AGENDA Julho 2021
Desenho vencedor do Tema do Mês: Filipe Almeida
urbansketchers-portugal.blogspot.pt
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AGENDA Julho 2021
Desenho vencedor do Tema do Mês: Filipe Ameida
ENTREVISTA
Ana Ramos por Leonor Lourenço
OS NOSSOS DESENHOS
Tema: Encontro Nacional ‘Terras da Chanfana’ Equipa de produção: Abnose, André Baptista, Carlos Matos, Henrique Vogado, Isa Silva, Leonor Lourenço, Manuel Tavares, Rosário Félix, Vicente Sardinha Colaboraram nesta Agenda: Abnose, Alexandra Belo, Ana Ramos, António Procópio, Bruno Vieira, Carlos Matos, Carlos Mendes, Carlos Santos, Carlos Sêco, Cláudia Alves, Cátia Luís, Fernando Correia, Fernando Madeira, Filipe Coelho, Filipe Oliveira, Gabriela Romagna, Gilberto Gaspar, Helena Vilas Boas, Isabel Alegria, Jorge Antunes, José Raimundo, Kato Ivannikova, Leonardo Charréu, Leonor Lourenço, Manuel Faria, Manuel Tavares, Manuela Rosa, Marcelo de Deus, Marta Castro, Milú Cunha, Paula Brito, Paula Jorge, Paulo J. Mendes, Rosário Duarte, Rosário Félix, Sara Gloria, Sofia Gomes, Suzana Nobre, Teresa Silva, Vicente Sardinha, Vitor Mingacho Design e paginação: Isa Silva Revisão: Manuel Tavares Copyright: Urban Sketchers Portugal www.urbansketchersportugal.blogspot.pt Sugestões e contacto: uskp. actividades@gmail.com
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LIVRO
Urban Watercolor Sketching por Leonor Lourenço
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VIAGEM GRÁFICA Funcheira, Beja por Filipe Almeida
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ENCONTRO NACIONAL
Terras da Chanfana 2021 por Carlos Sêco, Suzana Nobre, Carlos Mendes,
Paula Brito, Kato Ivannikova, Rosário Duarte, Marcelo de Deus, Marta Castro
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AS OFICINAS
Terras da Chanfana 2021 por Paulo J. Mendes, António Procópio, Leonardo Charréu, Isabel Alegria
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OS NOSSOS CONVIDADOS
Temas do Mês por Alexandra Belo, Manuela Rosa, Vitor Mingacho
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GRUPOS
Oeste Sketchers por Bruno Vieira
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DICAS 1, 2, 3
por Helena Vilas Boas
AGENDA
Encontros, Formações, Exposições 2
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E D I T O R I A L Olá a todos. O passado mês de Junho foi marcado por um encontro nacional ‘Terras da Chanfana’ que à última da hora foi posto em causa pela entrada em confinamento da Área Metropolitana de Lisboa no dia 18 de Junho. Muitos foram aqueles que tiveram de cancelar a sua participação quando o entusiasmo em passar um fim-de-semana ‘normal’ era tanto! Apesar de todos os contratempos, o feedback que tivemos foi muito bom e queremos deixar aqui o nosso agradecimento a todos de Lousã, Penela, Miranda do Corvo e Vila Nova de Poiares que, em conjunto com a direcção dos USkP, levaram a bom termo dois dias cheios de desenhos, descobertas, alegria, emoções e alma cheia. Obrigada pela simpatia, atenção e compreensão. Nesta edição da Agenda, levantamos um pouco o véu do que se passou nas 4 zonas e, também, nas 4 oficinas realizadas antes do encontro. São vários os encontros marcados pelos grupos regionais espalhados pelo país. Passem pelo blog para saber onde e quando. Aproveitem o bom tempo mas não se esqueçam dos cuidados a ter. O Covid não faz férias. Em Julho, temos a Ana Ramos no ‘Vamos desenhar Com…’ no Museu Bordalo Pinheiro a 17 de Julho. Esperemos que por essa altura já a situação em Lisboa esteja mais calma. A todos que vão de férias, aproveitem para participar no Tema do Mês: “Desenhar o Guarda-Sol”. Não se esqueçam de passar pelo blog para mostrarem os vossos desenhos, deixarem comentários e participarem no Tema do Mês. Se tiverem dificuldade em aceder, enviem-nos os desenhos para diariosgraficos@gmail.com que colocamos com a devida identificação. Inspirem-se, relaxem e desenhem muito! Direcção dos USkP 3
ENTREVISTA Ana Ramos
Por
Leonor Lourenço
Ana Ramos, és um dos elementos fundadores do grupo regional Oeste Sketchers. Como foi o teu percurso desde a descoberta da Associação USKP até à decisão de avançar nesse sentido? Os fundadores dos Oeste Sketchers foram o André Baptista e a Ana Luísa Frazão. Eu fui convidada mais tarde para conjuntamente com o Pedro Alves e o Bruno Vieira coordenarmos o grupo e a organização dos eventos, sempre com a preciosa ajuda do André Baptista. Eu descobri os USKP por acaso num evento que organizaram em Torres Vedras em Maio de 2014. Ali encontrei num sábado de manhã, encontrei a desenhar no Largo de S. Pedro a minha colega e amiga Teresa Ogando. Estranhando vê-la ali, ela explicou-me o que andavam a fazer e convidou-me para aparecer mais tarde e levar umas canetas e um caderno. Fui logo à papelaria e a seguir ao almoço enchi-me de coragem e apareci. A partir desse dia sempre que soube de eventos, comparecia de forma tímida e pouco convicta dos meus dotes para
o desenho. Ao longo deste trajecto artístico fui sempre encontrando incentivo, ajuda e partilha e isso motivou-me a continuar. Foi uma paixão à primeira vista, que mantenho até hoje. Sentes que tem havido evolução no teu traço, na forma como pintas, ou no teu olhar relativamente ao que te rodeia? O que mais contribuiu para isso? 4
desenho de Ana Isabel Costa
Sim, sinto que evoluí. Embora dominasse técnicas de pintura, tinha (e ainda tenho), muitas falhas no desenho. Por isso achei importante ir a todos os encontros e workshops que me pudessem ensinar a transpor para o caderno aquilo que via. A
pouco e pouco fui aprendendo a olhar os detalhes, as luzes, as perspectivas e a não ter medo de riscar, de deixar coisas incompletas, de começar de novo. Fui interiorizando que tudo “cabe” num diário gráfico além dos desenhos (como por exemplo pequenos textos e 5
ENTREVISTA Ana Ramos
Por
Leonor Lourenço
Já foste a vários encontros de urban sketchers . Refere, por favor, um ou mais encontros que tiveram maior impacto em ti. Gosto dos encontros ligados ao Património e destaco os encontros do “(a)Riscar o Património” em Torres Vedras. Também nesta cidade os “Encontros Internacionais de Desenho de Rua”. Ambos dinamizados pelo André Baptista, são sempre garantia de agrado e sucesso. Os Encontros Internacionais em Torres Vedras foram boas oportunidades de aprendizagem e momentos muito agradáveis de convívio com vários desenhadores portugueses, espanhóis e brasileiros.
descrições e/ou colagens) e que tudo é importante registar, porque o que nos rodeia são “pedacinhos de vida”. A forma como eu desenho e pinto sempre foi muito solta. Uso aguarela e misturo muitas cores (abuso nos tons fortes). Tento evoluir com a prática, insistindo em desenhar o que me deixa menos confortável, usando formas de registo mais minuciosas e suaves, aplicando só linha ou monocromias. Tem sido difícil, confesso, mas vai-se evoluindo com a prática, a partilha, a aprendizagem e a experimentação de novos materiais (cadernos, papéis, canetas e tintas, aguarelas mais pigmentadas, bons pincéis etc.) 6
pela excelência da organização, pelo convívio e aquisição de novas amizades. Sabemos que foste ao Encontro Nacional “Terras da Chanfana”. O que achaste de mais positivo e a melhorar nesse evento? Achei tudo positivo, não vi nada de que não gostasse. Miranda do Corvo foi uma boa escolha, embora tivesse pensado inicialmente em ir a V.Nova de Poiares. A vila de Miranda tinha pontos de interesse pitorescos especialmente na zona histórica e os locais escolhidos para desenhar fora da vila foram bastante apetecíveis para o desenho. Só me fui queixando da falta de sol na aldeia do xisto de Gondramaz, mas isso não me impediu de desenhar e de apreciar tudo o que vi. Organização perfeita!
Dos encontros organizados pelos Oeste Sketchers, gostei de quase todos, mas destaco os que realizámos nas Salinas de Rio Maior, no Bombarral, no Vimeiro ou em Óbidos. Em 2019 tive oportunidade de ir aos Açores e participar no “Vadio”. Uma lembrança que ficará para sempre na memória por tudo de bom que aconteceu, pelos locais que visitámos e registámos, 7
ENTREVISTA Ana Ramos
Por
Leonor Lourenço
De quem admiras o trabalho e com quem gostarias de um dia desenhar? Admiro o trabalho de muitos sketchers, principalmente alguns com os quais me cruzo regularmente. Gosto muito dos trabalhos do André Baptista pelo uso certeiro do traço, do Bruno pelos pormenores e tons poéticos, do Procópio pelas divertidas distorções, dos Pedros (o Alves e o Loureiro) pelas cores brutais e desenhos perfeitos (e pelos Sketches nocturnos). Com quem gostaria um dia de desenhar? Além
destes todos (e mais alguns) há um com quem me cruzei apenas uma vez no Alentejo e que acharia interessante: Hélio Boto. Refere algum lugar que gostarias de desenhar. O céu é o limite… Pergunta interessante… Conheço alguns países, mas conheço muito mal ou pouco o meu país. Há locais super interessantes em Portugal, por isso, todos os locais seriam um “festival” de riscos e cores no meu caderno. Um dia talvez gostasse de desenhar no 8
simpática com que respondem aos e-mails e às dúvidas que temos. São um grupo jovem e dinâmico que nos mantêm informados, divulgando o “mundo” dos urban sketchers e o que se vai realizando neste campo, captando à nossa participação, permitindo assim que possamos aprender e evoluir.
Porto, Coimbra, Évora ou Leiria. São cidades com muita ligação à história e ao património, temática que me atrai fortemente. Leiria seria especial porque foi a cidade onde vivi, cresci e estudei. Fora de Portugal se “o céu é limite“, não se pode ir desenhar à Lua ou a Marte, não é? …. por isso, que tal Veneza, Florença, Paris, Amsterdão ou Edimburgo? São cidades que conheci antes de “abraçar” esta vertente artística e onde não me importaria de voltar, desta vez para desenhar. Motivos de interesse não me faltariam para encher vários cadernos.
Há algo que gostarias de acrescentar neste entrevista? Primeiro que tudo agradecer-vos por me terem convidado e que gostei muito de responder a estas perguntas. Depois que estou satisfeita por ter entrado para os USKP, que espero que gostem de ler as minhas respostas e que não tenha sido demasiado enfadonha. Espero continuar a evoluir e a desenhar até que “os dedos me doam” e obrigado a todos os que me têm apoiado e apreciam os meus desenhos.
O que mais te agrada desenhar e o que mais constitui maior desafio, para ti? “Fujo” de desenhar pessoas, rostos, paisagens/ruas de panorâmicas alargadas, coisas ou objectos muito detalhados. No entanto, quando tenho tempo e paciência tento evoluir nestas temáticas onde me sinto menos confiante. Não há uma coisa que mais me agrade, quase tudo me agrada. Gosto bastante de desenhar paisagem, especialmente onde “caibam” moinhos, castelos, igrejas, palácios, moradias antigas, ambientes rurais com casas, ruínas, árvores, flores, frutos, comida etc. O que mais valorizas na Associação USKP? Os desafios que nos vão propondo, seja para respondermos a alguma solicitação, seja pela organização de encontros nacionais, ou simplesmente para nos motivar a desenhar. Os USKP valorizam grandemente as vertentes cultural, patrimonial e tradicional, que como já disse, me agradam bastante. Também gosto da forma pronta e 9
OS NOSSOS DESENHOS
tema do mês: TERRAS DA CHANFANA
Lousã Gilberto Gaspar
Fernando Correia Filipe Coelho Filipe Oliveira
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Suzana Nobre
Teresa Silva
Vicente Sardinha
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OS NOSSOS DESENHOS
tema do mês: TERRAS DA CHANFANA
Miranda do Corvo
Ana Ramos Carlos Mendes
Manuel Tavares
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Cátia Luís
Carlos Matos
IsabelAlegria
Jorge Antunes
Paula Brito
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OS NOSSOS DESENHOS
tema do mês: TERRAS DA CHANFANA
Penela Cláudia Alves
Abnose
José Raimundo
Leonor Lourenço
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Gabriela Romagna
Kato Ivannikova
Rosário Duarte
Paula Jorge Paulo J. Mendes
Manuel Faria 15
OS NOSSOS DESENHOS
tema do mês: TERRAS DA CHANFANA
Vila Nova de Poiares
Bruno Vieira
Milú Cunha
Marcelo de Deus
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Marta Castro
Sara Gloria
Rosário Félix
Carlos Santos
Sofia Gomes Fernando Madeira 17
LIVRO Urban Watercolor Sketching Existe no interior de imensas pessoas, o medo, quase pavor, de desenhar em frente de outros, alegando que nunca o souberam fazer, que desde pequenos são uma “desgraça”… Em contrapartida, outros há que lutam para desconstruir esse mito. Referimos, como exemplo, o inesquecível Eduardo Salavisa que referia, até à exaustão, que todos sabem desenhar. Não posso deixar, no entanto, de referir também outro tipo de pessoas que considero, no mínimo, “desconcertantes” pela forma como nos conseguem iludir, embora apenas temporariamente, com a aparência da facilidade da sua arte. Felix Scheinberger é um desses exemplos. O seu traço encanta de imediato e cria, nos mais incautos, a falsa sensação de que aqueles traços são de uma simplicidade imensa, aquelas manchas fruto da característica quase aleatória da aguarela e a ilusão de que somos também capazes de criar um estilo próprio, de nos aproximarmos do seu traço quase despudorado, sem esforço. Pessoas criativas que nos estimulam e nos levam a crer que a criatividade é algo que está ao alcance de todos. Provavelmente sim, mas tal como
Por
Leonor Lourenço
dizia uma artista de cujo nome não me recordo “a criatividade não se ensina, mas bem que se estimula”. Nascido na Alemanha, Felix Schenberger desde cedo que se interessou pela arte. Após terminar os seus estudos na universidade, iniciou a sua carreira como ilustrador de livros, em especial infantis, além fronteiras, que foram traduzidos para várias línguas, de que é exemplo a ilustração de um livro de Paul Auster, cujos desenhos foram feitos com tinta e pena! Trabalhou também para revistas editoriais, tal 18
como Novum, world of graphic design, até se decidir por editar os seus próprios livros sobre sketch, desenho e ilustração, com especial enfoque nas aguarelas. Entre os vários livros que editou, chamaram-me especial atenção “Ser ilustrador”, “100 maneiras de desenhar um pássaro” ou “Como desenvolver sua profissão”, “Childreen of the night” (que terei de adquirir, inevitavelmente) e “Urban Watercolor Sketching”. O primeiro, é um livro que frequentemente revisito , pela diversidade de representações que nele podemos observar. O segundo, pela invulgaridade, pelo tema tão sensível e pela possibilidade de, através dos seus traços, poder entrar num mundo pouco desenhado - as discotecas tecno em Berlim. Refere o próprio que uma das caraterísticas que mais o encanta no mundo de sketcher é poder penetrar num mundo que não lhe seria permitido fotografar. Este livro é um exemplo disso mesmo. Será o último livro que referi, aquele sobre o qual mais me debruçarei. Nele é apresentada a teoria da cor , várias técnicas e formas de criar profundidade, sombras e luz, impressão de movimento,
harmonia e tantas outras informações preciosas para quem quer saber mais sobre aguarelas, . combinações artísticas com outras técnicas como carimbagem, recorte, uso de diferentes papéis e outras técnicas impactantes para o nosso olhar. Um dos aspetos abordados neste livro que mais me captou a atenção foi o “Less is more” que, embora bastante consensual, continua a constituir, é minha convicção, um dos maiores desafios na arte do desenho e da criatividade. Contudo, não julguemos inadvertidamente que a simplicidade é algo de minimalismo referencial. Refere o próprio Felix Schonberger que, para si, sempre foi interessante, não apenas criar coisas novas, mas também acrescentar algo mais, desenvolver novas ideias, criar coisas novas e “claro, refletir sobre o mundo em que vivemos ”. Reflexão essa patente ao longo do seu livro, em que tanto surgem situações do dia-a-dia de qualquer ser humano, como cenas inusitadas e invulgares. É igualmente interessante descobrir em Felix algumas influências de outros mestres, tais como, na minha ótica, Toulouse Lautrec ou Marc Chagall. Contudo, sempre com um estilo muito próprio, o seu: solto, livre, forte, enérgico, expressivo, livre e tantos outros atributos que levam a que, por vezes, me seja difícil seguir o seu inspirador conselho: “Confie em si mesmo. Não seja tão inseguro!” E assim vos convido a conhecer ou relembrar este tão motivante livro . 19
VIAGEM GRÁFICA Por
FUNCHEIRA – BEJA
Filipe Almeida
Sempre gostei muito de ambientes ferroviários. Também sempre gostei de procurar e descobrir locais novos. E também sempre gostei de aventuras. Foi por isso que há alguns anos resolvi iniciar um projecto que me permitia viajar e ainda juntar o desenho a todos estes gostos. Portugal tem quilómetros e quilómetros de linhas de comboio que foram abandonadas, em conjunto com todas
as estações, apeadeiros e paragens que as serviam, e são essas linhas que tenho vindo a desenhar aos poucos. Foi o caso do troço entre Funcheira e Beja (da linha do Alentejo) que desenhei em 2018. Saí de Lisboa de manhã cedo e pouco depois das 09:00h estava na Funcheira. A estação ainda está em serviço mas, apesar de no meu projecto só desenhar edifícios dos troços abandonados,
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achei este tão bonito com as suas telhas em formato de concha que não resisti a desenhá-lo. Parti depois à procura das estações seguintes. Normalmente faço um trabalho de casa onde identifico no google maps a localização das estações e elaboro uma espécie de road-book, tipo rallypaper, com indicações das estradas que devo seguir de carro para chegar às estações. À data de hoje já fiz mais de 100
rodoviário que normalmente usado na manutenção das linhas). Pelos vistos no troço entre a Funcheira e Ourique, apesar de não ter circulação de comboios de passageiros, ainda passam comboios de mercadorias por causa da ligação às minas de Neves Corvo. De Ourém em diante é que está completamente abandonada. Já desenhei diversas linhas no Alentejo, mas foi nesta que senti aquele Alentejo mais profundo, mais em tons de terra, com distâncias maiores sem se encontrar vivalma. O apeadeiro de
desenhos em 62 locais visitados. E em todas as linhas/viagens fui encontrando coisas novas e diferentes. Algumas estações estão remodeladas e foi-lhes dado novo uso (hotel, sede de grupo de motards,…), outras estão em ruínas e outras já foram demolidas (às vezes ainda se encontram restos de azulejos resultantes da demolição). Nesta linha tive uma surpresa: na estação de Ourém encontrei uma dresina (pequeno veículo
Casével fica a mais de 3km da aldeia, que por si só já é bastante isolada. O sossego destes locais recônditos fascina-me sempre, e o facto de normalmente os edifícios estarem em ruína dão-lhe um apelo que considero especial. É por isso que valorizo imenso os momentos de desenho nestes locais. Normalmente são 2 dias intensos, 21
VIAGEM GRÁFICA Por
FUNCHEIRA – BEJA
Filipe Almeida
com desenhos intercalados com quilómetros de estrada percorridos, mas no final da viagem sinto-me sempre revigorado. A estação de Castro Verde é enorme e nela entretive-me a desenhar diversas casas de apoio e equipamento ferroviário que não costumo encontrar nestes passeios. Quando o sol se pôs dirigi-me para Beja, onde fiquei a dormir numa pensão. No dia seguinte voltei a acordar cedo, e quando cheguei à estação de Santa Vitória – Ervidel ainda estava rodeado pela neblina matinal que preenchia a paisagem. Foi aqui que encontrei a única estação com uma semi-cave (pelo menos de todas as que já desenhei) e uma
pequena ponte de acesso que passa por cima da espécie de fosso em redor da estação. Infelizmente desenhar nesta estação não foi nada sossegado por causa de um cão que esteve a ladrar continuamente junto à rede de uma propriedade privada contigua à estação. Nem sempre nestas viagens os momentos de desenho são de relaxamento. Para além de imprevistos deste género acontece também desenhar as passagens de nível que encontro, que por vezes ficam ao lado de estradas movimentadas. Foi pouco antes da hora do almoço de Domingo que terminei o derradeiro desenho desta linha no Pendo Gordo, a última estação antes de chegar a Beja. Esta estação está recuperada e nela 22
mora uma família com crianças que andavam na correria pelos cantos da estação enquanto eu desenhava. Esta viagem terminou por aqui, mas
há ainda muitos e muitos quilómetros de linhas para descobrir e desenhar, por isso tenho muito com que me entreter nos anos que aí vêm. 23
ENCONTRO NACIONAL Terras da Chanfana Nos dias 19 e 20 de Junho de 2021 teve lugar o Encontro Nacional ‘Terras da Chanfana’ numa parceria com os municípios de Lousã, Miranda do Corvo, Penela e Vila Nova de Poiares. Estavam inscritos perto de 100 pessoas mas, no último instante, a Área Metropolitana de Lisboa entrou em confinamento e foram muitos que se viram impedidos de estarem presentes. Mesmo assim, os cerca de 60 sketchers de várias zonas do país deliciaram-nos com os seus desenhos e fotos. Convidámos alguns para nos contarem um pouco do que sentiram, viram e registaram. O nosso agradecimento às equipas dos quatro municípios, que tão bem nos receberam, e à equipa da direcção dos USkP, pela organização e coordenação conjunta deste evento. Alguns dos desenhos feitos puderam ser vistos na secção Os Nossos Desenhos, a partir da página 10. Obrigado a todos!!
Por
LOUSÃ
Carlos Sêco
Encontro de desenhadores encerra programa de “urban sketchers” à volta da chanfana Nos dias 19 e 20 de junho, a Lousã voltou a receber a iniciativa (a)risca-te nas Terras da Chanfana - Encontro Nacional de Urban Sketchers. Os desenhadores oriundos de várias partes do país foram, em primeiro lugar, desafiados a imortalizar no papel o Mercado Municipal, onde, na altura, atuavam as classes da Associação
Princesa Peralta/Academia de Bailado da Lousã. À tarde, foi a vez de os artistas registarem a tinta os mais significativos pontos de interesse da zona histórica da Lousã e pormenores dignos de serem desenhados não faltaram. No dia seguinte, os cerca de dez desenhadores rumaram, primeiro, ao Candal, e, depois do almoço, ao Castelo e Ermidas de N.ª Sr.ª da Piedade. A finalizar o dia, os “urban sketchers” 24
reuniram-se no átrio da Biblioteca Municipal, onde expuseram os seus trabalhos, confiando-os à organização, a quem caberá nas semanas a seguir, mostrá-los ao público dos quatro municípios envolvidos. Os participantes não saíram de mãos a abanar, tendo sido brindados com lembranças alusivas às Terras da Chanfana. Esta iniciativa esteve integrada na Rede Cultural Terras da Chanfana Programação Cultural em Rede e foi cofinanciada pelo Centro2020, Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Decorreu nos quatro concelhos da Rede (Lousã, Miranda do Corvo, Penela e Vila Nova de Poiares), na sequência das oficinas de iniciação ao desenho que aconteceram anteriormente. 25
ENCONTRO NACIONAL Terras da Chanfana
LOUSÃ
Por
Suzana Nobre
Por terras da Chanfana – Lousã, Encontro Nacional de Urban Sketchers Afinal sempre se realizou e São Pedro foi muito amigo! Estava com alguma expetativa sobre este fim de semana, havia previsões de chuva para os dois dias, muitas desistências à última hora e afinal já não iria para Miranda do Corvo, sobre o qual já tinha feito alguma pesquisa e me tinha alinhado com algumas pessoas para a estadia. Acabei por ficar na vila de Lousã para equilibrar o número de desenhadores presentes e acabámos por ser cerca de 10, um grupo muito simpático e heterogéneo, vindos de várias partes
do país, desde Évora a Oliveira de Azeméis. Eu vim de Aveiro, apenas a 45 minutos de distância, mas ainda conhecia pouco desta zona. A vila de Lousã não me dizia muito em termos de local para desenhar, mas acabou por me surpreender pela positiva, com um centro histórico interessante de fachadas de casas senhoriais muito bonito! O ponto de encontro na manhã de sábado foi junto ao pelourinho em frente ao edifício dos Paços do Concelho e quando cheguei já se encontrava um pequeno grupo no qual se encontravam o Vicente Sardinha, como representante dos USkP, e 26
o nosso anfitrião Vítor Maia Costa, como representante do município da Lousã, o qual explicava aos presentes a história do curioso Pelourinho de 3 cabeças. A primeira paragem foi no mercado Municipal para desenhar o boliço dos vendedores e a animação das crianças da academia ABL. Estas mostraram-se muito curiosas com os nossos desenhos, acompanhando-nos sempre! Seguimos o programa à risca e antes do almoço ainda desenhamos nas imediações do edifício dos Paços do Concelho e no largo do Pelourinho. Depois de almoçarmos uma bela chanfana com a tradicional sopa da Noiva, tivemos uma visita guiada pelo centro histórico com muitas fachadas e edifícios interessantes para desenhar. Sentei-me precisamente nas escadas da porta de entrada de uma delas, mas para desenhar a rua em frente, e tive a sorte dos donos aparecerem, muito curiosos pelo que ali se passava, pois viam desenhadores por todo o lado. Abriram as portas para eu entrar e conhecer a entrada da casa, era lindíssima, com um chão de xisto e muita decoração em pedra e madeira trabalhada, a vontade era ficar ali a desenhar, mas o tempo fugia.
No segundo dia rumamos para o Candal, das aldeias de Xisto da Lousã apenas conhecia Gondramaz e igualmente fiquei maravilhada com aquelas casinhas pela encosta acima tão bem recuperadas e cheia de recantos pitorescos. Comecei a contar as pedras e claro que o tempo não deu para tudo, ficaria aqui a desenhar o dia inteiro. No regresso à Lousã ainda passamos por Cerdeira, apenas para vê-la no seu conjunto, mais uma bela aldeia de Xisto recuperada e que fora transformada num local de criação artística, onde anualmente acontece o festival de arte Elementos à Solta. A visita ao castelo da Lousã ficou para a tarde, encravado entre encostas de um mar de verde parecia proteger toda aquela beleza natural. E foi o que fiquei a desenhar, pois não só de aldeias de Xisto e monumentos em pedra se faz o interesse daquele local, foi o meu momento meditativo em comunhão com a natureza :) E assim se fez um belo encontro de desenho, com uma simpática receção, muito convívio com velhos e novos colegas de desenho e bonitos sítios para desenhar, ficou a vontade de próximos encontros!
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ENCONTRO NACIONAL Terras da Chanfana MIRANDA DO CORVO
Por
Carlos Mendes
A minha 1ª participação de sempre em eventos de desenho urbano “in situ”. Consegui aliciar a minha filha Lara pela faceta de descoberta turística do encontro. Com apenas 15 anos e gosto pelo desenho bem restrito de animes e mangá, convencê-la a participar no urban sketching seria tarefa impossível.
Fiquei deveras admirado perante as suas exclamações de admiração pela beleza da aldeia de xisto de Gondramaz. Realizou ali inclusivamente uma aguarela, para além de uma estreia no jardim da Praça José Falcão, em Miranda do Corvo. Incentivar as gerações mais jovens a 28
participar deveria ser um dos objetivos destes encontros, proporcionando-lhes um passatempo saudável e aumentando assim consideravelmente o número de participantes e de aficionados no futuro. Quanto a mim, adorei a vila de Miranda do Corvo, a aldeia de Gondramaz encantou-me pela sua beleza natural, pelo seu ar pitoresco e seu isolamento na montanha. A visita ao mosteiro de Semide foi uma vertente cultural interessante Fiquei deveras bem impressionado com a boa organização e pela forma muito simpática como fomos recebidos pelos representantes do município de Miranda do Corvo. No final, recebemos simpaticamente a oferta de produtos típicos da região. Obrigado à Urbansketchersportugal pela excelente organização e por proporcionar estes belos encontros.
Por
Paula Brito
Miranda do Corvo vista pelos Urban Sketchers Nos dias 19 e 20 de junho decorreu o I Encontro Nacional de Urban Sketchers, evento inserido na candidatura Rede Cultural Terras da Chanfana denominada “Do xisto à chanfana vai o mundo”, que integra os Municípios de Miranda do Corvo, Lousã, Penela e Vila Nova de Poiares, organizado em colaboração com a Associação Urban Sketchers Portugal – USKP. Miranda do Corvo recebeu 16 artistas, desenhadores de rua de vários pontos do país e uma de Badajoz. O encontro teve início no Salão Nobre dos Paços do Concelho com as boas vindas dadas pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de M. C. 29
ENCONTRO NACIONAL MIRANDA DO CORVO
Terras da Chanfana
De mochila às costas e caderno na mão partiram à descoberta da Vila, registando no caderno harmónio, oferecido pela organização, o património natural e cultural da vila. Com diferentes linhas/traços, formas, texturas e pinceladas de cor registaram no papel, de forma apaixonada, o seu olhar, a sua perspetiva sobre o casario do centro histórico, as ruas, a ponte
sobre o rio Dueça e a gastronomia (a chanfana e os negalhos tão típicos deste território). Depois de um belo repasto num dos restaurantes típicos, em momentos de convívio e de partilha, o grupo ruma em direção a Gondramaz, aldeia inserida na Rede das Aldeias de Xisto, um lugar idílico, rodeada de uma mata de carvalhos e castanheiros, cujos tons
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de verde contrastam com a tonalidade específica do xisto. Com curiosidade percorreram este lugar mágico, registando nos seus cadernos as ruelas estreitas e sinuosas, as casas de pedra, com pequenas esculturas e os seus tons ocres, o silêncio e a natureza que a envolve. E o dia chega ao fim… cansados, mas felizes! No dia seguinte, logo cedo, partem para o Mosteiro de Santa Maria de Semide. Após uma breve explicação histórica e visita ao Mosteiro, os Urban Sketchers rapidamente se dispersam e procuram captar o que mais lhes toca, sensibiliza e impressiona. Uns preferem captar as linhas simples e longas do edifício arquitetónico e a paisagem envolvente, outros a beleza do seu interior. Na igreja, o altar-mor do século XVII; o magnifico órgão de tubos, do século XVIII; o belíssimo retábulo-mor de talha dourada, dos finais do século XVII; pormenores dos azulejos e os santos, são também representados. À tarde, após um almoço animado e de partilha de desenhos, de projetos e de técnicas, um grupo decide percorrer as ruelas e os recantos do centro histórico e subir até à Torre Sineira e à Igreja Matriz, situada no alto do Calvário, fazendo os últimos registos quer do património religioso quer da vista panorâmica sobre a vila. O Evento termina na Praça
José Falcão, nos Paços do Concelho para a partilha final dos cadernos e da tradicional foto de grupo, com a presença, também, de alguns participantes dos restantes Municípios Terras da Chanfana. Restam as Memórias… e os diferentes Olhares eternizados nos Cadernos, que brevemente farão parte de uma exposição itinerante.
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ENCONTRO NACIONAL Terras da Chanfana PENELA Por
Kato Ivannikova
Chamo-me Kato Ivannikova e sou uma sketcher e professora de desenho de Moscovo a viver no Porto. Um dia, ao desenhar com os PoSk, soube por eles do encontro “Terras da Chanfana” e decidi participar. Para mim foi a primeira vez que me juntei a outros sketchers para um encontro tão interessante. Com o Paulo Mendes e o Armando, saímos do Porto de carro e chegámos a Penela de manhã. O tempo lembravame o Verão nas cidades do Norte da Rússia: Enevoado e húmido, para mim inspirador. Rapidamente encontrámos o Hostel Castel, deixámos lá os nossos pertences, tomámos chá/café e estávamos prontos para o primeiro encontro. Não muito antes disso, soube que iríamos todos receber os mesmos cadernos para que os nossos trabalhos pudessem ser mais convenientemente apresentados na exposição.
Gostei muito da ideia destes cadernos, ou melhor, da ideia do “acordeão Japonês”. Claro que o papel não era muito amigo dos meus marcadores de álcool, mas no início adaptei-me a esta nova combinação de materiais. O meu amigo e colega sketcher Paulo Mendes sugeriu-me usar as suas aguarelas que aliviaram bastante os meus tormentos. Primeiro, tivemos uma conversa organizacional na Câmara com os seus
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representantes, e recebemos os nossos cadernos. Durante esta reunião, fomos guiados pelas ruas de Penela, foi-nos mostrado o castelo e o seu interior. E durante esta caminhada, claro, fomos reparando e memorizando recantos interessante da vila para que pudéssemos lá voltar mais tarde e começar a trabalhar. É admirável a maneira diferente como reparamos e interpretamos as paisagens urbanas, como são diferenciados os motivos que escolhemos para desenhar. Uns escolheram ângulos mais tradicionais, outros buscavam ângulos novos e originais. Felizmente, a vila de Penela fornecia amplas oportunidades. Estava um pouco ventoso e por vezes chovia levemente, mas para mim isto era mais conveniente do que fritar a cabeça no sol radioso. Fomos para diferentes lugares de Penela, comecei a desenhar uma das 33
ENCONTRO NACIONAL Terras da Chanfana
PENELA
casas. As ruas estavam desertas, e só ocasionalmente os vizinhos trocavam as suas saudações. Depois de várias horas de desenho, reunímo-nos outra vez e fomos almoçar. Alguns de nós continuaram a desenhar mesmo enquanto esperavam que o almoço fosse servido. Tínhamos vouchers para o almoço, e claro que os usámos. Depois disso, fomos desenhar para a vila de Espinhal. Pareceu-me que aqui, tal como em Penela, podíamos desenhar qualquer ângulo e teríamos uma maravilhosa composição. E claro, lembramo-nos especialmente de quantos gatos havia por lá. Provavelmente a rua mais pitoresca ali é a Rua do Castelo. Podía-se encontrar o que desenhar a cada dez passos. Depois de acabar o desenho em Espinhal, mostrámos os nossos trabalhos aos outros ali mesmo nas escadas da igreja. Durante esta mostra dos trabalhos, era notória a forma diferente como os detalhes são importantes para nós, como usamos diferenciadamente as cores e os seus contrastes. E esta diversidade é a singularidade de cada um de nós. No final do nosso dia de desenho, já me tinha apercebido de que precisava de um segundo caderno, uma vez que o primeiro estava quase cheio. Se alguém pensa que regressámos de Espinhal e fomos descansar, está muito
enganado. Comemos uma maravilhosa tarte de maçã no Hostel, tomámos chá e continuámos a desenhar, finalizando os trabalhos que gostaríamos de acabar. Tive mais oportunidade de falar e partilhar com outros colegas. E era também um momento mais cordial para o nosso grupo. Partilhámos as nossas impressões, olhámos para os trabalhos uns dos outros ainda com mais detalhe. Claro, estávamos cansados de todo este dia, tanto pelo trabalho como pelas novas impressões. Precisávamos de um bom descanso antes de um novo dia. O meu quarto estava localizado imediatamente acima do arco emblemático que em Penela atrai muito as atenções. Dificilmente me contive para um novo desenho e fui para a cama. Pela manhã depois do pequeno-almoço fomos desenhar numa aldeia próxima – Rabaçal. É conhecida pelos numerosos achados da era Romana, pelo que começámos as conversações no Museu. Muitos de nós foram ver e fizeram desenhos nos locais arqueológicos, outros distribuíram-se ao longo da aldeia e decidiram desenhar as suas ruas. Talvez não seja o sítio mais memorável de Portugal, mas as suas casas acolhedoras e uma capelinha especial atraíram as atenções. O que nos aguardava para o almoço 34
depois do desenho? Chanfana, claro! Foi óptimo termos tido a oportunidade de provar uma chanfana muito decente! Era realmente deliciosa, apesar de termos esperado muito tempo. Mas sabem, nós os sketchers sabemos como nos ocupar durante a espera. Com os nossos materiais! Como sempre, o Paulo Mendes divertiunos e surpreendeu-nos com os seus desenhos das nossas caras. E mesmo sendo difícil desenhar depois dum almoço de chanfana, ainda fomos desenhar em Penela antes de nos encontrarmos para a reunião de despedida na Câmara. O meu segundo caderno estava cheio de desenhos até meio. É claro que se tivesse ficado em
Penela mais um dia, tê-lo-ia acabado. Era tempo do nosso programa acabar, e aí estava a apreciação final dos trabalhos numa ampla mesa da Câmara, palavras calorosas entre nós, memoráveis lembranças da Câmara e uma foto de grupo para a posteridade. Foi para mim uma experiência interessante conhecer bastantes colegas artistas, estar perto deles numa atmosfera inspiradora, pintar com aguarelas em vez de marcadores, e claro conhecer algumas aldeias que compõem o mapa-mosaico das aldeias Portuguesas. Pela ajuda com a tradução, estou profundamente grata ao Paulo Mendes. 35
ENCONTRO NACIONAL Terras da Chanfana
PENELA
Por
Rosário Duarte
O acolhimento do grupo, por parte das entidades locais, foi efetuado de forma simpática e acolhedora. O grupo de sketchers foi bastante comunicativo e solidário. Tanto em Penela, como em Espinhal e em Rabaçal foi-nos apresentada uma breve e interessante descrição destes locais. Em Penela optei por desenhar um pormenor do interior do Castelo de Penela (monumento nacional arquitetura militar), um local onde fossem perfeitamente visíveis as rochas sobre as quais foi fundado o nosso castelo - a sua conquista aos mouros é atribuída a D. Afonso Henriques. Ainda em Penela, tentei retratar o pelourinho (monumento nacional arquitetura civil), que remonta à época medieval e compõem-se de uma coluna de fuste oitavado, da pinha e de três degraus. Inicialmente colocado no meio da praça da vila, hoje encontra-se na Rua 25 de Abri - Largo do Pelourinho. Neste monumento salientam-se o conjunto das quatro hastes de ferro que imitam serpentes e suspendem da boca as argolas. Em Espinhel, a minha atenção foi para a Igreja Matriz (mais propriamente a parte superior e exterior da igreja). A sua origem remonta à segunda metade do século XV, e tem por patrono São
Sebastião; sobre a porta principal, tema da inscrição de uma data do séc. XIX. No Rabaçal, retratei o Espaço-Museu “Villa Romana do Rabaçal”. Trata-se de um espaço museológico de arqueologia. A Villa romana do Rabaçal era parte integrante do território da antiga Civitas e localizavase junto da via romana que ligava Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga), no troço entre Sellium (Tomar) e Conímbriga (Condeixa-a-Velha). A densidade de vestígios superficiais permitiu delimitar a área da villa (quinta agrícola),com cerca de 50 metros de largura por 150 metros de comprimento. A investigação no terreno teve início em 1979 aquando da recolha de dados para a Carta Arqueológica do período romano na área de Conimbriga. Em 1984 iniciaram-se os trabalhos arqueológicos que prosseguiram sistematicamente até à atualidade. A cronologia da Villa assenta no estudo da coleção de dezenas de moedas aí descobertas datadas de vários períodos do século IV depois de Cristo. Terá sido habitada até ao século V d.C. Séculos depois do abandono da Villa, esta foi parcialmente reocupada nos séculos XV e XVI como cemitério. Esta experiência foi muito gratificante para mim. 36
Todos os últimos sábados do mês
Dois sketchers convidados no nosso canal de YouTube
Edições disponíveis online Cliquem sobre as imagens para verem
Regressamos depois do Verão
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ENCONTRO NACIONAL Terras da Chanfana VILA NOVA DE POIARES
Por
Marcelo de Deus
Chegamos exactamente à hora marcada a Vila Nova de Poiares. Cedo percebemos toda a simpatia e disponibilidade do Gabriel, óptimo anfitrião.
Depois de explicados os pormenores da logística, lancei-me ao trabalho, com a minha filha Simone. Foi uma alegria imensa rever alguns colegas USK e conhecer outros tantos. Voltar a 38
desenhar na rua, com companhia. Comecei por sentar-me exactamente da rotunda que homenageia o Bombeiro. Daí começámos o registo, que mais tarde nos levaria rua acima, perante os olhares curiosos e entusiastas dos Poyarenses. Depois de um belo almoço, leia-se Chanfana na Estrela da Mó, voltei ao centro onde continuei a desenhar enquanto o assunto principal passava a ser a escolha do melhor local para assistir ao Portugal- Alemanha que haveríamos de perder. Desenhou-se durante o jogo e mais se desenhou no fim, antes e depois de jantar na Grelha. A manhã seguinte acordou com uma chuva intensa, que se foi atemorizando perante a nossa subida decidida à aldeia do Carvalho. Ainda me refugiei no Curral do Sr. Álvaro, funcionário da câmara aposentado, agricultor, pastor, cicerone, mestre de cerimónias, caçador, dono do Arriaga e de uma bela Ginja com elas. Foi no seu curral que me abriguei e me sentei a desenhar, enquanto o Sr. Álvaro me descrevia as suas cabras,
explicava as diferenças entre estas e os seus bodes aos intrusos desenhadores mais incautos e urbanos. A chuva fugiu; dali segui para outro ponto da aldeia onde o mesmo Sr. Álvaro me havia de puxar para a adega e mais tarde para conhecer a sua sogra, dona Soledade que aos 87 anos, mantém uma jovialidade incrível e produz centenas de bonecas para oferecer com uma graciosidade desarmante. Terei perdido um ou outro desenho, mas já vinha com o caderno cheio e fiquei com o coração a transbordar. Os desenhos “in situ” têm muito disto. É desta interação que faço as minhas memórias que nunca se apagam dos meus cadernos. Ao rever os desenhos feitos neste fim de semana, na terra de tão boa gente, vou seguramente ser transportado para estes momentos em o tempo parece ficar suspenso. Perdido em pensamentos, arranco no fim da tarde de domingo, e ouço a minha filha Simone no banco de trás: - Fogo pai, este fim-de-semana passou a voar! 39
ENCONTRO NACIONAL VILA NOVA DE POIARES
Terras da Chanfana
Por
Marta Castro
Nos passados dias 19 e 20 de junho o município de Vila Nova de Poiares em conjunto com os municípios de Lousã, Miranda do Corvo e Penela, acolheram os Urban Sketchers de braços abertos para a realização do I Encontro Nacional “Terras da Chanfana”. Apesar da expectativa inicial e dos constrangimentos criados pela imposição das novas normas de combate à pandemia Covid-19 que inviabilizaram a participação de alguns inscritos o encontro decorreu com grande serenidade, empatia e entusiasmo dos sketchers que nele participaram. No primeiro dia, na parte da manhã,
e após a calorosa e simpática receção realizada pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, João Miguel Henriques, os sketchers concentraram a sua atenção no centro histórico da vila, no Largo da República e no Mercado da Fruta. Na parte da tarde realizou-se a jornada de desenho a São Miguel de Poiares. Depois de uma magnifica apresentação dos pontos de interesse realizada pelo guia local do grupo, Gabriel de Matos, representante da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, os sketchers dispersaram-se pelos diversos locais de interesse. Nesta tarde foram realizados 40
magníficos desenhos do complexo da Fraga. Foram também desenhados pormenores da arquitetura religiosa e da paisagem rural de São Miguel de Poiares e também da antiga e pitoresca casa da família Godinho, uma construção do século XIX de inspiração setecentista que foi gentilmente aberta aos visitantes pelo atual proprietário. Para o segundo dia do encontro estava reservada uma agradável surpresa. Durante a manhã realizou-se uma visita à Aldeia do Carvalho. Aqui os sketchers desenharam um belo rebanho de cabras, espécie muito criada nesta região. Neste passeio foi ainda possível apreciar a aldeia e a magnífica paisagem sobre a Serra da Lousã. No período da tarde, os sketchers tiveram ainda tempo para degustar a tradicional Chanfana e visitar livremente outros locais de grande
beleza natural da região situados junto ao rio Mondego, como por exemplo, o Louredo Natura Parque. A despedida foi realizada no Jardim de Homenagem ao Poiarense onde em companhia dos elementos da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares foi realizada a tradicional partilha dos cadernos. Os resultados foram amplamente apreciados por todos. Destacouse a diversidade de estilos e a qualidade dos desenhos realizados que enalteceram e expressaram graficamente as características de Vila Nova de Poiares. Estes resultados traduzem a detalhada organização do encontro, o ótimo apoio logístico prestado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares e a excelente convivência entre os participantes. Parabéns a todos!
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AS OFICINAS Terras da Chanfana 3 JUNHO - PAULO J. MENDES A Lousã e eu já somos velhos conhecidos. Tinha lá estado pela última vez no ano de 2018 aquando de um encontro que ali juntou elementos do PoSk, MoSk, ASk e LeSk, e se nessa altura o fizera na qualidade de Urban Sketcher, desta feita calhou-me o papel de apresentar a um grupo de interessados e entusiáticos formandos as subtilezas de tal ofício. Propus-me, assim, orientar uma Oficina Criativa de Desenho de Observação em Diário Gráfico, e foi carregado com alguma literatura exemplificativa e material impresso para distribuir que, acompanhado por alguns companheiros do PoSk, me apresentei no Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques, onde se foi juntando o grupo cujos talentos iriam surpreender ao longo da jornada. Começou esta no próprio Museu com a presença e acolhimento do nosso anfitrião, Dr. Vítor Maia Costa, da Unidade de Cultura e Turismo da C.M. Da Lousã. O auditório serviu para as apresentações e uma breve introdução ao Urban Sketching, abordando alguns dos tópicos mais pertinentes
relacionados com esta nossa actividade e mostrando exemplos com recurso aos livros que trouxera comigo. Os arruamentos da área envolvente, onde se inclui a antiga estação ferroviária, serviram para os primeiros exercícios de aquecimento e desencravamento da mão, regressando então o grupo às museológicas instalações para um exercício mais livre, tirando partido de uma interessante exposição temporária que ali tinha lugar. Pela tarde, após um repasto que dificilmente será esquecido, retomaramse os trabalhos nas ruas mais emblemáticas do centro histórico, uma vez que o património era o mote da actividade. A capela da Misericórdia, o Palácio dos Salazares, e muito do interessante casario de permeio eram apenas alguns dos motivos de interesse que levaram a que todos se distribuíssem pela área, cabendo ao formador o papel de “mosca” pousando ora neste ora naquele para dar orientação, dicas e sugestões. Ingrata tarefa esta, pois a verdadeira vontade era 42
mesmo de puxar também do caderno e ali ficar a riscar tranquilamente... Terá que ficar para outra vez. O fruto de todo este labor foi um interessante e variado conjunto de registos disposto numa mesa no átrio do Museu, e ainda alguns novos e
entusiásticos praticantes cujos talentos já tive entretanto oportunidade de apreciar “a posteriori”. A todos os participantes, anfitriões e amigos, os meus calorosos agradecimentos por este dia produtivo e gratificante.
5 JUNHO - ANTÓNIO PROCÓPIO - PENELA Parti de Mafra por volta das oito horas da manhã para uma viagem de cerca de duas horas. O dia estava ameno com o céu azul. A viagem decorreu muito bem. Quando cheguei já estava à minha espera o senhor Mário Duarte da Câmara Municipal que fez questão de me acompanhar e mostrar os arredores. Entretanto foram-se juntando os elementos do grupo inscrito. Não eram
muitos, mas eram bastante entusiastas. A diversidade variava na experiência no desenho e nas idades. Os dois miúdos mais novos tinham 10/11 anos. Depois de mostrar alguns dos meus trabalhos fomos até à Praça da República desenhar portas. Fiz uma pequena demonstração e depois cada um escolheu uma porta para desenhar. Parecia que todos tinham 43
AS OFICINAS Terras da Chanfana já tinham feito este tipo de desenho. Estava tudo muito entusiasmado e os resultados são prova disso. Antes da hora de almoço ainda fomos desenhar a torre da Igreja dentro do castelo. As perspetivas distorcidas estavam a divertir toda a gente. Alguns de nós desceram a vila (Penela está bem no alto) para almoçar. Foi um almoço sereno num dia que estava a ficar bem quente. 14:30 marcou o ponto de encontro no Posto de Turismo que fica junto ao castelo. Depois descemos até Rua D. Afonso Henriques e estivemos a desenhar a panorâmica da Rua. Este
exercício tem alguma complexidade, mas mais uma vez todos se atiraram de cabeça e fizeram desenhos cheios de vida. O dia não podia terminar sem a linha que samba (no papel). Desenhamo-nos uns aos outros e partilhamos desenhos e experiências. Foi um dia muito rico graças ao entusiasmo demonstrado pelos participantes. A envolvência das Ruas de Penela também ajudou pois está cheia de recantos encantadores para serem desenhados. Regressei com o coração cheio de memórias de um dia de desenho e partilha.
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10 JUNHO - LEONARDO CHARRÉU - VILA NOVA DE POIARES Uma meia hora de Coimbra (viagem feita num dia feriado, sem trânsito) fica o Município de Vila Nova de Poiares. A vila e periferias explanam-se por uma planície entre montanhas, com a Serra da Lousã, majestática, a dominar a paisagem. A natureza, marcada por verdes viçosos, procura ainda recuperar dos terríveis incêndios de há poucos anos atrás fustigaram a região. Infelizmente, a reflorestação parece ter sido feita, em muitos casos, de novo (!), na monocultura do eucalipto. E, portanto, há uma pirofloresta de novo pronta para arder assim que as condições estivais (e/ou a mão criminosa do homem) assim o permitirem. Na entrada da Vila, a rotunda é marcada por um grupo escultórico com um conjunto de bronzes desses simpáticos
repasto tradicional típico acima referido. Chegados ao Centro Cultural da Vila, um pequeno mas atento grupo de formandos, desafiando a tentação de ficar dormitando um pouco mais, num dia feriado, cumpre britanicamente a hora de início das atividades. Após uma curta apresentação mútua, mostra-se um pequeno tabalho audiovisual com exemplos de Sketching, destacando as características que o definem enquanto tal, e exemplos contrários (ilustração científica) ao sketching. Diários gráficos “reais” do espólio pessoal do formador foram circulando entre o grupo heterogéneo de formandos. Rapidamente passamos para as ruas da Vila e para a praça principal, paredes meias com o Centro Cultural. Nestas pequenas Vilas do Interior tudo fica perto de tudo. Os volumes urbanos ex-libris da Vila serviram, naturalmente, de base aos registos gráficos de muitos dos jovens (e menos jovens) sketchers: a Igreja e a sua torre, com os seus dois relógios (um mecânico e outo de sol), o edifício da câmara municipal, o jardim, o coreto...
animais – as cabras - que caracterizam indelevelmente uma das iguarias gastronómicas da região: a chanfana. Num passado recente, rebanhos de muitas centenas, limpavam a floresta da camada arbustiva que atualmente potencia a propagação dos incêndios. Hoje parecem ser apenas criadas para o
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AS OFICINAS Terras da Chanfana enfim, tudo aquilo que marca a paisagem urbana da Vila ficou por umas horas à mercê de lápis, canetas, marcadores e pinceis. Como seria expectável, performances gráficas muito boas (dos habitués nestas experiências) e outras, muito esforçadas, a revelarem imenso potencial. No final, a fotografia de família
(alguns ainda andavam em atividades) e o desejo de voltar a provar que a experiência foi muito boa. Pois parece que há por estas encostas muitas piscinas naturais e praias fluviais que merecem uma visita, armados de calções, toalha, cadernos marcadores e aguarelas. Uma combinação perfeita para Voltar de novo a Vila Nova de Poiares.
12 JUNHO - ISABEL ALEGRIA - MIRANDA DO CORVO Começámos o dia na oficina do Sr. Afonso da Silva, latoeiro e funileiro de Miranda do Corvo, que depois de falar um pouco sobre o seu ofício, colocou à nossa disposição várias das suas peças para as desenharmos, explicando a sua função. Quando o contactei para realizar na sua oficina de latoaria parte desta actividade de desenho, não imaginei que ele fosse falar de algo que eu considero essencial em qualquer arte que se pratique, o fazer com amor. Fiquei muito feliz que também ele quisesse contaminar os 14 participantes da oficina com esse princípio tão importante na vida, e em tudo o que é criação. Nos participantes estavam crianças desde os 7 anos, cheias de vontade de aprender, alguns jovens já seguindo o seu caminho na opção de Artes Visuais, que iam à procura de se desenvolver, e alguns adultos com vontade de descobrir algo novo e muito abertos ao que o desenho lhes pode trazer de frescura para a sua vida.
Essa diversidade de participantes resultou do bom trabalho de divulgação da Câmara Municipal. A minha proposta tinha como linha condutora desenhar os mirandenses inseridos na paisagem, e representar a dinâmica de vida da vila. Mas a chuva intensa da parte da tarde, acompanhada de trovoada, não permitiu que ficássemos muito tempo no exterior. Ainda tivemos oportunidade de pintar em aguarela junto ao rio, perto de um grande salgueiro, onde se chega por um passadiço de madeira que se encontra muito perto do centro da vila, mas logo tivemos que nos recolher na Casa do Design, para onde corremos sob chuva intensa. Aí, colocando duas mesas entre cada par de desenhadores, foi improvisada uma sessão de duelos de retrato. O grupo esteve sempre atento e interessado. De manhã apresentei técnicas para desenhar a figura humana e os objectos, 46
e ainda houve tempo para compor as imagens com um pouco de texto sobre o que ouviram e experienciaram. De tarde começámos com aguarela em húmido sobre húmido, e quando íamos para a camada de húmido sobre seco só deu tempo de fugir, pois quem ficou húmido sobre seco fomos nós! Todos mantiveram a boa disposição, e já na Casa do Design, depois de nos secarmos, e apesar do espaço ser amplo, as janelas eram poucas para que todos pudessem desenhar dali algum detalhe da vila. Então optei pela alternativa de se desenharem uns aos outros, como fazemos habitualmente nos duelos de retrato. Ao finalizar já era nítida alguma evolução através da prática, mesmo de quem não tinha qualquer hábito de desenhar. Para além do acompanhamento mais técnico do desenho, transmiti que é muito importante a percepção que se tem do próprio trabalho. O olhar positivo é também uma ferramenta à nossa
disposição para nos estimular e fazer evoluir. Como diz o senhor Afonso: É muito importante fazer o trabalho com amor. O trabalho feito fica melhor, e nós também! Gostei muito de Miranda do Corvo, principalmente do ambiente humano, que foi aquele que melhor fiquei a conhecer. E uma semana mais tarde, no encontro nacional dos USkP, já tive a felicidade de saber que uma das participantes que começou a desenhar em diário gráfico nesta oficina, aderiu plenamente ao desafio, e já vai levar de férias um diário gráfico e materiais para desenhar. 47
NOSSOS CONVIDADOS
Por
Alexandra Belo Manuela Rosa Vitor Mingacho
Temas do Mês Desafio a desafio… uma equipa a desafiar desde 2015!
de que ficaram os registos (“acta da reunião”, como lhes chamou o Vítor. Mais tarde, com a reformulação da equipa e a inclusão da Marilisa Mesquita, o e-mail tornou-se a forma mais prática de comunicar, propor ideias, distribuir tarefas e tomar decisões. O apoio do José Louro para a criação do banner com o desenho mais comentado foi sempre fundamental, bem como o dos colegas que geriram, nas várias direções da associação, a área de atividades. Alguns companheiros do desenho também fizeram sugestões ao longo do tempo… Os desafios eram lançados, no sentido de promover novas formas de experimentação plástica e temática à comunidade dos sketchers. Ao lançarmos os desafios, criávamos inevitavelmente uma expectativa em relação aos resultados finais. No entanto, as respostas eram sempre muito variadas e surpreendentes: algumas vezes, iam de encontro aos resultados expectáveis, outras, tomavam rumos completamente divergentes deles, mas igualmente estimulantes.
Todos os meses os sketchers são desafiados a desenhar de acordo com um tema, um modo de ver ou uma técnica. É assim desde 2009, ano em que foi criado o blog, e em que os challenges eram propostos pelos participantes/ colaboradores. Com uma interrupção pelo caminho, voltaram ao ativo em 2015 quando foi constituída a Associação dos Urban Sketchers Portugal. Criaram-se, nessa altura, diversas equipas de trabalho, na sequência de um pedido feito pela Direção por e-mail, incluindo a Equipa dos Desafios, para a qual se voluntariaram Filipe Almeida, Vitor Mingacho, Alexandra Belo e Manuela Rolão. Numa primeira reunião, no CCB, este grupo cujos elementos se entenderam com grande empatia, foram delineados os primeiros desafios, as regras de participação e a forma como eram lançados. Na sequência de um encontro no Museu do Carmo, a equipa reuniu novamente, com dois “convidados” – 48
Os primeiros desafios...
...o último, o Desafio 121
Nos últimos anos, mantiveram-se na equipa três dos elementos originais: Alexandra, Vítor e Manuela. Todo o trabalho foi feito à distância, através de e-mail, visto as atividades profissionais e pessoais de cada um tornarem difícil o encontro presencial. A gestão e distribuição de tarefas foi sempre natural e intuitiva e a equipa funcionou sempre “sobre rodas”! Nem sempre os desafios tiveram muita participação… as redes sociais retiraram
alguma adesão ao blog. Em tempos de confinamento, weboficinas e temas semanais reabilitaram a adesão às diferentes propostas no nosso riquíssimo blog. A renovação de atividades e propostas e a adaptação aos novos meios de comunicação e divulgação é necessária e construtiva. Ainda assim, a equipa dos desafios deixar-nos-á algumas saudades. Vamos todos (continuar a) participar?
Nota de Agradecimento A direcção dos USkP deixa aqui o enorme agradecimento por todos os desafios criados. Obrigado por tudo!!
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GRUPOS Por
Oeste Sketchers
Bruno Vieira
Ana Luisa Frazão
Os Oeste Sketchers nascem do convite dos Urban Sketchers Portugal ao André Baptista e à Ana Luísa Frazão em criar um grupo como forma de valorização e integração dos desenhadores desta região do país. Com o objetivo de se afirmar como plataforma de partilha e convívio entre desenhadores que
possuem a mesma paixão divulgando o património cultural local, o grupo é criado em 2015. O primeiro encontro foi a 12 de Dezembro de 2015, na Vila de Gaeiras perto de Óbidos, na exposição anual de presépios. O grupo atualmente é administrado 50
pelo Pedro Alves, Bruno Vieira e Ana Ramos, mantendo sempre contacto próximo com o André Baptista. Além de integrar pessoas de várias áreas de formação com ou sem experiência na área do desenho, existe sempre uma procura por novos participantes e partilha de conhecimento tanto sobre a prática de desenho como sobre os lugares e eventos que marcam a região, muitas vezes desconhecidos. Assim, alguns dos encontros tentam dar a conhecer, eventos, museus, entidades, paisagens naturais, ambientes urbanos ou rurais, por vezes com o apoio de entidades municipais, associações ou empresas com objetivos culturais semelhantes. O grupo Oeste Sketchers tem também uma forte influência de aguarelistas e artistas da região que aos poucos tem vindo a ter presença habitual nos encontros organizados.
A zona de Torres Vedras, além de atrair uma serie de desenhadores de rua, aguarelistas ou outros artistas, concentra uma serie de eventos ligados ao desenho e à pintura ao ar livre, onde os Oeste Sketchers acabam por concentrar indivíduos participantes de outros eventos e grupos, como o 51
GRUPOS Por
Oeste Sketchers
Helena Vilas Boas
Margherita B Annibale
André Kano
antigo CCC Sketchcrawl Torres Vedras, o famoso Encontro Internacional de Desenho de Rua de Torres Vedras e o Encontro Internacional de Aguarelas em Santa Cruz, entre outros. A influencia positiva entre os membros do grupo tem vindo a incentivar a experimentação de técnicas de desenho e pintura, motivando o interesse pela aprendizagem artística e a valorização cultural, culminando em exposições coletivas ou individuais.
É difícil escolher um encontro que se destaque, Torres Vedras, Vimeiro, Arruda dos Vinhos, Óbidos, Bombarral, Lourinhã, Nazaré, Mafra, Aljubarrota, Santarém, Lisboa e tantas outras, são localidades onde se organizaram encontros de desenho memoráveis, transpondo a região oeste em colaboração com outros grupos, em parte com eventos integrados. Boas férias e venham desenhar connosco!
http://oestesketchers-portugal.blogspot.com oestesketchers@gmail.com 52
DICAS 1, 2, 3
Por
Helena Vilas Boas
A aprendizagem faz-se na partilha e na observação constante e direta do real. Só assim poderemos conhecer o universo e tudo o que o engloba. Escolhi para este desafio as paredes de pedra de granito ou xisto e deixo-vos a minha sugestão de como e pinta-las. Pintar Paredes de Pedra
#1 - Começo por esboçar levemente o tema a lápis, normalmente uso lápis ou lapiseira 2B dando expressão ao traço, deixando pequenos intervalos (espaços) entre as pedras.
#2 - A segunda etapa, consiste em pintar com uma cor base/ clara - cor de pele + castanho claro com muita água, todo o espaço refente às pedras. Claro que podem sempre utilizar várias cores o que dá mais beleza ao trabalho, sugerida alguma textura na pedra. Deixo secar e vou colorindo por camadas até obter volume.
#3 - Na fase final uso um pincel mais fino que faça bico na extremidade para conseguir obter traços finos e grossos, criando traços expressivos e pinto os intervalos entre as pedras com castanho-escuro Van Dyck + azul ultramarino + alazarim. No fim faço uma ligeira sugestão de sombra com azul ultramarino na parte inferior das pedras. É fundamental usar sempre os pinceis como se fossem lápis e dando o máximo de expressão.
Experimentem e partilhem. Técnicas, truques, efeitos. Querem partilhar? Enviem para uskp.actividades@gmail.com Mandem-nos uma introdução (máximo 450 caracteres) + título da dica + 3 imagens dos desenhos e indicação dos materiais usados. 53
AGENDA julho 2021
ENCONTROS
toda a informação actualizada em USkP ENCONTROS
10 JULHO | VISITA AO PANTEÃO NACIONAL 10h00 - 13h00 - Lisboa - Limitado a 30 participantes Entrada gratuita a Associados USkP Org. USKP + DGPC Informações e inscrições 10 JULHO | 84º ENCONTRO ÉVORA SKETCHERS 10h00 - 12h30, Circuito de Manutenção, Altos dos Cucos, Évora Org. ÉSK 17 JULHO | VAMOS DESENHAR COM... ANA RAMOS 9h30 - 12h30 - Museu Bordalo Pinheiro, Campo Grande - Lisboa Org. USkP + Museu Bordalo Pinheiro 23 JULHO | III ENCONTRO DOS URBAN SKETCHERS DE OLIVEIRA DO HOSPITAL Desenhar e Pintar Lourosa - Tema: Varandas e balcões Participação sujeita a inscrições Org. UrbanSketchers de Oliveira do Hospital + Junta de Freguesia de Lourosa Informações
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FORMAÇÃO
toda a informação actualizada em USkP FORMAÇÕES
ALFABETO LISBOETA DESALINHADO - Mário Linhares, José Louro, Ketta Linhares 10 de outubro a 10 de julho - Sábados, 10h30 - 13h00 Mário Linhares, José Louro, Ketta Linhares OFICINAS DE URBANSKETCHING | LISBOA Academia de Pintura do Parque das Nações, Lisboa Data: 10 de Julho, manhã - Formador: Pedro Loureiro Data: 17 de Julho, manhã - Formador: António Procópio Data: 29 de Julho, 19h30-22h00 - “Night sketching” - Formadores: Pedro Alves e Pedro Loureiro Inscrições
EXPOSIÇÕES
toda a informação actualizada em USKP EXPOSIÇÕES
DESENHO EM CADERNOS E FOTOGRAFIA - Grupo do Risco Museu Nacional de História Natural e da Ciência Até 14 de Março de 2022 Org. GdoR/LxVerde PONTA DELGADA SOB UM OLHAR URBANO De Paulo Brilhante De 1 de Abril a 30 de Junho de 2021 - Centro Cultural dos Fenais da Luz De 16 de Julho a 30 de Setembro de 2021 - Centro Cultural de Santo António De segunda a sexta feira, das 08h30 - 12h30 e 13h30 - 16h30 Org. C.M. de Ponta Delgada URBAN SKETCHERS DE OLIVEIRA DO HOSPITAL De 10 de Junho a 10 de Julho de 2021 Café Central de Oliveira do Hospital Org. USK Oliveira do Hospital
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AGENDA julho 2021
OFICINAS SINGULARES
todas as edições em YouTube UrbanSketchers Açores
À CONVERSA COM JOÃO CATARINO - Sessão #13 Facebook USK Açores - 3 de Julho, 17h Açores / 18h Continente Org. USK Açores
CONVERSAS VIRTUAIS
todas as edições em YouTube Urban Sketchers Portugal
CONVERSAS VIRTUAIS REGRESSAM DEPOIS DO VERÃO
Comuniquem-nos actividades relacionadas com sketching para o e-mail uskp.actividades@gmail.com
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USkP ASSOCIAÇÃO Urban Sketchers Portugal
urbansketchers-portugal.blogspot.pt Instagram: @urbansketchersportugal YouTube: urbansketchersportugal Facebook: urbansketchersportugal
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