Agenda - Urban Sketchers Portugal - Novembro 2020

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AGENDA

Novembro 2020

Desenho vencedor do Tema do MĂŞs: Isabel Alegria

urbansketchers-portugal.blogspot.pt

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AGENDA

Novembro 2020

Desenho vencedor do Tema do Mês: Isabel Alegria

ENTREVISTA

Eduardo Salavisa por Leonor Lourenço

OS NOSSOS DESENHOS Equipa de produção: Abnose, André Baptista, Carlos Matos, Henrique Vogado, Isa Silva, Leonor Lourenço, Manuel Tavares, Rosário Félix, Vicente Sardinha Colaboraram nesta Agenda: André Carrilho, Bruno Vieira, Eduardo Salavisa, Fernanda Fernandes (Fefa), Fernanda Lamelas, Filipe Almeida, Hugo Barros Costa, Isa Silva, Isabel Alegria, João Pinto, João Tiago Fernandes, Joaquim Espadaneira, Jorge Vila Nova, José Barreiros, Manuela Rolão, Margarida Botto, Mário Crispim, Miguel Silva, Miú, Paulo Mendes, Suzana Nobre Design e paginação: Isa Silva Copyright: Urban Sketchers Portugal www.urbansketchersportugal.blogspot.pt Sugestões e contacto: uskp.actividades@gmail.com

Tema: Barcos

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LIVRO

Sketching People por Suzana Nobre

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VIAGEM GRÁFICA

Viagem à ilha do Corvo por Bruno Vieira

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EVENTO

5ª Edição do TRAÇO por Miguel Silva

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ABCDIÁRIO Letra C

por João Tiago Fernandes

DICAS 1, 2, 3

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por Filipe PInto

GRUPOS

USk Algarve por João Pinto

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NOSSO CONVIDADO

Papel, 27 Dezembro 2014 por André Carrilho

AGENDA

Encontros, Formações, Exposições 2

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E D I T O R I A L Olá a todos Estamos quase no final de um ano que deixará memórias mas não as que gostaríamos de recordar. Não será fácil organizar o que quer que seja quando estamos limitados em casa ou no concelho onde vivemos. Mas há sempre maneiras de se dar a volta. Não podemos deixar de desenhar, de observar, de registar e dentro do possível, sair para rabiscar. Afinal usamos um Diário Gráfico. Somos resilientes, não é? Já estamos a trabalhar em novas actividades para 2021 sempre em colaboração com os vários grupos regionais que já vão no fantástico número de 21. Já existem 21 grupos regionais de sketchers espalhados pelo país. Os últimos a juntarem-se foram os de Braga e de Oliveira do Hospital. Relembramos a todos que tanto o Blog como esta Agenda são meios para divulgarem os vossos encontros, formações, exposições e restantes actividades. É só enviarem toda a informação para o e-mail: uskp.actividades@gmail.com. Sempre que possível participem no blog com os vossos desenhos e comentários. Sabemos muito bem dos constrangimentos de acesso e estamos a tratar desse problema para que seja resolvido brevemente. Inspirem-se, relaxem e desenhem muito! Direcção dos USkP

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ENTREVISTA Eduardo Salavisa

Por

Leonor Lourenço

Eduardo Salavisa, inauguraste uma exposição a 17 de Outubro, intitulada ‘Um Cadeirão e 96 Retratos’ e lançaste um teu livro ‘Caderno de Retratos’ no Museu Bordalo Pinheiro´, que estão a ter um estrondoso sucesso. Como surgiu a ideia de desenhar quem te visitou em casa? Surgiu naturalmente. Como sabes adoeci, uma doença grave, e vieram de Espanha alguns dos meus amigos dos desenhos para me verem. O Javier de Blas, a Clara Marta e, mais tarde, o Lapin. E, claro, amigos de desenho quando estão juntos o que fazem? Desenham. E, em casa, desenhamse uns aos outros. Foi o que fizemos. Depois comecei a desenhar todos os que me visitaram.

sua amizade e que estavam comigo para o que fosse preciso. Tem havido demonstrações de verdadeira amizade, de reconhecimento, de cumplicidade, de quão importante tem sido o desenho para a vida delas. Foi uma surpresa. Como reagiram as pessoas ao serem surpreendidas com esta oportunidade? Foi uma surpresa de parte a parte. Pelo meu lado apareceram pessoas que eu não estava à espera e, pelo outro lado, as pessoas gostam de serem desenhadas e verem o resultado. Já se sentaram no teu cadeirão quase duas centenas de pessoas para serem desenhadas. Uma imensa maratona! Como consegues que, no fim do dia, os últimos retratos saiam com a mesma firmeza de mãos e beleza de traços, que os primeiros? Não sei se é com a mesma firmeza. Não sou um retratista, nunca pretendi ser, mas agora, aos 70 anos, tal como o artista japonês Hokusai (1760-1849),

Correspondeu às tuas expetativas? Excedeu muito. Logo com os espanhóis que não estava nada à espera que eles, logo que souberam, viessem até cá. Depois começaram a aparecer pessoas que já não via há muito tempo, que vieram mostrar a 4


desenho de Luis Ruiz

És referido, frequentemente, como o “pai dos urban sketchers” de Portugal. Ainda não existia a associação no país, já valorizavam os cadernos de viagem e o desenho diário e eras convidado para fazeres palestras; para entrevistas, para viagens tanto no nosso país como no estrangeiro, que seriam perpetuadas em forma de desenho no caderno em que guardas as tuas relíquias. Que retiraste destas experiências? Sobre ser o “pai dos USkP” quero referir uma breve nota de humor: em conversa com o Gabi Campanário, durante a comemoração dos 10 anos, concluímos que ele era o pai dos USk e eu o avô. As experiências foram sempre muito gratificantes. Para todo o lado onde vais, ou por iniciativa própria ou convidado, és sempre

estou a aprender a desenhar retratos e cada vez estou melhor. Esta exposição deveria ter terminado no dia 24. No entanto já foi adiada por duas vezes, prolongando-se até ao dia 8 de novembro. Neste momento já se trata de uma exposição “Um cadeirão e 96 retratos + 49”. Imaginavas tal recetividade e tantas pessoas ansiosas por serem desenhadas por ti? A exposição, neste momento que escrevo, chama-se “Um Cadeirão e 96 retratos + 28 + 49 + 14 Retratos” e tem 187 Retratos. Não imaginava. Foi tudo muito emotivo. 5


ENTREVISTA Eduardo Salavisa

muito bem recebido. As pessoas gostam de ver as suas terras representadas pelo desenho. O desenho é mágico, transforma-te numa pessoa especial perante os outros.

Consegues fazer o que tentas tantas vezes: transportar o quotidiano para a viagem. Vais tomar café diariamente ao mesmo sítio, compras o jornal, dás dois dedos de conversa com o dono.

Qual a viagem que fizeste que consideras mais marcante? Porquê? Tem que ser a da América Latina, pelo tempo que demorou a fazer, 9 meses. É completamente diferente uma viagem com meses de duração, é outra coisa, é como se vivêssemos daquela maneira.

Não resisto a perguntar: Quantos cadernos já desenhaste, Eduardo? É fácil responder porque eu numero os cadernos. São 138. O que mais gostas no espírito dos USK? 6


que os mais “novatos” desejariam visitar mas não encontram. Como fazer para conseguir usufruir dessa sabedoria acumulada? Continua online? Sim, foi construído na altura em que ainda não havia blogues. Tem muita informação, nomeadamente textos e desenhos de vários autores, contemporâneos e históricos.

Eu diria nos USkPortugal o seu lado inclusivo, onde cabe toda a gente, com desenho de qualidade ou sem, com formação ou sem, todas as idades, todo o tipo de desenho, desde que seja de observação no sítio. Conhecedor de imensos artistas quer portugueses quer estrangeiros, há alguns que decerto te dirão mais e até, quiçá, servido de inspiração. Partilhas connosco essas referências pessoais? Gosto de vários autores, mas vou referir só um estrangeiro e os outros portugueses. O estrangeiro é o Rolf Schroter, pelo modo como regista e o que regista. Gosto dele tanto pela forma como pelo conteúdo. Nos portugueses sou inspirado pelo João Catarino, não como ele regista, com manchas e claro-escuro, que está longe do que me interessa fazer, mas do conteúdo, do desenho poético, da sua abordagem perante as coisas. Outro é o Zé Louro, que tem um desenho a que posso chamar de conceptual. Onde capta o momento de uma maneira única. E a Teresa Ruivo, que não posso dizer que seja influência porque apareceu há pouco tempo, mas é uma referência na maneira como está no local, no meio da confusão, com todos os materiais, usando todas as maneiras de registo: linha, mancha, cor, preto e branco, tudo ao mesmo tempo, ou uma coisa de cada vez. Eu gostava de fazer como ela, só não faço porque teria que andar com aquela tralha toda, o que vai contra o meu modo de estar.

Que momento, enquanto artista, mais te encheu a alma? Houve muitos momentos, mas quando professores universitários, doutorados, te dizem que és uma referência na literatura de viagens, ficas com alguma vaidade. Que dirias àqueles que iniciam esta viagem pelo mundo dos USk ou gostariam de participar, mas o “medo” de avançar, perante nomes como o teu, escondem, adiam? Se o meu nome atemoriza alguém de avançar e desenhar... é pena. O meu grande objectivo é exactamente o contrário: toda a gente sabe desenhar, tem é que experimentar e perder o medo. E, assim, voltamos ao principio, o caderno é o suporte ideal para quem começa. Pessoal, intimo, só mostramos a quem quisermos. Qual é o teu próximo projeto? Não tenho mais projectos. Que gostarias de transmitir aos USk e que não foi contemplado nesta entrevista? Que continuem a alimentar o blogue USkP com dinamismo. Eu sei que o Instagram é mais fácil de publicar e tem mais feedback, mas o blogue é que nos une e é a nossa identidade.

Criaste um site que é muito referido pelos USK mais antigos por ser um manancial de referências de artistas, 7


OS NOSSOS DESENHOS tema do mês: BARCOS

Joaquim Espadaneira Filipe Almeida

Manuela Rolão

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Fernanda Fernandes (Fefa)

Hugo Barros Costa

Mรกrio Crispim

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OS NOSSOS DESENHOS

Isa Silva

tema do mês: BARCOS

Paulo Mendes

Fernanda Lamelas

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Eduardo Salavisa

José Barreiros

Miú

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LIVRO

Sketching People

Por

Suzana Nobre

Sempre gostei de observar minuciosamente as pessoas, seguir com os olhos o contorno das suas linhas, o sulco das rugas, perceber que traços lhe conferem uma expressão tão própria e o que é essencial para que não percam a sua personalidade. Talvez por isso o desenho de pessoas se tenha tornado um dos meus temas preferidos mas observar como alguns ilustradores conseguem de forma magistral captar expressões e movimentos, é um deleite para mim. A Lynne Chapman é uma dessas pessoas que sigo com admiração, tem sido uma inspiração no meu processo, tanto pela diversidade de técnicas que utiliza como pela sua forma 12


tão expressiva e dinâmica de registar pessoas e situações. A realização de um livro sobre o desenho de pessoas foi uma noticia fantástica e segui a evolução do seu Sketching People com muita curiosidade, desejosa de o poder folhear e conhecer tudo o que teria para partilhar sobre este tema e o seu método de trabalho. Não desiludiu, neste livro entra-se mesmo no “seu mundo”. Dá a conhecer o seu processo desde os desenhos que começou a fazer nas viagens de comboio, ganhando confiança para outro tipo de situações como concertos, mercados, cafés, rua, etc, à forma como podemos tirar partido de tudo, desde a conectividade que se pode estabelecer com as pessoas, à forma como o

caderno se pode transformar num meio de registar momentos que queremos recordar. Encontramos muitas dicas para as mais diversas situações em que podemos encontrar o nosso tema de desenho, desde estar a dormir, ler, com o telemóvel, a cantar, tocar um instrumento etc, assim como aqueles pormenores básicos que às vezes nos esquecemos ou não nos apercebemos que facilitam tanto o desenho, fazendo a diferença no resultado final. Achei fantástico abordar o tema sobre como passar desapercebida enquanto desenha pessoas no comboio ou como reagir quando é “apanhada”, pois sempre foi uma das minhas preocupações. 13


VIAGEM GRÁFICA Viagem à ilha do Corvo

Por

Bruno Vieira

Estas viagens de desenho aos Açores com o Jorge Guedes que conheci no Porto, começaram em 2019 com uma viagem ao Pico e a São Miguel, onde se realizou o Simpósio Vadio. Este ano fomos desenhar nas Flores e no

Corvo, eu fui primeiro ao Faial visitar um amigo, explorar e desenhar. Viajar com quem desenha cria mais oportunidades de paragem para absorver o ritmo dos lugares, nestas paragens eu gosto de fotografar mas

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apenas o desenho cria facilmente ligações com pessoas, habitantes e turistas, adiciona histórias à viagem. Lembro-me do senhor que reconheceu a sua vaca num desenho; das raparigas que desenhamos num abrigo e mais tarde conhecemos; dos rapazes da manutenção dos trilhos que nos indicaram quem ainda faz queijo no Corvo; e de tantas outras pessoas com quem fomos falando pelo caminho. As Flores é a ilha da água, apanhamos um por-do-sol surreal no primeiro dia, depois o mau tempo da depressão Paulette mudou a paisagem mas continuou maravilhosa, as cascatas ganharam a força da chuva, os miradouros, a vegetação, os trilhos e as encostas escarpadas continuavam surpreendentes e pediam desenhos.

O Corvo é a ilha das aves e da memória, onde o futuro se mistura com o passado, o sino é humano e descoordenado, o sentido de comunidade tem outra dimensão e a vila antiga cheia de canadas é muito desenhável. Ponto de paragem de aves migratórias, esta ilha é uma pequena pérola natural no meio do oceano, onde surgem aves raras no meio de um desenho. Na cratera do vulcão do Corvo, o Caldeirão, tudo se torna sensorialmente e graficamente surreal, lá dentro, em cada olhar apetece pintar uma aguarela, além do topo, toda a encosta leste parece parar no tempo, apenas pássaros, vacas e uma paisagem típica açoriana deslumbrante para explorar e desenhar.

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EVENTO

Por

(a)Riscar o Património

Margarida Botto Jorge Vila Nova

A 7ª edição dos encontros anuais do (a)Riscar o Património realizou-se no dia 26 de Setembro de 2020, agregando, mesmo em contexto de pandemia, várias dezenas de participantes distribuídos por 16 localidades em todo o país. Como sempre associados às Jornadas Europeias do Património - uma iniciativa do Concelho de Europa que envolve mais de 50 países, com milhares de iniciativas culturais muito diversas – os Encontros desenvolveram-se de acordo com o tema deste ano - Património e Educação - que proporcionou o conhecimento e representação de escolas, universidades, bibliotecas, jardins botânicos e outros espaços associados à aprendizagem nas mais diversas vertentes. As contingências relativas à necessidade de combater o alastramento da Covid 19 não desmotivaram os participantes que, com a benesse de um belo dia soalheiro de princípio de Outono, acorreram aos vários locais munidos dos apetrechos indispensáveis à ocasião: material de desenho e… máscaras sociais. Em muitos casos, os anfitriões locais optaram por reduzir o número de participantes ou por abrir inscrições, para que os participantes não ultrapassassem as capacidades logísticas do espaço escolhido: em Torres Vedras, por exemplo, o número de inscritos, limitado a 20 pessoas, esgotou rapidamente. Noutras zonas seleccionaram-se locais ao ar livre, enquanto outros optaram por desenhar somente o exterior dos edifícios – o que, nos casos da 16

Abrantes

Algarve

Açores - Ilha São MIguel

Açores - Ilha Terceira


Universidade de Coimbra ou do Colégio do Espírito Santo em Évora, entre outros exemplos, já era matéria mais do que suficiente para estimular a vontade e o prazer de desenhar. Em todos os casos, a imaginação e a criatividade, aliadas ao respeito pelas normas de segurança e de distanciamento social tiveram como consequência uma expressiva participação em todo o país – demonstrando, se necessário fosse, a capacidade aglutinadora e exaltante do desenho e do património, a energia e determinação de todos os “sketchers”, e a vontade de continuar e melhorar sempre – mesmo em circunstâncias menos favoráveis. Após selecção, os desenhos e alguns originais farão parte de uma exposição itinerante que percorrerá vários dos espaços e cidades onde os encontros ocorreram. Os desenvolvimentos e os resultados desta participação estão expressos no blog www.ariscaropatrimonio.wordpress.com.

Barreiro

Évora

Castelo Branco

Coimbra

Leiria Porto

Lisboa

Sever do Vouga Torres Vedras Torres Novas 17


EVENTO 5ª Edição do TRAÇO

Por

Miguel Silva

E foi assim em Outubro a 5ª edição do TRAÇO... Este ano o evento foi bastante atípico e singular pelo contexto sanitário que actualmente atravessamos. Esteve em vias de ser cancelado mas, com a persistência da AIAR e do João Luciano e José Kuski (ambos associados e pertencentes aos USk Raia) felizmente, descobrimos um caminho, um “admirável mundo novo” de complementaridade com o digital, novos traços improváveis. Esta edição do festival (TRAÇO20) decorreu via webinar e com exposições virtuais (3 exposições de 3 sketchers do grupo da raia: João Luciano, Miguel Silva e Pedro Loureiro). A experiência resultou muito bem ligando simultaneamente Elvas, Lisboa, Beja, Évora, Vila Viçosa, Borba, Madrid e Sevilla (contando apenas os palestrantes). O Webinar juntou alguns convidados de edições anteriores: Pedro Loureiro, Vicente Sardinha, Luís Ançã, Paulo Monteiro, Sílvia Lézico, Charo Marina, Pedro Lavado, Domingos Isabelinho e Mário Linhares.

Agradecemos a todos estes participantes a sua generosidade da partilha e, especialmente, ao excelente moderador Pedro Loureiro. Falámos do Desenho na sua generalidade, da actividade dos urbansketchers, de banda desenhada, design e viagens (desenhadas, claro). Os (re)convidados falaram de projectos pessoais que têm vindo a desenvolver e de perspectivas futuras. Assim “ReDesenhámos” o Traço e, com esta experiência, descobrimos...

Desvantagens: 1. Privou-nos da convivência real física, essencial ao espírito dos encontros USk; 2. Desvirtuou o conceito que está na base dos nossos grupos; 3. Empobreceu o dinamismo que provocávamos em cada localidade com a nossa convivência em contexto com os locais. 4. Não pudemos realizar o nosso “concerto desenhado”. Talvez seja possível futuramente num suporte diferente, quem sabe. 18


Vantagens: 1. Deixámos de ter barreiras físicas (económicas, logísticas e temporais); 2. Chegámos a todo o mundo; 3. Tornámo-nos mais autónomos relativamente a apoios de entidades; 4. Permite-nos acervo e continuidade de conteúdos no site do festival, servindo o mesmo de preparação para as edições futuras em Outubro de cada ano; 5. (pouco relevante, mas...) Poupámos o ambiente nas deslocações que não foram feitas.

Convidamos a ver (ou rever) o registo do dia 3 de Outubro deste ano de 2020: https://trazodrawingfest.com/editions/ trazo-20/webinar/ Também podes visitar a galeria de desenho: https://trazodrawingfest.com/virtual360o-exhibitions/trazo-20-21/ext01/ Doravante o TRAÇO terá, em complemento às suas edições anuais em Outubro, uma temporada intercalar que se consubstanciará na sua plataforma digital ao longo do ano. O nosso site irá estar mais “vivo” e gostaríamos de contar com a participação de todos, seja através de desenhos e artigos que se enquadrem dentro deste projecto, seja através das mais variadas sugestões e críticas. contacta via: trazodrawingfest@gmail.com

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C Por

ABCDIÁRIO Se há dois trabalhos que sempre vi na mesma linha [1] são L’absynthe, de Degas, e Le wagon de troisième classe, de Daumier. Creio mesmo que chegaram a ganhar uma dimensão própria no espaço da minha memória visual — não sei se por causa do ar alienado das várias pessoas ou por, muito simplesmente, se encontrarem todos sentados à espera não se sabe bem do quê...

João Tiago Fernandes

[1] Daumier | Degas

Letra C — Comboio Mais do que um meio de transporte, desde cedo vi o comboio mais como uma sala de espera: entramos, sentamo-nos, lemos um bocado, esperamos, ouvimos os boatos sobre a vizinha da senhora que não se cala, lemos mais um bocado, dormitamos um nadita, voltamos a esperar e lá saímos para ir à nossa vida. O comboio encerra em si mesmo um grande número de realidades que

[2] Comboio urbano, exterior

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[3] Desenho cabisbaixo

se desmultiplicam em motivos para desenhar: o espaço interior (com ou sem passageiros), o espaço exterior (estações e linhas férreas), as viagens (interrail, dia-a-dia), os hobbies (miniaturas, trainspotting), ou as carruagens propriamente ditas [2]. Quer para estudar (nos velhos comboios com bancos de cabedal verde) quer para trabalhar, o comboio sempre foi o meu transporte de eleição mas sempre senti alguma apreensão quando desenhava em público. Na verdade, sempre fiz de tudo para não ter que fitar os outros passageiros: ora me deixava ficar todo cabisbaixo[3], ora mantinha o meu olhar bem acima das outras pessoas [4]. Com o tempo lá fui ganhando confiança e, sempre que não me deixava dormitar nem me esquecia de trazer um livro para ler, lá tirava eu do caderno para desenhar. Primeiro, outros passageiros mais sonolentos que eu [5], ou alguns mais incautos [6], ou outros que, simplesmente, se deixavam ficar na tal “sala de espera” o tempo suficiente para serem apanhados pelo meu traço [7]. Note to self: estava aqui a olhar para as datas e estes desenhos já têm o seu tempito. Tenho de começar a renovar o repertório! Por último, aproveito ainda para vos

[4] Reflexos fugidios [5] Zzz…

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ABCDIÁRIO

João Tiago Fernandes

[7] Comboio regional, interior aconselhar a seguir o trabalho de Alan Cloiseau (@attention_a_la_marche, no Instagram) — conseguiu criar um estilo muito próprio com este projeto(!), e ainda Subway Life, de António Jorge Gonçalves, resultado de várias viagens a metropolitanos um pouco por todo o mundo. Mas, na verdade, dentro da comunidade USk, o que não falta são exemplos de desenhos em viagens de comboio — para além de ser um meio de transporte que não exige a nossa atenção para chegar de A a B, acredito mesmo que é um dos locais de eleição para quem, tentando fugir

à monotonia, decida ter uma forma produtiva de passar o tempo enquanto espera chegar ao destino. Nota: Primeira versão do artigo publicada no blogue dos Urban Sketchers Portugal NORTE, a 18 de julho de 2016.

[6] Comboio regional, exterior

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DICAS 1, 2, 3

Por

Filipe Pinto

Desenhar na cidade confronta o desenhador com as pessoas que transitam nas ruas nas deslocações diárias do seu quotidiano. Pessoas na rua

#1 - Para as incluir no desenho começo por uma rápida silhueta a linha tentando captar o seu movimento, se estão paradas ou a andar, se estão de frente ou de lado e ao mesmo tempo captar alguns detalhes. O cabelo, malas, chapéus, gravatas, um lenço de pescoço, qualquer pormenor que permita uma caracterização mais real. Marcador preto Sakura Pigma Sensei

#2 - Aplico a cor Aguarelas de várias marcas e pincel com reservatório de água Pentel

#3 - Normalmente termino com detalhes de pormenor e a sombra da pessoa projetada no chão para melhor situar a figura no local. Aguarelas de várias marcas e pincel com reservatório de água Pentel

Experimentem e partilhem no blog com a etiqueta #dicanovembro

Técnicas, truques, efeitos. Querem partilhar? Enviem para uskp.actividades@gmail.com Mandem-nos uma introdução (máximo 450 caracteres) + título da dica + 3 imagens dos desenhos e indicação dos materiais usados. 23


GRUPOS USk Algarve

Por

João Pinto

Os USk Algarve surgem depois de um encontro em Loulé, no final de outubro de 2014, organizado pela Associação USk Portugal, em parceria com a CM de Loulé e o projecto TASA, em que o Luis Ançã, que na altura pertencia a direcção da associação USk Portugal e também dirigia o grupo de Évora, falou com o Hélio Boto sobre a criação de um grupo na região, a partir daí, o Hélio começou a contactar algumas pessoas e entidades e começaram-se a marcar os encontros, as pessoas foram aparecendo e o grupo foi crescendo. O primeiro encontro oficial como grupo no Algarve foi em Janeiro de 2015 em Faro. Depois desse foram organizados mais 44 encontros (dois de âmbito nacional) e actualmente procuramos manter uma periodicidade mensal. Alguns dos encontros foram integrados em eventos regulares como o Mercado fora d’Horas (Silves), a semana de reabilitação urbana de Portimão, o (a)Riscar o Património, ou até nos eventos que estivemos uma

MarieOdiel van Rhijn

vez mas que queremos voltar como o Carnaval de Loulé, o Walking Festival Ameixial ou o Festival de Observação de Aves de Sagres, entre outros. Com os encontros, workshops, exposições, já desenhamos em 22 sítios do Algarve, com destaque para as cidades de Faro, Portimão, Loulé, Silves e Lagos. Ultimamente temos explorado ambientes menos citadinos e temas diversificados como o Jardim Zoológico de Lagos (Barão de São João), os carros clássicos em Armação de Pêra, a olaria em Porches ou o património arqueológico de Vale Fuzeiros (Silves). 24


Este ano, entre Março e Agosto, mantivemos o contacto através de desafios on-line que fomos propondo aos desenhadores na nossa página do Facebook. À medida que vamos programando os encontros presenciais tentamos retomar os projectos interrompidos e criamos um novo desafio que gostaríamos de concretizar antes do Natal: uma publicação de receitas desenhadas. Um projecto de fazer crescer água na boca, até porque muitos desenhos dos USk são feitos à mesa, onde muitas vezes se misturam os talheres, os lápis, e as aguarelas.

Filipe Coelho

https://urbansketchers-algarve.blogspot.com/ Facebook.com/UrbanSketchersAlgarve urbansketchersalgarve@gmail.com 25


NOSSO CONVIDADO Papel 27 Dezembro 2014

Por

André Carrilho

“Não queres fazer um desenho? Este sítio parece bom. Anda, faz que eu espero.” O problema é que normalmente a espera é de uma hora e meia. A regra está escrita em pedra e é inflexível, fazer sempre os desenhos no

lugar, nunca desenhar a partir de foto, nunca usar atalhos. Não a quero fazer passar por isso, não me parece justo. No entanto, é verdade que já não desenho há algum tempo, com medo de a fazer esperar. É uma coisa intensamente 26


pessoal, isto do desenho à vista, e relega quem esteja connosco para um papel de espectador. Entro em transe e concentro-me no que estou a fazer, e acho que deve ser uma bela seca para quem fica à espera. Estou habituado a viajar sozinho, a desenhar como forma de passar o tempo em meditação introspectiva. “Seria bom se tivesse tempo, mas já é tarde e esta confusão é complicada de desenhar, é um susto, não sei se consigo.” Mas ela insiste. “Vais ver que te vais sentir melhor, depois. É sempre assim, primeiro resistes, esperneias, e depois fica lindo. Não te preocupes, estamos no meio de um mercado, fico entretida.” É um luxo, isto de ser compreendido. Ela percebe que desenhar é uma forma de me manter equilibrado, em paz com tudo aquilo

que me estressa e manda abaixo em Lisboa, tudo aquilo que esta viagem ao outro lado do mundo é suposto diluir e relativizar. No Verão passáramos as primeiras férias juntos, e um dia mostrei vontade de fazer uma incursão de desenho ao Penedo Durão, um ponto de vista escarpado na confluência de Trás-osMontes, Beira Alta e Espanha. “Que fixe, eu acompanho-te!” Acabáramos os dois a passar duas horas empoleirados numa fraga rochosa impossivelmente alta, equilibrados entre um abismo e o sol abrasador, com vista sobre os montes que se fundiam no horizonte, as geometrias longínquas do cultivo de vinhas, amendoeiras, oliveiras. Surpreendentemente, também resolvera experimentar o desenho. 27


NOSSO CONVIDADO

André Carrilho

“Já não pego numa caneta há vinte anos, pr’ái.” É verdade que a sua área de especialidade, a que transmite aos seus alunos de mestrado, tem mais que ver com chips, ecrãs, memórias RAM e software gráfico, sensores e design de interacção, intermediários tecnológicos para uma criação mais fluida, mas mais liberta da mão. A minha área criativa e a dela tocam-se, mas os princípios que me movem aqui são um pouco diferentes. Explicara-lhe, entusiasmado pelo seu interesse: “Só tens de te lembrar de alguns princípios

simples. Primeiro, não há respostas certas, o desenhar bem não existe. Um bom desenho não é feito da fidelidade à realidade, mas da tua coragem. Se não tiveres medo de falhar, e se não te retraíres, o gesto que te sair terá o valor da tua espontaneidade, e é isso que atrai o olhar, é aí que está a magia para os outros. Segundo, não tentes corrigir algo que já fizeste, as pessoas não vão saber qual foi a paisagem que quiseste desenhar, vão só olhar para o valor intrínseco do desenho. Tens de proteger o desenho mais do que a sua fidelidade

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ao que estás a ver. O erro da mão é mais verdadeiro do que uma fotografia. Terceiro, antes de fazeres alguma coisa olha, e olha, e olha com atenção, observa em pormenor e concentração, tentando ver as relações relativas entre vários pontos, partindo do geral para o particular. Acima de tudo, não te preocupes. Se não gostares do resultado, fazes outro.” Até hoje ela diz que aquela paisagem foi a que lhe ficou mais na memória, e percebeu. Ao tentar converter a paisagem em desenho o cérebro funciona como papel químico e regista uma cópia mais nítida e perene. A mão ajuda a transformar o presente num passado mais gravado, mais útil no futuro. Desde então, sempre que passamos por algo que sentimos que queremos lembrar-nos para sempre, ela diz-me para desenhar. Porque as fotografias só vão servir de auxílio superficial, mas o

desenho fica dentro de nós, regista o tempo que passarmos no lugar. Às vezes junta-se a mim, com um pequeno bloco de desenho que anda com ela agora, “tão low-tech.” Mas hoje não, desaparece na azáfama da multidão, por entre toldos e vendedores, a fazer horas no meio da quinquilharia pirata de gadgets e tecnologia de marca branca decorada com luzes de arco-íris. Enquanto me sento e entro em luta com o que me rodeia, usando o pincel como arma de esgrima para ganhar paz, compreender e assimilar a confusão à minha volta, sinto que, lá atrás, pelo canto do olho, invisível no meio da confusão do mercado nocturno de Temple Street, a milhares de quilómetros de casa, ela vigia e compreende-me tal e qual, em carne e osso, sem precisar passar-me para o papel. Ocorre-me agora que só nisso somos diferentes. 29


AGENDA

novembro 2020

ENCONTROS

toda a informação actualizada em USkP ENCONTROS

OLIVEIRA DO HOSPITAL | DESENHAR A PAISAGEM NATURAL DE ALVOCO DAS VÁRZEAS 7 Novembro (10h) - Alvoco das Várzeas Ponto de encontro: junto à ponte Medieval Org. Urban Sketchers de Oliveira do Hospital AÇORES - SÃO MIGUEL | ENCONTRO 63 21 de Novembro (16h) - Teatro Micaelense, Salão Nobre RÉVÉRENCE a dança em São Miguel Vídeo Documental (criação37.25 NAP + Hugo França) Sessões grátis com limite de 15 sketchers - Necessária inscrição Org. USK AÇORES AÇORES - SÃO MIGUEL | ENCONTRO 64 21 de Novembro (21h30) - Teatro Micaelense EM.PA.TIA a dança em São Miguel criação André Melo, Catarina Medeiros e Mário Moniz Sessões grátis com limite de 15 sketchers - Necessária inscrição Org. USK AÇORES AÇORES - TERCEIRA | ENCONTRO 42 21 de Novembro (14h) - Cemitério do Livramento em Angra do Heroísmo Org. USK Açores, Ilha Terceira

FORMAÇÃO

toda a informação actualizada em USkP FORMAÇÕES

O DESENHO E O LUGAR | TÉCNICAS SECAS - Mário Linhares 7 de novembro - Sábado, 14h30 - 17h00 Org. Fundação Calouste Gulbenkian 30


DESENHO: FIGURA HUMANA - Mário Linhares 6 de outubro a 15 de junho - 3.ª feiras, 18h45 - 21h30 Org. Nextart ALFABETO LISBOETA DESALINHADO - Mário Linhares, José Louro, Ketta Linhares 14 de outubro a 30 de junho - Quartas feiras, 14h30 - 17h00 ou 18h00 - 20h30 DESENHO: INICIAÇÃO; AGUARELA; DIÁRIO GRÁFICO - Mário Linhares 19 de outubro a 14 de junho (curso presencial e online) - 2.ª feiras, 18h45 - 21h30 Org. Nextart O DESENHO E O LUGAR | TÉCNICAS HÚMIDAS E MISTAS - Mário Linhares 22 de outubro a 10 de novembro - 3.ª e 5.ª feiras, 14h30 - 17h00 Org. Fundação Calouste Gulbenkian DIÁRIO GRÁFICO EM CASA - Mário Linhares 7 de novembro a 17 de abril (curso online) - Sábados, 18h00 - 20h30 Org. Nextart O DESENHO E O LUGAR | TÉCNICAS HÚMIDAS E SECAS - Mário Linhares 14 de novembro a 12 de dezembro - Sábados, 10h30 - 13h00 ou 14h30 - 17h00 Org. Fundação Calouste Gulbenkian DIÁRIO GRÁFICO | INICIAÇÃO - Mário Linhares 17 de novembro a 15 de junho - 3.ª feiras, 15h00 - 17h30 Org. Nextart

EXPOSIÇÕES

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EXPOSIÇÃO | UM CADEIRÃO E 96 RETRATOS - Eduardo Salavisa Museu Bordalo Pinheiro - Até 8 de Novembro Org. Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva/ Museu Bordalo Pinheiro / EGEAC DESENHO EM CADERNOS E FOTOGRAFIA - Grupo do Risco Museu Nacional de História Natural e da Ciência - Até 14 de Março de 2021 Org. GdoR/LxVerde

Comuniquem-nos actividades relacionadas com sketching para o e-mail uskp.actividades@gmail.com 31


AGENDA

novembro 2020

OFICINAS SINGULARES

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À CONVERSA COM SOFIA CAROLINA - Sessão #5 Facebook USK Açores - 7 de Novembro, 10h Açores / 11h Continente Org. USK Açores

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