Portal da Ciência - Ano VI • Número I • Janeiro - Março de 2018

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Ano VI • Número 1 • Janeiro - Março de 2018

O que o seu bairro tem a dizer? Pesquisas avaliam: • Aparelho que mede concentração do biodiesel no diesel com base em propriedades elétricas do combustível • Na crise, sempre surge uma nova oportunidade • Descontaminação de águas por meio de argilas modificadas é destaque internacional

ISSN 2178-9090


Sumário

Expediente Reitora

Nair Portela Silva Coutinho Vice-reitor

Fernando Carvalho Silva

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Pró-reitora de Ensino

Dourivan Camara Silva de Jesus Pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação

Allan Kardec Duailibe Barros Filho

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Pró-reitora de Extensão, Cultura e Empreendedorismo

Dorlene Maria Cardoso de Aquino Pró-reitor de Assistência Estudantil

João de Deus Mendes da Silva

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Pró-reitora de Recursos Humanos

Maria Elisa Cantanhede Lago Braga Borges Pró-reitora de Gestão e Finanças

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TECNOLOGIA E TEATRO: INFLUÊNCIAS E POSSIBILIDADES

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NA CRISE, SEMPRE SURGE UMA NOVA OPORTUNIDADE

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Eneida de Maria Ribeiro

EQUIPE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

METÁFORAS DE CARREIRA: OS CAMINHOS QUE UM PROFISSIONAL PODE TRILHAR

Assessor de Comunicação e Coordenação Editorial

Marcos Arruda Valente de Figueiredo Edição

Ivandro Coêlho e Sansão Hortegal Produção

Kleo Souza e Larissa Viveiros Reportagens

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DESCONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS POR MEIO DE ARGILAS MODIFICADAS É DESTAQUE INTERNACIONAL

Géssica dos Anjos, Lígia Guimarães, Mallú Ferreira, Raynan Ferreira e Rildo Corrêa Revisão

Jáder Cavalcante Projeto Gráfico e Diagramação

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ESTUDO TOPONÍMICO: O QUE O SEU BAIRRO TEM A DIZER?

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AUMENTA A ESPERANÇA DE TRATAMENTO A PACIENTES DE MALÁRIA DURANTE A GRAVIDEZ

Mizael Melo Alves Fotografias

Arquivo Pessoal dos Pesquisadores, Luciano dos Santos, Marcus Elícius, Rildo Corrêa e Rodrigo Bomfim Apoio Administrativo

Frederico Oliveira e Suelen Rodrigues


Estรกtua do pedagogo Paulo Freire, localizada no Centro Pedagรณgico que leva o seu nome



Pesquisa destaca protagonismo dos agentes comunitários na promoção do acesso à saúde pública no Maranhão

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Quando a questão envolve saúde, quem mora em bairros ou comunidades da capital maranhense ou das várias cidades do interior do estado, em especial as mais carentes, está sempre se perguntando: a quem recorrer? Quem pode prestar os primeiros socorros? Como intermediar a conversa entre um médico e um morador? Em quem confiar? Esses questionamentos giram em torno de uma figura central na construção do elo entre a comunidade e a assistência à saúde: o agente comunitário. Pensando em dar maior visibilidade a esses profissionais, a professora aposentada Liberata Coimbra realiza uma pesquisa que tem como foco destacar o papel dos agentes comunitários, segmento considerado 6

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fundamental para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). “Dentro dos limites da sua atuação, os agentes comunitários são responsáveis pela melhoria da qualidade de vida de pessoas que, na maioria das vezes, têm acesso limitado aos serviços de saúde”, esclarece a pesquisadora. Dados da pesquisa mostram que, antes da implantação oficial do programa de saúde pública (nas décadas de 70 e 80), alguns estados brasileiros, entre eles o Maranhão, já viviam experiências significativas nessa área. No entanto os registros sobre atenção à saúde no estado são muito escassos. Foi essa escassez de informações que motivou a realização do estudo, que teve início em 2015.

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De acordo com a professora Liberata Coimbra, a história oficial diz que o início das atividades dos agentes comunitários ocorreu no Ceará. Porém, segundo ela, “o Maranhão viveu experiências interessantes anteriores ao momento do Ceará. E isso até a institucionalização do programa”, frisou. Liberata Coimbra diz ainda que, inicialmente, a atividade era de caráter voluntário, realizada principalmente por mulheres que já exerciam certa liderança nos bairros em que residiam. “Os primeiros agentes comunitários de saúde do nosso estado eram os próprios líderes comunitários dos bairros. Posteriormente, boa parte deles foi incorporada às equipes de promoção da saúde. Quando esta se


tornou uma política governamental, eles se tornaram profissionais formalizados”, ponderou. Além de destacar o protagonismo dos agentes comunitários no Maranhão, o estudo também ressalta a ação de instituições de saúde e de ensino que subsidiaram as atividades desses profissionais, entre elas, a Universidade Federal do Maranhão. “Esse regate histórico possibilita compreender a percepção que os agentes tinham quanto ao seu papel dentro da comunidade em que atuavam. Além disso, permite entender a atuação da Pastoral da Criança como pioneira na capacitação desses profissionais, além da participação da UFMA e da Secretaria Estadual de Saúde”, disse Coimbra.

A importância do cuidado Para a pesquisadora Liberata Coimbra, a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) descentralizou a gestão dos serviços de saúde e, de certa forma, revolucionou o acesso a esse direito. Segundo ela, os agentes comunitários do Maranhão foram os embriões desse processo de democratização da saúde. “A experiência subjetiva que os agentes comunitários carregam é permeada de gratidão, cumplicidade e, ao mesmo tempo, de frustração. Isso ocorre quando eles não conseguem atender determinada demanda, pois, paralelamente ao fato de serem profissionais, também possuem o sentimento de pertença com o meio em que atuam e vivem. Daí a

importância do cuidado. O agente comunitário, ao cuidar dos moradores de seu bairro, acaba cuidando de si também”, explica a professora. Perfil da pesquisadora Liberata Coimbra é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Maranhão, com mestrado em Saúde e Ambiente e doutorado em Políticas Públicas pela mesma instituição. É professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva; professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e do Mestrado Profissional em Saúde da Família da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (RENASF). Vice-coordenadora do Mestrado Profissional em Saúde da Família pela Nucleadora UFMA.

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Pesquisa desenvolve aparelho que mede concentração do biodiesel no diesel com base em propriedades elétricas do combustível Segundo lei publicada em 2016, no Diário Oficial da União, a taxa de biodiesel presente no óleo diesel vendido em todo o país deve aumentar até 2019. De acordo com o texto, o índice de biodiesel no diesel passou de 7% para 8% em 2016. Em 2018, deve chegar a 9%, podendo alcançar 10% em 2019. Contudo o processo de medição da substância no combustível ainda é um entrave no Brasil. Ao assumir o cargo de presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), tendo permanecido entre 2008 a 2012, o professor da UFMA Allan Kardec Duailibe notou que a principal reclamação dos empresários da área estava relacionada à burocracia e à demora do processo, que demandava análise das amostras em alguns poucos laboratórios pelo país, que repassavam os resultados para a então aprovação do combustível para a venda. Outra queixa era quanto ao elevado custo operacional dos métodos de medição, que também dificultavam a otimização do processo. Por conta dessa necessidade, surgiu a ideia de elaborar um método simples e de baixo custo para resolver o problema. O professor Allan Kardec, junto com o estudante de doutorado

Christian Diniz Carvalho, trabalharam na primeira etapa do projeto, que resultou na construção de um protótipo de sensor que determina o teor de biodiesel em misturas binárias de biodiesel-diesel utilizando constante dielétrica. Essa fase da pesquisa contou com o suporte financeiro do CNPq. Diferentes técnicas são utilizadas atualmente na medição, com utilização de infravermelho ou análise em comparação ao espectro da luz. Contudo, segundo Allan Kardec, muitos métodos ainda não proporcionam resultados totalmente efetivos, podendo ocorrer mudança nas propriedades químicas do combustível durante o processo, o que pode alterar a concentração anteriormente avaliada. “A grande diferença da nossa pesquisa é a exatidão”, afirma Kardec. O sensor desenvolvido com base na pesquisa utiliza as propriedades elétricas do combustível como medida de comparação relacionada à sua concentração. As frequências variaram de 100 Hz a 2000 Hz, e a concentração do biodiesel no diesel variou de B0 (diesel puro) a B9 (9% de concentração, o ideal, atualmente, segundo a lei). A partir disso, foram obtidos os valores da constante dielétrica (relacionada à capacidade de condução elétrica do

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combustível) para cada mistura, que, apontando valores diferentes para cada concentração, mostraram medições precisas. Ou seja, invertendo a lógica dos fatores, com os valores de frequência e constante dielétrica da mistura, será possível afirmar qual a sua concentração. Próximos passos Em uma segunda etapa do projeto, já em andamento, com o apoio do estudante Inocêncio Neto e do professor do curso de Engenharia Civil Francisco Sávio Sinfrônio, está sendo trabalhada a portabilidade do sensor. Segundo o professor Allan Kardec, a ideia é gerar um aparelho que possa ser levado para os postos, para uma medição no próprio local. Isso otimizaria e facilitaria o processo, diminuindo a carga de trabalho realiza-

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da nos laboratórios especializados e garantindo que uma quantidade maior de postos passassem pela medição. Para isso, também está sendo estudada a medição em temperaturas diferentes, considerando a variação do clima fora dos laboratórios. Na primeira etapa da pesquisa, todos os dados foram avaliados em uma temperatura constante de 25ºC, usualmente utilizada nos laboratórios. Diesel O óleo diesel, como popularmente é conhecido, recebeu esse nome em homenagem a Rudolf Diesel, engenheiro alemão que, em 1895, criou um motor alimentado a óleo de amendoim. No entanto, apesar de esse motor inicialmente ser movido por combustíveis de origem animal e vegetal, o petróleo passou a ser a principal matéria-prima

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para a produção do diesel, por apresentar um potencial energético mais elevado que seus concorrentes. O diesel atualmente é o combustível mais usado no Brasil. É responsável por mover máquinas e motores, tais como tratores, caminhões, automóveis de passeio, ônibus, pequenas embarcações marítimas, locomotivas, navios, entre outros. Já o biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, por ser fabricado a partir de fontes renováveis (óleo de soja, gordura animal, óleo de algodão, óleo de babaçu). Garantir na legislação uma determinada concentração de biodiesel é tentar garantir que os veículos transitem com um combustível menos poluente e mais saudável, tanto para o ambiente, como para os seres humanos.


Projeto analisa papel da literatura especulativa e fantástica na sociedade Os gêneros de ficção científica e fantástica, embora populares, ocupam um nicho relativamente pequeno do mercado literário brasileiro. E ainda são poucas as discussões e produções acadêmicas focadas nesses dois universos literários, ainda que alguns dos seus praticantes sejam figuras bem-estabelecidas, como Lígia Fagundes Telles, Dinah Silveira de Queiroz, o poeta André Carneiro e maranhenses como Coelho Neto e Aluísio Azevedo, entre outros. Explorar os gêneros de ficção científica e narrativas fantásticas deve-se ao fato de estarem intimamente

ligados aos avanços tecnológicos e às mudanças sociais, culturais e psicológicas geradas a partir disso. “O medo, o terror e as incertezas que assolam o imaginário humano, nos tempos modernos e pós-modernos, têm impulsionado o surgimento de inúmeras obras que retratam os anseios de um homem cada vez mais enigmático e multifacetado”, esclarece a professora Naiara Sales, do Departamento de Letras da UFMA. Naiara Sales coordena o projeto “Ficção científica e Literatura fantástica no Brasil: Sociedade, Tecnologia

e Cultura”, que busca ampliar as discussões em torno desses gêneros no Brasil. O estudo é desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa “Ficção Científica, Gêneros Pós-modernos e Representações artísticas na Era Digital – FICÇA”, por meio de pesquisas, análises e debates. A ideia, segundo os participantes, é impulsionar o surgimento de novas produções, enriquecendo as discussões já existentes em âmbito nacional. “Trata-se de uma iniciativa extremamente importante, uma vez que formará leitores, escritores e autores capazes de perceber o papel da

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literatura especulativa e fantástica na sociedade”, destaca a coordenadora do projeto, Naiara Sales. Segundo Naiara Sales, por muito tempo, as narrativas de ficção científica e fantástica brasileiras permaneceram à margem e só recentemente têm suscitado certo interesse entre os estudiosos. “Abrir espaço para análise de obras de Aluísio Azevedo, Coelho Neto e Humberto de Campos, nesse contexto, significa abrir possibilidades para uma investigação acerca da ficção científica e literatura fantástica de origem maranhense, vertentes sistematicamente ignoradas até então”, contou. No projeto, os alunos têm a oportunidade de ler e analisar obras de literatura especulativa brasileiras, estabelecendo, assim, a relação entre esses gêneros e aspectos socioculturais brasileiros. “A literatura especulativa é o gênero que lida com eventos que extrapolam aqueles do mundo cotidiano. Por ultrapassar a realidade como conhecemos, é a literatura que questiona como as coisas seriam se as leis que regem o nosso universo fossem outras, diferentes das que co-

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nhecemos. Então, na literatura especulativa, é possível encontrar viagem no tempo, mundos mágicos alternativos, criaturas mitológicas, monstros, utopias, embora não necessariamente ao mesmo tempo. Dentro da literatura especulativa, encontramos outros subgêneros, incluindo o fantástico e a ficção científica”, diz a pesquisadora. A mestranda Lívia Gomes faz parte do FICÇA desde o surgimento do grupo, em 2012, quando cada estudante podia tratar daquilo com que mais se identificasse: ficção científica, literatura fantástica, literatura de terror, literatura de horror, cyberpunk, quadrinhos, entre outros. Mas foi só a partir de 2013 que o interesse em estudar literatura fantástica se tornou mais forte, com a participação do grupo em eventos como o Vertentes do Insólito Ficcional, que ocorre na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “Nós nos reunimos para discussão de textos teóricos que são do interesse comum de todos, assim como as obras que cada um tem intenção de trabalhar, apesar dos diferentes objetos de pesquisa. Há também épocas de convergência, como quando todos vão participar de

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um evento sobre literatura fantástica. Então, todos desenvolvemos um trabalho científico dentro dessa temática”, contou. Além de participar de eventos em outros municípios, estados e países, o FICÇA também organiza os próprios eventos: o ENAFDM, cuja primeira edição ocorreu na UFMA, a segunda edição na UFPI, e a terceira novamente na UFMA, em conjunto com o CONIFID, sendo o primeiro evento internacional. Por meio do FICÇA, os alunos já publicaram livros pela Edufma, com a coletânea das produções de cada componente do grupo. Para Lívia, a experiência é engrandecedora. “Antes de entrar no FICÇA, eu não tinha um norte quanto ao que gostaria de trabalhar especificamente dentro do curso de Letras. Foi por meio do grupo que obtive algumas das minhas principais bases para desenvolver minhas pesquisas em Literatura. Graças ao que foi aprendido e discutido, eu decidi que gostaria de trabalhar com literatura de ficção científica no meu trabalho de conclusão de curso da graduação. E, agora no mestrado, com literatura fantástica “, destacou. O estudante de Rádio e TV Leonardo Maluf é um grande entusiasta da literatura especulativa. “Eu diria que a minha experiência com livros de literatura fantástica foi bem tardia. Aos 13 anos, eu senti de verdade o gosto pela leitura. Na época, a pessoa que mais me incentivava, que era minha professora de Português na escola, queria que eu lesse livros clássicos da Literatura Brasileira”, comentou. A linguagem muito rebuscada ainda dificultava o acompanhamento das obras, até que Leonardo conheceu o Sítio do Pica-Pau-Amarelo. “Eu era pré-adolescente, e já sabia das histórias do sítio porque, na infância, já tinha assistido


Tecnologia e teatro: influências e possibilidades A tecnologia está em tudo: das atividades laborais do cotidiano aos diversos modos de entretenimento e estudo. Hoje é impossível os profissionais de rádio, televisão e cinema trabalharem sem as possibilidades da tecnologia favorecendo o aperfeiçoamento de técnicas. O teatro contemporâneo tem experimentado recursos tecnológicos de projeções e som que têm sido objetos de estudos. O projeto de pesquisa “O vídeo na Cena Teatral: Construções Significativas para a Narrativa Cênica” investiga metodologias de formação de profissionais das artes cênicas associadas a conteúdos pertinentes à estética do teatro contemporâneo, no qual a materialidade técnica é preponderante.

O estudo faz parte do Grupo de Pesquisa Laboratório de Tecnologias Dramáticas (LabTecDrama), coordenado pelas professoras Fernanda Areias de Oliveira e Marineide Câmara, do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal do Maranhão. “A imagem seria como o potencializador de uma poética teatral contemporânea. Há muito tempo, o teatro já trabalha com essa ideia de jogo entre o ator e a imagem virtual, em que se estabelecem e se criam efeitos novos como se fossem efeitos cênicos que a gente explora”, explica a coordenadora do projeto, professora Fernanda Areias de Oliveira. Trabalhando com uma pedagogia do teatro voltada para a cena, e

com uma pedagogia voltada para o ensino formal, o projeto desenvolve ações que vão de pesquisa-ação a experimento laboral. “Do ponto de vista do ator, por exemplo, é como ele se relaciona e pode interagir com o vídeo, com uma imagem pré-gravada ou projetada no corpo dele, uma imagem que representa o sentimento que ele está compondo na cena e que a imagem reforça. São recursos novos no treinamento do ator. Então, são inúmeras possibilidades”, afirma a professora. A mídia, o ator e a cena O estudante de Licenciatura em Teatro Samuel Moreira observou que poderia levar a proposta de um trabalho do curso para o desenvol-

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vimento de sua pesquisa no grupo. “Busco verificar quais efeitos, especificamente o vídeo, conseguem criar um novo plano para a encenação”, conta. Para tanto, o estudante utiliza o texto teatral de “A Casa” de Bernarda Alba para o estudo. “Com base na dramaturgia, eu analisei um efeito fantasmagórico de todas as outras personagens em volta de uma única personagem. Então fiquei pensando de que forma eu posso utilizar a mídia, o vídeo e as projeções para realçar esse efeito. Por isso a mídia não pode entrar na encenação somente quando o produto estiver pronto, mas ela precisa participar de todo o processo de montagem, para que se possa ir experimentando e ver quais são as possibilidades que a mídia pode oferecer”, observa o estudante, Samuel afirma que é um processo complexo. “É um novo processo

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de treinamento. São novas ideias que vão surgindo, até porque é um novo objeto e é necessário saber de que forma esse objeto vai ser executado em seu trabalho como ator nessa realidade aumentada”, finalizou. Teatro nas escolas Sendo uma das subpesquisas do projeto, o grupo vai realizar intervenções na Escola Dayse Galvão, no bairro Vila Embratel, área Itaqui-Bacanga, onde os estudantes vão experimentar a relação de criação no vídeo, iluminação e dramaturgia. “Queremos também começar a pensar em audiodescrição como suporte para cena, com o intuito de tornar acessível o processo de apreciação artística a um aluno cego”, adianta a coordenadora Fernanda. As ações têm o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e

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ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. Mapeamento O projeto de Pesquisa “O vídeo na Cena Teatral: Construções Significativas para a Narrativa Cênica” também está mapeando os grupos de teatro de São Luís. A ideia é saber como esses grupos trabalham em sua formação. “Nós queremos saber como eles lidam com a técnica, como esses coletivos fazem treinamentos internos para lidar com a luz, com a projeção, com o som. Se eles não fazem, queremos saber como aprendem e aplicam. Assim, poderemos verificar os processos formativos dos grupos e, posteriormente, já em um caráter de extensão, oferecer uma formação para alguns coletivos”, finaliza a professora Fernanda.


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Na crise, sempre surge uma nova oportunidade Pesquisa aborda as mudanças econômicas e sociais ocorridas no Polo Siderúrgico Carajás após a crise econômica de 2008 O Polo Siderúrgico de Carajás reúne a produção de ferro-gusa de indústrias localizadas nos estados do Pará e Maranhão. Começou a operar em 1988, com a implantação inicial de quatro empresas, duas em Marabá-PA e duas em Açailândia-MA. O polo é responsável por transformar o minério de ferro bruto em ferro-gusa — principal matéria-prima do aço — que é exportada para países da Ásia, Europa e, principalmente, para os Estados Unidos. Ao longo dos anos, a atividade siderúrgica foi-se tornando cada vez mais lucrativa, sobretudo devido ao grande volume de exportações. Em 2007, foram exportados cerca de 3,6 milhões de toneladas de minério de ferro, o melhor resultado já alcançado. No entanto, em 2008, com a crise econômica dos Estados Unidos, principal importador, o negócio — que era promissor e confiável — passou a ser incerto e limitado. O professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão Marcelo Sampaio Carneiro vem, desde 1990, dedicando estudos sobre o Polo Siderúrgico de Carajás e as mudanças sociais e econômicas que as indústrias provocaram no município de Açailândia.

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Em 2014, iniciou o projeto “Crise econômica e estratégias empresariais: o Polo Siderúrgico de Carajás e as transformações pós-2008”, que conta com a colaboração de pesquisadores do Pará e do Rio de Janeiro. O projeto analisa as transformações ocorridas na produção siderúrgica de Carajás após a crise econômica vivida pelos Estados Unidos em 2008. Com a crise econômica nos Estados Unidos, principal mercado consumidor de ferro-gusa, a quantidade de importação desse produto diminuiu consideravelmente, afetando principalmente as siderúrgicas dependentes desse mercado. Segundo o pesquisador Marcelo Carneiro, o contexto industrial em Açailândia sofreu mudanças consideráveis que alteraram vários segmentos sociais. “Até 2008, 90% da produção de ferro-gusa eram vendidos aos Estados Unidos. Com a crise de 2008, a economia entrou em recessão, e logo as siderúrgicas localizadas no Brasil também sofreram baixas em suas exportações. Algumas empresas acabaram fechando e, muitas pessoas ficaram desempregadas”, pontuou Carneiro. Para impedir que os efeitos do desemprego fossem ainda maiores e que as pessoas se aventurassem

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cada vez mais no trabalho informal, a ação dos sindicatos, nesse momento, foi fundamental. Um exemplo foi a mobilização social liderada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Metalúrgica de Açailândia (STIMA), que negociou com o empresariado as perdas salariais e os direitos trabalhistas dos metalúrgicos de Açailândia. De acordo com o bolsista do projeto Wendson Veras, os órgãos de representação dos trabalhadores das si-


derúrgicas foram grandes aliados na luta pela garantia dos direitos trabalhistas. “Incialmente, com a implantação das empresas siderúrgicas em Açailândia, os camponeses foram transformados em mão de obra industrial. Muitas pessoas migraram para o município em busca de emprego. Diante dessa situação de crise, era preciso unir forças para lutar por esses direitos e contra a precarização do trabalho”, disse o estudante.

Veras apontou também que o sindicato atua na busca da qualificação dos trabalhadores para que seu trabalho seja cada vez mais valorizado. No entanto a tradição sindical precisa ser fortalecida, uma tarefa que, segundo ele, não se mostra tão fácil assim. “Na atualidade, há grande participação da mão-de-obra local, com 85% a 98% dos trabalhadores sendo recrutados no próprio município. Muitos trabalhadores jovens fo-

ram inseridos nessa atividade, o que acarreta dificuldades para a ação sindical local. Por não terem uma tradição sindical, os jovens operários não se envolvem tanto nos processos de luta por garantias dos direitos da categoria”, relatou Wendson Veras. A busca pela manutenção no mercado de trabalho Cerca de 68 km separam os municípios de Açailândia e Imperatriz. É essa distância que diversos açailan-

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denses percorrem diariamente para continuar inseridos no mercado de trabalho. É que na cidade de Imperatriz está localizada a empresa Suzano Papel e Celulose S.A., responsável pelo plantio do eucalipto. A Suzano é uma das 10 maiores produtoras de papel do mundo, sendo a segunda em produção de celulose com base no eucalipto. A mestra em Ciências Sociais Lia Renata Gomes realizou pesquisas referentes à inserção de trabalhadores em atividades diferentes da siderurgia como modo de assegurar sua permanência no mercado de trabalho. O cultivo do eucalipto é realizado em fazendas, e, como estas ficam geralmente em outras localidades, eles

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precisam fazer o deslocamento diário para a realização das atividades. “Tanto os que trabalham na produção de mudas (viveiros) como os que atuam no plantio e na colheita do eucalipto têm seu local de trabalho distante das suas residências. Os trabalhadores gastam, em média, uma hora e meia a duas horas para chegar às fazendas. Saem de casa entre as três e as cinco horas da madrugada, dependendo da localidade, para chegar até o ponto onde o ônibus da empresa vai buscá-los”, disse Lia Renata Nas fazendas de eucalipto, existem trabalhadores diversificados para as funções de produção de mudas, plantio, manutenção e colheita.

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Os trabalhadores que perderam o emprego nas siderúrgicas de Açailândia passam a desempenhar funções muito diferentes das que estavam acostumados e, dependendo do nível de escolaridade, podem ganhar menos do que ganhavam na produção de minério. “Os trabalhadores da produção de mudas e do plantio do eucalipto geralmente possuem apenas o ensino fundamental, ou são semianalfabetos. Não há uma exigência de escolaridade para essas duas primeiras etapas, exceto para os aplicadores de produtos químicos, que precisam no mínimo saber ler e escrever. Na colheita, isso não é tão homogêneo. Há trabalhadores com ensino médio completo, como


também existem trabalhadores com ensino superior. Nessa etapa, há uma exigência maior em relação à escolaridade e à especialização profissional”, explicou a pesquisadora. Quase uma década depois Como os investimentos para as instalações das siderúrgicas foram altos, o término das atividades poderia acarretar prejuízos ainda maiores. A saída encontrada foi diversificar o mercado. Os empresários, então, optaram pela instalação de empresas produtoras de aço, as aciarias, voltadas para abastecer o mercado interno. “A crise é um momento de dificuldade, mas também de oportunidade. Se as empresas continuassem produzindo só ferro-gusa e exportando para os Estados Unidos, elas iam acabar encerrando suas atividades. Por isso optaram por investir em aciarias, uma em Açailândia e outra em Marabá. Enquanto o ferro-gusa é destinado para exportação, a aciaria produz o aço e laminados para abastecer o mercado interno em nível nacional”, ressaltou o pesquisador. De acordo com Marcelo Carneiro, o momento mais crítico da crise de 2008 passou, mas deixou alguns reflexos negativos. Com a queda na produção das siderúrgicas, o número de desempregados em Açailândia e Marabá aumentou, assim como as intensas reivindicações pelos prejuízos ambientais causados ao longo dos anos de atividade.

“O projeto não foca somente no aspecto econômico atrelado ao Polo Siderúrgico de Carajás. Nossos colaboradores trabalham em diversas frentes, no intuito de ver o fenômeno do ponto de vista mais abrangente. Por isso destacamos a relação de trabalho construída nesse espaço, o aspecto ambiental e a luta pela demarcação de terras das comunidades tradicionais que vivem próximo às siderúrgicas”, explicou Carneiro. Com a instalação da aciaria no município, surgiram empregos mais qualificados, o que já não era tão exigido nas siderúrgicas. De acordo com Marcelo Carneiro, essa demanda profissional melhorou outro aspecto social de Açailândia: o enfrentamento ao trabalho análogo ao escravo, que é muito comum na localidade. “Quando cheguei a Açailândia, na década de 90, a maioria dos empregos era informal, principalmente nas carvoarias, de onde se extrai o carvão vegetal que abastece as siderúrgicas. Hoje, as empresas que sobreviveram à crise formalizaram as relações de trabalho e, os empregados agora têm carteira assinada”, mencionou o pesquisador. Na análise dele, os resultados das pesquisas mostram que o Polo Siderúrgico Carajás, tanto em Marabá como em Açailândia, teve que se adaptar à nova realidade econômica e vem construindo caminhos alternativos para superar entraves financeiros provoca-

dos pela crise econômica dos Estados Unidos, ocorrida em 2008. A instalação da Aciaria Aço Verde, em 2016, mostra que o mercado siderúrgico ainda tem grande potencial lucrativo, embora, atualmente, encontre como barreira a crise econômica que o Brasil atravessa. “Com o surgimento das aciarias, não sabemos qual vai ser o futuro desse polo, até porque hoje é o Brasil que vive uma crise econômica. A aposta do segmento é vender para o mercado interno, para abastecer os empreendimentos voltados para a construção das hidroelétricas e das casas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas o governo vem reduzindo os investimentos na área, o que pode dificultar também o desenvolvimento das aciarias e, consequentemente, refletir negativamente na vida das pessoas que vivem dessa atividade”, finalizou o pesquisador. Perfil do pesquisador Marcelo Carneiro possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural da Amazônia, graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará, mestrado em Planejamento do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Pará, doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e estágio doutoral na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, na França. Coordena o grupo de pesquisa “Trabalho e Sociedade” e o grupo de estudos Rurais e Urbanos (Gerur).

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CARREIRA PROFISSIONAL

FACULDADE

ENSINO MÉDIO

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Metáforas de carreira: os caminhos que um profissional pode trilhar Durante a transição do ensino médio para o ensino superior, um dos principais conflitos encontrados pelos estudantes é a escolha da carreira, já que a opção pelo curso determinará os próximos passos para a sua vida profissional. Mas engana-se quem acredita que a escolha termina após a matrícula na faculdade: a carreira é um processo de construção contínuo que pode ser alterado mesmo durante o caminho que o estudante trilha na faculdade. Partindo desse ponto de vista, estudantes de Administração reuniram-se em uma pesquisa proporcionada pelo programa Foco Acadêmico, que teve por objetivo investigar o perfil profissional dos alunos desse curso, mapeando suas metáforas de carreira, conceito desenvolvido pelo pesquisador Kerr Inkson, que define os diferentes perfis que um profissional pode assumir, esteja ele já inserido no mercado de trabalho ou ainda no contexto acadêmico. Outro objetivo dos pesquisadores foi avaliar a presença de noções de carreira tradicional e moderna no discurso dos alunos avaliados, levantando questões como: quais metáforas de carreira apresentam-se preponderantes no imaginário e no

discurso dos sujeitos alvo da pesquisa? Estarão tais metáforas mais consonantes àquelas que caracterizariam uma noção de carreira moderna ou carreira tradicional? E, diante disso, quais as relações entre trajetórias acadêmico-pessoais e os imaginários de carreira presentes junto aos discentes a serem investigados? Essas mudanças na trilha profissional do jovem podem acontecer de acordo com um perfil apresentado por ele, que pode ser influenciado por fatores externos, como mudanças sociais, relações familiares ou noções de carreira tradicionais ou modernas. Foi isso que o projeto buscou analisar no seu público-alvo. Edivaldo Caldas, por exemplo, esperava cursar Direito inicialmente. Após algumas tentativas para entrar no curso, ele então foi aprovado em Administração e decidiu se matricular. “Entrei em Administração, mas ainda esperava posteriormente migrar para Direito. Contudo encontrei na área conhecimento técnico e descobri que, na verdade, tenho um comportamento empreendedor. Por isso desenvolvi um projeto diferenciado para administrar repúblicas universitárias, com base em uma experiência que tive no passado, gerindo uma dessas casas”, explica ele.

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Orientados pela professora e coordenadora do curso, Adriana Araújo, integraram a pesquisa os estudantes Alano Silva, Ana Letícia Brito, Edgar Lira e o próprio Edivaldo Caldas. Após serem selecionados pelo Foco Acadêmico, eles foram alocados para a pesquisa da professora Adriana e então deram início às atividades, aprofundando-se inicialmente em uma abordagem metodológica relativa às mudanças no estudo de carreira. Posteriormente, realizaram a pesquisa de campo. Segundo Edgar Lira, a pesquisa teve início no segundo semestre do ano passado e foi aplicada no curso de Administração durante o primeiro trimestre de 2017. “A nossa pesquisa foi composta de uma fase quantitativa e uma qualitativa. Entre o total de 340 alunos do curso, obtivemos respostas de 161. Primeiro, fizemos aplicação de questionários. Depois, fizemos uma entrevista qualitativa”, explica ele. Resultados Ana Letícia Brito explica que, com base nos formulários, foi possível identificar quais as metáforas de carreira com as quais a maioria dos alunos se identifica. “Observamos que a metáfora com maior presença entre os alunos de Administração é a metáfora de ação. Isso significa que a maioria das pessoas tem um perfil mais autônomo,

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que busca por algo e tende a não ficar parada. Identificamos também que a maioria quer trabalhar, inicialmente, em uma área pública e depois empreender, principalmente porque alguns não têm como dar início a um negócio próprio agora, por isso desejam ingressar no serviço público para garantir o recurso financeiro e, posteriormente,

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desenvolver seus próprios empreendimentos”, diz ela. Quanto ao objetivo inicial do projeto, que buscou também determinar se os alunos estavam mais inclinados para uma carreira moderna ou para uma carreira tradicional, o resultado aponta que, entre os alunos de Administração, há a intenção em transitar de uma carreira tradicional (serviço público) para uma carreira moderna (ramo empresarial), como apontado por Ana Letícia. A orientadora ressalta também que, com base nesse resultado, é preciso atentar para o fato de que o desejo de empreender pode ser aplicado nas duas opções de carreira. “Ser empreendedor não é algo exclusivo do mundo dos negócios. É possível empreender também no serviço público”, aponta ela.


METÁFORAS DE CARREIRA DE INKSON 1. Carreira como herança: há um legado profissional que é repassa-

Segundo Adriana Araújo, a pesquisa revelou que 65,2% dos alunos já possuem um plano de carreira, em contraponto a 16,1%, que ainda estão avaliando o que fazer no futuro. “Ainda estão se encontrando em suas carreiras”, diz Adriana. Outros 2,5% dos participantes da pesquisa não souberam responder com precisão, apresentando respostas como “Ainda planejando que rumo seguir” ou “Estudando para obter conhecimento”. Próximos passos Finalizado o projeto, os resultados foram disponibilizados para futuros estudos e devem ter continuidade baseados nas pesquisas realizadas no Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Desenvolvimento e Estudos Organizacionais (GPPDEO). Também serão utilizados pelo Observatório do Mercado de Trabalho (OMT), que tem como coordenador técnico o professor Tadeu Gomes Teixeira, que esteve acompanhando a pesquisa sobre as metáforas de carreira. O projeto também marca um passo inicial em um projeto que a professora Adriana Araújo deseja implementar na UFMA, que é o escritório de carreiras. “É um sonho meu. Trata-se de um local que proporcionaria um serviço de consultoria e orientação de carreira para os estudantes da universidade”, explica ela.

com o seu trabalho, é bom tanto para a organização como para o empregado.

do entre gerações, ou seja, o indivíduo

6. Carreira como jornada:

passa a possuir recursos que vieram

aborda a ideia da profissão como um

do passado. Pode ser observada, neste

ciclo coeso de início, meio e fim, o que

caso, a repetição de carreiras na famí-

permite à pessoa vivenciar diversas

lia, em que parentes podem influenciar

jornadas durante a caminhada pro-

os mais jovens.

fissional. Nesse caso, o relato de um

2. Carreira como prisão: é a

indivíduo sobre sua trajetória pode

que surge por causa da estrutura social.

apresentar-se em figura de escada ou

A pessoa está inserida em um contexto

percorrer um caminho em espiral.

com características próprias, resultan-

7. Carreira como papel: cons-

tes de sua vida econômica, a religião

tituída com base na demanda que a

que segue e a educação recebida ao

disposição multifacetada do indivíduo

longo da vida. Esses fatores limitantes

traz de um empenho e uma adequa-

trazem a ideia de falta de opções, de-

ção para que haja identificação dele

senvolvendo um sentimento de apri-

com as diversas funções que desem-

sionamento que pode ser expresso pela

penha na organização ou em outro

noção de “cargo para a vida toda”.

âmbito social.

3. Carreira como ciclos: Ink-

8. Carreira como relaciona-

son afirma que a vida das pessoas se

mentos: constituída a partir da pessoa,

dá por meio de ciclos, que se repetem.

que traça sua carreira de acordo com

Dessa forma a carreira se torna uma

as indicações e os relacionamentos

sequência de eventos, que são os ci-

que desenvolve com interesse profis-

clos da carreira. A chave das carreiras

sional. Esses contatos podem ser ad-

pode justamente estar no fato de que

quiridos de maneira intencional, calcu-

cada ciclo possui uma sequência típica.

lada ou ocorrer naturalmente, devido à

4. Carreira como ações: nes-

sociabilidade do sujeito.

ta metáfora, o indivíduo tende a cons-

9. Carreira como recurso: traz

truir e desenvolver a carreira por meio

o autoinvestimento como peça-chave

de suas atitudes, pois é possuidor de

para que o profissional mantenha-se

poder para criar e direcionar sua car-

no mercado. Uma boa parte das car-

reira. O indivíduo precisa assumir a

reiras é entendida como uma série de

responsabilidade por sua própria car-

investimentos, no que faz referência ao

reira e utilizar-se de habilidades e seu

tempo, à energia, ao lado financeiro e

conhecimento para obter o sucesso e

às habilidades. O investimento pode

a satisfação

ser iniciativa do próprio indivíduo ou

5: Carreira como encaixe: toda a formação, base acadêmica e as

da empresa. Contudo, nos dois casos, o aproveitamento é mútuo.

habilidades do profissional estão em

10. Carreira como história:

congruência com sua carreira profis-

a pessoa apresenta uma bagagem no

sional. Em seus estudos, Kerr Inkson

currículo, agregando a ela uma linea-

afirma que, se há congruência nas ha-

ridade de tempo, como se fosse uma

bilidades e nos valores do profissional

história, uma narrativa da sua carreira.

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Descontaminação de águas por meio de argilas modificadas é destaque internacional Pesquisa é desenvolvida por alunos e professores do Departamento de Química da UFMA Após dois anos de pesquisa, o estudante de Engenharia Química Jeovan Araújo e a professora do departamento de Química Ana Alcântara tiveram a oportunidade de compartilhar, em nível internacional, os resultados do estudo de manipulação de materiais nano-híbridos de natureza orgânico-inorgânica como adsorventes para a descontaminação de águas inutilizadas. A apresentação da pesquisa ocorreu em julho deste ano, na XVI Conferência Internacional de Argilas, evento que ocorreu entre os dias 17 e 21 de julho, em Granada, na Espanha. Os materiais nano-híbridos (assim caracterizados por possuir pelo menos uma dimensão em escala nanométrica) foram manipulados com base em uma tecnologia que permite emparelhar materiais extraídos de pequenos blocos de construção. “É como trabalhar com nanolegos, por exemplo. Pensamos em uma funcionalidade específica e partimos daí para construir o material final”, explica a professora Ana Alcântara. Os pesquisadores utilizaram argilas modificadas com compostos

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silanos e combinadas com materiais poliméricos. “Nesse caso, a gente utilizou o silano aminopropiltrietoxisilano e, dependendo do tipo de solvente com o qual estávamos trabalhando, era realizada uma determinada modificação, e eram criadas superfícies hidrofílicas ou hidrofóbicas, ou seja, que tinham afinidade ou não com a água”, explica. Processo Ana Alcântara explica que a argila, um material inorgânico, é misturada com materiais orgânicos, nesse caso, os polímeros naturais. “São polímeros totalmente hidrofílicos e biodegradáveis, que saem da natureza e podem voltar para ela sem nenhum tipo de dano ao meio ambiente. Então é possível incorporar essas argilas modificadas a essas matrizes poliméricas, resultando em materiais como filmes, espumas, esferas, que facilitam no processo de adsorção. Então você coloca esses materiais em uma água contaminada e facilita a retirada dos poluentes”, diz. Segundo a pesquisadora, ainda que a água não saia própria para consumo, pode ser

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reutilizada em outras funções, como irrigação, por exemplo. A combinação da argila (material inorgânico) com os polímeros naturais (materiais orgânicos) atribui uma funcionalidade diferente à dos elementos separados. “Quando juntamos os dois, eles vão se tornar um material só, com características híbridas, ou seja, que não possui mais apenas as características do componente inorgânico sozinho ou do orgânico sozinho, mas, sim, um resultado dos dois. Vai criar propriedades totalmente diferentes daqueles materiais que estavam antes separados”, explica Ana Alcântara.

O estudante Jeovan, que apresentou a proposta na conferência realizada na Espanha, comenta que a técnica utilizada, a alteração dos materiais por meio da síntese com silanos, é muito comum, mas a proposta da pesquisa foi o diferencial. “Esse tipo de síntese em si é bem-conhecida, mas não no enfoque que nós colocamos no trabalho. Esse tipo de mo-

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dificação é inédita. A reação foi bem positiva. Eu fiquei surpreso, porque despertou certo interesse na plateia”, diz. O resultado foi que acadêmicos de outras instituições manifestaram vontade de estabelecer parcerias. Ele diz também que essas argilas alteradas podem também ser desenvolvidas para outras funções. “Esses materiais não servem ape-

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nas para remediação ambiental, mas têm muita aplicação na biomedicina e liberação cultural de fármacos. Nós trabalhamos na preparação do material: imaginamos uma aplicação e tentamos fazer o design desse material para determinada aplicação. É o desenho do material mesmo. Química de materiais. Temos um problema e tentamos resolver fazendo um material para que ele tenha uma função específica”, esclarece Jeovan. Ana Alcântara e Jeovan Araújo consideram o sucesso na Conferência Internacional de Argilas como uma vitória para a pesquisa, que teve início sem qualquer financiamento, e atualmente conta com o apoio da Fapema. Eles contam também que esperam que essa pesquisa e o alcance que ela conseguiu possam servir de exemplo e inspirar outros estudantes e acadêmicos. Sobre as perspectivas para o futuro, a professora Ana Alcântara afirma que o projeto prosseguirá, sendo expandido para outras funcionalidades das argilas modificadas, desta vez voltadas para a parte de aplicação biomédica desses materiais.


Estudo toponímico: O que o seu bairro tem a dizer? Em sua tese de doutorado, a professora Heloísa Curvelo estudou as motivações toponímicas de 81 bairros da Capital maranhense Ano VI • Número 1 • Janeiro - Março de 2018

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Em meio à intensa movimentação de veículos, ciclistas e pedestres na Avenida João Pessoa, próximo ao Viaduto do Café, uma cruz fincada numa simbólica elevação pétrea preserva a história de um bairro marcado por acontecimentos que ajudaram a construir a história de São Luís. O topônimo “Outeiro da Cruz” ou Oiteiro da Cruz, como é popularmente conhecido, é uma referência que demonstra como os nomes dos lugares possuem estreita relação entre fatores linguísticos e socioculturais. Você já parou para pensar como o nome do seu bairro foi escolhido? Quantas histórias estão referenciadas nele e que ajudaram a construir sua comunidade e/ou até mesmo a sua cidade? Dona Eline Viana, 73, mora há 26 anos na Avenida do Castelinho. Do seu bairro, ela pode observar parte da cidade e o Complexo Esportivo do Canhoteiro. O que dona Eline não sabia é que o local recebeu a denominação outeiro (pequena elevação de terreno, planalto) justamente pelo aspecto geográfico do bairro, como explicou a professora do Departamento de Letras da Universidade Federal do Ma-

dos os soldados das tropas holande-

didas na localidade, os portugueses

ranhão Heloísa Curvelo. A cruz, sím-

sas, em 1642. No entanto as batalhas

fincaram uma cruz onde hoje ainda

bolo máximo do Cristianismo, fincada

para expulsar os invasores das terras

é possível ver a seguinte escritura

na estrutura de pedra bem no centro

maranhenses durariam até 1644.

em mármore: “a tradição popular

Naquela época, os invasores

consagrou este monumento à me-

saquearam a igreja do Desterro, en-

mória dos bravos que, ao mando de

Chefiado pelo grupo de mili-

forcaram os revoltosos, tomaram a

Moniz Barreiros e Texeira de Mello

tares portugueses, o levante formado

Vila de Tapuitapera (hoje município

expulsaram os holandeses da Capi-

pelo capitão-mor Antônio Muniz Bar-

de Alcântara) e os cinco engenhos

tania, 30 IX-1642”.

reiros Filho, pelo sargento-mor An-

açucareiros da Ribeira do Itapecuru

“Quanto à grafia original

tônio Teixeira de Melo, pelo capitão

(atual município de Itapecuru), en-

outeiro, percebe-se uma variação

Paulo Soares de Avelar e pelos chefes

tre muitos outros atos registrados

para oiteiro, como é popularmente

indígenas Henrique Albuquerque e

pela história.

usado o nome do bairro, talvez por

da Avenida, simboliza momentos de sofrimento e vidas perdidas no local.

Joacaba Mitagaí aniquilou quase to-

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Para lembrar as vidas per-

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tradição e/ou facilidade de pronún-


cia”, afirma a professora Heloísa Curvelo em sua pesquisa. Assim como a história do bairro Outeiro da Cruz, a professora Heloísa Curvelo, em sua tese de doutorado, catalogou, resgatou e fez uma “Análise toponímica de 81 nomes de bairros de São Luís-MA”, que recontam tradições, crenças e que imortalizaram personalidades das diferentes etnias que povoaram a capital maranhense. “O processo de nomeação dos lugares é espontâneo por obedecer às circunstâncias do tempo presente, mas não é feito de forma aleatória, já que o nomeador quer representar, nos topônimos, os elementos que deseja simbolizar, homenagear, memorizar. No entanto, quando o lugar ganha o status de município, o nome do logradouro deve se adequar às normas toponímicas estabelecidas por órgãos oficiais como o Governo Federal, Estadual e Municipal”, explicou Curvelo. A Toponímia ludovicense Associações religiosas, personalidades políticas ou com alguma influência local, características geográficas e até mesmo histórias

Luís, analisados em quatro períodos

sociais, geográficos, históricos, eco-

do imaginário popular são utilizadas

sincrônicos: 1612-1712, 1713-1812,

nômicos, políticos) que motivaram a

como referências para nomear uma

1813-1912 e 1913-2013. De acordo

formação dos nomes dos bairros da

localidade. Andar pelas ruas dos

com a professora, os recortes tem-

capital maranhense. Dessa forma,

bairros das diferentes regiões de

porais ajudaram a esclarecer como

podemos analisar a relação entre o

São Luís é como montar um jogo de

foram se processando e quais foram

homem e os lugares que designa, o

quebra-cabeça no qual cada bairro

os fatores que influenciaram nas Alte-

espaço que ele ocupa, bem como a

liga-se a outro, formando a totalida-

rações Toponomásticas – Ats.

relação que há entre língua, cultura,

“Realizando estudo docu-

sociedade e natureza, manifestada

Em sua tese de doutorado,

mental e de campo, questionamos

no processo de nomeação de logra-

a professora Heloísa Curvelo buscou

quais os fatores linguísticos (eti-

douros”, sintetizou.

entender quais foram as causas deno-

mologia, o esvaziamento semânti-

Em sua catalogação oficial, o

minativas dos logradouros ao longo

co e a ressemantização) e quais os

Instituto da Cidade, Pesquisa e do Pla-

de 401 anos de história da capital São

fatores extralinguísticos (culturais,

nejamento Urbano e Rural de São Luís

de da Grande Ilha.

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(INCID) lista 210 bairros do município,

canga, Centro-Rio Anil e Centro-Cami-

mas segundo a professora Heloísa, o

nho Grande considerando a ocupação

INCID não leva em consideração os

habitacional de toda a área do Centro

bairros mais novos, criados a partir da

Histórico (onze bairros), a influência

construção de condomínios de luxo

que os bairros do Centro Histórico

como os Jardins ou os conjuntos habi-

tiveram no surgimento de outros das

tacionais do programa federal Minha

áreas adjacentes ao Centro (cinco

Casa, Minha Vida (MCMV), nem os

bairros do Centro-Rio Bacanga, cinco

que surgiram a partir de outros bair-

bairros do Centro-Rio Anil e sessenta

ros por criação espontânea, conheci-

bairros do Centro-Caminho Grande) e

dos pejorativamente como invasões.

o intenso processo expansionista de

“Delimitamos o corpus da

São Luís a partir do Caminho-Grande,

pesquisa para os 81 bairros que ficam

única via terrestre de acesso ao res-

nas regiões do Centro, Centro-Rio Ba-

tante do território da Ilha”.

IMAGINÁRIO POPULAR

“Pode cavar com as mãos em qualquer ponto que logo surge água. Essa é a única praia onde isso acontece”, garantiu o dono de quiosque Antônio Moura, que trabalha há 25 anos na praia do Olho d’Água. Segundo o comerciante, esse é um dos motivos para que o local recebesse esse nome. Ele também contou a lenda de amor de uma jovem por um índio que foi levado pela Mãe d’Água. Triste com a situação, a jovem chorou durante dias na praia até ficar cega e morrer. No lugar onde a índia teria sido sepultada,

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“nasceram olhos d’água”, relembrou o comerciante. O local se tornou importante ponto de lazer a partir de 1905, quando “o Coronel Alexandre Collares Moreira Júnior, Vice-Governador do Estado, autorizou a criação de uma cidade balneária no lugar Olho d’Água”. A decisão veio devido à carência de espaços para a população realizar banhos profiláticos, por superstição e/ou recomendação médica, por causa do difícil acesso às praias ou das suas condições naturais, sendo lamacentas ou localizadas em mangue.

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CAMINHOS DA PESQUISA

Antes de se aprofundar na microtoponímia ludovicense, a professora Heloísa catalogou as frequências denominativas dos 217 municípios maranhenses em sua dissertação de mestrado “Topônimos maranhenses: testemunhos de um passado ainda presente”, um rico material bibliográfico já publicado. Em breve, a professora também pretende publicar a sua tese de doutorado para fazer a informação chegar a professores do ensino médio, jovens, idosos e turistas que tenham interesse em conhecer a história da Grande Ilha. A pesquisa reuniu informações dispersas e abriu perspectivas para novas produções haja vista que, antes dos seus trabalhos, existiam publicações isoladas que tratavam sobre o tema no estado. Atualmente, a professora continua trabalhando com a toponímia no Curso de Letras da Universidade, onde coordena um projeto com bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC.


Aumenta a esperança de tratamento a pacientes de malária durante a gravidez Testes realizados em camundongos apresentaram resultados eficazes no combate aos efeitos da malária durante a gestação. No futuro, a pesquisa poderá beneficiar seres humanos, reduzindo os impactos da doença na mãe e no feto A malária é uma doença in-

desconforto muscular. Tem tratamento

de doenças futuras. Já as mães podem

fecciosa febril aguda, causada pelo

e cura se for diagnosticada em tempo

ter anemia grave e, em casos mais ex-

parasita plasmódio, que é transmiti-

oportuno. Porém, em mulheres grávi-

tremos, morrer.

do pela picada da fêmea infectada do

das, a malária costuma causar diversas

Dados da Organização Mun-

mosquito do gênero Anopheles, co-

complicações para a mãe e para o feto,

dial da Saúde (OMS) apontam que, anu-

nhecido como mosquito prego. A do-

incluindo aborto e parto prematuro.

almente, cerca de 2,2 bilhões de pesso-

ença apresenta comumente em suas

Além disso, os recém-nascidos podem

as no mundo estão expostas à malária.

manifestações clínicas, febre, calafrio e

apresentar baixo peso e probabilidade

Um total de 90% das mortes ocorrem

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na África Subsaariana, a maior parte en-

corrente sanguínea, e pode se alojar

duzidas por ele podem continuar

volvendo crianças e mulheres grávidas.

na placenta e criar um ambiente infla-

circulando em todo o sistema e de-

O Brasil responde por 37% dos casos

matório que muda toda a estrutura e

positadas na placenta, gerando uma

positivos de malária nas Américas. 20%

função desse órgão.

resposta inflamatória.

da população brasileira está exposta a

No Brasil, o tratamento da

O professor do curso de

doença e 99% dos casos diagnosticados

malária em gestante é feito com me-

Medicina da Universidade Federal

fica na região Amazônica, que abrange,

dicamentos antimaláricos e iniciados,

do Maranhão, câmpus Imperatriz,

além do estado do Maranhão, Acre,

no máximo, 72 horas após a doença

Aramys Silva Reis, é membro do Ins-

Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará,

ser detectada. Mas, mesmo com a

tituto de Ciências Biomédicas (ICB)

Rondônia, Roraima e Tocantins, área

morte do parasita, substâncias pro-

da Universidade de São Paulo (USP) e

endêmica para a doença. De acordo com o Ministério da Saúde, até julho deste ano mais de 88 mil casos de malária já foram registrados no Brasil - um aumento de 28% em relação ao mesmo período em 2016. Os números servem como alerta para o país que, nas últimas décadas, convivia com baixos índices de transmissão da doença. Malária e inflamação placentária Quando a mulher gestante é infectada, o parasita da malária cai na

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faz parte da equipe de pesquisadores

tinham o gene TLR4, e outros recep-

Experimental Malaria”, com os resul-

que identificaram um dos receptores

tores da imunidade inata, além da

tados e observações da pesquisa, foi

responsáveis pela inflamação placen-

droga experimental IAXO, que tem

publicado na revista Scientifc Reports,

tária causada pela malária, o Toll Like

função de bloquear o receptor que

do grupo Nature. Veja o artigo na ín-

Receptor 4. Os receptores do tipo Toll

contribui para doença. “Utilizamos o

tegra: https://www.nature.com/arti-

(TLR: Toll Like Receptors) são uma fa-

modelo animal com fêmeas prenhes

cles/s41598-017-08299-x

mília de proteínas transmembrânicas

de camundongos infectadas com o

A pesquisa está na fase pré-

de tipo I que formam uma parte do

plasmódio. Os animais com o recep-

-clínica. “Testes e observações em

sistema imunológico inato.

tor e sem o tratamento apresentavam

animais ainda são necessários para

A pesquisa mostra que o TLR4

as mesmas dificuldades na gestação

garantir a segurança em testes clíni-

em contato com o parasita da doença,

humana, como baixo peso dos filho-

cos com humanos no futuro, mas re-

o plasmódio, promove liberação de

tes, lesões placentárias e problemas

presenta um grande avanço e aumen-

substâncias inflamatórias na placenta,

no desenvolvimento do feto”, relata o

ta a esperança de tratamento para as

mudando a estrutura do órgão, poden-

professor Aramys.

pacientes de malária durante a gesta-

do provocar o aborto ou prejudicar o

Leg.: É possível observar nos

desenvolvimento fetal. Com os resulta-

testes em camundongos infectados

Membros do ICB (USP), que

dos dos testes, um medicamento que

pela malária no lado esquerdo (A e C)

desenvolveram ou participaram do

bloqueie os efeitos do TLR4 está sendo

a reposta positiva ao tratamento com

estudo: Renato Barboza, Flávia Afon-

estudado e poderá, no futuro, ser ad-

inibidor de TLR4 , com a placenta com

so Lima, Aramys Silva Reis, Oscar Ja-

ministrado no tratamento da malária

irrigação sanguínea e feto com ganho

vier Murillo, Erika Paula Machado

placentária, reduzindo assim, os im-

de peso. No lado direito (B e D), sem o

Peixoto, Carla Letícia Bandeira, Wes-

pactos da doença na mãe e no feto.

tratamento, a placenta comprometida

ley Luzetti Fotoran, Luis Roberto Sar-

O professor Aramys explica

e o feto com restrições de crescimento.

dinha, Gerhard Wunderlich, Estrela

que a malária humana tem caracterís-

O pesquisador explica que fo-

Bevilacqua, Maria Regina D’Império

ticas de manifestações clássicas, como

ram administrados, nos camundongos

Lima, José Maria Alvarez, Fábio Trin-

febre e calafrios. “Porém, dependendo

com malária placentária, uma droga

dade Maranhão Costa, Lígia Antunes

da situação e em alguns indivíduos es-

ainda indisponível no mercado far-

Gonçalves, Sabrina Epiphanio e Cláu-

pecíficos, como mulheres diagnostica-

macêutico, o IAXO, desenvolvida por

dio Romero Farias Marinho.

das com a doença na gravidez, poderá

uma farmacêutica em San Diego, nos

Leg.: Parte da equipe do Ins-

desencadear complicações mais graves.

Estados Unidos. “Após o tratamento

tituto de Ciências Biomédicas (ICB),

A doença potencializa o aparecimento

com a medicação experimental foi ob-

que desenvolvem os estudos com o

de várias complicações durante a gesta-

servado que todas as características

inibidor de TLR4 e autores do artigo

ção como, por exemplo, problemas no

da doença foram revertidas, a prole

publicado.

desenvolvimento do feto, aborto, parto

nasceu com peso normal, a placenta

Aramys Silva dos Reis é pro-

prematuro e recém-nascido com baixo

não apresentava tantas alterações e a

fessor Adjunto I do curso de Medici-

peso”, alerta o pesquisador.

inflamação diminuiu”, explicou.

na/CCSST/UFMA - campus Imperatriz.

Testes bem sucedidos em camundon-

ção”, comemora o pesquisador.

Com financiamento da Fun-

É doutor em Ciências (Biologia da

dação de Amparo à Pesquisa do Es-

Relação Patógeno-Hospedeiro) - USP,

O TLR4 foi identificado como

tado de São Paulo - FAPESP, as pes-

Mestre em Ciências da Saúde - UFMA,

o principal receptor associado à res-

quisas, desenvolvidas pelo grupo do

graduado em Farmácia- UFMA. Inte-

posta da imunidade inata na ma-

professor Cláudio Marinho, foram ini-

gra o Laboratório de Fisiopatologia e

lária gestacional. Os testes foram

ciadas em 2010. Em agosto de 2017,

Investigação Terapêutica (UFMA/Im-

realizados utilizando camundongos

o artigo “TLR4 – Mediated Placental

peratriz) e o Laboratório de Imunofi-

geneticamente modificados, que não

Pathology and Pregnancy Outcome in

siologia (UFMA/São Luís).

gos

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Endereços Cidade Universitária Dom Delgado Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga CEP 65080-805 - São Luís - MA Fone: (98) 3272-8000 Câmpus Universitário de Imperatriz Rua Urbano Santos, S.N. - Centro CEP 65900-410 - Imperatriz - MA Fone/Fax: (99) 3529-6001 Câmpus Universitário de Imperatriz II Av. Principal, S.N. - Residencial Dom Afonso Felipe Gregori CEP 65900-000 - Imperatriz - MA Fone/Fax: (99) 3529-6055 Câmpus Universitário de Bacabal Av. Governador João Alberto, S.N. - Bambu CEP 65700-000 - Bacabal - MA Fone/Fax: (99) 3272-9791 / 3621-2479 Câmpus Universitário de Chapadinha BR 222 - Km 06, S.N. - Boa Vista CEP 65500-000 - Chapadinha - MA Fone: (98) 3272-9909 / 3471-1201 Câmpus Universitário de Pinheiro I Rua Raimundo José Pimenta, S.N. - Floresta CEP 65200-000 - Pinheiro - MA Fone/Fax: (98) 3272-9780 / 3381-1454 Câmpus Universitário de Pinheiro II Estrada de Pacas, Km 10, S.N. - Bairro Enseada CEP 65200-000 - Pinheiro - MA Fone/Fax: (98) 3272-9780 / 3381-1454 Câmpus Universitário de Codó Av. Dr. José Anselmo, 2008, São Benedito CEP 65400-000 - Codó - MA Fone/Fax: (98) 3272-9779 / 3661-2340 Câmpus Universitário de São Bernado Rua Projetada, S.N. - Perímetro Urbano CEP 65550-000 - São Bernado - MA Fone/Fax: (98) 3272-9762 / 3477-1410 Câmpus Universitário de Grajaú AV. Aurila Maria dos Santos Barros Sousa, S.N. Loteamento Frei Alberto Beretta CEP 65940-000 - Grajaú - MA Fone/Fax: (98) 3272-9751 Câmpus Universitário de Balsas Rua José Leão, 484 - Centro CEP 65800-000 - Balsas - MA Fone/Fax: (99) 3541-2626

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