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editorial
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ue imensa satisfação poder apresentar mais uma edição da Revista Interagir. Procurarmos capturar os principais momentos do Centro Universitário Christus, suas atividades extra curriculares, tais como visitas técnicas, atividades complementares, sem esquecermos das publicações do corpo discente e docente. Para nós, que fazemos a Revista Interagir, somos sempre tomados por uma alegria radiante, pois temos a oportunidade, a cada nova edição, de interagirmos e acompanharmos o desenvolvimento e evolução da instituição, preocupados sempre com as tendências, proporcionando a ampliando das percepções e desenvolvendo novas trajetórias. E para coroar o momento, no último mês de março, mais precisamente dia 21/3/2018, celebramos os 23 anos da instituição, que hoje já disponibiliza 16 (dezesseis) cursos de graduação presenciais, dispostos em quatro campi. Além desses, o Centro Universitário Christus oferta 10 (dez) cursos de graduação na modalidade a distância, e ainda, diversos cursos de Pós-Graduação lato sensu e stictu sensu. E não pretendemos parar por aqui... A perspectiva é de crescermos cada vez mais, sempre pautados na formação de profissionais com-
petentes e atualizados, nos vários campos de conhecimento, com base nas inovações científicas e tecnológicas nacionais e internacionais, valorizando os princípios humanistas e éticos na busca da cidadania plena e universal. Com relação e esta edição, matéria Especial ficou por conta da FisioUnichristus, encontro realizado há 15 anos e que incorporou ao longo das edições o Encontro de Egressos. Neste ano o evento teve como tema: Tecnologia e Humanização na Fisioterapia. Na seção Em Foco trazemos uma entrevista com professor Jan Krimphove, Coordenador de Assuntos Internacionais da Unichristus, onde abordamos os programas de intercâmbio existentes, a importância de agregar à formação uma visão que vá além das fronteiras do Brasil. No Destaque apresentamos o XIV Encontro de Iniciação à Pesquisa e à Docência, evento que reuniu alunos e professores, dos quatro campi, em uma programação unificada e bastante diversificada. Além de todos esses destaques, encontraremos, também, artigos dos mais diferentes campos do conhecimento. Sejam muito bem-vindos a este espaço!
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Nicole de Albuquerque V. Soares Mestre em Administração de Empresas, professora do Centro Universitário Christus/ Unichristus e Coordenadora Editorial da Revista Interagir
espaço do leitor A Revista Interagir dedica um espaço a você, caro leitor, para que envie sugestões e comentários do conteúdo de cada edição. Sua participação e interação são importantes para a melhoria da nossa publicação. Nosso e-mail é: revistainteragir01@unichristus.edu.br
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especial
FisioUnichristus
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Curso de Fisioterapia da Unichristus vem, há 15 anos, solidificando os alicerces do ensino e do aprendizado superior com excelência, visando a preparar profissionais de saúde qualificados para atuar em todas as áreas da fisioterapia. O destaque dos egressos nas mais diversas áreas de atuação comprova esse fato, seja no meio acadêmico, seja no clínico, seja no de gestão. Além disso, são muito bem aceitos nas primeiras colocações em Programas de Mestrado, Doutorado, em concursos públicos e administram com muita eficácia suas clínicas. Dentre as diversas atividades complementares que o curso oferece aos seus alunos, com a proposta de proporcionar uma integração ainda maior entre o corpo docente, discente, egressos e diversos profissionais da área, bem como alunos de outras Instituições de Ensino Supe-
ŹDr. Adolfo Bernardo (Fisioterapia Ceará Sport Club)
rior, o curso promove a FisioUnichristus. Evento que tem-se apresentado como uma excelente ferramenta para ampliar os conhecimentos sobre as novas possibilidades de atuação da Fisioterapia. Nos seus 9 anos de existência, a FisioUnichristus tem sido sempre aprimorada, e, a cada ano, vem apresentando um formato cada vez mais inovador, mais científico e abrangente. Além disso, com o interesse em manter os nossos Egressos sempre presentes e com o objetivo de prestigiar o seu sucesso profissional, o evento incorporou o Encontro de Egressos de Fisioterapia da Unichristus, convidando-os a participar como palestrantes ou ministrantes de cursos. A FisioUnichristus 2017 e IX Encontro de Egressos de Fisioterapia da Unichristus teve
ŹDr. Kerlon Lira ( sócio diretor ITC Sobral)
como tema: Tecnologia e Humanização na Fisioterapia, e foi um sucesso contagiante! Durante três dias, tivemos palestras e cursos em áreas emergentes da Fisioterapia. Pela manhã, contamos com palestras e mesa-redonda sobre como a Fisioterapia está integrando-se no meio tecnológico e no contexto humanizado, ver-
ŹDr. Rafael Vieira (Fisioterapia Clínica Dinamic Fisioterapia)
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sando sobre a humanização e o cuidar envolvendo a fisioterapia no âmbito multiprofissional, envolvendo a sua terapêutica em diversas áreas, como Saúde da Mulher, Esportiva, Cardiovascular e Pneumológica, Pediátrica, traumatológica, Reumatológica, Neurológica e Dermatológica. Os nossos Egressos (Clarissa Macedo – Neuro Reabilite; Kerlon Lira – ITC Sobral; Olga Ediélica – Stetic Class; e Gianini Portela- NeuroGenetics) fizeram excelentes apresentações em diversas palestras. Este ano, além das palestras, o evento possibilitou também a apresentação de trabalhos científicos com publicação em anais. Mais de 50 trabalhos científicos foram inscritos, da autoria de acadêmicos e profissionais da Unichristus e de outras Instituições de Ensino Superior. Os 3 primeiros lugares ficaram com acadêmicas da Unichristus. O 1º lugar com Mikaelle Alves Santos
e Cristine Cavalcante Camerino, orientadas pelas professoras Andrea Stopiglia Guedes Braide e Márcia Cardinalle Correia Viana, com o trabalho Fisioterapia Cardiorrespiratória: Abordagem em uma Clínica Escola de Fortaleza; 2º lugar com Marcelle Ferreira Moura, Márcia Coelho Lopes e Samilla Lopes Cavalcante, orientadas pela professora dra. Mirizana Alves de Almeida, com o trabalho Efeitos da Hiperóxia Na Asma: Dados da Literatura; e o 3º lugar das alunas Patricia Santos Silveira, Melissa de Queiroz Carvalho e Suzana Almeida de Oliveira Neta, orientadas pela professora Dra. Renata Bessa Pontes com o trabalho Low Pressure Fitness para Diástase Abdominal: Revisão de Literatura. A FisioUnichristus, além de despertar o espírito científico com tantos assuntos interessantes e emergentes em pauta, integrou
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acadêmicos de Fisioterapia de outras Instituições. Nas palavras dos nossos alunos: “É maravilhoso quando fazemos o que gostamos”; “ Aprendi muito em 3 dias! Cursos e palestras fabulosos...” “ É com esse time que construímos uma instituição de excelência! Orgulho de ser Unichristus! “Excelentes cursos, aprendi muito!!!”. “Todas as palestras foram sensacionais e abordaram muito bem a temática!” O encerramento do evento se deu quinta-feira, ao meio-dia, ao som da atração musical com a Jonny Massa e Banda, que contagiou o público com um repertório maravilhoso, encerrando com muita alegria esse evento que foi um sucesso! Autoria: Profa. Romina Mourão e Profa. Cymara Kuehner Coordenadoras do Curso de Fisioterapia.
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em foco
“Precisamos de uma formação que vá além das fronteiras do país”
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ntrevista com Jan Krimphove, Coordenador de Assuntos Internacionais da Unichristus, sobre o trabalho do setor internacional e os programas de intercâmbio que a instituição oferece. Interagir: Quando foi criado o setor internacional da Unichristus e quais as suas atribuições? JK: A Coordenação de Mobilidade e Assuntos Internacionais da Unichristus (COMAI) foi criada em maio de 2016, com o intuito de estender a internacionalização da instituição. O setor reuniu iniciativas já existentes, como os convênios do Curso de Direito com universidades estrangeiras e os programas de eletivo internacional do Curso de Medicina, e ampliou as oportunidades de intercâmbio nesses e em outros cursos. Hoje, a COMAI tem como principais atribuições planejar, fomentar e acompanhar as políticas de internacionalização da Unichristus. A nossa equipe busca novos parceiros e firma acordos de cooperação com instituições de Ensino Superior estrangeiras, promove a mobilidade acadêmica de alunos da Unichristus, divulgando nossos programas de intercâmbio e estágios, cursos de línguas, bolsas de estudos e outras oportunidades, além de acompanhar os alunos na preparação para a mobilidade. Ainda focamos na graduação, mas já estamos apoiando nossos programas de mestrado, ampliando os esforços na internacionalização da pesquisa. Outra meta é começar a internacionalizar os currículos
da Unichristus, ofertando algumas disciplinas em Inglês para criar um ambiente internacional “em casa” e aumentar a visibilidade internacional da Unichristus, atraindo mais alunos e pesquisadores do exterior para Fortaleza. Interagir: Quais os programas de intercâmbio existentes? Algum novo programa? JK: A Unichristus, atualmente, mantém acordos de cooperação com cerca de 20 instituições de ensino e de pesquisa no exterior (Estados Unidos, Irlanda, França, Alemanha, Espanha e Portugal). Já existem possibilidades de intercâmbio com 6 meses de duração para quase todos os cursos de graduação, “Summer Schools” e cursos de línguas em universidades parceiras, assim como eletivos internacionais para alunos de medicina. Recentemente, fechamos a primeira parceria para um programa de dupla-titulação com a Rennes School of Business em Rennes, na França, uma das 40 melhores escolas de negócios do mundo. O programa vai começar em setembro de 2018, e os alunos de administração aceitos no programa passarão um ano em Rennes, um ambiente multicultural com alunos e docentes do mundo inteiro. O ensino do programa é 100% em Inglês. Depois de um ano em Rennes, os alunos voltarão com diploma internacionalmente reconhecido de “Bachelor em International Management” para Fortaleza
para então concluir o curso na Unichristus e receber o diploma brasileiro também. No momento, estamos negociando novos convênios com instituições na Itália, na Espanha, no Chile, nos Estados Unidos e até na Nova Zelândia. Interagir: Por que estudar fora vale a pena? JK: O Ceará está passando por um momento muito interessante e decisivo. O Brasil está finalmente saindo da crise econômica, e o nosso estado conseguiu atrair, nos últimos anos, grandes empresas multinacionais, como as coreanas, na Companhia Siderúrgica do Pecém, e as holandesas, no Porto de Pecém, e agora a Fraport e a AIR France/KLM, no aeroporto Pinto Martins, para mencionar apenas as mais conhecidas. Essas empresas atrairão outras e integrarão, cada vez mais, o Ceará na economia mundial. Vejo isso como uma grande oportunidade, mas, para participarmos do cenário mundial e falarmos de igual para igual com outros atores do mundo globalizado, precisamos de uma formação e de uma visão que vá além das fronteiras do país. A mobilidade acadêmica é uma excelente oportunidade nesse sentido, pois possibilita aos nossos alunos o contato com novos conceitos e métodos de trabalho, aprofundando a aprendizagem de uma língua estrangeira e adquirindo competências interculturais essenciais para o mundo globalizado, além de criar amiza-
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des e uma rede de contatos profissionais com pessoas de outros países e culturas. O intercâmbio ainda favorece o autoconhecimento e o crescimento pessoal, já que a maior parte dos estudantes tem de “se virar sozinho” pela primeira vez na vida. Eu mesmo saí da minha terra natal, a Alemanha, aos 20 anos, para estudar na França. Foi uma experiência incrível, e hoje só moro em Fortaleza porque encontrei, em 2005, em Berlim, uma cearense que estagiava em um hospital da capital alemã na época. Interagir: O que os alunos precisam fazer para se preparar para o intercâmbio? JK: O intercâmbio não é um passeio de fim de semana. É um grande projeto que pode ser decisivo para a carreira profissional do aluno e mudar a vida dele. É preciso preparar-se com antecedência, desde o início do curso. A cada semestre, as seleções ocorrem cerca de 4 a 6 meses antes do início da mobilidade e levam em conta a excelência acadêmica do aluno. Quando o destino é um país de língua estrangeira, os alunos precisam pelo menos de conhecimentos intermediários do idioma. Algumas das universidades parceiras, principalmente nos países de língua inglesa, exigem certificado oficial de proficiência, como o TOEFL ou o IELTS. Então, é necessário estudar línguas estrangeiras! Além disso, o intercâmbio requer um investimento financeiro importante. O estudante tem de arcar com os gastos relacionados ao intercâmbio, desde a obtenção do visto e a passagem aérea, até os custos de moradia, alimentação e eventual-
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mente as taxas acadêmicas na universidade de destino. Felizmente, uma boa parte das nossas universidades parceiras, principalmente na Europa continental, não cobra taxas acadêmicas. Como forma de incentivar o intercâmbio, a Unichristus dispensa o pagamento das mensalidades durante o período de mobilidade na maior parte dos casos. Ainda assim, um projeto de mobilidade representa um investimento a ser preparado com 1-2 anos de antecedência. Jan Krimphove é Coordenador de Assuntos Internacionais das Unichristus desde maio de 2016. Nasceu na Alemanha e estudou literatura, história e ciências políticas nas Universidades de Montpellier e Paris (Sorbonne), na França. Concluiu o mestrado integrado de “Língua e cultura francesa” na Freie Universität de Berlim, em 2005. Também é especialista em administração de empresas (MBA) pela FOM Berlim (2013). Antes de entrar na Unichristus, trabalhou com desenvolvimento de negócios e gestão de projetos em várias empresas na França, na Alemanha e no Brasil. Intercâmbio – Onde posso me informar? A Coordenação de Mobilidade e Assuntos Internacionais atende os alunos do Campus Parque Ecológico na sala 1113, de segunda a sexta-feira, manhã e tarde, e os do Campus Dom Luís, terça-feira, manhã e tarde; quarta-feira e sexta-feira à tarde. Agendamento por e-mail: international@unichristus.edu.br Intercâmbio – O que dizem os alunos? Houve um grande valor em todos os ângulos: aprendizado, independência pessoal, desenvolvimento acadêmico e prática na vida profissional (estágio). Lara de Andrade Kunhen dos Santos, aluna do Curso de Engenharia Civil, fez mobilidade para o Waterford Institute of Technology em 2017.1 Unir minha formação superior na Unichristus com minhas experiências adquiridas durante um ano e meio na Alemanha e aplicá-las no Brasil é um dos meus objetivos profissionais. Será um grande prazer poder contribuir com o desenvolvimento do nosso país. Lucas Ximenes Tavares, aluno do Curso de Engenharia Civil, que passou um ano e meio na Alemanha (com o programa Ciências sem Fronteiras), cursando na Technische Universität Braunschweig e fazendo estágios em uma imobiliária e na área de Proteção Ambiental na Volkswagen. “Estudar fora não só lhe acrescenta conteúdo e experiência, como lhe faz viver tudo isso sob uma nova perspectiva.” Anna Beatriz Gonçalves Montenegro, aluna do Curso de Direito, fez Mobilidade para a Universidad de Deusto em Bilbao (Espanha) em 2017.2. “A oportunidade de ter ido a Amiens, na França, por um mês foi uma experiência inesquecível e transformadora. Além de ter quebrado paradigmas, não só fomentou e enalteceu minha paixão pela língua e pela cultura francesa, mas também fortaleceu meus laços com a medicina. Gustavo Rabelo Borba, aluno do Curso de Medicina, fez estágio no Hospital Universitário de Amiens (França) no mês de julho de 2017. “Uma oportunidade única para o crescimento pessoal e profissional”. Caio Bezerra Machado, aluno do Curso de Biomedicina, fez mobilidade para a Universidade do Algarve (Portugal) em 2017.2.
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destaque
XIV Encontro de Iniciação à Pesquisa e à Docência
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o outubro passado, o Centro Universitário Christus realizou a segunda edição unificada de seus Encontros Científicos. A comunidade acadêmica vivenciou momentos intensos de diálogo e contato entre alunos e professores dos mais diversos Campi. Confira os melhores momentos da programação.
Abertura A noite do dia 3 de outubro de 2017 foi marcada pela abertura do XIV Encontro de Iniciação à Pesquisa e à Docência, realizada na Praça Verde, do Campus Parque Ecológico, e contou com a participação de, aproximadamente, mil e cem alunos, segundo registro biométrico de frequência. Os presentes foram recepcionados com a exposição Médico de Homens e de Almas, no Espaço Cultural Unichristus, com obras do Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, Prof. Dr. Marcos
ŹPró-Reitor de Planejamento e de Administração, Dr. Estevão Lima de Carvalho Rocha.
ŹAbertura do XIV Encontro de Inicação à Pesquisa e à Docência
Kubrusly, e da Profa. Dra. Lia Sanders. A abertura do evento se deu com o pronunciamento do Pró-Reitor de Planejamento e de Administração, Dr. Estevão Lima de Carvalho Rocha, seguido do Pró-Reitor de Pesquisa, Prof. Dr. Marcos Kubrusly, que ressaltaram a importância do trabalho que a instituição tem feito em prol do incentivo à pesquisa. A primeira palestra da noite foi realizada pelo Prof. Dr. Henrique Jorge Javi de Sousa, atual Secretário de Saúde do Estado do Ceará, que falou acerca da produção do saber científico e da sua relação com decisões em políticas públicas, chamando os participantes do encontro a refletirem sobre a importância da pesquisa. Logo após, fomos agraciados com a apresentação do grupo Arena Musical, projeto
de Extensão do Curso de Direito, que também conta com o envolvimento de alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo e Administração e é coordenado pela Profa. Dra. Paula Tesser. Para encerrar a noite, ocorreu a Conferência Magna “Ética, Ciência e Desenvolvimento Brasileiro: significados, desafios e perspectivas”, ministrada pela Profa. Dra. Cláudia Sousa Leitão, Doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). A conferencista abordou brilhantemente o tema proposto, compartilhando suas vivências acadêmicas a partir de grandes referenciais teóricos, como Celso Furtado e Edgar Morin, aliadas à sua vasta experiência prática à frente da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará
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(2003-2006) e da Secretária Nacional da Economia Criativa do Ministério da Cultura (2011-2013). O XIV Encontro de Iniciação à Pesquisa e à Docência envolveu, pela segunda vez, os quinze cursos dos quatro campi, com o estabelecimento de regras comuns para a submissão eletrônica de trabalhos, em Edital único, por meio do Portal de Conferências Uni-
christus (disponível em conferencias.unichristus.edu.br). No total, foram avaliados muitos trabalhos, entre resumos, short papers e artigos completos, distribuídos entre as áreas de Ciências Sociais Aplicadas, Exatas e Saúde. Para a avaliação dos trabalhos, tivemos, em alguns campi, a colaboração de avaliadores de outras instituições, como a Universidade Federal do Ceará (UFC), Uni-
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versidade Estadual do Ceará (UECE) dentre outras. As pesquisas aprovadas foram apresentadas no dia 4 de outubro de 2017, nas modalidades apresentação oral e banner. As atividades das áreas de ciências sociais aplicadas e tecnológicas ocorreram nos campi Dom Luís e Dionísio Torres, enquanto o Parque Ecológico concentrou as produções do campo da saúde.
ŹPró-Reitor de Pesquisa da Unichristus, Prof. Dr. Marcos Kubrusly.
ŹSecretário de Saúde do Estado do Ceará, Prof. Dr. Henrique Jorge Javi de Sousa
ŹProfa. Dra. Cláudia Sousa Leitão
ŹApresentação de trabalho no Campus Parque Ecológico.
ŹApresentação de trabalho no Campus Dom Luís.
ŹApresentação de trabalho no Campus Dom Luís.
ŹAutores recebendo certi¿cado de apresentação de trabalho no Campus Dionísio Torres.
ŹApresentação do Arena Musical.
ŹAutores recebendo certi¿cado de apresentação de trabalho no Campus Dionísio Torres.
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MINICURSOS E OFICINAS: ESTÍMULO À FORMAÇÃO DE NOVOS PESQUISADORES Outro aspecto de destaque na programação do Encontro foi a oferta de minicursos envolvendo os mais variados temas, o que permitiu uma integração de alunos de graduação e mestrado, bem como de professores em uma mesma programação. Campus
Dom Luís
Parque Ecológico
Título do Minicurso / Oficina Ministrante Como se preparar para processos seletivos de mestrados Prof. Bruno Correia Lima acadêmico e profissional Atitude Verde: como adotar práticas sustentáveis (oficina) Profa. Virna Távora Exibição do Filme “O Jogo da Imitação” e debate Prof. Luís Carlos Queiroz Alencar e Prof. Luis Antonio Rabelo Poder de Polícia, regulação e serviços prestados por aplicativo Prof. João Marcelo Rego Operação Lava-Jato e Processo Penal Cinematográfico Prof. Carlos Marden Cabral Coutinho e Profa. Gabriela Martins Carmo Refugiados e migrantes forçados à luz do sistema interna- Prof. Rafaela Gomes Viana cional de proteção da pessoa humana Direitos Humanos e Empresas Multinacionais: Novos Paradig- Profa. Laura Matos e Prof. Marcus Vinicius mas para o Direito Privado na Proteção do Trabalhador de Souza Direito à convivência familiar e comunitária: desafios à ado- NUDIJUS/UFC Vanessa Lima /Monaliza Lima ção e ao apadrinhamento no Ceará Projetos sociais aplicáveis no âmbito da Administração Pú- Profa. Carla Pimenta Leite blica - casos reais O novo marco regulatório das Organizações da Sociedade Civil: Profa. Ana Carolina Costa Mesquita Avanços e entraves na efetivação de políticas públicas Conciliação e Processo Coletivo: Prof. Daniel Gutierrez/ Prof. Igor Benevides Roda de Conversa sobre o Programa de Iniciação Científica Professores e alunos vinculados ao programa (Curso de Direito) Ateliê de artigos jurídicos de impacto: design da pesquisa e Profa. Fayga Silveira Bedê/Taís Cidrão ferramentas de trabalho Roda de conversa sobre o Programa de Monitoria Professores e alunos vinculados ao programa (Curso de Direito) Publicidade Infantil: aspectos relevantes sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor Democracia e Maquiavel Análise da Ratio decidendi dos Tribunais Superiores quanto à liberdade provisória e à prisão preventiva Teoria Crítica dos Direitos Humanos O exercício da cidadania por meio do processo judicial Da ideia ao mercado: propriedade intelectual como diferencial na inovação e saúde A importância da iniciação científica para formação de profissionais na área de saúde 10 passos para gerar meu Currículo Lattes Para que serve a Plataforma Brasil? Importância da bioestatística na execução dos projetos de pesquisa na área da saúde Tecnologia da informação e comunicação aplicada à pesquisa em saúde Treinamento para usuários da plataforma de busca clínica – clinicalkey Bioética no cotidiano do profissional da saúde: um mergulho nos dilemas da clínica
Profa. Catherine Santa Cruz Jereissati Prof. Jânio Pereira da Cunha Juraci Mourão Lopes Filho Profa. Natália Martinuzzi Castilho Profa. Jéssica Teles Prof. Cassiano Oliveira Moreira Profa. Geórgia Barguil Colares. Profa. Gerarda Maria Araújo Carneiro Profa. Ana Paola Victor Chayb Profa. Maria Cymara Pessoa Kuehner Prof. Leonardo Cavalcante Prof. Marcos Braga Profa. Patrícia Maria Costa de Oliveira. Profa. Adriana de Moraes Correia
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ENCERRAMENTO/ PREMIAÇÕES O encerramento do Encontro aconteceu na noite de 4 de outubro, quando se deu a premiação dos melhores artigos de cada curso, apresentados durante
o Encontro. No Campus Parque Ecológico, o encerramento foi precedido da palestra intitulada “Como melhorar minha formação profissional por meio de pesquisa, ensino e extensão?”, ministrada pelo Prof. Dr. Fabricio Bitu Sousa,
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Prof. do Curso de Odontologia da Unichristus. Nos Campi Parque Ecológico, Dom Luís e Dionísio Torres, alunos, coordenadores e professores envolvidos se confraternizaram durante a premiação dos melhores trabalhos.
ŹO¿cina Atitude Verde, no Campus Dom Luís.
ŹCerimônia de Encerramento Parque Ecológico e Ben¿ca.
ŹApresentação cultural da dança africana Kizomba.
ŹEncerramento do Encontro.
Nomes dos autores/orientadores dos artigos premiados Administração: “O sistema de valores humanos: um estudo de valores dos estudantes de administração à luz da tipologia de Schwsartz”. Autor: Gustavo Leite Barbosa. Orientador: Elnivan Moreira de Souza. Arquitetura e Urbanismo: “O papel dos espaços livres públicos na produção de um desenvolvimento urbano mais inclusivo: o caso da Praia do Futuro”. Autora: Larissa Ramos Lima. Orientadora: Germana Pinheiro Câmara. Biomedicina: “Ácido gálico não reverte o déficit na memória de trabalho induzido por escopolamina”. Autores: Natália de Lima Faustino, Lucas Silva de Holanda e Mariana Tajra Assef Borges. Orientadora: Carolina Melo de Souza. Ciências Contábeis: “Nível de divulgação do passivo contingente: um estudo nos bancos listados na BM&FBOVESPA”. Autora: Camila Silva Nascimento. Orientador: Jorge Alberto de Sabóia Arruda. Direito: “O Escritório de Direitos Humanos como efetivação da prática do ensino jurídico como enfoque em direitos humanos da Unichristus”. Autora: Andressa Barboza Duarte. Orientadora: Natália Martinuzzi Castilho. Enfermagem: “Identificação de fatores de riscos metabólicos em crianças na atenção primária à saúde”. Autora: Thayana Alcântara Martins. Orientadora: Carla Monique Lopes Mourão.
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ŹMonitores do Encontro – Campus Parque Ecológico
Engenharia Civil: “Avaliação de compósito cimento-madeira utilizando MDF reciclado”. Autor: Francisco Wandisley Freitas Maciel. Orientadora: Heloína Nogueira da Costa. Engenharia de Produção: “O discente do Curso de Engenharia de Produção e a formação complementar com foco nas características empreendedoras e na atuação profissional dentro da indústria 4.0”. Autor: Bryan Abreu Reategui. Orientadora: Mariana Augusta de Araújo Silva. Fisioterapia: “Efeitos de dois níveis de frações inspiradas de oxigênio sobre a mecânica do sistema respiratório de ratos sadios”. Autora: Marcelle Ferreira Moura. Orientadora: Mirizana Alves de Almeida. Medicina: “Avaliação do gap venoarterial de dióxido de carbono (CO2) na Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) Esquerda”. Autores: Kaio Cezar Ferreira, Isadora Freitas Peixoto Paz e Carolina Moreira Feijó. Orientador: Marcelo Jorge Jacó Rocha. Odontologia: “Avaliação dos efeitos da administração local de infliximabe no estabelecimento da periodontite experimental em ratos”. Autores: Caroline Alves Roque, Bruno da Silva Gaspar e Ivyna Maria Cardins Falcão. Orientador: Mário Roberto Pontes Lisboa. Psicologia: “As representações da Espiritualidade no cotidiano do trabalho hospitalar”. Autor: Nicole Sousa Pompeu de Saboya. Orientadora: Annatália Meneses de Amorim Gomes. Radiologia: “Atuação do óleo essencial de Alpinia Zerumbet (OEAZ) na prevenção das alterações induzidas por cetamina no teste de Campo aberto em camundongos fêmeas”. Autores: Alana Rodrigues Sombra, Rafhaela Shenna da Silva Rocha. Orientadores: Gersilene Valente de Oliveira e Fernanda Yvelize Ramos de Araújo. Sistemas de Informação: “Esteganografia e suas aplicações como uma ferramenta de segurança da informação”. Autor: Roberval Ruscelino Pereira Pequeno. ORIENTADOR: Dimitry Barbosa Pessoa. Por fim, registramos nosso especial agradecimento a todos que compõem a Unichristus e que tornaram esse evento possível, especialmente aos setores de Infraestrutura, Comunicação, Eventos e Secretaria, aos Monitores do Encontro, aos Coordenadores de Pesquisa, aos Coordenadores Gerais de Curso, às Supervisões de Campus, aos Pró-Reitores, ao Reitor, aos alunos pesquisadores, aos professores orientadores e aos alunos participantes. Colaboração: Profa. Dra. Ana Stela Vieira Mendes Câmara e Prof. Dr. Edson Lopes da Ponte Coordenadores Gerais de Pesquisa do Centro Universitário Christus (Unichristus)
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unichristus
I Semana da Nutrição Unichristus “Os Diversos Saberes da Nutrição”
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I Semana da Nutrição Unichristus foi realizada nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 2017, exclusivamente para os alunos da instituição, e contemplou diversas atividades, como oficina, minicurso, palestras e apresentação de trabalhos científicos. Com o tema “Os Diversos Saberes da Nutrição”, a proposta da I Semana foi abordar os mais variados e atuais conhecimentos que a profissão engloba, apostando em temáticas que fomentam discussões no mundo científico, embasadas em evidências científicas e em experiência prática profissional dos palestrantes e dos professores envolvidos na programação. As atividades da programação oficial do evento iniciaram antes da abertura oficial, com a Oficina de Elaborações de Preparações sem Glúten, sem Lactose e Funcionais, comandada pela Professora Danielle Alves da Silva Rios e auxiliada pela Professora e Coordenadora Geral do Curso, Juliana Magalhães da Cunha Rêgo. Durante a tarde, no Núcleo de Práticas Gastronômicas (NPG), os alunos prepararam quatro receitas, uma quiche de espinafre com ricota, um pão caseiro sem glúten multigrãos e duas receitas de brownies, sendo uma delas à base de biomassa de banana verde, que pode ser inserida em diversas condutas nutricionais em casos específicos de necessidades,
ŹProfessoras Danielle Rios e Juliana Rêgo com a turma
por exemplo, doença celíaca. Após a elaboração, todos degustaram e discutiram as características sensoriais das preparações. A Professora Anayde de Mello, Chef Executivo e Coordenadora dos Laboratórios do NPG, ressaltou a importância da interação entre a Gastronomia e a Nutrição, bem como reforçou que a estrutura dos laboratórios do NPG é composta de equipamentos e materiais com tecnologia avançada. A cerimônia de abertura aconteceu no Auditório do Térreo, com a presença do Pró-Reitor de Planejamento e Administração, Dr. Estevão Lima de Carvalho Rocha, da Coordenadora Geral do Curso de Nutrição, Professora Juliana Magalhães da Cunha Rêgo, da Coordenadora Adjunta do Curso de Nutrição, Professora Sânia Nara Costa da
Rocha, do Presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado do Ceará, Nutricionista Thiago Silva e Queiroz, e dos professores palestrantes da noite. A Coordenadora Adjunta, Professora Sânia Costa, abriu a I Semana da Nutrição dando as boas-vindas aos participantes, exaltando que a missão da instituição é a formação de profissionais competentes e atualizados, nos vários campos de conhecimento, com base nas inovações científicas e tecnológicas nacionais e internacionais, valorizando os princípios humanistas e éticos na busca da cidadania plena e universal. Como instituição, acreditamos que a realização desse evento fortalece a missão da instituição em formar profissionais competentes e diferenciados, capazes de atuar em diversos campos de
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atuação da Nutrição, primando por postura ética e conduta exemplar, em destaque pelo conhecimento teórico-prático adquirido durante todo o curso. O Pró-Reitor, Estevão de Carvalho Rocha, iniciou a cerimônia de abertura, enaltecendo que, apesar de o Curso de Nutrição ter iniciado suas atividades acadêmicas em 2017.1, encontrando-se com duas turmas, de primeiro e segundo semestres, respectivamente, já ocorreram diversas atividades no decorrer do ano, incluindo a I Semana da Nutrição, momento em que os alunos participaram de várias palestras e atividades extraclasses, proporcionando, assim, um aprendizado dinâmico, que apresenta uma abordagem teórico-prática sobre vários saberes. Após a palavra do Pró-Reitor, a Coordenadora Geral do Curso de Nutrição, Professora Juliana Rêgo, iniciou seu discurso reforçando a importância da participação e do envolvimento dos alunos em atividades como a I Semana da Nutrição, que propicia atualização e aplicação dos conteúdos abordados no curso nas diversas áreas de atuação do pro-
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fissional nutricionista. Para uma formação acadêmica fundamentada em evidências científicas, é necessário que o aluno esteja sempre sendo estimulado a participar de eventos científicos, como este oferecido pela instituição, exclusivamente para os alunos da Unichristus, com palestrantes de referência nacional na área da Ciência da Nutrição. A programação da noite foi composta por três palestras. A conferência de abertura, intitulada “Metabolismo mitocondrial: como o nutricionista pode cuidar das mitocôndrias”, foi proferida pela Professora Danielle Lodetii de Jesus. A segunda palestra foi ministrada pelo Professor Igor da Silva Bomfim, intitulada “Metabolismo lipídico durante o exercício físico: mobilização do ácido graxo”, e, como encerramento do primeiro dia, houve a palestra intitulada “Sintomatologia do Exame Clínico: da conversa ao diagnóstico nutricional”, ministrada pela Professora Lissidna Almeida Cabral. O segundo dia da I Semana da Nutrição Unichristus contou com um minicurso, no turno da
ŹNa mesa: Prof. Igor Bom¿m, Profa. Daniele Lodetti, Dr. Estevão de Carvalho Rocha, Profa. Juliana Rêgo e Nut. Thiago Queiroz
tarde, com participação de parte do corpo discente, ministrado pela Professora Daianne Cristina Rocha, docente do Curso de Nutrição da Unichristus, sobre “Índice Inflamatório da Dieta: aspectos conceituais, metodológicos e práticos”, tema da sua tese de doutorado. Neste mesmo dia, a mesa-redonda, com a temática “Empreendedorismo em Nutrição: Casos de Sucesso”, contou com a participação das nutricionistas responsáveis pelo Hortalícia (Nut. Nicole Benevides) e pelo Papá pra Bebê (Nayana do Vale), restaurantes especializados em alimentação saudável delivery, sendo este último voltado para o público infantil. A palestra de encerramento foi proferida pela Professora Natália Viviane Santos de Menezes, intitulada “Consultoria nutricional para redes de food trucks e fast foods”, temática bastante atual no contexto da atuação do nutricionista. No último dia, as palestras tiveram uma única temática, “Nutrição Esportiva”, sendo que as três palestras conversaram entre si sobre as diversas abordagens e possibilidades do nutricio-
ŹProfessora Danielle Lodetii de Jesus
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nista nessa vasta área de atuação. A primeira palestra teve foco na “Esportômica: um novo conceito de ciência esportiva”, ministrada pelo Professor Abelardo Barbosa Moreira Lima Neto, que comandou pesquisas junto ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) - “Time Brasil” (20132015). O evento foi finalizado com uma mesa-redonda, com temática “Recursos ergogênicos e
suplementos nutricionais no rendimento esportivo”, com a participação dos professores Daianne Cristina Rocha, que abordou o uso de suplementação nutricional, e do professor Danilo Gonçalves, que aprofundou a Fisiologia e Bioquímica aplicada ao Esporte. As apresentações de trabalhos na I Semana da Nutrição ocorreram no dia 10 de novembro de 2017, no período das 17 h 30 às
Título do trabalho
18 h 30h, somente na modalidade pôster, com avaliação de dois professores convidados, que, com a Comissão Científica, classificaram os trabalhos. Ao final da programação, houve a premiação com menção honrosa para os melhores trabalhos apresentados na I Semana da Nutrição Unichristus. Segue o quadro com a lista dos trabalhos apresentados e os seus respectivos autores.
Autores
1º lugar Inclusão de embutidos e hambúrgueres na dieta do brasileiro: análise histórica do período 2008-2016
Carla Braga Campelo de Oliveira Graziene Queiroz Oliveira Thaís Bastos Romero Ana Patrícia Oliveira Moura Lima
2º lugar Peso elevado em crianças acompanhadas pelo bolsa família em Fortaleza e região metropolitana do Ceará
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Catherine de Araújo Lima Mª Caroline Santos de Almeida Vitória Rebouças Cordeiro Ana Patrícia Oliveira Moura Lima
Demais trabalhos apresentados Determinação dos teores de umidade e de cinzas em amostras de pitaya, cajá-umbu e sapoti
Carla Braga Campelo de Oliveira Catherine de Lima Araújo Vânia Serafim Oliveira Wildson Max Barbosa da Silva Juliana Magalhães da Cunha Rêgo
Relação do estado nutricional de gestantes e crianças menores de 2 anos acompanhadas pelo programa bolsa família
Amanda Luciano Rocha Stojaspal Islany Barros Menezes Nataly Martins Paiva Yonnaha Nobre Alves Silva Ana Patrícia Oliveira Moura Lima
Estado nutricional de gestantes das regiões nordeste e sudeste do Brasil
Lia Fonteles Jereissati Ana Patrícia Oliveira Moura Lima
Estado nutricional de gestantes acompanhadas pelo programa bolsa família nas regiões do Brasil em 2016
Douglas Rodrigues Holanda Igor Oliveira dos Santos Lorena Almeida Brito Victória Ketheley Moreira Magalhães Ana Patrícia Oliveira Moura Lima
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As inscrições da I Semana da Nutrição foram associadas a doações de alimentos não perecíveis para o Lar Santa Mônica, que faz parte da Associação Beneficente dos Agostinianos Recoletos de Fortaleza (ABARF) e tem como objetivo transformar e defender vidas, proporcionando um futuro melhor para crianças, adolescentes e jovens vítimas de violências sexuais, assim como reduzir a grave situação de risco social e familiar, oferecendo acolhimento amoroso, valores humanos e espirituais, saúde e educação. A realização da I Semana da Nutrição contribuiu com a efetivação das Políticas de Ensino, Pesquisa e Extensão da Instituição, pois promoveu a interação
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com a responsabilidade social do curso, ampliando os saberes nas diversas áreas de atuação, a partir da valorização dos princípios éticos e morais na conduta nutricional, por meio de discussão de temas emergentes na dinâmica do Sânia Costa, Juliana Rêgo e Ana Patrícia com as autoras do 1º profissional atu- ŹProfessoras lugar: Carla Braga Campelo de Oliveira, Graziene Queiroz Oliveira e Thaís almente. Além de Bastos Romero incentivar as prosionais capazes de intervir na duções científicas de docentes vida das pessoas, associando “Os e discentes, concretizando as Diversos Saberes da Nutrição”. orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN´s) Autoras: para os Cursos de Nutrição, Profas. Juliana Magalhães da Cunha no que diz respeito à formação Rêgo e Sânia Nara Costa da Rocha generalista e ampla de profisCoordenadoras do Curso de Nutrição
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Médicos de homens e de almas: A arte na formação médica
“E
l arte es una mentira que nos acerca a la verdad” Pablo Picasso
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para graduação em Medicina, publicadas em 2014, preconizam que o curso garanta aos alunos uma “formação generalista, humanista, crítica e reflexiva” (Art. 3). As DCNs enfatizam ainda a inclusão de dimensões éticas e humanísticas na estrutura do Curso de Medicina, a fim de desenvolver no estudante atitudes e valores orientados para a cidadania (Art. 12, §3). A apreciação de obras de arte tem sido amplamente utilizada para estimular a observação reflexiva, o pensamento crítico, como também para mobilizar sentimentos e emoções, favorecendo o desenvolvimento da empatia e da tolerância em relação à ambiguidade. A inserção de processos artísticos na graduação em Medicina contribui para a formação profissional e até mesmo para acelerar o processo de maturação pessoal dos futuros médicos. A arte pode ajudar os clínicos em formação a lidar com situações de incerteza e aperfeiçoar a comunicação com pacientes, tornando a experiência médica mais rica e intensa (Valderilio, 2015). Com o intuito de estimular, por meio da arte, a intuição e a sensibilidade dos estudantes, os médicos Marcos Kubrusly e Lia Sanders disponibilizaram parte de suas obras à apreciação
Ź“Empatia”, Lia Sanders
Ź“Sombras”, Lia Sanders
Ź“Retrato de família”, Lia Sanders
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Ź“Beata”, Marcos Kubrusly
do meio acadêmico, por intermédio da Exposição intitulada “Médicos de homens e de almas”, realizada durante o XIV Encontro de Iniciação à Pesquisa e à Docência e do XII Encontro de Pesquisadores. Quatro das quinze telas expostas ilustram este artigo. Para quem se interessar pelo tema: Azevedo, Valderilio. (2015). A brief History of Art in Medical Education - Uma breve história da Arte na Formação de Médicos. Iatrico. 35. 40-48.
Referências A Arte Médica (I): a formação e as virtudes do médico The Art of Medicine: about the physician’s education and virtues Pablo González Blasco. Disponível em < http://www.pablogonzalezblasco.com.br/wpcontent/ uploads/2014/02/2013_set_a_ arte_medica_a_formacao_e_as_virtudes_do_medico.pdf>. Acesso em: 29/10/2017.
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Ź“Maria”, Marcos Kubrusly
Ź“Passagem”, Marcos Kubrusly
Médicos de homens e de almas Poucas palavras são tão ricas de significado quanto à palavra alma: princípio espiritual; composição imaterial; psiquê; origem; vida; consciência; caráter; qualidade moral; sentimento; condição essencial de; pequeno pedaço de madeira que comunica as vibrações a todas as partes do instrumento de cordas; armação de ferro de uma escultura modelada. Poucas profissões nos colocam tão perto das chagas e das angústias que desafiam a alma humana quanto à Medicina. Além de desenvolver um raciocínio clínico e munir-se de profundo conhecimento técnico, o médico tem ainda de lidar com a aflição de chegar tão perto da dor. Se a separação de homens e de almas nos parece estranha, o mesmo podemos dizer da tentativa de separar o fazer artístico dos expositores da Medicina que praticam. A exposição “Médicos de homens e de almas”, uma alusão ao belo livro de Taylor Caldwell sobre a vida do médico São Lucas, trouxe a arte dos médicos Marcos Kubrusly e Lia Sanders, com as almas que os animam como médicos. Marcos Kubrusly: Nasceu em Belo Horizonte, em 1962. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com doutorado em nefrologia pela Universidade de Paris V. Atualmente, divide-se entre Nefrologia, educação médica a e artes plásticas. Reside em Fortaleza.
Lia Sanders: Nasceu em Fortaleza, em 1983. Formada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com doutorado em Neurociência Cognitiva / Psicologia pela Humboldt Universität zu Berlin. Lia Sanders é também escritora e artista plástica autodidata. Atualmente, divide-se entre Psiquiatria, literatura e artes plásticas. Reside em Fortaleza.
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Visita técnica ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB): a infraestrutura necessária para manter os serviços de um banco Um banco moderno
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urante o segundo semestre de 2017, os alunos do Curso de Sistemas de Informação (SI) realizaram uma visita técnica à sede administrativa do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), sediada em Fortaleza/ CE. Em março de 2016, o BNB era o 15º Banco do Brasil em valor de ativos, segundo o site da Revista Exame (EXAME, 2017), permitindo compreender o nível de sua importância. O que configura o interesse de alunos de Sistemas de Informação visitando as instalações de um banco é relativo à percepção da atual complexidade necessária de processamento e armazenamento dos dados bancários, em que são realizados em grandes data centers, além de serviços ofertados pelas instituições, como acessos pela Web e por dispositivos móveis, promovendo aumento constante a esse processamento.
Estrutura necessária para um Data Center Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer presencialmente a estrutura necessária para manter os serviços do BNB ativos. Essa estrutura vai desde o espaço físico adequado até todos os equipamentos para processar e armazenar os dados do banco. A ambientação física pro-
ŹPrédio de ambiente de processamento e armazenamento de dados e setor de Tecnologia da Informação, da sede administrativa Fortaleza/CE do BNB (2017).
movida pelo Banco para dar suporte a tais recursos computacionais requer, acima de tudo, acesso extremamente restrito, sendo necessárias diversas autorizações para o ingresso em que se localiza o Data Center. O ambiente caracteriza-se por baixa temperatura local, elevação do piso para possibilitar a passagem de cabos elétricos e de dados, além de todo o um ambiente monitorado com sistema de última geração para detecção e extinção de focos de incêndios, como detectores de fumaça. Vale ressaltar que o suprimento de energia é feito pela concessionária local e que, por segurança, existe um grande gerador de alimentação ininterrupta, responsável por manter a central de ar ligada e todos os equipamentos
vitais no caso de uma falha no suprimento de energia. Os equipamentos que compõem o Cata Center são servidores de banco de dados e de armazenamento de dados, equipamentos de rede, VOIP e Mainframes que processam as operações bancárias. Todos esses equipamentos ficam em diversos racks espalhados pelo ambiente.
Custo de manutenção Tanto a aquisição como a manutenção de um Data Center requer alto investimento, pois manter um ambiente climatizado e controlado com suporte de energia ininterrupta pode ser bastante oneroso. Tal fato pode ser verificado na conta de energia de uma instalação que possui um Data Center. Não é
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puderam perceber a grandiosidade que é a infraestrutura de um banco e do valor que se precisa investir para mantê-la. Novas visitas serão posteriormente agendadas para oferecer a oportunidade a mais alunos participarem de atividades de extensão como a relatada, expandindo possibilidade a outros interessados que sofrem de incompatibilidade com o horário de visitas guiadas do banco. ŹProfessores Adail Silva, José Aluíres Leite e Daniel Teixeira com os alunos do Curso de Sistemas de Informação na sede administrativa do BNB (2017).
à toa que algumas instituições públicas que possuem grandes unidades de processamento frequentemente enfrentam dificuldades para pagar a conta de luz, (CAPUCCI, 2017). Já os componentes de hardware, além de necessitarem estar em um ambiente controlado, devem ser periodicamente renovados, mesmo que estejam em perfeito estado. Esse procedimento atende aos padrões internacionais e evita que um defeito possa incapacitar o servidor mesmo que por alguns instantes. Um estudo feito pela Google para uma possível criação de um Data Center no Brasil resultou no valor de US$ 60,9 milhões para equipamentos e instalações. Já o custo mensal de manutenção, que inclui despesas com energia, ficaria, em média, US$ 950 mil, (OLHAR DIGITAL, 2017).
Serviço de inovação do BNB – Hubine A visita técnica dos alunos às instalações do BNB não se
Referencias:
limitou apenas ao Data Center, visto que se estendeu também ao conhecimento da sede administrativa do Banco do Nordeste, o Hub Inovação Nordeste (Hubine). Esse setor do banco foi criado em 2016 para investir em startups que possuem soluções inovadoras na área do desenvolvimento sustentável na região Nordeste. Fomos recebidos pela Sra. Laurinda Macedo, gerente executiva do Hubine, que nos mostrou o que é preciso para se empreender e iniciar uma startup. Além disso, ela apresentou as oportunidades de negócios e palestras gratuitas que o Hubine oferece para novos empreendedores.
1. EXAME. Os 20 maiores bancos do Brasil em valor de ativos. Disponível em: <https://exame.abril.com. br/negocios/os-20-maiores-bancos-do-brasil-em-valor-de-ativos/ >. Acesso em: 19 dez. 2017.
Conclusão
Colaboração: Prof. Me. Daniel Nascimento Teixeira (Pesquisador e docente do Curso de Sistemas de Informação da Unichristus) e Profa. Ma. Thais Cristina Sampaio Machado (Pesquisador e docente do Curso de Sistemas de Informação da Unichristus)
Foi bastante proveitoso acompanhar os alunos do curso interessados quanto ao funcionamento e à criação de startups, bem como a transformação de um programa de seu desenvolvimento em um produto. Já na parte da infraestrutura, eles
2. CAPUCCI, Renata. Supercomputador pode estragar por falta de dinheiro para a conta de luz. Disponível em: <http:// g1.globo.com/jor nal-hoje/ noticia/2016/06/supercomput a d o r - p o d e - e s t r a ga r - p o r - f a l t a -de-dinheiro-par a-conta-de-luz. html>. Acesso em: 19 dez. 2017. 3. OLHAR DIGITAL. Montar data center no Brasil custa R$ 140 milhões, estima WSJ. Disponível em: <https://olhardigital.com.br/ pro/noticia/montar-data-center-no-brasil-custa-r-140-milhoes-estima-wsj/38916>. Acesso em: 19 dez. 2017.
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Curso de Ciências Contábeis se destaca no Concurso de Artigos Científicos do SINTAF
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os dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2017, o Curso de Ciências Contábeis esteve participando do primeiro concurso de artigos científicos promovidos pelo Sindicato dos Fazendários do Ceará (SINTAF). Concorreram, nesse evento, as alunas Camila Silva do Nascimento, Julianna Gomes Mangia, Ana Paula Alves dos Santos e Professor Jorge Alberto de Sabóia Arruda. O concurso premiou os melhores artigos científicos em duas categorias distintas. A primeira delas é a categoria de fazendários, e o Curso de Ciências Contábeis da Unichristus ganhou o segundo lugar, com o artigo ‘Análise das melhorias que o sistema público de escrituração digital (SPED) trouxe para o desenvolvimento da atividade laboral contábil’, dos autores Ana Paula Alves dos Santos e Prof. Jorge Alberto de Sabóia Arruda. O referido trabalho foi apresentado pelo professor no dia 31 de outubro de 2017. Na categoria estudante, duas alunas de nossa instituição foram premiadas com os artigos: ‘Nível de divulgação do passivo contingente: um estudo nos bancos listados na BM&FBOVESPA’ de Camila Silva do Nascimento, premiado em segundo lugar, e ‘Os impactos causados na arrecadação do ICMS do Estado do Ceará em virtude da nova sistemática implementada pela emenda cons-
titucional 87/15’ de Julianna Gomes Mangia que recebeu o terceiro lugar. Todos os três trabalhos premiados no evento foram frutos de pesquisas de monografias defendidas em 2017.1, no Curso de Ciências Contábeis Em 1º de novembro, aconteceram, no encerramento do evento, as premiações dos artigos apresentados no dia anterior. A coordenação do Curso de Ciências Contábeis se preocupa em mostrar a tangibilidade da pesquisa e os espaços nos quais ela se apresenta aos seus alunos, como bem mostra a Professora Ma. Maely Barreto, apoio à pesquisa do Curso de Ciências Contábeis, quando aborda que “existe uma preocupação em mostrar ao aluno, especialmente de TCC I e TCC II que seu trabalho gera mais frutos que o simples cumprimento de uma obrigação do curso para a conquista do diploma”.
O uso da pesquisa na graduação tem impactos maiores do que apenas o conhecimento de sua elaboração técnica, uma vez que permeia o desenvolvimento de um olhar mais acurado, uma sensibilidade ao ambiente de trabalho e a capacidade de interpretar para gerar soluções. Os estudantes, no processo de graduação, hoje, são conduzidos a perceber, a entender o mundo, a compreender os seus problemas, para, assim, serem capazes de proporem soluções (ALONSO, 2015). Isso passa a ser viabilizado e materializado por meio da pesquisa. O Professor-orientador Jorge Sabóia acredita que “a importância na participação de alunos e professores em eventos científicos é demonstrar que as pesquisas que estão sendo desenvolvidas na Unichristus são relevantes e, de alguma forma, estão contribuindo para o conhecimento da comunidade acadêmica
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e profissional. Esse fator gera inclusive uma reflexão positiva nos alunos que realizarão os seus trabalhos acadêmicos” (Professor Me. Jorge Alberto Sabóia). O processo de pesquisa é educação, pois permite transformar ambientes de trabalho de maneira conjunta, ultrapassa o treinamento e constrói um sujeito capaz de criar e criticar ideias (DEMO, 1996). Nessa perspectiva, percebe-se o papel do educador e da Uni-
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christus nesse processo de tradução daquilo que o campo de pesquisa mostra, bem como de elaboração de compreensões e soluções para o universo acadêmico e profissional. Ao longo do Curso de Ciências Contábeis, os alunos são apresentados a diferentes habilidades e competências, necessárias para a construção de sua identidade profissional como contadores. Ao longo dos semestres, sua opinião se constrói sobre aquilo que pode ser considerado mais importante (REIS et al., 2015). O rápido envelhecimento das profissões exige uma competência diferente àqueles que pretendem se posicionar no mercado, pois é preciso saber e poder atender a novos desafios, é preciso poder enfrentar situações complexas (DEMO, 1996). É preciso dar liberdade ao profissional para que ele seja capaz de atender a tais situações sem dependências, e isso se torna viável por meio da capacidade de pesquisar.
A construção de um trabalho científico auxilia a coordenação de ideias, pois pressupõe planejamento e sequências de elementos que são apresentados de forma lógica para o leitor (VICTORIANO; GARCIA, 1996; OLIVERIA, 2017). O aluno que se aproveita dessa liberdade proporcionada pela possibilidade de criar e orientar as suas próprias ideias tem a possibilidade de não estar submisso ao envelhecimento profissional apontado por Demo (1996). O Curso de Ciências Contábeis está atento não somente ao perfil, mas também às exigências do profissional contador, pois é preciso aceitar os “desafios do saber pensar e aprender a aprender” (DEMO, 1996, p. 79) para se posicionar profissionalmente.
Referências ALONSO, Ressiliane Ribeiro Prata. A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA CIENTÍFICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO PARA O ALUNO DA GRADUAÇÃO. RENEFARA, v. 8, n. 8, 2015. DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. São Paulo: Editora Autores e Associados ltda, 1996. OLIVEIRA, Gloria Pereira. As atividades acadêmicas e a formação para pesquisa: o trabalho de conclusão de curso. MOMENTUM, v. 1, n. 4, p. 123-142, 2017. REIS, Anderson de Oliveira et al. Perfil do profissional contábil: habilidades, competências e imagem simbólica. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 12, n. 25, p. 95-116, 2015. VICTORIANO, B.A. D.; GARCIA, C.C. Produzindo a monografia: Trabalho de Conclusão de Curso. São Paulo: Publister, 1996.
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Uma nova visão holística a respeito da atuação do Biomédico no setor de Imunização
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Vacinologia é a ciência que estuda os mecanismos de desenvolvimento de imunógenos, com o objetivo de estabelecer vacinas para prevenir e tratar doenças infecciosas, alérgicas, tumorais e autoimunes. O profissional biomédico atua tanto estudando as vacinas que estão em uso na clínica médica, principalmente nos mecanismos de proteção das vacinas e na experimentação, como também desenvolvendo novas vacinas e adjuvantes. Atualmente, vem aumentando a atuação do biomédico na saúde coletiva, por exemplo, na área da gestão hospitalar, ministrando palestras de promoção e prevenção à saúde, sendo bastante zeloso na vigilância sanitária, dentre outros. O setor de Imunização ainda não é uma área específica de atuação do biomédico, porém possibilita um novo olhar na saúde. A partir de uma parceria entre o Curso de Biomedicina e Enfermagem da Unichristus, tivemos a oportunidade de vivenciar, durante uma semana, a rotina de um setor de Imunização na Unidade de Atendimento Primário à Saúde (UAPS) Viviane Benevides Gouveia, sob a orientação da professora Dra. Iara Rodrigues (professora de Enfermagem da Unichristus), fato que nos possibilitou enxergar a importância de uma equipe multidisciplinar. Então, foi-nos possível saber reconhecer a importância de cada profissional, possibilitando-nos, assim, agregar o nosso conhecimento em favor da
comunidade, formando um biomédico com visão holística no processo de saúde-doença, o que contribuiu para a humanização na nossa formação de biomédicos que já possuímos, historicamente, uma formação rica em conhecimentos tecnológicos como o desenvolvimento de vacinas, manipulação de imunobiológicos e realização de novos testes diagnósticos. No dia 10 de julho de 2017, no período diurno (das 8h às 12h), começamos o nosso estágio no ambulatório de vacinologia do setor de Imunização na Unidade de Atendimento Primário à Saúde (UAPS) Viviane Benevides Gouveia, no qual vivenciamos na prática como realizar o manejo do paciente, desde sua entrada até a finalização do credenciamento e da vacinação, protocolo para cadastro dos pacientes, armazenamento de vacinas, emissão e controle das vacinas e das carteiras de vacina e calendários. Por meio dessas vivências, tivemos a oportunidade também de lidar, no momento da vacinação, com as ações e as reações de crianças, bebês e recém-nascidos e entendê-las, pois essas faixas etárias eram as mais prevalentes no período diurno. Outrossim, obtivemos o conhecimento de como agir em caso de cartão de vacinação atrasado ou perdido, administrando com proficiência a vacina adequada para as mães
de crianças, os adultos e as gestantes e falando bastante sobre a importância de manter em dia o cartão de vacina, para devida prevenção de doenças quaisquer. Esse cartão deverá ser obrigatório e exigido por determinadas empresas aos seus funcionários, principalmente, em se tratando de viagens a lugares endêmicos para determinadas doenças. Por meio dessa vivência, teremos um olhar mais humanista para, assim, formarmos uma nova geração de biomédicos que atenda a todas as necessidades da sociedade em que estamos inseridos. Autores: Mariana Viana Falcão, Márcia Vanessa Sales Amaral (Alunas do 5º semestre do Curso de Biomedicina) Profas. Dyana Alves da Silva (Curso de Biomedicina) e Profa. Maria Iara de Sousa Rodrigues (Curso de Enfermagem)
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Aula Magna do Curso de Direito Negação e afirmação de direitos à luz do STF: ambiguidades do ativismo judicial
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iante de um auditório apinhado de estudantes e professores, o jovem e talentoso professor Dr. Daniel Wunder Hachem, – professor dos Programas Stricto Sensu em Direito da PUC/PR e da UFPR, advogado e editor de três revistas de nível internacional (Qualis A) – garantiu uma aula magna arrojada, ao desafiar a platéia com questões que estão na ordem do dia: afinal, uma Corte Suprema composta por 11 ministros não eleitos pelo povo teria legitimidade para legislar sobre assuntos, como aborto, pesquisas com células-tronco e, até mesmo, apagar do texto constitucional garantias expressamente asseguradas, como direitos fundamentais?
ŹProf. Dr. Daniel Wunder (PUC-PR e UFPR)
O palestrante questionou as ações do Poder Judiciário, em especial do STF, com relação à tomada de decisões políticas, chegando este a se contrapor e até a substituir a vontade dos demais poderes da República. Assim, questões que deveriam ser levadas para o Poder Legislativo e Executivo são levadas ao Judiciário para que este decida no lugar daqueles sob o argumento de inabilidade para lidar com questões polêmicas ainda não regulamentadas. O Dr. Daniel Hachem elencou fatores que levaram à judicialização da política, dentre os quais chamou a atenção para a desconfiança do Povo em relação à política e aos políticos, citando uma taxa de apenas 32% da população brasileira a favor do regime democrático. Outro fator interes-
ŹDa esq. para direito: Helton de Oliveira Santos, Gabriel Barreto e Flávia Justino.
sante seria a fé que a população tem no Judiciário, acreditando que, devido ao fato de este representar elevado conhecimento jurídico, os magistrados estariam mais legitimados para interpretar e alterar a lei. Ele ainda apontou contrariedades
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ŹHelton Oliveira e Flávia Justino (calouros e autores da matéria), ao lado de Priscila David, aluna entrevistada, do 3º semestre de Direito
em algumas decisões do STF e alertou a respeito da incoerência do ativismo judiciário, que atua para alguns e não para outros. Salienta também que não há controle popular das ações do STF, já que os ministros não são eleitos. Na conclusão de sua palestra, o professor referiu-se a alguns casos em que o STF agiu ativamente como legislador positivo contra interesses majoritários para assegurar direitos, como a regularização do casamento de pessoas do mesmo sexo e a regulamentação do direito de greve dos servidores públicos, e citou também exemplos, nos quais o STF legisla negativamente,
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restringindo direitos políticos ao determinar que a titularidade dos mandatos pertence aos partidos e não aos candidatos, tema que já havia sido rejeitado pelo constituinte originário. O docente comentou também o recente entendimento do STF que vê como Constitucional a execução de pena após confirmação de Condenação em Segunda Instância. Com isso, ele demonstra um dos riscos do ativismo jurídico que seria o atropelamento do texto literal no sentido de tolher garantias fundamentais. Como arremate, cabe a nós fazermos uma reflexão mais aprofundada acerca do grau de legitimidade do ativismo do Poder Judiciário, a fim de avaliar se suas ações, embora investidas de certo clamor social, não estariam pondo em xeque um dos pilares da nossa Constituição, que são as garantias fundamentais. A seguir a opinião de alguns acadêmicos que entrevistamos após a Aula Magna: “Concordo com quase todos os argumentos apresentados pelo palestrante e sempre gosto muito desses debates, pois sei que ampliam muito nossa visão sobre o que podemos pesquisar. Além disso, tem tudo a ver com a situação política que vivemos em nosso país.” (Priscila David, aluna entrevistada do 3º Semestre de Direito) “Concordo em parte com os argumentos do palestrante. Vejo o ativismo judicial como uma forma de contenção, vejo que, muitas vezes, decisões tomadas pelos legisladores são incoerentes. Desse modo, o ativismo é uma forma de conter essas decisões. São muito importantes palestras assim, que mostram a opinião de profissionais com doutorado e prestígio no mercado, para que possamos melhor formular nossa opinião.” (Gabriel Barreto, aluno entrevistado do 3º semestre) Autores: Flávia Justino e Helton Oliveira dos Santos (Alunos calouros do 1º semestre de Direito / noite)
PARTICIPE DA PESQUISA NA UNICHRISTUS A Unichristus disponibiliza a seus alunos amplo acesso e incentivo à pesquisa por meio dos Programas de Monitoria, Iniciação Científica e dos Encontros de Iniciação à Pesquisa e à Docência e do Encontro de Pesquisadores. No Curso de Direito, são ofertados, ainda, grupos de estudo, e as mais atualizadas discussões ocorrem na Sexta da Pesquisa. Participe! UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.
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Construção crítica e prática do estudante de Medicina por meio de intercâmbios internacionais
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esde sua fundação, em 1991, a IFMSA Brazil (International Federation of Medical Students Association), a maior organização de estudantes de medicina do mundo, promove programas de intercâmbio com alta qualidade acadêmica e com compromisso social. Hoje, aos 26 anos de experiência, conta com mais de 60 países disponíveis para programas clínico-cirúrgicos e de pesquisa e promove cerca de 600 intercâmbios por ano.
Onde? Quando? Como? Para se tornar um estudante de medicina global, aprender uma nova cultura e ainda contribuir para que outros tenham a mesma oportunidade é necessário que o candidato entenda como funciona o processo de intercâmbio.
O primeiro passo é escolher o país para o qual deseja ir, podendo selecionar até 10 locais diferentes dos disponíveis na lista do Programa de Intercâmbio (PI) e enumerá-los por ordem de prioridade caso sua pontuação não seja suficiente para os primeiros destinos escolhidos. Os intercâmbios duram até 4 semanas. O estudante deve acessar nosso site e realizar sua inscrição online, através da qual deve ingressar no nosso processo seletivo. É preciso que ele leia atenciosamente o regulamento e entre em contato com seu coordenador local de intercâmbio. É importante providenciar toda a documentação exigida, que inclui Comprovante de Matrícula, Contrato Bilateral de Interesse com a IFMSA Brazil, o Comprovante Original de Pagamento e Certificados e declarações para pontuação. Ademais, alguns países exigem documentos extras, como certificação de conclusão de curso de francês. Para efetivar a inscrição, será necessário o pagamento de taxas simbólicas, que devem custear atividades da federação.
E a pontuação?
ŹPrograma de intercâmbio de estudantes de Medicina – Pedro Monte ao lado das intercambistas uma egípcia e uma italiana
O processo seletivo do PI é justo e incentiva e valoriza o crescimento acadêmico do aluno. Pensando nisso, elaborou-se três critérios de pontuação ágeis para selecionar os intercambistas. O primeiro critério diz respeito ao aproveitamento do curso, ou seja,
quanto mais próximo o estudante estiver de concluí-lo, é concedida pontuação adicional. O segundo critério se relaciona à realização de atividades extracurriculares, como pesquisas, monitorias e cursos, que elevam a pontuação do estudante de acordo com a quantidade e tipo de atividade concluída. O terceiro critério é baseado na oferta de hospedagem para o intercambista, com critério de pontos de acordo com a quantidade de meses disponibilizados pelo estudante para hospedar um incoming.
Benefícios A realização de intercâmbios se transcende no rol de experiências dos acadêmicos, porque se revela como a oportunidade ideal para o conhecimento de outras culturas, sistemas de saúde e formas de manejo e tratamento de pacientes. Nos intercâmbios internacionais em pesquisa, o estudante entra em contato com novos métodos de pesquisa, laboratórios modernos e novas tecnologias, o que contribui significativamente para a formação de futuros médicos com amplos conhecimentos de medicina e de cultura. Portanto, o intercambista se insere no contexto global de ciência e pesquisa, com oportunidades de participar e de publicar trabalhos no mundo inteiro Os diferenciais do Programa de Intercâmbio da IFMSA Brazil são muitos. Um deles é o fato do estudante não perder o ano
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ou o semestre na Universidade de origem, pois o aluno tem a opção de fazê-lo nas férias e a duração é de no máximo quatro semanas, a depender do país selecionado. Outra vantagem refere-se ao estágio, que ocorre nos melhores centros de pesquisa de todo o mundo e disponibiliza certificado reconhecido internacionalmente. A hospedagem acontece em casa de família ou moradia estudantil por todo o período, sem custo para o Incoming (intercambista), tendo este o direito de uma refeição por dia, por conta do país anfitrião.
Experiência de quem foi: O comitê local Unichristus foi fundado em 2015 e, com a parceria da COMAI (Coordenação de Mobilidade e Assuntos Internacionais), iniciou as atividades de intercâmbio na conclusão de 2016. No decorrer do ano de 2017, o comitê local Unichristus recebeu 4 intercambistas: uma italiana, uma portuguesa, um tunisiano e um marroquino. Em novembro, o comitê teve a honra de enviar seu primeiro intercambista, Pedro Monte, no curso de seu 2º semestre de internato. O destino escolhido foi a Polônia, no setor de cirurgia do hospital vinculado. Ele afirma que desde o primeiro dia foi muito bem recebido. “Os médicos, residentes e internos são muito receptivos. Eles dão muitas oportunidades para entrar em cirurgias, auxiliar e fazer pequenos procedimentos”, relata. Quanto à cultura, Pedro pôde conhecer não somente a Polônia, mas entrou em contato com a cultura de outros países ao estagiar ao lado de mais 3 incomings
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ŹPrograma de intercâmbio de estudantes de Medicina – Pedro Monte com um tunisiano, uma polonesa, uma egípcia e uma italiana
da IFMSA, conhecendo o contexto de vida de cada um, como medicina e religião. “A parte de intercâmbio cultural foi bem importante. Eu tive a sorte de ter mais 3 pessoas fazendo intercâmbio no mesmo mês que eu: uma italiana, um tunisiano e uma egípicia. Ficamos no mesmo alojamento, então passávamos praticamente 24h juntos”. A equipe da IFMSA da Polônia também contribuiu nesse aspecto cultural, convidando-o para conhecer os pontos turísticos da cidade, além de sempre ter concedido o devido suporte: “Sempre estavam entrando em contato com a gente, perguntando se estava tudo bem, se estava faltando alguma coisa, e chamando para fazer alguma atividade, nos levando para conhecer coisas bem típicas da Polônia.” Além disso, orientou os alunos que têm interesse em concorrer ao intercâmbio para que qualificassem desde cedo seus currículos, já que é a forma de seleção para a vaga de estágio no país desejado. “No início da faculdade às vezes não temos matu-
ridade e não nos preocupamos muito com o currículo, deixamos para depois”, acrescentou. Por fim, deixou a mensagem: “Eu recomendo 100% o intercâmbio da IF. Recomendo que todo estudante, não só de medicina, faça um intercâmbio. O fato de você estar sozinho, precisar se virar em um país em que você não sabe a língua e que tem um clima que também atrapalha, enfim, todas essas adversidades fazem você amadurecer, ter mais experiência. Sem mencionar a oportunidade de conhecer gente de todo o mundo, praticar a nossa área e conhecer a medicina sob outra perspectiva”. Para adquirir mais informações, entrar em contato com os membros do comitê de intercâmbio ou enviar um e-mail para ifmsaunichristus@gmail.com. Autoria: Jennifer Brito Ferreira, Hiorrana Sousa Dias, Érika Suyane Freire Silva, Joana Amaral Acioly, Pedro Barreira Monte. (Acadêmicos de Medicina do Centro Universitário Christus)
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Tecnologia e Desenvolvimento em pauta: o Curso de Sistemas de Informação participa da Feira do Conhecimento
Ana Cláudia Vieira Silva Mestra em Sociologia pela UFC
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Unichristus participou da Feira do Conhecimento, no Centro de Eventos de Fortaleza, um acontecimento com mais 90 expositores, com cerca de 10 mil participantes, contemplando áreas, como startups, inclusão digital, ensino superior e profissional, educação a distância, tecnologia da informação, tecnologias aplicadas ao uso das águas, clima, energia e ainda sobre a popularização da ciência e da cultura. O Pró-Reitor de Extensão, Professor Rogério Frota Leitão, fez parte de diversas reuniões de planejamento e de articulação, com a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (SECITECE), que culminaram na participação da Unichristus no evento, como expositor convidado.
No stand Unichristus, foram apresentados projetos fomentados e desenvolvidos pelo Curso de Sistemas de Informação. Alunos e professores do curso realizaram a apresentação dos projetos e o atendimento ao público que visitou o stand de maneira intercalada, a fim de que todos participassem do evento. ŹFeira do Conhecimento – SECITECE www.stc.gov.br
dêmico (ENADE), com destaque para os Cursos de Biomedicina e Enfermagem, que obtiveram nota máxima no exame. O Reitor, José Lima de Carvalho Rocha, esteve presente no evento, para receber a homenagem e para visitar o stand da Unichristus, no espaço reservado à educação superior. Também estiveram presentes na homenagem pelo desempenho no ENADE as coordenadoras dos Cursos de Biomedicina e de Enfermagem, as Professoras Cláudia Andrade e Débora Pedrosa, respectivamente.
ŹInácio Arruda e Dr. José Lima de Carvalho Rocha
Ressalta-se a homenagem que a Unichristus recebeu da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, referente à atuação no Exame Nacional de Desempenho Aca-
ŹPúblico visitante
ŹVisitantes conhecendo o game de combate ao mosquito Aedes Aegypti
ŹCláudia Andrade (Biomedicina), Débora Pedrosa (Enfermagem), Inácio Arruda (Secretário de Ciência e Tecnologia)
Na ocasião, foram expostos três projetos: o primeiro, “Game de combate ao mosquito Aedes Aegypti”, foi desenvolvido por professores e alunos do Curso de
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Sistemas de Informação e distribuído gratuitamente em feiras e eventos. O game é voltado para crianças e adolescentes que, de maneira lúdica e educativa, aborda a importância das medidas preventivas no combate ao mosquito Aedes Aegypti. O segundo projeto foi a startup schoolking1, desenvolvido por Matheus Bringel, hoje egresso do Curso de Sistemas de Informação, que foi vencedor de edital da Prefeitura de Fortaleza e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 1 www.schoolking.com.br
Para Mateus Bringel, “Aprender é um jogo, e conhecimento é poder”. A startup tem por objetivo: “Provocar autonomia dos estudantes pela busca por conhecimento; encorajar o compartilhamento do conhecimento; recompensar o aluno socialmente por seus estudos, dentre outras mudanças de comportamento diante da aquisição de conhecimento na escola.” (Mateus Bringel, egresso do Curso de Sistemas de Informação).
O terceiro projeto exposto foi a Casa inteligente, um protótipo de automatização residencial, com funções, como acender/apagar luzes, abrir/fechar portão da garagem, ativar alarme contra roubos por meio de sensor de presença no jardim, ŹCasa Inteligente implantar alimentador de bichos de estimação, condutor de lixo até a lixeira, player de mp3 (música ambiente), controlar a temperatura ambiente, tudo por meio de um aplicativo para celular ou Tablet. E ainda o relógio binário e os óculos 3D, ambos desenvolvidos por professores e alunos do curso. Durante os quatro dias de feira, professores e alunos do Curso de Sistemas de Informação participaram da programação, recebendo o público, apresentando os projetos, interagindo e conhecendo outras ideias inovadoras, o que ampliou os seus conhecimen-
ŹInácio Arruda e Mateus Bringel
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tos em seminários, workshops e mostras científicas. Destaquem-se suas percepções sobre a importância da participação na feira. Para o Coordenador geral do Curso de Sistemas de Informação, professor Adail Nunes, a participação denota o bom desempenho do corpo docente e discente:
“A participação do Curso de Sistemas de Informação na Feira do Conhecimento vem demonstrar o empenho dos alunos, professores e da administração em contribuir cada vez mais para a formação de profissionais qualificados na área de Tecnologia da Informação, além de contribuir para a expansão da pesquisa em nosso Estado e da aproximação da academia com o mundo empresarial.” (Adail Nunes, Coordenador Geral do Curso de Sistemas de Informação).
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Para o Professor Celso Medeiros, que tem anos de experiência da docência, acredita que a Feira do Conhecimento é uma possibilidade de integração e de troca de conhecimentos:
“A Feira do Conhecimento é uma oportunidade para empresas e IES interagirem e divulgarem suas propostas, além de permitir que alunos do Ensino Médio comparem e escolham o curso que melhor se encaixe em suas realidades. O Curso de Sistemas de Informação da Unichristus mostrou, mais uma vez, o motivo pelo qual detém a melhor avaliação do MEC no Nordeste do país.” (Celso Medeiros, Professor do Curso de Sistemas da Informação). Aline Nunes, aluna do 8º semestre, destacou a importância da feira para escolha profissional:
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A Coordenadora de Pesquisa do Curso de Sistemas de Informação comentou sobre o sucesso do evento e da participação da Unichristus: “Os quatro dias de evento nos deixou com grandes expectativas para participar da próxima feira! Contou com empresas de diversos ramos, bastante tecnologia e muitas oportunidades para parcerias. A Unichristus se destacou recebendo incontáveis elogios de visitantes pelas amostras compartilhadas. Excelente evento, organização impecável!”. (Thais Sampaio, Coordenadora de Pesquisa da graduação em Sistemas de Informação da Unichristus).
O Professor Tiago Sombra, egresso do Curso de Sistemas de Informação e hoje professor da graduação e pós-graduação da Unichristus, destacou o entusiasmo dos participantes: “A feira do conhecimento foi um aprendizado muito gratificante para mim, tanto pelas várias tecnologias que estavam ali expostas quanto pelo aprendizado de expor para alunos e público em geral os nossos projetos. A feira me trouxe uma sensação que até então não conhecia, “ver o brilho nos olhos de alunos de Ensino Fundamental e crianças” ao ver com atenção as explicações que eu passava para eles sobre a casa inteligente, na minha opinião, foi o que marcou nessa feira. ” (Tiago Sombra, Professor do Curso de Sistemas de Informação). O professor Daniel Teixeira comentou sobre a diversidade das temáticas:
“Nós, alunos do curso de Sistemas de Informação, fomos convidados a participar da Feira do conhecimento. A presente atividade possibilitou o compartilhamento da experiência enquanto aluno para futuros acadêmicos e demais interessados. Foi uma ótima experiência”. (Aline Nunes, aluna do Curso de Sistemas de Informação).
“Durante os quatro dias da Feira do Conhecimento, o evento trouxe de tudo um pouco: inovação, tecnologia, palestras, jogos, minicursos, desafios com prêmios em dinheiro, tudo para atrair a atenção de crianças e de jovens estudantes que buscam empreender ou ingressar na área da ciência e tecnologia. A Unichristus esteve presente com projetos desenvolvido por professores e alunos do Curso de Sistema de Informação, chamando bastante a atenção de todos que passaram pelo nosso estande. A quem não pôde comparecer, resta apenas esperar para as próximas edições da Feira do Conhecimento. ” (Daniel Teixeira, Professor do Curso de Sistemas de Informação).
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Vale ressaltar que a Pró-Reitoria de Extensão também participou dos quatro dias de programação, acompanhando e prestigiando as demonstrações dos projetos do Curso de Sistemas de Informação, assim como dos seminários, das exposições, das palestras e dos workshops que compuseram a feira, efetivando a importância do tripé ensino, pesquisa e extensão. O Pró-Reitor, professor Rogério Frota Leitão, destacou a diversidade temática e a organização do evento:
“A realização da Feira do Conhecimento por parte da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (SECITECE) foi muito importante por ter um caráter dialético e diversificado, abrangendo a ciência e a tecnologia. Foi uma oportunidade ímpar para o povo cearense para ter acesso às últimas tecnologias e divulgar produtos e serviços desenvolvidos no nosso Estado. O Secretário Inácio Arruda está de parabéns por proporcionar um encontro excepcional para a sociedade cearense, possibilitando inclusão social e digital dos alunos de instituições públicas e particulares. Há de se destacar, também, a equipe da SECITECE, representada por sua secretária executiva, Nágyla Drumont, que foi capaz de planeja, realizar, em pouco tempo, um evento desse porte, o qual jamais tinha ocorrido em Fortaleza. Esperamos que a próxima edição obtenha o mesmo sucesso, contando inclusive com a participação de representantes de outras cidades do Nordeste.” (Rogério Frota Leitão, Pró-Reitor de Extensão).
O DIREITO NA PRÁTICA O Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) possui prédio próprio, localizado no Campus Dom Luís, com o fim de preparar os alunos do Curso de Direito para a prática da advocacia. Lá, são ministradas as disciplinas de estágio. Além disso, o discente tem a oportunidade de atuar em casos reais, prestando serviço de atendimento à comunidade, junto à Defensoria Pública. UNICHRISTUS, UM LUGAR DE CONQUISTAS.
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Mostra de farmacologia: integração entre teoria e prática na visão de acadêmicos de Enfermagem
Amanda Alves de Oliveira, Amanda Clarissa Mendes Ferreira e Nicole Cavalcante dos Santos (Alunos do 5º semestre do Curso de Enfermagem) Profa. Dra. Francisca Taciana Sousa Rodrigues Maia (Docente da Unichristus e Doutora em Farmacologia.
Introdução O Curso de Enfermagem do Centro Universitário Christus (Unichristus), na disciplina de Farmacologia, amplia a participação dos alunos por meio da realização de mostras ao fim de cada semestre. Com a realização dessas mostras, o ensino incorpora a prática, sendo uma ferramenta para o processo de pensamento investigativo, visto que a abordagem principal é o estudo de casos reais e a investigação da eficácia dos medicamentos utilizados pelos pacientes mediante análise de aprazamentos e prontuários. A ideia de realizar a mostra partiu da docente que ministra a disciplina de Farmacologia, professora Dra. Francisca Taciana Sousa Rodrigues Maia, visando a uma participação ativa dos estudantes, estimulando-os a colocar em prática os conhecimentos adquiridos no decorrer do semestre.
ŹAlunos durante apresentação dos trabalhos
Nesse contexto, são oportunizadas diversas vivências aos alunos participantes, como o estabelecimento de maior visibilidade entre a teoria e a prática, despertando o espírito reflexivo e crítico, promovendo o convívio com seus limites, ampliando suas possibilidades, e, assim, ocasionando a responsabilização diante das atividades que o trabalho impõe. (KRAHL et al. 2009). Esse relato de experiência é fruto da participação de acadêmicos na VI Mostra de Farmacologia, tendo como foco a vivência dos alunos, a contribuição no processo ensino-aprendizagem e a interferência do estudo na vida acadêmica dos discentes.
A experiência Os acadêmicos de enfermagem dispõem de uma carga horária de 80h aulas de Farmacologia semestrais que são ministradas em dois campos da instituição com duas turmas distintas. A disciplina é ministrada concomitantemente com a disciplina de Semiotécnica, é a partir das aulas práticas dessa disciplina que os alunos colhem os dados para realizarem a análise e posterior apresentação na mostra. O trabalho consiste em colher informações dos prontuários de pacientes e analisá-los, em que são observados o diagnóstico, a história pregressa, os
ŹAlunos durante apresentação dos trabalhos
medicamentos em uso e o aprazamento realizado pelo enfermeiro. Depois da coleta de dados, os acadêmicos analisam as informações e realizam uma busca sobre a ação farmacológica de cada medicamento, assim como as possíveis interações medicamentosas, com o objetivo de verificar se o uso dos fármacos está sendo eficaz no tratamento da patologia do paciente. Os alunos, ao depararem-se com uma situação real, são estimulados a utilizar os conhecimentos adquiridos na teoria no decorrer do semestre e a colocá-los em prática, contribuindo para uma melhor compreensão do assunto. Além do conhecimento consolidado, os alunos ainda têm a oportunidade de praticar a apresentação em público, visto que ainda é um obstáculo
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ŹProfa. Taciana Maia (disciplina de Farmacologia do Curso de Enfermagem e Nicole Cavalcante dos Santos (Aluna do 5º semestre do Curso de Enfermagem / campus Ben¿ca)
ŹAmanda Alves de Oliveira (Aluna do ŹAmanda Clarissa Mendes 5º semestre Enfermagem / campus Ferreira (Aluna do 5º semestre Parque Ecológico Enfermagem / campus Ben¿ca)
para muitos, como também aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina de metodologia científica, facilitando, assim, o desenvolvimento de habilidades que posteriormente poderão ser úteis na vida acadêmica (OLIVEIRA e PAGLIUCA, 2012). Há também a possibilidade do desenvolvimento de novas pesquisas. A aluna Juliana Freitas de Araujo, do quarto semestre de Enfermagem da Unichristus do Campus Parque Ecológico, relata: “A mostra me proporcionou abrir novos horizontes sobre a disciplina de Farmacologia, antes vista como um desafio, tornou-se aliada para buscar caminhos e formas de melhorar o quadro do paciente. Colocar em prática o que se aprende em sala de aula é uma forma única de se aprender de fato a aplicação dos medicamentos”. A aluna Mônica Melo, do quarto semestre de Enfermagem da Unichristus do Campus Benfica, relata: “Foi muito importante para nós alunos como fechamento de semestre, pois podemos colocar em prática tudo o que nós aprendemos no decorrer do semestre. Cerca de
80% dos discentes que participaram nunca tinham tido experiência tão enriquecedora, que irá servir para futuras apresentações, por exemplo, na semana de enfermagem”.
Considerações finais A experiência prática vivenciada proporcionou um elo satisfatório teórico-prático aos discentes da disciplina de Farmacologia, contribuindo no desenvolvimento de habilidades no âmbito hospitalar e no planejamento de trabalho acadêmico. O método de aprendizagem utilizado possibilitou, de forma mais concreta, a integração de casos clínicos, propiciando ao graduando uma maneira de atuar na área de atuação profissional de escolha.
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ŹAlunos durante apresentação dos trabalhos
Diante disso, é notável a importância de propostas de ensino que busquem por incentivar a participação notória do graduando a explorar caminhos que desenvolvam a continuidade da aprendizagem, estabelecendo, assim, o crescimento profissional e pessoal.
Referências KRAHL, M et al. Experiência dos acadêmicos de enfermagem em um grupo de pesquisa. Rev Bras Enferm, Brasília, v.62, n.1, p.146-50, 2009. OLIVEIRA, M.G; PAGLIUCA, L.M.F. Programa de mobilidade acadêmica internacional em enfermagem: relato de experiência. Rev. Gaúcha Enferm, Porto Alegre, v.33, n.1, 2012.
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Núcleo Direito e Saúde: um programa pela vida
Ari Farias, Bárbara Almeida Andrade, Lucas Napoleão, Mônica Oliveira da Silva Rayssa Gomes Mesquita, Sandra Marrocos, Santiago Filho, Tiago Cysne (Alunos do Curso de Direito) Orientadora: Profa. Laiz Mariel Santos Souza
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om os objetivos de estudo teórico, por meio da pesquisa científica na área do direito à saúde, bem como de aprendizado prático, por meio de atendimento ao público nas demandas que envolvem a referida temática, foi criado, no semestre de 2016.2, o Núcleo Direito e Saúde (NDS) da Unichristus, o único projeto do Ceará com esse tipo de abordagem. Ao longo desse primeiro ano de NDS, os alunos selecionados tiveram a oportunidade de estudar a temática proposta por meio de análise de casos jurisprudenciais, de casos reais e por pesquisas em obras científicas, o que resultou na produção e na apresentação de quatro artigos de autoria dos discentes em coautoria com a professora responsável. Além disso, os alunos do NDS atenderam a diversas pessoas que, em meio à angústia da necessidade urgente de medicamentos, tratamentos, exames médicos e cirurgias que lhes foram negados, solicitavam ajuda para terem os direitos fundamentais à saúde e à vida garantidos. Prezando pelo cuidado e pela atenção a cada um dos assistidos e, ainda, priorizando a agilidade na resolução dos conflitos, o NDS obteve bons
resultados, já que do total de atendimentos ao público realizados e continuados, 66,7% foram solucionados, judicial ou extrajudicialmente, em tempo médio de um mês, e apenas 33,3% ainda aguardam pronunciamento judicial. Tal realidade trouxe aos alunos envolvidos a certeza de que aquilo que aprendiam na teoria era fundamental não só na aplicação do direito ao caso concreto, mas, principalmente, para ajudar o próximo. Lucas Napoleão, aluno do 7º semestre e integrante do NDS, relata sobre o primeiro atendimento realizado de uma senhora que havia sido violentada durante o parto: “Logo no início, no primeiro atendimento, foi observado um caso de violência obstétrica que assustou todos os membros do NDS pela forma com que a equipe médica realizou o parto da assistida e pelo abalo emocional dela, despertando, a partir daí, o desejo pela participação maior no núcleo de modo a auxiliar no acesso à justiça e na efetivação de um dos principais direitos fundamentais: a saúde.” O aluno do 6º semestre, Antônio Santigo Filho, também foi um dos selecionados para o NDS, e, em emocionado depoimento, assim
descreveu o atendimento de Carlos Gabriel, um adolescente que precisava de uma cirurgia bariátrica: “Foi surpreendente a celeridade no caso da cirurgia bariátrica do menino Carlos Gabriel, que, em menos de um mês, já estava operado e passando bem em casa. Quando muitos desacreditariam que a tutela provisória em caráter liminar fosse deferida por causa de sua idade (16 anos), nós acreditamos e convencemos o magistrado, por meio de petição inicial, que o Garoto tinha um bom direito e a demora do procedimento traria riscos a sua saúde. Não consigo esconder a alegria por ter contribuído para a felicidade daquele adolescente.” Bárbara Almeida Andrade, hoje aluna do 9º semestre, também integrante do NDS, assim descreve o atendimento da Senhora Maria da Salete que, idosa e com poucos recursos financeiros, precisava de medicamentos de alto custo: “Certo dia, tivemos o prazer de atender a senhora Ana Célia, que nos trouxe um pedido de medicamentos para sua mãe, a senhora Maria da Salete. Tratava-se de pedido de medicamentos de alto custo para a intervenção terapêutica da Doença de Alzheimer e da Doença Pulmonar Crônica
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Obstrutiva, em que um dos princípios ativos não se encontrava na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Felizmente, com o envio da petição inicial com pedido de tutela de urgência, conseguimos, liminarmente, os medicamentos solicitados, cumprindo a importante missão que nos foi dada”. Também descrevendo o que sentiu e aprendeu em um dos atendimentos realizados, José de Arimatea Junior, aluno do 6º semestre, que também participou NDS, contou que “certo dia, foi realizado o atendimento da senhora Aurineide, que precisava de um exame PET-SCAN para dar continuidade ao tratamento de um câncer. O que mais me chamou a atenção nesse atendimento foi a carga emocional contida nele, pois a assistida era uma senhora de idade que precisava do procedimento para verificar o estado de avanço de um câncer. Embora as circunstâncias fossem bastante graves para a paciente, ela não demonstrou esse sofrimento, mas passou a ideia de força. Após enviarmos ofício para a Secretaria de Saúde do município de Fortaleza, o exame foi concedido sem a necessidade de judicialização. Foi muito gratificante poder ajudá-la.” Rayssa Gomes Mesquita, aluna do 7º semestre, também selecionada para compor o time do NDS, relata sobre a experiência vivida no núcleo, em especial no que se refere ao atendimento da Senhora
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ŹAssistida Maria Nereide segurando a decisão favorável que reduziu a mensalidade de seu plano de saúde.
ŹNa frente, Laiz Mariel, professora do NDS. Ao meio, da esquerda para a direita, os alunos selecionados para fazer parte do núcleo, Mônica Oliveira, Rayssa Mesquita, Sandra Marrocos e Bárbara Almeira. Ao fundo, da direita para a esquerda, os demais alunos também selecionados, Lucas Napoleão, Santiago Filho, Ari Queiros e Tiago Cysne.
ŹAssistida Caroline Borralho, segurando o ¿lho que nasceu com saúde com a ajuda de NDS, que conseguiu os medicamentos necessários para evitar uma trombose durante a gravidez.
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Irene que, após sofrer um AVC, não conseguia o tratamento adequado por falta de recursos públicos. Diz Rayssa que “o Núcleo Direito e Saúde foi uma experiência muito engrandecedora para mim. Aprendi bastante ao tentar solucionar situações tristes. O caso que me marcou bastante foi o da Dona Irene que, já idosa, diz ter sido abandonada por seu filho na cidade de Morro Branco, onde sofreu um AVC. Necessitando de exames e acompanhamento médico, dona Irene buscou o Núcleo Direito e Saúde da Unichristus. Nós, então, fizemos o atendimento e, por meio extrajudicial, conseguimos a realização de todos os exames e acompanhamentos que a senhora necessitava”. O aluno do 8º semestre, Tiago Cysne, também selecionado para o NDS, relata sua experiência em um caso de aumento abusivo de mensalidade do plano de saúde de uma enferma idosa, ao dizer que “diante da hipossuficiência dos consumidores perante os prestadores de serviços de plano de saúde, é gratificante
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auxiliar uma assistida em recuperação de um câncer a buscar seu direito quando esta sofreu um grande impacto na sua vida econômica por reajustes arbitrários e injustos por parte da empresa contratada sob alegação de uso excessivo e de idade avançada”. Resumindo o que o NDS significou para sua formação, Sandra Marrocos, integrante do núcleo e aluna do 10º semestre, diz: “Quero aqui externar minha mais profunda gratidão por ter participado do Núcleo de Direito e Saúde da Unichristus que, com carinho, atenção, dedicação e amor, prestou assistência à população carente. Essa experiência me proporcionou uma vivência com a realidade. Para mim, foi transformador.” Também expressando o que o NDS representou em sua vida pessoal e acadêmica, Mônica Oliveira da Silva, aluna do 9º semestre e integrante do NDS, afirma que “as atividades de extensão do Núcleo Direito e Saúde não formam apenas operadores do direito, mas sim seres humanos cada vez mais sensí-
veis e aptos para atuar no caso concreto com um olhar além do jurídico. Não existe nada mais gratificante do que conseguir a procedência de uma demanda e saber que, por meio da sua contribuição, você está salvando vidas. Sem dúvidas, participar do NDS foi a experiência mais incrível da minha graduação.” Como professora responsável do núcleo, Laiz Mariel relata como foi a experiência de estar à frente do programa NDS, dizendo que se sentiu “muito grata e emocionada por ter vivido ao lado dos alunos tantas experiências enternecedoras. Pude perceber nos discentes um sério compromisso com o conhecimento e com o ser humano, afinal, se era para descobrir o melhor direito para ajudar um assistido, não havia hora nem cansaço, apenas estudo e dedicação”. Assim, após muito aprendizado, experiências em pesquisas científicas e em atendimentos reais, encerrou o primeiro ano do programa Núcleo Direito e Saúde, com a certeza de que muitos outros anos virão.
LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA Você sabia que a Unichristus disponibiliza, só no Campus Dom Luís, seis laboratórios de Informática aos seus alunos? Na sala 209, funciona um laboratório com 40 computadores das 7h15min às 22h15min, diariamente, para atender os alunos e professores que desejem fazer pesquisas, trabalhos e outras consultas. Ao todo, são mais de 200 máquinas à disposição da comunidade acadêmica! U N I C H R I S T U S , U M L U G A R D E C O N Q U I S TA S .
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artigos
Ler, ler e ler... mas, o que ler? Para que ler?
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ou defensor contumaz de que cada ser vivente em
sociedades de escrita tenha acesso irrestrito ao universo da leitura e da produção de textos escritos. Desde pequenininho. As famílias e as escolas, então, declaradas oficial e legalmente como as basilares instituições formadoras das crianças e dos adolescentes, devem dar a eles condições totais para que se tornem leitores efetivos, com muitas habilidades e consequentes competências no propósito leitor. Para tanto, o melhor caminho a ser percorrido por eles, a fim de que lhes sejam desenvolvidas tais capacidades, deve ser... ler, ler, ler... Mas, o que ler? Na primeira infância, a prática de leitura de histórias infantis de cunho narrativo literário pelos pais para audição de seus filhos é considerada como fundamental para o início da formação leitora do futuro leitor proficiente. Tais narrativas, lidas / contadas de maneira empolgante, divertida, até teatralizada, costumam seduzir as crianças e levá-las ao universo mágico da fantasia de onde voltam enriquecidas em aspectos intersubjetivos. Não são poucos os depoimentos de proficientes leitores adultos afirmando que chega-
ram a essa condição exatamente por terem tido, na infância e na família, primeiramente, pessoas a lhes contar histórias, narrativas de contos de fadas e em fábulas. Há relatos de representações de histórias com marionetes, adicionadas de imitação das vozes das personagens, também da expressão corporal imitativa de suposto gestual e movimentação dos personagens. Para esses leitores, essas maneiras de “vivenciar” histórias foram por demais atrativas, sedutoras, a ponto de aproximá-los por demais da leitura. Nunca a abandonaram e de tal forma se cativaram que hoje transferem a seus filhos situações vividas por eles enquanto crianças, em experiências semelhantes. No texto “Fraldas e livros: a importância da leitura para a primeira infância”1, publicado na Revista Nova Escola, em julho de 2008, em matéria escrita por Julia Priolli e Carol Salles, revelam as autoras que Especialistas acreditam que, para alguém se interessar por livros na vida adulta, é fundamental que a palavra escrita esteja ao seu alcance desde cedo. Ou seja: estimular a leitura dentro do berçário, com bebês que ainda nem aprenderam a falar, pode 1 Disponível em https://novaescola.org. br/conteudo/2495/fraldas-e-livros-a-importancia-da-leitura-para-a-primeira-infancia Acesso em 29/08/2017.
Francisco Sérgio Souza de Araujo Mestre em Literatura brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor de estudos sobre linguagens nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Engenharia Civil e Engenharia de Produção do Centro Universitário Christus.
ser o caminho mais curto para a formação de um futuro leitor. “Manuseando um livro, eles são capazes de identificar a existência da grafia e passam a estabelecer uma relação direta com a linguagem escrita”, afirma Fraulein. Pouco importa se a criança ainda não aprendeu a ler ou se o exemplar em questão é feito de papel, plástico ou tecido.
Você que agora lê esse meu texto, se teve em sua infância, no ambiente familiar, experiência de contação de histórias semelhante às referenciadas acima, sabe tão bem do que aqui se fala que, não duvido, visualizou, por força da memória despertada, esse momento tão rico em afetividade, alegria, formação. As autoras Julia Priolli e Carol Salles, no mesmo texto já citado, dizem ainda: São muitos os benefícios que o contato com livros, ainda na primeira infância, é capaz de proporcionar. Várias funções psicológicas podem ser desenvolvidas, entre elas a memória e a capacidade de estruturar as informações. A leitura em voz alta para uma criança de até 3 anos ajuda a despertar sua sensibilidade para diferentes formas da fala e ainda tem o efeito positivo sobre a chamada atenção seletiva – a capacidade de se desli-
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gar de outras fontes de estímulo, mantendo-se concentrada numa só atividade por períodos mais longos. Ler histórias também ajuda no desenvolvimento da noção de tempo. O bom e velho “era uma vez” carrega em si a ideia de algo que acontecia e já não acontece, apresentando à criança a existência do antes, do agora e do depois. ‘Com a prática da leitura, os bebês desenvolvem estruturas para ordenar o mundo com base no critério de temporalidade’, diz Fraulein Vidigal de Paula.
Qualquer criança que vive tais experiências em família chega à escola com ampla motivação para continuar lendo. A escola, então, não pode permitir que se dê, em suas práticas educativas, o arrefecimento das potencialidades já construídas e desenvolvidas de maneira informal no ambiente familiar; em contrário, precisa mesmo é implementar atividades pedagógicas – até mesmo lúdicas – para a ampliação das capacidades leitoras então existentes, porquanto desenvolvidas em casa. Professores bem preparados para atuarem na educação de crianças costumam caminhar com seus educandos por experiências leitoras semelhantes a muitas daquelas vivenciadas em
casa, protagonizadas por pais, irmãos, tios, avós, e, com essa atitude, conseguem manter a estimulação dos agora estudantes em favor da leitura. Incrementar, então, no processo, outras ações, é salutar. A escola, por meio do trabalho de seus professores, pode, pautada em ação pedagógica adequadamente refletida e responsavelmente aplicada, inserir na experiência daquele estudante a leitura de “narrativas imagéticas”, ou seja, franquear a ele livro somente com imagens, cuja sequência enseje “contação de história” pelo próprio leitor, aquele exato estudante, aquela precisa criança. Não será inoportuno, para o bom fortalecimento das habilidades e competências leitoras até ali desenvolvidas, a leitura, pelo professor, em voz alta, de variados textos (fábulas, apólogos, contos de fadas, poemas...) àquele seu público, providenciando dinamismo semelhante ao anteriormente evidenciado na família; também será importante empenhar o aluno / leitor (ele mesmo, não mais o professor) na contação de histórias com uso de marionetes. E como vivemos em sociedades de muitas imagens, sessões de cinema – que tal com uma pipoquinha e um guarana-
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zinho? – também geram possibilidades de boas leituras. Alguns exemplos, apenas; decerto há muitos outros. Enquanto as crianças vão crescendo, se desenvolvendo em seus múltiplos aspectos – físico; espiritual; cognitivo... –, se devidamente envolvidas com o universo da leitura, elas dificilmente o abandonarão. E em assim sendo, amplas serão as possibilidades de chegarem à adolescência sem perderem o gosto pelo hábito de ler, podendo, ainda, enveredarem pela leitura de muitos gêneros de textos do âmbito social. Portanto, em companhia dos textos de literatura, podem progredir no hábito de leitores de textos diversos, escritos ou compostos em outras modalidades e veiculados nos mais diversos suportes e nas mais variadas mídias. Notícias, reportagens, artigos de opinião, editoriais, anúncios populares, poemas, letras de música, cifras e partituras musicais (há escolas que põem em sua matriz curricular aulas de música), dramas, comédias (há escolas que põem em sua matriz curricular aulas de teatro), espetáculos de dança, exposições de artes plásticas, verbetes, notas de aula, apos-
Você sabia que a Rede de Apoio à Monografia possui plantões nos três turnos para atender aos alunos e aos professores da Unichristus? As professoras da RAM ficam no 5º andar e estão sempre disponíveis para atendê-lo e orientá-lo quanto aos aspectos metodológicos do seu trabalho científico. U N I C H R I S T U S , U M L U G A R D E C O N Q U I S TA S .
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tilas, avisos, cartazes, e-mails, mensagens em redes sociais são exemplos de possíveis textos a serem propostos para leitura dos adolescentes, ao sabor de suas preferências, de tal maneira que não se afastassem jamais do ato de ler – quem sabe poderiam ser também indicados para a produção escrita? Na educação básica, evidenciados em obras de caráter didático, veem-se, já há alguns anos, abundantes textos pertinentes às muitas áreas do conhecimento contemplados para análise, interpretação, compreensão. São caminhos condutores à recorrente prática de leitura que certamente servirão ao amadurecimento do leitor para a ocasião em que se encontrará com o estudo de textos acadêmicos. Estes, fundamentais à construção de profissionais competentes cuja maior demanda é atuar em um
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mercado de trabalho mais exigente a cada dia. Em uma sociedade como esta na qual vivemos, há incontáveis textos a serem lidos cotidianamente, publicados, difundidos, divulgados em quantidade variada de meios e suportes. Mas, e para que ler? No que se refere aos textos literários, devemos entender que cada um é tecido por escritor cuja vida se contextualiza em tempo e lugar determinados e isso implica, mesmo que subjetivamente, o registro cultural que o envolve, também suas ideologias e esses fatores se intercambiam para que o leitor conheça de maneira mais ampla o próprio escritor e as condições norteadoras de seu escrito. No que se refere a outros textos do âmbito social (notícias, reportagens, artigos de opinião, receitas culinárias, manuais, bilhetes, e-mails,
peças publicitárias entre tantos existentes e veiculados diariamente), pode-se afirmar que quanto mais lidos e compreendidos melhor avaliação da sociedade em que vive conseguirá fazer o leitor e isso significa que ele, alcançando visão mais ampla do mundo que o rodeia, poderá ter posicionamento mais crítico quanto a esse próprio mundo, a ponto de julgar o que lhe pode ser melhor ou pior, podendo, a partir de então, fazer suas opções. No que se refere aos textos acadêmicos, quem ousará negar o quanto são valiosos para a formação profissional de milhões de estudantes, principalmente quando oriundos de pesquisas científicas qualificadas? Em verdade, deve-se formar, o leitor, para ler tudo relacionado a sua vida pessoal e social; até para que se torne, todo dia, “mais humano”.
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A demonização do defensor criminal e a essencialidade do ensino jurídico como mecanismo de quebra de (pré)conceitos
A
o se fazer uma leitura perfunctória de reportagens
jornalísticas e comentários em redes sociais, percebe-se uma crescente demonização da figura do defensor criminal 1. Talvez se deva ao fato de as pessoas não conseguirem distinguir os fatos que serão apurados no processo da atuação defensiva do patrono, o que, obviamente, é um erro. Não se trata dos casos em que os advogados praticam crimes no exercício da profissão, o que de resto, infelizmente, pode acontecer com qualquer dos sujeitos envolvidos no processo (juiz, promotor, peritos, testemunhas etc.), praticar delitos tão graves quanto os do próprio réu 2. O que se pretende neste texto é demonstrar que o defensor é essencial à relação processual, principalmente a que envolve o exercício do jus puniendi pelo Estado, pois nesta seara a tarefa de lutar, a partir do uso de todos os mecanismos que a legislação oferece, contra 1 O uso da palavra defensor ao invés de
advogado é proposital, pois há a intenção de colocar neste contexto tanto o advogado privado, quanto o defensor público que atua na área criminal. 2 Tome-se como exemplo a Ação Penal nº 825 em curso no STJ.
Antônio Rodolfo Franco Mota Veloso Mestrando em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Professor da Unichristus. Editor-Assistente da Revista Opinião Jurídica (Qualis B1). Advogado.
Jorge Bheron Rocha Mestre em Ciências Jurídico-criminais. Defensor Público do Estado do Ceará. Professor de Penal e Processo Penal e Civil da Graduação e Pós-Graduação. Membro do Conselho Editorial da Boulesis.
os abusos decorrentes do arbítrio estatal (Judiciário, Ministério Público, Polícia, Receita Federal etc.) é árdua e, muitas vezes, inglória. Porém, para que essa finalidade seja alcançada e devidamente compreendida, é necessário que haja sedimentação da compreensão da importância do processo penal como garantia da promoção do Estado Democrático de Direito (art. 1º, CRFB). Todo aluno da graduação jurídica aprende – ou pelo menos deveria aprender – em sua primeira aula de Processo Penal que esse ramo não pode ser analisado com base nas diretrizes traçadas pelas demais matérias do ordenamento. Essa compreensão é primordial, pois o Direito Penal possui uma especificidade que nenhum outro ramo possui: a forte limitação, por uma quantidade de tempo significante (até 30 anos - art. 75, CPB) de direitos básicos como a liberdade e a vida. 3 Dessa 3 Ao contrário do que muitos pensam,
a pena de morte é possível no Brasil. Contudo, para que isso ocorra, é ne-
compreensão, decorrem princípios que estruturam todo o Direito Penal, como legalidade, lesividade, humanidade, individualização da pena e, um dos mais relevantes, o da intervenção mínima. A soma de todos esses princípios com o devido processo legal (art. 5º, LIV da Constituição Federal) permite chegar ao raciocínio de que o processo penal foi construído como mecanismo de proteção do réu contra os possíveis abusos que o Estado pode praticar4. Por isso, o processo penal, cessário que o Brasil esteja em guerra declarada, conforme art. 84, XIX da Constituição Federal. A morte é prevista como pena principal no Código Penal Militar (art. 55, a), e pode ser aplicada a crimes de guerra como traição (art. 355) e espionagem (art. 366). 4 “O Processo Penal tem a natureza política de contrapoder frente ao Estado, e a tipicidade das formas é uma garantia para as partes, a ser observada.” ROCHA, Jorge Bheron. A Importância de Moro e da Lava-jato para a Democracia e para as Garantias do Processo Penal no Brasil. In http://justificando.cartacapital.com. br/2016/09/28/importancia-de-moro-e-da-lava-jato-para-democracia-e-para-as-garantias-do-processo-
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quando observado adequadamente, serve como um instrumento de proteção da parte fraca dessa relação: o réu.5 Por conta disso, o advogado possui diversos direitos elencados no Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), os quais nem sempre são devidamente observados pelas autoridades judiciais 6 e policiais, chegando ao ponto de o Supremo Tribunal Federal ter que elaborar uma súmula vinculante (número 14) 7 para garantir o acesso aos autos do Inquérito Policial. Isso acaba se tornando um problema, porquanto a Advocacia (pública e privada), assim como a Defensoria Pública, são funções essenciais à Justiça, conforme dispõe a Constituição Federal (arts. 131 a 134), devendo, obrigatoria-penal-no-brasil/ Acesso em 20 de janeiro de 2016. 5 LOPES JÚNIOR, Aury Lopes. Fundamentos do Processo Penal: introdução crítica. 2. ed. São Paulo: Saraiva. 2016, p. 66. 6 Caso em que o Tribunal Regional Fe-
deral da 2ª Região, por meio do provimento 89/2010, limitava o acesso dos advogados aos processos eletrônicos (http://www.conjur.com.br/2011-mai-25/cnj-decide-advogado-acessar-processo-eletronico-procuracao), obrigando o Conselho Nacional de Justiça tornar sem efeito o referido provimento e, por conseguinte, elaborar a Resolução nº 121/2010 para regulamentar o direito de acesso ao processo. 7 Súmula Vinculante 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
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mente, sempre ser analisadas em uma situação de horizontalidade com Ministério Público e com o Poder Judiciário. O raciocínio de que o processo penal garantista é uma apologia à impunidade não pode prosperar. Pelo contrário, o exercício percuciente da defesa não afasta a priori a possibilidade de o réu ser sancionado, caso seja formada a sua culpa fundada em meios lícitos de prova, após o adequado processo, em que foi dada a ciência da acusação e a oportunidade de refutá-la (contraditório), utilizando-se de todos os meios possíveis e disponíveis (ampla defesa) e por meio da imprescindível defesa técnica, constituída pelo acusado (defensor privado natural) ou fornecida pelo Estado (defensor público natural), devendo a acusação e o julgamento serem realizados por órgãos estatais com atribuição e competência previamente estabelecidas (promotor natural e juiz natural, respectivamente). Surge, portanto, a necessidade de haver uma sólida formação do defensor que propicie a análise do processo penal de acordo com suas especificidades, sob pena de incongruências serem geradas e acarretarem consequências drásticas, como prisões desnecessárias ou condenações exacerbadas. Contudo, a perspectiva do efetivo exercício da defesa como garantia de processo adequado é fustigada pela irracional sede de vingança que reclama ao réu uma mínima – ou, se pos-
sível, nenhuma – possibilidade de defesa, devendo a ele ser infligido todo o arbítrio e força do Estado, se estendendo ao defensor criminal que patrocina a causa, mormente as que possuem repercussão midiática. Com isso, percebe-se a imperiosa utilidade de o ensino jurídico capacitar o estudante a pensar direito o Direito, 8 como forma de romper preconceitos e pseudoaxiomas (“bandido bom é bandido morto”, por exemplo), demonstrando que não se pode aceitar tão cegamente preconceitos difundidos em redes sociais, os quais defendem a inexistência da figura do advogado ou quando há uma confusão entre as condutas supostamente delitivas julgadas no processo e as condutas profissionais de exercício da ampla defesa realizadas no processo. Todavia, para que tal distorção seja sanada, é necessário incentivar o estudo crítico, em que o aluno se construa um sujeito pensante do processo de aprendizagem – e não um sujeito passivo – capaz de discutir de forma verticalizada os fatos que lhe são apresentados, verificando a adequação das decisões proferidas à Constituição e às convenções internacionais, apartando-se dos preconceitos e se acercando de uma interpretação prenhe da proteção dos direitos humanos e fundamentais. 8 Acerca da discussão relacionada ao
ensino jurídico ver: VELOSO, Antônio Rodolfo Franco Mota. Uma breve reflexão sobre o ensino jurídico. Revista Interagir, v. 87, p. 50-51, 2014.
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Ponha mais sabor à mesa
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Graziene Queiroz Oliveira
astronomia, saúde, bem-estar e exercícios físicos são assuntos
que estão sendo cada vez mais discutidos nesses últimos anos. O interesse por uma vida equilibrada e saudável vem ganhando cada vez mais espaço nas revistas, redes sociais, programas de televisão e nas academias. Em toda parte. Com certeza, esse empenho está relacionado ao fato das pessoas compreenderem que hábitos saudáveis, incluindo manter uma alimentação adequada, corroboram uma qualidade de vida melhor. A mais nova série da Netflix, “Chef ’s Table França”, mostra a saga de grandes cozinheiros franceses que ousam transformar a culinária francesa, dando-lhe novas características. O que esses talentosos cozinheiros têm em comum? Arriscar para conseguir o sucesso e não ter medo de experimentar o novo. O medo de encarar o novo só faz parte da vida quando não se consegue idealizar o quanto esse novo pode nos fazer bem. Partindo dessa premissa, que tal experimentar novos sabores sempre que possível? Sem medo de ser feliz. Afinal, a escolha dos melhores alimentos é o que também vai determinar o seu estilo de vida. Mas como adquirir novos hábitos se não estivermos abertos a mudanças? O pri-
(Aluna do 2º semestre do Curso de Nutrição)
Profa. Juliana Magalhães da Cunha Rêgo Docente e Coordenadora Geral do Curso de Nutrição
meiro passo é não ter medo do novo. E se pode começar fazendo algum esforço para a escolha de alimentos não tão comuns ao nosso cotidiano. Não precisam ser caros nem estar na moda. Eles precisam ser mais saudáveis, mais acessíveis, mais nutritivos e mais próximos da mesa do consumidor, considerando regionalismos, cultura e hábitos (PHILIPPI; AQUINO, 2015). ‘Alimentação adequada e saudável’ é a que contém alimentos com nutrientes necessários para manutenção, crescimento e desenvolvimento do nosso organismo (SILVA; MURA, 2016). Os alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade
e predominantemente de origem vegetal, são a base para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável, incluindo uma variedade de grãos, tubérculos e raízes, legumes e verduras, frutas, leite, ovos, peixes e carnes. É o que retoma o novo Guia Alimentar para a População Brasileira, com o propósito de implementação da diretriz de promoção da alimentação adequada e saudável (BRASIL, 2014). No geral, os alimentos mais calóricos, ultraprocessados e industrializados são os mais aceitos, muitas vezes pela praticidade, em um mundo atual em
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que o tempo é fator primordial. Entretanto, é nos alimentos mais naturais que encontramos uma variedade maior de nutrientes, o que pode ser combinado em um misto de prazer, no preparo da alimentação, da alegria na companhia dos que vão compartilhar esse momento. De acordo com Ross e Caballero (2016), as tendências mundiais nos hábitos alimentares e no estilo de vida estão promovendo um aumento alarmante das condições relacionadas ao excesso de peso e à obesidade. Nesse trecho da resenha, não ressalto que necessitamos estar como o corpo que é diariamente encontrado nas redes sociais, exposto em trajes mínimos, por diversas pessoas. Corpo inatingível para a grande maioria das pessoas normais. Entretanto, evidenciamos o corpo onde dentro se encontra um indivíduo alegre, sem estresse e saudável mental e fisicamente.
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Com isso, ganhamos mais alegria, mais tempo, menos estresse e parece que tudo tem mais sabor. Um sabor agradável de viver a vida com o que ela tem de melhor para oferecer. Não é nenhuma novidade que doenças crônicas não transmissíveis, associadas à alimentação desbalanceada e ao estilo de vida não saudável, são responsáveis por mais da metade de mortes no mundo (SILVA; MURA, 2016). Dentre elas, podemos citar: diabetes mellitus, hipertensão arterial, aterosclerose, doenças hepáticas, obesidade, câncer. Aliados a esses fatores, a falta de exercícios físicos e o baixo consumo de frutas e vegetais são responsáveis por mais de 50% da principal causa de óbitos em nível mundial. Levando em consideração que, apesar dos percalços do dia, a vida é um dom precioso, de que temos que cuidar bem, é importante saber escolher os alimentos para que eles nos proporcionem mais saúde e bem-estar.
Ao fazer uma viagem, esteja aberto a novas possibilidades de refeições, não desejar querer sempre o arroz e feijão (maravilhosos!) da cul tura brasileira, mas se dar ao desfrute de conhecer novos sabores, novas frutas, novas combinações e novos pratos. A culinária brasileira é riquíssima e nos engrandece a cada garfada. Frequentar mais feiras, optar pelos alimentos mais naturais nos supermercados, valorizar as especiarias, temperos e outros novos sabores, esquecidos ou mascarados pelos aditivos e conservantes químicos, tão presente nos alimentos industrializados e/ou ultraprocessados. Assim, pouco a pouco, esses novos sabores vão entrando no cotidiano e, sem perceber, os hábitos serão transformados. Não tenha medo, ponha mais sabor à vida!
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. PHILLIPI, S. T.; AQUINO, R. C. Dietética: princípios para o planejamento de uma alimentação saudável. Barueri: Manole, 2015. ROSS, A. C.; CABALLERO, B. Nutrição moderna de Shils na saúde e na doença. 11. ed. Barueri: Manole, 2016. SILVA, S. M. C.; MURA, A. A. P. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia.3. ed. São Paulo: Paya, 2016.
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Determinantes da cárie precoce na infância: um breve relato da recente evidência científica
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cárie dentária afeta tanto
Patrícia Maria Costa de Oliveira e Janaína Rocha de Sousa Almeida
a dentição decídua como
(Docentes do Curso de Odontologia - Unichristus).
a permanente. Como a doença é crônica e de caráter cumulativo, conforme a população envelhece há um acúmulo de números de dentes por indivíduo com experiência de cárie e de pessoas em situação de doença. A taxa em que isso ocorre na dentição decídua e permanente pode variar entre as populações e ao longo do tempo, e a correlação entre as duas dentições podem tornar difícil de medir essas diferenças. No entanto, a doença parece ser mais agressiva na dentição decídua (MEJIA; HA, 2011). A cárie precoce na infância (early childhood carie ECC) refere-se às lesões de cárie que acometem crianças na idade pré-escolar, caracterizando-se como uma doença de rápida evolução e que acomete regiões dentárias normalmente livres de cárie (RIBEIRO, 2005), sendo caracterizada como a presença de pelo menos um dentre cariado, ausência de pelo menos um dente por cárie ou existência de restauração em dente decíduo, em criança com idade compreendida entre 0 e 71 meses (AREIAS, 2010).
Dentes cariados em crianças menores de 6 anos de idade tratam-se de uma doença da infância multifatorial, com aspectos socioculturais e socioeconômicos determinantes (NAIDU; NUNN; FORDE, 2012). Se o problema não for tratado, pode levar à dor, perda da qualidade de vida, estado nutricional e desenvolvimento das crianças deficitário (KILPATRICK et al, 2012). Embora exista um padrão inadequado de alimentação ou presença de cuidados de higiene oral insatisfatória, bem como a presença de S. mutans, eles não são fatores suficientes para iniciar a ECC. Algumas pesquisas apresentam as características salivares como uma resposta porque algumas crianças desenvolvem ECC, enquanto outras não (BAGHERIAN; ASADIKARAM, 2012). Contudo, há uma necessidade de compreender fatores de risco que podem estar relacionados à prevalência de cárie e como eles poderiam ser melhor abordados. A prevalência de cárie e sua associação com os hábitos de escovação, a disponibilidade de água, bem como a ingestão de bebidas açucaradas são importantes fatores a serem avaliados (GUIDO et al, 2011).
Determinantes da Cá rie Precoce da Infâ ncia Renda, educação, ocupação, classe social, gênero e etnia são os determinantes estruturais sociais das desigualdades na saúde, e estes são formados por mecanismos sociais, econômicos, políticos e contextuais nos países. Outros fatores, como circunstâncias materiais, comportamentos e fatores biológicos ligam esses fatores socioeconômicos à saúde e ao bem-estar (KIM, 2012). Fatores que podem acrescentar mais complexidade à experiência de cárie dos filhos incluem aqueles identificados nos determinantes sociais mais amplos da saúde, tais como as crenças culturais maternas e influências, seu nível de autonomia na tomada de decisões no seio da família, habilidades e rede de apoio, assim como suas experiências odontológicas passadas, o acesso aos cuidados pessoais dentários e informações de saúde bucal relacionadas (LEONG et al, 2013). A desigualdade de renda foi correlacionada fortemente com a cárie dentária. Além de um certo nível de crescimento econômico, a desigualdade de renda que ultrapassa a renda per capita é tida como deter-
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minante de ECC. Entretanto, mais estudos são necessários para explorar as inter-relações entre renda, desigualdade de renda e cárie dentária em outras faixas etárias e para outras doenças bucais (BERNABÉ; HOBDELL, 2010). Fatores socioeconômicos e culpa dos pais em relação ao surgimento de cárie em seus filhos devem ser investigados, pois eles são fortes preditores da prevalência de doenças bucais em crianças (CARVALHO et al, 2012). Portanto, alguns indicadores sócio-demográficos e comportamentais colaboram com situações em que um indivíduo seria propenso ao aumento da cáries, como: presença de placa, má higiene oral, o aumento da idade, gênero, hábitos escovação inadequada, frequência e tempo de consumo de açúcar. Ressalta-se que a experiência de cárie aumenta à medida que a idade avança (DAWANI et al, 2012). Observou-se que a desigualdade de renda na experiência de cárie em dentes permanentes não se alterou significativamente, isto é, as desigualdades de renda aumentaram em dentes decíduos, mas não em dentes permanentes (DO et al, 2010).
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Ressalta-se que a mãe deve ser destacada no contexto familiar, bem como no aspecto comportamental de sua família. O comportamento da mãe muitas vezes reflete a sua própria personalidade e idade, bem como seu aspecto familiar, cultural, étnico e educacional. Por outro lado, a mãe também é influenciada pela resposta de seu filho e temperamento. Assim, existem caminhos muito complexos que ligam os padrões de comportamento de uma mãe com a criança, a família e a sociedade, que podem ter impacto sobre a saúde bucal das crianças (KIM, 2012; CORRÊA-FARIA et al, 2013). Níveis de escolaridade da mãe estão associados com a saúde, portanto, aumentar os recursos cognitivos terá um grande impacto sobre a saúde. A educação pode modificar o efeito da renda, uma vez que os pais com educação superior podem gastar mais dinheiro em comportamentos alimentares e de saúde saudáveis. Renda, ao contrário, se traduz em poder financeiro para comprar recursos, nutrição, habitação e acesso aos cuidados de saúde (DA ROSA et al, 2011).
Quanto à colonização dentária, fatores como a frequência de exposição ao açúcar em lactentes e hábitos que permitem a transferência salivar de mães para suas crianças devem ser considerados. Os fatores maternos que aumentam a transmissão bacteriana aos seus bebês incluem altos níveis de S. mutans, pobre controle de placa e ingestão frequente de açúcares e carboidratos. Dentes com defeitos de esmalte na presença de pobre controle de placa e açúcar frequente ou exposição de carboidratos estão em risco significativo para a ECC (NG; CHASE; 2013). Com referência ao ECC, valores baixos de salário estão associados a uma pior saúde materna, aumento dos riscos de gravidez, partos prematuros, as taxas mais elevadas de doenças infantis e déficit de crescimento; isso aumenta os riscos de comportamento para a saúde oral, que são frequentemente presentes em comunidades desfavorecidas. Além disso, uma criança vinda de um ambiente de desvantagem e de desigualdades sociais em saúde é provável que tenha um maior risco de hipoplasia do esmalte devido a uma maior predisposi-
Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal – NAF Você sabia que o Curso de Ciências Contábeis possui o Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal – NAF com o objetivo de aproximar o discente à prática da profissão contábil com o acompanhamento de um docente no atendimento à população de baixa renda e que o Núcleo conta com o apoio da Receita Federal do Brasil. Tipos de atendimentos realizados no NAF/UNICHRISTUS: Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física; DAS MEI; Formalização Microempreendedor Individual – MEI; Regularização e parcelamento MEI e Certidões negativas de débitos fiscais. Dias de atendimento: Segundas, Quartas e Sextas-feiras – horário 16 h às 18 h, na Rua Professor Francisco Gonçalves, nº 1040 – Bairro Dionísio Torres. Professoras responsáveis: Cristina Castelo Branco e Ana Paula Oliveira de Melo Informações: (85) 3277-1633 U N I C H R I S T U S , U M L U G A R D E C O N Q U I S TA S .
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ção para as afecções perinatais e neonatais, como o nascimento prematuro (KIM, 2012). Conclui-se que é fundamental estabelecer uma parceria entre os cuidadores das crianças, desde a primeira consulta, buscando construir um plano de cuidado que contribua para a consolidação de uma boa saúde bucal, respeitando todos os determinantes que possam estar interferindo na evolução da doença. Assim, a promoção de saúde deve ser destacada como a ferramenta principal no combate a ECC e implantação de uma vida saudável.
Referências AREIAS, C.; MACHADO, V.; RAGGIO, D.; MELO, P.; GUIMARÃES, H.; ANDRADE, C.; GUEDES-PINTO, C. Cárie precoce na Infância: o estado da arte. Acta Pediátrica Portuguesa. 41(5): 217-21, 2010. BAGHERIAN, A.; ASADIKARAM, G. Comparison of some salivary characteristics between children with and without early childhood caries. Indian J Dent Res. Sep-Oct;23(5):628-32, 2012. doi: 10.4103/0970-9290.107380. PubMed PMID: 23422609. BERNABÉ, E.; HOBDELl, MH. Is income inequality related to childhood dental caries in rich countries? J Am Dent Assoc. Feb;141(2):143-9, 2010. PubMedPMID: 20123871. CARVALHO, T.S.; ABANTO, J.; MENDES, F.M.; RAGGIO, D.P.; BÖNECKER, M. Association between parental guilt and oral health problems in preschool children. Braz Oral Res. NovDec;26(6):557-63, 2012. PubMed PMID: 23184167.
CORRÊA-FARIA, P.; MARTINS-JÚNIOR, P.A.; VIEIRA-ANDRADE, R. G.; MARQUES, L.S.; RAMOS-JORGE, M. L. Factors associated with the development of early childhood caries among Brazilian preschoolers. Braz Oral Res. Jul-Aug;27(4):35662, 2013. doi:10.1590/S180683242013005000021. PubMed PMID: 23780495 DA ROSA, P.; NICOLAU, B.; BRODEUR, J. M.; BENIGERI, M.; BEDOS, C.; ROUSSEAU,M.C. Associations between school deprivation indices and oral health status. CommunityDent Oral Epidemiol. Jun;39(3):213-20, 2011. doi: 1 0 . 1 1 1 1 / j . 1 6 0 0 -0528.2010.00592.x. Epub 2010 Nov 20. PubMed PMID: 21091525. DAWANI, N.; NISAR, N.; KHAN, N.; SYED, S.; TANWEER, N. Prevalence and factors related to dental caries among pre-school children of Saddar town, Karachi, Pakistan: a cross-sectional study. BMC Oral Health. Dec 27;12:59. doi: 10.1186/1472-6831-12-59, 2012. PubMed PMID: 23270546; PubMed Central PMCID: PMC3543838. DO, L. G.; SPENCER, A.J.; SLADE, G. D.; HÁ, D. H.; ROBERTS-THOMSON, K. F.; LIU, P. Trend of income-related inequality of child oral health in Australia. J Dent Res. Sep;89(9):959-64, 2010. doi: 10.1177/0022034510371280. Epub 2010 Jun 11. PubMed PMID: 20543094; PubMed Central PMCID: PMC3318073. GUIDO, J. A.; MARTINEZ, E.A.; SOTO, A.; EGGERTSSON, H.; SANDERS, B. J.; JONES, J. E.; WEDDELL, J. A.; VILLANUEVA, C. I.; ANTON DE LA CONCHA, J. L. Caries prevalence and its association with brushing habits, water availability, and the intake of sugared beverages. Int J Paediatr Dent. Nov;21(6):43240, 2011. doi:10.1111/j.1365263X.2011.01146.x. Epub 2011 Jul 1. PubMed PMID: 21718372.
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KILPATRICK, N. M.; NEUMANN, A.; LUCAS, N.; CHAPMAN, J.; NICHOLSON, J.M. Oral health inequalities in a national sample of Australian children aged 2-3 and 6-7 years. Aust Dent J. Mar;57(1):3844, 2012. doi: 10.1111/j.1834-7819.2011.01644.x.PubMed PMID: 22369556 KIM, J.; KASTE, L. M.; FADAVI ,S.; BENJAMIN NEELON, S. E. Are state child care regulations meeting national oral health and nutritional standards? Pediatr Dent. Jul-Aug;34(4):317-24, 2012. PubMed PMID: 23233912. LEONG, P.M.; GUSSY, M. G.; BARROW, S. Y.; DE SILVA-SANIGORSKI , A.; WATERS, E. A systematic review of risk factors during first year of life for early childhood caries. Int J Paediatr Dent. Jul;23(4):23550, 2013. doi: 10.1111/j.1365-263X.2012.01260.x.Epub 2012 Aug 28. Review. PubMed PMID: 22925469. MEJIA, G. C.; HA, D.H. Dental caries trends in Australian school children. Aust Dent J. Jun;56(2):227-30, 2011. PubMed PMID: 21770083. NAIDU, R.; NUNN, J.; FORDE, M. Oral healthcare of preschool children in Trinidad: a qualitative study of parents and caregivers. BMC Oral Health. Aug3;12:27, 2012. doi: 10.1186/1472-6831-12-27. PubMed PMID: 22862892; PubMed Central PMCID:PMC3567990. NG, M. W.; CHASE, I. Early childhood caries: risk-based disease prevention and management. Dent Clin North Am. Jan;57(1):1-16, 2013. doi: 10.1016/j.cden.2012.09.002. Epub 2012 Oct 22. Review. PubMed PMID: 23174607. RIBEIRO, A. G.; OLIVEIRA, A. F.; ROSENBLATT, A. Cárie Precoce na Infância: pervalência e fatores de risco em pré-escolares, aos 48 meses, na cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Cad Saúde Pública. 21(6): 1695-1700, 2005.
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Fisioterapia na artrogripose múltipla congênita
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Artrogripose Múltipla
Marília Rocha de Sousa (Aluna do 9º semestre do Curso de Fisioterapia)
Congênita (AMC) é uma
síndrome rara, constituída
Profa. Maria Valdeleda Uchoa Moraes Araújo (Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente, Docente da Unichristus).
de um conjunto heterogêneo de malformações congênitas, não progressivas, de etiologia desconhecida, supostamente multicausal, caracterizada principalmente por múltiplas contraturas articulares (NIEHUES; GONZALES; FRAGA, 2014). Dados epidemiológicos demonstram baixa incidência mundial, com aproximadamente 1 caso para cada 3.000-5.000 nascidos vivos. Não há consenso em relação à prevalência desta síndrome ligada ao sexo, no entanto, algumas literaturas consideram ser mais frequente em homens, em uma proporção de 2:1 (VALDÉS-FLORES et al., 2016). A patogênese da AMC é ainda fator de investigação, no entanto, acredita-se que a redução dos movimentos intrauterinos ou acinesia fetal, a dis-
posição anômala dos membros, as disfunções de crescimento intrauterino e o excesso de líquido amniótico estejam relacionados às contraturas congênitas. Acredita-se que os mecanismos patológicos sejam devidos a doenças neurológicas, musculares, esqueléticas, anomalias cromossômicas, alterações do tecido conjuntivo e a compressão do bebê (NIEHUES; GONZALES; FRAGA, 2014).
O diagnóstico pode ser realizado no período pré-natal através da ultrassonografia simples, após o primeiro trimestre gestacional. Após o nascimento, o diagnóstico é clínico, ou seja, com a constatação de pelo menos três contraturas articulares (HUPFELD; MARTINS, 2010). As deformidades características da síndrome comumente se apresentam de forma simétrica e múltiplas, com maior gravidade nas extremidades distais. Como principais manifestações clínicas, encontram-se as alterações da pele, com o tecido subcutâneo inelástico e aderido, a atrofia muscular e a deformidade das articulações, com restrição de movimentos e rigidez, podendo haver também a presença de luxação (NIEHUES; GONZALES; FRAGA, 2014). Diante das alterações e deformidades da AMC, torna-se
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indispensável a atuação de uma equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo etc.) que vise à atenção e ao cuidado necessário para a melhora do quadro clínico do paciente (HUEPFELD; MARTINS, 2010). O fisioterapeuta, membro integrante da equipe, deve ter a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente, contribuindo para a maior independência funcional. O tratamento deve ser dirigido de forma individual e direcionada, pois cada deformidade apresenta formas e intensidades variáveis (COUTINHO et al., 2008). Durante a avaliação fisioterapêutica, deve-se observar a criança de acordo com a fase do desenvolvimento em que ela se encontra, avaliando a função e a força da musculatura ativa, a favor e contra a gravidade, verificando o grau das deformidades articulares e a amplitude de movimento das articulações acometidas, para que o plano de tratamento seja traçado e direcionado para as maiores necessidades da criança (HUEPFELD; MARTINS, 2010). Como meio de intervenção, ressalta-se a prática de mobilizações, exercícios passivos e ativos, alongamento de tecidos encurtados, manutenção/melhora da
amplitude de movimento, utilização de órteses para redução das deformidades, fortalecimento muscular e prevenção de contraturas (COUTINHO et al., 2008). Além dos ganhos físicos, a intervenção fisioterapêutica deve atuar na melhora da autoestima do paciente, lhe proporcionando maior independência para os cuidados pessoais, melhorando assim as relações de convívio social e qualidade de vida (NIEHUES; GONZALES; FRAGA, 2014). Outros métodos de intervenção também podem ser utilizados, como a hidroterapia, cuja prática vem apresentando resultados significativos, pois promove o movimento associado aos efeitos de flutuação, pressão hidrostática e temperaturas mais altas da água. Essas temperaturas auxiliam na redução da espasticidade, rigidez, tensão e espasmo e estimulam o relaxamento dos tecidos moles (GALIANO; SANTOS, 2013). O tratamento através da água torna o ambiente agradável e divertido sendo um fator importante em patologias que requerem grande período de reabilitação como a AMC. Além disto, o caráter lúdico estimula o envolvimento da criança com a terapia, otimizando os resultados (GALIANO; SANTOS, 2013).
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Diante disto, a intervenção fisioterapêutica em pacientes com AMC é de grande importância para a melhora global do quadro, sendo responsável por promover benefícios físico-motores e psicossociais, contribuindo para a melhora da qualidade de vida e funcionalidade do paciente.
Referências COUTINHO, E. B. et al. A intervenção fisioterapêutica na reabilitação da criançaportadora de artrogripose múltipla congênita. In: ENCONTRO LATINO AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 12., 2008, São José dos Campos, Anais... São José dos Campos: UNIVAP, 2008. GALIANO, P.; SANTOS, R. V. Efeitos da hidroterapia no portador de artrogripose múltipla congênita: um relato de caso. FisiSenectus. Chapecó, v. 1, n. 2, p. 35 – 45, jul./dez. 2013. HUPFELD, A. J.; MARTINS, M. S. B. Fisioterapia em más-formações congênitas. In: MOURA, E. W. et al. Fisioterapia: aspectos clínicos e práticos da reabilitação. 2.ed. São Paulo: Artes Médicas, 2010. p. 142-8. Cap. 4.4. NIEHUES, J. R.; GONZALES, A. I. ; FRAGA, D. B. Intervenção fisioterapêutica na artrogripose múltipla congênita: uma revisão sistemática. Cinergis. v. 15, n. 1, p. 43 – 7, jan./ mar. 2014. VALDÉS-FLORES, M. et al. Characterization of a group unrelated patients with arthrogryposis multiplex congenita. Rio de Janeiro, Jornal de Pediatria. v. 92, n. 1. p. 58-64. 2016.
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Computação em Nuvem: uma revolução na computação como serviço
E
ste artigo tem por finalidade apresentar os
Rodrigo Salustiano Soares, David Sadan Damasceno Viana e Lucas Batista de Vasconcelos (Alunos do 5º, 7º e 6º semestres, respectivamente, do Curso de Sistemas de Informação)
principais conceitos relacionados
Prof Dr. Allberson Bruno de Oliveira Dantas
à Computação em Nuvem (Cloud Computing), tecnologia de computação moderna que vem revolucionando o mercado de serviços de computação. Antes de falar dela, contudo, discorreremos acerca da arquitetura SOA (Service Oriented Architecture), que foi a precursora do movimento que deu origem à Computação em Nuvem. A arquitetura SOA é um estilo arquitetural de software cujo princípio fundamental é que as funcionalidades da aplicação sejam disponibilizadas através de serviços [BROWN; HAMILTON, 2006]. Preza que os serviços sejam conectados
(Curso de Sistemas de Informação - Unichristus)
por um “barramento de serviços”, o qual disponibiliza interfaces, ou contratos, que podem ser acessados através de um protocolo de comunicação. A SOA se baseia na computação distribuída, utilizando o padrão request/reply para estabelecer a comunicação entre os sistemas clientes e os sistemas que implementam os serviços. A SOA é o marco inicial de iniciativas que possibilitaram o advento da “Computação de Serviços” (Service Computing) 1, um ramo da ciência da computação que cobre todo o ciclo de vida da prestação de serviços computacionais, como compo1 tab.computer.org/tcsvc/index.html
nentização de negócio, criação, implantação, descoberta, composição, monitoramento de serviços, dentre outros. O alvo principal da Computação de Serviços é fornecer serviços de computação que executem serviços de negócio mais eficientes e robustos. A Computação de Serviços vem ganhando destaque nos últimos anos, impulsionada, sobretudo, pela difusão da tecnologia de serviços web (web services). Nesta tecnologia, um serviço remoto pode ser criado utilizando qualquer linguagem de programação e disponibilizado pela internet. Qualquer cliente que deseje usufruir dos serviços ofertados deve apenas se dirigir à sua interface (um arquivo XML), para descobrir suas operações, e, uma vez sabendo qual operação executar e a localização do serviço, pode “consumi-lo”. Outros fatores que também ajudaram nessa difusão foram o barateamento crescente observado nos equipamentos de hardware, o incremento nas velocidades de comunicação na internet e a facilidade oferecida pelos arcabouços de programação em criar servi-
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ços web a partir de códigos disponíveis. Outras soluções de software no âmbito de Computação de Serviços foram propostas nas últimas décadas. Dentre elas, cita-se a Computação em Nuvem, a qual se destina a expor os serviços, sejam eles recursos de hardware ou software, de uma forma transparente, compondo uma “nuvem” de funcionalidades.
O NIST (National Institute of Standards and Technolog y) 2 é um instituto do departamento de comércio do governo dos EUA que busca trabalhar juntamente com a indústria para produzir tecnologias aplicadas, métricas e padrões. Segundo o NIST, a definição de Computação em Nuvem consiste em um modelo que permite acesso em rede conveniente e por demanda a um conjunto compartilhado
Como um cenário de exemplo recorrente para nuvens computacionais, tem-se o processo de geração e distribuição de energia elétrica, onde os clientes se preocupam somente em atestar que seus equipamentos são compatíveis com as características nominais da rede de distribuição. O pagamento é mensal, referente somente ao que foi gasto. Melhorias contínuas na produção e transmissão são transparentes ao cliente.
de recursos computacionais, incluindo redes, servidores, armazenamento, aplicações e serviços, que podem ser rapidamente provisionados e liberados com mínimo esforço de gerenciamento ou interação com o provedor do serviço [MELL; GRANCE, 2011]. Esse modelo de nuvem deve garantir alta disponibilidade e é composto por cinco características essenciais: serviço por demanda, acesso de rede amplo, 2 www.nist.gov
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um pool de recursos, elasticidade rápida e medição de serviços; três modelos de serviços, os quais serão detalhados adiante: SaaS (Software as a Service), PaaS (Platform as a Service), IaaS (Infrastructure as a Service); e quatro modelos de implantação: redes privadas (fechadas à organização), redes comunitárias (compartilhadas por várias organizações), redes públicas (abertas para o público em geral) e redes híbridas (composição das anteriores). Tais nuvens devem usar três tecnologias: redes de longo alcance de alta velocidade, computadores servidores econômicos e serviços de virtualização de hardware. A seguir, são resumidos os três modelos de serviços previstos pelo NIST para Computação em Nuvem: • SaaS, no qual o cliente pode fazer uso de diversas aplicações previamente disponíveis, ofertadas através de diversos tipos de interfaces, as quais podem ser acessadas por navegadores web ou dispositivos móveis; • PaaS, no qual o cliente tem acesso a um conjunto de recursos de programação, como linguagens, bibliotecas e serviços, com os quais ele pode criar aplicações e monitorar sua implantação e configuração na nuvem. O cliente pode ainda adquirir acesso a aplicações já disponíveis na nuvem e incorporá-las ao seu espaço de trabalho (workspace); • IaaS, no qual um conjunto de recursos computacionais é oferecido aos clientes, como serviços de armazenamento,
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redes de alta velocidade, memória e processamento (batch e gráfico). É responsabilidade do cliente implantar softwares próprios, ou sistemas operacionais, sobre a infraestrutura que foi alugada. A responsabilidade das manutenções de hardware é exclusiva do provedor da nuvem. Diversas estruturas de nuvens computacionais vêm obtendo destaque no meio comercial, sob a modalidade de Nuvens Públicas. A maior e mais bem sucedida delas é a nuvem EC2 (Amazon Elastic Computing Cloud3), a qual disponibiliza um serviço de computação IaaS redimensionável na web. Fornece uma interface de serviço simples, com o controle completo dos recursos computacionais contratados. Garante um fluxo otimizado para obtenção e inicialização de novas instâncias de servidor, sendo possível escalonar a capacidade contratada para mais ou para menos, a partir do momento em que os requisitos de computação do cliente tomam outra configuração. Implementa o serviço “pay-as-you-go”, de forma 3 aws.amazon.com/pt/ec2/
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que seja necessário somente o pagamento do recurso que for utilizado. Fornece ainda, aos desenvolvedores, ferramentas para construir aplicações tolerantes a falhas e isolá-las quando isso ocorrer. Destaca-se ademais a nuvem Microsoft Azure4, que consiste em um conjunto de ferramentas integradas, modelos pré-compilados e serviços gerenciados, voltados, sobretudo, a aplicações empresariais, móveis, web e IoT (Internet das Coisas). Aponta, como uma de suas principais vantagens, ser uma plataforma aberta e flexível, dando suporte a uma gama de sistemas operacionais, linguagens de programação, arcabouços, ferramentas, bancos de dados, dentre outros. Fornece ainda facilidades que visam tornar possível a compatibilização dos serviços de TI já existentes na organização com os serviços da nuvem, sem a estrita necessidade de todo o serviço ser migrado para a nuvem. Como último exemplo de nuvens PaaS, ressalta-se a nuvem Google App Engine5, a qual é uma plataforma voltada à construção de aplicações web escaláveis com backends móveis. Tem a capacidade de escalar aplicações automaticamente, atuando em resposta a um aumento de tráfego. Oferece também serviços de balanceamento de carga e des-
coberta de vulnerabilidades nas aplicações, prometendo baixíssimas taxas de falsos positivos. Observa-se também a existência de ferramentas de código aberto que permitem a criação de nuvens computacionais. Dentre elas, podem ser citados os projetos Open Nebula6 e Open Stack7. O primeiro provê soluções flexíveis para o gerenciamento de data centers virtualizados, nas categorias de nuvens IaaS privadas, públicas e híbridas. O segundo, por sua vez, fornece um sistema operacional que se propõe a controlar um grande conjunto de recursos de computação, armazenamento e rede, fornecidos por um data center. Consiste, na realidade, de um conjunto de subprojetos relacionados, dentre os quais o usuário deve escolher quais farão parte dos seus serviços essenciais (core services). Como se pode ver, a Computação em Nuvem tem sido amplamente estudada e desenvolvida ao longo dos recentes anos. Nesse sentido, o grupo de pesquisa autor deste artigo se insere no campo da pesquisa visando propor soluções em nuvem para aplicações com requisitos de computação de alto desempenho.
4 azure.microsoft.com/pt-br/ 5 appengine.google.com/
6 www.opennebula.org/ 7 www.openstack.org/
Referências BROWN, P. F.; HAMILTON, R. M. B. A. Reference Model for Service Oriented Architecture 1.0. Citeseer, 2006. MELL, P. M.; GRANCE, T. SP 800-145. The NIST Definition of Cloud Computing. Gaithersburg, MD, United States, 2011.
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Não adesão correta ao tratamento por pacientes em uma UBS: um relato de experiência
C
om a ampliação do acesso
Kaik Brendon Dos Santos Gomes (S5) e Kenya Vitória de Aguiar Queiroz (S5)
aos serviços de saúde e
(Curso de Medicina)
Orientadora: Dra. Jocileide Sales Campos
aos trabalhadores de saúde, a
(Docente do Curso de Medicina – Unichristus)
culpabilização pelos fracassos nos cuidados em saúde pode mudar de lado. O que antes era culpa do sistema, pela falta de profissionais e de serviços disponíveis, passa a ser culpa do usuário se, ao ter acesso, não assume o autocuidado seguindo o tratamento indicado (BORGES, 2008). Dessa forma, há que se levar em conta a complexidade da realidade local e do cotidiano popular; de nada adianta o médico fazer uma prescrição adequada, se o paciente não compreende ou não adere corretamente à terapêutica. Nesse contexto, foi bastante observado na unidade básica de saúde (UBS) Benedito Artur de Carvalho, em Fortaleza, por alunos do quarto semestre de medicina da Unichristus, uma população assistida pelo SUS, porém sendo eminentemente ignorante ou resistente às prescrições e ao tratamento em saúde. Essa população “SUS-
-dependente”, que não assume o autocuidado, por não seguir as “ordens médicas” é identificada, muitas vezes, sobrecarregando a unidade de saúde e causando desperdício de medicamentos. É importante deixar evidente que a ampliação aos sentidos de autocuidado é exaustivamente difundida nessa unidade por parte dos profissionais de saúde, principalmente quando na consulta é evidente que o paciente não é um cooperador do tratamento. Duas consultas tiveram grande destaque nesse tema, pois ambos os pacientes não progrediam com melhora do
quadro clínico, pelo não uso correto da terapêutica e por não terem a consciência de que isso era o que impossibilitava a melhora dos sintomas. A primeira, uma jovem entre seus 20 e 30 anos, chega à unidade estressada e eufórica, procurando pela segunda vez atendimento médico, em menos de duas semanas, por não evoluir bem com o seu quadro de vaginose bacteriana. Durante a conversa, a paciente relatou que fez o uso do medicamento, porém houve uma pequena melhora no terceiro dia e, por isso, suspendeu o medicamento, sendo que na prescrição havia sido
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indicado sete dias consecutivos. Além disso, a paciente era categórica ao afirmar que o medicamento prescrito estava errado, e exigia a mudança do medicamento. Assim, vemos a questão da não-adesão se deslocar de algo que o paciente faz sozinho e, portanto, é responsável por isto, para algo que o paciente faz em sua relação com o momento. Dentro do processo de reestruturação das práticas de saúde e da ampliação do entendimento do processo saúde-doença, o autocuidado requer mais do que simplesmente a apreensão do conhecimento técnico, legal e normativo, pois requer também disciplina. Nessa consulta, houve a necessidade de falar sobre o autocuidado, trazer o foco para o usuário, mostrando-lhe agora a responsabilidade de saber de si e de seu tratamento. Este entendimento sugere que, na questão do cuidado, não basta os profissionais, detentores da informação, oferecê-
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-la ao paciente, se a adesão deste à saúde ocorrerá (ou não) na dependência de seu compromisso com a própria saúde. A segunda paciente, uma senhora de 56 anos, adentra ao consultório e diz a seguinte frase: “Só queria que vocês me dessem a saúde de vocês...”. Essa mulher havia sido diagnosticada recentemente com diabetes mellitus, e era também portadora de péssimos hábitos de vida. Não demorou muito para se notar que seu quadro de adinamia e descompensação não era prescrição médica inadequada, era só mais uma paciente não cooperativa à terapêutica e sem conhecimento algum sobre o autocuidado. O uso do hipoglicemiante ela sabia fazer. No entanto, não fazia o uso diariamente, tampouco o controle da glicemia capilar. Além disso, ela acreditava que era o medicamento que não estava fazendo efeito. Assim, foi necessário incorporar a conversa como recurso de cuidado em saúde não mais no sentido de um profissional detentor de saber falando para um usuário desprovido de saber, com o intuito de educá-lo para um melhor comportamento em saúde, e sim enfatizando a necessidade
da interlocução, para que haja viabilidade na proposta de um novo paradigma em Saúde Pública, em que ações conjuntas entre profissionais e população rompam com a tradicional hierarquia rígida nas relações de saber/poder, legitimando, assim, outras descrições de vivências de saúde/doença. Não adianta dizer seu diagnóstico e indicar o tratamento, se não deixar o paciente tirar suas dúvidas, se não o questionar se ele entendeu, se não deixar claro sua grande contribuição na terapêutica de sua importância no autocuidado. Portanto, pensar a não-adesão como uma forma de autocuidado e não como falta de compromisso com a saúde possibilita reconhecer o usuário como um aliado na luta pela promoção da saúde nas comunidades. Por outro lado, implica também repensar a forma como essas pessoas têm sido abordadas em suas necessidades de saúde, situações que requerem o entendimento mútuo do que é importante e necessário num tratamento e nos cuidados à saúde, para que possa haver a possibilidade de co-responsabilização pelos cuidados (BORGES, 2008).
Referência Borges, Celiane Camargo; JAPUR, Marisa. ‘’Sobre a (não) adesão ao tratamento: ampliando sentidos do autocuidado’’ Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 JanMar; 17(1): 64-71.
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Textos e falas Francisco Sérgio Souza de Araujo
N
o existir humano de cada
O contexto
dia, cada ser constrói
Em momento de aula de Literatura no ensino médio, houve projeção do filme “Na natureza selvagem” e distribuição de impresso com resenho
variados textos e, neles, registra suas falas. É, portanto, natural ao homem, a realização de textos por
sobre o longa-metragem. Após ver o filme e ler a resenha, Larissa se encaminhou para a escrita de seu poema, de acordo com seu próprio depoimento (quadro a seguir).
meio dos quais expõe sentimentos, defende maneiras de pensar, pontua posicionamentos ideológicos, revela desejos, faz reivindicações, sugere
O poema Vastidão
ações, avalia comportamentos, entre outras manifestações que possibilita a seu leitor. Algumas vezes, os textos produzidos atendem a demandas pessoais surgidas pela motivação do autor em dar despejo a alguma necessidade de expressão, no sentido de levar a público sua visão acerca de determinados temas, subjetivos ou não. Outras vezes, textos são realizados por estímulos que tocam a sensibilidade ou intelecto de seus produtores. Estimulados, estes se propõe efetivar o registro quanto àquilo que os inquieta, ou mesmo que se lhes aparecem exigindo posicionamento. Nessa segunda situação, efetivou-se uma escrita poética de Larissa Ferreira de Souza, estudante do curso de Engenharia de Produção, hoje no quarta semestre. Apoiada no contexto a seguir, propiciado por professor seu enquanto ainda no ensino médio, ela criou o poema “Vastidão”, o qual está posto mais abaixo.
Me perdi em pensamentos e lamentos Repletos de convicção Da fruição De não necessidades, superficialidades Sentido algum eu encontrara, Se houvesse, jamais enxergara Em tudo aquilo que se passara Perante mim... Já bastara! Viver eu não vivia, apenas existia E levava comigo os mesmos medos E a covardia que eu abulia De ficar preso quando sou livre, Deixar a vida passar de largo Pelos meus olhos escuros, obscuros E simplesmente encobertar O que precisava mudar. Desfiz-me de tudo então Tudo que pudesse prender-me Neste mar de coisas em vão Do pequeno infinito De surto superficial existencial Que todos tentam alcançar Desde um tempo Que não se pode identificar.
ŹLarissa Souza
Construí um modelo de vida Repleto de ingenuidade Convidei a se ausentar Tudo o que não tivesse necessidade. Ali eu estava, não mais sonhava. De um anseio próprio À pura realidade, eu desfrutava. Esta vida sim, a que eu passara a ter Era linda de se ver Com tal grandeza passei a viver, Grandeza que aos outros olhos Nada deve ser.
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No cotidiano acadêmico, textos e falas, por óbvio, também se fazem por demais presentes, embora para cumprir intenções comunicativas específicas em contextos bem determinados pelos trâmites da própria academia. Foi nesse contexto acadêmico que Maria Dalvanir dos Santos Filha, estudante do curso
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de Ciências Contábeis, hoje no segundo semestre, construiu o seguinte texto, provocada que foi em atividade na disciplina Comunicação Empresarial, cátedra sob a responsabilidade do professor Sérgio Araujo. O escopo da atividade foi a promoção de debate, via “Fórum de Debates” aberto na Plataforma
Moodle, em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) especificamente criado para a disciplina, por meio do qual os estudantes pudessem expressar-se quanto à presença, no cotidiano social de cada um de nós, dos meios virtuais de comunicação. As reflexões de Maria Dalvanir geraram o texto posto no quadro a seguir.
O meio virtual como mecanismo segregador e excludente As pessoas estão cada vez mais voltadas para o meio virtual, convivendo com o seu próximo cada dia menos e, ainda, vivendo cada vez menos no mundo real. No meio virtual é possível escolher contatos, parceiros e até mesmo criar personagens de si próprio, sendo possível excluir as diferenças de forma a compartilhar informações somente com quem interessar, embora se saiba que não existe a total privacidade. Sendo possível escolher as pessoas assim como as características, pode-se conviver de acordo com os gostos e preferências; não há como não se isentar de conviver com as diferenças, pois a escolha dos contatos é baseada no que melhor convém. Os bate-papos, compartilhamentos e curtidas são exclusivos para os que se percebem com interesses comuns, porém no mundo virtual nada é exclusivo ou privado, vale ressaltar este ponto. No mundo real, fazemos escolhas bem diferentes por existirem fatores dos quais não podemos fugir ou omitir; somos obrigados a conviver com as diferenças do outro sem que possamos bloqueá-los, por exemplo, como é feito no meio virtual. Na virtualidade, atualmente passamos muito provavelmente a maior parte do nosso tempo, pois mesmo com as nossas rotinas reais e diárias, estamos sempre conectados. Nesta conexão, podemos excluir o outro, evitando o convívio, mas no meio real, mesmo evitando, somos obrigados a conviver.
Neste sentido, o meio virtual, que é visto como meio de conexão, torna-se uma poderosa arma de exclusão. Os exemplos destacados nessa matéria dão-nos conta de que,
muitas vezes, encaminhar alguém à escrita pode não ser tão complicado quanto parece. É certo que o incentivo da família, dos amigos, dos professores – na educação básica, principalmente, mas no ensino superior
ŹMaria Dalvanir dos Santos Filha
também – são fundamentais para que se tenha uma sociedade mais leitora e mais produtora de textos (com qualidade). Continuarei fazendo a minha parte.
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Relato de caso de profissionais de saúde sobre a autorresponsabilidade diante da imunização na UAPS Viviane Benevides
O
desenvolvimento de vacinas foi um marco
importantíssimo para a
Hugo Jefferson Ferreira e Evandro Moreira de Almeida (Alunos do Curso de Biomedicina - 5° semestre)
Professora Dyana Alves da Silva (Curso de Biomedicina) Professora Maria Iara de Sousa Rodrigues (Curso de Enfermagem)
Humanidade, em relação à prevenção de doenças virais e bacterianas. O Brasil conta com O Programa Nacional de Imunizações (PNI), o qual tem o objetivo de desenvolver a conscientização da sociedade diante da vacinação. A população brasileira, então, tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Hepatite A, Varicela, HPV, Meningocócica C, Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola), dTpa Adulto (acelular). No entanto muitas pessoas deixam de comparecer aos postos de saúde para atualizar o cartão de vacinação, e também deixam de levar os filhos no período correto de aplicação das vacinas. Por esses motivos realizamos algumas perguntas para as profissionais da UAPs Viviane Benevides, Nádia Duarte de Sá da Silva e Andrea Lino da Rocha em relação à autorresponsabilidade do paciente diante da imunização:
1. Como é vista a responsabilidade do paciente diante da imunização? Nádia Duarte: “Os pacientes só vêm ao posto de saúde buscar por vacinas quando estão necessitando para trabalho, concurso ou quando ocorre acidente”. Andrea Lino: “É muito difícil para o paciente ver as
vacinas como algo que serve para prevenir doenças, mantê-las em controle ou eliminá-las.” A procura da vacina pelos pacientes só é observada quando estes precisam regulamentar o cartão de vacina para admissão em um emprego ou fazer jus ao ingresso de concurso, e em última instância para prevenção de doenças. As profissionais Nádia Duarte e Andrea Lino descreveram, a
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3. Como essa falta de responsabilidade por parte dos pacientes em relação ao cartão de vacinas dificulta a rotina da imunização?
partir dos relatos dos pacientes no cotidiano da unidade, que a minoria dos pacientes adultos procura o ambulatório de imunização quando, realmente, buscam a prevenção de enfermidades, e uma parcela maior dos pacientes busca a imunização por outros motivos já citados anteriormente. Elas salientaram também que as mulheres buscam pela vacinação com maior frequência do que homens. Já relacionado aos pacientes infantis, o número de busca pela prevenção é maior, levando em consideração o cuidado dos pais em relação aos filhos; no entanto, foi relatado que muitos pais se preocupam não exclusivamente com a criança, mas sim com a manutenção do benefício governamental, conhecido como bolsa família, pois em sua renovação precisa do quadro de vacinas atualizado. Para as gestantes a busca pela imunização é elevada devido ao pré-natal.
2. Em Relação aos cartões de vacina, os pacientes os apresentam no ato da vacinação? Nádia Duarte: “Não, porque eles perdem, principalmente os adultos; já as mães das crianças são mais cuidadosas e os conduzem em quase todos os casos.” Andrea Lina: “Os adultos, quase em todos os casos, não apresentam o cartão de vacina; quando o apresentam é motivo de comemoração.” As profissionais de saúde deixaram claro, e também observamos durante a vivência no ambulatório, que os pacientes, principalmente adultos, não veem o cartão de vacina como um documento de registro. Elas ainda deixaram claro que o governo manda para a unidade cartões para serem distribuídos aos pacientes no ato da vacinação, no entanto os pacientes não retornam com esses cartões, alegando perda.
Nádia Duarte: “A apresentação do cartão facilita a identificação da vacina que o paciente deverá tomar e evita, sobretudo, que o paciente adulto tome novamente a vacina por causa da falta do registro. Crianças são vacinadas somente com a presença do cartão”. Andrea Lino: “A não apresentação do cartão dificulta em nossos atos, ou seja, se vamos dar a primeira dose ou se é reforço. Há o sistema computacional do SUS para o controle das vacinas, no entanto, como este é atual, começou a ser operado por volta de 2014, ainda não há todas as pessoas cadastradas. Além disso, existem unidades que não possuem acesso ao sistema.” Esse relato de profissionais de saúde evidencia que a falta da autorresponsabilidade do paciente em relação à vacinação e ao seu registro é bem nítido, dificultando o trabalho dos profissionais e dos próprios pacientes. Portanto nós, como futuros biomédicos, observamos que poderíamos auxiliar as técnicas e enfermeiras do laboratório de imunização em relação ao esclarecimento aos pacientes sobre o processo de registro das vacinas e a extrema importância de colocá-las em dia.
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Manual para a aplicação de feedback estruturado na graduação Apresentação
O
presente manual é produto do Mestrado Profissional
em Ensino em Saúde dos autores, sendo desenvolvido na área de
Israel Leitão Maia (Egresso da Unichristus e Mestre em Ensino em Saúde)
Dra. Cláudia Maria Costa De Oliveira (Coordenadora e professora do Mestrado em Ensino em Saúde.
Dr. Marcos Kubrusly (Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa e Professor dos Mestrados em Ensino em Saúde e Tecnologia Minimamente Invasiva e Simulação na área da Saúde)
Profa. Mônica Cordeiro Ximenes de Oliveira
Metodologias Ativas de Ensino
(Curso de Fisioterapia)
Dr. Kristopherson Lustosa Augusto
em Saúde. O estudo que o originou realizou a implantação de feedback estruturado nos ambulatórios didáticos do internato em Medicina onde foi realizado, com o objetivo de verificar as mudanças de atitude e desenvolvimento de competências nos alunos participantes e seu impacto no cuidado com o paciente, contribuindo para a melhora da qualidade do processo ensino-aprendizagem.
O Feedback O feedback (ou devolutiva) na Educação Médica é uma informação específica provida pelo professor com o objetivo de melhorar o desempenho do estudante.1 A devolutiva tem sido considerada ferramenta essencial no processo de formação e supervisão do médico.2 E, ainda que exista uma evidente falta de uso de feedback durante o curso médico, os alunos desejam e valorizam essa ferramenta construtiva, considerando-a um aspecto importante na qualidade no ensino.3 Os discentes admiram os professores que sabem fornecê-lo de maneira eficaz.4 Em um estudo
(Professor do Mestrado em Ensino em Saúde)
com mais de 3 mil alunos de internato e residência médica, a habilidade de dar e receber feedback efetivo foi considerada a segunda mais importante habilidade de ensino, ficando atrás apenas da capacidade de estar aberto para questionamentos.5 Em entrevistas estruturadas segundo a técnica de Grupo Focal6 realizadas com alunos do internato em Medicina, os autores deste manual obtiveram relatos de experiências sobre como os estudantes gostariam de receber o feedback e sobre as características mais importantes dos professores e alunos para o feedback formativo: Resultados das Entrevistas pela Técnica Análise de Conteúdo de Bardin7 Qualidades para o feedback Ter humildade efetivo relativas ao discente Ser resiliente Ter paciência Saber ouvir Estar aberto a receber críticas Refletir sobre suas ações Qualidades para o feedback Saber falar a mensagem efetivo relativas ao docente Ser respeitoso Não querer humilhar ou intimidar Ser exemplo de profissionalismo Ter empatia Saber ouvir Estar aberto a questionamentos Focar o feedback nas ações Como receber o feedback Ambiente adequado e respeitoso Assegurar a privacidade Ter o ensino como objetivo primordial Haver clareza e objetividade Ser baseado na observação direta Ocorrer logo após a ação avaliada Promover a autoavaliação Reforçar os acertos Corrigir os erros Realizar um plano de ação
Fonte: Produção dos próprios pesquisadores
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Tais resultados serviram de base para as recomendações que serão apresentadas. A tabela a seguir apresenta as instruções para o feedback formativo com breves comentários de maneira que permita sua aplicabilidade prática nos ambulatórios didáticos do internato em Medicina. Recomenda-se que o professor a tenha em mãos para que o uso ocorra de forma regular e continuada. Instruções para o Feedback Recomendação 1: Estabelecer um ambiente de ensino adequado e respeitoso
A hora e o local para o feedback devem ser previamente acordados com o aluno. Um clima positivo de aprendizado é essencial para o feedback efetivo. Professor e aluno devem ter respeito e confiança mútuos. O professor deve ter cuidado com as palavras para não ser intimidador.
Recomendação 2: Assegurar a Privacidade
É fundamental garantir a privacidade do estudante, logo uma sala silenciosa com o professor e o aluno sentados ao mesmo nível seria o ambiente ideal. Evitar comentar sobre os erros e vulnerabilidades do estudante diante de seus pares, o que pode gerar sentimentos de vergonha e humilhação.
Recomendação 3: Ter o ensino como o objetivo primordial
É importante a ideia de que professor e aluno estejam empenhados no processo ensino-aprendizado. O professor deve informar previamente o aluno sobre a existência e as razões da devolutiva, assegurando que fiquem claros os objetivos de ensino.
Recomendação 4: Ser claro e objetivo
Falar de maneira clara, facilitando o entendimento do estudante. Certifique-se de que o mesmo entendeu o feedback e deixe-o à vontade para fazer perguntas.
Recomendação 5: Basear o feedback na observação direta
O professor deve estar presente no momento em que o estudante executa as tarefas, realizando suas observações a partir do que presencia. Não pode realizar o feedback a partir de relatos de terceiros.
Recomendação 6: Dar o feedback logo após realizada a tarefa
O feedback deve ser realizado o mais brevemente possível após a realização da tarefa, pois os eventos abordados serão relembrados de maneira mais acurada. Como sua função é mudar atitudes e comportamentos, isso facilita que as mudanças já sejam postas em prática antes do final do estágio.
Passo 1: Começar o feedback com a autoavaliação do estudante sobre o que ele fez de bom
A prática da reflexão é ponto chave para o aprendizado. Iniciar a sessão com a autoavaliação do que foi feito é uma boa maneira de iniciar o feedback.
Passo 2: Ratificar os comportamentos corretos observados
Primeiro reforçar as boas práticas, o que foi observado de bom e exemplar. Isso é importante para a autoconfiança do aluno.
Passo 3: Perguntar ao estudante o que ele poderia ter feito melhor
A maior parte dos estudantes tem o discernimento sobre o que fez de errado e no que apresenta fragilidades. Ao usar esse recurso é o próprio aluno quem introduz os aspectos negativos de seu desempenho, tirando do professor a exclusividade de apontar os pontos fracos de seu aprendiz.
Passo 4: Apontar as mudanças necessárias
Concordar de forma apropriada com o que foi dito, adicionando dessa vez o feedback corretivo, provendo exemplos corretos e sugestões de melhora.
Passo 5: Concluir com um plano de ação
Estimule o estudante a gerar um plano de melhoras e aperfeiçoamento nos pontos necessários e agende um seguimento para que possa checar os progressos alcançados.
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para o aluno, a falta de tempo e local adequados para o feedback e a falta de capacitação dos professores nessa ferramenta de ensino. Está em nossas mãos a iniciativa para transformar para melhor o que já fazemos de bom. Que tal um feedback?
Referências 1 - ROGERS, D. A. et al. Engaging medical students in the feedback process. American Journal of Surgery, v. 203, n. 1, p. 21-25, 2012. 2 - KILMINSTER, S. et al. AMEE Guide No. 27: effective educational and clinical supervision. Medical Teacher, v. 29, n. 1, p. 2-19, 2007. 3 - DOBBIE, A.; TYSINGER, J. W. Evidence-based strategies that help office-based teachers give effective feedback. Family Medicine, v. 37, n. 9, p. 617-619, 2005. 4 - ROTENBERG, B. W. et al. A needs assessment of surgical residents as teachers. Canadian Journal of Surgery Journal Canadien de Chirurgie, v. 43, n. 4, p. 295-300, 2000.
Considerações Finais Até o mais experiente professor pode achar desafiador prover a devolutiva aos estudantes. O desenvolvimento e treinamento do corpo docente das Instituições de Ensino Superior nessa área é fundamental para que a cultura do feedback seja estimulada e torne-se perene. Para atender a esse fim, este manual poderá ser distri-
buído, discutido e aplicado em oficinas de capacitação nessas instituições, visando contribuir com o ensino para a formação de médicos qualificados cada vez mais capacitados para o exercício da profissão. Ele também visa descontruir algumas das barreiras mais comuns que impedem um feedback efetivo: os objetivos da devolutiva não estarem claros para o professor nem
5 - SCHULTZ, K. W. et al. Medical students’ and residents’ preferred site characteristics and preceptor behaviours for learning in the ambulatory setting: a cross-sectional survey. BMC medical education, v. 4, p. 12, 2004. 6 - CRUZ NETO, O.; MOREIRA, M. R.; SUCENA, L. F. M. Grupos focais e pesquisa social qualitativa: o debate orientado como técnica de investigação. XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, n. XIII, p. 26, 2002. 7 - BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.
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Coliseu: uma arquitetura clássica 1. Introdução
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Coliseu é um grande monumento histórico de
524m de diâmetro o qual foi construído na antiguidade. Sua obra iniciou-se no ano 72 d.C, no governo do Imperador Vespasiano e foi concluída em 80 d.C, no governo de Tito. (PORTAL ON LINE SÃO FRANCISCO, 2014).
André de Paula Pessoa Studart, Luciana Sucupira Cristiano, Davi Aland Ferreira Gomes e Levi Aguiar de Souza (Alunos do 8º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo).
Co-autora (Orientadora): Profa. Denise Vidal Gadelha Formiguieri (Arquiteta e Urbanista, mestranda em Educação Pro¿ssional e Tecnológica pelo IFCE e docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo). Co-autora: Profa. Germana Pinheiro Camara (Arquiteta e Urbanista, mestrado em European Postgraduate Master in Urbanism - Delft University of Technology (2014) e docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo).
terizações de sua arquitetura e engenharia, compreendendo como se tornou um monumento histórico e ícone da arquitetura romana e mundial.
Sua construção ficava em cima do lago de Nero, tendo contado com mão de obra de doze mil escravos, aproximadamente, trazidos da guerra, sendo financiada pelas relíquias roubadas na invasão de Jerusalém (MOREIRA, 2016). Seu principal objetivo era o entretenimento e, durante cinco séculos, concentrou o espetáculo público com as lutas dos gladiadores romanos. Seu uso não se limitou ao entretenimento, sendo posteriormente utilizado como base militar. (PORTAL ON LINE TODA MATERIA, 2017). O Coliseu romano é o maior anfiteatro do mundo, acumulando imponência não só por seus espetáculos, mas também por sua arquitetura, que consistia no uso de arcos e abóbodas em portais monumentais, e inovações da engenharia romana, indicando conexões com a arquitetura da Ásia Menor (FAZIO et. al, 2011). Sob a óptica da história e elementos estruturais, serão analisadas e discutidas as carac-
2. Arquitetura e elementos estruturais O Coliseu faz parte da Escola Clássica da Roma Antiga, caracterizando-se por sua aparência imponente e que priorizava a funcionalidade, não necessariamente a beleza. Nesse anfiteatro romano são observadas as imitações de formas e esculturas, procurando as formas ideais, como os grandes arcos, que demonstram uma obra grandiosa, como o centro do universo. Em sua estrutura, o equilíbrio, o rigor e a pureza formal eram presentes (RIBEIRO et al., 2010). De acordo com Colin (2013), a arquitetura do classicismo era caracterizada pelo uso de formas e elementos decorativos derivados direta ou indiretamente do vocabulário da Grécia antiga. O Coliseu não foge dessa regra, pois possui na sua estrutura ordens descendentes da arquitetura grega, como as ordens dórica, jônica e coríntia. Inicialmente com três pavimentos, é o exemplo mais espeta-
cular de ordens superpostas, pois a ordem dórica, forte e simples, ficava no térreo (primeiro pavimento), seguida pela ordem jônica, mais leve, e, sucessivamente, pela ordem coríntia, mais elegante, no terceiro pavimento. Posteriormente, após a construção do quarto pavimento, a ordem compositória o encerrava, reunindo as principais ordens romanas (SUMMERSON, 2009). Foi construído com mármore, posteriormente removido para que servisse como fornecedora de pedras (FAZIO et. al, 2011) travertina, ladrilho, tufo, alvenarias de tijolos e concreto pozolânico. Com o acréscimo do quarto pavimento, foi possível suportar mais espectadores, passando, assim, sua capacidade, de 50mil para 80mil espectadores (HOPKINS, 2017). A engenharia romana tem como característica a ousadia com obras grandiosas, retratando o tamanho e não a proporção. Na época da construção, diversas inovações foram aplicadas no Coliseu, como o concreto, que consistia de cal, água e areia vulcânica e pozolana, o qual conferia certa resistência à água, assemelhando-se ao cimento atual, sendo um dos responsáveis por uma estrutura tão durável ao longo do tempo
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(ALBUQUERQUE, 2017). Além disso, apresentava inovações como arcos e abóbodas, que garantiam uma eficiência maior que as paredes retas (MOREIRA, 2016). Se comparada aos pilares e colunas gregas, os arcos permitiam uma melhor distribuição de peso e vãos maiores (figura 01 e 02). A utilização em massa dos arcos garantia rearranjos estéticos, consumindo menos materiais e, consequentemente, diminuindo seu custo geral. O método construtivo foi relativamente simples:
Conclusões O Coliseu é considerado uma obra imponente desde sua construção. Naquela época, as construções eram retratadas por seu tamanho e imponência. A funcionalidade, arquitetura e engenharia se relacionam no Coliseu e percebe-se, assim, ao analisar detalhadamente sua estrutura e constatar elementos característicos do estilo clássico: os arcos, harmonia da estrutura, proporção, etc.
ŹO arco romano funciona através de um sistema de distribuição de cargas que convergem das aduelas para os pilares, travado pela colocação ¿nal de uma pedra-chave no meio do vão (ALBUQUERQUE, 2017).
ŹFigura 01: Arcos Romanos. Fonte: ALBUQUERQUE, 2017. Disponível em: < https://historiaartearquitetura. com/2017/02/15/o-arco-romanoe-as-abobadas> Acesso em: 13 set. 2017.
ŹFigura 2: Arco romano e as abóbadas. Fonte: ALBUQUERQUE, 2017. Disponível em: <https:// historiaartearquitetura. com/2017/02/15/o-arco-romanoe-as-abobadas> Acesso em: 13 set. 2017
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Dessa forma, com o Coliseu foi possível obter conhecimentos históricos, de inovações tecnológicas, por meio de uma poderosa estrutura e arquitetura clássica.
Referências ALBUQUERQUE, Marcelo. O arco romano e as abóbadas. 2017. Disponível em: <https://historiaartearquitetura. com/2017/02/15/o-arco-romano-e-as-abobadas/>. Acesso em: 13 set. 2017. COLIN, Silvio. Uma introdução à arquitetura. Rio de Janeiro: UAPÊ, 2000. COLISEU de Roma. 2014. Site institucional do Colégio São Francisco. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/turismo/coliseu-de-roma>. Acesso em: 13 set. 2017. COLISEU de Roma. 2017. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/ coliseu-de-roma>. Acesso em: 13 set. 2017. HOPKINS, Keith. The Colosseum: Emblem of Rome. 2011. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/history/ ancient/romans/colosseum_01.shtml>. Acesso em: 13 set. 2017. LAWRENCE, Wodehouse; FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian. tradução técnica: Alexandre Salvaterra. A História da Arquitetura Mundial. 3ª. ed. Porto Alegre: Amgh, 2011. MOREIRA, Igor. Arquitetura Romana: o legado de sua engenharia. Fortaleza 2016. RIBEIRO, Bernadim et al. Classicismo. 2010. Disponível em: <http://www. qieducacao.com/2010/06/classicismo. html>. Acesso em: 18 set. 2017. SUMMERSON, John. Tradução Sylvia Ficher; revisão da tradução Monica Stahel. A linguagem clássica da arquitetura 5ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. WOODHEAD, Henry. História em revista: 400 a.C.-200 d.C, Impérios em ascensão. 1ª ed. Rio de Janeiro: Cidade Cultural. 176 páginas, 1990.
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Capacidade protetiva dos genitores: fatores de risco e/ou de proteção ao desenvolvimento de crianças e adolescentes
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ntre as tarefas fundamentais dos pais está a de cuidar da
criança, atendendo às necessidades físicas e emocionais dela, preparando-a para inserir-se nos vários contextos sociais nos quais demandas complexas podem surgir. A psicologia do desenvolvimento e outras áreas afins assinalam as consequências positivas e/ou negativas do manejo parental no desenvolvimento emocional, cognitivo e social dos filhos. A chegada de um bebê trará mudanças impactantes na identidade dos pais (neoformação psíquica) e também de toda a família, pois a parentalidade ampliar-se-á além da figura materna e paterna, abrangendo avós, tios e irmãos. Aliás, a pré-história da criança se inicia na história individual de cada um dos pais, onde o desejo de ter um filho reatualiza as fantasias de sua própria infância e do tipo de cuidado parental que tiveram (Zorning, 2012). Há o retorno e reprodução do narcisismo infantil perdido e revivências de relações objetais primárias nestes pais. A dimensão de processo e de construção do exercício da parentalidade é algo que, em situações normais e de convívio amoroso e saudável, levará ao
Yvana Coutinho de Oliveira (Aluna do 4º semestre do Curso de Psicologia - Unichristus)
crescimento, favorecendo a aquisição de competências e a realização pessoal destes pais. Porém, em situações adversas, poderão surgir dificuldades e conflitos nesta fase, sobretudo na mãe, como as depressões pós-parto, ocasionando sérias consequências para a criança. Contextos atípicos tornarão a parentalidade uma tarefa muito mais complexa, seja devido às especificidades da própria criança, seja dos próprios pais. Ressalto, entretanto, que o desenvolvimento pleno e saudável proporcionado pelas relações parentais, com o estabelecimento de laços entre os pais e o bebê, propicia a eles o sentimento de serem “suficientemente bons”, processo que garante uma sociedade também saudável em suas relações sociais. Vale lembrar que para que um bebê sobreviva física e psiquicamente é necessário inscrevê-lo em uma história familiar e transgeracional. Mas o bebê vai, aos poucos, afastando-se das projeções e representações parentais, para individualizar-se e ser reconhecido enquanto alteridade. No campo da Psicologia, muito se conhece sobre a importância da mãe no desenvolvimento afetivo-emocional do bebê. Além de Freud, psi-
canalistas como Klein (1975), Bowlby (1981), Spitz (1987), Winnicott (1989), Mahler (1982), dentre outros, já fizeram referência a este vínculo primitivo tão relevante para o desenvolvimento e necessidades de segurança do bebê. A função paterna tem também reconhecida participação neste processo, primeiramente no suporte afetivo à mãe e, posteriormente, como elemento fundamental na aquisição da identidade sexual e dos papéis masculino ou feminino que o (a) filho (a) desempenhará na vida adulta. É a função paterna que institui e regula a dimensão do complexo de Édipo, constituindo-se um epicentro crucial na estruturação psíquica do sujeito (Aberastury & Salas, 1984; Dor, 2011). Mas, entendamos um pouco da história dos nossos “meúdos” ou infantes levantada por Mary Del Priore (2016). Nos tempos da América Portuguesa ou do Brasil Colônia, a infância era considerada apenas um período de transição, sem personalidade e importância, e, por que não dizer, também sem esperança! Vítimas das epidemias, de cuidados inadequados e de higiene realizada com pegajo-
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sas abluções e unguentos (pois a sujeira no corpo infantil protegeria a criança de quebranto ou mau olhado!), o pequeno ser era vulnerável a todo tipo de enfermidade, combatida com remédios de pouquíssima eficácia e apresentando, por isso, altas taxas de mortalidade. Independente da religião, classe social e etnia, havia uma preocupação de proteção espiritual para o infante: benzer, batizar e/ou colocar-lhe o nome do santo do dia do seu nascimento. O historiador Gilberto Freyre (1969) refere que mães brancas, indígenas ou escravas africanas amamentavam, embalavam, acalentavam e cantavam para seus bebês. Não faltavam relações de afeto e demonstrações indeléveis do amor materno, marcas estruturantes para a área emocional do indivíduo em formação. A ama negra aparece dando sua contribuição para enternecer as relações entre crianças e adultos. Mimos e brincadeiras com crianças pequenas, fossem brancas, escravas ou forras eram distrações e entretenimento comuns das mulheres, pois nas famílias extensas típicas da Europa Ocidental, a presença de crianças de todas as idades exigia esta relação de proximidade. Porém, estes mimos, identificados por moralistas renascentistas como carinhos exagerados, começaram a ser vistos como possível causa para “perder os filhos”. A boa educação implicava em palmadas e castigos físicos e o excesso de mimo
deveria ser repudiado, pois fazia mal aos filhos. Vícios e pecados, mesmo cometidos por pequeninos, deviam ser reprimidos com açoites e castigos. Com o estabelecimento das Aulas Régias, a palmatória foi o instrumento de correção por excelência, para repreender a preguiça e a rudeza das crianças. O castigo físico não era nenhuma novidade no cotidiano colonial; foi introduzido no século XVI pelos padres jesuítas, para horror dos indígenas, que desconheciam o ato de bater em crianças. A boa infância traria as marcas da cor da pele e da condição de nascimento. Desde o início do século XVIII e com o aumento de alforrias, a prevalência de crianças mulatas perambulando pelas ruas e vivendo de pequenos expedientes e esmolas ensejou crítica das autoridades, que viam o prenúncio de uma população mestiça e ameaçadora. Já se evidenciava a ausência e rotatividade da figura paterna em muitos lares, com domicílios
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e núcleos familiares chefiados por mulheres. Na sociedade patriarcal ou de família tradicional, a mulher tinha seu eixo de funcionamento na maternidade e no espaço privado, enquanto o homem centrava-se na função econômica de manutenção da prole e transitava no espaço público. As violências físicas comuns infligidas às mulheres submissas e em condições de inferioridade perante o homem, muitas vezes atingiam as crianças: chicotadas, castigos, privações, punições. As crianças, até os 7 anos, cresciam junto aos pais, mas a partir daí, iam estudar ou tinham que aprender algum ofício, tornando-se aprendizes. Era comum crianças serem criadas por “padrinhos” para não correrem o risco da má criação com os próprios pais. A industrialização fez surgir a família de classe trabalhadora ou operária, na qual, inclusive, as crianças precisavam trabalhar. Consideradas adultos em miniatura, fatigadas, anêmi-
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cas e tuberculosas, eram vítimas de acidentes que lhes causavam mutilações ou mortes (Oliveira, 2016). Nas famílias modernas, fundadas no amor romântico e na reciprocidade afetiva, o filho aparece como responsabilidade dos pais e também do Estado. A família surge, então, como resultante da relação entre dois indivíduos que buscam relações íntimas ou realização sexual (ROUDINESCO, 2003). Nos dias atuais, independente da tipologia de famílias existentes, a qualidade da relação parental ainda permanece como fator de proteção dos filhos. Desde antes do nascimento, o bebê também irá apresentar qualidades e competências que lhe permitirão interagir com seu entorno e engajar-se em interações afetivas com seus cuidadores. Sabe-se hoje que o bebê é ativo e, não somente, reativo. Por isso, a importância de um ambiente afetivo e de uma
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estrutura parental continente às necessidades da criança. No entanto, não podemos deixar de lembrar que a sociedade moderna está alicerçada na ausência da figura do pai como instância de proteção para o sujeito. Nesta história mítica, Freud, em seu livro clássico intitulado “Totem e Tabu”, enuncia a existência de uma horda primitiva que teria antecedido a constituição da sociedade humana. Naquela teria existido um pai todo-poderoso que mantinha para si o usufruto da totalidade da riqueza e do poder, contra os filhos encarados como mais fracos do que ele. O poder paterno se materializava pela posse absoluta das mulheres, com a exclusão dos filhos. Apenas o pai poderia desfrutar sexualmente das fêmeas, colocadas todas na condição de suas esposas, apesar de muitas serem de fato suas descendentes, nessa organização marcada pela pro-
miscuidade e relações de incesto. O desafio e a desobediência ao poder paterno, através do usufruto sexual, culminava na possibilidade de morte. Humilhados e submetidos ao poder aniquilador do pai e frustrados nas suas demandas de poder, riqueza e erotismo, os filhos decidiram se unir e desafiar a figura onipotente do pai, única maneira encontrada para se libertarem da eterna submissão. Mataram-no de forma impiedosa, comeram partes do pai tirânico para se apoderarem das suas qualidades invejadas de poder e usufruto sexual. Fundaram, então, uma sociedade fraterna, baseada na igualdade entre irmãos. A partir de então, culpa e desamparo tem marcado a memória coletiva dos filhos (Birman, 2017). Já temos constructos teóricos suficientes para abranger a temática da capacidade protetiva dos genitores na saúde mental de crianças e adolescentes? Como esta problemática se apresenta no contexto social, nos serviços de saúde, nas escolas e nas famílias? Como clinicamente percebemos e nos debruçamos sobre estes sintomas? A criança não existe sem os pais. A psicopatologia externalizada ou manifestada por um dos progenitores reflete-se no comportamento da criança e no seu desenvolvimento global. Knobel (1992) irá afirmar que as neuroses infantis e juvenis se conectam diretamente com a enfermidade da mãe e/ou do pai, sendo a expressão evidente de uma patologia familiar. O aparecimento de um sintoma infantil tende a con-
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figurar-se como uma denúncia das angústias e desejos dos pais, concernentes ao filho, e também por conta das perturbações na história de cada membro parental, que são difundidas através de gerações e constituem-se numa determinada estrutura familiar inconsciente, como explica Berenstein (1978). Vivemos hoje o tempo do desamparo e do descaminho das relações familiares no mundo contemporâneo, em que as famílias prescindem de suporte ou estrutura. Birman (2017) e Beck (1995) referem estarmos inscritos numa sociedade de risco, marcada pela perda progressiva da soberania do Estado, que lança os indivíduos numa condição social original marcada pela imprevisibilidade, incerteza e insegurança. É a época do salve-se quem puder, onde afloram as individualidades, a corrosão do caráter e a servidão humana e onde, neste sentido, o “assujeitamento” assume forma de sobrevivência. Enquanto cidadãos e pais, assujeitamo-nos a governos corruptos, a líderes autocráticos nas instituições, às diversas formas de violência, enquanto nossas crianças e adolescentes, órfãos de modelos positivos de identificação, assujeitam-se ao chefe do tráfico, ao consumo degradante do crack, à violação dos seus direitos mais elementares. Evidenciamos o tempo da infância terceirizada, que é a transferência dos cuidados maternos e paternos, justificados e racionalizados por necessidade produtiva e de ganho social dos pais. Crianças ficam cada vez
mais solitárias ou cuidadas por avós, babás, vizinhos, irmãos mais velhos (muitas vezes, também crianças!), professores e especialistas. Dados estatísticos denunciam índices alarmantes de violência doméstica, negligência ou abandono, sevícias ou abuso físico, sexual ou psicológico, síndrome do bebê sacudido. O pediatra Martins Filho (2012) enfatizou que crianças precisam de atenção, carinho, cuidado e tempo dos adultos. No mundo contemporâneo pautado pelas relações de individualismo, desestruturação familiar, falta de tempo, fragilidade das relações afetivas, consumismo exagerado (incluindo aqui também o uso/ abuso de substâncias psicoativas), ausência de planejamento familiar e sofrimento psíquico (calado pela medicalização social), pouco sobra para o acolhimento, o cuidado e a educação da criança e do adolescente. A carência afetiva que se transmuta em sensações de abandono traz sérios prejuízos para a personalidade, como podemos perceber nas crianças abandonadas ou institucionalizadas. É preciso reforçar preventivamente os vínculos que unem, integram, fortalecem e levam o homem à realização pessoal e à busca do sentido de existência. Valeria a pena perguntar: todos os adultos têm condições de se tornarem pais? Quais seriam os pré-requisitos da função? Quais os desafios da parentalidade na contemporaneidade? Quais as categorias de mal-estar ou adoecimentos que
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impedem ou dificultam o exercício pleno da parentalidade? Eis as questões que lanço aqui à reflexão.
Referências Aberastury, A. & Salas, E. J. A paternidade: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. Berenstein, I. Família y enfermedad mental. Buenos Aires: Paidós, 1978. Birman, J. Arquivos do mal-estar e da resistência. 2ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017. Del Priore, M. Histórias da gente brasileira: Colônia. São Paulo: Le Ya, 2016. Dor, J. O pai e sua função em psicanálise. 2ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. Freyre, G. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. Filho Martins, J. A criança terceirizada: os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo. 6ed. Campinas: Papirus, 2012. Klein, M. Psicanálise da criança. São Paulo: Mestre Jou, 1975. Knobel, M. Orientação Campinas: Papirus, 1992.
familiar.
Mahler, M. O processo de separação-individuação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982. 189 p. Oliveira, H. C. O grupo como estratégia de sobrevivência para crianças da favela. Fortaleza: UFC, 2016. Piccinini, C. A. & Alvarenga, P. Maternidade e paternidade: a parentalidade em diferentes contextos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. Winnicott, D. Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Spitz, R. O primeiro ano de vida: um estudo psicanalítico do desenvolvimento normal e anômalo das relações objetais. 4ed. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
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O Impacto do Teste de Habilidades Clínicas (THC) no Processo de Ensino-Aprendizagem de Estudantes de Enfermagem Introdução
O
s profissionais de saúde estão presentes em vários
contextos de atuação e as suas atividades atendem a diferentes níveis de complexidade. Por isso, uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, em que o profissional seja competente para desenvolver os seus recursos
Milécyo de Lima e Silva (Enfermeiro, Mestre em educação para o ensino na área de saúde pela Faculdade Pernambucana de Saúde – FPS)
Leopoldo Nelson Fernandes Barbosa (Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; Docente do mestrado pro¿ssional em educação para o ensino na área de saúde e de psicologia da saúde da FPS)
Mônica Cristina Batista de Melo (Doutora em Saúde Materno Infantil pelo Instituto de Medicina Integral prof. Fernando Figueira – IMIP; Docente do mestrado pro¿ssional em educação para o ensino na área de saúde e de psicologia da saúde da FPS) Juliana Monteiro Costa (Doutora em Psicologia clínica pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP; Docente do mestrado pro¿ssional em educação para o ensino na área de saúde e de psicologia da saúde da FPS)
cognitivos (classifica as operações mentais), psicomotores (diz respeito ao “fazer” relacionado a habilidades manuais e físicas) e afetivos (diz respeito ao “pensar” ou ao “sentir” frente a um objeto, pessoa ou situação) diante de qualquer situação-problema deve ser preconizada. Assim, para se contemplar as necessidades e expectativas da sociedade e do mercado de trabalho, na formação desses profissionais de saúde há a necessidade de um currículo construído a partir de um planejamento sistemático, envolvendo abordagens que vão desde as atividades de ensino-aprendizagem até o processo avaliativo (GEZER, ONER E FEVZI, 2014), resultando na formação de profissionais capazes de garantir
à integralidade da atenção a saúde com qualidade, eficiência e resolutividade (FERNANDES E COLS, 2014). Na formação dos estudantes de enfermagem não seria diferente. Como parte integrada ao ensino-aprendizagem, a avaliação, um termo que abrange qualquer atividade em que a evidência de aprendizagem é utilizada de forma planejada e sistemática (VALADARES E MAGRO, 2014). Diante disso, o seu instrumento avaliativo deve ser simultaneamente válido, fidedigno, operacionalmente viável e aceitável para todos os participantes envolvidos, ter impacto educacional e efeito catalisador (PANUCIO-PINTO E TRONCON, 2014; TRONCON, 1996; TRONCON, 2011; NORCINI E COLS, 2011).
Um recurso bastante difundido nos ambientes educacionais são os cenários externos para práticas de habilidades clínicas que utilizam diferentes ambientes reais e/ou simulados para o aperfeiçoamento de competências (TRONCON, 2007). Essa construção de novas práticas de formação em saúde tem assumido um papel fundamental na formação profissional, reconhecendo e reafirmando a necessidade dos modos de ensino se adequarem a uma visão assistencial global, para que se possa atender melhor aos interesses e carências dos serviços de saúde (COSTA, 2012). Nesse contexto, a aprendizagem baseada em simulação pode ajudar a atenuar esta tensão por meio do desenvolvimento de habilidades e atitudes dos profissionais, ao mesmo
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tempo em que há proteção dos pacientes contra riscos desnecessários (FERNANDES E COLS, 2014). A simulação é uma técnica utilizada como estratégia para substituir ou ampliar experiências da vida real, geralmente em ambiente de imersão total, que pode evocar ou replicar aspectos essenciais da prática de modo interativo, com foco na qualidade e na segurança do atendimento oferecido aos pacientes (LUNA E SPIGHT, 2014), podendo permitir o desenvolvimento do pensamento crítico do estudante a partir de situações reais. Assim, diferentes competências precisam ser avaliadas e em diversos níveis de complexidade, sendo necessária a utilização de vários instrumentos de avaliação, com diferentes objetivos, para atingir um resultado satisfatório. Logo um único teste não seria capaz de avaliar todos os níveis (BAGCHI E SHARMA, 2014). Um dos possíveis modelos teóricos, para explicar a aquisição de habilidades, competências e atitudes, é através da expressão “mostrar como”, ilustrada na Pirâmide de Miller (MILLER, 1990). Como exemplo de instrumentos para observação direta de desempenho de habilidades tem-se o Objective Strutucred Clinical Examination – OSCE e o Mini Clinical Evaluation Exercise – Mini-CEX (PANUCIO-PINTO E TRONCON, 2014). Esses instrumentos podem compor o Teste Habilidades e Competências Clínicas
(THC) em Cenários Simulados e de Prática Real (HARDEN & GLEESON, 1979). O OSCE é um dos instrumentos avaliativos mais utilizados para habilidades clínicas em cenário simulado, e tem como objetivo avaliar uma sequência de situações específicas, de forma estruturada em estações, com uma lista de tópicos a serem observados (checklist) em um evento simulado e controlado. Ele é considerado um dos métodos mais confiáveis de avaliação de competências clínicas de estudantes e residentes (AMARAL E TRONCON, 2007). O OSCE se configura a partir do percurso de 6 a 10 estações diferentes que apresentam casos reais ou problemas práticos simulados pensados e adaptados aos objetivos do currículo do curso e exige demonstrações de habilidades que vão desde o diálogo com o paciente e familiares, a realização de exame físico, até a execução dos procedimentos esperados para a conclusão avaliativa, sempre sob a observação de um docente responsável pelo preenchimento do checklist (GRISI, 2004). Já para avaliação em cenários de prática real, o Mini Clinical Evaluation Exercise (Mini-CEX) é um dos mais utilizados para ponderação de eventos individuais. É um instrumento no qual um observador avalia o desempenho do estudante durante a execução de uma determinada tarefa ou encontro clínico, conseguindo
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identificar e corrigir deficiências de desempenho, não interferindo na rotina do serviço (NORCINI E COLS, 1995). O Mini-CEX é considerado adequado para avaliação formativa, sendo analisado e confirmado como um instrumento de validade forte, confiabilidade e viabilidade (OLUKAYODE E TOKODE, 2013). Apesar das vantagens de um processo avaliativo coerente na formação profissional em saúde, no cenário educacional atual ainda predomina uma cultura avaliativa deficiente, que privilegia os aspectos cognitivos e os procedimentos somativos, marginalizando o impacto educacional da avaliação sobre os estudantes e as instituições (MENEZES, 2009; VIEIRA E TAMOUSAUSKAS, 2013). Esse estudo objetivou compreender qual o impacto do Teste de Habilidades e Competências Clínicas (THC) em Cenários Simulados e de Prática Real para a consolidação da relação ensino-aprendizagem em estudantes de enfermagem, tornando-se importante para subsidiar reflexões e indagações pertinentes, a fim de estimular uma possível melhora no contexto da formação e avaliação de práticas clínicas destes acadêmicos.
Método Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa realizado em uma faculdade de saúde em Pernambuco. A coleta de dados foi realizada
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através de um grupo focal e para a análise foi empregada a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (BARDIN, 2014). O estudo atende aos preceitos éticos e legais relativos à pesquisa com sujeitos humanos, conforme as diretrizes regulamentadoras da resolução nº. 466/12 da CONEP.
Resultados e Discussão Participaram desse estudo 12 estudantes do último ano de Enfermagem em um grupo focal no qual, entre eles, 10 eram do sexo feminino (83,33%). A faixa etária predominante foi entre 20 e 30 anos (75%). Apenas 2 participantes (16,64%) foram egressos de escolas públicas, enquanto o restante (83,33%) veio de escolas privadas. A maioria não possuía formação anterior técnica ou superior (66,72%), apenas 2 participantes (16,64%) já haviam feito outro curso superior e 2 participantes (16,64%) possuíam curso técnico em Enfermagem. Após a transcrição, leitura e estudo das falas pelos pesquisadores, foram definidas duas categorias de análise para discussão: 1) O impacto do THC no processo ensino-aprendizagem; 2) percepção sobre os domínios de aprendizagem que compõe o THC. A primeira categoria (O impacto do THC no processo ensino-aprendizagem) reflete o processo de ensino-aprendizagem e o THC advindos da percepção dos estudantes.
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Avaliação é uma palavra que faz parte de nosso dia a dia, de maneira espontânea, ou de modo formal. No contexto educacional, ela se destaca com intensidade e com significados particulares no cotidiano dos envolvidos como parte contínua e integrante do processo ensino-aprendizagem, não podendo ser vista como um elemento estranho a este processo. Assim, a compreensão da “Avaliação” é indispensável na evolução acadêmica de qualquer estudante. A compreensão do conceito de avaliação abrange qualquer atividade em que a evidencia de aprendizagem é recolhida de forma planejada e sistemática, sendo utilizada para emitir um juízo sobre a aprendizagem (PANUCIO-PINTO E TRONCON, 2014), pois os estudantes demonstram conhecimento em relação a esse conceito no contexto educacional. Entretanto, ainda foi observada certa percepção negativa relativa à avaliação. Estudo sobre o significado da avaliação no ensino por competências corrobora os dados da pesquisa, cuja avaliação da aprendizagem é imprescindível no planejamento educacional, porém ainda é vista como instrumento de seleção e de atribuição de nota ou conceito, desviando o foco do processo e o estigmatizando (PRADO, PRADO E REIBNITZ, 2012). Assim, uma melhor percepção dos objetivos da avaliação pelos estudantes pode contribuir para a diminuição desse estigma.
No contexto avaliativo, a escolha do instrumento e o conhecimento sobre o mesmo podem interferir nos seus resultados. Nessa perspectiva, a operacionalização do THC demonstra o gradativo aumento nos níveis de complexidade e a relação disso com a mudança de cenário de ambientes simulados de laboratório para cenários de prática real com os pacientes. Assim, pode-se afirmar que o THC acontece em Cenários Simulados e de Prática Real. Segundo o manual de avaliação da instituição pesquisada, o THC tem em seu currículo a junção adaptada de dois instrumentos de avaliação; quando acontece em cenários simulados se configura com semelhança ao OSCE e quando em cenário de prática real, ao mini-CEX. A utilização de simulações em cenários simulados e de prática real para avaliar competências clínicas tem seu uso crescente no ensino de profissionais de saúde. O OSCE é um instrumento avaliativo considerado padrão ouro por especialistas educacionais para se avaliar competências clínicas de estudantes antes de ingressarem no cenário clínico (LINDA E COLS, 2014). O instrumento é considerado como um método de exame justo, uma ferramenta válida e confiável para medir competências clínicas, sendo insuperáveis os benefícios proporcionados para o corpo docente, estudantes, centros clínicos e pacientes
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(LINDA E COLS, 2014). Já o Mini-CEX também tem boa aceitação por parte de estudantes e profissionais (PELGRIM E COLS, 2011; SIDHU E COLS, 2009). Ele é mais indicado para ser utilizado com natureza formativa por acreditarem em seus efeitos educacionais (SINGH E SHARMA, 2010), analisado e confirmado como um instrumento de validade forte, confiabilidade e viabilidade (MUR E LAXTON, 2012) mas alguns estudos também mostraram resultados satisfatórios na utilização do instrumento com natureza somativa (NAIR E COLS, 2012; MOONEN-VAN LOON, 2012). O THC se propõe ao “mostrar como fazer” de forma potencializada por utilizar dois instrumentos que acontecem em cenários diferentes ampliando seu poder avaliativo de acordo com as necessidades e adequação curricular do período cursado. Em uma visão construtivista do conhecimento no THC, de modo geral a percepção dos estudantes para o instrumento apresentou um significativo impacto positivo como instrumento avaliativo com influência ativa na evolução de competências e habilidades clínicas percebidas. Além do instrumento de avaliação, as falas dos estudantes evidenciam o papel do profissional avaliador no contexto de ensino-aprendizagem como significativo. No desempenho desse papel, o feedback
de informações parece assumir prioridade. Estudos envolvendo a avaliação dos efeitos educacionais corroboram-se com a importância do feedback fornecido no processo avaliativo, sendo provido preferencialmente de imediato, de modo a configurar o processo de obtenção de dados de seus progressos individuais, promovendo ganhos em julgamento clínico, organização e eficiência, aumentando a aprendizagem (TARTWIJK E DRIESSEN, 2009). Em um processo de ensino-aprendizagem, a relação avaliação/aprendizagem é essencial para o desenvolvimento dos estudantes como também para a melhoria contínua das instituições, objetivando principalmente motivar, orientar e aperfeiçoar a aprendizagem de habilidades (BHOWATE E COLS, 2014). A avaliação deve ser capaz de mediar o processo ensino-aprendizagem, contribuindo significativamente para que suas finalidades sejam alcançadas, mediante a adequação dos instrumentos utilizados, a fim de desafiar os estudantes a apresentarem suas aprendizagens construídas e avançarem no processo de construção do conhecimento (BATISTA, 2007). Assim, considerar o THC como instrumento de avaliação pontual, sem a real compreensão da relação com o processo de ensino-aprendizagem, pode contribuir para uma percepção de incoerência com o
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que está sendo proposto pedagogicamente pela instituição. A Taxonomia de Bloom e seus domínios cognitivo, psicomotor e afetivo representam um importante passo evolutivo no ensino-aprendizagem no ensino superior (VALADARES E MAGRO, 2014). Esse ponto foi abordado na segunda categoria (Percepção sobre os domínios de aprendizagem que compõe o THC). N e s s e contexto, Tan, Heng e Tan (2013) referem que quando os educandos compreendem o domínio cognitivo de forma efetiva (adquirindo conhecimento científico) e são capazes de aplicar esses conhecimentos e habilidades para resolução de problemas (domínio psicomotor), os mesmos ficam mais motivados para aprender sobre valores e habilidades para a vida, o que é característica do domínio afetivo, reforçando o impacto dos domínios no processo ensino-aprendizagem do estudante. Contudo, foi identificada nas falas dos participantes, certa dificuldade na compreensão dos domínios cognitivo, psicomotor e afetivo que o THC contempla. Esses dados parecem estar de acordo com achados de outros estudos (TAN, HENG E TAN, 2013; GEZER, ONER E FEVZI, 2014, PANUCIO-PINTO E TRONCON, 2014) ao afirmarem que, apesar da indispensável relação entre esses domínios no processo ensino-aprendizagem, na maioria das vezes solicitam-
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-se mais os domínios cognitivo e psicomotor em relação ao afetivo. Esse último, por vezes nem é avaliado e isso acaba limitando o desenvolvimento de competências do estudante. Os estudantes percebem quando estão sendo avaliados nos domínios cognitivo e psicomotor, mas não conseguem perceber essa avaliação no afetivo. Considerando a sua importância como parte integrante do THC, o domínio afetivo pareceu ainda ser pouco compreendido ou apresentou equívocos de percepção na aplicação do Teste. Há a necessidade de uma intervenção referente à compreensão do domínio afetivo, o qual, quando não é bem explorado em um contexto educacional, interfere na evolução da aprendizagem e, consequentemente, no futuro profissional do estudante. Esses achados também são referenciados por outros estudos (TAN, HENG E TAN, 2013; GEZER, ONER E FEVZI, 2014, PANUCIO-PINTO E TRONCON, 2014) que, ao identificarem tal dificuldade, recomendam intervenções no planejamento avaliativo, para inserir o domínio afetivo como os demais domínios de aprendizagem.
Conclusão Os estudantes têm conhecimento sobre o conceito de avaliação, porém, mesmo estando inseridos em uma metodologia ativa baseada em discussão de casos e problemas
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e, ainda, voltada ao desenvolvimento e à autonomia, o aspecto cultural da educação tradicional com foco nos aspectos quantitativos ainda predomina. Especificamente em relação ao THC, há a percepção do aumento no nível de complexidade do instrumento ao longo do curso, porém sua efetividade avaliativa parece sofrer interferência direta da falta de informações sobre o aspecto pedagógico da avaliação através dos domínios cognitivo, psicomotor e afetivo. Porém, embora haja certa incompreensão dos domínios acima citados, a avaliação através do THC é um processo de aprendizagem reconhecido como válido pelos estudantes. O (des)conhecimento do instrumento avaliativo através de uma visão fragmentada do THC e a interferência do tutor/ avaliador durante o teste é real e pode ter consequências negativas, por vezes constrangedoras nos estudantes na evolução e demonstração dos conhecimentos, habilidades e atitudes. De modo geral, o THC é ancorado em instrumentos validados pela literatura em relação a sua efetividade e propõe estratégias importantes para a compreensão da aprendizagem e do nível de desenvolvimento dos estudantes. As dificuldades relatadas pelos estudantes foram relacionadas principalmente à falta de informações sobre o processo avaliativo e a forma de avaliar de alguns tutores. Assim, reiteramos a importância de se
discutir cada vez mais o processo avaliativo e a sua importância na consolidação do processo ensino-aprendizagem que envolve tutores e estudantes.
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Partenon: o templo perfeitamente imperfeito Introdução
N
a arquitetura grega destacam-se os templos, onde
se realizavam celebrações, eventos esportivos e cultos aos deuses.
Bárbara Bruno Norões, Gabriel de Oliveira Militão Andrade, Johnny Wendell Pontes do Nascimento e Thayane de Almeida Monteiro (Alunos do 8º semestre do Curso de Engenharia Civil) Co-autora e Orientadora: Profa. Esp. Denise Vidal Gadelha Formighieri (Arquiteta e Urbanista, mestranda em Educação Pro¿ssional e Tecnológica pelo IFCE, Docente dos Cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo)
Co-autora: Profa. Germana Pinheiro Câmara (Arquiteta e Urbanista e mestre em European Postgraduate Master in Urbanism - Delft University of Technology (2014) e Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo).
Dentre eles, evidenciam-se aqueles localizados na Acrópole de Atenas,
História do Partenon
principal cidade do continente
A construção do Pré-Partenon surgiu com o sentimento de vitória dos gregos sobre os persas, nas guerras médicas. Esse templo inicial possuía seis colunas frontais (hexastilo) e uma fileira com treze colunas em suas laterais (peripteral). O elemento básico da estrutura era a colunata chamada de pteron, uma inovação dos gregos.
no período seguinte à invasão da península pelos persas. Segundo PEREIRA (2013), o maior e mais famoso dos templos é o Parthenon, construído no período clássico (447 e 438 a.C.), durante o governo de Péricles, projetado por Ictinus e aconselhado por Calícatres e Fídias. Com grande engenharia, usou-se o princípio construtivo de peso sustentação, almejando a simetria, beleza e harmonia entre os elementos constituintes. Empregaram-se cálculos matemáticos e geométricos, regras, proporções e perspectiva, caracterizando o estilo clássico. Um edifício clássico é aquele cujos elementos decorativos derivam direta ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do mundo antigo – o mundo “clássico”, como muitas vezes é chamado. Esses elementos são facilmente reconhecíveis, como, por exemplo, os cinco tipos padronizados de colunas que são empregados de modo padronizado, os tratamentos padronizados de aberturas e frontões, ou, ainda, as séries padronizadas de ornamentos que são empregadas nos edifícios clássicos (SUMMERSON, 1982).
ŹFigura 01: Planta baixa do Pré-Partenon. Fonte: Vailatti, 2013.
Foi destruído antes da sua conclusão, pois o início da obra gerou insatisfação dos persas, que interpretaram como um afronta. Houve uma batalha entre esses povos e os gregos saíram vitoriosos. Durante o ano de 480 a.C., Atenas se encontrava arrasada, em ruínas, inclusive o Pré-Partenon. Péricles, principal líder político
da época, propôs a reconstrução da Acrópole de Atenas, situada na principal cidade da Liga de Delos.
Estrutura A estrutura do Partenon é composta por oito elevadas colunas frontais nas suas fachadas leste e oeste, tornando-o o único templo octastilo e peripteral construído na Grécia Antiga.
Segundo CHING (2016), havia 46 colunas externas e, apesar de parecerem retas, possuem um perfil ligeiramente arredondado. Da mesma forma são os outros componentes da estrutura tais como as vigas, elementos arquitetônicos e fundação. A linha estilóbata possui uma curva em seu centro e não há ângulos retos na obra. Essa curvatura, em direção ao centro, possui uma inclinação
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de 41 milímetros nos lados curtos e 102mm nas faces longas, o que propicia o escoamento da água, gerando aumento do apoio estrutural lateral em caso de terremoto. O projeto do Partenon valeu-se de uma realidade matemática a fim de criar uma fantasia: as proporções (entre altura e largura, largura e comprimento, distância entre colunas e diâmetro de colunas) são tão precisas e o desvio proposital de linhas a fim de corrigir a ilusão de ótica foi tão acurado que, de fato, o Partenon provoca a ‘impressão’ de uma perfeição absoluta de medidas e de composição (FLORENZANO, 2001).
Segundo PEREIRA (2013), existia uma divisão em três partes: o vestíbulo ou pórtico (pronaos), o santuário (celia ou naos) – onde estava a estátua de Atena com um núcleo de madeira coberta por marfim e ouro – e o alpendre traseiro (opistódomo). Em geral, nas construções gregas, os materiais mais usados eram a pedra, mármore, madeira e calcário.
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Elementos como capiteis, métopas e frontões eram pintados com cores vivas, embelezando a estrutura. Summerson (1989) tem a ideia de que a essência do classicismo não era apenas a harmonia (proporção) das partes do Partenon, nem somente os elementos decorativos da arquitetura, mas, sim, aa combinação dessas características. De acordo com CHING (2016), os frontões na fachada (figura 03) eram estruturas ornamentais que possuíam esculturas elaboradas com temas bastante referentes à deusa patrona da cidade. No frontão oeste há referência à luta entre Poseidon e Atena. No leste, o nascimento da deusa é figurado.
ŹFigura 03: Réplica do Partenon de Atenas construído na cidade americana Nashville. Fonte: LAYDA, 2010.
ŹFigura 04: Partenon. Fonte: Histórias das Artes – Arte Grega, 1998.
ŹFigura 02: Estátua de Atena situada no interior do templo. Fonte: Suny Oneonta, 2013.
Sua arquitetura revela a religiosidade mitológica e a pintura e artes cênicas contam a história grega por meio de impressões do cotidiano.
O templo foi construído baseado em uma planta retangular como um templo dórico com influências jônicas. Conforme Ching (2016) explica: Coluna pertencente à ordem dórica possui simplicidade em sua forma, e das três formas é a mais rústica. Sendo uma versão em pedra das peças de madeira. Este tipo de ordem não possui base, tem o fuste canelado e o capitel possui filetes que são suportados por um ábaco quadrado. A ordem jônica é caracterizada por capitel ornado com duas volutas laterais, uma altura referente a nove vezes maior que o seu diâmetro. Possui base e tem fuste canelado, arquitrave ornamentada com frisos e base simples (CHING, 2016).
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ŹFigura 05: Comparação entre coluna dórica e jônica. Fonte: Histórias das Artes – Arte Grega, 1998.
Segundo CHING (2016), a técnica utilizada para reduzir a ilusão ótica provocada nas colunas é a êntase. Ela corrige a distorção das numerosas linhas verticais paralelas que parecem ligeiramente côncavas. A êntase do Partenon media vinte milímetros de desvio de uma linha reta, mais sutil e discreta que templos anteriores.
Conclusão O Partenon é considerado visivelmente perfeito, visto que suas proporções e a interação entre seus elementos buscam a beleza e a harmonia, como pode ser observado nas imperfeições aplicadas para a correção da ilusão de ótica. Um exemplo são os desvios das linhas retas aplicadas nas colunas, vigas e na base.
Mas a essência do estilo clássico, conforme abordado, não se configurou somente na harmonia das partes da edificação, nem apenas nos elementos decorativos da arquitetura, mas sim na combinação dessas características. Conclui-se que, apesar dos danos provocados pelo tempo e homem, o Partenon ainda representa o alto nível de criatividade humana e obra prima do classicismo.
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Confecção de Atlas Virtual na monitoria de processos patológicos gerais na Enfermagem: Relato de Experiência e impacto para os discentes Introdução Nos dias atuais, em que a tecnologia é uma ferramenta acessível e essencial, o ensino-aprendizagem deve ser baseado não somente em teoria, mas também em um dinamismo entre docentes, alunos e monitores. É necessário que os docentes busquem exaustivamente maneiras mais didáticas no intuito de facilitar a aprendizagem (PELLÓN et al., 2009). Nesse contexto, a monitoria pode auxiliar na modernização e na acessibilidade do conhecimento. Ela é considerada uma atividade complementar que permite ao aluno uma vivência de forma diferenciada no que se refere às questões educacionais, fato que permite o desenvolvimento de habilidades relacionadas à docência que, ao final, auxilia os alunos e os monitores no ensino-aprendizagem (ASSIS et al. 2006; CARDOSO e DE ARAÚJO, 2008). Dentre as disciplinas ofertadas em cursos de saúde, pode-se destacar a patologia. Ela é a ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, as sedes e as alterações morfológicas e funcionais (MITCHELL et al., 2012). Além disso, é uma disciplina extremamente complexa que requer dedicação, conhecimento, contextualização e senso
Dara Aline Dias Barroso (Aluna do 6º semestre do Curso de Enfermagem) Profa. Ana Karine Rocha de Melo Leite (Docente dos Cursos de Enfermagem e Biomedicina da Unichristus)
crítico. Dessa forma, a utilização de meios criativos e facilitadores para a compreensão de todos esses aspectos é essencial. Diante desses fatos, é notória a construção de um método que auxilie o docente, o aluno e o monitor na aquisição de conhecimento e troca de experiências de forma ativa, dinâmica. Dessa forma, o objetivo é relatar a experiência da monitora na confecção de um atlas virtual referente aos acervos de lâminas da disciplina de Processos Patológicos Gerais do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Unichristus. Ainda, descrever os resultados das experiências dos alunos quanto à utilização do atlas virtual.
podem ser visualizadas no organismo, o que pode auxiliar no diagnóstico, no prognóstico e na terapêutica. Fato que pode estimular o aluno não somente na vida acadêmica, mas também na sua rotina profissional. Após a obtenção das imagens, elas foram editadas, utilizando-se recursos do Programa Power Point (Figura 1). As legendas foram adicionadas e, em seguida, disponibilizadas aos alunos no início do semestre letivo para o acompanhamento durante as aulas práticas da disciplina.
Metodologia As lâminas histopatológicas foram selecionadas com base nos principais achados patológicos discutidos em sala de aula. As imagens foram capturadas em diversos aumentos. Ao final, obtivemos 58 imagens. Os achados patológicos fotografados foram os mais diversos possíveis, no intuito de mostrar a complexidade das reações patológicas que
ŹFigura 1: Imagem mostrando fotogra¿as de lâminas histopatológicas extraídas do atlas virtual pertencente à disciplina de Processos Patológicos Gerais do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Christus.
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Resultados Conforme relatado pela monitora, a confecção do atlas foi laboriosa, porém, no mínimo, curioso e de grande aprendizado, auxiliando na inter-relação entre teoria e prática. Houve uma maior interação entre o ambiente laboratorial, conhecimento teórico e interatividade com a tecnologia. Fato que permitiu o surgimento de um senso mais crítico e reflexivo. Outro ponto abordado pela monitora foi a total disponibilidade e acessibilidade das imagens aos alunos, auxiliando não somente para o preparo e o conhecimento para prova prática, mas também, em todos os momentos, necessários. Diante de todos esses fatos, a evolução do domínio do conhecimento, das habilidades e da aplicação prática da monitora foi notória. Em relação às experiências dos alunos que fizeram uso das imagens do atlas virtual, estas foram as mais diversificadas. Um ponto de unanimidade é de que o atlas foi utilizado como uma
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ferramenta no auxílio para uma melhor compreensão das imagens e da inter-relação da teoria com a prática, suprindo dificuldades que ocorrem no processo de ensino-aprendizagem. Por meio dele, os alunos visualizaram a importância da patologia como uma disciplina básica para a formação profissional e para o entendimento do processo saúde-doença. Alguns sugeriram que a confecção de atlas virtuais poderia ser uma ferramenta útil para os alunos em diversas disciplinas básicas.
Conclusão A experiência na confecção de um atlas virtual durante a execução da monitoria da disciplina de Processos Patológicos Gerais foi gratificante e ímpar. Ela permitiu uma interação mais íntima entre a teoria e a prática, auxiliando na compreensão do diagnóstico de diversas enfermidades vivenciadas na rotina da enfermagem. O atlas virtual é uma ferramenta prática, fácil e acessível para o ensino-
-aprendizagem, permitindo uma interação entre a disciplina de Processos Patológicos Gerais, o discente e o docente.
Referências ASSIS, F.D., BORSATTO, A.Z., SILVA, P.D.D., PERES, P.L., ROCHA, P.R., CARDOSO, M.C., DE ARAÚJO, R.P. Monitoria acadêmica: relato de experiência em disciplina aplicada da Terapia Ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v.16, n.1, p.53-57, 2008. LOPES, G.T. Programa de Monitoria Acadêmica: percepções de monitores e orientadores. Revista Enfermagem UERJ, v.14, n.3, p.391-397, 2006. MITCHELL, Richard N.; KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; FAUSTO, Nelson; ASTER, Jon C. Robbins e Cotran: fundamentos de patologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. PELLÓN, A. M., MANSILLA, S. J., SAN MARTIN, C. D. Desafíos para la transposición didáctica y conocimiento didáctico del contenido en docents de anatomia: obstáculos y proyecciones. International Journal of Morphology, v. 27, n. 3, p.743-750, 2009.
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leitura
Resenha O Monge e Seus Princípios de Liderança Autor: James C. Hunter Editora: Sextante
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Livro O Monge e o Executivo trata da história de John, um administrador que trabalha em uma empresa de vidros. A empresa em que ele trabalha encontra-se em crie – assim como seu casamento – e, após muita insistência de sua esposa, ele resolve participar de um retiro para líderes em uma colônia de monges. John decide ir até este retiro, pois descobre que um dos monges que lá estão foi um grande executivo por quem ele sente grande admiração. Ao chegar ao retiro John, está bastante descrente de que seus problemas possam ser solucionados naquele lugar, ao mesmo tempo em que não vê em si nenhum problema pelo desarranjo de várias áreas da sua vida. Seu único objetivo é ter contato com Leonard Hoffman, o famoso ex-executivo que ele queria conhecer e a quem deseja pedir-lhe conselhos sobre o que fazer para solucionar seus problemas. Qual não foi a sua surpresa e alegria ao saber que “irmão Simeão/ Len Hoffman” seria seu instrutor durante aquela semana! E mais feliz ele fica quando recebe do reitor do lugar permissão para conversar com Simeão todos os dias antes da oração da manhã. No decorrer dos sete dias John e seus companheiros de retiro são estimulados, por irmão Simeão, a repensar seus modelos de liderança de forma crítica. Eles são levados a refletir sobre os erros cometidos como líderes em todas as áreas de suas vidas. Irmão Simeão os leva e reconhecer que muitos dos problemas os quais estão vivendo decorrem de suas próprias atitudes como líderes. John então compreende que os problemas pelos quais ele está passando em casa com seus filhos, na empresa com os funcionários e mesmo no time de Beisebol do qual é o treinador, consiste em sua má liderança. Nesse ínterim irmão Simeão começa a apresentar-lhes os princípios de liderança de Jesus Cristo, que, segundo ele, tem como base o amor pelos liderados. Irmão Simeão explica a cada um deles que uma liderança eficaz deve seguir os princípios da paciência, da bondade, da humildade, do respeito, da generosidade, do perdão, da honestidade e do compromisso, através dos quais um líder deve conseguir o amor, o respeito e a dedicação de seus liderados. Ao findar a semana de orientação e mentoria com irmão Simeão no mosteiro, John e seus companheiros voltam para casa conscientes de que precisa haver mudanças em seus estilos de liderança e de que isso só poderá ser possível mediante esforço da parte de cada um deles.
O livro foi escrito em forma de uma narração em que são entremeados conceitos da área administrativa já que seu protagonista é um administrador que está passando por sérias dificuldades com o modelo de gestão escolhido por si. Este finda por compreender que há outras maneiras de pensar a gestão e a liderança abrindo assim a sua mente para um tipo de influência bem diferente do que está acostumado diuturnamente. O livro tem como base as ideias de pensadores de várias áreas, incluindo a teológica e a administrativa. Dentre os pensadores citados estão Maslow (p. 54) e Elton Mayo (p. 81). Além desses teóricos também são citadas personalidades como Gandhi e Martin Luther King (p. 64) para ilustrar os preceitos apresentados no livro. Seus preceitos são mais voltados para o Teoria das Relações Humanas da Administração, já que o foco dos princípios de Simeão é o modelo de liderança de Cristo, seus ideais de liderança e seus valores e atitudes no trato com seus liderados. Apresenta-se também no escrito o contraponto, de forma indireta, com a Administração Científica e com a Teoria Clássica da Administração, representado aqui pelo personagem Greg, que assume o cargo de sargento do exército e que confronta cada preceito explicitado por Simeão. Greg acaba sendo convencido paulatinamente de que os princípios abordados por Simeão podem, de fato, ser úteis e passíveis de aplicação. O livro não deve ser usado como única fonte de estudo sobre liderança já que é recheado de frases de efeito e apresenta alguns conceitos que são largamente abordados no segmento pop management. Enfim, o livro traz preceitos de liderança que até podem ser aplicáveis, desde que com parcimônia e de maneira pontual. HUNTER, J.C. O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência da Liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004 Maria Neuza Alves Martins (aluna do 3º semestre do Curso de Administração) Orientadora: Profa Maely Barreto
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vida inteligente
Direito, Literatura e Psiquê, em Jorge Luis Borges “O episódio do inimigo” retrata a enigmática história de um homem que, do alto de uma colina, espreita pela janela a chegada de um antigo desafeto, enquanto este sobe, debilitado, até chegar à sua casa. Com certa hesitação, o dono da casa lhe abre a porta, após o quê, o outro se precipita inesperadamente sobre sua cama. Os dois travam uma breve e estranhíssima discussão, deixando entrever que o inimigo - agora velho e doente - já fora maltratado, de algum modo, em sua infância, pelo personagem-narrador. O tom ríspido da conversa evolui rapidamente, e, de uma hora para outra, o inimigo aponta um revólver para o narrador, que, perplexo, ao ver aquele velho soterrado em ressentimentos, mouco a qualquer possibilidade de diálogo, resolve se safar de sua morte iminente – e acorda. É interessante o modo como Jorge Luis Borges possibilita um conto com tantos matizes e possibilidades, deixando várias questões em suspenso, a desafiar a imaginação do leitor. Uma das interpretações possíveis é a de que, talvez, o homem debilitado seja, na verdade, ele mesmo, quando menino, como uma espécie de duplo, representado por uma fantasmagoria do passado. Ou quem sabe, o narrador de Borges esteja, inconscientemente, a se martirizar por uma dessas infâmias que os meninos cometem entre si, e que nem a incivilidade da infância justifica. Não sabemos. Borges não esclarece, graças a Deus. Ariadne Maria de Andrade Vieira (Aluna do 1º semestre do Curso de Direito – manhã) Dra. Fayga Bedê (Professora da disciplina de Tópicos Especiais em Direito I)
Estética e Humor em Rachel de Queiroz No conto “Os dois bonitos e os dois feios”, Rachel de Queiroz conta a história de um vaqueiro bonito que namora uma moça bonita, enquanto um vaqueiro feio namora uma moça feia. Como alguém disse por aí: “cada um no seu quadrado”. A narrativa seguiria as águas tranquilas de um rio cartesiano; não fosse pelo fato de que Rachel decide fazer uma graça e dá um nó na trama, enquanto suscita as mais altas questões filosóficas. Afinal, onde aquela moça feia estava com a cabeça, quando decidiu se engraçar justo pelo vaqueiro bonitão? Pois Rachel complica a trama. Quando a gente tinha certeza de que a moça iria levar um baita de um chega-pra-lá, não: o bonito se engraça pelo charme da feiosa, e manda a bonitona catar coquinho. Rachel dá uma aula de humor e de estética, afinal, será que existe algo mais irresistível do que gente com autoestima? Rachel entorta a história toda, pois, em vez de o vaqueiro feio se resignar com a bonita – era o que a gente esperaria – ele se torna cada vez mais obcecado pela feiosa. Talvez essa história termine em tragédia (depois não digam que eu não avisei), mas até que a trama toda chegue ao fim, Rachel terá nos dado uma aula magna sobre beleza e transcendência: o significado do belo é universal? Todos compartilham do mesmo sentido? Há um núcleo substantivo ou princípio primordial em toda manifestação da beleza? Quanto de subjetivo pode haver na percepção do belo? Será belo um vaqueiro encourado pelo seu traça de bravura, coragem e valentia, como a mais autêntica representação do sertanejo forte? Com uma linguagem (aparentemente) simples e regionalista, Rachel vai da comédia à tragédia, bela, belamente. Marcio José Macêdo Garcia Junior (Aluno do 1º semestre do Curso de Direito – manhã) Dra. Fayga Bedê (Professora de Tópicos Especiais em Direito I)