A inclusão do vidro na produção dos tapetes começou no ano de 1961, quando um acidente mudou completamente a confecção dos tapetes de Corpus Christi.
Na época já tentávamos tingir pó de serra, cheguei a fazer um anjo com açúcar de confeiteiro nas rosas. Mas, em 1961, estava ajoelhada ornamentando a rua, quando derrubaram uma garrafa marrom ao lado do quadro. Na hora percebi o quanto o vidro brilhava. Alguém acabou pisando e então tivemos a ideia de picar aquele vidro. Passamos por uma peneira e colocamos sob o cálice que estava sendo ornamentado, deu um efeito muito bonito1.
Naquele ano essa inovação chegou a ser publicada na revista “O Cruzeiro” da época. Ainda naquele ano, Helena Bottura vai a São Paulo, em busca de uma maneira de tingir o vidro. . “Tentamos óleo, verniz e até álcool, nada fazia fixar a cor. Até que descobrimos que na forma de areia, bem moído, ele podia ser tingido” - Helena recorda. (Portal K3, 2013) Entre as décadas de 1960 e 1970, os visitantes chegaram a ultrapassar a população do próprio município, chegando em 1977 á 70 mil visitantes. A festa atrai desde caravanas de diversos Estados, até legiões estrangeiras. Em 1962 o Pe. Nelson Antônio Romão escreve sobre a dimensão que a festa atingiu:
Depoimento de Helena Bottura, artista plástica e uma das mais antigas colaboradoras do Corpus Christi de Matão. (PORTAL K3, 2013) 1
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Graças ao prestigio do dr. Lívio Malzoni, houve uma cobertura jornalística e cinematográfica que divulgou o sentimento católico do povo matonense
em
todo o país e no estrangeiro, pois a revista o<< O Cruzeiro>> é de âmbito internacional.O trajeto da procissão e o transcorrer da mesma foi filmado a cores e projetado nos principais cinemas do país. Inúmeras caravanas de lugares distantes visitaram a nossa cidade para ver maravilha dos trabalhos de ornamentação das ruas e homenagear a Jesus na Hóstia.Várias cidades vizinhas , a exemplo de Matão, que há dez anos ornamenta com tapetes de flores, já iniciam, também, esses trabalhos
como homenagem a Cristo. Pela primeira vez o Santíssimo
Sacramento percorreu as ruas em carro triunfaladeado por 12 pajens ricamente vestidos. Com as reportagens das várias revistas e jornais deste ano, esperamos grande afluência de povo para o ano viradouro... (LEITE, 1992, p. 234)
Já em 1966, o Pe. Nelson relata a presença do público estrangeiro, assim como a evolução da festa e o interesse de outras cidades em também realizar a festa:
... Com o passar dos anos várias cidades vizinhas começaram a imitar nossa Procissão
e,
quando
algumas
revistas
e
jornais
iniciaram
a
cobertura,
principalmente, a revista <<O Cruzeiro>> e a <<Manchete>>, então a noticia foi longe e recebíamos de todo Brasil pedido de informações de como se tingia esse ou aquele material, etc. Sabe-se hoje que mais de cem cidades no Brasil estão imitando com louvor a nossa Procissão... (LEITE, 1992, p. 234)
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