“O mocotó era a comida onde os sinhozinhos cortavam os bois, as vacas, comiam as melhores carnes, de primeira, e davam os restos aos escravos: seria o mondongo, a tripa grossa, a coalheira, a pata, o rim, o fígado, que aquilo eles não comiam. Só que os nossos ancestrais foram tão inteligentes, fizeram uma comida tão gostosa, tão boa, que hoje todo mundo come, todo mundo paga até muito caro, porque o mocotó não é barato”. Maria Aparecida Pires Campos, representante da Mocambo –Associação comunitária Amigos e Moradores da Cidade Baixa e Arredores.
“Cada família sabe o que quer plantar: alguém planta melancia, batata doce, aipim, tudo isso. Cria galinha também, para comer... para aprender [a cozinhar], desde criancinha já sabe... e quando cresce mais um pouco, já aprende mais, por isso que eles aprendem bastante.” Arnildo Gonçalves – Vice-cacique Tekoá Pindó Guarani-Mbyá (depoimento).
“Das memórias afetivas que envolvem aromas e sabores, destacam-se: alcachofras, que eram colhidas no quintal e saboreadas por toda a família; sopa de cevada, que era comprada na Maltaria de Guaporé 6
(...) pães e biscoitos assados no forno construído no quintal; chimias feitas no tacho de compotas de frutas, doce de abóbora.” Valeska Conti (neta de Maria). Caderno de Maria Chisté e Attílio Braga.
“E ainda hoje, todos os anos, no Natal, repetem-se as receitas de biscoitos que por décadas distraíram os seis filhos no advento, divertindo-os na cozinha. “Thorner Kathrinchen”, uma massa fácil de fazer e que não utiliza manteiga – portanto sem derreter no manuseio sob o calor brasileiro –, é uma de minhas favoritas quando eu, caçula da família, ainda mantenho a tradição de três gerações.” Annemarie Frank (filha de Isolde). Caderno de Isolde Mohr Frank.
“A hora de cozinhar era também um momento que minha avó usava para estudar com as netas. Minha prima, Maria Adelaide Magalhães, recorda que a vó tomava a tabuada dela enquanto preparava o almoço. Minha prima ficava lavando as verduras e minha vó ia fazendo os pratos quentes. Ela lembra que travava na tabuada do 9 e que uma vez fez uma cola bem pequena na mão para não errar. ‘Ela não