Revista Universo UPF #01 - Junho/2012

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espaço do leitor Prezado leitor,

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stamos lhe apresentando a primeira edição da Revista Universo UPF, publicação jornalística da UPF que passa a circular com o objetivo de apresentar ações, projetos e pesquisas da instituição referência em ensino na região norte do Rio Grande do Sul. Com perfil informativo e periodicidade bimensal, a revista vai destacar a produção científica, acadêmica, institucional, cultural e a inserção comunitária da UPF. Para isso, busca elementos do jornalismo científico, do noticiarismo, da prestação de serviços e da opinião, em um formato que interliga a profundidade do conteúdo e a facilidade de leitura, por meio de as-

pectos visuais atrativos e textos objetivos. A Revista Universo UPF pretende constituir-se em um canal de comunicação da instituição com a comunidade, e para que obtenhamos êxito, queremos a sua opinião a cada edição. O canal está aberto! Para participar do Espaço do Leitor, envie seus comentários, sugestões, impressões sobre esta publicação para o e-mail imprensa@upf.br. Nossos telefones de contato são (54) 3316-8142 e 3316-8138

Boa leitura a todos! Equipe de produção da Revista Universo UPF

nesta edição Pg 08-09

n Ambiente favorável à inovação

Confira as ações da UPF na geração e transferência de novos conhecimentos e tecnologias

Pg 14-15

n Linhas e formas de Passo Fundo resistem ao tempo Conheça a história arquitetônica e paisagística da cidade e descubra quais são os bens a serem preservados

Pg 12-13

n Do consumo ao consumismo

Educação financeira para auxiliar população de superendividados de Passo Fundo

Pg 19

n Toma um comprimido que passa!

Estudante de Farmácia pesquisa o uso inadequado do paracetamol e os problemas que a má administração pode causar

Revista Universo UPF - nº 01 Junho/2012 A Revista Universo UPF é uma publicação da Universidade de Passo Fundo e tem distribuição gratuita

Reitor: n José Carlos Carles de Souza Vice-reitora de Graduação: n Neusa Maria Henriques Rocha Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: n Leonardo José Gil Barcellos Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: n Bernadete Maria Dalmolin Vice-Reitor Administrativo: n Agenor Dias Meira Júnior Produção de textos e edição: Carla Patrícia Vailatti (MTb/RS 14403); Caroline Simor da Silva (MTb/RS 15861); Cristiane Sossella (MTb/RS 9594); Leonardo Rodrigues Andreoli (MTb/RS 14508); Maria Joana Chaise (MTb/RS 11315) e estagiários Emílio Arruda e Fiorelo Rigon Neto. Revisão de textos: Projeto gráfico: Fábio Luis Rockenbach e Luis Antonio Hoffman Diagramação e capa: Núcleos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda da Agência de Comunicação e Marketing UPF

Universidade de Passo Fundo - BR 285, Bairro São José - Passo Fundo/RS CEP: 99052-900 Fones (54) 3316 8100 www.upf.br


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universidade Foto: Carla Vailatti

casa Longe de

sonho mas perto de um

Milhares de brasileiros realizam o sonho da formação superior gratuita em Passo Fundo por meio do Prouni. A UPF é a instituição gaúcha que mais ofereceu vagas no último processo seletivo do programa

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ursar o ensino superior ainda é uma realidade distante para a maioria dos jovens brasileiros. Mas esse déficit vem diminuindo ano a ano desde a criação do Programa Universidade Para Todos (Prouni) do governo federal. A UPF foi uma das instituições que aderiu ao programa desde o primeiro processo seletivo, ainda em 2005. De lá pra cá, a oferta de vagas aumentou mais de 1.300% na instituição. No último processo seletivo, a UPF foi a instituição gaúcha com o maior número de vagas oferecidas, totalizando 14,35% do total de bolsas disponibilizadas em todo o Rio Grande do Sul, a nona colocada no Brasil. Entre bolsas integrais e parciais de 50%, foram ofertadas no total 1.738, das 12.108 vagas disponíveis no estado. Para aproveitar a chance de se graduar, vale tudo. Até fazer as malas e viajar centenas ou milhares de quilômetros.

Foto: Leonardo Andreoli

Longe de casa A UPF foi o destino de Felipe Appel. O jovem de 18 anos, que morava em Rondonópolis, no Mato Grosso, viajou 1,8 mil quilômetros para poder estudar na Faculdade de Medicina. “Quando saiu a aprovação, a sensação foi du-

Natural do Mato Grosso, Felipe Appel está a quase 2 mil quilômetros distante de casa para realizar o sonho de se formar

pla. Por um lado estava totalmente empolgado pelo fato de começar medicina numa das melhores instituições particulares do país. Era um sonho se tornando real de uma maneira bem acima do esperado”, conta. Por outro lado, se afastar do conforto de casa é um desafio com o qual ele ainda lida. “O clima é bem diferente. Sinto falta do calor da minha cidade. O inverno aqui é bem rigoroso, nunca havia enfrentado temperaturas abaixo dos 15 graus”, justifica. Sobre a escolha profissional, a possibilidade de auxiliar as pessoas é um dos motivos. “Troco minha noite de sono com maior prazer para que isso aconteça”, garante. Ao se inscrever para o Prouni, Guilherme Ferreira optou pelas melhores instituições de ensino disponíveis

Milhares de beneficiados Os alunos beneficiados com o Prouni na UPF são ao todo 4.757. Destes, 2.976 possuem bolsa parcial, e 1.781 integral. Apenas no último processo seletivo, a UPF registrou um total de 6,5 mil inscritos ao Prouni, oriundos de praticamente todos os estados brasileiros. A maioria é gaúcha, 6.340 candidatos, seguida por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais. Quando Guilherme Ferreira, 20 anos, decidiu que faria medicina, já estava preparado para a possibilidade de estudar em uma instituição de ensino distante de casa. E foi o que aconteceu. Ele morava com os pais há mais de 15 anos em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Quando fez

a inscrição, optou pelas melhores instituições possíveis, entre elas a UPF, para a qual foi selecionado. “Com o tempo me adaptei bem. Os gaúchos são muito receptivos. A maioria dos meus colegas não morava em Passo Fundo, são de cidades próximas daqui. No final, a maioria se mudou pra poder estudar”, conta sobre a vinda a Passo Fundo. Instituição de qualidade A qualidade da instituição fez a diferença na hora da inscrição. “Fiz uma pesquisa e descobri que o curso de Medicina da UPF não era recém-formado, o que pra mim é importante; tem boa nota no Enade, e boas referências entre as outras escolas médicas”, observa Ferreira. As expectativas foram alcançadas quando ele chegou. “A UPF tem uma estrutura muito boa que facilita ao aluno o processo de aprendizagem, como as bibliotecas, o acervo de livros e os recursos disponibilizados. É uma instituição que busca melhorar sempre. Isso faz muita diferença”, finaliza. Já graduados Desde que a UPF passou a oferecer bolsas do Prouni em 2005, mais de 1.600 pessoas já se formaram nas mais diversas áreas do conhecimento. Para divulgar o programa, no último ano a UPF realizou uma série de palestras em escolas da região. Mais de 3 mil estudantes participaram dos encontros em 14 cidades.


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Opinião

Bullying: o impacto sobre a sociedade

Palavra do

Reitor José Carlos Carles de Souza*

Cláudio Joaquim Paiva Wagner*

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Brasil apresenta-se, atualmente, como uma das economias emergentes mais confiáveis, com condições e potencial para ajudar a alavancar o desenvolvimento sustentável do planeta. Destacamos, nesse contexto, a decisiva contribuição das universidades, o que coloca a Universidade de Passo Fundo, no ano de 2012, frente a muitas expectativas e novos desafios. Uma instituição do porte e da tradição da UPF precisa estar em constante mutação e aperfeiçoamento, acolhendo e protagonizando esse novo momento.

Por isso, a Universidade, além do lançamento da revista Universo UPF, – que se destina a ampliar e a qualificar a comunicação direta entre a Instituição e seu público interno e externo, difundindo as atividades da graduação, pesquisa e extensão – continuará investindo nas ações de geração e transferência de novos conhecimentos, com especial atenção à inovação tecnológica. Acreditamos que a implantação do Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio é uma alternativa importante para o desenvolvimento regional, que coloca a UPF no patamar de outras grandes instituições que já possuem iniciativas da mesma espécie. Dessa forma, estamos convictos de que poderemos atrair recursos, prospectar inovação tecnológica e prestar ainda mais serviços à comunidade. Aliado a esse fato, pretendemos dar continuidade à política implementada desde o início da gestão, de incentivo ao desenvolvimento sustentável, tanto pelo viés acadêmico quanto pelo econômico-financeiro, revelando o papel estratégico da UPF de oferecer soluções às demandas da sociedade. Nessa linha também merece realce o incentivo à internacionalização da instituição. Por meio de inovações no ensino e na pesquisa, estamos cada vez mais atraindo parcerias para compartilhamento de conhecimentos e fomento ao desenvolvimento. A caminhada de 44 anos de crescimento da Universidade de Passo Fundo está marcada pela atenção e pela sintonia da Instituição com a comunidade, sempre alicerçada no trabalho coletivo de gestores, professores e colaboradores. Assim, prosseguiremos construindo a nossa história de sucesso, contando sempre com o empenho de todos

* Reitor da UPF

ntende-se por bullying todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dor e angústia. Isso inclui diversas atividades, como lutar, emitir palavras impróprias, fazer brincadeiras de cunho agressivo, extorquir e roubar. Os atos repetidos entre iguais e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. Hoje é reconhecido que o bullying, como fenômeno social, pode surgir em diversos contextos, como parte de problemas de relações pessoais, em diferentes locais. Há também o cyberbullying que utiliza os meios de comunicação para espalhar comportamentos hostis por parte de um indivíduo ou grupo com o objetivo de machucar os outros. Diversos pesquisadores em todo o mundo têm direcionado seus estudos para esse fenômeno que toma aspectos preocupantes, tanto pelo seu crescimento, quanto por atingir faixas etárias cada vez mais baixas. Dados recentes apontam no sentido da sua disseminação por todas as classes sociais. Embora tenha sido pouco considerado no passado e visto até como uma experiência normal do desenvolvimento, atualmente ele é visto como causa importante de estresse e de problemas físicos e emocionais. Os alvos são pessoas ou grupos que sofrem as consequências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar e podem abandonar os estudos. Esses indivíduos apresentam uma maior incidência de sintomas psicossomáticos, como cefaleia, dor de barriga, desânimo, dificuldades de sono, fadiga e dor nas costas. A vítima é escolhida por características físicas ou psicológicas que a tornam diferente dos outros: obesidade, uso de óculos, presença de sardas, baixa estatura, deficiência física, dificuldade de aprendizagem, sotaque de outra região e outros aspectos culturais, étnicos ou religiosos. O fato de sofrer bullying não é culpa da vítima: a diferença é apenas um pretexto para que o agressor satisfaça uma necessidade que é dele mesmo: a de agredir. O bullying também traz consequências indesejáveis para seus praticantes, como a persistência do comportamento antissocial na idade adulta. Estatisticamente há um contingente maior de vítimas em relação aos agressores. Adolescentes envolvidos no bullying têm risco aumentado de desenvolver depressão, suicídio e distúrbios do sono, por isso, a necessidade de intervenção psiquiátrica tanto para agressor quanto agredido. Não existem soluções simples para se combater o bullying. Trata-se de um problema complexo e de causas múltiplas. Intervir imediatamente, tão logo seja identificada a existência de bullying na escola, por exemplo, e manter atenção permanente sobre isso é a estratégia ideal. As etapas para a resolução do bullying propostas são: pesquisar a realidade, abolir o comportamento agressivo, buscar parcerias, formar um grupo de trabalho, ouvir opiniões, definir os compromissos, divulgar o tema e informar os pais, os professores e a comunidade.

* Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e professor da Faculdade de Medicina e do curso de Psicologia da UPF


Foto: Leonardo Andreoli

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Junho Iniciativa deseja auxiliar acadêmicos que porventura estejam com alguma necessidade de aprendizagem

Uma rede de apoio à

aprendizagem Projeto Aluno Apoiador possibilita que possíveis dificuldades em determinadas áreas ou disciplinas sejam vencidas com o suporte de colegas

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Crescimento e consolidação

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prender na universidade é superar obstáculos que advêm do próprio processo de ensino-aprendizagem. Assim, o universitário enfrenta no seu cotidiano situações e desafios. As disciplinas das áreas de física, química e cálculo, por exemplo, são consideradas por muitos estudantes o “bicho-papão” dos bancos universitários, o que pode se aplicar também à área de produção textual ou até mesmo às línguas estrangeiras e à matemática, já que a facilidade ou não de aprendizagem depende de cada pessoa e do contexto de estudo. Pensando em auxiliar acadêmicos que porventura estejam com alguma necessidade em termos de aprendizagem, o Setor de Atenção ao Estudante da UPF (SAEs), vinculado à Vice-Reitoria de Graduação, criou o projeto Aluno Apoiador. As sementes do projeto, lançadas há pouco mais de um ano, já estão dando bons frutos e contribuindo na motivação, permanência em sala de aula e maior interesse nos estudos. Os encaminhamentos para ser aluno apoiador - aquele com maior facilidade em determinadas áreas, e cuja

motivação e interesse em aprender contamina os demais - vão desde a indicação dos colegas, professores e coordenadores do curso até a iniciativa do próprio aluno que deseja apoiar. A coordenadora do SAEs, professora Teresinha Bastos Scorsato, explica que o projeto surgiu de uma ideia de ampliar os espaços de entreajuda constituindo uma rede de apoio entre os alunos. Também integrante do SAEs, o professor Tadeu Fagundes de Souza observa que, a partir das demandas e relatos dos estudantes, são organizados os grupos de apoio, beneficiando a todos. “O aluno apoiador aprofunda e troca os seus conhecimentos, além de receber um atestado pela participação e ampliar seus vínculos de amizade. Tanto o apoiador quanto o apoiado trocam, compartilham o aprendizado permitindo que o saber circule e desobstrua as dificuldades do aprender”, enfatiza.

No ritmo do mundo acadêmico Fabiano Favareto, do curso de Engenharia Mecânica, apostou no projeto. “Desde o primeiro semestre descobrimos a possibilidade de ter essa aula para complementar a matéria. É mais uma forma de estudar, de tirar dúvidas entre colegas. Não reprovei em nenhuma matéria das que tive aula de apoio”, comemora. Para que o projeto tenha sucesso é preciso que os alunos apoiadores participem. O universitário do sexto nível da Engenharia Mecânica, Andrei Bavaresco Rezende, foi o primeiro a integrar o projeto na condição de voluntário. “Nos nossos encontros trabalhamos desde os conteúdos básicos em que há mais dúvidas até a resolução de exercícios”, explica. Segundo Rezende, os pontos positivos em integrar a ação vão desde o maior aprofundamento nas matérias, até a convivência e a possibilidade de socializar o conhecimento.

Desde que foi implementado, o projeto cresceu tanto em número de alunos apoiadores, quanto de apoiados. Em seu primeiro ano de funcionamento, 2011, além das aulas de estática e química, houve também grupos de apoio de informática básica, produção de texto, inglês, bioquímica, estatística, física, fundamentos da matemática I, matemática básica, mecânica dos fluídos, sistemas estruturais mecânicos e anatomia dental. O horário das atividades é adaptado de acordo com o grupo de estudos. A psicopedagoga do SAEs Guerti Kist explica que todas as ações são gratuitas e organizadas em módulos para atender aos interesses específicos de cada grupo. Ela lembra ainda que existe um setor que contribui tecnicamente junto com os professores preocupados com o ensino e a aprendizagem dos universitários e que por esta razão foi criado o Programa de Apoio à Aprendizagem, do qual o Aluno Apoiador faz parte.


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entrevista Roberto dos Santos Rabello

Tecnologia para superar barreiras n Software desenvolvido por pesquisador da UPF atua como instrumento de comunicação alternativa para letramento de pessoas com autismo

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entimentos profundos que se confundem e palavras que não servem para expressá-los. Há raiva, carinho, tédio e uma imensa falta de habilidade em comunicar. Resultado: uma imersão cada vez maior na realidade interna e um descolamento do que acontece em volta. De forma simplificada, é esse o círculo que envolve pessoas que nascem com autismo. O autismo é um distúrbio que se apresenta no início da infância, e compromete a comunicação, a cognição e em especial a interação social. Parte dessa dificuldade de interação está centrada nos déficits de comunicação. Na ânsia de oferecer uma alternativa que pudesse beneficiar a comunicação de crianças com essa dificuldade, o professor Roberto dos Santos Rabello desenvolveu sua tese de doutoramento nessa área. O trabalho “Interação e autismo: uso de agentes inteligentes para detectar déficits de comunicação em ambientes síncronos”, desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada à Educação da UFRGS, busca aliar a tecnologia à problemática da comunicação e letramento em sujeitos com a síndrome.

Foto: Fabiana Beltrami

Comecei a me comunicar com eles usando o MSN. A minha função não era só conversar, mas procurar compensar alguns déficits de conversação.

Professor Roberto Rabello desenvolveu o estudo durante seu doutoramento em informática Aplicada à Educação


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De que forma foi organizada, na prática, a pesquisa? A pesquisa iniciou com um número pequeno de sujeitos, pois eu precisava trabalhar sujeitos com alto desempenho, alfabetizados e que tivessem um conhecimento básico de computação. Foram selecionados inicialmente quatro jovens, de 17 a 33 anos, um de Frederico Westphalen, dois de Passo Fundo e um de Porto Alegre. Comecei a me comunicar com eles usando o MSN. Foram quase 200 diálogos armazenados. Nesse trabalho, se identificou que eles davam respostas muito boas via MSN. A minha função era não só conversar, mas procurar compensar alguns déficits de conversação, de comunicação conversacional. Como eram esses diálogos? Os assuntos variavam entre futebol, filmes, questões do cotidiano. Um dos participantes sabia tudo sobre filmes. Eu precisava conversar com ele com um site de buscas aberto para poder dar as respostas que ele queria. Tive até que me passar por colorado – sou gremista – para falar com um rapaz fanático pelo Internacional e que não falava com gremistas. Mudei até essa informação no meu Facebook para ganhar confiança. Conheci pessoalmente um dos sujeitos e fomos ao cinema. Nossos diálogos evoluíram muito. E quais as principais deficiências identificadas nesse primeiro contato? O autista tem alguns déficits, como a ecolalia, por exemplo, que é a repetição do último turno conversacional. Por exemplo, eu digo: “eu gosto de futebol”, aí o sujeito repete: “futebol”. Ou ele tem a inversão pronominal, por exemplo, em vez de dizer: “eu”, ele diz o seu nome. Durante os diálogos procurei corrigir isso. Com o tempo, não que tenha corrigido completamente, mas percebi que eles iam mudando a postura. Outra coisa que acontece muito é a falta de interação. Eu começava a conversar e ficava em stand by. O sujeito parava, ia fazer outra coisa, não dava sequência ao diálogo. Então eu buscava trazê-los novamente para a conversa. Todos tiveram um resultado bem interessante no sentido da interação. E qual foi o ponto de partida para a criação do software? A partir da identificação das deficiências e proposição da compensação, criei o software e armazenei todos os dados de diálogos, mantendo o anonimato dos sujeitos. Em seguida dei acesso para especialistas em autismo, psicólogos, especialistas na área conversacional. Esses profissionais detectaram quais eram os déficits de atenção que aconteciam. Em uma janela do programa aparecia o tur-

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u A ONU estima que existam no mundo mais de 70 milhões de pessoas com autismo. No Brasil a estimativa é de 2 milhões de pessoas com a síndrome. u O Transtorno do Espectro Autista, nome oficial do grupo de diferentes desordens do desenvolvimento que engloba o autismo, é mais comum em crianças do que AIDS, câncer e diabetes juntos. u Sinais de autismo normalmente aparecem no primeiro ano de vida e geralmente antes dos três. A desordem é quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas. u A tese desenvolvida pelo professor Roberto Rabello obteve premiação máxima no concurso de teses de doutorado no Simpósio Brasileiro de Informática Aplicada à Educação 2010.

O resultado foi além daquilo que esperávamos, inclusive na questão de demonstração da afetividade, que normalmente o autista não tem muito.

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no conversacional e ao lado uma classificação do déficit. A partir daí, propus que isso fosse feito de forma automática, que o sujeito com autismo pudesse acessar um chat que ao invés de conversar com determinada pessoa, o próprio chat detectasse o déficit conversacional e através do uso de agentes inteligentes propusesse uma compensação. Ao invés de ser uma intervenção intrusiva, aparece uma linha de conversação normal, como se tivesse uma outra pessoa mandando mensagem para ele. Como ocorre essa intervenção do sistema? Estou conversando com um sujeito, mas ele diz: “fulano gosta de futebol”, em vez de dizer: “eu gosto de futebol”. O próprio chat identifica isso e diz: “ao invés de utilizar “fulano”, utilize o pronome pessoal “eu””. Normalmente ele (o autista) aguardava um tempo e respondia no formato indicado, ou seja, ele estava absorvendo essa sugestão de alteração. Essa era a proposta que queríamos atingir. O interessante desse resultado, porém, é o fato de se ter uma interação muito mais fluente usando a tecnologia, o que não acontece normalmente no face a face. Por isso a tecnologia facilita essa interação? Sim, pois o autista tem um problema relacionado à teoria da mente, ele não consegue imaginar o que a outra pessoa está pensando. Em função disso, muitas vezes essa pessoa não consegue ter uma interação legal. O fato de não estar face a face facilita, e isso a gente pode observar até mesmo com as pessoas ditas normais, elas se sentem mais a vontade falando em chats ou redes sociais do que falando pessoalmente. Isso acabou fazendo com que esses sujeitos melhorassem a interação social no face a face também. O resultado foi além daquilo que esperávamos, inclusive na questão de demonstração da afetividade, que normalmente o autista não tem muito. Esse software será disponibilizado para o público? Temos a pretensão de estender isso a pessoas com outras síndromes que tenham problemas de interação social. Num primeiro momento, as formas de compensação são restritas aos autistas, mas esse projeto integra uma iniciativa maior e vai ser inserido em outro software que vai além da questão de conversação, para atendimento de sujeitos com outras síndromes ou deficiências, como TDAH, dislexia, afásicos, entre outros. Já estamos adaptando o chat para esse software. A pesquisa agora faz parte do projeto Escala, desenvolvido em parceria entre UPF e UFRGS.


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especial

inovação Ambiente favorável à

UPF investe em pesquisa, formação de profissionais capacitados e transferência de tecnologia. Parque Científico e Tecnológico deve alavancar investimentos na área

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econhecidamente a inovação tecnológica é hoje um dos fatores decisivos para o desenvolvimento sustentável e competitivo de um país. Embora ainda esteja galgando degraus neste sentido, o Brasil tem alcançado resultados positivos, a começar pelo recorde de marcas e patentes solicitadas junto ao Inpi em 2011 e o ganho de posições no ranking mundial que mede a inovação tecnológica, passando do 68º para o 47º lugar. Ciente de suas possibilidades em promover ações de geração e transferência de novos conhecimentos, a UPF está investindo fortemente na área. São várias iniciativas em andamento, fruto de um contato mais próximo com a comunidade para conhecer suas demandas e da competência técnica para o encaminhamento de projetos. Nessa nova configuração de investimentos e prioridades, ganham destaque

o Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio, o Centro Tecnológico de Pedras, Gemas e Joias (CTPedras), além do trabalho da UPFTec de promover a inovação tecnológica através da interação universidade-empresa, e as parcerias, como no projeto de Extensão Produtiva e Inovação, que está atendendo gratuitamente indústrias de pequeno e médio porte da região. Os polos de inovação tecnológica que têm a UPF como gestora estimulam a integração da instituição ao setor produtivo nas diferentes regiões do RS. O grande impulso Ainda neste primeiro semestre devem começar as obras da primeira área física do Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio, que ficará localizado em uma área de 10 hectares, localizada nas proximidades da Faculdade de Direito da UPF. Os recursos para a cons-

trução do prédio somam R$ 1.240.638,50 e provêm do Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos (PGtec). Para equipar o local já foram liberados R$ 3,7 milhões pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Assim que a estrutura física estiver concluída, serão instalados os espaços para incubação, o Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia, a primeira empresa âncora na área de tecnologia da Informação e a área administrativa. O parque é fruto de parceria entre a UPF e a Prefeitura de Passo fundo e tem como coordenador o professor Alexandre Lazaretti Zanatta. Além do parque, outras ações já em desenvolvimento ganham destaque. Inovação em pedras, gemas e joias Criar soluções para o desenvolvimento respeitando o que se produz regionalmente é uma das funções da inovação. Em Soledade-RS, como atividades tíFotos: Divulgação UPF

Parque é iniciativa da UPF em parceria com a Prefeitura de Passo Fundo, que tem como objetivo desenvolver um ambiente que possibilite aumento da competitividade das empresas, promovendo a inovação e o desenvolvimento tecnológico


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Tecnologia 3D Gemas engloba desde a digitalização tridimensional da gema real, até a indicação do melhor aproveitamento volumétrico

picas da região, a mineração, o beneficiamento e a comercialização de pedras preciosas ganham novas perspectivas com a consolidação do CT-Pedras. Além da qualificação profissional, o CT-Pedras investe no desenvolvimento de pesquisa e transferência de tecnologia. Um grupo de pesquisa, com a participação de professores e alunos bolsistas de diversos cursos da UPF e professores da UFRGS, desenvolveu a Tecnologia 3D Gemas, um conjunto de técnicas, procedimentos e softwares com o objetivo de auxiliar o processo de lapidação facetada de gemas coradas, visando encontrar para cada gema o projeto de lapidação que resulte em maior valor agregado. Os

dados e as análises indicam que, com a utilização dessa tecnologia, é possível obter um incremento do aproveitamento volumétrico da gema de 25% para em média 35% se comparado ao aproveitamento volumétrico via processo manual de lapidação. Outro projeto de pesquisa, com patente de invenção já depositada, objetiva a criação de matéria-prima para utilização em sistema de prototipagem rápida via impressão tridimensional (3DP). Atualmente, para esse sistema de impressão de protótipos, é utilizado um material importado, adicionado em sucessivas camadas, até formar-se o objeto que se deseja. Pelo novo sistema, a impressão

Foto: Cristiane Sossela

Inovação deverá ser acoplada a equipamentos agrícolas para realização da adubação do solo, podendo ser usada em diferentes culturas e marcas de semeadoras

de protótipos utilizará rejeitos gemológicos do processo de corte da ágata, pedra preciosa típica da região de Soledade, que adicionados a outros componentes químicos poderão dar origem aos protótipos. Em outro contexto, pensando na inovação de procedimentos que objetivem a comercialização de novos produtos, O CT-Pedras está utilizando o processo de corte da pedra por jato d’água no contexto das gemas e joias. O método é consolidado em áreas como a metal-mecânica, mas em pedras é uma iniciativa pioneira no país. O corte por meio do jato d´água tem alta precisão e qualidade e possibilita obter formas complexas e diferenciadas em materiais como a ágata, conforme explica o coordenador do CT-Pedras Juliano Tonezer. “Resulta, igualmente, num grande potencial de desenvolvimento de novos produtos, a criação de artefatos decorativos únicos, com excelente qualidade de acabamento”, revela. Fertilizante só de acordo com a necessidade A agricultura é um dos principais motores da economia gaúcha. Como qualquer outro setor, tem como desafio aumentar a produção de forma sustentável. Nesse contexto estão a agricultura de precisão e suas tecnologias. Na região do Planalto, a Uniplastic, Indústria de Peças Plásticas, está preocupada com o desperdício de fertilizante na lavoura.


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Foto: Divulgação UPF

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Projetos de Inovação estimulam o crescimento regional

Para isso, buscou a parceria da UPF, que, no Núcleo de Eletrônica da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, está desenvolvendo um moderno mecanismo para corrigir variações de vazão de dosadores de fertilizantes em máquinas agrícolas. De acordo com o empresário Alexandre Antônio Felizari, em aclives ou declives, o efeito desnível nos dosadores de adubos faz com que a dosagem de fertilizantes sofra alterações significativas na quantidade injetada na terra. “O mecanismo que criamos e está em fase de projeto do protótipo eletrônico visa à economia de fertilizantes, garantindo maior produtividade por meio da aplicação uniforme do produto”, explica.

De acordo com o professor Dr. Adriano Luís Toazza, o protótipo eletrônico permitirá monitorar a área adubada e controlar a quantidade de fertilizantes, de modo independente à variação de velocidade do equipamento agrícola imposta pelas inclinações do terreno. Também integram o trabalho, que já tem patente encaminhada, os professores Edson Acco e Paulo Sérgio Molina e o funcionário Rodrigo Busato, além de três estagiários do curso de Engenharia Elétrica. É preciso proteger a tecnologia gerada Com tanta tecnologia sendo gerada, acompanhar, registrar e licenciá-las,

Um futuro promissor Para o reitor José Carlos Carles de Souza, na UPF as perspectivas da área da inovação são otimistas. “A instituição recebeu em 2011 uma quantia expressiva de recursos para fomentar vários projetos de interesse da comunidade, diretamente relacionados com a inovação tecnológica. Esses recursos induzirão o nosso marco no desenvolvimento regional”, garante. O vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Leonardo José Gil Barcellos afirma que a inovação na

UPF, e a consequente transferência de tecnologia desta para o setor empresarial, é vista como um dos grandes diferenciais a ser alcançado. “Esta área não é estanque e crescerá associada ao crescimento da pesquisa e do stricto sensu, bem como à criação de uma cultura voltada à inovação”, destaca. Estudante do curso de Ciência da Computação, Jonas Fernando Ceccon Fitz afirma ser uma satisfação poder estar envolvido com o desenvolvimento de tecnologias

além de ser estratégico, ainda pode gerar dividendos à instituição e empresas parceiras. Nos últimos dois anos, após investir em capacitação na área, a Universidade conseguiu dar os primeiros passos, e já comemora alguns registros de softwares e patentes, disseminando, por meio da UPFTec, a cultura da gestão adequada da inovação e da propriedade intelectual. Já estão registrados pela instituição quatro softwares e quatro patentes de inovação, com destaque para a área da saúde. Ainda, ressalta-se que existem três patentes em fase de redação, originárias da Engenharia de Alimentos, bem como outros dois softwares prontos para registro e duas tecnologias em análise de patenteabilidade, todas provenientes da Engenharia Elétrica.

Esta área não é estanque e crescerá associada ao crescimento da pesquisa e do stricto sensu [...] Leonardo José Gil Barcellos vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

capazes de aprimorar métodos e de contribuir em âmbito cultural e econômico com o desenvolvimento social. A acadêmica de arquitetura e urbanismo Jéssica Cardoso Bisinella também está integrada a projetos de inovação. “A qualificação de um profissional depende de sua capacidade, currículo, conhecimento e experiência, quesitos facilmente adquiridos nos projetos que estamos envolvidos e que farão a diferença no mercado de trabalho”, considera.


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comunidade Viver, estudar e ensinar do

Oiapoque ao Chuí De 2005 até o momento, mais de 300 acadêmicos da UPF encararam o desafio de levar conhecimento a lugares distantes

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Tem mais Nos meses de maio e setembro, o Núcleo de Projetos Especiais da Divisão de Extensão inscreve novos projetos para as operações abertas ao Projeto Rondon. A cada projeto aprovado pela instituição, mais um grupo de acadêmicos é selecionado para participar. Para não perder nenhum prazo ou detalhe, fique atento aos editais divulgados no site www.upf.br.

Construção As impressões de uma mesma viagem são diferentes para cada pessoa. O acadêmico de engenharia ambiental Vinícius Honse Didó, também participou da Operação Tuiuiú. Dentre as muitas histórias vividas durante a viagem, uma em especial ele sente prazer em contar: a construção de um sistema de tratamento de efluente doméstico alternativo de baixo custo, que foi realizada na residência de um morador. “Com certeza a simplicidade e gratidão deste senhor nos pagaram da melhor forma com que era possível”, orgulha-se. Horta realmente comunitária A última operação da qual a UPF participou foi a Pai Francisco, em Bacuri, Maranhão, no início deste ano. Entre as vivências que marcaram a viagem está a construção de uma horta em uma escola. A acadêmica Ana Alice Pasin, do curso de Ciências Biológicas, foi a responsável pela execução do projeto na comunidade de Vila Nova. O projeto inicial era para a construção de duas hortas grandes, mas a realidade local mudou os planos. Com pouco espaço foi preciso readequar. O trabalho começou de manhã e por volta do meio-dia pouco mais de 10% haviam sido concluídos. “Pensei que não daria tempo porque tí-

nhamos que arrumar a terra e plantar. O povo se uniu e quando eram 16h estava pronto. Tudo perfeito. Começamos com umas 10 ou 15 pessoas e no final umas 50 pessoas estavam ajudando”, lembra. Choque de cultura Tanto para os rondonistas quanto para quem os recebe, cada operação causa um choque cultural. A professora Ana Migott coordena o Núcleo de Projetos Especiais da Divisão de Extensão, vinculado à Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF. Ela é responsável pela organização do Projeto Rondon na instituição e acompanhou diversas missões. Para Migott, o importante da missão é mostrar que algumas coisas podem ser feitas de maneira diferente da qual as pessoas estão acostumadas, e algumas vezes até ser insistente. “Insistir é um bom movimento porque ao insistir eu me deparo, me questiono, penso em possibilidades”, justifica. A professora destaca a necessidade de os rondonistas e as comunidades lidarem com as diferenças existentes. “O Rondon é uma grande lição de cidadania porque vai mexer com essas questões de conhecimento, princípio, ética, costumes, enfim, ele vai proporcionar esse leque de abertura que deve ser o cidadão para além dos seus direitos e deveres”, considera.

Foto: Divulgação UPF

diversidade é uma das principais marcas do Brasil. Das feições da população às dezenas de sotaques encontrados pelo território nacional, tudo parece ser plural. Encontrar um brasileiro de uma região distante da nossa é como se deparar com um morador de outro país. A cultura, o modo de ver a realidade e mesmo de viver, muitas vezes não condiz com aquilo que estamos acostumados. Em 2005, a UPF voltou a integrar as operações do Projeto Rondon e alunos de cursos de diversas áreas já tiveram a oportunidade de conhecer e de ensinar. Dos 27 estados brasileiros, a UPF já enviou grupos para trabalhar nas operações realizadas pelo Rondon em pelo menos 12 deles. O estado pode até se repetir em uma operação para outra, mas o aprendizado que os alunos e professores levam e trazem é sempre singular. O estudante do curso de Agronomia Aislam Celso Pazinato é um dos cerca de 300 estudantes que já participaram. Ele viajou em 2011 na Operação Tuiuiú para Porto Estrela, no Mato Grosso. Na bagagem de volta, não trouxe apenas o entendimento sobre o que é o Projeto Rondon. “A história mais marcante foi quando ficamos sem água para tomar banho no alojamento e a solução foi recorrer à população da cidade de Porto Estrela”, conta.

Grupo que participou da operação em Mato Grosso (ao lado). Acima, horta comunitária construída na comunidade de Vila Nova, em Bacuri, Maranhão


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sustentabilidade

Do consumo ao

consumismo Ofertas e oportunidades de crédito tornam o acesso a bens de consumo facilitado e o resultado é que muitos consumidores estão se endividando. A alternativa: educação financeira

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demissão não estava nos planos de A.B.O., comerciária. Aos 45 anos, ela se viu desempregada e cheia de dívidas. Para manter as contas em dia, precisou fazer empréstimos, utilizou os limites dos cartões de crédito e com isso acabou contraindo dívidas. Para mudar a situação difícil e diante da dificuldade de se reinserir no mercado de trabalho, teve a ideia de montar um negócio próprio, que demorou cerca de dois anos para começar a dar retorno. Foram tempos difíceis. A “bola de neve” sempre se ampliava, de acordo com A.B.O., nas renegociações das taxas de juro. “Utilizei muito o cheque especial e os cartões de crédito. Mesmo com a economia mais equilibrada e uma inflação que parece ser pequena, é complicado

não se endividar. Hoje já estou conseguindo dar a volta por cima, mas foram tempos difíceis”, lembra. Após superar a dificuldade, o aprendizado ainda não foi pleno. A atual empresária continua sem o costume de fazer orçamento. “Existem despesas que são altas e que no dia a dia você não percebe. O mercado, o lanche do filho, as despesas com imagem pessoal, tudo isso pesa, mas acabo não planejando. Seria mais fácil se eu fizesse um orçamento, mas na correria fica difícil”, observa. A comerciária faz parte dos 13% de passo-fundenses que têm entre 70% e 90% do seu orçamento comprometido com as dívidas, segundo pesquisa encomendada pelo Balcão do Consumidor da Faculdade de Direito, em convênio com o Ministério Público Estadual e Prefeitura de Passo Fundo. Realizada por um grupo de estudantes da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (FEAC), com consultoria da equipe técnica da Empresa de Consultoria Júnior, a pesquisa trouxe dados preocupantes para o município, que conta com uma população de aproximada-

Educação financeira é alternativa ao endividamento da população

Foto: Divulgação UPF

Balcão do Consumidor funciona desde 2006 atendendo a população do Campus II da UPF

Foto: Caroline Simor

Confira alguns dados apontados pela pesquisa: - a faixa etária predominantemente endividada em Passo Fundo está entre os 16 e 54 anos de idade, sendo a maioria do sexo feminino (57,1%), casados (47,5%), com renda bruta mensal familiar entre R$ 1.091,00 e R$ 4.360,00 - 13,2% dos consumidores entrevistados relataram possuir dívidas superiores a 70% do rendimento mensal - 71,4% da população estão pagando algum tipo de dívida, principalmente em lojas, cartão de crédito e financiamento de veículos. Destes, 33% não sabem quanto devem ou têm conhecimento apenas das parcelas mensais a serem pagas - 47,3% da população não sabe qual taxa de juros está sendo cobrada nas suas dívidas e 7,1% não consegue honrar com seus pagamentos em dia


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uso de o e r b So ito de créd s e õ t r ca gam 3,2% pa

3 tados, ura do ntrevis o da fat im - dos e ín m r lo te o va somen o e crédit cartão d ada pesquis s o ã ç la u os na da pop a de jur g a p - 76,4% to an o de hece qu as com cartã descon ad s realiz compra crédito

mente 200 mil habitantes: 71,4% dos entrevistados possuem atualmente algum tipo de dívida. O levantamento, feito a partir de coleta de dados com cerca de 400 pessoas entre outubro e novembro de 2011, aponta que a maioria das dívidas é relativa a compras em lojas, cartão de crédito e financiamento de veículos. De acordo com o professor Julcemar Zilli, que coordenou o estudo, os dados mostram uma realidade preocupante, mas também apontam caminhos para que setores e instituições como a própria Universidade auxiliem na mudança da situação. “Os resultados nos alertam de que precisamos realizar ações de forma rápida, para evitarmos problemas mais graves para o consumidor no futuro”, lembra. Solucionando problemas Os números apontados pelo estudo sobre o endividamento da população passo-fundense repercutem diretamente no serviço prestado pelo Balcão do Consumidor. O projeto é desenvolvido desde 2006 e alia a formação profissional de acadêmicos da área jurídica à prestação de serviços comunitários. Para além do atendimento dos consumidores, o grupo do Balcão mantém contato com fornecedores e busca o entendimento entre as partes envolvidas. Não havendo um acordo, é marcada uma audiência extrajudicial. A dificuldade dos consumidores em pagar os débitos em dia é hoje um dos principais motivos que os leva ao Balcão. “Atualmente as demandas

Serviço:

O Balcão do Consumidor atende no campus III da UPF, de segunda a sexta-feira, das 12h às 17h30. Há também unidades em Lagoa Vermelha e Carazinho. Mais informações também podem ser obtidas pelo e-mail balcaodoconsumidor@upf.br

Foto: Caroline Simor

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Educação financeira é apresentada e contextualizada nas ondas da 99UPF

Educação financeira nas ondas do rádio são, em sua grande maioria, relacionadas ao superendividamento, que se manifesta de várias maneiras: dívida com cartões de crédito, empréstimos consignados, compras com carnês, financiamento de carros, casas, etc. Isso se deve muito ao descontrole que as pessoas têm sobre o seu orçamento familiar”, ressalta Rogério da Silva, um dos coordenadores do projeto, do qual participa também seu colega Liton Lanes Pilau Sobrinho. Educar para o consumo é um dos objetivos do serviço, que também pretende difundir os direitos e deveres garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor. Na defesa dos direitos transindividuais, o Balcão do Consumidor ainda encaminha as demandas ao Ministério Público Estadual, que promove uma análise para proposições de ações coletivas. Desde sua fundação, o Balcão do Consumidor já beneficiou mais de 20 mil pessoas. Em parceria, os dois órgãos têm obtido 97% de êxito nos processos encaminhados. O pensamento dos coordenadores é que, mesmo que seja um trabalho extenso, longo e demorado, a conscientização sobre educação financeira e sobre consumo sustentável precisa fazer parte do dia a dia das pessoas. “Toda publicidade é direcionada ao consumo e há uma superoferta de crédito no mercado. As pessoas compram em 30, 60 ou até 70 meses, mas esquecem de que ao longo desse tempo precisam pagar aluguel, condomínio, podem ficar doentes ou podem perder o emprego. Elas não poupam mais para ter. Compram e pagam e o preço disso, que são os juros”, observa Silva.

“Meu bolso furou, e agora?”. O nome é sugestivo e indica, de cara, o objetivo do programa no ar desde junho de 2011 pela rádio 99UPF. Pensando na gama de consumidores perdidos na organização financeira, estagiários do Núcleo Experimental de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação, em parceria com professores da área de Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e da FEAC, produzem o programa com dicas de educação financeira. O conteúdo é sugerido e revisado por acadêmicos da FEAC. Os alunos do jornalismo são responsáveis pela elaboração, gravação e edição dos programas. Com dramatizações e depoimentos, a educação financeira é discutida e contextualizada. O resultado pode ser conferido diariamente às 10h30min, 15h30min e 21h30min na programação da 99UPF. O projeto é coordenado pelo professor Ginez Leopoldo Rodrigues de Campos, com a colaboração da professora Bibiana de Paula Friedrich. “A ideia é conscientizar e capacitar adolescentes, jovens e adultos a efetuarem, de forma organizada e disciplinada, o planejamento financeiro do orçamento doméstico, visando à utilização do dinheiro de forma racional, organizada e equilibrada, a fim de evitar situações de endividamento pessoal”, explica Campos, acrescentando que o projeto de radiodifusão socioeducativa reforça o compromisso comunitário da própria Universidade, que se preocupa com a qualidade de vida da comunidade em que está inserida. Com ideias e histórias trazidas dos próprios alunos e até mesmo da comunidade, Campos destaca que os programetes procuram elucidar questões e transmitir conhecimentos de maneira simples. Segundo ele, é muito difícil as pessoas pensarem em consumo sustentável diante de uma mudança de cenário tão grande. Como em pouco tempo quem não podia comprar passou a ter condições para fazer grandes aquisições, a maioria das pessoas não soube se organizar. “As novas políticas públicas, sociais e assistenciais não só permitiram que um segmento da população tivesse acesso à renda, mas também possibilitaram que grande parte da população se inserisse na realidade do consumo”, analisa o economista.


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Linha do tempo: prédio onde funciona o Banco Itaú, ontem e hoje (Fotos: Acervo MHR - Prefeitura Municipal de Passo Fundo / Fundação UPF e Leonardo Andreoli)

Linhas e formas resistem ao Pesquisa da UPF redescobre a história arquitetônica e paisagística de Passo Fundo e aponta quais são os bens a serem preservados na cidade

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falta de conhecimento sobre o patrimônio histórico de uma cidade facilita a sua degradação. Ao longo de muitas décadas, parte desse patrimônio arquitetônico de Passo Fundo foi destruída para dar lugar a edificações mais modernas. Mesmo assim, as ruas do centro ainda guardam um pouco da história da cidade. As fachadas decoradas e as linhas que marcaram uma época foram redescobertas por um trabalho de seis anos realizado pelo Núcleo de Arquitetura e Desenvolvimento Urbano e Comunitário (Naduc) da UPF. O estudo possibilitou a criação do Inventário do Patrimônio Histórico do município. O trabalho de campo não foi a única forma de pesquisa. Os jornais locais que circularam entre 1925 e 1970 foram

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tempo

“Descobrimos que as práticas de demolição das edificações pré-existentes (antigas) em Passo Fundo ocorrem desde os anos de 1920. Esse não é um fenômeno atual como se pensava.” Ana Paula Wickert Professora do Curso de Arquitetura da UPF

pesquisados pelo grupo coordenado pela professora Ana Paula Wickert. “Descobrimos que as práticas de demolição das edificações pré-existentes (antigas) em Passo Fundo ocorrem desde os anos de 1920. Esse não é um fenômeno atual como se pensava”, explica. Isso possibilitou identificar uma cultura de que é preciso demolir e substituir para modernizar. “Sabendo disso fica mais fácil compreender a situação atual e propor soluções que aliem a ideia de desenvolvimento e modernização à ideia de preservação, como acontece em diversas cidades pelo mundo”, acrescenta. Bens históricos Pelas ruas de Passo Fundo foram inventariados mais de 60 prédios, além de quatro eixos paisagísticos. Um dos bens mais importantes na configuração da cidade identificado pelo trabalho é bem conhecido da população: os canteiros da avenida Brasil. “Esses canteiros, resultantes da produção urbana do ciclo das tropas, caracterizam a paisagem da cidade de forma expressiva e devem ser preservados em sua escala e dimensionamento”, reforça a pesquisadora. Outra desco-


berta importante foram os eixos de valor histórico e cultural da cidade: as avenidas Brasil, Sete de Setembro e General Neto e a rua Bento Gonçalves. “Nestes eixos indica-se a preservação do gabarito (alturas e recuos), visuais e edificações de estilo historicista, protorracionalista e moderno, criando um contexto histórico”, justifica.

Para saber mais Em parceria com a UPFTV foi criado o projeto NossArquitetura. Os vídeos produzidos estão disponíveis no endereço http://www.youtube.com/ user/mimagem. Além disso, diversas publicações foram apresentadas em eventos no Brasil e Europa, e capítulos de livros foram desenvolvidos a partir da pesquisa do inventário.

(Foto Leonardo Andreolli)

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O trabalho

O que é um inventário? O Inventário de Patrimônio Histórico e Arquitetônico é uma ferramenta de conhecimento, como uma lista de bens de interesse para a preservação e história de um lugar. Conforme Ana Paula, ele serve de base para o desenvolvimento de políticas públicas e análises históricas, arquitetônicas e da evolução urbana. Esse documento deve ser utilizado como base para as ações de educação patrimonial, incentivo fiscal e inclusive no desenvolvimento da cidade a partir da preservação do patrimônio.

Preservados: Canteiros da Avenida Brasil, em fotos de 1940 e atual, estão entre os bens mais importantes na configuração da cidade identificados pela pesquisa (Foto: Acervo MHR - Prefeitura Municipal de Passo Fundo / Fundação UPF)

u O projeto de pesquisa do curso de Arquitetura e Urbanismo da UPF foi desenvolvido com o apoio da Prefeitura de Passo Fundo, por meio da secretaria de Planejamento. A metodologia utilizada envolveu duas etapas: pesquisa histórica e levantamento de campo. Após este trabalho foram selecionados os bens de maior interesse que se apresentam elencados na versão final do inventário. O trabalho foi coordenado pela professora Ana Paula Wicket, que é arquiteta e urbanista e mestre em Conservação e Restauro de Patrimônio Histórico e Arquitetônico, com a colaboração do professor Marcos Antonio Leite Frandoloso e da arquiteta do Naduc, Greice Barufaldi Rampanelli. Mais de 30 acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo atuaram como voluntários ou bolsistas da pesquisa.

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comunidade

Qualidade de vida conquistada passo a passo Projeto de Equoterapia ajuda crianças e adultos a desenvolverem habilidades por meio de novas aprendizagens

Uma terapia para o corpo e para a mente Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo em uma abordagem interdisciplinar. A prática, que exige a participação do corpo inteiro, é benéfica para o tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação e equilíbrio, reconhecimento de espaço e tempo, cuidados com a postura e facilidade na realização dos movimentos. A interação com o cavalo desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e auto-

Interação com o cavalo desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima nos sujeitos atendidos

Foto: Carla Vailatti

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ndar a cavalo é uma atividade agradável para muitas pessoas, mas, para um grupo em especial, essa prática propicia avanços importantes na qualidade de vida. O Projeto de Equoterapia da UPF demonstra essa realidade e comemora cada pequeno progresso há nove anos. Por meio da iniciativa, crianças e adultos com necessidades especiais, como autismo, paralisia cerebral, síndromes neuromotoras, deficiência visual e portadores de doenças mentais, de Passo Fundo e de mais uma dezena de municípios da região, participam de atividades educativas nas quais o cavalo é o principal atrativo. O projeto é desenvolvido de forma interdisciplinar e envolve alunos e professores dos cursos de Fisioterapia, Educação Física, Fonoaudiologia e Medicina Veterinária da UPF, que propõem atividades aos participantes. Tudo parece brincadeira, mas cada gesto tem por objetivo a criação de condições para desenvolver habilidades e novas aprendizagens. Sobre o cavalo, cada participante percorre um trajeto de cerca de 30 minutos. Os estagiários e professores aproveitam esse passeio para conversar e propor desafios, como jogar bolas ou argolas em um alvo, por exemplo, porém num contexto lúdico, repleto de cores, formas e movimentos. O objetivo é levar os alunos a superarem seus próprios limites e interagirem com os demais, estimulando áreas cerebrais comprometidas.

estima. Conforme o coordenador geral do projeto, professor Péricles Saremba Vieira, tudo isso vem sendo observado e registrado. “São apontados ainda melhoras no sono, disposição geral, interesse em ampliar o repertório de conhecimentos, maiores sociabilização e autonomia”, comemora. O projeto da UPF é desenvolvido na sede campestre do grupo Cavaleiros do Planalto Médio (ao ar livre) e em pavilhão coberto cedido pelo Sindicato Rural de Passo Fundo, ambos no Parque Wolmar Salton. Superando preconceitos O Projeto de Equoterapia conta com uma contribuição especial: sob orientação especializada, adolescentes internos do Centro de Atendimento Socioeducativo - Regional de Passo Fundo (Case) auxiliam na preparação dos cavalos e os conduzem no picadeiro com os alunos participantes do projeto. Conforme Vieira, a parceria vem sendo exitosa, e os adolescentes têm demonstrado grande envolvimento. O menor D.N.C, de 17 anos, participa da iniciativa desde 2011 e relata o por-

São apontadas melhores no sono, disposição, maior socialização e autonomia. Péricles Vieira, coordenador do projeto

quê do seu engajamento: “Gosto de cavalos, de crianças e de poder ajudar as pessoas”. O rapaz, que leva na memória gestos de carinho de sujeitos que raramente manifestam esse tipo de emoção, como os autistas, diz que pretende continuar, mesmo depois de cumprir sua medida socioeducativa no Case. Contrariando alguns preconceitos, esses jovens são caracterizados pela coordenação do projeto como cooperativos, com profundo respeito pelas crianças atendidas e importante participação na reunião final das sessões, expondo suas opiniões e observações. “Em situações específicas, demonstram iniciativa e atenção, criando condições apropriadas de prevenção a qualquer possibilidade de acidente ou situação complexa”, observa Vieira. Formação profissional complementada Os acadêmicos dos cursos de graduação que participam como estagiários demonstram ganhos em conhecimento. Maria Cristina da Silva Souza cursa o 7º semestre de Educação Física e atua na iniciativa há um ano. “Essa experiência demonstra o quanto o campo de trabalho da profissão que escolhi é amplo”, destaca. Para ela, o projeto só traz realizações. “Compartilhamos conhecimento com colegas de outros cursos. Além disso, tem a questão da satisfação pessoal por auxiliar no progresso dos participantes”, avalia. Reconhecimento Justina Santin é mãe de dois participantes do Projeto de Equoterapia e vem percebendo evoluções constantes nos filhos. “Acompanho o projeto há mais de um ano e sei da sua importância. Por isso, todos com condições de ajudar são bem-vindos, para que essa iniciativa possa beneficiar ainda mais pessoas”, salientou. A iniciativa da UPF é viabilizada por meio de parceiras, entre as quais se destacam o grupo de Cavaleiros do Planalto Médio, Brigada Militar, Sindicato Rural e a Prefeitura Municipal de Passo Fundo.


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comunidade UM BOM

NEGÓCIO

Realizado em parceria entre UPF e Sebrae, o projeto Negócio a Negócio garante há mais de dois anos consultoria gratuita a milhares de empresários da região

Como funciona? Todas as ações são desenvolvidas por acadêmicos dos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Ciências Contábeis, com a supervisão de professores. Normalmente, acontecem três vi-

Cada organização apresenta uma realidade diferente e o projeto possibilita esse conhecimento prévio do que vamos encontrar no mercado de trabalho. Patrícia Rockenbach, estudante, Agente de Orientação Empresarial

sitas às empresas, realizadas pelo aluno - agente de orientação empresarial, que faz o diagnóstico da situação atual de gestão, sugestão de soluções e verificação de resultados ou possíveis dúvidas. São atendidos pelo projeto os microempresários com faturamento bruto de até R$ 240.000,00/ano, e os microempreendedores individuais. De acordo com o coordenador na região Planalto, professor da UPF Julcemar Bruno Zilli, a iniciativa é positiva sob dois aspectos. “Queremos auxiliar os empresários a qualificar seus empreendimentos, aumentando a vida útil das empresas, ao mesmo tempo em que estamos propiciando aos alunos o aprendizado na prática a partir da orientação de gestão prestada às empresas”, enfatiza. Além de Zilli, os professores Rejane Duarte, Nádia Bogoni e Rosalvaro Ragnini supervisionam o projeto. Faturamento aumentou 99% Um dos casos que mostrou resultados surpreendentes depois da participação no projeto foi o dos empresários Orlei da Silva Lessa e Suélen Lisowski Lamb. Em 2011, eles abriram uma loja de artesanato, em Passo Fundo. Após alguns meses com o negócio “no vermelho”, receberam a agente de orientação empresarial, Patrícia Rockenbach, que, seguindo o protocolo do projeto, realizou as orientações. Conforme Lessa, depois da implementação das sugestões, o faturamento alcançou 99% de aumento. “Adotamos medidas simples e que trouxeram resultados” diz, lembrando da identidade visual, da disposição interna dos produtos e da ideia de participar em feiras. Agora, os empresários já estão divulgando o negócio nas mídias sociais e oferecendo serviços aos clientes, como oficinas de capacitação. “O projeto nos motivou a realizar as mudanças. Foi a partir das visitas que percebemos a necessidade da composição dos preços aos produtos e das metas”, garante Suélen.

Foto: Cristiane Sossella

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apacidade empreendedora, logística ou habilidades gerenciais? O que faz o sucesso de uma empresa? Além de empreendedorismo, abrir e gerir uma organização exige um conjunto de habilidades e conhecimentos para garantir vida longa e sustentabilidade no mercado, cada vez mais concorrido. De acordo com dados do Sebrae deste ano, 26,9% das microempresas criadas fecham as portas nos primeiros dois anos de funcionamento. Na região Norte gaúcha, porém, os microempresários e microempreendedores individuais não estão sozinhos. Eles contam com o auxílio do Projeto Negócio a Negócio do Sebrae, desenvolvido em parceria com a UPF, o qual oferece atendimento presencial, continuado e gratuito. O projeto iniciou em 2010 e atendeu no ano passado 4,8 mil organizações de 72 municípios. Neste ano, a previsão é prestar consultoria a 3,4 mil empresas, metade delas recebendo o projeto pela primeira vez. As demais (1,7 mil) já tiveram acompanhamento em 2011 e, agora, recebem nova oportunidade de aperfeiçoar a gestão.

Atendimento a empresários é gratuito

A estudante Patrícia vê no projeto uma forma de aliar a teoria às vivências práticas. “Cada organização apresenta uma realidade diferente e o projeto possibilita esse conhecimento prévio do que vamos encontrar no mercado de trabalho”, afirma. Com relação a outras empresas visitadas, os acadêmicos relatam dificuldades comuns. Gustavo Guazzelli observa que a não separação do dinheiro pessoal do dinheiro que entra na empresa é um dos entraves. A falta de tempo para a gestão, segundo ele, é outra reclamação do empresariado. A opinião é compartilhada com o colega Paulo Miranda. “Muitos percebem a necessidade de fazer alguma mudança depois da nossa visita e é gratificante ver o que implementaram com base nas ferramentas que apresentamos”, complementa.

Quer receber o projeto? Se você ainda não recebeu o projeto, pode fazer contato com a Central de Relacionamento Sebrae/ RS (0800 570 0800) solicitando uma visita.


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ciência e inovação Pesquisas garantem

tratamentos odontológicos Alunos do PPGOdonto aperfeiçoam e desenvolvem estudos em busca de melhores resultados à saúde bucal da população

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m dos principais desafios que os odontólogos enfrentam em tratamentos endodônticos é a eliminação do maior número possível de bactérias nos canais radiculares, as raízes dos dentes. Tornar mais eficaz esse procedimento, popularmente conhecido como tratamento de canal, foi justamente o objetivo do aluno do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Tiago Lange dos Santos, que encontrou no laser de diodo de alta potência um auxiliar na desinfecção das raízes dos dentes. A pesquisa constitui a dissertação de Santos, egresso da primeira turma do mestrado em Odontologia, cuja formação foi concluída em março deste ano. Atualmente, o tratamento endodôntico é realizado com técnicas manuais e/ ou mecanizadas com substâncias químicas associadas. Hipoclorito de sódio e Clorexidina são as mais utilizadas. Mesmo com a evolução das práticas odontológicas, esse procedimento ainda é limitado, tanto pela dificuldade de ação destas substâncias quanto pela facilidade de penetração e resistência de bactérias como a Enterococcus faecalis (responsável pela maioria dos insucessos), utilizada na experiência. Santos realizou experimentos utilizando o laser de diodo de alta potência como auxiliar na desinfecção e obteve resultados promissores. Foram utilizados 120 dentes humanos doados para a finalidade da pesquisa, divididos em cinco grupos. No interior de cada raiz foi cultivada a bactéria E. faecalis. O primeiro grupo foi tratado com hipoclorito de sódio, o segundo com laser de diodo, o terceiro recebeu hipoclorito e laser, o quarto foi tratado com clorexidina gel e o quinto com clorexidina e laser. O pesquisador observou que a aplicação do laser após o uso do hipoclorito ou clorexidina apresentou os melhores resultados, reduzindo em 99,42% e 99,30%, respectivamente, o número de UFC/ml (unidades formadoras de colônias por ml). O grupo 3, que recebeu hipoclorito e laser, esterilizou 17 de 20

mais eficientes

Foto: Carla Vailatti

Estudos com biomateriais constituem uma das linhas de pesquisa do Mestrado em Odontologia

amostras e o grupo 5, que recebeu clorexidina e laser, esterilizou 8 de 20 amostras. Em sua dissertação, Santos comprovou que o laser pode melhorar os resultados. “Sua utilização pode reduzir a quantidade de bactérias e demais microrganismos, chegando próximo a esterilização e em alguns casos até à esterilização”, explica.

Periodontite e periimplantite: primeiro passo para novos tratamentos Letícia Stefenon foi colega de Santos e desenvolveu uma metodologia simples e pouco onerosa para testes de materiais, tratamentos e medicamentos, entre outras possibilidades, para patologias como a periodontite (inflamação em tecidos ao redor do dente) e periimplantite (inflamação em tecidos ao redor de implante dentário). Após estudos em parceria com pesquisadores da UFPel, Letícia disponibilizou modificações à metodologia utilizada no Laboratório de Microbiologia daquela instituição para reproduzir o que acontece na doença periodontal e periimplantar. Os dados obtidos mostram que o modelo é válido para estudos de biofilmes (colônias de bactérias) de até 48 horas de desenvolvimento. Letícia acredita que a grande contribuição do estudo é facilitar a aplicação de testes, o que significa um obstáculo a menos no desenvolvimento de novos tratamentos. “Essa metodologia é relativamente simples, mais acessível, e sem a utilização de muitos equipamentos para o desenvolvimento de pesquisas de grande interesse para a área da odontologia”, afirma. Biomateriais: presente e futuro da pesquisa Tanto o laser de diodo de alta potência quanto os implantes dentários são classificados como biomateriais, pois estão entre os elementos utilizados em contato com tecidos vivos e que interagem com eles. Pesquisas nessa área constituem uma das linhas em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Odontologia, e vem despertando o interesse de muitos pesquisadores. “Esse tipo de estudo está em ascensão tanto na odontologia quanto em outras áreas e vem resultando em contribuições à sociedade em diversos aspectos, em especial relacionados à qualidade de vida, praticidade e economia”, explica o coordenador do programa, professor Álvaro Della Bona.


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Kamila Trentin, orientada pela professora Mariza Cervi, avaliou como o paracetamol é usado pelas pessoas

Por diminuir a dor e também normalizar a temperatura do corpo em casos de febre, o paracetamol pode mascarar sintomas comuns a problemas de saúde mais graves

Fique longe da intoxicação

toma um comprimido

que passa Uso inadequado do paracetamol pode causar problemas graves no fígado e ainda mascarar sintomas de outras doenças

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lgumas gotinhas para baixar a febre nas crianças, um comprimido para diminuir a dor de cabeça, ou para aliviar ambos os sintomas quando se está gripado. O paracetamol é item básico para quem tem uma “farmacinha” doméstica. O medicamento é vendido em qualquer farmácia, sem muitas restrições. No entanto, poucas pessoas sabem dos perigos representados pelo inofensivo comprimido, como demonstrou uma pesquisa desenvolvida na UPF. Além de poder causar sérios problemas ao fígado, em doses elevadas ele também pode mascarar sintomas de problemas mais graves quando utilizado inadequadamente. O estudo foi desenvolvido na área de abrangência do posto de Estratégia de Saúde da Família (ESF) Adolfo Groth, que reúne os bairros Professor Schisler, Xangrilá, Ipiranga e Morada do Sol, em Passo Fundo. A estudante do curso de Farmácia Kamila Trentin, orientada pela professora Mariza Cervi, observou nas entrevistas realizadas com a comunidade a popularidade do paracetamol. Mais de 65% das 29 pessoas entrevistadas possuía o medicamento em casa como uso contínuo ou em estoque. “O fato mais marcante foi que a população de abrangência desconhecia que o uso abusivo de paracetamol pode ser tóxico ao fígado”, relata Kamila.

Tome com cuidado Não existe uma dose específica considerada tóxica a quem usa o paracetamol – que muitas vezes está inserido em fórmulas de medicamentos antigripais. De acordo com a autora do artigo os vários pesquisadores que estudam o tema não têm um consenso sobre isso. Sabe-se que ela varia de paciente para paciente. “Vários fatores podem favorecer uma intoxicação por paracetamol independente da dose administrada pelo usuário por meio da automedicação”, acrescenta. De acordo com um dos autores pesquisados por Kamila, doses de 150 e 200 miligramas por quilo, respectivamente, em adultos e crianças, são passíveis de causar danos, mesmo assim, não se descarta a possibilidade de dano com doses menores. A possibilidade aumenta quando o medicamento é usado concomitantemente ao consumo de álcool. Por diminuir a dor e também normalizar a temperatura do corpo em casos de febre, o paracetamol pode mascarar sintomas comuns a problemas de saúde mais graves. Em casos de infecção, por exemplo, ele pode diminuir a febre e existe a possibilidade de a infecção se manifestar mais tarde de forma mais agressiva, conforme explica a pesquisadora.

Dados do Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) mostram que entre os anos 2005 e 2008 foram atendidos mais de 24 mil casos de intoxicação humana por medicamentos, entre eles 1.661 com paracetamol, representando em média 7% do total. Confira alguns dos sintomas em casos de intoxicação: Nas primeiras horas os sintomas são: leve mal-estar, náuseas, vômitos, palidez e dor de estômago. Após um ou dois dias esses sintomas aumentam e começa uma dor na parte direita do fígado. Entre dois e cinco dias ocorre o efeito máximo da falência das células hepáticas.

Tome cuidado n Evite álcool durante o tratamento, pois o uso concomitante é tóxico para o fígado. n Caso surja qualquer reação inesperada durante o uso, o tratamento deve ser interrompido e o médico deve ser informado. n Siga rigorosamente a dose recomendada. n No caso de ingestão acidental de dose excessiva, procure imediatamente um serviço médico de urgência.

Estudo A pesquisa foi aplicada pelos estagiários envolvidos no Programa pela Educação para Saúde (PET-Saúde). As entrevistas foram realizadas no período de maio a junho de 2011, com um integrante de cada família visitada. A pesquisa conquistou o Prêmio Impacto Social na XXI Mostra de Iniciação Científica da UPF.


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chegando Os desafios de quem está entrando em uma universidade Escolher a carreira profissional é uma etapa difícil e emocionante na vida das pessoas. Depois do ensino médio é chegada a hora de se perguntar: o que eu quero para mim? O que espero do meu futuro? Onde estudar? Nicole Fernandes de Lima, 17 anos, é passo-fundense e precisou enfrentar esse dilema. Em dúvida entre os cursos de Biomedicina e Farmácia, no Interação UPF a jovem teve a oportunidade de ver de perto os laboratórios e projetos, conversar com os professores e tomar a decisão. Nicole optou pelo curso de Farmácia e ingressou no primeiro semestre de 2011 na graduação. “Optei pela UPF por toda a tradição e estrutura de décadas formando excelentes profissionais, e é assim que pretendo seguir minha vida acadêmica, aproveitando ao máximo todas essas experiências e oportunidades que professores e colegas dividem nas salas de aula”, afirma Nicole. Estar motivado a sempre fazer mais é uma ferramenta essencial no cotidiano de um acadêmico. Nicole sabe disso e já ocupa os intervalos entre as aulas com o estágio na Farmácia Central do Hospital da Cidade em Passo Fundo. A área hospitalar é a que mais desperta o interesse da acadêmica para a continuidade da carreira profissional, quando concluir o curso em 2015. Fotos: Emilio Arruda

Nicole está no terceiro semestre do curso de Farmácia

saindo Do sonho de infância à formação acadêmica Raquel Aparecida Cesar da Silva, 33 anos, é uma apaixonada pelos livros desde pequena. Nascida na Capital Nacional da Literatura, resolveu conciliar o que mais gostava com o mundo de possibilidades da UPF. Em 2007 ingressou no curso de Letras do Instituto de Filosofias e Ciências Humanas. De lá pra cá foram vários desafios, aprendizados, projetos e amigos conquistados. “Posso dizer que aprendi muito, multipliquei conhecimentos, mas o que mais me marcou e tem marcado até aqui, primeiro como graduanda e agora como mestranda, são as pessoas que encontrei na UPF. Professores e colegas que imprimiram de tal forma suas marcas em mim que já não me reconheceria sem as experiências que vivi ao lado deles”, esclarece. Além dos estudos, Raquel conciliava a vida acadêmica com os estágios no Mundo da Leitura e como professora na Escola Estadual Salomão Iochpe. Vendo os sonhos e desejos se tornarem realidade, Raquel concluiu o curso de Letras no final de 2010. Hoje, é revisora e tradutora de inglês, solução que encontrou para estar mais perto do mundo das letras. O desejo de seguir nos estudos a levou ao Programa de Pós-Graduação em Letras da UPF. “A universidade me abriu os olhos para a necessidade de conjugar a vivência universitária com aplicação social, o que me levou a decidir de vez pelos estudos de literatura africana”, observa. Raquel estuda o autor moçambicano Mia Couto na dissertação de mestrado que defenderá em 2013, já com olhos voltados ao doutorado.

Graduada em Letras, Raquel agora conclui mais uma etapa de seus estudos, o mestrado


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Foto: Carla Vailatti

comunidade

Dor, desespero, coragem,

mudança! Projur Mulher atende e acompanha mulheres vítimas de violência abrigadas na Casa da Mulher

A

s agressões sofridas por Maria (nome fictício), 35 anos, durante longos anos geraram dor, desgaste e desespero. Além de ela sofrer, percebia o sofrimento nos olhos dos cinco filhos. A mudança começou no dia em que ela decidiu refazer sua vida. Deixou seu lar e foi encaminhada à Casa de Apoio do município de Passo Fundo, junto com seus filhos. Ela sempre soube que não seria fácil, porém, era necessário. “Aqui me sinto segura. O atendimento é muito bom. Pretendo ficar uns dias até resolver a minha situação e alugar uma casa para seguir a vida com meus filhos”, revelou. Maria sabe que há muitas outras mulheres que também sofrem violência de seus companheiros e por isso espera que seu exemplo inspire outras a buscar a mudança. “Aconselho que elas criem coragem e façam o que eu fiz. Não adianta estar aguentando, achando que vai melhorar, porque nunca melhora”, recomenda. Essa é apenas uma das tantas histórias que surgem todos os dias na Delegacia da Mulher em Passo Fundo. São dezenas de mulheres que prestam queixas e são encaminhadas para o acompanhamento do Projur Mulher - projeto de Prestação Jurídica e Atendimento Multidisciplinar às Mulheres Vítimas de Violência e Familiares. A iniciativa atende mulheres em situação de vulnerabilidade desde 2004, em parceria com a prefeitura de Passo

Fundo, por meio da Secretaria de Assistência Social. Em novembro de 2010 a professora Joseane Petry Faria passou a coordenar o projeto. Segundo ela, o Projur busca contato direto com a sociedade esclarecendo e sensibilizando as pessoas em relação ao grave problema social da violência doméstica. Uma vez por semana a equipe vai até a Casa que recebe os familiares violentados e presta atendimento, sempre trabalhando em parceria com a Coordenadoria da Mulher e a Delegacia da Mulher. “Prestamos toda assistência jurídica na Casa da Mulher. Desde o momento em que elas chegam ao local, nós orientamos sobre o processo e a acompanhamos até a data da audiência”, afirma, lembrando que atualmente cerca de 50 mulheres são acompanhadas. Mais de 30 registros de violência por dia Dados levantados pela equipe de trabalho apontam que são feitos aproximadamente 30 registros de violência contra mulheres por dia em Passo Fundo. O número impacta, porém, sabe-se que ainda está distante da realidade, já que a maioria ainda prefere não fazer ocorrência e só busca ajuda quando está em uma situação de violência extrema. De acordo com Joseane, parte da resistência em realizar a ocorrência vem da falta de conhecimento e até mes-

Cerca de 30 mulheres registram ocorrência de agressão diariamente em Passo Fundo. Algumas são encaminhadas à Casa de Apoio para receberem acompanhamento

O atendimento do Projur Mulher ocorre nas segundas, terças, quartas e sextas-feiras, das 13h30 às 17h30 e nas quintas-feiras, das 8h às 12h, junto ao Campus III da UPF. Informações: (54) 3316-8576 ou projurmulher@upf.br.

mo do preconceito da sociedade. “É preciso conscientizar a comunidade que a violência de gênero não acontece somente entre o casal. Temos visto cada vez mais filhos agredindo mães, pais agredindo filhas e sogros agredindo noras. Precisamos de uma atenção maior até que haja uma mudança de comportamento”, observa a coordenadora. Arte, terapia e conhecimento A prática dos profissionais relacionados ao Projur Mulher ensina que as vítimas atendidas não necessitam apenas de acompanhamento jurídico. Por isso, uma equipe do curso de Psicologia da UPF, coordenada pela professora Viviane Candeia Paz, presta atendimento orientando para a resolução do conflito, seja pela separação ou pela continuação do relacionamento. Outra iniciativa é relacionada ao curso de Artes Plásticas da UPF. Coordenado pela professora Mariane Loch Sbeghen, é desenvolvido um projeto de arteterapia, que proporciona lazer e conhecimento às atendidas. “Trabalhamos a questão da escolha, o fato de elas estarem escolhendo algo melhor pra as suas vidas. Buscamos mostrar que é possível pensar em coisas boas para si e para a família e por isso trabalhamos muito a questão da autoestima”, ressalta Mariane. O principal material utilizado nesse trabalho é o papel reciclado, que tem uma importância especial pelo seu significado. “Mesmo mudado ou prejudicado, o papel pode se tornar melhor. Os papeis, assim como a vida da gente, nunca têm apenas uma linguagem, eles podem ser modificados e transformados em algo bom”, avalia Mariane.


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polêmica

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Esta seção da Revista Universo UPF pretende apresentar a opinião de pesquisadores da instituição e representantes da comunidade sobre assuntos relevantes da realidade atual. Você é nosso convidado para debater, nesta edição, quais os desafios para o desenvolvimento da região norte do estado, levando-se em conta a sustentabilidade econômica e ambiental, em especial, em ano de eleições municipais.

Desenvolvimento econômico e sustentável Glademir Bernardelli

vice-presidente da Associação das Micros e Pequenas Indústrias de Passo Fundo

Professora Cleide Moretto,

Ivan Manfroi

Vice-presidente de Comércio da Acisa

“C

onsiderando, como administrador e empresário, que sustentabilidade significa, sobretudo, sobrevivência, seja dos recursos naturais, dos empreendimentos e da própria sociedade, podemos verificar que, muito além das questões econômicas e naturais, encontra-se a questão da condição de existir, a qual está intrínseca na cultura predominante em cada região. Qualquer que seja a dimensão a ser analisada, por políticas públicas ou privadas, o enfoque deverá considerar que as pessoas estarão sempre potencializando os resultados, sejam eles positivos ou negativos. Aos futuros governantes, o principal desafio será o de estabelecer medidas eficazes na mudança das questões culturais, planejando, organizado e coordenando projetos sustentáveis, que através de programas específicos condicionem a população a agir de forma sustentável. E se sustentabilidade tem relação direta com existência, podemos dizer que o segredo do sucesso será garantir às atuais e futuras gerações condições básicas de poder desfrutar de um ambiente digno e próspero, sem que ocorra uma sobreposição de papéis, e sim uma agregação de funções em torno do desenvolvimento e da qualidade de vida”.

Foto: Leonardo Andreoli

Foto: Carla Vailatti

“E

quacionar os desafios que se apresentam para o desenvolvimento sustentável de nossa região implica considerar a sua dimensão ampla, em outros termos, o crescimento econômico imbricado à melhoria dos indicadores sociais, que qualificam as condições de vida da população e, ao mesmo tempo, ao equilíbrio do ecossistema. Observamos que os conflitos surgem não apenas no âmbito da dimensão econômica/ produtiva e ambiental, mas também no da dimensão social e ambiental, fato que evidencia o dilema que se coloca aos gestores públicos em termos de qual modelo de desenvolvimento seguir. No cenário das últimas duas décadas, novas regulamentações apontam para o fortalecimento do poder local, tendo como aliadas a ampliação da carga tributária e da capacidade de financiamento. Como contrapartida, vemos um maior número de atribuições aos municípios. A proximidade com a população, por sua vez, traz consigo fortes pressões para o atendimento das demandas reprimidas. De outra parte, não (re)conhecemos um projeto nacional que consolide um maior poder de articulação entre as ações locais, sejam elas regionais ou municipais, e as políticas públicas do país, nas suas diferentes dimensões. Aos gestores públicos locais recai, portanto, a responsabilidade de conduzir o processo, por meio de políticas que dinamizem a estrutura produtiva local, e, por consequência, repercutam na qualidade de vida da população e garantam a sua sustentabilidade ambiental. O desafio é focalizar na potencialidade socioeconômica do território e na minimização dos problemas ambientais. Como ponto de partida, provocamos com a questão de que, para além da atração de empresas de grande porte, prioritariamente do setor industrial, é necessária a adoção de mecanismos de fortalecimento do tecido produtivo local, caracterizado por micro e pequenas empresas, em sua maior parte intensivas em trabalho. Há espaço para ações que mobilizem o mercado interno e criem fluxo de renda e de emprego a partir da valorização dos insumos locais de produção”.

credito que sem dúvida chegou o momento de o poder público de nossa cidade voltar os olhos às micros e pequenas indústrias, que têm um potencial grande de geração de emprego e renda, mas que sem dúvida necessitam um olhar diferente. Por que não criar um condomínio industrial para que estas micros e pequenas indústrias possam se instalar com um custo mais baixo? Por que não criar uma lei de isenção de IPTU a essas empresas? Por que não capacitá-las por meio de convênios, ou priorizá-las nas licitações do município? E por que não orientá-las sobre as questões do meio ambiente? Ou ainda criar em Passo Fundo uma associação de garantia de crédito, facilitando que a empresa associada busque com mais facilidade e com mais garantias dinheiro para gerir seus negócios? Poderíamos enumerar muitas outras ações que o poder público tem condições de fazer junto a esses empreendedores, que geram emprego e renda no município e, a partir dessas e outras ações, poderiam, com toda a certeza, ampliar seus negócios. Com certeza, essa ações também repercutiriam na qualidade de vida da população. Acredito que esse é um grande desafio para este governo que está chegando ao fim, e para o próximo que vai entrar”.

Foto: Fiorelo Rigon

“A

Doutora em Economia


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profissões n FONOAUDIOLOGIA Quem não precisa se comunicar melhor? Trabalho dos fonoaudiólogos vai muito além de tratar gagueira ou a “síndrome do Cebolinha”

Fotos: Carla Vailatti

Atividades lúdicas favorecem a interação e motivação das crianças em tratamento

Fonoaudiologia é a ciência que estuda, trata e aperfeiçoa a comunicação humana. O trabalho dos fonoaudiólogos busca melhorar aspectos da fala, escrita, audição, leitura e motricidade orofacial, tanto de quem possui alguma alteração quanto de quem deseja aprimorá-los. A UPF oferece o curso desde 2004 e é responsável pela formação de grande parte dos fonoaudiólogos atuantes em nossa região.

O que faz o fonoaudiólogo? Para Marilea Fontana, coordenadora da graduação na UPF, muitas pessoas associam a fonoaudiologia a problemas como gagueira e dificuldades de pronúncia. Essa ligação não está incorreta, porém as situações em que um fonoaudiólogo pode contribuir vão muito além. “Nossa atuação ocorre nas mais diferentes etapas do desenvolvimento, ou seja, vai desde um bebê até as pessoas de mais idade. Aperfeiçoamos a comunicação das pessoas, melhoramos sua qualidade de vida”, explica. O campo de atuação é vasto. Cabe a esses profissionais tratar das questões de desenvolvimento da linguagem, amamentação, alterações de fala, disfagia (dificuldade de diglutição), entre tantas outras.

MAIS

Fonoaudiologia na UPF Duração: 9 semestres Ingresso: Vestibular de Verão Aulas: à noite e sábados pela manhã Onde é oferecido: campus I, em Passo Fundo Titulação: Fonoaudiólogo Infraestrutura: equipamentos e laboratórios de última geração que permitem a prática da profissão Disciplinas: currículo elaborado para uma formação generalista, em que as disciplinas abordam diversas áreas da saúde, como anatomia, genética, neurologia e psicologia, aspectos da aprendizagem, como linguística, e disciplinas específicas, como audiologia, fala, voz e física acústica

Histórico de lutas Marilea relata que a fonoaudiologia possui um histórico de muitas lutas. “No Brasil, o surgimento de práticas que originaram a profissão se deu em meados do século XX. Somente em 1981, em 09 de dezembro, a fonoaudiologia foi reconhecida como profissão”, sintetiza. As batalhas não cessaram: hoje o esforço é para esclarecer à população sobre a profissão, a fim de que mais pessoas possam ter mais qualidade de vida. Com o desenvolvimento da profissão e visto que cada vez mais pessoas se conscientizam da sua importância, o mercado de trabalho está em expansão. “O mercado é promissor, mas é preciso dedicação e amor ao que se faz, pois a profissão requer muito estudo”, aconselha Marilaa. Entre os campos em crescimento estão a fonoaudiologia hospitalar, a área ocupacional e a atuação em ambiente escolar. “Há muitos problemas de aprendizado que poderíamos, de forma eficaz, auxiliar o professor. Não atendendo clinicamente, mas por meio de programas e orientação de equipes”, aposta a coordenadora.

Palavra de profissional Andréia Estér Puhl é egressa da primeira turma de Fonoaudiologia da UPF em 2007. Após a graduação, fez especializações, mestrado, e hoje trabalha em uma clínica, focando sua atuação nas áreas de disfagia, câncer de cabeça e pescoço e Parkinson, entre outras doenças neurológicas. “A profissão é melhor do que imaginava”, afirma, recomendando a graduação que cursou. “O curso na UPF é ótimo, com uma clínica ampla e equipada e possibilidade de estágios em diferentes áreas, inclusive hospitais. Os professores são excelentes e estão em constante aprimoramento”, avalia.


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reconhecimento

As lições de um homem da educação

Aos 81 anos Elydo Alcides Guareschi fez do estudo e do envolvimento com a educação suas vocações: o sacerdócio e a docência

N

atural de Colorado-RS, nascido em 21 de fevereiro de 1931, Elydo Alcides Guareschi vem de uma família de descendentes de italianos, numerosa como eram as famílias daquela época. Com dez irmãos e pais agricultores, teve uma infância humilde. Estudou com os irmãos em uma escola rural com uma professora unidocente, o que, na sua opinião, não prejudicou em nada seu aprendizado. “Era uma excelente alfabetizadora. Penso que ainda hoje uma boa alfabetização é fundamental para a formação das pessoas”. Segundo Guareschi, o chamado à vocação sacerdotal também teve a participação dessa mesma professora. Mulher de profunda vida religiosa, ela tinha três irmãos sacerdotes. “Em um determinado momento, ela percebeu que eu gostava muito de estudar. Um dia, chamou-me e perguntou se eu queria ir para o seminário. Com a minha resposta, foi falar com meus pais. Aos 11 anos embarquei no trem para Santa Maria”, relembra com emoção. Em contato com um estudo exigente e uma disciplina rígida, aprendeu francês, latim e aprimorou a língua portuguesa. Foi assim que entrou em contato mais profundo com a educação de uma maneira geral. Além dessa primeira formação, estudou filosofia por três anos e teologia por quatro anos no Seminário Central em São Leopoldo, hoje Unisinos. Em dezembro de 1956 foi ordenado sacerdote. O envolvimento com a UPF e com a educação O contato mais próximo com a prática educacional começou cedo. Em 1957, o então bispo da Diocese

de Passo Fundo, Dom Cláudio Colling, designou Guareschi para ser professor da Faculdade de Filosofia, que faria parte, mais tarde, em 1967, da Universidade de Passo Fundo. “Aos poucos fui me apegando aos professores e alunos e assim descobri minha segunda vocação: ser professor”. Em 1961 foi escolhido diretor da Faculdade, o que, na sua opinião, fez com que se envolvesse cada vez mais na gestão da Universidade, chegando à Reitoria da instituição nos anos de 1982 a 1998. “Fiz parte de uma geração que teve um sonho importante: a construção da UPF. Ajudei a Universidade a crescer. Hoje a UPF tem uma presença marcante na cidade e na região”, observa. De 2004 a 2008 foi secretário de Educação de Passo Fundo, momento em que pôde conhecer de perto a realidade da educação no município e, juntamente com sua equipe, desenvolver projetos e ações para qualificá-la. Homenagem merecida Em julho de 2010, Guareschi recebeu da UPF o título de Doutor Honoris Causa. A homenagem o incluiu no grupo de autoridades reconhecidas pela instituição - entre eles, Ariano Suassuna e José Mindlin. “Jamais poderia imaginar que aquele menino, aluno de uma escola rural comunitária, chegaria um dia ao título maior de uma universidade. No meu discurso declarei que desejava repartir o

Fiz parte de uma geração que teve um sonho importante: a construção da UPF.

título com os professores da UPF que ajudaram a construir o sonho”. Olhos voltados para os desafios da educação Afastado da UPF desde 2000, quando foi jubilado, Guareschi afirma que nunca quis cruzar os braços. Além de trabalhos comunitários e de atividades ligadas ao sacerdócio, atua na diretoria do Hospital de Olhos Diógenes Martins Pinto e não perde o foco da educação. “Passo Fundo vem cuidando bem da educação. Mas os desafios continuam, e o principal, no meu entender, está na educação básica. Ainda há muito o que investir em prédios, equipamentos e na formação dos professores”, argumenta.


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é fácil ganhar uns tapas na

ESPANHA S

obre a maravilha arquitetônica que é a Catedral da Sagrada Família projetada por Gaudi em Barcelona ou mesmo sobre os caminhos de Santiago de Compostela, quem se interessa pela Espanha provavelmente já leu inúmeras vezes. O país, no entanto, reserva uma série de atrativos que só quem pôde conviver de perto com a população nativa pode contar. Ganhar uns tapas sentado à mesa de algum bar, por exemplo, não é incomum. Essa é uma das demonstrações de hospitalidade da capital espanhola, acostumada a receber visitantes estrangeiros – muitos deles intercambistas – todos os anos. Não se assunte. Os tapas espanhois não são violência, mas pequenos aperitivos que eles servem acompanhando a cerveja ou outra bebida. Essa é uma das curiosidades que o acadêmico do curso de Jornalismo da UPF, Flaubi Farias, descobriu durante os meses que passou na Europa numa temporada de estudos. “Essa cultura de tapas é tão ativa que, em Valência, em setembro, teve uma ‘Feria de la Tapa’, que foi um evento onde diversos bares montaram estandes e, ali, vendiam suas especialidades gastronômicas”, explica, lembrando que Valência não oferece tapas gratuitos como Madrid.

com um atendimento rápido. “É um local que está sempre lotado, tanto por turistas como por espanhois”, completa. Em Valência a paella é o prato típico e a sugestão gastronômica. A receita tem como ingredientes básicos arroz, açafrão, frango, entre outros, preparados em uma chapa metálica. “O segredo de onde comer em Valencia é ir a um restaurante longe da praia, caso não queira pagar o dobro do preço, pois na rua da praia a inflação faz a festa”, alerta.

Para comer bem e barato Para comer bem e barato no centro de Madrid, a sugestão é o Museo del Jamón. De acordo com Farias, com poucos euros é possível comer e beber

Para os nativos Fernando Acedo Triviño é um intercambista espanhol que está em Passo Fundo para um semestre de estudos. Ele mora em Almendralejo, Província

Conheça Toledo Uma das dicas de visita do intercambista passo-fundense é a pequena cidade de Toledo. “Quando se caminha pelas ruas estreitas de Toledo, a primeira impressão que vem à cabeça é a de estar em uma cidade cenográfica de um filme histórico de algum dos séculos passados”, descreve. Segundo ele, o meio mais barato para se visitar a pequena cidade partindo de Madrid é de ônibus, com um trajeto de 45 minutos. “Podemos ver referências às três culturas dominantes da região durante os anos, judaica, árabe e cristã. É a história diante de nossos olhos”, acrescenta. Além disso, a cidade é rica em exposições históricas e museus, quase todos pagos.

Apresentar diferentes cidades, países, sua cultura e seus espaços. Esse é o objetivo da editoria INTERCAMBIANDO. Para isso, a cada edição estaremos entrevistando pessoas que, de alguma forma, conheceram a realidade de perto. Você é nosso convidado para essa viagem que começa pela Espanha. Esperamos suas sugestões para as próximas edições.

de Badajoz. Na sua opinião, um dos lugares que os turistas não podem deixar de conhecer na Espanha é a região da Andaluzia. Além da beleza do lugar, o estudante de 24 anos destaca o povo da região. “Não é porque eu sou do sul (a minha cidade é perto de Sevilla), mas acho que as pessoas do sul são mais engraçadas, simpáticas. O pessoal do centro e do norte normalmente é mais fechado”, compara. Da gastronomia local, a paella é um prato que não pode faltar no roteiro de quem gosta de frutos do mar. O prato pode ser preparado de diversas maneiras dependendo da região. “Tenho muita saudades da paella, porque a minha mãe fazia isso todos os domingos ou quase todos”, justifica. Ainda sobre a culinária local, as tapas são indispensáveis. E é fácil conseguir. Conforme Triviño, a maioria dos bares oferece tapas aos seus clientes como cortesia. Os aperitivos podem ser de vários ingredientes. “A minha tapa preferida é a tortilla de batatas. É uma coisa típica de Espanha, e, para mim, essencial no verão”, completa.

Na descrição de Flaubi Farias (foto maior), Toledo é ‘a história diante dos olhos’.Já o intercambista espanhol Fernando (foto menor, em Sevilha) está no Brasil para uma temporada de estudos

Quer saber mais? Acesse o blog escrito pelo intercambista Flaubi Farias: On the road - Intercâmbio pela Europa www.onacional.com.br/colunistas/on-the-road-intercambio-pela-europa. No endereço há uma série de posts criativos e úteis para quem pretende viajar ou saber mais sobre a Espanha e outras partes da Europa.


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qualidade acadêmica

COMPROVADA Índices alcançados por diversos cursos em avaliações do MEC reafirmam o compromisso da UPF com a formação de profissionais qualificados

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Inep. De acordo com a coordenadora da Divisão de Avaliação Institucional e membro da Comissão Própria de Avaliação, Magda Moreira, além da Avaliação Institucional Externa, outro instrumento complementar do Sinaes é a Auto-avaliação, momento em que a comunidade acadêmica se manifesta quanto às potencialidades, às fragilidades e tem a oportunidade de apresentar sugestões ou críticas sobre as ações e políticas institucionais, com o intuito de melhorar a qualidade e aprimorar o que já está sendo realizado. Além desses instrumentos de avaliação, anualmente os alunos dos cursos de graduação participam do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). De acordo com o que estabelece a legislação, além da avaliação da aprendizagem dos universitários em relação ao conteúdo previsto nas matrizes curriculares dos cursos de graduação, suas habilidades e competências, o Enade também contempla a avaliação dos cursos e instituições. Com base no Enade são calculados o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que também considera em sua composição a situação do corpo docente e de infraestrutura, entre outros insumos, e o Índice Geral de Curos (IGC), que sintetiza em um único indicador o desempenho de todos os cursos de graduação e pós-graduação de uma instituição.

Foto: Fabiana Beltrami

missão de formar profissinais cidadãos, que possam produzir e difundir conhecimentos que promovam a melhoria da qualidade de vida, com postura crítica, ética e humanista, preparados para atuar como agentes transformadores, sempre norteou o trabalho da UPF. Aliados a isso, bons referenciais de qualidade devem embasar as ações, que no Brasil seguem o que estabelece o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). São os resultados das avaliações que possibilitam traçar um panorama da qualidade de cursos e instituições de educação superior no país. Nesse contexto, a UPF tem feito o “dever de casa”. Os investimentos em qualidade educativa garantem à única universidade de Passo Fundo destaque em avaliações feitas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC. No último ano, graduação e pós-graduação conquistaram evidência nos principais indicadores de qualidade do ensino superior. Ainda em julho, a instituição foi oficialmente recredenciada pelo MEC como universidade com conceito quatro, numa escala de um a cinco. O conceito foi obtido após a Universidade passar pela Avaliação Institucional Externa, com a visita in loco, realizada por uma comissão do

CST em Sistemas para Internet obteve conceito cinco

Bom perfil de qualidade Depois de implantados os cursos de graduação, eles precisam ser reconhecidos a cada ciclo avaliativo do Sinaes, de três em três anos, ou renovar o seu reconhecimento. Em função disso, quando já estão em funcionamento, uma comissão do MEC os visita para aferir as seguintes dimensões: organização didático-pedagógica, corpo docente e instalações físicas. Neste ano, quatro cursos tiveram portaria oficial de reconhecimento, todos bem conceituados: o curso superior de tecnologia (CST) em Design de Moda obteve conceito quatro, o CST em Recursos Humanos conceito três, o CST em Sistemas para Internet conceito máximo cinco e o curso de Artes Visuais conceito quatro. De acordo com a avaliação do MEC, as graduações apresentam um bom perfil de qualidade.

Destaques no Enade

No curso de Medicina, conceito 5 no Enade, a prática acadêmica tem lugar desde os primeiros semestres

No final de 2011, o Inep divulgou os indicadores de qualidade de cursos e instituições de educação superior, referentes ao Enade 2010. O curso de Medicina da UPF foi destaque na avaliação com conceito 5 e é o primeiro colocado entre as escolas médicas gaúchas. Já os cursos de Agronomia, Odontologia e Serviço Social obtiveram conceito 4, tanto no Enade quanto no CPC. O curso de Agronomia aparece como primeiro colocado no índice CPC entre os particulares do Rio Grande do Sul e o curso de Odontologia ocupa a segunda colocação no mesmo critério. O curso de Medicina Veterinária integra a lista como primeiro colocado entre as instituições particulares no CPC. Os demais cursos avaliados em 2010, com conceitos divulgados em 2011, Educação Física (Bacharelado), Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina Veterinária e Nutrição – obtiveram conceito 3 no Enade e no CPC. Pela avaliação do MEC, cursos com conceito 3 atendem plenamente aos critérios de qualidade.


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Os desafios do saber envelhecer

em debate Uma das maiores mudanças observadas no século XX foi o aumento da longevidade do ser humano. Hoje a expectativa de vida equivale a quase o dobro da idade alcançada no início do século, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2000). O processo de envelhecimento, pela sua natureza multidisciplinar, é extremamente complexo e multifatorial e o estudo desse fenômeno tem gerado um grande número de teorias e uma vasta literatura. É partindo deste contexto que a UPF vai realizar, nos dias 29, 30 e 31 de agosto, o Congresso Internacional de Estudos do Envelhecimento Humano 2012, enfatizando o tema “Os desafios do saber envelhecer”. O objetivo é promover discussões sobre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e políticos do envelhecimento humano, pressupondo os desafios que este processo coloca na agenda das políticas públicas brasileiras e

A programação completa e todas as informações sobre o evento estão disponíveis no site www.upf.br/ cieeh

Jornadas de Fonoaudiologia

Hoje a expectativa de vida da população equivale a quase o dobro da idade alcançada no início do século XX

ainda uma posição permanente e autocrítica sobre a inserção multidisciplinar.

Com a intenção de promover o intercâmbio e a atualização de conhecimentos entre profissionais e acadêmicos de Fonoaudiologia, a UPF realiza, de 20 a 22 de agosto, a III Jornada de Fonoaudiologia do Planalto Médio e I Jornada Latino-Americana de Fonoaudiologia. Palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos científicos em forma de temas livres integram a programação, que terá a participação de renomados especialistas na área. O evento acontece no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis, Campus I. Mais informações no site: www.upf.br/jornadafono/

4º Seminário Nacional de Língua e Literatura A UPF será espaço para a produção científica resultante de pesquisas que se orientam pela interface entre os estudos linguísticos e os estudos literários nos dias 02 e 03 de agosto. O 4º Seminário Nacional de Língua e Literatura, organizado pelo curso de Letras, juntamente com o Programa de Pós-Graduação em Letras da instituição, vai debater o tema “Teoria e ensino: diálogos em discurso”. O evento tem como local o auditório da Faculdade de Odontologia, Campus I. Informações pelo telefone (54) 3316-8341 ou pelo site www.ppgl.upf.br, no link do seminário.

Lançamentos da UPF Editora Estudo da língua brasileira de sinais Autoras: Andréia Mendiola Marcon, Ângela Mara Berlando Soares, Cristine Fátima Pereira Luna, Monique Giusti Reveilleau e Tatiane de Souza da Anhaia

Negros, Charqueadas & Olarias Autora: Ester J. B. Gutierrez

Fisiologia das plantas cultivadas: o estudo do que está por trás do que se vê Autor: Elmar Luiz Floss

Avaliação psicológica: expressão singular em diversos contextos Organizadora: Silvana Alba Scortegagna

Policultivo de jundiás, tilápias e carpas: Uma alternativa de produção para a piscicultura rio-grandense Autores: Leonardo José Gil Barcellos, Michele Fagundes (org)

Física do solo Autor: Vilson Antonio Klein

Curso de atualização em equoterapia A atualização e capacitação de profissionais para atuarem com projetos de equoterapia estão entre os objetivos do curso que será promovido pela UPF nos dias 13, 14, 20 e 21 de julho. O curso de Atualização em Teoria e Prática da Equoterapia abordará o planejamento, execução e avaliação de atividades, além de construir alternativas para atendimento de pessoas deficientes ou em situação de vulnerabilidade. As aulas acontecerão no Centro de Equoterapia, localizado na sede do Sindicato Rural às margens da BR-285, próximo ao Aeroporto de Passo Fundo. Outras informações podem ser obtidas pelo site www.upf.br/equoterapia, ou ainda pelo telefone 54 33168380 na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da UPF



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