Egitania sciencia - Número 7

Page 1

7 6

2

0

1

0


A Revista EGITANIA SCIENCIA, propriedade do Instituto Politécnico da Guarda, é uma publicação periódica que materializa a permanente preocupação de apoiar, primordialmente, a actividade de investigação desenvolvida no IPG e no interior do País. Fomentar a investigação nos domínios da didáctica, pedagogia, cultura e técnica é o principal objectivo desta revista de divulgação científica. La Revista EGITANIA SCIENCIA, es propiedad do Instituto Politécnico da Guarda, es una publicación periódica que materializa la permanente preocupación de apoyar, primordialmente, la actividad de investigación desenvolta en el IPG e en lo interior del País. Fomentar a investigación nos dominios da didáctica, pedagogía, cultura e técnica é o principal objetivo de la revista de divulgación científica. The academic journal Egitania Sciencia, property of the Instituto Politécnico da Guarda (IPG), is a periodic publication that represents a constant commitment to support research activity carried out at the IPG and the inland regions of Portugal. Its foremost objective is to give incentive to research in the areas of didactics & pedagogy, culture and technology.


Título Egitânia Sciencia Director: Fernando A.Sá Neves dos Santos. Conselho Editorial: Jorge M. Monteiro Mendes, Fernando A.S. Neves Santos, Helder L. Rebelo Sequeira, Gonçalo Fernandes Poeta, Constantino Mendes Rei (Instituto Politécnico da Guarda - IPG). Comissão Científica do IPG: Ana Cristina Marques Daniel, Adérito Neto Alcaso, Alberto Trindade Martinho, Amândio Pereira Baía, Ana M. M. Caldas Antão, Ana Maria Jorge, Ana Margarida G. Fonseca, Ascensão M. Martins Braga, Carla H. H. C. T. Ravasco Nobre, Carlos A. Correia Carreto, Carlos F. Sousa Reis, Carlos M. Gonçalves Rodrigues, César Rafael Gonçalves, Eurico J. Gomes Dias, Ezequiel Martins Carrondo, Fernanda M. Trindade Lopes, Fernando C. Silva Marques, Fernando Pires Valente, Filomena S.J. Bolota Velho, Gonçalo J. Poeta Fernandes, Joaquim J. Quadrado Gil, Joaquim M. Fernandes Brigas, Jorge A.P. Fonseca Trindade, José G. Peres Monteiro, José M. Mayor Gonzalez, José R. Santos André, Luísa M.L. Queiroz de Campos, Manuel A. Brites Salgado, Maria C.S. Pinto Silveira, Maria Eduarda Ferreira, Maria F. Santos David, Maria M. Santos Natário, Maria R. Gomes Gouveia, Maria R. da Silva Santana, Paula Isabel T.G. C. Borges, Paulo A. Moutinho Barroso, Pedro M.S. Melo Rodrigues, Rosa B. C. Tracana Pereira, Rui A.P.S. Cunha Ferreira, Rute M.G.A. Teixeira Matos, Teresa J. Trindade M C. Fonseca, Teresa M. Dias de Paiva, Tiago M.C. Santos Barbosa, Samuel Walter Best. Revisão Técnica: Ana M Morais Antão (ESTG-IPG); António Rosa (ISCTE-IUL); Daniel Silva (ESS-IPV); Dulce Galvão (ESEC); João M. Ferreira (FCSH-UBI); Joaquim Delgado (EST-ISPV); Joaquim Gonçalves Antunes (ESTISPV); José Pires Manso (FCSH-UBI); Juan Igartua Perosanz (FCS-US); Manuel Salgado (ESTH-IPG); Manuela Ferreira (ESS-IPV); Paula Coutinho Borges (ESS-IPG); Rogério Simões (FC-UBI); Sérgio Araujo (ESTM-IPL); Revisão de provas: José Reinas Caldeira, Guadalupe Arias Mendez, Sílvia Alexandra Lopes dos Reis. Propriedade: Instituto Politécnico da Guarda, Av. Dr. Francisco Sá Carneiro nº 50 * 6300-559 Guarda Contactos: Telf. 271 220 111 * Fax 271 222 690, Email: gic@ipg.pt Endereço Web: http://www.ipg.pt/revistaipg/ Composição gráfica M Comunicação Impressão e Acabamentos: Daniel Ferreira e Francisco Leite Depósito Legal: nº 260795/07 ISSN: 1646-8848 Vol. VII, Novembro de 2010 Periodicidade: Semestral Tiragem: 1 000 exemplares Assinatura: Portugal 20€, Europa 30€, Resto do Mundo 50€ Preço Capa: 20€ Proibida a reprodução total ou parcial desta Revista sem autorização expressa da Direcção de “Egitania Sciencia”. Todos os direitos reservados. Forbidden the total or partial reproduction of this Magazine without express authorization of the Direction Board of “Egitania Sciencia”. All rights reserved. Apoio a este número:

Fundação para a Ciência e a Tecnologia Banco Santander Totta Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior (UDI/IPG) Nota: Os artigos são da responsabilidade dos autores, não reflectindo necessariamente os pontos de vista da direcção ou dos revisores.


3

REAFIRMAR A PRODUÇÃO EDITORIAL E CIENTÍFICA Nestas minhas primeiras palavras, enquanto Presidente do IPG, para a revista Egitania Sciencia, gostaria de reter algumas das afirmações por mim proferidas na sessão de tomada de posse. Desde logo, porque entendo serem oportunas neste renovado convite ao envolvimento, de todos quantos leccionam neste Instituto, com a publicação que apresenta o seu sétimo volume, respeitando a sua periodicidade, reafirmando os seus objectivos. Entendo que os docentes do ensino superior politécnico, e em particular do IPG, têm de interiorizar e assumir, definitivamente, que o seu papel e a sua responsabilidade, vai muito para além da tarefa, árdua e exigente, sem dúvida, que é a docência. A disponibilidade para a execução de outras actividades, para o envolvimento em projectos com a comunidade, para a sua progressão académica, deve ser complementada com uma grande dose de voluntarismo, de capacidade de iniciativa e criatividade. Neste contexto, está, assim, o seu contributo para a crescente valorização e projecção deste Revista, quer em termos nacionais, quer em termos internacionais. Aliás, como já evidenciei, o enfoque na internacionalização é uma dimensão crítica e prioritária do mandato recentemente iniciado. Reafirmo que a internacionalização terá, necessariamente, de incluir (para além da mobilidade de docentes, estudantes e não docentes) parcerias internacionais centradas na formação e investigação, onde, com justiça, deve intervir a Egitania Sciencia, como plataforma aglutinadora da difusão de saber. A qualidade de ensino, investigação e dos serviços prestados por uma instituição de ensino superior passa, claramente, pela qualidade dos seus recursos humanos, pela qualidade das suas instalações, pela existência de recursos materiais adequados mas também pela sua produção editorial e científica. Esta Revista continuará a ser uma das nossas apostas e um desafio permanente à colaboração de todos.

Constantino Rei Presidente do IPG


Â


5

ÍNDICE [7]

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE BOX-JENKINS À PROCURA TURÍSTICA NA LITUÂNIA Maria Ferreira e Paula Fernandes

[29]

ANÁLISIS DE LA PÉRDIDA DE RELEVANCIA DE LOS SISTEMAS CONTABLES: UNA APLICACIÓN DEL MODELO DE OHLSON EN EL SECTOR DEL AUTOMÓVIL Teresa Duarte Atoche, Ángel Pérez López, Antonio Camúñez Ruiz e Inés Moreno Campos

[57]

A IMPORTÂNCIA DE AGIR E PENSAR ESTRATEGICAMENTE NO ENSINO SUPERIOR PORTUGUÊS António José Gonçalves Fernandes e Maria Isabel Barreiro Ribeiro

[81]

WORLD MINING REVIEW. COMPARATIVE ANALYSIS WITH KAZAKHSTAN MINING Aliya Bukayeva

[95]

AS ELITES QUE PROTAGONIZARAM O ARRANQUE E DESENVOLVIMENTO DO PERIODISMO BEIRÃO Regina Gouveia

[121]

ESTUDO DO SISTEMA COMPÓSITO POLI(CLORETO DE VINILO) RÍGIDO/CARBONATO DE CÁLCIO José Reinas dos Santos André,

[143]

ENURESE NOCTURNA: EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, FACTORES PSICOLÓGICOS E SEUS EFEITOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Ana Lemos, Ana, F. Vinha, Marisa Machado, Maria Emília Santos e Maria Teresa Herdeiro

[157]

THE INFLUENCE OF INDOOR CYCLING CLASSES ON THE HEALTH OF PEOPLE BETWEEN 60 AND 70 YEARS OLD WITH HYPERTENSION PhD D. Sawaryn and Phd R. Grzywacz

[169]

MODELOS DE GESTIÓN DEL ENOTURISMO EN LA D.O. RIBERA EL DUERO Mónica Matellanes Lazo

[195]

A PÍLULA ANTICONCEPCIONAL E O RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR Sandie Figueiredo, Ana F. Vinha, Marta O.Soares, Marisa Machado, Emília Santos e Teresa Herdeiro


6

[211]

EL PAPEL DE LO CERCANO Y EL IDEARIO POLÍTICO EN EL POSICIONAMIENTO DE LOS DIARIOS DE PRENSA TRADICIONALES: EL CASO DE LOS JÓVENES UNIVERSITARIOS DE LA UEMC Luís Couraceiro, António Santos, Ana F. Vinha, Filomena Salazar, António Almeida-Dias e Cristina Manzanares


7

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE BOX-JENKINS À PROCURA TURÍSTICA NA LITUÂNIA APPLYING THE BOX JENKINS METHODOLOGY TO TOURIST SEARCH IN LITHUANIA APLICAR LA METODOLOGIA BOX-JENKINS A LA BUSQUEDA TURISTICA EN LITUANIA. Maria Manuela Gomes Ferreira (maria.gomes.ferreira@hotmail.com) * Paula Odete Fernandes (pof@ipb.pt) **

RESUMO O presente trabalho teve como objectivo principal analisar o comportamento da procura turística na Lituânia tendo por base dados estatísticos referentes ao número de dormidas mensais registadas nos estabelecimentos hoteleiros. Para tal utilizou-se a metodologia de Box-Jenkins no sentido de encontrar um modelo que melhor se adeqúe aos dados tratados e efectuar previsões futuras a curto prazo. Utilizou-se esta variável pensando ser a que explica suficientemente o fluxo da procura turística na Lituânia. Após a aplicação da metodologia referida anteriormente, verificou-se que o modelo que produziu resultados estatísticos satisfatórios e evidenciou uma qualidade de ajustamento aceitável para efectuar previsões futuras, para a série em análise, foi SARIMA (0,2,1) (0,1,1). Palavras-chave: Turismo; Procura Turística; Metodologia de Box-Jenkins; Modelos ARIMA; Previsão.

ABSTRACT The goal of the present research is to develop a model and apply it to sensitivity studies in order to predict tourism demand in Lithuania. In this way, we used the Box-Jenkins methodology applying to the time series of tourism: Monthly Guest Nights in Hotels registered in Lithuania. The analysis of the output forecast data of the selected SARIMA (0, 2, 1) (0, 1, 1) model showed a reasonably close result compared to the target data. In other words, the model produced a highly accurate forecast. Therefore it can be considered adequate for the purpose of prediction in the reference time series.


8

Keywords: Tourism; Tourism Demand; Box-Jenkins Methodology; ARIMA Models; Forecasting.

RESUMEN El presente trabajo tuvo como objetivo principal analizar el comportamiento de la demanda turística en Lituania, teniendo por base los datos estadísticos referentes al número de las pernoctaciones mensuales registradas en los establecimientos hoteleros. La metodología que se llevó a cabo en este análisis fue la de Box-Jenkins, con el objetivo de obtener el modelo que mejor se ajuste al comportamiento de la serie en estudio y utilizarlo para hacer predicciones a corto plazo. Se ha utilizado esta variable puesto que es una de las variables que mejor explica la demanda turística en Lituania. Después de aplicar la metodología se constató que el modelo SARIMA (0,2,1) (0,1,1), fue el que presentó resultados estadísticos satisfactorios y mostró una calidad de ajuste aceptable para realizar predicciones futuras para la serie en estudio. Palabras Clave: Turismo; Demanda Turística; Metodología de Box-Jenkins; Modelos ARIMA; Predicción.

* Licenciada em Gestão, pelo instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Tecnologia e Gestão e Mestranda em Contabilidade e Finanças, Instituto Politécnico de Bragança. Exerce funções na área de auditoria financeira na empresa ValorConsult - Consultores Associados, Lda. (Bragança). ** Doutoramento em Economia Aplicada e Análise Regional pela Universidade de Valladolid. Mestre em Gestão e Licenciada em Gestão de Empresas, pela Universidade da Beira Interior. Professora Adjunta da Escola Superior de Tecnologia e de Gestão do Instituto Politécnico de Bragança. Docente do Departamento de Economia e Gestão, desde o ano lectivo 1992/1993. Participação em 4 projectos de I&D internacionais e mais de 25 publicações em proceedings de conferências nacionais e internacionais, com arbitragem científica. Submetido: 30 Dezembro 2009 Aceite: 30 Maio 2010


9

1. INTRODUÇÃO Na Lituânia a procura turística, tem sido um factor muito importante para o desenvolvimento e crescimento, visto que a entrada na União Europeia abriu portas ao seu desenvolvimento. No sentido de analisar este fenómeno vai ser estudada e analisada uma variável que se entende ser capaz de explicar tal desenvolvimento e crescimento, as dormidas mensais registadas nos estabelecimentos hoteleiros na Lituânia. A elaboração deste trabalho tem como principal objectivo analisar e efectuar previsões turísticas, para o ano de 2007, para a Lituânia, tendo por base a variável que explica a procura turística: número de dormidas registadas nos estabelecimentos hoteleiros. Para alcançar o objectivo pretendido foi necessário recorrer ao Instituto Nacional de Estatística da Lituânia para recolher os dados estatísticos, mensais, para o período compreendido entre Janeiro de 2001 a Dezembro de 2007. Pretende-se ainda construir um modelo que permita explicar o comportamento da Procura Turística na Lituânia e quantificar os fluxos turísticos. Para tal recorreu-se à metodologia proposta pelos autores Box e Jenkins, ou seja, aplicou-se os modelos de previsão designados por modelos ARIMA que permitem efectuar previsões com base numa dada série temporal estacionária. O presente trabalho de investigação engloba vários passos até se alcançar o objectivo pretendido, sendo que inicialmente apresentase uma breve caracterização do comportamento da evolução do fluxo turístico na Lituânia. Em seguida e de uma forma resumida apresentase a teoria dos modelos lineares univariados de Box-Jenkins. A aplicação da metodologia implica que a série temporal em estudo seja estacionária de modo a que a metodologia possa ser aplicada e efectue as melhores previsões. Posteriormente analisam-se os resultados e elaboram-se as conclusões.

2. O TURISMO NA LITUÂNIA O Turismo na Europa tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos, contribuindo assim para o desenvolvimento económico e financeiro dos países. O fluxo turístico na Europa de Leste tem aumentado cada vez mais, mas infelizmente a Lituânia não é um dos


10

países mais procurados pelos turistas, apesar da sua actividade turística ter vindo a aumentar cada vez mais ao longo dos últimos anos como se pode observar pela análise à Figura 1. Como se pode observar, na seguinte figura, a partir de 2003 a recepção de turistas vem crescendo a um ritmo proporcional em relação ao tempo, devido ao facto da Lituânia estar em crescente desenvolvimento económico.

N.º de Dormidas

800.000 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000

Nov‐07

Jul‐07

Set‐07

Jan‐07

Mai‐07

Nov‐06

Mar‐07

Jul‐06

Set‐06

Mai‐06

Jan‐06

Mar‐06

Jul‐05

Set‐05

Nov‐05

Mai‐05

Jan‐05

Mar‐05

Jul‐04

Set‐04

Nov‐04

Mai‐04

Jan‐04

Nov‐03

Mar‐04

Jul‐03

Set‐03

Jan‐03

Mai‐03

Nov‐02

Mar‐03

Jul‐02

Set‐02

Jan‐02

Mai‐02

Mar‐02

Jul‐01

Set‐01

Nov‐01

Mai‐01

Jan‐01

Mar‐01

0

Meses

Figura 1: Evolução do n.º de turistas registados na Lituânia, por mês. Fonte: Elaboração Própria com base no Anuário Estatístico de Turismo da Lituânia (INE, 2001 a 2007)

2.1. A PROCURA TURÍSTICA 2.1.1. DEFINIÇÃO DE PROCURA TURÍSTICA A procura turística trata, pois do volume total de procura de determinado produto turístico (ou região/destino turístico) num dado período de tempo, que poderá ser medida pela variável Dormidas1. Assim, a procura turística designa o volume efectivo e real de capacidade consumidora de um produto ou serviço, e pode ser definida pelo termo procura de mercado que se refere ao volume da

1 Entende-se por Dormidas a permanência num estabelecimento que oferece alojamento, considerada em relação a cada indivíduo, e por um período compreendido entre 12 horas de um dia e as 12 horas do dia seguinte (INE, 2007).oferece alojamento, considerada em relação a cada indivíduo, e por um período compreendido entre 12 horas de um dia e as 12 horas do dia seguinte (INE, 2007).


11

procura de uma classe de produtos, durante um determinado período de tempo (Costa et al., 2001). Nos últimos anos a procura turística na Lituânia, medida pela variável dormidas, tem vindo a aumentar o que poderá ter a sua origem nas mudanças políticas, económicas e sociais. Apenas recentemente a Europa assistiu à abertura da Europa de Leste e ao seu desenvolvimento. Residentes Estrangeiros 3500000

3094758 3000000

2773877 2488594

2500000

Dormidas

2169091 1906410

2000000

1844901

2041027

1762498 1526282

1500000

1170369 1000000

500000

394549

353889 350021

359495

0

2001

2002

2003

2004 Anos

2005

2006

2007

Figura 2: A procura turística na Lituânia. Fonte: Anuário Estatístico de Turismo da Lituânia (INE, 2001 a 2007).

Pela análise à Figura 2, pode observar-se uma dependência da Procura Turística relativamente ao mercado interno. Embora se verifique que nos dois últimos anos, em análise, essa dependência acentuou-se mais. Isto pode dever-se ao facto de ter aumentado o poder de compra dos Lituanos e estes deslocam-se mais dentro do país para destinos turísticos, cidades, tais como: Vilnius, Trakai, Klaipeda, Nida e Parkas Europos (onde se localiza o marco geodésico - Centro da Europa).


12

3. METODOLOGIA DE BOX-JENKINS 3.1. CONCEITOS BÁSICOS A análise de previsão de uma série temporal é caracterizada pelo facto de uma variável poder ser explicada simplesmente pelo tempo e pelas suas realizações antecedentes (Magalhães, 1993). A metodologia de Box-Jenkins possibilita ao investigador de entre uma vasta classe de Modelos ARIMA2, escolher o modelo que melhor se aplica à série de dados que possui. Estes modelos pressupõem de que a série de dados a analisar é originada por um processo estocástico proveniente de uma determinada estrutura, podendo ser caracterizada e descrita. Esta descrição é feita em termos de como a aleatoriedade está agregada no processo (Magalhães, 1993). Uma das principais propriedades fundamentais das sucessões cronológicas é que cada observação depende, com alguma intensidade, das observações precedentes. É de referir também a ausência de séries cronológicas estacionárias, uma vez que a metodologia de Box-Jenkins aplica-se somente a séries estacionárias, pelo que séries não estacionárias terão que se converter em estacionárias. As principais causas da não estacionaridade são as variações sazonais que perturbam na maior parte dos casos as séries económicas (Magalhães, 1993; Fernandes & Cepeda, 2000; Goh, & Law, 2002). Quando as observações são detentoras de uma estrutura probabilística razoavelmente estável ao longo do tempo e são em grande número para permitir uma estimativa desta estrutura, a abordagem Box-Jenkins permite obter as previsões mais precisas (Magalhães, 1993).

3.2. ESTACIONARIDADE E NÃO ESTACIONARIDADE Um processo estocástico é estacionário quando a sua estrutura probabilística é estável ao longo dos anos o que implica a média e variância constantes ao longo do tempo e que a autocovariância depende apenas da desfasagem entre os instantes de tempo. Caso

2

Do inglês Autoregressive Integrated Moving Average.


13

contrário a série temporal diz-se não estacionária, nesta situação tornase difícil estruturar um modelo que descreva a evolução passada da série temporal (Parra & Domingo, 1987; Chu, 1998). Se a série temporal seguir um processo estacionário este facilita a aplicação dos modelos ARIMA, obtendo-se assim um modelo de regressão linear múltipla através de uma equação estruturada invariante no tempo, sendo assim, possível a aplicação das técnicas de previsão. Mas, se a relação estrutural alterar com o tempo, ou seja, a série temporal é não estacionária, já não é possível aplicar o modelo de regressão linear múltipla (Murteira et al.,1993; Magalhães, 1993). Um modelo de regressão linear múltipla descreve a relação entre uma variável dependente y e um conjunto de variáveis independentes x (1,2,3,..n) (Pulido; 1989).

yt = α + β1 ( x1t − x) + ... + β n ( xnt − x n ) + ε t

(1)

ε t → IN (0, σ 2 )

(2)

Onde,

Uma série diz-se estacionária quando a função distribuição de probabilidade conjunta p( yt ,... y t + k ) e a função de distribuição de probabilidade condicional

p ( y t +1 / y t ,..., y1 ) forem ambas estáveis ao

longo do tempo. Não escapando que sendo uma série estacionária, (3) o valor da média, (4) variância e (5) covariância também devem ser estacionários, ou seja, de acordo com Magalhães (1993), tem-se:

μ y = E [Yt ] = E [Yt + m ]

σ y2 = E [(Yt − μ y ) 2 ]

[

∂ k = Cov ( y t , y t + k ) = E ( y t − μ y )( y t + k − μ y )

∀t, m

(3) (4)

]

(5)

3.3. TRANSFORMAÇÃO DE UMA SÉRIE NÃO ESTACIONÁRIA Uma série temporal diz-se não estacionária quando a sua estrutura probabilística é variável em relação ao tempo, o que significa que a média e a variância não são estacionárias. Quando isto acontece


14

é possível transformar uma série temporal não estacionária em uma série temporal estacionária através da transformação logarítmica ( σ y2 ) e/ou da operação de diferenciação. Quando se está perante uma série com variância não constante ao longo do tempo, a transformação deve ser efectuada de modo a tornar a variância constante. Nos casos em que a variância da série original é proporcional à média, a transformação logarítmica é o método mais adequado (Magalhães, 1993). É indispensável a estabilização da variância, uma vez que é frequente em séries temporais a existência de tendência, o que pode produzir um aumento de variância da série ao longo do tempo (Magalhães, 1993). Uma forma de eliminar a tendência e tornar a variância estável pode ser por aplicação de:

F ( yt ) = ln yt

(6)

Quando uma série temporal tem média ( μ y ) não estacionária é possível transformá-la em estacionária. Se for diferenciada apenas uma vez diz-se que yt é um processo não estacionário homogéneo de primeira ordem, sendo sua transformação feita através da seguinte expressão:

ωt = yt − yt −1 = Δyt

(7)

Quando uma série temporal não estacionária carece de ser diferenciada mais do que uma vez para se transformar em estacionária, diz-se que é um processo não estacionário homogéneo de segunda ordem, determinado através da seguinte expressão:

ω t = Δ yt − Δ yt −1 = Δ2 yt

(8)

de um modo geral, a n-ésima diferença é: ωt = Δyt − Δyt −1 = Δn y

(9)

Em condições normais, será necessário considerar apenas uma ou duas diferenças para obter a estacionaridade da série. Quase


15

sempre uma série temporal com média não estacionária pode ser transformada em série estacionária.

4. OS MODELOS ARIMA DE BOX-JENKINS Neste ponto, serão discutidos modelos e conceitos que são úteis para a análise de séries temporais através de modelos lineares. Para Fernandes e Cepeda (2000) a estratégia para construção do modelo centra-se num ciclo iterativo, na qual a escolha da estrutura do modelo tem como base os dados históricos. Assim, a estrutura dos modelos Box-Jenkins compreende um ciclo de modelação, no qual a escolha do melhor modelo é feita com base nos próprios dados, permitindo posteriormente efectuar previsões para situações futuras. Seguidamente passa-se a explicar as diferentes etapas (Magalhães, 1993; Murteira et al., 1993, Tseng & Tzeng, 2002) que permitem escolher o melhor modelo: [i] Identificação: na fase de identificação de reconhecimento do modelo apropriado deve primeiro ser analisado o gráfico temporal da série em estudo. Para identificar os componentes do modelo ARMA, também devem ser analisados os gráficos das Funções de Autocorrelação (FAC) e o gráfico das Funções de Autocorrelação Parcial (FACP), uma vez que a sua análise contribui para compreender o modelo a ser utilizado através do seu comportamento; [ii] Estimação: após ter escolhido o modelo ARIMA (p,d,q) esta fase consiste em estimar os parâmetros do modelo que foi seleccionado na fase anterior, onde p=ordem da componente AR; q=ordem da componente MA; d=número de diferenças necessárias ate alcançar a estacionaridade da série, se necessário. [iii] Verificação: nesta fase são aplicados testes para ver se o modelo é estatisticamente adequado para descrever o comportamento das observações. Caso isso ocorra é possível efectuar boas previsões, caso o modelo não seja adequado o ciclo é repetido, tornando-se à fase de identificação. Os modelos ARIMA de Box-Jenkins resultam da combinação de três componentes a saber: a componente auto-regressiva (AR), a de integração (I), e a componente de médias móveis (MA). Uma série pode


16

ser delineada pelas três componentes ou simplesmente por um subconjunto deles (Fernandes e Cepeda, 2000).

4.2. MODELOS AUTO-REGRESSIVOS E DE MÉDIAS MÓVEIS INTEGRADOS (ARIMA) Uma série temporal define-se como uma variável yt , que é observada para t=1,2,3,…n, e assume-se que as condições iniciais y0 , y−1 ,...., y1− n estão disponíveis quando necessário. De entre todos os processos discretos, existe um que é essencial para o desenvolvimento dos modelos ARIMA, trata-se do processo “ruído branco” que é puramente aleatório. Dado um processo estocástico, este define-se da seguinte forma {ε t , t = 0,1, 2,3....n} , sendo denominado por “ruído branco”, se não violar os seguintes pressupostos (Magalhães, 1993):

μ = Ε [ε t ] = 0

(10)

γ 0 = var [ε t ] = σ 2

(11)

γ k = cov [ε t , ε t + k ] = 0 ; para k ≠ 0

(12)

Um processo é estacionário quando γ 0 < ∞ , onde

q

∑θ i =1

2 i

< ∞.

Os modelos de Box-Jenkins, também entendidos como ARIMA, são modelos matemáticos que compreendem o comportamento da autocorrelação entre os valores de uma série, o que torna possível realizar previsões futuras baseadas nesse comportamento. Tais modelos ajustam parâmetros auto-regressivos (AR) com parâmetros de médias móveis (MA) e provavelmente implica a diferenciação na expressão do modelo. Os parâmetros do método, são normalmente referenciados por ARIMA (p,d,q), onde: p é a ordem dos parâmetros auto-regressivos, d o grau de diferenciação ou integração, e q é a ordem dos parâmetros das médias móveis (Magalhães, 1993). Se ω t =Δ d y t for estacionária, pode representar-se ω t por um modelo ARMA (p, q):


17

φ (B )ω t = θ (B )ε t

(13)

O modelo ARIMA (p,d,q) dado pela equação 13, pode ser reescrito, como na equação 14, utilizando o operador de desfasamento B. Este operador aplica uma diferença de um período de cada vez que é aplicado a uma variável (Magalhães, 1993; Cho, 2003). Se ω t = Δyt , utilizando o operador B, obtemos a seguinte expressão (Magalhães, 1993): Δy t = yt − t t −1 = y t − By t = (1 − B ) y t

(14)

Sendo Δ=(1-B)

(15)

Tendo identificado que um processo não estacionário homogéneo pode ser representado por um modelo ARIMA (p,d,q), torna-se necessário determinar os valores mais apropriados para (p,d,q). Para o efeito deve olhar-se para os correlogramas das FAC e FACP, sabendo que a função de autocorrelação ρk para uma série estacionária deve aproximar-se de zero à medida que k aumenta. Paralelamente, a função de autocorrelação para a parte das médias móveis MA(q) torna-se zero para k>q e a função de autocorrelação para a parte AR(p) do processo estacionário decresce geometricamente. A ordem p da parte AR do processo obtém-se observando a FACP. O número de valores φ diferentes de zero dá a ordem p do processo. Tem-se assim identificado o processo ARMA (p,q). Para especificar deve primeiro examinar-se a função de autocorrelação da sucessão cronológica e verificar se ela é estacionária. Se não for deve diferenciarse a série e examinar a função de autocorrelação da série das diferenças. O processo deverá ser repetido até que Δ d yt seja uma série estacionária.

4.3. MODELOS ARIMA COM COMPONENTE SAZONAL Os processos ARIMA são de grande utilidade para modelar a relação entre observações vizinhas da série, yt − p , yt − p +1 ,... yt e observações vizinhas do ruído branco, ε t − q , ε t − q +1 ,..., ε t . Contudo se uma componente cíclica com período S, caso se encontre presente


18

nos dados é de esperar que yt − 2 s , yt − s , yt e ε t −2 s , ε t − s , ε t estejam também relacionados e esta relação dever ser tida em conta no modelo, designado de SARIMA. O modelo SARIMA (p,d,q)*(P,D,Q) vem definido por (Murteira et al.,1993; Cho, 2003):

(1 − B )(1 − B 12 )Yt = (1 − θB )(1 − ϕB 12 )ε t

(16)

Tendo os polinómios intervenientes as habituais propriedades de estacionariedade e invertibilidade. A diferenciação para a componente sazonal vem apresentada dada pela seguinte expressão:

Δds = (1 − B) d

(17)

No ponto seguinte vai aplicar-se a metodologia descrita, anteriormente, à série de referência Dormidas Mensais na Lituânia.

5. MODELAÇÃO DA PROCURA TURÍSTICA NA LITUÂNIA 5.1 ANÁLISE DESCRITIVA DA SÉRIE Após a recolha dos dados, o objectivo deste trabalho centra-se em prever a procura turística na Lituânia, aplicando a metodologia de Box-Jenkins, e tendo por base o software STATGRAPHICS Plus para aprodução do output. Para isso vai utilizar-se a série temporal que relaciona dados históricos do número de dormidas mensais dos turistas, utilizando o horizonte temporal de Janeiro de 2001 a Dezembro de 2007. Na Tabela 1 apresentam-se os dados recolhidos para a série em estudo e facultados pelo Instituto Nacional de Estatística da Lituânia.


19

Tabela 1: N.º de dormidas mensais registadas no período 2001:01 a 2007:12 Anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Janeiro 28.523 29.004 106.940 150.732 201.467 212.377 272.619 Fevereiro 34.990 35.579 131.185 172.344 223.259 228.474 273.178 Março 43.550 44.284 163.279 212.364 231.263 279.742 319.096 Abril 44.182 47.302 173.692 213.756 320.111 312.338 346.967 Maio 60.036 64.277 236.020 289.212 348.619 373.607 407.492 Junho 96.321 103.125 378.670 438.156 460.847 532.161 569.217 Julho 120.559 127.731 557.481 613.080 652.604 728.184 752.488 Agosto 107.748 114.158 498.243 588.185 614.925 670.901 731.151 Setembro 52.286 55.396 241.778 316.214 429.864 421.778 445.298 Outubro 43.711 50.312 199.446 247.405 256.175 336.814 382.992 Novembro 36.835 42.398 168.072 220.236 248.577 287.945 321.130 Dezembro 35.168 40.478 160.464 233.689 263.381 295.966 314.157 Total 703.910 754.044 3.015.270 3.695.373 4.251.092 4.680.287 5.135.785 Fonte: Elaboração Própria com base no Anuário Estatístico de Turismo da Lituânia (INE, 2001 a 2007) Meses

5.2. ESTACIONARIZAÇÃO DA SÉRIE A análise da estacionaridade da série temporal verifica-se através da análise do cronograma da série, caso não se verifique a estacionariedade vai-se aplicar algumas transformações até se conseguir a estabilização da média e da variância, a neutralização da tendência e a eliminação de movimentos periódicos. Para identificar o modelo adequado, inicialmente foi analisada o comportamento série temporal (Figura 3) o número de dormidas despendidas pelos turistas na Lituânia. 800.000

600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 Jul-07

Jan-07

Jul-06

Jan-06

Jul-05

Jan-05

Jul-04

Jan-04

Jul-03

Jan-03

Jul-02

Jan-02

Jul-01

0 Jan-01

N.º de Dormidas

700.000

Meses

Figura 3: Cronograma do número de dormidas mensais despendidas pelos turistas na Lituânia, entre 2001 e 2007


20

Da análise à Figura 3 e Tabela 1, pode observar-se que a série apresenta uma tendência linear crescente onde a média aumenta linearmente quando se avança no período temporal e com componente sazonal, o que evidencia a não estacionariedade da série temporal. Após a análise das FAC e FACP estimadas da série, chega-se à conclusão que a série não é estacionária nem em média nem em variância o que evidencia a ausência de estabilização da série verificando-se também a presença de sazonalidade (Figura 4). Para se aplicar a metodologia de Box Jenkins é necessário em primeiro lugar identificar a série e remover a não estacionariedade. Assim, deve aplicar-se uma ou mais transformações sobre os valores da série de modo a obter uma outra série (transformada dos valores originais) estacionária. Tais transformações, apesar de conservarem a estrutura geral da série, exercem efeitos consideráveis sobre o conjunto de dados que podem tornar o seu estudo mais cómodo, alterando a sua escala (eventualmente diminuindo a sua amplitude), atenuando assimetrias, eliminando possíveis outliers, resíduos e atingindo finalmente os objectivos em causa: estabilizando variâncias e linearizando tendências (Fernandes & Cepeda, 2000).

Figura 4: FAC e FACP estimada da série temporal


21

A estacionarização (Figura 5) da série em estudo foi conseguida após aplicação de um logaritmo neperiano, duas diferenciações uma simples e uma diferença sazonal, à série original.

Figura 5: Cronograma da série transformada

5.3. IDENTIFICAÇÃO DO MODELO Após a transformação da série e analisando graficamente as FAC e FACP estimadas da série estacionarizada, apresentadas na Figura 6, as mesmas permitem identificar o modelo, considerando as bandas de significância estatística ± 1.96 σ . Assim, pela análise à Figura 6, as FAC e FACP e tendo por base os figurinos teóricos, estas parecem sugerir alguns processos, para a parte não sazonal, tais como um ARMA (0,1), (1,1) e (2,1), uma vez que a primeira estimativa FAC, apresenta um declínio exponencial para zero, ou seja, após um valor significativo, segue um corte brusco para zero, como é o caso da lag 1. A análise à FACP também apresenta um declínio exponencial para zero a partir da primeira lag.


22

Figura 6: FAC e FACP estimada da série transformada

Ainda tendo por base a Figura 6, relativamente à componente sazonal, as FAC e FACP estimadas sugerem os seguintes processos ARMA (0,1), (1,0) e (1,1), atendendo aos valores estimados que apresentam um decaimento exponencial, significativo, para zero. Neste sentido, identificaram-se os seguintes modelos: Modelo 1: SARIMA (2,2,1) (1,2,0) 12 Modelo 2: SARIMA (2,1,1) (1,1,0) 12 Modelo 3: SARIMA (1,1,1) (1,1,1) 12 Modelo 4: SARIMA (0,2,1) (0,1,1) 12

5.4. ESTIMAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS MODELOS Seguidamente (Tabela 2) apresentam-se os resultados obtidos, para cada um dos modelos identificados anteriormente. A análise aos coeficientes dos modelos indicados através do teste t-student, demonstra que são estatisticamente diferentes de zero, a um nível de significância de 5%.


23

Para uma melhor avaliação do modelo a ser escolhido, é importante verificar a qualidade de ajuste dos modelos através da análise dos correspondentes resíduos, tal como sugerem Murteira et al. (1993). De entre os diferentes testes, para avaliação da qualidade do ajustamento, foi utilizado o teste de Ljung-Box. Este define que um modelo é estatisticamente aceite se o valor prova for superior a 10%, e que quanto maior for, mais ajustado e adequado é o modelo à série temporal (Magalhães, 1993). Tabela 2: Estimativas dos coeficientes para os Modelos Modelos

Factor AR (1)

Modelo 1

Modelo 2

Modelo 3

Modelo 4

Coeficiente

t-student

p-value

- 0,0957461 - 0,698366

0,488002

AR (2)

0,115963

0,837762

0,405927

MA (1)

0,992718

109,934

0,000000

SAR (1)

- 0,884204

- 20,7324

0,000000

AR (1)

0,180146

0,0343064

0,972736

AR (2)

0,0406283

0,0418007

0,966784

MA (1)

0,353119

0,067324

0,000000

SAR (1)

- 0,0132896

-14,8617

0,000000

AR (1)

0,145123

0,087048

0,930897

AR (1)

0,204744

0,123899

0,901772 0,849344

MA (1)

-0,0250835

-0,190702

SAR (1)

0,903887

20,3456

0,000000

MA (1)

0,993106

102,143

0,000000

SMA (1)

0,897

21,2503

0,000000

Como se pode verificar através do p-value (Tabela 3), o modelo 4 é o que melhor se ajusta à série temporal, pois foi o que produziu melhores resultados (p-value = 0,99963), sendo que está mais próximo de 100%. Tabela 3: Estimativa dos valores de prova para o teste de Ljung-Box Modelos

p-value

Modelo 1

0,421934

Modelo 2

0,77906

Modelo 3

0,997544

Modelo 4

0,99963


24

Na Tabela 4 apresenta-se a performance de cada um dos modelos identificados anteriormente, utilizando o critério de selecção do melhor modelo o Erro Percentual Absoluto Médio (EPAM). À semelhança do referido anteriormente também os valores obtidos, para o modelo 4, correspondem a um resultado satisfatório, pois é o que apresenta o menor valor para o indicador em causa. Tabela 4: Performance dos modelos Modelos

EPAM

Modelo 1

17,49%

Modelo 2

16,94%

Modelo 3

5,88%

Modelo 4

5,63%

Uma vez que se observou que o modelo 4 é o que melhor se ajusta à série em estudo, importa referir que nos seguintes pontos toda a análise vai recair sobre este modelo. Encontrado o modelo ajustado à série em estudo, importa descrever matematicamente o modelo SARIMA (0,2,1) (0,1,1) seleccionado, pelo que se tem:

(1 − B )(1 − B )12 yt = (1 − 0,993106)(1 − 0,897)12 ε t

(18)

Ainda, torna-se importante também verificar o comportamento dos resíduos, que se apresenta na Figura 7. Assim e para validar o referido anteriormente, após a escolha do modelo, deve analisar-se se os resíduos deverão ter um comportamento semelhante ao de um ruído branco, em termos de FAC e FACP estimadas, ou seja, sem valores significativos. Assim, observando as FAC e FACP (Figura 8) estimadas residuais do modelo seleccionado, verifica-se a ausência de qualquer lag com valor significativo a um nível de significância de 5%, o que significa que os resíduos do modelo estimado comportam-se como um ruído branco.


25

Figura 7: Estimação dos resíduos da série em estudo

Figura 8: FAP e FACP estimadas do modelo análise


26

5.5. PREVISÃO Como já foi referido a Previsão é o último processo a ser realizado, de acordo com o ciclo iterativo de Box-Jenkins, após ter-se verificado anteriormente se o modelo se adapta à série temporal em referência. A Previsão de valores futuros de uma série temporal representa um dos objectivos mais importantes da sua análise e pode efectuar-se através de diferentes metodologias tendo em consideração a sua utilização e a sua extensão (longo, médio e curto termo) e, principalmente a disponibilidade de dados (Murteira et al., 1993). Tabela 5: Evolução do n.º de dormidas mensais registadas nos estabelecimentos hoteleiros Previsão

Erro Percentual Absoluto

Período

Observações

Jan-07

272.619

286.855

5,2%

Fev-07

273.178

290.716

6,4%

Mar-07

319.096

309.732

2,9%

Abr-07

346.967

333.539

3,9%

Mai-07

407.492

410.019

0,6%

Jun-07

569.217

567.083

0,4%

Jul-07

752.488

722.538

4,0%

Ago-07

731.151

659.053

9,9%

Set-07

445.298

388.547

12,7%

Out-07

382.992

334.230

12,7%

Nov-07

321.130

309.206

3,7%

Dez-07

314.157

298.150

5,1%

Total

5.135.785

4.909.668

--

EPAM

--

--

5,6%

Na Tabela 5, apresentou-se a evolução das previsões e observações reais mensais para o ano de 2007. Pretendeu-se assim avaliar a performance do modelo, ou seja, observar se as previsões seguem de perto os valores reais. Pode comprovar-se que os valores previstos, para o número de dormidas mensais despendidas pelos turistas na Lituânia, não se encontram muito afastados dos valores reais. Isto, pode significar que os valores previstos produzidos pelo modelo são aceitáveis e satisfatórios.


27

Esta situação também se pode confirmar com a análise aos erros, pelo que a amplitude das oscilações não difere muito, verificando-se apenas uma excepção de um pico na época de Dezembro 2002 e Janeiro 2003 (Figura 7). O pico que se observa pode ser consequência de algum evento que se realizou na Lituânia e pelo facto de se estar próximo do ano da entrada da mesma como membro da União Europeia (2004). Ainda, e para o ano de 2007, dada a entrada da Lituânia como membro na União Europeia o elevado erro verificado nos meses de Setembro e Outubro, poderá vir explicado pela promoção deste país noutros países o que pode provocar uma afluência de turistas à Lituânia. Contudo pode concluir-se atendendo à classificação do MAPE3, ou EPAM, proposto por (Lewis, 1982), que o modelo produziu previsões de precisão elevada, uma vez que para o EPAM se obteve um valor inferior a 10%.

6. CONCLUSÃO A previsão da procura turística é uma área de estudo importante, pois pode revelar tendências de mercado importantes e contribuir para o planeamento futuro de um país/organização, ou seja, da actividade turística de um país/região. Visando alcançar esse objectivo, pretendeu-se assim desenvolver um modelo que permitisse prever o comportamento da Procura Turística para a Lituânia. No desenvolvimento do modelo foram utilizados dados dos anos compreendidos entre o período de Janeiro de 2001 a Dezembro de 2007, sendo este último apenas utilizado para validar o modelo identificado, ou seja, analisaram-se os dados avançados sobre futuros fluxos turísticos de dormidas de turistas para o ano de 2007. Compararam-se os valores efectivamente observados com os valores previstos, concluindo-se assim que o modelo SARIMA (0,2,1) (0,1,1), foi o que melhor se ajustou ao comportamento da série em estudo, permitindo produzir previsões para a variável procura turística, medida através das dormidas registadas nos estabelecimentos hoteleiros na Lituânia. Ou seja, modelo produziu resultados estatísticos satisfatórios e

3

Do inglês Mean Absolute Percentage Error.


28

evidenciou uma qualidade de ajustamento aceitável para efectuar previsões futuras, para a série em análise. Como sugestões futuras, importa realçar que o modelo poderá melhorar os resultados produzidos, caso se introduzam variáveis dummies para amortecer os picos encontrados.

BIBLIOGRAFIA Cho, Vicent (2003); “A comparison of three different approaches to tourist arrival forecasting”; Tourism Management; n.º 24; pp. 323/330. Chu, Fong-Lin; (1998); “Forecasting Tourist Arrivals: nonlinear sine wave or ARIMA?”; Journal of Travel Research; Vol. 36; pp. 79/84. Costa, Jorge; RITA, Paulo e ÁGUAS, Paulo (2001); Tendências Internacionais e Turismo; Edições Lídel. ISBN 972-757-145. Fernandes, Paula Odete e Cepeda, Francisco José (2000); “Aplicação da metodologia de Box-Jenkins à série temporal de Turismo: Dormidas Mensais na Região Norte de Portugal”;

Perspectivas de Desenvolvimento para as Regiões Marítimas - Actas do VII Encontro Nacional da APDR, Volume 1.

Goh, Carey and Law, Rob (2002); “Modeling and forecasting tourism demand for arrivals with stochastic nonstationary seasonality and intervention”; Tourism Management; Volume 23; pp. 499/510. INE (2001-2007); “Anuário Estatístico do Turismo da Lituânia de 2001 a 2007”. Vilnius, Lituânia. INE (2007); “Anuário Estatístico do Turismo de 2006”. Lisboa, Portugal. Lewis, C.D., (1982); Industrial and Business Forecasting Method, Butterworth Scientific, London, UK. Magalhães, Manuela (1993); Metodologia de Box-Jenkins para Análise e Previsão de Sucessões Cronológicas; Lisboa: Giesta. Murteira, Bento J. F.; Müller, Daniel A. e Turkman K. Feridun (1993); Análise de Sucessões Cronológicas; McGraw-Hill de Portugal, Lda.. ISBN 972-9241-32-5. Parra, S. B. y Domingo, J. U. (1987); “Analise de series temporales de turismo de la Comunidad Valenciana”; Estadistica Española; n.º 114; pp. 111/132. Pulido, Antonio (1989); Predicción Económica y Empresarial; Ediciones Pirámide; Madrid, Espanha. Tseng, Fang-Mei and Tzeng, Gwo-Hshiung (2002); “Afuzzy seasonal ARIMA model for forecasting”; Fuzzy Sets and Systems; n.º 126; pp. 367/376.


29

ANÁLISIS DE LA PÉRDIDA DE RELEVANCIA DE LOS SISTEMAS CONTABLES: UNA APLICACIÓN DEL MODELO DE OHLSON EN EL SECTOR DEL AUTOMÓVIL ANALYSIS OF THE LOSS OF IMPORTANCE OF THE ACCOUNTING SYSTEMS: AN APPLICATION OF THE MODEL OF OHLSON IN THE SECTOR OF THE CAR A ANÁLISE DA PERDA DE IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE CONTABILIDADE: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE OHLSON NO SECTOR DO CARRO Teresa Duarte Atoche (tduarte@us.es) * J. Ángel Pérez López (jangel@us.es) ** J. Antonio Camúñez Ruiz (camunez@us.es) *** Inés Moreno Campos (ines@us.es) ****

RESUMÉN Antecedentes: Desde hace varias décadas, la diferencia existente entre la información económico-financiera que presentan las empresas y las necesidades informativas de los usuarios han sido motivo de preocupación e interés creciente en el ámbito académico. La evidencia empírica llamó la atención sobre la necesidad de que los órganos reguladores a nivel internacional se implicaran en este problema y proporcionaran una solución al deterioro de la utilidad de la información financiera. En la actualidad, el Financial Accounting Standard Board y el International Accounting Standard Board están trabajando en la armonización de las normas contables a escala internacional. Objetivo: El presente trabajo de investigación trataremos de contrastar empíricamente el deterioro de la utilidad de los sistemas de información contable mediante la estimación del valor de mercado de las empresas que cotizan en los mercados de capitales. Metodología y muestra: Empleamos, como función base, el modelo de Ohlson (1995) y a partir del mismo, desarrollaremos dos funciones de valoración derivadas de sus correspondientes Dinámicas de Información Lineal (DIL). La muestra está formada por empresas que cotizan en Estados Unidos y en el Reino Unido y que pertenecen al sector del automóvil. El horizonte temporal analizado comprende 10 años. Resultado y conclusiones: Testada la pérdida de utilidad de los sistemas contables, como consecuencia de la toma de relevancia de acontecimientos que los sistemas contables no recogen, como por ejemplo


30

las inversiones en I+D, consideramos necesario que los órganos reguladores más importantes a nivel internacional, el FASB y el IASB, mejoren sus normas en materia de intangibles. Palabras Claves: Normas Internacionales de Contabilidad, Modelo de Ohlson, Valor de mercado.

ABSTRACT Background, For several decades, the gap between the financial information presented by companies and the information needs of users have been of concern and interest in the academic field. Empirical evidence drew attention to the need for international regulatory bodies are involved in this problem and provide a solution to the deterioration of the usefulness of financial information. Currently, the Financial Accounting Standards Board and the International Accounting Standards Board are working on the harmonization of accounting standards internationally. Objective: This research will attempt to examine empirically the deterioration of the usefulness of accounting information systems by estimating the market value of listed companies in capital markets. Methodology and sample: We use as basis function, the model of Ohlson (1995) and from the same, we will develop two valuation functions derived from the corresponding linear information dynamics (LID). The sample consists of companies listed on United States and the United Kingdom and belonging to the automotive industry. The time horizon analyzed comprises 10 years. Results and conclusions: Tested the loss of usefulness of accounting systems as a result of the taking of relevant events that accounting systems do not collect, such as investments in R & D, we consider it necessary that the major regulatory bodies worldwide, the FASB and the IASB, to improve their standards of intangibles. Keywords: International Accounting Standards, Ohlson Model, market value.

RESUMO Antecedentes: Desde há umas décadas a esta parte, a diferença existente entre a informação económico-financeira que as empresas apresentam e as necessidades informativas dos mercados têm sido motivo de preocupação e merecido crescente interesse por parte dos académicos. A evidência empírica chamou a atenção para a necessidade de os órgãos reguladores a nivel internacional se envolverem neste problema e encontrarem uma solução no sentido de garantir informação financeira relevante e clara. Hojee m dia o Financial Accounting Standard Board (FASB) e o International Accounting Standard Board (IASB) estão a trabalhar no sentido da harmonizar


31

as normas contabilísticas à escala internacional. Objetivo: Com este trabalho de investigação iremos constatar empiricamente o deteriorar dos sistemas de informação contabilísticos, através da estimação do valor de mercado das empresas cotadas nos mercados de capitais. Metodologia e amostra: Recorremos, como função base, o modelo de Ohlson (1995) e a partir do mesmo, desenvolvemos as funções de valoração derivadas dos seus correspondentes Dinâmicas de Informação Linear (DIL). A amostra foi constituída por empresas que estão cotadas nos Estados Unidos e no Reino Unido, pertencem ao sector automóvel. O horizonte temporal analizado comprende 10 anos. Resultado e conclusões: Testada a utilidade perdida dos sistemas contabilísticos, como consequência dos sistemas contabilísticos não evidenciarem alguns acontecimentos, como por exemplo os benefícios em I+D, consideramos necessário que os órgãos reguladores mais importantes a nível internacional, o FASB e o IASB, melhorem as suas normas em matéria de intangíveis. Palabras Chaves: Normas Internacionales de Contabilidad, Modelo de Ohlson, Valor de mercado.

* Profesora Colaboradora Doctora en el Dpto de Contabilidad y Economía Financiera. Universidad de Sevilla. ** T.U. en el Dpto de Contabilidad y Economía Financiera. Universidad de Sevilla. *** T.U. en el Dpto de Economía Aplicada. Universidad de Sevilla. **** T.U. en el Dpto de Contabilidad y Economía Financiera. Universidad de Sevilla Submetido: 9 Novembro 2009 Aceite: 5 Maio 2010


32

1. INTRODUCCIÓN Desde hace varias décadas, la diferencia existente entre la información económico-financiera que presentan las empresas y las necesidades informativas de los usuarios han sido motivo de preocupación e interés creciente en el ámbito académico, como evidencian los trabajos de autores tales como Lev y Zarowin (1999), Boulton et al. (2000), Gelb (2002) y Shortridge (2004), entre otros. La mayoría de los autores sostienen que la causa principal de dicha diferencia es el crecimiento experimentado por los activos intangibles no reconocidos contablemente. Es decir, se produce una relación inversa entre la relevancia de estas inversiones y la utilidad de los sistemas de información contables actuales: a medida que aumenta la importancia de las inversiones en intangibles en la creación de valor añadido para las empresas, se reduce la utilidad de la información económico-financiera divulgada por las mismas. La numerosa investigación surgida sobre esta cuestión desde la década de los sesenta se ha centrado principalmente en dos aspectos: por un lado, en demostrar la relevancia de las inversiones en I+D, pues pese a su importancia en la creación de valor añadido en las empresas no eran contablemente reconocidas; y, por otro, en constatar la disminución de interés de los inversores por la información contable ante su pérdida de utilidad (Sougiannis, 1994; Lev y Sougiannis, 1996; Abbody y Lev, 1998; Lev y Zarowin, 1999; Healy et al., 2002 y Kothari et al., 2002). Con respecto al primer aspecto señalado, son muchos los estudios empíricos que aportan evidencias que avalan esta afirmación (podemos citar entre otros los trabajos de Grabowski y Mueller, 1974; Damien y Schwartz, 1975; Bublitz y Ettedge, 1989; Johnson y Pazderka, 1993; Chauvin y Hirschey, 1993; Sougiannis, 1994; Lev y Sougiannis, 1996; Lev y Sougiannis, 1999; Cañibano et al., 2000; Bens et al., 2003; Ballester et al., 2003 y Han y Manry, 2004). No obstante, el contraste empírico de esas evidencias se manifestó como débil, siendo ésta por tanto la faceta del análisis más refutada. El principal problema para el reconocimiento del I+D era demostrar que estos activos son recursos de beneficios futuros, controlados por la empresa y que se pueden medir con suficiente fiabilidad. Con carácter general, los proyectos de I+D se caracterizan por la incertidumbre que los rodea acerca de su éxito o fracaso. A


33

medida que el proyecto avanza la incertidumbre se reduce y la empresa puede demostrar que generará beneficios en el futuro y que éstos pueden ser medidos con fiabilidad. Ésta es la causa por la que la mayoría de los investigadores y representantes del mundo empresarial defienden la capitalización racional. La evidencia empírica llamó la atención sobre la necesidad de que los órganos reguladores a nivel internacional se implicaran en este problema y proporcionaran una solución al deterioro de la utilidad de la información financiera. Captado el interés del Financial Accounting Standard Board (en adelante FASB), éste abrió un proceso de consultas y deliberaciones con objeto de incluir esta preocupación en su agenda: quedaba patente la importancia de las inversiones conductoras de la innovación, pero los principios de contabilidad generalmente aceptados en el ámbito estadounidense (conocidos por las siglas US GAAP) no permitían su reconocimiento como activos. Paralelamente, el FASB y el International Accounting Standard Board (en adelante IASB) comenzaron a trabajar en la armonización de las normas contables relacionadas con este tipo de inversiones como parte del gran proceso de armonización contable a escala internacional que todavía hoy sigue activo. Estamos, pues, ante una materia cuyo estudio continúa siendo relevante, y resulta todavía necesario aportar evidencia empírica que ayude a los organismos internacionales sobre la dirección que deberían seguir las normas a nivel internacional, en aras a una conciliación entre los US GAAP y las NIIF (Normas Internacionales de Contabilidad, emitidas por el IASB). El presente trabajo de investigación se enmarca dentro de esta preocupación compartida por los ámbitos académicos y profesionales, por lo que trataremos de contrastar empíricamente el deterioro de la utilidad de los sistemas de información contable mediante la estimación del valor de mercado de las empresas que cotizan en los mercados de capitales. Ello lo haremos siguiendo la línea de investigación empírica en Contabilidad basada en la Valoración. La investigación contable basada en la valoración ha sido ampliamente analizada y utilizada en las últimas décadas (Ver en Barth, 2000; Holthausen y Watts, 2001; Kothari, 2001 y Healy y Palepu, 2001), y su finalidad es la de relacionar los números contables con una medida del valor de la compañía para evaluar las características de las magnitudes contables y sus relaciones con el valor. Dentro de este marco de investigación, en nuestro análisis empírico hemos adaptado el


34

modelo de valoración seleccionado para poder relacionar el valor de la compañía con sus características intrínsecas, aquellas que los inversores asumen para valorarla. Concretamente, vamos a emplear, como función base, el modelo de Ohlson (1995) y a partir del mismo, desarrollaremos dos funciones de valoración derivadas de sus correspondientes Dinámicas de Información Lineal (DIL). El desarrollo de esta investigación está estructurado de la siguiente manera. En el epígrafe 2 exponemos la metodología empleada, en el siguiente epígrafe analizamos la muestra, en el epígrafe 4 presentamos los resultados obtenidos del estudio empírico y por último, enumeramos una serie de conclusiones al respecto.

2. MODELO EMPÍRICO El objetivo general de esta investigación consiste en evaluar el deterioro de la utilidad de la información contable, provocado en gran medida por el incremento de la relevancia del valor de las inversiones en intangible. Estaríamos, pues, ante un escenario donde los inversores considerarían que dicha información es de gran importancia para valorar a las compañías cotizadas en los mercados de valores con el propósito de realizar inversiones rentables. Utilizaremos un modelo de valoración que relacione el valor de la firma con las características propias que los inversores asumen para valorarla. Según, Barth (2000) este es el factor clave para relacionar el valor de la firma y las cifras contables en un estudio. El Modelo de Ohlson (1995) que adopta el planteamiento del modelo de resultado residual para relacionar magnitudes contables con el valor de la empresa, ha sido muy utilizado en la última década, ya que ha suscitado un gran interés entre los académicos contables. El continuo análisis al que ha sido sometido este modelo (Ohlson, 1995 y 2001; Feltham y Ohlson, 1995 y 1996; Barth y Clinch, 1998; Dechow et al., 1999; Beaver, 1999; Barth et al., 1999 y 2005; Jones, 2000; Callen y Morel, 2001 y 2005; McCrae y Nisson, 2001; Ballester et al., 2003; Han y Manry, 2004; Caro, 2004; Garrod y Valentincic, 2005; Gietzmann e Ireland, 2005; Callen y Segal, 2005; Cazavan-Jeny y Jeanjean, 2005; y Giner e Iñiguez, 2006; entre otros) ha permitido su expansión y ha demostrado la validez y ventajas de su uso. Aunque, este modelo, según la evidencia empírica aportada por distintos académicos


35

(Dechow et al., 1999; Callen y Morel, 2001; Morel, 2003 y Caro, 2004; entre otros), presenta una utilidad limitada.

2.1. MODELO DE LOS RESULTADOS RESIDUALES Desde los primeros estudios, en los que se relacionaban la información contable y el comportamiento del precio de los valores de la empresa (Ball y Brown, 1968), se asume que las magnitudes contables divulgadas contienen información que construye el valor que el mercado le asigna a las empresas. El modelo de valoración germen de los utilizados actualmente se basaba en la predicción de los dividendos futuros: ∞

Pt =

E [d ∑ τ t

t +τ

](1 + r )−τ

(1)

=1

Donde Pt es el precio del título en el momento t , r el coste de

capital y Et [ dt +τ ] la estimación de los dividendos futuros en el período

t . El enfoque teórico de este modelo establece que el valor de una acción es igual al valor de los dividendos esperados actualizados al momento t . Por tanto, es necesario estimar los dividendos futuros, es decir, predecir la política de reparto de dividendos de las compañías que van a ser valoradas. Sin embargo, la arbitrariedad de una compañía en el reparto de dividendos provoca que la estimación de los mismos a largo plazo sea un gran inconveniente para la aplicación práctica de este modelo. Ante estas dificultades, las investigaciones proliferaron en torno a esta línea con el fin de desarrollar nuevos modelos que solventaran este inconveniente. Finalmente, el modelo de descuento de dividendos se reformuló en forma de resultados residuales mediante la incorporación de la condición denominada excedente limpio o clean surplus, que implica que los dividendos se relacionan con los resultados contables y el valor contable de los recursos propios de la siguiente forma: Bt +τ = Bt +τ −1 + xt +τ − d t +τ

(2)


36

Donde Bt +τ y Bt +τ −1 representan el valor contable de los recursos propios al final de los ejercicios t + τ y t + τ − 1 respectivamente, xt +τ el resultado contable del ejercicio t + τ y d t +τ los dividendos netos correspondientes al ejercicio t + τ (las contribuciones al neto son tratadas como dividendos negativos). Se considera que el crecimiento de los recursos propios entre dos períodos es igual a la diferencia entre el resultado contable y el dividendo repartido. Puede que no exista excedente limpio en el valor corriente de los fondos propios, pero si esta condición se cumple en el futuro, la valoración obtenida con el modelo no pierde validez. Es decir, que la condición de excedente limpio implica que toda la información con valor relevante es eventualmente reflejada en los estados de resultados. Estas asunciones le conceden un valor a las llamadas ganancias anormales o resultados residuales ( xta ), que se define como la diferencia entre el resultado realmente obtenido por la empresa y el que resultaría de la aplicación del coste de capital requerida por el mercado al valor contable de los recursos propios, es decir: xta ≡ xt +τ − rBt +τ −1

(3)

Combinando las ecuaciones (3), (1) y (2) llegamos a la siguiente función de valoración: ∞

Pt = Bt + ∑ Et ⎡⎣ xta+τ ⎤⎦ (1 + r )-τ

(4)

τ =1

Este modelo establece que el valor de las acciones de una compañía viene explicado por sus fondos propios y por las expectativas futuras de sus resultados residuales. Por tanto, requiere la estimación del comportamiento de dichos resultados, así como la delimitación del horizonte temporal infinito, lo que supone importantes problemas de medición.


37

2.2. EXTENSIÓN DEL MODELO DE LOS RESULTADOS RESIDUALES POR OHLSON (1995) Las limitaciones del modelo de resultados residuales fueron solventadas por Ohlson estableciendo un vínculo entre la información contable corriente y los resultados residuales futuros a través de la definición del comportamiento futuro de dichas variables, dando lugar al Modelo de Ohlson (1995). Este autor parte de la hipótesis de que la contabilidad es insesgada1 para explicar que el valor de las acciones es función de los fondos propios y de los resultados residuales y de otra información no contenida en las variables anteriores. El desarrollo del modelo de valoración realizado por Ohlson (1995) se basa en una serie de asunciones: 1. El Valor de Mercado de la firma es igual al valor presente de los dividendos futuros esperados. Su expresión analítica es:

Pt =

−τ ∑ Et [d t +τ ] (1 + r )

τ =1

(5)

2. Los atributos relacionados con la condición de “excedente limpio” son: (a) El cambio del valor contable entre dos períodos es igual a las ganancias menos los dividendos ( Bt +τ = Bt +τ −1 + xt +τ –

d t +τ ) (b) los dividendos reducen el valor contable corriente ( δ Bt +τ / δ d t +τ =1), pero no las ganancias corrientes ( δ xt +τ / δ d t +τ =0).

3. El comportamiento futuro de la serie temporal de las ganancias anormales y de la variable “otra información”, no recogida en las ganancias anormales, se define mediante dinámicas de información lineal.

Esta última aportación es la más significativa que realiza Ohlson sobre el modelo de los resultados residuales, que consiste en la inclusión de una dinámica de información lineal que permite vincular valores contables corrientes y futuros, además de definir el 1

Es decir, no existe conservadurismo contable.


38

comportamiento de cada variable que integra el modelo y sus variantes. Las series evolucionan como un proceso autorregresivo2 que indica la forma de cambio de las ganancias anormales esperadas y de la variable “otra información” que forma el modelo de valoración. Esta última magnitud recoge aquella información no capturada en las ganancias anormales históricas y que modifica la predicción de rentabilidades futuras de la compañía, no obstante, su definición no fue claramente definida por Ohlson en 1995, aunque hace una propuesta en un trabajo posterior (Ohlson, 2001). Las dinámicas de información lineal que definen el comportamiento de las ganancias anormales y de otra información son:

xta+1 = ω11 xta + Z1,t + ε 1,t +1

(6.1)

γ 11 Z1,t + ε 2,t +1

(6.2)

Z1,t +1 =

Donde, xta son los resultados anormales en el momento t , Z1,t “otra información” en el momento t y, ω11 y γ 11 los parámetros de persistencia de las ganancias anormales y de la variable de “otra información” respectivamente y cuyos valores no pueden ser menores que cero, ni mayores que uno. El límite inferior impuesto a estos coeficientes implica que la persistencia de las ganancias anormales y de “otra información” tiene que ser positiva y el límite superior establece un comportamiento estacionario para las ganancias anormales, es decir, que los límites asignados a los parámetros imponen un deterioro en las ganancias anormales causado por las fuerzas de la competencia que motivarán su convergencia a cero con el transcurso del tiempo. Por último, ε j ,t +1 es la perturbación estocástica con media cero y no correlacionada con otras variables del modelo. El sistema de ecuaciones implica, por un lado, que el valor esperado de las ganancias anormales correspondientes a t + 1 es igual a las ganancias anormales en el momento t , que se consideran persistentes, más “otra información” ( Z1,t ). Por otro, la variable Z1,t dependerá exclusivamente de sus valores pasados y no de las ganancias anormales. 2 Esta asunción está basada sobre la intuición de que las ganancias anormales revertirán debido a la fuerza de la competencia.


39

Las anteriores ecuaciones, sin necesidad de realizar pronósticos explícitos de dividendos, ni de las ganancias anormales futuras y tampoco asunciones adicionales sobre el valor terminal3, como expresa Dechow, et al. (1999, p. 6), permiten derivar la siguiente función de valoración:

Pt = Bt + α 1 xta + α 2 Z1,t

(6.3)

Donde Bt recoge el valor contable de los recursos propios, xta representa el valor de los resultados residuales o ganancias anormales, Z1,t representa la variable “otra información” y, α 1 y α 2 son los coeficientes de las ganancias anormales y de “otra información” respectivamente definidos a partir de los valores de los parámetros ω11 y γ 11 de las ecuaciones de comportamiento dinámico y de un coste de capital estimado ( r ) :

α1 =

ω11

(1 + r − ω11 )

α2 =

(1 + r ) (1 + r − ω11 )(1 + r − γ 11 )

Una versión especial de la dinámica de información lineal para las ganancias anormales consiste en suponer que la variable Z1,t = 0 , no existiendo ninguna otra información distinta de las ganancias anormales corrientes, que sea relevante para explicar las ganancias anormales futuras. Es decir, que la dinámica viene dada a través de un proceso autorregresivo regular (AR1):

xta+1 = ω11 xta + ε 1,t +1

(6.1.1)

Y la función de valoración se reduce a la siguiente expresión:

Pt = Bt + α 1 xta

(6.3.1)

3 El análisis de los problemas derivados de la necesidad de acotar el horizonte temporal puede verse en Caro (2004).


40

Donde, α1 =

ω11

(1 + r − ω11 )

2.4. MODELO EMPÍRICO DE NUESTRO ESTUDIO. Nuestro estudio comienza con el uso del modelo de Ohlson (1995) donde el valor de la empresa es expresado como la suma del valor contable de los fondos propios, el valor presente de las ganancias anormales futuras y “otra información”. Asimismo, el proceso de generación de expectativas de los resultados anormales y de “otra información” sigue un modelo autorregresivo simple (AR1). Planteamos el siguiente enfoque para medir la pérdida de utilidad de la información contable y la toma de relevancia de la variable I+D. Basándonos en el modelo citado, diseñaremos una serie de dinámicas de información lineal que nos permitirán analizar si los inversores consideran y, efectivamente, utilizan la información sobre el I+D, que es contabilizada como gasto directamente, para valorar a las compañías. Para ello, utilizaremos una muestra formada por compañías que cotizan en Estados Unidos y, por tanto, llevan a la cuenta de resultado sus inversiones en I+D porque así lo exige la norma (SFAS Nº 3) y compañías que cotizan en la bolsa de Londres que también llevan sus inversiones en I+D a la cuenta de resultado porque así lo han elegido ellas (SSAP Nº 13). 2.4.1. DINÁMICA DE INFORMACIÓN LINEAL, DIL (I). Nuestro objetivo, como ya hemos apuntado, es contrastar empíricamente si existe una fisura entre la información contable, elaborada según las normas del FASB y del IASB, y aquella información económico-financiera que los inversiones consideran relevante para valorar a las compañías. Para ello utilizaremos las siguientes funciones de valoración: En primer lugar, utilizaremos una dinámica de información lineal, DIL (I), en la que omitimos la variable “otra información” ( Z i ,t = 0 ), ya que asumimos que las expectativas de las ganancias anormales futuras sólo dependen de la información de las ganancias anormales pasadas, de la misma forma que hicieron Dechow et al. (1999) y McCrae y Nilsson (2001), entre otros. Las ecuaciones que forman esta dinámica son:


41

Expresión que representa la funcionalidad de la dinámica:

xta+τ = ω11 xta+τ −1 + ε 1,t +τ

τ ≥1

Estimaciones de las ganancias anormales:

[ ]

Et xta+τ = ω11 xta+τ −1

τ ≥1

Función de valoración: Pt = Bt + α1 xta

ω11

Donde, α1 =

(1 + r − ω11 )

Definición de variables y parámetros:

xta : Ganancias anormales correspondiente al momento t , donde se recogen tanto el valor de los activos no reconocidos (I+D para las empresas que no capitalizan) como el exceso de valor de los activos reconocidos contablemente según el precio de adquisición o coste producción (el I+D capitalizado, pero condicionado por una serie de criterios que sólo permiten activar los costes de desarrollo). Bt : Valor contable de los recursos propios en el momento t .

Pt : Valor de mercado de la firma en el momento t . r : Coste de capital4. ω11 : Parámetro que captura la persistencia de las ganancias anormales y sus valores deben estar entre 0 y 1, con objeto de 4

Existen diversos métodos para estimar el coste de capital , encontramos desde los modelos más simple, que consisten en considerar que es constante para toda muestra y a lo largo del período de análisis, hasta los más complejos como el modelo CAPM de Sharpe (1964); Fama y French (1997) y el propio modelo de Ohlson (1995), entre otros. El objetivo de este estudio no es evaluar los métodos alternativos para estimar el coste de capital, por ello, y teniendo en cuenta que no es una variable que altere la esencia de los resultados, hemos considerado que la tasa de descuento fluctúa de un período a otro, pero es constante para todas las compañías que cotizan en el mismo mercado y pertenecen al mismo sector. ri = rf ,i + Pr ,i Véase el anexo II.


42

que se cumpla el proceso estacionario de las ganancias anormales. α1 : Coeficiente de la variable “ganancias anormales” en la función de valoración. Esperamos que este coeficiente sea significativamente positivo, indicando que lo inversores consideran relevantes aquella información no recogida en el patrimonio de la compañía, por ejemplo, el I+D no capitalizado. 2.4.2. DINÁMICA DE INFORMACIÓN LINEAL (II). En segundo lugar, emplearemos otra dinámica de información en la que consideramos que existe otra información al margen de las ganancias anormales corrientes que es relevante para estimar las ganancias anormales futuras. Para ello, introducimos un término constante que podrá ser distinto de cero, es decir, que el intercepto aparece subrogado de Z i ,t 5. En este caso no omitimos la variable “otra información”, asumimos que presenta un comportamiento constante, en lugar de autorregresivo. Esto significa que xta y Z i ,t no están correlacionadas, y por tanto, Z i ,t no estará condicionada por sus valores pasados ( γ 11 = 0 ). Si la asunción anterior no se cumpliera y las ganancias anormales estuvieran correlacionadas con “otra información”, incurriríamos en un error que invalidaría el modelo. Expresión que representa la funcionalidad de la dinámica:

xta+τ = ω10 + ω11 xta+τ −1 + ε i ,t +τ

τ ≥1

Estimaciones de las ganancias anormales:

Et ⎡⎣ xta+τ ⎤⎦ = ω10 + ω11 xta+τ −1

τ ≥1

Función de valoración:

Pt = α 0 + Bt + α1 xta

5 Numerosos académicos han asumido que el intercepto es un subrogado de “otra información”, tales como: Dechow et al. (1999), Jones (2000), Callen y Morel (2001) y Caro (2004), entre otros.


43

Donde, α1 =

ω11

(1 + r − ω11 ) (1 + r ) ω10 α0 = r (1 + r − ω11 )

Definición de variables y parámetros:

xta : Ganancias anormales correspondiente al momento t , donde se recogen tanto el valor de los activos no reconocidos (I+D para las empresas que no capitalizan) como el exceso de valor de los activos reconocidos contablemente según el precio de adquisición o coste producción (el I+D capitalizado, pero condicionado por una serie de criterios que sólo permiten activar los costes de desarrollo). Bt : Valor contable de los recursos propios en el momento t . Pt : Valor de mercado de la firma en el momento t . r : Coste de capital. ω10 : Intercepto. ω10 será menor que 0 si el coste de capital es superior al ROE , será mayor que 0 si el coste de capital es inferior al ROE y por último, será igual a 0, si el coste de capital es igual al ROE . ω11 : Parámetro que captura la persistencia de las ganancias anormales y sus valores deben estar entre 0 y 1, con objeto de que se cumpla el proceso estacionario de las ganancias anormales. α 0 : Intercepto subrogado de “otra información”. α1 : Coeficiente de la variable “ganancias anormales” en la función de valoración. Presumimos una vez más que este coeficiente será positivo y significativo, indicando que lo inversores consideran relevantes aquella información no recogida en el patrimonio de la compañía porque es generadora de futuros beneficios, por ejemplo, el I+D no capitalizado. Con ambas funciones de valoración pretendemos contrastar las siguientes hipótesis:


44

H1 : El valor del coeficiente de las ganancias anormales en las funciones de valoración derivadas de las DIL.I y DIL.II será positivo y significativo. Si aceptamos la hipótesis nula, admitimos que los activos no reconocidos contablemente, como el I+D, entre otros, sí son relevantes y considerados por los inversores cuando estiman el valor de mercado de una compañía. Por tanto, aceptamos la existencia de una brecha entre la información contable suministrada por las compañías y aquella demandada por los inversores, en otras palabras, habríamos testado la disminución de interés de los inversores por la información contable ante su pérdida de utilidad, tal y como contrataron Sougiannis, 1994; Lev y Sougiannis, 1996; Abbody y Lev, 1998; Lev y Zarowin, 1999; Healy et al., 2002 y Kothari et al., 2002, entre otros.

El valor de la variable otra información en la función de valoración derivada de la DIL II será positivo y significativo. H2 :

Es importante señalar que la variable otra información permite captar los acontecimientos relevantes que los sistemas contables no recogen, como por ejemplo las inversiones I+D. De esta forma, si aceptamos la hipótesis enunciada testaremos empíricamente la pérdida de utilidad de los sistemas contables.

3. MUESTRA La muestra objeto de nuestro estudio la constituye empresas del sector del automóvil y de componentes que cotizan en los mercados de capitales de Estados Unidos y del Reino Unido. Elegimos el sector del automóvil y sus componentes por tratarse tradicionalmente de grandes inversores en I+D y seleccionamos los mercados de capitales de Estados Unidos y el Reino Unidos por ser los más desarrollados a nivel internacional y donde mayor número de empresas, tanto nativas como extranjeras, cotizan. Asimismo, en dichos mercados las decisiones tomadas por los órganos reguladores contables a nivel internacional más importantes, FASB e IASB, tienen mayores implicaciones directas y nos permitirá realizar un análisis comparativo


45

entre ambos mercados y por ende, entre las normas en materia de I+D emanadas de dichos órganos. Los datos empleados en el estudio empírico han sido obtenidos de varias fuentes de información. Los datos relacionados con los precios de cotización de las acciones han sido obtenidos de la base de datos DATASTREAM. Los datos contables históricos tales como las ganancias básicas por acción, el valor neto contable de los fondos propios, el número de acciones, el activo total y los gastos en Investigación y Desarrollo incurridos por las compañías, han sido recabados de las bases de datos Thomson One Analytics, LexisNexis, y de los mismos estados financieros divulgados por las propias compañías en sus páginas Web, en la página CAROL6, que es de carácter gratuito y en la página de la SEC7 para las empresas cotizadas en Estados Unidos. La muestra total puede ser dividida claramente en dos submuestras: (i) una formada por las empresas que cotizan en los mercados de capitales de Estados Unidos, que están obligadas a registrar como gasto del ejercicio todos los gastos de I+D y, (ii) otra formada por las empresas que cotizan en el Reino Unido, que deben registrar como gasto del ejercicio todos los desembolsos correspondientes a la investigación, aunque pueden elegir entre capitalizar o no aquellos gastos de desarrollo que cumplan con los requisitos exigidos por la norma. La ventana temporal que abarca nuestro estudio comprende 10 años, desde 1995 hasta 2004. Hemos acotado el horizonte temporal en el 2004 porque a partir del 2005 las empresas que cotizan en los mercados de capitales de la Unión Europea, y que presenten estados financieros consolidados, están obligadas a elaborar y divulgar sus estados financieros según las NIC/NIIF. Este cambio normativo provocaría una distorsión en la información financiera de las compañías que forman la muestra desvirtuando los resultados del estudio empírico. La muestra total está formada por 116 empresas, de las que 96 cotizan en los mercados de Estados Unidos y 20 en los del Reino Unido durante un período de 10 años. Así, el número total de observaciones asciende a 1.160. Aunque, después de realizar el primer contraste empírico con todas las observaciones citadas decidimos reducir la muestra debido a distorsiones causadas en los resultados, de

6 7

http://www.carol.co.uk/search.php http://www.sec.gov/edgar/searchedgar/companysearch.html


46

forma que sólo formaría parte de nuestra muestra final aquellas compañías que arrojaran ganancias anormales positivas8. Las variables empleadas están deflactadas en términos por acción, de igual forma que hicieron Dechow et al. (1999), McCrae y Nilsson (2001), Zhao (2002), Callen y Morel (2005) y Cazavan-Jeny y Jeanjean (2006), entre otros. Según Ohlson (2000) este método puede transgredir la condición de excedente limpio subyacente en el modelo de renta residual, si el número de acciones en circulación y manos de los inversores cambia de forma importante. Pero como afirman McCrae y Nilsson (2001), el uso de magnitudes totales también introduce problemas con las posibles contribuciones o distribuciones de capital no apreciadas en los valores de mercado. Para eliminar los problemas de escala que pudieran surgir, hemos deflactado las variables del modelo mediante el activo total por acción9, ya que consideramos que esta variable representa adecuadamente el tamaño o escala de las compañías que forman la muestra, proporcionándonos variables que mitigan el problema de heteroscedasticidad, al igual que hicieron Caro (2004) y Aboody et al. (2005), entre otros. Posteriormente y si fuera necesario, utilizaremos el test de errores estándar de White (1980) para solventar la heteroscedasticidad en los errores de las regresiones ajustadas y en aquellos casos donde no logremos eliminar los problemas de heteroscedasticidad, procederemos a eliminar las observaciones extremas que provoquen dichos efectos. 4. RESULTADOS DEL ESTUDIO EMPÍRICO

Los resultados obtenidos del contraste empírico de la primera función de valoración son presentados en la siguiente tabla. Como ya indicamos anteriormente, con la función de valoración de la DIL I contrastamos la primera hipótesis, con la que pretendemos verificar si el coeficiente de las ganancias anormales es significativamente positivo, es decir, si los inversores consideran que las ganancias anormales son relevantes e incrementan el valor de mercado de las compañías. Este exceso de ganancias sobre las exigidas por los inversores puede ser explicado por la existencia de activos no 8

Véase en el anexo I el análisis estadístico de la muestra. No obstante, también hemos utilizado como deflactor el valor neto de los recursos propios por acción, pero los resultados no fueron tan satisfactorios como los obtenidos con el activo total por acción. 9


47

reconocidos contablemente, por ejemplo las inversiones en I+D, y/o por activos reconocidos por un valor inferior a los beneficios futuros que es capaz de generar, por ejemplo el I+D activado por el coste de producción de la fase de desarrollo exclusivamente. Los resultados, recogidos en la tabla 1, indican que todos los coeficientes de las ganancias anormales a lo largo del horizonte temporal son significativos y positivos, es decir, los inversores consideran relevante aquellas ganancias no esperadas y generadas por activos no reconocidos o reconocidos por una cuantía inferior a su valor razonable. La bondad de ajuste de cada una de las regresiones que forman la muestra arroja valores admisibles, sólo en el ejercicio 1998 el R 2 (0,9500) suministra un valor elevado que viene explicado por la elevada correlación que existe entre el valor de mercado y el patrimonio neto de las compañías que forman la muestra10 para ese ejercicio. Según los resultados del Test de White ( P − valor >0,05) el problema de heteroscedastidad no nos inquieta en cada una de las muestras utilizadas para contrastar el modelo a lo largo de la ventana temporal. Tabla 1. Resultados de la función de valoración I Función de Valoración I. Años

α1

R2

Pt

=

Bt

+

α 1 xta

Test White : nR 2 ( P − valor )

1995

9,3118**

0,5829

4,4441 (0,0889)

1996

6,8004**

0,5414

3,1414 (0,2078)

1997

5,5778**

0,5972

5,7430 (0,0543)

1998

7,8869**

0,9500

1,0211 (0,6001)

1999

7,3149**

0,2749

5,6517 (0,0592)

2000

7,6087**

0,2111

5,2872 (0,0711)

2001

12,0815**

0,4887

3,7250 (0,1552)

2002

8,9328**

0,6573

3,4235 (0,2998)

2003

12,3546**

0,6004

5,6948 (0,0579)

2004

4,6695**

0,8695

5,2684 (0,0635)

10

En el anexo III se muestra la matriz de correlación de las distintas variables que interviene en las distintas funciones de valoración empleadas en este estudio.


48

ri = rf ,i + Pr ,i ; Donde: ri : Es el coste de capital, para i = Estados Unidos o Reino Unido;

rf ,i : Tasa de interés de las letras del

Estados Unidos o Reino Unido;

tesoro a un año, para

i=

Pr ,i : Prima de riesgo para el mercado de Estados

Unidos y para el Mercado del Reino Unido11 ** Significativo al 5%; * Significativo al 10%

A continuación realizamos un resumen de las distintas regresiones estimadas a través de la media y la mediana. Aparecen los coeficientes significativos, bondad de ajuste y Test de White de todas las regresiones de la ventana temporal analizada reducidos a unas únicas cantidades representativas. Observamos que la media de los coeficientes significativos de las ganancias anormales arroja un valor igual a 8,3272, lo que indica que su peso es substancial en la explicación del valor de mercado de las compañías. La relación positiva y significativa entre el valor de mercado de las empresas y sus ganancias anormales, pone de manifiesto la existencia de inversiones, generadoras de beneficios actuales y futuros, que no están reconocidas en el patrimonio de las compañías. Es por ello que queda verificada la primera hipótesis enunciada. Tabla 2. Resumen de los Resultados de la función de valoración I Función de Valoración I.

Pt

=

Bt

+

α1 xta

α1

R2

Test White : nR 2 ( P − valor )

Media

8,3272**

0,5773

4,3400 (0,8897)

Mediana

7,7478**

0,5900

4,8562 (0,2078)

** Significativo al 5%; * Significativo al 10%.

En la tabla 3 se presentan los resultados de la función de valoración correspondiente a la DIL. II, donde incluimos la variable “otra información” como subrogada de la constante en el origen o intercepto y con la que pretendemos contrastar: H1 : El valor del coeficiente de

las ganancias anormales en la función de valoración será positivo y significativo y H 2 : El valor de la variable otra información en la función de valoración derivada de la DIL II será positivo y significativo.

11

Véase el anexo II.


49

Tabla 3. Resultados de la función de valoración II Función de Valoración II.

Pt = α 0 + Bt + α1 xta

Años

α0

α1

R2

Test White : nR 2 ( P − valor )

1995

1,4296**

9,6568**

0,5030

4,1257 (0,0644)

1996

3,1019**

9,9288**

0,8204

8,5918 (0,1264)

1997

0,3047

4,5984**

0,2909

5,2766 (0,3830)

1998

0,2588

7,5274**

0,4317

5,5493 (0,0890)

1999

0,5565

5,3464**

0,2930

5,9965 (0,0753)

2000

-0,0300

5,4916**

0,4003

3,6592 (0,5994)

2001

-0,0818

9,5667**

0,4929

7,7994 (0,1676)

2002

-0,1043

6,7870**

0,4430

9,7902 (0,0557)

2003

4,7963**

9,8511**

0,9708

5,9610 (0,2020)

2004

0,7887

7,1008**

0,6578

13,9489 (0,1159)

** Significativo al 5%; * Significativo al 10%.

Los coeficientes de las ganancias anormales son positivos y significativos para todo el horizonte temporal analizado, lo que nos indica que la existencia de inversiones no contabilizadas y que generan beneficios son relevantes e incrementan el valor de mercado de las compañías. Estos resultados corroboran aquellos obtenidos con el contraste de la DIL.I y por tanto, se verifica una vez más la hipótesis establecida en primer lugar. La variable “otra información” es positiva y significativa en un 30% de la muestra total, por tanto, sólo podemos afirmar que un 30% de los casos los inversores son capaces de valorar acontecimientos relevantes que los sistemas contables no recogen, como por ejemplo las inversiones I+D. En la siguiente tabla se muestra la media del coeficiente de la variable “otra información” que revela la relación positiva existente entre la información no capturada por los informes económico-financieros, pero que los inversores consideran como relevante para estimar el valor de las compañías. Su peso medio (3,1093) en la explicación del valor de mercado, aunque es menor que el de las ganancias anormales (7,5855), es substancial. Resumiendo, para estimar el valor de las acciones de las empresas que forman la muestra es relevante: el valor de los fondos propios, el exceso de las ganancias reales sobre las esperadas por los inversores y otra información que no es capaz de capturar la


50

información financiera en un 30% de horizonte temporal analizado. Por tanto, aceptamos las hipótesis enunciadas con las que hemos contrastado empíricamente la pérdida de utilidad de los sistemas contables. Tabla 4. Resumen de los Resultados de la función de valoración II Función de Valoración II.

Pt = α 0 + Bt + α1 xta

α0

α1

R2

Test White : nR 2 ( P − valor )

Media

3,1093**

7,5855**

0,5304

7,0699 (0,1879)

Mediana

3,1019**

7,3141**

0,4679

5,9788 (0,1212)

** Significativo al 5%; * Significativo al 10%

5. CONCLUSIONES FINALES En este estudio hemos testado empíricamente la pérdida de utilidad de los sistemas contables, como consecuencia de la toma de relevancia de acontecimientos que los sistemas contables no recogen, como por ejemplo las inversiones en I+D. Hemos empleado una muestra de compañías del sector del automóvil y componentes del mismo que cotizan en Estados Unidos y el Reino Unido. Nuestro objetivo era arrojar luz al actual debate que se está produciendo en el seno de las dos comisiones reguladoras más importantes a nivel internacional, el FASB y el IASB, con el fin de armonizar y mejorar ambos juegos de normas. Los resultados aportan evidencias sobre la necesidad de una revisión de las normas contable con objeto de que el sistema de información económico-financiera se revista de la relevancia necesaria para los inversores y los usuarios externos en general. Resumidamente, presentamos las conclusiones extraídas del estudio 1. Los inversores consideran que la existencia de ganancias reales superiores a las exigidas por el mercado es relevante e incrementa el valor de mercado de estas empresas, poniendo de manifiesto la pérdida de utilidad de los sistemas contables. Éstos no logran suministrar la información necesaria para valorar a las compañías. Estas conclusiones se asientan en que las ganancias anormales están


51

significativa y positivamente relacionadas con el valor de las compañías en el mercado. 2. Los resultados obtenidos del contraste de la DIL.II, establecen que existe información no recogida en los sistemas de información contable de las compañías que los inversores consideran relevantes para estimar el valor de las mismas en un 30% de los años analizados. Una vez más, testamos empíricamente que existe una gran diferencia entre la información contable suministrada por los sistemas contables y la demandada por los inversores. Este trabajo no está exento de limitaciones y por ello serán objeto de mejoras en futuras investigaciones. Concretamente sería interesante analizar (i) si el gasto en I+D corriente y con un lapso temporal de un ejercicio económico es considerado relevante. Esto puede implicar que el gasto de I+D corriente y el que se desembolsó durante el ejercicio anterior sea considerado como inversión para estimar el valor de mercado de la compañía en el año corriente (ii) la relación entre la divulgación de información voluntaria sobre los proyectos de I+D y la relevancia del valor de las inversiones en I+D y (iii) la relevancia del valor de las inversiones en I+D cuando éstas son registradas contablemente como activo.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aboody, D. y Lev, B. (1998): “The Value Relevance of Intangibles: The Case of Software Capitalization”. Journal of Accounting Research, vol. 36. ________ (2000): “Information Asymmetry, I+D, and Insider Gains”. The Journal of Finance. Vol. LV, nº 6, DEC. ________ (2001): “I+D Productivity in the Chemical Industry”. Working paper. New York. Amir, E. y Lev, B. (1996): “Value-relevance of nonfinancial information: The wireless communications industry”. Journal of Accounting and Economics, 22, pp. 3-30. Amir, E., Lev, B. y Sougiannis, T. (2003): “Do financial analysts get intangibles?”. European Accounting Review, 12:4, 635-659. Ballester, M.; García-Ayuso, M. y Livnat, J. (2003): “The Economic Value of the I+D Intangible Asset”. European Accounting Review, 12:4, pp. 605-633. Barth, M. E. (1994): “Fair Value Accounting: Evidence from Investment Securities and the Market Valuations of Banks”. The Accounting Review. Vol. 69, issue 1, pp. 1-25. Barth, M. E. (2000): “Valuation-based accounting research: Implications for financial reporting and opportunities for future research”. Accounting and Finance, Vol. 40, pp. 7-31.


52 Barh, M. E.; W. H. Beaver y W. R. Landsman (2001): “The relevance of the value relevance literature for financial accounting standard setting: Another view”. Journal of Accounting and Economics, Vol. 31, pp. 77-104. Barth, M; Beaver, W.; Hand, J. y Landsman, W. (2005): “Accruals, Accounting-Based Valuation Models, and the Prediction of Equity Values”. Journal of Accounting, Auditing and Finance, Vol. 20-4, pp. 311-345. Barth, M. E. y Glinch, G. (1998): “Revalued financial, tangible and intangible assets: associations with share prices and non-market-based value Estimates”. Journal of Accounting Research. Vol. 36, Supplement. Pp. 199-233. Beaver, W. (1999): “Comments on ‘An empirical assessment of the residual income valuation model’”. Journal of Accounting and Economics, Nº 26, pp. 35-42. Bublitz, B. y Ettedge, M. (1989): “The Information in Discretionary Outlays: Advertising, Research, and Development”. The Accounting Review, Vol. LXIV, nº 1. Pp. 108-124. Callen, J. y Morel, M. (2001): “Linear Accounting Valuation When Abnormal Earnings Are AR (2)”. Review of Quantitative Finance and Accounting, Nº 16-3. pp. 191-203. _______ (2005): “The valuation relevance of I+D expenditures: Time series evidence”. International Review of financial Analysis, Nº 14, pp. 304-325. Callen, J. y Segal, D. (2005): “Empirical Tests of the Feltham-Ohlson (1995) Model”. Review of Accounting Studies, Nº 10, pp. 409-429. Cañibano, L.; García-Ayuso, M. y Sánchez, P. (2000): “La valoración de los intangibles: Estudios de innovación vs información contable-financiera”. Análisis Financiero, vol. 80, pp. 6-24. Caro Fernández, S. (2004): Los modelos de valoración basados en magnitudes contables: Análisis teórico y evaluación empírica de diferentes dinámicas de información lineal. Tesis Doctoral, Universidad de Sevilla. Cazavan-Jeny, A. y Jeanjean, T. (2006): “The Negative Impact of I+D Capitalization: A value Relevance Approach”. European Accounting Review, Vol. 15, Nº 1, pp. 37-61. Chan, L., Lakonishok, J. y Sougiannis, T.(2001): "The Stock Market Valuation of Research and Development Expenditures". The Journal of Finance, vol. 56-6, pp. 2431-2459. Chan, S.H.; Martin, J. D. y Kensinger, J. W. (1990): "Corporate Research and Development expenditures and Share Value". Journal of Financial Economics, Vol. 26, pp. 255-276. Chambers, D., Jennings, R. y Thompson, R. (2002): “Excess returns to I+D intensive firms”. Revew of Accounting Studies, 7, 133-158. Chauvin, D.W. y Hirschey, M. (1993): "Advertising, I+D Expenditures and the Market Value of the Firm". Financial Management, vol. 22, issue 4, pp. 128-140. Chiang, C.C. y Mensah, Y. M. (2004): "The Determinants of Investor Valuation of I+D Expenditure in the Software Industry". Review of Quantitative Finance and Accounting, 22, pp. 293-313. Cohen, W. M. y Levinthal, D. A. (1989): “Innovation and Learning: The two Faces of I+D”. The Economic Journal, 99, pp. 569-596. Dechow, P.; Hutton, A. y Sloan, R. (1999): “An empirical assessment of the residual income valuation model”. Journal of Accounting and Economics. Nº 26, pp. 1-34. Ding, Y., Entwistle, G. y Stolowy, H. (2003): “International Differences in I+D Disclosure Practices: Evidence in a French and Canadian Context”. 26th EAA Annual Congress, Sevillle, April, 2003. Ely, K. y Waymire, G. (1999): "Intangibles Assets and Stock Prices in the Pre-SEC Era". Journal of Accounting Research, vol. 37. Entwistle, G. M. (1999): "Exploring the I+D Disclosure Environment". Accounting Horizons, vol.13, pp. 323-244. Fama, E. y French, D. (1997): “Industry Costs of Equity”. Journal of Financial Economics. Vol. 43, Nº 2, pp. 153-194.


53 Feltham G. y Ohlson, J. (1995): “Valuation and Clean Surplus Accounting for Operating and Financial Activities”. Contemporary Accounting Research, Nº 11-2, pp. 689-731. Feltham G. y Ohlson, J. (1995): “Uncertainty Resolution and the Theory of Depreciation Measurement”. Jornal of Accounting Research, Vol. 34-2, pp. 209-234. Financial Accounting Standards Board (1974): Statement of Financial Accounting Standards, Nº 2, Accounting for Research and Development Costs. FASB, Norwalk. Financial Accounting Standards Board (1985): Statement Nº 86. Accounting for the Costs of Computer Software to Be Sold, Leased, or Otherwise Marketed. Norwalk, Connecticut. Financial Accounting Standards Board (1985): Statement Nº 6. Elements of Financial Statement. Norwalk, Connecticut. Financial Accounting Standards Board (1999): The IASC-US Comparison Project: A Report on the Similarities and Differences between IASC Standards and US GAAP-Second Edition. Norwalk (Connecticut). Francis J. y Schipper, K. (1999): “Have Financial Statements lost Their Relevance?”. Journal of Accounting Research, vol. 37, nº 2. Gietzmann, M. y Ireland, J. (2005): “Cost of Capital, Strategic Disclosures and Accounting choice”. Journal of Business Finance & Accounting. Vol. 32, Nº 3 & 4, pp. 599-641. Giner Inchausti, B. y Iñiguez Sánchez, R. (2006): “Aplicación de los modelos FelthamOhlson a la valoración de activos en el mercado español”. Economía Financiera, Nº. 8. Grabowski, H.G. y Mueller, D.C. (1974): “Rates of Return on Corporate Investment, Research and Development and Advertising”. Working Paper. Cornell University. _________ (1978): “Industrial Research and Development, intangible capital stocks, and firm profit rates”. The Bell Journal of Economics, Vol. 9: 2, pp. 328-343. Grabowski, H. y Vernon, J. (2000): “The determinants of pharmaceutical research and development expenditures”. Journal of Evolutionary Economics. Vol. 10, pp. 201-215. Green, J. P., Stark, A.W. y Hardy, M. (1996): “UK Evidence on the Market Valuation of Research and Development Expenditure”. Journal of Business Finance and Accounting, vol. 23, nº 2, pp. 191-216. Hall, B.H. (1993): “The Stock Market’s Valuation of I+D Investment During the 1980’s”. The American Economic Review. Vol. 83, Nº 2, p. 259. _________ (2002): “The Financing of Research and Development”. Oxford Review of Economic Policy. Vol. 18, Nº 1, pp. 35-51. Han, B. y Manry, D. (2004): “The value-relevance of I+D and advertising expenditures: Evidence from Korea”. The International Journal of Accounting, Vol. 39, pp. 155-173. Healy, P. M. y Palepu, K. G. (2001): “Information asymmetry, corporate disclosure, and the capital markets: A review of the empirical disclosure literature”. Journal of Accounting and Economics. Nº 31, pp. 405-440. Healy, P., S. Myers y C. Howe (2002): “R&D Accounting and the trade off between Relevance and Objectivity”. Journal of Accounting Research, Vol. 40-3. Hirschey, M. (1982): “Intangible Capital Aspects of Advertising and I+D Expenditures”. The Journal of Industrial Economic, vol.4, pp. 375-390. Hirschey, M., Richardson, V.J. y Scholz, S. (2001): “Value Relevance of Nonfinancial Information: The Case of Patent Data”. Review of Quantitative Finance and Accounting, Vol. 17, pp. 223-235. Hirschey, M. y Weygandt, J.J. (1985): “Amortization Policy for advertising and Research and Development expenditures”. Journal of Accounting Research, vol. 23, nº 1, Spring. Holthausen, R. W. y Watts, R. L. (2001): “The relevance of the value-relevance literature for financial accounting standard setting”. Journal of Accounting and Economics. Nº 31, pp. 375. Johnson, L. D. y Pazderka, B. (1993): "Firm Value and Investment in I+D". Managerial and Decision Economics, vol. 14, pp. 14-24.


54 Jones, D. (2000): The relative importance of earnings and other information in the valuation of I+D intensive firms. PhD. University of Colorado. Kamien, M. y Schwartz, N. (1975): “Market Structure and Innovation: A Survey”. Journal of Economic Literature. March: 1-37. Kothari, S. (2001): “Capital Market research in accounting”. Journal of Accounting and Economics, Vol. 31, pp. 105-231.

Kothari, S.P., Laguerre, T.E. y Andrew, J.L. (2002): “Capitalization versus Expensing: Evidence on the Uncertainty of Future Earnings from Capital Expenditures Versus I+D Outlays”. Review of Accounting Studies. Vol. 7, Nº 4, pp. 355-382. Lev, B. y Sougiannis, T. (1996): “The capitalization, amortization, and value-relevance of I+D”. Review of Accounting Studies, 7, pp. 355-382. Lev, B. y Sougiannis, T. (1999): “Penetrating the book-to market black box: The I+D effect”. Journal of Business Finance & Accounting. April/may, pp. 419-450. Lev, B. y Zarowin, P. (1999): “The Boundaries of Financial Reporting and How to Extend Them”. Journal of Accounting Research, Vol. 37, nº 2. Lev, B. (1999): "I+D and Capital Markets," Journal of Applied Corporate Finance, (Winter), 21-35. Lev, B., Bharat S. y Sougiannis, T. (2005): “I+D Reporting Biases and their Consequences”. Contemporary Accounting Research, 997-1026. Lev, B. (2003): Intangibles: Medición, Gestión e Información. Ediciones Deusto: Barcelona. McCrae, M. y Nilsson, H. (2001): “The explanatory and predictive power of different specifications of the Ohlson (1995) valuation models”. The European Accounting Review, Vol. 10, Nº 2, pp. 315-341. Morel, M. (2003): “Endogenous Parameter Time Series Estimation of the Ohlson Model: Linear and Nonlinear Analysis”. Journal of Business, Finance and Accounting, Vol. 30, Nº 910, pp. 1341-1363. Ohlson, J. (1995): “Earnings, Book Values, and Dividends in Equity Valuation”. Contemporary Accounting Research, Nº 11-2, pp. 661-687. Ohlson, J. (2001): “Earnings, Book Values, Dividends in Equity Valuation: An Empirical Perspective”. Contemporary Accounting Research, Nº 18-º, pp. 107-120. Oswald, D. (2008): “The determinants and value relevance of the choice of accounting for research and development expenditures in the United Kingdom”. Journal of Business finance & Accounting, 35 (1) & (2), pp. 1-24, January-March. Oswald, D y Zarowin, P. (2007): “Capitalization of I+D and the informativeness of Stock Price”. European Accounting Review, vol. 16, nº 4, pp. 703-726. Oswald, D y Zarowin, P. (2006): “Capitalization vs Expensing of I+D and Earnings Management”. Working paper. London Business School. Sharpe, W. (1964): “Capital Asset Prices. A Theory of Market Equilibrium under conditions of Risk”. The Journal of Finance, Vol. 19, Nº 3, pp. 425-442. Shortridge, T. (2004): "Market Valuation of Successful versus Non-successful I+D Efforts in the Pharmaceutical Industry". Journal of Business Finance and Accounting, 31 (9) y (10). Sougiannis, T. (1994): "The Accounting Based Valuation of Corporate I+D". The Accounting Review, vol. 69, nº 1, pp. 44-68. _________ (2001): "The Stock Market Valuation of Research and Development Expenditures". The Journal of Finance, vol. 56-6, pp. 2431-2459. Zhao, R. (2002): “Relative Value Relevance of I+D Reporting: An International Comparison”. Journal of International Financial Management and Accounting, Vol. 13, Nº 2, pp. 153-174.


55

ANEXO I. Tabla 2.1. Medidas resúmenes de las variables divulgadas ( Pt , Bt y

xta ) por años y para las DIL. I y II. Pt Bt

xta

Año

1995 1996

52 49

Media 1,0929 1,0155

Mediana 0,9966 0,9235

Media 0,4119 0,4165

Mediana 0,4068 0,4148

Media 0,0481 0,0358

Mediana 0,0418 0,0284

1997

66

0,9759

0,8893

0,3874

0,3575

0,0633

0,0542

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

55 55 44 37 56 57 59

1,6847 0,7759 0,6307 0,8048 0,6523 0,8648 0,8912

0,6921 0,5514 0,4562 0,5682 0,4648 0,6989 0,7402

0,9343 0,3966 0,3604 0,3784 0,3663 0,4026 0,3959

0,3422 0,3660 0,3406 0,3344 0,3149 0,3694 0,3594

0,0712 0,0419 0,0343 0,0322 0,0412 0,0405 0,0614

0,0362 0,0282 0,0260 0,0259 0,0265 0,0308 0,0390

Las cifras presentadas en esta tabla están expresadas en miles de dólares por acción.

ANEXO II. Tabla 2.1. Composición del coste de capital ( ri ) para las empresas de USA y del Reino Unido (RU) que forman nuestra muestra y para el período 1995-2004. 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

rUSA

rRU

0,0569+0,06 0,0523+0,06 0,0536+0,06 0,0485+0,06 0,0478+0,06 0,0585+0,04 0,0424+0,04 0,0161+0,04 0,0101+0,04 0,0139+0,04

0,0633+0,04 0,0578+0,04 0,065+0,04 0,0681+0,04 0,0504+0,04 0,058+0,04 0,0476+0,04 0,0386+0,04 0,0356+0,04 0,0444+0,04


56

ANEXO III. 3.1. Matrices de correlación correspondiente a las variables que forman la función de valoración de la DIL.I. 3.1.1. Matriz de Correlación para el período 1995.

Pt

Bt

xta

Pt

1,0000

0,9977

0,9923

Bt

0,9977

1,0000

0,9897

xta

0,9923

0,9897

1,0000

3.2. Matrices de correlación correspondiente a las variables que forman la función de valoración de la DIL.II. 3.2.1. Matriz de Correlación para el período 2003.

Pt

zt

Bt

xta

Pt

1,0000

0,9283

0,5032

0,1348

zt

0,9283

1,0000

0,3528

-0,1115

Bt

0,5032

0,3528

1,0000

0,1276

xta

0,1348

-0,1115

0,1276

1,0000


57

A IMPORTÂNCIA DE AGIR E PENSAR ESTRATEGICAMENTE NO ENSINO SUPERIOR PORTUGUÊS THE IMPORTANCE TO ACT AND TO THINK STRATEGICALLY IN THE PORTUGUESE HIGHER EDUCATION LA IMPORTANCIA DE ACTUAR Y PENSAR ESTRATÉGICAMENTE EN LA EDUCACIÓN SUPERIOR PORTUGUESA António José Gonçalves Fernandes (toze@ipb.pt) * Maria Isabel Barreiro Ribeiro (xilote@ipb.pt) **

RESUMO Neste artigo explora-se o conceito de planeamento estratégico num contexto específico, designadamente, o ensino superior português. Este artigo pretende, assim, contribuir para a sensibilização dos diversos actores que têm uma intervenção directa ou indirecta neste sector para necessidade de planear e pensar estrategicamente o ensino superior. Para isso, vão-se buscar à indústria diversos contributos que permitam desenhar um modelo conceptual de planeamento estratégico para o sector que possa reunir o consenso daqueles que o irão aplicar. O modelo referido integra, na medida do possível, os contributos das diversas escolas de formulação da estratégia, designadamente, prescritivas e descritivas e deve estar adaptado às especificidades do sector em estudo. Palavras Chave: Planeamento Estratégico, Ensino Superior, Portugal.

ABSTRACT This article explores the strategic planning concept in a specific context, namely, the Portuguese higher education. This article intents to sensitize the actors that have a direct or indirect intervention in this sector for the need to plan and to think strategically. For that, several industry contributes are used to design a conceptual strategic planning model for the sector. The referred model integrates the contributions of several schools of strategy formulation, particularly, prescriptive and descriptive. Also, this model must be adapted to the higher education sector specificities. Keywords: Strategic planning, Higher Education, Portugal.


58

RESUMEN Este artículo explora el concepto de la planificación estratégica en el contexto específico de la educación superior portuguesa. Con este artículo se intenta sensibilizar a los actores que tienen una intervención directa o indirecta en este sector para la necesidad de planear y pensar estratégicamente. Para eso, se han buscado en la industria los contributos que permitan diseñar un modelo teórico de planificación estratégica ajustado a este sector. El modelo referido integra las contribuciones de varias escuelas prescriptivas y descriptivas de formulación de la estrategia y debe de estar adaptado a las especificidades del sector de educación superior. Palabras-clave: Planificación Estratégica, Educación Superior, Portugal.

* Professor Adjunto Equiparado do Instituto Politécnico de Bragança. Doutor em Gestão pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Membro Efectivo do Centro de Investigação de Montanha. ** Professora Adjunta Equiparada do Instituto Politécnico de Bragança. Doutora em Economia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Membro Efectivo do Centro de Investigação de Montanha.

Submetido: 9 Outubro 2009 Aceite: 30 Junho 2010


59

1. INTRODUÇÃO A falta de planeamento estratégico fica, segundo Simão e Costa (2000), Simão et al. (2003) e Crespo (2003), bem patente num sector de actividade que é de extrema importância para o desenvolvimento de qualquer país. Neste contexto, este artigo constitui-se como um pequeno contributo no sentido de resolver este problema. De facto, este artigo adopta a forma de uma revisão da literatura que pretende chamar a atenção dos diversos actores que têm uma intervenção directa ou indirecta no ensino superior português para a necessidade destas instituições passarem a agir e a pensar estrategicamente. Para isso, vão-se buscar à indústria diversos contributos que permitam desenhar um modelo conceptual de planeamento estratégico para o sector que possa reunir o consenso daqueles que o irão aplicar. Por essa razão. o modelo referido integra, na medida do possível, os contributos das diversas escolas de formulação da estratégia, designadamente, prescritivas e descritivas e deve estar adaptado às especificidades do sector em estudo. A estrutura do corpo do artigo divide-se em seis pontos, nomeadamente, introdução, conceito de planeamento estratégico, sistema de ensino superior português, planeamento estratégico no ensino superior português, modelo teórico de planeamento estratégico para o ensino superior e, finalmente, as considerações finais. No primeiro ponto faz-se a introdução ao tema. Para isso, definem-se os objectivos, justifica-se o tema e estrutura-se o artigo. No segundo ponto, vai-se à indústria buscar o conceito de planeamento estratégico e define-se o conceito. O terceiro ponto diz respeito ao objecto do estudo, ou seja, o ensino superior português. Neste ponto tenta perceber-se, ainda que sem a pretensão de grande rigor histórico, a forma como evoluiu até à actualidade, como se estrutura e que problemas afectam o sector. Precisamente, este ponto centra a atenção no estado actual do ensino superior português fornecendo algumas pistas acerca do macro ambiente no qual se integra e sobre a influência que este exerce sobre as instituições de ensino superior. Posteriormente, no quarto ponto, debate-se a problemática em torno da necessidade de planeamento estratégico no ensino superior português. No quinto ponto, faz-se referência aos inúmeros contributos que se podem encontrar na literatura da especialidade sobre o processo de formulação da estratégia com o intuito de obter um modelo teórico de


60

planeamento estratégico para o ensino superior português. Finalmente, no sexto ponto tecem-se as considerações finais, identificam-se as limitações ao tema e indicam-se as linhas de investigação futuras.

2. CONCEITO DE PLANEAMENTO ESTRATÉGICO Chandler (1962) define planeamento estratégico como a determinação de objectivos de longo prazo de uma organização, a adopção de um curso de acção e a alocação de recursos necessários para levar a cabo esses mesmos objectivos. Nesta linha, Andrews (1977) considera a estratégia como o conjunto da missão, dos objectivos principais ou metas, das políticas e planos essenciais para a realização dessas metas, apresentados sob a forma de uma selecção de actividades a que a organização se dedica ou vai dedicar-se. Por seu lado, Steiner (1979) define o planeamento estratégico a partir de quatro pontos de vista. O primeiro tem a ver com o carácter futurista das decisões correntes. Ou seja, esta ferramenta da gestão permite olhar para uma cadeia de causa e efeito na qual as consequências de uma decisão actual ou planeada são visíveis, ao longo do tempo; identificar os diferentes cursos de acção; identificar oportunidades e ameaças; e, através da combinação de dados relevantes, tomar decisões baseadas nessas oportunidades e ameaças. Em segundo lugar, o planeamento estratégico é um processo que envolve o estabelecimento de um conjunto de objectivos organizacionais, definição das estratégias e políticas para os atingir, e desenvolvimento de planos detalhados que assegurem a implementação das estratégias de forma a atingir os fins em vista. Em terceiro lugar, o planeamento estratégico é uma atitude, uma forma de vida. Finalmente, em quarto lugar, o sistema estratégico formal permite fazer a ligação entre os três maiores planos: planos estratégicos, programas de médio prazo, orçamentos de curto prazo e planos operacionais. Em síntese, segundo Steiner (1979), o conceito de planeamento estratégico consiste no processo de determinar quais são os principais objectivos da organização e os critérios que presidiram à aquisição e afectação de recursos com vista à consecução dos referidos objectivos. O planeamento estratégico precisa, segundo Gup (1980), responder a três questões básicas para uma organização, nomeadamente, para onde vais; qual o meio envolvente; e, como lá chegar. A primeira destas questões, “Para onde vais?”, foi levantada por


61

Carrol (1865). Sem um preciso sentido de direcção, sem a definição de uma missão, sem a precisão da amplitude das operações e um conjunto de metas e objectivos, uma organização, tal como a Alice no país das maravilhas, fica sem rumo. A segunda questão é “Qual o meio envolvente?”. Ao responder a esta questão, a organização é obrigada a olhar para si própria com objectividade, para o meio externo que a rodeia, para os seus concorrentes e para as ameaças e oportunidades que estes representam. A terceira e última questão a que o planeamento estratégico deve responder é ”Como lá chegar?”. Isto é, quais os modelos de negócio específicos que permitem à organização alcançar os seus objectivos e como deverão ser distribuídos os recursos da organização de modo a que estes modelos resultem? A meta e os objectivos desenvolvidos no processo de planeamento estratégico devem fornecer à organização as prioridades nucleares e as linhas de orientação para todas as decisões do dia-a-dia. O planeamento estratégico é um processo que se renova continuamente. O planeamento estratégico e a gestão estratégica, a qual se define como a implementação diária do plano estratégico, são as tarefas sem fim mais importantes da gestão, em especial, da gestão de topo. Nesta linha, o planeamento é aquilo que é necessário fazer antes de empreender as acções. Enquanto função da administração, o planeamento integra, segundo Richardson e Richardson (1992), um conjunto de operações, designadamente, a identificação do problema, a recolha de dados pertinentes, a geração de soluções alternativas, a avaliação prévia dos efeitos, a selecção da solução ideal, a implementação da solução e a medição do impacto. Estas operações visam responder, segundo Wheelan e Hunger (1990), às seguintes questões. 1. Onde estamos? 2. Se não houver qualquer mudança, onde estará a organização em um, dois, cinco e dez anos? As respostas a estas perguntas são aceitáveis? 3. Se não forem. Que acções específicas devem ser desenvolvidas? Quais os riscos e retornos esperados? O planeamento estratégico proporciona uma oportunidade de ajustar, constantemente, o plano (pelo menos uma vez por ano) relativamente a acontecimentos actuais e a acções da concorrência. Além disso, o planeamento estratégico deverá proporcionar os incentivos certos para atrair e motivar, devidamente, os principais


62

gestores da organização. O sucesso estratégico deve ocorrer tanto a nível individual como organizacional. Uma componente necessária ao planeamento estratégico eficaz chama-se down-board thinking, ou seja, pensar sobre o tabuleiro de xadrez, e considerar as possíveis respostas dos seus opositores às suas jogadas e planear, antecipadamente, um certo número de jogadas. O mesmo se passa com o planeamento estratégico. De facto, a equipa de planeamento deve debruçar-se sobre o tabuleiro e ter em conta as implicações do seu plano e basear os planos adicionais nessas implicações. Mas, não deve confundir-se planeamento estratégico com elaboração de previsões pois estas implicam uma extrapolação, para o futuro, das actuais tendências do negócio. O planeamento estratégico é necessário, precisamente, porque tais extrapolações do presente para o futuro, raramente, estão correctas, mesmo a curto prazo. Para Thibodeaux e Favilla (1996), à medida que as organizações enfrentam ambientes cada vez mais complexos, dinâmicos e ameaçadores, os afazeres do dia-a-dia e a adaptação da organização face às condições ambientais em mudança passam a ser prioridades da organização. Assim sendo, qualquer utilidade que as previsões possam ter tido no passado será, drasticamente, reduzida no futuro. Pelo exposto, o planeamento estratégico não é a simples aplicação de técnicas quantitativas ao planeamento de negócios. Além disso, o planeamento estratégico exige criatividade, análise, honestidade e uma boa dose de pesquisa do âmago da questão que não anda longe da análise quantitativa. Embora algumas análises quantitativas sejam necessárias para completar o processo de planeamento estratégico, estas jamais são a essência do processo. Por fim, deve chamar-se a atenção para o facto do planeamento estratégico não eliminar o risco. Efectivamente, o planeamento estratégico apenas ajuda os gestores a avaliar os riscos a que devem submeter-se pois obriga-os a terem um melhor conhecimento dos parâmetros envolvidos nas suas decisões.

3. SISTEMA DE ENSINO SUPERIOR PORTUGUÊS Para Amaral e Magalhães (2000), Magalhães e Amaral (2000) e Correia et al. (2000), as instituições de ensino superior surgiram com o intuito de desempenharem um papel central, quer no âmbito do projecto de forja da identidade política nacional, quer na preservação e


63

desenvolvimento da cultura nacional. Segundo estes investigadores, estas duas metas eram percebidas como sendo coerentes e parte do mesmo projecto geral de consolidação do Estado-Nação. Por isso, a postura do Estado era centralizadora e governava o ensino superior com recurso ao princípio da homogeneidade legal segundo o qual as formações ministradas por cada uma das instituições deviam ser homogéneas para, dessa forma, assegurar a igualdade dos cidadãos na competição pelos empregos do Estado, então principal empregador dos detentores de diploma de estudos superiores. Para além disso, apesar do conhecimento da contribuição das instituições de ensino superior para a formação dos quadros superiores da Nação, estas eram vistas como fábricas de pessoal especializado de nível superior. Por isso, o ensino superior era da responsabilidade exclusiva das universidades que desempenhavam um papel importante na formação da cidadania, na transmissão dos valores e na defesa da cultura nacional. Segundo Amaral e Magalhães (2000) e Correia et al. (2000), nas últimas décadas do século XX, Portugal assistiu a uma alteração profunda que se traduziu na passagem de um modelo de controlo estatal para o modelo de supervisão estatal. Esta situação ficou a dever-se a alguns factores, nomeadamente, à substituição do Estado pelo sector privado como maior empregador dos licenciados pelas universidades; à massificação do ensino superior e às dificuldades crescentes para assegurar o seu financiamento com fundos públicos. Neste contexto, as instituições de ensino superior vêem-se compelidas a desempenhar um papel crescente na prestação de serviços e na procura de fontes de financiamento alternativas na senda de uma visão externa da sociedade civil de forma a escrutinar as actividades que, sendo apetecivelmente lucrativas, não se inserem nos valores superiores das instituições. Esta situação está, segundo Conceição et al. (1998) e Simão et al. (2003), prevista na lei de bases do financiamento do ensino superior público na medida em que prevê que o financiamento seja tripartido entre o Estado, o ensino superior e os alunos. Basicamente, para Conceição et al. (1998), são quatro os mecanismos de que o Estado se pode socorrer para financiar o ensino superior, designadamente, o financiamento incremental, o financiamento por fórmulas, o financiamento contratual e o subsídio de propinas. No financiamento incremental, os fundos a atribuir são calculados com base no orçamento do ano anterior uma vez que este tipo de financiamento assenta no princípio de que as instituições


64

desenvolvem as suas actividades de forma continuada. O financiamento por fórmulas consiste na determinação no montante de financiamento através da aplicação de cinco tipos de expressões matemáticas, nomeadamente, baseadas nos alunos inscritos, baseadas no pessoal docente, fórmulas de incentivo ao desempenho, baseadas nos custos marginais e fórmulas compostas. O financiamento contratual caracteriza-se pelo estabelecimento de uma contrapartida financeira pelo Estado, em troca da realização de actividades segundo determinadas especificações contratuais. Por fim, o subsídio de propinas é uma via através da qual o Estado comparticipa nos custos da educação que recaem sobre os alunos. Para Amaral e Magalhães (2000) e Correia et al. (2000), verificase uma crescente intervenção dos constituintes na gestão das universidades europeias, nomeadamente, nos países nórdicos como a Suécia, a Dinamarca, a Noruega e a Holanda. Na Espanha e na Itália, os constituintes fazem parte, respectivamente, do Conselho Social e do Conselho das Instituições Sociais e assumem funções importantes nas quais se inclui a aprovação do orçamento. Amaral e Magalhães (2000) consideram que, em Portugal, se pode verificar a emergência e o desenvolvimento do constituinte no discurso e na legitimação políticas do ensino superior. Para além da passagem de um ensino de elites para um ensino de massa ocorrido na década de 70 do século passado, segundo Crespo (2003), o ensino superior português enfrenta, actualmente, pressões relacionadas com as exigências do fenómeno da globalização e das novas relações sociais. Para além destas, podem referir-se, ainda, a internacionalização das sociedades, o desenvolvimento tecnológico e a procura, por parte do mercado de trabalho, de recursos altamente qualificados. Segundo Réffega (1982), Ministério da Educação (1998), DGESup (1999), Simão e Costa (2000), Simão et al. (2003) e Crespo (2003), o sistema de ensino superior português possui uma organização binária na qual coexistem os ensinos de longa duração e de curta duração, respectivamente, universitário e politécnico. À diversificação institucional, ou seja, à coexistência de universidades, politécnicos e escolas não integradas e à coexistência do sector público e do sector privado, referidas por Simão e Costa (2000) e Correia et al. (2000), juntam-se, para estes últimos, a diversificação programática e a diversificação estrutural. A diversificação programática acontece devido à desregulação do sistema em relação à criação de novos cursos por efeito, não só da autonomia universitária, mas também pela falta de rigor na regulação que devia ser exercida pelo


65

poder político. Por seu lado, a diversificação estrutural deve-se à presença, em simultâneo, de universidades seculares e instituições recentes que, por essa razão, possuem organizações internas de poder, igualmente, diversificadas. Por isso, para Amaral e Magalhães (2000), conforme o subsistema de ensino superior analisado, o conceito de constituinte (stakeholder) assume significados e características diferentes. Efectivamente, para a DGESup (1999) e Amaral e Magalhães (2000), a Lei de Autonomia das Universidades permite a inclusão no Senado de representantes de interesses exteriores à universidade até 15% do total de membros, bem como a constituição de Conselhos Consultivos quer da Universidade quer das suas unidades orgânicas. Por seu lado, a Lei de Autonomia dos Politécnicos expressa uma posição mais forte em relação à participação dos representantes de interesses da sociedade nas estruturas de governação, obrigando à sua presença na eleição dos Presidentes dos Institutos Politécnicos, no Conselho Geral e permite a sua participação no Conselho Científico das escolas. Por isso, segundo a DGESup (1999), Santos (1999) e Crespo (2003), a Autonomia Universitária atribui a gestão académica, administrativa e financeira aos órgãos da universidade, sob a superintendência do Reitor, incluindo a gestão do pessoal. Autonomia essa que, para Santos (1999), ficou inequivocamente consagrada no artigo 76º, nº. 2 da Constituição da Republica Portuguesa. Segundo Conceição et al. (1998), DGESup (1999) e Crespo (2003), no âmbito da Autonomia Financeira, as universidades dispõem do seu património e das verbas anuais do orçamento do Estado, têm capacidade de transferir verbas entre as diferentes rubricas e capítulos orçamentais, elaboram os seus programas plurianuais, têm capacidade para obter receitas próprias a gerir, anualmente, através de orçamentos privativos, conforme critérios por si estabelecidos e podem arrendar, directamente, edifícios indispensáveis ao seu funcionamento. Segundo Santos (1999), no quadro da Autonomia Administrativa, as universidades foram dispensadas de visto prévio do Tribunal de Contas, excepto nos casos de recrutamento de pessoal com vínculo à Função Pública. No entanto, para Santos (1999), a Autonomia Administrativa e a Autonomia Financeira viriam, posteriormente, a ser postas em causa pela Reforma do Tribunal de Contas e pela legislação sobre contabilidade pública, respectivamente. Segundo a DGESup (1999), o sistema de ensino superior passou de quatro universidades, em 1973, para uma rede de


66

instituições universitárias e politécnicas distribuídas, regionalmente, abrangendo não só as capitais de distrito mas também outras localidades. Segundo Réffega (1975), a regionalização do ensino superior permitiria responder às necessidades de desenvolvimento regional, em especial, das regiões do interior. O ensino universitário e o ensino politécnico eram responsáveis, respectivamente, pela leccionação de licenciaturas e bacharelatos. No entanto, esta situação é, actualmente, diversa na medida em que o ensino universitário pode conferir os graus de licenciado, mestre e doutor enquanto o ensino politécnico confere os graus de licenciado e mestre. Segundo Réffega (1982) e Simão e Costa (2000), o enquadramento do ensino politécnico no sistema de ensino superior ganhou a forma actual com a publicação da lei de Bases do Sistema Educativo na qual se distingue o ensino universitário do ensino politécnico. Assim, ao ensino universitário cabe a tarefa de assegurar uma sólida preparação científica e cultural; proporcionar uma formação técnica que habilite os alunos para o exercício de actividades profissionais e culturais; e, fomentar o desenvolvimento do pensamento, da capacidade, da inovação, da análise crítica e de julgamento independente. Ou seja, a formação universitária, na procura insatisfeita de novos horizontes do conhecimento, permite forjar mentalidades e promover aptidões para o futuro exercício profissional. Por seu lado, o ensino superior politécnico deve, segundo Réffega (1982) e Simão e Costa (2000), proporcionar uma formação cultural e técnica de nível superior e ministrar conhecimentos científicos e as suas aplicações com vista ao exercício de actividades profissionais. A distinção entre os dois subsistemas é, segundo Simão e Costa (2000), pouco clara pois limita-se a um mero exercício de semântica no qual ideias semelhantes são expostas em tempos e modos diferentes. Assim, a separação em dois subsistemas pode ser considerada artificial e sem qualquer fundamento, o que pode justificar a tendência de uniformização do sistema de ensino superior. Por oposição, Simão e Costa (2000), Correia et al. (2000) e Crespo (2003) consideram que a existência de dois subsistemas confere uma saudável diversidade ao sistema na medida em que permite que os estudantes tenham ao seu dispor diferentes oportunidades de formação. Para Conceição et al. (1998), a missão da universidade e, num sentido mais lato, a missão do ensino superior engloba três funções, designadamente, a função ensino, a função investigação e a função ligação à sociedade. A primeira visa a satisfação das necessidades do mercado de trabalho no que diz respeito a pessoal com formação de


67

nível superior. A segunda é uma função instrumental que está ligada ao desenvolvimento de actividades essenciais à inovação. E, por fim, a função ligação à sociedade visa o desenvolvimento regional, não apenas económico mas também social e cultural. Neste contexto, Réffega (1982) e o ICSUL (1995) referem-se à reforma do ensino superior levada a cabo na década de 70 do século passado e que ficou conhecida como a Reforma Veiga Simão, na qual se consagraram os objectivos do ensino superior, nomeadamente, estimular o espírito científico, crítico e criador; formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção em sectores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade portuguesa; incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e a criação e difusão de cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do Homem e do meio em que se vive; promover a divulgação dos conhecimentos culturais, científicos e técnicos e comunicar o saber através do ensino, de publicações e de outras formas de comunicação; suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; estimular o conhecimento dos problemas nacionais e regionais e prestar serviços especializados à comunidade; e, por fim, continuar a formação cultural e profissional dos cidadãos pela promoção de formas adequadas de extensão cultural. Para Crespo (2003), a missão tradicional do sistema de ensino superior, ou seja, educar, realizar investigação e fornecer serviços à comunidade, continua válida mas, actualmente, a principal missão é educar cidadãos responsáveis, fornecer um espaço aberto para as aprendizagens superiores e a aprendizagem ao longo da vida. Face ao exposto, o conceito de ensino superior deve tornar-se mais abrangente, incorporando a autonomia do pensamento; a procura da verdade e do rigor científico; a responsabilidade e resposta às necessidades económicas, culturais e sociais; mantendo a disposição para desempenhar o seu papel no desenvolvimento humano. Os dois factores que contribuíram, decisivamente, para a aproximação entre os dois subsistemas de ensino superior foram o mercado de trabalho e a contenção da despesa pública. O primeiro porque passou a privilegiar o recrutamento de jovens diplomados que reúnem os dois saberes, designadamente, o saber teórico e o saber fazer. Por seu lado, a necessidade de contenção da despesa no


68

quadro da integração europeia conduziu à impossibilidade de manter o crescimento das despesas das universidades que se viram forçadas a obter financiamento de projectos junto do sector privado, o qual exigia como contrapartida que as universidades enveredassem por projectos de investigação aplicada. Nesta linha, a DGESup (1999) considera que a aproximação entre os subsistemas de ensino superior não acontece apenas em Portugal mas é, antes de mais, uma tendência europeia. Neste contexto, segundo Crespo (2003), a Declaração de Bolonha define um modelo de formação único, independentemente, do subsistema em causa. De facto, a declaração prevê o desenho de um quadro comum de referência de graus académicos, facilmente, comparáveis; a criação de cursos organizados em dois ciclos principais, nomeadamente, a formação graduada, especialmente, direccionada para o mercado de trabalho com uma duração mínima de três anos e a formação pós-graduada que obriga à conclusão, com sucesso, da formação inicial; a generalização do sistema de créditos comparáveis ou ECTS (European Credit Transfer System); a avaliação da qualidade das instituições com dimensão europeia; e, por fim, a eliminação de todos os obstáculos à mobilidade de estudantes, professores e investigadores. Actualmente, segundo Amaral e Teixeira (1999) e Crespo (2003), o ensino superior depara-se com algumas ameaças, nomeadamente, a diminuição da procura e os cortes orçamentais. Efectivamente, para Amaral e Teixeira (1999), apesar de cerca de 43% dos alunos que concluem o ensino secundário prosseguirem os seus estudos no ensino superior e, dessa forma, se atingir a média europeia, a diminuição da procura deste tipo de ensino acentuou-se nos últimos anos como resultado da redução da taxa de natalidade que, em Portugal, ocorreu nas décadas de 80 e 90 do século passado. Para Crespo (2003), este decréscimo do número de alunos que procura o ensino superior tem grande influência no desenvolvimento do sector e, por arrastamento, na preparação do país para a Sociedade do Conhecimento. Por seu lado, os cortes orçamentais são fruto da diminuição dos recursos públicos no financiamento do ensino superior face à grave crise economia e financeira que Portugal atravessa. No entanto, segundo a DGESup (1999), o ensino superior português depara-se com novos desafios como a qualidade, novos públicos, internacionalização e organização do sistema.


69

4. PLANEAMENTO ESTRATÉGICO NO ENSINO SUPERIOR As implicações dos argumentos de Mintzberg (1994) relativamente ao ensino superior apontam no sentido das presidências dos institutos politécnicos e das reitorias das universidades se comprometerem com o pensamento estratégico e com a gestão estratégica de forma a desenvolverem uma visão partilhada para as instituições que representam. Mais, os indivíduos que, no seio destas instituições, detenham algum tipo de responsabilidades em termos de “planeamento”, devem cumprir o seu papel de planeadores. Isto é, os planeadores devem fornecer os dados que o desenvolvimento do pensamento estratégico requer e, para além disso, devem actuar como catalisadores do processo de planeamento que suporta a elaboração da estratégia encorajando e ajudando os gestores a pensarem estrategicamente. Por isso, não deve ser pedido aos planeadores que “desenhem o plano” porque, geralmente, dessa situação resulta, apenas, mais um documento para ser arquivado. Nesta linha, Simão e Costa (2000) consideram que a evolução do ensino superior, em geral, e do ensino superior politécnico, em particular, passa pela adopção de um conjunto de linhas de orientação organizacional das quais de destaca uma pela sua dimensão estratégica. Efectivamente, no plano da organização e funcionamento interno é necessário promover alterações estatutárias que tornem mais flexíveis os comportamentos institucionais e mais expeditas as decisões de forma a melhor responder à mudança e que incluem, entre outras, a constituição de gabinetes de planeamento estratégico institucional que envolvam todas as escolas superiores e outras unidades existentes. Nesta linha, Simão et al. (2003) consideram que nenhuma instituição deve merecer o reconhecimento público sem que apresente dois instrumentos fundamentais. Primeiro, uma declaração de missão que aprofunde as razões da sua criação e a sua inserção na sociedade e no sistema educativo. Segundo, um programa estratégico que defina objectivos de médio e longo prazo no que concerne ao perfil de uma vocação própria, científica, cultural e tecnológica orientada por critérios de racionalidade e de excelência; à inserção geográfica e aos correspondentes parâmetros demográficos e socioeconómicos; à razão da selecção dos nichos de inovação e competitividade, como apostas específicas; à evolução prospectiva fundamentada do projecto institucional e metas, devidamente, quantificadas; às áreas científicas a desenvolver e/ou consolidar e às actividades, métodos e programas de


70

ensino, investigação e de extensão previstos; à programação de recursos humanos e sua qualificação calendarizada e aos recursos materiais e financeiros disponíveis ou previstos para a execução do programa; à demonstração da viabilidade sócio-económica do projecto institucional; e, por fim, ao acompanhamento da qualidade no desempenho e da constituição de núcleos de excelência. Durante décadas as instituições de ensino superior tiveram de fazer face a inúmeras mudanças ocorridas quer no seu ambiente interno, quer no ambiente externo. De facto, tiveram de responder a desafios emergentes como a diminuição do suporte financeiro, a rápida evolução tecnológica, as mudanças demográficas e os programas académicos desactualizados. Segundo Kriemadis (1997) e Lerner (1999), o sector educacional olha para o planeamento estratégico como a ferramenta capaz de produzir, com benefício próprio, mudanças estratégicas que permitam, de forma rápida, a adaptação ao meio em constante mutação. No entanto, o aumento da velocidade da mudança global, económica e tecnológica promove a gestão da mudança como uma questão, particularmente, importante para estas organizações. Neste contexto, as organizações, em vez de responderem à mudança, conduzem a gestão da mudança através do planeamento para maximizarem a sua eficácia organizacional. Nesta linha, Huber et al (1990) defendem que, em ambientes de grande turbulência, geralmente, a centralização não promove a eficácia. No entanto, a centralização pode ser eficaz em organizações de serviços personalizados. As organizações burocráticas profissionais como as universidades e os institutos politécnicos possuem, segundo Duncan (1972), estruturas organizacionais descentralizadas e burocráticas assentes na padronização das aptidões dos docentes. Esta estrutura parece responder bem às necessidades das organizações que pertencem a sectores em que a estabilidade da envolvente é baixa e a complexidade dessa mesma envolvente é alta. Apesar disso, estas organizações mostram pouca agilidade em ambientes de grande turbulência nos quais a mudança é muito acentuada. Eventualmente, esta insuficiência pode resultar do conservadorismo que caracteriza este tipo de instituições. O ensino superior deve abraçar o processo de planeamento estratégico por várias razões já, anteriormente, referidas como a diminuição da procura, a diminuição dos fundos governamentais, a mudança demográfica e a homogeneização promovida pela Convenção de Bolonha. Para Lerner (1999), o planeamento estratégico surge como a ferramenta de gestão capaz de ajudar a enfrentar os desafios


71

emergentes na nova paisagem competitiva. Ou seja, a estratégia é o veículo que pode ajudar as instituições de ensino superior a encontrarem a sua vantagem competitiva de forma a melhor se posicionarem face ao ambiente externo. Para responder aos novos desafios, as instituições portuguesas de ensino superior devem colocar ênfase na diferenciação da missão e na re-afectação de recursos de forma a melhor responder às necessidades dos seus constituintes. Desta maneira, o planeamento estratégico pode beneficiar as instituições de ensino superior de diversas formas, nomeadamente, ajudando a criar uma base de trabalho que determine a direcção na qual as instituições deverão caminhar para atingir o futuro desejado e a alcançar a vantagem competitiva; ajudando a aumentar a participação dos constituintes através do trabalho conjunto no sentido de atingir os objectivos propostos; ajudando a ampliar a visão dos participantes chave, encorajando-os a reflectir, de forma criativa, na direcção estratégica; ajudando a estabelecer o diálogo entre os participantes através da melhoria da compreensão não só da visão da organização mas também através da promoção do sentido de propriedade do plano estratégico e de pertença relativamente à organização; ajudando a alinhar a instituição com o ambiente externo; e, por fim, ajudando a estabelecer prioridades. No entanto, para que o processo de planeamento estratégico no ensino superior produza resultados positivos na eficácia organizacional, deve ser adaptado às características específicas do sector e de cada organização. Como foi referido anteriormente, as instituições de ensino superior caracterizam-se pela inexistência de poder centralizado. A diluição do poder pelos docentes, frequentemente, coloca entraves à tomada de decisão. De facto, o funcionamento democrático dos órgãos colegiais, em especial, dos Conselhos Gerais, Científicos e Pedagógicos não permite, por vezes, que a tomada de decisão seja feita de forma atempada. Para além disso, o sistema de valores e a cultura organizacional assumem características conservadoras capazes de colocar entraves à mudança. Por fim, estas instituições não têm um cliente, claramente, definido na medida em que alguns constituintes externos, designadamente, os alunos que finalizam o ensino secundário, as potenciais entidades empregadoras e a sociedade em geral, podem ser considerados clientes. Em resultado disso, a definição de objectivos e a medição da eficácia organizacional feitos de forma estável e durável pode, segundo Cameron (1978), ser problemático. Tendo em conta as dificuldades apontadas, o processo de


72

planeamento estratégico, em si, é importante porque abre linhas de comunicação e estabelece o diálogo entre os membros da organização e a instituição. De facto, a adopção do pensamento estratégico é mais importante que o produto final, isto é, o plano. Desta forma, os decisores podem fazer as suas escolhas dentro do contexto da negociação e debate internos que lhes permite ter em conta os diferentes pontos de vista e, simultaneamente, a missão da organização.

5. MODELO TEÓRICO DE PLANEAMENTO ESTRATÉGICO PARA O ENSINO SUPERIOR PORTUGUÊS O planeamento estratégico é um processo dinâmico composto por fases. Apesar da existência de inúmeros modelos de planeamento estratégico, parece haver consenso em torno de algumas componentes tidas como básicas, nomeadamente, a análise ambiental, a formulação estratégica, a implementação da estratégia e, por fim, a avaliação e o controlo. Para Wheelan e Hunger (1990), a análise ambiental inclui a análise interna e a análise externa; a formulação estratégica envolve a definição da missão, dos objectivos, das estratégias e das políticas; a implementação da estratégia baseia-se em programas, orçamentos e procedimentos, e, a avaliação e o controlo visam aferir acerca do desempenho organizacional. Por seu lado, Sharplin (1985) considera a existência apenas de duas fases principais, designadamente, da formulação e da implementação estratégicas. No acto de formulação estratégica é necessário definir a missão, avaliar o ambiente, definir a direcção ou objectivos e, por fim, estabelecer a estratégia. Por seu lado, a implementação envolve a activação estratégica, a avaliação da estratégia e o controlo estratégico. Outros, como Thompson e Strickland (2003), Goodstein et al. (1992), Cardoso (1992 e 1995), Johnson e Scholes (1993), Weil (1995), Grant (1998), Silva (2001) e Santos (2004) entre muitos outros, apresentam modelos de planeamento estratégico alternativos que diferem no conteúdo, na ênfase e no processo. No entanto, todos apresentam aspectos ou fases comuns, designadamente, a análise estratégica, a escolha estratégica e, por fim, a implementação estratégica, tal como pode verse na figura 1.


73

Visão Estratégica Missão

Metas

Análise Ambiental Análise externa

Análise interna

Alternativas Estratégicas Deliberadas

Emergentes

Decisão e Implementação Estratégica Programas de acção

Orçamentos

Controlo Estratégico feedback Figura 1. Modelo de Planeamento Estratégico Proposto

O modelo proposto é, efectivamente, um modelo teórico que, apesar de incluir os contributos das escolas prescritivas quer descritivas de formação da estratégia, é ainda um modelo simples e consensual. Para a sua elaboração, os contributos de Mintzberg e Waters (1985), Cardoso (1992 e 1995), Johnson e Scholes (1993), Weil (1995), Watson (1995), Kriemadis (1997), Grant (1998), Estêvão (1998), Lumby (1999), Pidcock (2001), Silva (2001), Tsiakkiros e Pashiardis (2002) e Santos (2004) foram essenciais. A visão estratégica é, segundo Fernandes (2007), uma abordagem criativa e intuitiva que é apanágio da escola do empreendedor na qual a organização define a posição desejada. Da visão estratégica fazem parte as fases de formulação da missão e a definição dos objectivos genéricos. Por sua vez, a formulação da missão desenvolve-se na esfera da escola cultural pois deve ter em conta não só a visão estratégica mas também os valores ideológicos da organização. Segundo Fernandes e Ribeiro (2009), para a realização da análise ambiental, em muito, contribuem ferramentas como a análise SWOT, a análise de hiato, a análise da atractividade da indústria desenvolvidas pelas escolas prescritivas, respectivamente, as escolas


74

do desenho, do planeamento e do posicionamento. Apesar disso, a ênfase colocada no ambiente externo pode, também, segundo Fernandes (2007), ser percebida como o contributo da escola ambiental para o processo de formação da estratégia. As ferramentas referidas são úteis à organização na medida em que permitem conhecer o hiato entre a posição actual e a posição desejada. Nestas condições, a organização pode desenvolver as alternativas estratégicas que permitam fechar o hiato. A fase das alternativas estratégicas corresponde ao momento anterior à tomada de decisão estratégica. Trata-se de uma fase preparativa na qual são analisadas as vantagens comparativas das alternativas estratégicas, deliberadamente, propostas para fazer face às linhas gerais de orientação e aos cenários definidos anteriormente. No contexto de um modelo de planeamento estratégico dinâmico e flexível, as alternativas estratégicas podem emergir durante o próprio processo e, dessa forma, compreender o contributo da escola da aprendizagem que, segundo Fernandes (2007), se traduz na inclusão das estratégias emergentes. Para além disso, durante o processo de análise estratégica e de decisão estratégica ocorrem jogos de poder nos quais, segundo Fernandes (2009), são feitas negociações e debates internos entre os diferentes constituintes no contexto da escola do poder. Posteriormente, a decisão estratégica consiste na selecção das acções a empreender tendo em conta a coerência interna e externa durante um determinado período de tempo. Para que as decisões possam ser tomadas devem ser definidos os objectivos específicos que, por sua vez, permitirão elaborar os programas de acção e os orçamentos. Por essa razão, a decisão e implementação estratégicas envolvem a afectação de recursos necessários à prossecução dos objectivos definidos, ou seja, dá-se início à transformação de intenções em acções concretas. Por fim, a organização deve proceder à avaliação e controlo da estratégia no sentido de verificar se o desempenho esperado corresponde ao planeado. Desta forma, a organização tem a oportunidade de promover a realimentação do processo através de acções correctivas consideradas necessárias para que o plano estratégico possa, pelo menos uma vez por ano, ser revisto de acordo com a evolução da mudança e ter em conta as estratégias emergentes.


75

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Actualmente, as organizações públicas, em geral, e aquelas que se dedicam ao ensino superior, em particular, enfrentam um forte escrutínio das suas contas. Tal facto deve-se ao aumento dos déficits governamentais e à necessidade imperiosa de os controlar de forma a cumprir os critérios definidos no contexto do Pacto de Estabilidade e Crescimento que se traduz, na prática, na diminuição real do financiamento do sector, tornando imperiosa a procura da eficácia e da eficiência. Para além da diminuição do financiamento, o sector enfrenta outros desafios, nomeadamente, a diminuição da procura devido a razões demográficas; e, a adaptação das formações ministradas no quadro da declaração de Bolonha. A diminuição da procura do ensino superior pelos alunos que entram pela primeira vez no sistema pode ser compensada pelos alunos que, sendo detentores de um curso superior, necessitem de actualizar os conhecimentos adquiridos ou, por razões profissionais, sintam a necessidade de se especializarem em determinada área. Para fazer face a esta nova procura, as instituições de ensino superior devem estar preparadas para leccionar cursos de especialização que, aliás, estão previstos na declaração de Bolonha e correspondem ao segundo ciclo, isto é, ao ensino pós-graduado. A adopção do sistema organizado em dois ciclos, o pré e o pósgraduado, previsto na declaração de Bolonha está já implementado em Portugal. No entanto, a necessária regulamentação para a implementação do sistema em Portugal só, tardiamente, ficou disponível. Por essa razão, as instituições de ensino superior deparamse com grandes dificuldades ao nível do planeamento. De facto, no contexto da análise macro ambiental, a variável política encontra-se omissa e as varáveis económicas, sociológicas e tecnológicas estão sujeitas a grande turbulência. Uma das características marcantes do sistema de ensino superior português reside na sua dualidade que, como foi referido, confere diversidade ao sistema. Basicamente, a diferença entre o ensino universitário e o ensino politécnico deveria residir no tipo de formação ministrada. Na realidade, a diferença entre os dois tipos de ensino assenta nos graus que conferem. Por essa razão, alguns investigadores caracterizam a divisão como artificial na medida em que a natureza das formações é similar. Para além disso, a Declaração de Bolonha contribui para a homogeneização do sistema, isto é, para a


76

uniformização das formações a ministrar por um e outro subsistemas. Neste contexto, o planeamento estratégico surge como a ferramenta de gestão que permite aumentar o desempenho das organizações através da melhoria da eficácia, eficiência e flexibilidade. Efectivamente, são muitos os benefícios que derivam da aplicação do planeamento estratégico à tomada de decisão. Por isso, os processos de planeamento e a produção de planos estratégicos devem assumir-se como actividades centrais para os gestores. A formulação do plano estratégico permite visualizar o futuro tendo em conta as relações complexas e dinâmicas entre a organização e o ambiente externo. Mais do que responder e reagir ao ambiente externo, o planeamento estratégico permite à organização iniciar, influenciar e, simultaneamente, definir objectivos básicos para alocação de recursos e reduzir os conflitos internos que tendem a aumentar quando a subjectividade ou a intuição se tornam a base das grandes decisões. Para além disso, o planeamento estratégico permite à organização aproveitar vantagens chave que constituem oportunidades, minimizar o impacto das ameaças externas, capitalizar os seus pontos fortes e melhorar aspectos que constituem os seus pontos fracos. Por essa razão, o modelo teórico de planeamento estratégico proposto para o ensino superior português possui três características essenciais. A primeira está relacionada com a sua simplicidade que o torna, facilmente, compreensível por todos os membros da organização. O modelo proposto caracteriza-se igualmente, pela consensualidade. De facto, esta característica está bem patente no modelo tornando-o aceitável pela maioria dos gestores de topo (reitores, vice-reitores, pró-reitores presidentes, vice-presidentes, pró-presidentes e administradores). Por fim, o modelo proposto integra, na medida do possível, os contributos das escolas prescritivas e descritivas de formulação da estratégia. No entanto, o modelo proposto apresenta algumas limitações, designadamente, o seu carácter generalista. De facto, a diversidade de instituições que podem encontrar-se no sector, nomeadamente, instituições universitárias e politécnicas, instituições públicas e privadas e instituições seculares e recentes obriga à adequação do modelo proposto a cada caso. As linhas de investigação futura envolvem, necessariamente, o estudo que permita verificar o state of the art do planeamento estratégico nas instituições do ensino superior português. Desta forma, verifica-se em que medida esta ferramenta da gestão é usada no sector e o nível de conhecimento do plano estratégico por parte dos gestores de topo, ou seja, por parte daqueles que devem desempenhar o papel


77

de paladinos no processo de planeamento estratégico. Efectivamente, os gestores de topo têm a responsabilidade de despoletar todo o processo mas mais importante que o produto final (plano estratégico) é agir e pensar, estrategicamente, cada instituição do ensino superior português.

BIBLIOGRAFIA Amaral, Alberto e Magalhães, António (2000)M; O Conceito de Stakeholder e o Novo Paradigma do Ensino Superior; Revista Portuguesa de Educação; 13; 2; 7-28. Amaral, Alberto e Teixeira, Pedro (1999); Previsão do Número de Alunos e do Financiamento, Matosinhos; Centro de Investigação e Políticas do Ensino Superior. Andrews, Kenneth (1977); El Concepto de Estrategia de las Empresas; Pamplona: Ediciones Universidad de Navarra. Cameron, Kim (1978); Measuring Organizational Effectiveness in Institutions of Higher Education, Administrative Science Quarterly, 23; 4; 604-632. Cardoso, Luís (1992); Gestão Estratégica: Enfrentar a Mudança; Lisboa; Instituto de apoio às Pequenas e Médias Empresas. Cardoso, Luís (1995); A Gestão Estratégica das Organizações: Ao Encontro do 3º Milénio; Lisboa; Editorial Verbo. Carrol, Lewis (1865), Alice's Adventures in Wonderland, London: Macmillan. Chandler, Alfred (1962); Strategy and Structure; Cambridge: MIT Press. Conceição, Pedro et al. (1998); Novas Ideias para a Universidade; Lisboa; Instituto Superior Técnico Press. Correia, Fernanda et al. (2000); Diversificação e diversidade dos Sistemas de Ensino Superior; Matosinhos; Centro de Investigação e Políticas do Ensino Superior. Crespo, Victor (2003); Ganhar Bolonha, Ganhar o futuro: O Ensino superior no Espaço Europeu, Lisboa; Gradiva. DGESup - Direcção Geral do Ensino Superior (1999); O Ensino Superior em Portugal; Lisboa; Editorial do Ministério da Educação. Duncan, Robert (1972), Characteristics of Perceived Environment and Perceived Environmental Uncertainty; Admnistrative Science Quarterly; 17; 3; 313-327. Estêvão, Carlos (1998); Gestão estratégica nas Escolas; Lisboa; Instituto de Inovação Educacional. Fernandes, António (2007); Dimensão Integrativa do Planeamento Estratégico; Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão; 6; 2; 14-19. Fernandes, António e Ribeiro, Maria (2009); Dimensão Prescritiva do Planeamento Estratégico; Revista Egitania Sciencia; 5; 2;137-155. Goodstein, Leonard et al. (1992); Applied Strategic Planning: a comprehensive guide; San Diego; Pfeiffer & Company. Grant, Robert (1998); Contemporary Strategy Analysis: Concepts, Techniques, Applications; Malden; Blackwell. Gup, Benton (1979), Guide to Strategic Planning, New York: McGraw Hill.


78 Huber, George et al. (1990); Developing More Encompassing Theories about Organisations: The Centralisation-effectiveness Relationship as an Example, Organisation Science; 1; 1; 11-40. ICSUL – Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (1995); O Desenvolvimento do Ensino Superior em Portugal: Situação e Problemas de Acesso; Lisboa; Ministério da Educação – Departamento de Programação e Gestão Financeira. Johnson, Gerry e Scholes, Kevan (1993), Exploring Corporate Strategy: Text and Cases; Englewood Cliffs; Prentice-Hall. Kriemadis, Athanasios (1997); Strategic planning in higher education athletic departments, International Journal of Educational Management; 11; 6; 238-247. Lerner, Alexandra (1999); A Strategic Planning Primer for Higher Education, College of Business Administration and Economics; Northridge; California State University. Magalhães, António e Amaral, Alberto (2000); Higher Education and the Imaginary Friend: Stakeholders in Institutional Governance, European Journal of Education; 35; 4; 437-446. Ministério da Educação (1998); Sistema Educativo Português: Caracterização e Propostas para o Futuro; Lisboa; Ministério da Educação - Gabinete de Assuntos Europeus e Relações Internacionais. Mintzberg, Henry (1994); The Fall and Rise of Strategic Planning; Harvard Business Review; 72; 1; 107-114. Mintzberg, Henry e Waters, James (1985), Of strategies, Deliberate and Emergent; Strategic Management Journal; 6; 3; 257-272. Pidcock, Steve (2001), Strategic Planning in a New University, Journal of Further and Higher Education; 25; 1; 67-83. Réffega, António (1975), Regionalização do Ensino Superior; Vila Real; Instituto Politécnico de Vila Real. Réffega, António (1982); Sobre o Ensino Superior Português: Alguns dados e Reflexões; Castelo Branco; Instituto Politécnico de Castelo Branco. Richardson, Bill e Richardson, Roy (1992); A Gestão Estratégica; Lisboa; Editorial Presença. Santos, Francisco (2004), Estratégia: Passo-a-Passo, Vila Nova de Famalicão; Centro Atlântico. Santos, Sérgio (1999); Contributos para o Estudo do Desenvolvimento da Autonomia Universitária em Portugal desde o 25 de Abril; Revista Portuguesa de Educação; 12; 1; 730. Sharplin, Arthur (1985), Strategic Management; New York: McGraw-Hill. Silva, Eugénio (2001); “Gestão Estratégica e Projecto Educativo” in Costa, Jorge et al. (org.), Liderança e Estratégia nas Organizações Escolares; Aveiro; Universidade de Aveiro; 217 – 238. Simão, José e Costa, António (2000), O Ensino Politécnico em Portugal; Braga; Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos. Simão, José et al. (2003); Ensino Superior: Uma Visão para a Próxima Década; Lisboa; Gradiva Publicações. Steiner, George (1979); Strategic Planning: What Every Manager Must Know; New York: Free Press. Thibodeaux, Mary e Favilla, Edward (1996), Organizational Effectiveness and Commitment Trough Strategic Management, Industrial Management & Data Systems, Vol. 96, nº. 5, pp. 21-25. Thompson, Arthur e Strickland, Alonzo (2003); Strategic Management Concepts and Cases; Boston; McGraw-Hill/Irwin. Tsiakkiros, Andreas e Pashiardis, Petros (2002); Strategic planning and education: the case of Cyprus; The International Journal of Educational Management, 16; 1; 6-17. Watson, Chester (1995); Strategic Planning for Higher Education; Journal of Professional Issues in Engineering Education Practice;121; 3; 187-190. Weil, Michel (1995); A Gestão Estratégica; Lisboa; Publicações Dom Quixote.


79 Wheelan, Thomas e Hunger, David (1990), Strategic Management, Reading; AddisonWesley Publishing Company.


Â


81

WORLD MINING REVIEW: COMPARATIVE ANALYSIS WITH KAZAKHSTAN MINING

REVISÃO DO MUNDO DA MINERAÇÃO. ANÁLISE COMPARATIVA COM A EXPLORAÇÃO DAS MINAS DO KAZAQUIATÃO. EXAMEN MUNDIAL DE LA MINERÍA. ANÁLISIS COMPARATIVO CON LA MINERÍA DE KAZAJSTÁN. Aliya Bukayeva (asper1975@mail.ru) *

ABSTRACT The article contains comparative analysis of extraction and export of mineral-raw production in the Republic of Kazakhstan, Asia and on a world level. In this article the condition, production and consumption of gold, copper and metals in the world. Among the countries of interest in Central Asia, also Kazakhstan should be mentioned, with its largest copper producer Kazakhmys. Another country is China, where, according to the new Chinese mining code, foreign mining companies may acquire a 100% equity interest in non-diamond exploration concessions, which could lead to increased foreign exploration activity. The mining-metallurgical branch is one of the most important factors of economic development of the Republic of Kazakhstan. However, the progression in this field of economics also has predicted economical safety, export potential, opportunities for further development of the Republic of Kazakhstan in comparison with Asia and the world. The article is of practical interest for students, masters, doctors, and experts of the branch. Keywords: World, Mining, Kazakhstan.

RESUMO O artigo contém uma análise comparativa generalizada sobre a extracção e exportação da produção de matérias-primas minerais na República do Cazaquistão. No artigo são analisadas as condições, a produção e o consumo de ouro, cobre e metais no mundo. Entre os países de interesse na Ásia Central, pode-se mencionar o Cazaquistão, com a sua Kazakhmys, a maior produtora de cobre. A China, onde, de acordo com o código de novas minas chinesas, as empresas estrangeiras de mineração podem adquirir uma participação de 100% na exploração de diamantes, mas não concessões, o que poderia levar a aumento da atividade de exploração estrangeira. O ramo


82

mínero-metalúrgico é um dos mais importantes factores de desenvolvimento económico da República do Cazaquistão. No entanto, a progressão neste campo da economia também previu que a segurança econômica, potencial de exportação, oportunidades de desenvolvimento da República do Cazaquistão em comparação com a Ásia e do mundo. O artigo representa interesse prático para os alunos, mestres, doutores e especialistas do ramo. Palavras-Chave: Mundo, la Minéria, Kazaquistão.

RESUMEN El artículo presenta un análisis comparativo de la extracción y exportación de la producción de minerales en bruto en la República de Kazajstán, Asia y a nivel mundial. En el artículo se consideran las condiciones, la producción y el consumo de oro, cobre y metales en el mundo. Entre los países de interés en Asia Central, se puede mencionar Kazajstán, con su mayor productor de cobre, Kazakhmys. Otro es China, donde, según el código de la nueva minería china, las empresas mineras extranjeras podrán adquirir una participación del 100% en la explotación de diamantes, pero no concesiones, lo que podría conducir a una mayor actividad de exploración extranjera. El sector minero-metalúrgico es uno de los factores más importantes del desarrollo económico de la República de Kazajstán. Sin embargo, el avance en este campo de la economía también ha previsto la seguridad económica, el potencial de exportación, las oportunidades para un mayor desarrollo de la República de Kazajstán, en comparación con Asia y el mundo. El artículo corresponde a los intereses prácticos de los estudiantes, graduados, doctorados y especialistas en el área. Palabras-clave: Mundial, Minas, Kazajstán.

*Semey City, Republic of Kazakhstan Submetido: 1 Fevereiro 2010 Aceite: 30 Junho 2010


83

1. INTRODUCTION Since many countries with high mineral potential from Latin America, Africa, Asia, and Eastern Europe have created favorable economic and political environments in the last ten years, foreign capital has begun to show interest in the mining industries in these countries. As the extractive industries have become more global, the competitiveness of mineral producers depends on several market conditions, economical and political situation. The same situation has been established in the former USSR countries, as well as in Kazakhstan since the Date of Independence in 1991. The main factors to attract investors in Kazakhstan were the production costs, which are not only dependent on geological and technological conditions, but also strongly correlated with market conditions, legal and environmental regulations, taxation, and organizational and management structures. The political stability and sustainable development of the Republic of Kazakhstan had been attracted the leading companies and investments.

2. ASIA AND KAZAKHSTAN MINING REVIEW Asia is the world’s largest iron ore consumer (50% of the world imports), while Japan (26, 8%), China (11, 5%) and the Republic of Korea are the main raw materials importers on Eurasia. Germany (10%) takes the first place among European countries importing iron – ore raw materials (Mineral Resources of Kazakhstan, 2000, Mineral Resources of Kazakhstan, 2001). The economic crisis and damping pricing conditions on the world market for ferrous metals in 1997 – 1998 had a negative impact on the output of the Kazakhstan iron ore industry. Due to the reduced world steel and steel products consumption, and the switch to domestic iron – ore raw materials by Russian metallurgist plants in 1998, Kazakhstan reduced production of iron ore by 29, 2%, chrome iron ore by 10, 8% and iron – ore pellets by more than twice (www.refine.com.ru/pageied-512-2.html). In 1999, Kazakhstan companies produced 9, 3016 million tones of iron ore, which was 2, 6 times less than in 1990. The economic crisis continued in the first six months of 1999, when ore production dropped by 53%, if we are compared to ore production for 1998, and pellet


84

production declined by almost 90% (Mineral resources of Kazakhstan,

2000. 10/11. p. 46-50).

Geological studies are being carried out, directed at finding scarce raw materials and developing priority raw material sources for the Kazakhstan economy (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15.

p. 6-11).

The analysis of sources indicates that in general the country enjoys sufficient raw material resources, the development of which is profitable under current economic conditions. The additional zinc, lead and gold stocks obtained significantly exceed their production over the 10-year period. The supply of the manganese, chrome and iron ore industries with raw material has remained at a very high (for nearly 80 years), even though production output has increased by 1.5 times (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 8). As a result of geological and economical reassessment, the reserves of 38 lead and zinc deposits have been classified as active (88.7% of total zinc reserves and 66.8% of lead reserves), in addition to 15 iron ore deposits (26.1% respectively), 46 copper deposits (58.8%), 90 gold deposits and 39 gold-containing complex ore deposits (86.0%). Mineral and raw material sources are being evaluated, primarily taking into account their sufficiency for current and future needs of Kazakhstan industry, and the opportunities for beneficial export of primary materials (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. 14/15. p.

27).

At present time, Kazakhstan is making radical changes in its approach towards economic evaluation of deposits and selection of priorities in geological exploration, general assessment of mineral and raw material sources.

3. WORLD MARKET CONDITIONS FOR COPPER RAW MATERIALS Since the greatest financial resources are in the hands of the industrialized countries, the first stage for investment was the participation of foreign capital in the privatization of formerly state-owned copper enterprises, mainly in Latin America. In the early 1980s foreign investment in mining was restricted mainly to Australasia and North America (Commodity Markets, Nov

1999, World Bank).


85

In the case of copper, where the price is predominantly set by the market, rather than being determined by a single or group of entity, most producers concentrate on minimizing production costs in order to maximize operating profits. Increasing competition among copper producers since the late 1980s has prompted the implementation of strategies involving deep cost cuts, which are continually tested against other players in the international market (Mineral Resources of Kazakhstan, 2000). Privatization accelerated in the early 1990s; in Chile, for example, foreign investors have been allowed since 1991 to form joint ventures and operate in land areas previously under the control of Codelco (El Abra, Quebrada Blanca). In Peru, the government has allowed foreign capital to participate in most state-owned copper mines – La Caridad and Cananea – were privatized in 1992. These investments have changed the ownership structure of the copper industry on a global scale. In 1975 state-owned mines (excluding centrally planned economies) provided 26.4 % of the world’s copper production. As a result of a wave of nationalization, this percentage increased to 35.5% in 1984, then fell to 25.6% in 1992, due to intensive privatization. The tempo of global privatization has slowed in the last several years, since the best assets available under reasonable political conditions have already been sold. What remains are a few either exclusive assets such as Codelco, and the part of KGHM Polska Mied – SA or assets with long term potential only, such as Indian state mining company, or companies in Congo or in other politically unstable countries (Vestnik of

mining mineral section of the Russian Academy of Sciences, 1996, #2, 3).

Since then – as a second stage – foreign investors have been concentrating on exploring and developing new ore deposits. Exploration activity has been moving in the 1990s from highly industrialized areas with extensive past mineral exploration, such as Australia, Canada, and the United States toward developing regions with under explored areas, such as Africa, Canada, and the United States toward developing regions with under explored areas, such as Africa, Latin America, and the Pacific (Mineral Resources of Kazakhstan, 2000,

Mining Journal, 2008, February 22).

Nowadays, about 50% of total exploration expenditures for metals have been spent in Latin America (which has maintained the lead position for the last five years, accounting for 38% of total outlays on base metals), Asia, and Africa. Copper was the first non-ferrous metal


86

and the second only to gold in terms of money spent on exploration in the 1990s, i.e. from $ 800.6 million spent on base metal exploration in 1999, $ 460.1 million was directed to copper exploration (including copper-dominant polymetallic deposits). Even though there has been a serious decline in total exploration activity since 1997 (31% in 1998, 21% in 1999, and further 5% in 2000), Raw Materials Group forecasts that exploration expenditure in 2001 will rise again albeit only slowly (Mining Journals review, 2000. International Copper Study Group). In the third stage of the evolution of capital investment mergers and acquisitions has recently become the most important. Latin America and South Africa were previously the primary regions for such investments. The highest financial expenditures in Latin America were recorded in the years just prior to 1998, when the growth trend was broken, and expenditures dropped from a few billion to less then half a billion dollars. Much of this money was shifted to South Africa, were financial expenditures reached over 7 billion that year, which is the highest amount ever spent in any one country in one year. In 1999 the capital moved again, this time to industrialized countries, and two significant transactions were noted: Grupo Mexico bought Asarco, and Phephs Dodge bought Cyprus Amax, a particularly notable M&A story in 1999. Due to these two transactions, with a total combined value of $ 4 billion, along with acquisitions by Anglo-American in Zambia and Congo, M&A expenditures in the copper industry reached record values (total value of M&A in copper industry amounted $13.7 billion in 1994-2000. The M&A of base metal industry represents, however, a smaller and smaller fraction of the global M&A expenditure, where the merging hightech companies are several times are larger than any mining ones (US Geological Survey 2001). Among Central and Eastern European countries there has been no significant investment in copper mining, even if they showed significant increase of foreign direct investments, relatively high increase of Gross Domestic Product, and financial stabilization. The copper deposits are in Russia, Poland, Serbia and Montenegro, Romania and Bulgaria. The most important changes in the copper market in that region was the public sale trading of 200 million shares of common stock of KGHM Polska Mied SA, with a nominal value of 10 PLN ($1 = 4.0 PLN in 2000-2001) each on June 5, 1997. These ways of foreign investment influenced the ownership structure of copper producers. According to Swedish mining database Raw Materials Data, the 10 largest companies now control the highest


87

percentage of world copper mining production ever noted (46.7% in 1975, 50% in 1985, 57% in 1990, 52% in 1995, and 62.4% in 1999). In the period 1995-1999, Grupo Mexico SA de CV showed the highest increase in control of copper production (360%), followed by Phelps Dodge Corporation at 180%, and Codelco at 141%. Each of these three largest companies now controls over 1 million tons per year of copper production, mainly from South and North America. The next four copper producers, which each control over 0.6 million tpy of copper, are Broken Hill Pty, Freeport McMoran, Rio Tinto plc, and Anglo American; these companies operate on virtually every continent (US

Geological Survey, 2001. http://minerals.usgs.gov).

Table 1: Changes in world mining production in 1970-2000 Countries

1970 Mln. tons

1980 Mln. tons

1990 Mln. tons

2000 Mln. tons

Poland Portugal F.Soviet Union Europe South Africa Zair Zambia Zimbabvwe Africa Australia Papua New Guinea Oceania Argentina Chile Peru South America Canada Mexico USA North America China Indonesia Asia World total

70,8 3,7 570 910 149 387 684 0 1303 158 0 158 0,1 710 220 944 610 61 1560 2246 100 0 467 6030

363,2 0,8 980 1746 212 460 96 7 1359 243 146 390 0,2 1068 367 1440 716 175 1181 2080 162 59 712 7728

329 160 900 1715 197 355 496 15 1131 325 170 497 0,3 1588 317 1943 793 291 1587 2671 360 169 1055 9017

480 99 520 1320 144 120 260 24 520 760 183 943 210 4500 530 5240 650 390 1450 2400 500 850 2120 12900

1980/ 1970 % 413 -78 72 92 42 19 -13 700 4 54 1460 147 100 50 67 52 17 187 -24 -7 62 590 52 28

1990/ 1980 % -10 19900 -8 -2 -7 -23 -17 107 -17 34 16 27 50 49 -14 35 11 66 34 28 122 186 48 17

2000/ 1990 % 46 -31 -42 -23 -27 -66 -48 619 -54 132 7 90 69900 183 67 171 -18 34 -8 -7 39 403 101 43

(Source: US Geological Survey 2001)

The high investment expenditures and ownership changes also resulted in increasing copper production volumes. In the period 19902000, the volume of copper mining on the world market exhibited an upword trend, increasing by 43%. The highest were noted in South America – 171% (mainly due to expanded copper mining in Chile), Asia - 101% (Indonesia, Kazakhstan, and China), and in Oceania – 90% (Australia, Papua New Guinea). Copper mining production from the


88

South America amounted to 41% of world production in 2000, with 16% from Asia (US Geological Survey 2001). The production increases in these two regions are the result not only of good utilazition of resources, but even more of economic liberalisation, privatisation, and globalisation. As investments in these regions have been competitive on the global copper market (low cost of production), and there are still high potential reserves, the future primary copper supply would depend on the delivery from 3-5 countries. Table2: Relation between reserves and the volume of Copper mine production Countries Australia Canada Chile Indonesia USA China Peru Kazakhstan Mexico Russia Zambia Other Total

Mine production 2000 Mln. Tons 760 650 4500 850 1450 510 530 380 390 520 260 1600 12400

Reserves

Ratio in years

9000 10000 88000 19000 45000 18000 19000 14000 15000 20000 12000 50000 319000

11,8 15,4 19,6 22,4 31,0 35,3 35,88 36,8 3,5 38,5 46,2 31,3 25,7

(US Geological Survey, 2001)

Some of these huge private companies could operate at a profit even when the copper prices reached their lowest post-war levels in real terms in 1998 (Boston Consulting Group, 1998). This is partly the result of proper investment decisions modern management, and the pressure of shareholders. Research by the Boston Consulting Group (1998) has shown that the average annual total shareholder return for the peer mining group amounted to 13% for the 10- year period ending in 1996. This includes dividends paid plus capital growth, and this might have far reaching implications – if concentration through further M&A on the copper market in late increases, then the global copper market will become less competitive and could change into a semioligopoly, since the 10 largest companies already deliver nearly 70% of western copper production. Profitable companies which develop new mineral resources, or modernise existing facilities, or participate in the privatisation of existing mining industries, can provide an impetus for the acceleration of overall economic growth in the host country (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 6-11).


89

The primary impacts and benefits of mining include revenues and profits, employment, infrastructure, etc. For some countries, mining has provided a significant share of the Gross Domestic Product and export revenues (Commodity Markets, Nov 1999, World Bank). In Chile, for example, mining accounted for 8% of the GDP and 50% of export revenues in 1997; in Zambia, 25% and 95% respectively. The most commodity-dependent and also the poorest region of the world is Sub-Saharan Africa. The dependence on a relatively small number of commodities in combination with low income makes these countries especially vulnerable in periods of low commodity market prices The implications of such low price levels are more serious for commodity-dependent countries than other countries (Commodity Markets, 1999, World Bank). The share of mining and quarrying in the GDP can be used to measure the significance of the mining industry in each country. It can be shown that for most important copper-producing countries, mainly from Latin America and China, there were increases in the GDP during the copper boom in 1995-97, and decreased or stagnated GDP during the recession on the copper market (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 6-11). One of the more important economic factors influencing the competitiveness of copper producers is the exchange rate of national currencies against the US dollar. Since copper is most often traded internationally, and the contracts are usually drawn up in US dollars, the competitiveness of copper production in a given country improves with the devaluation of the local currency. The Indonesian currency crisis that began in July 1997 (a 57% annual inflation rate was noted in 1998, while the $USA exchange rate amounted to 2909 rupiah in 1997, and 10013 in 199 resulted in decreased production costs in $USA terms. The average costs for labour and the purchase of local supplies normally represent 15-35% of cash operating costs (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 6-11). The most important factor is tax level. Tax rates are usually established in the general taxation laws and the mining code (not by individual agreement). Generally, there has been a pronounced trend to liberalise fiscal regimes; many countries, for example, significantly reduced income taxes. Corporate taxes in the main copper producing countries may vary from 15% to 38%. Taxes in Brazil (15%), Chile (15%), Sweden (28%) are the lowest, whereas the rates in Australia (36% - the Australian government approved business taxation reform in the end of


90

1999) and Canada (38%) belong to the highest. However reduced income taxes may be insufficient to attract potential investors, since governments are collecting taxes in many other ways (royalty, environmental fee and fines). The most detailed comparison of taxes for the mining sector has been provided by the Colorado School of Mines. In order to compare the overall tax burden in one country to another, the authors have created a mine model that captures all cash inflows and outflows and then applies the tax system of different countries to the model (Commodity Markets, 1999, World Bank). The IRR and NPV were calculated for hypothetical copper mines running for 25 years, including the sum of all tax types. The comparison study for 25 countries proved that the highest IRR (after tax) could be achieved by investing in a hypothetical copper mine in Sweden, Chile, Argentina, the Philippines, or Kazakhstan. These countries, thanks to the liberalisation of tax regimes (among other factors) should be able to attract significant foreign investment inflow (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 6-11, www.metal.torg.ru). Another factor which influences the economic environment for mine production is environmental regulations, which can render mining operations impossible, along with environmental user fees, which have a major impact on production costs. In 1997, for example, an agreement was signed to reduce greenhouse gas emissions in countries. The mining industries in these countries may have to carry the burden of higher energy prices (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. #14/15. p. 6-11. www.advis.ru). The environmental issues are having an increasing impact on the mining industry, since many governments are stiffening their national environmental policy and introducing stricter environmental requirements. From the very beginning of the 1980s, the international copper market has been influenced by the rigorous environmental protection regulations introduced in many countries (Mining Journals Review, 2000, www.advis.ru). For the copper industry, the most significant of these involve primarily mining and processing operations (the technological possibilities and costs of handling post-flotation wastes, release of salt water, etc.), as well as metallurgical operations (fees for emission of dusts and gases). For Polish copper producers, penalties and fees associated with polluting in the early 1990s reached as high as $127 for every ton of copper produced (the largest burden was imposed by fees for storing post-flotation wastes). This was reduced to about $50 per ton


91

after pro-ecological capital (www.kazakhmys.kz, November,

improvements

2007, Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 6-11).

Mineral

were

made

resources

of

Policies in many countries have been changed to attract investors. Among industrialised countries Australia has approved a business taxation reform and the Scandinavian countries have opened up to foreign exploration (Mining Journals Review, 2000). An optimistic prognosis for the economic growth of Central and Eastern European countries may well attract new investment in mining. There are some positive factors, such as good infrastructure and very well educated workers in Central Europe, but there are still many negatives, e.g. the recent changes in Russia in attitudes towards foreign investors, indicating that Russia’s mining sector will be more and more closed to foreigners (Commodity Markets, 1999, World Bank). Among the countries of interest in Central Asia, we may also mention Kazakhstan, with its largest copper producer Kazakhmys; another is China, where, according to the new Chinese mining code, foreign mining companies may acquire a 100% equity interest in nondiamond exploration concessions, which could lead to increased foreign exploration activity (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 6-11). Presently foreign capital comes not only from highly industrialized countries, but also from such companies as KGHM Polska Mied SA, which are looking for new deposits abroad, and Codelco, which have started exploration activities abroad; for instance, a promising agreement with Grupo Penoles has allowed Codelco to explore for deposits in the Mexican State of Sonora, and to discuss with Anglo-American to explore in Zambia. These newcomers have only limited experience from investment overseas compared to producers with long established foreign operations (Mining Journals Review, 2000, www.kazzinc.com, www.mining.kz). This increases their risks when investing abroad. To mitigate this increased risk they or concentrate on mergers and acquisitions with existing producers, choose countries and producers with low risks as partners or can rely on junior companies to explore for new deposits (Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 27-30). Among developing countries Chile, Peru, Brazil, and Argentina are at the top of the ratings for exploration investment based on their financial attractiveness, geological potential, property value, ease of doing business, and political stability. Countries such as Peru, Bolivia


92

have been continuing their privatisation to attract more investors, whereas Ecuador and Honduras have changed their mining law recently (Commodity Markets, 1999, World Bank). Several countries, mainly from Africa, have recently altered their mining regimes and begun to attract many investors to their mineral industries (Mining Journals Review, 2000). Roughly $20 million was for example spent annually in the last several years for exploration in Zambia, by foreign companies (Mining Journals Review, 2000, www.kazzinc.com, www.mining.kz). Even though, parts of Africa still remains a difficult investment environment for foreign companies, there have been several positive developments that could have a major impact on the region over the next few years. One such event is growth in exploration in both East and West Africa and the successful implementation of reforms in South Africa (www.mining.kz, Mining Journals Review, 2000). With the final privatization of ZCCM the future of copper mining in Africa might hence become much more positive. On the other hand, there are still many countries which have not managed to implement policy reforms, and where political instability has increased. Civil wars and conflicts have interrupted mineral exploration in countries such as Angola, Congo, and Sudan (Mining Journals Review, 2000, www.kazzinc.com, www.mining.kz).

4. CONCLUSION The policies in many countries have been changed to attract investors, because the influence of globalization and world crisis. The Republic of Kazakhstan’s balance of natural resources is being adjusted in accordance with strict economic criteria find international expertise in assessment of natural resources. The significant structural changes that have taken place in the last decade on the world copper market have involved primarily the privatization of state-owned enterprises in many regions of the world and the increasing of major transnational corporations (globalization, internationalization). Production costs are not only dependent on geological and technological conditions, but also strongly correlated with market conditions, legal and environmental regulations, taxation, and organizational and management structures. Globalization in mining industry is the result of several factors such as


93

favorable government attitudes, political stability, the new and attractive national mining codes, and the internationally competitive tax system.

BIBLIOGRAPHY Boston Consulting Group, 1998. Commodity Markets, Nov 1999, World Bank. Mineral Resources of Kazakhstan, 2000. # 10/11. p. 15-18. Mineral resources of Kazakhstan, 2000. # 10/11. p. 46-50. Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 6-11. Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 8. Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 27. Mineral resources of Kazakhstan, 2001. # 14/15. p. 27-30. Mining Journals review, 2000. Mining Journal, 2008, February 22. Mining Journals review, 2000. International Copper Study Group. Vestnik of mining mineral section of the Russian Academy of Sciences, 1996, # 2, 3. USGS. Minerals Yearbook 2004. Tin. http://minerals.usgs.gov. 2006. US Geological Survey, 2001. http://minerals.usgs.gov www.metal.torg.ru (March, 2009) www.advis.ru (January, 2009) www.kazzinc.com (June, 2008) www.kazakhmys.kz (November, 2007) www.mining.kz (December, 2009) www.refine.com.ru/pageied-512-2.html


Â


95

AS ELITES QUE PROTAGONIZARAM O ARRANQUE E DESENVOLVIMENTO DO PERIODISMO BEIRÃO

LAS ÉLITES QUE PROTAGONIZARON EL COMIENZO Y EL DESARROLLO DEL PERIODISMO BEIRÃO THE PROTAGONIST ELITES IN THE START-UP AND DEVELOPMENT OF BEIRA’S PERIODISM

Regina Gouveia (rgouveia@ipg.pt)

RESUMO A interioridade não terá impedido as elites beirãs de, em finais de Oitocentos e primeiras décadas de Novecentos, acederem a novos costumes sociais e às ideologias emergentes. De espírito curioso e empreendedor, e ambicioso certamente, detinham o poder económico que lhes permitiu transpor os limites provinciais e fazer chegar até si as novidades, quer através da imprensa nacional e estrangeira, quer directamente de figuras públicas com quem se relacionavam. Muitos herdaram a sua proeminência social e política, mas outros despertaram para um papel activo na sociedade a que pertenciam mediante formação intelectual e política. Como líderes locais, desempenharam o papel de emissores, mas também de (re)decodificadores dos textos da imprensa em mensagens orais, a fim de viabilizarem a compreensão daqueles por parte dos menos ilustrados. Quem integrava essas elites, que asseguraram o arranque e desenvolvimento do movimento jornalístico na Beira Interior, é a questão central deste artigo, a que intentaremos responder, sobretudo, com os dados obtidos a partir da análise de conteúdo dos jornais da época. Palavras-chave: Elites, jornais, burguesia, influenciação simbólica, acção política.

ABSTRACT The interiority did not prevent Beira’s elites, at the end of eight hundreds and first decades of nine hundred, to access new social customs and emerging ideologies. Of curious and entrepreneur spirit, and certainly ambitious, they held the economic power which allowed them to transpose the provincial boundaries and receive the news, either through national and foreign


96

press or directly through public personalities with whom they had relationships. Many of them inherited their social and political prominence, but others did awaken to an social active role by an intellectual and political education. As local leaders, they were message transmitters and (re)decoders of press texts to oral messages, in order to ensure their comprehension by those less educated. The members that integrated these elites that ensured the start-up and development of journalistic movement in Beira Interior is the central question of this article, to be answered, especially with the information obtained from the content analysis of newspapers. Keywords: Elites, newspapers, bourgeoisie, symbolic influention, political action.

RESUMEN La interioridad no ha impedido a las élites de la Beira Interior de acceso, a finales del siglo XVIII y en las primeras décadas del siglo XIX, a las nuevas costumbres sociales y a las ideologías emergentes. De espiritu curioso y emprendedor, y ambicioso ciertamente, tenían el poder económico que les permitió ir más allá los límites provinciales y hacerse ellos mismos con las noticias, a través de la prensa nacional y extranjera, y directamente a través de figuras públicas con quién se relacionaron. Muchos habían heredado su prominencia política y social, pero otros despertaron para un papel activo en la sociedad que integraban por medio de la formación política y intelectual. Como líderes locales, desempeñaron el papel de emisores, pero también de (re)decodificadores de los textos de la prensa en mensajes orales, para hacer posible la comprensión de estos por parte de los menos ilustrados. Quién integró estas élites, que aseguraron el comienzo y el desarrollo del movimiento periodístico en la Beira Interior, es la cuestión central de este artículo, a que intentaremos contestar, sobre todo, con los datos que conseguimos del análisis de contenido de periódicos de la época. Palabras-clave: Élites, periódicos, burguesía, influencia simbólica, acción política.

* Professora Adjunta da ESECD do Instituto Politécnico da Guarda Submetido: 25 Fevereiro 2010 Aceite: 30 Junho 2010


97

1. INTRODUÇÃO Apesar dos problemas económicos e sociais com que a Beira Interior se defrontava, mormente o seu evidente atraso em termos de alfabetização, da interioridade e do afastamento em relação aos principais centros político-culturais, e não obstante o facto de os distritos beirões serem referidos como os mais pobres de Portugal em termos de imprensa periódica, certo é que nela foram postas a circular, até 1930, mais de três centenas e meia de publicações periódicas e muitas das personalidades que lhes deram existência chegaram a desempenhar cargos políticos a nível nacional. Membros de elites locais, usaram os jornais como recurso de auto-informação, mas, especialmente, como meios de denúncia e de influenciação políticas, veiculando perspectivas relacionadas com as ideologias que perfilhavam, intentando confinar os destinatários à partilha dos seus mitos, nomeadamente, a fim de ascenderem ao poder. Este artigo pretende destacar alguns dos que localmente lideraram a imprensa periódica e, através dela, souberam agregar camadas mais vastas da população aos ideais que apregoavam, revelando-se essenciais ao progresso espiritual e material da sua Região. Privilegiámos como fontes documentais os próprios jornais, que nos permitiram a identificação prévia das personalidades relacionadas, complementada, depois, com dados obtidos em biografias, monografias e historiografias, além de informações cedidas directamente por descendentes, no decorrer de entrevistas nãoestruturadas. Quem foram os protagonistas do periodismo beirão de finais do século XIX e primeiras décadas do seguinte é a questão central do nosso texto, a cuja resposta dedicamos os três primeiros subtítulos, abordando ainda as estruturas e os que espaços em que organizavam e intervinham no ponto que antecede a conclusão.

2. PADRES E DOUTORES Antes de uma identificação mais minuciosa dos membros das elites beirãs ligadas à imprensa periódica local, pudemos retirar de A Renovação, um jornal republicano fundanense do tempo em causa, uma caracterização geral dos que desempenhavam o papel de


98

emissores: «A 'Renovação' aí vai novamente correr mundo, inteiramente reformada e refundida, com um corpo redactorial perfeitamente novo, onde abundam doutores (5), não faltam padres (3), sobejam burocratas (4) e até se contam comerciantes (3), faltando apenas vadios, pois eram precisos também para haver de tudo, mas suas Ex. as não querem nada com gente de trabalho...»1. Com efeito, a caracterização anterior corresponde em parte ao perfil redactorial da imprensa da época, ainda que lhe falte a referência aos industriais e operários qualificados, além dos professores, entre outros com menor representatividade, como poderemos comprovar em seguida, mau grado de forma incompleta, já que não conseguimos esclarecer devidamente questões relacionadas com a acumulação de cargos, como os de director e redactor (todos os directores seriam simultaneamente redactores?), mormente, porque muitos textos eram assinados com pseudónimos2. Entre os acima designados por padres, incluíam-se também e, obviamente, os bispos. Os doutores3 eram sobretudo advogados e alguns médicos. Os outros compreendiam os proprietários, mas englobamos também os comerciantes, industriais e alguns operários qualificados, funcionários públicos e professores, além dos militares4. Os responsáveis do jornal A Guarda, sempre ligado à Igreja, não podiam deixar de ser naturalmente católicos, alguns deles membros do clero. Destes, destacaram-se o Padre Fernando Paes de Figueiredo, seu proprietário durante algum tempo e fundador em Orgens (Viseu) da Veritas, empresa editora católica cujo apogeu aconteceu na Guarda, e o bispo D. Manuel Vieira de Matos, que, tendo tomado posse da prelatura diocesana guardense em Junho de 1903, empreendeu uma acção política e religiosa que deixou marcas na cidade, mas não só. 1 2

Renovação n.º 53 (n.º 1), Fundão, 17 de Dezembro de 1916.

Também Maria Alexandre Lousada, no seu estudo sobre «Imprensa e Política: alguns dados sobre a imprensa periódica portuguesa durante as lutas liberais (1820-1834)», de um universo de 316 periódicos, apenas conseguiu identificar a ocupação/profissão dos redactores de 73 títulos, tendo concluído que, no conjunto, predominavam os clérigos e homens de leis: 38 clérigos, 21 homens de leis (académicos, magistrados e advogados), 8 funcionários e 6 médicos. Cf. Finisterra, n.º 47, vol. 24, Jan./Jun. 1989, pp. 88-104. 3 Em 1910, Gastão Correia Mendes identificava como tipo comum de parlamentar «o bacharel feliz e fútil (...) e ignorante dos assuntos que se ventilam». Notícias da Beira, n.º 295, Castelo Branco, 29 de Maio de 1910. 4 Os militares, mais graduados, que já tinham integrado elites políticas monárquicas, vêm a ocupar lugares no poder republicano. Nas primeiras eleições republicanas, quatro dos oito candidatos a deputados pelos dois círculos da Beira Baixa eram militares. Cf. Notícias da Beira, n.º 340, Castelo Branco, 7 de Maio de 1911.


99

Além de ter criado aquele periódico, D. Manuel Vieira de Matos5 fundou em Lisboa as Associações de Operários Católicos, a Obra da Catequese e o Corpo Nacional de Escutas. Organizou ainda a «União Católica» e foi promotor do «Centro Católico Português». Criou, em 1904, o Seminário de Nossa Senhora do Rosário – o Seminário do Mondego –, em Vila Cortez do Mondego, a fim de «resguardar os alunos seminaristas das 'influências maléficas' da cidade» (Romana In: Ferreira, 2000: 276). Depois de confiscados os bens deste durante o primeiro período do regime republicano, criou um outro seminário provisório denominado «Vaticano». A ele se deveu a Carta Pastoral datada de 24 de Dezembro de 1910 e divulgada em Fevereiro de 1911, contra a vontade dos novos governantes. Com efeito, constituía uma resposta da Igreja às novas leis da República. «Conspirador» para os republicanos e «mártir» para os católicos, conheceu os calabouços por três vezes antes do exílio, tendo-se refugiado em algumas ocasiões no Tortosendo e no Fundão. A 25 de Dezembro de 1905, também à frente de A Guarda, surgiu o padre Manuel Mendes da Conceição Santos, que, tendo sido trazido de Lisboa pelo bispo D. Manuel Vieira de Matos, exerceu o cargo de vice-reitor do Seminário do Mondego e cumpriu funções de jornalista, pregador, escritor e administrador da Casa Veritas, acabando a carreira eclesiástica como arcebispo de Évora. Destacamos, por último, o Padre José do Patrocínio Dias, que, depois de aluno do Seminário da Guarda, paroquiou a freguesia de S. Vicente (Guarda), e ensinou no Seminário do Mondego. Elevado a cónego da Sé, desempenhou o cargo de capelão-mor do Corpo Expedicionário Português na I Grande Guerra. Eleito bispo de Beja, manteve-se como colunista do jornal A Guarda, director, proprietário e editor do mensário de propaganda dos Seminários A Voz da Fé e colaborador do Boletim da Diocese da Guarda. Outras figuras ligadas ao periódico A Guarda como redactores principais, José Crespo e Joaquim Dinis, integravam o Centro Católico 5 D. Manuel Vieira de Matos (Poiares da Régua, 22/03/1861 – Braga, 28/09/1932) estudou no colégio de Lamego, de onde transitou para o Seminário de Braga, cujo curso concluiu em 1882. Ordenado presbítero em 1883, matriculou-se dois anos depois na Faculdade de Teologia de Coimbra. Em 1899, foi preconizado Arcebispo de Mitilene e Vigário Geral do Patriarcado, tendo sido sagrado em Viseu a 15 de Agosto de 1900. Foi eleito bispo da diocese da Guarda a 1 de Abril de 1903, que pastoreou durante onze anos. «Em 1914 foi eleito arcebispo de Braga, onde levou a cabo obra não menos valiosa». Cf. Pinharanda Gomes, História da Diocese da Guarda, Braga, Edição do autor, 1981, pp. 172173.


100

local. O primeiro estudou até 1910 nos seminários diocesanos, de onde saiu por falta de vocação para o sacerdócio, tendo-se mantido católico militante. Escreveu para A Guarda com vários pseudónimos, entre eles, o de Prego Caibral, e colaborou ainda noutros semanários: Correio da Serra (Celorico da Beira), de que foi co-fundador e director, e Correio da Beira (Guarda). Também Joaquim Dinis da Fonseca frequentou o curso dos seminários, que concluiu em 1907, tendo depois pedido a correspondência liceal que lhe permitiu ingressar na Faculdade de Direito de Coimbra. Já licenciado, realizou uma notável obra de assistência às classes pobres nas regiões onde exerceu a advocacia Porto, Figueira da Foz e Guarda - e colaborou com Salazar, depois de já ter sido deputado pelo Centro Católico da Guarda. Além do protagonismo que assumiu em A Guarda, colaborou no jornal portuense A Palavra, onde assinava com o pseudónimo de «Banco de Pé», e ainda em Liberdade, O Debate, Imparcial (Coimbra) e Novidades. Além destes, outros colaboradores de jornais católicos e candidatos ao poder com o apoio dos mesmos partilhavam a formação em Direito João José Fonseca Garcia, «católico modelar, advogado distinto, membro prestigioso da Comissão Central do Centro, e parlamentar experimentado [já tinha sido senador]», «jornalista notável, orador primoroso, católico de uma só face», foi em 1925 proposto como candidato a deputado pelo círculo da Covilhã6. Não admira que muitos clérigos e católicos em geral se implicassem tanto na doutrinação e combate políticos. O período era de transição política, de mudanças na ordem e na moral sociais. Ainda antes da implantação da República, do lado oposto, a maioria dos intelectuais e alguns responsáveis governativos exigiam a secularização política e a descristianização social. Esta militância laica, que radicava nas transformações culturais introduzidas com o liberalismo, o positivismo e o livre-pensamento, engrossou à medida que agonizavam as instituições monárquicas, grandes aliadas das eclesiásticas, tendo vindo a obter a implementação de importantes medidas por parte do novo regime. Os locutores da Igreja usavam os mesmos meios que os seus adversários e chegavam, até, a partilhar ideais - «religião cristã e maçonaria advogam um ideal comum: fraternizar o mundo. Disputam espaços idênticos e, também por isso, as acusações mútuas radicalizavam-se. Era necessário delimitar fronteiras que a imprensa

6

A Guarda, n.º 964, Guarda, 31 de Outubro de 1925.


101

divulgava, gerando grupos de pressão que actuavam na res publica.» (Garcia In: Ferreira, 2000: 245)7. A Maçonaria exercia, efectivamente, uma forte influência na sociedade portuguesa, nomeadamente, através da imprensa8. O mais célebre dos maçãos da Beira foi, sem dúvida alguma, Afonso Costa, que, tendo nascido em Seia no ano de 1871, se formou em Direito na Universidade de Coimbra. O seu amigo pessoal na Covilhã, João Alves da Silva, comerciante de tecidos oriundo de Seia, republicano firme, foi também membro da maçonaria (n.º 5 da loja local) a partir de 15 de Maio de 1909, com o nome de «Rabino», tendo-lhe sido atribuídos o Grau de Mestre Maçónico e o Grau 9 (Mestre Eleito dos Nove), em 1911, em atenção aos seus méritos e serviços9. Um outro maçon beirão, José de Castro, natural de Valhelhas, exerceu a advocacia na Guarda e destacou- -se como redactor principal do periódico Distrito da Guarda, desde a sua fundação até 1878, quando partiu para Lisboa, onde advogou e militou no Partido Republicano. Aí alcançou o grau de Grão-Mestre e fundou o jornal O Povo Português. Através da Maçonaria, continuou a «influenciar o ideal republicano na Guarda e o jornal a que esteve ligado [Distrito da Guarda] e que se publicou até 7 Ainda que a «fraternidade» constituísse um ideal comum, a Igreja representava o principal obstáculo à libertação do espírito de todos os dogmas que não possam ser provados nem discutidos e a prática de princípios demonstrados pela ciência, em substituição das crenças que não têm bases. Estas ideias são diametralmente opostas às normas da Igreja Católica que, julgando-se a única na posse da verdade, impõe o seu dogmatismo, exigindo uma obediência cega, e não admite tolerância em matéria religiosa.». Porém, a Maçonaria integrou «não só protestantes e católicos genericamente, mas bispos, frades, padres e leigos» , «que não se submetiam incondicionalmente às ordens de Roma...», nomeadamente, «o abade Correia da Serra, o abade Monteiro e o abade José Ferrão de Mendonça e Sousa, prior da paróquia dos Anjos». Cf. Manuel Borges Grainha, História da Franco-Maçonaria em Portugal (1733-1912), 4.ª ed., Lisboa, Vega, s. d., p. 22, 76 sgg.. 8 «Intervir, através da imprensa, formando a opinião pública» foi uma das conclusões oficiais do congresso nacional da maçonaria que aconteceu em Lisboa, no ano de 1913 (Id., Ibid., p. 18). Em 1927, o Conselho da Ordem propôs um programa de trabalhos, de que constava a «Criação, auxílio ou propaganda da Imprensa republicana e liberal. Combate por todos os meios de publicidade possíveis ao Jesuitismo, patrono de toda a reacção política e religiosa. Em toda a publicidade no mundo profano deverão ser cumpridas as leis vigentes, evitando-se a Imprensa clandestina. Atacar na Imprensa, e por todos os meios de divulgação, a questão do ensino religioso, mostrar os graves inconvenientes da sua realização: pedagógicos, psicológicos, filosóficos e políticos...». António Carlos Carvalho, Para a História da Maçonaria em Portugal (1913-1935), 2.ª ed., Lisboa, Vega, 1993, p. 104. 9 Vimos pela mão de seu filho, Afonso Cruz e Silva, que entrevistámos, os respectivos diplomas.


102

1938, extinto sob pressão do Estado Novo» (A. V. Rodrigues In: Ferreira, 2000: 310). Também José Augusto de Castro, arauto do já citado O Combate, que trabalhou como Chefe da Secretaria da Câmara Municipal da Guarda, defendeu os ideais maçónicos10. Ainda Gastão Correia Mendes, advogado, membro fundador da Renascença Portuguesa (Santos, 1990: 83), director do Notícias da Beira, terá sido maçon, a julgar pela sua ligação a Manuel Borges Graínha11. Como se notou atrás, entre os doutores, verificava-se a notória representatividade dos advogados. Em Castelo Branco, o periódico Era Nova apresentou como director um «ilustre» advogado e antigo combatente da Grande Guerra, Dr. António Crucho Dias, que aderiu à «Liga 28 de Maio», para a qual se aceitavam inscrições através do mesmo. Na mesma cidade, o Notícias da Beira ostentava como director, proprietário e editor um advogado e professor liceal, o Dr. Gastão Correia Mendes, que desempenhou os cargos de governador civil do distrito de Castelo Branco de Fevereiro de 1913 a 21 de Março de 1914 e deputado pelo círculo de Castelo Branco a partir de Junho de 1915. Ligado a um outro jornal albicastrense - Acção Regional12 esteve Manuel Pires Bento, igualmente jurista, além de professor, que,

10

José Augusto de Castro foi acusado várias vezes de ser maçónico, nunca o tendo assumido. Porém defendeu inúmeras vezes a Maçonaria, nomeadamente quando A Guarda a responsabilizou pelos tumultos em Angola de que resultou a morte do tenente Morais Sarmento, e mantinha relações com o Grão-Mestre Magalhães Lima, a quem dedicou um texto sentido por ocasião da sua morte. 11 Manuel Borges Grainha nasceu na Covilhã, onde foi educado num colégio de Jesuítas. Não chegou a tirar as ordens, tendo-se secularizado para poder frequentar o Curso Superior de Letras. Foi professor em liceus e escolas particulares, nomeadamente, no Liceu Passos Manuel, em Lisboa. Fervoroso defensor das ideias republicanas, tornou-se maçon. Além da História da Maçonaria em Portugal, escreveu duas obras em que criticou severamente a acção dos Jesuítas, Os Jesuítas e as Congregações Religiosas em Portugal nos últimos 30 Anos (1891) e O Portugal Jesuíta (1893), e traduziu e prefaciou a História do Colégio de Campolide da Companhia de Jesus em Lisboa (1913) e o Catálogo da Província Portuguesa da Companhia de Jesus no começo do ano de 1910. Aquando da deslocação a Castelo Branco de Manuel Borges Grainha, então secretário da Liga Nacional de Instrução, além de professor do Liceu Passos Manuel, em Lisboa, Gastão Correia Mendes foi recebê-lo à estação. Cf. Notícias da Beira, n.º 299, Castelo Branco, 26 de Junho de 1910. 12 Este era o órgão de uma agremiação intitulada com o mesmo nome – Acção Regional -, fundada em 1922 e que tinha em vista «fazer a propaganda da região e a defesa dos seus interesses morais e materiais (...), ‘pela terra, sem política’». Manuel Pires Bento, A Questão Municipal, Castelo Branco, OTTOSGRAFICA, 1928.


103

na qualidade de director do periódico, editava semanalmente um artigo13. Além dos que já referimos, do jornal A Gardunha citamos o redactor em chefe Armando da Silva, que , enquanto concluía «os seus actos na Faculdade de Direito», assinava a rubrica «Da Capital». Da cidade da Guarda, não podemos deixar de mencionar Augusto Gil, igualmente formado em Direito pela Universidade de Coimbra, que, não tendo conseguido viver da advocacia, procurou leccionar Português no liceu. A ele se deveu a fundação do semanário republicano local A Actualidade. Também de Seia, Avelino Cunhal14, contemporâneo de Afonso Costa, exerceu advocacia, ensinou e deixou obra artística, além de desempenhar o cargo de governador civil da Guarda (1922) e colaborar no jornal que aí se publicou a partir de 1919 - Voz da Serra e na imprensa progressista nacional, em Sol Nascente, Seara Nova, Vértice, Ver e Crer e O Diabo. Há ainda a salientar José Capelo Franco Frazão, nascido no Fundão a 11 de Janeiro de 1872, que, após a formatura em Direito na Universidade de Coimbra, obteve o diploma de aluno laureado na Escola Livre de Ciências Políticas, em Paris. De regresso a Portugal, iniciou a sua carreira profissional e política. Em 1900, recebeu o título de Conde de Penha Garcia e, em 1905, assumiu a pasta de Ministro da Fazenda. O seu empenho nas terras de origem mereceu-lhe o título de primeiro presidente da Assembleia Geral da Casa das Beiras. Com efeito, além de político muito influente na Beira Baixa, continuava como grande lavrador na região do Fundão, especialista em questões de fomento rural. Outra personalidade nascida no Fundão, a 21 de Dezembro de 1863, Alfredo Carneiro da Cunha, após cursar Direito na mesma Universidade, partiu para Lisboa para exercer a advocacia, tendo acabado por enveredar pelo jornalismo15. A preferência pela ciência jurídica por parte das elites locais devia-se ao facto de na Universidade ter sido privilegiada até então a formação humanística sobre a técnico-científica, pelos governos, 13

Foi sobretudo com a matéria desses artigos que Manuel Pires Bento escreveu o livro referenciado na nota anterior. 14 Pai de Álvaro Cunhal. 15 Foi director do Diário de Notícias de 1894 a 30 de Junho de 1919. Foi também director da Sociedade de Geografia de Lisboa; presidente da Direcção de Arqueólogos Portugueses; sócio (efectivo) da Academia de Ciências de Lisboa e da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto; Comendador da Ordem de Santiago (1903); Oficial da Legião de Honra (1905). Publicou um conjunto significativo de obras, nomeadamente, de História Local e de Jornalismo. Joaquim Veríssimo Serrão, op. cit., p. 115.


104

sobretudo até 1910, e pelos estudantes, que a consideravam como a «'verdadeira instrução social'», e de serem diversificadas as saídas profissionais para os bacharéis formados em Direito, relativamente aos das outras Faculdades. «Para além da advocacia, registos notariais, magistratura e conservatórias do registo civil, a Faculdade de Direito era, no dizer de Oliveira Marques, uma 'autêntica escola de futuros administradores e governantes, a “Faculdade” por excelência, onde todo o aristocrata e todo o burguês mediano gostaria de mandar os seus filhos'» (Oliveira Marques, 2000: 50). Destacavam-se ainda entre os doutores, embora com representatividade significativamente menor, os médicos, até porque havia muito poucos formados nesta área comparativamente com a jurídica - enquanto, de 1880 a 1926, os alunos de Direito representavam, em média, 51,7% da população anual da Universidade de Coimbra16, os de Medicina, em segundo lugar, correspondiam apenas a 17% (Prata, 2002)17. Especialmente na Guarda, dadas as condições que proporcionava no tratamento da tísica ou tuberculose, que até meados do século XX se baseava no repouso, na alimentação cuidada e no ar de montanha, e que levaram à fundação do Sanatório Sousa Martins18, houve alguns médicos que, além de exercerem a sua profissão, colaboraram em jornais19. Destes, salientamos o Dr. Amândio 16

A importância que a Universidade de Coimbra tinha na época acrescia para os beirões não só pela proximidade geográfica com aquela cidade, mas também pela sociocultural, isto é, nos modos de ser e de estar das respectivas populações, mais próximos do que em relação a Lisboa e Porto, onde as Universidades só foram fundadas em 1911. Refira-se, a propósito, que a Guarda figurou entre os seis distritos mais representativos em termos de proveniência geográfica dos alunos desta Universidade. Aliás, terá sido aquele que em que se verificou um crescimento mais significativo: de quinto em 1880-81 (6,6%) passou para segundo em 1925-26 (11,8%), atrás do de Coimbra (15,3%). Também o distrito de Castelo Branco registou uma evolução positiva, embora menos relevante, atingindo o sexto lugar em 1925-26 (5,7%) (Prata, 2002). 17 Não obstante a predominância dos advogados como redactores e/ou responsáveis dos jornais, «só no Governo Provisório havia dois médicos e para a Assembleia Constituinte foram eleitos 44 médicos e um estudante de Medicina. Costumava então dizer-se que, se a monarquia fora o império dos bacharéis em Direito, a República representava o advento do império dos médicos.». «A Cultura Republicana», José Mattoso (dir.), História de Portugal, vol. 6: A Segunda Fundação, p. 415. 18 De que foi principal fundador o Dr. Lopo de Carvalho, médico municipal e professor de liceu na Guarda. Formado na Universidade de Coimbra, além de ter dirigido o Sanatório, organizou a Assistência Nacional aos Tuberculosos, em colaboração com o Dr. António de Lencastre e sob o patrocínio da Rainha D. Amélia. Além da prática na Guarda, estagiou num sanatório da Suíça, participou em vários congressos médicos em Portugal, Paris e Roma e escreveu vários trabalhos sobre a Tuberculose. 19 O mesmo aconteceu noutros lugares, nomeadamente na Covilhã. A título de exemplo, refira-se o Dr. Luís Victor Tavares Batista, que


105

Paul, guardense formado em Coimbra que cumpriu funções de médico municipal, subdelegado e delegado de Saúde, subdirector e director do Sanatório, provedor da Misericórdia, além de ter pertencido a várias associações culturais e científicas. Por tais serviços, mereceu a distinção de Cavaleiro da Ordem de S. Tiago de Espada. Dotados de uma consciência cultural particularmente vasta e abrangente, até porque as novidades literárias chegavam bastante mais depressa do que antes, encarando a sociedade e a política de um modo diferente, os doutores sentir-se-iam também imbuídos de um certo espírito de missão e, daí, o empenho na vida pública, nomeadamente, através da imprensa.

3. OPERÁRIOS, INDUSTRIAIS E OUTROS Mas a formação superior não urgia para ser líder, para integrar as elites intelectuo-políticas. O ensino liceal e dos seminários, além do técnico, que também era privilégio de poucos, já dotava os potenciais líderes das competências pertinentes a um status social mais elevado, distintivo em relação às maiorias. Tal aconteceu com alguns operários covilhanenses que frequentaram a Escola Industrial Campos Melo, como José Caetano Júnior, António Quintela e José Ramalho, que foram directores do jornal operário covilhanense O Trabalho. José Caetano Júnior tirou o curso de debuxador na Escola Industrial Campos Melo da Covilhã, e mereceu o prémio de melhor aluno, que rejeitou por não se considerar como tal. Por ter sido militante activo de organizações operárias locais, passou pela prisão algumas vezes durante a vigência do Estado Novo20. António Augusto Quintela frequentava a Escola Campos Melo da Covilhã no ano lectivo 1884/1885, com 22 anos de idade, em regime nocturno; natural da Covilhã e residente na mesma cidade, na freguesia de Santa Maria, já era nessa altura tecelão. José Ramalho terá iniciado os seus estudos na mesma Escola no ano lectivo 1905/1906, com apenas quinze anos colaborou em diversos jornais, nomeadamente, no Notícias da Covilhã, e fundou o semanário A Grei. Nascido na Covilhã a 15 de Agosto de 1889, fez os seus primeiros estudos no Colégio de S. Fiel e frequentou a Universidade de Coimbra onde concluiu o curso de medicina em 1915. Álvaro Morgadinho, Cidade da Covilhã: Homens e Factos, Covilhã: Edição da Câmara Municipal da Covilhã, s.d., p. 85. 20 Informações obtidas em entrevistas por nós realizadas a familiares de José Caetano Júnior.


106

de idade, como aluno voluntário, até porque já trabalhava como tipógrafo21; era também natural e residente da Covilhã, freguesia da Conceição (Delgado, 1984). Outros operários formados na Escola Industrial Campos Melo da Covilhã dirigiram jornais covilhanenses, nomeadamente João de Figueiredo, um debuxador nascido naquela cidade a 28 de Dezembro de 1898. Fundador e redactor do Notícias da Covilhã, escreveu o «Hino do Orfeão da Covilhã» e a «Marcha da Covilhã», entre muitos outros poemas. Fez parte da comissão organizadora do Sindicato Nacional dos Empregados e Técnicos de Lanifícios do Distrito de Castelo Branco, com sede na Covilhã, e presidiu à Junta de Freguesia de S. Martinho, da mesma cidade. Um historiador local retratou-o como «paladino dos direitos dos operários da Covilhã», «um lutador de rija têmpera, sempre pronto a defender a causa religiosa» (Morgadinho, s.d.: 43-45). Mestres desta Escola Industrial Campos Melo, como J. Lopes Duarte, professor de Desenho, além dos de outras instituições educativas, nomeadamente Carlos de Amorim, director do Colégio Académico da Covilhã, respectivamente, director e editor do quinzenário Questão Nacional, estiveram também ligados à imprensa local. Inúmeros industriais integravam igualmente as elites políticas covilhanenses, como José Craveiro Júnior, director do Liberal, Francisco Fino, administrador da Justiça, e José A. Martins, administrador da Questão Nacional. Aliás, através do registo dos donativos angariados na Covilhã pelo filho de João Alves da Silva, Afonso da Cruz e Silva, a favor da recuperação das instalações do jornal República (Lisboa), pudemos constatar uma significativa militância republicana por parte de outros industriais covilhanenses, em pleno Estado Novo, nomeadamente de José Maria Pereira Barata, João Borges Terenas e João Ferreira Bicho22. Alguns redactores quase não possuíam habilitações académicas, como o comprova José Augusto de Castro, de O Combate, que, não tendo sequer concluído a instrução primária, assumiu um protagonismo, sobretudo como jornalista e escritor, que 21

Tendo nascido muito pobre, os seus pais matricularam-no no Asilo da Infância Desvalida, onde fez a instrução primária. Integrou a comissão fundadora do Centro Socialista na Covilhã. Combateu de forma convicta o clero e acreditou que «as novas doutrinas vinham redimir e emancipar os seus irmãos no trabalho». No fim da vida, desamparado e atraiçoado por muitos dos seus amigos, parece que se «voltou para Deus, pedindo perdão pelos seus pecados». 22 Documento por nós consultado, por concessão do Sr. Afonso Cruz e Silva., filho de João Alves da Silva.


107

extravasou o espaço local; em 1911, aceitou com alguma relutância o cargo de secretário da Câmara Municipal da Guarda, que desempenhou durante cerca de vinte anos, tendo sido para tal obrigado a fazer o exame de 2.º grau, com cinquenta anos de idade. «'A nomeação foi ilegal, porque a José Augusto de Castro falta o exame de instrução primária, que hoje é exigido ao menos graduado funcionário público, mas foi justíssima porque a obra de José Augusto de Castro, em prosa e verso, é diploma de valor bem mais alto do que as cartas de muitos bacharéis (...) Dedicado até ao fanatismo, como dissemos, a sua acção foi importante e valiosa como doutrinária e representou uma das melhores forças de Província. Entendemos, portanto, que a República, embora tivesse de publicar uma lei de excepção, não podia, honestamente deixar de galardoar um dos seus mais dedicados apóstolos.'»23. O primeiro despertar desta personalidade para a política aconteceu não em Coimbra, mas no Porto, onde, com apenas catorze anos de idade, trabalhou como aprendiz de alfaiate, a fim de ajudar ao sustento da família. Nesta cidade, contactou pela primeira vez com a causa da República e reteve o nome O Combate, já que aí se editava nessa altura (1879) um jornal republicano radical com esse título. Enquanto emigrante no Brasil, assistiu à proclamação da República Federativa e iniciou-se como escritor, editando, primeiro, panfletos e, depois, as obras Poesias e Impressionistas. Regressado a Portugal, dedica-se ao comércio, num estabelecimento próprio, situado na Rua do Comércio - a Loja do Povo -, actividade que abandonará para assumir, como notámos acima, o cargo de secretário da Câmara Municipal da Guarda (A. Rodrigues, 2003). Caracterizado o Portugal de então como país de analfabetismo esmagador24, os que não eram doutores, mas tinham alguma formação, possuíam igualmente uma capacidade intelectual que, aliada à consciência e ambição políticas, lhes possibilitava, como emissores dos jornais, serem protagonistas, políticos e doutrinadores, 23

A Actualidade, Guarda, 21 de Novembro de 1911 Apud Américo Rodrigues, José Augusto de Castro: O Idealista Rebelde, Guarda: Aquilo Teatro, 2003, pp. 33-34. 24 Em 1890 e 1900, havia 79% de analfabetos, em 1919 diminuíram para 75%, em 1920 para 71% e em 1930 representavam 68% da população total. Em 1911, a maior parte dos distritos portugueses tinham taxas de analfabetismo superiores a 80%, incluindo-se nestes os de Castelo Branco e Guarda. Cf. César Oliveira (dir.), História dos Municípios e do Poder Local [Dos Finais da Idade Média à União Europeia], Lisboa: Círculo de Leitores, 1996, p. 253.


108

influenciadores, nos espaços beirões e, até mesmo, fora deles. Continuamos, pois, adiante a caracterização dos elementos que compunham esta elite de influentes, observando o respectivo estamento social.

4. SOBRETUDO BURGUESES A maior parte dos doutores, assim como dos burocratas25, comerciantes, professores, industriais e operários qualificados, eram burgueses. Em Portugal, «a burguesia, a quem já coubera um largo quinhão no governo e nos cargos administrativos a partir de Pombal, triunfou em 1820 e depois, permanentemente, em 1834 (...) Aliados a uma pequena aristocracia, os burgueses dominaram permanentemente a governação desde a década de 1870» (Marques, 2000: 42-43). Até mesmo as elites monárquico-católicas, além, obviamente, de padres e titulares, integravam também membros da burguesia. Esta estava então espartilhada em duas grandes facções: de um lado, os pertencentes a uma classe de burgueses ricos ligados à banca, ao grande comércio e à propriedade fundiária e com relações à antiga nobreza terratenente e à Igreja, que, detendo poder político e económico, viam naturalmente na Monarquia a salvaguarda dos seus privilégios e lucros; do outro lado, os grandes inimigos dos anteriores, pequenos e médios burgueses que se ocupavam no comércio, na indústria e na exploração de pequenas e médias propriedades rurais, além de profissionais liberais, o médio e pequeno funcionalismo público, as médias e baixas patentes do exército e da marinha e a maioria dos estudantes universitários, desejavam afirmar-se política e socialmente derrubando os poderes instituídos. As inúmeras listas a eleições que encontrámos na imprensa local constituem documentos comprovativos do protagonismo da burguesia ascendente, além de dados relativos à origem social dos alunos da Universidade de Coimbra, nos permitirem igualmente concluir

25

Nomeadamente, funcionários das Câmaras Municipais, como José Augusto de Castro, director de O Combate, dos Tribunais, como António de Pina Calado, do Correspondência da Covilhã, e da Fazenda, como Júlio Augusto Ribeiro da Silva, guardense que, além de ter sido Inspector do Ministério da Fazenda, militou no Partido Republicano Português, dirigiu o jornal republicano A Montanha e foi Senador e Deputado pela Guarda (Pereira, op. cit.).


109

da predominância burguesa no perfil das elites de então26. Com efeito, entre os beirões formados em Coimbra, figuraram filhos de burgueses, nomeadamente Afonso Costa, filho de um advogado que ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal de Seia; Gastão Correia Mendes, o citado editorialista e director do Notícias da Beira, era filho de um militar; José Capelo Franco Frazão, também nomeado acima, era filho de João António Franco Frazão, que foi governador civil do distrito de Castelo Branco, presidente da Junta Geral do distrito e da Câmara Municipal do Fundão, deputado e par do Reino. Poucos descendiam de gente mais humilde, como o Dr. Avelino Henriques da Costa Cunhal27, seneense, filho de um sapateiro, o que comprova que a pertença a elites intelectuo-políticas se devia a influências familiares, que advinham do facto de integrarem classes privilegiadas, sobretudo a burguesa, e do poder económico que detinham. Assim se explica que o exercício do poder político constituísse uma espécie de herdamento no seio de algumas famílias beirãs, como o comprovam certas «genealogias parlamentares beirãs» (Pereira, 2002: 128). A militância maçónica também era sobretudo burguesa, como referiu Manuel Borges Grainha a propósito da distinção entre esta e a Carbonária: «O Carbonarismo é uma sociedade secreta essencialmente política, organizada de modo a poder admitir elementos de todas as classes sociais, desde as mais elevadas até às mais ínfimas (...) Ela difere da Maçonaria, tolerante em política e religião e cujo carácter é mais burguês.» (s.d.: 49 e 135)28. 26

No século XVII, a maioria dos alunos que a frequentavam eram «'... filhos segundos e terceiros da nobreza do Reino (...) [ou] filhos dos homens honrados e ricos (...) ou religiosos escolhidos nas suas províncias [que tanto podiam ser filhos da nobreza como do povo miúdo]...» (F. R. Lobo, 1945: 320; Prata, 2002: 97). 27 Pai de Álvaro Cunhal. 28 Por ter resultado de uma «adulteração» da Maçonaria, Manuel Borges Grainha denominou a Carbonária de Maçonaria «Florestal», existindo a par da Maçonaria «filosófica e burguesa». Em 1925, o relatório do Conselho da Ordem referia que «‘A Maçonaria tem no seu seio o escol da sociedade portuguesa. Estão nela filiados ministros de Estado, senadores, deputados, vereadores, diplomatas, lentes, professores, oficiais do Exército e da Armada, desde as mais altas patentes, médicos, jurisconsultos, banqueiros, homens de letras, jornalistas, comerciantes, industriais, colonialistas, etc.’». Cf. António Carlos Carvalho, op. cit., p. 100. Através de Afonso Cruz e Silva, filho de João Alves da Silva, republicano-maçon covilhanense, soubemos que à «Loja Serra de Estrela» pertenciam desde advogados, como o Dr. Alberto Alçada, comerciantes, como António Pereira Barata e José de Campos Ferreira Dourado (farmacêutico), professores, como Farias Bichinho e António Santos, e alguns, poucos, artesãos, como António Santos Júlio (sapateiro?) e António Duarte Proença Saraiva (marceneiro).


110

Em algumas monografias de terras beirãs, encontrámos inúmeras referências ao protagonismo que a burguesia local tinha na época. Por exemplo, na Covilhã, «a politização da população abrangeu vários grupos sociais e classes. Os líderes eram sobretudo provenientes da classe burguesa. A classe operária tinha os seus dirigentes actuando ao nível sindical. Homens inteligentes e modernos, mantinham contacto assíduo com os sindicalistas de Lisboa, de Espanha e da França. Mas a classe que sabia o que queria, neste período histórico [antes e durante a 1.ª República], era a burguesia.» (Milhano, 1992: 45). O activismo político-social da burguesia remontava aos finais de Oitocentos e, daí, que a ela se deva o arranque da imprensa local: a responsabilidade da edição do periódico Eco Operário foi assumida pelo advogado Francisco Pina (1869); O Covilhanense pertenceu ao negociante José Maria Cândido (1871), ao proprietário António Franco (1886) e ao empregado de escritório Joaquim Maximiliano Rato (1888 deste último dependeu também A Covilhã (1891); o Correio da Covilhã fazia parte do património do industrial João Lopes Rainha (1889); a publicação do Entusiasta deveu-se a Manuel Rodrigues da Costa (1886), empregado do correio que viria mais tarde a dirigir o Correio da Covilhã (1888) e, já como tipógrafo, A Religião e o Operário (1893), que também beneficiou da colaboração do proprietário José Fernando Garcia, e O Rebate (1897)29. Eram certamente os burgueses que mais posses tinham para se deslocarem com alguma frequência à capital, e até mesmo ao estrangeiro, nomeadamente, no âmbito das suas actividades políticas e profissionais. As viagens a Espanha, apesar da proximidade e das ligações ferroviárias30, seriam igualmente privilégio de poucos, a julgar pelo relevo que mereciam na imprensa guardense: «Saíram quarta-feira última para Salamanca, em viagem de recreio, devendo regressar hoje a esta cidade os nossos amigos os Srs. Germano de Oliveira...»31. De 29

Processos de Habilitação Legal, Arquivo Municipal da Covilhã, Documentos 1179 a 1192. 30 A 7 de Fevereiro de 1877, foi ratificado o regulamento que facilitava as comunicações ferroviárias entre Portugal e Espanha, Convenção de 27 de Abril de 1866. Tratado de 29 de Setembro de 1866. Decreto de 28 de Novembro de 1866, declarando-se internacional e aberta ao trânsito a parte compreendida entre as estações de Elvas e Badajoz, por onde se podia exportar e importar todos os tipos de mercadorias, de dia ou de noite, incluindo aos domingos e feriados. O caminho-de-ferro da Beira Alta foi uma importante via de comunicação, já que era na estação de Vilar Formoso que entrava a maior parte das mercadorias importadas de Espanha. 31 A Civilização, n.º527, Guarda, 5 de Setembro de 1891.


111

qualquer modo, os que moravam em zonas de fronteira aí se deslocavam a pé, quanto mais não fosse para se dedicarem ao contrabando de mercadorias32. Durante a 1.ª República, ganha destaque a saída de alguns burgueses, sobretudo republicanos, para instâncias balneares, particularmente de Espinho e Figueira da Foz e centros termais como os de Monfortinho, Pedras Salgadas, Gerês e Curia, onde se cruzariam igualmente com personalidades politicamente esclarecidas e/ou activas, nacionais e estrangeiras33.

Figura 1. Exemplos de imprensa Estrangeira

Além de jornais de outros pontos do país, designadamente de Lisboa, chegava também a terras beirãs alguma imprensa espanhola e francesa, veículo decerto fundamental para as elites burguesas se manterem a par do que por lá acontecia. «O correio, nesta época, ainda demorava bastante pelo caminho, mas era já uma forma muito importante de comunicação, incluindo entre espanhóis e portugueses, e determinante para a própria imprensa de ambas as cidades [Guarda e Ciudad Rodrigo], especialmente para a importação e exportação de jornais e o recebimento das matérias enviadas por correspondentes.»34. 32

Eram frequentes na imprensa guardense os artigos sobre conflitos e detenções nas fronteiras, de portugueses e espanhóis, devido à prática do contrabando. 33 A Praia de Espinho, por exemplo, seria desde o século anterior um destino privilegiado da burguesia espanhola, a julgar pelos anúncios que a imprensa daquele país divulgava ao longo de toda a época balnear. Cf. La Voz de la Frontera, n.º 123, Ciudad Rodrigo, 17 de Julio de 1887 e Regina Gouveia, «Vizinhos, Vecinos...», in Donizete Rodrigues (org.), Diálogos Raianos – Ensaios sobre a Beira Interior, org. Donizete Rodrigues, Lisboa, Edições Colibri, 1999, p.63. 34 Assim como A Civilização (Guarda) recebia a «Correspondência Parisiense», o La Voz de la Frontera (Ciudad Rodrigo), por exemplo, incluía a rubrica «Ecos de Paris». Além do mais, uns e outros recebiam jornais do lado de lá da fronteira espanhola. Regina Gouveia, ibidem, p.66.


112

A imprensa estrangeira era publicitada nos jornais beirões nos finais do século XIX, nomeadamente, no guardense Correio da Beira35. As elites burguesas contactavam, pois, directa e indirectamente, com outras gentes e novas ideias, que transmitiam aos seus conterrâneos através dos jornais e em conversas nos cafés, clubes, reuniões do partido e tertúlias, de que falaremos a seguir.

5. ESTRUTURAS E ESPAÇOS O costume da reunião e da conversação já vinha do reinado de D. José I, tendo sido incrementado pelo Marquês de Pombal. Além dos clubes políticos, surgem na província, a partir do século XX, os ligados a actividades desportivas, especialmente ao futebol: em Castelo Branco, a Sociedade Sportiva Albicastrense; na Covilhã, o Grupo Sportivo Hermínios; na Guarda, o Grupo Sportivo Egitaniense. Eram sobretudo os republicanos que promoviam a realização de competições e encontros regionais e nacionais e até mesmo entre equipas escolares locais. As tertúlias tinham os seus espaços normalmente junto dos estabelecimentos comerciais, ou não fossem eles propriedade das mesmas elites. Na Covilhã, «a tertúlia republicana mais famosa reuniu junto da Farmácia Soares. A poucos metros de distância, com mesas à porta, conversava a do Guimarães Costa, outra, mais pequena, entrava na Farmácia Pedroso e ainda outra, onde pontificavam os Padres, compunha a tertúlia da Loja do José Augusto», próxima da Igreja de Santa Maria. «Depois do jantar, todos se entretinham (...) a discutir 'ideias' com empenho...» (Milhano, 1992: 44). Fazia também já parte da dinâmica citadina a realização e/ou apresentação de espectáculos, nomeadamente nas salas de teatro e cinema, como o Teatro Covilhanense, o Salão Ginásio Club e o Herminius Terrasse, e nas sedes de grupos de instrução e recreio, como o GIR (Grupo de Instrução e Recreio do Rodrigo). Nos últimos anos da monarquia, existia já na cidade um animatógrafo no Teatro Caleia, situado no Largo D. Maria Pia, de que era concessionário Francisco Pina (Veríssimo Serrão, 1990: 489). A criação de associações culturais e recreativas, que já tinha arrancado no início do século XIX, após a vitória do movimento 35

Correio da Beira, n.º 33, Guarda, 26 de Outubro de 1881. Na Covilhã, lia-se, em 1914, o periódico La Libre Penseé, publicado em Lausanne, França. Cf. A Justiça, n.º72, Covilhã, 30 de Agosto de 1914.


113

liberal, intensificou-se nos finais do mesmo e continuou durante as primeiras décadas do seguinte. Tal ter-se-á, também, devido em grande parte à influência e empenho das elites burguesas locais. Na Guarda, as tertúlias eram realizadas no palacete de Telles de Vasconcelos (Regenerador) e nas casas de Bernardo Xavier Freire (Progressista), de Gama e Castro e do Padre Francisco dos Prazeres36. Os burgueses «iam até ao Grémio do Comércio, à entrada da Rua Francisco de Passos, pôr em dia a leitura dos jornais» (Craveiro, 2000: 399) e reuniam-se no Centro Artístico Sande e Castro, onde hoje é o Grémio, no Clube Egitaniense, no Coliseu da Beira, na Rua Vasco da Gama, e no Orfeão Egitaniense. «As farmácias serviam também de ponto de encontro e conversa» (A. V. Rodrigues, In Ferreira, 2000: 311). Alguns cafés, como o Mondego, constituíam igualmente lugares de debate. Havia ainda na Guarda inúmeros clubes e uma academia, cujos espectáculos decorriam no teatro dos Bombeiros Voluntários: «O sarau abriu com o hino académico, que foi ouvido de pé por todos os espectadores e calorosamente aplaudido, assim como o discurso que em seguida proferiu o Sr. Tavares, simpático presidente da academia egitaniense. O programa foi escrupulosamente cumprido e foi bisada a poesia Avante que o director do nosso semanário, Sr. Augusto de Castro, expressamente escreveu para esta festa.»37. Os eventos culturais repetiam-se amiúde, neles aproveitando os chefes das elites para influenciarem o seu público. O facto de entre eles aparecerem os rostos dos jornais conferiria a estes maior autoridade e poder junto da opinião pública. Em Castelo Branco, no século XIX, além de espaços culturais como o Teatro União, o Teatro da Sé e o Teatro de Castelo Branco38, surgiram a Assembleia de Castelo Branco, que ficou conhecida pela realização de convívios culturais e recreativos que animaram a cidade, e o Grémio dos Artistas, de que ficaram «afamados os serões 'dançantes'

36

Francisco dos Prazeres, natural de Vila Nova de Ourém, sacerdote e professor na Guarda, foi director (1910-1913) e redactor do jornal Distrito da Guarda. Progressista, desempenhou ainda o cargo de presidente da Câmara Municipal da Guarda no ano de 1905. Distrito da Guarda, n.º 1401, Guarda, 5 de Fevereiro de 1905. 37 O Combate, n.º 12, Guarda, 22 de Dezembro de 1904. 38 O Teatro de Castelo Branco terá nascido das «cinzas do Teatro União», tendo sucedido ao Teatro da Sé, que também «morreu». Ernesto Pinto Lobo, Castelo Branco Antiga (1800-1950), Castelo Branco, Edições JPL, 1995, p.115.


114

e outros poéticos e musicais»39, de cuja dissolução, devida a desentendimentos entre os sócios, terá resultado a criação de duas associações: o Clube de Castelo Branco e o Centro Artístico Albicastrense (1908). No século XX, entraram em funcionamento na cidade animatógrafos como o Royal e o Salão Olímpia, que, depois de remodelado, deu origem ao Cine Teatro Vaz Preto (na Rua do mesmo nome), e formaram-se a União Operária e a Associação Recreativa, entre outras. Os comerciantes serviam de intermediários na recolha de fundos, para escolas e necessitados. As suas lojas funcionavam como locais de reunião, secretas ou não, e nelas se encarregavam da venda de bilhetes para os espectáculos que nas cidades se realizavam. Era também nos estabelecimentos comerciais, e nas sedes das organizações, que se divulgavam listas eleitorais e se promoviam os candidatos: «Aos eleitores - Os locais onde se encontram as listas do candidato socialista José Maria de Campos Melo: Farmácia Soares; Ourivesaria Casimiro; Cooperativa operária; No estabelecimento de Rafael Isaac; Na Barbearia de Sant'Ovaia.»40. Os espaços e os tempos de partilha eram então certamente distintos nos meios mais rurais, já que a própria rotina diária dos operários em cidades como na Covilhã, ainda que submetidos a horários de trabalho demasiado longos, e dos comerciantes, funcionários, professores e outros citadinos favoreceria mais a concessão de tempo à partilha, às reuniões, além do lazer, da leitura ou da audição de jornais, do que a prática agrícola, sem horas marcadas e pontos de encontro. Além dos hábitos serem diferentes, também os espaços públicos o eram: os mais importantes, o adro da igreja e o mercado ou a feira, proporcionavam momentos de convívio mais espaçados, normalmente semanais (Amaral, 1940).

6. CONCLUSÃO (ELITES POLÍTICAS, INTELECTUAIS E ECONÓMICAS) Os membros das elites beirãs a que se deve o arranque e desenvolvimento da imprensa no espaço beirão, como fundadores, directores e redactores ou colaboradores, assumiam-se como adeptos de determinado partido e/ou associação política, pois, praticamente, 39

Cf. Estatutos e Regulamento Interno da Assembleia de Castelo Branco, Tipografia de Castro & Irmão, 1860, p.35. 40 O Dever, n.º 2, Covilhã, 18 de Maio de 1919.


115

não existiam então órgãos isentos. Aliás, a ideologia perfilhada era quase sempre explicitamente referida nos próprios jornais. Numa primeira acepção, podemos afirmar que ou eram a favor ou contra a República, perfilando-se como republicanos ou monárquicos. Nestes últimos, incluía-se grande parte dos católicos. A maçonaria era a favor da República e da libertação religiosa, tendo integrado desde socialistas a liberais e anarquistas. Segundo António dos Santos Pereira, em finais do século XIX e inícios do seguinte, «além dos brancos progressistas, a política beirã era colorida pelos regeneradores hintzáceos [partidários de Hintze Ribeiro de que faziam parte as principais personalidades covilhanenses], pelos francáceos [partidários de João Franco]», com a «afirmação do Partido Progressista de Castelo Branco ao Fundão, com prolongamentos a Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova e a Belmonte, e uma quase absoluta dominação do Partido Regenerador junto ao Vale do Zêzere, na actual Beira Pinhal, em Vila de Rei, Sertã e Oleiros, com manifestações de maior divisão dos eleitorados em Covilhã e Vila Velha de Ródão» (Pereira, 2002: 49)41. O partidarismo e o activismo das elites beirãs faziam-se notar na existência de inúmeras associações, clubes e centros, a partir de alguns dos quais se publicavam periódicos, até porque muitos tinham tipografia própria - a Veritas foi criada não só para a produção do jornal A Guarda, mas para um conjunto de órgãos católicos; o Liberal, órgão do Centro Republicano Liberal na Covilhã (Tortosendo), era impresso na «Tipografia Liberal Tortosendo». Mas as relações que mantinham com líderes partidários nacionais atestam igualmente a definição política dos que as integravam. Alguns desses líderes colaboravam na imprensa local - tal era o caso de O Combate, que tinha colaboradores ilustres como Magalhães Lima, França Borges, José de Arriaga, Angelina Vidal, Heliodoro Salgado e José de Castro; nele se encontravam ainda textos de Guerra Junqueiro e Alexandre Herculano. Havia, pois, uma interdependência Centros/Beira (periferias) em termos de matéria simbólica, uma vez que muitos beirões enviaram textos para jornais de âmbito nacional: Avelino Cunhal, que já referimos, subscreveu artigos nos progressistas Sol Nascente, Seara Nova, Vértice, Ver e Crer e O Diabo; Joaquim Dinis da Fonseca, do jornal A Guarda, que colaborou, como atrás dissemos, no jornal portuense A Palavra, em Liberdade, O

41

O autor refere serem os resultados das eleições municipais de 1904 elucidativas da distribuição geográfica que explicita.


116

Debate, Imparcial (Coimbra) e Novidades; José Augusto de Castro, director de O Combate, participou em O Despertar de Coimbra42. Com um impacto mais amplo ou circunscrito ao ambiente local, certo é que dos jornais transparecia o modo muito activo de estar socialmente por parte dos seus responsáveis, uma consciência política que os diferenciava das massas, confirmando que os «membros da elite que se preparam para desempenhar um papel político activo, habitualmente se diferenciam, numa fase inicial, de seus contemporâneos mais passivos» (Lasswell, Lerner, 1967: 32). Como pudemos largamente comprovar nos textos, os nossos emissores interessavam-se pela vida nacional, da região e da cidade, e até mesmo pela de um parceiro ou vizinho. Deixavam marcas pessoais nos seus escritos, mas parecem-nos convictos e convincentes no que afirmavam. Procuravam influenciar em termos ideológicos e de acção, utilizando frequentemente e de forma repetida expressões e palavras especialmente performativas. Criavam e mantinham activas conflitualidades, resultantes de preferências políticas, ainda que transformassem em políticas as que podiam não o ser, mais ou menos pessoais ou abrangentes. Aos conteúdos que divulgavam estavam subjacentes ideologias, as suas perspectivas acerca do que era e do que deveria ser a realidade sociopolítica. A imprensa constituía uma «espécie de correia ou cadeia partidária (...), quase sempre o necessário degrau na subida ao poder (...) Os parlamentares mais atentos fazem tudo para manter uma relação íntima com os jornais que os suportam nos círculos de origem.» (Pereira, 2002: 16). Mais do que intimidade, existia uma identificação emissor/jornal em termos ideológicos, ainda que alguns possam ter sido dissidentes ou indecisos, como o covilhanense José Ramalho, de O Raio. Tal ligação viria a confirmar-se no início da 1.ª República: «dos 229 deputados biografados no livro As Constituintes de 1911 e os seus deputados (...), o que metade deles (49%) fez foi publicar, dirigir e escrever jornais republicanos. No entanto, nem todos o fizeram em

42

Aquando da morte de José Augusto de Castro, a 13 de Maio de 1942, esta constitui a principal manchete do periódico O Despertar, fazendo acompanhar a notícia da fotografia do seu distinto colaborador: «Morreu José Augusto de Castro! Morte natural, pois espiritualmente viverá eternamente em nossos corações. Glória incarnação do Génio e da Arte, José Augusto de Castro aliou à graça infinita da beleza, a profundidade do pensamento e a grandiosidade da Ideia. Amou e cantou a sua Pátria e a República, em encantadoras estrofes, tão perfeitas, tão originais e tão humanas, que causavam, e continuam a causar, a admiração de todos os portugueses (...) Está de luto a República!». O Despertar, n.º 2557, Coimbra, 16 de Maio de 1942.


117

Lisboa ou no Porto. 42% daqueles que se dedicaram à 'propaganda' estiveram apenas activos na província.» (Mattoso, 1994: 475-476). «Apóstolos decididos, devotados a uma causa»43, os que eram redactores demonstravam, através das suas mensagens na imprensa, possuir um poder que decorria, sobretudo, do conhecimento sobre política e da arte de escrever e, daí, o integrarem elites que, além de políticas, porque dominavam saberes políticos e se assumiam como politicamente activos, eram também intelectuais. Os seus saberes sobre política seriam adquiridos através de contactos directos com personalidades de referência, mas, também, mediante a leitura de fontes impressas, desde textos clássicos a artigos de jornais contemporâneos, nacionais e estrangeiros. O poder económico que detinham havia-lhes permitido o desenvolvimento intelectual, assim como as respectivas capacidades cognitivas possibilitar-lhes-iam aumentar o poder social e económico, isto, porque «'as formas de poder e influência são aglutinativas: os que dispõem de certo poder tendem a adquirir também outras formas'» (Lasswell; Lerner, 1967: 19). Poucos terão conseguido obter o poder intelectual e político sem que fossem, à partida, detentores de poder económico. No entanto, a acção dos seminários eclesiásticos e de instituições de protecção e formação de crianças e jovens esteve na base do sucesso de personalidades como o covilhanense José Ramalho. A linguagem adoptada, não só por poetas como José Augusto de Castro, mas pela generalidade dos emissores, por vezes com termos burilados e figuras de sintaxe e de pensamento, conferia aos textos uma certa identidade literária. Parecendo fazer questão de mostrar as suas habilidades comunicativas, pouco comuns, decerto, e os seus conhecimentos, principalmente políticos, das suas propostas transparecia uma certa autoridade. Interessados na implicação das massas na política, de que dependia a sua própria afirmação, aqueles membros de elites intelectuo-burguesas, de modelo romântico, procuraram agir sobre o mundo social e sobre o conhecimento que os seus destinatários tinham desse mundo, informando e influenciando, enfim, fazendo ouvir a sua voz, principalmente, através da imprensa periódica. 43

O Combate, n.º 5, Guarda, 3 de Novembro de 1904. Extracto retirado de um artigo de saudação pelo «aparecimento d’O Combate, que nesta hora vem enfileirar-se na primeira linha dos já experimentados lutadores em prol da Republica, que o mesmo é dizer pela causa da redenção da Pátria».


118

Não obstante, muitas dessas personalidades que protagonizaram o arranque e o desenvolvimento do periodismo na Beira permanecem quase esquecidas. Daquelas que integraram as elites governamentais, há todo um espólio, nos diários do governo monárquico-constitucional e da República (Câmaras dos Senadores e dos Deputados), que poderá ser fundamental à devida reconstituição da sua acção política. São, enfim, muitas as palavras, também contidas nos periódicos a que estiveram ligadas, que aguardam ainda alguém que as rediga, particularmente, aos beirões de hoje.

BIBLIOGRAFIA AMARAL, João da Fonseca Nabinho, Fundão e Arredores – Costumes, Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, 1940. BENTO, Manuel Pires, A Questão Municipal, Castelo Branco: Ottosgrafica, 1928. CARVALHO, António Carlos, Para a História da Maçonaria em Portugal (1913-1935), Lisboa: Vega, 1993. CRAVEIRO, Joaquim Lopes, «Lazer e vida associativa», in Ferreira, Jaime (coord.), A Guarda Formosa na Primeira Metade do Século XX, Guarda: Edição da Câmara Municipal da Guarda, 2000. DELGADO, Rui Nunes Proença, No Centenário da Escola Campos Melo na Covilhã (1884-1984) – Estudos de História, Covilhã: Edição do autor, 1984. GARCIA, Maria Antonieta, «A Linguagem dos Poderes», in Ferreira, Jaime (coord.), A Guarda Formosa na Primeira Metade do Século XX, Guarda: Edição da Câmara Municipal da Guarda, 2000. GOMES, J. Pinharanda, História da Diocese da Guarda, Braga: Edição do autor, 1981. GOUVEIA, Regina, «Vizinhos, Vecinos...», in Rodrigues, Donizete, Diálogos Raianos: Ensaios sobre a Beira Interior, Lisboa: Edições Colibri, 1999. GRAINHA, Manuel Borges, História da Franco-Maçonaria em Portugal (1733-1912), Lisboa: Vega, s.d. LASSWELL, Harold e LERNER, Daniel, As Elites Revolucionárias, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. LOBO, Ernesto Pinto, História da Imprensa em Castelo Branco, Castelo Branco: Edições J.P.L., 1995. LOBO, Francisco Rodrigues, Côrte na Aldeia e Noites de Inverno, Lisboa: Ed. Sá da Costa, 1945. MARQUES, A. H. de Oliveira, Parlamentares e Ministros da 1.ª República (1910 a 1928), Lisboa e Porto: Assembleia da República e Edições Afrontamento, 2000. MATTOSO, José (dir.), História de Portugal, Vol. 6: A Segunda Fundação, Lisboa: Editorial Estampa, 1994. MILHANO, José Vicente, Covilhã: Um Passado. Que Futuro?, Covilhã: Edição do autor, 1992. MORGADINHO, Álvaro, Cidade da Covilhã: Homens e Fatos, Covilhã: Edição da Câmara Municipal da Covilhã, s.d.. OLIVEIRA, César (dir.), História dos Municípios e do Poder Local [Dos Finais da Idade Média à União Europeia], Lisboa: Círculo de Leitores, 1996. PEREIRA, António dos Santos, O Parlamento e a Imprensa Beirã em tempos de crise (1851-1926), Colecção Parlamento, Lisboa: Edição da Assembleia da República / Edições Afrontamento, 2002. PRATA, Manuel Alberto Carvalho, Academia de Coimbra (1880-1926): Contributo para a sua História, Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2002. RODRIGUES, Adriano Vasco, «Figuras notáveis», in Ferreira, Jaime (coord.), A Guarda Formosa na Primeira Metade do Século XX, Guarda: Edição da Câmara Municipal da Guarda, 2000. RODRIGUES, Américo, José Augusto de Castro: O Idealista Rebelde, Guarda: Aquilo Teatro, 2003. ROMANA, Mota da, «A força da instituição igreja», in Ferreira, Jaime (coord.), A Guarda Formosa na Primeira Metade do Século XX, Guarda: Edição da Câmara Municipal da Guarda, 2000.


119 SANTOS, Alfredo Ribeiro dos, A Renascença Portuguesa: Um Movimento Cultural Portuense, Porto, Fundação Eng. António de Almeida, 1999. SERRÃO, Joaquim Veríssimo, História de Portugal [1890-1910], Vol. X, Lisboa: Editorial Verbo, 1990. PERIÓDICOS

A Civilização, Guarda. O Combate, Guarda. Correio da Beira, Guarda. Correspondência da Covilhã, Covilhã. O Dever, Covilhã. Distrito da Guarda, Guarda. A Era Nova, Castelo Branco. A Gardunha, Fundão. A Guarda, Guarda. Notícias da Beira, Castelo Branco. O Raio, Covilhã. A Renovação, Fundão. O Trabalho, Covilhã. OUTRAS FONTES

Estatutos e Regulamento Interno da Assembleia de Castelo Branco, Tipografia de Castro & Irmão,

1860.

Processos de Habilitação Legal, Arquivo Municipal da Covilhã, Documentos 1179 a 1192.


Â


121

ESTUDO DO SISTEMA COMPÓSITO POLI(CLORETO DE VINILO) RÍGIDO/CARBONATO DE CÁLCIO

STUDY OF THE COMPOSITE SYSTEM POLY(VINYL CHLORIDE) RIGID/CALCIUM CARBONATE ESTUDIO DEL SISTEMA INTEGRADO poli(cloruro de vinilo) RÍGIDO/CARBONATO DE CALCIO José Reinas dos Santos André (jandre@ipg.pt) *

RESUMO As formulações do poli(cloreto de vinilo (PVC) utilizadas na indústria são bastante variáveis dependendo da experiência adquirida por cada unidade produtiva. Contudo, sobre a influência dos aditivos nas propriedades do composto vinilico a literatura disponível é escassa e em alguns casos contraditória. No presente trabalho estudou-se a influência do teor da carga de carbonato de cálcio, antes e após envelhecimento artificial, nas propriedades do PVC rígido. Para o efeito, na caracterização mecânica deste polímero foram realizados ensaios de tracção, de impacto e de microdureza. Quanto à caracterização estrutural, morfológica e química recorreu-se à cromatografia de permeação por gel, microscopia electrónica de varrimento e espectroscopia de infravermelho. A carga de carbonato de cálcio, presente nas formulações do PVC rígido em estudo, para além do papel de agente de reforço e de substituinte de volume, também desempenha um efeito protector, comparável ao efeito de outros aditivos específicos adicionados para o efeito. Palavras-chave: PVC, poli(cloreto de vinilo), carbonato de cálcio, envelhecimento.

ABSTRACT The formulations of poly(vinyl chloride (PVC) used in industry are quite variable depending on the experience acquired by each production unit. However, the influence of additives on the properties of the compound vinyl available in literature is scarce and sometimes contradictory. In this work the influence of the amount of calcium carbonate before and after artificial aging on the properties of rigid PVC. For such, the mechanical characterization of this polymer tensile, impact and micro hardness tests were carried out. As for the structural, morphological and chemical characterization, gel permeation


122

chromatography, scanning electron microscopy and infrared spectroscopy was used. The calcium carbonate, present in the formulations of rigid PVC studied, beyond the role of a reinforcing agent and substituent volume, also plays a protective effect comparable to the effect of other additives added for specific effect. Keywords: PVC, poly(vinyl chloride), calcium carbonate, aging.

RESUMÉN Las formulaciones de cloruro de polivinilo (PVC) utilizados en la industria son muy variables dependiendo de la experiencia adquirida por cada unidad de producción. Sin embargo, la influencia de los aditivos en las propiedades de los compuestos de vinilo disponibles en la literatura es escasa y a veces contradictoria. En este trabajo se estudió la influencia de la cantidad de carbonato de calcio antes y después de envejecimiento artificial de las propiedades del PVC rígido. Por ejemplo, en la caracterización mecánica de este polímero se llevaron a cabo ensayos de tracción, impacto y microdureza. En cuanto a la caracterización estructural, morfológica y química se utilizó la cromatografía de permeación en gel, microscopía electrónica de barrido y espectroscopia infrarroja. El carbonato de calcio, presente en las formulaciones de PVC rígido estudiado, más allá del papel de un agente de refuerzo y el volumen sustituyente, juega también un efecto protector similar al efecto de otros aditivos añadidos para producir determinados efectos. Palabras clave: PVC, carbonato de calcio poli (cloruro de vinilo),, el envejecimiento.

* Licenciado em Química Industrial pela Universidade de Coimbra, Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade do Minho e Doutor em Ciências e Engenharia dos Materiais pela Universidade de Aveiro. Professor Adjunto na Unidade Técnico-Científica de Engenharia e Tecnologia da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda. Submetido: 21 Maio 2010 Aceite: 15 Outubro 2010


123

1. INTRODUÇÃO Pese embora a instabilidade da resina de PVC e a sua dificuldade de processamento, actualmente, é o segundo termoplástico mais consumido em todo o mundo, com um consumo superior a 36 milhões de toneladas no ano de 2008, sendo a capacidade mundial de produção de resinas de PVC estimada em cerca de 43 milhões toneladas por ano (Chemical Market Associates, 2008). O PVC pode ser considerado como um dos plásticos mais versáteis. Devido à necessidade de proceder à incorporação de aditivos na resina, o PVC pode ter as suas características alteradas dentro de uma ampla gama de propriedades, em função da aplicação final, variando desde o rígido ao extremamente flexível. Esta grande faixa de variação de propriedades permite que o PVC seja utilizado em aplicações que vão desde tubos e perfis rígidos, para uso na construção civil, até brinquedos e laminados flexíveis para acondicionamento de sangue e plasma. A grande versatilidade do PVC deve-se também, em parte, à sua adequação aos mais variados processos de processamento, podendo o mesmo ser injectado, extrudido, calandrado, citando somente algumas das possibilidades de transformação. Os plásticos contêm para além da matriz molecular, impurezas e aditivos. Os aditivos são substâncias que se adicionam aos polímeros com o objectivo de se obterem determinadas propriedades, tanto durante a transformação, como no produto final. Estudos realizados por Gordon et. al. (2003) permitem concluir que a adesão carga/polímero e a dispersão da carga no seio do polímero podem afectar significativamente a temperatura de transição vítrea (Tg) ou seja a mobilidade das cadeias do polímero. A adesão do polímero à carga depende do tipo de carga e do seu tratamento de superfície. De acordo com os mesmos autores é possível aumentar a adesão pela adição de pequenas quantidades de outro polímero com maior polaridade do que o PVC. A bibliografia é controversa sobre o efeito da adesão nas propriedades intrínsecas e de uso. Gordon et. al. (2003) consideram que uma carga com maior módulo que o polímero e com boa adesão induz um aumento significativo do módulo do polímero. Uma boa adesão para além de melhorar significativamente a rigidez do polímero,


124

contribui para um elevado valor de resistência à tracção e um reduzido valor de alongamento à rotura. Lambla e Shreiber (1980) verificaram que, em geral, o tratamento de superfície das cargas e em particular o do carbonato de cálcio (CaCO3), conduzia a um aumento da rigidez do polímero, assim como a uma melhoria da resistência e do alongamento à rotura antes e após o envelhecimento, contradizendo, neste último caso, a opinião de Gordon et. al. (2003). Segundo Yoshiga et. al. (2004) o tipo de adesão existente entre CaCO3 e o PVC é essencialmente de natureza mecânica, resultado do preenchimento pelo polímero dos entalhes da carga, normalmente rugosa e com cavidades e outras irregularidades. Os mesmos autores, que estudaram o sistema PVC reciclado com a carga de CaCO3, constataram a diminuição da tensão de rotura com o aumento da quantidade de carga utilizada. Trabalho mais recente de Rodolfo e Mei (2009) permite concluir que a incorporação da argila numa matriz polimérica de PVC promove o aumento do módulo, devido ao efeito de reforço, e da diminuição da tensão de rotura e alongamento na rotura, sinónimo de fragilização do sistema compósito dada a presença de inclusões na resina, o que corrobora os resultados de Yoshiga et. al. (2004), se bem que com uma carga diferente. É objectivo deste trabalho contribuir para o esclarecimento e compreensão do efeito da carga nas propriedades mecânicas antes e após envelhecimento artificial de uma formulação de PVC rígido. Particular atenção é dada à adesão carga/polímero com o objectivo de interpretar o efeito deste aditivo nas propriedades mecânicas do composto. Assim, procurar-se-á determinar a influência do teor de CaCO3 na morfologia, nas ligações químicas, na alteração da distribuição de massas moleculares e essencialmente no seu efeito nas propriedades de uso antes e após envelhecimento artificial do material.

2. MATERIAL 2.1. RESINA A resina fornecida pela empresa CIRES – Companhia Industrial de Resinas Sintéticas, S.A., com a designação Vicir S-1000, foi a utilizada como base para as diversas composições de PVC estudadas.


125

Os resultados experimentais, obtidos no âmbito deste trabalho por GPC (Gel Permeation Cromatography), foram para a massa molecular média numérica da resina, M n = 67.938 e para a massa molecular média ponderada massicamente, M w = 162.270. A avaliação da granulometria da resina, realizada no âmbito deste trabalho, permite estabelecer que a dimensão da maior parte dos grânulos está compreendida entre 0,125 mm e 0,250 mm, apresentando como valor máximo 0,297 mm. Esta distribuição de granulometrias de resina conduz a uma porosidade significativa o que permite uma boa absorção de aditivos.

2.2. CARACTERIZAÇÃO DO CARBONATO DE CÁLCIO É designada por carga todo o material sólido que se utiliza na composição de um material plástico em proporções superiores a cinco por cento (Rodolfo e Mei, 2009). A presença de carga num plástico normalmente tem como objectivo primário reduzir a quantidade de resina a utilizar para o fabrico de um produto e consequentemente diminuir o preço de custo, podendo ter também como objectivo final, em certas aplicações, a melhoria de algumas propriedades (Yoshiga et. al., 2004). A quantidade de carga a adicionar depende essencialmente de dois factores: - manter ou se possível melhorar a resistência mecânica da resina; - não dificultar o processamento. Tabela 1. Designação das composições em que é variável o teor de carbonato de cálcio e respectiva densidade Designação

Teores de constituintes

Massa espec.

Resina Aditivos Carga

(g/cm3)

CB

100

5

0

1,37

C1

100

5

5

1,38

C2

100

5

10

1,43

C3

100

5

15

1,46

C4

100

5

20

1,48

C5

100

5

25

1,50

C6

100

5

30

1,50


126

No estudo da influência da carga nas propriedades estudadas utilizaram-se as designações sumarizadas na Tabela 1. Nesta tabela apresentam-se, também a massa específica para as composições CB e C1 a C6. Um dos problemas que se coloca é a molhabilidade da carga pelo polímero, o que por vezes conduz à aglomeração desta, com a consequente perda de propriedades de reforço. Para ultrapassar este problema, a carga utilizada foi sujeita a um tratamento superficial com estearato de cálcio, o que conduz a uma melhor dispersão da carga no PVC (Lambla e Shreiber, 1980). Dos ensaios granulométricos efectuados no contexto deste trabalho, verificou-se que 50 % das partículas têm um tamanho inferior a 2 μ m.

3. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS No contexto deste trabalho foram utilizadas várias técnicas de caracterização, a saber: análise de granulometria, microscopia electrónica de varrimento – SEM – (microscópio marca JEOLT-T330 com voltagens de 0-30kV e resolução de 80 Å), espectroscopia de infravermelho (espectrómetro do tipo PERQUIN –ELMER-683), cromatografia de permeação de gel – GPC - (espectrómetro do tipo PERQUIN –ELMER, série 10), ensaios de tracção (máquina de Ensaios Universal marca INSTRON 1341 na determinação do módulo de elasticidade (E) e da tensão de cedência ( σ ced ) e máquina TENSOMETER HOUNSFIELD tipo W na determinação do alongamento à rotura ( ε r) e da tensão de rotura ( rot), ensaios de tenacidade (Pêndulo Charpy de marca CEAST 6548/000), ensaio de dureza por indentação (Microdurómetro SHIMADZU Modelo M).

σ

3. 1 EQUIPAMENTO LABORATORIAL UTILIZADO PARA O ESTUDO DA DEGRADAÇÃO ARTIFICIAL DO PVC A técnica de envelhecimento artificial é utilizada para tornar possível simular de uma forma acelerada o envelhecimento natural dos polímeros. Com efeito, os estudos de evelhecimento natural são morosos e incompatíveis com a premência da necessidade de


127

resultados. Todavia, é sempre difícil avaliar a correspondência em tempo de um ensaio natural com um artificial. Normalmente os ensaios de envelhecimento artificial são efectuados em câmaras adequadas que possuem lâmpadas de xénon, uma vez que a radiação emitida por estas lâmpadas é a que mais se aproxima do espectro da radiação solar. Normalmente estas lâmpadas possuem um sistema de arrefecimento ar/água. As amostras são colocadas no interior da câmara de envelhecimento de modo a serem irradiadas uniformemente. O equipamento usado para envelhecer as amostras de PVC tinha as seguintes características: lâmpada de xénon, temperatura de corpo negro 50 ºC, irradiância – 0,55 w/m2, períodos de chuva de duas em duas horas (18 minutos de chuva, seguidos de 102 minutos sem chuva) e ciclo dia/noite – 18 horas de luz e 6 horas de escuro.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS O grau de adesão ou grau de interação entre as fases, ou seja, a interface carga - matriz assume papel decisivo nas propriedades mecânicas finais do produto. Esta adesão está relacionada com as propriedades químicas das cargas, bem como com as conformações moleculares e constituição química da matriz e, caso não seja perfeita, surgirão inevitavelmente vazios na região interfacial, provocando a fragilização do material. O tipo de adesão existente entre o CaCO3 e o PVC é essencialmente mecânica, resultado do preenchimento pelo polímero das irregularidades da carga. A resistência desta ligação tende a ser baixa (Yoshiga et. al., 2004). 4.1.1. MÓDULO DE ELASTICIDADE E TENSÃO DE CEDÊNCIA Na Figura 1 apresenta-se a evolução do módulo de elasticidade em função do teor de carga. Constata-se que o módulo aumenta com a carga adicionada à composição base, até cerca de 25 % de carga, após o que parece estabilizar. O valor inicial para o módulo de elasticidade é de 2732 MPa e aumentando até 3721 MPa para o valor de carga de 25 %, o que representa um acréscimo de 36 %. O aumento do módulo de elasticidade do PVC com a carga já foi previsto por diversos autores (Souza et. al., 2006). Estes


128

investigadores referem que se verificará sempre um aumento do módulo do composto, quando o aditivo adicionado tiver maior módulo que o polímero e a adesão do polímero ao aditivo for significativa, o que permite inferir que haverá alguma adesão entre o polímero e a carga objecto deste estudo.

Figura 1. Módulo de elasticidade em função do teor de carga

Figura 2. Tensão de cedência em função do teor de carga

Na Figura 2 encontra-se representada a variação da tensão de cedência em função do teor de carga, a partir da composição base (CB) adoptada neste trabalho. Da sua análise conclui-se que a tensão


129

de cedência decresce regularmente com o aumento da carga de 42,913 MPa para 32,685 MPa. Efeito análogo ao de Chauffoureaux (1979) para o PVC carregado com CaCO3 tratado superficialmente. A diminuição da tensão de cedência é de aproximadamente 23 % para um aumento de carga de 30 %. De salientar que a dispersão encontrada para cinco avaliações da tensão de cedência é praticamente nula. 4.1.2. TENSÃO DE ROTURA E ALONGAMENTO À ROTURA A Figura 3 exibe a evolução da tensão de rotura em função do teor de carga. A sua análise permite concluir que a influência do teor de carga até 15 partes por cem de resina (p.c.r.) não é significativa na variação da tensão de rotura, havendo no entanto um decréscimo significativo até 25 % de carga. A partir desta percentagem observa-se um aumento da tensão de rotura.

Figura 3. Tensão de rotura em função do teor de carga

A avaliação do alongamento à rotura dos provetes com diferentes teores em carga apresentou dificuldades devido à forte dispersão de resultados encontrados, em particular para as composições C1 e C3 (Figura 4).


130

Figura 4. Alongamento à rotura em função do teor de carga

No entanto, da análise dos resultados conclui-se que a partir da composição denominada C3, há um decréscimo significativo do alongamento à rotura, passando do valor de 152,7 % correspondente à composição básica (CB), para cerca de 23,5 % para a composição C6. Tais resultados estão de acordo com os encontrados na literatura (Yoshiga et. al. 2004, Chauffoureaux 1979), dado que a carga não tem a capacidade de deformação que caracteriza as cadeias macromoleculares do polímero, tanto mais que este é semi-cristalino. Os resultados obtidos da tensão de rotura e do alongamento à rotura estão de acordo com o pressuposto por Nicolais e Nicodemo (1993) que afirmam que, no caso de boa adesão, a resistência do compósito é semelhante à resistência à rotura do polímero, independentemente da percentagem de aditivo, o que indicia uma boa adesão até 15 p.c.r.. 4.1.3. TENACIDADE E MICRODUREZA A Figura 5 mostra a evolução da capacidade de absorção de energia de impacto em função do teor de carga. A sua análise permite concluir que a capacidade de absorção de energia das amostras quando submetidas a ensaios de impacto Charpy diminui cerca de 75 % com o aumento do teor de carbonato de cálcio até à composição C2 (10 p.c.r.), a partir desta composição o decréscimo observado não é significativo. Resultados semelhantes foram obtidos por diversos autores (Titow, 1990; Wiebeck, 1994; Yoshiga et. al. 2004).


131

Figura 5. Tenacidade em função do teor de carga

Figura 6. Microdureza em função do teor de carga

Na Figura 6 apresenta-se a evolução da microdureza em função do teor de carga, sendo que a principal ilação a tirar da sua análise é que a introdução de CaCO3 conduz sempre a um aumento da microdureza da resina em relação à composição base. O máximo do acréscimo de dureza verifica-se para as composições entre C2 e C4. A


132

partir da composição C4 a dureza diminui. No entanto, como foi referido, obtêm-se sempre valores superiores à composição base. A forte redução da resistência ao impacto é acompanhada de um aumento da microdureza, como seria de esperar para cargas frágeis, como o CaCO3, com adesão ao polímero. 4.2. CARACTERIZAÇÃO DO PVC EM FUNÇÃO DO ENVELHECIMENTO O PVC foi envelhecido artificialmente por intermédio de uma lâmpada de xénon durante 45 dias. 4.2.1. AVALIAÇÃO DA PROFUNDIDADE DE DEGRADAÇÃO E ANÁLISE DA SUPERFÍCIE ENVELHECIDA Com o objectivo de determinar a profundidade do envelhecimento da camada degradada do polímero foi utilizado o microscópio electrónico de varrimento (SEM). Comparou-se o aspecto de amostras fracturadas, após terem sido imersas em azoto líquido, antes do envelhecimento e após envelhecimento artificial de 45 dias. As Figuras 7 a) e b) representam, respectivamente, as fotomicrografias da composição base antes e após envelhecimento artificial de 45 dias.

a)

b)

Figura 7. Fotomicrografias (SEM) de amostras de PVC (CB) a) antes e b) após envelhecimento artificial de 45 dias

Como se pode observar a morfologia da superfície de fractura é diferente num e noutro caso. Assim, enquanto na amostra não envelhecida não se distingue qualquer zona com aspecto diverso, há homogeneidade, no caso da amostra envelhecida são distintas três


133

zonas, uma em que a fractura é do tipo frágil, seguida de uma zona de transição e uma terceira em que o aspecto morfológico é semelhante ao da amostra não envelhecida. Foi considerada como camada degradada a primeira zona. Pese embora não se apresentem neste trabalho as fotomicrografias, com a introdução de carga é notória a diminuição da camada degradada, embora não exista uma variação directa entre a camada degradada e o teor de carga. Sendo a profundidade da camada degradada máxima da ordem de 60 μ m (André, 1992). Relativamente à análise da superfície antes e após envelhecimento foi efectuado um estudo detalhado recorrendo à microscopia de varrimento. Nas Figuras 8 a) e b) apresentam-se as fotomicrografias obtidas por SEM da superfície, respectivamente, não exposta e exposta da composição CB.

a)

b)

Figura 8. Fotomicrografias (SEM) da superfície: a) não exposta e b) exposta da composição CB

Para a composição CB observam-se alguns pequenos defeitos ou microporosidades na superfície provocadas aquando do processamento. Na superfície já exposta e considerando a mesma composição, verifica-se o aparecimento de placas fissuradas. Contudo, existe a possibilidade de estas placas terem sido fissuradas pela acção da energia do feixe incidente durante a observação. No entanto, este tipo de superfície fissurada não foi observável em qualquer outra composição estudada. 4.2.2. LIGAÇÕES QUÍMICAS A radiação ultravioleta do espectro solar pode ser absorvida por uma variedade de espécies moleculares, ocorrendo a formação de radicais livres. Estes rapidamente reagem com o oxigénio do ar para


134

iniciar uma reacção de oxidação em cadeia (Carey, 2007) conduzindo à formação de grupos carbonilo (C=O). A título de exemplo neste trabalho somente se apresentam, na Figura 9, os espectros de infravermelho (IV) relativos à composição C1 antes e após envelhecimento artificial de 45 dias.

a)

b) Figura 9. Espectros de Infravermelho da superfície da amostra de C1: a) antes de envelhecimento e b) após envelhecimento artificial

Da comparação dos espectros IV, antes e após envelhecimento artificial, verifica-se relativamente a CB a existência após envelhecimento de um pico bem definido na gama de 1620 cm-1, correspondendo à ocorrência de grupos do tipo C=C. Além disso, há alargamento significativo do pico correspondente a ligação do tipo C=O e a possível ocorrência de um pico a cerca de 1800 cm-1, se bem que o alargamento do pico anterior torne difícil a sua definição. Este pico à falta de outra referência na literatura deverá ser devido à presença de HCl (1785 cm-1).


135

Quanto à evolução dos espectros com carga após envelhecimento artificial de 45 dias, quando comparamos com os espectros obtidos com as mesmas formulações e não envelhecidos, poder-se-á constatar o seguinte: - diminuição do alargamento do pico localizado na banda de 1455 cm-1, resultante da diminuição de ião carbonato (CO32-); - aumento com o teor da carga da área do pico de 1620 cm-1 (C=C) em relação ao pico correspondente a 1730 cm-1 (C=O). Foi efectuada uma análise quantitativa da evolução dos grupos carbonilo (C=O) e carbonato (CO32-) em função do teor em carga antes e após envelhecimento, respectivamente, Figuras 10 e 11.

Figura 10. Variação do teor do grupo carbonilo das composições em que varia o teor de carga (C1 a C6) para as faces, não exposta (0 dias) e exposta (45 dias)

Com efeito, antes do envelhecimento o grupo C=O mantém-se aproximadamente constante para todas as formulações estudadas, enquanto após o envelhecimento sofre um decréscimo significativo com a carga, atingindo o valor mínimo para C4. Ao compararem-se os resultados obtidos no âmbito deste trabalho com os de Rabek e Ranby (1984), neste caso referentes a uma composição sem carga e outra aditivada (com 10 p.c.r. de CaCO3), exposta durante 125 dias à radiação ultravioleta no exterior, constata-se também a existência de um decréscimo do teor do grupo C=O em relação à composição sem carga, indiciando, assim, que o


136

CaCO3, para além de um efeito de substituinte de volume e de reforço, desempenha um papel de protecção quanto ao envelhecimento. Simultaneamente, o grupo CO32-, que aumentava gradualmente com o acréscimo de carga antes do envelhecimento, sofre uma forte redução até teores 10 p.c.r., aumentando em seguida, atingindo o valor máximo para a composição C6, valor quase semelhante ao encontrado no polímero com a mesma composição mas não envelhecido.

Figura 11. Variação do teor do grupo carbonato das composições em que varia o teor de carga (C1 a C6) para as faces não exposta (0 dias) e exposta (45 dias)

4.2.3. DISTRIBUIÇÃO DE MASSAS MOLECULARES A exposição dos polímeros à radiação ultravioleta conduz à quebra e/ou reticulação das cadeias moleculares. A título de exemplo neste trabalho somente se apresenta o diagrama obtido por cromatografia de permeação por gel (GPC) relativo à distribuição das massas moleculares para a composição C1 não envelhecida (Figura 12). Da comparação dos valores de massa molecular média numérica ( M n) e massa molecular média ponderada massicamente ( M w) antes e após o envelhecimento artificial, é notória a diminuição das duas massas moleculares com o envelhecimento (ver Tabela 2). Comportamento similar foi encontrado por Peprnicek et. al. (2006). Contudo, constata-se que o efeito do aumento do teor de carga na variação das massas moleculares não apresenta uma lei de comportamento bem definida, sendo, todavia, de salientar que o índice


137

de polidispersividade determinado não sofreu alterações significativas com o envelhecimento para qualquer das composições estudadas.

Figura 12. Distribuição das massas moleculares para a composição C1 Tabela 2. Valores da massa molecular média numérica,

M

n

e da massa

molecular média ponderada massicamente, M w, para as composições CB e C1 a C6 antes de após envelhecimento artificial. Composição

M

M

n

I

M

w

Antes de envelhecimento

n

M

I w

Após envelhecimento

CB

64604

166850

2,58

40500

89230

2,20

C1

69202

140600

2,02

29554

54638

1,85

C2

65788

156520

2,37

25818

61860

2,40

C3

68939

158190

2,29

21776

49261

2,26

C4

69791

142000

2,03

30471

70064

2,30

C5

66582

151810

2,28

39496

79297

2,01

C6

68806

152660

2,22

32615

70241

2,15

4.2.4. ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS Da análise da Figura 13 constata-se que, após 45 dias de envelhecimento, o módulo de elasticidade para todas as composições com carga não é alterado significativamente, resultado similar ao apresentado por Rabek (1984).


138

Figura 13. Evolução do módulo de elasticidade em função do tempo de envelhecimento para as composições: a)CB, C1, C2 e C3 e b) CB, C4, C5 e C6

Quanto à tensão de cedência da observação da Figura 14 verifica-se um aumento progressivo desta propriedade mecânica com o envelhecimento, embora esta tendência seja sempre inferior ao valor encontrado para menores teores em carga após envelhecimento. Assim, por exemplo, se se partir de C3 com um valor de tensão de cedência superior a C4, após 45 dias de envelhecimento a tensão de cedência de C3 é também superior à composição C4 envelhecida durante igual período de tempo.


139

Figura 14. Evolução da tensão de cedência em função do tempo de envelhecimento para as composições: a) CB, C1, C2 e C3 e b) CB, C4, C5 e C6

A tensão de rotura ( σ rot) de composições com carga após envelhecimento de 45 dias apresenta sempre, qualquer que seja o seu teor, o mesmo valor ( σ rot = 39 MPa). Walker (1981) refere que o envelhecimento conduz a um aumento da σ rot, no entanto outros investigadores são de opinião contrária (Lambla e Shreiber, 1980). Donde se poderia concluir que a σ rot não parece ser uma propriedade capaz de traduzir o efeito do aumento do teor de aditivo de carbonato de cálcio, nem sequer o efeito do envelhecimento artificial.


140

O alongamento à rotura após envelhecimento de 45 dias em amostras com carga é sempre inferior ao valor encontrado antes do envelhecimento. O valor do alongamento final cifra-se na ordem dos 30%, à excepção de C6 em que esta propriedade decresce com o envelhecimento para aproximadamente 8%. É de referir que ensaios de envelhecimento natural, resultantes de diferentes ambientes (meio urbano, rural e industrializado), ao fim de 2 anos apresentam valores de alongamento semelhantes aos encontrados no envelhecimento artificial de 45 dias. De notar que embora exista uma correlação no que diz respeito ao alongamento entre amostras envelhecidas natural e artificialmente, tal não ocorre com a tensão de rotura. Para envelhecimentos de 45 dias todas as composições com carga apresentam um aumento significativo da microdureza (Hv), à excepção da composição C6. Nesta formulação a Hv é de difícil avaliação devido à aglomeração da carga, no entanto o comportamento das restantes formulações indicia uma degradação acentuada do material, tal como constatado por Peprnicek et. al. (2006).

5. CONCLUSÕES No que concerne à influência da carga nas ligações químicas para amostras não envelhecidas verifica-se, da análise dos espectros de I.V., que a introdução de CaCO3 conduz a um aumento do teor de ligações duplas C=C em relação a CB, o que é prenúncio do aumento da degradação com a introdução deste aditivo; Os resultados dos ensaios de tracção revelam um aumento do módulo de elasticidade com o aumento de teor de CaCO3 (0 a 30 p.c.r.), devido ao efeito de reforço. A tensão de cedência decresce com o aumento do teor de CaCO3. Os resultados da tensão de rotura mostram que, para baixos teores de carga (inferiores a C3) esta propriedade mecânica não é alterada decrescendo cerca de 10 % para teores mais elevados de carga, sendo que o alongamento à rotura diminui com o aumento do teor de carbonato de cálcio. Estes resultados, indicativos da fragilização do PVC devido à presença de inclusões no meio da matriz polimérica, são semelhantes aos obtidos por Rodolfo e Mei (2009); O teor do grupo C=O, bem como das duplas ligações C=C aumentaram com o envelhecimento. No entanto, é de referir que o acréscimo do grupo carbonilo com o envelhecimento é tanto menor


141

quanto maior é o teor do carbonato de cálcio. Em consequência podese inferir que a carga desempenha um papel protector em relação à degradação; As composições com carbonato de cálcio apresentam uma diminuição das massas moleculares, revelando a ocorrência de cisões das cadeias moleculares, provavelmente acompanhadas de algumas reticulações; A carga desempenha, para além do papel de agente de reforço e de substituinte de volume, também tem um efeito protector, como já foi afirmado por Rabek e Ranby (1984), podendo em certos casos (C2) obter um efeito protector semelhante ao de aditivos especificamente adicionados para o efeito.

BIBLIOGRAFIA André, J. R. S. (1992) Tese de Mestrado, Influência da Carga e do Pigmento na Resistência ao Envelhecimento do PVC Rígido, Universidade do Minho; Carey, F.A. (2007) “Organic Chemistry”, 7ª ed., Mc-Graw-Hill International Edition, New York; Chemical Market Associates (2008) – “2008 World Vinyls Analysis”, Chemical Market Associates, Inc., Houston; Chauffoureaux, J. C. (1979) “Mechanical Properties of Rigid Polyvinyl Chloride, Effect of Fillers”, Pure and Appl. Chem., Vol. 51, 1123-1147; Gordon, J. H., Robert, A.S., (2003) “The influence of filler particles and polymer structure on the mobility of polymer molecules”, Journal of Applied Polymer Science, Vol. 26, 30993102; Lambla, M., Shreiber, H. P. (1980) “Relations Entre les Caracteristiques Physico-chimiques des Charges et les Proprietes Mecaniques des Polymeres (PVC) Plastifies et Charges “, European Polymer Journal, Vol. 16, 211-218; Nicolais, L., Nicodemo, L. (1973) “Strength of Particulate Composites”, Polymer Engineering Science, 13, 469-479; Peprnicek, T., Kalendova, A., Pavlova, E., Simonik, J., Duchet, J. (2006) “Poly(vinyl chloride)paste/clay Nanocomposites: Investigation of Thermal and Morphological Characteristics” Polymer Degradation and Stability, 91, 3322-3329, Rabek, J. F., Ranby, B. (1984) “The Role of Commercial Pigments in the Photo-degradation of Poly(vinyl chloride) (PVC)” Polymer Degradation and Stability, 8, 37-53; Rodolfo Jr A, Mei, L. H. I. (2009) “Nanocompósitos de PVC com Argila Organicamente Modificada: Efeitos do Processamento e do Método de Incorporação da Argila”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, Vol. 19, nº 1, 1-9; Souza, M. A., Pessan, L. A., Rodolfo Jr A. (2006) “Nanocompósitos de Poli(Cloreto de Vinila) (PVC)/Argilas Organofílicas”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 16, nº 4, 257-262;


142 Yoshiga, A., Toffoli, S. M., Wiebeck, H. (2004) “Estudo do Composto PVC Reciclado/CaCO3 em Pastas Vinílicas”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, Vol. 14, nº 3, 134-141; Titow, W. V. (1990) "PVC Plastics Properties, Processing and Applications", Elsevier Applied Science, New York; Walker, R. P. (1981) “The Effects of UV Aging on PVC Pipes” Proceedings of the International Conference on Underground Plastic Pipe, New Orleans, LA, March 30- April 1, 436-448; Wiebeck, H., (1994) "Influência de Cargas Minerais nas Propriedades de Escoamento e de Resistência Mecânica de um Plastisol (Suspensão Vinílica)", in: Anais do 11º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 1287-1299.


143

ENURESE NOCTURNA: EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, FACTORES PSICOLÓGICOS E SEUS EFEITOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NIGHT ENURESIS: EPIDEMIOLOGY, PATHOPHYSIOLOGY, PSYCHOLOGICAL FACTORS AND ITS EFFECTS ON DEVELOPMENT OF CHILD/TEENAGER ENURESIS NOCTURNA: EPIDEMIOLOGÍA, FISIOPATOLOGÍA, LOS FACTORES PSICOLÓGICOS Y SUS EFECTOS SOBRE EL DESARROLLO DEL NIÑO Ana Lemos * Ana, F. Vinha (ana.vinha@ipsn.cespu.pt) ** Marisa Machado (marisa.machado@ipsn.cespu.pt) *** Maria Emília Santos (emilia.santos@ipsn.cespu.pt) **** Maria Teresa Herdeiro (maria.herdeiro@ipsn.cespu.pt) *****

RESUMO

A enurese nocturna é um problema comum que afecta cerca de 80.000 crianças em Portugal e cerca de 55 Milhões em todo o mundo. A enurese define-se como sendo a emissão involuntária de urina durante o sono em crianças com idades superiores a 5 anos. Foram distribuídos 125 inquéritos a pais/encarregados de educação de crianças/adolescentes que frequentam a escola desde o 1º ao 9º ano de escolaridade, de forma a avaliar o impacto que este problema tem na vida das crianças/adolescentes e das suas famílias. 105 pais/encarregados de educação (n=105) colaboraram no estudo dos quais 19% (n=20) afirmam que as suas crianças têm ou tiveram enurese nocturna. Destes, 55% (n=11) tiveram acompanhamento médico e a maioria afirma que a criança reage mal à enurese nocturna. O aproveitamento escolar mostrou-se inferior em crianças enuréticas (p=0,003). O tratamento da enurese nocturna em crianças/adolescentes é de elevada importância para o incremento da estabilidade emocional das crianças portuguesas e merece especialmente atenção considerando um problema presente e actual na sociedade portuguesa. Palavras-Chave: Enurese Nocturna; Factores farmacológicos; Vasopressina; Desmopressina.

sociais

e

emocionais;

Métodos


144

ABSTRACT Bed wetting is a common problem that affects about 80,000 children in Portugal and about 55 million around the world. It is defined as the involuntary emission of urine during sleep in children aged over 5 years old. 125 surveys were distributed to parents / guardians of children attending the school from the 1st to 9th grade, to assess the impact that this problem has on the lives of children/teenagers and their families. 105 parents/guardians (n=105) responded and 19% (n=20) of them state that their children/teenagers have or have had nocturnal enuresis. Of these, 55% (n=11) were clinically monitored in the majority states that the child/teenager deals poorly with the situation. School failure was shown to be lower in enuretic children (p=0.003). We conclude that treatment for nocturnal enuresis in childhood is a great importance for the indrease of the emotional stability of Portuguese children/teenagers, especially considering it a looming problem in Portuguese society. Key-Words: Night Enuresis; Social and Emotional Factors; Pharmacological methods; Vasopressin; Desmopressin.

RESUMEN La enuresis nocturna es un problema común que afecta a cerca de 80.000 niños en Portugal y cerca de 55 millones en todo el mundo. Se define como la emisión involuntaria de orina durante el sueño en niños de más de 5 años de edad. 125 encuestas fueron distribuidas a los padres/tutores de los niños que asisten a la escuela desde el grado 1 a 9, para evaluar el impacto que este problema tiene en la vida de los niños/adolescentes y sus familias. 105 padres/tutores (n=105) respondieron y de estos, 19% (n=20) afirman que sus hijos tienen o han tenido la enuresis nocturna. De estos, 55% (n=11) tuvieron asistencia médica y la mayoría afirma que el niño reacciona mal ante la enuresis nocturna. El éxito escolar se mostró inferior en niños que sufren enuresis nocturna (p=0,003). Su tratamiento en niños/adolescentes es de gran importancia para el aumento de la estabilidad emocional de los niños/adolescentes portugueses y merece especial atención considerando que es un problema presente y actual en la sociedad portuguesa. Palabras-Clave: Enuresis Nocturna; Factores sociales y emocionales; Métodos farmacológicos; Vasopresina; Desmopresina.


145 * Aluna de Licenciatura em Farmácia da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave (IPSN-CESPU). ** Prof. Adjunta da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave (IPSNCESPU)/ Investigadora do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS). *** Prof. Adjunta da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave (IPSNCESPU). Investigadora do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS). Investigadora Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FF-UC). **** Prof. Titular da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave (IPSNCESPU). Investigadora do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS). ***** Prof. Titular da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave e Directora do Departamento de Farmácia e Marketing Farmacêutico do IPSNCESPU. Investigadora do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS). Submetido: 3 Fevereiro 2010 Aceite: 10 Outubro 2010


146

1. INTRODUÇÃO A palavra Enurese vem do grego enourein (Soares et al, 2005) que significa “molhar-se ou urinar sobre si” (Meneses, 2001). Assim, a enurese nocturna é definida como a perda involuntária de urina durante a noite, após os cinco anos de idade. Esta disfunção afecta cerca de 80 000 crianças em Portugal e 55 milhões em todo o mundo, sendo mais frequente nos rapazes do que nas raparigas, numa proporção de 1:3, respectivamente (Pires, 2005). A enurese nocturna pode dividir-se em primária e secundária, monossintomática e polissintomática. Diz-se que a criança tem enurese nocturna primária na ausência total de controlo vesical, tipo mais comum de enurese. Cientificamente, a enurese secundária caracteriza-se da mesma forma, com ocorrência de um período de controlo vesical igual ou superior a seis meses (Reis & Coelho, 2007) e este tipo de enurese pode ser provocado por razões emocionais como, por exemplo, a ida para a escola, falecimento de alguém querido, divórcio dos pais, nascimento de um irmão mais novo, entre muitos outros. A enurese é classificada de monossintomática se é o único sintoma após a idade habitual de aquisição da continência. Pressupõe normalidade do sistema nervoso, urinário ou ausência de outras condições orgânicas bem definidas como factor responsável por esta disfunção. Quando associada a outros sintomas denomina-se de polissintomática (Meneses, 2001). Pelos dados publicados até à data, 15 a 25% das crianças com idades inferiores a cinco anos sofrem de enurese nocturna. À medida que as crianças vão atingindo a maturidade, esta percentagem vai diminuindo. Assim, 10% das crianças com 10 anos de idade, 8% das crianças com 12 anos e 1% dos adolescentes sofrem desta disfunção (Henriques, 2002). A enurese nocturna pode ser um problema significativo para a criança ou adolescente e também para a sua família (Arantes & Silvares, 2007). Para além de um constrangimento para os pais, esta disfunção é, essencialmente, uma humilhação para a criança, podendo vir a afectar fortemente a sua auto-estima e socialização, visto esta ser uma condição socialmente inaceitável (Butler, 2004; Butler, Holland e Robinson, 2001; Meneses, 2001). Muitos progenitores não têm o conhecimento correcto sobre a enurese nocturna e, sem saberem como agir, penalizam os seus filhos. Outros, ainda, tornam-se


147

intolerantes o que pode resultar num comportamento mais agressivo (Hockenberry, 2006). Existe um alto risco de violência física e emocional, principalmente quando a criança é exposta pela família como preguiçosa, relutante ou rebelde (Soares et al, 2005). Afirma-se com frequência que as complicações da enurese podem-se tornar mais graves com o aumento da idade, mas são escassos os estudos que procuram investigar objectivamente os efeitos da idade sobre a repercussão da enurese do ponto de vista do enurético (Arantes & Silvares, 2007). A fisiopatologia da enurese nocturna continua mal esclarecida, mas acredita-se que seja uma disfunção multifactorial (Reis & Coelho, 2007). Foram propostas várias teorias, sendo as mais consensuais: poliúria nocturna, capacidade vesical inferior à normal e despertar diminuído. De facto, a enurese nocturna resulta de um desajuste entre a capacidade vesical nocturna e a quantidade de urina produzida durante a noite, associado a uma incapacidade de acordar antes de se iniciar a micção (Reis & Coelho, 2007). A perda urinária involuntária durante o sono tem uma grande componente genética (Correia, 2008), com uma transmissão autossómica dominante (Costa & Silvares, 2007). Deste modo existe um índice de 44% de ocorrência de enurese nocturna se um dos progenitores tiver registos de episódios enuréticos na infância. A probabilidade de uma criança desenvolver esta disfunção aumenta para 77% se os dois progenitores (pai e mãe) tiverem sido enuréticos. A produção de urina tem um ritmo circadiano que se desenvolve precocemente na infância e que se traduz numa acentuada diminuição da diurese nocturna. Este ritmo é controlado pelo aumento da libertação nocturna da hormona antidiurética (ADH). Deste modo, em muitas crianças com enurese nocturna, existe uma deficiência na produção ou um atraso na maturação da secreção da hormona antidiurética o que leva a um aumento da produção de urina. No entanto, esta teoria não explica porque é que a criança não acorda para urinar (Reis & Coelho, 2007). A avaliação clínica deve ser realizada e deve-se incrementar no sistema de saúde nacional o tratamento adequado a todas as crianças que manifestem vontade de ser tratadas. É importante realizar uma avaliação clínica da criança com enurese, no sentido de excluir eventual patologia orgânica de base (Reis & Coelho, 2007). A avaliação baseiase na história clínica (calendário da enurese, caracterização do padrão miccional, número de vezes que molha a cama, número de horas de sono, episódios enuréticos durante a sesta, idade de início, dieta,


148

características do sono, obstipação e encoprese, tratamentos anteriores e resultados), no exame objectivo e no exame sumário da urina. Também é necessário despistar antecedentes pessoais (desenvolvimento psicomotor, avaliação psicossocial, alterações comportamentais, antecedentes patológicos relevantes) e antecedentes familiares. O exame objectivo deve incluir a avaliação do crescimento e dos sinais vitais, por exemplo a baixa estatura e a tensão arterial elevada podem sugerir doença renal. O exame sumário da urina serve para excluir infecção do tracto urinário ou a possibilidade de diabetes mellitus (Reis & Coelho, 2007). O tratamento da enurese nocturna inclui métodos farmacológicos e métodos não farmacológicos que devem ser adaptados a cada caso em particular, tendo em consideração a motivação da criança e dos pais e a situação económica da família (Moffat, 1997). As medidas comportamentais são habitualmente utilizadas como uma primeira linha no controlo da enurese nocturna, antes de se recorrer ao alarme ou à farmacoterapia (Reis & Coelho, 2007). Alterações na dieta e na ingestão de líquidos podem ser eficazes em algumas crianças, sem ser necessário recorrer a tratamentos farmacológicos. Evitar a ingestão de determinados alimentos, tais como lacticínios, chocolate, sumo de citrinos ou bebidas diuréticas como café, chá, cacau ou Coca-Cola tem sido considerado benéfico apenas numa minoria das crianças afectadas. Mas acima de tudo, recomenda-se o treino vesical durante o dia e a terapia de incentivo, onde a motivação e acompanhamento dos progenitores torna-se relevante para a estabilidade emocional da criança. Os tratamentos farmacológicos envolvem o uso de desmopressina, polipeptídeo de síntese relacionado, sob o ponto de vista estrutural, com a arginina vasopressina ou hormona antidiurética (Guimarães et al, 2006). A desmopressina aumenta a concentração de urina e diminui o volume urinário. Praticamente sem efeitos secundários, e com uma acção prolongada, é o fármaco mais prescrito pelos médicos, nesta disfunção (Van Kampen et al., 2002). Em muitos casos, consegue-se eliminar o problema em poucos meses. A imipramina, outro fármaco administrado, é um anti-depressivo tricíclico que diminui a actividade do detrusor e aumenta a capacidade vesical. Pensa-se que pode, ainda, diminuir a produção de urina pela estimulação da ADH. Os anti-depressivos tricíclicos têm efeitos laterais consideráveis, incluindo efeitos cardiotóxicos e hepatotóxicos factos pelos quais são fármacos raramente prescritos nesta disfunção (Reis & Coelho, 2007).


149

Pela importância deste distúrbio e pelas consequências que podem surgir a nível da qualidade de vida socioeconómica e de saúde pública, este estudo tem como principais objectivos a avaliar a prevalência de enurese nocturna em crianças/adolescentes entre os 6 e os 15 anos de idade, do comportamento das crianças enuréticas e das suas famílias e a forma como este problema afecta a sua vida social.

2. POPULAÇÃO E MÉTODOS 2.1. POPULAÇÃO O objectivo geral deste estudo foi determinar a prevalência de Enurese Nocturna por idade e género num grupo de crianças/adolescentes da região do Ave, uma sub-região e da Região Norte do país. O desenvolvimento desta investigação foi orientado considerando-se relevantes determinados objectos de estudo: a) determinar a prevalência de enurese nocturna primária e secundária; b) averiguar se as crianças/adolescentes com enurese têm aproveitamento escolar inferior; c) determinar a frequência de “noites molhadas”; d) avaliar a reacção das crianças quando acordam molhadas e a atitude dos pais quando se deparam com esta situação; e) averiguar se os pais têm consciência de que este é, de facto, um acto involuntário; f) avaliar a influência da história familiar na prevalência da enurese. A amostra deste estudo foi constituída por pais/encarregados de educação de 105 crianças/adolescentes, com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos de idade, inscritos no primeiro e segundo ciclo de duas escolas do norte do país. Foram distribuídos 125 inquéritos direccionados aos pais/encarregados de educação mas apenas 105 anuíram participar neste estudo. Para melhor protecção dos dados, os inquéritos circularam em envelope fechado.

2.2. MÉTODOS 2.2.1.PROCEDIMENTO DE RECOLHA DE DADOS Para se proceder ao início da recolha de dados nas duas escolas, foi solicitado aos respectivos professores, com a antecedência necessária, um pedido de autorização por escrito a ser entregue aos


150

pais/encarregados de educação, com uma breve descrição do projecto e os objectivos propostos neste estudo. 2.2.2. INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS Este projecto tratou-se de um estudo exploratório descritivo, no qual se aplicou uma metodologia qualitativa/quantitativa da investigação e como instrumento de recolha de dados, a realização de inquéritos. O inquérito era constituído por 5 perguntas abertas, 6 semi-abertas e 26 perguntas fechadas. Algumas perguntas eram de carácter eliminatório.

2.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA Após a recolha dos dados, estes foram inseridos na base de dados informática e processados pelo programa SPSS versão 16.0. Os dados foram apresentados em tabelas e gráficos. Os dados relativos à caracterização da amostra foram obtidos a partir de estatística descritiva, análise de distribuições e frequências. Para dar resposta às questões de investigação, foram utilizados vários procedimentos e análises estatísticas, nomeadamente o teste estatístico Quiquadrado de Pearson de acordo com o tipo de questão colocada, adoptando-se um nível de 5% de significância.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste estudo colaboraram 105 pais/encarregados de educação de crianças/adolescentes com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos de idade, dos quais 56 eram rapazes e 49 raparigas. Existiu um desequilíbrio na distribuição das idades devido às não respostas, 67 crianças/adolescentes apresentaram idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos, e apenas 38 com idades compreendidas entre os 11 e os 15 anos. Houve, portanto, uma maior participação dos pais/encarregados de educação das crianças mais novas. A maioria das crianças coabita com os pais, casados (91,4%) verificando-se apenas 5,7% de crianças com pais divorciados e 2,9% órfãs de um dos progenitores. Das 105 crianças, 20 têm ou tiveram pelo menos, um episódio de “urinar na cama”. Destas 20 crianças, 11 têm idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos (n=11) e corresponde a 55% dos casos e 9 crianças entre os 11 e os 15 anos de idade (n=9),


151

equivalendo a 45%. Em ambos os grupos, são mais os rapazes que sofrem desta disfunção relativamente às raparigas, numa proporção de 1:2. Na Figura 1 é possível analisar a distribuição de crianças/adolescentes pela idade.

Figura 1. Distribuição da população de crianças enuréticas estudadas em função da idade.

Este estudo reforça, mais uma vez, que os rapazes são mais atingidos por esta disfunção do que as raparigas, em consonância com o publicado por Soares e colaboradores (2005). Das crianças/adolescentes enuréticos do estudo, 55% actualmente ainda molham a cama, pelo menos 2 vezes por ano. Tentou relacionar-se o estado civil dos pais e o facto de a criança fazer “chichi na cama”. Neste estudo, não se encontrou qualquer relação, uma vez que a maioria dos pais são casados. Embora se saiba que a enurese tenha uma componente afectiva bastante forte, neste estudo isso não se verifica (p>0.05). Relativamente ao aproveitamento escolar, verifica-se que o grupo das crianças/adolescentes com enurese tem notas mais baixas do que o grupo dos não enuréticos (p=0.003). Em ambos os grupos, a maioria das crianças tem aproveitamento “satisfaz bem” (45% das crianças enuréticas e 51,81% das crianças não enuréticas). No grupo das crianças enuréticas, há mais crianças com aproveitamento “satisfaz pouco” (10%) do que “excelente” (5%). No grupo das crianças não enuréticas a situação é inversa, havendo mais


152

crianças com “excelente” (26.51%) e menos com “satisfaz pouco” (2.41%) (Figura 2).

Figura 2. Distribuição do aproveitamento escolar das crianças estudadas, com e sem enurese

É possível que as crianças com enurese estejam mais desatentas nas aulas, ao lembrar-se dos acontecimentos da manhã, em casa, sentindo vergonha, e esperando que nem o professor nem os colegas descubram quão atribulado foi o período imediatamente após o acordar. Dados semelhantes foram publicados noutros estudos realizados (HiraSing, et al. 2002; Houts, 1991). Fazendo uma relação entre a frequência com que as crianças/adolescentes urinam na cama e as notas na escola, verifica-se que as crianças que urinam mais vezes por semana têm notas inferiores às que o fazem apenas de 6 em 6 meses ou 1 vez por mês. A frequência com que a criança urina na cama varia muito de criança para criança e mesmo cada criança não molha a cama sempre as mesmas vezes por semana. Uma criança/adolescente que numa semana urine dia sim, dia não, na semana seguinte pode só urinar uma vez. Neste estudo, a maior distribuição encontra-se nos períodos “6 em 6 meses”, “1 vez por semana” e “3 vezes por semana” (29.41% cada um), seguido de “1 vez por mês” (11.76%). Relacionando a idade, o género das crianças/adolescentes e a frequência com que estas fazem “chichi na cama”, verifica-se que as raparigas mais novas molham a


153

cama com mais frequência. Curiosamente, os rapazes, sendo os que são mais afectados por esta disfunção, são os que molham a cama menos vezes por semana. Em estudos publicados, vários investigadores destacam a importância da diurese nocturna com os comportamentos socioculturais que se vão desenvolver na personalidade da criança. Estão descritas as distintas reacções observadas em crianças com enurese. Existem registos das que ficam indiferentes, tristes, envergonhadas e/ou revoltadas (Henriques, 2002; Silva, et al., 2004; De Salvo, et al., 2008). A Figura seguinte (Figura 3) apresenta a distribuição das crianças/adolescentes consoante a reacção ao acordar. O sentimento de tristeza foi aquele que mais acomete as crianças quando acordam molhadas. Muitas crianças, ao acordar, apresentam mais do que uma reacção das apresentadas.

Figura 3. Distribuição dos sentimentos observados em crianças com enurese nocturna

Fez-se uma relação entre a idade das crianças/adolescentes, o género e a atitude ao acordar. Verificou-se que as crianças mais novas e as do sexo masculino são as que ficam tristes com mais frequência. A vergonha é característica entre as crianças/adolescentes mais velhos e ocorre tanto em rapazes como em raparigas. O sentimento de revolta é igualmente vivido entre as crianças/adolescentes mais velhas e mais novas, tanto do sexo masculino como do sexo feminino. As raparigas pertencentes ao grupo das crianças mais novas escondem mais do que as pertencentes ao grupo das mais velhas e do que os rapazes.


154

Pelo contrário, são os rapazes que ficam mais indiferentes a esta situação, tanto os mais novos como os mais velhos. Na maioria dos casos, os pais/encarregados de educação procuraram a ajuda do médico de família ou do pediatra, de forma a descobrir a origem do problema e encontrar a melhor solução para o resolver. Neste estudo, 57.89% das crianças/adolescentes tiveram acompanhamento médico contra 42.11% de crianças/adolescentes que não tiveram qualquer tipo de acompanhamento. Isto significa que 2 em cada 3 crianças com enurese não recebem apoio médico. Foi pedido aos pais/encarregados de educação das crianças/adolescentes enuréticos que receberam apoio, que indicassem qual foi a atitude do médico. As atitudes mais frequentemente adoptadas pelo médico são a prescrição de um medicamento (desmopressina) e reforçar que é um problema que se resolve naturalmente com a idade, que não há tratamento a fazer (44.44% cada uma das atitudes). 11.11% das crianças/adolescentes tratados fizeram condicionamento por alarme, como método terapêutico não farmacológico. Para distinguir a enurese primária da enurese secundária, foi avaliado o período de frequência de enurese nocturna nas crianças/adolescentes em estudo, verificando-se uma taxa percentual de 65% para frequência relativa (intervalos inferiores a 6 meses) e de 70% para intervalos superiores a 6 meses. Estes resultados sugerem que a maioria das crianças estudadas tem enurese nocturna primária, com valores médios próximos de uma significância estatística (p = 0.056). Independentemente da reacção da criança/adolescente ao acordar molhada, esta pode reagir à mesma situação de formas diferentes. A maioria afirma que a criança/adolescente reage mal a este problema (65%) e apenas 5% lida muito bem com a situação. Os restantes 30% referem que a criança/adolescente não lida nem bem nem mal. Tentou-se relacionar a idade e o género da criança/adolescente com a forma como enfrenta a disfunção. Neste estudo, nenhuma rapariga afirma encarar muito bem o problema, portanto, os 5% que lidam muito bem com esta situação são todos rapazes com 11 anos de idade. Embora sejam as raparigas que se demonstram mais afectadas, verifica-se que os rapazes mais velhos são os que pior enfrentam o problema. A fim de avaliar a influência da história familiar na enurese nocturna, verificou-se que 5 mães e 4 pais de crianças/adolescentes enuréticos afirmaram ter tido episódios de enurese durante a infância.


155

10 Mães e 8 pais afirmaram que nunca acordaram molhados na infância e 4 mães e 8 pais referiram não terem recordação desse facto. Os resultados obtidos mostraram-se estatisticamente muito significativos com p<0.01 (p=0.002), uma vez que a percentagem de pais que responderam ter sido enuréticos (pai=20% e mãe=25%) nas crianças/adolescentes enuréticos foi superior ao dos pais de crianças/adolescentes que não têm este problema (pai=1.2% e mãe=2.3%).

4. CONCLUSÃO A enurese nocturna é, de facto uma disfunção comum que causa transtorno não apenas às crianças mas também às suas famílias. Os rapazes são mais atingidos do que as raparigas. A história familiar revela-se importante na ocorrência da enurese nocturna sendo que pais que tiveram enurese na infância têm filhos enuréticos. Confirma-se também que ocorre com mais frequência a enurese nocturna primária comparativamente à enurese nocturna secundária. Este estudo demonstra a importância do tratamento deste distúrbio pois existe relação significativa entre o baixo rendimento escolar e a ocorrência de enurese, podendo implicar alterações comportamentais implicadas posteriormente no desenvolvimento psicológico e social da criança. Todas as crianças enuréticas deveriam ter acompanhamento médico, de forma a ajudar a ultrapassar este problema tão embaraçoso e tão comum em crianças/adolescentes até aos 15 anos de idade. Só assim a criança recuperará a sua auto-estima e autoconfiança tão importantes no desenvolvimento.

BIBLIOGRAFIA Arantes, M.; Silvares, E. (2007); “Uma comparação entre crianças e adolescentes com enurese nocturna primária: impacto e problemas de comportamento.” Estudos de Psicologia. 24, 2: 155-160. Butler, R. J. (2004); “Childhood nocturnal enuresis: Developing a conceptual framework.” Clinical Psychological Review. 24, 909-931.


156 Butler, R.J.; Holland, P.; Robinson, J. (2001); “Examination of the structured withdrawal program to prevent relapse of nocturnal enuresis.” Journal of Urology. 166: 2463-2466. Costa, N.; Silvares, E. (2007); “Enurese nocturna na adolescência: Tratamento em grupo e individual”. Interacção em Psicologia. 11, 2: 263-268. Correia, A. (2008); “xixi” na cama tem remédio. In “Diário de Notícias”. De Salvo, C. G.; De Toni, P.M.; Silvares, E.F.M. (2008;) PSICO 39, 2: 240-245. Guimarães, S.; Moura, D.; Silva, P. (2006); “Terapêutica Medicamentosa e Suas Bases Farmacológicas.” 5ª edição. Porto Editora. Porto. Henriques, R.; Correia, A.J.; Salgado, M. (2002); “Enurese na criança: Normas de orientação”. Saúde Infanil. 24, 1: 5-14. HiraSing, R. A., et al. (2002); “Effect of dry bed training on behavioral problems in enuretic children.” Acta Paedriatrica, 91: 960-964. Hockenberry, M. (2006); Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 7ª edição. Elsevier Editora. Houts, A. C. (1991); Nocturnal enuresis as a biobehavioral problem. Behavior Therapy, 22: 33-151. Jensen, N.; Kristensen, G. (2001); “Frequency of nightly wetting and the efficiency of alarm treatment of nocturnal enuresis.” Scandinavian Journal of Urology and Nephrology, 35: 357363. Meneses, R. (2001); “Enurese Nocturna Monossintomática.” Jornal de Pediatria. 77, 3: 161168. Moffat, M. E. K. (1997); “Nocturnal enuresis: A review of the efficacy of treatments and practical advice for clinicians.” Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics. 18: 4956. Pires, F. (2005); Lidar sem vergonha com a enurese. Jornal de Notícia, 17. Reis, A.; Coelho, P. (2007); “Enurese Nocturna: Orientação pelos cuidados de saúde primários.” Revista Portuguesa Clinica Geral. 23: 279-288. Silva, A.; Freitas, A.; Oliveira, P.; Machado E. (2004); Enurese: prevalência e factores associados em crianças em idade escolar (1º ciclo): estudo epidemiológico. Acta Pediatr Port. 35: 413-9. Soares, A. et al. (2005); “A Enurese em crianças e seus significados para suas famílias: abordagem qualitativa sobre uma intervenção profissional em saúde.” Revista Brasileira Saúde Materna Infantil. 5, 3: 301-311. Van Kampen, M. et al. (2002); “High inicial efficacy of fullspectrum therapy for nocturnal enuresis in children and adolescents.” British Journal of Urology. 90: 84-87.


157

THE INFLUENCE OF INDOOR CYCLING CLASSES ON THE HEALTH OF OLD PEOPLE (60 AND 70 YEARS) WITH HYPERTENSION LA INFLUENCIA DE LAS CLASES DE CICLISMO INDOOR EN LA SALUD DE LAS PERSONAS MAYORES (60 Y 70 AÑOS DE EDAD) CON HIPERTENSIÓN A INFLUÊNCIA DAS AULAS DE CICLISMO INDOOR SOBRE A SAÚDE DE IDOSOS ENTRE 60 E 70 ANOS COM HIPERTENSÃO PhD D. Sawaryn* Phd Renata Grzywacz** (rgrzywacz@wsiz.rzeszow.pl)

ABSTRACT The purpose to this paper is to present the results of the research done among people with hypertension. Those people were taking part in the indoor cycling classes. The research was done among people between 60 and 70 years old. All of them take medications for hypertension. The research was adjusted to their abilities. The research took three months and it was divided into three parts. The research proves that this type of recreation influences not only the blood pressure, but also improves general health, the condition of joints and also strengthens the body. Key words: Indoor Cycling, hypertension.

RESUMO

O objectivo deste trabalho é mostrar os resultados da pesquisa feita entre as pessoas com hipertensão. Aquelas pessoas estavam a tomar parte nas aulas de ciclismo indoor. A pesquisa foi feita entre as pessoas entre 60 e 70 anos de idade. Todos eles tomam medicamentos para a hipertensão. A pesquisa foi ajustada às suas capacidades. A investigação durou três meses e foi dividido em três partes. A pesquisa comprova que este tipo de lazer não só influencia a pressão arterial, mas também melhora a saúde geral, a condição das articulações e também fortalece o corpo. Palavras-chave: Ciclismo Indoor, hipertensão.


158

RESUMEN El propósito de este trabajo es mostrar los resultados de las investigaciones realizadas entre las personas con hipertensión. Esas personas estaban participando en clases de ciclismo indoor. La investigación se realizó con las personas de entre 60 y 70 años de edad. Todos ellos toman medicamentos para la hipertensión. La investigación se ajustó a sus capacidades. La investigación duró tres meses y se dividió en tres partes. La investigación demuestra el que este tipo de ocio no sólo influye en la presión arterial, sino que también mejora la salud general, el estado de las articulaciones y también fortalece el cuerpo. Palabras clave: Ciclismo Indoor, la hipertensión.

* Professor Department of Tourism and Recreation, University of Information Technology and Management in Rzeszow ** Professor Department of Tourism and Recreation, University of Information Technology and Management in Rzeszow Submetido: 16 Março 2010 Aceite: 1 Outubro 2010


159

1. INTRODUCTION

One of the basic indicators of actual socio – health situation is demographic situation with evaluation of life – quality and increase of elderly people. Increase of elderly people became important shape factor of health situation and socio – economic consequences. Key – meaning in health prophylactics has activity: physical activity, sport and tourism. Physical activity means effort during sport practice, exercises during leisure time and everyday occupations as walking, profession connected with physical effort. Hypertension is the kind of heart – vessel disease and it is defined as constant heart pressure above average. According to age progress hypertension is higher. On the base of researches in USA for age group 18 – 24 hypertension is 15,2% and for age group 65 – 74 hypertension is 60,2% (Sloane; 1998). Modern methods of hypertension treatment are not only limited to pharmacology, but they also include modification of patient’s lifestyle as no pharmacological. Start of hypertension treatment should be taken into account after excluding of secondary forms, where usually surgical remove of high tension’s reasons gives the patient big chance to get still hypotenuse effect (Faulchaer; 2007). No pharmacological treatment, according to change some customs of the patients suffering from hypertension called “modification of lifestyle”, is strongly located in hypertension treatment. So far clinical observation indicate that implementation some of no pharmacological treatment’s methods leads to lower tension and it has influence on risk factors in heart – vessel diseases (Detilleux; 2007). No pharmacological treatment is applied to light hypertension with a mild high of tension and without organs’ complication. In more advanced shape of hypertension, positive aspect of this treatment method is a supplement of hypotenuse treatment, what can contribute to lower doses of hypotenuse medicaments applied by the patient (Krupa – Wojciechowska; 1997). Introduction of no pharmacological treatment’s methods includes: a) Body mass reduction; b) Limit of salt consumption; c) Limit of drinking alcohol and smoking; d) Bigger content of calcium, magnesium, and potassium in diet; e) Better physical active (Swales; 1997).


160

2. MATERIAL AND METHODS OF RESEARCH 2.1. RESEARCH DESCRIPTION The aim of research was to present that Indoor Cycling classes make blood pressure lower. Indoor Cycling (IC) is a form of group classes consist in dynamic special cycling – Tomahawk bike – with accompany of motivating music monitored by educated instructor. Foundation of IC is cycling as sport discipline. Within the years, marketing changes and clients needs changed the discipline into group training, what enforced the heart – vessel system. Similarly to fitness, IC classes are accompanied by special music, which describes the rate and makes special techniques (positions) easier to perform. Year by year, classes became less strenuous and available for sportsmen and also for beginners and no sportsmen. Tomahawk bikes are used for IC classes. ”Tomahawk offers possibilities to reach the best training results and maximum advantages for health and efficiency in motivated atmosphere in group classes” (Tomahawk book). Classes started on 4th of January 2010 and completed on 31st of March 2010. It took place three times a week: Monday, Wednesday and Fridays from 1 p.m. till 5 p.m. Indoor Cycling classes are performed in stages. I stage – rate BPM 50 – 110, II stage - rate BPM 50 – 120, and III stage - rate BMP 50 – 130. Each stage lasts one month, so I stage from 4th of January 2010, II stage from 1st of February 2010 and III stage from 1st of March 2010 to 31st of March 2010. The aim of this rate is better efficiency of heart – vessel system, but also less blood pressure after classes. Additional profits of this kind of classes are: a) Better chattel of lower limbs; b)Reinforcement of lower limbs and other parts of mussels; c) Reduction of body mass with better metabolism process. Additionally, class instructor obliges participants to pressure’s measuring before and after Indoor Cycling classes. Pressure’s increase measuring is very important during hard effort and its decrease after effort.


161

2.2. MATERIAL OF RESEARCH Research material concerned age groups between 60’ and 70’. All of them came from Rzeszow. It was a group, where problems with hypertension were diagnosed. In research group were people, who constantly took chemicals for hypertension. There was no introduced special diet and pharmacological therapy was not stopped.

2.3. METHODS OF RESEARCH Pressure measurement was performed before and after classes. Measurement was lead on left wrist. Measurement of the blood pressure was with sphygmomanometer (pressure gauge) with automatic method application (Korotkowa). Measurement was applied with pressure gauge - OMRON.

Figure 1 - AUTOMATIC, NUMERICAL PRESSURE GAUAGE TO BLOOD PRESSURE MEASURING (LEAD ON LEFT WRIST) Source: http://www.sklep4u.com/pokaz_produkt.php?idprod=157

Blood pressure measurement was performed in sitting position after 5 minutes of rest. Researched person didn’t smoke and drink coffee one hour before research. Measured hand was founded on stable base and arm was situated on heart height. Pressure gauge was situated 5 – 10 millimeter from left wrist. Correct value of pressure is between 120 – 129 mm Hg for pressure, but for researched person it


162

was between 120 – 159 mm Hg. Pulse measurement is performed before, during and after classes. For this aim, pulse meter was used for bike training PM 25 of German production BEURER. Each person taking part in classes took on himself package of two elements for pulse measurement. This package consisted of hand watch and strap gauge. The strap with pulse measurement device was applied on naked body. Appropriate pulse value depends on age patient and physical effort. Patient, who is over 60 years old has about 77 per minute pulse value.

2.4. RESEARCH QUESTIONNAIRE Research questionnaire was performer among groups of patients to get basic information. Questionnaire is divided into two parts. First one is a meter part consist of 6 questions to get information about living situation. Second part consists in 12 questions to get information about hypertension. Questionnaire is attached to this research article, 30 respondents answered the questionnaire.

2.5. RESEARCH HYPOTHESIS: I. Indoor Cycling classes have positive influence on decrease of tension. II. Indoor Cycling classes have positive influence on better tolerance of effort. III. Indoor Cycling classes have positive influence on strength of lower limbs.

3. RESEARCH ANALYZE 3.1. QUESTIONS CONCERNING HYPERTENSION. Question concerning heredity of hypertension by the patients. 70% of researched patients is of the opinion that hypertension is hereditary, but 30% of researched patients is not of the following opinion (table 1). Question concerning taking pills. 76,7% of researched patients take pills, but 23,30% of researched patients is not of the following opinion (table 2).


163

Table 1: Heredity of hypertension Heredity Non - Heredity In general

Important

Frequency

Percentage

21 9 30

70,0 30,0 100,0

Source: Own researches

Table 2: Taking pills

Important

Taking No Taking In general

Frequency

Percentage

23 7 30

76,7 23,3 100,0

Source: Own researches

Question concerning constant medical control. 93,3% of researched patients is under constant medical control, but 6,7% of researched patients is not of the following opinion (table 3). Table 3: Medical control

Important

Yes No In general

Frequency

Percentage

28 2 30

93,3 6,7 100,0

Source: Own researches

Question concerning salt consumption. 13,3% of researched patients abuse salt, but 86,7% of researched patients don’t abuse and limits salt consumption (table 4). Table 4: Salt consumption

Important

Yes No In general

Frequency

Percentage

4 26 30

13,3 86,7 100,0

Source: Own researches

Question concerning lard and butter consumption. 53,3% of researched patients use one product every day, but 46,7% of researched patients don’t use any of the following product (table 5). Question concerning coffee consumption. 76,7% of researched patients drinks coffee, but 23,3% of researched patients don’t drink coffee (table 6).


164

Table 5: Lard and butter consumption Frequency

Important

Percentage

Yes 16 No 14 In general 30 Source: Own researches

53,3 46,7 100,0

Table 6: Coffee consumption Frequency Important

Percentage

Yes 23 76,7 No 7 23,3 In general 30 100,0 Source: Own researches

Question concerning smoking cigarettes, 16,6% of researched patients smokes cigarettes, but 83,3% of researched patients don’t smoke (table 7). Table 7: Smoking cigarettes Important

Yes No In general

Frequency 5 25 30

Percentage 16,7 83,3 100,0

Source: Own researches

Question concerning cholesterol. According to concentration in blood, one of three answers should be marked. According to table 8, 6,7% have low cholesterol concentration in blood, 33, 3% have high cholesterol concentration in blood and rest of researched 60% have normal cholesterol concentration in blood. Table 8: Cholesterol

Important

Low High Normal In general

Frequency

Percentage

2 10 18 30

6,7 33,3 60,0 100,0

Source: Own researches

Table 9: Life quality Important

Satisfied Not satisfied In general

Frequency 26 4 30

Percentage 86,7 13,3 100,0


165 Source: Own researches

Question concerning life quality, 86,7% of researched patients are satisfied of life quality, but 13,3% of researched patients are not satisfied of life quality (table 9). Finally, in the last question (table 10) concerning influence of physical activity on quality of life among patients all respondents have said “the life quality depends on physical activity”. Table 10: Physical activity

Important

Frequency Percentage Active 30 100,0 Not active 0 0,0 In general 30 100,0 Source: Own researches

Figure 2 - Pressure description before and after classes LEGEND: Wartość – Value; Numer obserwacji – Number of observation; FIRST LINE- PRESSURE MEASURED BEFORE CLASSES; SECOND LINE in BOLD- PRESSURE MEASURED AFTER CLASSES; THIRD LINE (tenue color)- PULS MEASURED AFTER CLASSES.


166

Figure 2 represents measures of blood pressure before and after physical classes and pulse after classes, SPSS 17.0 program was used. First line it is the pressure before classes. Some hesitations can be caused by: stress, fast life rate, lack of pills, lack of sleep, weather condition and general self comfort. Second line in bold it is the pressure after classes and some hesitations can be noticed as well. Hesitations are not so big as before classes, where effort appeared. There are noticed some reasons: self comfort, change from I to II stage and in consequence higher effort and stress in first stage. Third line is a pulse line after classes. Some hesitations are caused by higher time effort in next stage. Time Rest after effort has not changed Turing the research and it was 5 minutes. Table 11: Statistics

N

U2_1

U2_2

U4_1

U4_2

Important

23

23

23

23

Lack of data

0

0

0

0

Average

143,48 126,35

84,83

75,17

Median

144,00 129,00

89,00

75,00

129

90

70

7,171

8,547

5,254

Dominant

140

Standard deflexion 7,083 Minimum

130

108

69

65

Maksimum

152

140

99

85

Between 8 and 9 week of research one can noticed higher pressure. It was caused by change from II to III stage of research. Next part of chart shows lower tendency. Similarly is pulse, where its value is between 80 and 100 per minute. Between 8 and 9 week of research one can noticed higher pulse. It was caused by to next stage of research. Table 11 shows the pressure value before and after research. One can noticed that at the beginning of research pressure value was higher than in the end of research, hypothesis was confirmed.


167

4. CONCLUSIONS After Indoor Cycling classes, decrease of tension to physiological value was noticed. After Indoor Cycling classes, better regeneration (observation of measured tension) was noticed. After Indoor Cycling classes, better tolerance of effort was noticed. Presented material research doesn’t indicate directly that Indoor Cycling classes strongly decrease tension amongst patients with hypertension. Performed researches present eventual possibility that this kind of activity can influence on better health condition amongst patients with hypertension, but these researches should be continued on bigger group of patients and longer lasting time. At present situation this kind of innovatory researches are difficult to be compared, because no research group performed similar researches so far.

BIBLIOGRAPHY Angielski S. 1985. Biochemia kliniczna i analityczna. Państwowy Zakład Wydawnictw Lekarskich, Warszawa. Bochenek A., Reicher M. 2009. Anatomia człowieka. Tom III. Wydawnictwo PZWL, Warszawa; Detilleux M. 2007. Nadciśnienie tętnicze. Przyczyny. Powikłania. Leczenie. Porady na co dzień. Wydawnictwo Bauer – Welbild Media, Warszawa; Faulchaer H. D. 2007. Nadciśnienie tętnicze. Rozpoznanie. Zapobieganie. Leczenie. Wydawnictwo Bauer – Welbild Media, Warszawa; Januszewicz A. 1997. Nadciśnienie tętnicze. Wydawnictwo Medycyna Praktyczna, Warszawa; Kaplan N. M. 2001. Nadciśnienie tętnicze i choroby współistniejące: rola blokady receptorów α – adrenergicznych. Wydawnictwo Naukowe PWN, Warszawa. Konturek S. 2001. Fizjologia człowieka. Tom II. Wydawnictwo Uniwersytetu Jagiellońskiego, Kraków. Krupa – Wojciechowska B., Rutkowski B. 1997. Nadciśnienie tętnicze w codziennej praktyce. Wydawnictwo Medyczne MAKmed, Gdańsk; Lewiński W. 1996. Anatomia i fizjologia człowieka. Wydawnictwo Operon, Reda. Michajlik A. 2000. Anatomia i fizjologia człowieka. Wydawnictwo Lekarskie PZWL, Warszawa. Pasierski T., Grodziński T. 1999. Choroba nadciśnieniowa serca. Wydawnictwo Medycyna Praktyczna, Kraków; Sloane Philips, D. 1998. Medycyna rodzinna. Wydawnictwo Urban & Partner. Wrocław. Swales J. D. 1997. Nadciśnienie tętnicze. Vademecum. Wydawnictwo α-medica Press, Bielsko – Biała; Szczeklika A. 2005. Choroby wewnętrzne. Przyczyny, rozpoznanie i leczenie. Tom I. Wydawnictwo Medycyna Praktyczna, Kraków. Woźniak W. 2003. Anatomia człowieka. Podręcznik dla studentów i lekarzy. Wydawnictwo Medyczne Urban & Partner, Wrocław; Sportowy Styl 2010 , Bike Action 2009/ 2010, Bike Board 2010 EU Working Group “Sport and Health” (2008) EU Physical Activity Guidelines. Available at: http://ec.europa.eu/sport/what-we-do/doc/health/pa_guidelines_4th_consolidated_draft_en.pdf U.S Department of Health and Human Services (2008). 2008 Physical Activity Guidelines for Americans. Available at: http://www.health.gov/PAGuidelines/pdf/paguide.pdf WHO (2002). Move for Health. Available at: http://www.who.int/moveforhealth/en.


Â


169

MODELOS DE GESTIÓN DEL ENOTURISMO EN LA D.O. RIBERA DEL DUERO

MODELOS DE GESTIÓN DEL ENOTURISMO EN LA D.O. RIBERA DEL DUERO MODELOS DE GESTIÓN DEL ENOTURISMO EN LA D.O. RIBERA DEL DUERO Mónica Matellanes Lazo (mmatellanes@uemc.es) *

RESUMEN En los últimos años el fenómeno enoturístico está presente en varios entornos de las comunidades españolas como son la D.O. Ribera del Duero y la D.O.C. La Rioja, convirtiéndose en una importante herramienta de gestión de la imagen de zonas rurales y turísticas que se tenían olvidadas y abandonadas en la mente del turista ó viandante. Se presentan entonces varias alternativas de compartir el vino con interesantes actividades de ocio, que conllevan al disfrute cultural y enológico de una zona con importantes posibilidades de integración en una Ruta de Vino. Actualmente la D.O.C. Rioja cuenta ya con dicha certificación, mientras que la D.O. Ribera está en proceso de creación. Gracias al enoturismo, la comarca, el pueblo y la comunidad se ve favorecida en la difusión de sus productos locales, así como la mejora de su imagen turística nacional e incluso internacional. La posibilidad de pertenecer a una Ruta de Vino determinada, implica la mejora de sus infraestructuras, coordinación de instituciones tanto públicas como privadas y el esfuerzo de gestores, profesionales y bodegueros del sector. Una labor ardua, pero no imposible que con trabajo constante puede suponer una alternativa para favorecer el consumo de turistas y ventas de vino frente a la situación actual de crisis financiera. Palabras Clave: D.O. Ribera del Duero, Gestión Enoturística, Bodega, Calidad, Comunicación Corporativa.

ABSTRACT In recent years the wine tourism phenomenon is present in various community settings such as the OJ Spanish Ribera del Duero and D.O.C. la Rioja, becoming an important tool for image management and tourism in rural areas that were neglected and abandoned in the mind of the tourist or traveler.


170

Then several alternatives are presented to share the wine with interesting leisure activities that lead to cultural enjoyment and wine in an area with significant potential for integration into a wine route. Currently D.O.C. Rioja already has such certification, while DO BANK is in the process of creating one. Thanks to wine tourism, the county, town and community is favored in the distribution of local products and improve its tourist image nationally and even internationally. The possibility of belonging to a particular Wine Route, involves the improvement of its infrastructure, coordination of public and private institutions and the efforts of managers, professionals and winemakers in the industry. A difficult task, but not impossible with constant work may provide an alternative to encourage the consumption of tourists and wine sales compared to the current financial crisis. Keywords: D.O. Ribera del Duero wine tourism management, warehouse, quality, corporate communications.

RESUMO Nos últimos anos, o fenómeno do turismo do vinho está presente em vários espaços da comunidade, como o espanhol JO Ribera del Duero e D.O.C. La Rioja, tornando-se uma importante ferramenta para a gestão da imagem e do turismo em áreas rurais que foram negligenciadas e abandonadas na mente do turista ou viajante. Em seguida, várias alternativas são apresentadas para compartilhar o vinho com actividades de lazer interessante que levam à fruição cultural e de vinho em uma área com potencial significativo para a integração em uma Rota do Vinho. Actualmente D.O.C. Rioja já tem essa certificação, enquanto DO Banco está em processo de criação. Graças ao turismo do vinho, o concelho da cidade, ea comunidade é favorecida na distribuição de produtos locais, e melhorar a sua imagem turística a nível nacional e mesmo internacional. A possibilidade de pertencer a uma determinada rota do vinho, envolve a melhoria da sua infraestrutura, a coordenação das instituições públicas e privadas e os esforços dos gestores, profissionais e produtores do setor. Uma tarefa difícil, mas não é impossível com um trabalho constante pode oferecer uma alternativa para incentivar o consumo dos turistas e das vendas de vinho em comparação com a actual crise financeira. Palavras-Chave: D.O. Ribera Del Duero, Gestão do Turismo do Vinho, Armazém, Qualidade, Comunicação Corporativa.


171 Mónica matellanes lazo es doctora en ciencias de la información por la Universidad de Valladolid. Es profesora adjunta de la Universidad Europea Miguel de Cervantes de valladolid (España), donde imparte diferentes asignaturas como marketing estratégico, creatividad publicitaria y publicidad exterior. Ha dirigido más de veinte proyectos y ha participado en la redacción de varios artículos relacionados con el mundo de la comunicación en el sector vitivinícola.

Submetido: 5 Março 2010 Aceite: 9 Setembro 2010


172

1. INTRODUCCIÓN La Ruta del vino de la D.O. Ribera del Duero recorre el corazón geográfico de la península ibérica y de Castilla y León. Invita a disfrutar del paisaje, la gastronomía y los placeres de los buenos caldos. Es el río Duero el que baña toda esta zona como permanente compañero de viaje; paisajes horizontales donde se entremezclan los tonos verdes y ocres de la vid, el trigo y los pueblos; piedras con siglos de historia que hablan de un pasado de conquistas, esplendor y fe; gastronomía de sabores intensos; bodegas con encanto, en su mayoría familiares, donde el vino es sagrado. Se cuida, se mima, se ama. En tiempos de fenicios y romanos ya eran famosas las bondades y la calidad de los caldos de Ribera del Duero. Y de aquella época aún se conservan bellísimos mosaicos romanos con motivos ornamentales que homenajean al dios Baco. Aunque no será hasta la Edad Media, en torno al siglo X, cuando las órdenes monásticas empezaron a propagar la cultura del vino. Los monjes del Císter, de acento francés, se encuentran tierras yermas y se dedican en cuerpo y alma a cultivarlas. Ellos mismos labraban, trabajaban sus cepas borgoñesas y elaboraban los vinos. Los vinos de Ribera del Duero han ido adquiriendo con el paso del tiempo una personalidad propia. Tintos y rosados expresivos, elegantes, estructurados, de taninos nobles, de gran intensidad, complejos y de colores encendidos. En los últimos diez años la Ruta del Vino Ribera del Duero ofrece al visitante una oferta enoturística importante a través de sus más de 300 bodegas repartidas por toda la geografía de la Ribera. En los inicios de la Denominación1 fueron muchas las bodegas que comenzaron con un modelo de gestión familiar y tradicional amparado por los métodos más naturales y caseros ofreciendo una esencia auténtica del terruño y de la autenticidad artesanal de sus vinos, pero en los últimos años numerosos grupos empresariales han empezado a desarrollar novedosas gestiones de turismo en la zona. De este modo, el modelo tradicional se ha visto relegado a un segundo plano y las grandes bodegas con fuertes inversiones en producción, marketing, publicidad e infraestructuras han conseguido atraer a numerosos públicos,

Finales de los años setenta y principios de los ochenta.

1


173

independientemente incluso de la calidad de los productos que éstas puedan ofrecer.

2. METODOLOGÍA Se han tomado como ejemplo dos bodegas ubicadas en la Denominación de Origen Ribera del Duero; una de ellas situada en Pedrosa de Duero, provincia de Burgos y otra emplazada en San Bernardo de Duero, provincia de Valladolid. La organización y planificación departamental, la estructura de cada bodega, así como la filosofía y cultura empresarial de cada una de ellas y el funcionamiento del Departamento de Gestión, Marketing y Comunicación, son aspectos fundamentales que las diferencian. Bodega Hnos. Pérez Pascuas situada en la provincia de Burgos es una empresa vitivinícola familiar y tradicional que fue pionera en la configuración de la Denominación de Origen Ribera del Duero en el año 1982. Por el contrario, el Grupo empresarial de bodegas Matarromera, versa su filosofía en una estructura más empresarial y diversificada. A lo largo del año 2009 se contactó con los dueños de las bodegas para realizarles una entrevista2 con cinco preguntas abiertas para tratarlas de forma cualitativa. Para proceder al análisis y comparativa de ambos modelos de gestión se utilizaron documentos internos y consultas a los profesionales de los departamentos de dichas bodegas. Otro aspecto fundamental y a destacar que se tuvo en cuenta fueron los criterios de calidad y seguridad aplicados a los procesos de producción y gestión que se llevaban por parte de ambas entidades y así, determinar si los aspectos de calidad influyen en la mejora de la imagen exterior de las empresas vitivinícolas. Más criterios estudiados fueron la estructura departamental de las bodegas, acciones de comunicación puestas en marcha y la cartera de productos y marcas de cada una de ellas.

2 Entrevista no estructurada con cinco preguntas abiertas que trataba sobre parámetros de calidad puestos en marcha, acciones de comunicación y promoción de la bodega, cartera de productos, estructura departamental de la empresa, diagnóstico y grado de desarrollo del enoturismo en la empresa.


174

2.1. GESTIÓN DEL ENOTURISMO EN BODEGAS HNOS. PÉREZ PASCUAS, S.L. En Bodegas Hnos. Pérez Pascuas3, el enoturismo es un fenómeno de importancia creciente en la gestión de la bodega, debido a su contribución en la consecución de las metas establecidas, siendo una de ellas el incremento del volumen de ventas. La gestión del enoturismo de la bodega se basa en los siguientes puntos: -Acercamiento directo a clientes reales y potenciales, obteniendo así un importante feedback4. -Proporcionar una buena imagen de la bodega. -Dotar al vino de un valor añadido. El enoturismo es una forma de alternativa de turismo que compite y complementa a otras muchas actividades que constituyen el mercado del tiempo libre, siendo el enoturismo una actividad de ocio, y también en otros muchos casos una tarea profesional, que se puede calificar como: Didáctica, cautivadora, interesante, cultural, flexible e interactiva (Toribio, 2007). En palabras de Pérez Pascuas5 (2009) la idea es bastante clara:

“Nosotros creemos que no se trata de una moda, sino que es una alternativa sólida de turismo, relativamente reciente en España, y con un largo camino por recorrer dado el levantamiento de fronteras y la apertura de mercados”.

En el caso de esta bodega familiar de la Ribera del Duero, el enoturismo ha aumentado de manera muy notoria durante los últimos tres años, sucediendo lo mismo en los alrededores. Este nuevo fenómeno ha afectado sin duda al entorno de Pedrosa de Duero como en la construcción y explotación de alojamientos rurales, apertura de nuevos restaurantes donde disfrutar de la gastronomía típica de la zona acompañada de los vinos de la correspondiente D.O., apertura de Centros enoturísticos, dinamización histórica-cultural (apertura de museos, restauración de monumentos,...), cursillos de formación en

3 Para ver más información y obtener datos de la bodega consultar en: http://www.vinapedrosa.com/ 4 Proceso de retroalimentación de la información entre la bodega y sus clientes. 5 Entrevistas realizadas a Manolo Pérez Pascuas (Gerente y Bodeguero) y Adolfo Pérez Pascuas (Director Comercial).


175

materia vitivinícola (Inversión en capital humano), mejora de la red de infraestructuras, intercambio de personal con bodegueros de otros países, inversión de capital exterior, aumento del PIB6, creación de empleo y crecimiento de la población rural.

Figura 1. Exteriores de la bodega Hnos. Pérez Pascuas, S.L. en Pedrosa de Duero – Burgos. Fuente: imágenes facilitadas por el departamento de Marketing y Comunicación de la bodega.

El cuidado por los clientes y las relaciones de la bodega con sus proveedores y públicos, es el valor fundamental y el pilar de Bodegas Hnos. Pérez Pascuas en sus diferentes actuaciones de empresa. Sus puntos fuertes son aprovechados en su Plan Estratégico de Gestión y de Comunicación que se explica a continuación. Su Plan de Gestión se centra principalmente en una transparente y directa política relacional, la bodega es la base para la organización de actividades sociales. Dicha política relacional, se encuentra apoyada por las siguientes actividades de gestión comercial y de marketing: - Asistencia a Ferias y Catas de carácter nacional e internacional. - Campañas publicitarias en Televisión y Radio fundamentalmente. - Participación en concursos. - Aparición en portales de Internet. - Publicidad en revistas especializadas. - Patrocinio de actividades deportivas y mecenazgo de actividades culturales.

6

Producto interior bruto.


176

- Criterios y Certificaciones de Calidad: actualmente la bodega aún no cuenta con ningún tipo de certificación de calidad, pero se está trabajando en ello. Por lo que en un futuro próximo (medio plazo) pueda establecerse algún tipo de certificación y Plan Integral de Prevención de Riesgos Laborales. En lo que respecta a la Política y gestión de la Comunicación seguida por la bodega, se puede señalar lo siguiente: - Redacción y Publicación en medios regionales y nacionales de notas de prensa de relevancia social. - Organización de jornadas de puertas abiertas todos los meses de junio o julio. - Próximo rodaje de una película que tiene como argumento central el mundo del vino, en los viñedos y bodega. - Concesión de entrevistas radiofónicas y televisivas. - Ponencias y cursillos impartidos por el equipo técnico de la bodega. - Próxima publicación de una revista de carácter semestral o anual con las noticias donde se muestren de forma resumidas las noticias más relevantes que se han producido en bodega durante dicho periodo de tiempo. Previsiones para el futuro en Bodegas Hnos. Pérez Pascuas, S.L.. Partiendo del año 2009, esta bodega se plantea como metas a corto plazo las siguientes: - Viñedo: seguir plantando 3 hectáreas por año, por lo tanto ampliar sus extensiones de viñedo. - Bodega: ampliar el dormitorio de botellas en 3.000 m² y renovar 5.000 barricas cada año. Éste es un factor muy importante ya que la bodega mantiene las barricas como máximo 3 años para asegurar la calidad del vino. También se está invirtiendo en la creación de nuevas instalaciones para las oficinas de administración y comercial. - Construcción de una depuradora de agua para la embotelladora de vino. - Contratar a personal cualificado en el ámbito comercial, administrativo y de exportación. - Integrarse en procesos y certificaciones de calidad de la empresa.


177

- Mantener cuotas de mercado nacionales y aumentar en un 10% las exportaciones. Metas a medio plazo: - Invertir en innovación, desarrollo e investigación colaborando con profesionales del sector vitivinícola. - Elaborar y diseñar una revista corporativa, comunicando noticias de la bodega. - Potenciar el Departamento de Marketing y Comunicación de la bodega. Metas a largo plazo: - Colaborar y trabajar conjuntamente con otros bodegueros en la creación de una nueva bodega en otra Denominación de Origen a nivel nacional.

2.2. GESTIÓN DEL ENOTURISMO EN BODEGAS GRUPO MATARROMERA, S.A. Para comprender y comprobar de forma más evidente las diferencias entre los dos modelos de gestión del enoturismo tomados como objeto de estudio y análisis, Grupo Matarromera7 aporta el Manual de Responsabilidad Social Corporativa que comenzó a elaborar y a poner en práctica en el año 2000. A través de este Manual se comprueba cómo todos los aspectos de estructura departamental de la empresa, filosofía empresarial, valores y criterios de calidad quedan recogidos de forma clara, dejando patente su estrategia de gestión y posicionamiento como una de las pymes líder en su sector. Se trata de una empresa adaptada a las necesidades de una realidad competitiva y pionera en crear nuevas iniciativas en su visión estratégica de enoturismo. Este primer informe de Responsabilidad Corporativa, significa el compromiso de Grupo Matarromera en informar detalladamente de la

7 Para obtener más información del Grupo de bodegas consultar en: http://www.grupomatarromera.com/


178

forma que entiende y lleva a la práctica, su compromiso con todos los colectivos8 con los que se relaciona. En la entrevista mantenida con el Presidente de Grupo Matarromera, Carlos Moro en junio de 2009, éste amplía su opinión sobre la necesidad de mantener y desarrollar en la empresa, un Manual de Responsabilidad Corporativa9 de la siguiente manera:

“Para nosotros supone un compromiso con una forma de actuar correcta, ética y eficientemente con todos los sectores con los que, directa o indirectamente, nos relacionamos, tomando en consideración todas las dimensiones de nuestra actividad. La económica, la humana, la social y la medioambiental, para lograr llegar al objetivo final, es necesario el esfuerzo de todas las unidades y profesionales que componen el Grupo Matarromera, y estoy seguro que asumen como propio la Responsabilidad Social Corporativa10” (Moro, 2009). A partir de la documentación prestada en Grupo Matarromera sobre sus informes de Calidad y análisis del Manual de Responsabilidad Social Corporativa, se han podido utilizar como material para establecer posteriormente una comparativa con el modelo de gestión de enoturismo de Bodegas Hnos. Pérez Pascuas.

2.2.1. LOS CRITERIOS DE CALIDAD EN GRUPO MATARROMERA, S.A. Grupo Matarromera S.A., asume el compromiso de mantener un sistema de gestión empresarial del que forma parte la Gestión de la Calidad dentro del ámbito de sus procesos y actividades relativas a elaboración, crianza, embotellado y comercialización de vino en varias DD.OO. (entre ellas D.O. Ribera del Duero, D.O. Cigales, D.O. Rueda y D.O. Toro). Así mismo, se pretende extrapolar dicho compromiso con

8 Diferentes públicos tanto externos como internos con los que se relaciona en su vida empresarial. 9 Sanz de la Tajada (1994:53), entiende que la existencia de un Manual de Responsabilidad Corporativa facilita la integración de la identidad y de la imagen de la empresa. 10 Grupo Matarromera identifica y trabaja sobre cinco dimensiones principales dentro de sus bodegas. Son: aspecto económico, humano, social, cultural y ambiental.


179

los aguardientes, licores y brandies elaborados con orujos de máxima calidad de las mejores bodegas de la Ribera del Duero. Para cumplir totalmente con este propósito, las bodegas, mantienen implantado un Sistema de Calidad conforme a la norma UNEEN-ISO-9001:2000: Comunicación y Marketing, observando para ello los requerimientos internos que están previstos en la misma. En este sentido, la Dirección ha nombrado un Responsable de Calidad miembro de su propia dirección quien, actuando por delegación de ésta e independientemente de otras responsabilidades funcionales, posee la autoridad, responsabilidad y libertad necesaria para cumplir las siguientes funciones: Asegurar la implantación y mantenimiento de los procesos necesarios para el sistema establecido. Reconocer posibles problemáticas de calidad y proponer e implantar soluciones. Vigilar que, en todos los departamentos, se aplican adecuadamente las directrices del Sistema de Calidad con un triple enfoque: prevención, mejora continua y toma de conciencia de los requisitos del cliente. Informar del funcionamiento del sistema a la Dirección para poder efectuar la revisión del mismo. Moro (2009) reconoce que una eficaz Política de la Calidad es parte integrante y fundamental de los procesos constitutivos de la actividad empresarial, de modo que se requiere de la participación de todo el personal del grupo empresarial a fin de conseguir que sus actividades, procesos y productos alcancen la calidad y fiabilidad que demanda la plena satisfacción de sus clientes. Anualmente la Dirección de la empresa define y difunde convenientemente sus compromisos y objetivos en materia de calidad, identificando y proporcionando los recursos técnicos, económicos o humanos necesarios para su logro. En su entrevista, Moro11 (2009) resalta como principio y constante importante de su filosofía empresarial en cuanto al tema de calidad lo siguiente: “La aplicación de métodos empresariales que permitan el

seguimiento y mejora de nuestros procesos mediante el análisis y evaluación de los logros alcanzados, es una constante de nuestra

11

Presidente del Grupo de Bodegas Matarromera S.A.


180

responsabilidad corporativa que revierte, necesariamente, en el compromiso mutuo con nuestros clientes”. 2.2.2. CERTIFICADO A.P.P.C.C. DE GRUPO MATARROMERA, S.A. Las bodegas de Grupo Matarromera, S.A.; Bodega Matarromera, S.L. (D.O. Ribera del Duero), Bodega Emina, S.L. (D.O. Ribera del Duero), Agricultura y Bodega Renacimiento, S.L. (D.O. Ribera del Duero), Bodega Valdelosfrailes, S.L. (D.O. Cigales), Bodega Cyan, S.L. (D.O. Toro), cumplen todas ellas con el protocolo de A.P.P.C.C. (Análisis de Peligros y Puntos de Control Críticos) acorde a la Política de Calidad de la Normativa Internacional UNE-ISO 9001:2000: El Real Decreto 2207 / 1995, de 28 de diciembre, por el que se establecen las normas de higiene relativas a los productos alimenticios (BOE nº 50 de 27 de febrero de 1996), establece en su artículo 3, apartado 2: Las empresas del sector alimentario deberán identificar cualquier aspecto de su actividad que sea determinante para garantizar la higiene de los alimentos y, velarán por que se definan, se pongan en práctica, se cumplan y se actualicen sistemas eficaces de control adecuados, de acuerdo a los principios en los que se basa un sistema APPCC (Análisis de Peligros y Puntos de Control Críticos). El objeto del sistema de A.P.P.C.C consiste en la identificación de los riesgos y Puntos de Control Críticos y en la definición de un sistema de control y seguimiento para asegurar el control de los PCC12 identificados, las medidas preventivas y/o correctivas necesarias para mantener cada PCC bajo control, y un procedimiento de verificación periódica, para comprobar que el sistema funciona correctamente. Asimismo, se establece la sistemática para asegurar la formación continuada de los manipuladores, así como el plan de desinsectación y desratización y la sistemática establecida para el mantenimiento y limpieza de equipos e instalaciones. El alcance del sistema APPCC abarca el proceso de vendimia, transporte, elaboración, crianza en barrica y botella y embotellado del vino en todas las sedes pertenecientes a Grupo Matarromera, S.A.

Puntos de Control Críticos.

12


181

Como puede apreciarse los controles y criterios de calidad en todo el Grupo Matarromera S.A., son una de las consideraciones más importantes llevadas a cabo dentro de la gestión empresarial de todo el Grupo de bodegas. Es importante destacar que dentro de la D.O. Ribera del Duero, las bodegas del Grupo que se encuentran en esta Denominación de Origen de Castilla y León, son de las pocas bodegas que cuentan con esta Normativa Internacional UNE-ISO 9001:2000 y la integración del sistema APPCC. - Presencia Internacional Todos los productos del Grupo Matarromera están destinados a la más alta restauración en todos los países del mundo, en estos momentos exporta el 40% de la producción, principalmente, en la Unión Europea, América del Norte y Central, Extremo Oriente. En total, 32 países. - El fenómeno del Enoturismo El turismo de interior está alcanzado unos ratios importantes y más aún cuando se conjugan varios aspectos artísticos y gastronómicos. El Grupo Matarromera ha decidido apostar por esta modalidad de turismo. Es evidente la riqueza cultural y medioambiental que rodean a cada una de las tres bodegas, de la Ribera de Duero, que el Grupo tiene. Ante este planteamiento y debido a la enorme demanda que este tipo de producto turístico está teniendo, Matarromera ha creado una oferta turística en el Bajo Duero que engloba todas las necesidades que un visitante puede demandar. Casas rurales, restaurantes, bodegas y un rico patrimonio artístico y cultural. El rico patrimonio artístico del Bajo Duero, con el Monasterio de Santa María de Valbuena, como claro ejemplo de la construcción de la época del Císter, que recientemente ha sido restaurado para convertirse en sede administrativa de las Edades del Hombre, o el valioso retablo renacentista, considerado como uno de los más bellos de la región, situado en la localidad de Olivares de Duero son dos de las propuestas artísticas que se proponen para un fin de semana en el Bajo Duero. Además de ello, Emina patrocina a la Universidad de Valladolid, en el yacimiento arqueológico Vacceo de Pintia, en Padilla de Duero (a tan sólo 15 kms de Peñafiel).


182

2.2.3. ACV DE GRUPO MATARROMERA, S.A. El análisis del ciclo de vida (LCA13) en agricultura se enfoca sobre todo en las consecuencias para el medio ambiente de emisiones y entradas de energía no renovables. Es decir, considera el impacto de todos los procesos agrícolas en un ciclo de vida del producto, de la extracción del recurso natural al uso y a la disposición del producto. Desde su origen como materia prima hasta su final como residuo, en el ciclo de vida de un producto se le atribuye cada uno de los efectos ambientales derivados del consumo de materias primas y las energías necesarias para su manufactura, además de las emisiones y residuos generados en el proceso de producción. En este caso se ha planteado el análisis de ciclo de vida para la bodega Emina, perteneciente al Grupo Matarromera, con el objetivo de mejorar medioambientalmente la producción de vino sin un perjuicio en el aspecto económico. Para ello se ha analizado desde el cultivo de la vid, hasta el proceso del trasporte de las botellas de vino producidas (Matellanes et al., 2008). - La Metodología del ACV: Se puede desarrollar un análisis del ciclo de vida para un proceso, un servicio o una actividad, considerando todas las etapas que constituyen su vida útil. - Definición y alcance de los objetivos. Esta etapa del proceso /servicio/actividad se inicia definiendo los objetivos globales del estudio, donde se establecen la finalidad del estudio, el producto implicado, la audiencia a la que se dirige, el alcance o magnitud del estudio (límites del sistema), la unidad funcional, los datos necesarios y el tipo de revisión crítica que se debe realizar (ISO 14040). - Análisis de Inventario. El ACV de un producto es una serie de procesos y sistemas conectados por su finalidad común de creación del producto. El análisis del inventario es una lista cuantificada de todos los flujos entrantes y salientes del sistema durante toda su vida útil, los cuales son extraídos del ambiente natural o bien emitidos en él, calculando los requerimientos energéticos y materiales del sistema y la eficiencia

Acrónimo en inglés.

13


183

energética de sus componentes, así como las emisiones producidas en cada uno de los procesos y sistemas (ISO 14041). - La evaluación de impacto. Según la lista del inventario, se realiza una clasificación y evaluación de los resultados del inventario y se relacionan sus resultados con efectos ambientales observables (ISO 14042). - La interpretación de resultados. Los resultados de las fases precedentes son evaluados juntos, en un modo congruente con los objetivos definidos para el estudio, a fin de establecer las conclusiones y recomendaciones para la toma de decisiones (ISO 14043). El método del ACV es de carácter dinámico, y las cuatro etapas en las que se realiza están relacionadas entre sí, por lo que a medida que se obtienen resultados, se pueden modificar o mejorar los datos, las hipótesis, los límites del sistema o los objetivos, lo cual exige un recálculo. Este hecho, más la gran cantidad de datos históricos que se deben poseer para realizar un ACV, demuestran la necesidad de contar con una herramienta informática. Se han elaborado además documentos técnicos para ayudar a la elaboración de estudios de ACV como son: ISO TR 14047 (2002): proporciona un ejemplo de cómo aplicar la norma ISO 14042 (ISO14047, 2002). ISO/CD TR 14048 (2002): este documento proporciona información en relación con los datos utilizados en un estudio de ACV (ISO-14048, 2002). ISO/TR 14049 (1998): este informe técnico proporciona ejemplos para realizar un ICV de acuerdo con ISO 14041. Estos ejemplos deberán entenderse como no exclusivos y que reflejan parcialmente un ICV (ISO-14049, 1998). - Descripción de Procesos: Se ha dividido el ACV de la producción de vino en cuatro procesos: El cultivo de la uva, Elaboración del vino en la bodega, Embotellado y Transporte. El primer proceso contempla operaciones como la preparación del terreno, plantación del viñedo, laboreo, riego, fertilización, poda, recogida y transporte de la uva. En este proceso se ha tenido en cuenta los siguientes imputs: Gasóleo, alambre y estacas, fertilizantes y fitosanitarios y riego. En el segundo proceso, se ha supuesto que se elabora un vino medio tanto en calidad como en variedad. Para ello se ha tenido en cuenta tanto la energía como materiales utilizados: Dióxido de azufre para evitar fermentaciones inadecuadas, agua para limpieza de botellas,


184

fenoles como clarificantes y energía eléctrica estimando 0.1507 kWh por botella sin tener en cuenta el proceso de envasado. El proceso de embotellado puede que sea uno de los procesos más complejos ya que incluye lavado de botellas, llenado de vino, colocación del tapón, etiquetado y almacenamiento de botellas. Por último, en el proceso de transporte se ha tenido en cuenta tanto el transporte por carretera como el marítimo.

Figura 2. Diagrama de Red del Montaje de producción de la Bodega Fuente: Agricultura, Nº911 (2008)

Resultados: Para realizar los cálculos con el presente modelo, se ha empleado el método Ecoindicador´99 que es el más adecuado para la situación española. Así pues de las categorías de impacto según este método se ha seleccionado aquellas que producen una mayor carga ambiental (más del 1%). La influencia que tiene cada uno de los procesos se puede ver en la evaluación de daños y en las diferentes categorías de impacto de la tabla 1. La fase del cultivo de la uva causa el 64.9% de los impactos sobre todo en las categorías de utilización de la tierra y del combustible fósil. El siguiente proceso que genera más impacto es el embotellado y el transporte. El primero, en la parte de minerales por el uso de aluminio para el encapsulado y el segundo, en los respirados orgánicos e inorgánicos.


185

Respecto a la categoría de daño el cultivo supone un 64.9 % del total, fundamentalmente debido al uso de fertilizantes y combustible en maquinaria agrícola, mientras que el resto prácticamente es debido al proceso de embotellado y transporte del vino. El proceso del cultivo tiene una gran influencia en los ecosistemas, mientras que los otros dos tienen una gran importancia en la salud humana. Según esto el proceso del cultivo es el que tiene mayor impacto ambiental, por lo que se debería actuar sobre él para conseguir una mejora en el impacto. Se podrían tomar soluciones como un cultivo ecológico de la vid en el que se utilicen fertilizantes naturales muchas veces provenientes de la propia producción del vino en bodegas. En el proceso de envasado se pueden proponer envases aligerados, los cuales tienen la misma resistencia mecánica, con lo que se reduciría la cantidad de vidrio. También se podría utilizar materiales alternativos al aluminio como sustancia para encapsular. TABLA 1. EVALUACIÓN DE DAÑOS EN PORCENTAJES Elaboración Daño

de

de

Vino

en

categoría

Unidad

Total

Cultivo uva

Bodega

Embotellado

Transporte vino

Human Health

%

100

12,60973

10,01347

36,4698

40,907

Quality

%

100

92,11272

0,377632

5,43149

2,078156

Resources

%

100

43,57294

7,629985

30,06723

18,72984

Ecosystem

Fuente: Elaboración Propia a partir de los Resultados Obtenidos

3. RESULTADOS Se ha detectado que las dos bodegas tratadas desde el punto de vista de la gestión del enoturismo, Hnos. Pérez Pascuas, S.L. y Grupo Matarromera, S.A., a pesar de gozar de una buena imagen en su gestión, los medios y canales para conseguirlo no son los mismos. En el primer caso (Bodegas Hnos. Pérez Pascuas), puede decirse que efectivamente se mantienen y conservan los principios familiares y tradicionales de la bodega: 1. La Calidad del producto y la familiaridad que proyecta la bodega es la esencia de la misma y de la filosofía de su trabajo.


186

2. La Comunicación entre los propietarios y los empleados es fundamental en el trabajo diario, existiendo pocas barreras de feed back entre ellos. La comunicación es bastante transparente y transversal. 3. No existe una organización departamental organizada y de tipo descendente, es decir, dirigida por Directores de Departamentos. Esto no quiere decir que no se trabaje de una forma eficaz, la antigüedad, en cierto modo, define el cuadro de responsabilidades en cada uno de los Departamentos. 4. Los objetivos y metas de la bodega no son ambiciosos. Es una bodega puramente familiar en la que no opera ningún otro miembro accionista o socio. 5. La bodega no tiene aún un Manual de gestión de la calidad en los diferentes procesos de la misma. Tampoco dispone de certificaciones de calidad y Prevención de riesgos laborales. 6. Hnos. Pérez Pascuas, tan sólo gestionan una bodega y tres marcas de vinos (Viña Pedrosa, Cepa Gavilán y Pérez Pascuas) para varias categorías de vinos. No realizan una diversificación de producto, ya que su sector es únicamente el vinícola y vitivinícola (sólo elaboran vino y cultivan los viñedos; no otro tipo de productos a partir de la materia prima que es la uva). 7. El planteamiento de las estrategias y acciones de gestión y empresariales no se fijan con un planteamiento fijo. Son acciones que no se planifican rígidamente y son muy flexibles a lo largo del tiempo. No existe un calendario de actuación fijo (definido como timing). 8. Las estrategias se prefiguran a medio y largo plazo, a finales de la valoración económica de cada año. A partir de entonces, se plantean nuevas acciones, pero de forma general para el siguiente año. Sus previsiones a largo plazo no es crear sucesivas marcas y nuevas categorías de productos, es mantener fundamentalmente su posicionamiento de credibilidad a nivel nacional e internacional, colaborar en futuras inversiones, pero de una forma sostenida. 9. Las acciones y estrategias de comunicación son también flexibles a lo largo del tiempo y no existe un Plan de Gestión y Marketing desarrollado de forma fija e inamovible. 10. El Enoturismo es una actividad más, pero secundaria del trabajo y dedicación de la bodega. La prioridad principal es la calidad del producto y mantener la cartera de clientes, además de alcanzar mayores cuotas de exportación. No poseen una Identidad Corporativa y un Manual de Responsabilidad Social Corporativa definido; los propietarios de la bodega a través de su modo de comunicación hacia


187

sus diferentes públicos, son la mejor identidad de la bodega. Una identidad directa, clara y natural, basada en comunicación directa y sencilla. Dentro del desarrollo de la gestión del enoturismo, no tienen estrategias estructuradas y organizadas; la contratación de los servicios de una persona que se responsabilice del Departamento de Comunicación y la creación de excelentes instalaciones (Salón Social, tienda de vinos, enoteca, recepción, pinar natural para la celebración de eventos y comidas, viñedos junto a la bodega, parking, señalización de bodega, servicios para el turista), son las claves y los puntos fuertes del enoturismo, además del tratamiento personalizado y familiar de toda la bodega con los clientes. Las previsiones para el enoturismo en la bodega, son óptimas y rentables económicamente; proliferan la repetición de la visitas y de las nuevas a través de la buena comunicación de los clientes pertenecientes a la bodega. La bodega mantiene una buena base de datos de clientes fieles, tanto de consumidores finales, proveedores, compradores, distribuidores e importadores, por lo que la estabilidad de la bodega está garantizada para sucesivas generaciones, incluso en época de crisis. 11. La publicidad como acción incluida dentro del Plan de Gestión y Marketing, sólo se lleva a cabo de forma local y regional, en ocasiones puntuales y especiales como sucede durante las campañas de navidad en varios medios y soportes. La bodega Hnos. Pérez Pascuas, ha conseguido gracias a su propia personalidad familiar y natural, alcanzar una imagen reconocida y valorada en el sector del vino nacional e internacional. A pesar de no desarrollar todo su potencial en la planificación y creación de sistemas de calidad y elaborados planes de marketing y gestión enoturístico, la bodega logra desarrollar una excelente gestión del enoturismo de forma no intencionada. No obstante, siendo conscientes en la actualidad del gran desarrollo de este nuevo fenómeno en las bodegas de la D.O. Ribera del Duero, y de las garantías que ofrece a la actividad de la bodega, es muy posible que las previsiones a medio plazo puedan cambiar el rumbo y las acciones de Hnos. Pérez Pascuas. Se expone un informe Dafo de la situación actual de Bodegas Hnos. Pérez Pascuas, S.L.


188

TABLA 2. DAFO DE BODEGAS HNOS. PÉREZ PASCUAS, S.L. DEBILIDADES

FORTALEZAS

No existe un Plan Estratégico de Marketing definido.

Gran calidad del producto y alta cuota de exportación (55%).

Carecen de un Manual de gestión de la calidad.

Comunicación transparente propietarios y empleados.

Carece de un programa de prevención de riesgos laborales.

Buen posicionamiento e imagen entre su competencia y en el sector. Tanto a nivel nacional como internacional.

Metas y objetivos de la empresa poco ambiciosos.

Gran experiencia en el sector vitivinícola y bodega fundadora de la D.O. Ribera del Duero.

Poca planificación de las acciones comerciales y de los Planes de Comunicación.

Ejerce una buena comunicación con todos sus públicos: proveedores, distribuidores e importadores, clientes…, periodistas, especialistas del sector.., etc.

Escasas marcas y poca producción de vinos. No existe una gran diversificación de productos.

Alta fidelidad por parte de todos sus públicos y consumidores.

La gestión del enoturismo se encuentra en fase de desarrollo, pero de forma progresiva y lenta.

Importantes personajes de la vida social, política y religiosa consumen sus vinos y visitan las instalaciones.

Situación geográfica poco estratégica, ya que se encuentra a unos 83 kms de capitales de provincia (Burgos y Valladolid)

Gran entorno paisajístico en el que está situada la bodega.

y

directa

entre

Cuenta con profesionales de la comunicación y del turismo. AMENAZAS

OPORTUNIDADES

Gran competencia de marcas a precios más bajos y de bodegas con más experiencia en el enoturismo.

Diversificar más marcas y mercados. Creación de nuevas marcas y productos para nuevos y actuales clientes.

Saturación del mercado.

Sinergias comerciales con otras entidades bodegas para impulsar el enoturismo.

Influencia de la Crisis económica y por lo tanto, al ser un entorno de poder adquisitivo medio-alto y alto y de lujo, el consumo puede bajar.

Incentivar los mercados a nivel internacional.

Bajo consumo entre los jóvenes, mujeres y públicos con problemas de salud.

Planificar una campaña de comunicación sobre su Identidad y productos. Intensificar más las acciones del Marketing.

y

Leyes restrictivas para el consumo de alcohol. Encarecimiento del producto en el canal de la hostelería. Fuente: Elaboración Propia a partir de los Resultados Obtenidos

Por otro lado, Grupo Matarromera, S.A. se posiciona como un Grupo de bodegas con una filosofía totalmente empresarial y con una gran capacidad de desarrollo, innovación e investigación en todas las áreas de negocio y unidades estratégicas de negocio en las que opera:


189

1. La Calidad del producto es una de las bases más importantes del Grupo Matarromera, S.A., pero no es la básica. La extensión de nuevas líneas de productos, creación de nuevas marcas, desarrollo y evolución de nuevas bodegas en la región de Castilla y León, constituyen los principios esenciales del crecimiento del Grupo en el sector. La filosofía de este Grupo de bodegas, por el contrario que bodegas Hnos. Pérez Pascuas, S.L., se centra en un Know how totalmente empresarial y dirigido por un Consejo de Administración en el que están representados varios socios junto con el Presidente14 que tiene la mayoría del accionariado del Grupo. 2. La Comunicación entre el Presidente del Grupo y el resto de los empleados está controlada y es filtrada por cada uno de los Directores de los Departamentos (Comunicación de tipo Descendente), es decir, no existe una comunicación directa entre Dirección y trabajador. La comunicación interna está perfectamente sujeta a comunicados escritos en los que cada departamento manifiesta sus necesidades y consultas. Toda petición, inquietud, solicitud, incidencia que suceda en la empresa, debe realizarse por escrito y está sujeta a los escritos que el Departamento de Calidad de la empresa controla. 3. Sí existe una organización departamental organizada, como se ha comentado, cada departamento está dirigido por Directores de Departamentos y éstos se encargan de dirigir a cada grupo de empleados. Se trata por lo tanto, de una comunicación jerárquica y de estructura vertical. 4. Los objetivos y metas del Grupo de bodegas sí son ambiciosos y están perfectamente definidos en una Estrategia de Gestión Empresarial y en un Plan de Marketing. No es una bodega dirigida por un único socio. Existe un conjunto de socios representados en un Consejo de Administración que regulan y dirigen las estrategias de gestión y acciones del Grupo. Este Consejo se reúne periódicamente (normalmente cada cuatro meses), siendo los meses de enero y diciembre, las fechas más importantes para las reuniones en las que se discuten las decisiones más importantes. 5. El Grupo de bodegas cuenta con numerosas marcas de vino, bodegas y otras marcas para diversas categorías de productos; (Bodega Emina, Bodega Matarromera, Bodega Rento en la D.O. Ribera del Duero, Bodega Valdelosfrailes en la D.O. Cigales, Bodega Cyan en

Don Carlos Moro.

14


190

D.O. Toro y la segunda Bodega Emina en D.O. Rueda, además de la marca Emina para aceites, cremas, vino de Oporto y la línea de licores y brandy Esdor). Como se puede apreciar, se realiza una intensa diversificación de marcas y productos cada año. El Grupo de bodegas Matarromera, S.A., también ha abierto nuevos frentes en el área de la gestión hotelera y del enoturismo, ya que es uno de los miembros socios de la gestión de la Hospedería del Monasterio de Santa María de Valbuena en San Bernardo de Duero y miembro fundador de la Agencia de Enoturismo Destino Duero. En este aspecto, el Grupo de bodegas pone en marcha estrategias de marketing Ansoff15, es decir, desarrollo de nuevos productos y marcas hacia mercados existentes y mercados nuevos; por lo tanto desarrolla principalmente gestiones de desarrollo de nuevos productos y gestiones de diversificación extrema. 6. El planteamiento de las estrategias y acciones empresariales se fijan cada año para previsiones a corto, medio y largo plazo. Existe un Plan de Gestión y Marketing general para todo el Grupo de bodegas y un Plan de Marketing para cada bodega en cada D.O. de Origen. Este Plan de Marketing también estudia cada área de negocio de la empresa y somete a discusión los resultados obtenidos en el ejercicio económico de cada año y las nuevas previsiones de cara al futuro. En este caso, sí existe un calendario de actuación fijo, por lo que las fechas y los plazos son muy importantes para elaborar los posteriores informes de acciones y resultados para el Consejo de Administración. 7. Las estrategias se prefiguran tanto a corto como medio y largo plazo. La estrategia empresarial de cada año está bien definida y estructurada en plazos y tiempos. Al término de cada estrategia y acción llevada a cabo, se realiza un informe de los resultados obtenidos y de las posibles incidencias surgidas; por lo que existe un control de resultados. Las previsiones a largo plazo, como se ha mencionado, son muy ambiciosas; bien se puede tratar del desarrollo de una nueva bodega en otra D.O. o incluso en otro país, como la creación de nuevas carteras de productos y marcas.

Kinnear y Taylor (2005:136), explican que la matriz Ansoff orienta a las empresas a gestionar sus estrategias de gestión para incrementar sus mercados y productos, de forma que puedan crecer en el sector al que pertenecen.

15


191

8. Las acciones y estrategias de comunicación son llevadas a cabo por un Departamento de Marketing y Comunicación dirigido por un Director e integrado por tres personas más. La estrategia de publicidad es planificada y ejecutada junto con el trabajo de una Agencia de Comunicación Integral externa. La publicidad no es ocasional y puntual, es decir, se desarrolla a lo largo de todo el año, aunque se intensifica en las épocas de Navidades y Vendimias. Es de carácter regional y nacional. Actualmente se está intensificando la comunicación internacional. Éste es uno de los objetivos prioritarios del Grupo de cara a los próximos años 2008-2009. 9. El Enoturismo no es una actividad más, es una de las áreas de negocio más importantes del Grupo y es tan importante como la calidad del producto y la investigación. Se recuerda que la Bodega Emina en la D.O. Ribera del Duero, fue concebida y diseñada principalmente para recibir visitas y organizar eventos, además de albergar un Museo del Vino. Existe un protocolo de visitas, un Club del Vino y un Manual esencial para el desarrollo enoturístico de la zona; Restaurante, Casa Rural, viñedos, parking, sala de catas, tienda de vino, servicios diversos para el turista. Poseen una Identidad Corporativa y un Manual de Responsabilidad Social Corporativo bien definido y estudiado; todas las actuaciones de las bodegas, las comunicaciones y responsabilidades están bien recogidas en estos documentos y todos los elementos visuales de todas las marcas y productos. La Dirección delega en los Departamentos la responsabilidad del trabajo diario. Dentro del desarrollo de la gestión del enoturismo, sí se contemplan estrategias estructuradas y organizadas; la contratación de los servicios de varias personas para la atención de las visitas, atención en tienda y gestión del enoturismo junto con el Director del Departamento de Comunicación, aporta un testimonio de la importancia de esta nueva área de negocio dentro del Grupo. Cada mes se efectúa un recuento de las visitas y de los ingresos obtenidos en enoturismo y de las ventas obtenidas en la tienda. Estos resultados deben ser controlados por el Director del Departamento de Marketing y Comunicación que posteriormente muestra y explica a la Dirección. La Comunicación hacia estas visitas es masiva y no tan personalizada como sucede en Bodegas Hnos. Pérez Pascuas. Las previsiones para el enoturismo son muy extensas y suponen una gran inversión económica y de esfuerzo para todo el Grupo.


192

TABLA 3. DAFO DE BODEGAS GRUPO MATARROMERA, S.A. DEBILIDADES

FORTALEZAS

Alta rotación de sus empleados (la media es de 2-3 años como máximo).

Gran extensión de líneas de productos: bodegas en diferentes D.O. y marcas.

Alta rotación también de su red comercial y de distribución (a nivel nacional e internacional).

Estructura empresarial bien planificada acorde con un Plan Estratégico y Plan Anual de Marketing y de Comunicación. Objetivos y metas ambiciosas.

Escasa comunicación entre los propietarios, directores de departamento y personal intermedio. Estructura de comunicación vertical.

Gran capacidad tecnológica en todas sus bodegas, tienen varias certificaciones de calidad y prevención de riesgos. El departamento de I+D+i, está muy desarrollado.

Calidad de sus vinos media y media-alta.

Gran inversión y buena gestión del desarrollo del enoturismo en sus bodegas. Cuenta con profesionales de comunicación y turismo.

El presidente de la compañía no goza de buena imagen entre sus públicos y dentro del sector bodeguero.

Sinergias y colaboraciones numerosas con empresas de investigación. Existencia de una estructura departamental bien organizada. Buena situación geográfica de todas sus bodegas (cerca de capitales de provincia, la media es de 25 kms).

AMENAZAS

OPORTUNIDADES

Gran competencia de marcas a precios más bajos y de bodegas con más experiencia en el enoturismo.

Aumentar su cuota de mercado en el extranjero.

Saturación del mercado.

Intensificar sus sinergias comerciales con otras entidades y bodegas para impulsar el enoturismo (tanto a nivel nacional como internacional).

Influencia de la Crisis económica del año 2009 y por lo tanto, al ser un entorno de poder adquisitivo medio-alto, alto y de lujo, el consumo puede bajar.

Mejorar la imagen del presidente de la compañía a través de un Plan de Imagen y de Comunicación para aumentar la fidelidad hacia la marca entre sus públicos.

Bajo consumo entre los jóvenes.

Con sus nuevos productos (vinos sin alcohol y bajos en azúcar pueden dirigirse a nuevos segmentos de la población que antes no consumían vino).

Leyes restrictivas para el consumo de alcohol. Encarecimiento del producto en el canal de la hostelería. Fuente: Elaboración Propia a partir de los Resultados Obtenidos

El Grupo mantiene también una buena base de datos de clientes; consumidores finales, proveedores, compradores, distribuidores e importadores, aunque el grado de fidelización por parte de sus clientes no es tan alto como el deseado. Esto puede ser provocado por los sucesivos cambios que el Departamento Comercial realiza con su red de distribuidores e importadores.


193

10. Una de las grandes fortalezas del Grupo de bodegas, es la gran inversión y acciones conjuntas que realizan con empresas de investigación. La capacidad tecnológica e innovadora de Grupo Matarromera y de desarrollo e investigación, es increíblemente superior al desarrollado por otros Grupos bodegueros. Gracias al Departamento de Investigación y de Calidad del Grupo, el posicionamiento de Grupo Matarromera y de sus productos es de una empresa especializada en el sector, que ofrece garantías en sus servicios y línea de productos. 11. Sus certificaciones de calidad en sus procesos de trabajo, hacen también del Grupo, poseedor de una imagen seria, empresarial y segura. A continuación también se muestra un informe DAFO de las Bodegas de Grupo Matarromera, S.A.

4. CONCLUSIONES La importancia de la gestión del enoturismo en la D.O. es de vital importancia para el desarrollo económico y social de la comunidad de Castilla y León. El desarrollo del enoturismo cuenta con un gran potencial en la región vitivinícola de la D.O. Ribera del Duero, por ello son muchas las administraciones, instituciones y entidades que apuestan por las ayudas y las inversiones en este sector. Para proponer un modelo de negocio basado en la gestión del enoturismo, las bodegas deben adaptar sus instalaciones, ampliar sus servicios y productos al visitante y contratar a personal especializado en acciones de gestión y atención enoturística. Los criterios de gestión integral deben incorporarse progresivamente en las actividades enoturísticas de las bodegas (normas y certificaciones de calidad ISO), si se pretende ofrecer servicios de calidad a los clientes y turistas. No todas las bodegas de la D.O. Ribera del Duero tienen certificaciones de calidad y normas integrales de gestión. Las bodegas que cuentan con un modelo de negocio familiar, no tienen este tipo de normas y criterios de calidad, mientras que las de estructura empresarial sí lo tienen. Las bodegas que tienen y desarrollan un modelo de negocio con servicios integrales de gestión, tienen un mayor impacto y reconocimiento en la calidad de sus servicios de enoturismo.


194

No obstante, en la D.O. Ribera del Duero existen diferentes tipos de bodegas que según sus fortalezas y capacidades llevan a cabo variedad de actividades relacionadas con el turismo del vino. El hecho de que una bodega tengo un modelo de gestión familiar no significa que sus acciones enoturísticas sean fallidas o pobres, porque en muchas ocasiones este trato familiar repercute en una mejora de la imagen de la bodega. En cambio, bodegas de tipo más empresarial como se da en este caso, pueden contar con muchas innovaciones, recursos técnicos, criterios de calidad y sin embargo, la comunicación más rígida entre bodega y turista puede deteriorar la imagen perciba por este último.

5. BIBLIOGRAFÍA Kinnear, J. y Taylor, M. (2005): Investigación de mercados; Mc Graw Hill; Colombia. Sanz de la Tajada, Luís Ángel (1994): Integración de la identidad y de la imagen de la empresa; Esic; Madrid. Vargas, Luís (2007): “Marketing Aplicado en el sector del enoturismo”. IV Congreso Nacional de Enoturismo; Madrid 25 y 26 de abril. Consejo Regulador D.O. Ribera del Duero; http://www.riberadelduero.es/ Bodegas Hnos. Pérez Pascuas, S.L.; http://www.vinapedrosa.com/ Bodegas de Grupo Matarromera, S.A.; http://www.grupomatarromera.com/ ISO 14040, 1997. Environmental Management—Life Cycle Assessment—Principles and Framework. The International Organization for Standardization. ISO 14041, 1998. Environmental Management—Life Cycle Assessment—Goal and Scope Definition and Life Cycle Inventory Analysis. The International Organization for Standardization. ISO 14042, 2000. Environmental Management—Life Cycle Assessment— Life Cycle Impact Assessment. The International Organization for Standardization. ISO 14043, 2000. Environmental Management—Life Cycle Assessment— Life Cycle Interpretation. The International Organization for Standardization.


195

A PÍLULA ANTICONCEPCIONAL E O RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR

THE CONTRACEPTIVE PILL AND THE RISK OF CARDIOVASCULAR DISEASE LA PÍLDORA ANTICONCEPTIVA Y EL RIESGO DE ENFERMEDAD CARDIOVASCULAR Figueiredo Sandie * Ana F. Vinha (ana.vinha@ipsn.cespu.pt) ** Marisa, Machado (marisa.machado@ipsn.cespu.pt) *** Maria Emília Santos (emilia.santos@ipsn.cespu.pt) **** Maria Teresa Herdeiro (maria.herdeiro@ipsn.cespu.pt) *****

RESUMO A preocupação com o risco de doença cardiovascular, como o tromboembolismo venoso, acidente vascular cerebral e enfarte do miocárdio nas mulheres que usam contraceptivos orais combinados tem gerado muita discussão. Vários aspectos têm sido assinalados nos estudos realizados, como factores de risco, nomeadamente, a elevada dose do etinilestradiol contida nas diversas formulações, as propriedades androgénicas dos diferentes tipos de progesterona das várias gerações desenvolvidas ao longo destes anos, a hipertensão arterial, o tabagismo, a hipercolesterolémia, as diabetes mellitus, a enxaqueca, a existência de antecedentes e a idade, principalmente após os 35 anos. No presente estudo foram inquiridas 257 mulheres residentes no distrito de Viseu com o objectivo de determinar a prevalência dos factores de risco associados à doença cardiovascular e a sua possível relação com o uso de contraceptivos orais. Os resultados obtidos revelaram que as mulheres utilizadoras de anticoncepcionais orais tomam preferencialmente contraceptivos da terceira e da quarta geração. As mulheres fumadoras predominam nas baixas faixas etárias mais baixas, as mulheres portadoras de patologias já citadas anteriormente, excepto a hipertensão e a obesidade são verificadas principalmente nas inquiridas dos 16 aos 35 anos. Estes resultados permitem associar a prevalência de doença cardiovascular como consequência das más concepções das mulheres em relação aos vários factores causais e do não conhecimento do melhor método de contracepção. Palavras-Chave: Contraceptivos orais combinados; Doença cardiovascular; Factor de risco; Tromboembolismo venoso; Acidente vascular cerebral.


196

ABSTRACT The concern about the risk of cardiovascular disease such as venous thromboembolism, stroke and myocardial infarction in women using combined oral contraceptives has generated much discussion. Several aspects have been identified in studies as risk factors, including the high dose of ethinyl estradiol contained in various formulations, the androgenic properties of different types of progesterone developed over the years, hypertension, smoking, hypercholesterolaemia, the diabetes mellitus, migraine, the presence of background and age, especially after 35 years, among others. In this study surveyed 257 women in the district of Viseu were surveyed users in order to determine the prevalence of risk factors associated with cardiovascular disease and their possible relationship. The results showed that women surveyed, users of oral contraceptives prefer taking third and fourth generation pills. Women who are smokers predominate in lower age groups, women suffering from diseases already mentioned above, except for hypertension and obesity are found mainly in the surveyed 16 to 35 years. These results, although with the limitations of the small size of the sample, can lead to the hypothesis that the prevalence of cardiovascular disease in women of Viseu comes from the misconception women have in relation to the various causal factors and did not know the best method of contraception. Key-words: Combined oral contraceptives; Cardiovascular diseases; Risk factor; Venous thromboembolism; Stroke.

RESUMEN La preocupación por el riesgo de enfermedad cardiovascular, tales como el tromboembolismo venoso, accidentes cerebrovasculares y el infarto de miocardio en mujeres que utilizan anticonceptivos orales combinados ha generado mucha discusión. Varios aspectos se han referido en los estudios como factores de riesgo, es decir, las altas dosis de estradiol de las diversas formulaciones, las propiedades androgénicas de diferentes tipos de progesterona de las varias generaciones desarrolladas a lo largo de los años, la hipertensión, el tabaquismo, la hipercolesterolemia, la diabetes mellitus, la migraña, la presencia de antecedentes y la edad, especialmente después de 35 años de edad, entre otros. En el presente estudio fueran perguntadas 257 mujeres en el distrito de Viseu, a fin de determinar la prevalencia de factores de riesgo asociados con enfermedades cardiovasculares y su posible relación. Los resultados revelaron que las mujeres usuarias de anticonceptivos orales preferencialmente toma la tercera y cuarta generación. Las mujeres fumadoras predominan en los grupos de menor edad, las mujeres con enfermedades ya mencionadas anteriormente, a excepción de la hipertensión y la obesidad, se encuentran principalmente entre las encuestadas de 16 a 35 años. Estos


197

resultados, a pesar de las limitaciones inherentes al pequeño tamaño de la muestra, permiten plantear la hipótesis de que la prevalencia de la enfermedad cardiovascular en mujeres de Viseu proviene de las ideas falsas de las mujeres en relación con los factores causales y con el desconocimiento del mejor método anticonceptivo. Palabras-clave: Los anticonceptivos orales combinados; Las cardiovasculares; Factor de riesgo; El tromboembolismo venoso; Golpe.

enfermedades

* Departamento de Farmácia, Escola Superior de Saúde do Vale do Ave/CITS/IPSN-CESPU, 4760 Vila Nova de Famalicão, Portugal; Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde, Escola Superior de Saúde do Vale do Ave/CITS/IPSN-CESPU, 4760 Vila Nova de Famalicão, Portugal. ** Ana F. Vinha/ Prof. Adjunta da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave/ Investigadora do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS). *** Emília Santos/ Prof. Coordenador da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave/ Investigadora do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS). **** Marisa Machado/ Prof. Adjunta da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave/ Investigadora do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS). ***** Teresa Herdeiro / Prof. Coordenador da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave/ Directora do Departamento de Farmácia (IPSN/CESPU) e Membro de Investigação do Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde (CITS).

Artigo submetido: 3 Março 2010 Artigo aceite: 20 Julho 2010


198

1. INTRODUÇÃO A prevalência da contracepção é elevada e tem vindo a aumentar nos últimos anos. Em muitos países, mais de 75% dos casais usam métodos efectivos, no entanto, as alternativas existentes não são perfeitas e os efeitos adversos limitam a sua aceitabilidade, pelo que muitas gravidezes não planeadas ocorrem, mesmo em países desenvolvidos, onde a contracepção está facilmente disponível. De entre todos os métodos contraceptivos existentes, dominam os contraceptivos orais combinados (COC’s), usados por mais de 200 milhões de mulheres desde a sua introdução na prática médica (Wannmacher, 2003). Devido ao seu uso generalizado, os COC’s constituem a principal causa de trombose em mulheres jovens. O tromboembolismo venoso (TEV) constitui a terceira causa de morte cardiovascular, seguida do enfarte de miocárdio (MI) e dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) (Bugalho et al., 2009). Os estudos epidemiológicos realizados nas décadas de 60 e 70 demonstraram o aumento do risco de AVC em mulheres que usavam COC’s com quantidades de estrogéneo superiores a 50 mg (Beverly et al., 1997). Por essa razão, e ao longo dos anos, essa dose foi reduzida num esforço de minimizar os potenciais riscos de trombose venosa e, actualmente, os COC’s apresentam, em média, teores de 20/35 mg de Etinilestradiol (EE). Esta redução tem sido acompanhada pelo desenvolvimento de novos progestogéneos. No entanto, os progestogéneos da segunda geração, tais como, o levonorgestrel, retêm propriedades androgénicas, que estão associados a um efeito desfavorável no perfil lipídico, e consequentemente, a um maior risco de doença arterial. Teoricamente, os progestagéneos de 3ª geração, ao serem praticamente destituídos de actividade androgénica, reduzem consideravelmente os efeitos adversos associados ao uso dos contraceptivos. No entanto, outros estudos publicados revelam resultados contraditórios. Relativamente aos contraceptivos de 4ª geração, os estudos são ainda muito escassos, mas salienta-se o facto de os progestagéneos ciproterona e drospirenona estarem incluídos nas formulações, contendo EE em quantidades relativamente elevadas (35 e 30 mg, respectivamente). Segundo a Revista Portuguesa de Clínica Geral, o progestativo desosgestrel e o gestodeno têm um menor efeito androgénico com


199

menor incidência de variações do humor, depressão, fadiga e menor variação no peso. No entanto, a drospirenona difere dos demais progestogéneos por ser análogo à espironolactona, tendo uma acção anti-mineralocorticóide semelhante à progesterona endógena, verificando-se uma diminuição na retenção de sódio e aumento da diurese, reduzindo a retenção de água (aumento de peso, edema, dor e intumescimento dos peitos) e outros efeitos da tensão pré-menstrual. Estas características promovem a um potencial de não indução da hipertensão arterial, a diminuição das LDL e o aumento da porção HDL do colesterol (Monteiro, 2005; Wannmacher, 2003). O tabagismo é considerado como o factor de risco mais importante para o desenvolvimento destas doenças nas mulheres. Segundo um estudo publicado pelo Royal College of General Practitioners Study, estes autores constataram que mulheres fumadoras com idades superiores a 35 anos apresentam maior risco de mortalidade de doenças circulatórias. Num outro estudo, concluiu-se que as actuais utilizadoras dos COC’s e fumadoras revelam um aumento no risco relativo de enfarte do miocárdio de 20 vezes (Arquizan et al., 2005). Também foi verificado que as mulheres utilizadoras da pílula contraceptiva e com hipertensão arterial apresentam prognósticos elevados para desenvolveram doenças cardiovasculares (Curtisa, et al., 2006). O risco de trombose venosa ou arterial ou acidente cérebrovascular aumenta com a existência de antecedentes familiares com trombo embolismo venoso ou doença arterial. Todavia, todos os tipos de trombose têm incidências dependentes da idade e, portanto, em valores absolutos, os riscos e os efeitos de factores de risco aumentam com a idade, principalmente depois os 35 anos (Rosendaal, et al., 2003). As transformações observadas nos parâmetros hemostáticos das utilizadoras de COC’s têm sido atribuídas às doses de estrogéneo contidas nestes medicamentos. Esta hormona induz alterações significativas no sistema de coagulação incluindo os aumentos dos níveis dos factores de coagulação VII, VIII, IX, X, XII, XIII e fibrinogénio, e a inibição dos factores anticoagulantes, a proteína S e a antitrombina (principal inibidor plasmático da trombina), levando a um efeito prócoagulante (Helmerhorst et al., 2002, Oliveira et al., 2007). O componente progestogéneo dos COC’s modificam o efeito do estrogéneo sobre o sistema hemostático, aumentando o risco de doenças cardiovasculares devido ao aumentar a pressão sanguínea e


200

interferir no metabolismo dos lipídos e dos hidratos de carbono (Ferreira et al., 2000). Assim, os progestogéneos de terceira geração estão associados ao desenvolvimento da resistência adquirida à proteína C activada e evidência uma tendência de produzir níveis mais elevados dos factores de coagulação e níveis mais baixos de antitrombina e de proteína S, quando comparados aos progestogéneos de segunda geração, contribuindo para um efeito desfavorável (Oliveira et al., 2007). A contracepção em situações particulares abrange uma abordagem específica e cuidada, nomeadamente na adolescência, no pós-parto, em algumas patologias, que ocorrem na idade fértil, como a ocorrência de determinados factores de risco acima referidos, como o tabagismo, a dislipidémia e a enxaqueca. A adolescência é um período particular na vida da mulher, em que muitos factores convergem para uma dificuldade de acesso à informação. A pílula combinada é o método de eleição, nas suas três formas de apresentação (oral, transdérmica e vaginal), associada ao uso de preservativo para prevenção de doenças de transmissão sexual (ITS) (Lanhoso, 2005). Neste grupo etário são também valorizados os efeitos benéficos destes fármacos sobre a dismenorreia, as irregularidades menstruais, o acne, o hirsutismo e a prevenção da doença inflamatória pélvica (Fernandes, 2000). Relativamente a doenças crónicas, a diabetes insulinodependente (Tipo 1) como doença macrovascular, os fármacos anticoncepcionais são plenamente contra-indicados. De uma forma geral, quanto maior for a dose do progestagénio, maior a alteração no metabolismo da glicose. Contudo, sendo a diabetes um factor de risco para doença cardiovascular, a maioria dos investigadores mundiais aconselham, nestes casos, o uso de uma pílula que contenha apenas progestagénio. A preocupação com o risco de doença cardiovascular, como o tromboembolismo venoso, acidente vascular cerebral e enfarte do miocárdio nas mulheres que usam contraceptivos orais combinados tem gerado muita discussão nas áreas da promoção da saúde pública. Vários aspectos têm sido assinalados nos estudos realizados, como factores de risco, nomeadamente, a elevada dose do etinilestradiol contida nas diversas formulações, as propriedades androgénicas dos diferentes tipos de progesterona das várias gerações desenvolvidas ao longo destes anos, a hipertensão arterial, o tabagismo, a hipercolesterolémia, as diabetes mellitus, a enxaqueca, a existência de antecedentes e a idade, principalmente após os 35 anos, entre outros.


201

Por todas as razões referidas, este trabalho merece particular interesse para evidenciar e melhorar o conhecimento do melhor método contraceptivo utilizado, nas distintas fases do ciclo da vida da mulher, e ou quando estas são portadoras de qualquer patologia que interfira com este tipo de medicamentos, sendo uma mais-valia para a saúde do género feminino e na promoção do melhoramento da saúde pública em geral.

2. POPULAÇÃO E MÉTODOS 2.1. POPULAÇÃO Para a conceptualização dos objectivos do presente trabalho e na medida em que este estudo teve como finalidade avaliar a prevalência do risco de doença cardiovascular como o TEV, AVC e MI em relação aos COC’s nas mulheres de Viseu, o estudo foi baseado na análise e tratamento de dados, segundo o método quantitativo. Realizou-se uma análise estatística descritiva das variáveis e posterior análise inferencial bivariada recorrendo ao teste do Qui-Quadrado, e do coeficiente de correlação de Spearman, tendo-se considerado um nível de significância de 5%. 2.2. MÉTODOS Para a sua execução experimental realizaram-se 257 inquéritos a mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) residentes no distrito de Viseu. Este estudo foi realizado entre os meses de Março e Abril de 2009, recorrendo à amostragem não aleatória por conveniência. Os inquéritos constituídos por 14 questões, incluíam questões e medições relacionadas com dados antropométricos, nomeadamente peso, altura e perímetro abdominal, identificação do contraceptivo oral administrado, a existência de efeitos secundários provocados pela sua toma, o uso de outras pílulas contraceptivas, existência ou não de factores de risco como a hipertensão, o tabagismo, a obesidade, a enxaqueca, as diabetes mellitus, e a existência de antecedentes, entre outros foram considerados como dados relevantes no procedimento estatístico e na discussão experimental. Os dados originários dos inquéritos realizados foram tratados através do programa estatístico SPSS 17.0.


202

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A idade e a história familiar encontram-se entre as condições que aumentam o risco de uma pessoa vir a desenvolver doenças no aparelho cardiovascular. Contudo, existe um outro conjunto de factores de risco individuais sobre os quais podemos influir e modificar e que estão, sobretudo, ligados ao estilo e ao modo de vida actual. Os hábitos de vida adoptados por grande parte da população, como o sedentarismo, a falta de actividade física diária, uma alimentação desequilibrada ou o tabagismo, constituem hoje factores de risco a evitar. De um modo geral, são o conjunto de doenças que afectam o aparelho cardiovascular, designadamente o coração e os vasos sanguíneos. A escolha da amostra recai nas mulheres dos 15 aos 49 anos, uma vez que se trata da idade fértil e a pílula ser o método hormonal mais conhecido e usado pelas mulheres portuguesas (70%). A amostra foi constituída na sua maioria por mulheres utilizadoras de COC’s, verificando-se num total de inquiridas a uma correspondência de 90,3%, contra 8,6% das inquiridas não utilizadoras e de 1,2% das inquiridas que já utilizaram COC’s. Cerca de 29,1% da população feminina situa-se na faixa etária entre os 35 e os 49 anos, correspondendo à fase de maior risco de doença cardiovascular em que, tal como foi anteriormente referido, a influência dos factores de risco agravam o aumento desta. Os riscos de um acidente vascular cerebral ou do desenvolvimento de uma outra doença cardiovascular aumentam com o excesso de peso, mesmo na ausência de outros factores de risco. É particularmente perigosa uma forma de obesidade designada obesidade abdominal que se caracteriza por um excesso de gordura principal ou exclusivamente na região do abdómen. A obesidade abdominal está associada a um maior risco de desenvolvimento de diabetes e de doenças cardiovasculares. Está hoje provado que a alimentação constitui um factor na protecção da saúde e, quando desequilibrada, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, entre outras. Por isso, o excesso de sal, de gorduras, de álcool e de açúcares de absorção rápida na alimentação, por um


203

lado, e a ausência de legumes, vegetais e frutos frescos, por outro, são dois factores de risco associados às doenças cardiovasculares. Para ser saudável, a alimentação deve ser variada e polifraccionada (muitas refeições ao longo do dia). Relativamente ao perímetro abdominal das inquiridas em termos de presença de risco, verificou-se que cerca de 60,4% da amostra populacional apresentam medidas de cintura superiores a 80 cm (inclusive), factor que contribui para um aumento do risco. Curiosamente, através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) (segundo a OMS) obtiveram-se resultados percentuais, onde apenas 26,9% das mulheres se encontram na classificação de excesso de peso e/ou obesidade I. A obesidade em combinação com o uso da pílula anticoncepcional tem evidenciado um agravamento destes contratempos em mulheres jovens. Um estudo caso-controlo desenvolvido na Holanda registou um acréscimo de quatro vezes mais do risco de AVC em mulheres obesas (Bushnell, 2008). Estas deparam-se com um maior risco de hipercoagulabilidade, uma elevação dos níveis de LDL- colesterol e diminuição dos níveis de HDLcolesterol, ocorrendo uma discreta elevação dos níveis de pressão arterial, efeitos adversos na tolerância há glicose e na resistência insulínica, sendo os referidos, factores que amplificam este risco (Bushnell, 2008). Após a análise dos 257 inquéritos realizados a mulheres do distrito de Viseu observou-se uma população alvo maioritariamente utilizadora dos COC’s. Efectivamente, segundo a Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Medicina da Reprodução, cerca de 70 % das mulheres portuguesas utilizam como escolha, a pílula contraceptiva oral. Dos resultados obtidos neste estudo relativo ao uso de COC’s, verificou-se que as pílulas anticoncepcionais mais usadas são, a Yasmin® (20,6%), a Harmonet® (12,5%) e a Minigeste® (11,7%) (Figura 1). Das 235 inquiridas verificou-se que a maioria (83,40%) obteve aconselhamento médico para a administração do contraceptivo oral e 16,60% tomam sem aconselhamento.


204

Figura 1. Marcas de pílulas anticoncepcionais mais usadas

A contracepção em situações particulares abrange uma abordagem específica e cuidada, nomeadamente na fase da adolescência, no pós-parto, em algumas patologias que ocorram na idade fértil, como a ocorrência de determinados factores de risco, o tabagismo, a dislipidémia e enxaqueca. Da avaliação aos possíveis efeitos secundários consequentes, 49,8% da inquiridas manifestaram-se afirmativamente em relação às sintomatologias questionadas. A Figura 2 mostra uma relação directa entre os efeitos secundários desenvolvidos e as diferentes pílulas administradas. Através do teste Chi-Square, esta correlação é estatisticamente significativa (p<0,001).


205

Figura 2. Associação entre a marca das pílulas estudadas e o manifesto efeito de sintomas secundários ao longo da sua administração.

Pela análise dos resultados verificou-se que as marcas Harmonet®, a Diane35®, a Mercilon® e a Yasminelle® foram as pílulas contraceptivas com maiores predomínios de efeitos secundários, apresentando valores percentuais de 9,36%, 5,96%, 4,26%, 5,53%, respectivamente. Foram registados outros sintomas, de 118 inquiridas que referiram, como efeitos adversos mais expressivos, o aumento de peso, a cefaleia, a hemorragia irregular, a tensão mamária, as pernas pesadas, a retenção de líquidos, os derrames e as varizes nas pernas. O aumento de peso pronuncia-se principalmente com o uso da Diane35®, seguindo-se da Belara® e Gynera®, da Mercilon®, Microginon®, e da Minesse®, Minulet®, Harmonet®. Relativamente aos efeitos secundários, comprovou-se a existência destes cerca de metade da amostra utilizadora dos diversos COC’s, sendo esta, uma relação estatisticamente muito significativa. Os mais claros como o aumento de peso, a cefaleia, a hemorragia irregular, a tensão mamária, as pernas pesadas, a retenção de líquidos, os derrames e as varizes


206

nas pernas, foram atribuídos maioritariamente às pílulas contraceptivas da 3ª e da 2ª geração. A Diane35® é a mais referenciada nos diversos efeitos adversos, a isto pode-se dever ao facto de ter uma combinação (EE + acetato de ciproterona) e uma dosagem diferente do habitual. Usada no tratamento prolongado de acne, hirsutismo e seborreia nas mulheres, o acetato de ciproterona associado ao estrogéneo tem como reacções adversas, veias varicosas, tensão mamária, náusea, ganho ou perda de peso, cefaleia, sangramentos intermediários, entre outros. Contudo, cerca de 11,1% das adolescentes da amostra referem usar a Diane35®, podendo-se atribuir o uso desta devida à ocorrência de acne, hirsutismo e seborreia na adolescência. Em Outubro de 1995, o Comité de Segurança de Medicamentos do Reino Unido (CSM), informou os médicos e farmacêuticos que os COC’s contendo desogestrel ou gestodeno, estavam associados a um aumento de duas vezes do risco de trombose venosa (Farmer, et al., 2000). Mas segundo Westhoff, os progestagénios da segunda geração, retêm estas propriedades, que estão associados a um efeito desfavorável sobre o metabolismo lipídico, e consequentemente, aumentam o risco para problemas vasculares. Nas formulações de terceira geração, os progestagénios têm uma reduzida ou nula propriedade androgénica, que conduz há redução dos efeitos adversos arteriais (Westhoff, 2000). A obesidade, medida pelo IMC e perímetro abdominal, também tem sido associada a um pequeno, mas significativo aumento do risco de AVC. Em combinação com o uso de COC’s foi demonstrada para aumentar ainda mais o risco de AVC principalmente em mulheres jovens (Bushnell, 2005). Este facto conduz a cerca de 69 inquiridas da amostra se encontrar em excesso de peso, com classificação de Obesidade tipo I e 86 inquiridas, quanto á medição do perímetro abdominal se deparam com prevalência de risco de doença cardiovascular. Em relação às mulheres jovens utilizadoras de COC’s (21 aos 35 anos) são aquelas que se apresentam em maior número em relação às mulheres de idades mais altas. O aumento de peso pronuncia-se principalmente com o uso da Diane35®, seguindo-se da Belara® e Gynera®, da Mercilon®, Microginon®, e da Minesse®, Minulet®, Harmonet®. Os dados estão resumidos na Figura 3.


207

Figura 3. Relação entre o aumento de peso registado e a pílula ingerida

4. CONCLUSÃO A contracepção separa o sexo da procriação. Inicialmente lançada como uma importante medida de controlo da população e preservação dos recursos do planeta, é hoje encarada como um direito, uma opção individualizada baseada na informação e escolha livre dos diferentes métodos disponíveis. Em Portugal, tal como noutros países, assiste-se a uma utilização crescente de contracepção em todas as idades. Para tal contribuiu a ampla informação, o acesso fácil e gratuito, mas também o início mais precoce da vida sexual e a necessidade dos jovens casais adiarem a primeira gravidez. Para alguns casais deixou de ser um meio de planear quando e quantos filhos ter, mas antes a opção determinada de não ter descendência. O desenvolvimento das ciências da saúde veio provar que a morte ocorrida em idades precoces, no mundo ocidental, não se deve


208

a uma fatalidade do destino, mas antes a doenças causadas ou agravadas pela ignorância das causas reais que a elas conduzem. Podemos incluir neste quadro as doenças cardiovasculares. Com o objectivo de conhecer epidemiologicamente a população feminina de Viseu, relacionaram-se factores de risco reconhecidos como os maiores “vilões” da doença cardiovascular associados à administração da pílula contraceptiva. A quantidade de EE e o tipo de progesterona definem as várias gerações existentes na amostra, concluindo assim, serem maioritariamente da 3ª e da 4ª geração. Assim, associou-se ao provável risco de doença cardiovascular a estas, analisando outros autores entendidos sobre esta associação. Muitas destas pílulas foram associadas aos seus efeitos adversos conhecidos pelas mulheres, evidenciando a existência de trocas favoráveis entre anticoncepcionais orais. Relativamente à toma de outros medicamentos em conjunto com a pílula anticoncepcional, deve-se ter em consideração as possíveis interacções farmacológias podendo originar o aumento de risco de doença cardiovascular, mas somente, pelo facto de existir patologia como, o colesterol, a hipertensão, a diabetes, a epilepsia, a obesidade, entre outras já se considera risco aumentado de problemas cardiovasculares. Contudo, distinguiu-se o predomínio destas, nas várias doenças, nas várias faixas etárias e com as várias pílulas usadas pelas mulheres inquiridas deste estudo. A antecedência familiar de doença cardiovascular também referenciada levou à conclusão que na existência desta é importante recorrer a certas recomendações, como ter cuidado com a possível existência dos vários factores de risco referidos e fazer uso da melhor pílula como o progestativo oral, sendo o único em Portugal, a pílula Cerazette®. Em conclusão, é importante referenciar que os resultados deste estudo estão, de acordo com os vários estudos já existentes, contribuindo assim, para um melhor conhecimento e evidência dos factos que levam à relação COC’s e doença cardiovascular, como o TEV, AVC e MI. Em Portugal, tal como noutros países, assiste-se a uma utilização crescente de contracepção em todas as idades. Assim sendo, torna-se necessário combater estes tipos de factores causais, e agravamento deste risco, com uma melhor divulgação da ampla informação de acesso fácil e gratuito.


209

BIBLIOGRAFIA Arquizan, C., Touzé, E., Moulin, T., Woimant, F., Ducrocq, X., Mas J.L. (2005). Blood Pressure, Smoking and Oral Contraceptive Control after Cryptogenic Stroke in Young Adults in the PFO-ASA Study. Cerebrovasc Dis, 20 (1), 41-45. Beverly, K.R.MS, Koepsell, T.D.MD MPH, Lin, D., Longstreth, Jr.W.T.M., Psaty, B.M., Raghunathan, T.E. et al (1997). Use of Low-Dose Oral Contraceptives and Stroke in Young Women. Annals of Internal Medicine, 127 (8) (Part 1), 596-603. Bugalho, A., Man, M., (2009). Actualização em doença pulmonar tromboembólica. Revista Portuguesa de Pneumologia, Vol XV N.º 3. Bushnell, C.D. (2005). Review, oestrogen and stroke in women: assessment of risk. Lancet Neurol. 4: 743–751. Bushnell, C.D., Madison, M.H.S. (2008). Stroke in Women: Risk and Prevention Throughout the Lifespan. Neurol Clin, 26 (4), 1161–1176. Curtisa, K.M., Martinsa, S.L., Mohllajeea, A.P., Petersonbc, H.B. (2006). Combined oral contraceptive use among women with hypertension: a systematic review. Contraception, 73 (2), 179-188. Farmer, R.D.T., Lawrenson, R. A., Leydon, G. M., MacRae, K.D., Todd, J.C., Tyrer, F., Williams, T. J (2000). A comparison of the risks of venous thromboembolic disease in association with different combined oral contraceptives. Blackwell Science Ltd Br J Clin Pharmacol, 49, 580-590 Fernandes, G., (2000). Sexualidade e planeamento familiar, Contracepção oral. MGF. Ferreira, A.C.P., Franceschini, S. A., Montes, M.B.A, Toloi, M.R.T. (2000). Efeitos do contraceptivo oral contendo 20 μg de etinilestradiol e 150 μg de desogestrel sobre os sistemas de coagulação e fibrinólise. Revista Brasileira Hematologia Hemoterapia, 22 (2). Helmerhorst, F.M., Rosendaal, F.R., Vandenbroucke, J.P., (2002). Female Hormones and Thrombosis. Arteriosclerosis Thrombosis Vascular Biology, 22, 201-210. Lanhoso, A. (2005). Contracepção em situações particulares. Revista Portuguesa Clinica Geral, 21, 485-491. Westhoff, C.L. (2000). Oral contraceptives and cardiovascular risk—an end to the debate?. Contraception, 62, 1S–2S. Wannmacher, L., (2003). Anticoncepcionais Orais: o que há de novo. Uso racional de medicamentos ISSN, 1 (1), 11810-0791. Monteiro, A.A., (2005). Novos métodos contraceptivos. Revista Portuguesa Clinica Geral, 21, 475-483. Oliveira, L.C.O., Sá, M.F.S., Vieira, C.S., (2007). Hormônios femininos e hemostasia, Revista Brasileira Ginecologia Obstetrícia., 29 (10), 538-547. Rosendaal, F.R., Tanis, B.C. (2003). Venous and arterial thrombosis during oral contraceptive use: risks and risk factors. Semin Vasc Med, 3 (1), 69–84.


Â


211

EL PAPEL DE LO CERCANO Y EL IDEARIO POLÍTICO EN EL POSICIONAMIENTO DE LOS DIARIOS DE PRENSA TRADICIONALES: EL CASO DE LOS JÓVENES UNIVERSITARIOS DE LA UEMC

THE ROLE OF THE NEAR AND THE POLITICAL IDEOLOGY IN THE POSITIONING OF TRADITIONAL NEWS DAILY: THE CASE OF UNIVERSITY STUDENTS IN THE UEMC O PAPEL DO PRÓXIMO, A IDEOLOGIA POLÍTICA NO POSICIONAMENTO DE NOTÍCIAS DIÁRIAS TRADICIONAIS: O CASO DOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NO UEMC Alejandro Tapia Frade (atapia@uemc.es) * Matías López Iglesias (mlopez@uemc.es) ** Raquel Herranz Asensio ***

RESUMEN La cobertura del hecho próximo y el ideario de la cabecera respecto a lo político son dos elementos sobre los que ha analizado de forma intensa la literatura científica. Este trabajo trata de analizar, desde la perspectiva de una parte de la audiencia, la percepción de distintos diarios sobre los dos elementos mencionados. En concreto, se propone el análisis de la percepción de los jóvenes universitarios mediante el análisis de correspondencias, una técnica estadística multivariable de gran difusión. Los resultados del análisis señalado ponen de manifiesto la importancia de los dos elementos mencionados en la estructuración del mercado en grupos perceptuales, y por tanto competitivos. Palabras clave: diarios, prensa tradicional, posicionamiento, periódico ideal, local.

ABSTRACT The near coverage of near events and the ideology arising from the connection to politics are two elements that have been widely studied by the


212

scientific literature. This paper tries to analyze from the perspective of a portion of the audience, the perception of various newspapers about the two elements mentioned above. Specifically, it proposes an analysis of the perceptions of university students using correspondence analysis, a widely used multivariate statistical technique. The reported test results show the importance of the two mentioned elements in the structure of the market in perceptive thus competitive groups. Keywords: newspapers, traditional media, positioning, ideal newspaper, local.

RESUMO A cobertura do fato seguinte e as idéias da cabeça sobre a política são dois elementos que têm sido intensamente estudados na literatura científica. Este artigo tenta analisar a partir da perspectiva do público, a percepção de diferentes jornais sobre os dois itens mencionados. Em particular, propomos a análise da percepção dos estudantes universitários por meio da análise de correspondências, uma técnica estatística multivariada, amplamente generalizada. Os resultados dos ensaios relatados destacam a importância dos dois elementos que constituem a estrutura do mercado em grupos de percepção e, portanto, competitivo. Palavras-chave: jornais, mídia tradicional, posicionamento, jornal ideal, local.

* Licenciado en Publicidad y Relaciones Públicas y Doctor en Marketing, ambos por la Universidad Complutense de Madrid. Profesor adjunto de la licenciatura de Publicidad y Relaciones Públicas de la Universidad Europea Miguel de Cervantes (Valladolid, España). Tiene diversas publicaciones en revistas y congresos de prestigio. Universidad Europea Miguel de Cervantes, Facultad de Ciencias Humanas y de la Información. ** Profesor asociado en la Universidad Europea Miguel de Cervantes desde 2006. Licenciado en Publicidad y RR.PP. por la Universidad Complutense de Madrid, European Animation Masterclass en la Fernseh Akademie Mitteldeutschland e.V y suficiencia investigadora en la Escuela Universitaria de Magisterio de la Universidad de Valladolid. Universidad Europea Miguel de Cervantes, Facultad de Ciencias Humanas y de la Información. *** Licenciada en Periodismo por la Universidad Europea Miguel de Cervantes. Ha trabajado como periodista en el diario Norte de Castilla, cabecera líder de la región de Castilla y León (España). Universidad Europea Miguel de Cervantes, Facultad de Ciencias Humanas y de la Información. Submetido: 20 Maio 2010 Aceite: 30 Setembro 2010


213

1. INTRODUCCIÓN El ideario político percibido y la cobertura del hecho próximo en los periódicos son elementos que en principio deben ser considerados en la percepción que los estudiantes universitarios tienen de los periódicos. En una primera aproximación teórica, deben ser mencionadas teorías ampliamente estudiadas como la agenda setting y el framing. La primera de ellas, la agenda setting, alude en definitiva a la influencia de los medios sobre la opinión pública a dos niveles, siendo el primero sobre qué pensar y el último qué pensar acerca del primero previamente definido1. Estudios como el Funkhouser2 sobre los temas más tratados en las publicaciones Time, Newsweek y U.S. News en la década de los 60 o el de Rogers, Dearing y Chang3 sobre la aparición del SIDA en la agencia de medios de tres diarios y tres canales de televisión a lo largo de 91 meses en la década de los 80 validan en buena medida la incidencia real de dicha teoría. También es destacable el estudio de Rodriguez Díaz4 sobre la influencia del profesor universitario en las agendas de los alumnos. Por otra parte, la teoría del framing alude a que los medios no sólo definen la agenda, sino que establecen una serie de pautas o marcos que favorecen la interpretación del contenido en cierto sentido5. Destacan en España los

1 MCCOMBS, Maxwell y SHAW, Donald (1972) 'The Agenda-Setting Function of Mass-Media', En The Public Opinion Quarterly,. 36 (2). pp. 176-187. Si bien la elaboración teórica definitiva se debe a los dos autores arriba refernciados, debe igualmente aludirse a otros autores fundamentales en el establecimiento de la misma como Lippmann o Cohen. 2 FUNKHOUSER, G. R. (1973). "The issues of the sixties: An exploratory study in the dynamics of public opinion". En Public Opinion Quarterly, 37 (1), pp. 62-75. 3 ROGERS, E. M., DEARING, J. W., y CHANG, S. (1991). AIDS in the 1980s: The agenda-setting process for a public issue (Journalism Monographs, No. 126). Columbia, SC: Association for Education in Journalism and Mass Communication. 4 RODRIGUEZ DÍAZ, Raquel. (2004) .Teoría de la agenda setting. Aplicación a la enseñanza universitaria. Observatorio Europeo de Tendencias Sociales. [Recurso en línea] Disponible en http://www.obets.ua.es/obets/libros/AgendaSetting.pdf 5 De hecho, también se ha mencionado la importancia de la obra de Lippmann en la elaboración de esta teoría. LIPPMANN, Walter (1922). La opinión pública. Buenos Aires, Compañía General Fabril Editora, 1964.


214

análisis realizados por Muñiz, Igartua y Otero6 sobre inmigración y marcos de interpretación usando dicha teoría, y la que concluyen la existencia de tres encuadres predominantes (atribución de responsabilidad, interés humano y conflicto), en coincidencia con estudios anteriores7, si bien la investigación experimental sobre los efectos cognitivos de los encuadres noticiosos ha demostrado que la utilización de los distintos encuadres tiene consecuencias en la interpretación que hace el público de los problemas abordados, especialmente los de tipo político8. La mencionada aproximación conceptual debe considerar también la teoría de usos y gratificaciones9, usada por Varela Mejía10 en un estudio sobre los reality shows para demostrar la actividad de la audiencia ante los medios de comunicación. Dicha teoría también queda patente en el estudio de Medrano, Palacios y Barandiaran11 sobre el consumo de televisión en jóvenes del País Vasco, al concluirse

6

MUÑIZ, Carlos, IGARTUA, Juan José y OTERO, Jose Antonio (2006) “Imágenes de la inmigración a través de la fotografía de prensa. un análisis de contenido” Comunicación y Sociedad, 19. p.103-128. MUÑIZ, Carlos. e IGARTUA, Juan. José (2004). “Encuadres noticiosos e inmigración. Un análisis de contenidode la prensa y televisión españolas.” ZER, 16, 87-104. IGARTUA, Juan José y HUMANES, Maria Luisa (2004) “Imágenes de Latinoamérica en la prensa española. Una aproximación empírica desde la Teoría del Encuadre” Comunicación y Sociedad, 17. pp. 47-65. 7 SEMETKO, H. y VALKENBURG, P. (2000) “Framing European Politics: a content analysis of press and television news”, Journal of Communication, 50 (2), pp. 93-109. IGARTUA, J .J., HUMANES, M. L., CHENG, L., GARCÍA, M., GOMES, D., NIÑO, M., AMARAL, N., CANAVILHAS J., GARCÍA, A. R. y GOMES, A. M. (2003): “Medios de Comunicación e inmigración. El análisis de los encuadres noticiosos en la prensa española”. Encuentros en Psicología Social, 1(4), pp. 158-164. 8 IYENGAR, S. (1991) Is anyone responsible? How television frames political issues. Chicago: The University of Chicago Press. 9 Esta teoría se consolidó en la década de los 60, gracias a la aportación de diversos autores como Katz, Blumler y Gunevitch, si bien el marco conceptual previo ya fue desarrollado por otros autores como Lazarfeld, Stanton, Herzog, Suchman, Wolfe, Fiske, Berelson, Fromm, Warner, Henry, Horton y Wohl . KATZ, Elihu, BLUMLER, Jay G. y GUREVITCH , Michael “Uses of Mass Communication by the Individual” En DAVISON, W. et al. Mass Communication Research. Nueva York, Praeger Publishers, 1974, Pp. 11-34. 10 VARELA MEJÍA, Jose Ignacio (2001) “La dura realidad: Usos y gratificaciones aplicada a los Reality Shows” En Razón y Palabra, 24. 11 MEDRANO SAMANIEGO, Concepción., PALACIOS, Santiago. y BARANDIARAN, Ana .Aierbe. (2007) “Los hábitos y preferencias televisivas en jóvenes y adolescentes: Un estudio realizado en el País Vasco” En Revista Latina de Comunicación Social, 62. pp. 13-27


215

que el consumo de televisión ofrece como fundamental un objeto lúdico. Acercándonos más al objeto de estudio, se ha de señalar respecto al ideario político que abunda la bibliografía que relaciona prensa y política. Así, Luchessi12 puso de manifiesto las relaciones entre los editoriales de los periódicos argentinos y las preferencias políticas expresadas por las audiencias de tales medios en la campaña presidencial argentina. En otra investigación realizada en Hong Kong, Lee13 señaló dos estrategias diferentes para aunar efectivamente discursos políticos en prensa con credibilidad en el mercado en los periódicos chinos: en la primera de ellas el diario asumía el papel de árbitro entre la opinión pública y los discursos políticos; en la segunda estrategia, el papel del periódico se basaba en la construcción de un ideario en que los ciudadanos soberanos eran invadidos en sus opiniones. En nuestro país, Montero et al14 presentaron la sincronía de la prensa en los asuntos políticos esenciales durante el inicio de la transición, con excepción de los diarios de ultraderecha y los del sector nacionalista vasco. Otro estudio ubicado en el mismo momento temporal de Zugasti15 puso de manifiesto la importancia de la prensa en la construcción del ideario democrático. Ganzábal y López Medel16 pusieron de manifiesto la construcción de discursos parciales –partidistas y empresariales– en los periódicos El País y El Mundo en el caso de la ley del cine. El País asumió el discurso gubernamental y oficial del proyecto, y el Mundo acoge la visión más crítica, encabezada por distribuidores, exhibidores y

12

LUCHESSI, Lila (2008) “Politics and media in the 2007 Argentine presidential elections”. En International Journal of press politics, 13 (3) pp.345- 351 13 LEE, Francis y LIN, Angel (2006) “Newspaper editorial discourse and the politics of self-censorship in Hong Kong” En Discourse & Society, 17 (3) pp. 331-358 14 MONTERO, Mercedes , RODRÍGUEZ VIRGILLI, Jordi y GARCÍA ORTEGA, Carmela (2008) “The political role of the press in spanish transition to democracy, 1975-1978” En Javnost – The Public, 15 (4) pp. 5-20. 15 ZUGASTI, Ricardo (2008) “El papel de la prensa en la construcción de la democracia española: de la muerte de Franco a la Constitución de 1978” En Confines de relaciones internacionales y ciencia política, 7. pp. 53-68 16 GANZÁBAL, María y LÓPEZ MEDEL, Ismael (2008) “El tratamiento de la información en los medios españoles: El País y El Mundo ante la ley del cine”. En Palabra Clave, 11, 2. pp.199-217


216

televisiones. Arceo Vacas17 realizó un modelo de análisis de la proyección de imagen de los periódicos ABC, La Razón, El Mundo y El País sobre los políticos de PP y PSOE involucrados en la campaña autonómica de Madrid durante 2002 y 2003. Respecto de la cobertura de lo próximo, en principio debe entenderse cierta preferencia hacia lo local en detrimento de lo más lejano. Así, Rojo Villada18 señaló que la cobertura de lo próximo era un factor valioso para fidelizar lectores en medios digitales. González Borjas19 ya apuntó el interés empresarial por satisfacer demandas limitadas de información en áreas geográficas también limitadas, concluyendo que el periódico local se ha visto acompañado del fenómeno de la "edicionalización"20, que lleva aparejada la contención informativa del periódico local frente al expansionismo de la prensa de mayor ámbito geográfico. También en el contexto digital, Almirón21 afirma que la diversidad de periódicos sin referente físico era muy limitada y la audiencia se concentraba en torno a un periódico –Libertad Digital–. Además, dichos medios trataban de establecer cierto grado de diferenciación respecto de los periódicos tradicionales aportando información que los últimos no producen habitualmente. Un estudio previo de similar temática al que nos ocupa encontramos en Flores Vivar y Aguado22, si bien en este caso referido a negocios de prensa en internet. En cualquier caso, ha de entenderse que cuando aquí nos referimos a posicionamiento, nos referimos a su 17

ARCEO VACAS, Alfredo (2006) “Las relaciones públicas y la evaluación de la imagen proyectada por los medios de comunicación de masas: Las elecciones a la presidencia de la Comunidad Autónoma de Madrid y al Ayuntamiento de Madrid en 2003”. En Analisi, 34. pp. 239-254 18 ROJO VILLADA, Pedro Antonio (2005) “La prensa en la era digital. Estrategias periodísticas para fidelizar lectores y generar nuevas fuentes de ingresos a lo largo de toda la cadena de valor”. En Revista Latina de Comunicación Social, 59. La Laguna, Tenerife, extraído de http://www.ull.es/publicaciones/latina/200519rojo.pdf . Fecha de Consulta: 17/05/2009. 19 GONZÁLEZ BORJAS, Antonia (2000) “El fenómeno de la "edicionalización" y la prensa local”. En Ámbitos: Revista internacional de comunicación, 3-4. pp.87-97. 20 González Borjas señala por edicionalización el “proceso mediante el

cual los medios de difusión nacional o regional han logrado un nuevo producto informativo para ciudades distintas con tan sólo cambiar parte de su paginación”.

21 ALMIRON, Nuria (2006) “Pluralismo en Internet: el caso de los diarios digitales españoles de información general sin referente impreso” En Ámbitos: Revista internacional de comunicación, 15. pp. 9-31. 22 FLORES VIVAR, Jesus Miguel y AGUADO, Guadalupe (2004) “Negocios de la prensa en internet. Estrategias y posicionamiento de periódicos españoles online” . En Diálogos de la Comunicación, 70. pp. 98-111.


217

vertiente analítica, y por tanto hablamos de percepción. De percepción referida a un marco de referencia específico, formado por las cabeceras estudiadas y en relación a los atributos contemplados. De hecho, las primeras manifestaciones del término hacen referencia a tales elementos, de forma quizá algo difusa, como señalan Trout y Ries23: “[…]se relaciona con el lugar, situación o emplazamiento

ocupado por un objeto, una idea, una institución, un servicio, una ciudad, o cualquier otra realidad susceptible de ser colocada respecto a otras con las que se compara[…]”

Podemos concretar más el término, como señala Sanz de la Tajada : “[…]la situación relativa que una empresa tiene en relación a 24

otras organizaciones competidoras, en base a determinados atributos, que a modo de ejes, configuran el contexto de referencia de dicho conjunto de empresas y organizaciones en términos de imagen percibida por el público y/o imagen deseada por la empresa[…]”.

Dicho de otro modo, lo que aquí se pretende es estudiar la percepción de cierto universo hacia unos objetos, en relación entre sí y caracterizados a partir de ciertos atributos que constituyen el contexto de referencia de dichos objetos. Además, la importancia que tienen dichos atributos en la creación de grupos de objetos percibidos como similares. Adicionalmente, se incluyó en el estudio el objeto ideal, que resume las preferencias de los encuestados y por tanto proporciona la visión estratégica, que consideramos particularmente interesante. Considerando el marco teórico antes definido, especialmente en torno a la importancia de la cobertura de lo próximo y del desarrollo de idearios políticos en el mercado de periódicos, y su vinculación con las teorías de agenda setting, framing, y desde la perspectiva de la audiencia, la teoría de usos y gratificaciones, este trabajo trata de determinar la importancia de los elementos antes definidos en la estructuración del mercado de periódicos en relación a otros teóricamente también característicos de tal mercado (la calidad de los artículos y comodidad del formato) para una comunidad universitaria 23

TROUT, Jack y RIES, Al (1972) “The positioning era comet” .

Advertising Age, 24. pp.35-38.

En

24 SANZ DE LA TAJADA, Luis Ángel (1996): Auditoría de la imagen de la empresa. Métodos y técnicas de estudio de la imagen. Ed Síntesis.

Madrid, p.68.


218

específica de Castilla y León. Además, se plantea la existencia de diferencias sustanciales de percepción al mencionado respecto considerando el sexo de los encuestados. Finalmente, también se plantea la necesidad de conocimiento del periódico ideal, perfecto para dicho universo de estudio. Por todo cuanto antecede, se plantean las siguientes hipótesis de trabajo: - H1: La proximidad noticiosa y el ideario político de las cabeceras son los elementos vertebradores en la estructuración del mercado de periódicos para la audiencia estudiada. - H2: La marca ideal, que resume las preferencias del público objeto de estudio, tiene como características fundamentales la proximidad y el ideario político con tendencia a la izquierda. - H3: El sexo de los encuestados es factor diferencial importante en tal estructuración.

2. METODOLOGÍA Con el fin de conocer la importancia en la percepción que tienen el carácter regional y el ideario político en los diarios de prensa generalista entre los jóvenes universitarios y su posible incidencia en razón de sexo, se seleccionó el universo completo de una comunidad universitaria específica, la Universidad Europea Miguel de Cervantes, de titularidad privada y una antigüedad de 7 años (2002-2009). El método de obtención de información fue la encuesta estructurada. Dicha encuesta se estructuró en primer lugar con dos cuestiones introductorias sobre consumo de periódicos, que se resolvieron mediante el uso de escalas de cinco posiciones. Dichas escalas no estaban relacionadas entre sí, ya que median dos objetos observables distintos, la frecuencia de lectura y la frecuencia de compra de los mismos. Posteriormente, el estudio de la percepción de los encuestados, parte fundamental de este trabajo, se resolvió mediante el uso de frecuencias (considerando el 0 como la ausencia de cada cualidad en cada cabecera, y el 1 como la presencia de ella). Con estos datos se elaboraron mapas de posicionamiento aplicando una técnica multivariable, el análisis de correspondencias con los estadísticos


219

habituales25, que se consideraron adecuados a los objetivos planteados. La elección de los periódicos estudiados responde a una cuestión de orden estratégico: en primer lugar, se seleccionaron periódicos de ámbito nacional y otros de ámbito regional26 con el objetivo de identificar la existencia de grupos competitivos en relación al tratamiento informativo de lo cercano, y también para determinar la adscripción de cabeceras de ambos grupos a idearios políticos concretos, objetivo esencial de este estudio. Además, se incluyó en el análisis el objeto ideal con la intención de dotar a los mapas de visión estratégica. Dicho objeto fue tratado como suplementario en todos los análisis. Adicionalmente, se examinó la percepción de los sujetos objeto de estudio respecto a otros elementos como la calidad de los artículos escritos y la comodidad del formato físico. En cuanto a la técnica de muestreo, se utilizó el muestreo por cuotas. Se trataba de asegurar la adecuada representatividad del universo, por lo que se reprodujo en dicho muestreo la estructura exacta del universo de estudio en razón de sexo, estudios y curso que realizan. El muestreo por cuotas constituye una síntesis de diferentes aspectos del muestreo por conveniencia, del muestreo según el criterio y del muestreo estratificado, y que como intencionado, en todo caso ha de considerarse no probabilístico. La idea que sostiene este procedimiento es la de que, si la muestra representa correctamente las características poblacionales, la muestra estará correctamente representada y será válida. Como fácilmente puede comprenderse, esta idea es sólo parcialmente correcta. En efecto, sólo podemos “cuotar” las características más importantes y tenemos que dejar abierta la inclusión de otras muchas que también se relacionan con la variable de estudio. No hay que olvidar que en el interior de las cuotas el entrevistador probablemente actuará conforme a la ley del mínimo esfuerzo. Así, se sabe que hay ciertos tipos de personas superrepresentados en este tipo de estudios, por ejemplo con las porteras que son más fáciles de encontrar, o los farmacéuticos en caso de cuotas asociadas a estudios universitarios. Lo mismo ocurre, por ejemplo, cuando se encuesta en 25

Método de normalización simétrica, cálculo de distancias ChiCuadrado, diagrama de dispersión biespacial. 26 Se seleccionaron los cuatro diarios generalistas nacionales y dos regionales y locales de mayor audiencia según el EGM. AIMC (2009) “Resumen General EGM. Abril 2008 a Marzo 2009”. Extraído de http://www.aimc.es. Fecha de Consulta: 16/05/2009.


220

bloques de pisos, los pisos más bajos suelen estar más representados que los más altos27. El procedimiento de investigación se ha desarrollado durante el curso lectivo 2007-2008 y la realización de la encuesta se realizó en mes de abril de 2008. De las 139 encuestas válidas para el estudio, el 44,6% corresponden a hombres y el 55,4% a mujeres, en ambos casos pertenecientes a 10 titulaciones. El universo de estudio constaba de 1.557 estudiantes. Para la explotación de datos se utilizó el software específico SPSS v. 15. 3. RESULTADOS 3.1 REGIONALISMO E IDEARIO POLÍTICO: EL POSICIONAMIENTO DE LOS DIARIOS El análisis de correspondencias aplicado sobre todos los encuestados pone de manifiesto en primer lugar el coeficiente de significación (con valor 0,000), que descarta la hipótesis nula de independencia de variables y considera pertinente por tanto la ejecución del método. La inercia total explicada por las cualidades estudiadas (regionalismo, ideario político, comodidad del formato y calidad de lo escrito) es de 0,253, un valor que indica la existencia de otras variables no estudiadas en la estructuración y clasificación de las cabeceras en grupos similares, y que debe ser mencionado como una interesante vía de investigación futura. También hay que señalar que la dimensión 1, que explica el 55,8% de la inercia total, queda conceptualizado en torno al regionalismo – concretamente en el binomio abundancia o escasez de noticias regionales, que suman el 69,1% de la inercia total explicada por esta dimensión y la segunda, que explica el 27,2% de la inercia total, en torno al ideario político, en este caso en la clásica división entre izquierda y derecha, que suma un 67,8% de la inercia explicada por esa dimensión. Las otras variables estudiadas (comodidad de formato del periódico y calidad de sus artículos) resultaron muy débiles en este contexto, tal y como puede apreciarse en las tablas 1 y 2. 27

SÁNCHEZ GUZMÁN, Jose Ramón (1995): Marketing: conceptos básicos y consideraciones fundamentales. Ed. McGraw Hill, Madrid, p.278


221

Tabla 1. Examen de los puntos de fila. Todos los casos Puntuación en la dimensión

Periodico

Masa

1

Contribución De los puntos a la inercia de la De la dimensión a la dimensión inercia del punto

2

Inercia

1

2

1

2

Total

El Norte de Castilla 0,167

0,571

-0,397

0,034

0,145 0,100

0,592 0,200 0,792

ABC

0,160

0,017

0,712

0,024

0,000 0,309

0,001 0,905 0,906

El pais

0,177

-1,207

-0,439

0,106

0,685 0,130

0,914 0,084 0,999

El mundo

0,158

0,351

0,016

0,020

0,052 0,000

0,366 0,001 0,366

El dia

0,175

0,481

-0,491

0,047

0,108 0,161

0,327 0,237 0,564

La razon

0,163

-0,151

0,695

0,022

0,010 0,300

0,063 0,925 0,988

Ideal(a)

0,154

0,443

-0,557

0,069

0,000 0,000

0,165 0,182 0,347

Total activo

1,000

0,253

1,000 1,000

(a) Punto Suplementario

Tabla 2. Examen de los puntos de Columna. Todos los casos Puntuación en la dimensión

Contribución De los puntos a la inercia de la dimensión

Atributos

Masa

1

2

Inercia

1

2

De la dimensión a la inercia del punto 1

2

Total

Es de Izquierdas

0,051

-1,168

-1,302

0,049

0,184

0,327

0,527

0,458

0,984

Es de derechas

0,125

0,357

0,859

0,030

0,042

0,351

0,198

0,799

0,997

Es de centro

0,141

0,064

-0,424

0,008

0,002

0,096

0,027

0,812

0,838

Buenos arts

0,148

-0,093

-0,008

0,012

0,003

0,000

0,040

0,000

0,040

Malos arts

0,078

0,123

0,147

0,027

0,003

0,006

0,016

0,016

0,033

Comodo de leer

0,208

0,130

-0,004

0,002

0,009

0,000

0,601

0,000

0,601

Incómodo de leer Con noticias regionales Sin noticias regionales

0,018

-1,149

-0,289

0,011

0,065

0,006

0,813

0,036

0,849

0,141

0,866

-0,329

0,044

0,281

0,058

0,905

0,091

0,996

0,090

-1,307

0,670

0,069

0,410

0,154

0,844

0,155

0,999

Total activo

1,000

0,253

1,000

1,000

En el gráfico 1, se aprecia en primer lugar una estructura competitiva muy ligada a lo regional con ideario de izquierdas, formada esencialmente por El Norte de Castilla y El Día de Valladolid. En dicha estructura competitiva también se encuentra el periódico ideal, y por


222

tanto debe señalarse que las preferencias de los estudiantes universitarios están en primer lugar fundamentadas hacia un periódico con alto contenido regional e ideario político de izquierdas. En torno a ese ideario se encuentra también El País, aunque por otra parte se encuentra muy vinculado a la ausencia de noticias regionales, y la posición antónima la ilustran ABC y La Razón, muy próximos a un ideario de derechas y sin vinculación a lo regional. El país también muestra asociación con el atributo “es incómodo de leer”, que podría solucionar revisando su formato, si bien hay que advertir que ese punto no resulta demasiado fuerte en el contexto estudiado -al igual que los atributos relacionados con la calidad de los artículos-, por lo que posiblemente no resultara demasiado rentable realizar un esfuerzo importante para avanzar en ese aspecto en relación al público considerado. Finalmente, puede sorprender el hecho de que El Mundo muestre cierta vinculación con la abundancia de noticias regionales, si bien hay que advertir que en dicho diario en Castilla León se incluye una separata, que con el nombre de El Diario de Valladolid informa sobre lo acontecido en dicha Comunidad Autónoma, lo cual explicaría tal situación de cercanía al mencionado atributo.

Gráfico 1. Mapa de Posicionamiento de Diarios - Todos los casos


223

3.2. EL CASO DE LOS HOMBRES En el caso de los hombres, el análisis efectuado no presenta diferencias importantes, si bien hay elementos que deben considerarse. Así, aunque la distribución de inercia en las dimensiones es muy similar, 51,8% explicada por la dimensión 1, y el 27,3% por la dimensión 2, y aún asumiendo la dominancia del mismo criterio (el regionalismo, que explica el 55,1% de la inercia atribuida al primer eje) en torno a la dimensión 1 e idéntica situación para la dimensión 2 (interpretada en torno a los conceptos izquierda y derecha, que suman el 45% de la inercia explicada por la dimensión 2), hay que mencionar cierto cambio en la ponderación de estas variables. Así, los atributos que articulan el concepto de lo regional han perdido peso en este caso, siendo la situación todavía más notoria en el caso de la segunda dimensión, tal y como puede apreciarse en las tablas 3 y 4. Tabla 3. Examen de los puntos de fila. Caso de los hombres Puntuación en la dimensión

Periodico El Norte de Castilla

Masa

1

2

Contribución

Inerci a

De los puntos a la inercia de la dimensión

De la dimensión a la inercia del punto

1

2

1

2

Total

0,166

0,485 -0,258

0,032

0,104

0,040

0,463

0,095

0,558

ABC

0,162

0,128

0,369

0,024

0,007

0,081

0,042

0,253

0,294

El país

0,176 -1,281 -0,235

0,112

0,772

0,036

0,969

0,024

0,993

El mundo

0,164

0,304

0,335

0,025

0,040

0,067

0,225

0,199

0,424

El dia

0,173

0,407 -0,850

0,053

0,077

0,460

0,204

0,644

0,848

La razón

0,159

0,028

0,736

0,026

0,000

0,316

0,002

0,898

0,900

Ideal(a)

0,152

0,317 -0,109

0,070

0,000

0,000

0,082

0,007

0,089

Total activo

1,000 (a)

0,271 1,000 1,000 Punto Suplementario

En resumen, siguen predominando los mismos atributos, pero en este caso ceden importancia en relación al resto de atributos estudiados.


224

Tabla 4. Examen de los puntos de columna. Caso de los hombres Puntuación en la dimensión

Contribución De los puntos a la inercia de la dimensión

Atributos

Masa

1

2

Es de Izquierdas

0,052

-1,443

-1,098

Es de derechas

0,128

0,503

Es de centro

0,135

Buenos arts

1

2

0,058

0,287

0,229

0,691

0,291

0,981

0,684

0,034

0,087

0,221

0,364

0,488

0,852

0,041

-0,358

0,009

0,001

0,063

0,01

0,527

0,537

0,142

-0,113

0,371

0,019

0,005

0,072

0,037

0,288

0,325

Malos arts

0,085

0,145

-0,602

0,036

0,005

0,113

0,019

0,232

0,251

Comodo de leer

0,209

0,106

0,066

0,002

0,006

0,003

0,468

0,131

0,599

Incómodo de leer Con noticias regionales Sin noticias regionales

0,019

-1,092

-0,566

0,013

0,059

0,022

0,651

0,127

0,778

0,145

0,757

-0,387

0,038

0,221

0,079

0,816

0,155

0,971

0,086

-1,199

0,791

0,063

0,33

0,197

0,732

0,231

0,964

0,271

1

1

Total activo

1

Inercia

De la dimensión a la inercia del punto 1

2

Total

Gráfico 2. Mapa de Posicionamiento de Diarios - Hombres

ABC y La Razón siguen formado una estructura competitiva, aunque debe considerarse la pertenencia a la misma del periódico El Mundo, si bien los primeros son definidos esencialmente en torno al


225

ideario político y el último en torno al regionalismo. Esta estructura tiene además vinculación con los buenos artículos. 3.3 EL CASO DE LAS MUJERES El caso de las mujeres es más parecido al caso global, y establece ciertas diferencias, aunque no sustanciales, con la percepción de los hombres hacia los objetos estudiados. En este caso puede apreciarse cierta homogeneidad en cuanto a las proporciones de inercia explicada por las dos dimensiones, 58,3% en el caso de la primera, y 27,2% en el caso de la segunda. El regionalismo sigue siendo, al igual que en los otros casos, los criterios que interpretan el primer eje, sus variables suman el 78% de la inercia explicada, y el ideario político hace lo propio con el segundo eje, en este caso, sus variables suman el 72,6% de la inercia atribuida a tal eje. Sin embargo, hay que hacer notar que en este caso dichos objetos explican más inercia que en el caso de los hombres, tal y como puede apreciarse en las tablas 5 y 6. Tabla 5. Examen de los puntos de fila. Caso de las mujeres Puntuación en la dimensión

Contribución De los puntos a la inercia de la dimensión

Masa

1

2

Inercia

1

2

De la dimensión a la inercia del punto

Periodico El Norte de Castilla ABC

1

2

Total

0,167 0,159

0,634 -0,072

-0,356 0,763

0,037 0,026

0,176 0,002

0,082 0,355

0,686 0,012

0,148 0,935

0,834 0,947

El pais

0,177

-1,132

-0,561

0,101

0,595

0,214

0,855

0,144

0,998

El mundo

0,154

0,399

-0,037

0,017

0,064

0,001

0,536

0,003

0,539

El dia

0,177

0,521

-0,356

0,043

0,126

0,086

0,428

0,136

0,565

La razon

0,166

-0,290

0,642

0,025

0,037

0,263

0,213

0,711

0,924

Ideal(a)

0,156

0,537

-0,575

0,068

0,000

0,000

0,252

0,197

0,448

Total activo

1,000

0,250 1,000 (a) Punto Suplementario

1,000

Dicho de otro modo, la clasificación mental de las mujeres se muestra más rígida en torno a estos conceptos, y consideran el resto menos intensos en dicha asignación mental.


226

Tabla 6. Examen de los puntos de columna. Caso de las mujeres Puntuación en la dimensión

Contribución De los puntos a la inercia de la dimensión

Atributos

Masa

1

2

Inercia

1

2

De la dimensión a la inercia del punto 1

2

Total

Es de Izquierdas

0,050

-0,937

-1,359

0,042

0,115

0,353

0,395

0,567

0,962

Es de derechas

0,122

0,237

0,893

0,028

0,018

0,373

0,093

0,905

0,998

Es de centro

0,146

0,070

-0,411

0,009

0,002

0,095

0,029

0,699

0,728

Buenos arts

0,153

-0,060

-0,098

0,010

0,001

0,006

0,022

0,039

0,061

Malos arts

0,072

0,056

0,400

0,023

0,001

0,044

0,004

0,131

0,135

Comodo de leer

0,208

0,159

-0,018

0,003

0,014

0,000

0,604

0,005

0,609

Incómodo de leer Con noticias regionales Sin noticias regionales

0,018

-1,206

-0,354

0,012

0,070

0,009

0,843

0,050

0,892

0,137

0,946

-0,234

0,049

0,322

0,029

0,955

0,040

0,995

0,094

-1,367

0,503

0,073

0,458

0,091

0,911

0,084

0,995

Total activo

1,000

0,250

1,000

1,000

Gráfico 3 - Mapa de Posicionamiento de Diarios - Mujeres

Tal y como puede apreciarse en el gráfico arriba mostrado, se sigue apreciando el grupo competitivo formado por el objeto Ideal, El Norte de Castilla y el Día de Valladolid, pero aquí se pone de relieve la


227

incorporación a dicha estructura de El Mundo, que si bien antes ya se podía entrever, aquí su situación es clara. El País sigue vinculado a los conceptos descritos para el resto de casos, de izquierdas, no regional e incómodo de leer. ABC y La Razón muestran vinculación intensa con el ideario de derechas, pero aquí también se muestra asociación con los malos artículos, aunque menos intensa que la descrita anteriormente. Finalmente, ciertos atributos a priori positivos como “tiene buenos artículos” y “es cómodo de leer” son por su debilidad irrelevantes en este análisis, hecho que coincide con lo apuntado anteriormente. 3.4 ANÁLISIS COMPARATIVO Si observamos los datos aportados por los tres casos de forma comparativa –expuestos en el cuadro inferior–, podremos apreciar ciertas diferencias, si bien debe entenderse que las mismas son diferencias de grado, no observando por tanto una ruptura significativa en cuanto a estructuras competitivas y asignación mental de objetos. Tabla 2. Análisis Comparativo de los casos % Inercia Explicada por Dimensión 1 % Inercia Explicada por Dimensión 2 Dimensión 1 (Atributos Dominantes e inercia de los objetos) Dimensión 2 (Atributos Dominantes e inercia de los objetos) Objeto Dominante

Todos los casos 55,8%

Hombres 51,8%

Mujeres 58,3%

27,2%

27,3%

27,2%

Abundan las noticias regionales (28,1%) y escasean las noticias regionales (41%) Es de Izquierdas (32,7%) y es de derechas (35,1%) Escasean las noticias regionales

Abundan las noticias regionales (22,1%) y escasean las noticias regionales (33%) Es de Izquierdas (22,9%) y es de derechas (22,1%) Escasean las noticias regionales

Abundan las noticias regionales (32,2%) y escasean las noticias regionales (45,8%) Es de Izquierdas (35,3%) y es de derechas (37,3%) Escasean las noticias regionales

Así, se pone de manifiesto que en el grupo de las mujeres la inercia de los objetos dominantes es mayor que en el caso de los hombres, si bien los objetos son los mismos en ambos casos. Dicho de otro modo: las mujeres, en tarea de clasificación y asignación de estructuras competitivas y atributos muestran mayor rigidez respecto de estos objetos que los hombres, que dejan desarrollarse más al resto de atributos. Sin embargo, las estructuras competitivas, con las salvedades ya apuntadas, no muestran diferencias significativas.


228

4. CONCLUSIONES Para el colectivo objeto de estudio, los datos manifiestan la clasificación de periódicos en estructuras competitivas de forma muy clara en torno al carácter regional –o la ausencia del mismo– y al ideario político en que dichas publicaciones son percibidas –en mayor medida al primer elemento–. Así, El País mantiene en todos los estratos analizados la posición genérica de diario nacional con ideario político de izquierdas. La posición antagónica es compartida esencialmente por los periódicos ABC y La Razón, y en menor medida El Mundo. Frente a éstos, percibidos como nacionales -a excepción de El Mundo, que como ya se ha explicado incluye en sus páginas una separata con información regional y maquetación independiente que potencia la sensación de preocupación por lo regional- encontramos un estructura competitiva que ejemplifica a los diarios esencialmente regionales y locales, representados por El Norte de Castilla y El Día de Valladolid. Además, se puede concluir que los jóvenes universitarios clasifican y ordenan las cabeceras estudiadas en función del carácter regional y el ideario político percibido, dotando a estos dos elementos de protagonismo frente a la calidad de los artículos o la comodidad del soporte. Por ello, tanto la proximidad a lo regional y local como el ideario político sostenido deben ser considerados elementos esenciales en la percepción de las cabeceras en dicho contexto de referencia, lo que confirma la primera hipótesis de trabajo planteada (H1). Del mismo modo, el periódico ideal –que representa las preferencias expresadas por el colectivo objeto de estudio– se encuentra dentro de la última estructura competitiva mencionada, magnificando el interés por lo regional, por lo cercano, y en torno a un ideal progresista, lo que implica la confirmación de la segunda hipótesis de trabajo (H3). Si bien la percepción general de hombres y mujeres no difiere en demasía, hay que mencionar mayor intensidad en los atributos relacionados con lo regional y lo político respecto del resto de atributos que en el caso de los hombres, que se traduce en el menor desarrollo del resto de atributos estudiados, y por tanto mayor rigidez en la asignación de estructuras competitivas en torno a ciertos atributos. Por otra parte, la estructura competitiva no presenta diferencias relevantes respecto de los hombres. Por tanto, si bien se advirtió la existencia de diferencias perceptuales entre sexos, éstas no son sustanciales, por lo que no es posible confirmar la tercera hipótesis de trabajo (H3), que debe quedar por tanto rechazada.


229

En lo que respecta a las implicaciones teóricas de este trabajo, hemos de señalar la coincidencia con el estudio anterior de Rojo Villada28, en tanto que el objeto ideal, y por tanto las preferencias del colectivo objeto de estudio, se encuentra situado más cerca de la cobertura de lo próximo que de lo lejano o ajeno, elemento que por otra parte también explicaría la teoría expuesta por Gonzalez Borjas29 sobre la preferencia empresarial hacia lo próximo. Finalmente, también observamos cierta coincidencia con el estudio de Flores Vivar y Aguado30, si bien hay que advertir que éste se refiere a diarios online. No obstante, deben señalarse importantes limitaciones en este trabajo, centradas fundamentalmente en una muestra poco representativa y muy limitada, que impide la generalización de resultados. Poco representativa por la escasez de elementos muestrales analizados y muy limitada por referirse únicamente a una comunidad universitaria específica de Castilla y León. Sin embargo, entendemos que se abren interesantes futuras líneas de investigación. Una de ellas hace referencia al estudio del mismo objeto desde otras perspectivas, es decir, estudiando nuevas características del mismo objeto, tal y como queda patente en los datos observados en el primer análisis de correspondencias realizado. También creemos relevante el estudio del mismo objeto pero en otros soportes, como los teléfonos móviles, y en otros formatos, como la percepción de informativos televisivos.

28

ROJO VILLADA, Pedro Antonio (2005) “La prensa en la era digital. Estrategias periodísticas para fidelizar lectores y generar nuevas fuentes de ingresos a lo largo de toda la cadena de valor”. En Revista Latina de Comunicación Social, 59. La Laguna, Tenerife, extraído de http://www.ull.es/publicaciones/latina/200519rojo.pdf. Fecha de Consulta: 17/05/2010. 29 GONZÁLEZ BORJAS, Antonia. (2000) “El fenómeno de la "edicionalización" y la prensa local”. En Ámbitos: Revista internacional de comunicación, 3-4. pp.87-97. 30 FLORES VIVAR, Jesus Miguel y AGUADO, Guadalupe (2004) “Negocios de la prensa en internet. Estrategias y posicionamiento de periódicos españoles online” . En Diálogos de la Comunicación, 70. pp. 98-111.


230

5. BIBLIOGRAFÍA AIMC (2009) “Resumen General EGM. Abril 2008 a Marzo 2009”. Extraído de http://www.aimc.es. Fecha de Consulta: 16/05/2009. ALMIRON, Nuria (2006) “Pluralismo en Internet: el caso de los diarios digitales españoles de información general sin referente impreso” En Ámbitos: Revista internacional de comunicación, 15. pp. 9-31. ARCEO VACAS, Alfredo (2006) “Las relaciones públicas y la evaluación de la imagen proyectada por los medios de comunicación de masas: Las elecciones a la presidencia de la Comunidad Autónoma de Madrid y al Ayuntamiento de Madrid en 2003”. En Analisi, 34. pp. 239-254 FLORES VIVAR, Jesus Miguel y AGUADO, Guadalupe (2004) “Negocios de la prensa en internet. Estrategias y posicionamiento de periódicos españoles online” . En Diálogos de la Comunicación, 70. pp. 98-111. FUNKHOUSER, G. R. (1973). "The issues of the sixties: An exploratory study in the dynamics of public opinion". En Public Opinion Quarterly, 37 (1), pp. 62-75. GANZÁBAL, María y LÓPEZ MEDEL, Ismael (2008) “El tratamiento de la información en los medios españoles: El País y El Mundo ante la ley del cine”. En Palabra Clave, 11, 2. pp.199-217 GONZÁLEZ BORJAS, Antonia. (2000) “El fenómeno de la "edicionalización" y la prensa local”. En Ámbitos: Revista internacional de comunicación, 3-4. pp.87-97. IGARTUA, Juan José, HUMANES, Maria Luisa., CHENG, L., GARCÍA, M., GOMES, D., NIÑO, M., AMARAL, N., CANAVILHAS J., GARCÍA, A. R. y GOMES, A. M. (2003): “Medios de Comunicación e inmigración. El análisis de los encuadres noticiosos en la prensa española”. En Encuentros en Psicología Social, 1(4), pp. 158-164 IGARTUA, Juan José y HUMANES, Maria Luisa (2004) “Imágenes de Latinoamérica en la prensa española. Una aproximación empírica desde la Teoría del Encuadre” En Comunicación y Sociedad, 17. pp. 47-65. IYENGAR, S. (1991). Is anyone responsible? How television frames political issues. Chicago. The University of Chicago Press. KATZ, Elihu, BLUMLER, Jay G. y GUREVITCH , Michael “Uses of Mass Communication by the Individual” En DAVISON, W. et al. Mass Communication Research. Nueva York, Praeger Publishers, 1974, Pp. 11-34. LEE, Francis y LIN, Angel (2006) “Newspaper editorial discourse and the politics of selfcensorship in Hong Kong” En Discourse & Society, 17 (3) pp. 331-358 LIPPMANN, Walter (1922). La opinión pública. Buenos Aires, Compañía General Fabril Editora, 1964. LUCHESSI, Lila (2008) “Politics and media in the 2007 Argentine presidential elections”. En International Journal of press politics, 13 (3) pp.345- 351 MCCOMBS, Maxwell y SHAW, Donald (1972) 'The Agenda-Setting Function of MassMedia', En The Public Opinion Quarterly,. 36 (2). pp. 176-187. MEDRANO SAMANIEGO, Concepción., PALACIOS, Santiago. y BARANDIARAN, Ana .Aierbe. (2007) “Los hábitos y preferencias televisivas en jóvenes y adolescentes: Un estudio realizado en el País Vasco” En Revista Latina de Comunicación Social, 62. pp. 1327 MONTERO, Mercedes, RODRÍGUEZ VIRGILLI, Jordi y GARCÍA ORTEGA, Carmela (2008) “The political role of the press in spanish transition to democracy, 1975-1978” En Javnost – The Public, 15 (4) pp. 5-20. MUÑIZ, Carlos. e IGARTUA, Juan José. (2004). “Encuadres noticiosos e inmigración. Un análisis de contenidode la prensa y televisión españolas.” ZER, 16, 87-104.


231 MUÑIZ, Carlos, IGARTÚA, Juan José y OTERO, Jose Antonio (2006) “Imágenes de la inmigración a través de la fotografía de prensa. un análisis de contenido” Comunicación y Sociedad, 19. p.103-128. RODRIGUEZ DÍAZ, Raquel. (2004) .Teoría de la agenda setting. Aplicación a la enseñanza universitaria. Observatorio Europeo de Tendencias Sociales. [Recurso en línea] Disponible en http://www.obets.ua.es/obets/libros/AgendaSetting.pdf ROGERS, E. M., DEARING, J. W., y CHANG, S. (1991). AIDS in the 1980s: The agendasetting process for a public issue (Journalism Monographs, No. 126). Columbia, SC: Association for Education in Journalism and Mass Communication. ROJO VILLADA, Pedro Antonio (2005) “La prensa en la era digital. Estrategias periodísticas para fidelizar lectores y generar nuevas fuentes de ingresos a lo largo de toda la cadena de valor”. En Revista Latina de Comunicación Social, 59. La Laguna, Tenerife, extraído de http://www.ull.es/publicaciones/latina/200519rojo.pdf . Fecha de Consulta: 17/05/2010. SÁNCHEZ GUZMÁN, Jose Ramón (1995): Marketing: conceptos básicos y consideraciones fundamentales. Ed. McGraw Hill, Madrid, p.278 SANZ DE LA TAJADA, Luis Ángel (1996): Auditoría de la imagen de la empresa. Métodos y técnicas de estudio de la imagen. Ed Síntesis. Madrid, p.68 SEMETKO, H. y VALKENBURG, P. (2000): “Framing European Politics: a content analysis of press and television news”, Journal of Communication, 50 (2), pp. 93-109. TROUT, Jack y RIES, Al (1972) “The positioning era comet”, En Advertising Age, 24. pp.3538. VARELA MEJÍA, Jose Ignacio (2001) “La dura realidad: Usos y gratificaciones aplicada a los Reality Shows” En Razón y Palabra, 24. ZUGASTI, Ricardo (2008) “El papel de la prensa en la construcción de la democracia española: de la muerte de Franco a la Constitución de 1978” En Confines de relaciones internacionales y ciencia política, 7. pp. 53-68


Â


Instituições CIM FF-UC CITS-ESSVACESPU FC-UBI FCS-US FCSH-UBI DTR-UITMR ESEFC ESS-IPV ESGT-IPB EST-IPV ESECD-IPG ESS-IPG ESTG-IPG ESTH-IPG ESTM-IPL EST-ISPV FE-UA FF-UC ISCTE-IUL RK UEMC US ValorConsult

Centro de Investigação de Montanha Faculdade de Farmácia – Universidade de Coimbra Centro de Investigação e Tecnologia da Saúde – Escola Superior de Saúde de Vale do Ave – Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário Faculdade de Ciências – Universidade da Beira Inrterior Faculdad de Ciencias Sociales – Universidade de Salamanca Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade da Beira Interior Department of Tourism and Recreation – University of Information Technology and Management in Rzeszow Escola Superior de Enfermagem de Coimbra Escola Superior de Saúde – Instituto Politécnico de Viseu Escola Superior de Gestão e Tecnologia - Instituto Politécnico de Bragança Escola Superior de Tecnologia – Instituto Politécnico de Viseu Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto – Instituto Politécnico da Guarda Escola Superior de Saúde – Instituto Politécnico da Guarda Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Instituto Politécnico da Guarda Escola Superior de Turismo e Hotelaria – Instituto Politécnico da Guarda Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar – Instituto Politécnico de Leiria Escola Superior de Tecnologia – Instituto Politécnico de Viseu Faculdade de Economia - Universidade do Algarve Faculdade de Farmácia - Universidade de Coimbra Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa - Instituto Universitário de Lisboa Republico of Kazakhstan Universidad Europea Miguel de Cervantes Valladolid Universidade de Sevilha ValorConsult – Consultores Associados Lda


Â


Normas para Apresentação de Artigos A Revista EGITANIA SCIENCIA, propriedade do Instituto Politécnico da Guarda, é uma publicação periódica que materializa a permanente preocupação de apoiar, primordialmente, a actividade de investigação desenvolvida no IPG e no interior do País. Fomentar a investigação nos domínios da didáctica, pedagogia, cultura e técnica é o principal objectivo desta revista de divulgação científica. Deste modo, e no sentido de garantir a qualidade técnica da Revista, definem-se as seguintes normas de apresentação de artigos: 1- Os artigos devem ser apresentados – em português, espanhol ou inglês – devidamente estruturados, apresentando de forma organizada os capítulos e subcapítulos do texto, indicando os termos ou expressões a imprimir em itálico, ou a destacar de qualquer outra forma gráfica. É exigido um nível excelente para a redacção em inglês; se assim não for, o trabalho poderá ser recusado, ficando sempre sujeito a revisão. 2- Os artigos devem incluir a identificação do(s) autor(es), da categoria ou função (quando se justifique), da qualidade profissional, local de trabalho e respectivo endereço (postal e electrónico), bem como o contacto telefónico. 3- Os artigos devem ser acompanhados de um Curriculum Vitae (CV), resumido (máximo cinco linhas), do(s) autor(es) e de um documento assinado 1 pelo(s) articulista(s) abdicando dos direitos a favor da Revista Egitania Sciencia, confirmando a originalidade do trabalho e declarando que o trabalho não será apresentado, em simultâneo, noutras revistas nacionais ou estrangeiras. 4- Os trabalhos devem incluir o título em português, espanhol e em inglês, o resumo em português, resumen em espanhol e o abstract em inglês, cada um com o máximo de 1500 caracteres e a indicação até 5 palavras-chave/palabrasclave/Keywords, no máximo. O resumo/resumen/abstract deve expor o objectivo do trabalho, a metodologia seguida, os resultados obtidos e as conclusões apresentadas. 5- Os trabalhos devem ser originais inéditos e não devem exceder cerca de 20 páginas A4; devem apresentar a seguinte estrutura: na primeira página deve ser 1

Assinatura igual à do Bilhete de Identidade, cujo número deverá ser referenciado.


indicado o título na língua original, a identificação do(s) autor(es) e CV; o nome do(s) autor(es) 2 ; na segunda página devem ser apresentados os títulos (português, espanhol e inglês), e o resumo/resumen/abstract bem como as palavraschave/palabras clave/keyword; o artigo propriamente dito será iniciado na terceira página. 6- Os artigos devem ser enviados em suporte digital, formatados em Word, letra Times New Roman – corpo 12, espaço de 1,5 linhas, com texto justificado; a proposta do artigo deve ser enviada por e-mail (o contacto com os autores será efectuado exclusivamente por e-mail). A bibliografia deve ser apresentada em letra Times New Roman – corpo 8, espaço simples, texto justificado. 7- A utilização de siglas ou abreviaturas deve restringir-se à forma padrão, evitando a sua inserção no título; a designação completa da instituição/organismo/obra à qual se refere uma abreviatura ou sigla deve preceder, no texto, a primeira indicação destas, exemplo: Estados Unidos da América (EUA). Não devem ser utilizados pontos nas siglas (exemplo: EUA em vez de E.U.A.). 8- Os vocábulos estrangeiros devem ser devidamente assinalados (em itálico) e as citações de textos devem figurar entre aspas, segundo as exigências tradicionalmente exigidas, remetendo, quando for caso disso, para a nota no fundo da página. As referências bibliográficas integradas nos textos devem ser apresentadas na forma autor-data-localização e de acordo com os seguintes exemplos: - “ contribuem para o bem (Hughes, 1999)”; - “ Como é referido por Zen (1890)”; - “«O objecto vale o preço.» (Reis, 2000).”; - Diversos Autores: (Santos e Neves, 2004) ou quando mais que 3 autores (Salgueiro et. al., 1998). 9- As equações e fórmulas devem ser colocadas numa nova linha e centradas em relação ao texto. 10- Os números, quando não forem seguidos por unidades de medida, deverão ser apresentados por extenso, de primeiro a décimo e de um a dez (inclusive), e por algarismos a partir deste último número. 11- A lista bibliográfica (obrigatória) a incluir no final do texto, tem de ser organizada por ordem alfabética e de acordo com o seguinte critério: - Livro: (Apelido, Nome próprio, Título do Livro, Editor(a), Local da edição, ano); - Artigo de Revista (Apelido, Nome próprio, “Título do artigo”, Nome da Revista, número da Revista, data, local da edição, páginas); - Texto de colectânea (Apelido, Nome próprio, “Título do Texto”, in Apelido, Nome próprio (Org./ Ed.), Título da colectânea, Editor (a), Local de edição, ano, páginas); - Para esclarecer casos não considerados, os autores deverão cumprir a normalização em vigor em Portugal (Norma Portuguesa de

2 Os autores não deve ser mais referenciado em qualquer ponto do artigo


Descrição Bibliográfica, NP 405-1) e a ISBD – International Standard Bibliographic Description for Electronic Resources. 12- Sempre que se incluam figuras, quadros, esquemas, gráficos ou fotografias destinadas a inserção no texto, estas devem ser enviadas em ficheiro independente do texto, uma por página. A sua localização no texto deve ser indicada por uma linha intercalar destacada a negrito (ex.: “a figura 1 aproximadamente aqui”). As figuras, quadros, esquemas, gráficos ou fotografias devem ser numerados de forma contínua e com numeração árabe (as fotografias devem possuir a resolução mínima adequada à impressão). 13- O material gráfico (e ilustrações) deve ser apresentado com as seguintes configurações: fonte Times New Roman, corpo 8; preferencialmente preto e branco; dentro do próprio artigo; o título deve ser apresentado em Times New Roman, corpo 8, a negro, antes da figura; deve ser numerado de forma sequencial, em numeração árabe. 14- Os artigos enviados, ou solicitados, para a Revista Egitania Sciencia serão apreciados pela Direcção e por dois Professores Doutorados como revisores, em blind referee; estes não terão conhecimento do(s) autor(es) do(s) trabalhos, nem estes últimos dos membros a consultar. A decisão da publicação é tomada com base nessa informação (podendo ser sugeridas ao(s) autor(es) algumas alterações), tendo ainda em conta as prioridades editoriais. 15- O autor compromete-se a considerar e rever os textos de acordo com as sugestões apresentadas pela Comissão Científica. A Direcção da ES reserva-se o direito de recusar artigos cujos autores não considerem as modificações sugeridas pela Comissão Científica, que apenas apreciará os textos enquadrados nas normas estabelecidas. 16- A Revista Egitania Sciencia declina a responsabilidade de publicar trabalhos não solicitados, a que a Direcção não atribua nível adequado ou que não obedeçam às normas estipuladas. A Revista declina, ainda, a responsabilidade de devolução dos trabalhos, que apenas será efectuada a pedido, por escrito e com os custos a suportar pelos autores. 17- Desde que os artigos sejam aceites, e publicados na Revista Egitania Sciencia, ficam a ser propriedade da mesma, sendo proibida a sua reprodução parcial ou total, exceptuando-se os casos de citações do texto em publicações de informação geral, em artigos científicos ou publicações especializadas; 18- O(s) autor(es) do artigo tem (têm) direito a 2 (dois) exemplares da Revista em que for publicado o trabalho. 19- Os artigos devem ser enviados para o Centro de Audiovisuais e Publicações (Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda, Av. Dr. Francisco Sá Carneiro nº 50 * 6300-559 Guarda, gic@ipg.pt), ou entregues pessoalmente. 20- O artigo é da inteira responsabilidade do(s) seu(s) autor(es). IPG, Setembro 2006


Â


Publication Guidelines The academic journal Egitania Sciencia, property of the Instituto Politécnico da Guarda (IPG), is a periodic publication that represents a constant commitment to support research activity carried out at the IPG and the inland regions of Portugal. Its foremost objective is to give incentive to research in the areas of didactics & pedagogy, culture and technology. To ensure the technical quality of the journal, the following guidelines will be followed for all publications: 1. The articles will be written in either Portuguese, Spanish or in English and structured in chapters and subchapters, with salient terms and expressions in italics or otherwise graphically represented. Any articles to be published in English will meet rigorous standards; when these are not met, the article will be rejected pending further revision by the author(s). 2. All articles must identify the author(s), job title(s) (when applicable), place of employment, address (postal and e-mail), and phone number. 3. Additional required information includes a summary of the author’s (or authors’) curriculum vitae (cv), in a maximum of five (5) lines. Submission is a representation that the manuscript has neither been published previously nor is currently being considered for publication elsewhere. If the manuscript is accepted for publication, a signed1 statement must be submitted, transferring copyright to the academic journal Egitania Sciencia and confirming the article to be original work. 4. All articles must include the title and abstract in Portuguese, Spanish and English, each respecting the maximum of 1200 characters, with up to five (5) keywords/palavras-chave/palabras-clave. The abstract/resumo/resumen will cover the objective, methodology, results and conclusions of the article. 5. All articles will be new, original and will not exceed about 20 pages. The paper structure should follow the organization: first page – title in original language, author(s)2 and cv(s); second page – title, abstract/resumo /resumen, and keywords/palavraschave/palabras-clave in the three languages Portuguese, Spanish and English. The text of the article will begin on the third page. 1 The signature must be the same as that on official documents, copies of which must also be submitted. 2 Note that the(se) name(s) will not appear at any other juncture of the article


6. Articles should be submitted in digital format, in Word, Times New Roman 12, 1.5 spacing, left and right justified. The proposal mustl be sent by e-mail from the contact that will be used for any further communication with the author. The bibliography will be formatted in Times New Roman 8, single space, left and right justified. 7. Abbreviation and acronyms will not appear in the title and, when used in the rest of the article, will always be preceded by their full-length description, e.g. United States of America (USA). Also not the absence of periods (full stops), e.g. USA not U.S.A. 8. Any foreign words will appear in italics while citations will appear between quotation marks (inverted commas) and also in italics with the source cited in a footnote. Bibliographic references within the text of the article will respect the authordate-localization and one of the following notation styles: “contribute to the public good.” (Hughes, 1999) According to Zen (1890), (…) The object is worth its price (Reis, 2000). Several authors: (Santos and Neves, 2004) or more than 3 authors (Salgueiro et al, 1998) 9.

Formulas and equations will be centered, with a blank line above and below.

10.

Cardinal and ordinal numbers between one and ten will be written out.

11. The final bibliography, which is compulsory, will be presented in alphabetical order in the following style: Book: (last name, first name, title, editor, place, year); Journal Article (last name, first name, “title of article”, journal, number, date, place, pages); Compendium of texts (last name, first name, “title of text/article”, in last name, first name (org./ed.), book title, editor, place, year, pages); for other cases, Portuguese Bibliographic Guidelines, NP 405-1, and the International Standard Bibliographic Description for Electronic Resources will be applied. 12. Figures, tables, graphs, schemata, and photographs to be included in the text will be sent, one per page, numbered appropriately and sequentially with Arabic numbers, in a separate file. Their place in the text will be indicated by a separate line in bold that reads figure 1 here. Photographs will be submitted with minimum resolution required for printing. 13. Other graphic material and illustrations will be presented in Times New Roman 8, preferably in black and white, within the article. The title, in Times New Roman 8 bold, will precede the figure, with sequential Arabic numbers. 14. All articles to be published in the academic journal Egitania Sciencia will be reviewed by the Board and two Doctoral Professors as reviewers. This will follow the


blind referee process in that the identity of the author(s) will be remaining unknown. Publishing (with or without alterations) will proceed based on the decisions of this referee process and publishing priorities. 15. The author(s) must commit to implementing the suggested alterations. The Board reserves the right to refuse articles that do not follow the guidelines for publication Final responsibility for correcting errors lies with the author. 16. The academic journal Egitania Sciencia reserves the right to keep all material sent for possible publication. The material will be returned only upon request, in writing, with mailing costs paid in full by the author(s). 17. Upon acceptance and publication by the academic journal Egitania Sciencia, the article becomes property of said journal. Partial or total reproduction is prohibited, except in cases of citations in scientific and/or specialized publications. 18. The author(s) will receive two copies of the issue in which the article was published. 19.

Articles will be submitted in person or sent to the following address: Centro de Audiovisuais e Publicações, Serviços Centrais Instituto Politécnico da Guarda Av. Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 50 6300-559 Guarda gic@ipg.pt

20.

The article is of sole responsibility of the author(s).

IPG, September 2006


Â


Normas para presentación de Artículos La Revista EGITANIA SCIENCIA, es propiedad do Instituto Politécnico da Guarda, é una publicación periódica que materializa la permanente preocupación de apoyar, primordialmente, la actividad de investigación desenvolta en el IPG e en lo interior del País. Fomentar a investigación nos dominios da didáctica, pedagogía, cultura e técnica é o principal objetivo de la revista de divulgación científica. Así, e en el sentido de garantir la calidad técnica de la Revista, definen-se las siguientes normas de presentación de artículos: 1Los artículos deben ser presentados – en Portugués, Español o Ingles – debidamente estructurados, presentando de forma organizada los capítulos los subcapítulos de lo texto, indicando los termos o expresiones a imprimir en itálico, o a destacar de cualquier otra forma gráfica. Es exigido un nivel excelente para a redacción en ingles o español; se así no suceder, lo trábalo podrá ser recusado, permaneciendo siempre sujeto a revisión. 2Los artículos deben incluir a identificación de lo(s) autor(es), de la categoría o función (cuando se justifique), la calidad profesional, local de trabajo y respectivo enderezo (postal e electrónico), bien como lo contacto telefónico. 3Los artículos deben ser acompañados de un Curriculum Vitae (CV), resumido (máximo cinco líneas), de lo(s) autor(es) e de un documento asignado 1 pelo(s) articulista(s) abdicando de los derechos en favor de la Revista Egitania Sciencia, confirmando la originalidad del trabajo y declarando que lo trabajo no será presentado, en simultaneo, a otras revistas nacionales o extranjeras. 4Los trabajos deben incluir el título en Portugués, Español e en Ingles, o resumo en Portugués, resumen en español y lo abstract en Ingles, cada un con lo máximo de 1500 caracteres e la indicación hasta 5 palavras-chave/palabras-clave/Keywords, en el máximo. Lo resumo/resumen/abstract debe demostrar el objetivo do trabajo, la metodología seguida, los resultados obtenidos e las conclusiones a presentar. 5Los trabajos deben ser originales inéditos e no deben exceder cerca de 20 páginas A4; deben presentar la siguiente estructura: en la primera página debe ser indicado lo título en la lengua original, la identificación de lo(s) autor(es) e CV; el 1

Assinatura igual à do Bilhete de Identidade, cujo número deverá ser referenciado.


nombre de lo(s) autor(es)2; en la segunda página deben ser presentados los títulos (Portugués, Español e Ingles), el resumo/resumen/abstract bien como las palavraschave/palabras clave/keyword; lo artículo propiamente dito será iniciado en la tercera página. Os artículos deben ser enviados en suporte digital, formateados en Word, letra Times New Roman – cuerpo 12, espacio de 1,5 líneas, con texto justificado; la propuesta de artículo debe ser enviada por e-mail (el contacto con los autores será efectuado exclusivamente por e-mail). La bibliografía debe ser presentada en letra Times New Roman – cuerpo 8, espacios simples, texto justificado. 6-

7La utilización de siglas ou abreviaturas debe restringir-se a la forma padrón, evitando la su inserción en lo título; la designación completa de la institución/organismo/obra à cual se refiere una abreviatura o sigla debe preceder, en el texto, la primera indicación, ejemplo: Estados Unidos da América (EUA). No deben ser utilizados puntos en las siglas (ejemplo: EUA en vez de E.U.A.). 8Los vocablos extranjeros deben ser debidamente señalados (en itálico) e las citaciones de textos deben figurar entre aspas, segundo las exigencias tradicionales, remetiendo, cuando ceja el caso, para a nota no fundo da página. Las referencias bibliográficas integradas en los textos deben ser presentadas Autor-data-localización y de acuerdo con los siguientes ejemplos: - “contribuyen para o bien (Hughes, 1999)…; - “Como es referido por Zen (1890)…; - “«El objeto vale el precio.» (Reis, 2000).”; - Diversos Autores: (Santos e Neves, 2004) o mas que 3 autores (Salgueiro et. al., 1998). 9Las ecuaciones e fórmulas deben ser colocadas en una nueva línea e centradas en relación con el texto. 10- Los números, cuando no sean seguidos por unidades de medida, deberán ser presentados por extenso, de primero a décimo e de un a diez (inclusive), e por números a partir diste último número. 11- La lista bibliográfica (obligatoria) a incluir en el final de lo texto, tiene de ser organizada por orden alfabética e de acuerdo con o siguiente criterio: - Libro:(Apellido, Nombre propio, Título del Libro, Editor(a), Local da edición, ano); - Artículo de Revista (Apellido, Nombre propio, “Título do artículo”, Nombre de la Revista, número de Revista, data, local da edición, páginas); - Texto de colactánea (Apellido, Nombre propio, “Título del Texto”, in Apellido, Nombre propio (Org./ Ed.), Título da colactánea, Editor (a), Local de edición, ano, páginas); - Para esclarecer casos no considerados, los autores deberán cumplir la normalización en vigor en Portugal (Norma Portuguesa de Descripción Bibliográfica, NP 405-1) o la ISBD – International Standard Bibliographic Description for Electronic Resources. 2 Los autores no debe ser mas referenciado en cualquier ponto del artículo.


12- Siempre que se incluyen figuras, cuadros, esquemas, gráficos o fotografías destinadas a inserción en el texto, estas deben ser enviadas en fichero independiente del texto, una por página. La suya localización en el texto debe ser indicada por una línea intercalada destacada a negrito (ex.: “la figura 1 aproximadamente aquí”). As figuras, cuadros, esquemas, gráficos o fotografías deben ser numerados de forma continua e con numeración árabe (as fotografías deben possuir la resolución mínima adecuada à impresión). 13- Lo material gráfico (y ilustraciones) debe ser presentado con as siguientes configuraciones: fuente Times New Roman, cuerpo 8; de preferencia negro e blanco; dentro del propio artigo; lo título debe ser presentado en Times New Roman, cuerpo 8, a negro, antes de la figura; debe ser numerado de forma secuencial, en numeración árabe. 14- Los artículos enviados, o solicitados, para la Revista Egitania Ciencia (ES) serán apreciados pela Dirección e por dos Profesores Doctorados, como revisores, en blind referee; estés no teran conocimiento de lo(s) autor(es) de lo(s) trabajos, ni estés últimos de los miembros a consultar. La decisión de publicación es tomada con base en esa información (pudendo ser sugeridas a lo(s) autor(es) algunas alteraciones), tiendo aún en cuenta las prioridades editoriales. 15- O autor compromete-se a considerar e rever os textos de acuerdo con las sugestiones presentadas por la Comisión Científica. La Dirección de ES se reserva lo derecho de recusar artículos en que los autores no consideren las modificaciones sugeridas por la Comisión Científica, que apenas apreciará los textos encuadrados en las normas establecidas. 16- La Revista Egitania Sciencia declina la responsabilidad de publicar papers no solicitados, à que la Dirección no atribuí nivel adecuado o que no obedezcan à las normas estipuladas. A Revista declina aún, la responsabilidad de devolución de los trabajos, algo que apenas será efectuada a pedido, por escrito e con los costos por cuenta de los autores. Desde que os artículos cejan aceptes, y publicados en la Revista Egitania Sciencia, quedara propiedad de la misma, sendo prohibida suya reproducción parcial

17-

o total, excepto en los casos de citaciones de lo texto en publicaciones de información general, en artículos científicos o publicaciones especializadas;

18- Lo(s) autor(es) de artículos tien (tienen) derecho a 2 (dos) ejemplares da Revista en que sea publicado o trabajo. 19- Los artículos deben ser enviados para lo Centro de Audiovisuais e Publicações (Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda, Av. Dr. Francisco Sá Carneiro nº 50 * 6300-559 Guarda, gic@ipg.pt ), o entregues personalmente. 20-

Lo artículo es de entera responsabilidad de lo(s) su(s) autor(es).

IPG, Setembro 2006


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.