Unimed cerrado em foco 79 ago 2016

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R E V I S TA

www.unimedcerrado.com.br • Nº 79 • Ano XXI • Junho | 2016

INFORMATIVO DA FEDERAÇÃO DAS UNIMEDS DOS ESTADOS DE GOIÁS E TOCANTINS E DO DISTRITO FEDERAL

A saúde exige atenção integral

A Federação Unimed Cerrado e as Unimeds federadas estão atentas e se preparando para a implantação deste novo modelo assistencial focado na promoção da saúde e bem-estar dos clientes

ISO 9001:2008

Educação

Personagem

Conquista da operadora Unimed Cerrado

Curso orienta conselheiros fiscais

Luiz Rassi, um orgulho da medicina goiana


ÍNDICE CAPA

Federação das Unimeds dos Estados de Goiás e Tocantins e do Distrito Federal – Unimed Cerrado Rua 8-A, número 111, Setor Aeroporto, Goiânia (GO) CEP 74075-240 Fone/fax (62) 3221 5100 www.unimedcerrado.com.br

04 e 05

Diretoria

Atenção Integral à Saúde Federação orienta as singulares para a implantação do novo modelo assistencial

Diretor Presidente: Dr. José Abel Ximenes Diretor AdministrativoFinanceiro e de Regulação: Dr. Danúbio Antonio de Oliveira Diretor de Integração Cooperativista e Desenvolvimento Institucional: Dr. Walter Cherubim Bueno Diretor de Mercado: Dr. José de Oliveira e Silva

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08 e 09

Conselho FiscaI

Desenvolvimento Humano

Conselheiros participam de curso na Unimed Cerrado

Pioneirismo na implantação do NDH

Unimed Cerrado em Foco Número 79 Ano XXI Junho/2016

Edição: Santa Inteligência Comunicação Jornalista Responsável: Rosane Rodrigues da Cunha - MTb 764/JP Fone (62) 99903 0935 santainteligencia@terra.com.br Fotos: Unimed Cerrado

Leia mais... Federação 7

13 e 14

Personagem O exemplo do médico Luiz Rassi

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Arte e Impressão: Flex Gráfica Tiragem: 5 mil exemplares

Certificação 10 Pesar 12 Artigo 16

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As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Unimed Cerrado em Foco


PALAVRA DO PRESIDENTE

O pioneirismo da

Unimed Cerrado E

m de 7 de julho, a Federação das Unimeds dos Estados de Goiás e Tocantins e do Distrito Federal, a Unimed Cerrado, completará mais um ano. Nossa Federação nasceu da necessidade de ampliar a representatividade, unir e apoiar o crescimento das singulares Unimeds que davam seus primeiros passos e nunca nos afastamos deste ideal. Desta forma, chegamos a 22 anos de trabalho intenso, inspirado nos princípios cooperativistas, pautado no respeito à diversidade do Sistema Unimed em nossa região, calcado no diálogo democrático e voltado para a integração e o fortalecimento das nossas cooperativas federadas. Nestas duas décadas, a Unimed Cerrado superou desafios, inovou, cresceu, fomentou o crescimento das singulares federadas e estimulou a organização regional do Sistema Unimed. Hoje, a Unimed Cerrado conta com uma sólida estrutura organizacional, um quadro de colaboradores altamente qualificado e um patrimônio bem edificado e valorizado. Nossa sede própria é funcional, adequada às necessidades da Federação e das federadas e equipada com um moderno Centro de Desenvolvimento Humano e uma biblioteca com um grande acervo na área do cooperativismo. Pioneira entre as cooperativas de segundo grau da região Centro-Oeste e Tocantins, a Federação Unimed Cerrado manteve-se atenta às exigências da sociedade e dos setores cooperativista e de saúde, tendo imprimido esse pioneirismo também em ações voltadas para o atendimento destas demandas. Assim, é com satisfação que somos reconhecidamente pioneiros no Sistema Unimed na orientação das federadas para a construção de um novo modelo assistencial de saúde e a implantação de Núcleos de Desenvolvimento Humano de acordo com as novas diretrizes da Unimed do Brasil. Fomos pioneiros também na região na adesão ao Projeto Operadora/Prestadora da Unimed do Brasil e hoje, mais de dez anos depois, temos uma Operadora certificada com base em normas interna-

Pioneira entre as cooperativas de segundo grau da região Centro-Oeste e Tocantins, a Unimed Cerrado superou desafios, inovou e cresceu” cionais, em franco crescimento, em dia com as exigências da agência reguladora e trabalhando com segurança jurídica e econômica, proporcionando tranquilidade às federadas que participam e às que não integram o projeto. Um pouco destas ações institucionais da Unimed Cerrado é relatado nesta edição do nosso informativo, que teve seu projeto gráfico reformulado para melhorar nossa comunicação com o público, contribuindo também para a divulgação e o fortalecimento do cooperativismo de trabalho médico. Nesta edição, temos ainda uma entrevista inspiradora com um ícone da medicina goiana, o médico Luiz Rassi, e nossa homenagem ao grande e saudoso colega Raimundo Viana de Macedo. Boa leitura e saudações cooperativistas,

Dr. José abel Ximenes

Presidente da Unimed Cerrado Junho | 2016 • Ano XXI • Nº 79 • UNIMED CERRADO EM FOCO

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ATENÇÃO INTEGRAL

A urgência da mudança do modelo assistencial brasileiro

Um novo modelo faz-se necessário para melhorar a assistência, a promoção da saúde e a qualidade de vida dos clientes e assegurar a sustentabilidade e a inovação dos sistemas de saúde

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mudança do atual modelo assistencial brasileiro vem se mostrando cada vez mais necessária e urgente. Especialistas na área da saúde apontam que os serviços públicos e privados precisam tirar o foco da predominante medicina hospitalocêntrica e curativa e voltar os olhos para a atenção integral à saúde, a exemplo do que já fizeram países mais desenvolvidos, especialmente os europeus, e que hoje apresentam os melhores indicadores de saúde do mundo. A Unimed Cerrado, há tempos, defende e, principalmente, trabalha para a implantação de um novo modelo assistencial nas cooperativas federadas. A Federação tem alertado e orientado as singulares sobre a urgência da mudança tanto para a oferta de melhores serviços e a promoção da saúde e da qualidade de vida dos clientes, quanto para a sustentabilidade do Sistema, ameaçada por constantes aumentos nos custos assistenciais. Para orientar essa mudança, a Federação tem promovido debates, cursos e apresentado às singulares modelos já implantados em outros países e casos de sucesso no Brasil, inclusive em cooperativas Unimed. A experiência do modelo francês em atenção integral à saúde foi apresentada às singulares no IV Simpósio da Unimed Cerrado, realizado em 2013. No ano seguinte, o assunto continuou em pauta e, em 2015, foi o tema central da sétima edição do simpósio, que reuniu grandes especialistas para debater os desafios da mudança do modelo assistencial do Sistema Unimed. Presidente da Unimed Cerrado e incentivador desta mudança, José Abel Ximenes, afirma que o modelo de atenção integral à saúde precisa urgentemente ser implementado na saúde suplementar brasileira. “E o Sistema Unimed, que foi pioneiro na implantação do cooperativismo de trabalho médico no País, pode também mostrar seu pioneirismo na implementação deste novo modelo”, afirma Ximenes.

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Atuação da Federação é considerada ideal Para o médico Cloer Véscia, do Comitê de Atenção Integral à Saúde da Unimed do Brasil, a mudança do atual modelo assistencial é irreversível e as Unimeds que se engajarem e forem protagonistas farão essa transição com mais tranquilidade para a implantação de um projeto mais estruturado. “As cooperativas que postergarem a mudança, a farão por necessidade ou por pressão da sinistralidade e, aí, talvez haja o atropelo de algumas etapas, o que não aconselhamos”, afirmou.

Nos dias 13 e 14 de maio, Cloer esteve na Unimed Cerrado ministrando o curso “Atenção Integral a Saúde - Conceitos e Diretrizes para implantação no Sistema Unimed”, e elogiou o trabalho de mobilização, conscientização, debate e capacitação das singulares federadas iniciado pela Federação de forma pioneira. “As Federações têm um papel multiplicador na mobilização dos dirigentes e orientação das singulares para a implantação da assistência integral à saúde e a Unimed Cerrado tem sido um

grande exemplo de liderança nesta área”, disse, ressaltando que a Unimed Cerrado vem fazendo o ideal: primeiro reúne, motiva politicamente as federadas, reforça institucionalmente a proposta de mudança, promove a capacitação, prepara os diretores e colaboradores e, a partir das diretrizes e das informações que saem da Federação, as singulares iniciam os projetos de assistência integral à saúde em pequena escala e o processo vai se multiplicando entre as cooperativas.

Federadas participam do curso O curso “Atenção Integral a Saúde - Conceitos e Diretrizes para implantação no Sistema Unimed” foi promovido pela Unimed Cerrado em parceria com a Fundação Unimed e contou com a participação de dirigentes, médicos, enfermeiros e demais colaboradores de diversas áreas de Unimeds federadas, dentre elas as Unimeds Anápolis, Araguaína, Caldas Novas, Catalão, Morrinhos, Mineiros, Palmas, Planalto (Luziânia), Regional Sul Goiás (Itumbiara), Rio Verde e Vale do Corumbá (Ipameri), além da Unimed Cerrado. No segundo semestre, a Unimed Cerrado e a Universidade Federal de Goiás (UFG) vão promover um curso de Especialização em Atenção Integral à Saúde.

Criado o Comitê Técnico Estadual de Atenção Integral à Saúde Para debater, propor e acompanhar a implantação do novo modelo assistencial nas Unimeds federadas, a Unimed Cerrado criou o Comitê Técnico Estadual de Atenção Integral à Saúde. Formado por representantes da Unimed Cerrado e das

singulares, o comitê é coordenado pelo diretor Administrativo/Financeiro e de Regulação da Federação, Danúbio Antonio de Oliveira, que também participa do Comitê Nacional de Atenção Integral à Saúde e ressaltou que a construção do

novo modelo vai muito além da medicina preventiva e inclui mudanças no fluxo de atendimento, na forma de assistência, na prevenção de riscos e doenças, no comportamento e hábito das pessoas e na relação entre médicos e pacientes.

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EDUCAÇÃO

Conselheiros fiscais participam de curso

promovido pela Federação

O curso faz parte da programação anual de eventos educativos da Federação e visa atualizar quem já atua no Conselho Fiscal e capacitar novos conselheiros

O

curso de Conselheiros Fiscais 2016, promovido pela Unimed Cerrado, foi ministrado no dia 29 de abril na sede da Federação e contou com a participação de conselheiros fiscais recém-eleitos nas Unimeds Anápolis, Catalão, Mineiros, Morrinhos, Regional Sul Goiás (Itumbiara), Rio Verde e Vale do São Patrício (Ceres), além de convidados e técnicos. A diretoria executiva da Federação também participou. O assessor jurídico, Daniel Rodrigues Faria, e o gerente geral da Unimed Cerrado, Helson Mauro Stumpf, abordaram temas, como as atribuições legais dos conselheiros fiscais; os princípios e noções gerais do cooperativismo; o ato cooperativo; as normas regulamentadoras dos planos de saúde e da saúde suplementar e aspectos legais e tributários do setor cooperativista. A participação no curso é importante para a capacitação de quem estreia nesta função, como a maioria dos alunos da turma, e para a atualização de quem já atua como conselheiro e precisa estar atento às normas do setor cooperativista e às mudanças frequentes nas áreas tributária e da saúde suplementar.

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Palavra dos conselheiros fiscais “O curso é muito produtivo, porque o médico não costuma ter uma noção muito detalhada sobre o cooperativismo e as questões contábeis da cooperativa e o curso nos dá essa orientação para atuarmos corretamente na área”. Joelberth Moraes Cindra – Unimed Catalão

“Fui eleito para o Conselho Fiscal, mas não tinha conhecimentos na área para poder participar efetivamente, então busquei o curso para me profissionalizar e foi muito proveitoso, com expositores brilhantes” Sérgio Godoy Mendes – Unimed Anápolis

“Atuava na auditoria e estou começando no Conselho Fiscal da Unimed, que sugeriu que eu fizesse o curso e foi ótimo porque aprendi muito sobre a parte fiscal da cooperativa, que é completamente diferente do que eu imaginava”. Gilberto Campos Guimarães Filho – Unimed Rio Verde

“O curso é muito interessante e me trouxe muita informação nova, o que vai me ajudar a entender melhor e a contribuir com o funcionamento da cooperativa” Manuhela Cintra de Freitas Marquez - Unimed Regional Sul Goiás (Itumbiara)

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“É um curso muito instrutivo e de grande importância para que possamos desenvolver um trabalho adequado, à altura do que a Unimed exige”. Luís Cláudio Rodrigues Vecchi – Unimed Morrinhos


SISTEMA UNIMED

Decisão da Câmara Normativa fere a

Constituição do Sistema Unimed A criação de uma nova federação na área de atuação da Unimed Cerrado contraria a vontade da maioria das cooperativas goianas, fere as normas vigentes e ameaça a integração e a união do Sistema Unimed na região

I

ndependentemente do ramo de atuação das cooperativas, o cooperativismo está diretamente associado à soma dos esforços de lideranças e cooperados em prol de objetivos comuns. Convicta da importância desta união, um fundamento inquestionável do sistema cooperativista, há 22 anos a Unimed Cerrado vem trabalhando pelo Sistema Unimed em Goiás, no Tocantins e no Distrito Federal, respeitando a diversidade das singulares, valorizando o diálogo democrático e sempre prezando a unidade que faz do Sistema Unimed a maior cooperativa de trabalho médico do mundo. Assim, enquanto seguidora

dos princípios básicos do cooperativismo, defensora da Constituição do Sistema Unimed e como cooperativa de segundo grau que representa 17 Unimeds goianas e tocantinenses, a Unimed Cerrado discorda totalmente da aprovação pela Câmara Normativa do Fórum Unimed da criação de uma federação estadual com área de atuação em Goiás. Aprovada em 27 de abril passado, a decisão contraria a Constituição Unimed, as normas derivadas e a análise técnica da assessoria jurídica da Unimed do Brasil. Para a Unimed Cerrado, essa medida, acima de tudo, ameaça a força e a estrutura organizacional do Sistema Unimed, in-

clusive, abrindo precedentes para que novas federações e singulares sejam criadas em áreas de atuação de cooperativas já existentes. Por isso, na condição de representante legítima das Unimeds federadas, a Federação Unimed Cerrado está pleiteando junto à Câmara Arbitral do Sistema Unimed a anulação da decisão da Câmara Normativa e que prevaleça o respeito à legislação em vigor, aos compromissos históricos do Sistema Unimed e, principalmente, à vontade maciça das cooperativas goianas e das coirmãs tocantinenses. A expectativa da Unimed Cerrado é que esse problema seja sanado de forma rápida e no âmbito do Sistema Unimed.

Maioria das Unimeds federadas não apoia uma nova federação Em reunião do Conselho Administrativo da Unimed Cerrado, em 20 de maio, 14 das 17 federadas reafirmaram a posição já manifestada em documento e contrária à criação de uma nova federação em Goiás. As Unimeds Anápolis, Araguaína, Caldas Novas, Catalão, Goianésia, Gurupi, Mineiros, Morrinhos, Norte Goiano (Uruaçu), Palmas, Planalto (Luziânia), Porangatu, Vale do Corumbá (Ipameri) e Vale do São Patrício (Ceres) reiteraram não apoiar a criação nem a filiação da nova federação ao Sistema Unimed. Foram favoráveis, apenas as Unimeds Jataí, Regional Sul Goiás (Itumbiara) e Rio Verde, que participam da tentativa de criação da nova federação encabeçada pela Unimed Goiânia, que há dois anos desfiliou-se da Unimed Cerrado.

Unimeds federadas: 14 contrárias à nova federação​

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DESENVOLVIMENTO HUMANO

Federação avança na implantação do NDH

e na orientação das singulares Unimeds federadas recebem orientações para criar seus Núcleos de Desenvolvimento Humano de acordo com o referencial da Unimed do Brasil

A

Unimed Cerrado é a primeira Federação do Sistema Unimed a implantar o Núcleo de Desenvolvimento Humano (NDH) na Operadora e a assessorar as Unimeds federadas na criação ou na avaliação e adaptação de seus NDHs seguindo o referencial da Unimed do Brasil. Esse dado foi repassado ao diretor de Integração Cooperativista e Desenvolvimento Institucional da Unimed Cerrado, Walter Cherubim Bueno, pelo consultor da Unimed do Brasil, Nemízio Antônio de Souza. Coordenador do Comitê Regional de NDH da Unimed Cerrado, o diretor recebeu a informação com grande satisfação e com a certeza de que, mais uma vez, a Federação demonstra sua liderança e zelo na orientação das federadas para o atendimento de mudanças

Oficina: participação expressiva das federadas

propostas pelo Sistema Unimed. Para acompanhar e fomentar o processo de implantação dos núcleos no Sistema Unimed em Goiás, no Tocantins e no Distrito Federal, em dezembro de 2015, a Unimed Cerrado criou o Comitê Regional de NDH. Entre março e junho deste ano, a Federação promoveu a Oficina do Núcleo de

Desenvolvimento Humano (NDH), desenvolvida pela Unimed do Brasil para a implementação do Referencial de NDH no Sistema Unimed. As aulas foram ministradas na sede da Federação por Nemízio de Souza, em três encontros com dois dias de duração cada e que tiveram a adesão em massa das federadas.

Oficina beneficia todas as federadas O consultor da Unimed do Brasil, Nemízio Antônio de Souza, ressaltou que a oficina promovida pela Unimed Cerrado beneficiou as singulares que estão criando seus núcleos e as que já têm o NDH em funcionamento. “Ao participar da oficina, as Unimeds puderam aprender como criar o NDH e as que já possuem esses núcleos tiveram a oportunidade de refletir sobre adaptações e possibilidades de ajustes”, disse, explicando que o referencial criado pela Unimed do Brasil busca agregar o que vem sendo construído desde

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1988, quando nasceu no Sistema a ideia de NDH, que, até então, adotava nomenclaturas diferentes, como Comitês Educativos. Gerente de Pessoas e Sustentabilidade da Unimed Cerrado, Fabiana Daniel, explicou que a oficina veio contribuir para que as singulares entendessem melhor o conteúdo do referencial e que a implantação do núcleo é possível para qualquer Unimed, independentemente do seu porte, dependendo apenas de vontade e disposição para unir as pessoas em prol desse objetivo.


Vocês sabia??? O NDH funciona como um órgão consultivo dentro das Unimeds para trabalhar, de forma estratégica, quatro públicos distintos e destacados na Política Nacional de Desenvolvimento Humano: • Cooperado • Colaborador • Cliente/beneficiários • Comunidade

A base da proposta do NDH está na geração e gestão de conhecimento junto aos públicos e em busca de maior sustentabilidade para o Sistema Unimed”

Nemízio Antônio de Souza

Boa receptividade e otimismo nas Unimeds

Marília Campos da Costa Unimed Jataí

“Para a Unimed Jataí é um privilégio fazer parte desta oficina e ver que a Unimed Cerrado é pioneira e está engajada em fortalecer o NDH na região. Após o primeiro encontro da oficina, apresentamos o NDH à diretoria da cooperativa e tivemos uma receptividade muito positiva. A segunda etapa inclui a informação, conscientização e envolvimento dos colaboradores. O processo de implantação é um pouco complexo e temos que focar nos objetivos, definindo o que esperamos dos públicos a serem trabalhados. E uma das expectativas da Unimed Jataí é resgatar o cooperado, ampliar sua participação na cooperativa. O trabalho está começando e estamos muito otimistas”.

Patrícia Melo Unimed Morrinhos

“Na Unimed Morrinhos, já apresentamos o NDH à diretoria e fizemos uma escolha prévia dos componentes do núcleo. A proposta foi muito bem recebida por todos. Vamos trabalhar os quatro públicos, mas optamos por começar com os 48 cooperados, porque, hoje, uma dificuldade comum de todas as Unimeds é essa participação do cooperado e queremos vencer esse desafio de trazer o cooperado para a cooperativa. Em seguida, vamos trabalhar com os colaboradores. Enfim, estamos em fase de implantação do NDH e muito animados com o trabalho que, certamente, trará resultados positivos para a cooperativa”.

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CERTIFICAÇÃO

Operadora Unimed Cerrado conquista

ISO 9001:2008

A gestão e o trabalho da Operadora Unimed Cerrado receberam a ISO 9001:2008, uma das mais importantes certificações atuais

A

excelência em processos e gestão da Unimed Cerrado Operadora tem, agora, um reconhecimento com base em normas internacionais. A Operadora recebeu do Instituto de Certificação Qualidade Brasil (ICQ) a certificação ISO (Organização Internacional de Normalização) 9001:2008, entregue em 14 de janeiro e que atesta a eficiência do trabalho sério que vem sendo desenvolvido pela Unimed Cerrado na gestão das carteiras da Unimed Goianésia, Unimed Norte Goiano (Uruaçu), Unimed Porangatu e Unimed Vale do São Patrício (Ceres), as quatro federadas prestadoras. Esse trabalho da Operadora foi intensificado em 2015 por dirigentes e colaboradores, que não mediram esforços no planejamento, aprimoramento dos processos internos da Federação e implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade em conformidade com a NBR ISO 9001: 2008. A certificação foi comemorada por toda a equipe e a diretoria executiva agradeceu o engajamento de todos que abraçaram essa ideia e trabalharam para melhorar a gestão da Unimed Cerrado. “O envolvimento e a sinergia de todos em prol da certificação

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evidenciou a importância do trabalho em equipe e da união em prol de um objetivo”, disse o presidente José Abel Ximenes. Em março, durante o 2º Workshop com a Rede Prestadora, realizado em Goianésia e que debateu temas como a Qualificação e Acreditação da Rede, a Unimed Cerrado agradeceu também a colaboração e participação dos hospitais, laboratórios e demais prestadores de serviços de saúde neste processo de certificação, que tem validade de três anos com avaliações anuais para a recertificação.

Certificação

contribui para o fortalecimento da marca Unimed A certificação ISO 9001:2008 coroa a implantação do sistema de gestão da qualidade na Unimed Cerrado e é um importante instrumento de monitoramento e aperfeiçoamento da excelência dos serviços prestados ao público interno e externo. A ISO 9001:2008 também amplia a visibilidade da Unimed Cerrado perante o mercado, comprova que a Operadora trabalha em conformidade com as diretrizes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e contribui para o fortalecimento da marca Unimed na região e nacionalmente.

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“Um exemplo para as coirmãs”, diz Unimed do Brasil A Unimed do Brasil, que sempre busca disseminar entre as singulares e federações do Sistema Unimed a importância do reconhecimento de excelência em processos e de gestão, por meio de diferentes certificações e acreditações, parabenizou a Unimed Cerrado pela conquista, definida pelo presidente Eudes de Freitas Aquino como um exemplo dado às coirmãs. Segundo ele, é extremamente satisfatório ver mais cooperativas tendo seu bom trabalho validado, como no caso da Unimed Cerrado, atestado com a ISO 9001:2008. “A diretoria executiva, colaboradores e cooperados merecem cumprimentos não somente por esse triunfo, mas também pelo exemplo positivo que dão a suas coirmãs”, disse o presidente da Confederação, que oferece um programa, chamado Qualifica Unimed, para capacitar as cooperativas para essa importante conquista.

Pioneira no Centro-Oeste, operadora

recebe registro da ANS A autorização de funcionamento da Federação das Unimeds dos Estados de Goiás e Tocantins e do Distrito Federal (Unimed Cerrado) como operadora de planos de saúde foi publicada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no dia 29 de março de 2016. A concessão do registro número 38659-6 representa mais uma importante conquista para Unimed Cerrado que, em 2000, começou a desenvolver o Projeto Operadora/Prestadora

e, em 2004, assumiu as carteiras de quatro singulares federadas. O pioneirismo da Unimed Cerrado está presente também neste projeto, do qual é uma das quatro federações pioneiras no País e a primeira do Centro-Oeste. Hoje, a proposta da Federação para a implantação deste novo modelo de gestão das carteiras de cooperativas singulares enquadra-se perfeitamente no Projeto Operadora/Prestadora da Unimed do Brasil.

Segurança e bons resultados da Operadora Os números atestam os bons resultados do trabalho da Operadora Unimed Cerrado, que mais do que triplicou as carteiras das Unimeds prestadoras e entre 2014 e 2015, em pleno período de crise, superou sua meta de 5% de crescimento, crescendo 7,55%. Com a comercialização de planos coletivos empresariais, a Operadora encerrou 2015 com 40.616 clientes. Nestes últimos dois anos, os honorários e taxas foram corrigidos e as consultas médicas reajustadas em cerca de 25%, sendo que, em média, 43% dos custos assistenciais são destinados a honorários. “Mesmo com esses aumentos não tivemos resultados negativos”, disse o diretor Administrativo-

Financeiro e de Regulação, Danúbio Antonio de Oliveira. A Operadora também vem trabalhando com segurança jurídica e econômica. O presidente da Unimed Cerrado, José Abel Ximenes, explica que a alteração feita no estatuto da Federação em 2014 trouxe maior segurança aos dirigentes das singulares e às Unimeds que não participam do projeto Operadora/Prestadora. Atualmente, 90% das sobras da Operadora são destinadas a um fundo de contingência e investimento, que, juntamente com o Fundo de Procedimentos de Alto Custo (Funpac), proporciona maior segurança financeira às prestadoras e minimiza os riscos para quem participa e quem não participa do projeto.

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HOMENAGEM

O exemplo de

Raimundo Viana de Macedo Uma homenagem da Unimed Cerrado ao líder cooperativista que faleceu em abril, deixando um exemplo a ser seguido

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Raimundo Viana de Macedo: saudades e exemplos deixados

m abril deste ano, exatamente no dia 11, o Sistema Unimed perdeu uma de suas grandes lideranças e um incentivador do cooperativismo: o médico e presidente da Unimed Santos, Raimundo Viana de Macedo. Ele faleceu aos 69 anos de idade, deixando muitas saudades e um grande pesar que a Unimed Cerrado compartilha com a família - a esposa Ana Rosa, as filhas Paula e Bárbara e os netos Lucas e Ana Luiza -, os amigos e todo o sistema cooperativista. Presença constante em eventos promovidos pela Federação, Raimundo Viana de Macedo era um defensor apaixonado do cooperativismo de trabalho médico. Em 2012, em entrevista ao informativo “Uni-

med Cerrado em Foco”, ele contou como começou a se interessar pelo cooperativismo, avaliou a evolução do Sistema Unimed, que completava 45 anos, e confidenciou estar muito satisfeito com a comemoração, pois a Unimed se perenizou e isso era algo que, segundo ele, nem os fundadores tinham a certeza que iria acontecer. “O exemplo de companheirismo, os ensinamentos e dedicação à medicina e ao cooperativismo de Raimundo Viana de Macedo nos farão muita falta, mas vão também continuar nos guiando e nos orientando na construção diária deste sistema no qual tanto acreditamos e pelo qual tanto trabalhamos”, disse o presidente da Unimed Cerrado, José Abel Ximenes.

Ximenes é homenageado pela Sicoob UniCentro Brasileira Um dos fundadores da Sicoob UniCentro Brasileira, o presidente da Unimed Cerrado, José Abel Ximenes, foi homenageado pela cooperativa de crédito no dia 14 de abril, em uma solenidade que reconheceu o trabalho daqueles que deram início à instituição que completa 24 anos em junho. Ximenes recebeu uma placa e uma

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moeda cunhada pelo Banco Central com o tema cooperativismo. A Unicred Goiânia – origem da Sicoob Unicentro Brasileira - nasceu quando Ximenes presidia a Unimed Goiânia, em 1992. Sócio-fundador e grande incentivador da criação da nova cooperativa, ele recorda que a Sicoob começou praticamente sem re-

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cursos e se tornou a maior instituição financeira do setor cooperativista goiano. “Vejo com muito orgulho e satisfação o crescimento da Sicoob UniCentro Brasileira”, disse Ximenes, que parabenizou os dirigentes e cooperados que fizeram da cooperativa o que ela é hoje.


MEMÓRIA DO COOPERATIVISMO – PERSONAGEM

Luiz Rassi:

“Valeu a pena ter vivido e exercido uma profissão de tão grande interesse social”

A

os 96 anos de idade, quase 70 deles dedicados à medicina, profissão que abraçou como um sacerdócio, Luiz Rassi é uma lição de vida e profissionalismo. O médico, que nasceu em Cuba, mas fez história em Goiás, como grande pioneiro, teve uma posição de vanguarda em sua atuação profissional e nas entidades que ajudou a fundar e fortalecer, como a Faculdade de Medicina da UFG, o Conselho Regional de Medicina e a Associação Médica de Goiás. Filho de libaneses, ele e outros quatro de dez irmãos se formaram médicos e construíram uma trajetória que se funde com a da evolução da medicina em Goiás. Dono de um comportamento ético irrepreensível, Luiz Rassi é o personagem desta edição do projeto Memórias do Cooperativismo, criado pela Unimed Cerrado. Cuba Meu pai, Abrão Rassi, foi para Cuba solteiro, com 17 anos, acompanhado de primos para trabalhar. Ele ficou por lá cerca de dez anos e depois retornou ao Líbano, onde concluiu os estudos secundários e se casou com minha mãe. Eu sou o quinto de dez filhos. Seis nasceram em Cuba e os outros quatro em Vianópolis, no interior de Goiás, onde eles chegaram em 1924. Eu tinha 4 anos de idade, passei minha infância e adolescência lá.

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MEMÓRIA DO COOPERATIVISMO – PERSONAGEM Estudos Fiz o primário em Vianópolis e o secundário em Ipameri. Depois, fui para o Rio de Janeiro cursar medicina. Eu me formei em 1947, aos 27 anos, e voltei para Goiás. Nessa época, minha família já vivia em Goiânia. Vim atuar como médico aqui. Medicina Somos cinco irmãos médicos: Alberto, eu, Raul, Anis e Afrânio. A medicina sempre foi a base de sustentação familiar. Ela não escolhe raça nem cor ou qualquer outro qualificativo. Entre os descendentes de libaneses, há grande quantidade de médicos. Porque o médico, quando se sobressai em capacidade profissional, o cliente não quer saber qual é a raça dele, como nos ensinou meu pai. E funciona exatamente assim. Se o médico é bom, o público o procura. Se é ruim, é rejeitado. Graças a Deus, todos nós nos sobressaímos nessa profissão e tivemos a condição de estar em um patamar mais dignificante da sociedade. O início Inegavelmente, devo o início de minha vida profissional ao meu irmão mais velho, Alberto, que faleceu há pouco. Devemos a ele esse conceito de ser altamente dedicado ao paciente. Aprendemos com seu posicionamento profissional, sua dedicação. Nunca houve 14

Se não pude salvar mais vidas, pelo menos aqueles que eu pude salvar, eu fiz com amor e dedicação”

um paciente que pudesse reclamar de mau trato quando submetido aos cuidados médicos de nossos irmãos. Praticamente vivemos dentro de hospitais.

ajudei a fundar o Conselho Regional de Medicina e a Associação Médica. Mas sem nunca me descuidar de minha atuação como médico.

Hospitais O primeiro hospital que construímos foi a Casa de Saúde Dr. Rassi, em Campinas. Eu me juntei ao meu irmão Alberto e nós o construímos. Depois, fizemos o Hospital Rassi, que hoje tem o nome dele (Hospital Alberto Rassi – HGG). Foi construído por todos os irmãos médicos. Morávamos lá, praticamente. Nunca obtivemos ganhos financeiros fora da profissão de médico, que, para nós, sempre foi um sacerdócio. O hospital era grande demais para a época, mas hoje, 50 anos depois, vemos que sempre enxergamos à frente e uma capital como Goiânia não tinha como parar de crescer.

Atendimento geral Eu mantive os atendimentos a pacientes até os 82 anos, como gastroenterologista e cirurgião. Mas quando me formei e vim para cá, fazia tudo. Eu morava a curta distância do hospital. Muitas vezes, me chamavam em casa para atender. Não tínhamos substitutos e fazíamos isso com dedicação total.

Entidades Fui um dos fundadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, éramos 25 membros. Também

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Respeito ao paciente Valeu a pena ter vivido e ter exercido uma profissão de tão grande interesse social. Se não pude salvar mais vidas, pelo menos aqueles que eu pude salvar, eu fiz com amor e dedicação. Nunca me preocupei com a condição social do paciente. Ricos e pobres eram tratados da mesma forma: com a dignidade que a profissão determinava. Assim foi até o fim da minha atividade profissional.


MEMÓRIA DO COOPERATIVISMO – PERSONAGEM Só isso? Certa vez, atendi uma paciente vinda do Sudoeste goiano. Ela chegou ao hospital muito mal. Na cidade de origem, eles tinham aberto o abdome dela, mas não fizeram nada e a mandaram para Goiânia. Eu a operei. Depois da alta, o marido veio me procurar para pagar. Fiquei com medo de o preço ser acima da expectativa. Mas ele perguntou: ‘só isso, doutor?’, e quem passou mal fui eu. Situações assim sempre me trouxeram um alívio de consciência. Lygia Foi o único e grande amor da minha vida. Eu me casei com ela aos 33 anos. O pai dela tinha sido meu professor de cirurgia na Santa Casa do Rio de Janeiro, mas eu não a conhecia. Quando entrei no salão do Jóquei Clube e vi aquela jovem

linda sentada ao lado de duas senhoras, olhei aquele olhar e o sorriso angelical e defini naquela noite. Intimamente falei ‘com essa eu me casaria’ e casei. Depois soube que ela teve o mesmo sentimento. Ela foi a coisa mais doce da minha vida. Nós nos casamos no dia 19 de dezembro de 1953. Naquela época, não havia água nem luz. Ela levava tudo na esportiva. Tudo para ela era bom e bonito. O que eu pude dar a ela de mim, de meu amor, eu dei. Ficamos casados por 52 anos, tivemos cinco filhos, dois homens e três moças. Cooperativismo Toda cooperativa, desde que haja consenso geral de seu funcionamento dentro dos padrões mais elevados da medicina, é uma forma de atendimento ideal. O cooperativismo dentro

da classe médica vem funcionando até hoje muito bem, com ótimos resultados, graças ao sistema próprio. É uma maneira de atender e dar assistência melhor do que qualquer outro sistema mais individual. (Texto/Edição: Carla Borges e Rosane Rodrigues da Cunha)

O cooperativismo dentro da classe médica vem funcionando até hoje muito bem e é uma maneira de atender e dar assistência melhor do que qualquer outro sistema mais individual”

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ARTIGO – LENA CASTELLO BRANCO

Boticas e

Boticários As boticas ou farmácias antigas tinham certo clima de mistério, com balanças de precisão, almofarizes, aparelhos que moldavam cápsulas, tubos de vidro e frascos bem dispostos nos armários. O cheiro de ervas, as raízes e os pós coloridos contribuíam para torná-las fascinantes, bem como a figura circunspecta dos boticários, pessoas socialmente prestigiadas. Em Vila Boa de Goiás, desde a segunda metade do século XVIII, boticas funcionaram ainda que precariamente, pois não havia profissionais da área habilitados na região. Para suprir essa carência, o Conselho Geral da Província resolveu que o Hospital São Pedro de Alcântara passaria a dispor de um boticário que, além de “manipular remédios”, deveria “ensinar Química e Farmácia a todas as pessoas, que se dedicarem a aprender, dando aula três horas por dia”. O “professor” cientificaria o presidente da Província “do número de seus discípulos, sua aplicação, adiantamento e conduta”1. Não há dados sobre essa “aula”, primeira tentativa de ensinar Farmácia em Goiás. Ao que tudo indica os responsáveis pela botica do hospital transmitiam seus conhecimentos e experiência aos “praticantes” ou aprendizes, de maneira informal. No início do século XX, além da capital federal, Rio de Janeiro, os locais mais procurados pelos goianos para estudar farmácia

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* Lena Castello Branco Ferreira de Freitas é doutora em História, professora Titular (aposentada) da Universidade Federal de Goiás, sócia emérita do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, sócia fundadora da Sociedade Brasileira de História da Medicina e acadêmica da Academia Goiana de Letras. (lenacastelo@uol.com.br)

eram São Paulo e Ouro Preto. A Escola de Farmácia de Goiás foi fundada em 1922 por um grupo de farmacêuticos e médicos da Cidade de Goiás2; como instituição particular, cobrava mensalidades e taxas, mas recebia também subvenções governamentais. No ano seguinte, atendendo a sugestão da imprensa local, foi criado o curso de Odontologia (BRETAS, 1991, p. 527). A Escola funcionou, inicialmente, em dependências do Hospital São Pedro de Alcântara; posteriormente, transferiu-se para sede própria ao lado da Casa de Câmara e Cadeia, um chalé de dois pavimentos, cuja arquitetura destoava do conjunto setecentista do Largo do Chafariz. Os diplomas expedidos eram reconhecidos pelo Estado de Goiás, podendo ser validados perante o governo federal. Com a vitória da Revolução de 1930 e a mudança do grupo político dirigente no Estado, foram canceladas as subvenções oficiais à Escola de Farmácia e Odontologia de Goiás e os respectivos cursos findaram melancolicamente. Efetivada a mudança da capital do Estado (1935), dez anos depois foi fundada, também por particulares3, uma nova Faculdade de Farmácia e Odontologia de Goiás. Instalada provisoriamente em dependências da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia4, transferiu-se na década seguinte para prédio próprio, no Setor Universi-

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tário. Posteriormente, integrou-se à Universidade Federal de Goiás (1960), onde viria a desmembrarse em unidades autônomas, de Farmácia e de Odontologia, que se tornaram conhecidas pelo excelente nível de ensino. BIBLIOGRAFIA Periódicos: Matutina Meiapontense, n. 33, p.2-3. Meia Ponte, 15 jun 1830. MELLO, Augusta Faro Fleury de. A primeira Escola de Farmácia de Goiás. In Revista Goiás Cultura a.2 n. 6, 2002, p. 89-92. Goiânia, Conselho Estadual de Cultura. Livros: BRETAS, Genesco Ferreira. História da Instrução Pública em Goiás. Coleção Documentos Goianos n. 1. Goiânia: CEGRAF/UFG, 1991. FREITAS, Lena Castello Branco Ferreira de. (Org.) Saúde e doenças em Goiás. A Medicina possível. Uma contribuição à História da Medicina em Goiás. Goiânia, Ed. UFG, 1999. 1 Instituídos pela Constituição do Império do Brasil (1824), os Conselhos Gerais das Províncias tinham a finalidade de propor, discutir e deliberar sobre negócios do interesse destas; foram extintos pelo Ato Adicional (1834) e substituídos pelas Assembléias Legislativas Provinciais. 2 Foram fundadores da Faculdade de Farmácia de Goiás os farmacêuticos Agnelo Arlington Fleury Curado e Constâncio Gomes de Oliveira, e o major-farmacêutico OtacianoCrisóstomo de Souza Moreira. Entre os médicos: Brasil Ramos Caiado, Agenor Alves de Castro, Antônio Borges dos Santos e Lincoln Caiado de Castro (Bretas, p. 527). 3 Foram fundadores da nova Faculdade de Farmácia e Odontologia de Goiás, em Goiânia, os farmacêuticos Rômulo Rocha, Carlos Augusto de Godoy e Agnelo Arlington Fleury Curado, seu primeiro diretor; os candidatos a alunos, Marinho Lino de Araújo e Ramiro Campos Meireles também tiveram papel destacado no empreendimento. (Bretas, idem). 4 Fundada em 1937 pela Sociedade de São Vicente de Paulo,com o apoio de D. Gercina Borges Teixeira, esposa do Interventor Pedro Ludovico Teixeira.


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