Revista Mem贸ria e Linguagens Culturais M O B I L I D A D E S
C U L T U R A I S Ano 1 - N潞 3 - 2013
Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais Equipe de Produção deste número: Coordenadores Profa. Dra. Zilá Bernd Profa. Dra. Luciana Éboli Redatores Alunos da Disciplina de Mobilidades Culturais - 2012/2 Revisão, Arte, Diagramação Anajara Carbonell Closs Foto da Capa Luciano Lunkes
Editorial A
s sociedades contemporâneas são profundamente marcadas por toda sorte de mobilidades, que ocorrem no espaço e no tempo, através de deslocamentos, de movimentos migratórios, de diásporas e exílios muitas vezes traumáticos causados por guerras, conquistas, disputas territoriais ou necessidades de buscar novos mercados ou novas paisagens culturais.
E
sses trânsitos e passagens migratórias trazem importantes consequências econômicas, linguísticas e culturais, fazendo surgir novas culturas e literaturas que vêm sendo por alguns denominadas de “migrantes” e, por outros, de trans-nacionais, por atravessarem fronteiras e espaços geopoéticos. Característica marcante dessas literaturas, que apresentam dois horizontes culturais distintos (o do país de origem dos escritores e o do país de eleição para viverem): seu caráter necessariamente híbrido e heterogêneo.
A
mesma dicotomia amplia-se aos demais campos culturais das sociedades contemporâneas, nas quais novos arranjos e possibilidades sociais traduzem as conseqüências das mobilidades e hibridações, confrontam identidades e propõem novos espaços de cultura. Dessa forma, os textos que aqui se apresentam são resultados da análise dessas consequências, nos mais variados aspectos da sociedade: nas questões de Exílio, Nomadismo e Sincretismo Religioso; nos exemplos de Mobilidades; nas Multi, Interculturalidades e na Transculturação.
A
djacentes a esse universo das Mobilidades Culturais, as questões de identidade apontam para a multiplicidade de significações e representações culturais, nas quais o processo de identificação dos sujeitos participantes torna-se provisório e variável. A identidade, nas palavras de Stuart Hall, torna-se uma 'celebração móvel' que transforma continuamente suas representações, através dos sistemas culturais e dos deslocamentos.
O
presente número da Revista Memória e Linguagens Culturais traz importante reflexão sobre diversas formas de mobilidade transcultural, pontuadas por processos contemporâneos de diásporas, migrâncias e nomadismos – temas fundamentais para entender as aceleradas transformações sociais tão características deste século XXI. Professoras da disciplina: Mobilidades Culturais Zilá Bernd Professora e orientadora do PPG-Letras/UFRGS, do Mestrado em Memória Social e Bens Culturais do Unilasalle. Bolsista PQ/Cnpq. Autora de vários livros nas áreas de literatura e cultura afro-brasileiras, literaturas da francofonia, relações literárias inter-e trans-americanas.
Luciana Éboli Graduada em Artes Cênicas - UFRGS, Mestre e Doutora em Letras PUCRS. Professora Permanente do Mestrado em Memória Social e Bens Culturais do Unilasalle/Canoas.
Sumário 1 – Nomadismo: uma reflexão sobre a figura do malandro........05 Hirã Soares Justo
2 – O exílio no exílio de Emeric....................................................09 Anajara Carbonell Closs, Helenice Christaldo e Miguel Ângelo Ribeiro
3 – Fronteiras dos espíritos na África Central.............................13 Rosângela Gomes da Silva
4 – Mobilidade acadêmica: vivência mexicana em Canoas.......17 Jacira Gil Bernardes e Elianara Corcini Lima
5 – Transculturação: o movimento Hip-Hop em questão...........21 João Bosco Torres Santos, Luciano Lunkes e Raquel Gabriela Willms
6 – Multi e inter – culturalidade: Canadá e Quebec.....................26 Fabiana Pereira Rosa e José Carlos Walter
Nomadismo: uma reflexão sobre a figura do malandro
E
m seu texto "Entre o passado e o
tradicionais: o trabalhador, conhecido
futuro", a filósofa alemã, Arendt
como “Mané” ou “Caxias” e o seu contra-
(1972, p.41) afirmava "Meu pressuposto é
ponto o Malandro, o “esperto”, tantas
que o pensamento emerge de incidentes
vezes retratado, nas peças culturais
da experiência viva e a eles deve
populares, na música, na poesia, no
permanecer ligado, já que são os únicos
teatro, na literatura, no cinema e em
marcos por onde pode obter orientação."
diversas outras manifestações sociais da
É um desses pequenos fragmentos da
memória coletiva, inclusive nas religiões
vida que este texto pretende colocar em
de matriz afrodescendentes.
discussão: a figura do Malandro e o papel que ele representa no imaginário brasileiro, em especial nas grandes metrópoles ligando-o ao conceito de nomadismo definido por Maffesoli (2001) que atribui a esses personagens nômades, a função social de construção de vanguardas culturais que impulsionam
P
percorrendo os muitos caminhos
traçados pelo malandro na memória
do povo brasileiro, principalmente no imaginário
daqueles trabalhadores de
origem humilde e desfavorecidos socialmente, vamos encontrá-lo como descrito, poeticamente, por Zé Keti na sua música “Diz que fui por ai”: “em qualquer
a vida de todos os povos.
esquina eu paro, em qualquer botequim
D
esses elementos extraídos de
eu entro, e seu houver motivo é mais um
nossas experiências, temos que
samba que faço...”.
destacar também o papel dos símbolos que possuem o sentido que os homens vão redescobrindo, sendo desvelados pela crítica e pela manifestação intelectual humana. Ricoeur (1978) argumenta que toda estrutura de significação tem um sentido direto, primeiro, literal que designa,
e por
acréscimo, outro sentido indireto, secundário, figurado, que só pode ser aprendido através do primeiro.
O
imaginário brasileiro está
permeado de dois símbolos
Zé Pelintra
o indivíduo tende se mais conservador,
do
homem
fixo,
preso
a um
estático, comedido. Na rua, por outro
determinado espaço. No contraditório
lado, aceita que todos devem ser tratados
nomadismo—sedentarismo se expressa
de forma igual, de modo a manter a ordem
um
que teme não existir na rua.
uma espécie de "enraizamento
paroxismo, ganhando a forma de
dinâmico". É um sinal do sentimento
O
contraste entre os dois conceitos é
claro: a casa é o espaço da família,
do diálogo, da afetividade. A rua é o espaço da impessoalidade, do isolamento. A casa é o espaço da ordem enquanto a rua o reino da liberdade. A
trágico da existência: nada finda numa superação sintética, tudo transcorre em tensão, na incompletude permanente. E, segundo esse autor, "ainda será preciso que os dois polos dessa ambivalência possam se articular harmoniosamente".
casa, sobretudo, fala de relações harmoniosas e quando “somos postos para fora de casa”, acabamos por
“quando ‘somos postos
relacionar a rua como expulsos para o
para fora de casa’,
mundo - regidos por regras e leis
acabamos por relacionar a
impessoais que estamos submetidos a cumprir. A rua e seus espaços são lugares do anonimato, da “consequência dos
rua como expulsos para o mundo”
seus atos” e por isso, tendemos a relacioná-la a um espaço de risco.
C
laro, temos
casos onde a casa
invade a rua e vice-versa. Onde a
ordem é substituída por outras lógicas como é o caso do Carnaval, do Bumba Meu Boi, dos Festejos Juninos e de tantas outras festas populares, onde o coletivo e o privado fazem trocas e formam novos comportamentos e atitudes.
Tendo se tornado preponderante na modernidade, o sedentarismo, a territorialização individual (identidade) ou social (instituição) estariam dando lugar ao nomadismo e à errância. A pósmodernidade se caracterizaria assim, entre outras coisas, pela mobilidade e pelo nomadismo. Maffesoli acredita que a errância e o nomadismo, sob diversas variações, tornam-se um fato cada vez
M
affessoli (2001) vai contribuir para
mais evidente e semeiam os elementos
a discussão da articulação da
da contradição que farão nascer o novo, o
figura do malandro, do vagabundo, do errante ao contrapô-los à referência
inesperado e o coletivo.
E
o nosso malandro? Errante, avesso
à terra para defender as mulheres traídas
à ordem, libertário, representação
e mal amadas.
de muitos anseios humanos, não é esse profeta que anuncia uma nova era, de novos valores? Não é na rua onde pulsa a vida, que se manifesta a contradição e tenciona a construção de uma nova
E
xaminando as cantigas, de tradição
oral, entoadas para essas entidades
para a sua manifestação vemos como recorrentes as expressões de aversão ao trabalho “Trabalhar, trabalhar para quê?
síntese?
Se eu trabalhar eu vou morrer” - como
N
os ritos africanos vamos encontrá-
neste “ponto” de Zé Pelintra. O uso de
lo na figura do seu “Zé”, de muitos
armas brancas: punhal, navalha, faca e o
nomes: Zé Pelintra, Zé Malandrinho, Seu
uso de golpes de capoeira, a bebida em
Malandro, Malandro das Almas, Zé da
excesso e a noite como substituta do dia,
Brilhantina, Malandro da Madrugada, Zé
a rua em contraposição ao lar, todos
Malandro, Zé Pretinho, Zé da Navalha, Zé
elementos de profundo significado
do Morro, Malandro Miguel, Malandro da
sociológicos.
Noite, e tantos outros. Apresenta-se também nas representações femininas da malandragem - Maria Navalha é uma delas. Manifesta-se com características semelhantes aos malandros, dança, samba, bebe e fuma da mesma maneira.
U
m tipo boêmio, errante, avesso às regras estabelecidas, amigo dos
amigos, implacável com os desafetos, sempre disposto a cometer pequenos delitos para ganhar a vida em mais um dia que passa. Para o malandro não existe
“Trabalhar, trabalhar
futuro, vive o seu cotidiano como se fosse tudo que possuísse. Não que não se
para quê? Se eu
vanglorie de
trabalhar eu vou
passado, de um otário vencido ou de uma
morrer”
mulher conquistada. Aliás, a vida
um que outro feito do
romântica para ele é tão sem regras como seu código de conduta: bebe, chora, Apesar do aspecto forte e decidido, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente vermelhas. Segundo a crença popular, Maria Navalha recebeu a missão de voltar
perdoa, mata e morre por seus amores. Apresenta uma vestimenta particular, terno branco, camisa listrada, sapato de duas cores, chapéu e às vezes um canivete no cinto e uma navalha no bolso.
O
antropólogo DaMatta (1981)
MAFFESOLI, Michel. Sobre o
coloca os tipos do malandro e do
Nomadismo: vagabundagens pós-
caxias (em alusão ao patrono do exército
modernas, Rio de Janeiro: Record, 2001.
brasileiro) em um continuum que vai da ordem à desordem ainda que com diversos matizes coloridos que vão se estabelecendo em uma complexidade que vai do mundo do carnaval a malandros e heróis.
E
O conflito das
interpretações. Rio de Janeiro: Imago, 1978. XANGO, C. Malandros. Acesso em 30 de 10 de 2012, disponível no blog da Casa de
m outra obra, Da Matta (1997)
assinala as diferenças entre a casa
e a rua como espaços muito além dos físicos, conceitos muito mais amplos e repletos de significados. Afirma que
RICOEUR, Paul.
Caridade Pai Joaquim de Angola: http://casadecaridadepaiserafim.blogspo t.com.br/2008/10/malandros-nestaapostila-vamos-falar-de.html
o
conjunto de valores de um indivíduo varia radicalmente conforme o contexto em que ele se encontra: no ambiente de sua casa, Autor: Hirã Soares Justo
REFERÊNCIAS ARENDT, HANNAH. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972. D A M AT TA , R o b e r t o . C a r n a v a i s , malandros e heróis: para uma sociologia de dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. _______. A casa e a rua: Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
MBA em Marketing - UCS Especialista em Gestão PUC/RS Especialista em Gestão de Pessoas FTC/BA . Mestrando em Memória Social e Bens Culturais - UNILASALLE
O Exílio no Exílio de Emeric
P
rocura-se refletir sobre um tipo de
indivíduo apartado de sua terra, da sua
mobilidade cultural, em especial o
gente, do seu passado. Uma perda de
exílio, como um importante fator na
territorialidade e de pertença, assume o
construção das artes em nosso país: o
lugar de uma identidade até então
exílio de artistas e, em especial, o de
estabelecida. Conforme Said (2003), “é
Emeric Marcier (1916 –1990), pintor
uma fratura incurável entre um ser
romeno que escolheu o Brasil como
humano e um lugar natal, entre o eu e seu
refúgio e território para a criação de suas
verdadeiro lar: [...] sua tristeza essencial
obras.
jamais pode ser superada.” Porém, o
N
autor apresenta uma diferença entre a o século XX, entre as duas Grandes Guerras, houve uma série de
prática exilar do passado e dos dias atuais:
movimentos migratórios de artistas por todo o mundo. O Brasil revelou-se uma boa destinação para quem procurava uma certa tranquilidade para viver em segurança e para desenvolver sua arte, em meio aos conflitos armados.
E
m função da situação estabelecida,
[...] a diferença entre exilados de outrora e os de nosso tempo é de escala [...] nossa época, com a guerra moderna, o imperialismo e as ambições quase teológicas dos governantes totalitários, é, com efeito, a era do refugiado, da pessoa deslocada, da imigração em massa. (SAID, 2003, p.46)
A trajetória
o exílio se configurou como uma das
contexto, pois se na Primeira Grande
O
Guerra o principal motivo era econômico,
1990, em Paris. No período
na Segunda, a tentativa da eliminação de
compreendido entre 1935 a 1937 Marcier
povos e minorias forçou esta
estudou na Realle Accademia delle Belli
movimentação em busca da
Arti de Brera, em Milão e em 1939 cursou
autopreservação. Essas migrações ou
escultura na École Nationale Superieure
mobilidades tiveram por consequência
des Beaux-Arts, em Paris. Até os 24 anos
uma maior interação entre as culturas,
já havia percorrido importantes circuitos
proporcionando um caráter de
artísticos europeus. A ascendência
hibridização às artes.
judaica o levou também a Lisboa na
mobilidades culturais presentes naquele
pintor e muralista nasceu em Cluj,
Romênia, em 1916 e faleceu em
esperança de obter um passaporte que
O
exílio tem origem na antiga prática
lhe permitisse fugir do nazismo. Na capital
do banimento, que conferia ao
portuguesa recebeu três cartas de
banido o estigma de forasteiro, de
o escritor José Osório de Oliveira. Com
Rio e de São Paulo, utilizando técnica de
estas cartas, viajou para o Brasil e já na
afresco.
sua chegada, em 1940, ficou encantado com as belezas naturais do Rio de Janeiro, com suas cores e composição entre a serra e o mar, paisagens que o marcaram e forneceram material para as suas primeiras exposições na Capital do
E
m contrapartida, a guerra seguia na
Europa e a invasão de Paris pelos
alemães trouxe para o Rio um grande contingente de artistas, entre os quais velhos conhecidos de Marcier, todos fugindo de uma situação caótica e
Brasil.
violenta, caracterizando um exílio forçado ou espontâneo.
E
m 1945, com a Alemanha derrotada,
abriu-se a perspectiva da volta à
Europa; Marcier, porém, decidiu ficar no Brasil e em 1950 naturalizou-se brasileiro.
Foto: Acervo de Mathias Marcier (filho)
N
o Rio de Janeiro, influenciado pelo círculo de artistas que frequentava,
passou a ter uma aproximação com o ambiente católico tradicional. Começou a frequentar a missa nas igrejas do Rio, levado por Jorge de Lima e Murilo Mendes, escritores católicos.
Esses
rituais o emocionavam e vieram a se refletir em sua obra; essa influência levou Marcier ao batismo na Igreja católica e marcou uma profunda mudança em sua arte – tornou-se, então, um expressivo pintor sacro, trabalhando em igrejas do
O exilado sabe que, num mundo secular e contingente, as pátrias são sempre provisórias. Fronteiras e barreiras, que nos fecham na segurança de um território familiar, também podem se tornar prisões e são, com frequência, defendidas para além da razão ou da necessidade. O exilado atravessa fronteiras, rompe barreiras do pensamento e da experiência. (SAID, 2003, p.59)
O
artista que se converteu ao
catolicismo, exilando-se das suas
raízes judaicas, também fez isso na sua arte, ao não integrar nenhuma corrente artística brasileira. Na condição de católico, criou uma importante obra sacra em igrejas, capelas, hospitais, conventos e seminários. Segundo Batista (2002), Marcier construiu um exílio dentro da terra do exílio, afastando-se totalmente da sociedade artística e cultural.
N
os anos seguintes, Emeric sente a
numa clara fase erótica. Para Emeric
necessidade de romper seu
Marcier as fronteiras geográficas e
isolamento e monta um atelier em
pictóricas estão em constante
Montparnasse, estabelecendo sua volta
mobilidade, os percursos espaciais
ao circuitos europeus e artísticos. Nesse
traduzem-se em novos rumos à sua arte.
momento o artista rompe com sua identificação sacra e, mais uma vez muda seu foco, mostrando na arte toda essa transculturação geográfica e espacial que viveu.
No fim das contas, o exílio não é uma questão de escolha: nascemos nele, ou ele nos acontece. Mas, desde que o exilado se recuse a ficar sentado à margem, afagando uma ferida, há coisas a aprender: ele deve cultivar uma subjetividade escrupulosa (não complacente ou intratável) (SAID, 2003, p.57)
N
o início dos anos 80, Marcier ainda pode vivenciar seu sucesso com
uma série de exposições no Brasil e no exterior, mas apesar desse reconhecimento, o artista sentia-se um deportado, um colecionador de exílios (Baptista,2002), seja pela guerra, seja Lava pés obra que marca sua fase religiosa
D
e retorno ao Brasil e com um novo atelier no Leblon, começam a surgir
convites para exposições na mesma medida em que diminuíam as encomendas por afrescos - suas obras começam a fazer parte de coleções importantes e os valores dos seus quadros atingem vultosos valores.
C
pelo isolamento artístico - sua obra não se relacionava com a arte local, mas sim com as impressões que o país lhe causava. O exilado não pertence ao país que o acolhe e já não pertence ao país de origem, o isolamento de Marcier na própria arte foi o elemento que tornou possível o exílio e a ruptura com sua origem e uma nova identidade a ser construída.
“O exilado não
om o início do regime militar e seu
pertence ao país que
posterior endurecimento, Marcier
o acolhe e já não
vai para outro exílio, desta vez em Paris. Nesta época mais uma vez suas criações trocam de objeto, passando para o nu,
pertence ao país de origem”
Segundo Said (2003), é impossível o
o/retrato/arte-no-exilio Acesso em: 11 de
exilado retornar ao seu país de origem,
Nov. 2012
pois não se volta verdadeiramente para casa, já que essa nunca será a mesma da
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte:
partida.
Editora UFMG, 2003. O exílio, a diáspora, os percursos que acabam por se configurar em mobilidades culturais também atuam como “places de passage, de construção e reconstrução de significados que são posicionais e relacionais, sempre em deslize ao longo de um espectro sem começo ou fim (HALL,2003, p.33)
SAID, Edward W. Reflexões sobre o exílio. In: Reflexões sobre o exílio: e outros ensaios. Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p.46-60.
A
condição de exilado, vivida por
E m e r i c M a r c i e r, n ã o t r o u x e
prejuízos ao seu talento artístico. Ao contrário, suas percepções criativas captaram desde logo a sua jornada no exílio. Apesar de estrangeiro, mas naturalizado brasileiro,
transformou-se
num artista respeitado e reconhecido por sua técnica, nas diferentes fases de seus trabalhos. Marcier seguiu reinventando
Autores: Anajara Carbonell Closs Produtora Cultural da FABICO - UFRGS. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais UNILASALLE.
sua identidade, adaptando e moldandose ao fluxo da vida na sociedade que
Helenice Christaldo
escolheu. Ele foi o produto desta vida
G r a d u a d a e m Administração de Empresas pela PUCRS. Mestranda em Memória Social e Bens Culturais UNILASALLE.
errante, cheia de idas e vindas, de terras desconhecidas e conhecidas de um artista que fez do exílio o fruto de sua inspiração.
Referências BAPTISTA, Anna Paola Pacheco. Arte no Exílio.
Revista de História, em
23.04.2008. Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/seca
Miguel Angelo Ribeiro Graduado em Comunicação Social pela UFRGS. Mestrando em Memória Social e Bens Culturais UNILASALLE.
Fronteiras dos Espíritos na África Central
A
historiadora portuguesa Isabel
Castro Henriques (2012)¹, ao
O
habitat africano não é apenas um
espaço de surgimento espontâneo,
pesquisar os povos da África Central,
mas o resultado de uma construção dos
observou que os caminhos criados na
nativos que nele intervieram através do
busca de melhores espaços de vivências
plantio e criação de animais. Onde o
e trocas ou, como resultado das cisões
desenvolvimento dos grupos nativos se
políticas, levaram a um processo cultural
deu conforme a maior ou menor relação
que denominou de “veio interno
de troca que estabeleceram entre si.
imaginário”, responsável por manter a “unidade da espécie” e dar legitimidade à estrutura social, servindo de suporte à autonomia e independência nacional.
J
á o espaço social africano se caracteriza por uma estrutura de
parentesco, por relações com a natureza e com os espíritos, que são os elementos
E
nquanto no plano geográfico e
constituintes da sua formação cultural. Ao
político as fronteiras mundiais estão
mesmo tempo em que as características
demarcadas, resguardando soberanias e
sociais influenciam os espaços
poderes, no campo cultural há a fluidez
territoriais, ligados não somente aos
que ultrapassa essas barreiras,
limites físicos, mas também aos aspectos
transformando o espaço geofísico em
sensíveis da cultura, redesenham outros
lugares de invenção cultural e fusão de
tipos de fronteiras.
práticas autóctones.
F
ernando Ortiz, em sua obra
E
sta configuração cultural/territorial
permitiu que os grupos migrantes
“Contrapunteo cubano del tabaco y
mantivessem a sua coesão própria,
el azúcar”, publicada em 1928², utiliza o
mesmo sob a influência das trocas
termo transculturalismo para designar um
oriundas das atividades da importação,
processo de metamorfose dos produtos
exportações e da inventividade.
culturais sensíveis, a partir das trocas que se estabelecem entre povos. Envolvido
“o espaço social africano se
num macro processo de circulação de
caracteriza por uma estrutura
ideias, a transculturação promove uma
de parentesco, por relações
dialética entre costumes, valores e práticas culturais, que transcende as fronteiras físicas possibilitando o
com a natureza e com os espíritos”
surgimento de elementos híbrido. ¹ O Pássaro de Mel, Estudos de História Africana; autora Isabel Castro Henriques; Edição/reimpressão: 2012; 298 páginas Edições Colibri; ISBN: 9789727724215. ² BERND, Zila, Projeto de Transculturalismo/Transferências Culturais, ICCS-CIEC (International Council of Canadian Studies), abril de 2002. Impresso.
O
rito das oferendas aos orixás,
viajantes tanto nativos como estrangeiro
trazida pelos escravos africanos
o que seria um exemplo de que as rotas
para o Brasil, era ao mesmo tempo uma
comerciais também são criações
homenagem aos espíritos e a busca da
culturais. Estes “fundos” caracterizavam
boa vontade deles em relação às
a organização das relações comerciais,
demandas dos vivos. Na região da África
demonstrando que o “mato” era um
central oriental, observou-se um ritual
espaço socializado e humanizado pela
onde tabaco e comida crua eram
ação dos nativos.
lançados no rio como oferendas aos mortos enterrados no seu leito.
A
s mudanças de território não
ocorriam somente por razões
econômicas, mas também pelo resultado do esgotamento da terra, da diminuição da produtividade e da fome, além da ocorrência de acontecimentos negativos, associados a sinais de espíritos nefastos,dos quais precisavam se afastar.
A
crença na presença dos espíritos,
habitando as entranhas da terra,
fornecia um controle dos territórios africanos, ao qual até os chefes das diversas nações se submetiam, marcando a organização das relações entre vivos e antepassados.
O
fronteiras culturais/espirituais,
Isabel Henriques, cita o uso de plantas consideradas sagradas como a mulemba, que é uma árvore considerada do poder, do casamento, das alianças e da vida, assegurando a estabilidade da família dos Ndongo.
Os chefes Ndongo
costumavam carregar uma estaca da
s registros do Major português 5
Henrique de Carvalho, no séc. XIX,
que partiu de Luanda em direção a Luanda central, apontaram a existência de abrigos na mata, chamados de “fundo”, que podiam ser utilizados por 5
D
emonstrando a criação de
árvore do seu local de origem para replantá-la no centro do novo território. O mesmo era feito com a raiz da musenda, outra árvore cultuada pelos africanos, que lhes garantiria poderes espirituais de proteção.
O Pássaro de Mel, Estudos de História Africana; autora Isabel Castro Henriques; Edição/reimpressão: 2012; Edições Colibri; ISBN: 9789727724215. P. 151.
O
s deslocamentos humanos, que
natureza, ao mundo dos mortos
nem sempre resultaram da busca
(antepassados) e as múltiplas entidades
de melhores instalações, mas de arranjos
sagradas que orientavam todos os
ou desarranjos políticos dentro de um
aspectos da vida africana, tanto no campo
núcleo original levaram ao
individual, social, político e econômico.
estabelecimento de novas relações, não
Formando um complexo panteão que
só com outros grupos, mas com a
considera todos os entes naturais e seus
próprianatureza, o que lhes possibilitou
fenômenos (animista), crê na existência
outro olhar sobre seus valores culturais.
de parentesco entre o clã e um elemento
Como afirma Isabel Castro Henriques:
animal ou vegetal (totemista), atribui uma
“circulação de coisas está sempre
origem sobrenatural ao universo, que
intimamente associada à circulação das
teria um propósito espiritual pré-
ideias”.³
estabelecido (sobrenaturalista) e cultua a
A
alma dos mortos com sacrifícios s fronteiras africanas tanto secas
(manista).
como molhadas (rios), são tratadas
sob o ângulo político e geográfico, omitindo a existência das fronteiras
A
ponta a pesquisadora que enquanto
na religião judaica e cristã e dos
construídas pelas rotas comerciais,
povos pagãos do Mediterrâneo, o poder
migratórias, religiosas e culturais, as
espiritual era associado aos céus, os
quais Isabel Castro Henriques chama de
africanos o associavam a espíritos que
“fronteiras dos espíritos”.
com eles conviveriam em um mesmo espaço físico/espiritual, situado abaixo da terra “(...) próximo as raízes das plantas 4
ou das nascentes da água (...)”. Por esta razão, por muitos anos, o uso de calçado foi proibido entre as sociedades africanas, pois impediria o contato entre os homens e os espíritos (kazumbi). Da mesma forma que seus ídolos eram feitos de madeira retiradas de árvores que possuíam suas raízes mergulhadas na
A
água, assegurando às imagens a força prática religiosa africana sempre
dos espíritos.
esteve intimamente ligada à
³ O Pássaro de Mel, Estudos de História Africana; autora Isabel Castro Henriques; Edição/reimpressão: 2012; Edições Colibri; ISBN: 9789727724215. P. 147. 4 Idem, p. 160.
T
anto os Luanda quanto os Tshokwe
entre o bem e o mal conforme suas
cultuavam a árvore de nome hamba
simpatias ou antipatias, razão pela qual
(mahamba no plural), sempre presente no
estes espaços (fronteiras) eram temidos e
seu espaço de forma a ser vista por todos,
respeitados. Para cruzá-los era
lhes assegurando uma relação com o
necessário homenagear e apaziguar os
além.
espíritos através de oferendas
E
estipuladas pela nação ocupante do stas práticas promoviam uma
alteração na paisagem e na flora do
local de destino dos grupos,
território. Os portugueses denominaram de “portos”
6
estas fronteiras espirituais
nas quais tinham de pagar pedágio.
transformando-se em marcos de uma fronteira espiritual particular.
P
artindo do olhar sobre as fronteiras
espirituais dos povos africanos,
Q
uando um chefe africano morria
durante uma viagem, este era
enterrado no próprio local, portanto, fora de seu território político/religioso. Seu túmulo era guarnecido por paus esculpidos, representando espíritos responsáveis pela proteção do morto e todos que passavam pelo local prestavam homenagens ao morto colocando ramos de plantas no túmulo.
O
s Imbangalas, que se transferiram
para Kasanje, passaram a controlar
as margens do rio Kwango e sua
Isabel Henriques demonstra que para além dos limites físicos existe um mundo simbólico manifestado nas crenças, idiomas, costumes, artes, música e que ao transcender espaços se subjetivam diante de outras formas de pensar e representar. Entre o elemento conhecido de uma cultura e o novo que se apresenta, há estranheza, curiosidade, embate, rejeição ou assimilação. O que é aceito e assimilado já não é a representação do que era e nem do novo, mas uma sim transculturação de representações.
travessia, impedindo uma relação direta entre estrangeiros e nativos da outra margem. A travessia do rio só poderia ser
Autor:
feita por escravos barqueiros, que eram protegidos pelos nganga (curandeiro).
A
ssim como os seres humanos, os
espíritos da crença africana são
Rosângela Gomes da Silva Socióloga da UFRGS, Mestranda em Memória Social e Bens Culturais UNILASALLE
regidos por suas paixões, transitando 6
O Pássaro de Mel, Estudos de História Africana; autora Isabel Castro Henriques; Edição/reimpressão: 2012; Edições Colibri; ISBN: 9789727724215. P. 167.
Mobilidade acadêmica: vivência mexicana em Canoas
M
obilidade nos remete à facilidade
de ensino de outros países às
de nos movermos, no espaço ou no
universidades brasileiras.
mundo das ideias, dos símbolos, de mudarmos de opinião, de ir ao encontro do outro, do desconhecido, do novo. É nos sentirmos instáveis, é conhecer o outro e ser conhecido por ele. Com este conceito apresentamos a experiência de três alunos de graduação do México realizando parte de seus estudos na cidade de Canoas, Brasil. Eles estão inseridos no processo Mobilidade Acadêmica
cujo objetivo, além de
propiciar aos estudantes a possibilidade de entrar em contato com outras culturas, de vivenciar o processo de aprendizado a partir da posição de outras formas de aprender, oportuniza o estar em outro país, em outra nação.
A
s parcerias entre universidades
facilitam a mobilidade de estudantes
A
mobilidade acadêmica internacional
traz desafios para o aluno que vem
de fora, pois estar num novo país, com outros hábitos, crenças, padrões e cultura. Terá de
adaptar-se a nova
realidade e a aceitação pelos novos colegas. Assim, ao conviver cotidianamente próximo e envolvido nas relações, o estrangeiro tem ao mesmo tempo uma relação de proximidade e envolvimento com o grupo, entretanto, como frequentemente é tratado tal qual um "de fora", e se sente à parte muitas vezes pode desenvolver um sentimento de distância e indiferença. O estrangeiro é, portanto, o estranho portador de sinais de diferenças, como a língua, costumes, alimentações, modos e maneiras de se vestir. Ele não partilha certos preconceitos do grupo e não se sente forçado a agir como um dos membros. (PEIXOTO, 2011, p.3)
A
lém disso,
traz vantagens para a
universidade que os recebe pois “...a
promovendo o conhecimento mútuo. Esta
mobilidade internacional desempenha um
educação internacionalizada proporciona
papel central na internacionalização do
aos estudantes uma experiência rica,
ensino superior, por facultar maior
desenvolvendo respeito às diferenças
interação e melhor compreensão das
culturais.
diferenças entre culturas e atores sociais
N
de países distintos.” (PEIXOTO, 2011,
o Brasil a mobilidade acadêmica é estimulada pelo governo federal
através de Programas de Mobilidade e Convênios de Cooperação Acadêmica entre universidades brasileiras e
p.3)
N
este contexto o Centro Universitário La Salle - Unilasalle, Instituição da
de
Rede La Salle de Educação, disponibiliza
outros países, visando dar acesso a
a seus estudantes um programa de
estudantes de graduação de instituições
mobilidade nacional e internacional:
Quanto aos estudos, acha muito bom e
Quer aproveitar esta oportunidade para
tem professores muito profissionais em
poder fazer algo melhor para o seu país e
suas áreas e também considera-os como
também poder trabalhar aqui no Brasil. A
boas pessoas.
imagem do Brasil no México é a de um
E
país com muito crescimento, investimento la tem muitos trabalhos para fazer
para este mês e final de semestre,
com seus colegas. Agradece a Deus por ter conhecido muitas pessoas legais e muito pacientes
com ela dando
explicações e ajudando-a nas dificuldades. A recepção é muito boa de todo o pessoal de Unilasalle. Ela estámuito feliz por esta experiência.
em muitas áreas e de muitas pessoas trabalhadoras como no México. Está achando maravilhoso, os estudos são muito legais, os professores têm uma preparação excelente, os colegas são muito legais, se preocupam com ele e o ajudam a fazer melhores trabalhos. Acha que o Brasil é um dos melhores países em que morou na vida.
Mover-me?
Mover-me?
O
A
aluno Carlos Andres Gomar
Medrano cursa Comércio Exterior
na Universidad La Salle Campus Saltilo Mexico e está no La Salle Canoas desde
aluna Maria Laura de Las Fuentes
Martinez cursa Pedagogia no
México e está no La Salle, Canoas, desde agosto de 2012.
26 de julho de 2012. Ele escolheu o Brasil porque vê aqui um país com uma economia muito boa.
Foto do acervo pessoal de Maria Laura de Las Fuentes Martinez Foto de acervo pessoal de Carlos Andres Gomar Medrano
Ela veio para o Brasil por sentir curiosidade pelo país e sua cultura e está gostando da vivência e das pessoas são
1
O Setor de Mobilidade do La Salle bem como os alunos aqui citados autorizaram a publicação das entrevistas e cederam gentilmente as fotos.
Quando um aluno realiza parte de seu curso no exterior ele agrega informações sobre a área de conhecimento que estuda a partir de uma visão que é necessariamente diferenciada de seu país de origem. Isso permite ao acadêmico ampliar seu campo de visão a partir de uma outra realidade que não a local. O aluno no exterior convive com outros alunos de nacionalidades diferentes proporcionando ainda mais a troca de experiência, cultura e vivência. (UNILASALLE, 2012, p.1)
Comércio Internacional, aqui no Brasil, está no curso de Administração. Está no La Salle desde 26 de julho. Ela escolheu o Brasil pela sua localização, por estar na América Latina, sua preferência, estar crescendo muito e por ter instituição lassalista. A sua orientadora no México falou que o Brasil é um país muito grande,
N
o ano de 2012, o La Salle, da cidade
a região sul é muito tranquila e muito legal.
de Canoas, recebeu cinco alunos
Vivendo na cidade a aluna concorda com
estrangeiros sendo três deles do México
a orientadora.
os quais colaboraram e enriqueceram o presente com seus relatos.
Interagindo com estudantes de graduação estrangeiros no La Salle, Canoas
P
ara entrarmos em contato com os
estudantes em mobilidade
acadêmica no La Salle Canoas, procuramos o setor de Estágios e Mobilidade Acadêmica, que nos colocou em contato com os estudantes. Para a comunicação, utilizamos o e-mail. Toda nossa comunicação passou pelo setor mencionado anteriormente. Conseguimos resposta de três alunos, do México, e a partir da vivência deles no La Salle Canoas, escrevemos sobre a mobilidade acadêmica.¹
Foto do acervo pessoal de Yanirha Yolanda Reyes Aguilar
E
la ainda relata o Sul do Brasil como
um bom lugar para ficar, um lugar
onde muitas pessoas de todo o Brasil vêm em busca de trabalho, e que Porto Alegre é uma cidade muito conservada e linda. Uma amiga também recomendou o Brasil. Considerou essa como uma oportunidade muito importante e decidiu aproveitá-la.
A
aluna Yanirha está gostando da
experiência,
Mover-me?
A
aluna Yanirha Yolanda Reyes
Aguilar, que cursa no México
1
aprendendo muitas
coisas novas e reforçando conhecimento. O Estado é muito grande e ainda não o conhece todo porém espera conhecê-lo.
O Setor de Mobilidade do La Salle bem como os alunos aqui citados autorizaram a publicação das entrevistas e cederam gentilmente as fotos.
muito amistosas. Considera que a
(11: Salvador : 2011) Diversidades e
experiência tem sido interessante apesar
(Des)Igualdades. Salvador : UFBa, 2011.
de sentir saudades. Ela ama a comida (churrasco e strognoff) e gosta do fato de as pessoas serem muito livres no Brasil com relação à expressão individual.
UNILASALLE. Mobilidade Acadêmica Nacional e Internacional. In: ______________. [Site oficial]. Canoas; La Salle, 2012.
Disponível em:
http://www.unilasalle.edu.br/canoas/pagi
Conhecendo o outro e sendo conhecido por ele
na.php?id=219. Acesso em 09 nov 2012.
D
Autores:
os relatos identificamos o estar no Brasil, em Canoas, La Salle, como
uma experiência de mobilidade positiva, acolhedora no sentido de ao sentirem
Elianara Corcini Lima
dificuldades, aqui referenciadas à área de ensino, os estudantes têm se sentido apoiados tantos pelos seus colegas como pelos professores.
E
Analista de Tecnologia da Informação da UFRGS, Mestranda em Memória Social e Bens Culturais UNILASALLE
para nós que recebemos o outro,
qual a nossa percepção a partir de
Jacira Gil Bernardes
seus relatos? Observamos uma impressão bastante positiva tanto do país quanto do povo brasileiro. Impressão esta que parece ser ressaltada pelo desenvolvimento econômico, cultural e pela boa receptividade ao estrangeiro.
Referências P E I X O TO , M a r i a D e n i z e S a n t o s . Mobilidade acadêmica internacional: um estudo sociológico a partir da experiência da Universidade Federal de Uberlândia. In: CONGRESSO LUSO AFRO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Bibliotecária da UFRGS, Mestranda em Memória Social e Bens Culturais UNILASALLE
Transculturação: o movimento Hip-Hop em questão
C
om o objetivo de refletir sobre o
Parte do princípio de que a aculturação
fenômeno da transculturação no
pressupõe uma perda, um apagamento
movimento hip hop, o presente texto é
da cultura antecedente onde a
desenvolvido em três momentos:
“desculturação” seria seguida por um
primeiro, propõe estabelecer o conceito
processo de “neoculturação” e novos
de transculturação sob a óptica do
paradigmas seriam impostos pela cultura
sociólogo cubano Fernando Ortiz (1983);
dominadora. Para ele, o que surge a partir
em seguida, apresenta a questão social
do processo colonizador seria não o
como cenário de surgimento da cultura
apagamento, mas uma cultura hibrida
hip hop nos espaços urbanos a partir do
original e inacabada, resultado da
final da década de 60 e, por fim,
participação das várias culturas em seus
contextualiza o movimento hip hop dentro
âmbitos e esferas distintos.
do universo das juventudes híbridas e contemporâneas, de onde as imaginações, desprovidas de fronteiras, projetam a reconstrução e a ressignificação da vida cotidiana nos espaços urbanos.
A
ssim sendo, dentro da óptica da
transculturação, a memória dos
povos pré-colombianos e africanos não fora apagada, mas processada e sintetizada no encontro entre todas as diferentes culturas envolvidas nos
Transculturação: atravessamentos culturais
processos de colonização.
sociólogo cubano Fernando Ortiz
“a ‘desculturação’ seria
(1983) em seu estudo
seguida por um processo
O
Contrapunteo Cubano del Tabaco y el
de ‘neoculturação’ e novos
Azúcar, propõe a substituição do termo
paradigmas seriam
aculturação, vigente entre seus pares, por transculturação. Argumenta que o
impostos pela cultura
complexo processo de colonização nos
dominadora”
países da América Latina resultou no que ele denominou de atravessamentos culturais, e a expressão aculturação,
A questão social urbana
portanto, não dava conta de definir, com precisão, o fenômeno das identidades culturais no contexto latino-americano.
A
expressão questão social, segundo
Raichelis (2006), surgiu na França
representados pela organização urbana
congregando adeptos em todo o mundo.
vigente. Ou seja, ao invés de se apropriar da violência grupal e das organizações em gangues, marcando território e exercendo domínio paralelo nas comunidades, os jovens expressavamse, criativamente, por meio das linguagens do movimento que, segundo Macedo (2008) englobam: o DJ (discjockey), um operador de discos que faz as
grafite - foto de Carlos Wagner
colagens rítmicas de base para a articulação dos outros elementos; o Rap (sigla para rythm-and-poetry), um estilo musical geralmente executado com DJ mixer, ou sem acompanhamento de nenhum instrumento; MC, os Mestres de Cerimônia, que tem como principal missão animar uma festa e contribuir com a diversão; Breack Dance, termo genérico que engloba diferentes estilos de dança como B-boying, Popping e Locking; e, por fim, Grafite, expressão artística manifesta nas paredes dos prédios e construções urbanos com spray ou pincéis.
D
P
or fim, o hip hop surge como um
meio de reconstrução do
“desconstruído”, ou seja, dos jovens urbanos, esquecidos nas periferias, lançados à margem do sistema e alheios aos bens culturais das cidades. Em outras palavras, a cultura hip hop recria uma atmosfera de liberdade, criatividade e de ação consciente, trazendo a violência urbana para o campo da simbologia e rompendo com as fronteiras dos ideais nacionalistas.
esse modo, a partir das questões sociais urbanas, associadas à
crescente mundialização da informação, ou seja, à comunicação transnacional, o movimento difundiu-se entre os jovens urbanos de diferentes países. As juventudes urbanas, identificando-se com a característica híbrida das linguagens, fizeram do hip hop um símbolo e seu alcance se tornou global,
Foto: Acervo Pessoal
no século XIX para representar as
problemas comuns, muitas vezes reagem
condições de pobreza em que viviam os
de modo violento, individual e
trabalhadores nos espaços urbanos, bem
coletivamente, manifestando seus
como a tensão estabelecida pela
descontentamentos e/ou fazendo
organização de reinvindicações em prol
reivindicações por melhores condições
da superação das desigualdades
de vida nos espaços urbanos.
evidenciadas.
M
otivadas pelo direito à propriedade
P
or outro lado, fazem-se igualmente
presentes outras formas criativas de
e ao trabalho, essas lutas
manifestação da indignação vivida
operárias e suas violentas repressões se
nesses espaços. É nesse viés que surge
reeditaram em outros países onde o
o movimento hip hop, foco desse estudo:
processo de industrialização e
uma manifestação artística e cultural que
urbanização, pautado na desigualdade,
ultrapassa fronteiras pré-estabelecidas e
contribuiu para a formação de periferias
se prolifera nos espaços de convivências
urbanas, núcleos de densa população em
das juventudes urbanas em diferentes
regime de pobreza e carentes em
países na atualidade.
infraestrutura e de acesso aos bens culturais e de lazer. Inseridos nesse
O Hip Hop: um movimento
cenário figuram os jovens urbanos.
transcultural
E
sses jovens, sujeitos sociais
integrantes desse cenário em que a
pobreza, a delinquência, a formação escolar deficitária e as drogas, são
E
m inglês, hip significa quadril,
cadeiras; e hop pular, saltitar.
Juntos, de acordo com Dutra (2006) a expressão representa um movimento cultural que surgiu no final dos anos 60, no bairro do Bronx em Nova York, criado por jovens negros e imigrantes como forma de resistência ao modelo de organização urbano vigente.
N
esse sentido, Fochi (2007), afirma que o hip hop originou-se com o
propósito de aplacar a fúria e a falta de Foto: Acervo Pessoal
expectativas dos jovens que não se viam
Últimos passos
P
or fim, a cultura hip hop projeta, em
seus deslocamentos atravessados -
A
cultura hip hop constitui-se numa
ou “trans” - a imaginação coletiva das
expressão transcultural, cuja ação
juventudes híbridas e contemporâneas,
de seus “atravessamentos sociais e
contribuindo para a reconstrução e a
raciais” cria variações locais em todo o
ressignificação da vida cotidiana nos
mundo, sem perder, entretanto, o caráter
espaços urbanos.
original e desafiante dos status quo estabelecido em cada uma dessas
Referências
regiões. Ao fazer essa passagem transcultural, o movimento adquire novas
DUTRA, Juliana Noronha. Rap e
configurações, produzindo algo novo,
identidade cultural. In: CONGRESSO DA
ampliando suas fronteiras de
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
pertencimento.
PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA (16.: Brasília: 2006) [Anais] p.
A
ssim, os jovens das periferias dos
179-183. Disponível em:
centros urbanos vêm transformando
http://www.unirio.br/mpb/textos/AnaisAN
as paisagens com o colorido
PPOM/Anppom2006/0608301122(D)/CD
extravagante de seus grafites, com os
ROM/COM/02_Com_Etno/sessao02/02
sons insubmissos de seus poliritmados
COM_Etno_0202-092.pdf>.Acesso em:
raps de poesias provocantes e
08.06.2012.
contestadoras e, ainda, redesenhando os espaços urbanos por meio de suas
FOCHI, Marcos Alexandre Bazeia. Hip
improvisadas danças de movimentos
hop brasileiro: tribo urbana ou movimento
quebrados e desafiadores.
social? FACOM, n. 17, 2007, p. 61 – 6 9 . D i s p o n í v e l
N
e m :
o Brasil, esse movimento
<http://www.faapmba.net/revista_faap/re
transcultural sintetizou-se com a
vista_facom/facom_17/fochi.pdf>.
ginga corporal local, com o jeitinho brasileiro, com a genuína alegria de uma nação em busca da superação de suas dificuldades sociais, expressa nos movimentos coloridos e espontâneos de sua juventude ainda esperançosa.
Acesso em: 10.06.2012.
MACEDO, Iolanda. Movimento hip hop e educação: possibilidades de construção do conhecimento. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (1.: Cascavel:2008). [Anais] Disponível em: http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/p edagogia/eventos/2008/4/Artigo%2018.p df ORTIZ, Fernando. Contrapunteo cubano del tabaco y el azúcar. La Habana: Editorial de Ciencias Sociales, 1983. RAICHELIS, Raquel. Gestão pública e a questão social na grande cidade. Lua Nova, São Paulo, n. 69,p. 13-48, 2006.
Autores: João Bosco Torres Santos Professor, dançarino e coreógrafo. especialista em Arte-Educação pela Faculdade São Luiz de França (2006). Mestrando em Memória Social e Bens Culturais - UNILASALLE.
Luciano Lunkes Bacharel em Regência Coral (UFRGS). Pós-graduado em R e g ê n c i a C o r a l (Conservatório Franz Lizst – Budapeste). Mestrando em Memória Social e Bens Culturais - UNILASALLE.
Raquel Willms Bacharel em Arquivologia (UFRGS). Mestranda em Memória Social e Bens Culturais - UNILASALLE.
Multi e Inter-Culturalidade: Canadá e Quebec
Q
uando se trata Mobilidades
Culturais, pensamos
A
sociedade canadense se defrontou
e ainda se defronta, com
imediatamente no Canadá e mais
manifestações por conta de um
especificamente no Quebec. O Canadá
movimento migratório intenso que
por ser um país que adota o
ocorreram nos séculos XVI e XVII e
Multiculturalismo, como política de
posteriormente no final do século XIX e
Estado, e o Quebec por ser uma província
início do século XX, de origem geográfica
canadense que adota o interculturalismo.
extremamente variada. Em função disso, existem vários mecanismos de
O
Multiculturalismo e o
Interculturalismo, correspondem a
políticas integracionistas que se pauta no princípio da não-hierarquização das
intervenção estatal, em particular na área da cultura, com objetivo de instaurar políticas públicas que promovam a convivência cultural harmoniosa.
culturas, e sim, pelo reconhecimento das mais variadas orientações culturais que transitam em solo canadense com a
E
m 1971 o Canadá inscreveu como
política de estado o
chegada massiva de imigrantes desde o
Multiculturalismo, que significa o
início do século XX.
Nesse contexto,
reconhecimento oficial de que o Canadá é
nosso artigo enfoca essas duas vertentes
um país constituído por pessoas de
– inter e multi-culturalismo – à luz dos
diversas origens geográficas, culturais,
conceitos e das críticas publicadas em
linguísticas e étnicas.
diferentes meios.
O Multiculturalismo do Canadá
O
Canadá está localizado na América
do Norte e seus primeiros
habitantes foram os aborígenes, sendo esses considerados como a única cultura nativa do país. No século XVII começaram a chegar os primeiros imigrantes: primeiramente os franceses em 1534, e posteriormente os
Mapa do Canadá
ingleses, trazendo
hábitos alimentares, comportamentos, vestimentas e costumes diversos.
O
Canadá é um país multicultural,
recebendo imigrantes de todos os
continentes. País acolhedor, que tem uma
emigraram: o Canadá, prevendo-se a
população relativamente pequena,
construção de uma identidade nacional
desenvolve há anos uma política
canadense.
multiculturalista que visa a integrar os imigrantes na sociedade, e por isso obteve resultados mais satisfatórios (FIGUEIREDO, 2012).
S
abe-se que mesmo com tal
documento, o racismo e a falta de
empregos aos imigrantes continuava sendo praticada, contudo, com programas
E
m 1982, surge a Declaração dos
educacionais nas escolas, os professores
Direitos e Liberdades, que incluía os
começaram a trabalhar sobre a cultura de
diretos de igualdades, mobilidades,
diversos países e ressaltar sua
liberdade de expressão, direitos legais e
importância e apreciação. O índice de
raças a todos aqueles que viviam no
desemprego e racismo começou a
Canadá. Esta carta Canadense “editada
diminuir, não chegando a extinguir-se,
no governo de P.E. Trudeau, proclamava a
mas reduzindo-se drasticamente.
liberdade de religião e previa mecanismos de proteção das minorias” (FIGUEIREDO, 2012, p. 174).
P
ara Mendonça (2011) não há um
sentido único de multiculturalismo, e
sim experiências particulares que no cotidiano dos grupos minoritários o
“A idéia é respeitar a
multiculturalismo significa, quase sempre,
diversidade, mas levar os
uma forma de segmentação social em que
imigrantes a se pensarem
cada grupo ocupa o seu espaço sem
como pertencentes à
colidir com os outros, mas mantendo-se as hierarquias de diversas ordens.
nova nação para onde emigraram”
O Interculturalismo em Quebec
sta Declaração traz a importância e a
Q
valorização do imigrante para a
populosa do país, com 24% da sua
construção de uma cultura multicultural. A
população que é de cerca de 8 milhões de
idéia é respeitar a diversidade, mas levar
habitantes. Com sua língua, sua cultura e
os imigrantes a se pensarem como
suas instituições próprias, Quebec
pertencentes à nova nação para onde
constitui-se expressamente como “nação”
E
uebec é a maior província do
Canadá, e a segunda mais
dentro do território canadense.
N
os últimos vinte ou trinta anos,
criando um sentimento de solidariedade
modificou-se o perfil dos imigrantes
entre os habitantes do Quebec, de
que lá se instalaram: primeiramente, eles
maneira a facilitar a mobilização e a
eram provenientes de países europeus e,
convivência de todos (PORTO; TORRES,
a partir dos anos 70, se originam das
2005).
Antilhas, Ásia e África, países onde a língua francesa é a língua oficial, acarretando mudanças no panorama dos quebenses (PORTO; TORRES, 2005).
A
s autoras supra-citadas afirmam que
até os anos 1960, falava-se de
homogeneidade em se tratando do Quebec, visão difundida pelas elites no século XIX, fato que não correspondia, necessariamente, à experiência vivida no Íris Versicolor – Símbolo de Quebec
cotidiano, mas que persiste ainda, de certa forma, nos dias de hoje. Tal homogeneidade se baseava na crença da mono-identidade minoritária do Quebec, alicerces que permitiam o reconhecimento da cultura nacional e a ocultação das divisões e conflitos de uma sociedade em vias de industrialização.
E
ssas medidas associadas a
preservação da língua francesa, que
constitui o marco principal da identidade quebequense, como língua oficial do Quebec, lei 101. Sendo que aproximadamente 80% da população é franco-canadense, isso representa um
C
om a chegada de novas levas de
importante signo de identificação. A ideia
imigrantes oriundos de países não
de nacionalismo também foi revista,
europeus, o caráter heterogêneo da
evoluindo de um discurso agrário e
cultura quebense se tornou cada vez mais
conservador a um discurso nacionalista e
visível. O Quebec assume oficialmente
moderno, que visou entre outras coisas, a
ser intercultural, adotando uma política
integrar os imigrantes à maioria
denominada “acomodamento razoável”
francófona (MENDONÇA, 2011).
formado por regras e leis para respeitar o direito de todos a um tratamento equitativo e para combater a discriminação indireta,
D
iferentemente do multiculturalismo que prevê a construção de uma
identidade cultural, o interculturalismo
corresponde à harmonização entre o desejo dos imigrantes de preservação de
O
multiculturalismo enfatiza cada
cultura, o que propicia a uma ênfase
suas identidades culturais, e o sonho
na diversidade. Destaca também a cultura
quebequense de construção de uma
e a história própria, os direitos de cada um,
nação, alicerçada na convergência
o sistema jurídico único de cada povo,
cultural e em uma identidade nacional
supondo, além disso, conformar-se com a
sem ambiguidades (BERND, 2006).
coexistência, e espera que a convivência social resulte do respeito e aceitação do
Apreciação crítica do Multiculturalismo no Canadá e do Interculturalismo em Quebec
D
outro (GIMÉNEZ, 2012).
“tanto o multiculturalismo quanto o interculturalismo
e acordo com Giménez (2012), no contexto canadense se consolidou
se pautaram no princípio
o multiculturalismo, a partir da
da não hierarquização
justaposição de grupos etnoculturais ou
das culturas ”
comunidades culturais, formando-se um mosaico de culturas que em alguns casos, Em contrapartida, a província em Quebec
D
procurou ser um entre-lugar entre a
a diversidade cultural de maneira proativa.
política estadunidense do melting pot,
Preocupa-se com a inter-relação das
propondo o interculturalismo, como
diferentes culturas e busca a
resposta à pasteurização das diferenças
convergência e o estabelecimento de
culturais.
vínculo, deseja estimular o aprendizado
tende à segmentação e ao isolamento.
e acordo com Giménez (2012), o interculturalismo pretende lidar com
mútuo a cooperação e o intercâmbio e
B
ernd (2006) afirma que tanto o
pontos em comum. O multiculturalismo
multiculturalismo quanto o
aborda a diversidade enquanto o
interculturalismo se pautaram no princípio
interculturalismo pretende construir a
da não hierarquização das culturas e,
unidade na diversidade.
portanto, no reconhecimento das mais variadas práticas culturais em solo canadense, o que foi extremamente positivo.
Referências
Autores:
BERND, Zilá . Perspectivas Comparadas
José Carlos Walter
trans-americanas. In: Abralic. Congresso
Pedagogo, Especialista em Educação a Distância. Mestrando em Memória Social e Bens Culturais UNILASALLE.
Internacional ( 10. : 2006. : Rio de Janeiro, RJ) Lugares dos Discursos. Rio de Janeiro: Editora da UERJ - Abralic, 2006. FIGUEIREDO, E. Travessias culturais: o cosmopolitismo de Montreal. In: Habitar e
Fabiana Pereira Rosa
representar a distância em textos literários
Administradora, Especialista em Gestão de Pequenas e Médias Empresas. Mestranda em Memória Social e Bens Culturais - UNILASALLE.
canadenses e brasileiros. Niterói: EDUFF, 2012. p.173-186. GIMÉNEZ, Romero Carlos. Pluralismo, Multiculturalismo e Interculturalidad: Propuesta de clarificación Y apuntes educativos. Disponível em: http://dialnet.unirioja.es/servlet/fichero_ar ticulo?articulo=2044239&irden=69348. Acesso em 03 de Nov. de 2012. PORTO, Maria Bernadette; TORRES, Sônia. Literaturas Migrantes. Conceitos de Literatura e Cultura. Juiz de Fora Editora UFJF/EdUFF, 2005.
Reitor Dr. Paulo Fossatt
Vice-Reitor Dr. Cledes Antonio Casagrande
Pró-Reitora Acadêmica Dra. Vera Lúcia Ramirez
Pró-Reitor de Desenvolvimento Ms. Luiz Carlos Danesi
Diretorias Extensão, Pós-graduação e Pesquisa Dr. Cledes Antonio Casagrande Extensão, Pós-graduação e Pesquisa Dra. Patrícia Kayser Vargas Mangan