Carteira assinada
Um ensaio fotográfico chama atenção para as diferentes igrejas da vila
Páginas 8 e 9
ANGELO DE ZORZI
Página 3
Fé
MARINA CARDOZO
enfoque
Profissionalização pode abrir novos caminhos no mercado de trabalho
Brassificados
vila brás | são leopoldo | setembro/2011 | edição 129 Quer trocar um brinquedo velho por um novo? Quer fazer uma declaração de amor? Quer mandar um recado para alguém?
Páginas 14 e 15 MARINA CARDOZO
Mãos à obra
Confira histórias de gente que não ficou bobeando e se realizou com o trabalho na Vila Brás Páginas 4 e 5
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Música
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
Carta ao leitor “Mãos à obra”, uma das frases que ouvimos ao chegar à Brás, também foi o que encontramos, na prática, ao percorrer a Vila. Afinal, o que as histórias do Seu Dailor, as do Deoclides e a da Letícia têm em comum? São exemplos dos muitos moradores que arregaçaram as mangas e foram atrás dos seus sonhos. Seja voltando a estudar, iniciando um novo negócio ou mantendo-o por 18 anos, são pessoas que, acima de tudo, não desistiram do que queriam. Outro assunto de destaque desta edição do Enfoque é de extrema importância: a formação profissional. Diante da informação do baixo número de moradores da Vila que conseguem continuar os estudos, procuramos quais projetos e cursos de capacitação estão acessíveis atualmente. Há oportunidades que podem fazer a diferença para quem quer mercado de trabalho ou deseja mudar de profissão. Nesta edição do jornal experimental produzido por alunos do curso de Jornalismo da Unisinos, contamos ainda a história de superação de Leandro, que perdeu a visão e Maiara, vítima de craniostenose. Apesar das dificuldades, ambos nos mostram como buscar uma vida feliz. Infelizmente, temos duas histórias tristes para os adoradores de animais: Pretinho, o cachorro atropelado, e os casos de envenenamento de cães na Brás. Também voltamos à Casa Lilás, que foi matéria de capa da edição em 2010, para descobrir porque o local está à venda. Classificados e Recados complementam essa edição. Será que tem algum recado para você?
O Enfoque é um jornal direcionado aos moradores da Vila Brás, em São Leopoldo/RS. A produção é dos alunos das disciplinas de Redação Experimental em Jornal e Fotojornalismo do Curso de Jornalismo da Unisinos.
Gente grande também tem ídolos Enquete revela o que os adultos escutam no dia a dia da Vila Brás Jaqueline Loreto (Texto) Dienifer Ceconello (Fotos)
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elhas baladinhas e cantigas românticas ainda estão vivas, na memória e nos pés dos moradores da Vila Brás. Para isso, nem é preciso ser um frequentador dos bailes e festas para ouvir aquela música que tanto agrada.
Em pesquisa informal realizada em um sábado, a maioria das pessoas entrevistadas afirmou que escuta o gênero sertanejo. Nos bares, ele também está presente, só é preciso entrar, ouvir e, quem sabe, ir dançando, já que, devido ao trabalho, o costume de sair à noite ficou para trás, dando lugar as responsabilidades de criar uma família.
Alguns até citaram o mais recente ídolo da música sertaneja, Luan Santana, mas a predominância foi o arrasta-pé sertanejo e algumas gauchescas. Se escuta tomando um chimarrão e conversando com o vizinho, ou arrumando a casa e – por que não? – recordando aqueles momentos que deixaram uma boa lembrança.
O que toca no seu rádio?
“Meu ídolo é o Amado Batista! Desde a infância, eu o escuto, e toda a família também gosta. Ainda tenho o vinil dele”. Seila Camargo, 38 anos
“Eu gosto mais de música sertaneja, do Amado Batista e de gauchesca também. Com o trabalho, eu escuto mais quando estou em casa”. José Odair, 48 anos
“Eu gosto de Os Federais, as músicas são boas de dançar. Os filhos já estão criados e agora a gente tem que aproveitar a vida”. Natália Novaes, 49 anos
“Eu escuto hinos evangélicos. É um compromisso que a gente tem que ter com Deus. Ninguém vive sem fé”. José Olmiro de Paula, 58 anos
“Bom é o Trio Parada Dura. Nos bailes tem que ir com a mulher, sozinho não dá. As gurias de hoje já não gostam desse tipo de música”. Setembrino Gonçalves, 66 anos
“Eu sou fã de Roberto Carlos. Gosto principalmente das músicas românticas e do jeitão dele de cantar”. Evanir Farias, 61 anos
“Eu gosto de sertanejo. Escuto mais Sérgio Reis, é o que eu acompanho. Antes, quando ele lançava os discos, eu os comprava sempre”. José Ely Bertisolo, 80 anos
“Daniel! Eu gosto de todas as músicas dele e da Paula Fernandes. Quando era nova eu ia aos bailões, hoje em dia escuto em casa”. Mareni Paula da Silva, 50 anos
Fale conosco! (51) 3590 8463 / 3590 8466
enfoque
enfoquevilabras@gmail.com Av. Unisinos, 950 - Agexcom/Área 3 - São Leopoldo/RS
Confira quando circulam as próximas edições! 129
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[REDAÇÃO] Orientação: professor Eduardo Veras. Monitoria: aluna Lílian Stein. Textos: alunos André Fröhlich Seewald, Dieines Fróis, Dierli dos Santos (edição), Eduardo Saueressig, Fernanda Brandt, Jaqueline Fernanda Silva de Loreto, Júlia Klein Caldas, Juliana de Brito, Liliana Egewarth, Lorena de Risse Ferreira, Marcelo Ferreira da Silva, Natália Barbosa Gaion, Natália Vitória de Oliveira Silva, Pablo Luis Furlanetto, Priscila Guimarães Corrêa Gomes, Renata Parisotto, Rita de Cassia Trindade, Thayná Candido de Almeida, Vitor de Arruda Pereira e Viviane Borba Bueno. [FOTOGRAFIA] Orientação: professor Flávio Dutra. Monitoria: aluno André Ávila. Fotos: alunos Amanda Pereira, Angelo de Zorzi, Bruna Vargas, Bruna Silva, Daniela Sgrillo, Daniela Fanti, Dienifer Martins, Douglas Bonesso, Eduardo Meireles, Fernanda Estrella, Gabriela Nunes, Greice Nichele, Joane dos Santos, João Diego Dias, Lílian Stein, Lisiane Machado, Livia Saggin, Lucas Neto, Marília Dias, Marina Cardozo, Natacha Oliveira, Rafaela Kley, Renata Strapazzon, Roberto Ferrari, Samantha Gonçalves, Stéfanie Telles e Tamires Fonseca. [ARTE] Projeto gráfico e diagramação realizadas pela equipe de jornalismo da Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Supervisão: professores Eduardo Veras e Thaís Furtado. Projeto gráfico: jornalista Marcelo Garcia. Diagramação: estagiário Marcelo Grisa. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Av. Unisinos, 950, Bairro Cristo Rei - São Leopoldo/RS Telefone: (51) 3591 1122. E-mail: unisinos@unisinos.br Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: José Ivo Follmann. Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes. Pró-reitor de Administração: João Zani. Diretor da Unidade de Graduação: Gustavo Borba. Gerente de Bacharelados: Gustavo Fischer. Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs.
Cante com Amado Batista Princesa Ao te ver pela primeira vez Eu tremi todo Uma coisa tomou conta Do meu coração Com esse olhar meigo de menina Me fez nascer no peito, esta paixão E agora não durmo direito Pensando em você Lembrando os seus olhos bonitos
Perdidos nos meus Que vontade louca que eu tenho De tê-la comigo Calar sua boca bonita Com um beijo meu Princesa, a deusa da minha poesia Ternura da minha alegria Nos meus sonhos quero te ver Princesa, a musa dos meus pensamentos Enfrento a chuva o mau tempo Pra poder um pouco te ver.
Mãos à obra
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
Para trilhar novos caminhos O estudo poder abrir portas no mercado de trabalho formal. O Enfoque traz dicas de oportunidades de profissionalização JULIANA DE BRITO (Texto) MARINA CARDOZO (Foto)
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m bom emprego pode parecer muito complicado de encontrar nos dias de hoje. Quando não se tem o ensino básico completo, talvez seja mais difícil ainda. Por isso, o estudo e a profissionalização são tão fundamentais para os jovens. Conforme estimativa do presidente da Associação de Moradores da Vila Brás, Claudemir Schütze, somente 10% dos habitantes da vila dão continuidade aos estudos depois de completar o ensino básico. A partir disso, o Enfoque Vila Brás procurou oportunidades que abrem as portas de quem pensa que entrar no mercado de trabalho formal é impossível. Obter uma boa colocação exige esforço e qualificação. Algumas entidades oferecem cursos e serviços que ajudam na construção do profissional e nem é preciso pagar. Senai e Senac têm capacitações em diversas áreas que dão possibilidade ao jovem de prosperar com uma carteira de trabalho na mão. Em uma iniciativa do Sistema FIERGS por meio do Senai e Sesi, a partir de novembro será possível inscrever-se no Programa Novos Horizontes para o projeto que se inicia em fevereiro de 2012. A intenção é oferecer iniciação no exercício de uma profissão, como mecânica e elétrica, e promover novas atitudes de cidadania. Conforme a auxiliar administrativa da unidade São Leopoldo do Sesi Daniela Janaína de Oliveira, a seleção dos candidatos se dá através de avaliações da situação socioeconômica dos jovens. Como requisito, é preciso ter entre 15 e 17 anos e escolaridade mínima de 5ª série do ensino fundamental. O Senac também estabelece parceria com empresas para o programa Jovem Aprendiz. São cursos de aprendizagem comercial e de educação profissional técnica de nível médio, como habilitações técnicas. O programa é realizado em parceria com diversas empresas. Dentre os requisitos, é preciso ter entre 14 e 24 anos e estar matriculado em rede pública de ensino, sendo ele médio ou técnico. A auxiliar administrativa do Senac Juliana Serdeira explica que o programa contrata os jovens com vínculo formal de trabalho e oferece diversas vantagens para quem estiver associado ao programa, dando todos os benefícios trabalhistas, como carteira assinada, salário e vale-transporte. Para quem anda cheio de dúvidas sobre a profissão que vai seguir, o Senac também oferece um serviço para quem se questiona sobre os rumos da sua carreira e da sua vida. O Projeto de Vida do Estudante é um método de avaliação que permite ao aluno conhecer suas potencialidades e fazer as suas escolhas, na sociedade e mercado de trabalho no cenário atual. Aos maiores de 18 anos que não concluíram o ensino básico, uma boa dica é o programa Projovem Trabalhador, que atua em parceria com os estados e municípios para promover a profissionalização dos jovens de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família. Os cursos têm duração de seis meses, mas o jovem precisa ser frequente e, se tiver bons rendimentos, ainda terá uma bolsa auxílio de R$ 100 por mês como ajuda de custo. Não faltam cursos e opções para quem quer sair do mercado informal. Buscar especialização e qualificação é planejar o futuro. Fique ligado nas oportunidades e busque saber mais sobre os cursos que lhe interessam.
Quero ser eletricista O mesmo aplica-se a área de elétrica. Existem muitas alternativas dentro deste setor. Mas existem alguns requisitos gerais para trabalhar com isso:
Quero ser mecânico Atualmente, para trabalhar com mecânica não basta habilidade manual e sensibilidade no momento de diagnosticar e resolver danos. Assim como em todas as áreas a exigência com o profissional cresceu. Além de uma formação básica, o mercado de trabalho busca pessoas que ambicionam sempre mais conhecimento e foquem também em cursos segmentados. São alguns requisitos prioritários para tornar-se um mecânico: • Conhecimento técnico • Noções de informática, física e matemática • Estudo e leitura de manuais e apostilas técnicas
• Facilidade para visualiza desenhos de desenhos • Noções básicas de esquemas elétricos • Interpretação de projetos elétricos.
Senac
portal.senacrs.com.br Rua João Correa, 1350 Centro - São Leopoldo/RS CEP: 93410-002 senacsleo@senacrs.com.br (51) 3590-3060
Senai
www.senairs.org.br Rua Theodomiro Porto da Fonseca, 706 - Fião São Leopoldo/RS CEP: 93020-080 (51) 3592-3811
ProJovem
www.projovemurbano.gov.br Coordenação Municipal sleopoldo.coordexe@ projovemurbano.gov.br (51) 3592-2180
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Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
Gente que deu certo Moradores contam como venceram na vida PABLO FURLANETTO (Texto) DOUGLAS BONESSO (Fotos)
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encer na vida. É esse o pensamento de alguém que passou por muitas dificuldades até chegar a um momento pessoal e profissional em que se considera realizado. Pode ser algo simples como sair do aluguel, comprar seu próprio carro ou ter o próprio negócio. Não importa o tamanho da conquista, e sim, do orgulho. O pedreiro Dioclides Farias de Mello, 62 anos, pode confirmar isso. Morador da Vila Brás há 20 anos, Mello precisou construir muitas casas para dar uma vida melhor para a esposa, Clarisse, e os 13 filhos. Por isso, saiu da cidade natal, Santa Rosa. “Lá era muito pequeno, não tinha
emprego para os filhos. Hoje todos trabalham, estão bem colocados”, comenta. As histórias se repetem. O número de pessoas que vieram de outras cidades para morar na Vila Brás é grande. Maria Francisca Quadra Pereira, a Xica, deixou Bom Jesus em 1993, junto com a mãe e mais cinco irmãos. Como sempre gostou de estética e trabalhou no ramo, há seis anos abriu um salão de beleza. “É um sonho de infância”, revela. Conseguir manter o próprio negócio não é fácil. É preciso trabalhar muito. Xica abre o salão de segunda à sexta, das 9h às 21h, e diz que, se ficasse mais ou trabalhasse no domingo, com certeza teria clientes para atender. O segredo para o sucesso, segundo ela, é “ter respeito pelo cliente
Dioclides e suas ferramentas
Xica trabalha 12 horas por dia
Alex assumirá o negócio da família
e fazer o melhor”. Além disso, é preciso se capacitar. A cabelereira já participou de vários cursos, inclusive em São Paulo. Outro caso no qual o esforço proporcionou uma vida melhor é o de Dalmo Alves de Andrade, proprietário do Mercado e Açougue Müller. Natural de Itapejara do Oeste, no Paraná, Andrade veio para o Rio Grande do Sul com 18 anos. Após muito tra-
balho, o açougueiro conseguiu montar seu negócio. Para ele, batalhar bastante, ter fé em Deus e união em família é o segredo para as coisas darem certo. Junto com a esposa, o filho, a nora e o irmão, Dalmo acorda todos os dias por volta das 6h e só vai descansar quando a lua está bem alta. Foi com essa rotina que conseguiu comprar uma casa para o pai no Paraná.
Se depender da família, o mercado e açougue tende a crescer mais. O filho de Dalmo, Alex Sandro Alves, de 19 anos, quer concluir o Ensino Médio para poder cursar Administração e assumir o negócio. “Quero tocar as coisas por mim mesmo”, diz Alex. Esse é o espírito. Para quem trabalha honestamente, um dia o sol nasce.
Hora de recomeçar DIERLI SANTOS (Texto) LÍVIA SAGGIN (Foto) “Depois que a gente para de estudar é muito, muito difícil voltar”. Essa foi a constatação de Jaqueline Pietro Batista, 33 anos, que cursa o Ensino Fundamental na Escola João Goulart. Jaqueline, que trabalha como vendedora, resolveu voltar a estudar depois de 18 anos afastada. Largou a escola aos 14 anos porque naquela época, para seus pais, isso não parecia importante. “Importante era fazer o serviço de casa”, relembra. Sobre quem larga a escola hoje, ela teoriza. “A pessoa para de estudar hoje em dia porque tem compromisso. É muito difícil conciliar filhos, trabalho e o resto das obrigações.” Mas por que voltar agora? “Hoje meus filhos estão grandes, vão à escola. Eu queria ter voltado há mais tempo, mas precisava cuidar deles”, explica. Jaqueline acredita que essa é uma das principais dificuldades nessa hora. Segundo ela, no horário das aulas, há poucas opções para cuidar das crianças. Quem aceita esse horário, cobra muito caro. Hoje quem acompanha seus três filhos no turno em que está em aula é
seu ex-marido, Alexsandro dos Santos, de 35 anos. Alexsandro acredita que a atitude de sua exesposa é um grande incentivo para que os filhos não desistam da escola futuramente. Atualmente, todos estudam em um mesmo colégio. No final do ano, Jaqueline pretende estar formada no Ensino Fundamental. E depois? “Eu queria muito fazer o Ensino Médio, mas aqui não tem, só no Centro”. A distância, o preço das passagens e o tempo que perderá longe dos filhos são os fatores principais que a desestimulam a continuar a estudar. “Se tivesse aqui na Brás, eu continuaria direto. E sei que mais gente também”, afirma. Seu ex-marido também planeja voltar aos estudos em breve. Apesar de ter organizado os documentos necessários para se matricular esse ano, devido aos horários de seu trabalho, em uma fábrica em São Leopoldo, ele não conseguiria chegar no horário das aulas. Alexsandro, que estudou até a 8ª série, afirma que, após a formatura de Jaqueline, será sua vez de concluir. “Não adianta, sem estudo a gente não é nada. Espero que meus filhos também pensem assim e não desistam”, finaliza.
Jaqueline: luta para terminar todo o Ensino Fundamental e o sonho em cursar o Ensino Médio na Brás
Ensino incompleto Em 2011, 180 alunos estão matriculados no curso de Educação de Jovens e Adultos da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Goulart. Por ser municipal, a escola não tem autonomia para obter o Ensino Médio. A Escola Estadual de Ensino Fundamental Firmino Acauan, localizada próximo à Brás, poderia ser a solução para os moradores que desejam completar seus estudos, mas também não dispõe de turmas além da 8ª série. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, o proces-
so de credenciamento e autorização para a implantação do curso completo está na 2ª Coordenadoria Regional de Educação, aguardando a conclusão das obras do laboratório de Ciências para realizar a verificação na escola. A assessoria informa que, depois disso, poderá instruir o processo de credenciamento e autorização junto ao Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul (CEED/RS), que dará o aval para o funcionamento do Ensino Médio na escola.
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Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
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Barba, cabelo e bigode A barbearia Dailor é a mais antiga da vila. Há 18 anos, atende de segunda a sábado dezenas de clientes Júlia Klein (Texto) Marina Cardozo (Foto)
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eu Dailor mora há 20 anos na Vila Brás. Já teve várias ocupações, mas a profissão de barbeiro, que exerce há 18 anos, foi a que sempre lhe deu mais prazer. Além de conhecer muita gente e ouvir várias histórias, Dailor Gomes da Rosa se orgulha em dizer que mantém alguns clientes que atende desde criança. Hoje eles levam seus filhos para cortar o cabelo na barbearia. “Atendo famílias inteiras e os guris vão crescendo, viram homens, têm filhos e os trazem aqui para cortar comigo”, comenta. O barbeiro, de 53 anos, é casado e tem cinco filhos. Um deles está fazendo curso de cabeleireiro e deve se formar ainda esse ano, mas pretende abrir seu próprio negócio. Aos domingos, quando o comércio está fechado, Dailor gosta de ir à Igreja com a família. Um dos planos do profissional é se aposentar em 2012 e aproveitar melhor os finais de semana, já que sábado é o dia de maior movimento no salão e, na maioria das vezes, não tem hora para o expediente acabar.
Virlei Somavila vem de Dois Irmãos para cortar o cabelo com Dailor na Vila Brás
Cliente fiel - O estudante Virlei Somavila, 16 anos,
vem de Dois Irmãos especialmente para cortar o cabelo com Dailor. O jovem aproveita que a namorada mora em São Leopoldo e, antes de visitá-la, passa na barbearia para se preparar. “Venho sempre aqui porque seu Dailor é o que melhor corta meu cabelo. Apareço mais ou menos uma vez por mês”, conta.
Um causo - Barbeiro que se preze tem história. E assim acontece com seu Dailor. Certa vez um cliente sentou em sua cadeira e pediu que fosse feita a barba completa. Em seguida, o senhor, que já aparentava bastante idade, estava com o rosto coberto de espuma. Navalhada aqui e ali e em poucos minutos o rosto estava lisinho. De repente, Dailor ouve um grito. O cliente ficou assustado ao se olhar no espelho. O problema é que ele chegou tão distraído, que esqueceu de pedir para o barbeiro manter o bigode. Foi quando o cliente comentou com seu Dailor: “Esse bigode tinha mais de 60 anos e agora fiquei liso feito um guri”!
Serviço Barbearia Dailor (Avenida Leopoldo Wasun, s/nº) Atende de segunda a sexta, das 9h às 11h30min e das 14h às 19h. Aos sábados, das 7h30min às 12h e das 13h30min até o último cliente. O atendimento é feito por ordem de chegada. Preços: Corte R$7 / Barba R$5 / Criança R$6 / Máquina R$5
Do centro para a periferia Lorena Risse (Texto) NATACHA OLIVEIRA (Foto) A Vila Brás conta com mais de 14 mil habitantes. Essa estimativa é da Associação de Moradores do bairro. Corresponde a algo maior do que muita cidade por aí. Em meio a tantas pessoas, uma se destaca por um motivo curioso: não faz parte da comunidade, mas optou por trabalhar nela. Esse é o caso de Letícia. A advogada de 32 anos tem um projeto consciente com mais três colegas de profissão. Tratase de atendimento jurídico aos moradores da Vila Brás por um preço “amigo” e com garantias de sucesso. “Nós, na verdade, só cobramos se obtivermos êxito no final do processo, caso contrário a pessoa não nos paga os honorários”, informa Letícia. O projeto surgiu a partir do mapeamento de dados dos bairros que não eram atingidos pelo serviço dos advogados em São Leopoldo. O escritório original fica no centro da cidade e conta com
mais três profissionais além deles. A partir desse cálculo, feito pelo computador, eles conseguem identificar as comunidades que, por algum motivo, não receberam nenhum serviço jurídico do grupo. A partir daí os advogados são escalados e passam a atuar durante dois dias da semana no bairro mapeado, informando, prestando serviços e ajudando muita gente. “Aqui na Vila nós temos casos de pessoas que não poderiam ir até o centro da cidade e nem pagar por um advogado. No nosso caso estamos aqui dando informação e ajudando nos casos que encontramos”, revela Letícia. Ela já trabalhou com pessoas carentes antes mesmo da formação. Na Unisinos, quando universitária, participava do Núcleo de Práticas Jurídicas, que prestava serviços para a comunidade de baixa renda da região. A experiência contribuiu para que ela seguisse no caminho e continuasse a ação de alguma forma. Hoje, o atendimento é às sextasfeiras e aos sábados, das 15h às
Apesar do escritório modesto, Letícia acaba ajudando muita gente
19h e das 9h30min às 12h30min, respectivamente, e a satisfação é grande. “Me sinto realizada, primeiro, porque eu gosto do que eu faço, e, segundo, porque a gratidão dessas pessoas, muitas vezes, é muito maior do que as que recebemos lá no centro. Os problemas são diferentes e o serviço diferenciado”. Semanalmente chegam a passar até 30 clientes pelo escritório. As causas são, na maioria das vezes, previdenciárias, trabalhistas, indenizatórias e revisões bancárias. Os honorários são cobrados de acordo com a tabela dos advogados, mas com aquela condição de ser só no final do processo. Neste espaço modesto, com apenas duas cadeiras e uma mesa, Letícia descobriu outra Vila Brás, com pessoas honestas e que precisam de um pouco mais de atenção: “Não é o que eu pensava. Aqui tem pessoas trabalhadoras que, muitas vezes, não tem condições de conseguir ajuda, por isso a gente está aqui”.
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Lar, doce lar
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
Maiara: uma vida de superação Apesar de possuir uma séria doença no crânio e passar os dias lutando contra o problema, a menina não deixa de lado as brincadeiras PRISCILA GOMES (Texto) TAMIRES FONSECA (Foto)
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rincar de boneca, correr pelo pátio de casa com os cachorros e assistir ao desenho da Turma da Mônica são os passatempos favoritos de Maiara Stabel Timóteo, de 6 anos. A menina, que mora com a família na Vila Brás, contagia os vizinhos com sua energia. Porém, seu largo sorriso esconde a luta contra uma séria doença. Ela nasceu com cranioestenose, que é o fechamento prematuro de uma ou mais estruturas cranianas. O problema faz com que o crânio se modifique e o cérebro não cresça normalmente. A mãe, Ivonete Stabel, 32 anos, conta que a filha passa por muitas dificuldades. “Com 1 ano e 8 meses ela foi submetida a uma cirurgia na cabeça de seis horas de duração e teve, ainda, que levar 48 pontos no local”. Após o procedimento, o crânio de Maiara já aumentou seis centímetros para o lado esquerdo. A dona de casa conta que a rotina não é fácil. É um corre-corre a hospitais. “Vivemos em função de exames. Saímos de madrugada da cama para ir em busca de consultas”, salienta. Muitas vezes, o mundo de imaginação das brincadeiras de Maiara precisa ser interrompido devido a fortes dores de cabeça, que aparecem constantemente. “Quando isso acontece é preciso logo tomar remédio. Eu não trabalho e acabei
Maiara divide a rotina entre consultas em hospitais e momentos divertidos pela casa
desistindo de estudar no EJA (Educação de Jovens e Adultos) para poder cuidar dela. Sorte que Luciano é um pai exemplar para ela, está sempre ajudando”, relata. A expectativa é que quando Maiara completar 12 anos, ela coloque pino e platinas na cabeça para auxiliar no tratamento. Falar da filha é motivo de emoção para Ivonete, que não conseguiu conter as lágrimas durante a entrevista com a reportagem do Enfoque. “Ela é uma criança admirável. Passa por muitas dificuldades para uma menina da idade dela, mas, mesmo assim, está sempre sorrindo e nunca reclama de nada”, ressalta. Maiara ainda não frequentou a escola. Mas, em 2012, ela está ansiosa para pegar a mochila e conhecer os colegas do primeiro ano. A irmã Mariana, de 10 anos, já tem planos para os estudos. “Já combinamos que vamos passar o recreio juntas”, conta. Maiara é adorada por muitas pessoas. A vizinha Júlia dos Santos acompanha a rotina dela e cuida da jovem quando necessário. “Ela é uma menina muita querida e comportada. E a família? Além de serem unidos, eles são guerreiros”, destaca. Com olhares expressivos, a pequena conversa e acha graça em pequenas coisas. Ela contou de suas aventuras no pátio e de como gosta dos cachorros de estimação. “A única coisa que me incomoda é a cabeça. Fora isso, eu sou feliz.”
Gurizada bem cuidada MARCELO FERREIRA (Texto) STÉFANIE TELLES (Foto) Na sala de estar, dona Vera troca beijos e abraços com Kevin, que a chama carinhosamente de “vó”. Na rua, Vilson brinca com Raica na casinha de madeira que ele mesmo construiu para a gurizada. E isso só porque é sábado. Se fosse um dia de semana, a casa estaria ainda mais viva, cheia de crianças. Histórias como essa são exemplos da arte de lidar com as dificuldades que a vida traz. Com apenas 140 vagas na única creche municipal da Vila Brás, muitas famílias encontram em pessoas como Vera Lúcia da Silva de Leite, 42 anos, e Vilson Ribeiro Leite, 47, uma alternativa para deixar seus filhos em segurança durante o horário de trabalho. A creche em casa é um trabalho em família e uma forma de complementar a renda. Os filhos do casal, Mirian, de 20 anos, e os gêmeos Matheus e Maiara, de 13, também ajudam. “Às vezes um deles faz a comida e o outro brinca”, comenta Vilson, que pega junto na creche fora do horário de trabalho, entre o entardecer e o começo da madrugada, numa metalúrgica.
Dona Vera abraça Kevin na sala de estar que virou creche Sempre no meio da criançada, foi trabalhando na escola bíblica da Assembleia de Deus que, há sete anos, dona Vera assumiu a responsabilidade de cuidar da primeira criança. Desde então, foram muitas, algumas por pouco tempo, outras por mais. Para ela, os laços afetivos são naturais. “É como se fosse um filho, tenho que cuidar e
não maltratar. Às vezes meus filhos chegam a ter ciúmes, mas tenho que ter responsabilidade com as crianças”, diz. Quando um deles deixa a creche, é a saudade que fica. Regina Toledo Chardosino, de 46 anos, mãe de Raica, conta que sua filha gosta muito de ir para a casa de dona Vera: “Está sempre me perguntando
a que horas vamos ir”. Já há dois anos deixando a filha aos cuidados da família, Regina vê na responsabilidade um dos principais motivos da confiança. Ao mesmo tempo, confessa que, caso houvesse vaga na creche municipal, teria feito esta opção. “Minha filha já está com quatro anos e na creche se trabalha também a alfabetização”, destaca. Atualmente, a família que mora na Rua P, número 100, cuida de cinco crianças. Mas os planos são de expansão. “Quero construir um balanço e aumentar algumas coisas por aqui. Pela lei, podemos cuidar de até 10”, conta Vilson. A mãe ou o pai que queira deixar seu filho lá por meio turno, de segunda a sexta, paga R$ 120. Dia inteiro sai por R$ 170, enquanto os sábados têm preços a combinar, já que a família também carece de um tempo para si. Para eles o valor não é caro: “cuidar de criança dá trabalho, exige responsabilidade. Não é qualquer um que possui as condições psicológicas, e ainda existem os custos com a refeição diária”, avalia Vilson seriamente antes de sorrir, ao lembrar de como fica a casa no horário de almoço: “uma bagunça!”
Estilo
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Vestida para uma emergência Confira as novidades do mundo fashion na Vila Brás THAYNÁ CANDIDO (Texto) DANIELA SGRILLO (Fotos)
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ue a Vila Brás é cheia de lojas de moda todo mundo já sabe, o que os moradores talvez não tenham visto é que as tendências de inverno 2011 estão super em alta na maioria das lojas da Avenida Leopoldo Wasun. O Bazar Lolo é daquelas lojas onde a gente encontra de tudo. Sabe uma emergência? Pois bem, é lá que você vai encontrar o que precisa para resolver qualquer problema de última hora. Além disso, tudo que rola de atual no mundo da moda você encontra por lá, desde cadarços super coloridos (seguindo a tendência happy-rock), cintos largos trançados que caem bem em qualquer produção, sapatilhas bacanas no melhor estilo “melissinha” e, claro, muitos acessórios para compor uma produção perfeita. O melhor de tudo? O Bazar Lolo fecha suas portas somente às 21h, ou seja, quebra-galho até depois do expediente! Para os rapazes que precisam ir a uma festa bacana, uma gravata é a solução para arrematar o look arrumadinho. Para isso, nada além de R$ 4,99 são necessários na loja Bazar Gaby. Ali você encontra gravatas básicas em diversas cores por menos de R$ 5 que é para ninguém pagar mico naquela formatura ou casamento. Se você não aguenta mais o frio e os casacões, na loja Mais e Mais Moda já chegaram os lançamentos da moda Verão 2012. Uma tendência? “Com certeza os shortinhos jeans, pois no inverno a peça pode ser usada com meiacalça e no verão com as pernocas de fora”, afirma a vendedora da
loja Shirlei Dreyer. Lá você também encontra roupas perfeitas para a balada: vestidos de oncinha, blusas em renda, transparências e saias incríveis. Você também pode se inspirar em grandes grifes na hora de montar uma produção. Na loja Estilo Chick, marcas como Lacoste e Dolce & Gabbana dividem as araras com lançamentos de verão, mas sem aqueles preços caríssimos! Aqui na Vila Brás os preços são bem mais amigáveis do que as lojas de grife em grandes shoppings. A proprietária Edicléia Batista aposta nas estampas florais e cores fortes para a próxima estação. Mas para quem ainda está no clima de inverno, os descontos são tentadores! “Temos blusas Lacoste a R$ 10,00 e toda a coleção está com desconto. Se for à vista, o desconto é ainda maior!”, afirma Edicléia, que abriu as portas de sua loja há apenas um ano e está muito feliz com o resultado das vendas. Viu só? Não precisa ir muito longe para aderir ao bom-bonitobarato. A Vila Brás tem lojas para todos os gostos e bolsos, que é para ninguém fazer feio quando o assunto é tendência de moda. Serviço: O Bazar Lolo está procurando atendentes com experiência. Se você tiver mais de 17 anos e não estiver estudando, entregue seu currículo na loja, que fica na Avenida Principal, 1181.
Os cadarços mais procurados pelos jovens: modelos coloridos seguindo a moda happy-rock
Calças jeans e bonés de diversas marcas dividem as araras nas lojas da Vila Brás
Arrecada-se, vende-se e doa-se RITA TRINDADE (Texto) Em uma pequena sala com pouca iluminação, ao lado da Igreja Cristo Rei, na Avenida Leopoldo Wasum, Maria Vilma Lesbão, Dona Maria, como é conhecida, se diverte e encanta aos frequentadores do Brechó, contando suas histórias, tomando chimarrão e costurando algumas peças de roupas que chegam até ela em mau estado. Dona Maria
tem 67 anos, mora na Brás desde o início da vila e se orgulha muito por ter participado de todas as lutas e conquistas que os moradores do local passaram. Viúva há quase 30 anos e, desde então, dedicada ao trabalho social, ela se divide entre trabalhar no Brechó Comunitário da Igreja Católica Cristo Rei e atuar como ministra da palavra na igreja. Todo sábado de manhã, das 8h30min às 11h, Dona Maria, res-
ponsável pelo Brechó Comunitário, arrecada e vende as peças por um valor simbólico de R$ 0,50 ou R$ 1. Em situações de emergência, ela também realiza doações. “Todas as peças têm esse valor, sejam roupas, sapatos, bolsas, e estão todas em ótimo estado. Normalmente eu vendo, mas em situações especiais, ou quando as pessoas precisam muito e não têm dinheiro, eu dou com muito carinho”, explica ela. Segundo Dona Maria, exis-
tem muitos brechós na Vila Brás, mas somente o Brechó Comunitário da Igreja Cristo Rei realiza doações. “Recebemos doações da própria comunidade da Vila, e também da Secretaria Municipal de Assistência Social de São Leopoldo”, conta. Além de doar para a comunidade, o Brechó Comunitário também realiza doações para duas entidades assistenciais da cidade, a Pastoral da Criança e o Pensionato São José.
Fique por dentro O Brechó Comunitário da Igreja Cristo Rei está aberto todos os sábados, das 8h 30min às 11h e arrecada doações durante todo o ano. As peças são boas e com valor super em conta.Qualquer peça do Brechó sai por apenas R$0,50 ou R$ 1.
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Ensaio fotográfico
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Vila Brás concentra dezenas de dife
Eduardo Saueressig (Texto) ANGELO DE ZORZI (Fotos)
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Vila Brás reúne mais de 40 igrejas, o que talvez seja um número bem elevado, levando-se em conta a população local, em torno de 14 mil pessoas. Dentre essas igrejas, há de diferentes tipos e conceitos. É voz corrente que as pessoas se agarram muito na fé para continuar tocando a vida, e, com isso, cada vez mais igrejas e seitas surgem em tudo quanto é lugar. Na Vila Brás, não é diferente. Um exemplo é a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que venera o sábado e, por isso, faz seus cultos neste dia. Líderes da comunidade adventista da Vila dizem que as pessoas procuram muito a igreja. Em torno de 40 pessoas
fazem parte dos adventistas na vila. Outra instituição que possui o mesmo número de participantes é a Congregação Consenista Batista Betel. Já a Igreja Católica conta com três capelas no bairro. O padre vai uma vez por semana em cada uma para fazer as missas e prestar atenção aos fiéis. Segundo a catequista católica Vani Neves Seimetz, hoje em dia a procura pela religião está muito mais forte do que nos últimos anos: “Temos em torno de 20 alunos na turma de catequese. Antes, eram quatro, cinco apenas”. A Associação de Moradores da Vila Brás confirma que existem mais de 40 igrejas na vila. Não é um número tão absurdo: dá uma média de 300 pessoas por igreja. Claro que a maioria das instituições tem em torno de 40, 50 pessoas,
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
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fé que essa vida
erentes igrejas e templos religiosos
mas, mesmo assim, são muito importantes de acordo com os líderes das mesmas. A Igreja Católica está agora buscando retomar seu espaço na localidade, através de cate-
queses e trabalhos feitos aos finais de semana para divertir as crianças frequentadoras. Em contrapartida, nem todos os moradores estão em alguma dessas igrejas.
Assembleia de
Deus
As duas igrejas católicas com atividade na Brás (acima e abaixo) recebem a visita do padre apenas uma vez por semana
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Onde eu moro
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
Uma vida menos lilás
Após perder o marido, Marli quer vender a casa e ir em busca de outras cores
Natália Vitória (Texto) Bruna Vargas (Foto)
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http://enfoquev
ilabras.blogspot.
VILABRÁS outubro / novem bro
2010
distribuição
gratuita edição 124
Correspondência Unificação de rua embaralha ende reços > PÁGINA 3
Realidade Sem creches, mães não podem traba lhar
ziam festas, era amarelo, reformamos tudo juntos”. Enquanto respondia às nossas perguntas, Marli já estava pensando no que iria fazer de almoço. Apesar das mudanças na casa, e em sua
própria vida, a rotina dela não mudou. Canta no coral da igreja, vai à missa e cuida das plantas. Mesmo estando com a casa à venda, Marli segue cuidando com devoção e carinho de seu lar.
Marli, que foi capa da edição 124 do Enfoque, pretende desfazer-se de sua residência colorida
> PÁGINA 6
Beleza Moda e economia andam juntas
A vida em > PÁGINA 11
lilás > PÁGINA 10
Osmar tem medo de perder a chácara VITOR PEREIRA (Texto) GREICE NICHELE (Fotos) Vila Brás, com seus mais 14 mil habitantes, já é praticamente uma cidade dentro de São Leopoldo. “Antes só tinha algumas casas. Agora eu luto para manter o meu cantinho”, diz Osmar Silva, que cria animais e faz disso sua fonte de renda. Ele se define como “uma pessoa com pouco estudo” e, que só sabe lidar com os bichos. Osmar é natural de São Leopoldo e ainda criança passou a morar na Vila Brás, onde conheceu Silvana Machado, sua esposa. Hoje, com 55 anos, ele tem uma chácara na Rua 26, Beco 1. No lugar, que chama de cantinho, Osmar cria cavalos, vacas, galinhas e porcos. Um lugar simples, mas ao mesmo tempo diferente, passa a sensação de que você está na área rural da Vila Brás. Atrás da chácara, estão erguendo um loteamento. A construtora inclusive aproveitou o terreno de Osmar para depositar materiais. Ele fica feliz com o progresso, aliás, uma das casas
com CARINA MERSONI
Enfoque de outubro/novembro de 2010 trouxe em sua capa a foto de Marli Kurtz, 56 anos, e de sua casa lilás, localizada na Rua 12. Naquela edição a colega Daniela Fanti contou a história da senhora que tinha orgulho da casa que ela mesma pintou. Ao chegarmos à Vila Brás este ano para realizar nova série de reportagens, ficamos surpresos com a notícia de que a casa estava à venda. Imediatamente fomos tentar descobrir qual era o motivo. Dona Marli explicou que está viúva e, após a insistência dos filhos, pensou em se mudar para Osório, onde deve morar com uma de suas filhas e os netos. Ao ser questionada sobre sua decisão a voz estremeceu e disse: “Estou com dois corações, me sinto bem nesta casa, minha vida continua normal, não vai mudar para preto”. Marli alugou um quarto no segundo andar da casa para uma senhora e outra peça, localizada nos fundo do imóvel, está locada para um senhor. Vários interessados já procuraram pela aposentada, mas nenhuma proposta foi fechada. A dona de casa faz questão de contar que a reforma foi feita com a ajuda do companheiro que viveu quatro anos ao seu lado: “Isto aqui era um salão onde se fa-
Materiais de construção do loteamento estão no terreno de Osmar será de sua filha, Edimara. Mas ele não nega que está preocupado em perder o seu espaço. Teme que as obras alcancem seu terreno ou que algum futuro vizinho reclame dos animais. “Tudo que eu quero é continuar nesse lugar. Aqui todos me conhecem, daí fica fácil de vender leite, ovos e porcos”, diz. Silvana conta que o casal já morou na Rua R, da Vila Brás, mas, por causa do asfalto, o número de moradores aumentou
e eles foram obrigados a mudar de endereço. Na Rua 26, mesmo tendo vizinhos que também criam animais, se preocupam em manter a limpeza do local. “Limpamos as cocheiras todos os dias e colocamos a sujeira nos tonéis que são recolhidos nas segundas, quartas e sextas”, explica Osmar. A única ajuda que o casal recebe para alimentar os bichos é a da Trensurb, que leva até a chácara alimentos que sobram das refeições dos funcionários.
Silvana e Osmar chamam de “cantinho” o imóvel da Rua 26
Na casa de Marli Kurtz tudo tem a mesma cor, fruto de uma paixão que já ultrapassa duas décadas
Gente 11
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
Fazer o bem sem olhar a quem Doze anos depois de perder a visão, Leandro supera seus desafios com bom humor e com a ajuda dos familiares e amigos da Vila Brás LILIANA EGEWARTH (Texto) SAMANTHA GONÇALVES (Foto)
N
a primeira vez que quis sair de casa depois de ter perdido totalmente a visão, Leandro foi chamado de louco por sua mãe. Apesar disso, não desistiu da ideia. A mãe, mesmo muito contrariada, acompanhou o filho até a parada de ônibus. A partir de então, Leandro Lemos não se intimidou mais em sair de casa apesar de sua deficiência. Um pedaço de serragem atingira o olho do jovem rapaz, que naquela época tinha apenas 17 anos. Com o passar dos anos, os dois olhos foram afetados e ele perdeu completamente a visão. Durante sete anos, o jovem ficou apenas dentro de casa, revoltado com o mundo por ter perdido um dos sentidos mais importantes na vida. O resultado foi a chegada de uma depressão. Mas, com a ajuda de amigos e familiares, agora, aos 29 anos, diz ter dado a volta por cima e ter conseguido reconstruir a sua vida. É pai de Cauê Isael de apenas 6 meses de vida. Um garoto lindo e saudável. O xodó do pai.
Leandro participa como locutor da rádio comunitária Feitoria. Começou a frequentar por incentivo do amigo Bruno, mais conhecido como Laranjinha, também deficiente visual. Leandro passou a encarar a vida de uma forma diferente quando se abriu para o mundo e ao conviver diariamente com pessoas que possuem as mesmas dificuldades encontradas por ele. Essa história de grandeza e superação não parou por aí. Hoje, freqüenta a Associação Brasileira dos Deficientes Visuais (Abradevs), onde realizou um curso de informática e aprendeu a utilizar diversos programas. Segundo Leandro, usar o computador é um de seus momentos favoritos enquanto está em casa. Além de locutor, Leandro trabalha como autônomo, no centro da cidade de São Leopoldo, e também é proprietário de um minimercado no próprio bairro. Muitas coisas mudaram. No entanto, Leandro diz que não se considera cego e complementa: “Há muitas pessoas que possuem a visão perfeita e que nada veem, ao contrário de mim”.
O filho Cauê, de seis meses, é mais um incentivo para a luta diária de Leandro, que perdeu a visão aos 17 anos
Um novo jeito de enxergar a vida VIVIANE BUENO (Texto) SAMANTHA GONÇALVES (Foto) Ele tinha a visão perfeita. Gostava de frequentar muitas festas. Mas, aos 21 anos, o dia que tinha tudo para ser lembrado como trágico, mudou os rumos de sua vida. Bruno Garcia é o nome verdadeiro dele, mas é mais conhecido pela comunidade como Laranjinha. Aos 21 anos, teve a visão danificada em uma briga com um adolescente que durante uma festa mordeu seu olho. “Nós rolamos no chão, e como mecanismo de defesa, ele acabou atacando meu olho direito e o mordeu”, lembra. As consequências mais graves dessa fatídica noite vieram algum tempo depois. Logo após a mordida, cerca de 70% da visão do olho atingido de Laranjinha ficou comprometida. Dezoito anos depois, uma série de complicações, envolvendo três tipos diferentes de infecções, fez com que Laranjinha perdesse a visão total dos dois olhos. “Tive problemas no nervo ótico, além de dois derrames oculares.
Hoje, só enxergo vultos”, conta. Foram mais de 12 meses entregues à depressão. Ele considerava essa etapa de sua vida como um verdadeiro terremoto, no qual precisou contar com a ajuda de familiares e amigos para vencer os
obstáculos que a falta de visão gerou. “Tive que reaprender a viver. Cada pedra no meu caminho eu juntei e construí um novo alicerce’, afirma Laranjinha. Depois de vencer a depressão, uma nova história estava começan-
Com bom humor, Laranjinha supera as dificuldades do dia a dia
do a ser escrita em sua vida. O primeiro passo foi encarar as ruas. Era preciso dominar o medo e ativar os outros quatro sentidos que estavam intactos. Com a audição aguçada, a autoconfiança voltou aos poucos, e o que antes era visto como empecilho passou a ser uma lição de vida. “Tive que sair sozinho na rua, cair, me machucar, pra perder o medo”, revela. Presidente por três anos da Abradevs (Associação Brasileira dos Deficientes Visuais) viu na solidariedade uma forma de ajudar as pessoas com algum tipo de deficiência física. Além de participar da associação, Laranjinha, criou programas de rádio com a finalidade de angariar recursos, por meio da ajuda de outras pessoas para comprar bengalas, cadeiras de roda e andadores. “Descobri que eu também posso ser solidário, que podia contribuir com minha história” O mais novo projeto agora é a ONG Uma Nova Visão Social, que vai oferecer cursos para a comunidade, envolvendo os conhecimentos de braile, grupos de convivência, além
de aulas de violão, flauta doce e cozinha de solidariedade. “A expectativa é de que a ONG comece a funcionar de fato no início de outubro. Com a instituição, faremos uma corrente para resolver os problemas das pessoas. Precisamos proporcionar uma vida digna para os deficientes físicos”. – enfatiza Laranjinha. Hoje, aos 50 anos o pai de família com um sorriso cativante orgulha-se de relembrar a própria história. Com um bom humor de dar inveja, Laranjinha fala que adora desafios e que se considera uma pessoa realizada. “Eu gosto de ser cego. Há o lado bom e o ruim disso. O ruim é que não vejo as mulheres bonitas. O bom é que também não vejo as feias”, brinca. Como um verdadeiro exemplo de superação, Laranjinha atribui as conquistas obtidas ao longo do caminho à sua família, em especial à esposa. “Sou casado há 29 anos. Se hoje venci os obstáculos é porque tive minha mulher para me ajudar. Tenho uma riqueza visual. A cegueira não é o problema, e, sim, a solução. Evolui como ser humano”, finaliza.
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Cachorrada
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
À espera por atendimento Atropelado por ônibus, cão sofreu três dias de agonia sem receber socorro oficial e teve que ser sacrificado NATÁLIA GAION (Texto) BRUNA VARGAS (Foto)
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e noite Pretinho saiu por uma fresta do portão da casa 71 da Rua 4 no Loteamento Brás 3. Perdido, foi parar na Avenida Leopoldo Wasun, onde acabou atropelado por um ônibus da Sinoscap. Silvane Cavalheiro, 36 anos, cabeleireira e manicure, presenciou o atropelamento e recolheu o cãozinho. Sua primeira ligação foi para o Canil Municipal de São Leopoldo, que informou não ter plantão e que poderia atender ao chamado apenas no dia seguinte. Pretinho passou a noite de baixo do toldo de uma loja ao lado da casa de Silvane. Ela não o acolheu com receio de que seus cachorros o agredissem. Mas providenciou remédio, água e comida. “Ele parece ter quebrado três patinhas, porque não consegue andar e nem se mexer”, ressaltou Adriana de Fraga, 40 anos, proprietária do bar em frente ao local do acidente. O segundo contato com o Canil foi por volta do meio-dia de sexta, quando informaram que o motorista estava saindo para resolver problemas internos da entidade e que, talvez, à tarde, pudessem mandar alguém
recolher o cão. Outras três ligações foram feitas e até sábado, quando a reportagem esteve na Vila, Pretinho ainda não havia sido recolhido. “Pretinho é um cão bobão, meigo e está velhinho, tem quase 10 anos. Ele está sofrendo, precisamos deixar o pote de comida e água ao lado dele, para que consiga se alimentar”, salientou Mariglei Alves Isbarrola, 42 anos, que é dona do cão. Preocupada com o bem-estar do cachorro, que ficava em um pátio com muita água, Mariglei autorizou Silvane e Adriana a levar Pretinho para um abrigo melhor. “Não temos muito tempo para cuidar dele. O ideal era que o Canil recolhesse, não temos como cuidar do Pretinho”, relatou. No sábado pela manhã, o pastor Perci Pereira, 48 anos, fez novamente contato com o Canil, que informou que tentariam recolher o cão no sábado. Pretinho passou sábado e domingo aguardando atendimento do Canil. Precisava de cuidados médicos. Ao final da tarde de domingo, uma vizinha de Adriana conseguiu um veterinário voluntário que o examinou. Não houve alternativa: mais um animal teria que ser sacrificado por falta de atendimento imediato.
Ferido, Pretinho foi transferido de um pátio alagado para um cantinho mais seco e confortável
O que diz o Canil:
Como funciona
O funcionário municipal André Marinho recebeu o chamado do pastor Perci Pereira na noite de quinta-feira informando sobre o atropelamento de Pretinho. O motorista reforçou que gostaria muito de atender a todos os pedidos, porém há muitos trotes e chamados para cães que têm dono: “O Canil Municipal funciona para atender cachorros de rua. Acontece muito de chegar ao local e o cachorro ter um dono. Não posso leválo”. O funcionário do canil ressalta ainda que o atendimento é feito por ordem de protocolo e confessa que não conseguiu atender ao caso do Pretinho também por falta de tempo.
O Canil Municipal de São Leopoldo é um órgão gerenciado pela prefeitura do município. Foi criado em 5 de junho de 2009. Tem por finalidade atender animais em situação de abandono e maus tratos e realizar, principalmente, castrações. Endereço: Estrada do Socorro, 1.440, bairro Arroio da Manteiga. Horário: de segunda a sexta das 8h às 12h e das 13h30min às 17h30min. Telefone: (51) 3572-0320 ou 9739-3491 E-mail: canil@saoleopoldo.rs.gov.br
Violência contra animais assusta RITA TRINDADE (Texto) LISIANE MACHADO (Foto) Dizem que o cão é o melhor amigo do homem, que os animais são leais e carinhosos com seus donos, então por que existem pessoas capazes de maltratar esses seres que não podem se defender? É com essa pergunta que Denise dos Santos da Silva, 27 anos, moradora dá Vila Brás desde que nasceu, apresenta a sua grande paixão: a vira-lata Laika. A cadelinha foi atropelada por uma moto e Denise se sensibilizou com o acidente e resolveu adotá-la. “Hoje ela está bem e saudável, mas há 10 meses quando a encontrei atirada no meio da rua, ela estava muito debilitada”, conta Denise que tem outras duas paixões, o cão “Negão”, um dócil Pit Bull, e a sua gata Cacau, que está sempre por perto da família para receber carinho. Denise tem duas filhas, Yasmin e Isadora, e às ensinou a desde pequenas respeitarem os animais. Hoje elas compartilham do mesmo sentimento de proteção e carinho. A preocupação entre mãe e filhas
é grande pois, misteriosamente, vários cães apareceram mortos nos últimos meses. Uma “onda” de envenenamentos está assolando a Vila Brás. Só na Rua 13, onde elas moram, em três meses, 12 cães foram mortos por veneno. “Não entendo porque as pessoas fazem essa maldade, isso é um absurdo”, protesta Denise. “Quando os animais são novos, todo mundo quer, porque acham “bonitinhos”, mas depois que eles crescem, seus donos dão um jeito de se livrarem deles”, relata. Outra moradora da Rua 13, a dona de casa Arminda de Lurdes Forcos, que mora na vila há 15 anos, também denuncia a violência que está ocorrendo no local. “Meu cão também foi envenenado. Quando o encontrei, estava saindo uma espuma branca pela sua boca, mas eu consegui salvá-lo fazendo-o vomitar o veneno”, conta, aliviada por salvar seu amigo Spike, que mora com ela há oito anos. Dona Arminda não teve a mesma sorte em outra situação, pois segundo ela, seu outro cão, um dálmata, foi morto por envenenamento. “É uma pena que as pessoas não tenham cons-
ciência e façam essas atrocidades com os animais. Fiquei muito triste quando meu cão foi morto, eu o considerava como parte da família”, lamenta. Para Jonas, proprietário da agropecuária Cônsul, localizada na Avenida Leopoldo Wasum na Vila Brás, muitas pessoas envenenam cães e gatos puramente por maldade. “Vários clientes já vieram aqui para comprar veneno, como estricnina, que é conhecido pela sua alta toxicidade, mas eu não vendo esse tipo de produto, pois acho um absurdo envenenar animais de estimação. Vendo apenas venenos de baixo poder tóxico para matar ratos”, explica Jonas. “Tenho a agropecuária há cinco anos e neste período, quase toda a semana vem gente aqui querendo comprar venenos fortes”. O veterinário Breno Felipe Sanchotene Pinto esclarece que é proibida a comercialização de produtos de alto poder tóxico, como por exemplo, a estricnina. “Muitas pessoas não sabem, mas a venda desses produtos é proibida no Brasil. A comercialização da estricnina é considerada crime inafiançável”, explica Breno.
Spike salvo por sua dona
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Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
Reclame!
Nesta seção, o Enfoque abre espaço aos moradores para fazerem reivindicações ou reclamações que são encaminhadas à prefeitura ou aos órgãos competentes. As respostas você confere abaixo:
André Seewald (Textos) - EDUARDO MEIRELES (Fotos)
Bueiros
Luz
Raul Danilo Berlitz, proprietário do mercado D.L.D., na Avenida Leopoldo Wasun, reclama dos bueiros que não dão vazão em dias de chuva e acabam entupindo com frequência. Ele diz ainda que o problema acaba afetando o banheiro, pois a água não desce com a descarga. Segundo ele, o problema já foi relatado à prefeitura.
Solange Linhares, moradora da rua N, reclama que os postes de luz em frente à sua casa estão frequentemente com defeito, às vezes funcionam normalmente, às vezes simplesmente não acendem. Ela relata que, à noite, não se sente segura para ficar na rua quando não há iluminação.
Ü
Resposta: o proprietário deve entrar em contato com a Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) para solicitar o serviço. O telefone da ouvidoria é 0800-5102910 ou 3579-6000 e o e-mail é ouvidoria@semae.rs.gov.br
Ü
Mais cultura
Asfalto
Residente da Rua 18 há cerca de um ano, César Brizola pede mais atividades de cultura e lazer para a Vila Brás. Segundo ele, os jovens têm apenas a praça como opção e, por isso, acabam muitas vezes caindo nas drogas.
O casal Lúcia Fátima Santos e José Ivo dos Santos pede o asfaltamento da Rua 12, em função do filho que é portador de deficiência física e depende de uma cadeira de rodas para se deslocar. Hoje, os pais o levam até a Escola João Goulart e o calçamento de paralelepípedos dificulta a locomoção.
Ü
Resposta: está em processo de implantação um Ponto de Leitura na Vila Brás. Funcionará na Associação de Moradores, na Rua Leopoldo Wasum, s/nº, num sistema de parceria com a prefeitura municipal. Será efetuada a compra de livros para todos os públicos e a associação vai administrar o espaço, definindo inclusive os horários de funcionamento. Não há ainda previsão de inauguração para este espaço.
Sem nome
Resposta: a moradora deve entrar em contato com a Central de Serviços Urbanos pelo 0800-6443300 e solicitar o serviço de substituição e manutenção de lâmpadas. A Secretaria Municipal de Obras Viárias e Serviços Urbanos (Semov) possui um setor de iluminação pública responsável por este serviço.
Ü
Resposta: todas as pavimentações na cidade são solicitadas através da Secretaria Municipal do Orçamento Participativo (OP). É necessário participar das assembleias regionais do OP e mobilizar os moradores para que elejam a pavimentação da rua como prioridade.
Valão Há seis anos, Gilberto dos Santos vive na Vila Brás, no loteamento da cooperativa Cooperbrás. A rua onde fica sua casa, próxima à Rua J, não tem nome e, em dias de chuva, alaga com facilidade porque não é asfaltada ou calçada. Em função disso, há dias em que fica complicado sair de casa. O problema ainda dificulta a escrituração da residência. Segundo relato do morador, a prefeitura lhe informou que a rua não consta no mapa e, por isso, ainda não foi asfaltada.
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Resposta: o morador deve entrar em contato com a própria cooperativa (Cooperbrás) para legalizar a situação da rua. Feito isto, é necessário participar das assembleias regionais do Orçamento Participativo (OP) e mobilizar os moradores para que elejam a pavimentação da rua como prioridade.
Márcia Rodrigues Gomes mora há cerca de quatro anos na vila, na Rua 12, e relata dois problemas. Sua casa fica em um trecho onde não há nem calçamento e, para piorar a situação, não há encanamento no valão que corre em frente à residência. Além do mau cheiro e do risco de contaminação, o local também transborda com facilidade em dias de chuva, alagando o local. Segundo a moradora e também alguns vizinhos da rua, a prefeitura já havia prometido resolver a situação.
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Resposta: da mesma forma como a solicitação anterior, todas as pavimentações na cidade são definidas pela Secretaria Municipal do Orçamento Participativo (OP). É necessário participar das assembleias regionais do OP e mobilizar os moradores para que elejam a pavimentação da rua como prioridade.
Oportunidade
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Setembro de 2011
NATACHA OLIVEIRA
ê c o v e p i c ti r Pa o d m é b m a t s o d a c fi i s s Bra Texto
D ie in es Fró is ra n dt Fer n a n da B Lore n a R isse
iço voluntário? rv e s m u lg a za li Rea sílio doméstico n te u m u r a c o Quer tr cado para a re m u r ia v n E ? por outro em contato e tr n E ? o ig m a esposa ou e através u q fo n E o d o ã com a redaç bras@gmail.com ila v e u q fo n e il a do e-m res do jornal e rt ó p re s o m o ou fale c bro e 15 de m te e s e d 9 1 nos dias os na Vila m re a st e o d n a outubro, qu na Avenida Leo , h 2 1 s à h 9 s a Brás d poldo Wasun.
RECADOS “Só quero que saiba que estou gostando muito de você.” Israel Rech, 16, para a namorada Tainá. “Se existe alguém que não acredita no amor, basta olhar nos meus
“Nesse um ano que a gente se conhece, ela foi uma pessoa excelente pra mim. Eu amo ela de paixão como uma irmã!” Kelli Estácio, 23, para a amiga Cátia. “Eu amo muito ela, temos quase 40 anos de casados e somos felizes.” João da Cruz, 56, para a esposa Maria.
olhos, escutar meu coração quando a vejo, para ver que o amor ainda existe. Te amo demais.” Mário Luiz Oviedo, 24, para a esposa Renata.
“Que a juventude acorde para a vida e deixe as coisas erradas que estão fazendo, pois a vida é muito bela!” Maria da Cruz, 53.
“Eles são tudo. Amo vocês. Com carinho da mãe.” Luciane da Rosa, 31, para os dois filhos.
“Estimo muito eles e os quero muito bem. Desejo felicidades, saúde e vida.” Jurandir Alves de
“Nosso recado é aos moradores. Pedimos que cuidem da nossa Vila e se respeitem como pessoas, para que tenhamos um ambiente sempre agradável.” Ana Cláudia Ferreira, 20, e Cláudio Roger Ferreira, 46.
Melo, 75, para os filhos. “Menos violência e mais paz.” Arlinda Forcos, 39. “Desejo mais segurança para que as pessoas possam andar com mais tranquilidade.” Celestino Alves, 57. “Roseli e Lisandra, desejo que vocês possam ter uma vida melhor. Que Deus dê força para vencerem essa luta!” Afonsi da Silva B., 73.
RENATA STRAPAZZON
RAFAELA KLEY
Brassificados
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“Eu sou muito feliz pela família que tenho, pelo respeito e carinho que eles me dão. Sou uma mulher realizada. O mais importante é que nós temos Deus na nossa família.” Lurdes Giovana Moraes, 31.
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DANEILA FANTI
RAFAELA KLEY
“Cuidem dos nossos animais, não abandonem cachorrinhos e gatinhos na rua. Infelizmente eu não tenho como cuidar de todos que são largados na porta da minha casa.” Terezinha de Fátima Oliveira, 53. “Odone, traz o Renato Gaúcho de volta, estamos sentindo falta dele. O Grêmio não precisa de treinador, precisa de jogador!” Nilton Flores, 52. “Adriano, é muito bom estar com você. Te amo!” Dieici Kelly da Silva, 17. “Joceli, mamãe, gostamos muito de você, te amamos demais!” Maicon Gabriel Rodrigues Bitello, 11, e Michel Rodrigues Bitello, 5. “Mãe Silvane, te amo muito. Tu e o pai são tudo para mim. Adoro a tua comida, principalmente a batata frita. Muito obrigada por estar sempre comigo.” Lara Cavalheiro, 10. “Diego, eu te amo muito e o que mais quero é ficar ao teu lado. Estou muito feliz pelo começo do nosso namoro. Mil beijos.” Rute Maria da Costa, 15.
As nossas brincadeiras são muito legais. Eu te amo muito e gosto de estar sempre contigo.” Eduarda Langer do Amaral, sete.
SERVIÇOS “Ofereço-me para trabalhar de faxineira ou em mercado, ambos com experiência.” Liliane Gomes de Almeida, 17 – Contato: (51) 9839.4101.
“Fotografo aniversários e festas escolares, entre outros eventos. Também faço vídeos.” Bruno da Costa Porto, 15. “Troco 90 m² de telha do tipo calhetão por mão de obra de eletricista. Preciso também que ele me oriente sobre os materiais que vou precisar para o serviço.” Maria Regina da Paz, 46 – Contato: 3572.0785 ou na Av. Leopoldo Wasun, 1322.
“Ofereço-me para fazer faxina no turno da tarde em troca de rancho. Tenho experiência e trabalho também aos finais de semana.” Marlei Welter, 31 – Contato pelo telefone 9925.0113.
TROCA-TROCA “Quero trocar uma boneca que não brinco mais por um tênis número 33/34, porque o meu quase não dá mais para usar.” Andressa Tatiana de Oliveira, 12 – Contato pelo telefone 9925.0113. “Tenho o boneco Nakashi, do Naruto, e não brinco mais com ele. Gostaria de trocar por
outro brinquedo, pode ser um boneco diferente.” Leonardo Pablo de Jesus Marques, nove – Contato na Rua Brás 3, Rua 3, casa 10. “Tenho vários brinquedos que não gosto mais e posso trocar por outros. Ou então, gostaria de ganhar um tênis número 29/30 para poder brincar ainda mais.” Andrei Cleisson de Oliveira, seis – Contato pelo telefone 9925.0113.
LÍLIAN STEIN
RAFAELA KLEY
“Professora Letícia, gosto muito de ti. As tuas aulas são muito legais, gosto de aprender contigo e não quero te perder nunca. Obrigada por ser tão querida comigo.” Amanda Cristina Langer Amaral, 11, da Escola João Goulart.
“Convido os moradores a participar da Semana Farroupilha! Isso é muito importante, pois faz parte da nossa cultura. É tão bacana quando as pessoas se reúnem e fazem aquela festa nos retiros.” Eduino Pich, 70.
“Mãe, te amo muito. Tudo que tu me ensina é muito importante. A tua comida, as tuas histórias e a tua companhia são muito boas. Tu és a pessoa mais importante da minha vida.” Gabriele Fagundes de Souza, 10, para a mãe Luciana. “Professora Ivonete, gosto muito da disciplina de Geografia e das tuas aulas. Já são dois anos que sou teu aluno e gosto muito de ti.” Jean Pereira, 14, da Escola João Goulart. “Mãe Nela, adoro quando a gente brinca de esconde-esconde e pega-pega.
“Faço tortas, pães, folhados, salgados e docinhos. Podem me contatar direto nos telefones 3596.1872 ou 9367.2813, ou através da minha filha, Graziela, 3554.1775”. - Nilva Ines Flores, 44.
“Troco um carrinho azul, dois caminhões, três soldadinhos e uma carroça com três cavalinhos por uma bola de futebol.” Feliphe Silva Costa, 10 – Contato pelo telefone 9339.9479 ou na Rua Brás 3, Rua 3, casa 8.
Enfoquinho
VIla Brás - São Leopoldo/RS Setembro de 2011 enfoque
Le petit, petit polá Crianças da Vila Brás não abandonam as velhas brincadeiras RENATA PARISOTTO (Texto) FERNANDA ESTRELLA (Foto)
“Adoleta Le petit petit polá Le café com chocolat Adoleta Puxa o rabo do tatu Quem cai fora é tu.” Gabriel Ednílson dos Santos Sobiray, 10 anos, foi o primeiro a sair da roda. O pequeno morador da Rua 18 ou Rua das Petúnias, na Vila Brás, em São Leopoldo, adora jogar videogame e assistir a televisão no final de semana, mas não abre mão das brincadeiras de rua conhecidas por todos nós. Por incrível que pareça, elas não caíram no esquecimento e continuam a servir de passatempo às crianças na localidade. A mãe de Gabriel, Deise Dinorá dos Santos, conta que, mesmo quando o videogame do garoto estava funcionando, ele não deixava de lado o pega-pega, o esconde-esconde e o jogo com bolas de gude. E foi assim que Gabriel estava quando o avistamos. Parecia tímido e até desconfiado. No entanto, esse semblante desapareceu quando foi questionado sobre as famosas bolinhas de vidro, chamadas de “olho de gato”. Um vidro, que provavelmente serviu para armazenar maionese algum dia, guarda os
brinquedos de Gabi. Assim como o recipiente, as formas de distração são simples, e não servem de desculpa para a falta de lazer na Vila. Quem o acompanha é o amigo e vizinho Micael Fagundes de Souza, seis anos. Esperto, ele explica como funciona o jogo de boleta e faz pose para a câmera fotográfica. O menino mora na casa de número 101, com os pais e mais uma irmã: Gabriela Fagundes de Souza, 10 anos. A menina de cabelos longos acompanha todas as perguntas e responde com segurança quando é solicitada. De moletom rosa, a pré-adolescente conta que é fã da cantora gospel Aline Barros, acha o Fiuk lindo, não suporta o Luan Santana e diz não brincar de bonecas. No entanto, quando indagada sobre o que gostaria de ter como prêmio por ganhar a Adoleta, com o pé na infância, não pensa duas vezes para responder que voltaria às bonecas se ganhasse o Kit completo da Barbie. Também competindo com os brinquedos importados e jogos eletrônicos, está o futebol. Acessível a todos, independente da classe social, ele é o preferido dos garotos, principalmente do morador da Rua 10. Mateus Chaves de Oliveira, 15 anos, sonha em atuar em grandes times. Entre o computador e a bola, ele fica com a segunda opção. A bicicleta também serve como a alternativa depois da escola. Apesar da idade, ele não deixa de participar da brincadeira de roda, sabendo todos os detalhes da canção.
Cruzadinha
Eduarda, Gabriele, Mateus, Gabriel Micael e Tainá
Complete os quadrinhos abaixo com os nomes das brincadeiras que aparecem nas ilustrações. Uma dica: são diversões do tempo de sua avó
a -
m a r
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e l i n -
h a
Respostas: 1.Caçador 2.Cinco-marias 3.Passarás 4.Cabra-cega 5.Peteca 6.Elefante Colorido 7.Palitinho 8.Esconde-esconde 9.Jogo-da-velha 10.Bola de Gude
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