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Revista de Livros, Livros em Revista
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PUBLICAÇÃO DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ | Nº 9
dalibunga
tributo a nelson mandela
"when is it right to die?" a eutanásia com Joni tada "how to be a perfect Christian" o 1º livro do célebre website the babylon bee david wilkerson
manuel luz
THABITI ANYABWILE
michael ross
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EDIÇÃO Nº9
BEM-VINDOS
EDITORIAL Ler em tempo de férias
C A PA :
SUMM E R DESIGN: DA N I E L G O M E S
Revista de Livros, Livros em Revista
Edição Ix Julho / Agosto / Setembro 2018 COLABORAM NESTA EDIÇÃO: Daniel Gomes, Susana Pires, Vitor Marini (Ilustrações), Samuel Ascenção (apoio à Produção)
FICHA TÉCNICA
email: mag@biblion.pt web: www.biblion.pt
PROPRIEDADE: Unique Creations, Lda. REDAÇÃO: Tv. Francisco dos Santos, 2-6ºD 2745-271 Queluz REGISTO: Dep. Legal Nº 405423/16 NIPC nº 510951910 ISSN: 2183-7899
EDIÇÃO: BIBLION MEDIA by Unique Creations EDITOR E DIRECTOR: Paulo Sérgio Gomes DESIGN E PROJETO GRÁFICO: UC Design Studio
MISSÃO / PROPÓSITO: Promover e estimular hábitos de leitura de inspiração Cristã, criando condições para todos poderem aceder aos livros. Conheça o que nos move e os nossos valores em www.biblion.pt. CONTEÚDOS: Os conteúdos apresentados representam a opinião dos seus autores. REPRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Tendo como objectivo primordial a divulgação de obras e autores, é permitida a reprodução dos textos, desde que mencionada a fonte, quando não para fins comerciais. PREÇOS E DISPONIBILIDADE: Os valores mencionados incluem IVA. Os produtos apresentados estão sujeitos a disponibilidade de stock aquando da encomenda.
O Verão é tempo de férias, de evasão. De descanso, de distração, de abstração. Alheamento temporário da vida quotidiana, dos horários, da azáfama diária. Todos ansiamos, e precisamos, de um período de recuperação, depois de um ano de continuada pressão e desgaste, próprios do estilo de vida atual. Idas à praia, passeios no campo, visitas à família, conhecer novas paragens, estão entre os passatempos e atividades do agrado geral. E ainda sobra tempo... livre. Esse tempo livre, o dolce far niente, pode muito bem ser enriquecido quando acompanhado de uma prática saudável e edificante, como a leitura de um bom livro. Sem efeitos secundários contraproducentes conhecidos, ler regularmente, mesmo em férias, garante inspiração, conhecimento, motivação, boa disposição. Ajuda a retemperar a alma e, porque não, a recarregar as baterias. E, seguramente, trata-se de uma atividade lúdica que nos faz crescer, interiormente. Boas leituras e boas férias! PAU L O S É R G I O G O M E S
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Í ndice
12 ESCOLHA DO EDITOR
when is it right to die? joni eareckson tada
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testemunho
a cruz e o punhal A história verídica do Rev. David Wilkerson nas ruas de Nova Iorque.
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sátira
how to be a perfect christian Uma obra hilariante sobre um tema muito sério e que afeta a Igreja dos nossos dias.
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evangelismo
the gospel for muslims Thabiti Anyabwile fala sobre a sua conversão do Islão para o Cristianismo e de como o seu caso se pode aplicar a outros.
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Louvor
honest worship O líder de louvor Manuel Luz escreve em defesa da adoração sincera e genuína.
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Juvenil
building faith, block-by-block Um devocional inspirado no jogo Minecraft para os mais novos.
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tributo
dalibunga Duas obras sobre o grande líder sul-africano: The Prison Letters of Nelson Mandela e The Spiritual Mandela
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outras ediç õ es
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PUBLICAÇÃO DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ | Nº 8
8 Ele ressuscitou! MARTIN LUTHER KING, JR.
ANASTASIOS KIOULACHOGLOU
OSMAR LUDOVICO
FRANCIS SCHAEFFER
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English Version
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A CHRISTIAN BOOK MAGAZINE | Nº 8
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rISEN! MARTIN LUTHER KING, JR.
ANASTASIOS KIOULACHOGLOU
OSMAR LUDOVICO
FRANCIS SCHAEFFER
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a N ossa I dentidade
Fique a con
Quem Somos - A Biblion é uma revista digital de distribuição gratuita e produção trimestral que visa promover a literatura cristã e o hábito de leitura. - Criada em 2016, a Biblion é uma iniciativa da editora Unique Creations que conta com a participação de colaboradores residentes e convidados. - Atualmente a revista encontra-se na sua 9ª edição, com as versões Digital (Issuu) e Interativa (Joomag) disponíveis em Português (EU) e Inglês (US).
O Que Fazemos - Reviews de livros considerados benéficos para a edificação intelectual e/ou espiritual do leitor; - Entrevistas a autores, pastores e personalidades envolvidas com o desenvolvimento e divulgação da literatura cristã; - Crónicas relativas a temáticas éticas e religiosas; - Produção de conteúdos próprios; - Divulgação de literatura cristã e de interesse geral; - Promoção de hábitos de leitura para todas as idades.
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a nossa identidade
nhecer-nos
A Nossa Missão - Promover a literatura cristã e a produção de livros de inspiração cristã em Português de Portugal; - Estimular a publicação de obras de autores nacionais; - Incentivar a prática do “preço justo” e tornar a leitura acessível às condições económicas de todos; - Promover hábitos de leitura salutares; - Acolher o diálogo saudável entre perspetivas diferentes.
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testemunho
Um testemunho de fé no meio da selva nova-iorquina
A Cruz e o Punhal David Wilkerson John & Elizabeth Sherrill Editora Betânia por Daniel Gomes
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legado de David Wilkerson é absolutamente inegável. O programa de intervenção e reabilitação de toxicodependentes que este evangelista fundou – o Desafio Jovem – estende-se hoje por mais de cem países, com mais de 1.400 centros de recuperação em todo o mundo. Mas como é que tudo começou? A Cruz e o Punhal dá-nos a resposta. O Reverendo David Wilkerson foi uma figura marcante da igreja pentecostal na luta contra a toxicodependência e na propagação do evangelho, arriscando tudo – até a sua própria vida – para trazer esperança e mudança aos bairros mais
perigosos de Nova Iorque. Assim, é com grande surpresa que constatamos a situação confortável em que Wilkerson se encontrava antes do seu chamado nova-iorquino: A Cruz e o Punhal apresenta-nos David e Gwen Wilkerson, um jovem casal miniswww.biblion.pt
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testemunho
trando uma pequena comunidade na pacata vila de Phillipsburg, em Pensilvânia. Nenhum dos dois podia prever o quanto as suas vidas iriam mudar quando David ouviu a voz do Senhor após ler sobre o julgamento de sete menores, todos membros de um gang nova-iorquino. “Vá até Nova Iorque e ajude estes meninos.” A tarefa que Deus incumbia a David parecia quase surreal. Como é que ele ia ajudar estes jovens da grande cidade, sendo ele já o pastor de uma igreja bem distante de Nova Iorque, com esposa e família para sustentar? E no entanto, a voz persistia. O plano de Deus era bem real, e ia mudar a vida de David para sempre. É assim que começa uma série de eventos espantosos – muitos dos quais até poderiam ser apelidados de “milagres” – que se desenrolam nesta tremenda odisseia de evangelismo. O leitor é transportado para a “Big Apple” do início dos anos 60 – uma metrópole já naquela altura dividida
e fragilizada pela pobreza, discriminação, violência e sobretudo pelas drogas. David Wilkerson embarca numa verdadeira cruzada contra o flagelo da toxicodependência e do crime juvenil resultante da mesma, armado não com espadas mas com amor e fé. É esta fé tão firme e inabalável que leva David a conquistar os corações de muitos menores ligados ao vício e às quadrilhas, partilhando com eles a mensagem de esperança e de amor incondicional que só podem ser encontrados em Jesus, e trazendo muitos a conhecer o Cristo redentor. Ao fim de poucos anos de ministério nos bairros mais empobrecidos da cidade de Nova Iorque, Wilkerson fundou o primeiro centro do Desafio Jovem, um lugar na cidade onde todos os adolescentes, independentemente de afiliações com gangues ou problemas com narcóticos, são bem-vindos. O centro tornou-se no quartel-general de uma mobilização pouco comum
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de jovens cristãos – alguns deles exmembros de quadrilhas – que todos os dias saíam para as ruas dos piores bairros de Nova Iorque em busca de outros jovens como eles, cujas vidas tinham sido arruinadas pelo crime e pelas substâncias e que precisavam de ser transformadas urgentemente. O livro termina com Wilkerson falando da expansão do Desafio Jovem para Chicago, ciente de que “o Espiríto Santo é o responsável” e que, enquanto assim for, o trabalho do Desafio Jovem continuará a ser realizado. A Cruz e o Punhal é sem dúvida um dos testemunhos de fé mais impressionantes de sempre, relatando fielmente a dureza dos bairros nova -iorquinos e a angústia de Wilkerson nos momentos em que nada parece correr de feição. A sua mensagem de confiança e graça já levou muitos por todo o mundo a seguirem as pisadas do seu autor, e confere a esta obra um valor absolutamente inestimável.
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escolha do editor
Um olhar surpreendente e reconfortante sobre a morte e sobre morrer
when is it right to die? joni eareckson tada zondervan por Paulo Sérgio Gomes
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inte e cinco anos depois de ter abordado o assunto pela primeira vez, Joni Eareckson Tada volta à eutanásia como tema central desta edição atualizada de When Is It Right to Die? (“Quando é [o momento] certo de morrer?”). Sentiu necessidade de regressar ao assunto, depois de conhecer o trágico caso de Nancy Fitzmaurice, uma jovem inglesa de 12 anos a quem, por ordem judicial, foi retirado o tubo de alimentação que a mantinha viva. Ao fim de 14 dias, morreu... à fome!
Ao longo destes anos, e cada vez mais recentemente, Joni segue de perto qualquer história, iniciativa, sinal encetado por ativistas “pró-vi-
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da” ou os que defendem o “direito a suicídio assistido”, pois por trás está sempre uma família, como a sua. Apesar da paralisia, ela encontrou
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uma resposta que faz a vida valer a pena. E essa razão para este livro chama-se “Esperança”. Mas, e porque não morrer? Joni aflora o tema pela perspetiva do ser humano que sofre. Quando é o tempo certo? “Não tens nada com isso!” “Quando a dor é insuportável!” “Quando é caro!” “Quando não se quer viver com limitações extremas.” “Quando é mais fácil morrer do que enfrentar a vida.” Joni levanta a questão, e pelos casos expostos, e inerentes respostas, não se trata apenas de saber “quando”, mas quem quer morrer, como e porquê! Nota-se uma interpretação complexa no que concerne às distintas condições em que os doentes se encontram, embora se tenda a reduzir tudo a uma “situação terminal”. E nem sempre é assim. Da desportista que não se vê confinada a uma vida de tetraplégica e, mesmo com o suporte do marido e filhos, decide não comer; ou da mulher ligada à máquina durante catorze anos, num impasse entre a sua família, que quer que ela permaneça
viva, e o seu marido, que quer que se desligue a máquina. De que lado deve estar o poder de decisão? Quem se libertou da condição terminal “de dependência” - a mulher enferma ou o marido? Com a sua longa experiência de sofrimento, de dependência, mas também de luta e inconformismo pela sua condição, Joni escalpeliza as inúmeras abordagens ao tema, seja a eutanásia “per si”, voluntária, involuntária, não-voluntária, suicídio assistido; assim como a “morte com dignidade”, o “direito a morrer”, a “qualidade de vida” e o valor relativo e absoluto; considerando até a observação do tema pela perspetiva de quem está de fora, mas comenta que as tendências correntes na sociedade é o peso dos influenciadores na opinião pública. O Dr. C. Everett Kopp explica a eutanásia desta forma: “Toda a celeuma à volta da eutanásia se resume a uma palavra: motivo. Se o motivo é aliviar o sofrimento administrando um medicamento, reduzindo a vida em meia-dúzia de horas, isso não é
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escolha do editor
As quatro principais razões invocadas ao solicitar o suicídio assistido: •
redução da capacidade para participar em atividades que tornam a vida desfrutável (96,2%)
•
perda de autonomia (92,4%)
•
perda de dignidade (75,4%)
•
sentimento de ser um fardo (48,1%)
Estas
razões nada têm a ver com a
dor de uma doença terminal.
eutanásia. Mas sendo dado um medicamento para lhe reduzir o tempo de vida, isso é eutanásia”. Mas nem só de desfechos finais trata o livro. Larry McAfee, engenheiro civil, foi vítima de um acidente de mota, ficando paralisado abaixo do pescoço e dependente de um ventilador para se manter vivo. Impedido de se mover para fora da enfermaria e impossibilitado de respirar autonomamente, Larry recorreu ao tribunal para poder desligar o ventilador e morrer. Embora 14 EDIÇÃO Nº9
não tenha hesitado em lhe escrever, poucos dias depois Joni leu nos jornais que o Juiz havia permitido a que Larry colocasse fim à sua vida. No entanto, inexplicavelmente, Larry optou por não desligar a máquina de imediato, sendo transferido para outra instituição, acabando Joni por lhe perder o rasto. Alguns anos depois, para sua alegria, soube do seu paradeiro e entrou em contacto com ele. Trocaram breves palavras sobre a paralisia, e antes de terminar questionou-o sobre o que o fez voltar atrás na decisão de prosseguir com o suicídio assistido, o que o motivou a prosseguir vivendo. A resposta teve algo de desconcertante: “Porque deixei de ser obrigado a viver numa instituição ou hospital. Agora vivo numa casa independente com mais 2 deficientes, sem pressão, estabelecendo o meu próprio horário. Enquanto não for forçado a viver sujeito às condições do Estado, assim a vida vale a pena ser vivida.” Perante tal postura positiva, Joni pediu-lhe um conselho para outros na mesma condição. Depois de uma pausa, medindo as palavras, disse: “Se uma pessoa, depois de anos a
tentar sente que não aguenta mais, então acho que está no seu direito de... bem você sabe.” E, após um breve compasso, conclui “mas dirlhes-ia «Não se precipitem em tomar decisões irrefletidas, mas meditem bem. Não tentem corresponder à sociedade. Tomem todo o tempo necessário. Procurem orientação, não apenas de Deus, mas também da família e amigos.” Viktor Frankl, autor de Men's Search for Meaning (O Homem em busca de Significado), psiquiatra sobrevivente de Auschwitz confortou milhares em desespero. “O sofrimento pode ter um significado”. Joni E. Tada faz um exaustivo trabalho de análise às múltiplas vertentes desta problemática. A diferença entre “estado vegetativo” e estado de “consciência mínima”, o que a Bíblia diz sobre a eutanásia e o morrer, o Juramento de Hipócrates, não deixando de contar com sábios comentários de autores cristãos como Metaxas ou J. I. Packer. When Is It Right to Die é claramente uma obra essencial para todos os que procuram entender melhor este tema de um ponto de vista bíblico.
Dose-Dupla
NOVA VERSÃO EM LÍNGUA INGLESA para inglês ler!
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s ÁT I R A
how to be a perfect christian the babylon bee multnomah por daniel Gomes
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stá cansado de “combater o bom combate” e de “manter a fé” sem obter resultados visíveis? Sente-se frustrado e desalentado por ter de correr com perseverança a corrida que lhe foi proposta? Procura uma forma infalível de obter salvação sem ter de criar um relacionamento genuíno com Deus? Mesmo que a sua resposta seja “nem por isso”, a primeira obra literária do website satírico The Babylon Bee é exatamente o livro que precisa para se tornar no cristão “perfeito”.
How to Be a Perfect Christian é uma sátira genial de como um crente mediano se pode tornar no cristão perfeito – pelo menos aos olhos dos outros. No estilo do célebre site 16 EDIÇÃO Nº9
The Babylon Bee, o livro é um guia irónico e exagerado para todos os que anseiam chegar ao pináculo da perfeição cristã através da religião e das aparências. Desde o escolher
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a igreja ideal e aderir ao pequeno grupo mais adequado até ao lidar com a educação das suas crianças e evangelizar não-crentes, a obra é intransigente e minuciosa ao esclarecer o leitor de como um verdadeiro “santo” vive nos dias de hoje. O livro até inclui um “medidor de santidade” no fim de cada capitulo, em que o leitor é equiparado a vários personagens bíblicos e onde ele pode avaliar o seu progresso. Mais que um “guia”, How to Be a Perfect Christian é um aviso desconcertante de uma forma de pensar elitista não muito diferente daquela dos fariseus do tempo de Jesus, que se encontra enraizada nos corações de muitos crentes nos dias que correm. Através da sátira subtil, os autores procuram apontar o dedo a práticas correntes que muitos tomam com leviandade, mas que advêm de uma perspetiva egocêntrica e arrogante. Muitos dos comportamentos “recomendados” pelo livro para o cristão “perfeito” – como, por exemplo, só ouvir música e ler livros considerados “cristãos” porque a música e os livros seculares são automaticamente obra do Diabo – revelam uma falta
de maturidade na fé e, ao mesmo tempo, uma dependência nas obras e no mérito próprio; no entanto, este e outros comportamentos igualmente nocivos continuam a proliferar nas mentes de muitos crentes. Provavelmente uma das melhores e mais originais obras de 2018, How to Be a Perfect Christian revela com iguais medidas de minúcia e humor que o cristão é perfeito aos olhos de Deus por mérito de Cristo, que uma vez imaculado se deu a si próprio para a salvação de todo o crente. São duzentas páginas que misturam habilmente diversão com introspeção – uma mistura que você não vai querer perder! O que outros dizem sobre este livro "Creio que este é um livro que precisava de ser escrito [...]. Eu recomendo este livro a praticamente toda a gente porque apesar de conter verdades dolorosas, elas são apresentadas de uma forma aprazível, desde que a pessoa saiba lidar com a sátira."
- cari jehlik escritora e blogger conheça mais sobre o seu trabalho em:
www.carijehlik.com
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evangelismo
Encorajamento para Partilhar Cristo com Confiança
the gospel for muslims thabiti anyabwile moody publishers por paulo sérgio Gomes
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he Gospel for Muslims, de Thabiti Anyabwile, não é um livro apologético. Consiste, não “à defesa” mas sim com uma boa estratégia ofensiva, em levar o Evangelho aos outros. Aqui o leitor vai obter ajuda para começar uma conversa; conselhos para evitar alguns enganos; lições bíblicas destinadas a auxiliar cada um a contar a história do amor de Deus e a redenção através do seu filho, Jesus. O mais importante método para estarmos equipados a partilhar a nossa fé com amigos e vizinhos muçulmanos é conhecer o Evangelho de ponta-a-ponta. Os Cristãos conhecem as Escrituras mas carecem da con18 EDIÇÃO Nº9
fiança no seu poder. Este livro é uma chamada para adoçar a confiança na mensagem que contém o poder de Deus para salvar todos os que crêem. Por um lado, The Gospel for Muslims enaltece atributos do Evan-
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gelho – Deus, Humanidade, Jesus, arrependimento, Fé – possibilitando ainda ao leitor referências ao Corão, uma simples introdução conferindo alguns ensinamentos básicos. Ler o livro com a Bíblia à mão ajudará a focar-se nas crenças-chave. Por outro lado, dá-nos sugestões práticas, úteis aquando de discussões evangelistas com muçulmanos, sobre capítulos da Bíblia, hospitalidade, igreja local e sofrimento no evangelismo. Com confiança absoluta em Deus e no Evangelho, podemos muito bem vir a testemunhar o maior avivamento da História entre o povo muçulmano. Thabiti cruzou a linha entre o Islão e o Cristianismo. Ele conta a sua história, desde a conversão ao Islão na Universidade e a sua aversão ao Cristianismo, até ao compromisso perante Jesus. Naquele tempo procurava habilitar-se com todos os argumentos possíveis para ridicularizar os colegas cristãos. Foi nessa busca incessante que se deu conta das
incongruências que encontrava no Corão e quis certificar-se no próprio texto da Bíblia. Aí, quando queria confirmar na Bíblia as profecias sobre Maomé, surpreendentemente, tal não se verificou e as suas assunções não tinham fundamento, logo o Islão não podia ser a “verdadeira” religião. Esta constatação foi um choque e não só virou costas ao Islão como a todas as religiões. Depois de um período em que passou por uma depressão, Thabiti foi tocado pela pregação e pelo poder do Evangelho. O autor dá especial atenção à hospitalidade que o Cristão deve aprimorar quando lida com o próximo, especialmente com muçulmanos. E se não são hospitaleiros, aprendam a sê-lo. Thabiti exorta os cristãos a sair e fazer a sua parte trazendo pessoas de todas as nações ao conhecimento do seu Filho e da vida eterna, desmistificando que na evangelização de muçulmanos, ao contrário do que se pensa, eles também se convertem.
+100 países www.biblion.pt 19
louvor
honest worship manuel luz intervarsity press por daniel Gomes
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udam-se os tempos, mudam-se as vontades... mas será que o louvor também muda? É uma questão que passa despercebida até o crente ser confrontado com a variedade de formas em que o louvor é realizado nas igrejas, desde o tradicional cante a cappella até a espetáculos de som e luzes dignos de uma produção televisiva. Ao refletir na sua vasta experiência em dirigir louvor, Manuel Luz oferece-nos uma perspetiva sincera e revitalizante do louvor – um louvor “honesto” para com Deus. Lembro-me que num dos ensaios do grupo de louvor d’A Casa da Cidade, um dos líderes do louvor colocou ao resto do grupo a seguinte 20 EDIÇÃO Nº9
questão: “Para quem é que tocamos e cantamos?” A pergunta apanhoume completamente de surpresa. Respondi, quase que por instinto,
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que era para o resto da congregação que estávamos ali; afinal, cabe ao grupo de louvor guiar os outros crentes em cântico e celebração no pouco tempo que temos para louvar a Deus durante a comunhão. Claro que engoli em seco a minha resposta irrefletida quando fui relembrado de quem realmente era a nossa “audiência” – Deus. Ao citar Kierkegaard, o líder de louvor fez-me ver que toda a congregação une-se para adorar o Senhor. Ele é a verdadeira audiência, a plateia, o único ser digno de adoração e louvor – quem se senta em redor do palco faz tanto parte da celebração como quem está em cima dele. Trata-se de um conceito simples, mas facilmente ignorado quando nos deixamos levar pelo narcisismo subtil dos nossos dias. É por esta razão que a obra de Manuel Luz não podia vir em melhor altura. O líder de louvor norte-americano conta as suas experiências e fala da sua definição
de louvor “honesto”. Para Luz, a adoração não é apenas um ato, mas sim uma atitude contínua que exige humildade e fé numa era de orgulho e ceticismo. A sua mensagem de transparência e consistência aplicase a todo o crente que busca um relacionamento genuíno e robusto com Deus, transcendendo doutrinas, denominações e formas de adorar em comunhão. Manuel Luz reflete na natureza singular do ser humano para mostrar o quão importante é o louvor autêntico e genuíno que promove com esta obra: um ser humano feito à imagem do seu Criador procura expressar-se de maneiras criativas, e o louvor não foge à regra – se há algo que a diversidade de adoração encontrada nas muitas denominações denota é a capacidade imaginativa e inovadora do Corpo de Cristo. No entanto, a corrupção da natureza humana pelo pecado do orgulho é um obstáculo quase incontornável ao louvor “ho-
Quando quiser, onde quiser BiblionApp • www.biblion.pt www.biblion.pt 21
BiblionApp
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nesto”, uma vez que facilmente procuramos a nossa própria glorificação quando devíamos procurar glorificar o único ser digno de louvor. Este orgulho infiltra-se de forma ainda mais profunda e imperceptível na nossa cultura individualista, onde imperam as aparências e a gratificação instantânea. Perante estas condições, o autor exorta-nos a tomar uma atitude contranatura de viver para quem louvamos, aproveitando cada oportunidade para sermos exemplos de Cristo na vida do próximo. Honest Worship é uma obra concisa que nos convida a encarar o louvor como ele deve ser: uma reflexão do carácter de Cristo em todo o momento. O livro está feito especificamente para que o leitor medite no seu conteúdo, com um desafio pessoal no fim de cada capítulo e uma secção de perguntas para pequenos grupos que o motivam a adotar esta nova forma de pensar e agir – uma filosofia de abnegação em prol do Criador que, por sua vez, nos imbui com a capacidade de o louvar.
j uvenil
building faith, block-by-block michael ross christopher ross harvest house publishers por paulo sérgio gomes
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ichael Ross, experiente autor norte-americano, tem um longo histórico de obras literárias dedicados à família e aos jovens. Em anterior edição da Biblion (#5), apresentamos já o seu agraciado devocional juvenil “Tribe”, para rapazes adolescentes. Desta vez, juntamente com o filho Christopher, brilhante aluno e expert no Minecraft, o jogo que atrai miúdos e graúdos em todo o mundo, Ross criou um manual destinado aos mais jovens com 60 “segredos” para vencer, no jogo e na vida. Em breves capítulos, os Rosses oferecem um pormenorizado relatório das suas aventuras no Minecraft, partilhando com os leitores conse24 EDIÇÃO Nº9
lhos úteis para suplantar os desafios deste mundo virtual, e também aqueles com que se defrontam na realidade do seu quotidiano.
Divididos em duas áreas – Gameplay e Vida a Sério, os 60 segredos de sobrevivência que compõem Building Faith, Block-by-Block estão estruturados com uma aventura do personagem-gamer “Dragee90” no Minecraft, acompanhados de um “segredo” de cada área, um “Best Tip” para melhorar a jogabilidade, e três conselhos especiais: de leitura bíblica, para meditar e experiencial, em como viver a vida plena com sabedoria. Os "Gameplay Secrets" ajudam a ter sucesso no jogo virtual. "Real-Life Secrets" relacionam o tópico com o mundo real, onde a personagem partilha uma história, um desafio, uma conquista da sua vida. Termina com um versículo da Bíblia, e uma questão para meditar ou discutir com os amigos.
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Tributo a Ne
elson Mandela
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the prison letters of nelson mandela sahm venter liveright por paulo sérgio Gomes
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al como se questiona a neta de Nelson Mandela, Zamaswazi, “como pôde ele sobreviver a vinte e sete anos na prisão?” Sem dúvida que através da leitura desta coleção das suas cartas, escritas enquanto prisioneiro, podemos entender melhor o que o motivou a prosseguir. Durante esse tempo, Mandela fazia questão de guardar uma cópia de cada carta, em cadernos, deixandonos assim um raro acervo, agora disponível nesta edição.
A leitura destas cartas conduz, aqui e ali, o leitor pela tenebrosa ilha-prisão de Robben Island, onde não existiam presos de raça branca, a ração alimentar era muito pobre e 28 EDIÇÃO Nº9
limitada, as condições climatéricas extremas. O sistema de trabalhos forçados era brutal, e a coação a que os presos políticos estavam sujeitos de uma enorme crueldade.
B I B L I O N - R E V I S TA D E L I V R O S , L I V R O S E M R E V I S TA
Depois de inicialmente sentenciado a 5 anos de prisão por sair do país sem passaporte e por incitamento à greve, Nelson Mandela foi acusado de sabotagem contra o regime Sul-Africano e condenado a prisão perpétua. Juntamente com seis outros camaradas condenados foi enviado para a famosa prisão de alta segurança de Robben Island, situada ao largo da costa, perto da Cidade do Cabo. Como presos políticos foram catalogados com o nível “D”, a mais baixa classificação com o mínimo de privilégios no sistema prisional. A cada seis meses, apenas lhes era permitida uma visita e apenas podiam escrever e receber uma carta. Toda a correspondência era verificada, no Censor's Office de Robben Island (o Centro de Censura), não podendo ser descritas as condições do cárcere nem se fazer referências a outros reclusos, e por muito tempo apenas se permitiu a troca de missivas com familiares de primeiro grau. Mandela aproveitava cada carta que enviava à mulher, Winnie, com palavras de estimulo para enfrentar os longos anos que teria de afasta-
mento, cuidando da educação e sobrevivência dos cinco filhos. Numa dessas ocasiões, recomendou-lhe a leitura de dois livros do psicólogo americano Norman Vincent Peale – The Power of Positive Thinking e The Results of Positive Thinking. Apesar de não partilhar os aspetos metafísicos dos seus argumentos, considerou valiosa a sua visão sobre problemas físicos e psicológicos, o que poderia ajudar Winnie a superar a sua débil condição de saúde. A falta de humanidade das autoridades para com Mandela ficou bem patente quando, em Julho de 1969, o seu filho mais velho morreu num acidente de viação. As cartas à sua ex-mulher, mãe de Thembi, bem como ao comandante da prisão, expressam bem a dor que viveu ao ser-lhe negada a possibilidade de assistir à cerimónia fúnebre e poder despedir-se do filho pela última vez. Anos mais tarde, numa longa carta dirigida à mais alta personalidade do sistema prisional sul-africano, descrevia os continuados abusos de autoridade, as deploráveis condições em que se encontravam os presos e a discriminação. www.biblion.pt 29
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A sua formação metodista evidenciou-se enquanto Winnie era julgada com outros ativistas. Mandela escreveu-lhe uma carta de encorajamento onde reportava a história de um inspirador livro que tinha lido anos antes - Shadows of Nazareth, de C.J. Langenhoven. Nele, o autor descreve o julgamento de Jesus através duma carta do próprio Pôncio Pilatos para um amigo em Roma. Aqui, também ficamos a conhecer alguns pormenores peculiares da vida de Mandela. Em 1975, por sugestão de Walter Sisulu e Ahmed Kathrada, Madiba começou a preparar secretamente a sua autobiografia. Ele escrevia pequenos excertos durante a noite, os quais posteriormente eram transcritos por dois colegas, que minuciosamente reduziram o conteúdo, de seis centenas para sessenta páginas. Esse material era enterrado na prisão até que um dos presos fosse libertado e finalmente pudesse levar os manuscritos para
fora do país. No entanto, acabaram sendo descobertos, e os privilégios académicos foram suspensos por quatro anos. Embora uma boa parte dos textos tenha chegado a Londres, a publicação de Long Walk to Freedom só aconteceu em 1994, já depois da libertação de Mandela. Em Dezembro de 1988, já depois de ser hospitalizado devido a tuberculose, foi transferido para a Prisão Victor Verster, sendo alojado numa antiga residência de guardas prisionais, com modernas comodidades. Por essa altura, concluiu ainda o seu curso de Direito, quarenta e cinco anos depois de o haver iniciado, na Universidade de Witwaterstand. No Discurso da Nação, proferido no início de Fevereiro de 1990 pelo presidente De Klerk, foi finalmente anunciada a libertação de Nelson Mandela. Libertado pelas quatro e meia da tarde, de dia 11 de Fevereiro, escreveu a sua última carta nessa mesma manhã.
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FÉ E RELIGIÃO NA VIDA DE NELSON MANDELA
the spiritual mandela dennis cruywagen imagine books - watertown por paulo sérgio Gomes
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he Spiritual Mandela apresenta-nos o grande líder sul-africano numa perspetiva singular, e por ele raramente abordada: a importância da influência cristã na sua formação. O Bispo Desmond Tutu disse uma vez que Mandela era “muito, muito privado” a respeito da sua vida espiritual, mas este livro mostra-lhe uma narrativa repleta de evidências que contribuíram para o desenvolvimento intelectual e espiritual desta figura ímpar da História Moderna. Ao invés do ativismo pela liberdade que sempre pautou cada momento da sua vida, Nelson Rolihlahla Mandela foi muito reservado na exposição pública das suas 32 EDIÇÃO Nº9
convicções religiosas. Não obstante, alguns anos antes da sua morte em 2013, Mandela determinou que o seu funeral observasse os rituais metodistas tradicionais, numa cerimónia
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dirigida pelo Bispo Metodista Don Dabula, seu amigo e confidente. Embora no seio de uma família fiel à tradição tribal, o seu desenvolvimento confunde-se com os valores cristãos. Por orientação do pai foi batizado na Igreja Metodista, tendo posteriormente sido formado por missionários britânicos, acabando mesmo por creditar as instituições metodistas como ideais para criar o tipo de mentes independentes que lideraram a luta anti-apartheid. Após a morte do pai, o pequeno Rolihlahla é entregue ao chefe tribal, Jongintaba, que vivia na capital da província de Thembuland, que se tinha oferecido para ser guardião da sua formação, algo que Gadla, o pai, não podia rejeitar. Significava uma grande oportunidade de garantir um futuro promissor para o jovem Mandela, estudando e crescendo num ambiente cristão, mantendo uma educação dentro das tradições da tribo Thembu, supervisionado por um dos seus maiores líderes. A viver agora no palácio, o Great Place, Mandela tinha um tutor que assumiu a sua responsabilidade em pleno, estabelecendo um plano que
asseguraria atingir o seu máximo potencial, cujo destino seria o de um conselheiro real, e não passar a vida no fundo das minas de ouro sul-africanas. Não havia melhor local, nem ninguém mais capacitado do que Jongintaba, que conhecia muito sobre os dois pilares que governariam a formação de Mandela ali – cultura e religião. A sua função exigiria qualidades excecionais, integrando os valores tradicionais da tribo Thembu mantendo, como Metodista, os princípios da fé cristã. A família era fiel ao costume ancestral, desde a presença do missionário William Shaw, no início do séc. XIX, de presenciar o culto dominical, o que levou Mandela a um novo hábito e uma nova autoridade, o poder do Cristianismo transmitido pelo Reverendo Matyolo, líder da Igreja Metodista local. Em 1934, aos 16 anos, Rolihlahla participou no ritual tradicional Xhosa de circuncisão, que significa a entrada dos rapazes na idade adulta, algo fundamental para quem se quer respeitado entre os Thembu. Sem a passagem por este cerimonial nenhum homem Xhosa pode herdar www.biblion.pt 33
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dos pais, casar ou oficiar ritos tribais. cristã e tradicional seria fulcral para Mandela era agora Dalibunga, deguiar o futuro rei. signação atribuída a um governante Depois de três anos em Clartradicional na região do Transkei. kebury, Mandela foi transferido Quando Mandela entrou na para outra prestigiada instituição escola se c undária, o reged or metodista, o Wesleyan College de confiou a sua instrução Healdtown, com mais ao Reverendo Har ris, de quatro mil alunos de do Instituto Metodista os sexos, onde “... Não tenho ambos de Clarkebury, a quem prevalecia o sistema de problema chamavam de “Thembu ensino britânico, cristão e branco”. Curiosamente, dedicado a artes liberais. com crença a estação missionária de Apesar de ser considereligiosa. O rada uma escola da elite Clarkebury foi edificada em terras oferecidas pelo meu problema sul-africana, que formava bisavô de Mandela, o Rei negros anglicizados, deu é que demaNgubengcuka, ao missiooportunidade a Mandela siadas vezes de experimentar a oposinário William Shaw. A sua fundação, em 1825, esteve as pessoas fa- ção pacífica à supremacia a cargo do Rev. Richard branca vigente, germinanlham em agir Hadley, assim batizada em do aí o seu futuro entendihonra do teólogo britânico de acordo com mento perante o regime de Dr. Adam Clarke. apartheid. aquilo em que O regente Jongintaba, Em 1939, então com acreditam.” ele próprio formado 21 anos, Nelson Mandela em Clarkebury, estava entrou numa Universidade determinado em facultar ao jovem conhecida pelos elevados padrões Mandela condições propícias à sua cristãos, estando ligada às igrejas preparação para o importante papel Anglicana, Metodista e Presbiteriana que iria desempenhar na sociedade – a Universidade de Fort Hare. Ali Thembu. O mix da sua formação foi um ativo membro da associação
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de estudantes cristãos, e deu aulas de Bíblia em lugarejos dos arredores. Para se ter uma ideia da formação que ali era transmitida, e do tipo de mentes ali cultivadas, atente-se na quantidade de outros ativistas pela liberdade que fazem parte da sua lista de alumni, incluindo Oliver Tambo, Robert Mugabe, Seretse Khama, Dennis Brutus, Govan Mbeki e Robert Sobukwe. Já no final dos seus dias, Mandela expressou a sua gratidão para com os missionários europeus. “A nossa geração é fruto do labor dos missionários que orientaram a educação de negros em escolas cristãs, quando o governo negligenciou essa obrigação. Por isso, o Cristianismo está no nosso sangue.” Duas figuras destacadas da luta anti-apartheid, Nelson Mandela e Oliver Tambo tornaram-se grandes amigos naquela escola, o que demonstra como as escolas e universidades cristãs contribuíram para o desenvolvimento do pensamento livre e revolucionário, num período da história sul-africana em que muitos negros lutavam para conseguir uma educação decente.
No entanto, a sua vida mudaria radical e abruptamente, pois o regente já numa fase decadente determinou que Mandela se casasse com uma mulher por quem não tinha qualquer sentimento. Senhor de uma mentalidade forte e evoluída, optou por não se submeter à ordem do seu tutor, abandonando a universidade e fugindo para Joanesburgo, abdicando assim do futuro que lhe estava destinado, mas preservando a sua independência. Apesar de ter vivido protegido com a família do regente, e de obter uma formação académica exemplar, nunca deixou de considerar a importância que a sua mãe teve na sua vida, e sentia-se profundamente grato pelo papel que ela desempenhou na formação da sua identidade religiosa.
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