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A UNIÃO
João Pessoa, Paraíba - SEXTA-FEIRA, 27 de setembro de 2013
Dia Mundial do
Coração
Paraíba tem um milhão de hipertensos Lucilene Meireles lucilenemeirelesjp@hotmail.com
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que elas matam 17,3 milhões de pessoas por ano. A estimativa é que, em 2030, o total de óbitos chegue a 23,6 milhões. Na Paraíba, de 2009 a 2013, mais de 35 mil pessoas com idade a partir de 20 anos morreram por complicações relacionadas à hipertensão arterial. No mesmo período, entre os mais jovens - até 19 anos foram registrados 242 óbitos, e são as crianças o foco da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Para lembrar o Dia Mundial do Coração (29 de setembro), a Campanha 2013 da SBC, que acontece em todo o país, tem como tema “Ajude as crianças a seguir o caminho para um coração saudável”. As ações, em João Pessoa, foram antecipadas para hoje, no Shopping Tambiá, das 9h às 12h, e vão contar com o apoio da Sociedade Brasileira de Cardiologia - Regional Paraíba, Secretaria de Estado da Saúde (SES), Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba, Liga Acadêmica de Cardiologistas da Paraíba (LAC) e a Liga Acadêmica do Aparelho Cardiovascular (Liaac). Haverá distribuição de cartilhas, verificação de pressão arterial, teste de glicemia e orientações nutricionais. De acordo com dados da Gerência Operacional de Resposta Rápida da SES, nos últimos cinco anos as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 38.027 óbitos na Paraíba. O Governo do Estado tem realizado ações e implantado serviços para orientação e prevenção dos fatores de risco das doenças cardiovasculares. O atendimento aos pacientes é feito nas unidades de saúde da família. O cardiologista Fábio Almeida explica que as doenças cardiovasculares – Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio – são as principais causas de mortalidade no Brasil, sendo responsáveis por 34% de todos os óbitos, matando mais que câncer, doenças infecciosas e violência. Projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que esta realidade continuará por mais anos. Trazer as crianças como principal foco da campanha, conforme o cardiologista Alexandre Negri, presidente da Sociedade Paraibana de Cardiologia, se justifica porque a hipertensão está sendo detectada nos pequenos com maior frequência. É o caso de Alisson Gomes, que tem apenas cinco anos, sofre com a hipertensão arterial e é dependente de medicamentos para controlar as alterações. “Ele nasceu com problemas cardíacos e tem pressão alta. É preciso evitar uma série de alimentos como pipocas industrializadas, salgados, refrigerantes. A alimentação tem pouquíssimo sal. ”, relatou a dona de casa Leila Gomes, 25. Além da hipertensão arterial, a campanha enfoca a obesidade. “São dois problemas que têm uma relação muito íntima. Uma pessoa obesa corre um risco maior de ter doenças do coração. E se as complicações começam na infância, essa criança vai se tornar um adulto com a saúde ainda mais comprometida”, alertou o médico. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicam que de 6% a 8% das crianças com idade até 12 anos têm hipertensão. A maioria, porém, nem desconfia que tem o problema. É preciso, por isso, que os pais fiquem
atentos a sinais que podem sinalizar para uma criança hipertensa. Os indícios são sutis e podem passar despercebidos. A recomendação dos cardiologistas é que os pais procurem um médico se houver queixa de cefaleia com frequência, dificuldades na visão, reclamações de mal-estar, náuseas, distúrbios visuais, como manchinhas amarelas. Estes sinais, segundo Alexandre Negri, têm que ser considerados pelos pais e avaliados por especialistas. Mudança significativa de peso também tem que ser analisada. Para evitar que o problema se instale, a principal recomendação é a prevenção, excluindo os fatores que podem levar a criança a ser hipertensa, como obesidade, sedentarismo, dieta inadequada e alimentação rica em sal. Se estas orientações não forem seguidas, uma das consequências futuras será o comprometimento dos rins, o que levará esta criança a ser um adulto dependente da diálise. Alexandre Negri alertou ainda que, apesar do risco de morte por hipertensão arterial estar relacionado a uma complicação de longo prazo, é preciso ficar atento. Uma criança hipertensa, que tem obesidade e outros fatores de risco e desenvolve, por exemplo, a aterosclerose, poderá morrer mais rápido ao chegar na idade adulta. A hipertensão arterial atinge entre 25% e 30% da população. Isto significa que um bilhão de pessoas no mundo têm o problema. No Brasil, são 60 milhões de hipertensos; um milhão na Paraíba e em torno de 250 mil em João Pessoa. Destas, 50% não sabem que têm o problema; 30% fazem tratamento e apenas 10% conseguem manter a pressão controlada, segundo o cardiologista da Secretaria de Estado da Saúde (SES) Fábio Medeiros. O médico, que também é diretor da Sociedade Paraibana de Cardiologia, ressaltou que os principais fatores que levam à doença são obesidade, sedentarismo, alcoolismo, e lembrou que a hipertensão é a primeira causa de morte no Brasil. “A dica é que a população adote hábitos saudáveis, evitando o álcool e o consumo de alimentos gordurosos, eliminando o tabaco, reduzindo o sal. Quem estiver acima do peso, precisa perder o excesso a partir de uma dieta. E todos devem fazer exercícios físicos”, recomendou. O estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2011 apontou que, em João Pessoa, o percentual de pessoas com diagnóstico de hipertensão foi de 21%, sendo que a prevalência da doença entre os homens foi de 18,1% e de 23,4% entre as mulheres. A nutricionista Heloísa Helena Espínola explicou que o maior erro cometido pelos pais na hora de alimentar as crianças é oferecer salgadinhos industrializados. “Este tipo de alimento possui uma grande quantidade de sal e, se ingerido com frequência, a tendência é que haja um aumento da pressão arterial. Além disso, as frituras e gorduras aumentam as chances das crianças desenvolverem, além deste problema, a obesidade infantil”, alertou. Optar por uma alimentação saudável e mais natural, incluindo frutas, verduras, cereais integrais, é o caminho para evitar os problemas cardíacos que têm surgido cada vez mais cedo. De acordo com a especialista, não é fácil convencer as crianças de que é necessário evitar certos alimentos, mas uma forma de fazer isso é mudando os hábitos da família. “Não adianta os pais afirmarem que a criança deve comer uma fruta no lugar de um salgado se eles comem errado”, constatou. Outra dica da nutricionista é começar a deixar alimentos saudáveis mais à mostra.
Saúde melhora acesso a remédios O Governo Federal aumentou em cinco vezes o acesso gratuito a medicamentos para hipertensão e diabetes, desde o início da ação Saúde Não Tem Preço - em fevereiro de 2011 - que integra o Programa Farmácia Popular. A média mensal de pessoas atendidas passou de 853 mil em janeiro de 2011 para 5,4 milhões em julho de 2013. A ação Saúde Não Tem Preço – que distribui medicamentos gratuitos para hipertensão, diabetes e asma - já beneficiou 17 milhões de brasileiros. Desse total, 5,5 milhões são diabéticos e 13,9 milhões são hipertensos. Em relação a complicações por diabetes, houve redução de 6,6 mil internações, caindo de 148,6 mil (2010) para 142 mil (2012). Para retirar os medicamentos, basta apresentar o documento de identidade, CPF e receita médica dentro do prazo de validade. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um por médico que atende em hospitais ou clínicas privados. O Ministério da Saúde ampliou em 47% o número de medicamentos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que inte-
gram a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). A oferta passou de 550 itens (2010) para 810 (2012). Atualmente, o programa Farmácia Popular disponibiliza, na rede própria, 113 itens. Já no Aqui Tem Farmácia Popular são ofertados 25 itens. São medicamentos para hipertensão, diabetes, asma, colesterol, glaucoma, rinite, osteoporose, doença de Parkinson, dislipidemia e anticoncepção. Prevenção Para prevenir e reduzir as mortes prematuras por DCNT (diabetes, câncer, hipertensão e outras doenças do aparelho circulatório e respiratório) - responsáveis por 72% das causas de morte em todo o país, o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, com metas até 2022. L ançado em 2011, o plano prevê a redução de 2% ao ano das mortes prematuras por essas doenças a partir da melhoria de indicadores relacionados ao tabagismo, álcool, alimen-
tação inadequada, sedentarismo e obesidade. Entre as ações desenvolvidas, está o Programa Academia da Saúde, que disponibiliza polos para o desenvolvimento de atividades físicas com orientação profissional. O plano também prevê o fortalecimento do Programa Saúde na Escola, voltado para a promoção da saúde de crianças e adolescentes. Em março deste ano, o Ministério da Saúde realizou a primeira edição da Semana de Mobilização Saúde na Escola. Foram realizadas ações de promoção à saúde, prevenção e controle da obesidade em 2.495 escolas públicas que aderiram ao programa este ano. A iniciativa envolveu 11 milhões de alunos com idade entre 5 a 19 anos. Outra medida é a parceria do ministério com Federação Nacional de Escolas Particulares para distribuição de 18 mil Manuais das Cantinas Escolares Saudáveis como incentivo a lanches menos calóricos e mais nutritivos. Também mantém acordo com a indústria para redução do teor de sódio entre os alimentos.
Saiba Mais
O Brasil é signatário de um compromisso internacional assinado na OMS para reduzir até 2.025 as mortes por infartos e derrames (AVCs). Segundo previsão da OMS, se nada for feito, o Brasil irá liderar o mundo em mortes por doenças cardiovasculares em 2.040. Segundo estimativa da SBC, o número de mortes, este ano, deve chegar a 344 mil no país. Criança com excesso de peso tende a ser adulto obeso e mais propenso a desenvolver diabetes, hipertensão, infartos e AVC mais jovem. Atualmente 54% dos homens e 48% das mulheres brasileiras estão acima do peso. Apenas 23% da população ingere a porção diária recomendada pela OMS, de cinco ou mais porções ao dia de frutas, verduras e legumes, enquanto 31,5% consomem carne gordurosa e 26% tomam refrigerantes regularmente. Crianças e adolescentes devem fazer atividade física moderada à vigorosa todos os dias pelos menos 60 minutos. Moderada - dança, caminhada no parque, passear com o cachorro ou ajudar os pais a lavar o carro. Exercício vigoroso - correr, pedalar, nadar, praticar esportes competitivos ou mesmo brincar. Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).