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Chikov/Riabov
A Grande Guerra Patriótica da URSS (1941-1945)
Edições Nova Cultura 2ª edição 2018
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www.novacultura.info/selo O selo Edições Nova Cultura foi criado em julho de 2015, por iniciativa dos militantes da UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA, com o objetivo de promover e divulgar o marxismo-leninismo. CHUIKOV. V.I., RIABOV. V.S. A Grande Guerra Patriótica da URSS (19411945). 2ª Edição. 2018.
Conselho Editorial: União Reconstrução Comunista
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Nada é mais precioso que Moscou Nas batalhas, permanecemos fortes e corajosos Pois Moscou está em nossos corações Nossa resistência é heroica e invencível Nossa cidade permanecerá de pé como o aço Juramos varrer desta terra todos os invasores
da canção soviética “Marcha dos Defensores de Moscou”
ÍNDICE
Apresentação ........................................................................................ 13 Introdução ............................................................................................ 15 A GRANDE GUERRA PATRIÓTICA DA URSS (1941-1945)
1941: O fracasso da estratégia de guerra relâmpago .................. 33 1942: o começo da virada radical ................................................. 44 1943: A Wehrmacht à beira da catástrofe ..................................... 55 1944: Vitórias decisivas ................................................................ 67 1944-1945: A grande missão libertadora ..................................... 79 1945: A grande vitória .................................................................. 90
A Grande Guerra Patriótica da URSS Chuikov/Riabov
Apresentação O selo Edições Nova Cultura, criado pela União Reconstrução Comunista, publica A Grande Guerra Patriótica da URSS (1941-1945), do historiador V. S. Riabov, com introdução do Marechal V. I. Chuikov, condecorado duas vezes como Herói da União Soviética, que comandou importantes batalhas durante o conflito da Segunda Guerra Mundial. Um registro útil para conhecer de maneira didática os fatos que se sucederam durante a Segunda Guerra Mundial quando o povo soviético se levantou para a defesa da pátria, guiado pelo camarada Stalin, contra os invasores da horda hitlerista e pelos interesses de toda a humanidade progressista antifascista. Como o grande comandante do Exército Vermelho afirmou “a finalidade desta Guerra Patriótica de todo o povo contra os opressores fascistas não se reduz unicamente à conjuração do perigo que que caiu sobre nosso país, mas implica também a ajuda a todos os povos da Europa que sofrem sob o jugo do fascismo alemão”. A vitória do país da Revolução de Outubro sobre a Alemanha fascista representou um grande acontecimento na luta dos povos contra o imperialismo, modificou a configuração da geopolítica mundial no pós-guerra, impulsionou as lutas anticoloniais na América Latina, Ásia e África e tornou-se um glorioso marco na história da humanidade progressista, que até hoje necessita ser sempre exaltado. Como camarada Pedro Pomar, dirigente histórico do Partido Comunista do Brasil, em artigo publicado em 1949, bem definiu “nós a devemos à alta classe dos seus comandantes, quadros militares educados e forjados na grande escola do patriotismo soviético, do 13
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Partido de Lenin e de Stalin, na ciência militar mais avançada de nossos dias, a ciência militar soviética. E sobretudo, nós devemos a vitória ao gênio do camarada Stalin, que foi seu artífice principal, que é a maior encarnação viva das qualidades do povo soviético, do regime socialista e do seu Partido, e o herdeiro e continuador do grande Lenin”. Ainda que os meios de comunicação e a historiografia da burguesia tente dissimular e minimizar o papel decisivo do Exército Vermelho e do povo soviético na vitória sobre o III Reich, tentando fazer parecer que o desembarque das tropas aliadas na Normandia foi mais importante do que a vitória soviética em Stalingrado, nada apagará o grande mérito da União Soviética na decisiva luta contra o fascismo. A publicação desta obra é uma contribuição para que essa tentativa de engano siga como fracasso. Ainda que tenha sido escrito no período final do revisionismo que ascendeu após o XX Congresso, não faz nenhum ataque à figura do camarada Stalin, ainda que esteja longe de dimensionar corretamente o papel fundamental deste na vitória sobre o fascismo. Há ainda uma certa dedução estranha ao marxismo-leninismo sobre a falta de capacidade de chineses e coreanos para vencer os militaristas japoneses, ainda que obviamente o papel do Exército Vermelho neste processo tenha sido de grande importância, posição que também se explica pelas divergências sino-soviéticas ocorridas após o Grande Debate. Contudo, feitas estas ressalvas, a obra cumpre seu papel de registro histórico da Grande Guerra Patriótica. UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA
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Introdução Jamais será derrotado um povo em que a maioria dos operários e camponeses conheceram, sentiram e compreenderam que defendiam seu poder soviético, o poder dos trabalhadores, que lutavam por uma causa cujas vitórias asseguraria a eles e a seus filhos a possibilidade de disfrutar de todos os bens da cultura, de todas as criações do trabalho humano. V. I. Lenin
O tempo passa muito rápido. Como ficam mais velhos os veteranos da Grande Guerra Patriótica do povo soviético contra os agressores fascistas! E quanto mais se distanciam na história os acontecimentos daqueles terríveis anos, tanto mais preciosos ficam marcados em nossa memória, tanto mais evidente se torna sua importância histórica. A nefasta agressão da Alemanha fascista contra a URSS colocou nosso país em uma situação extremamente difícil. No início da guerra, a União Soviética estava atrasada em relação ao agressor: em efetivos, quantidade e qualidade de armamentos e material de guerra, em experiência combativa, em reorganização da economia para as necessidades da guerra, em poderio do potencial industrial. A enorme superioridade do agressor, ainda que em caráter provisório, deu a princípio a possibilidade de conquistar grandes êxitos militares. Para efetuar a nefasta agressão, sem declaração de guerra, a Alemanha fascistas e seus satélites concentraram ao longo das fronteiras ocidentais da União Soviética 190 divisões totalmente mobilizadas, inclusas 33 divisões de tanques e veículos motorizados. Uma agrupação tão colossal que jamais havia se formado na história de todas as guerras. 15
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Quando começa a agressão à URSS, a Alemanha fascista havia subjugado praticamente todos os Estados da Europa. A maioria destes sucumbiram sob os golpes da Wehrmacht hitlerista e uma parte tornam-se satélites da Alemanha. Todo o potencial econômico do continente europeu estava a serviço da gigantesca máquina de guerra do agressor. Depois da queda de Dunquerque em maio de 1940, a Inglaterra deixou de ser para a Alemanha um adversário sério. No verão de 1940, a Grã-Bretanha dispunha apenas de 26 divisões para a defesa da metrópole. Como posteriormente reconheceu W. Churchill, bastaria para Hitler 150 mil soldados para ocupar a Inglaterra. Às gigantescas hordas do inimigo se opuseram as forças, consideravelmente menores, das tropas soviéticas que estavam localizadas nas regiões militares ocidentais da URSS. O fato não somente consistia em que as tropas soviéticas perdiam quantitativamente ante o inimigo em número de efetivos e material de guerra, mas também estavam dispersas e distantes das fronteiras a uma distância de 200 a 400 quilômetros, e ainda mais: uma grande parte destas tropas, postas em estado de alerta, se viu sob massivos golpes das forças áreas e terrestres do inimigo, entrando em combate sobre a marcha, com unidades dispersas e em linhas de defesa despreparadas para estas operações do ponto de vista da engenharia. A aviação nazista assestou contundentes golpes sobre as bases áreas soviéticas, destruindo no primeiro dia de guerra 1200 aviões de combate. A superioridade numérica do inimigo no ar era algumas vezes maior. Foi precisamente a grande diferença em forças e meios o que permitiu as tropas dos agressores avançar rapidamente e ocupar um vasto território. Há muito tempo se demonstrou irrefutavelmente que a Alemanha fascista levou a cabo a agressão armada contra a 16
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União Soviética sem motivo algum. Entre a URSS e a Alemanha estava em vigor o pacto de não-agressão. Todos os compromissos derivados deste pacto foram cumpridos escrupulosamente pela URSS, tanto que o governo da Alemanha nazista nunca apresentou nenhuma reclamação a nosso país. Por mais estranho que pareça, na Europa Ocidental e nos EUA aparecem até hoje em dia livros, artigos em revistas e jornais, cujos autores tentam justificar a agressão da Alemanha nazista à União Soviética. Inclusive chegam à afirmações monstruosas de que a única culpada da invasão nazifascista foi a URSS. Assim, por exemplo, o historiador norteamericano M. MacClosky tenta demonstrar que a política da URSS nos anos do pré-guerra tinha “caráter de conquista”; por isso Hitler, “lutando contra os ingleses no Ocidente, não pode resignar-se com a expansão russa”. Outro historiador estadunidense afirma que Hitler somente se adiantou ao ataque das tropas soviéticas à Alemanha. Há uma verdade indiscutível de que nos anos anteriores a guerra a União Soviética lutou incansavelmente pela manutenção e pela consolidação da paz. Com este fim, a URSS apresentou na Liga das Nações inúmeras propostas absolutamente concretas, entre elas a do desarme geral. Não obstante, os países capitalistas não apoiaram estas iniciativas pacíficas, diluindo-as em intermináveis e estéreis debates. A União Soviética exortou também insistentemente aos governos da Inglaterra e da França a organizar a defesa coletiva, a adotar medidas para fechar o caminho dos agressores fascistas, posto que a agressão da Alemanha ameaçava também muitos países da Europa Ocidental. Em agosto de 1939, nas vésperas da agressão da Alemanha à Polônia, nas sessões das missões militares da URSS, Inglaterra e França, os representantes so-
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viéticos apresentaram um plano concreto de operações militares conjuntas contra a Alemanha, no caso desta iniciar uma guerra contra os países europeus. Durante estas conversações houve um fato sem precedentes na prática das relações internacionais: as delegações dos países ocidentais chegaram a Moscou sem receber dos seus governos nenhum tipo de poder. Este paradoxo tem somente uma explicação: as missões militares chegaram a URSS não para manter conversações eficientes, mas para mascarar a política hipócrita dos seus governos, que no discurso lutavam pela manutenção da paz, mas na prática instigavam Hitler a agredir à União Soviética. O Governo da URSS se convenceu então de forma definitiva que Inglaterra e França não desejavam opor-se à agressão da Alemanha fascista. Os falsificadores da história não querem recordar estes fatos históricos e fingem que estes nunca existiram. Tal é a natureza de classe dos falsificadores burgueses da história. Em 3 de julho de 1941, Stalin pronunciou pela rádio um discurso no qual expôs o documento programático fundamental, elaborado pelo Comitê Central do Partido Comunista (bolchevique) da União Soviética, de organização da luta contra a invasão nazifascista. As palavras de ordem levantaram pelo Partido: “Tudo para a frente, tudo para a vitória!” e “Nossa causa é justa, o inimigo será derrotado, a vitória será nossa!” tornaram-se um verdadeiro chamado combativo que determinou todos os pensamentos e ações do povo soviético na frente, na retaguarda e inclusive nos territórios ocupados. A inquebrantável convicção do nosso povo na vitória sobre o inimigo se baseava na consideração profunda da superioridade política, econômica e moral do regime socialista sobre o capitalista, na consideração das possibilidades com-
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bativas das Forças Armadas Soviéticas que defendiam os interesses vitais dos trabalhadores, a liberdade e independência da Pátria socialista. Desde o primeiro até o último dia da Grande Guerra Patriótica, o Partido Comunista foi a força motriz que inspirou e organizou todo o povo soviético na frente, na retaguarda e nos territórios ocupados para a luta sem quartel contra as hordas nazistas. Os cálculos de Hitler e de sua camarilha de isolar o povo soviético de sua força dirigente e motriz, o Partido Comunista, sofreram um rotundo fracasso. Inclusive nas zonas ocupadas do território soviético, na profunda clandestinidade atuavam organizações do Partido, que dirigiam atividades combativas dos destacamentos e unidades de guerrilheiros, organizavam a resistência ativa de toda a população frente as forças de ocupação e, com isto, levavam ao fracasso as medidas econômicas e políticas destas. Na frente as organizações do Partido atuavam em todas as unidades e subdivisões militares. Eram precisamente os comunistas a grande força que unia as massas de soldados não filiados ao Partido, cimentava suas fileiras, inspirava a realizar façanhas na luta sagrada pela liberdade e pela honra de sua Pátria socialista. Os comunistas sempre cumpriam as missões mais importantes e perigosas. Na conflagração contra os agressores fascistas morreram dois milhões de comunistas. Cinco milhões de soldados, marinheiros, sargentos, oficiais e generais ingressaram nas fileiras do Partido durante a Grande Guerra Patriótica. Uma característica singular constituía o fato de que o maior fluxo de solicitações encaminhadas às organizações do Partido da frente pedindo o ingresso nas fileiras do Partido, foi recebido em regra, antes do início das ofensivas desencadeadas pelas tropas soviéticas ou nas horas mais difíceis das operações defensivas. “Quero ir ao combate sendo comunista”, escreviam 19
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os valorosos defensores da Pátria em seus pedidos. Todos sabiam que a entrada no Partido dos comunistas lhes proporcionaria um único privilégio: ser o primeiro a lançar-se em um ataque audaz, ao encontro de uma rajada de fogo inimigo e cumprir as tarefas mais difíceis e mortalmente perigosas. Assim foi em todos os setores da frente soviética-alemã. E isto é o maior testemunho do imenso prestígio que gozava o Partido Comunista entre as massas do povo soviético. Os soldados, da mesma forma que milhões de trabalhadores da retaguarda soviética, expressavam sua abnegação ilimitada à sagrada causa de defender a Pátria socialista das hordas criminosas do fascismo alemão e de consolidar o comunista na terra dos sovietes. A coesão monolítica de todo o povo ao redor do Partido se converteu em uma das razões da nossa grande vitória sobre a Alemanha fascista. A história das guerras jamais conheceu uma abnegação e um heroísmo em massa iguais aos manifestados pelos soldados e oficiais soviéticos nos cruéis combates contra os agressores fascistas. Precisamente por isto o plano hitlerista de “guerra relâmpago” sofreu um fracasso já nos primeiros dias da invasão nazifascista na URSS. Durante um mês lutaram os guardas de fronteira e unidades de tropas de campo que se encontravam na pequena guarnição fronteiriça, Fortaleza de Brest. As tropas nazistas já haviam avançado centenas de quilômetros até o Leste, enquanto que pequenos grupos de soldados soviéticos continuavam lutando heroicamente, rechaçando com desdém as reiteradas exigências de capitulação feitas pelos hitleristas. A fortaleza de Brest se converteu em um brilhante símbolo da firmeza e valentia inquebrantáveis dos soldados soviéticos e, com toda justiça, lhe foi outorgado o honroso título de “fortaleza heroica”.
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As altas qualidades morais e combativas dos soldados soviéticos foram reconhecidas inclusive por nossos inimigos. Assim, por exemplo, o general fascista E. Buttlar escreveu após a guerra: “como resultado da resistência tenaz dos russos, já nos primeiros dias de combate as tropas alemãs sofreram tais perdas em homens e técnica, que eram consideravelmente superiores as conhecidas por nós nas experiências das campanhas realizadas na Polônia e no Ocidente. Era totalmente evidente que a forma de realizar as operações militares e o espírito combativo do inimigo não se pareciam em nada com o que os alemães haviam encontrado em suas ‘guerras relâmpagos’ anteriores”. Pude tomar parte de muitas batalhas extremamente duras e mortalmente perigosas. Nunca poderei esquecer da grande batalha de Stalingrado, na qual estive no comando do 62º Exército, transformado mais tarde no 8º Exército da Guarda. Nesta batalha o general alemão Paulus dispunha de forças e meios para realizar operações militares, incluindo artilharia, tanques e aviões, consideravelmente superiores em número. As tropas soviéticas se encontravam literalmente encurraladas contra a margem direita do Volga. Já não havia lugar algum para posicionar nossa artilharia e foi preciso mover suas posições de tiro para além do rio. Inclusive o posto de comando do nosso exército se encontrava sob o fogo de todo tipo de armas do inimigo. Em tais dificilíssimas condições os soldados e oficiais do exército lançaram a palavra de ordem: “depois do Volga não existe terra para nós”. Isto significava que todos nós preferiríamos morrer nestes encarniçados combates, antes de passar à margem oposta do Volga. E não passamos! Como se sabe, a batalha culminou com o cerco e a derrota total do exército fascista de 330 mil homens.
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Como explicar tão altas qualidades morais e combativas dos soldados soviéticos? Na historiografia militar burguesa existem um sem fim de raciocínios acerca disto. O que não inventam os pseudocientistas burgueses! Não são poucas as conjecturas sobre o tal caráter “enigmático” e “desconhecido” do homem russo. Estas conjecturas pseudocientíficas ignoram outro fato indiscutível, de que na guerra lutaram não somente russos, mas também milhões de filhos e filhas de todas as nações e nacionalidades da nossa grande Pátria. Alguns historiadores burgueses chegam a absurdas invenções acerca da “inaptidão psicológica” dos soviéticos que, em seu parecer, são indiferentes à vida e à morte, por isso cumprem cegamente as ordens dos seus chefes sem se preocupar-se com sua vida. Estes e outros raciocínios não tem nada em comum com a realidade. “O convencimento da justeza da guerra – escrevia V. I. Lenin, ao analisar a marcha da guerra civil – e a consciência de que é necessário sacrificar sua vida para o bem dos seus irmãos, eleva a moral dos soldados e os faz suportar incríveis dificuldades. Isto se explica pelo fato de que cada operário e camponês, chamado às fileiras, sabe qual é sua causa e derrama conscientemente seu sangue para o triunfo da justiça e do socialismo”. A alta consciência política, a compreensão dos justos objetivos da Grande Guerra Patriótica, o ódio mortal aos invasores fascistas, que convertiam a terra soviética invadida em palco de um cruel extermínio em massa da população pacífica, do saque e destruição das riquezas nacionais, servia de base ao heroísmo e à abnegação dos soldados soviéticos. Estes mananciais inesgotáveis engendravam façanhas produti-
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vas excepcionais entre os operários, kolkhozeanos e especialistas da retaguarda, que abasteciam a frente com todo o necessário para a derrota das hordas inimigas. Por suas qualidades morais e combativas: firmeza e abnegação na luta, fidelidade sem limites a sua Pátria e ódio inextinguível ao inimigo, os soldados soviéticos estavam muito acima dos soldados fascistas. Os soldados e oficiais da Wehrmacht hitlerista estavam bastante bem treinados do ponto de vista militar. Não obstante, privados de objetivos nobres e justos, e lutando pela realizando dos planos misantropos e de rapina do fascismo alemão e dos autênticos donos da Alemanha, que levaram a poder o fascismo, não podiam possuir, e de fato não possuíam, altas qualidades morais e combativas. Por isto, cedo ou tarde, sua combatividade, o mito da “invencibilidade” da Wehrmacht deveria ser reduzido a cinzas. E foi assim que aconteceu! É inestimável o papel do Partido Comunista na reestruturação da economia do país, transformando-a e apropriando-a conforme as necessidades da guerra, na criação de uma economia nacional de guerra bem organizada. Nos quinquênios anteriores à guerra, como resultado do intenso trabalho criador do povo soviético, na economia da URSS se produziram gigantescas modificações. Contudo, nas vésperas da agressão à União Soviética, a Alemanha fascista tinha recursos econômicos e militares consideravelmente maiores. Neste aspecto, a Alemanha superava a União Soviética de 1,5 a 2 vezes. Não obstante, a organização socialista da economia nacional do país permitiu utilizar muito melhor e mais plenamente suas possibilidades para satisfazer as necessidades da frente em comparação com a Alemanha nazista e seus satélites. 23
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Sob a direção das organizações do Partido, os trabalhadores levaram a cabo um imenso trabalho de mobilização de todas as possibilidades da economia, da indústria, agricultura, transporte, construção, recursos laborais para aumentar ao máximo a fabricação de armamentos e material de guerra, para abastecer de víveres a frente e a retaguarda. Graças aos enormes esforços de todo o povo soviético, a reestruturação da economia nacional de acordo com as necessidades da guerra já havia sido cumprida em meados do ano de 1942. Desde março deste ano se iniciou um rápido incremento de toda a produção industrial, de armamentos e munições. Porém, a Alemanha fascista ainda possuía uma base militar e industrial consideravelmente maior do que a URSS. Mas a indústria soviética já produzia material de guerra e armamentos em quantidades maiores que a indústria da Alemanha. Em um ano de guerra, a União Soviética, produziu, em média, cerca de 24 mil tanques e peças de artilharia autopropulsadas, 27 mil aviões de combate, mais de 24,4 mil canhões de 75 mm e maior calibre, 86,9 mil morteiros, enquanto que a Alemanha produzia cerca de 13,4 mil tanques e canhões autopropulsados (de assalto), mais de 19,7 mil aviões de combate, 11,2 mil canhões, 17 mil morteiros. Assim se revelou a enorme supremacia da economia socialista sobre a capitalista. A superioridade da economia soviética permitiu ao país em guerra iniciar trabalhos de restauração da economia, saqueada e destruída pelos fascistas, imediatamente após expulsar o inimigo das zonas ocupadas. O programa de trabalhos primordiais para a liquidação das graves consequências da ocupação fascista foi aprovado em 23 de agosto de 1943 pela disposição do Comitê Central do Partido Comunista e do
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Conselho de Comissários do Povo da URSS “medidas imediatas para o reestabelecimento da economia nacional nas zonas libertadas da ocupação nazista”. Ao final da guerra, nas zonas libertadas se conseguiu reestabelecer a produção industrial aproximadamente em um terço, em comparação com a do ano de 1940. Foram reconstruídos 85 mil kolkhozes, sovkhozes e estações de máquinas e tratores. As áreas de semeadura no território libertado alcançaram 72% da superfície semeada antes da guerra. Os invasores fascistas deixaram desabrigadas cerca de 25 milhões de pessoas. A gente se abrigou nos porões das casas destruídas e em cavernas. Durante os anos 1943-45, nas cidades e povoados de operários foram construídas casas com uma superfície habitável total de 25 milhões de metros quadrados, enquanto que 1,4 milhões de casas foram construídas novamente e restauradas nas zonas rurais. Nenhum país do mundo pode jamais levar cabo em plena guerra um programa de trabalhos de reconstrução tão colossal. Esta tarefa somente pode ser concretizada em nosso Estado socialista. É impossível encontrar em nosso país uma região, comarca ou república cuja população não oferecesse voluntariamente, de suas poupanças, enormes quantidades de dinheiro para o Fundo de Defesa do país. Eis aqui alguns dados tomados somente do ano de 1944. Os trabalhadores da Sibéria e do Extremo Oriente aportaram ao Fundo de Defesa cerca de 1,4 bilhão de rublos em moeda e mais de 1,3 bilhão de rublos em obrigações dos empréstimos do Estado: os trabalhadores do Turcomenistão, 280 milhões de rublos e mais de 7,3 toneladas de prata; os trabalhadores da Moldávia, 30 milhões de rublos e 1200 mil
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puds (1 pud equivale a 16,3 kg) de pão; no Azerbaijão levantaram 295 milhões de rublos em moeda, 15,5 quilos de ouro e quase uma tonelada de prata; na Armênia, 215,7 milhões de rublos; 29 bilhões de rublos foram levantados no ano mencionado a título de empréstimo de guerra. No total, desde o princípio do enfrentamento até maio de 1944, os soviéticos entregaram ao Fundo de Defesa mais de 14 bilhões de rublos em moeda, 4 bilhões de rublos em obrigações de empréstimos do Estado, grande quantidade de ouro, prata e objetos de valor. Nestes fatos se revelou também o nobre patriotismo dos homens soviéticos, seu anseio de ver aproximar-se ao máximo a derrota das hordas inimigas. Nenhum país, dos participantes da Segunda Guerra Mundial, conheceu patriotismo igual. As guerrilhas e o trabalho clandestino do Partido no território soviético ocupado pelas tropas hitleristas, respondiam por completo aos objetivos e tarefas principais do nosso país na Grande Guerra Patriótica. Na forma, conteúdo e proporções deste movimento que atuava na retaguarda do inimigo, se revelou tudo o que caracteriza a URSS com sua unidade moral e política da sociedade, a amizade inquebrantável dos povos, o patriotismo socialista e o internacionalismo do povo. Isto se evidencia nos seguintes dados: no início do ano de 1944 mais de 30% dos guerrilheiros eram operários, cerca de 41% kolkhozeanos e cerca de 29% empregados. Uma décima parte dos guerrilheiros era composta por mulheres e outra grande parte pela juventude. A composição nacional dos guerrilheiros personificava o caráter plurinacional da União Soviética. Desta maneira, nas unidades de guerrilheiros no território da Ucrânia ocupada participavam representantes de 62 nacionalidades e povos da URSS. No total, durante os anos do conflito tomaram parte na guerra de guerrilhas mais de 1,1 26
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milhão de efetivos. Isto é uma porcentagem muito grande de participação da população no movimento guerrilheiro. A luta abnegada dos patriotas soviéticos mantinha os invasores em constante tensão e medo, minando a capacidade combativa das tropas nazistas. Ch. Dixon e O. Heilbrunn, investigadores ingleses, destacaram que as perdas hitleristas, ampliadas pela guerra de guerrilhas travada no território soviético, não apenas podem ser calculadas pelo número de soldados e oficiais mortos ou feridos, mas também pela quantidade de armamentos perdidos. “A isto – escreviam eles – deve acrescentar a perda da capacidade combativa e da força de choque do exército alemão, perda cuja importância é muito difícil quantificar com cifras. O principal consiste na queda considerável da moral dos soldados alemães que levavam a cabo uma guerra em um país, onde cada pessoa podia tornarse um guerrilheiro e cada pequeno barulho um sinal para o início de um ataque guerrilheiro”. Os invasores fascistas causaram ao povo soviético enormes danos e indescritíveis sofrimentos. As bestas nazistas devastaram, queimaram e converteram em ruínas 1.710 cidades e povoados, mais de 70 mil aldeias, 32 mil empresas industriais, 98 mil kolkhozes e 1.876 sovkhozes, destruíram 65 mil quilômetros de ferrovias, enviaram à Alemanha 16 mil locomotivas, 428 mil vagões e saquearam uma enorme quantidade de outros bens materiais. Como resultado destes saques e arbitrariedades, o País dos Sovietes perdeu cerca de 30% das riquezas nacionais criadas no transcurso de dezenas de anos de intenso trabalho criador do povo. A quantidade total de perdas e danos sofridos pela União Soviética como resultado da agressão fascista constituem uma soma colossal: 2,6 trilhões de rublos em moeda de 1941. Para comparar, recordemos que o orçamento estatal da URSS no ano de 1982 27
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em receita foi de 341,97 bilhões de rublos. Qualquer outro Estado capitalista, que tivesse sofrido tão catastróficos prejuízos, teria mergulhado em um grande atraso e sofrido sob o jugo de outros países mais poderosos. Precisamente isto foi o que aconteceu com alguns países da Europa Ocidental. Os hitleristas estão amaldiçoados para sempre por todos os povos amantes da liberdade que sofreram a ocupação fascista. Contudo, apesar de toda a monstruosidade, ainda encontramos intercessores “piedosos” que cada vez mais com maior frequência e insistência intervém nas páginas da imprensa burguesa para “limpar a aura” da Wehrmacht hitlerista das acusações supostamente infundadas, de ter cometido atrocidades contra a população civil, com falsas “demonstrações” de que tais crimes jamais ocorreram e que não são senão “invenções da propaganda soviética”. No Ocidente há, todavia, “historiadores” que ao invés de desnudar os crimes sangrentos cometidos pelo Alto Comando alemão, começam a “argumentar” que estas atrocidades não foram cometidas pelos soldados hitleristas, mas pelas tropas aliadas da coalizão antifascista. A este tipo de caluniadores perversos pertence um tal Alfred M. de Sayes, o qual qualifica a si mesmo como historiador norte-americano, jurista, especialista em direitos humanos, doutor da Universidade de Harvard. Ignoramos sua competência em relação a tão ampla gama de conhecimentos, mas trata-se de um empedernido antissoviético e um zeloso advogado dos resquícios do fascismo alemão como testemunha seu sujo livreto “Os anglo-americanos e o massacre dos alemães”. Baseandose nos “documentos” da propaganda de Goebbles, cuja infâmia é conhecida por todo o mundo, este “historiador” escreve sobre tudo das “atrocidades” das tropas soviéticas, supostamente cometidas durante os combates travados no território 28
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da Alemanha fascista. Este apologista ianque trata de envenenar com este vil libelo a consciência dos cidadãos da RFA e de outros países do mundo com o hediondo veneno do antissovietismo, de inflamar o povo da RFA contra os povos do grande país que, ao custo de incríveis sacrifícios e sofrimentos, deu um aporte decisivo para a derrota da Alemanha hitlerista, para a salvação de toda a humanidade da escravidão fascista. Após terminar vitoriosamente a Grande Guerra Patriótica, o povo soviético se reintegrou ao trabalho pacífico criador. Para poder cumprir os grandiosos programas da construção comunista, este povo necessita da paz e luta com toda insistência pela consolidação da mesma em todo o globo terrestre. Já em março de 1951, o Soviete Supremo da URSS adotou a Lei de Defesa da Paz. Segundo esta lei, a propaganda da guerra, quaisquer seja sua forma, é considerada como um abominável crime contra a humanidade e as pessoas culpadas de propaganda da guerra devem entregar-se aos tribunais como perigosos delinquentes. No XXVI Congresso do PCUS foram promulgadas novas proposições da União Soviética que são uma continuação orgânica do Programa de Paz elaborado nos XXIV e XXV Congressos do PCUS. No informe do Comitê Central do PCUS ao XXVI Congresso do Partido se constata: “hoje não existe uma tarefa mais importante no plano internacional para nosso Partido, para nosso povo e para todos os povos de nosso planeta que salvaguardar a paz. Ao defender a paz trabalhamos não somente para a atual geração, não somente para nossos filhos e netos, mas trabalhamos para a felicidade de dezenas de gerações futuras”.
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A GRANDE GUERRA PATRIÓTICA DA URSS (1941-1945)
A Grande Guerra Patriótica da URSS Chuikov/Riabov
1941: O fracasso da estratégia de guerra relâmpago A Grande Guerra Patriótica do povo soviético contra os agressores fascistas começou em condições difíceis da Segunda Guerra Mundial, cujas chamas já ardiam na Europa, sendo parte integrante e seu acontecimento principal. As chamas desta guerra, desencadeada no outono do ano de 1939 pelo bloco de Estados fascistas (Alemanha, Itália e Japão), com a conivência dos imperialistas dos Estados Unidos, Inglaterra e França, se aproximaram, em 1941, das fronteiras da URSS. Ao derrotar em 1940 a França e outros Estados da Europa Ocidental, a Alemanha hitlerista assegurou sua retaguarda oeste e reforçou consideravelmente seu poderio militar. Ficaram à sua disposição, enormes recursos econômicos e militares dos numerosos países que invadiu. O Comando Supremo da Wehrmacht dispunha do armamento, equipamentos e equipes de 180 divisões francesas, tchecoslovacas, inglesas, belgas, holandesas e norueguesas. Quase 6,5 mil empresas industriais dos países ocupados da Europa Ocidental produziam, em 1941, armas, munições e equipes para o Alto Comando alemão. Mais de 3 milhões de operários estrangeiros trabalhavam para a indústria da Alemanha. A economia dos Estados satélites da Europa também estava posta a serviço da colossal máquina de guerra de Hitler: Romênia cobria 60% das necessidades de petróleo; Hungria fornecia matéria-prima para a fundição de alumínio e comestíveis; Bulgária, produtos alimentícios; a matéria-prima estratégica chegava de Portugal, Espanha e Turquia. O plano estratégico de agressão à URSS foi minuciosamente elaborado pelo Estado Maior alemão e codificado com o nome de “Barbarossa”, e aprovado por Hitler em dezembro de 1940. Baseando-se neste foi preparado o chamado plano
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geral “Ost”, cuja cruel encarnação constituía o programa de aniquilação à sangue e fogo do Estado soviético, do extermínio da maioria dos seus povos, deixando vivos uns 14 milhões na qualidade de escravos para os colonizadores fascistas. A realização destes canibalescos projetos tinha que se dar pelo método da “guerra relâmpago” que tanto êxito trouxera às hordas hitleristas no Ocidente e iludiu ao generalato nazista. Evidentemente, este era um plano irrealizável, de caráter aventureiro, que partia da subestimação das forças da União Soviética. Contudo, os dirigentes nazistas se prepararam escrupulosamente para a guerra no Leste. Estes alimentavam singular esperança na força de choque dos grandes agrupamentos de tanques, apoiados por uma potente aviação. Para a agressão à União Soviética, junto com a Alemanha se preparavam também todos os Estados do bloco fascista-militar – Itália, Finlândia, Romênia e Hungria. As tropas dos Estados que entravam neste bloco contavam com 10,4 milhões de efetivos, 90.250 peças de artilharia e morteiros, 6.677 tanques e canhões autopropulsados, 13.691 aviões de combate, 459 embarcações de guerra dos tipos principais, entre eles 260 submarinos. Em uma determinada etapa da guerra teve a intenção de entrar em conflito com a URSS o Japão militarista, cujas tropas terrestres, 50 divisões, encontravam-se próximas da fronteira soviético no Extremo Oriente. As Forças Armadas da União Soviética contavam ao iniciar a guerra (junho de 1941) com 5.373 mil homens, mais de 6.700 canhões e morteiros, 1.861 tanques, mais de 2.700 aviões militares de novos tipos, 276 embarcações de guerra dos principais tipos, incluso 212 submarinos. O primeiro escalão estratégico das tropas soviéticas, ao longo das zonas fronteiriças ocidentais, contava com 2.680 mil homens, 37.500 canhões e morteiros, 1.475 tanques e 1.540 aviões militares de
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novos tipos. A custódia das fronteiras soviéticas estava a cargo das unidades e destacamentos de guarda-costeiras e tropas do interior com cerca de 100 mil homens. Possuindo considerável superioridade de forças, que em muitas direções era de 3 a 4 vezes, e favorecidas pelo fator surpresa da agressão, as hordas germano-fascistas conseguiram nas primeiras horas de guerra, assestar golpes demolidores sobre as regiões militares fronteiriças. Conforme o determinado pelo plano “Barbarossa” as gigantescas concentrações das Forças Armadas alemãs foram espalhadas ao longo da fronteira oeste da União Soviética para empreender uma ofensiva, em três direções estratégicas: a de Leningrado (o Grupo de Exércitos “Norte”), a de Moscou ou principal (o Grupo de Exércitos “Centro”) e a de Kiev (o Grupo de Exércitos “Sul”). Os hitleristas iniciaram a guerra subitamente, atacando covardemente a União Soviética. Durante os combates travados nas zonas de fronteira, os alemães fascistas pretendiam cercar e aniquilar as principais forças do Exército soviético, para apoderar-se rapidamente dos importantes centros da URSS e acabar vitoriosamente a guerra antes da chegada do inverno. Em 22 de junho de 1941, a guerra, como uma enorme catástrofe nacional, caiu sobre o pacífico povo da URSS. Este dia, ao amanhecer, as tropas nazifascistas irromperam de surpresa no território da nossa Pátria. Conjuntamente com a Alemanha entraram na guerra os exércitos da Hungria, Finlândia, Romênia e, posteriormente, Itália. Seguindo o chamamento do Partido Comunista, ao uníssono do seu coração, todo o povo soviético se alçou na sagrada e decidida luta contra o feroz e desleal inimigo. O Comitê Estatal de Defesa (CEO), órgão extraordinário que se for-
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mou nos primeiros dias da guerra sob a presidência do Secretário Geral do Comitê Central do PC(b) da URSS, J. V. Stalin, exercia a direção do partido e estatal do país, concentrando em suas mãos toda a plenitude do poder e encaminhando os esforços da frente e da retaguarda a um objetivo comum: a derrota do inimigo. O Partido e o Komsomol enviaram seus melhores filhos à frente, quadros experimentados e dirigentes das organizações partidárias, sindicais, dos Sovietes e da juventude. No total, no primeiro meio ano de guerra, se incorporaram às Forças Armadas 1,1 milhão de comunistas e 2 milhões oriundos do Komsomol. Esta medida desempenhou importante papel na elevação do espírito combativo e moral entre a tropa, no fortalecimento da disciplina e firmeza. Nenhum outro país do mundo, à exceção da URSS, poderia ter suportado e rechaçado os ataques da gigantesca máquina militar fascista. O povo soviético entrou intrepidamente na luta mortal contra o odioso inimigo, não tremeu, não baixou sua cabeça. Os chamamentos do Partido converteram-se em seu lema de combate: “Morte aos invasores fascistas!” “Tudo para a frente, tudo para a vitória!”. Mas já nos primeiros dias do conflito, o inimigo se deparou com uma resistência tenaz, verdadeiramente heroica dos soldados soviéticos e da população das regiões das fronteiras. Nem sequer uma só posição, nem sequer um só povoado foi cedido sem uma encarniçada luta e sangrentos combates. Os agressores sofreram grandes perdas em homens e em material bélico. Os guardas da fronteira, armados somente com armas leves, lutavam contra as hordas nazistas até a última bala. Vários postos fronteiriços que contavam apenas com 40 ou 50 homens fizeram frente ao exército fascista durante 2 ou 3 dias, ainda que o Alto Comando hitlerista houvesse planejado derrotá-los em 15 ou 30 minutos. Todo o
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mundo conhece a epopeia da defesa heroica da fortaleza de Brest. Exemplo excepcionais de heroísmo em massa, de firmeza e de valor foram manifestados pelos soldados soviéticos e a população civil defendendo as cidades de Liepaja, Tallin, Shiauliai e Peremyshl. Durante um mês, as tropas do 80º Exército rechaçaram os encarniçados ataques do inimigo na linha de defesa Piarnu-Tartu-Lago Chudskoie. Até 27 de agosto, lutaram a pequena guarnição de Tallin e, junto com ela, os operários armados da capital estoniana. Somente em 21 de outubro, os hitleristas conseguiram ocupar as ilhas do arquipélago de Moonsund, cuja guarnição seguia repelindo os ataques inimigos, enquanto a frente de defesa das tropas soviéticas já se encontrava a 400 km ao Oeste, nas proximidades de Leningrado. Os soldados da 28ª divisão de tanques, enviada pelo coronel D. Cherniakovski (que mais tarde, a partir de 1944, seria condecorado duas vezes Herói da União Soviética, general do exército e comandante em chefe da 3ª Frente da Bielorrússia), em 24 de junho tomaram totalmente um regime motorizado do inimigo que se encontrava próximo da fronteira oeste da Lituânia. A 9ª brigada independente antitanque do coronel N. I. Polianski, nos combates travados de 22 a 26 de junho na direção de Shiauliai, destruiu cerca de 300 tanques fascistas. O soldado A. F. Serov, com uma peça de artilharia do 6360º regimento desta brigada, em um só combate, em 23 de junho, abateu 11 tanques. Nos primeiros dias da guerra, as tropas motorizadas soviéticas assestaram um contundente golpe de contra-ofensiva aos agrupamentos de tanques do inimigo concentrados na região das cidades ucranianas de Dubno, Lutsk, Brodi e Rovno.
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Como resultado deste golpe, foi detida a ofensiva das hordas nazistas até Kiev. Semelhantes façanhas e heroicas proezas sucediam a cada dia em todos os setores da vasta frente soviético-alemã. Estes acontecimentos esfriavam o ardor beligerante dos estrategistas fascistas, lhes obrigando a penas pensar no que poderia acarretar a aventura empreendida. Em particular, um dos altos dirigentes da Alemanha fascista, chefe do Estado Maior da Wehrmacht, o general F. Halder, anotou em seu diário em 24 de junho de 1941: “vale ressaltar a tenacidade de algumas unidades russas no combate. Houveram casos que guarnições de defesa se explodiam junto com as fortalezas, para não querer cair prisioneiros”. Cinco dias mais tarde, Halder volta assinalar: “a informação recebida da frente confirma que os russos lutam por toda parte até o último homem”. Cruentos combates aconteceram também no ar. Os pilotos soviéticos se engajaram com firmeza e valentia em combates contra os fascistas, aplicando com frequência a arma própria dos homens de espírito forte – o auto sacrifício aéreo. No primeiro dia da guerra, os pilotos I. Ivanov, P. Riabtsev, L. Butelin, D. Kokorev, A. Danilov e muitos outros, após esgotar suas munições, arremetaram suas aeronaves contra os aviões inimigos. Um exemplo imortal de sacrifício foi demonstrado pela tripulação do avião bombardeiro pilotado pelo capitão N. Gastelo, comunista que lançou seu avião em chamas contra um comboio de caminhões, cisternas de gasolina e tanques do inimigo. No final de junho, defendendo a cidade de Leningrado, arremeteram contra aviões inimigos os pilotos S. Zdorovtsev, M. Zhukov, P. Jaritonov; foram os primeiros na guerra a quem foi concedido o título de “Heróis da União Soviética”. Nossos marinheiros lutavam valentemente. Em 22 de junho, os marinheiros da Frota do Mar Negro rechaçaram todos os
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furiosos ataques da aviação fascista contra Sebastopol. No norte das tropas terrestres, fortemente apoiadas pelos marinheiros da Frota do Norte, rechaçaram todas as operações empreendidas pelo inimigo para apoderar-se de Murmansk e de cortar a ferrovia que unia esta cidade a Leningrado. Os marinheiros do Báltico, que viram em uma situação extremamente difícil, deram exemplos de heroísmo em massa. Junto com as tropas terrestres e a população civil, defenderam abnegadamente os portos de Liepaja e Tallin, para evitar que o inimigo tomasse as principais forças da Frota e as conduziram a Kronstadt, o que tornou possível reforçar a defesa de Leningrado. O fácil “passeio” das hordas nazistas pela terra soviética, assim como aconteceu no Ocidente, fracassou. Em menos de um mês de combates, perderam cerca de 100 mil soldados e oficiais, quase a metade dos tanques que entraram em combate e cerca de 1.300 aviões. Também a URSS, que foi obrigada a entrar na guerra em condições extremamente ruins, sofreu grandes perdas. O Partido Comunista e o Governo traçaram um programa preciso de mobilização de todas as forças do povo para derrotar o inimigo. Suas principais posições foram refletidas no discurso pronunciado por J. V. Stalin no rádio em 3 de julho de 1941. Toda a vida do país soviético se reorganizou de acordo com as necessidades da guerra. Adquiriu importância primordial a tarefa de reforça intensa e constantemente as fileiras do Exército Vermelho e de equipálo com armamento e material de guerra. Na mobilização geral nos primeiros meses do conflito, foram convocadas mais de 5 milhões de pessoas. Em um curto período de tempo se formavam novas unidades e agrupamentos. No fracasso do plano hitlerista de “guerra relâmpago” desempenharam papel importante os heroicos defensores de Leningrado, Minsk, Smolensk, Kiev, Odessa, Sebastopol, Tula
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e Moscou. Dificuldades e sofrimentos extraordinários surgiram diante dos defensores da cidade de Lenin. Demonstrando abnegação sem limites, eles puderam frear consideráveis forças inimigas, no momento em que estas estavam empenhadas em abrir caminho até Moscou via Smolensk. A batalha de Smolensk, uma das maiores no verão de 1941 teve excepcional importância. Se desenvolveu em uma extensa frente com a participação de grandes contingentes de tropas. Foi uma batalha extremamente sangrenta. O inimigo não conseguiu abrir “as portas até Moscou” de um só golpe, ainda que sua superioridade em número de efetivos e de armas fosse visível. Esta batalha custou caro ao agressor. Nossas tropas detiveram aqui, no espaço de dois meses, uma potente agrupação do inimigo que tentava abrir caminho para Moscou. O plano “Barbarossa” e o plano estratégico de “guerra relâmpago” sofreram o primeiro fracasso. No fulgor da batalha de Smolensk nasceu a Guarda soviética, formada por suas primeiras quatro divisões que se destacaram por sua máxima capacidade combativa. Na batalha de Smolensk, o Exército Soviético foi equipado com uma arma magnífica: os lança-foguetes reativos (“katiushas”), cuja primeira bateria experimental independente do capitão da Guarda, I. Fliorov, assestou os primeiros golpes demolidores ao invasor. Esta bateria escreveu as primeiras páginas nos anais da heroica história combativa desta nova arma. Difíceis combates defensivos foram travados no verão e no outono do primeiro ano da conflagração no sul do país. Páginas brilhantes nas crônicas dos gloriosos combates escreveram os defensores de Kiev, Odessa e Sebastopol. Os combates nos acessos à capital da Ucrânia duraram mais de dois meses. As perdas sofridas pelo Exército Soviético eram graves, mas o inimigo também pagou caro a tomada de Kiev. Durante 73 dias, os defensores de
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Odessa resistiram com firmeza e abnegação insuperáveis aos ataques das hordas nazistas. Os defensores de Sebastopol deram exemplo de assombrosa valentia e heroísmo em massa. Por 250 dias e noites, sem descanso, mantiveram sangrentos combates. A título de comparação, vale a pena citar que a Dinamarca opôs resistência à agressão fascista por apenas um dia; Bélgica, 19 dias; França, 44 dias de intensivas atividades da Wehrmacht; Noruega, 2 meses. O fascismo alemão esperava derrotar a URSS com o mesmo ritmo “relâmpago”. Para a conquista de Moscou, aprovou um novo projeto (operação “Tufão”), no transcurso do qual o Alto Comando da Wehrmacht pensava derrotar as tropas soviéticas nas cercanias da capital, abrindo caminho para sua ocupação, o extermínio total de sua população e conversão da cidade em gigantescos amontoados de escombros. Em outubro e novembro de 1941, o inimigo empreendeu duas grandes ofensivas contra Moscou. Na primeira, utilizaram 74 divisões de capacidade combativa (inclusas 22 de tanques motorizados), ou seja, 1,8 milhão de soldados e oficiais. Na segunda, utilizaram 51 divisões. Façamos mais uma comparação. Em 12 de junho de 1940, o 18º Exército alemão, com somente 4 divisões de infantaria, ultrapassou o rio Sena, a aproximadamente 70 km, a noroeste de Paris. Em 14 de junho, favorecidos pela traição dos dirigentes reacionários da França, a soldadesca nazista já marchava pelas ruas da capital francesa. Na defesa de Moscou, a querida capital do país, os combatentes soviéticos manifestaram firmeza lendária. Um brilhante exemplo disto é a façanha de 28 combatentes da divisão de infantaria sob ordens do general I. V. Panfilov. Em 16 de novembro, rechaçando os ataques do inimigo à parada de
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Dubosekov, estrada de Volokolamsk, este pequeno grupo de soldados, encabeçado por V. G. Klochkov, instrutor político de companhia, entrou em combate desigual contra várias dezenas de tanques do inimigo. As palavras pronunciadas pelo comunista Klockov: “Rússia é grande, mas não há como retroceder. Atrás de nós está Moscou!”, alentaram os intrépidos soldados. A maioria deles caiu no campo de batalha, mas os hitleristas não puderam abrir caminho pela linha de defesa. Nos combates defensivos de Moscou, o Exército Soviético deu grandes exemplos de valentia e resistência, concretizou um inusitado heroísmo em massa. Dezenas de pequenas e grandes unidades e milhares de soldados e oficiais de todas as armas esbanjaram extraordinário valor na luta contra o inimigo. Todo o país admirava as façanhas das divisões da Milícia Popular e das brigadas da Marinha. Os hitleristas perderam no céu da capital 1.300 aviões, cifra que demonstra o destemor dos pilotos soviéticos e a eficácia da força antiaérea, unidas ao patriotismo e ao ódio ao invasor. Os defensores de Moscou produziram grandes perdas às hordas fascistas. As possibilidades ofensivas do inimigo se esgotavam e as forças do Exército Soviético se incrementavam. Este fato permitiu ao Comando soviético preparar a poderosa primeira contraofensiva, desde o início da conflagração, então absolutamente inesperada pelo adversário. Esta contra-ofensiva começou em 5 de dezembro em uma frente muito ampla, de Kalinin até Elets, e culminou com uma brilhante vitória. Os campos nas imediações de Moscou estavam cobertos por cadáveres de soldados e oficiais inimigos, de amontoados de material de guerra destroçados e abandonados sob pânico. Foram derrotadas 38 divisões fascistas (entre estas, 11 de tanques), as demais sofreram enormes danos e foram rechaçadas a cerca de 100 a 250 km da capital.
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O plano nazista de ocupação de Moscou foi frustrado. Os defensores da capital soviética enterraram o falso mito da “invencibilidade” do exército fascista. Pela primeira vez, desde o começo da Segunda Guerra Mundial, a Wehrmacht alemã sofreu, nos campos de Moscou, uma grande derrota. Também fracassou a estratégia de “guerra relâmpago”. Nos arredores de Moscou despontou o alvorecer da nossa futura vitória. Era o começo da virada radical no curso da guerra. A vitória das forças soviéticas nos subúrbios de Moscou teve uma imensa importância militar, política, moral e internacional. Ela levantou estado de ânimo do povo soviético e inspirou a milhões de patriotas dos países ocupados da Europa a ampliar a luta contra os invasores fascistas. O espírito moral das tropas inimigas se debilitou. No Processo de Nuremberg por crimes de guerra foi perguntado ao Marechal de campo Keitel sobre quando havia começado a compreender que o plano “Barbarossa” estava condenado ao fracasso, ao que ele respondeu com somente uma palavra: “Moscou”. A frustação do plano de “guerra relâmpago”, o desenvolvimento de novas forças do Exército Soviético, o fortalecimento da retaguarda do país e a criação da potente coalizão antihitlerista dos Estados, é o balanço principal dos primeiros seis meses da Grande Guerra Patriótica. Já então se manifestou o caráter aventureiro dos planos agressores da Alemanha fascista. Mas o povo soviético e suas Forças Armadas tinha a sua frente inúmeras dificuldades e sacrifícios incalculáveis. Não obstante, os soviéticos já estavam firmemente seguros da inevitável e catastrófica derrota da Alemanha hitlerista, da vitória definitiva sobre o fascismo.
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1942: o começo da virada radical O segundo ano de guerra na frente soviética-alemã foi bastante tenso. Se iniciou com uma ofensiva geral do Exército Soviético em uma frente muito ampla por sua extensão: do Noroeste do país até o Mar Negro. Mas naquele momento a situação das forças soviéticas era desfavorável. A ofensiva foi seguida por um longo período de penosos combates defensivos e retirada de nossas tropas em direção ao Volga e ao Cáucaso. Não obstante, o fim do ano trouxe uma boa notícia: o cerco e a derrota das hordas hitleristas em Stalingrado, que encheu de grande alegria o povo soviético. No curso da ofensiva geral empreendida pelas tropas soviéticas haviam sido derrotadas cerca de 50 divisões nazistas e em algumas direções o inimigo foi rechaçado a 100-350 km. Foram libertadas dezenas de cidades e milhares de aldeias e povoados. Desde o início da guerra, as perdas totais somente das tropas terrestres da Alemanha fascista superaram 1,1 milhão de homens. Ademais, as tropas soviéticas destruíram grande quantidade de material bélico. No flanco sul da frente soviética-alemã seguia a heroica defesa de Sebastopol. Seus valorosos defensores isolados das tropas soviéticas por terra e bloqueados por mar, rechaçavam obstinadamente os intermináveis ataques dos fascistas, causando-lhes enormes perdas. Em 18 de maio de 1942, o vice-almirante F. S. Oktiabrski, comandante em chefe da Zona de Defesa de Sebastopol, recebeu a ordem do Estado Maior Geral que ditava a adoção de uma série de medidas para anular qualquer novo ataque à cidade pelas tropas nazistas. Para uma melhor coordenação das operações militares, a Zona de Defesa de Sebastopol, a Frota militar do Mar Negro, a Flotilha militar de Azov e
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a Circunscrição militar do Cáucaso, foram subordinadas a recém-formada Frente do Cáucaso do Norte. No início de junho, os números da tropa nesta zona de operações eram de 106 mil homens, 600 peças de artilharia e morteiros, 38 tanques e 53 aviões de combate concentrados nos aeródromos de Sebastopol. Para o assalto à cidade o Alto Comando alemão concentrou um grande agrupamento de forças: cerca de 204 mil soldados e oficiais, 2.045 peças de artilharia e morteiros, 450 tanques e cerca de 600 aviões de combate. 44 navios de guerra, inclusos 6 submarinos, bloqueavam a cidade pelo mar. Uma esquadrilha especial de 150 bombardeiros foi destinada precisamente para assestar golpes contra navios soviéticos que transportavam à cidade cercada tropas, armamentos e víveres. Em 2 de junho, os fascistas iniciaram a preparação da artilharia e a força área de assalto. Um mar de fogo caiu incessantemente durante cinco dias e noites sobre as posições dos defensores de Sebastopol. Em 7 de junho, a infantaria e os tanques do inimigo se lançaram ao ataque. Os defensores da cidade com valor e tenacidade inquebrantáveis rechaçavam os furiosos ataques do inimigo, superior em número. A situação era cada vez mais periclitante. Munições, alimentos e água potável tornavam-se cada vez mais escassas. O Comando da Frente do Cáucaso do Norte não tinha condições de prestar-lhes a ajuda necessária de forma eficaz. Em 30 de junho, pela noite, quando já se havia esgotado as munições, os víveres e a água, foi recebida a ordem do Quartel General para retirar-se em direção a costa. O restante da guarnição foi evacuado ao Cáucaso. Uma parte dos defensores conseguiu romper o cerco, abrindo caminho para as montanhas, onde se uniu aos destacamentos guerrilheiros.
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A defesa de Sebastopol durou oito meses e entrou para a história da Grande Guerra Patriótica como uma de suas páginas mais brilhantes. Sua importância política e militar foi enorme. Na primavera e no verão do ano de 1942, na frente soviética-alemã se desenvolveu uma tenaz luta para apoderar-se da iniciativa estratégica. A Wehrmacht fascista já não podia realizar a ofensiva ao longo de toda a linha da frente, pois para isto já não dispunha nem de forças, nem de meios militares. É por isto que o Comando fascista decidiu transportar o centro de gravidade das operações militares ao Sul, às regiões economicamente importantes do Donbass, do curso inferior do Don e do Volga, e do Cáucaso. Aqui se concentrou um forte agrupamento inimigo que dispunha de 37% das divisões de infantaria e cavalaria e de 53% das unidades blindadas e motorizadas do total das tropas da frente soviética-alemã. Este agrupamento estava composto por 97 divisões, inclusas 10 blindadas e 8 motorizadas, que contavam com 900 mil homens, 1.200 tanques e canhões de assalto, mais de 17 mil peças de artilharia e morteiros, apoiados por 1.640 aviões de combate. Lhes fazia oposição tropas soviéticas aproximadamente iguais em número de homens e de tanques, mas que dispunham de quantidade consideravelmente menor de artilharia e aviação. Além disto, a preparação das tropas soviéticas começou com atraso e já não havia tempo para concluí-la, fato que facilitou para que as tropas hitleristas rompessem nossas defesas e entrassem com bastante rapidez em meio ao rio Don. Os estrategistas nazistas esperavam obter uma vitória relativamente fácil com a operação ofensiva no Sul do país. Hitler até declarou que, pelo visto, não havia nenhuma neces-
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sidade de que no combate entrassem todas as unidades destinadas a apoiar aquela operação. “A resistência dos russos – declarou no Quartel General da Wehrmacht em 24 de junho – , pode revelar-se muito fraca. Por isto é necessário pensar também na realização de uma ofensiva pelo Grupo de Exércitos ‘Centro’. ” A gloriosa batalha de Stalingrado é um dos acontecimentos mais importantes da Grande Guerra Patriótica e de toda a Segunda Guerra Mundial. Se divide em dois períodos: o defensivo, de 17 de julho a 19 de novembro de 1942, e o ofensivo, de 19 de novembro de 1942 a 2 de fevereiro de 1943. A batalha durou seis meses e meio. Nela participaram por ambas partes mais de 2 milhões de homens e uma imensa quantidade de material de guerra foi utilizado. Durante os primeiros dois meses da batalha se desenvolveram encarniçados combates no Don e posteriormente na própria cidade. O Comando hitlerista lançou contra Stalingrado forças colossais: o 6º Exército, que em seu tempo havia conquistado a França, e o 4º Exército encouraçado, assim como outras unidades e numerosa força aérea. A superioridade do inimigo em número de efetivos e armas era enorme. A medida em que iam desenvolvendo-se os combates nas imediações de Stalingrado, cada vez mais forças se lançaram ao fragor da batalha, entre elas o 8º Exército italiano e o 3º romeno. O Comitê Central do Partido Comunista (bolchevique) da URSS, o Governo soviético e o Alto Comando Supremo tomavam todo tipo de medida para organizar a resistência. Foi então criada a Frente de Stalingrado (com o general A. I. Eriomenko como Comandante em Chefe), que foi reforçado com os exércitos que se encontravam na região do Don e do Volga, e também com os 62º, 63º e 64º Exércitos que chegavam da
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reserva do Quartel General. Ao Comando da frente foi subordinada a Frota militar do Volga. Porém, faltavam forças para organizar uma sólida resistência em uma frente que se estendeu por mais de 500 quilômetros. As tropas soviéticas rechaçavam com firmeza a furiosa arremetida do inimigo. Não obstante, o grosso das forças hitleristas, após cruentos combates, rompeu a defesa da Frente de Stalingrado, cruzou os rios Don e Chir e se lançou em direção ao Volga. A situação tornou-se extremamente crítica. Naqueles dias difíceis para nossa Pátria, o Partido Comunista se dirigiu às tropas com o seguinte chamado: “Nem um passo atrás!” Este imperativo determinou o conteúdo de toda a atividade política e organizativa do Partido na frente. Como resultado, em um prazo bastante curto, aumentou-se consideravelmente a capacidade combativa das tropas soviéticas, sua firmeza e destreza militar. São incontáveis os exemplos de coragem e audácia demonstrados por nossos combatentes nas cercanias de Stalingrado e na própria cidade. O povoado Ketskaia foi teatro de uma heroica façanha realizada por quatro antitanquistas da 33ª divisão da Guarda, P. Baloto, I. Aleinikov, F. Belikov e P. Samoilov, que fizeram frente a 30 tanques alemães, destruindo 15 deles e saindo ilesos deste combate normal. Outro exemplo de heroísmo ímpar foi dado por um grupo de soldados da 40ª divisão da Guarda, comandados pelo guarda-bandeira V. D. Kochetkov. Durante dois dias rechaçaram os ataques dos tanques e da infantaria hitlerista na aldeia de Dubovoe. Dos 16 heróis, ficaram vivos quatro: o próprio Kochetkov, gravemente ferido, assim como seus companheiros de luta M. P. Stepanenko, VA. Chirkov e M. A. Shuktomov. Ao esgotar as munições, cumprindo seu deve perante a Pátria, se
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arrojaram com punhados de granadas sob os tanques fascistas. O inimigo foi detido. Em meados de agosto, foram travados combates nos subúrbios da cidade. Estes a cada dia tornavam-se mais cruéis. Em 23 de agosto, algumas unidades fascistas conseguiram penetrar até o Volga na zona de Rinok, ao norte de Stalingrado. Para lá foram mandados com toda urgência reforços, entre estes o destacamento unificado de marinheiros e vários destacamentos de operários. Em sua ânsia de chegar o quanto antes até o Volga em uma extensa margem, os fascistas não cessaram os bombardeios aéreos de Stalingrado nem por sequer um minuto: somente em 23 de agosto, a aviação fascista fez duas mil incursões. Os soldados da defesa antiaérea e os pilotos soviéticos repeliam com toda coragem os sucessivos ataques da aviação nazista. Em um só dia, 23 de agosto, derrubaram 90 aviões inimigos. Não foram poucos os casos quando os soldados da defesa aérea tiveram que travar combates não somente contra os aviões, mas também contra os taques e a infantaria do inimigo, como aconteceu nas imediações da cidade de Moscou. Por exemplo, os soldados do 1077º regimento de artilharia antiaérea, comandado pelo tenente-coronel V. E. Guerman, durante dois dias destruíram 83 tanques, 20 aviões e aniquilaram 15 caminhos com infantaria inimiga. Na luta pelo povoado de Kotluban se destacaram por sua valentia os soldados da companhia de metralhadoras da 35ª divisão da Guarda que era comandada pelo capitão Rubén Ruíz Ibarrurí, filho da célebre comunista espanhola Dolores Ibarrurí, a Passionaria. Incentivados pela audácia do seu chefe, os combatentes rechaçavam com coragem os ataques dos nazistas. Rubén Ruíz caiu mortalmente ferido. Lhe foi outorgado, postumamente, o título de “Herói da União
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Soviética” e ergueu-se um monumento na praça dos Lutadores Caídos, em Stalingrado (hoje Volvogrado), onde foi enterrado. Em meados de setembro, os exércitos fascistas empreenderam o furioso assalto à Stalingrado. Os combates já ocorriam na própria cidade e estas árduas lutas duraram por dias e noites durante dois meses seguidos. O peso principal caiu então sobre os soldados do 62º Exército do general V. I. Chuikov e o 64º Exército do general M. S. Shumilov. No fogo da batalha revelaram grande firmeza as 13ª e 37ª divisões da Guarda comandadas pelos generais A. I. Rodimtsev e V. G. Zholudev; as 95ª, 112ª, 138ª e 308ª divisões de fuzileiros comandadas pelos coronéis V. A. Gorishni, L. E. Ermolkin, I. I. Liudnikov e L. N. Gurtiev; a 84ª brigada de tanques sob comando do coronel S. F. Gorojov, e muitas outras. Cem mil soldados de infantaria da marinha defenderam a cidade de Stalingrado. Muitos marinheiros imortalizaram seus nomes com feitos assombrosos. Em suas fileiras, um posto de honra pertence a um membro do Komsomol, M. Panikaja, marinheiro do Oceano Pacífico. No fim de setembro, ele atravessou o Volga junto com seu 883º regimento da 193ª divisão e defendeu com seus companheiros de regimento o povoado de Krasni Oktiabr quando os tanques nazistas (novamente) atacavam as posições do regimento, M. Panikaja lançava contra eles garrafas com líquido inflamável. Aconteceu que uma de suas garrafas foi atravessada por uma bala e o líquido inflamável o envolveu em chamas instantaneamente. Ardendo como uma tocha, Panikaja, sem perder a serenidade, saltou da trincheira, aproximou-se do tanque inimigo e com uma segunda garrafa o incendiou. O jovem herói entregou sua vida para a defesa da cidade na margem do Volga, para nossa justa causa e para nossa grande Pátria.
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A firme decisão dos soldados soviéticos de defender Stalingrado do inimigo era inquebrantável. Sobre isto expressou de maneira feliz o famoso franco-atirador Vasili Zaitsev, anteriormente operário da cidade de Kolomna: “depois do Volga não há terra para nós”. Também é parte da história da heroica epopeia de Stalingrado a defesa da Casa do sargento Ya. F. Pavlov e da Casa do tenente N. E. Zabolotni, casas que entraram para a história com os nomes destes chefes das pequenas unidades que as defendiam. Estas unidades eram formadas por soldados de distintas nacionalidades, mas todos defendiam a gloriosa cidade sem poupar suas forças, até o último suspiro. Em meados de novembro, foi finalizada a etapa defensiva da batalha de Stalingrado. Em quatro meses de encarniçados combates, o inimigo sofreu enormes perdas: cerca de 700 mil soldados e oficiais, entre mortos e feridos, mais de 1.000 tanques, mais de 2.000 peças de artilharia e 1.400 aviões. A heroica defesa de Stalingrado confundiu todos os planos do inimigo. Para os hitleristas se aproximavam dias difíceis. Já durante os dias da dura batalha defensiva, o Alto Comando Supremo soviético havia elaborado o plano de contraofensiva para derrotar ao inimigo, ao que se deu o nome convencionado de “Urano”. Conforme este plano, se intentaria assestar golpes fortes e profundos aos flancos do agrupamento de exércitos inimigos, atacando impetuosamente em direções convergentes a Kalach, para cercar e derrotar os 6º e 4º Exércitos blindados alemães e as unidades que lhes serviam de apoio. Isto anunciava o começo de amplas operações ofensivas do grupo de frentes soviéticas em toda a direção Sul. A realização desta operação estava a cargo de três frentes: Sudoeste (Comandante em Chefe, N. F. Vatutin), do Don
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(Comandante em Chefe, general K. K. Rokossovski) e de Stalingrado (Comandante em Chefe, general A. I. Eriomenko). Os generais G. K. Zhukov e A. M. Vasilevski, sendo representantes do Quartel General do Comando Supremo, tinham que realizar a coordenação das operações das frentes mencionadas. As tropas destas frentes contavam com 1 milhão e 106 mil homens, 1.463 tanques, 15,5 mil canhões e morteiros, 1.350 aviões, enquanto que o inimigo tinha 1 milhão e 11 mil soldados e oficiais, 675 tanques e peças de assalto, 10,3 mil canhões e morteiros, 1.216 aviões. Como se vê, naquele momento as forças eram praticamente iguais. Mas, precisamente aqui, manifestou-se o alto grau da arte militar dos chefes e comandantes soviéticos, o ímpeto combativo e a maestria dos soldados e oficiais, assim como suas elevadas qualidades morais e políticas. O 19 de novembro de 1942 é uma data memorável, tanto na história da batalha de Stalingrado, como de toda a guerra em geral. Neste dia, começou a potente contra-ofensiva das tropas soviéticas que culminou em uma brilhante vitória. As tropas que avançavam na parte norte e sul da cidade romperam a defesa do inimigo e, em 23 de novembro, se uniram na zona Kalach-Sovietski, cercando a maior parte do agrupamento fascista. Neste cerco estava o principal agrupamento nazista, constituído por 330 mil soldados e oficiais dos 6º e 4º Exércitos blindados, juntamente com seu Comando encabeçado pelo Marechal de Campo, Paulus. Todos as tentativas do Comando alemão de libertar do cerco suas divisões fracassaram completamente. Os dias deste agrupamento estavam contados. No fim de dezembro de 1942, a situação das zonas que se encontravam entre os rios Volga e Don mudou radicalmente a favor das tropas soviéticas. Se criava a possibilidade
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de empreender uma ofensiva em direção a Rostov e de atacar pela retaguarda as hordas nazistas que atuavam no Cáucaso. A defesa do Cáucaso é uma brilhante página desta guerra. Se desenvolvia ao mesmo tempo que a batalha de Stalingrado e era parte integrante das operações estratégicas de nossas tropas no Sul do país. A ocupação do Cáucaso, a qual nazistas deram grande importância, fazia parte dos planos de conquista do fascismo alemão. As horas fascistas aspiravam apoderar-se das ricas zonas petrolíferas e abrir caminho através do Cáucaso para o Próximo Oriente e a Índia. Para ocupar o Cáucaso, o Comando alemão elaborou a operação ofensiva “Edelweis” e concentrou grandes forças – o Grupo de Exércitos “A”, que contava com o 17º Exército de campo, o 1º e o 4º Exércitos blindados e o 3º Exército romeno. Estes superavam consideravelmente em número nossas tropas do Sul: em 1,5 vezes em efetivos, 2 vezes em artilharia, 9 vezes em tanques e 8 em aviões. Em seus planos, os hitleristas alimentavam as esperanças de que seria possível criar e explorar inimizades na população plurinacional do Cáucaso, entre si e com o povo russo, e assim provocar a discórdia entre as nacionalidades. Mas tais cálculos fracassaram por completo. A amizade fraternal dos povos do Cáucaso com todos os povos soviéticos era sólida e inquebrantável, e resistiu às duras provas da guerra, saindo desta ainda mais forte. O Comando Supremo soviético tomou medidas urgentes para a defesa do Sul do país. As Frentes Sul e do Cáucaso do Norte foram agrupadas em uma só, sob o nome de Frente do Cáucaso do Norte, comandada pelo Marechal da União Soviética S. M. Budenny. Dentro desta se formaram dois grupos de operações: o do Don e o de Primorskaia (cada um deles tinha a sua disposição três exércitos regulares, um aéreo e um corpo de cavalaria).
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Neste aspecto operativo, ao Conselho Militar da frente estavam subordinadas a Frota do Mar Negro e a Frota militar do Mar de Azov. O litoral, de Lazarevskoie até Batumi, e os portos da Grande Cordilheira do Cáucaso, eram defendidos pelas tropas soviéticas da Frente Transcaucásica. As tropas soviéticas, inferiores em número de efetivos e armas, opuseram uma resistência tenaz ao inimigo. Os soldados e oficiais soviéticos demonstraram nos combates pelo Cáucaso uma inaudita valentia e heroísmo em massa. Fracassaram os planos hitleristas de penetrar rápida e profundamente na região. Nas cercanias da cidade de Grozny e em alguns portos do Cáucaso, se viram obrigados a passar para a defensiva. Também era complicada a situação nos arredores de Novorossiisk. Depois de sangrentos combates nas ruas da cidade, os soldados dos 18º e 47º Exércitos, a Frota de Azov e da base naval da cidade, que lutavam com abnegação ímpar, necessitaram abandonar grande parte desta, retornando a costa oriental da baía de Tsemes, onde se entrincheiraram. Os trabalhadores das organizações do Partido Comunista e soviéticas do Cáucaso do Norte, da Georgia, Azerbaijão e Armênia, prestavam ao Exército uma considerável e eficaz ajuda. Nas repúblicas da Transcaucásia, com o fim de completar as frentes, foram organizadas, com base nas Milícias Populares, 19 divisões nacionais e 211 batalhões de antitanques, que lutaram com audácia e abnegação. Se destacaram, por exemplo, as divisões 392ª da Georgia, 416ª do Azerbaijão e 89ª da Armênia. A derrota do enorme agrupamento do inimigo em Stalingrado, os êxitos militares de nossas tropas em outras frentes, a firmeza e o heroísmo dos defensores das regiões do Sul da nossa Pátria criaram uma situação favorável para a libertação do Cáucaso do Norte. Não obstante, um pouco antes
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destes acontecimentos, em julho de 1942, o general alemão Ruoff, depois de ocupar Rostov, disse ao agregado militar japonês que visitava a seu exército: “as portas do Cáucaso estão abertas. Se aproxima a hora em que os exércitos de Hitler e os de seu imperador se encontrarão na Índia”. Agora os nazistas já não pensavam mais na Índia, mas em como fugir do Cáucaso com as menores perdas possíveis. Se aproximava a hora de sua libertação total. As presumidas declarações da alta hierarquia hitlerista apenas atestaram o fato de que estes, até os últimos dias da guerra, até a capitulação incondicional da Alemanha, não aprenderam a avaliar dignamente o potencial militar, político e moral do primeiro Estado socialista do mundo. E desta forma, tiveram que pagar muito caro por ser incapazes de orientar-se e apreciar a situação que lhes circundava. 1943: A Wehrmacht à beira da catástrofe Para o povo soviético, 1943 foi um ano de alegria, iniciado e concluído com destacadas vitórias de nossas tropas sobre os invasores fascistas. Estas vitórias puseram a Alemanha hitlerista à beira da catástrofe. Durante janeiro e fevereiro de 1943 as operações destinadas à aniquilação das tropas inimigas cercas nas redondezas de Stalingrado continuaram. Esta missão foi encomendada à Frente do Don, sob o comando do general K. K. Rokossovski. O inimigo lutava com a fúria de um condenado. O Comando soviético, para evitar inútil derramamento de sangue, apresentou em 8 de janeiro um ultimato ao adversário, exigindo que se rendesse e cessasse sua injustificável resistência. Mas esta humanitária proposição foi sumariamente recusada.
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Em 10 de janeiro, as tropas soviéticas iniciaram uma ofensiva e no transcurso de 23 dias de duros combates derrotaram totalmente ao inimigo cercado. Em 2 de fevereiro, os combates nas cercanias de Stalingrado culminaram em uma brilhante vitória dos nossos heroicos combatentes. Finalizada a batalha travada nas vastas estepes do Don e do Volga foram recolhidos para sepultamento cerca de 140 mil cadáveres de soldados e oficiais inimigos. Mais de 90 mil hitleristas, sendo 2,5 mil oficiais e 24 generais, foram feitos prisioneiros junto com o Marechal Paulus. Nossa vitória ressoou na Alemanha como uma sentença de morte. Pela primeira vez no transcurso da guerra, a Alemanha anunciava três dias de luto pelas tropas caídas em Stalingrado. As perdas totais do inimigo durante a batalha somaram cerca de 1,5 milhão de soldados e oficiais, até 3 mil tanques, 12 mil canhões e morteiros, 4,4 mil aviões, isto é, um quarto de todas as forças inimigas que então operavam na frente soviética-alemã. Uma derrota até então desconhecida na história da maior agrupação de tropas do inimigo. Tais eram as declarações dos próximos a Hitler, que pouco tempo antes gritavam aos quatro ventos a invencibilidade da Wehrmacht nazista e a próxima derrota total da União Soviética. A vitória obtida na batalha de Stalingrado teve enorme importância militar e política. O triunfo marcou o início da virada radical na guerra a favor da União Soviética, significou a expulsão massiva das tropas inimigas do território soviético. A consequência da derrota das hordas inimigas em Stalingrado deixaram de existir os exércitos: o 6º de campanha e o 4º de tanques da Wehrmacht, os 3º e 4º romenos e o 8º italiano. A frente foi transferida para centenas de quilômetros do Volga e do Don. A estratégica linha de comunicação que ligava
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o centro do país ao Sul foi libertada totalmente. A contraofensiva empreendida em Stalingrado criou as premissas para a passagem das Forças Armadas Soviéticas à ofensiva geral. A iniciativa estratégica passou completa e definitivamente às mãos do Alto Comando Supremo soviético. A historiografia burguesa mais de uma vez tratou de diminuir a importância da batalha de Stalingrado no desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial. Os cientistas, fiéis servidores do imperialismo, tentam demonstrar que os acontecimentos decisivos se desenvolveram nos lugares onde atuaram as tropas da Inglaterra e dos Estados Unidos. Mencionam tais combates, como o de El Alamein ou o desembarque das tropas estadunidenses na ilha de Guadalcanal. Mas, na zona de El Alamein (África do Norte) somente estavam em ação 12 divisões fascistas e a guarnição japonesa deslocada nas ilhas de Guadalcanal contavam somente com dois mil homens. Por outro lado, em Stalingrado lutavam 50 divisões alemães, que dispunham de armamentos incomparavelmente superiores aos utilizadas em El Alamein e nas ilhas de Guadalcanal. Foi grande também a importância internacional da vitória em Stalingrado. Numerosas organizações sociais dos EUA, Inglaterra e Canadá começaram a atuar mais ativamente, conseguindo que prestassem uma ajuda mais eficaz ao nosso país na luta contra o inimigo comum. O conhecido astronauta estadunidense Donald K. Slayton participou da Segunda Guerra Mundial em um dos exércitos dos Estados Unidos. Recordando aqueles tempos, dizia: “quando os hitleristas capitularam, nosso júbilo não tinha limites. Todos compreendiam que isto significava uma mudança radical na guerra, que era o início do fim do fascismo...”
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Os êxitos das tropas soviéticas exerceram imensa influência sobre o movimento libertador dos povos da Europa contra os ocupantes nazistas. Se destacavam nesta luta, sobretudo, os patriotas da Iugoslávia, Polônia, França, Grécia e Albânia. A vitória obtida em Stalingrado abriu caminho para a ofensiva das nossas tropas em uma ampla frente e, antes de tudo, no sul do país. A ofensiva das tropas das Frentes Sul (anteriormente, Frente de Stalingrado) e Transcaucásica que combinavam suas ações com a Frota do Mar Negro e a Frota Militar do Mar de Azov, criou a ameaça de cerco de todo o agrupamento inimigo no Cáucaso. No início de janeiro de 1943, os fascistas se viram obrigados a retroceder precipitadamente em direção ao noroeste. “Pisando nos calcanhares” do inimigo, nossas tropas os seguiram, causando-lhes grandes prejuízos. Os guerrilheiros incrementaram consideravelmente suas ações na retaguarda inimiga. No fim de janeiro, foram libertados de invasores extensos territórios e regiões do Cáucaso do Norte. Nossas tropas chegaram a Rostov e à costa do Mar de Azov. Em 12 de janeiro, foi libertada Krasnodar e, dois dias depois, Rostov. O agrupamento fascista havia se dividido em dois: o grosso principal das forças retrocedeu até a península de Tamán e o resto fugiu através de Rostov, ao curso inferior do Don. Em meados de março, as tropas das Frentes Sul e do Cáucaso do Norte (em 24 de janeiro o Quartel General do Alto Comando Supremo soviético transformou o então Grupo Norte das tropas da Frente Transcaucásica em Frente do Cáucaso do Norte) avançaram de 160 a 600 km, esmagando os Grupos dos Exércitos inimigos “A” e “Don”.
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Ao despedir-se dos planos de conquista do Cáucaso, o Comando alemão se viu obrigado a buscar salvação para suas tropas em retirada, oferecendo forte resistência em numerosos setores da frente. O inimigo concedia grande importância à península de Tamán. A chamada “linha azul”, que representava uma linha defensiva muito poderosa, incluía também a defesa de Novorossiisk. A tarefa de levar a cabo as operações de aniquilamento do agrupamento de Tamán e a libertação de Novorossiisk foi encomendada à Frente do Cáucaso do Norte (o comandante da frente era o general I. E. Petrov), à Frota do Mar Negro (do comandante vice-almirante L. A. Vladimirski) e à Frota militar do Mar de Azov (do comandante contra-almirante S. G. Gorshkov). Os combates começaram em fevereiro de 1943 e se estenderam por longo tempo. Para apoiar as tropas do 47º exército que havia tentado libertar Novorossiisk, em fevereiro de 1943, se realizaram operações de desembarque. O de maior êxito foi o desembarque efetuado na costa oeste da baía de Tsemes, onde um destacamento de infantaria de Marinha, sob o comando do major Ts. L. Kunikov, se apoderou de um campo de operações muito importante na zona de Stanichka e Misjaco, ao sul de Novorossiisk, que passou para a história com o nome de “Pequena terra”. Posteriormente, foram enviados para lá novas unidades do 18º Exército, do general K. N. Leselidze. Contudo, em fevereiro e em março não se conseguiu libertar Novorossiisk e expulsar os ocupantes de Tamán. Utilizando as vantagens da defesa organizada com antecipação, os hitleristas contiveram o avanço das nossas tropas. Para apoiar suas tropas terrestres, o Comando alemão lançou mão de grandes forças de aviação. Cerca de dois meses durou em Kuban uma das maiores batalhas aéreas de toda a Segunda Guerra Mundial. O inimigo perdeu aproximadamente 1.100 aviões nesta batalha. Entre os
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mais destacados figurava o famoso às soviético A. I. Pokrishkin, condecorado naqueles dias com a primeira Estrela de Ouro da União Soviética. Também se destacaram por seu heroísmo e maestria os irmãos pilotos D. B. e B. B. Glinka, G. A. Rechkalov, G. G. Golubev, V. G. Semenishin, V. I. Fadeev, entre outros. As ações combativas posteriores da libertação da península de Tamán e da cidade de Novorossiisk são do outono de 1943. O Comando da Frente do Cáucaso do Norte concentrou aqui 21 divisões dos 18º, 9º e 56º Exércitos, apoiadas pelo 4º Exército aéreo, contra 17 divisões do inimigo que dispunham de consideráveis reservas na Crimeia. O centro das operações militares se encontrava na região de Novorossiisk. Foi precisamente aqui, na noite de 10 de setembro, que nossas tropas, apoiadas por forças navais, passaram à ofensiva. Simultaneamente, assestava golpes à infantaria da Marinha que havia desembarcado na “Pequena terra”. Foram cinco dias de duros combates. Na manhã de 16 de setembro, a cidade de Novorossiisk foi totalmente libertada do inimigo. Durante os festejos do 30º Aniversário da libertação do Cáucaso foi concedida o título honorífico de “cidade-heroica” à Novorossiisk. Prosseguindo os combates as tropas soviéticas, em fins de setembro, expulsaram do curso inferior do rio Kuban os invasores e iniciaram a libertação da parte oeste da península. Em 9 de outubro, romperam as últimas linhas defensivas do inimigo e deixaram o estreito de Kerch, culminando com a derrota do restante das divisões alemães que haviam sido encurraladas contra o mar. Nos meses de janeiro a março de 1943, foi iniciada a ofensiva geral das nossas tropas, de Leningrado ao Cáucaso,
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que foi coroada com brilhantes vitórias. Em 12 de janeiro, empreenderam uma ofensiva as tropas das Frentes de Leningrado e de Volkov (comandados pelos generais L. A. Govorov e K. A. Meretskov). Esta ofensiva, pequena por sua envergadura e pela quantidade de tropa que participou nesta, teve, todavia, grande significado político-militar pois determinou que havia chegado a hora e as possibilidades de romper o bloqueio de Leningrado que durou quase um ano e meio, de unir a cidade por terra com o resto do país, de aliviar os sofrimentos dos habitantes e as ações combativas da Frente de Leningrado e da Frota do Báltico, condecorada com a ordem da Bandeira Vermelha. Com a ajuda da artilharia e aviação da Frota do Báltico, sob comando do almirante V. F. Tributs, as tropas de ambas frentes romperam o cerco à cidade de Lenin. Sua comunicação por terra com o país foi reestabelecida. A Cidade-heroica permaneceu em pé e resistiu! Nossas tropas obtiveram uma relevante vitória no curso superior do Don. Em janeiro e fevereiro, as Frentes de Voronezh e de Briansk, sob o comando dos generais F. I. Golikov e M. A. Reiter, desferiram contundentes golpes às principais forças do Grupo inimigo dos Exércitos “B”, avançaram de 200 a 300 km e libertaram as cidades de Voronezh, Kursk, Belgorod e Kharkov. Combates encarniçados se desenvolveram no Donbass e na região de Rostov. As tropas das Frentes Sul e Sudoeste encontraram aqui uma tenaz resistência do inimigo. Os fascistas conseguir aplicar uma série de fortes contragolpes às nossas tropas, obrigando-as assim a se retirar em direção ao Leste, abando-
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nando mais uma vez as cidades de Kharkov e Belgorod. Contudo, a seguinte contra-ofensiva da Wehrmacht foi detida. Foi então, precisamente, quando se formou o famoso ponto da frente na zona de saliência de Kursk, ao que se deu o nome de “Arco de Kursk”, e onde mais tarde se produziu a famosa batalha de Kursk. Após a batalha de Moscou, o inimigo mantinha na direção central, a uma distância relativamente pequena da capital, uma zona muito importante para suas tropas: o campo de operações Rzhev-Viazma. No mês de março, as tropas das Frentes de Kalinin e Oeste, cujos comandantes eram os generais M. A. Purkaev e V. O. Sokolovski, passaram à ofensiva na direção do general de Smolensk, avançando, em abril, de 130 a 160 km e libertando as cidades de Rzhev, Gzhatsk e Viazma. Estava então liquidado um importante campo de operações do inimigo. A segunda campanha de inverno desenvolvida na frente soviética-alemã terminou com enormes êxitos do Exército Soviético, ao esmagar mais de 100 divisões inimigas; as perdas dos invasores foram de cerca de 1,7 milhão de soldados e oficiais. A linha de frente avançou de 600 a 700 km ao Oeste. Apesar destas grandes derrotas sofridas na frente soviética-alemã, o exército fascista era, todavia, no ano de 1943, uma força extremamente poderosa, capaz de sustentar uma longa luta armada. A mobilização total, levada a cabo na Alemanha e nos países satélites, permitiu ao inimigo concentrar contra as tropas soviéticas, no verão de 1942, 232 divisões, ou seja, 5,3 milhões de soldados e oficiais. Os hitleristas tinham grandes esperanças nos novos e potentes tanques “Tigre” e “Pantera”, nas peças de assalto “Ferdinand” e nos aviões “Fokker-Wolf-190A” e “Heinkel-129”. No verão de 1943, Hitler e sua camarilha buscavam uma revanche pela derrota sofrida em Stalingrado, para tomar
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novamente a iniciativa estratégica e modificar o curso da guerra a seu favor. Os olhares do inimigo estavam postos, antes de qualquer coisa, sobre a frente na zona de saliência de Kursk. O Comando alemão planejava cercar e aniquilar grandes contigentes de tropas soviéticas e estender a ofensiva até o interior do país. Com este objetivo, os fascistas elaboraram um plano de operação denominado “Cidadela”, já a partir da primavera de 1943 se prepararam. Em direção da zona da futura ofensiva se moviam as tropas alemães de maior capacidade combativa. Se realizou com particular cuidado a concentração de enormes forças: 50 divisões, inclusas 16 de tanques e motorizadas. No ar, a ofensiva era apoiada pela 4ª e 6ª Frota aérea. O total das tropas inimigas no “Arco de Kursk” era de cerca de 900 mil efetivos, 10 mil peças de artilharia e morteiros, 2.700 tanques e mais de 2 mil aviões, o que representava uma poderosa força de choque. As ideias do inimigo foram decifradas pelo Comando soviético com antecipação. O Quartel General do Alto Comando Supremo tomou a decisão de começar não como uma ofensiva do “Arco de Kursk”, mas com uma defesa pré-concebida e bem organizada. Na zona da saliência de Kursk se organizou um sistema de defesa sólido, de escalonamento profundo (de até 250-300 km de profundidade), capaz de resistir a qualquer golpe do inimigo e criar condições para a contraofensiva. Na zona da saliência de Kursk, em um curto espaço de tempo, foram preparadas oito linhas de defesa. A linha principal constituía-se, como regra, por duas ou três posições, cada uma das quais tinham duas ou três trincheiras, ligadas por numerosos canais de comunicação. Cada exército do primeiro escalão dispunha de três linhas de defesa. Todas elas,
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nas direções prováveis de ataque, haviam sido ocupadas de antemão por tropas de combate. As Frentes Central e de Voronezh tinham, ademais, três linhas de defesa. Até então, nos dois anos de guerra, as tropas soviéticas não haviam criado um sistema de defesa tão perfeito e sólido. No extenso território da saliência de Kursk foram concentradas grandes forças combativas de tropas soviéticas: as Frente Central e de Voronezh, sob o comando dos generais K. K. Rokossovski e N. F. Vatutin. Em sua retaguarda, havia uma potente reserva estratégica, a Frente da Estepa, do general I. S. Konev. A coordenação das operações das frentes era realizada pelos marechais da URSS, G. K. Zhukov e A. M. Vasilevski. Os espiões soviéticos haviam descoberto não somente o dia, mas até a hora do início da ofensiva inimiga. Para organizar as tropas fascistas, o Comando soviético efetuou na madrugada de 5 de julho uma poderosa contra-preparação de artilharia, na qual utilizaram 2.460 canhões, morteiros e instalações de lança-foguetes. Simultaneamente, 132 aviões de bombardeio e 285 de caça assestaram golpes demolidores sobre os aeródromos do inimigo, destruindo 60 aviões de combate. A contra-preparação de artilharia perturbou o sistema de fogo da artilharia inimiga e o controle das tropas, causou aos fascistas grandes perdas, já antes de passar à ofensiva. O Comando hitlerista se viu obrigado, inclusive, a atrasar em quase 3 horas o começo da ofensiva. Na madrugada de 5 de julho foi dado início à ofensiva nas zonas de Oriol e de Belgorod. Durante vários dias as tropas inimigas assaltaram furiosamente as posições das tropas soviéticas, com a intenção de rompê-las com potentes golpes das divisões de tanques. Os golpes principais recaíram sobre
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aqueles setores que estavam melhor reforçados. Nossa infantaria, os tanquistas, artilheiros e sapadores, apoiados pela aviação, defendiam suas posições com valentia. Ao custo de enormes perdas, o inimigo conseguiu abrir uma brecha em nossa defesa ao norte da saliência somente em 10-12 km e pelo Sul, por uns 35 km. No rechaço aos violentos ataques do inimigo demonstraram alta firmeza e maestria militar os combatentes dos 13º, 70º e 1º Exércitos de tanques da Guarda, do 2º de tanques, dos 5º e 6º da Guarda e do 5º de tanques da Guarda, dos 2º e 16º Exércitos aéreos. Os comandantes destes Exércitos eram os generais N. P. Pukhov, L. V. Galanin, M. E. Katukov, A. G. Rodin, A. S. Zhadov, I. M. Chistiakov, P. A. Rotmistrov, S. A. Krasovski e S. I. Rudenko. Em 12 de julho, Prokhorovka foi palco da maior batalha de tanques da história das guerras. Ali, na véspera da batalha foram concentradas grandes forças de tanques inimigos (até 700 tanques, entre estes, alguma quantidade de “Tigres”). O potente ataque da Frente de Voronezh, na ponta do qual se encontrava o 5º Exército de tanques da Guarda e o 5º Exército de armas da Guarda, recaiu sobre sobre as forças principais do 4º Exército de tanques do inimigo. Na batalha de tanques, frente a frente, participaram de ambas partes cerca de 1.200 tanques e peças de artilharia auto-propulsadas. Esta batalha foi perdida pelo inimigo. Neste mesmo dia, na direção de Oriol, empreenderam a ofensiva as tropas das Frente Oeste e de Briansk. Em 15 de julho se incorporou a estas a Frente Central e, em 3 de agosto, se lançaram à contra-ofensiva as Frentes de Voronezh, da Estepa e a do Sudoeste. Em 5 de agosto, foram libertadas as cidades de Oriol e Belgorod. Em honra a este acontecimento, retumbaram em Moscou, pela primeira vez durante a guerra,
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as salvas solenes, que mais tarde se tornaram tradicionais. Em 23 de agosto, foi libertada a cidade de Karkhov. A batalha de Kursk teve grande significado para todo o desenvolvimento posterior da guerra. Esta pôs fim à última ofensiva do inimigo para apoderar-se da iniciativa estratégica e a consolidou em favor das Forças Armadas Soviéticas. Nesta batalha, o inimigo sofreu duras perdas: até meio milhão de soldados e oficiais, 1,5 mil tanques, mais de 3,7 mil aviões e 3 mil canhões. Sobretudo, sofreram perdas as tropas blindadas, consideradas como a principal esperança do inimigo. “Se a batalha de Stalingrado – destacava o camarada J. V. Stalin – anunciava o ocaso do exército fascista alemão, a batalha de Kursk o colocou à beira da catástrofe”. A batalha de Kursk deu origem à ofensiva geral das tropas soviéticas, de Velikie Luki até o Mar Negro. No curso desta concluiu a libertação das regiões ocidentais da RSFSR, iniciou a libertação da Bielorrússia; os invasores foram expulsos do Donbass, da parte da Ucrânia situada na margem esquerda do Dniepre e da península de Tamán. Em setembro, nossas tropas, em uma ampla frente, deixaram o Dniepre. A batalha no Dniepre é mais uma das brilhantes páginas da guerra. A passagem sobre a marcha de uma barreira fluvial tão grande trata-se de uma façanha coletiva dos combatentes soviéticos; 2.438 deles receberaram o título de “Herói da União Soviética”. Em 6 de novembro, foi libertada Kiev, capital da Ucrânia. Na margem direita do Dniepre foram ocupados importantes campos de operações. A histórica vitória na batalha de Kursk e a travessia do Dniepre pelos soldados soviéticos marcaram a virada radical no transcurso do confronto. Durante a ofensiva, empreendida no verão e no outono de 1943, foram esmagadas 118 divisões inimigas.
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Ao destacar a grande importância da batalha de Kursk, o Marechal da URSS, G. K. Zhukov especificava: “esta atestava a extenuação da Alemanha fascista. Já não havia força capaz de salvá-la. Tratava-se apenas de questão de tempo”. O Presidente dos Estados Unidos, F. Roosevelt escreveu em 6 de agosto a J. V. Stalin: “a União Soviética, com toda justeza, pode sentir-se orgulhosa por suas heroicas vitórias”. W. Churchill, em sua felicitação, qualificou a derrota dos nazistas em Kursk como uma “importante etapa no caminho da vitória definitiva”. Alexander Werth, publicista inglês, se expressou de maneira mais clara: “ao ganhar a batalha de Kursk, a URSS ganhou, na realidade, a guerra”. Unicamente os hierarcas da Alemanha fascista esperavam ainda encontrar uma saída desta situação. Mas suas esperanças eram infundadas, desprovidas de uma base real. Todavia, ainda poderiam atrasar o fim da guerra, mas nada poderia salvá-los da catástrofe. 1944: Vitórias decisivas No início de 1944, a situação na frente soviética-alemã mudou radicalmente. O poderio militar da União Soviética crescia e se multiplicava consideravelmente a cada mês que passava. Sua superioridade numérica sobre o inimigo era de 1,3 vezes em efetivos, 1,6 vezes em artilharia, em aviões mais de 3 vezes. Incomensuravelmente maior era a superioridade político-moral das tropas soviéticas sobre as inimigas, cujo espírito estava quebrantado. As tropas soviéticas foram enriquecidas com a experiência da preparação e da execução de grandes operações, tanto ofensivas como defensivas.
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Mas o inimigo, todavia, era forte. A Wehrmacht contava com 248 divisões, isto é, 4,9 milhões de soldados e oficiais. Não podia planejar grandes operações ofensivas, porém, em muitas linhas defensivas, preparadas com antecedência, travava violenta resistência. Os hitleristas alimentavam especiais esperanças nas intrigas políticas, nas conversações secretas com os aliados ocidentais da URSS, esperando debilitar e, inclusive, quebrar a coalizão anti-hitlerista. Os emissários de Hitler estabeleceram contatos com representantes do serviço secreto estadunidense, para conservar a qualquer preço o fascismo na Alemanha e evitar sua derrota. Tampouco se excluía a possibilidade da realização de ações conjuntas com os países ocidentais contra a URSS. Para não dar trégua ao inimigo, privá-lo da possibilidade de aproveitar a calmaria na frente para ordenar suas tropas extenuadas, o Quartel General do Alto Comando Supremo soviético havia decidido, já no outono de 1943, iniciar a campanha de inverno sem pausa alguma, tão logo terminasse a ofensiva de verão. Em outubro de 1943, o Chefe Supremo, J. V. Stalin, comunicava-se sobre isto com o Presidente dos Estados Unidos, F. Roosevelt: “no transcurso das operações empreendidas pelas tropas soviéticas no verão e outono do ano corrente, se pôs em relevo que nossas tropas poderão continuar levando adiante as operações ofensivas contra o exército alemão; ademais, a campanha de verão pode transformar-se em uma campanha de inverno”. O Alto Comando alemão pensava somente em como evitar a catástrofe final. O Estado Maior Geral da Alemanha fascista chegou em novembro de 1943 a conclusão pouco consoladora: “para uma correlação de forças como a atual e dada a capacidade combativa das tropas soviéticas, existe o
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perigo da derrubada de toda a Frente Oriental, se não conseguirmos evitar e conter as futuras operações ofensivas russas no momento em que iniciam”. Durante os meses de janeiro, fevereiro e março se desenvolveram gigantescos combates na margem direita do rio Dniepre, nos quais participaram as 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Frentes da Ucrânia sob o comando dos generais N. F. Vatutin, I. S. Konev, R. Ya. Malinovski e FI Tolbujin. Estas Frentes dispunham de quantidade de tropas e material de guerra, suas atividades se caracterizavam por uma extraordinária rapidez e golpes de força demolidores. Como resultado, um curto espaço de tempo, foi libertada toda a Ucrânia da margem direita do Dniepre e parte da Moldávia; em 26 de março, tropas soviéticas rumaram à fronteira com a Romênia. Este foi um acontecimento transcendental. Nos meses de abril e maio, as tropas da 4ª Frente da Ucrânia, do Exército independente do Primorie do general A. I. Eriomenko, da Frota do Mar Negro do almirante FS. Oktiabrski e da Frota militar de Azov do contra-almirante S. G. Gorshkov, romperam a defesa do inimigo na Crimeia e a libertaram totalmente dos ocupantes. As batalhas mais encarniçadas se desenvolveram, sobretudo, nas cercanias de Sebastopol. Porém, se nos anos de 1941 e de 1942 as tropas fascistas necessitaram de 250 dias para ocupar a cidade, em 1944 as tropas soviéticas puderam libertá-la em apenas cinco dias de combate. Em 14 de janeiro, as tropas das Frentes de Leningrado e de Volkhov enviadas pelos generais L. A. Govorov e KA Meretskov, com apoio ativo da Frota do Mar Báltico do almirante V. E. Tributs, começaram uma poderosa ofensiva nas imediações da cidade de Leningrado. Infligiram séria derrota ao Grupo de Exércitos “Norte” que bloqueara Leningrado durante
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900 dias, liquidaram o cerco e rechaçaram as tropas inimigas a centenas de quilômetros. Nossos êxitos atestavam o fato de que o Exército Soviético estava em condições de derrotar a Alemanha fascista com suas próprias forças. Ao compreender isto, os aliados abriram a Segunda Frente na Europa. Em 6 de junho de 1944, as tropas anglo-americanas desembarcaram no Norte da França. Contudo, a frente soviética-alemã seguia sendo até o final da guerra a frente principal. Precisamente aqui, o inimigo mantinha, como anteriormente, o grosso de suas tropas. Uma das maiores operações do ano de 1944, e de toda a guerra, foi a da Bielorrússia (nome convencional “Bragation”). Nesta tomaram parte as tropas da 1ª Frente do Báltico encabeçada pelo general I. J. Bramian, da 3º da Bielorrússia do general I. D. Cherniakovski, da 2º da Bielorrússia sob comando do general G. F. Zakharov e da 1ª da Bielorrússia do general K. K. Rokossovski, a aviação estratégica, a Frota militar do Dniepre e numerosos grupos guerrilheiros. A ofensiva começou em 23 de junho e foi levada a cabo em uma frente de mais de mil quilômetros de extensão e 600 km de profundidade. No início da ofensiva, a parte soviética dispunha de 2,4 milhões de efetivos, mais de 36 mil canhões e morteiros, 5,2 mil tanques e artilharia autopropulsada, 5,3 mil aviões. O inimigo tinha 1,2 milhão de soldados e oficiais e uma grande quantidade de material de guerra. As tropas soviéticas assestaram contra o inimigo uma série de golpes, romperam suas linhas de defesa em uma franja de 500 km, avançando durante os seis primeiros dias de combate cerca de 150 km. Nas cidades de Vitebsk e Bobruisk foram cercadas e aniquiladas 11 divisões fascistas e ao Leste de Minsk uma agrupação inimiga de 100 mil efetivos.
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No final de julho, toda Bielorrússia ficou livre das tropas inimigas. Começou a libertação da Letônia e Lituânia. Em 17 de agosto de 1944, as tropas soviéticas rumaram à fronteira com a Alemanha. Um pouco antes, haviam iniciado a libertação da Polônia. A operação ofensiva “Bragation” culminou em esplêndidos êxitos. O agrupamento fascista do Grupo de Exércitos “Centro” foi derrotado passando a linha de frente uns 600 km mais ao Oeste. Em julho de 1944 foi quebrada a defesa do inimigo em Carelia e libertadas as cidades de Viborg e Petrozavodsk. O perigo que ameaçava Leningrado a partir do Norte foi liquidado. Em setembro, a Finlândia rompeu as relações com a Alemanha e saiu da guerra. Os agressores só tinham tempo para recuperar-se de uma derrota quando lhes sacudiam outra ainda mais forte. Durante o auge da operação da Bielorrússia, foi iniciada a ofensiva nas regiões ocidentais da Ucrânia. As tropas da 1ª Frente da Ucrânia sob o comando do Marechal I. S. Konev derrotaram o Grupo de Exércitos “Ucrânia do Norte” e puderam avançar, durante meio mês de combates, mais de 200 km. Libertaram Lvov e as regiões ocidentais da Ucrânia, assim como as zonas do Sudeste da Polônia e também ocuparam um extenso campo de operações depois do Vístula, próximo à cidade de Sandomir. Em 2 de agosto de 1944 o Quartel General do Alto Comando Supremo soviético definiu as tarefas das tropas da 2ª e 3ª Frente da Ucrânia na organização e realização da ofensiva estratégica de IasiKishinev. O objetivo principal da operação era derrotar o Grupo de Exércitos fascistas “Ucrânia do Sul”, libertar a Moldávia e tirar a Romênia da guerra como aliada da Alemanha nazista.
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A ofensiva começou em 20 de agosto. No quarto dia, as tropas da 2ª Frente da Ucrânia sob comando do general R. Ya. Malinovski e da 3ª Frente da Ucrânia encabeçadas pelo general F. I. Tolbujin cercaram o agrupamento inimigo em Kishinev. Em 27 de agosto, este foi derrotado. Foram feitos prisioneiros mais de 208 mil soldados e oficiais, além de 25 generais. As tropas soviéticas capturaram enorme quantidade de troféus. A Romênia saiu do bloco fascista e declarou guerra à Alemanha. No Norte, as tropas da Frente da Carelia, do general K. A. Meretskov, em cooperação com os navios e as unidades da Frota do Norte sob comando do almirante A. G. Golovko, infringiram uma derrota ao 20º Exército de montanha, libertaram o porto de Petsamo (Pechenga), todas as regiões do Norte invadidas pelo inimigo e entraram na Noruega setentrional, iniciando deste modo sua libertação da ocupação fascista. As brilhantes vitórias alcançadas pelo Exército soviético em 1944 tiveram uma enorme importância política e militar. Foi totalmente libertado da ocupação fascista o território da URSS, reestabelecida a fronteira estatal do Mart de Barents até o Mar Negro. Todas os principais agrupamentos estratégicos do inimigo foram derrotados. Somente no verão de 1944, foram aniquiladas e foram feitas prisioneiras 96 divisões e 24 brigadas; 219 divisões e 22 brigadas perderam de 50 a 70% dos seus efetivos. Nestes combates, o adversário perdeu 1,6 milhão de soldados e oficiais, e grande quantidade de material de guerra. A Alemanha fascista ficou privada de quase todos aliados e se viu em isolamento político completo. Todo o curso da Grande Guerra Patriótica reafirmou o valor da previsão leninista sobre o destacado papel da retaguarda, da economia do país na causa da vitória sobre o inimigo agressor.
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A guerra colocou ante a economia soviética as mais altas exigências. Nossa economia teve que se contrapor à economia de todo o bloco fascista e a de todos os países europeus ocupados pela Alemanha. O potencial econômico de todos estes países era consideravelmente maior que a da URSS. Ademais, a União Soviética perdeu no início da guerra suas ricas regiões industriais e agrícolas, consideráveis quantidades de material de guerra e de recursos materiais. A ocupação pelo inimigo das regiões centrais, ocidentais e meridionais pôs a economia soviética em uma situação extremamente difícil. Foram necessários o trabalho titânico de todo o povo, grandes sacrifícios e esforços para organizar regularmente, no transcurso da guerra, o abastecimento da frente com todo o necessário. Apenas as enormes vantagens da economia socialista soviética sobre a capitalista, o talento organizador dos quadros administrativos, das organizações soviéticas e do Partido, o heroísmo laboral massivo da classe operária, dos kolkhozeanos e da intelectualidade soviética salvaram nossa Pátria. Já no segundo semestre do ano de 1941 foram produzidos, em comparação com primeiro, duas vezes mais tanques, aviões, canhões, metralhadoras e oito vezes mais de submetralhadoras. Novos heroicos esforços para incrementar a produção militar foram realizados em 1942 e 1943. A mudança radical alcançada em 1943, foi assegurada em grande medida pelos excepcionais êxitos da retaguarda soviética. Aquele ano pode entregar à frente quase 35 mil aviões, mais de 24 mil tanques e artilharia autopropulsada, 130 mil canhões, 69 mil morteiros e quantidade diversa de material de guerra. Já em 1943, a URSS superou a Alemanha fascista em quantidade e qualidade do armamento produzido.
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No país se desenvolveu um amplo movimento popular dirigido a coleta de meios pessoais para a construção de tanques, aviões, submarinos e outros tipos de armas para o exército ativo. Com os meios oferecidos voluntariamente pelo povo soviético foram construídas colunas inteiras de tanques e regimentos de avião. Quantos pacotes com roupas de inverno foram enviados à frente para os combatentes! Uma demonstração de carinho e de preocupação com os feridos era a doação de sangue. Durante os anos do conflito, os doadores forneceram à frente 1,7 milhão de litros de sangue, o que contribuiu para salvação e convalescência de centenas de milhares de combatentes feridos gravemente. Sendo as possibilidades econômicas gerais consideravelmente menores do que as da Alemanha, a URSS conseguiu superar a produção de armamentos deste em duas vezes. A indústria soviética, a partir de 1º de julho de 1941 e até 1º de setembro de 1945, construiu 134,1 mil aviões, 102,8 mil tanques e artilharia autopropulsada, 825,2 mil canhões e morteiros, milhões de fuzis e outros materiais de guerra. Poderíamos continuar esta relação. São grandes os méritos dos cientistas, construtores, operários, engenheiros e técnicos da indústria, homens de talento soviéticos, em toda esta epopeia. O heroísmo laboral era a norma de comportamento dos soviéticos. Um reconhecimento especial merece as mulheres e a juventude que substituíram os pais, maridos, irmãos e filhos que lutavam na frente. Mais de 16 milhões de trabalhadores da cidade e do campo foram condecorados com a medalha “Pelo heroico trabalho durante a Grande Guerra Patriótica de 1941-1945”. Centenas de empresas que trabalhavam para a frente foram condecoradas com ordens da URSS de Bandeiras de Honra. As Forças Armadas da URSS gastaram nos anos da conflagração 10 milhões de toneladas de munição, 13 milhões
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de toneladas de combustível, 34 milhões de toneladas de comestíveis. Os trabalhadores da retaguarda confeccionaram para o exército 38 milhões de capotes, 143 milhões de roupas, 64 milhões de pares de sapatos. Os ferroviários transportavam até a frente 1,3 bilhão de toneladas de cargas bélicas. A propaganda burguesa até hoje em dia difunde as fábulas de que a União Soviética, sem a ajuda técnica e material dos Estados Unidos e da Inglaterra não teria podido resistir na luta contra o fascismo. Este é um engano grosseiro. Nossos aliados, livres da intervenção fascista graças a heroica luta do Exército Vermelho, realmente enviavam à União Soviética certa quantidade de material de guerra, meios de transporte e outros materiais. O povo soviético está profundamente agradecido aos povos estadunidense e inglês por isto. Mas aquele abastecimento constituía somente 4% do que produzia a indústria soviética para as necessidades da frente. O Exército Soviético rompeu a coluna vertebral da besta fascista com suas armas de primeira classe e não com as estrangeiras. Seguindo a incrementação da produção militar a fim de satisfazer as necessidades da frente, o país começou, a partir do ano de 1943, a reconstrução da economia nacional nas regiões libertadas do invasor. Em meados de 1944 estes trabalhos alcançaram um auge gigantesco. Em 1944, para os trabalhos de reconstrução foram gastos 14 bilhões de rublos (em 1943, 3 bilhões de rublos). O povo soviético realizou nos anos de guerra uma grande façanha laboral sem precedentes na história da humanidade. A retaguarda do Exército Soviético tornou-se sólida e suportou todas as dificuldades dos duros anos do conflito. Os trabalhadores da retaguarda demonstraram uma fidelidade inquebrantável à causa do comunismo, unidade e coesão monolítica em torno do Partido Comunista.
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Com total razão chamam a Grande Guerra Patriótica, a guerra de todo o povo contra os opressores nazistas. Uma relevante demonstração disto foi o movimento de guerrilheiros na retaguarda do inimigo e as atividades clandestinas dos patriotas soviéticos nas cidades e aldeias ocupadas. À cabeça deste movimento estava o Partido Comunista. Centenas de milhares de patriotas combatiam nas forças armadas guerrilheiras (grupos, regimentos, brigadas e divisões), milhões de homens soviéticos participaram em operações que sabotavam as atividades econômicas e de outros tipos dos ocupantes. No território ocupado se desenvolveu contra os odiosos fascistas uma verdadeira luta de todo o povo que assombrou o mundo e serviu de exemplo aos demais povos que estavam sob o jugo nazista. Já no final de 1941, atuavam na retaguarda dos exércitos inimigos mais de 2 mil destacamentos de guerrilheiros e uma infinidade de grupos clandestinos. Para coordenar as atividades combativas dos guerrilheiros e para organizar a cooperação entre eles e o Exército Soviético foram criados Estados Maiores especiais. Em maio de 1942, foi constituído o Estado Maior Central do movimento guerrilheiro anexo ao Quartel General do Alto Comando Supremo. Os Estados Maiores foram criados, também, nas repúblicas e regiões ocupadas pelos invasores. Os destacamentos e unidades de guerrilheiros assestavam golpes sensíveis às guarnições inimigas, liquidavam os soldados e oficiais, destruíam o material de guerra, explodiam os depósitos de combustíveis e armazéns de munições, descarrilhavam os trens militares. Castigavam severamente aos lacaios dos agressores, ajudavam as mulheres e a juventude a recusar ser enviadas a trabalhos forçados
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na Alemanha. Os guerrilheiros transmitiam ao Comando soviético informações valiosas sobre o número de tropas inimigas, o armamento e o deslocamento destas. Os comunistas e os membros do Komsomol, que eram o núcleo dos destacamentos de guerrilheiros, levavam a cabo um grande trabalho político e de massas nos territórios ocupados. Contavam a verdade sobre a situação na frente, desmascaravam a propaganda embusteira dos conquistadores e dos seus lacaios e incorporavam à luta antifascista novos grupos de cidadãos soviéticos. Milhares de comunistas e da juventude do Komsomol, centenas de dirigentes do Partido entregaram suas vidas pela justa causa do povo lutando abnegadamente no território ocupado. As formações de guerrilheiros levavam a cabo grandes operações militares em cooperação com as tropas do Exército Soviético. Por exemplo, nos meses de agosto e setembro de 1943, segundo o plano do Quartel General, os guerrilheiros realizaram uma destacada operação sob o nome de “A guerra dos trilhos” cujo objetivo era ajudar nossas tropas na batalha de Kursk. Na dita operação participaram mais de 100 mil guerrilheiros da Bielorrússia e de várias regiões da Rússia. Simultaneamente, uma ação análoga foi realizada pelos guerrilheiros da Ucrânia. Em meados de setembro foram destruídas 215 mil vias, 1.340 km de ferrovias. Isto paralisou, durante vários dias, no sentido literal da palavra, o transporte dos trens do inimigo em uma série de linhas férreas principais próximas da frente. Em 1944, conforme ordem do Alto Comando Supremo soviético, 250 mil guerrilheiros desenvolveram sua atividade militar mediante uma série de operações na retaguarda imediata à frente e nas linhas de comunicação do inimigo, ajudando à ofensiva das tropas soviéticas.
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No total, durante os anos de guerra, atuavam na retaguarda do inimigo mais de 6.200 destacamentos e grupos clandestinos que contavam com 1,1 milhão de patriotas, filhos de todos os povos da URSS. Os guerrilheiros exterminaram, feriram e fizeram prisioneiros cerca de 1,5 milhão de soldados e oficiais do inimigo, incendiaram e explodiram milhares de pontes, mais de 20 mil comboios inimigos, centenas de tanques e aviões. Para a luta contra os guerrilheiros e para a proteção da sua retaguarda, o Comando alemão se viu obrigado a retirar da frente grandes unidades de combate: cerca de 500 mil soldados e oficiais, cerca de 50 divisões. Para uma avaliação real da força do movimento guerrilheiro da URSS há que se recordar que as tropas dos nossos aliados da coalizão anti-hitlerista eram confrontadas no Norte da África por 9 a 20 divisões alemãs, na Itália (de julho de 1943 a maio de 1945), de 7 a 26 divisões. Ali, estas tropas fascistas podiam resistir as forças unidas de duas potências capitalistas durante longo tempo. Porém, no território soviético, os nazistas necessitaram de quase duas vezes mais tropas para manter na retaguarda uma ordem mais ou menos tolerável. Pela valentia e o heroísmo foram condecorados com ordens e medalhas da URSS 184 mil guerrilheiros e membros das organizações clandestinas, 248 destes receberam o título de “Heroi da União Soviética”. Os famosos chefes guerrilheiros, S. A. Kovpak e A. F. Fiodorov, heróis da União Soviética, foram condecorados duas vezes com a Estrela de Ouro. A Pátria jamais esquecerá dos gloriosos feitos dos seus guerrilheiros que deram um grande aporte à vitória sobre os ocupantes fascistas. Como resultado das operações militares das Forças Armadas Soviéticas, dos guerrilheiros na retaguarda inimigo e do trabalho organizado da nossa retaguarda, em 1944 foram
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criadas todas as condições objetivas para conquistar a vitória definitiva sobre a Alemanha fascista no máximo até o primeiro semestre de 1945. Nossa Pátria alcançou no novo ano o auge do seu poderio militar. As numerosas e potentíssimas linhas defensivas que separavam a Alemanha fascista no Leste, suas mobilizações totais e supertotais, já não podia prolongar a guerra por muito mais tempo. A espada punitiva do castigo implacável estava nas poderosas mãos das Forças Armadas Soviéticas. 1944-1945: A grande missão libertadora Os anos da ocupação fascista foram uma tragédia para muitos povos. Os ocupantes estabeleceram nos países conquistados a assim chamada “nova ordem”, isto é, um regime de violenta opressão e de terror de massa, de saque e de exploração inumana, de pisoteamento dos sentimentos nacionais e das tradições do povo, de destruição de sua cultura multissecular. Os hitleristas e seus lacaios tratavam de lançar milhões de pessoas à terrível época medieval da inquisição. Eles haviam se proposto submeter toda a humanidade à escravidão, ao menos durante mil anos. Proclamando os alemães como a “raça superior”, destinada a governar todos os povos do mundo, os nazistas denominavam, de forma totalmente depreciativa, outros povos como untermenschen (subhomens), sujeitos primitivos por seu desenvolvimento, aos quais a própria natureza havia preparado como função ser escravos dos senhores fascistas. Os povos dos países invadidos não se resignaram sob a tirania de seus opressores e se levantaram decididamente à luta de libertação. O movimento de Resistência, os destacamentos e unidades de guerrilheiros, as organizações e grupos
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clandestinos antifascistas que em 1944 uniam milhares de patriotas, lutavam ativamente contra os ocupantes. A estes e a seus cumplices da burguesia nacional lhes assestavam contundentes golpes, os mantinham em constante tensão, lhes obrigavam a lançar consideráveis massas de tropas para proteger sua retaguarda. Encabeçava aquela luta a classe operária, os comunistas, que sofreram grandes perdas durante o conflito. A luta armada contra os opressores nazistas alcançou um impressionante apogeu na Iugoslávia, Polônia, Albânia e França. Desde os primeiros dias da Grande Guerra Patriótica os povos de todo o mundo viram no Exército Vermelho a única força capaz de derrotar as hordas hitleristas e trazer a liberdade aos países oprimidos. A partir de 1944, quando toda a terra soviética foi libertada das hordas criminosas fascistas, as Forças Armadas Soviéticas começaram a prestar ajuda militar direta aos povos dos países oprimidos mediante ações bélicas contra os opressores no território destes países. O povo soviético e seus combatentes se mostraram na luta de libertação contra o fascismo como irmãos desinteressados e fiéis aliados dos povos tiranizados, como internacionalistas consequentes. É por isto que os povos destes países receberam os soldados soviéticos como seus irmãos, libertadores do odioso jugo fascista. Para a libertação dos povos da Europa e logo depois da Ásia, as Forças Armadas Soviéticas realizaram durante os anos 1944 e 1945 várias operações ofensivas estratégicas em grande escala, nas quais participaram as tropas de 11 frentes, duas frentes de defesa anti-aérea, 4 frotas, 50 exércitos terrestres, 6 exércitos de tanques, 13 exércitos de aviação, 3 exércitos de defesa anti-aérea e 3 frotas
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de guerra fluviais. Os efetivos totais eram de cerca de 7 milhões de homens. Graças ao vitorioso resultado da série de operações de grande envergadura, as tropas soviéticas libertaram total ou parcialmente o território de 11 países da Europa e da Ásia – mais de 2.200.000 km² com uma população de quase 150 milhões de pessoas. É imenso o aporte de nosso povo e de seu exército na libertação de outros países, que se encontravam sob a bota dos agressores. Não obstante, a missão libertadora das Forças Armadas Soviéticas se manifestou não somente na libertação direta de vários países dos invasores odiosos. E a coisa não somente consiste em que dezenas de milhares de cidadãos soviéticos que haviam fugido dos campos de concentração fascistas combatiam heroicamente nos destacamentos de Resistência dos mencionados países. Muitos deles encabeçavam grandes grupos combativos e davam exemplos de abnegação na luta contra os tiranos fascistas. A principal contribuição do povo soviético na libertação dos países da Europa Ocidental da tirania fascista consistia em que a Alemanha hitlerista e seus satélites estavam obrigados a ter a esmagadora maioria de suas forças na frente soviética-alemã. Ao sofrer uma derrota após a outra, a Alemanha se viu obrigada a debilitar suas tropas nos países ocupados, transferindo-as àquela frente. Isto facilitou as ações dos grupos da Resistência contra os invasores. A luta armada contra os invasores na Iugoslávia foi de grande envergadura. Sete divisões alemães, dezessete italianas, cinco búlgaras, unidades de três divisões húngaras, numerosas unidades de tropas de proteção e formações militares compostas por traidores locais tratavam de esmagar o movimento guerrilheiro iugoslavo. Mas não conseguiram resultados sensíveis, ainda que o
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Exército Popular de Libertação da Iugoslávia tivesse no princípio somente 16 mil homens. A resistência aos ocupantes fascistas alcançava seu auge quando o Exército Soviético entrava no território de um ou outro país. Na noite de 27 de março de 1944, as tropas soviéticas entraram no território da Romênia. A respeito disto o governo da União Soviética deu uma declaração. Neste documento se anunciava que as tropas soviéticas haviam entrada na Romênia somente por necessidade militar, já que as tropas inimigas não haviam deposto as armas, que a URSS não tinha nenhuma pretensão territorial na Romênia e não pretendia modificar seu regime estatal. As tropas de quatro exércitos terrestres e unidades de dois exércitos de tanques durante mais de quatro meses desenvolveram na Romênia batalhas sangrentas. Em 20 de agosto, as tropas da 2ª Frente da Ucrânia sob o comando do general R. Ya. Malinovski e da 3ª Frente da Ucrânia encabeçada pelo general F. I. Tolbujin começaram a ofensiva de IasiKishinev. Contra eles se defendia o Grupo de Exércitos “Ucrânia do Sul”, composto por tropas alemães e romenas, com 900 mil efetivos, 7.600 canhões e morteiros, 404 tanques e peças de assalto e 810 aviões de combate. No quinto dia da ofensiva o grosso do dito agrupamento, ou seja, dezoito divisões das 25, foram cercados e derrotados totalmente. Em 23 de agosto, começou na Romênia uma sublevação antifascista dirigida pelos comunistas. Em ajuda aos sublevados se lançaram ao interior do país mais de cinquenta divisões soviéticas. O regime fascista de Antonescu foi derrotado. Na libertação da Bulgária participaram as tropas da 3ª Frente da Ucrânia. No início de setembro de 1944, estas cruzaram a fronteira romeno-búlgara e atravessaram triunfalmente por todo o país do povo irmão. Em 9 de setembro, se
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iniciou na Bulgária uma insurreição armada popular. Para o lado do povo em armas passavam regimentos e divisões inteiras das tropas do czar búlgaro com seus oficiais e generais à cabeça. A situação nos Balcãs então se modificou radicalmente. Os governos populares da Romênia e Bulgária haviam declarado guerra à Alemanha fascista e as tropas soviéticas entraram na Tchecoslováquia e Hungria, aproximando-se da fronteira da Iugoslávia. Por receio de perder todas as tropas que se encontravam nos Balcãs, em 26 de agosto o Alto Comando alemão ordenou às unidades da Wehrmacht que operavam na Grécia, preparar-se para uma evacuação em direção ao Norte. Em 6 de setembro, as tropas soviéticas chegaram à fronteira romena-iugoslava. Na libertação das regiões orientais de Iugoslávia de sua capital, Belgrado, participaram as tropas da 3ª e 2ª Frente da Ucrânia, inclusos o 57º e 46º Exércitos, o 17º Exército do ar, o 4º Corpo mecanizado independente da Guarda, a Frota militar do Danúbio. Grandes forças do Exército Popular da Libertação da Iugoslávia redobraram seus golpes contra o inimigo. Logo foram criadas as condições para o ataque conjunto e decisivo das tropas soviéticas e iugoslavas contra os ocupantes fascistas. Em outubro, as tropas soviéticas realizaram a ofensiva à Belgrado. Em 20 de outubro, a capital da Iugoslávia foi libertada. Somente nos combates nas ruas da cidade, os nazistas perderam 15 mil efetivos e 9 mil prisioneiros. Na luta pela Iugoslávia morreram cerca de 8 mil soldados soviéticos. No telegrama enviado a J. V. Stalin, o chefe dos comunistas iugoslavos J. Broz Tito, escreveu: “a libertação de Belgrado tem para nossos povos uma importância histórica... Este fato selou uma vez mais a irmandade consanguínea dos povos da Iugoslávia e da URSS”.
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Nas operações de libertação da Tchecoslováquia tomaram parte as tropas das 1ª, 2ª, e 4ª Frentes da Ucrânia sob o comando dos Marechais I. S. Konev e R. Ya. Malinovski, e do general do exército A. I. Eriomenko. Na operação de Praga participaram forças excepcionalmente numerosas: 20 exércitos de terra, 3 de tanques e 3 de ar, sete corpos mecanizados e blindados independentes e outras unidades, em um total de mais de 2 milhões de soldados e oficiais, 30 mil canhões e morteiros, cerca de dois mil tanques e peças de artilharia autopropulsadas, mais de 3 mil aviões. Na libertação da Polônia participaram enormes agrupamentos de tropas soviéticas: as 1ª, 20ª e 3ª Frentes da Bielorrússia e as 1ª e 4ª Frentes da Ucrânia sob comando dos Marechais G. K. Zhukov, K. K. Rokossovski, I. S. Konev e os generais de exército LE. Petrov, I. D. Cherniakhovski. Uma das maiores operações do ponto de vista estratégico e ofensivo da Segunda Guerra Mundial, que jogou papel decisivo na libertação total da Polônia, foi a de Vístula-Oder. Nesta participaram 160 divisões soviéticas, isto é, 2,2 milhões de soldados e oficiais, 33,5 mil canhões e morteiros, 7 mil tanques e peças de artilharia, 5 mil aviões. Foram muitas as façanhas realizadas pelos soldados soviéticos durante a libertação dos povos da Europa. Nos limitaremos a relatar uma delas. Em um combate pela aldeia polonesa Guerasimoviche, em julho de 1944, caiu como um herói o secretário do Partido de uma companhia do 1.012º regimento, da 307ª divisão de fuzileiros, o soldado G. P. Kunavin. Em um momento crítico do combate ele sacrificou sua vida para salvar a de seus companheiros e cumprir a tarefa encomendada fechando com seu corpo um buraco de uma fortaleza. Foi condecorado post mortum com o título de “Herói da União Soviética”. Como expressão do profundo respeito
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à memória de Grigori Kunavin, os vizinhos da aldeia Guerasimoviche decidiram perpetuar o nome do herói caído na lista dos cidadãos de honra, talhar seu nome em uma lápide comemorativa de mármore e instalá-la no centro da aldeia, dar o nome de Grigori Kunavin à escola local e a cada ano começar a primeira lição do primeiro grau com o relato do soldado heroico e seus companheiros de armas, cujo sangue foi vertido pela causa da liberdade e da felicidade das crianças da Polônia. “Que escutem as crianças o relato em pé – anunciava a decisão tomada na reunião. Que encham seus corações de orgulho por seu irmão russo, eslavo. Que sua compreensão do sentido da vida comece pelo pensamento sobre a irmandade dos povos polonês e russo”. Não é uma frase abstrata, mas um fato real, a amizade entre o povo soviético, seus soldados e os povos e exércitos dos países libertados do fascismo, selada com o abundante sangue derramado nos combates conjuntos contra o inimigo comum. As perdas das Forças Armadas Soviéticas na luta pela libertação dos povos da Europa e Ásia constituem mais de 3 milhões de mortos, feridos e desaparecidos, entre estes mais de um milhão de assassinados. A União Soviética brindava apoio militar e material aos exércitos populares de libertação, aos destacamentos de guerrilheiros, às forças de Resistência de muitos países europeus e asiáticos. Com a ajuda da URSS, durante os anos de guerra, se formaram e treinaram para as operações militares dezenas de unidades de outros países em um total de mais de 550 mil efetivos. Somente para equipar os exércitos populares da Bulgária, Polônia, Romênia, Iugoslávia e Tchecoslováquia, a União Soviética entregou gratuitamente mais de 525 mil fuzis e carabinas, mais de 186 mil metralhadoras, 42 mil submetralhadoras, mais de 17 mil peças de artilharia e morteiros,
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muitos tanques e aviões, assim como munições e víveres em mais de 1,5 bilhão de rublos. Os povos agradecidos valoram altamente a coragem, valentia, heroísmo e abnegação do povo soviético e de seus combatentes que lhes estenderam a mão da ajuda fraternal e desinteressada em momentos dificilíssimos. Eles ergueram em honra aos soldados libertadores numerosos monumentos e obeliscos em Sofia, Bucareste, Praga, Viena, Budapeste, Varsóvia, Belgrado e Pyongyang. “Passarão os séculos – dizia o Presidente da Tchecoslováquia, Gustav Jusak – nossa geração será substituída pelas novas, mas jamais será esquecido o grandioso e coletivo feito dos povos da União Soviética que por-se à cabeça das forças antifascistas, deram o principal aporte na causa da vitória sobre o fascismo hitlerista... A missão libertadora do Exército Soviético se converteu no triunfo do internacionalismo. Este fator histórico se perpetuará não somente na crônica dos nossos povos”. “Nossos povos – declarou o presidente da Iugoslávia, Marechal J. B. Tito – apreciam altamente a contribuição feita pela União Soviética e por seu glorioso Exército que durante os fatais anos de guerra suportaram a maior parte da carga e desempenharam o papel mais decisivo para a causa da vitória sobre as tenebrosas forças do fascismo”. A solidariedade internacional foi demonstrada por dezenas de milhares de cidadãos soviéticos (mais de 40 mil) lutando com abnegação contra o fascismo nas fileiras da Resistência, nos destacamentos de guerrilheiros e nos grupos clandestinos antifascistas nos territórios da Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Itália, França, Bélgica e outros países da Europa. Sobre a estreita união combativa dos povos da França e da União Soviética evidenciam as proezas do regimento aé-
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reo Normandie-Niemen, formado na URSS com pilotos patriotas franceses. O alto reconhecimento aos méritos deste regimento atestam ordens militares soviéticas que ostentam 83 destacados aviadores, quatro dos quais receberam o título de “Herói da União Soviética”. O povo soviético e milhões de pessoas da Europa conheceram a face brutal do fascismo não somente pelos livros e documentários, mas por sua própria experiência trágica. Ao entrar violentamente na terra soviética e nos territórios de outros países os nazistas cometiam terríveis atrocidades contra a população pacífica e os prisioneiros de guerra. Cometeram assassinatos massivos de habitantes das cidades e povoados, matavam também os idosos, mulheres e crianças, submeteram à cruéis torturas e humilhações os soldados e oficiais caídos em suas mãos, aos guerrilheiros e ativistas da clandestinidade, aos cidadãos que simpatizavam com estes; levaram milhares de pessoas aptas a campos de trabalhos forçados na Alemanha; como bárbaros destruíram monumentos de cultura nacional, moradias e empresas, saquearam propriedades pessoais e valores nacional. O ódio de classe ao socialismo e à democracia se entrelaçavam nas ações dos hitleristas guiadas pela demente teoria racial que anunciava a exclusividade dos alemães, como homem da raça superior, a raça dos arianos – raça de senhores chamados a governar outros povos. Um ódio especial os fascistas experimentavam contra o povo soviético, aos povos eslavos – russos, ucranianos, bielorrussos e poloneses. Elaboraram e executaram concretamente os planos do seu extermínio físico em massa, convertendo o restante em escravos. Este era um amplo programa previamente criado e baseado nas instruções antropofágicas de Hitler em relação aos povos subjugados. “É nosso dever – dizia aquele maníaco –, exterminar a população, isto faz parte da nossa missão protetora do povo alemão.
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Temos que desenvolver a técnica de extermínio da população. Temos o direito de exterminar milhões de pessoas de raça inferior que se reproduzem como vermes...” A técnica de extermínio da população dos países ocupados pelos hitleristas alcançou dimensão e sadismo monstruosos. Cubriram a Europa como uma fechada rede de campos de concentração, organizaram tenebrosas “fábricas de morte”. Gela o sangue nas veias só de recordar as lúgubres masmorras de Dachau, Auschwitz, Majdanek, Buchenwald, Sachsenhausen e outras similares, onde foram brutalmente torturadas e exterminadas milhões de pessoas, entre estas, muitos cidadãos soviéticos. A bestialidade dos ocupantes fascistas não eram casos isolados de violência realizada por soldados bêbados. Tinha um caráter massivo e organizado, era resultado das diretivas dos altos comandos alemães. Disto nos fala um comunicado oficial do Comando nazista dirigido aos soldados da Frente Oriental. Este documento dizia: “abolida a compaixão e piedade, matar a todo russo soviético. Não vacilar diante de um idoso, uma mulher, menino ou menina, mates, assim te salvarás da morte, assegurarás o futuro de sua família e te cobrirás de eterna glória”. Este era o modus operandi dos invasores fascistas. Somente no território da URSS, submetido ao regime de ocupação, os monstruosos fascistas torturaram e exterminaram aproximadamente 10 milhões de cidadãos soviéticos, entre eles, muitas crianças, idosos e mulheres. Destruíram e saquearam 1.710 cidades soviéticas, mais de 70 mil povos e aldeias, 32 mil empresas, 98 mil kolkhoses, dezenas de milhares de escolas, hospitais, teatros e museus. Por todas as partes, os ocupantes introduziam o trabalho forçado servil e um regime de escravidão. Mantinham presas como os escravos antigos milhões de pessoas levadas à Alemanha ou deixadas no território ocupado.
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Nos informes da Comissão Estatal Extraordinária de investigação dos crimes dos fascistas e de seus lacaios nos territórios da URSS submetidos à ocupação, que foram publicados na imprensa, é citado um sem número de fatos monstruosos por seu caráter. Estes foram confirmados por documentos, pelos fuzilamentos massivos da população civil, entre eles crianças, idosos e mulheres, ocorridos nas cidades de Lvov, Kiev, Rostov, Kharkov, Minsk, Smolensk, Pskov, Orcha, Riga, Vilnius e muitas outras. Os informes da Comissão, assim como os testemunhos documentais procedentes de outros países da Europa constituem um irrefutável material acusatório, que foi incluído nos protocolos do Processo de Nuremberg realizado após a guerra, no qual foram julgados os principais criminosos militares fascistas. Os hitleristas não conseguiram quebrantar a vontade, nem escravizar o povo soviético e os povos de outros países da Europa. As atrocidades, saques e destruições provocaram a justa ira dos povos que se levantaram para a decisiva luta com o grito “Morte aos ocupantes fascistas!” A derrota da Wehrmacht nazista salvou os povos dos países ocupados do extermínio físico, da escravidão. Na fase final do conflito, a URSS prestou grande ajuda aos povos da China e da Coreia que estavam lutando contra os ocupantes japoneses. Estes povos não podiam livrar-se da tirania dos colonizadores japoneses por si mesmos. A libertação foi trazida pelas tropas soviéticas, as quais em um período incrivelmente curto derrotaram a principal força das tropas terrestres do Japão militarista, o Exército de Kwantung. Os povos da Coreia e da China do Norte, da mesma maneira que nos países da Europa, receberam os soldados soviéticos como seus irmãos, como libertadores.
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Cumprindo a grande missão libertadora, os soldados soviéticos demonstraram sua inquebrantável fidelidade à causa da sagrada luta contra os opressores fascistas e militaristas, seu internacionalismo e disposição de oferecer ajuda aos povos oprimidos. Na maioria destes países, os povos libertados escolheram o caminho do verdadeiro desenvolvimento democrático, tomaram o poder em suas mãos e não permitiram que se reestabelece os regimes reacionários do pré-guerra. Sobre esta base se cimentou o campo dos países socialistas. “A história do socialismo mundial confirma – dizia em 1983 em sua intervenção na Plenária de junho do Comitê Central do PCUS, Yu. V. Andropov – que o regime socialista cria todas as possibilidades para o progresso seguro da sociedade e as relações harmoniosas entre os países. Temos muitos exemplos de como estas possibilidades se realizam sobre a base dos princípios do internacionalismo socialista, que compreendem tanto o respeito incondicional dos direitos soberanos de cada país, como a ajuda e o apoio mútuo fraternal”. 1945: A grande vitória O ano de 1945 entrou para a história da Grande Guerra Patriótica e da Segunda Guerra Mundial como o das batalhas finais contra as hordas fascistas e as tropas do Japão militarista, o ano da sua derrota total, o ano da grande vitória do povo soviético e dos povos dos demais países da coalização anti-hitlerista sobre os agressores fascistas alemães e japoneses. As destacadas vitórias das Forças Armadas Soviéticas em 1944 influíram decisivamente em toda a situação política, militar e internacional, dado que deixaram a Alemanha fascista à beira da inevitável catástrofe.
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Ainda que a situação da Alemanha hitlerista fosse completamente irremediável, mediante as mobilizações totais puderam concentrar forças consideráveis. No início de 1945, a quantidade de efetivos da Wehrmacht alcançou 9.420 mil homens e uns 350 mil nas formações dos aliados da Alemanha. O exército ativo alemão tinha então 295 divisões, inclusas 34 blindadas e 16 motorizadas, e 30 brigadas; conjuntamente com as italianas e húngaras eram no total 315 divisões e 32 brigadas. Tratando de elevar o espírito combativo de suas tropas, o Comando alemão aumentou o número de unidades da SS, que no começo do ano constituíam 22 divisões. Estas reuniam os bandidos mais fervorosos adeptos do fascismo. A partir de 25 de setembro de 1944 começaram a formar-se as tropas de Volkssturm, elemento importante da defesa do território alemão. Nesta foram alistados praticamente todos os alemães capazes de ter as armas em suas mãos, de adolescentes de 15 anos de idade até idosos. A esmagadora maioria das tropas inimigas lutava contra as tropas soviéticas, ainda depois da abertura tardia da segunda frente. No início de 1945, a Alemanha tinha na frente oriental 185 divisões e 21 brigadas, o que compreendia 3,7 milhões de soldados e oficiais, 56,2 mil canhões e morteiros, mais de 8 mil tanques e peças de assalto, 4,3 mil aviões. As Forças Armadas Soviéticas estavam no último ano do conflito no auge do seu poderio. O exército ativo dispunha de 473 divisões de fuzileiros, de paraquedistas e de cavalaria; 21 corpos de tanques e 12 mecanizadas, grande quantidade de unidades de artilharia, de engenharia e especiais. A reserva do Quartel General do Alto Comando Supremo dispunha de 4 corpos de tanques e mecanizados, 20 divisões de fuzileiros e outras formações e unidades. Ombro a ombro combatiam
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juntamente com as tropas soviéticas uma divisão polonesa, duas romenas, uma búlgara, um corpo tchecoslovaco e o regime de caças francês Normandie-Niemen. Contra as tropas dos nossos aliados na frente ocidental a Alemanha fascista tinha 74 divisões, entre estas 11 brigadas blindadas e 4 motorizadas, e três brigadas, que compreendiam 1,9 milhão de efetivos, 45 mil canhões e morteiros, 3,5 mil tanques e peças de assalto, 2,7 mil aviões. As tropas dos nossos aliados eram umas quantas vezes superiores as do inimigo. Não obstante, o Comando alemão movia suas tropas, corpos e até exércitos, no curso dos combates da frente ocidental para a oriental. As Forças Armadas Soviéticas não deixavam ao inimigo a menor esperança de salvação. Em 1945, lhes foram dadas as tarefas mais decisivas: no tempo mais curto possível derrotar definitivamente as forças armadas fascistas, ajudar aos países da Europa central e do Sudeste a libertar-se da ocupação e, conjuntamente com os aliados, obrigar a Alemanha a capitular incondicionalmente. O início da ofensiva das tropas soviéticas estava prevista para o dia 20 de janeiro. Porém, naquele momento, as tropas dos nossos aliados se viram em uma situação crítica em Ardenas na França, em consequência a um contra-ataque alemão. Atendendo aos insistentes pedidos dos dirigentes dos Estados Unidos e da Inglaterra, o Alto Comando Supremo soviético decidiu reduzir o tempo de preparação da ofensiva e iniciá-la alguns dias antes. Entre as operações estratégicas de 1945 teve grande importância a da Prússia Oriental, que foi efetuada de 13 de janeiro a 25 de abril pelas forças da 1ª Frente da Bielorrússia sob o comando do general I. D. Cherniakhovski (depois de sua morte, a partir de 1º de fevereiro, do Marechal A. M. Vasi-
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levski), da 2ª Frente da Bielorrússia comandada pelo Marechal K. K. Rokossovski e das unidades de tropas da 1ª Frente do Báltico dirigidas pelo general J. J. Bragamian com a participação ativa da Frota do Báltico do almirante V. F. Tributs. O objetivo da operação consistia na destruição do agrupamento inimigo da Prússia Oriental que ameaçava o flanco direita das nossas tropas, que naquele momento atuavam na direção de Berlim, na libertação das regiões setentrionais da Polônia e na liquidação definitiva da fortaleza do fascismo e militarismo alemães na Prússia Oriental. Os fascistas criaram ali um sistema de defesa excepcionalmente forte: 7 linhas defensivas e 6 zonas fortificadas. As melhores fortificações eram as das zonas de Konigsberg e as do Noroeste dos lagos de Mazur. Já nos tempos da Alemanha do Kaiser se realizavam trabalhos para transformar toda esta província em um potente baluarte defensivo. O agrupamento inimigo da Prússia Oriental (Grupo de Exércitos “Norte”) estava composto por dois exércitos terrestres, um blindado e uma frota aérea, ou seja, 780 mil efetivos, 8.200 canhões e morteiros, 700 tanques e peças de assalto, 775 aviões. Com punições ferozes pelo menor desvio dentro da disciplina militar, aterrorizando soldados e oficiais com falsidades da propaganda fascista sobre as atrocidades que cometeriam a tropa soviética se entrasse na Prússia Oriental, os hitleristas conseguiram elevar a capacidade combativa da Wehrmacht. Não eram poucas as vezes nas quais os soldados nazistas lutavam encarniçadamente como condenados, como já que não tivessem mais nada a perder. Não obstante, já na primeira etapa da operação, nossas tropas romperam as linhas defensivas e no final de janeiro rumaram ao Mar Báltico, isolando o agrupamento da Prússia
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Oriental das demais tropas do inimigo. Na sequência este agrupamento foi dividido em três partes e aniquilado cada um a sua vez. Para a destruição das tropas inimigas encurraladas contra o mar foram executadas as operações de Konigsberg e de Seemland (de fevereiro a abril) que permitiram a derrota total do inimigo. Sobre o caráter destas batalhas testemunha o assalto a Konigsberg. Esta cidade havia sido convertida em uma fortaleza inexpugnável já antes da Segunda Guerra Mundial. Quinze fortes dotados de canhões e peças de artilharia, metralhadoras e morteiros possuíam ligação de fogo único e ao mesmo tempo cada um podia fazer uma defesa circular. Suas paredes e tetos aguentavam impactos de obuses e bombas aéreas, inclusive de grande calibre. Entre os fortes foram construídos 60 fortes menores. Os subúrbios constituíam uma posição na defesa, para a qual foram construídos os edifícios de pedra, barricadas e pontos de fogo de concreto armado. Ou seja, um forte cinturão defensivo rodeava a cidade. A guarnição da fortaleza contava com 130 mil homens, tinha a sua disposição 4 mil canhões e morteiros, 108 tanques e peças de assalto, 170 aviões. À oeste da cidade se encontrava a 5ª divisão blindada que também participava da defesa da cidade. Em 6 de abril, as tropas soviéticas iniciaram o ataque contra a fortaleza. Durou somente quatro dias. No entardecer de 4 de abril, a guarnição da fortaleza se rendeu, não podendo resistir aos contundentes golpes das tropas soviéticas. Apesar dos fascistas estar em casamatas de concreto armado, nos dias de combate perderam 42 mil efetivos. Simultaneamente com a operação da Prússia Oriental foi levada a cabo a da Pomerânia Oriental. Realizada a operação de Vístula-Oder e em consequência dos combates desenvolvidos na Prússia Oriental, se retraiu uma parte considerável de tropas
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inimigas, que ameaçava aos Exércitos da 1ª Frente da Bielorrússia, o qual havia saído da margem do Oder. Contra-atacando no flanco direito desta frente, o inimigo tratou de melhor sua posição na direção de Berlim e impedir o assalto à capital. O agrupamento fascista tinha mais de 35 divisões. A 2ª Frente da Bielorrússia e parte das forças da 1ª Frente da Bielorrússia, apoiadas pela Frota do Báltico romperam numerosas linhas defensivas dos fascistas e rumaram, em 5 de março, ao Mar Báltico, na região de Kolberg. Limpando a costa da tropa inimiga, nossos exércitos se apoderaram de Gdynia, Danzig e outras cidades e, em 4 de abril, liquidaram o restante das ditas tropas. A ameaça de um contraataque pelo flanco havia sido evitada, ao povo polonês foram devolvidas suas terras ancestrais de Pomorie, com suas grandes cidades e portos. Ao sair da linha de Oder-Neisse, as tropas soviéticas ocuparam posições de partida muito vantajosas para realizar a operação de Berlim. A Alemanha fascista encontrava-se uma situação desesperadora. Contudo, Hitler e sua camarilha haviam decidido deter a qualquer preço o avanço do Exército Soviético no interior da Alemanha e evitar a ocupação de Berlim por nossas tropas. Entre Berlim e Oder foram construídas poderosas linhas de defesa. Depois de uma mobilização total e do translado de tropas do Oeste foram concentradas na direção de Berlim cerca de 1 milhão de soldados e oficiais, mais de 10 mil canhões e morteiros, 1,5 mil tanques e peças de assalto, além de 3,3 mil aviões. Sobretudo foi amplamente fortificada a cidade de Berlim, cuja guarnição tinha mais de 200 mil soldados e oficiais. Romper as linhas defensivas no Oder e a tomada de Berlim constituíam uma tarefa extremamente complicada e
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possuíam grande significado político, militar e histórico mundial. Para a execução desta importantíssima operação foram selecionadas forças de três Frentes: da 2ª da Bielorrússia sob comando do Marechal K. K. Rokossovski, da 1ª Frente da Bielorrússia, do Marechal G. K. Zhukov e da 1ª da Ucrânia encabeçada pelo Marechal I. S. Konev. No total, nossas tropas tinham 2,5 milhões de soldados e oficiais, cerca de 42 mil canhões e morteiros, 6.250 tanques e instalações de artilharia autopropulsada, 7.500 aviões. A ideia da operação de Berlim consistia em romper a defesa com golpes simultâneos em várias direções, cercar, separar e, em seguida, destruir por partes as tropas inimigas. Uma vez tomada toda Berlim, as tropas soviéticas deveriam ir em direção ao rio Elba e unir-se às tropas aliadas, culminando assim a derrota da Alemanha fascista. Em 16 de abril, nossas tropas iniciaram uma forte ofensiva, romperam a defesa inimiga e ao sexto dia chegaram aos subúrbios de Berlim; em 24 de abril, as unidades avançadas da 1ª Frente da Bielorrússia se encontraram com as da 1ª Frente da Ucrânia, cercando desta forma no Sudeste da capital mais de 200 mil soldados e oficiais. No dia seguinte, nossas tropas fecharam também, na região de Ketzin, o “anel” ao Oeste de Berlim. Todas as tentativas do inimigo de romper o cerco foram vencidas decididamente. Neste mesmo dia, ainda teve um notável acontecimento: os combatentes da 58ª divisão da Guarda se encontraram no Elba com destacamentos de patrulha do exército estadunidense. Os combates cuja finalidade era a destruição do grande agrupamento de Berlim foram muito intensos e duros. As tropas soviéticas, passo a passo, se aproximavam do centro urbano. Depois de ocupar as cercanias do Reichstag, as unidades da 150ª divisão do general V. M. Shatilov e da 171ª
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divisão do general A. I. Negada (3ª Frente de choque) começaram, ao amanhecer do dia 30 de abril, o assalto deste maciço edifício convertido pelos fascistas em um potente ponto de defesa. Inclusive após o suicídio de Hitler, o alto escalão nazista fez o possível para encontrar qualquer saída para evitar uma capitulação incondicional. Para isto, enviaram o Chefe do Estado Maior Geral das tropas de terra, general Krebs, para manter conversações com o Comando soviético. Levaram Krebs ao posto de comando do comandante do 8º Exército da Guarda V. I. Chuikov. Por encargo do comandante da 1ª Frente da Bielorrússia Marechal G. K. Zhukov, V. I. Chuikov anunciou a Krebs as condições do cessar das operações militares: a capitulação incondicional da Alemanha fascista. Tais condições haviam sido previamente acordadas entre os aliados da coalizão anti-hitlerista. Krebs voltou ao porão da Chancelaria imperial sem conseguir nada. Os novos dirigentes do Reich fascista não conseguiram semear discórdias entre os países aliados. As exigências do Comando soviético foram negadas. As tropas soviéticas reforçaram seus ataques contra a guarnição cercada. Ao entardecer de 30 de abril, os sargentos M. A. Egorov e MV Kantaria içaram sobre a cúpula do Reichstag a Bandeira da Vitória. Em 2 de maio, a guarnição inimiga da cidade de Berlim se rendeu. A operação de Berlim foi coroada com uma brilhante vitória das tropas soviéticas. No seu transcurso, foram destruídas 93 divisões fascistas e 11 brigadas, foram feitos prisioneiros cerca de 480 mil soldados e oficiais e se tomou grande quantidade de técnica militar. Em 8 de maio, à noite, nas imediações de Berlim, em Karlhorst, os representantes da Alemanha assinaram a ata de
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capitulação total e incondicional das Forças Armadas alemães. Presidiu aquela histórica cerimônia o Marechal da União Soviética, G. K. Zhukov. A guerra na Europa havia terminado. Em 9 de maio de 1945, o grande povo soviético e os povos de outros países do mundo festejavam, cheios de júbilo, o Dia da Vitória. Em 24 de junho, ocorreu na Praça Vermelha de Moscou o famoso Desfile da Vitória. Os regimentos seletos de todas as frentes encabeçadas por seus comandantes passaram em frente ao mausoléu de V. I. Lenin em um desfile solene, lançando aos pés deste as bandeiras das divisões e regimentos fascistas derrotadas. Era o triunfo do povo vencedor, dos heroicos combatentes que salvaram o mundo da peste fascista. Em 8 de agosto, fiel a suas obrigações de aliado, para assegurar suas fronteiras e oferecer ajuda aos povos da Ásia, a URSS entrou em guerra contra o Japão militarista. Um agrupamento de tropas soviéticas de 1,5 milhão (as Frentes de Transbaikal, a 1ª e 2ª do Extremo Oriente, a Frota do Pacífico e a Frota fluvial militar do Amur) sob o comando do Marechal da União Soviética, A. M. Vasilevski, derrotaram em 23 dias o Exército de Kwantung (mais de um milhão de efetivos). O Japão se declarou vencido e em 2 de setembro assinou a ata de capitulação incondicional. Foram libertados o Nordeste da China (Manchúria), Coreia, Sajalín do Sul e as ilhas Kuriles. Isto teve uma grande importância para a completa libertação dos povos da Ásia. Os militaristas nipônicos tentaram uma e outra vez realizar seus planos de conquista para apoderar-se de nosso território. Em 1904, aproveitando-se da derrota infringida à Rússia czarista, ocuparam o Sul de Sajalín e as ilhas Kuriles e fecharam, deste modo, a saída da Rússia ao oceano Pacífico e aos portos de Kamchatka e Chukotka. Em 1918, o Japão
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apoderou-se do Extremo Oriente e, no transcurso de quatro anos, saqueou as riquezas do País dos Sovietes e martirizou os cidadãos soviéticos. Em 1938, as tropas do Japão militarista irromperam no território soviético na zona do lago Jasan, tentando cercar e ocupar a cidade de Vladivostok. Ao cabo de um ano, o Japão realizou um ataque no rio Jaljyn-Gol, na Mongólia, para dali abrir caminho até o território soviético, cortar a ferrovia transiberiana e apoderar-se do Extremo Oriente soviético. Depois da agressão da Alemanha fascista à URSS, como reconheceu o vice-ministro de guerra do Japão, general Tominaga, “supúnhamos que a URSS retiraria suas tropas do Extremo Oriente para reforçar a frente ocidental e então o Japão poderia, sem grandes perdas, apoderar-se do Extremo Oriente soviético”. Ante as tropas soviéticas se colocou uma difícil tarefa: derrotar, em curto prazo, o Exército de Kwantung no Nordeste da China e na Coreia, assim como as tropas nipônicas no Sul de Sajalín e nas ilhas Kuriles, para aproximar ao máximo a capitulação do Japão. O Exército de Kwantung e as tropas dos países satélites contavam com 1,3 milhão de homens, 3 divisões de infantaria e uma brigada deslocada em Sajalín e nas Kuriles. As tropas nipônicas dispunham de 1.155 tanques, 6.260 canhões, 1.900 aviões. Esta era a parte mais poderosa das tropas terrestres do Japão. Os integrantes das tropas, especialmente os oficiais, foram adestrados em uma lealdade fanática ao Império e no ódio aos outros povos e, em primeiro lugar, ao povo soviético. O Alto Comando Supremo da União Soviética levou em consideração todos estes fatores, concretizou o plano da operação, as tarefas das tropas e efetuou um reagrupamento ex-
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tremamente complexo. As três frentes soviéticas: a de Transbaikal e a 2ª e 3ª do Extremo Oriente deveriam assestar golpes ao Exército de Kwantung em três direções convergentes, cercá-lo, desmembrá-lo em grupos isolados e aniquilá-los por partes. Não obstante, para realizar estas tarefas não bastavam as tropas do Extremo Oriente. Após derrota a Alemanha fascista, começou o transporte de grandes contingentes de tropas soviéticas para a região. Em um prazo muito curto, foi movido por uma distância de 9 a 12 mil quilômetros, três exércitos de armas, um exército blindado e uma série de unidades de artilharia, aviação, tanques e sapadores. Na conferência dos dirigentes das três grandes potências em Potsdam, juntamente com outros problemas, se discutiu a situação no teatro de operações militares do Pacífico. Como resultado foi adotada a Declaração das Três Potências – EUA, Inglaterra e China – que continha a proposta ao Japão de capitulação incondicional e o fim imediato da guerra. A União Soviética, ao entrar em guerra contra o Japão, se somou à Declaração de Potsdam. Em 14 de agosto de 1945, o Japão anunciou aos EUA que aceitava as condições propostas pela declaração. No dia seguinte, as operações militares entre os EUA e Inglaterra, por um lado, e as tropas do Japão, por outro, cessaram. Porém, as unidades do Exército de Kwantung que lutavam contra as tropas soviéticas, não receberam a ordem de capitulação, e por isto as tropas soviéticas no Extremo Oriente continuavam suas ações combativas. Somente em 19 de agosto, o chefe do Estado Maior do Exército de Kwantung se encontrou com o Marechal A. M. Vasilevski, Comandante das tropas soviéticas no Extremo Oriente. Durante este encontro foram acordadas as condições e a ordem de capitulação das tropas japonesas. Ainda antes de que se
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assinasse a Ata de capitulação do Japão, o Governo dos Estados Unidos, encabeçado pelo presidente Truman, rechaçou de fato o estabelecimento do mecanismo de controle dos aliados no Japão do pós-guerra. Todo o trabalho preparatório para a assinatura da Ata de capitulação do Japão foi realizado pelo Estado maior estadunidense, encabeçado pelo general D. MacArthur. Em 20 de agosto, a Ata de capitulação coordenada com as potências aliadas, foi entregue aos representantes do Japão. No primeiro ponto deste, estava indicado que o Japão aceitará as “condições da Declaração publicada em 26 de julho em Potsdam pelos dirigentes dos Estados Unidos, China e Grã-Bretanha, aos quais se uniu mais tarde a União Soviética”. A Ata previa a capitulação incondicional de todas as tropas japonesas, independente do lugar de sua instancia e a conservação de todo o material de guerra e de todos os bens militares e civis. Em 2 de setembro de 1945, na baía de Tóquio, a bordo do barco de linha estadunidense “Missouri” foi assinada a Ata de capitulação do Japão. A delegação nipônica, trazida a bordo e composta pelo Ministro de Relações Exteriores, M. Shigemitsu e o general Umezu, chefe do Estado Maior Central, se deteve a uns passos da mesa em que teriam que assinar a Ata: começaram os “minutos de vergonha”. Durante cinco minutos, os japoneses permaneceram em pé sob os olhares dos representantes dos países aliados vencedores. Pela União Soviética a Ata foi assinada pelo general K. N. Deravianko. Em 11 de agosto, tentou se suicidar com um tiro de pistola o ex-Primeiro Ministro Todzio, um dos principais criminosos de guerra do Japão. Em 15 de agosto, se suicidaram o ministro de Guerra Anami, o vice-almirante Onisi, o Marechal de campo Suguiama, o general Jondse e alguns outros generais e ministros do governo Suzuki.
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Em 3 de maio de 1946, em Tóquio, iniciou seus trabalhos o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente. Começou o processo dos principais criminosos de guerra: os agressores japoneses. Pela União Soviética, foi membro do Tribunal o general I. M. Zarianov, membro do Colégio Militar do Tribunal Supremo da URSS. O Tribunal condenou à pena de morte na forca o membro do Conselho Militar Supremo do Japão, K. Doijaru, os ministros de guerra em distintas épocas S. Itagaki e J. Kimuru, o comandante das tropas nipônicas na China central, I. Masui, os primeiros ministros de épocas diferentes, J. Todzio e K. Jiroytu, ao chefe do birô para assuntos militares do Ministério Militar A. Muto. Outros 18 acusados foram condenados a distintas penas de reclusão. Em 22 de novembro de 1948, o general D. MacArthur sancionou a sentença, porém, abusando de seus poderes, aceitou a solicitação de vários criminosos condenados de transferir seus casos ao Tribunal Supremo dos Estados Unidos. Somente a indignação da opinião pública do mundo inteiro obrigou os EUA a renunciar à revisão da sentença e, em 23 de dezembro de 1948, esta foi executada. A Segunda Guerra Mundial, desencadeada pelas forças de choque do imperialismo, a Alemanha fascista e o Japão militarista, culminou com a derrota total dos agressores. Nesta guerra participaram e deram seu valioso aporte aos povos de muitos países do mundo, Inglaterra, França, Estados Unidos, China, Iugoslávia, Polônia, Tchecoslováquia e muitos outros. Todo o mundo reconhece que o peso principal do conflito foi suportado pelo povo soviético e suas Forças Armadas, que jogaram papel decisivo e sofreram os mais grandes sacrifícios e perdas na luta contra o inimigo comum, mais de 20 milhões de pessoas.
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O povo soviético e suas heroicas Forças Armadas desempenharam um papel decisivo na vitória sobre a Alemanha hitlerista. Desde junho de 1941 até meados de 1944, atuaram contra o Exército Soviético de 190 a 270 divisões inimigas. Aos exércitos dos EUA, Inglaterra e outros Estados da coalizão anti-hitlerista fizeram frente: no Norte da África, de junho de 1940 até maio de 1943, de 9 a 20 divisões nazistas; na Itália, de julho de 1943 até maio de 1945, de 7 a 20 divisões. Após a abertura da Segunda Frente na Europa (verão de 1944), foram concentradas contra as tropas dos aliados de 81 a 107 divisões. Até maio de 1945, lutaram contra a União Soviética, de 195 a 240 divisões, inclusas 170 alemães. Entre 1941 e 1945, na frente soviética-alemã foram destruídas ou aniquiladas 507 divisões hitleristas, 100 divisões dos países satélites da Alemanha fascistas; 77 mil aviões, 107 mil canhões e 48 mil tanques. O Exército Vermelho inutilizou 10 milhões de soldados e oficiais hitleristas, o que constitui três quartas partes das perdas totais da Alemanha fascista na Segunda Guerra Mundial. As tropas dos aliados derrotaram na Europa e no Norte da África 176 divisões inimigas. O Partido Comunista, criado por V. I. Lenin, conduziu o povo soviético e seus combatentes à grande vitória sobre os agressores. Durante os anos da conflagração, o Partido interviu como organizador e inspirador de talento, dirigindo todos os esforços da frente e da retaguarda à derrota do inimigo. A reorganização de todo o país, de acordo com as exigências dos tempos de guerra, a formação de novas unidades e agrupamentos, seu equipamento, desenvolvimento da indústria de guerra, preparação de quadros militares, a direção de inumeráveis frentes e do movimento guerrilheiro, o trabalho ideológico entre as massas e a política exterior estava no centro
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da atenção do Partido, do seu Comitê Central, do Comitê Estatal de Defesa. Durante os anos de guerra, o Partido Comunista (bolchevique) da URSS era de fato um Partido combativo. Seus leais filhos sempre estavam nos lugares mais difíceis e perigosos da luta. O Komsomol leninista foi sempre o fiel ajudante do Partido. Durante os anos de guerra engrossaram suas fileiras 12 milhões, dentre estes, 5 milhões de combatentes. Os seus membros se distinguiam por seu valor e heroísmo nos campos de batalha. Os sindicatos soviéticos e outras organizações de massas cumpriram com êxito seu papel durante a guerra. “Ninguém foi esquecido, nada foi esquecido!” estas são palavras que diariamente foram encarnadas em vida. Milhares de monumentos e obeliscos foram levantados nas cidades e nas aldeias do país e também fora de suas fronteiras em honra dos combatentes e guerrilheiros soviéticos. Majestosos monumentos foram erguidos nas cidades-Herois Volvogrado (Stalingrado), Leningrado, Kiev, Odessa, Sebastopol, Minsk, Tula, Kerch, Novorossisk e na Fortaleza-Heroi de Brest. Ao pé da muralha do Kremlin arde o Fogo Eterno na tumba do Soldado Desconhecido. Fogos comemorativos similares ardem em muitas cidades do país. Depois da rápida reconstrução da economia destruída pelo conflito, nossa nação alcançou nos anos do pós-guerra grandes sucessos no desenvolvimento cultural, científico e técnico, na melhoria das condições de vida do povo soviético. Novas magníficas perspectivas foram traçadas nas históricas diretrizes do XXVI Congresso do PCUS. Paz duradoura e criação são os objetivos principais declarados pelo Congresso e que são postos em prática pelo Partido e o Governo.
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O programa de paz, exposto pelo PCUS, responde aos interesses de todos os povos amantes da paz, goza de apoio ativo. Isto tem uma grande importância, sobretudo se levarmos em consideração as condições de agudização das relações internacionais, a situação internacional e a corrida armamentista desenfreada pelos imperialistas encabeçados pelos Estados Unidos. Não tem que haver mais guerras – esta é a conclusão das lições da guerra passada. Mas a causa da paz, a segurança da Pátria de Outubro e dos países socialistas irmaos irmãos ser defendidas constantemente. “Uma paz firme, segura e duradoura é a primeira e mais persistente necessidade de todas as pessoas, de todos os povos, de toda a humanidade. A garantir da paz adquire significado singular nas condições atuais, quando os Estados dispõem de armas capazes de destruir nossa civilização, a própria vida no Planeta e quando a ameaça de uma guerra, a qual se conseguiu atenuar sensivelmente durante a década de 70, começou a crescer novamente e aumenta visivelmente a tensão internacional”. “Todos os esforços dos Estados, as atividades dos governos, das forças políticas organizadas, de todos os cidadãos de cada país devem hoje em dia estar dirigidos a impedir a hecatombe nuclear. Não há e não pode haver uma questão mais importante”. Com estas palavras se dirigiram aos parlamentos, governos, partidos políticos e povos de todo o mundo o Presidium do Soviete Supremo da URSS e o Comitê Central do PCUS na sessão solene dedicada ao 60ª Aniversário da União Soviética. Isto é a expressão da vontade de todo o povo soviético, que responde à esperança das forças amantes da paz de todo o planeta.
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As Plenárias do Comitê Central do PCUS que ocorreram após o XXVI Congresso do Partido e uma série de declarações feitas pelos dirigentes soviéticos e amplamente conhecidas no mundo inteiro vieram a reafirmar que a política exterior pacifista do PCUS e do Estado soviético é firme e consequente. Um mundo sem armas e guerras, este é o ideal do socialismo. Também são fieis a esta política os países irmãos socialistas. O chamado apaixonado a lutar pela paz foi a declaração dos Estados membros do Tratado de Varsóvia, aceito em Praga, em janeiro de 1983. “As forças da paz – é dito no documento – são mais fortes que as forças da guerra. Tudo depende de sua unidade e ação conjunta”. A Plenária do Comitê Central do PCUS, realizada em 13 de fevereiro de 1984, reafirmou com nova força a invariabilidade do rumo pacífico da política exterior do nosso Estado, a firme decisão de defender a causa da paz, de garantir a segurança da URSS e de nossos aliados. O Secretário Geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, K. U. Chernenko, declarou: “não necessitamos superioridade militar, não temos a intenção de ditar nossa vontade aos demais, mas não permitiremos destruir o equilíbrio militar alcançado. E que ninguém tenha a menor dúvida de que nós sempre cuidaremos da capacidade defensiva do nosso país e que disporemos de meios suficientes mediante os quais se possa esfriar as cabeças quentes dos aventureiros belicistas”.