Portofolio 2014 2

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A UNIÃO

121 ANOS - PATRIMÔNIO DA PARAÍBA

Especial

João Pessoa, Paraíba - QUARTA-FEIRA, 12 de novembro de 2014 ternet

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E A UGUSTO dos Anjos

Walter Galvão

Foi uma vida curta, apenas 30 anos. Mas 30 anos a mil, período (1884-1914) em que Augusto dos Anjos na Paraíba, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais analisou e discutiu com sua obra de alto poder criativo e densidade artística as angústias e certezas do seu tempo, antecipou tensões que nos envolvem hoje, 100 anos depois de sua morte, e estabeleceu uma referência para o domínio da arte da palavra poética. Ao menos por mais 100 anos, sua obra continuará essa trajetória provocativa que desafia a mentalidade contemporânea às voltas com as mesmas questões que o motivaram a escrever sobre morte, individualidade, consciência, sentimentos e solidão, a respeito do amor, da traição e da hipocrisia, e a refletir sobre ciência, filosofia, linguagem e história, para situarmos apenas alguns dos territórios por ele visitados. A morbidez dos poemas de Augusto, com aberturas para o nefasto, o sobrenatural e o pesadelo, está presente tanto nesse consumo desenfreado de histórias de vampiros e zumbis que entopem cinemas e livrarias, nessa moda recente do

uac o r e K Jack

kien l o T . J.R.R

caveirismo, em filmes como “Aliens”, “Hellraiser” e similares, na obra sempre atual de Zé do Caixão, em games a exemplo de “Amnesia: a machine for pigs”, e em séries de sucesso como “Walking deads”. Questões atuais a exemplo do narcisismo exacerbado que leva as pessoas a fazerem “selfies” em sepultamentos já estão presentes no “Eu”, de Augusto, livro único lançado em 1912, no mesmo ano em que Freud publica “Totem e tabu” e inicia a redação de “Sobre o narcisismo: uma introdução”. Os estudos de Jean-Paul Sartre sobre a consciência, os ensaios de Nietzsche sobre a decadência dos valores e os paradoxos morais, o Freud também de “O mal-estar na civilização”, o expressionismo que encontramos nos blocos de acordes distorcidos da obra de Jimi Hendrix, a preocupação com o budismo que permeia a maioria dos livros de Jack Kerouac, a imaginação delirante de Tolkien, o sentido do macabro de Lovecraft e as tentações da carne e do espírito características do “Fausto”, de Goethe, tudo isso é possível encontrar nos poemas de Augusto dos Anjos, gênio da arte brasileira, uma obra que nesse centenário de sua morte se projeta cada vez mais como atual e urgente.

Freud d n u Sigm

che s z t e i ich N r d e i r F


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