REVISTA UPLANET JULHO 2017

Page 1

Julho.2017

Que marca você quer deixar no planeta?

INOVAÇÕES INTERCONECTADAS PARA UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL

PÁG. 08

PARCERIA PERNAMBUCO CALIFÓRNIA

NORDESTE TEM A ENERGIA DE TRANSFORMAÇÃO

25 ANOS DA CONFERÊNCIA RIO 92

Colaboração inédita na América Latina em prol do planeta e da economia do baixo carbono | Pág. 14

Casa dos Ventos inaugura maior Complexo Éolico do Brasil entre Pernambuco e Piauí | Pág. 30

Será que algo mudou? Ainda dá tempo de salvar a espécie humana dessa autodestruição? | Pág. 38



Acervo Itaipu Binacional


04

EDITORIAL

EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS PARA COINVENTAR A ECONOMIA DO FUTURO

N

Não é novidade para ninguém que precisamos preservar o Meio Ambiente. Os recursos naturais estão escassos, dia a dia presenciamos as mais inusitadas crises econômicas com impactos altamente prejudiciais e

irreversíveis, além dos estragos cau-

sados pelas mudanças climáticas, que já dão sinais aqui e agora. Não é novidade também que os maiores desafios do Século XXI

são complexos, interligados, urgentes e globalizados. Portanto, as soluções precisam ser interconectadas e colaborativas, reunindo, conhecimentos e tecnologias que possibilitem simplificar caminhos e obter resultados eficientes e em larga escala. E, de fato, precisamos urgentemente frear a degração e dar um salto efetivo na construção de uma nova economia que impulsione a civilização na direção de um modelo de Desenvolvimento Sustentável. Consciente disso, um grupo de pessoas, formado por empresários, poder público e instituições de Pernambuco está atraindo atenção pelas iniciativas ousadas, que, na prática, estão fomentando o desenvolvimento sustentável por meio de parcerias e trocas de conhecimento. Nesta edição, vamos trazer para vocês um mapa de como essa inovação em sustentabilidade está transformando a economia do novo século através de parcerias e arranjos produtivos em rede nas mais diversas cadeias da economia.


EDITORIAL

Vamos mostrar como foi o encontro internacional “Energia Renovável e Inovações Interconectadas:

Mercados

Sustentáveis

do

Século XXI”, que durante três dias reuniu, especialistas,

inovadores,

empreendedores,

investidores e gestores públicos para trocar ideias, saberes e experiências, visando formular modelos de negócios inéditos e estimular interconexões entre cadeias produtivas fundamentais. Teremos a colaboração do ambientalista, futurista e secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, Sérgio Xavier, disseminador do conceito de inovações interconectadas para uma economia de baixo carbono. Ele defende a teoria que para fazer acontecer esse futuro é preciso incentivar e interligar, de forma ampla, planejada e simultânea em cadeias produtivas essenciais para a sustentabilidade: Energias Renováveis; Veículos Elétricos; Economia Circular e Reciclagem; Conservação de Água; BioArquitetura e Urbanismo Verde; Educação Ambiental e Profissionalização para a Sustentabilidade; Gestão Sistêmica com Tecnologias Digitais; Solo, Agroecologia e Alimentação e Pagamentos por Serviços Ambientais Ou seja, precisamos imediatamente dar um salto efetivo na construção de uma nova economia que nos coloque na direção de um modelo de desenvolvimento mais equilibrado e sustentável. Que essas disrupções cheguem de forma veloz e em todos os setores. Aproveitem o nosso conteúdo e que essa leitura

inspire

você

a

realizar

transformadoras.

Maria Luciana Nunes marialuciananunes@gmail.com

mudanças

05


06

EXPEDIENTE

1

6

4

3

2

5

7

A uPlanet é uma publicação da Exclusiva Assessoria em Comunicação-Eireli Ltda ME. CNPJ 07.872.746/0001-34 EDITORA GERAL Maria Luciana Nunes 1 EDITOR DE CONTEÚDO Rui Gonçalves 2 REPÓRTERES Flávia Cavalcanti Patrícia Correia DESIGNER Juliana Delgado 3

REVISORES Alessandra Raposo 4 Rui Gonçalves FOTÓGRAFOS TH Lima 5 Patrícia Patriota PLANEJAMENTO EXECUTIVO Gabriela Pires 6 MÍDIAS SOCIAIS Nilton Leal 7

FALE COM A REDAÇÃO redacao@uplanet.wiki COMERCIAL comercial@uplanet.wiki +55 81 3366 9666 IMPRESSÃO Gráfica Provisual TIRAGEM 10.000 exemplares DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


SUMÁRIO

08 NOVOS MODELOS O futuro é interconectado

16 NA PRÁTICA Intercâmbio à favor da nova economia

22 ARTIGO Arranjos tecnológicos criam novos modelos de negócios

24 DISRUPÇÃO Nordeste é a maior fonte de Energias Renováveis do Brasil

32 CASE Pernambuco e Piauí inauguram o maior Complexo Eólico do Brasil

34 ARTIGO Big Data muda indústria de energia

36 RIO CLIMA Conferência Rio 92 completa 25 anos

40 ARTE E CULTURA Mostra fotográfica apresenta as águas do Sertão Nordestino

07


08 NOVOS MODELOS

INOVAÇÕES INTERCONECTADAS: A NOVA FORMA DE FAZER ECONOMIA

D

Da revolução industrial até a era digital, ao longo dos séculos, a economia passou por diversas transformações. Mudando de acordo com a necessidade e anseios da sociedade, o modelo tradicional de fomentar negócios não atende mais os novos nichos de mercado. Os desafios dessa nova economia são complexos, interligados e, cada vez mais, urgentes. É preciso se reinventar, se conectar, e desbravar um cenário ainda desconhecido. Em termos práticos, a saída para o crescimento dos negócios e, claro, ampliação da competitividade empresarial passa necessariamente por soluções compartilhadas. Pensar o futuro exige que saíamos do comodismo da forma tradicional de fazer negócios, focada em vendas e geração de lucro. Agora, é preciso pensar na conexão. A solução para seus problemas pode está bem perto – ou do outro lado do globo -, mas existe, é real, e exige que você pense fora da caixa e descubra nas parcerias, a forma de fazer seus negócios darem certo. Na trilha da interconectividade da economia, o uPlanet ouviu especialistas, das mais variadas áreas, para responder a grande pergunta dos mercados do século XXI:

Como as inovações interconectadas estão mudando a forma de fazer negócios?


NOVOS MODELOS 09

A integração das tecnologias de informação e de telecomunicação nas redes de energia elétrica trará alterações no processo de gestão das distribuidoras de energia e no seu relacionamento com os clientes. As redes inteligentes irão contribuir para melhorar a qualidade do fornecimento de enero relacionamento com os seus consumidores se torna mais transparente e efetivo. A introdução dessa tecnologia ajuda na mudança de comportamento dos consumidores aumentando a eficiência no uso da energia, na redução de perdas técnicas e comerciais, na redução de custos operacionais, no aumento da segurança, na criação de novas oportunidades, na oferta de novos serviços, no compartilhamento da infraestrutura

Ana Mascarenhas, Gerente de Eficiência Energética do Grupo Neoenergia

para medição de água e gás, facilita o acesso à microgeração distribuída e à aplicação de novas modalidades

tarifárias.

A internet das coisas será a norma. Dispositivos móveis encolherão ainda mais. Usaremos voz e gestos.Teremos conversas semânticas com nossas ‘coisas’. As buscas se transformarão em um diálogo. Implantes oculares e espinhais serão coisas normais. Você entrará em um carro que dirige sozinho e discutirá aonde quer ir e, talvez, a rota que prefere. Não são máquinas que produzem coisas, na verdade

Foto: Divulgação

produzem mais do que coisas, produzem serviços. E é isso que faz a diferença nesse universo. A gente fica imaginando um conjunto de

Francisco Saboya, CEO do Porto Digital

sensores e produtos conectados entre si, seguindo alguns padrões de interoperabilidade e com uma boa conectividade, isso é muito pouco. Precisamos vencer o desafio da conectividade no Brasil, que não tem uma política nacional de banda larga, nossa internet é de muito má qualidade.

Foto: Divulgação

gia, aumento da eficiência operacional e, consequentemente,


10 NOVOS MODELOS Sérgio Cavalcante, CEO do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.)

O foco não vai ser nas coisas, mas nas conexões e nos serviços que você coloca sobre elas. Se a gente entender que os objetos podem estar conectados e nós podemos construir os serviços que colocamos sobre ele, aí a gente está no lugar certo e na hora certa. A hora é essa, porque tá todo mundo falando da internet das coisas, e o Brasil é um dos principais lugares, principalmente o Recife. Todo problema é uma oportunidade e muito o que resolver com a internet das coisas. É preciso estimular a inovação e não apenas a criatividade, fazendo com que as pessoas vejam nos problemas atuais ou futuros grandes oportunidades para o desenvolvimento de negócios. É observar a chance e não deixar passar, parar para pensar que o problema é seu também e não do outro. Se a gente conseguir

Foto: Divulgação

a gente tem bastante problema. Se a gente olhar dessa forma, vamos ter

fazer um produto que ajude a despoluir o rio, tem o Capibaribe a Baía da Guanabara e um monte de rio poluído no mundo. A gente tem muito laboratório para testar.

O avanço tecnológico dos últimos anos tem provocado uma verdadeira revolução na forma como o mundo está organizado. A internet, conectando as pessoas no mundo inteiro, foi o primeiro grande salto que possibilitou o inicio do desenvolvimento da economia colaborativa, onde pessoas de diversos lugares do mundo podem trabalhar num estudo, projeto, produto ou serviço ao mesmo tempo. Mais impactante é o advento e utilização da Internet não apenas pelas pessoas, mas principalmente pelas “coisas”. O uso de sensores e conectores permite que “coisas” como automóveis, geladeiras, postes de iluminação, motores, e um número sem fim de equipamentos possam estar conectadas, permitindo que possamos monitorar e atuar à distância, pessoas falando com pessoas, pessoas falando com coisas e coisas falando com coisas. O avanço tecnológico é sempre bem-vindo, mas ao mesmo tempo é desafiador

Foto: AndreaRegoBaros/

PCR

quando pensamos na quantidade de empregos que as “coisas” podem substituir fazendo mais e melhor. Por isso, a relação tecnologia versus força de trabalho é um assunto que deve ser tratado com seriedade e

Bruno Schwambach, Secretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente

planejamento. É desafiador, mas também é fascinante. Estamos vivendo um momento único na historia e temos a responsabilidade de fazê-lo da forma mais coerente possível.


NOVOS MODELOS 11

O futuro exige que trabalhemos sobre diversos Foto: Divulgação

pontos focais. Na Califórnia, temos a meta de substituir a matriz energética à base de carbono em 100% de energias renováveis (solar e eólica) até 2050 e a eletrificação dos transportes de massa, além de contribuir para a redução do aquecimento global. Benefício para todos, que exige a participação de todos.

Mark Gold, Vice-reitor para Meio Ambiente e Sustentabilidade da Universidade da Califórnia (UCLA)

Como membro da academia, acredito que devemos caminhar junto com os setores privados e, juntos, encontrar as soluções conectadas.

Interconexão é a forma de fazer dessa nova economia. Por exemplo, conseguimos transformar a Califórnia em uma referência no setor de energia limpa por meio dessa conexão, entre empre-

Foto: TH Lima

sas, governo, organizações não governamentais, cadeias produtivas, cidadãos. Um grande parceiro da energia renovável é a Internet das Coisas. As inovações trazidas pela inteligitificação dos equipamentos vão contribuir para problemas que há muito tempo são barreiras para o setor de renováveis. Em paralelo a isso, acredito que

Angelina Galiteva, Especialista em energia renováveis e conselheira do California Independent System Operator (CAISO)

para se desenvolver, é preciso ter visão e ter políticas públicas.


12 NOVOS MODELOS

“rises econômicas, degradações ambientais, exclusões sociais, mudanças climáticas... Os desafios atuais da humanidade são sistêmicos, urgentes e globalizados. Portanto, as soluções também precisam ser interconectadas e colaborativas, reunindo imaginação, conhecimentos e tecnologias para gerar

resultados rápidos em larga escala.

Fazer acontecer essa economia do futuro, exige incentivar e interligar, cadeias produtivas essenciais para a sustentabilidade:

Ener-

gias Renováveis; Veículos Elétricos; Economia Circular e Reciclagem; Uso do Solo e Conservação de Água; BioArquitetura e Urbanismo Verde; Educação Ambiental e Gestão Sistêmica com Tecnologias Digi-

Foto: TH Lima

Sergio Xavier, Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

tais (Internet das Coisas, Inteligência Artificial em Rede etc). Acreditamos que esses eixos entrelaçados vão mudar percepções e comportamentos, puxando todos os demais setores da economia para um novo rumo sustentável. Assim é possível aquecer a economia, desaquecendo o planeta e revertendo processos poluidores.

Foto: Divulgação

Francisco Cunha, arquiteto, urbanista e consultor

Estamos diante do que já se chama por aí da Quarta Revolução Industrial. Aquela em que a realidade digital começa a se impor de forma avassaladora. Também já se começa a falar da economia do custo marginal zero - aliás, temos publicado no Brasil um livro muito instigante, justamente com este nome, de Jeremy Rifkin, que recomendo vivamente a leitura - que representa uma mudança completa do modelo econômico até então vigente. Se esses analistas estiverem certos, vamos ter muitíssimas mudanças pela frente e uma infinidade de negócios ou se reinventam ou desaparecerão. Nesse sentido, entendendo sustentabilidade como o efeito conjugado de viabilidade econômica, justiça social e equilíbrio ambiental, além de, em se tratando de cidade, ordenamento espacial/territorial, imagino que o primeiro dever de casa é definir para onde a cidade quer ir e/ou quer ser dentro de um intervalo de tempo mais largo - 20 anos, por exemplo. Só com essa visão de futuro clara é que é possível projetar bem a sustentabilidade (econômica/social/ambiental/espacial). Caso contrário, vamos continuar aprofundando o que chamo de “síndrome do quebra-cabeças desmontado”. Cada um faz melhor na sua peça do quebra-cabeças, desenhando-a da melhor forma possível. Só que sem coordenação e convergência, todos vão fazer isso e esse quebra-cabeças jamais se montará de novo.


ARTIGO

13

MENOS CARROS, MAIS MOBILIDADE João Sabino, 99

N

Nas grandes cidades brasileiras, inclu-

mento - que chegam a 20% da renda mensal.

sive no Recife, percebemos um movimento

A mudança de comportamento em relação

crescente de pessoas que deixam o carro

ao uso do carro pode ser comprovada em

em casa parte do dia - ou até venderam

Pernambuco: em 2011, 43 mil veículos fo-

o veículo - e utilizam uma combinação

ram emplacados na capital do estado, en-

inteligente entre o transporte público

quanto no ano passado foram menos de 6

e os aplicativos de mobilidade, como a

mil*. Mesmo

99, que conecta 14 milhões de passagei-

Magalhães, com 12 faixas, continua en-

ros a motoristas de táxis e de carros

garrafada - assim como diversas vias nas

particulares, em 440 cidades do País.

metrópoles brasileiras.

assim,

a

Avenida

Agamenon

Com menos carros nas ruas, economizamos

Hoje, na China, já é possível uma van

no estacionamento, nos custos agregados

ou um ônibus compartilhados, ou ainda um

ao veículo, e ainda contribuímos para a

chofer - que dirige o carro da pessoa que

redução da emissão de CO2 - e para a sus-

o solicitou -, por meio do aplicativo da

tentabilidade do Meio Ambiente.

DiDi Chuxing, empresa que investiu US$ 100

De forma colaborativa com o governo,

milhões na 99. São facilidades que podem

a 99 utiliza a tecnologia para contribuir

existir no Brasil, no futuro. Porque, no

com a melhoria do transporte e com a redu-

presente, estamos no epicentro da trans-

ção dos gastos dos brasileiros neste seg-

formação da mobilidade urbana.

Por João Sabino, gerente de Relações Governamentais da 99, mestre em Gestão Governamental e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)


14 NOVOS MODELOS

PE Sustentável Uma iniciativa de Pernambuco que faz bem a todo o Planeta.

Criado pelo Governo de Pernambuco, o PE Sustentável é um programa que tem por objetivo consolidar o estado como polo gerador

de

energia

limpa

e

produtor

de

equipamentos,

tecnologia e con hecimento para o setor energético. Em menos de

três

anos,

viabilizou

empreendimentos

e

ações

impor tantes, do Ser tão ao litoral. Incentivar a produção de e ne r g i a re novável é promove r a q u a l id ade de v id a n a Te r ra . E , a cada iniciat iva nesse sent ido, o f ut u ro do Pla neta ag radece.

www.sdec.pe.gov.br


NOVOS MODELOS 15

1º parque híbrido do Brasil (eólico e solar) » Capacidade para a geração de 340GWh por ano. » Redução de mais de 131 mil toneladas anuais de CO2 na atmosfera.

Atlas Solar e Eólico de Pernambuco » Potencial bruto para a geração de 1.000GW de energia eólica e 5.195GW de energia solar no estado. » Subsídio para a expansão planejada, sustentável e inclusiva de energias renováveis.

Incentivos fiscais » Redução no ICMS de máquinas e equipamentos para os parques energéticos (eólicos ou solares) e as indústrias do setor. » Estímulo à diversificação da matriz energética e ao fortalecimento da cadeia produtiva local.

Programa PE Solar » Incentivo à geração de energia solar por micro, pequenas e médias empresas pernambucanas. » Empresas mais competitivas e sustentáveis, com a redução de custos e a utilização de energia limpa.


16

NA PRÁTICA

DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE GERAM NEGÓCIOS INOVADORES INCENTIVAR ARRANJOS DISRUPTIVOS EM CADEIAS PRODUTIVAS INTERLIGADAS É A ESTRATÉGIA DO GOVERNO DE PERNAMBUCO PARA DESENVOLVER UMA NOVA ECONOMIA SUSTENTÁVEL

O

O pioneiro workshop “Energia Renovável e Inovações Interconectadas: Mercados sustentáveis do Século XXI” reuniu, no Recife, especialistas, inovadores, empreendedores e gestores públicos, do Brasil e dos Estados Unidos, para fomentar ideias e abrir caminhos para uma nova economia de baixo impacto ambiental, baseada em energias renováveis e tecnologias disruptivas interligadas.


17

FOTOS: TH LIMA

NA PRÁTICA

Cônsul Richard Reiter, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Xavier e Cônsul para Assuntos Políticos e Econômicos, Paloma Gonzalez

participaram

Baixo Carbono é incentivar empreendimen-

deste encontro criativo, resultante da

Mais

de

200

empresas

tos autônomos, que interliguem múltiplas

parceria do Governo de Pernambuco (Secre-

empresas com arranjos inovadores, crian-

taria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

do ambiente favorável para investimentos

- SEMAS) com o Consulado dos Estados Uni-

conjuntos e promovendo o desenvolvimento

dos no Recife e o Governo da Califórnia,

de novos mercados e empregos, sem neces-

que gerou propostas para formulação de

sidade de uso direto de recursos públi-

políticas públicas e apontou oportuni-

cos. Fernando de Noronha está se tornando

dades de novos modelos de negócios para

um dos laboratórios vivos dessa inovação

Pernambuco e para o Brasil.

O documento

colaborativa, com a articulação de diver-

final do workshop, contendo as recomenda-

sos projetos.

ções para Políticas Públicas Integradas,

Um dos desafios é transformar des-

Financiamento e Tecnologias será avalia-

perdícios (de energia, água, resíduos,

do pelo Comitê de Inovação e Incentivo à

tempo, trabalho etc) em processos efi-

Economia de Baixo Carbono de Pernambuco

cientes, gerando negócios, reduzindo im-

– CIIEBC, criado pelo governador Paulo

pactos ambientais, incluindo pessoas e

Câmara - composto por 13 orgãos do Gover-

melhorando a qualidade de vida de todos.

no de Pernambuco e coordenado pela SEMAS.

O exemplo da Califórnia, apresentado por

A proposta do Governo de Pernambuco

diversos palestrantes americanos no wor-

nesse processo de fomento à Economia de

kshop, é uma ótima referência sobre a via-


NA PRÁTICA

FOTOS: THAIS LIMA

18

David Hochschild, Commissário de Energia da Califórnia

bilidade desses novos modelos, baseados

inovadores em cadeias produtivas consi-

em ecoeficiência e energia renovável.

O

deradas fundamentais para um Desenvol-

movimento uPlanet, criado em sintonia com

vimento Sustentável, conforme estratégia

esta visão, é um elo de articulação de

apresentada pelo secretário de Meio Am-

iniciativas inovadoras da sociedade, na

biente e Sustentabilidade de Pernambuco,

construção de uma nova economia inclusiva

Sérgio Xavier:

e sustentável. Parceiro da produção do

Energias Renováveis; Veículos Elé-

workshop, o Projeto uPlanet está criando

tricos; Economia Circular e Reciclagem;

canais de informação e interação online,

Conservação

para fortalecer essa nova rede de empre-

Urbanismo

sas inovadoras, dar andamento às reco-

Profissionalização para a Sustentabili-

mendações do encontro e catalisar a gera-

dade; Gestão Sistêmica com Tecnologias

ção de negócios.
O objetivo é sustentar

Digitais (Internet das Coisas e Inteli-

o clima de empreendedorismo do workshop

gência Artificial em Rede para gerenciar

e fazer acontecer na vida real negócios

processos complexos interligados); Solo,

de

Água;

Verde;

BioArquitetura

Educação

Ambiental

e e


NA PRÁTICA

Agroecologia e Alimentação e Pagamentos por Serviços Ambientais (sair do paradigma poluidor-pagador para o protetor-recebedor, conforme a

nova Lei Estadual nº

15.809/16, formulada pela SEMAS, aprovada pela ALEPE e sancionada pelo governador Paulo Câmara, que visa incentivar uma nova economia de serviços ambientais, possibilitando benefícios financeiros para projetos de proteção de ecossistemas).

 Para o secretário, “a parceria do Governo de Pernambuco com o Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife e com o Governo da Califórnia (MOU Global Climate Leadership assinado pelos governadores Paulo Câmara e Jerry Brown) cria fortes bases institucionais para encorajar empreendedores nacionais e internacionais a investirem nesses novos mercados com segurança”. ENERGIA LIMPA E REDE DE DISTRIBUIÇÃO Os impactos das energias limpas na rede de distribuição também foram discutidos pelos especialistas. O representante do Ministério das Minas e Energias, Guilherme Syrkis, falou sobre a legislação. Para ele, “a nossa regulamentação para energia solar que foi criada em 2012 e aperfeiçoada em 2015 é uma das mais favoráveis do mundo para o desenvolvimento deste tipo de energia.

19


20

NA PRÁTICA Angelina Galiteva e Guilherme Sirkis

Atualmente temos 100 MW de energia instalada e podemos avançar muito mais”, reforçou Syrkis. A Califórnia é o maior produtor de energia renovável dos EUA, sendo que 65% da sua geração de origem solar”. A afirmação é do Comissário de Energia da Califórnia,

David

Hochschild.

Segundo

o

comissariado, “existem 35 mil veículos elétricos em circulação, 100 mil empregos foram gerados pela indústria de energia solar e há investimento em um ônibus elétrico que possui autonomia de até 100 quilômetros de distância”. Ainda falando sobre a experiência do

tituição, Daniel Vieira, destacou a re-

estado da Califórnia, a Conselheira do

gulação do País, a quantidade de sistemas

CAISO, instituição responsável pela con-

instalados e projeções futuras.

fiabilidade operacional da rede elétrica

No Brasil, a regulamentação vigente

do estado e pela operação eficiente do

(Resoluções Normativas da ANEEL de 2012

mercado de eletricidade, Angelina Gali-

e 2015) estabelece regras para o acesso a

teva, destacou que “há muita semelhança

micro e minigeração de fonte fotovoltai-

com o vem sendo feito em Pernambuco e

ca aos sistemas de distribuição (rede),

na Califórnia em energias renováveis. Há

estabelecendo quatro modelos de negócios

muito a aprendermos uns com os outros”,

disponíveis à população, de forma a in-

enfatizou.

centivar investimentos em fontes reno-

Ela informou que para os estados e

váveis. Os sistemas são voltados para:

países se tornem livres de carbono é pre-

residências

ciso ter leis. “Temos ainda em nosso esta-

consumo remoto (onde empreendimentos de

do um laboratório de energias renováveis

uma mesma rede podem abater o excedente

e vamos buscar 100% de energia limpa.

de energia gerada no local onde estão

Estou interessada em saber o que o Brasil

instalados os painéis em outro da mesma

está fazendo e quais são as oportunidades

rede), além de um modelo para coopera-

de colaboração”, asseverou Galiteva.

tivas e associações. A regra vale para

ou

comércios;

condomínios;

Para traçar um panorama da situação

sistemas que geram até 5 MW, onde há uma

de regulação das energias renováveis exe

troca de energia e não a comercialização.

cutada pela Agência Nacional de Energia

Para Daniel Vieira, entre março de

Elétrica (ANEEL), o especialista da ins-

2016 e março de 2017, o número de aces-


21

FOTOS: TH LIMA

NA PRÁTICA

sos de usuários da microgeração cresceu

lar fotovoltaica se tornará umas das mais

três vezes mais que no ano anterior, com

competitivas do mundo até 2030, dependen-

destaque para a geração fotovoltaica. “A

do da fonte”, comemorou.

estimativa da ANEEL é que o Brasil chegue

Neste contexto, o Brasil se destaca

até 2024, a 1 milhão, 230 mil unidades

por ter um recurso solar privilegiado, o

consumidoras de geração distribuída (mi-

que representa em média o dobro da capaci-

crogeração), o que representa cerca de 4,5

dade de um país europeu. “Para se ter uma

GB, equivalente ao que é produzido hoje no

ideia, a geração de 40 GW já operacionais

estado da Califórnia”, enfatizou.

hoje em dia na Alemanha, caso estivessem

Dados Energia

da

Solar

Associação

Brasileira

Fotovoltaica

de

(AB-SOLAR),

instalados no Brasil, gerariam o dobro de energia por ano, assegurou Sauaia.

entidade que representa os profissionais

Fazendo uma avaliação do evento, a

da área e 170 empresas nacionais e mul-

cônsul para Assuntos Políticos e Econômi-

tinacionais apontam que, até dezembro de

cos dos EUA no Nordeste, Paloma Gonzalez,

2016, foram instalados em todo o mundo

destaca a eficácia dos debates. “Esse en-

300 GW para geração de energia solar, o

contro foi uma fusão de ideias, conceitos,

que representa um crescimento de mercado

setores, pessoas,

de 50% em relação ao ano anterior.

As soluções do século XXI vão requerer

esforços, de culturas.

Segundo o presidente da Associação,

muitas mentes trabalhando juntas. O Go-

Rodrigo Sauaia, há um crescimento no mer-

verno Americano teve a honra de trabalhar

cado das Américas, tendo como fator de-

junto com o Governo de Pernambuco para

terminante para migração da geração a

realizar esse evento que estreitou laços

partir de fontes fósseis, como termelé-

de inovação e energia. Em julho, vamos

tricas, para o segmento das renováveis,

unir esforços para realizar um projeto

o preço da energia. “Grandes grupos de

de transformação na ilha de Fernando de

análise de mercado avaliam que fonte so-

Noronha, que inclui uma visita técnica com representantes de empresas privadas americanas e outros representantes de Califórnia e Havaí, além de representantes brasileiros empenhados

em transformar a

ilha em um modelo de desenvolvimento sustentável. O projeto de Fernando de

Noro-

nha pretende demonstrar que soluções inovadoras são disruptivas, sustentáveis e geram empregos”, explica Paloma.


22

ARTIGO

OS ARRANJOS TECNOLÓGICOS CRIAM NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS No mundo atual, a informação é o oxigênio do mercado Bruno Cecchetti, Enel Brasil

O

O caráter mais revolucionário das inovações

é a primeira microrrede em escala real do

que viveremos está na convergência de di-

Brasil no município de Eusébio, também no

versas tecnologias fomentando novos mode-

Ceará, que gerencia a geração distribuída

los de negócio. A Enel investe em projetos

e o armazenamento de energia, permitindo,

no Brasil que demonstram esta tendência de

em caso de interrupção do fornecimento de

inovações interconectadas capazes de ante-

energia, que cargas prioritárias mantidas

cipar tendências e novos paradigmas.

pelas baterias funcionem, como ilumina-

Os automóveis, por exemplo, se tornarão

ção pública e segurança. O cliente resi-

elétricos e fornecerão energia ao sistema

dencial também tem a opção de decidir que

elétrico quando requisitados, sua conec-

equipamentos manterá ligados durante essa

tividade permitirá o transporte autônomo

interrupção.

e principalmente nos centros urbanos o uso compartilhado será muito mais relevante.

Em Tacaratu, Pernambuco, operamos a primeira usina híbrida do País, que combina

Por isso, nós participamos em Fortaleza,

geração fotovoltaica e eólica capaz de ge-

no Ceará, do VAMO – Veículo Alternativo

rar 340 GWh/ano. A otimização da infraes-

para Mobilidade - primeiro compartilhamen-

trutura diminui custos e reduz ainda mais

to público de veículos elétricos – forne-

o impacto sobre o meio ambiente.

cendo infraestrutura de recarga elétrica,

A Enel quer ser protagonista no mercado

sua integração com sistema de operação e

brasileiro de energia, atuando como empre-

controle do uso destes veículos visando im-

sa inovadora, aberta a todos os stakehol-

pulsionar a mobilidade elétrica no Brasil.

ders e às mudanças buscando contribuir para

Outro projeto que ilustra nossa busca

solucionar alguns dos maiores desafios da

por inovações abertas e interconectadas

atualidade, tanto no Brasil como no mundo.

Por Bruno Cecchetti, diretor de Inovação e Desenvolvimento de Novos Negócios da Enel Brasil.


ARTIGO

23


24

DISRUPÇÃO

FOTO: PATRÍCIA PATRIOTA PROJETO “O SERTÃO VAI VIRAR MAR”

NORDESTE É A MAIOR FONTE DE ENERGIAS RENOVÁVEIS DO BRASIL

Parque na Chapada do Araripe


DISRUPÇÃO

C

Com investimentos estruturadores com imenso potencial para crescimento, o Nordeste foi a região que mais cresceu no início do século XXI. Agora, a região vive um novo momento. Com vocação natural para uma nova forma de fazer economia, o Nordeste encontrou no desenvolvimento sustentável a chave para retomar o crescimento e contribuir para um mundo melhor. Descubra o motivo da região ser apontada por especialistas como o lugar ideal para os investimentos na geração de energia limpa.

25


26

DISRUPÇÃO

Conectado aos novos anseios da econo-

2016. Assim, 80,6% da capacidade insta-

mia de baixo carbono, o Brasil começa a

lada total do Brasil são de renováveis,

viver uma nova fase na geração de ener-

enquanto no mundo o indicador é de ape-

gia através das fontes renováveis. De

nas 33%, num universo próximo de 6.450

acordo com dados do Ministério de Minas

GW. A expectativa é de que nos próximos

e Energia (MME) do Brasil, o País ocupa

três anos, a soma das fontes renováveis

a 8ª posição no ranking mundial de fon-

seja de 18,6 GW, com maior participação

tes renováveis, com meta de ultrapassar

das fontes solar e eólica.

o Canadá, que ocupa a 7 ª colocação,

Puxando

o

setor

de

renováveis

no

com um total de geração eólica de 33,5

Brasil, a geração eólica já coloca o

TWh. Ainda dentro desse cenário, o País

País como maior produtor de energia

também se destaca como o 4º maior con-

vinda dos ventos na América Latina.

sumidor de fontes renováveis e o 3º

Segundo dados da Global Wind Energy

maior em geração hidráulica. Sobre a

Council

participação dessas fontes na matriz

cional especializada, em 2016 houve uma

energética, considerando apenas os 63

expansão de 2.014 MW de geração eólica,

países com PIB per capita igual ou su-

o que colocou o Brasil na 5ª posição no

perior, o Brasil fica na 6ª posição.

ranking mundial de capacidade instala-

(GWEC),

organização

interna-

Em 2016, o Brasil atingiu 150,5 GW de

da. Isso significa que a fonte eólica

capacidade instalada total, o que re-

cresceu 55% em relação a 2015, e hoje

presenta um acréscimo de 9,5GW. Desse

tem uma capacidade acumulada de geração

número, 90% foi de fontes renováveis.

eólica (10.740 MW).

Entre as que mais se destacam, no to-

Em termos práticos, no ano passado,

tal da capacidade instalada, está a

foram adicionados à matriz elétrica bra-

hidráulica,

64,5%,

sileira mais 2 GW de energia eólica em 81

seguida da biomassa, que obteve 9,3%.

novos parques, fazendo com que o setor

Considerando a importação, a oferta to-

chegasse ao final de 2016 com 10,75 GW

tal de potência atingiu 156,3 GW em

de capacidade instalada em 430 parques,

com

proporção

de

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O FUTURO RENOVÁVEL


DISRUPÇÃO

27

“são mais que animadores, eles refletem o vigor do setor”. “Em 2017, vamos instalar uma considerável nova capacidade e devemos terminar o ano com cerca de 13 GW. Será um bom resultado, mas sempre é bom lembrar que ele é consequência de leilões realizados em anos anteriores. Como sabemos, o cancelamento do Leilão de Reserva no final do ano foi uma notícia muito negativa para Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), responsável pelo abastecimento do Nordeste

a indústria e tirou o setor de sua trajetória positiva: 2016 foi o primeiro ano, desde que as eólicas começaram a participar de leilões, em que não houve contratação de energia dessa fonte. Por isso, todos

representando 7% da matriz. Segundo dados

os nossos esforços neste momento estão num

da Associação Brasileira de Energia Eólica

diálogo transparente e técnico com gover-

(ABEEólica), mais de 30 mil postos de traba-

no sobre a necessidade de novos leilões.

lho foram gerados em 2016 e o investimento no

A contratação de energia eólica em 2017

período foi de US$ 5,4 bilhões.

é indispensável para o futuro da fonte no

No

último

ano,

a

energia

eólica

gerou

Brasil”, analisa Elbia.

energia equivalente ao abastecimento mensal

Comprovando essa franca expansão, em en-

de uma média de 17,27 milhões de residências

trevista à uPlanet, no workshop Energia

por mês, o equivalente a cerca de 52 milhões

Renovável

de habitantes, tendo registrado crescimento

Mercados Sustentáveis para o Século XXI, o

de 58% em relação ao ano anterior, quando

secretário de Planejamento e Desenvolvimento

a energia eólica abasteceu 33 milhões de

Energético,

pessoas. Desse modo, a energia gerada pela

País já está trabalhando a expansão das

fonte eólica em 2016 foi capaz de fornecer

renováveis como política pública. “O Plano

energia elétrica residencial a uma população

Decenal prevê a contratação de 16 GW mé-

maior que a das regiões sul e norte juntas.

dio, sendo 8GW de fontes renováveis, sendo

O ano de 2016 também foi de recordes para

a eólica e a solar as prioridades do plane-

a eólica. Um exemplo: conforme dados do ONS

jamento, além das pequenas hidrelétricas”,

(Operador Nacional do Sistema), no dia 5 de

destaca Azevedo. Nessa perspectiva, o se-

novembro de 2016, um sábado, 52% da energia

cretário fala sobre a posição de destaque

do Nordeste veio das eólicas.

do Nordeste, “que assume posição de lide-

e

Inovações

Eduardo

Interconectadas:

Azevedo,

diz

que

o

Para a presidente executiva da ABEEólica,

rança na geração através dos ventos, com

Elbia Gannoum, os números apresentados tan-

áreas pouco exploradas e com uma vocação

to pela Associação quanto pelo Ministério

natural para essa indústria”.


28

DISRUPÇÃO

USINAS do tipo UFV em Operação Usina / Parque

Potência(kW)

Fonte Solar I

5.000,00

Fonte Solar II

5.000,00

Total: 02 Usinas

Proprietário Enel Green Power

Município Tacaratu Tacaratu

Potência Total: 10.000,00 kW

USINAS do tipo UFV em Construção não iniciada Usina / Parque

Potência(kW)

Proprietário

São Francisco

30.000

Sowitec

São Pedro e Paulo I

25.000

São Pedro e Paulo II

18.315

Boa Hora 2

25.000

Boa Hora 3

25.000

Boa Hora 1

25.000

Total: 06 Usinas

KROMA / CONE

Município Santa Maria da Boa Vista - PE Flores - PE Flores - PE Tacaimbó

Solar Tecnologia

Tacaimbó Tacaimbó

Potência Total: 148.315,00 kW

A contratação de energia eólica em 2017 é indispensável para o futuro da fonte no Brasil. Elbia Gannoum, Presidente executiva da ABEEólica


DISRUPÇÃO

USINAS do tipo EOL em Operação Usina / Parque

Potência(kW)

Pirauá

4.950

Macaparana

Xavante

4.950

Pombos

Mandacaru

4.950

Santa Maria

4.950

Gravatá

Gravatá Fruitrade

4.950

Gravatá

Tacaicó

18.800

Tacaratu

Pau Ferro

30.550

Pedra do Gerônimo

30.550

Caminho da Praia

2.000

Ventos de Santa Brígida V

28.900

Paranatama - PE

Ventos de Santa Brígida VI

28.900

Caetés - PE

Ventos de Santa Brígida III

28.900

Pedra - PE

Ventos de Santa Brígida II

27.200

Ventos de Santa Brígida I

13.600

Pedra - PE

Ventos de Santa Brígida IV

27.200

Caetés - PE

Ventos de Santa Brígida VII

27.200

Caetés - PE

Serra das Vacas I

23.920

Paranatama - PE

Serra das Vacas II

22.295

Serra das Vacas III

22.235

Serra das Vacas IV

22.295

Paranatama - PE

Ventos de São Clemente 1

29.155

Caetés - PE

Ventos de São Clemente 2

29.155

Caetés - PE

Ventos de São Clemente 3

29.155

Venturosa

Ventos de São Clemente 4

29.155

Venturosa

Ventos de São Clemente 6

25.725

Ventos de São Clemente 7

24.010

Ventos de São Clemente 5

29.155

Caetés - PE

Ventos de São Clemente 8

20.580

Venturosa

Ventos de Santo Estevão V

27.600

Araripina - PE

Ventos de Santo Estevão III

29.900

Araripina - PE

Total: 30 Usinas

Proprietário

Eólica Tecnologia

Enel Green Power

Município

Gravatá

Tacaratu Tacaratu

Wind Power Energia S/A

Casa dos Ventos

PEC Energia / CHESF

Casa dos Ventos

Cabo de Santo Agostinho

Paranatama - PE

Paranatama - PE Paranatama - PE

Caetés - PE Caetés - Pedra

Potência Total: 652.885,00 kW

29


30

DISRUPÇÃO

PRODUTIVIDADE E QUALIDADE SÃO OS DIFERENCIAS NORDESTINOS Produtividade. Esta é a palavra que pode explicar o crescimento da geração eólica no Nordeste brasileiro. Com ventos fortes e boa qualidade, o investimento na região é eficiente e significativo. Exemplo desse

Secretário Executivo de Energia, Eduardo Azevedo

diferencial da região é o índice de produtividade de um aerogerador localizado no Nordeste que pode chegar a mais de 80%, enquanto a média em outros locais do mundo é entre 25% a 30%. Aliado a essa produtividade, os ventos nordestinos, em geral, tem velocidades muito acima da necessária para a geração de energia, além de serem unidi-

entraram em operação no País em 2006, segun-

recionais e estáveis, o que garante que a

do a Operadora Nacional do Sistema Elétrico

produção o tempo todo. Este tipo de vento

(ONS). Três anos depois, passaram a ser rea-

vem do Atlântico e chega a mais três outros

lizados no Brasil leilões voltados para a

países: Etiópia, Venezuela e Somália. Mas

construção de parques e usinas eólicas.

eles não têm parques eólicos para aprovei-

Dessa forma, a Aneel determina a quan-

tá-lo. Em termos práticos, o Brasil tem

tidade de energia necessária a ser forne-

uma produtividade eólica que equivale a

cida. As empresas interessadas apresentam

quase o dobro da mundial. Isso faz com que

projetos para atender a demanda, de acor-

os preços também sejam competitivos.

do com critérios estabelecidos do governo,

Os primeiros passos para o estímulo à ge-

entre eles o valor máximo a ser cobrado

ração de energia eólica no País se deram em

pela energia. Vencem aqueles com a melhor

2002, com a criação do Programa de Incentivo

relação entre eficiência e custo. O con-

às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

trato dura 20 anos.

pelo Governo Federal, que tinha a meta de di-

Dentro dessa perspectiva, a gerente de

versificar a matriz energética nacional por

Eficiência Energética do Grupo Neoenergia,

meio de subsídios. O programa foi regulamen-

Ana

tado por decreto em 2004 e passou a funcionar

multinacional

na prática em 2005. Quatro parques eólicos

Neoenergia possui 16 parques eólicos na

Mascarenhas, no

destaca

a

Nordeste.

atuação “O

da

Grupo


DISRUPÇÃO

31

USINAS do tipo EOL em Construção Usina / Parque

Potência(kW)

Ventos de Santo Estevão I

25.300

Ventos de Santo Estevão II

25.300

Ventos de Santo Estevão IV

29.900

Serra das Vacas V

25.300

Serra das Vacas VII

25.300

Total: 05 Usinas

Proprietário

Município Araripina - PE

Casa dos Ventos

Araripina - PE Araripina - PE

PEC Energia / CHESF

Paranatama - PE Paranatama - PE

Potência Total: 131.100,00 kW

USINAS do tipo EOL em Construção não iniciada Usina / Parque

Potência(kW)

Ouro Branco 1

30.000

Ouro Branco 2

30.000

Quatro Ventos

22.000

Total: 03 Usinas

Proprietário

Município Poção - PE

Eólica Tecnologia

Poção - PE Macaparana - PE

Potência Total: 82.000,00 kW

região, em parceria com a Iberdrola,

os quais treze deles em operação com

e inaugurou em 2015 a segunda usina

372 MW instalados e três parques em

solar em Fernando de Noronha (PE). A

implantação (94,5 MW) com previsão de

Força Eólica do Brasil (FEB) é uma

operação em outubro de 2017. Juntos,

joint venture fundada em 2010 a par-

os dezesseis empreendimentos têm ca-

tir da união entre o Grupo Neoenergia

pacidade instalada de 466,5 MW, ener-

e o Grupo

Iberdrola, líder mundial

gia suficiente para abastecer mais de

em energia eólica. A FEB é respon-

700 mil lares brasileiros, evitando a

sável pelo desenvolvimento da geração

emissão de cerca de 720 mil toneladas

de energia eólica em 16 parques eó-

anuais de CO² à atmosfera”, explica

licos no nordeste brasileiro, dentre

Ana Mascarenhas.


32

DISRUPÇÃO

MAIOR PARQUE EÓLICO DO BRASIL É INAUGURADO NO ARARIPE

Na divisa entre os estados de Pernambuco e Piauí,

modo a extrair de forma ótima o recurso

o Complexo Eólico Ventos do Araripe III foi

eólico”, explica Lucas Araripe.

inaugurado em junho de 2017. Com a capacidade

Para se ter uma referência da di-

instalada de 359 Megawatts, o Ventos do Arari-

mensão no complexo, sua capacidade ins-

pe III não é apenas o maior complexo de energia

talada é maior do que a de todos os

eólica do Brasil, mas também um dos maiores da

parques eólicos instalados em 2016 em

América Latina.

países como Grã Bretanha, África do Sul,

Ao todo, são 156 aerogeradores,

dispostos em uma área de 10.200 hectares.

O in-

México ou Argentina. “Além da implan-

vestimento total no Complexo foi de 1,8 bilhão.

tação dos parques em Ventos do Araripe

O Complexo é formado por 14 parques. Destes,

III, a Casa dos Ventos também foi res-

nove ficam localizados no Piauí e cinco em Per-

ponsável pela construção de uma linha

nambuco. Segundo o diretor de Novos Negócios do

de transmissão de 35 quilômetros para

grupo, Lucas Araripe, “a razão para isto é a

conectá-lo a uma subestação no municí-

disposição do recurso eólico, fazendo com que os

pio de Curral Novo”, explica o diretor.

aerogeradores estejam instalados nas regiões de

O que determinou a escolha do local

ventos mais favoráveis”. Ele ainda explica que

para a instalação do Complexo Eólico

todas as turbinas tem 2.3 MW de potência e são

foi a qualidade dos ventos. “A quali-

de última geração da GE.”A única diferença entre

dade do vento no Nordeste é impressio-

as 156 turbinas do parque é que parte delas pos-

nante, está entre as melhores do mundo.

suem pás de 52 metros e outras pás de 57 m, de

Como o vento é constante, conseguimos


DISRUPÇÃO

33

extrair receita da turbina e ofertar energia a um preço baixo, isso torna a região um dos locais mais promissores para desenvolvimento, construção e operação de parques eólicos. Além disso, é no Nordeste que conseguimos gerar maior benefício social com a viabilização dos nossos empreendimentos”, explica. EÓLICA E SOLAR PODEM SE UNIR Para o especialista, há a possibi-

Se o plano avançar, a Casa dos Ventos vai poder

lidade de acrescentar outros 120 MW ao

aproveitar boa parte do que já foi investido em co-

Complexo, por meio de placas solares

nexão elétrica, subestações e inversores do complexo

que podem ser instaladas aproveitando

eólico. “Pensamos em fazer um projeto piloto no co-

a estrutura dos inversores das turbinas

meço”, disse Araripe.

eólicas, transformando o parque em um

Segundo ele, o principal obstáculo, neste momento,

complexo híbrido de energia eólica e

é o fator regulatório. Não será necessário aumentar a

solar. Nos últimos dois anos, o grupo

margem de escoamento do parque, uma vez que a energia

iniciou a operação de cinco complexos

gerada pelas placas solares vai compensar os momentos

eólicos, somando 1,1 GW de potência e R$

em que as turbinas eólicas estiverem com menor capa-

6,5 bilhões em investimentos no Nordes-

cidade. “Mas ao mesmo tempo, do ponto regulatório, eu

te. Quatro deles, porém, foram vendidos

precisaria de margem de escoamento para comercializar

para que a empresa pudesse reciclar ca-

essa energia em um futuro leilão”, explicou Araripe.

pital para investir em novos projetos.

Outra questão é a sombra do aerogerador na placar

No caso do Ventos do Araripe III, o

solar. “Temos que ver com os nossos engenheiros onde

plano é manter o ativo na carteira do

instalar as placas para escapar da sombra dos aero-

grupo, ao menos por enquanto. “Não te-

geradores ao longo do dia”, disse.

mos nenhuma conversa ou direcionamento para vendê-lo”, disse Araripe. Por enquanto, a ideia da companhia é investir para otimizar o ativo já existente. Uma possibilidade é instalar um software da GE que melhora a performance das turbinas dos aerogeradores. “Também

pensamos

em

aproveitar

a

turbina da GE na instalação dos painéis solares. Dentro da turbina há uma estrutura dos inversores que podemos aproveitar na instalação de painéis solares”, disse Araripe. Esses painéis devem gerar aproximadamente um terço da potência instalada do gerador eólico. Assim, se forem instalados em todos os aerogeradores, chegariam aos 120 MW, somando 480 MW em todo o complexo.

Ladeado pelos governadores de Pernambuco e Piauí, Paulo Câmara e Wellington Dias, respectivamente, Pedro José de Moraes recebeu, em nome de todos os funcionários, placa de agradecimento do presidente da Casa dos Ventos, Mário Araripe


34

ARTIGO

EUA E BRASIL COLABORAM PARA ACELERAR AS SOLUÇÕES DE ENERGIA DO SÉCULO XXI

E

Em abril de 2017, o evento “Energia Renová-

O sucesso-e as lições aprendidas ao longo do

vel e Inovações Interconectadas: Mercados

caminho-sobre Fernando de Noronha pode ajudar

Sustentáveis para o Século XXI” reuniu es-

a garantir que os objetivos energéticos visio-

pecialistas em energia dos Estados Unidos

nários dessas nações pioneiras se traduzam em

e do Brasil para compartilhar ideias sobre

realizações tangíveis.

como as duas nações podem continuar a cola-

Este projeto será baseado em pesquisas con-

boração com o objetivo comum de transformar

duzidas pelo Laboratório Nacional de Energia

seus sistemas de energia para utilizar mais

Renovável (NREL) do Departamento de Energia dos

recursos renováveis ​​ e sustentáveis.

Estados Unidos no ano de 2010, que estudou as

Representantes dos setores de eletrici-

maneiras de uma ilha administrar os suprimentos

dade, transporte, combustíveis e água re-

de água e energia de forma mais sustentável. O

uniram-se com representantes de regulado-

projeto também reforça a parceria entre os esta-

res dos EUA, pesquisadores e empresas de

dos da Califórnia e de Pernambuco estabelecida

tecnologia ao longo de quatro dias para um

pelo “Under 2 MOU”, um acordo internacional en-

diálogo intensivo para superar os desafios

tre governos subnacionais em que se comprometem

e oportunidades de ampliar os recursos de

a reduzir a emissão de carbono através de in-

energia sem precisar gerar emissão de car-

vestimentos em energia limpa liderado pelo Ins-

bono.

tituto de Políticas Renewables 100 ​​ e a Cali-

Além de sediar uma discussão sobre so-

fórnia. O comissário de Energia da Califórnia,

luções inovadoras, o evento deu início ao

David Hochschild, está entre os funcionários de

projeto de transformação da energia em

energia do estado que participaram dessa parce-

Fernando de Noronha, parceria entre os Es-

ria com Pernambuco no ano passado. Ele fez uma

tados Unidos e Pernambuco. Este projeto

palestra no evento de abril sobre as estruturas

ambicioso pretende ser um piloto no Brasil

regulatórias e políticas para o avanço das ener-

e, um dos primeiros na América Latina, de

gias renováveis ​​ e eficiência energética e está

como transformar o suprimento energético

otimista sobre esta próxima fase da parceria.

baseado em combustíveis fósseis importa-

“A Califórnia está empenhada em construir um

dos para um que utiliza 100% de energia

futuro com energia limpa e espera colaborar com

renovável.

países como o Brasil para reduzir a poluição de

Ressaltando o quanto isso é oportuno, as nações insulares compõem mais de um ter-

gases de efeito estufa e promover as tecnologias limpas que irão alimentar o século XXI”.

ço dos signatários do acordo do Fórum de Países Vulneráveis ao Clima que se comprometem a atingir 100% de energia renovável anunciado na COP 22 em novembro de 2016.

Por Diane Moss, diretora fundadora, Instituto de Políticas Renewables 100 e Angelina Galiteva, presidente do conselho fundador, Instituto de Políticas Renewables 100


ARTIGO

35


36

RIO CLIMA 2017

A RESPONSABILIDADE QUE TEMOS SOBRE O PLANETA

H

Há 25 anos, a Eco 92 tentava convencer a humanidade que nossa luta deve ser não para sobreviver, mas para viver neste planeta.

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, em 02 de junho de 1992, mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92, foi um marco na história do ambientalismo mundial. O evento foi um divisor de águas na história do mundo, do ambientalismo e o pouco do que evoluímos neste sentido foi fruto de lá. Lamentavelmente, um quarto de século depois, a triste constatação é que pouco tem sido feito pelas organizações


governamentais e pela sociedade no sentido de coi-

tões levantadas na Rio 92. . A partir dela,

bir as ações nocivas ao Meio Ambiente.

Um dos temas

o termo “Desenvolvimento Sustentável” ganhou

mais polêmicos da Rio-92 foi o Tratado da Biodiver-

destaque na mídia internacional e a proteção

sidade, que estabelecia medidas para preservar as

e defesa do Meio Ambiente passou a ser vista

espécies vivas do planeta. A Floresta Amazônica, o

não como um obstáculo ao desenvolvimento.

ecossistema com a maior variedade de espécies ani-

Nesse sentido, a Conferência Rio Clima 2017

mais e vegetais do planeta, conferia ao Brasil a

reuniu mais de 80 especialistas, entre acadê-

condição de superpotência no assunto. No entanto,

micos, gestores públicos, representantes da

nós não fizemos a tarefa de casa e estamos passando

área científica e do setor privado da eco-

vexame internacional quando o assunto é desmatamen-

nomia no Centro de Convenções da FIRJAN, no

tos e destruição das florestas naturais.

Rio de Janeiro. Como destaque dessa conferência, a uPlanet

NO CAMINHO DA DESCARBONIZAÇÃO DA ECONOMIA,

traz as impressões de alguns dos especialis-

RIO CLIMA CELEBRA 25 ANOS DA RIO 92

tas que participaram da Conferência 2017.

Um novo caminho para a descarbonização da eco-

Como destaque dessa conferência, a uPla-

nomia. Com esse mote, o Rio Clima 2017, realizado

net traz as impressões dos maiores especia-

no mês de junho, propôs uma reflexão sobre as ques-

listas que participaram da Conferência 2017.


38

RIO CLIMA 2017

A área econômica é tão importante para o clima, quanto a ambiental. Precisamos discutir mecanismos econômicos para a descarbonização

Alfredo Sirkis, Secretário Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e diretor do Centro Brasil no Clima

Os EUA saíram do Acordo de Paris e mesmo sendo uma potência, estão na contramão. Por isso, são eles que perdem, pois a economia produtiva mundial não concorda com essa decisão Dipak Dasgupta, economista e fundador do Fundo Verde para o Clima

Se o Brasil, os Estados Unidos, a China e todos os países trabalharem juntos, as questões climáticas ganharão força e as práticas para diminuir as mudanças funcionarão Erik Solheim, diretor executivo da ONU Meio Ambiente

Estamos em um momento especial de luta contra as mudanças climáticas. O Rio Clima é um momento para mobilizar as energias e mostrar que apesar das dificuldades, o Acordo está muito vivo e que vamos avançar Laurent Bili, embaixador da França no Brasil

Este não é um momento de celebração, e sim de apreensão. Precisamos discutir e debater sobre governança. O Brasil precisa levar o clima mais a sério Rachel Biderman, diretora-executiva da WRI Brasil

Precisamos formular soluções para problemas complexos, o que é impossível se não tivermos um grupo como o reunido aqui. Os debates são de altíssimo nível Sérgio Xavier, secretário de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco

Estamos num momento decisivo, devido à decisão dos EUA de sair do Acordo de Paris. É preciso garantir que o resto do mundo continue comprometido com a agenda contra as mudanças climáticas. É importante discutir inovações financeiras e energias de transição, particularmente em países emergentes Vincent Aussilloux, chefe de Economia-Finanças da France Strategie


RIO CLIMA 2017 39


40 ARTE E CULTURA

JANELAS PARA A SUSTENTABILIDADE Com um celular nas mãos e um olhar sensível, fotógrafa e gestora ambiental contam um pouco da cultura do sertão que segue o curso das águas do São Francisco e mudam a forma de enxergar os recursos hídricos

T

Tradição, cultura, economia, responsabilidade socioambiental e, claro, poesia. Com esses ingredientes, a administradora de empresas e fotógrafa Patrícia Patriota e a gestora ambiental Patrícia Ferraz, transformaram sonho de criança em um projeto disruptivo, que vai transformar para sempre a sua forma de ver o Nordeste e mostrar que muito mais que seca e morte, o nordestino é a personificação da resiliência. Juntas, as amigas encabeçaram “O Sertão vai virar Mar”, que por meio de material audiovisual vai contar como a água é capaz de fomentar cultura e tradição, além de promover conexões entre diversos agentes. “O mais incrível é que as imagens são capturadas por meio de um celular, para mostrar que é possível, usando técnica, sensibilidade e olhar, utilizar essa tecnologia mais compacta para realizar um trabalho dessa dimensão e qualidade, como forma de estimular outras pessoas”, explica a fotógrafa.


FOTOS: PATRÍCIA PATRIOTA

ARTE E CULTURA 41

“Como dizia Guimarães Rosa, o Sertão é dentro da gente. Sou sertaneja e sempre me preocupei como as pessoas de fora enxergam o Sertão. Então, eu quis mostrar que existe muito mais coisas no sertão, e assim surgiu essa ideia de apresentar a alegria, a coragem, a força do sertanejo, que encontra na água a forma de sobreviver”, conta Patrícia Patriota. As meninas já percorreram mais de cinco mil quilômetros, fazendo registro de vários personagens, belezas naturais, histórias, tradições. “Fazemos fotos e vídeos de cada pessoa, de cada história, de cada personagem. Passamos por quilombos, conhecemos novas manifestações culturais de nosso povo, de quem faz o sertão”, explica Patrícia.


FOTO: PATRÍCIA PATRIOTA

42 ARTE E CULTURA

QUER PARTICIPAR DO TRABALHO DAS MENINAS? www.osertaovaivirarmar.com

“O Sertão vai virar Mar” destaca alegria do povo sertanejo

Muito mais que um projeto audiovis-

conectar e promover o encontro entre usuári-

ual, Patrícia Ferraz explica o caráter

os, investidores, parceiros em geral e essas

ambiental do projeto. “Não estamos apenas

riquezas e processos, como forma de motivação

contando a história de nosso povo. Quer-

para

emos mostrar a sociedade, os costumes,

conta Ferraz. O resultado das expedições será

que se formam no entorno do maior bem

exposições, livro, web documentário e um portal

da humanidade, que é a água. Através da

para conexões. “Teremos três exposições em cada

transposição do São Francisco, com suas

um dos quatro estados do Nordeste contemplados

adutoras, canais, vamos passar pelos es-

pela transposição do Rio São Francisco, e mais

tados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande

uma no Distrito Federal, onde temos represent-

do Norte e Ceará”, conta Patrícia Ferraz.

antes de todos os estados brasileiros”, explica

Segundo a gestora, o que pôde ser visto

Patrícia Patriota.

manutenção

das

tradições

e

histórias”,

por meio das expedições é a conjuntura

Pioneiro em seu conceito e execução, “O

criada a partir dos recursos hídricos e

Sertão Vai Virar Mar” vai transformar sua forma

os processos culturais existentes.

de ver o povo e suas manifestações ao longo do

Com temas totalmente ligados ao sertanejo e as comunidades litorâneas,

fluxo das águas que seguem do Sertão ao Litoral.

o

O projeto que nasceu independente está sen-

projeto vai fomentar uma grande cadeia

do inserido como proposta de incentivo à cultura

de conexões entre vários agentes e as

pelo Ministério da Cultura e tem perspectiva de

diversas iniciativas já existentes. “O

realizar exposição das imagens trazendo lança-

Sertão vai virar Mar” é uma forma de

mento dos produtos.


ARTE E CULTURA 43


VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA APROVEITAR BEM O MERCADO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA? 44 ARTE E CULTURA

Acabou de nascer, no coração do Recife, um Estúdio de Inovação, Sustentabilidade e Criatividade para uma economia de baixo carbono. O SinsPire é um espaço de conexão para cursos, treinamentos e projetos disruptivos de negócios que impactem positivamente pessoas, empresas, sociedades e mais: o planeta!

Que tal começarmos, então, por elaborar novos modelos de negócios aproveitando o mercado de Energia Fotovoltaica? Esse é o tema do curso “Como ser um empreendedor da Energia Fotovoltaica?”, em parceria com a Blue Sun, que vai ensinar a projetar plantas fotovoltaicas e treina, na prática, a instalação. Os instrutores são especialistas com experiência nacional e internacional. E não há necessidade de conhecimento prévio sobre projetos de sistemas fotovoltaicos. INSCRIÇÕES

Vagas limitadas!

REALIZAÇÃO:

Data: 08 e 09 de setembro Carga horária: 16 horas, com apostila e certificado Local: SinsPire / Rua da Guia 99, Bairro do Recife - PE Contato: (81) 3318-1192 / 9 9504-2060 (WhatsApp) Mais informações: www.sinspire.com

ESTÚDIO DE INOVAÇÃO, SUSTENTABILIDADE E CRIATIVIDADE PARA UMA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

sinspire.co

@sinspire.co

www.sinspire.com

Os p inscr rimeiros itos um ca ganharão rre solar gador USB


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.