para cada individuo, es menos eficiente que considerar segmentos de


125

consumidores con comportamientos diferenciados, así como menos práctico, sobre todo en el caso de productos en los que no se precisen estrategias de marketing directo (Wedel y Kamakura, 2000). Asimismo, imponer una función paramétrica en los efectos aleatorios puede producir errores en los parámetros estimados del modelo (Heckman y Singer, 1984). Además, en los modelos de mezcla finita los parámetros son más sencillos de estimar y son modelos que muestran un carácter integrador, ya que al agregar consumidores en segmentos homogéneos que pueden mostrar similitud en sus características demográficas, facilitarían acciones de marketing dirigidas a los mismos. La aproximación semiparamétrica2 de efectos aleatorios de Kamakura y Russell (1989) consiste en una mezcla finita de logits multinomiales, donde se asume que los consumidores son agrupados en un número finito de segmentos que son relativamente homogéneos en sus preferencias por las marcas y en su respuesta a las variables de marketing. Dicha propuesta conduce, simultáneamente, a la clasificación de los consumidores en segmentos del mercado y la estimación de logits multinomiales para cada segmento, de forma que la utilidad determinística que una alternativa produce en un individuo está condicionada a la pertenencia de éste a una clase latente concreta (Fader y Hardie, 1996). Estos modelos se basan en que los consumidores pueden ser reemplazados por un pequeño número de segmentos (Kamakura y Russell, 1989), cada uno caracterizado por un vector de preferencias medias y un parámetro que recoge la sensibilidad a cada variable de marketing presente en el entorno. Para que estos modelos sean útiles es necesario estimar los parámetros al nivel de segmentos y determinar la probabilidad de pertenencia a los segmentos de cada familia. La evidencia teórica y empírica sugiere 2

La principal diferencia entre los modelos semiparamétricos y los modelos de clases latentes o de mezcla finita es que cada punto de apoyo de los primeros puede ser interpretado como una clase latente y, similarmente, cada clase latente puede verse como un punto de apoyo. La diferencia (Baltas y Doyle, 2001) es que los modelos de clases latentes proponen un numero finito de segmentos formados por individuos homogéneos, mientras que los modelos semiparamétricos postulan una distribución continua de los gustos que se aproxima por una conjunto finito de puntos de apoyo.


126

que el número de puntos de masa requeridos para caracterizar la distribución de mezcla es, a menudo, muy pequeño. En la mayoría de las ocasiones, el número de segmentos es desconocido a priori y por tanto necesita ser inferido de los datos. En gran parte de la literatura de marketing, los modelos de mezcla finita han recibido el nombre de clases latentes, debido a las primeras aplicaciones de dichos modelos (Wedel y Kamakura, 2000), aunque estadísticamente son diferentes. El modelo de clases latentes es un caso especial de los modelos de mezcla finita, en los que la variable de respuesta es categórica (McLachlan y Peel, 2000; Vermunt, 2006). Los modelos de clases latentes se aplican, por ejemplo, en situaciones como la elección de marca, de establecimiento,…, en las que el valor 1 refleja la elección de la alternativa, y el valor 0 indica lo contrario. Los modelos de clases latentes, asimismo, permiten identificar a los segmentos según sus características sociodemográficas mediante la inclusión en el modelo de elección de variables concomitantes o covariables (Bucklin y Gupta, 1992; Gupta y Chintagunta, 1994; Bodapati y Gupta, 2005). Se trata, entonces, de modelos integradores que permiten identificar los segmentos o clases latentes de consumidores en función de sus similitudes en las preferencias por las marcas y la respuesta a las variables de marketing, mientras simultáneamente relacionan la pertenencia a los segmentos con los perfiles demográficos mostrados por los individuos. Incluso permite pronosticar a que clase pertenece un sujeto, tanto del conjunto de consumidores analizados como externo a la muestra empleada, lo que incrementa la utilidad de los resultados obtenidos por el modelo. A continuación exponemos brevemente el modelo de elección de marca de clases latentes con covariables que seguimos en este trabajo. Se parte de unos datos de compra de I individuos, donde un caso particular se indica como i. Para cada sujeto hay un conjunto de observaciones de compra Ti, donde una observación concreta se indica por t. Las Ti observaciones hacen referencia a un mismo y único individuo. El sujeto debe elegir, en cada ocasión de compra t, entre un número determinado de alternativas M de forma que m indica una alternativa de elección concreta. El valor de la variable dependiente elección para el individuo i y la observación o momento de compra t se representa por yit, y puede tomar el valor 1≤ m ≤ M


127

El modelo de regresión usado es el modelo logit condicional desarrollado por McFadden (1981), que permite medir la probabilidad de que el sujeto i seleccione la alternativa m en la observación t, dado los valores de los atributos o variables del modelo. El modelo logit condicional para las probabilidades de elección tiene la siguiente forma: P( yit = m | zit ) =

(1)

exp(Vm| z it ) M

∑ exp(V

m´=1

m´| z it

)

Siendo zit los atributos del modelo, y V el componente determinístico de la utilidad. Éste se expresa mediante una función lineal de la constante especifica de la alternativa m αm, que se interpreta como la preferencia intrínseca de los individuos por la marca m3 y los efectos de los atributos β pat , que son el precio de las distintas marcas en cada ocasión de compra y el efecto de la dependencia del estado inicial, recogida como la variable última marca comprada. Si bien este modelo permite estimar los valores de los parámetros asociados a los atributos en el caso de considerar el mercado agregado, para conseguir mayor información del mercado, podemos asumir que los sujetos pertenecen a diferentes segmentos o clases latentes que difieren con respecto a los parámetros α y β que aparecen en el modelo lineal de V. Para indicar que las probabilidades de elección dependen de la pertenencia a una clase latente, siendo K el número total de clases latentes y siendo x una clase latente concreta, el modelo toma la siguiente forma:

3 Para facilitar la identificación se asume que la suma de las preferencias intrínsecas de las alternativas es igual a cero

M

∑α m =1

m

= 0.


128

P( yit = m | x, zit ) =

(2)

exp(Vm| x , z it ) M

∑ exp(V

m´=1

m´| x , z it

)

Que muestra la probabilidad de que el individuo i en el momento t elija la alternativa m, dado que pertenece a la clase x y dados los atributos del modelo. El componente determinístico o sistemático de la utilidad de la alternativa m para el momento t, dado que el sujeto i pertenezca a la clase latente x, permite que los coeficientes de la regresión sean específicos de la clase x. Es decir, se estiman los parámetros de preferencia intrínseca por las marcas para cada segmento, así como los parámetros asociados a los atributos para cada clase. El análisis de la información obtenida por el modelo de clases latentes se enriquece con la inclusión de variables concomitantes o covariables (Kamakura et al., 1994), que en nuestra investigación, dado que las unidades muestrales son familias, son el número de compras realizadas por el individuo en el periodo analizado, la edad del ama de casa, la clase económica, el número de personas en el hogar y la presencia de niños en la familia. Mientras que los atributos pertenecen al modelo de regresión para las elecciones, las covariables se usan para pronosticar la pertenencia de los individuos a las clases. Una de las peculiaridades de los modelos de clases latentes es que es preciso determinar el número de segmentos que mejor ajusta los datos, mediante el cálculo de la verosimilitud del modelo para un número creciente de ellos hasta que la mejora del ajuste del modelo no sea significativa. En la literatura precedente se han empleado criterios de información como el Akaike Information Criterion (AIC), el Bayesian Information Criterion (BIC) o el Consistent Akaike Information Criterion (CAIC), que predicen mediante la verosimilitud y penalizan en función del número de parámetros del modelo, y que miden el ajuste y la sencillez del modelo. Si bien el BIC y el CAIC penalizan la verosimilitud más duramente que el AIC (Wedel y Kamakura, 2000) indicando un menor número de segmentos, puede que éste sea elevado. Por ello, en este trabajo empleamos el criterio AWE (peso medio de la evidencia, Average Weight of Evidence, Banfield y Raftery, 1993), que nos permite determinar el número óptimo de segmentos, cumpliendo con los objetivos de ajuste, sencillez y rendimiento de la clasificación.


129

Para obtener estimadores de los parámetros de regresión específicos de las clases, es preciso contar con múltiples observaciones de elección de los individuos, de forma que se hace necesario emplear datos con esta característica, como los datos provenientes de un panel de consumidores o de detallistas.

4. PRESENTACIÓN DE LOS DATOS Y SU DEPURACIÓN Los datos que se emplean en este trabajo provienen del panel de hogares de la empresa de investigación comercial TN Sofres. La información suministrada recoge el conjunto de observaciones de compra que realizan familias panelistas en un periodo de dos años. Las categorías analizadas son el café molido (categoría A) y el tomate frito (categoría B), y la justificación de su empleo se debe a que ambos productos han sido utilizados en numerosas investigaciones sobre el comportamiento de compra de los consumidores (Peral, 2007). En la tabla 1 se presenta el número de familias panelistas, el número de compras realizadas y el número de marcas o alternativas disponibles, para ambas categorías. Tabla 1. Datos suministrados. Categoría A Categoría B Familias panelistas

1.423

1.296

Número de compras en el periodo

24.881

20.672

Número de marcas en el mercado

88

54

Los datos del panel recogen la información sobre las compras de cada panelista (marca, momento y precio de cada marca) y las características sociodemográficas de las familias panelistas: número de compras, edad del ama de casa, clase socioeconómica, número de personas en el hogar y presencia de niños. La primera de estas variables es cuantitativa, las siguientes son ordinales (cuatro valores) y la última es nominal (tres valores). Además, para incluir la dependencia del estado inicial en el modelo, optamos por la inclusión de la última marca comprada (Bucklin y Gupta, 1992; Allenby y Lenk, 1994,1995; Bronnenberg y Vanhonacker, 1996; Roy et al., 1996; Gupta et al., 1997;


130

Chintagunta, 1998; Seetharaman, 1998; Chiang et al., 1999; Seetharaman et al., 1999; Böckenholt y Dillon, 2000; Heilman y Bowman, 2002; Gázquez y Sánchez, 2006a, 2006b), por lo que se generó una variable para identificar qué marca fue comprada en la ocasión anterior. El procedimiento seguido para depurar los datos a emplear consistió en: En un primer momento, partiendo de las compras totales recogidas en el panel, hallamos la cuota de mercado de las marcas, de forma que elegimos aquellas con mayor participación. Se determinaron, para cada categoría, las marcas que presentaban una cuota de mercado conjunta superior al 75%, como proponen Gonul y Srinivasan (1993), Rossi y Allenby (1993), Gupta y Chintagunta (1994), Kim et al. (1995), Gupta et al. (1996), Kamakura et al. (1996), Rossi et al. (1996), Mela et al. (1997), Bucklin et al. (1998), Ainslie y Rossi (1998), Allenby et al. (1998), Ailawadi et al. (1999), Chintagunta (1999), Jedidi et al. (1999), Seetharaman et al. (1999), Bell y Lattin (2000), Seetharaman (2004) o Klapper et al. (2005), entre otros. Asimismo, se seleccionó el tamaño y forma de la categoría de producto más comprado, y se condujo el análisis a nivel de marca, como recomiendan Andrews y Currim (2005), cuando existan demasiadas referencias o éstas varíen en múltiples características. El número de marcas seleccionadas es ocho para la categoría de café y seis para la categoría de tomate frito. A continuación, optamos por la selección de familia, como proponen Chintagunta (1992), Allenby y Lenk (1994), Chintagunta (1994), Gupta et al., (1996), Papatla (1996), Chintagunta y Prasad (1998), Ailawadi et al. (1999) o Seetharaman (2003), es decir, identificamos a aquellos panelistas que sólo realizan compras entre las marcas anteriormente seleccionadas. A estos panelistas se les determinó el número de compras que realizan, para eliminar aquellas familias que compran una o dos veces en el periodo. La utilidad de escoger sólo a familias con un cierto conjunto de compras es que los comportamientos de compra pueden ser más homogéneos que los presentados por el total de la población (Gupta, 1991). Además los panelistas eliminados explican un bajo porcentaje del volumen de ventas, de forma que se puede admitir que las familias seleccionadas constituyen el público objetivo y que además pueden tener un mayor conocimiento sobre las características de las marcas y los precios regulares (Kim y Rossi, 1994; Allenby y Lenk, 1995).


131

Las observaciones de compra de las familias que compran tres o más veces se utilizan para establecer la marca que adquieren en la ocasión de compra inmediatamente anterior. Dado que no contamos con un historial de compra que permita conocer la marca adquirida en el momento inicial, se prescinde de la primera observación de compra de todos esos panelistas, asumiendo que las condiciones iniciales son fijas (Degeratu, 1999). Esto conduce a utilizar la información sobre las familias que compran cuatro o más veces en el periodo, en cada categoría. Los resultados de este proceso se muestran en la tabla 2; procedemos a analizar el comportamiento de elección de marca de 704 familias en la categoría A y de 875 familias en la categoría B. Tabla 2. Datos analizados Categoría A Categoría B Familias panelistas

704

875

Número de compras en el periodo

11.828

15.513

Número de marcas en el mercado

8

6

Finalmente, el programa utilizado para aplicar el modelo es el Latent Gold Choice 4.04, que permite expresamente el análisis de modelos de clases latentes o modelos de mezcla finita, captando la heterogeneidad en la población objeto de estudio, mediante la determinación de los segmentos de clases latentes en los que puede ser dividida ésta en función del comportamiento de elección. La estimación de los parámetros del modelo se realiza por máxima verosimilitud (ML) y por métodos de la moda posterior (PM) (Vermunt y Madigson, 2005) y los algoritmos usados son EM (Expectation-Maximization) y Newton-Raphson.

5. RESULTADOS Y DISCUSIÓN Comentamos los resultados de la aplicación del modelo de clases latentes a los datos seleccionados. Tras la determinación del criterio de información AWE, el número de clases latentes para la 4

http://www.statisticalinnovations.com/products/choice.html


132

primera categoría es seis y para la segunda es cinco. Los resultados de los estadísticos del modelo se muestran en la tabla 3, indicando la bondad del ajuste así como el éxito de la clasificación de los panelistas en clases latentes y su capacidad en predecir las elecciones de las familias. Tabla 3. Estadísticos del modelo para ambas categorías Nº de clases latentes (según AWE)

CATEGORÍA CAFÉ

CATEGORÍA TOMATE

6

5

LL

-5677.542

-11792.83

AWE

13381.866

25295.558

61.44%

47.73%

R2 Nº parámetros

119

87

Ratio de éxito de la clasificación

90%

90.5%

80.31%

70.37%

Ratio de éxito en la predicción de las elecciones

Para ambas categorías de producto, las variables incluidas en el modelo, esto es, las preferencias intrínsecas por las marcas, el precio y la dependencia del estado inicial mediante la consideración de la última marca comprada, son significativos (estadístico de Wald), es decir, tienen efectos en la variable dependiente elección. Además, los parámetros estimados son diferentes para cada clase, de forma que producen diferencias estadísticamente significativas entre segmentos según el estadístico de Wald=. Los parámetros estimados de cada atributo nos permiten descubrir cómo es el comportamiento de elección de las familias incluidas en cada clase latente5. Como resumen de la información obtenida de los parámetros estimados, presentamos la importancia relativa de cada variable en la elección, que indica cuál es la que tiene mayor efecto en la elección de marca (tablas 4 y 5). Si bien el precio se configura como la variable más importante para las clases latentes en la categoría de tomate frito, en la categoría de café, vemos como tres de los seis segmentos están más influidos en sus elecciones por los otros dos atributos.

5 Por cuestiones de espacio, no reproducimos las tablas en las que se presentan los parámetros de estimados de las variables para las clases latentes, de ambas categorías


133

Tabla 4. Importancia relativa de los atributos en la elección de café. 1

2

3

4

5

6

Marca

Clases

0,244

0,562

0,234

0,313

0,560

0,376

Precio

0,705

0,382

0,736

0,278

0,390

0,591

Ultima marca

0,052

0,056

0,030

0,510

0,050

0,033

En sombreado aparecen las importancias relativas superiores a 0.5 por segmentos

Tabla 5. Importancia relativa de los atributos en la elección de tomate frito. Clases

1

2

3

4

5

Marca

0,117

0,407

0,050

0,193

0,182

Precio

0,867

0,445

0,899

0,717

0,787

Ultima marca

0,017

0,148

0,051

0,090

0,031

En sombreado aparecen las importancias relativas superiores a 0.5 por segmentos

El análisis de las características sociodemográficas6 de las clases latentes encontradas en la categoría del café indica que las más sensibles al precio son las familias más numerosas (clases 3 y 6) o las que menos frecuencia de compra tienen (clase 1) en el periodo considerado. El caso contrario sucede en las familias que le dan mayor importancia a la marca a la hora de tomar una decisión de compra, dado que son las familias con menor número de personas en el hogar (clase 2) o las que compran más a menudo (clase 5). Y finalmente las familias que reflejan mayor rutina en sus elecciones son grandes compradoras del producto y pertenecen a la clase socioeconómica más alta (clase 4). Respecto a la categoría del tomate, todas las clases latentes dan mayor importancia al precio en su elección de marca, pero las más sensibles a éste son las familias más numerosas y que pertenecen a la clase socioeconómica más baja (clase 3). En cuanto a la clase latente 2, que revela una importancia relativa por la marca considerable (40.7%) agrupa a las familias que menos compran la categoría de producto. Una vez resumidos algunos de los resultados del modelo de elección mediante clases latentes, pasamos a estudiar la cuestión de investigación propuesta en este trabajo, que pretende analizar si la elección de compra de una familia refleja comportamientos o Por cuestiones de espacio, no reproducimos las tablas en las que se presentan los perfiles de las covariables para las clases latentes, de ambas categorías. 6


134

efectos similares para el atributo precio, independientemente de que categoría de producto adquiere. La definición de cada segmento como sensible o insensible al precio, dentro de cada categoría, está en función de los valores estimados de los parámetros tras la aplicación del modelo de clases latentes. Contamos con datos de compra de 518 familias que adquieren ambas categorías en el periodo considerado. Empleamos la prueba chi-cuadrado de Pearson, de forma que una significación igual o inferior a 0.05 indica que hay relación entre exhibir el comportamiento objeto de estudio en una categoría y en la otra. El cruce para ambas categorías se muestra en la tabla 6. Tabla 6. Tabla de contingencia de los panelistas insensibles al precio en cada categoría Categoría A Insensible

precio

al precio

Total

142

110

252

Frec.esperada

121,1

130,9

252

% del total

27,4%

21,2%

48,6%

107

159

266

Frec.esperada

127,9

138,1

266

% del total

20,7%

30,7%

51,4%

249

269

518

48,1%

51,9%

100,0%

Recuento Sensible

Sensible al

al precio Categoría B

Recuento Insensible al precio

Total

Recuento % del total

De 518 panelistas que adquieren las dos categorías, el 30.7% son insensibles al precio en ambas categorías. La sensibilidad al precio en una categoría está relacionada con el mismo comportamiento en la otra categoría ya que sus porcentajes son mayores (57 y 56%) que si se es sensible en una categoría y no sensible en otra (43 y 43.6%). Igualmente, la insensibilidad es consistente en las familias, ya que los porcentajes de insensibilidad al precio en una categoría son mayores si se es insensible en la otra categoría (59.1% en la categoría A y el 59.8% en la B) que si se es sensible al precio (43% y 43.7%, respectivamente). Así, la prueba chi-cuadrado (valor= 13.477, sig.=.000) indica que existe relación estadísticamente significativa en la sensibilidad al precio en ambas categorías.


135

6. CONCLUSIONES En este trabajo examinamos el comportamiento de elección de marca de familias que adquieren dos productos de compra frecuente, respecto a su sensibilidad al precio. La aplicación de un modelo de mezcla finita de logits multinomial nos permite clasificar a los panelistas en segmentos, así como determinar cual es el efecto que los atributos del modelo tienen sobre su comportamiento de elección. Así, el precio se revela como el factor más influyente en la elección de marca, aunque el modelo de clases latentes nos permite descubrir que hay ciertos grupos de panelistas, fundamentalmente en la categoría del café, que toman sus decisiones de compra influidos por las preferencias por las marcas y por la influencia de la dependencia del estado inicial. Asimismo, y gracias a la inclusión de covariables en el modelo, podemos identificar que familias se comportan de una u otra manera. La utilidad del estudio radica en descubrir si la sensibilidad al precio es común en las familias, independientemente de la categoría que se compre, ya que dicha información puede ser relevante para la toma de decisiones de marketing más adecuadas, tanto a nivel detallista como fabricante. Los resultados obtenidos indican que, respecto a las dos categorías analizadas y de forma estadísticamente significativa, las familias que son sensibles al precio en una categoría también manifiestan dicho comportamiento en el otro producto. Es decir, este comportamiento es un rasgo propio de las familias, al menos al considerar estos dos productos. Este hecho facilitaría la toma de decisiones de los gerentes, así como permitiría incrementar la rentabilidad de las marcas, realizando descuentos especiales para ciertos conjuntos de consumidores, sabiendo su probable respuesta. Respecto a los fabricantes de este tipo de categorías, la preocupación por la calidad o la innovación en sus marcas podría pasar a un segundo plano cuando dirijan sus productos a segmentos sensibles al precio. Incluso, respecto a categorías complementarias (Duvvuri et al., 2007) que se presentan con la misma marca, el fabricante debería analizar la utilización de promociones de precio conjuntas, para aumentar las ventas de


136

categorías relacionadas, por su compra o consumo conjunto (como detergente y suavizante de ropa, por ejemplo). Las limitaciones de este estudio son las siguientes: en primer lugar, disponemos de la información sobre las compras de únicamente dos productos de compra frecuente. Segundo, se ha empleado la información de un panel de consumidores y por tanto sólo hemos empleado las variables disponibles en dicho panel. Estas limitaciones indican las futuras líneas de investigación: así quisiéramos ampliar esta investigación con otros productos, tanto de compra habitual, analizando su complementariedad, el empleo de marcas comunes en distintas categorías (como en el caso de marcas de distribuidor), o las características propias de las categorías (tamaño o formato, caducidad,…) como de otro tipo de productos. Igualmente, algunos autores (Gupta et al., 1996) comparan los resultados obtenidos de paneles de consumidores y de datos agregados de establecimientos. Y finalmente, se podría analizar si la respuesta a otras variables de marketing como promociones y sus distintos tipos (pecuniarias, hedónicas, presentaciones especiales en el punto de venta, …) son similares en distintas categorías.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Ailawadi, K.L., Gedenk, K. y Neslin, S.A. (1999), “Heterogeneity and purchase event feedback in choice models: An empirical analysis with implications for model building, International Journal of Research in Marketing, 16, pp. 177-198. Ainslie, A. (1998), Similarities and differences in brand purchase behaviour across categories, tesis no publicada, Universidad de Chicago. Ainslie, A. y Rossi, P.E. (1998), “Similarities in choice behavior across product categories”, Marketing Science, 17, 2, pp. 91-106. Allenby, G.M y Lenk, P.J. (1995), “Reassessing brand loyalty, price sensitivity and merchandising effects on consumer brand choice”, Journal of Business & Economic Statistics, 13, 3, pp. 281290. Allenby, G.M. y Lenk, P.J. (1994), “Modeling household purchase behavior with logistic regression”, Journal of the American Statistical Association, 89, 428, diciembre, pp. 1218-1231. Allenby, G.M., Arora, N. y Ginter, J.L. (1998), “On the heterogeneity of demand”, Journal of Marketing Research, 35, agosto, pp. 384-389 Andrews, R.L. y Currim, I.S. (2002), “Identifying segments with identical choice behaviors across product categories: An intercategory logit mixture model”, International Journal of Research in Marketing, 19, pp. 65-79. Andrews, R.L. y Currim, I.S. (2005), “An experimental investigation of scanner data preparation strategies for consumer choice models”, International Journal of Research in Marketing, septiembre, 22, 3, pp. 319-331. Baltas, G. y Doyle, P. (2001), “Random utility models in marketing research: a survey”, Journal of Business Research, 51, p. 115-125.


137

Banfield, J.D. y Raftery, A.E. (1993), “Model-based Gaussian and non-Gaussian clustering”, Biometrics, 49, pp. 803-821. Bell, D.R. y Lattin, J.M. (2000), “Looking for loss aversion in scanner panel data: The confounding of price response heterogeneity”, Marketing Science, 19, 2, primavera, pp. 185-200. Böckenholt, U. y Dillon, W.R. (2000), “Inferring latent brand dependencies”, Journal of Marketing Research, 37, febrero, pp. 72-87. Bronneberg, B.J. y VanHonacker, W.R. (1996), “Limited choice sets, local price response and implied measures of price competition”, Journal of Marketing Research, 33, pp. 163-173. Bucklin, R.E. y Gupta, S. (1992), “Brand choice, purchase incidence, and segmentation: an integrated modeling approach”, Journal of Marketing Research, 29, mayo, pp. 201-215. Bucklin, R.E., Gupta, S. y Siddarth, S. (1998), “Determining segmentation in sales response across consumer purchase behaviors”, Journal of Marketing Research, 35, mayo, pp. 189-197. Chiang, J., Chib, S. y Narasimhan, C. (1999), “Markov Chain Monte Carlo and models of consideration set and parameter heterogeneity”, Journal of Econometrics, 89, pp. 223-248. Chintagunta, P.K. (1992), “Heterogeneity in nested logit models: an estimation approach and empirical results”, International Journal of Research in Marketing, 9, pp. 161-175. Chintagunta, P.K. (1994), “Heterogeneous logit model implications for brand positioning”, Journal of Marketing Research, 31, mayo, pp. 304-311. Chintagunta, P.K. (1998), “Inertia and variety seeking in a model of brand purchase timing”, Marketing Science, 17, 3, pp. 253-270. Chintagunta, P.K. (1999), “Variety seeking purchase timing and the Lightning Bolt brand choice model”, Management Science, 45, 4, abril, pp. 486-498. Chintagunta, P.K. y Honore, B.E. (1996), “Investigating the effects of marketing variables and unobserved heterogeneity in a multinomial probit model”, International Journal of Research in Marketing, 13, 1, febrero, pp. 1-15. Chintagunta, P.K. y Prasad, A.R. (1998), “An empirical investigation of the “dynamic McFadden” model of purchase timing and brand choice: Implications for market structure”, Journal of Business & Economic Statistics, enero, 16, 1, pp. 2-12. Degeratu, A.M. (1999), “Estimation bias in choice models with last choice feedback”, International Journal of Research in Marketing, 16, 4, diciembre, pp. 285-306. Degeratu, A.M. (2001), “A simple way to reduce estimation bias in some dynamic choice models”, Marketing Letters, agosto, 12, 3, pp. 271-278. Duvvuri, S.D., Ansari, A. y Gupta, S. (2007), “Consumers´ price sensitivities across complementary categories”, Managemente Science, 53, 2, pp. 1933-1945. Fader, P.S. y Hardie, B.G.S. (1996), “Modeling consumer choice among skus”, Journal of Marketing Research, 32, noviembre, pp. 442-452. Gázquez, J.C. y Sánchez, M. (2006a), “¿El poder de una marca depende de su cuota de mercado?: El papel moderador de las preferencias intrínsecas del consumidor”, Actas del XVIII Encuentros de Profesores de Marketing, Almería, pp. 613-627. Gázquez, J.C. y Sánchez, M. (2006b), “Asimetría competitiva y competencia entre marcas: Análisis a través de modelos logit”, Revista Española de Investigación de Marketing, septiembre, 10 (18), pp. 61-90. Gonul, F. y Srinivasan, K. (1993), “Modeling multiple sources of heterogeneity in multinomial logit models: Methodological and managerial issues”, Marketing Science, 12, 3, verano, pp. 213-229. Guadagni, P.M. y Little, J.D.C. (1983), “A logit model of brand choice calibrated on scanner data”, Marketing Science, 2, verano, pp. 203-238. Gupta, S. y Chintagunta, P.K. (1994), “On using demographic variables to determine segment membership in logit mixture models”, Journal of Marketing Research, 31, febrero, pp. 128-136. Gupta, S., Chintagunta, P., Kaul, A. y Wittink, D.R. (1996), “Do household scanner data provide representative inferences from brand choices: A comparison with store data”, Journal of Marketing Research, 33, noviembre, pp. 383-398. Gupta, S., Chintagunta, P.K. y Wittink, D.R. (1997), “Household heterogeneity and state dependence in a model of purchase strings: Empirical results and managerial implications”, International Journal of Research in Marketing, 14, pp. 341- 357. Hansen, K., Singh, V. y Chintagunta, P. (2006), “Understanding store-brand purchase behavior across categories”, Marketing Science, 25, 1, pp.75-90.


138 Heilman, C.M. y Bowman, D. (2002), “Segmenting consumers using multiple-category purchase data”, International Journal of Research in Marketing, 19, pp. 225-252. Howard, J.A y Sheth, J.N. (1969), The theory of buyer behavior, John Wiley & Sons. Iyengar, R.A., Ansari, S. y Gupta, S. (2003), “Leveraging information across categories”, Quantitative Marketing and Economics, 1, 4, pp. 425-465. Jedidi, K., Mela, C.F. y Gupta, S. (1999), “Managing advertising and promotion for long-run profitability”, Marketing Science, 18, 1, pp. 1-22. Kamakura, W. y Russell, G. (1989), “A probabilistic choice model for market segmentation and elasticity structure”, Journal of Marketing Research, 26, noviembre, pp. 379- 390. Kamakura, W.A., Kim, B. y Lee, J. (1996), “Modeling preference and structural heterogeneity in consumer choice”, Marketing Science, 15, 2, pp. 152-172. Kamakura, W.A., Wedel, M. y Agrawal, J. (1994), “A variable latent class models for conjoint analysis”, International Journal of Research in Marketing, 11, 5, pp. 451-465 Kim, B. y Rossi, P.E. (1994), “Purchase frequency, sample selection and price sensitivity: the heavy user bias”, Marketing Letters, 5, pp. 57-68. Kim, B., Blattberg, R.C. y Rossi, P.E. (1995), “Modeling the distribution of price sensitivity and implications for optimal retail pricing”, Journal of Business & Economic Statistics, julio, 13, 3, pp. 291-304. Kim, B., Srinivasan, K. y Wilcox, R.T. (1999), “Identifying price sensitive consumers: The relative merits of demographic versus purchase pattern information”, Journal of Retailing, 75, 2, pp. 173193. Klapper, D., Ebling, C. y Temme, J. (2005), “Another look at loss aversion in brand choice data: Can we characterize the loss averse consumer?”, International Journal of Research in Marketing, 22, pp. 239-254. Lattin, J.M. y Bucklin, R.E. (1989), “Reference effects of price and promotion on brand choice behavior”, Journal of Marketing Research, 26, agosto, pp.299-310. Manchanda, P, Ansari, A. y Gupta, S. (1999), “The shopping basket: a model for multicategory purchase incidence decisions”, Marketing Science, 18, 2, pp. 95-114. McFadden, D. (1981), “Econometric models of probabilistic choice”, en Manski y McFadden (eds) Structural Analysis of Discrete Data with Econometric Applications, MIT Press. McLachlan, G.J. y Peel, D. (2000), Finite Mixture Models, New York, John Wiley &Sons. Mela, C.F., Gupta, S. y Lehman, D.R. (1997), “The long term impact of promotion and adevertising on consumer brand choice”, Journal of Marketing Research, 34, mayo, pp. 248-261. Metha, N. (2007), “Investigating consumers´ purchase incidence and brand choice decisions across multiple product categories: A theorical and empirical analysis”, Marketing Science, 26, 2, marzo-abril, pp. 196-217. Moshkin, N.V. y Shachar, R. (2002), “The asymmetric information model of state dependence”, Marketing Science, 21, 4, otoño, pp.435-454. Papatla, P. (1996), “A multiplicative fixed effects model of consumer choice”, Marketing Science, 15,3, pp.243-261. Peral, B. (2007), Análisis del comportamiento de compra del consumidor: Una investigación mediante modelos de efectos aleatorios semiparamétricos, tesis no publicada, Universidad de Sevilla. Rondán, F.J.(2004), “Precio versus lealtad hacia la marca en la elección de compra”, Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 10, 1, pp. 165-188. Rossi, P.E. y Allenby, G.M. (1993), “A bayesian approach to estimating household parameters”, Journal of Marketing Research, 30, mayo, pp. 171-192. Rossi, P.E., McCulloch, R.E. y Allenby, G.M. (1996), “The value of purchase history data in target marketing”, Marketing Science, 15, 4, pp. 321-340. Roy, R.,Chintagunta, P.K. y Haldar, S. (1996), “A framework for investigating habits, `the hand of past´, and heterogeneity in dynamic brand choice”, Marketing Science, 15, 3, pp. 280-299. Russell, G.J. y Kamakura, W.A. (1997), “Modeling multiple category brand preference with household basket data”, Journal of Retailing, 73, 4, pp. 439-462. Russell, G.J. y Petersen, A. (2000), “Analysis of cross category dependence in market basket selection”, Journal of Retailing, 73, invierno, pp. 439-461. Seetharaman, P. B. (1998), Essays on Dynamic Choice Behavior, tesis no publicada, Universidad de Cornell. Seetharaman, P.B. (2003), “Probabilistic versus random-utility of state dependence: an empirical comparison”, International Journal of Research in Marketing, 20, pp. 87-96.


139

Seetharaman, P.B. (2004), “Modeling multiple sources of state dependence in random utility models: A distributed lag approach”, Marketing Science, primavera, 23, 2, pp. 263-271. Seetharaman, P.B. y Chintagunta,P.K (1998), “A model of inertia and variety-seeking with marketing variables”, International Journal of Research in Marketing, 15, pp. 1-17. Seetharaman, P.B., Ainslie, A. y Chintagunta,P.K. (1999), “Investigating household state dependence effects across categories”, Journal of Marketing Research, 36, noviembre, pp. 448500. Seetharaman, P.B., Chib, S., Ainslie, A., Boatwright, P., Chan, T., Gupta, S., Mehta, N., Rao, V. y Strijnev, A., (2005), “Models of multi-category choice behaviour”, Marketing Letters, 16, 3-4, pp. 239-254. Singh, V.P., Hansen, K.T. y Gupta, S. (2005), “Modeling preferences for common attributes in multicategory brand choice”, Journal of Marketing Research, 42, mayo, pp. 195-209. Song, I. y Chintagunta, P.K. (2007), “A discrete-continuous model for multicategory purchase behaviour of hoseholds”, Journal of Marketing Research, 44, noviembre, pp. 595-612. Vermunt, J.K. (2006), “Latent class and finite mixture models for multilevel data sets”, Tilburg University. (http://spitswww.uvt.nl/~vermunt/smmr2006.pdf). Vermunt, J.K. y Magidson, J. (2005), Latent Gold Choice 4.0. User´s Manual, Statistical Innovations Inc. Wedel, M. y Kamakura, W. (2000), Market Segmentation. Conceptual and Methodological Foundations, 2ºª edición, Boston: Kluwer Academic Publishers.



141

IDENTIFICACIÓN Y ANÁLISIS DEL PERFORMANCE DE LOS GRUPOS ESTRATÉGICOS EN EL SISTEMA DE FRANQUICIA ESPAÑOL: UNA PERSPECTIVA MULTISECTORIAL IDENTIFICATION AND PERFORMANCE ANALYSIS OF STRATEGIC GROUPS IN SPANISH FRANCHISING: A MULTI-SECTOR PERSPECTIVE IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DA PERFORMANCE DOS GRUPOS ESTRATÉGICOS NO SISTEMA DE FRANQUIA ESPANHOL: UMA PERSPECTIVA MULTISSECTORIAL Carlos Javier Rodríguez Rad *(crodri@us.es) Antonio Navarro García ** (anavarro@us.es) Enrique Carlos Díez de Castro *** (enriquediez@us.es) Francisco Javier Rondán Cataluña **** (rondan@us.es)

RESUMEN El objetivo del presente trabajo consiste en demostrar la existencia de grupos estratégicos en el sistema de franquicia español, así como su repercusión sobre los rendimientos empresariales y todo ello desde una perspectiva multisectorial, la cual no ha sido tenida en cuenta en trabajos previos. Para ello, se ha dividido a las cadenas de franquicia, un total de 664, en los tres grandes sectores que propone la Asociación Española de Franquiciadores: comercio minorista, servicios y, hostelería y restauración. Los análisis efectuados confirman la existencia de grupos estratégicos en los tres sectores considerados, cuyo número y perfil varía en función del sector al que pertenece el franquiciador. Además, se demuestra como los resultados empresariales son distintos dependiendo de la naturaleza estratégica de cada grupo identificado y del sector en el que se compite. Palabras Clave: empresariales

Franquicia,

franquiciadores,

grupos

estratégicos,

resultados


142

ABSTRACT The objective of this study is to demonstrate the existence of strategic groups in the Spanish franchising system, as well as the repercussion on the performance of franchisors from a multi-sector perspective, which has not been considered in previous studies. To do so, the 664 franchising chains have been divided into the three great sectors proposed by the Spanish Association of Franchisors: retailing, services, and hotels and restaurants. The analyses conducted confirm the existence of strategic groups in these three sectors, whose number and profile vary according to sector. It is further demonstrated that a firm’s performance differs according to the strategic nature of each identified group and the sector in which it competes. Keywords: Franchising, franchisors, strategic groups, performance.

RESUMO O objectivo do presente trabalho consiste em demonstrar a existência de grupos estratégicos no sistema de Franquia Espanhol, assim como a sua repercussão sobre os rendimentos empresariais e tudo isto numa perspectiva multissectorial, a qual não foi tida em conta em trabalhos prévios. Para tal, dividiram-se as cadeias de Franquias, um total de 664, nos três grandes sectores que propõe a Associação Espanhola de Franqueadores: comércio retalhista, serviços e, hotelaria e restauração. As análises efectuadas confirmam a existência de grupos estratégicos nos três sectores considerados, cujo número e perfil variam em função do sector a que pertence o Franqueador. Além disso, demonstra-se como os resultados empresariais são distintos dependendo da natureza estratégica de cada grupo identificado e do sector em que se compete. Palavras-Chave: empresariais.

Franquia,

franqueadores,

grupos

estratégicos,

resultados


143

* Dr. Carlos Javier Rodríguez Rad, Profesor Titular de Universidad en el Área de Marketing, Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales (Departamento de Administración de Empresas y Marketing). Avda. Ramón y Cajal, nº 1, 41018 Sevilla. Universidad de Sevilla ** Dr. Antonio Navarro García, Profesor Titular de Escuela Universitaria del Área de Marketing, Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales (Departamento de Administración de Empresas y Marketing). Avda. Ramón y Cajal, nº 1, 41018 Sevilla. Universidad de Sevilla. *** Dr. Enrique Carlos Díez de Castro, Catedrático de Universidad del Área de Marketing, Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales (Departamento de Administración de Empresas y Marketing). Avda. Ramón y Cajal, nº 1, 41018 Sevilla. Universidad de Sevilla. **** Dr. Francisco Javier Rondán Cataluña, Profesor Contratado Doctor del Área de Marketing, Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales (Departamento de Administración de Empresas y Marketing). Avda. Ramón y Cajal, nº 1, 41018 Sevilla. Universidad de Sevilla.


144

1. INTRODUCCIÓN No cabe duda que la franquicia es uno de los canales de comercialización de mayor desarrollo actual y de grandes perspectivas para el futuro, contribuyendo de una forma decisiva a la modernización de las estructuras comerciales de cualquier país (Díez, Navarro y Rondán, 2005). Además, es una de las formas de comercio que cuenta con un mayor apoyo social por su importante contribución a la creación de empleo y al incremento del tejido empresarial, especialmente en el ámbito de las pymes. Por ejemplo, en España, según el Libro Oficial de la Asociación Española de Franquiciadores –AEF- (Franquicias 2008), la franquicia representa en torno al 10% del total de empresas del comercio minorista, llegando al 15% si se toma el volumen facturación. Además, la tasa media anual de incremento del empleo es del 4%, superando las 225.000 personas, entre empleos directos e indirectos. De forma paralela a su avance en el ámbito económico, también se ha incrementado de forma notable el interés de la comunidad científica por la investigación sobre la franquicia (Elango y Fried, 1997), estableciéndose cuatro grandes líneas de investigación (Díez y Rondán, 2004): 1. Razones sociales de la franquicia, 2. Investigaciones sobre el franquiciador, 3. Investigaciones sobre el franquiciado y 4. Relación franquiciadorfranquiciado. Dentro de la línea de investigación centrada en el franquiciador, uno de los temas que mayor interés ha despertado en los investigadores ha sido el relacionado con la expansión del negocio franquiciado y con el desarrollo de comportamientos estratégicos (Shane, et. al., 2006). Precisamente, este último campo constituye el epicentro de la presente investigación. Más concretamente, se pretende analizar la relación entre comportamientos estratégicos y resultados empresariales en el ámbito de la franquicia, aunque desde una óptica muy diferente a la adoptada en trabajos previos (Carney y Gedajlovic, 1991; Castrogiovanni et al., 1995; López y Ventura, 2001; Inma y Debowski, 2006, Johnson y Alon, 2006) los cuales han considerado a la franquicia como un único sector, sin tener en cuenta su estructura multisectorial, siendo ésta una de las principales aportaciones de la presente investigación. En este contexto, se pretenden lograr los siguientes objetivos:


145

1. Identificar y analizar, desde una perspectiva estratégica, la posible existencia de grupos o arquetipos de franquiciadores en el sistema de franquicia español, discriminando en función del sector empresarial. 2. Estudiar si los diferentes comportamientos estratégicos desarrollados por los distintos grupos de franquiciadores influyen en los resultados empresariales. Para lograr los objetivos propuestos, el presente trabajo se ha estructurado en cuatro apartados. En primer lugar, se establece el marco teórico de la investigación realizando un recorrido por la literatura sobre grupos estratégicos, tanto la general como la centrada en el ámbito de la franquicia. La delimitación del marco teórico permitirá establecer las distintas hipótesis de la investigación, bajo la consideración de la estructura multisectorial (comercio minorista, servicios, hostelería y restauración) de la franquicia. En segundo lugar, se define la metodología de la investigación a través de la cual se establecen las dimensiones estratégicas y las variables operativas que se emplearán en la identificación de grupos estratégicos, según el sector, en el sistema de franquicia español. La metodología de la investigación permitirá exponer los pasos seguidos en la obtención de la información y las herramientas estadísticas empleadas en el análisis de datos. En tercer lugar, definida la metodología, se ofrecerán los resultados obtenidos, así como la discusión de los mismos. Finalmente, se aportarán una serie de conclusiones e implicaciones para la gestión, así como las limitaciones y futuras líneas de investigación.

2. MARCO TEÓRICO E HIPÓTESIS DE LA INVESTIGACIÓN El término grupo estratégico fue introducido hace cuatro décadas por Hunt (1972), y tal como indican Hervás, et al. (2006) rápidamente tomó fuerza con los trabajos pioneros de Hatten (1974), Caves y Porter (1977), Hatten y Schendel (1977) y Porter (1979). Un grupo estratégico puede definirse como aquél conjunto de empresas que dentro de un sector de actividad o industria desarrollan una estrategia similar a partir de una serie de


146

dimensiones estratégicas (Porter, 1979). Ello no significa que deban tener idénticos resultados (Combs, et al., 2004), pues pueden diferir en cuanto a los recursos, habilidades o capacidades poseídas (Thomas y Carroll, 1994; Mcnamara, et al., 2003). Tabla 1. Identificación de grupos estratégicos Sector de actividad

Trabajos publicados con datos de España

Aerolíneas

Trabajos publicados con datos de otros países Pegels et al. (2000)

Bancario

Zúñiga, et al. (2004) García, et al. (2001) Más (1994; 1996; 1998)

Céspedes (1996) Más y Gómez (1993) Espitia et al. (1991)

McNamara et al. (2002; 2003) Reger y Huff (1993)

Comercio minorista

Flavian et al. (2002) Barroso et al. (2001) Flavián y Polo (2001) Muñiz et al. (2001)

Muñiz (1998) Iglesias (1997) García y Rodríguez (1996)

Lewis y Thomas (1990)

Claver, et al. (2002; 2003) González (2002)

Sáez (2000)

Construcción Cosmética

Bigné, et al. (2000) Osborne et al (2001) Cool y Dierickx (1993) Cool y Schendel (1987)

Farmacéutic o Mueble

Hodgkinson (1997) Mascareñas y Aaker (1989)

Miquel, et al. (1998) Nath y Gruca (1997) Nath y Sudharshan (1994)

Hospitalario Hotelero

Baum y Mezias (1992)

Industria del acero

Nair y Filer (2003) Nair y Khota (2001)

Oleícola

Pelayo y Vargas (2004) Fergurson et al (2000) Fiegenbaum y Thomas (1990; 1993 y 1995)

Seguros Textil

García y Rodríguez (1996)

Porac et al. (1995)

Varios sectores

González y Ventura (2002)

Calori et al (1994) Lawless y Tagarden (1991)

Fuente: Elaboración propia

Los grupos estratégicos definen los arquetipos empresariales en el sector de actividad y permiten explicar la posición competitiva de cada empresa del sector en relación a sus competidores. Por tanto, el estudio y análisis de los grupos estratégicos en un sector empresarial ayuda a comprender su estructura, así como la dinámica de la competencia y la propia evolución del sector (Barroso, et al., 2001). En este contexto, amplio


147

ha sido el desarrollo de la línea de investigación relacionada con la identificación y análisis de arquetipos empresariales (grupos estratégicos) y ello tanto en el ámbito de España como internacional (tabla 1). Tabla 2. Identificación de grupos estratégicos en la franquicia Autores Carney y Gedajlovic (1991)

País Canadá

Muestra 128 franquiciadores

Metodología Análisis factorial de componentes principales

Castrogiovanni, Bennett y Combs (1995)

Estados Unidos

717 franquiciadores

Análisis factorial de componentes principales

López y Ventura (2001)

España

228 franquiciadores

Análisis factorial de componentes principales

Inma y Debowski (2006)

Australia

91 franquiciadores

Análisis cluster

Johnson y Alon (2006)

Estados Unidos

261 franquiciadores

Análisis cluster

Navarro, Díez y Rondán (2006)

Portugal

128 franquiciadores

Análisis factorial de componentes principales

Rondán, Navarro y Díez (2007)

España

140 franquiciadores

Análisis factorial de componentes principales

Grupos identificados 1. Franquiciadores de rápido crecimiento 2. Franquiciadores conservadores y caros 3. Franquiciadores reconvertidos 4. Franquiciadores maduros 5. Franquicias no exitosas Se identifican cinco grupos. Tres de ellos coinciden respectivamente con los de rápido crecimiento, reconvertidos y maduros de Carney y Gedajlovic (1991). Los otros dos grupos presentan distinta naturaleza 1. Franquicias estandarizables 2. Emergentes 3. Tradicionales 4. Internacionales 5. No exitosas 1. Principiantes 2. Franquicias en desarrollo 3. Franquicias en expansión 4. Franquicias maduras 1. Confederadas 2. Franquicias maduras 3. Innovadoras 1. Grandes franquicias, caras y larga duración de los contratos 2. Franquicias de elevada experiencia (consolidadas) 3. Enseñas con elevada confianza en la franquicia 4. Franquicias maduras y centradas en el mercado doméstico 5. Franquicias con mayores royalties 1. Franquicias caras 2. Franquicias reconvertidas 3. Franquicias maduras 4. Franquicias de rápido crecimiento

Fuente: Elaboración propia

También en el contexto de la franquicia se ha estudiado la existencia de grupos de franquiciadores que, desde una perspectiva estratégica, desarrollen comportamientos competitivos similares en el logro de sus objetivos empresariales. Así, desde el trabajo pionero de Carney y Gedajlovic (1991), en el que se identificaron cinco


148

grupos estratégicos de franquiciadores, han sido diversos los trabajos que se han orientado en esta dirección (tabla 2). De la revisión de los trabajos incluidos en la tabla 2, parece que debe aceptarse que en el ámbito de la franquicia existen distintos grupos de empresas (franquiciadores) que desarrollan diferentes comportamientos estratégicos para su expansión en franquicia, soportando el planteamiento de la primera hipótesis de la investigación:

H1: En el sistema de franquicia español existen distintos tipos o grupos estratégicos de franquiciadores.

Sin embargo, todos los trabajos precedentes han partido de una premisa básica, que como señala Perrigot (2006), puede no ser correcta, como es considerar a la franquicia como un único sector sin tener en cuanta su estructura multisectorial. En este sentido, Perrigot (2006) demuestra en su investigación que la naturaleza o perfil de los franquiciadores puede variar en función del sector al que pertenecen, afectando a los comportamientos estratégicos y, probablemente, a los resultados empresariales. Por ello, señala que en la investigación sobre arquetipos empresariales en el ámbito de la franquicia debe tenerse en cuenta la estructura multisectorial de la franquicia. También Rondán et al. (2007), señalan que el perfil de los grupos estratégicos puede ser diferente cuando se tiene en cuenta el sector al que pertenecen las empresas franquiciadoras. En este contexto, y coincidiendo con los planteamientos de Perrigot (2006) y Rondán et al. (2007), en la presente investigación se tiene en cuenta la clasificación tradicional en el sistema de franquicia español que agrupa a las enseñas franquiciadoras en tres grandes sectores: a) comercio minorista o retail; b) servicios; y c) hostelería y restauración. Esta agrupación se sustenta en el carácter tangible, intangible o mixto de los bienes comercializados (Asociación Española de Franquiciadores; Perrigot, 2006). Desde esta perspectiva, planteamos la siguiente hipótesis de investigación:

H2: El número y la naturaleza de los grupos estratégicos depende del sector (comercio minorista, servicios, hostelería y restauración) al que pertenezca la enseña franquiciadora.

Por otra parte, los resultados empresariales constituyen el principal output de los comportamientos estratégicos de la organización. De ahí, que se pueda afirmar que serán más eficaces aquellas estrategias empresariales que conduzcan a mejores resultados. Sin embargo, cuando se analiza la estructura de un sector, salvo que se analice caso por caso todas las empresas que


149

lo conforman, lo que se pretende demostrar es cómo aquellas organizaciones que adoptan una estrategia similar y, por tanto, forman parte de un mismo grupo estratégico, pueden obtener unos resultados distintos a aquellas otras organizaciones que forman parte de otro grupo. Surge así la preocupación por demostrar las diferencias inter-grupales en los resultados empresariales, fruto de la aplicación de distintas estrategias. Esta relación ha siso el epicentro de numerosos trabajos de investigación en el ámbito internacional, tanto de carácter conceptual (McGee y Thomas, 1986; Thomas y Venkatraman, 1988; Bogner y Thomas, 1993; McGee, et al., 1995; Peteraf y Shanley, 1997; Dranove, et al., 1998), como empíricos (Cool y Schendel, 1987 y 1988; Fiegenbaum y Thomas, 1990; Lawles y Tegarden, 1991; Reger y Huff, 1993; Mehra, 1996; Pegels, et al., 2000; Ferguson, et al., 2000; Nair y Khota, 2001; McNamara et al., 2003, Lee et al., 2002). También en el contexto de España, se han desarrollado diversos estudios que han tratado de evaluar la relación entre grupos estratégico y resultados empresariales, como los desarrollados por Claver, et al. (2003), Zuñiga, et al. (2004), Muñiz, et al. (2001), García, et al. (2001), Flavián y Polo (2001), Más (1996, 1997, 1998), Iglesias (1994), Céspedes (1996), Espitia, et al. (1992), entre otros. En el caso de la franquicia, los estudios reseñados se han limitado únicamente a la identificación y análisis de grupos estratégicos y no a estudiar las diferencias inter-grupales en el rendimiento, tal y como se propone en la presente investigación. Consideramos que puede ser esta otra de las grandes aportaciones de nuestro estudio. En este sentido, como apuntan otros trabajos realizados en un contexto distinto al de la franquicia (Claver et al. 2003; Zuñiga, et al. 2004; McNamara et al. 2002; Flavian et al. 2002; Nair y Khota, 2001, Ferguson et al. 2001), la obtención de agrupaciones de empresas, alineadas estratégicamente en torno a una serie de dimensiones, puede ser explicativa de las diferencias en los comportamientos competitivos y ello tener reflejo en los resultados empresariales. Por ello, planteamos las siguientes hipótesis:

H3: Los grupos estratégicos de franquiciadores, identificados en cada sector de actividad (comercio minorista, servicios, hostelería y restauración) difieren en los resultados empresariales. Esta hipótesis puede desagregarse por sector de actividad:


150

H3a: En el comercio minorista, los grupos estratégicos de franquiciadores difieren en los resultados empresariales. H3b: En el sector servicios, los grupos estratégicos de franquiciadores difieren en los resultados empresariales. H3c: En el sector de la hostelería y la restauración, los grupos estratégicos de franquiciadores difieren en los resultados empresariales.

3. METODOLOGÍA DE LA INVESTIGACIÓN 3.1. DIMENSIONES OPERATIVAS

ESTRATÉGICAS

Y

VARIABLES

Como señalan Nath y Gruca (1997), las dimensiones y/o variables que definan la estrategia empresarial deben tener una verdadera naturaleza estratégica, no pudiendo ser modificadas a corto plazo. Su modificación supondría incurrir en elevados costes de cambio en forma de cuantiosas inversiones tanto en recursos tangibles (monetarios, humanos, etc.) como intangibles (aprendizaje, know-how, etc.). Cuando esto no es así, difícilmente podremos identificar grupos estratégicos dentro de un sector de actividad, a pesar de que incluso los resultados del empleo de ciertas técnicas estadísticas (análisis factorial, análisis cluster, etc.) así podrían indicarlo (Nath y Sudharshan, 1994). La dificultad para modificar en un corto espacio de tiempo las variables que definen la estrategia empresarial, debe crear entre los diferentes grupos estratégicos barreras de movilidad, que impidan o dificulten el movimiento de empresas de un grupo a otro. Su principal característica es que son duraderas en el tiempo. Es decir, son fuente de ventaja competitiva para los integrantes del grupo que las posee y no pueden ser obtenidas de forma rápida por los componentes de otros grupos (Barroso et al. 2001). Las dimensiones y variables utilizadas en nuestro trabajo para definir los grupos estratégicos son las 17 que se recogen en la tabla 3. Por otra parte, para evaluar los resultados empresariales, además de las tradicionales medidas, incluidas en la mayor parte de los trabajos, vinculadas a la rentabilidad económica y rentabilidad


151

financiera, se han considerado dos indicadores adicionales que pueden darnos una idea de la dimensión o incluso del volumen de ventas de las empresas analizadas. Se trata de los resultados ordinarios y los ingresos ordinarios. Tabla 3. Dimensiones estratégicas y variables operativas Dimensiones estratégicas

Variables operativas 01. Número de unidades totales de la cadena en el mundo 14. Número de unidades totales de la cadena en España 02. Porcentaje de tiendas ubicadas en España sobre el total de la cadena 16. Población mínima requerida para la apertura de una unidad. 03. Tiendas abiertas por año (unidades totales mundo/años de antigüedad) 04. Tiendas abiertas en franquicia por año desde el comienzo del sistema de franquicia (unidades franquiciadas en España / años franquiciando España) 17. Tiendas abiertas por año en España (unidades totales España/años de antigüedad) 05. Inversión media necesaria para la apertura de una unidad franquiciada

A. Tamaño B. Concentración geográfica/ Internacionalización

C. Crecimiento

06. Canon de entrada D. Coste de adhesión (precio de la franquicia)

07. Royalty (% sobre ventas) 08. Canon de publicidad (% sobre ventas) 15. Superficie mínima del local

E. Contrato

09. Duración del contrato (años)1

F. integración vertical

10. Confianza en la franquicia en España (Unidades franquiciadas/ Unidades Totales) 11. Antigüedad de la empresa

G. Timing

12. Años franquiciando (Antigüedad en la franquicia)

13. Años pre-franquicia (Años de las empresa no franquiciando) Fuente: Las variables numeradas 01 a 13 son las mismas que han sido utilizadas y justificadas en trabajos precedentes (Carney y Gedajlovic, 1991; Castrogiovanni et al., 1995; López y Ventura, 2001; Navarro et al., 2006) sobre grupos estratégicos en la franquicia. Las restantes variables, numeradas 14 a 17, están presentes en numerosos estudios como variables significativas a la hora de explicar las razones para franquiciar (Rondán et al., 2007) y otras investigaciones sobre grupos estratégicos (Iglesias, 1994).

1 Cuando se indica en el contrato duración indefinida o ilimitada hemos considerado 25 años, frente a otros estudios que elevan la cifra a 100 años.


152

3.2. OBTENCIÓN DE INFORMACIÓN La base de datos utilizada en nuestra investigación está formada por 664 redes de franquicia que componen el total poblacional de los franquiciadores existentes en España según el Anuario de la Asociación Española de Franquiciadores (AEF 2006). La delimitación poblacional es consecuencia de un estudio riguroso que efectúa anualmente el Servicio de Estudios Estadísticos del Sistema de Franquicia creado por la AEF. Únicamente se incluyen las cadenas que cumplen con los requisitos que indica el Código Deontológico Europeo para ser franquicia. Desde esta perspectiva, coincidimos con Alon (2001) en que las bases de datos de anuarios se utilizan frecuentemente en investigaciones de franquicia a nivel nacional e internacional (Alon 1999 y 2001; Combs y Castrogiovanni 1994; Lafontaine, 1992; Martin y Justis 1993; Shane 1996a; Shane, 1998) y aunque los datos recogidos son aportados por los franquiciadores, varios investigadores declaran que no existen sesgos importantes (Shane 1996b; Combs y Castrogiovanni 1994) ya que los anuarios validan (siguen criterios rigurosos para la inclusión de las franquicias) por encima del 80 % de los datos. Respecto a las dimensiones estratégicas y variables operativas, partiendo del anuario de la AEF 2006, en el que únicamente se reseñan datos de las variables del 22 % de las cadenas que componen el total poblacional, elaboramos nuestra base de datos fundamentalmente a partir de los anuarios y portales de Internet de las consultoras de franquicia: Barbadillo, Franchisa, MundoFranquicia y Tormo. Estas prestigiosas consultoras en el ámbito de la franquicia, con publicaciones anuales y de otras periodicidades, realizan informes y comparaciones temporales, lo que nos permite considerar que sus datos están validados y son confiables. Además, el hecho de que hayamos trabajado con todas las fuentes de datos conjuntamente, nos ha permitido depurar resultados dispares antes de su inclusión en la base de datos elaborada. También, hemos acudido a las páginas web de las cadenas de franquicia para complementar o comprobar divergencias de datos. Únicamente hemos utilizado otras fuentes de datos en el caso de no poder obtenerlos por las vías descritas. Por otra parte, los datos de las cuatro variables que miden los resultados empresariales (rentabilidad económica, rentabilidad financiera, resultados ordinarios e ingresos ordinarios) para cada una


153

de las cadenas de franquicia españolas fueron extraídos de la base de datos SABI2 que contiene información detallada sobre las empresas españolas. En la presente investigación, se han utilizado los datos de las cadenas de franquicias en el año 20043.

3.3. ANÁLISIS DE DATOS Recopilada la información pertinente y elaborada las correspondientes bases de datos se procedió a su análisis. En este sentido, siguiendo a Nath y Gruca (1997), la identificación de grupos estratégicos en cualquier sector de actividad puede realizarse siguiendo tres métodos alternativos y no excluyentes (o complementarios): 1. Análisis factorial y agrupación de datos a partir de información secundaria. 2. Construcción de escalas multidimensionales (multidimensional scaling) a partir de las percepciones empresariales sobre un conjunto de atributos específicos de la industria. 3. Identificación y clasificación directa de las diferentes empresas competidoras a partir de su análisis por directivos del sector. Dado que no existen razones objetivas para considerar una metodología superior a otra, hemos optado por emplear la primera de las metodologías propuestas por Nath y Gruca (1997). Dos son las razones que nos ha llevado a tomar tal decisión. La primera, porque es la metodología seguida en la mayor parte de los trabajos realizados en el sistema de franquicia (Carney y Gedajlovic 1991, Castrogiovanni et al. 1995, López y Ventura 2001, Navarro et al. 2006, Rondán et al. 2007). La segunda, porque nos permite efectuar comparaciones con los resultados de trabajos anteriores, facilitando la generalización de conclusiones.

2

Rentabilidad económica: Indica el rendimiento medio que obtiene una empresa como consecuencia de sus inversiones en activos (Resultado / total activo) * 100. 3 Se han eliminado los datos extremos en los valores de la rentabilidad con objeto de excluir los denominados outliers, pues generan una elevada distorsión en los valores medios. Para ello, se han excluido los valores por debajo del primer decil (percentil 10) y por encima del noveno decil (percentil 90) de la distribución de las variables.


154

En este sentido, para contrastar H1 y H2 se ha realizado un análisis factorial exploratorio, imputando los valores perdidos con la media de cada variable y aplicando la rotación varimax. A partir de la matriz de componentes rotados, se han retenido aquellos factores cuyos autovalores son superiores a la unidad. La clasificación de cada franquiciador, en cada uno de los grupos, se ha hecho atendiendo a la mayor puntuación factorial alcanzada por cada una de las cadenas respecto a cada uno de los factores resultantes del análisis factorial. Las empresas que no obtuvieron una puntuación factorial superior a 0.1 en ningún factor no fueron clasificadas, siguiendo las recomendaciones de Carney y Gedajlovic (1991) y López y Ventura (2001). Además, se comprobó que los grupos eran discretos. Es decir, homogéneos en si y heterogéneos entre si. Para verificar esta condición, se realizó un contraste de medias por grupos, utilizando la técnica ANOVA en el caso de normalidad de las variables o, en caso contrario, el test no paramétrico de Kruskal-Wallis. Ello permite comprobar si los grupos de empresas en cada factor difieren significativamente de los otros grupos. Por otra parte, siguiendo a Hervás et al. (2006), para medir las diferencias de desempeño entre distintos grupos estratégicos, la práctica totalidad de las investigaciones utilizan la rentabilidad económica (Return On Assets = ROA o Return On Investment = ROI). El contraste de estas diferencias se hace mediante la técnica ANOVA en el 88 % y 93 % de los trabajos internacionales y nacionales, respectivamente (Hervás, et al., 2006). Sin embargo, en el caso de ausencia de normalidad de las variables deberán emplearse test no paramétricos. En la presente investigación, para testar la hipótesis H3 se realiza un contraste de medias por grupos. La técnica a utilizar será el ANOVA en el caso de que las variables de medida del desempeño sean normales y, en caso contrario, el test no paramétrico de Kruskal-Wallis.

4. RESULTADOS DE LA INVESTIGACIÓN A continuación se presentan los principales resultados de la investigación que nos permiten contrastar las hipótesis planteadas en este estudio. El tratamiento de datos en este trabajo ha sido


155

realizado, fundamentalmente, empleando el programa SPSS v.14.0 y el algoritmo de sintaxis para la transformación de Box-Cox4.

4.1. IDENTIFICACIÓN DE LOS GRUPOS ESTRATÉGICOS Con objeto de aplicar el análisis factorial para la obtención de grupos estratégicos en el sistema de franquicia español, y dada la disparidad en los valores máximos y mínimos de las variables incluidas en la base de datos, se procedió a una homogeneización de las escalas (Lafontaine, 1992; Calderón, 1998; López y Ventura, 2002) con el fin de conseguir una menor desviación típica. Seguidamente, para ver si las variables incluidas en la base de datos seguían una distribución normal, se procedió a realizar el test de Kolgomorov-Smirnov con cada una de ellas. Los resultados indicaron que ninguna variable cumplía el test de normalidad. A continuación, para tratar de resolver los problemas de falta de normalidad se sometió a las variables a la familia de transformaciones de Box-Cox (1964). Los resultados obtenidos nos indican que, aunque no se consigue la normalidad, hay una mejoría ostensible de la mayoría de las variables en la asimetría y curtosis. En todo caso, en la base de datos se mantuvieron los valores previos para las variables cuando la transformación no mejoraba los resultados. Se comprobó la pertinencia de aplicar el análisis factorial a los datos disponibles (Luque, 2000), pues los valores del test de esfericidad de Bartlett con los datos de los tres sectores nos indican que la matriz de correlaciones es significativamente distinta de la matriz identidad y, además, el valor de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) es superior al 0,5 fijado como límite inferior admitido. Tras varias iteraciones para cada conjunto de datos, la matriz de factores rotada nos revela (tabla 4), en los tres sectores analizados, la existencia de varios factores (autovalores mayores que 1), cada uno de ellos correspondientes a un grupo estratégico. Así, en el sector comercio minorista se identifican siete grupos, mientras que en el sector servicios, al igual que en hostelería y restauración se identifican seis.

4

http://www.stat.tamu.edu/spss.php


156

Tabla 4. Grupos estratégicos de franquiciadores, por sectores, en el sistema de franquicia español Comercio Minorista Carga factorial

Factor 1

01. Establecimientos totales 02. Internacionalización 03. Establecimientos abiertos por año 17. Establecimientos abiertos por año en España Factor 2 11. Antigüedad 13. Años prefranquicia Factor 3 04. Establecimientos franquiciados por año 10. % establecimientos franquiciados S/total Factor 4 15. Superficie mínima local 16. Población mínima Factor 5 08. Canon publicidad 12. Años en franquicia 14. Establecimientos en España Factor 6 05. Inversión media Factor 7 09. Duración contrato Varianza explicada

0.878 -0.701 0.899

0.792

0.930 0.917

0.784

0.824

0.608 0.726

-0.603 0.528 0.552

0.701

Servicios Factor 1 01. Establecimientos totales 02. Internacionalización 03. Establecimientos abiertos por año 17. Establecimientos abiertos por año en España Factor 2 11. Antigüedad 13. Años prefranquicia Factor 3 04. Establecimientos franquiciados por año 12. Años en franquicia Factor 4 15. Superficie mínima local 09. Duración contrato Factor 5 08. Canon publicidad 07. Royalty 10. % establecimientos franquiciados S/total Factor 6 05. Inversión media 06. Canon de entrada

Carga factorial

Hostelería y Restauración Carga Factor 1 factorial

0.768

01. Establecimientos totales

0.924

-0.781

02.Internacionalización

-0.817

0.918

03. Establecimientos abiertos por año

0.942

0.872

17. Establecimientos abiertos por año en España

0.864

0.940 0.823

0.689

-0.564

0.802 0.740

0.600

08. Canon publicidad Factor 2 11. Antigüedad 12. Años en franquicia 13. Años prefranquicia Factor 3 04. Establecimientos franquiciados por año 10. % establecimientos franquiciados S/ total Factor 4 06. Canon de entrada 09. Duración contrato 07. Royalty Factor 5 14. Establecimientos en España

0.525 0.928 0.589 0.881

0.803

0.660

0.584 0.783 0.669 0.552

0.711 -0.573

0.701 0.813

Factor 6 05. Inversión media 15. Superficie mínima local

0.691 0.755

0.794 69.683%

Varianza explicada

65.46%

Varianza explicada

77.64%

Método de extracción: Análisis de componentes principales; Método de rotación: Normalización Varimax con Kaiser a. La rotación ha convergido en 12, 9 y 10 iteraciones.


157

La estructura factorial muestra el perfil de cada grupo estratégico en cada uno de los tres sectores en los que se han agrupado los franquiciadores españoles, encontrándose en varios de los arquetipos empresariales, para los tres sectores considerados, las siguientes similitudes: • El grupo nº 1 queda identificado por las variables operativas vinculadas a las dimensiones estratégicas “tamaño”, “internacionalización” y “crecimiento”. • La naturaleza del grupo nº 2 viene definida por las variables operativas vinculadas a la dimensión estratégica “timing”. • La variable “tiendas abiertas en franquicia por año desde el comienzo de la franquicia” define parcialmente el perfil del grupo nº 3, que se completa con la dimensión “integración vertical” (comercio minorista y hostelería y restauración) y con la experiencia franquiciando (sector servicios). • La inversión media, de forma general, junto con el canon de entrada (sector servicios) y superficie mínima del local (hostelería y restauración) definen la naturaleza del grupo nº 6. Sin embargo, el perfil del resto de los grupos varía dependiendo del sector en el que se encuentre la enseña franquiciadora. Tabla 5. Tamaño de los grupos estratégicos de franquiciadores Sector: Comercio Minorista Grupo

Nº 1

Nº 2

Nº 3

Nº 4

Nº 5

Nº 6

Nº 7

Total

Frecuencia

24

46

59

42

37

44

55

310

%

7,74%

14,84%

19,03%

13,55%

11,94%

14,19%

17,79%

100%

Sector: Servicios Grupo

Nº 1

Nº 2

Nº 3

Nº 4

Nº 5

Nº 6

Total

Frecuencia

27

47

48

26

49

44

247

%

10,93%

19,03%

19,43%

10,53%

19,84%

17,84%

100%

Nº 6

Total 107

Sector: Hostelería y Restauración Grupo

Nº 1

Nº 2

Nº 3

Nº 4

Nº 5

Frecuencia

12

12

20

19

31

9

%

11,21%

11,21%

18,69%

17,76%

28,97%

8,41%

Identificados los grupos y siguiendo la metodología propuesta, procedemos a la clasificación de cada franquiciador en cada uno de los grupos, en base a la mayor puntuación factorial


158

alcanzada por cada una de las cadenas respecto a cada uno de los factores resultantes del análisis factorial. Hubo 30 franquiciadores que no fueron clasificados en ningún grupo ya que no obtuvieron una puntuación factorial superior a 0.1 en ningún factor. La tabla 5 muestra el número y porcentaje de las cadenas que componen cada uno de los grupos obtenidos. Finalmente, para confirmar que los grupos obtenidos son discretos; es decir, homogéneos en sí y heterogéneos entre si, y dado que las variables no cumplen el requisito de normalidad, se realizó la prueba no paramétrica de Kruskal-Wallis. Previamente, para eliminar posibles sesgos, los valores perdidos fueron sustituidos por el valor medio de las variables en cada uno de los grupos. Comprobamos como los siete grupos identificados en el sector de comercio minorista y los seis, tanto del sector servicios como de hostelería y restauración, difieren significativamente en las 17 variables analizadas, presentando todas ellas p-values iguales a 0. Por tanto, podemos afirmar que los grupos de franquiciadores obtenidos tienen valores medios distintos para todas las variables. En definitiva, los resultados obtenidos confirman la existencia de arquetipos empresariales (grupos estratégicos) en el sistema de franquicia español (H1), cuyo número y perfil varía en función del sector de actividad al que pertenezca la enseña franquiciadora, aunque existan similitudes en alguno de los arquetipos identificados, confirmando parcialmente H2.

4.2. DIFERENCIAS INTER-GRUPALES EN LOS RESULTADOS EMPRESARIALES Para analizar la existencia de diferencias en los resultados empresariales en los grupos estratégicos de franquiciadores identificados y, por tanto, contrastar las hipótesis H3a, H3b y H3c, se empleó el test de Kruskal-Wallis, tomando como referencia las cuatro medidas de rendimiento consideradas en este trabajo. Los estadísticos de contraste (tabla 6), muestran como en el sector comercio minorista los siete grupos difieren significativamente en las cuatro variables analizadas, presentando todas ellas p-values inferiores a 0,05. Por tanto, se confirma la hipótesis H3a. Igual ocurre en el sector servicios, confirmándose la hipótesis H3b. En el caso del sector hostelería y restauración, los seis grupos difieren significativamente en los ingresos de explotación, en la rentabilidad económica y en la rentabilidad financiera, aunque no en los


159

resultados ordinarios antes de impuestos que presenta p-value muy superior a 0,05. Por tanto, se confirma parcialmente la hipótesis H3c. Tabla 6. Estadísticos de contraste Ingresos de explotación (mil €)

Resultados ordinarios antes Impuestos (mil €)

Rentabilidad económica (%)

Sig. asintót.: Comercio Minorista

0,018

0,018

0,029

0,010

Sig.asintót: Servicios

0,008

0,002

0,000

0,000

Sig. asintót: Hostelería y Restauración

0,026

0,765

0,000

0,000

Rentabilidad financiera (%)

a Prueba de Kruskal-Wallis b Variable de agrupación: Grupos Estratégicos de cada sector

En definitiva, en los tres sectores en los que hemos dividido el sistema de franquicia español, se confirma que los comportamientos empresariales, a partir de una serie de dimensiones estratégicas, de los arquetipos de franquiciadores identificados, tienen distintas repercusiones en los resultados empresariales.

5. DISCUSIÓN Los análisis realizados revelan la existencia de grupos estratégicos en los tres sectores en los que se ha dividido el sistema de franquicia español. Estos resultados son coincidentes con los hallados en estudios previos, tanto en España como en otros países (véase tabla 2). Sin embargo, si bien en trabajos previos se habían identificados cinco grupos de franquiciadores, considerando al sistema de franquicia como un único sector, su división en tres sectores, no sólo aumenta el número de grupos sino que también afecta a la naturaleza de los mismos. Así, la adopción de una perspectiva multisectorial permite una mejor definición de los arquetipos de franquiciadores, revelando el fundamental efecto que ejerce el sector de actividad en los comportamientos estratégicos en el sistema de franquicia español, así como en los resultados empresariales. Consideramos este hecho como la principal


160

aportación de la presente investigación, pues hasta ahora no había sido tenida en cuenta en los trabajos desarrollados anteriormente. En cuando al perfil de los grupos estratégicos, debemos hacer las siguientes consideraciones. En primer lugar, existen arquetipos de franquiciadores cuyos comportamientos están fundamentados en las mismas dimensiones estratégicas o variables operativas, independientemente del sector al que pertenecen. Se trata de los siguientes: • Grupo 1 “Franquiciadores internacionales de gran tamaño”. Queda identificado por las variables operativas vinculadas a las dimensiones estratégicas “tamaño”, “internacionalización” y “crecimiento”. Incluye a las enseñas de mayor tamaño (número de establecimientos), siendo las que mas han internacionalizado sus operaciones y las que mayor número de aperturas anuales realizan. Su naturaleza es similar al grupo identificado como “franquicias maduras” en Carney y Gedajlovic (1991) y Castrogiovanni et al (1995), así como al denominado “grandes internacionales” del estudio de López y Ventura (2001). • Grupo 2 “Franquiciadores experimentados”. Su naturaleza viene determinada por las variables operativas vinculadas a la dimensión estratégica “timing” y, de forma particular, a la experiencia de la empresa en el sector (antigüedad) y a la definición y prueba del negocio a franquiciar (años prefranquicia). En el caso del sector de hostelería y restauración, a ello se une la experiencia franquiciando. El perfil de este grupo coincide con las “franquicias reconvertidas” (Carney y Gedajlovic, 1991; Castrogoivanni et al., 1995), las “tradicionales” (López y Ventura, 2001) o las “franquicias consolidadas” (Inma y Debowski, 2006), de estudios precedentes. • Grupo 3 “Franquiciadores con fuerte expansión en franquicia”. La dimensión estratégica “crecimiento” define el perfil de este arquetipo empresarial, caracterizado por un elevado ritmo de expansión de la cadena de franquicia, normalmente mediante la apertura de establecimientos franquiciados. Este es el motivo por el que en los sectores comercio minorista y, hostelería y restauración sea el grupo de franquiciadores que mayor “nivel de integración vertical” o confianza en la franquicia presentan. Su naturaleza es similar a los denominados “franquiciadores de rápido crecimiento”


161

de Carney y Gedajlovic (1991) y Castrogiovanni et al (1995), a los “innovadores” de Johnson y Alon (2006) y a los “franquiciadores en expansión” de Inma y Debowski (2006). Grupo 6 ”Franquiciadores de alta inversión”. Está compuesto por las franquicias que requieren de una mayor inversión media para su adhesión. Ello se acompaña con la exigencia de los mayores cánones de entrada en el sector servicios y de la mayor superficie mínima del local en hostelería y restauración. Este grupo, en lo que se refiere a la inversión exigida, tiene rasgos comunes con los denominados “franquiciadores caros” de los trabajos de Carney y Gedajlovic (1991), Castrogiovanni et al (1995) y Rondán et al (2007), así como con las “emergentes” del estudio de López y Ventura (2001).

Para el resto de los grupos, su naturaleza varía en función del sector de actividad: Comercio minorista: el grupo nº 4 viene identificado por • las exigencias del franquiciador en lo referente a superficie mínima del local y población mínima requerida para la apertura de nuevos establecimientos. El grupo nº 5, por tratarse de franquiciadores experimentados y centrados en el mercado español, con exigencias mínimas de cánones publicitarios. Finalmente, la dimensión estratégica “contrato” define la naturaleza del grupo nº 7, caracterizado por ofrecer una elevada duración de los contratos a sus franquiciados y, por tanto, unas relaciones duraderas y estables, principio fundamental de la franquicia. Sector servicios. El grupo nº 4 integra a franquiciadores • que, al igual que en el caso del comercio minorista, plantean importantes restricciones en cuanto a la superficie mínima del local. Sin embargo, su diferencia radica en que son las que ofrecen las mayores garantías en la recuperación de la inversión realizada, manifestándose en la elevada duración de los contratos firmados con sus franquiciados. Los pagos variables, en forma de royalties sobre ventas y canon publicitario, definen el perfil del grupo nº 5. Además, los franquiciadores incluidos en este grupo, son los que muestran una menor confianza en la


162

franquicia, pues mantienen una proporción muy elevada de establecimientos propios. Hostelería y restauración. El grupo nº 4 queda • identificado por las fuertes exigencias financieras a los franquiciados en forma de canon de entrada y royalties sobre ventas. Sin embargo, también son los franquiciadores que ofrecen una mayor duración temporal en los contratos de franquicia. Finalmente, el reducido tamaño de la cadena es la seña identificativa del grupo nº 5. Por otra parte, la existencia de diferencias en los rendimientos empresariales en los distintos grupos estratégicos obtenidos en cada sector de actividad, nos llevan a realizar los siguientes comentarios5: • El sector, en la medida en que condiciona los comportamientos competitivos de los franquiciadores, influye en los resultados empresariales que logra cada grupo estratégico. Su principal manifestación es que, en cada sector, los resultados hallados por los distintos grupos es diferente, no pudiéndose ofrecer pautas generales al respecto. • En el comercio minorista, los franquiciadores internacionales de gran tamaño son los que presentan los mayores ingresos de explotación. El elevado ritmo de expansión de estas cadenas y, por tanto, su elevado tamaño, puede ser el justificante de dichos ingresos. Sin embargo, tanto su rentabilidad económica como financiera se sitúan ligeramente por debajo de la media, pudiendo deberse al importante montante de las inversiones necesarias para desarrollar el crecimiento y la expansión internacional de las enseñas de este grupo. El mayor rendimiento en forma de resultados ordinarios antes de impuesto es logrado por el grupo nº 7, siendo los franquiciadores de alta inversión (grupo nº 6) los que obtienen las mayores tasas de rentabilidad económica y financiera. Sector servicios. Los franquiciadores de alta inversión • son los presentan los mayores ingresos de explotación y de 5 En el anexo nº 1 se exponen los datos, por sector y grupo estratégico, de las 17 variables operativas consideradas en el estudio y de las cuatro medidas de resultados.


163

resultados ordinarios, pudiendo justificarse en las elevadas exigencias financieras en forma de inversión y canon de entrada a sus franquiciados. Atendiendo a los indicadores de rentabilidad económica y financiera, son los franquiciadores internacionales de gran tamaño y los experimentados los que obtienen las mayores tasas, respectivamente. Hostelería y restauración. Los franquiciadores de alta inversión son los que obtienen los mejores resultados empresariales en forma de ingresos de explotación, resultados ordinarios antes de impuestos y tasas de rentabilidad (económica y financiera).

6. CONCLUSIONES E IMPLICACIONES PARA LA GESTIÓN Los objetivos propuestos al comienzo del presente trabajo se han logrado, demostrándose la existencia de grupos estratégicos en los tres sectores en los que se ha dividido el sistema de franquicia español, variando su número y perfil en función del sector al que pertenezca la enseña correspondiente. Además, se ha demostrado como la diferente naturaleza de cada arquetipo de franquiciador, definido a partir de una serie de dimensiones estratégicas, influye en los rendimientos empresariales, apoyando la tradicional relación entre estructura, conductas o comportamientos y resultados. En este sentido, considerando al sistema de franquicia desde una óptica multisectorial, se puede afirmar que existen ciertas variables (inversión, canon de entrada, royalties, dispersión geográfica, etc.) que se configuran como factores explicativos del comportamiento empresarial y, en consecuencia, de la estrategia empleada para competir en una determinada combinación de productos-mercados. Estas variables, que sustentan la creación de barreras de movilidad en el sector, son el origen de los grupos estratégicos dentro del sistema de franquicia español. Ahora bien, el número de grupos estratégicos varía en función del sector en el que se encuadren las diferentes enseñas, siendo siete en el comercio minorista y seis en los servicios y en la hostelería y restauración. En todo caso, el número de grupos identificados, cuando se tiene en


164

cuenta el sector de actividad al que pertenecen las enseñas franquiciadoras, es superior al hallado en trabajos previos, considerando a la franquicia como un único sector (Carney y Gedajlovic, 1991, Castrogiovanni et al., 1995, López y Ventura, 2001; Navarro et al., 2006; Rondán et al., 2007). Por tanto, la perspectiva sectorial ayuda a una mejor definición de los arquetipos de franquiciadores que existen en el sistema de franquicia español y, por tanto, sería conveniente tenerla en cuenta. Por otra parte, existen algunos arquetipos de franquiciadores, concretamente cuatro, que presentan una naturaleza similar independientemente del sector de actividad al que pertenezcan y que tienen notables rasgos comunes con los hallados en trabajos previos. Ello refleja la universalidad de ciertas estrategias empresariales para la expansión del negocio franquiciado, con independencia del sector en el que se compite. Sin embargo, la existencia de arquetipos específicos de franquiciadores en cada sector también refleja la existencia de estrategias sólo validas para el entorno en el que se aplican. Además, los rendimientos empresariales, fruto de las estrategias desarrolladas, ya sean generales o específicas, son distintos según el sector, reflejando que una misma estrategia puede ser más adecuada para competir en un sector que en otro. Todo ello pone de manifiesto que la utilización de grupos estratégicos es una herramienta muy valiosa para explicar los comportamientos empresariales y sus repercusiones en los resultados empresariales.

7. LIMITACIONES Y FUTURAS LÍNEAS DE INVESTIGACIÓN Como todo trabajo, el presente estudio contiene limitaciones que pueden ayudarnos a orientar futuras líneas investigación. Una primera limitación procede de las variables seleccionadas para la configuración de grupos estratégicos, pues quizás la inclusión de otras variables, tales como la estrategia de distribución (monacal o multicanal), el riesgo asociado a la franquicia, etc., pudieran alterar la composición de los grupos estratégicos. De hecho se ha apuntado (Perrigot, 2006; Rondán, et al. 2007) que estas variables son fundamentales en el estudio de perfiles y comportamientos estratégicos en la franquicia y, por tanto, debería tenerse en cuenta en futuros trabajos.


165

Una segunda limitación que posee nuestro trabajo es la no consideración de la perspectiva temporal. Siguiendo a Flavián y Polo (1999), debe tenerse en cuenta que “como paso previo a la identificación de los grupos estratégicos, es preciso abordar el tratamiento que va a darse a la perspectiva temporal, es decir, si el estudio va a ceñirse a un único momento de tiempo, o si va a adoptarse una perspectiva de análisis dinámico”. En este sentido, el carácter transversal del presente estudio nos obliga a ser cauto en la posible generalización de las conclusiones, debiendo repetirse en diferentes instantes del tiempo. En tercer lugar, también creemos interesante abordar el estudio del desempeño o rendimiento no sólo desde la perspectiva del franquiciador sino también desde la del franquiciado. Las dificultades para obtener datos fiables y representativos del gran número de establecimientos franquiciados existentes en nuestro país son el mayor obstáculo que debe ser superado para llegar a un mejor entendimiento del sistema de franquicia. Finalmente, creemos conveniente señalar que, aunque los grupos obtenidos son heterogéneos entre si y homogéneos en sí, ello no quiere decir que también dentro del grupo aún siga habiendo franquiciadores que se comporten de forma diferente a las demás. En este sentido, creemos que es necesario realizar estudios cualitativos sobre las empresas incluidas en cada grupo y comprobar si aún siguen existiendo diferencias en sus comportamientos y, como no, en los resultados empresariales. Las limitaciones apuntadas constituyen los retos a lograr en futuras investigaciones por parte de los autores del presente trabajo.

BIBLIOGRAFÍA ALON, I. (1999), “The Internationalization of U.S. Franchising Systems”, New York: Garland Publishing. ALON, I. (2001), “The Use of Franchising by US-Based Retailers”, Journal of Small Management, 39 (2), 111-122. BARROSO, C., CASILLAS, J. Y MORENO, A. (2001), “Los Grupos Estratégicos en el Sector Minorista: El Caso de Andalucía”. En Non idem iterum semper novum, Digital@tres. Sevilla, 61-75.


166 BAUM, J. Y MEZIAS, S.J. (1992) “Localized competition and organizational failure in the manhattan hotel industry, 1898-1990”, Administrative Science Quarterly, 37, 580-604. BIGNÉ, J.E., KÜSTER, I. Y VILA, N. (2000), “Grupos estratégicos y grupos competitivos en el sector de la cosmética y perfumería”, Revista Española de Investigación de Marketing ESIC, 6 (marzo), 73-93. BOGNER, W. Y THOMAS, H. (1993), “The role of competitive groups in strategy formulation: a dinamyc integration on two competing models”, Journal of Management Studies, 30 (1), 51-67. BOX, G. E. P. Y COX, D. R. (1964), “An analysis of transformations”, Journal of the Royal Statistical Society, 26, 211-243. CALDERON, E. (1998), “Los costes de la agencia en los canales de distribución: la franquicia”, Tesis doctoral, Universidad de Burgos. CALORI, R.; JOHNSON, G. Y SARNIN, P. (1994), “CEO’s cognitive maps and the scope of the organization”, Strategic Management Journal, 15, 437-457. CARNEY, M. Y GEDAJLOVIC, E. (1991), “Vertical integration in franchise systems: Agency theory and resource explanations”, Strategic Management Journal, 12 (8), 607629. CASTROGIOVANNI, G.J., BENNETT, N. Y COMBS, J.G. (1995), “Franchisor types: Reexamination and Clarification”, Journal of Small Business Management, 33 (1), 4555. CAVES, R.E. Y PORTER, M. (1977), “From entry barriers to mobility barriers: conjectural decisions and contrived deterrence to new competition”, Quaterly Journal of Economics, 9 (1), 241-61. CÉSPEDES, J. (1996), “Grupos estratégicos en la banca privada española”, Información Comercial Española, nº 753, 106-124. CLAVER, E., MOLINA, J.F. Y QUER, D. (2002), “Grupos estratégicos, resultados empresariales y niveles de riesgo. Análisis empírico del sector de la construcción”, Economía Industrial, nº 345, 147-158. CLAVER, E., MOLINA, J.F., MOLINA, H. Y MARCO, B. (2003), “Grupos estratégicos y rentabilidad empresarial: una prueba complementaria”, ESIC-MARKET, Mayo-Agosto, 82-97. COMBS, J.G. Y CASTROGIOVANNI, G.J. (1994), "Franchisor strategy: A proposed model and empirical test of franchise versus company ownership", Journal of Small Business Management, 32 (2), 37-48. COMBS, J.G., KETCHEN, D.J. Y HOOVER, V.L. (2004), “A strategic groups approach to the franchising-performance relationship”, Journal of Business Venturing, 19 (6), 877897. COOL, K. Y DIERICKX, I. (1993), “Rivalry, strategic groups and firm profitability”, Strategic Management Journal, 14 (1), 47-59. COOL, K. Y SCHENDEL, D. (1987), “Strategic group formation and performance: the case of U.S. pharmaceutical industry 1963-1982”, Management Science, 30 (9), 11021124. COOL, K. Y SCHENDEL, D. (1988), “Performance Differences Among Strategic Group Members”, Strategic Management Journal, Vol. 9, Iss. 3, pp. 207-223. DÍEZ, E.C., NAVARRO, A. Y RONDÁN, F.J. (2005), El sistema de franquicia. Fundamentos teóricos y prácticos. Pirámide: Madrid. DÍEZ, E.C. Y RONDÁN, F.J. (2004), “La investigación sobre franquicia”, Revista de Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 10 (3), 71-96. DRANOVE,D., PETERAF, M. Y SHANLEY, M. (1998), “Do strategic groups exist? an economic framework for analysis”, Strategic Management Journal, 19 (11), 1029-1044. ELANGO, B. Y FRIED, V.H. (1997), "Franchising research: a literature review and synthesis", Journal of Small Business Management, 35 (3), 68-81.


167

ESPITIA, M.E., POLO, Y. Y SALAS, V. (1991), “Grupos estratégicos y resultados en el sector bancario español”, Información Comercial Española, 690, 189-214. FERGURSON, T., DEEPHOUSE, D. Y FERGURSON, W. (2000), “Do strategic groups differ in reputation?”, Strategic Management Journal, 21 (12), 1195.1214. FIEGENBAUM, A. Y THOMAS, H. (1990), “Strategic groups and performance: the U.S. insurance industry, 1970-1984”, Strategic Management Journal, 11 (3), 197-215. FIEGENBAUM, A. Y THOMAS, H. (1993), “Industry and strategic group dynamics: competitive strategy in the insurance industry”, Journal of Management Studies, 30 (1), 69-105. FIEGENBAUM, A. Y THOMAS, H. (1995), “strategic groups as reference groups: theory, modeling and an empirical examination of industry and competitive strategy”, Strategic Management Journal, 16 (6), 461-476. FLAVÍAN, C. Y POLO, Y. (1999), “Hacia la homogeneización de criterios en las investigaciones de grupos estratégicos”, Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, 3 (Junio), 9-28. FLAVIAN, C. HABERBERG, A. Y POLO, Y. (2002), “Food retailing strategies in the European Union. a comparative analysis in the UK and Spain”, Journal of Retailing and Consumer Services, 9, 125-138. FLAVIÁN, C. Y POLO, Y. (2001), “Diversidad estratégica y resultados de la distribución”, Revista de Economía Aplicada, 9 (26), 29-56. GARCÍA, J.M. Y RODÍRIGUEZ, M. (1996), “Grupos estratégicos en el sector del comercio textil: una metodología fundamentada en las variables de retailing-mix”, ICETribuna de Economía, 750 (febrero), 3-152. GARCIA, M.T., SANTOS, M.V. Y VALLELADO, E. (2001), “Grupos estratégicos en las cajas de ahorro españolas: dinámica temporal, consistencia interna y resultados”, Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, 10, 432-461. GONZÁLEZ, E. Y VENTURA, J. (2002), “How much do strategic groups matter?, Review of Industrial Organizations, 21 (1), 55-71. GONZÁLEZ, M. (2002), “Grupos estratégicos en las empresas constructoras”, EsicMarket Revista Internacional de Economía, 112, 171-186. HATTEN, R.J. (1974), “Strategic models in the brewing industry”, Tesis Doctoral, Purdue University. HATTEN, R.J. Y SCHENDEL, J.E. (1977), “Heterogeneity within and industry firm conduct in the U.S. brewing industry, 1952-71”, The Journal of Industrial Economics, 26 (2), 97-113. HERVÁS, J.L., DALMAU, J.I. Y ALBORS, J. (2006), “1972-2005: En la cuarta década de la investigación sobre grupos estratégicos ¿qué hemos aprendido?”, Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 12 (1), 167-205. HODGKINSON, G. (1997), “Cognitive inertia in a turbulent market: the case of UK residencial Estate Agents”, Journal of Management Studies, 34 (6), 921-944. HUNT, M. (1972), “Competition in the major home appliance industry 1960-1970”, Tesis Doctoral, Harvard University. IGLESIAS, V. (1994), “Tipos de variables y metodología a emplear en la identificación de grupos estratégicos. una aplicación empírica al sector detallista”, Revista Europea de Dirección y Economía de la Empresa, 3 (3), 73-85. IGLESIAS, V. (1997), “La teoría de grupos estratégicos: una revisión crítica”, EsicMarket, enero-marzo, 9-27. INMA, C. Y DEBOWSKI, S. (2006), “Analysis of franchise performance through use of a typology: an Australian investigation”. Singapore Management Review, 28 (2), 1-30.


168 JOHNSON, J., Y ALON, I. (2006), ”How do international franchisors cluster”. En Alon, I. (2006). Service franchising. A global perspective, New York: Springer. 93-138. LAFONTAINE, F. (1992), "Agency theory and franchising: Some empirical results", Rand Journal of Economics, 23 (2), 263-283. LAWLES, M. Y TEGARDEN L. (1991), “A test of performance similarity among strategic group members in conforming and non-conforming industry structures”, Journal of Management Studies, 28 (6), 645-664. LEE, J.; LEE, K. Y RHO, S. (2002), “An evolutionary perspective on strategic group emergent: A genetic algorithm-based model”, Strategic Management Journal, 23 (8), 727-739. LEWIS, P. Y THOMAS, H. (1990), “The linkage between strategy, strategic groups, and performance in the U.K. retail grocery industry”, Strategic Management Journal, 11 (5), 385-397. LÓPEZ, B. Y VENTURA, J. (2001), “Grupos estratégicos en las franquicias españolas”, Economía industrial, 340 (4), 163-176. LÓPEZ, M.B. Y VENTURA, J. (2002), “Integración vertical y costes de aparición de la franquicia”, Revista Europea de Dirección y Economía de la Empresa, 11 (4), 55-74. LUQUE, T. (2000), Técnicas de análisis de datos e investigación de mercados, Pirámide: Madrid. MARTIN, R. Y JUSTIS, R. (1993), "Franchising, liquidity constraints and entry", Applied Economics, 25 (9), 1269-1277. MÁS, F.J. (1994), “Competencia dinámica de grupos estratégicos: Aplicación al sector bancario español”, Tesis Doctoral, Universidad de Alicante. MAS, F.J. (1996), “Competencia y dinámica de grupos estratégicos. aplicación al sector bancario español”. Secretariado de publicaciones, Universidad de Alicante. MAS, F.J. (1997), “Diferencia de resultados entre los grupos estratégicos de la banca española 1984-1991”, Boletín de Estudios Económicos, 52 (160), 47-64 MAS, F.J. (1998), “Relación rentabilidad-riesgo en el contexto de los grupos estratégicos”, Revista Europea de Dirección y Economía de la Empresa, 7 (1), 33-46. MÁS, F.J. Y GÓMEZ, J.C. (1993), “Análisis de la competencia en las Cajas de Ahorros: grupos estratégicos”, Esic-Market, enero-marzo, 144-166. MASCARENAHS, B. Y AAKER, D. (1989), “Mobility barriers and strategic groups”, Strategic Management Journal, 10, 475-485. MCGEE, J. Y THOMAS, H. (1986), “Strategic group: theory, research and taxonomy”, Strategic Management Journal, 7 (2), 141-160. MCGEE, J., THOMAS, H. Y PRUETT, M. (1995), “Strategic groups and the analysis of market structure and industry dynamics”, British Journal of Management, 6 (4), 257260. MCNAMARA, G.; DEEPHOUSE, D.L. Y LUCE, R.A. (2003), “Competitive positioning within and across a strategic group structure: the performance of core, secondary, and solitary firms”, Strategic Management Journal, 24 (2), 161-174. MEHRA, A. (1996), “Resource and market based determinants of performance int the U.S. banking industry”, Strategic Management Journal, 17 (4), 307-332. MIQUEL, S.; CUENCA, A.C. Y MIQUEL, M.J. (1998), “Apertura a mercados internacionales y grupos estratégicos: el caso de las empresas del mueble en la cuenca mediterránea”, Revista do Instituto Superior Politécnico Portucalense, 1 (edición especial), 469-478. MUÑIZ, N. (1998), “Evolución de la distribución comercial en Europa a través del análisis de grupos estratégicos”, Información Comercial Española, 774 (noviembre), 121-135. MUÑIZ, N., CERVANTES, M. Y GONZÁLEZ, B. (2001), “Las implicaciones de grupos estratégicos internacionales en la gestión de la distribución comercial: desde el énfasis en los resultados hacia los efectos de una identidad”, Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, 10, 397-432.


169

NAIR, A. Y FILER, L. (2003), “Cointegration of firm strategies within groups a long-run analysis of firm behavior in the japanese steel industries”, Strategic Management Journal, 24, 145-159. NAIR, A. Y KOTHA, S. (2001), “Does group membership matter? evidence from the japanese steel industry”, Strategic Management Journal, 22 (3), 221-235. NATH, D. Y GRUCA, T. (1997), “Convergence across alternative methods for forming strategic groups”, Strategic Management Journal, 18 (9), 745-760. NATH, D. Y SUDHARSHAN, D. (1994), “Measuring strategy coherence through patterns of strategic choices”, Strategic Management Journal, 15 (1), 43-61. NAVARRO, A., DÍEZ, E.C. Y RONDÁN, F.J. (2006), “Franchisors types in Portuguese franchising”, Portuguese Journal of Management Studies, 11 (2), 97-114. OSBORNE, D.J.; STUBBART, C.I., RAMAPRASAD, A. (2001), “Strategic groups and competitive enactment: a study a dynamic relationships between mental models and performance”, Strategic Management Journal, 22, 435-454. PEGELS, C., SONG, Y. Y YANG, B. (2000), “Management heterogeneity, competititive interaction groups, and firm performance”, Strategic Management Journal, 21 (9), 911923. PELAYO, Y. Y VARGAS, A. (2004). “Grupos estratégicos en el sector envasador del aceite de oliva”, Revista Europea de Dirección y Economía de la Empresa, 13 (3), 93114. PERRIGOT, R. (2006), “Services vs retail chains: are there any differences. Evidence from the French franchising industry”, International Journal of Retail & Distribution Management, 34 (12), 918-930. PETERAF, M. Y SHANLEY, M. (1997), “Getting to know to you: a theory of strategic group identity”, Strategic Management Journal, 18 (Summer Special Issue), 165-186. PORAC, J.; THOMAS, H.; WILSON, F. ; PATRON, D. Y KANFER, A. (1995), “ Rivalry and the industry model of Scotthish knitwear producers”, Administrative Science Quarterly, 40, 203-227. PORTER, M.E. (1979), “The structure within industries and company performance”, Review of Economics and Statistics, 61, 214-227. REGER, R. Y HUFF, A.S. (1993), “Strategic groups: a cognitive perspective”, Strategic Management Journal, 14 (2), 103-124. RONDÁN, F.J.; NAVARRO, A. Y DÍEZ, E.C. (2007), “Proposing new variables for the identification of strategic groups in franchising”, International Entrepreneurship and Management Journal, 3 (4), 355-377. SÁEZ, F. (2000), “Grupos estratégicos y grupos cognoscitivos. Comparación teórica y análisis empírico aplicado al sector de promoción y construcción de vivienda”, Tesis Doctoral, Universidad de Castilla La Mancha. SHANE, S. (1996a), “Hybrid organizational arrangements and their implications for firm growth and survival: a study of new franchisors”, Academy of Management Journal, 39 (1), 216-234. SHANE, S. (1996b), "Why franchise companies expand overseas", Journal of Business Venturing, 11 (2), 73-88. SHANE, S. (1998), “Making new franchise systems work”, Strategic Management Journal, 19, 697-707. SHANE, S., SHANKAR, V. y ARAVINDAKSHAN, A. (2006), “The effects o new franchisor partnering strategies on franchise system size”, Management Science, 52 (5), 773-787. THOMAS, H. Y CARROLL, C. (1994), “Theoretical and Empirical Links Between Strategic Groups, Cognitive Communities, and Networks of Interacting Firms”. En DAEMS, H. Y


170 THOMAS, H. Strategics gropus, strategic movies and performance., New York : Pergamon, 7-29. THOMAS, H. Y VENKATRAMAN, N. (1988), “Research on strategic groups: progress and prognosis”, Journal of Management Studies, 25 (6), 537-556. ZUÑIGA, J.A., FUENTE, J.M. Y SUÁREZ, I. (2004), “Dynamics of the strategic group membership–performance linkage in rapidly changing environments”, Journal of Business Research, 57 (12), 1378-1390.


171

ANEXOS: Perfiles y resultados empresariales de los arquetipos empresariales en el sistema de franquicia español SECTOR: COMERCIO MINORISTA

Grupo

1

2

3

4

5

6

7 Total

2031,68

175,60

110,67

75,33

61,03

98,68

57,01

247,45

0,10

0,66

0,95

0,68

0,91

0,92

0,79

0,78

66,44

4,42

9,89

3,34

4,40

5,80

4,13

10,31

4,77

2,55

10,56

1,19

2,50

3,41

2,01

4,14

01 Numero de unidades en el mundo 02 Internacionalización 03 Tiendas abiertas por año 04 Tiendas abiertas (año) en franquicia 05 inversión media

73,88

76,49

48,76

74,18

49,64

145,36

66,28

77,53

06 Canon de entrada

6,07

5,88

7,82

12,71

4,75

16,28

9,54

9,28

07 Royalty sobre ventas

0,35

0,49

3,13

3,99

0,19

1,07

0,30

1,46

08 Canon de publicidad

0,56

0,96

0,34

1,17

0,12

1,13

0,88

0,73

09 Duración del contrato

5,22

4,62

4,65

5,58

4,96

5,00

7,01

5,22

0,61

0,71

0,90

0,68

0,66

0,50

0,67

0,68

10

Confianza

en

la

de

la

franquicia 11

Antigüedad

empresa

23,51

58,86

14,50

21,15

20,30

21,28

12,84

24,30

12 Años franquiciando

16,89

13,77

9,00

14,66

16,59

14,18

7,11

12,70

13 Años pre-franquicia

7,47

43,21

5,26

6,71

3,12

7,13

5,80

11,30

4,46

5,64

5,52

6,07

9,95

5,03

7,07

6,27

153,18

86,42

58,74

780,55

88,19

156,01

71,20

179,55

32,51

58,63

32,40

134,20

39,62

48,46

53,54

55,05

14 Unidades de la cadena en España 15 Superficie mínima del local 16 Población mínima 17 Tiendas por año en España Ingresos de explotación Result.

ordinarios

15,20

2,53

4,14

1,92

1,98

3,84

2,36

3,88

280664,73

44210,62

23030,47

3652,20

142994,32

43990,63

5099,56

56206,69

antes

Impuestos

8847,45

945,46

984,77

350,78

22225,00

3235,01

53,48

4806,52

Rentabilidad económica (%)

0,55

0,31

-0,77

4,19

0,22

2,59

-0,74

0,84

Rentabilidad financiera (%)

10,36

6,96

17,50

43,33

14,44

22,21

16,42

18,73


172

SECTOR: SERVICIOS Grupo 01 Numero de unidades en el mundo

1

2

3

4

5

6

Total

5137,86

4483,01

175,36

379,09

91,12

51,65

0,13

0,80

0,96

0,86

0,88

0,92

0,80

201,20

34,92

14,52

27,75

4,95

4,82

36,28

9,15

6,35

21,31

6,42

2,66

5,04

8,51

05 inversión media

50,59

57,43

37,42

141,94

56,82

113,90

70,53

06 Canon de entrada

11,02

8,91

10,30

9,80

13,19

34,53

14,84

3,43

1,14

1,68

1,43

4,98

1,35

2,30

08 Canon de publicidad

0,83

0,39

0,09

0,13

1,90

0,89

0,73

09 Duración del contrato

5,16

4,71

5,57

12,32

6,19

5,56

6,16

10 Confianza en la franquicia

0,88

0,77

0,91

0,88

0,60

0,84

0,80

11 Antigüedad de la empresa

19,75

44,97

11,01

13,05

14,91

12,40

19,69

12 Años franquiciando

12,31

18,35

6,68

10,59

7,58

7,62

10,37

13 Años pre-franquicia

7,45

24,70

4,34

2,47

7,34

4,78

8,97

02 Internacionalización 03 Tiendas abiertas por año 04 Tiendas abiertas (año) en franquicia

07 Royalty sobre ventas

14 Unidades de la cadena en España

1516,67

5,98

8,79

9,55

4,16

7,17

5,08

7,14

15 Superficie mínima del local

46,68

75,86

49,61

304,06

77,49

99,15

97,62

16 Población mínima

44,94

23,78

14,32

14,49

42,99

96,26

40,63

17 Tiendas por año en España

15,95

3,03

3,56

4,99

2,91

2,31

4,56

14939,65

61529,63

12901,46

1897,14

7908,99

92567,32

35913,36

Result. ordinarios antes Impuestos

831,68

1967,51

341,21

-31,77

231,95

14850,82

3451,55

Rentabilidad económica (%)

-10,07

6,04

-3,45

0,31

-2,44

0,98

-0,57

Rentabilidad financiera (%)

30,66

17,53

4,45

4,04

26,20

24,74

18,33

Ingresos de explotación


173

SECTOR: HOSTELERÍA Y RESTAURACIÓN Grupo 01 Numero de unidades en el mundo 02 Internacionalización 03 Tiendas abiertas por año 04 Tiendas abiertas (año) en franquicia

1

2

3

4

6

5 Total

8275,76

95,84

186,31

53,12

57,90

44,46

0,17

0,91

0,98

0,83

0,91

0,97

0,85

217,25

2,76

13,93

2,74

3,26

3,63

29,13

1001,27

5,38

2,19

15,11

1,70

2,80

3,21

5,18

185,29

97,25

123,98

219,45

895,44

185,71

226,96

22,76

8,13

11,83

22,86

15,65

20,45

17,34

07 Royalty sobre ventas

5,09

1,39

1,86

4,23

3,90

4,06

3,47

08 Canon de publicidad

3,22

0,26

0,51

0,60

0,71

2,25

1,34

09 Duración del contrato

10,01

6,43

7,46

10,12

8,34

8,33

8,40

05 inversión media 06 Canon de entrada

10 Confianza en la franquicia

0,83

0,72

0,93

0,62

0,65

0,70

0,74

11 Antigüedad de la empresa

31,76

65,04

9,96

12,43

17,90

13,20

20,62

12 Años franquiciando

20,44

24,36

7,46

6,80

15,57

8,24

11,61

13 Años pre-franquicia

11,32

39,59

2,51

5,64

2,34

4,98

8,89

14 Unidades de la cadena en España

9,12

4,89

7,07

5,95

7,10

3,48

6,07

109,62

53,84

93,36

154,48

636,68

143,40

160,74

16 Población mínima

35,59

47,93

36,01

84,88

67,02

39,72

50,28

17 Tiendas por año en España

13,14

1,73

4,04

2,32

1,80

3,14

3,98

103600,3

117713,9

16378,6

5183,9

202939,3

6374,3

47147,9

1600,09

-74,57

761,56

-257,59

5226,00

231,03

741,95

Rentabilidad económica (%)

-15,07

3,25

-0,97

0,09

8,01

1,70

1,19

Rentabilidad financiera (%)

-13,52

13,04

6,38

-6,58

21,24

17,11

10,26

15 Superficie mínima del local

Ingresos de explotación Result. ordinarios antes Impuestos



175

DETERMINANT FACTORS OF CAPITAL STRUCTURE: AN APPLICATION TO THE PORTUGUESE MARKET FATORES DETERMINANTES DA ESTRUTURA DE CAPITAL, UMA APLICAÇÃO AO MERCADO PORTUGUESE FACTORES DETERMINANTES DE ESTRUCTURA DE CAPITAL UNA APLICACIÓN AL MERCADO PORTUGUÉS Gualter Couto * (gcouto@uac.pt) Victor Chissingui **(victorchissingui58@hotmail.com)

ABSTRACT This paper employs the models of trade-off and pecking order using a panel data of non-financial firms in the Portuguese market over a time period of 10 years (1996/2005), by means of the estimation method of generalized least squares (GLS). It’s found that the debt attributes used in this paper were found to reflect the utmost importance in determining the capital structure, disregarding the economic risk (volatility) factor, since the results obtained are not supported by the current financial literature. The results obtained suggest that tangibility assets, growth assets and profitability are negatively related to debt. In turn, the factors firm’s size, non-debt tax shields and liquidity have an inverse relationship towards the first three attributes. Keywords: Capital Structure, pecking order model, trade-off model, determinant factors.

RESUMO Este artigo utiliza os modelos de troca e ordem hierárquica usando os dados de firmas não financeiras no mercado português sobre um horizonte de tempo de 10 anos (1996/2005), por meio do método de estimativa dos mínimos quadrados generalizado (GLS). Neste trabalho determina-se que os atributos da dívida reflectem a importância extrema em determinar a estrutura capital, negligenciando o factor do risco económico (volatilidade), desde que os resultados encontrados não permitem apoio na literatura financeira actual. Os resultados sugerem que


176

os activos de tangibilidade, activos de crescimento e o lucro se relacionam de forma negativa com a dívida. Por sua vez, os factores como a dimensão da empresa, o imposto de dívida e liquidez têm uma relação inversa com os primeiros três atributos. Palavras Chave: Estrutura de Capital, modelo de escolha de ordem, modelo de troca, factores determinantes.

RESUMEN Este artículo analiza los modelos de intercambio y orden jerárquico de empresas no financieras del mercado portugués a través de datos de un periodo de 10 años (1996/2005), por medio del método de estimación de los mínimos cuadrados generalizado (GLS). En este análisis se determina que los atributos de la deuda reflejan la importancia extrema en la determinación de la estructura capital, desatendiendo el riesgo económico (la inestabilidad), desde que los resultados obtenidos no permiten apoyo en la bibliografía financiera actual. Los resultados sugieren que los activos tangibles, activos de crecimiento y ganancias se relacionan de forma negativa con la deuda. Por otro lado, factores como la dimensión de la empresa, el impuesto de deuda y de liquidez tienen una relación inversa con los tres primeros atributos. Palabras-Clave: Estructura de capital, modelo de selección de orden, modelo de intercambio, factores determinantes.

** Doutor em Gestão, com especialização em Finanças, pelo ISEG/UTL. Professor Auxiliar da Universidade dos Açores, Department of Economics and Management, and CEEAplA, Universidade dos Açores, ** Mestre em Ciências Empresariais e Licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade dos Açores. Banco Millennium Angola – Huambo/ Núcleo da Faculdade de Economia do Huambo da Universidade Agostinho Neto.


177

1 INTRODUCTION The increasing globalization of the world’s economy, reflected in the integration of markets, particularly the financial sector, is based on a growing competitiveness of firms in all industries. The definition of the capital structure and the factors that determine it are essential to survival, performance and creating value for firms. In this context, the capital structure refers to the way the firm finances its assets and investments, namely the composition of its financing from equity and debt capital. The decision about financing is critical for the firm, since it will have an impact on determining its value. It should be noted that the decisions regarding the choice between alternative financing should always focus on maximizing the firm’s value. However, the capital structure is still a controversial topic in financial literature. In the last five decades this issue has drawn great attention to organizations and particularly to entrepreneurs, investors, creditors, governments and academic community. The discussion about the capital structure of the firm revolves around the existence of an optimal capital structure of firms and on what would be the attributes that drives it. The research of Modigliani and Miller (1958) on capital structure is among the most famous in financial literature until to date, and has been intensely discussed by researchers in this area. The main issue is to identify if the firm’s financing influences not its value. However, there are two major theoretical currents of opinion that polarize the debate about the relevance of the capital structure for the development of the firm’s value. The first current stems from Durand (1952), which argues that the capital structure, affects the firm’s value. It states that the cost of capital debt remains stable until a certain level of debt, from which changes due to the increased risk, to emphasize the existence of an optimal capital structure. The second current which has been developed by Modigliani and Miller (1958), which based on a set of assumptions, which argue that the way that the firm is financed is irrelevant to its value. The firm's capital cost is similar to any level of debt and, therefore, there should be an optimal structure which would lead to the maximization of the firm’s value.


178

Much of the research carried out to identify the factors determining the capital structure, are based mainly on trade-off, pecking order and agency models (e.g., Voulgaris et al., 2004; Tong and Green, 2005; Fama and French, 2005; Frank and Goyal, 2006, and Pindado et al., 2006). Therefore, Ramos and Silva (2005) argued further that the current models on the determinants of the financing structure also use non-financial factors to explain the capital structure of firms. This leads to the model of strategic positioning that states that the financing process as a determinant of capital structure is influenced by a firm’s strategy, for which we highlight the studies of Williamson (1988), Harris and Raviv (1991) and Balakrishnan and Fox (1993). Titman and Wessels (1988) and Rajan and Zingales (1995), in their work on the determinants of capital structure in the U.S. and G7 (U.S., Japan, Germany, France, Italy, UK and Canada), using factor analysis tested the following attributes: tangibility, growth, size, volatility, profitability, uniqueness, and industry classification. The authors concluded that the level of the firms’ short and long term debt presents a negative relationship with factor uniqueness, profitability and growth, and positive for the tangibility factor. Therefore, the study for the U.S. market also indicates that small firms obtain lower borrowing costs compared to the costs of issuing shares. Moreover, firms with higher levels of profitability tend to accrue less debt and this result is consistent with the pecking order model. However, in the markets of the G7, the results show the existence of a similar level of leverage among firms (Rajan and Zingales, 1995, quoted in Chen 2004). In this section we present the main concepts and models of capital structure, including the model of trade-off and pecking order, the model based on the costs of bankruptcy and agency and asymmetric information. These models have been constantly used to explain the behaviour of the capital structure of firms (Shyam-Sunder and Myers, 1999, Frank and Goyal, 2006, Fama and French, 2006; and Kayhan and Titman, 2007). Thus, studies in several markets on the determinants of capital structure (e.g., the Portuguese market, Swiss, Chinese, Slovenian and Spanish) indicate that the factors profitability, nondebt tax shields and volatility are negatively related with the level of debt, whereas for the factors of assets’ growth, firm’s size and assets’ composition, the results are contradictory. Liquidity, activity’ sector, and uniqueness are attributes little used in the research


179

about the determinants of capital structure (see, Jorge and Armada, 2001; Drobetz and Fix, 2003; Chen, 2004; Sogorb-Mira, 2005; Ramalho and Silva, 2006; Berk, 2006; and Huang and Song, 2006). This paper examines the main determinants of capital structure, i.e., determines and analyzes the relationship between the assets’ growth, profitability, liquidity, non debt tax shields, firm’size, assets’composition, volatility and short term debt, medium and longterm debt, debt to equity ratio and total debt of non-financial firms in the Portuguese market, in a ten years timeframe (1996 to 2005). The investigation focuses on all non-financial sectors of the economy, based on information from the Balance of the Central Bank of Portugal. To analyze the determinant factors and their influence on the capital structure of non-financial firms in the Portuguese market, it will be used a panel data, similar to the one used on the research developed by Jorge and Armada (2001) and Drobetz and Fix (2003). The estimation method used was the generalized least squares, using the multiple linear regression models as in Thies and Klock (1992). This paper is organized as follows. Section 2 describes the assumptions and the model analysis. Section 3 presents the data and contextual setting of empirical research. Section 4 it’s presented the main findings, implications, recommendations and clues for future research.

2. METHODOLOGY As stated previously regarding the relationship between debt and its attributes, this section seeks to define a priori assumptions to test the base model of the pecking order, trade-off, as explanatory models of the capital structure of firms. Additionally, it aims to establish an analysis’ model of the presented attributes. H1: Firms with significant growth opportunities should have major problems of disinvestment associated with the financing debt. That is, for firms that have growth options, the cost of debt should be increased so that it didn’t encourage a higher level of debt (Myers, 1984; Jensen, 1986; and Stulz, 1990). Thus, according to the model of trade-off, it is expected a negative relationship between


180

assets’ growth and debt. The basic idea of this assumption is that firms don’t issue debt for intangible growth opportunities, given the high costs of bankruptcy. H2: Firms with high risk and high growth potential, which don’t have sufficient resources to self-finance, have opted for higher financial leverage (Myers, 1984; Sogorb-Mira and Lopez-Gracia, 2003; and Berk, 2006). However, according to the pecking order model, we expect an inverse relationship regarding the first assumption. H3: Firms with greater profitability should have a higher level of debt due to tax benefits and lower bankruptcy expected costs, as proposed by the trade-off model (Fama and French, 2002; and Frank and Goyal, 2005). The foundation of this assumption is based on assumptions of tax benefits, expected costs of bankruptcy and problems of monitoring. H4: The financing of firms through retained resources reflects the preference in the pecking order model, since it doesn’t generate asymmetry of information to the market, and in case of an investment opportunity, the same resources may be used for new projects with positive net present value (NPV). However, when firms have positive results are expected to have capacity to meet the commitments. In turn, the high fixed costs related to issuance of new debt may lead firms to adjust the capital structure regularly (Myers, 1984 and Frank and Goyal, 2003). Accordingly, as the debts are paid with results generated and the adjustment of the level of leverage does not occur immediately, it is expected a negative value between the profitability attribute and debt. H5: Firms with higher incidence in net assets that are more easily convertible into monetary means, should have a higher level of leverage since they have a cash reserve readily usable (Trade-off model). Therefore, this major liquidity particularly the case of fixed assets is also a major security for creditors (Ozkan, 2001; SogorbMira and Lopez-Gracia, 2003; and Mota and Custodio, 2006). H6: In light of the pecking order model, liquidity is negatively related to the level of debt. That is, as firms prefer financing through internally generated resources, then, tend to create liquidity reserves from retained earnings in order to finance future investments, thereby reducing the need for external funds (Myers and Majluf, 1984; quoted by Ramalho and Silva, 2006). H7: Tax advantages regarding depreciations, restorations and tax credits are substitutes for tax benefits of financing with debt


181

capital, so, according to the trade-off model, it determines negatively the firm’s level of debt (De Angelo and Masulis, 1980; Ross, 1985; and Drobetz and Fix, 2003). The negative relationship between debt and the ratio defined by depreciation of fixed assets and earnings before interest and taxes based mainly on whether the depreciation of fixed assets doesn’t give rise to cash flows out of the firm and their values are readily convertible into current financial management. H8: The trade-off model and bankruptcy cost assume that there is a positive relationship between debt and the firm’s size. However, according to these models, the larger is the firm’s size the greater is the possibility of the firm to run into debt. One of the main reasons is that the firms with these characteristics are subject to lower cost of bankruptcy and asymmetry of information, lower volatility in its cash flows and capacity to diversify the portfolio of securities (Harris and Raviv, 1990; Fama and French, 2002; and Huang and Song, 2006). H9: Companies with more fixed assets tend to have a higher level of debt. According to the expectations of the trade-off model, debt is positively related to the level of fixed assets of the firm due to sign guarantees that it may give to creditors in case of settlement of company (Rajan and Zingales, 1995; and Drobetz and Fix, 2003). Additionally, according to the model of agency proposed by Jensen and Meckling (1976) fixed assets also act as protection against creditor’s risky strategies promoted by the shareholders. H10: According to the trade-off and pecking order models, it’s expected a negative relationship between the volatility of cash flows of the firm and its level of debt. The existence of a negative value, according to the first model, is due to firms with greater volatility in its cash flows have an increased probability of going bankrupt and, therefore, the tax deduction associated with debt is more uncertain. Hence, the second model considers that firms with greater volatility in their cash flows tend to maintain a lower level of debt due to the cost of debt resulting from this decision (DeAngelo and Masulis, 1980; Krempt et al., 1999; Jorge and Armada, 2001; Drobetz and Fix, 2003; Gaud et al., 2005; and Ramalho and Silva, 2006). In this study, will be used a proxy of debt by book value, using four alternative definitions of the debt as dependent variables, as in the investigations of Rajan and Zingales (1995), Jorge and Armada (2001) and Drobetz and Fix (2003):


182

Total debt Total net assets

(1)

Medium / Long term debt Total net assets

(2)

Short term debt Total net assets

(3)

Total debt Equity

(4)

Y1 =

Y2 =

Y3 =

Y4 =

In turn, as explanatory variables, we selected those that best suited the economic and financial information available in our sample and are given respectively in the financial literature: X 1 - Assets’ growth (AG): Δ % of sales and benefits of sevices AG1- Δ % of total net assets ; AG2. Δ % of total net assets X 2 - Profitability (P): Operating income Earningsbeforeinterest,tax and depreciation P1– ; P2– Total assets Total net assets Currentassets X 3 - Liquidity (L): = Current liabilities

X4 -

Non-debt tax shields (ND) =

Depreciation to total assets Earnings before interest, tax and depreciation

X 5 - Firm size (Fs):

Fs1-Natural logarithm of Sales and Benefits of Service; and Fs2- Number of workers. X 6 - Assets’ composition (AC): =

Fixed assets Total net assets


183

X 7 - Volatility (V):

a) Coefficient of variation of earnings before interest, tax and

∑ (rt − r ) n

2

t =1

n −1 r

depreciation =

b) where: t=time dimension ; n=number of observations; rt =

Earnings before interest, tax and depreciation of year t ; Total net assets of year t r = Arithmetic average of rt . n

c) σ Sales growth =

t =1

t

− χ

)

2

n − 1

where: t = time dimension n = number of observations ; χ = Sales and benefits of services; χ =Arithmetic average of sales and benefits of services; σ = Standard deviation. In the present study it will be used a multiple linear regression model, under which we will explain the relationship between the dependent variable (debt) and the explanatory variables (determinants factors). In other words, according to this model, it is considered that the level of debt of a firm is closely related to the attributes of debt. In this context, there is a formulation of the following models: Y1i , t = β 0 + β1 χ1i + β 2 χ 2i + β 3 χ 3i + β 4 χ 4i + β 5 χ 5i + β 6 χ 6i + β 7 χ 7 i + ε 1i , t

(1)

Y2i , t = β 0 + β1 χ1i + β 2 χ 2i + β 3 χ 3i + β 4 χ 4i + β 5 χ 5i + β 6 χ 6 i + β 7 χ 7i + ε 2i , t

(2)

Y3i , t = β 0 + β1χ1i + β 2 χ 2i + β 3 χ 3i + β 4 χ 4i + β 5 χ 5i + β 6 χ 6i + β 7 χ 7i + ε 3i , t

(3)

Y4i , t = β 0 + β1 χ1i + β 2 χ 2i + β 3 χ 3i + β 4 χ 4i + β 5 χ 5i + β 6 χ 6i + β 7 χ 7i + ε 4i , t

(4)


184

where: Y1i,t = Total debt (total DEBT); Y2i,t = Medium/Long term debt (mlt DEBT); Y3i,t = Short-term debt = (st DEBT); Y4i,t = Debt to equity ratio; β0 a β1 = Regression coefficients to estimate; χ1 = Assets’ growth (AG); χ 2 = Profitability (P); χ 3 = Liquidity (L); χ 4 = Non-debt tax shields (ND); χ 5 = Firm size (Fs); χ 6 = Assets’ composition (AC); χ 7 = Volatility (V); ε = It is the residual, with expected value zero, constant variance, and not correlated with the explanatory variables of the models; i = Number of sectors of activity (13); t = Number of years (10). According to the classification of fixed and random effects of dynamic models with panel data (e.g., Hamilton, 1994; and Greene, 2003), the four models above can be characterized as models with random effects, since the effects of institutional changes, macroeconomic and temporal effects, as well as the investment financing factors, by the fact of not being easily observed or measured, are represented in the form of a normal random variable. However, it is worth of notice that we have chosen the proxy of debt by book value, (historical information on the balance sheets and statements of income) derived from the database of the Balance of Central Bank of Portugal. Therefore, we have elaborated a model of multiple linear regression segmented into four parts (total debt, medium/long-term debt, short term debt and debt to equity ratio), according to the number of dependent variables, using the estimation method of generalized least squares.


185

3. EMPIRICAL RESULTS Indeed, for the research in question we used aggregate data by sector of activity, (e.g., Wright, 2004; and Frank and Goyal, 2006), covering all sectors of non-financial firm, except governmental institutions, international organizations and other extra territorial institutions, as well as production activities regarding households with employees, according to the Portuguese Classification of Economic Activities. Since we have analyzed annual aggregated data by sector of activity (observations by various firms for several moments over time) the estimation with panel data is the most appropriate method for the study. Thus, the use of panel data allows us to analyze a greater amount of information, typify the responses of different firms to certain events at different times, reducing the colinearity between the attributes of debt, having major flexibility and efficiency on the estimates. Additionally, we used the method of estimation of the generalized least squares (GLS) to determine the estimators for the regression coefficients, by minimizing the sum of the squares estimation of waste. This way, in order to ascertain the determinants of capital structure in the Portuguese market, we selected a sample of 162.831 non-financial firms, distributed in 13 sectors. We found evidence that the non-financial firms have on average 58% of equity and 42% of debt capital, over the period 1996 to 2005. A previous study carried out by Jorge and Armada (2001) using a sample of 93 non-financial firms between 1990 to 1995, obtained results that indicated a capital structure of 52% of debt capital and 48% of equity. Also, Silva et al. (1995) quoted by Barros (2007), based on a sample of 117 firms observed in 1994 and 1995, found results that show an average mix of 60% of debt capital and 40% of equity. These results contrast significantly with those obtained in this study. Consequently, we can say that the situation of financing policy has been reversed in the Portuguese capital market during the period under analysis.


186

Table 1: Distribution of capital structure between 1996/2005 totalDEBT stDEBT mltDEBT Debt to equity ratio Average

42%

24%

18%

73%

Maximum

70%

46%

24%

233%

Minimum

30%

11%

14%

44%

Table 1 shows that non-financial firms included in the sample are financed, to a large extent, by means of equity (around 58%). Thus, in case of firms’ bankruptcy if there is a need to dispose of all assets to settle their debts, they just have to be negotiated on average by 42% of its book value so that all debts are reimbursed to creditors enabling firms the capacity of debt without necessarily increasing the risk of credit. Notice that from the analysis to the context of debt of non-financial firms in the Portuguese market, the level of short term debt exceeds the long-term during the period under review (see, Figure 1). According to the Financial Stability Report of the Bank of Portugal (2006) and these results, it is assumed that in addition to other sources of financing (debenture loan and leasing), the short-term bank loan is the firms’ largest item of capital financing towards the benefits that the method offers regarding flexibility in terms of negotiating interest rate, reimbursement deadlines and the amounts involved in the operation. 2,5 total Debt

Ratios

2 st Debt

1,5 1

mlt Debt

0,5

Debt to equity ratio

0 1995

2000 2005 2010 Figure 1: The annual ratios of the capital structure

However, the significant level of financial leverage for the short term leads to the conclusion that non-financial firms in the market present major pressures regarding liquidity and have poor negotiable power with suppliers, given that the Portuguese business scene is characterized mainly by small and medium firms.


187

We find a situation of absence of heteroscedasticity for our models with reference to the total debt and short-term as dependent variables. The same can’t be said for the model using the medium and long term debt and debt to equity ratio as dependent variables, in which the model illustrate the existence of heteroscedasticity, therefore there was a need to correct the estimators. Table 2: Level of significance of overall regression Dependent Variables R square Adjusted R square Fobs Y1 0,996 0,984 80,749 Y2

0,917

Y3

0,869

Y4

0,993

0,669

Fc 0,120

3,6980

0,228

0,477

2,2150

0,343

0,971

46,304

0,021

Given the available statistical evidence in Table 2, we can conclude that the determinants of capital structure included in the model explained on average 94% (coefficient of determination) of the variance of the observed level of debt, using a significance level of 5 %. This applies to the overall significance of regression, with four alternatives for the definition of debt. Table 3: Matrix of correlation coefficients of explanatory variables AG AG

ND

P

ND

0,964

1

P

0,668

0,784

L

L

Fs

AC

1 1

-0,971 -0,943 -0,717

1

Fs

0,968

0,981

0,694 -0,917

AC

0,954

0,989

0,811

1

0,958 0,957

1

To better organize the results, the matrix of the explanatory variable coefficients referring to total debt is a dependent variable in this model since it is one of the most representative indicators of the overall leverage of firms. In this context, it’s important to refer that the independent variables of the model are highly correlated (see, Table 3), with greater emphasis on the variable assets’composition versus non


188

debt tax shields (0,989) and the firm’size versus non debt tax shields (0,981), highlighting the presence of imperfect multicollinearity given the existence of strong sample correlation between the explanatory variables. Table 4 presents the significance of individual factors on determining the capital structure, as well as their relationship with the level of total debt and short-term, using the econometric program SPSS 15.1. Table 4: Significance of individual attributes of debt totalDEBT Determinant Factors Constant

β

t

stDEBT Sig

β

t

0,003* 3,6E+08 15,848*

Sig

3,9E+0,8

18,441

0,040*

AG1

-1,855

-0,434

0,707

1,793

-0,700

0,556

AG2

-0,186

-3,350 0,079**

-0,054

0,161

0,494

P1

0,286

3,728 0,065**

0,065

0,202

0,119

P2

-0,646

-0,653

0,581

-1,433

-0,437

0,903

L

0,095

0,744

0,534

0,835

0,413

0,365

ND

0,097

1,866

0,203

-0,153

0,017

0,699

Fs1

-1,201

-0,339

0,767

-1,433

0,883

0,570

1,453

14,354

0,005*

-1,487

-3,128 0,089**

-1,434 -17,590*

0,003*

-0,189

-1,599

Fs2 Ac

0,637

* Significant at 5% level of confidence; * * significant at 10% level of confidence

Notice that from the analysis of these results stands out the model of total debt (totalDEBT), which puts in evidence four determinant factors (AG2, P1, Fs2 and Ac), statistically significant at 5% and 10% levels. The short-term model only shows a significant attribute (Fs2), with a confidence level of 10%. From the above, we may conclude that the effect of time, namely the debt’s maturity period regarding the underlying cost of capital is the fundamental reason for the difference of statistical results of both models. Thus, the size attribute (Fs2) shows a positive relationship with the level of total debt of the firm and a negative relationship with the level of short-term debt. The assets’ growth factor (AG) and assets’ composition (Ac) show the existence of a negative relationship towards the total level of debt. Likewise, the profitability attribute (P) is positively associated with the total debt of nonfinancial firms in the market. While non-debt tax shields factor (ND) and the liquidity factor (L), according to the used indicators


189

(depreciation to total debt /EBIT, and Current assets/Current liabilities) and the nature of the results (see, Table 4), allow refuting the presumption that these are determinant factors on the capital structure. It’s quite clear that the constant’s variable presents a significance of 5%. This suggests that there are other relevant factors on determining the capital structure omitted on this investigation due to difficulties in obtaining public information and measurement, therefore, not included in the tested models. As mentioned previously, they are: the factor of new financial investments, institutional changes effects, macroeconomic (inflation, interest rates, tax changes and investment incentives), temporal effects, business activity (characteristics of the business) and the factor of financial innovation (in terms of creating new instruments of debt). Table 5: Relationship between the determinant factors of capital structure and the degree of debt Debt Determinant factors

Expected results Obtained results

AG

(+/-)

(-)

P

(+/-)

(+/-)

L

(+/-)

(+)

ND

(-)

(+/-)

Fs

(+)

(+/-)

Ac

(+)

(-)

V

(+/-)

(*)

* Variable removed from the analysis process, because of historical value considered to be very close to zero

However, given the statistical evidence available on the firm's size, assets’ growth, assets’ composition and profitability, it is noteworthy that the mirrored results are consistent with the theory suggested by financial literature, as shown afterwards. Through the analysis of the results displayed in Table 5, it is possible to see that the variable assets’ growth, using the proxies of Δ % sales and benefits services/ Δ % of total net assets and Δ % of total net assets as a measure of debt, corroborates the assumption according to which, firms that have growth options, cost of debt should be increased so that a higher level of debt isn’t encouraged


190

(negative relationship between the degree of debt and attribute growth of total assets). This result is in accordance with the principles of the trade-off model defended by Myers (1984); SogorbMira and Lopez-Gracia (2003); and Berk (2006). Thus, one can in fact say that firms with considerable growth opportunities in the market have the need for new investment and, therefore seek to maintain low levels of debt so that in case of need for capital, they can easily turn to the financial market. So, we reject the assumption H2 that corroborates the positive view of the pecking order model, and agree with H1 which is in accordance with the trade-off model and cost of agency. In the case of the return attribute, we found evidence that, on the one hand, firms with higher level of profitability choose to use a low ratio of debt due to high fixed costs related to the issuance of new debt (cost of capital, transaction and tax) and the assumption of adverse selection, which confirms the pecking order model (e.g., Donaldson, 1961; Myers, 1984; Frank and Goyal, 2003; and Kayhan and Titman, 2007). On the other hand, given the tax benefits and lower cost of bankruptcy resulting from the expected decision of debt, the nonfinancial firms in the market tend to have higher levels of debt (using the proxy Operating income/Total net assets), both in short and medium and long term. In this context, stands out the fact that the operating results have great impact on the financing policy and firm’s investment, since its progression over time allows to gauge if the firm is able to generate funds sustainably based on their activity, to meet the existent debt servicing and/or eventual collapses. These conclusions are in line with the pattern of trade-off model and the results found by Fama and French (2003); and Frank and Goyal (2006). So, assumption H3 and H4 are acceptable according to the theoretical foundation as defined in section 2. As for the liquidity factor, the results found in this study (positive relationship) confirm the assumptions described above (H5), according to which, firms with more liquid assets have higher levels of debt since they have a cash reserve readily usable. This result is contrary to the results found by Ramalho and Silva (2006) which indicate a negative relationship in the Portuguese market due to the liquidity ratio (Current asset/Current liability). In this case we reject the assumption of the pecking order model (H6), regardless of the dependent variable definition used to measure the level of debt. In other words, under this model the


191

liquidity doesn’t exercise great influence on the level of debt, although it represents a potential capacity of the firm’s paying off its financial responsibilities. The evidence found for the non-debt tax shields, using the short-term debt, points out that the tax advantages towards depreciations, restorations and tax credits are substitutes for tax benefits of debt capital financing, mirroring a negative relationship (H7). Based on this line of thought, as the depreciation doesn’t result from the firm’s cash flows due to not corresponding to a payment, but to a mitigation of costs it’s considered an obvious advantage in relation to non-debt tax shields, since they are readily usable values on the financial management of the firm. Thus, the importance of non-debt tax shields attribute contrasts with the inferences mentioned in Jorge and Armada (2001), using the same proxy, and confirms the assumptions of the trade-off model quoted in De Angelo and Masulis (1980); Ross (1985); and Drobetz and Fix (2003). Given the robustness of the results obtained on the attribute firm’s size (see, Table 4) and the conjecture previously established on this factor (v.g., H8), we can highlight that the biggest firms in the market have major possibility of debt due to lower bankruptcy costs and asymmetry of information, lower volatility in its cash flows and ability to diversify the portfolio of securities. Based on this understanding, the number of workers is a clear indicator of the firm’s size unlike the natural logarithm of sales and benefits services, as cited by Barros (2007). In turn, the found result also validates the trade-off model and bankruptcy cost (e.g., Titman and Wessels, 1988; Harris and Raviv, 1990; Fama and French, 2002; and Huang and Song, 2006). The expected positive relationship between debt and assets’ composition (H9) is rejected in accordance with the used indicator (Fixed assets/Total net assets). In this context, we reject the conclusions obtained previously regarding the impact of fixed assets and level of debt (Rajan and Zingales, 1995; and Drobetz and Fix, 2003), and the regime of securitization of credit that allows firms with low risk assets to obtain financing on more favorable terms. Certainly, in the period under review, one concludes that, contrary to what some authors argued above, these attributes tells us nothing about the firm's ability to reimburse any of their responsibilities, in the sense of continuity, since the fixed assets are


192

subject to a constant review, which may overstate its value on the balance sheet. Using the coefficient of variation of earnings before interest, tax and depreciation, and the standard deviation of sales growth, as a proxy to the volatility factor, leads us to reject the assumption advocated by trade-off and the pecking order models, whereby there is a negative relationship between the volatility of cash flows of a firm and its level of leverage.

4. CONCLUSIONS This study aimed mainly to identify the empirical determinants of capital structure which contributed to determine the level of debt of non-financial firms in the Portuguese market. In this context, after testing various alternative specifications, it appears that not all the attributes of debt are significant in determining the capital structure of non-financial firms in the market. The results on the determinants of capital structure chosen in this research reflect a high degree of explanation when related to total debt and short term, taking the debt by book value as measure of debt. Contrary to what happens when the debt is related to medium and long term and debt to equity ratio. What leads us to conclude that, although such measures seemed appropriate to reflect on the factors considered as determinants of capital structure, the values obtained did not allow us to corroborate these ideas. The market is characterized mainly by small and medium firms, with 58% of equity in its capital structure. As for the debt structure the short-term bank loans are dominant. Thus, the assets’ growth factor presents a negative relationship towards the total level of debt. Also, the return reflects a negative relationship given the cost of capital, as there is an inverse relationship with the benefits from the tax debt. While the liquidity factor and non-debt tax shields doesn’t reveal results statistically significant, they were selected by measuring its financial validation. Thus, the basic idea is that firms with more liquid assets have a higher level of debt (positive relationship) and the tax advantages towards depreciation, restorations and tax credits are substitutes for debt tax benefits with


193

debt capital (negative relationship), because they are readily usable values on the financial management of the firm. Consequently, the assets’ composition factor, contrary to what some authors claimed (positive relationship), in this study we have found evidence that allows us to gauge that the level of a firm assets’ tangibility isn’t capable of reimbursing any kind of financial responsibilities in the sense of continuity. Finally, the results found on the economic risk factor cannot provide empirical support for the current financial literature. That is, according to the evidence found, it’s assumed that the economic risk isn’t a determinant of capital structure of non-financial firms during the period under review using the indicators (coefficient of variation of earnings before interest, tax and depreciation and standard deviation of sales growth). This paper gives a new contribution to solutions regarding debt and management underlying risks, thus, contributing to a new vision for entrepreneurs, investors, managers, governments, creditors and the academic community in general, on decisionmaking process of firms’ capital structure and the factors that determine it. Given the significance of the constant model, it appears that, in addition to the determinants of capital structure selected, other attributes aren’t considered relevant due to lack of public information. In this context, future similar work should strengthen the empirical results, possibly looking for a database that includes firms that have strategic developments relating to mergers and acquisitions and the possibility of introducing models in the analysis of leverage of the following attributes: the control of shareholders, the financing of new investments, the uniqueness, and investment incentives.

BIBLIOGRAPHY Balakrishnan, S., and Fox, I. (1993); “Asset Specificity, Firm Heterogeneity and Capital Structure”;

Strategic Management Journal; vol. 14; 3-16. Berk, A. (2006); “Determinants of Leverage in Slovenian Blue-chip Firms and Stock Performance Following Substantial Debt Increases”; Post-Communist Economies; Vol. 18 (4); 1463-1377. Barros, P. C. (2007); Financial Evaluation of Investment Projects; Lisbon: School Publishing.


194 Balance of Central Bank of Portugal (1996/2005); Data-Economic-Financial Non-financial

Corporations. Chen, J. J. (2004); “Determinants of Capital Structure of Chinese-listed Companies”; Journal of Business Research; vol. 57; 1341-1351. Drobetz, W., and Fix, R. (2003); “What are the Determinants of the Capital Structure? Some Evidence for Suitzerland”; University of Basel and St. Gallen; Working paper no. 4/ 03. Durand, D. (1952); “Cost of Debt and Equity for Business: Trends and Problems of Measurement”; Conference of Business Finance; New York. DeAngelo, H., and Masulis R. (1980); “Optimal Structure under Corporate and Personal Taxation”; Journal of Finance Economics; vol. 8; 3-29. Donaldson, G. (1961); Corporate Debt Capacity: A Study of Corporate Debt Policy and the Determination of Corporate Debt Capacity; Harvard College. Frank, M. Z., and Goyal, V. K. (2006); “Trade-off and Pecking Order Theories of Debt”; Center for Corporate Governance, Tuck School of Business at Dartmouth, Working Paper. Fama, E. F., and French K. R. (2005); “Financing Decisions: Who Issues Stock?”; Journal of Financial Economics; vol. 76; 549-582. Frank, M. Z., and Goyal, V. K. (2003); “Testing the Pecking Order Theory of Capital Structure”; Journal of Financial Economics; vol. 67; 217-248. Fama, E. F., and French, K. N. (2002); “Testing Trade-off and Pecking Order Predictions about Dividends and Debt”; Review of Financial Studies; Vol. 15 (1); 1- 33. Green, W. H. (2003); Econometric Analysis 5th Edition; Upper Saddle River; N J, Prentice Hall. Harris, M., and Raviv, A. (1990); “Capital Structure and Informational Role of Debt”; Journal of Finance; vol. 46; 297-355. Harris, M., and Raviv, A. (1991); “The Theory of the Capital Structure”; Journal of Finance; vol. 46; 297-355. Huang, C., and Song, M. F. (2006); “The Determinants of Capital Structure: Evidence from China”; China Economic Review; vol.7; 14-36. Hamilton, J. D. (1994); Times Series Analyses; New Jersey, Princeton University Press. Kayhan, A., and Titman S. (2007); “Firm’s Histories and Their Capital Structure”; Journal of Financial Economics; vol. 83; 1-32. Krempt, E., Stoess, E., and Gerdesmeier, D. (1999); “Estimation of a debt function: evidence from French and German firm, panel data”; Working Paper, SSRN. Jensen, M. (1986); “Agency Cost of Free Cash Flows, Corporate Finance and Takeovers”; American Economic Review; vol. 76; 323-339. Jorge, S., and Armada, M. J. (2001); “Determinants of Debt: An Analysis on Panel Data”; Journal of Contemporary Management; vol. 5 (2); 9-31. Myers, S. C. (1984); ”The Capital Structure Puzzle”; Journal of Finance; vol. 39; 375-592. Mota, A. G., and Custódio, C. (2006); Corporate Finance; Portugal; Booknomics. Myers, S. C., and Majluf, N. S. (1984); “Corporate Financing and Investment Decisions When Firms Have Information that Investors do not Have”; Journal of Finance Economics; vol.13; 187221. Modigliani, F., and Miller, M. H. (1958); “The Cost of Capital, Corporation Finance and the Theory of Investment”; American Economic Review; vol. 49(4); 655-669. Ozkan, A. (2001); “Determinants of Capital Structure and Adjustment to Long Run Target”; Journal of Finance Account; vol. 28; 98-175. Pindado, J., Rodrigues, C., and Torre, C. (2006); “How Does Financial Distress Affect Small Firms’ Financial Structure?”; Small Business Economics; vol. 26; 377-391. Ramalho, J. R. S., and Silva, J. V. (2006); “A two-Part Fractional Regression Model for the Capital Structure Decisions of Micro, Small, Medium and Large Firms”; Department of Economics, University of Évora; Working Paper. Ramos, A. J. P., and Silva, J. A. S. V. (2005); “Analysis of Decisions- Making of Financing Used by Major Portuguese Companies”; Department of Economics and Management, University of Évora;

Working Paper. Ranjan, R. G., and Zingales L. (1995); “What Do we Know About Capital Structure: Evidence from International Data; Journal of Finance; vol. 50; 1421-1460.

Some


195 Ross, S. (1985); “Debt and Taxes and Uncertainly”; Journal of Finance; vol. 40; 637-657. Sogorb-Mira, F. (2005); “How SME Uniqueness Affects Structure: Evidence From a 1994-1988 Spanish Data Panel”; Small Business Economics; vol. 25; 447-457. Sogorb-Mira, F., and López-Gracia, J. (200 3); “Pecking Order versus Trade-off”; University of Cardernal Herrera and Valência, Working Paper. Slutz, R. (1990); “Managerial Discretion and Optimal Financing Policies”; Journal of Financial Economics, vol. 26; 3-27. Silva, P., Ramos, R., Covas, J. J., Victorino, C., and Armadinho, S. (1997); “Capital Structure to the Portuguese industry”; CIEF; Working Paper; no. 2. Shyam- Sunder, L., e Myers, S. C. (1999); “Testing static trade-off against pecking order models of capital structure”; Journal of Financial Economics; 51; 219-244. Titman, S., and Wessels, R. (1988); “The Determinants of Capital Structure Choice”; Journal of Finance; Vol. 43; 1-19. Tong, G., and Green, C. J. (2005); “Pecking Order or Trade-off Hypothesis? Evidence on the Capital Structure of Chinese Companies”; Applied Economics; Vol. 37; 2179-2189. Thies, C. F., and Klock, M. M.(1992); “Determinants of Capital Structure”; Review of Finance Economics; Vol. 1; 40-51. Voulgaris, F., Asteriou, D., and Agiomirgianakis, G. (2004); “Size and Determinants of Capital Structure in the Greek Manufacturing Sector”; International Review of Applied Economics, vol. 8(2); 247-262. Wright, S. (2004); “Measures of Stock Market Value and Returns for the US Non-financial Corporate Sector, 1900-2002”; Review of Income and Wealth; vol. 50; 561-584. Williamson, O. E. (1988); “Corporate Finance and Corporate Governance”; Journal of Finance; Vol. 43 (43); 567-591.



197

CONCEPTION OF PARADIGMS EVOLUTION IN SCIENCE – TOWARDS THE COMPLEX SYSTEMS APPROACH A CONCEPÇÃO DE EVOLUÇÃO DE PARADIGMAS EM CIÊNCIA – UMA PERSPECTIVA DOS SISTEMAS COMPLEXOS LA CONCEPCION DE LA EVOLUCION DE PARADIGMAS EN LA CIENCIA – HACIA LOS SISTEMAS COMPLEJOS Franciszek Grabowski (fgrab@prz.edu.pl)* Dominik Strzałka (strzalka@prz.edu.pl)**

ABSTRACT:

The article shows a wide depiction of conception of paradigms evolution in science and surrounding reality. The presented approach is based on a new formula of system paradigm approach, which assumes wide depiction in analysis, description and synthesis of real systems as complex systems governed by long-range dependencies in space and time domain. A process of deepening science knowledge within a given time is strictly connected with ruling paradigm of perceiving reality; each paradigm change is based on a scientific revolution and leads to the change of reality perceiving and science problems too. It seems that the lack of awareness of this process itself and its consequences don’t allow to have a wide depiction of many scientific problems. Keywords: paradigms evolution, complex systems science.

RESUMO:

O artigo demonstra o grande descrição da evolução dos conceitos dos paradigmas da ciência e a realidade circundante. A visão apresentada é baseada numa nova fórmula do sistema de encarar o paradigma, que assume uma grande descrição em análise, expõe e sintetiza o sistemas reais como sistemas complexos governados por dependências a longo prazo em espaço e tempo. Um processo de aprofundar conhecimento, num determinado período de tempo, na ciência está intimamente ligado com o paradigma governante de realidade perceptiva; cada mudança de paradigma é baseada numa revolução científica e leva à mudança, da


198

realidade percebida e também dos problemas da ciência. Parece que a falta de consciência deste processo e as suas consequências não permitem ter uma descrição larga de muitos problemas científicos. Palavras Chave: evolução de paradigma, ciência como sistema complexo.

RESUMEN: El artículo demuestra la gran evolución concepción de los conceptos de los paradigmas de la ciencia y la realidad circundante. El enfoque presentado está basado en una nueva fórmula de enfoque del paradigma, que asume una gran descripción en análisis, expone y sintetiza sistemas reales como sistemas complejos gobernados por dependencias a largo plazo en espacio y tiempo. Un proceso de profundizar el conocimiento, en un determinado periodo de tiempo, está íntimamente relacionado con el paradigma gobernante de realidad perceptiva; cada cambio de paradigma está basado en una revolución científica y lleva al cambio, de la realidad percibida y también de los problemas de la ciencia. Parece que la falta de consciencia de este proceso y sus consecuencias no permiten tener una amplia descripción de muchos problemas científicos. Palabras-Clave: evolución de paradigma, ciencia como sistema complejo.

* PhD., DSc., Eng., Associate Professor at Department of Distributed Systems, Rzeszów University of Technology, Poland. Main area of interest: agent systems, complex systems behaviour, non-extensive statistical mechanics. ** PhD. Eng., Assistant Professor at Department of Distributed Systems, Rzeszów University of Technology, Poland. Main area of interest: complex systems modelling, non-extensive statistical mechanics, computer systems behaviour.


199

1. INTRODUCTION The eternal human eager was, is and will be the problem of understanding himself and the surrounding reality. This matter can be viewed in different time and space scales. From the beginning each human generation has created special “intellectual space”. In such a case, because a lot of generations were before ours, one can say that a phenomenon is in a macro scale, and from the time point of view this process is a long-term one. But this major intellectual oeuvre of previous generations can be quickly understood by one a man from the next generation i.e. in a micro scale. Paradoxically in a time scale it will be a short-term process. People’s intellectual achievements are nested, i.e. previous generations’ achievements are understood and modified by actual generations, which pass their own achievements to their descendants, etc. The whole process has got a self-similarity property (Peitgen et al. 1992). It is well known that self-similarity is a property that is directly connected with fractals. Benoit Mandelbrot gave such a definition of fractal (Mandelbrot 1982): “a (…) shape that can be subdivided in

parts, each of which is (at least approximately) a reduced-size copy of the whole“, so fractal geometrical objects are spatial self-similar

while fractal time series have got statistical self-similarity property. Sometimes the notion “spiral path of evolution” is, in a sense, the self-similar structure not only by its geometrical self-similarity but also by special character of the history expansion in time. In the expansion of different parts of science or engineering there also can be noticed the self-similar stages, which starting from the static and the linear models, through non-linear ones, now concerns modeling of dynamical, physical phenomena nested in the previous educating layers. The self-similar path of science evolution results directly from changes in perception of the reality by a human. From taxonomical point of view there can be pointed a few crucial periods, ruled by different scientific conceptions: chaos, teleology, determinism, stochastic and general systems theory. In 1962 Thomas Kuhn published his famous work “Structure of scientific revolutions” where for the first time he used the term paradigm (Kuhn 1962). One should understand this notion as an intellectual model that presents


200

a level of human reality understanding at a specified stage of his evolution, but even Kuhn explained the meaning of this word in twenty different ways. According to Kuhn’s conception in science there are periods of “normal science” and some specific moments when scientific revolution appeared. Periods of normal science are connected with the specific view and approach to scientific problems solving based on actual achievements. However, a special moment sometimes appears in time when actual scientific conceptions, such as each model, exhaust their possibilities, goes in a critical phase and scientific revolution comes – dynamical transition to the next stage. Classical example of such transition was the beginning of XX century. In 1900 William Thomson (Lord Kelvin) said that: „There is nothing new to be discovered in physics now, all that remains is more and more precise measurement.” Five years later, in 1905 Albert Einstein published his three famous works and among them special relativity theory, which soon became ovule of the scientific revolution. At which stage of reality understanding is human being now and what model should he use to be able to fully understand actual science and the surrounding reality? It seems that now we are bystanders of the complex systems paradigm stage, but it is worth present the previous paradigms of the world understanding, because they still shape our actual vision of science.

2. PARADIGMS EVOLUTION The first, earliest approach concerns a prior phase of human development when the nature was perceived as rampant creation and omnipotent chaos was ascribed by caprices of powerful and inconceivable demons that govern it. Relating to the Greek mythology Chaos (gr. Χάος) was treated as the beginning and the source of everything in the whole world. From Chaos eternal darkness first arise and gods that govern darkness (Erebus, gr. Έρεβος), night (Nyx, gr. Νύξ), light (Aether, gr. Αιθήρ), day (Hemera, gr. Ήμέρα) and Earth was also born (Gaia, gr. Γαĩα), abyss of netherworlds (Tartarus, gr. Τάρταρος) and love (Eros, gr Έρως). It was considered that it was only possible to influence on them by magical practices or by counting on their favor. At that stage of development


201

no one realized laws that governed nature. They were like something inconceivable, enigmatic and formidable. The second stage can be associated with the birth of philosophy and science derived from it. This process can be identified with the perceived by Greek world order (cosmos – gr. κόσμος – order, world structure), which can be straightened out by the reason and one can influence it by any rational action. The philosophy of Aristotle, who wrote in his Metaphysics wrote that (Apostle 1966): “the whole is more that sum of its parts”, it’s being a part of this formula and in excellent form expresses context of spatial perceiving of systems. Aristotle introduced also notions: holism and teleology. The term holism (gr. õλος) stands for a view that according to it phenomena should be expressed holistically and organically. The whole thing can’t be expressed by the sum of its parts and the world is subjected to evolution, during which new wholes emerge. The term teleology (gr. τελεος = achieving goal + λογoς = exploration, examination, study) signifies that developing processes in nature and society head towards the realization of some final goal. Aristotle also pointed out the time conditions of the system. As a matter of fact during European scientific revolution Aristotle teleology was rejected but all the ideas included there don’t lose on their actuality and now even gain more. The best proof is the appearance of interdisciplinary area of science – the general systems theory (von Bertalanffy 1968, Klir 1969). What is more, next, the third stage can be associated to the determinism and the differential equations paradigm. Determinism (lat. determinare – to separate, to restrict, to describe) is a view that assumes the dependence in the universe between actual and previous states (theretofore describes following); basis of physical, biological, psychological and sociological theories that postulate unambiguous phenomena predictions; in methodological sense: principle that explains regularities in physical, biological psychological phenomena in contradiction to randomness (Maryniarczyk 2000). The basis of determinism is a belief of possibility of existence strict and common laws that determines reality. The conception of determinism appeared in ancient times: Thales from Miletus thought that swing water was the reason of earthquakes; Parmenides justified how mind determines being and Democritus suggested that determinism should be a being of the mechanistic conception of the world. Gradual evolution of conception towards the mechanistic


202

determinism achieved its apogee when Thomas Hobbes assumed that in the world exists only the mechanistic body action and Baruch (Benedictus) Spinoza announced his theory of common order: reality consists of reasons and results connected by necessity. However, Blaise Pascal showed the necessary connection between object states where starting state unambiguous sets its future state. Pierre Simon de Laplace, who thought that the actual state of the universe is a result of previous ones, developed this form according to the rule, which states that if a human knew at some moment all forces in nature and placement of all beings and calculate them, he would have formula for the movement of the nearest scope; everything will be certain, future and present will be obvious (Maryniarczyk 2000). Mechanistic determinism describes a history of phenomena and processes by functional depiction, which in a mathematical language is presented for example by different types of equations. The third stage of the paradigm change became when the analytical research methods were applied: classical science was separated from philosophy. Teleological cosmos was superseded by phenomena description that can be described by a mathematical form. There was accepted the reductionism rule (von Bertalanffy 1968, Cempel 2005) introduced by René Descartes and Galileo Galilei, which states that: “each problem should be divided into so many small parts, that is possible”. However, this approach is proper when analyzed processes don’t evince long-range dependencies and feedback i.e. can be separated into independent casual-effect relations. Thanks to this approach in the XVIII century it was assumed that science achieved such a high level that little would be discovered and nineteenth century physics, as it was mentioned before, were convinced that their only actions would be more and more precise calculations of some physical constants. Mankind started to think that discovered unvarying laws of nature precisely, once and for all, could determine a movement of each part of the universe, whose future can be exactly calculated. Karl Deutsch, who said that (Deutsch 1951): “(…) mechanism springs to mind notion of

the whole exactly equal to the sum of its parts; mechanism can be moved in opposite direction; it always behaves exactly the same no matter how frequently it is decomposed and again composed, no matter of order in which it was decomposed. In mechanistic setup parts don’t undergo important changes neither interaction, nor their own past and each part is in the right place with proper momentum


203

and will be in this place and instantiate its specific function in unambiguous and full manner”, aptly decrypted essence of this

idealistic, mechanistic model of world (see Fig.1).

Figure 1: Mechanistic model – a synchronized cogwheels. This combination of the cogwheels can be moved into both directions

It is easy to see that the analysis of such imaginary model required many simplified assumptions, such characteristic case is the problem of Newtonian mechanistic model of movement of celestial bodies, which models The Solar System that consists of many bodies, but most of them are missed assuming that their influence on the whole system is very small. If one wants to estimate the scale of difficulty of full analysis that takes into account all system elements, it should be for example assumed that system consists of n elements. Then 2n equations are given i.e. even when n = 10 exist 210 = 1024 equations. Newton’s theory is based on linear variables relations and assumes that each cause corresponds with an immediate result, and each system searches for its equilibrium and also that nature is ordered. However, Henri Poincaré (Poincaré 1952) said that even for the problem of three bodies interaction one solution can’t be found, thus nowadays taking differential paradigm isn’t possible to give the exact description of cooperation of three ore more companies, servers, crossroads, don’t even mention human society, because in the surrounding reality appear mostly


204

phenomena that are nonlinear and dynamic. They are characterized by high sensitivity of changes of the initial conditions and critical levels (Lorentz 1963). The fourth stage is connected with stochastic paradigm. Its basis is the central limit theorem and a theory of random walk connected with the Brownian motion (Mantegna and Stanley 2000). This denotes that the assumption of independence of events in the system, i.e. processes that became in previous time moments don’t have any influence on the processes that will become in the future moments. Hence, one can expect the normal distribution with a stable mean and finite variance. If the probability distribution of the process (system) events is in a basin attraction of Brownian motion (Mantegna and Stanley 2000), modeling can always be based on one or multidimensional random walk. In such a case the differential equations are reduced to the analysis of a simple structure with a few degrees of freedom. However, they are useless in the analysis of more complicated structures wit many degrees of freedom. The scale of complicity of microscopic approach can be presented when analysis of gas movement is taken into account – 1mg of gas has got 1020 particles. In this simple, as one can think, example writing of such equations and its solution is practically impossible. Because no one was able to do this with microscopic analysis of the system the macroscopic analysis was developed. It was based on the average values that represent the “coarse grain” properties of the parts movement and stayed in the thermodynamical equilibrium state. In this context the mechanical statistics and the stochastic paradigm should be mentioned. However it turned out that the normal distribution is the particular case, one of the possible power-law distributions, sometimes called self-similar (Mantegna and Stanley 2000). The first one, who showed such distribution, was Vilifredo Pareto (Pareto 1897). This topic was continued by Paul Lévy (Mantegna and Stanley 2000, Lévy 1937), who introduced the general central limit theorem and the whole class of the α-stable distributions that has slowly (power-law) decaying tails. In such a way he commented the fact that the probability of finding a person, who is ten times higher than the other one is limited (matches to the normal distribution), but the chances of finding someone who is a hundred times richer than others is much bigger than from a normal distribution. He also embarrassed many statistical mechanics because the power-law tails means infinity of their moments (mean,


205

variance) and in closed systems infinite variance means infinite value of temperature (Mantegna and Stanley 2000). In this place it should be underlined, that the basis of these deliberations is the classical statistical mechanics connected with conception of the entropy in a form that was proposed by Boltzmann. Now it is known that Boltzmann entropy is only a particular case and can be in an easy way expanded to the non-extensive form (Tsallis 1988), which perfectly does with the problem of the infinite value of the second moment by the use of q index. The fifth stage is connected with the general systems theory and results of contestation that some systems futures don’t depend on the character of particular subsystems, but have rather a general character and concerns different domains: economy, biology, meteorology, etc. However, the power and success of the classical science caused that change of basic paradigm that turns to “single track” dealing with causality and whole decomposition seemed to be expendable. Meanwhile, according to the increasing concentration of research, appeared a partitioning of science and more and more similar disciplines. The efforts of perceiving different systems in isomorphism and homomorphism categories were the reaction to this increasing division. The creator of the general systems theory, biologist Ludwig von Bertalanffy, wrote (von Bertalanffy 1968): “Because basic future of living being is its organization, traditional

methods of research of the particular elements and processes can’t give comprehensive explanation of the life phenomenon. Such research doesn’t give any information on the coordination of particular parts and processes. Thus, the main task of biology should be discovering laws, which govern biological systems (at all levels of organization). We think that the endeavors of finding basis for theoretical biology leads to a fundamental change of the world’s view. The properties and ways of action at higher levels of organization can’t be explained by summing properties and ways of action of its component parts. However, when we know a set of component parts and relations existing between them, the higher levels of organization can be described by their elements.”

Independently of the emergence, after the Second World War, of the general systems theory the cybernetics also appeared (Ashby 1956). Its creators also contested the mechanistic paradigm, which assumes that the universe works according to “the rule of random action of anonymous elements”. They pointed out a need for


206

“searching for new basis, new conceptions and methods that allows to consider congeners and organisms like the whole” (Frank et al. 1948). The last, sixth stage is connected with the complex systems paradigm, in which, in contradiction to the others, long-term time factor should be taken into account. Harold Edwin Hurst (Hurst 1951), who was hydrologist and in the first half of XXth century worked in Assuan at dam of the Nile River, did the breakthrough (Fig. 2). The starting point of his analysis was an effort to model an ideal reservoir that never dries up and also never overflows according to known model of the random Brownian motion that was published by Albert Einstein in 1905 (Einstein 1905) (similar model was earlier, in 1900, used by Louis Bacheliér (Bacheliér 1900), who created a model of the stock valuation). This model assumes that process analyzed in time is influenced by so many independent events with the same probability of distribution, that it is a structure without memory with features typical of a process with the short-range dependencies and, when analyzed in the statistical categories, is similar to the white noise. Such process has got so many degrees of freedom that can be described only by a model of the random walk, which is being a part of the aforementioned before stochastic paradigm. Of course such assumptions were results of so far ruling conception of the classical statistical mechanics and also were necessary to justify the use of the central limit theorem that next allows the use of the Brownian motion model. Following this way of thinking, in a period that proceeded H. E. Hurst’s studies, the assumption was taken that water, which comes from many sources and rivers in the whole Nile River basin (and not only), undergoes the random walk model was taken. At first sight this assumption seemed right, but required the acceptance of the mentioned above conditions. However, the geographical location and the historical background of the conducted studies were quite specific and had a main influence on Hurst’s results. If the analyzed time series were random, range of the water inlet changes should be proportional to the square root of time i.e. t0.5, but effects of confrontation of the theoretical model and the empirical data inspired Hurst to give a proposal of his own model, where parameter (index) H was crucial. It was, by offspring, called to honor Hurst, the Hurst exponent. The general model of random walking was introduced, called also the fractional random walking, in which basic change is


207

transition from t0.5 to tH. Benoit Mndelbrot lately called this model the fractional Brownian motion (Mandelbron and van Ness 1968, Mandelbrot and Wallis 1969). It is a model that is based on the longterm (or long-range) dependencies. Hurst also discovered that the great amount of the natural systems don’t undergo the Gaussian random walking. Most of the natural phenomena, such as river flooding, temperature and rainfalls undergo fractional random walking, which, after Fourier transform implementation, in the frequency domain is described by the excess 1/f noise.

Figure 2: Part of the original Hurst paper published by American Society of Civil Engineers in 1951

1/f noise should be understood like a non-classical clock mechanism (Grabowski 1990). The mechanistic approach assumes that the clock frequency f, imposed by the clock constructor, is constant. This means, for example, that frequencies of rotation of each rigidly connected cogwheels is determined strictly and once for all. In the case when between cogwheels small stone falls the device stops or gets damaged. In the stochastic approach small deviations of the clock working frequency are admitted; it can be understood as some kind of “skid� of the cogwheels, which is strictly limited by the variance or the standard deviation (Fig. 3).


208

Figure 3: Not all elements of the real complex system are rigidly connected. Thus „skid” and dispersion of rotation of the wheels appears

In the case of the universal universe 1/f type clock frequency f of each particular elements of the whole system flexible adapts to the conditions according to the self-organization rule and the dispersion of frequency i.e. cogwheels “skid” (wheels aren’t connected rigidly) is high; its distribution is governed by power laws (Grabowski 1990). The intrinsic feature of the 1/f processes is that they represent the inward properties of the system dynamics and often can be measured in noninvasive ways. The existence of such spectrum means that processes aren’t short-range dependent and the last studies showed that the noise model behaves excellent with the assumption of the superposition (Grabowski and Strzałka 2005). It is also worth mentioning the discovery of the deterministic chaos in the seventies the XXth (Peitgen et al. 1992, Lorentz 1963). The chaos it is a notion that was for the first time introduced in TienYien Li and James A. Yorke work (Li and Yorke 1975). Chaos is one of the most frequently existing forms of reality, which can be often sustained and, as it turns, it is only an ostensible disorder. Chaos appears everywhere where in equations, which describe real systems exist nonlinear terms or the possibility to have results of the measurements with sufficiently large precision (i.e. infinite precision) doesn’t exist. In reality it is some kind of system where case and necessity, complexity and simplicity coexist and act together to create a new quality.


209

3. CONCLUSIONS Taking into account both deterministic and stochastic approaches in terms of the classical Brownian motion or the white noise there were still considered only the special cases, limited in time and space, according to the simple system paradigm. Universe, human organism, economy, weather, earthquakes, ecosystems, epidemics, computer systems, etc. can’t be fully understood when one takes into account only their separate parts. Mankind, taking into account a view based only on the classical clock mechanism, gets wrong assuming that the deterministic equations lead to the regular behavior. There is a question: do people really understand the universe taking into account the progress in technology? The elements of technology, such as for example computers, are important achievements. But they are rather the approach to build their own micro world, which is so simple that we are able to force it to do, which was intended, than to provide the understanding of the universe. The main goal of the technique is to work quasi-deterministic. In technology, similarly to the nature, it was understood or still wants to be understood, the functioning of particular elements, but rather no one understands the functioning of the whole system and the phenomena existing inside, their dynamics and functioning in the thermodynamical non-equilibrium states. Thus we still can’t optimize and take full control interactions between servers and clients, mobile phone systems, information flow in hierarchical structure of the computer, the Internet network or computer programs. Similarly, we can’t still give the solution of equations for the whole Solar System. The spiral development path leads mankind to the general systems theory and its higher-level paradigm of the complex systems, starting from the chaos paradigm trough the teleology and the determinism paradigm. However, especially concerning the spatial and the temporal conditions, studies in this topic show that recognized processes have also the self-similar (fractal) character and thus the self-similar path (philosophy) of the paradigms evolution in science was presented.


210

BIBLIOGRAPHY Apostle G. (1966); Aristotle's Metaphysics; Trans. Hippocrates Bloomington; Indiana U. Press. Ashby W. R. (1956); An Introduction to Cybernetics; Chapman & Hall; London. Bacheliér L. (1900); “Théorie de la spéculation” (Thèse) in Annales scientifiques de l'Ecole Normale Supérieure tome 17; Jacques Gabay; 21-86. von Bertalanffy L. (1968); General System Theory: Foundations, Development, Applications; George Braziller; New York. Cempel Cz. (2005): Theory and system engineering – principles and applications of system approach – e-script available on http://neur.am.put.poznan.pl/is_2005/spis_2005.htm; (in Polish language). Deutsh K. (1951); “Mechanism, Organism, and Society”; Philosophy of Science; 18; 230-252. Einstein A. (1905), Annalen der Physik; 19; 371-381. Frank L. K., Hutchinson G. E., Livingstone W. K., McCulloch W. S., Wiener N. (1948); “Teleological Mechanisms”; Annals of the New York Academy of Science; 50; 187-278) Grabowski F. (1990); 1/f noise in MOS transistors. Electrical and geometrical conditions; PWN, Warsaw; (in Polish language). Grabowski F., Strzałka D. (2005); “Influence of long-term processes on queue performance”; in Highperformance Computer Networks; ed. S. Węgrzyn et al.; WKiŁ, Warsaw (in Polish language). Hurst H. E. (1951); “Long-term Storage of Reservoirs”; Transactions of the American Society of Civil Engineers; 116. Klir G.J. (1969); An Approach to General Systems Theory; Van Nostrand Reinhold Company; New York. Kuhn T. S. (1962); The Structure of Scientific Revolutions; University of Chicago Press. Lévy P. (1937); Theorie de l’addition des variables aleatoires; Gauthier-Villars; Paris. Li T.Y., Yorke J.A. (1975); “Period three implies chaos”; Am. Math. Mon.; 82; 985-992. Lorentz E.N. (1963); “Deterministic non-periodic flow”, J. Atmos. Sci.; 20; 130-141. Mandelbrot B. B. (1982); The Fractal Geometry of Nature, W.H. Freeman, New York. Mandelbrot B. B., van Ness J. (1968); “Fractional Brownian motion, fractional noises and application”; SIAM Rev.; 10; 422-437. Mandelbrot B. B., Wallis J. R. (1969); “Computer Experiments with Fractional Gaussian Noises: part 1, 2, and 3”; Water Resources Research; 5; 228. Mantegna R. N., Stanley H. E. (2000); An Introduction to Econophysics: Correlations and Complexity in Finance; Cambridge University Press. Maryniarczyk A. (2000); Common Encyclopedia of Philosophy; PTTzA; Lublin; (in Polish language). Pareto V.(1897); Cours d'économie politique professé à l'université de Lausanne, 3 volumes. Peitgen H.O., Jurgens H., Saupe D. (1992); Chaos and Fractals. New Frontiers of science; Springer-Verlag; New York. Poincare H. (1952); Science and Method; Dover; New York. Tsallis C. (1988); “Possible generalization of Boltzmann-Gibbs statistics”; Journal Statistical Physics; 52; 479.


211

FRACTURA FRÁGIL E DÚCTIL DE JUNTAS SOLDADAS BRITTLE AND DUCTILE FRACTURE OF WELDED JOINST FRACTURA FRÁGIL Y DUCTIL DE JUNTAS SOLDADAS Arlindo A. M. Ferreira * (arlindoferreira@ipg.pt) Awf Al-Kassir ** (aawf@unex.es)

RESUMO

Neste trabalho foi avaliado o efeito da energia de soldadura sobre os valores de tenacidade de juntas soldadas de aços. Foram realizadas soldaduras num aço estrutural de alta resistência, temperado e revenido (RQT 601 – British Steel Corporation). As soldaduras foram realizadas em chapas com 25 mm de espessura; para o efeito foi considerada a preparação de junta em K. A utilização desta preparação de junta teve como objectivo criar uma zona afectada pelo calor aproximadamente normal à superfície da chapa. O binário utilizado nas soldaduras foi o OK Flux 10.61/ OK Autrod 13.43 (ESAB). Foi usado um eléctrodo de 4 mm e energias específicas de 4 kJ/mm e 6.5 kJ/mm. Das soldaduras foram retirados provetes para análise química, para análise metalográfica e para o estudo da tenacidade, na zona fundida (ZF), na zona afectada pelo calor (ZAC) e no metal de base (MB). Os provetes Charpy foram retirados com orientação Y-X (entalhe segundo a direcção da soldadura). A ZF apresenta uma tenacidade superior à do MB, para qualquer das energias testadas. A ZAC apresenta, em qualquer dos casos, os valores mais baixos de tenacidade. Foi observada uma queda de tenacidade, nas zonas fundidas e zonas afectadas pelo calor, com o aumento da energia específica de soldadura. Palavras-chave: Fractura, Juntas soldadas, Tenacidade, Teste Charpy V.

ABSTRACT

In this study, the effect of the heat input on toughness of welded joints of steel was evaluated. Submerged arc welds were performed on high strength quenched and tempered steel plates (RQT601 – British Steel Corporation), with 25mm thickness, using 4 kJ/mm and 6,5 kJ/mm heat input. K type joints were prepared in order to obtain heat affected zones (HAZ) perpendicular to the plate surface. The flux/wire couple used was OK flux 10.61/OK Autrod 13.43 (ESAB). Specimens for chemical analysis and


212

for Charpy V test were obtained from the coupon plates, with notch Y–X orientation. The results of this study demonstrated that the highest values of fracture toughness were reached in welded metal. The heat affected zones presented the lowest values of toughness in relation to the welded metal and base metal. A reduction in toughness was observed in the welded metal and heat affected zones with the increase of heat input. Key words: Fracture, Welded joints, Toughness, Charpy V Test.

RESUMEN

En este estudio se ha evaluado el efecto de la energía de soldadura en los valores de tenacidad de juntas soldadas de acero. Se han realizada soldaduras en acero estructural de alta resistencia, templado y revenido (RQT 601 - British Steel Corporation). Las soldaduras fueron realizadas, mediante el proceso de arco sumergido (SAW), en placas con 25 mm de espesor; para este efecto han sido maquinadas preparaciones de junta en K. El objetivo de este tipo de preparación fue facilitar la creación de una zona afectada por el calor aproximadamente normal a la superficie de la placa. El fundente granulado de protección y el metal de aporte seleccionado fue, OK Flux 10.61 y OK Autrod 13.43 (ESAB). Se ha utilizado un electrodo de 4 mm y las energías específicas de 4 kJ/mm y 6,5 kJ/mm. De las soldaduras se han retirado probetas para el análisis químico, análisis factográfica y para el estudio de la tenacidad de la zona fundida (ZF), zona afectada de calor (ZAC) y del metal de base (MB). Las probetas Charpy fueron retiradas con orientación Y-X (entalle segundo la dirección de la soldadura). La ZF presentó una tenacidad superior a la del MB, para cualquiera de las energías de soldadura. La ZAC presentó, en todos los casos, los valores más bajos de tenacidad. Con el aumento de la energía específica de soldadura, hubo una disminución de la tenacidad en el MB y en la ZAC. Palabras-clave: Fractura, Juntas soldadas, Tenacidad, Teste Charpy V.

* Licenciado e Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade de Coimbra, Professor da Unidade Técnico-Cientifica de Engenharia e Tecnologia da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda.. ** Dr. Ingeniero Industrial, Profesor Titular Dpto. de Ingeniería Mecánica, Energética y de los Materiales da Universidad de Extremadura,


213

1. INTRODUÇÃO O aço faz parte fundamental como matéria-prima de diversos sectores da indústria, sendo, ainda, a mais importante e versátil das ligas metálicas conhecidas até à actualidade. A operação de soldadura do aço impõe uma redução importante da tenacidade, não só da zona afectada pelo calor (ZAC), mas também da zona fundida (ZF), em relação à tenacidade do material de base (MB) (Mcgrath et al., 1988). Essa perda de tenacidade é tanto mais acentuada quanto maior for a energia específica adicionada pelo processo e procedimento de soldadura, e pode atingir proporções preocupantes se a junta soldada operar, em serviço, em condições de baixa temperatura, como acontece, por exemplo, nas plataformas petrolíferas instaladas no Mar do Norte, frequentemente sujeitas a temperaturas inferiores a cerca de -40Cº. Este facto impõe exigências em relação aos materiais e processos produtivos capazes de assegurar a segurança necessária às vidas humanas e aos avultados investimentos envolvidos (Loureiro et al., 1994). Ao longo de décadas vários estudos têm sido levados a cabo visando o aperfeiçoamento das técnicas e procedimentos de soldadura, desenvolvimento de novos consumíveis e produção de aços com elevada resistência mecânica e tenacidade à fractura, sem prejuízo da soldabilidade. Na selecção de um aço estrutural, a soldabilidade e as propriedades mecânicas de juntas soldadas são itens tão importantes quanto as propriedades mecânicas individuais do aço. Kishor et al. (2008), consideram que a elevada tenacidade da zona fundida e da zona afectada pelo calor é requisito importante dos aços soldáveis; em certas situações, a alta tenacidade assegura o bom comportamento das estruturas soldadas, mesmo em casos de condições severas de serviço. Para Ferrante (1989), factores como elevada resistência mecânica do MB, utilização de processos de soldadura caracterizados por alta taxa de diluição, uso generalizado de elementos de microliga e especificações cada vez mais restritivas no que diz respeito aos valores de tenacidade ao impacto deram


214

ênfase à responsabilidade da operação de soldadura na integridade final da estrutura. A ZAC de juntas soldadas por fusão a arco eléctrico é normalmente caracterizada por uma elevada heterogeneidade microestrutural, apresentando geralmente, as suas propriedades alteradas em relação ao MB, devido ao ciclo térmico de soldadura. Entretanto, de uma maneira geral, a região que maior alteração sofre e, portanto, onde as propriedades mecânicas podem ser mais prejudicadas é a zona de grão grosseiro. Excepções podem ocorrer em aços sensíveis à fragilização por envelhecimento e por deformação, onde pode ocorrer fragilização da região, e em aços temperados e revenidos, onde todas as regiões podem sofrer o amaciamento (Easterling, 1983). Neste trabalho foi avaliada a influência da energia específica de soldadura e da temperatura de ensaio, na tenacidade à fractura de juntas soldadas por fusão a arco eléctrico.

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

2.1. MATERIAL DE BASE E CONSUMÍVEIS O material de base utilizado para este estudo foi chapa de aço estrutural temperado e revenido RQT 601 – British Steel Corporation. A composição química e as propriedades mecânicas do aço são apresentadas nos quadros 1 e 2, respectivamente. Quadro 1. Composição química, em percentagem em peso do M.B. Espessura (mm) Composição (%) 8<t<30 30<t<80

C

Si

Mn

S

0.16 0.14 0.20 0.17

0.50 0.40 0.50 0.40

1.60 1.35 1.60 1.35

0.010 0.003 0.010 0.003

P

Cr

Mo

Nb

Ti

0.025 0.10 0.15 0.050 0.035 0.012 0.12 0.035 0.030 0.025 0.25 0.20 0.060 0.040 0.012 0.10 0.15 0.035 0.025

V

Fonte: Corus Construction & Industrial [6]

Quadro 2. Propriedades mecânicas do M.B Limite elástico Resistência à tracção Alongamento Tenacidade Charpy (MPa) 620

(Mpa)

(%)

(-45ºC)

690-850

19

27 J

Fonte: Corus Construction & Industrial [6]

Ni

Cu

B

0.07 0.10 0.10 0.004 0.002 0.05 0.08 0.70 0.20 0.004 0.002 0.01

Al 0.05 0.03 0.06 0.04


215

Previamente, foram maquinadas preparações de junta em K. Esta preparação de junta permitiu a obtenção de uma zona afectada pelo calor sensivelmente perpendicular à superfície da chapa, o que facilitou a posterior colocação do entalhe Charpy V. A figura 1 esquematiza as preparações de junta utilizadas nas soldaduras. As chapas de aço, com dimensões 1000×155×25mm, foram ligadas duas a duas por soldaduras topo a topo, multipasse, pelo processo de soldadura arco submerso (SAW), com energias específicas de 4 kJ/mm (chapa referenciada por RQT 601-1) e 6,5 kJ/mm (chapa referenciada por RQT 601-2). No quadro 3 são apresentados os parâmetros de soldadura considerados na execução das soldaduras.

a) E= 4 kJ/mm

b) E=6,5 kJ/mm Fig. 1 – Preparação de juntas utilizadas nas soldaduras


216

Quadro 3. Parâmetros de soldadura utilizados na execução das soldaduras Chapa Intensidade Voltagem Veloc. de sold. Energia (A) (V) (m/h) (kJ/mm) (1000×155×25) RQT6-1

650

32

30

4

RQT6-2

650

32

19

6,5

O fluxo utilizado foi o OK flux 10.61 (AWS A5.17-80:F6A2), com um índice de basicidade de 2,6 e uma densidade de 1,1 kg/dm3. Como material de adição foi utilizado um arame eléctrodo (OK Autrod 13.43 (ESAB)), com 4 mm de diâmetro. A composição química do material de adição está indicada no quadro 4 Quadro 4 – Composição química, em percentagem em peso do M.A. Elemento

C

Si

Mn

P

S

Cr

Ni

Mo

Nb

Teor (%)

0.10

0.20

1.40

--

--

0.70

2.30

0.50

--

2.2. EXTRACÇÃO DOS PROVETES E REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS De cada uma das chapas soldadas foram extraídos e preparados, com orientação T-L, provetes Charpy A e ensaiados de acordo com a norma BS 131, parte 6.

Fig. 2 – Geometria do provete Charpy V

Os ensaios Charpy foram realizados a diferentes temperaturas, compreendidas entre – 85ºC e 25ºC; para cada temperatura realizaram-se quatro ensaios.


217

As temperaturas inferiores a 25ºC foram conseguidas com a utilização de uma mistura, em proporções adequadas, de álcool etílico e azoto líquido. O controlo de temperaturas fez-se com o auxílio de um termopar tipo K. Os provetes foram imersos no fluído durante pelo menos dez minutos. Após este período, foram retirados do refrigerante e ensaiados nos cinco segundos seguintes. Após a realização dos ensaios, foram analisadas algumas das superfícies fracturadas, com o objectivo de determinar os mecanismos de fractura presentes.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA ZONA FUNDIDA No quadro 5 apresenta-se a composição química nominal do metal depositado. Quadro 5 – Composição química nominal real do metal depositado (% em peso) FLUXO

C

Si

Mn

Cr

Ni

Mo

OK Flux 10.61 -- 0.39 1.42 0.36 1.07 0.28

3.2. TENACIDADE CHARPY Os resultados obtidos nos ensaios Charpy V são indicados no quadro 6. Cada valor apresentado corresponde à média de quatro ensaios. Quadro 6 – Resultados dos ensaios Charpy V (J/cm2), (média de quatro ensaios) Zona/Temperatura

-85 Cº

-45 Cº

-10 Cº

25Cº

MB

57

97

135

137

ZF 1

78

128

165

166

ZF 2

70

103

139

165

ZAC 1

23

30

32

71

ZAC 2

14

22

30

44


218

Na figura 3 estão representadas as curvas de variação de tenacidade Charpy V com a temperatura, da ZF, ZAC e MB das soldaduras realizadas com energias de 4 kJ/mm e 6.5 kJ/mm, correspondentes aos provetes RQT6-1 e RQT6-2. Da análise comparativa da tenacidade das três zonas, constata-se que, para qualquer das soldaduras, a ZF apresenta os valores de tenacidade mais elevados, mesmo superiores aos apresentados pelo MB. Verifica-se ainda que, para ambas as soldaduras, a ZAC apresenta uma redução acentuada da tenacidade, quando comparada com a do MB.

Fig. 3 – Curvas de tenacidade e temperatura das zonas das juntas soldadas

Sobre a influência da energia específica de soldadura na tenacidade, constata-se que o aumento da energia específica de 4 para 6,5 kJ/mm induziu uma queda de tenacidade tanto na ZAC como na ZF. Este facto é mais evidente na ZF e para temperaturas intermédias, entre -85ºC e 25ºC. Sobre o efeito da temperatura sobre a tenacidade, constatase que quanto mais baixa for a temperatura menor é a tenacidade. Este facto é particularmente evidente na ZF e MB.


219

3.3. ANÁLISE FRACTOGRÁFICA A análise das superfícies de fractura dos provetes Charpy, na zona próxima do fundo do entalhe, indicia também as diferenças de tenacidade observadas quer na ZF quer na ZAC dos provetes obtidos a partir das chapas soldadas com energias de 4 kJ/mm e 6,5 kJ/mm. Na figura 4 apresenta-se as superfícies de fractura de provetes retirados da ZAC e testados a 85 ºC negativos.

a) E= 4 kJ/mm;

b) E= 6,5 kJ/mm

Fig. 4– Superfícies (a, b) de fractura de provetes Charpy testados a -85ºC na zona de grão grosseiro

Na figura 4a) observa-se uma superfície de fractura onde coexistem facetas de clivagem de pequena e grande dimensão


220

reveladores do carácter frágil da fractura. Na figura 4b) o carácter frágil da fractura é mais acentuado, podendo observar-se que o plano de fractura muda de grão para grão. O aspecto em bacia hidrográfica, visível no interior dos grãos, corresponde a degraus entre facetas de clivagem do mesmo plano geral de clivagem. Na figura 5 apresenta-se duas superfícies de fractura da zona fundida de provetes testados a 85 graus negativos.

a) E = 4 kJ/mm;

b) E = 6,5 kJ/mm Fig. 5 – Superfícies de fractura de provetes Charpy testados a -85ºC na zona fundida

A figura 5a) mostra uma superfície constituída por dimples finos, reveladores do carácter dúctil da fractura, e por pequenas facetas de clivagem, evidenciando a coexistência competitiva dos dois mecanismos de fractura presentes, dúctil e frágil. A figura 5b) revela uma fractura de carácter mais frágil que o apresentado na figura 5a). A análise fractográfica revela uma fractura


221

por quasi-clivagem, com pequenas facetas de clivagem delimitadas por arestas de desagarramento. A análise fractográfica corrobora os resultados de tenacidade obtidos através dos ensaios Charpy V. De facto, aos resultados mais baixos de tenacidade, obtidos na zona afectada pelo calor de ambas as juntas soldadas, estão associados fracturas de carácter frágil. As fractografias das zonas fundidas confirmam o carácter mais dúctil das fracturas.

4. CONCLUSÕES As principais conclusões a retirar deste estudo são as seguintes: Realce para a qualidade da zona fundida, com valores de tenacidade superiores aos do material de base. A operação de soldadura induziu uma queda acentuada da tenacidade da zona afectada pelo calor, quando comparada com a do metal de base. Este facto reforça o carácter problemático do comportamento da fractura da zona afectada pelo calor de juntas soldadas por fusão. O aumento da energia específica de soldadura de 4 para 6,5 kJ/mm provocou uma queda de tenacidade, tanto na zona fundida como também na zona afectada pelo calor, das juntas soldadas. Apesar de não ser documentado neste trabalho, a queda de tenacidade verificada na zona afectada pelo calor das juntas soldadas está associada ao engrossamento do grão da austenite prévia e da microestrutura e ao aparecimento de ferrite primária nas fronteiras de grão referidas, na zona de grão grosseiro. O comportamento apresentado pelas juntas soldadas reforça a importância da selecção cuidada dos parâmetros e procedimentos de soldadura como forma de contribuição para preservação das propriedades mecânicas das mesmas. Este facto assume proporções ainda mais decisivas quanto mais baixas forem as temperaturas de serviço, pois, nesses casos, a tenacidade da zona afectada pelo calor pode atingir valores preocupantemente baixos.


222

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BS 131; Part 6 (1989); Notched bar tests - Method for precision determinations of Charpy V-notch impact energies for metals. Corus Construction & Industria (2008)l, RQT 601 Data Sheet. Easterling, K. E. (1983); Introduction to the Physical Metallurgy of Welding (Butterworths Monographs in Materials); Butterworth-Heinemann; London. Ferrante, M. (1989); “Influência da Composição Química sobre a Microestrutura e Tenacidade de Metal de Soldadura Ferrítico”; parte 1, Soldagem & Materiais, Vol 1, nº3, 36-43. Kishor, P. e at. (2008); “Prediction of microstructure and mechanical properties of multipass SAW”; Journal of Materials Processing Technology Vol 197, 241-249. Loureiro, A. et al. (1994);”Toughness of CG HAZs of welds in Q&T Steels“; Welding. Journal, vol.73, nº9; 225 – 232. Mcgrath, J.T. et al. (1988); “Microstructure / mechanical property relationships in thick section C-Mn narrow – groove welds“; Welding Journal, vol.67; 196 – 201.


Instituições dos Avaliadores ESCE-IPS ESECD-IPG ESECS-IPL ESTG-IPG ESTG-IPL ESTG-IPP ESTTM-IPL IPG ISCTE

Escola Superior de Ciências Empresariais – Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação e Comunicação e Desporto – Instituto Politécnico da Guarda Escola Superior de Educação e Ciências Sociais – Instituto Politécnico de Leiria Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico da Guarda Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Leiria Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico de Portalegre Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar – Instituto Politécnico de Leiria Instituto Politécnico da Guarda Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa



Normas para Apresentação de Artigos A Revista EGITANIA SCIENCIA, propriedade do Instituto Politécnico da Guarda, é uma publicação periódica que materializa a permanente preocupação de apoiar, primordialmente, a actividade de investigação desenvolvida no IPG e no interior do País. Fomentar a investigação nos domínios da didáctica, pedagogia, cultura e técnica é o principal objectivo desta revista de divulgação científica. Deste modo, e no sentido de garantir a qualidade técnica da Revista, definem-se as seguintes normas de apresentação de artigos: 1Os artigos devem ser apresentados – em português, espanhol ou inglês – devidamente estruturados, apresentando de forma organizada os capítulos e sub-capítulos do texto, indicando os termos ou expressões a imprimir em itálico, ou a destacar de qualquer outra forma gráfica. É exigido um nível excelente para a redacção em inglês; se assim não for, o trabalho poderá ser recusado, ficando sempre sujeito a revisão. 2Os artigos devem incluir a identificação do(s) autor(es), da categoria ou função (quando se justifique), da qualidade profissional, local de trabalho e respectivo endereço (postal e electrónico), bem como o contacto telefónico. 3Os artigos devem ser acompanhados de um Curriculum Vitae (CV), resumido (máximo cinco linhas), do(s) autor(es) e de um documento assinado1 pelo(s) articulista(s) abdicando dos direitos a favor da Revista Egitania Sciencia, confirmando a originalidade do trabalho e declarando que o trabalho não será apresentado, em simultâneo, noutras revistas nacionais ou estrangeiras. 4Os trabalhos devem incluir o título em português, espanhol e em inglês, o resumo em português, resumen em espanhol e o abstract em inglês, cada um com o máximo de 1500 caracteres e a indicação até 5 palavras-chave/palabrasclave/Keywords, no máximo. O resumo/resumen/abstract deve expor o objectivo do trabalho, a metodologia seguida, os resultados obtidos e as conclusões apresentadas.

1

Assinatura igual à do Bilhete de Identidade, cujo número deverá ser referenciado.


5Os trabalhos devem ser originais inéditos e não devem exceder cerca de 20 páginas A4; devem apresentar a seguinte estrutura: na primeira página deve ser indicado o título na língua original, a identificação do(s) autor(es) e CV; o nome do(s) autor(es) 2 ; na segunda página devem ser apresentados os títulos (português, espanhol e inglês), e o resumo/resumen/abstract bem como as palavras-chave/palabras clave/keyword; o artigo propriamente dito será iniciado na terceira página. 6Os artigos devem ser enviados em suporte digital, formatados em Word, letra Times New Roman – corpo 12, espaço de 1,5 linhas, com texto justificado; a proposta do artigo deve ser enviada por e-mail (o contacto com os autores será efectuado exclusivamente por e-mail). A bibliografia deve ser apresentada em letra Times New Roman – corpo 8, espaço simples, texto justificado. 7A utilização de siglas ou abreviaturas deve restringir-se à forma padrão, evitando a sua inserção no título; a designação completa da instituição/organismo/obra à qual se refere uma abreviatura ou sigla deve preceder, no texto, a primeira indicação destas, exemplo: Estados Unidos da América (EUA). Não devem ser utilizados pontos nas siglas (exemplo: EUA em vez de E.U.A.). 8-

Os vocábulos estrangeiros devem ser devidamente assinalados (em

itálico) e as citações de textos devem figurar entre aspas, segundo as exigências

tradicionalmente exigidas, remetendo, quando for caso disso, para a nota no fundo da página. As referências bibliográficas integradas nos textos devem ser apresentadas na forma autor-data-localização e de acordo com os seguintes exemplos: - “ contribuem para o bem (Hughes, 1999)”; - “ Como é referido por Zen (1890)”; - “«O objecto vale o preço.» (Reis, 2000).”; - Diversos Autores: (Santos e Neves, 2004) ou quando mais que 3 autores (Salgueiro et. al., 1998).

9As equações e fórmulas devem ser colocadas numa nova linha e centradas em relação ao texto. 10- Os números, quando não forem seguidos por unidades de medida, deverão ser apresentados por extenso, de primeiro a décimo e de um a dez (inclusive), e por algarismos a partir deste último número. 11A lista bibliográfica (obrigatória) a incluir no final do texto, tem de ser organizada por ordem alfabética e de acordo com o seguinte critério: - Livro: (Apelido, Nome próprio, Título do Livro, Editor(a), Local da edição, ano); - Artigo de Revista (Apelido, Nome próprio, “Título do artigo”, Nome da Revista, número da Revista, data, local da edição, páginas); 2 Os autores não deve ser mais referenciado em qualquer ponto do artigo


- Texto de colectânea (Apelido, Nome próprio, “Título do Texto”, in Apelido, Nome próprio (Org./ Ed.), Título da colectânea, Editor (a), Local de edição, ano, páginas); - Para esclarecer casos não considerados, os autores deverão cumprir a normalização em vigor em Portugal (Norma Portuguesa de Descrição Bibliográfica, NP 405-1) e a ISBD – International Standard Bibliographic Description for Electronic Resources. 12Sempre que se incluam figuras, quadros, esquemas, gráficos ou fotografias destinadas a inserção no texto, estas devem ser enviadas em ficheiro independente do texto, uma por página. A sua localização no texto deve ser indicada por uma linha intercalar destacada a negrito (ex.: “a figura 1 aproximadamente aqui”). As figuras, quadros, esquemas, gráficos ou fotografias devem ser numerados de forma contínua e com numeração árabe (as fotografias devem possuir a resolução mínima adequada à impressão). 13O material gráfico (e ilustrações) deve ser apresentado com as seguintes configurações: fonte Times New Roman, corpo 8; preferencialmente preto e branco; dentro do próprio artigo; o título deve ser apresentado em Times New Roman, corpo 8, a negro, antes da figura; deve ser numerado de forma sequencial, em numeração árabe. 14Os artigos enviados, ou solicitados, para a Revista Egitania Sciencia serão apreciados pela Direcção e por dois Professores Doutorados como revisores, em blind referee; estes não terão conhecimento do(s) autor(es) do(s) trabalhos, nem estes últimos dos membros a consultar. A decisão da publicação é tomada com base nessa informação (podendo ser sugeridas ao(s) autor(es) algumas alterações), tendo ainda em conta as prioridades editoriais. 15- O autor compromete-se a considerar e rever os textos de acordo com as sugestões apresentadas pela Comissão Científica. A Direcção da ES reserva-se o direito de recusar artigos cujos autores não considerem as modificações sugeridas pela Comissão Científica, que apenas apreciará os textos enquadrados nas normas estabelecidas. 16- A Revista Egitania Sciencia declina a responsabilidade de publicar trabalhos não solicitados, a que a Direcção não atribua nível adequado ou que não obedeçam às normas estipuladas. A Revista declina, ainda, a responsabilidade de devolução dos trabalhos, que apenas será efectuada a pedido, por escrito e com os custos a suportar pelos autores. Desde que os artigos sejam aceites, e publicados na Revista Egitania Sciencia, ficam a ser propriedade da mesma, sendo proibida a sua reprodução

17-

parcial ou total, exceptuando-se os casos de citações do texto em publicações de informação geral, em artigos científicos ou publicações especializadas;

18- O(s) autor(es) do artigo tem (têm) direito a 2 (dois) exemplares da Revista em que for publicado o trabalho.


19- Os artigos devem ser enviados para o Centro de Audiovisuais e Publicações (Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda, Av. Dr. Francisco Sá Carneiro nº 50 * 6300-559 Guarda, cap@ipg.pt), ou entregues pessoalmente. 20-

O artigo é da inteira responsabilidade do(s) seu(s) autor(es).

IPG, Setembro 2006


Publication Guidelines The academic journal Egitania Sciencia, property of the Instituto Politécnico da Guarda (IPG), is a periodic publication that represents a constant commitment to support research activity carried out at the IPG and the inland regions of Portugal. Its foremost objective is to give incentive to research in the areas of didactics & pedagogy, culture and technology. To ensure the technical quality of the journal, the following guidelines will be followed for all publications: 1. The articles will be written in either Portuguese, Spanish or in English and structured in chapters and subchapters, with salient terms and expressions in italics or otherwise graphically represented. Any articles to be published in English will meet rigorous standards; when these are not met, the article will be rejected pending further revision by the author(s). 2. All articles must identify the author(s), job title(s) (when applicable), place of employment, address (postal and e-mail), and phone number. 3. Additional required information includes a summary of the author’s (or authors’) curriculum vitae (cv), in a maximum of five (5) lines. Submission is a representation that the manuscript has neither been published previously nor is currently being considered for publication elsewhere. If the manuscript is accepted for publication, a signed1 statement must be submitted, transferring copyright to the academic journal Egitania Sciencia and confirming the article to be original work. 4. All articles must include the title and abstract in Portuguese, Spanish and English, each respecting the maximum of 1200 characters, with up to five (5) keywords/palavras-chave/palabras-clave. The abstract/resumo/resumen will cover the objective, methodology, results and conclusions of the article. 5. All articles will be new, original and will not exceed about 20 pages. The paper structure should follow the organization: first page – title in original language, 1 The signature must be the same as that on official documents, copies of which must also be submitted.


author(s) 2 and cv(s); second page – title, abstract/resumo /resumen, and keywords/palavras-chave/palabras-clave in the three languages Portuguese, Spanish and English. The text of the article will begin on the third page. 6. Articles should be submitted in digital format, in Word, Times New Roman 12, 1.5 spacing, left and right justified. The proposal mustl be sent by e-mail from the contact that will be used for any further communication with the author. The bibliography will be formatted in Times New Roman 8, single space, left and right justified. 7. Abbreviation and acronyms will not appear in the title and, when used in the rest of the article, will always be preceded by their full-length description, e.g. United States of America (USA). Also not the absence of periods (full stops), e.g. USA not U.S.A. 8. Any foreign words will appear in italics while citations will appear between quotation marks (inverted commas) and also in italics with the source cited in a footnote. Bibliographic references within the text of the article will respect the author-date-localization and one of the following notation styles: “contribute to the public good.” (Hughes, 1999) According to Zen (1890), (…) The object is worth its price (Reis, 2000). Several authors: (Santos and Neves, 2004) or more than 3 authors (Salgueiro et al, 1998) 9. Formulas and equations will be centered, with a blank line above and below. 10.

Cardinal and ordinal numbers between one and ten will be written out.

11. The final bibliography, which is compulsory, will be presented in alphabetical order in the following style: Book: (last name, first name, title, editor, place, year); Journal Article (last name, first name, “title of article”, journal, number, date, place, pages); Compendium of texts (last name, first name, “title of text/article”, in last name, first name (org./ed.), book title, editor, place, year, pages); for other cases, Portuguese Bibliographic Guidelines, NP 405-1, and the International Standard Bibliographic Description for Electronic Resources will be applied. 12. Figures, tables, graphs, schemata, and photographs to be included in the text will be sent, one per page, numbered appropriately and sequentially with Arabic numbers, in a separate file. Their place in the text will be indicated by a separate line in bold that reads figure 1 here. Photographs will be submitted with minimum resolution required for printing. 2

Note that the(se) name(s) will not appear at any other juncture of the article


13. Other graphic material and illustrations will be presented in Times New Roman 8, preferably in black and white, within the article. The title, in Times New Roman 8 bold, will precede the figure, with sequential Arabic numbers. 14. All articles to be published in the academic journal Egitania Sciencia will be reviewed by the Board and two Doctoral Professors as reviewers. This will follow the blind referee process in that the identity of the author(s) will be remaining unknown. Publishing (with or without alterations) will proceed based on the decisions of this referee process and publishing priorities. 15. The author(s) must commit to implementing the suggested alterations. The Board reserves the right to refuse articles that do not follow the guidelines for publication Final responsibility for correcting errors lies with the author. 16. The academic journal Egitania Sciencia reserves the right to keep all material sent for possible publication. The material will be returned only upon request, in writing, with mailing costs paid in full by the author(s). Upon acceptance and publication by the academic journal Egitania Sciencia, the article becomes property of said journal. Partial or total reproduction

17.

is prohibited, except in cases of citations in scientific and/or specialized publications.

18. The author(s) will receive two copies of the issue in which the article was published. 19.

Articles will be submitted in person or sent to the following address: Centro de Audiovisuais e Publicações, Serviços Centrais Instituto Politécnico da Guarda Av. Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 50 6300-559 Guarda cap@ipg.pt

20.

The article is of sole responsibility of the author(s).

IPG, September 2006



Normas para presentación de Artículos La Revista EGITANIA SCIENCIA, es propiedad do Instituto Politécnico da Guarda, é una publicación periódica que materializa la permanente preocupación de apoyar, primordialmente, la actividad de investigación desenvolta en el IPG e en lo interior del País. Fomentar a investigación nos dominios da didáctica, pedagogía, cultura e técnica é o principal objetivo de la revista de divulgación científica. Así, e en el sentido de garantir la calidad técnica de la Revista, definen-se las siguientes normas de presentación de artículos: 1Los artículos deben ser presentados – en Portugués, Español o Ingles – debidamente estructurados, presentando de forma organizada los capítulos los sub-capítulos de lo texto, indicando los termos o expresiones a imprimir en itálico, o a destacar de cualquier otra forma gráfica. Es exigido un nivel excelente para a redacción en ingles o español; se así no suceder, lo trábalo podrá ser recusado, permaneciendo siempre sujeto a revisión. 2Los artículos deben incluir a identificación de lo(s) autor(es), de la categoría o función (cuando se justifique), la calidad profesional, local de trabajo y respectivo enderezo (postal e electrónico), bien como lo contacto telefónico. 3Los artículos deben ser acompañados de un Curriculum Vitae (CV), resumido (máximo cinco líneas), de lo(s) autor(es) e de un documento asignado1 pelo(s) articulista(s) abdicando de los derechos en favor de la Revista Egitania Sciencia, confirmando la originalidad del trabajo y declarando que lo trabajo no será presentado, en simultaneo, a otras revistas nacionales o extranjeras. 4-

Los trabajos deben incluir el título en Portugués, Español e en Ingles, o

resumo en Portugués, resumen en español y lo abstract en Ingles, cada un con lo máximo de 1500 caracteres e la indicación hasta 5 palavras-chave/palabrasclave/Keywords, en el máximo. Lo resumo/resumen/abstract debe demostrar el objetivo do trabajo, la metodología seguida, los resultados obtenidos e las conclusiones a presentar.

1

Assinatura igual à do Bilhete de Identidade, cujo número deverá ser referenciado.


5Los trabajos deben ser originales inéditos e no deben exceder cerca de 20 páginas A4; deben presentar la siguiente estructura: en la primera página debe ser indicado lo título en la lengua original, la identificación de lo(s) autor(es) e CV; el nombre de lo(s) autor(es)2; en la segunda página deben ser presentados los títulos (Portugués, Español e Ingles), el resumo/resumen/abstract bien como las palavras-chave/palabras clave/keyword; lo artículo propiamente dito será iniciado en la tercera página. 6Os artículos deben ser enviados en suporte digital, formateados en Word, letra Times New Roman – cuerpo 12, espacio de 1,5 líneas, con texto justificado; la propuesta de artículo debe ser enviada por e-mail (el contacto con los autores será efectuado exclusivamente por e-mail). La bibliografía debe ser presentada en letra Times New Roman – cuerpo 8, espacios simples, texto justificado. 7La utilización de siglas ou abreviaturas debe restringir-se a la forma padrón, evitando la su inserción en lo título; la designación completa de la institución/organismo/obra à cual se refiere una abreviatura o sigla debe preceder, en el texto, la primera indicación, ejemplo: Estados Unidos da América (EUA). No deben ser utilizados puntos en las siglas (ejemplo: EUA en vez de E.U.A.). 8Los vocablos extranjeros deben ser debidamente señalados (en itálico) e las citaciones de textos deben figurar entre aspas, segundo las exigencias tradicionales, remetiendo, cuando ceja el caso, para a nota no fundo da página. Las referencias bibliográficas integradas en los textos deben ser presentadas Autor-data-localización y de acuerdo con los siguientes ejemplos: - “contribuyen para o bien (Hughes, 1999)…; - “Como es referido por Zen (1890)…; - “«El objeto vale el precio.» (Reis, 2000).”; - Diversos Autores: (Santos e Neves, 2004) o mas que 3 autores (Salgueiro et. al., 1998). 9Las ecuaciones e fórmulas deben ser colocadas en una nueva línea e centradas en relación con el texto. 10- Los números, cuando no sean seguidos por unidades de medida, deberán ser presentados por extenso, de primero a décimo e de un a diez (inclusive), e por números a partir diste último número. 11- La lista bibliográfica (obligatoria) a incluir en el final de lo texto, tiene de ser organizada por orden alfabética e de acuerdo con o siguiente criterio: - Libro:(Apellido, Nombre propio, Título del Libro, Editor(a), Local da edición, ano); - Artículo de Revista (Apellido, Nombre propio, “Título do artículo”, Nombre de la Revista, número de Revista, data, local da edición, páginas);

2 Los autores no debe ser mas referenciado en cualquier ponto del artículo.


- Texto de colactánea (Apellido, Nombre propio, “Título del Texto”, in Apellido, Nombre propio (Org./ Ed.), Título da colactánea, Editor (a), Local de edición, ano, páginas); - Para esclarecer casos no considerados, los autores deberán cumplir la normalización en vigor en Portugal (Norma Portuguesa de Descripción Bibliográfica, NP 405-1) o la ISBD – International Standard Bibliographic Description for Electronic Resources. 12- Siempre que se incluyen figuras, cuadros, esquemas, gráficos o fotografías destinadas a inserción en el texto, estas deben ser enviadas en fichero independiente del texto, una por página. La suya localización en el texto debe ser indicada por una línea intercalada destacada a negrito (ex.: “la figura 1 aproximadamente aquí”). As figuras, cuadros, esquemas, gráficos o fotografías deben ser numerados de forma continua e con numeración árabe (as fotografías deben possuir la resolución mínima adecuada à impresión). 13- Lo material gráfico (y ilustraciones) debe ser presentado con as siguientes configuraciones: fuente Times New Roman, cuerpo 8; de preferencia negro e blanco; dentro del propio artigo; lo título debe ser presentado en Times New Roman, cuerpo 8, a negro, antes de la figura; debe ser numerado de forma secuencial, en numeración árabe. 14- Los artículos enviados, o solicitados, para la Revista Egitania Ciencia (ES) serán apreciados pela Dirección e por dos Profesores Doctorados, como revisores, en blind referee; estés no teran conocimiento de lo(s) autor(es) de lo(s) trabajos, ni estés últimos de los miembros a consultar. La decisión de publicación es tomada con base en esa información (pudendo ser sugeridas a lo(s) autor(es) algunas alteraciones), tiendo aún en cuenta las prioridades editoriales. 15- O autor compromete-se a considerar e rever os textos de acuerdo con las sugestiones presentadas por la Comisión Científica. La Dirección de ES se reserva lo derecho de recusar artículos en que los autores no consideren las modificaciones sugeridas por la Comisión Científica, que apenas apreciará los textos encuadrados en las normas establecidas. 16- La Revista Egitania Sciencia declina la responsabilidad de publicar papers no solicitados, à que la Dirección no atribuí nivel adecuado o que no obedezcan à las normas estipuladas. A Revista declina aún, la responsabilidad de devolución de los trabajos, algo que apenas será efectuada a pedido, por escrito e con los costos por cuenta de los autores. 17- Desde que os artículos cejan aceptes, y publicados en la Revista Egitania Sciencia, quedara propiedad de la misma, sendo prohibida suya reproducción

parcial o total, excepto en los casos de citaciones de lo texto en publicaciones de información general, en artículos científicos o publicaciones especializadas;

18- Lo(s) autor(es) de artículos tien (tienen) derecho a 2 (dos) ejemplares da Revista en que sea publicado o trabajo.


19- Los artículos deben ser enviados para lo Centro de Audiovisuais e Publicações (Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda, Av. Dr. Francisco Sá Carneiro nº 50 * 6300-559 Guarda, cap@ipg.pt ), o entregues personalmente. 20-

Lo artículo es de entera responsabilidad de lo(s) su(s) autor(es).

IPG, Setembro 2006


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.