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Revista de Livros, Livros em Revista
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PUBLICAÇÃO DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ | Nº 7
INDISPENSÁVEL: A IMITAÇÃO DE CRISTO EFEITO JESUS: COMO SERIA O MUNDO SEM O CRISTIANISMO? O REFÚGIO SECRETO
THOMAS DE KEMPIS
TERESA DE ÁVILA
MIROSLAV VOLF
JEREMIAH J. JOHNSON
CORRIE TEN BOOM
BiblionApp a sua revista na palma da mão descarregue a aplicação
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BIBLION Nº7
RU BE NM N -I N V IGN H DO EA SD
EDITORIAL Ano de Esperança
C A PA :
2018 DESIGN: DA N I E L G O M E S
Revista de Livros, Livros em Revista
Edição nº 7 - JANEIRO/MARÇO 2018 Periodicidade: Trimestral COLABORAM NESTA EDIÇÃO: Daniel Gomes, Susana Pires, Samuel Ascenção (apoio à Produção)
FICHA TÉCNICA
email: mag@biblion.pt web: www.biblion.pt
PROPRIEDADE: Unique Creations, Lda. REDAÇÃO: Tv. Francisco dos Santos, 2-6ºD 2745-271 Queluz REGISTO: Dep. Legal Nº 405423/16 NIPC nº 510951910 ISSN: 2183-7899
EDIÇÃO: BIBLION MEDIA by Unique Creations EDITOR E DIRECTOR: Paulo Sérgio Gomes DESIGN E PROJETO GRÁFICO: UC Design Studio
MISSÃO / PROPÓSITO: Promover e estimular hábitos de leitura de inspiração Cristã, criando condições para todos poderem aceder aos livros. Conheça o que nos move e os nossos valores em www.biblion.pt. CONTEÚDOS: Os conteúdos apresentados representam a opinião dos seus autores. REPRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Tendo como objectivo primordial a divulgação de obras e autores, é permitida a reprodução dos textos, desde que mencionada a fonte, quando não para fins comerciais. PREÇOS E DISPONIBILIDADE: Os valores mencionados incluem IVA. Os produtos apresentados estão sujeitos a disponibilidade de stock aquando da encomenda.
A
passagem de ano está intimamente associada a novas resoluções, a compromissos para com nós mesmos, e a Biblion não é exceção. Também nós queremos abraçar o novo ano de 2018 com esperança de que os nossos objetivos serão alcançados. Fiéis ao nosso compromisso para com a literatura Cristã e para com os nossos leitores, queremos ver a nossa revista chegar a lugares e audiências inesperadas e a motivar mais pessoas a ler. Para que tal aconteça, a Biblion está a preparar uma série de medidas e iniciativas que terão lugar ao longo deste novo ano. Para além da expansão da revista, estas medidas visam manter a integridade e autonomia da Biblion como uma revista independente, cujo propósito principal é a promoção da literatura em prol da edificação intelectual e espiritual do leitor. A Biblion procura também apostar mais nos meios de divulgação da revista, colocando já em Janeiro uma maior ênfase no site, nas redes sociais e na aplicação móvel. Uma reformulação significativa do design e layout da revista está em curso com o intuito de aprimorar a qualidade do nosso conteúdo gráfico. Por fim, queremos ver um maior grau de colaboração exterior e adicionar mais vozes a cada edição da revista. É claro que tudo isto envolve um ajuste de tempo e recursos – e esta torna-se numa situação em que, como se costuma dizer, é preciso dar um passo atrás para dar dois em frente. Isto implica voltar à publicação trimestral da revista, uma medida que assegurará a qualidade da revista e que contribuirá para o seu constante melhoramento – duas coisas que na Biblion são mais valorizadas do que o número de edições publicadas num ano. Como o leitor pode ver, nós estamos empenhados em fazer de 2018 um ano memorável, e queremos que nos acompanhe nesta viagem magnífica. Aqui ficam os nossos desejos de saúde, paz e alegria, e um bom 2018 para si! DA N I E L T. G O M E S
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ABERTURA
COLEÇÃO BIBLION
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Revista de Livros, Livros em Revista
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PUBLICAÇÃO DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ | Nº 7
INDISPENSÁVEL: A IMITAÇÃO DE CRISTO EFEITO JESUS: COMO SERIA O MUNDO SEM O CRISTIANISMO? O REFÚGIO SECRETO
THOMAS DE KEMPIS
TERESA DE ÁVILA
MIROSLAV VOLF
JEREMIAH J. JOHNSON
CORRIE TEN BOOM
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A CHRISTIAN BOOK MAGAZINE | # 7
INDISPENSABLE: THE IMITATION OF CHRIST JESUS FACTOR: WHAT OUR WORLD WOULD BE LIKE WITHOUT CHRISTIANITY THE HIDING PLACE
THOMAS À KEMPIS
TERESA OF ÁVILA
MIROSLAV VOLF
JEREMIAH J. JOHNSON
CORRIE TEN BOOM
IMAGENS: ARQUIVO BIBLION, SALVO OUTRAS MENÇÕES. A BIBLION AGRADECE IMAGENS E CONTEÚDOS GENTILMENTE CEDIDOS POR EDITORAS E PARCEIROS,
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BIBLION Nº7
ABERTURA
INDEX
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E D I TO R I A L
I N D I S P E N S ÁV E L
A BIBLION
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JESUS
INSPIRAÇÃO
PERSONA
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ESPIRITUALIDADE
ECUMENISMO
DE SAÍDA
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I N D I S P E N SÁV E L
um CLÁSSICO da literatura cristã sempre atual
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Imitação de Cristo Thomas H. Kempis
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o mesmo tempo inspirador e atemorizante, A Imitação de Cristo é um dos devocionais mais antigos e populares da História e um clássico da literatura Cristã. A sua influência permanece forte na Igreja dos dias de hoje, seiscentos anos depois da sua publicação – e com razão. TODOS OS DIAS somos bombardeados com mensagens que estimulam o nosso orgulho. Os media anunciam produtos e serviços que alegadamente nos podem fazer melhores e mais felizes; as redes sociais fazem de nós celebridades, independentemente de termos cem seguidores ou um milhão. Vivemos em
constante correria ao tentarmos ser bem sucedidos nas nossas vidas, ao acreditarmos que temos controlo sobre elas. A obra atribuída a Tomás de Kempis vai contra tudo o que move a sociedade nos dias de hoje. Com uma linguagem dura mas sincera, A Imitação de Cristo relembra o leitor
A I M I TAÇ ÃO D E C R I S TO , D E T H O M A S H . K E M P I S , P U B L I C A DO P O R P U B L I C AÇÕ E S E U R O PA - A M É R I C A , M E M M A R T I N S
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do que ele realmente é: um ser frágil e morUm dos atributos mais interessantes deste tal. O controlo é uma ilusão. A fama é uma livro é o diálogo entre “Cristo” e “O Discípuilusão. A condição pecadora do ser humano lo”, uma ferramenta que de Kempis usa para e a sua dependência em Deus são no entanto reforçar a sua mensagem. Ao adotar o papel de bastante reais, e de Kempis não foge a esta “O Discípulo”, o leitor torna-se parte integral realidade; aliás, ele encoraja do ensino e identifica-se com o leitor a abraçar esta realias preces e as dificuldades do dade de coração humilde e personagem. É de notar que submisso, um coração que este “discípulo” se parece babusca somente a vontade de sear na experiência do próprio Deus. autor, como indica a seguinte O autor destaca a imporpassagem da p. 109: “A Vossa tância da nossa vida interior sabedoria aconselha-nos a na caminhada com Jesus. O desconfiar do homem, pois cristão deve ser totalmente os inimigos do homem estão obediente e modesto, com um na sua própria casa, e não amor por Cristo que supere devemos acreditar naquele o seu amor-próprio. Como que diz ‘Ele está aqui’ ou seres humanos, nós somos ‘Ele está além’. Aprendi isso fracos e instáveis; depenà minha custa, e só espero que A I M I TAÇ ÃO DA C R I S TO demos da graça e do poder me leve a ser mais cuidadoso e P U B L I C AÇÕ E S E U R O PA - A M É R I C A de Deus para nos revigorar: a corrigir a minha insensatez.” “Como é grande a fragilidade do homem, semCom um retrato marcante e severo do pre inclinado para o pecado!” De Kempis não verdadeiro seguidor de Jesus, A Imitação de ignora a dificuldade imputada pela decisão de Cristo continua a testar e a inspirar milhares seguir o exemplo de Jesus; de facto, ele sobe a e milhares de crentes em todo o mundo. Este fasquia ainda mais: “Não te esqueças de que a é um devocional que intimida, mas que tamvida deverá ser uma morte contínua. E quanto bém faz crescer, com uma mensagem forte e mais completamente um homem morrer para duradoura para a Igreja dos dias de hoje. si próprio, mais começa a viver para Deus.” www.biblion.pt
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A BIBLION
CONHEÇA A NOSSA REVISTA
Quem Somos A Biblion é uma revista digital de distribuição gratuita e produção trimestral que visa promover a literatura cristã e o hábito de leitura. Criada em 2016, a Biblion é uma iniciativa da editora Unique Creations que conta com a participação de colaboradores residentes e convidados. Atualmente a revista encontra-se na sua 7ª edição, com as versões Digital (Issuu) e Interativa (Joomag) disponíveis em Português (EU) e Inglês (US).
O Que Fazemos Reviews de livros considerados benéficos para a edificação intelectual e/ou espiritual do leitor; Entrevistas a autores, pastores e personalidades envolvidas com o desenvolvimento e divulgação da literatura cristã; Crónicas relativas a temáticas éticas e religiosas; Produção de conteúdos próprios; Divulgação de literatura cristã e de interesse geral; Promoção de hábitos de leitura para todas as idades. 10 BIBLION Nº7
A BIBLION
A Nossa Missão Promover a literatura cristã e a produção de livros de inspiração cristã em Português de Portugal; Estimular a publicação de obras de autores nacionais; Incentivar a prática do “preço justo” e tornar a leitura acessível às condições económicas de todos; Promover hábitos de leitura salutares; Acolher o diálogo saudável entre perspetivas diferentes.
Como Você Pode Ajudar Subscreva a Biblion na Joomag e na Issuu para não perder nenhuma edição da revista! Descarregue a aplicação BiblionApp e mantenha-se atualizado! Classifique os nossos artigos em www.biblion.pt e deixe-nos o seu feedback!
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JESUS
COMO SERIA O MUNDO SEM O CRISTIANISMO?
Efeito
Jesus Jeremiah J. Johnson
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Dr. Jeremiah J. Johnson, professor, estudioso e conferencista, guianos numa viagem pela história da Humanidade enquanto considera, fundamentando sob enorme variedade de perspetivas, o impacto que a Bíblia e a fé cristã têm tido ao longo dos séculos. O AUTOR MOSTRA-NOS como era o mundo antes de Jesus e o movimento cristão surgirem, quando a pobreza, a escravatura, a prostituição, e o abuso de mulheres e crianças eram comuns. O aparecimento do Cristianismo levou a um novo rumo para o mundo, trazendo uma enorme melhoria da qualidade de vida na sociedade em geral, particularmente nos estratos sociais mais baixos.
Reinavam então o sofrimento, o medo, a desigualdade. O povo vivia refém da dor e da doença, desesperado por cura, temendo a morte e o inferno, numa sociedade fraccionada entre livres e escravos, ricos e pobres, homens e mulheres. Até o racismo se desvaneceu enquanto o Cristianismo varria a Europa e os Impérios Romano e Grego. No milénio seguinte, nem
U N I M AG I N A B L E , D E J e r emia h J . J o h n s o n . P U B L I C A DO P O R B e t h an y H o u s e , A A , M I - E UA
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grandes filósofos, nem teólogos cristãos argumentaram sobre racismo e escravatura. Mas, nos sécs. XVIII e XIX, reacendeu-se a apologia do racismo, da supremacia racial, que o autor sustenta com exemplos de como o modernismo, ao colocar de lado princípios cristãos, abriu o caminho ao surgimento de movimentos depravados, como o regime nazi e o comunismo, inspirados em sistemas anticristãos, e que acabaram sendo responsáveis pela morte de quase 150 milhões de vidas humanas. O séc. XIX foi particularmente fértil no aparecimento de ideologias que se mostraram nefastas para a Humanidade. Johnson enumera os “Big Five”, aqueles que significativamente contribuíram para mover o mundo para longe da visão judaico-cristã – Feuerbach, Darwin, Marx, Nietzsche e Freud. E sem Deus, algo vai preencher o vazio. Com o séc. XX, o mndo assistiu a uma “desumanização da humanidade” e à chegada do Super-Homem de Nietzsche” - Hitler, loucamente determinado em exterminar milhões para elevar uma raça superior. As origens de Mein Kampf e a “ciência” da pureza racial, remontam à tóxica produção de ideias do séc. XIX, onde também foram beber alguns dos déspotas mais maquiavélicos, como Estaline, Mussolini, Mao Tse Tung ou os três pequenos Kim, da Coreia do Norte. 14 BIBLION Nº7
O AUTOR
J E R E M I A H J . JAC K S O N
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Em antítese, o grande opositor à conquista imperial de Hitler, Winston Churchill, sempre agia em defesa da civilização cristã. A própria vida do estadista britânico “prova que a história é feita de pessoas dinâmicas que atingem o extraordinário”. Jeremiah Johnson responde às grandes questões sobre como seria o mundo, com e sem o Cristianismo. Do que é que os Romanos não gostavam no Cristianismo? Qual o valor da vida e da dignidade humana? O que tornou o Cristianismo irresistível? O que este livro nos demonstra, e aos céticos, se lhes interessar dissipar dúvidas, é que nada seria como é sem a existência de Jesus e o movimento cristão que então se gerou. Sim, porque até aos anos vinte do primeiro século, não havia essa coisa do Cristianismo. Foram
os seus milagres e o seu poder curativo, mas foi sobretudo a realidade da ressurreição de Jesus que tudo mudou. O efeito Jesus. Este efeito Jesus contribuiu para a abolição da escravatura, graças a homens de Deus como William Wilberforce e John Wesley, para a pacificação de conflitos internacionais, para o fim a discriminação e desigualdade devido ao sexo, etnia, ou religião, para o estabelecimento de sistemas de educação abertos, inclusive para cegos e surdos. No mundo antigo não havia”ajuda humanitária”, mas o primeiros cristãos aprenderam com o efeito Jesus como acolher marginais e estrangeiros, construindo abrigos comunais e de cuidados médicos. São os hospitais dos nossos dias.
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INSPIRAÇÃO
INTERROMPENDO O CICLO DESTRUTIVO DAS LEMBRANÇAS DOLOROSAS
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iroslav Volf, um dos mais conceituados teólogos dos nossos tempos, traz uma mensagem de perdão e reconciliação bastante pertinente para os dias de hoje. Com base nas suas experiências na ex-Jugoslávia, Volf debate o apego das pessoas às suas recordações, especialmente as mais dolorosas, e propõe uma forma de encontrar paz e pôr um “fim à memória”, por assim dizer. EXISTE UMA EXPRESSÃO intimamente associada aos acontecimentos do 11 de Setembro: “Never Forget.” Nunca se esqueçam. (uma outra variante é “Nunca nos
esqueceremos”). A tragédia que abateu os Estados Unidos naquele dia fatídico foi tal que os cidadãos americanos, e de certa forma o mundo inteiro, se recusam a deixar que
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a sua memória se apague, mesmo que seja 90, afro-americanos que não se esqueceram a memória de algo tão doloroso. Após esse dos tempos de segregação, irlandeses que não dia foram construídos memoriais e tomadas se esqueceram dos confrontos sangrentos medidas para que um ato de terrorismo como entre católicos e protestantes, judeus que não aquele nunca mais voltasse a acontecer. O se esqueceram do terror do Holocausto, e próprio dia 11 de Setembro tornou-se num por aí fora. Ninguém se atreve a esquecer. dia oficial de luto (Patriot Day). Duvido Miroslav Volf não é alheio à tragédia. Tamque assim alguém se pudesse esquecer do bém ele passou por momentos muito duros que aconteceu, mesmo na sua vida, e este livro é q u e q u i s e s s e e s q u e c e r. em parte baseado numa das Contudo, há uma questão piores alturas da sua vida. que passa quase desperceDurante o regime comunista bida com toda esta ênfase da Jugoslávia, o teólogo foi em não esquecer: Porquê não chamado ao serviço militar, esquecer? Porquê continuar onde passou um ano a ser a relembrar um evento tão interrogado incessantemente amargo e doloroso para na base de Mostar. Foi uma nós? Qual é o propósito das experiencias mais marfinal de manter viva esta cantes da vida do teólogo memória nefasta? Será simcroata, cujas ligações à reliplesmente lembrar os que gião e à América capitalista morreram? Será perdoar o tornaram num suspeito de esta ofensa insólita? Ou espionagem e subversão, e O F I M DA M E M Ó R I A será perpetuar a violência consequentemente no alvo E DI TO R A M UNDO C R I S TÃO e o medo? Enquanto que a de “conversas” extensas e vasta maioria das pessoas concorda que desumanas com um dos oficiais ex-Junão devemos esquecer uma atrocidade tão goslavos. Volf conta neste livro a forma grave, as opiniões não são tão unânimes como o capitão lhe infernizou a vida no que toca ao motivo de não esquecer. durante aquele ano, minando a confiança Esta é uma das razões pelas quais muitas de Volf nos seus camaradas na busca de partes do mundo enfrentam uma crise social provas que pudessem incriminar o teólogo. e política nos dias de hoje: ex-Jugoslavos que Mesmo assim, O Fim da Memória não não se esqueceram das atrocidades dos anos é apenas um relato do tormento que Volf www.biblion.pt
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passou em Mostar; é o cessar absoluto desse tormento. Embora a experiência tenha durado apenas um ano, a sua lembrança persiste no coração do teólogo desde então, e ele reconhece que ela o mudou para sempre. Volf admite a sua dificuldade em seguir em frente, em perdoar e se reconciliar com a memória do capitão que o marcou de forma indelével – mas reconhece que esse é um passo inevitável para a sua felicidade e a sua caminhada com Cristo, e partilha com o leitor tudo o que sabe sobre saber lembrar neste livro. Ciente de que “é tão fácil o escudo protetor da memória, transformar-se em uma espada de violência”, o teólogo afirma que abandonar as memórias das injustiças sofridas é por vezes “salutar” e essencial ao processo de
redenção. Ele enfatiza o papel da não-lembrança voluntária - a memória não é apagada, mas permanece ignorada pelo nosso consciente – como um instrumento vital de reconciliação e um método muito similar ao do juízo de Deus, que conhece os pecados do seu povo mas não se lembrará mais deles (Jer. 31:34). O Fim da Memória não é exatamente simples de compreender. A interpretação do tema pode ser algo fatigante, e a tradução para português do Brasil não facilita; porém a sua mensagem de perdão e amor no que toca a saber lembrar as injustiças não tem igual. É um livro que o mundo inteiro precisa de ler e deixar que o seu conteúdo o ensine a dar valor ao poder da graça e da reconciliação.
NOVIDADE NO BRASIL
UMA FÉ PÚBLICA
Como o Cristão pode contribuir para o bem comum MIROSLAV VOLF Qual o papel da religião no cenário atual? Como os seguidores de Jesus podem manifestar sua fé num contexto de múltiplas religiões e de antipatia à fé cristã? De que maneira os cristãos podem exercer influência positiva sobre a sociedade contemporânea? O renomado teólogo croata Miroslav Volf sistematiza as questões que afetam a presença cristã num mundo cada vez mais secularizado. Tendo como alvo a participação dos cristãos para o bem comum, Volf contribui decisivamente para o debate sobre as implicações da tolerância e da liberdade religiosa no ambiente polarizado de nossos dias. fonte: mundocristao.com.br
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VOLF E... A LIBERDADE CRISTÃ
O AUTOR
Uma das inspirações de Volf na realização desta obra foi o tratado de Martinho Lutero que a Biblion traduziu em comemoração dos 500 anos de Reforma Protestante. Volf aborda A Liberdade Cristã nos capítulos finais do livro, reconhecendo de forma muito satisfatória como Lutero encarava a redenção e o estatuto do cristão em Cristo e para com o próximo. O teólogo croata reflete na importância do cristão viver pela fé em Cristo – não para si mesmo, mas para os outros, por amor. Ele examina também como Deus é parte integral da identidade do cristão,
MIROSLAV VOLF Miroslav Volf nasceu em 1956, na Croácia. Doutor em teologia pela Universidade de Tübingen, dirige atualmente o Centro de Fé e Cultura da Universidade de Yale. Autor e editor de mais de 20 obras.
um tema intimamente relacionado com o nosso artigo sobre o livro “All Together Different” (Ver p. 38) A nossa versão de A Liberdade Cristã de Martinho Lutero pode ser adquirida em formato impresso, PDF ou eBook no site www.biblion.pt
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PERSONA
O REFÚGIO SECRETO
Corrie
Ten Boom com Elizabeth e John Sherril
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s ecos de uma guerra iminente entre as forças aliadas e a Alemanha Nazi, chegavam às terras baixas dos polders e das túlipas. Certa noite com os holandeses de ouvido colado na rádio, o primeiro-ministro assegurou que o país havia garantido a sua neutralidade no conflito, pelo que as nuvens negras da guerra não encobririam a nação. Cinco horas depois os bombardeiros da Luftwaffe avançaram e o ruído das sirenes fez-se ouvir nos canais de Amsterdão. E as primeiras bombas também. ENTRE OS MILHÕES, incrédulos com o que estava a acontecer, numa típica casa do bairro de Haarlem estavam duas irmãs, Corrie e Betsie Ten Boom, filhas de um exímio mestre-relojoeiro, cujas vidas foram profundamente afetadas por estes acontecimentos.
A rua Barteljoris era um exemplo da pluralidade étnica e religiosa da cosmopolita Amsterdão. Cristãos, baptistas ou luteranos, judeus e anti-semitas, conviviam numa sã vizinhança, onde a amizade e entreajuda eram uma evidência. Até aquele dia!
O R E F Ú G I O S E C R E TO , D E CO R R I E T E N B OO M . P U B L I C A DO P O R E D I ÇÕ E S PÃO D I Á R I O , B R A S I L E D I Ç ÃO P O R T U G U E S A P U B L I C A DA P O R N Ú C L E O , Q U E L U Z ( 1 9 8 2 )
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O Refúgio Secreto conta uma história real, Nesta obra, ficamos a saber como o arrepleta de episódios demonstrativos da com- quiteto da resistência holandesa modificou paixão e amor reinantes no seio da família Ten o quarto de Corrie para, aproveitando o Boom, enquanto esta usou a sua residência desnível existente nas traseiras do prédio, para albergar centenas de perseguidos pelas edificar uma parede falsa. Essa adaptação tropas ocupantes alemãs - maioritariamente veio a permitir ali esconder temporariamente judeus. centenas de judeus que O livro conta ainda o terror procuravam refúgio jundo holocausto Nazi, que esta to da família Ten Boom. família vivenciou. O patriarca Corrie tornou-se uma “opeCada experiência acabou sepultado de forma racional” perspicaz, sendo que Deus nos anónima, e Betsie sucumbiu mesmo apresentada como a concede, cada ao testamento desumano, “cabeça de uma grande organipessoa que passa perecendo no cativeiro do zação” - um exagero segundo pela nossa vida, campo de concentração de a autora, mas na verdade não faz parte da nossa Ravensbruck. se tratava apenas de dissimular preparação para Mas, Cornélia sobreviveu. um esconderijo. Corrie obtém um futuro que Sobreviveu para contar ao cartões de racionamento, somente Ele vê. mundo os milagres que Deus fundamentais para quem não O R E F Ú G I O S E C R E TO fez ali. Até a emissão do seu tem identificação autorizada CO R R I E T E N B OO M próprio Certificado de Solpelos alemães, e fala em códitura terá ocorrido por erro go “relojoeiro” num telefone administrativo pois na semana seguinte à sua clandestino. libertação todas as colegas da sua idade foram Como disse, “cada experiência que Deus nos exterminadas. Enquanto ali esteve, sujeita a concede, cada pessoa que passa pela nossa vida, condições desumanas e indignas, Corrie man- faz parte da nossa preparação para um futuro que teve a esperança e a fé em Deus, e serviu ainda somente Ele vê”. de orientadora espiritual entre as reclusas.
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Dose-Dupla
NOVA VERSÃO EM LÍNGUA INGLESA para inglês ler!
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ESPIRITUALIDADE
FOTO: AVE MARIA PRESS
na primeira pessoa
Teresa de Jesus Teresa d’Ávila
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ara Teresa, que adotou o sobrenome de Jesus, a escrita, bem como a leitura e a cultura, sempre fizeram parte da sua instrução, por influência dos pais, daí ter-se dedicado à importante tarefa de escrever. As suas obras, O Castelo Interior e O Caminho da Perfeição, são hoje reconhecidas como fundamentais entre os clássicos medievais.
NUMA COMPILAÇÃO de correspondência pessoal, maioritariamente dirigida a diferentes destinatários, torna-se difícil manter uma leitura coerente, tal a dispersão de assuntos e temas. Este livro não foge à regra, mas quem não conhece Teresa d’Ávila pode contemplar a sua dependência do Senhor para vencer os obstáculos que se lhe
deparavam. Esse aspeto está bem patente ao longo da obra. Dividido em capítulos correspondentes às décadas etárias da autora em que foram escritas, nota-se uma acentuada fragilidade física de Teresa, que levou a que muitas vezes recorresse a ajuda para lhe escreverem as cartas.
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Entre os documentos transcritos encontram-se missivas para o Rei Filipe II, intercedendo pelo Frei João da Cruz (com quem fundou a Ordem dos Carmelitas Descalços) a contas com a Inquisição, o autor dominicano Padre Luís de Granada, ou D. Teotónio de Bragança, Arcebispo de Évora, ao qual manifesta muita preocupação pelo eventual conflito militar entre Espanha e Portugal. Chega mesmo a afirmar que “preferia morrer a ver guerra”. Embora em momento algum da leitura das cartas se pressinta o seu receio em escrever, é notório o seu cuidado em não dar pretexto aos inquisidores para a atacarem. Teresa, que chegou a ser acusada de ser “alumbrada” (movimento herético surgido em Espanha no séc. XVI), viu-se obrigada a usar uma escrita “camuflada” para passar o crivo da Inquisição, pois sabia estar sob constante monitorização dos inspetores religiosos, os quais filtravam a sua correspondência e procuravam apreender os seus manuscritos literários. O legado literário de Teresa de Jesus (ou de Ávila, cidade espanhola onde iniciou o ministério dos Carmelitas Descalços) con-
funde-se no terror da convivência com a censura da Inquisição. Era um tempo onde as perseguições e as sentenças sem defensores imparciais podiam atingir qualquer pessoa, mesmo fiéis da religião católica. Apesar de integrada na igreja de Roma, Teresa não se livrou da continuada incriminação por práticas espirituais incomuns à época, embora apenas se dedicasse a uma vida contemplativa, mas que transcendia os padrões da igreja e criava desconfiança pelo misticismo que a envolvia. Empreendedora, estabeleceu uma notável rede de conventos, albergando noviças de famílias nobres atraídas pela causa da clausura, dedicando a vida à oração em intimidade com Deus. Para tal, a freira carmelita sempre dependeu de Deus para suprir todas as necessidades financeiras. Não sendo um livro imprescindível, acaba por ser um pequeno tesouro, pois dá-nos a conhecer, pelo seu próprio punho, uma figura reformadora, catalisadora de um movimento percursor de transformações significativas na história da igreja católica, nomeadamente no que concerne à oposição à Inquisição.
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ECUMENISMO
ELEVAR A UNIDADE DA IGREJA HONRANDO A IDENTIDADE INDIVIDUAL
I M AG E M : m oo d y p u b l i s h e r s . co m
Juntos
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Diferentes John Koessler & J. Brian Tucker
U
ma das grandes virtudes da fé cristã é a sua inclusão de pessoas e culturas; todos são bem-vindos a crer no poder da fé e a aceitar Jesus como Senhor dos seus corações. Mas será que a Igreja, com toda a sua história de conflito interno e a sua variedade de denominações, reflete essa inclusão de diversidade? A VERDADE É QUE a Igreja aparenta ser um corpo fragmentado. A panóplia de doutrinas semi-contraditórias, a variedade de cerimónias e a tensão entre membros de denominações diferentes provocam desconfiança aos olhos de quem está de fora e causa desconforto a quem está dentro da Igreja. Não é suposto os crentes estarem unidos? Não deviam eles pensar como um só?
Na opinião de John Koessler e J. Brian Tucker, os cristãos devem-se manter unidos – mas não podem nem devem pensar como um só. De forma clara e metódica, os dois autores refletem na individualidade intrínseca de cada crente – a sua identidade pessoal – e como esta se manifesta no coletivo da Igreja. É desta forma que All Together Different se destaca da vasta maioria da literatura cristã.
A L L TOG E T H E R D I F F E R E N T , D E J O H N KO E S S L E R & J . B R I A N T U C K E R . P U B L I C A DO P O R M OO D Y P U B L I S H E R S , C H I C AG O , I L - E UA
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Em vez de tentar reprimir a nossa identidade e imagem com dogma numa tentativa de criar um sentido de união forçada e artificial, o livro exorta-nos a abraçar a nossa individualidade como parte do plano de Deus para cada crente. De acordo com Koessler e Tucker, a identidade individual de uma pessoa é formada por três aspectos: a imagem divina, a cultura humana e a sua disposição pecadora. O indivíduo é criado à imagem de Deus, mas devido à desobediência de Adão e Eva, essa imagem divina encontra-se corrompida por uma inclinação nata para o pecado. Ele também nasce, cresce e morre inserido na cultura e sociedade humanas. Estas são as três coisas que determinam a forma como o indivíduo se encara a si mesmo e avalia o mundo em seu redor. Os autores explicam como a identidade não é algo definido numa altura única das nossas vidas, mas que se desenvolve gradualmente ao longo das nossas vidas. Ela é caracterizada por coisas como os atributos físicos e mentais de uma pessoa, os seus relacionamentos e compromissos. Uma vez que a identidade individual é importante tanto para Deus como para o ser humano, as congregações devem integrar essa identidade e não suprimi-la. No entanto, Koessler e Tucker alertam para a existência de uma segunda identidade na Igreja – uma identidade coletiva, partilhada pelos crentes e alicerçada “em Cristo”. Ao reconhecer essa ligação com o resto do corpo de Cristo, o cristão é chamado a repriorizar as suas identi-
dades, estando “em Cristo” mas permanecendo fiel à sua pessoa. O livro aborda algumas das principais características da identidade individual que potenciam divisões na Igreja, como sexo, etnia, e idade, e como elas se enquadram de forma benéfica na identidade coletiva dos crentes. Os autores refletem nas experiências de Paulo com a igreja de Corinto e com Filémon e Onésimo, observando particularmente como Paulo usou as diferenças - a influência romana na sociedade de Corinto e o relacionamento de mestre/escravo entre Filémon e Onésimo – para trazer união às partes envolvidas. Por fim, o livro fala do crente como vivendo neste mundo sem ser deste mundo – um “estrangeiro”, como os autores lhe chamam. Ao viver neste mundo como um estrangeiro, o cristão identifica-se com a cultura humana predominante, mas reconhece que a sua “cidadania” – a sua forma de ser e estar como crente em Deus – moldam a sua perspectiva e as suas ações. Apesar da sua identidade individual se relacionar com este mundo imperfeito, o crente não se conforma apenas com a cultura e sociedade terrenas, buscando o Reino de Deus pela sua fé em Jesus. All Together Different é uma excelente obra de ecumenismo e consciencialização, com conselhos bíblicos e científicos que nos permitem compreender a relação entre a diversidade individual e a união coletiva da Igreja. É um livro que nos ensina o quanto “esta identidade cristã [...] nos une, mesmo aos cristãos que não são como nós.” www.biblion.pt
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DE SAÍDA
EDIÇÕES HOMEM HOJE
FIBRA DE VENCEDOR 40 REFLEXÕES PARA HOMENS DETERMINADOS EM VENCER PAULO SÉRGIO GOMES
I M AG E M : A R Q U I V O
Ler ou não Ler, eis a Questão!
H O M E M H OJ E O N L I N E . O R G MINISTÉRIO DE HOMENS
O autor Maurício Zágari, em mais um dos seus frequentes posts de incentivo à leitura, dizia “em se tratando de livros cristãos, não existe livro medíocre. O único livro cristão medíocre é o que não é lido”. Tão simples como isto. Se é algo escrito com entendimento e fundamento bíblico, terá por certo conhecimento para ser partilhado, uma mensagem específica para um particular leitor, orientações gerais para a comunidade. Enquanto ao serviço da divulgação de livros e da leitura, tenho sido privilegiado por poder identificar-me com a riqueza emanada pelos escritos inspirados e inspiradores, de quantos notáveis autores cujas obras me che-
gam às mãos, tanto em formato físico, digital ou em áudio. Sim, porque um livro é muito mais do que “o” livro. Não só transcende, hoje, pelo advento da tecnologia, o universo limitado do formato físico ao tornar-se acessível em formato digital ou pela narração, como se torna um ingrediente incontornável da construção do nosso ser. Numa entrevista à revista Biblion, o Pastor João Martins sustenta que a leitura o alimenta - “Os livros são como refeições.”, acrescentando ainda “Gosto que o livro me interpele, e me incomode e desafie... Gosto de um livro que me leia...”. E esta intimidade com a leitura espelha-se na nossa identidade, levando-o a afirmar “somos muito o que lemos”. Em vez de “combates” inconsequentes à “sueca”, ou ao dominó, por que não desafiar um escrito espiritual de Richard Foster ou Henri Nouwen? Explorar o desconhecido que a sua prosa nos mostra e que nos edifica a cada frase. Complementar a leitura das Escrituras com mensagens conhecedoras daqueles que se dedicam a contemplar e meditar na Palavra. Por que não tentar desenvolver, em nós, um apetite literário por esses virtuosos da autoria cristã, como C. S. Lewis, Tim Keller, ou Thomas de Kempis, cuja degustação sacia e não engorda? Ler transforma-nos, inspira-nos, desafia-nos. Se queremos melhorar, crescer e saber, o adquirir do hábito regular de ler terá um impacto imen-
surável, enquanto pais, maridos, colegas, mentores. Adquirir conhecimento por via dos livros é um ato de serviço, pois o que sabemos só será útil se for partilhado. Albert Mohler escreve a propósito das virtudes de ler que “os livros existem para serem lidos e usados. Não para colecionar ou mimar.” Que faz um livro na estante, apenas para se ver a lombada? Está inerte, sem que lhe seja dado o uso para o qual foi criado e escrito. Também serve para ser exposto, arrumado, preservado. Mas, quantos livros são lidos uma vez, se o forem, e acabam inibidos de cumprir a sua missão, escondidos no armário? A reutilização do conhecimento transmitido pelo livro faz-se quando ele é relido tantas vezes quantas for possível, tantas quantas ele resistir às passagens de mão em mão - o que nunca acontecerá se ficar escondido numa estante ou encaixotado num armazém. As páginas de um livro são como os pássaros: querem-se livres, esvoaçantes. E, mesmo assim, a propagação desse conhecimento que depois se opera nas incontáveis reproduções que faremos daquilo que lemos, traduz-se numa fonte quase inesgotável de sabedoria e benção em todos aqueles que sejam tocados pelo que foi originalmente escrito e replicado. Como escreveria eu este texto, se não tivesse lido o que três autores partilharam...
R E F L E X ÃO I N C L U Í DA N O L I V R O F I B R A D E V E N C E DO R , E D I TO R : A B E L TO M É , P U B L I C A DO P O R H O M E M H OJ E O N L I N E
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