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Tijolo por tijolo: Nova Viçosa é a gente que fez

O surgimento do bairro de Nova Viçosa partiu da luta por moradia de uma população vulnerável . Conquistaram seu pedaço de terra com a promessa de uma melhor qualidade de vida, mas se depararam com um local sem infraestruturas básicas para receber os novos moradores e essa condição se manteve assim durante anos . Desamparados pelos órgãos públicos, eles tiveram que erguer suas casas com o próprio esforço e com muita resistência . As construções têm grande valor simbólico pois representam conquista, superação e vitória .

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A instalação busca destacar os moradores como verdadeiros protagonistas da constituição do bairro e de suas próprias histórias . Subvertendo a memória produzida e implantada pela elite local, que coloca como heróis fi guras consideradas ilustres, mas que possuíam interesses políticos e econômicos em suas ditas boas ações e que pouco ajudaram na melhoria das condições da população . O nome de um deles, Antônio Chequer, batiza a praça onde a instalação será implantada .

“Tijolo por tijolo” referencia a clássica música de Chico Buarque, “Construção”, cuja temática passa pelo descaso, desamparo, negligência e indiferença a vida de trabalhadores pobres .

A instalação trará uma cabine que possibilita que as pessoas registrem áudios, podemndo conter memórias afetivas, vivências, músicas etc . Em outra parte da instalação estará uma nuvem de tijolos suspensos por cordinhas . Em alguns deles, estarão instalados autofalantes que possibilitam que as pessoas escutem os relatos e interações da cabine . Essa composição representa os fragmentos de memórias que servirão para constituição do bairro de Nova Viçosa, onde cada morador tem

papel importante no conjunto . Faz referência ao esforço empreendido pelos primeiros moradores, que com resistência, ergueram a comunidade a despeito da negligência municipal .

Escolheu-se desprender o tijolo para que ele se destaque e mostre sua importância na constituição do todo . Opera-se uma desconstrução ou explosão, para entender os componentes e seu valor individual . O conjunto, porém, é uma forma única, uma espécie de nuvem vazada que pode promover ambiências e interações particulares . O tijolo como material simples e rústico, tão presente na composição da paisagem urbana das frequentes casas sem reboco, pode trazer familiaridade .

Variações dessa instalação podem ser operadas ao dotarmos os tijolos de movimentos verticais como resposta a reproduções musicais, tornando-os performers junto aos emissores de sons, caracterizando uma relação de alteridade tecnológica .

Porta retrato

Pallasmaa (2017, p . 29) elenca os 3 principais elementos mentais e simbólicos envolvidos na concepção de um lar, são eles: “elementos fundamentais em um nível biocultural profundo e inconsciente”; “elementos relacionados com a vida pessoal e a identidade do habitante”; e “símbolos com o objetivo de passar certa imagem ou mensagem às pessoas” . O porta retrato é um objeto que cumpre a função simbólica de representar a vida pessoal e passar certa imagem às pessoas .

Pensar um porta retrato em escala urbana signifi ca representar a diversidade existente no bairro e seus aspectos próprios . Nesse sentido, a instalação 'Porta retrato' consiste na instalação de espaços para captura de fotos dos moradores, acionadas a partir de sorrisos . As fotos são projetadas no muro presente no terreno de projeto, mas de formas diferentes . Os retratos são sobrepostos, intercalados, criando novas composições, e promovendo proximidade entre pessoas com relações improváveis . As relações relações improváveis . As relações expectador-performer também se expectador-performer também se fazem presentes nessa instalação fazem presentes nessa instalação de um modo de um modo

que as pessoas podem vislumbrar indivíduos socialmente distantes com simpatia ao vê-los sorrindo .

Música de fundo

A música tem uma função para além de entretenimento individual, ela representa grupos sociais e identidades coletivas . As tensões entre diferentes coletividades em Nova Viçosa também se refletem em diversidades musicais: o Rap característico de certos grupos da parte “urbana” do bairro, o forró que carrega memórias afetivas entre os mais velhos; as músicas sacras dos mais religiosos . . .

Na ideia defendida por Suurenbroek (et al, 2019), uma das operações para se buscar um espaço de “domínio público” é buscando a familiaridade entre os urbanos de diferentes nichos colocando-os como espectadores e ao mesmo tempo performers . Pensando nisso, propõem-se uma interface no meio urbano que permita que os moradores se façam aparecer através de sua música e ao mesmo tempo notar a presença do outro . Nessa instalação, as pessoas podem, democraticamente, escolher músicas para tocar nos ambientes de forma alternada entre os usuários . A reprodução das músicas seria com um volume reduzido de maneira que forme um plano de fundo para as relações do espaço .

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