Foram abertos também os primeiros estabelecimentos para atender essa nova população. A primeira pessoa a construir casa na nova Vila foi o Angelo Maccagnan. Os irmãos Maccagnan foram os pioneiros ao abrirem o Armazém e Loja de Fazendas e o Hotel Maccagnan onde hoje está a Rua João Pessoa entre a Avenida Campos Sales e Siqueira Campos. “O Hotel Maccagnan recebia principalmente viajantes ‘”que vinham fazer a praça local” chegavam pelo trem da Araraquarense.” (Memórias do Comércio de Matão, 2001, p. 23) Em 1893, iniciou-se a construção da Capela. E no ano de 1895 ela é concluída, e são realizadas as primeiras manifestações religiosas da cidade. A capela é inaugurada com sua primeira missa, que foi celebrada no dia 25 de março daquele ano, data da fundação da Vila do Senhor Bom Jesus das Palmeiras e atual Matão. Ainda no dia 25 de março foi realizada uma procissão para marcar o recebimento da imagem do padroeiro da capela e da futura cidade. A imagem vinha de Araraquara para a recém-construída capela para a sua primeira missa. (LEITE, 1990) Ainda no ano de 1895 foi criado o Distrito Policial, que dois anos depois se transformou em distrito de Paz. Com a consolidação da Vila é promulgada a lei n° 499, de 7 de maio, criando o distrito de Paz de Matão e suas divisas. Entre o fim de1897 e inicio de 1898, o traçado da E.F. Araraquara chega no distrito de Matão, atingindo no fim de 1898 o local onde a estação ferroviária se localiza. (LEITE, 1992, p.17) No final do século XIX as estradas de ferro buscavam o café nas linhas-tronco e ramais parando em núcleos urbanos nascentes. Esses núcleos se desenvolviam com a vinda da ferrovia, porém já apresentavam certa organização urbana, sendo que a estrada de ferro impulsionaria o crescimento local, esse é o caso de Matão. (Ghirardello, 2002,p.48).
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Como a maior parte das cidades da região de Araraquara, Matão se dedicou à plantação de café, o chamado “ouro verde”. Inicialmente o café era transportado do local de produção até Santos de forma precária, através de tropas de mula. Esse tipo de transporte acarretava em muitos prejuízos, pois era lento, caro e gerava grandes perdas de mercadoria. Esses problemas dificultaram o desenvolvimento da região. Assim, a construção da linha férrea Santos - Jundiaí , em 1867, tornou possível o desenvolvimento das cidades produtoras de café. (Memórias do Comércio de Matão, 2001, p. 25). Depois da construção da linha férrea Santos–Jundiaí, novas linhas foram feitas em direção ao interior, levando o desenvolvimento para novas áreas do estado. Assim como muitas outras a E.F. Araraquara foi um empreendimento pensado para tal fim. O ano de 1898 foi agitado Vila do Senhor Bom Jesus das Palmeiras, houve grandes acontecimentos, como a criação da Paróquia do Senhor Bom Jesus de Matão, e a solicitação da criação do Município de Matão. No dia 7 de julho de 1898, foi apresentado ao presidente da Câmara, Luiz Pizza, na 44ª sessão ordinária da Câmara Legislativa do Estado de São Paulo um memorial com essa solicitação. Assim nasce o projeto de lei 122/98 que eleva o Distrito de Paz á Município. No dia 27 de agosto de 1898 é aprovado pela Assembleia do Estado o projeto de lei do Deputado n°122 do Deputado Toledo Malta, criando de fato, o Município de Matão. Disso nasce à lei n°567, de 27/8/1898. (LEITE, 1992)
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Figura 9 - Mapa do Município. Fonte: LEITE, 1992.
Figura 10 – Praça Central – Vista Aérea, 19451.
Esta foto, tirada em 1945, chama a atenção para vários pontos de real significado e importância para a história da
cidade. Bem no fundo, ao lado esquerdo, no alto, o campo de futebol da Associação Atlética Juventus, Ai, hoje, se localizado Clube do Leitinho, a Creche Santa Isabel, a Casa de Nazaré e a Clínica Dentária. Ao seu lado esquerdo o prédio do antigo Ginásio Municipal, recentemente construído. Um pouco abaixo, ainda à esquerda, estão a Matriz Velha, tendo nos fundos a antiga Casa Paroquial e a sede da Congregação Mariana. No correr da avenida 7 de Setembro, encontra-se o antigo prédio da Prefeitura, construído em 1909, hoje Departamento e Casa da Cultura; mais abaixo o prédio da Societá Stella d’ Itália. Finalmente, a visão ampla do jardim público e de um bom trecho da cidade. Fonte: LEITE, 1992.
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Em fevereiro de 1901, é lançada a pedra fundamental da primeira igreja matriz da cidade, iniciando a sua construção. Em 1908 inicia-se a construção do ramal ferroviário que ligava a cidade de Silvânia a de Tabatinga, passando pela cidade de Matão. (LEITE, 1990). A estrada de ferro, como já dito, trouxe desenvolvimento à cidade, praticamente tudo chegava por ela, desde alimentos até ferramentas agrícolas, como arados. Em 1914, foi terminada a parte da nova matriz e a capela passou a ser a capelamor. Em 1928, a capela e demolida dando lugar a uma nova capela-mor mais ampla (Figura 11). Até a década de 1920, Matão teve uma economia basicamente agrícola, onde o café predominava, além disso, se destacavam algumas atividades comerciais (Armazéns, farmácias, etc.) que atendiam a população da vila e de fazendas próximas. A partir a década 1920 uma expansão industrial acontece na cidade, essa expansão acompanha o desenvolvimento agrícola, surgem assim, empresas de implementos agrícolas como a Bambozzi (1920), Baldan (1928) e Marchesan (1946) criadas para atender as exigências do mercado agrícola. (A COMARCA, 1998, p.85)
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Figura 11 - Igreja Matriz – DÊcada de 1920. Fonte: Casa da Cultura.
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Em 1931, se tem os primeiros registros da principal manifestação religiosa/cultural na cidade, o Corpus Christi. Nessa época as famílias matonenses se reuniam para em feitar a frente de suas casas com folhas e flores para a passagem da procissão. Somente em 1946 se tem registro dos primeiros tapetes feitos nas ruas da cidade, feitos na época com folhas, galhos, flores, entre outros materiais. Com o declínio da agricultura entre as décadas de 1950 e 1960 a indústria se fortalece e o que ocasiona o crescimento e aumento da população urbana de Matão. Entre as décadas de 1960 e 1970 a cana-de-açúcar ganha destaque na agricultura e na economia, porém Matão acaba se destacando em outra vertente agrícola com a Citrosuco Paulista S/A. A produção de laranja e sucos concentrados dão um novo impulso à agricultura local impulsionando o desenvolvimento da cidade. (A COMARCA, 1998, p.85) A partir de 1963, Matão passa por um processo de modernização das atividades agrícolas regionais, transformando-se na cidade da agroindústria da laranja. Com isso, se instalam na cidade indústrias de suco concentrado de laranja destinado ao mercado internacional como a CITROSUCO. (CORRÊA,1999, p.51) Para atender a indústria da laranja, a indústria metalúrgica cresce, produzindo implementos agrícolas – Baldan, Marchezan, entre outras. Desenvolve-se também uma indústria de confecção – Elite, Troféu, MM, etc – com parte da produção destinada ao mercado externo. (CORRÊA,1999, p.51) Estas indústrias surgem de capitais locais que investem, e assim possibilitaram o rápido crescimento da cidade. Matão passa de 8.229 habitantes em 1960 para 60.547 em 1991. (CORRÊA,1999, p.51)
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A partir da década de 1970, Matão passa por um período de grande desenvolvimento. O número de empresas do gênero alimentício passa de 300 para 800. O crescimento da cidade é notável e a partir disso Matão recebe inúmeras melhorias, como reservatórios de água e abertura e arborização de grandes avenidas. Matão se destaca, assim, por ter um importante comércio de implementos e insumos agrícolas e um modesto comércio varejista e serviços que se voltam para sua população. (CORRÊA,1999, p.51) Já na década de 1980, mais precisamente em 1987, a antiga Estrada Boiadeira é asfaltada e passa a ligar Matão à Rodovia Washington Luís. Com isso, cidade se destaca pela sua acessibilidade á capital regional, Araraquara – apenas 32km – e pelo seu relativo desenvolvimento como lugar central, que influência suas pequenas cidades vizinhas(Figura 12). Pode-se dizer que Matão está localizada numa área considerada estratégica. Além de estar localizada numa área centra do estado de São Paulo, a cidade está rodeada de cidade de grande influência econômica com Araraquara, São Carlos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, entre outras (Figura 13). Outro fator importante para seu desenvolvimento é a presença de duas importantes rodovias que cortam o município, a rodovia SP–310 – Washington Luiz e a Rodovia SP-326 – Brigadeiro Faria Lima, assim como a passagem dos trilhos da FEPASA pela cidade (Figura 14). Desta forma a cidade teve seu crescimento impulsionado, o que possibilitou o surgimento, primeiramente, da indústria metalúrgica e, posteriormente, da indústria da produção de insumos da laranja, o que caracteriza a economia da cidade como industrial o que permanece até os dias atuais.
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