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Cruzeiro e São Paulo: centenários do RS disputam a Terceirona
Dois
Após serem rebaixados para a terceira divisão do futebol gaúcho, Cruzeiro e São Paulo lutam por recursos financeiros para o segundo semestre de 2023. Além da situação dos clubes não ser positiva, o impacto tem ramificações, com a ausência de atividades das torcidas organizadas e a baixa presença de público nos comércios ao redor dos estádios. Prestes a disputar a competição pela primeira vez, os tradicionais clubes do Rio Grande do Sul apostam nas categorias de base como pilar da retomada à elite para dar sobrevida a quem vive da paixão pelos clubes do interior.
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Luto no Cruzeiro
Rumo à quinta temporada na nova casa, em Cachoeirinha, o Esporte Clube Cruzeiro, fundado em 1913, resiste às dificuldades impostas pela região em que se encontra e pela falta de investimentos das empresas locais. Localizada no Distrito Industrial da cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre, a Arena Cruzeiro já celebrou um título cruzeirista ainda no ano de inauguração, quando o clube conquistou o Gauchão Juvenil, batendo times como Ypiranga, Brasil e o Internacional.
Entretanto, a aposta nas categorias de base não rendeu resultado ao time profissional. Com um começo de ano ruim em 2020, na Divisão de Acesso, o futebol do Cruzeiro foi interrompido devido à pandemia da Covid-19. Em agosto, a competição foi oficialmente cancelada e o departamento profissional do clube só voltou a funcionar no ano seguinte.
Mesmo com as dificuldades financeiras, o Cruzeiro se manteve de pé e deu início à remontada do clube, que teve ainda de lidar com a morte do então presidente Dirceu de Castro, em decorrência do coronavírus. Desde então, Gerson Finkler é quem comanda o estrelado: “Sempre estamos preparados e nunca estamos preparados, quando soube que o Dirceu estava com Covid, não me preocupei, pois o Dr. Lempek (médido do Cruzeiro) já havia tido e passou, e, como o Dirceu tinha uma saúde muito boa, achei que não seria problema”, conta Finkler. “Encarei o fato como mais uma oportunidade de atravessar um grande obstáculo do que um problema, claro, não foi fácil, o clube tinha muitas dificuldades financeiras e pouca possibilidade de resolvê-las”.
Investimento na base
Em 2022, com um time basicamente formado por jogadores da base e com uma comissão técnica que estreava no futebol profissional, o Cruzeiro acabou sendo rebaixado para a terceira divisão gaúcha. “A Série B do Campeonato Gaúcho é diferente das demais séries, pois é um campeonato curto e por adesão, não se sabe quem irá participar efetivamente”, explica o mandatário cruzeirense. “Este ano, a FGF está mais ciente e cobrando a necessidade de os clubes terem locais próprios para os jogos, devidamente liberados pela Brigada Militar e pelo Corpo de Bombeiros. Ainda assim, teremos times fortes para a disputa com mais de dois candidatos a subirem, espero que um destes possa ser o Cruzeiro”, completa.
Mesmo com o momento não sendo favorável, em 2023 o Cruzeiro retornou com a categoria sub-20, como forma de garimpar jogadores com qualidade. “Tivemos problemas de venda de jogos por parte de jogadores, tornando o campeonato bastante difícil, assim, como os resultados dos quatro primeiros jogos foram pontos fora da curva, não foi possível uma avaliação mais ajustada, mas serviu como experiência para o controle da manipulação de resultados”, observa Finkler.
Desde o meio de junho de 2022 sem futebol profissional em campo, o Cruzeiro não deixa de ter o apoio da torcida. A Império Azul, organizada cruzeirista, segue apoiando na base. “Apoiar o clube de uma forma geral deve ser a missão de uma torcida organizada, e a Império é importante para o time, fazemos a diferença na arquibancada”, relata Patrick Brum, líder da torcida. “Claro que nem sempre estamos contentes com o resultado dentro de campo, mas o amor incondicional e a junção pelo mesmo ideal nos dá a disposição para apoiar”, conclui.
Jovens no São Paulo
O Leão do Parque, em Rio Grande, seguiu o mesmo roteiro do Cruzeiro. Após a queda para a Divisão de Acesso, em 2019, o São Paulo, fundado em 1908, não conseguiu montar um time competitivo e padeceu na segunda prateleira do futebol gaúcho ano passado, resultando no descenso para a terceirona de 2023. Ao contrário do clube de Cachoeirinha, o rio-grandino não teve sucesso nem nas categorias de base nos últimos anos. Para o segundo semestre, o São Paulo, que acumula uma dívida de mais de R$ 7 milhões, vai tentar se reestruturar para voltar à Divisão de Acesso. “Se formos campeões, é um título que ninguém quer ganhar, mas é um título, e vai entrar para a história”, destaca o presidente Paulo Costa. “Montamos um time sub-20 com garotos com potencial e, com esse time, esperamos buscar o acesso”, finaliza.
Sobre a Terceirona
O Gauchão Série B, nome oficial dado pela Federação Gaúcha de Futebol à Terceirona, tem início previsto para 15 de setembro. Além de São Paulo e Cruzeiro, a competição ainda deve contar com outros clubes tradicionais do futebol gaúcho, como o Rio Grande e o Farroupilha. Dois clubes sobem para a Divisão de Acesso.