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UniversoUPF
espaço do leitor “A revista Universo UPF é um importante veículo de comunicação para divulgar as atividades realizadas por professores e alunos da Instituição. Pela sua qualidade, circula em espaços que vão além do acadêmico e, com isso, pode mostrar à comunidade regional o ‘mundo UPF’. Na edição anterior, nº 13, resgatou a importante história dos 60 anos da Faculdade de Direito, entrevistando seus ex-diretores, que puderam relembrar sua contribuição nessa trajetória. Além disso, também mostrou a entrega do selo OAB Recomenda para a Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo, a única da região Norte a receber a recomendação da Ordem dos Advogados do Brasil. A Faculdade de Direito está entre a elite das 139 melhores Faculdades do país, num universo de mais de 1.300 instituições. Parabéns a toda a equipe que realiza este qualificado trabalho de divulgação da nossa universidade comunitária.”
Prof. Dr. Rogerio da Silva Diretor da Faculdade de Direito
O espaço do leitor recebe comentários, sugestões e impressões sobre a revista Universo UPF. Para participar, escreva um e-mail para imprensa@upf.br. Nossos telefones de contato são (54) 3316-8142 e 3316-8138. Boa leitura a todos! Equipe de produção da revista Universo UPF
nesta
UPF em
edição
NÚMEROS 9 campi instalados em Passo Fundo e região Mais de 150 municípios abrangidos em sua área de atuação 19.887 alunos matriculados na graduação, pós-graduação, extensão, UPF Idiomas e Integrado UPF 16. 200 alunos matriculados na graduação 660 alunos regulares matriculados nos programas stricto sensu 913 alunos matriculados em cursos lato sensu 590 alunos matriculados na UPF Idiomas - FUPF 625 alunos matriculados no CEMI - FUPF 899 matriculados na extensão (Creati): 657 em Passo Fundo / 132 em Carazinho / 110 em Lagoa Vermelha 904 professores de Ensino Superior (49,67% Me.,30,20% Dr.) 1.247 funcionários 61 cursos de graduação em andamento 53 cursos de especialização em andamento 15 cursos de mestrado institucional 6 cursos de doutorado institucional 10 estágios pós-doutorais 72.009 profissionais formados 10 bibliotecas, contendo 314.262 exemplares de livros disponíveis em 118.600 títulos 23 anfiteatros e auditórios 176 salas para ensino prático-experimental 300 laboratórios 150 clínicas 56 convênios com instituições estrangeiras para intercâmbio acadêmico em 19 países
Pg 5
Revista Universo UPF - nº 14 Julho / Agosto 2016
n Mobilizações pelo
desenvolvimento regional
Reitor n José Carlos Carles de Souza Vice-reitora de Graduação n Rosani Sgari Vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação n Leonardo José Gil Barcellos Vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários n Bernadete Maria Dalmolin Vice-reitor Administrativo n Agenor Dias de Meira Junior Coordenador de Comunicação e Marketing FUPF n Cristiano Mielczarski Silva
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n Um problema
que virou produto
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n Preparando atletas para o futuro
Pg 20
n Autonomia e flexibilidade na formação acadêmica
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A revista Universo UPF é uma publicação da Universidade de Passo Fundo e tem distribuição gratuita
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Produção de textos: Alessandra Pasinato (MTb/ RS17292); Carla Patrícia Vailatti (MTb/RS14403); Caroline Simor da Silva (MTb/RS15861); Filippe de Oliveira (MTb/16570); Leonardo Rodrigues Andreoli (MTb/14508); Natália Fávero (MTb/ RS14761), Silvia Brugnera (DRT/13147) e Zulmara Colussi (MTb/11.204). Edição e supervisão: Silvia Brugnera (DRT/13147) Revisão de textos: Cinara Sabadin Dagneze Projeto gráfico: Fábio Luis Rockenbach e Luis A. Hofmann Jr. Diagramação: Marcus Vinícius Freitas / Núcleo Experimental de Jornalismo FAC UPF Foto de capa: Gelsoli Casagrande
A Revista Universo UPF também está disponível na versão digital. Ela pode ser lida no site www.upf.br e também em issuu.com/universidadeupf Universidade de Passo Fundo
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Universidade de Passo Fundo - BR 285, Bairro São José - Passo Fundo/RS CEP: 99052-900 Telefone: (54) 3316 8100 www.upf.br
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“A capacidade tecnológica instalada no UPF Parque é imensurável” Fotos: Gelsoli Casagrande
Conclusão do UPF Parque representa um avanço em inovação tecnológica para a região Norte do Rio Grande do Sul
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Universidade de Passo Fundo (UPF) e o governo do estado do Rio Grande do Sul inauguraram, no dia 24 de junho, os módulos II e III do Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio (UPF Parque). O UPF Parque foi o primeiro a ser criado fora da região Metropolitana e a conclusão e a entrega da obra representam um salto para a inovação tecnológica regional e implicarão grande representatividade para o desenvolvimento econômico. A solenidade contou com a presença do governador José Ivo Sartori
Solenidade aconteceu com a presença de autoridades estaduais e regionais
e de autoridades estaduais e regionais. Para o reitor da Universidade, professor José Carlos Carles de Souza, a inauguração dá início a um novo tempo, que ampliará a interação da Universidade com o poder público, com as em-
“Não há dúvida de que, com o funcionamento do Parque Científico e Tecnológico, a pesquisa e a inovação ganharão grande impulso, não apenas acadêmico – questão que sempre esteve contemplada nas ações da UPF –, mas, sobretudo, no desenvolvimento da investigação aplicada, focada no empreendedorismo e no atendimento das necessidades empresariais. A capacidade tecnológica instalada no UPF Parque é imensurável, e há espaço para novas iniciativas”. Reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza
“Reforço que a partir da inauguração do UPF Parque a cidade de Passo Fundo passa a ser uma referência em tecnologia e inovação”. Governador do estado, José Ivo Sartori “O desenvolvimento está próximo do conhecimento. As pessoas que têm o domínio do conhecimento têm que estar no setor produtivo e se aproximar dele para que tenhamos uma indústria competitiva”. Secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco
presas e com os empresários, visando ao desenvolvimento de soluções necessárias para melhorar os resultados e os ganhos econômicos e sociais da região. (Confira as imagens da inauguração na contracapa)
“Comunguei com a possibilidade de que esse polo fosse instalado na Universidade de Passo Fundo porque é por meio do conhecimento que se faz essa interação com as empresas para que seja possível evoluir. Hoje, de fato, o Parque existe, e já existe com importantes empresas interagindo com a comunidade acadêmica”. Ex-prefeito de Passo Fundo, Airton Lângaro Dipp
“Modelos de parceria entre poder público e instituição de ensino superior, como é o UPF Parque, são cada vez mais necessários para o desenvolvimento”. Presidente da Câmara de Vereadores de Passo Fundo, Marcio Patussi “Com o Parque, a Universidade cumpre com a sua função de formação, mas, para além disso, liga a produção do conhecimento com a sociedade e com as empresas, que também necessitam da UPF para isso. Formamos, assim, a tríplice hélice, formada pela Universidade, pelo empresariado e pelo poder público”. Gestor do UPF Parque, Marcos Cittolin
“Estar aqui no momento em que a UPF inaugura seu Parque Tecnológico é ver como expectador privilegiado uma das mais importantes páginas da história da Instituição e da nossa Passo Fundo”. Prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo “Uma faculdade transmite conhecimento, uma universidade gera conhecimento. Agora, uma universidade que possui um parque tecnológico é capaz de gerar esse conhecimento e de dividi-lo com a comunidade. Isso é o que o UPF Parque está fazendo, seja por meio de uma pesquisa aplicada ou de trabalhos para o futuro. Somos referência”. Gestor acadêmico do UPF Parque, professor Dr. Charles Israel “É um grande passo para toda a Universidade, já que o Parque é uma relação direta entre o conhecimento feito aqui dentro e a comunidade, o setor empresarial e o produtivo. Daqui, muitas empresas vão nascer. Com essa estrutura, temos condições de mudar o futuro”. Vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Leonardo José Gil Barcellos
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Palavra do
Reitor José Carlos Carles de Souza*
OS DESAFIOS DO FUTURO E AS POTENCIALIDADES DA UPF A Universidade de Passo Fundo, no cenário estadual e nacional, figura, indiscutivelmente, entre as mais importantes instituições de ensino superior. As suas atividades ultrapassam os limites do ensino e da formação de pessoas, tornando real a sua responsabilidade social, por meio de suas diversificadas ações e de sua integração com as comunidades, tanto na área cultural, com os seus inúmeros projetos de extensão, quanto na inovação tecnológica e na prestação de serviços. Reconhecidamente, é a maior universidade do norte do Rio Grande do Sul, quer seja em razão do expressivo número de cursos de graduação e pós-graduação que oferece, quer seja pelos mais de 2.100 colaboradores, entre professores e funcionários, ou, ainda, em decorrência dos mais de 19 mil acadêmicos que frequentam as suas salas de aulas e seus modernos laboratórios. Tem como peculiar característica o fato de que concentra nas habilidades e na capacidade intelectual de seus professores as suas principais virtudes, que possibilitam permanente renovação. Toda essa infraestrutura acadêmica é ampliada e potencializada pelo complexo de inovação científica e de formação empreendedora disponível no seu Parque Científico e Tecnológico – UPF Parque –, cujo espaço destina-se não só à interação professores/alunos, mas também a novos empreendimentos, com participação de empresas e/ou de empresários individuais, na condição de incubadas e/ou de parceiras para desenvolverem conjuntamente projetos ou produtos novos de interesse econômico e social. Ciente dessa realidade que expressa a enorme potencialidade da UPF, a comunidade universitária se prepara para a definição dos atos finais de discussão e aprovação de seu Plano Pedagógico Institucional (PPI) para o período vindouro, e, de imediato, dá início ao debate acerca do novo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), tendo como fundamento os termos do PPI para definição das ações que darão concretude ao seu planejamento. Nesse contexto, são realçadas várias questões que remetem à gênese da Instituição e, a partir da sua essência, impõe-se profunda reflexão, tendo em conta que nesses dois documentos serão delineados o que desejamos e o modo como queremos o futuro da UPF. A decisão é nossa e a ocasião exige a participação de todos. Deparamo-nos, nesse momento, ao projetar e ao pensar a UPF do amanhã, com uma gama de questionamentos. O nosso trabalho, naturalmente, deve partir da visão sistêmica da Instituição e deve ser pautado nas seguintes ponderações: como vamos preparar a nossa Universidade para o posicionamento institucional dos próximos anos? Quais serão os seus diferenciais acadêmicos e a sua relação com a comunidade? Nesse cenário, importante reconhecer como inegável o fato de que as nossas atividades, ao longo dos últimos anos, sempre estiveram integradas aos municípios, proporcionando constante troca com o meio no qual estamos inseridos. Assim, seguimos nossa reflexão: esse comportamento é o que a sociedade espera da sua universidade? Quaisquer que sejam os encaminhamentos realizados – tenham eles caráter acadêmico, ou sejam de
ordem organizacional ou de infraestrutura –, sua proposição deve sempre, como é praxe na Instituição, observar a deliberação coletiva, além de estarem alinhados às normas gerais que disciplinam o funcionamento das instituições de ensino superior ditadas pelo Ministério da Educação, bem como em consonância com as políticas e as metas indicadas no Plano Nacional de Educação. Assim, ao aproximarmo-nos do ano de 2018, que marcará o cinquentenário de criação da nossa Universidade, projetamos não somente a celebração de 50 anos de existência, mas a comemoração de meio século de presença comunitária e de cumprimento da missão delineada, no ano de 1968, pelos idealizadores desse modelo exemplar de instituição de ensino superior. Então, ao mesmo tempo em que traçamos o nosso futuro, atualizando normativos internos específicos, preparamo-nos para celebrar o nosso cinquentenário. A par disso, temos que continuar dando conta das ações do cotidiano institucional e, sobretudo, precisamos concretizar o nosso projeto de universidade, a partir do exercício das relevantes atividades acadêmicas que conduzirão à excelência como marca na e da UPF; da evolução no envolvimento popular em seus variados programas que revelam o seu compromisso com a responsabilidade social, e da sustentabilidade acadêmico-financeira, cujo propósito também deve ser compromisso de todos. E foi justamente por projetar um cenário de crescimento e com a firme disposição de superar os desafios e as dificuldades momentâneas, oriundas da equivocada política ditada pelas autoridades econômicas – principalmente quanto à inconsistência dos programas oficiais para inserir e manter os acadêmicos nas instituições de ensino superior, fato que impacta diretamente na redução do número de créditos matriculados –, que a Universidade de Passo Fundo criou o seu próprio mecanismo de auxílio ao aluno, denominado de Programa de Apoio Estudantil UPF (PAE UPF). Prova de que essa foi uma iniciativa acertada, que em muito contribuiu para a permanência dos acadêmicos nos bancos escolares, é o fato de que houve elevada procura pelo Programa, tanto por novos acadêmicos quanto por veteranos. Restou evidente, desse modo, que o PAE UPF, além de auxiliar os nossos acadêmicos, minimiza o impacto negativo gerado pela ausência de vagas no Programa de Financiamento Estudantil (Fies), patrocinado pelo Governo Federal. Agindo desse modo, a UPF demonstra, uma vez mais, não se intimidar diante das adversidades que se apresentam, e prova que está sempre pronta para aceitar desafios e acolher novos alunos, a fim de cumprir o seu relevante papel, sempre alinhada às grandes políticas educacionais brasileiras. Portanto, colegas, essa é a nossa UPF, que, a partir de um trabalho colegiado, se consolida como instituição de ensino superior comunitária, comprova o seu compromisso com as políticas públicas e com a sua missão em oferecer formação profissional de qualidade. Tudo isso, como não poderia ser diferente, proporciona a todos nós profundo orgulho de ser UPF. Cordial abraço. (*) Reitor da UPF
Feira Ecológica UPF: incentivo ao consumo saudável no campus
O
objetivo da realização da Feira Ecológica UPF é oportunizar à comunidade acadêmica o acesso a alimentos agroecológicos e à economia solidária, buscando contemplar diretrizes previstas nos documentos oficiais da Universidade no que diz respeito aos processos de sustentabilidade, responsabilidade social e política ambiental institucional. A realização continuada da Feira Ecológica UPF foi aprovada pela Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF) e, neste ano, o evento está sendo promovido periodicamente. A proposta da Feira Ecológica UPF surgiu com caráter de estratégia de mobilização da comunidade acadêmica e foi pensada a partir da Comissão de Alimentação do Fórum de Estudantes UPF, com o apoio do Diretório Central de Estudantes (DCE). A partir dos encontros do Fórum de Estudantes UPF, promovidos pela Reitoria em conjunto com os alunos, foi constituída a comissão, que tem ampliado o debate acerca da temática da alimentação na Universidade, propondo fomentar uma nova política de alimentação baseada na segurança alimentar. A intenção é que as Feiras Ecológicas, que são realizadas há 17 anos no centro de Passo Fundo, se tornem uma prática permanente também no campus universitário. Confira o cronograma das edições na UPF: - 12 e 26 de julho; - 09 e 23 de agosto; - 13 e 27 de setembro; - 11 e 25 de outubro; - 08 e 22 de novembro; - 06 e 13 de dezembro.
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Fotos: Divulgação UPF
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Mobilizações pelo
desenvolvimento regional
Encontros com lideranças políticas e comunitárias movimentaram setores envolvidos
A UPF se dedica, por meio de ações conjuntas, a encontrar soluções para a qualidade de vida da população. Ampliação e duplicação das BRs 153 e 285 e melhorias no aeroporto de Passo Fundo são algumas das bandeiras desse propósito
C
om quase cinco décadas de existência, a UPF tem como característica a forte ligação com a comunidade. Seja por meio dos seus cursos de graduação, dos projetos de extensão e das pesquisas desenvolvidas, seja pelo trabalho voltado à inovação tecnológica, a Instituição preza pela proximidade com a realidade local e regional. Entre as ações, algumas foram destaque nos últimos meses: o trabalho desenvolvido pelo Comitê Executivo Pró-Conclusão da Obra da BR 153 e da Comissão pela Duplicação da BR 285 e os esforços para ampliação, melhoria e qualificação do Aeroporto Lauro Kortz. A partir do trabalho do Comitê e da Comissão, a Universidade se uniu com associações, sindicatos, lideranças políticas e comunitárias para convocar a população local e regional e para mobilizar os setores públicos que atuam na infraestrutura rodoviária do estado. As mobilizações ocorreram em Passo Fundo e na região e, além disso, foram realizadas diversas viagens a Porto Alegre para apresentar dados e assinaturas aos representantes regionais na Assembleia Legislativa.
A sintonia com as necessidades da comunidade foi demonstrada no resultado da coleta das assinaturas do abaixo-assinado promovido pelos Comitês, com o aval de mais de 17 mil pessoas. Para o reitor José Carlos Carles de Souza, a Universidade tem a responsabilidade de estar inserida nas discussões importantes para a qualidade de vida e para o desenvolvimento local e regional. “Sabemos do nosso compromisso com a comunidade em que estamos inseridos. Temos uma responsabilidade e queremos atuar junto com as lideranças políticas e comunitárias para que a região cresça e para que as potencialidades sejam destacadas”, frisa. Um aeroporto que contemple as necessidades da região Os investimentos em infraestrutura e em ampliação do aeroporto Lauro Kortz também pautam as ações da UPF. Com a liderança do reitor e da vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, Bernadete Maria Dalmolin, foi realizado um trabalho intenso junto a órgãos públicos, que culminou com importantes conquistas, marcadas pela aprovação de leis e de projetos orçamentários.
Reitor José Carlos Carles de Souza
Para o reitor, ações como essa mostram que um trabalho realizado com esse propósito começa a se concretizar, uma vez que o movimento pela manutenção do aeroporto tem sido presente e permanente. “Nós iniciamos esse movimento, juntamente com outras lideranças do município, com a Prefeitura e o governo do estado, visando à conquista de melhorias para o aeroporto. Com isso, pudemos vislumbrar a realização de importantes ações, justificadas na importância que Passo Fundo tem para a região e para o estado, e ficou evidenciado o quanto o aeroporto é fundamental para o desenvolvimento regional”, frisou.
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graduação Imigrantes do Senegal e do Haiti ingressam na UPF
Foto: Natália Fávero
O senegalês Abou Ba e o haitiano Yves Arthur Lalanne são os primeiros imigrantes a ingressarem na UPF como acadêmicos
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ingresso de dois acadêmicos, um do Senegal e outro do Haiti, na Universidade de Passo Fundo (UPF) é um marco na história da Instituição, que já estuda formas de ingresso e permanência voltadas para melhor receber outros imigrantes. O senegalês da cidade de Thiès, Abou Ba, 23 anos, passou no Vestibular Complementar e começou a cursar Letras no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), em janeiro deste ano. Já o haitiano Yves Arthur Lalanne prestou o Vestibular de Inverno no ano de 2014, tendo ingressado no curso Administração no Campus Sarandi, no qual cursa, hoje, o quarto nível. Diferente da maioria dos imigrantes que estão em Passo Fundo, o senegalês Abou não busca somente uma oportunidade de trabalho, ele almeja se dedicar aos estudos. Ele tornou-se o primeiro estudante imigrante senegalês a ingressar na UPF. No Senegal, Abou iniciou o curso superior em Literatura Francesa, mas, devido às dificuldades no país, não concluiu a formação e resolveu viajar para o Brasil para concretizar o seu projeto de estudos. “Cursei Literatura Francesa no Senegal, na Universidade de Dacar (Ucad), durante um ano e meio, mas não me formei e resolvi viajar para o Brasil. Não conclui o curso lá porque as coisas são mais difíceis”, explicou o senegalês. Para conquistar o sonho de continuar os estudos no Brasil, Abou esforçou-se muito para aprender e compreender o novo idioma e a escrita. Antes de ingressar na UPF, o senegalês estudou no Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (Neeja) e no curso Técnico em Administração na Escola Estadual Protásio Alves.
Abou contou com a ajuda de algumas pessoas para traduzir os documentos e ingressar na Universidade. Apesar de ser imigrante, ele não poderia entrar como intercambista por não estar vinculado a nenhuma Universidade no Senegal. “A única maneira de ingresso era por meio do Vestibular. Estudei bastante e fiz o Vestibular Complementar, que exigia a elaboração de uma redação”, pontuou o acadêmico. O acadêmico imigrante, que já compreende e se comunica bem em português, fala francês, que é a língua oficial do Senegal; wolof, sua língua materna; e, também, o peul, outra língua étnica do Senegal. Além disso, Abou estuda inglês e espanhol. Todo esse conhecimento e a cultura de Abou estão sendo aproveitados em um dos projetos de extensão da UPF, chamado Ensino e inovação. “Ele é bolsista Paidex desse projeto, que envolve ensino de línguas e formação de professores, e estamos estruturando oficinas sobre a língua materna dele, bem como sobre cultura e literatura africana e língua francesa, voltadas à comunidade acadêmica e à externa”, destacou a coordenadora do projeto de extensão, professora Dra. Luciane Sturm.
Abou está no Brasil há cerca de dez meses e, quando chegou em São Paulo, os senegaleses que lá estavam indicaram um destino: o município de Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul. O estrangeiro veio para Passo Fundo sem falar uma palavra em Português. “Vim sozinho no ônibus e não conhecia ninguém em Passo Fundo. No primeiro dia, fiquei três horas na rodoviária, até encontrar outro senegalês que falasse a minha língua e pudesse me indicar um local para ficar”, lembrou. Como acadêmico e futuro professor, Abou acredita que a educação é sempre o melhor caminho. “Desde menino, eu gosto de estudar. O estudo é fundamental para o futuro de uma pessoa. Não adianta ir para outro país se você não se preparou. Quero ser professor. Na minha família, tenho dois irmãos professores”, comentou Abou, que tem muito orgulho e saudade da família, que ficou no Senegal. A professora de Introdução à Linguística do curso de Letras da UPF, Dra. Claudia Toldo, ressalta a dedicação aos estudos e a simpatia do senegalês. “Abou surpreende-me a cada dia. Ele já se comunica muito bem, entende e
Abou Ba, 23 anos, ingressou no curso de Letras da UPF no primeiro semestre de 2016
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Foto: Divulgação
UPF projeta formas de ingresso de novos imigrantes A partir dessa experiência, que trouxe às salas de aula universitárias o aluno senegalês e o aluno haitiano, a Reitoria discute um projeto futuro para inclusão de mais imigrantes na Universidade. De acordo com a vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, Bernadete Maria Dalmolin, a Universidade está disposta a contribuir com a inserção de mais imigrantes no ensino superior. “O Abou e o Yves são nossos primeiros alunos dessa leva de imigrantes senegaleses e haitianos que estão vivendo em Passo Fundo e na região. A partir dessa experiência, vamos desenvolver uma forma de inserir outros imigrantes na UPF”, ressaltou Bernadete. A inclusão desses imigrantes não é uma ação isolada na Universidade, ela faz parte da temática de educação das relações étnico-raciais na UPF, iniciada em 2013, com o projeto de extensão UPF e movimentos sociais: educação das relações étnico-raciais. Neste último ano, a Instituição tem integrado o Fórum de Mobilidade Humana – do qual também participam representantes dos imigrantes senegaleses –, que, dentre outras temáticas, aborda a condição dos imigrantes na cidade. “A inclusão desses alunos em nossa comunidade acadêmica reitera o compromisso da UPF com a temática das relações étnico-raciais, na construção de uma sociedade pautada pela justiça social e pelos direitos humanos”, enfatizou o coordenador do projeto UPF e movimentos sociais, professor Me. Frederico Santos dos Santos.
se faz entender, com a dedicação dos que estão decididos a viver uma experiência real de aprendizagem, através da linguagem humana. Abou é silencioso, mas atento e perspicaz nas respostas que elabora por escrito. Seu sorriso simpático cativa e evidencia a diferença necessária nas relações humanas e no estudo dos fatos linguísticos”, observou a professora. O conhecimento e os bons resultados que vem conquistando no ensino superior também são evidenciados pela professora Claudia. “Ele apresenta uma boa visão de língua, demonstrando que realmente já foi um estudante de literatura francesa. Mobiliza autores e informações de forma pertinente e relacional, trazendo leituras anteriores que o caracterizam como um sujeito disposto a realmente ‘usar a língua para viver’, como diz o linguista francês Émile Benveniste”, garantiu Claudia. Um haitiano no Campus Sarandi Depois do terremoto no Haiti, em 2010, que vitimou milhões de pessoas, o haitiano da cidade de Lasile, Yves Arthur Lalanne, resolveu vir estudar e trabalhar no Brasil. “Aconteceu um terremoto no meu país que matou bastante gente. Nessa época, o governo brasileiro concedeu vistos para quem quisesse trabalhar e estudar no Brasil. Eu aproveitei essa oportunidade porque, depois desse terremoto, eu parei de estudar e perdi meu emprego”, lembrou o haitiano, que tem 30 anos e é solteiro. No Brasil, morou no estado de Goiás e, depois de alguns meses, por intermédio de um amigo, mudou-se para o município gaúcho de Sarandi para tra-
balhar. O sonho de continuar os estudos foi realizado em 2014, quando ingressou no curso de Administração da UPF, Campus Sarandi. “Escolhi Administração porque eu gosto e, além disso, quando voltar para o Haiti para ver meus pais, será mais fácil conseguir um bom emprego. O objetivo de fazer essa graduação é porque futuramente quero ter meu negócio próprio”, revelou Yves. O haitiano também comenta sobre a experiência de estudar em outro país. “É muito bacana estudar aqui no Brasil. Aprendi bastante sobre a cultura e a economia e conheci muitas pessoas. É um desafio estudar numa língua que não é a minha e num sistema educativo diferente do sistema do meu país. Isso contribui para avaliar a minha capacidade. Além disso, os professores são legais, a turma é bacana, tenho bastante amizade e o respeito da Universidade”, comentou o haitiano. Yves já está bastante adaptado com o novo idioma. “Aprendi a falar portu-
guês em três meses, fazendo amizade com os brasileiros e conversando diariamente com as pessoas. Acho o português meio parecido com o francês e isso me ajuda bastante”, assegurou. Receber um aluno imigrante é uma nova experiência na vivência universitária do Campus Sarandi. O diretor Gilberto Colli destacou que um aluno estrangeiro costuma deparar-se com diversas peculiaridades, como processo de seleção, adaptação ao idioma, trabalho, clima, alimentação, cultura local, entre outras. Além disso, é necessário adequar-se às demandas acadêmicas e ao sistema educacional brasileiro. Porém, de acordo com o diretor, a adaptação do acadêmico está surpreendendo. “Pode-se perceber que Yves vem demonstrando um destacado desempenho, boa adaptação e convivência com os colegas, direção e funcionários. Sua socialização vem sendo positiva. "É uma satisfação recebê-lo em nosso Campus", enfatizou Colli.
Habitantes:
10 milhões Idiomas:
francês e crioulo Distância do Brasil:
4.313,14 km
Habitantes:
15 milhões Idioma:
francês Distância do Brasil:
5.215,26 km
Yves Arthur Lalanne é acadêmico do curso de Administração do Campus Sarandi
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Julho / Agosto 2016 Fotos: Gelsoli Casagrande
especial
Equipamento triaxial é único na região
Unindo ensino e serviço, UPF é referência regional na
construção civil
Além de formar grande parte dos profissionais que atuam nas áreas de engenharia e arquitetura na região, a UPF disponibiliza o Cetec, que fortalece o aprendizado, possibilita pesquisas e presta serviços a empresas e profissionais
No Cetec, os alunos têm a chance de vivenciar situações que normalmente são encontradas em obras de edificações
O
Centro Tecnológico de Engenharia Civil, Ambiental e Arquitetura da Faculdade de Engenharia e Arquitetura (Cetec/Fear) pode ser descrito como um espaço de aprendizado, prestação de serviços e estímulo à inovação tecnológica. Em sua configuração atual, em que integra ensino, pesquisa e serviço, funciona, desde 2009, com laboratórios estruturados para as áreas de geotecnia, construção civil, infraestrutura de trans-
portes, estruturas, materiais, hidráulica e saneamento. Nesses espaços, que oferecem equipamentos não disponíveis em outros locais, são desenvolvidas pesquisas, em nível de graduação, mestrado e doutorado, e, a pedido de empresas, poder público e profissionais, são realizados ensaios relacionados à área da construção civil. A vice-reitora de Graduação Rosani Sgari vê o Cetec como um espaço privilegiado para a formação de acadêmicos de
Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Engenharia Ambiental. “As atividades práticas constituem parte fundamental da preparação profissional. Ter um espaço com equipamentos de ponta e professores especializados possibilita um aprendizado efetivo e sua aplicação no mercado de trabalho”, acredita. No Cetec, também são desenvolvidas pesquisas de mestrado e doutorado, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental (PPGEng) e do Programa de Pós-Graduação em Projeto e Processos de Fabricação (PPGPPF), da UPF, e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS (PPGEC), que mantém convênio com o Cetec. Além disso, são desenvolvidos estudos em parceria com outras instituições. O vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Leonardo José Gil Barcellos acredita que o Centro Tecnológico possibilita um ambiente propício à inovação tecnológica e ao desenvolvimento de pesquisas científicas de alto nível. “A integração entre pesquisadores de graduação e pós-graduação em uma estrutura bem equipada e a proximidade com o mercado são elementos que enriquecem e fortalecem a pesquisa”, considera.
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Fotos: Gelsoli Casagrande
Principal laboratório de construção civil do norte do estado O Cetec localiza-se no Campus I da UPF, no prédio R1, inaugurado em 2004, e no R2, inaugurado em 2015. Reunir os laboratórios das áreas de engenharia e arquitetura foi a ideia inicial do Centro e, em 2009, esses espaços passaram a prestar serviços para a comunidade, com a denominação de Cetec Serviços. O Cetec Serviços dispõe de ensaios realizados pelo Laboratório de Materiais de Construção (Labomacc), que realiza testes em concreto, blocos, pavers, telhas e materiais diversos; pelo Laboratório de Geotecnia (Labgeo), que realiza avaliações relacionadas ao solo; pelo Laboratório de Infraestrutura de Transportes (Labinfra), que trabalha com pavimentação, dosagem e análise de materiais usados em asfalto e resistência de materiais; e pelo Laboratório de Estruturas (Lese), que trabalha com ensaios de materiais metálicos, estruturas, testes de vigas e encontros metálicos. Todos os laboratórios estão instalados no Cetec, prédios R1 e R2, no Campus I da UPF. De acordo com o responsável técnico
Área de saneamento Três laboratórios compõem a área de saneamento do Cetec: Laboratório de Sistemas Prediais (Lsp), Laboratório de Hidráulica e Hidrologia (Lhh) e Laboratório de Saneamento Ambiental (Lsa). Hoje, esses espaços são dedicados exclusivamente a atividades acadêmicas. Nos laboratórios de Sistemas Prediais e de Hidráulica e Hidrologia, coordenados pelos professores Me. Vinicius Scortegagna e Dra. Vera Cartana Fernandes, são realizadas aulas dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Engenharia Ambiental. O Laboratório de Hidráulica e Hidrologia contempla a parte básica dessa área, e, no Laboratório de Sistemas Prediais, os estudantes podem visualizar os sistemas instalados, como se estivessem em uma obra, e podem manusear peças e materiais. Por sua vez, no Laboratório de Saneamento Ambiental são feitas análises de controle de poluição, no solo e na água, são realizados estudos sobre o tratamento de efluentes e desenvolvidas técnicas de descontaminação de solos e esgotos. Estudantes de Engenharia Civil, Ambiental e de Alimentos desenvolvem trabalhos nesse espaço, ao lado de mestrandos e doutorandos do PPGEng. O laboratório, onde também se realizam atividades de pesquisa e de extensão, é coordenado pela professora Dra. Simone Fiori. Os três laboratórios desenvolvem pesquisas na área de aproveitamento de água de chuvas e reúso de águas. Hoje, contam com cinco alunos bolsistas de iniciação científica, além de dois estagiários.
do Cetec, engenheiro civil Eduardo Basso, os serviços prestados pelos laboratórios verificam fatores como resistência à compressão, permeabilidade, caracterização, dimensionamento, expansividade e outras características presentes em determinados materiais utilizados na construção civil. “Em testes que envolvem fabricantes de materiais, o Cetec Serviços pode verificar se o que está sendo produzido está de acordo com as normas técnicas e, a partir dessa verificação, emitir um laudo técnico”, comenta. Nos seis primeiros meses de 2016, foram realizados mais de 1900 ensaios técnicos com laudo. O professor de graduação e pós-graduação da Fear Dr. Antônio Thomé foi um dos idealizadores do Cetec Serviços e, em 2009, coordenava o curso de Engenharia Civil. De acordo com ele, desde o surgimento do curso de Engenharia Civil havia a prestação de serviços para a região nos laboratórios do curso, ainda que de forma tímida. Após estudos de viabilidade e o aumento da demanda, com a proximidade da entrada em vigor da norma Brasileira de Desempenho de Edifícios, em 2009, o Cetec abriu seus laboratórios para a realização de ensaios e testes para o mercado da construção civil. Desde então, se constitui como uma referência para empresas, profissionais e poder público. Thomé lembra que antes do Cetec Serviços os profissionais locais precisavam enviar material para ensaios em Porto Alegre ou Santa Maria. “Hoje, temos em Passo Fundo estudos de referência e o Cetec é um dos principais laboratórios da construção civil do norte do estado”, assegura. Para Thomé, além de desempenhar um importante papel na área da construção civil, o Cetec Serviços propicia uma melhor preparação profissional aos estudantes. “O aluno que está aqui fazendo seu ensaio, por exemplo, vê que isso faz parte do dia a dia de um enge-
nheiro”, comenta. O professor Dr. Adalberto Pandolfo, do curso de Engenharia Civil e do PPGEng, também atuou no projeto do Cetec. Para ele, o Centro capacita para a prática e oferece condições para que o acadêmico possa se familiarizar com tudo o que envolve a execução de uma obra. Infraestrutura e geotecnia Os laboratórios de Infraestrutura de Transporte e Geotecnia possuem áreas de interseção e, por isso, caminham juntos. No Laboratório de Infraestrutura de Transporte, são desenvolvidas pesquisas e aulas práticas de graduação e pós-graduação, nas áreas de arquitetura e engenharia civil e ambiental, além da realização de serviços solicitados pela comunidade externa. De acordo com o professor Dr. Francisco Dalla Rosa, coordenador do laboratório de Infraestrutura , nesses espaços são realizados estudos relacionados a encostas, aterros, fundações, ferrovias e rodovias. “Atendemos principalmente a prefeituras da região e consultores das áreas de infraestruturas e solos”, relata. Entre os serviços, há ampla demanda por pesquisas com controle tecnológico nas áreas de pavimentação, caracterização e classificação de solos e monitoramento em campo. “Estamos aptos a fazer ensaios de campo complexos, como os de prova de carga de placa e os de análise de capacidade de suporte de vias”, explica. A fim de aprimorar e ampliar os estudos desenvolvidos, está em fase de montagem um equipamento triaxial,
O Laboratório de Ensaios em Sistemas Estruturais (Lese) se constitui em uma ferramenta de atividades práticas, para graduação e pós-graduação, e presta serviços para empresas
Laboratórios de Infraestrutura de Transporte e Geotecnia possuem áreas de interseção e, por isso, caminham juntos
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da área de geotecnia. Conforme Dalla Rosa, o aparelho é único na região e possibilitará determinar propriedades de resistência mecânica do solo, considerando diferentes configurações de pressão lateral. “Trata-se de um ensaio de grande amplitude, do ponto de vista de pesquisa e de uso prático, com riqueza de detalhes e de respostas”, descreve. Além disso, o laboratório agregará o ensaio de cisalhamento direto, com equipamento que deve começar a operar em 2017. Dalla Rosa explica que esses dois ensaios são comumente realizados no campo da geotecnia e fornecem propriedades de resistência, que auxiliam no projeto de fundações, estruturas de contenção, muros de gravidade, em encostas com instabilidade e avaliação de desempenho de novos materiais. Outro equipamento importante e que já está em operação é o módulo de resiliência e de vida de fadiga, que testa materiais de pavimentação solicitados a carregamentos cíclicos. O professor destaca que pesquisas em parceria com outras instituições, como UFRGS e UFSM, são desenvolvidas nos laboratórios. “A Universidade mantém convênio com o PPGEC da UFRGS, e, por isso, ensaios de campo de trabalhos desenvolvidos nesse programa são realizadas no Campus I da UPF”, relata.
Cetec presta serviços para empresas e profissionais de toda a região
Estudo de estruturas O Laboratório de Ensaios em Sistemas Estruturais (Lese) se constitui em uma ferramenta de atividades práticas para as disciplinas de estruturas dos cursos e Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Engenharia Mecânica. Sistemas estruturais de metal e madeira são o foco do laboratório, que presta serviços a empresas da região, conforme a demanda. De acordo com o professor Dr. Zacarias Chamberlain, coordenador do Lese,
Conjunto de laboratórios propicia aprendizado, prestação de serviços e estímulo à inovação tecnológica
o laboratório trabalha em três linhas: modelos, ensaios e o software Etools. O Etools tem por objetivo projetar e construir programas computacionais de uso livre para análise e dimensionamento de estruturas ou outras áreas da engenharia. Segundo o professor Chamberlain, o projeto ganhou dimensões maiores do que as esperadas, deixando de ser apenas uma ferramenta pedagógica para ser um instrumento para o mercado e para a formação dos alunos. O site www.etools.upf.br tem 24,5 mil usuários cadastrados, do Brasil e de outros países. Nessa página, é possível fazer o download dessas ferramentas computacionais. O projeto conta com apoio da Fapergs, do CNPq e do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA-IBS). Aulas, pesquisas e serviços na área de materiais O Laboratório de Materiais de Construção (LaboMaCC) e o Laboratório de Construção Civil (Labcon) são utilizados em aulas práticas na área de materiais de construção e construção civil dos cursos de Engenharia Civil e de Arquitetura e Urbanismo. Também prestam uma série de serviços solicitados por empresas e profissionais da região. Nesses espaços, os alunos têm a chance de vivenciar situações que normalmente são encontradas em obras de edificações e colocar na prática seus conhecimentos adquiridos nas aulas teóricas. Além disso, trabalhos acadêmicos das disciplinas, trabalhos de conclusão de curso e projetos de pesquisa são realizados no laboratório. Atualmente, os seguintes projetos de pesquisa estão sendo desenvolvidos, sob coordenação das professoras Me. Patrícia Silveira Lovatto e Dra. Adriana
Augustin Silveira: Desenvolvimento de argamassas estabilizadas com fibras; Desenvolvimento de argamassas com agregados reciclados provenientes de resíduos de construção e demolição (RCD); Diagnóstico das principais manifestações patológicas encontradas nas marquises de concreto armado da região central de Passo Fundo; e Bioconcreto: desenvolvimento de um concreto cicatrizante com a utilização de bactérias. Os projetos contam com bolsistas voluntários (Pivic), envolvidos no projeto de pesquisa sobre argamassas estabilizadas, e, a cada semestre, em média três alunos desenvolvem seus TCCs em alguma dessas linhas de pesquisa. Os trabalhos desenvolvidos nos laboratórios das áreas de materiais são apresentados em mostras internas e externas. Alguns foram publicados em congressos nacionais e dois artigos em elaboração serão submetidos a revistas científicas.
Extensão e prática no Escritório Escola O projeto de extensão Escritório Escola de Engenharia Civil (Eseec) está previsto no projeto pedagógico do curso de Engenharia Civil e foi criado a partir de uma necessidade acadêmica. A iniciativa oferece serviços gratuitos à comunidade, especialmente para entidades que não têm recursos para contratar equipes especializadas e que precisam de soluções inovadoras e com custos acessíveis. Todos os projetos desenvolvidos pelo Eseec ficam sob responsabilidade dos acadêmicos, com supervisão dos professores de cada área. O professor Eduardo Madeira Brum, coordenador do Eseec, explica que o objetivo principal do Escritório Escola é o de permitir que os acadêmicos participantes coloquem em prática os conteúdos vistos em sala de aula, enfrentando desde cedo os desafios da profissão.
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internacionalização Estágio pós-doutoral proporciona espaço de estudos avançados e intercâmbio de conhecimentos
A UPF acolhe nove alunos em estágio pós-doutoral com bolsas do PNPD da Capes e que desenvolvem pesquisas em diferentes áreas do conhecimento
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portunizar estudos avançados após o doutorado é o que propõe o estágio pós-doutoral, um período no qual pesquisadores ou docentes aprimoram sua produção científica, desenvolvendo métodos e trabalhos teóricos e treinamento prático e avançado em pesquisa. A Universidade de Passo Fundo (UPF) conta, hoje, com dez estágios pós-doutorais em seus programas de pós-graduação e, nestes, nove alunos recebem bolsas de estudo do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD). As linhas de pesquisa desenvolvidas no estágio pós-doutoral vêm ao encontro da temática de interesse do aluno, ou, em alguns casos, pode haver inclusão nas linhas que já vêm sendo pesquisadas na Instituição. Conforme a coordenadora da Divisão de Pós-Graduação stricto sensu da UPF, professora Dra. Rosa Kalil, durante o estágio, o aluno estabelece um plano de trabalho e tem aporte de laboratórios para os estudos avançados, além do acompanhamento de um professor orientador, que auxilia no processo. “O aluno em estágio pode participar de atividades de pós-graduação, pode ser convidado a colaborar em disciplinas e em atividades de ensino, na graduação, e em eventos científicos”, comenta. Pesquisa e cooperação em Odontologia Com a chegada, em 2014, do pós-doutorando Oscar Emilio Pecho Yataco ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGOdonto) da UPF, por meio da bolsa de pós-doutorado do edital do PNPD-Capes obtida pelo orientador professor Dr. Alvaro Della Bona, intensificaram-se as atividades de cooperação com a Universidade de Granada (UGR), da Espanha. Oscar, que é peruano de
nascimento, realizou seu doutorado em Granada e, conhecendo o trabalho do professor Della Bona, buscou aproximação para novos estudos. Foi em um evento nos Estados Unidos que eles se encontram pela primeira vez. Em uma conversa produtiva, perceberam que suas linhas de pensamento eram semelhantes e, a partir de então, mobilizaram esforços para firmar a parceria, que já se encaminha para o terceiro ano. No PPGOdonto, Della Bona e Yataco trabalham intensamente com um projeto amplo intitulado “Percepção de cor em odontologia”, o qual resultou em publicações científicas de alto nível internacional. Para Della Bona, o convênio foi importante para o PPGOdonto, pois trouxe uma nova perspectiva às pesquisas realizadas. “Nossa Odontologia é mais clínica e, em Granada, eles atuam sob a ótica da Física. Como a determinação
Estágios pós-doutorais Além do pós-doutorando Oscar Emilio Pecho Yataco, do PPGOdonto, a UPF também acolhe em estágio pós-doutoral Rosiani Castoldi da Costa, Andréia Caverzan e Neiva Maria Batista Vieira, no Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGAgro); Ana Paula Almeida Lima, no Programa de Pós-Graduação em História (PPGH); Ana Claudia Freitas Marguerites, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental (PPGEng); Tatiana Oro, no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA); Mires Batista Bender, no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL); Letícia Trevisan Gressler, no Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação (PPGBioexp); e Carla Piffer, no Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGDireito). Até 2021, alguns desses pós-doutorandos devem permanecer na UPF, desenvolvendo pesquisas e inovação tecnológica.
de cor depende desses dois fatores para que haja sucesso clínico, para nós, foi imprescindível essa interação, que está sendo muito efetiva”, comenta o professor, destacando que, além da experiência natural do estágio pós-doutoral, Yataco tem uma relação próxima com os alunos do Programa, contribuindo na formação de todos os envolvidos. Reconhecido internacionalmente pela sua atuação em Odontologia, o professor da UPF foi referência para Yataco, que já tinha interesse em conhecer o Brasil. Em um artigo, encontrou o e-mail de Della Bona, para um primeiro contato, propondo que pudessem trocar experiências e pesquisar de forma conjunta. “Alvaro é bem conhecido a nível mundial. Eu queria fazer estudos e publicar artigos com ele. Tinha a expectativa de vir trabalhar no Brasil, ter um grupo bom de estudos e conhecer a cultura brasileira. Consegui mais do que esperava”, diz o pós-doutorando. De acordo com Yataco, as expectativas foram superadas tanto no âmbito acadêmico quanto no social. “Temos um grupo consolidado de trabalho, gosto de atuar ao lado das pessoas daqui e, além disso, sempre quis conhecer o povo brasileiro e gostei muito da comida e da cultura”, relata ele, enfatizando que encontrou no PPGOdonto da UPF aquilo que buscava em termos de pesquisa: “Sempre pesquisei sobre cor na estética e, no doutorado, estava focando muito na parte científica, porém, buscava aliar esses aspectos à clínica e encontrei isso aqui na UPF, sob orientação do Dr. Della Bona”, finaliza.
No PPGOdonto, estudos são voltados para a percepção de cor
Pesquisas realizadas por Della Bona e Yataco são publicadas em nível internacional
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Resíduos de beneficiamento de minerais são nocivos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. Pesquisa confere novos e seguros usos a esse material
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beneficiamento de pedras preciosas como ágata e ametista permite diferentes possibilidades de aplicação, como em joias, artesanato e decoração. A atividade garante renda para uma grande quantidade de famílias da região do Alto da Serra do Botucaraí, no entanto, todo o processo acaba gerando milhares de toneladas de resíduos que podem causar danos à natureza e à saúde de quem tem contato com eles. O projeto de pesquisa "Transformação de resíduos da mineração para uso como artefato de concreto e remineralizador de solo" estuda duas novas alternativas de destinação. A pesquisa, coordenada pelo professor Dr. Maciel Donato, está em andamento desde fevereiro de 2015 e já tem um registro de patente em andamento. Os acadêmicos do sétimo nível do curso de Engenharia Civil Rafael Tonello e Raul Artusi são bolsistas do projeto e explicam que uma das metas é utilizar os resíduos do beneficiamento da pedra ágata na produção de concreto. Os resultados demonstram que quando o resíduo substitui algum agregado confere alguns ganhos nas características finais do concreto. Além disso, pode ser usado para substituir uma porcentagem de cimento, mantendo o desempenho necessário. “O que chama a atenção é
que se tirou um material mais caro, se incorporou um resíduo e se ganhou em resistência”, pontua Tonello. Esse tipo de resíduo mineral, quando inalado, pode causar silicose, uma doença que atinge os pulmões e compromete a capacidade de respiração de pessoas e animais. Conforme explica Artusi, o resíduo geralmente é depositado em montes ou utilizado em estradas de chão, o que não é eficiente, uma vez que a chuva pode lavar o pó e levá-lo até corpos hídricos. “O projeto visa constituir uma atividade ambientalmente susten-
Experimentos de campo têm apresentado resultados positivos quanto à fertilização de solos e à produção de massa em campo nativo com o uso do basalto resíduo da exploração de geodos de ametista
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tável. Queremos que as pessoas vejam que estão descartando algo que pode ser aproveitado”, completa Artusi. Cursos e oficinas Dentre as atividades previstas pelo projeto, está a realização de cursos sobre “Uso de resíduos para a remineralização de solos e seus impactos no solo e
Parte do grupo envolvido no projeto
nas plantas”, partes I e II, com duração de oito horas cada módulo, e sobre “Produção de artefatos de concreto: metodologia e custos”, igualmente divididos em duas partes. Também são realizadas as oficinas de formação de agentes dinamizadores nas áreas da saúde, educação e meio ambiente. Para a vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, professora Bernadete Maria Dalmolin, que integra essa parte do projeto, é fundamental pensar em toda a cadeia produtiva, incluindo aí a prevenção e a redução de risco de adoecimento dos trabalhadores decorrente da inalação de poeiras contendo sílica livre. A silicose é uma doença pulmonar crônica e incurável que pode ser prevenida e controlada por programas eficientes nos locais de trabalho, aspectos abordados nas oficinas de formação. A iniciativa é desenvolvida pela UPF, por meio do Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do Sul (CT-Pedras), no Polo de Inovação Tecnológica do Alto da Serra do Botucaraí, com recursos do Banco Mundial, por meio da antiga Secretaria de Ciência, Inovação e Tecnologia (SCIT), atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT). O projeto viabilizou a compra de equipamentos de ponta que permitem realizar a caracterização e a identificação de minerais presentes em amostras de rochas, solos e resíduos de vários tipos. Foto: Leonardo Andreoli
Uso na agricultura
O projeto de pesquisa também avalia a possibilidade de uso do basalto resíduo da exploração de geodos de ametista na remineralização de solos. Os experimentos de campo têm apresentado resultados positivos quanto à fertilização de solos e à produção de massa em campo nativo. A pesquisadora bolsista DOC FIX da Fapergs Clarissa Trois Abreu destaca que já está finalizada a caracterização química e mineral de produto oriundo de basalto hidrotermalizado de Ametista do Sul. Neste ano, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou duas instruções normativas regularizando o estudo de materiais minerais na categoria de “remineralizadores de solo”. Com isso, o trabalho desenvolvido pela UPF ganha visibilidade no setor mineral. Empresas do setor têm procurado o grupo para a realização de testes de viabilidade agronômica.
Testes comprovaram viabilidade técnica do uso de resíduos do beneficiamento da pedra ágata na produção de concreto
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comunidade
O que é o projeto Educação e Cidadania O projeto Educação e cidadania foi criado em 2005, a partir de uma parceria entre a UPFTV e o curso de Serviço Social, e atuou em várias frentes. A partir de 2014, sua equipe interdisciplinar passou a contar com representantes do curso de Letras e, em 2015, do curso de Artes Visuais. Os encontros com os monitores são realizados quinzenalmente, em sala de aula da Faed.
rar a atividade. “Hoje, eu consigo separar melhor os problemas que tenho no trabalho e a minha vida particular. Antes, eu levava o trabalho para casa e isso não era bom”, disse. Segundo o professor Quevedo, para este ano, um dos desafios é produzir um documentário a partir da visão dos próprios monitores. Eles farão as imagens e darão os depoimentos. O material, que será apresentado até o final do ano, será editado com auxílio da UPFTV.
Extensão da UPF atende a casas de acolhimento
Projetos trabalham com cuidadores, crianças e adolescentes de quatro casas
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ma parceria firmada entre a Universidade de Passo Fundo (UPF), por meio da Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC), com a Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (SEMCAS) de Passo Fundo tem o envolvimento de diferentes projetos de extensão da Instituição junto a quatro casas de acolhimento que atendem a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Cuidando o cuidador é a proposta do projeto Educação e cidadania, que desde 2014 trabalha com monitores das quatro casas. Em encontros quinzenais, são desenvolvidas oficinas de mídia, nas quais os monitores têm a oportunidade de exercitar a expressão. “Uma das grandes reclamações que recebíamos assim que
Saúde pela boca
A clínica odontológica da Faculdade de Odontologia (FO) atende a uma média semanal de trinta crianças e adolescentes das casas de acolhimento. É mais um projeto inserido na parceria da UPF com a SEMCAS para atender a esse público. Segundo o coordenador da FO, Dr. Mateus Albino de Souza, são disponibilizados até oito turnos de atendimento a cada semana. O curso trabalha em duas frentes: a primeira é a prevenção e a segunda é a intervenção em casos precários. No trabalho de prevenção, alunos orientados por professores passam as instruções básicas de higiene bucal e escovação. Os casos de intervenção ocorrem também sob supervisão de professores nas clínicas montadas no prédio da FO, no Campus da UPF. Segundo o coordenador do curso, o número de atendimentos de casos precários tem uma proporção elevada de quase 50% do total de crianças e adolescentes atendidos. Alguns casos requerem maior atenção do que outros.
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iniciamos o trabalho era a de que a atividade era mal vista pela comunidade. A partir disso, começamos a trabalhar aspectos relacionados ao modo como a mídia vê e trata esse educador que está dentro de uma casa de acolhimento com menores sob guarda judicial e a mostrar o quanto esse trabalho é importante”, explica o coordenador do Educação e Cidadania, professor Me. Hercílio Fraga de Quevedo. Para mudar a percepção externa da atividade, mas, especialmente, a percepção desses sujeitos sobre o que fazem, o projeto trabalhou inicialmente o conceito de invisibilidade. “Eles integram uma gama de trabalhadores que são invisíveis aos olhos da sociedade e trabalhar esses conceitos ajuda a comunidade a ver a atividade com outros olhos”, complementa o professor. O nível de presença nos encontros assegura o resultado positivo da ação, conforme se depreende de relatos como o de Izolde Aquino dos Santos, 56 anos, que trabalha há 12 nessa atividade e hoje está na Casa Herbert de Souza. “Minha vida mudou muito depois que passei a participar do projeto. O trabalho em grupo também mudou. Estamos mais unidos e trabalhamos nos sentindo mais leves”, disse. O resultado prático das atividades desenvolvidas com os monitores se reflete no atendimento às crianças e aos adolescentes e na forma como esses profissionais passam a enca-
Educação básica O programa Integração da Universidade com a educação básica também faz parte da parceria da Instituição com as casas de acolhimento. Inicialmente, o programa, coordenado pela professora Me. Sandra Mara Marasini, trabalhou com grupos que variavam de tamanho a cada encontro, desenvolvendo jogos de raciocínio e reforço do ensino de Matemática. O grupo era atendido no Campus da UPF. Essa proposta está passando por uma reformulação e deve ser retomada até o final do 2016. Em 2015, o programa assumiu o atendimento de crianças e adolescentes que estão em famílias acolhedoras, trabalhando inicialmente com três adolescentes, das quais duas permaneceram no projeto. A experiência, segundo a professora, revelou a necessidade de outra abordagem que vai além do reforço no aprendizado da disciplina de Matemática. A partir do momento em que os integrantes do programa passaram a dar atenção afetiva às adolescentes, elas começaram a melhorar o desempenho no aprendizado e até no relacionamento em sala de aula. “Primeiro, era conteúdo, mas, depois, percebemos que elas precisavam de atenção e isso mudou tudo. Quanto mais conversávamos com elas, mais elas se aproximavam de nós. Nunca faltaram, nunca cancelamos um encontro. Quando fizemos um seminário para analisar os projetos com a SEMCAS, nos surpreendeu o relato de uma psicóloga sobre o desempenho das meninas. Passaram a se expressar melhor e, por consequência, evoluíram no aprendizado”, diz a professora Sandra Mara. A experiência do programa revelou, segundo Sandra Mara, que às vezes o professor não sabe que um aluno tem problemas emocionais, e isso interfere no seu desempenho. “Essa experiência nos fez repensar nossas ações na formação de professores, tanto inicial como continuada”, projeta. Para Sandra Mara, os profissionais precisam aprender a identificar e a lidar com situações como a vivenciada no programa.
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universidade
Formação e qualificação docente para impulsionar o
CONHECIMENTO
Professores realizam mestrado e doutorado com o apoio da Instituição, trazendo qualidade para o ensino e maior produção de conhecimento
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formação contínua dos profissionais que integram o corpo docente da UPF é uma preocupação institucional. Com o apoio da Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, professores se qualificam por meio de mestrados, doutorados e pós-doutorados, realizados na Universidade e em instituições nacionais e internacionais. Dessas experiências, surgem parcerias que contribuem com o crescimento e a internacionalização da UPF. Hoje, o corpo docente da UPF é composto por quase 50% de mestres e 30% de doutores. Além disso, com o incentivo institucional, a cada ano mais professores e funcionários conseguem dar sequência aos estudos. Entre 2012 e 2017, 35 funcionários e 92 professores terão feito mestrados e doutorados com apoio da Universidade, e, até 2017, a Instituição contará com 18 novos pós-doutores. Para o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Leonardo José Gil Barcellos, o aperfeiçoamento do professor, seja em instituições internacionais ou nacionais, é fundamental para que a produção do conhecimento ocorra de forma intensa e permanente. “O crescimento da Universidade passa pela formação do professor. A Vice-Reitoria tem
Fotos: Caroline Simor
procurado oferecer possibilidades para que os professores sintam liberdade de buscar o conhecimento e o aperfeiçoamento. Além disso, procuramos incentivar essa busca, que vai trazer resultados na produção do conhecimento, nosso objetivo enquanto Universidade”, frisa, lembrando que a UPF ampliou o número de programas de pós-graduação, abrindo novas possibilidades dentro da própria Instituição. Incentivo para crescer Um exemplo de parceria entre Instituição e professor vem da docente Ana Cristina Varrone Giacomini. Formada em Ciências Biológicas pela PUC Campinas, com mestrado pela Unicamp, ela concluiu neste ano o doutorado em Farmacologia na Universidade Federal de Santa Maria. Segundo ela, que é professora nos cursos de Ciências Biológicas, Farmácia, Odontologia, Nutrição e Enfermagem, a motivação para buscar o crescimento veio do incentivo da UPF. “Ingressei no quadro docente da Instituição em 1997, na primeira turma de Medicina Veterinária. De lá até hoje, passei por vários momentos e processos de construção coletiva e individual, com a participação no Conselho Universitá-
Estudo também foi desenvolvido nos laboratórios da UPF
rio, nos conselhos de Unidades e em comissões institucionais. Graças ao apoio da Universidade, conquistei espaços e pude concluir o doutorado”, declara, ressaltando que os estudos em nível de doutoramento foram possíveis em razão da concessão, pela UPF, de 20 horas de licença pós-graduação. Na opinião da professora Ana, a Universidade, paralelamente ao plano de capacitação docente, investiu na abertura de novos programas de pós-graduação em diferentes áreas, o que possibilitou um avanço científico significativo para a Instituição.
O trabalho
Para concluir o doutorado, Ana Cristina desenvolveu a tese intitulada “Manipulação ambiental e farmacológica induz respostas comportamentais e endócrinas similares em peixe-zebra”. Segundo a professora, o objetivo do estudo foi avaliar a resposta ao estresse agudo em peixes isolados e agrupados e o efeito da fluoxetina, do diazepam e do enriquecimento ambiental sobre parâmetros comportamentais e endócrinos. “Verificamos que peixes agrupados apresentam maior resposta ao estresse e, assim, concluímos que o grupo é capaz de potencializar o estresse, porém, essa resposta é reduzida pela exposição à fluoxetina e ao diazepam na água e pelo enriquecimento ambiental”, destaca. Em relação aos fármacos na água, o estudo mostrou que a exposição aguda aos medicamentos fluoxetina e diazepam modula comportamentos de ansiedade, interação social e agressividade em zebrafish após estresse agudo e reduz a resposta ao estresse agudo em peixes isolados e agrupados, abolindo a diferença entre eles. “Do ponto de vista ecológico, peixes em contato com fluoxetina e diazepam na água não respondem a estímulos fisiológicos como neuroendócrinos, osmorregulatórios e comportamentais de forma adequada, tornando-se vulneráveis a predadores e doenças, entre outros”, explica, ressaltando que isso ocasiona um desequilíbrio no ecossistema. Sobre o enriquecimento ambiental, com a tese, foi possível verificar que peixes em ambiente enriquecido apresentaram redução na resposta de cortisol ao estresse, de maneira similar à ocorrida em peixes expostos a fluoxetina ou diazepam. “Atribuímos esse efeito ao fato de o enriquecimento ambiental proporcionar ao peixe uma sensação de segurança por estar num ambiente semelhante ao natural, com alternativas de refúgio frente a possíveis ameaças. Dada a importância translacional de peixes-zebra, destacamos que o enriquecimento ambiental é uma alternativa terapêutica complementar na redução do estresse”, conclui.
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comunidade Preparando
atletas para o futuro Projeto da UPF incentiva participantes a construírem uma trajetória profissional no esporte
Fotos: Divulgação/UPF
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cidade do Rio de Janeiro já está em contagem regressiva para receber um dos principais eventos do ano: as Olimpíadas Rio 2016. De 5 a 21 de agosto, centenas de atletas de vários países, competidores em diferentes modalidades, estarão no Brasil participando dos jogos, que envolverão 42 esportes e mais de trezentas provas. Com o propósito de formar crianças e adolescentes para que possam aprender e, principalmente, dar continuidade à prática esportiva, e, quiçá, construir um caminho no esporte, podendo chegar a uma trajetória profissional – tal qual a dos atletas olímpicos –, a Universidade de Passo Fundo (UPF) desenvolve o projeto Atleta do Futuro. Vinculado à Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC) e à Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (Feff), o projeto existe desde 2002. Nele, acadêmicos do curso de Educação Física, supervisionados por professores, executam ações com jovens da rede pública de ensino em diversos esportes, dentre eles capoeira, futebol 11, futsal, judô, natação, voleibol, basquetebol, taekwondo, atletismo, ginástica olímpica e dança. Tais atividades possibilitam a inter-relação entre ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica, além da promoção da educação em todos os seus aspectos, tanto a nível escolar, quanto
acadêmico/profissional e social. Segundo o coordenador, professor José Henrique Finatto Frandoloso, o projeto atende, em média, a mil atletas por ano. “Até o momento, em 2016, foram mobilizados 855 atletas”, conta. O começo no Atleta do Futuro Um dos diferenciais do projeto é o fato de alguns dos atletas apoiados pela Instituição terem iniciado sua trajetória desportiva nele, como, por exemplo, o judoca Daniel Paulo dos Passos da Silva. Passos conheceu o Atleta do Futuro em uma ação de divulgação na escola em que estudava. Depois de um tempo, se inscreveu e ingressou no projeto. “O Atleta do Futuro foi importante para mim por vários motivos. Na UPF, além de aprender com os treinamentos de judô, tive ensinamentos sobre disciplina, respeito e bom comportamento”, relata. Contando com o apoio da
Equipe de futebol formada no projeto
Universidade desde janeiro deste ano, Passos tem se destacado nas competições que disputou. Algumas de suas conquistas são: a vitória na Copa Santa Cruz do Sul e a vaga para integrar a equipe gaúcha do Campeonato Brasileiro Sub 21. Além de Passos, outra esportista da UPF que começou no Atleta do Futuro, como extensionista, é a carateca Manuela Spessatto. Seu irmão e também carateca Augusto Spessatto já treinou no projeto. Ambos conquistaram vários títulos: Manuela é campeã mundial e pentacampeã sul-americana e Augusto sagrou-se campeão em kata individual e em kumite equipe e vice-campeão em kata equipe no XVII Campeonato Brasileiro de Karate-do Shotokan JKA. O projeto Atleta do Futuro é gratuito e pode receber inscrições de escolas e da comunidade. Mais informações podem ser obtidas na secretaria da Feff, pelo telefone (54) 3316-8388.
Um dos esportes que o projeto engloba é a natação
Engajamento com a comunidade O projeto se constitui de dois eixos. O primeiro, chamado “Lazer, recreação, educação através da iniciação desportiva”, tem por finalidade a formação de base desportiva, e, por meio de ações recreativas e desportivas, propõe-se a incentivar, e, consequentemente, a motivar à prática de atividades físicas, promovendo lazer, saúde, qualidade de vida, e conduzindo a vivências e experiências socioeducativas. Já o segundo, denominado “Treinamento para o rendimento desportivo”, visa contemplar as qualidades do primeiro eixo e fomentar a participação de pessoas que desejam ser (ou já são) atletas de rendimento com objetivos olímpicos ou paraolímpicos. Considerado interdisciplinar, o Atleta do Futuro se caracteriza pelo forte engajamento nas ações propulsoras do bem-estar e do progresso social e pela articulação de parcerias, como as firmadas com as associações Vila Nova, Rodrigo Bilhar de Judô e Capoeira Angola Palmares. Dessa forma, suas propostas oferecem à comunidade regional um conjunto de atividades esportivas sociabilizadoras e educadoras, capazes de garantir o acesso de crianças carentes e em situação de risco ao esporte.
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Julho / Agosto 2016 Divulgação/UPF
comunidade
MAVRS
Há 20 anos incentivando novas interpretações da realidade Expoente da cultura passo-fundense, o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider tem a missão de democratizar o acesso à arte e à cultura, oportunizando a vivência e a apreciação das diversas linguagens artísticas
F
oi em 1996, a partir de um convênio firmado entre a Universidade de Passo Fundo e a Prefeitura Municipal, que se deu a criação do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS). O espaço, o único da tipologia no norte do estado, celebra 20 anos em 2016 e, mais do que preservar a história, democratiza o acesso à arte e à cultura, oportunizando a vivência, a aprendizagem e a apreciação das diversas linguagens artísticas, bem como seu conhecimento como patrimônio. O Museu de Artes Visuais Ruth Schneider foi inaugurado em 18 de maio de 1996, pela Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF), e é vinculado à Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC). Além disso, é cadastrado junto ao Sistema Estadual e Nacional de Museus e se constitui como um espaço de pesquisa e estágio para os acadêmicos do curso de Artes Visuais da UPF. Acervo e exposições: fomento à arte e à cultura A formação original do acervo se deu com um lote de aproximadamente duzentas doações feitas pela artista plástica passo-fundense Ruth Schneider - razão pela qual o Museu tem seu nome - e de doações de artistas e galeristas de Porto Alegre, como Milton Couto (Galeria Arte & Fato), Renato Rosa (Agência da Arte), Oficina 11, Roberto Schmith Prym e Museu do Trabalho, entre outros. Atualmente, o acervo do MAVRS é composto por mais de 1.300 obras entre gravuras, pinturas, desenhos, esculturas,
Museu foi inaugurado em 18 de maio de 1996
Visite! O Museu é aberto de terça a sexta-feira, das 8h30min às 17h30min, e aos sábados e domingos, das 13h30min às 17h30min. Nas segundas-feiras, há somente expediente interno. O espaço cultural está localizado na Avenida Brasil Oeste, 758, centro de Passo Fundo. Informações pelo telefone (54) 33168586, pelo e-mail mavrs@upf.br, ou no site www.upf. br/mavrs.
Quem foi Ruth Schneider Ruth Schneider nasceu em 8 de maio de 1943, na cidade de Passo Fundo. Desde pequena, gostava de passar o tempo copiando historinhas de gibis, e, aos 10 anos, ela já fazia colagens e imagens de revistas e jornais. Esse talento levou-a a transitar entre a pintura, a gravura, a escultura e o desenho. Autodidata, estudou, em 1974, no Ateliê Livre, em Porto Alegre, com artistas importantes como Fernando Baril e Paulo Porcella. Em 1990, expôs na 21ª Bienal Internacional de São Paulo. Participou de importantes salões internacionais e nacionais, como o 3º Salão Jovem Arte Sul América, e, em 1983, expôs no Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS). Sua obra traduz a essência do pensamento criativo e provoca um turbilhão de leituras.
fotografias, objetos e instalações de artistas como Xico Stockinger, Vasco Prado, Maria Tomaseli Cirne Lima, Gustavo Nackle, Luiz Gonzaga Mello Gomes, Nelson Jungbluth, Carlos Scliar, Henrique Fuhro, Danúbio Gonçalves, Nadja Rossato Cruz, Miriam Postal, Maia Mena Barreto, Clara Pechansky, Wilson Cavalcante, Tania Couto, Anico Herkowitz, Roseli Doleski Pretto, Maria Lucina Busato Bueno, Caé Braga, Benno Pfersher, Alice Brugmann, Fernando Baril, Enrico Bianco, Esther Bianco, Rosana Bortolin, Paulo Chimendes, entre outros. Conforme a coordenadora do MAVRS, museóloga Tania Aimi, desde 2006, o Museu conta com duas reservas técnicas, com sistema de traineis, e outra com mapotecas para o acervo sobre papel, onde são acondicionadas as obras que não estão em exposição. “Trabalhamos com a proposta de exposições de curta duração, revezando suas obras em exposições realizadas por meio de curadorias feitas por pessoas convidadas ou pela equipe do Museu”, comenta. Desde sua inauguração, já foram montadas mais de trezentas exposições intra e extramuros de curta duração, com obras do acervo e com trabalhos de artistas e de instituições convidadas, que visam oferecer à comunidade local e regional a oportunidade de vivenciar, aprender e apreciar as diversas linguagens artísticas para a formação de uma consciência estética e do exercício pleno da cidadania. “Além da observação às obras expostas, ocorrem encontros com os artistas expositores – durante a abertura de uma mostra ou em datas previamente agendadas – destinados a estudantes e a demais pessoas interessadas”, destaca a coordenadora. Edificação centenária abriga o MAVRS Em um terreno localizado na então Rua do Comércio, atual Avenida Brasil, foi construído, entre 1909 e 1911, o prédio para sediar a Intendência Municipal de Passo Fundo, inaugurado em 25 de julho de 1911. Na década de 1930, a sede do governo municipal passou a chamar-se Prefeitura e permaneceu nesse prédio até 1976. O prédio integra o Projeto Pró-Memória Gaúcha de 1984 e é tombado pelo município de Passo Fundo, integrando o Patrimônio Histórico do estado do Rio Grande do Sul. Em 1995, o prédio foi reformado para abrigar o Museu Histórico Regional (MHR) e o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider e, nos últimos meses, um novo investimento foi realizado, restaurando o prédio centenário que abriga os museus.
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UniversoUPF Fotos: Natália Fávero
universidade
Integrando a área da saúde
A
integração do ensino e do serviço prestado na rede pública, o currículo dos cursos da área da saúde e a reflexão sobre a saúde de forma integral são algumas das finalidades da Comissão de Integração Docente dos Cursos de Graduação da Área da Saúde da Universidade de Passo Fundo (Cias/UPF). A Cias é um órgão consultivo ligado à Vice-Reitoria de Graduação (VRGRAD) e promove importantes interfaces com a Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC) e com a Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (VRPPG). A Comissão reúne representantes de todos os 13 cursos da área da saúde da UPF (Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Estética e Cosmética, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social) e de cada uma das Vice-Reitorias. A integração desses cursos é um desafio e, ao mesmo tempo, é fundamental para que se possa repensar a saúde e para a organização e a construção do trabalho de equipes multiprofissionais de estratégias de saúde. “Os currículos e toda a dinâmica dos cursos de saúde da graduação da UPF passam a ser pensados, repensados e construídos a partir da ciência da necessidade de priorizar o atendimento compartilhado; ou seja, passam a privilegiar uma intervenção interprofissional com intensa troca de saberes e responsabilidades mútuas entre todos os profissionais da saúde e segmentos envolvidos. É um desafio que encanta e compromete”,
A Comissão de Integração Docente dos Cursos de Graduação da Área da Saúde da UPF é um órgão consultivo ligado à ViceReitoria de Graduação
Cias/UPF busca a aproximação e, cada vez mais, a qualificação dos 13 cursos da área de saúde da Instituição
declara a vice-reitora de Graduação Rosani Sgari. Um dos principais desafios da Cias neste momento é discutir e definir um perfil da área da saúde da UPF, passando pela análise dos currículos em conjunto visando identificar as potenciais interações de forma a propor um currículo integrado que proporcione a educação interprofissional e as práticas colaborativas em serviço. “A formação interprofissional não se refere somente à formação acadêmica, mas também aos processos de educação permanente pelo quais passam os profissionais durante o exercício da profissão. Esse modelo precisa de um sistema que não seja fragmentado, que permita a integralidade do cuidado e que privilegie principalmente as práticas colaborativas entre os diferentes atores da área da saúde. Esse é o nosso objetivo como Instituição”, ressalta a vice-reitora de Graduação.
Uma das atividades coordenadas pela Cias neste ano foi o VI Fórum de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, que integrou todos os cursos da área da saúde da UPF
ves, coordenadora do Pró-Saúde e docente do curso de Farmácia. “A Cias é responsável por promover a articulação entre os 13 cursos no campo do ensino, da pesquisa, da extensão e da inovação tecnológica, e a sua integração com os serviços de saúde e demais cenários de prática. Os encontros do órgão consultivo acontecem uma vez ao mês”, explicou a professora Cristina Fioreze. De acordo com a professora Carla Gonçalves, a Comissão também trabalha por uma educação interprofissional em saúde para garantir que o usuário tenha cuidado integral. “Entre as principais contribuições já efetivadas na/pela Instituição, está a aproximação entre os cursos da área da saúde, transpondo a distância física – justificada pelo fato de que os 13 cursos estão distribuídos entre sete unidades acadêmicas diferentes –, e a promoção de um espaço no qual são pensadas as ações para a área, voltado à padronização de definições relacionadas a esses cursos”, destacou. UPF tem papel decisivo na formação e na qualificação dos profissionais da saúde Uma das principais vocações de Passo Fundo é a área de saúde, na qual a UPF tem contribuído decisivamente, formando e qualificando profissionais para atuar além-fronteiras. “A Cias atua para buscar a melhor qualificação dos profissionais da saúde formados pela UPF. Além disso, a UPF tem como objetivo formar profissionais em saúde que atendam às reais necessidades da população”, assegurou a vice-reitora de Graduação.
A Cias A Comissão conta com uma gestão compartilhada pelos professores Me. Cristina Fioreze, coordenadora do curso de Serviço Social, Dr. Ivo Scherer, coordenador do curso de Medicina, e Dra. Carla Beatrice Crivellaro Gonçal-
Fórum de Reorientação da Formação Profissional em Saúde reuniu mais de 500 pessoas O VI Fórum de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, realizado na UPF, nos dias 3 e 4 de maio deste ano, reuniu mais de 500 pessoas, entre professores, profissionais, preceptores, residentes e acadêmicos, envolvendo os 13 cursos da área da saúde da UPF. O evento, coordenado pela Cias, foi realizado pela UPF, por meio do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde II), e pela Prefeitura de Passo Fundo, por meio da Secretaria de Saúde. O Fórum abrangeu mesas de debate, oficinas, cine fórum e exposição de experiências ligados ao tema central “Compartilhando experiências e possibilidades no ensino das profissões da saúde”. Esses fóruns são realizados na Universidade desde 2012 e também integram as ações do Pró-Saúde II.
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curso de graduação Fotos: Natália Fávero
Aproximação com a pós-graduação
O curso de Agronomia tem uma forte interação com a pesquisa científica, causada, principalmente, pela atuação dos acadêmicos em projetos de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGAgro). Responsável por formar recursos humanos na área de produção e proteção de plantas, o PPGAgro é formado pelo mestrado e pelo doutorado em Agronomia, cursos que receberam conceito 4 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Com cinco linhas de pesquisa, o Programa destaca-se pela forte inserção social na região Sul do país, por sua contribuição para a ciência e para a tecnologia na agricultura, tendo em vista a expressiva inserção dos egressos em cooperativas, em consultorias e em empresas de pesquisa e desenvolvimento ou de assistência técnica, e pela formação de docentes para o ensino superior. Segundo Chavarria, pela intensa ligação com a pesquisa, os alunos da Agronomia da UPF são sempre incentivados a dar sequência aos estudos por meio das pós-graduações da Universidade.
Agronomia: quando a prática e a pesquisa andam lado a lado Com reconhecimento internacional, curso existe há mais de cinco décadas
O Professor Dr. Geraldo Luíz Chavarria é o coordenador do curso de Agronomia da UPF
desenvolvimento tecnológico revolucionou a produção agrícola e trouxe ganhos não apenas no aspecto mecânico, mas em produtividade, sustentabilidade econômica, proteção do solo e da água e, especialmente, na implementação de biotecnologias. Isso tudo só é possível devido ao intenso trabalho da academia em prol da evolução das ciências agrárias. Nesse sentido, a Universidade de Passo Fundo (UPF) oferece à comunidade o curso de Bacharelado em Agronomia, que, em 54 anos de história, já formou cerca de 2.500 profissionais. Vinculada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV), a graduação foi criada no ano de 1961. Com duração de dez semestres, o curso visa
formar engenheiros agrônomos com perfil altamente técnico e que sejam capazes de planejar, gerenciar e executar atividades na agropecuária, de forma a utilizar tecnologias disponíveis e adequadas para os diferentes contextos do agronegócio, e a integrar o ambiente, visando à sustentabilidade e à preservação dos recursos naturais. Empresas privadas do setor agrícola, cooperativas e propriedades rurais e instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão são locais onde esse profissional pode atuar. De acordo com o coordenador do curso, professor Dr. Geraldo Luiz Chavarria Lamas Júnior, os alunos formados em Agronomia pela UPF conseguem se inserir com facilidade no amplo mercado de trabalho. “Temos egressos em diversos locais do Brasil, sobretudo na área de produção de grãos. Até 2050, se terá de alimentar 9,5 bilhões de pessoas. Para isso, a demanda de alimentos deverá aumentar entre 50 e 60%, e o engenheiro agrônomo é o agente principal desse processo”, conta. Infraestrutura, internacionalização e parcerias com empresas Dentre os vários diferenciais do curso, a infraestrutura da FAMV possibilita que os estudantes tenham um vasto
Graduação tem forte relação com a pesquisa
conhecimento da futura profissão. Os laboratórios de Solos; Fitopatologia; Fisiologia vegetal; Física de solos; Biotecnologia; Microbiologia agrícola; Plantas daninhas; Nematologia e de Entomologia são alguns desses espaços. “Ao todo, são 24 laboratórios, dos quais 16 estão localizados nos prédios da Agronomia e oito no Centro de Pesquisa em Alimentação (Cepa). Também há o Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária (Cepagro) com 270 ha, que é composto pelo Campo Experimental e por uma área distribuída em oito setores agrícolas e zootécnicos, que dão suporte às aulas práticas e às atividades de pesquisa e extensão”, comenta Chavarria. Outro destaque da Agronomia da UPF é a sua internacionalização. Em 2013, o curso foi acreditado no Programa Arcu-Sul, que é regido pelos ministérios de educação da Argentina, do Brasil, do Paraguai, do Uruguai, da Bolívia e do Chile. Além disso, mais um dado importante é o fato de a graduação ser a única de uma universidade não pública a estar entre os 12 cursos acreditados de Agronomia no Brasil. Parcerias do curso com as empresas Monsanto (Projeto Prime) e Bayer e com a cooperativa paranaense Copacol possibilitam, ainda, melhorar a capacitação dos alunos para o mercado. “Em virtude de a graduação estar inserida em uma região com o maior PIB agrícola do estado, os acadêmicos da UPF têm a oportunidade de ter aulas junto ao setor produtivo, além de construir vivências individuais em função de estágios não curriculares”, relata o coordenador do curso de Agronomia.
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curso de graduação
ODONTOLOGIA:
há 55 anos formando profissionais altamente qualificados Fotos: Alessandra Pasinato
Graduação na UPF é destaque pela infraestrutura e pelo trabalho realizado com a população
uma série de diferenciais que preparam os alunos e os aproximam da realidade da área. “Prestamos apoio à pesquisa e à extensão, além de possibilitar a vivência na rede municipal de saúde, na odontologia hospitalar, em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), e no âmbito universitário, o que ocasiona o desenvolvimento de ações em outras unidades da Instituição, em consonância com as diretrizes curriculares, que prezam pela abordagem multidisciplinar na formação do acadêmico”, relata Souza. Acadêmicos têm contato com a atividade prática nos laboratórios
A
Faculdade de Odontologia volvidas as atividades pré-clínicas; e (FO) da Universidade de Pas- cinco clínicas multidisciplinares, onde so Fundo (UPF) completou, são realizados os atendimentos clínicos no mês de maio, 55 anos de de pacientes da comunidade de Passo história. Nesse tempo, a unidade acadê- Fundo e região, visando à prevenção e mica, considerada uma das primeiras ao tratamento das patologias da cavidaa compor a Instituição, formou quase de oral”, comenta o coordenador do cur2.400 profissionais, que se graduaram so, professor Dr. Matheus Albino Souza. no curso de Odontologia e conquistaram posições importantes no mercado Intensa preparação dos estudantes de trabalho. os aproxima da vida profissional Formado por um corpo docente alOfertada desde o ano de 1961, a graduação objetiva formar cirurgiões- tamente qualificado, o curso permite a -dentistas com atuação generalista inserção do cirurgião-dentista em um multidisciplinar, pautada em princípios amplo campo de atuação. Conforme humanistas, éticos e legais, e que este- Souza, esse profissional poderá trabajam capacitados ao exercício da profis- lhar em âmbito laboratorial (público são com base no rigor técnico e e privado) e hospitalar. Já no científico, tendo ainda um per- Mais informações setor público, terá a possifil crítico e reflexivo. Com aulas sobre o curso de bilidade de compor equipes ministradas, de modo intermultiprofissionais da área da Odontologia e calado, nos turnos da manhã, sobre o mestrado saúde e também na gestão do e doutorado em tarde e noite, ao longo de dez serviço, contribuindo, desOdontologia sa forma, com as políticas de semestres, o curso se destaca podem ser saúde. Por fim, nas clínicas e na região Norte do Rio Grande obtidas no site consultórios particulares, ele do Sul pela sua infraestrutura e www.upf.br. realizará ações relacionadas à pela atuação com a comunidade local e regional. prevenção das doenças e a proNos espaços da FO, os acadêmicos cedimentos clínicos curativos, estéticos têm a possibilidade de vivenciar na prá- e cirúrgicos. tica o cotidiano da futura carreira. “São Para que esse trabalho possa ser mais de dez laboratórios, onde, além executado da melhor forma possível, das atividades de pesquisa, são desen- a graduação na UPF é constituída de
Incentivo no prosseguimento dos estudos Estimular os estudantes a dar sequência aos seus estudos após o término da graduação é uma ação importante feita pela unidade acadêmica. Nesse sentido, a FO dispõe de cursos de pós-graduação lato e stricto sensu que qualificam os cirurgiões-dentistas. Segundo o professor Matheus, além da qualidade no ensino de graduação, a Faculdade de Odontologia oferece diversos cursos de atualização e especialização, dentre os quais o único programa de residência em cirurgia buco-maxilo-facial, e, também, o único programa de pós-graduação a nível de mestrado e doutorado da região Norte do estado do RS: o Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGOdonto). O coordenador destaca, ainda, que o aluno ingressante no curso de Odontologia da UPF pode desenvolver toda sua formação dentro da Instituição. “Durante toda a graduação, o acadêmico é incentivado a realizar estudos em nível de pós-graduação. Esse estímulo se dá a partir de sua inserção em projetos de pesquisa e extensão e da participação em cursos, palestras e seminários que possibilitam o aprofundamento do conhecimento e que, além de agregar conhecimento à sua formação, permitem a reflexão sobre sua qualificação futura dentro dos nossos cursos de pós-graduação”, finaliza.
Professor Dr. Matheus Albino Souza é o coordenador do curso de Odontologia da UPF
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universidade Autonomia e flexibilidade na formação acadêmica UPF Virtual promove a Educação a Distância como ferramenta para viabilizar ou aprimorar a formação, na graduação, pós-graduação ou extensão. UPF tem credenciamento pleno para oferecer cursos nessa modalidade
A
facilidade de programar os estudos de acordo com a rotina individual e fazer isso sem precisar se deslocar está entre os fatores que levam muitos brasileiros a optarem pela Educação a Distância (EaD). De acordo com o censo mais recente da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), em 2014, foram oferecidos mais de 25 mil cursos nessa modalidade. Foram mais de 3,8 milhões de matrículas, das quais aproximadamente um milhão são em cursos regulamentados para funcionamento totalmente a distância, ou semipresenciais ou com disciplinas EaD em cursos presenciais. O restante das matrículas é referente a cursos livres, que não necessitam de autorização de órgão legal. Tendo por base o censo, com relação à evolução das matrículas em cursos regulamentados totalmente a distância, entre 2013 e 2014, evidenciou-se que em 55% das instituições houve crescimento, em 23% o número permaneceu inalterado e em apenas 9% houve menos matrículas do que no período anterior. Em sintonia com essa realidade, a UPF mantém, desde 2000, uma divisão responsável por apoiar e gerir as ações e políticas da modalidade EaD. Vinculada à Vice-Reitoria de Graduação (VRGRAD), a UPF Virtual realiza os seguintes serviços: promove videoconferências; produz videoaulas; presta assessoria e consultoria na produção de objetos de aprendizagem; adapta material de apoio para EaD; apoia a criação e a implementação de cursos on-line; capacita docentes e discentes para a EaD; presta suporte ao ambiente virtual Moodle; e acompanha atividades semipresenciais. Além disso, assessora na elaboração de projetos de cursos de graduação, uma das suas principais atribuições. A equipe da UPF Virtual é composta pelo coordenador, Dr. Roberto dos Santos Rabello, e pelos funcionários Daniel Dias, Rafaela Bohrz e Renata Andreolla. Para o coordenador, a Educação a Distância se constitui como uma importante estratégia, tanto se utilizada como recurso em aulas majoritariamente presenciais quanto em modalidades predominantemente a distância. “Hoje, a EaD
Foto: Gelsoli Casagrande
está consolidada, não é mais uma tendência, e sim uma realidade”, salienta. Credenciamento pleno A UPF tem, desde 2013, credenciamento pleno para a modalidade de EaD. Com isso, tem autonomia para oferecer cursos de graduação, pós-graduação ou extensão por essa modalidade. A primeira turma de curso a distância, o MBA em Gestão e Governança em TI, já está em fase de conclusão. Os estudantes do MBA realizaram apenas as avaliações de forma presencial, uma vez a cada semestre. Essa flexibilidade facilitou o ingresso de acadêmicos oriundos de localidades mais distantes de Passo Fundo, como cidades da serra gaúcha, Porto Alegre e Mato Grosso.
Equipe da UPF Virtual é responsável pelas ações de educação a distância na Universidade
Benefícios para o aluno Flexibilidade e autonomia são apontadas por Rabello como as principais van-
Cursos
A UPF Virtual promove, semestralmente, cursos de formação docente em EaD. São oferecidos dois módulos – Fundamentos de EaD e Planejamento de curso a distância – destinados para professores da UPF, principalmente aos docentes ministrantes de disciplinas semipresenciais. O curso já teve mais de 350 participantes. A divisão oferece uma formação em EaD destinada a professores do ensino fundamental, médio e superior e à comunidade em geral. Além disso, outras formações externas já foram ofertadas na plataforma, tais como o curso de extensão em Agroecologia, promovido pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA/UPF), em parceria com Cetap-Coonalter-Núcleo Planalto da Rede Ecovida, em projeto aprovado pelo CNPq-MDA-Mapa-Secis/MCTI-MPA-MEC, e os cursos, gratuitos, de inclusão digital, como os de formação de monitores de telecentros, de centro de recondicionamento de computadores (CRCs) e de pontos de cultura. Também, foram oferecidos o curso de formação de coordenadores municipais de TIC e inclusão digital e comunicação por intermédio de mídias sociais digitais e o curso de formação de agentes técnicos de TIC para inclusão digital e sustentabilidade dos telecentros. Todas essas atividades foram oferecidas a partir de uma parceria entre o Grupo de Estudo e Pesquisa em Inclusão Digital da Universidade de Passo Fundo (Gepid/UPF) e o governo do estado do Rio Grande do Sul. A UPF, por meio da UPF Virtual, foi homologada junto à Rede Universitária de Telemedicina (Rede Rute) em março deste ano. A iniciativa, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem como objetivo apoiar o aprimoramento de projetos em telemedicina e incentivar o surgimento de trabalhos interinstitucionais.
tagens para quem opta por essa modalidade. Na UPF, as atividades virtuais são realizadas na plataforma Moodle, que dá acesso a diversas ferramentas de interação entre professores e estudantes e de suporte às aulas, como os recursos de videoconferência, vídeos/videoaulas e disponibilização de materiais didáticos. A maior parte dos cursos de graduação da UPF prevê a realização de disciplinas semipresenciais, que podem ser cursadas a distância nos percentuais de 20%, 50% ou 80%. Hoje, o curso que tem mais disciplinas na modalidade bimodal é Análise e Desenvolvimento de Sistemas, com aproximadamente 15% de integralização do currículo. Além disso, a divisão oferece cursos de capacitação de alunos, como o Curso de Introdução ao Ambiente Virtual Moodle e o Curso de Atualização de Acordo com o Novo Acordo, ambos realizados virtualmente. Expansão da EaD na UPF A UPF Virtual busca, junto com outros setores da Universidade, ampliar o número de disciplinas semipresenciais nos currículos dos cursos. Além disso, em resposta à demanda, deve-se ampliar o portfólio de cursos de pós-graduação e de extensão oferecidos nessa modalidade. A expansão também pode ocorrer pela inclusão da extensão nos currículos dos cursos da graduação. A realização de videoconferências, em aulas, eventos ou bancas de mestrado e doutorado vem crescendo. Em 2015, a UPF Virtual realizou mais de 140 videoconferências, e só nos primeiros meses de 2016 já foram mais de cinquenta. Com o aumento das solicitações desses serviços, a UPF Virtual planeja dispor de um ambiente próprio para essa finalidade, ampliando sua infraestrutura.
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Foto: Natália Fávero
universidade Um acervo dedicado a
JOSUÉ GUIMARÃES Acervo Literário de Josué Guimarães (Aljog), localizado na UPF, abrange mais de oito mil itens, que ajudam a manter viva a memória de um dos mais importantes escritores gaúchos
A
morte do escritor gaúcho, da Dra. Maria Luiza Ritzel Remédios, político, jornalista e for- conta com mais de oito mil itens agrumador de leitores Josué pados segundo as normas do Manual Guimarães completou 30 de Organização do Acervo Literário de anos em 2016. O Acervo Literário de Érico Veríssimo, de Maria da Glória Josué Guimarães (Aljog), localizado na Bordini. Os itens são colecionados e Universidade de Passo Fundo (UPF), catalogados por classes subdivididas abrange milhares de itens que contri- segundo o suporte físico do item. buem para manter viva a história de O Aljog conta com originais, correspondências, publicações na um dos mais importantes escritores da literatura brasileiimprensa, esboços, notas e Para conhecer ra. Nascido em 1921, em São objetos pessoais, entre outros. o Acervo, é necessário Jerônimo, o escritor gaúcho Está localizado na Biblioteca agendar faleceu em 23 de março de Central da UPF, no Campus I, visita. Outras 1986. No primeiro semestre em um espaço de, aproximainformações damente, 42 metros quadrado ano, o Aljog proporcionou pelo site dos, especialmente adaptado ao público uma programação www.upf.br/aljog. para receber os materiais e especial em homenagem ao dividido em dois ambientes. escritor, incluindo uma exposição com o tema "Tempo de ausência: “Faz parte do trabalho em acervo literário a conservação dos itens que 30 anos sem Josué Guimarães". Josué Guimarães e Passo Fundo têm compõem o espólio do autor, seus oriuma ligação muito especial. O escritor ginais, fotos, objetos pessoais, livros, ajudou a consolidar uma das maiores etc. Da mesma forma, o trabalho com movimentações culturais brasileiras, as acervo prevê a atualização da memória Jornadas Literárias. “Josué foi o autor do autor, ressignificando a sua obra, que respaldou a ideia de Tania Rösing rediscutindo aquilo que, produzido de realizar, no início dos anos 1980, um em outro contexto, pretérito, pode ajuencontro entre autores e leitores, em dar a entender o momento presente”, uma perspectiva inovadora. Participou, destacou Rettenmaier. assim, dos primeiros movimentos das Um pouco de Josué Jornadas Literárias de Passo Fundo”, O autor trabalhou em diferentes liressaltou o coordenador do Aljog, professor Dr. Miguel Rettenmaier. nhas de criação literária, na narrativa Esse vínculo com a Capital Nacional histórica, na abordagem dos fatos conde Literatura foi um dos motivos para a temporâneos e em uma base alegórica, instalação do Acervo na Universidade. apelando criativamente ao sobrena“O Aljog foi criado na PUCRS, nos anos tural. Da mesma forma, como corres1990, no projeto de um Centro de Memó- pondente, escreveu livros de viagens; ria Literária, ao lado de acervos como um deles, As muralhas de Jericó, com os de Érico Veríssimo, Mário Quintana e revisão de Maria Luiza Remédios, no Dyonélio Machado. Em 2007, por vonta- qual trata de sua viagem a países sociade dos herdeiros, o Acervo foi transferi- listas, foi publicado muitos anos após do para a UPF, pelos vínculos do autor sua morte. Escreveu roteiros teatrais, com a cidade e com o projeto das Jorna- mas apenas um foi aceito para publicadas”, revelou o coordenador do Aljog. ção. Trata-se da peça Um corpo estranho entre nós dois, a qual, inclusive, Acervo conta com mais se encontra em fase de produção em de oito mil itens São Paulo. “Josué Guimarães é um dos O material do Aljog, antes sob os cui- mais importantes nomes da literatura dados da PUCRS e sob a coordenação do RS. Sua obra, de forte conteúdo po-
UPF realizou no primeiro semestre uma programação especial em homenagem ao escritor, incluindo uma exposição com o tema “Tempo de ausência: 30 anos sem Josué Guimarães”
lítico, integra uma estética realista de denúncia e de combate pela palavra”, comenta o coordenador do Aljog. Homenagem ao escritor No início deste ano, a UPF, por meio de distintos projetos associados ao curso de Letras e ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e à Faculdade de Artes e Comunicação (FAC), realizou várias atividades em homenagem aos 30 anos de ausência de Josué Guimarães. Entre as atividades realizadas, esteve um painel em “Homenagem a Josué Guimarães”, com os professores Dra. Maria da Glória Bordini (UFRGS) e Dr. Pedro Brum Santos (UFSM) e mediação do professor da UPF Miguel Rettenmaier. A programação contou ainda com um debate no projeto Livro do Mês, com a presença do escritor Tabajara Ruas, falando sobre a obra de Josué Guimarães É tarde para saber. O projeto Livro do Mês, da Capital Nacional da Literatura, comemora em 2016 dez anos de existência e envolve a comunidade universitária e escolar de Passo Fundo e região. Também foi realizada a exposição “Tempo de ausência: 30 anos sem Josué Guimarães”, no Centro de Convivência da UPF e no shopping Bella Città.
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Julho / Agosto 2016 Foto: Arquivo pessoal
reconhecimento Egressa está entre as dez mulheres mais influentes do mundo Java Fabiane Bizinella Nardon é cientista da computação, reconhecida e premiada internacionalmente. Atualmente, dedica-se à sua própria empresa, uma das maiores bases de dados do país
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ma cientista da computação totalmente apaixonada por tecnologia. Assim é como define a si mesma Fabiane Bizinella Nardon, a brasileira que está entre as dez mulheres mais influentes do mundo Java. Natural de Soledade, Fabiane iniciou sua trajetória profissional com a graduação em Ciência da Computação na Universidade de Passo Fundo (UPF), onde desenvolveu seu potencial e se tornou referência na sua área de atuação. Atualmente, Fabiane é cientista chefe da TailTarget, uma das empresas que ajudou a fundar, que tem sede em São Paulo e processa 1,5 bilhões de novos registros por dia, formando uma das maiores bases de dados do país. Sobre a escolha pela UPF, ela conta que, embora, na época, o fator geográfico tenha sido importante, a credibilidade da Instituição foi fator determinante. “Como eu morava com a minha família em Soledade, estudar em uma cidade próxima era a opção mais natural. A Universidade também tinha uma boa referência e, por isso, o único vestibular que fiz foi na UPF; as outras universidades nem foram consideradas”, lembra. Da UPF... Para Fabiane, a formação na UPF colaborou de forma significativa com seu desenvolvimento intelectual. “Tive colegas brilhantes que, sem dúvida, ajudaram na minha formação. Tive também excelentes professores, que trouxeram bons desafios. O fato de o curso de Ciência da Computação da UPF ser oferecido
Uma mulher de destaque
em dois turnos, com uma carga horária elevada, também foi excelente para a minha formação”, justifica. A egressa destaca um dos pontos mais marcantes do curso: “Só agora consigo medir o quanto uma característica bem peculiar do curso da UPF foi importante para a minha formação: nunca houve nenhum tipo de discriminação com as mulheres da turma”, diz, comentando que só percebeu que computação era uma área predominantemente masculina em São Paulo. “Esse tratamento igualitário tanto entre os colegas de turma quanto com os professores foi, sem dúvida, um dos fatores mais importantes na minha formação. Hoje, ouço muitas histórias de meninas que desistem da carreira por causa do tratamento discriminatório que recebem nos seus cursos e é uma pena que isso aconteça”, pondera Fabiane. ...para o mundo! Logo após a conclusão do curso de Ciência da Computação na UPF, em 1993, Fabiane seguiu no mestrado na mesma área, na UFRGS. “Quando concluí o mestrado, trabalhei por um ano em um projeto de pesquisa na própria UFRGS e então aceitei uma proposta para trabalhar no Hospital das Clínicas de São Paulo”, conta ela. Em São Paulo, fez o curso de doutorado em Engenharia Elétrica da USP, enquanto mantinha paralelamente uma carreira profissional. Quando começou na área de programação, comenta Fabiane, o Java já estava se tornando a linguagem mais utilizada no ambiente corporativo. “Por ser uma linguagem independente de plataforma, o que eu achava um diferencial importante na época, foi uma decisão bastante natural me especializar nessa linguagem”. Em Java, Fabiane já desenvolveu inúmeros projetos, tendo, alguns deles, se tornado referência. “Quando trabalhava na área de saúde, eu fui a
Fabiane foi considerada uma das mulheres mais influentes do mundo Java e integra a lista “10 Influential Women in Java, Scala and Everything in Between”, anunciada recentemente por uma publicação especializada em Java. “Eu fiz e ainda faço muito trabalho voluntário para compartilhar conhecimento sobre a plataforma Java. Fui uma das fundadoras do SouJava, já publiquei vários artigos no Brasil e no exterior sobre a plataforma, já organizei muitas conferências na área e sempre que possível participo de eventos com palestras técnicas sobre a tecnologia. Tenho feito também um trabalho para incentivar mulheres a participar da área”, ressalta a cientista, que
principal arquiteta do Sistema Siga Saúde, que informatizou o sistema público de saúde da cidade de São Paulo e foi considerado, na época, o maior sistema Java do mundo. Na ToolsCloud, criamos um ambiente de ALM na nuvem, com ferramentas como Redmine, Jenkins e outras integradas. Essa plataforma é utilizada por diversas empresas hoje. Na TailTarget, desenvolvemos algoritmos de machine learning capazes de detectar comportamentos on-line de consumidores. Esses algoritmos são utilizados hoje por muitas das maiores empresas do país, em um rol que inclui desde os maiores portais até montadoras de automóveis e grandes empresas de comércio on-line”, relata a egressa da UPF. Entre os trabalhos voluntários dos quais participou, Fabiane lista o fato de que foi uma das fundadoras do SouJava, o maior grupo de usuários Java do mundo. Ainda, foi líder da comunidade mundial JavaTools, onde mais de oitocentos projetos open source foram criados, e, também, fez parte da organização ou do comitê de seleção de várias conferências nacionais e internacionais de tecnologia. A atuação de Fabiane não somente é referência, como também é reconhecida com importantes prêmios internacionais. “Em 2005, o projeto SIGA Saúde ganhou o Duke's Choice Award como melhor aplicação em larga escala do ano. Em 2006, uma aplicação chamada The Virtual Health Pet ganhou o Special Jury Award do concurso Simagine, em Barcelona. Em 2015, a TailTarget ganhou o Duke's Choice Award no JavaOne em San Francisco. Eu também ganhei o título de Java Champion da Sun Microsystems como reconhecimento à minha contribuição ao ecossistema Java”, comemora a cientista da computação.
Fabiane durante palestra no evento Java One Brasil2015
Foto: Divulgação
Fabiane é natural de Soledade e cursou Ciência da Computação na UPF
avalia essas ações como propulsoras do destaque recebido. A lista coloca Fabiane ao lado de cientistas de renome internacional. “As outras mulheres são excelentes profissionais e, para mim, é um imenso orgulho estar ao lado delas nessa lista”, salienta. Além de Fabiane, outra brasileira compõe a lista: “Yara Senger é minha amiga e uma pessoa brilhante”, declara a egressa da UPF. O foco de Fabiane está, atualmente, na sua empresa, a TailTarget, contudo, além disso, ela se dedica a continuar crescendo e desenvolvendo novos produtos inovadores. “Espero poder continuar trabalhando na área de tecnologia, fazendo projetos interessantes
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fique por dentro Representação institucional BSBios/UPF apresenta equipe de 2016
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equipe de voleibol feminino BSBios/UPF foi apresentada oficialmente, em abril, na Universidade de Passo Fundo (UPF). Autoridades, apoiadores e representantes de veículos de imprensa acompanharam a divulgação da composição do grupo que irá disputar a temporada 2016 de competições. Na oportunidade, o reitor José Carlos Carles de Souza destacou que o momento era de comemoração. “Estamos vivendo uma tarde memorável. Não estamos só comemorando as vitórias da equipe e do esporte, mas sim de um grande projeto. Um projeto de inclusão, de cidadania e de responsabilidade social”, declarou. O diretor presidente da BSBios Erasmo Carlos Battistella parabenizou o time, que, em 2015, sagrou-se campeão estadual. “Essa é a prova de que quem planta, um dia colhe. Nós plantamos e já colhemos bons frutos com a BSBios/UPF”, comemorou.
Comitiva da UPF participa da Jornada de Extensão do Mercosul
O
s professores que representaram a UPF na V Jornada de Extensão do Mercosul, que aconteceu em Tandil, na Argentina, participaram da equipe docente de 17 mesas temáticas durante o evento. Além disso, acadêmicos bolsistas e voluntários extensionistas também apresentaram trabalhos durante o evento realizado em maio. A vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF Bernadete Maria Dalmolin participou da solenidade de abertura. A Jornada de Extensão do Mercosul é realizada em parceria entre a UPF e a Universidade Nacional do Centro da Província de Buenos Aires (Unicen) desde 2010. Os encontros anuais permitem o desenvolvimento do trabalho em rede e contribuem para o avanço nas discussões e nos acordos que permitem fortalecer a extensão universitária no Mercosul. A programação inclui encontros, painéis, mesas temáticas divididas em 18 áreas, com apresentações de trabalhos e discussões do tema, atividades culturais, encontro estudantil e apresentação de livro. Ao todo, essa edição do evento teve quase 470 trabalhos aprovados dentre mais de 1,5 mil inscritos. Além disso, foram selecionados mais de 280 pôsteres durante o evento.
Seminário de Atualização Pedagógica recebe professores da região Um momento de reflexão e aprimoramento da prática docente foi proporcionado para cerca de setecentos professores que participaram do 8º Seminário de Atualização Pedagógica para Professores da Educação Básica. O evento, realizado em junho, é uma promoção da Vice-Reitoria de Graduação da Universidade de Passo Fundo (VRGRAD/UPF), em conjunto com as unidades acadêmicas e com a área de Prática de Ensino e Estágios. Ação de interlocução entre a Universidade e as redes pública e privada de educação básica, o seminário contribui para a promoção da qualidade da educação nos diferentes níveis de ensino. Em 2016, os debates foram pautados pela temática “Quem sabe faz. E quem ensina? Dialogando sobre a docência”, em uma palestra ministrada por Augusto Niche Teixeira, professor e pesquisador da área da Educação. Essa atividade ocorreu no turno da manhã, no Centro de Eventos da UPF, e, à tarde, aproximadamente 1.200 professores participaram de 44 minicursos em diferentes áreas do conhecimento.
Lançamentos da UPF Editora Coletânea de artigos da Especialização em Tecnologia Ambiental em Recursos Hídricos Org. Evanisa Fátima Reginato Quevedo Melo
Os movimentos sociais como educadores: contribuições políticas e pedagógicas do Acampamento Natalino Autor: Telmo Marcon
Todas as obras estão disponíveis na página da UPF Editora, www.upf.br/editora
Transnacionalidade, direito ambiental e sustentabilidade: contribuições para a discussão na sociedade hipercomplexa Volume 2 Orgs. Marcelo Buzaglo Dantas, Maria Claudia da Silva Antunes de Souza, Liton Lanes Pilau Sobrinho
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Inauguração representa um avanço
em inovação tecnológica para a
região Norte do Rio Grande do Sul
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1: Reitor José Carlos Carles de Souza historiou as ações desenvolvidas para a construção do Parque; 2: Governador José Ivo Sartori destacou a importância dos parques científicos para o crescimento do estado; 3: Autoridades, lideranças políticas e empresariais de Passo Fundo e região marcaram presença no evento; 4: Placa localizada no Módulo II marca a entrega da Central Multiuso de Equipamentos e Centro Tecnológico e Incubadora para Agricultura de Precisão do Parque; 5: Acompanhado pelo reitor, por professores da UPF e por lideranças políticas, o governador visitou as instalações do Parque; 6: Autoridades conheceram a estrutura dos laboratórios; 7: Governador conheceu os equipamentos instalados no Módulo II; 8: Governador recebeu uma amostra dos produtos desenvolvidos no NutraAli; 9: O reitor da UPF e o diretor-presidente da BSBios, Erasmo Carlos Battistela, entregaram ao governador Sartori a proposta de criação do Arranjo Produtivo Local Biodiesel, projeto a ser gerido pela UPF; 10: Ex-prefeito Airton Dipp, reitor José Carlos Carles de Souza e gestor acadêmico do UPF Parque Charles Israel.
Inauguração dos Módulos II e III do UPF Parque