Revista Interagir Nº 103

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editorial

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A felicidade reside no agora.

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elicidade é ter o que se quer? Eis a primeira dificuldade. Talvez não seja possível, já que, quando queremos, é porque ainda não temos. E, quando temos, já não queremos mais. O desejo é sempre por aquilo que falta, por aquilo que nos faz falta. A a energia para ir em busca daquilo que almejamos sempre encontra, na falta, a sua grande motivação. Entretanto, como nem tudo é tão cruel e tão difícil, conseguimos o que tanto queríamos e, quando alcançamos, já o não desejamos mais. Os brinquedos recebidos no Natal estão em um baú de desejos assassinados pela presença, mortos pelo consumo, e as crianças querem outros brinquedos que elas ainda não têm. A sociedade não pode nos deixar desejar de qualquer jeito. Essa força que temos para ir atrás daquilo que nos faz falta não pode se manifestar no caos. É preciso organizar o desejo, direcionar energia para aquilo que não vai causar problema, para troféus legítimos, para conquistas que são ordenadoras da vida na sociedade. Na escola, aprendemos a desejar aquilo que nos faz falta. Acredito que a chance de ser feliz não é quando nada acontecer, mas é já, agora. A felicidade está no presente ou não estará em nenhum outro lugar, porque a vida está aqui. O trabalho, os estudos, a família não devem ser pedágios rumo à felicidade. Cada instante da vida é uma

oportunidade mágica, irrecuperável e virginal, absolutamente inédita e nunca antes vivida. É esse momento que nós temos para fazer o melhor que podemos fazer. Todos os dias, nós temos a chance de fazer melhor o que fizemos ontem e melhor que todos os anos de experiência que já passamos, pois hoje nós somos mais competentes, agregamos novos conhecimentos e valores, somos mais preparados que ontem. Hoje nós temos a chance de fazer o melhor da vida. Que graça teria se tivéssemos de esperar a sexta-feira às 18h, o tão conhecido happy hour, para pôr o conceito de felicidade em prática? Quando a felicidade começa antes, é melhor para a vida. Ela irá colorir cada vez que utilizarmos o instante vivido para buscar fazer o mais perfeito, buscar a excelência, fazer desabrochar o plano da própria essência, promover a própria perfeição. E não vai acontecer no final de semana, mas vai acontecer já. Não fiquemos esperando o tempo passar, as pessoas se irem, as oportunidades se dissiparem para que possamos realmente ser felizes. Felicidade é um pequeno segundo da vida, um pequeno instante que pretendemos repetir, é aquela fração de segundos a qual não desejamos que acabe, mas, como vai ter de acabar, é preciso usar a inteligência para repetir. Pode acontecer em qualquer lugar. Desejo que tenha sido assim aqui enquanto você leu este edito-

Nicole de Albuquerque V. Soares Mestre em Administração de Empresas, professora do Centro Universitário Christus/ Unichristus e Coordenadora Editorial da Revista Interagir

rial. Espero que se tenha deixado conduzir pelas palavras, pensado na própria vida e lamentado que é chegada a hora de encerrar essa breve reflexão sobre a felicidade. Se algumas dessas hipóteses aconteceram, admita, neste segundo, aqui, não depois, você foi feliz. Quando a vida poderia ter durado um pouco mais, quando a vida poderia se repetir um dia. Espero que tenha sido assim. Se foi dessa maneira, a meta que eu almejei foi alcançada, porque não há nada melhor do que proporcionar a alguém que nunca se viu um momento de felicidade o qual esse alguém possa repetir. Se todos nós, para além das nossas metas cotidianas, nos déssemos o trabalho de proporcionar a alguém próximo um instante de vida o qual esse alguém conseguisse, um dia, repetir, estaríamos, juntos, “costurando” uma sociedade infinitamente mais solidária, mais justas, mais coesa, mais harmoniosa e mais feliz.

espaço do leitor A Revista Interagir dedica um espaço a você, caro leitor, para que envie sugestões e comentários do conteúdo de cada edição. Sua participação e interação são importantes para a melhoria da nossa publicação. Nosso e-mail é: revistainteragir01@unichristus.edu.br


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especial

Psicologia: o compromisso de uma dimensão ética do cuidado Aline Maria Loureiro Muniz Moita Maria Dilene da Silva Rodrigues Mirella Hipólito Moreira de Anchieta Rafael Ayres de Queiroz

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proposição do Curso de Psicologia da Unichristus é articular um contexto plural na Universidade, fazendo uma interface entre o Ensino (contemplando habilidades, competências técnicas e teóricas), a Pesquisa (com incentivo à participação em eventos científicos, para expor as experiências de ensino e aprendizagem, oportunizada pelo envolvimento dos alunos nos programas de iniciação científica, extensão, monitoria e grupos de estudo) e a Extensão (com projetos que visam à contribuição e à participação da universidade, com um comprometimento social, formativo e cidadão). Assim, o Curso de Psicologia da Unichristus está alicerçado no que Severino (2015) entende por um tripé necessário para uma formação profissional ética, oferecendo aos estudantes a qualificação do profissional, do cientista e do cidadão, considerando que a extensão universitária é entendida como o processo que articula o ensino e a pesquisa, criando um vínculo fecundante entre a Universidade e a sociedade, no sentido de levar a esta a contribuição do conhecimento para sua transformação. Compreender o conhecimento como dialético é reconhecer que o aprender se reverbera em um trabalho integrado, coletivo, que tenha uma atribuição de sentido e significado. A práxis psicológica é multifacetada; nesse sentido,

oportunizamos a inserção dos estudantes de psicologia em diversos campos de atuação do saber fazer psicológico, entendendo que “o compromisso fundamental de uma qualificada formação universitária é com a construção da cidadania e qualidade de vida humana digna.” (SEVERINO, 2015, p. 15).

Fazer, pensar, criar, sentir, pesquisar, planejar e produzir conhecimento é, portanto, um processo unificado. A proposta de uma formação ética em psicologia é transpor a aprendizagem para além da sala de aula tradicional. Em nossa proposta, o espaço-tempo da aprendizagem é o espaço-tempo da

ŹOs estudantes do Curso de Psicologia da Unichristus, apresentaram trabalhos no 1º Encontro Nordeste de Saúde da Família (13 a 15/06/2018), as pesquisas são fruto dos Projetos de Extensão: Espera Terapêutica ; Projeto Pinzon e Projeto de Suporte Psicológico na Mediação de Conflitos. Estiveram presentes a professora Mirella Hipólito e o professor Rafael Ayres.


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ŹNo dia 4 de agosto, os acadêmicos de Curso de Psicologia, Lucas Gabriel de Oliveira Teixeira e Bruna Feitosa, juntamente com o Professor Rafael Ayres, integrantes do Projeto Vicente Pinzón - Unichristus e Comunidade em Novas Descobertas realizaram atividade referente à Orientação Profissional na Escola Matias Beck, cujo objetivo é ajudar os estudantes em seu processo de escolha profissional a partir de uma maior apropriação de si, suas habilidades e aptidões, e das características e práticas próprias de cada profissão.

prática de nossos estudantes (psicólogos em formação) nos projetos de extensão na comunidade e nos espaços públicos de um modo geral, ressaltando, assim, uma atuação qualificada na saúde. Desse modo, apresentamos aqui algumas perspectivas que vêm sendo desenvolvidas pelo Curso de Psicologia. O Curso de Psicologia da Unichritus, em trabalho conjunto e transdisciplinar com o Curso de Direito da mesma instituição, vem realizando, há dois anos e meio, o Projeto de Suporte Psicológico nas Mediações de Conflito, oferecendo atendimento psicológico aos assistidos, por meio das demandas de conflitos de família, submetidos ao Núcleo de Prática Jurídica (NPJ). Esse atendimento antecede a mediação, ocorrendo de forma individual logo que os assistidos chegam ao Núcleo; é

realizado por professores psicólogos, acompanhados de um aluno extensionista do Curso de Psicologia, em cada dia de atendimento, proporcionando acolhimento e apoio psicológico aos assistidos e intercâmbio de saberes entre docentes e discentes dos cursos envolvidos, compreendendo, pois, que tais conflitos familiares são revestidos de demandas de ordem jurídica e psicológica. Imbuída da missão de proporcionar uma formação em que a proposta curricular deve extrapolar a sala de aula, nasceu a Prática Assistida em Saúde Mental a partir dos conteúdos transmitidos aos alunos do quinto semestre do Curso de Psicologia. Esse Projeto visa a realizar uma prática assistida, com a orientação e a supervisão dos professores, proporcionando uma articulação do que foi apreendido em sala de aula com a realidade prática da saúde mental no contexto de um CAPS. Além disso, é um projeto de ação, buscando uma interlocução e uma exemplificação de fazeres na e para a saúde mental. Seguindo a mesma perspectiva do projeto anterior, constitui-se o projeto de extensão Espera Terapêutica, configurando-se em

ŹEstudantes do Curso de Psicologia participaram do Workshop Neurociências e Psicologia organizado pelos professores Dra. Gersilene Valente de Almeida e Dr. Alan Marco Neves da Silva

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ŹA estudante do Curso de Psicologia da Unichristus, apresentou trabalho no 1º Encontro Nordeste de Saúde da Família (13 a 15/06/2018), as pesquisas são fruto dos Projetos de Extensão: Plantão Alegre.

uma estratégia positiva no campo da saúde e do cuidado. O projeto é destinado aos familiares que acompanham o paciente e convivem diariamente com os mais diversos tipos de doenças, objetivando a criação de um espaço de espera em que o ócio pode ser ressignificado, proporcionando uma melhora na qualidade de vida dos familiares. As intervenções realizadas nas práticas grupais em psicologia, também, podem amenizar a angústia e o sofrimento. Esse é um projeto interdisciplinar que acontece em parceria com a Clínica Escola de Fisioterapia da Unichristus. Como proposta de projeto interdisciplinar entre os Cursos de Psicologia e Odontologia, que desenvolve ações na brinquedoteca, considerando o brincar uma forma de efetivar ações de saúde e cuidado, fundou-se, assim, o projeto de extensão Brincar Terapêutico. O Curso de Psicologia da Unichristus integra o Projeto Pinzon junto a outros nove cur-


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ŹPlantão Alegre: Projeto de Extensão e de Responsabilidade Social, com abordagem interdisciplinar realizado no Centro Pediátrico do Câncer do Hospital Infantil Albert Sabin e no Lar Amigos de Jesus

sos da instituição, buscando reunir ações, por meio da atividade multidisciplinar, desenvolvida entre a Fisioterapia, a Odontologia, a Nutrição, a Biomedicina, a Arquitetura e Urbanismo, o Direito, a Engenharia Civil, a Psicologia, a Enfermagem e a comunidade do bairro Vicente Pinzón. Entrelaçando as neurociências e a psicologia, surge o Projeto de Extensão Neurodesenvolvimento - avaliação e reabilitação cognitiva, que se trata da aplicação dos fundamentos teóricos e práticos de conhecimentos da psicologia do desenvolvimento e das neurociências cognitivas, com abordagem interdisciplinar. Considerando a integração das funções cognitivas e a capacidade de neuroplasticidade, habilidades que envolvem a maturação de processos neurais, foca-se no estudo da consolidação dos processos mentais em crianças e adolescentes por meio de atividades de assistência para as funções cognitivas, atendidos no laboratório de neurocognição do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS). Um espaço para

observação, diálogos e intervenções psicoterapêuticas, envolvendo docentes, profissionais de saúde e estudantes. O Curso de Psicologia da Unichristus tem em pauta um Programa de Responsabilidade Social, Escola Promotora de Saúde, que executa ações em escolas públicas em busca de adquirir novos significados para a formação de futuros psicólogos, com visão e dimensões ampliadas. Nesse sentido, essa atividade visa

ŹOs estudantes do curso de psicologia participam de seminário interdisciplinar, momento no qual os conhecimentos adquiridos nas disciplinas estudadas no semestre letivo são analisados a partir de estudos de casos por meio de metodologias ativas do processo ensino-aprendizagem (Team Based Learning - TBL).

à promoção de saúde, ao propor ações no ambiente escolar, considerando que a escola pode ser um local de promoção da saúde. Com isso, o Curso de Psicologia desenvolve atividades teóricas e práticas nos cenários mais diversos, com atitudes ousadas, foco na interdisciplinaridade e na multidisciplinaridade, na ética e no cuidado, na construção de vivências pedagógicas que valorizam as metodologias ativas, envolvendo os discentes e os discentes, proporcionando um sentimento de pertencimento ao contexto universitário, promovendo a base de uma formação integral e humanizada.

Referências:

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2015.

ŹProjeto de Responsabilidade Social: “Escola Promotora de Saúde”.

SILVEIRA, Daniele Pinto da; VIEIRA, Ana Luiza Stiebler. Saúde mental e atenção básica em saúde: análise de uma experiência no nível local. Ciência e saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 139-148, Feb. 2009.


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história de sucesso

Voando alto...

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assei no vestibular – sim, ainda era vestibular – para a turma de 2008.2, do Curso de Medicina da então Faculdade Christus, que logo se tornaria Centro Universitário. Foi uma grande festa para coroar um ano – na verdade dois, já que não passei na primeira tentativa – de muita dedicação e estudo. Ainda que, naquele ano, estivesse decidido a cursar Psicologia, até cheguei a passar na UFC e na UECE para tal curso, durante o processo preparatório do Colégio Christus, fui me identificando com os ideais e possibilidades da Medicina, então fiz o vestibular. Ainda um pouco indeciso e depois de pensar muito, resolvi que seria médico. Acreditei que havia um chamado para mim. Fui para a Unichristus por já ter estudado no Colégio Christus quase a vida inteira e por ter pesquisado com amigos que me deram boas referências da faculdade. Por toda essa história, acredito que não escolhi a Medicina, na verdade, fui escolhido por ela. Curti cada instante da faculdade, amigos, professores, as longas horas de estudo, as atividades curriculares e as extracurriculares, o voluntariado. Fiz parte do CA por um ano ativamente, lutava por melhorias. As dificuldades me fizeram crescer bastante. Sou grato por absolutamente tudo que passei nos anos de graduação. Cada disciplina superada era uma vitória. Via o meu sonho agora de ser médico cada vez mais perto,

Dr. Felipe Soares Egresso do Curso de Medicina

era cansativo, mas empolgante! Vivi muitos momentos especiais ali. Destaco o dia em que fundei a primeira liga de estudos da faculdade, voltada para a área da Psiquiatria, bandeira que defendi desde o primeiro dia de aula, todos que me conheceram sabem. Foi motivo de muita festa entre nós alunos, pois era um tabu o funcionamento de tal ferramenta. Lembro que passei, de sala em sala, anunciando o processo seletivo e, quando fui a uma das turmas dos semestres mais avançados, cheguei a ser aplaudido pelos colegas. Naquele momento, vi que tinha feito história. Depois disso, incentivei os meus amigos e colegas a fundarem suas próprias ligas nas áreas de interesse. Hoje já perdi as contas de quantas existem, já existe até estatuto para o funcionamento, bem mais organizado, eu acho. Na época, tivemos de elabo-

rar tudo e, de forma empírica, tocamos adiante, chegamos a escrever um livro já publicado por uma editora (Armazém da Cultura). Cheguei até a ter bolsa de estudos por esse trabalho e por um projeto de pesquisa que alcançou nota máxima na época. Essas foram as memórias acadêmicas mais marcantes. Então veio a formatura e a entrada no mercado de trabalho. Posso dizer que, no início, foi difícil, mas consegui me adaptar rapidamente, em questão de meses. Muitas novidades acontecem ao mesmo tempo, houve muita incerteza, medo, angústia e insegurança. A gente tem de conseguir lidar com situações de trabalho que só se aprende na vida. Depois vem a recompensa, a experiência e a satisfação de ver o resultado do seu trabalho que tem a base construída nos muitos anos de estudo na faculdade. Ver que tudo tem valido a pena é de alegrar a alma.


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Estou graduado há quase três anos e sinto bastante falta do meio acadêmico, dos amigos, dos professores e de fazer ciência. Atualmente, estou trabalhando em um projeto para voltar a me conectar mais com a academia. Quem sabe um dia... Considero que o trabalho foi essencial para me transformar no médico e no ser humano que sou hoje. Tenho uma visão um pouco mais profunda e real da Medicina e acredito que uma formação suplementar agora vai trazer mais conhecimento do que se eu tivesse permanecido apenas nos estudos. Mesmo distante da faculdade, fiz capacitações diversas como a formação máxima em Coaching - master coach pela Febracis -, que me deu ferramentas para melhorar substancialmente minha performance como médico, podendo também atuar como coach, ajudando mais pessoas a alcançar seus objetivos. Fiz também pós-graduação em Auditoria em Saúde, especialização em Saúde da Família pelo PROVAB e diversos cursos em Saúde Mental, já que esta é minha área de atuação principal como médico. Para complementar, faço filosofia na Nova Acrópole – escola internacional de filosofia –, não possui caráter acadêmico, mas me dá um know-how para a vida. Já trabalhei em plantões como generalista, atendendo em

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CAPS e em posto de saúde em diversas cidades do interior do estado, consegui me lançar no mercado de forma bem-sucedida. Acredito que sou conhecido na região onde trabalho – Sertão dos Inhamuns – como médico resolutivo e gozo do bem-querer de muitos pacientes e de gestores. Confesso: isso me faz bem! Não posso deixar de relatar o trabalho social que desenvolvi, de forma voluntária, por onde passei. Fiz vários projetos nesses curtos três anos. Dentre eles, destaco o Papo Saúde, em que fazia uma coluna em duas rádios locais, semanalmente, levando educação em saúde para a população que também participava com perguntas ao vivo. Sempre sentia um “frio na barriga” em cada participação. Também levei ao interior o Cine Saúde que discutia temas importantes da atualidade e da saúde com os alunos, usando o cinema como material lúdico, aí foram temas diversos como o controle da ansiedade e superação dos limites para o Enem, depressão e prevenção ao suicídio, construção dos sonhos com a elaboração de uma cápsula do tempo que será aberta em cinco anos. Além disso, continuo

com palestras, usando o conhecimento de coaching, Filosofia e Medicina. E quanto aos meus sonhos? Gosto de “voar” alto, pretendo voltar para o meio acadêmico e, quem sabe, ministrar aulas, mas, para isso, preciso fazer mestrado e doutorado. Estou me preparando para fazer minha residência em Psiquiatria em qualquer lugar do Brasil e voltar para ajudar no desenvolvimento da minha terra, com o saber que irei adquirir nessas novas experiências. Tenho muita vontade de participar de projetos como o Médicos sem Fronteiras, já até fiz contato com eles, mas será um projeto para outro momento. É com gratidão que termino este relato com meu mantra nesses últimos anos, de autoria de Madre Tereza de Calcutá: “Podem dizer que meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor.”

O DIREITO NA PRÁTICA O Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) possui prédio próprio, localizado no Campus Dom Luís, com o fim de preparar os alunos do Curso de Direito para a prática da advocacia. Lá, são ministradas as disciplinas de estágio. Além disso, o discente tem a oportunidade de atuar em casos reais, prestando serviço de atendimento à comunidade, junto à Defensoria Pública. UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.


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em foco

Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil (NAF) a serviço da sociedade

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Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil (NAF) da Unichristus está a serviço da sociedade fortalezense desde 2017.1. Entre as atividades oferecidas, estão a assistência fiscal e contábil gratuita, a declaração do imposto de renda de pessoa física, o atendimento ao Microempreendedor individual, as orientações sobre e-social e simples nacional e a regularização de CPF. O NAF, como projeto de extensão, atende à sociedade de forma gratuita e contínua. Esse projeto possibilita a interação e proporciona aos alunos a aplicação do entendimento prático das atividades relacionadas ao Curso de Ciências Contábeis a favor da sociedade. Hoje, atua em parceria com o Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) na realização dos cálculos periciais demandados por este.

Para o funcionamento do NAF, foi estabelecido um termo de convênio com a Receita Federal, que é exigido para o funcionamento apropriado do núcleo. Nesse compromisso firmado, a instituição se compromete a seguir as normas estabelecidas pela Receita Federal, e esta oferece total apoio ao núcleo por meio de treinamentos, materiais de apoio e visitas ao núcleo. Todas as diretrizes de funcionamento são orientadas pela receita, o que inclui a forma de atendimento e as diretrizes de como a logomarca do núcleo da instituição deve ser feita. A participação do NAF é aberta a todos os alunos do Curso de Ciências Contábeis. Para participar, basta se inscrever no processo seletivo que é composto de duas etapas, prova escrita e entrevista. Atualmente temos os alunos Larisse Almeida Ferreira e José Jonas Nunes da Silva que, desde 2017.1, apoiam o Núcleo. A preparação para os ingressantes no NAF exige um treinamento pormenorizado, em que os alunos se capacitaram em quatro etapas. A primeira delas foi um treinamento teórico na Receita Federal com duração de duas semanas. Posteriormente, houve um treinamento prático de uma semana, também, na sede da Receita Federal. Finalizando o processo de treinamento, nas duas últimas

etapas, os alunos participam de um dia no contencioso da SEFIN e um dia na SEFAZ. A contribuição de um núcleo de práticas no Ensino Superior se dá pela aplicação das teorias vistas em sala de aula a favor da sociedade, isto é, em situações reais. Estas exigem do aluno a junção de diversos conteúdos teóricos e a elaboração de tratativas para a resolução de problemas. Além disso, são adicionados os fatores não controláveis aos problemas, que nem sempre conseguem ser apresentados nas simulações de sala de aula, como a forma de abordagem de um cliente na busca pelo serviço, as situações técnicas peculiares ou combinadas de problemas que exigem a combinação de conhecimento. “A importância se dá pelo fato de termos acesso a algumas informações com mais detalhes e de podemos ver na prática. A proximidade com o fisco e com a Receita Federal nos permitiu entender sob outra ótica como ele funciona”, diz Larisse Ferreira. Um exemplo das atividades ofertadas à população pôde ser sentido pelos alunos que se dispuseram a participar da Oficina de Declaração do Imposto de Renda. Entre as muitas atuações do NAF, a que mais marca costuma ser a assistência prestada às pessoas que têm dúvida na Declaração do Imposto de Renda. Essa


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atividade movimenta um volume grande de pessoas na busca de orientações dadas pelo núcleo. Ocorrido no primeiro semestre de 2018, findou-se, no dia 30 de abril, o prazo para a entrega das Declarações de Imposto de Renda no Brasil. Também, nesse dia, foi encerrado o plantão do NAF da Oficina de Imposto de Renda realizada pelos alunos do Curso de Ciências Contábeis para a população fortalezense. No período de 26 de março a 30 de abril, o NAF funcionou intensamente atendendo aos cidadãos de Fortaleza no preenchimento correto do Imposto de Renda de Pessoas Físicas. O serviço foi fornecido de forma gratuita pelos alunos do Curso de Ciências Contábeis sob supervisão da professora Ana Paula Melo. Entre aqueles que participaram de forma mais intensa, estavam os alunos André William Assunção, Raquel Cristine Soares, Priscilla Monique Freire, Maria das Graças Augusta de Lima, Larisse Ferreira, Jonas Nunes e Francisco Ronis Candido. O apoio desses alunos se fez presente no atendimento prestado à comunidade, além do notório esmero desses discentes no contato com o público, fazendo que a pessoa que buscou o atendimento se sentisse segura e saísse satisfeita após as orien-

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tações oferecidas. O aluno Ronis Candido, pelo seu excelente desempenho na Oficina do Imposto de Renda, foi encaminhado para um estágio na Receita Federal / Ministério da Fazenda. “Muitas pessoas não sabem o que deve ser tributado ou não”, afirma Jonas Nunes, atuante no NAF. O núcleo está aberto para o atendimento de todos que desejem algum tipo de esclarecimento Contábil Fiscal. Muitas vezes, as informações específicas sobre as tributações e os tipos de transação que incidem em impostos são de desconhecimento da maior parte da população, o que pode levar o indivíduo a ter algum tipo de irregularidade com a Receita Federal por desconhecimento de determinadas informações. Por essa razão, os alunos do núcleo são treinados a procurar as informações, a fim de realizarem pergunta às pessoas que buscam o serviço, no intuito de compreender o cenário de forma completa para, só então, fornecer uma orientação. “Ainda há uma resistência das pessoas em fornecer informações, pois se sentem em situação de vulnerabilidade. Esse sentimento também advém da falta de conhecimento contábil naquilo que se refere a si mesmo”, professora Ana Claudia, Gestora

Acadêmica do Dionísio Torres. A Unichristus destacou-se entre os núcleos do Ceará devido à atuação relevante do seu trabalho na realização de 117 atendimentos, ocupando, assim, o primeiro lugar em volume de atendimentos do Estado do Ceará. O NAF funciona durante todo o ano letivo e está sempre à disposição da população, não somente nas situações pontuais, como a da Declaração do Imposto de Renda. A relação estabelecida nesse núcleo de apoio é benéfica para todas as partes envolvidas, tanto para a população que é atendida quanto para os discentes que executam esse trabalho, tendo em vista que a comunidade recebe um serviço gratuito e de qualidade e os alunos têm a oportunidade de exercitar o conhecimento adquirido a favor da sociedade. Assim, essas duas esferas sociais mantêm os laços cada vez mais estreitados entre o conhecimento fomentado na Unichristus e o benefício dessa aprendizagem aos membros dessa coletividade em suas relações. Colaboração: Profª Ma. Maely Barreto Borges.

PARTICIPE DA PESQUISA NA UNICHRISTUS A Unichristus disponibiliza a seus alunos amplo acesso e incentivo à pesquisa por meio dos Programas de Monitoria, Iniciação Científica e dos Encontros de Iniciação à Pesquisa e à Docência e do Encontro de Pesquisadores. No Curso de Direito, são ofertados, ainda, grupos de estudo, e as mais atualizadas discussões ocorrem na Sexta da Pesquisa. Participe! UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.


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destaque

VII Jornada Unichristus de Administração: criatividade na gestão

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correu, nos dias 15 e 16 de maio deste ano, a VII Edição da Jornada Unichristus de Administração. Com a temática “Criatividade na Gestão”, o evento teve como objetivo proporcionar momentos para a reflexão e a discussão sobre as novas tendências organizacionais, como forma de atualizar e instigar o senso crítico e a visão de futuro dos alunos do Curso de Administração, instrumentalizando-os para o enfrentamento das realidades empresariais e para o emprego eficaz das melhores práticas de gestão. Como não poderia deixar de ser, o evento foi inovador em toda a sua estrutura. No primeiro dia pela manhã, os alunos tiveram participação ativa ao elaborar e ao conduzir, sob a supervisão dos docentes, uma divertida e bem elaborada dinâmica intitulada “Passa-Repassa do Empreendedorismo”, inspirada nos programas televisivos do gênero. Essa atividade contou com uma animada torcida das equipes que participaram da VII Jornada. O resultado foi um aprendizado lúdico e atual sobre a importância da gestão no empreendedorismo das empresas. No turno da noite, ocorreu a palestra, que foi um momento de grande valia para o evento com os Presidentes dos times de futebol profissional de nossa capital, o Ceará Sporting Club e o Fortaleza Spor-

ting Club. Para além de uma “arena futebolística”, a palestra “Clássico Rei” inovou e trouxe à Unichristus, pela primeira vez, os dirigentes dos dois maiores times cearenses para discorrerem sobre gestão no esporte, tema pouco comum na área da Administração. Nessa oportunidade, os dirigentes puderam explicar como a ciência da Administração é praticada nas agremiações, quais são os principais desafios para gerir equipes esportivas, bem como mostrar os cenários e os desafios futuros. A “preleção” expositiva ficou a cargo dos Professores Christian Avesque e Larisse Costa. Ao final, os alunos fizeram perguntas aos dois dirigentes convidados, o Administrador Marcelo Paz, Presidente do Fortaleza, e o primeiro Vice-Presidente do Ceará, Raimundo Pinheiro. Para falar sobre a importância do Coaching na gestão, foi convidada a Profa. Anabel Cruz, que também é Supervisora Geral do Campus Dom Luís. Além de diferenciar os tipos de Coaching, a Profa. Anabel Cruz

pontuou os principais alcances de que o Coaching se utiliza para potencializar a criatividade e os resultados ao ministrar o tema “Coaching X Gestão X Você”. O Prof. Rômulo Freire foi o convidado para encerrar a VII Jornada e, ao explanar, com maestria, o tema “Desafios da Criatividade”, encantou todos com a forma lúdica e envolvente que utilizou para discorrer sobre a temática. Os alunos participaram ativamente e comentaram posteriormente com seus professores o quão foi dinâmica a VII Jornada, atingindo o seu objetivo proposto ao reunir conteúdo e ao quebrar paradigma no pensar e no agir, seja por meio das dinâmicas ofertadas, seja por intermédio das oficinas propostas, como a da “Sala Verde”, conduzida pela Profa. Virna Távora. Colaboração: Prof. Luis Antônio Rabelo Cunha. Coordenador Geral do Curso de Administração


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Concurso Maratona de Programação 2018 do Curso de Sistemas de Informação Unichristus

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nualmente, o Curso de Sistemas de Informação (SI) da Unichristus oferece aos alunos um desafio: a Maratona de Programação. Durante o primeiro semestre de 2018, foi realizada a IV Maratona de Programação. O concurso promove a criatividade, o trabalho em equipe e a inovação no processo de desenvolvimento de novos programas de software, por meio de requisições predeterminadas pelo professor convidado. O evento desafia os alunos a testar a capacidade de trabalhar uma atividade de qualidade sob pressão. Os alunos devem formar equipes e se inscrever previamente na atividade. Os inscritos precisam ter conhecimento em programação, pois as boas práticas de programação serão critérios considerados importantes para a classificação da equipe, visando a garantir que os alunos trabalham com qualidade. Os times devem ser compostos por três alunos que precisarão resolver, durante 4 horas, o maior número possível de problemas que serão entregues na competição. Esses alunos podem ter à sua disposição apenas um computador e material impresso (livros, listagens, manuais) para vencer a batalha contra o relógio e os problemas propostos. Os competidores do time deverão colaborar para projetar os testes e construir as soluções

ŹAlunos trabalhando no Laboratório.

que sejam aprovadas pelos juízes da competição. Alguns problemas requerem apenas compreensão, enquanto outros exigem conhecimento de técnicas mais sofisticadas, até alguns problemas que apresentem alto nível de dificuldade para serem solucionados. Isso significa que se observam problemas de diferentes níveis de dificuldade, de forma que alunos de diversos semestres podem participar do evento. Níveis menos complexos: os problemas apresentam abordagens cujas soluções envolvam as estruturas básicas mostradas nas disciplinas de Algoritmos e Prog ramação, Estrutura Pes-

quisa e Ordenação de Dados, Arquitetura de Computadores e Computação Gráfica. Níveis de maiores complexidades: os problemas desse nível seguem a mesma linha dos que são solucionados nas Olimpíadas Brasileiras de Informática. A competição ocorreu em dois dias de trabalho dos alunos, que se envolveram e se empenharam para conquistar os resultados. A quarta edição da Maratona de Programação do Curso de Sistemas de Informação contou com a participação de 20 alunos, o maior número de inscritos desde seu lançamento. Todos os alunos inscritos receberam certificados de participação.


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O time que ocupou o primeiro lugar da Maratona de Programação 2018 foi composto pelos alunos Nathannael Morais, Erica Monteiro Laurentino e Luciana Soares Costa.

ŹAlunos do Curso de Sistemas de Informação recebendo certificados de participação.

Além disso, as três primeiras equipes foram premiadas com medalhas que representavam as respectivas classificações.

ŹSegundo Lugar no desafio. Alunos: Willian Matheus e Kaliary Cisne. ŹPrimeiro Lugar do desafio. Alunos: Erica Monteiro Laurentino, Nathannael Morais e Luciana Soares Costa.

ŹTerceiro lugar no desafio. Alunos: Thalys Melicio, Georgia Cavalcanti e Jonathan Matheus.

A equipe que gerou os melhores resultados do evento, conquistando o primeiro lugar da classificação, foi premiada com Cartões “Vale Cultura” – créditos no valor de R$ 50,00 para serem consumidos na Livraria Cultura, ofertados pela Reitoria da Unichristus.

A Maratona de Prog ramação, atividade complementar ofertada pelo Curso de Sistemas de Informação da Unichristus, reúne e integ ra alunos do curso por meio de práticas desafiadoras de prog ramação. O concurso contou com a participação de 20 alunos que foram submetidos a problemas a serem solucionados em diferentes níveis de exigência, o que permitiu diferentes conhecimentos trabalhados pelos times, visando a praticar a qualidade de aprendizado dos alunos no ramo da prog ramação de

software. A quarta edição do evento premiou os alunos de melhor desempenho, bem como apresentou uma excelente receptividade e um feedback de aceitação dos alunos do curso. Colaboração: Profa. Ma. Thais Cristina S. Machado (Pesquisadora e Coordenadora Adjunta do Curso de Sistemas de Informação da Unichristus) Prof. Me. Adail Nunes da Silva (Pesquisador e Coordenador geral do Curso de Sistemas de Informação da Unichristus)


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Experiência em Promoção da Saúde na Atenção Primária em uma Escola de Ensino Fundamental e Médio Introdução

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m dos desafios da Atenção Primária é a implantação da Promoção da Saúde estabelecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde o ano de 1988. A Promoção da Saúde possibilita que o cidadão tenha acesso à informação em saúde, estimulando a abertura de um canal de comunicação entre os usuários e a administração. Dessa forma, a Unidade de Atenção Primária à Saúde constitui-se como importante intermediador para essa abertura de interação com a sociedade. Conforme ALVES et al. (2008), uma das formas de concretizar a implantação participativa da população é a aproximação com colegiados locais, o que faz aumentar o vínculo da comunidade adolescente com a equipe de saúde. Com esse propósito, foi desenvolvida atividade, realizada por acadêmicos do 6° semestre do Curso de Medicina da Unichristus, cujo objetivo era conhecer as demandas de informações em saúde por parte de alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Matias Beck (EEFM Matias Beck), localizada no Bairro Vicente Pinzon.

Metodologia A atividade ocorreu em três etapas, que são revisão de literatura, promoção de saúde na EEFM Matias Beck e promoção de saúde

na Unidade de Atenção Básica de Saúde (UABS) Flávio Marcílio. A visita à referida escola teve o intuito de conscientizar e de instruir os alunos acerca das doenças sexualmente transmissíveis e da importância da saúde da mulher no que tange ao câncer de mama e ao de colo uterino. Ao final, 20 alunos do primeiro e do segundo anos do Ensino Médio, na faixa etária de 15 a 21 anos, visitaram a UABS para aprofundamento dos conhecimentos e acesso a exames de prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

Relato de Experiência Na visita à instituição de ensino, os alunos reuniram-se no refeitório, momento em que as dúvidas sobre as DSTs foram esclarecidas. A partir dos questionamentos realizados pelos discentes, percebeu-se grande deficiência de conhecimento na área abordada. Em seguida, tendo em vista a importância da temática para a saúde pública, organizou-se uma manhã de discussão sobre as temáticas de saúde na UABS, repartição responsável pelo território em que a escola se encontra, o que levou à necessidade de aprofundamento sobre o conteúdo para posteriores encontros com os alunos. No dia proposto para a atividade, acompanhados pela diretora, os discentes chegaram tímidos à unidade de saúde. Inicialmente,

Gabriella Enéas Peres Ricca, Ítalo da Silva Barbosa, Jennifer Brito Ferreira, Francisco Hugo de Souza Melo, Lucas Santos Girão (Alunos do 7º semestre do Curso de Medicina) Orient. Profa. Dirlene Mafalda Ildefonso da Silveira (Gineco-obstetra e sanitarista, Mestre em Saúde Pública)

houve apresentação em data show e a abordagem do conceito, dos sintomas e dos fatores de risco do câncer de colo de útero. Em seguida, dividiram-se os alunos em dois grupos de acordo com o gênero. No grupo feminino, demonstrou-se a técnica correta da palpação de mamas por meio de manequins simuladores, disponibilizados pela faculdade. Cada aluna teve a oportunidade de palpar as mamas de silicone que continham nódulos, tendo o auxílio dos acadêmicos presentes, com revisão individual da técnica. Posteriormente, foram distribuídos panfletos informativos sobre o câncer de mama, com o objetivo de divulgar informações acerca de fatores de risco, sintomatologia e prevenção. À medida que ocorria a ação, disponibilizava-se o serviço de prevenção ginecológica exclusivo para a demanda de alunas. Ao total, cinco delas aproveitaram o momento para a realização da consulta preventiva. Quanto ao grupo masculino, utilizou-se a metodologia da roda de conversa para abordar os prin-


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cipais assuntos acerca da sexualidade humana e da transmissão de DSTs. Alguns dos tópicos de discussão foram heteroafetividade e homoafetividade, bullying na escola, uso correto do preservativo, sinais e sintomas das DSTs mais prevalentes, gravidez na adolescência, além de procura de ajuda profissional no Sistema Único de Saúde (SUS).

Conclusão Percebeu-se, com este estudo, que é perceptível a deficiência na abordagem de assuntos, como sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e saúde da mulher, em âmbito escolar. Assim, a promoção de saúde por profissionais da área é de impacto positivo para esses estudantes.

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Referências

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ALVES, C.R.L. et al. Análise do acolhimento de crianças e adolescentes para o planejamento das ações do PSF. Rev. Bras. Med. Fam. Com., v.3, n.12, p.24756, 2008.


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Feira Artesanal de processos patológicos gerais: uma ferramenta que auxilia no ensino-aprendizagem?

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processo de globalização, o desenvolvimento de um mundo mais informatizado e o surgimento de um mercado de trabalho mais exigente e competitivo nortearam e exigiram uma alteração na concepção do um ensino-aprendizagem. Nesse momento, surge um aluno protagonista, proativo, crítico e reflexivo, que visa a aprender a aprender, preparando-se para um mercado de trabalho mais exigente e competitivo, fato que pode ser visualizado com mais frequência em salas de aula de universidades e faculdades, por meio da chamada metodologia ativa (ARAÚJO, 2015). Na área da saúde, o quadro atual não é diferente. A exigência de profissionais mais bem qualificados e preparados para as diversas situações críticas do dia a dia é crescente. Dessa forma, o aprender a aprender na formação desses profissionais deve compreender o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver e o aprender a ser, garantindo a integralidade da atenção à saúde com qualidade, eficiência e resolutividade (FERNANDES et al., 2003). Partindo dessa teoria, a disciplina de Processos Patológicos Gerais do Curso de Enfermagem vem, ao longo de

dois anos, realizando, ao final de cada semestre letivo, um evento dinâmico com alunos, objetivando uma participação ativa e criativa por meio de apresentação de material confeccionado por eles, abordando temáticas importantes para o futuro enfermeiro. Nesse encontro, grupos de discentes exibem o material confeccionado, abordando criticamente o papel da sua temática no dia a dia da enfermagem, levando a discussões e a interações entre os discentes e o docente responsável pela disciplina. Esse encontro é conhecido como Feira Artesanal de Processos Patológicos Gerais. Os discentes mostram grande interesse, participando de forma ativa da feira artesanal. Ao mesmo tempo que eles se divertem, confeccionando o material a ser apresentado em sala de aula, também discutem sobre a representação fidedigna do “protótipo” perante o assunto abordado. Ainda, têm o cuidado de estudar a temática e sua importância, refletindo criticamente sobre a etiopatogênese das doenças e suas consequências para o paciente. Nesse contexto, o papel do enfermeiro também é inserido. A feira permite uma abordagem visual e táctil das peças confeccionadas, estimulando a curiosidade, favorecendo uma

interação dinâmica entre os grupos com discussão crítica e reflexiva sobre os principais pontos abordados durante a disciplina. Para os alunos, é uma experiência impar e diversificada, cuja temática é importante para o seu aprendizado como acadêmico e profissional. Partindo desse pressuposto, segue o relato de uma aluna comentando a importância da feira artesanal para seu aprendizado como acadêmica e futura profissional. “A feira de patologia do Curso de Enfermagem do 3° semestre foi realizada com o intuito de aprendizagem dos alunos e interação entre eles. Consistiu na elaboração de biscuit demonstrando os mecanismos de diversas doenças, como Doença de Chron, Adenocarcinoma de Mama, Artrite Reumatoide e outras condições do corpo humano, como a hemorragia e inflamação aguda”. “Pude compreender a patologia da doença e sua manifestação no organismo, bem como os sintomas e o tratamento. A elaboração das peças em biscuit me fez ter um conhecimento amplo de como age o mecanismo da doença com que minha equipe e eu ficamos, de que forma acontecem o processo e a resposta do organismo.”


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Participação dos discentes durante a Feira Artesanal de Processos Patológicos Gerais.

Diante dos fatos descritos, associado ao relato da discente, pode-se verificar que a metodologia utilizada em sala por meio da execução da Feira Artesanal é uma opção para o docente estimular a organização, a liderança e a sociabilidade dos alunos. Nessa perspectiva, o desenvolvimento da criatividade, da atitude e do senso crítico também pode ser visto nesse cenário, características que estão envolvidas nas habilidades e nas competências necessárias para o futuro profissional.

Referências

ARAÚJO, J. S. Fundamentos da metodologia de ensino ativa (1890-1931). 37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC – Florianópolis. FERNANDES, J.D., FERREIRA, S.L.A., OLIVA, R., SANTOS, S. Diretrizes estratégicas para a implantação de uma nova proposta pedagógica na Escola de Enfermagem da Universidade da Federal da Bahia. Rev. Enfermagem 2003; 56(54):392-395.

Colaboração: Ingrid Maria Porto Sampaio (Aluna do 5º semestre do Curso de Enfermagem) Profa. Ana Karine Rocha de Melo Leite (Docente dos Cursos de Enfermagem e Biomedicina da Unichristus)

LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA Você sabia que a Unichristus disponibiliza, só no Campus Dom Luís, seis laboratórios de Informática aos seus alunos? Na sala 209, funciona um laboratório com 40 computadores das 7h15min às 22h15min, diariamente, para atender os alunos e professores que desejem fazer pesquisas, trabalhos e outras consultas. Ao todo, são mais de 200 máquinas à disposição da comunidade acadêmica! U N I C H R I S T U S , U M L U G A R D E C O N Q U I S TA S .


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Alunos de Sistemas de Informação realizam visita técnica à IVIA: o sucesso de uma moderna empresa de Soluções em Tecnologia da Informação

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urante o primeiro semestre de 2018, os alunos do Curso de Sistemas de Informação (SI) realizaram uma visita técnica à sede da empresa de Soluções em Tecnologia da Informação IVIA sediada em Fortaleza – CE, Shopping Salinas (Figura 1). Recepcionados cordialmente, os alunos foram apresentados ao histórico da empresa pelo próprio diretor e fundador Márcio Braga e pelo Gestor de Serviços e Projetos Marcelo Barros, que acolheram o grupo de dez estudantes de graduação participantes no evento.

História e caso de sucesso A IVIA foi fundada em 1996, é uma empresa especializada em Tecnologia da Informação que vai além de uma tradicional fábrica de software. A companhia visa a desenvolver soluções que facilitem e ampliem os negócios de seus clientes, seja por meio da redução de custos, seja do aumento de produtividade, seja da geração de inovação. Dentre seus mais importantes valores, investe em seu principal ativo, capital intelectual, oportunizando a seu quadro de colaboradores excelência e especialização de suas habilidades. Assim, sua responsabilidade social começa dentro da empresa, onde talentos são valorizados, respeitados e compensados, criando uma atmosfera de constante colaboração e criatividade.

ŹPalestra de apresentação da Diretoria.

Serviços oferecidos pela IVIA Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer presencialmente o espaço físico que oferece os principais trabalhos desenvolvidos pela empresa: Serviços de BI, Serviços de Outsourcing, Serviço de Software e Inovação e educação. Os Serviços de Business Intelligence da IVIA permitem alinhar operações com estratégias, governança e aumento da eficiência por meio de um software, transformando o grande volume de dados disponível em decisões relevantes e oportunas em todos os níveis da empresa. Nos Serviços de Outsourcing, a IVIA disponibiliza equipe de consultores e especialistas em Tecnologia da Informação, com toda uma preparação comporta-

mental, certificação técnica, experiência profissional. Essa oportunidade ocorre quando o cliente necessita gerir seus próprios projetos e precisa de profissionais experientes, mas não deseja aumentar o seu staff. O cliente que demanda do nosso Serviço de Software disputa com concorrentes eficientes,

ŹAtual prédio sede IVIA Fortaleza.


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ŹVisitação às modernas instalações da sede.

exigindo que a criação, a manutenção e a evolução de Software sejam feitos com recursos humanos, processos e metodologias estruturadas. A IVIA se responsabiliza por essas questões para entregarmos softwares competitivos que apoiam nossos clientes a vencer no seu mercado. A Inovação e a Educação se fazem constantemente presentes. A IVIA desenvolve treinamentos customizados para atender necessidades específicas dos profissionais da área de tecnologia e demais profissionais que necessitem de aperfeiçoamento técnico. Os treinamentos podem ser ajustados conforme as necessidades do cliente.

Modernidade e economia na tendência do mercado A empresa, atualmente, é composta por mais de 600 colaboradores “ivianos” que se distribuem prestando serviço para todos os clientes, bem como nas sedes das cidades de Recife (PE) e Natal (RN).

Esse formato de trabalho permite que a empresa se utilize de recursos computacionais adequados a cada cliente, por meio de serviços de Computação em Nuvens, adaptáveis adequadamente, garantindo o comprometimento com seu cliente de serviços sempre disponíveis e escaláveis conforme demanda.

Certificações de qualidade em serviços Com investimento contínuo em qualidade e processo, a IVIA é uma das poucas empresas globais que possui comprovação de sua qualidade por meio de aprovação certificada por selos ISO 9001, MPS. BR e CMMI, simultaneamente, bem como foi premiada por sete vezes dentre as melhores empresas para se trabalhar. Conduzir os alunos a conhecerem pessoalmente ambiente de vivência de mercado de trabalho em Tecnologia da Informação permite que eles compreendam melhor os objetivos da empresa. Além de conhecimento adquirido pelos alunos sobre o

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formato de trabalho de uma g rande empresa de sucesso, a visita técnica abriu portas para convite dos alunos da Unichristus para participarem do lançamento do próximo prog rama de Trainee que a IVIA lançará. A visita guiada foi bastante proveitosa e g ratificante para todos os envolvidos. A nova parceria firmada permite a compreensão de que a Instituição de Ensino Superior Unichristus busca dar apoio de qualidade e empregabilidade a seus estudantes e observar que g randes empresas buscam no meio acadêmico novos talentos com g randes potenciais para compor seu quadro de profissionais. Colaboração: Profa.Ma.ThaisCristinaSampaioMachado (Pesquisadora e Coordenadora Adjunta do Curso de Sistemas de Informação) Prof. Me. Adail Nunes da Silva (Pesquisador e Coordenador Geral do Curso de Sistemas de Informação)


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Fisioterapia na atenção domiciliar: um relato de experiência

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papel da Fisioterapia na atenção básica está em processo de construção e vem, cada vez mais, ganhando espaço e reconhecimento nesse campo de atuação. O profissional fisioterapeuta na atenção domiciliar torna-se de grande importância, uma vez que este frequenta a casa do paciente quase que diariamente e é lá onde ele pode, além de devolver a capacidade funcional e melhorar de maneira significativa a qualidade de vida do paciente, evitar, de maneira precoce, as intercorrências, as dificuldades e as necessidades, por meio do seu olhar profissional, que se torna mais aguçado diante do paciente, tanto pelo convívio e pelo contato direto quanto pelo feedback da família e, não menos importante, da equipe multidisciplinar. É dessa maneira que o fisioterapeuta utiliza do seu bom-senso para adequar o plano de tratamento à realidade do paciente. O uso de recursos e de tecnologias torna-se muito res-

trito, necessitando, por isso, do improviso aliado à criatividade profissional, ou seja, utilizando, além de recursos terapêuticos manuais, outros materiais que estejam disponíveis na casa do paciente, como pesos para fortalecimento que podem ser sacos de areia, cabos de vassoura para trabalho de amplitudes de movimento, caixas de sapato como obstáculos no treinamento de marcha e uso de papelão na confecção de órteses, etc. Foi no campo de estágio, na disciplina de Estágio Supervisionado I, mais precisamente na comunidade do Serviluz, que aprendemos o real valor da Fisioterapia na atenção domiciliar. Assim, por meio de um aperto de mão diferente de um dos pacientes, da mensuração da pressão arterial antes do atendimento, da não colaboração aos estímulos e de uma conversa com o parente cuidador, conseguíamos detectar precocemente que o paciente se encontrava em um quadro de infecção aguda, logo podíamos encaminhá-lo para uma unidade de pronto atendimento o mais rápido possível antes da evolução e da piora do quadro clínico. A comunidade do Serviluz vem ŹAcadêmicas do Curso de Fisioterapia indo aos respectivos sendo beneficiada por domicílios para darem início à intervenção fisioterápica.

Melissa de Queiroz Carvalho e Suzana Almeida de Oliveira Neta (Alunas egressas do Curso de Fisioterapia) Prof. Emilio Carlos Barbosa Praxedes (Docente de Estágio Supervisionado I do Curso de Fisioterapia)

acadêmicos de fisioterapia com práticas voltadas para a prevenção de agravos, a promoção (de saúde) e a recuperação de saúde há 12 anos, por intermédio do Professor Emílio Praxedes, que realiza um verdadeiro trabalho de humanização, ajudando-nos no processo de construção profissional e pessoal, fazendo que olhemos além daquilo que é meramente acadêmico.

Referências

BEZERRA, M.I.C., LIMA, M.J.M.R., LIMA, Y.C.P. A visita domiciliar como ferramenta de cuidado da fisioterapia na estratégia de saúde da família. S A N A R E, Sobral, V.14, n.01, p.76-80, jan./jun. 2015. FELÍCIO, D.N.L. et al. Atuação do fisioterapeuta no atendimento domiciliar de pacientes neurológicos: a efetividade sob a visão do cuidador. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 18, n. 2, 2005, p. 64-69.


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A Rede de Apoio à Pesquisa convida a uma reflexão: o plágio e esse tal de autoplágio existem mesmo? Ao escrever um texto, um resumo ou um artigo científico, os discentes, notadamente do Curso de Direito, em que as pesquisas são eminentemente de cunho qualitativo, constantemente se deparam com algumas dúvidas, por exemplo, “o que ou como referenciar?”, “se não referenciar, isso é plágio?”, “o que é plágio?” e “esse tal de autoplágio existe mesmo?”. Atentas às necessidades dos alunos e das novas dinâmicas sociais, a Rede de Apoio à Pesquisa (RAP) vem constantemente preparando eventos para auxiliar os acadêmicos de direito a sanar suas dúvidas referentes à pesquisa. A RAP é um setor de pesquisa do Curso de Direito da Unichristus, responsável por dar suporte de metodologia aos alunos envolvidos nos programas de iniciação científica, monitoria, grupos

de estudos, núcleo de práticas jurídicas e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O projeto é integrado por uma equipe de professoras, Ana Stela Câmara, Beatriz Lima, Carla Diógenes e Suzy Anny Martins, que lecionam disciplinas de Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais e afins, bem como atendem diariamente os alunos da instituição, oferecendo orientação metodológica aos trabalhos científicos. Embora a RAP atue em regime de plantões para atender os alunos e os egressos do curso, seu público-alvo se concentra naqueles estudantes que integram a pesquisa e naqueles ligados aos programas de extensão oferecidos pela Instituição de Ensino Superior (IES), como o Escritório de Direitos Humanos, o Escritório de Práticas Empresariais, o Núcleo Direito e Saúde. Os alunos procuram o atendimento do setor para tirar dúvidas no tocante à escolha do tema de pesquisa, à sua delimitação, aos aspectos metodológicos e à formatação de texto. A aluna Andressa Pires, do 10º semestre, parti-

Andressa Borges Monteiro Pires (Aluna do 10º semestre do Curso de Direito) Profa. Beatriz Lima Nogueira (Docente do Curso de Direito)

cipante assídua nas atividades de pesquisa da IES, enfatizou: “Desde o primeiro semestre da graduação, procuro os serviços oferecidos por este setor do Curso de Direito para diversas orientações, não só de metodologia ou de normas da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), mas também para um direcionamento da pesquisa em si, em quais programas da Unichristus eu poderia me engajar para ter o máximo de aproveitamento na pesquisa, atividade bem estimulada pela IES, assim, a RAP apresenta enorme relevância para minha trajetória acadêmica”. Um dos eventos patrocinados pela RAP, que tratou das diversas questões que rodeiam a temática do plágio na escrita acadêmica, ocorreu no dia 4 de maio de 2018, nas dependências do Centro Universitário Christus, em que o professor Diego de Alencar Salazar Primo e a professora Beatriz Lima Nogueira proferiram palestra intitulada “Quem tem medo de plágio? Conhecer para evitar”, fazendo um panorama geral acer-


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ca do plágio e trazendo as resoluções da Unichristus, a fim de constatar a postura da instituição de ensino acerca desse ponto. Em princípio, veja-se que o plágio está inserido dentro de um contexto maior quando se está diante de uma pesquisa científica e de uma temática de ética e de integridade na pesquisa. Para que se mantenha essa integridade, é necessário, nesse sentido, que não se incorra em más práticas acadêmicas, como (I) a fabricação de dados, ocasião em que os dados utilizados na pesquisa nunca chegaram a existir; (II) a falsificação de dados e a alteração de dados que existem para que se moldem aos interesses do pesquisador; (III) a coautoria fictícia, em que é colocada no trabalho científico a coautoria de uma pessoa que nem sequer participou da pesquisa, para que conte mais publicações em seu currículo; (IV) o fracionamento de produção de uma pesquisa que poderia ser publicada de forma individual, mas, para atingir ín-

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dices quantitativos exigidos por programas de pesquisa, o pesquisador fraciona e publica em mais de um local e, por último, (V) o plágio, que foi apontado pelos palestrantes como se fosse a sua apresentação de uma obra que, de fato, não o é, ou seja, uma modalidade de furto intelectual e de corrupção moral, faltando com honestidade. O plágio, em si, envolve três participantes: aquele que plagia (redator), aquele que é copiado (autor) e o destinatário (leitor). É nesse contexto que, inclusive, o autoplágio deve ser combatido, visto que essa modalidade de plágio exclui a participação do autor, considerando que é o próprio redator que formulou aquela ideia, mas o leitor ainda é ludibriado, pois a ele é vedado o direito de ter acesso à outra fonte de pesquisa, qual seja, o trabalho anterior que foi o incentivador inicial daquela ideia. Ainda, como bem destacado pelos palestrantes, o plágio possui diversas formas, não sendo sempre fácil constatá-lo, como se vê: (a) plágio direto, em que se transcreve com as exatas palavras aquilo que o autor falou anteriormente sem a devida referência; (b) plágio indireto, conhecida como

paráfrase não referenciada, modalidade mais comum de plágio e de difícil constatação, visto que o uso de palavras diferentes não faz que a ideia passe a ser do redator, devendo ser devidamente referenciada; (c) plágio de fontes, hipótese em que o autor aproveita fontes de um trabalho sem tê-las verificado; (d) plágio consentido, ocasião em que uma pessoa escreve o trabalho e as outras apresentam como delas, havendo conluio; e (e) autoplágio, em que se apresenta como inédito um trabalho que não o é e que, talvez, se o leitor soubesse, ele não teria tanto interesse em utilizá-lo, sendo recomentado que o redator referende ele mesmo, tendo em vista que é o autor de tal escrito. Por outro lado, nem sempre é necessário que dados sejam referenciados, por exemplo, visões gerais da história, uma vez que são de conhecimento público e notório, entre eles experiências, opiniões e ideias do autor, conclusão do trabalho, tendo em vista que, no corpo do trabalho, tudo já foi devidamente referenciado e é algo de conhecimento comum sobre um dado fato ou acontecimento para os estudiosos da área de pesquisa do investigador. Por fim, a aluna Andressa Pires acrescenta que o trabalho da RAP é de fundamental importância para aqueles que buscam especializar-se na área da pesquisa, mas não apenas para isso, pois esse setor tem grande relevância também no fomento de uma perspectiva crítica em relação aos mais diversos temas inerentes à área jurídica.


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Vencedora do Concurso Cultural Receitas do Brasil traz uma releitura do baião de dois cearenses

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Infood promoveu o Concurso Cultural Receitas do Brasil com o objetivo de conhecer um pouco mais a receita brasileira, o prato que caracteriza cada região, a forma de apresentação desse produto e o que cada uma dessas preparações significa para as culturas. No concurso, o prato apresentado poderia ser uma releitura de uma receita ou mesmo uma criação autoral com o tema cozinha brasileira, devendo conter um texto justificando a preparação do prato. Assim, entre aulas teóricas e práticas, história e antropologia da alimentação e gastronomia brasileira e regional, a ideia de criar uma receita autoral se fundiu com o amor pela cultura alimentar cearense. O propósito foi repaginar uma receita clássica do nosso Nordeste, o baião de dois, com uma receita autoral, o incremento de ingredientes e o acréscimo de uma mistura de sabores e texturas, preservando suas raízes rústicas e dando um toque final de elegância, sem abdicar da história, das influências e dos significados que essa receita base nos traz. Cada vez mais, criamos um pertencimento pela alimentação, pela história que, intrinsecamente, ela nos conta. A comida cearense pode ser considerada um patrimônio cultu-

ral imaterial nosso. Nesse viés, temos de defender nossas tradições, valorizar nossos hábitos, preservar nosso meio, agregando valores sociais, econômicos e culturais, e manter esses costumes vivos, sendo valorizados como uma expressão cultural, um ato singular, em autenticidade e hedonismo. No Ceará, o baião de dois reflete valores culturais fundamentais de maneira própria e concreta, dando nitidez à compreensão e à interpretação dos meios de vida de um povo. A singularidade desse prato está presente tanto na produção, na qualidade como no seu contexto histórico, fato que faz desse prato típico um produto peculiar e específico do Nordeste, proporcionando uma experiência valiosa e prazerosa para aqueles que o experimentam, assim como agregando valores inerentes ao local, sendo assim absorvidos por meio da degustação, o que proporciona uma fusão do homem com o meio, tornando-o uno, mesmo que seja por um breve período de tempo. O baião de dois sempre foi representado de uma forma tradicional. Mesmo com algumas alterações de insumos, ele nunca perdeu sua característica clássica, a base nordestina arroz com feijão, conferindo um contato mais próximo de experiências e realidade de uma cultura, de um

Monique Santos Lobo (Aluna do 2º semestre do Curso de Gastronomia da Unichristus)

povo, ou seja, mostrando as dificuldades, a rusticidade, os hábitos alimentares e os costumes de uma determinada região, profundamente interligada ao cotidiano do povo cearense. “O arroz com feijão, portanto, corresponde ao ideal de equilíbrio no sentido individual e social. Além disso, converteu-se em ideal gustativo, pois as reminiscências que incluem a dupla são obrigatórias no discurso que afirma a excelência da cozinha brasileira.” Formação da culinária brasileira – escritos sobre a cozinha inzoneira. Carlos Alberto Dória, p.173 – 174.


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Com a intenção de preservar e exaltar a cultura nordestina, o prato sugere uma releitura do baião de dois, típico do Nordeste. A ideia foi repaginar o clássico baião, sem abdicar da sua autenticidade, usando ing redientes pouco explorados, por exemplo, o arroz vermelho, a fim de ag regar texturas e sabores diferenciados, porém sem abrir mão de insumos típicos da terra. Nós, futuros gastrônomos, temos o dever de reinventar pratos sem nunca deixar morrer as raízes que nos definem, resgatando sempre os nossos bens imateriais, que estão presentes na comida, que retratam nossa cultura cearense e nossos hábitos alimentares, haja vista ser o que nos forma e o que diz muito sobre cada um de nós.

“ (…) o arroz e o feijão são considerados a base da nutrição pelos brasileiros , e o deleite de comer fica mais por conta da “mistura” ou dos temperos e acréscimos ao feijão. A mistura sempre refletiu a disponibilidade de bens em dado local, podendo incluir carnes de caça, carnes-secas , de porco, boi, galinha, peixe, ou ainda ovos , legumes e verduras cozidas.” Formação da culinária brasileira – escritos sobre a cozinha inzoneira. Carlos Alberto Dória, p.178.

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Baião de Dois Cearense Ingredientes: - Feijão verde cozido. - Arroz vermelho cozido. - Carne seca dessalgada, cozida e desfiada. - Linguiça calabresa defumada em cubos. - Bacon defumado em cubos. - Alho picado. - Pimentão verde em cubos. - Pimenta dedo-de-moça picada e sem sementes. - Cebola roxa em cubos. - Coentro picado. - Queijo coalho em cubos. - Manteiga de garrafa. - Sal e pimenta do reino a gosto. Modo de Preparo: - Aquecer a manteiga de garrafa (ou Ghee). Fritar o queijo nessa manteiga até que ele fique dourado e crocante. Deixar escorrendo, reservado. - Nessa mesma frigideira, dourar o bacon e a linguiça. - Adicionar a cebola, o alho e, em seguida, a carne seca até dourar. - Acrescentar o pimentão e misturar bem. - Juntar o feijão, o arroz e as pimentas. Misturar bem até tudo ficar aquecido e “homogêneo”. - Desligar o fogo, adicionar o coentro e, se quiser, regar com um fio de azeite antes de misturar tudo novamente. - Servir com os cubinhos de queijo por cima ou misturado.

* PARA O COZIMENTO DO FEIJÃO: Em uma panela, colocar o feijão, cobrir com água e juntar folhas de louro e um pouco de sal. Deixe cozinhar até que fique al dente. Retirar do fogo e escorrer imediatamente, pois a água quente continua o cozimento, fazendo que o feijão passe do ponto, ficando mole, o que não é ideal para o baião. Reserve os grãos separados do caldo. *PARA O COZIMENTO DO ARROZ: Refogar a cebola e o alho em um fio de azeite. Assim que a cebola ficar transparente, acrescentar o arroz cru e refogar por aproximadamente 2 minutos. Cozinhar no caldo de feijão reservado, se necessário, acrescentar água para atingir a quantidade suficiente de líquido para a quantidade de arroz cru utilizado. Tampar a panela e deixar cozinhar até que apareçam “furinhos” na superfície. Por ser um arroz de grão mais duro, é necessário utilizar 3 xícaras de água ou caldo para cada 1 xícara de arroz. É importante também deixar o arroz al dente.


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Seminário Futura Trends 2018

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o dia 10 de agosto de 2018, no Teatro Riomar Fortaleza, aconteceu o Futura Trends 2018, tendo como tema central “A Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0.” O evento, realizado pelo Grupo O Povo de Comunicação, teve como um dos apoiadores o Centro Universitário Christus. Durante a programação, o professor do Curso de Administração,

Christian Avesque, participou de um painel de discussão sobre as tendências globais e os impactos tecnológicos no futuro dos negócios. Foram abordados também temas, como inteligência artificial, robótica, internet das coisas, veículos autônomos, nanotecnologia, biotecnologia e computação quântica. Entre os convidados, estavam os professores Subi Rangan

(economista indiano de Harvard e INSEAD), Paulo Vicente Santos (Fundação Dom Cabral), Regiane Relva Romano (Doutora em Administração com ênfase em TI) e Miguel Fonseca (vice-presidente executivo da Toyota no Brasil). Colaboração: Profa. Ma. Nicole de Albuquerque (Docente do Curso de Administração) Eneas Mamede (Comunicação e Marketing)


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Aula Magna no Curso de Direito: o abandono afetivo dos filhos pode gerar o dever de indenização?

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civilista Rolf Madaleno proferiu a Aula Magna do Curso de Direito, trazendo à tona a polêmica discussão acerca da responsabilidade afetiva dos pais em relação aos filhos, ventilando até a possibilidade do abandono afetivo cometido por filhos que abandonam seus pais idosos, apesar de não ter sido esse o foco da exposição do professor convidado, essa temática apresentou bastante relevância para a fundamentação das discussões. Hoje, uma parte da doutrina a compreende como um dever de ambos os genitores, mas nem sempre foi assim. O palestrante seguiu explicando que, antes do Código Civil de 2002, tínhamos a figura do “pátrio poder”, que colocava o pai na posição de chefe da família, de comandante e de provedor de alimentos dos filhos, mas não o obrigava a ter com a sua prole uma responsabilidade afetiva, pois o Código Civil de 1916 fazia referência apenas à situação genérica de “deixar em abandono” (artigo 395, inciso II). Com o advento do Código de 2002, a antiga expressão foi substituída pelo termo “poder familiar”, estendendo igualmente à genitora os mesmos poderes antes detidos apenas pelo “pater”, garantindo, entre outras inovações, que ambos os

genitores tivessem os mesmos poderes diante dos filhos, bem como os mesmos deveres, além de trazer, em seu bojo, os reflexos da Carta Magna de 1988, criando um âmbito de proteção mais extensivo, embora o texto da lei não tenha mudado (artigo 1628, inciso II), e prosseguindo com a mesma hipótese de perda do poder de família para o caso de “deixar o filho em abandono”. Em ambos os códigos, a punição com a perda do “pátrio poder” antes, agora do “poder familiar”, não se mostrou eficiente para estimular os genitores a não abandonarem seus filhos, e antes até a sanção se mostrou um “alívio” nas palavras do palestrante. A Constituição estabelece, em seu art. 229, que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, ou seja, o “cuidar” é um dever, já o amor deve ser espontâneo, não podendo ser imposto por meio de coação. Posto isso, há correntes que entendem que as relações familiares não podem ser monetarizadas, o que inviabilizaria um pedido de indenização por abandono afetivo. Além disso, há as correntes que defendem o dever de indenizar, com as quais o professor Rolf Madaleno se alinha, pois estas afirmam que a criança tem o direito de conviver

Colaboração: Flávia Oliveira Justino (Aluna do 2º semestre de Direito - noite) Profa. Me. Carla So¿a Pereira (Docente do Curso de Direito Civil da Unichristus e Advogada de Direito de Família)

com os seus genitores, o que não pode ser ignorado quando ocorrerem os casos de separação dos pais. Em um passado recente, até a década de 1980, era muito mais comum os pais abandonarem seus filhos após o término da relação conjugal, restando apenas à mãe o dever afetivo de criá-los, mentalidade que tem evoluído, ao longo das últimas décadas, inclusive em virtude da atuação dos Tribunais Superiores, pautada por novos entendimentos.


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ŹProf. Rolf Madaleno (Palestrante)

Ao longo de seu discurso, o palestrante destacou que os ressentimentos entre os pais é a principal causa do abandono, uma vez que os genitores não se mostram capazes de separar a relação entre cônjuges e companheiros do vínculo entre ascendentes de descendentes, alertando que, não muito raro, um dos pais impede a convivência dos filhos com o outro, constatação que deu origem à lei a qual prevê penas para aquele que pratica alienação parental. O destaque dado pelo Professor nesse ponto da Aula Magna foi para a utilização da pessoa dos filhos por um dos pais como uma forma de causar dor ao outro. Seria uma espécie de punição que se im-

pinge ao outro cônjuge/companheiro que reformulou sua vida, dessa vez, sem incluir o seu ex-companheiro, ou seja, aquele que fosse expulso da vida do outro passaria a experimentar a alienação parental nas suas mais variadas faces. O jurista invoca o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana para justificar seu posicionamento, ou seja, o de que os pais têm o dever de prestação afetiva, a fim de que os filhos possam se desenvolver de maneira digna e saudável, sem que sofram os danos de uma relação conflituosa entre seus genitores, ou, do contrário, caberia o dever de indenização pelo dano causado, em sua opinião. A esse respeito, Madaleno afirma que é inegável o fato de que os filhos dependem afetivamente dos pais, pois “[...] são vulneráveis às instabilidades afetivas e emocionais ocorridas entre seus genitores, podendo sofrer abalos psíquicos irreparáveis em seu desenvolvimento”, cabendo, por tal razão, o dever de indenizar. Segundo o palestrante, os juízes de instâncias de base têm dado provimento aos pedidos de indenização, per-

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mitindo o ressarcimento civil por abandono afetivo, e, no entendimento do autor, condenações dessa natureza podem, inclusive, contribuir para a falta de estímulo ao que ele considera como uso abusivo do direito ao poder familiar. Ele relatou, porém, que os Tribunais têm reformado as primeiras decisões favoráveis, o que é uma lástima dado o fato de que tais reformas das sentenças condenatórias passariam para a sociedade a impressão de que não há punição para o abandono perpetrado. Por fim, o conferencista assevera, ainda, que o Direito de Família deve ser interpretado com bom-senso e não apenas como uma letra fria, pois, segundo o autor, “o Direito, na verdade, é muito mais o uso do bom-senso do que o regramento”. O evento foi encerrado com o destaque do trecho “talvez o amor possa sim ser monetarizado”, a fim de coibir os graves prejuízos da prole, oriundos do abandono voluntário do pai, e com a mensagem de persistência na busca de mudanças, pois, somente assim, são estabelecidos avanços no Direito de Família, tão resistente às interferências nas relações de parentesco.


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O Curso de Administração da Unichristus brilha mais uma vez nos congressos científicos: professora, egressa e graduandos são duplamente agraciados pelo SBPC de 2018

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este ano de 2018, o congresso da SBPC foi realizado na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió-AL, no período de 22 a 28 de julho de 2018, sob o tema “Ciência, Responsabilidade Social e Soberania”. A 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) premiou os melhores trabalhos submetidos à avaliação do evento. A seleção foi composta de quatro fases: inicialmente, cada trabalho foi avaliado por dois assessores ad hoc; após, os trabalhos considerados candidatos à premiação foram submetidos ao crivo de um terceiro assessor; em seguida, deu-se a avaliação dos pôsteres, culminando com a seleção final pela SBPC. Laodicéia Weersma, professora do Curso de Administração, Kattiana Gomes, administradora formada pela Unichristus, juntamente com os alunos-pesquisadores do Curso de Administração da Unichristus – entre eles, Romualdo Ribeiro Neto – foram agraciados na premiação. Na categoria de “Trabalho Premiado”, tiveram seu trabalho selecionado como o Melhor Trabalho na Área do

Conhecimento de Administração, assim como na categoria de “Trabalho com Menção Honrosa”, obtiveram o reconhecimento ao mérito do estudo e ao conjunto de dados apresentados na área de Ciências Sociais.

representa o palco de grandes conferências e debates, com a presença de cientistas renomados, que apresentam temas das mais diversas áreas do conhecimento, ficamos muito felizes por mais essa importante conquista da Professora Laodicéia Weersma, Editora-Che-

Prêmio de Melhor Trabalho na Área de Administração: (Unichristus) - CONTRIBUIÇÃO DA GESTÃO ESTRATÉGICA ORIENTADA PARA INOVAÇÃO: OUTPUTS DAS FERRAMENTAS GERENCIAIS IMPLEMENTADAS NA ASSOCIAÇÃO DOS JOVENS EMPRESÁRIOS DE FORTALEZA - Gomes, F. K. C.; Oliveira Neto, R. R. de; Alencar, T. B.; Weersma, L. A. Prêmio de Menção Honrosa na área de Serviço Social: (Unichristus) - A INFLUÊNCIA DO USO ABUSIVO DE DROGAS E O COMETIMENTO DE ATOS INFRACIONAIS POR ADOLESCENTES DE UMA COMUNIDADE - Silva, Z. S.; Gomes, F. K. C.; Weersma, L. A

O evento contou com a participação aproximada de 15 mil pessoas, em 250 atividades constantes da programação científica da SBPC Inovação, SBPC Afro e Indígena e SBPC Cultural, distribuídas entre 85 conferências, 72 mesas-redondas, 41 minicursos, 21 oficinas, 18 sessões especiais, 5 assembleias e 10 encontros. Considerando que a SBPC

fe da Revista Gestão em Análise (ReGea), bem como de Kattiana Gomes, Assistente-Editorial da ReGea, e dos talentosos alunos pesquisadores, cuja estrada luminosa homenageia a reconhecida qualidade do Curso de Administração da Unichristus. Colaboração: Profa. Dra. Fayga Bedê


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artigos

Ferrobactérias e sua relação com a engenharia geotécnica

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errobactérias são um grupo de bactérias aeróbicas e

autótrofas que realizam um processo de quimiossíntese por meio da oxidação de íons de manganês, alumínio e principalmente de ferro, dissolvidos em água, sendo esses componentes indispensáveis para as suas atividades metabólicas. Como resultado dessa reação química, depósitos de uma espécie de material ferroso gelatinoso são formados por esses microrganismos, o ocre (CULLIMORE, 1978).

Dentre essas bactérias, em condições naturais, as dos gêneros Sphaerotilus, Gallionella e Leptothrix são as mais ativas em relação à oxidação de ferro, sendo assim as mais encontradas nos ocres com altos teores de compostos férricos (MENDONÇA, 2000). Esses microrganismos se desenvolvem melhor entre lugares aerados e não aerados, nos quais solos arenosos e lateríticos vêm se demonstrando mais propícios a uma maior proliferação dos mesmos, bem como águas subterrâneas, por possuírem, geralmente, uma maior concentração de ferro dissolvido. Com isso, algumas estruturas e sistemas da engenharia, com ênfase nos hidráulicos e geo-

técnicos, estão mais suscetíveis ao aparecimento desses seres vivos, como dutos de drenagem, filtros sintéticos e geotêxteis, elementos esses presentes principalmente em reservatórios.

Ciclo de vida das ferrobactérias Existem estudos em desenvolvimento com a finalidade de esclarecer como as ferrobactérias surgem, precisamente. Elas, assim como as bactérias em geral, se reproduzem por bipartição, ou seja, por meio da divisão e duplicação de seu material genético, de forma relativamente rápida e eficiente (AMABIS, 2004). Um dos diferenciais das ferrobactérias em relação às demais, além do seu período de incubação de 15 dias (para formação de colônias), está nas condições peculiares e adequadas para haver uma proliferação eficaz, como explica Menezes (1992), em que períodos chuvosos contribuem positivamente para a vida dessas bactérias, bem como a presença significativa de ferro no solo e/ou dissolvido na água. Com esses aspectos assegurados, as ferrobactérias quimiossintetizam o ferro presente no ambiente, ocorrendo a deposição e a formação do ocre.

Johnny Wendell Pontes do Nascimento e Amanda Soares da Silva (Alunos do 10º semestre do Curso de Engenharia Civil) Profa. Ivelise Strozberg (Engenheira Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – ênfase em geotecnia – e docente da Unichristus)

O ocre nos sistemas geotécnicos e hidráulicos O ocre é um material gelatinoso, rico em ferro e de cores que variam do avermelhado ao marrom. Mendonça (2000) expõe que essa massa biopolimérica tem um grande caráter viscoso e adesivo. Esse composto, com o passar dos anos, passa por processos de envelhecimento e cristalização, prejudicando principalmente sistemas e estruturas hidráulicas e geotécnicas, pelo fato de estes oferecerem um ambiente propício ao seu aparecimento e metabolismo. Em dutos de drenagem, por exemplo, é evidente a água com coloração alaranjada e forte odor característico, devido à alta concentração de ferro. Em longos períodos de tempo, crostas de ocre aglutinadas ao diâmetro interno da canalização podem ser observadas, como exemplificado na Figura 01, tendo como consequência o mau funcionamento do sistema drenante, podendo haver o entupimento do equipamento ou a biocorrosão do mesmo, caso a superfície em contato com as bactérias seja metálica (MARANGONI, 2010).


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Figura 01: Biofilme de ferrobactérias em dreno.

Figuras 02 e 03: Barragem Jaburu I, no Ceará, com evidente presença de ferrobactérias. À direita, a água envolvida com o ocre em estado gelatinoso; já à esquerda, podemos ver o composto após avançado processo de envelhecimento e cristalização, encontrado na barragem.

Fonte: Gestão de edifícios de Québec.

Fonte: COGERH.

Nos filtros geotêxteis, comuns em barragens e outras estruturas, a situação não difere, já que uma das causas da colmatação, ou seja, a diminuição da área transversal dos espaços vazios do filtro, como explica Mendonça (2000), também poderia ser devido ao ocre, tendo como consequência a queda da capacidade filtrante e do poder de retenção e vida de serviço. Nas figuras 02 e 03, podem-se observar outras maneiras de manifestação das ferrobactérias em barragens. Algumas proposições técnicas existem com a finalidade de tentar mitigar os problemas causados pelo ocre, como o envelopamento de materiais orgânicos em tomadas d’água, emprego de maiores diâmetros em drenos, bem como a remoção do composto da tubulação. Porém, não se tem, até o momento, uma medida que seja realmente eficaz, já que as ações anteriormente citadas acabam por não serem economicamente viáveis, quando vistas a longo prazo e em casos de grande potencial (FORD, 1982).

A relação ferrobactérias – solos, no Ceará Vários solos são afetados por problemas com as fer robactérias, pelo fato do fer ro ser um miner al muito abr angente na crosta ter restre. Entretanto, alguns tipos se destacam por apresentarem melhores condições par a a vida e re produção desses microrganismos, como solos arenosos-siltosos (GAMEDA, 1983), saprolíticos e lateríticos, ou seja, solos tropicais, abundantes no estado do Ceará. O território do Estado cearense é for mado, em sua maioria, por rochas cristalinas recobertas por camadas pouco espessas de solo residual. De acordo com Gomes

(1998), esse manto residual se divide em duas subcamadas: a camada superficial, caracterizada por ser arenosa ou laterítica e a camada mais profunda, geralmente designada saprolítica. Dia n te dis s o, solos a r e n o s o s, p o r s u a s c a r a c t e rísticas g ranulométricas e po r o s ida de, pr o piciam um a m bien te f avo r á vel par a e s-


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s a s b a c t é r i a s, j á q u e o s va zios e xi ste n te s nes s e t ip o de sol o f aci l m e n t e s ã o p r eenchidos de oxigênio, sendo esse e sse n ci al p a r a s eus m etabo l i sm os, p os s ib ilit a ndo assim que elas ga stem m en os e n e rgi a (N EVES , 2015), além de per mitir uma maior circulação de água. Po r s u a ve z , s o l o s l a teríticos e sap r o lít ic o s, que são fo r mad os p o r meio do in t e m p e ri sm o da r o c h a m ã e, p o s s u e m u m a a l t a c o n centração de óxido férrico em sua composição – o que l h e s ga r a n t e u m a c o l o r a ç ã o aver mel had a – e fo r nec em a quanti d ad e n e ces s á r ia de ferro para as ferrobactérias se dese nvol vere m, o c o r r endo assim quimiossíntese do m esm o e, p oste ri o r mente, a produção do ocre.

Porém, confor me abordado, essas bactérias e, principalmente, o produto de suas atividades metabólicas, o ocre, têm se mostrado um problema recorrente dentro da engenharia, ocorrendo com maior frequência em obras geotécnicas. Conclui-se que o tema em questão carece de uma atenção maior por parte dos engenheiros, bem como ampliação de estudos e pesquisas relativos ao tema, envolvendo melhor a engenharia geotécnica, e desta for ma viabilizando medidas economicamente mais efetivas e definitivas em relação às ferrobactérias.

Conclusão

ANDREWS, S. Chapter 7, Control of Iron Metabolism in Bacteria. In Metallomics and the Cell. Editor Lucia Banci, 2013.

As ferrobactérias e suas atividades microbianas podem, em um primeiro momento, passar despercebidas, por se tratarem de microrganismos e estarem inseridas em áreas químicas e biológicas pouco convidativas para a maioria dos engenheiros.

Referências Bibliográficas

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AVC, doença de idosos? A incidência do acidente vascular cerebral em adultos jovens

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onforme a Organização Mundial da Saúde (OMS),

o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser caracterizado com sintomas de origem vascular de durabilidade mínima de 24 horas, além de alterações tanto nos planos cognitivos quanto no sensóriomotor, de acordo com a área, a extensão da lesão e com a velocidade que os sinais clínicos derivados dos distúrbios focais e/ou globais da função cerebral progridem (BRASIL, 2013). No geral, as for mas d e AVC d e r i v a m d a s c a u s a s, s e n d o e l a s : a s a n ó x i c o - i s q u ê m i c a s, como consequência da falência vasogênica que possui fin a l i d a d e d e f o r n e c e r ox i g ê n i o e s u b s t r at o d e f o r m a apropriada ao tecido cer e b r a l , e a s h e m o r r á g i c a s, que são decorrentes do e xtr avasamento de sangue para o interior ou para os arredores das estruturas d o s i s t e m a n e r vo s o c e n t r a l ( C H AV E S , 2 0 0 0 ) . O hemorrágico é considerado o tipo que tem mais probabilidade de óbito do vitimado em virtude do e xtr avazamento sang u í n e o q u e p o d e at i n g i r uma grande área do cére-

bro; já o isquêmico é decorrente de for mação de trombos que impedem o f l u xo d e s a n g u e e m u m l o cal específico do cérebro e apresenta redução no tamanho da sequela. A s a l t e r a ç õ e s p r ove n i e n t e s d o AVC va r i a m d e acordo com a localização d a l e s ã o, s e n d o a s p r i n c i pais o comprometimento s e n s o r i a l e m o t o r u n i l at e r a l o u b i l at e r a l , d i s t ú r b i o d a l i n g u ag e m q u e i m p e de a capacidade de comun i c a ç ã o, p e r d a p a r c i a l o u c o m p l e t a d a v i s ã o, a l é m d o d e s v i o c o n j u ga d o d o o l h a r, d é f i c i t d e p e r c e p ç ã o, a at a xia e a apraxia, todos de i n í c i o ag u d o ( O N U, 2 0 0 9 ) . Pressupõe-se que 17 m i l h õ e s d e p e s s o a s, e m vo l t a d o g l o b o, s ã o a f e t a das com essa moléstia a c a d a a n o ; d e s s a s, 6 , 5 m i l h õ e s evo l u e m p a r a o ó b i t o. M u n d i a l m e n t e, c e r c a d e 26 milhões de pessoas vive m c o m l i m i t a ç õ e s d e f i n i t i va s c o n s e q u e n t e s d e AVC , f at o q u e l evo u o AVC a u m a condição de alerta para a s a ú d e p ú bl i c a ( R E D E B R A S I L AVC , 2 0 1 6 ) . E m n o s s o p a í s, c e r c a d e 1 0 % d o s ó b i t o s e d i ag nóstico de inter nação hosp i t a l a r d a r e d e p ú bl i c a d e

Francisca Nayara Queiros Farias (10° semestre) Karla Evangelina Fonseca Barreira (5° semestre) Rebeca da Rocha Félix (4° semestre) (Alunas do Curso de Fisioterapia) Orientadora: Professora Dra. Mirizana Alves de Almeida

saúde são relacionados ao AVC. A l é m d i s s o, a e n f e r midade é seriamente incapacitante para os afetados (BRASIL, 2017). A prática de maus háb i t o s, c o n s e q u e n t e m e n t e, um estilo de vida ruim adotado pelas pessoas nas últim a s d é c a d a s, e s t á e l e va n d o c a d a ve z m a i s a s c h a n c e s d o aparecimento precoce do AVC n a p o p u l a ç ã o j ove m . A l é m d i s s o, o u t r o s f at o r e s como alimentação rica em g o r d u r a , t ab ag i s m o, a l c o o l i s m o, s e d e n t a r i s m o, u s o de anticoncepcionais orais também predispõem ao aparecimento precoce do AVC e m j ove n s. O AVC t e m s i d o c o n siderado uma das maiores causas de morte no mund o, s o b r e t u d o n a p o p u l a ç ã o i d o s a . C o n t u d o, n ã o somente os idosos têm s i d o a c o m e t i d o s p e l o AVC . E s t e t r a b a l h o, e n t ã o, t e m c o m o o b j e t i vo e v i d e n c i a r q u e o AVC n ã o p o d e s e r considerado apenas uma


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doença da população idosa, pois estudos demonstram o acometimento cada ve z mais precoce em adultos-jovens com idade infer i o r a 4 9 a n o s.

Desenvolvimento A mudança no estilo d e v i d a d o s j ove n s i n fl u e n ciou o aumento dos númer o s d e c a s o s d e AVC n e s s a p o p u l a ç ã o ; d ev i d o a i s s o, eles passaram a se encaix a r c a d a ve z m a i s c e d o a o s g r u p o s d e r i s c o, c o m o, p o r e xe m p l o, o a p a r e c i m e n t o precoce de hipertensão art e r i a l e d i ab e t e s m e l l i t u s que estão diretamente liga d o s a o s e d e n t a r i s m o e a o s o b r e p e s o e q u e s ã o f at o r e s d e r i s c o p a r a o AVC ( TA VA R E S , 2 0 1 1 ) . É importante citar o estresse que a população j ove m v i ve n c i a t o r n a n d o - o s, a s s i m , c a d a ve z m a i s p r o p e n s o s a o d e s e nvo l v i m e n t o d e c a r d i o p at i a s q u e p o d e r ã o l eva r a o AVC. S u a r o t i n a c o r r i d a l eva à m á alimentação e ao sedentar i s m o e, c o n s e q u e n t e m e n t e, a u m a u m e n t o d o n ú m e r o d e j ove n s c o m s o b r e p e s o e dislipidemia (GOMES et al., 2008). Em decorrência do s o b r e p e s o, é c a d a v e z m a i s comum encontrar pessoas jovens com hiper tensão e diabetes mellitus. Estudos apontam que a hipertensão é a principal causa p a r a AVC , i n f l u e n c i a n d o assim mudança signifi-

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cativa no fator de risco a idade (GOMES et al., 2008; OMS 2009). Associado ao estresse sofrido no dia a dia, o etilismo tem-se tor nado c a d a ve z m a i s c o m u m n a s o c i e d a d e, c o m e ç a n d o e s s e h á b i t o c a d a ve z m a i s c e d o. Outro vício comum entre p a c i e n t e s q u e s o f r e m AVC é o t ab ag i s m o. E , a l é m d i s s o, t a m b é m é c o m u m o u s o d e d r oga s i l í c i t a s n a p o p u l a ç ã o j ove m ( TAVA R E S , 2011; OMS, 2009). Outra modificação da p o p u l a ç ã o j o ve m f e m i n i n a é o uso precoce de anticonc e p c i o n a i s o r a i s, q u e f a zem que elas tenham maior predisposição a tromboses ve n o s a s e , c o n s e q u e n t e m e n t e , a u m AVC ( TAVA RES, 2011). Esse conjunto de hábitos da rotina da população j ove m r e ve l a o s p r i n c i p a i s f at o r e s d e r i s c o m o d i f i c á ve i s p a r a o AVC n a p o p u l a ç ã o e m g e r a l . E n t r e t a n t o, c o m o e s s a p o p u l a ç ã o j ove m está se colocando dentro d o s g r u p o s d e r i s c o, t a i s hábitos têm se constituído em consequência direta no aumento da incidência dessa doença nessa população j u ve n i l ( TAVA R E S , 2 0 1 1 ) . U m i m p o r t a n t e f at o r d e r i s c o n ã o m o d i f i c á ve l é o h i s t ó r i c o - f a m i l i a r, a g e nética, pois como existe um aumento no número de c a s o s d e AVC , c o n s e q u e n t e m e n t e, t o r n o u - s e m a i s comum ter parentes pró-

ximos que já tenham sido acometidos por esta doença (OMS, 2009). C o n t u d o, vo l t a m o s à p e r g u n t a : “AVC , d o e n ç a d e idoso?” Com base no exp o s t o, p o d e m o s a f i r m a r q u e n ã o. O AVC n ã o é a p e n a s u m a d o e n ç a e xc l u s i va d e i d o s o s, d ev i d o a o f at o d e n o s s o s j ove n s t e r e m m a u s hábitos de vida e doenças q u e, a n t i ga m e n t e, e r a m c o m u n s e m i d o s o s. A p o pulação de risco para essa doença tem-se modificado; p o r e s s e m o t i vo o n ú m e r o de casos aumentou com o passar dos anos (GOMES et al., 2008; OMS, 2009; TAVA R E S , 2 0 1 1 ) . Segundo o Sistema d e I n fo r m a ç õ e s H o s p i t a lares do SUS (SIH/SUS), no período entre janeiro e d e z e m b r o d e 2 0 1 6 , fo r a m r e g i s t r a d a s, n o B r a s i l , 17.972 inter nações hospitalares de indivíduos de a m b o s o s g ê n e r o s, e n t r e 1 5 e 4 9 a n o s, a c o m e t i d o s p o r a c i d e n t e va s c u l a r c e r e b r a l , não especificado hemorrág i c o o u i s q u ê m i c o, c o n fo r me o capitulo IX da Classificação Inter nacional de Doenças (CID10). Os dados coletados do p a r á g r a fo a n t e r i o r fo r a m o r ga n i z a d o s e t abu l a d o s, d e s c r eve n d o a s s e g u i n t e s va r i á ve i s r e l a c i o n a d a s à m o r b i m o r t a l i d a d e d o AVC no Brasil no ano de 2016: m o r b i d a d e h o s p i t a l a r, f a i xa etária, óbitos e taxa de m o r t a l i d a d e.


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De acordo com os dados apresentados na tabela abaixo, foi possível observar que o número de internações foi maior no gênero feminino, porém o gênero masculino obteve um maior número de óbitos. Tabela 1. Morbimortalidade hospitalar devido ao AVC na faixa etária entre 15 e 49 anos de idade no ano de 2016. Gênero Masculino Feminino Total

Internações 8442 9530 17972

Obidos 1.073 1.018 2.091

Taxa de Mortalidade 12,71 10,68 11,63

vez mais presente entre os adultos-jovens, tendo elevados índices de mortalidade em indivíduos do sexo masculino entre 15 e 49 anos. Quanto às inter nações, ficou claro que as mulheres da mesma faixa etária estão em maior número do que os homens. Os dados relacionados à população de adultos-jovens servem como um alerta para a saúde pública, principalmente por ser durante uma fase de maior desempenho da vida e por ser uma doença bastante extenuante.

FALCÃO, Ilka Veras et al. Acidente vascular cerebral precoce: implicações para adultos em idade produtiva atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 1, n. 4, p.95-102, mar. 2

Fonte: Ministério da Saúde – DataSus (SIH/SUS) 2016.

Na capital Cearense, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, por meio de dados informados pela Célula de Sistemas de Informação e Analise em Saúde – CEINFA, pela ferramenta TABNET WIN32 2.7, o total de declarações de óbitos emitidos em Fortaleza nos anos de 2016 e 2017 por doenças cerebrovasculares foi de 138 pessoas na faixa etária entre 15 e 39 anos; desses óbitos, 72 eram do gênero masculino e 66 eram do gênero feminino. Essas informações incluem óbitos ocorridos em Fortaleza atestados pelo Instituto Medico Legal (IML) ou Sistema de Verificação de Óbitos (SVO).

Considerações finais O Acidente Vascular Cerebral é uma doença preocupante para todas as pessoas, pois é notável o elevado número de casos ao redor do mundo, e as estimativas retratam um aumento significativo a cada ano. Ficou claro que a doença não é exclusiva da população idosa, porém estudos apontam que os idosos ainda são os mais afetados. Contudo, foi possível observar que essa enfermidade está cada

GOMES, Ana et al. Acidente Vascular Cerebral no adulto jovem: Estudo prospectivo de 58 doentes. Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, V i s e u , v. 1 5 , n . 3 , p. 1 6 1 - 1 6 8 , set. 2008.

MINISTÉRIO DA SAÚDE / DATA S U S DEPA RTA M E N T O DE I N F O R M Á T I C A D O S US. Informações de saúde (tabnet). Disponível em: < http://www2. d a t a s u s. g o v. b r / d a t a s u s / i n d e x . Referências hp?area=0203&id=6926 >. AcesCARDOSO, Teresa; FONSE- so em: 17 jan. 2018 CA, Teresa; COSTA, ManueMINISTERIO DA SAUDE. Dila. Acidente Vascular Cerebral retrizes de Atenção à ReabiliNo Jovem Adulto. Acta Médica tação da Pessoa com AcidenPortuguesa, Matosinhos, n. 16, te Vascular Cerebral, Br asília, p.239-244, 2003. 2013. CÉLULA DE SISTEMAS DE INOrganização Mundial da Saúde. FORMAÇÃO E ANÁLISE EM Manual STEPS de Acidentes SAÚDE - CEINFA. Mortalidade Vascular Cerebrais da OMS: geral em Fortaleza - SIM - Forenfoque passo a passo para a taleza. Disponível em: < http:// vigilância de acidentes vascut ab n e t . s m s. fo r t a l e z a . c e. g ov. b r / lar cerebrais. Genebr a, 2006. scripts/deftohtm.e xe?obitoscid. TAVARES, T. Acidente Vascular def >. Acesso em: 25 jan. 2018 Encefálico em Adultos Jovens C H AV E S , M á r c i a L . F. A c i d e n t e – Revisão da Liter atur a. Por to va s c u l a r e n c e f á l i c o : c o n c e i t u Aleg re: Pontifícia Universidaa ç ã o e f at o r e s d e r i s c o. Revis de Católica de Goiás, 2011. ta Brasileira de Hipertensão, Po r t o A l e g r e, v. 7 , n . 4 , p. 3 7 2 382, de z. 2000.


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Riscos relativos ao trabalho com operação de caldeiras

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base da primeira Revolução Industrial

(1780 - 1830) foram as máquinas a vapor. Em 1835, já havia várias máquinas de tear movidas a vapor. Foi no começo do século XIX que o inglês Richard Trevithick desenvolveu as primeiras caldeiras, permitindo a operação de vapor a pressões bem maiores que a atmosférica. Após a primeira Guerra Mundial (1914 1918), as duas características básicas de qualquer caldeira, que são a capacidade de produção de vapor e sua pressão de operação, tiveram seus valores aumentados de maneira progressiva, até chegar aos números atuais, com capacidade de produção de três ou quatro mil toneladas de vapor por hora e pressões acima de 200 atmosferas. Percebe-se que, com a evolução da produção de vapor e das condições de operação das caldeiras, é necessária preocupação maior com as condições de trabalho das pessoas que fazem uso desse tipo de tecnologia. Caldeiras mais robustas implicam maior geração de trabalho, mas podem

trazer danos muito mais catastróficos se não forem operadas de maneira correta. O nível de pressão das caldeiras atuais pode provocar explosões com consequências físicas e materiais irreparáveis. Portanto, serão analisadas as principais causas de problemas relacionados ao uso das caldeiras e os procedimentos indicados para preveni-los. A inspeção e a manutenção são importantes para identificar e corrigir os problemas já existentes.

2. Diminuição da resistência como causa de explosões Uma das causas que pode gerar explosões, durante a operação de caldeiras, é a diminuição da resistência do material com que são construídas. Dentre os fatores que podem ocasionar essa redução, tem-se o superaquecimento, as alterações na estrutura metalúrgica, os choques térmicos e as falhas nas juntas soldadas.

2.1 Superaquecimento Quando o aço (material de construção da caldeira) é submetido a temperaturas maiores que a de projeto, ocorre a diminuição de resistência do material. A esse fenômeno dá-se o nome de superaque-

Prof. Me. Felipe Alves Albuquerque Araújo (Engenheiro Mecânico e Docente da Unichristus)

cimento, e seu aparecimento pode ser catastrófico, haja vista os riscos de explosão presentes. Além disso, o aumento de temperatura pode contribuir para a oxidação do aço, que é outro fator indesejável para o processo. O operador de caldeira deve ser bem treinado para perceber quando o superaquecimento está presente e atuar nas suas causas antes que ocorra a explosão. Antes de chegar a um estado crítico, a caldeira pode apresentar abaulamento, empenamento ou envergamento de tubos. Portanto, deve-se estar atento a qualquer mudança na estrutura dos equipamentos.

2.2 Alterações na Estrutura Metalúrgica Magrini (1991, p. 49) afirma que, nas caldeiras de altas pressões e capacidade de produção de vapor, as moléculas de água decompõem-se em hidrogênio e oxigênio. Assim, o hidrogênio liberado atua sobre a cementita (Fe3C) presente no aço, que se decompõe em ferrita e carbono. Como a cementita apresenta elevada dureza, sua quebra diminui a resistência do aço, aumentando o risco de explosão.


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Além do problema da diminuição da resistência do material da caldeira quando ocorre a decomposição da cementita, a reação entre o hidrogênio da água e o carbono do aço pode gerar outras consequências. Quando ela ocorre, forma-se o gás metano, que provoca o aparecimento de protuberâncias na superfície do aço.

2.3 Choques térmicos Outro fator que pode gerar riscos aos operadores é o choque térmico, que consiste em mudanças bruscas da temperatura do material da caldeira. Essa variação repentina diminui a resistência do aço, que passa a suportar cargas inferiores ao seu limite à tração. Quando se deseja alterar as condições de operação, fazendo com que seja for necida maior ou menor quantidade de calor, é necessário que haja um regulador de chama, para que a mudança de temperatura seja g radual. O procedimento de “liga-desliga” da chama é prejudicial e pode gerar choque térmico no aço. As incrustações são quebradiças, podendo desprender-se a qualquer momento. Quando isso ocorre, a água entra rapidamente em contato com o aço. A g rande diferença de temperatura inicial entre os dois pode ocasionar choque térmico, quando suas superfícies se encontram.

2.4 Falhas nas juntas soldadas Durante a operação de soldagem, diversos fatores podem causar o surgimento de falhas, tais como excesso de energia, seleção incorreta do tipo de junta, sequência incorreta de soldagem, negligência do soldador, excesso de velocidade ou comprimento do arco, corrente a um nível muito alto ou muito baixo, número de passes insuficiente, entre outros. Quando levamos em consideração a operação de caldeiras, as falhas que surgem na solda podem diminuir a resistência de algumas regiões do aço e atuar como fator crítico para a ocorrência de explosão. É necessário estar bastante atento a esse problema, pois, durante a fase de construção da caldeira, o processo de soldagem faz-se presente inúmeras vezes. De acordo com Modenesi, Marques e Bracarense (2005, p.100), “[...] será considerado como descontinuidade uma interrupção ou uma violação da estrutura típica ou esperada de uma junta soldada”. A fim de minimizar os defeitos que podem ocorrer durante a operação de soldagem, algumas medidas vêm sendo empregadas. Tratamentos térmicos costumam ser realizados para aliviar tensões presentes no material antes que as caldeiras sejam disponibilizadas para

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uso. Todo processo de soldagem deve ser baseado em normas específicas e realizado por profissionais qualificados. Além disso, a operação manual está cada vez mais perdendo espaço para os processos automáticos, o que reduz os problemas causados por negligência do soldador.

3 Tratamento de água A caldeira pode ser a mais moder na que existir no mercado, mas, mesmo assim, apresentará sérios problemas caso a qualidade da água de operação não seja levada em consideração. Dentre as várias impurezas que podem estar presentes na água, têm-se aquelas que se dissolvem (óxidos, gases, sais) e as insolúveis (óleo, material orgânico). Elas, além de causarem incrustações, também geram um problema bastante sério que é a redução da espessura do material da caldeira em função da corrosão. A água deve sofrer tratamento preliminar, ou seja, antes mesmo de alimentar a caldeira. Durante a operação, a qualidade do fluido vai se deteriorando, o que implica a necessidade de serem realizados tratamentos químicos posteriores para manter o processo dentro dos padrões. Trovati (2004, p. 20) cita as seguintes condições ideais para a água que circula nas caldeiras:


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• menor quantidade possível de sais e óxidos dissolvidos; • ausência de oxigênio e outros gases dissolvidos; • isenção de materiais orgânicos; • ausência de materiais orgânicos; • temperatura elevada; • Ph adequado (faixa alcalina). Segundo a NR 13, “A qualidade da água deverá ser controlada, e tratamentos ser implementados, quando necessário, para compatibilizar as propriedades físico-químicas com os parâmetros de operação da caldeira.”.

4. Evitando as indesejadas incrustações A melhor maneira de lidar com as incrustações não é priorizar os métodos para a sua remoção, e sim atentar-se mais aos tratamentos que previnem a sua formação, pois as impurezas, quando se juntam, formam camadas bastante duras sobre o aço, que são difíceis de serem removidas. Dependendo da composição da água, as incrustações podem ser de diferentes tipos, variando no peso e na coloração. Sílica, sais de cálcio e de magnésio, materiais orgânicos e óxidos de ferro são os principais causadores desse problema nas caldeiras. Pela coloração resultante e o peso da incrustação formada, podemos g rosseiramente estimar sua origem e

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composição química. Assim, compostos esbranquiçados / levemente acinzentados são normalmente formados por cálcio e magnésio (e seus respectivos ânions); incrustações esverdeadas ou cinzentas e pesadas indicam ocorrência de sílica; depósitos neg ros leves apontam a presença de material orgânico, enquanto que os pesados indicam a presença do produto de corrosão (ferro (Fe3O4), sendo possível sua detecção através de um ímã). Material de coloração marrom claro pode indicar argila e sólidos suspensos, ou também produtos de corrosão (Fe2O3). Depósitos de coloração verde ou azul intensa indicam presença de cobre (TROVATI, 2004, p. 34).

Quando a água de alimentação não é totalmente pura e ocorre a formação de incrustações, devem-se utilizar alguns métodos para removê-las, os quais podem ser químicos ou físicos. Hidrojateamento e martelamento são alguns exemplos de ações removedoras físicas, mas também há a possibilidade do uso de produtos químicos para agirem no aglomerado de constituintes da água para desprendê-lo do material da caldeira.

5. Conclusão Com base em todo o exposto, faz-se necessário, portanto, estar atento aos principais fatores que podem gerar acidentes durante a operação das caldeiras, tais como os ris-

cos identificáveis na fase de projeto, construção, operação, manutenção ou inspeção. É importante ressaltar que cada empresa trabalha em um determinado setor e as condições de operação de cada uma delas possuem características próprias. Logo, não é possível exaurir o tema em questão, de modo a se encontrar tudo a respeito de segurança, para qualquer ramo da indústria, em uma única literatura. Entretanto, a norma que deve orientar o presente estudo é a NR 13, sendo necessário, também, que cada empresa consulte o manual de suas caldeiras e as opere de acordo com suas condições de uso e finalidades específicas.

Referências BRASIL. Norma Regulamentadora N° 13: Caldeiras e Vasos de Pressão. Disponível em: < http://www.guiatrabalhista.com. br/legislacao/nr/nr13.htm>. MAGRINI, R.O. Riscos de Acidentes na Operação de Caldeiras. Ministério do Trabalho e Previdência Social. São Paulo. 1991. MODENESI, Paulo José; MARQUES, Paulo Villani; BRACARENSE, Alexandre Queiroz. Soldagem: Fundamentos e Tecnologia. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 362 p. TROVATI, Joubert. Tratamento de Água para Geração de Vapor: Caldeiras. (2004). Apostila. 80 p. Disponível em: http://www. tratamentodeagua.com.br. Acesso em: 02/01/2013.


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Mapas conceituais: estratégia para a aprendizagem significativa entre alunos de Biomedicina

O

desenho de currículo centrado no educando e a

adoção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem buscam desenvolver competências no estudante para o enfrentamento e resolução de problemas de saúde com base nos conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridas ao longo do curso¹. Assim, várias instituições de ensino adotam currículos inovadores em saúde, envolvendo diversas matrizes conceituais, a exemplo do Curso de Medicina da Unichristus em Fortaleza-Ceará. Considerando a importância de utilizar diferentes estratégias de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento de competências necessárias à futura atuação profissional do estudante, foi proposta pelos docentes a utilização de mapas conceituais aos alunos da disciplina de Hematologia do curso de Biomedicina. O Mapa Conceitual (MC) é uma fer r a menta que per mi te orga n i z a r o c o nh ec im e n to d e m aneir a p r á t ic a e, ao f i n al d e ss a o r ga niz a ç ão, te m -se u m ins t r umento qu e o al u n o p o de ut iliz a r par a si mesmo ou divulga r p a r a o u t r a s p e s s o a s 2. A s -

s im, o MC co n s is te em um diag r a m a que in dica a s r el a ç õ e s e n t r e c o n c e i t o s, o u ent r e pa l avr a s, de m o do a o r ga n i z a r e r e p r e s e n t a r c o n c e i t o s. S ã o d i ag r a m a s de s ig nif ica do s, de r el a çõ es s i g n i f i c at i va s ; n ã o bus c a m c l a s s i f i c a r c o n c e i t o s, m a s s im r e l a cio n á -l o s e h ier a r quiz á - lo s ² . D e s s a fo r ma , o s MC c o n duz em à a pr en diz a g em s ign if icat iva , co n s iderada como o processo pelo q u a l u m a n ova i n fo r ma ç ã o, um novo co n h ecim en to, s e r ela c io n a de m a n eir a n ã o arbitrária, mas substantiva , à e s t r u t u r a c og n i t i va do aprendiz. Consequent e m e n t e, t r a n s fo r m a - s e o a p r endiz a do s ign if icat ivo em a p ren diz a do cogn itivo e lógico do objeto da aprendizag em³. O o bj etivo des te a r tigo é apr es en ta r a e xper iência da construção e utilização do Mapa Conceitual p a r a s ubs idia r a dis cus s ã o acerca da Leucemia Mieló ide, s en do f un da m en ta da pela aprendizag em signific at i va , a p a r t i r d a v i v ê n c i a de a luno s do cur s o de B io medic in a da Un ich r is tus. O es tudo co n f igur a - s e c o m o Rel ato de E x per iênc ia a pa r t ir do es tím ul o

Lucas Silva de Holanda, Márcia Vanessa Sales Amaral, Hugo Jefferson Ferreira, Evandro Moreira de Almeida (Alunos do 7º semestre do Curso de Biomedicina) Orientadores: Profa. Dra. Larissa Deadame de Figueiredo Nicolete (Faculdade Pitágoras), Prof. Jannison Karly Cavalcante Ribeiro (Unichristus), Profa. Dra. Alice Maria Correia Pequeno (Unichristus).

de docentes da disciplina de Hem ato l ogia , co m vistas a o des envo l vim en to da auto n o m ia da a pr en d izag e m en tr e a l un o s, fo r t a le c e ndo assim a utilização g radual de m eto do l og ia s at ivas no C ur s o de B io m edicina. A apresentação da p r o p o s t a fo i r e c e b i d a c o m r es is tên cia pel o s alunos, um a ve z que es tes fo r a m fo r mados no ensino médio com base na educação trad i c i o n a l , p o r t a n t o, s e g u i n do um cur r ícul o fo c ado na a quis içã o e tr a n s m issão de c o n h e c i m e n t o s. D e s s a fo r m a , o pr im eir o m o m e nto fo i des a f ia do r pa r a o s doc e ntes, n o s en tido de não imp o r a e xp e r i m e n t a ç ã o a o s a l un o s, m a s deix á -l os livre s p a r a e xe r c e r s u a e s c o l a p e l a p a r t i c i p a ç ã o. A s s i m , o p t o u - s e p e l a p a r t i c i p a ç ã o vo l u n tária e constituição de um g rupo composto por 4 alunos que decidiu se envo lver co m a at ivida de, s en d o de fin ida , den tr o da tem átic a da Hem ato l ogia , a L euc e mia


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M iel óid e Crôn i ca (L MC ). Pa r a a c o n s t r u ç ã o d o M C fo i a p r e s e n t a d a a f e r r a m e n t a g r at u i t a C m a p To ols IHMC — Univer sity of West F lori d a 4 . O a s s u n t o fo i e s c o l h i d o p o r s e t r at a r d e u m tema que desperta curiosidade entre os estudantes da B i o m e d i c i n a e j á h av i a s i d o ab o r d a d o e m s a l a d e a u l a . A l é m d i s s o, o s p r o f e s s o r e s que auxiliaram na confecção do MC indicaram que a d o e n ç a p o s s u í a o n í ve l de complexidade adequado p a r a c r i a r u m fl u xo d e p e n s a m e n t o. A bus c a d e p u bli c a ç õ e s em base de dados científic as so b re M C e L euc emia M iel óid e C rôn i ca e a ab o r dagem feita em sala de aula f un dam e n tar am o p r imeir o desenho elabor a do individualmente pelos estudantes. Ob se r vou -se que o us o d e M C a i n d a é p o u c o e xp l o r a d o n a á r e a l ab o r at o r i a l e que a mai ori a d e l es é fo c a do par a estudantes de medicina, o que não condiz com a real idad e d o b i om édic o. E m u m se g undo mo m en to, f e z -se a j unç ã o do s m a p a s c o n c e i t u a i s, e s t ab e l e c e n d o o d i ag r a m a c o m a conexão dos assuntos estud a d o s. A e xp e ri ê n cia demo ns trou que o Mapa Conceitual pode se r u ti l i z ad o p a r a o r ga n ização d e i d e i a s, r es umo de assun tos re l eva nt es (va lores de referências, sint o m a s c l í n i c o s, a l t e r a ç õ e s

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lab o r at o ria is ), a l ém de a ux ilia r o s p ro ces s o s de a pr en dizag em dos estudantes de Biomedicina. Na visão dos p a r t i c i p a n t e s, a c o n s t r u ç ã o de um MC é válida par a o estudo de várias temáticas e p o t e n c i a l i z a a bus c a d e novo s c o n h ecim en to s, que s e r ã o s i s t e m at i z a d o s a p a r t ir do c o nh ecim en to pr évio que cada indivíduo detém. Ao final, com o MC fina liz a do e a pr es en ta do pelos estudantes, fo r a m feitas as adequações a partir do feedback do s do cen tes. A s is t emat i z a çã o da a pr en diz ag em o c o r r eu em um a r o da de discussão para compartilhamento acerca das impressões sobre a metodolog ia . De mo do un â n im e, o s estudantes referir am que o s m a p a s s ã o e xc e l e n t e s n a ordenação do conhecimento e a p o io p a r a es tudo s po s ter io r es ; co n tudo, l eva n to u-se que os MC seriam melh o r c o nstr uído s em g r upo s do que individualmente. Es t a idei a pa r t e do pr es suposto de que o entendiment o do a s s un to po de s er complementado quando trab a lh a do em g r upo. A po n tar a m dificuldades iniciais n a u t i l i z a ç ã o d o p r og r a ma C ma p To o l s, s uper a da s c o m o des envo l vim en to de habilidades no manuseio e c o nt r a r ian do a quel es que inic ia lmen te a cr editava m s er ma is a dequa da a util iz a ç ã o d e c a r t o l i n a s, p o r t e r u m a m e l h o r v i s u a l i z a ç ã o. A ut iliz a ç ã o do MC fo i co n s i-

der a da uma e xperiência enr iquecedo r a , s en do a prova da pelos participantes para im pl em en ta çã o n a s disc ipl in a s do cur s o. Ao analisar a construção do MC como ferramenta de aprendizag em na per s pectiva da a pr en diz ag e m s ign if icat iva , ver if icou-se o processo dinâmico e autônomo por meio da apree n s ã o d o s c o n c e i t o s - c h ave s e fo r t a l e c i m e n t o d a t e i a r e l a cio n a l en tr e el es, contribu i n d o p a r a a o r ga n i z a ç ã o e comunicação dos conhecim en to s de m o do co l eti vo e c o m p a r t i l h a d o, d e n o t a n d o um a n ova fo r ma de “a pre nder a a pr en der ” n a á r ea da B io m edicin a .

Referências

1. SANTOS, W. S. Organização Curricular Baseada em Competência na Educação Médica. Revista Brasileira de Educação Médica. 86 35 (1) : 86-92; 2011. 2. GOMES AP, Dias-Coelho UC, Cavalheiro, PO, Siqueira-Batista R. O papel dos mapas conceituais na educação médica. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 35, n. 2, p. 275-282, 2011. 3. CECCIM RB, Feuerwerker LCM. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1):4165, 2004. Disponível em: http:// w w w. s c i e l o . b r / p d f / p h y s i s / v14n1/v14n1a04.pdf. Acesso: 09 jul. 2017. 4. Cmap Tools IHMC — University of West Florida. Disponível em http://cmap.ihmc.us/. Acesso em 20 jun 2017.


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Viagem no Tempo: uma impossibilidade pura e simples

A

proveito a oportunidade da série “FLASH”, exibida atualmente

pela empresa de Internet Netflix®, para tecer alguns comentários sobre a viagem no tempo, fenômeno hipotético que é abordado na referida série. Inicialmente, tem-se que o evento de uma viagem no tempo geraria inexoravelmente tanto uma contradição insolúvel quanto uma violação de uma lei básica da Física. Se não, vejamos.

Por hipótese, imaginemos que, dentro de uma mesma linha temporal, um evento é originado não por uma ou mais causas anteriores a ele, mas por um evento futuro. Ou seja, alguém, vindo do futuro, alterou um ou mais fatos do passado de modo que esses fatos pudessem gerar, posteriormente, a vinda desse mesmo ente do futuro, o qual lhes deu origem e/ou organizou para que produzissem como efeito esse mesmo ente. Tem-se, portanto, um PARADOXO. Ou seja, algo como causa de si mesmo. Afinal, como algo no universo pode provocar a sua própria origem, gerando um ciclo eterno, sem começo nem fim? Todas as etapas e as relações entre elas foram geradas simultaneamente? Sabe-se que o universo e os seus ciclos, sejam eles

quais forem, tiveram um princípio. Ainda que uma fase de um processo cíclico implique em outra, que, por sua vez, implique em outra e assim sucessivamente até a volta à primeira etapa desse processo, ao mesmo ponto, houve um “start”, uma fase inicial, a origem do ciclo, o qual se estabilizou posteriormente, fechando-se. Logo, vê-se a IMPOSSIBILIDADE dessa teoria.

Tem-se ainda outro questionamento pertinente relativo à viagem no tempo, o qual deriva de uma situação abordada na série em questão: Como é que uma pessoa volta no tempo, altera toda uma sequência de eventos, da qual ela mesma faz parte, e continua se lembrando de tudo, de como as coisas eram? Estava, por acaso, fora do tempo? Acima das possibilidades do real, vendo-as todas? OUTRA: se a pessoa volta no tempo e se encontra consigo mesma, então ela deveria ter a lembrança de que, nesse mesmo tempo passado, ela mesma veio do futuro, pois se trata do mesmo “eu”, da mesma e ÚNICA consciência, só que deslocada no tempo. CONTUDO, isso seria um ciclo infinito no tempo. Paradoxo! MAIS UMA: se a pessoa vai para o futuro e também se encontra consigo mesma, tem-se

Prof. Dr. Danilo Nogueira de Souza (Docente dos Cursos deArquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Engenharia de Produção da Unichristus)

outro ciclo infinito e, portanto, outro paradoxo; pois o seu “eu” do futuro imediatamente lembraria que, partindo exatamente do mesmo tempo passado, avançou no tempo e se viu mais velha.

Além do paradoxo inerente à possibilidade mesma da viagem no tempo, ou seja, à criação de ciclos eternos, sem começo nem fim, há outra limitação INTRANSPONÍVEL no que concerne à regressão na linha do tempo: a violação da Segunda Lei da Termodinâmica, a qual trata justamente da questão da Entropia. Em outras palavras, do grau de desorganização de um sistema. Por essa lei, o grau de entropia de um sistema fechado NÃO poderia ser reduzido, mas apenas aumentado ou mantido constante. Considerando, então, o universo como um sistema fechado – abrangendo todo o mundo físico –, isso quer dizer que os fatos não podem retroceder, não é possível que aquilo que aconteceu, possa, de um jeito ou de outro, “desacontecer”. Portanto, vê-se que há coisas que só servem mesmo para alimentar a imaginação na elaboração de enredos de filmes e séries. Em outras palavras, há coisas que só servem para alimentar a ficção, pois são


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IMPOSSIBILIDADES pura e simplesmente. Talvez por isso mesmo façam tanto sucesso. Afinal, verdade ou ficção, do que as pessoas gostam mesmo é de uma boa história.

Resumidamente, tem-se que: viagem no Tempo = Paradoxo (ciclos eternos: sem começo nem fim, sem causa) + Violação da Segunda Lei da Termodinâmica (redução da Entropia em um sistema fechado, ou seja, no universo) = IMPOSSIBILIDADE pura e simples!!!! Talvez uma explicação para o interesse pela viagem no tempo seja o fato de o ser humano querer controlar tudo ao seu redor, incluindo aquilo que o transcende. Logo, por definição, vê-se que a viagem no tempo é algo que só existe na ficção.

Avançando ainda mais nessa questão, acrescento a seguinte reflexão: o simples fato de se falar em volta ao passado, e/ou em ida ao futuro, pressupõe NECESSARIAMENTE a premissa implícita de que, concomitantemente aos fatos presentes, tanto os fatos passados quanto os fatos futuros estão acontecendo. Ou seja, em relação a um determinado ponto no tempo, os eventos que tomaram lugar na realida-

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de, sendo frutos da convergência já concluída de diversas forçantes, e os eventos a se concretizarem na realidade, resultados de uma convergência ainda não concluída de distintos agentes, se encontram acessíveis. Ora, sendo assim, não faz sentido nenhum se falar em linha temporal, em sucessão de acontecimentos; uma vez que todos os fatos – presentes, passados e futuros – estariam se desenvolvendo simultaneamente. Portanto, ter-se-ia, na verdade, uma coleção de “retratos”, de “recortes” de um só e mesmo ciclo, no qual todas as várias condicionantes dos diversos eventos atuam constantemente, sejam quais forem as suas origens. Logo, a própria ideia de viagem no tempo parte do princípio de um Tempo Eterno.

Para concluir, há outras razões que também corroboram a interdição à viagem no tempo. Tais razões são apresentadas a seguir. “Concebamos o tempo como turnos que permitem consequências da causa primária ou do Logos inicial. Assim, teríamos turnos 01, 02, 03, 04... até o infinito. A matéria que está no turno 01 estará no turno 02, após sofrer alguma consequência, e assim por diante. Ocorre que, se a matéria no turno 02 for para o turno 01, haveria multiplicação da mesma matéria e sabemos que a matéria não se multiplica e que fisicamente não poderia ocupar lugar algum no espaço. (Quem duvidar, me responda onde

a matéria surgiria no espaço caso houvesse uma viagem para o passado, além de ocupar o mesmo espaço da anterior e ser a anterior). Ocorre que, os turnos 03 e 04 estão vazios de matéria, ou seja, não há nada lá que permita estar, ou seja, viajar para o futuro seria um salto no nada ou, ao contrário do que seria ir para o passado, haveria desintegração da matéria, o que não existe também. Do futuro, existem apenas especulações e uma consciência como a do Logos, que não se submete ao tempo e poderia saber, e sabe, todos os caminhos que a humanidade pode trilhar.” (Santos, 2017, adaptado). “A noção errada do tempo, onde existem saltos, é extremamente equivocada. O exemplo do relógio atômico que se atrasa quando exposto a alta velocidade não deixa, por exemplo, um rastro de matéria sua para trás. Quantos segundos de atraso seriam necessários para que houvesse dois relógios atômicos no mundo? Porque os números expostos no painel digital mostram um atraso, e na matéria do relógio não? A resposta é óbvia. Só existe um tempo e não existem saltos temporais. A verdade é que, se existissem saltos temporais, nossos corpos seriam como uma grande centopeia sem início e sem fim se multiplicando para esticar para o infinito. Pior é que alguns físicos concebem desta forma. Vamos deixando um rastro fixo para trás sem consciência, ou seja, se olhássemos para trás, nós perceberíamos nossa vida como um rastro, como uma série.” (Santos, 2017, adaptado). Fonte: SANTOS, Jonas. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=Xdy2GiV9_JE. Acesso em: 20 de março de 2018.


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VIRTÓPSIA: a Autopsia Digital e seus benefícios para a Medicina Legal

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medicina legal cada vez mais tem feito uso das técnicas

radiológicas, seja para desvendar crimes, seja durante a necropsia cadavérica. Desta forma, com o avanço tecnológico surgiu a virtópsia, um exame radiológico digital que trouxe benefícios para a investigação criminal na perícia forense. Alguns pesquisadores questionam se com essa modernidade seria o fim da autópsia convencional, já outros defendem que este exame é um método complementar e não definitivo (França, 2008). As primeiras autópsias, também chamadas de necropsias, tinham como objetivo estudar os órgãos internos dos animais. Atualmente, autópsia é um tipo de técnica utilizada na medicina legal para estudar e desvendar o post-mortem de algum caso investigativo, para auxiliar na solução de crimes e causas de mortes desconhecidas (Eça, 2003). Além do óbvio objetivo de deslindar a causa da morte, a autópsia permite também estudar processos patológicos, avaliar terapêuticas médicas e até diagnosticar doenças hereditárias até a data desconhecidas, podendo ter um papel preventivo e até terapêutico para os familiares do indivíduo falecido (Garcia, 2008). Como a necropsia tradicional se baseia em métodos de cortes,

considerada até mesmo de mutilação por alguns indivíduos, a dificuldade em realizá-lo vem se tornando maior. Em alguns países, ela só pode ser feita com autorização dos familiares (França, 2008). Assim, a virtópsia surge a partir da implantação da tomografia e ressonância na pericia forense, com o intuito de beneficiar e acelerar a conclusão da investigação criminal. A virtópsia, ou autópsia virtual, emerge num novo campo da medicina legal, a subespecialidade de imaginologia. A utilização desse método ainda é algo recente para a medicina forense, porém de muito beneficio por ser uma forma de preservação do cadáver, já que utiliza aparelhos de imagens como a Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada, que são exames de alta resolução de imagem (Flach et al, 2014). A virtópsia proporciona uma ferramenta conveniente e adicional para o exame cadavérico, fornecendo um ponto de vista eficaz e útil no caso analisado. Com esse novo método de radiodiagnóstico, é possível analisar internamente o corpo humano, preservando a estrutura corporal (Júnior et al, 2012). Utilizando a tomografia computadorizada pode-se ter uma visão mais detalhada através da reconstrução tridimensional do corpo. Além disso, ainda tem a habilidade restrita em distinguir a massa cinzenta e a massa branca (Junior e Yamashita, 2001). Já a ressonância magnética

Autor: Hindenburgo Adomiran Lopes Filho (Tecnólogo em Radiologia, especialista em Perícia Forense, mestrando em Ensino em Saúde na Unichristus e docente do CST em Radiolodia da Unichristus) Coautora: Rafaela Carneiro Cordeiro (Bióloga, mestre em Ciências Médicas, docente do curso de Enfermagem e Coordenadora Adjunta do CST em Radiologia da Unichristus)

produz imagens em múltiplos planos, permitindo detalhes sobre regiões e órgãos exclusivos, possuindo assim a capacidade de diferenciar estruturas como ossos, músculos, regiões morfofuncionais e fisiopatológicas (Ramires et al, 2013). Em relação a infecções no examinador causadas por sangue ou por outros fluidos, a virtópsia não apresenta nenhum tipo de perigo, podendo o cadáver ser examinado quantas vezes for preciso. Os dados colhidos ficarão armazenados virtualmente, podendo ser enviados e visualizados em qualquer parte do mundo pelos profissionais. Ressaltamos aqui os benefícios que a inovação tecnológica, com a utilização da virtópsia, trouxe para a medicina legal. Com equipamentos de alta qualidade é possível obter imagens detalhadas do interior cadavérico com preservação do corpo e assim esclarecer dúvidas criminais que seriam impossíveis de enxergar devido às dificuldades provenientes que a necropsia convencional pode resultar ao cadáver.


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Referências

EÇA, J. A. Roteiro de Psiquiatria Forense, editora Saraiva, 2003. FLACH, P.M., Gascho, D., Schweitzer, W., Ruder, T.D., Berger, N., Ross, S.G. et al., 2014. Imaging in forensic radiology: an illustrated guide for postmortem computed tomography technique and protocols. Forensic Science, Medicine, and Pathology, 10(4), pp.583–606. FRANÇA, G.V . Medicina legal . 8. ed.

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Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, p 362 – 363 , 2008.

dorizada e Ressonância magnética. Rev. Bras. Psiquiatr. v. 23 n. 1,

GARCÍA-Espinoza, B., 2008. Generalidades sobre las autopsias. Electronic Journal of Autopsy, 6(1), pp.4-18.

p. 2-3, 2001.

JUNIOR, R. et al. Virtual autopsy in forensic sciences and its applications in

não lesões, artefatos, lesões sem significado clínico e alterações post mortem

the forensic odontology. Rev. odonto ciênc. , v .27, n.1, p. 5-9, 2012.

encontrados na necropsia de suínos domésticos e s selvagens (Susscrofa). Pesq. Vet. Bras, v. 33 , n.10 , p. 12371255 , 2013.

JUNIOR, A.E e YAMASHITA, H. Aspectos Básicos de tomografia Computa-

RECH, R.R. et al . Nem tudo que parece ser, é lesão: aspectos anatômicos,


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Gestão de riscos em sistemas de abastecimento de água

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área relacionada ao abastecimento da água

para consumo humano tem incorporado recentemente conceitos e ferramentas já adotados há

algum tempo em outros setores produtivos como alternativa ou complementação da abordagem

centrada na avaliação do produto final, a partir do entendimento da utilização de ferramentas de

avaliação e gerenciamento de risco e sua aplicação de modo abrangente e integrado, desde a captação até o consumo, como garantia da segurança da qualidade da água (PÁDUA, 2009). Um serviço de prestação de abastecimento de água pode ser considerado de saúde pública, como organizações de serviços públicos, que realizam uma prestação de serviço com a finalidade de dar resposta a uma necessidade pública que deve ser satisfeita (OLIVER, 2005). Para se desenvolver um processo de auditoria em unidades de saneamento, Britto (2007) indica que devem ser cumpridas as seguintes etapas: • entendimento pleno da unidade a ser auditada; • avaliação da unidade de for ma semelhante a uma

indústria; conhecimentos dos produtos, subprodutos e matérias primas envolvidos no processo; conhecimento de cada fase do processo de transformação que ocorre na instalação; conhecimento dos processos mais utilizados para o fim a que se destina a instalação; conhecimento do compromisso e do relacionamento da administração da unidade com o ambiente a sua volta, com a comunidade por ela atendida e com a sociedade do entor no; conhecimento da demanda da gestão ambiental da unidade, avaliando a situação organizacional desta em relação à empresa a que ela pertence e as decorrências destas situações em aspectos ambientais; avaliação dos riscos ambientais e do tecnológico dos sistemas e das fases do processo da unidade.

Segundo Hamilton et al. (2006), um sistema de qualidade total em sistemas de abastecimento de água (SAA) pode ser baseado em: • adoção de boas práticas e melhoria contínua; • controle de processos em tem-

Profa. Dra. Soraia Tavares de Souza Gradvohl (Docente dos Cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo)

po real, se possível (ex.: monitoramento contínuo de turbidez, cloro residual, e tempo de contato de desinfetante); • operação efetiva com múltiplas barreiras com robustez, de tal forma que garanta a proteção da saúde pública; • estratégias preventivas e expectativas para identificar e gerenciar os riscos à saúde pública; e, • liderança efetiva. No ca s o de um siste ma d e aba s t e c i m e n t o d e á g u a , a a udito r ia deve co m e ç ar na aver igua çã o da a de quabilidade das unidades, tanto no aspecto técnico quanto em relação aos custos de inves tim en to. Des ta mane ir a , deve-s e in icia r pe la c apt a ç ã o, a p a r t i r d a a n á l i s e da disponibilidade de água da fo n te de aba s tecime nto, qua l itativa e qua n titat ivam en te, vis a n do a o at e ndim e n t o d a p o p u l a ç ã o a l vo (B RITTO, 2007). C h r is to do ul o u; De l igia n n i (2010) a p ontam acerca da dificuldade sobre a importância de alguns co m po n en tes pa r a ga r a ntir a sustentabilidade de um s is tem a de aba s tecime nto d e á g u a c o m o, p o r e xe m -


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p l o, a j u n ç ã o e n t r e a a n á lise de ri scos e o g er enc ia men to e su p or t e a dec is õ es, incorporando ainda análise fin an c e i r a e d e pa r â met r o s s o c i o p o l í t i c o s, t e n d o e m v i s t a a i n flu ê n c i a d o s c o n sum idore s n a p res t a ç ã o de s e r vi ç o a d e q u a d a . A OMS (2006) indica que uma gestão de risco eficaz deve contemplar as seguintes ações: as medidas que deverão ser adotadas em resposta às variações que são produzidas em condições operacionais normais; as medidas que deverão ser adotadas caso haja “incidentes” específicos que poderiam ocasionar a perda do controle do sistema; e os procedimentos que devem ser aplicados em situações imprevistas ou de emergência. Os procedimentos de gestão deverão ser documentad o s, d a m e s m a f o r m a q u e a avaliação do sistema, os planos de monitorament o, o s p r og r a m a s c o m p l e mentares e a estr atégia d e c o m u n i c a ç ã o, q u e s ã o necessários para garantir o funcionamento seguro do sistema. A gestão de riscos ideal em um si ste m a de ab a s t ecimento requer mais do que uma identificação de riscos e seus p on tos d e c o nt r o le c r í t i c o s. Req u e r u m a v i s ã o completa e integ rada das vulner abilidades do sistem a d e s d e a c a p t a ç ã o at é o

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c o ns umid o r f in a l (HA MIL TO N et al . , 2 0 0 6 ) . D e s t a fo r ma , é i m p o r tante que sejam definidos p r o c edimen to s de ges tã o p a r a r es po n der a o s in ciden t es p r ev is íveis, a s s im co m o a o s imp revis íveis e à s s it ua ç õ es de em er gên cia . S egundo a OMS (2006), as situações a seguir podem p r ovo c a r in ciden tes : • não cumprimento dos critérios de monitoramento operacional; • mau funcionamento de uma estação de tratamento de águas residuais cujas descargas são feitas em locais fontes da água bruta; • derramamento de uma substância perigosa em locais fontes da água bruta; • corte do fornecimento elétrico para uma medida de controle fundamental; • pluviosidade extrema em uma bacia de captação; • detecção de uma turbidez mais alta que a habitual (na água bruta ou tratada); • sabor, odor ou aspectos anormais da água; • detecção de concentrações mais elevadas que o normal de microrganismos indicadores, como de contaminação fecal (na água bruta ou tratada) e patógenos (na água bruta); e, • valores anormais de indicadores de saúde pública ou surtos de enfermidades cujo vetor possível seja a água. Os planos de resposta a incidentes podem contemplar diversos níveis de alerta

e habitualmente compreendem (WHO, 2005): • responsabilidades e informação de contato de pessoal chave, às vezes até pessoas pertencentes a várias organizações; • lista de indicadores mensuráveis e valores ou estados limítrofes que desencadeariam os incidentes e os níveis de alerta pertinentes; • descrição clara das medidas que devem ser adotadas em resposta aos alertas; • localização e identificação dos procedimentos normalizados de atuação (PNA) e equipamentos necessários; • localização de equipamentos de reserva; • informação logística e técnica de interesse; e, • listas de controle e guias de consulta rápida. Os planos de resposta a incidentes ou situações de emergência devem ser revisados e ensaiados periodicamente, para melhorar a sua eficácia antes de ocorrer de fato uma situação de emergência. Além disso, após qualquer incidente ou situação de emergência, deve-se realizar uma investigação, com a colaboração de todas as pessoas envolvidas, respondendo a perguntas estratégicas, tais como (OMS, 2006): • O que ocasionou o problema? • Como se detectou ou se reconheceu o problema originalmente?


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• Que medidas foram mais necessárias? • Que problemas de comunicação surgiram e como se resolveram? • Que consequências tiveram o problema, imediatas e em longo prazo? • Como funcionou o plano de resposta à situação de emergência? Ja l b a e t a l . ( 2 0 1 0 ) m o s t r a m o d e s e n vo l v i mento de ferramentas sob uma outra ótica que são necessárias e emergenciais na área de água potável e saúde pública, como parte da cultura de gerenc i a m e n t o d e r i s c o. Pa r a i s s o, m o s t r a u m a p e s q u i s a qualitativa realizada par a entender problemas e xistentes institucionais nas agências responsáveis por e s s e s s e r v i ç o s, q u e a c a baram por ocasionar incidentes de saúde, apontando para isso aspectos g e r e n c i a i s, c o m o : p r o a tividade, c o m u n i c a ç ã o, t r e i n a m e n t o, compartil h a m e n t o d e e x p e r i ê n c i a s, c o n f i a n ç a e r e g u l a ç ã o. Pa r a p rom over de fat o uma água boa e segura, que tenha a confiança do consumi d or, os p re s t a do r es de serviço precisam adotar um a ab ord age m int e g r a da de ge stão q u e inc lui nã o some n te u m Pl a no de S e g urança da Água propriamente d i to, m as t a mb ém uma série d e ou tro s mo nit o r a m e n t o s, c o n t r o l e s e o u t r a s

inic iat iva s de ava l ia çã o de r is c o s, en gl o ba n do in cl us i ve a s fo n t e s d e c a p t a ç ã o d a á g u a , p o r e xe m p l o ( H A MI LTON et al., 2006). S al ien ta -s e a in da que a lg umas m edida s po dem s er imp o r t a n tes pa r a ga r a n tir a segurança da água, sem a fet a r dir eta m en te s ua qua l i d a d e, n ã o s e n d o v i s t a s, p o r t a nto, co m o m edida s de c o n t r o l e. S ã o c o n h e c i d o s c o m o “ p r og r a m a s c o m p l e ment a r es ”, po den do co m preender (OMS, 2006): • controle do acesso a estações de tratamento, bacias de captação e reser vatórios, e a adoção de medidas de segurança necessárias para impedir a transferência de fatores de perigo das pessoas para água bruta, no caso de acesso; • elaboração de protocolos de verificação relativos ao uso de substâncias e materiais no SAA, por e xemplo, para garantir que os fornecedores participam de prog ramas de garantia de qualidade; • uso de equipamentos apropriados para atender incidentes como rupturas de tubulações; • prog ramas de for mação e educativos para o pessoal que participa de atividades que poderiam influenciar na segurança da água potável, incluindo prog ramas de iniciação e atualização frequentes.

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Bibliografia Consultada B R I T TO, E . R . Au d i t o r i a A m b i e n t a l e e m S a n e a m e n t o. R i o d e Ja n e i r o : A s s o c i a ç ã o B r a s i leira de Engenharia Sanitária e A m b i e n t a l , 2 0 0 7 . 1 9 3 p. C H R I S T O D O U L O U, S . ; D E LIGIANNI, A. A neurofuzzy decision framework for the management of water distrib u t i o n n e t w o r k s. Wa t e r R e s o u r M a n a g e , n . 2 4 , p. 1 3 9 156, 2010. H A M I LTO N, P. D. ; G A L E , P. ; P O L L A R D, S . J. T. A c o m m e n tar y on recent water safety initiat ives in the conte xt of water utility risk management. E n v i ro n m e n t a l I n t e rn ati o n a l, n. 32, p. 958-966, 2006. J A L B A , D. I . e t a l . S a f e drinking water: Critical components of effective i n t e r - ag e n c y r e l at i o n s h i p s. E nv i ro n m e n t a l I n t e rn at i o nal, n. 36, p. 51-59, 2010. O L I V E R , J. G . C a l i d a d e n salud pública. Gac Sanit., v. 1 9 , n . 4 , p . 3 2 5 - 3 3 2 , 2 0 0 5 . OMS O RG A N I Z AC I Ó N M U N D I A L D E L A S A L U D. Guias para La Calidad del Agua Potable - Primer Apéndice a la Terceir a E d i c i ó n . V. 1 . R e c o m e n d a c i o n e s. Genebra-Suiça: W H O, 2 0 0 6 . X I I I – 3 9 3 p . P Á D U A , V. L . ( C o o r d e n a d o r ) Re m o ç ã o d e m i c ro rganismos emergentes e microcontaminantes o rgânicos no tratamento de água para consumo human o. 1 ª E d . R i o d e Ja n e i r o : ABES, 2009. 392 p. W H O - WO R L D H E A LT H O R G A N I Z AT I O N . Wa t e r S a f e t y Plans: Managing drinking-water quality from catchm e n t t o c o n s u m e r. G e n e b r a : W H O, 2 0 0 5 . V – 2 3 5 p.


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Colóquio desconcertante entre um autor e sua consciência: como más práticas de pesquisa se voltam contra os pesquisadores* – É tarde demais para revisar meu artigo. O prazo está no limite. Vou mandar de qualquer jeito. Eu só não posso é deixar de enviar. O resto depois se vê. Afinal, editor existe para quê? – Mas Clarice Lispector revisava 8, 9 vezes cada um de seus livros. E Gabriel Garcia Márquez, quando já era autor maduro, repisava parágrafo por parágrafo, frase por frase, palavra por palavra. – Ah, mas isso é cacoete de escritor. Coisa de artista. Eu sou só pesquisador. Esse pessoal não tinha contas a prestar com a Capes, não tinha um PPG cobrando meta de pontos todo fim de semestre, não perdia noite de sono, pensando na Plataforma Sucupira, aliás, eu duvido de que algum deles se criasse lá no meu programa... – Pode até ser, mas você vai mandar o seu abstract nesse estado? Parece até que você tirou do Google Tradutor, não tem pé nem cabeça: você não acha que vai pegar mal? – Que nada. Pega mal se eu não mandar abstract nenhum. Mas, se a gente manda o do Google, já presta uma satisfação, entende? Já mostra que o autor se preocupou. E depois, tradutores são caríssimos. Se eu for mandar traduzir tudo que eu tenho que publicar, lá se foi o salário do

mês. Era só o que faltava. – Escuta, mas você ao menos pôs o material no formato da revista? Você colocou as referências e as citações dentro das normas da ABNT? – Mas onde você está com a cabeça? Essas revistas têm gente só para isso. Se eu fizer no lugar delas, vou estar tirando o emprego de alguém. – Bem, se você não pôs o artigo na formatação, deve ter tido mais tempo para investir no conteúdo, não é mesmo? – TEMPO? Tempo é artigo de luxo, criatura. E eu estou é perdendo o meu, aqui com você. Conversa mais esquisita. Parece até que não sabe a correria que é a vida de professor. Prova para elaborar, prova para corrigir. Orientando para atender, trabalho para revisar. Aula para preparar, plano de ensino por fazer – e ainda tem que pontuar. Quem tem tempo para quê? – Eu sei. Melhor do que ninguém, eu sei: não tem sido fácil. Mas tem uma coisa que não me sai da cabeça, mesmo assim. Parece uma goteira. [...] Melhor mudar de assunto, não quero te martirizar. – Fala. – É que fica uma ideia martelando a minha cabeça, cada vez que a gente submete um artigo nesse estado: fico

Profa. Dra. Fayga Bedê (Editora-Chefe da Revista Opinião Jurídica Professora do Mestrado e da Graduação – Direito/ Unichristus)

pensando nos seus editores. – Como assim, nos meus editores? – Pois então. Os editores das revistas que publicam os seus artigos, ora. Andei pensando que eles também devem ser professores, assim como a gente. Devem ter o tempo bem contadinho, que nem o nosso. E o pior: provavelmente, são até pesquisadores, ou seja, andam nessa mesma roda-viva, tentando se equilibrar entre correção de provas, orientações e metas de produtividade de pesquisa – com o agravante de que eles ainda têm uma revista para carregar nas costas. – Estava demorando. – Você pediu, agora escute. Quando você não revisa o seu próprio texto, é o seu editor quem assume essa tarefa. Se você não formata o seu artigo, de novo, vai sobrar para ele. E se você nem sequer garante uma tradução de confiança para o seu abstract, adivinhe quem vai ter de esquentar a cabeça? Agora, me explique: se você – que é o autor – não tem tempo para fazer isso, nem pelo trabalho que carrega seu nome, de onde o


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editor vai tirar tempo para fazer, no seu lugar, o que era seu dever de autor? E se todo mundo tiver a mesma ideia brilhante que você? Pode apostar, se todos os autores decidirem poupar seu precioso tempo às custas do tempo do editor, pronto: vai ser o caos. Não vai ter revista que saia no prazo, porque todas as encrencas que cada autor deveria ter resolvido, por si só, vão estourar no lombo do mesmo cidadão. Depois você ainda se admira que as respostas demorem tanto a chegar. E por falar nisso: você já se lembrou de avaliar artigos para as revistas em que quer publicar? Ah, não? Pois eu tenho a impressão de que se todo autor que quisesse ser publicado se lembrasse de se oferecer para avaliar os artigos dos demais, as respostas das revistas chegariam em semanas, não em meses ou em anos...

– Assim, você está me deixando constrangido. Ainda mais agora, que eu acabei de submeter meu artigo para um monte de periódicos... Já estava tudo combinado com o meu coautor – era só pedir cancelamento nas outras revistas, assim que a primeira aprovasse. Um amigo me disse que faz isso sempre, só para dar uma agilizada nas publicações dele... – Eu imagino que você e o seu amigo nunca leram as normas de submissão das revistas antes de clicar no botão “submeter”. É que se tivessem lido as reg ras, antes de sair dando “ok” em tudo, já teriam percebido que quase todos os portais de periódicos têm uma cláusula que proíbe submissões simultâneas. Parece antipático, mas é exatamente para evitar o desperdício de tempo

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por parte de todos os editores que acabam trabalhando à toa em artigos que vão ser cancelados, bem no meio do processo, por autores como o seu amigo. – Mas todo mundo faz... – Todo mundo, não. Só quem não pensa nos outros. Porque quem tem consciência, como você, sente a cabeça latejar na hora do travesseiro. – Algo me diz que teremos uma longa noite pela frente. * O presente texto, híbrido de ensaio acadêmico e de aventura literária, circulou bastante fora do Ceará, em outro contexto editorial, mas, graças ao apelo gráfico e ao charme da Revista Interagir, teremos uma oportunidade ímpar de fazê-lo chegar também à nossa comunidade acadêmica. Email de contato: bedefayga@gmail.com.


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leitura

Marketing Existencial: a nova ciência do século XXI

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uiz Felipe Pondé ultrapassa todos os limites já estabelecidos pela física quântica em sua mais nova obra. Talvez vá até mais longe e chegue a limites que nem mesmo o homem teria traçado antes nos últimos tempos. Seu livro Marketing Existencial: a produção de bens de significado no mundo contemporâneo não nasceu apenas para ser mais um nas prateleiras das livrarias e nas estantes virtuais dos sites especializados e bibliotecas de pesquisas. Não é uma leitura de passatempo, tampouco algo para se distrair. São palavras para se refletir e pensamentos para se questionar. Pedro Hugo Souza dos Santos A produção de bens de significado no mundo contemporâneo com certeza (Aluno do 4º semestre do Curso de está entre uma das comodities mais valiosas do mercado financeiro. As pessoas Administração - Manhã / Noite) passaram a pagar caro pela felicidade. Em alguns casos vale até financiar! Como o próprio autor nos fala – o dinheiro compra até amor verdadeiro. Pondé retrata essa vertente no livro como uma nova disciplina das ciências sociais que será tão importante quanto tal. Camus, Sartre, Unamuno e Kierkegaard acompanham o nobre leitor durante quase todas as páginas, fazendo-o se sentir palpável e inerte frente às páginas como se elas fossem um reflexo do que realmente a vida é: angústia e dor; busca por sentido. Nessa perspectiva, Pondé introduz conceitos religiosos e econômicos, sobretudo pelo contexto no qual o livro foi escrito, tendo a sociedade de mercado e a liberdade econômica como expoentes de um modelo institucional ainda pouco propagado no Brasil. Nessa linha, o verdadeiro valor de um produto é invisível e imaterial. Viagem, carro, comida, religião, roupas, celulares, tudo é meio de vender sensações ou sentimentos que aplaquem a angústia do consumidor, segundo Almeida (2017). Para Almeida (2017), o predomínio desse marketing, contudo, não diz muito sobre sua eficácia. Já no século XIX, relembra o livro, o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855) dizia que quase todo mecanismo de escape acaba por fracassar. Por outro lado, Pondé ressalta: “Os objetos do marketing existencial fracassarão. Eles têm que fracassar para gerar demanda. À medida que dão errado, você precisa buscar outros”. Essa dialética percorre todas as 184 páginas do livro nos fazendo compreender por um ângulo diferente as diversas nuances que circundam a nossa existência em busca de algo que possa ocupar o vazio intrínseco ao homem contemporâneo. Nem mesmo o administrador está imune a essas dúvidas e incertezas sobre o que fazer, como fazer e quando fazer. Portanto, Marketing Existencial: a produção de bens de significado no mundo contemporâneo não é recomendado apenas pelas idiossincrasias trazidas à tona de forma provocativa e fácil comunicação; também pela beleza que há em algo que parece ser abstrato e relativo, quando na verdade é a própria vida em sua mais real e indelével essência. Só os corajosos sobreviverão!

Referências ALMEIDA, Marco Rodrigo. Mercado de significados para a vida é novo tema de livro de Pondé. São Paulo: Folha de São Paulo, 02/06/2017 – Caderno Ilustrada. PONDÉ, Luiz Felipe. Marketing Existencial: a produção de bens de significado no século XXI. São Paulo: Três Estrelas, 2017.

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Vende-se dindim – Memórias que aquecem Amanhã vai ter esse festival de dindins em Iguatu. Eu gostaria tanto de ir. Vai super bem nesse calor terrível. É tanto calor, minha gente! Pra que isso, São Pedro? Nââãnn! E por falar em dindins, lembrei que na minha casa vendia... Não fazia sentido, mas a minha mãe insistiu em vender por um tempo. Sempre achei que era uma coisa mais por hobby do que por qualquer outro motivo, talvez, de forma inconsciente, uma coisa mais “em prol da cultura”, do que pelo lucro. Falo isso porque em Maracanaú, nessa época, em toda rua, tinha pelo menos umas três casas que vendiam dindins. Pois é, e uma dessas casas era a minha. Isso no tempo em que um dindim custava 10 centavos. Mas a minha mãe decidiu vender: “Dá pra tirar o dinheiro do pão”. Então pronto. Foi a mobilização familiar. O irmão mais velho fez a placa de “VENDE-SE DINDIM”, o mais novo foi comprar os saquinhos, e eu ajudava a minha mãe, enchendo-os pacientemente. Os diálogos eram sempre os mesmos: “Prende os cabelos, que uma vez eu comprei um dindim com um fio de cabelo dentro”, “Você fez muito pequeno” , “Esse saco não é do bom”, “Fizemos pouco de coco queimado”, “Acho que vou aumentar o preço pra 15 centavos, dá muito trabalho”. E nisso rolavam pacientes horas, fazendo os “sucos”: de coco, batata com coco, coco queimado, coco com Nescau, iogurte, castanha, tamarindo, maracujá, manga, abacaxi, goiaba, chocolate, e o menos querido, de abacate. Um tempo, inventaram a moda do dindim de biscoito. Minha mãe morria de nojo só de pensar na hipótese de existir esse sabor. “ECA!, passar o biscoito com leite no liquidificador? que nojo, não vou vender isso não.” E assim foi. Lá em casa nunca se vendeu o tal dindim de biscoito. Quando comprar um, lembre-se que vender dindim é para os fortes. Sabe aquele horariozinho do sol quente, depois do almoço, em que você, de bucho cheio, só quer se deitar e tirar uma boa soneca, ou mesmo assistir “Vale a pena ver de novo”? Pois é. Essa é a hora preferida dos compradores de dindins. Bastava dar esse horário e não se tinha sossego. Para a enorme alegria da minha mãe e para muito abuso meu, no portão de ferro da minha casa, só se ouvia o tilintar da moedinha batendo. Ou então, vez em quando um desconhecido gritava: DONA MARIIIA! Tem dindim?? Mas em sua maioria, eram os pivetes conhecidos da rua que tocavam o terror. Do nada, aparecia uma reca de menino, sempre muito indecisos sobre o que queriam, se esquecendo dos sabores que os parentes pediram, fazendo a gente repetir inúmeras


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vezes o que tinha. - Tem de quê? - De coco, batata com coco, coco queimado, coco com Nescau, iogurte, tamarindo, maracujá, manga, goiaba, chocolate...mas chocolate só tem dois. - E de coco tem? - Tem, né. Acabei de dizer. - Pois me dá um de coco! Não, não... de ... de chocolate! - O meu também é de chocolate! - Ei, eu também quero de chocolate! ... Té doidé, máh? Eu pedi primeiro... - Nâân! Fui eu... Depois disso, aí eu trazia os sabores e deixava que eles se digladiassem. Fora esses problemas técnicos, tinha o fato de conseguir sobreviver à enorme tentação de chupar todos. Numa casa de quatro irmãos, um vigiava o outro, contando de um a um, e a gente ficava sofrendo a aflição da geladeira cheia de dindim, sem poder chupar todo tempo. Ainda bem que mãe é bicho besta e quase sempre fazia vista grossa. Não sei por quanto tempo vendemos dindins. Nem até quando durou. Sei que foi uma época boa de lembrar. E que minha mãe nunca teve coragem de realizar o sonho de aumentar para 15 centavos, e que pouco a poucos as placas de dindim foram sumindo... E que, de repente, a gente cresceu. Por Andressa Duarte Acadêmica do 8º semestre do Curso de Direito da Unichristus *2012 - Esse texto foi escrito antes da era da gourmetização. (Nota da autora). ** Seleção e edição da coluna Vida Inteligente: Profa. Dra. Fayga Bedê

Tempo e redenção na literatura de Julio Cortázar Ao analisarmos o micro conto “Instruções para dar corda ao relógio”, de Julio Cortázar, percebemos que há uma quebra de expectativa desde o início. A despeito do título, que sugeriria um mero manual de instruções técnicas, o modo de lidar com a passagem do tempo é o seu verdadeiro pano de fundo. Na prosa de Cortázar, é perceptível o olhar esperançoso do autor ao lidar com o tempo, como no fragmento em que ele nos reconforta: “Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo.” Aos poucos, sua leitura vai suscitando um sentimento de epifania e de amor à vida, mediante a promessa de um contínuo recomeço, já que, como nos garante o contista argentino, a cada vez que damos corda ao relógio, “abre-se um novo prazo”, e podemos, assim, vencer “o medo [que] enferruja as âncoras”. Letícia Coelho Cavalcante Moreira – Acadêmica do 2º semestre de Direito Fayga Bedê – Professora do Mestrado e do Curso de Direito


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“Instruções para dar corda ao relógio”: um bote salva-vidas contra o medo O conto “Instruções para dar corda ao relógio”, extraído da obra “Histórias de Cronópios e de Famas”, do argentino Julio Cortázar, enfrenta a questão do tempo e de sua transitoriedade, tomando, como ponto de partida e de controle, um relógio de corda. Por meio de instruções, supostamente técnicas, o autor se vale das mais belas imagens líricas para aconselhar ao leitor que rompa com o medo da morte, ressignificando o tempo da vida. A repetição de palavras, como no trecho “[...] e dele brotam o ar, dele brotam o ar, a brisa da terra...”, demonstra a vontade de Cortázar de realçar o passar do tempo e a sensação de continuidade da vida. Já no último parágrafo, Cortázar recomenda ao leitor que não se torne estático em razão do medo, desperdiçando a beleza dos dias, pois: “O medo enferruja as âncoras”. Com seu exótico manual de instruções, Cortázar provoca o leitor a repensar, de forma profunda e singular, sobre como tem vivido – ou sobrevivido. João Pedro Borba Medeiros – Acadêmico do 2º semestre do Curso de Direito Fayga Bedê – Professora do Mestrado e do Curso de Direito

Temporada de reconciliação: fazendo as pazes com o tempo Os textos do contista argentino Julio Cortázar (Instruções para dar corda ao relógio) e da poetisa Viviane Mosé (Quem tem olhos pra ver o tempo) dialogam a partir de uma visada positiva de questões como a passagem do tempo, o envelhecimento e até mesmo a transitoriedade da vida. Cortázar nos reconcilia com a nossa condição de finitude: “Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo”. Já Mosé nos apazigua ante os efeitos desconcertantes do envelhecimento: “Parei de lutar contra o tempo / Ando exercendo instantes / Acho que ganhei presença”. No entanto, apesar das semelhanças ressaltadas, são perceptíveis as diferenças entre ambos, no que diz respeito às estratégias utilizadas por cada autor. A poetisa se vale de metáforas mais intimistas, que expressam a aceitação do curso do tempo em sua própria pele: “o tempo andou riscando meu rosto / com uma navalha fina / sem raiva nem rancor / o tempo riscou meu rosto com calma”. Já no conto de Cortázar, a passagem do tempo é simbolizada pelo ato de dar corda ao relógio, como metáfora da dinâmica da vida, cujo pulsar inexorável para a morte, paradoxalmente, dá a cada instante o seu sentido único e transcendente. Lara Medeiros Rodrigues Aguiar – acadêmica do 2º semestre de Direito Fayga Bedê – professora do Mestrado e do Curso de Direito




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