Agenda - Urban Sketchers Portugal - Setembro 2020

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AGENDA Setembro 2020

Desenho vencedor do Tema do MĂŞs: JoĂŁo Santos

urbansketchers-portugal.blogspot.pt

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AGENDA Setembro 2020

Desenho vencedor do Tema do Mês: João Santos

ENTREVISTA

Nelson Paciência por Leonor Lourenço

OS NOSSOS DESENHOS Tema: Pessoas

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LIVRO Equipa de produção: Abnose, André Baptista, Carlos Matos, Henrique Vogado, Isa Silva, Leonor Lourenço, Manuel Tavares, Rosário Félix, Vicente Sardinha Colaboraram nesta Agenda: Abnose, Ana Conceição, Anselmo Coelho, António Procópio, Bruno Vieira, Carlos Matos, Carlos Teixeira, Eduardo Salavisa, Filipe Pinto, Henrique Vogado, João Albergaria, João Tiago Fernandes, Jorge Vila Nova, Leonor Janeiro, Leonor Lourenço, Maike Bispo, Manuela Rolão, Margarida Aguiar, Nelson Paciência, Paula Cabral, Pedro Cabral, Pedro Gertrudes, Rosa Parrot, Rosário Félix, Susana Coelho, Teresa Ruivo, Vicente Sardinha Design e paginação: Isa Silva Copyright: Urban Sketchers Portugal www.urbansketchersportugal.blogspot.pt Sugestões e contacto: uskp.actividades@gmail.com

Sob o signo de Capricórnio por João Albergaria

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VIAGEM GRÁFICA

Damann, Arábia Saudita por Vicente Sardinha

DICA

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por Rosário Félix

EVENTO NACIONAL (a)Riscar o Património por Jorge Vila Nova

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DESENHANDO

Quarentena Desenhada por Carlos Matos

ABCDIÁRIO

por João Tiago Fernandes

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GRUPOS

USk Barreiro por Henrique Vogado e Pedro Gertrudes

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COLABORAÇÕES

Nuestros Hermanos por Vicente Sardinha

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NOSSO CONVIDADO

Algumas pequenas diferenças entre o desenho do quotidiano e o desenho de viagem por Eduardo Salavisa

AGENDA

Encontros, Formações, Exposições 2

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E D I T O R I A L Olá a todos! A partir de agora, os USkP têm uma nova agenda num formato mais amplo. Queremos abrir espaço para TODOS colaborarem seja através de conteúdos seja com sugestões. Descubram as várias secções e partilhem. Após o período de férias, iniciamos o regresso às rotinas com a lembrança de que este ano será tudo diferente. Já durante este mês, dia 26 de Setembro, teremos a iniciativa (a)Riscar o Património que lançou o desafio nacional com o tema ‘Património e Educação’. Segue-se o término de ‘Lisboa Verde 2020 - Capital Europeia’ com a preparação da exposição e produção do livro com desenhos e também o retomar de ‘Cadernos Parque das Nações’. Estamos a ultimar algumas novidades que iremos revelar em breve e também a preparar alguns encontros ainda este ano. O ano 2021 também já se mexe com algumas propostas muito interessantes. Inspirem-se, relaxem e desenhem muito!

Direcção dos USkP

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ENTREVISTA Nelson Paciência

Por

Leonor Lourenço

Nelson, estás na direção dos USKP, desde… Estou na Direcção desde Abril de 2016, um total de quatro anos e dois mandatos. Em conjunto com algumas pessoas, que depois fizeram parte da Direcção, tomámos a iniciativa de juntar um grupo que pudesse dar continuidade ao trabalho maravilhoso que os nossos fundadores fizeram desde a criação do blog, e mais tarde da Associação.

de enorme contentamento. No final, fica um vazio e tristeza por deixar a Direcção, mas também um orgulho e um privilégio pelo sentimento de dever cumprido, espero. Partilha connosco um ou alguns dos momentos que te ficarão mais na memória relativos ao tempo em que estiveste na direcção. Felizmente foram muitos, mas tenho de recordar a celebração dos 10 anos, e o Simpósio do Porto. Por esta ordem. Foram dois momentos marcantes, e cujas pessoas e sorrisos nunca mais sairão da minha memória e do meu coração.

Que sentimentos te vieram quando te despediste desse papel? Tive sentimentos ambíguos. Por um lado senti um alívio, no plano pessoal, por deixar um cargo de tanta responsabilidade, e para o qual sentia que não estava a dar a mesma resposta que no início do primeiro mandato. Sentia vontade de desenhar, e por vezes combinar as duas coisas não é tarefa fácil. O desgaste andou sempre de mãos dadas com a satisfação e orgulho de contribuir para este grupo, e saber que um novo grupo, com novas ideias, traz a mesma motivação e energia que nos moveu, é motivo

Como com qualquer atividade, há sempre momentos mais difíceis de gerir. Quais foram esses momentos e como foram superados? Enquanto direcção acho que não tivemos momentos difíceis de gerir. Sempre fomos assertivos nos temas, e a admiração que tínhamos uns pelos outros fez o resto. Sem dúvida que o momento mais difícil de gerir para mim foi o Simpósio do Porto, deixoume um grande desgaste, pela enorme 4


Que actividade gostarias de ter podido realizar mas não foi possível? Falámos várias vezes nessa possibilidade, de realizar um encontro internacional em parceria com os USk Barcelona (a nível europeu), com urbansketchers convidados e a realização de palestras, uma espécie de mini-simpósio mas com outra estrutura e âmbito.

responsabilidade, pela dificuldade de articulação com o grupo internacional e pelos longos meses de trabalho até à sua realização. Para a nova direção, há algo que queiras transmitir? E aos vários sócios? Para a nova direcção um aplauso. Por terem tido esta genuína vontade de trabalhar para um bem e paixão comuns. O desenho em cadernos. Aos associados, que continuem a sentir orgulho de fazerem parte dos USkP, um dos mais dinâmicos e organizados grupos do mundo.

Como gostarias de ver os USkP no futuro? Os USkP vão continuar o seu caminho notável, e a nova Direcção será o garante desse caminho.

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Leonor Lourenço

OS NOSSOS DESENHOS tema do mês: PESSOAS Carlos Teixeira

Anselmo Coelho

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Maike Bispo

Henrique Vogado

Maike Bispo

Paula Cabral

Vicente Sardinha

Rosário Félix

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LIVRO

Sob o signo de Capricórnio

Por

João Albergaria

Desde que me lembro, a minha relação com os livros sempre foi um bocado ambígua. Por um lado, sempre tive um enorme fascínio e curiosidade por eles, mas por outro, a minha dislexia fazia-me afastar deles. Daí que aqueles livros enormes com milhares de palavras eram quase assustadores. Demorava décadas a ler um livro e ficava perdido no meio de tantas letras que faziam questao de alterar o sentido da história. Por isso, sempre me refugiei na banda desenhada. Os livros de quadradinhos eram um tesouro no qual a história era guiada por imagens e as palavras eram “quase” secundárias. Habituei-me e viciei-me na BD, principalmente os da Abril, uma editora Brasileira. Fui crescendo e a BD sempre me acompanhou. Fui adicionando novos títulos e autores à minha colecção, e o gosto pelos quadradinhos ia sendo cada vez maior.

Um dia, lá para o fim da minha adolescência encontrei na livraria da terra onde vivia uns livros novos e acabados de chegar às prateleiras. Um novo autor, HUGO PRATT, na capa a figura de um novo super herói, CORTO MALTESE e o título, SOB O SIGNO DO CAPRICÓRNIO. Abri, folheei o livro e deparei-me com desenhos a preto e branco extremamente expressivos, umas verdadeiras obras de arte. Pedi para embrulhar, paguei orgulhosamente e segui directo para casa com uma brutal adrenalina para saborear aquele novo tesouro. Desembrulhei e senti aquele cheiro delicioso de um livro acabado de ser impresso. Em dois segundos fiquei preso aos maravilhosos desenhos, sequenciados de quadradinho em quadradinho, e em relação à minha dislexia, essa foi esquecida repentinamente, até porque a relação do texto com o contexto dos desenhos era perfeita. 8


Guardo religiosamente o primeiro livro que li do Corto Maltesse e atrevo-me a dizer que foi o primeiro romance “Grafico” que li. Uma história magnífica, sobre um novo e estranho super herói e das suas complexas relações com as restantes personagens. Uma história sobre lugares de novos mundos e cenários, de travessias marítimas, de tempestades, de lutas, cumplicidades entre personagens e um humor peculiar quase difícil de entender. É evidente que depois completei a colecção de livros do CORTO e ainda hoje procuro nas prateleiras das livrarias,

novas edições e títulos do HUGO PRATT. A belíssima expressão gráfica dos desenhos, passou a ser para mim uma grande referência e inspiração, principalmente pelo uso da linha e pelo uso de grandes contrastes a preto de branco. Mas a grande lição que hoje posso tirar desse livro mágico, como Urban Sketcher, é que desenhar no local significa contar uma história e esse será sempre para mim o meu grande desafio pessoal. É aquilo a que chamo, o desafio do CORTO MALTESE. 9


VIAGEM GRÁFICA

Damann, Arábia Saudita

Por

Vicente Sardinha

Agosto de 2019. Durante uma das minhas habituais estadias na Arábia Saudita resolvemos aproveitar dois dias de folga da minha mulher e fazer uma visita a Damann. Da capital Riyadh que fica bem no

centro do país até à costa do Golfo Pérsico são 400 quilómetros, pelo que partimos bem cedo. A viagem foi simples: 400 quilómetros de auto estrada em linha reta pelo meio do deserto. A paisagem é deserta mas 10


a estrada não. Tendo em conta que, em média, circulavam camiões em ambos os sentidos de 50 em 50 metros, devemos ter cruzado com 16.000 durante o percurso. Chegámos a Al Khobar ( ao lado da cidade de Damann ) ao final da manhã e instalámos num hotel na linha da costa. Da janela do quarto avistávamos a ponte que liga a Arábia Saudita ao Bahrain. Durante a tarde fomos fazer uma visita ao King Abdulaziz Center for World Culture, um gigantesco e ultra moderno museu onde, entre outras coisas pudémos ver uma exposição temporária de Edvard Munch.

Guardámos o segundo dia para uma visita turística a Damann ( num país onde não há turismo ). Numa pesquisa efetuada na véspera descobri que Damann tem um forte português e depois de muita volta lá o descobrimos, lindíssimo mas abandonado e não acessível. Pelo menos tirar umas fotos, pensei eu. Durei poucos segundos lá fora: o termómetro do carro marcava 57 graus. O resto do dia foi passado em passeios de carro, alguns desenhos, mesquitas e o farol da Murjan Island antes de enfrentarmos os 400 km de regresso. Já era noite quando por entre as dunas avistámos Riyadh, a minha casa no deserto. 11


DICA

Por

Rosário Félix

Gosto de ir ao mercado. Como vivo em Campo de Ourique, é a esse mercado do bairro que vou. Gosto das cores, do movimento, do casal que me trata pelo meu nome e que sabe o peixe de que eu mais gosto. Do Sr. Jorge, a quem compro os legumes e que tem uma banca com uma admirável e belíssima organização. Desta vez, foi a caixa dos rabanetes que me atraiu e entusiasmou a fazer um pequeno registo com aguarela.

Esbocei sem pormenores com um lápis de grafite, só para não me perder. Tinha uma boa luz, vinda do lado esquerdo. Comecei com muita água (pois aguarela requer muita água), deixei em branco as zonas de luz e fui escurecendo sem massacrar o papel. Pinceladas, se possível, de uma só vez. Para dar volume, para além da sombra própria dos rabanetes (a sua zona mais escura, a que não recebe luz), terminei com a sua sombra projectada na mesa.

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EVENTO NACIONAL

(a)Riscar o Património

Por

Jorge Vila Nova

Dando continuidade a uma actividade que se desenvolve desde 2014, o (a) Riscar o Património avança, apesar dos constrangimentos e da incerteza que marcam este ano atípico, fazendo das fraquezas forças e aproveitando a fantástica energia criativa de todos os que, mesmo à distância e reduzidos a um universo de quatro paredes e aos écrans de tablets, telemóveis ou computadores, nunca deixaram de desenhar. Passado o período mais crítico, voltamos à rua: com máscaras, cuidados redobrados de higiene e preferência por espaços amplos e/ ou exteriores - mas com a mesma determinação e alegria. À semelhança dos outros anos, tendo como pano de fundo a associação às Jornadas Europeias do Património, os encontros da 7.ª edição do (a)Riscar o Património terão lugar no dia 26 de Setembro de 2020, com o tema “Património e Educação”, em cerca de 18 localidades em todo o País. Em Lisboa, o local escolhido foi o Museu de História Natural e da Ciência (MUHNAC) e Jardim Botânico, na Rua da Escola Politécnica, particularmente adequado ao tema e às condições por associar o espaço livre do Jardim ao ambiente oitocentista das antigas salas de aula e laboratórios e, ainda por cima, com o importante destaque de albergar uma magnífica exposição do

Grupo do Risco – que integra trabalhos de alguns dos nossos colaboradores habituais, e que poderá, quem sabe, servir de inspiração aos participantes. Os outros encontros e os seus programas, que acontecerão um pouco por todo o país, serão devidamente divulgados através dos meios habituais, pelo blog www.ariscaropatrimonio.wordpress.pt e pelo blog dos USkP. 13


DESENHANDO Quarentena Desenhada

Por

Carlos Matos

Em março, pelas razões conhecidas, de uma forma abrupta e veloz, passamos a coabitar com palavras em desuso. Quarentena. Confinamento. A vida passou a ser vivida nesses dias em poucos metros quadrados. Muitas estratégias se (re) inventaram para preencher os vazios. Face a essa necessidade de confinamento em que nos foi pedido ficar em casa, os desenhadores puderam usar o desenho como ferramenta para o reduzir. O caderno, o desenho passou a ser uma ferramenta poderosa para diminuir o isolamento ao praticar o desenho de observação. Os UskP logo procuram estimular essa prática, através da produção de cronicas desenhadas desses dias, inéditos na nossa vida. Foi inicialmente lançada a Quarentena Desenhada, com propostas para descrever e registar em diário gráfico o dia a dia e desta forma minimizar o não ser possível participar nos habituais encontros, muitos deles, temáticos. Todos os dias foi sugerido um novo tema. Numa segunda fase, criaram-se oficinas virtuais, as Weboficinas. Lançadas

diaria-mente, catorze formadores, propuseram técnicas, sugestões, exercícios e partilharam a sua forma de desenhar. 23 de março: António Procópio: Procopiar o WC 24 de março: Pedro Loureiro: Céus 25 de março: Luís Frasco: Quarentena é tempo de reflexão 26 de março: Luís Ançã: As mãos que desenham no caderno os objetos em cima da mesa e mais além 27 de março: José Louro: Lilliput e Brobdingnag 28 de março: Fernanda Lamelas: Estamos a passar por momentos surreais 29 de março: Eduardo Salavisa: Da tri para a bidimensinalidade 30 de março: Filipe Pinto: Variações sobre um tom 14


Luís Frasco

Rosário Félix

Bruno Vieira 31 de março: Suzana Nobre: Lá fora, dentro de casa

03 de abril: Pedro Cabral: Vamos ao ginásio

01 de abril: Paulo Mendes: Musealizemo-nos!

04 de abril: Teresa Ruivo: Uma crónica da Quarentena

02 de abril: Mário Linhares: Carta ilustrada

05 de abril: João Catarino: Belo Horizonte 15


Foi desta forma possível, continuar juntos e apesar do confinamento, continuar a desenhar, partilhar, comentar e aprender. Passar o tempo, preencher os vazios do isolamento, tirar partido do prazer de observar e desenhar. Isolados fisicamente, mas através de forma digital, no blogue e com o Jornal Público próximos com as publicações. A estas iniciativas, os Urban Sketchers aderiram em força. No blogue, durante os meses de março e abril forçam feitas 845 publicações.

Está agora na altura de voltar viajar por esses desenhos que cristalizaram esses dias, em que as salas foram transformadas em escritórios e salas de aula e as janelas ou varandas em esplanadas e espaços ao ar livre. E o blogue, em longos passeios pelo dia a dia dos associados.

Descubram aqui todos os desenhos da #quarentenadesenhada

Leonor Janeiro

Rosa Parrot Pedro Cabral

Abnose

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António Procópio

Margarida Aguiar

Manuela Rolão

Teresa Ruivo

Susana Coelho

Ana Conceição 17


Por

ABCDIÁRIO

João Tiago Fernandes

Nesta nova secção irei criar um glossário que tente identificar alguns pontos chave da nossa prática enquanto riscadores de papel. Mas se os caminhos que nos levam à folha

branca podem ter as mais diversas origens, já a procura de uma linguagem própria parece-me ser uma constante. E, já que falamos de linguagem, a escolha de um alfabeto comum torna-se

[2] Chaves, desenhado na King William Ale House, Bristol

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foto de Helena Zália

[1] Desenhando Azulejos na estação de comboio

imperativo para facilitar a criação de um espírito de grupo. Da mesma forma, ainda que todos tenhamos um traço único, as experiências diversificadas de cada um de nós fazem com que esta seja uma comunidade heterogénea, unida nas múltiplas formas de fazer o que tanto gosta: desenhar. Assim, não será de espantar que, ao longo deste glossário, encontremos diferentes formas de tratar os vários temas: alguns terão um ponto de vista autobiográfico — que, por diferente dos demais, é igual a tantos outros —, enquanto outros resultarão de conversas informais ou de entrevistas devidamente estruturadas; alguns dos temas poderão levantar questões, originar sugestões, revelar curiosidades

e, outros ainda, potenciar exercícios técnicos; mas sempre duma forma despreocupada. Alfabeto Como já devem ter percebido pelo título no topo da página: (1) iremos apresentar os temas por ordem alfabética e (2) alguém nesta redação gosta de fazer trocadilhos. Na verdade, sempre que possível gosto de utilizar o alfabeto como base para projetos colaborativos, criando logo um ponto de partida e uma linha orientadora para a nossa criatividade, ajudando ainda a vincar a linguagem visual do mesmo projeto. Alguns exemplos: A 47th world wide sketchcrawl (em 2015) coincidiu com o nosso 25 de Abril e, em Aveiro, decidimos aliar-nos ao evento realizando um encontro 19


ABCDIÁRIO

João Tiago Fernandes

de arte contemporânea), Balloon Festival, Clifton Suspension Bridge, etc; mas ajudou também a diversificar o tipo de temática a desenhar (Graffiti, por exemplo, pelo qual a cidade é mundialmente conhecida), e proporcionou-nos momentos engraçados tal como desenhar olhos (eyes) para a letra I /aI/ ou um molho de chaves (keys) para a letra K [2]. De volta a Portugal, em 2016, surgiu um movimento de apoio ao comércio local em Aveiro que culminou num evento cultural no centro da cidade chamado Vivó Bairro. O nosso grupo foi convidado a participar e acabámos por criar um alfabeto ilustrado (a que chamámos Bairro à Letra) pintado nas caixas elétricas da zona em questão. Isso permitiu, mais uma vez, dar asas à imaginação e, se alguns foram mais diretos (Anjos, Barba, Cães), outros precisaram de longas sessões de brainstorming para chegar ao resultado final; chegando mesmo um dos artistas, por exemplo, a misturar várias ideias que lhe foram sugeridas numa mescla eletrizante: Elefante+Eletricidade+Esqueleto. Mas para verem o resultado, terão que visitar Aveiro!

com uma temática múltipla, de acordo com as três primeiras letras do alfabeto: Azulejos, Barrocas e Cravos. Essa escolha levou-nos a uma caminhada pela cidade que começou na estação de comboios, cujo edifício antigo é um belo exemplo de azulejaria; seguiu para a zona das Barrocas, onde pudemos visitar a Capela do Senhor das Barrocas, com planta octogonal (do mesmo arquiteto que projetou a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra) e terminou à volta duma mesa de café, depois de comprarmos cravos para toda a gente pelo caminho [1]. Apesar do engraçado que foi pela coincidência das datas, rapidamente deixámos de utilizar este sistema pelo desafio que veio a revelar-se encontrar temas desta forma. Antes disso, em 2012, no período em que estudei em Bristol, juntei-me a um dos grupos locais que mantinham encontros regulares e, meio a medo, lá sugeri que se utilizasse o alfabeto para dar o mote aos mesmos. Claro está, optar por esta ideia facilitou a escolha dos locais a visitar: Arnolfini (um museu 20


[3] Suzana Nobre (Anéis), Joel Faria (Bifana) e João Tiago Fernandes (Cadeiras), “Alphabet Exchange”

Finalmente, nos últimos 5 anos temos vindo a dar forma a um projeto de colaboração entre o grupo de Aveiro e o grupo de Bristol: a criação de um alfabeto ilustrado num caderno em acordeão [3] que resultasse de várias trocas de correio. Repito: várias(!) trocas de correio. Afinal, não é por nada que já dura há cinco anos — mas vá lá, já vamos na letra U. Caso para dizer: venham mais cinco! “Então mas eu estou é a ver o artigo a terminar e ainda mal sei quem está a falar…” — Olha aí está uma falha, realmente. Ora pois então, o meu nome é João Tiago Fernandes, sou de Aveiro, licenciado em escultura, mestre em cinema de animação, músico, ator amador, contador de histórias, amante

de gatos, tango e jogos de tabuleiro, e urban sketcher nas horas vagas. Convido-vos a acompanhar-me neste passeio pelo abecedário de lápis em riste, a fim de celebrarmos em conjunto a multiplicidade de formas de enfrentar a folha branca e sobreviver para contar a história.

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GRUPOS

Por

USk Barreiro

Henrique Vogado Pedro Gertrudes

Há uns anos a viver no Barreiro e como Urban Sketcher, fiz alguns encontros a título individual e sempre com a expectativa de um dia juntar mais pessoas e haver um grupo para encontros habituais. Foi uma boa surpresa quando a 19 de Setembro de 2017 surge o grupo Urban Sketchers Barreiro, dinamizado por alguém que depois vim a conhecer, o Pedro Gertrudes. Gostei logo do dinamismo e da vontade de querer dar a esta cidade um grupo de desenhadores locais que pudessem colocar em caderno o rico património Industrial e Associativo do Barreiro. Das ideias surgiram os eventos “Quem vai desenhar os moinhos?” que visava assinalar o dia nacional dos moinhos (07/04/2018) e o Barreiro tem um rico património desses edifícios; e “Entre a avenida e a Indústria” (03/06/2018) que atraíu muitos desenhadores para conhecer o que há na margem sul do Tejo e que muitos desconhecem, especialmente sobre a ligação da cidade com o seu passado industrial. Participámos a 1 de Dezembro de 2018 com uma exposição no evento “Open

Day” da ADAO e encontro de desenho que se mostrou muito rico pela reunião de muitas Artes naquele espaço. O grupo conseguiu dar o passo seguinte e realizou também o (a)Riscar o Património 2019 em Setembro, com visitas aos moinhos de vento da Alburrica e ao recuperado Moinho de Maré pequeno, com a presença de um técnico do Património do Município do Barreiro. Do resultado destes encontros, o grupo teve o convite e a oportunidade de fazer uma exposição no Auditório Municipal Augusto Cabrita em Outubro de 2019. Este ano tínhamos começado com a iniciativa “Sketch & Talk”, um convívio ao final do dia, que ocorreram em Fevereiro e Março. Reataremos assim que fôr possível para o convívio e desenho. No mês em que fazemos 3 anos de actividade, o objectivo do grupo tem sido de divulgar o desenho pelas camadas mais jovens e pelos habitantes do Barreiro e arredores, para olhar de outra forma para a cidade e para prazer de desenhar em caderno e em comunidade. Procuramos aliar as diferentes formas artísticas do concelho e dar a conhecer esta nobre forma de Arte. 22


Filipe Almeida De forma a divulgar os trabalhos realizados, estamos presentes nas Redes sociais: Facebook.com/USkBarreiro Instagram.com/ urbansketchersbarreiro/ Linkedin.com/company/urbansketchers-barreiro/ 23


COLABORAÇÕES Nuestros Hermanos

Por

Vicente Sardinha

Em pequeno ouvi muitas vezes dizer “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”. Eu não via a coisa assim, mesmo no tempo das fronteiras. Falava a língua, via a TVE, ia a Badajoz comprar caramelos e comer churros. Eram simplesmente os vizinhos do lado direito. Desde o início do movimento Urban Sketchers que ficou claro que Portugal tem uma grande comunidade USK e uma das mais ativas, mas os nossos vizinhos não se ficam atrás. Quando aderi ao movimento e comecei a procurar encontros para participar, era-me indiferente de que lado da fronteira caía o pêndulo. Em Espanha uma das primeiras oportunidades surgiu em Zaragoza com o curso “De vuelta con el cuaderno”, um encontro anual pioneiro nestas coisas de congressos e simpósios. Entre 2009 e 2019 Clara Marta organizou o festival por toda a província de Aragão (Zaragoza, Huesca, Teruel,…). 2019 foi o ano que viu nascer, também pelas mãos de Clara Marta o “Cuaderno fest”, um festival de cadernos de viagem.

Depois de Zaragoza, Sevilha por intermédio da Fundação Três Culturas em parceria com os USK Spain: o projeto “Cronistas de las dos orillas” promoveu entre 2012 e 2014 uma série de encontros de fim de semana em 24


Espanha e Marrocos. Cádiz foi a minha estreia no projeto. Sevilha tornou-se o meu porto seguro em Espanha graças a este projeto e ao “ETSA”, uma semana de desenho de rua que José Maria Lerdo, professor de desenho da Universidade de Sevilha promove todos os anos para alunos e USK´s. 2015 foi o ano em que nasceu o “Malagráfica”, festival de desenho de Málaga dirigido por Luís Ruiz. Mais a norte, na Galiza, nasce em 2016 o “Compostela Ilustrada”, um festival de 3 dias de conferências e encontros

dirigido por Miguelanxo Prado até 2018 e posteriormente por Maru Godas. De norte a sul na casa dos meus vizinhos sempre me receberam bem e me trataram como um dos seus. Mas o fluxo não se fez apenas num sentido. Por Portugal, em encontros, formações, oficinas, passaram muitos dos nossos amigos de fala castelhana: Miguel Herranz, Inma Serrano, Santi Salles, Urumo, Javier de Blas e tantos outros. Afinal, partilhamos o gosto pelo desenho e uma península a que chamamos Ibérica. 25


NOSSO CONVIDADO Algumas pequenas diferenças entre o desenho do quotidiano e o desenho de viagem

Por

Eduardo Salavisa

ilustrado com desenhos de uma viagem à américa latina

(Texto dito oralmente no Encontro “Desenho em viagem” na Faculdade de Arquitectura de Coimbra, em Março de 2019)

Ao falarmos do desenho de observação no sítio, e como suporte um caderno, objecto íntimo e que não serve, à partida, para mostrar, podemos dizer que o feito em viagem é semelhante ao feito no quotidiano. No entanto o nosso estado de espírito em viagem faz com que surjam algumas diferenças.

Fig. 1. Entre a cidade de El Calafate e o Perito Moreno (Argentina) instantaneamente, a imagens dos sítios para onde vamos e onde estivemos, o desejo do viajante-desenhador é, ou devia ser, fugir aos estereótipos, às imagens por demais conhecidas, à repetição do “bilhete postal”. Não sente tanto a necessidade de relatar a sua viagem, mas de dar mais ênfase às suas emoções, dar a conhecer as

Neste tempo em que as imagens proliferam, em que temos possibilidade de aceder, 26


exemplo, na Figura 1 são vários desenhos executados durante uma hora num pequeno percurso de 80 km. Falamos de desenho de observação no sítio, feito num caderno, tal como o fazemos no nosso quotidiano, contudo, naquele feito em viagem, podemos apontar algumas pequenas/ grandes diferenças. Em viagem temos Fig. 2. Terminal de autocarros em Puno mais disponibilidade (Peru). Início da viagem Puno (Peru) – São para olhar, a nossa Pedro de Atacama (Chile) curiosidade aumenta, temos os sentidos mais despertos, as emoções à flor da pele. experiências por que passou, marcá-las Temos urgência de memorizar aqueles com o desenho com uma memória que momentos irrepetíveis, o que estamos a perdure. sentir naquele momento. Por outro lado, O facto de serem feitos num caderno, os materiais são, eventualmente, mais o suporte certo neste contexto e do escassos e as condições climatéricas e o qual estamos a falar, enfatiza esta contexto nem sempre são as desejáveis. componente intima, de desenho para o próprio, de desenho não fotográfico da realidade. E o próprio nome que se dá a estes cadernos – diário – (gráfico ou, neste caso, de viagem) também realça, além do aspecto intimo, o desenho sistemático, feito todos os dias. Este facto tira importância a cada página, ou dupla página, dando valor ao conjunto dos desenhos, que são o resultado de um percurso que aconteceu durante Fig. 3. Uma sessão de tango numa sociedade um determinado tempo. recreativa em Buenos Aires Literalmente, como 27


NOSSO CONVIDADO

Eduardo Salavisa

Fig. 5. Parati (Brasil)

Podemos dizer que uma das diferenças é a maior profusão de escrita. Numa mesma página o desenho mistura-se com o texto. Há várias informações úteis que temos de registar (direcções, tarefas a fazer,...) e, mais importante, não conseguimos representar tudo com que nos deparamos. Há mesmo elementos que não são representáveis por meio de imagens (sons, cheiros). Também a colagem é uma boa maneira de acrescentar informação facilmente. O desenho, como já dissemos, feito, muitas vezes, em condições precárias,

rapidamente e, cujo material riscador, por ser mais prático, é uma caneta, faz com que os erros, as alterações, os elementos inacabados, estejam à vista, fazendo com que se percebam as hesitações, as tentativas do desenhador e, deste modo, dando mais densidade e veracidade àquela dupla página. Por vezes, fazemos questão de o desenho transparecer que aquela experiência é nossa, que se passou connosco, que somos nós que a estamos a viver. E, por vezes, caímos na tentação do equivalente a uma 28


selfie na fotografia – representamo-nos a nós próprios no desenho. O nosso próprio desenho com as nossas próprias mãos e a nossa caneta, que estão no ângulo de visão, aparecem no desenho. Ou não desenhamos simplesmente uma vista duma pequena cidade, fazemo-la por intermédio da janela do quarto do hotel onde Fig. 6. Ouro Preto (Brasil) estávamos hospedados. Ainda dentro deste espírito, de mostrarmos ao mesmo tempo, há que seleccioná-los que estávamos lá, que aquele desenho e representar o que mais nos interessa. foi executado no calor das coisas a De realçar que, neste texto, refiro-me acontecer, que estávamos mesmo no só a desenhos feitos para o próprio, meio dos acontecimentos, um pouco sem intenção de editar em livro ou com o espírito do repórter, fazemos mostrar publicamente. Não são feitos questão de colocarmos coisas ou para observadores exteriores. Com isto pessoas em primeiro plano. não quero dizer que não se possa editar Ou, quando os acontecimentos não são em livro, por exemplo, se aparecer um lineares, estão-se a passar muitas coisas editor interessado.

Fig. 7. Manifestação de estudantes na Praça de Armas em Santiago (Chile) 29


AGENDA setembro

ENCONTROS

toda a informação em urbansketchers-portugal.blogspot.pt

13 de Setembro - PoSk #82 - Palácio das Sereias, Porto - Das 15h às 18h Org. PoSk 19 Setembro - Cadernos Parque das Nações - Envolvente do Terreiro dos Radicais com Isabell Seidel - Das 10h30-13h Org. JF Parque das Nações / Urban Sketchers Portugal 26 Setembro - Cadernos Parque das Nações - Torre da Refinaria com Lapin - Das 10h30-13h Org. JF Parque das Nações / Urban Sketchers Portugal 26 Setembro - (a)Riscar o Património Açores - São MIguel Atelier e loja, Tecelagem O Linho com Lurdes Lindo, Lombinha da Maia, São Miguel, Açores - A partir das 11h Ponto de encontro: Estrada Regional, Lombinha da Maia, N 17 (Maia - Ribeira Grande) Org. UrbanSketchers Açores/Museu Carlos Machado Açores - Terceira Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade na Praça Almeida Garrett em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira - 14h30 Org. Urban Sketchers Açores Ilha Terceira Castelo Branco Educação para o Paladar - Fábrica da Criatividade - A partir das 10h ATENÇÃO: Máximo de 20 pessoas Org. Urban Sketchers Beiras Évora Ponto de Encontro: em frente da Igreja do Espírito Santo - Das 10h às 17h Org. Évora Sketchers 30


Leiria Ponto de encontro: Largo da República - A partir das 10h Org. LeSk-Leiria UrbanSketchers Lisboa Museu de História Natural e da Ciência, Rua da Escola Politécnica n.ºs 56/58, Lisboa - A partir das 9h30 Org. Direção-Geral do Património Cultural / Urban Sketchers Portugal Coimbra Desenhar na Universidade de Coimbra, Largo da Porta Férrea, Coimbra - Das 14h30 às 18h Org. MoSk - Montemor Sketchers Porto Reitoria da Universidade do Porto, Largo dos Leões, Porto - Das 15h às 18h Org. PoSk-Porto UrbanSketchers Torres Novas Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lotes (ponto de encontro será junto da entrada da Biblioteca, no Jardim das Rosas), Torres Novas - Das 10 às 13 h Org. USk Torres Novas Torres Vedras Edifício Multisserviços da Câmara Municipal de Torres Vedras (ponto de encontro) - A Partir das 10h Evento com inscrições - ESGOTADO Org. Oeste Sketchers / Câmara Municipal de Torres Vedras / Cooperativa de Comunicação e Cultura

FORMAÇÃO

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BELÉM ANTI-POSTAL - Belém - Mário Linhares - 1, 3, 8 e 10 de Setembro - (18h-20h30) LISBOA VERDE 2020 - Parque Bem Saúde - Dilar Pereira - 6 de Setembro (10h30-13h) - Org. CML/USkP LISBOA VERDE 2020 - Parque Eduardo VII/Estufa Fria com José Louro - 20 de Setembro (10h30-13h00) - Org. CML/USkP VAMOS GUARDAR MEMÓRIAS DA ROTA VICENTINA - Porto Covo - Fernanda Lamelas - Setembro, às 5ªs feiras - 10h30-13h e 15h-17h - Org. Fernanda Lamelas 31


AGENDA setembro

EXPOSIÇÕES

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DESENHO EM CADERNOS E FOTOGRAFIA - Grupo do Risco - Museu Nacional de História Natural e da Ciência - Até 14 de Março de 2021 - Org. GdoR/LxVerde

Comuniquem-nos actividades relacionadas com sketching para o e-mail uskp.actividades@gmail.com 32


USkP ASSOCIAÇÃO Urban Sketchers Portugal

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