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Caro Leitor,
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hegamos a mais uma edição da Revista Interagir. Esse exemplar nos enche de orgulho e grande alegria, pois está com matérias que contemplam a grande maioria dos cursos da Unichristus. A seção “Especial” nos remete à importância da química na formação do Curso de Engenharia Civil e de Produção. Qual a razão da inserção da disciplina de Química nos cursos de Engenharia? Atualmente, diante de uma gama de produtos e materiais disponíveis, é possível revestir a fachada de um edifício com material composto de alumínio, por exemplo, com excelente durabilidade e rápida aplicação, sem que haja a necessidade de se aplicar pedra natural ou cerâmica. Já no “Em Foco”, apresentamos a fantástica experiência do estágio internacional de um aluno do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva (CMI). O estágio ocorreu nos Estados Unidos, na USC Institute os Urolog y, e proporcionou ao aluno o contato com a mais moderna tecnologia de cirurgia minimamente invasiva e com o robô Da Vinci,
as suas variadas técnicas cirúrgicas e o acompanhamento do pós-operatório. Diante das diversas atividades desenvolvidas pelos Cursos da Unichristus, foram apresentados a I Mostra de Biofísica (Curso de Fisioterapia), a Visita Técnica ao Polo Moveleiro de Marco (Curso de Administração), a Palestra sobre guarda compartilhada nas demandas litigiosas (Curso de Direito), o 2º Curso de Atualização em doenças da tireóide e das paratireóides (Curso de Medicina) e muito mais. Ainda, não deixe de conferir a matéria sobre o XII Encontro de Iniciação à Pesquisa e o X Encontro de Pesquisadores do Curso de Ciências Contábeis, momento de exuberante riqueza de informações e desenvolvimento intelectual. Por fim, além de todos esses destaques que nos levam a uma leitura prazerosa, encontraremos também artigos e notícias de grande valia e interesse para todos aqueles que buscam e estabelecem conexões com as relações sociais e educacionais. Sejam muito bem-vindos a este espaço!
Nicole de Albuquerque V. Soares
Mestre em Administração de Empresas, professora do Centro Universitário Christus/Unichristus e Coordenadora do Editorial da Revista Interagir
errata A matéria “A Engenharia e a incógnita do herói contemporâneo” publicada na edição nº 89 da Revista Interagir é de autoria da Professora Dra. Janina Sanchez.
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especial
Química nas Engenharias: Uma interação entre a Teoria e a Prática
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o sentido amplo, a Química (do egípicio keme (chem), significando “terra”) é a ciência que trata das substâncias da natureza, dos elementos que a constituem, de suas características, de suas propriedades combinatórias, de seus processos de obtenção, de suas aplicações e de sua identificação. A maneira como os elementos se ligam e reagem entre si, bem como a energia desprendida ou absorvida durante essas transformações são outros dos assuntos abordados nesta disciplina. O Curso de Engenharia Civil da Unichristus iniciou-se em janeiro de 2013 com uma disciplina de química em sua estrutura curricular . No semestre seguinte, 2013.2, iniciou-se o Curso de Engenharia de Produção com finalidades semelhantes. Nos dois cursos há a disciplina Química Geral e Experimental
que apresenta em sua ementa, os conteúdos relacionados à engenharia, a saber: estudo dos conceitos fundamentais da química e sua importância. A influência
da Química na construção civil. Esmaltes, Tintas e Vernizes. Cimento, Gesso, Cal. Sistemas eletroquímicos e corrosão, especialmente corrosão em Concreto. Qual é a relação da Química com a Engenharia? Qual a razão
desta disciplina estar inserida na estrutura curricular de um curso de engenharia? É comum haver estes questionamentos por parte dos alunos que, a proiri não conseguem compreender a inserção de uma disciplina de Química em um Curso de Engenharia. Para tentar minimizar essa situação recorrente em várias instituições de Ensino Superior, novas abordagens de ensino têm sido criadas para o desenvolvimento do ministério da química no Ensino Superior do país. Novas condutas, no sentido de aproximar os discentes de engenharia à disciplina de química, vêm sendo estudadas e incorporadas. Frente a tal realidade, na Unichristus, a coordenação dos cursos, juntamente com os seus professores, perceberam a necessidade de modificar e adaptar as formas tradicionais de ensino. Alinhar a teoria à prática de experimentos no laboratório de química para se entender a relação e a importância da química para a Engenharia civil e para a Engenharia de Produção foi um dos objetivos traçados para despertar nos alunos o interesse pela química. Vale ressaltar, que esta disciplina é habitualmente vista como um assunto de difícil compreensão devido aos seus inúmeros conceitos, às suas fórmulas e às suas teorias, é uma preocupação constante da coordenação.
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Dessa forma, as aulas práticas realizadas em laboratório visam, a partir dos conceitos trabalhados nas aulas teóricas, explorar as conexões entre os fatos do cotidiano, novas tecnologias e situações vivenciadas na engenharia, tendo como preocupação o estudo transversal abordando o meio ambiente. As aulas práticas realizadas no laboratório iniciam com a apresentação da segurança necessária a um laboratório, das vidrarias e equipamentos, da utilização e manuseio de balança digital e da relação com os algarismos significativos, que serão de grande utilidade para o engenheiro em sua vida profissional. Em aulas posteriores, a prática de reações químicas envolve o aluno e o estimula a estudar todo o comportamento de um metal em relação à corrosão e à influência de uma atmosfera corrosiva. No tocante à área de recursos hídricos e saneamento, tem-se a prática de análise de água na qual são realizados diversos
ensaios de qualidade da água. Aspectos qualitativos e quantitativos da água não podem ser esquecidos em um curso de engenharia, principalmente em uma situação de escassez hídrica Falando-se em escassez, convém destacar que, antigamente, a madeira era bastante utilizada nas construções. Hoje, por questões de responsabilidade ambiental, a construção civil vem substituindo a madeira pelo plástico. Dentre as vantagens de utilização deste material têm-se: vida útil, preço, resistência, reutilização e reciclagem do polímero. A preparação de um polímero é uma das atividades desenvolvidas pelos alunos no laboratório de química. A aplicação da química na Engenharia Civil vai além da visão dos estudos dos materiais, por isso essa área do conhecimento químico já permite avaliar a grande contribuição que o estudo da química oferece ao engenheiro em formação e em atividade profissional.
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Registre-se, ainda, outra atividade que é realizada no laboratório de química que o fato de os alunos estudarem, de maneira detalhada, as principais formas de corrosão que podem afetar uma estrutura e a influência das diversas atmosferas, uma vez que a corrosão é uma das maiores e mais severas patologias do concreto. Posto isso, ao se trabalhar práticas de interesse do aluno, mostrando o alinhamento com a teoria, é possível observar o despertar do interesse do aluno pela Química. Espera-se que os alunos do Núcleo de Tecnologia da Unichristus possam aproveitar a importância desta disciplina, com aulas práticas e teóricas e que, em um futuro próximo, possam aplicar os conhecimentos adquiridos, em suas atividades profissionais. Colaboração: Profa. Dra. Ana Vládia Cabral Sobral Professora dos Cursos de Engenharia Civil e Produção
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em foco
Estudante do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Minimamente Invasiva (CMI) realiza estágio internacional
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om o objetivo de ampliar sua qualificação, o pós-graduando do Curso de Cirurgia Minimamente Invasiva (CMI), Dr. Francisco Mesquita, foi aos Estados Unidos, para realizar estágio na USC Institute of Urology, referência mundial em Urologia. Em entrevista, o Dr. Mesquita comentou a respeito de sua experiência no exterior, destacou as diferenças nas práticas urológicas e ressaltou a importância do Curso de CMI da Unichristus. O que motivou a sua decisão de ir para a USC no estágio do CMI? A minha escolha se deu porque o USC Institute of Urology é uma dos mais respeitados do mundo em cirurgia minimamente invasiva assistida por robô, sendo o pioneiro em
várias técnicas cirúrgicas e com uma invejável produção científica, liderado por um expoente da Urologia mundial, o professor Inderbir Gill. Como foi a experiência de fazer um estágio em uma universidade de renome nos Estados Unidos e no mundo? Experiência fantástica. Outra língua, outros costumes e, principalmente, muita tecnologia. Aprendizado pessoal e profissional. Quais as contribuições desse estágio para a sua carreira profissional? O estágio proporcionou-me o contato com a mais mo-
Dr. Francisco Mesquita
derna tecnologia de cirurgia minimamente invasiva e com o robô Da Vinci, permitido-me observar e auxiliar de perto diversos procedimentos. Existem diferenças entre a prática urológica realizada nos Estados Unidos e a utilizada no Brasil? Se houver, quais são? Sim, muitas, mas a maioria dessas diferenças se resume ao funcionamento hospitalar e ao acesso aos exames complementares. O prontuário médico, por exemplo, é totalmente eletrônico. Outra diferença é que todos os pacientes são submetidos a uma bateria de exames pré-operatórios, mais complexos e mais caros do que os disponíveis no Brasil. No quesito técnica cirúrgica, não ficamos muito atrás. Todas as cirurgias realizadas lá são também feitas aqui. Mesmo
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da melhor forma. Quais foram os seus maiores aprendizados nesse estágio? O funcionamento do robô Da Vinci, as variadas técnicas cirúrgicas e o acompanhamento de seu pós-operatório.
com nossos escassos recursos financeiros, nossa habilidade cirúrgica e criatividade nos aproximam deles. O contato e aprendizado com equipamentos de última geração são um diferencial para sua carreira profissional com relação ao tratamento dos pacientes? Com certeza, saber quando e como indicar tais tecnologias é o mais importante. Não adianta um mundo de tecnologia, se o médico não sabe aproveitá-las
Como tem sido ser orientado, no Brasil, pelo Dr. André Luís de Castro Abreu? De que maneira ele vem contribuindo para a sua formação acadêmica e profissional? O Dr. André Luís está sendo de fundamental importância. Além de um grande cirurgião, com experiência em prostatectomias radicais, nefrectomias e cistectomias assistidas por robô, é um grande cientista, com inúmeras publicações nos mais renomados periódicos de Urologia do mundo. Como você avalia o fato de o CMI oferecer um módulo de estágio? O estágio do CMI é fundamental, pois proporciona, na
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prática, o que vimos em aulas teóricas e treinamentos de laboratório. De que maneira o CMI contribuiu para o seu desenvolvimento profissional? O CMI foi muito importante na minha formação. Ele for neceu a todos os seus alunos um embasamento teórico das mais diversas especialidades, que lidam com cirurgia minimamente invasiva; e prático, com os incontáveis treinos em simuladores nos laboratórios de habilidades cirúrgicas. Como residente de Urologia da Santa Casa de Fortaleza (SCMF), indico a todos os colegas que lidam com cirurgia, seja ela urológica, seja proctológica, seja digestiva, seja bariátrica. Serei eter namente grato ao Dr. Rômulo Silveira, chefe do Serviço de Urologia da SCMF, e ao Dr. Luiz Moura, coordenador e entusiasta do CMI, por terem incentivado e proporcionado tal experiência. Muito obrigado. Revisão Linguística: Kaline Mendes Por João Quixadá
Você sabia que a Rede de Apoio à Monografia possui plantões nos três turnos para atender aos alunos e aos professores da Unichristus? As professoras da RAM ficam no 5º andar e estão sempre disponíveis para atendê-lo e orientá-lo quanto aos aspectos metodológicos do seu trabalho científico. U N I C H R I S T U S U M L U G A R D E C O N Q U I S TA S .
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unichristus
Curso de Administração promove Visita Técnica à Grendene (Sobral) e ao Polo Moveleiro de Marco
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os dias 29 e 30 de abril, o Curso de Administração da Unichristus promoveu uma visita técnica à fábrica da Grendene em Sobral e ao Polo Moveleiro de Marco, ambos no Ceará. A iniciativa, inédita no curso, pelo fato de reunir duas visitas em uma única viagem ao interior do Estado, teve como objetivo principal aliar a teoria com a prática na disciplina de Gestão da Produção e Operações - GPO I, ministrada pelo professor Msc Marcos Ricarte. Na Grendene, os alunos tiveram a oportunidade de entender como funciona o processo produtivo em massa, com a
utilização de linhas de produção. Durante palestra promovida pela empresa, foi possível conhecer, também, um pouco da história da empresa, seus programas, princípios e estrutura física. Por fim, todos foram levados ao chão de fábrica para conhecer as etapas de fabricação de calçados. Após pernoite na cidade de Sobral, o grupo rumou para a cidade de Marco, local que abriga um dos mais importantes polos moveleiros do país. Na ocasião, o grupo foi recebido pelo presidente da FAMA, associação que congrega os fabricantes de móveis da região. Após assistirem a uma palestra, os alunos foram encami-
nhados para a primeira visita do dia, na empresa DoMarco, que fabrica móveis estofados. Após o almoço, o grupo visitou outra empresa, a Kirius, que fabrica móveis de madeira e aço. As visitas proporcionaram aos alunos uma experiência única, a de vivenciar a realidade de ambientes produtivos distintos, com processos, produtos e máquinas diferentes. Além disso, a visita foi uma ótima oportunidade de os alunos conhecerem o funcionamento de um cluster produtivo organizado, em que as sinergias de esforços têm conseguido resultados muito positivos para a região.
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Colação de grau da 1ª Turma do Curso Tecnólogo em Logística
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randes emoções marcaram a noite de colação de grau da primeira turma do Curso Técnico em Logística. A comemoração foi no campus Benfica e contou com as ilustres presenças do Magnifico Reitor, Dr. José Lima de CArvalho Rocha e do Pró Reitor de Planejamento e Administração, Dr. Estevão Lima de Carvalho Rocha, além da Secretária Geral, da Coordenação, dos professores e dos familiares e amigos dos 65 novos graduados.
plesmente descartadas agora passam a ser reaproveitadas e fazem parte do processo produtivo novamente.” A gestora acadêmica dos cursos concluiu com mensagens de otimismo: “Espero que vocês, queridos alunos, que tiveram esta oportunidade, utilizem de forma ética, responsável e se comprometam a construir A solenidade contou com a presença da professora homenageada que, durante o seu discurso, proferiu uma mensagem aos formandos “A solenidade de colação de grau marca o fim de um caminhar e o começo de uma nova caminhada”. Para o aluno Fábio dos Santos “A logística reversa da vida começou ontem e não tem que terminar hoje. As limitações e as crenças que anteriormente eram sim-
uma comunidade melhor, mais justa e próspera.” Para o encerramento do evento, houve a entrega simbólica dos diplomas e a premiação do aluno com melhor rendimento acadêmico. Parabéns aos formandos, nós da Unichristus desejamos um futuro profissional repleto de realizações.
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I Mostra de Biofísica do Curso de Fisioterapia da Unichristus
ŹTurma de Biofísica do 1º semestre (Profa. Renata Bessa e Profa. Romina Mourão)
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Biofísica é a ciência que estuda a Biologia com os princípios e métodos científicos da Física. É o estudo da matéria, do espaço, da energia e do tempo que ocorrem nos Sistemas Biológicos. Nessa ciência, há uma troca de conhecimentos entre as duas áreas de forma a criar novos campos de pesquisa científica. É uma ciência interdisciplinar que abrange a Fisioterapia, Enfermagem, Medicina, Biologia, Biotecnologia, Farmácia, Fonoaudiologia,Nutrição, Odontologia, Zootecnia, Biomedicina e Terapia Ocupacional. Busca observar o ser vivo como um corpo, que ocupa lugar no espaço e transforma energia e que existe em um meio ambiente interagindo com ele. Aspectos elétricos, gravitacionais, magnéticos e mesmo nucleares estão na fundamentação de vários fenômenos biológicos e, portanto, devem ser tratados pelos conhecimentos das ciências físicas. Os conteúdos de Biofísica variam de acordo com o curso para o qual ela é oferecida. Está voltada para o ensino de estudantes da área da saú-
de, tendo conteúdos de Biofísica Ambiental, como efeito estufa, camada de ozônio, elementos de meteorologia e poluição sonora. A Biofísica orienta as demandas do ensino das disciplinas como fisiologia pela necessidade de os profissionais da saúde entender e manusear a sofisticada maquinaria médico-hospitalar. Para a Fisioterapia, enquanto ciência, ela visa a tratar aspectos cinemáticos do movimento humano, ou seja, o movimento mecânico dos sistemas vivos. A bioeletricidade está relacionada com a voltagem estática das células bem como com a corrente elétrica que flui por meio de nervos e músculos proveniente de um potencial de ação, e, nos sistemas cardiovascular e respiratório, por exemplo, requer conhecimentos de dinâmica de fluidos que estão longe de serem simples. É nesse sentido que a Profa. Renata Bessa com os alunos do 1º semestre de Biofísica do Curso de Fisioterapia fizeram uma Mostra com apresentações dos assuntos de biofísica voltados à prática do cotidiano em
forma de apresentação teatral, paródia, apresentação oral, cartazes, pintura e massa de modelar. Como disse a aluna Ana Mayra do grupo vencedor da Mostra, o grupo de biopotencial, que fez a modalidade paródia, “super valeu a pena, a gente aprende cada conteúdo, com os diferentes tipos de apresentações”. Com essa união da Física com a Biologia, aprendem-se os avanços dessa área e introduzem-se conceitos importantes para o desenvolvimento posterior da formação acadêmica. Contribuição Profa. Renata Bessa
Referências FREITA, T. Biofísica. Disponível em: www.infoescola.com/biologia/biofisica HALLIDAY, David, RESNIK Robert, KRANE, Denneth S. Física 4. volume 2, 5 Ed. Rio de Janeiro: LTC, 392 p. 2004. GLASER, R.; VERLAG, B.S.; HEIDELBERG. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. 1996. HARPER; ROW do Brasil, São Paulo, 1982. Disponível em: www. pt.wikipedia. org/wiki/Bioeletricidade.
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PARTICIPE DA PESQUISA NA UNICHRISTUS A Unichristus disponibiliza a seus alunos amplo acesso e incentivo à pesquisa por meio dos Programas de Monitoria, Iniciação Científica e dos Encontros de Iniciação à Pesquisa e à Docência e do Encontro de Pesquisadores. No Curso de Direito, são ofertados, ainda, grupos de estudo, e as mais atualizadas discussões ocorrem na Sexta da Pesquisa. Participe! UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.
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Direito de Família em foco: a guarda compartilhada nas demandas litigiosas (Palestra com o Professor Cristiano Chaves)
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Unichristus teve a honra e a alegria de receber o Mestre em Ciência das Famílias da Sociedade Contemporânea, Promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia e Professor de Direito Civil Cristiano Chaves de Farias, em uma palestra enriquecedora, tratando de um tema novo para o Direito de Família, a Nova Lei da Guarda Compartilhada. A professora e coordenadora do Curso de Direito, Gabrielle Bezerra, abriu o evento fazendo as considerações iniciais, apresentando o palestrante e lhe dando boas vindas. Depois, convocou para compor a mesa os professores da casa: Carlos Augusto, de Direito de Família, o professor Daniel Madeira, de Direito de Família e Estágio, e o Mestre em Direito Civil pela
ŹFelipe Peixoto Braga Netto, Mestre em Direito Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, membro do Ministério Público Federal e Professor de Direito Civil.
ŹDa direita para esquerda: Jéssica Lima (aluna 6º semestre), Prof. Paulo Henrique Portela (Direito Internacional), Prof. Carlos Augusto (Direito de Família), Raphaella Prado (aluna 6º semestre), Palestrante Prof. Cristiano Chaves, Profa. Melissa Veiga (Direito de Família, Estágio), Profa. Mirna Siebra (Direito Processual, Estágio)
Universidade Federal de Pernambuco, membro do Ministério Público Federal e Professor de Direito Civil Felipe Peixoto Braga Netto. Logo em seguida, o Professor Felipe nos presenteou com belas e sábias palavras, citando o seguinte prevérbio oriental: “Só fale quando puder melhorar o silêncio”. Após isso, passou a palavra para o Professor Cristiano Chaves, que iniciou a nossa tão esperada Palestra. No início de sua fala, o palestrante trouxe uma abordagem geral acerca da evolução do nosso sistema jurídico, citando exemplos, como a possibilidade e rapidez do divórcio nos dias atuais e sobre pessoas que podem ou não gerar uma criança, dentro das várias formas de fertilização assisti-
da, construindo vínculo familiar (pai/filho). Nas palavras dele, “Há 10 anos, você diria que neste país é possível o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Há 10 anos, se alguém lhe perguntasse, você diria com toda essa tranquilidade, que o filho biológico e o filho afetivo merecem, rigorosamente, os mesmos direitos e que uma coisa é igual à outra? Também diria que um filho pode ter dois pais e uma mãe? [...]. O que eu quero dizer é que nós temos feito um esforço extraordinário para nos adaptarmos a essas novas circunstancias que nos foram apresentadas, mas não é por isso que nós vamos ter a necessidade de, a cada dia, criar uma tese nova e renovar o repertório simplesmente para dizer que, por um momento, precisamos de algo novo para sustentar o nosso pensamento jurídico”.
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to: para que existe essa guarda compartilhada? Primeiro ela foi importada do Direito Norte Americano, pois lá, realmente, há uma grande diferença no direito de família. Aqui, no Brasil, já é praticamente quase tudo compartilhado, o que significa que, com a nova guarda, aquilo o qual será compartilhado é convivência em detrimento de apenas visitas quinzenais, como funciona com a guarda unilateral. Não que seja inviável a aplicação, mas, primeiramente, deve-se fazer uma alteração na nomenclatura para “convivência compartilhada”, e isso exigirá dos pais um mínimo de disponibilidade, pois, como o próprio Cristiano bem mencionou, “ao invés de ter o filho consigo de quinze em quinze dias, em finais de semana alternados, o pai/mãe vai pegar o filho na escola segundas, quartas e sexta, almoçar com a criança e devolver no inglês, além dos finais de semana alternadamente”. A convivência compartilhada como regra faz que a relação pai/mãe/filho seja mais vivenciada, além de evitar que a criança seja usada como instrumento de conflitos e/ou chantagens. Foi ainda mencionado pelo Professor Cristiano que muitos pais confundem o significado da guarda compartilhada, achando que serão isentos de pagar pensão alimentícia ou que a criança terá, obrigatoriamente, que ficar ŹDa direita para a esquerda: Palestrante Prof. Cristiano uma semana com o pai Chaves, Prof. Daniel Madeira (Direito de Família), Profa. Melissa Veiga (Estágio), Prof. Felipe Peixoto, Prof. Carlos e uma semana com a Ele também trouxe à baila questão de sempre o Brasil buscar as soluções para os problemas sociais em outros sistemas jurídicos, como se o nosso País tivesse exatamente a mesma estrutura jurídica dos outros países, o que é um equívoco. Para comprovar essa tese, ele citou a questão do aborto de fetos anencéfalos, em que o Ministro Gilmar Mendes, em seu voto, fez uma analogia do Brasil com a Suécia. Algo completamente desproporcional ao se analisar o funcionamento dos Sistemas de Saúde de cada país. Concluindo suas considerações iniciais, ele explicou que, para cada novo instituto jurídico, é preciso encontrar, na sociedade do nosso país, o significado dele, e é o que deve ser feito com esse novo instituto da guarda compartilhada. A primeira consideração a respeito desse assunto foi que o pai ou mãe não perdem, de forma alguma, o poder familiar da criança em situações como divórcio, separação ou dissolução da união estável, o que significa dizer que as decisões sobre o filho continuam a ser exercidas por ambos os pais. Então vem o questionamen-
Augusto (Direito de Família).
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mãe, mas não funciona bem assim. Nesse contexto, o que surge como problema da guarda compartilhada é o direito acerca das decisões sobre o filho, pois os pais entram em um conflito de opiniões, ou seja, a guarda compartilhada causa uma verdadeira confusão no poder familiar, uma vez que a mãe dá uma ordem, e o pai, outra. Diante de tal impasse, o filho acaba se governando sozinho, podendo surgir casos em que, mesmo com o auxilio do juiz, o problema continua sendo de difícil resolução. Como exemplo, ele mencionou a escolha da religião do filho ou a escolha da escola em que este vai estudar. Por fim, ele afirmou que novo instituto veio para cumprir uma função simbólica e não para retirar autoridade dos pais sobre o filho, pois o instituto reafirma o poder familiar de ambos os pais nas situações de litigio entre os cônjuges. Este foi mais um evento incentivador promovido pelo Curso de Direito da Unichristus, demonstrando a preocupação do curso em ampliar as fronteiras do aprendizado de seus alunos, oferecendo-lhes a oportunidade de um contato direto com grandes doutrinadores. Colaboração: Jéssica Lima Nunes, Raphaella Prado Aragão de Sousa (Alunas do 6º Semestre do Curso de Direito.)
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Coordenador de Contábeis da Unichristus participa como mediador do XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade
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oordenador Geral de Ciências Contábeis, o professor Cristiano Reinaldo, participou como avaliador de trabalhos submetidos e mediador dos trabalhos aprovados no XV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Concebido pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), o Congresso USP de Controladoria e Contabilidade foi realizado no período de 29 a 31 de Julho de 2015, em sua décima quinta edição, simultaneamente com o XII Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade. O Congresso é um evento consolidado no país e se firma como o principal espaço para o debate das áreas de Controladoria e Contabilidade. Esse evento tem por objetivo promover o intercâmbio
ŹDa esquerda para direita: Christian Arruda, Itzhak David, Marcus Vinicius Cristiano Reinaldo, Zhara Helou.
de estudos e experiências, bem como a divulgação de ideias sobre a teoria e a prática da Controladoria e da Contabilidade, aproximando profissionais desse segmento e pesquisadores acadêmicos em momentos como apresentações de trabalhos, workshops e palestras. A temática para este ano foi: “Contabilidade e Controladoria no Século XXI”. Contando com a participação de palestrantes nacionais e internacionais, o temário para o XV Congresso teve o propósito de incentivar a realização de trabalhos decorrentes de pesquisas que buscam, com base em teorias, explicações para fenômenos inerentes à Contabilidade e à Controladoria. Como exemplos de palestras apresentadas têm-se: yPalestra: “The use of financial information in capital markets: Is valuation versus contracting an important distinction?” - Profa. Dra. Beatriz Garcia (Universidad Autónoma de Madrid - Espanha); yPalestra “A contabilidade como aliada para o enfrentamento da crise de confiança no Brasil” (EY); yPalestra “Investimentos no Mercado de Ações” - Giácomo Diniz (BM&FBovespa); yPalestra “How much assurance can we provide for continuous-
ŹProfessor Cristiano Reinaldo
ly report information?” - Prof. Dr. Graham Gal (University of Massachusetts - Estados Unidos), patrocinada pela empresa DELOITTE; yPalestra “Framework-based understanding of IFRS” - Prof. Guillermo Braunbeck; yPalestra “The challenges and opportunities surrounding accounting education” - Prof. Dr. Kevin Jackson (University Of Illinois - Estados Unidos); yPalestra “Dark financial decisions: How destructive personalities impact modern business” - Prof. Dr. Dan Jones (University of Texas - Estados Unidos); No dia 30 de julho, o Coordenador Geral de Ciências Contábeis, o professor Cristiano Reinaldo, mediou os trabalhos nas áreas de Governança Corporativa e Contabilidade Societária.
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2º Curso de Atualização em Doenças da Tireoide e das Paratireoides
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glândula tireoide possui uma vital importância na manutenção do metabolismo corporal, pois produz hormônios (T3 e T4) que contribuem para a homeostasia do sistema cardiovascular, respiratório, nervoso, reprodutor e sanguíneo, por exemplo. Entretanto, as disfunções dessa glândula, manifestadas na forma de hipo ou hiperssecreção de hormônios, aparecimento de nódulos ou, até mesmo, de cânceres, é bastante comum, afetando aproximadamente 10% de toda a população mundial e, por se tratar de patologias com sintomas lentos e progressivos ou patologias assintomáticas, é subdiagnosticada: Cerca de 50% das pessoas desconhece seu diagnóstico. Os principais distúrbios incluem os nódulos tireoideanos, que estão presentes em metade da população examinada pela ultrassonografia cervical; as doenças auto-imunes (tireoidite de Hashimoto e Doença de Graves), que afetam
ŹCampanha 2014
Morgana Feitosa de Queiroga, Lara Facundo de Alencar Araripe, Victoria Sobreira Lacerda Alunas do Curso de Medicina Orientadora: Profa. Cristina Figueiredo Sampaio Façanha
ŹLEME Gestão 2015 na realização da Campanha 2015
2% da população; e o câncer diferenciado da tireoide, sendo a oitava neoplasia mais frequente nas mulheres, cuja incidência é crescente no Brasil, segundo a Dra. Laura Ward, secretária do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e professora pela Fa-
culdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atentos para o subdiagnóstico, a falta de informação e as dificuldades em acesso da população, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) – Regional Ceará - em parceria com a So-
ŹCampanha 2015
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ciedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço – Secção Ceará organizam anualmente em maio, na semana internacional de alerta a doenças da tireoide uma campanha com o objetivo de alertar a população e os profissionais da saúde básica para o diagnóstico precoce da doença e facilitar o acesso ao tratamento quando cuidados especializados são necessários. A Liga de Endocrinologia e Metabologia da Unichristus (LEME), nos últimos 3 anos, exercendo uma parceria saudável e construtiva com outras ligas de endocrinologia de outras universidades com a Liga de Endocrinologia e Metabologia da UFC (LIEM), nos anos de 2013 e 2014, e este ano em 2015 o evento teve também a parceria da Liga de Endocrinologia, Metabologia e Nutrologia da Unifor (LIMEN). Alêm da organização desta importante atividade de extensão, as ligas vem sendo responsável pela divulgação da campanha
ŹCampanha 2015
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ŹLEME Gestão 2014 na realização da Campanha 2014
nos meios universitários, que, em 2014, contou com uma adesão 25% maior de acadêmicos em relação ao ano de 2013, demonstrando o crescente interesse pelo evento. No ano de 2014, a campanha ocorreu entre os dias 17 e 24 de maio e se desenvolveu em três momentos. Iniciou com um simpósio de capacitação em doenças da tireoide, ministradas por especialistas, voltado para a capacitação de médicos generalistas, como clínicos, geriatras, ginecologistas e cardiologistas; de médicos residentes e de estudantes de medicina das diversas universidades de medicina de Fortaleza, os quais totalizaram 74 alunos. Também contamos com a presença de diversos profissionais do Programa Mais Médicos do Governo Federal. Os temas abordados foram: Hipotireoidis-
mo – Diagnóstico e Tratamento (Dra Cláudia Peter- HGF); Tireoidites – Visão Geral (Dra Cristina Façanha - UNICHRISTUS); Hipertireoidismo – Manejo Simplificado (Dr Manoel Martins- UFC) e Doença Nodular/Câncer de Tireóide – Abordagem Prática (Dr Pedro Colares – SBCCP-CE). Foi realizado um mutirão de atendimento à população na Praça do BNB – Centro de Fortaleza, e à tarde, no North Shopping, onde foram atendidas, no total, 406 pessoas. A divulgação do evento se deu por meio de cartazes, rádios e programas de televisão, sendo este último a principal fonte de divulgação da campanha. Os participantes foram abordados por meio de um questionário que continha os sintomas mais frequentes das doenças mais comuns da glândula e os achados do exame físico da região cervical para a triagem de patologias, como o bócio ou a presença de nódulos tireoidianos palpáveis. Para os pacien-
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tes em que foi observada a presença de fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças, foram solicitados exames de TSH, ultrassonografia da tireoide e/ou punção aspirativa por agulha fina – PAAF, disponibilizados, como cortesia, pelos principais laboratórios da cidade. No total, 198 exames de TSH, 70 ultrassonografias e 10 PAAFs foram solicitados. No momento final da campanha, estes pacientes retornaram com os exames no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH) do Ceará, que foi aberto somente para este fim. Uma equipe de estudantes, orientados por voluntários especialistas em endocrinologia e em cirurgia de cabeça e pescoço analisaram os exames, discutiram os casos e orientaram o tratamento de 48 participantes que vieram ao retorno. Tratou-se de uma excelente oportunidade em aprender, na prática, condutas em tireoidologia! Um fato interessante observado foi o grande número de pacientes que já haviam participado da campanha nos anos anteriores e que estavam retornando, tanto pela dificuldade de acesso ao profissional de saúde capacitado para o seu acompanhamento como também pela qualidade do serviço prestado nesta atividade. Os integrantes da LEME da Unichristus, da LIEM da UFC e os demais estudantes de medicina dessas faculdades que estavam presentes participaram das atividades teóricas
e práticas da Semana Internacional da Tireoide, fazendo a triagem dos pacientes, a partir da realização dos questionários e da palpação da glândula, e analisando os exames trazidos no retorno ocorrido no CIDH, sendo a conduta final sempre decidida pelos profissionais da endocrinologia. É por considerarmos atividades como esta uma missão da Liga de Endocrinologia e Metabologia da Unichristus (LEME) que, no presente ano de 2015, a LEME participou mais uma vez da organização dessa atividade, dessa vez em parceria com a Liga de Endocrinologia, Metabologia e Nutrologia da Unifor (LIMEN). Este ano organizamos também, sob orientação da Dra. Cristina Façanha (orientadora da LEME) e da Dra. Karina Sodré (orientada da LIMEN) e com apoio da SBEM –CE e SBCCP-CE, o II Curso de Atualização em Doenças da Tireoide e das Paratireoides, que ocorreu entre os dias 19 de maio e 04 de julho de 2015, no Auditório Térreo da Unichristus, Campus Parque Ecológico.
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O curso contou com uma carga horária de 40 horas, sendo 24 horas de aula e 16 horas de prática. As aulas teóricas abordaram diversos temas de atualidades em Tireoidologia e foram ministradas por especialistas na área. A parte prática constou das seguintes atividades: yCampanha de alerta a doenças da tireoide (onde foi realizado atendimento à população em regime de mutirão) yReavaliação de pacientes e exames após 30 dias. Todas as atividades foram realizadas pelos alunos com orientação dos professores responsáveis. A cada campanha realizada, constata-se a importância desse evento na promoção da saúde da nossa sociedade e na formação acadêmica dos alunos, que têm a oportunidade de por em prática o conhecimento adquirido no curso de medicina sobre o manejo das doenças tireoidianas e de praticar uma atividade de extensão de utilidade pública para a comunidade de uma maneira leve e satisfatória.
Integrantes da Liga de Endocrinologia e Metabologia (LEME) – Gestão 2015 Ana Beatriz Guerreiro, Hellen Sales, Isadora Paz, Lara Araripe, Lucas Dias, Lucio Neto, Mariana Silton e Victoria Lacerda. Orientadores: Dra. Cristina Façanha, Dr. Pedro Collares e Dra. Débora Coutinho.
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XII Encontro de Iniciação à Pesquisa e X Encontro de Pesquisadores do Curso de Ciências Contábeis revela talentos incentivando a Pesquisa e Escrita
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os dias 20 e 22 de maio de 2015, no Campus Dionísio Torres, os cursos de Ciências Contábeis e Sistemas de Informação realizaram o XII Encontro de Iniciação à Pesquisa e o X Encontro de Pesquisadores em parceria das seguintes instituições: SEBRAE/ CE, Banco do Nordeste, empresa Deloitte, empresa Dominus, Banco do Nordeste do Brasil- por meio do ETENE,FIEC- CIN Centro Internacional de Negócios, e com a participação dos coordenadores dos cursos de Ciências Contábeis e Sistemas de Informação (Adail Nunes e Cristiano Reinaldo) , apoiados pelo Pró-Reitor de extensão Rogério Frota. A abertura focou-se na programação de dois dias. Nesse sentido, no primeiro dia, teve-se, como palestrante, a técnica do Banco do Nordeste, Silvana Batista, com o tema: “ A experiência prática de uma Cientista”. Silvana Batista é uma técnica de grande experiência no mercado de trabalho, principalmente com metodologias atuais. Também é professora universitária, orientadora de metodologias para alunos em final de curso e parceira ativa da Comissão de Comércio Exterior do Ceará – CCE Estadual. Em sua palestra, falou sobre a motivação em escrever artigos, a importância do saber para o conhecimento normatizado que é exigido no mercado de trabalho.
Justificou, ainda, a relevância da escrita em relatórios contábeis. Em continuidade do encontro, o aluno egresso, Liduino Venâncio Herculano, relembrou o seu período de graduação e o seu trabalho de final de curso. Elogiou o Centro Universitário Unichristus e agradeceu ao coordenador geral do Curso de Ciências Contábeis, Cristiano Melo Reinaldo, e sua orientadora, a professora Silvana Marques. No segundo dia, 21 de maio, foi realizada a apresentação da aluna Vandileide Maria Oliveira de Sousa do Curso de Ciências Contábeis com o artigo escrito sobre a empresa M.Dias Branco com o seguinte tema: Processo de internacionalização da empresa M. Dias Branco: um estudo de todas as etapas para realização da exportação comercial. Percebeu-se, durante a apresentação da aluna, que ela tem habilidades e competências para destacar-se na área de iniciação científica. Em seu artigo sobre uma das maiores empresas do Nordeste, a M. Dias Branco, durante uma visita técnica a APIMEC, descobriu-se a necessidade da empresa no seu planejamento estratégico de expandir a exportação de produtos pelo processo de internacionalização. Em continuidade ao evento, o formato de Oficinas foi o que deu mais relevância ao Encontro, pois as parcerias das instituições já citadas
fizeram deste um encontro de grandes alegrias e reforçou a escolha dos alunos pelos seguintes temas: yA experiência de uma pesquisadora. yCiência Atuarial como fonte de Pesquisa para a Ciência Contábil. yA experiência da Dominus em Auditoria Contábil. yPlataforma Lattes – Como inserir seu currículo na Plataforma Lattes. yComo escrever histórias de sucesso dos empreendedores: uma experiência do SEBRAECE. yNúcleo de Pesquisa do CIN-Centro Internacional de Negócios como incentivo para alunos de graduação da Unichristus. yPainéis para Pesquisas Científicas – Excel. yO ETENE- Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste como espaço de pesquisa científica para a graduação. yContabilidade e Gestão Empresarial- A experiência da Deloitte no Ceará. A forma encontrada para aproximar alunos do universo da ciência foi trazendo palestrantes para as nove oficinas realizadas no dia 21. As áreas temáticas escolhidas foram harmonizadas com o tema do Encontro, para facilitar a leitura e a prática dos alunos ao participar ativamente das palestras, pontuando, dessa forma, os créditos para as atividades complementares.
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Os professores Rodolfo Alves Silva, Eduardo Harb Naime e Francisco Flávio Almeida foram palestrantes no Encontro pela habilidade com alguns temas específicos que ajudaram aos alunos na construção do saber científico. Na Oficina do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o Técnico Tibério Bernardo incentivou os alunos a fazerem pesquisas com a ajuda do ETENE, apoiando a instituição Unichristus nos estudos econômicos do Nordeste, no Observatório Econômico do Nordeste e nos temas para pesquisas de artigos e monografias a serem realizados pelos alunos do curso de Ciências Contábeis. A relação do professor Sérgio Araújo, professor da Unichristus, com o Técnico Tibério Bernardes foi tanta que, na entrega do diploma, os dois fortaleceram seus laços de amizades e profissionalismo na área de educação, por meio de um belo discurso do professor. Concluiu-se o evento com as oficinas, e o método utilizado no encontro foi diferenciado para os alunos de Ciências Contábeis, que aproveitaram o máximo para explorar os temas. Vale salientar que a presença das empresas convidadas da área contábil, como a Deloitte e a Dominus, a relação aluno x empresário foi ainda maior, pois ver, na prática, duas empresas de grande valor apresentarem a importância da contabilidade tem em uma empresa fez que todos gostassem muito das apresentações realizadas. Colaboração: Profa. Silvana Vidal
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Visita do Curso de Enfermagem (campus Benfica) a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)
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Deficiência Intelectual, de acordo com a Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento AAIDD, caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média, associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorrem antes dos 18 anos de idade. Essas limitações provocam uma maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento dessas pessoas. As crianças com atraso cognitivo podem precisar de mais tempo para aprender a falar, a caminhar e a aprender as competências necessárias para cuidar de si, tal como vestir-se ou comer com autonomia. É natural que enfrentem dificuldades na escola, no entanto aprenderão, porém necessitarão de mais tempo. É possível que algumas crianças não consigam aprender algumas coisas como qualquer pessoa que também não consegue aprender tudo. No dia a dia, isso significa que a pessoa com deficiência intelectual tem dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns para as outras pessoas. Muitas vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que realmente tem. A Deficiência Intelectual é resultado, quase sempre, de uma alteração no desempenho cerebral,
Dayana Deize Lessa Uchôa, Louyse Teixeira de Souza, Lara Crisóstomo Maurício Maia Holanda, Sabrina da Silva Pereira, Marina Silva Araújo, Isabella Moreira Barbosa de Souza Thalya Camila Angelim Praciano (Alunas do 2º semestre do Curso de Enfermagem-Ben¿ca) Orientador Prof. José Eduardo Ribeiro Honório Júnior
provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação, problemas no parto ou na vida após o nascimento. Um dos maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores da área é que, em grande parte dos casos estudados, essa alteração não tem uma causa conhecida ou identificada. Muitas vezes, não se chega a estabelecer claramente a origem da deficiência.
APAE A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Fortaleza é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos. Fundada em 26 de abril de 1972 (conforme D.O de 25.05.72 e publicado em seu Estatuto na mesma data), está localizada na Av. Rogaciano Leite, 2001, no Bairro: Eng. Luciano Cavalcante com o telefone de contato: (085) 4012-1403 e E-mail: apaefortaleza@ig.com.br. A APAE/Fortaleza,
desde os seus primórdios, foi criada com a finalidade de zelar pelo bem-estar dos excepcionais, promovendo seu ajustamento, difundindo e estimulando os estudos e pesquisas relativas a sua problemática. O seu funcionamento legal deu-se no ano de 1975, após ter-se constituído a primeira diretoria com Maria Regina Pio de Almeida na presidência, que alugou uma casa com espaço próprio, onde a APAE pudesse oferecer aos alunos um melhor acompanhamento e ,consequentemente, melhores condições aos excepcionais, cujas famílias vão à procura de respostas para as suas necessidades educacionais, psicológicas e sociais. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Fortaleza ,em cumprimento aos seus objetivos, busca implantar habilidades que desenvolvam e recuperem a autoestima do seu efetivo.
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A associação funciona de segunda a sexta ( Manhã: 7h30min às 11h10min, Tarde: 13h15min às 16h55min), oferecendo educação básica, ensino técnico, atividades psicoterapêutica, para todas as idades. A associação possui uma equipe multiprofissional com fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, pediatra, assistente social e terapeuta ocupacional. Infelizmente, encontramos vários problemas na manutenção da Instituição, um deles é a falta de verba financeira, comprometendo o pagamento dos funcionários e atingindo outras áreas, como atendimento médico, setor de limpeza, compras de mantimentos, entre outros. Podemos encontrar ainda na APAE um Núcleo de Treinamento Profissional (NTP) que desenvolve programa de treinamento profissional qualificado, oferecendo cursos de corte e costura, pinturas, informática, apoio logístico e auxiliar de escritório, além de garantir a inserção dos deficientes intelectuais no mercado de trabalho de forma cidadã. A colocação dos excepcionais no mercado de trabalho é de grande importância social e de um valor inestimável, quer pela socialização pessoal, pelo aumento da autoestima e seu posicionamento como pessoas úteis. Com a colocação de seus treinados no mercado competitivo, o NTP da APAE Fortaleza cumpre sua meta prioritária que é a inclusão social das pessoas com deficiência intelectual e múltipla, tornando-as produtivas e cidadãos conscientes de seu valor na sociedade. Além do núcleo de treinamento profissional, podemos encontrar o setor das oficinas protegida terapêuticas que se compõe de programas pedagógicos específicos
e de quatro oficinas de artes. São oferecidas oficinas de tecelagem, oficinas de pinturas artesanais e mosaicos, oficinas de papel reciclado, de EVA e oficinas de artes plásticas e reciclagem. Essas atividades estimulam as habilidades manuais, os níveis de atenção ,a concentração ,a coordenação motora e o sentimento de autoestima, ajudando a desenvolver atividades em grupos. O setor se dispõe a atender 74 alunos dessa escola, entre adolescentes e adultos com comprometimentos cognitivos, sensos-perceptivos, motores e sociais. As metas estabelecidas dentro do projeto visam a desenvolver uma maior autonomia e independência dessa clientela.
Visita à APAE-Fortaleza Chegamos à APAE por volta de 13h, no momento da acolhida dos alunos maiores (adolescentes e adultos), que ,perfilados, fizeram uma oração e encaminharam-se para suas salas em perfeita organização. Logo após, a assistente social Inez nos recepcionou e contou que atualmente APAE atende em torno de 420 pessoas em todas as faixas etárias, com diferentes tipos de síndromes, falou um pouco sobre os funcionários, a rotina interna, a exigência de crianças a partir de 4 anos estarem matriculadas em uma escola regular e a dificuldade encontrada na contratação de novos profissionais, por causa das limitações orçamentárias de repasse financeiro do governo para a contratação de pessoal. Depois fomos conhecer o espaço, estruturado fisicamente para atender as necessidades específicas com atividades diferenciadas, baseadas em uma lógica evolutiva que vai desde exercícios de socialização para bebês, fisioterapia, fonoaudiologia para
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crianças, até aulas de dança, música, artesanato e cursos profissionalizantes para adolescentes e adultos. Visitamos primeiro uma sala de artesanato e vimos a produção de um porquinho de jornal que ,mais tarde, seria pintado e vendido com outros tipos de artesanato ,como tapetes, quadros trabalhados com diversos materiais, caixas de MDF etc. Todos muito bem feitos e com valor artístico e sentimental (lindos de se ver e ter), vendidos nas feiras organizadas pela própria APAE. Foi uma experiência maravilhosa, pois fomos recebidos com muito amor, abraços, beijos, além de flores (tudo muito lindo), ficamos sem palavras para descrever o quão gratificante foi conhecer um pouco desses anjos que nos receberam com um belo sorriso no rosto. Ao chegarmos à APAE, nossa expectativa era de que a nossa presença fosse algo significativo para eles, no entanto nós é que fomos agraciados, pois as marcas mais profundas de carinho e gratidão ficaram em nossos corações.
Referências Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, Fortaleza (APAE). Disponível em: <http://www.fortaleza.apaebrasil. org.br/>. Acesso em: 01 agos. 2015. GARGHETTI, F.C.; MEDEIROS, J.G.; NUERNBERG, A.H. Breve história da deficiência intelectual. Revista Electronica de Investigacion Y Docencia. v.10, p.101-116, 2013. Disponível em: <http://revistaselectronicas.ujaen. es/index.php/reid/article/viewFile/994/820>. Acesso em: 20 ago. 2015. ALMEIDA, M.A. (Org.). Deficiência intelectual: realidade e ação. São Paulo: Secretaria da Educação. Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado – CAPE. p. 153, 2012. Disponível em: <http://cape.edunet.sp.gov.br/textos/textos/Livro%20 DI.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2015.
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Sobre Direitos Humanos e Fundamentais: Os lúcidos apontamentos da Aula Magna do professor Ingo Sarlet para a Unichristus
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o dia de 4 de agosto de 2015, o Curso de Direito do Centro Universitário Christus reuniu professores, alunos novatos e veteranos, egressos, além do público externo, a fim de celebrar o semestre que se inicia. Para exaltar esse momento, marcando a alegria de mais um recomeço, nada melhor do que corpo docente e discente fazerem o que fazem de melhor: compartilhar conhecimento, ensinar e aprender de forma mútua, ávida e constante. Intitulado de Aula Magna, o evento contou com a participação do Professor Ingo Wolfgang Sarlet, que abrilhantou a manhã, ao lado da Coordenadora do Curso, Professora Gabrielle Bezerra, proferindo a conferência “Direitos Humanos e Direitos Fundamentais: convergências, tensões e desafios.”
Jurista renomado e autor de diversas obras de referência, Ingo Sarlet abordou um tema que se coaduna perfeitamente com a formação pretendida para os alunos do Curso de Direito da Unichristus, o qual possui ênfase em Direitos Humanos e Fundamentais. Não obstante, à primeira vista, ambos os termos pareçam ser sinônimos, porém há uma diferença de suma importância entre eles. Enquanto Direitos Fundamentais se referem àqueles que pertencem a um ordenamento interno, estando positivados nas Constituições de seus respectivos Estados, Direitos Humanos se encontram no plano internacional. O fato de o conteúdo, tanto dos primeiros, como dos últimos, estar estritamente relacionado à dignidade da pessoa humana e à limitação
ŹProfa. Gabrielle Bezerra (Coord. Geral do Curso de Direito) e Prof. Ingo Wolfgang Sarlet
do poder, contudo, aproxima-os de maneira intensa. A relevância de se fazer essa distinção, demonstrada pelo Professor Ingo Sarlet, por meio, inclusive, de variados exemplos, consistiu no cerne da conferência. Citando o recente caso em que um brasileiro foi fuzilado na Indonésia, em decorrência da sua condenação por tráfico de drogas, o autor demonstrou que, embora a vedação à pena de morte consista em Direito Humano, sendo objeto de diversos acordos internacionais, ele só se torna juridicamente exigível em uma realidade constitucional, quando a nação insere tal direito em suas normas, ou seja, os Direitos Humanos, simplesmente por existirem, não são exigíveis em qualquer lugar, faz-se necessária sua inclusão no âmbito interno de determinado ordenamento. Diante dessa explicação, não havia uma ação plausível que o Brasil pudesse, em termos jurídicos, fazer para evitar a imposição da pena de morte no caso em comento. Delineando as convergências, as tensões e os desafios propostos, o conferencista traçou, primeiramente, a diferença entre fundamentalidade formal e material. Com base na fundamentalidade formal, um direito que esteja positivado na
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Constituição como um Direito Fundamental, assim vai ser considerado, independentemente de seu conteúdo. Já a fundamentalidade material consiste no arcabouço axiológico do direito, o qual será materialmente fundamental se guardar correlação com a dignidade da pessoa humana e com a limitação do poder. Ingo Sarlet desmistificou a ideia de crepúsculo do constitucionalismo defendida por alguns autores, afirmando sua convicção e sua crença de que o modelo de constitucionalismo globalmente espalhado e em constante ascensão, não está, de fato, caminhando para uma queda ou término. Dentre as outras formas de concepção de um Estado, o constitucionalismo ainda é a mais sensata, a que mais consegue se adequar às necessidades de um povo. A ideia de crepúsculo do constitucionalismo é mais retórica, pois o Estado Constitucional e os Direitos Fundamentais continuam consistindo na ideia menos proble-
mática, de acordo com o conferencista, não se podendo, ainda, ser substituída. O Professor concluiu que o universo de direitos fundamentais nunca vai ser igual ao universo de direitos humanos, embora os dois coincidam em grande parte. Essa conjuntura se deve, sobretudo, ao fato de os direitos fundamentais refletirem realidades diversas. Para ilustrar, o conferencista questionou: “A Alemanha precisa de proteção aos quilombolas ou aos indígenas?” Enquanto realidade alemã não demanda nenhum direito fundamental nesse sentido, a história do Brasil leva a tal necessidade. Destacou, ainda, Ingo Sarlet que até os Direitos que são, simultaneamente, Fundamentais e Humanos são diferentes, cada um se adequando às peculiaridades de sua esfera de positivação, interna ou internacional. Dando continuidade à explanação, o professor reforçou a inexistência de hierarquia entre Direitos Huma-
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nos e Fundamentais, não sendo atribuído a nenhum maior valor do que ao outro. Finalizando sua exímia exposição, Ingo Sarlet enfatizou o quanto custa a tentativa de proteção aos Direitos Humanos quando se trata da manutenção de tribunais e cortes internacionais: “Há um custo perverso para manutenção de uma estrutura que arrota uma bondade, mas que, na prática, não consegue”. Para o conferencista, é imprescindível que existam Estados Constitucionais fortes, com democracias fortes capazes de assegurar o pleno exercício dos Direitos eleitos com Fundamentais. E, assim, os presentes deixaram o auditório em que aconteceu a Aula Magna com suas mentes repletas de inquietações e de vigor para inspirá-los no semestre vindouro. Colaboração: Carla Marques Diógenes, Francisco das Chagas Moreira Neto (Alunos egressos do Curso de Direito)
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leitura
Atlas Ilustrado de Injeção de Toxina Botulínica Autor: Wolfgang Jost Editora: Gen
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inopse: Os aspectos orientados ao uso são abordados e visualizados de forma precisa e em formato compacto; assim, o livro é ideal para a consulta e o aprimoramento da técnica de injeção.
Eu indico... A Outra Face do Poder Autor: Amália Sina Editora: Saraiva
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Outra Face do Poder” é um livro que indica a necessidade de mudanças no ambiente corporativo, mas com um foco muito mais profundo do que receitas de marketing ou gerenciamento modernos. Leitura obrigatória para aqueles que querem mais do que gerir uma empresa de maneira atual: querem uma empresa ética e eficiente. . O principal objetivo da obra é abordar o uso indevido do poder, o abuso do poder, o uso da violência moral, da coerção e da manipulação no ambiente empresarial. A autora utiliza suas experiências para retratar as relações humanas dentro do ambiente corporativo. Ao fazer isso, traz uma série de exemplos práticos e relatos de pessoas que já viveram ou sofreram por causa do assédio moral. Indicação: Prof. Adail Nunes Coordenador do Curso de Sistemas de Informação
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artigos
A importância dos conhecimentos sobre radioproteção para o fisioterapeuta
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as últimas décadas, as Unidades de Terapia
Intensiva (UTIs) têm-se tornado uma concentração não somente de pacientes críticos e de tecnologia avançada, mas também de uma equipe multiprofissional experiente com competências específicas. O profissional fisioterapeuta, como integrante dessa equipe, necessita cada vez mais de aprimoramento e educação especializada, para fazer frente ao avanço dos cuidados intensivos (NOZAWA et al, 2008). Dentro desse setor, um dos procedimentos rotineiros é a realização de exames radiográficos. A Portaria 453/1998(3), em seu item 4.27, normatiza que a realização de exames com equipamentos móveis em leitos hospitalares ou em ambientes coletivos de internação “[...] somente será permitida quando for impossível ou clinicamente inaceitável transferir o usuário para uma instalação com equipamento fixo”. Nesse caso, a proteção radiológica se faz necessária por corresponder a um conjunto de diretrizes com o intuito de se atingir padrões aceitáveis de segurança e qua-
lidade em curto, médio e longo prazo na área do radiodiagnóstico, objetivando-se minimizar a exposição de pacientes e profissionais da saúde a possíveis efeitos resultantes das exposições a radiação ionizante (BRASIL, 1998). Compreendendo que a radioatividade e as radiações ionizantes não são percebidas naturalmente pelos órgãos dos sentidos do ser humano, diferindo-se da luz e do calor (SILVA, 2013), fica clara a importância de o fisioterapeuta ter conhecimentos acerca do conceito e das práticas de radioproteção, observando que, desde 25 de fevereiro de 2010, a Resolução RDC, Número 7, editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), estabeleceu a obrigatoriedade da atuação de, pelo menos, um fisioterapeuta para cada dez leitos de UTI nos três turnos (matutino, vespertino e noturno), somando um total de 18 horas diárias de atividade. Logo, um maior número de profissionais em uma carga horária maior está exposto a altos níveis de radiação ionizante. Nesse contexto, Lourenço, Silva e Silva Filho (2007) salientam que essa área exige profissionais qualificados e cientes dos riscos associados, de suas responsabilidades na
Ketyllen Kariany Silva Almeida Aluna do 6º semestre do Curso de Fisioterapia
Rogério de Almeida Lopes
Aluno do 6º semestre do Curso de Tecnologia em Radiologia
Profa. Msc. Magnely Moura do Nascimento Profa. Dra. Mirizana Alves de Almeida
Docentes do curso de Fisioterapia
proteção dos usuários e de si mesmos por meio da aplicação de medidas de radioproteção. Porém, a falta de conhecimento sobre os aspectos relevantes de proteção radiológica tem contribuído para a exposição de profissionais a riscos desnecessários (LIMA; CARVALHO; AZEVEDO, 2004). O fisioterapeuta, dentro dessa realidade, é considerado um trabalhador para-ocupacionalmente exposto às radiações ionizantes, ou seja, cujas atividades laborais não estão relacionadas diretamente às radiações ionizantes, mas, ocasionalmente, também podem vir a receber doses superiores aos limites primários estabelecidos pela Norma CNEN-NE 3.01
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“Diretrizes Básicas de Radioproteção”, conforme consta na NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde (2011). Apesar dessa informação, nem todos os fisioterapeutas intensivistas utilizam-se de métodos de radioproteção individual, tais como protetores de gônadas, de tireoide, luvas, óculos plumbíferos, biombo de proteção individual, entre outros, embora os aventais sejam usados em alguns casos, o que demonstra a necessidade de investimentos em formação acadêmica e em educação permanente em saúde, de forma a prevenir agravos (BRAND, FONTANA, SANTOS, 2011). Por isso, tanto o fisioterapeuta como todos que trabalham na UTI devem ser preparados para minimizar o risco de exposição ocupacional, embora, para isso, seja necessário um programa de treinamento e capacitação que possa suprir a falta de conhecimento específico sobre proteção radiológica, não apenas nos leitos, mas também em todos os ambientes em que exista exposição (SANTOS, RODRIGUES, 2013), considerando que a dose acumulada em um perío-
do de vários anos seja o fator preponderante para doenças decorrentes da exposição a radiações ionizantes, mesmo que as doses intermitentes recebidas durante esse período sejam pequenas. Entre algumas dessas doenças estão: neoplasias, manifestações hemorrágicas, polineuropatia induzida pela radiação, conjuntivite, catarata, pneumonite, fibrose pulmonar, gastroenterite e colite tóxica, radiodermatite e outras afecções da pele e do tecido conjuntivo, além de infertilidade masculina e malformações fetais (BRAND, FONTANA, SANTOS, 2011). Na maioria das vezes, o fisioterapeuta não valoriza essas informações, por considerar desnecessárias ou exclusivas dos profissionais de Radiologia, esquecendo-se de que cursos e treinamentos nessa área geram renovação, ampliação de conhecimento, que levam a melhores condições para a prestação de serviços com qualidade, e conscientização dos benefícios da radioproteção, que é a prevenção ou a diminuição dos efeitos somáticos e a redução da deterioração genética (SOUZA, SOARES, 2008).
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Referências BRAND, C. I., FONTANA, R. T., SANTOS, A. V. A saúde do trabalhador em radiologia: algumas considerações. Texto and Contexto Enfermagem, v. 20, n. 1, p. 68, 2011. FLÔR, R. C., KIRCHHOF, A. L. C. Uma prática educativa de sensibilização quanto à exposição a radiação ionizante com profissionais de saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 59, n. 3, p. 274-278, 2006. LOURENÇO, S. R., SILVA, T. A. F., DA SILVA FILHO, S. C. Estudos sobre as condições de risco a que os profissionais da área de radiologia médica estão sujeitos. Exacta, n. 002, p. 283-290, 2007. NOZAWA, E. et al. Perfil de fisioterapeutas brasileiros que atuam em unidades de terapia intensiva. Fisioter Pesqui, v. 15, n. 2, p. 177-82, 2008. SANTOS, D. C., RODRIGUES, M. S. Avaliação das condições de radioproteção em leito de UTI. Experiências Empíricas: Projeto Ipiranga-NUP, v. 1, n. 1, 2013. SEARES, M. C., FERREIRA, C. A. A importância do conhecimento sobre radioproteção pelos profissionais da radiologia. CEFET/SC Núcleo de Tecnologia Clínica, Florianópolis, Brasil, 2002. SOUZA, E., SOARES, J. P. M. Correlações técnicas e ocupacionais da radiologia intervencionista. Jornal Vascular Brasileiro, v. 7, n. 4, p. 341-350, 2008.
O DIREITO NA PRÁTICA O Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) possui prédio próprio, localizado no Campus Dom Luís, com o fim de preparar os alunos do Curso de Direito para a prática da advocacia. Lá, são ministradas as disciplinas de estágio. Além disso, o discente tem a oportunidade de atuar em casos reais, prestando serviço de atendimento à comunidade, junto à Defensoria Pública. UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.
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Louvado sejas! Abordagem explicativa da Carta Encíclica Laudato si ’, do Papa Francisco
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om uma expressão de louvor, o Papa Francisco
inicia a Carta Encíclica Laudato si’ – Louvado Sejas, publicada no Vaticano no dia 24 de maio de 2015. Esta frase é de São Francisco, no seu famoso Cântico das Criaturas, do século XIII. O texto da oração foi escrito no dialeto da Umbria, falado por Francisco de Assis, no fim do ano de 1224. A Encíclica mantém o título na língua original: Laudato si’. Dirige-se a Deus como aquele para quem convergem todos os louvores e vela constantemente pela criatura humana e pelo planeta: obras de suas mãos (Cf. Gn. 2, 7-25). O texto lembra-nos o “urgente desafio de proteger a nossa casa comum1, inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.” Laudato Si’ (LS), n. 13. Este documento pontifício é uma provocação e ao mesmo tempo uma denúncia profética de como o planeta Terra vem sendo explorado e das consequências calamitosas, 1 O Papa usa a expressão ‘casa comum’ para referir-se ao cuidado que devemos ter com o planeta Terra.
se a humanidade não mudar os paradigmas de cuidado e conservação da nossa casa comum. Com seu estilo literário bastante paternal, o Papa Francisco aponta propostas para um diálogo universal sobre o cuidado e a preservação do meio ambiente e dos ecossistemas ameaçados. O texto é estruturado gerando no leitor uma análise e uma crítica ao consumismo e à problemática contemporânea do “Ter”. Destaca com veemência a situação climática e as alterações da natureza. É importante observar a originalidade e simetria com que o documento foi redigido. Corroborando a maneira clara e objetiva de abordar os conteúdos propostos por Papa Francisco. A Carta Encíclica denuncia com clarividência a exploração da terra e dos recursos naturais para o usufruto de uma sociedade que não se contenta com o necessário para viver, mas que busca, até o esgotamento, retirar da terra o que a mesma tem de mais genuíno. A ambição e a sede de poder visando à satisfação do possuir e esquecendo valores tão importantes como a conservação e a renovação dos bens naturais que o planeta concede ao ser humano são aludidos na reflexão (Cf. LS, n. 15). A pessoa humana, em sua dimensão integral, também recebe relevância na Encíclica, sendo considerada como portadora de uma herança inesgotável e do dom infuso do Criador: a inteli-
Pe. Sóstenes Luna Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma
gência e a capacidade de pensar, muitas vezes desvirtuadas pela ambição e pelo desejo de enriquecimento fácil e ilícito. Preocupações com as alterações climáticas e a água são pontos de partida para a reflexão. “O clima é um bem comum, um bem de todos e para todos. A nível global é um sistema complexo, que tem a ver com muitas condições essenciais para a vida humana” (LS, n. 23). Alerta-nos o documento sobre a responsabilidade que todos devemos ter com as questões climáticas e ambientais. Em vez de agir como coletividade, ficamos procurando em quem atribuir a culpa, não buscamos dar as mãos para solucionar o problema climático e as suas consequências. Seria esse o matiz reflexivo apontado por Papa Francisco. O tema da qualidade de vida e da busca por sustentabilidade também ganha densidade nos números 43-47, nos quais per-
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cebemos a preocupação de constatar que há em nossos tempos desigualdade social e intelectual. Propõe o Pontífice que os meios desenvolvidos trabalhem uma política de inclusão social que possa gerar qualidade de vida e bem-estar para todos, harmonizando, assim, a humanidade através de uma cultura de paz. É provocativa a pergunta feita pelo Papa no n. 63 da Laudato Si´: “Por que motivo incluir, neste documento dirigido a todas as pessoas de boa vontade, um capítulo referido às convicções de fé? ” Justifica, respondendo, o Pontífice: Não ignoro que alguns, no campo da política e do pensamento, rejeitam decididamente a ideia de um Criador ou consideram-na irrelevante, chegando ao ponto de relegar para o reino do irracional a riqueza que as religiões possam oferecer para uma ecologia integral e o pleno desenvolvimento do género humano; outras vezes, supõe-se que elas constituam uma subcultura, que se deve simplesmente tolerar. Todavia a ciência e a religião, que fornecem diferentes abordagens da realidade, podem entrar num diálogo intenso e frutuoso para ambas.2 2 Laudato Si’, n. 63
Na abordagem o Papa Francisco toca a temática do diálogo tão proeminente para a busca de resoluções dos problemas e dos conflitos. Percebe-se que o texto se esforça em dialogar com o mundo cético, provocando um encontro de ideias e não uma separação ideológica e fundamentalista a partir da fé. Neste aspecto não podemos ignorar os passos longos e firmes dados pelo atual Pontífice no diálogo ecumênico e inter-religioso como ponte que conduz a humanidade ao Criador. “Na tradição judaico-cristã, dizer «criação» é mais do que dizer natureza, porque tem a ver com um projeto do amor de Deus, onde cada criatura tem um valor e um significado. ” (LS, n. 76). Assim, todo o gênero humano se inclui no desenho de salvação do Redentor. Importante seria perceber que o Jesus humano nos apresenta um Jesus Cristo divino. Este leva a precariedade humana a se encontrar com o Criador. Deus nos fez a sua imagem e semelhança e nos dignificou como filhos e irmãos, por meio do sacrifício de seu Filho Único: tecendo a misteriosa trama redentora da pessoa humana. “O Novo Testamento não nos fala só de Jesus terreno e
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da sua relação tão concreta e amorosa com o mundo; mostrando-o também como ressuscitado e glorioso, presente em toda a criação com o seu domínio universal. ” (LS, n. 100) Contudo, há sempre uma tensão no ver e confrontar a ação do Jesus homem com o Cristo Filho de Deus. A crise ecológica e ambiental nos coloca no centro da discussão sobre o trabalho humano, sobre a exploração das forças humanas e naturais para o enriquecimento e o uso do bem próprio de uma minoria. Não podemos deixar de perceber a preocupação do Papa Francisco com a pobreza e as consequências que a mesma provoca na vida e na existência dos cidadãos. (Cf. LS, ns. 115-136) O testemunho e as orientações dadas por Francisco nos provocam uma leitura atenta desta Carta Encíclica e abre perspectiva para uma discussão proeminente sobre a Ecologia, o Ser Humano e a Espiritualidade. Não se esgota aqui a reflexão, mas nos provoca a acolhermos e nos abrirmos para esta perspectiva positiva de que se pode ajudar o planeta em sua conservação como casa de todos. Urge uma cultura de diálogo entre meio ambiente e política internacional, para o bem comum e a integração das religiões como base para a pacificação dos povos. Aos leitores mais curiosos e audazes, proponho que leiam a Encíclica e também que elaborem o seu juízo crítico e reflexivo sobre tão denso e importante documento da Igreja para a Humanidade.
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O conhecimento de fisiologia humana na prática do Curso Superior de Tecnologia em Radiologia
Q
uando se fala em Radiologia, é comum associar o nome ao
clássico exame de tórax na incidência póstero-anterior. A anatomia é, sem sombra de dúvida, o principal foco a ser estudado nesse exame e em vários outros realizados na área, mas não é a única a ser analisada nas imagens por Raios-X (BONTRAGER, 2012). Assim como a Anatomia, a Fisiologia Humana é uma disciplina básica no Curso Superior de Tecnologia em Radiologia. Ambas são fundamentais para que os profissionais da Saúde possam compreender o que é natural no organismo para a detecção de anormalidades e doenças que possam surgir nos exames (GUYTON, 2011). O estudo da Fisiologia Humana nas imagens radiológicas se faz por meio de diversos exames, como:
contrastados, cintilografia, tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET-CT), ressonância magnética funcional, dentre outras. Além desse estudo direto da Fisiologia, os profissionais das técnicas radiológicas também podem pôr em prática seus estudos fisiológicos em exames como mamografia e procedimentos intervencionistas através da abordagem por competência, que prioriza a educação mais semelhante às exigências mercadológicas (Parecer 04/1999 da CEB). O tecnólogo tem ampliado sua formação e seus conhecimentos, a fim de ser um profissional com um perfil mais completo, unindo o conhecimento técnico ao conhecimento científico. A disciplina Fisiologia Humana estuda o funcionamento normal dos sistemas do corpo humano e pode ser relacionada com a Radiologia em diversas áreas. Na grade curricular dessa disciplina,
Samantha Monteiro Valentim Aluna do 7º semestre e monitora do Curso Superior de Tecnologia em Radiologia
Mirizana Alves-de-Almeida
Fisioterapeuta, especialista e mestre em Ciências Fisiológicas, doutora em Ciências Médicas e docente da Unichristus
no curso de Radiologia, são abordados os seguintes assuntos: Fisiologia Celular, Fisiologia do Sangue e Imunológica, Fisiologia Muscular, Fisiologia Endócrina, Fisiologia Cardiovascular, Fisiologia Respiratória, Fisiologia Renal e Fisiologia Digestória. Além de aulas teóricas, os alunos contam com o aparato laboratorial para entender de maneira prática as funções corporais (Tabela 1).
Tabela 1 Quadro resumo dos exames e disciplinas citados no texto Sistema Celular
Exames Todos
Imunológico
Radioterapia
Muscular Endócrina
Deglutograma Cintilografia Angiografia, Procedimentos intervencionistas
Cardiovascular Respiratória Renal Digestória
Cintilografia de ventilação e de perfusão, TCAR Urografia excretora, Uretrocistografia miccional Seriografia do esôfago-estômago-duodeno, Trânsito intestinal, Enema Opaco
Disciplinas Radioproteção Radioterapia, Mamografia, Radioproteção Exames Contrastados Medicina Nuclear Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Intervencionista Medicina Nuclear, Tomografia Computadorizada, Exames contrastados, Farmacologia Exames Contrastados
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A relação entre a Fisiologia Humana e o curso de Radiologia já foi anteriormente demostrada no trabalho produzido durante o primeiro ano de monitoria da disciplina por meio do trabalho “A utilização do conhecimento em Fisiologia Humana em provas de concurso para técnico e tecnólogo em Radiologia”, apresentado no XI Encontro de Iniciação à Pesquisa e à Docência e IX Encontro de Pesquisadores do Centro Universitário Christus. É de fundamental importância que o profissional das técnicas radiológicas tenha um amplo conhecimento nas fisiologias celular e sanguínea para compreender as reações do organismo à radiação, como os efeitos estocásticos e determinísticos, por exemplo, que são estudados na disciplina de Radioproteção (ANDREUCCI, 2005). O conhecimento da Fisiologia do Sistema Imune pode ser relacionado à mama, dando ênfase aos linfonodos sentinelas, que são investigados nos estudos de mamografia, como podemos ver na disciplina Tecnologia em Mamografia e Den-
sitometria Óssea. Na disciplina Radioterapia também é muito importante o conhecimento pertinente ao funcionamento celular e defesa do organismo, pois as células tumorais e sadias têm sua fisiologia alterada nos constantes bombardeios com as elevadas doses de radiação no tratamento radioterápico (Controle do Câncer, 1993). As informações sobre a fisiologia muscular são necessárias para melhor compreensão dos exames contrastados, estudados na disciplina Tecnologia em Exames Contrastados, que avaliam o funcionamento do músculo liso, como o deglutograma que, com auxílio da fluoroscopia e de uma solução de bário concentrado, permite a visualização e estudo da musculatura lisa encontrada no sistema gastrointestinal para a detecção de alterações como estenoses (PISCO, 2010). O entendimento da fisiologia endócrina é muito necessário em exames como a cintilografia, estudada na disciplina Medicina Nuclear, na qual é comum a avaliação da função da tireoide e a detecção de hipo/ hipertireoidismo, por meio de
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isótopos radioativos que substituem isótopos estáveis na estrutura (RIOS, 2011). A imagem radiográfica do tórax é o exame mais corriqueiro para avaliação e diagnóstico de diversas pneumopatias do trato respiratório e além desse procedimento temos uma gama de outros exames para estudo do funcionamento pulmonar, como, por exemplo: a tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR, estudada na disciplina Tecnologia em Tomografia Computadorizada), que avalia, principalmente, a distorção brônquica conhecida como bronquiectasia (MROURÃO, 2007), e a cintilografia de ventilação-perfusão que, por meio da medicina nuclear, demostra as imagens de ventilação após a inalação do gás xenônio (FISCHBACH, 2005). O entendimento da Fisiologia do Sistema Digestório é necessária, por exemplo, na seriografia do esôfago-estômago-duodeno (também conhecida por EED), que consiste no exame contrastado com sulfato de bário (BaSO4) para avaliação funcional do trato gastrointestinal alto. Já o estudo do sistema gastrointestinal baixo é feito por dois exames: pelo de trânsito intestinal, em que as estruturas desde o duodeno ao cólon ascendente do intestino grosso são contrastadas, também com bário, para avaliação da função das alças do intestino delgado; e pelo enema opaco, que salienta o normal funcionamento ou a obstrução do intestino grosso (BONTRAGER, 2012). Todos
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esses exames são estudados na disciplina Tecnologia em Exames Contrastados. O conhecimento em Fisiologia Cardiovascular é essencial para a área da Radiologia, principalmente para as disciplinas Tecnologia em Tomografia Computadorizada e Tecnologia em Ressonância Magnética, pois nelas estudamos esse sistema por meio das angiografias (angio-TC e angio-RM), feitas com o contraste iodado, na TC, e o gadolíneo, na RM, para mapeamento vascular. Na disciplina Radiologia Intervencionista voltamos a estudar, de maneira mais enfática, esse sistema, uma vez que nos procedimentos intervencionistas a Radiologia auxilia com o fluoroscópico as intervenções cardiovasculares diagnósticas e terapêuticas por acesso percutâneo (CANEVARO, 2009). O domínio do funcionamento renal é importante na urografia excretora, exame contrastado a base de Iodo, que avalia a simetria funcional dos rins por meio da opacidade gerada na porção coletora do sistema urinário. Outro exame é a uretrocistografia miccional, na qual é verificada a existência de refluxo vesico-uretral ou se a fisiologia urinária permanece inalterada (BONTRAGER, 2001). Esses exames são estudados na disciplina Tecnologia em Exames Contrastados e a relação entre o Sistema Urinário e o meio de contraste iodado também é estudado na disciplina Farmacologia dos Meios de Contraste, principalmente
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devido à nefrotoxicidade deles (SILVA, 2012). É possível notar que o estudo de todos esses sistemas tem relação direta com os exames realizados no setor de imagem, que vão bem além do que foi abordado aqui. O domínio dos assuntos é necessário para a atuação consciente dos profissionais das técnicas radiológicas. Essa relação é comprovada nas diversas disciplinas da formação do tecnólogo, como já citado aqui; é necessário o conhecimento básico da Fisiologia Humana para uma prática profissional eficiente, proativa e que possa contribuir com uma atuação multiprofissional. Outra grande oportunidade que se “abre” para esse profissional com o perfil descrito é a pesquisa científica e a carreira acadêmica.
Referências ANDREUCCI, R. Proteção Radiológica. ed. jan/2005. São Paulo, S.P.: Andreucci R., 2005. Disponível em: http:// www.abende.org.br/apostilas_download.html#protec. Acesso em: 10 mai. 2015. BONTRAGER, K. L.; LAMPIGNANO, J. P. Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia associada. 7ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
CANEVARO, L. Aspectos físicos e técnicos da Radiologia Intervencionista. Revista Brasileira de Física Médica, Rio de Janeiro, v.3, n.1, p. 101- 115, 2009. CHEN, M. Y. M., Pope TL, Ott DJ. Radiologia básica. 2ed, Porto Alegre AMGH, 2012. Controle do Câncer: uma abordagem de integração ensino – serviço. 2ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Pro – Onco, 1993. FISCHBACH, F. Manual de enfermagem: exames laboratoriais e diagnósticos. 7ed. Lisboa: Nova Guanabara, 2005. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 12ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2011. KATZ, D. S.; GROSKIN, S. A.; MATH, K. R. Segredos em radiologia: respostas necessárias ao dia-a-dia em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. MARCHIORI, E.; SANTOS, M. L .O. Introdução à Radiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. MELLO JUNIOR, C. F. de. Radiologia Básica. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. MOURÃO, A.P. Tomografia Computadorizada: tecnologia e aplicações. São Paulo: Difusão, 2007. PISCO, J.M. (Coord.) Radiologia e análise de imagem. São Paulo: Rider, 2006. RIOS, E. D. Cintilografia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2011. Disponível em <http://fismed. ufrgs.br/cintilografia.htm> acessos em 30 mar. 2015. SILVA, P. Farmacologia. 8ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
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Indicações da toxina botulínica na odontologia
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os últimos anos, com o aumento no número de
publicações científicas acerca do uso da toxina botulínica, ampliou-se consideravelmente a confiabilidade por parte dos profissionais da saúde quanto a sua indicação para fins estéticos e funcionais. Na Odontologia
da musculatura esquelética (Figura 1) (SPOSITO, 2009). Vale ressaltar que vários estudos também têm reportado sua ação no alívio da dor, através da inibição de substâncias que participam das vias associadas a esse processo fisiológico, como os neuropeptídios CGRP e a substância P (CARVALHO, SHIMAOKA, ANDRADE, 2011).
não foi diferente e a utilização
Lia Mayra Araújo Laranjeira e Milena Oliveira Freitas
da toxina botulínica foi
(Alunas do 3º semestre do Curso de Odontologia) Orientador Prof. Francisco Artur Forte Oliveira
devidamente regulamentada pela Resolução 112/11 do Conselho Federal de Odontologia – CFO, em 2011, sendo indicada para tratamento de várias condições
ŹFigura 1: Toxina botulínica inibe a deposição de acetilcolina no espaço entre o neurônio motor e a ¿bra muscular, prejudicando a contração muscular.
que acometem o sistema estomatognático (CARVALHO, SHIMAOKA, ANDRADE, 2011). A toxina botulínica é resultado da fermentação da bactéria anaeróbica Clostridium botulinum, podendo esta produzir sete tipos diferentes de toxina (A, B, C, D, E, F e G), sendo a do tipo A (TxB A) mais usada comercialmente (COLHADO, BOEING, ORTEGA, 2009). Seu mecanismo de ação consiste na degradação do complexo proteico SNARE (Soluble NSF Attachment Protein Receptors), estrutura importante para a deposição do neurotransmissor acetilcolina na placa motora, impedindo, assim, a contração
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No mercado, a toxina adquire vários nomes, sendo comercializada em frascos contendo pó (liófilo) em diferentes concentrações. Previamente a sua administração intramuscular, intradérmica ou intraglandular, esse conteúdo deve ser diluído no próprio frasco com soro fisiológico. No Brasil, 5 (cinco) marcas da toxina botulínica são aprovadas pela ANVISA, com preço variando de R$800,00 a R$1.400,00 (1 caixa), sendo Xeomin®, Dysport®, Botox®, Botulifit®, Prosygne® autorizados para uso médico e odontológico (figura 2) (MARCIANO et al, 2014; SPOSITO, 2004). Na Odontologia, as principais indicações são:
ycontrole do bruxismo e apertamento dental; yhipertrofia do músculo masseter; ydisfunção temporomandibular (DTM); ydor orofacial; ysorriso assimétrico; ysorriso gengival; ydistonias oromandibulares; ysialorreia. (CARVALHO, SHIMAOKA, ANDRADE, 2011) Para cada indicação, uma técnica específica deve ser utilizada, variando também a concentração da toxina a ser administrada (Figuras 3, 4 e 5). Para controle do bruxismo, por exemplo, de 12 a 15 U podem ser aplicadas no músculo masseter e 20 U no músculo temporal, bilateralmente (Figura 3). Para o produto disponível no mercadqo BOTOX®, o início do efeito da toxina botulínica é após 48h
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ŹFigura 2: Diferentes formas comerciais da toxina botulínica disponíveis no mercado brasileiro.
da administração, tendo seu pico de ação na 3ª semana e durabilidade de 3 a 6 meses. Uma reaplicação pode ser necessária após esse período. Diante do exposto, ressalta-se a importância do conhecimento por parte do cirurgião-dentista das indicações da Toxina Botulínica na Odontologia, pois mostra-se uma ferramenta adicional de bastante utilidade para o tratamento de diversas patologias do complexo estomatognático.
Referências
ŹFigura 3: Delimitações dos músculos mastigatórios temporal e masseter. Aplicação da toxina botulínica para controle do bruxismo. Arquivo pessoal, 2014.
CARVALHO, Rubens Côrte Real de; SHIMAOKA, Angela Mayumi; ANDRADE, Alessandra Pereira de. O Uso da Toxina Botulínica na Odontologia. Disponível em: <http://cfo.org.br/wp-content/ uploads/2011/05/toxina-botulinica.pdf>. Acesso em: 31 jan 2015. COLHADO, Orlando Carlos Gomes; BOING, Marcelo; ORTEGA, Luciano Bornia. Toxina Botulínica no Tratamento da Dor. Revista Brasileira de Anestesiologia, Rio de Janeiro, Vol. 59, Nº 3, p. 366-381, Maio-Junho, 2009.
ŹFigura 4: Delimitação do músculo mastigatório masseter. Aplicação da toxina botulínica para hipertro¿a do músculo masseter. Arquivo pessoal, 2014. ŹFigura 5: A – Indicação do uso de toxina botulínico para correção de sorriso gengival. B – Resultado após 21 de aplicação em músculos elevadores do lábio superior. Arquivo pessoal, 2014.
MARCIANO, Aline; AGUIAR, Uberlei; VIEIRA, Patrícia Guedes Maciel; MAGALHÃES, Sérgio Ricardo. Toxina Botulínica e sua Aplicação na Odontologia. Revista de Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações-MG, v. 4, n. 1, p. 65-75, 2014. SPOSITO, Maria Matilde de Mello. Toxina Botulínica do Tipo A: mecanismo de ação. ACTA FISIATR, São Paulo, v.16, p.25-37, mar. 2009. SPOSITO, Maria Matilde de Mello. Toxina botulínica tipo A - propriedades farmacológicas e uso clínico. ACTA FISIATR, São Paulo, p. 07-44, 2004.
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Computação Gráfica e os desafios vindouros
C
omputação Gráfica (CG) é a ciência que estuda,
através de um computador, as propriedades de elementos gráficos (graphic assets) e todas as operações algébricas que atuam neles. Esse estudo pode ocorrer a partir de dois pontos de vista: o do artista e o do desenvolvedor. O artista é aquele que produz obras de arte a partir de objetos brutos, como o que transformou um bloco de pedra na escultura Pietà, ou o que, a partir de dados digitais, criou o dragão Smaug do filme O Hobbit. Já o desenvolvedor é aquele que aplica conhecimento científico na invenção de ferramentas físicas ou digitais como um microscópio ou um programa de modelagem. O curso de Sistemas de Informação da Unichristus está voltado para a formação de desenvolvedores, e é a partir deste ponto de vista que o presente artigo se norteará. A matemática, com seus estudos de Geometria, Álgebra Linear, Cálculo, Lógica e Matemática Discreta, é conhecimento indispensável para aqueles que desejam seguir no ramo do desenvolvimento em CG, uma das sub-áreas da
Computação que possivelmente mais exige conhecimento matemático. Existem bibliotecas gráficas que podem ajudar no trabalho do desenvolvedor, mas conhecer toda a linha de produção gráfica (pipeline) é necessário, caso precise implementar recursos adicionais ou corrigir erros que podem estar em componentes transparentes de um sistema. Grande parte do conhecimento da CG como ciência se deve ao interesse mundial por imagens, jogos e filmes digitais de alta qualidade, o que financia e promove pesquisa nessa área. É comum que grandes estúdios da indústria do entretenimento como Disney, Sony e Microsoft possuam setores de Pesquisa e Desenvolvimento (Research & Development) [1, 2, 3] para o aperfeiçoamento nesta área. Também é constante a oferta de vagas tanto para artistas quanto para desenvolvedores [4, 5, 6]. A Siggraph (a maior conferência de computação gráfica atual, onde novidades tecnológicas são apresentadas) reúne esses e outros estúdios que buscam profissionais na área de ambos setores [7]. Ao observamos a CG no Brasil, percebemos que o lento progresso tecnológico é o primeiro desafio para todo desenvolvedor e artista brasileiro, e que a indústria do entretenimento ainda é modesta no país. Por exemplo, embora estejam
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Rafael Siqueira Telles Vieira Professor do Curso de Sistemas de Informação
surgindo iniciativas como a Abragames [8] e a SBGames [9], além de vários grupos de desenvolvimento nessa área, o mercado de jogos brasileiro ainda é essencialmente dominado por consoles e jogos estrangeiros. Para sermos capazes de rivalizar com os grandes estúdios e laboratórios de pesquisa em CG, é necessário ir além na nossa capacidade de inovação. Como exemplo de atraso tecnológico, temos a impressora 3D, que já existe há mais de 10 anos, contudo, no Brasil, ainda é um produto estranho e difícil de ser encontrado. Como poderemos alcançar o sumo tecnológico se ainda não temos acesso à tecnologia de ponta? Enquanto ainda discutimos se jovens brasileiros devem ou não usar tablets [10], jovens finlandeses já possuem a disciplina de escrita cursiva como opcional [11], e jovens chineses começarão a ter acesso e a brincar com impressoras 3D
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nas suas escolas [12]. Discutiremos, a partir do próximo parágrafo, os caminhos vindouros para o progresso da Computação Gráfica. Impulsionada pela impressão 3D, a modelagem geométrica aparece como o primeiro caminho a se seguir dentro da CG. O trabalho de um desenvolvedor nessa área passa a ser o de elaborar modelos geométricos que sejam capazes de suportar primeiramente o próprio peso. E em segundo lugar, o modelo deve ser capaz de conter água dentro do interior de seus elementos (water-tight). É importante que o modelo 3D não tenha buracos e esteja conectado com todos os seus elementos. Atualmente artistas e usuários de programas de mo-
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delagem precisam preparar tal modelo manualmente para impressão. O próximo caminho possível na CG é o da Visão Computacional. Programar um computador para enxergar como um olho humano é outro grande desafio. Embora o computador seja mais avançado evolutivamente que o olho humano, ele ainda não é capaz de diferenciar perfeitamente um rosto de outro da maneira que o cérebro faz. O desenvolvedor pode trabalhar em algoritmos que contribuam para segurança de sistemas através de análise de imagens, tais como digitais, orelhas, rostos ou placas de automóveis. O dispositivo Kinect da Microsoft representa um grande avanço na área,
contudo, ainda há muito a ser feito, não apenas na área de segurança, mas também na de aplicativos médicos. Trabalhar com imagens significa trabalhar com matrizes e encontrar filtros (fórmulas algébricas) que retornem os melhores resultados para os fins que desejamos. O desenvolvedor também pode seguir o caminho do Processamento de Imagens. Nesse ramo de atividade, as imagens são aperfeiçoadas desenvolvendo novos filtros ou fórmulas algébricas. É importante que o desenvolvedor elabore novas maneiras de compressão ou protocolos de envio de imagens para garantir uma velocidade adequada de transmissão. O aparecimento de TVs
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digitais com resoluções cada vez maiores de 4K ou 5K, por exemplo, tornam necessário o constante aperfeiçoamento na área. E a mudança automática de determinados atributos humanos, como um filtro capaz de emagrecer qualquer pessoa ou disfarçar acne seria um sucesso na indústria da moda. Outra possibilidade é a de trabalhar, junto com o artista, e elaborar ferramentas que facilitem seu trabalho. A Computação Gráfica é uma ciência que tem muito a contribuir com outras ciências. Praticamente tudo pode ser modelado e visualizado em um computador. Contudo, visualização não se limita apenas a modelos estáticos; simular animações e movimentos do mundo com fidelidade física e algébrica é um desafio corrente desta disciplina chamada Visualização Científica, mais um caminho que existe para o desenvolvedor. A Simulação de Fluídos notadamente é uma de suas ramificações mais proeminentes que simula escoamento, explosões, enchentes, fogo ou fumaça. Tais simulações podem ajudar na prevenção de pequenos acidentes ou grandes catástrofes, com aplicações na indústria, através da disciplina de Dinâmica dos Fluídos Computacional, sub-área da Física. Para o desenvolvedor apaixonado por Hardware e CG, há a opção do caminho com o Arduino, que populariza os circuitos integrados e permite que não-engenheiros tenham acesso a tecnologia de
ponta. Programar para Arduino não exige a compreensão dos processos mais elementares de funcionamento do hardware, e ainda permite que o desenvolvedor elabore quaisquer sistemas inteligentes que deseje para CG: impressoras 3D, kinect, aparelhos de scanner e reconhecimento de caracteres (Optical Character Recognition). O desenvolvedor de CG com o Arduino pode impulsionar a tecnologia com novas ferramentas (a partir da sua criatividade), ou desenvolver versões nacionais de ferramentas já existentes em outras partes do mundo, alcançando um ramo pouco explorado no Brasil (importador de tecnologia [13]). Uma segunda opção para os desenvolvedores com conhecimento de Hardware está nas Unidades de Processamento Gráfico (Graphical Processing Unit, GPU) de empresas como NVIDIA ou AMD, que constantemente precisam de desenvolvedores para evoluir os algoritmos utilizados em suas
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placas ou para fins específicos da indústria. Para ser capa z de realizar essa tarefa, é necessário um conhecimento profundo de algoritmos fundamentais da CG e de sua linha de produção (pipeline), bem como da língua inglesa. Por exemplo, desenvolver um algoritmo para simular a luz de forma mais eficiente na GPU pode ser o suficiente para garantir um emprego em quaisquer uma das empresas mencionadas. Outro caminho profissional disponível para o desenvolvedor de CG está na indústria do entretenimento, seja com filmes ou jogos digitais, em que a criatividade é requisito fundamental. A Computação Gráfica permite que universos físicos ou metafísicos sejam gerados visualmente através do artista e do desenvolvedor. A imaginação ganha formato digital saindo dos livros para as telas do cinema e para os nossos computadores, gerando os universos mencionados. Além disso, existe a oportunidade de estudo e trabalho no es-
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trangeiro, tanto para artistas quanto para desenvolvedores. A indústria do entretenimento é formada por várias empresas, que buscam profissionais com a disposição de mudar-se de acordo com seus ensejos, ou seja, ela reúne profissionais de todas as partes do mundo. Como podemos ver nos créditos das produções artísticas, a diversidade cultural que existe neste meio é supreendente. Dois caminhos pósteros relacionados com o desenvolvedor de GC são a Realidade Virtual e a Realidade Aumentada. A primeira, insere o usuário dentro de um universo de fantasia, enquanto a segunda integra a realidade com a fantasia, permitindo que o nosso mundo se torne um pouco mais rico visualmente. Ambas aplicações da CG dependem de agoritmos geométricos e algébricos que adicionam informações no campo visual. Já imaginou receber instruções de direção diretamente no vidro
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do seu carro, ou ter informações sobre produtos projetados na lente do seu óculos conforme visualiza nas lojas? [14] Conforme observamos, a Computação Gráfica é uma ciência fascinante, e, além de servir para o entretenimento, pode aumentar a nossa capacidade visual como seres humanos, permitindo que pensamentos ou quarks possam se tornar visíveis. CG também pode auxiliar na visão computacional de robôs, para que segurem um copo d’água por exemplo, e para dar significados novos a imagens ou modelos já conhecidos. Uma vez que lidamos com um sentido humano, a visão, quase todas as áreas da ciência podem se beneficiar com aplicativos desenvolvidos nesta área. Já imaginou traduzir imagens para sons? Como isto poderia aulixiar uma pessoa cega? [15]
[3] http://research.microsoft.com/en-us/research-areas/graphics-multimedia.aspx
[1] http://www.disneyresearch.com/
[15] http://news.sciencemag.org/ biology/2014/03/computer-program-allows-blind-see-sound
[2] http://develop.scee.net/about/
[4] http://disneycareers.com/gateway/ [5] http://www.sonyjobs.com [6] https://careers.microsoft.com/ [7] http://www.siggraph.org/jobs/ [8] http://www.abragames.org/ [9] http://sbgames.org/ [10] http://g1.globo.com/fantastico/ noticia/2015/08/escolas-debatem-se-usar-tecnologia-em-sala-ajuda-ou-atrapalha-alunos.html [11] http://www.theguardian.com/ world/2015/jul/31/finnish-schools-phase-out-handwriting-classes-keyboard-skills-finland [12] http://3dprint.com/56699/china-3d-printers-schools/ [13] http://economia.terra.com.br/ operacoes-cambiais/operacoes-empresariais/pais-investe-pouco-em-tecnologia-e-apela-para-as-importacoes,91081 6be3de7d310VgnCLD200000bbcceb0a RCRD.html [14] http://www.digitaltrends.com/mobile/sonys-latest-concept-smart-eyewear-can-fitted-glasses-will-demoed-ces/
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Ajuste Fiscal 2015: Governabilidade, Políticas de Investimento e PIB
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juste fiscal é o nome dado ao esforço para equilibrar as
contas do Estado brasileiro e voltar a fechar no azul, após anos de gestão econômica criticada. Nesse sentido, a meta deste ano é chegar a um superávit primário de 1,1% do PIB no Governo Federal: trata-se de receita menos despesa, excluído o gasto do Governo com o pagamento de juros da dívida pública. O argumento é que o Governo, depois de anos de política expansiva e aumento de despesas e, principalmente, do déficit de 0,63% do ano passado (2014), não pode gastar mais do que arrecada. Uma gestão austera enviará aos mercados e aos investidores uma mensagem positiva sobre a condução da economia. No médio prazo, se o ajuste der certo, o Governo promete que a economia voltará a crescer de maneira sustentável. Para este ano, a perspectiva é de uma queda de 1,2% do PIB, a pior em 20 anos. O ajuste fiscal anunciado pelo governo no fim do ano passado derrubou o PIB em 2015, como há tempos alertavam alguns economistas. Resultado: Brasília viu-se forçada a abandonar a meta fiscal proposta para este ano e para os dois próximos e a rebaixar todas as previsões de crescimento até o fim da gestão Dilma Rousseff. Mas não sem aplicar outra dose de arrocho, com novos cortes no orçamento, e reafirmar que o plano de austeridade segue intacto.
A redução na meta fiscal anunciada no dia 22.07 foi definida em uma reunião da equipe econômica com Dilma na véspera. Até a semana anterior ao dia 22.07, a presidenta preferia evitar o tema. Em ao menos duas reuniões importantes, ela havia desconversado. Primeiro, no dia 13.07, durante encontro semanal com seus principais ministros no Palácio do Planalto. E no dia seguinte (14), em almoço-reunião com o ex-presidente Lula e alguns ministros no Palácio da Alvorada. Até então, Dilma alinhava-se com a posição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para quem era melhor esperar até setembro para eventualmente mexer na meta. Até lá, apostava Levy, talvez o Congresso já tivesse aprovado alguns aumentos de tributos, o que reforçaria a arrecadação deste ano e poderia levar a uma redução menor na meta. O Ministro Joaquim Levy diz que as mudanças não são “uma correção de rota” na austeridade, só “um ajuste nas velas”. O governo pretendia economizar este ano 66,3 bilhões de reais a fim de pagar juros (superávit primário) e, com isso, segurar a dívida pública, uma cobrança do sistema financeiro em nome da manutenção do chamado “grau de investimento”, selo de bom pagador emitido pelas agências de rating. Agora, o governo propõe ao Congresso reduzir a meta para 8,7 bilhões de reais. O que seria um ajuste de 1,1% do PIB cairá a 0,15%, em caso de apro-
Prof. Cristiano Reinaldo Coordenador do Curso de Ciências Contábeis
vação parlamentar. A sonhada (por Brasília) meta de 2% foi adiada por dois anos. Era para 2016, passou a 2018. Duas foram as razões para a mudança na meta de 2015, segundo explicações dadas por Levy e pelo ministro Nelson Barbosa (Planejamento) em entrevista coletiva concedida no dia 22.07. De um lado, a arrecadação, com base no que já se constatou ao longo do primeiro semestre, será 46,6 bilhões menor do que o esperado. De outro, os gastos ficarão 11,3 bilhões acima. Para cumprir a meta de equilíbrio, Levy avisou que seriam feitos vários sacrifícios. O ajuste fiscal chegou a ser chamado de “saco de maldades”, mas o ministro deixou claro que esse seria o único caminho possível para retomar o crescimento e evitar uma situação pior. Na prática, o “aperto” consiste em duas ações: cortar despesas do governo e elevar a arrecadação. Entenda as medidas anunciadas pelo governo para promover o ajuste fiscal:
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COMO O GOVERNO CORTOU GASTOS MEDIDAS ECONOMIA ESPERADA Redução de benefícicos R$ 28 bilhões em um ano Cortes nos orçamentos Bloqueio de gastos de R$ 1,9 bilhão por mês Redução de gastos do PAC Corte de 27,1% dos gastos, ou R$ 47 bilhões, no período Menor repasse ao BNDS Sem estimativa Fim de repasses ao setor elétrico Sem estimativa COMO O GOVERNO AUMENTOU A RECEITA? MEDIDAS ECONOMIA ESPERADA Menos benefícios para exporta- Renúncia fiscal passa de R$ 6 bilhões ao dores ano para R$ 3,5 bilhões Corte das desonerações Receita extra de R$ 5 bilhões no caixa da previdênciaem 2015 Alta do IPI para automóveis Sem estimativa Aumento do IOF no crédito Governo espera arrecadar R$ 7,38 bilhões neste ano Imposto sobre combustíveis Sem estimativa Alta sobre produtos importados Expectativa de arrecadar R$ 694 milhões neste ano Tributação dos cosméticos Governo espera arrecadar R$ 381 milhões com a medida neste ano
O impacto do ajuste fiscal no PIB não se limitará somente a 2015. A equipe econômica acredita que até o fim do mandato de Dilma a expansão será menor do que o projetado: y a previsão para 2016 caiu à metade (de 1%, para 0,5%); y a de 2017 recuou de 1,9% para 1,8%; y a de 2018, de 2,4% para 2,1%.
Nesse contexto, os governadores das cinco regiões do País estiveram reunidos com a presidenta Dilma Rousseff no dia 30.07, em Brasília, quando fizeram uma defesa clara da democracia, do Estado de Direito e
da manutenção do mandato legítimo da presidenta Dilma e dos eleitos em 2014. Na ocasião, os representantes dos 27 estados brasileiros deixaram claro sua posição de unidade em favor da estabilidade política do País.
“Colocamos bem claro, também, a nossa posição em relação aos aumentos de gastos que são insuportáveis para a União e para os estados. Os governadores do Centro-Oeste inclusive se colocaram à disposição para fazer a interlocução e trabalhar com o Congresso pela manutenção dos vetos da presidenta em matérias muito importantes, que possam trazer problemas gravíssimos de ordem financeira à União e aos estados e para a estabilidade econômica e financeira do País”, garantiu o governador de Goiás, Marconi Perillo. Há, evidentemente, um compromisso nosso pela governabilidade, com a instituição respeitada, com a democracia fortalecida. Por outro lado há um apoio ao ajuste fiscal, para que ele produza os efeitos na economia que restabeleça o crescimento econômico, a geração de emprego. E o combate à pauta-bomba, defendida pelo governador catarinense, Raimundo Colombo, ao citar temas como a derrubada do fator previdenciário que, segundo ele, possui um impacto devastador sobre a previdência dos estados. Já o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, destacou a posição favorável dos governadores em relação a um dos principais temas discutidos no encontro com a presidenta: a unificação em 4% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo Alckmin, a medida é importante para o País e vai diminuir a guerra fiscal que existe hoje no Brasil, já que – atualmente – cada estado adota um percentual diferente para o imposto. O governador também defendeu que os fun-
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dos garantidores de receita para os estados – os chamados fundos de desenvolvimento e de compensação – passem ao nível de fundos constitucionais. Sobre ICMS, vale lembrar que a presidenta Dilma Rousseff recebeu, no dia 14.07, os governadores dos quatro estados da região Sudeste (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo). Na pauta, temas econômicos, como as medidas do ajuste fiscal e as políticas de investimento para o País. Entre os temas tratados também foi abordada a medida provisória que propõe a Reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A medida foi publicada pelo governo federal no Diário Oficial da União no dia 14.07 e cria o Fundo de Compensação e Desenvolvimento Regional para os estados e o Fundo de Auxílio à Convergência das Alíquotas do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias. A proposta pretende compensar os estados que vierem a perder recursos com a possível unificação do ICMS em 4% em todo o País. Atualmente, cada estado adota um percentual diferente. Há também outra proposta, em análise no Senado Federal, que permite ao País repatriar dinheiro não declarado à Receita Federal por brasileiros no exterior. Os recursos seriam destinados aos fundos criados pela MP publicada no Diário Oficial antes apresentado.
Nesse turbilhão, e o povo como fica? Enquanto o governo tenta ajustar suas contas, brasileiros se contorcem para cortar gastos e compensar o impacto da inflação no orçamento familiar. A tesourada passa,
principalmente, por mudanças de hábitos, como levar marmita para o trabalho e usar carona no transporte diário. Além disso, os momentos de lazer passam a acontecer mais dentro de casa ou em espaços públicos gratuitos. O primeiro passo para fazer um ajuste fiscal doméstico, segundo Gilberto Braga, professor de Finanças do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec), é hierarquizar os gastos. É preciso avaliar o que pode ser cortado. Vale a pena investir em mudanças de hábito, como passar menos tempo no banho. Mas o principal item hoje é a alimentação fora de casa, que sai muito caro na maioria dos estados. Para o consultor financeiro e autor da coleção de livros Saúde Financeira, Roberto Zentgraf, o lazer não pode ser considerado supérfluo, por isso o ideal é que o corte comece pelos gastos que não dão prazer algum ao consumidor e que este busque economizar em cinco passos: yREVEJA OS GASTOS – Contratar serviços que são pouco usados pesa muito no orçamento. “Será que o pacote completo de TV a cabo é realmente necessário? Não tem um pacote mais barato que atenda às necessidades da família? Ou será que não há um pacote que englobe TV, telefone fixo, celular e internet, que saia mais em conta?”; yMUDE HÁBITOS – Investir em mudanças de hábito, como menos tempo de banho, evitar abrir a geladeira toda hora, deixar o ar-condicionado ligado sem usar, entre outros, fazem a diferença no fim do mês; yCOZINHE MAIS – “Levar marmita é boa solução sob vários aspectos, até por questões de saúde. Além disso, economiza porque hoje em dia mesmo nos restaurantes a quilo sai muito caro almoçar”, afir-
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ma o consultor financeiro. No supermercado, a dica é levar lista de compras e pesquisar preços. Compras no atacado saem sempre mais em conta; yTRANSPORTE - As caronas têm muitas vantagens: “Menos carros nas ruas, menos trânsito, menos poluição e, porque não, mais interação humana”. Em viagens mais longas, a economia chega a 80% em relação ao mesmo trajeto de ônibus. Outra solução é reunir pessoas que morem próximo e contratar um serviço de transporte; yEVITE O IMPULSO – Pare com as compras impulsivas, que podem colocar tudo a perder. “Às vezes as pessoas economizam, e aí vem uma liquidação, e elas não resistem e gastam dinheiro”, diz. Há uma fórmula que pode ajudar a evitar esse problema. “Você pega o salário e divide por 20 dias úteis, para ver quanto ganha por dia trabalhado. Na hora de comprar algo, pare e pense quantos dias você trabalhou para pagar por aquilo. Fica mais fácil resistir”. Por fim, para promover esse ajuste, o governo também precisou cortar “na própria carne”. Em janeiro, um decreto estabeleceu um corte de 33% no valor previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015, com as metas e prioridades de gastos do governo. Com isso, o bloqueio mensal de gastos foi de R$ 1,9 bilhão, segundo o Ministério do Planejamento. Esse corte foi válido até março, quando o Congresso aprovou o Orçamento para este ano. O Orçamento prevê receita líquida de R$ 1,2 trilhão (21,9% do PIB) para este ano, enquanto as despesas primárias totais – sem contar juros e amortização da dívida – são de R$ 1,15 trilhão (20,9% do PIB).
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Juiz das Garantias: uma necessária reflexão
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ste artigo tem como um de seus objetivos ser uma consequência
do último texto escrito pelo autor para esta revista, momento em que foi criticada a inércia acadêmica em refletir (sobre o) Direito. Por isso, dar-se-á início a um levantamento de problemas que se encontram no Direito Processual Penal, esperando-se, destarte, que haja uma reflexão tanto de acadêmicos, quanto de pessoas que são atingidas direta ou indiretamente pela legislação criminal. 1 2
Quem trabalha com o referido ramo processual, seja na prática, seja na Academia, consegue constatar que, em diversos momentos, não há uma compatibilidade de seus dispositivos com as diretrizes traçadas pela Constituição Federal de 1988. Tais problemas são, querendo ou não, justificáveis, porquanto o atual Código de Processo Penal teve sua elaboração guiada pelos dispositivos da Constituição brasileira de 1937 (também conhecida como “Polaca”), outorgada sob os auspícios das ideologias da ditadura do Estado Novo (19371945) de Getúlio Vargas, que 1 Aqui se encontram as pessoas que estão sendo investigadas pelo Estado ou as que fazem parte de um processo como réus. 2 Pode-se elencar os familiares de vítimas de crimes, os familiares de pessoas que estão sendo investigadas, ou processadas no âmbito criminal.
possuía uma forte ligação com os ideais autoritários.3 Isso acarreta uma série de consequências graves que até hoje são perceptíveis – mesmo tendo transcorrido 74 anos de sua inclusão no ordenamento jurídico, com diversas modificações na tentativa de adaptar o texto processual às diretrizes garantistas da hodierna Constituição. A lista de problemas é extensa, podendo ser citados: 1) discussão, por parte da doutrina, acerca da natureza do sistema processual penal: acusatório, inquisitório ou misto?; 2) alta quantidade de prisões cautelares que são proferidas pelos magistrados, mesmo que não haja provas suficientes; 3) busca desenfreada da verdade real; 4) atuação do magistrado, mormente na fase de investigação e sua (in)compatibilidade com o princípio do juiz natural; 5) produção de provas de ofício pelo magistrado; 6) falácia de que um bom processo é aquele que limita os direitos do acusado, além da predominância da (pseudo)afirmação de que os Direitos Humanos só servem para beneficiar o réu, o que demonstra uma falta de conhecimento do expositor dessa ideia; 7) uso, por meio de subterfúgios linguísticos, de elementos informativos colhidos na investigação, desrespeitando, destarte, o Art. 155 do Código de Processo Penal etc. Como se constata, a lista de problemas relacionados ao atual – 3 FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13. ed. São Paulo: EDUSP, 2009, p. 364-365.
Antônio Rodolfo Franco Mota Veloso Advogado, Professor Universitário, Pós-graduado em Direito Público
por que não ultrapassado? – Código de Processo Penal é extensa, chegando-se à conclusão de que mudanças isoladas, como sempre ocorreram, não são suficientes. Com base nisso, por meio do requerimento 227 e aditamentos realizados pelos requerimentos 751 e 794 do Senador Renato Casagrande, foi solicitada a criação de uma comissão de juristas para elaborar o anteprojeto de um novo Código de Processo Penal. O anteprojeto foi transformado no Projeto de Lei do Senado nº 156/2009, tendo sua redação final apresentada no dia 7 de dezembro de 2010 e aprovada pelo plenário no dia seguinte, sendo, por conseguinte, encaminhado à Câmara dos Deputados. O citado projeto de lei traz diversos pontos que são dignos de notas, porquanto traz uma mudança de paradigma em comparação com a atual legislação processual penal. Dentre as diversas inovações, focar-se-á no Juiz das Garantias, cuja regulação é disposta a
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partir do artigo 14 da versão final do referido projeto, apresentada e aprovada pelo Senado Federal. O Juiz das Garantias, sem sombra de dúvidas, é uma figura que veio tentar resolver um problema que é discutido no âmbito acadêmico acerca da possível contaminação que o magistrado pode ter ao acompanhar um caso desde a sua investigação, tolhendo, por conseguinte, a imparcialidade determinada pelo princípio do juiz natural. Exemplifica-se: o atual Código de Processo Penal estabelece que será competente, por meio de prevenção, o magistrado que primeiro praticar “algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa” (Art. 83, CPP). Com isso, o responsável por analisar e julgar um caso criminal poderá estar acompanhando-o desde a sua gênese, ou seja, desde a investigação, devido ao fato de ter decretado algum tipo de prisão ou por ter autorizado uma interceptação telefônica. Isso, como se observa, gera uma proximidade do magistrado com a construção dos elementos informativos – que não são provas, deve-se ressalvar – podendo criar, desde o referido momento, um posicionamento que pode contaminar a sua imparcialidade, ainda que, durante o processo, as provas demonstrem o contrário. Para evitar esse tipo de risco4, o Projeto de Lei do Senado 4 É mister que seja ressalvado que o fato de o juiz acompanhar o caso desde a investigação realizada na fase pré-processual não necessariamente irá contaminar a sua imparcialidade. Contudo, é inegável que o magistrado que denegou a liberdade provisória daquele que foi preso em flagrante, determinando a imposição de uma prisão preventiva
nº 156/2009 determina que o Juiz das Garantias seja “responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário” (Art. 14, PLS 156/09). Isso permitirá que haja uma “otimização da atuação jurisdicional criminal, inerente à especialização na matéria e ao gerenciamento do respectivo processo operacional”,5 além de “manter o distanciamento do juiz do processo, responsável pela decisão de mérito, em relação aos elementos de convicção produzidos e dirigidos ao órgão da acusação”.6 Destarte, o Juiz das Garantias será competente para analisar todos os atos concernentes à investigação criminal e impedido de funcionar no processo (Art. 16, PLS 156/2009), ou seja, de analisar o mérito de causa, gerando, assim, uma clara adoção ao sistema acusatório devido ao distanciamento do magistrado com a construção das investigações. Deve-se ressaltar que os responsáveis pela edição final do Projeto do novo Código de Processo Penal foram cuidadosos em utilizar a terminologia “invesou temporária, ou que concedeu autorização para que fosse realizada interceptação telefônica, poderá ficar viciado na ideia de que o suspeito – repare que ainda não é acusado, já que só há a utilização dessa nomenclatura no processo – realmente é o agente do delito. Por isso, a utilização da palavra “risco”, sendo uma forma de demonstrar o perigo que os direitos e garantias sofrem. 5 Exposição de Motivos do Anteprojeto do Código de Processo Penal, p 17. Não sei referenciar isso. 6 Exposição de Motivos do Anteprojeto do Código de Processo Penal, p. 17.
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tigação”, ao invés de “inquérito policial”, visto que este é dispensável para a propositura da ação penal, enquanto aquele é imprescindível, porquanto a denúncia ou a queixa tem que possuir justa causa para que possa ser recebida pelo magistrado. Conclui-se, portanto, que o Juiz das Garantias é uma figura importante – talvez necessária – criada pela Comissão de Juristas responsáveis pela elaboração do Anteprojeto do novo Código de Processo Penal, e que necessita de um maior estudo e reflexão pela comunidade acadêmica para o aprimoramento dessa ideia devido ao seu ineditismo e de suas implicações práticas, dentre elas a reorganização estrutural,7 que o Poder Judiciário deverá sofrer, mormente nas pequenas comarcas. Esse problema, para quem conhece a realidade dos fóruns no interior do Estado, é de fácil constatação, pois há uma carência de juízes nas comarcas, inviabilizando, deste modo, a aplicação dessa figura tão interessante e, às vezes, necessária. Assim, ressalta-se novamente, a necessidade de haver uma união entre acadêmicos, advogados, membros do Ministério Público e do Poder Judiciário para analisar essa proposta de forma verticalizada, tornando, assim, possível a sua realização. 7 Essa reorganização estrutural será necessária devido à necessidade de existirem, no mínimo, dois juízes (um para ser o Juiz das Garantias, o outro para ser o juiz responsável pela instrução processual). Ressalva-se que tal problema é previsto pelo novo Código de Processo Penal, o qual atribuiu essa responsabilidade ao Poder Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal (art. 17, PLS 156/2009).
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A evolução do estudo sobre fractal inspira design de edifícios e elaboração de novos elementos estruturais
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o final do século XIX e início do século XX, Geog Cantor
(1845-1918), Helge von Koch (1870-1924), Waclaw Sierpinski (1882-1969), Giuseppe Peano (1858-1932) e David Hilbert (1862-1943), todos matemáticos, estudavam objetos que colocavam em causa algumas das bases matemáticas relacionadas com a análise, álgebra e geometria. A visão destes matemáticos foi além das formas regulares, pois foram em busca de entender formas existentes na natureza que não eram explicadas, e vislumbraram formas que originaram os fractais. As figuras de 1 a 5, mais adiante,
lizações distintas. A palavra fractal vem da junção das palavras Latinas fractus, que significa irregular, e frangere, que significa quebrar. Autossemelhança é uma das propriedades que caracterizam os fractais, ou seja, uma porção de uma figura ou de um contorno possui a mesma semelhança, embora se tomem escalas diferentes. Fractais também possuem complexidade infinita, ou seja, eles são formados por um processo recursivo aplicado indefinidamente. Se maior o número de iterações do processo recursivo, mais detalhes surgem e assim nunca se pode obter uma imagem ou objeto final. Por fim, um fractal possui dimensão, e esta, por sua vez, é uma
quantidade fracionária, que representa o grau de ocupação da estrutura no espaço que a contém. As três características citadas acima podem ser vistas com mais detalhes na figura 1 – esta apresenta uma construção da curva ou ilha de Koch.
Figura 1: Os três primeiros passos para a construção da ilha de von Koch construído por funções iterativas.
mostram a estrutura estudada e desenvolvida por cada um deles. O autor deste texto não abordará a lei de formação de cada figura, mas sugere a leitura de um dos mais renomados livros sobre este assunto, que tem como autor FEDER, J., sendo o livro intitulado Fractals. O termo fractal foi utilizado pela primeira vez em 1975, por Benoit Mandebrolt. Ele o utilizou para representar objetos matemáticos fragmentados e irregulares, com estrutura que se repete mesmo quando utilizadas escalas de visua-
Dimitry Barbosa Pessoa Professor do Núcleo de Tecnologia da Unichristus
Fonte: Pessoa et al (2014)
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Figura 2: Cinco primeiros níveis de construção do conjunto de Cantor. A dimensão fractal é igual a 0,63.
Fonte: Assis, et al.(2008). Figura 3: As primeiras três iterações da construção do Triângulo de Sierpinski.
Fonte: Assis, et al. (2008) Figura 4: As quatro primeiras iterações da construção da curva de Peano.
Fonte: https://cedevertiginoushoplist.wordpress.com/2012/11/08/fractal-geometry-and-sequence-manipulation/ Figura 5: Processo recursivo dos cinco primeiros passos para a construção da curva de Hilbert.
Fonte: Feder (1988)
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De acordo com Nunes, (2006), quando incluído no ensino, o estudo sobre geometria fractal possibilita ao interessado desenvolver o espírito experimental, de forma a tirar a visão do estudante das geometrias de objetos tradicionais, tais como círculo, quadrado, retângulo e etc., levando o leitor a entender objetos não tradicionais que também possuem forma e dimensão. Este estudo permite ao pesquisador estabelecer modelos matemáticos para auxiliar os estudos de fenômenos e/ ou formas naturais. Segundo Assis et al (2008), fractais tem sido usado para descrever muitos aspectos da natureza e de avanços nas estruturas de tecnologias, tais como antenas. Biólogos também fazem uso de fractais em sistemas de membranas celulares, assim afirma Losa, G. A. (2012). No crescimento demográfico, Hogan, D. J. (1991). Arquitetos utilizam para mapeamento urbano, segundo Leão, D. Z. (2011), entre muitas outras aplicações. O estudo sobre fractais na área da engenharia civil ainda está engatinhando, porém já se podem apresentar alguns pontos os quais já são encontrados na engenharia civil. “NANO TRELIÇAS FRACTAIS PODERÃO SER UTILIZADAS NO FABRICO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS.” Essa foi a manchete da revista eletrônica engenhariacivil.com (no endereço http://www.engenhariacivil.com/) de março de 2015. Uma técnica inovadora desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Tec-
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nologia da Califórnia (Caltech) irá permitir a obtenção de nano estruturas treliçadas que possuem uma geometria fractal. Essa estrutura poderá em breve ser utilizada no fabrico de matérias estruturais passíveis de serem utilizados em obras de engenharia. Figura 6: Nano Treliças Estruturais.
os investigadores conseguiram fabricar materiais com propriedades pouco usuais. Foram, por exemplo, obtidas nano estruturas cerâmicas extremamente flexíveis e elásticas, capazes de voltar à sua forma inicial, sem entrarem em rotura, mesmo depois de serem comprimidas a um nível extremo. Figura 7: Nano Treliças Estruturais.
Fonte e Imagens (adaptadas): via Caltech – Julia Greer Fonte e Imagens (adaptadas): via Caltech – Julia Greer Figura 8: Nano Treliças Estruturais. Inspirados na microestrutura óssea de organismos marinhos, estes elementos possuem propriedades de resistência e flexibilidade inatingíveis por materiais convencionais. Este processo é constituído por três fases fundamentais. A fase inicial é constituída por uma estrutura provisória de suporte. Essa estrutura prévia é obtida através de impressão tridimensional laser, em um polímero. Uma segunda fase consiste no revestimento
da estrutura provisória com uma camada contínua, muita fina do material que se pretende utilizar. Materiais cerâmicos, metálicos, vitrometálicos, semicondutores, dentre outros, podem ser utilizados no revestimento da estrutura. Na terceira e última fase de fabrico, a estrutura provisória polimérica é dissolvida, sobrando a estrutura final, constituída por barras ocas com apenas 5 nanómetros de diâmetro. Utilizando este método,
Fonte e Imagens (adaptadas): via Caltech – Julia Greer
LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA Você sabia que a Unichristus disponibiliza, só no Campus Dom Luís, cinco laboratórios de informática aos seus alunos? Na sala 1105, funciona um laboratório com 18 computadores das 7h15min às 22h30min, diariamente, para atender os alunos que desejem fazer pesquisas, trabalhos e outras consultas. Ao todo, são mais de 100 máquinas à disposição de alunos e professores! UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.
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Também em março de 2015, a revista engenhariacivil.com (no endereço http://www.engenhariacivil.com/) publicou a seguinte manchete: “EDIFÍCIO DE GEOMETRIA FRACTAL QUASE CONCLUÍDO EM SINGAPURA.”
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Desenvolvido pelo projetista israelita Moshe Safdie, a construção do edifício baseado em geometria fractal aproxima-se de sua conclusão em Singapura. O edifício possui 38 pavimentos e sua estrutura integra-se na elevada densidade vertical urbana, dividindo-se em duas torres unidas por passagens elevadas Por todo o exposto, entende-se que o termo fractal ainda tem muito a ser estudado e aplicado nas diversas áreas que estão contidas na engenharia civil. É vislumbrando melhoras no avanço da tecnologia na engenharia civil que o foco das pesquisas nessa área tem sido objeto de estudo de muitos pesquisadores nos últimos anos.
Referências Assis, T. A.; Miranda, J. G. V.; Mota, F. B.; Andrade, R. F. S.; Castilho, C. M. C. Geometria Fractal: Propriedades e características de fractais ideais. Revista Brasileira de Ensino de Física. Salvador, v. 30, n. 2, 2304, Jul. 2008 Feder, L. Fractals. Ed. Springer Science. 1988. ISBN 978-1-4899-2126-0.
Fonte: http://www.engenhariacivil.com/edificio-geometria-fractal-singapura
Hogan, D. J. Crescimento demográfico e meio ambiente. Rev. Bras. Estudos Pop, Campinas 1991. Leão, D. Z.; Análise da textura urbana para mapeamento da precariedade habitacional, Porto Alegre, Dissertação de mestrado 2011. Losa, G. A. Fractals and their contribution to biology and medicine. Medicographia, v 34, n. 3, 2012. Nunes, R. S. R. Geometria Fractal e Aplicações. Dissertação de mestrado, Departamento de matemática pura, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 2006.
Fonte: http://www.engenhariacivil.com/edificio-geometria-fractal-singapura
Pessoa, D. B.; Tavares, F. P. N; Teixeira, J. O. N; Alves, A. O.; Castro, E. S. Uso de funções iterativas para a construção da ilha de Von Koch: Um exemplo de Geometria fractal. XX Encontro de Iniciação à Pesquisa, UNIFOR, 2014.
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O Processo de Tombamento das Principais Construções Históricas de Fortaleza
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indústria da construção civil vem, ao longo dos
anos, aprimorando suas técnicas construtivas e caminhando paralelamente com o avanço tecnológico que hoje está espalhado pelo mundo. Essa mesma indústria que cresce e se aprimora está às voltas com problemas tão grandes quanto seu crescimento. Entre esses problemas destacamos a corrosão, cada vez mais presente no ambiente da construção civil e nos debates entre os profissionais que dele fazem parte. As estruturas de concreto, assim como as de aço, estão sujeitas a alguns fatores agressivos e comprometedores de sua durabilidade e estabilidade. Porém, é possível minimizar tais problemas ainda na fase de projeto, tomando cuidados com a escolha de material de boa qualidade para ser usado na execução da obra, bem como com sua proteção e manutenção. Em Fortaleza, a situação é particularmente grave, pois a cidade está localizada em uma região litorânea, submetida à ação agressiva da atmosfera marinha, ou ambiente urbano
industrial, sujeito a intensa poluição. Uma das grandes preocupações que gira em torno das construções civis é a falta de segurança, causada pela irregularidade com as manutenções. De tal forma essas irregularidades acontecem que certas edificações nunca chegaram a passar por processos de manutenção. Diante disso, começou-se a pesquisa da aluna do curso de engenharia civil da Unichristus voltada para a falta de manutenção especialmente das obras que são consideradas patrimônio histórico da cidade de Fortaleza, assim como para a observação da importância do tombamento para a preservação dessas obras. Em Fortaleza existem três órgãos responsáveis por processos de tombamento. São eles: IPHAN, Secultce e Secultfor. O Theatro José de Alencar e o Museu do Ceará são bens tombados pelo IPHAN, o Cine São Luiz é tombado pela Secultce e o Estoril é tombado pela Secultfor. Esses foram os bens escolhidos para o estudo. A análise foi feita através de visitas aos bens escolhidos para o estudo, locais onde foram feitas análises e observações acerca do estado em que se encontravam esses
Thayane de Almeida Monteiro Aluna do 4º semestre do Curso de Engenharia Civil Orientadora: Dra. Ana Vládia Cabral Sobral
bens. Foi realizada uma pesquisa sobre a história desses patrimônios da cidade de Fortaleza, desde sua construção até os dias de hoje. Foi realizada uma entrevista com o engenheiro Paulo Renato, que participou das reformas e manutenções mais recentes do Theatro José de Alencar e do Cine São Luiz. Na entrevista, ele explicou como foi feito o processo de manutenção das estruturas desses dois patrimônios históricos da cidade. O Theatro José de Alencar é composto por quatro secções. Nele encontramos escada em ferro fundido. A sala de espetáculos é o maior apelo arquitetônico existente no imóvel, totalmente desenvolvida em estrutura metálica, com paredes laterais em
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alvenaria de tijolos, apresentando quatro níveis superpostos, quais sejam, a plateia, os camarotes, as frisas e as torrinhas, todos sustentados por esbeltas colunas em ferro. O teatro foi feito com o telhamento de zinco e o forro de madeira. Em 1964 foi tombado como patrimônio histórico nacional pelo IPHAN. Inaugurado em 1958 e fechado desde julho de 2010, o Cine São Luiz, tombado pelo Governo do Estado em 1991, em reconhecimento a seu valor como patrimônio histórico e arquitetônico, também recebeu novos equipamentos de projeção e de áudio, para se adequar à configuração de cine-teatro. Por não receber a manutenção adequada, o cinema deixou de apresentar condições ideais de uso nos últimos anos. Até que, em abril de 2011, foi vendido pelo Grupo Severiano Ribeiro ao Governo do Ceará, que tem a missão de repaginar o edifício. Iniciadas em dezembro de 2013, as obras de restauração e recuperação incluíram um pacote de melhorias nos sistemas de iluminação, acústica, climatização, piso e revestimento, além de novos assentos (também na tradicional cor vermelha) e equipamentos de projeção, daquele que possui 13 pavimentos e atualmente persiste como último dos cinemas em funcionamento no Centro de Fortaleza. De acordo com o engenheiro residente da obra, José Cardoso, todas as interven-
ções que vêm sendo realizadas atendem a duas premissas: o compromisso de manter as características arquitetônicas originais, recompondo a edificação, com suas características estéticas e históricas e, paralelamente, realizar a modernização das instalações e infraestrutura. Além de mudar as redes elétricas e hidráulicas, a reforma recuperou o piso e resolveu problemas estruturais do prédio. A fachada original foi preservada. A edificação onde está instalado o Museu do Ceará, por ser muito antiga e encravada no centro histórico de Fortaleza, sofre diariamente a ação danosa da poluição ambiental própria desses espaços centrais, bem como a umidade proveniente da maresia devido à proximidade do mar. Há, portanto, a necessidade do controle dos diferentes micro-climas nos vários ambientes internos do prédio, onde estejam abrigadas ou expostas as peças do acervo. Foram encontrados em documentos dos arquivos disponíveis pelo IPHAN, citações de 1990 que dizem: “O prédio é bastante acolhedor, mas inadequado e insuficiente para a manutenção e o funcionamento adequado de um Museu. Necessita de reformas urgentes, notando-se infiltrações e deterioração das instalações de um modo geral.” A análise também foi fundamentada nos resultados da aplicação de uma entrevista estruturada ao coordenador
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de Patrimônio da Secult-Ce, Otávio Menezes, em que foram abordados parâmetros relacionados ao processo de tombamento. Ao fim dos meses de pesquisa, o estudo mostrou que o processo de tombamento torna-se de total relevância para a manutenção de obras que têm grande importância histórica e cultural para a sociedade, mantendo assim sua estrutura e arquitetura. A preservação de bens culturais consiste na manutenção sistemática, preventiva ou corretiva, sendo esta a melhor maneira de impedir que esses bens tombados (móveis ou imóveis) venham a ser destruídos ou descaracterizados. Sobre processos de manutenção, para se ter uma base melhor de atuação, a equipe responsável inclui uma etapa de trabalho preliminar, anterior ao programa de necessidades, anteprojeto e projeto da obra. Um diagnóstico completo abrangendo a situação das fundações, o estado de conservação das paredes, levantamento das pinturas. Dependendo da obra em questão, também é feita uma pesquisa com a comunidade para conhecer as necessidades e exigências dos usuários em relação ao patrimônio. Portanto, fica claro que manutenção e reforma são necessárias para que sejam mantidas as características de uma construção e, principalmente, para que seja garantida a segurança dos que convivem naquele ambiente.
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Fachada do Theatro José de Alencar
ŹFonte: https://www.google.com.br/search?q=theatro+jos%C3%A9+de+alencar.
Museu do Ceará
Salão e Escada do Cine São Luiz
ŹFonte:http://ecoinformacoesuniversitario.blogspot.com.br/2011/05/ museu-do-ceara.html
Ź Fonte: http://www.fortalezaemfotos.com.br/2012/12/a-construcaodo-cine-sao-luiz.html
Conclusão Um imóvel é planejado e construído para ter uma vida útil de muitos anos. Para isto, é necessária a prática constante da manutenção preventiva deste bem. Infelizmente, essa prática ainda não é muito difundida no Brasil. Dessa forma, é notória a quantidade de notícias que circulam por jornais, revistas e inter-
net sobre ocorridos recentes que envolvem desabamento de estruturas, rachaduras, infiltrações, entre outros problemas decorridos do descaso com a prática da manutenção preventiva. Por esse motivo, o processo de tombamento torna-se de total relevância para a manutenção de obras que tiveram grande importância histórica e cultural para a
sociedade, mantendo assim sua estrutura e arquitetura. Portanto, reforça-se, nessa conclusão, que fica claro que manutenção e reforma são necessárias para que sejam mantidas as características de uma construção e, principalmente, para que seja garantida a segurança dos que convivem naquele ambiente.