Desenho vencedor do Tema do Mês: Nuno Maurício Dias
AGENDA Janeiro 2023
Equipa de produção: Isa Silva, Leonor Lourenço, Manuel Tavares, Rosário Félix, Vicente Sardinha, Vírginia Soares
Contributos e Desenhos:
Andreia Santa Maria, Fernando Correia, Graça Patrão, Henrique Vogado, Isa Silva, Isabel Catarino, Jeanne Waltz, Keta Linhares, Ludgero Leote, Manuel Tavares, Mariana Cardozo, Nuno Maurício Dias, Tomás reis
Design e paginação: Isa Silva
Revisão: Manuel Tavares, Leonor Lourenço, Vírginia Soares
Copyright: Urban Sketchers Portugal www.urbansketchersportugal.blogspot.pt
Sugestões e contacto: uskp.actividades@gmail.com
VIAGEM GRÁFICA
Timor por Keta Linhares 04 DICAS 1, 2, 3 por Tomás Reis 09
LIVRO
Diário de Viagem em Cabo Verde, Eduardo Salavisa por Henrique Vogado 10
ENCONTRO Centro Ismaili por Manuel Tavares 12 AGENDA Encontros, Formações, Exposições
EDITORIAL
Começamos um novo ano que promete algumas novidades, encontros nacionais e muitas actividades espalhadas pelo pais assim como algumas colaborações com a comunidade sketcher espanhola como por exemplo no encontro de dia 14 de Janeiro em Elvas organizado pelos USk Raia e pelos USk Badajoz. Mais se seguirão de certeza.
Em 2023 teremos o 11º Simpósio Internacional dos Urban Sketchers e abrimos concurso para escolher o nosso correspondente que em Abril estará no outro lado do mundo, em Auckland, Nova Zelândia. Serão os associados a fazer a escolha entre os candidatos que respeitarem as regras descritas no concurso.
Brevemente daremos noticias sobre o Encontro Nacional dos USkP na Ilha Terceira que terá lugar entre 31 de Agosto e 3 de Setembro.
Temos um novo TEMA DO MÊS: Desenhar pessoas deitadas ou sentadas. A partir de agora, também, podem participar através do Instagram apesar de a prioridade ser sempre no nosso blog. Já sabem que o desenho que tiver mais comentários válidos será a capa da próxima Agenda.
Não se esqueçam de passar pelo blog para mostrarem os vossos desenhos, deixarem comentários e participarem no Tema do Mês.
Inspirem-se, relaxem e desenhem muito!
Direcção dos USkP
VIAGEM GRÁFICA
Timor
Por Keta Linhares
Viajar até Timor é como um regresso a casa, mas do outro lado do mundo! A distância geográfica entre o cá e o lá não é superior àquela que separa a minha identidade cultural do lugar onde cresci. Porém, estar em Timor é recuperar memórias de histórias contadas pelos adultos e vivenciar a infância que tive até aos quatros anos. Como sempre, o início de uma viagem começa sempre com as expectativas que criamos à volta dela. O plano era claro: fazer dois desenhos de manhã, dois desenhos à tarde, idas à praia e ainda haveria tempo para conviver com a família no final do dia. Simples e eficaz para se misturar o lazer com o trabalho. Para chegar a Timor foram necessários 2 dias de viagem entre aeroportos e aviões, mais uma paragem em Kupang (Timor Oriental, Indonésia) durante mais 2 dias para se acertar uma diferença horária de 8 horas. Somado a isto, estão 13 horas de viagem de autocarro em estradas razoavelmente alcatroadas que envolviam as montanhas do lado ocidental de Timor até chegarmos à capital leste da ilha: Díli.
O impacto da chegada à capital timorense é forte. A cidade está diferente desde a última vez em que lá estive em 2015. Depois da pandemia,
a geografia da cidade foi forçada a aumentar com a deslocação da população que vivia nas montanhas a migrar para a cidade. Há casas construídas por todo o lado, sem qualquer planeamento urbanístico. Onde houver terreno livre é certo que será ocupado por uma habitação. Em 7 anos a cidade mudou muito e toda a expectativa à volta da viagem teve de ser alterada.
Sabíamos que era suposto termos ido em 2020 com a ideia de desenhar edifícios portugueses da época colonial mas também timorenses com histórias sobre essas construções. Parecia-nos uma tarefa fácil até começarmos a desenhar. O calor abrasador foi o nosso maior inimigo. Mesmo sentados à sombra não se sentia nenhum rasto de ar fresco e, na maior parte das vezes,
andar a pé à procura dos edifícios portugueses foi tão difícil como encontrar uma agulha num palheiro. Isto por causa to tal caos urbanístico que permite construções avulsas e precárias que rodeiam e escondem a existência da tal arquitetura portuguesa. E, por isso, desenhamos menos do que desejaríamos. O desenho requer tempo e ritmo. Tempo para a sua produção. Ritmo físico e psicológico para a sua preparação. Apercebi-me que nem um nem outro estavam devidamente adequados para esta situação, pois, com 31 dias disponíveis, desenhei pouco, havendo dias em que não peguei no caderno sequer.
Não obstante estes factores, além de Díli, foi possível visitarmos Oecussi (região autónoma situada
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Timor Por Keta Linhares
na Indonésia) e Maubisse (vila nas montanhas situada a sul da capital). Comecemos por Díli, cidade à beira mar, onde algumas das casas portuguesas resistiram aos bombardeamentos do “tempo dos japas [japoneses] e dos bapas [indonésios]”. Ao longo do Bairro do Farol, construído depois da Segunda Guerra Mundial, estendem-se construções tipicamente portuguesas e fáceis de de serem reconhecidas pelos seus telhados de telha. Outrora serviram de habitações para administradores e oficiais portugueses, mas hoje são ocupados por políticos timorenses ou dão lugar a embaixadas. Por isso, este bairro é o que permite ver melhor as construções portuguesas. Em Taibesse, um bairro de Díli, existe um monumento dedicado às tropas portuguesas que lutaram durante a invasão japonesa. Embora se encontre à beira da estrada, passa desapercebido pela azáfama e correria do ritmo frenético do lugar. Aqui também se esconde um antigo quartel militar, hoje lugar de residência dos veteranos, mas não conseguimos ter acesso a ele para o desenhar. Em Lahane, outro bairro de Díli, encontra-se o antigo hospital da cidade, onde haveria uma maternidade, um edifício para curar a tuberculose e uma outra parte para os militares. Atualmente toda a área se encontra em obras e espera-se a inauguração para o próximo mês de Abril. Subindo um
pouco mais a estrada encontramos o Palácio Nobre, espaço fechado ao público. Dizem que é perigoso à noite porque “andam por lá espíritos” e por isso é preciso conservar o lugar fechado durante o dia… Após uma semana, percebemos rapidamente que o plano de fazer quatro desenhos por dia ia ser impossível de se realizar. O calor e o difícil acesso às casas iriam marcar o nosso ritmo de trabalho.
Devido ao calor, era difícil circular pela cidade entre as nove da manhã e as cinco da tarde. Depois disso caía a noite e a pouca iluminação noturna obrigava-nos a regressar a casa. A Igreja de Motael (Bairro do Farol) e a Fundação Oriente (Bairros dos Grilos) foram dos edifícios que mais me marcaram emocionalmente enquanto
os desenhava. Claramente por causa da sua história. O primeiro por ter sido o ponto de partida da procissão até ao Cemitério de Santa Cruz e, consequentemente, o massacre a 12 novembro de 1991; e, o segundo, a antiga casa do Manuel Carrascalão, por ser o lugar onde o seu filho mais novo (16 anos) havia sido assassinado em
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Timor Por Keta Linhares
abril de 1999 pelos elementos pro-integração da Indonésia.
A viagem a Ouecussi foi das maiores surpresas desta aventura. Não estava incluída nos planos. Uma hora de avionete é o tempo que separa Díli deste enclave situado em Timor Ocidental, rodeado por território indonésio, que em nada tem que ver com a capital de Timor. Tem menos população, faz menos calor, as ruas são limpas e o acesso aos antigos edifícios portugueses é fácil. Logo, o tempo é mais longo para se desenhar e o ritmo é fácil de se marcar. Em Oecussi desenhei mais. Dizem que foi aqui onde os navegantes portugueses chegaram primeiro, antes de embarcarem em Díli. E foi também aqui a primeira capital de Timor, antes de mudar para Díli. A ida a Maubisse, nas montanhas de Ramelau, não podia faltar. Era imperial visitar a terra onde a minha mãe cresceu, o lugar onde os meus pais
se apaixonaram e onde o meu Avô materno se tornou uma das figuras mais importantes da sociedade por ter sido o administrador da comunicação durante “o tempo dos portugueses”.
Não há como nos perdermos em Maubisse, a estrada que entra para a vila é a mesma que leva para a saída, com um desvio para a Pousada da Juventude onde a estrada acaba. Um fim-de-semana nesta pequena vila foi o suficiente para desenhar e para saber mais sobre a minha mãe.
Os últimos dias em Díli foram partilhados entre a família e um desenho por dia. Não deu para mais. Talvez pelo cansaço, talvez pelo facto de me ter imposto várias regras (desenhar edifícios, fazer pelo menos 2 desenhos por dia, poucas idas à praia, muito calor) ou talvez por querer aproveitar tempo com a família que vive no outro lado do planeta.
DICAS 1, 2, 3
Por Tomás Reis
Não sei desenhar retratos. Nunca soube, e o desenho preso aos edifícios e à perspectiva nunca ajudou. Foi por isso que tive de aprender com os mestres: saber ler a luz e revelar as formas do rosto. Assim, com poucos passos, pode-se conviver com o engano e fazer retratos minimamente parecidos. Esta técnica resulta para fazer sketch duels, quando dois sketchers se desenham frente a frente. Enjoy!
Como desenhar um retrato em mancha
#1 - Começar pelos olhos, o nariz e a boca, numa só cor. Tentativa e erro: da relação entre estas formas depende a parecença do retrato - assim funcionam os novos sistemas de reconhecimento do rosto. Evitar esboços, para um desenho mais solto e imediato. Mais vale a menos do que a mais: a mancha pode crescer a seguir.
#2 - Com a mesma cor, enquadrar o rosto: lançar a sombra do queixo e esquecer que o cabelo tem cor, definindo-o só pelos contornos das sombras. Refinar as sombras do nariz, das sobrancelhas, enfim, de todos os elementos já desenhados no passo #1.
#3 - Lançar uma segunda cor, mais escura. Definir sombras mais detalhadas, como a pálpebra, a íris, o relevo do ouvido. Esquecer silhuetas: partes da cabeça em luz ficam sem mancha. Repetir o processo com manchas cada vez mais escuras, com cada vez mais detalhe - mas deixar apenas duas, máximo três cores é fazer mais com menos e homenagear grandes artistas, de Matisse a Warhol.
LIVRO Diário de Viagem em Cabo Verde
Eduardo Salavisa Por Henrique Vogado
Este é para mim o mais belo dos livros do Eduardo Salavisa.
O caderno de um desenhador é o diáriográfico com a sua visão do mundo e das suas experiências. Neste livro, o Eduardo deixa-nos espreitar os seus diários da viagem de 9 semanas (Fevereiro a Abril 2006) a Cabo Verde, onde andou por todas as ilhas habitadas, onde registou os desabafos, as pessoas e as histórias que conheceu. Uma edição bilingue (Português e Inglês) da Quimera Editores (2011).
A beleza do livro para mim reside no retrato do quotidiano, de situações corriqueiras do povo que circula nas ruas, vendedoras ambulantes ou miúdos a jogar à bola. Com poucos desenhos de edifícios, mais paisagens, a descontração de músicos a actuar ou passageiros à espera de transporte. Gosto do traço solto e inconfundível do Eduardo. Os apontamentos são rápidos na caligrafia dele (no final do livro estão todas as transcrições) e são os registos que qualquer um de nós faz numa viagem com alguns pensamentos fruto da disposição ou momentos de espera. O livro apresenta os desenhos
diretamente dos diários em dupla página sem mais composição e edição (apenas acrescenta a página do livro).
Inclui um ensaio da Ruth Rosegarten “Dos Olhos para as Mãos, e Volta: O Diário Gráfico de Artista” e a introdução do autor sobre a viagem e o livro.
Nas palavras do Eduardo:
“Se o que interessa é a nossa experiência pessoal, é a nossa vivência daquele momento, então há que fugir o mais possível ao ‘pitoresco’ e ao ‘bilhete-postal’, porque isso é a experiência colectiva.”
“O seu conjunto não pretende ser uma reportagem ou uma descrição do que se passou na viagem. São registos pessoais que acabam por ter relevância, a maior parte das vezes, só para o próprio”.
“...quando, mais tarde, voltamos aos cadernos e aos seus desenhos, é como se retornássemos àquele tempo e todos os sentidos ficassem despertos. Todos os desenhos que constituem as páginas deste livro me recordam de uma maneira muito intensa os momentos que passei.”
ENCONTRO
Centro Ismaili Por Manuel Tavares
Encontro na manhã do passado dia 17 de Dezembro no Centro Ismaili, em Lisboa. Um regresso, após em 2016 os Urban Sketchers Portugal já por lá terem passado e desenhado, num encontro que
foi organizado pelo Eduardo Salavisa. Como pretexto do Open Day e da celebração dos 26 anos da presença e da herança cultural da Comunidade Ismaili em Portugal fomos convidados a
Centro Ismaili
regressar. Os sketchers participantes ficaram distribuídos entre os espaços interiores, compostos por vários claustros e jardins interiores, e a envolvente exterior do jardim circundante, com espaços variados onde muitos optámos por desenhar, porque havia algumas limitações de ocupação no interior devido a muitas atividades que decorriam ao mesmo tempo, nomeadamente visitas oficiais esperadas.
Por Manuel Tavares
A geometria dos motivos islâmicos presente nos pormenores decorativos, e integrados com a estrutura do edifício acabaram em muitos cadernos. A partilha final ocorreu no belíssimo jardim interior principal, em frente da entrada, o ex-libris do local, e tivemos ainda a honra de mostrar alguns dos nossos desenhos e trocar algumas palavras com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
AGENDA Janeiro 2023
ENCONTROS
14 JANEIRO | ELVAS
toda a informação actualizada em USkP ENCONTROS
9h00-17h00, Org. USk Raia + USk Badajoz + USk Cáceres Info > https://www.facebook.com/events/1031675047792178
21 JANEIRO | LISBOA
Encontro no Museu Nacional do Azulejo, 10h00-13h00, Entrada gratuita para os participantes Org. USkP + Museu Nacional do Azulejo
29 JANEIRO | LISBOA
Encontro com Clara Marta junto da cadeira do Eduardo - Jardim das Amoreiras, 10h30 - 13h00 Org. USkP
FORMAÇÃO
GINÁSIO DO GRUPO RISCADO - JANEIRO
toda a informação actualizada em USkP FORMAÇÕES
Formador: Marco Mendes, Sessões: quartas-feiras, 19h00-20h30 (via zoom), Tema: O lugar do observador (desenhar espaços interiores/exteriores, com a inclusão de figuras), Mais informações e inscrição > https://docs.google.com/forms/d/ e/1FAIpQLScOebzlqiGHj1Uf28CH7C1_Jow_iemy5nSq2hFC85NQSvz5oA/viewform
AGENDA
Janeiro 2023
EXPOSIÇÕES
toda a informação actualizada em USKP EXPOSIÇÕES
NÃO CONHEÇO NINGUÉM QUE NÃO CONSIGA DESENHAR
Mostra de Urban Sketchers Ilha Terceira
Até 31 de Janeiro 2023, Edifício de São Francisco, Sala do Capítulo, Museu de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores
OFICINAS SINGULARES
À CONVERSA COM FILIPE PINTO - SESSÃO #31
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