Revista Universo UPF #04 - Agosto/2013

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espaço do leitor "Como professora e pesquisadora na Instituição, acompanho as edições da Revista Universo UPF desde sua primeira publicação. Sabedora do impacto que bons textos causam no públicoleitor, deixo registrado o quão importante e comprometido é o trabalho feito por seus editores na divulgação das ações, pesquisas e notícias da UPF. Com uma linguagem adequada e própria do jornalismo, a Revista tem se configurado como veículo socializador e divulgador da produção do conhecimento, o que normalmente fica restrito a revistas científicas ou relatórios institucionais. Posso dizer que a Revista Universo UPF, por sua repercussão na comunidade interna e externa, já tem seu lugar na história de nossa Universidade". Cleci Werner da Rosa

professora da UPF, coordenadora da UPF Editora

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Espaço do Leitor recebe comentários, sugestões e impressões sobre a revista Universo UPF. Para participar, escreva um e-mail para imprensa@upf.br. Nossos telefones de contato são (54) 3316-8142 e 3316-8138. Boa leitura a todos! Equipe de produção da revista Universo UPF

UPF em

NÚMEROS 06 campi instalados nas cidades da região 101 municípios abrangidos em sua área de atuação 19.718 alunos matriculados (na graduação, pós-graduação e extensão da UPF, além da UPF Idiomas e Integrado UPF) 918 professores de Ensino Superior (49,67%Me - 26,21% Dr) 1.248 funcionários 60 cursos de graduação oferecidos 50 cursos de especialização em andamento 12 cursos de mestrado institucional 02 cursos de doutorado institucional e um estágio pós-doutoral 64.172 profissionais formados nestes 45 anos 10 bibliotecas 283.605 exemplares de livros disponíveis em 109.320 títulos 23 anfiteatros e auditórios 162 salas para ensino prático-experimental 282 laboratórios 150 clínicas 57 convênios com instituições estrangeiras para intercâmbio acadêmico em 17 países

Acompanhe a Universidade nas redes sociais: UniversidadeUPF

nesta

edição Pg 5 n

Programa de Formação Docente objetiva o aperfeiçoamento dos professores e a busca de ações pedagógicas inovadoras

Pg 15

n Pesquisa desenvolve técnicas naturais e econômicas para limpeza de solos contaminados por combustíveis

Pg 18

n Estudos identificam formação de biofilme por Salmonella, um dos gêneros de bactérias que mais causa infecção alimentar

Pg 19

n Projeto de extensão promove ações para atendimento odontológico especializado nas Apaes de Passo Fundo, Casca e Marau

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UPFOficial

Universidade de Passo Fundo

Revista Universo UPF - nº 04 Agosto/2013 A revista Universo UPF é uma publicação da Universidade de Passo Fundo e tem distribuição gratuita

Reitor: n José Carlos Carles de Souza Vice-Reitora de Graduação: n Neusa Maria Henriques Rocha Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: n Leonardo José Gil Barcellos Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: n Bernadete Maria Dalmolin Vice-Reitor Administrativo: n Agenor Dias Meira Júnior Coordenadora da Agecom: n Patrícia Veber Produção de textos: Carla Patrícia Vailatti (MTb/ RS 14403); Caroline Simor da Silva (MTb/RS 15861); Cristiane Sossella (MTb/RS 9594); Filippe de Oliveira (MTb/RS 16570); Leonardo Rodrigues Andreoli (MTb/RS 14508); Maria Joana Chaise (MTb/RS 11315) e estagiária Laíssa França Barbieri. Edição: Cristiane Sossella (MTb/RS 9594) e Maria Joana Chaise (MTb/RS 11315). Revisão de textos: Paulo Resende Projeto gráfico: Fábio Luis Rockenbach e Luis A. Hofman Jr. Diagramação e capa: Marcus Vinícius Freitas, Núcleos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda da Agência de Comunicação e Marketing UPF Fotos de capa: Montagem/Arquivo UPF

Universidade de Passo Fundo - BR 285, Bairro São José - Passo Fundo/RS CEP: 99052-900 Fones (54) 3316 8100 www.upf.br


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universidade Curiosidade e fantasia para satisfazer LEITORES MULTIMIDIAIS Fotos: Divulgação UPF

Programa Mundo da Leitura na TV comemora 10 anos de formação de leitores multimidiais e é exibido para mais de 100 países

Turma do Mundo da Leitura recebe em torno de 2,5 mil contatos de telespectadores por mês

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universo de programas televisivos infantis utiliza fórmulas consagradas, muitas delas preocupadas mais em estimular o consumo, em detrimento do estímulo da criatividade das crianças. Ao longo de 10 anos, o programa Mundo da Leitura na TV, produzido pela UPFTV, tem demonstrado como é possível explorar novos formatos com menos sensacionalismo e mais respeito à inteligência dos pequenos. O projeto passou por transformações ao longo de 16 temporadas, sempre com a preocupação de formar leitores multimidiais. O gato Gali-Leu, personagem principal do programa desde o primeiro episódio, ganhou, ao longo das temporadas, novos amigos, uma companheira e até filhos. Os vilões também foram incorporados ao enredo para criar o eixo do mal, importante para estimular o desenvolvimento da consciência moral do público, de acordo com o roteirista e consultor de textos Paulo Becker, professor da UPF. A inversão da fórmula popularizada por Walt Disney de gatos vilões e ratos heróis foi mais uma inovação. “Na vida real, os gatos é que são os heróis de fato das crianças, ao menos daquelas que têm a felicidade de possuí-los como bichinhos de estimação”, observa Becker. Leitura de diferentes linguagens Estimulados diariamente por diferentes suportes de leitura, as crianças encontram, no programa, um impulso para se desenvolverem como leitores multimidiais. Embora os livros sejam o meio mais popular de difundir a literatura, não são a única plataforma passível de ser lida. Becker esclarece que, desde a origem, o objetivo é formar leitores capazes de interagir com diferentes linguagens e manifestações artísticas nos mais variados suportes. Essa é a proposta do Centro de Referência de Literatura e Multimeios – Mundo da Leitura, que é o laboratório do curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UPF, onde o programa televisivo teve origem. Para cumprir esse desafio de formação de leitores diferenciados, o programa contempla, constan-

temente, a música, a pintura e a encenação dramática nos episódios, mas, principalmente, com foco na linguagem do vídeo e da televisão. “Buscamos formar um telespectador hábil e crítico de programas infantis televisivos, que seja capaz de perceber as virtudes e os vícios típicos desse tipo de programa”, explica Becker. Participação Hoje, cerca de 2,5 mil contatos de telespectadores são recebidos mensalmente pelas mais diversas plataformas. O retorno é um dos demonstrativos do êxito do projeto. Muitos dizem ter despertado para o prazer da leitura a partir do Mundo da Leitura na TV. Nos contatos recebidos pela produção, os leitores contam como passaram a ler ainda mais pelo estímulo do gato Gali-Leu, caracterizado por ser um leitor contumaz. Todo contato recebido é respondido por uma equipe especial. Alguns são selecionados e lidos durante os episódios e outros ajudam, inclusive, na elaboração das temporadas seguintes, principalmente as adivinhas e os enigmas. Além das correspondências, as crianças participam de alguns quadros como o Oficina, auxiliando o Mil-Faces nas experiências, o Fique Esperto e o Trava-

-Língua. Os pequenos leitores ainda podem participar dos episódios. De acordo com o diretor do programa, Carlos Teston, a seleção dos convidados é feita pelas escolas parceiras do Mundo da Leitura. O diretor revela que, embora não tenha um episódio favorito, seu quadro preferido é o Contação de Histórias. “É um quadro que tem uma linguagem diferente em cada episódio”, justifica. No Brasil e no mundo No Brasil, o programa é exibido pelo Canal Futura e na região de Passo Fundo, no Norte gaúcho, pela UPFTV. Pelo mundo, mais de 100 países acompanham as aventuras de Gali-Leu e sua turma por meio de um convênio com a Globo Internacional. A programação do canal é voltada aos brasileiros que vivem no exterior, portanto nenhuma mudança é necessária para o programa ser exibido fora do país. A temporada de número 17 tem previsão de estreia para o mês de outubro deste ano. Outra novidade para os próximos meses é o novo site do programa que será totalmente reformulado.

Prêmios O programa já recebeu importantes premiações como o Prêmio Açorianos de Literatura e três Galgos de Ouro no Gramado Cine Vídeo.

Ratazana e Reco-Reco formam o eixo do mal, buscando desenvolver a consciência moral do público

Os personagens No início do programa, em 2003, o gato Gali-Leu era o âncora, apresentando diversos quadros. Esse personagem foi construído a partir das ideias do professor Paulo Becker, tendo sido nominado pelo professor do curso de Letras da UPF Eládio Weschenfelder e confeccionado por Paulo Balardim, o qual sugeriu a figura de um gato, ao invés de um velho contador de histórias, como era a ideia original. A história desse personagem é contada no livro Aventuras e desventuras de Gali-Leu, o gato - lançado pela UPF Editora, em coedição com a Edelbra. No mesmo livro, a personagem Borralheira já aparece. Os malvados Ratazana e Reco-Reco só surgiram mais tarde, assim como os filhos de Gali-Leu e Borralheira, Alberto e Alice. Dentre os personagens humanos, o primeiro a entrar no programa foi o Mil-Faces, o qual exerce diferentes papéis durante o programa. Também o personagem da apresentadora Natália foi sendo construído no decorrer dos episódios.


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Opinião

Desafios da humanização da relação entre paciente e profissional e implicações no cuidado em saúde

Palavra do

Reitor José Carlos Carles de Souza*

Cristiane Barelli *

H Um ano especial para a UPF

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013 tem sido um ano bastante especial para a Universidade de Passo Fundo. Inicialmente, porque temos recebido diversas manifestações e homenagens em virtude da celebração dos 45 anos da Instituição. Essas demonstrações, empreendidas por entidades em nível estadual, regional e local, representam o reconhecimento público por todos os esforços colocados em prática pela comunidade acadêmica em prol de nossa causa maior: a formação superior e continuada de excelência. Receber esses retornos, no papel de gestor institucional, é motivo de grande satisfação. Também temos certeza que é motivo de orgulho à comunidade acadêmica estarmos inaugurando, nos próximos dias, uma nova era na geração de conhecimentos e transferência de tecnologia: o Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio. Em funcionamento no campus I, o espaço promoverá oportunidades de negócio e agregação de valor, além de fortalecer a sinergia entre a Universidade e as empresas. A instalação também demonstra a consolidação da parceria com a Prefeitura de Passo Fundo e com os governos estadual e federal. É fundamental destacar, também, que os atuais investimentos na ampliação dos programas de pósgraduação têm rendido bons retornos. Recentemente, tivemos aprovados pela Capes dois novos programas de pós-graduação: em Computação Aplicada e em Ensino de Ciências e Matemática. Vinculadas ao Instituto de Ciências Exatas e Geociências, as novas opções de formação stricto sensu contemplam demandas regionais e serão ofertadas na modalidade de mestrado profissional. Cabe ainda salientar que estamos otimistas com o fortalecimento da internacionalização da Universidade. Ao mesmo tempo em que docentes estão tendo a oportunidade de promover pesquisas com representantes de instituições estrangeiras, fortalecendo o intercâmbio de experiências, também recebemos 28 universitários vindos da Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai, Espanha, México e Portugal. É um prestígio para a Universidade recebê-los, pois a troca promovida por um intercâmbio é muito enriquecedora. Resta-nos desejar um exitoso aproveitamento da 15ª Jornada Nacional de Literatura. A partir do dia 27 de agosto, nossa Universidade torna-se um centro de discussões de vanguarda relativas à literatura, à cultura e à tecnologia. Cabe a todos tornarmos enriquecedor o debate. (*) Reitor da UPF

umanizar. No dicionário Aurélio: “tornar-se humano ou adquirir características humanas”. A contradição ao aplicar esse conceito nas práticas de saúde é significativa e reflete a crise contemporânea das relações de cuidado. Como humanizar o que já é humano? Um motivo que pode ter levado a uma “desumanização” da saúde foi o acelerado avanço cientifico-tecnológico das últimas décadas, na busca de inovações para diagnosticar, tratar e curar doenças. Avanços legítimos, mas que podem ter influenciado na fragilização das relações humanas e na superficialidade do vínculo entre o profissional de saúde e o paciente. O Ministério da Saúde, preocupado com esse cenário, propôs, em 2004, a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão, que almeja a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Trata-se de uma política transversal do Sistema Único de Saúde, que surge como estratégia de superação do despreparo dos profissionais para lidar com a dimensão subjetiva que toda prática de saúde pressupõe. A concepção de cuidado em saúde que adotamos neste ensaio é como designação de uma atenção à saúde imediatamente interessada no sentido existencial da experiência do adoecimento, físico ou mental, e, por conseguinte, das práticas de promoção, proteção ou recuperação da saúde. O médico americano Patch Adams, “doutor” em compaixão e inspirador para os trabalhadores da área da saúde, afirma que “comprimidos aliviam a dor, mas somente o amor alivia o sofrimento” e desenvolve seu trabalho através de uma imensa disponibilidade para se aproximar do outro, ouvindo, percebendo, se relacionando e cuidando. Há relatos de profissionais que optaram por modificar o modo usual de fazer consultas, transformando um encontro terapêutico em uma relação de cuidado. Dessa forma, uma consulta nunca é igual a outra, pois é realizada através de um diálogo legítimo. O mesmo ocorre com outros profissionais de saúde que pautam sua prática no diálogo e no acolhimento. A Faculdade de Medicina da UPF, desde abril de 2013, desenvolve o projeto de extensão Sorriso Voluntário, que trata da alegria do cuidar de uma forma lúdica e criativa. Acadêmicos de vários cursos realizam intervenções em um hospital e em um asilo, com objetivo de levar alegria aos pacientes e conhecer suas histórias de vida, privilegiando o aspecto humano das relações, nem sempre contemplado nas práticas de saúde, exercitando a escuta, o acolhimento, o vínculo e o cuidar. Desse modo, a formação profissional pode ser aprimorada à medida que oportuniza, aos acadêmicos, reflexões diferenciadas, incipientes nos cursos de graduação, além do desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao profissional de saúde, tais como o trabalho em equipe, a liderança e a comunicação interpessoal. O vínculo e o acolhimento criado entre estudantes e pacientes são muito importantes para a formação acadêmica e para a vida do estudante, uma vez que estimulam a autonomia e a cidadania, e promovem a participação do enfermo no cuidado em saúde, além de ser gratificante poder contribuir para um atendimento humanizado e digno, direito de todo cidadão. Os resultados esperados no projeto de extensão Sorriso Voluntário incluem uma prática mais humanizada, capaz de contribuir para a cura e para o enfrentamento do sofrimento e da morte, podendo inclusive amenizar o estresse do ambiente de trabalho nos hospitais e em outros espaços de produção de saúde e de cuidado. (*) Professora da Faculdade de Medicina da UPF, mestre em Ciências Farmacêuticas e coordenadora do projeto Sorriso Voluntário


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universidade Investimentos para melhorar cada vez mais a

AÇÃO DOCENTE

Há mais de dois anos, a UPF desenvolve o Programa de Formação Docente, objetivando o aperfeiçoamento dos professores e a busca de ações pedagógicas inovadoras

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processo de formação dos professores, ao longo de sua trajetória, permite que eles reflitam sobre sua prática educativa, dialoguem com seus pares e ampliem o debate acerca do ato de ensinar e aprender. Nessa perspectiva, a UPF realiza há mais de dois anos o Programa de Formação Docente, constituído de ações articuladas e contínuas, com a intenção de buscar a qualidade educativa e aprimorar a ação pedagógico-administrativa. Neste ano, pela primeira vez, está ocorrendo o Curso de Formação de Gestores, integrado ao Programa. O curso, o qual ocorre bimestralmente, tem cada uma de suas quatro etapas estruturadas de acordo com uma temática específica, por meio de uma metodologia que busca favorecer a reflexão e a revisão da prática do professor-gestor. A vice-reitora de Graduação Neusa Maria Henriques Rocha afirma que, a partir da observação do contexto de ensino e das mudanças nos campos pedagógico, tecnológico, científico e profissional, o Programa de Formação Docente e, especificamente, o Curso de Gestores, buscam a proposição de ações pedagógicas inovadoras. “Durante todo

Professoras Rosani Sgari, Wrana Panizzi e Maria Aparecida Estacia debateram sobre Liderança e Responsabilidade Acadêmica

Fotos: Carla Vailatti

este ano, estamos discutindo questões concernentes à gestão acadêmico-administrativo-pedagógica e promovendo ações que possibilitem o fortalecimento e a humanização das relações interpessoais e das interfaces entre as experiências de ensino, pesquisa e extensão”, explica. Formar lideranças é promover o desenvolvimento Liderança e Responsabilidade Acadêmica foi o tema de uma das etapas do curso, conduzida pela professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Dra. Wrana Panizzi e pelas professoras da UPF Dra. Maria Aparecia Estacia e Dra. Rosani Sgari. De acordo com Wrana, o papel de liderança é naturalmente atribuído aos professores. “Temos responsabilidades no sentido de promover aquelas que são as atividades fundamentais de uma instituição, que é preparar as pessoas formar recursos humanos qualificados e formar conhecimento que tenha não só validação acadêmica, mas que tenha também validação social”, enfatiza a pesquisadora. Na opinião de Wrana, a UPF tem uma história de compromisso com a região. “Certamente, a preocupação no sentido de desenvolver lideranças mostra que a Universidade quer continuar sendo indutora do desenvolvimento regional, capaz também de preservar valores e cultura, aspectos que nos fazem grandes”, considera. Ferramenta de atualização Reitoria, diretores de Unidades Acadêmicas e campi, coordenadores de curso e de áreas institucionais, integrantes dos Núcleos Docentes Estruturantes e coordenadores de programas de pósgraduação foram convidados a buscar o aperfeiçoamento. Conforme o diretor da UPF Soledade Me. Idioney Oliveira Vieira, a formação de gestores da UPF é uma eficiente ferramenta de atualização. “A formação permite que o gestor esteja conectado com a dinâmica do ensino superior na atualidade, tornando-o

apto a interpretar e melhor decidir sobre as demandas que se apresentam no dia a dia”, afirma. Já o professor da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis Me. Ricardo Timm Bonsembiante enfatiza que o ato de administrar deve ser encarado cada vez mais como uma ciência para que as organizações possam ser competitivas. “As instituições de ensino não fogem dessa realidade. A UPF, com toda a sua grandiosidade de 45 anos, tem de estar preocupada em formar e aperfeiçoar gestores na busca de um ensino cada vez melhor", sintetiza. As reflexões e o amadurecimento profissional proporcionados pelo Programa são lembrados pela coordenadora do curso de Fonoaudiologia Ma. Luciana Grolli Ardenghi. De acordo com Luciana, a iniciativa vem gerando um ambiente de motivação, além de promover o debate sobre temas atuais e inovadores no ambiente educacional.

A primeira etapa do curso teve como tema “Qualidade Educativa e Valores Acadêmicos”. O palestrante foi o professor Dr. Gildo Volpato (Unesc)

PRÓXIMAS ETAPAS O Curso de Formação de Gestores têm mais duas etapas neste ano. Confira: 4 de setembro Etapa III - Ações Integradoras para a Permanência com Sucesso na Educação Superior n 14h – Painel com os professores Me. Carlos Cyrne (Univates) e Dra. Eliara Levinski (UPF) 6 de novembro Etapa IV - Tendências da Educação Superior: Estrutura, Cenário e Avaliação n 14h – Conferência - Dra. Clarissa E. Baeta Neves (UFRGS) n 15h50min - Diálogo sobre a temática e debate - professores participantes: Dr. Julio Bertolin (UPF); Dra. Clarissa E. Baeta Neves (UFRGS)


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entrevista Bibiana de Paula Friderichs O correspondente atual para o velho espaço público de debates Foto: Fabiana Beltrami - Nexjor FAC UPF

n Para a coordenadora do curso de Jornalismo da UPF, Dra. Bibiana de Paula Friderichs, há momentos de metamorfose na história da humanidade, e as redes sociais possibilitaram um deles

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m meados dos anos 90, as redes sociais davam seus primeiros passos na Internet, mas foi a partir de 2004, com o surgimento - e boom quase imediato - do Orkut e do Facebook, que essa forma de interação conquistou milhões de usuários. Essas redes podem parecer apenas o ponto de encontro de amigos e conhecidos, mas mostram o seu poder ao mudarem perspectivas de vida, impactarem na mídia tradicional e serem espaço de articulação das recentes manifestações populares mundo afora. A coordenadora do curso de Jornalismo da UPF, Dra. Bibiana de Paula Friderichs, desenvolve estudos nas áreas de produção de sentido e cidadania e coordena também o Núcleo Experimental de Jornalismo da UPF, responsável por alimentar as páginas da Instituição nas redes sociais. Na entrevista abaixo, a professora Bibiana aborda alguns aspectos dessas redes de relacionamento. As redes sociais são um modismo? Elas podem se transformar ou desaparecer? As redes sociais sempre existiram fora do mundo digital e muito antes do surgimento deste. Elas começaram, por exemplo, quando os caixeiros viajantes levavam cartas de um vilarejo para outro, na Idade Média, e nas relações de pessoas de um mesmo grupo, seja de trabalho, na escola, com vizinhos, ou amigos. É da natureza humana viver em rede. A Internet, com as redes digitais de conexão social, potencializou essa característica. Não acho que as redes da Internet irão desaparecer, mas elas podem se metamorfosear. No início tínhamos a blogosfera, quem sabe a primeira grande rede social. Hoje temos o Facebook, o Twitter, tivemos o Orkut, mas também temos o Tumblr, o Pinterest, o Picasa, talvez não tão populares entre os brasileiros. O Facebook tem um modo de funcionamento criado a partir da lógica

da rede social. Há quem diga que ele já está entrando em declínio, mas deve ser substituído por uma nova forma de compartilhamento e interatividade. Por mais que os espaços mudem, a essência deve permanecer, pois é isso que alimenta o cyberespaço. Por quais motivos as redes digitais tornaram-se tão populares mundialmente, especialmente no Brasil? Existem várias explicações possíveis. Todos nós sentimos necessidade de fazer parte da vida uns dos outros, o homem é um ser social por natureza. Antes do cyberespaço, a gente interagia com as pessoas que moravam próximas, escola, família, mas a Internet e as redes sociais de conexão digital permitem uma interação expandida. Além disso, dão a oportunidade de cada pessoa se tornar protagonista em algum momento, que é o desejo de todo sujeito; ser protagonista da vida do outro e não só da própria vida. As redes sociais têm mecanismos para isso, como o “Curtir”, o “Compartilhar” e o “Seguir”, que permitem saber quantas pessoas curtem a minha foto ou me seguem. À medida que esses números crescem, eu me torno, em algum momento, um protagonista. Outro fator é a possibilidade de eu me reinventar enquanto sujeito. O antropólogo Massimo Canevacci diz que a nossa identidade antigamente era uma caixa fechada. Você nascia, crescia e morria sendo aquela pessoa, porque você convivia com aquele número restrito de pessoas, naquele território, sem contato com outras culturas e outras possibilidades, e era refém de uma expectativa daquele grupo. Podia ser também uma identidade herdada da família ou eventualmente pela meritocracia, mas era uma identidade constituída por elementos mais ou menos estáveis. A Internet possibilitou que as pessoas se reinventassem, que desenhassem o que acham melhor ou mais conveniente de si. É possível tratar

Para Bibiana, a possibilidade de se reinventar e de se tornar protagonista, mesmo que por um curto momento, estão entre os principais atrativos das redes sociais da Internet

as fotos, dizer somente coisas que acredita serem interessantes, ou seja, criar uma versão melhor de si mesmo. A dinâmica das redes sociais permite uma proximidade maior entre fãs e ídolos, consumidores de empresas, contatos que eram muito mais raros até pouco tempo. A senhora acredita que o comportamento das pessoas mudou em função disso também fora da Internet? Vivemos num mundo midiatizado,


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e as celebridades são produto desse mundo. São pessoas que ascenderam socialmente, mas são representantes do que pode acontecer com qualquer um. As redes sociais permitiram que algumas pessoas se tornassem célebres por meio alternativo às mídias tradicionais e que o sujeito comum pudesse se aproximar daquela pessoa. Nós, que crescemos em um mundo analógico, olhamos para a Internet como uma extensão do que temos na televisão, nos jornais. Os maiores portais da Internet são aqueles que têm um correspondente fora da rede, como o G1 e a Zero Hora. Entendo que isso está se diluindo. Por exemplo, as celebridades surgidas na Internet se tornam de fato famosas quando aparecem em outros meios, como a televisão. Algumas pessoas, porém, já estão fazendo o caminho contrário e a grande mídia é que precisa incorporar algo surgido na Internet, tamanho foram o espaço e a dimensão que tal fato alcançou. O que pode ilustrar isso é o movimento Vem pra Rua. Não houve como a mídia de massa tradicional fechar os olhos para algo que veio das redes. Esse movimento se articulou virtualmente, mas teve ações concretas, e isso resgatou um conceito há tempos esquecido. Na antiguidade, tínhamos a praça como grande palco democrático da pólis, onde as coisas eram discutidas e resolvidas. Durante a Idade Média, esse espaço foi enfraquecido e, com a chegada da comunicação de massa, migrou para os veículos de comunicação. As redes sociais resgatam o velho espaço público, que é a praça. A mídia de massa tem a comunicação centralizada, de um para muitos. Nas redes sociais todas as pessoas têm espaço para emitir sua opinião. Aí ninguém entente porque há tantas reinvindicações nas ruas, uns querem diminuição dos preços das passagens, outros aumento de salários, outros são contra ou a favor do ato médico. Existe uma pluralidade de discussões. As redes sociais permitem que eu tenha o mesmo espaço que uma grande instituição, pelo menos dentro delas, e é isso o que faz das redes um meio democrático. Muitos falam que há muitas coisas mal ditas, preconceituosas, porém isso não é culpa da ferramenta, mas do mau uso que nós humanos fazemos dela. Na história da humanidade há momentos de metamorfose, e as redes sociais possibilitaram um deles. Qual a sua opinião sobre o anonimato e os perfis fake? Não podemos confundir anonimato com direito à privacidade. Acho muito preocupante no jornalismo um portal de Internet sem correspondente impresso que publica uma informação sem assinatura do jornalista. Não sei onde ele está, quem é, quem realmente escreveu. Esse tipo de anonimato depõe contra a forma de democracia que a própria rede tem potencial de transformar em algo mais concreto. Sobre criar perfis fake ou anônimos, temos que nos perguntar: com que objetivo alguém cria um perfil fake? O que justificaria? Isso não é direito de privacidade. Se você não quer expor a sua privacidade, pode simplesmente não entrar na

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A informação é muito poderosa para ser tratada com descuido, mas ao mesmo tempo é muito poderosa para ser legada só para especialistas rede. Antigamente se condenava quem ficava em casa navegando na Internet, mas a pessoa que distribui uma informação está fazendo algo. Não é porque é virtual que deixa de ter força. Quem do sofá de casa consegue atingir 2 mil pessoas com uma postagem tem um papel importante num processo de transformação. Agora, qual a validade disso se ela for anônima? Eu não posso comprometê-la pelo que ela diz. Então, se a palavra tem força, é preciso que as pessoas se responsabilizem pelo que dizem. É possível ter privacidade ao utilizar redes sociais? Hoje os empregadores pesquisam no Facebook os perfis dos candidatos a empregos. Os limites entre o público e o privado são invadidos. Nesses sites, existem possibilidades de configuração para restringir quem vai ter acesso às suas informações, e existe também a

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Cada um deve ter a consciência de que aquilo que publica nas redes sociais pode ser acessado pelo outro

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Fabiana Beltrami - Nexjor FAC UPF

consciência de cada um de que aquilo que se publica ali perde o direito à privacidade. Você escolheu estar ali. Por um lado, acho que há uma inconsciência das pessoas de que usar as redes sociais e publicar tudo sobre a sua vida ali autoriza o outro a receber essa informação. Por outro lado, há uma falta de entendimento sobre onde termina a vida pública e começa a vida privada. O público e o privado, especialmente no que tange à vida profissional, estão bastante embaralhados, o que é muito ruim. Ter um smartphone te permite receber e-mails a qualquer momento. Se as pessoas não conseguirem estabelecer seus próprios limites, e se as empresas não os respeitarem, vamos misturar o tempo todo o público e o privado. As redes sociais possibilitaram que os acontecimentos possam ter dois tipos de coberturas: as feitas pelos veículos de comunicação e as postadas por quaisquer usuários em seus perfis. Que impacto isso ocasionou? Quando a cobertura dos fatos estava só na mão da imprensa, ela se dava ao direito de adotar parcialidades exageradas sem correr o risco de ser cobrada, porque não existia espaço para que outras perspectivas se manifestassem. Hoje a mídia tradicioanal pode continuar fazendo uma cobertura exageradamente parcial, mas com a consciência de que vão existir contrapontos. Sou a favor de um processo de formação para jornalistas, porque a informação é muito poderosa para ser tratada com descuido, mas ao mesmo tempo é muito poderosa para ser legada só para especialistas. Espaços de jornalismo têm que ser feitos por jornalistas, mas devem existir outros espaços de expressão, de outras perspectivas. Hoje o jornalista tem que ter consciência de que tudo o que ele apresenta está passível a ter um contraponto. Isso faz o jornalismo ficar mais sério, mais comprometido, e se ele é parcial, se autointitula, se posiciona, nem por isso deixa de ser jornalismo. Existem outros espaços de expressão onde a informação circula, mas temos que ter consciência que isso não é jornalismo, é expressão.


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especial

32 anos

de celebração O público de apenas 750 pessoas da primeira edição da Jornada ultrapassou a marca de 35,4 mil participantes em 2011 e já superou a marca de 150 mil pessoas em 32 anos

O poeta Mario Quintana foi o grande homenageado da primeira edição da Jornada, em agosto de 1981, quando ainda era chamada Jornada de Literatura Sul-Rio-Grandense

da leitura, dos livros, dos autores e dos leitores Fotos: Arquivo UPF

Dentre as maiores movimentações literárias da América Latina, as Jornadas Literárias chegam à 15ª edição, mantendo o propósito inicial: a formação de leitores multimidiais

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Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo chega, neste ano, a sua 15ª edição, com o mesmo propósito que a norteou desde o princípio: a formação de leitores; sejam crianças interagindo com seus primeiros livros ou leitores que já trilham seus próprios caminhos no mundo mágico da literatura. Essa formação pretende que os leitores priorizem o texto literário, mas que também possam se constituir em intérpretes das linguagens veiculadas em diferentes suportes multimidiais de leitura. No período de 27 a 31 de agosto de 2013, o Portal das Linguagens, Campus I da UPF, receberá escritores, professores, intelectuais, artistas e leitores para uma das maiores movimentações literárias da América Latina. A programação, que acontece bianualmente desde 1981, foi renovada com o passar das edições, contemplando, hoje, além do debate sobre educação, cultura e tecnologia,

exposições, espetáculos teatrais, apresentações musicais, eventos diversificados, concursos, conversas e todo o tipo de inter-relações entre leitores e autores. Movimentação cultural transformadora O tom festivo e informal das Jornadas, associado a uma programação cultural diversificada e repleta de autores renomados, tem cativado o público e as autoridades envolvidas com o evento. Para o reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza, a Jornada constitui-se no maior movimento cultural e literário do Sul do Brasil, cujo diferencial é justamente o propósito de formação de comunidades leitoras. “As Jornadas Literárias de Passo Fundo têm servido de palco para os autores encantarem o público, mesclando ficção e realidade como instrumento de sua obra, estabelecendo uma intensa troca de percepções com a plateia. Trata-se, portanto, de espaço cultural aberto, permitindo a interação entre a comunidade e o autor”, avalia. O prefeito de Passo Fundo Luciano Azevedo também destaca o potencial transformador da movimentação cultural. “A Jornada de Literatura de Passo Fundo é uma oportunidade histórica e inédita de crescimento coletivo. Através dela, se faz o que há de mais sagrado em termos de emancipação política e social de uma comunidade, que é o estímulo ao pensamento crítico e à originalidade da manifestação intelectual”, assegura Azevedo. Durante o mês de julho, enquanto autoridades nacionais eram convidadas a participar da 15ª edição da Jornada, coordenadora geral das Jornadas Literárias, Tania Rösing, e o reitor da UPF, acompanhados pelo deputado fe-

deral Beto Albuquerque, encontraram-se com os ministros da Cultura, Marta Suplicy, e da Educação, Aloísio Mercadante. Ambos os ministros reconheceram a trajetória exitosa dos esforços da Jornada na união de educação, cultura e tecnologia. “Nenhum evento sobrevive tantos anos como as Jornadas de Passo Fundo se não for realmente de qualidade e importante para a população”, garantiu a ministra Marta Suplicy. Uma semente plantada em 1981 A proposta de um grande evento literário partiu da professora Tania Rösing – à época coordenadora do curso de Letras da UPF – em conversa com o escritor Josué Guimarães em abril de 1981. O entusiasmo de Guimarães levou Tania a procurar o apoio da Universidade para a organização do evento. Em agosto de 1981, a I Jornada de Literatura Sul-Rio-Grandense contou com a participação de cerca de 750 inscritos, contando com a presença de escritores como Armindo Trevisan, Antonio Carlos Resende, Cyro Martins, Carlos Nejar, Deonísio da Silva, Josué Guimarães, Moacyr Scliar e Sérgio Capparelli, além do poeta Mario Quintana, o homenageado especial. Caparelli recorda com carinho de sua participação e demonstra entusiasmo ao refletir sobre o crescimento da Jornada em 32 anos. "Do resto do Brasil até Passo Fundo, era necessário fazer uma grande jornada. Com o tempo, aconteceu uma inversão: de Passo Fundo a todos os cantos do Brasil, uma grande Jornada. De fato, as Jornadas Literárias de Passo Fundo passaram a integrar a geografia da literatura, mudando a direção de fluxos do saber, que normalmente vai dos grandes centros ao interior do país. O


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motivo é simples: o interior, com Passo Fundo, passou a grande centro de literatura", afirma Caparelli. Com o sucesso alcançado pela primeira Jornada, Josué Guimarães sugeriu que o evento ganhasse abrangência nacional e fosse realizado a cada dois anos. O autor cuidou pessoalmente de convidar escritores e Passo Fundo recebeu, em 1983, para a 1ª Jornada Nacional de Literatura, Fernando Sabino, Luis Fernando Veríssimo, Luiz Antônio de Assis Brasil, Lya Luft, Millôr Fernandes, Orígenes Lessa e Otto Lara Resende, além de Antonio Callado, que, à época, disse empolgado: “Esse é o maior público que já encontrei na minha vida para debater literatura. E isso me enche de alegria”, fazendo referência aos 1,1 mil participantes. A movimentação cultural ocasionada pela Jornada vem crescendo a cada edição do evento, que, em 2011, recebeu mais de 35 mil participantes. O número de convidados a debater com o público, nesses 32 anos, já totaliza mais de 900 autores e intelectuais. Os nomes são reconhecidos dos cenários literários nacional e internacional: Affonso Romano de Sant’Anna, Alberto Dines, Alberto Manguel, Antonio Skármeta, Ariano Suassuna, Beatriz Sarlo, Carlos Nejar, Carlos Heitor Cony, Chico Buarque de Hollanda, Chico Caruso, Cristovam Buarque, Eduardo Galeano, Elisa Lucinda, Fernando Gabeira, Fernando Morais, Frei Betto, Gilles Lipovetsky, João Ubaldo Ribeiro, Joel Rufino dos Santos, José Eduardo Agualusa, Jostein Gaarder, Lygia Bojunga Nunes, Marina Colasanti, Mia Couto, Moacyr Scliar, Milton Hatoum, Nelson Motta, Paulo Caruso, Pierre Levy, Ruy Castro, Zuenir Ventura, dentre tantos outros.

como espaço de reconhecimento de escritores por meio de duas importantes premiações. Criado em 1988, o Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães chega a sua 13ª edição, com 712 escritores inscritos, tanto do Brasil quanto de países da Europa, como Portugal, Suíça, França e Inglaterra. A premiação rende homenagem ao primeiro grande incentivador das Jornadas, o escritor gaúcho Josué Guimarães. Além do prêmio de R$ 5 mil, o primeiro colocado também ganha uma viagem à Santiago de Compostela – Espanha, para um período de estudos na Universidade de Santiago de Compostela. O segundo colocado recebe um prêmio de R$ 3 mil. Ambos, primeiro e segundo colocados recebem o Troféu Roseli Doleski Pretto. Já o Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura foi instituído em 1999 e é uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada, com o objetivo de promover a cultura e homenagear os melhores romancistas contemporâneos de língua portuguesa. Nesta 8ª edição, 326 autores do Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Suécia concorrem à premiação, que dará R$ 150 mil ao primeiro colocado. O português Mia Couto, vencedor da 5ª edição do Prêmio com o livro O outro pé da sereia, considera a premiação um importante estímulo à literatura. “As Jornadas Literárias já tinham inscrito em mim um sentimento de fascínio e voltar para receber o Prêmio foi um momento inesquecível. O que me marcará para sempre é o ambiente de um encontro literário que, para mim, é único no panorama das artes literárias de língua portuguesa”, lembra o escritor.

Premiações e reconhecimento Além de colocar frente a frente autores e leitores, e privilegiar o debate crítico das obras literárias, a Jornada de Literatura também se consagrou

Exemplo para ‘além-mar’ A metodologia empregada para preparar os leitores da Jornada segue uma proposta diferenciada ao aproximar o público dos autores antes mesmo

João Almino, o vencedor da última edição do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, em 2011, por seu romance Cidade livre

Fotos: Arquivo UPF

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da realização do evento. Conhecida como Pré-Jornada, a movimentação preparatória é simples: os autores convidados indicam obras que são lidas e discutidas antecipadamente pelo público, fazendo com que o tema a ser debatido durante o evento torne-se familiar. A estratégia proporciona mais qualidade aos debates, além de fomentar a leitura constante. O exemplo implementado em Passo Fundo diferencia a mobilização cultural da Jornada, tornando-a respeitada nos meios intelectuais da América Latina, do Canadá, dos Estados Unidos e da Europa. O diretor do Centro para a Promoção da Leitura e Literatura Infantil da Universidade de Castilla La Mancha, na cidade espanhola de Cuenca, Pedro Cerrillo, diz que a Jornada é o exemplo mais marcante da participação dos cidadãos na leitura, por ser uma proposta atraente, séria e esclarecedora. “Todos os que trabalham no Centro, por e para a formação de mediadores de leitura, têm em Passo Fundo um magnífico espelho de como ‘bem-fazer’ as coisas, em que olhamos para nós mesmos para nos dar ânimo e energia”, afirma.

O grande incentivador das Jornadas, Josué Guimarães, entre sua esposa Nydia Guimarães e a coordenadora da movimentação cultural Tania Rösing

Passo Fundo Capital da Literatura Os impactos positivos da Jornada sobre a formação de leitores e a modificação dos hábitos de leitura em Passo Fundo também levaram a cidade a receber diversos títulos. Em 2006, a Jornada deu à cidade de Passo Fundo o título de Capital Nacional da Literatura (Lei Federal 11.264), por proposição do deputado Beto Albuquerque ao Congresso Nacional. Já por proposição do então deputado estadual Luciano Azevedo, Passo Fundo também recebeu, em 2007, o título de Capital Estadual da Literatura (Lei Estadual 12.838). O reconhecimento dos poderes públicos proporcionou à cidade espaços especiais dedicados à leitura, os Largos da Literatura, que revitalizaram lugares históricos e envolvem a comunidade em diferentes manifestações culturais.


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Ariano Suassuna também esteve em Passo Fundo, junto com sua esposa Zélia, para receber o título de Doutor Honoris Causa da UPF

Escritores, intelectuais e artistas: as estrelas do então Circo da Cultura em 32 anos “A literatura é missão, é vocação e é festa!”. A citação do dramaturgo, romancista e poeta brasileiro Ariano Suassuna resume bem o que o público participante das Jornadas Literárias encontra quando chega ao evento: escritores brasileiros e estrangeiros motivados a discutir literatura, artes, cultura, suas trajetórias profissionais e os desafios da educação; entusiasmados a compartilhar emoções, falas e saberes. Ao proferir sua Aula Espetáculo, em 2005, durante a 11ª Jornada Literária, Suassuna arrancou gargalhadas da plateia por meio de suas histórias que retratam as raízes da cultura popular brasileira, dizendo se considerar “um mentiroso [...]”, como seu personagem Chicó, de O Auto da Compadecida, seduzido pela ideia do mundo como um palco. “[...] mas por amor à arte!”, ressaltou. Quando disseram que o autor era a grande estrela daquela edição da Jornada, Suassuna fez uma brincadeira. “Estrela, não! Posso ser o astro. Se bem que só depois que Chico Buarque

Dos clássicos aos contemporâneos, a Jornada é dos leitores que adoram livros! A motivação da equipe organizadora das Jornadas Literárias é sempre renovada pela consciência do valor do livro, nos seus diversos suportes, e no potencial transformador da leitura para a emancipação cidadã. Dos suportes modernos aos clássicos tão elogiados pelo maior colecionador de livros do Brasil, todos os gostos literários são aplacados pela Jornada. Em 2007, ao receber a distinção de Doutor Honoris Causa da UPF, José Ephrin Mindlin comentou sua paixão pelos livros, em especial os clássicos, “não pelo valor de mercado de cada exemplar, mas por sua importância para a humanidade”, comentou. Quando esteve em Passo Fundo, Edgar Morin também defendeu a leitura como a premissa básica emancipadora do homem. Em 2003, ao receber a distinção de Professor Honoris Causa da UPF, o autor disse que a literatura serve para tomarmos conhecimento do homem e da sociedade, despertando a essência interior. “Cada pessoa tem uma vida subterrânea, invisível. A mente humana não suporta a realidade demasiada. Em uma sala de cinema, isolados, nos despertamos”, disse à época.

foi embora é que virei um vice-astro”, fazendo referência ao ganhador do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura daquele ano, que cantou e encantou a plateia. Para além do palco e posterior à festa, os benefícios que a movimentação cultural permanente das Jornadas presta à formação de leitores multimidiais são destacados pelos autores que já têm seu nome confundido com o do evento, como é o caso de Ignácio de Loyola Brandão. “A Jornada prestou e continua prestando um grande serviço à literatura, ao Brasil e ao ensino, fundamentalmente”, afirma. Coordenador de debates do palco principal há oito edições, posto que nos primórdios pertenceu a Josué Guimarães, Loyola arranca sorrisos e provoca reações no público. Com as experiências vivenciadas, se considera o maior favorecido: “Sei, agora, como se sente um cantor diante de milhares de pessoas; o que é a vibração, o bom astral, o fluido. Coisas que te levam a levitar. A gente flutua sobre a plateia, não quer nunca mais sair. Passo Fundo massageia o ego”, disse, em depoimento que consta na coletânea comemorativa aos 30 anos de Jornadas. A empolgação dos convidados transparece em seus rostos, em suas palavras e na forma como acolhem e interagem com os participantes. “Sob o céu de lona, em vez de estrelas, brilham as metáforas sobre o homem, a vida, a sociedade e o mundo”, afirmou certa vez Alcione Araújo, mediador de debates da Jornada por longos anos, falecido em 2012. Um ano antes, ao descrever a Jornada, mencionava o que considerava o diferencial da movimentação: “Sem badalação, mas num clima de festa e congraçamento, realiza-se um sonho que persigo há anos: a reaproximação da educação e da cultura, rompendo a esquizofrênica separação que vem empobrecendo a cultura e a educação”, dizia. Também apoiadora da movimentação, a escritora Regina Zilberman acredita que a Jornada de Literatura de Passo Fundo se constitui no mais impor-

A relação de proximidade entre autores e leitores que a Jornada proporciona empolga os convidados. Um exemplo é o escritor, cartunista e desenhista Ziraldo sendo aclamado pelo público

Professor Honoris Causa da UPF em 2003, Morin defendeu a leitura como emancipadora do homem

Interação com qualidade Imagine a festa dos autores do universo infantil encontrando-se com milhares e milhares de pequenos leitores, sedentos por ouvir suas histórias – agora da boca dos próprios, ao vivo e a cores –, perguntar os motivos dos descaminhos dos personagens retratados e, quiçá, dar novos rumos a cada um deles. Maurício de Souza, Pedro Bandeira, Ruth Rocha, Ziraldo, e tantos outros já estiveram em Passo Fundo e daqui guardam diversas lembranças. “Fui uma criança solitária que se entretinha somente com três divertimentos: livros, sonhos e... circo. Imagine a minha felicidade ao encontrar tudo isso junto na Jornada Literária. Ai quem me dera que todo o Brasil pudesse plagiar essa Jornada!”, comentou Pedro Bandeira, em 2009.

tante evento literário do país: “Prestigia a literatura brasileira no país e no exterior. Graças aos renomados escritores que convida, realiza-se há mais de trinta anos, sem descontinuidade, e – o que é mais importante – forma leitores de todas as idades, conscientes e atuantes”.


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Uma Jornada sobre os

JOVENS

Fotos: Arquivo UPF

Temática da 15ª edição da Jornada enfoca o potencial, as preferências e a diversidade dos jovens; os sujeitos do futuro

O

s jovens serão os grandes protagonistas desta 15ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo. Para abordar o tema norteador dos debates - Leituras Jovens do Mundo -, mais de 100 escritores de nove nacionalidades estão convidados e irão interagir com os mais de 23 mil inscritos, além de todos os interessados que participarão das diversas atividades ofertadas durante os cinco dias de atividades da Jornada. O tema central explora o potencial, as preferências e a diversidade de interesses e de comportamentos necessários ao entendimento e à sintonia com os jovens. “Os jovens de hoje são os sujeitos do futuro, e é deles o destino das grandes ideias e das grandes obras. São eles os ‘caras’ que levam consigo a promessa do amanhã, mesmo que nem mesmo eles tenham muita consciência disso”, explica a coordenadora geral da Jornada, professora Tania Rösing, acrescentando que os debates se darão também sobre os subtemas Corpo, sexualidade e afeto; O jovem da ficção à telenovela; Trabalho, autonomia e consumo; Faces na rede e A leitura das ruas. Além de serem o foco das discussões no grande palco da Jornada, os jovens terão novamente um evento especial destinado a eles, a JorNight. Sucesso de crítica e de público em sua primeira edição, em 2011, a JorNight foi responsável por atrair mais de 1,5 mil participantes, superando as expetativas da organização do evento. Integrando diferentes públicos, even-

tos paralelos e já tradicionais também fazem parte da programação da 15ª Jornada Nacional de Literatura, dentre os quais destacam-se: a 7ª Jornadinha Nacional de Literatura, destinada a estudantes do ensino fundamental de escolas públicas e privadas; o 12º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural, que ocorre anualmente, alternado em cidades da Europa e em Passo Fundo (em anos de Jornadas Literárias); o 4º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos: a criação literária em debate; o 3º Seminário Internacional de Contadores de Histórias; e o 2º Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil. Nesta edição, a Jornada conta com o patrocínio da Pepsi, Petrobras, Banrisul, Grupo Zaffari, Farmácias São João, JBS, Lavoro, Braskem, Odebrecht, Manitowoc, BSBios, e com o apoio do Ministério da Cultura, Ministério da Educação, e da Secretaria Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul, dentre outras empresas e órgãos. Novos espaços para os novos leitores Recursos escassos de manutenção, reduções constantes do número de visitantes e, talvez, a perda do protagonismo do livro impresso para o digital, fazem da realidade das bibliotecas públicas um cenário preocupante quando o assunto é a formação dos novos leitores. Contudo, muitas estão aproveitando o desafio para se modernizarem e mudarem a forma de se relacionar com o

Sucesso de público, a Jornadinha Nacional de Literatura chega, neste ano, à sua 7ª edição, proporcionando interação entre autores e pequenos leitores

público leitor. Para discutir essas novas perspectivas, a Jornada Literária criou, para esta edição, um novo evento: o Encontro Internacional de Bibliotecários e Mediadores de Leitura. A partir do tema Biblioteca, Inovação e Comunidade, experiências de sucesso no mundo serão apresentadas. Uma delas, a das bibliotecas-parque instaladas em Medelín, na Colômbia, onde áreas carentes receberam grandes bibliotecas que servem para conectar outros espaços públicos e oferecer, além do contato com os livros, cinema, cursos e shows de música às comunidades. Outros exemplos a serem compartilhados com os participantes serão o da Argentina, por realização das ações da Comissão Nacional de Bibliotecas Populares, e o do Chile, com as bibliotecas CRA - Centros de Recursos para a Aprendizagem; além dos modelos brasileiros implementados pelo Plano Nacional do Livro e Leitura e de projetos liderados pelos sistemas estaduais de bibliotecas escolares e de bibliotecas públicas do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais.

Páginas Saborosas Festival de Gastronomia

Esperados por muitos, os palcos de debates são o centro das discussões da Jornada. Na foto, Chico Buarque (ao centro) conversa com os mediadores de debate à época – Alcione Araújo, Júlio Diniz e Ignácio de Loyola Brandão, e com o poeta e representante do grupo Zaffari, Luís Coronel (primeiro à direita ao lado de Chico)

Uma nova temática será acrescentada aos debates das Jornadas Literárias neste ano. Além da educação, da cultura e da tecnologia, os participantes da Jornada poderão conhecer mais sobre gastronomia e degustar pratos típicos regionais durante a primeira edição do Festival de Gastronomia. O Festival oferecerá os pratos vencedores da Maratona Gastronômica, evento realizado em 2010 que elegeu os pratos típicos de oito cidades da região pertencentes ao Fórum da Microrregião Cultura e Tradição – Rio Grande do Sul. A programação inclui ainda a possibilidade de participação em aulas temáticas ministradas por chefs reconhecidos nacionalmente e em oficinas culinárias.

Jornada UPF Pela primeira vez, a UPF também terá uma programação especial para seus alunos de graduação durante a Jornada de Literatura. A Jornada UPF, como foi nominada, apresentará discussões relevantes para a formação profissional e pessoal dos acadêmicos nas diferentes áreas do saber. Todas as informações sobre a programação da 15ª Jornada Nacional de Literatura podem ser obtidas no site www.jornadasliterarias.upf. br/15jornada/.


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homenagem

45 anos da UPF Aniversário de

é destaque no Estado

Homenagens na Assembleia Legislativa, por periódico da capital gaúcha e pela Câmara de Vereadores de Passo Fundo, jantar-baile e sessão solene do Consun marcaram as comemorações Foto: Marcelo Bertani / AL-RS

No dia 21 de maio, a UPF foi homenageada na Assembleia Legislativa por proposta do deputado Diógenes Basegio

Foto: Leonardo Andreoli

Proposição de homenagem no legislativo municipal foi do vereador Márcio Patussi

A

celebração alusiva aos 45 anos da UPF foi destaque no Estado durante os meses de junho e julho. A Instituição foi reconhecida por seu compromisso com os serviços educacionais e com a formação profissional de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento. As homenagens ocorreram na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, na Câmara de Vereadores de Passo Fundo e em municípios da região. Já a programação organizada pela Universidade incluiu jantar-baile e sessão solene do Conselho Universitário (Consun). Na capital gaúcha, a UPF foi lembrada no dia 21 de maio, no Grande Expediente da Assembleia Legislativa. O propositor da homenagem foi o deputado Diógenes Basegio. Durante

Câmara de Vereadores de Passo Fundo O poder legislativo passo-fundense prestou sua homenagem ao aniversário de 45 anos da UPF, em sessão extraordinária, na noite de 04 de maio. A proposição, feita pelo vereador Márcio Patussi, foi aprovada por unanimidade pelos integrantes da Casa. Durante a sessão, foi entregue à reitoria uma placa de Honra ao Mérito.

Foto: Leonardo Andreoli

Foto: Maria Joana Chaise

Na Câmara de Vereadores de Passo Fundo, a UPF recebeu uma placa de Honra ao Mérito pelos 45 anos

Livro “Eu e a UPF – Memórias” também foi lançado em comemoração à data


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Foto: Leonardo Andreoli

a sessão, vários parlamentares enfatizaram a importância da Instituição para o Estado, dentre eles o presidente da Casa, deputado Pedro Westphalen. “Tenho defendido que a educação é o instrumento mais eficaz para o desenvolvimento de uma sociedade e, para isso, precisamos valorizar e trabalhar para que cada vez mais pessoas tenham acesso a instituições de qualidade como a UPF”, destacou, durante seu pronunciamento na solenidade. A homenagem foi acompanhada pela Reitoria e por professores, colaboradores e lideranças da região. Mais recentemente, a publicação porto-alegrense Tomorrow Magazine destacou, em sua 76ª edição, a atuação da UPF. Sessão Solene do Consun homenageou os diretores de Unidades Acadêmicas

Jantar-baile A comunidade acadêmica, autoridades regionais, colaboradores e representantes da imprensa de Passo Fundo e região também celebraram os 45 anos da Universidade em um jantar-baile na noite de 15 de junho. A festa reuniu centenas de pessoas no Gran Palazzo. Os convidados foram recepcionados pela Reitoria, para uma noite de integração. Sessão solene do Consun No dia do aniversário, 06 de junho, o Conselho Universitário reuniu a comunidade acadêmica local e regional para uma sessão solene que marcou a celebração das quatro décadas e meia de criação da UPF. Além de relembrar a história e projetar ações futuras, o evento foi cenário para entrega de 34 homenagens a pessoas que representam as inúmeras conquistas alcançadas pela Instituição e a todos que, de alguma forma, dela fazem ou fizeram parte nesses 45 anos. Na categoria Docente, recebeu a homenagem o professor Dr. Claudio Almir Dalbosco, devido às atividades prestadas na graduação e na pós-graduação e ao reconhecimento nacional e internacional pelos trabalhos de pesquisa realizados. “Penso que a escolha representa, antes de tudo, o reconhecimento pelo trabalho coletivo, baseado no diálogo, na transparência e na ação institucional, visando ao bem comum. Os desafios do modelo comunitário regional são enormes no cenário nacional e internacional. Podemos vencê-los apostando na excelência acadêmica e na internacionalização da UPF, de modo coletivo, sem corporativismo, centralização ou autoritarismo”, pontua. Na categoria ex-professor, o homenageado foi o padre Elli Benincá, que

Foto: Leonardo Andreoli

Diretores de campi também foram homenageados na Sessão Solene do Consun Foto: Leonardo Andreoli

Sessão Solene do Consun reuniu a comunidade acadêmica e autoridades

Foto: Carla Vailatti

Revista Tomorrow evidenciou os 45 anos da Universidade na sua edição de número 76


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durante mais de 40 anos trabalhou a serviço da UPF. Para Benincá, receber a homenagem foi uma surpresa, por ele estar afastado da Instituição há pelo menos 10 anos. “Deixei muitos amigos na UPF, e talvez isso tenha feito com que se lembrassem de mim nesta oportunidade”, afirma. Para ele, que acompanhou o crescimento da Instituição, o fomento à pesquisa foi um dos pontos determinantes para o desenvolvimento da Universidade. A acadêmica do curso de Medicina, Mariana Berger, foi uma das homenageadas por ser a aluna com a melhor classificação dentre os ingressantes

no primeiro semestre de 2013. “Fiquei muito grata por ter recebido a homenagem, ainda mais por se tratar de uma universidade com tamanho reconhecimento como o da UPF”, destaca. De acordo com ela, a opção pela UPF, embora tenha sido aprovada em outras instituições, levou em conta a qualidade do curso de Medicina, classificado como o primeiro do Estado pelo Enade, em 2011. A trajetória da funcionária homenageada Dorotéa Marques iniciou na UPF ainda no ano de 1974, quando cursava o curso de Engenharia Operacional Mecânica, com bolsa de trabalho. Ao Foto: Carla Vailatti

Comunidade de Carazinho prestou homenagem à UPF no mês de junho

Foto: Caroline Simor

Sessão Solene na Câmara de Vereadores de Palmeira das Missões também celebrou o aniversário da UPF

Foto: Rodrigo de Andrade

Exposição O Museu Histórico Regional (MHR) celebra a data com a exposição “UPF: 45 anos transformando a cidade”, aberta até o dia 09 de setembro. A mostra reúne quadros, materiais de laboratório, fotografias e diversos outros objetos. O acervo contempla, ainda, as imagens vencedoras do concurso fotográfico de mesmo tema da exposição, promovido pelo Museu.

longo desse período, trabalhou em diferentes Unidades e Setores: no Instituto de Ciências Exatas e Geociências, na Vice-Reitoria de Graduação, na Secretaria Geral dos Cursos, e, desde 2003, na Divisão de Graduação. “Toda essa trajetória acrescentou muitas coisas na minha vida, sempre aprendendo e contornando com paciência e tolerância as dificuldades. A evolução contínua e o empenho na melhoria do ensino na região é o que mais me impressiona em relação à UPF”, conta ela. Região No mês de julho, a Reitoria esteve reunida com lideranças políticas da comunidade de Palmeira das Missões. A atividade iniciou com uma visita ao prefeito, passando pelas secretarias, pelo Núcleo Multicultural e pelo Diretório Acadêmico, culminando com a sessão solene na Câmara de Vereadores. A comunidade de Carazinho também recebeu a Reitoria, no mês de junho, para celebrar a data e apresentar demandas, de forma a estreitar relações em benefício da comunidade regional. O mesmo ocorreu em agosto, no Campus Sarandi. Outras homenagens e visitas serão realizadas ao longo do segundo semestre: no dia 12/09, no Campus Casca; no dia 18/10, em Lagoa Vermelha; e no dia 21/11, em Soledade.

Foto: Rodrigo de Andrade

Jantar-Baile reuniu autoridades de Passo Fundo e região

Centenas de pessoas participaram da comemoração no Gran Palazzo


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ciência e inovação TECNOLOGIA para o bem da NATUREZA Fotos: Caroline Simor

Equipamentos são usados para separar o contaminante do solo

Pesquisa da UPF desenvolve técnicas naturais e econômicas para limpeza de solos contaminados por combustíveis

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Brasil conta com quase 40 mil postos de revenda de combustíveis derivados do petróleo. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), de julho 1994 até julho de 2011, mais de 500 acidentes com produtos químicos das mais diversas origens foram registrados no país, sendo que aproximadamente 31% desse montante estavam relacionados ao derramamento de combustíveis, tanto derivados do petróleo quanto de origem renovável, como o biodiesel. Os números da Agência também mostram que dentro desse histórico, aproximadamente 94% dos acidentes ocorreram em rodovias ou ferrovias, sendo o solo, portanto, o compartimento ambiental mais impactado. Esses números justificam o trabalho da equipe do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da UPF - Área de Concentração: Infraestrutura e Meio Ambiente, que desenvolve pesquisas de biorremediação, buscando técnicas naturais e de baixo custo para a descontaminação dos solos. De acordo com o professor Dr. Antônio Thomé, coordenador do projeto, os vazamentos de tanques em área urbana e os derrames acidentais em rodovias são as principais causas de contaminação do solo. O coordenador ressalta que o contato com essas substâncias oferece risco tanto ao meio ambiente quanto à saúde humana. “Diante disso, muitas pesquisas estão sendo

realizadas para avaliar a degradação dos hidrocarbonetos no solo, principalmente envolvendo a biorremediação, ou seja, a utilização de técnicas que utilizam microrganismos existentes naturalmente no solo, ou não, para degradar um contaminante; no nosso caso, os hidrocarbonetos ou combustíveis, como o diesel e o biodiesel”, observa. A descontaminação na natureza A pesquisa em andamento na UPF procura microrganismos existentes no solo analisado, apontando quais são capazes de se “alimentarem” do combustível, descontaminando o ambiente de forma natural e proporcionando uma técnica que não demanda muito custo. Thomé lembra que, em 2006, nos primeiros passos do estudo, foi contaminado um substrato (parte do solo) retirado do Campus I da UPF e, após, isolados os microrganismos e aplicadas as técnicas para identificar qual deles mais degradavam o bio-

No laboratório, as acadêmicas realizam a análise das amostras de solo

Equipe diversificada Os experimentos acontecem no Laboratório de Geotecnia Ambiental e no campo experimental de geotecnia da UPF, no Campus I. Além de outros professores da UPF e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e dos alunos do curso de mestrado da UPF e do curso de doutorado da UFRGS, a pesquisa conta com o trabalho de acadêmicos do curso de Engenharia Ambiental da UPF, dentre eles, Luana Elisa Borba e Letícia Dalbosco Maciel. Um dos próximos passos do estudo é a análise do solo contaminado em laboratório, um processo lento, mas que aponta grandes resultados. “Precisamos fazer a extração para ver o teor residual, ou seja, quanto de contaminante ainda existe no solo. Com a análise é possível saber em quanto tempo e em qual escala os microrganismos limpam aquele meio”, explica Luana, acadêmica do VI nível. A degradação do contaminante será analisada quantitativamente, por meio da verificação de óleos e graxas, e, além disso, será avaliada a influência do grau de saturação do solo e realizada a contagem microbiana em placas. “Pretende-se, com os resultados, obter subsídios para o desenvolvimento de formulações e diretrizes para aplicação em projetos de engenharia”, finaliza o coordenador.

diesel. De tempos em tempos, um novo substrato de solo é retirado e a medição para saber quanto ainda de biodiesel existe é realizada e, da mesma forma, é verificado o aumento da colônia do microrganismo. Atualmente, o grupo tem trabalhado no desenvolvimento de tecnologia para a aplicação da metodologia em campo. Inicialmente, os estudos são realizados através de um biorreator, ou solo moldado, utilizado para avaliar a distribuição dos microrganismos e nutrientes em escala de laboratório, por meio da adaptação da técnica de Jet grouting, que é a injeção, em subsuperfície, de agentes cimentantes por meio de altas pressões. Thomé frisa que a pesquisa concluiu a escala de laboratório, comprovando que é possível utilizar a técnica para injetar microrganismos e nutrientes no solo. “A próxima fase será a aplicação em escala de campo, no campo experimental de geotecnia da UPF. Isso será realizado nos doutorados das pesquisadoras Jaqueline Bonatto e Cleomar Reginatto. Depois da fase experimental de campo é que passaremos para a aplicação na prática de engenharia”, ressalta.


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comunidade Conquistas dentro e CAMPOS, QUADRAS,

TATAMES, PISCINAS E PISTAS

fora dos

Foto: Fabiana Beltrami

UPF aposta no esporte como ferramenta de cidadania, de melhores oportunidades e de superação pessoal

M

O atleta do amanhã Há quem pratique esporte por lazer – e prazer, e há quem tenha o alto rendimento esportivo como objetivo de vida. O projeto de extensão Atleta do Futuro contempla, principalmente em crianças e adolescentes, esses dois tipos de interesses, bem como outra perspectiva: o esporte como agente de aprendizagem e transformação social, gerando evoluções dentro e fora das quadras. Desde 2001, ano em que foi criado, o projeto conta com a expressiva participação de meninos e meninas de Passo Fundo e Soledade, cujas famílias não teriam condições de custear treinamentos particulares. Daniel Paulo dos Santos, 15 anos, e Cláudio Carteri de Assumpção, 16 anos, estão entre os atletas do futuro da UPF. Após conhecerem o Foto: Divulgação UPF judô, uma das modalidades oferecidas, desenharam novos objetivos para suas vidas. “De uma brincadeira, virou meu esporte favorito. Penso em continuar participando de competições cada vez mais importantes”, conta Santos, que mora no Bairro São José, em Passo Fundo. Para o adoRicardo Machado conquistou o Campeonato Brasileiro de Mountain Bike Cross Country Olímpico 2013

lescente, a vivência dessa arte marcial influencia diversos aspectos. “O judô ensina disciplina e respeito, o que acaba ajudando na escola e em casa”, considera. Assumpção também tem a prática de judô como norteadora do seu futuro. “Quero fazer faculdade de Educação Física e ser atleta e professor”, deseja o jovem, morador do Bairro Leonardo Ilha, em Passo Fundo. Na opinião dele, o esporte é motivador porque, apesar de difícil, basta treinar para evoluir. “É uma luta mais de inteligência do que de força”, explica. Os dois jovens treinam no Atleta do Futuro e em uma academia profissional, onde conseguiram bolsas em função dos bons resultados que vêm obtendo. O Atleta do Futuro comtempla cerca de 900 crianças, adolescentes e adultos a cada ano. Os participantes têm não apenas a oportunidade de praticar judô, atletismo, natação, karatê, taekowndo, voleibol, futsal, futebol de campo, basquetebol, dança, ginástica olímpica ou handebol, mas também de se inserir no meio acadêmico e vislumbrar novas perspectivas. Para a coordenadora do curso de Educação Física, Lorita Maria Weschenfelder, esse é um dos principais méritos do projeto. “Essa iniciativa significa, para muitas crianças e adolescentes, o único meio de interagir com uma universidade. Isso os leva

Equipe UPF/ BSBios está na disputa do Campeonato Gaúcho de Vôlei Adulto Feminino

Bom desempenho no Campeonato Estadual Caixa de Atletismo Adulto colocou Maicon Mancuso na 3ª colocação do ranking nacional da categoria sub 23 Foto: Caroline Simor

ais do que uma prática saudável, a UPF acredita no esporte como uma ferramenta de cidadania, socialização e desenvolvimento, além de ser uma oportunidade para um futuro promissor. Com essa intenção, cria condições e incentiva crianças, adolescentes e adultos para a prática esportiva, de forma amadora ou profissional. Seja com o objetivo de subir ao pódio ou apenas para superar obstáculos pessoais, essa postura vem se consolidando e, a cada ano, cresce o número de pessoas beneficiadas. A criação do curso de Educação Física, em 1970, impulsionou a prática esportiva na região. Além de ser responsável pela formação de grande parte dos profissionais da área atuantes em Passo Fundo e em municípios próximos, a Universidade apoia e promove competições e investe no treinamento de atletas profissionais ou amadores, incentiva iniciativas da comunidade e estimula a prática de atividade física como atitude saudável. De acordo com o reitor José Carlos Carles de Souza, a intenção da Instituição é estar cada vez mais próxima da comunidade e de suas demandas. “Apoiar o esporte é uma maneira de estreitarmos nossa ligação com a sociedade em que estamos inseridos. Além disso, investir nos jovens demonstra que acreditamos na formação de novos talentos”, justifica o professor José Carlos.


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Agosto / 2013

Foto: Divulgação UPF

Manuela Spessatto é participante da Seleção Gaúcha de Karate e filiada à Federação Sul-Riograndense de Karate-do Tradicional e JKA-RS Foto: Carla Vailatti

Judô é uma das modalidades esportivas do projeto Atleta do Futuro

Preparação de excelência para atletas da região Outras iniciativas da comunidade regional relacionadas a campeonatos, preparação e avaliações físicas de atletas também são apoiadas pela UPF. Todo o trabalho é realizado em instalações apropriadas e por acadêmicos e professores capacitados, mais de 40 anos de atuação no esporte regional. Os dois principais times de futebol de Passo Fundo, o Esporte Clube Passo Fundo e o Sport Clube Gaúcho, utilizam essa estrutura para auxiliar na preparação de seus atletas. Por meio de convênio, os jogadores do Gaúcho recebem atendimento de preparação e recuperação na Clínica de Fisioterapia, além de utilizarem o campo de futebol do Campus I para os treinos do time. Os atletas do Passo Fundo também passam por avaliações e tratamentos feitos por acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física, supervisionados por professores, com os objetivos de auxiliar na preparação e prevenir ou tratar lesões. Foto: Carla Vailatti

A UPF auxilia o Esporte Clube Passo Fundo e o Sport Clube Gaúcho na preparação de seus atletas

Foto: Caroline Simor

Festival Paralímpico, realizado em junho, promoveu o esporte de inclusão

a ampliarem as possibilidades que vislumbram para o futuro, tanto no esporte quanto em outras profissões”, acredita a professora. Mais de 30 acadêmicos da graduação em Educação Física, supervisionados por professores, dirigem as atividades, que incluem: iniciação desportiva, orientações, treinamentos e participação em competições. O projeto se constitui, ainda, em espaço para estágios interdisciplinares, a partir de projetos como o Saúde Bucal (Odontologia), Alimentação Saudável (Nutrição) e Deformidade Postural (Fisioterapia). O Atleta do Futuro disponibiliza espaços físicos, materiais, acompanhamento e orientações para o treinamento. No âmbito desse projeto são realizadas outras iniciativas: o projeto Esporte Universitário, nos mesmos moldes do Atleta do Futuro, porém direcionado aos estudantes da UPF e o Atleta em Evidência, que realiza eventos esportivos e culturais, como competições e apresentações de dança e ginástica. Voleibol feminino fortalecido O voleibol da região passou a ser mais intensamente incentivado pela UPF em 2013. Por meio de parceria entre a Universidade, a empresa BSBios e a Associação Esportiva e Recreativa Voleibol Passo Fundo, foi criada, a equipe UPF/ BSBios de Voleibol Feminino. O grupo, formado por 16 atletas, tem como técnico o professor Gilberto Bellaver e como padrinho o multicampeão Gustavo Endres. Para Bellaver, a iniciativa faz de Passo Fundo um polo estadual de voleibol. Apesar de recente, o grupo possui objetivos ambiciosos, e as primeiras vitórias já vêm acontecendo. Atualmente, o grupo disputa o Campeonato Gaúcho de Vôlei Adulto Feminino. Destaques em diferentes modalidades A UPF também apoia atletas individuais. Há aproximadamente 14 anos, o ciclista de Mountain Bike Cross Country Olímpico, Ricardo Machado, é patrocinado pela UPF, assim como sua filha e competidora do mesmo esporte, Luana Machado, que desde 2003 conta com o incentivo. Machado e Luana já consolidaram seus nomes no universo do esporte, com importantes conquistas nacionais e internacionais. Desde 2011 a carateca Manuela Spessatto passou a representar a UPF nos tatames, subindo ao pódio em campeonatos regionais, nacionais e internacionais. Também há aproximadamente dois anos, Maicon Mancuso compete em provas de atletismo com o apoio da Instituição. O jovem corredor vem conquistando resultados promissores em provas

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de 5 e 10 mil metros, que o destacam entre os primeiros do ranking nacional na sua categoria. Machado, pentacampeão brasileiro e campeão pan-americano, considera fundamental em sua carreira o incentivo da UPF. “Consegui conquistar importantes vitórias, tanto no Brasil como no exterior, que antes pareciam impossíveis. Sou grato à UPF e a todos os mestres que me ensinaram que o esporte pode mudar vidas, pois quem recebe orientação correta e aprende a ter amor à atividade física melhora de maneira surpreendente sua vida familiar, profissional e social”, considera. Para o ciclista, com planejamento, foco e conhecimento científico, aliado à tecnologia e a muita vontade de vencer, se pode alcançar grandes objetivos. Inclusão no esporte A UPF está integrada com o Estado em ações de incentivo ao esporte. Em abril deste ano, foi instalado na Instituição o Polo de Desenvolvimento do Esporte e Lazer, o maior dos sete que serão implantados no Rio Grande do Sul, com abrangência de 152 municípios. O polo media a relação dos municípios com a Fundergs, órgão estadual responsável pela execução das políticas públicas ligadas ao esporte. Por meio do polo, várias ações já foram realizadas, com destaque para a segunda edição dos Jogos Abertos dos Surdos do RS, que reuniu 298 atletas no último mês de julho, e para o Festival Paralímpico, realizado em junho, a fim de incentivar o esporte de inclusão. A Universidade possui ainda outras formas de estimular o esporte, a atividade física e o bem-estar. No site www.upf.br é possível saber mais sobre essas iniciativas. No link UPF – Unidades Acadêmicas – FEFF, por exemplo, estão disponíveis mais informações sobre as ações que beneficiam a comunidade. Neste mês de setembro, Luana Machado compete pelo Campeonato Brasileiro de Mountain Bike Maratona


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ciência e inovação Microscópicos, mas potentes:

CONTAMINANTES de alimentos no alvo das pesquisas Foto: Cristiane Sossella

Estudos estão identificando formação de biofilme por Salmonella, um dos gêneros de bactérias que mais causa infecção alimentar na população

A

s doenças transmitidas dos alimentos para as pessoas têm sido o foco de pesquisas no mundo inteiro, na busca por estratégias que permitam seu controle, e que, ao mesmo tempo, possam garantir segurança aos consumidores. Estudos apontam, por exemplo, que a salmonelose, infecção alimentar causada por Salmonella, é uma das principais doenças advindas dos alimentos. Atentos a isso, professores e acadêmicos da UPF estão empenhados em produzir conhecimentos sobre a contaminação por biofilmes em superfícies onde alimentos são processados. Os dados levantados até o momento preocupam os pesquisadores. A doutora em Ciências Veterinárias Laura Beatriz Rodrigues é a líder dos trabalhos, que tem foco especial em abatedouros e frigoríficos. A pesquisa “Formação de biofilme por Salmonella Enteritidis em aço inoxidável, polietileno e poliuretano sob temperatura de refrigeração de alimentos” está em desenvolvimento e tem a intenção de apontar se a higiene, o controle de temperatura e o uso de sanitizantes estão sendo efetivos contra os biofilmes, que são bactérias aderidas a uma superfície. “Células bacterianas soltas no ambiente são mais propensas a ter contato com desinfetantes, antibióticos ou radiação. Entretanto, quando se forma o biofilme, a bactéria fica de 500 a 1.000 vezes mais resistente”, observa. Laura explica que no processamento de um alimento há o contato com várias superfícies, como quando a carne é cortada num abatedouro. “Se o alimento entra em contato com uma superfície infectada, o biofilme pode se soltar, contaminando-o”. Conforme a pesquisadora, há, nos abatedouros, a chamada higiene pré-operacional, realizada com desinfetantes para preparar o próximo dia de trabalho, e a higiene operacional, a qual ocorre em períodos de tempo como a cada duas ou quatro horas, quando instrumentos e locais de corte são higienizados com água

quente. “Queremos saber sobre a efetividade dessa limpeza sobre biofilmes”, afirma. Resultados preocupantes Para a realização das pesquisas em laboratório, foram selecionadas 20 amostras de Salmonella Enteritidis, sendo 10 provenientes de surto de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) e 10 de origem avícola. Os testes para verificar a formação de biofilme em superfície foram realizados analisando quatro temperaturas. “O que nos surpreendeu é que a 9 graus centígrados, temperatura de refrigeração, e mesmo a 3 graus centígrados, observamos Salmonella formando biofilme. Aliás, as salmonelas que foram isoladas e que comprovadamente já haviam causado um surto de DTA foram também as que mais formaram biofilmes a 3 graus”, argumenta. Algumas amostras de origem avícola, entretanto, não formaram biofilme. As amostras de bactérias também foram testadas em relação à resistência ao desinfetante, produto que normalmente é utilizado em abatedouros de aves. “O desinfetante matou todas as amostras em vida livre. Porém, ao testarmos o mesmo produto em biofilmes, as salmonelas proliferaram, o que é muito preocupante”, destaca. As amostras foram avaliadas inicialmente em superfície de poliestireno (presente em potes plásticos) e está prevista a

No dia a dia Encanamentos de água enferrujados, tábuas de corte, vegetais, carnes e ovos, dentre outros alimentos, podem estar contaminados por biofilmes. A professora Laura dá algumas dicas de como se livrar da intoxicação: n Adquirir alimentos com inspeção comprovada; n O leite deve ser pasteurizado ou UHT; n Consumir carnes bem cozidas; n Não cortar alimentos crus na mesma tábua utilizada para o corte da carne; n Higienizar frutas e verduras com cloro.

Estudos apontam desenvolvimento de bactérias em baixas temperaturas e mesmo após o uso de sanitizantes

verificação em aço inoxidável (material das mesas dos abatedouros), poliuretano (utilizado no revestimento de esteiras por onde a carne passa) e polietileno (material das placas de corte). “Queremos saber se nessas superfícies o resultado será o mesmo”, lembra. Pesquisa interinstitucional A pesquisa, que já têm outras frentes de atuação, conta com a participação de alunos do curso de Medicina Veterinária e do Programa de Pós-graduação em Bioexperimentação da UPF e, também, com uma parceria de pesquisadores da UFRGS e da Universidade Federal Fluminense. “Nosso desafio é estudar outras superfícies e condições de temperatura, características fenotípicas e genotípicas, a formação de biofilmes multiespécies interagindo com Salmonella spp e avaliar moléculas sinalizadoras do quorum sensing, que podem potencializar os agrupamentos de bactérias”,informa Laura.


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comunidade Atendimento mais do que especial Fotos: Caroline Simor

Projeto de extensão da UPF promove ações para atendimento odontológico especializado nas Apaes de Passo Fundo, Casca e Marau

Antônio Augusto também realiza palestras sobre cuidados e orientações para a saúde bucal

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uando ainda era acadêmico de Odontologia, Antônio Augusto Iponema Costa realizou um estágio voluntário na rede pública de saúde de Porto Alegre. Já no primeiro dia, precisou realizar atendimentos para pacientes com necessidades especiais. Essa realidade chamou a atenção do futuro cirurgião-dentista, que decidiu, a partir desse momento, buscar novas práticas para qualificar o atendimento odontológico para esse público. Foi no Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UPF (PPGOdonto), que Antônio ingressou no projeto de extensão Saúde Bucal: ações para inserção social. Na sua região de abrangência, o pós-graduando ou o mestrando encontra uma oportunidade para prestar assistência às crianças das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) dos municípios de Passo Fundo, Casca e Marau. Somente neste semestre, o projeto, que vem sendo organizado há dois anos, vai atender mais de 200 crianças e jovens com idades entre 6 e 19 anos. O atendimento é realizado periodicamente, fazendo o levantamento da realidade de cada paciente, avaliando a condição de saúde bucal e a relação da qualidade da saúde bucal

Avalição visa a apontar medidas para melhoria da saúde bucal dos atendidos nas Apaes

com os diferentes níveis de deficiência intelectual (leve, moderado, severo e profundo) e com o nível de comprometimento dos pais ou responsáveis. O trabalho é executado principalmente por Antônio Augusto Iponema Costa, mas conta com a participação de acadêmicos da graduação. De acordo com o mestrando, é preciso avaliar com cuidado e realizar um acompanhamento da saúde bucal das crianças atendidas nas Apaes, uma vez que cada grau de deficiência pode implicar problemas diferentes. “A avaliação da

condição de saúde bucal vai apontar se existe uma relação entre os diferentes níveis de deficiência intelectual com a saúde bucal. Além disso, ainda dará visibilidade e atenção ao refluxo gastroesofágico, que acomete muitas crianças e pode prejudicar a dentição, provocando a erosão dentária”, explica. Ele destaca que, além do atendimento, os pais respondem a um questionário e são convidados a participar de palestras nas quais recebem dicas e instruções para uma melhor higiene bucal.

Carinho e atenção que fazem a diferença Iponema Costa aponta que são mais de 45 milhões de pessoas com deficiência intelectual no Brasil atualmente. Mesmo diante dessa realidade, faltam profissionais qualificados para oferecer um atendimento específico. Para o coordenador do projeto na Instituição, professor Álvaro Della Bona, são vários os benefícios da iniciativa. Além da inserção da Universidade cada vez mais junto à comunidade, os acadêmicos também encontram ferramentas e possibilidades para aprimorar o conhecimento, unindo a teoria com a prática. “Esse é um projeto muito especial, pois tem um importante componente comunitário, realizando uma extensão universitária com envolvimento sinérgico da graduação e da pós-graduação, onde alunos e professores treinados executam uma proposta bem estruturada. Isso é o que se espera de projetos de extensão cientificamente qualificados, que oferecem um retorno social pelas ações desenvolvidas e proporcionam um planejamento de atividades mais eficientes com base em dados cientificamente coletados e analisados”, observa. Segundo a coordenadora da área da Saúde da Apae Passo Fundo, Sibeli Zanin, o atendimento odontológico de crianças e adolescentes com deficiência é de suma

importância, uma vez que o trabalho em conjunto auxilia na melhoria da qualidade de vida. “Os familiares são os responsáveis pela manutenção da saúde bucal destes pacientes, e é necessário frisar que, muitas vezes, algumas patologias podem não ser notadas pelos familiares e que o atendimento odontológico preventivo não é realizado devido às dificuldades para o atendimento”, ressalta. A importância do projeto é destacada também pelos pais dos alunos atendidos. O jovem Daniel Sidloski, de 11 anos, recebe atendimento na Apae de Marau, desde 2010, por meio do trabalho realizado pelo mestrando da UPF. Na opinião da mãe de Daniel, Ionara Sidloski, é impossível imaginar outro tipo de atendimento. Ela lembra que, antigamente, além da resistência, havia um pouco de medo e o dentista não levava em consideração a deficiência intelectual do paciente. “Antes, levávamos o nosso filho no dentista do posto de saúde e era muito difícil, pois ele não tinha prática em atender pacientes com necessidades especiais. Hoje, não temos nem palavras para agradecer esse projeto e é evidente a mudança no próprio Daniel, que não tem mais medo de ir ao dentista. Esse tipo de atendimento não pode parar”, justifica.


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ciência e inovação Novas alternativas na produção de

BIODIESEL

Fases do projeto A pesquisa teve várias etapas. Para a obtenção do óleo de abacate, primeiramente foi realizada a secagem da polpa e o descaroçamento do fruto. Constatou-se que o abacate tem alta umidade, por isso não foi possível fazer a secagem por completo. Após, 49 g do fruto foram triturados e colocados em um cartucho com 250 mL de solvente hexano, para a extração do óleo. Com o óleo obtido, a acadêmica passou para a fase da transesterificação, que transforma o material em biodiesel. Para isso, o óleo foi aquecido a 45 ºC e misturado com metanol e hidróxido de potássio. O processo possibilitou que, ao final, fosse obtido o biodiesel de óleo de abacate.

Pesquisa desenvolvida por acadêmica de Química utiliza a polpa do abacate na produção de combustíveis renováveis

O

aumento da demanda por fontes de energia, as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento da atmosfera e o esgotamento das reservas de petróleo de fácil extração têm incentivado a utilização de insumos renováveis que possam substituir os combustíveis de origem fóssil, como petróleo, carvão e gás natural. O biodiesel é um combustível derivado de fonte renovável. O seu uso possibilita uma série de benefícios, dentre eles a redução de poluentes atmosféricos e do consumo de combustíveis fósseis. Com o intuito de estudar e buscar novas alternativas para a produção de biodiesel, a acadêmica do 8° semestre do curso de Química (bacharelado) da UPF, Dielen Garda, desenvolveu a pesquisa “Produção de Biodiesel a partir do Óleo de Abacate”, utilizando a polpa do abacate como matéria-prima. Realizado no Laboratório de Química do Instituto de Ciências Exatas e Geociências e nos laboratórios do Centro de Pesquisa em Alimentação da UPF, o trabalho recebeu a orientação da professora Alana Neto Zoch, que supervisionou as atividades da aluna durante um ano e meio de intenso estudo e dedicação. Resultados Os resultados e as análises físico-químicas do biodiesel foram baseados nas Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz, sendo conduzidos mediante especificações de umidade, índice de acidez

Fotos: Cristiane Sossella

Acadêmica realizando a fase de extração do óleo de abacate

e índice de iodo. Para uma comparação em termos de produção do biodiesel, a acadêmica comparou o material com os ácidos presentes no óleo de soja e constatou que os mesmos são semelhantes. O biodiesel de óleo de abacate forneceu um rendimento de 65%, enquanto que o biodiesel de óleo de soja obteve um rendimento de 98%. Segundo Dielen, depois de realizar as várias fases da pesquisa, os resultados mostraram que as propriedades físico-químicas do biodiesel de óleo de abacate estão de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Mesmo estando em conformidade com os critérios da ANP, é necessário aperfeiçoar o método da secagem para conseguir um maior rendimento de óleo e biodiesel de abacate”, concluiu. O trabalho foi apresentado pela estudante em seminários de defesas individuais e será explanado, juntamente com outros projetos desenvolvidos no curso, durante o 6º Encontro Nacional de Tecnologia Química, realizado em Maceió (AL), no mês de agosto. Para a professora Alana, a pesquisa deve ter continuidade. “Pretendemos continuar cumprindo outros objetivos estabelecidos inicialmente, como o uso de etanol na transesterificação, além de testar outras

variáveis no processo para aumentar o rendimento em biodiesel”, constata. Pesquisa na UPF A UPF incentiva os alunos na produção do conhecimento científico. Clóvia Marozzin Mistura, professora-coordenadora do Programa de Iniciação Científica do curso de Química, do qual o projeto da aluna Dielen faz parte, acredita que a pesquisa é fundamental na carreira do estudante. “A pesquisa cumpre um papel importante na formação do acadêmico, uma vez que, ao conduzi-lo nas várias etapas inerentes ao campo da investigação científica, permite que o mesmo desenvolva a capacidade de inovar, despertando o desejo de atuar de forma mais comprometida com as demandas sociais”, salienta. Iniciativas como a proposta por Dielen também acabam sendo benéficas para a sociedade. “A preocupação com o meio ambiente ganhou força à medida que resultados de pesquisas mostraram os prejuízos causados ao Planeta por algumas atividades humanas. Inovações tecnológicas que hoje são tão comuns tiveram origem nos centros de pesquisa. Busca-se, assim, melhorar a qualidade de vida, e é aí que a população ganha”, reitera a professora Clóvia.


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polêmica Transportes: um longo caminho a percorrer

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erde-se muito tempo e gasta-se muito dinheiro! Essa é a realidade do transporte público e de cargas no Brasil. O país cresce e a frota de veículos aumenta a cada ano, porém, em contrapartida, a infraestrutura do setor, em especial o rodoviário, em virtude dos baixos investimentos nos

diversos modais de transporte, apresenta como resultado pouca eficiência e baixa qualidade. A realidade das ruas após anos de expansão das cidades, a falta de planejamento, os investimentos priorizados no transporte individual e as intervenções urbanas equivocadas trazem congestionamentos e poluição cada vez

“É

possível resolver a questão do transporte público, mas esta solução não será alcançada em curto espaço de tempo. Para o sucesso do transporte público nas cidades, é necessário o planejamento das demandas e o monitoramento da qualidade dos serviços prestados. Com relação ao planejamento, é importante que sejam avaliados os aspectos socioeconômicos dentro do espaço urbano, com o objetivo de aperfeiçoar a distribuição do serviço à população. Além disso, também deve ser priorizada a busca por novas tecnologias, como por exemplo, veículos mais eficientes, sistemas inteligentes de transporte e tecnologia de informação ao usuário, dentre outras. A adoção dessas medidas poderá melhorar consideravelmente a qualidade do transporte público, onde as principais deficiências do setor estão vinculadas ao elevado tempo de viagem/espera e aos baixos níveis de conforto e de privacidade. Essas deficiências contribuem cada vez mais para a redução do número de passageiros que utilizam o sistema e, consequentemente, colaboram para o elevado valor da passagem que hoje é praticado. O Brasil já possui domínio sobre diferentes tecnologias vinculadas ao setor de transporte público, as quais, mesmo que muitas vezes aplicadas de forma tímida, apresentam notáveis padrões de eficiência e de qualidade. Atualmente, tem se dado grande ênfase ao sistema BRT (Bus Rapid Transit), que se utiliza de faixas exclusivas, estações de rápido embarque/desembarque e veículos de elevada qualidade e capacidade. Na década de 1970, Curitiba/PR foi pioneira na implantação do sistema BRT, o qual foi planejado em conjunto com a organização do sistema viário e do uso e da ocupação do solo urbano, sendo considerado ainda como um dos sistemas de transporte público mais eficientes do Brasil. Recentemente, Porto Alegre/RS está chamando a atenção pela implantação do sistema do Aeromóvel, o qual utiliza tecnologia totalmente brasileira. Vale ressaltar que nesses dois casos, além de utilizarem sistemas “novos”, também é concebida a integração dos mesmos com outros sistemas de transporte, como o caso do Aeromóvel, que ligará o aeroporto Salgado Filho à estação do Trensurb em Porto Alegre. Por fim, acredito que para tornar o transporte público sustentável, eficiente e de qualidade, é necessário que o poder público, a sociedade e as entidades privadas estejam completamente empenhadas e engajadas na melhoria do sistema. Essa participação deve ser liderada pelo poder público, mas também necessita da participação da população e de entidades privadas para estabelecerem as prioridades do setor”.

Professor Francisco Dalla Rosa, doutor em Geotecnia e professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia

maiores. Já no transporte de cargas, o problema não é diferente. Faltam portos e ferrovias e as hidrovias ainda são pouco utilizadas. Há como desatar o nó do transporte no Brasil? A Revista Universo UPF convidou dois especialistas para tentar responder essa questão.

Professor Henrique Dias Blois, doutor em Engenharia de Produção, coordenador do curso de Logística

“O

transporte de cargas está inserido num conceito mais amplo, o SCM (Supply Chain Management – Gerenciamento da Cadeia de Suprimento). Esse conceito começou a se desenvolver no início dos anos 1990 e exige um sistema de transporte de lotes menores de itens com maior frequência, ao contrário do modelo anterior que procurava manter elevados estoques para garantir um bom atendimento. Para fazer frente a essa nova filosofia, o transporte necessita de inúmeras tecnologias que permitam um fluxo contínuo para entregar o produto certo, na hora certa e na quantidade certa, a um custo baixo. Além do aparato tecnológico, faz-se necessário uma infraestrutura multimodal, na qual os embarcadores (clientes dos serviços de transportes) possam comparar custos e serviços, dentre diferentes modalidades de transporte, durante a negociação. Contudo, infelizmente, essa não é realidade brasileira. Por falta de incentivos e de projetos e por desvios de verbas, dentre outros fatores, o país apresenta inúmeras carências em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Um estudo realizado pelo Instituto de Logística e Supply Chain, em 2010, serve como exemplo desse cenário, mostrando que uma ferrovia pode durar de 50 a 100 anos e custa cinco vezes mais que uma rodovia (que dura de 5 a 10 anos). O estudo afirma que o custo do transporte na modalidade ferroviária é a metade do na modalidade rodoviária, ou seja, o aporte de recursos numa ferrovia é um projeto de longo prazo. Todavia, em nosso país, essa modalidade é desprestigiada, correspondendo a apenas 20% da movimentação de cargas. Nos Estados Unidos e na Europa, aproximadamente 40% do transporte de cargas é realizado por ferrovias. Nesses países, estima-se que os custos logísticos sejam de apenas 10%, enquanto que, no Brasil, essa estimativa é superior a 30%. A realidade da infraestrutura de estradas no Brasil não é diferente. Possuímos apenas 212 mil quilômetros de rodovias pavimentadas para uma área total de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, enquanto os Estados Unidos, por exemplo, possuem 4,21 milhões quilômetros de rodovias pavimentadas para uma área de 9,1 milhões de quilômetros quadrados. No caso do transporte hidroviário, a burocracia, os custos elevados com mão de obra e a alta carga tributária são os principais entraves para a cabotagem (navegação de cargas entre portos de um mesmo país) no Brasil, modalidade que poderia ser mais uma alternativa ao transporte de cargas. Por fim, os aeroportos de cargas também sinalizam a falta de infraestrutura. Os problemas dessa modalidade são: falta de áreas de armazenagem, de instalações (câmaras refrigeradas) para produtos especiais e de mão de obra insuficiente para liberar as mercadorias dentro de padrões internacionais. O que se percebe, então, é um atraso significativo em toda a infraestrutura do transporte de cargas no Brasil, o que certamente inviabilizará o nosso crescimento”.


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profissões Mercado de trabalho da área de Informática cresce com

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Foto: Fabiana Beltrami

Cursos de Ciência da Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Sistemas para Internet abordam setor crescente no mercado: a Tecnologia da Informação

O

setor de Tecnologia da Informação (TI) é um dos que mais cresce no país. Dados da consultoria IDC Brasil revelam que, atualmente, 276 mil vagas estão em aberto. Dessas, estima-se que, até o ano de 2015, cerca de 117 mil sigam ociosas em virtude da falta de profissionais desse meio. Com um mercado de trabalho crescente e em expansão, devido ao constante surgimento de novas tecnologias, a UPF disponibiliza à comunidade o bacharelado em Ciência da Computação e os Cursos Superiores de Tecnologia (CST) em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) e em Sistemas para Internet. Diversas possibilidades de atuação Baseado em três grandes pilares Engenharia de Software, Banco de Dados e Linguagens de Programação – o curso em ADS tem foco no mercado e objetiva formar pessoas com capacidade de realizar atividades em todas as etapas do desenvolvimento de software, desde a análise, a modelagem, o projeto, a programação e os testes, até a implantação e a gerência de projetos de sistemas de informação. Segundo o coordenador do curso na UPF, professor Jaqson Dalbosco, o profissional pode atuar em empresas pré-estabelecidas, montar seu próprio negócio e até mesmo participar de concursos na área de TI. “A tecnologia da informação é estratégica, por isso quem trabalha com ela pode agir em várias áreas e organizações”, comenta. Formado em 2006, Diozer Vargas é gerente de desenvolvimento na empresa Alfasig, onde exerce funções relacionadas à gestão técnica de pessoas. Vargas acredita que o profissional de ADS tem a missão de fazer com que todos os recursos tecnológicos disponíveis se tornem úteis ao ser humano. José Henrique Andreis graduou-se na UPF em 2010 e, atualmente, desenvolve aplicativos para dispositivos iOS e

Android no Departamento de Engenharia Agrícola e Biológica da Universidade da Flórida. Para ele, quem atua nesse meio necessita ter criatividade na elaboração e na busca de soluções em um projeto de software.

Profissionais da área de TI necessitam estar em constante atualização

Foco na internet Também com enfoque na atividade profissional, o curso de Sistemas para Internet habilita o aluno para analisar, projetar e desenvolver sistemas para

Carreira acadêmica é opção O curso de Ciência da Computação da UPF, um dos pioneiros do Estado, vem sendo oferecido desde 1984. Fornece bases teóricas e práticas para que o egresso adquira competências para contribuir com o desenvolvimento científico e tecnológico da Tecnologia da Informação, usando o conhecimento na especificação, desenvolvimento e avaliação de ferramentas, softwares, métodos e sistemas de computação e de informação. Ricardo Neisse, graduado pela UPF no ano de 2001, atua como pesquisador no Institute for the Protection and Security of the Citizen (IPSC), na Itália. Em sua opinião, o profissional necessita ter a capacidade de trabalhar em times multidisciplinares, estando sempre atento aos novos conceitos teóricos e ferramentas técnicas. O professor Marcos José Brusso, coordenador do curso na UPF, salienta que além de seguir no mercado, o profissional tem a opção de trilhar a carreira acadêmica por meio dos mestrados e doutorados na área, podendo trabalhar com pesquisa e produção de novas tecnologias. Ele reitera que, assim como o curso de Ciência da Computação, os CSTs em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e em Sistemas para Internet também possibilitam que os egressos sigam carreira acadêmica.

a web, utilizando as mais recentes técnicas, ferramentas e linguagens. O egresso do curso fica habilitado a realizar a gestão de ambientes internet envolvendo redes de computadores, banco de dados, sistemas distribuídos, segurança e manutenção e instalação de sistemas. De acordo com o coordenador do curso, professor José Maurício Carré Maciel, o egresso está apto a acumular funções relacionadas às novas tendências tecnológicas, como aplicação móvel e aplicações multimídia. Pedro Henrique Sebben, formado em 2012 pela UPF, atua na empresa Compasso Tecnologia como desenvolvedor Java. Em sua opinião, o mundo está cada vez mais dependente da TI. “O profissional precisa estar preparado para viver num ambiente de constantes mudanças e aprendizados. O que pode ser revolucionário hoje pode estar obsoleto amanhã”. Com o intuito de suprir demandas, o mercado requer pessoas que exerçam funções relacionadas ao uso da Internet. Em Passo Fundo, com a implantação do Polo de Exportação de Software do Planalto Médio, a perspectiva de crescimento de ofertas de trabalho nessa área é grande.


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fique por dentro FUPF renova gestão Foto: Cristiane Sossella

Diretoria e conselheiros da FUPF

A

Fundação UPF elegeu, no mês de junho, sua nova diretoria. O professor Alexandre Augusto Nienow é o novo presidente do Conselho Diretor, o professor Luiz Fernando Fritz Filho

assume como primeiro-vice-presidente, o professor Dirceu Lima dos Santos é o segundo vice-presidente e o professor Gerson Luís Trombetta é o secretário. O mandato é de dois anos.

Professores da UPF lideram secretarias municipais em Passo Fundo

Em reunião ordinária do Conselho, foram empossados e diplomados os novos conselheiros, com mandato de quatro anos: Alexandre Augusto Nienow (titular) e Vildomar Luiz Tartari (suplente); Dirceu Lima dos Santos (titular) e Elci Lotar Dickel (suplente); Gerson Luís Trombetta (titular) e Luiz Fernando Kramer Pereira Neto (suplente); Evanisa Fatima Reginato Quevedo Melo (titular) e Tarcísio Hartmann (suplente). Nienow assume o cargo que até então era ocupado pelo professor Luiz Fernando Fritz Filho. Encerra-se, igualmente, o mandato dos seguintes conselheiros: Jocarly Patrocínio de Souza, Nelci Terezinha Zorzi, Juliano Giongo, Graciela René Ormezzano e Marco Antônio Sandini Trentin. Foto: Lívia Nonnemacher

Santander realiza ação com alunos ingressantes

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Banco Santander realizou uma ação especial durante o período de matrículas dos aprovados no Vestibular de Inverno da UPF. Além de ofertar a possibilidade de abertura de conta corrente universitária e seus benefícios, os futuros acadêmicos puderam conhecer diversos projetos do banco, dentre eles os Prêmios Santander Universidades 2013. A iniciativa reconhece, incentiva e premia projetos relevantes de alunos, professores, pesquisadores e Instituições de Ensino Superior e, neste ano, vai distribuir R$ 2 milhões em prêmios. As seguintes áreas serão beneficiadas: Ciência e Inovação; Empreendedorismo; Universidade Solidária; e Destaques do Ano. Para saber mais, acesse www.santander.com.br/universidades e facebook.com/santanderuniversidades.

Neilena Romcy, gerente-geral da Agência Catedral; Karen Sebben, gerente comercial Universidades; Renato Rocha da Rosa, superintendente regional; e o reitor da UPF José Carlos Carles de Souza

Aproximação com INSTITUIÇÕES ITALIANAS Foto: Cristiane Sossella

Representantes da UPF e da Embrapa organizam ações em parceria

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visita do cônsul geral da Itália no Rio Grande do Sul Augusto Vaccaro a Passo Fundo, recentemente, deixou um desafio à UPF e à Embrapa: apresentar uma proposta que possa aproximar as instituições passo-fundenses das italianas, especialmente na área de alimentos e agricultura. Um primeiro encontro com vistas a elencar alternativas nesse sentido já ocorreu, oportunidade em que foi definida

Três importantes secretarias municipais de Passo Fundo são comandadas por professores da UPF na gestão 20132016. As secretarias de Planejamento, de Educação e de Saúde tem à sua frente os professores Ana Paula Wickert, Edemilson Brandão e Luiz Artur Rosa Filho, respectivamente. A escolha da administração municipal demonstra a confiança relacionada ao comprometimento da Instituição com a comunidade passo-fundense e reafirma a qualidade técnica e profissional dos docentes da Universidade. Além disso, outros importantes órgãos do governo municipal são liderados por professores da UPF: o Procon municipal é coordenado pelo professor Rogério da Silva, a Procuradoria Geral do Município por Adolfo Freitas e a Coordenadoria dos Conselhos Municipais por Ginez Leopoldo de Campos.

a realização de um evento internacional, no próximo ano, envolvendo a cadeia produtiva da agroindústria e de alimentos. A proposta deve ser levada ao cônsul geral da Itália e o evento deve ser apresentado oficialmente, no mês de outubro, durante o VIII Simpósio de Alimentos para a Região Sul, que ocorre nos dias 17 e 18, na UPF. Até lá, a equipe de trabalho estará promovendo reuniões para organizar a programação.


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chegando O sonho de transformar realidades em prol da cidadania A história de amadurecimento profissional da jovem Daniela de Souza Woitezak, de Passo Fundo, teve início em 2006, quando realizou um curso técnico em Enfermagem. Com a conclusão do curso, e após o início de um trabalho no serviço público municipal, junto à Secretaria de Saúde, Daniela passou a pensar em questões que vão muito além do atendimento aos pacientes. Foi assim que começou a relação dela com uma nova área de atuação. Hoje no segundo nível do curso de Serviço Social, está feliz com as escolhas que fez. Daniela sempre soube que poderia contribuir de alguma forma com a melhoria da qualidade de vida das pessoas. “A Enfermagem, a Medicina e as demais áreas da saúde orientam os procedimentos, mas comecei a me questionar outras coisas, como por exemplo: se existe a explicação, e sabe-se como tomar e onde encontrar os medicamentos, as pessoas têm o interesse de ir buscá-los e de tomá-los seguindo os procedimentos? Passei a observar, igualmente, quais eram as condições das pessoas, ou seja, elas poderiam ter o atendimento e o remédio, mas será que tinham acesso à água potável em casa pra ingerir o medicamento?”, explica Daniela. Pensando nessas questões sociais, a acadêmica percebeu que poderia ajudar ainda mais. A maneira de concretizar esse desejo foi ingressando no curso de Serviço Social e, mesmo ainda estando no início da graduação, Daniela já está atuando em diferentes projetos: ela é bolsista do Programa de Apoio Institucional a Discentes de Extensão e de Assuntos Comunitários (Paidex), vinculado ao projeto Educação e Cidadania, e também é estagiária do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde). Os dois estágios e a vida acadêmica ocupam grande parte do dia e da noite da estudante, mas ela mostra-se entusiasmada, mesmo com uma rotina corrida. Sobre a profissão, enfatiza um ponto que considera essencial. “Nós não trabalhamos pela comunidade, mas sim com a comunidade”, resume. Sobre o curso da UPF, Daniela assegura que o aprendizado vai muito além da teoria. “Há aulas práticas e projetos de extensão comunitária que possibilitam aos alunos estarem em contato com a realidade da profissão”. Questionada sobre seu sonho, ela responde com outra pergunta: “mudar o mundo?!”. Com disposição e bom humor Daniela segue sua caminhada, em busca de transformar realidades, melhorando as condições de quem se encontra em algum tipo de vulnerabilidade social.

saindo Embelezando a vida Há vários motivos que levam uma pessoa a frequentar os bancos universitários, dentre eles, qualificar-se para uma vaga de emprego ou qualificar-se para o mercado de trabalho. Para quem já está fazendo um curso superior, o consenso é pelo equilíbrio entre teoria e prática, fundamental para poder exercer uma profissão com excelência. E foi a necessidade de mais conhecimentos, especialmente teóricos, que motivou a empresária Fabiana Bettin, 36 anos, a enfrentar uma luta diária para conseguir frequentar as aulas do curso de Estética e Cosmética. Proprietária de um salão de beleza, casada e mãe de dois meninos, ela agora comemora a reta final da graduação. Fabiana trabalha no segmento de beleza há pelo menos 17 anos, assim como grande parte de sua família. Segundo ela, a necessidade de ir além dos cursos práticos partiu da exigência cada vez maior por parte de clientes. “Existem possibilidades de aperfeiçoamento aos profissionais que atuam na área de Estética e Cosmética, porém são cursos em que geralmente há apenas aulas práticas, nos quais aprendemos sobre determinado produto e seu resultado final, por exemplo. Mas eu queria entender o porquê dos resultados no salão, de que forma os produtos agem, em que perfis se encaixam melhor. Foram questões como essas que me levaram a fazer a graduação”, relata. Apesar da correria e de uma rotina bastante cansativa, ela procurou estar presente em todas as atividades e, hoje, quando olha para trás, afirma que não se arrepende do esforço, principalmente por ter encontrado o que procurava: maior conhecimento teórico; seja na aula de anatomia, de fisiologia, de microbiologia ou de farmacologia, dentre tantas outras disciplinas ao longo dos semestres. Fabiana comemora, igualmente, o aumento no número de clientes no seu salão de beleza e a melhoria da qualidade do atendimento. Na opinião da acadêmica e empresária, vale a pena se dedicar, pois as oportunidades no mercado de trabalho para as pessoas qualificadas nesta área vêm crescendo. De acordo com ela, é importante também estar sempre atualizado, para poder destacar-se. Dentre todas as vivências e aprendizagens durante a caminhada na graduação, Fabiana carrega consigo um sentimento de gratidão e apreço pelos professores e pela coordenação do curso, que, segundo ela, instruem e auxiliam os alunos incansavelmente dentro e fora da sala de aula. Foto: Laíssa França Barbieri

Foto: Laíssa França Barbieri

Por meio dos estágios, Daniela está em contato com a comunidade, a qual deseja ajudar

Com conhecimento teórico, Fabiana se sente mais segura para exercer sua profissão


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fique por dentro BIG BAND Uma nova

Foto: Cristiane Sossella

para a comunidade

Novo projeto de extensão é mais um dos beneficiados pelo Circuito Cultural, que permite destinar parte do imposto de renda para disseminar a cultura

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s projetos de extensão de caráter cultural já são uma marca da UPF. Recentemente, o número de grupos que levam cultura e entretenimento aos mais diferentes locais do Estado, e inclusive do exterior, ganhou um reforço com a criação da Big Band, totalizando agora oito grupos. Formada principalmente por instrumentos de sopro, a banda inclui em seu repertório composições de Milton Nascimento, Nelson Faria, Michael Jackson e John Kander. Atualmente, o grupo é formado por 23 músicos, dentre pessoas da comunidade, egressos e alunos da Instituição. A formação da banda é inspirada nas orquestras norte-americanas existentes desde a década de 1930 e que influenciaram a música tanto dos Estados Unidos quanto de outros países. “Essa nova proposta, com um repertório composto

por músicas de MPB, jazz e trilhas de filme, busca propiciar a interlocução entre a comunidade e a Universidade, que é a grande proposta da Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários”, explica o maestro Rodrigo Avila. Mesmo sendo recente, o grupo já participou de diversas apresentações e se prepara para um encontro de orquestras que acontecerá em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.

Grupo atualmente é formado por 23 músicos, dentre pessoas da comunidade, egressos e alunos da Instituição

Como colaborar Qualquer pessoa ou empresa que declare imposto de renda pode colaborar com os projetos de extensão da UPF. O valor da doação deve ser realizado como depósito identificado (CPF ou CNPJ) em conta específica autorizada pelo Ministério da Cultura para receber os incentivos fiscais. Além de colaborar com os projetos, os valores doados poderão reduzir o valor do imposto a pagar, ou aumentar o valor do imposto a restituir, calculado na declaração. As regras para doação podem ser conferidas no site www. upf.br/circuitocultural.

Circuito Cultural O Projeto Circuito Cultural UPF permite que pessoas de Passo Fundo destinem até 6% do imposto de renda devido, para os grupos artísticos da Instituição, como o Núcleo Suzuki, o Coral, o Grupo Étnico, a Orquestra de Câmara, o Grupo de Danças Tanz e Música Brasileira, além da Big Band. Os grupos contemplados são os que se enquadram no artigo 18 da Lei Rouanet, que visa a incentivar as iniciativas culturais das empresas, entidades e instituições.

Foto: Cristiane Sossella

Rumo CERTO

Recordes consecutivos de procura nos processos seletivos reafirmam a qualidade educativa da UPF

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Recepção Acalourada mobilizou mais de 1,1 mil acadêmicos. Palestra com Dado Schneider foi uma das atrações no Campus Passo Fundo

tradição de mais de 45 anos de história e a qualidade educacional têm sido diferenciais considerados por quem busca sua formação superior. Modernos espaços de aprendizagem, uma rede de 10 bibliotecas, além de clínicas e laboratórios, são alguns diferenciais da UPF. Entretanto, a aquisição do conhecimento e o preparo para o mercado de trabalho em constante transformação vai além: mesmo tendo mais de 75% Trote Solidário e reflexão sobre carreira e futuro dos professores com O ingresso na universidade é um momento especial para os a titulação de mescalouros. No segundo semestre deste ano, a tradicional Receptres e/ou doutores, a ção Acalourada contou com a apresentação de grupos artísInstituição segue inticos da UPF e teve como atração principal uma palestra com vestindo em práticas Dado Schneider, doutor em Comunicação, intitulada “A Palestra contínuas de atualizaMuda”, na qual o palestrante utilizou uma linguagem diferenciada para convidar o público a fazer reflexões sobre temas como a ção de conhecimentos importância de sonhar, de diferenciar-se no mercado de trabado corpo docente e em lho, da ética e do preparo para vencer na vida. Calouros e veterapolíticas que garannos também foram estimulados ao Trote Solidário, realizado no tem um bom desemmês de agosto. A iniciativa buscou incentivar a doação voluntápenho nas avaliações ria de sangue ao Hemopasso e ao Hospital São Vicente de Paulo, do MEC. beneficiando pacientes de toda a região.

O esforço e a busca de excelência na formação de profissionais estão sendo percebidos pela comunidade. Nos últimos anos, a UPF, maior instituição de ensino superior da região, tem alcançado recordes consecutivos de inscritos a cada vestibular. Na edição 2013 do processo seletivo de inverno, 8.598 candidatos se inscreveram para fazer as provas e tentar ingressar em 26 cursos de graduação. O índice foi 26,23% superior ao obtido no Vestibular de Inverno de 2012, que já havia sido recorde. O curso de Medicina foi novamente o mais procurado e neste ano, inclusive, atingiu índice recorde de procura na UPF: foram 113 candidatos disputando cada uma das 40 vagas oferecidas. O número de matrículas também é comemorado. No último Vestibular de Verão, a UPF recebeu mais de três mil novos acadêmicos, e mais de 1,1 mil calouros ingressaram nos cursos da estrutura multicampi por meio do Vestibular de Inverno.


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reconhecimento O

DIREITO

como profissão e vocação

Egresso e ex-professor do curso de Direito da UPF, Eugênio Facchini Neto tem no sangue o gosto pelas leis

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relação com o Direito e com a Universidade de Passo Fundo surgiu em casa, muito antes de Eugênio Facchini Neto ingressar na faculdade. Filho de Eurípedes Facchini, um dos primeiros professores do curso de Direito na Instituição, o hoje desembargador da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) ingressou na UPF em 1974, estendendo essa ligação até 2002, ano em que deixou de fazer parte do corpo docente para se dedicar ao trabalho no Tribunal. Bacharel em Direito e licenciado em Estudos Sociais pela UPF, Facchini Neto é mestre em Direito Civil pela Faculdade de Direito da USP e doutor em Direito Comparado pela Universidade de Florença, na Itália. O pai, Eurípedes Facchini, integrou a primeira turma de docentes do curso de Direito na UPF, e lecionou na Instituição até 1986, quando foi jubilado ao completar 70 anos. Em 1974, depois de ficar um ano nos Estados Unidos participando de um intercâmbio estudantil, Facchini Neto foi aprovado no vestibular, iniciando sua carreira no Direito. “Naquela época eu pensava em seguir a carreira diplomática. Assim, a fim de me preparar para o exigente exame de seleção para o Instituto Rio Branco, paralelamente ao curso de Ciências Jurídicas e Sociais, passei a frequentar disciplinas isoladas nos cursos de Economia, Letras e Estudos Sociais. Aos poucos, porém, fui me apaixonando pelo mundo do Direito. Quando estava no meio do curso, abandonei a ideia da carreira diplomática”, lembra. Pouco antes de concluir a graduação, o então diretor da Faculdade, professor Jorge Buaes Sobrinho, incentivou Facchini Neto a tentar uma bolsa de estudos da Capes para fazer mestrado. “Ainda sem planos definitivos para o futuro, aceitei a sugestão, disputei uma bolsa e fui cursar mestrado em São Paulo, na área de Direito Civil, dentro da qual se inseria a subárea do Direito Agrário. Prestei seleção na Faculdade de Direito da PUC de São Paulo e na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Fui aprovado em ambas. Optei pela USP e lá fiquei um

ano e meio, de 1979 a julho de 1980, concluindo os créditos necessários”, pontua, ressaltando que esta foi a porta de entrada para sua ligação à carreira docente. Forte vínculo com a UPF Paralelamente à carreira docente, Facchini Neto também iniciou sua atividade como Juiz de Direito do Rio Grande do Sul, aprovado em concurso, em 1980, para atuar em Passo Fundo. Em 1981, Eugênio teve o nome aprovado pela Congregação da Faculdade de Direito para lecionar a então nova disciplina de Direito Agrário, da qual foi titular até 1996, no qual decidiu sair em busca de um antigo sonho: fazer doutorado no exterior. Depois de muito preparo, disputou e conseguiu uma das quatro vagas oferecidas para o doutorado em Direito Comparado na Universidade de Florença (Firenze), na Itália. Quando retornou ao Brasil, já havia sido promovido para Porto Alegre, onde passou a trabalhar a partir de dezembro de 1999. Mesmo assim, Facchini Neto continuou a lecionar na UPF durante os anos de 2000 a 2002. “Durante 22 anos, interrompidos apenas durante minha permanência na Itália, fui professor da Faculdade de Direito da UPF, atividade da qual me orgulho

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“Se tive êxito em minha trajetória e em meus projetos, muito devo aos ensinamentos hauridos na Faculdade de Direito da UPF, inicialmente como aluno e, depois, em razão do estimulante convívio acadêmico com meus colegas professores”

e que tanta gratificação me deu, em razão das amizades que lá fiz e das lições de vida que aprendi com meus colegas professores e com tantos alunos maravilhosos que passaram por mim”, observa. A carreira jurídica seguiu seu curso em Porto Alegre, com o convite para lecionar na PUC, onde atualmente é professor titular no curso de graduação e também do Programa de Pós-Graduação em Direito. Em 2011, Facchini Neto assumiu o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, onde exerce a coordenação-geral do Centro de Estudos. “Se tive êxito em minha trajetória e em meus projetos, muito devo aos ensinamentos hauridos na Faculdade de Direito da UPF, inicialmente como aluno e, depois, em razão do estimulante convívio acadêmico com meus colegas professores”, enfatiza. Esse vínculo com a UPF, iniciado com o pai, já completou sua terceira geração, segundo Eugênio. Ele lembra que a filha mais velha, Nicole, também é egressa do curso de Direito da UPF. Além da filha, o filho Edmundo teve uma breve passagem pela Instituição, assim como a caçula Cecília, que foi aluna do Centro de Ensino Médio Integrado UPF.


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intercambiando do tango ao

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as belezas naturais e culturais dos “hermanos”

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á os brasileiros são maioria dentre os turistas estrangeiros. A facilidade de encarar o idioma, a proximidade geográfica e as riquezas culturais e naturais fazem da vizinha Argentina um dos principais destinos dos brasileiros no exterior. Seja na badalada Buenos Aires, com seus museus, teatros e espetáculos de tango, seja na região centro-norte, de mata subtropical e conhecida pelos vinhedos, ou na Patagônia dos lagos, bosques e geleiras, os “hermanos” têm muito a mostrar do seu país. Participantes de intercâmbio acadêmico na UPF, as estudantes de Medicina Veterinária Rocío Belén Flores Brun e Iris Wagner se dizem impressionadas com as semelhanças culturais encontradas no Rio Grande do Sul. Rocío é natural da cidade de Santa Fé, na Província de Santa Fé. “Minha cidade e as demais que conheço são semelhantes a Passo Fundo. Nessa temporada de estudos no Brasil, visitei alguns CTGs e encontrei aspectos culturais praticamente iguais, tais como as danças típicas dos gaúchos, que se parecem com as nossas danças folclóricas. Vocês têm o hábito de tomar chimarrão e nós tomamos mate, feito com erva um pouco diferente”, afirma. De Urdinarrain, uma pequena cidade na província de Entre Rios, Iris conta

CURIOSIDADES Nome oficial: República Argentina Capital: Buenos Aires População: mais de 40 milhões de habitantes Moeda: Peso Argentino Religião: a maioria é Católica, mas existe liberdade de culto Idioma: Castelhano (ou espanhol) Fonte: Ministério do Turismo

que, mesmo a Argentina sendo menor do que o Brasil em extensão territorial, os dois países têm grande quantidade de paisagens para dar a conhecer. “Os costumes culturais também são semelhantes com os do Sul brasileiro, principalmente no que diz respeito ao trabalho, às comidas, às bebidas e à música”, avalia Iris. Pastelitos, vinhos e fernet Mas também há aspectos distintos. O que mais chamou a atenção de Rocío no Brasil foi a hora de fazer as refeições. “Na Argentina, almoçamos depois das 13h e jantamos às 22h”, recorda. O lanchinho do fim de tarde é um hábito e normalmente tem doces: das medialunas (croissants) a uma variedade de pãezinhos, muitos deles recheados com doce de leite ou frutas. “Gostamos muito dos pastelitos, que são uma massa recheada com membrillo (marmelo), e das tortas fritas, para comer enquanto tomamos mate”, observa a futura médica veterinária. O típico assado argentino também é famoso e, conforme Iris, não se pode ir ao país sem desfrutar da especialidade, que pode ser de carne bovina, cordeiro ou chivito (cabrito). “Da nossa gastronomia, destaco as típicas empanadas. As melhores, experimentei na província de Salta, no Norte do país”, garante Iris. Famosos, os vinhos argentinos também atraem consumidores e turistas de todo o mundo. A principal região

Fotos: Divulgação/UPF

Iris durante visita às serras argentinas. Ao fundo, o lago do vale de Traslasierra, na província de Córdoba

Na opinião de Rocío, Bariloche é um dos locais mais encantadores do país

produtora localiza-se na província de Mendoza, no Oeste do país, que produz e exporta diferentes variedades, com atenção especial ao Malbec. Rocío enfatiza que também há vinhedos em San Juan e Salta, outras duas províncias do Centro-Norte, e que, além do vinho, os argentinos têm o hábito de tomar cerveja e fernet, um drinque ao qual são acrescentadas diferentes ervas e que é misturado à Coca-Cola. As maravilhas da natureza A Argentina é um país de grandes contrastes entre as planícies e a Cordilheira dos Andes, onde fica o cume de maior altura do hemisfério ocidental: o Aconcágua, com 6.959 metros. De Jujuy até a Terra do Fogo, os turistas podem apreciar desertos, vales, colinas e geleiras. “Ao norte conserva-se mais a cultura dos antepassados, as raízes do povo. Há lugares lindos como as serras e cachoeiras de Córboba e o lado argentino das Cataratas do Iguaçu, na província de Missiones”, conta Rocío. Na opinião dela, Buenos Aires é uma cidade com muitas opções aos turistas. Além das noites requintadas ao som do tango, a terra de Carlos Gardel tem museus, teatros, uma arquitetura diferenciada, praças arborizadas e feiras populares. O Caminito e a Casa Rosada são parada quase que obrigatória dos visitantes. Ao Sul, San Carlos de Bariloche é um dos destaques. “No quinto ano de escola fizemos uma viagem à cidade. É encantadora”, lembra-se Rocío. Um dos passeios mais famosos em Bariloche são os circuitos em direção aos cerros Catedral, Otto e Tronador. “Desejo visitar Ushuaia, a porta de entrada para a Antártida, e o Glaciar Perito Moreno”, declara a moradora de Santa Fé. Para Iris, há vários lugares incríveis para recomendar aos turistas. Ela destaca a Patagônia, as Cataratas do Iguaçu, o Noroeste argentino, as serras no Centro e as montanhas nevadas dos Andes.


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