Revista interagir nº 97

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editorial

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obre Carvalhos e Rochas, canta o sabiá

Aos 92 anos, parte Roberto de Carvalho Rocha. Deixa Maria Lúcia – estrela da vida inteira – e seus bem-amados: dez filhos, além de netos, bisnetos, sobrinhos, parentes e amigos. Família grande, cultivada pela amizade de todos aqueles que puderam transpor os portais da vida pública e desfrutar de sua convivência doméstica, em torno de uma dessas mesas em que sempre, sempre cabe mais um. Com o pai de família amantíssimo, parte também o homem público: Dr. Roberto – o Diretor. Erudito, poliglota, cosmopolita, condecorado e festejado por gerações e gerações de educadores e educandos, Roberto de Carvalho Rocha manteve-se imune às vaidades e frivolidades que tão facilmente acometem os homens de sucesso. Alheio às ostentações do luxo, talhou sua alma com o zelo de um apóstolo. Homem de hábitos simples e disciplina espartana, soube convocar cada um de seus dez filhos ao seu apostolado. E como resistir-lhe ao chamado, se a matéria-prima de sua palavra era tecida com sua própria vida no mais concreto da existência? Era assim, portanto, que se tornava impossível, a qualquer de seus filhos, furtar-se a uma famosa missão de férias: raspar pacientemente cada um dos chicletes grudados ao longo das dependências do Colégio Christus. Se o Diretor, não obstante o peso da idade, era o primeiro

a se curvar para limpar o chão por onde passavam seus alunos, como seus filhos poderiam se escusar da árdua tarefa? Essa inusitada programação de férias que marcou a infância dos Carvalho Rocha é emblemática, pois ilustra a personalidade de seu pai, cujo esteio foi sempre o amor à perfeição, desde os menores gestos. Roberto de Carvalho Rocha dedicou toda a sua vida aos seus maiores tesouros: sua família, sua fé e o sonho de educar pessoas. A partir de tudo que amava, fundou o Colégio Christus – uma instituição de ensino sólida e tradicional, que atravessa a história de Fortaleza há mais de seis décadas. De lá para cá, miríades de alunos foram conclamados por um Diretor (quase onipresente) a darem sempre o melhor de si. Na exigência de pontualidade e do uso escorreito da farda, estava o seu amor pela disciplina. Nas memoráveis Aulas de Integração, com todas as turmas de quinta série reunidas em peso, mais uma vez, estava ele. Após saudar a todos os pequenos, sacava uma enorme Bíblia e se punha a ler e a lhes explicar as mais preciosas passagens sem que se ouvisse um pio sequer em todo o teatro. Afinal, era a “aula do Diretor”, e ele não vinha a passeio, mas em missão. Dr. Roberto anunciou a Palavra de Deus, com desassombro e familiaridade, para incontáveis gerações de pequenos cidadãos, cujo conhecimento sis-

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Nicole de Albuquerque V. Soares

Mestre em Administração de Empresas, professora do Centro Universitário Christus/Unichristus e Coordenadora Editorial da Revista Interagir

temático das Sagradas Escrituras começou, em muitos casos, exatamente ali, naquele lindo teatro de madeira. Há mais de duas décadas, Roberto de Carvalho Rocha decidiu que era chegada a hora de investir no ensino superior de jovens e adultos. Com o amparo de seus filhos, que assumiram o protagonismo de levar a Faculdade Christus – hoje, Centro Universitário Christus – à posição de instituição de referência no ensino superior, o eterno Diretor deixou o seu legado. Em um mundo marcado pela apostasia e pela frouxidão de propósitos, Roberto de Carvalho Rocha fez do nome Christus o epicentro do seu sonho: formar, pela ética do esforço, cidadãos capazes de realizarem seus próprios sonhos; e, pela ética do cristianismo, lembrá-los sempre de que estamos nesse mundo a serviço. Assim, pensando no exemplo desse grande educador, seremos tão mais úteis no serviço uns aos outros, quanto mais nos prepararmos para bem servir.

espaço do leitor A Revista Interagir dedica um espaço a você, caro leitor, para que envie sugestões e comentários do conteúdo de cada edição. Sua participação e interação são importantes para a melhoria da nossa publicação. Nosso e-mail é: revistainteragir01@unichristus.edu.br


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especial

Unichristus lança Mestrado Acadêmico em Direito

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Centro Universitário Christus lança, neste ano de 2017, o Mestrado Acadêmico em Direito. Fruto de um longo processo de amadurecimento das atividades de pesquisa da Instituição na área, não só na graduação, mas também na pós-graduação lato sensu, o Mestrado tem como seus valores precípuos a Excelência e a Ética. Como missão fundamental, o Mestrado em Direito se propõe a contribuir para o desenvolvimento da sociedade, produzindo conhecimento jurídico inovador. A partir do esforço conjugado de docentes e discentes, espera-se fomentar pesquisa de alta qualidade, contribuindo para a excelência acadêmica e profissional de seus egressos. Sua área de concentração, ou seja, o recorte de pesquisa sobre o qual recairão os

ŹMestrandos da Turma de 2017.1

ŹProfessores e Acadêmicos do Mestrado em Direito posam para foto histórica, ao lado do Pró-Reitor de Planejamento, Prof. Estevão de Carvalho Rocha

estudos é “Direito, Acesso à Justiça e ao Desenvolvimento”, ocupando-se com os meios de solução de conflitos e a realização de direito para emancipação dos indivíduos. É comum ouvir-se de diversos interessados o questionamento acerca de qual ramo do Direito constitui o enfoque do programa, se em direito processual, constitucional,

civil, etc. No entanto, a pós-graduação stricto sensu não atende a essa lógica, pois não é atividade de ensino, mas sim de pesquisa, razão pela qual deve ser evitada a concentração em disciplinas próprias da graduação. Busca-se atenção em um objeto de estudo, perpassando por vários ramos tradicionais do direito, mesmo não se detendo com muito afinco em alguns deles. No caso da Unichristus, sobressaem o Direito Processual e o Direito ao Desenvolvimento (realização de direitos nas relações públicas e privadas). O pesquisador, depois de concluídos seus estudos, será Mestre em Direito. Por sua feita, a área de concentração do Programa se divide em duas linhas de pesquisa, uma voltada para o Acesso à Justiça e outra para Direito, Es-


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ŹProf. Dr. Juraci Mourão, Coordenador do Mestrado em Direito da Unichristus, recebendo o corpo discente e docente no Seminário de Integração que abriu as atividades do Programa

tado e acesso ao desenvolvimento. Cada linha tem dois Projetos de Pesquisa Estruturante, que podem ser entendidos como espaços permanentes de pesquisa sobre os respectivos temas, nos quais poderão engajar-se não só os alunos do mestrado, mas também das inúmeras especializações e, até mesmo, da graduação, permitindo uma integração

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vertical entre os vários níveis de pesquisa. As disciplinas que os mestrandos cursam se dividem em obrigatórias, básicas e específicas, dentro de um leque de opções, as quais devem ser cursadas em 24 meses. A coordenação geral do Programa cabe ao professor Juraci Mourão, que, há treze anos, faz parte da Unichristus

Entendendo a estrutura curricular do mestrado Área de Concentração Direito, Acesso à Justiça e ao Desenvolvimento Linhas de Pesquisa 1) Direito e acesso à justiça 2) Direito, Estado e acesso ao desenvolvimento Projetos Estruturantes de Pesquisa do Curso Linha 1. Direito e acesso à justiça Projeto 1. Jurisdição constitucional e precedentes na conformação do Estado de Direito brasileiro e trato da litigiosidade. Projeto 2. Processo democrático, Judiciário e os meios de tratamento adequado de conflitos. Linha 2 Direito, Estado e acesso ao desenvolvimento Projeto 3. Desenvolvimento social no contexto brasileiro. Projeto 4. Desenvolvimento socioeconômico e a realização dos direitos fundamentais nas relações privadas. Disciplinas Obrigatórias (alunos fazem 2 de 3 disciplinas) 1. Fundamentos da Metodologia de Pesquisa 2. Teoria dos Direitos Fundamentais 3. Teoria do Processo Democrático Disciplinas Básicas (alunos fazem 3 de 7 disciplinas) 1. Teoria da Democracia 2. Estado de Direito, Políticas Públicas e Mudança Social no Nordeste 3. Interpretação das mudanças sociais paradigmáticas contemporâneas

4. Hermenêutica Filosófica e jurídica 5. Filosofia Política e Desenvolvimento 6. Metodologia da Educação Jurídica, Avaliação e Desenvolvimento 7. Direitos políticos e democracia: a cidadania no âmbito regional e local Disciplinas Específicas (alunos fazem 3 da sua linha e 1 da outra) Linha de Pesquisa 1: Direito e Acesso à Justiça 1. Jurisdição constitucional e Democracia 2. Teoria dos Precedentes 3. Instrumentos contratuais de solução e prevenção de conflitos e negócios processuais 4. Estudo dos problemas judiciários e desenvolvimento das instituições do Sistema de Justiça 5. Estado e Litigiosidade 6. Processo coletivo brasileiro na perspectiva dos princípios constitucionais processuais 7. Efetivação dos meios equivalentes de jurisdição e acesso à justiça 8. Seminários Jurídicos Avançados I Linha de Pesquisa 2: Direito, Estado e Acesso ao Desenvolvimento 1. Constitucionalização do Direito Civil 2. Direitos sociais e Desenvolvimento 3. Direito, desenvolvimento, inclusão social e proteção previdenciária 4. Tributação e Desenvolvimento Regional 5. Direito Federativo Brasileiro 6. Regulação e fomento empresarial e desenvolvimento socioeconômico brasileiro 7. Burocracia e processualidade no Estado brasileiro 8. Seminários Jurídicos Avançados II


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ŹO Reitor Prof. José de Carvalho Rocha dando as boas-vindas em nome da Unichristus para os novos mestrandos

ŹProfessores e mestrandos se confraternizam minutos antes do início das atividades de abertura do PPGD

e está a implantar um modelo novo de gestão de projetos, com parâmetros sistemáticos e objetivos construídos coletivamente por todo corpo docente. Cada Projeto de Pesquisa Estruturante (os já mencionados espaços permanentes de pesquisa) possui um líder, que coordena, nesse âmbito, as respectivas atividades, cabendo tal tarefa aos professores Hugo Machado Segundo, Car-

los Marden, Alexandre Bruno e Renata Albuquerque. A Revista Opinião Jurídica, que agora tem estrato internacional A no Programa Qualis - ranking de periódicos da Capes, passa a se vincular ao Programa de Mestrado, permanecendo sob os cuidados de sua Editora, Profa. Fayga Bedê. O corpo docente conta com profissionais reconhecidos na área jurídica. Muitos já

lecionam na graduação ininterruptamente há muitos anos, outros regressaram após períodos de afastamentos para estudos ou formação. Não se trata de um novo setor autônomo e isolado da instituição, com o qual a graduação e a pós-graduação não terão contato. Ao contrário, haverá estreita ligação e integração entre o stricto sensu e toda a comunidade de alunos e professores, em especial, mediante atividades que permitam aos pesquisadores docentes e discentes a divulgação dos resultados mais recentes e inovadores da pesquisa em Direito. Com a graduação, a articulação se dará, sobretudo, pelas coordenações de pesquisa, orientadas pelas professoras Ana Stela Câmara e Lívia Ximenes e, nas pós-graduações lato sensu, pela professora Áurea Frota e pelo Prof. Antônio Torquilho. O novo programa já possui convênios firmados com universidades europeias, o que permitirá o intercâmbio e a troca de conhecimento entre docentes e discentes, elevando o nível das pesquisas. Enfim, com o Programa de Mestrado Acadêmico em Direito, o Centro Universitário Christus firma sua posição como uma das mais compromissadas e engajadas instituições de ensino do país, elevando o padrão científico regional. Prof. Dr. Juraci Mourão Lopes Filho Coordenador do Mestrado em Direito da Unichristus


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história de sucesso

Amante da pesquisa

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ngressei no Curso de Direito da Unichristus em 2009. Inicialmente, não sabia ao certo qual carreira jurídica deveria seguir. Durante a disciplina “Direito Constitucional II”, ministrada pelo Prof. Leandro Bessa, essa dúvida foi sanada, pois me apaixonei pela Defensoria Pública, a qual é responsável pela prestação de assistência jurídica integral e gratuita à população carente. Nesse ínterim, surgiu, no Legislativo, a possibilidade de criação do Conselho Nacional da Defensoria Pública (CNDP). Com esse tema, fui selecionada, em 2010, para integrar o Programa de Iniciação Científica. Já em 2011, tornei-me monitora de “Direito Internacional Público e Privado”. Ao auxiliar o Prof. Paulo Portela, deparei-me com uma nova indagação: dedicar-me ao estudo para o cargo de defensor público, à vida acadêmica ou a ambos?

Em 2014, inscrita na OAB, procurei conciliar a prática jurídica com os estudos. No ano seguinte, com o surgimento da ADI nº 5296/DF, que objetiva retirar a autonomia integral da Defensoria Pública, submeti essa questão à seleção de mestrado acadêmico da UFC. E, em um país de tantas desigualdades, ter sido aprovada no certame com um projeto de viés social exibiu uma importância muito grande para mim. Tenho um projeto de doutorado em mente e desejo desenvolvê-lo em breve. Ao mesmo tempo, almejo ser professora universitária, o que possibilitaria a propagação de tudo o que aprendi tanto para os aspirantes a cargos públicos como para os amantes da pesquisa. Também continuarei lutando pelo fortalecimento da Defensoria Pública, dentro ou ao lado dela.

Mariana Urano de Carvalho Caldas Mestranda em Direito (UFC), Graduada em Direito pela Unichristus. Advogada

Assim, sugiro a você, acadêmico de Direito, que se dedique às disciplinas, participe dos Programas de Iniciação Científica e/ou de Monitoria da Unichristus, percorra seus andares, utilize seus recursos. O sistema jurídico brasileiro precisa de toda a nossa atenção para manter-se distante das injustiças e próximo dos anseios do Estado Democrático de Direito.


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Universo Curioso: uma história de sucesso

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Universo Curioso é uma organização especializada em divulgação científica e entretenimento. Idealizado e produzido pelo acadêmico do Curso de Sistemas de Informação da Unichristus, David Damasceno, o projeto foi lançado em 2014 em páginas do Facebook e também é subdividido em categorias, como astronomia e curiosidades. Segundo David, “o projeto busca trazer o conhecimento imparcial, não só sobre curiosidades, mas também tudo sobre a ciência com o intuito da difusão e da popularização, em especial, da astronomia pelo mundo.”. Acompanhe a entrevista que fizemos com o David e entenda mais sobre o seu Universo Curioso. 1 - De onde surgiu a ideia de criar o Universo Curioso? Em 2014, quando ainda estava na faculdade cursando Sistemas de Informação, percebi que ainda não existiam

sites que falavam de curiosidades e astronomia, então resolvi criar uma página no Facebook. Sempre achei que poderia ter potencial e, no mesmo ano, desenvolvi o site www. universocurioso.net, que, logo de início, obteve mais de 100 mil acessos diários com ajuda da página. Hoje, o site tem, em média, 2 milhões e 700 mil acessos mensais. 2 - Quem ou o que o inspira no seu processo criativo de conteúdo para alimentar a página/site? O desejo de alimentar as diversas mentes que estão em busca de respostas sobre diversos assuntos e curiosidades acerca de temas ligados à astronomia e ciência, por isso o nome Universo Curioso, uma forma de mostrar fatos em forma de curiosidades. 3 - O seu Curso/Universidade contribuiu para o sucesso de sua página/site? De que forma? Cursar Sistemas de Informação me fez abrir a cabeça para criar algo de valor na área da tecnologia, algo que pudesse ser visto por milhares ou até milhões de pessoas. De início, pensei em criar um aplicativo para celular, mas logo veio a ideia de criar a página no Facebook. Hoje, ela conta com mais de 2 milhões de seguidores e um alcance se-

David Damasceno

manal de 45 a 50 milhões de pessoas. Usei os meus conhecimentos adquiridos durante o curso para desenvolver o site. Com isso, pude perceber que uma simples ideia, se bem trabalhada e lapidada, pode ser uma ideia de sucesso. 4 - Quais os seus planos para o futuro do Universo Curioso e quais objetivos ainda pretende atingir? Pretendo transformar o Universo Curioso em uma marca conhecida no ramo de entretenimento no Brasil, produzindo vídeos semanalmente no canal do Youtube. Ainda este ano, pretendo atingir a meta de 4 milhões de seguidores, fazendo assim que o conhecimento e a divulgação científica seja uma maneira de as pessoas buscarem mais uma forma de saciar a vontade de saber. Colaboração: Enéas Mamede Setor de Marketing e Comunicação da Unichristus


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em foco

Nutrição: o mais novo curso da Unichristus

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Curso de Nutrição do Centro Universitário Christus recebeu autorização do CONSU, por meio da Resolução nº 21, de 29 de abril de 2016, iniciando suas atividades no último dia 24 de janeiro de 2017, com a primeira turma, no turno da noite, no Campus Parque Ecológico. No dia 8 de fevereiro de 2017, aconteceu a Aula Inaugural da Primeira Turma de Nutrição, para alunos e professores convidados do Curso, com a participação da Professora Doutora Maria Rosimar Teixeira Matos, Profa. Associada do Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará, a qual abordou o seguinte tema: “Formação e atuação do Profissional Nutricionista: novos desafios”. O Projeto do Curso tem como perfil estimular a produção de conhecimento na área de Nutrição, assegurando a formação de profissionais generalistas, capazes de compreender e traduzir as demandas dos indivíduos, grupos sociais e comunidade, com relação a todos os aspectos biológicos, humanos e sociais, integrando conhecimentos abordados no semestre, corroborando com uma formação crítica, sólida e com rigor técnico e científico. O processo de ensino aprendizagem do Curso favorece, ao futuro profissional, embasamento e aperfeiçoamento técnico-científico, com abordagem integrativa dos conteúdos ministrados, sempre relacionando com a prática nos diversos campos de atuação da Nu-

trição, na tentativa de encontrar alternativas para as situações da vida profissional relacionadas à prestação da assistência nutricional a indivíduos e a coletividades, sadios ou enfermos, em âmbito hospitalar, domiciliar ou ambulatorial, na esfera pública e privada, para todos os ciclos da vida, na atenção primária, secundária ou terciária; além de administrar e avaliar unidades de alimentação e nutrição na responsabilidade técnica no controle higiênico-sanitário, em conformidade com as boas práticas de fabricação; com respaldo na ética da profissão, vinculados a atividades de ensino, pesquisa e extensão dentro do Curso de Nutrição; com senso crítico e questionador às constantes atualizações da área (VASCONCELOS; CALADO, 2011). O Curso de Graduação em Nutrição da Unichristus tem como objetivo formar nutricionistas com habilidades e competências para exercício profissional em todos os campos de atuação da profissão, com formação generalista, humanista e crítica considerando as necessidades sociais e os direitos humanos, atuando na promoção, na prevenção, na recuperação e na reabilitação da saúde do indivíduo e da comunidade, primando pelos princípios de ética e de segurança. Desse modo, pretende-se formar profissionais com elevada qualidade ética e responsabilidade social com a comunidade, buscando o desenvolvimento e a promoção da saúde em relação a todos os âmbitos

Profa. Juliana Magalhães da Cunha Rêgo e Profa. Sânia Nara Costa da Rocha Coordenadoras do Curso de Nutrição

relacionados à área de alimentação e à de nutrição. O foco do curso é a integração entre ensino, pesquisa e extensão, com fortalecimento da visão humanista e da interdisciplinaridade, norteando a conduta e o futuro dos alunos envolvidos. Estrutura do Curso: • Duração do Curso: 8 (oito) semestres • Turno: noite • Carga horária: 3.320 horas • Grau: Bacharel Breve Histórico da Nutrição O histórico de evolução e surgimento da profissão de nutricionista teve seu início no final da década de 1930 e início da década de 1940, no período de emergência do profissional, com o surgimento dos primeiros cursos no Sudeste do país. Conforme relatam alguns estudos, no Brasil, “o nutricionista surge dentro do setor saúde, tendo como objeto de trabalho a alimentação do homem no seu plano individual ou


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coletivo” (YPIRANGA; GIL, 1989 apud VASCONCELOS, 2002; VASCONCELOS; CALADO, 2011). Em 31 de agosto de 1949, foi fundada a Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN), hoje Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), e, por essa razão, o Dia Nacional do Nutricionista é comemorado em 31 de agosto (VASCONCELOS; CALADO, 2011). O nutricionista é capacitado para desenvolver atividades em diversas áreas, com um campo de atuação abrangente, diversificado e em plena expansão, o que exige desse profissional uma melhor capacitação e constante atualização do conhecimento. Dentre as áreas de atuação do nutricionista, podem ser citadas as seguintes: Alimentação Coletiva, Nutrição Clínica, Saúde Coletiva, Indústria de Alimentos, Nutrição em Esportes e Marketing na área de Alimentação e Nutrição, além da área de pesquisa e docência. O profissional estuda as necessidades nutricionais dos indivíduos ou coletividades, para a promoção, a manutenção, a recuperação da saúde e a prevenção de doenças (BRASIL, 1991; BRASIL, 2008). Além disso, atua trabalhando no âmbito da Nutrição Humana, Saúde Pública e Alimentação Coletiva, interpretando e compreendendo fatores biológicos, sociais, culturais e políticos para criar soluções que garantam uma melhor qualidade de vida para as pessoas em todos os ciclos da vida, sadias ou enfermas, em consultórios de nutrição e dietética, assistência e educação nutricional para coletividades ou indivíduos, em atividades de supervisão, coordenação, plane-

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jamento ou execução especializada (BRASIL, 1991; BRASIL, 2008). Para exercer a profissão, esse profissional deve ter diploma expedido por Cursos de Graduação em Nutrição, oficiais e reconhecidos, devidamente registrados no órgão competente do Ministério da Educação. Ademais, deve estar regularmente inscrito no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) da sua respectiva jurisdição (CFN, 2008; CFN, 2014). As oportunidades de trabalho para o nutricionista, no Brasil, principalmente, no Nordeste, são promissoras, haja vista o crescente desenvolvimento da região, com a florescente valorização do profissional nos locais de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) ou em empresas fornecedoras de serviços de alimentação coletiva, autogestão, restaurantes e rede de fast food, serviços de buffet e alimentos congelados, hospitais e clínicas/spas, instituições de longa permanência para idosos, ambulatórios, consultórios e clubes esportivos, bancos de leite humano e lactários, atendimento domiciliar (Home Care), políticas e programas institucionais na atenção básica, vigilância sanitária, atividades de docência, desenvolvimento de novos produtos e rotulagem nutricional, além de atividades de marketing e publicidade científica relacionada à alimentação e à nutrição (CFN, 2008). REFERÊNCIAS: BRASIL. Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991 – Regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras providências.

ŹProfa. Sânia Nara Costa da Rocha

BRASIL. Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras providências. Diário Oficial. - DOU 18/09/1991. CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTA. Resolução CFN nº 380/2005. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos de referência por área de atuação e dá outras providências. CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTA. Resolução CFN nº 417/2008, de 18 de março de 2008. Dispõe sobre procedimentos nutricionais para atuação dos nutricionistas e dá outras providências. CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTA. Resolução CFN nº 541/2014, de 14 de maio de 2014. Altera o Código de Ética do Nutricionista, aprovado pela Resolução CFN nº 334, de 2004 e dá outras providências. VASCONCELOS, F. A. G. O nutricionista no Brasil: uma análise histórica. Rev. Nutr., Campinas, 15 (2):127-138, maio/ago., 2002. VASCONCELOS, F. S. G.; CALADO, C. L. A. Profissão nutricionista: 70 anos de história no Brasil. Rev. Nutr., Campinas, 24(4):605-617, jul./ago., 2011. YPIRANGA, L.; GIL, M. F. Formação profissional do nutricionista: por que mudar? In: Cunha DTO, Ypiranga L, Gil MF, organizadores. Anais do 2° Seminário Nacional sobre o Ensino de Nutrição. Goiânia: FEBRAN; 1989.


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destaque

Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF) é inaugurado na Unichristus

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Centro Universitário Christus foi instituído com a finalidade principal de oferecer Ensino Superior diferenciado, que propicie a formação de novos profissionais com visão de futuro, inteiramente adaptados à sua região de influência e que tenha projetos pedagógicos e institucionais voltados a atender aos interesses e às necessidades da comunidade local. Com o objetivo de atingir a essas finalidades, o Centro Universitário Christus tem projetos definidos que buscam, por meio da integração e harmonia entre sua direção, seus alunos, seus professores e seus funcionários, atingir qualidade e excelência em seus cursos e serviços, procurando atender às necessidades de um mundo globalizado, contribuindo com a comunidade externa. Por isso, com muita comemoração, no dia 8 de fevereiro, no anfiteatro da Unichristus sede Dionísio Tor-

ŹAssinatura do Termo de Cooperação

res, foi assinado o Termo de Cooperação para inauguração do Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal – NAF. Esse acordo é um presente a discentes e docentes do Curso de Ciências Contábeis da Unichristus que almejam proporcionar o atendimento de serviços desenvolvidos pela Receita Federal, Sefaz e Sefin à comunidade do Dionisio Torres e da Grande Fortaleza. O desejo de trazer o NAF

à instituição surgiu do compromisso da Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis, Cristina Castelo Branco Andrade, e da Professora Amaurinete Furtado, responsável pelo projeto o qual trará maior conhecimento acadêmico aos alunos. A parceria do NAF é entre a Instituição Unichristus e os órgãos fiscais Receita Federal do Brasil - RFB, Secretaria da Fazenda do Ceará – SEFAZ CE e Secretaria de Finanças do Município de Fortaleza - SEFIN. A solenidade contou com a presença do Pró-Reitor de Planejamento e de Administração, Estevão Lima de Carvalho Rocha, do Pró-Reitor de Extensão e Supervisor do Campus Dionísio Torres, Rogério Frota Leitão dos Santos, e da Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis, Cristina Castelo Branco Mourão de Andrade, além de alunos e


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professores. Entre as autoridades, estiveram presentes o Delegado da Receita Federal do Brasil - RFB em Fortaleza, Cláudio Henrique Gomes de Oliveira, o representante da Secretaria da Fazenda do Ceará – SEFAZ-CE e Coordenador do grupo Estadual de Educação Fiscal do Ceará Argemiro Torres Neto, o Secretário Adjunto da Secretaria Municipal das Finanças – SEFIN, Jaime Cavalcante Albuquerque Filho, o Vice-presidente de ações Institucionais do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Ceará, Vanderlei Coelho Viana e do corpo docente do Curso de Ciências Contábeis. O evento, além da assinatura do Termo, foi abrilhantado com a palestra ministrada pelo Auditor Fiscal da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Fortaleza, Marcelo Lettieri Siqueira, com o tema:

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“Política Fiscal e Desigualdade: Diagnóstico e Perspectivas para o Brasil”. O presente acordo de cooperação traz o enriquecimento, agregando conhecimento sobre a área tributária na prática e tem por objetivo promover atividades de Educação Fiscal em atividades de extensão; aprimorar o conhecimento acadêmico e prestar assistência aos contribuintes de baixa renda, contemplando as disciplinas apresentadas em sala de aula; proporcionar aos alunos a formação sobre a função social dos tributos e dos direitos e deveres associados à tributação e qualificar o futuro profissional por meio de uma vivência na prática. A capacitação dos alunos para o atendimento à comunidade busca fazer que ele venha agir como centro de geração de conhecimento fiscal, trazendo o envolvimento das práticas por meio de grupos de estudos,

mesas de discussões, palestras, seminários, estudos de casos concretos, visitas às oficinas da Receita Federal. O NAF estará vinculado ao Curso de Ciências Contábeis com sede na Rua Francisco Gonçalves, 1040 – Dionísio Torres – CEP 60135-430, Fortaleza-Ce. Por meio do NAF, alunos e professores do Curso de Ciências Contábeis da Unichristus realizarão atendimento gratuito à população, prestando orientações, esclarecendo dúvidas sobre assuntos da área contábil e fiscal, como declarações de Imposto de Renda pessoa física, abertura de Microempreendedor/MEI, solicitação de isenção de Impostos, cálculos judicial e trabalhista, entre outros. Colaboração: Profa. Cristina Castelo Branco Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis

PARTICIPE DA PESQUISA NA UNICHRISTUS A Unichristus disponibiliza a seus alunos amplo acesso e incentivo à pesquisa por meio dos Programas de Monitoria, Iniciação Científica e dos Encontros de Iniciação à Pesquisa e à Docência e do Encontro de Pesquisadores. No Curso de Direito, são ofertados, ainda, grupos de estudo, e as mais atualizadas discussões ocorrem na Sexta da Pesquisa. Participe! UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.


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unichristus

Aula inaugural do Curso de Administração traz GPTW para apresentar as melhores práticas de gestão nas empresas

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Curso de Administração promoveu, no dia 15.02.17, sua Aula Magna no Auditório II do campus D. Luís nos dois turnos para os alunos novatos e veteranos. Desta feita, os discentes e os docentes convidados tiveram a oportunidade de conhecer as melhores práticas de gestão que levam as empresas a conquistar o cobiçado título de “uma das melhores empresas para se trabalhar” e discuti-las com a representante do GPTW Ceará, Srª Mariza Quinderé. A apresentação foi mediada pelo Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Seccional do Ceará – ABRH-CE, Sr. Marcos Pereira de Freitas. Na oportunidade, ele destacou a importância da formação complementar, mormente quando se apresentam “cases” de empresas

ŹMariza Quinderé (Representante do GPTW Ceará)

que são exemplos de uma gestão eficaz, por meio das boas práticas de Recursos Humanos.

Conheça o que é o GPTW O trabalho do Great Place to Work® começou na década de

80, com Robert Levering, um jornalista que cobria assuntos ligados ao trabalho e especialmente aos conflitos trabalhistas. Ele foi convidado para escrever um livro sobre as melhores empresas para trabalhar nos EUA.


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Sua resposta, à época, foi bem direta: “Não!”. Era impossível escrever esse livro, pois não existiria, segundo ele, nenhuma boa empresa para trabalhar, na perspectiva dos funcionários (e não dos donos ou executivos). Ele chegou, inclusive, a sugerir escrever um livro sobre as piores empresas para trabalhar, uma vez que ele tinha centenas de exemplos para apresentar. A editora chegou a considerar seriamente essa opção, mas acabou desistindo com receio de que o número de processos na justiça contra o livro seria muito grande. Após longas conversas, Robert acabou aceitando o projeto, mas fazendo à sua moda. Como jornalista, ele foi entrevistar milhares de funcionários, “in loco”, de forma totalmente confidencial, em centenas e centenas de empresas em todo o país. Ele encontrou, conforme esperado, pessoas que odiavam suas empresas e seus chefes, em organizações com péssimos ambientes de trabalho, mas começaram as surpresas, contrariando todas as suas convicções anteriores. Encontrou também pessoas que adoravam sua função exercida, seus colegas e suas empresas! A descoberta deixou Robert tão impressionado que ele abandonou tudo que fazia e abriu um pequeno escritório, na verdade, uma modesta salinha, com sua esposa, à época, ao qual deu o nome de Great Place to Work®. E assim continuou estudando e se aprofundando no tema.

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ŹMarcos Pereira de Freitas (Presidente da ABRH - Ceará), Prof. Coelho (Supervisor Adjunto Campus Dom Luís), Mariza Quinderé (Representante do GPTW Ceará) e Prof. Luis Antônio Rabelo Cunha (Coordenador Geral do Curso de Administração)

Sua primeira grande conclusão havia sido que existem, sim, excelentes empresas para trabalhar. A segunda descoberta foi mais poderosa ainda: qualquer empresa de qualquer tamanho, em qualquer lugar e em qualquer época, pode se tornar um excelente lugar para trabalhar. Escreveu um segundo livro, procurando entender por que as pessoas gostavam tanto de algumas empresas. Descobriu que, de uma forma ou de outra, as pessoas tinham discursos muito parecidos: • gosto de trabalhar aqui porque tenho orgulho do que eu faço (e da minha empresa) • gosto dos colegas com quem trabalho (há colaboração e espírito de equipe) • confio nas pessoas para quem eu trabalho (posso confiar no meu chefe, ele me respeita, e as decisões da empresa e do meu chefe são justas). Em 1997, começou a fazer as listas das Melhores Empresas

para Trabalhar. A primeira lista lançada em todo o mundo foi aqui no Brasil (hoje na revista Época), em 1998, nos EUA (na Fortune) e atualmente em mais de 50 países. O principal objetivo das listas não é dar prêmios, mas, sim, divulgar os bons exemplos e estimular outras empresas a melhorar seu ambiente de trabalho. É uma forma de chamar a atenção da sociedade do quanto é importante um bom ambiente de trabalho. Atualmente, além das listas, o Great Place to Work® também oferece serviços de consultoria e treinamento. Anualmente, trabalha com mais de 6.200 empresas, representando mais de 12 milhões de funcionários. As listas são publicadas ou distribuídas nos principais meios de comunicação em todo o mundo para uma população de mais de 25 milhões de leitores. Colaboração: Prof. Luis Antônio Rabelo Cunha Coordenador Geral do Curso de Administração


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Acolhida dos Ingressantes do Curso de Fisioterapia

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o dia 7 de fevereiro de 2017, ocorreu, no auditório térreo do Campus Parque Ecológico, a Acolhida dos Ingressantes do Curso de Fisioterapia para o semestre 2017.1 O evento é uma realização da Coordenação de Fisioterapia e vem se concretizando como um momento ímpar entre a Instituição, alunos e familiares de alunos, pois é a ocasião na qual os coordenadores do curso, docentes, supervisão de campus e Centro Acadêmico (CA) do Curso de Fisioterapia recepcionam os acadêmicos ingressantes e transferidos do semestre vigente. Inicialmente, os novos acadêmicos assistiram à apresentação do curso, suas regras importantes e todo o necessário para que eles, os seus pais, familiares e responsáveis financeiros se sentissem confortáveis com a Instituição e prontos para o início dessa nova jornada. Ao final do evento, o CA de Fisioterapia e a coordenação realizaram a cerimônia de entrega de jalecos e juramento. Além disso, todos foram convidados a uma visita à Clínica Escola de Fisioterapia.

Colaboração: Cymara Kuehner Professora do Curso de Fisioterapia

ŹIngressantes do Curso de Fisioterapia

ŹProfessoras Romina Mourão, Cymara Kuehner, Karoline Sampaio e Júlia Carvalho


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Oficina Terapêutica com pacientes soropositivos da Clínica Escola de Saúde (CES) do Centro Universitário Christus – Relato de Experiência Multidisciplinar na Prática

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a década de 1980, o mundo se deparou com o surgimento de uma nova epidemia que, até hoje, já levou a óbito milhões de pessoas. Essa doença que levava à imunodepressão severa e à letalidade em poucos meses foi descoberta em 1981, quando surgiram, nos Estados Unidos, os primeiros casos que chamaram a atenção da mídia e da sociedade, sendo correlacionada com um novo vírus que, em 1983, tornou-se conhecido como Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A ciência nunca caminhou tão rapidamente no âmbito do diagnóstico e da terapêutica de uma doença infecciosa. Já no final daquela mesma década, as medicações antirretrovirais começaram a prolongar o tempo de vida das pessoas portadoras daquele mal, além das profilaxias de doenças oportunistas relacionadas à patologia. Em 1996, com a terapia tripla combinada altamente potente (HAART), a Aids foi considerada uma doença crônica, com a mortalidade drasticamente reduzida, e os pacientes passaram a apresentar uma expectativa de vida diferenciada, atualmente, comparável à da população em geral. Porém, embora os pacientes, estando em terapia adequada, não mais evoluam para óbito relacionado à Aids, eles passaram a padecer de

diversas comorbidades, como as alterações neurocognitivas e psiquiátricas. Portanto, é necessário abordar, atualmente, o tratamento e o suporte do paciente convivendo com HIV/AIDS (PVHA) no tripé formado pelos aspectos sociais, biológicos e psicológicos. Dentro do processo saúde/ doença, os três aspectos (biológicos, sociais e psicológicos) se relacionam na busca de um equilíbrio que definirá a polarização do paciente e sua relação com o HIV. Os aspectos biológicos estão principalmente relacionados ao uso da medicação antirretroviral, aos efeitos adversos relacionados a esta, marcadores biológicos como Carga viral e dosagem de CD4+, Genotipagem e outros. Dentro dos aspectos sociais, situam-se os correlacionados principalmente aos dados sociodemográficos e ao suporte social. Em relação aos aspectos psicológicos, é importante ressaltar os transtornos percebidos em níveis de Ansiedade, Depressão e Qualidade de vida. As manifestações clínicas da Imunodeficiência podem interferir tanto nos aspectos sociais quanto nos psicológicos do paciente. Diante disso, é necessária uma nova adaptação da pessoa com HIV à nova condição (coping). Estudos prévios detectaram que pessoas com doença mental grave morrem até 25 anos

Luan Victor Almeida Lima Aluno do 9º semestre do Curso de Medicina

Raquel Silveira Dantas Aluna do 9º semestre do Curso de Medicina

Joshua Araújo Via Aluno do 12º semestre do Curso de Medicina

Dilene Rodrigues Landim Psicóloga

Elenise Tenório de Medeiros Machado Psicóloga

Profa. Dra. Melissa Soares Medeiros Infectologista e Professora do Curso de Medicina da Unichristus


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mais cedo do que a população geral. Embora a maioria seja devido a doenças cardiovasculares, relacionadas às medicações antipsicóticas, as quais aumentam o risco de obesidade, diabetes e hipertensão, o HIV e as outras doenças infecciosas também contribuem para essa mortalidade prematura.1 Duas análises recentes quantificaram a prevalência de HIV entre as pessoas com doença mental severa variando entre 1,8 a 6%. Essa prevalência é, muitas vezes, mais elevada do que a da população em geral, que é 1,2 milhões ou aproximadamente 0,4% dos norte-americanos, segundo dados do Center for Disease Control and Prevention (CDC).3 Entre os meios operacionais pelos quais a reabilitação psicossocial é possível, destacamos as oficinas terapêuticas, as quais são classificadas pelo Ministério da Saúde (MS) como atividades grupais destinadas à socialização familiar e social dos usuários, à expressão de sentimentos e emoções, ao desenvolvimento de habilidades, à autonomia e ao exercício da cidadania. Atualmente, as oficinas têm sido entendidas como espaços de produção e manejo de subjetividade e de reconstrução de vínculos entre os sujeitos em sofrimento. As oficinas terapêuticas têm-se destacado por se constituírem em novas formas de acolhimento, de convivência e de mediações de diálogo.4,5 Na Unichristus, a Oficina Terapêutica acontece na Clínica Escola de Saúde (CES) desde maio de 2012, aos sábados pela manhã, com a participação de uma equi-

pe multidisciplinar formada por psicólogos, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, odontólogos e outros profissionais envolvidos com a saúde física e psicológica da comunidade. Ressalta-se, também, neste momento, a participação dos alunos da Liga de Infectologia, em que se trabalha a empatia dentro da relação médico-paciente (Figura 1). No início, a adesão a essa oficina ocorreu lentamente, pois o grupo de pacientes ainda apresentava muita resistência em se expor e a falar de suas angústias, medos, vergonhas e dificuldades enfrentadas pela mudança da realidade atual de saúde. Para tanto, o apoio, o cuidado e a assistência aos pacientes com diagnóstico de HIV/AIDS foram fundamentais e, hoje, são significantes para aqueles que estão no grupo desde o início, bem como para os que chegam timidamente pela primeira vez. Na Oficina Terapêutica, são trabalhados, em cada encontro, temas diversos que sempre são sugeridos pela equipe multidisciplinar e acor-

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dados com ela em conformidade com a aprovação dos pacientes. Os temas são os seguintes: aceitação do diagnóstico, importância da adesão ao tratamento, dúvidas sobre reações adversas, relação afetiva, intimidade, sexo com segurança, cuidado com o outro, cuidado bucal, relações interpessoais após o diagnóstico, exclusão social, depressão, ansiedade, automonitoramento, autoestima e outros. Em cada encontro, trabalha-se um tema diferente, com expectativas diferentes e uma dinâmica exclusiva no formato das atividades envolvidas. Essa diversidade de informações e atividades faz que o paciente se estimule a estar presente. Seus depoimentos sempre soam como um remédio perfeito para a dor do outro. Durante a semana, a equipe de psicólogas atende aos pacientes com demanda de escuta terapêutica. Percebe-se que os pacientes mais comprometidos emocionalmente são os que insistem em buscar informações on-line em sites e

ŹFigura 1. Atenção multidisciplinar ao paciente com HIV na Clinica Escola de Saúde Unichristus – Abordagem na O¿cina Terapêutica.


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grupos na internet. O bombardeio de informações inverídicas mescladas dentro ao conteúdo, associado à dificuldade de lidar com tanto material, acaba por contribuir para o aumento dos sintomas de ansiedade e depressão. A cada reencontro do grupo de pacientes na Oficina Terapêutica, observa-se a alegria em fazer parte de uma nova identidade coletiva que compartilha medos e esperança. Atualmente, entre eles, existem homens, mulheres, casais homossexuais ou heterossexuais, com idade entre 18 a 63 anos. A educação multidisciplinar que é oferecida nas oficinas terapêuticas contribui diretamente para o apoio à comunidade de portadores de HIV, promovendo inúmeros benefícios a esses indivíduos, como a melhora da adesão terapêutica (por meio de um melhor acolhimento, o paciente tende a ter mais confiança na equipe), aumento da autoestima, conhecimento sobre a doença e redução dos níveis de ansiedade e depressão pelo alívio dos sintomas negativos advindos da doença graças ao suporte emocional oferecido pelo grupo. Ademais, há o reforço de um dos principais pilares da Medicina moderna, a multidisciplinaridade, para os alunos da graduação nessa atividade. Na atenção psicossocial, a maior conquista se dá na prática do diálogo, no respeito às singularidades e aos direitos daqueles que utilizam os serviços e querem ser ouvidos e considerados em sua totalidade biopsicossocial. O ambiente em que essas ações acontecem se torna um verdadeiro espaço de socialização, intera-

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ção, (re)construção e (re)inserção social, pois, ali, o sujeito tem liberdade de se expressar, sendo capaz de lidar com seus medos e suas inseguranças, bem como realizar troca de experiências.6 O modelo de fatores que influenciam na qualidade de vida que deve ser objetivo das Intervenções Psicossociais para assegurar uma Boa Qualidade de Vida e melhores possibilidades de sucesso na adaptação ao diagnóstico e à convivência com o HIV, podem dividir-se em: 1. Recursos internos: • Reavaliação cognitiva de uma situação. • Percepção realista de eventos cotidianos da vida. • Fortalecimento do autoconceito e da autoestima. • Autocontrole e autoeficácia. • Reavaliação positiva do futuro. 2. Recursos Externos: • Acesso a cuidados médicos. • Rede de suporte social e familiar. • Aliança terapêutica com a equipe de cuidado. • Suporte psicoterapêutico e psicofarmacológico. • Suporte sobre questões relacionadas à confidencialidade. • Acesso a serviços sociais O tratamento médico para HIV/AIDS tornou-se altamente efetivo e sofisticado, mas é importante lembrar que a relação profissional-paciente ainda exerce um papel primordial na vida dos indivíduos soropositivos e podem ter um efeito substancial em seu bem-estar. Os avanços farmacológicos e tecnológicos não substituíram a “heart part” do cuidado no HIV/AIDS.6

A Oficina Terapêutica, hoje, é reconhecida como uma ferramenta essencial para o atendimento e o suporte dos pacientes que vivem com HIV. Uma experiência de sucesso que impacta na qualidade de vida dos pacientes e no ensino da empatia aos estudantes de Medicina.7 Orientadora: Profa. Dra. Melissa Soares Medeiros (Infectologista e Professora do Curso de Medicina da Unichristus) Notas 1. Colton C.W., Manderscheid R.W.: Congruencies in increased mortality rates, years of potential life lost, and causes of death among public mental health clients in eight states. Preventing Chronic Disease 3:A42, 2006. 2. Meade C.S., Sikkema K.J. Voluntary HIV testing among adults with severe mental illness: frequency and associated factors. AIDS and Behavior 9:465– 473, 2005. 3. Saraceno B. Reabilitação psicossocial no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Hucitec; 2001. p. 13-8. 4. Guerra A.M.C. Oficinas em saúde mental. Rio de Janeiro: Contra Capa; 2004. p.105-16. 5. Prata N.I.S.S. As oficinas e o ofício de cuidar. RJ 2004. p.161-6. 6. Roberts J.K. Physician Patient Relatioships, Patient Satisfaction, and Antiretroviral Medication Aderence Among HIV-infected Adults Attending a Public Health Clinic. Aids Patient Care and STDs, vol 16 n1, 2002. 7. Kubrusly M., Machado E., Rodrigues D., Mendes C., Rocha J. e Medeiros M. Oficina terapêutica HIV/ AIDS, experiência com os pacientes de infectologia da Clínica Escola de Saúde (CES), no Centro Universitário Christus (Unichristus), Fortaleza/Ce, apresentação oral, 2º Colóquio Internacional de Educação e Trabalho Interprofissional, 2016, Santos – SP.


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Gerenciamento de processos: um novo desafio para a formação em Odontologia

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Gerenciamento de Processos (GP) é uma atividade administrativa realizada na Clínica Escola da Unichristus, no Curso de Odontologia. O momento do GP acontece durante as atividades de Clínicas 2 e 3 do quinto e do sexto semestres do referido curso. Essa prática é de extrema importância para a clínica e a formação dos alunos, pois visa a integrar as ações clínicas no sentido de melhorar os processos internos. As atividades do GP são executadas pelas duplas de alunos que são escaladas no início do semestre letivo. O GP tem como vantagens a busca pela excelência, pela mensuração e pela maximização de resultados da clínica; a melhoria no entendimento de fluxo e processos, análise e avanço destes; a redução do tempo dos atendimentos; a padronização, bem como a melhoria da qualidade interna; por fim, a identificação e a priorização dos problemas e dos limites operacionais. Os alunos estão sob constante orientação dos professores responsáveis pelas atividades de Gerenciamento de Processos, os quais determinam a atividade que será desenvolvida no GP, divulgando uma semana antes da escala, para que os alunos estudem e preparem o material relativo

ao momento previsto. Em caso de dúvidas relativas à atividade, os alunos podem contactar os professores, previamente, ao momento da prática. No dia da atividade, os alunos devem cumprir a carga horária da clínica, trazendo notebook, material de registro e literatura específica da temática a ser desenvolvida. O produto final deve ser entregue no mesmo turno de trabalho. Dentre os critérios de avaliação, será avaliado se o aluno se preparou para o dia, se contactou o professor na semana anterior à atividade, se preparou materiais específicos sobre o tema, se cumpre a pontualidade, se está com a paramentação adequada e, ainda, se os produtos foram en-

tregues no prazo determinado, assim como a participação e o rendimento do aluno nas atividades também são avaliados. É realizado ainda o registro da atividade no livro ata do GP. Durante a execução do Gerenciamento de Processos, são construídos instrumentos de trabalho que serão utilizados nos processos internos da Clínica-Escola, por exemplo, Procedimentos Operacionais


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Padrão, manuais, banners, entrevistas, questionários, reuniões, observações in loco, análise de documentos e sistemas, aplicativos e desenho dos processos. Em 2016.1, foram produzidos 9 POP da disciplina de dentística, 3 POP de radiologia, 3 POP de periodontia, 4 POP de cirurgia, banner para exposição em evento científico, mais de 20 mapas de risco, 5 momentos de auditorias de prontuários, 2 banners para a sala de situação, 14 POP para organização e limpeza da Clínica-Escola, 2 regulamentos e 1 manual. Já em 2016.2, foram realizados a identificação de ambientes e os processos da Clí-

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nica Escola de Odontologia e Pré-Clínica Escola de Odontologia, fotos da Clínica e da Pré-Clínica, mapas de Risco da Clínica e da Pré-Clínica, auditoria de 390 prontuários da Clínica Escola de Odontologia, regras de utilização do Espaço da Criança, sala dos professores e Espaço de Promoção da Saúde. Foram desenvolvidas, também, planilhas de abreviaturas dos procedimentos a serem usados como padrão de registro no prontuário da Clínica Escola de Odontologia, para evitar desperdício de material, e de indicações dos medicamentos da caixa de urgências, validação dos POP de Cirurgia e Radiologia, além de dezenas de outros instrumentos opera-

cionais. Mediante os notórios avanços apresentados nesse percurso, as atividades do GP seguem no ano de 2017. Portanto, buscar novos horizontes para a formação do cirurgião-dentista da atualidade é investir em atividades que estimulem o pensamento crítico e inovador, empreendedor e gerencial, fazendo o discente perceber a importância do conhecimento que vai além da cadeira odontológica. Colaboração: Luana Braga e Luana Cavalcante (aluna do 6o semestre do Curso de Odontologia) Orientadoras: Profas. Patrícia Maria Costa de Oliveira e Kátia Holanda Saldanha.

LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA Você sabia que a Unichristus disponibiliza, só no Campus Dom Luís, cinco laboratórios de informática aos seus alunos? Na sala 1105, funciona um laboratório com 18 computadores das 7h15min às 22h30min, diariamente, para atender os alunos que desejem fazer pesquisas, trabalhos e outras consultas. Ao todo, são mais de 100 máquinas à disposição de alunos e professores! UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.


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A Revista Opinião Jurídica agora é Qualis-A: padrão internacional na Capes

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Mestrado em Direito da Unichristus festeja sua mais recente vitória: a Revista Opinião Jurídica, agora vinculada ao Programa stricto sensu, acaba de ser reconhecida pela Capes como revista de padrão internacional. Por ocasião dos resultados preliminares do processo de requalificação dos periódicos científicos da área do Direito, a Capes informou que a Revista Opinião Jurídica, que já tinha a maior nota nacional (B-1), subiu para o estrato A, reservado apenas aos periódicos de padrão internacional, que estão no topo do ranking de periódicos do Programa Qualis da Capes. A Revista Opinião Jurídica está em seu 14º ano de história. Ao longo do tempo, suas páginas já abrigaram artigos coassinados por 29 alunos da graduação, em coautoria com professores da casa – lado a lado com autores de reputação nacional, tais como Didier, Lenio Streck, Ingo Sarlet, L. Roberto Barroso, Marinoni, Ada Grinover, entre

ŹProf. Rodolfo Franco, Profa. Ana Luisa Demoraes, Profa. Fayga Bedê e Ricardo Cavalcanti

muitos e muitos outros. Igualmente, abrilhantaram as nossas páginas inúmeros autores de expressão internacional de diversos países, de diferentes continentes, enfrentando os mais variados temas. Após conjurar esforços monumentais para prestigiar as várias diretrizes da Comissão Qualis da Área do Direito para estratos internacionais, a Revista Opinião Jurídi-

ŹProfa. Fayga Bedê, Prof. Rodolfo Franco e Profa. Ana Luisa Demoraes na comemoração do Quallis A

ŹPatricia Costa, bibliotecária da Revista Opiniao Jurídica

ca festeja o reconhecimento que a Capes lhe outorga, brindando com cada um de seus professores e alunos de Mestrado e de Graduação. Se você quer entender melhor o que essa vitória espetacular significa, saiba que a Capes estabelece um ranking com 08 níveis (estratos), que implicam o conceito de cada periódico. Em ordem crescente, esses estratos vão de C, B5, B4, B3, B2, B1 (nacionais) até A2 e A1 (estratos internacionais). Como era de se esperar, as exigências impostas pela Capes aos periódicos de estrato internacional são bastante agravadas, tanto que menos de 25% de todos os periódicos científicos em todo o Brasil são considerados A pelo Programa Qualis da área do Direito. Confira algumas das exigências que tivemos de cumprir para sermos A (os dados apresentados são referentes aos 3 últimos números avaliados pela Capes):.


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Artigos assinados por Doutores – (mínimo de 60% para A) V. 14, N. 19 92,31% V. 14, N. 18 84,62% V. 13, N. 17 95% Exogenia quanto à procedência dos autores – (mínimo de 75% para A) V. 14, N. 19 100% V. 14, N. 18 76,92% V. 13, N. 17 80% Grau de abrangência da procedência dos autores - (não há exigência mínima) V. 14, N. 19 7 Estados (4 Regiões) + 3 países estrangeiros V. 14, N. 18 5 Estados (3 Regiões) + 1 país estrangeiro V. 13, N. 17 6 Estados (3 Regiões) + 3 países estrangeiros Exogenia quanto à procedência dos pareceristas – (mínimo de 75% para A) V. 14, N. 19 91,22% V. 14, N. 18 94% V. 13, N. 17 97,67% Grau de abrangência da procedência dos pareceristas - (mínimo de 5 Estados envolvidos) V. 14, N. 19 10 Estados (5 Regiões) + 1 país estrangeiro V. 14, N. 18 16 Estados (5 Regiões) + 1 país estrangeiro V. 13, N. 17 10 Estados (5 Regiões) + 3 países estrangeiros Exogenia quanto à procedência da Comissão – (mínimo de 75% para A) V. 14, N. 19 83,3% V. 14, N. 18 83,3% V. 13, N. 17 86% Grau de abrangência da procedência da Comissão - (mínimo de 5 Estados envolvidos) V. 14, N. 19 11 Estados (4 Regiões) + 5 países estrangeiros V. 14, N. 18 11 Estados (4 Regiões) + 5 países estrangeiros V. 13, N. 17 11 Estados (4 Regiões) + 5 países estrangeiros Número de artigos publicados por volume - mínimo de 18 para A V. 14, N. 19 13 (total por volume: 26) V. 14, N. 18 13(total por volume: 26) V. 13, N. 17 20 Presença em bases de dados e indexadores - (mínimo de 2 para A) V. 14, N. 19 08: Sumários, Qualis/Capes, Latindex, Diadorim, V. 14, N. 18 Google Scholar, RVBI, REDIB e DOAJ. V. 13, N. 17 Taxa de rejeição (desk review + peer review) – não há % mínimo exigido V. 14, N. 19 89,76% V. 14, N. 18 87,60% V. 13, N. 17 88,64%

ŹProfa. Dra. Fayga Bedê

Se você fez uma leitura atenta dos tópicos acima, deve ter percebido que não foi nada fácil chegar até aqui. Mas, com o apoio de nossos queridos professores e dos nossos estimados alunos, nada é impossível. Ficaremos MUITO honrados com a sua leitura crítica, com o debate dos artigos na sua sala de aula, e com a citação dos artigos da Revista Opinião Jurídica, quando você, leitor, publicar o seu próximo artigo. Por fim, registramos toda a nossa gratidão a dois personagens incansáveis, cujo trabalho de bastidores faz simplesmente toda a diferença: nosso assistente editorial, Esp. Ricardo Cavalcanti, e nossa bibliotecária, Patrícia Costa. Aguardamos por você nas páginas da Revista Opinião Jurídica, no endereço: <http://periodicos.unichristus.edu.br/index.php/opiniaojuridica>. Ou, se preferir, basta dar um “Google” em “Revista Opinião Jurídica”. Em nossa página, você vai perceber que já estamos sendo acessados em vários países, de diferentes continentes. Mas a sua visita vai ter um gostinho especial: esteja à vontade: você é de casa. Profa. Dra. Fayga Bedê Editora-Chefe da Revista Opinião Jurídica Prof. Me. Ana Luisa Demoraes Editora-Adjunta da Revista Opinião Jurídica Prof. Esp. Rodolfo Franco Editor-Assistente da Revista Opinião Jurídica


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Alunos do CST em Radiologia promovem campanha de esclarecimento sobre o câncer de mama (Outubro Rosa) e o câncer de próstata (Novembro Azul)

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os dias 29 de outubro e 26 de novembro de 2016, ocorreram atividades educativas para conscientização sobre a importância da prevenção e do controle do câncer, realizadas por acadêmicos do Curso Superior de Tecnologia em Radiologia, orientados pela professora Antonia Josilene Pinheiro Rocha. Esses eventos foram realizados no Shopping Benfica e tiveram como público-alvo os frequentadores do shopping. O movimento Outubro Rosa surgiu em Nova York, em 1990, com a primeira Corrida pela Cura, com o intuito de alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Desde então, essa campanha de conscientização passou a ser realizada em vários lugares do mundo, apresentando como símbolo um laço cor de rosa. No evento Outubro Rosa, executado pelo CST em Radiologia, foram realizadas palestras

educativas, orientação para o autoexame das mamas em modelo anatômico (protótipo), explicando a importância do exame de mamografia, orientando sobre os procedimentos para realizar a mamografia e os tipos de exames complementares no diagnóstico do CA de mama, como ultrassom e biópsia, conscientizando as mulheres de que a radiação ionizante usada no exame mamográfico não causa CA de tireoide. Ocorreu também a distribuição de

panfletos informativos e de laços cor de rosa. O movimento Novembro Azul surgiu, em 2003, na Austrália, chamado Movember, aproveitando as comemorações do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, realizado no dia 17 de novembro. No Brasil, foi criado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, com o objetivo de quebrar o preconceito masculino de ir ao médico e, quando necessário, fazer o exame de toque. Obteve, as-

O DIREITO NA PRÁTICA O Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) possui prédio próprio, localizado no Campus Dom Luís, com o fim de preparar os alunos do Curso de Direito para a prática da advocacia. Lá, são ministradas as disciplinas de estágio. Além disso, o discente tem a oportunidade de atuar em casos reais, prestando serviço de atendimento à comunidade, junto à Defensoria Pública. UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.


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sim, ampla divulgação e tem como símbolo um laço azul. No evento Novembro Azul, realizado pelo CST em Radiologia, inicialmente houve um momento de integração entre os alunos para unificarem a abordagem aos homens sobre a importância da prevenção, com posterior entrega de panfletos informativos e laços azuis. Posteriormente, foram desmitificados diversos tipos de exames diagnósticos, como o exame de

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toque e a dosagem de PSA (Antígeno Prostático Específico) no sangue, conscientizando os homens e diminuindo, assim, o preconceito masculino com relação aos exames que detectam o CA de próstata. Nos dois eventos, um estande foi montado no estabelecimento, próximo a uma saída, local de fluxo intenso, equipado com materiais educativos impressos, painéis das repectivas campanhas e material de divulgação do CST em Radiologia (Revista Interagir, painel e folheto de apresentação do curso). Os alunos e a professora vestiram-se com jaleco para atrair o público-alvo. Foram abordados com maior atenção mulheres e homens com a média de idade correspondente ao público atingido com mais frequência pela patologia, determinada pelo Ministério da Saúde. Os alunos se identificaram como acadêmicos de Radiologia e explicitaram a intenção da atividade: promover educação em

saúde sobre câncer de mama e de próstata. Para tanto, foram feitas demonstrações e preenchimento de uma tabela de pesquisa, apontados os fatores de risco e de proteção e informadas dicas de diagnóstico e prevenção. As campanhas preventivas conhecidas como Outubro Rosa e Novembro Azul são realizadas por diversas entidades no Brasil e em outros países do mundo e têm como principal objetivo a conscientização a respeito dos principais tipos de cânceres que acometem mulheres e homens, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama e de próstata respectivamente. Essas atividades sensibilizadoras buscaram despertar nas mulheres e nos homens a atenção quanto aos sinais e aos sintomas do câncer, a busca pelo autoconhecimento e pelo autocuidado e a periodicidade da realização dos exames para o rastreamento oncológico precoce, promovendo a educação em saúde por meio das orientações repassadas. Colaboração: Milena Rodrigues de Souza (discente); Antonia Josilene Pinheiro Rocha (orientadora); Ana Paula Mendonça (Coordenação Adjunta CST em Radiologia), Rafaela Cordeiro (Coordenação Adjunta CST em Radiologia) e Norma Selma Costa (Coordenação Geral do CST em Radiologia) Palavras-chave: Educação em Saúde. Promoção da Saúde. Prevenção das Neoplasias de Mama e Próstata. Outubro Rosa. Novembro Azul.


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Participação de docentes da Unichristus no Habitat III (Quito, Equador)

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ntre os dias 17 e 20 de outubro de 2016, aconteceu a ONU-HABITAT, a terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável. O evento foi a primeira das conferências globais após a Agenda de Desenvolvimento definida em 2015 e teve o objetivo de debater e projetar novos caminhos para atender aos desafios da urbanização do século XXI sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável. A conferência promoveu o encontro de diferentes atores urbanos, como governos, autoridades locais, sociedade civil, setor privado, instituições acadêmicas e demais grupos relevantes para revisar as políticas urbanas e de moradia que afetam o futuro das cidades sob o princípio da governança urbana internacional, focando na declaração da “Nova Agenda Urbana” para o Século XXI. As professoras Lígia Maria Silva Melo de Casimiro, advogada, mestra em Direito do Estado (PUC/ SP) e doutoranda em Direito Econômico e Desenvolvimento (PUC/PR) com foco de pesquisa na área do Direito Urbanístico e Direito Administrativo; e Larissa Menescal, arquiteta e urbanista, mestra em Gestão Urbana pela Universidade Técnica de Berlim e professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unichristus estiveram presentes no evento sediado em Quito, Equador, assistindo aos vários debates que ocorreram nos 4 dias de Encontro. A professora Lígia Melo de Casimiro é diretora do IBDU e esteve como observadora no stand

da Plataforma Global pelo Direito à Cidade, além de ministrar uma oficina na Universidade Central do Equador sobre Direito à Cidade e Mobilidade Urbana. Contextualização Em outubro de 2016, no Equador, ocorreu o Habitat III, a Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável. O evento ocorre a cada 20 anos, o primeiro foi em Vancouver, em 1976, e o segundo em Istambul, em 1996. Os objetivos dessa Conferência são garantir um compromisso político renovado para o desenvolvimento urbano sustentável, avaliar as realizações até o momento, identificar e combater a pobreza e abordar desafios novos e emergentes. Neste evento, foi firmada a Nova Agenda Urbana Mundial, que define compromissos e obrigações para uma estratégia global para o desenvolvimento urbano sustentável nos próximos 20 anos, buscando cidades e comunidades mais equitativas, prósperas, sustentáveis, justas e seguras. Apesar de já ser o terceiro encontro nos últimos 60 anos, sua relevância é inquestionável, já que, em 2000, mais de 50% das pessoas do planeta passaram a viver nas cidades. Após esse marco, é a primeira vez que o mundo (gestores, profissionais, acadêmicos, etc.) se reúne para definir uma estratégia global para enfrentar os problemas urbanos.

ŹProfessoras Larissa Menescal (Arquitetura e Urbanismo) e Lígia Melo (Direito) no HABITAT III

Nova Agenda Urbana Mundial Composta por 175 parágrafos e seguindo os princípios de não deixar ninguém para trás, economia urbana sustentável e inclusiva e sustentabilidade ambiental, a Nova Agenda Urbana busca cidades mais inclusivas, seguras, sustentáveis e resilientes, por meio do incentivo ao adensamento urbano, ao uso misto do solo, à preservação da paisagem e dos recursos naturais e à promoção de espaços públicos para todos, com intensa participação popular e inclusão social. O documento está dividido em sete partes, sendo: 1. Declaração de Quito sobre Cidades Sustentáveis e Assentamentos Humanos para Todos; 2. Nossa Visão; 3. Princípios e Compromissos; 4. Convocação para Ação; 5. Plano de Implementação de Quito; 6. Implementação Eficaz e 7. Acompanhamento e Avaliação. De acordo com Dr. Joan Clos, Secretário Geral do Habitat III e Diretor Executivo da UN-Habitat, os cinco aspectos principais da Nova Agenda Urbana são promover a política urbana nacional, o cenário


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legislativo para urbanização, o planejamento urbano, o financiamento para urbanização e os planos locais de renovação urbana. É importante informar que a construção da Nova Agenda Urbana não ocorreu no evento de outubro, e sim por meio de uma série de eventos preparatórios que ocorreram desde 2014 em diversas cidades de todos os continentes. A primeira versão em minuta foi divulgada em abril de 2016, esta sofreu uma série de ajustes e contribuições até o produto final que está disponível hoje. HABITAT III O evento que contou com 30.000 participantes, Estados-Membros e partes interessadas, incluindo parlamentares, organizações da sociedade civil, governos regionais e locais e representantes municipais, profissionais e pesquisadores, universidades, fundações, mulheres e grupos de jovens, sindicatos e setor privado, bem como as organizações do sistema das Nações Unidas e as organizações intergovernamentais, teve a missão de definir padrões de desenvolvimento urbano sustentável, contando com a cooperação dos diversos parceiros comprometidos. Foram aproximadamente 1000 atividades paralelas compostas por reuniões plenárias, mesas-redondas, sessões especiais, diálogos, trabalhos em rede, eventos de formação, atividades culturais, entre outros. Merece destaque a Habitat III Exhibition, que contou com 160 estandes nos quais os Estados-membros, as organizações e

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as instituições, a sociedade civil e o setor privado puderam apresentar propostas e compromissos para a implementação da Nova Agenda Urbana e expor trabalhos e pesquisas em habitação e desenvolvimento urbano sustentável. O Habitat III Village estendia o evento por toda a cidade, com atividades dispersas em vários espaços públicos, promovendo um maior envolvimento com a comunidade local. Além da programação oficial, outras atividades estavam acontecendo em Quito por grupos organizados que discutem a questão urbana. Inclusive com protestos e questionamentos ao evento da ONU. Questões relevantes Quanto aos aspectos críticos sobre a Nova Agenda Urbana, estão o papel do governo local e da sociedade civil organizada no processo de elaboração, aprovação e compromisso com esta, tendo em vista que os assentos previstos nas reuniões plenárias eram exclusivos para representantes das Nações, caracterizando um processo centralizado, contraditório com o discurso de empoderamento local. Outro aspecto que merece especial atenção e cuidado é a rotulação de diversos conceitos ideais de cidade, que, por vezes, pode ser mais favorável e legitimador do capital e de processos especulativos e de gentrificação do que propriamente garantir a inclusão e a participação social. Extra! Quito – Equador Como nosso objeto de estudo é a cidade, e, infelizmente, nossos laços latino-americanos não

são fortalecidos, consideramos relevante informar alguns dados sobre o local visitado. Situado a 2.800 metros acima do nível do mar, com população de 2,6 milhões de pessoas, Quito é a segunda cidade mais populosa do Equador, depois de Guayaquil. O centro histórico de Quito tem um dos maiores e mais bem preservados centros históricos na América Latina. Foi o primeiro Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, em 1978, com a Cracóvia. Uma das mais fortes expressões artísticas é Oswaldo Guayasamín, premiado internacionalmente, ele é reconhecido por valorizar suas raízes indígenas e latino-americanas. Visitar Quito funciona como um despertar para si sobre nossa realidade e nosso papel na valorização da cultura da nossa cidade de origem e do nosso reconhecimento como parte de uma região com diversos processos históricos que se aproximam (América Latina). Fonte: http://habitat3.org/ h t t p s : / / w w w. e c o d e b a t e . c o m . br/2014/12/22/urbanizacao-na-america-latina-e-caribe-1950-2050-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/ http://elpais.com/elpais/2016/11/10/ seres_urbanos/1478767051_442355.html https://d335luupugsy2.cloudfront.net/ cms%2Ffiles%2F11866%2F1473363509 Ebook_17_passos_para_um_mundo_melhor_V3_8_setembro_2016.pdf http://blog.waycarbon.com/2016/10/ onu-habitat-iii-nova-agenda-de-desenvolvimento-urbano-sustentavel/

Colaboração: Profa. Lígia Melo (Curso de Direito) Profa. Larissa Menescal (Curso de Arquitetura e Urbanismo)


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“De olho no olho do Diabetes” - Relato de uma experiência de prevenção e atenção em saúde

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iabetes é um transtorno metabólico caracterizado pela hiperglicemia crônica que pode levar a diversas complicações que comprometem a qualidade e a expectativa de vida. É uma importante causa de morbimortalidade em todo o mundo, além de ser onerosa para o sistema, tanto em termos econômicos, quanto em termos sociais, constituindo, assim, um grave problema de saúde pública. Atualmente, 418 milhões de pessoas têm diabetes no mundo e a previsão para 2040 é que esse número aumente para 642 milhões. No Brasil, a estimativa é de que 14.250 milhões de pessoas são diabéticas, segundo o International Diabetes Federation (2015). Além disso, estudos apontam que 5,2% de todos os óbitos no mundo sejam atribuídos a essa doença, o que a torna a quinta principal causa de morte nessa esfera. Nesse contexto, além das altas taxas de incidência e prevalência, emerge como um importante fator de risco para outras causas de óbito da população, como o câncer e a doença cardiovascular, e é o principal diagnóstico em pacientes em programas de diálise, em amputações de membros inferiores e nos casos de cegueira. O caráter crônico da evolução, a gravidade das complicações e os meios para controlá-la a tornam um desafio para o Estado na tentativa de atuar no seu combate mediante as diversas possibilidades de programas de prevenção e tratamento.

O olho é um dos órgãos alvo de agressões devido à hiperglicemia crônica do Diabetes. A retinopatia diabética (RD) e a catarata são patologias frequentemente encontradas nesses pacientes. No mundo, existem cerca de 161 milhões de pessoas com problemas visu- ŹEquipe de médicos responsáveis pela campanha em países subdesenvolvidos, resais, sendo a catarata responsável ponde por 50%. Já a retinopatia por 47,8% desses problemas e diabética afeta cerca de 50% dos estima-se que nos próximos vinte pacientes diabéticos a longo prazo, anos esse número de pessoas com sendo uma das principais causas algum problema de visão dobre. evitáveis de cegueira no mundo. Atualmente, uma das principais A sua prevalência vem reduzindo causas de catarata secundária, ou nas últimas duas décadas devido seja, aquela causada por alguma ao melhor controle glicêmico e doença de base, é o diabetes. pressórico alcançado nos pacientes Hipertensão e obesidade, diabéticos. No Brasil, é a principal frequentemente coexistentes no causa de cegueira adquirida após a paciente com diabetes, também espuberdade, sendo mais prevalentão associadas. Nos países desente após dez anos do diagnóstico volvidos, a catarata é responsável (BRASIL, 2013). O risco é maior por 5% dos casos de cegueira e, Profissionais envolvidos Organização da Campanha: Dr.ª Adriana Costa Forti, Diretora do CIDH-CE Equipe do CIDH-CE: Dr.ª Ieda Barreira, Dr.ª Marcia Benevides Damasceno, Dr.ª Cristina Façanha Equipe de oftalmologistas participantes: Dr. Daniel da Rocha Lucena, Dr.ª Marcia Benevides Damasceno, Dr.ª Ieda Barreira, Dr.ª Socorro Lucena, Dr. Brunno Nepomuceno, Dr. Damião Alves de Aquino, Dr. Pedro Ramon, Dr. Roberto Livio Alves Gifoni. Graduandos participantes da atividade: Beatrice Facundo Garcia, Nágila Alves Lima, Arthur Sampaio Façanha, Raquel Sampaio Serrano, Lucca Drebbes, Talita Bezerra Ximenes, Carol Férrer.


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em pacientes com diabetes tipo 1, com a prevalência alcançando 70 a 90% dos pacientes com mais de dez anos de doença. A RD é decorrente do remodelamento estrutural nos microvasos da retina, com consequente espessamento da membrana basal capilar, perda dos perícitos capilares e formação de microaneurismas, podendo levar até a neoformação vascular em alguns vasos da retina (CRÔNICAS, 2007). A principal causa de perda visual é o edema macular, podendo estar presente desde as fases iniciais da retinopatia até em casos nos quais há doença proliferativa grave (MILECH et al, 2016). A retinopatia diabética é classificada em não proliferativa e proliferativa. A primeira pode ser graduada em leve (com pelo menos um microaneurisma), moderada (além de microaneurismas, ou seja, se tem exsudatos e hemorragias intraretinianas) e grave (as hemorragias intraretinianas são mais extensas). Já na proliferativa, ocorre neovascularização e/ou hemorragia vítrea ou pré-retiniana (BROWNLEE et al., 2016). Essa complicação, em suas fases iniciais, é assintomática, podendo ser detectada somente por meio da fundoscopia. Daí a importância do rastreamento da doença em todos os pacientes com diabetes. É estimado que, em pacientes com RD proliferativa não tratada, a taxa de evolução para cegueira seja de 50% em 5 anos (MILECH et al, 2016), e de acordo com Ferris et al. (1993), o risco de cegueira pela retinopatia diabética pode diminuir para 5% com o

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ŹExame fundoscópico sendo realizado

diagnóstico precoce e tratamento adequado. A Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) preconiza que o rastreamento seja feito logo ao diagnóstico em diabetes tipo 2, uma vez que 38% desses já apresentam algum grau de RD ao diagnóstico. Já no diabetes tipo 1, o acompanhamento deve ser iniciado logo após a puberdade ou com 5 anos de doença (SBD 2015). Entretanto, é importante mencionar que devido à dificuldade de acesso, muitos pacientes com diabetes não realizam o acompanhamento oftalmológico como é preconizado, retardando o diagnóstico e tratamento da doença. Cientes destas dificuldades, a Sociedade Brasileira de Diabetes, regional Ceará, juntamente com a Sociedade de Oftalmologia do Ceará e a Sociedade Norte e Nordeste de Oftalmologia se uniram ao Centro integrado de Diabetes e Hipertensão do Estado do Ceará (CIDH-CE), instituição pública de nível de atenção secundária de saúde do Estado, para organizar anualmente, no dia 14 de novembro, data comemorativa do dia mundial do diabetes, a campanha “De Olho no Olho do Diabetes”, desde 2010. Essa campanha tem o objetivo de educar a população para a importância

do exame oftalmológico de rotina para o paciente com diabetes, o tratamento e acompanhamento adequado das alterações da retina para a prevenção da cegueira. No ano de 2016, essa ação social foi realizada no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do Estado do Ceará com a participação de diversos profissionais oftalmologistas, endocrinologistas, enfermeiros e estudantes de Medicina. Foi divulgada, por meio dos diversos veículos de comunicação e contou, também, com palestras sobre a importância do controle metabólico na prevenção da doença. Participaram da campanha 400 pessoas com Diabetes Mellitus, sendo 201 do sexo masculino, com idades variando entre 10 a 86 anos (média de idade de 58,05 anos). Desses pacientes, 28% faziam tratamento com insulinoterapia. 73% dos pacientes avaliados apresentaram alguma alteração no exame ocular, sendo que 22% (91 pacientes) possuíam algum grau de retinopatia; Desse grupo, 70% (64 pacientes) com retinopatia diabética não proliferativa leve ou moderada, 20% (18 pacientes) com retinopatia diabética não proliferativa avançada e 10% (9 pacientes) com retinopatia diabética prolife-


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rativa. O Edema macular foi identificado em 24 pacientes. Os resultados desta campanha preocupam a nossa sociedade em vários aspectos. O primeiro relaciona-se à grande procura. Apesar do esforço louvável de 8 retinólogos, os quais se disponibilizaram a atender o público presente, a demanda foi bem maior que nossa expectativa, demonstrando a grande carência e desinformação da população a respeito deste serviço na saúde pública. Quanto aos resultados dos exames, o achado de retinopatia em 22% de um grupo de 400 pacientes diabéticos avaliados por demanda espontânea constitui um alerta aos pacientes, profissionais de saúde e gestores de saúde. Os custos do exame fundoscópico, das medidas preventivas e do tratamento atualmente preconizado são bem menores do que os custos da cegueira completa, que compromete seriamente a qualidade de vida em uma população ainda em idade produtiva. Até o momento, nenhum agente farmacológico se mostrou capaz de prevenir, retardar ou reverter de maneira eficaz a retinopatia diabética, e só o controle glicêmico adequado é capaz de prevenir ou limitar esse comprometimento. A opção disponível de tratamento é

ŹDivulgação da Campanha por entrevista para emissora de televisão

a fotocoagulação com argônio e, em alguns casos, a vitrectomia. Além da motivação individual de lutar contra a doença, é importante o apoio familiar, pois o sucesso terapêutico depende da assiduidade aos programas de tratamento e da detecção precoce das lesões. O edema macular, que acontece devido ao aumento da absorção de líquidos na tentativa de equilibrar a hiperglicemia crônica, se não tratado, pode levar a ruptura de microvasos e hemorragia, borramento da visão, distorção de imagens, fotofobia, aumento da sensibilidade, mudanças na visualização de cores e, no pior das hipóteses, a cegueira. Atividades como o “De olho no olho do Diabetes” não beneficiam apenas a população, apesar de esse ser o seu principal foco. Constitui uma oportunidade ímpar de interação entre as sociedades médicas, os serviços públicos nos seus demais níveis de atenção e os estudantes de Medicina de uma maneira em geral, mais especificamente as Ligas Acadêmicas. O benefício da experiência de auxiliar uma fração da população sem acesso aos diversos serviços de saúde deve constituir o objetivo principal desse tipo de programa que merece contar com o compromisso de uma equipe multidisciplinar. A formação de profissionais de saúde com responsabilidade social é compromisso com a saúde da população Portanto, a realização de atividades focadas no Dia Mundial do Diabetes deve sempre ser estimulada, pois demonstra o compromisso de profissionais de saúde e instituições com a saúde

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da população. Essas atitudes são exemplos fundamentais que servem de inspiração na formação de profissionais de saúde com responsabilidade social. Além disso, é uma oportunidade de promover a prevenção dessa doença e de suas complicações. Referências 1. FERRIS, Frederick L. How effective are treatments for diabetic retinopathy?. Jama, v. 269, n. 10, p. 1290-1291, 1993. 2. INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION (IDF). Diabetes Atlas. 7th ed. Disponível em: http://www.diabetesatlas.org/ . Acesso em: 22 de fevereiro 2017. 3. MILECH, Adolfo et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (20152016). São Paulo: A.c. Farmacêutica, 2016. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/ DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2017. 4. CRÔNICAS, Complicações. A microcirculação no diabetes: implicações nas complicações crônicas e tratamento da doença. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 51, n. 2, p. 204-211, 2007. 5. Morales PH, Lavinsky D, Vianello S et al. Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo – Retinopatia Diabética, 2010. 6. BROWNLEE, Michael et al. Complications of Diabetes Mellitus. In: MELMED, Shlomo et al. Williams textbook of Endocrinology. 13. ed. Los Angeles, California: Elsevier, 2016. Cap. 33. p. 1484-1581. Disponível em: <https:// www.clinicalkey.com/#!/content/ book/3-s2.0 B9780323297387000332 ?scrollTo=#top>. Acesso em: 23 fev. 2017. 7. BRASIL, Ministério da Saúde et al. Cadernos de atenção básica: ESTRATÉGIAS PARA O CUIDADO DA PESSOA COM DOENÇA CRÔNICA:DIABETES MELLITUS. Brasília: Ms, 2013. 160 p. (A).


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I Simpósio de Tecnologias de Informação em Ciências Biológicas na Enfermagem

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avanço das tecnologias de informação tem se mostrado ao longo dos anos como uma importante aliada no processo de ensino e aprendizagem, bem como nas atividades práticas de cuidado com o usuário de saúde. A discussão e a utilização de estratégias que utilizam ferramentas da internet, blogs, ambiente virtual de aprendizagem, plataformas de comunicação para aproximar os estudantes com essas tecnologias, torna-se fundamental. Diante de todas as potencialidades oferecidas pela tecnologia na formação, uma delas, bastante usada e constantemente atualizada, são os blogs, que vêm para somar aos métodos tradicionais nas buscas por informações na vivência acadêmica e profissional na área de ciências da saúde. Na disciplina de Ciências Biológicas, do 1º semestre do Curso de Enfermagem, tanto do campus Parque Ecológico como do Benfica, a partir da experiência da construção de blogs, relacionados à Enfermagem e às diversas matérias abordadas em sala de aula (Processo Saúde-doença; Anatomia; Fisiologia; Psicologia, Educação Ambiental; Metodologia Científica; Ética e Bioética; Sociologia

e Antropologia), que já ocorre desde o ano de 2014, foi realizado o I Simpósio de Tecnologias de Informação em Ciências Biológicas na Enfermagem, no dia 8/12/2016, das 14 às 17h, no Auditório do Térreo – Campus Parque Ecológico, tendo sido parte da última versão do Programa Multidisciplinar de Atenção Integral à Saúde – PMAIS HOMEM, que, na ocasião do evento, foi exposto sobre o aprendizado dos discentes durante o semestre de 2016.1 da referida disciplina. Os participantes foram 60 alunos, todos do Curso de Graduação em Enfermagem dos dois Campos, assim como 5 docentes, os quais avaliaram as apresentações. O evento também contou com uma exposição-dialogada intitulada “As Tecnologias de Informação em Saúde na Enfermagem: perspectivas”, proferida pelo prof. Ms. Alisson Salatiek, além de uma palestra com o tema “Construção de Blogs em Saúde: relato de experiência”, ministrada pelo discente Leonardo Sabóia de Sousa, aluno do 2º semestre, também do Curso de Enfermagem da instituição. Os blogs trouxeram uma troca de conhecimentos no ensino da

disciplina de Ciências Biológicas, pois permitiram maiores informações, postagens e comentários sobre os aspectos positivos e negativos de todas as temáticas envolvidas. No decorrer da disciplina, assim como no Simpósio, foi possível notar sua importância na compreensão das cadeiras dos semestres decorrentes, sendo fundamental esse contato prévio. A construção dos blogs, como ferramenta de ensino-aprendizagem, foi uma atividade desafiadora que ajudou a esclarecer e descobrir novas informações sobre os assuntos pesquisados. Com o intuito de ampliar a visão dos alunos do 1o semestre para as disciplinas que serão estudas no decorrer da graduação, o estudo feito por meio de blogs proporcionou uma interação entre ensino e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na Saúde, motivando, dessa forma, a utilização da internet como ferramenta de apoio à aprendizagem. Colaboração: Profa. Maria Iara de Sousa Rodrigues e Prof. Alisson Salatieck (Docentes do Curso de Enfermagem a Unichristus)


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Gentileza urbana: a integração que gera bem-estar

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Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unichristus promoveu, durante a semana do “Tecnologia em Foco” (inserir data), uma oportunidade para professores e alunos juntarem forças e materializarem uma gentileza urbana por meio de um parklet. A oportunidade foi de extrema importância para que os alunos vivenciassem todos os estágios do processo de projeto. Desde sua concepção até a execução, perpassando por todos os problemas que, por ventura, surjam durante a execução da obra. Os parklets foram idealizados em São Francisco (EUA), logo depois da virada do século XXI, com o intuito de suprir a necessidade de áreas livres e de interação humana nos grandes centros urbanos. Trata-se de um prolongamento do passeio, de acesso livre e locado em vagas de estacionamento em vias públicas. O comparativo que se faz é que duas vagas de estacionamento recebem em média 40 automóveis durante um dia, enquanto um parklet, ocupando a mesma área, beneficia cerca de 300 pessoas. Sua duração pode variar de acordo com o interesse do investidor, permanecendo em alguns casos por anos devido à apropriação popular e à valorização de seu entorno. Em 2012, o conceito veio para o Brasil, em São Paulo, e o primeiro parklet foi executado no ano seguinte. Em 2013, foi instalado o primeiro parklet em Fortaleza durante a edição da Casa Cor

Ceará, tendo sido regulamentado pelo Decreto 13.654 / 2015, da Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). A prefeitura de Fortaleza disponibiliza um manual para implantação de parklets, semelhante ao que acontece em outras cidades. Esse manual estabelece os seguintes objetivos para o equipamento:

te, houve um debate para a definição do conceito que nortearia o projeto. Em consenso entre os alunos, decidiu-se que o parklet deveria apresentar elementos regionalistas com o intuito de criar uma relação de identificação e afetividade entre os usuários e o espaço a ser construído: o cordel, a areia colorida e o tecido de chita estariam presentes no espaço.

- Aumentar o número de espaços públicos. - Promover espaços de convivência no meio urbano. - Promover espaços mais seguros. - Incentivar a utilização de transporte público e/ou não motorizado.

Seguindo tais orientações e após a formação de uma equipe de quinze alunos de semestres variados, definiu-se uma data para a reunião entre as professoras orientadoras e o grupo de alunos responsável pelo projeto. O desenvolvimento do projeto – devido à restrição de tempo - deu-se em apenas um dia, e toda a equipe esteve presente para a idealização do parklet. A reunião se desenvolveu ao longo de um dia inteiro. Inicialmen-

ŹProcesso de criação

Após a definição do conceito, houve uma discussão sobre que tipo de atividades o parklet iria abrigar. Considerando o objetivo principal desse equipamento, os alunos entenderam a necessidade de organizar o espaço em áreas de permanência e de passagem. O estudo de layout, com o objetivo de definir a melhor organização das funções e da distribuição e dimensionamento do mobiliário, assim como o fluxo das pessoas dentro do espaço, foi fundamental.


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ŹA execução

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ŹPainel nordestino ŹLiteratura de cordel ŹGarra¿nhas coloridas ŹVista no sentido da Av. Dom Luís – herança cultural

Ao longo da reunião, houve debate acerca de cores, estudo de volumetrias e do melhor aproveitamento dos materiais disponibilizados para a execução, destacando os pallets que seriam reciclados para criar quase todo o mobiliário. Porém, destaca-se, além do entendimento dos alunos em desenvolver um espaço útil e funcional, a sensibilidade em criar um ambiente que promovesse o bem-estar, a permanência de forma agradável a partir do conforto do mobiliário e das sensações provocadas pela organização e pela disposição dos elementos que fazem parte do equipamento. A visão deve ser trabalhada dependendo da velocidade do observador. Dessa forma, orientou-se o parklet para a Av. Dom Luís como forma de chamar a atenção dos usuários que passavam em

ŹEquipe completa

alta velocidade pela via, convidando também, pelas fortes cores do paraciclo, ciclistas e pedestres para usufruir do espaço de estar. O paraciclo foi pensado de forma a possuir mais de um uso, a fim de que não se tornasse obsoleto nos momentos em que nenhum ciclista estivesse desfrutando do ambiente. Já defronte ao acesso da Unichristus, os detalhes foram mais bem trabalhados por se tratar de olhares à baixa velocidade [velocidade do pedestre]. Outro ponto determinante foi a proteção contra os fortes raios solares do entardecer, solucionado por meio de um treliçado de madeira em homenagem à cultura nordestina, atraindo olhares e despertando a curiosidade e o interesse dos pedestres. Na linha do paisagismo, os alunos visaram a trabalhar parte dos sentidos do ser humano, com o intuito de despertar sensações e emoções. Eles trabalharam o tato por meio dos diferentes materiais e texturas, o olfato por meio das espécies vegetais, a audição mediante alguns elementos que se movimentavam com a ajuda de nossa constante brisa e, por fim, a visão, o mais complexo sentido do ser humano.

O resultado extremamente positivo desse processo foi, além do espaço físico construído que atendeu plenamente aos objetivos de um parklet, a experiência dos alunos tanto durante o processo de concepção quanto de execução. Estes se depararam com uma situação em que o trabalho em equipe de forma coesa e organizada era fundamental. Ao mesmo tempo em que distribuir tarefas para otimizar a produtividade era essencial, devido ao curto espaço de tempo para a elaboração do projeto. Além disso, durante a execução do parklet, vários alunos puderam participar ativamente junto aos profissionais responsáveis pela montagem, houve a necessidade de tomada de decisões em situações não planejadas, mas a equipe mostrou maturidade, competência e criatividade para solucionar os contratempos e os imprevistos surgidos na ocasião. Colaboração: Profas. Kelma Pinheiro Leite, Larissa de Carvalho Porto e Viviane Sales Furtado (Curso de Arquitetura e Urbanismo) Referências: http://blogaecweb.com.br/blog/ wp-content/uploads/2014/07/ Parklet-infogr%C3%A1fico.jpg


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Iniciação científica: uma experiência estimulante

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nosso projeto de Iniciação científica vem sendo construído desde o começo de 2016, sendo, desde o início, decidido que o projeto seria chamado de “Prematuridade: influência da ansiedade” por ser um tema de grande interesse para a equipe e para nossa orientadora Dra. Jocileide Sales Campos. No processo de aprofundamento sobre o assunto, o grupo se reuniu diversas vezes para enriquecer o conhecimento prévio, por meio de artigos científicos, livros de neonatologia e de obstetrícia, bem como para decidir as etapas da coleta dos dados e da escrita do projeto. O início das atividades de campo foi programado para começar em setembro de 2016 e para finalizar em janeiro de 2017. A primeira visita ao setor da maternidade do Hospital Dr. César Cals, dia 3/9/2016, foi de grande aprendizado para todo o grupo, pois foi possível conhecer melhor os prontuários, a Caderneta de Saúde da Criança e da Gestante, a Declaração de Nascido Vivo e a sistemática do hospital. Além disso, as entrevistas com as puérperas nos proporcionaram grande enriquecimento para entendermos, na prática, a relação médico-paciente, pois algumas delas se encontravam em estado de fragilidade emocional, cabendo à equipe abor-

dar o assunto da prematuridade de forma criteriosa. Conforme a programação do projeto, foram iniciadas as atividades de análise dos dados no período de fevereiro de 2017 a março do mesmo ano. Para essa etapa, a participação da professora orientadora foi de essencial importância, pois o grupo possuía pequena prática a respeito de análise de entrevistas e de pesquisa qualitativa, que deve ser feita com a análise criteriosa das falas das entrevistadas e com a organização em núcleos de percepções para compreensão do entendimento de cada entrevistada acerca do tema do estudo. No final do trabalho, nossa equipe percebeu o quanto enriquecedor é o trabalho de iniciação científica para o processo de formação médica. Afinal, permite que os estudantes tenham experiências com as pacientes antes do internato, possibilitando crescimento na relação médico-paciente. Ademais, a oportunidade de aprofundar o conhecimento de assuntos relevantes para a sociedade acadêmica é essencial para a boa formação médica, sendo, além disso, temática de grande relevância social, colaborando com o estímulo para a busca de conhecimento.

Gabriella Enéas Peres Ricca Aluna do 4º semestre do Curso de Medicina

Iohanna Maria Ponte Costa Aluna do 4º semestre do Curso de Medicina

Lucas Santos Girão Aluno do 4º semestre do Curso de Medicina

Mariana Ribeiro Moura

Orientadora: Profa. Jocileide Sales Campos

Aluna do 4º semestre do Curso de Medicina


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Curso de Direito participa do VIII Fórum Permanente de Processualistas Civis

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VIII Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) ocorreu nos dias 24, 25 e 26 de março 2017, em Florianópolis. Trata-se de um dos melhores eventos entre os processualistas para debaterem acerca dos dispositivos do Novo Código de Processo Civil (NCPC) e para proporem soluções dogmáticas para a aplicação do Código que estava por nascer. O evento contou com a presença de mais de 300 processualistas de todo o Brasil, dentre eles, Fredie Didier, Hermes Zaneti Jr., Alexandre Câmara, Luiz Volpe, Antonio do Passo Cabral, Leonardo Carneiro da Cunha, Dierle Nunes, Rodrigo Mazzei, Eduardo Talamini, Trícia Navarro, Paula Saleh, Renata Cortez, Sofia Temar, Ana Beatriz Pesgrave, Fernando Gama e os defensores públicos José augusto Garcia, Felippe Borrini, Cintia Guedes, etc. Na ocasião, estiveram presentes os professores Damião Tenório e Ana Cecilia

Bezerra de Aguiar, bem como o professor Bheron Rocha que apresentou proposta de enunciado aprovada por unanimidade. O enunciado trata da devolução do prazo nos casos de requerimento da Defensoria Pública para intimação pessoal do assistido quando “o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada.”

Os enunciados “...são produzidos em ambiente plural e extremamente qualificado, respeitada sempre a regra da unanimidade, esses enunciados têm uma forte carga de legitimação doutrinária”, conforme já informou Fredie Didier, coordenador geral do evento. Colaboração: Prof. Jorge Behron Curso de Direito da Unichristus

Você sabia que a Rede de Apoio à Monografia possui plantões nos três turnos para atender aos alunos e aos professores da Unichristus? As professoras da RAM ficam no 5º andar e estão sempre disponíveis para atendê-lo e orientá-lo quanto aos aspectos metodológicos do seu trabalho científico. U N I C H R I S T U S U M L U G A R D E C O N Q U I S TA S .


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Eu indico... A Boa Sorte Autor: Álex Rovira Celma & Fernando Trías de Bes Editora: Sextante

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Boa Sorte é uma fábula extremamente enriquecedora que conta a história de dois cavaleiros – Nott (cavaleiro de capa preta) e Sid (cavaleiro de capa branca) – desafiados por um mago a encontrar, num imenso bosque e em um prazo de 7 dias, um trevo mágico de quatro folhas que daria sorte ilimitada em todas as áreas da vida. No primeiro capítulo do livro, dois velhos amigos, David e Vítor, se encontram. Depois de muitos anos sem se verem, e logo após Vítor sentar-se em um banco que era o seu preferido no maior parque da cidade, David, passando pelo local, senta-se ao seu lado, e então entram em uma conversa de como foi o decorrer de suas vidas. David conta que teve muita sorte no início de sua vida, por ter sido herdeiro de uma grande fábrica de tecidos, mas, depois de administrá-la, ela chegou à falência. Vítor declarou não ter tido mais sorte, vivendo muito tempo sem dinheiro e sofrendo, como suas expressões e seu semblante mostravam. Vítor conta sua história de origem humilde e pobre: trabalhou muito lavando carros, em hotéis, atividade de onde juntou bastante dinheiro. Com todas suas economias, viu a oportunidade de comprar uma fábrica que estava prestes a falir e de fato a comprou, tornando-se, a partir de então, dono de uma grande indústria. Contou, então, ao seu velho amigo, a fábula “A boa sorte”, expondo que a sorte é muito diferente da Boa Sorte. Pois a sorte não dura muito, sendo passageira, e ela não depende de você. A Boa Sorte é possível, desde que você se dedique a ela; é a boa, a verdadeira, sendo criada por você mesmo, por isso dura para sempre. Conta que no decorrer da fábula, os cavaleiros vão em busca do tal trevo mágico, conhecem muitos outros personagens, e o cavaleiro Nott, sempre mais arrogante, preguiçoso, negativo e pessimista não tem êxito em encontrar informações valiosas para achar o trevo mágico, considerando-se uma pessoa que não tem sorte. Já o cavaleiro Sid, com sua humildade, paciência, positividade e otimismo consegue encontrar o trevo, por ter empenhado todo o esforço e trabalho, criando condições favoráveis para conseguir as informações valiosas e encontrar o trevo mágico. Daí aprendeu que a sorte existe a partir do instante em que você a cria, criando-se, assim, “A Boa Sorte”. A história da Boa Sorte nunca chega às suas mãos por acaso. Colaboração: João Victor Cardoso de Figueiredo Magalhães Aluno do 8º semestre do Curso de Administração


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artigos

Oncologia e espiritualidade tecendo esperança nas fronteiras da ciência

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iante do mistério do existir, da vida biológica, das

tramas e facetas que o ser humano enfrenta para um funcionamento sadio do organismo e da almejada qualidade de vida, nos deparamos, a cada dia, com o avanço no tratamento das enfermidades e a busca da cura para as doenças, tanto através de métodos convencionais, como por meio de tratamentos paliativos, que têm como objetivo melhorar a qualidade de vida e amenizar as dores físicas e emocionais do indivíduo a ser tratado ou curado. Um dos grandes desafios que a medicina contemporânea enfrenta é o avanço das enfermidades oncológicas. As novas perspectivas de cura e de proporcionar qualidade de vida para a pessoa enferma e para a família que acompanha e vive os limites existenciais do tratamento são o maior desafio a ser enfrentado, e também o são para o profissional da saúde e para a religião. Nossa pretensão é suscitar algumas perguntas e ao mesmo tempo encorajar os nossos leitores, os profissionais da saúde, os enfermos e a família a encontrarem na espiritualida-

de força necessária para lutar no horizonte do tratamento, na busca pela cura, na perseverança da pesquisa científica e no diálogo com Deus, fonte de toda sabedoria. Na literatura são encontradas inúmeras definições sobre espiritualidade e religiosidade. Embora muitas vezes com sinônimos, possuem conceitos e significados distintos. A espiritualidade é uma experiência universal, que engloba o domínio existencial e a essência do que é o ser humano; não significa uma doutrina religiosa, mas sim uma experiência do indivíduo, seus valores e o sentido atribuído à vida. Está relacionada com a essência da vida e produz comportamentos e sentimentos de esperança, amor e fé, em uma perspectiva de subjetividade e transcendência. A religiosidade é uma relação com a força divina ou sobrenatural, está ligada ao sagrado e a uma doutrina; serve como veículo pelo qual o indivíduo expressa sua espiritualidade, a partir de valores e crenças que podem fornecer respostas às perguntas essenciais sobre as questões de vida e morte. Os grandes nomes das ciências realizaram suas descobertas sem manumitir-se de Deus. Uma das grandes descobertas do Albert Einstein

P. Sóstenes Luna Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma

Késsia Luna Especialista em Oncologia Farmacêutica pelo Hospital Albert Einstein (SP)

foi o reconhecimento de que o espaço e o tempo não estão separados, que estão intimamente conectados. A consequência direta desse reconhecimento é a equivalência entre massa, energia e a índole intrinsicamente de todos os fenômenos subatômicos. O nosso tempo é precioso e as pessoas devem ocupar lugar em nossos corações para se tornarem importantes para nós. Encoraja-nos a frase de Einstein: “Algo só é impossível até que alguém duvide e tente mostrar o contrário.”; motiva-nos a não desistir e a lutar sempre pelo bem da vida humana, por mais árdua que pareça a batalha. Apesar dos inúmeros avanços conquistados em Oncologia, o câncer ainda desencadeia ideias de morte e finitude, além da vivência de restrições corporais somada a


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dores e sofrimentos, que geram questionamentos quanto ao existir, viver e morrer. Nesses momentos de ressignificação e conflito pessoal, a espiritualidade, a religiosidade e a crença em Deus como uma forçar maior para vencer todos os desafios podem ter efeito positivo para o paciente, contribuindo para a diminuição das experiências negativas desencadeadas pela patologia, gerando certo conforto emocional, o que pode ser compreendido como melhoria na qualidade de vida como um todo. É real e notória a observação através do senso comum de que a crença e a fé podem ajudar as pessoas a recuperarem a saúde comprometida por doenças, pelo fato de muitas pessoas, ao utilizarem a oração e a fé como método paliativo no tratamento de muitas doenças, alcançaram o processo de cura, de maneira mais rápida e me-

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nos dolorosa. Muito embora essas questões ainda sejam bastante estudadas e debatidas, a procura por suporte espiritual e religioso continua a crescer não somente por parte dos pacientes e familiares, como também pelos profissionais de saúde. Estes últimos acabam se apropriando desses saberes específicos com a finalidade de oferecer conforto, esperança e fé a seus pacientes, além de um fortalecimento pessoal na árdua batalha de lidar com vidas em momentos de extrema vulnerabilidade. Com o objetivo de promover um ambiente acolhedor e ameno ao paciente que padece de inúmeras dores físicas e emocionais, espera-se que a postura do profissional da saúde seja de estabelecer elos que possam, de alguma maneira, proporcionar um pouco de conforto, podendo o suporte espiritual entrar como uma ferra-

menta no tratamento. Contudo, deve-se respeitar e acatar todas as possíveis divergências religiosas que possam existir entre as crenças do paciente/família e profissional, respeitando os preceitos seguidos pelos pacientes, fincando seu acompanhamento não só nos métodos tradicionais, mas ultrapassando a barreira exclusiva da ciência dando espaço ao humano, ao afeto e ao amor. Embasando-se nos ensinamentos de Jesus Cristo, qual seria o principal ingrediente na terapia do câncer, uma patologia que além do sofrimento físico envolve profundamente conflitos espirituais como viver e morrer? Ao nosso ver, o Amor é o ingrediente primordial para vencer qualquer desafio, por mais difícil que seja. A capacidade de amar transforma a vida, seja do paciente, do profissional da saúde e de todos que estão envolvidos no tratamento. O amor é capaz de produzir na pessoa a coragem de não se entregar diante da debilidade e da impotência que algumas doenças provocam no ser humano. O amor neutraliza no profissional da saúde o ceticismo e a indiferença diante de alguém desconhecido. Supera qualquer preconceito e eleva qualquer conceito, pois ele, o amor, enobrece a razão. Os profissionais da saúde, ao debruçarem-se em seus laboratórios e universidades estudando, procurando encontrar a fórmula para a superação da enfermidade e fazendo da pesquisa científica sua ferramen-


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ta primordial de trabalho, não devem se esquecer da tão desejada humanização dos espaços hospitalares e acadêmicos. Será essa humanização que fará do seu espaço de trabalho, santuário de cura e vivência do amor. A ação humanizada do labor dignifica o criador e corrobora a expressão bíblica: “fomos criados à imagem e semelhança de Deus” (Gn. 1, 26). Quando analisamos a dedicação de tantos profissionais da saúde que se comprometem com a oncologia noite e dia, devotando-se sobre seus pacientes com afeto, zelo e profundo senso de caridade, nos deparamos com a ação do bem e vemos o cumprimento da parábola do Bom Samaritano (Cf. Lc. 10, 33). Será de g rande importância terapêutico/espiritual gerir o tratamento das emoções e sentimentos do paciente, bem como o acompanhamento espiritual em uma sadia parceria: razão e fé dando-se as mãos. A capacidade do profissional em se colocar no lugar do doente talvez seja a g rande chave do sucesso na relação de segurança interpessoal entre doente e cuidador que fazem a diferença nas muitas unidades oncológicas. Na química dos medicamentos, nos conceitos de misturas e fórmulas para prescrever a melhor terapia, percebemos o desejo do homem de aproximar-se de Deus e dele receber o algoritmo da Eternidade. Como seremos eternos? Quando fazemos o bem. Essa ação de fazer o

bem contagia a todos de forma positiva. Ao agirmos com solidariedade, dando ao enfermo a devida atenção de que ele necessita, nós estamos nos eternizando e eternizando-os. Teresa de Calcutá, em sua santa sabedoria, ensina-nos: “Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.” Seria essa a fórmula para o bem-estar do profissional da saúde e do enfermo. Contudo, muito ainda se deve tecer para um maduro entrelaçar-se da Oncologia e Espiritualidade. Nesse campo podemos recordar da semente: dentro dela existe um enigma a ser decifrado e uma vida nova que pode nascer. O que é necessário para a semente germinar? Que alguém a plante na terra e tenha o devido cuidado para fazê-la crescer. Quando não for possível a cura, entra em ação o processo de superação e, com um olhar positivo emanado da virtude chamada fé, deve eclodir dentro de nós a esperança, motivando-nos a não perder a crença pela vida. Não seremos vencidos pelos mistérios da enfermidade, mergulhamos nossa vida na Ciência da Cruz de Cristo. Acreditar na vida, além da vida, já é o princípio da cura física e espiritual, nenhuma doença terá a capacidade de destruir dentro de nós quem amamos, quando miramos a vida com o olhar da Fé. Assim, seremos nós, conforme Antoine de Saint-Exupéry, “responsáveis por aquilo que cativamos e certamente será o tempo que dedicamos

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cuidando da nossa Rosa (Nossos pacientes ou familiares) que a fará importante e Eterna.” Não tenhamos medo de cuidar, será esse o grande ofício de nossas profissões, de nossas vocações de bons samaritanos: cuidar uns dos outros. Isso nos fará felizes e eternos! Bibliografia AQUINO, V. V., & ZAGO, M. M. F. (2007). O significado das crenças religiosas para um grupo de pacientes oncológicos em reabilitação. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 15(1), 42-47. BALBONI, T. A., VANDERWERKER, L. C., BLOCK, S. D., PAULK, M. E., LATHAN, C. S., PETEET, J. R., & PRIGERSON, H. G. (2007). Religiousness and spiritual support among advanced cancer patients and associations with end-of-life treatment preferences and quality of life. Journal of Clinical Oncology, 25(5), 555-560. CHAN MF, CHUNG LY, LEE AS, WONG WK, LEE GS, LAU CY, et al. Investigating spiritual care perceptions and practice patterns in Hong Kong nurses: results of a cluster analysis. Nurse Educ Today. 2006;26(2):139-50. KOENIG, H. G. (2009). Research on religion, spirituality, and mental health: A review. Canadian Journal of Psychiatry, 54(5), 283-291. PANZINI, R. G., & BANDEIRA, D. R. (2007). Coping (enfrentamento) Religioso/espiritual. Revista de Psiquiatria Clínica, 34(1), 126-135. ROSS L. Spiritual care in nursing: an overview of research to date. J Clin Nurs. 2006;15(7):852-62. THUNÉ-BOYLE, I. C. V., STYGALL1, J., KESHTGAR, M. R. S., DAVIDSON, T. I., & NEWMAN, S. P. (2011). Religious coping strategies in patients diagnosed with breast cancer in the UK. Psycho-Oncology, 20(7), 771-782.


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Análise da Aceitação da vacina contra o HPV em unidades básicas de saúde em Fortaleza/Ce

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vacina contra o HPV foi implantada pelo

Ministério da Saúde do Brasil no ano de 2014, como meio de prevenir o câncer de colo de útero potencialmente causado pelo vírus. A faixa etária escolhida para a aplicação da vacina foi de 11 a 13 anos, tendo em vista que deveriam ser vacinadas meninas não expostas ao vírus, ou seja, que não possuíam vida sexual ativa. A definição do uso da vacina nessa idade foi devido à relação custo benefício ter se mostrado mais favorável na prevenção das cepas oncológicas em relação ao diagnóstico e tratamento após a instalação do papiloma vírus humano. O Papiloma vírus humano (HPV) é um potencial causador do câncer de colo do útero (Ayres, 2010). Pertencente à família Papillomaviridae, o vírus não envelopado possui um capsídeo icosaédrico com diâmetro de 52 a 55nm, tendo seu DNA circular de fita dupla com aproximadamente 8000pb no interior do seu capsídeo. O

HPV possui tropismo positivo por células epiteliais cutâneas ou mucosas e sua transmissão ocorre por contato direto horizontal, vertical e por fômites (Alves, 2010). A infecção pelo HPV afeta principalmente pessoas jovens que são sexualmente ativas (Weaver, 2006) (Wiley, 2006). Metade dos casos ocorre nos 3 primeiros anos após o início das atividades sexuais (Cox, 2006), sendo que a presença do vírus é elevada em ambos os sexos (Soper, 2006). Estima-se que cerca de 75% a 80% da população mundial será infectada pelo vírus em algum momento da vida (Nadal, 2006). As características culturais são relevantes quanto à interpretação feita pela população sobre a vacinação (Garnelo, 2011). A resistência da população aos projetos

Caio César Otôni Espíndola Rocha (Aluno do 10º semestre do Curso de Medicina)

Orientadora: Profa. Jocileide Sales Campos Yasmin Camelo de Sales e Ellyelson de Sousa Silva (Alunos do 7º semestre do Curso de Medicina)

vacinais pode ser uma resposta ao fato de a vacinação ser um evento não raramente mal explicado e pouco comentado. Além disso, a importante associação dos efeitos da vacina com as crenças do paciente também é ponto relevante para o não aumento dos índices de vacinação, pois a desconfiança do vacinado quanto ao modo de inoculação, a estética da vacina e até quanto aos vacinadores podem interferir na aceitação desta (Moulin, 2003). A importância da vacina contra HPV já é estabelecida atualmente, tendo em vista que a mesma já foi aprovada em mais de 100 países. Capaz de prevenir câncer de colo de útero, a vacina quadrivalente


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(que protege contra cepas do tipo 6, 11, 16 e 18) foi incluída no Sistema Nacional de Imunização pelo Ministério da Saúde em 2014 (GOMES, 2014). A partir da análise dos resultados do presente estudo, foi perceptível a relevância da mídia para o sucesso da vacinação contra o HPV. Aproximadamente 60% das meninas entrevistadas tomaram conhecimento das campanhas de vacinação a partir de propagandas de televisão, rádio, ou panfletos distribuídos, em detrimento da recomendação médica e de amigos. Achados semelhantes foram também descritos por Costa e Goldenberg (2013), que demonstraram em seu trabalho que uma significativa parcela de sua amostra (35,25%) obteve informações a partir da mídia. Conclui-se, portanto, que devem ser intensificadas as campanhas informativas a respeito da finalidade de cada vacina especificamente, pois 100% da amostra demonstrou ter conhecimento sobre a importância da vacinação. Contudo, uma parcela de 12% não sabia ao certo sobre a finalidade da vacina contra o HPV na prevenção do câncer. Esse trabalho prosseguirá com a análise da aceitação da vacina após a expansão de seu público-alvo, em 2017, que segundo o Ministério da Saúde se estenderá para jovens do sexo masculino entre 12 e 13 anos de idade e pessoas de ambos os sexos viven-

do com HIV/AIDS de 9 a 26 anos de idade. Referências ALVES, D. B. et al. CD4 and CD8 T lymphocytes and NK cells in the stroma of the uterine cervix of women infected with human papillomavirus. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 43, n. 4, p. 425-429, 2010. AYRES, A. R. G.; SILVA, G. A. Cervical HPV infection in Brazil: systematic review. Revista de Saúde Pública, v. 44, n. 5, p. 963974, 2010. COSTA, Larissa Aparecida; GOLDENBERG, Paulete. Papilomavírus humano (HPV) entre jovens: um sinal de alerta. Saúde e Sociedade, v. 22, n. 1, p. 249-261, 2013. COX, J. T. The development of cervical cancer and its precursors: what is the role of human papillomavirus infection? Current Opinion in Obstetrics and Gynecology, v. 18, p. s5-s13, 2006. GARNELO, L. Sociocultural aspects of vaccination in an indigenous region. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 18, n. 1, p. 175-190, 2011.

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GOMES, ROMEU. Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Instituto sírio-libanês de Ensino e pesquisa, 2014. MOULIN, A. M. The vaccinal hypothesis: towards a critical and anthropological approach to a historical phenomenon. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 10, p. 499-517, 2003. NADAL, S. R.; MANZIONE, C. R. Vacinas contra o Papilomavirus humano; Vaccines against human Papillomavirus. Rev. bras. coloproctol, v. 26, n. 3, p. 337-340, 2006. SOPER, D. Reducing the health burden of HPV infection through vaccination. Infectious diseases in obstetrics and gynecology, v. 06, 2006. WEAVER, B. A. Epidemiolog y and natural history of genital human papillomavirus infection. JAOA: Journal of the American Osteopathic Association, v. 106, n. suppl 1, p. S2-S8, 2006. WILEY, D.; MASONGSONG, E. Human papillomavirus: the burden of infection. Obstetrical & gynecological survey, v. 61, n. 6, p. S3-S14, 2006.


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Mudanças que melhoram o sabor

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xistem pessoas que escolhem certo curso por

questões familiares, por pressão ou até mesmo por impulso. Pode até ser que um jovem de 17 anos tenha a certeza absoluta do que quer fazer para o resto de sua vida. Porém, muitos só decidem anos depois e consequentemente se arrependem do que escolheram quando terminaram o 3º ano. Ingressei em Jornalismo em 2010 com o intuito de me formar e poder comentar sobre filmes ou comida. Esse sempre foi o foco. Porém o foco muitas vezes é desvirtuado por outras oportunidades. Entre idas e vindas aos Estados Unidos, me interessei mais ainda pelo campo gastronômico, pela variedade de comidas que encontrei morando fora. A Gastronomia passou a ser parte da minha vida, quando estava prestes a completar 25 anos. Já não fazia mais parte do Jornalismo. Porém, terminar ou fazer uma pós-graduação em Jornalismo, não deixa de ser

um dos meus sonhos. Hoje em dia, a felicidade toma conta do meu rosto. Quando começa o dia, não vejo a hora de ir para aula. Chego um tempo mais cedo só porque o ambiente e os amigos são agradáveis. Os professores estão sempre por perto para tirar mínimas dúvidas. Estudantes completamente diferentes e de idades diferentes, com um mesmo propósito: aprender a cozinhar. A ansiedade para que comece a aula, para que o professor explique e passe todos os conhecimentos possíveis é altamente desafiador! Cada disciplina tem o seu poder de persuasão. Quando achamos que queremos ficar no Garde Manger, entra a confeitaria com os seus sonhos doces. Então, apesar de ser apenas dois anos de curso, a amplitude de escolhas que encontramos na faculdade é gratificante e não nos deixa a desejar quando pensamos no nosso futuro. Existem aulas que realmente marcam e te inspiram. Tenho certeza de que nun-

Aline Salmin Aluna do 2º semestre do Curso de Gastronomia

ca vou me esquecer de uma aula específica de Cozinha das Américas, com a professora Beatriz Brandão. Nunca me senti tão sentimental em uma aula sala de aula, ou no caso agora, em uma cozinha. Minha avó é Polonesa e veio morar no Brasil, ainda muito nova. Com ela veio uma bagagem de lembranças e conhecimentos culturais deixados pelos pais. Um deles faz parte da minha vida até os dias de hoje. Um prato que se chama VARÊNIKI. Comemos especialmente em todos os natais. E para levar a cultura do prato à frente, pedi a minha avó para me ensinar. Enquanto isso, perguntei a alguns dos meus professores/chefs se conheciam o prato. Por coincidência, nessa aula de Cozinha das Américas, aprendemos o prato PIEROGI. E enquanto a professora/ chef preparava a massa e fervia a água para cozinhá-los, comentei que o prato lembrava a comidinha deliciosa da minha avó. E ela confirmou que Pierogi e Varêniki são a mesma coisa. Agora posso me


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aprofundar e realmente conhecer a história por trás do Varêniki, o Pierogi. Pierogi é um prato típico da Polônia, podendo ser encontrado lá em inúmeras lojas de mantimentos e restaurantes, por um preço bastante acessível. Pode ser feito com diversos tipos de recheio. Meus preferidos são os de queijo. Embora seja comum na Polônia, é um prato originário da China. O diferencial é que o pastel em forma de meia lua não é frito ou assado, e sim cozido. Contudo, precisamos ter cuidado ao escolher aonde vamos nos formar. Tenho certeza de que estudo na melhor universidade de gastronomia de Fortaleza. O ensino é maravilhoso. Todos os professores estão qualificados para explicar e tirar qualquer tipo de dúvida. O melhor de tudo é que eles não apenas te ensi-

nam como te desafiam a ser um cozinheiro/chef de altíssima responsabilidade e autonomia. Do amassadinho no uniforme, ao jeito que se pega na faça, como se corta um legume, como se executa uma receita, em tudo eles estão presentes. Continuando a falar sobre escolhas. A idade não define o que podemos ou não sonhar. E também, muitas vezes, não nos impede de executar os mais profundos sonhos. Uma das pessoas que mais me induzem a ser uma cozinheira excelente é a Chef Anayde de Mello, que foi minha chef na disciplina de Habilidades Básicas e Tecnológicas da Gastronomia e da Gastronomia Brasileira e Regional. Ela se formou em Engenharia Civil, exerceu durante anos, se encontrou na Gastronomia. Formada pela escola Le Cordon Bleu, nos trouxe bastante conhecimento que nos levarão a ser excelentes no que faremos.

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Assim como os outros professores que formam a docência da Gastronomia Unichristus, que também são formados por universidades de qualidade e que estão aptos a nos ensinar com paciência e potencialidade. Vale ressaltar que sozinho você não consegue materializar e tornar realidade seus pensamentos e sonhos. Pode até pensar e sonhar sozinho. Mas para ser uma execução de tamanha gratificação, precisamos de ajuda. E ser humilde para pedir e aprender com outros. Em grupo, pensamos melhor. E na cozinha, nada se faz sozinho. Um prato, para ficar pronto precisa de todo um cuidado e olhar extremo de cada pessoa que fez parte da construção dele. Caso contrário, haverá falhas. Arrependimento não será uma palavra bem-vinda no seu vocabulário, se no caso, você decidir ingressar na Gastronomia.


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Identificação das dificuldades vivenciadas pelos alunos do Curso de Medicina durante a realização da primeira anamnese com um paciente real Introdução

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anamnese é uma conversa com o paciente, capaz de

reconstituir os fatos relacionados com a situação vivida por este. Além de identificar os sintomas clínicos que acometem o doente, também detalha seus sentimentos. Assim a anamnese é a parte mais importante da prática médica, pois acompanha-se de decisões diagnósticas e terapêuticas e estabelece condições para uma adequada relação médicopaciente 1,2,3. Um obstáculo importante para o aprendizado da realização da entrevista médica é a ideia de que todos sabem entrevistar. No entanto, é necessário um preparo prévio 4. As escolas de medicina que utilizam o PBL (Problem Based Learning), empregam o Laboratório de Habilidades (LH) como recurso didático com o objetivo de desenvolver conhecimentos, habilidades, atitudes imprescindíveis para a realização da anamnese 5. O LH é utilizado com a finalidade de preparar os alu-

nos para a construção de uma história clínica sem a dependência de um paciente real. Após orientação prévia sobre como realizar a anamnese, o estudante a desenvolve com os pacientes-atores. Isso acontece para proporcionar aos alunos a prática do conhecimento que lhes foi repassado, o desenvolvimento de habilidades semiológicas e o treinamento de atitudes humanistas 5,6. Na Faculdade de Medicina, o primeiro contato com o paciente normalmente é uma das ocasiões mais marcantes para o aluno. É um momento especial para o aprendizado da profissão médica, no entanto é um dos fatores mais estressantes do curso 7. O estresse vivido pelo aluno frente a seu primeiro paciente deve ser considerado na prática do ensino médico. Alguns sentimentos associados ao contato com o primeiro paciente são ansiedade, tensão, sensação de conhecimentos e habilidades insuficientes 7. A identificação dessas dificuldades é importante, visto que funciona como um modo de avaliação do método pedagógico e como feedback para os professores das disciplinas 5.

Camila Freitas Mesquita Aluna do 9º semestre do Curso de Medicina

Isadora Freitas Peixoto Paz Aluna do 9º semestre do Curso de Medicina

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Livramento Leitão Vilar

O presente estudo tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pelos alunos do Curso de Medicina durante a realização da primeira anamnese com um paciente real fora do Laboratório de Habilidades. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo transversal realizado em um Centro Universitário de Fortaleza-CE. A população do estudo foram os alunos do Curso de


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Medicina e a amostra do estudo é composta por cerca de 60 alunos de seu 2º semestre curso. A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário semiestruturado. O questionário é composto por 15 perguntas que abordam temas relacionados a questões afetivas e cognitivas enfrentadas pelos alunos na realização da primeira anamnese fora do LH. Os dados coletados foram inicialmente organizados em uma planilha elaborada no programa Microsoft Excel versão 2010. Posteriormente, foram transferidos para o software estatístico IBM SPSS versão 18.0. Foram realizadas análises estatísticas descritivas padrão (distribuição de frequência, média, desvio padrão). Foram respeitados todos os preceitos éticos do decreto 466/12. Os dados só foram coletados após a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. O material e os dados obtidos foram utilizados exclusivamente para a finalidade prevista. Resultados Foram aplicados 60 questionários, compostos por 15 questões, com os alunos que cursavam o 2º semestre do curso de Medicina, no entanto, 48 foram respondidos e, portanto, analisados. Com relação às dificuldades nas partes da anamnese, a identificação foi considerada a parte mais fácil por 60,42% dos entrevistados. Já a histó-

ria da doença atual (HDA) foi avaliada como a mais difícil por 60,42% dos alunos. Esta maior dificuldade foi relacionada à grande quantidade de informações. Foi observado que 95,83% dos entrevistados perguntaram pelo menos 1 item de cada parte da anamnese. Todos os itens da identificação foram perguntados por 60,42% dos alunos. A grande extensão do relato foi apontada como a maior dificuldade encontrada na realização da HDA por 38,30% dos alunos. Na História Pessoal Fisiológica (HPF), 31,91% dos alunos não perguntaram a sexarca. O maior motivo que levou os alunos a não interrogarem foi o esquecimento (53,33%). Na História Social, 85,42% dos alunos perguntaram sobre o uso de drogas ilícitas. Dos estudantes que não perguntaram, 57,14% não fizeram a indagação por esquecimento. No interrogatório sintomatológico, 100% dos alunos abordaram os sintomas gerais e 81,25% deles contemplaram 3 ou mais sintomas dessa etapa. Ao iniciar a anamnese, 30,90% dos indivíduos sentiram-se ansiosos, 21,81% experimentaram a sensação de conhecimentos e habilidades insuficientes e nenhum deles teve dificuldade de conversar sobre assuntos íntimos do paciente. Ao término da entrevista, 32,70% dos sujeitos referiram sentimento de dever

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cumprido, 20% alívio, 12% sensação de conhecimentos e habilidades suficientes e 0% tensão. Discussão A HDA, normalmente, é o componente da anamnese que proporciona os elementos mais relevantes para a elaboração da história clínica e, além disso, é a que oferece maior dificuldade para ser colhida de forma apropriada 1. De acordo com os resultados obtidos nos questionários aplicados, foi observado que a HDA foi considerada a parte mais difícil e que, apesar dessa dificuldade, também foi considerada como a mais importante. Laurentys-Medeiros e Porto afirmam que é importante permitir que o paciente relate suas queixas sem o interferir demasiadamente. No entanto, é preciso que o médico participe de modo ativo da entrevista, mas, ao mesmo tempo, intervenha de forma cautelosa. Talvez, os discentes, por esta ter sido a primeira experiência com um paciente real, ainda não adquiriram conhecimentos e habilidades suficientes para guiar de modo eficaz o relato. No presente estudo, a identificação foi considerada a parte menos importante da anamnese, porém segundo Porto e Laurentys-Medeiros essa é uma etapa crucial do exame clínico. No início do curso de medicina, os discentes são orientados a colherem a história clínica de forma comple-


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fiador e gerar dúvidas e angústias. Os achados do presente estudo são úteis para orientar professores durante a preparação dos estudantes de medicina para o primeiro encontro com o paciente real. Referências 1. LAURENTYS-MEDEIROS, José de; LÓPEZ, Mario. Semiologia médica: as bases dos diagnósticos clínicos. 5. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. P.23-38. 2. ROCCO, José Rodolfo. Semiologia médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. P.1-10.

ta, devendo perguntar tudo aquilo que está nos roteiros de ensino 5. E, de acordo com os achados desse estudo, a maioria dos alunos perguntou pelo menos um item de cada parte da anamnese, demonstrando conhecimento adquirido. Dos alunos, 31,91% não perguntaram a sexarca e 85,42%, não interrogaram sobre o uso de drogas ilícitas e o maior motivo que os levou a não interrogarem esses dois assuntos foi o esquecimento. Apenas 4 alunos referiram não ter perguntado por sentirem vergonha. Esse resultado não era o esperado pelos autores do trabalho, pois, de acordo com estudo de Trindade e Vieira, os alunos costumam sentir vergonha ou constrangimento ao manter contato direto com o paciente. A primeira experiência junto ao paciente é conside-

rada um dos momentos que mais gera estresse no estudante de medicina. Os alunos necessitam ser previamente orientados para saberem lidar com esse momento marcante 7. No atual estudo, o estresse foi evidenciado, pois 30,90% dos indivíduos apontaram a ansiedade como o principal sentimento experimentado antes da realização da anamnese com um paciente real, confirmando a relação entre o estresse e o primeiro contato com o paciente. Conclusão A anamnese é a parte mais importante do e xame clínico, logo é fundamental que o futuro médico seja treinado a realizar essa etapa com eficiência. Porém os primeiros contatos com um paciente fora do laboratório de habilidades pode ser desa-

3. ATTA, José Antonio; BENSEÑOR, Isabela M.; MARTINS, Milton de Arruda. Semiologia clínica. São Paulo: Sarvier, 2002. P.11-19. 4. DE MARCO, Mario Alfredo et al. Laboratório de comunicação: ampliando as habilidades do estudante de medicina para a prática da entrevista. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 14, n. 32, p. 217-227, 2010. 5. PORTO, Arnaldo Lemos (Edit.); PORTO, Celmo Celeno (Edit.). Exame clínico: Porto e Porto. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. P.34-55. 6. TRONCON, Luiz Ernesto Almeida; MAFFEI, Cláudia Maria Leite. A incorporação de recursos de simulação no curso de graduação em medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 40, n. 2, p. 153-161, 2007. 7. NETO, Alfredo Cataldo; ANTONELLO, Ivan; LOPES, Maria Helena Itaqui. O estudante de Medicina e o Paciente: uma aproximação à prática médica. 2ª ed. Porto Alegre: Edipucrs, 2007. P.46-51.


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A importância de uma educação emancipatória para a construção da autonomia social e intelectual no contexto do ensino jurídico Introdução

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conhecimento e a educação podem trazer transformações,

isso nos mais variados âmbitos da sociedade, fato este que é plenamente entendido no universo da ciência, visto que a própria história da humanidade demonstra a veracidade desta máxima. A partir de experiências no Programa de Iniciação Científica e no Programa de Iniciação à Docência no curso de Direito, foi possível observar, na prática, o quanto uma aprendizagem sólida, crítica e eficaz pode desencadear no indivíduo mudanças de postura, seja perante os conceitos e informações adquiridos, ou ainda com relação à própria interação e participação na sociedade que o cerca. Portanto, fazem-se necessárias análise e reflexão sobre o verdadeiro papel do professor de Direito no processo de construção de conhecimentos, qual é sua relevância no desenvolvimento cognitivo do estudante e como sua performance e sua função é fundamental para que o aluno seja um protagonista dentro do seu contexto social, se pode estar formando alguém que apenas reproduzirá as estruturas e relações de poder. Assim, cabe responder a pergunta: em que consiste, na essência e na abstratividade jurídica,

essa responsabilidade do docente em Direito quanto à construção da autonomia intelectual, social e política do educando? Por meio de metodologia bibliográfica e pesquisa documental, também da análise de dispositivos constitucionais, de pareceres dos conselhos de educação competentes, procurou-se responder essa questão, de forma a reunir pilares teóricos que possam fundamentar e afirmar esse preceito primordial. 2. Referencial Teórico A lei maior de nosso país, a Constituição Federal, logo ao iniciar o capítulo acerca da educação, no artigo 205, dispõe que ela é, “direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa [e] seu preparo para o exercício da cidadania”, já denotando o entendimento do legislador de que a educação possui um objetivo, uma finalidade maior, que aponta para os frutos que advirão a partir da aquisição de novos conceitos, que vão desde a composição do indivíduo como pessoa, até o exercício pleno da sua condição de cidadão. Sobre isto, Rodrigues anota: o cumprimento dessa norma constitucional implica a formação fundamental e sociopolítica. Sem ela o jurista não conseguirá captar o papel

Ênio Stefani Rodrigues Cardoso Cidrão (Graduando em Direito pelo Centro Universitário Christus)

Profa. Jacqueline Alves Soares (Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente e graduada em Direito, ambos pela Universidade Federal do Ceará)

político desempenhado pelo Direito e suas especificidades nas complexas relações com o mundo contemporâneo tornando-se um servo alienado das leis.1

Logo depois desse dispositivo constitucional que trata da educação em um âmbito geral, no artigo 206, que destaca os princípios-base da prestação do ensino, elenca-se a liberdade de aprender como um desses fundamentos educacionais. No entanto, consistiria essa liberdade no fato de se disponibilizar diversas informações sem necessariamente priorizar uma posição crítica e analítica desses conhecimentos? Sendo a resposta cabível negativa, constata-se que é preciso que 1 RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Pensando o ensino do direito no século XXI: diretrizes curriculares, projeto pedagógico e outras questões pertinentes. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005, p. 192.


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o mentor desperte no discente esse senso de análise global, demonstrando que todo saber está imerso em uma realidade, e que a investigação desta é imprescindível para uma consolidação efetiva do aprendizado daquela base teórica. Pascual 2, ao debater e aplicar a filosofia construtivista de Jean Piaget, declara que “construir um conhecimento é, na verdade, reconstruí-lo a partir das estruturas cognitivas do sujeito em interação com o meio”. Santos3 diz que “o ensino do direito e a formação [...] assume uma importância central, não só no aumento da eficácia do sistema judicial como, fundamentalmente, na sua transformação”. Assim, o professor pode propiciar uma educação que sirva de fonte de ideias e atitudes transformadoras da sociedade, podendo fazer com que ela se torne cada vez mais justa, livre e solidária. Ademais, é oportuno citar que a Câmara de Educação Superior4, no parecer CNE/CES Nº 108/2003, escolheu princípios que devem ser observados nas diretrizes curriculares, sendo os de nú2 PASCUAL, Jesus Garcia. Autonomia intelectual e moral como finalidade da educação contemporânea. Scientific Electronic Library Online - SciELO Brazil. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex t&pid=S1414-98931999000300002>. Acesso em: 14 nov. 2016. 3 SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma revolução democrática da justiça. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 54. 4 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Parecer CNE/CES Nº 108/2003. Duração de cursos presenciais de Bacharelado. Brasília, 7 mar. 2003, p. 6-7.

mero 4 até o 7 apropriados para basear essa discussão e reforçar esse entendimento. Seguem eles: 4. Incentivar uma sólida formação geral, necessária para que o futuro graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condições de exercício profissional e de produção do conhecimento, permitindo variados tipos de formação e habilitações diferenciadas em um mesmo programa; 5. Estimular práticas de estudo independente, visando uma progressiva autonomia profissional e intelectual do aluno; 6. Encorajar o reconhecimento de habilidades, competências e conhecimentos adquiridos fora do ambiente escolar, inclusive os que se refiram à experiência profissional julgada relevante para a área de formação considerada; 7. Fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de extensão.

3. Resultados Esperados À medida que houver uma internalização da percepção dessa influência por parte dos docentes, e a partir daí essa capacidade seja usada em prol de um aprendizado emancipatório, que possibilite um exercício efetivo da cidadania, estar-se-á diante de uma educação que de fato promove um ambiente favorável ao desenvolvimento de estudantes autônomos nos mais diversos aspectos, podendo então “caminharem com as próprias pernas” e serem livres para pensar, pesquisar, intervir e criticar. Por fim, Freire5 já dizia: “ninguém educa ninguém, ninguém 5 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 39.

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educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. 4. Considerações Finais No momento em que os educadores do Direito adquirirem essa mentalidade, de que na essência de sua função está o desenvolvimento integral da pessoa humana, solidificando a capacidade desta de angariar conhecimentos por si mesma, e fazendo com que seja possibilitado o potencial de atuação social de cada indivíduo, esse profissional lidará melhor com seu papel social, compreendendo-o de forma mais plena. Assim, urge que o professor se molde e direcione sua atuação mediante essa noção apreendida. Referências FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 39. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Parecer CNE/CES Nº 108/2003. Duração de cursos presenciais de Bacharelado. Brasília, 7 mar. 2003. PASCUAL, Jesus Garcia. Autonomia intelectual e moral como finalidade da educação contemporânea. Scientific Electronic Library Online - SciELO Brazil. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex t&pid=S1414-98931999000300002>. Acesso em: 14 nov. 2016. RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Pensando o ensino do direito no século XXI: diretrizes curriculares, projeto pedagógico e outras questões pertinentes. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005. SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma revolução democrática da justiça. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2011.


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Intervenção de acadêmicos de medicina acerca da agressividade e violência em crianças

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violência é uma das maiores causas de

morbimortalidade no mundo. É um problema que ocorre diariamente e pode se manifestar de diferentes formas, atingindo todas as camadas e os grupos sociais da população. ”A violência consiste em ações humanas de indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam a morte de outros seres humanos ou que afetam sua integridade física, moral, mental ou espiritual. ” (MINAYO et al. 1998). Quando ocorre com crianças e adolescentes, seja entre eles ou presenciada por eles, torna-se um fator de risco importante e que pode afetar significativamente a saúde mental dos indivíduos envolvidos e, futuramente, interfer na formação pessoal, social e profissional de muitos deles. “A violência doméstica vivenciada pelas crianças e adolescentes é um fator de risco significativo para possibilidades de problemas de saúde mental na infância e juventude. ” (HILDEBRAND et al. 2015). A ocorrência desse grave problema se perpetua na convivência e no comportamento dos jovens que, des-

pidos de orientação e apoio psicológico, são influenciados e afetados por atitudes que acabam induzindo atitudes agressivas e, muitas vezes, tem sua educação descontruída a partir disso. Um desacordo na família, uma discussão na escola, um assalto na rua ou um crime presenciado, são marcos importantes que podem interferir na sanidade mental e afetar todo o psíquico das crianças e adolescentes vítimas. ”A agressividade é uma das tendências de resolução de conflitos interpessoais. ” (AZEVEDO et al. 2009). Desse modo, a agressividade é uma resposta ao contexto sócio histórico no qual a criança se desenvolve, considerando suas características de personalidade e desenvolvimento, além de ser apontada como fator de risco para o ajuste familiar, social e escolar. A partir daí, surgiu a necessidade de ações de intervenção nesta área para que os problemas mentais e a agressividade sejam controlados ainda durante a infância, visando reduzir as consequências na vida das crianças e dos adolescentes no futuro. Nessa perspectiva, com o presente estudo, nos propusemos a identificar possíveis sinais de agressividade e de violência nas crianças do projeto Candeias possam viven-

Maria Edith Holanda Banhos Aluna do 3º semestre do Curso de Medicina

Mayana de Barros Corrêa Aluna do 3º semestre do Curso de Medicina

Profª. Dra.Keylla Márcia Menezes de Souza

ciar no cotidiano com base na contagem das respostas dadas por elas durante uma atividade lúdica realizada. Métodos O Estudo tratou-se de uma pesquisa-ação, neste, relato da experiência de acadêmicos de medicina da Unichristus do ISEC III, na atividade sobre Violência e


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Agressividade. Foi realizada na Igreja Candeias, equipamento social da área de abrangência da Unidade de Atenção Primária a Saúde Benedito Artur de Carvalho, pertencente à Coordenadoria Regional II, no município de Fortaleza Ceará. Os sujeitos do estudo foram 24 crianças de 7 á 11 anos. Como ferramenta de intervenção utilizou-se três peças de teatro para ilustrar as situações diárias acerca da temática e, em seguida, foi aplicado um intrumento que continha duas perguntas sobre cada situação. Foi distribuidas plaquinhas verdes(SIM) e Vermelhas(NÃO), a cada pergunta as crianças levantavam as palcas sinalizando se concordavam ou não. Realizou-se análise descritiva das informações apreendidas pelas crianças, foram calculados percentuais de acordo com cada item. Resultados A primeira peça explorou a realidade vivenciada na rotina de muitas crianças, a violência familiar entre pai e mãe. A peça relatava a agressividade do pai, a sua soberania no âmbito familiar e a tentativa de uso da força física e violenta, contra a mãe, para impor superioridade. Na primeira pergunta após essa peça, indagamos se a cena era presente nas famílias das crianças, 58,3% afirmaram já terem presenciado essa mesma cena de violência familiar.

Na segunda pergunta, foi abordado a conduta que cada criança teria se estivesse na posição do pai. SITUAÇÃO A, pediria perdão para a mãe e não realizaria a atitude agressiva; e a SITUAÇÃO B, continuaria com a atitude agressiva, 100% das crianças afirmaram que tentariam se reconciliar e conversar com sua parceira ao invés de agredir fisicamente e verbalmente. A segunda peça teve uma abordagem diferente e, provavelmente, mais típica do cotidiano de todas as crianças. A temática era a respeito da agressividade e a intolerância de dois amigos durante uma atividade recreativa. A primeira pergunta se referia à situação apresentada e questionava se a violência demonstrada na cena já tinha sido vivenciada pelas

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crianças, 66,7% afirmaram já terem presenciado a cena de agressividade entre amigos. Já na segunda pergunta, ilustramos as possíveis condutas que deveriam ser tomadas na presente situação. A SITUAÇÃO A pediria perdão para o colega e continuaria a atividade recreativa de uma forma saudável e amigável, 83,3% pediriam perdão ao colega. Em contrapartida, a SITUAÇÃO B continuaria com a atitude violenta e agrediria o colega verbalmente e fisicamente, 16,7% das crianças afirmaram que continuariam a brigar com seu colega e que não tentaria amenizar a situação. Na terceira peça, comentamos sobre a forma de violência e agressividade mais vivenciada na sociedade: o assalto. A encenação contou, brevemente, uma situa-


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ção típica: uma senhora falando ao celular, numa parada de ônibus, e uma tentativa de roubo ao seu aparelho celular. Na primeira pergunta, questionamos se essa situação já tinha sido vivenciada pelas crianças, 83,3% das crianças afirmaram que já presenciaram ou já souberam de casos de violência na comunidade onde vivem. A segunda pergunta que se eles estivessem observando o assalto, qual atitude tomariam: SITUAÇÃO A, ligariam para polícia para relatar o acontecido e tentar ajudar a vítima, ou SITUAÇÃO B, fingiriam que nada tinha acontecido e ficariam só observado a cena de longe, 83,3% das crianças afirmaram que se presenciassem uma cena de violência na sociedade ligariam para a polícia. Já 16,7% das crianças afirmariam que não fariam nada para ajudar a pessoa que estaria sofrendo a violência. Discussão Os resultados da cena sobre violência familiar demonstram características alarmantes da sociedade moderna. Mais da metade das crianças presentes afirmaram já terem presenciado alguma cena de violência doméstica em suas residências, mais especificamente entre pai e mãe. O resultado alcançado geral do nosso estudo assemelhasse ao de Graminha e Martins (1994), num estudo realizado na cidade de Ribei-

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rão Preto, em que as autoras encontraram uma incidência de 27% de crianças com queixas de agressividade. Tal fato é coerente com o resultado obtido durante a segunda peça realizada, visto que 66,7% das crianças afirmaram ter presenciado ou participado de episódios de agressividade contra seus colegas. Algumas condições familiares adversas parecem favorecer o desenvolvimento da agressividade nas crianças. Pode-se identificar a desestruturação familiar, o relacionamento afetivo pobre, o excesso de tolerância ou de permissividade e a prática de maus-tratos físicos ou explosões emocionais como forma de afirmação de poder dos pais (LOPES NETO, 2005). Essa questão demonstra a necessidade de uma abordagem mais incisiva, tanto da escola e dos professores que acompanham essas crianças, como os profissionais de saúde, que são capazes de gerar questionamentos e um aprofundamento dos desejos intrínsecos das crianças, de forma que elas possam ter a capacidade de discer nir o quão prejudicial à saúde mental e social o comportamento agressivo pode ser. Conclusão Observamos o quanto a temática da violência está presente na vida das crianças, seja ela no âmbito familiar, escolar ou social. Ademais, torna-se evidente que, a maioria

das crianças, já vivenciou algum tipo de violência durante sua vida, sendo a violência familiar a mais percebida. É válido ressaltar que as crianças têm total discer nimento acerca da situação, visto que a maior percentagem delas sabia a conduta correta a ser seguida diante cada situação proposta. Acreditamos que intervenções como essa são de grande relevância para traçar um perfil de como certas situações do cotidiano podem influenciar negativamente no desenvolvimento das crianças e dos jovens, como também na saúde mental dos mesmos. Referências AZEVEDO, M et al. Avaliação da agressividade na família e escola de ensino fundamental. Psico UFS, São Francisco. v. 14, n. 1, p. 83-93, 2009. GRAMINHA, S.S.V., MARTINS, M.A.O. Procura de atendimento psicológico para crianças: características da problemática relatada pelos pais. Psico, v. 25, n.2, p.5379, 1994. HILDEBRAND, N et al. Violência Doméstica e Risco para Problemas de Saúde Mental em Crianças e Adolescentes. Psicologia Reflexão e Crítica, São Paulo. v. 28, n. 2, p. 213-221, 2014. LOPES NETO, Aramis A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes.J. Pediatr. (Rio J.),Porto Alegre, v. 81, n. 5,supl. p. p.164-172, Nov.2005 . MINAYO, D. S. & DE SOUZA, E. R. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. História, Ciência e Saúde, Rio de Janeiro. V. 4, n. 3, p. 513 - 531, 1998.


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A banalidade do mal: uma análise a partir do diálogo no cárcere

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alar sobre a realidade carcerária no Brasil é

uma tarefa que pode ser tratada pelo senso comum, por ser algo que repercute na vida social, nos noticiários, ou em simples conversas entre amigos ou familiares. Entretanto, por se tratar de assunto da maior relevância, merece estudo rigoroso com a finalidade de produzir conhecimento. Assim, o presente texto percorre as nuances do cárcere a partir do olhar de quem dele não fez parte e do olhar de quem nele sobrevive. Isso foi possível pelo elemento intersubjetivo essencial: o diálogo. Esse estudo, portanto, só foi viável em razão do diálogo realizado pelo Grupo de Diálogo Universidade, Cárcere e Comunidade – GDUCC, ocorrido no Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO II), sensibilizando-nos para um traço presente em nossa atual sociedade: a banalidade do mal. Tema já amplamente discutido, mas comprovadamente inesgotável, destaca-se o pensamento de Hannah Arendt: Será que a natureza da atividade de pensar, o hábito de examinar, refletir sobre qualquer

acontecimento, poderia condicionar as pessoas a não fazer o mal? Estará entre os atributos da atividade do pensar, em sua natureza intrínseca, a possibilidade de evitar que se faça o mal? Ou será que podemos detectar uma das expressões do mal, qual seja, o mal banal, como fruto do não-exercício do pensar? 1

As indagações instigam o desenvolvimento de raciocínio que nos possibilita imaginar até que ponto o nosso comportamento está unido aos nossos pensamentos, sendo isso constatado a partir do diálogo entre os alunos e internos. Contudo, para que se possa apreciar a relação entre o que foi constatado pelo diálogo e o tema aqui abordado, necessário se faz trazer trechos dialogais que, por si, demonstram o conceito de “banalidade do mal”. Nesse sentido, trago à memória a fala de um dos inter nos com quem conversamos: “[...] se mata até para impor respeito, quando não existe uma real necessidade para a prática do delito”. Pela fala transcrita, nos é ensinado aquilo que os inter nos aprenderam com a experiência de vida. A partir do 1 Hannah Arendt. Compreender: formação, exílio e totalitarismo. Belo Horizonte (BH): Companhia das Letras/ Editora UFMG; 2008, p. 42.

Jéssica Lima Nunes e Pedro Rutemberg dos Santos das Neves Alunos do 9º e 7º semestres, respectivamente, do Curso de Direito da Unichristus e integrantes do Grupo de Estudos “Grupo de Diálogo Universidade, Cárcere e Comunidade” – GDUCC

Orientador: Prof. Me. Alex Mourão

cerceamento de liberdade, o ato de pensar além do costumeiro começa a surgir, tendo seu ápice na experiência do diálogo, de ser ouvido. O medo da morte se torna um companheiro de cela no cárcere. Para os internos, algumas pendências deixadas “lá fora” lhes tiram o sono, pelo medo de perder a vida por obra de outro detento. Exige-se então a reflexão acerca do mal existente nas relações humanas. A reflexão acerca do conceito do mal desafia a história do pensamento filosófico. Entretanto, a precisão a que se pode chegar pelo esforço metodológico reduz-se diante das nuances possíveis de sua delimitação. O que não


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torna inviável o pensamento que se debruça sobre o assunto, a notar pelas múltiplas temáticas com as quais se pode alcançar, discutir e pôr em vista sob os prismas de análise que versem entre o subjetivo e o objetivo. É certo que há um refúgio seguro, mas não redutível, no pensamento de grandes construtores do que veio a ser a base da filosofia judaico-cristã ocidental. Mal e pecado têm uma ligação permanente que na linguagem teológica vem a ter a mesma substância, mas não tem uma natureza em si mesma. Ligando o termo ao homem, é possível, em Santo Agostinho, ver seus contornos através do crime: [...] quando indagamos a causa de um crime, não descansamos até averiguar qual o apetite dos bens chamados ínfimos, ou que temor de perdê-los foi capaz de

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provocá-lo. Sem dúvida são belos e atraentes, embora, comparados com os bens superiores e beatíficos, sejam abjetos e desprezíveis. Alguém comete um homicídio. Por quê? Porque desejou a esposa do morto, ou suas terras, ou porque quis roubar alguma coisa, ou então, ferido, ardeu em desejos de vingança. Por acaso cometeria o crime sem motivo, apenas pelo gosto de matar? Quem pode acreditar em semelhante coisa? 2

Existe ainda um repouso sobre a moralidade que não permite que um ato como matar alguém seja desprovido de alguma intenção e que, para o agente, tenha relevância tal qual a vida e a morte da pessoa sobre a materialização do desejo de matar. 2 AGOSTINHO. Confissões. Disponível em: <https://sumateologica.files. wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_confissoes.pdf> Acesso em: 13 set. 2016, p. 15.

O diálogo com os detentos mostrou que existe um maniqueísmo, no qual as respostas para os questionamentos tor nam-se inconstantes e imprevisíveis, sendo possível um primeiro prognóstico totalmente desconhecido por quem nunca teve o mínimo contato com a realidade do cárcere e de quem integra esse ambiente. Atrelado a isso, é possível perceber as consequências das escolhas que a sociedade faz, consciente ou de maneira manipulada, pulsarem através do diálogo, revelando a capacidade de discer nimento dos detentos, e com isso nos intrigar e remontar ao questionamento agostiniano sobre quais os ganhos, sejam eles ínfimos ou nobres, e as perdas, sejam elas escusáveis ou grandiosas como a liberdade, que se tem com a tomada de decisão por materializar algo que a moral social entende como o mal? Esse é um dos questionamentos necessário a ser feito. Uma vez que “hoje em dia se mata por qualquer besteira, por nada 3”, então como se afastar dessa barbárie que não é proveniente do aspecto mate3 Fala de um interno que participou do diálogo.


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rial, mas sim moral, que perfaz qualquer sociedade humana. Essa realidade vivenciada pelos internos proporciona um alto nível de depressão, aumenta o índice de suicídio e castra todas as esperanças de ressocialização, demonstrando inexistência de dignidade no cumprimento de pena dentro do sistema. Dante Alighieri, em A divina comédia, narra que, ao chegar à porta do Infer no, lê escritas as seguintes palavras: “Deixai, ó vós que entrais, toda a esperança!” 4 É esse o cenário da porta de entrada do sistema prisional. O preso é colocado sob penitência e ali deve “pensar no que fez”, para se reabilitar e voltar ao padrão mínimo de pessoa que pode conviver em sociedade. Esta, por sua vez, lhe presenteia com um rótulo com o qual ele lutará para retirar de si por muitos anos (ou talvez pelo resto de sua vida). Um dos inter nos relatou que passou mais de 34 anos preso, e como não tinha advogado, não possuía qualquer esperança de deixar aquela realidade, pois até a família o abandonou. Nesse contexto de desprendimento imposto pelo cárcere, surge a questão acerca da efetividade da prisão, no sentido de ser ou não medida que cumpre sua finalidade e impede que a pessoa banalize o mal. 4 ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. São Paulo: Atena Editora, 1995, p.31.

Não é difícil perceber que a sociedade espera que a cadeia seja um lugar em que o preso sofra e pague pelo que fez. Ocorre que o salário do encarcerado é a crueldade e a selva do sistema carcerário, que fatalmente o traz à convivência social com mais motivos para dela ser retirado novamente. Nesse sentido, Michel Foucault assevera: Essa necessidade de um castigo sem suplício é formulada primeiro como um grito do coração ou da natureza indignada: no pior dos assassinos, uma coisa pelo menos deve ser respeitada quando punimos: sua “humanidade” 5 .

Vivemos, portanto, um contexto de promoção do mal, tanto que sua aplicação se tor nou aceitável para a sociedade em geral. Não causa indignação em grandes proporções a situação deplorável dos presídios e prisões. Afinal, se as condições fora do cárcere já são deploráveis, não haveria razão para as internas não serem. Diante dessas circunstâncias, em que as condições desumanas são as principais bases do sistema carcerário, fica evidente a valoração do mal instituído como lei, e, como essa premissa tem degradado, cada vez mais, o indivíduo. O diálogo tem a capacidade de nos remeter aos primórdios das relações hu5 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão Petrópolis, Vozes, 1999, p. 95.

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manas, em que o face a face se mostra como a asserção inicial para estremecer todos os estereótipos e preconceitos, sendo no cárcere a culminância dessa dinâmica intrinsecamente humana, abrindo possibilidades de discussões até então impossibilitadas pelo senso comum que divide e se impõe antes da oferta do diálogo. A proposta inicial era a de descobrir se há uma banalização do mal, seja dentro do cárcere, seja fora, seja entre os encarcerados. E o diálogo se tor nou um exímio instrumento para apreciar a visão que tanto alunos como os internos têm, a de que a sociedade, como um todo, necessita urgentemente do estabelecimento de diretrizes morais que sejam válidas em qualquer âmbito, em qualquer classe social, pois os muros que existem, devem existir para nos proteger apenas de nós mesmos. Referências AGOSTINHO. Confissões. Disponível em: <https://sumateologica. files. wordpress.com/2009/07/ santo_agostinho_-_confissoes.pdf> Acesso em: 13 set. 2016. ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. São Paulo: Atena Editora, 1995. ARENDT, Hannah. Compreender: formação, exílio e totalitarismo. Belo Horizonte: Companhia das Letras/Editora UFMG, 2008. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.


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Curcumina: um potencial agente terapêutico

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om o advento da vida moderna, a população

passou a ter hábitos menos saudáveis e, consequentemente, diversos problemas de saúde surgiram. A vida agitada, o excesso de trabalho, são alguns dos inúmeros fatores que contribuíram para o descuido com a alimentação. Em decorrência desse fato, é possível observar aumento da incidência de doenças crônicas, tais como obesidade, doenças cardiovasculares, câncer, aterosclerose, doença de Alzheimer, dentre outros; essas patologias poderiam ser minimizadas através de bons hábitos alimentares. Uma nova perspectiva da relação entre saúde e dieta está se consolidando, baseada nos aspectos positivos da alimentação saudável (LIPI et al., 2012). Profissionais de saúde vêm estudando, há alguns anos, os efeitos benéficos e protetores de alguns alimentos, reforçando a necessidade da ingesta diária de uma alimentação adequada e saudável, com alimentos ricos em fibras, proteínas e minerais, e com teor reduzido de gorduras (RONCONI, 2009). Portanto, a ideia de alimentos que além de suprir as necessidades nu-

tricionais básicas do organismo também têm como objetivo a prevenção de doenças vem obtendo destaque. São os chamados alimentos funcionais e nutracêuticos. Os alimentos fisiologicamente ativos, denominados alimentos funcionais, são definidos basicamente como “os alimentos potencialmente saudáveis, que proporcionem benefícios à saúde além dos nutrientes tradicionais que o compõem, devendo ser seguro para o consumo sem orientação médica” (CARVALHO et. al., 2013, p. 2). Dentre os componentes químicos envolvidos na funcionalidade desses alimentos, encontram-se carotenoides, ácidos graxos, probióticos, fibras, compostos sulfurados e compostos fenólicos (entre eles os curcuminóides) (HARADA, 2015). Os nutracêuticos configuram-se como alimentos ou parte deles que proporcionam benefícios à saúde, incluindo prevenção ou tratamento de doenças. Nesse contexto, surge o açafrão da Índia (Curcuma longa L.), pertencente à família Zingiberaceae, classificada como planta condimentar, por vezes confundido, no Brasil, com outra espécie, a Crocus sativus L., também denominada de açafrão, sendo esta última, no entanto, conhecida como açafrão verdadeiro. Não obstante, é comum deparar com a regionalização do nome da es-

Natália de Lima Faustino Aluna do 7º semestre do Curso de Biomedicina

Orientadora: Profa. Dra. Carolina Melo

pécie, conhecida também por: cúrcuma, açafroeira, açafrão-da-terra, açafrão-da-Índia, batatinha amarela, gengibre dourada e mangarataia (CARVALHO et al., 2001). A cúrcuma é utilizada, desde tempos antigos, devido às suas características flavorizantes, corantes e conservantes de alimentos. Devido a essas características e à proibição do uso de pigmentos sintéticos em diversos países da América do Norte e Europa, a cúrcuma ganhou espaço no mercado de aditivos naturais, tendo seu uso empregado nas indústrias alimentícias, têxtil, cosmética e farmacêutica (CECILIO FILHO et al., 2000; MATA et al., 2004). A parte da cúrcuma utilizada na culinária e na medicina é o rizoma. No rizoma são encontradas as substâncias responsáveis pelo seu valor mercadológico e sua ação terapêutica; essas substâncias são os pigmentos curcuminóides e os óleos essenciais (ZHOU


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GUL, N. et al. Studies on the Antibacterial Effect of Different Fractions of Curcuma longa Against Urinary Tract Infection Isolates. Pakistan Journal of Biological Sciences, v. 7, n. 12, p. 2055-2060, 2004. GUPTA, S. C. et al. Discovery of Curcumin, a Component of the Golden Spice, and Its Miraculous Biological Activities. Clin Exp Pharmacol Physiol, v. 39, n. 3, p. 283–299, 2012.

et al., 2012). Os pigmentos curcuminóides são os responsáveis pela coloração alaranjada do interior do rizoma, e quando extraídos do rizoma na forma de pó adquire uma coloração amarelo-alaranjado brilhante (GUL et al., 2004). Estudos pré-clínicos demonstram uma grande variedade de atividades farmacológicas para curcumina, comprovando propriedades anti-inflamatória, antiviral, antibactericida, antioxidante, antifúngica, anticarcinogênica, entre outras ações terapêuticas (LEON LL, 2001). Essas propriedades estão relacionadas a sua complexa estrutura molecular e características químicas, assim como a sua capacidade de interagir e regular vários componentes de sinalização, de maneira direta ou indireta, tais como fatores de transcrição, enzimas, mediadores inflamatórios, proteínas quinases, moléculas de adesão, fatores de crescimento, quimiocinas, proteínas transportadoras, íons metálicos, DNA (deoxyribonucleic acid), RNA (ribonucleic acid) entre outros (GUPTA et al., 2012; ZHOU et al., 2012). Sabe-se que bons hábi-

tos alimentares são capazes de prevenir e até tratar certas doenças, pois como salientado, os alimentos possuem efeitos metabólicos e fisiológicos benéficos ao organismo humano. Por isso a importância de uma alimentação equilibrada e saudável que trará uma maior longevidade e, certamente, um menor acometimento de enfermidades. Referências CARVALHO, C. M; CECÍLIO FILHO, A. B, SOUZA, R.J. Produtividade da cúrcuma (Curcuma longa L.) cultivada em diferentes densidades de plantio. Ciências agrotécnicas. Lavras, v.25, n.2, p.330-335, mar./abr., 2001. CARVALHO, J. A. et. al.. O alimento como remédio: considerações sobre o uso de alimentos funcionais. Rev. Cient. ITPAC. Araguaína. V. 6. Nº 4. Out. 2013. CECÍLIO FILHO, A. B. Cúrcuma: planta medicinal, condimentar e de outros usos potenciais. Cienc. Rural, v. 30, n. 1, p. 171-175, 2000. COLLINO, L. “Curcumina: de Especiaria à Nutracêutico”. Araraquara, 2014. Monografia (Graduação em Farmácia-Bioquímica). Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, Universidade Estadual Paulista.

HARADA, E. T. Fitoterapia Nutricional. [NET] Disponível em: https://www.oficinad e e r va s. c o m . b r / i n fo r m at i vo. php?id=37&t=nutricao-funcional-efitoterapia Acesso em: 01 de março de 2017. LEON LL, Araújo CAC. Biological activities of Curcuma longa L. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2001 Jul;96(5):723-8. LIPI, D. et al. Role of nutraceuticals in human health. J Food Sci Technol, v. 49, n. 2, p. 173–183, 2012. MATA, A. R. et al. Identificação de compostos voláteis da cúrcuma empregando microextração por fase sólida e cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Ciênc.Tecnol. Aliment, v. 24, n. 1, p. 151-157, 2004. MORAES, F. P.; COLLA, L. M. Alimentos funcionais e nutracêuticos: definições,legislação e benefícios à saúde. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 3, n. 2, p. 109-122, 2006. PERES, A. S; VARGAS, E. G. A; SOUZA, V. R. S.de. Propriedades funcionais da cúrcuma na suplementação nutricional. Revista Interdisciplinar do Pensamento Científico, v. 1, n. 15, p. 218-288, 2015. RONCONI, A. P. S.. Alimentos Funcionais em alimentação coletiva: um estudo exploratório no extremo Sul Catarinense. Criciúma. Jun. 2009. ZHOU, H. et al. Targets of curcumin. Curr Drug Targets, v. 12, n. 3, p. 332–347, 2012.


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Ensino jurídico e pesquisa científica: uma análise a partir da leitura e discussão de textos na monitoria

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simples transmissão de conhecimento e aplicação

de provas em sala de aula são a tônica da educação no país. Em decorrência disso, muitos alunos ingressam nas faculdades particulares, nas quais, na maioria das vezes, estudam no turno da noite, pois, pela manhã, trabalham, a fim de pagá-la com o próprio salário. Em muitos casos, nota-se que o único alvo é o diploma. No entanto, se a produção de pesquisa é menosprezada nas universidades, a sociedade brasileira retardará seu avanço científico e tecnológico, o que é demasiadamente grave, pois pode impedir o progresso do país. Para que a pesquisa nas universidades seja difundida, ampliada e valorizada, é necessário que o docente influencie positivamente a aprendizagem dos alunos, utilizando metodologias que os façam pensar, motivando-os a buscar objetos de estudo, a produzir pesquisa, mostrando o quanto eles podem contribuir para a melhoria da sociedade. Logo, o bom docente é aquele que utiliza metodologias maiêuticas, a fim de que os discentes possam fazer novas descobertas científicas.

2 Metodologia O método utilizado para a elaboração deste artigo foi a pesquisa bibliográfica, já que o referido trabalho foi desenvolvido a partir da leitura de textos e de debates com o orientador acerca do ensino jurídico e da pesquisa científica, bem como do modo como estes devem estar intrinsecamente articulados. Durante a elaboração da pesquisa, ressaltaram-se os textos de Pedro Demo e de João Maurício Adeodato. Também discutiu-se um pouco acerca das ideias educacionais de teóricos da Pedagogia e da Psicologia, como Lev Vygotsky e Jean Piaget. Em relação a Vygotsky, analisou-se o conceito de ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal), que se refere à “distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes” (VYGOTSKY, 2007, p. 97), procurando explorar esta realidade no cotidiano das aulas e dos plantões de monitoria. Ademais, em relação aos teóricos da educação, discutiu-se

Danilo Castelo Branco Teles de Menezes Aluno do 5º semestre do Curso de Direito

Mirles Lino Alves Aluna do 3º semestre do Curso de Direito

Orientador: Prof. Dr. Flávio Moreira Gonçalves

a respeito de Jean Piaget, destacando o construtivismo, o qual salienta que não basta o professor reproduzir conhecimento, pois, além disso, é necessário que ele contribua para o desenvolvimento mental do discente, incitando-o a fazer novas descobertas, ocasião em que aprenderá mais e melhor. 3 Referencial Teórico 3.1 Quais dificuldades existem para a articulação entre ensino, pesquisa e extensão na universidade e de que forma podemos superá-las? Num país como o Brasil, sendo a oferta universitária predominantemente noturna e pri-


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vada, multidões de alunos acorrem a estas instituições para escutar aulas, dadas por docentes que só transmitem “conhecimento” alheio, reduzindo-se o ritual a: escutar aula, tomar nota e fazer prova. Em muitos casos, não há ambientes de estudo ou aprendizagem, nem de leitura assídua, muito menos de construção do conhecimento. Sob esta perspectiva de entendimento trazido por Pedro Demo, compreende-se que o espaço acadêmico brasileiro é, essencialmente, enraizado por dogmas de caráter exclusivista, tratando-se de colocar em um pedestal quase que inalcançável os costumeiros 100 minutos de aula como se o professor fosse, muitas vezes, único centro irradiador de informações técnicas que poderão servir de embasamento para o estudo e aprofundamento da classe discente na ordem do ensino. 3.2 Ensino e pesquisa se relacionando no ensino superior e na formação do docente A pesquisa toma tempo, exige grande dedicação e as recompensas imediatas são parcas, ainda que seu resultado, o saber, seja extremamente útil no tratamento de problemas práticos do dia a dia. Daí a resistência de muitos setores conservadores a mudanças mais profundas, procurando desqualificar a pesquisa e a pós-graduação. Partindo-se destes pressupostos, levantados por Adeodato, confirma-se a indispensabilidade, no cenário acadêmico brasileiro, de um elo fortalecido en-

tre ensino e pesquisa, de modo que se potencialize na classe discente o incentivo pela procura de um real aprofundamento jurídico pautado em moldes científicos. 4 Resultados e Discussões Considerando-se as análises realizadas, constatou-se ser de ressaltada importância para o ensino jurídico o estabelecimento de meios que fomentem a inserção dos três aspectos basilares do ensino-aprendizagem nas universidades, conservando-se desde a graduação a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, num modelo dialético de atividades correlacionadas, de forma que permitam, sob uma perspectiva inclusiva do discente, indicar caminhos eminentemente científicos para uma efetiva formação acadêmica e a expansão das possibilidades de se prosseguir nessa carreira para o aluno pesquisador. 5 Conclusão O trabalho aqui produzido alcançou seus objetivos e anseios de aprofundamento no cenário de entendimento das questões trazidas à discussão. Ao construí-lo, esperamos, de fato, contribuir na solidificação de relevantes conceitos, possuindo como finalidade fundamental uma concreta melhoria das condições de ensino na academia jurídica brasileira. Podemos concluir que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão pode ser vivenciada ainda na gra-

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duação, através de atividades de monitoria que não dispensem a pesquisa como busca do conhecimento, para além das práticas reprodutivistas de conteúdo e contemplem uma articulação adequada com as atividades extensionistas, através de projetos e programas como a monitoria, a iniciação científica, o cineclube e as visitas orientadas. Referências ADEODATO, João Maurício. Bases Para Uma Metodologia Da Pesquisa em Direito. Revista da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, v. 4, 1998. Disponível em <http://www.ojs.fdsbc.ser vicos. ws/ojs/index.php/fdsbc/article/ view/661/505>. DEMO, Pedro. O Bom Docente. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2008. PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. Trad. Nathanael C. Caixeira. Petrópolis: Vozes, 1971. 4. PIAGET, Jean. A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Problema central do desenvolvimento. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. PIAGET, Jean. A Evolução Intelectual da Adolescência à Vida Adulta. Trad. Fernando Becker e Tania B.I. Marques. Porto Alegre: Faculdade de Educação, 1993. Traduzido de: Intellectual Evolution from Adolescence to Adulthood. Human Development, v. 15, p. 1-12, 1972. VYGOTSKY, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Trad. José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.


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vida inteligente

A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli É uma verdade bíblica que profeta não faz milagre em sua terra. Desde tempos imemoriais, a sabedoria popular vaticina: santo de casa não obra milagre. Todo mundo sabe disso. Todo mundo, menos Socorro Acioli. Alheia aos provérbios populares e à baixa auto-estima generalizada que compõe, desde sempre, o imaginário do cearense sobre quem ele é e sobre o quanto ele vale, Socorro tece seu próprio caminho. Aos oito anos, publicou seu primeiro livro. E de lá para cá, não houve pedra capaz de demovê-la de seu caminho rumo à escrita. Não faltou quem lhe prestasse o desserviço de lhe dizer: é impossível. Socorro fez-se surda. Que viver da escrita era um absurdo: e ela fez-se louca. Que escritor cearense não tem vez: Socorro fez-se publicar em outras línguas e nações. Socorro Acioli, a aluna improvável de Gabriel Garcia Márquez, em vez de deitar sobre os louros do Prêmio Jabuti – com o qual já havia sido agraciada por seu livro infanto-juvenil “Ela tem olhos de céu” – construiu, com a obstinação de uma formiga e o talento de uma cigarra, a sua ida para a Companhia das Letras. E foi por essa editora que Socorro Acioli publicou seu mais novo livro. “A cabeça do santo” é seu primeiro romance para o público adulto. Na voz de Socorro, o tupiniquim assume uma feição cosmopolita, acessando temas do sertão cearense pela via do realismo mágico. Em um vilarejo nos confins do sertão cearense, chega um forasteiro chamado Samuel, a quem a vida negou tudo: família, amor, casa e comida. A trama bem costurada de Socorro vai conduzindo seu protagonista por mil peripécias, até que o pobre homem, não tendo onde passar a noite, acaba se abrigando na cabeça de uma enorme estátua de Santo Antonio, abandonada numa cidade fantasma. Ao amanhecer, Samuel recebe um dom insuspeitável: dentro da cabeça de Santo Antonio, ele se descobre capaz de ouvir as preces de incontáveis mulheres que clamam ao santo, dia e noite, por um amor verdadeiro. Aclamada pela crítica francesa, Socorro não cede ao deslumbramento. Sabe exatamente de quanto trabalho duro foi construído cada um dos seus “filhos de papel”. Por isso, quando vê que um aluno das suas Oficinas Literárias está com muito mimimi, ela olha para o cidadão e nem pisca: - Engole o choro, e escreve. Fayga Bedê


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vida inteligente

O Bêbado

Poesia

Era um bêbado todo engraçado. Parecia dançar entre a geometria que pisava. Que sorte a sua, nem de longe precisava de dinheiro. Observador que sou, notei-o. Bêbado interessante! Não parecia perceber mundo Doentio. Bebia álcool de domingo, um daqueles domingos azuis e cintilantes. Com um teor de aproximadamente 39.

“Rifa-se um coração”, diz o poeta E eu me atrevo a acrescentar: um coração carente de sentido Aliás, sôfrego talvez dissesse mais e melhor É que me consome um desejo irrefreável por sentido Desejo crônico, do encontro do si para o consigo E olha que não sou exigente Apenas os detalhes já me encantam Sou daqueles que se refrescam na brisa Encontram na sombra guarida Saciam-se com o sabor de um sorriso E se alimentam de presenças Rifa-se um coração carente e sôfrego de sentido Sabe quando se sente uma urgência por um abraço nas noites de frio? Daqueles bem apertados que aquecem a alma e trazem a esperança de não mais soltar? Pois é Rifa-se aqui um coração que está tremendo de frio Um coração que gostaria muito de um bom chocolate quente cheinho de sentido

Para espanto, Deu bom dia à preta. Assustada e claustrofóbica, Sem responder, ela segurou a bolsa Com mais força. Ele continuou, continuou, continuou E caiu. Deitaram algumas moedas ao entorno. Deitou também um vira-lata Que, sem nenhum medo, rosnava aos maltrapilhos que se aproximaram mirando suas moedas. Que bom amigo aquele animal tinha, Que inveja do cachorro.

Amadeu Gomes de Barros Leal Neto Aluno do 1º semestre do Curso de Direito

Francisco das Chagas Moreira Neto Advogado. Egresso da Unichristus Seleção e Edição: Profa.Dra. Fayga Bede.

Captação: Profa. Carla Diógenes Seleção e Edição: Profa. Dra. Fayga Bedê




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