AGENDA Abril 2022
Desenho vencedor do Tema do Mês: Suzana Nobre
urbansketchers-portugal.blogspot.pt
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AGENDA Abril 2022
Desenho vencedor do Tema do Mês: Suzana Nobre
ENTREVISTA Marta Castro
por Leonor Lourenço
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VIAGEM GRÁFICA Londres
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por Isa Silva
LIVRO
Bonecos de Bolso na Via Algarviana – Pedro Cabral Equipa de produção: Abnose, Isa Silva, Leonor Lourenço, Manuel Tavares, Rosário Félix
por Pedro Loureiro
Contributos e Desenhos: Ana Conceição, António Procópio, Isa Silva, Jayme Kopke, João Catarino, João Pinto, Leonor Janeiro, Leonor Lourenço, Mara Taquelim, Margarida Castro, Maria de Fátima, MarieOdiel van Rhijn, Marta Castro, Marta Rufino, Pedro Cabral, Pedro Loureiro, Rita Catita, SOS Quinta dos Ingleses, Teresa Ruivo, Vitor Migacho
DICAS 1, 2, 3
Design e paginação: Isa Silva
ENCONTRO
Revisão: Manuel Tavares Copyright: Urban Sketchers Portugal www.urbansketchersportugal.blogspot.pt Sugestões e contacto: uskp.actividades@gmail.com
por António Procópio
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ENCONTRO
Encontro USk na Quinta dos Ingleses dia 19 Março, 2022 por João Catarino e SOS Quinta dos Ingleses
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Encontro de comboio - USk Algarve - Faro | Lagos | Faro 24
por Vários autores
AGENDA
Encontros, Formações, Exposições 2
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E D I T O R I A L Olá a todos. O mês de Março foi um mês marcado por duas causas ligadas ao ambiente e natureza: Quinta dos Ingleses em Carcavelos e Jardim da Tapada das Necessidades em Lisboa. Foram dois encontros com muitas participações e que alertaram para a pressão imobiliária e para um questionável uso de espaço público. Na agenda falamos do SOS Quinta dos Ingleses. Em breve, falaremos da luta pelo Jardim da Tapada das Necessidades. Revelámos, também, as datas dos três encontros nacionais já confirmados. Vejam na página 9 para marcarem na vossa agenda. Toda a informação e inscrições brevemente. Estamos felizes com tanta actividade de norte a sul, do continente às ilhas e com tantas caras novas que se estão a juntar ao colectivo. Temos um novo TEMA DO MÊS: desenhar doces e chocolate. O desenho com mais comentários no blog, será a capa da Agenda de Maio.
Inspirem-se, relaxem e desenhem muito! Direcção dos USkP 3
ENTREVISTA Marta Castro
Por
Leonor Lourenço
Recuando no tempo, há memórias da Marta enquanto criança, a sentir prazer a desenhar ou esse gosto surgiu mais tarde? Em que momento? Sim, quando era criança, muito pequena ainda, com cinco ou seis anos talvez, a minha mãe ofereceu-nos (a mim e à minha irmã) uma caixa de aguarelas. Lembro-me muito bem de passar tardes na bancada do quintal onde existiam muitos vasos com plantas, a pintar fazendo escorregar o pincel sobre folhas de papel manteiga da mercearia. Ainda hoje parece que consigo sentir o prazer que tinha ao ver as manchas de tinta a misturarem-se no papel… Adorava aquele quintal, para além de brincar com as aguarelas, recordo-me também de saltitar entre girassóis, espigas de milho e altos feijoeiros semeados pelo meu avô. Mais tarde, já na escola primária, lembro-me de adorar as atividades desenvolvidas no âmbito das comemorações do 25 de abril pois incluíam sempre pintura mural. Assim, ano após ano, lá estava eu sempre de pincel na mão a pintar livremente lindos
cravos vermelhos sobre a folha brancaamarelada do papel de cenário, até o meu coração palpitava. Marta Castro estudaste design, no ramo da comunicação. Esse facto poderá ter beneficiado a tua expressividade no desenho enquanto urban sketcher, ou nem por isso? Talvez, mas não foi determinante. Penso que a frequência do curso de Design foi muito importante ao 4
nível do conhecimento teórico e científico sobre estética, história da arte e do design e também sobre o desenvolvimento e implementação da metodologia de projeto. Nas áreas práticas do desenho e modelo e antropometria, aprendi bastante, mas a tipologia académica dos trabalhos fez com que não me sentisse intimamente ligada ao desenho. Para mim, o gosto pelo desenho de observação nasceu antes, ainda na época do liceu, onde tive uma professora de desenho (hoje é minha colega de trabalho) que me entusiasmou com esta prática. Lembro-me que saíamos frequentemente da sala de aula para desenhar nas ruas antigas de Loulé.
Janelas, portas, pórticos e azulejos eram os meus temas preferidos. Pena tenho que a humidade do sótão onde os desenhos ficaram guardados os tenham danificado tendo apenas sobrado um autorretrato, e dois pequenos desenhos realizados a aguarela. Atualmente, sinto que a minha expressividade é o resultado não só de todas as vivencias do passado, mas também do que aprendo diariamente com os meus alunos enquanto professora de Artes Visuais. Nos tempos tumultuosos que vivemos, na tua visão, de que forma ganha relevo o espírito de urban sketcher? Sem dúvida que os tempos prósperos 5
ENTREVISTA Marta Castro
vividos no final do século XX e início do século XXI deram lugar a tempos tumultuosos, a crise económica, as guerras no médio oriente que provocaram grandes fluxos de refugiados, precedida da pandemia e agora da atual guerra na Ucrânia… tudo acontecimentos que geram muita insegurança e grandes incertezas… No meu entender, o espírito do urban sketcher pode ser bastante relevante na atualidade, pode tornar-se numa espécie de repórter de acontecimentos que são registados através do desenho e por isso mesmo com o cunho do olhar de quem os observa. O meu olhar é o da solidariedade, da razão, da democracia e da liberdade. Como imaginas um dia top de desenho à vista? Um dia top de desenho à vista para mim não tem de ter nada de especial, basta que exista um impulso “gatilho” para desenhar, pode ser na rua, em casa, no campo, na cidade, em curtas 6
viagens do dia a dia ou numa viagem a um destino de sonho, desde que exista a vontade... Assim quando me concentro e começo a desenhar, acontece magia! Para mim é uma experiência sinestésica em que o tempo assume uma dimensão neutra, o registo da cena não fica só no papel, fica-me também na memória e mais tarde quando revejo os desenhos realizados, lembro-me de muitos pormenores daquele momento ou dia, dos sons, das cores, da luz, e até de sabores e cheiros! Como não tenho pretensões ou objetivos definidos ou condições prévias, o que realmente valorizo é o ato de desenhar em si mesmo.
resolver o problema desenhando com o dedo no telemóvel. Qual o momento, para ti, mais marcante desde que começaste a integrar os USKP e como tiveste conhecimento deste movimento? Apesar de conhecer o movimento há já alguns anos pois seguia de perto o trabalho de Eduardo Salavisa no seu blog “Diário gráfico” e também apesar de desenhar em cadernos desde 2013, a rotina dos filhos pequenos absorvia muito do meu tempo e da minha energia o que fazia com que colocasse em segundo plano este meu gosto. O ano de 2018 trouxe-me vários acontecimentos pessoais que me fizeram perspetivar a vida de forma diferente… por isso no final de 2019 quando já tinha ultrapassado as maiores adversidades de uma doença grave, decidi dedicar uma boa parte do meu tempo ao prazer de desenhar e por isso mesmo em abril de 2020 associei-me aos Urban Sketchres Portugal. Nesse mesmo ano, em outubro de 2020, apercebi-me pela temática dos desenhos que Eduardo Salavisa estava a realizar (retratos de amigos) que não teria muito mais tempo para o conhecer e tive um impulso de o contactar para o felicitar, agradecer e revelar-lhe a grande admiração que nutria pelo seu trabalho. Eduardo
O teu desenho é muito diversificado bem como os materiais que utilizas, contudo o que mais privilegias? Sim é verdade, gosto de me expressar graficamente utilizando grande diversidade de materiais, técnicas e temas. No fundo gosto de ter essa liberdade de opção, não tenho ainda nenhum estilo definido. Contudo ando sempre acompanhada de um caderno, uma caneta preta de tinta indelével, um pequeno conjunto de aguarelas e um pincel com depósito de água não vá ter o impulso de desenhar e não estar preparada. O que por acaso já me aconteceu e acabei por
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ENTREVISTA Marta Castro
Salavisa respondeu-me no mesmo instante convidando-me a visitar a sua exposição “Um cadeirão e 96 retratos”. Claro, a proposta foi prontamente aceite e lá fui eu do Algarve a Lisboa visitar a exposição e conhecê-lo pessoalmente. Para mim foi uma experiência única e muito marcante, naquele dia senti a sua generosidade, e senti também que ficou feliz pela minha visita, trocamos algumas palavras, recebi alguns conselhos sobre como motivar os alunos e ainda fui por ele desenhada. A sua personalidade, generosidade, coragem e perseverança tocaram-me e motivaramme para o desenho!
de entre muitos outros destaco, Teresa Ruivo, Rosário Félix, Pedro Cabral, João Catarino, José Louro, Mário Linhares, Paulo Mendes, Pedro Loureiro, Marion Rivolier, Suhita, Inma Serrano e Chantal Manero.
Queres partilhar connosco o nome de urban sketchers cujo trabalho mais admiras? Para mim a maior referência é sem dúvida Eduardo Salavisa, continuo a revisitar o seu blog e a apreciar os seus desenhos frequentemente. Claro que existem outros autores, portugueses e estrangeiros cujo trabalho muito admiro,
Há algo que queiras acrescentar nesta entrevista e que não foi abordado? Quero manifestar publicamente a satisfação por pertencer aos Urban Sketchers Portugal e claro também por pertencer ao grupo regional do Algarve. As atividades promovidas em muito têm contribuído para o desenvolvimento do meu gosto pelo desenho.
Se tivesses uma varinha mágica… Colocava todos os meus alunos e o meu marido a praticar desenho in loco em cadernos. Como não tenho varinha mágica… na escola, ano após ano, lanço as sementes à terra e espero que o gosto cresça… pode ser que alguns deles um dia ainda se tornem urban sketchers e me acompanhem nesta atividade! Já o meu marido acho mais difícil de convencer…
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ENCONTROS NACIONAIS CONFIRMADOS *APONTEM NA AGENDA*
TERRAS DA CHANFANA (2ª EDIÇÃO) 28 E 29 DE MAIO 2022
FIGUEIRA DA FOZ
10, 11 E 12 DE JUNHO 2022
CASTELO DE VIDE
24, 25 E 26 DE JUNHO 2022 BREVEMENTE TODA A INFORMAÇÃO E INSCRIÇÕES 9
VIAGEM GRÁFICA Por
Londres
Uma das coisas que mais desejava era levar o meu filho a Londres mas por motivos financeiros, nunca o conseguira. Em Agosto de 2019, vi um concurso para a criação de uma intervenção artística na parede de entrada da sede da Medway em que o prémio era uma viagem a Londres para duas pessoas com viagem de ida e volta, alojamento de 5 noites em hotel de 4 estrelas em regime de meia-pensão e bilhetes para assistir ao musical Fantasma da Ópera. Estando habituada a pintar e a
Isa Silva
criar murais, vi aqui uma oportunidade de concretizar esta vontade. E assim foi. A minha proposta foi a escolhida e em Dezembro de 2019, uma semana antes do Natal, lá fomos nós os dois para Londres. Uma das coisas que me fez muita confusão era o facto de às 16 horas já estava noite. Tinha visitado pela primeira vez Londres no verão no longínquo ano de 1998, numa viagem de carro a caminho da Escócia meses depois de ter casado. Nesta altura ainda não havia urban sketchers. Esta viagem a Londres foi especial porque
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foi a primeira viagem só mãe e filho assim tão longe e durante tanto tempo. Regressava ao estrangeiro ao fim de muitos anos sem sair de Portugal. Levei apenas um caderno, aquele formato vertical que faço e que devido à sua dinâmica permitiria desenhos
verticais, panorâmicos e de duas páginas. O primeiro desenho que fiz foi junto ao Palácio de Buckingham. Nesse dia estava tudo vedado e bem policiado porque a rainha tinha ido discursar ao Parlamento e a qualquer momento poderia regressar. Acabei por fazer um desenho à pressa porque tive a companhia de um guarda
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VIAGEM GRÁFICA Por
Londres
Isa Silva
com uma espingarda de assalto bem intimidadora. Não me largou durante o tempo do sketch. Eu bem sorri e mostrei que não tinha nada de ameaçador na bolsa mas nada o demoveu. Estar a desenhar assim não é propriamente muito convidativo. Confesso que houve vários sítios por onde andei que optei por não desenhar. Não queria ‘massacrar’ o meu filho com a espera. Entre o frio e a chuva, consegui desenhar com calma na Torre de Londres, bem abrigada do vento gelado que se fazia sentir e, mais tarde, a vista da Tower Bridge antes de a atravessar. Na visita ao Museu Britânico, desenhei muito disfarçadamente porque não queria ser apanhada pelos vigilantes. É certo que também não lhes fui perguntar se poderia desenhar. Consegui desenhar a famosa Pedra de Roseta de um bom angulo e sem que dessem por mim. Sentada nas escadas, rabisquei rapidamente uma das salas com os frisos do Pártenon. Deu-me jeito o casaco grande que trazia vestido. Os desenhos feitos no museu acabaram por ser pintados no hotel. No dia seguinte, consegui ir visitar um local que desejava muito: o Globe Theatre, a réplica do teatro onde Shakespeare fez muitas das suas peças. Fã de Shakespeare como sou, não poderia deixar passar a oportunidade. Foi construído em 1997 a cerca de 230 metros da construção original 12
que desapareceu num incêndio. Infelizmente, no interior, não deixavam fotografar nem desenhar. Mas também estava tão atenta às histórias que contaram e a ver os ensaios de uma peça que dificilmente conseguiria desenhar. O último desenho foi feito num lugar especial: no Her Majesty’s Theatre antes de começar o musical ‘O Fantasma da Ópera’. Naqueles minutos antes das cadeiras ficarem completamente ocupadas, ainda deu para registar o ambiente no teatro. O meu filho que não é apreciador de musicais, adorou. É
que ver ao vivo é tãooooooo diferente. Haveria tanto mais para desenhar mas o cansaço resultante de tentar mostrar ao filhote o máximo de lugares desta clássica e moderna cidade, o frio e a chuva, não permitiu. Entre as ruas fabulosamente decoradas pelas lojas e pelas iluminações de Natal, a atenção dividia-se e os sorrisos, cheiros, sons, cores, tradições e múltiplas nacionalidades fizeram-me lembrar tantos filmes da nossa memória. Um dia, voltarei para desenhar com calma.
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LIVRO
Bonecos de Bolso na Via Algarviana – Pedro Cabral
Pedro Cabral é um nome incontornável dos Urban Sketchers. Um dos fundadores da comunidade em Portugal, e o líder da actividade no blogue dos UskP, com maior número de histórias contadas e desenhadas, em particular, as suas paisagens e desenhos de cidade. É também um amante das caminhadas e fala com apreço das rotas que já percorreu pelo mundo fora. De tantos e tantos os quilómetros que as suas botas já calcaram, aquela que o ouvi falar com mais carinho e entusiasmo foi a célebre Via Algarviana – um trilho pedonal que percorre o Algarve de lés-a-lés, desde Alcoutim, na fronteira, ao Cabo de São Vicente, vértice das costas sul e ocidental de Portugal. O Pedro gosta tanto desta rota pelo interior do Algarve que já a percorreu várias vezes, na totalidade ou às prestações, e até lhe dedicou um livro de desenhos – Bonecos de Bolso na Via Algarviana. Esta obra é, tal como os desenhos do seu autor, de uma simplicidade elegante (ou de uma
Por
Pedro Loureiro
elegância simples?) O Pedro é o grande mestre da precisão e da perspectiva entre os urban sketchers de Portugal, e quando 14
essa mestria se alia às histórias de quem viveu, explorou e se aventurou num mundo que o apaixona, é garantia de um livro intemporal. Cada página e cada desenho contém uma pequena história em letra de imprensa. As histórias vão desde o mais corriqueiro ao mais sublime – pessoas com quem se cruzou, aldeias perdidas,
espécies vegetais e animais, cansaços e alívios, sapateiros e fornos comunitários, depósitos de água e turbinas de vento. As suas palavras contêm simultaneamente poesia e conselhos práticos para quem quiser aventurar-se na Via. Os seus desenhos são sintéticos mas complexos e profundos. A sua arte tem o rigor de um desenho técnico mas
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LIVRO
Bonecos de Bolso na Via Algarviana – Pedro Cabral
também a leveza e soltura de uma pintura tradicional Chinesa. Um aspecto que me agrada particularmente: o livro foi editado e impresso à dimensão de um dos cadernos do Pedro. Como que cada um de nós afortunados possuidores de um exemplar, andasse no bolso com um dos seus cadernos genuínos. Acima de tudo, este livro, combinado com a palestra do Pedro em Lagos,
Por
Pedro Loureiro
a que tive o prazer de assistir, e onde oportunamente lho comprei, deu-me a conhecer um Algarve que eu, como Algarvio, praticamente não conhecia. E fiquei genuinamente com vontade de o conhecer refazendo os passos do mestre. Links úteis: Entrevista a Pedro Cabral no Sketch Tour Portugal Via Algarviana oficial
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Por
DICAS 1, 2, 3
António Procópio
A perspetiva é a maneira que os desenhadores encontraram para representar a realidade tridimensional numa folha bidimensional. Todas as perspetivas são deformações. Eu gosto de levar a deformação mais longe e por isso inspiro-me na perspetiva olho de peixe para desenhar. Poste olho de peixe
#1 - Para desenharmos uma deformação assim, precisamos de estar muito perto do que vamos desenhar. Para vermos o nosso poste precisamos de rodar a cabeça para cima e para baixo. Vou fazer o desenho com a minha platinium carbon, a minha caneta de aparo favorita.
#2 - Devemos ter em conta o seguinte: ver onde está a linha do horizonte (linha dos olhos). Todas as linhas acima dessa linha fazem um arco. Todas as linhas abaixo dessa linha fazem um arco ao contrário “taça”. As linhas à esquerda da cabeça fazem um arco para a esquerda (linha verde). Todas As linhas à direita da cabeça fazem um arco para a direita (linha azul-claro).
#3 - Com a ideia descrita na imagem B começo a desenhar de baixo para cima. Não me preocupo se a linha sai torta. Os erros fazem parte do desenho. Eu assumo-os com naturalidade. Grande parte do desenho é ocupado pelo que está à minha frente. É aí que faço mais detalhes. A parte de cima do poste é pequena e fina. Gosto de acrescentar a ponta dos meus pés e um pouco de chão. Pinto com aguarelas deixando mais branco na zona próxima de mim e escurecendo o que está mais afastado.
Técnicas, truques, efeitos. Querem partilhar? Enviem para uskp.actividades@gmail.com Mandem-nos uma introdução (máximo 450 caracteres) + título da dica + 3 imagens dos desenhos e indicação dos materiais usados. 17
ENCONTRO
Por
Ainda é possível encontrar os vestígios dos pórticos de Carcavelos e do eixo Norte - Sul que ligava o centro deste lugar ao antigo Solar da Quinta Nova, mais tarde Quinta dos Ingleses, nome que popularmente viria a ser conhecida depois da concessão destes terrenos à companhia Inglesa do Cabo Submarino (1870-1961). Foi neste eixo de acesso ao atual colégio Inglês, interceptado em 1889 pelo comboio “da linha” e recentemente por outras vias que ligam a estação de caminho de ferro à rodoviária, que após uma breve introdução para contextualização do local, nos encontrámos de caderno na mão, em grande número, em parceria com a Associação SOS Quinta dos Ingleses, para o primeiro desafio de desenho num passeio à 18
foto de Carla Guedes Pinto
foto de Carla Guedes Pinto
Encontro USk na Quinta dos Ingleses dia 19 Março, 2022
João Catarino e SOS Quinta dos Ingleses
descoberta desta Quinta. A chegada dos Ingleses na segunda metade do séc XIX colocaram Carcavelos no mapa das comunicações mundiais, através da Estação do Cabo Submarino ali amarrado, que se estendeu um pouco por todo mundo, da Europa às Índias, às Américas e às Áfricas. Nos terrenos outrora férteis, onde eram plantadas as vinhas que em parte originaram o
Teresa Ruivo João Catarino do Cabo Submarino, assim como pavimentos e ruínas de equipamentos que serviam as respectivas habitações, cujos detalhes arquitectónicos apresentam características próprias das construções do norte da Europa, tal como o “castelinho” romântico, que servia de depósito de água, um dos motivos dos nossos desenhos. Acima de tudo fomos movidos pela vontade de voltar a desenhar em grupo, na natureza, associando a causa da sensibilização para a preservação de um espaço histórico e ambiental de grande interesse público, perante a ameaça da sua eminente destruição,
foto de Carla Guedes Pinto
famoso vinho de Carcavellos, após os anos da praga da “filoxera, em meados dos sec. XIX, ”abriram–se campos de jogos, para recreio das comunidades e formaram-se alguns dos primeiros “clubes sportivos.” Existem documentos que mostram a forte probabilidade, de ter sido aqui por intermédio da colónia inglesa estabelecida, que se jogaram os primeiros desafios de ténis, baseball, cricket e football, desportos até aí desconhecidos dos portugueses. São ainda visíveis, num elevado estado de abandono, algumas construções destinadas ao pessoal trabalhador
Isa Silva 19
ENCONTRO
Por
Encontro USk na Quinta dos Ingleses dia 19 Março, 2022
João Catarino e SOS Quinta dos Ingleses
Associação SOS Quinta dos Ingleses
Ana Conceição
por um plano de construção já aprovado mas completamente desajustado do seu tempo. Ainda juntámos à nossa indignação o gesto de solidariedade para com a Ucrânia, usando nos nossos desenhos unicamente as cores deste país. As complementares azul e amarelo, tonalidades quentes e frias que quando sobrepostas resultam no verde, que precisamos continuar a contemplar, neste vasto perímetro que ainda resta das antigas quintas. Esta última de particular interesse, por juntar o mar e a maior praia da linha a uma mata centenária que comunica diretamente com a parte urbana adjacente, protegendo-a do ruído, dos ventos e da salinidade dos temporais de sul. Este corredor vegetal orientado de sul para norte, é também responsável por domar e moderar os golpes de vento provocados pelas nortadas de verão, que têm relação implícita com a sustentação do areal da praia, já de si ameaçado pela subida prevista do nível das águas do mar. Obrigado pela enorme adesão, os desenhos foram magníficos e a nossa ação também. 20
A Quinta dos Ingleses é um lugar mágico. Para espanto de quem entra neste espaço natural, vêse de imediato envolvido pelas cores, pelos cheiros e pelos sons do bosque, numa tranquilidade que convida à reflexão, deixando a poucos passos o bulício da vila e da praia de Carcavelos. Surpreendido por falarmos em “bosque”? Provavelmente nunca enveredou pelo caminho que o leva à zona mais luxuriante e natural da Quinta. Não admira assim que inspire artistas em momentos de introspeção, exploração e conexão, seja através da flauta de Rao Kyao, seja através das intervenções artísticas criativas das crianças, seja através do pincel/lápis dos Urban Sketchers, como se verificou no passado dia 19 de março. Neste Dia do Pai, foram cerca de 50 os Urban Sketchers a marcarem presença no workshop do talentoso João Catarino, ao qual não faltaram também alguns voluntários do SOS Quinta dos Ingleses. Este evento teve como intuito não apenas registar as belíssimas atrações históricas e naturais da Quinta em magníficas
ilustrações - algumas a azul e amarelo como símbolo de paz e solidariedade para com o povo ucraniano -, mas também sensibilizar para a causa que defende a preservação e valorização da Quinta dos Ingleses Esta propriedade, denominada por Quinta Nova de Santo António, faz parte da identidade de Carcavelos: de campos agrícolas do morgado da Alagoa que deram nome ao famoso
vinho da região no século XVIII a local de lançamento dos cabos submarinos que originaram as atuais telecomunicações pela companhia britânica que deu alcunha a este espaço no século XIX, a Quinta foi palco de vários acontecimentos históricos de que ainda hoje existem reminiscências. São assim alguns os pontos a descobrir por entre a vegetação e ao som dos passarinhos, neste espaço que poderá vir a tornar-se um parque urbano
Jayme Kopke
Vitor Migacho
Pedro Cabral
Marta Rufino
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ENCONTRO
Por
Encontro USk na Quinta dos Ingleses dia 19 Março, 2022
João Catarino e SOS Quinta dos Ingleses
Leonor Janeiro
seminaturalizado e inovador, como tanto pede a época de emergência climática que enfrentamos, mas que se encontra para já ameaçado pela especulação imobiliária. Parece inconcebível que em pleno século XXI, em que a consciência ambiental se tornou uma realidade e em que se tem tão presente os direitos dos cidadãos à qualidade de vida, que se insista num projeto datado, que juntaria num só prato da balança a perda de árvores centenárias e de um sistema biodiverso com o aumento da poluição e da pressão urbanística - um desequilíbrio que, a suceder, nos afetará em breve, e não num futuro longínquo. É por este reequilibrar da balança ambiental que a Associação SOS Quinta dos Ingleses tem lutado, para que a Quinta dos Ingleses e todo o seu património natural, cultural e histórico possam vir a figurar em muitas obras, de artistas reconhecidos ou que um dia se venham a dar a conhecer. No que diz respeito ao evento de dia 19, a verdade é que nunca a Quinta terá sido graficamente representada com esta qualidade, diversidade e entrega. Nunca se terão obtido obras tão belas, desenhadas ao sabor da
natureza, numa bonita simbiose. Nessa tarde, salientou-se o respeito dos artistas pela natureza; talvez os seus pensamentos tenham deambulado pela beleza circundante, pela perda irremediável que poderá estar no horizonte e pela esperança de que, no fim de contas, o destino deste espaço tenha traços bem verdes. Para mais informações, veja o site: www.sosquintadosingleses.com
Rita Catita
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Uma das principais caraterísticas dos urban sketchers é, como sabemos, o desenhar in loco, à vista, a partir das suas vivências, preferências, gostos... Nada é imposto ou exigido, pois cada um, com o seu estilo próprio, vai traçando a seu bel-prazer o que o motiva. Desenham em comunidade e partilham vivências, mas também há lugar para momentos solitários, de introspeção, de intimidade. No entanto, a comunidade dos urban sketchers não vive isolada em si mesma, apenas registando pequenos momentos, pequenas cenas do seu quotidiano, e a sua realidade mais próxima. Pelo contrário, não vive alheada do mundo que a rodeia, e tem um papel interventivo em defesa de ideais e de causas de caráter humanista, mostrando, através do seu trabalho, tanto a beleza da vida como a realidade mais crua, superando barreiras geográficas e identitárias, numa linguagem universal que é a da ilustração. É o caso da atividade recente dedicada aos acontecimentos trágicos que vive atualmente o povo ucraniano. Porque há muitas formas de ser solidário, os urban sketchers participaram em manifestações e vigílias, em campanhas de angariação de bens para o povo ucraniano e, através dos seus desenhos denunciaram os acontecimentos e sensibilizaram a comunidade para a necessidade de ser solidário com este povo. Por todo o país, de norte a sul, os uskp moveram-se, observaram, viveram, denunciaram os momentos injustos vividos, mas também registaram, o que de melhor tem o ser humano nas diversas manifestações de solidariedade promovidas pela sociedade civil que, deste modo, ficaram documentadas sob a forma de desenhos, atividade que, ao ser divulgada pela CNN Portugal permitiu chegar a um maior número de destinatários. Quer fossem desenhos sobre a Ucrânia, quer em outros contextos, os cadernos dos uskp vestiram-se de azul e amarelo – as cores da bandeira da Ucrânia – como forma de mostrar solidariedade e de, através da visibilidade dos seus desenhos, denunciar os acontecimentos, sensibilizar a comunidade e demonstrar apoio à Ucrânia. 23
ENCONTRO
Encontro de comboio USk Algarve Faro | Lagos | Faro
Por
Vários autores
Mara Taquelim Uma vez que alguns de nós já estávamos no fim da linha, em Lagos, decidimos deslocarmo-nos seis estações no sentido inverso e sair em Silves. Aí desenhámos e esperámos pela “comitiva” vinda de Faro. Uma bela ligação esta que os USk Algarve se lembraram de fazer, a de unir a linha ferroviária às linhas dos desenhos! O resto da ligação fizemos todos - é sempre muito bom estar com este grupo. Julgo que é uma constante entre os urban sketchers... MarieOdiel van Rhijn Foi fácil encontrar os outros Sketchers no comboio, já estavam a desenhar-se uns aos outros. Decidi desenhar só com lápis. A aguarela parecia-me um convite a usar manchas e não queria arriscar sujar o assento. Não consegui desenhar como queria a perspetiva no comboio já que requer muitos traços para o único ponto de fuga. Em Lagos desenhei os desenhadores, desenhando a antiga estação de Lagos. Prefiro desenhar pessoas do que prédios. Se calhar por causa da minha antiga atividade profissional como psicóloga. 24
Margarida Castro No dia 5 de março, participei no encontro dos Urban Sketchers Algarve. Tive de acordar cedinho para ir para a estação de Loulé, onde apanhei o comboio até Lagos. Gostei muito deste encontro, especialmente dos desenhos que todos produziram e que ficaram espectaculares. O que mais gostei de desenhar foi a antiga estação de comboios de Lagos que tinha um padrão de azulejos muito peculiar, de cor verde e com flores desenhadas. Gostei também do convívio, entre todos, mas especialmente com a minha amiga Maria de Fátima Santos.
Marta Castro Encontros e viagens… o que mais se pode querer? Nada mais! O encontro realizado pelos Urban Sketchers Algarve no passado dia 5 de março na formosa cidade de Lagos foi um excelente exemplo da perfeita combinação entre viagens e encontro de sketchers. Gostei muito da viagem de comboio, eu e a minha filha entramos na Estação de Loulé, juntámo-nos ao João Pinto que já vinha de Faro. A cada estação em que o comboio parava entravam outros sketchers e assim, de estação em estação, a carruagem foi-se enchendo de alegria e de uma motivação comum, o desenho! À chegada a Lagos, já com alguns desenhos na mochila, fomos recebidos calorosamente pelos sketchers da cidade. O encontro foi maravilhoso, os desenhos elaborados um primor e o convívio ainda melhor! Até a chuva foi bem-vinda! Na viagem de regresso e porque ainda havia espaço no caderno, fui registando as paisagens e a cada estação despedia-me dos meus colegas de viagem com um sorriso e um… “até breve”! 25
ENCONTRO
Encontro de comboio USk Algarve Faro | Lagos | Faro
Por
Vários autores
Maria de Fátima Foi uma bela iniciativa um encontro dinâmico e concorrido até choveu. Apenas eu, que adoro andar de comboio, estava no fim da linha fiquei a esperá-los. Um dia destes começamos em Lagos e vamos até Vila Real.
João Pinto Os USk não precisam de muito para desenharem. Basta estarmos num local, de preferência com outros desenhadores, que logo encontramos motivos interessantes em redor; paisagens, pessoas a passarem, os outros desenhadores, veículos, nuvens, animais, etc...Mesmo assim, não há nada como adicionar a esta vontade de desenhar um conjunto de motivos diferentes do habitual. Permite “refrescar” o que costumamos desenhar sem ter de considerar novos ângulos ou técnicas diferentes, o que também tem os seus desafios. A ideia de fazer um Encontro em movimento já tinha algum tempo e, para além da beleza das antigas estações de comboios e do ambiente de uma viagem deste género terem a sua atractividade havia outra motivação. Os desenhadores no Algarve estão em muitas localidades dispersas pelo território, em particular na faixa litoral, e um passeio de comboio permite ir juntando as pessoas até ao destino. Desta vez fomos de Faro a Lagos, mais para a frente contamos fazer a viagem até ao Grande Rio do Sul. 26
AGENDA
Abril 2022
ENCONTROS
toda a informação actualizada em USkP ENCONTROS
9 ABRIL | 59º ENCONTRO USKP NORTE Campo (manhã) e Sobrado (tarde) 9h00 - 18h00 Org. USkP Norte + CM Valongo Mais informação e inscrição 9 ABRIL | 92º ENCONTRO ÉSK Os Moinhos do Rio Degebe 10h00-17h00 Ponto de encontro: Ponte do Albardão sobre o Rio Degebe Vendinha, Évora Org. ÉSk - Évora Sketchers Mais informação 9 ABRIL | AVENIDA DA LIBERDADE 14h30-18h00 Ponto de encontro: Junto do Cinema São Jorge. Lisboa Org. USkP + Associação Avenida da Liberdade 23 ABRIL | ENCONTRO DIÁRIOS GRÁFICOS Jardim Gulbenkian, 15h00-17h00, Ponto de encontro: Auditório ao ar livre, Lisboa Org. Urban Sketchers Portugal 25 ABRIL | 3º ENCONTRO URBAN & NATURE SKETCHERS 10h00-17h00 Com almoço convívio, gratuito, mediante inscrição Benavente Org. USk Ribatejo Mais informação e inscrições
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AGENDA Abril 2022
FORMAÇÃO
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GINÁSIO DE ABRIL Pedro Loureiro - Caminhos da Arquitectura Terças, das 19:00h às 20:30h via zoom Mais informações e inscrição Org. Grupo Riscado WORKSHOP DE DESENHO URBANO Por João Coutinho Posto de Turismo de Fátima 9 Abril - 9h30 - 12h30 Máximo 30 participantes Inscrição gratuita e obrigatória para cultura@cm.ourem.pt Org. João Coutinho + CM Ourém Oficinas de Iniciação ao Desenho de Observação Por Pedro Loureiro 9 de Abril - 10h-12h 23 de Abril - 14h-16h Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro Lisboa Mais informações, programa e inscrição Org. Grupo Riscado Workshop de Desenho Por Luís Simões Alcobaça - 10 de Abril de 2022 - 10h - 13h Informações e inscrições > https://worldsketchingtour.com/pt-pt/workshops/
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EXPOSIÇÕES
REPORTAGEM DESENHADA EM TEMPO DE PANDEMIA - ESBOÇOS SOBRE FÁTIMA DE JOÃO COUTINHO Posto de Turismo de Fátima De 18 de Fevereiro a 18 de Abril Segunda a sexta das 9h-13h e 14h-17h Org. CM de Ourém Mais informações > https://www.ourem.pt/inauguracao-da-exposicao-esbocos-sobrefatima/ EXPOSIÇÃO WORLD SKETCHING TOUR DE LUÍS SIMÕES Livraria Palavra de Viajante, Lisboa De 12 de Março a 12 de Abril 2022
OFICINAS SINGULARES
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À CONVERSA COM PEDRO CABRAL- Sessão #22 Facebook USK Açores - 30 de Abril, 10h Açores / 11h Continente Org. USK Açores
CONVERSAS VIRTUAIS
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