Enfoque-130

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Página 3

Sexualidade

O que os adolescentes pensam sobre o tema

Página 11

Recados e trocas dos pequenos em edição especial do Mês das Crianças

Páginas 14 e 15

RAFAELA KLEY

enfoque

Conheça a história da rua que mudou de cara graças à força de vontade e à união de seus moradores

SOLORYA / SXC.HU

Assuncenas

Brassificados

vila brás | são leopoldo | outubro/2011 | edição 130

BRUNA VARGAS

Brasinha

personagem o m a h n se e d s Criança para ele e criam histórias

Escrevendo

sonhos

Jovens da Vila Brás entrevistam moradores para conhecer a história de quem corre atrás de suas metas Página 7

Páginas 8, 9 e 10


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Nostalgia

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Carta ao leitor Passam os meses, passam os anos, e hoje, na sua 130ª edição, o Enfoque Vila Brás mostra estar cada vez mais se tornando um veículo da comunidade do que dos estudantes de jornalismo – aquela turma que desembarca do ônibus, em algum sábado de manhã, com blocos de anotações na mão e câmeras fotográficas no pescoço atrás de histórias para contar. Nos temas diversificados, que vão desde curiosidades do dia a dia e problemas da comunidade até, principalmente, sonhos e alegrias de quem constrói a Brás, temos pistas do longo percurso deste jornal que nasceu com a proposta de ter a cara da vila. A forte ligação dos moradores com a Brás, presente nos depoimentos de pessoas que dizem não conseguir viver em outro lugar, por si só já é o indício de que essa é uma caminhada natural. Nessa edição temos boas pistas dessa relação entre o Enfoque e a comunidade. Numa parceria com a Escola João Goulart, alguns alunos pegaram papel e caneta e foram entrevistar outros jovens sobre seus sonhos profissionais. O que lemos é o desejo de pessoas que vivem o presente não esquecendo de olhar para o futuro. Essas entrevistas demonstram a pequena parte de um universo repleto de sonhos e cheio de objetivos de qualificação e crescimento, ocupando os planos de uma geração de moradores que recebe como herança de seus pais a missão de fazer a Brás se desenvolver cada vez mais. TEM MAIS: com muita alegria, comemoramos nessa edição o recebimento do diploma de Honra ao Mérito que o Enfoque Vila Brás recebeu da Associação de Moradores, durante o aniversário de 30 anos da instituição. É um sinal concreto de que essa troca é construtiva para ambas as partes. De um lado, estamos nós, estudantes em formação entrando em contato e aprendendo no contato com diferentes realidades. De outro lado, está a comunidade, que se reconhece de forma positiva nas matérias e fotos sobre suas lutas diárias, e participa ativamente desse processo.

Guardei isto em minha memória No meio de algumas recordações, que lembrança te faz sorrir? Jaqueline Loreto (Texto) Dienifer Ceconello (Fotos)

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importante são as emoções que vivemos, como canta Roberto Carlos em uma de suas canções. As histó-

rias que acontecem, e ainda vão aparecer, nos fazem ter a consciência de que vale a pena todo o caminho que traçamos Alguns moradores da Vila Brás contaram para o jornal Enfoque suas memórias mais significativas.

Causos da vida Na juventude, o trabalho e o lazer eram a vida de Osmar de Oliveira, 69 anos. Volta e meia ele se recorda do tempo que tinha disponível para jogar futebol e ir aos bailes com os amigos. A semana era dedicada ao trabalho com couro, e os finais de semana, com os colegas, eram destinados ao descanso e à diversão daquela época.

Seu Osmar com o registro de sua mocidade

O casal Maria da Beiga, 64 anos, e Rubinei Jobim, 58, não teve dúvidas ao responder que

O Enfoque é um jornal direcionado aos moradores da Vila Brás, em São Leopoldo/RS. A produção é dos alunos das disciplinas de Redação Experimental em Jornal e Fotojornalismo do Curso de Jornalismo da Unisinos.

a casa própria, com tudo novo, foi o que adquiriu com mais gosto. Frequentadores de uma igreja evangélica, reforçam sempre que, com a bênção de Deus, conquistaram o espaço para morar.

Fale conosco! (51) 3590 8463 / 3590 8466

enfoque

Para eles, visitar o passado significou um sorriso não contido, um olhar com brilho de saudade, gestos prontos para dizer mais, expressões marcadas pela narrativas e pelo novo começo de uma jornada.

enfoquevilabras@gmail.com Av. Unisinos, 950 - Agexcom/Área 3 - São Leopoldo/RS

Confira quando circulam as próximas edições!

Laura com sua foto do casamento

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[REDAÇÃO] Orientação: professor Eduardo Veras. Monitoria: aluna Lílian Stein. Textos: alunos André Fröhlich Seewald, Dieines Fróis, Dierli dos Santos, Eduardo Saueressig, Fernanda Brandt, Jaqueline Fernanda Silva de Loreto, Júlia Klein Caldas, Juliana de Brito, Liliana Egewarth, Lorena de Risse Ferreira, Marcelo Ferreira da Silva (edição), Natália Barbosa Gaion, Natália Vitória de Oliveira Silva, Pablo Luis Furlanetto, Priscila Guimarães Corrêa Gomes, Renata Parisotto, Rita de Cassia Trindade, Thayná Candido de Almeida, Vitor de Arruda Pereira e Viviane Borba Bueno. [FOTOGRAFIA] Orientação: professor Flávio Dutra. Monitoria: aluno André Ávila. Fotos: alunos Amanda Pereira, Angelo de Zorzi, Bruna Vargas, Bruna Silva, Daniela Sgrillo, Daniela Fanti, Dienifer Martins, Douglas Bonesso, Eduardo Meireles, Fernanda Estrella, Gabriela Nunes, Greice Nichele, Joane dos Santos, João Diego Dias, Lílian Stein, Lisiane Machado, Livia Saggin, Lucas Neto, Marília Dias, Marina Cardozo, Natacha Oliveira, Rafaela Kley, Renata Strapazzon, Roberto Ferrari, Samantha Gonçalves, Stéfanie Telles e Tamires Fonseca. [ARTE] Projeto gráfico e diagramação realizadas pela equipe de jornalismo da Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Supervisão: professores Eduardo Veras e Thaís Furtado. Projeto gráfico: jornalista Marcelo Garcia. Diagramação: estagiário Marcelo Grisa. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Av. Unisinos, 950, Bairro Cristo Rei - São Leopoldo/RS Telefone: (51) 3591 1122. E-mail: unisinos@unisinos.br Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: José Ivo Follmann. Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes. Pró-reitor de Administração: João Zani. Diretor da Unidade de Graduação: Gustavo Borba. Gerente de Bacharelados: Gustavo Fischer. Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs.

Para Laura Carolina Hentshke, 68 anos, todo dia é dia de uma lembrança boa. No entanto, a mais marcante é o seu casamento. As emoções ficam por conta do vestido com véu e grinalda e a festa, realizada no interior de Rodeio Bonito, que teve carne à vontade, salgadinhos e sobremesas feitas em casa.

Adelina de Oliveira, 55 anos, e Bruna de Oliveira, 11. Avó e neta respectivamente. Um fato curioso aproxima mais as duas: ambas têm como lembrança especial um

Batalha por casa própria foi vitoriosa

nascimento. Adelina diz que sua maior alegria foi a expectativa da chegada de sua primeira filha. O enxoval, ela mesma preparou já imaginando a pequena usando cada coisinha. Dona Adelina, sua neta Bruna e a cachorrinha da família, Babi

Sua neta conta que viu o nascimento de sua cachorrinha, Babi, de dois anos, e esse fato foi marcante em sua vida. O dengo da casa está sempre coberto de carinho por Bruna.


Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

À mercê da pichação Viviane Bueno (Texto) Greice Nichele (Foto)

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s alvos são diversos: muros, a escola, portões e fachadas. Nem as igrejas são poupadas. É normal pintar a parede em um dia e, na manhã seguinte, ter uma surpresa desagradável. Quem caminha pelas principais ruas da Brás pode perceber a quantidade de siglas e nomes pichados em diversos pontos da vila. A pichação é enquadrada como crime ambiental, através da lei n.º 9.605/98. Se o crime for realizado em monumento ou patrimônio tombado em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano, mas para que a punição seja efetivada, o criminoso precisa ser pego em flagrante. “É normal ver um morador pintando um muro e pouco tempo depois, ter que repintá-lo por ter sido pichado. É uma falta de respeito”, confessa a funcionária da loja Big Bazar, Lisiane Borges. Além de Lisiane, o morador Nelson José das Neves, que vive na Brás há 18 anos, também reclama da pichação no bairro: “Faz mais de um ano que desisti de pintar

Onde eu moro

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Moradores convivem com a impunidade

a parede da minha casa. Sei que minha propriedade não tem muro, mas isso não dá direito a ninguém de pichar minha residência”, desabafa ele. Nelson destaca também que a impunidade para o crime contribui para que a prática seja feita livremente. “Pelo fato de a pichação ser realizada durante a madrugada, dificulta que a polícia realize o flagrante. Muitos fazem de conta que não enxergam esse problema. Para mim, isso é vandalismo. Nossa sociedade chegou a um ponto que o que é certo é errado e o errado é certo. Tenho estado muito decepcionado com a vila. Acredito que nem vou cercar meu pátio. Pretendo ir embora da Brás”, ressalta Nelson. Nem mesmo as igrejas são poupadas da ação dos vândalos. É o caso da Comunidade Católica Cristo Operário. Segundo Cecília Lisboa, de 46 anos, a fachada está pichada há bastante tempo. “É caro ter que pintar o tempo todo a igreja. O problema é que não tem fiscalização e aí fica difícil ter controle sobre isso. Quando comecei a rabalhar aqui, há mais de um ano, a fachada já estava completamente pichada’, fala Cecília.

Lei proíbe venda de tintas para menores de 18 A Lei n.º 12.408, sancionada em maio deste ano pela presidenta Dilma Rousseff, proíbe a comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a menores de 18 anos. Segundo a lei, o produto só poderá ser vendido no país a maiores, mediante a apresentação de identidade.

O parágrafo único da lei diz que “toda nota fiscal lançada sobre a venda desse produto deve possuir identificação do comprador”. As embalagens também deverão conter as expressões: “Pichação é crime (Art. 65 da Lei n.º 9.605/98). Proibida a venda a menores de 18 anos”.

Nem mesmo as igrejas são poupadas da ação dos vândalos

Assuncenas: o endereço da união Priscila Gomes (Texto) Tamires Fonseca (Foto) Assim como a maioria das ruas da Vila Brás, a Assuncenas também é discreta, com chão batido e algumas árvores. Porém, ela possui algo que a difere das outras: as pessoas. Pensar que todos os vizinhos se dão bem é difícil. Mas, na Assuncenas isso acontece. Lá, cada morador ajudou a construir a história do lugar. Valimir Assis da Motta, 35 anos, que mora na rua com a esposa, Márcia Vargas, 26, e com três filhos, conta que antigamente no local havia alguns problemas, como alagamentos. “Lembro que desde o início da minha mudança, o pessoal daqui já era unido. Nós juntamos dinheiro e colocamos postes de luz e tivemos a iniciativa de pagar os materiais e a mão de obra para colocar canos de esgoto, o que melhorou o acúmulo de água de chuva”, ressalta. Com algumas mudanças, o ambiente ficou com outra “cara”, os moradores aumentaram e o ar cinzento que pairava no lugar foi substituído pelo colorido das casas. Hoje, muitos consideram a Assuncenas umas das ruas mais organizadas.

“São cerca de 25 famílias que moram em toda a extensão dela”, diz Valmir. Ele diz que já pensou em se mudar, mas no fim, a opção é sempre a mesma: continuar no mesmo endereço. Segundo Antônio Joy,

52 anos, um dos motivos de as pessoas serem unidas é a religião. A maioria visita a igreja com frequência. “Em questão de segurança, sempre foi bem tranquilo. Acho que isso acontece porque os vizi-

nhos se respeitam”, diz. Josiane Klein não mora mais na Assuncenas, mas ela conta que esse é um dos lugares de que ela mais gosta. “Aqui é muito organizado por causa da força de vontade do pessoal.”

Oito grávidas Uma das curiosidades que fazem parte da história da Assucenas é o fato de que oito mulheres da rua ficaram grávidas na mesma época. Márcia Vargas conta que ela se surpreendeu ao perceber que as vizinhas também estavam esperando bebê. “O mais interessante é que apenas duas tiveram meninas e os outros todos meninos, que hoje estão com cerca de um ano e alguns meses”, conta. Além dos pequenos que nasceram há pouco tempo, o local também recebe a alegria de diversas crianças. Simpáticas, algumas delas acompanharam a equipe do Enfoque no processo de elaboração desta matéria.

Os moradores ajudaram a colocar postes de luz e canos de esgoto no local


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Sabor

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Doce, gelado e cabe num saquinho A venda de sacolés, além de ser uma diversão para as crianças, é uma opção para muitas famílias aumentarem a renda mensal durante o verão Eduardo Saueressig (Texto) LUCAS PORTAL (Fotos)

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Com a chegada das estações mais quentes, a gurizada aproveita o comércio caseiro para se refrescar

om o verão chegando, muitas casas na Vila Brás começam a anunciar em placas improvisadas a venda de sacolés. Esse serviço é bom tanto para quem oferece quanto para quem compra o produto. Afinal, as crianças adoram e é relativamente barato. Além de tudo, o serviço gera uma renda extra para as famílias e estabelecimentos que os vendem. Normalmente, o preço dos geladinhos varia de 20 a 40 centavos, de acordo com o tamanho. Como o retorno é rápido, os produtores já estão vendendo em plena primavera, o que não impede a grande procura. “É uma renda extra para nossa família. Minha filha compra os in-

gredientes e os produz, e a gente fica o dia todo vendendo em casa. No verão, conseguimos vender mais de R$ 50 por dia. No final do mês é uma grande ajuda”, ressalta Neuci Silva Santos, uma das donas dos locais de venda. Já no comércio, como mercados e lancherias, que também comercializam o produto, o processo é um pouco diferente. Na maioria dos casos, os sacolés são comprados prontos, e basta apenas congelar. Hoje em dia, existem dois tipos de geladinhos, os cremosos, que são feitos com leite, e os de frutas, que são produzidos com água. Em pleno setembro, várias crianças já consumiam o produto na rua, e dizem que no verão o geladinho é uma das principais diversões da gurizada.

Como fazer Os geladinhos de frutas são os mais fáceis de produzir, pois basta fazer suco da fruta escolhida, adicionar açúcar, colocar no saquinho e congelar. Já os cremosos, utilizam leite ao invés de água, e normalmente frutas raladas ou em pedaços.

Churrasco na avenida Thayná Candido (Texto) BRUNA SANTOS (Foto) Todos nós já passamos pela seguinte situação: final de semana, você acorda tarde, bate aquela fome e a preguiça de cozinhar. A melhor pedida é comprar um churrasco pronto! E foi pensando nisso que o Mercado Müller resolveu expandir os negócios da família, construindo uma ampla churrasqueira em plena Avenida Rodolfo Wassun. O mercado, que existe há sete anos na Brás, já trabalhava com venda de espetinhos em uma pequena churrasqueira, mas a demanda foi tanta, que decidiram ampliar a produção e construir uma estrutura maior, que suprisse essas necessidades. A instalação foi inaugurada há apenas um mês e as vendas estão indo além do esperado. “Tem dias em que a gente

não dá conta. Domingo precisamos de duas pessoas para atender, porque todo mundo quer churrasco!”, comemora Alexandre Alves de Andrades, filho do casal proprietário do Mercado Müller. O horário de atendimento da churrasqueira é bem flexível, para quem acordar tarde também almoçar tranquilo. O assador começa às 9h e só termina quando vender o último pedaço. “Tem gente que chega aqui bem mais tarde querendo comprar, mas não passa muito das 15h, porque acaba antes.” afirma Alexandre. Os espetos variam de R$ 15 a R$ 20, entre coxa, sobrecoxa, costela e carne de porco. O melhor de tudo? Aceita até cartão. Portanto, os atrasadinhos de plantão ou aqueles que resolveram dormir mais que a cama poderão comprar um almoço prontinho por um preço bacana!

Mercado oferece coxa, sobrecoxa, costela e porco a preços que vão de R$ 15 a R$ 20


Cotidiano

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

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Um torpedo entre rodas A moda na Vila Brás é trocar o freio de mão da bicicleta pelo sistema de parada com o contra pedal Natália Vitória (Texto) Daniela Sgrillo (Foto)

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ão é preciso caminhar mais de uma quadra para perceber que na Vila Brás os moradores são adeptos de um popular meio de locomoção. Crianças, jovens, adultos, homens e mulheres. Não existe distinção de idade ou sexo. Em cada esquina tem uma bicicleta estacionada ou alguém pedalando. O uso das bicicletas pelos moradores não é apenas por hobby. Há aqueles que aproveitam a folga ou algum tempo livre para pedalar, mas, na maioria dos casos, elas são utilizadas para trabalhar. Embora o uso seja intenso, são poucos os lugares que disponibilizam um bicicletário, espaço exclusivo para o estacionamento de bicicletas. Na Vila Brás, as “bikes”, como são carinhosamente chamadas pelos donos, ficam paradas nas portas das casas, bares, mercados e igrejas. Nada de correntes ou cadeados, basta encostar em algum cantinho. Porém, as bicicletas da Brás tem outra peculiaridade. Sua diferença está no freio. A maioria delas tem o sistema de contra pedal, mais conhecido como “torpedo”. É mais fácil contar quantas contam com o tradicional freio de mão do que com o contrapé. Em apenas 15 minutos, 20 bicicletas passaram pela frente do ponto de ônibus da Avenida Leopoldo Wasun, quase ao lado da Comunidade Cristo Operário. Dessas 20, somente oito eram com freio de mão, as demais, 12 no total, tinham o “torpedo”. Mudar os freios realmente vi-

O torpedo tem formato cilíndrico e vai acoplado na roda da bicicleta

rou febre na Brás. Segundo Ivaldir Andrade, 36 anos, dono da Baik Sul, estabelecimento que realiza concerto de bicicletas, a febre é maior entre os jovens: “A gurizada está colocando o banco em cima da garupeira, daí fica mais baixo, os freios são os pés”. Por dia, cerca de 50 bicicletas

passam pelas mãos de Ivaldir e de seus três funcionários. Eles trabalham das 8h às 21h e realizam vários tipos de concerto. A troca de pneus, por exemplo, custa a partir de R$18. Já o ajuste do freio sai de graça: “Para tirar o freio, não cobro nada”, ressalta. Talvez o que a gurizada não

saiba é que eles resgataram uma moda antiga. O chamado “torpedo” foi uma marca de freio que surgiu no final da década de 1940 em países como Alemanha, Suécia e Áustria. Com formato cilíndrico ele é acoplado na roda da bicicleta. Ivaldir tenta explicar o motivo

da preferência pelo “torpedo”: “O pessoal gosta de ter uma emoção, gosta de frear no pé”. A confirmação está na resposta de Mateus Guidini, 11 anos. Ele aprendeu a andar de bicicleta com freio aos sete anos e hoje possui uma com freio torpedo, afinal “é legal dar aquela paradinha para trás”.

A única da Vila Liliana Egewarth (Texto) Greice Nicheli (Foto)

Há 15 anos na Brás, a farmácia oferece facilidades como a telentrega

Entre os muitos mercados, brechós, igrejas, fruteiras, bares, briques e lojas de materiais de construção, há apenas uma farmácia na Avenida Leopoldo Wasun. Segundo a moradora Leci Rodrigues da Silva, de 69 anos, moradora do bairro há 22, a única farmácia fica localizada bem no começo da avenida. Conforme ela, o estabelecimento facilita a vida da população que mora nas redondezas, pois também conta com telentrega.

Dona Leci aproveita a praticidade de a farmácia estar localizada perto de sua casa, para fazer suas compras lá mesmo. Dessa forma, não precisa se deslocar até o centro da cidade para providenciar medicamentos. Ao conversar com Nelson Oro, funcionário da Farmácia Sulbrasileira da Vila Brás há dois anos, percebemos uma diferenciada estrutura na loja: há uma grade que protege os medicamentos e cosméticos ali vendidos. Segundo Nelson, logo que a farmácia se instalou no bairro haviam tentativas e assaltos frequentes. Mas, hoje em dia,

mesmo tendo uma aparência diferenciada, a população já se acostumou com o visual do local. Isso sem falar que os assaltos quase não acontecem mais. Ao contrário do que pensava dona Leci, a farmácia já está na Brás há 15 anos e o movimento é bastante intenso. Para fidelizar ainda mais a clientela, são feitas diversas promoções. Além dos tradicionais remédios, perfumarias e maquiagens, é possível também contar com um atendimento diferenciado, em diversos horários, sem falar da facilidade da telentrega.


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Amigo imaginário

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Simplesmente criança Em diferentes instantâneos, a gurizada mostra como se diverte no dia a dia da Vila Vitor de Arruda Pereira (Texto)

RENATA STRAPAZZON ROBERTO FERRARI

ROBERTO FERRARI

DIEGO DIAS

Gauchinha com orgulho. A pequena prenda Nicoly Barros tem sete anos e já demonstra todo o seu amor pelo tradicionalismo. Seja rodopiando com seu vestido vermelho pela Avenida Leopoldo Wasum ou tomando um chimarrão, ela vive o espírito gaudério sempre que pode.

Paola Ares, seis anos, com sua boneca preferida, a Eduarda

NATACHA OLIVEIRA

anos, tem uma doença que dificulta sua locomoção, mas não perde o espírito de criança. Ele conta que gosta de jogar jogos radicais no seu notebook.

ROBERTO FERRARI

Northon Selister, 12

RENATA STRAPAZZON

ROBERTO FERRARI

Micael Luiz, sete anos, se diverte com uma roda de bicicleta na Rua Onze Horas. Ele conta que iria encontrar um amigo, mas, como não apareceu, a diversão não podia parar. Simples: pega, empurra e joga o brinquedo improvisado.

Lixo? Que lixo? Para os gêmeos Ester e Estevão Fallro, sete anos, ali é um lugar que dá para brincar de casinha. Possui sala, cozinha e até quarto. Eles não têm videogame ou notebook, a diversão é imaginação pura. Aproveitam os objetos largados numa das várias vielas da Vila Brás para se divertir. Com uma fita e uns pedaços de madeira, dá para brincar de “polícia e ladrão”, diferente dos seus vizinhos que procuram as locadoras em busca de diversão.

Os irmãos Luiz Gabriel (de vermelho), três anos, e Maikiel Santos, sete anos, se imaginam como nos filmes de ação. Cuidando para não se machucar, duelam com pedaços de pau. A brincadeira é na frente de casa, com areia ao redor para amortecer possíveis quedas.

As irmãs Gabriela, sete anos, e Camile Prestes, quatro anos brincam na casinha que fica dentro do pátio onde moram.

ARQUIVO ESCOLA JOÃO GOULART

O desfile foi na Brás DIERLI SANTOS (Texto) O tradicional desfile de 7 de setembro foi diferente na Brás este ano. A Escola Municipal João Goulart realizou o desfile na Avenida Leopoldo Wasun. Com a participação da banda da escola – coordenada pela professora Raquel Prux, do projeto Mais Educação –, o evento contou com a participação de mais de 1.300 alunos.

Dividido em oito alas, o desfile abordou temas como profissão, esporte, preconceito, liberdade de expressão, violência contra a mulher, paz, amos e patriotismo. Professores e funcionários da escola também participaram da celebração, que foi assistida por mais de cinco mil moradores. Segundo o diretor da escola, Cláudio Hatje, o desfile na Brás tem o objetivo de presentear a comunidade.


Amigo imaginário

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

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Era uma vez na Vila... Oito crianças criam diferentes histórias para um mesmo personagem, o garoto Brasinha, 10 anos RITA TRINDADE (Texto) LISIANE MACHADO (Foto)

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esquisas apontam que a criança que lê e tem contato com a literatura desde cedo, principalmente se for com o acompanhamento dos pais, é beneficiada em diversos sentidos: a criança aprende melhor, pronuncia melhor as palavras. Por meio da leitura, a criança desenvolve a criatividade, a imaginação e adquire conhecimentos e valores para a vida A leitura frequente facilita a alfabetização e ajuda em todas as disciplinas. Pensando nesse contexto, essa matéria tem o objetivo de mostrar como se dá a relação entre as crianças da Vila Brás e a leitura. Pôde-se

analisar que as crianças que têm um incentivo, seja da família ou dos professores, se identificam com o mundo das histórias. Já as que não têm, não apresentam grande interesse. Como por exemplo, o menino Carlos Vitor dos Santos, 11 anos, morador da Vila Brás, que tem o incentivo dentro de casa pela sua irmã de 14 anos. “Adoro ler, o livro que mais gostei de ler foi Eclipse”, conta. Para exercitar a criatividade dos pequenos da Brás, criamos então um personagem para essa matéria, o Brasinha, um jovem de 10 anos que mora na Vila Brás desde que nasceu. Confira abaixo as diferentes histórias vividas por nosso personagem criadas por nossos pequenos autores.

Em uma manhã de sábado, com lápis de cor nas mãos, a meninada botou a cabeça para funcionar

“A cor amarela é a favorita de Brasinha, ele adora comer abacaxi e desde pequeno torce pelo Inter, que, para ele, é o melhor time do mundo. Seu sonho é ser jogador do Colorado, a música que ele mais gosta é o hino do Inter. Sua brincadeira preferida é jogar futebol com os amigos. O que ele mais gosta de fazer quando está em casa é apreciar a Vila Brás, o que ele menos gosta é de ver a maldade”. Autora: Érica Cristina de Oliveira Dahmer, 11 anos.

“O Brasinha nasceu na Vila Brás e gosta muito da cor preta, sua comida favorita é lasanha, ele torce pelo Grêmio e sua banda preferida é os Rebeldes, ele quer ser artista quando crescer. A brincadeira que Brasinha mais gosta é o pega-pega, ele adora brincar com seus amigos na Vila Brás e a coisa que ele menos gosta é quando brigam com ele.” Autora: Alessandra Alves de Andrade, nove anos.

“O Brasinha mora na Vila Brás, sua cor favorita é o rosa, sua comida preferida é bolachinha. O time que Brasinha torce é o Inter. Ele gosta muito de jogar bola e por isso, quer ser jogador de futebol quando crescer. O Brasinha gosta muito de música sertaneja e o que ele mais gosta de fazer é ir no centro da cidade.” Autora: Vitória da Silva, nove anos

O Brasinha é um menino muito levado, sua cor preferida é o amarelo e sua comida favorita é pizza. O time que Brasinha torce é o Grêmio, e a música que ele mais gosta é o hino do Grêmio. Quando crescer, Brasinha quer ser advogado, o que ele mais gosta de fazer é pular corda. O Brasinha gosta também de ver as pessoas felizes”. Autora Jamilly Ficanha Borges, sete anos.

“O Brasinha gosta de azul e de borboleta. Ele não gosta de pular corda mas adora tirar fotos”. Autora: Nicole de Oliveira Dahmer, sete anos.

“O Brasinha é um menino muito legal, sua cor preferida é o verde, ele está na 5° série e seu melhor amigo é o Carlos, com quem ele brinca desde pequeno. A comida preferida de Brasinha é arroz e feijão, seu time do coração é o Inter. Brasinha adora música e sua banda preferida é o Restart, ele toca bateria desde pequeno e seu maior sonho é ser médico. A brincadeira preferida dele é o esconde-esconde, o que ele mais gosta na Vila Brás são seus amigos, o que ele menos gosta é o trânsito. Brasinha tem um carro muito bonito, é um Camaro amarelo”. Autor: Carlos Vitor dos Santos, 11 anos.

“O Brasinha mora na Vila Brás e gosta muito da cor vermelha, a comida que ele mais gosta é pizza e o time que ele torce é o Grêmio, sua música favorita é o hino do Grêmio, o Brasinha gosta de ser professor da escolinha e adora a escola. Ele é um menino muito bom com seus amigos. Brasinha não gosta quando seus amigos brigam. Quando crescer, Brasinha será advogado”. Autora: Elizete de Oliveira Dahmer, nove anos.

“Brasinha é um menino corintiano, ele tem 10 anos e adora a cor azul, ele come muito, e a comida que ele mais gosta é lasanha. Brasinha ama escutar funk, mas quando crescer quer ser um cantor sertanejo. Sua brincadeira preferida é jogar bola”. Autora: Fabíola Parmigiani, nove anos.


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Mãos à obra

Os nossos

sonhos A escolha profissional é um processo demorado, que começa na infância e amadurece na adolescência. Para explorar esse assunto, o Enfoque convidou estudantes a falar sobre seus sonhos e aprender um pouco sobre o jornalismo

André Seewald (Texto) Dierli Santos (Texto) Juliana de Brito (Texto) BRUNA VARGAS (Fotos)

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Enfoque dá continuidade ao assunto profissões, tratado na edição 129, por meio de uma pareceria com a Escola João Goulart. Convidamos a professora de Língua Portuguesa Renata Garcia Marques a selecionar um grupo de oito alunos, oriundos das turmas 1 e 2 do projeto Seguindo em Frente (também conhecidos como “Aceleração”) para partici-

par de uma oficina jornalística. Na ocasião conversamos com os estudantes sobre a diferença dos gêneros informativo, interpretativo e opinativo. O bate-papo teve como ponto de partida os sonhos de cada um. Com esse assunto, desafiamos cada jovem a entrevistar um colega e redigir um texto sobre sonhos profissionais. Confira o resultado aqui, nas páginas 8, 9 e 10.

Qual é o seu desejo?

Enquete realizada por Jennifer Guimarães da Silva e Rodrigo Santos, com orientação de Dierli Santos. Fotos de BRUNA VARGAS

“O meu sonho é ser jogador de futebol.”

“Sonho com a aposentadoria. Com 62 anos, não consigo mais trabalho nem consigo me aposentar.”

“Meu sonho é comprar um carro.”

Gabriel Porto Silveira, 16 anos.

Cirlei da Silveira, 62 anos.

Flávio Luiz Lahm, 45 anos.


Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

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Rodrigo, o jogador

Jennifer, Ânderson, o a advogada empresário

Luane, a enfermeira

Por Jennifer Guimarães da Silva

Por Rodrigo Santos

Por Luane Soares

Por Ânderson Rodrigues

Rodrigo Santos tem 15 anos. Quando era pequeno, seu sonho era ser jogador de futebol, mas diz que a vida sempre foi o redirecionando para outros caminhos. No momento, ele dedica-se aos estudos para pensar em um futuro mais profissional. Ainda não sabe exatamente qual profissão quer seguir, mas já tem muitas idéias, as quais acredita que certamente poderão trazer bons rendimentos para seu futuro. Por fim, ele afirma que, se tivesse que sair de São Leopoldo, não sairia, pois prefere fazer com que as coisas aconteçam em sua cidade.

Jennifer Guimarães da Silva tem 17 anos. Quando pequena, sonhava ser professora, mas agora, com o decorrer do tempo, percebeu que não era bem o que esperava: “Percebo que a vida muda algumas situações”. No momento, considera que a melhor profissão é de advogada, pois há bons cursos para isso. Ela acredita que para alcançar esse objetivo precisará esforçar-se muito e estudar, estudar e estudar. Se precisar sair de São Leopoldo para isso, Jennifer diz: “Se eu gostar realmente da profissão, não me importaria”. Ela conta que quem a inspirou foi um ex-advogado de sua mãe. Foi aí que Jennifer começou a gostar da profissão à qual quer se dedicar.

Ânderson Rodrigues, 17 anos, inscreveu-se em um curso de manutenção de micro-computadores aos 15 anos e o concluiu até seguir essa profissão. Rodrigues diz que no começo teve muitas dificuldades, pois é uma área que exige muita dedicação, responsabilidade e cuidado. Complementa dizendo que é uma área em que é preciso estar atualizado, pois a cada dia surgem novos programas e inovações. Depois disso, fez um curso de webdesign na Escola e Faculdade QI, concluído no início de setembro. Lá aprendeu a criar websites e dar movimentação aos desenhos. Atualmente, não está empregado, mas procura um trabalho nessa área e diz que é bem complicado encontrar um emprego quando se está cursando o Ensino Fundamental. Seu maior sonho é abrir uma empresa de manutenção de microcomputadores ou ser brigadiano, mas ressalta que essa é uma profissão que seus pais não concordam por acharem perigosa. Ele diz que fazia o curso aos sábados e por isso deixava de sair na sexta à noite. Agora que concluiu aproveita para se divertir e conhecer pessoas novas. Finaliza rindo ao dizer que está solteiro.

Luane Soares tem 15 anos – completará 16 em outubro diz que já tem planos para o ano de 2012. Desde os nove anos sonha ser enfermeira, mas sua idade ainda não permite que ela faça esse curso. O desejo em seguir essa profissão começou quando passou um mês no hospital, cuidando de sua mãe. Luane diz que foi muito difícil ver as enfermeiras fazendo seu trabalho sem vontade, foi aí que surgiu o amor por essa profissão, por gostar de tratar e cuidar das pessoas com carinho. Ela conta que essa também é a vontade de sua mãe. Luane diz que agora mais do que nunca vai realizar seu sonho e também a vontade de sua família. Ela comenta que muitas pessoas dizem que esta é uma profissão que mexe muito com o psicológico, pois lidará com vários casos e nem sempre o final será feliz. Seu maior sonho é se formar cursando uma faculdade e alcançar seus objetivos. Atualmente, não está trabalhando, mas gostaria de fazer um estágio quando chegar ao Ensino Médio. Perguntada sobre as festas e a vida amorosa, ela apenas respondeu timidamente sorrindo.

“Sonho entrar em uma faculdade.”

“Meu sonho é ser bailarina profissional, faço jazz e street dance há seis anos.”

“Quero ser jogador de futebol.”

Jonathan da Cunha, 16 anos.

Sonia Macedo, 18 anos.

Wellington, 11 anos.


10

Mãos à obra

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Os nossos

sonhos

Luana, a veterinária

Elismara, a técnica

Miriam , a jornalista

Bruna, a professora

Por Elismara de Andrade Bonato

Por Luana Patrícia de Freitas Esper

Por Bruna Dalpiaz

Por Miriam Kelly da Silva

Luana Patrícia de Freitas Esper tem 16 anos e pretende seguir a profissão de veterinária, pois, desde pequena, gosta de animais e sempre sonhou em poder ajudá-los de alguma maneira. Ela já sabe como se deve cuidar de ferimentos leves e doenças comuns entre animais. Neste momento Luana está trabalhando em uma empresa gráfica para poder adquirir alguns livros para se especializar na área. Seus animais favoritos são os felinos. Ela vai tentar se qualificar estudando e trabalhando em uma petshop. Luana afirma com convicção que não vai desistir de seus objetivos: “Eu sei que haverá muitas dificuldades até eu conseguir, mas não vou desistir de lutar pelos meus sonhos”.

A jovem Elismara Andrade Bonato tem 16 anos e pretende fazer um curso profissionalizante para, no futuro, ser uma grande técnica em computação. Mas, por enquanto, está apenas estudando, pois ainda não teve oportunidades de cursar essa área. Atualmente, Elismara está trabalhando na empresa de sua família, mas ainda sem Carteira de Trabalho assinada, pois está terminando os estudos para poder trabalhar na área que tanto sonha. O interesse surgiu há cerca de três anos, quando ganhou seu primeiro computador. Até agora, Elismara já aprendeu coisas básicas como Word, Excel, Windows, limpeza de placas, como montar e desmontar peças, entre outras coisas.

Miriam Kelly Fagundes da Silva, aos seus 16 anos, conseguiu dar o primeiro passo para ser uma jornalista. Com o Projeto Seguindo em Frente, foi selecionada para a oficina de jornalismo. Ela sonha em entrevistar seu ídolo Luan Santana. Ela diz gostar muito dessa profissão, pois gostaria de entrevistar várias pessoas e conhecer lugares diferentes. Ela quer estudar na Universidade Federal de Santa Maria. Gosta de sair com os amigos, ir ao cinema e ao shopping. Miriam ainda não trabalha, mas nas horas de lazer gosta de ler livros, revistas de ídolos e jornais. A estudante diz se dedicar para conseguir alcançar seu objetivo. Para finalizar a entrevista, Miriam cita uma música do seu ídolo, Luan Santana: “Já viajei por todo universo, todas as galáxias, a procura de um sonho. Eu demorei mas eu encontrei o que eu procurava”.

Bruna Dalpiaz, aos 16 anos, sonha ser professora de Língua Portuguesa. Ela conta que, após terminar o Ensino Médio, quer entrar em uma faculdade federal para se formar em Letras. Para isso, espelha-se muito em sua professora de Português, Renata Garcia Marques. Com muito incentivo da “sora”, sentese segura para exercer essa profissão. Apesar de gostar muito de Matemática, não se considera tão afinada como em Português. Ela ainda não trabalha, mas nas horas de lazer gosta de ler revistas e jornais. Tem o sonho de conhecer o seu ídolo, o cantor Luan Santana. Bruna acha que é importante ensinar Português para poder se comunicar melhor, para que as crianças possam aprender a ler e a escrever. Ela diz que se empenhará muito em sua profissão e finaliza com a frase: “Só quem sonha consegue alcançar”.

Qual é o seu desejo?

“Meu sonho é ser modelo.”

“Meu sonho é ser policial.”

“Sonho ser cabeleireira.”

Maristela Gubert, 11 anos.

Eduardo Silva, 8 anos.

Camila Martins, 14 anos.


Comportamento 11

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Falando sobre aquilo O que cinco jovens pensam sobre sexo, prevenção e namoro. Acredite: é um retrato consciente LORENA RISSE (Texto e foto)

I

magine: às 9 da manhã de uma quinta-feira, cinco jovens da sexta série do ensino fundamental são abordados na aula de Educação Física da Escola Municipal de Ensino Fundamental João B. M. Goulart, na Vila Brás, para falar de um tema que está borbulhando na vida deles: a sexualidade. A ideia é saber o que o jovem da Vila Brás pensa quando o assunto é sexo, prevenção e namoro – temas importantes na adolescência, já que dominam parte das emoções novas que o jovem está conhecendo e provando nessa época da vida. A geração, que hoje está com idade de 12 a 16, é muito bem informada, se não a melhor informada sobre sexo de todos os tempos. Os jovens discutem o tema na escola, leem sobre em revistas conhecidas como teens e, se quiserem, podem acessar um site e ter suas perguntas respondidas. Mas uma coisa é certa: o diálogo com pais e amigos ainda é a melhor forma, segundo eles, de se aprender sobre sexualidade. João* é um exemplo disso. Aos 13 anos, o garoto da 6ª série, que almeja ser juiz de Direito, conversa sempre com os amigos e fala com propriedade sobre a garota perfeita para um relacionamento, ou seja, não só um “ficar”, mas algo mais sério, com direito à vida sexual. “Ah, ela tem que ser dedicada aos estudos, que tenha serviço, compromisso e que não fique por aí com os guris”, diz ele. O sexo sem compromisso, pelo menos para esses jovens da Vila Brás, não é uma constante. Como vimos na fala de João, o compromisso é levado a sério e é pré-requisito para a relação. Além disso, a proteção é fator crucial. Rebeca*, de 12 anos, por enquanto só beijou na boca, mas já conhece as maneiras de se proteger de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e da gravidez indesejada. Mas, revela que em casa o assunto não é explorado de maneira efetiva, como ela gostaria. O que aprendeu foi na escola e com as amigas. “Na verdade, só falam por cima, que a gente tem que se proteger, mas não posso falar certas coisas. Acho que não entenderiam”, revela Rebeca, referindo-se aos pais. As consequências de um sexo inseguro são para a vida toda, disso eles sabem. Tanto sabem que dentro da sala de aula o assunto foi abordado. Com um tema inicial sobre Violência Sexual, a professora de Sociologia da Escola, Jani-

ne Rossato, encontrou um espaço para discutir sexualidade com os alunos. Munida de um material didático produzido pela Secretaria de Assistência, Cidadania e Inclusão Social de São Leopoldo, a Sacis, ela pôde ensinar aos estudantes como identificar um abusador e o que fazer para ajudar quem precisa. O tema foi tão comentado entre os alunos que não se restringiu e abrangeu outros questionamentos. “Eles tinham dúvidas sobre a relação sexual e sobre o comportamento naquele momento ainda novo para eles”, comenta Janine. Com a idade da primeira relação sexual cada vez mais cedo, é natural a conversa e o aprendizado sobre o tema dentro da sala de aula. “A escola educa para os conhecimentos gerais e também para a cidadania, que é um princípio básico da sociedade”, constata a professora. Larissa*, de 14 anos, quer ser pediatra quando crescer, mas só quer cuidar de crianças quando crescer mesmo. A gravidez na adolescência é um fato que muitas jovens enfrentam, algumas com maiores dificuldades, outras não. Larissa acha que se proteger na transa é muito mais fácil do que cuidar de um filho, depois que ele nasce. “A menina perde um pedaço da vida dela, tem que estudar, trabalhar para depois pensar nisso”, diz ela. E ela está certa. Uma gravidez em um momento em que não se está preparada pode ser, literalmente, uma pedra no sapato. E se a gravidez chegasse cedo na vida desses jovens? A resposta foi unânime entre eles: ficar com a criança. O aborto foi uma possibilidade totalmente descartada. Segundo a última pesquisa realizada pelo Datafolha sobre o tema no ano de 2010, apenas 7% dos entrevistados foi a favor a descriminalização da prática, contra 71% que preferem que a legislação permaneça como está: classificando o aborto entre os crimes contra a vida. Conversar com estes jovens foi um desafio já que, desde o início, minha proposta era deixá-los à vontade para que as respostas fluíssem da melhor forma possível. Para a minha surpresa, eles estão muito mais preparados do que imaginamos. E desejam que os familiares mantenham um bate-papo franco, com orientações para toda a vida . O que se espera é que eles apliquem este conhecimento na vida real, e se mantenham saudáveis e felizes ao longo de toda a vida. * Nomes fictícios

Mitos e verdades Para manter uma vida sexual saudável, o cuidado e a prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis, DSTs, são obrigatórios. Aqui você encontra alguns mitos sobre o sexo e o cuidado com o corpo que fazem a diferença na vida da gente.

Se eu tomo pílula estou livre de engravidar e de doenças.

FALSO

A tabelinha é um método totalmente seguro.

FALSO

O único método contraceptivo que protege contra gravidez e DSTs é a camisinha. Isso acontece porque ela não permite o contato dos órgãos sexuais durante o ato sexual. Por isso, use camisinha!

A tabelinha é um método que as mulheres podem utilizar, mas não é 100% seguro. Ele não protege contra DSTs e no caso das adolescentes é falho, já que o ciclo menstrual jovem ainda não está totalmente regularizado. Atenção!

Sempre posso tomar a pílula do dia seguinte como um método contraceptivo.

É possível engravidar na primeira vez.

FALSO

A pílula do dia seguinte é um medicamento de uso emergencial, ou seja, que só pode ser utilizado em último caso. Se a menina usa a pílula sempre pode ter um quadro de descontrole hormonal e problemas de saúde.

VERDADEIRO

A virgindade não impede que a menina engravide. Esse momento tem os mesmos efeitos de uma vida sexual ativa. Então, mesmo na primeira vez, se previna.


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Cidadania

Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Recolocando a vida nos trilhos O projeto Pão da Vida socorre a comunidade em questões que vão desde alimentação básica até a recuperação de pessoas como Kenedy (foto), que vivia na marginalidade

JÚLIA KLEIN (Texto) MARINA CARDOZO (Foto)

P

erci Pereira, 48 anos, desenvolve um trabalho social e espiritual na Vila Brás. Pastor há 30 anos, trabalha na Igreja Evangélica Ministério à Glória de Deus, onde ministra cultos e, junto de três irmãs, comanda o projeto social Pão da Vida, que dá assistência à comunidade local. Os fiéis colaboram como podem e os valores arrecadados servem de ajuda aos que necessitam de comida, móveis, roupas, colchões e outros utensílios. Mas o socorro vai além dos bens materiais. Diversas famílias procuram o pastor quando um ente querido passa por dificuldades com drogas ou álcool, como aconteceu com

dona Sirlei. Só que, nesse caso, foi ela mesma quem pediu auxílio: “Cansei de cair na rua. Gastava todo meu dinheiro com cachaça. Depois do trabalho ia direto para o bar”, conta. Sirlei Terezinha Tavares, 50 anos, bebeu desde os 25. Sempre trabalhou, mas nunca conseguiu guardar dinheiro, pois todas as suas economias financiavam o vício. Por vontade própria, a senhora chegou a ser internada por algumas semanas, mas não teve resultado. Segundo ela, foi com a ajuda do projeto que conseguiu se recuperar. “Hoje estou na escola, conhecendo as letras. Quero fazer de mim uma grande pessoa”, finaliza. Os casos de recuperação de moradores da Vila que trocaram o tráfico, o vício e a bandidagem pela fé, são muitos. E Perci se orgulha

deles: “Através da palavra de Deus já libertamos muitas pessoas”. O pastor conta que em algumas situações, os dependentes químicos que procuram o Pão da Vida são encaminhados para centros de recuperação. Quando a família ou o próprio paciente não tem condições de pagar pelo tratamento, Perci entra em ação e pede a ajuda da comunidade. Assalto, furto, armas. Palavras que faziam parte da vida de Andrews Fonseca, 26 anos, também conhecido na Brás como “Kenedy”. O jovem conta que entrou no mundo do crime aos 14 anos, influenciado pelos amigos. Foi um adolescente muito revoltado, pois vivia somente com a mãe, que trabalhava fora o dia todo. Muitos vizinhos diziam que Andrews não chegaria aos 18 anos. Foi usuário de drogas,

consumiu álcool e, por diversas vezes, quase perdeu a vida ao se envolver em tiroteios e brigas. Até que, de repente, resolveu mudar. “Recebi uma carta, de uma vizinha. Nela havia alguns trechos da Bíblia. Fiquei pensando naquilo alguns dias e logo procurei o seu Perci”, relata. Andrews continua, empolgado: “A fé mudou minha vida. Meus amigos que andavam comigo naquela época e continuam vivos, hoje estão presos”. O Projeto Pão da Vida funciona na Igreja Evangélica Ministério à Glória de Deus, que fica na Avenida Leopoldo Wasun, nº. 1.341.

Mais de 200 na festa da Associação PABLO FURLANETTO (Texto) A data de fundação é 21 de março de 1981. O dia em que foram festejados os 30 anos da Associação de Moradores da Vila Brás foi o último 24 de setembro. Mesmo com um pouco de atraso, a comunidade pôde aproveitar o baile da cuca e da linguiça, animado pela banda Veneza, para comemorar as três décadas de vida da entidade. O evento, que ocorreu na própria sede da entidade na Avenida Leopoldo Wasun, contou com grande público, cerca de 200

pessoas. Na ocasião, ocorreu uma homenagem, honra ao mérito, para pessoas e organizações que, de alguma forma, contribuíram ou contribuem para os trabalhos da associação. O prefeito de São Leopoldo, Ary José Vanazzi, esteve presente na festa e recebeu o reconhecimento. Além dele, exprefeitos, ex-presidentes da organização, vereadores e o jornal Enfoque Vila Brás também foram lembrados. O documento entregue tinha a seguinte mensagem: “Um dia compareceremos diante do grande trono, para prestar contas do talento a nós confiado”, de autor desconhecido.

A Associação de Moradores da Vila Brás, que tem como presidente Claudimir Schütze, já realizou inúmeras ações para melhorias na vila. Agora, o objetivo é dar continuidade aos planos que já estão ocorrendo e iniciar outros. “Temos vários projetos. Um deles é a biblioteca comunitária, cujo valor de R$ 20 mil foi aprovado pelo governo”, diz Schütze. A entidade batalha também para a construção do centro esportivo, ampliação da creche, regularização fundiária, segundo grau para a região nordeste e, um dos mais importantes, a criação da cozinha comuni-

tária. “Hoje temos muitas crianças que não têm o que comer no contraturno da aula”, frisa o presidente. Para os moradores da Vila Brás, além de referência, a associação é o local para unir seus anseios. Para o radialista Bruno Garcia, a entidade é um espaço que fortalece a coletividade. “A associação é fundamental. Busca as diretrizes para o interesse coletivo”, diz Bruno. Assim trabalha a entidade, tentando buscar a parceria com os moradores para suprir os anseios comuns. Consequentemente, a qualidade de vida melhora e todos ganham.


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Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Reclame!

Nesta seção, o Enfoque abre espaço aos moradores para fazerem reivindicações ou reclamações que são encaminhadas à prefeitura ou aos órgãos competentes. As respostas você confere abaixo:

Marcelo Ferreira (Textos) - Stéfanie Telles (Fotos)

Praça Leandro Ferreira, 35 anos, pede um cuidado maior com a Praça da Vila Brás, que foi construída há mais de quatro anos para ser um local de lazer e atualmente serve como depósito de lixo. O descaso com esse espaço foi uma reclamação recorrente na fala de outros moradores entrevistados. Entre os relatos comuns, falou-se do desrespeito de alguns frequentadores ao espaço das crianças e da falta de conscientização de quem joga seus objetos velhos por lá. Segundo Ferreira, muitas pessoas já deixaram de frequentar o local. “Infelizmente, a praça está jogada às traças”, lamenta.

Creche

Ü

Resposta: Acúmulos de lixo em local público devem ser informados à Secretaria de Limpeza Pública (3568-1780) ou à Secretaria do Meio Ambiente (3592-2004). Todos os moradores devem estar comprometidos com a limpeza. A Brás conta com coleta seletiva terças (Taurino de Resende direção Centro) e sextas-feiras (Taurino de Resende direção Bom Fim) e de lixo domiciliar as segundas, quartas e sextas-feiras.

Olinda da Silva, 61 anos, sente falta de mais creches públicas. Bisavó de três crianças com idade entre três e cinco anos, ela relata a dificuldade do trabalhador que ganha um salário mínimo e, por falta de vagas na única creche municipal da Vila Brás, precisa desembolsar entre R$ 100 e R$ 150 mensais para que alguém cuide das crianças.

Ü

Resposta: A rede infantil está com inscrições fechadas. Novas vagas serão anunciadas até novembro. Informações sobre novas vagas, preenchimento das mesmas ou dúvidas referente a escolas da rede municipal podem ser solucionadas com a Secretaria Municipal de Educação (3589-6666).

Segurança Cachorros de rua “Existem muitos cachorros abandonados nas ruas da Vila Brás.” Essa é a reclamação da moradora Marisa Silveira Soares, que conta ter feito a sua parte ao curar um cão com sarna e adotá-lo. Para ela, muitos dos animais abandonados são deixados lá por pessoas de outros lugares. A moradora conta que, em algumas ruas, uma simples caminhada chega a ser perigosa, pois os cachorros mordem. Além disso, o latido dos cães torna-se um problema para quem precisa ter uma boa noite de sono.

Ü

Resposta: A Prefeitura informa que não há procedimento padrão para o recolhimento de animais nessa situação. O Canil Municipal, responsável por atender animais em situação de abandono e maus tratos, pode ser contatado de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30, nos números 3572-0320 ou 9739-3491.

Para Oscar de Lima, o maior problema da Vila Brás é a falta de segurança. “Não se acha policial por aqui, me sinto inseguro de sair andando”, relata. O morador de 43 anos diz que, às vezes, vê uma viatura da Brigada Militar passando pela Avenida Leopoldo Wasun, mas rondas a pé não acontecem. Ele também relata que a polícia chega a demorar mais de uma hora para atender ao chamado de algum cidadão.

Ü

Resposta: O policiamento ostensivo é de responsabilidade da Brigada Militar e é realizado nos horários verificados como de maior necessidade, devido ao efetivo insuficiente. Além de chamados através do telefone 190, a Corporação ressalta estar aberta ao diálogo com a comunidade para discutir prioridades. A Secretaria de Segurança Pública também pode ser contatada, através do telefone 153, e informa estar à disposição da comunidade para colaboração. Além disso, todas as dificuldades de atendimento relacionadas à segurança pública podem ser relatadas à corregedoria, na própria Secretaria (Rua Saldanha da Gama, 975, Sala 01 – Centro).

Elogios ao que melhorou Ozeias Ariel dos Santos, 32 anos, é um dos que preferem falar dos avanços na Vila Brás ao longo dos anos. Morador da comunidade há mais de 20 anos, ele lembra do tempo em que não havia água encanada, asfalto nas ruas, praças, posto de saúde, nem linha de ônibus. Ele também conta que a Vila era muito violenta, recordando a infelicidade de ver pessoas sendo mortas nas esquinas. Quando

criança, às vezes era mandado mais cedo para casa durante os estudos, pois a única sala de aula precisava ser usada para a realização de um velório. Hoje, ele tem uma filha de quatro anos, é cobrador de ônibus na linha Santos Dumont, que cruza Avenida Leopoldo Wasun, e demonstra orgulho em fazer parte da comunidade, ressaltando o fato de nunca ter sido assaltado durante o trabalho.


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Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Brassificados

Especial Mês da Criança

RAFAELA KLEY

DANEILA FANTI

RECADOS

“Te amo muito. As nossas brincadeiras são muito divertidas. Gosto quando ficamos juntas e quando tu faz almoço pra mim.” Daniele de Oliveira Laguni, seis anos, para a mãe Andréia.

“Eu te amo do fundo do meu coração.” Miquéias Pereira, 12 anos, para a mãe Noeli. LIVIA SAGGIN

RAFAELA KLEY

LIVIA SAGGIN

“Te amo muito e sem você eu não sou nada.” Lucas Fernando Bernardes da Silva, nove anos, para a mãe Eliane.

“Os nossos amigos são os melhores. Sempre jogamos bola e andamos de bicicleta. E o nosso primo Luís Fernando também é muito legal. Nos divertimos muito, ainda mais quando brincamos de pula-pula.” Isaías Andrade, 12 anos, e o irmão Eliéser, seis.

“Pai, o carinho que recebo de ti é o melhor presente que posso ter. Gosto muito de ti porque tu cuida e brinca comigo. Obrigada por tudo que faz por mim.” Angélica Nascimento Laureano, 11 anos, para o pai Valdir Fernandes dos Anjos.

“Mãe, tenho muita saudade de ti. O meu maior presente seria receber a tua visita, porque só por telefone não é o suficiente para a gente conversar.” Rafael Correa, 11 anos, para a mãe Sandra, que mora em Fazenda Vilanova.

RAFAELA KLEY

LIVIA SAGGIN

DANIELA FANTI

“Nós te amamos. Tu sabes nos dar carinho, brincar e divertir a gente. Mas o mais legal de tudo é quando estamos só nós em casa e podemos dormir os três contigo.” Kathiane Teixeira, seis anos, e os irmãos Cristiam, oito, e Victor, quatro, para a mãe Natiane.

Textos Dieines Fróis Fernanda Brandt

“Mãe, gostamos muito da tua comida.” Dienifer Lieberknecht, oito anos e Priscila Lieberknecht, dois anos, para a mãe Neuza.


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Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011

Realiza algum serviço voluntário? Quer trocar um utensílio doméstico por outro? Enviar um recado para a esposa ou amigo? Entre em contato com a redação do Enfoque através do e-mail enfoquevilabras@gmail.com ou fale com os repórteres do jornal no dia 15 de outubro, quando estaremos na Vila Brás das 9h às 12h, na Avenida Leopoldo Wasun.

“Quero muito ganhar uma boneca. Se alguém tiver uma que não brinca mais, troco por dois ursinhos.” Nicole Garcia Duarte, cinco anos. Contato na Rua O, nº 48

“Troco minha motoca rosa ou a bicicleta verde por uma bicicleta cor-derosa. Estou aprendendo a andar de bici, mas a cor da minha não é de menina.” Thaylla Milena Camargo, três anos. Contato pelo telefone 85134627, com a mãe Débora

LIVIA SAGGIN

DANIELA FANTI

RAFAELA KLEY

“Quero trocar meu caminhão de plástico por uma bola de futebol, de preferência, do Ben 10.” Adryan Rhaell Camargo, cinco anos. Contato na Rua 15, nº 124

LIVIA SAGGIN

DANIELA FANTI

RAFAELA KLEY

“Gosto muito das tuas aulas, tu é muito querida.” Renata Borges dos Santos, sete anos, para a professora Maria Cristina.

“Quero um bolo e uma festa bem grande de aniversário.” Juliana Rosa Steinhause, nove anos, para a mãe Judite.

“Quero um caderno grande e um perfume da Barbie de presente.” Eduarda Andrade Steinhause, quatro anos, para o pai Gilson.

“Gosto muito de ti.” Adilson Machado Cidade, 11 anos, para a mãe Anajara.

TROCAS

RAFAELA KLEY

RAFAELA KLEY

RAFAELA KLEY

“Pai e mãe, gostaria de ganhar uma boneca que vem com coisinhas para brincar de médico.” Nicoly Becker de Barros, sete anos.

“Troco este urso bem grandão por uma boneca grande ou uma bicicleta para o meu tamanho.” Bianca Garcia Meira, sete anos. Contato na Rua O, nº 48


Enfoquinho

VIla Brás - São Leopoldo/RS Outubro de 2011 enfoque

A vida é um doce

Culinária Infantil

Quitutes das padarias e confeitarias fazem sucesso entre a criançada da Brás RENATA PARISOTTO (Texto) FERNANDA ESTRELLA (Foto)

Q

uem nunca prometeu fazer o dever de casa, ajudar a mãe a limpar a casa ou cuidar do irmão menor em troca de uma guloseima? Pode ser bala, pirulito, jujuba, confete, chocolate, paçoca, salgadinho. Não há criança que não se renda às delícias disponíveis em qualquer mercado, venda ou padaria. Na Vila Brás, em especial, os quitutes das confeitarias é que fazem sucesso. A preferência é confirmada por Eloísa Martins, 36 anos. Na Avenida Leopoldo Wasun, 1.421, ela mantém a Padaria Toscano há um ano. Segundo a empresária, o Copinho de Chocolate e a Nega Maluca são os produtos mais comercializados entre os pequenos. Já na Padaria e Confeitaria Branquinho, na mesma rua, são os salgados que se destacam. Folhadinhos, enro-

Sanduíche da Brás

ladinhos de salsicha e principalmente o sanduíche de mortadela caíram no gosto das crianças da Vila. De acordo com Márcia Fernandes, 40 anos, dona do comércio, o movimento de crianças é intenso aos finais de semana. Prova disso são as nove que compraram no local durante os 20 minutos que permanecemos por lá. Um assíduo cliente da padaria da Dona Márcia é o sobrinho Júnior Márcio Fernandes, oito anos. No entanto, ele não investe para se deliciar com o famoso sanduíche. O garoto achou um jeito mais econômico: ajudar em pequenos afazeres e assim, “tirar uma casquinha” dos alimentos preparados. Se você não é sortudo como o Júnior e não tem uma tia generosa, pode pedir ajuda para a mãe, a tia, a avó, o irmão, a irmã e preparar as mesmas delícias dessas confeitarias. Separamos duas receitas fáceis e deliciosas para você fazer em casa. Confira!

1 pão cacetinho 1 fatia de mortadela 1 fatia de queijo muçarela 1 colher (sopa) de nata

Copinho de Chocolate 1 lata de leite condensado 1 lata de leite 1 lata de creme de leite 2 colheres (sopa) de Maizena 3 colheres (sopa) de chocolate em pó É só misturar tudo e levar ao fogo baixo até ferver. Divida a quantidade em copinhos plásticos para café e decore com confetes ou chocolate granulado. A receita rende 15 porções.

No embalo de Marisa Monte, ache as 21 palavras que estão em marrom na música. NÃO É PROIBIDO Marisa Monte Jujuba, bananada, pipoca, Cocada, queijadinha, sorvete, Chiclete, sundae de chocolate, Paçoca, mariola, quindim, Frumelo, doce de abóbora com coco, Bala juquinha, algodão doce e manjar. Venha pra cá, venha comigo! A hora é pra já, não é proibido. Vou te contar: tá divertido, Pode chegar! Vai ser nesse fim de semana (uh) Manda um e-mail para a Joana vir (uh) Woo.. Uh! Não precisa bancar o bacana Fala para o Peixoto chegar aí! Traz todo mundo, ‘tá liberado, é só chegar. Traz toda a gente, ‘tá convidado, é pra dançar, Toda tristeza deixa lá fora; chega pra cá!

Júnior Márcio fez seu próprio sanduíche e aprovou

CAÇA-PALAVRAS J Z G B U B B O C C S M A R I O L A A U Y S A I A A Y

U V P R Q K R L O O C P U I A U S O A C D M L L E E C

J A G H U P C A C L H G H N A U C D L O A A G A U U A

U B F S I R A Q A B A B Q H N S C C H C G O O N E A O

B E F S N E D U D A D A N D D D Y U U O U P D R E U V

A E D I D C M E A T R G A I N E A E G E I O Ã J G Ç G

A R N B I A A G A Q U E I J A D I N H A P A O A C A L

F E C I M E C I O E B C R A I A Y X D V D A D O O Ç A

B C O E A E B J A B Ó B O R A A A W B I F W O J F C R

Q H F J F F U G H A A B B N C I A A E D R A C A F A R

K O H B B A N A N A D A A T H D A P D B U P E L A W U

D C G G A E F A E D B C D C I O P A N C M A L A L E L

W O A L L G U G C S A Z R X C V M Ç R A E W C O F A L

B L Y M A N C F E F O B D A L U A O E D L E S A F I A

I A J M G P J D A O L R E E E B M C B B O A B X W W D

G T G B R I A F O F I B V E T U I A V P E I X O T O A

O E P G I P E F H C V A D E E F C U N E E P O J N A A

D D O B N O A D N R E R D U T B A A E J E A X A F X B

U N Q O P C Q Q I R S T I E L E E E C R A A M X X U X

B A R B G A Ç D J O A N A S O U R I A N Ç R A S F P D


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