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LILIA SOUZA
LILIA SOUZA
ENTREVISTA por Valquiria Imperiano
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Lilia Souza é contista, poeta, mãe. Amante da cultura, ativista cultural. Um mulher corajosa, batalhadora que não abandona seus sonhos e não se desvia dos seus objetivos. Lilia é uma Valkyrie, uma guerreira pronta a doar-se para continuar contribuindo para que a cultura e a educação façm parte do cardápio de todos.
COMO FOI A CRIANçA, A ADOLESCENTE, A MULHER ESPOSA E MÃE, A MULHER ARTISTA. QUAL éA BASE DOS SEUS OBJETIVOS?. Nasci em Volta Redonda – RJ, em uma família simples e amorosa, que nos incutiu valores religiosos e nos ensinou com muitos bons exemplos. Sou a mais velha de 4 filhos. Meus irmãos, Max, Newton e Francisco, e eu tínhamos que cumprir regras, estudar, respeitar os mais velhos; ajudávamos em algumas tarefas e podíamos brincar muito! Foi uma infância feliz. Fui alfabetizada em casa, aos 6 anos, por minha mãe (que tinha o 2º ano incompleto). Aprender a ler foi a entrada em um mundo maravilhoso, um encantamento inenarrável! Entrei na escola aos 7 anos, já sabendo ler e escrever alguma coisa. Ao mesmo tempo, entrei no catecismo e logo depois fiz a 1ª Comunhão. Já nessa época, aos 7 anos, comecei minha vida de “atividades”: passei a participar de tudo que aparecia na escola, na igreja, no bairro. Ao mesmo tempo que penso que mamãe deve ter se visto louca comigo, admiro sua sabedoria; ela nunca me impediu de nada, e sempre apoiou minhas invencionices. Com certeza, uma força motriz para eu ter me tornado quem sou! Com 11 ou 12 anos, já era catequista. E entrei para a Cruzada Eucarística – o que incluía compromissos com atividades religiosas e mesmo ajuda nas Missas dominicais. Fui uma adolescente questionadora, mas tranquila. Gostava muito de dançar e de ler – paixão que carrego desde criança! E era estudiosa. Queria ser professora. Fiz o curso Normal em minha cidade. Nesse período, cresceu o desejo de cursar faculdade de Psicologia. Isso que, mais tarde, me trouxe a Curitiba. Na faculdade conheci Tadeu, com quem me casei. Já estamos casados há 45 anos, em que superamos dificuldades e incertezas, sempre com muito amor e fé. Temos uma filha e dois netos, paixões em nossas vidas e motivos de muita realização! O interesse por poesia e literatura vem da infância e foi se moldando e amadurecendo com leituras e a maturidade; também com influência do curso de Letras e o meio cultural, com o convívio com tantos poetas e escritores que fizeram e fazem parte de minha vida. Escrevi alguns livros: de poemas, de contos e de ensaios de análise literária. Minha ideologia é a causa pela cultura e pela educação, pela justiça e pão na mesa para todos. Gostaria de continuar a contribuir, um pouquinho que seja, em prol disso.
VOCÊ SEMPRE FOI COMO É HOJE? Em alguns aspectos, sim. Posso apontar 3 características muito fortes em mim que, pelo que lembro, sempre fizeram parte de mim: emotiva, ativa, carinhosa. E aprendi, em tenra idade, a respeitar as pessoas; isso carrego comigo. Também me lembro de, desde bem pequena, indignar-me com injustiça. Em vários outros aspectos, fui mudando ao longo da vida.
QUE CAMINHOS PERCORREU, ATÉ CHEGAR NA MULHER QUE VOCÊ É HOJE? Sempre gostei de ler e estudar, e o fiz sempre que pude. Profissionalmente, exerci várias funções e estive em algumas empresas. Trabalhei como manicure, secretária, telefonista (a maior parte da vida profissional), atendente de balcão, professora, revisora de texto. Mudei de cidades para estudar e para trabalhar. Fiz muitos amigos e sou uma apaixonada pela família. Aliás, paixão me move: pelo marido, pela filha e netos, mãe, irmãos, amigos; pela literatura e pela poesia. E pela vida sempre tive fé em Deus e na Virgem Santíssima.
VOCÊ É UMA GUERREIRA? Vejo-me, sim, como guerreira. Lutei para conquistar várias coisas, tentando não me acomodar; e buscando fazer bem feito o que me era incumbência ou o que decidia. Também sempre procurei não me deixar abater
diante de dificuldades e me reerguer depois de momentos complicados.
A VIDA FOI FÁCIL E SEMPRE FOI UM MAR DE ROSAS? Não. Durante a vida, houve algumas dificuldades financeiras, preocupações de várias ordens, perdas significativas, problemas de saúde, situações complicadas de difícil solução... Injustiças, “puxadas de tapete”. Contudo, acredito que recebi muito mais rosas do que espinhos.
EM QUE MOMENTO DE SUA VIDA A ESTRADA BIFURCOU E COMO VOCÊ FEZ A ESCOLHA, E PARA ONDE ELA A LEVOU? A grande bifurcação de minha vida se deu quando eu queria cursar faculdade de Psicologia – que não havia em minha cidade; e minha prima Therezinha, de Curitiba, já casada e 4 filhos, convidou-me para estudar aqui e ficar na casa dela. Ao terminar o Normal, e já aprovada em vestibular em Curitiba, escolhi deixar a casa de minha mãe e vir em busca de meu sonho. Foi uma escolha doída, porém a tomei com coragem – e a convicção de que, ao terminar o curso, voltaria para minha terra (não voltei). A partir dessa mudança, a vida me levou por estradas outras. Na faculdade, conheci Tadeu; depois de um tempo, estávamos casados. O que me levou a outras bifurcações, e outras que dessas vieram.
VOCÊ MUDOU COMO PESSOA? EM QUE VOCÊ MUDOU? O QUE A FEZ MUDAR? Minha essência permanece. Por outro lado, a caminhada me trouxe experiências que ampliaram meu olhar sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre a vida. Amadureci, adquiri mais confiança, diminuí a imensa timidez e me desinibi. Ganhei mais coragem para expor opiniões e enfrentar as adversidades. Estudo e leituras também contribuíram para o que mudou em mim. Uma mudança que – diria – está mais para uma ampliação do olhar.
ONDE E COMO ENCONTROU FORÇA OU CORAGEM PARA TAL MUDANÇA, PARA CONQUISTAR SEUS OBJETIVOS? Tenho muita fé em Deus e nele me fortaleço. Coloco nas mãos de Deus as dificuldades e as encruzilhadas da vida; e nele confio para encontrar a luz e fazer escolhas. Também tenho uma ótima parceria com meu marido, que me apoia em tantos momentos e me encoraja. E minha mãe, como já disse, desde minha infância me apoiava e ainda o faz. Conto com incentivo de irmãos e de vários amigos, o que ajuda a ganhar coragem para seguir.
FARIA TUDO OUTRA VEZ? Provavelmente, sim. Ou quase tudo. Uma coisa faria diferente: concluiria o curso de Psicologia, que não terminei.
ALGUÉM EM PARTICULAR LHE DEU A MÃO? Muitas pessoas me ajudaram na vida! Muitos anjos Deus colocou em meus caminhos. Algumas pessoas tiveram papel preponderante em novos rumos; dentre elas, cito minha mãe – com o sempre e incondicional apoio e incentivo, determinantes para eu buscar meus sonhos; minha prima Therezinha – ao me convidar para morar em Curitiba; Tadeu – pelo casamento e descendência e por me informar sobre um concurso que definiu minha vida profissional, e que depois trouxe outra bifurcação, a transferência para Natal; a amiga Dilza, que, agregadora, teve importante papel na conquista de novos e grandes amigos em Natal; Shirley Queiroz, poetisa e amiga que, em Curitiba, convidou-me para as primeiras reuniões culturais, o que me levou a caminhos da poesia, da literatura, da cultura; José Lucas de Barros, amigo poeta que me convidou para um encontro de trovadores em sua cidade, arrebanhando-me para a trova; Clauder Arcanjo, amigo escritor que me abriu portas para publicações e me inseriu em um imenso mundo de escritores e amigos, e que hoje é um irmão e meu editor.
QUAL A IMPORTÂNCIA DO APOIO? Fortalece-nos em dificuldades, incentiva-nos a buscar objetivos, contribui para realizarmos sonhos, abre portas, ajuda a abrirmos novos caminhos.
POR QUE VOCÊ PARTICIPA DE MOVIMENTOS CULTURAIS? Provavelmente, porque a semente já estava plantada na infância. E porque portas foram se abrindo para tal caminho – por apoio de algumas pessoas e porque, acredito, Deus agiu em minha vida. E tal participação me faz muito bem. Os movimentos culturais se fazem principalmente de pessoas e de expressões artísticas. E creio que a arte expressa e transforma o mundo, expressa e transforma as pessoas.
O QUE DESEJA ALCANÇAR AINDA? Gostaria de ter mais tempo para me dedicar à leitura e à
produção literária. Desejo organizar mais alguns livros: de poemas e de contos.
LIVROS PUBLICADOS PELA LILIA SOUSA
*Livros de poemas: Água e luz. Curitiba: Infante, 1998.) Avesso em versos. Curitiba: Neoprinte, 2001. Onze poemas/ Once poemas. Edição bilíngue. Tradução Alfredo Pérez Alencart. Mossoró - RN: Sarau das Letras, 2018. Chá das cinco. Mossoró - RN: Sarau das Letras, 2018. Trilhas sazonais: versos liturgos. Mossoró - RN: Sarau das Letras, 2020. (coautoria com Giuseppe Caonetto) *Livro de ensaios de análise literária: Olhares canhestros. Mossoró – RN: Sarau das Letras, 2015. 188 p. *Livro de contos: Estórias de Trevol do Nada. Editor Antonio Clauder Arcanjo, Ilustrador Augusto Paiva – Mossoró – RN: Sarau das Letras, 2018. 168 p.
LILIA ORGANIZOU AS SEGUINTES COLETÂNEAS:
Coletânea: Academia Paranaense da Poesia. organização Lilia Souza. Curitiba: Academia Paranaense da Poesia, 2012. 256p.: il.
PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADES CULTURAIS:
Associada correspondente do ICOP – Instituto Cultural do Oeste Potiguar; da ATRN – Academia de Trovas do Rio Grande do Norte. Membro efetivo do Centro de letras do Paraná e da UBT – União Brasileira de Trovadores/ Seção Curitiba. Acadêmica titular da Academia Paranaense da Poesia (cadeira de número 34, tendo como patrono Emílio de Menezes) (20/11/2001, então, ainda Sala do Poeta do Paraná); da Academia Feminina de Letras do Paraná (cadeira de número 33); da ASBL – Academia Sul-Brasileira de Letras (Seção III/Paraná, cadeira de número 60, acadêmica da ACCUR – Academia de Cultura de Curitiba. Membro do Movimento Aldravista de Curitiba; do OCP – Observatório da Cultura Paranaense; integrante da Confraria Literária Café&Poesia (Mossoró – RN). Atualmente, membro do Conselho Editorial da Sarau das Letras Editora Ltda (Mossoró – RN); coordenadora da Oficina Permanente de Poesia – parceria entre Academia Paranaense da Poesia e Biblioteca Pública do Paraná.$
Entrevista: NO CANAL CULTIVE - Youtube - PROGRAMA AS VALKYRIES. .
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